Revista ecoaventura edição 13

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Ano II - Edição 13 Outubro de 2010

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Você não conhece o Roosterfish? Saiba o que está perdendo atum-azul: uma pescaria de monstros nos EUa EcoTURiSmo - BILÍNGUE

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Técnica - BILÍNGUE

Tucunaré-azul

o peixe mais popular entre os pescadores brasileiros

Mês das crianças

TUCUNARÉ-AZUL o mAis vALeNTe dA espÉCie l RoosTeRfish: o iLUsTRe des CoNheCido l ATUm-AZUL: UmA pes CARiA de moNsTRos Nos eUA

inTERnacional

EncartE EspEcial

ecoaventura - E d i ç ã o 1 3 - o u t u b r o d E 2 0 1 0

Técnica

P E S C A V E R T I C A L D A C O R V I N A N O A LT O X I N G U l E X E R C Í C I O S P A R A F I S G A R G I G A N T E S l S O F T B A I T S : A S I S C A S S E D U T O R A S


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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado e Wilson Feitosa Diretor comercial Roberto Véras rveras@grupoea.com.br Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Redação Laercio Vinhas Jr. Nathalia Viana (estagiária) Tradutores desta edição D. John e Fabiana Caso Arte Marcelo Kilhian, Marcello Binder e Paula Bizacho Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição Antonio Carlos Cravo, Eribert Marquez, Fábio Barbosa, Roberto Véras, Rodrigo Esteves Simões e Rubens de Almeida Prado Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Tânia Salim comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis Distribuição Salgado Filho Edições avulsas Alexssandra Alves Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

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O futuro da pesca esportiva já começou Ventos favoráveis sopraram para a pesca esportiva neste segundo semestre. E um dos motivos para as boas-novas, além de inédito, foi inesperado: a realização do 1º Encontro Nacional da Pesca Amadora no início de setembro, em Brasília, com a presença de 200 participantes eleitos nos estados para representar os segmentos que compõem o setor. O impulso dado pelo MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) aponta para a decisão política de, ao menos, conhecer a fundo a potencialidade do que intitula de pesca amadora no Brasil, cuja abordagem estava na rabeira das diretrizes econômi­ cas e estratégicas instituídas para a pesca em nível nacional desde a criação do novo órgão — o próprio ministro, Altemir Gregolin, reconheceu que o Governo ainda não havia dado a “devida importância” à pesca esportiva. Pela primeira vez, o MPA chama para si a responsabilidade de adotar uma política nacional com vistas ao desenvolvimento sustentável do esporte-lazer, que há alguns anos se desenvolve a passos largos tão somente com o esforço de seus aficionados, de empresários e de associações representativas e que, como resultado, já se apresenta como pilar importante no crescimento do turismo, na geração de empregos diretos e indiretos e na disseminação da consciência ambiental. O primeiro passo no sinuoso caminho para ser elaborada uma “constituinte” da pesca esportiva/amadora está dado, e não há como voltar atrás. Mas, as medidas discutidas e aprovadas em documento durante o Encontro serão aproveitadas [veja matéria completa na pág. 72]? Como conservar os estoques pesqueiros — os personagens principais do esporte — sem uma política mais agressiva em desenvolver a aquicultura, a partir da infraestrutura imprescindível para a distribuição do pescado, como também frear a sobrepesca advinda da pesca industrial? As dúvidas são várias, entretanto, a posição mais sadia neste momento é pôr de lado o pessimismo, já que, no caminho longo e espinhoso desenhado, alguns atalhos podem se constituir como verdadeiras chaves mestras: a união de todo o segmento para a conquista desse grande projeto. Toda essa semeadura de agora será colhida por fu­ turos lavradores do esporte, que, em sua homenagem, recebem de nossa equipe, nesta edição, um encarte es­ pecial. E viva o futuro da pesca esportiva!

Edição 13 — outubro de 2010


[ índice ]

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capa (bilíngue)

Tucunaré-azul: o voraz colonizador

Um dos mais bonitos e valentes da espécie é 100% brasileiro!

42

ecoturismo (bilíngue)

Jaciara-MT roteiro eletrizante no centro-oeste


62

internacional Eua

Para lutar com o atum-azul é preciso preparar-se

36

10 Entrevista Família Schürmann 14 Técnica Pesca vertical da Corvina

14

20 Meio ambiente Ecologia de estradas 56 Momentos De pai para filho 72 Segmento I Encontro Nacional da Pesca Amadora 80 Mulher Desafio feminino na pesca com caiaque

90

90 Técnica Criaturas sedutoras

técnica

conheça o roosterfish como qualquer carangídeo, ele ataca tudo o que lhe é oferecido

Seções 06 08 70 76 85 86 94 96

Correio técnico Correspondência É o bicho Anta Radar Notícias Folhas, flores e frutos Bacuri Saúde Exercícios para fisgar gigantes Verbo A primeira vez Classificados - CUPOM


correio técnico Varas de duas partes

Foto: AdAm Ciesielski / sxC

Viajo frequentemente pelo País afora e, em função da cobrança de um taxa abusiva da empresa aérea Gol sobre nossos tubos de varas, estou pensando seriamente em comprar modelos de duas partes. Dá para confiar na resistência e no desempenho das varas mon­ tadas com essa configuração? Se a resposta for afirmativa, onde posso encontrar modelos com características específicas para a pesca de ar­ remesso com iscas artificiais?

Tralhas de pesca dentro do avião É permitido transportar iscas artificiais na bagagem de mão em voos domésticos aqui no Brasil? Luciano Lender — Natal-RN

Iscas artificiais, assim como garateias, tesouras, ca­ nivetes, facas, alicates, entre outros itens que possam ser interpretados como ‘causadores de riscos aos passageiros’, terão obrigatoriamente que ser despachados junto com as malas. Caso contrário, no procedimento de embarque, o detector de metais irá identificá-los e barrá-los. Quando isso ocorre, se não der tempo de voltar ao check-in para despachá-los, só haverá duas alternativas: descartar os ob­ jetos ou pegar outro voo.

Victor, é claro que as varas feitas em peça única, ou seja, sem emendas, são mais fortes e menos suscetíveis a quebras e a outros tipos de problemas. Mas os modelos de duas partes também podem ser utilizados sem grandes re­ ceios, desde que tomados os devidos cuidados com sua montagem, sobretudo na hora de unir e ajustar as duas partes. Já a oferta de modelos específicos para a pesca com iscas artificiais é bem modesta, por isso, o ideal é procurar um profissional especializado em montagem de varas e encomendar um modelo que satisfaça às suas exigências. Recomendamos os servi­ ços de dois profissionais: Gregório: (11) 3259­ 8823 e Roberto Carlet: (11) 4125-7697.

Pescaria de lulas Hélices Comprei um motor da Mercury 75 Hp e, mesmo com um casco bem leve, não estou conseguindo chegar a 50 milhas. Com hélice de alumínio ele atinge 5.500 RPM, mas fica nítido que, quando faço os giros subirem rapida­ mente, ele dá uma patinada. Será que é por causa da altura do motor? E se trocasse o hélice original por um de inox, o que ganharia com essa mudança? Evandro de Alencar Jr. — Santos-SP

Não é apenas o peso do casco que influencia no desempenho, mas seu desenho também é fator preponderante nessa questão. Já a altu­ ra inadequada do motor faz a hélice [que, em náutica, também pode ser dito no masculino] cavitar, ou seja: patinar, como você cita. Para resolver o problema é só abaixá-lo um pouco. Quanto à troca da hélice original por um modelo de inox, isso não dará ganho na velocidade máxima. A vantagem será na economia, nas arrancadas e, principalmente, na segurança.

06

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Em diversas situações, ouvi falar sobre a pesca de lulas com iscas ar­ tificiais. Como fiquei interessado no assunto, gostaria de saber em que época, em quais locais e com que tipo de iscas essa pescaria é realiza­ da de forma mais produtiva? Aloísio Mendes — por e-mail

Durante o verão as lulas se apro­ ximam da costa e podem ser pesca­ das à noite com um tipo de isca ar­ tificial específica — conhecida por zangarilho ou zangarelho —, muito comum nas lojas especializadas. Além das iscas, também é neces­ sário dispor de uma lâmpada à pro­ va d’água, que será submersa para atrair esse molusco para as imedia­ ções da embarcação.

Foto: Arquivo eCoAventurA

Victor Lima — São Paulo-SP


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Edição 7

Edição 4

“O pesque e so nós somos a lte é fundamental, po is na dela, tratam tureza. Ao cuidarmos os bem a no ssa vida.” riachinho, m u m e r a pesc “Depois de Você delira e começa o. não tem jeit reza.” atu Sérgio Reis a amar a n

Antonio C alloni

Edição 2

Edição 6

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“Vejo a pesca co mo técnica e concentr um esporte de ação, mas també m como uma terap ia.” Gustavo Sarti

ng para i m i t m u o ria é com ção em que a c s e p A “ a os de agit e.” t n e m o m t os stantemen ian & Giovani n o c s o m e G viv

Eles já mostraram em nossas páginas por que são

pescadores inveterados pescadores new.indd 1

14/09/2010 10:29:38


correspondência

fotos: arquivo ecoaventura

DVD: feliz ideia! Caros amigos da Revista ECOAVENTURA, É com muita satisfação que venho acompanhando a revista anteriormente chamada PESCAVENTURA e agora ECOAVENTURA. Tenho acompanhado o Rubinho du­ rante todos estes anos, desde que passou a apresentar o programa Pesca & Companhia, o qual, depois de um tempo, passou a ser apresentado por outras pessoas, e, com a saída dele, perdeu a energia que nos prendia todos os domingos na frente da TV. Passei, então, a acom­ panhá-lo pelas revistas. Quero parabenizá-los pela publicação: está muito boa e bem dinâmica. Ressalto, ainda, o fato da feliz ideia de encaminhar às bancas a revista juntamente com o DVD.

Simples mesmo Me identifiquei bastante com a matéria publicada na edição 12 sobre o quanto é simples ser feliz. Às vezes, saio para pescar com minha família e, se eu não fisgar tantos peixes, ainda assim a viagem é prazerosa, porque família, amigos e natureza fazem uma combinação perfeita! Agora, se vier acompanhada de adrenalina, com muitas fisgadas, melhor ainda! Abraços,

Karlão Xavier — por e-mail

Carlos Reis Maneiro — por e-mail

Crítica: capa da Pirarara Sou assinante e gostei bastante da mudança do conteúdo da revista, mas gostaria de fazer uma críti­ ca construtiva em relação à capa da edição 11, na qual chama a atenção o anzol que transpassou a boca da Pirarara. Sou pescador es­ portivo e acredito que uma revista, como formadora de opinião e orientadora de con­ duta, deve estar atenta aos mínimos detalhes que pos­ sam levar o pescador a praticar o esporte da maneira correta, inclusive no tocante ao manuseio do peixe, visando minimizar seus ferimentos. Sei que acontece de o peixe se machucar, inclusive fatalmente, mas acredito que a Revista ECOAVEN­ TURA deveria ser mais criteriosa na escolha da foto da capa, pois a utilizada mostra-o machucado e dá a

impressão de um manuseio descuidado, o que induz à ideia de que não há importância em eventual ferimen­ to do peixe. O pescador/repórter deveria ser orientado para reti­ rar imediatamente o anzol e fotografar somente depois disso, inclusive para própria segurança. Se a foto não foi de pescador/repórter, mas de alguém que não ima­ ginava seu uso em uma revista, creio que seria melhor editá-la digitalmente para que a “mensagem visual” seja mais educativa e menos agressiva. Adriano Rogério Patussi — por e-mail

Caro Adriano, A opinião de nossos leitores é fundamental para a evolução do nosso trabalho, e críticas coerentes são sempre bem-vindas. Já está anotado. Grande abraço!

cartas Envie sua carta para:

redacao@grupoea.com.br

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo



entrevista l Vilfredo Schürmann

Pesca mundo afora

A aventura de duas viagens ao redor do mundo em um veleiro — feito inédito para brasileiros — também trouxe experiências fantásticas de pesca para os Schürmann, que a praticavam para consumo. Nesta conversa cheia de onomatopeias, o capitão Vilfredo conta sobre os macetes que aprendeu em várias partes do planeta, sobre o compromisso ambiental da família e quais lugares mais gostou de visitar

Por: Laercio Vinhas l Fotos: arQUiVo PessoaL l arte: marceLo kiLhian

ECOAVENTURA: Vocês praticaram pesca de subsistência ao longo de suas viagens. Como acontecia? Vilfredo Schürmann: Sempre pescamos na popa do barco com uma rapala [isca artificial], que funciona muito bem perto da costa, e em alto-mar usamos uma lulinha artificial. No sul do litoral brasileiro, não fisgávamos muitos peixes, mas no norte pegamos muita Cavala, sempre com essas duas iscas. Já na Venezuela foi diferente: os pescadores colocavam um tipo de madeira, feito um ‘passarozinho’ com uma asinha, que fazia ‘kleklé, kleklé, kleklé, kleklé’... Aquilo chamava o peixe, e a gente fisgava. Na Polinésia, os pescadores diziam que, quando a gente visse um pássaro branco

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rodeando lá de cima, tinha Dourado lá embaixo. Já quando se via um pássaro à frente do bando, você pegaria Atum.

EA: Seus filhos também pescavam? Schürmann: Desde meninos. Frequente­ mente iam com os pescadores. Uma vez, estávamos nas ilhas Marquesas (Polinésia Francesa), lugar onde a sobrepesca de Atum é grande. Aí um francês perguntou: “Se nessa região não se consegue pegar peixe, como vamos comer Atum?” Meu filho David respondeu: “Amanhã você vai ter um desse”. Me assustei: “Como?” Os meninos saíram com o inflável às quatro da manhã e levaram duas linhas. Eu nunca vou me esquecer: venderam por dez dóla­ res o quilo do Atum!

ecoaventura l Pesca esPortiVa, meio ambiente e tUrismo

EA: Quais os peixes preferidos? Schürmann: Normalmente pescamos Wahoo, Atum e Dourado. Perto da costa pegamos Caranha — um peixe menor. Mas, na Polinésia (oceano Pacífico), perdemos muita pesca porque estávamos usando carretilha, e os polinésios nos alertaram que naqueles mares não dava pra pescar com ela. Certa vez, o meu filho trabalhava a carretilha até que gritou: “Deve ser um Atum enorme!”. Mas só veio a cabeça dele. Foi uma frustração. O Tubarão havia pegado o nosso Atum porque foi atraído pelo sangue e pela vibração, e comeu a nossa refeição. Então, nos ensinaram a trabalhar com luva, linha e, no final, com um cabo de aço, sempre com o barco de vento em popa [pesca de corrico]. Bateu a linha? Pare o barco e vire. E para saber quando batia, fizemos um sistema de alarme — uma linha com um sino: se bate, faz “pá!” Imediatamente a gente colocava o barco de frente pro vento, com as velas batendo. Aí, com as luvas na linha, a gente começava a puxar rápido, senão o Tubarão roubava o nosso Atum. EA: É sempre tão difícil pescar em lugares desconhecidos? Schürmann: Nem sempre. Numa oportunidade, aconteceu um negócio impressionante: a gente estava indo para a ilha de Tahaa, em Bora Bora (na Polinésia Francesa). Velejávamos à noite e, de repente, começou uma barulheira, algo batendo no barco: pá! Pá! Pá! Pá! Eram Manjubinhas brigando no casco, num frenesi, por conta dos Atuns se esbaldando no cardume. Foi como nos filmes: aquela nuvem ficou ao redor do barco. E os Atuns vinham e pá! Pegamos dois Atuns enormes. Se tivesse como pegar mais, teríamos feito a festa. É que a gente só pesca para consumo próprio. É assim: quando o freezer fica cheio, paramos de pescar. Em outra vez, estávamos indo de Tonga pra Fiji (no Pacífico Sul)


Meu lugar eleito é estar num barco. Esse é meu fascínio”


entrevista l Vilfredo Schürmann

A gente só pesca para consumo próprio. É assim: quando o freezer fica cheio, paramos de pescar” e pegamos um Atum grande. Quando o mostrei a um casal de japoneses que também havia saído de barco pelo mundo, o homem ficou louco! Nós os convidamos para almoçar e ele fez questão de preparar a refeição.

EA: Fale sobre o Instituto Kat Schürmann. Que tipo de trabalho vocês fazem lá? Schürmann: A sede do Instituto fica em Bombinhas-SC, entre Balneário Camboriú e Florianópolis. Estamos desenvolvendo o projeto de um aquário para recuperação de peixes, de pin guins e de aves atingidas pelo óleo — como as do Golfo do México —, sempre junto com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).Também traba lhamos com educação ambiental para crianças. Temos biólogos e oceanógra fos, e a ideia é mostrar a diversidade de espécies do nosso litoral. Tudo isso numa área de 17 mil metros quadrados de frente pro mar. É um grande projeto, vale a pena dar uma olhada no site: www.schurmann.com.br/instituto

EA: No instituto vocês cuidam de animais que, de alguma forma, foram atingidos pela poluição. Viram algo que chocasse na volta ao mundo? Schürmann: A maior poluição que nós encontramos foi na Ásia, principalmente nas Filipinas. Exemplo: em uma ilha pro-

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tegida chamada Henderson Island, que é até patrimônio da humanidade — você pode ancorar, só não morar —, recolhemos na praia todo tipo de lixo, vindo do mundo inteiro, sobretudo da China.

EA: Vocês sofreram ataques piratas? Schürmann: Passamos por uma tentativa de ataque. Estávamos ancorados em um lugar no mar da China, e nos chegou a informação de que 511 navios eram pirateados por dia nessa rota porque os saqueadores tinham informantes nas agências e também na marinha. A norma é o navegante avisar a autoridade local para onde vai assim que sai do porto ou do yatch club. Quando chegamos às Filipinas, nos aconselharam a comprar metralhadoras de plástico com tripé, mas de brinquedo, e colocar na proa, pois de longe não dá pra saber se é de verdade ou não. Procurei nas lojas próximas ao porto, mas não achei. Quando ancoramos na ilha dos Pássaros, às 13 horas, não havia ninguém. Às cinco, decidi que a gente iria dormir ali mesmo. Mas, assim que começou a escurecer, apareceu um barco. Como devia ter umas 11 pessoas, me preocupei. Com um binóculo de visão noturna, comecei a observar os tripulantes, que haviam apagado as luzes e começaram a se movimentar. Nessa hora, mandei meu filho e o tripulante recolherem a âncora sem barulho, sem guincho. Ficou um breu de noite. Subimos as velas e saímos de fininho, sempre usando o


Curiosidades • Em 1984, o casal Vilfredo e Heloísa partiram de Florianópolis­ -SC com os filhos Wilhelm, David e Pierre, à época com 7, 10 e 15 anos, respectivamente, para dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro

• Antes de iniciar a jornada, os Schürmann dedicaram dez anos de preparação para adquirir co­ nhecimento necessário ao sucesso da aventura • A segunda volta ao mundo foi intitulada “Magalhães Global Adventure”, em homenagem a Fernão de Magalhães, primeiro homem a circum-navegar o planeta. O planejamento para refazer a rota de Magalhães começou em 1997 e demorou três anos • Nas duas voltas ao mundo, os Schürmann navegaram em três oceanos, visitaram 45 países e nove territórios. Nos últimos 20 anos, percorreram mais de 130 mil quilômetros

No mar, acima de tudo, o que vale é a serenidade. Não adianta apavorar. No momento em que você não raciocina, que você entra em pânico, esta é a hora de maior perigo”

binóculo e o radar. Vimos que pegaram um bote e vieram na direção de onde nosso barco estava. Quando perceberam que não estávamos mais naquele lugar, começaram a atirar. Ainda bem que já estávamos longe. Foi por um triz.

EA: Quais pontos turísticos você recomenda visitar seja para turismo ecológico, histórico, de aventura ou apenas para descanso? Schürmann: A paisagem da Patagônia é muito bonita, e a região também é boa para esportes radicais, com corredeiras e montanhas ainda não exploradas para escalada. Para a pescaria, gostamos mui to de Cocoskeeling Island — espetacular ilha australiana, que está a 180 milhas da Indonésia, no oceano Índico. EA: Em terra, qual é o melhor lugar para estar? De onde você gosta mais? Schürmann: Não tem. Meu lugar eleito é estar num barco. Esse é meu fascínio.

Agora mesmo o veleiro está em Florianópolis, e nós vamos buscá-lo para mais uma empreitada. Minha vida é nele, num espaço pequeno, com o mínimo necessário — assim não acumulo coisas. Vivi dez anos de sandália de dedo, bermuda e camiseta, e nossa família passou por lugares onde dinheiro não tinha valor, mas consertar um motor de popa sim. Quando fiquei por três semanas numa ilha, onde tinha que almoçar e jantar na casa dos locais, para compensar ajudei a arrumar o rádio e o motor de popa, pois, para eles, isso é que tinha valor. Eu não gastei um vintém.

EA: E qual é a próxima empreitada? Schürmann: Minha mulher, Heloísa, está fazendo pesquisas no National Archive em Washington, nos EUA, sobre um submarino alemão abatido por um avião americano durante a segunda guerra mundial. Ela está pesquisando os planos de voo e outros documentos do governo dos EUA da época. Aguarde novidades!

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[ tĂŠcnica l pesca vertical ]


Corvina:

um peixe com identidade própria O alto rio Xingu — com suas estruturas de pedrais e corredeiras alternadas com poços profundos e muitas praias — oferece diversas alternativas ao pescador esportivo. Exemplo disso é a pesca vertical da Corvina, opção que também reserva outras surpresas Por: rubinho de AlmeidA PrAdo l Fotos: dAniel de brito l Arte: mArcelo kilhiAn

O rio Xingu é farto em locais para esse estilo de pesca

Na edição 11, mostramos uma produtiva pescaria de Pacus na batida, na qual nos divertimos muito em fisgar essas espécies com frutinhas da região e iscas de pesca com mosca. Como abordado naquela ma­ téria [“Dois tipos de Pacu, três estilos de pesca”, pág. 26], as variações de estilos e de siste­ mas podem se tornar a salvação quando o que foi planejado não acontece. Desta vez, apresentamos outra opção capaz de pro­ porcionar prazer indiscutível: a pesca verti­ cal da Corvina, peixe também chamado em determinadas regiões de Pescada-do-Piauí ou, simplesmente, de Pescada. Trata-se de um estilo que consiste em tatear o relevo do fundo do rio com a isca, o que requer um pouco de prática e de constante concentração. Seu grande atra­ tivo é que, durante as subidas e descidas da isca, inesperadamente um forte tranco na vara e cabeçadas fortes alternadas com corridas vigorosas denunciam a pre­ sença da espécie no outro lado da linha. Devagar e com sensibilidade, o pescador se sairá vencedor de uma agradável dis­ puta, carregada de emoção e boas des­ cargas de adrenalina. A pesca vertical, além de salvar as incursões em algumas circunstâncias, é um estilo bastante eclé­ tico por ser praticada com iscas artificiais ou naturais e, ainda, mostrar-se produtiva com diversas espécies.

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[ técnica l pesca vertical ] iscAs ArtiFiciAis As mais adequadas e produtivas para o estilo vertical são jigs, tube jigs e jum­ ping jigs que tenham peso suficiente para alcançar a profundidade de onde serão usadas. Mas, para obter os resultados desejados, é preciso observar certos pro­ cedimentos. Com a ajuda do motor elé­ trico ou remo, o guia terá que manter o barco sobre poços com águas lentas para que o pescador possa rastrear seu leito com toques curtos e vibrantes. Vibrar a vara é condição fundamental para dar vida a esse tipo de isca — feita de metal e, em alguns modelos, também ornada com pelos e penas. Quando o trabalho é cadenciado e bem feito, inesperada­ mente seu ritmo é quebrado por um forte tranco — indicativo de que chegou a hora de se envolver em uma emocionante disputa. Algumas vezes, esses ataques ocorrem de forma isolada; em outras, são constantes e com alta produtividade.

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A indústria nacional já oferece produtos de alta eficiência, que nada deixam a desejar para os modelos importados

Os sons da natureza, a energia da água e a concentração nos toques da isca no leito do rio dão a esse estilo de pesca um tempero especial

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Biologia A Corvina (Plagioscion squamosissimus) é encontrada em diversos rios e represas brasileiras, no entanto, a espécie se originou na bacia amazôni­ ca e, posteriormente, foi translocada pelo homem para outras — entre elas, a do Alto Paraná, Paraguai e São Francisco. Bastante esportivo e muito conhecido entre os pescadores, esse integrante da família Sciaenidae apresenta uma aparência peculiar que remete à de peixes marinhos. A coloração prateada possui reflexo azulado, uma mancha preta na porção inferior de suas nadadeiras peitorais e linha lateral evidente. Esse aspecto está relacionado à formação da bacia amazônica, ocorrida pelo choque entre as placas tectônicas da América do Sul há cerca de 14 milhões de anos — as estruturas que a constituem (Escudo Brasileiro, Escudo das Guianas e Cordilheira dos Andes) causaram o represamento de grande quantidade de água do mar, que criou ambientes salobros posteriormente transforma­ dos em rios, lagos, igarapés e paranás. Esse longo processo acarretou o aprisionamento de diversos represen­ tantes da fauna marinha, incorporados à rica biodiversidade amazônica.


Na hora da soltura, todo cuidado é pouco. Quanto menos tempo fora da água, melhor para essa espécie


[ técnica l pesca vertical ] cuidAdos A Corvina é um peixe que, ao ser retirado da água para ser fotografado, mostra-se elegante e tranquilo. Entretanto, seu brilho prateado refletido pelo sol dificulta a captura de boas fotos — problema possível de ser neutralizado ao virar o peixe para baixo, o que eliminará o reflexo na lente da câmera. Porém, por também ser uma espécie bastante sensível e frágil — e como normalmente é fisgada em grandes profundi­ dades —, em muitas ocasiões a diferença de pressão a faz vir à tona com a bexiga natatória expandida. Por isso, a soltura das Corvinas é um momento delicado. Algumas vezes, o próprio peixe consegue se equalizar após poucos minutos; em outras, a boia interna formada em seu organismo dificulta a sua imer­ são novamente. Quando isso ocorre, será necessário perfurar com uma agulha a bexiga natatória para que o ar saia e, assim, ela consiga retornar ao fundo. Uma pequena tarrafa especial para coleta de iscas facilita a captura dos Lambaris

iscAs nAturAis Quando a opção são as iscas naturais, o Lambari se apre­ senta como uma das melhores alternativas. Fácil de ser encon­ trado, para obter um estoque razoável de iscas basta um pouco de farelo de milho e uma pequena tarrafa. Nesse estilo altera­ -se o movimento da vara, que deixa de ser vibrante, para se tornar lento e suave. Isso é necessário para que os movimentos com a isca sejam idênticos àqueles que a presa faria caso esti­ vesse nadando de forma fragilizada e indefesa. Quando ocorre o ataque, é importante aguardar até que o peixe acomode a isca na boca antes da fisgada, e para aumentar a eficiência é vital manter o anzol sempre amolado.

Um pequeno furo na bexiga natatória é um procedimento utilizado em várias espécies tanto de água doce como salgada para possibilitar a soltura

extrAs Como dissemos, a técnica de pesca vertical é extremamente produtiva com as Corvinas, mas surpreendentemente também desperta o apetite de espécies como a Pirarara, a Cachara, o Pal­ mito, entre outras. Os maiores exemplares que fisguei nesse esti­ lo foram uma grande Pirarara com mais de 30 quilos, no rio Iriri, afluente do Xingu, além de um Caparari com cerca de 20 quilos no rio Acari — afluente do Sucunduri e pertencente à bacia do rio Madeira — e uma Cachorra-larga de respeito no Teles Pires. Conclusão: enquanto as iscas artificiais representam um desafio a mais e, por isso, são mais esportivas, as naturais de­ monstram maior produtividade e atraem grande variedade de espécies, das quais as mais comuns são as Cacharas, os Palmi­ tos e as Pirararas, apenas com o inconveniente de que os Lam­ baris também são iguaria para as indesejadas Piranhas.


Um momento inesquecível com uma Cachorra-larga nas águas do Teles Pires. A vara de 15 libras, linha de 30 libras e um pequeno jumping jig proporcionaram uma vitória rara

Equipamento

- Varas de 17 libras (8 quilos)

- carretilhas ou molinetes compatíveis

- linha feita de multifilamento de 40 libras (18 quilos)

Importante: quando destinado à pesca com iscas naturais, o equipamento se completa com chumbo de peso adequado à profundidade e à força da água, já que é importante sentir o fundo, empate de aço de 40 libras (18 quilos) com cerca de 30 centímetros e anzóis de formato “J” ou os circulares com tamanho entre 6 e 7/0.


[ meio ambiente ]

Olha o

carro!


Apesar de haver pelo mundo pesquisas sobre ecologia de estradas desde a década de 1930 — isto é, formas de mitigar os impactos ambientais na construção de rodovias —, só a partir de 2000 é que o tema começou a ser discutido aqui no Brasil por: laercio vinHas l fotos: alex bager l arte: Marcelo kilHian

foto: Jeff Hire / sxc

A

morte de animais por atropelamento é considerada hoje a segunda maior cau­ sa de perda de biodiversidade da fauna em todo o planeta, atrás apenas da redução de ambientes naturais. Segundo o pesquisador em ecologia Alex Bager, da Universidade Federal de Lavras-MG, o atropelamento da fauna selvagem talvez seja um dos impactos mais evidentes. Mas, apesar de ser tema de debates há mais de 50 anos em diversos países, no Brasil o assunto só come­ çou a ser discutido há pouco mais de uma década. No início dos anos 2000, Bager fez um trabalho sobre os danos ambientais produzidos pela cons­ trução de uma rodovia federal que corta o Banhado do Taim, uma estação ecológica no Rio Grande do Sul. O levantamento apresentado mostrou que, em 30 meses, morreram 29 gatos-do-mato (Leopardus geoffroyi) e 11 lontras (Lontra longicaudis) em todo o trecho monitorado de 17 quilômetros da BR-471, próximo a Pelotas-RS. O projeto da estrada incor­ porou vários recursos como grelhas, túneis subter­ râneos, telamento, passagens aéreas e radares de velocidade. Entretanto, parte desses equipamentos se mostrou pouco efetivo, caso das grelhas, que, ao invés de auxiliar, converteram-se em armadilhas para as tartarugas. Até mesmo os túneis feitos sob as estradas não foram utilizados pelos animais por terem a secção circular, o que dificultou o acesso de tartarugas e intimidou o de animais maiores. Outra iniciativa ineficaz ocorreu em São Paulo, na rodovia que atravessa o Parque Estadual do Morro do Diabo, no Pontal do Paranapanema, onde foram construídas várias passagens subterrâneas, porém sem critério técnico e sem estudo prévio. Da mesma forma ocorreu na BR-486, que liga Caxias

do Sul-RS ao litoral gaúcho e catarinense, onde só foram instalados radares de velocidade. Já na Bahia, na BA-099 — também conhecida como estrada do coco —, foi erguido um telamento e feita uma estrutura que passa sobre as pis­ tas. O objetivo, que também se mostrou ineficiente, era criar uma rota de travessia pelo alto para que os macacos não fossem atropelados. Trata-se de uma ponte pênsil construí­ da com cabos de aço — material pouco adequado, segundo especialistas. Isso porque as cordas de sisal, algodão ou seda se constituiriam em opção melhor, já que não esquen­ tam quando expostas ao sol intenso.

Veja como foram construídos os faunodutos A construção de faunodutos resolve parciamente a travessia de animais. É preciso um projeto específico para cada região afetada pela estrada

planta

vista lateral

ecoaventura

21


PAssAgens AÉreAs

instaladas nas áreas mais altas da rodovia, são pontes construídas com cordas e madeira para facilitar a travessia de macacos e roedores

fAunodutos

caminhos construídos para animais silvestres atravessarem por baixo da estrada

O BOm exemplO A Rodovia do Sol, no Espírito Santo, é considerada pelos pesquisadores a mais bem projetada com relação à ecologia no Brasil. Isso porque apresenta, embai­ xo dos pavimentos, pontos estratégicos denominados faunodutos — caminhos construídos para permitir a travessia de animais silvestres que vivem às margens da estrada com o objetivo de facilitar a locomoção dos animais e de evitar de­ graus em suas entradas. O consultor de meio ambiente e coordenador do progra­ ma da concessionária, Ricardo Braga, explica que os faunodutos têm dimen­ sões distintas e são acompanhados de

estruturas complementares, como telas de direcionamento, que “induzem” o animal a utilizá-los como caminho para atravessar a rodovia. Nesses dutos, a RodoSol instalou sensores que monitoram a passagem com câmeras fotográficas. Além disso, uma equipe da empresa analisa as pegadas dos animais para sa­ ber qual é a contribuição efetiva desse sistema para evitar os atropelamentos e possíveis acidentes causados quando os bichos tentam atravessar as pistas. O perigo está nas manobras evasivas que os veículos têm que fazer para evitar o choque com os animais. O resultado en­ tre 2007 e 2009 foi que 1.737 animais

Preste sempre atenção à sinalização das estradas. Muitas delas não possuem infraestrutura para a proteção dos animais 22

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

utilizaram essas passagens, desse total, 87,98% são mamíferos, 11,86% são rép­ teis e 0,16% são aves. As espécies mais frequentes foram o tatu-galinha, o tatuí, a cuíca, a lontra, a paca e o cachorro-do­ -mato. Houve ainda ocorrências de gam­ bás, tamanduás, esquilos, capivaras, pre­ ás e saguis. Além dos faunodutos, o programa in­ cluiu a criação de passagens aéreas — instaladas nas áreas mais altas da rodo­ via, onde são colocadas frutas para atrair macacos, de forma a condicioná-los a utilizar sempre esse caminho. Trata-se de pontes construídas com cordas e madei­ ra para facilitar a travessia.


Brasil passa para telAMento

estruturas complementares de direcionamento que “induzem” o animal a utilizar o túnel como caminho para atravessar a rodovia

ApOntAmentOs Ainda é cedo para dizer que hidro­ vias e ferrovias minimizem impactos como esses, já que estudos para de­ terminar novas políticas de transporte, bem como quanto tempo levará para implementá-las, ainda são escassos. Entretanto, os exemplos abordados já indicam que o País está atrasado em mitigações aos prejuízos ecológicos ad­ vindos da construção de projetos desse porte, mas está consistente sobre a im­ portância da conservação e do desen­ volvimento sustentável.

a vanguarda mundial nos estudos de ecologia de estradas Atualmente, há um grupo de trabalho, com base em Minas Gerais, patrocinado pela Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e chamado GPEES (Grupo de Pesquisa em Ecologia de Estradas). Esse grupo foi criado com o objetivo de trocar conhecimentos entre pesquisadores envolvidos em trabalhos de ecologia de estradas e estudiosos na área de modelagem e computação, com foco no desenvolvimento de projetos de avaliação, monitoramento e desenvolvimento de técnicas de mitigação de impacto de empreendimentos viários. Há também intercâmbio de ideias com especialistas de outros países.


[ capa/cover article l TucunarĂŠ-azul ]

24

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


er

loniz o c s u o i c a r o ss: a v

: l u z a é r a n u c Tu r o d a z i n o l o c z o vora

acock e P e u l B e h T

Ba

Ele não é o maior, mas é um dos mais belos e valentes entre as 15 diferentes espécies de Tucunarés reconhecidas cientificamente. E o melhor: é 100% brasileiro! He is by no means the largest of over

15 species of the scientifically known Peacock Bass Family, but he is certainly one of the most beautiful and a brave warrior when caught. Best of all he is 100% Brazilian!

É

TexTo e foTos/TexT and phoTography: eriberT Marquez Tradução/TranslaTion: d. John l arTe/design: paula bizacho

motivo de orgulho saber que o Brasil tem a maior variedade de peixes de água doce do mundo: são mais de 2.500 espécies caracterizadas e nomeadas cien­ tificamente, das quais cerca de 10% têm grande importância para o pescador esportivo. Entre as mais famosas, o Tucunaré-açu (Cichla temensis) é a que goza de maior prestígio, seja no Brasil ou no exterior. Tamanha fama se justifica por seu porte e pela agressividade — fatores que propiciam intensas emoções para quem pode investir uma quantia considerável em sua busca nos lugares remotos da Amazônia. Porém, seria injusto deixar que apenas ao açu seja creditado o título de grande disseminador da pesca esportiva, afinal, em território nacional, o Tucunaré-azul (Cichla piquiti), por inúmeros motivos, é o peixe que exerce maior fascínio sobre os entusiastas do esporte.

I

t is noteworthy that Brazil enjoys the big-

tremendous excitement for those who can

gest assortment of the world´s freshwater

invest substantial sums in their quest in re-

fishes with over 2.500 species acclaimed

mote areas of the Amazon. However, it would

scientifically of which around 10% have

be unfair to single out this species of peaco-

significant importance to the sportfishing

ck as the sole disseminator of sportfishing

community. Amongst the more renowned is

devotees for within Brazil, the Blue Peacock

the Tucunaré-açu (Cichla temensis) reputed

(Cichla piquiti) for a number of reasons is the

both in Brazil and worldwide based on its

main contender in captivating the interest of

size and aggressiveness — accounting for

many sportfishermen.

ecoaventura

25


[ capa/cover article l Tucunaré-azul ]

O Tucunaré-azul é a espécie menos exigente com relação às iscas As far as lure selection is concerned, the Blue Peacock is the least demanding of species

DE onDE vEm

da pesca esportiva brasileira”, publicada na edição 2].

A bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins — que ocupa área aproximada de 757 mil km2, equivalente a 9% do território brasi­ leiro — é o lar do belo e valente Tucunaré-azul, também chamado de Tucunaré-branco. Habita lagos, lagoas e ressacas marginais ao longo do rio Araguaia, além de trechos de praias submersas no leito de cursos menores como o Cristalino, o das Mortes e o Caiapó. No rio Tocantins, é encontrado em meio à vegetação sub­ mersa e em corredeiras e rochas, o que contradiz a crença de que vive apenas em locais com água parada [Leia mais sobre essa espé­

Não é o que atinge maior porte, já que seu peso máximo é de aproximadamente seis quilos, entretanto, quando avalia­ do por sua voracidade, é tido como a espécie mais valente e brigadora entre todas as outras do gênero Cichla. E não é só: o azul é também dono de um conjunto de qualidades que o transformam em um dos principais atrativos para quem se di­ rige a esses rios: é encontrado em grande profusão, ataca com voracidade qualquer corpo que se movimente à sua frente e apresenta comportamento que favorece a sua pesca nas mais diversas modalidades.

cie na matéria “Tucunarés: quais são e onde vivem as principais estrelas 26

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Um dos momentos mais emocionantes dessa pescaria ocorre quando o peixe começa a saltar para tentar se livrar da isca One of the more exciting and memorable moments is when it jumps in an attempt to shake off the lure

origins

along the riverbeds of the Cristalino, Mortes

it is seen as the most belligerent and hardy fi-

The Araguaia–Tocantins basin, taking up

and Caiapós Rivers. On the Rio Tocantins it

ghter among all of the Cichla species. And that

an area of approximately 757km2 and equi-

can be found in dense submerged vegetation

is not all, for the Blue Peacock also lays claim

valent to 9% of the entire country, is home to

and in white water as well as rocks which goes

to a series of qualities that have made it one

the beautiful and feisty Blue Peacock also kno-

against the belief that it is a stillwater fish.

of the main attractants to fishermen who head

wn as White Peacock. It inhabits small lakes,

It is by no means the largest of the species

for these rivers where they abound in profusion

and overspill areas along the shores of the

as its maximum weight is around 6 kilos, howe-

attacking anything that moves and favouring

Araguaia River as well as submerged beaches

ver, if evaluated on the premise of its voracity,

many fishing styles.

ecoaventura

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[ capa/cover article l Tucunaré-azul ] o conquisTaDor sEm fronTEiras A construção da primeira barragem no rio Paranaíba, em 1974, formou um imenso e belo lago de águas azuis, mas tam­ bém trouxe como consequência uma transformação drástica na parte represada, já que a maioria dos peixes endêmicos desse curso fluvial praticamente desapareceu. Tanto é verdade que, já na metade dos anos de 1980, pegar um Dourado ou um Su­ burim nessas águas passou a ser um feito cada vez mais raro. Simultaneamente, dois acontecimentos marcaram esse período e mudaram completamente o panorama da pesca esportiva no País: o início do movimento em prol do pesque e solte, e as pri­ meiras disseminações (ou translocações) do Tucunaré-azul em rios e em represas das regiões Centro-Oeste e Sudeste. A cidade de Itumbiara-GO é considerada o marco dessa in­ vasão, já que foi por lá que seus ataques explosivos nas iscas artificiais começaram a conquistar a admiração dos amantes do esporte — sobretudo dos que não dispunham de recursos para viajar à Amazônia — e a ira de biólogos e ictiólogos, que, baseados na voracidade dessa espécie, profetizavam um futuro sombrio para os peixes nativos dos ambientes por onde ele co­ meçava a se espalhar. Posteriormente, no início dos anos de 1990, sua presença era detectada em pleno Pantanal mato-grossense — expansão que, nessa região, aconteceu acidentalmente quando uma grande cheia cobriu um lago artificial localizado às margens do rio Piquiri, local onde era criado em cativeiro por um fazendeiro. Essa notícia, novamente bem-vinda para os pescadores, deu iní­

ThE borDErlEss conquEror

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cio a um novo ciclo de previsões catastróficas e, dessa vez, não foram poucos os que davam como certa a extinção das espécies endêmicas desse ecossistema. Entretanto, passados 30 anos, as previsões apocalípticas não se confirmaram. Pelo contrário: o Tucunaré-azul se es­ palhou por outros rios pantaneiros — onde divide espaço em aparente harmonia com as espécies nativas — e também pela maioria das represas dos estados de Minas Gerais e São Paulo e das cidades de Brasília e Goiânia, com ocorrência até no clima frio do Paraná. Resultado? Tornou-se o peixe mais popular e o grande responsável por uma fatia generosa de tudo o que se fatura no segmento.

Com sua facilidade de adaptação, esse peixe influenciou o desenvolvimento de equipamentos como varas, carretilhas, barcos, além de uma geração de pescadores jovens e mais conscientes With its ease of adapting to many environments, it has greatly influenced de development of specific tackle such as rods, reels, boats as well as a generation of young and more conscious spoortfishermen

starting point of this invasion as it was there that

men, gave rise to a new wave of catastrophic

The construction of the first dam on the Pa-

the Blue Peacock´s explosive attacks on topwa-

predictions and this time, few were skeptical

ranaíba River, in 1974, formed an immense and

ter lures began to earn the admiration of spor-

about the threat to other species of fish native

beautiful blue water lake, also bringing with it a

tfishermen — particularly those whose means

to the area and their potentiol extinction within

radical transformation in the areas that were iso-

prevented them from venturing further afield to

the ecosystem.

lated from the river as the majority of the native

the Amazon — as well as the wrath of biologists

However, 30 years down the line, none of

fish, disappeared accordingly. In effect, by the

and ichthyologists, who foresaw a grim future for

these apocalyptic portents have occurred. On the

mid 80´s catching a Dourado (Golden Bass) or

other fish indigenous to these waters on account

contrary the Blue Peacock has spread to other

the Surubim catfish was already a rare occurren-

of this specie’s voracity as it began to take hold.

rivers in the Pantanal where it shares its space

ce. At the same time, two events marked this pe-

Subsequently, at the beginning of the 90´s,

with other native fish as well as in the majority

riod and completely changed the Country´s spor-

its presence was detected in the Mato Grosso

of reservoirs in Minas Gerais, Brasília, Goiânia

tfishing scenario: the beginning of the movement

Pantanal wetlands — this being an accidental

and São Paulo stretching as far as the colder Pa-

for catch and release and the first translocations

expansion when a great flood coverd an artificial

raná State. The result? It has become the most

of the Blue Peacock in the region´s rivers and

lake along the Banks of the Piquiri river where

popular gamefish amongst most fishermen and

lakes to the Central West and South East regions.

Blue Peacocks had been stocked by a landow-

accounts for a fat share of tackle sales and spor-

The town of Itumbiara in Goiás State is the

ner. This news, once more welcomed by fisher-

tfishing dividends.

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura

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[ capa/cover article l Tucunaré-azul ]

Equipamentos/ Tackle Aqueles que pretendem começar a pescar o Tucunaré-azul não precisam investir para adquirir equipamento específico. Entretanto, relacionamos a seguir os itens que compõem uma tralha mais adequada para quem pretende extrair o máximo desse tipo de pescaria: For those who would like to take on the Blue Peacocks, there is no need to invest in specific tackle, however we have listed below what we perceive as being the Best suited tackle for this species.

• Varas de ação rápida com tamanho entre 5’6’’ e 6’ para linhas entre 12 e 17 libras (5 e 8 quilos) • Fast action rods ranging from 5’6” to 6’ for lines ranging between 12 and 17 lbs • Molinetes ou carretilhas que comportem entre 120 e 150 metros de linha multifilamento de 50 libras (23 quilos) • Reels (Spinning or Baitcast) that can hold between 120 and 150 meters of 50lb braided line

• Líder de fluorcarbono com aproximadamente 2 metros de comprimento e resistência ao redor de 50 libras (23 quilos) • Fluorocarbon leaders of about 2 meters in length and a 50lb (23 kg) test rating

• Iscas artificiais de superfície, meia-água e fundo, com tamanho entre 7 e 12 centímetros • Topwater, Shallow and Deep running lures ranging between 7 and 12 centimeters in length

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

A agressividade e as explosões na superfície são marcas registradas dessa espécie Agressiveness and topwater explosions are a registered trademark for this species


o garoTo-propaganDa Após a descoberta da presença do Tucunaré-azul em di­ versas represas, inúmeros empresários se viram motivados a construir pousadas para atender à crescente demanda de turistas. Com a boa infraestrutura à disposição, a pesca dessa espécie virou uma verdadeira febre, sobretudo porque a proxi­ midade com os grandes centros passou a permitir excursões, com duração de apenas um final de semana, para as cidades que ladeiam esses lagos. Nas prateleiras de lojas, sua importância também começa­

ThE fishing ambassaDor Following the Discovery of the Blue Peacock´s existence in several reservoirs,

va a se notabilizar pela grande quantidade de equipamentos como carretilhas, varas e iscas artificiais, cuja oferta atendia às necessidades dos adeptos da pesca dessa espécie. Na mí­ dia, muitos programas tiveram esse peixe como protagonista. O mesmo ocorreu com as revistas especializadas, que, nos úl­ timos anos, dedicaram centenas de páginas e diversas capas a ele. Seu valor é atestado, ainda, na grande quantidade de posts e até de fóruns criados especificamente para homena­ gear ou discutir temas que o envolvem.

larger urban centers from which week-end

dia, many programs have featured the Blue

excursions could be made to the towns adjoi-

Peacock as their star attraction. The same has

ning these lakes.

occurred in the segment’s magazine’s which

many investors were motivated to building

The importance of the Blue Peacock is also

have devoted hundreds of pages as well as

lodges to cater to the growing number of

noteworthy in tackle stores and outlets where

covers over the course of the last years, to

demands from fishermen. With proper in-

growing volumes of rods, reels and artificial

this fish. Its value is highlighted by the vast

frastructure available, fishing for this species

lures, all directed to this specie’s followers,

amount of internet postings and forums crea-

became a veritable fever especially from the

have taken on abundant evidence. In the me-

ted specifically in its homage.

ecoaventura

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[ capa/cover article l Tucunaré-azul ]

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ecoaventura l PEScA ESPoRTIVA, MEIo AMBIEnTE E TuRISMo


Mas, o que esse peixe tem de tão especial para provocar ta­ manha revolução? Qualidades inigualáveis: além de se adaptar a diversos ambientes, apresenta-se como a espécie mais ver­ sátil quando o assunto são os estilos. Na pesca de espera, por exemplo, ainda que seja notória uma maior produtividade ao usar Lambaris e outras espécies de porte parecido como iscas, não são incomuns relatos de capturas com minhocas, grilos, pequenas rãs, besouros e tantas outras. E o melhor de tudo:

apesar de haver grande relação de equipamentos desenvolvi­ dos especificamente para sua captura, qualquer conjunto — até mesmo os combos mais baratos — serve perfeitamente para proporcionar grandes fisgadas e brigas memoráveis. Na pesca com moscas a situação não é muito diferente. Tan­ to streamers como poppers, hair bugs etc., quando usados em conjuntos para linhas com especificação de seis para cima, são extremamente eficazes para sua captura.

dicas/TiPs After all, what is it about this fish that

others. Best of all is the vast amount of ta-

has elicited such a revolution? Well it has

ckle that has been specially developed for

unparalleled qualities for other than its abi-

catching it — any fishing set, even the sim-

lity in adapting to several environments, the

ples tone — provides great excitement and

Blue Peacock is certainly a species that has

memorable catches.

allowed its pursuit by sportfishermen under

In fly fishing the situation is not much di-

many fishing styles. It can be caught prefe-

fferent. Streamers, poppers, hair bugs etc

rably using live shad but is also caught on

are, when used with Number 6 lines and

worms, crickets, small frogs, beetles and

upward, extremely efficient.

Para evitar a perda das capturas e das próprias iscas, é importante que os snaps, assim como as garateias, sejam de qualidade e resistentes. In order to avoid losing fish and the lures themselves use quality trebles and snaps that are up to the task.

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[ capa/cover article l Tucunaré-azul ] Biologia/Biology O Tucunaré-azul tem corpo que vai do azul-esverdeado ao azul­ -acinzentado com seis listras verticais bem definidas. Atinge até 80 centímetros e apresenta peso médio de sete quilos. Ainda que seja um peixe carnívoro-piscívoro, a dieta dos Tucunarés se altera ao passar da fase juvenil para adulto. Se indivíduos mais jovens ocupam áreas à beira-rio com vegetação, os maiores preferem áreas abertas, e essa alteração na ocupação do habitat também muda a alimentação, que passa de insetos e camarões de água doce nos indivíduos de menor tamanho para a estritamente piscívora nos adultos. Como são predadores diurnos, necessitam de águas transparentes para realizar a captura de suas presas. A atividade reprodutiva para as espécies de Cichla ocorre na estação seca, com desova na chuvosa, quando o nível das águas começa a aumentar. The Blue Peacock Bass varies in color from blue Green to blue Grey with 6 vertical well defined bars. It can reach 80cms and a maximum weight of 7 kilos. Although essentially a fish eating carnivore, its diet undergoes changes in the juvenile to adult phase. If younger individuals stay close to shoreside vegetation, larger specimens prefer open water habitat which also leads to feeding habit changes with freshwater shrimp and insects being the staple diet of juveniles and forage fish for the larger adults. As they are daylight predators, they need clear water to catch their prey. Reproduction of the Cichla species takes place in the dry season and eggs hatch with the rainy season as water levels begin to rise.

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


No fascinante universo das iscas artificiais, ele também é pouco exigente e pode ser capturado com modelos desenvolvidos para trabalhar no fundo, na meia-água ou na superfície. Entretanto, é com aquelas que trabalham sobre a água que sua pesca se mostra mais emocionante, já que as perseguições e explosões na superfície se tornam um ingrediente tão especial que chegam a ser mais valorizadas que a própria fisgada e captura. Quer mais? Esse peixe também é pescado pelas populações ribeirinhas com iscas inusitadas, como as produzidas com tiras de sacos plásticos ou pedaços de embalagem para iogurte. Sua briga é das mais emocionantes. Há ocasiões em que

corre imediatamente para alguma estrutura próxima, outras em que salta de forma sucessiva chacoalhando a cabeça com vigor para os lados e, ainda, aquelas onde combina várias artimanhas. Entretanto, independentemente da modali­ dade ou tipo de isca utilizados, em um aspecto a pesca do Tucunaré-azul é sempre igual: quando fisgado, apresenta-se como um adversário deliciosamente imprevisível e capaz de usar todos os recursos possíveis e imagináveis para se safar das iscas. Com tanta versatilidade, não é de se estranhar a grande quantidade de simpatizantes que conquistou ao longo dos últimos anos.

In the fascinating universe of artificials, it

dwellers at river edges with some unlikely lures

Nevertheless, regardless of the fishing style

is not very demanding and can be taken on

such as strips from plastic bags or pieces of

or type of lure used, in a sense the Blue Peaco-

bottom seeking lures, crankbaits or topwater

Yoghurt cartons.

ck is always true to form - when hooked it is en-

plugs. However it is topwater action that proves

When hooked it is a truly amazing fighter

ticingly unpredictable and capable of using all

to be most enthralling as the explosive attacks

and will head on occasions towards the nea-

imaginable resources to escape from the lure.

on the surface have become so acclaimed

rest structure, while on others it will jump seve-

It is therefore not surprising that it has evoked

as to be more coveted than the actual catch.

ral times and shake its head sideways as well

so many followers over the course of the last

Want more? This fish is also caught by native

as performing other acrobatics.

few years.


[ técnica l Roosterfish ]

O ilustre desconhecido

Roosterfish Como todo carangídeo que se preza, o Roosterfish (Nematistius pectoralis) é um predador furtivo que ataca tudo o que lhe é oferecido, de pedaços de peixe a iscas vivas, de plugs de superfície a metal jigs. Foi o que pudemos comprovar

Por: roberto Véras l Fotos: arquiVo eCoaVeNtura l arte: Paula bizaCho

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ecoaventura l PesCa esPortiVa, meio ambieNte e turismo


o

maior Roosterfish que capturei até hoje foi fisgado de forma inesperada. Voltávamos de uma frustrada prospecção de pesca vertical nas águas da Nicarágua quando o capitão apontou para uma formação próxima à uma praia e comentou se tratar de um excelente ponto para pesca dessa espécie. Imediatamente solicitei que posicionasse o barco para uma verificação mais pormenorizada. Com arremessos longos de quase 90 metros, na quarta ou quinta tentativa o enorme popper, que proje-

Tão logo se sente fisgado, o Roosterfish parte em interminável carreira para o mar aberto. É importante ter a fricção do molinete muito bem regulada nesse momento, pois sua boca é frágil e rasga-se com facilidade

tava água nas alturas, fez emergir uma nadadeira dorsal com mais de 50 centímetros de altura. A cena que se seguiu deixou todos boquiabertos: o peixe saltou sobre a isca, abocanhou-a e carregou-a com velocidade espantosa. Mesmo com o freio completamente fechado foram-se mais de 80 metros de linha — um erro imperdoável quando se pesca essa espécie voraz, já que sua força descomunal levará a linha de qualquer forma, o que provocará o risco eminente de seu rompimento.

Então, o imponderável ocorreu: ele começou a saltar sucessivamente e, como usávamos garateias sem farpas, o grande popper se desprendeu de sua boca. Entretanto, o dia era do pescador, porque, ao cair na água após um desses saltos, as garateias voltaram a se cravar, só que em suas costas. Aproveitei para soltar um pouco mais a fricção, o que, por um lado, mostrou-se providencial para proteger a linha, mas, por outro, resultou na perda de parte do controle da luta, já que ficou impossível virar sua cabeça em nossa direção. Isso lhe deu a possibilidade de nadar para onde, quanto e no momento que quisesse. Por sorte, estávamos não só muito bem equipados como também podíamos contar com a experiência do capitão Cheppe, que manobrava o barco na direção do peixe enquanto mantínhamos a linha esticada. Por mais de 30 minutos perseguimos o animal, que alternava alguns rápidos mergulhos com intermináveis corridas sem mostrar qualquer sinal de cansaço ou desgaste.

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[ técnica l Roosterfish ] Quando ferrado pelo dorso, o pescador perde grande parte do controle da briga

Detalhe do grande popper cravado na nadadeira dorsal

O embarque tem que ser feito de forma bem cuidadosa...

...e a permanência a bordo o mais breve possível por conta da delicadeza desses gigantes

Durante a briga, os sinais de cansaço apareceram primeiro no pescador. Tanto que chegamos a pensar que não iríamos aguentar a pressão de mais de 30 libras (14 quilos) de fricção sem um colete apropriado. Em determinado momento, uma rápida e providencial manobra do barco nos permitiu recuperar grande quantidade de linha de uma só vez, entretanto, o peixe resolveu dar sua última corrida e exigiu que usássemos as derradeiras energias — um esforço sobre-humano para poder segurá-lo. Por fim, após mais alguns minutos, o animal pranchou e foi içado a bordo para a sessão de fotos. Como estava 38

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

bem cansado, muitas tentativas foram feitas até que o grande Roosterfish com mais de 35 quilos voltasse a nadar e mergulhasse definitivamente. Exauridos, ainda tivemos tempo de observar e relembrar três aspectos que impressionaram naquele momento: 1) a força, a combatividade e a resistência dessa espécie; 2) o fato de aparentar ser muito mais pesado do que realmente é; 3) a preocupação da tripulação com essa espécie, que nos limitou a ficar poucos instantes com ele — tempo suficiente apenas para fazer as fotos que ilustram esta matéria.


Sua indefectível barbatana dorsal sempre cobre o rosto do pescador nas fotos

A espécie

No idioma inglês, rooster significa galo, exatamente o mesmo nome pelo qual esse peixe fenomenal é conhecido em espanhol: Peje Gallo ou Papagallo. De beleza ímpar, e único representante da família Nemastistiidae, gênero Nematistius, habita as águas do leste do oceano Pacífico desde Baja Califórnia, no México, até o Peru. Pode ser encontrado também nas Ilhas Galápagos, entretanto, concentra-se em maior número no Panamá e na Costa Rica. Sua silhueta é inconfundível por conta do tamanho da barbatana dorsal, formada por sete longos filamentos, os quais quase sempre se encontram armados.Tem o corpo bem prateado e coberto por listras azuis-esverdeadas com contornos negros, que tendem a desaparecer à medida que envelhecem. Os longos filamentos que compõem sua barbatana dorsal tendem a engrossar e encurtar. Na fase juvenil, encardumam-se nos estuários e, quando se torna adulto, procura praias e/ou habitats com pouca profundidade e fundos de areia, quando então formam cardumes ainda menores compostos por três ou quatro indivíduos. Como todos os peixes da família carangídea — a mesma dos Xaréus, Olhetes e Olhos-de-boi —, é muito voraz, brigador e extremamente resistente, fato que exige bastante

do pescador e do equipamento. Sua briga é sempre limpa e, assim que ferrado, costuma afastar-se das estruturas e partir em grande velocidade para mar aberto. Exemplares com até 20 quilos costumam saltar muitas vezes na tentativa de se livrar dos anzóis, o que acontece até com certa frequência, uma vez que a cartilagem de sua boca é bastante delicada e frágil. O recorde mundial registrado no IGFA (International Game Fish Association) vem do Mar de Cortez (México), com um exemplar de 114 libras (52 quilos), capturado por Abe Sackheim em 1° de junho de 1960.

ecoaventura

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[ técnica l Roosterfish ] Não é apenas a sua dorsal que tem tamanho avantajado, as peitorais também são muito desenvolvidas

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ecoaventura l PesCa esPortiVa, meio ambieNte e turismo

DiCas e equipameNtos O Roosterfish pode ser capturado com a maioria das técnicas conhecidas. Entretanto, duas são as mais empregadas: o corrico com iscas naturais e o arremesso de iscas de superfície do tipo poppers, zaras e stickbaits. Apesar de ter porte entre 15 e 25 quilos, na pesca de corrico com iscas naturais o material adequado não precisa ser muito pesado. É composto por vara de 20 a 40 libras (9 a 18 quilos) e carretilha ou molinete que comporte ao menos 200 metros de linha compatível com esse conjunto. Como não tem dentes, um shock leader de fluorcarbono com aproximadamente dois metros atado a um anzol circular de tamanho 8/0 ou 10/0 complementam o equipamento. Os Carapaus são considerados as melhores iscas, mas, para capturar um troféu maior, corrica-se com Bonitos e Atuns vivos de até dois quilos em praias ou próximo a lajes e parcéis. Como se usa anzóis circulares, não é preciso fisgar. Basta deixar que o peixe corra até engolir a isca e travar o equipamento. Outra dica é deixar o freio com regulagem branda. Isso porque, como já dito, o peixe irá


Apesar de aparentemente agressiva, a devolução deve ser dessa forma para que o peixe mergulhe imediatamente

Localização Sua localização geográfica indica que sua maior concentração encontra-se no Mar de Cortez, na Costa Rica e na Guatemala

maior concentração menor concentração

correr e tomar linha da mesma forma, porém sem o risco maior de rasgar sua boca. A pesca de arremesso com iscas de superfície é o estilo mais emocionante, pois tudo ocorre no visual. Longos arremessos são feitos em direção às praias ou próximos às estruturas, e o recolhimento, no caso de zaras e sticks, deve ocorrer em velocidades alternadas. Com os poppers é preciso dar vigorosos toques de ponta de vara. Seja qual for a isca, o Roosterfish a persegue em zigue-zague e a poucos centímetros com parte do corpo fora da água. Durante essa perseguição, que pode chegar a 30 ou 40 metros, é fundamental não interromper o recolhimento. Pode-se, no máximo, alternar a velocidade para provocá-lo. Caso contrário, ele perderá o interesse [veja o DVD encartado em nossa 1° edição] . O material para esse estilo é composto por varas longas entre 7’6’’ e 8’5’’, molinetes que comportem pelo menos 300 metros de linha PE 5 ou 6 e um sho­ ck leader com comprimento igual ou superior ao tamanho da vara.

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ]


uma terra De

aventuras

A lAnd of Adventures

Até então ofuscada pela existência de tantos atrativos em seu entorno — como a rica biodiversidade pantaneira, o turismo de pesca e a busca pela vida selvagem —, a cidade de Jaciara-MT começa a se destacar entre os principais destinos turísticos da região, não apenas por sua beleza natural, mas também pela interação e adrenalina que proporciona. Conhecê-la é fugir dos roteiros comuns e mergulhar em um universo de pura radicalidade Overshadowed until now by the existence of so many attractions in the surroundings — as the rich biodiversity of Pantanal, the fishing tourism and the wildlife quest —, Jaciara-MT town begins to highlight amontg the main tourist destinations of the region, not only for its natural beauty, but also for the interaction and adrenaline that it provides. Meeting it means escaping of the common routes and diving in an universe of pure intensity Da reDação/By the newsroom l traDução/translation: faBiana caso fotos/photos: henrique feitosa l arte/Design: marcelo kilhian

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ]

Q

nse e suas cida­ da capital mato-grosse uem percorre a região de belezas. com caminhos cercados des adjacentes se depara Guimarães imponente Chapada dos Ao cruzar a BR-251, a de Leverger e s como Santo Antônio impressiona. Município a — estrada­ como a Transpantaneir Barão de Melgaço, bem m turistas há é a Porto Jofre — recebe -parque que liga Pocon es encantos, que conhecem todos ess muitos anos. Para os turalmente a pela BR-364 passa na a pequena cidade cor tad ocultos atra­ seu aspecto trivial estão despercebida, mas sob tivos eletrizantes. o Tenente rios, o São Lourenço e Ela é cercada por dois ário de suas do que se encontra o cen Amaral, e é neste segun e, nos Estados é o rafting, esporte qu aventuras. Uma delas datado de registro de sua prática Unidos, tem o primeiro io da década pontou somente no iníc 1869, mas, no Brasil, des dos chama­ sável pela popularização de 1980 e foi o respon do brasileiro a — que caíram no gosto dos esportes de risco o País. E por ticá-los por quase todo ponto de ser possível pra is paradisíaco Por se tratar de um oás que escolher Jaciara? l — bioma que ar próximo ao Pantana em pleno Cerrado, est mundo — e iores biodiversidades do concentra uma das ma os ao turismo a tantos destinos voltad se diferenciar em meio só favorecem condições naturais não de contemplação: suas um convite com a natureza como são momentos de interação práticas. irrecusável para essas

A beleza exótica das paisagens do Cerrado é simplesmente irresistível: impossível conter o desejo de entrar em contato com a natureza The exotic beauty of the Brazilian Savanna’s landscapes is simply irresistible: it’s impossible to refrain the desire of being in contact with nature Who travels over Mato Grosso’s capital area and through its adjacent towns faces

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ticed, but under its trivial aspect are hidden

Brazilian taste in such a measure that it’s pos-

thrilling attractions.

sible to practice them almost everywhere in the

paths surrounded by beauties. When cros-

It is surrounded by two rivers, the São Lou-

country. And why choosing Jaciara? Because

sing BR-251 highway, the imposing mountain

renço and the Tenente Amaral, and it is in the

it is a paradisiacal oasis right in the Cerrado

range of Chapada dos Guimarães impresses.

second one that is placed the scenario for your

(Brazilian savanna), it’s near Pantanal — biome

Towns such as Santo Antônio de Leverger and

adventures. One of them is the white water raf-

that concentrates one of the biggest biodiver-

Barão de Melgaço, as well as the Transpanta-

ting, type of sport that, in United States, has

sity of the world — and it’s different from many

neira — a park road that links Poconé to Porto

its first practice record dated of 1869, but, in

other contemplation’s tourist destinations: its

Jofre — host tourists for many years. For those

Brazil, it rose only in the beginning of 1980 de-

natural conditions not only favor moments of

who know all these charms, the small town

cade and it was responsible for the populariza-

interaction with nature as well as are an irrecu-

cut by BR-364 highway passes naturally unno-

tion of the called extreme sports — that suited

sable invitation to these practices.

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A temperatura da água do rio Tenente Amaral é perfeita para refrescar os dias quentes do Centro-Oeste

The water’s temperature of river Tenente Amaral is perfect to refresh the hot days of the Middle West


[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ]

As รกguas r รกp que correm idas entre as ro ch redesenha as m cenรกrio รกrid o o

The rapid w aters that run among the rocks redra w the arid lan dscape


o DesBravar Das forças Da água

etros do centro da A cerca de dez quilôm ta esparsa pela tricidade, ao adentrar a ma andar calmo e o ruído lha delgada, o simples e, juntos com eventudas águas bravas — qu , é tudo que se pode ais cantos dos pássaros são suficientes para ouvir nesse momento — uecimento da rotina causar o completo esq . O ar respirado é leve apressada do cotidiano com o cheiro de mato e preenche os pulmões o da terra árida. A prisobreposto ao odor sec da Fumaça, anfitriã meira visão da cachoeira rtir de seu curso, audo rafting praticado a pa siedade por grandes menta ainda mais a an sa força de caída, a emoções. Com sua inten desfaz em finas nuágua que desce o rio se te em direção ao solo vens e flutua suavemen e acompanham seu seco dos paredões qu de cheia — de outubro fluir. Durante o período fevereiro e março — a abril e com ápice entre

As quedas laterais proporcionam os primeiros momentos de diversão — e os primeiros banhos The lateral falls provide the first moments of fun — and the first baths

É importante ficar atento às orientações do instrutor, pois o esporte deve ser praticado com segurança It is important to be alert to the instructor orientations, because the sport must be practiced safely

The Tame of The waTer’s force

é possível senti-la umede cer o rosto mesmo sobre o alto de seus 30 metros de queda. O primeiro contato com ess e esplendor natural prepara o turista para a experiência inesque­ cível que virá a seguir.

O ponto de partida pa ra a empreitada radical é a parte baixa de sua margem, sob uma das quatro queda s d’água artificiais que, como uma pincelad a final na paisagem original, embelezam ain da mais o ambiente. O grupo se prepara e é quase impossível con­ trolar o impulso de pular dentro do bote em vez de ouvir as orientaç ões de segurança do instrutor Jeová da Silva Gomes. Para aqueles que nunca praticaram o esporte, o momento crucial é quando são da das as informações necessárias para o apren dizado.

rafting practiced from its course, increases

The starting point for the extreme journey

About ten kilometers away from downto-

even most the anxiety for great emotions. The

is the low part of its riverside, under one of

wn, as you enter the sparse forest through

power of fallen is intense: the water that co-

the four artificial waterfalls that, as a final

the thin trail, the simple calm walk and the

mes down the river melts into thin clouds and

paint-brush in the original landscape, beau-

rumor of the wild waters — that, among oc-

floats gently toward the dry soil of the walls

tify the ambient further. The group prepares

casional bird chants, is everything that can

that follow its flow. During the wet period —

itself and it is almost impossible to control

be heard in this moment — are sufficient to

from October to April, with peak between

the impulse of jumping into the boat instead

cause the complete forgetfulness of daily life

February and March — it’s possible to feel it

of listening to the safety orientations given

hurried routine. The breathed air is light and

soak the face even on the top of its 30-meter

by the instructor Jeová da Silva Gomes. For

it fills the lungs with the forest’s smell overlaid

fall. The first contact with this natural splen-

those who have never practiced the sport, the

by the dry odor of arid land. The first vision of

dor prepares the tourist for the unforgettable

crucial moment is when he gives the necessa-

waterfall da Fumaça, host of the white water

experience that will come next.

ry informations for the learning.

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ] Capacetes fixados, coletes salva-vidas regu­ lados e remos em mãos. No auge da ansiedade, chega o momento de embarcar. Em tempos de seca, a empreitada tem início com remadas con­ tra a correnteza, em direção à esfumaçada mura­ lha branca. O grande esforço físico é compensado pelo refrescante banho sob o cair das águas e, em

seguida, busca-se abrigo atrás da queda, onde seu admirável volume cria a cortina que separa os atletas da paisagem inicial. De volta ao curso do rio, momentos de cal­ maria intercalam picos de adrenalina, que são introduzidos pelos empolgadíssimos gritos de

incentivo de Jeová. Sem que se note, os braços

passam a funcionar em ritmo frenético, enquanto os olhos fitam ansiosos a queda que se aproxima. São quatro quilômetros de corredeiras com um a três metros de altura, além de outras mais altas e perigosas que satisfazem pela simples contem­ plação, como a dos Hippies — o nome vem dos

assíduos frequentadores alternativos dos anos de 1970 e 1980. Outras atraem pela emoção que causam. A do Rebojão, por exemplo, tem pouca altitude, mas as pedras que a formam criam um redemoinho sobre o qual o instrutor é capaz de

fazer manobras incríveis: inclina o bote no que pa­ rece ser o tênue limite entre um delicioso banho nos participantes e o arremesso deles na água.

O auge do passeio são as descidas, quando o bote é carregado pela espuma suave e encoberto por ela The peak of the tour are the descents, when the boat is carried by soft foam and covered by it

As lindíssimas cachoeiras impõem um momento de contemplação que interrompe a caminhada pela mata The beautiful waterfalls impose a moment of contemplation that interrupts the walk in the forest Helmets are fixed, life jackets regulated and paddles in hands. At the height of anxiety, it co-

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rable volume creates the curtain that separates

approaching waterfall. There are four kilometers

the athletes from the original landscape.

of river rapids from one to three meters height,

mes the moment to embark. In times of dryness,

Back to the river course, moments of calm-

besides others higher and more dangerous that

the journey begins with paddling against the wa-

ness intersperse with peaks of adrenaline, whi-

satisfy by its simple contemplation, like the one

tercourse, toward the smoky white wall. The big

ch are introduced by the thrilled overwhelmed

known as “dos Hippies” — the name was given

physical effort is compensated by the refreshing

whoops of encouragement from Jeová. You don’t

because of the assiduous alternative goers of

bath under the falling waters and, after that, you

even notice, but your arms start to work in a fre-

the 1970s and 1980s. Others attract by the

search a shelter behind the fall, where its admi-

netic rhythm, while your anxious eyes stare the

excitement they cause. The one known as “do

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


parar completa­ erida. Em todas, o mundo parece O difícil mesmo é eleger uma pref força para baixo, exato em que o bote se projeta com mente por um instante no momento ar e a mente se ena embarcação fica suspensa no e naquele segundo em que a pequ velozes, o vento com a natureza: o som das águas esvazia, é sentida a pura interação r parte de tudo. suave e úmido e a sensação de faze

O “surf” na queda do Rebojão é um misto de sensações que divertem qualquer um The “surf” in Rebojão’s fall is a mix of sensations that amuse anyone

O Pocinho do Amor aventureiros desistirem quase faz os de prosseguir para aproveitar melho r o banho termal The “Pocinho do Am or” (Little love well) almost makes the adv enturers give up to profit benefit from the thermal bath

Se a adrenalina do passe io não é suficien­ te para conquistar o ma is urbano dos turistas, o programa ainda envolv e parada no famoso “Pocinho do Amor” — peq uena piscina natural formada por água minera l com 28 graus Cel­ sius à margem do rio cer cada por vegetação nativa — e caminhada na trilha pela mata local, corredeiras de até cinco metros de altura e gruta do Lobo-Guará, que encerram a aven­ tura de forma magistra l.

Rebojão”, for instance, has little altitude, but the

for a moment, at the exact instant that the boat

win the most urban of tourists, the tour also invol-

stones that form it create a swirl over which the

protrudes downward with force, and at that very

ves stopping at the famous “Pocinho do Amor”

instructor is capable of making incredible ma-

second that the small embarkation is suspen-

(Little Love Well) — small pool formed by natural

neuvers: he bends the boat in what appears to

ded in the air and the mind becomes empty,

mineral water, 28 degrees Celsius on its riversi-

be the fine line between a delicious bathing of the

then it is felt the pure interaction with nature :

de, surrounded by native vegetation — and hiking

participants and throwing them into the water.

the sound of rushing waters, the soft and wet

on trail trough the local forest, river rapids up to

The hard task is choosing a favorite one. In

wind and the feeling of being part of everything.

five meters high and grotto of Lobo Guará (Guará

all of them, the world seems to stop completely

If the adrenaline of the ride is not enough to

wolf), closing the adventure in a excellent way.

ecoaventura

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ouco p m o oc Mesm e, a ĂĄgua volum sce pela e lata que d ira da Mu e cacho orante e g nda ĂŠ revi trajeto ai o torna spetacular e mais ume, w vol

lo down with Even ter running lata is u a the w terfall da M akes a m w and the rating more invigo rney even u the jo ular ac t c spe


O esporte é simples, mas deve ser praticado com segurança e tranquilidade The sport is simple but it must be practiced with safety and calmness

A negativa é o momento de descontração: hora de aproveitar a água e testar seus limites The negative is the relax moment: time to enjoy the water and test your limits

VerTical adVenTure

aventura vertical

Para quem nunca praticou o casc ading, ou cachoeirismo, a ideia de enfrenta r a cachoeira da Mulata significa desafiar os próp rios limites e encarar os medos, enquanto aqueles que já pra­ ticaram o esporte a veem como opor tunidade de experimentar uma sensação de liberdade rara­ mente sentida. Ao chegar ao topo dessa queda esgu ia — mes­ mo durante a cheia não atinge volu me de água abundante, apenas o suficiente para refrescar a manhã de sol quente e tornar a expe riência ines­ quecível —, ainda não foram visto s os 25 metros de queda d’água, mas a sensação é de apreen­ são. As instruções do profissional do corpo de bombeiros, Vinícius de Freitas, são simples: o ma­ terial utilizado é de qualidade e capa z de aguentar mais de 200 quilos, o praticante estará conecta­ do ao instrutor todo o tempo e mais uma pessoa trabalha pela segurança no solo. A mão esquerda posicionada na frente controla o freio , e a direita na parte posterior do corpo segura a corda e dita o ritmo de descida. O primeiro pen samento é de que não é possível ser tão fácil. Mas é!

When you reach the top of this slim fall — even

has quality and it’s able to bear over 200 kilogra-

For those who never practiced the casca-

during the flood it doesn’t reach an abundant vo-

ms, the practitioner will be connected to the ins-

ding, or rappel in waterfalls, the idea of fron-

lume of water, just enough to refresh the morning

tructor all the time and one more person works

ting the waterfall da Mulata means challenging

of hot sun and to make the experience unforget-

for the security on the ground. The left hand that

their own limits and face the fears, while those

table —, it’s not been seen yet the 25-meter wa-

is positioned in front controls the brake, and the

who have already practiced the sport see it as

terfall, but the apprehension is the sensation. The

right one, on the back of the body, holds the rope

an opportunity to experience a sense of free-

instructions of the fire brigade professional, Viní-

and dictates the rhythm of the descent. The first

dom rarely felt.

cius de Freitas, are simple: the utilized equipment

thought is that it cannot be so easy. But it is!

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ]

A tirolesa encerra o rapel com a sensação de uma liberdade selvagem incomparável e apaixonante

A descida invertida é um desafio de pura adrenalina The reverse descent is a challenge of pure adrenaline

The zip-lining ends the rappel with the sensation of a wild, incomparable and passionate freedom


ndo sifica nos primeiros momentos, qua O trajeto começa, e o receio se inten de o essã presença da água dá a nítida impr o desafio é transpor a cabeceira. A rança nos , e apenas quando é adquirida segu que o solo rochoso é escorregadio ando a tate vão tamanho do engano. Os pés próprios movimentos percebe-se o cená­ é maior, até o momento em que o rocha, e a cada passo a concentração ente o lvente que parecem restar ali som rio paradisíaco à sua volta é tão envo partir a e o, sensação é de desafio e superaçã aventureiro e o imenso paredão. A reitada es. A hesitação que introduziu a emp dali o desejo é descobrir novos limit lugar à adrenalina. desaparece completamente para dar a. É o que fazer, e a descida é dominad De repente parece que já se sabe interior, a rocha sofre uma curva para seu quando tem início uma negativa — mais os Para te perde o apoio sob os pés. quase como um buraco, e o pratican o o, prê­ esse percurso de cabeça para baix corajosos, que se arriscam a realizar esa que Ao final, o instrutor prepara uma tirol mio é sentir-se o dono da cachoeira. cacho­ da pé lago de águas esverdeadas ao termina com delicioso mergulho no ramento, ação é inegavelmente de deslumb eira. Com o fim do percurso, a sens que acaba lugar ou a experiência estonteante mas não apenas com a beleza do rios te, com a redescoberta de seus próp de ser vivenciada, mas, principalmen Assim, tão intensamente com a natureza. limites e a capacidade de se conectar aven­ se de o o: seu êxito não poderia ser outr o pensamento ao se dar conta de turar novamente. r passeios é suficiente para conquista A emoção proporcionada pelos dois para tivos atra Jaciara ainda possui outros qualquer turista, mas a cidade de Arqueo­ “tranquila” pela região, como o Sítio quem busca uma passagem mais paredes la a pré-histórica arte rupestre em lógico do Vale das Perdidas, que reve Ponte da as do Canal e a formação rochosa de grutas, o Complexo de Cachoeir para quem que oferecem estrutura e conforto de Pedra, além de três balneários piscina. deseja apenas se deliciar à beira da

HISTórIA Assim como a cidade foi recém-descoberta pelos visitantes, também possui uma história recente. Há apenas 133 anos, aquelas terras pertenciam aos índios Bororós, povo simples de cultura complexa que ainda habita o Centro-Oeste brasileiro. Somente em 1877 sua colonização teve início — de forma bastante desordenada, como se manteve até 1947. Foi com a chegada da empresa Cipa (Colonizadora Industrial, Pastoril e Agrícola) que o local passou a se desenvolver, para em 1953 ser finalmente criado o município de Jaciara. Hoje, a pequena cidade compõe um novo polo turístico que começa a ganhar forças.

History As the town was newly discovered by visitors, it also has a recent history. Only 133 years ago, those lands belonged to the Bororó Indians, simple people of complex culture that still inhabit the Brazilian CenterWest. Just in 1877 its colonization began — in a quite disordered way, as it remained until 1947. It was with the arrival of the company Cipa (Colonizadora Industrial, Pastoril e Agrícola) that the site developed, to be finally established the town of Jaciara in 1953 .Today, the small town make part of a new tourism hub that is starting to gain strength.

The way begins and the fear intensifies in

Suddenly it seems you already know what

yourself so intensely with nature. Then, as you

the first moments, when the challenge is to

to do, the descent is dominated. That’s when

realize your outcome, the thought couldn’t be

cross over the head of the waterfall. The pre-

it starts a negative — the rock makes a curve

other: adventuring yourself again.

sence of water gives the clear impression that

to its inside, almost like a hole, and the prac-

The excitement offered by the two rides is

the rocky ground is slippery, and only when you

titioner loses the support under his feet. For

enough to win any tourist, but Jaciara town has

obtain security in your own movements that

the most courageous, who risk to make this

still other attractions for those who are seeking

you realize the big mistake. The feet go fum-

course upside down, the prize is to feel like

a “calmer” passage through the region, as the

bling the rock, and at each step the concen-

the waterfall’s owner. At the end, the instructor

Sítio Arqueológico do Vale das Perdidas (Ar-

tration is higher, until the moment in which the

prepares a zip-lining that finishes with a deli-

chaeological Site of the Perdidas Valley), which

paradisiacal scenery around you is so involving

cious swim in the lake of green waters at the

reveals the prehistorical rupestrian art in wall

that it seems to remain there only the adventu-

foot of the waterfall. With the conclusion of the

caves, the Complexo de Cachoeiras do Canal

rous and the immense wall. The sensation is of

course, the sensation of dazzling is undenia-

(Complex of Waterfalls of the Canal) and the

challenge and overcoming, and from there on

bly, but not only with the place’s beauty or with

rock formation of Ponte da Pedra (Bridge of

the desire is to discover new limits. The hesi-

the stunning experience that has just been li-

the Stone), besides three balnearies that offer

tation that introduced the journey disappears

ved, but, mainly, with the rediscovery of your

structure and comfort to whom just want to de-

completely to give way to adrenaline.

own limits and with the capacity of connecting

light on the poolside.

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Jaciara-MT ] O Que LevAr / WHAT TO TAke roupas leves e próprias para prática de esportes. Para o rafting, prefira ir de chinelos e fazer o percurso descalço, já para o rapel é necessário estar de tênis, cabelos presos e roupas mais justas. Não se esqueça de usar protetor solar e beber muita água durante a prática de esportes. Light clothing, suitable for sports. For white water rafting, it’s better go in slippers and to make the journey barefooted, but for the rappel it’s necessary to be on sneakers, with tied hair and tighter clothes. Do not forget to wear sunscreen and drink plenty of water during the sports practice.

QuANDO Ir / WHeN TO gO Durante o período de cheia (de outubro a abril) a prática do rafting é mais emocionante pela velocidade da descida. No caso do cachoeirismo, o mesmo intervalo de tempo significa maior quantidade de água caindo sobre o praticante do rapel.Também é importante lembrar que o clima da região é bastante quente e seco. No inverno, o nível das águas estará mais baixo, mas a temperatura é mais amena, e, apesar de os dois esportes envolverem o contato com a água, em ambos os casos o praticante fica exposto ao sol por todo o trajeto. During the rainy season (from October to April) the practice of white water rafting is more exciting because of descent’s speed. But in the case of rappelling waterfalls, the same interval of time means more quantity of water falling on the practitioner. It is also important recalling that the region’s weather is very hot and dry. In the winter, the water level will be lower, but the temperature is milder, and, although the two sports involve the contact with water, in both cases the practitioner is exposed to the sun through all the way.

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


como cHegAr/getting tHere Br-364 norte – tem início próximo à divisa entre o estado do acre e o peru, passa por rio Branco-ac, toma sentido sudeste a partir de porto velho-ro e se une à Br-163 no sul do mato grosso. Br-364 north highway – it starts near the border between acre Brazilian state and the country of peru, passing through rio Branco-ac, takes southeast direction from porto velho-ro and joins the Br-163 highway in southern mato grosso.

Br-251 – É uma continuação da rodovia estadual mt-130, que vem do norte mato-grossense, passa pela chapada dos guimarães e termina na capital do mato grosso.

Br-163 norte – parte da cidade de santarém-pa, à margem do rio amazonas, cruza o município de sinop­ mt e segue para cuiabá-mt.

Br-251 (highway) – it is a continuation of the state highway mt-130, that comes from the north of mato grosso, passes through chapada dos guimarães and ends in the capital of mato grosso.

Br-163 north highway – it parts of the city of santarém­ pa, following the riverside of amazon river, crosses the town of sinop-mt and continues to cuiabá-mt.

1

Br 25 4 Br 36 3 Br 16

á

cuiab

ra

Jacia

ópolis

n rondo serviços/services

0

Br 07

Quem levA / WHo tAkes you tHere mato grosso raft & expedições tel.: (65) 9977-2873 / (66) 9987-9895 www.jaciararadical.com.br RAfTing valor do rafting por pessoa: r$40

price for each person: r$40

tempo do percurso: entre 1h30 e 2h Duration of the ride: between 1h30 and 2h

número de pessoas: mínimo quatro e máximo 30 number of people: at least four and maximum 30

rapel / rappel valor do rapel por pessoa: r$40 price for person: r$40

número de pessoas: mínimo quatro e máximo 30 number of people: at least four and maximum 30

o pacote dá direito a duas descidas the package entitles two descents

onde ficAr / lodging taba Hotel av. Bororos, 183. tel.: (66) 3461-1541 Pousada rosa dos ventos rodovia 364, km 276 tel.: (66) 3461-4450

4

Br 36 3

Br 16 Br-070 – leva do Distrito federal à divisa do mato grosso com a Bolívia, na região de san matías. no trajeto passa por Barra do garças-mt, várzea grande-mt e cáceres-mt. Br-070 (highway) – it takes from the Distrito federal state to the border of mato grosso and Bolivia, in the region of san matías. in the way, it goes through Barra do garças­ mt, várzea grande-mt and cáceres-mt.

Br-364 sul – a partir da rodovia estadual sp-326, liga planura-sp a rondonópolis-mt através das cidades de campina verde-mg, são simão-go, Jataí-go e mineiros-go. Br-364 south highway – from the state highway sp-326, it connects planura-sp to rondonópolis-mt through the towns of campina verde-mg, são simão-go, Jataí-go and mineiros-go.

Br-163 sul – inicia-se em tenente portela-rs ao dar continuidade à rs472. atravessa os estados de santa catarina, paraná e mato grosso do sul antes de chegar até rondonópolis­ mt. cruza as cidades de são miguel do oeste-sc, cascavel-pr, toledo­ pr, marechal cândido rondon-pr, eldorado-ms, Dourados-ms, campo grande-ms e coxim-ms. Br-163 south highway – it starts in tenente portela-rs, as a continuation of rs-472 higway. it overpass the states of santa catarina, paraná and mato grosso do sul before reaching rondonópolis-mt. it crosses the towns of são miguel do oeste-sc, cascavel­ pr, toledo-pr, marechal cândido rondon-pr, eldorado-ms, Douradosms, Dourados-ms, campo grande-ms and coxim-ms.


[ momentos ] Farid Curi e seu filho Wylliam vivenciaram recentemente uma dessas experiĂŞncias inesquecĂ­veis entre pai e filho

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ecoaventura l Pesca esPortiva, meio ambiente e turismo


De PAI

para FILHO Se para um aficionado da pesca esportiva não há nada mais emocionante que fisgar um grande exemplar, para um pai o maior motivo de orgulho é ver seu filho compartilhar dessa mesma paixão. E a razão é simples: o ambiente que envolve essa prática vai muito além da busca por um troféu Da reDação l Fotos: arQuivo PessoaL l arte: marceLLo binDer

ecoaventura

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[ momentos ]

A

o planejar uma pescaria é impos­ sível evitar a ansiedade: qualquer espera pelo grande dia é sempre longa demais, a tralha passa por diversas inspeções e o sono da véspera é constantemente inter­ rompido por planos e expectativas. Quando a aventura finalmente se inicia e o pescador fisga seu pri­ meiro peixe, a alegria é expressa de todas as maneiras possíveis: grita, solta gargalhadas, emociona-se... No entanto, quando o filho participa desse momento, é ele o protagonis­ ta. Não há mais competição com o parceiro ou desejo de fisgar o maior exemplar, pelo contrário, o único tro­ féu é o sorriso estampado no peque­ no rosto ao realizar a captura. E que mágica é essa capaz de fazer os pescadores mais ardorosos largarem vara, linha, isca e até mesmo o peixe para torcerem por aquele menino que parece ainda menor sob o boné e os óculos? Ter o privilégio de dividir com ele um hobby tão apaixonante e saudável proporciona satisfação semelhante ao prazer de fazê-lo torcer pelo mesmo time ou vê-lo seguir a mesma carreira. Aque­ les poucos momentos sentados lado a lado significam muito mais do que toda a convivência rotineira. Quando estão ape­ nas os dois ali, repousados sobre o barco ou à beira do rio, não há mais nada: as distâncias desaparecem, as cobranças são esquecidas e as responsabilidades do cotidiano já não existem. Os protoco­ los de comportamento são quebrados, e eles passam a ser apenas companheiros que vibram juntos pelas conquistas. O pai fica “bobo” e se desdobra para garantir que tudo seja perfei­ to: vira piloteiro, conselheiro e fã — a ponto de abrir mão da autoria daque­ la história inesquecível para atribuí-la ao filho. O aprendiz faz de tudo para agradar seu herói e corresponder às

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expectativas do mestre. Esse contato tão intenso com a natureza e com os conceitos de preservação o fará carregar esses preceitos por toda sua vida. Mais do que esporte e diversão, a pesca constitui um estilo de vida e até uma ideologia. Não é à toa que muitos pescadores es­ portivos se esforcem tanto para que ela se estenda pelas próximas gerações da família.

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“Aqueles poucos momentos sentados lado a lado significam muito mais do que toda a convivência rotineira”


[ momentos ] Nem as forças ocultam explicam Farid Curi divide com o caçula de seus seis filhos a paixão pela pesca esportiva. Wylliam, de 13 anos, ainda está aprendendo as técnicas, mas já se tornou seu com­ panheiro de excursões. Na última viagem que fizeram juntos, o Teles Pires proporcionou emoções que, apesar de recentes, já são consideradas inesquecíveis. Desde o início, o pai coruja já desejava fotografar o filhão com um grande exemplar e tinha em mente até a espécie-alvo: a Piraíba. Nos primeiros dias de pescaria, embora diversos peixes tenham batido, ainda não era o tro­ féu que almejavam. Entre as espécies capturadas estavam Pirararas, Jundiás, Pacus, Cachorras e Tucunarés, mas ne­ nhuma com o tamanho que gostariam. No penúltimo dia, após receberem uma dica de ponto mais piscoso, subiram contra a correnteza e escolheram o local mais próximo de uma cachoeira, na esperança de que, em área de maior profundidade, tivessem mais sorte.

Eles estavam determinados a só deixarem o barco de­ pois de fisgar um exemplar realmente grande. “Eu não iria embora antes de pegar aquele peixe”, conta o pai. Passou-se muito tempo e o pescador acabou vencido: suas esperanças se esgotaram antes que pudessem cumprir esse propósito. Mesmo tento torcido tanto pela aparição da Piraíba, começaram a recolher as linhas, mas uma delas estava presa nas pedras. O piloteiro manobrou o barco para facilitar a retirada da linha e, para surpresa deles, havia outra embolada no anzol, de aproximadamente 50 libras e de coloração avermelhada. Em seguida, o condutor de pesca começou a manuseá-la. De repente, a enigmática surpresa: “Tem um peixe na outra ponta!” A frase restaurou o ânimo de pai e filho instantaneamente. Emendaram a linha no mo­ linete, e a briga iniciou-se. Era preciso ter cuidado, pois o “bicho” era forte e estava entre as rochas. Foram longuís-

Dividir o troféu é apenas um dos momentos especiais que compõem a pesca entre pai e filho 60

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simos 40 minutos de pura ansiedade até que o teimoso se entregasse. E adivinhe só o que havia sido fisgado por aquela linha misteriosa: a tão sonhada Piraíba! Com 30 quilos, foi o maior peixe que Wyllian já teve nas mãos. O filho se sentiu realizado, e ao ver tamanho sorriso estam­ pado em sua face, o pai não pôde esconder o orgulho. Coincidência, força do pensamen­ to, destino ou qualquer que seja a explicação para tamanha sincronia, o que ficará na me­ mória vai além de fisgadas e histórias. Serão os silêncios, os olhares, as emoções e os risos que perdurarão daqueles momentos, apenas compreensíveis entre pai e filho.


[ internacional l Estados Unidos ]

Atum-Azul:

um desafio para poucos

A primeira corrida de um grande Atum-azul ĂŠ vigorosa e interminĂĄvel

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texto e fotos: fábio barbosa l arte: Paula bizacho

Entre junho e agosto, cardumes do raro Atum-azul ou Bluefin Tuna (Thunnus thynnus) — peixe que costuma “moer” aqueles que se atrevem a desafiá-lo — aproximam-se da costa da Carolina do Norte e se espalham até o Maine, perto da fronteira entre Estados Unidos e Canadá. Como mostraremos nesta matéria, quem tiver coragem já pode começar a se preparar fisicamente para uma das pescarias mais brutas e extenuantes das quais é possível participar

l

i em fóruns da internet, nos Estados Unidos, sobre a presença de cardumes de Atum-azul entre 5 e 15 milhas da costa de Cape Cod, em Massachusetts. Eram relatos empolgados de pescadores que citavam brigas exaustivas, nas quais apenas 20% dos espécimes fisgados, ou seja, um a cada cinco que batiam nas iscas, eram trazidos junto ao barco. Além da di­ ficuldade de cansar esse peixe, fiquei sabendo que, devido à mudança na legislação que protege essa espécie — atualmen­ te só se podem embarcar indivíduos menores que 1,50 metro ou maiores que 1,90 metro (< 59 > 73 polegadas) —, pouquís­ simos foram fotografados. Tais notícias instigaram a minha compulsão por adrena­ lina e, como qualquer “dependente”, tive uma crise de abs­ tinência que me fez começar o tratamento terapêutico: pla­ nejar como encontrar, fisgar, vencer a luta e fotografar esse magnífico titã dos mares — um peixe cujo tamanho, força descomunal e raridade transformam-no num troféu ainda pouco conquistado. Com apenas três dias livres, era imprescindível pensar em todos os detalhes, afinal, para vencer um monstro cujos menores espécimes ultrapassam 100 quilos, o equipamento precisa ser o melhor, isto é: o anzol não pode abrir, o girador, quebrar, o nó do líder, romper, ou a linha, arrebentar. E como se não bastasse, soubemos que os peixes estavam atacando apenas iscas pequenas, portanto, não seria possível tirar van­ tagem dos modelos maiores e mais reforçados.

Quem é o Thunnus thynnus

Também conhecido como Albacora­ -azul, trata-se da maior espécie de Atum. O recorde mundial de pesca registrado pelo IGFA (Internacional Game Fish Association) é de 679 quilos, e foi capturado por Ken Fraser, em 1979, na Nova Escócia-Canadá. Pode chegar a 684, mas o peso médio é de 70 quilos. Já o comprimento total máximo é 4,58 metros, com a média de dois metros. A idade máxima reportada é de 15 anos. Peixes epipelágicos oceânicos, ocorrem em todo o Atlântico e Mediterrâneo. São migratórios e podem sazonalmente se aproximar do litoral.Também são rápidos nadadores, capazes de alcançar velocidades de 104 Km/h, e podem ser encontrados próximos à superfície ou a meia-água e em pequenos a grandes cardumes. A carne escura é excelente e de alto valor comercial, sobretudo na culinária japonesa. Devido à sobrepesca, é uma espécie em risco de extinção.

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[ internacional l Estados Unidos ] Voamos de Los Angeles para Nova York, onde nos encontra­ mos com o amigo John Flores — policial em Nova Jersey e gran­ de pescador—, e de lá seguimos de carro para Cape Cod, numa viagem que durou uma interminável noite, na qual não consegui dormir um minuto devido à quantidade de coisas que passavam pela minha cabeça. Lembrei, por exemplo, que após a divertida, mas desgastante, pescaria nas Ilhas Fiji [matéria sobre o cobiçado Atum-dente-de-cachorro, publicada na edição 9], cheguei à conclu­ são de que precisava de melhor condicionamento físico se qui­ sesse continuar a desafiar peixes violentos. Em função disso, fiz uma forte preparação física durante três meses [leia nesta edição, pág.86], mas, assim mesmo, ainda tinha dúvidas se já estaria preparado para o desafio dos desafios: vencer o Atum-azul, o bárbaro dos oceanos. Por volta das 4h30, encontramos o capitão Jeff para dar início à nossa “perseguição” aos azuis. A pesca é feita no visual. Quando os cardumes sobem para se alimentarem e são avistados, o barco, a toda a velocidade, é imediatamente direcionado a eles, já que não dá tempo de fazer mais que quatro ou cinco arremessos antes que desapareçam. O pri­

meiro cardume foi avistado às 6h15. Ao nos aproximarmos, vi um Atum que mais parecia um fusca — o capitão afirmou que deveria ter mais de 400 libras (182 quilos)! Com o coração disparado, pensei: “Estaria preparado para tanto?”. Arremes­ samos e nada. Eles já haviam desaparecido. E assim aconte­ ceu diversas vezes. Era frustrante.

A identificação do tipo de alimento que o peixe está comendo é de vital importância, já que ajuda muito na escolha da isca a ser usada

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Equipamentos • Varas Temple Reef bD300 e bD200e

A partir do terceiro terço da luta, os Atuns iniciam movimentos circulares aos quais se dá o nome de “círculos da morte”. É exatamente nesse momento que o peixe mais exige do pescador

• Molinetes Stella 18.000

Somente por volta das 8 horas da manhã é que entrou o primeiro. Tinha ajustado a fricção para 35 libras (16 quilos), mas fui alertado de que 25 (11 quilos) era suficiente, afinal, esse tipo de Atum não respeita detalhes como esse e tomaria linha não impor­ tasse a regulagem. De fato: na primeira corrida, o carretel quase secou. Nunca tinha visto nada parecido. Com velocidade e força incríveis, ele simplesmente ignorou o freio do molinete. Quando parou, começou um cabo de guerra, e só então pude perceber o quanto esse bicho era bruto. Posicionado no fundo, a força que exercia na ponta da vara era descomunal, e o corpo começou a ceder. Parecia que todo o treinamento ao qual me submeti havia sido em vão.

• Anzóis Onwer SJ-51 TG número 4 e 5

• Linhas Varivas Avani GT 100 e 130 libras (45,5 e 59 quilos) • Líder Varivas 130 e 170 libras (59 e 77 quilos) • Garateias Onwer Stinger números 3 e 4 (6x)

• Iscas SeaFalcon, Falcon G Hybrid de 24 centímetros, 120 gramas e Falcon Stickt Bait de 14 centímetros, 40 gramas e 17 centímetros, 80 gramas

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[ internacional l Estados Unidos ] Conforme o tempo passava, diminuía minha capacidade de raciocinar, e com movimentos desordenados era impossível poupar energia. Meia hora depois, exausto e com os músculos dos braços e das costas queimando, ouvi um conselho do par­ ceiro Randy: “Não treinou esse tempo todo? Então use o que aprendeu, pois falta muito para colocá-lo ao lado do barco”. Aquilo me deu um estalo, e comecei a corrigir a postura dos mo­ vimentos. A dor não parou, mas passei a usar melhor o quadril e encontrei uma posição mais confortável para fazer alavanca. Com isso, aos poucos consegui cansar o bruto. Somente uma hora e meia depois, o grande Atum começou a ceder. Segundo o capitão, o espécime tinha tamanho para ser embarcado e, tão

Fábio, à dir., auxiliado por J. Flores, um experiente pescador de Atuns-azuis, exibe seu primeiro troféu

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logo chegou ao costado do barco, John pegou a fita métrica e confirmou: tinha exatas 73 polegadas (1,90 metro). Cambaleante de exaustão, assim que botei as mãos em meu primeiro Atum-azul comemorei pra valer, afinal, como dissera o capitão do barco: “É muita sorte alguém que nunca fez esse tipo de pescaria conseguir vencer esse peixe sozinho” — proeza que ele julgou ainda maior pelo fato de ser um espé­ cime dentro das medidas estipuladas por lei. Silenciosamente discordei dele, já que havia me preparado durante meses para uma situação como essa, além de ter passado um dia inteiro escolhendo equipamento. Portanto, mais que sorte, o planeja­ mento fez a diferença!


mais emoções Na sequência, avistamos outro cardume, e John, após 40 minutos de briga, trouxe o Atum até o barco. Entretanto, como não tinha o tamanho necessário para ser retirado da água, fizemos as fotos ao lado do costado, liberamos o peixe e parti­ mos para mais uma tentativa. Avistamos mais uns cardumes e conseguimos outras duas capturas, só que ambas imedia­ tamente liberadas por não estarem dentro dos padrões. Era quase meio-dia quando nos passaram por rádio a notí­ Apenas peixes com cia de que haviam avistado os peixes mais próximos tamanho inferior a da costa, a cerca de cinco milhas. Rumamos para 59 ou superior a 73 polegadas podem ser lá, tivemos três ações, mas eles levaram a melhor. embarcados. Todos Como estávamos muito cansados pela noite an­ os demais têm que obrigatoriamente ser terior em claro, encerramos a jornada desse dia liberados assim que com uma estatística muito favorável: dos sete pei­ encostam no barco xes que bateram, quatro foram dominados.

Curiosidades Em Cape Cod a pesca do Sea bass é muito mais popular que a do Atum-azul (Bluefin Tuna). Enquanto três ou quatro barcos pescavam os Atuns-azuis, mais de 50 barcos se dedicavam ao Sea bass.A pesca marítima na modalidade casting (arremesso) ainda é pouco praticada nos Estados Unidos. O famoso “corrico” ou trolling ainda é a mais difundida. Um bom preparo físico é imprescindível.

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[ internacional l Estados Unidos ] a luta final No dia seguinte, já pressentia o que encontraria pela frente. Às 5 horas da manhã, quando começamos a navegar, ventava forte e havia pouca visibilidade. Segundo o capitão, vento e tem­ peratura proporcionariam um dia difícil — previsões confirmadas logo cedo, já que, por diversas vezes, avistamos os peixes, que afundavam e desapareciam tão logo nos aproximávamos. Sem perspectivas melhores, voltamos ao porto às 11h30, esperan­ çosos de que o tempo melhoraria. Como às 14 horas o panora­ ma não se alterara, retornamos ao hotel frustrados. No terceiro dia o tempo amanheceu diferente. O sol despon­ tando no horizonte e a água mais limpa pareciam bons pressá­ gios. O primeiro cardume foi avistado às 6 horas, mas os peixes novamente não quiseram saber de nossos engodos. Em várias dessas ocasiões, notei que as iscas que comiam eram bem

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pequenas e, para tentar reverter a situação, fui para a parte traseira do barco e comecei a usar um stick prateado de 14 cen­ tímetros, que se assemelhava mais ao que estavam atacando. De repente, o cardume levantou atrás do barco, e sem pes­ tanejar arremessei. Nem bem a isca havia caído na água, foi atacada. Com a cabeça mais fria e a fricção não tão apertada, trabalhei o peixe sem a aflição do primeiro dia. E isso fez a di­ ferença: apesar de ser um espécime mais pesado e gordo que o primeiro — mediu 74,5 polegadas (1,91 metro) —, consegui trazê-lo ao costado do barco mais rápido e sem sentir dores.

Fábio lutando e, depois, mostrando o grande troféu dessa aventura: um Atum­ -azul de aproximadamente 120 kg e 74,5 polegadas


Para confirmar o “dia bom”, recebemos um alerta pelo rádio de que havia um gran­ de cardume se alimentando perto de nossa posição. Ao avistá-lo não acreditei no espe­ táculo: o mar fervia, um fantástico frenesi de peixes e aves que disputavam o mesmo alimento. Posicionamos e, no primeiro arremesso, John fisgou um enorme Atum-azul a menos de cinco metros do barco. O gigante saiu em disparada rumo ao fundo e co­ meçou uma briga que, em seu decorrer, nos moeu. Mas, com garra e determinação, uma hora depois John também conseguiu seu troféu, que mediu 73,5 polegadas (1,86 metro) e lhe rendeu belas fotos. Nossa missão estava cumprida: desde que bem preparada e planejada, uma pesca­ ria de monstros como esses pode dar um excelente resultado, mesmo para quem não tem experiência, como foi o meu caso. A melhor forma para se trazer esse peixe próximo ao barco para a liberação é a introdução de um bicheiro em sua boca para que seja cravado na cartilagem do maxilar inferior

Dicas de pesca • O equipamento para o Bluefin, por mais resistente que seja, não é tão pesado. • As iscas utilizadas são menores e mais leves que as de GT. • A fricção não necessita ser tão apertada, pois o peixe briga no limpo. • Anzóis reforçados 6x ou mais são indispensáveis.

Serviços O barco custa cerca de U$1.000 por dia, para 3 ou 4 pescadores. Existem várias opções de acomodações na região, de hotéis cinco estrelas aos motéis de beira de estrada, cujas diárias variam entre US$ 50,00 e US$ 200,00. Mais informações: Tel.: (11) 3334-4362.

J. Flores também exibe um exemplar com mais de 73 polegadas

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é o bicho

A gigante brasileira

Contraposta à aparência hostil e peculiar dessa grandalhona solitária está sua vulnerabilidade à ação do homem. Apesar de ainda não ser considerada uma espécie ameaçada, suas condições básicas de sobrevivência parecem conduzi-la irremediavelmente para a extinção da REdação l FoTo: aRquIvo EcoavENTuRa l aRTE: MaRcELo kILhIaN

Nome científico: Tapirus terrestris Família: Tapiridae

Por se alimentarem de sementes e dispersá-las pelas fezes, as antas atuam na regeneração e manutenção das florestas que habitam

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A

s patas parecem simplesmente finas e curtas demais para sustentar tanto peso. São até 300 quilos sobre pouco mais de 40 centímetros de membros marrom-acinzentados. Acima, um corpo robusto de pelagem curta com mais de dois metros de comprimento. Na parte posterior, um contorno parabólico coberto por uma cauda curta, de apenas dez centímetros. E na porção anterior, a cabeça possui um formato irregular, com músculos bem delineados, olhos pequenos e boca quase imperceptível sob sua “tromba”, que, na ver­ dade, trata-se de um prolongamento do lábio inferior acoplado ao focinho, por onde ecoa um “assobio”. Esse é definitivamente um animal estranho. O maior mamífero encontrado no Brasil impres­ siona pelo tamanho versus fragilidade. Distribuído por todo o País, esse habitante das matas às margens de rios depende de condições específicas para sua sobrevivência. Sua rotina diária envolve banhos de lama intercalados a mergulhos em água doce para se refrescar e, ao mesmo tempo, espantar moscas e carrapatos. Possui hábito noturno e, enquanto ainda está claro, esconde-se na floresta densa. Um indivíduo adulto necessita de aproximadamente 200 hectares com recursos alimentares à disposição — que vão de frutos caídos a cascas de árvores e plantas aquáticas —, abrigo e espaço que permita a sua reprodução, mas é territorialista e não admite dividir a mesma área. Além disso, a anta passa 13 meses gestando um único filhote. Assim, seu ritmo reprodutivo é extre­ mamente lento, ao mesmo tempo em que a degrada­ ção de seu ambiente avança de forma acelerada. O declínio populacional dessa espécie já é reconhecido pela IUCN (União Mundial para a Natureza), que a considera vulnerável, mas não pelos órgãos ambien­ tais brasileiros. Referência bibliográfica: REIS, Nelio R. dos [et al]. Mamíferos do Brasil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2006. p 287-290.



[ segmento ]

“Sr. ministro, não queremos ser

decepcionados” No iNício de setembro, o MPA (Ministério dA PescA e AquiculturA) orgaNizou o 1º eNcoNtro NacioNal da Pesca amadora, que reuNiu mais de 200 ParticiPaNtes em brasília. coNheça os PriNciPais PoNtos aProvados texto e fotos: Janaína Quitério l arte: Paula bizacho 72

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d

esde a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura, em junho de 2009, o setor da pesca esportiva e amadora não havia recebido políticas públicas para seu fomento no Brasil. Devido a essa deficiência, o MPA instituiu uma comissão técnica para estruturar a Política Nacional para a Pesca Amadora a partir de um programa nacional de desenvolvimento sustentável do segmento. Segundo o coordenador dessa comissão, Carlos Alexandre Gomes de Alencar, o I Encontro Nacional da Pesca Amadora pode ser definido como uma espé­ cie de consulta preliminar à elaboração de diretrizes: “Para definir uma política pública, é necessário ouvir os atores que serão afetados com as ações a ser desenvolvidas. Esse é o primeiro momento no qual o setor irá se reunir para mostrar um documento discutido democraticamente a partir de von­ tades e necessidades, importantes para o MPA perceber as demandas e, em seguida, construir as ações”, explica. Para esse encontro, foram eleitos 200 delegados de todo o País, entre profissionais ligados à pesca amadora, da in­ dústria de pesca, comércio, representantes de associações, operadores de turismo etc., que fomentaram discussões a partir de um texto-base, construído na comissão técnica do MPA por meio de contribuições do segmento em reuniões anteriores. Potencialidades, aspectos legais e marco regula­ tório, cadeia produtiva, diretrizes nacionais e eixos de desen­ volvimento foram as principais temáticas com as quais os de­ legados contribuíram. Técnicos do Ibama, superintendentes estaduais do MPA e convidados do setor puderam participar do debate, mas sem voto.

Rubinho de Almeida Prado, diretor do Grupo EA, fez parte da comissão organizadora do evento e, no discurso de aber­ tura, parabenizou a organização do encontro por proporcio­ nar “um momento histórico para a pesca esportiva”. Ao mi­ nistro Altemir Gregolin, deixou um apelo: “Não queremos ser decepcionados nesse encontro”. As resoluções tomadas na plenária final serão consideradas na elaboração de diretrizes e políticas públicas pelo Governo Federal.

Delegados discutiram estratégias em quatro eixos temáticos

“Nós, pescadores esportivos ou amadores, como quiserem chamar, nunca tivemos espaço no Governo Federal para ajudar a decidir as políticas para o setor” Alexandre Cardoso Viana, representante da pesca esportiva no Nordeste

A votação final foi “acalorada”, afinal, as necessidades do setor estavam pela primeira vez sendo apontadas coletivamente

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[ segmento ] EA: Como publicamos em nosso editorial da edição 12 (setembro), na reunião para ordenamento pesqueiro nas bacias do To­ cantins e do Araguaia, o Ibama apresentou um projeto para regulamentar o tamanho máximo de captura da espécie Cichla piquiti (Tucunaré-azul) em 50 centímetros e alterar o tamanho mínimo de captura dessa espécie. Entretanto, o Ministério rejeitou a proposta. Por quê?

EntrEvista com Karim Bacha, sEcrEtário dE PlanEjamEnto E ordEnamEnto da PEsca Revista ECOAVENTURA: Qual o maior desafio para fazer um ordenamento que garanta a sustentabili­ dade dos recursos pesqueiros? Karim Bacha: É justamente a dimensão de nosso País. No ambiente continental o desafio não é pequeno. Em muito dos casos, pelo menos da região Norte do Brasil, a maioria do pessoal não está regularizada, e o governo brasileiro, no passado, não conseguiu dar uma resposta que o setor exigia. Aliado a isso, o MPA recebe também a atribuição de ordenar e de trabalhar com a atividade da pesca amadora, que, embora, não tenha um fim comercial, é um meio para a estrada que leva ao estabelecimento de uma cadeia produtiva não menos importante no País. É chegada a hora, com algum atraso, de o governo brasileiro assumir efetivamente a gestão da atividade da pesca amadora, por meio do MPA em parceria importante com o Ministério do Meio Ambiente. Para isso, nada mais sen­ sato que, preliminarmente, ouvir as pessoas envolvidas nessa atividade, que abrange estabelecimentos comerciais, hotéis, pousadas e os diversos usuários. 74

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Bacha: Só uma correção: não foi o Ibama quem apresentou a proposta, até porque nossos parceiros que participam da comissão entenderam que não era o momento adequado de aprovar a medida, devido ao entendimento de que não havia seguran­ ça do ponto de vista científico em adotar propostas como essa. Isso não significa que essa medida esteja descartada, mas precisamos discutir um pouquinho mais, porque, ao estabelecer tamanhos máximo e mínimo, também queremos estabelecer medidas que possibilitem a aplicação da norma e do cumprimento disso. Para alguns casos, como na pesca amadora, talvez seja bastante possível em boa parte das situações a devolução do peixe ao ambien­ te natural. Para outras atividades, como da pesca comercial, dependendo da medida utilizada, isso não é possível. Aí, como aplicar a norma?

EA: E qual a sua opinião para essa proposta? Bacha: Emitir uma opinião nesse momento é muito prelimi­ nar. Como disse, não temos uma segurança do ponto de vista técnico para poder avaliar a aplicação de uma proposta como essa. Sem dúvida é uma proposta legítima.

EA: Nesse encontro, várias propostas foram indica­ das. Qual o critério do MPA para absorvê-las? Bacha: A gente recebe essas propostas com muita satisfa­ ção, pois ficou demonstrado que o setor — representado em número bastante expressivo nesse encontro — está efetiva­ mente preocupado com o futuro da pesca amadora no Brasil. Algumas propostas são perfeitamente aplicáveis e, por conta disso, serão incorporadas na elaboração de diretrizes; outras carecem de um debate mais aprofundado. Mas o grande ga­ nho é o seguinte: nós aprofundamos o processo de gestão da pesca amadora no País.


alGumas ProPostas aProvadas [até o fEchamEnto dEsta Edição, a assEssoria do mPa ainda não havia divulGado o documEnto comPlEto]

• Criar um departamento específico no Ministério de Pesca e Aquicultura e assegurar recursos orçamentários para a implementação das recomendações do I Encontro Nacional da Pesca Amadora; • Criação do Comitê Nacional da Pesca Amadora com participação dos Ministérios da Pesca, do Turismo, Meio Ambiente, Trabalho, da Defesa (marinha), da Educação, Esportes, órgãos ambientais estaduais, secretarias de pesca estaduais e entidades representativas da pesca amadora;

• Realização de estudos científicos para subsidiar a regulamentação regionalizada do período de Defeso para distintas espécies; • Instituir limites mínimos e máximos de tamanho para captura de espécies de interesse para a pesca amadora, com aplicação, em caráter experimental, em áreas regionais, fundamentada por estudo de biologia pesqueira; • Elaborar estudo de viabilidade da cota zero temporária por espécie, respeitando as demandas de cada região.

pesca no mundo está estagnada (oferta em torno de 90 a 95 milhões de toneladas de pescado ao ano), e a aquicultura é que está atendendo a demanda, com números que passaram dos 20 milhões para 60 milhões de toneladas ao ano. Dessa forma, não haverá risco de diminuir os estoques pesqueiros, ao contrário, temos políticas para a recuperação deles. O caso da Sardinha nas regiões Sul-Sudeste ilustra essa situação: de 2006 até agora, saímos de uma produção de 23 mil toneladas para 83 mil, quando o número na década de 1970 era de 220 mil toneladas. Por falta de políticas naquele período, a pesca entrou em colapso.

EA: Qual será o compromisso do Governo após a

foto: arQuivo mPa

conclusão do documento votado na plenária final desse encontro?

EntrEvista com altEmir GrEGolin, ministro da PEsca E aquicultura Revista ECOAVENTURA: Como estimular o consumo do peixe sem afetar ainda mais os estoques pesqueiros, que, em muitos lugares, já sofrem com a sobrepesca? Altemir Gregolin: Quem vai dar a grande contribuição para a oferta do pescado e sustentar o consumo no Brasil é a aquicultura, que ainda responde por 30% no mercado na­ cional. Essa é a tendência mundial. Nos últimos 30 anos, a

Gregolin: A partir das decisões dessa plenária, formataremos um plano de desenvolvimento da atividade de pesca amadora para os próximos quatro ou cinco anos.

EA: Em seu discurso, o senhor se refere ao setor re­ presentado neste Encontro ora como pesca amado­ ra, ora como pesca esportiva. Por quê? Gregolin: O conceito precisa ser definido melhor. Se a gente consultar as normativas do Ibama, a pesca esportiva se refere ao pesque e solte, e a amadora tem outro conceito. Então, eu falo de pesca amadora e de pesca esportiva para contemplar todo mundo, porque, inclusive, no setor tem essa divergência. Na minha avaliação, o pesque e solte deve ser uma modalida­ de da pesca amadora, mas é o setor que deve definir isso.

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radar

“Não deixe esse

bico fora d’água”

ou Agulhão-vela, também chamado de Sailfish, intensificada com a pesca de espinhel – artefato predatório que tem como meta a captura de Espadartes, Dourados e Atuns, mas que fisga de forma incidental os Sailfishes e Marlins-

inFográFico: Paula bizacho

Na edição 6 (março de 2010), publicamos na reportagem ambiental “Será o fim das espécies de bico?” a preocupação com a sobrepesca de uma das mais cobiçadas espécies na pesca esportiva, o Agulhão-bandeira

Alarmados com o declínio do Sailfish, pescadores esportivos e cientistas lançam campanha socioambiental de preservação dos peixes de bico na costa brasileira -brancos e negros. Dados do ICRJ (Iate Clube do Rio de Janeiro), que há quase 50 anos realiza torneios de pesca oceânica com as espécies de bico, indicam uma redução alarmante: de 1975 até 2010, a média de captura por barco, a cada temporada, caiu de 8 para 1. Foi esse cenário que motivou várias entidades a lançar uma campanha de conscientização às vésperas da época em que chegam à nossa costa grandes cardumes de peixes de bico para a desova, sobretudo no Rio de Janeiro. O chamado é destinado a pescadores embarcados, amadores e consumidores para que, voluntariamente, todo e qualquer peixe de bico, que ainda esteja vivo no ato de sua retirada do aparelho de pesca, seja solto imediatamente. Mas, quando ele estiver morto, que seja trazido ao cais para ser doado a instituições filantrópicas.

Foto: Federação Paulista de Pesca e lançamento

A maior prova de lançamento limitado no Brasil aconteceu no início de setembro em São José dos Campos-SP. Participaram 157 atletas de 25 clubes vindos de quatro Estados. De forma inédita, foram montadas três canchas em um mesmo espaço, nas quais os atletas faziam lançamentos com o objetivo de marcar a maior distância e precisão atingidas.

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Biocombustível para todos

A Fao (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) e a Fida (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola) apostam na mamona (Jatropha curcas) para promover a produção de biocombustíveis, beneficiar pequenos produtores e aproveitar melhor as terras produtivas. A planta tem a capacidade de se desenvolver em solos áridos e degradados, sem serventia para a agricultura, e poderia fornecer às famílias rurais menos favorecidas um combustível para uso domiciliar. Dessa forma, evita-se que o solo destinado ao cultivo de alimentos, como o milho — que também pode ser utilizado para produção de energia —, seja redirecionado. A prova de lançamento “Churra Peixe” foi inédita por montar três canchas

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Foto: leonardo lima / sXc

Prova de lançamento inédita


Foto: adreson sa / sXc

Meio bioma Dados coletados pelo Ministério do Meio Ambiente por meio de imagens de satélite revelam que 54% da área original do Pampa gaúcho foi devastada. Apenas entre 2002 e 2008 foram perdidos 36.400 hectares anuais, uma redução total de 1,23% de sua vegetação típica a cada ano. Dos 117,8 quilômetros quadrados que ocupa, foram desmatados 2.200 quilômetros quadrados nesse período.

Formado por gramíneas e vegetação rasteira, o Pampa preserva apenas 34% de sua extensão original, apesar de ter sido o menos degradado nos últimos anos

Esse bioma ocupa 63% do território do Rio Grande do Sul e é o único situado nos limites de apenas um Estado brasileiro. Mesmo assim, somente 1% dele está protegido por lei. A principal razão apontada para a degradação é o uso das terras para a pecuária.

Energia que

Foto: davide guglielmo / sXc

vem do lixo

A Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) já revelou que o Brasil produz 57 milhões de toneladas de lixo anualmente. O problema é que a maior parte das cidades do País utiliza aterros como forma de armazenamento — muitas vezes, a céu aberto, que são fontes de doenças e contaminação do solo. A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) já determinou que esses lixões sejam eliminados em todo o território nacional em até quatro anos. Uma parceria entre os setores público e privado encontrou uma solução viável, limpa e lucrativa para o problema: criar as UREs (Usinas de Reciclagem Enérgica de Resíduos Sólidos Urbanos). Especialistas esclarecem que é possível gerar energia elétrica a partir do lixo, o que daria ao material um destino ecologicamente correto. Essa medida contribuiria para a redução da emissão de gases estufa (até 700 quilos de CO2 por tonelada de lixo), eliminaria o chorume e minimizaria a contaminação dos solos, águas e lençóis freáticos, além de reduzir o combustível gasto com transporte e diminuir o impacto ambiental. Cinco projetos estão em desenvolvimento nas cidades de São Paulo, Ceará e Bahia.

Tel.:

(11)

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Estrada de Itapecerica, 3283 em frente ao terminal Capelinha

www.lojaacquafish.com.br


radar

Foto: henrique Feitosa

CArNE lEgAl

Para conter o ritmo de degradação do bioma, o Governo implementou uma medida de corte de crédito ao produtor rural que desmatá-lo. A mesma providência foi tomada em 2008 na Amazônia, e resultou no segundo ano consecutivo de recorde na queda de deflorestamento. O Cerrado ocupa 24% do território brasileiro, e é o mais vulnerável devido à crescente expansão agropecuária. Ele já perdeu 85 mil quilômetros de sua vegetação original — equivalente a 49% da mata nativa. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado também pretende estimular a proteção por meio da imposição de pagamento de serviços ambientais, e prevê queda de 40% no ritmo de corte até 2020.

Foto: thiago martins / sXc

Proteção ao Cerrado

Os maiores frigoríficos do País anunciaram que deixaram de comprar gado de 221 fazendas localizadas em áreas indígenas, recém-desmatadas ou em unidades de conservação da Amazônia. Responsável por 80% do desmate nesse bioma, a pecuária ainda concentra o maior número de trabalhadores em condições análogas à escravidão. As empresas também alegam que 1.787 propriedades estão sob investigação e mais de 12.500 passaram por processo de georreferenciamento. A atitude adotada corresponde ao compromisso assumido com o programa Desmatamento Zero na Amazônia, mas para que ele tenha êxito é preciso que todas as fazendas do bioma apresentem o Car (Cadastro Ambiental Rural), ajudante no monitoramento por satélite. No entanto, os estados que mais desmatam a região, Mato Grosso e Pará, possuem pouquíssimas propriedades cadastradas: menos de 5% para o primeiro e menos de 9% para o segundo.

Ambientalistas ressaltam que é necessário que supermercados adotem a mesma postura para o combate à pecuária ilegal ser eficaz

Planta neutraliza veneno de surucucu

Foto: christoPher murray / Wikimedia

O pesquisador Rafael Cisne de Paula, da Universidade Federal Fluminense, descobriu uma árvore capaz de inibir 80% dos principais efeitos do veneno da surucucu, a maior cobra peçonhenta da América do Sul. Trata-se da Stryphnodendron barbatiman, conhecida popularmente como barbatimão. Atualmente o tratamento é realizado com soro. Apesar de eficaz, ele apresenta desvantagens: é caro, precisa ser arma­ zenado em temperaturas baixas, pode causar reações alérgicas e, por isso, só é possível ser ministrado O veneno da por equipe médica. O mecanismo de ação da plan­ surucucu causa dor intensa, hipotensão, ta ainda é desconhecido, mas os testes já estão diminuição do ritmo em andamento. cardíaco, diarreia e

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hemorragia

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[ mulher ]

ousar

Sem medo de Por: Janaína Quitério l Fotos: arQuiVo PEssoaL l artE: PauLa bizacho

o que impulSiona uma mulher a Se deSfazer de protocoloS habituaiS para trilhar o caminho do inexplorado? loucura? paixão? oportunidade? traçamoS o perfil de uma entuSiaSta de ecoaventuraS para entender eSSa queStão

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ecoaventura l PEsca EsPortiVa, mEio ambiEntE E turismo


s

e cair em suas mãos um guia de autoajuda, você não escapará de pelo menos cinco conselhos básicos para enfrentar as adversidades diárias: arrisque-se; amplie seus conhecimentos com a prática; use a criatividade para quebrar a rotina; livre-se do stress por meio dos esportes e tenha hobbies compartilhados. A receita está dada, mas onde encontrar os instrumentos necessários ao seu pre­ paro? Para as mulheres que gostam de aliar esportes à natu­ reza, a “roda” já está inventada: basta sair para pescar em um caiaque — modalidade que, apesar de recente no Brasil, arrasta grande número de seguidores e simpatizantes, mas ainda com raras praticantes. A estudante de medicina Gabriela da Silveira Moraes é uma delas. Pescadora esportiva faz cinco anos, há três descobriu, jun­ to com o namorado, a pesca com caiaque: “Como ele é fanático

por pescaria, sempre procura algo novo em fóruns na internet. De repente, surgiu com a ideia de comprar dois caiaques. Em se­ guida, chegaram dois amarelos em sua casa!”, exclama. Nunca haviam se aventurado com isso antes, tampouco sabiam a me­ lhor maneira de usá-los para as fisgadas. Arriscaram-se, portanto. As aventuras iniciais eram exploratórias em alto-mar: rema­ vam para verificar a estabilidade e acertavam os acessórios para ficarem mais confortáveis. Adaptados, resolveram pescar. Nas primeiras incursões não fisgaram nada. Levou um tempo para notarem que os peixes ficavam mais ativos quando pró­ ximos de praias e de estruturas, não em mar aberto. Com in­ sistência, pesquisa e curiosidade, foram se aperfeiçoando na modalidade. Aprenderam na prática. “Pelo menos uma vez a cada 15 dias levávamos o caiaque para a praia e, em seis me­ ses, já pegávamos mais peixes”, felicita-se. Do mar para pescar em rios foi apenas um passo.

Foto: José saLgado FiLho

Nos primeiros passos com o fly, Gabriela fisga uma Traíra

Acima, a pescadora-remadora em São Vicente, litoral de SP. Abaixo, com o namorado, Arnaldo, no Rio de Janeiro

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[ mulher ] ExpEriência no araguaia A pesca esportiva era uma espécie de “carta de amor” entre Gabriela e o namo­ rado, pois selava o encontro espaçado pela residência afastada. Assim, a cada aventura juntos, a paixão pelo esporte se aquecia. De acompanhante, a estudante se transformou em entusiasta. Tem o pró­ prio equipamento, monta a sua vara, pro­ cura aprender sobre o trabalho das iscas e está aberta a novas modalidades. É a melhor parceira do namorado. A viagem mais especial, para ela, foi ao Araguaia. É que lá pulsa vida, capaz de ser sentida de forma contígua pelo caiaque. “Eu via os peixões passando, além de jacaré e tartaruguinha”, admira­ -se [na próxima edição, traremos todos os de­ talhes dessa viagem. Aguarde!]. Nas incursões com caiaque no Araguaia, orgulha-se de fisgar um Palmito [acima] e Tucunaré

Vantagens de pescar com caiaque

“Com certeza é a locomoção, pois ele transita em lugares com apenas 40 centímetros de profundidade”, explica.Além disso, o contato com a natureza é muito maior. Isso porque, diferentemente dos caiaques fabricados para remar com velocidade, o de pesca é feito para rumar devagar, apenas ao som dos pássaros e do fluir das águas.Assim, cada cena pode ser contemplada em seus múltiplos detalhes. cabe tudo em seu curto espaço? “Levo óculos, protetor, canga, iscas, alicate, kit para anzol e até uma âncora é transportada no caiaque de meu namorado”, enumera. Outro grande diferencial é a estabilidade. Gabriela garante que até já ficou em pé no caiaque, sem que ele virasse nesses três anos. Mas, alerta:“É só tomar cuidado com as ondas”.

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o pErfil do dEsassombro A primeira coisa capaz de nos travar quando avistamos uma perspectiva nova é o medo — sentimento desagradável que cultivamos em relação a situações das mais simples às mais profundas do coti­ diano. Mas desafiá-lo é romper as ondas em direção aos mares de oportunidades. É por isso que o temor de Tubarões, sen­ tido pela pescadora-remadora Gabriela desde a infância, fica para segundo pla­ no quando rema sobre a água salgada. A cada viagem era agregada uma inven­ tividade: empolgaram-se em pegar onda com o caiaque, apesar de nunca terem presenciado essa prática, e insistiram com um barqueiro para essa embarca­ ção ser rebocada por uma traineira até o mar alto. Sem rotina, entusiasmam-se sempre a organizar novas jornadas.

Com o namorado, ajuda a pôr o caiaque na água, durante o Encontro de pesca com caiaque, em Caraguatatuba-SP


[ mulher ] No Araguaia, a diversidade de peixes faz a aventura ficar mais especial. Acompanhe as incursões na próxima edição. Na foto, Gabriela exibe uma Corvina

mini-perfil

Paulistana de 23 anos, Gabriela Moraes é apaixonada por natureza desde pequena. Gosta de pescar espécimes de muita ação, de preferência com isca artificial. Na viagem ao Araguaia, mudou de opinião sobre o “caráter” do peixe Aruanã: “Quando eu via essa espécie em um tanque de uma loja de pesca, não ia com a cara dela, porque parecia meio má. Aí, quando meu namorado a fisgou, percebi que era um peixe bonzinho, diferente da Espada, que já sai mordendo da água loucamente”, compara. o que falta na pesca esportiVa para o público feminino? Segundo ela, vara voltada às mulheres e roupas com corte feminino e acinturado. Agora, planeja com o companheiro a viagem dos sonhos: pesca com caiaque nas Ilhas Fiji. “É um ecossistema lindo cheio de peixes enormes. Quando conseguir pescar lá, vou ficar orgulhosa de mim”.

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folhas, flores e frutos

Frutinha não! O bacuri — fruto do frondoso bacurizeiro — está em pé de igualdade com açaí, cupuaçu, pupunha e graviola no patamar das frutas amazônicas com maior aceitação da região Norte do País. Se sua casca é dura e resinosa, a polpa é branca, de aroma agradável e sabor intenso, tal qual uma amêndoa Por: Laercio Vinhas l Foto: arquiVo ecoaVentura l arte: PauLa bizacho Nome científico: Platonia insignis De manhã inda estava acocorada ali. Macunaíma acordou e escutou. Não se ouvia nada e ele concluiu: — Arre! Foi-se! E saiu passear. Quando passou pela porta a sombra trepou no ombro dele. O herói não maliciou nada. Estava padecendo de fome, porém a sombra não deixava ele comer. Tudo o que Macunaíma pegava ela engolia, tamorita, mangarito, inhame, biriba, cajuí, guiambê, guacá, uxi, ingá, bacuri, cupuaçu, pupunha, taperebá, graviola, grumixama, todas essas comidas do mato. Então Macunaíma foi pescar porque agora não tinha mais ninguém que pescasse pra ele não. Mas cada peixe que tirava do anzol e jogava no pandeiro, a sombra pulava do ombro, engolia o peixe e voltava pro poleiro outra vez.”

Família: clusiaceae Nome popular: bacuri Cada bacurizeiro produz em média de 200 a 300 frutos por ano. Geralmente, entre dezembro e maio, os bacuris caem de maduros

Trecho de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Romance modernista escrito por Mário de Andrade, em 1928.

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ativo da Amazônia, o bacuri é pouco maior que uma laranja, tem a polpa agridoce rica em potássio, fósforo e cálcio e é consumido diretamente ou utilizado na produção de doces, sorvetes, sucos, geleias, licores e outras. A casca também é aproveitada na culinária regional, e o óleo extraído de suas sementes, usado como antiinfla­ matório e cicatrizante na medicina popular e na indústria de cosmé­ ticos. Por aparecer em abundância nas margens dos rios do norte do Mato Grosso, é bastante utilizada na pesca de batida como isca para peixes com dentição, caso de Pacus e do Matrinxã. O bacurizeiro pode atingir mais de 30 metros de altura e apre­ senta tronco de até dois metros de diâmetro nos indivíduos mais desenvolvidos. Sua madeira, considerada nobre, tem aplicações em mobiliário. Essa árvore ocorre naturalmente desde a ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas, até o Piauí, e contorna a costa do Pará e do Maranhão, mas estudos indicam a sua dispersão ao sul para o Mato Grosso, com ocorrência às margens do rio Guaporé e, ao norte, para Amapá, Guiana Francesa, Suriname e Guiana.

Referências bibliográficas: www.brasilsabor.com.br, www.cnip.org.br, embrapa amazônia oriental, revista brasileira de Fruticultura. vol.29, no.3, Jaboticabal, 2007

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saúde

Exercícios

para fisgar

gigantes Funcional Training:

Tal qual outros esportes, a pesca demanda enorme esforço físico. Prova disso é a batalha travada contra certas espécies, como os Atuns, que leva qualquer um à completa exaustão. Por isso, antes de encarar esses gigantes, aconselha-se a realizar um condicionamento físico — prática que também pode trazer benefícios para o dia a dia e ser útil até para quem se satisfaz com exemplares mais “miúdos” Da reDação l Fotos: Fábio barbosa l arte: Marcelo kilhian

é a simulação de práticas esportivas com adição de peso. Essa atividade fortalece os músculos utilizados e proporciona consciência corporal. Assim, o atleta adquire postura adequada e minimiza o desgaste físico. A adição de peso ao movimento realizado durante uma briga fortalece a região exercitada. Os joelhos devem estar levemente flexionados, a postura sempre ereta e pés bem fixados. Esse posicionamento minimiza o cansaço físico.

O arremesso se inicia atrás da cabeça. Em seguida, os braços formam um ângulo de 90° e se esticam apenas à frente do corpo. O apoio começa no pé que está mais atrás e, durante o movimento, muda para o dianteiro.

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N

ada pode ser mais frustrante do que desistir de uma boa briga disputada com um grande exemplar. E são numerosos os “briguentos” capazes de exaurir seu opo­ nente. Em muitos casos, para evitar essa situação, é preciso se preparar fisicamen­ te antes de enfrentar algumas incursões. Foi o que aconteceu com o corresponden­ te internacional da Revista ECOAVENTU­ RA, Fábio Barbosa, que treinou durante três meses para garantir seu condiciona­ mento [Veja matéria “Atum-azul: um desafio para poucos”, pág. 62]. Mas o treino esco­ lhido por ele, além de ser muito utilizado por outros esportes, pode trazer diversos benefícios para o cotidiano. Trata-se do Funcional Training, ou Treinamento Funcional — um conjunto

de atividades que visa aprimorar prá­ ticas esportivas e otimizar os resulta­ dos do atleta. Como? Por meio de um trabalho que explora todas as capacida­ des físicas humanas: equilíbrio, força, velocidade, coordenação, flexibilidade, resistência e respiração, de acordo com as necessidades de cada modalidade. A vantagem é que o praticante foca em áreas associadas a distintos grupos musculares, diferente dos exercícios executados na maioria das academias, que utiliza técnicas menos específicas, como explica o doutor Nemi Sabeh Junior, membro da comissão médica da Seleção Brasileira Feminina de Futebol e responsável pela equipe de treina­ mento do Fábio. “No treino comum

trabalha-se intensamente, mas com poucos grupos musculares, enquanto o funcional exercita diversos grupos ao mesmo tempo. Ele é mais eficaz, pois, como o pescador deve explorar a força de explosão, o condicionamento mais específico ajuda a atingir esse objetivo mais rapidamente”, explica. Para a pesca esportiva, busca-se aperfeiçoar o desempenho durante o arremesso, a fisgada e o trabalho da isca, além da retirada do peixe da água — trabalhos que exigem melhor fortalecimento dos músculos do quadril e da região lombar, assim como técnica e velocidade. Dessa forma, o treinamen­ to também irá explorar o powerlifting, o weightlifting e o core.

Essa reprodução do arremesso deixa-o mais difícil. O corpo se inclina para a frente, mas os pés não se movem, assim, não há esforço na coluna, pois a força é exercida pelos braços.

Com os pés firmados e a base da vara fixada sobre o suporte, a força do próprio corpo é utilizada para realizar o movimento. Com o braço que aproxima o apetrecho sempre estendido e a postura ereta, realiza-se menos esforço.

Diferenciais: - Os exercícios auxiliam no ganho de velocidade no arremesso para aumentar as distâncias alcançadas pela isca e para adquirir maior precisão. - É focado no aumento de resistência para que, duran­ te a pescaria, haja menos fadiga, e as horas de prática aumentem. - Reproduz a briga com o espécime. Dessa forma, o pescador entende melhor a própria movimentação, co­ nhece seus limites e apren­ de a executá-la com mais eficiência para maximizar seu desempenho.

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saúde Agachamento: trabalha especialmente coxas, glúteos e lombares. É um exercício voltado para o ganho de massa e exige atenção à postura, pois sua má execução pode ocasionar dores nas costas.

Levantamento terra: esse é um ótimo construtor de massa global, ou seja, é eficaz no fortalecimento e no aumento do volume muscular. Atua no quadril e nas costas. Contribui para prolongar a resistência, o que ameniza o esforço durante o movimento e diminui a dor sentida com sua repetição.

Powerlifting:

essa técnica é voltada para o ganho de força e aumento da potência. É composta por séries de levantamentos, agachamentos e supinos.

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Supino: trata-se do levantamento de peso para desenvolvimento dos músculos do peitoral, dos braços e dos ombros. Iniciantes devem estar atentos ao peso utilizado, pois sobrecargas podem levar a lesões.


Benefícios o uso do treinamento Funcional associado a uma alimentação saudável, hidratação correta e respeito aos limites corporais podem trazer diversos benefícios: - melhora da postura; - controle de peso; - equilíbrio muscular; - melhor desempenho físico; - minimização de lesões; - mais estabilidade; - conhecimento dos movimentos e aprimoramento técnico; - aumento da coordenação motora, flexibilidade e resistência cardiovascular e muscular

Weightlifting: trabalha arremessos e arranques com o objetivo de desenvolver velocidade, força e técnica dos movimentos.

Esse levantamento exercita diversos grupos musculares, entre eles panturrilhas, coxas, glúteos, costas e ombros.

Core: esse treinamento desenvolve o equilíbrio

É importante ser acompanhado por um profissional para garantir a execução correta dos exercícios e buscar uma avaliação multidisciplinar feita por outros especialistas da área de saúde.

entre tronco e membros e atua na produção de força e estabilidade. Também prevê a correção da postura durante a atividade para prevenir lesões e aumentar a resistência. Engloba cintura pélvica, lombar e abdômen. A repetição dos gestos desportivos tem o objetivo de melhorar as técnicas, aumentar a precisão e o ganho de resistência. Com isso, a distância dos arremessos aumenta, a remoção dos peixes será mais rápida e o tempo de pescaria é prolongado.

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[ técnica ]

Criaturas Achar o peixe é um dos principais desafios de uma pescaria. Parece simples, entretanto, há ocasiões nas quais sabemos que o espécime está lá — em algumas vezes até conseguimos visualizá­ lo —, mas os ataques não se efetivam. O que fazer nessas situações? 90

sedutoras Q por: rodrigo EstEvEs simõEs (rodriguinho) l Fotos: Arquivo ECoAvEnturA l ArtE: mArCElo kilhiAn

ueda brusca de temperatura, oscilações no nível do rio, excesso de comida, época de acasalamento, entre outros, são alguns dos fatores que alteram de maneira significativa o comportamento e a forma com que os predadores costumam se alimentar. No frio, por exemplo, preferem emboscar suas presas em estruturas mais densas, onde possam encurralá-las sem ter de despender grande desgaste físico. Exemplo disso é o que ocorre com o Tucunaré — famoso pela explosão na superfície. Para azar daqueles que planejaram durante meses um encontro

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com ele, quando o nível da água sobe, ou quando esfria, seu metabolismo muda radicalmente. Em geral, no momento em que os peixes se mostram enfastiados ou iner­ tes perante os apelos de nossas iscas artificiais, a primeira providência é ten­ tar entender os motivos pelos quais isso acontece. Caso as razões não sejam compreensíveis e as técnicas usadas costumeiramente não deem resultados, nada como ter à mão algum tipo de isca capaz de alcançar ou de passar bem perto de onde os peixes estão, de preferência modelos que


Com silhuetas que imitam camarões, lagostins e outras criaturas, o universo das soft baits é tão variado quanto eficiente

O camarão artificial é um tipo de soft bait tão eficiente que até o esquivo Robalo se rende a ele

produzam movimentos convincentes e — melhor ainda — os que se assemelhem à comida que encontram em seu habitat. O Black bass — um dos peixes que ocupam o topo na relação dos considerados “ma­ nhosos” — é o maior referencial para a ad­ versidade exposta. Como conquistou uma legião de pescadores pelos quatro cantos do mundo, tornou-se também uma das es­ pécies para quem mais houve dedicação no desenvolvimento de técnicas para sua captura. Nesse universo, um grupo de iscas sobressaiu-se quase como unanimidade entre os seus simpatizantes: as soft baits.

Osapien

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[ técnica ]

Assim como existem diversos tipos de soft baits, também é farta a quantidade de jig heads (anzóis com cabeça de chumbo) para ser usados com elas

Feitas de silicone e com diversos pesos e formatos, essas iscas começam a provar que também são eficazes com ou­ tras espécies. Foram desenvolvidas para ser trabalhadas de modo lento — e isso é seu grande apelo para os predadores que estão mais interessados em poupar energias do que em se alimentar. Outro ponto alto desse tipo de isca é a grande quantidade de tamanhos e formas em que são encontradas, e é devido a essa diversidade que ganharam a alcunha de “criaturas”: vermes, sapos, lagartixas etc. estão entre as que ocupam lugar de destaque no desfecho de pescarias feitas sob condições adversas. Algumas são fabricadas com tanto primor que, para se aproximarem ao máximo dos aspectos naturais, possuem até cheiro e sabor. Algumas questões devem ser levadas em conta na hora da escolha das características do modelo mais adequado, como peso, tamanho e anzol, ou jig-head. Há ainda os casos especí­ ficos dos camarões, montados com anzol exposto, e algumas modificações, como a confecção de um dispositivo antienros­ co feito com fios de fluorcarbono, podem contribuir para evi­ tar que eventualmente se enrosquem nas estruturas [veja box com o passo a passo de como fazê-lo]. Quanto às criaturas, prefira aquelas que foram projetadas para esconder a ponta do anzol. O camarão é muito eficaz quando trabalhado em margens com capim ou algum tipo de vegetação onde o crustáceo verdadei­ ro costuma se abrigar. Já as criaturas apresentam bons resul­ tados em estruturas e profundidades diversas. 92

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Material usado

1º) Cortar dois fios de fluorcarbono do mesmo tamanho. tenha como parâmetro a curva do anzol, já que a proteção deve ultrapassar sua ponta.

Agulha grossa ou clips, fluorcarbono (bitola 0.50 milímetro ou superior), tesoura e isqueiro. Eventualmente, o fluorcarbono pode mudar de direção e perder sua função antienrosco. Fique atento! quando isso ocorrer, reposicione os fios.

2º) perfurar a isca com a agulha ou um clips e atravessar perpendicularmente a haste do anzol, o que fará ângulo de aproximadamente 90 graus. 3º) inserir os fios, um de cada lado, e deixar a ponta das linhas voltada para trás. 4º) queimar as duas pontas da parte inferior de modo a fazer um tipo de trava, o que evitará que o fio saia da isca.

Dica: após arremessar no ponto desejado, dê pequenos toques com a ponta da vara para cima e recolha o excesso de linha enquanto a isca volta para a mesma profundidade. A velocidade do recolhimento também interfere diretamente na produtividade — quanto mais lento o trabalho, maior sua atração para o peixe.


A vez Verbo

primeira

Por: Antonio CArlos CrAvo

Pescaria noturna no Araguaia, a isca na água, o companheiro já cansado e sonolento pelos vários dias de pescaria dormindo na popa, e começo a me lembrar, enquanto abro a garrafa de café — e depois entre um gole e outro — da primeira pescaria com meu pai e de tantas outras primeiras pescarias que fizemos pela vida afora, e das outras primeiras coisas por que passamos. O “cantar” da carretilha me trouxe à realidade enquanto o parceiro recém-acordado exclamava: “Entrou, entrou, ferra, ferra!” Daí para frente só quem já viveu circunstâncias semelhantes sabe que, nessa ocasião, quaisquer outros pensamentos se dissipam e somente a figura do possível adversário vem à mente. E não foi diferente: imaginei ser uma Pirarara, e os constantes recolhimentos da linha seguidos pelo descarregar célere da carretilha comprovavam isso. Nesse vaivém, os minutos se passaram até que, extenuado, e ainda carregado de adrenalina, liberei-a pensando na primeira delas que pesquei e em como foram importantes as primeiras coisas que aconteceram em nossa vida, na maneira como elas nos formaram e como convivemos com elas. Ainda pensando na Pirarara, me lembrei de um comercial de TV da mesma época: “O primeiro sutiã não se esquece”! Quem não se lembra do primeiro dia de aula, levado pela mão e “jogado” àqueles verdadeiros monstros assustadores, mas que, em pouco tempo, foram transformados em companheiros de peripécias e grandes aventuras planejadas na mente de cada um. Da bicicleta ganha no aniversário ou no Natal, dos consequentes tombos e da primeira vez que, sem sentir que haviam largado o selim que o apoiava, desfilou venturoso ladeira abaixo. Seguramente, uma das nossas primeiras vitórias. Da primeira pescaria levado pelo pai, tio ou avô, na qual ele — mais que qualquer desses envolvimentos familiares — lhe parecia mais que um pescador, um verdadeiro gigante que sabia tudo e o protegeria de eventuais perigos; do primeiro peixe segurado e, mais importante ainda, do primeiro peixe pescado. Lambari, Bagre ou Carapicu, não importa qual deles tenha sido, era apenas o nosso primeiro peixe, graças a Deus seguido de tantos outros, mas nunca esquecido. Da chegada ao aeroporto para a primeira viagem de pesca, onde, sob as vistas dos companheiros mais comedidos na quantidade de material, até mesmo pela experiência, parecíamos um verdadeiro Dom Quixote com seu enorme tubo de varas e prontos para enfrentar os inimagináveis peixes de couro que pescaríamos. E, para terminar, já que estamos falando de pescaria, viagem e aeroporto, quem se lembra da indefectível “primeira barra de cereais”?



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Parceiros ECOAVENTURA Campinas - SP Sugoi Campinas R. Fernando Pompeu de Camargo, 1342 Jd. do Trevo – 19.3277-0007 Cotia - SP Rações Tiko Av. Professor José Barreto, 1.269 Jd. Dinora – 11.4703-5000 Diadema - SP Marlin Artigos Para Pesca R. Salvador Correa de Sá, 339 Vila Nogueira – 11. 4075-4411 Embu - SP Rações Pinheirinho R. Ercilio Wustemeerg, 1612 Jd. Pinheirinho – 11.4704-5230 Gramado Express R. Aurora Amaral de Araújo, 149 Jd. Embuema – 11.4704-0157 Embu-guaçu - SP Med Pesca R. Cel. Luiz Tenório De Brito, 786 Dentro Posto Br. Centro – 11.4661-3065 Guarulhos - SP Pesca Guarulhos Av. Salgado Filho, 1.841 Jd. Sta. Mena – 11.2409-9690

Mairinque - SP Pesqueiro Pantanosso Est. Servidão Pesqueiro Pantanosso, 5.300 Olhos D’água - 11.4246-2176 Mauá - SP Aqua Pesca Av. Capitão João, 132- C / D Centro - 11.4555-7688/4514-9089 Miracatu - SP Serra Pesca Esportiva Rod. Regis Bitencourt, 348 Cafezal - 13.3847-8103 / 11.6248-0000 Osasco - SP Sugoi Osasco Av. dos Autonomistas, 3.222 Centro - 11.3654-0016 Ribeirão Pires - SP Da Silva Aquarios Av. Santo Andre, 349 Centro Alto – 11.4827-5112 Santo André - SP Sugoi ABC Av. Pereira Barreto, 42 Piso Loft - 11.4427-7600 São Paulo - SP Acqua Fish Est. de Itapecerica, 3.283 – Jd. Germânia www.lojaacquafish.com.br 11.5512-8782

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Parada do Pescador Av. Imirim, 233 – Imirim 11.8128-8065

Trairão Av. Inajar de Souza, 57 - Freguesia do Ó 11.3931-8077/3931-6060

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Via Costeira Av. Engenheiro George Corbisier, 1.177 Jabaquara – 11.5016-2994/5012-5477

Pet Shop Fauna & Flora Est. do Campo Limpo, 5.796 Jd. Umarizal – 11.5845-3270

São Roque - SP Taquari Centro De pesca Estrada do vinho, Km 5 Sorocamirim www.centrodepescataquari.com.br 11.4711-1937

Projeto Pesca Av. Santa Catarina, 448 Vila Alexandria – 11.5031-4517 Rei da Pesca Rua Clelia, 2.180 - Água Branca 11.3871-3435 Sam Fishing Rua Belém, 33 – Belenzinho 11.2081-3699

Artpesca Av. Celso Garcia, 1026 Belenzinho – 11.2291-2277

Sauer Tec R. Do Bosque, 1024 Barra Funda – 11.3392-1592

Buriman Pesca e Camping R. Domingos de Morais, 1.003 Vila Mariana - 11.5575-5333

Só Lazer Av. Luiz Stamatis, 431 – Box 12 Jaçanã – 11.2241-9596

Casa das Redes Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.161 Vila Leopoldina - 11.3837-0666

Sugoi Jabaquara Av. Jabaquara, 361 Praça da Árvore – 11.5584-0066

Empório Pegasus Rodovia Armando Salles, 2403 Royal Park – 11. 4165-1708

Cia. da Pesca Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.211 Vila Leopoldina - 11.3641-2294

Sugoi Centro R. Florencio de Abreu, 656 Centro – 11.3329-9005

Juquitiba - SP DG Esportes Av. Juscelino K. De Oliveira, 685 A Centro – 11. 4682-1988

Ermanay Pesca Camping R. Brigadeiro Tobias, 744 Centro - 11.3326-3625

Sugoi Aricanduva Av.Aricanduva, 5.555 - Lojas S8-S10 Vila Matilde - 11.2725-6815

Tralhas e Cia Pesca e Lazer Av. Salgado Filho, 1441 Jd. Sta. Mena – 11.2441-0878 Itapecerica da Serra - SP Med Pesca R. Luiz Gama, 23 Centro – 11.4667-2468

São Bernardo do Campo - SP FabPesca R. Heinrich Nordhoff, 117 Riacho Grande www.fabpesca.com.br - 11.4397-5711 Marlin Azul R. Heinrich Nordhoff, 165 Riacho Grande – 11.4354-0425 A Fisgada R. Rio a Cima, 353 – Riacho Grande fabpesca@hotmail.com 11.4354-0135 Taboão da Serra – SP Casa de Rações Exótica Largo do Taboão, 99 – Centro 11.4701-4174/ 4787-5613 Ao Criador R.Acacio Ferreira, 3234 Jd.Tres Marias – 11. 4701-2629 Nippo Comércio de Rações R. Dr. Mario Augusto Pereira, 71/75 Parque Pinheiros 11-4137-7832/ 4137-3141


Pesqueiros

Mairiporã - SP Clube de Pesca Takenaka 11.4604-8648 www.clickpesca.com.br/takenaka

Biritiba Mirim - SP Pousada Vale Encantado 11.4692-1094 www.valeencantado.com.br

Da Lontra 11.4486-2359

Sombra e Água Fresca 11.4692-2510

Vale do Santo Ari 11.4604-3988

Castelo Branco - SP Mathu – 11.4131-6336 Francisco Morato - SP Clube de Pesca Recanto da Cascata 11.4609-9052 www.recantodacascata.com.br

Rei dos Amigos 11.4576-7352 – www.pesqueirodosamigos.com.br Peruíbe - SP Girassol 13.3456-1317

Guararema - SP Didi França 11.4693-0177 www.pesqueirododidifranca Itapecerica da Serra - SP Itapecerica 11.4667-3342 www.pesqueiroitapecerica.com.br Itaquaquecetuba - SP Itaquá 11.4648-6107 Jundiaí - SP Lagoa dos Patos 11.4537-1198 www.pesqueirolagoadospatos.com.br Juquitiba - SP Estância Pesqueira Campos 11.4683-9110 www.estanciapesqueiracampos.com.br Vale do Peixe 11.4682-1900 www.valedopeixe.com

Mauá - SP Pesk Ville 11.4576-1170

Poá - SP Roda Viva 11.4636-5636 Ribeirão Pires - SP Carequinha 11.4439-9058 Nova Tropical 11.4825-5382 Pedra Branca 11.4342-3784 www.ppedrabranca.com.br Pouso Alegre 11.4827-0382 www.pesqueiropousoalegre.com.br

Frete de Barcos & Guias Bertioga - SP Ossamu (Robalo) 11.9749-8564 Bragança Paulista - SP Braguinha 11.4035-2290/9967-1535 Fabio Martorano 11.9980-7423 Cáceres - MT Luís Henrique (Peixes Esportivos) 65.9614-3973 Formoso Araguaia - TO Alex 63.3357-1145/8119-0188 Dimas 63.9994-7553/8459-9346 Ilhabela - SP Nils 12.3896-5396/9146-5587 www.comandantenils.com.br Wilson 12.3895-8394/7850-7896/7850-7893 Itanhaém - SP El Shadai 11.2946-6966 Pelicano 13.9784-3302

– Ilhas da Queimada Grande, Laje da Conceição, Bom Abrigo e Parcéis dos Reis, Dom Pedro, da Una, da Noite Escura

Queimada Sub 13.3422-1855 www.queimadasub.com.br

Natal - RN Auricélio Alves 83.9115-0855 Alcimar 84.9916-4051 / 11.7742-1246 Porto Xavier - RS Juscelamar 55.9916-5572/3354-2293 Recife - PE Rodolfo 81.3619-1120/9979-5790 Salvador - BA Lino Justo 71.8869-8288/9918-8288/ 3332-6323 Marcel 71.8826-7042/3263-3324 São Sebastião - SP Via Mar Pescarias 12.3892-5456 viamarpescarias@uol.com.br

– pescarias em São Sebastião, Ilhabela e oceano. Iscas naturais e artificiais.

Boya Fishing 12.3862-1551/7898-4195 Barco Soberano 12.3887-8651/7850-1512 Serra da Mesa - GO Eribert Marquez 64.8415-1279 Tupaciguara - MG Daniel Sales 34.3281 3544

Sim, desejo receber em minha residência, sem qualquer custo, o DVD expedição ECOAVENTURA, que é parte integrante desta revista. www.grupoea.com.br Nome: _____________________________________________________________________________________________________ Endereço: __________________________________________________________________________________________________ Cidade: ___________________________ UF: _________ CEP: ________________________________________________________ Fone: DDD ( ) ______________________ Celular: DDD ( ) ___________________________________________________________ E-mail: _____________________________________________________________________________________________________ IMPORTANTE: promoção válida até 15/11/2010, somente para os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Tocantins. Envie este cupom para Revista ECOAVENTURA - Rua Anhaia, 1.180 - 3º andar - Bom Retiro - SP - 01130-000


Os bons tempos estão de volta!

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