Revista ecoaventura edição 14

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ecoaventura - E d i ç ã o 1 4 - n o v e m b r o d e 2 0 1 0

Jumping ou metal jigs Dicas e modelos para fisgar espécies oceânicas BILÍNGUE

Bicuda: a “queridinha” na pesca de BILÍNGUE

Praia de Alter do Chão-PA é o “Caribe” no Brasil É tempo de grandes Tucunarés no rio Negro

DVD Grátis

Ano II - Edição 14 R$12,90

Jumping jigs ou metal jigs sem mistérios l Bicuda : a “queridinha” na pes ca de arremes s o dur ante a s cheia s

arremesso durante as cheias

P e i x e s o c e â n i c o s e m c a d a Lu a l H i s t ó r i a d e 1 0 pa r c e i r a s l G r a n d e s e s p é c i e s d e c o u r o n o c a i a q u e ?


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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado e Wilson Feitosa Diretor comercial Roberto Véras rveras@grupoea.com.br Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@ grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@ grupoea.com.br Redação Laercio Vinhas Jr. Nathalia Viana (estagiária) Tradutor D. John Arte Emidio Pedro, Gabriel Dezorzi, Marcelo Kilhian, Marcello Binder e Paula Bizacho Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição Alexandre Andrade, Antonio Carlos Cravo, Arnaldo Rampado, Roberto Véras, Rubens de Almeida Prado e Waldyr Andrade Filho Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Tânia Salim comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis Distribuição Salgado Filho Edições avulsas Alexssandra Alves Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

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A equação que daria o exemplo Faz parte da natureza humana procurar agir de maneira exemplar a fim de formar padrões de postura em determinada área. E, na pesca esportiva, qual o exemplo que nós, pescadores, damos para o desenvolvimento do segmento? O problema surge quando contabilizamos as sóbrias conquistas efetivas alcançadas nas últimas décadas em resposta aos justos desacordos — manifestados aqui e acolá — com relação à normatização da atividade no País. Mas, por que isso acontece? Afinal, uma classe que se apresenta como detentora de aproximadamente 20 milhões de integrantes teria de ter representatividade suficiente para ser ouvida e conquistar seu espaço. Entretanto, quantos somos, de fato, para interpelar os representantes do poder público e apresentar as reivindicações do setor? Quando um deputado do Mato Grosso do Sul resolveu colocar em prática a Lei de Pesca Estadual nº 119/09, que ressuscitava métodos da pesca predatória, a classe dos pescadores profissionais se manifestou e opinou em massa, mas as demais nada falaram. Resultado: a lei foi aprovada e, desde então, aqueles que mostraram a que vieram conquistaram permissão para pescar com os meios e apetrechos que mais lhes convêm. Já em Barcelos-AM, o grande contingente de pescadores que levam recursos para os empresários do turismo e para o comércio local também não se fez presente quando o governo municipal resolveu, de forma inconstitucional, estabelecer uma taxa diária a ser paga por quem pesca em rios pertencentes à União, e não apenas a seu município. E os malogros não param: O IEF (Instituto Estadual de Florestas), órgão gestor da pesca em Minas Gerais, marcou várias audiências com o propósito de regulamentar a pesca nos rios e represas do Estado. Em uma delas, realizada com o objetivo de criar legislações específicas para cada bacia, a classe dos pescadores profissionais, novamente representada por dezenas de integrantes, praticamente emboscou a dos pescadores esportivos — na ocasião representada por dois “quixotes” — e impôs suas aspirações e opiniões. Portanto, o quadro atual apresentado no segmento de pesca esportiva é equivalente ao “mais é menos”, ou seja: muitos pescadores esportivos nas estatísticas é igual a zero nos encontros ou em ocasiões nas quais deveriam fazer-se representados. Até quando? O que é preciso para essa equação ser acertada para resultar em ganhos? Talvez a participação maior dos apaixonados pelo esporte em encontros e reuniões que discutem o segmento já fosse um bom começo.

Edição 14 — novembro de 2010


[ índice ]

30

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ecoturismo (bilíngue)

Santarém-PA

Conheça a praia intitulada “caribe brasileiro”

capa

Jumping jigs sem segredos Modelos e principais alvos das iscas metálicas


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técnica (bilíngue) Bicuda

Oponente impiedosa às iscas artificiais durante as cheias amazônicas

62

10 Entrevista Uma vida de aventuras

54

26 Meio ambiente Refúgios da biodiversidade

Rio Negro

Tem início a temporada para a pesca dos grandes Tucunarés

Seções

06 Correio técnico 08 Correspondência 42 Folhas, flores e frutos Camalote

54 Remos e rumos Um recorde no caiaque

78

70 Técnica Fases lunares

86 Saúde

80 Mulher 10 parceiras de pesca

70

roteiro

88 Tralha pesada Grand Bass 19

É o bicho

Cervo

Sem medo da malária

92 Radar 94 Verbo Taxa de “Turismo” em Barcelos

96 Classificados/cupom


correio técnico Odor desagradável Gostaria de saber se vocês têm alguma dica para eliminar o mau cheiro que impregna a caixa térmica quando guardamos iscas naturais de odor forte, como o camarão? Paulo Bressan — Florianópolis–SC

Embalar as iscas em um plástico grosso antes de acondicioná-las na caixa térmica é uma boa maneira de evitar que líquidos ou resíduos das iscas vazem e provoquem mau cheiro. Mas, quando isso acontece, uma boa lavada com produtos à base de cloro e algumas horas de secagem ao sol com a tampa aberta costumam eliminar esse problema.

Artificiais nos costões Moro no Rio Grande do Norte e, graças a Deus, por aqui ainda dá para fazer boas pescarias. Ultimamente tenho me dedicado à pesca com iscas naturais em alguns costões, e os resultados nos dias de marés grandes têm sido surpreendentes, tanto que na última vez peguei um Xaréu de quase dez quilos. Gostaria de saber se é produtivo usar iscas artificiais nesse tipo de ambiente. Caso afirmativo, quais modelos poderiam me indicar? Heitor Campanella — Natal-RN

Onde posso pescar? Em novembro, pretendo sair de férias. Como o destino será o litoral paranaense — e não quero ficar longe de meus familiares —, queria algumas dicas de pescarias que possam ser realizadas em períodos curtos. Também gostaria de ter uma ideia sobre quais espécies de peixes poderei encontrar. Marcos Seng — Mogi das Cruzes-SP

Como você não informou exatamente para onde vai, e diante das restrições de tempo que terá, sugerimos como alternativa a pesca de praia, que poderá lhe render boas brigas com Betaras, Pampos, Robalos, Arraias e, com um pouco de sorte, outras espécies maiores. Entretanto, pescar em locais públicos tem alguns inconvenientes, como a presença constante de veranistas. Mas basta escolher um lugar longe da agitação dos banhistas para se divertir com os peixes que frequentam a orla.

Não é muito comum aos pescadores de costão usar esse tipo de iscas. Não por falta de produtividade, e sim pelos obstáculos que ficam entre o pescador e a água, normalmente rochas repletas de cracas, que são capazes de cortar as linhas. Mas, você pode driblar esse inconveniente, desde que use uma vara e um líder mais longos. Quanto às iscas, indicamos: plugs de meia-água, assim como jigs de pena ou pelo, cabeças de jigs com grub ou shads e pequenos jumping jigs costumam dar ótimos resultados. No caso específico das iscas de fundo, é preciso tomar cuidado para não enroscá-las, o que se consegue com toques rápidos e com recolhimento cadenciado antes que batam no fundo.

Grafite ou alumínio? Sou o tipo de pescador que não consegue ficar um único final de semana sem dar uma pescadinha básica. Apesar de usar molinetes desde que conheci esse terapêutico esporte, acho que chegou a hora de investir em uma boa carretilha e, antes de comprá-la, gostaria de que me esclarecessem uma dúvida: quais as diferenças ou vantagens entre os modelos com corpo de grafite e de alumínio? Jesualdo Feitosa — Belo Horizonte-MG

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Caro amigo, a maior diferença é exatamente o material com o qual são feitas. Os modelos com corpo de grafite apresentam a vantagem de ser mais leves e baratos, mas podem sofrer algum tipo de deformação pela ação de altas temperaturas, por mau uso ou quando submetidos a grandes esforços. Por outro lado, as carretilhas que têm chassis de alumínio geralmente são mais caras, mas, em contrapartida, devolvem com maior durabilidade a diferença de preço que será investido em sua aquisição. Porém, ambas, desde que fabricadas por empresas conceituadas e, principalmente, bem cuidadas, lhe proporcionarão ótimas pescarias.


Edição 7

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“O pesque e so nós somos a lte é fundamental, po is na dela, tratam tureza. Ao cuidarmos os bem a no ssa vida.” riachinho, m u m e r a pesc “Depois de Você delira e começa o. não tem jeit reza.” atu Sérgio Reis a amar a n

Antonio C alloni

Edição 2

Edição 6

“Vejo a pesca co mo técnica e concentr um esporte de ação, mas també m como uma terap ia.” Gustavo Sarti

ng para i m i t m u o ria é com ção em que a c s e p A “ a os de agit e.” t n e m o m t os stantemen ian & Giovani n o c s o m e G viv

Eles já mostraram em nossas páginas por que são

pescadores inveterados pescadores new.indd 1

14/09/2010 10:29:38


correspondência

fotos: arquivo ecoaventura

Tucunaré-azul Parabéns pela capa do Tucunaré-azul espirrando água para todos os lados com seu salto emocionante! Essa espécie é digna de merecer destaques como esse!

Encarte infantil

Alessandro Kapel — Uberaba-MG

Aceite meus parabéns pela brilhante iniciativa na criação do encarte ‘ECOAVENTURA mirim’, que acompanhou a edição 13 da Revista. Ações como essa possibilitam a formação correta de público novo para a pesca esportiva, com procedimentos não hipócritas na pescaria. Cordialmente, Luiz Fernando Pinheiro — por e-mail

Calçados corretos para pescar e se exercitar Notei na edição 13, na matéria “Exercícios para fisgar gigantes”, na qual são demonstrados alguns exercícios mais específicos para gerar benefícios durante a prática da pesca, que Fábio Barbosa está utilizando um calçado inapropriado para tal prática. Inclusive, é proibida a entrada de alunos calçando os ‘crocks’ nas grandes academias, que prezam pela segurança e pelo bem-estar de seus alunos. O calçado, hoje moda pelos pescadores, é ótimo para a pesca por ser macio e bem ventilado e por não apertar, o que não causa incômodo quando utilizado durante um dia inteiro. Entretanto, os ‘crocks’ não dão a firmeza correta proporcionada por um tênis, o que pode causar escorregões devido ao suor do pé. Os calçados ideais têm de ser bem amarrados, com solados finos e, de preferência, mais rígidos que os utilizados para corrida. Isso porque, quanto mais macia for a sola do tênis, mais força será dissipada, ou seja, a força gerada para levantar os pesos está sendo desperdiçada na deformação do solado macio (ou amortecedores), e é necessário realizar mais força para, de fato, erguer os pesos, fato que ocorre também com o solado macio dos ‘crocks’. Durante os movimentos de musculação, várias forças são geradas em diversos sentidos e fazem a pessoa perder o equilíbrio, o que causa instabilidade, principalmente nos tornozelos e joelhos.

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Bom, fica registrada a minha dica como professor de Educação Física! Ivan Miraldo-SP — por e-mail


ÁGUA SALGADA Li uma crítica em fóruns da internet sobre a falta de matérias que tratem da pesca esportiva em água salgada. Sou um apaixonado por essa modalidade, e acompanho as matérias que a Revista ECOAVENTURA publica a cada edição, bem como as pescarias filmadas, que viram DVD’s. Continuem dando esse enfoque à pesca oceânica! Ricardo Azeiro — por e-mail

Caro Ricardo, todo mês a pesca em água salgada tem espaço privilegiado em nossas páginas. Nesta edição, por exemplo, tratamos dos metal jigs e seus alvos, falamos sobre a presença das espécies oceânicas em cada fase lunar e estampamos em nossa capa uma espécie fisgada em Madagascar! Confira o que já publicamos em 13 edições:

Edição 1 •Pesca popular em Ilhabela; •Técnica de popping para fisgar gigantes marinhos;

Edição 7 •Pesca do Sea bass europeu;

Edição 2 •Ilhas Maldivas (oceano Índico);

Edição 8 •Pesca do Xaréu GT nas Ilhas Fiji; •Pesca em Canavieiras-BA;

Edição 3 •Guatemala — o maior pesqueiro do mundo de Sailfish; •Pesca de praia em Cunhaú-RN;

Edição 9 •As iscas naturais usadas no Panamá; •Pesca de Atum nas Ilhas Fiji;

Edição 4 •Costa Rica — modelo de preservação e paraíso de pesca esportiva; •Pesca de praia nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo;

Edição 10 •Pescaria de Olho-de-boi;

Edição 5 •A beleza e variedade no estreito de Gibraltar; •Cananeia-SP — um mar de opções;

Edição 12 •Mais de 500 Robalos fisgados e soltos no Sul Brasileiro de Pesca ao Robalo;

Edição 6 •A incrível experiência de pescadores inexperientes em uma pescaria no Panamá; •Meio ambiente: como a pesca com espinhel contribui para a redução de um grupo de peixes extremamente esportivos; •Teste de uma embarcação Sedna voltada aos pescadores aficionados da água salgada;

Edição 11 •Venezuela: os acrobatas peixes de bico;

Edição 13 •Pesca do Atum-azul nos Estados Unidos; •Pesca do Roosterfish.

cartas Envie sua carta para:

redacao@grupoea.com.br


entrevista l Paulo Roberto

Uma vida de ecoaventuras

De um menino que não gostava das aulas de educação física na escola, Paulo Roberto de Oliveira, o Betinho, tornou-se a tal ponto um entusiasta dos esportes de aventura que contribui para a sua difusão no Brasil há alguns anos. Em um cenário que não poderia demonstrar melhor a radicalidade de sua vida — o Aeroclube de São Paulo —, o adepto apaixonado por ecoturismo fala a respeito do potencial que o País possui para essa atividade e sobre a luta para que ela se concretize de forma sustentável Da redação l Fotos: ARQUIVO pessoal l arte: paula bizacho ECOAVENTURA: Como iniciou o ecoturismo no Brasil? Betinho: Até a década de 1980, o estrangeiro investia mais para o crescimento da atividade no Brasil que o próprio empresário nacional. Além disso, a sua estruturação não levou em conta os gastos extremamente elevados para adquirir equipamentos, manter um padrão de segurança e promover a formação de profissionais capacitados. Quando se fez um balanço do custo operacional, percebeu-se que ainda não havia público para isso. Com a formação da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura), esse segmento evoluiu bastante, e muitos empresários conseguiram dar uma cara interessante para ele. Por outro lado, houve também um crescimento sem planejamento e com muito interesse econômico.

EA: E qual é o próximo passo? Betinho: O ecoturismo se estruturou, e nossa missão agora é lapidar isso. No Brasil, a demanda aumentou tanto que esse crescimento foi descontrolado. Não se incentiva o trabalhador local, pois 10

é muito mais barato trazer pessoas de outras regiões para comporem a mão de obra do que capacitar o morador da comunidade. As empresas precisam se preocupar com os habitantes de lugares onde se encontram os atrativos. Como? Ao formá-los condutores. Instrutor de ecoturismo não é carreira para ninguém, mas se constitui em passagem na vida do jovem. Não existe melhor programa de treinamento do que interagir com a natureza. Assim, prepara-se esse aprendiz para todo o tipo de situação, e o mercado de trabalho poderá absorvê-lo por estar mais preparado.

EA: E o que impede que essa atividade cresça ainda mais no País? Betinho: Faltam incentivos das grandes marcas e do Governo. Países como a Costa Rica e a Nova Zelândia, por exemplo, têm a maior parcela do PIB ligada ao ecoturismo. E isso sem possuir condição climática ou geográfica similares ao Brasil. Temos a faca e o queijo na mão. EA: Como estimular esse crescimento de forma sustentável? Betinho: O empresário desse ramo ja-

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mais pode esquecer que, acima de tudo, os principais elementos de unidade desse trabalho são a vida e a natureza. É imprescindível respeitar esses elementos e investir sem visar lucro. Tem que fazer porque gosta e estar lá como grande apaixonado. Só assim vai ter resultado — inclusive em termos financeiros.

EA: Os esportes de aventura já foram vistos como perigosos. Isso mudou? Betinho: Existem as modalidades chamadas de extreme, mas tudo deve ser feito com o máximo de segurança possível. Quando se leva um grupo para descer um rio, a exposição é imensa. Por isso, deve haver uma equipe extremamente preocupada por trás da atividade, com tudo planejado e organizado — de equipamento a informação de segurança — desde o momento em que se entra no ônibus. É preciso criar e coordenar protocolos para prestar um serviço de excelência ao participante. Essas atividades não são caras, na verdade são baratas, já que a responsabilidade de carregar vidas não pode ser mensurada em cifras.


Foto: Henrique feitosa

O empresårio desse ramo jamais pode esquecer que, acima de tudo, os principais elementos de unidade desse trabalho são a vida e a natureza�


entrevista l Paulo Roberto

Mundo de Atlantis Sob a água os participantes fixam o conteúdo que têm dificuldade em absorver no dia a dia

EA: E como garantir que o serviço prestado seja seguro? Betinho: Volto a insistir na formação do instrutor. Não adianta pegar alguém que saiba falar sobre a região e pronto. Ele precisa entender sobre biologia, saber

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lidar com equipamento, conhecer técnicas de primeiros socorros e até psicologia. Para o profissional, uma “batidinha” ou um hematoma é natural, mas quem pagou para fazer os passeios quer voltar para casa ileso. Pode parecer radical, mas é nossa responsabilidade devolvê-los sem ferimentos.

EA: Você é proprietário de uma empresa que atua nessa área de forma inovadora. Que serviços ela oferece? Betinho: A Vivencial foi criada em 1994 para usar o meio ambiente como sala de aula. É uma forma de trabalhar todos os aspectos comportamentais e técnicos indispensáveis para uma grande corporação. Trata-se de jogos lúdicos, que vão agregar o conteúdo programático com o objetivo de aprendizado. No ambiente das organizações, identificamos suas metas e trabalhamos pontos como comunicação, liderança, administração do tempo, criatividade — temas difíceis de serem transmitidos apenas com giz e lousa. Por isso, criamos rodas pedagógicas que utilizam a técnica esportiva a favor dessa aprendizagem. EA: E como se faz isso?

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Betinho: Se a tarefa for descer um rio por meio do rafting, todo o percurso é dividido com relação a situações profissionais cotidianas. Os participantes imaginam que os equipamentos — colete, bote etc. — estão disponíveis, mas tudo está do outro lado do rio. É quando os indivíduos da equipe assumem a liderança daquela operação, seja na condução da embarcação pela corredeira ou entendendo como se portar diante de obstáculos e direcionar ordens. Em um supermercado, por exemplo, a equipe de posicionamento dos produtos não conseguia decorar a ordem e o porquê de cada item estar em um determinado lugar. Então, fizemos um supermercado submerso. Foram tão envolventes e marcantes os exercícios de comunicação por sinais embaixo d’água que os participantes nunca mais vão esquecer a posição daquele produto.

EA: Que modalidades são usadas? Betinho: Do rafting, ampliamos para 19 panos de fundo, como vela oceânica, rallys, paintball e outros. Mas o que se define são as necessidades daquela empresa e, a partir daí, quais esportes podem atender aquela situação.


aprender ao ar livre A prática esportiva torna o conteúdo teórico mais leve

EA: A pesca esportiva também já

No Brasil, a demanda aumentou tanto que esse crescimento foi descontrolado. Não se incentiva o trabalhador local”

foi utilizada? Betinho: Ainda não, mas pretendo incluí-la em breve, afinal, o pescador pode dar inúmeras lições para o mercado de trabalho. Ele é organizado, sabe quais são seus alvos e os meios que tem à mão. Aquela diversidade de iscas para cada tipo de peixe pode representar os recursos de uma empresa, como mídia eletrônica ou escrita, agregadores de serviço e uma série de formas de atrair clientes, mas é preciso saber em que momento usá-los e como administrá-los. O pescador tem tudo isso!

EA: Você já teve a oportunidade de visitar diversos destinos. Que lugares recomenda? Betinho: No sentido da exuberância, a região do Pará é ímpar. Fiz uma expedição em Santarém-PA e conheci uma vila chamada Alter do Chão-PA [leia mais sobre esse destino na página 30], perto do

encontro do rio Tapajós com o Amazonas. O que me chamou atenção lá é que as casas não têm muros, e as paredes cercam apenas os quartos. É um lugar aonde a maldade ainda não chegou. O rio Maicuru também é lindo e bárbaro para a pesca, até eu, que não sou bom pescador, fisguei muitos peixes lá. O canyon Guartelá-PR é outro lugar impressionante. É o sexto do mundo em extensão, mas o segundo em vegetação. É possível ver a Mata Atlântica se transformar em Cerrado e contemplar toda essa transição. A Serra do Cipó-MG e a Chapada dos Veadeiros-GO também são maravilhosas. Além do deserto do Jalapão-TO, onde você pode passar quatro dias em um caminhão típico para conhecer a região, num passeio que inclui a descida do rio Novo, visita à cachoeira das Velhas, e ainda parar para conhecer pessoas e contar causos à noite nas praias de areia branquinha da beira do rio. O Brasil tem muitos lugares maravilhosos.

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[ capa l metal jig ]

Os segredos da

jumping jumping

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pesca com

ou

metal jig jig metal

Desenvolvidas por pescadores para a captura de algumas espécies, essas iscas metálicas evoluíram a tal ponto nos últimos dez anos que se tornaram um baluarte da moderna pesca esportiva

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Por: Roberto Véras l Fotos: Arquivo ECOAVENTURA l Arte: paula bizacho

s jumping ou metal jigs são uma derivação e evolução das colheres zigue-zague. Originalmente desenvolvidas para longos arremessos sobre os cardumes de Bonitos e Atuns, com o passar do tempo descobriu-se que essas iscas também eram muito eficientes quando trabalhadas na vertical, ou seja, do fundo para a superfície, sem a necessidade dos arremessos, o que resultou em sua primeira evolução — o diamond jig, mais pesado e bastante usado até hoje, sobretudo pelos pescadores norte-americanos. Nas últimas duas décadas, depois do surgimento das linhas de multifilamento, o mercado japonês os descobriu e não parou mais de aprimorá-los. Formatos originais com diferentes ações são lançados no mercado constantemente, assim como novas ligas metálicas à base de tungstênio para substituir o latão usado inicialmente. Ao contrário dos plugs de superfície e de meia-água, que trabalham à superfície ou um pouco abaixo dela, os metal jigs exploram a coluna d’água e, por conta de sua extrema versatilidade, possibilitam a captura de muitas espécies, como os bênticos (serranídeos e lutjanídeos), que habitam os fundos rochosos, os pelágicos, que ocupam do fundo à superfície, os tunídeos, os carangídeos, entre outros.

zigue-zague As mais antigas iscas usadas na vertical

Diamond jig Primeiros jumping jigs, muito eficientes até hoje

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[ capa l metal jig ] Tipos e formatos As ações dos metais acontecem devido aos formatos e à sua distribuição de peso. Quanto mais assimétrico for o jig, mais erráticos são seus movimentos. Em contrapartida, maior é a resistência durante o recolhimento. A distribuição do peso também influi diretamente em sua ação, sobretudo na descida. Se o peso estiver concentrado na parte superior (cabeça), o jig descerá dando cambalhotas, o que, por si só, costuma atrair os

assimétrico Nadam o tempo todo, tanto na descida quanto na subida

Peso na cabeça Descem dando cambalhotas e trabalham como os jigs de penas

peso uniforme Descem de forma espiral e na horizontal

peso inferior Talvez os mais comuns e os mais fáceis de serem trabalhados 16

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

predadores. Caso o peso esteja distribuído uniformemente ao longo da isca, ela descerá na horizontal em movimentos circulares e nadará bastante. Por fim, quando o peso concentrar-se na parte inferior (cauda), ela se movimentará para baixo mais rapidamente, entretanto, sem chamar muito a atenção. Em compensação, irá oferece menor resistência quando recolhida. É importante ressaltar o comprimento dessas iscas, que pode ser classificado como curto, médio, longo e extralongo.

aprox. 22 cm

aprox. 18,5 cm

aprox. 23 cm

aprox. 22,5 cm


curtos São os menos seletivos e atraem todas as espécies aprox. 13 cm

médios Ideais para a pesca em profundidades até os 40 metros

longos e extra São os mais eficientes para os Olhos-de-boi e Olhetes, sobretudo no Brasil

aprox. 20 cm

aprox. 35 cm

A técnica Desde que você esteja acompanhado de um bom guia, conhecedor da técnica e dos pesqueiros, tabalhar as iscas é aparentemente simples. O barco também deverá estar equipado com GPS — para localizar parcéis e lajes submersas — e, sobretudo, com boa sonda, equipamento imprescindível para achar os cardumes. Avistados os pontos, basta observar a direção das correntes para que, quando abaixados, os metais atinjam o alvo. Caso a linha empregada não tenha marcações [veja box sobre equipamentos], o recolhimento precisará ser efetuado pela contagem de voltas da manivela. Dessa forma, dará para saber em qual profundidade as ações estão ocorrendo com maior incidência. Em pesqueiros mais profundos, não há necessidade de recolher os jigs até a superfície: basta subir alguns metros acima da profundidade onde as ações estão ocorrendo, e deixá-los descer novamente. Quanto ao recolhimento e os toques de ponta de vara, ambos podem variar tanto na velocidade como na intensidade e na amplitude do movimento. Uma boa dica é ini-

ciar a pescaria misturando e alternando esses parâmetros até encontrar os mais eficazes. Além disso, a fricção precisa estar bem regulada, pois, quando houver indício de que fisgou um serranídeo ou um lutjanídeo, será necessário frear sua corrida de encontro às pedras, nem que para isso tenha que segurar o carretel com as mãos.

sonda Equipamento indispensável em pescaria com esse tipo de isca por mostrar a profundidade e o relevo do fundo

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[ capa l metal jig ] Caranha

Badejo-rabo-de-vassoura

Olhete

Olho-de-boi

Os alvos principais Como já dito, por conta de os metal jigs trabalharem pela coluna d’água, praticamente todas as espécies de predadores podem ser capturadas com elas, entretanto, vamos nos ater às espécies mais cobiçadas e procuradas no Brasil: • Carangídeos de uma maneira geral: Olho-de-boi, Olhete, Xaréu-amarelo, Xaréu-olhudo, Xaréu-preto, Xaréu-branco, Arabaiana-azul, Guarajuba etc. • Lutjanídeos como Caranhas, Vermelho-cioba, Vermelho-henrique, Vermelho-dentão, Ariocó etc. • Tunídeos como Atum-amarelo, Atum-de-galha-preta, Albacora, Bonito, Skipjack tuna, Sororoca, Cavala-verdadeira, Wahoo etc. 18

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• Serranídeos como a Garoupa, Garoupa-de-são-tomé, Badejo-serigado, Badejo-saltão, Badejo-branco, Badejo-quadrado etc. • Há ainda uma infinidade de outras espécies comumente apanhadas, como Enchova, Namorado, Pargo, Pescada, Corvina, Dourado-do-mar etc. • Devido à eficiência dessa técnica, há relatos até de peixes de bico como Sailfish e Marlim-branco apanhados com jigs quando a pescaria é feita em águas oceânicas. • Vale salientar que outras espécies, muitas vezes desconhecidas, são capturadas, sobretudo, quando usamos as iscas metálicas em outros mares e oceanos. • Para saber mais sobre a pesca com essas duas iscas na água doce, aguarde matéria nas próximas edições!

As carretilhas elétricas, bastante usadas no Brasil, poupam o esforço no trabalho dos metais


[ capa l metal jig ] Conclusões Poucos sabem que os pescadores esportivos brasileiros, ao lado dos japoneses, são os que mais dominam essa técnica no mundo (Nos Estados Unidos, por exemplo, o jigging — como chamam por lá — começou a se popularizar há pouco mais de três anos). Isso se deve ao fato de que a maioria dos nossos bons pesqueiros está localizada a grandes distâncias da costa e, geralmente, é bem funda. Isso, se por um lado exige muito dos pescadores, por outro os deixa bastante afiados. Por se tratar de

uma isca eficiente e quase infalível, pode ser utilizada nos quatro cantos do globo. E foi exatamente ela que utilizamos em 90% do tempo durante nossa última viagem ao oceano Índico, onde pescamos na encantadora e selvagem ilha de Madagascar, na África, e com a qual capturamos mais de 30 espécies, muitas das quais completamente desconhecidas por nós. Mas, aguarde: essa aventura será tema de matérias incríveis nas próximas edições!

Equipamentos Vários fatores devem ser observados e avaliados no momento da definição do material a ser empregado em cada pescaria. A escolha do metal precisa levar em conta profundidade do pesqueiro, correnteza, transparência da água e espécie ou espécies-alvo pretendidas. Conceitos básicos capazes de auxiliar nas escolhas são:

linha multifilamento • Usar apenas linhas de multifilamento, que, além de terem diâmetro menor e quase nada de elasticidade, oferecem menor resistência às correntezas e proporcionam ferradas mais firmes. Na hora de fazer a escolha, opte pelas coloridas, que mudam de cor a cada dez metros. Assim, é possível controlar a profundidade da isca.

carretilha elétrica • Molinetes, carretilhas convencionais ou elétricas robustas que comportem boa capacidade de linha e que tenham na força de tração seu ponto forte. • As carretilhas elétricas merecem um parágrafo à parte. Utilizadas praticamente por japoneses, por alguns israelenses e por brasileiros, têm merecido atenção constante da indústria japonesa, que, além de aprimorar seu funcionamento, vem lançando modelos com tamanhos e potências diferentes ao longo dos últimos anos. Sob o ponto de vista de alguns pescadores, essa técnica perde um pouco da esportividade, entretanto, não compartilho da mesma opinião, afinal, com centenas de pescarias nos mais diversos oceanos do mundo, sei o esforço que significa trabalhar jigs com até 500 gramas de peso por horas a fio e durante dias seguidos, em profundidades acima dos 100 metros. E mais: não se perde a esportividade, porque o motor só é usado para trabalhar os jigs. Ou seja, assim que o peixe é ferrado, ele é desligado, e toda a briga acontece de maneira convencional. Quanto ao trabalho dos jigs, procede-se da mesma forma tradicional e com os mesmos toques de ponta de vara. 20

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vara • Varas também robustas e compatíveis com as linhas que se pretende usar, desenvolvidas especificamente para essa modalidade, auxiliam na ação dos metais. Para identificá-las, não comprometer o equipamento e obter seu melhor rendimento, observe as especificações impressas no blank quanto à libragem das linhas e ao peso dos jigs.

linhas • As linhas japonesas especificam sua resistência pela sigla PE, que pode variar de acordo com o número de fios que a trançam e com relação ao fabricante. Por isso, segue abaixo um exemplo de sua equivalência em libras. PE 2

20 a 25 libras

PE 3

30 a 34 libras

PE 4

40 a 60 libras

PE 5

50 a 75 libras

PE 6

60 a 80 libras

PE 8

80 a 120 libras

PE 10

100 a 130 libras

líder • Dê preferência a shock leaders de fluorcarbono que fiquem praticamente invisíveis dentro d’água. É exatamente a transparência da água que definirá o comprimento deles, ou seja, quanto mais límpida, mais longo deverá ser o líder. Em águas oceânicas, por exemplo, eles precisam ter comprimento superior a dez metros. Empates de aço podem ser usados, entretanto, diminuem o número de ações.

midnight

nós • Os nós a serem atados para a união entre o shock leader e o multifilamento poderão ser os do tipo gangrena ou midnight, os mais resistentes.

aparelho para auxiliar na feitura de nós

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[ capa l metal jig ] assist hook • Support ou assist hooks necessitam ser robustos, bem afiados e específicos para essa modalidade, preferencialmente aqueles que tenham o olhal soldado. De preferência, atados a solid rings (argolas), também resistentes e com material próprio para sua confecção, ou seja, linhas específicas e de grande resistência à abrasão e à base de Kevlar. Quando os alvos escolhidos tiverem dentição potente e afiada, vale o uso de aço para atar os anzóis aos jigs. Já o tamanho dos anzóis deverá ser escolhido de acordo com a espécie que se tem em mente, sem se esquecer de que o tamanho terá de ser suficiente para não abraçar o jig e travá-lo, o que impossibilitaria as ferradas. Paradoxalmente, convencionou-se que o uso de apenas um anzol é melhor. Na maioria das vezes, o que ocorre é o seguinte: o peixe é ferrado em um anzol, e o outro é cravado em seu corpo durante a briga, o que faz o pescador perder parte do controle e dificultar a subida do peixe, que quase sempre fica de lado. Para a pesca de peixes de água salgada, praticamente aboliu-se o uso de garateias nos jigs, uma vez que a maioria das espécies engole a isca ou a ataca pela cabeça, onde se encontra o assist hook.

jigs • A cor dos jigs deve ser escolhida de acordo com a tonalidade da água. A regra é a seguinte: dias claros e águas claras, cores claras; dias escuros e águas escuras, cores escuras. As de tom cítrico são as mais usadas, assim como os cromados. Entretanto, quando se pesca em grandes profundidades nos finais de dias, modelos com pintura “glow” são mais eficientes.

• Os jigs precisam ser atados aos support hooks por meio de split rings, que facilitam sua troca. Por isso, um alicate para esse fim é fundamental. 22

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glow As iscas com pintura fosforescente são bastante usadas em dias escuros, à noite e também em grandes profundidades.

• Tamanho, cor, ação e peso dos jigs são escolhidos em função das espécies que se deseja capturar. Vale salientar que os mais leves normalmente nadam melhor. Em compensação, os mais pesados sofrem menor ação das correntezas e chegam mais rápido ao fundo.


Mesmo peixes de grande porte, como os Atuns-amarelos, são facilmente seduzidos por pequenos jigs

DICA • Tenha a bordo boa diversidade de jigs com formas, tamanhos, cores e peso variados, pois aquele com o qual você “matou a pau” na última pescaria, por conta de um ou da somatória de vários fatores, pode não ser eficiente na próxima.

Acima, Xaréu-azul. Abaixo, o equipamento básico para jigging

• Ao pescar em profundidades superiores a 40 metros — fato que ocorre na maioria das vezes —, tenha sempre à mão uma agulha hipodérmica para furar a bexiga natatória que se expande em várias espécies trazidas de grandes profundidades. Sem sua perfuração, fica impossível de o peixe retornar ao fundo após ser liberado. • Tente preparar-se bem mentalmente e, sobretudo, fisicamente para esse tipo de pescaria, já que todo o corpo, principalmente braços e pernas, serão muito exigidos nas brigas com grandes oponentes [veja matéria “Exercícios para fisgar gigantes”, edição13]. • Como se trata de uma pescaria razoavelmente abrutalhada e realizada com linhas de multifilamento, usar luvas é imprescindível para proteger as mãos. • Em certos tipos de embarcação, usar joelheiras também é vital, uma vez que essa parte do corpo é utilizada para apoio no costado do barco e, em lutas intensas e duradouras, chegam a ficar em carne viva por conta do atrito e do sal. • Levar equipamentos de praxe, como óculos escuros, bonés, fighting belts, protetores solares e câmeras ou filmadoras para registrar seus momentos inesquecíveis.

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[ capa l metal jig ]

Que peixe é esse? O peixe desta foto é o mesmo que ilustra a capa. Inúmeras foram as tentativas de identificá-lo, entretanto, sem sucesso. Optamos por publicá-la mesmo assim devido à sua beleza e com o intuito de provocar o amigo leitor para nos ajudar a identificá-lo.

Algumas dicas

Os peixes dessa espécie foram capturados com jumping jigs em Madagascar em nossa última viagem a essa inesquecível ilha. Lá

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recebem o nome de Red Emperor. Fortes indícios nos levam a crer se tratar de uma espécie de lutjanídeo. As marcas presentes em sua cara são características da espécie, e não cicatrizes, como podem parecer. • O primeiro e-mail com a resposta correta ganhará o desafio e levará um boné ECOAVENTURA autografado pelo autor. E mais: terá seu nome citado em nossas próximas matérias sobre Madagascar! Participe!



[ meio ambiente ]

Cada um no seu

lugar

As chances de preservação dos animais em extinção e de suas áreas de sobrevivência poderão aumentar quando as 32 áreas e refúgios da biodiversidade espalhados pelo País estiverem em pleno funcionamento. Veja por quê Por: laercio vinhas l Arte: Emidio pedro

A foto: Arquivo ecoaventura

gestão ambiental brasileira tem agora importante subsídio para formular políticas sustentáveis. As áreas onde animais correm sérios riscos de extinção já estão identificadas e, em alguns casos, até demarcadas. Isso é importante porque os parques nacionais, as reservas biológicas e as estações ecológicas existentes são insuficientes, em termos de número e área, para conservar a biodiversidade dos diferentes biomas. Muita ação ainda deve ser planejada, pois há carência de informações sobre o que e como preservar prioritariamente.

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Na Rio 92 — Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de janeiro em junho de 1992 — foi criado um dos mais importantes instrumentos internacionais normativos relacionados ao meio ambiente, que funciona como base para diversas convenções e acordos ambientais, tal qual a CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica), principal fórum mundial na definição do marco legal e político para temas e questões relacionados à biodiversidade. Para cumprir as diretrizes e demandas que surgiram a partir da convenção, foi elaborada uma Política Nacional de Diversidade Biológica, cujo gerenciamento é feito por uma aliança nacional chamada BAZE (Aliança Brasileira para Extinção Zero). Composta por 40 instituições — como o Ministério do Meio Ambiente e organizações não-governamentais — apresentou o estudo “Mapeamento dos Sítios Prioritários para Conservação da Biodiversidade”, cujos principais objetivos são a conservação ambiental brasileira para as gerações presentes e futuras e o alcance da meta de 2010 de redução significativa das atuais taxas de perda de biodiversidade. Para isso, os critérios partiram de diversos fatores, como a necessidade de o local ter pelo menos uma espécie classificada como “criticamente em perigo” ou em “perigo de extinção” pela Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção publicada pela IUCN (União Mundial para a Natureza). A partir disso, foi feito um levantamento dos últimos refúgios, onde vivem 36 espécies ameaçadas de extinção da fauna de vertebrados. São 32 locais considerados prioritários para a conservação da biodiversidade, dos quais 50% encontram-se no Sudeste — seis em São Paulo,

seis no Rio e cinco em Minas Gerais —, 35% no Centro-Oeste e o restante fica espalhado pelas regiões Sul, Norte e Nordeste. E por que há mais refúgios no Sudeste? Segundo Gláucia Drummond, superintendente técnica da Fundação Biodiversitas, o motivo se refere ao fato de haver muitas instituições de pesquisa atuantes, o que resulta em maior conhecimento sobre a biodiversidade local. “Mas, soma-se a isso o fato de essa região ser também a extensão territorial mais industrializada do País, o que determina uma pressão maior de ameaça sobre os ecossistemas”, explica.

Distribuição dos sítios nos biomas

6%

6%

13%

50%

25% Amazônia Cerrado

Caatinga

Pampas

Mata Atlântica

Luiz Cláudio Marigo

Araras-azuis-de-lear em seu habitat localizado na Bahia, divisa com Sergipe

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[ meio ambiente ] Para Gláucia, a maior dificuldade é manter o trabalho de conservação, mesmo longe dos grandes centros urbanos. O exemplo apontado por ela é o refúgio de Canudos, na região do Raso da Catarina-BA, divisa com Sergipe, que foi criado para preservar a espécie Anodorhynchus leari, conhecida popularmente como Arara-azul-de-lear. Trata-se do mais antigo refúgio, que serviu como parâmetro para a delimitação de novas áreas. Ele foi instituído

logo depois da Rio 92 com o “Comitê para o Manejo e Conservação da Arara-azul-de-lear” e é composto pelo Ibama, a Fundação Biodiversitas, Zoológicos de São Paulo e do Rio, a Sociedade Brasileira de Ornitologia, a fundação norte-americana Bush Gardens, além de diversos técnicos autônomos, proprietários de terras, pesquisadores e mantenedores estrangeiros. O Comitê teve como objetivo propor e implementar estratégias de conservação.

Localização dos 32 refúgios

Célio Haddad

Seis exemplos de espécies ameaçadas e suas características

Espécies-alvo: Bothrops alcatraz e Scinax alcatraz Grupo: réptil e anfíbio Nome popular: jararaca-de-alcatraz e perereca-de-alcatrazes, respectivamente

Ciro Albano

Ilha de Alcatrazes

Delta do Jacuí Espécie-alvo: Lepthoplosternum tordilho Grupo: peixe Nome popular: tamboatá Municípios abrangidos: Triunfo-RS, Charqueadas-RS, Canoas-RS, Nova Santa Rita-RS, Eldorado do Sul-RS, Porto Alegre-RS, Guaíba-RS, Lagoa dos Patos-RS

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Espécie-alvo: Antilophia bokermanni Grupo: ave Nome popular: soldadinho-do-araripe Municípios abrangidos: AbaiaraCE, Campos Sales-CE, Fronteira-PI, Potengi-CE, Jati-CE, Missão Velha-CE, Barbalha-CE, Brejo Santo-CE, Cedro-CE, Penaforte-CE, Porteiras-CE, Salitre-CE, Crato-CE, Nova Olinda-CE, Santana do Cariri-CE, Araripe-CE, Alegrete-PI, Caldeirão Grande-PI, Padre Marcos-PI, Francisco Macedo-PI, Marcolândia-PI, Simões-PI, Caridade do Piauí-PI, Curral Novo do Piauí-PI, Moreilândia-PE, Trindade-PE, Bodocó-PE, Ipubi-PE, Exu-PE, Araripina-PE

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Márcio Martins

José Pezzi da Silva

Chapada do Araripe

Ilha de Queimada Grande e Queimada Pequena Espécie-alvo: Bothrops insularis Grupo: réptil Nome popular: jararaca-ilhôa Município abrangido: Itanhaém-SP


aumento de 67 araras para cerca de mil, segundo o último censo feito pela EBC. Os números levaram o comitê a sugerir a recategorização da espécie de “criticamente em perigo” para “em perigo”. Assim, com trabalho sério e contínuo em prol da conservação da biodiversidade no País, fica provado que é possível recuperar populações de espécies ameaçadas de extinção.

Luiz Cláudio Marigo

O “Programa de Conservação da Arara-azul-de-lear” saiu do papel em 1993 quando a Biodiversitas adquiriu uma porção de 130 hectares de área na Bahia, com a ajuda do Fundo Judith Hart. Criou-se, então, a EBC (Estação Biológica de Canudos) com o objetivo de proteger os paredões utilizados pela espécie para a formação dos ninhos. Todo esse trabalho gerou bons resultados, com frondoso

Canudos-Raso da Catarina

Diva M B Nojosa

Espécie-alvo: Anodorhynchus leari Grupo: ave Nome popular: arara-azul-de-lear Municípios abrangidos: Canudos-BA, Macururé-BA, Jeremoabo-BA, Rodelas-BA, Paulo Afonso-BA, Santa Brígida-BA, Santo do Quinto-BA, Novo Triunfo-BA, Euclides da Cunha-BA

Serra do Maranguape

Referências bibliográficas: www.cdb.gov.br/CDB, Fundação Biodiversitas

Espécie-alvo: Adelophryne maranguapensis Grupo: anfíbio Nome popular: a espécie não possui nome popular conhecido Municípios abrangidos: Maranguape-CE, Maracanaú-CE e Caucaia-CE

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[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ]

“Caribe”

O de água doce é aqui The freshwater caribbean is right here Por/by: Janaína Quitério i Tradução/translation: D.John i Arte/design: gabriel Dezorzi

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Foto: Alexandre Cappi

Mesmo distante do extenso litoral brasileiro, Alter do Chão — vilarejo turístico de Santarém, no oeste do Pará — destaca-se como uma das praias mais belas do País. Cenários “encantados”, paisagens de cores vibrantes e biodiversidade exuberante são adjetivos ainda insuficientes para descrever a imponência revelada em mais um tesouro amazônico Albeit distant from Brazil´s extensive seaboard, Alter do Chão — a tourist village in Santarém , on the West of Paraná state — stands out as one of the nation´s most beautiful beaches. “Enchanted! Landscapes filled with vibrant colours as well as an exuberant biodiversity are insufficient adjectives in describing the sheer beauty of yet another of the Amazon´s treasure spots

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[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ]

Q

A

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Em 2009, o jornal britânico “The Guardian” listou Alter do Chão entre as dez praias mais belas do Brasil, em patamar similar a Fernando de Noronha-PE e ao Arpoador-RJ In 2009, the British newspaper The Guardian listed Alter do Chão on a ranking among the top ten most beautiful beaches in Brazil, on a par with the beaches in Fernando de Noronha archipelago (state of Pernambuco) as well as Arpoador beach (Rio de Janeiro)

sam o viajante até a ilha. Tal qual um camaleão, as águas do lago mudam de tonalidade durante o dia, do azul estonteante para o verde-paraíso, efeito provocado por uma “pedra mágica — ou muiraquitã — escondida no fundo dessas águas”, diz a lenda indígena.

Foto: Semtur

uando agosto entra, as águas límpidas do rio Tapajós estiam-se para trazer à tona obras de arte esculpidas pela natureza. Em ambas as margens, iluminam-se mais de cem praias fluviais preenchidas por areias alvas e finas, que recebem cores, cheiros, gostos, tradições e segredos da selva amazônica. A mais caprichada fica à margem direita, a 30 quilômetros de Santarém, no vilarejo de Alter do Chão, onde, no auge da seca, é descoberta uma comprida barra de areia que separa o rio de uma lagoa em forma de delta com tonalidade azul-esverdeada, conectada à imensidão tapajônica por seu vértice. A essa faixa, que chega a ter mais de um quilômetro de extensão, os moradores dão o nome de “Ilha do Amor”. Romântica é pouco. Banhada, de um lado, pelo agitado rio e, de outro, pelo morno e doce espelho d’água formado pelo lago, a ilha passa a sensação de lugar encantado — motivo que inspirou o diretor de elenco do filme brasileiro Tainá 3 a alocar o vilarejo como principal cenário. O “Lago Verde” ou “Lago dos Muiraquitãs” é alimentado por diversos igarapés, sobre os quais é possível passear de barco, e localiza-se em frente ao balneário, em cuja orla — ou beiradão — ficam à disposição dezenas de canoas-táxis, denominadas catraias, que atraves-

t the beginning of August, the crys-

from Santarém, in Alter do Chão village,

On one side it is bathed by the seething ri-

talline waters of the Tapajós river

where at the peak of the dry season a long

ver and on the other by the tepid and sweet

draw back to reveal works of art sculpted

sandy isthmus separating the river from

mirror formed by the lake which transmits

by nature. On both shores, over 100 river

a lake whose delta shape and blue green

a sensation of enchantment — a stimulus

beaches made up of fine sands are embla-

waters , connects itself to the vast Tapajós

for the Brazilian film director who made the

zoned by colours, smells and the very tra-

river complex. That particular strip that is

Tainá 3 movie to select the village as the

ditions inherent to the Amazon Forest. The

little over one kilometer in length, has been

main setting for his work of art. The “Green

most remarkable of these beaches is situa-

named “Love Island” by the local populace.

Lake” or Muiraquitãs Lake is fed by several

ted on the right bank, 30 kilometers distant

Romanticizing it is an understatement.

headwaters on which boat excursions are

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Foto: Wilson Feitosa

Foto: Semtur

“Catraias” atravessam turistas para a “Ilha do Amor” “Catraia” water taxis cross tourists over to “Ilha do Amor” (“Love Island”)

Em períodos de pico, o vilarejo recebe até dez vezes o número de moradores During

peak season, the village welcomes tourists over ten times the size of its own population

made and is located facing the beachfront on whose banks dozens of taxi-canoes are available to transport the traveller to the island. Vey much akin to a chameleon, the waters of the lake change tones over the Foto: Rozinaldo Garcia

course of the day from a stunning blue to a paradise green, as the legend tells, caused by a Magic rock or muiraquitã that lies beneath the Waters according to indian lore.

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Foto: Wilson Feitosa

[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ]

Alter do Chão abriga 5 mil habitantes, a maioria dedicada ao turismo Alter to Chão is home to a populace of 5 thousand inhabitants the majority of which are devoted to the tourist trade

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O charme da vila não se restringe às praias exóticas e primitivas, mas está na própria composição e harmonia típicas de lugarejos: ruas estreitas, quiosques rústicos, culinária preparada com ingredientes do rio e tempero baseado nas ervas da mata. Se os espaços e a relação do santareno com a natureza revelam simplicidade, a cultura popular mostra a sua pu-

jança por meio das manifestações folclóricas e do artesanato tradicional, com trabalhos de cestarias, plumarias e artigos de fibra confeccionados por ribeirinhos. Quem já foi para lá traz na alma o sossego que o local inspira e a lembrança do sorriso acolhedor da população cabocla. Tanta profusão só poderia elevar a praia à categoria de “caribe brasileiro”.

The village´s charm is by no means limited to the exotic and

through folklore as well as local arts and crafts, basket weaving,

primitive beaches, but in the very make-up and harmony of nar-

feather and fiber craftwork produced by the river folk. Those who

row streets, rustic nooks as well as local cuisine that draws on

have been there have brought back in their hearts the peace of

the river food sources as well as native herbs and seasoning. If

mind as well as the memories of the smiles of welcome from the

the settings and the relationship of the locals with nature reve-

locals. Such profusion can rightly entitle this beach to the cate-

als simplicity, their popular culture shows a vastness of wealth

gory of Brazilian Caribbean.

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A culinária paraense é tida como a mais indígena do País. Abaixo, receita preparada com o Mapará (um bagre de odor e sabor fortes), pouco conhecido no Centro-sul do País Pará cuisine is

Palhas, cipós, madeira e cerâmicas compõem o artesanato local Straws, matting, wood and ceramics make up the local arts and crafts trade

Foto: Wilson Feitosa

Foto: Wilson Feitosa

Foto: Semtur

considered as Brazil’s most native-rooted in its origins. Below a dish is prepared with the Mapará (a catfish with a very rich flavor and aroma), little-known in the southern central region of the country


[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ] Tradição e modernidade bailam juntas em grande festa

Foto: Rozinaldo Garcia

Foto: Rozinaldo Garcia

Em setembro, a vila de Alter do Chão aperta-se para receber milhares de turistas de todas as partes do mundo, que se animam com a Festa do Sairé — uma das maiores e mais antigas expressões culturais da Amazônia. Seu viés religioso é cultuado pela população, que sai em procissão conduzida por uma mulher — a saraipora — atrás do estandarte, formado por um semi-

Foto: Rozinaldo Garcia

A abertura da festa mantém o ritual religioso do Sairé The Festival opens with the Sairé religious ritual

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círculo de cipó torcido, envolvido por algodão e enfeitado por fitas coloridas. A festa inicia-se quando membros da comunidade buscam na mata os mastros que serão fincados com flores e frutas no centro da praça de Alter do Chão. No restante dos cinco dias, a arena chamada de sairódromo se abastece do componente profano, introduzido há cerca de dez anos, que revive a lenda do boto sedutor. As danças típicas, brincadeiras, ritmos, alegorias gigantescas e enredos têm como fio condutor a tradicional disputa entre o boto-cor-de-rosa e o cinza, ou Tucuxi.

Tradition and the modern Era dance together in a grand fiesta

led by a woman — the saraipora-leading

days the arena named as sairodrome is

with a banner made up of a half cres-

a setting for the element of the super-

In September the Alter do Chão Villa-

cent of twisted lianas wrapped in cotton

natural, introduced around ten years ago

ge braces itself to receive thousands

and decorated with coloured ribbons.

which relives the legend of the seductive

of tourists from all parts of the world,

The festival is initiated when community

dolphin. Typical dances, pranks as well

uniting in the Sairé Festival — one of

members search the woods for the masts

as the massive allegorical floats have as

the Amazon´s biggest and most ancient

that will be adorned with flowers and

the main theme the traditional dispute

cultural expressions. Its religious pro-

fruits and placed in the Center of Alter

between the Pink river Dolphin and its

cession is made up by the population

do Chão town square. For the next Five

rival the grey Dolphin or Tucuxi.

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Foto: Rozinaldo Garcia

the Sairé Festival attracts thousands of tourists from all over the world to Alter do Chão

O irresistível lado “sedutor” do boto que vira homem The irrestibly seductive facet of the freshwater dolphin that transforms itself into a man Foto: Rozinaldo Garcia

Foto: Rozinaldo Garcia

Foto: Rozinaldo Garcia

Todo ano, o Sairé atrai milhares de turistas do mundo todo para a vila de Alter do Chão Every year

A Amazônia é rica em lendas populares, como a do Boto. Danças e músicas regionais são apresentadas nos 5 dias de festa The Amazon

is rich in popular legend and lore such as that surrounding the Dolphin. Dancing and singing are ever-present during the 5-day festival ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ] Igreja Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Santarém

Foto: Wilson Feitosa Foto: Semtur

A Ponta do Cururu é outra praia de areia branca abraçada pelo Tapajós. Fica a 30 Km de Alter do Chão, com acesso fluvial Cururu Point is another sandy-white beach that is carressed by the Tapajós. It is accessible by river, 30 Km distant from Alter do Chão

Foto: Semtur

Our lady of the Conception church, patron Saint of Santarém

Fim de tarde em Alter do Chão é um convite à contemplação Late afternoon in Alter do Chão is an invitation to contemplate


“Encontro das Águas” “Meeting of the two Waters”

ecológicas na mata com formações arbóreas nativas, como andiroba, castanha-do-pará, maçaranduba, frejó-cinza, entre outras. No fim de tarde, com sorte é possível visualizar botos na orla da cidade. Foto: Semtur

Mais importante cidade do oeste paraense, Santarém retira do rio Tapajós seus principais meios de locomoção e de abastecimento. É dele que vem a dádiva de um espetáculo cotidiano que abraça a orla da cidade, bem em frente à praça do mirante: o encontro das suas águas translúcidas com as amarronzadas do rio Amazonas, que, por não se misturarem numa extensão de quatro quilômetros, desenham contornos e formam um desfile de barcos contratados para acompanhar o feito. Ainda que a economia da região esteja baseada na agricultura da juta e da mandioca, na extração de madeira, borracha e castanha, bem como na pesca e seu processamento, o turismo é a atividade de maior crescimento. As atrações abarcam praias — a de Alter do Chão é apenas uma delas —, cachoeiras, lagos e excursões

Foto: Semtur

Os encantos de Santarém

Foto: Wilson Feitosa

Espetáculo dos botos A dolphin spectacle

The charms of Santarém

Praça do Mirante Mirante Square

collide with those of the Brown-stained Waters

as fish, tourism is the fastest growing segment.

Standing out as the most important city

of the Amazon river and as a result of remai-

Attractions are focused on the beaches with

of the West of Pará state, Santarém uses the

ning immiscible over a 4 kilometer tract, form

Alter do Chão being Just one of them — wa-

Tapajós waterways as its main means of trans-

tendrils that draw a fleet of charter boats to

terfalls, lakes and ecological excursions into

portation and sustenance. It is from these very

accompany tourists in this remarkable pheno-

the jungle where native tree formations such

waterways that a daily spectacle embracing

menon of nature.

as the andiroba, and other trees can be seen.

the river banks right in front of the town´s

Although local economy is centered around

square can be seen as its translucent waters

jute and mandioc, timber, rubber, nuts as well

Late afternoon it is possible, with some luck to spot the dolphins on the city shores.

ecoaventura

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[ ecoturismo/ecotourism l Santarém-PA ] DICAS / TIPS

Foto: Semtur

A Cerâmica Tapajós chega a ser comparada com a “fina” porcelana chinesa. Pode ser vista no Centro Cultural João Fona, em Santarém; Tapajós Pottery has been compared to the finest Chinese porcelain and can be viewed by means of a visit to the João Fona Cultural Center in Santarem; • A culinária paraense é tipicamente indígena e está carregada de tucupi — molho de cor amarelada feito de manipueira, um suco extraído da mandioca; • Pará cuisine is typically native with tucupi —a yellowish sauce made of manipueira which is a juice extracted from mandioc; • Na orla de Alter do Chão, experimente balas e sorvetes com sabor local: cupuaçu e castanha-do-pará, por exemplo; • On the riverfronts try the candies and ice creams using the local flavors of the cupuaçu fruit and Brazil nut for example;

Foto: Semtur

• A comunidade de Ponta de Pedras (a 15 km de Alter do Chão) recebe turistas para participarem da “Piracaia” — pescaria de peixes, como Tambaqui, Pirarucu e Tucunaré, que serão assados somente com sal à beira da praia e servidos com farofa paraense e açaí. • The community in Ponta de Pedras (15 km from Alter do Chão) welcomes tourists to join in the “Piracaia” — a fishing outing for Tambaqui, Pirarucu and Peacock Bass which are cooked roasted with salt and served with Pará coarse flour and açaí berry.

Ao lado, praia do Aramanaí (município de Belterra), outra opção no entorno de Alter do Chão

Aramanaí Beach (Belterra municipality) another sightseeing option in the Alter do Chão area

Melhor época / Best season De agosto a dezembro é a época de estiagem, e as praias emergem. Longe dos períodos de alta temporada (julho, setembro e réveillon), as praias ficam desertas.

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The waters recede and the beaches appear from August to December. (High season is July to September and New Year) beaches are deserted outside these periods.


Serviços/Services Como chegar/ Getting There

Alter do Chão está situada a, aproximadamente, 32 km de Santarém, com ligação por estrada pavimentada (PA-457). É possível chegar lá por via marítima ou aérea. Ambas possuem saídas diárias. Alter do Chão is 32 km away from Santarém with access via a paved Road (PA-457). It is possible to get to Santarém by air or by water with daily transportation.

1. terrestre/

By land

Santarém-Alter do Chão Ônibus: a passagem custa R$1,80 Táxi: O valor médio da corrida é de R$30

2. Aérea/

By land

Preço médio da passagem aérea São Paulo-Belém: R$800. Manaus-Belém: R$400 Belém/Manaus até Santarém: várias empresas aéreas brasileiras operam nesse trecho, e a média do preço da passagem é R$250. A viagem dura cerca de três horas.

3. Marítima/

By water (aproximadamente dois dias)

Belém-Santarém SION Ltda Camarote R$170; Compartimento para redes R$100 Tel.: (91) 3224-9963 ou 3224-9825 Manaus-Santarém Terminal Fluvial Rodoway Camarote R$125; Compartimento para redes R$ 75; Rede com ar-condicionado R$85

Onde ficar em Alter do Chão/ Where to Stay in Alter do Chão * Pousada Alter do Chão Tel.: (93) 3527-1215 E-mai: contato@pousadaalterdochao.com.br Diária casal: de R$40 a R$60 * Águalinda Hotel Tel.: (93) 3527-1314 ou 3527-1201 E-mail: agualinda@agualindahotel.com.br Site: www.agualindahotel.com.br Diária casal: de R$80 a R$100 * Beloalter Hotel Tel.: (93) 3527-1247 ou 3527-1230 E-mail: reservas@beloalter.com.br Diária casal: R$184 * Pousada Belas Praias Tel.: (93) 3527-1365 E-mail: belaspraias@ig.com.br Diária casal: R$75 * Pousada ABC Tel.: (93) 3527-1268 Diária casal: R$50 * Pousada da Madá Tel.: (93) 9652-3751 Diária casal: R$25

* Pousada do Mingote Tel.: (93) 3527-1158 E-mail: pousadadomingote@gmail.com Site: www.pousadadomingote.com.br Diária casal: de R$80 a R$120 * Pousada Ecológica Tel.: (93) 3527-1174 Diária casal: R$50 *Pousada Lago Verde Tel.: (93) 3527-1272 Diária casal: R$50 * Pousada Muiraquitã Tel.: (93) 3527-1342 E-mail: pousadamuiraquita@oi.com.br Site: www.pousadamuiraquita.com.br Diária casal: de R$40 a R$60 * Pousada Tupaiulândia Tel.: (93) 3527-1157/1115 ou 9975-4928 Diária casal: R$100 * Pousada Vila da Praia Tel.: (93) 9121-5914 Site: www.viladapraiapousada.blogspot.com Diária casal: R$100


folhas, flores e frutos

Verde flutuante

Aqueles que consideram o camalote uma praga, mal sabem que em águas puras ele não tem vez, ao contrário do que acontece nos rios e represas da cidade de São Paulo. Saiba por quê Por: laercio vinhas l Foto: arquivo ecoaventura Arte: Marcelo kilhian

M

uito ornamental, de folhas redondas, grandes e brilhantes, esse tipo de aguapé se multiplica rapidamente. Suas flores são azuis-arroxeadas, parecidas com o jacinto, tanto que alguns o conhecem como “jacinto-de-água”. Essa forração também pode ser cultivada em áreas de águas poluídas para promover a purificação, pois absorve metais pesados, principalmente ferro, cálcio, manganês e magnésio. No entanto, em algumas situações de superpopulação, pode se tornar um problema em rios e lagos. Para os pescadores, a região onde há camalotes em abundância sinaliza a presença do Surubim — que pode ser fisgado ao se ancorar o barco junto ao aguapé, ou sobre ele, de preferência a uns 15 metros acima de boca de baía, de corixo ou saída d’água, onde geralmente circulam os pequenos peixes. Suas moitas, ainda, abrigam habitantes como o caranguejo-vermelho-de-água-doce — alimento tentador para várias espécies de Pacus. Já no paisagismo, a planta é utilizada para povoar lagos e espelhos d’água, o que favorece a vida aquática, principalmente os peixes. Deve ser cultivada a pleno sol em água com pH corrigido e naturalmente adubada. Não é necessário enterrar, já que a planta é flutuante e forradeira. O camalote é um bom adstringente e possui propriedades medicinais vesicatórias, e de suas plantas pode-se preparar chás.

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O camalote é uma planta aquática e flutuante nativa da América tropical e abundante no Pantanal

Biologia Nome científico: Eichhornia azurea Família: Pontederiaceae Nomes populares: aguapé-de-baraço, aguapé-de-canudo, aguapé-decordão, baroneza, camalote, colhereira, dama-do-lago, jacinto-d’água, lírio-d’água, mureré, mureré-de-flor-roxa, mureré-orelha-de-veado, mureru, mureru-orelha-de-veado, mureru-de-flor-roxa, muriru, murure, murumuru, orelha-de-veado, rainha-dos-lagos, pareci Referência bibliográfica: www.scientificcircle.com/pt e www.embrapa.org.br



[ técnica/technique l Bicuda ] Bicuda, a merciless and aggressive predator

Bicuda, a impiedosa e mordaz predadora Por/by: Alexandre Andrade l Tradução/translation: D. JOHN l Fotos/photos: ARQUIVO ECOAVENTURA l Arte/design: Gabriel Dezorzi

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Em geral, o período de cheias nos rios amazônicos é tido como o melhor para a pesca de espera, cujos astros são os grandes peixes de couro. Entretanto, mostraremos nesta matéria que também é possível encontrar oponentes de respeito para serem desafiados com iscas ar tificiais In general, the high water period in the amazon rivers is considered the best season for live or dead bait fishing when the main players are bottom dwelling catfish. However, as we will endeavour to outline in this ar ticle it is also possible to encounter wor thy opponents that will fall prey to a lure

O

primeiro semestre do ano — período no qual o nível dos rios amazônicos está bem acima do normal — é generoso para a pesca dos grandes peixes de couro. Por outro lado, como nessa época as águas invadem a mata, esse período é considerado pouco proveitoso pelos praticantes da pesca de arremesso. E a explicação é simples: parte expressiva dessa turma tem como único objetivo o duelo com Tucunarés, que ficam espalhados pela mata alagada e, por isso, são pouco localizados durante esses meses. Entretanto, em uma região tão generosa em rios e espécies como a Amazônia, existem outras opções. Para mostrar uma bem interessante, traçamos o perfil de um peixe que chega à plenitude de suas atividades justamente quando os rios começam a transbordar e, por isso, torna-se um dos mais saborosos desafios para nossas iscas artificiais. Estamos nos referindo à Bicuda (Boulengerella spp.) — espécie que traz como marca registrada o característico selo só ostentado por grandes predadores amazônicos: o ocelo na nadadeira caudal.

T

he first half of the year — a period in which Amazon river water levels are higher than normal — is prime season for large catfish. On the other hand as water levels

encroach on forest areas, the majority of lure fisherman avoid this season as it is less productive which is easily justified by the fact that the main quarry, the Peacock Bass is spread out and hard to find during these months. However, in an area so abundant in rivers and species as the Amazon, there are many other options available. As an example of a particularly interesting one we will outline a particular species that comes into its own realm precisely when the water levels overflow and is subsequently one of the prime challenges for our artificial lures. We refer to the Bicuda (Boulengerella spp.) — a fish that carries with it the characteristic trademark shared only by the larger predators, a caudal fin ocellus.

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[ técnica/technique l Bicuda ] Onde encontrá-la? A foz de pequenos rios sem margens com águas limpas e quase paradas, assim como pequenas corredeiras ou rebojos formados nos cursos mais caudalosos, destacam-se como os cenários mais favoráveis ao encontro com esse peixe. Nesses locais, a Bicuda forma cardumes para emboscar suas presas de maneira espalhafatosa: em suas

investidas, risca a superfície de lado a outro durante perseguições fulminantes a pequenos peixes, que, aflitos por escapar, traçam uma trajetória de fuga, a partir da qual se projetam repetidamente sobre a superfície da água para não serem alcançados. Mas tamanho estardalhaço se transforma em um atrativo extra para a furtiva Bicuda, que estará sempre à espreita.

WHERE TO FIND IT?

tacular fashion as they furiously pursue forage fish

Small bankless river mouths with clear, almost still waters as well as small fast moving eddies and

on the surface who in turn rip the surface in their attempt to escape in desperate streaks topside.

whirlpools in the wider rivers, stand out as prime

This surface commotion allows for easy detec-

locations for finding this fish. In such places, the

tion of the Bicuda by the angler in search of this

Bicudas form shoals to ambush their prey in spec-

specific quarry.

Nas cheias, a Bicuda pode ser encontrada próxima a estruturas ou nas margens com águas rápidas During the flood season, the Bicuda can be found near to shortline cover in close proximity to fast flowing water

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Equipamentos / Tackle

• Varas de 5’3” a 6’6” de ação rápida e resistência entre 14 e 20 libras (6 e 9 quilos) • 5´3” – 6´6” fast action rods guilt for 17-20 lb lines or 40-50 lb braided lines . A more resistant leader is recommended with a steel terminal flexible wire leader

As iscas de superfície proporcionam ataques espetaculares de grandes espécimes Surface Lures provide spetacular attacks from lunker fish

No leito de rios como o Teles Pires e o Juruena, espécimes que superam um metro de comprimento se reúnem em cardumes e vasculham grandes áreas com voracidade. Nessas circunstâncias, qualquer

tipo, cor ou tamanho de isca que passar diante deles será impiedosamente atacado. No médio rio Xingu a situação se repete, e a Bicuda denuncia sua presença com intensa atividade e ataques na superfície.

On the beds of rivers such as the Teles

ditions, any lure that crosses their path will be

Pires and the Juruena , specimens of over a

voraciously attacked. On the median Xingu ri-

meter in length shoal up and search for prey

ver the situation is identical as the Bicuda is

voraciously over large areas. Under these con-

visible with intense topwater activity.

• Carretilhas e molinetes com capacidade para armazenar linhas de monofilamento entre 17 e 20 libras (8 e 9 quilos) ou multifilamento entre 40 e 50 libras (21 e 23 quilos). É recomendável usar um líder mais resistente, assim como um pequeno empate de aço flexível

• No vasto universo das iscas artificiais, os plugs com tamanho entre 8 e 15 centímetros são extremamente atrativos. Modelos de superfície com nado em “Z”, assim como twitch baits e iscas de barbela de cores variadas, compõem um arsenal bom. • In the vast universe of plugs the ideal selection will favour 8-15 cm models . Topwater models will be walk- the-dog as well as twitchbaits and multicoloured swim plugs.

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[ técnica/technique l Bicuda ]

Técnica de pesca Na época das cheias a Bicuda está longe de se apresentar como peixe exigente com relação a técnicas, a iscas ou a equipamentos. Como se reúne e caça em áreas limpas, torna-se sob medida para aqueles que estão estreando na pesca com iscas artificiais. Isso porque é só arremessar onde a sua atividade for detectada que a batida será inevitável. As iscas de meia-água — modelos mais fáceis de ser usados — são extremamente eficazes e garantem boa diversão, ou seja, outra ótima oportunidade para aqueles que estão começando. Quem já tem experiência e gosta de visualizar e de ouvir o barulho do ataque certamente usará exclusivamente os modelos de superfície, sejam eles poppers, zaras ou iscas erráticas, todos muito eficientes. No que diz respeito a equipamento, também não é preciso investir em itens específicos para essa espécie, já que qualquer conjunto capaz de arremessar e trabalhar iscas artificiais com tamanho entre 8 e 15 centímetros dará conta do recado.


A anatomia dessa espécie a torna um peixe extremamente veloz Its anatomy makes the Bicuda a really fast fish

Fisgar a Bicuda com equipamento de moscas é uma experiência que reserva doses elevadas de emoção e adrenalina Fly fishing for the Bicuda provides superdoses of adrenalin-filled excitement Fishing techniques

cal and easy to use, again a bonus for beginners.

Throughout the flood season, the Bicuda is far from being a

Sportfishermen who are already well versed and enjoy the

demanding sportfish as regards techniques, lures and tackle. As

sights and sounds of topwater attacks, will almost certainly opt

it congregates in open water areas, it is custom made for begin-

for topwater lures such as poppers, walk the dog lures and other

ners testing their tackle and lures, in which a simple cast into

variants which are all very efficient. As far as tackle is concerned,

obviously productive spots will almost certainly guarantee imme-

any configuration that can cast lures in the 8 to 15 cm length

diate results. Shallow water swimming lures are the most practi-

range, will suffice.

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[ técnica/technique l Bicuda ] Mas é na ponta da linha que a Bicuda mostra suas melhores credenciais. Com ataque decisivo, risca a água como se fosse um torpedo e, quando abocanha a isca, faz a vara vergar-se e opõe muita resistência. E mais: seus saltos de acrobata batem os de qualquer outra espécie em altura, pois são capazes de se projetar a mais de um metro acima da superfície. Em função de seus hábitos e do ambiente onde vive, ela também é um excelente desafio para os adeptos da pesca com moscas. Nessa modalidade, pode ser fisgada com equipamentos montados com varas rápidas e iscas do tipo streamers e poppers.

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Nonetheless, the Bicuda´s best cre-

significant bend on most rods as it fights

and environment it also presents a great

dentials become apparent once it is

to escape- it will jump acrobatically with

challenge to flyfishermen whose lure choi-

hooked. After a decisive attack it will stre-

heights unsurpassed by other species,

ce, using long casts will favour streamers

ak on the surface like a torpedo and put a

often over a meter. Because of its habits

and poppers.

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[ técnica/technique l Bicuda ] Depois de dominada, essa espécie requer cuidados durante o manuseio, já que, quando fora da água, contorce-se em movimentos vigorosos e suscetíveis a machucar o pescador com sua boca comprida. Além disso, por ser pouco resistente, só consegue sobreviver se for devolvida à água o mais rápido possível. Conclusão: por sua voracidade e valentia, a Bicuda exibe qualidades fundamentais para superar seu papel de coadjuvante e conquistar a condição de “queridinha” dos entusiastas que não abrem mão da interatividade proporcionada pela pesca de arremesso.

As águas dos rios Xingu [acima] e do Teles Pires [direita] são ambientes sob medida para a pesca da Bicuda durante o período das cheias The Xingu river [top] and the Teles Pires river [right] are made to measure for fishing the Bicuda in the flood season

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Once boated, this species demands certain

Apart from this it should also be returned as

Summary: as a result of its voracity and bravery,

care as it squirms vigorously in the angler´s

soon as possible to the water as it resists poorly

the Bicuda assimilates all the fundamental requisi-

hands risking injury with its long beaky mouth.

away from its natural element.

tes as the “darling” of all plugging enthusiasts.

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Biologia/Biology

Nome/name Bicuda Nome científico/scientific name Boulengerella spp. Família/family Ctenoluciidae Descrição/description Peixes de escamas com corpo alongado e roliço e com boca pontuda e bastante dura, o que dificulta a fisgada. Tem nadadeira dorsal localizada na metade posterior do corpo. O padrão de coloração varia de espécie para espécie. A da B. ocellata apresenta mancha na base da nadadeira caudal. Os maiores exemplares podem atingir cerca de um metro de comprimento e seis quilos de peso.

Fish with scales that is elongated and smooth with a pointed mouth/snout that is hard and makes hook penetration difficult. Dorsal fin is located at the forward half of the body. Coloration is variable from species to species – B. ocellata has a spot on the caudal fin base. Larger species are over a meter in length and can weigh up to 6 Kgs. Hábitos/habits Piscívora, seu cardápio é formado por peixes menores e por crustáceos, atacados com ímpeto e decisão, e apresenta grande habilidade para saltar fora d’água quando se alimenta. carnivore preying on smaller fish and crustaceans, attacking on impetus with precision with a propensity for jumping when feeding. Onde encontrar/habitat Nas regiões Nor te e Centro-Oeste nos rios das bacias amazônica e do Araguaia-Tocantins. Nor thern and Central western regions of Amazon Basin rivers and Araguaia-Tocantins river systems.


[ Remos e rumos l Araguaia ]

Um recorde no

caiaque

Em plena ascensão, o ecoturismo lança novas modalidades para os apaixonados pela combinação natureza-adrenalina. Atividades que envolvem turismo de aventura, acampamento, canoagem, pesca esportiva e fotografia são bons exemplos disso. Nesta edição, caiaqueiros-pescadores rumaram para um dos locais mais belos e piscosos do País, onde repousaram o remo para dominar uma fera Texto e fotos por: Arnaldo Rampado l Arte: paula bizacho 54

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BIODIVERSIDADE Exemplos de fauna que o Araguaia deixa à vista. Acima, pousa uma espécie de gavião. Abaixo, descansa à beira-rio um jabuti

V

ida. Essa palavra é capaz de resumir a vibração causada pela imensidão das belezas naturais e da biodiversidade que o rio Araguaia guarda em seu curso com 2.600 quilômetros de extensão. Muito similar à ictiofauna amazônica, a bacia Tocantins-Araguaia, da qual o rio faz parte, conta com cerca de 350 espécies, entre as quais peixes que fazem estripulias ao lado dos caiaques. A paisagem espetacular de matas e os bancos de areia — lá chamados de

praias —, formados na época da seca (junho a outubro), são incentivos extras para iniciar essa aventura. A incursão que realizamos em julho tinha objetivo claro: explorar lagoas e lagos represados em busca de Aruanãs, Tucunarés e, quem sabe, Pirarucus. Com os caiaques rebocados por um barco de apoio, navegamos de São Miguel do Araguaia-GO rio acima, em direção aos caminhos que nos levariam às cobiçadas espécies esportivas. Antes, uma praia deserta foi eleita para receber nosso acampamento.

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[ Remos e rumos l Araguaia ]

MUITA AÇÃO Ainda próximos à praia, muitas espécies esportivas, tal qual a Cachara da foto, atacavam nossas iscas tucunaré Ainda que os Tucunarés na região não alcançassem grande porte — chegavam até 3 Kg —, a quantidade de ações obtidas impressionava

Aventura exploratória Logo cedo, não precisamos remar muito para descobrir uma pequena lagoa. Acostumados a fisgar Tucunarés nas represas paulistas, tratamos de arremessar em galhadas e em estruturas submersas próximas às margens, o que resultou em duelos com muitas Piranhas e Traíras. Só aos poucos percebemos que as espécies mais nobres curiosamente estavam nas praias, em lugares cuja profundidade não ultrapassava meio metro. Assim, os arremessos foram redirecionados, e as explosões na superfí56

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cie passaram a ser constantes. Além disso, visualizar o peixe em ação até a fisgada tornava a pescaria ainda mais emocionante. As iscas de superfície se mostraram mais produtivas, já que as de meia-água e as de fundo eram com frequência abocanhadas por Piranhas. Aruanãs, com saltos acrobáticos, davam um show de esportividade. Muitos exemplares entre 70 e 80 centímetros — considerados de médio a grande porte por pescadores locais — nos mostraram sua valentia e, depois de dominados, nos brindaram com lindas fotos.


AruanĂŁ O duelo com essa espĂŠcie, altamente esportiva, oferece muita adrenalina, sobretudo quando salta para se livrar da isca

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[ Remos e rumos l Araguaia ]

DA CONTEMPLAÇÃO À EMOÇÃO Quando rebocados, o caiaque nos fazia deslizar sobre as águas em alta velocidade. Emoção pura! Na hora da ação, a alegria era oferecida pela esportividade das brigas 58

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Um dia de corredeira No segundo dia, o guia de pesca orientou que descêssemos o rio rumo à pousada enquanto ele desmontava as barracas. Munidos das recomendações necessárias, chegamos às corredeiras com uma preocupação: seria seguro atravessar locais de águas rápidas com uma embarcação supostamente frágil para a situação? Mas, à medida que os obstáculos eram superados, o receio dava lugar à descontração. A estabilidade do caiaque ficou ali mais uma vez comprovada. Com os caiaques amarrados em estruturas e árvores — ou apoitados em

lugares mais rasos — direcionávamos os lançamentos para o centro das corredeiras, onde havia enorme quantidade de espécies para investir contra as iscas, tanto as artificiais quanto as naturais: Bicudas, Corvinas, Pacus, Mandubés, Carrochas-largas, Cachorras-facão, Cacharas e Apapás se mostravam aos montes na ponta da linha. Enquanto descíamos, deparávamo-nos com os botos, que cercavam os cardumes, visitavam a superfície e até roubavam as iscas dos anzóis com facilidade incrível. Foi por isso que tivemos de mudar de ponto algumas vezes.

o mercado Empresários da área de hotelaria e donos de pousada vêm apostando em novo segmento e colocam à disposição de seus clientes equipamentos e condutores especializados

DIVERSIDADE Da esq. p/ dir.: Palmito ou Mandubé, Corvina e Bicuda

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[ Remos e rumos l Araguaia ]

RECORDE! Apesar de pequena para os padrĂľes do Araguaia, pela primeira vez um remador-pescador fisga uma enorme PiraĂ­ba

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O “MOTOR” DO CAIAQUE A força dos peixes de couro fazia o caiaque remar na velocidade da fuga

Peixes de couro no caiaque? Queríamos capturar o Pirarucu, o gigante de escamas. Entretanto, recebemos a informação de que estavam sendo caçados com redes, e decidimos nos dedicar às espécies de couro. Para isso, separamos equipamentos entre 40 e 60 libras municiados com anzóis 10/0 e 14/0 para serem usados com iscas vivas. A empreitada exigia que amarrássemos uma corda na traseira do caiaque, que tinha na outra ponta uma corrente com cerca de dois quilos para ancorar a embarcação no raso. O olhar de reprovação do guia com relação ao equipamento e às condições era visível: — Se engatar um Bagrão vai faltar gasolina para eu ir atrás do sinhô! Na primeira ação, o peixe foi perdido devido à nossa falta de experiência nesse tipo de pescaria. Depois, uma Pirarara saiu

arrastando tudo numa única corrida sem dar a mínima chance ao oponente. Assim, com o caiaque sendo rebocado facilmente pelos peixes, as perdas foram inevitáveis. Mas o guia de pesca nos apresentou a solução: amarrá-lo na proa do barco. O duelo seguinte foi de tirar o fôlego. Um peixe atacou violentamente a isca, e o caiaque disparou como se estivesse equipado com um potente motor de popa. Não fosse a embarcação de apoio para levá-lo para o centro do rio, seria rebocado sabe-se lá para onde. Assim mesmo, o monstro arrastava-o, e a linha ficava tencionada como se estivesse enroscada. Foram mais de 40 minutos de pura adrenalina! Quando aquele enorme vulto apareceu na superfície, todos se impressionaram: tratava-se de uma Piraíba com aproximadamente 147 centímetros — exemplar considerado pequeno para a região, mas recorde para o caiaque brasileiro. Exausto com a briga, o gigante entregou-se para as fotos, e, após a medição, foi devolvido ao rio para que, assim, possa fazer a alegria de outros pescadores. Para encerrar essa jornada inesquecível o rio Araguaia nos reservou para o final do último dia um pôr do sol inebriante, algo como um feitiço que nos obrigará a revê-lo em breve!

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[ roteiro l rio Negro ]

É tempo de grandes

TucunarĂŠs

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A partir deste mês inicia-se a temporada para a pesca de uma das espécies mais cobiçadas do mundo, o Tucunaré-açu ou paca (Cichla temensis). Para você aproveitar a época da melhor forma, abro minha caixa e mostro como me preparo para entrar nesse jogo chamado rio Negro

POR: Rubinho de Almeida Prado Fotos: Daniel Ferreira de Brito E ARQUIVO ECOAVENTURA Arte: Emidio Pedro

Q no alto rio Negro

uando esta edição chegar às principais bancas de jornal do País, no início de novembro — ou no final de outubro para nossos privilegiados assinantes —, estará sendo dada a largada para mais uma temporada de incursões no alto rio Negro e em seus afluentes. E o astro mais ilustre dessas águas é a espécie que se sobressai como o grande embaixador da pesca esportiva nacional, cujo duelo, de tão fantástico, alegre e vibrante, faz pescadores de todas as partes do mundo desbravarem essa região a cada ano. Refiro-me ao Tucunaré-açu — como sugere o nome (açu significa “de grande porte”), a maior espécie de Tucunaré entre as 15 reconhecidas cientificamente. O alto rio Negro é a casa deles — local que possui ótimo retrospecto com peixes entre sete e dez quilos, além de ser dono de alguns recordes mundiais. A diversão na região se estende para além dessa espécie: os Cichla

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A emoção e a felicidade de conquistar um grande troféu é algo indescritível

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Cichla temensis

[ roteiro l rio Negro ]


orinocensis, por exemplo, popularmente chamados de Tucunaré-borboleta, apesar de raramente atingirem os seis quilos de peso, são vorazes e combativos quando fisgados. Mas, como nem tudo é festa, quem escolhe o Negro como destino precisa estar ciente de dois problemas com os quais poderá se deparar: 1) o repiquete — oscilação súbita no nível da água, que ocorre quando o rio está secando, mas chuvas intensas na cabeceira de alguns tributários fazem esse processo ser revertido. Nessa situação — que dura de dois a quatro dias — a atividade dos Tucunarés cessa a ponto de ficar difícil fisgar até para consumo. 2) o excesso de barcos na bacia, fenômeno que se intensifica com o crescimento desordenado do turismo e com a consequente sobrepesca na região. Ter peixes de grande porte na outra ponta da linha é um grande privilégio, já que não acontece com frequência. Só para se ter uma ideia, tenho mais de 100 semanas de pescarias na Amazônia e consigo contar nos dedos de apenas uma mão os peixes acima de nove quilos que tive o prazer de pescar e fotografar. Por isso, vencer um desses Tucunarés não é tarefa fácil e requer prática e dedicação. O pescador não deve entrar nesse jogo de forma displicente com relação a seu equipamento, pois, mesmo que tudo seja de boa qualidade, é preciso checar constantemente o arsenal, caso contrário, entregará sua pescaria à própria sorte.

Dois Tucunarés-borboleta em uma mesma isca. Situação relativamente comum quando atacam em cardume

A bacia do rio Negro é um destino certeiro para a captura dos grandes açus (Cichla temensis)

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[ roteiro l rio Negro ] Dicas e equipamentos Como as preferências e experiências são pessoais, fica difícil indicar qual seria o melhor equipamento. Por isso, a descrição a seguir é feita a partir da minha prática. • Preparo quatro conjuntos de varas: três com carretilhas (17, 20 e 25 libras) e o outro para a pesca com mosca (de # 8 a 10).

Como não é possível adiconar novos ítens à tralha durante a pescaria, o planejamento é fator decisivo para o sucesso

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

• O conjunto de 17 libras, para vara de ação média, recebe carretilha com linha multifilamento de 40 libras e cerca de 3 metros de líder de fluorcarbono de 25 libras, trançado para dobrar a resistência e possibilitar um nó de união quase imperceptível, sem prejudicar o arremesso. Com ele trabalho jigs e iscas menores, já que, às vezes, o tamanho delas é determinante para o sucesso ou o fracasso.


• O de 20 libras é montado com vara de ação rápida e carretilha com linha multifilamento de 50 libras, na qual coloco um líder de três metros de fluorcarbono trançado de 30 libras. Esse é o que fica mais tempo em ação, pois é adequado para a maioria das iscas, principalmente as médias de superfície (zigue-zague, popper, stick e hélice). • O conjunto de 25 libras, por sua vez, está sempre de prontidão e pode ser acionado ao menor sinal de algum grande exemplar por perto. É ideal para as iscas maiores, principalmente as de hélice, que exigem mais tração para obter uma atrativa compulsão na água. Trata-se da isca mais seletiva para os ataques dos Tucunarés de porte. É composto por vara de ação rápida, carretilha com linha multifilamento de 60 libras e um líder de fluorcarbono trançado de 30 libras com cerca de três metros de comprimento. • Na pesca com moscas uso vara de #8 a 10, com linha flutuante, intermediária ou aquelas com ponteira que afunda. Uso líder de fluorcarbono com dois metros de comprimento dividido em duas seções — um metro de 40 libras e outro de 30 libras — emendados com nó de cirurgião. Sempre faço a opção por atar 15 centímetros de fio de aço encapado próprio para o fly e resistência de 40 libras, com o objetivo de evitar que a placa dentígena do peixe rompa o líder durante a briga. Nessa modalidade, a batalha com um grande exemplar levará mais tempo que o normal, e o aço permite brigar com mais tranquilidade. Entre as iscas de mosca, uso poppers ou streamers. Estes últimos, apesar de menos prazerosos, são mais produtivos. As iscas de hélices são seletivas. Logo, são imprescindíveis para a captura dos grandes espécimes

Outros apetrechos • Vale comprar dois óculos polarizados: um de boa marca para não prejudicar a visão e outro de reserva para suprir uma eventual perda ou quebra. Esse tipo de óculos não só traz proteção contra os malefícios causados pelos raios solares como aumenta a capacidade de visão através da água, o que garante maior produtividade e proporciona prazer em enxergar detalhes de um mundo subaquático fascinante. • Alicate de contenção (boga grip) e alicate de bico são importantes para prevenir acidentes durante o manuseio do peixe.

• Como a pescaria é realizada próxima à linha do Equador, o sol forte pode provocar sérias queimaduras. Por isso, recomendo protetor solar FPS 30 e um especial para os lábios.

• Cada vez mais as pessoas optam por pescar com as mãos protegidas por luvas, muito úteis para evitar queimaduras e proteger os equipamentos de pesca do contato com protetor solar ou repelente.

• Roupas claras, leves, confortáveis e desenvolvidas para o esporte são frescas e secam rapidamente. Além disso, ocupam pouco espaço nas malas — fator relevante nos dias de hoje, já que cada vez mais utilizamos taxi aéreo ou hidroavião para deslocamentos até os pontos e, por isso, há sérias limitações de peso de bagagem.

• Chuvas pesadas fazem parte do clima amazônico e caem repentinamente, e não são raras pequenas invernadas com quedas de temperatura. Portanto, para não viver a desconfortável experiência de navegar molhado, é imprescindível levar também uma boa capa de chuva.

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[ roteiro l rio Negro ]

Isca extremamente atrativa e eficaz, o jig não pode falta em uma pescaria na Amazônia

Paca e açu: diferentes, mas iguais Posso dizer que uma pessoa deixa de fazer parte da espécie humana — ou é classificada em uma ‘subespécie’ — se a cor de sua pele não for igual a de outro sujeito? Na ictiologia, dúvida similar não pode pairar sobre os indivíduos da espécie Cichla temensis. As características entre o Tucunaré-açu e o Tucunaré-paca diferem devido ao seu período de reprodução. “O peixe fica açu quando vai se reproduzir. Por isso é mais comum encontrar a espécie com essa ‘roupagem’ em lagos. O paca, por ser um espécime jovem, ainda imaturo, costuma ter menor tamanho”, explica o biólogo Michel Lopes. E qual seria a explicação para o paca ser “mais forte” que o açu? Segundo o biólogo, quando paca, o espécime se “exercita com maior intensidade”, já que está se movimentando mais na água corrente. “O peixe, como nós, tem dois tipos de fibras musculares — as brancas e as vermelhas. Conforme o ‘treino’, uma se desenvolve mais que a outra. A vermelha é de ‘maratonista’ e é mais exercitada no paca, que faz esforço contínuo e, por isso, é mais forte. Já a branca é de explosão, o que o faz cansar mais rápido, caso do açu”, conclui. Em programas de monitoramento, essa igualdade já foi comprovada: “Capturava-se um açu, marcava-o, soltava-o e, pouco tempo depois, ao ser recapturado, ele estava paca”, confirma Michel. 68

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O Tucunaré-açu (Cichla temensis), o maior entre todas as espécies, pode ultrapassar 13 quilos. É encontrado na bacia do rio Negro e nos afluentes de águas pretas da margem esquerda do rio Madeira, entre outros. Recorde mundial Data: 02/01/2010 Peso 12,7 Kg (28 libras) Local: rio Negro (região de Santa Isabel) Pescador: Willian Grassmann Barco-hotel Capitão Peacock

O Cichla orinocensis, popularmente conhecido por borboleta, é outra espécie presente na bacia do rio Negro. Pode pesar ao redor de seis quilos, e o recorde mundial, obtido em dezembro de 2002 no rio Tiznados, na Venezuela, é de 6,22 quilos.

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[ técnica l fases da lua ]

Peixes oceânicos em cada

fase lunar Em convivência com pescadores esportivos que viajam a Canavieiras-BA, percebemos que a maioria tem suas crenças e teorias quando o assunto é pescaria. Tanto que é comum ouvir frases como “neste ano quero pescar na mesma Lua do ano passado” ou “indique uma Lua boa para o próximo mês”. Com o objetivo de entender o porquê dessas preferências, tabulamos os dados de quase dois anos — aproximadamente 250 pescarias — e os comparamos com as fases lunares. Acompanhe o resultado inicial dessas pesquisas Por: Waldyr Andrade Filho l fotos: Bahia pesca esportiva/arquivo ecoaventura l Arte: Paula bizacho

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M

uitas pessoas acreditam que a Lua tem forte influência em aspectos do cotidiano, como cortes de cabelos, crescimento e desenvolvimento de plantas e animais, humor, nascimento de crianças, mudança no tempo etc. Verdade ou não, o certo é que a ciência jamais endossou a maioria dessas crenças ou tradições, seja na vida das pessoas ou na natureza. Os dois principais efeitos da Lua na Terra aceitos pela ciência são a atração gravitacional — que é mínima — e a iluminação parcial noturna, mais forte nos dias próximos à Lua cheia. Entretanto, apesar de serem pouco expressivos, esses elementos, quando combinados com a atração gravitacional exercida pelo Sol, com o movimento de rotação da Terra e com a dinâmica de fluidez dos oceanos, formam o fenômeno das marés. E na pesca oceânica? Em nossos registros, observamos que a Lua cheia é a fase de maior atividade diurna para muitas espécies esportivas, embora alguns peixes que caçam rente à superfície, a exemplo do Dourado e do Wahoo, em tese também se alimentam em noites claras e, devido a essa ceia noturna, ficam menos ativos durante o dia. Entretanto, a diferença não chega a ser significante, a ponto de considerarmos esse período excelente para a pesca oceânica. Por outro lado, como provoca marés pequenas, essa Lua limita o campo de caça de peixes costeiros e de canal — caso específico de Roba-

los, Caranhas, Pescadas, Tarpons e outras espécies costeiras, as quais preferem comer com a maré correndo, principalmente durante a vazante.

Olho-de-boi

Dourado

Quantas são as fases? cheia minguante

nova

crescente

Por definição, são quatro, mas poderiam ser 30, ou mesmo centenas, pois a cada dia e a cada instante a Lua se transforma com relação ao momento anterior. A cheia, que tem 100% de seu disco lunar atingido pelo brilho do Sol, nasce por volta das seis da tarde e se esconde às seis da manhã. A cada dia, nasce e se põe no horizonte cerca de 50 minutos mais tarde em relação ao dia anterior. Quando chega o dia exato da minguante, ela já está com 50% de área brilhante. Nasce pela meia-noite com a forma característica de um “C” aqui no Brasil (Hemisfério Norte tem forma de “D”). A nova nasce às seis da manhã e fica durante o dia no céu, geralmente ofuscada pelo Sol, e não aparece à noite. Já a crescente, com forma de “D”, nasce ao meio-dia e se esconde à meia-noite.

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[ técnica l fases da lua ] Apontamentos do estudo A análise estatística funciona mais ou menos como a sabedoria dos índios e caiçaras: observar, registrar, identificar os padrões e certificar-se dos fatos. Entretanto, é preciso frisar que as conclusões aqui dispostas não são definitivas. Como dissemos, foram analisadas 250 incursões oceânicas desde 2008, em sua maioria feita em meses de primavera, verão e outono. Não houve como estabelecer ou buscar critérios, mas, apenas, apontar tendências — o que já é bem interessante. O primeiro problema foi com relação à divisão de cada fase lunar, cujo período compreende três dias antes, o dia exato e três dias depois. Para tanto, distribuímos igualmente as doze horas faltantes entre as fases (cada qual com cerca de sete dias e meio). Isso porque as condições parecidas de luz noturna e movimentação de maré ocorrem imediatamente antes e depois do dia exato de cada Lua. Em seguida, avaliamos a presença dos peixes, mas, para essa análise, desconsideramos o número de capturas diárias. As-

Presença dos

peixes

sim, não importa se num dia foram pegos um, quatro ou dez Wahoos, pois a conclusão pertinente ao estudo é que nesse dia eles estavam presentes e ativos. Outro procedimento adotado é que só foram incluídos peixes adultos, ou seja, um Olho-de-boi de três palmos ou menor foi descartado, já que os filhotes podem ter comportamento indefinido. Cardumes de pequenos Atuns se alimentam na superfície o dia inteiro, mas só foram considerados os espécimes com mais de cinco quilos, e assim por diante. Isso nos permitiu alcançar um resultado para cada espécie, que passou a ser considerado como o percentual de capturas em cada período lunar. Também levamos em conta outros dois efeitos: o da amplitude de maré e o da iluminação noturna. Com esses fatores combinados e tabulados, os resultados obtidos em cada fase lunar demonstraram que alguns peixes são mais ativos na Lua cheia e parecem reduzir suas atividades na minguante, como se estivessem “descansando” da intensa atividade do

nas

pescarias Barracudas (Sphyraenidae sp.)

nova 17%

crescente 16,9%

cheia 19,5%

minguante 8,3%

média geral 15%

Grandes Barracudas às vezes atacam as iscas de corrico, principalmente ao largo de pedras submersas. Tendência: ocorre redução de atividade na minguante, o que pode ser, nesse caso, um alento para a integridade das nossas linhas e iscas! Pelo visto, não diferenciam as marés grandes das de quarto.

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

período anterior, para depois retomarem a ação na nova. É importante ressaltar que as observações foram feitas exclusivamente no período diurno. Como o bom senso recomenda que sejam buscadas tendências — e não conclusões absolutas —, os resultados preliminares indicam não existir Lua “boa ou ruim”. Como você verá no box, as diferenças entre as espécies distribuem-se democraticamente — nas pescarias oceânicas elas são fisgadas de forma diversificada em todas as suas fases. As distinções estatísticas analisadas, se é que podem realmente determinar algumas tendências, são, por enquanto, apenas motivo de curiosidade quanto ao comportamento dos peixes. O interesse maior ou menor que possam ter por nossas iscas parece depender mais de outras condições, como tempo (nada como um belo dia ensolarado para uma boa incursão), vento, temperatura da água, correntes etc.


wahoo ( Acanthocybium solandri )

nova 24,5%

crescente 14,1%

cheia 19,5%

minguante 14,6%

média geral 18%

Espécie extremamente valente e veloz, o Wahoo caça suas presas na flor d’água. Em consequência, ataca as iscas artificiais principalmente no corrico. Wahoos de até 50 quilos de peso nadam nas águas costeiras de Canavieiras-BA, e são comuns exemplares acima de 15 quilos. Tendência: presença um pouco maior nas marés grandes (média 22%, contra 14,5% nas marés de quarto), com redução de atividade na Lua cheia devido à provável alimentação parcial noturna. Também nesse caso o aumento de atividade na nova, com maré grande e noites escuras, parece comprovar a alimentação noturna dessa espécie.

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[ técnica l fases da lua ] cavalas-verdadeiras (Scomberomorus cavalla )

nova 37,7%

crescente 36,6%

cheia 39%

minguante 35,4%

média geral 37%

São frequentes em grandes cardumes na costa de Canavieiras e atacam com regularidade as iscas de corrico e de jumping jig. Não é difícil capturar exemplares com mais de dez quilos. São excelentes nadadoras e valentes quando fisgadas. Tendência: seu comportamento é praticamente estável e bem equilibrado. Apresentam pequena redução de atividade nas luas de quarto. Quase imperceptivelmente parecem seguir o mesmo padrão de aumento de atividade na fase cheia, seguida de alguma redução na minguante.

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dourado (Coryphaena hippurus )

nova 28,3%

crescente 12,7%

cheia 22%

minguante 27,1%

média geral 22%

Outra espécie com presença marcante nos mares de Canavieiras-BA, o Dourado ataca as iscas de corrico e até poppers trabalhados próximos ao cardume. São mais comuns indivíduos de até 20 quilos. Valente brigadora, essa espécie salta espetacularmente e muitas vezes consegue escapar do anzol com as suas artimanhas e truques. Tendência: parece não diferenciar as marés grandes ou de quarto. Se olharmos os dados tabulados, veremos que apenas na fase crescente há uma pequena queda na frequência dessa espécie. Por outro lado, a ausência total da luz nas noites de Lua nova é acompanhada de um aumento de ação.

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[ técnica l fases da lua ] Olho-de-boi ( Seriola dumerilis ) e Pitangola (Seriola rivoliana )

nova 66%

crescente 53,5%

cheia 68,3%

minguante 64,3%

média geral 63%

Olhos-de-boi e Pitangolas são mais encontrados em pesqueiros profundos, entre 70 e 120 metros. Quando capturados com jumping jigs ou iscas vivas, dão muito trabalho para serem puxados à superfície. Parece que os cardumes nadam e caçam todos juntos. Também estiveram no foco de praticamente todas as pescarias realizadas. Tendência: interessaram-se em atacar as iscas igualmente em qualquer período lunar, com uma quase insignificante preferência por luas grandes, que somaram 67,1%, e as luas de quarto 58,9%. Observou-se pequena redução na crescente.

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• A pesquisa foi realizada pela Bahia Pesca Esportiva para aprimorar

o atendimento a seus clientes na região de Canavieiras-BA

atuns (Thunus sp.)

nova 71,7%

crescente 63,4%

cheia 73,2%

minguante 47,9%

média geral 64%

Presença constante nas incursões em Canavieiras-BA, juntos com as Cavalas são os peixes mais comuns. Pegam bem no corrico, no jumping jig e no bait casting. As principais espécies que ocorrem na região são o Black fin tuna e o Yellow fin tuna. Trata-se de peixes extremamente fortes e valentes quando fisgados. Tendência: parece que preferem as marés grandes (72,4% de presença contra 55,6% nas de quarto) e descansam um pouco na Lua minguante, após um pico de ação na fase cheia.

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é o bicho

O rei do pantanal Anteriormente encontrado em abundância por toda a América do Sul, o veado-pantaneiro passou a habitar áreas restritas devido à ação humana. Hoje, considerado uma espécie ameaçada de extinção, luta contra a degradação de seu ambiente para sobreviver da redação l Foto: arquivo ecoaventura l Arte: Marcelo kilhian

C

om seus cascos plantados fundos na terra úmida, as delgadas patas negras suportam o tronco coberto pela grossa pelagem lanosa de tom marrom-avermelhado. O pescoço sempre elevado e o olhar envolto por um ar superior lhe atribuem certo vigor de realeza, enfatizado por longa galhagem e pelo andar garboso. O soberano dominava todo o território de planícies alagadas do Pantanal e áreas de várzea marginal dos principais rios brasileiros, com exceção do Amazonas, mas hoje impera sobre uma região bem mais restrita, devido à transformação de seu habitat para implementação da agropecuária e instalação de usinas hidrelétricas. Isso, aliado à caça ilegal e ao advento de doenças bovinas (febre aftosa, brucelose, babesiose etc.) reduziu sua população de maneira tão intensa que a espécie passou a ser tida como vulnerável pela IUCN (União Mundial para a Natureza) e como ameaçada pelo Ministério do Meio Ambiente. Esse mamífero ruminante apresenta adaptações anatômicas para os ambientes pantanosos em que vive, as membranas interdigitais e os membros alongados, que facilitam a locomoção em solo úmido — fonte de seus principais alimentos: plantas aquáticas, gramíneas e leguminosas.

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A várzea oferece ao cervo alimento o ano todo e proteção contra a onça — seu principal predador —, pois nesse ambiente o animal é mais veloz que o felino

Biologia Nome científico: Blastocerus dichotomus Família: Cervidae Outros nomes comuns: cervo-do-pantanal ou veado-galheiro Tamanho: atinge cerca de 1,20 metro e 150 quilos Referência bibliográfica: REIS, Nelio R. dos [et al]. Mamíferos do Brasil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2006. p 287-290. MONTEIRO, Angelo Barbosa [et al]. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. Brasília: MMA; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008. p 820-821.


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15/09/2010 14:42:41


[ mulher ]

De cima p/ baixo e da esq. p/ a dir.: Ione, Flávia, Célia, Carla, Maria Cristina, Dora, Maria Teresa, Maria Lúcia, Ana e Valéria

Só para mulheres A história dessas pescadoras definitivamente é especial. O grupo, formado por dez mulheres belas e bem-resolvidas, já está junto há 13 anos, e elas não abrem mão das expedições anuais para praticar o esporte de que mais gostam: a pesca esportiva da redação l Fotos: ARQUIVO PESSOAL l Arte: Emidio Pedro

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Ione, 82, aprendeu a pescar com o marido e hoje é a companheira da filha

q

ualquer um que pudesse ouvir apenas o conteúdo da conversa, sem notar os tons femininos daquelas vozes, poderia jurar se tratar de um grupo de homens. Isso porque essas mulheres se relacionam com a pesca esportiva exatamente da mesma maneira que eles. Entretanto, mesmo em meio à descontração dessa prática ou no árduo decorrer de uma briga por um troféu, a delicadeza inerente a elas não passaria despercebida — afinal, só a vaidade de uma mulher permitiria algo como pintar as unhas entre uma fisgada e outra. Durante o jantar programado para decidir a próxima aventura, que durou cerca de três horas

em uma pizzaria de São Paulo-SP, contaram causos e debateram cada detalhe da empreitada. O local eleito foi Altamira-PA, no Alto Xingu, para que possam aproveitar a região antes que seja alagada pela instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte. É claro que, em alguns momentos, a conversa foi permeada por temas tipicamente femininos, como filhos, eventos e todos aqueles assuntos que “não podem esperar” para serem colocados em dia, mas o fato é que, quando falavam sobre pesca, desligavam-se de tudo à sua volta. Os olhos brilhavam ao recordar tantas experiências prazerosas.

As viagens não têm como foco apenas as pescarias, mas também contemplar as lindas paisagens, conhecer novas culturas e desfrutar tudo isso com as amigas ecoaventura

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[ mulher ]

O Jaú gigante O Sol já ameaçava se pôr, mas Valéria e a mãe não queriam abandonar o rio. Em trabalho com as iscas artificiais, Dona Ione sentiu um forte tranco na vara, o que quase a fez perder o equipamento. Sem dúvidas, era um peixe enorme. A filha pôs-se a socorrer a mãe na tentativa de impedir que o teimoso se libertasse. Enquanto uma segurava o apetrecho, a outra recolhia a linha girando a carretilha. A disputa se prolongava, e o céu ficava ainda mais escuro. Já eram oito horas da noite quando, finalmente, cansaram o gigante. Um Jaú de 55 quilos! Não era possível deixar o barco sem fotografar a façanha, embora já não houvesse luz para isso. O guia de pesca fez a proposta matreira: era só amarrar o peixe pelo rabo a um tronco próximo à margem. A ideia parecia absurda: “E se ele se soltasse? E se alguém pegasse meu Jaú?”, perguntava-se Ione. Mas seguiram a recomendação. No hotel, ninguém acreditou no feito. Mais um motivo para esperar apenas o despontar do Sol do dia seguinte para clicá-lo. Afoitas, quando a manhã acordou, zarparam para o rio: estava lá, o Jauzão! As fotos são guardadas com todo carinho.

O principal ingrediente das pescarias é a cumplicidade entre elas

Valéria Colpani, Célia Veríssimo, Carla Berl, Ana Kaufman, Flávia Ribeiro, Ucha Veríssimo, Ione Colpani, Flávia Santin, Dora Silva Jardim e Maria Tereza Camargo são as integrantes da equipe Barra 10 — grupo de mulheres que há treze anos pescam juntas e visitam os locais mais procurados pelos aficionados do esporte, ou mesmo os mais selvagens. “Nós queremos ir aonde tem peixe”, dizem categóricas. Homem pode entrar na equipe? Não! O público masculino, nesse grupo, não tem presente, nem passado — já que nenhuma delas aderiu à pesca por causa do parceiro, aliás, a maioria deles não a pratica — e, a considerar o grau de independência em suas atividades profissionais e em seus hobbies, nem futuro. Vingança das mulheres? As amigas que frequentavam a mesma hípica no bairro de Santo Amaro, em São Paulo-SP, uniram-se pela primeira vez para uma expedição a um barco-hotel em Cáceres-MT. Antes disso, muitas delas nem mesmo se conheciam. Ana sequer havia pescado. “Era mais uma viagem para conhecer o Pantanal, porque ela ama viajar”, narra Célia. “Mas eu adorei! E não parei mais”, completa. A paixão súbita não é difícil de ser entendida: “Nessas viagens, voltamos a ser adolescentes, brincamos, cantamos... Nossa única responsabilidade é pegar um peixe. Não somos mães, esposas, trabalhadoras, patroas, entre outras coisas... Somos apenas nós mesmas. Telefone não toca, não tem trânsito nem pressa, o lugar é lindo e cheio de paz”, explica Ucha. E assim foram tomadas por esse encantamento. A veterinária


Carla, que já praticava o esporte antes, é a mais aficionada do grupo e a única que participa de pescarias com ou sem companhia. “Ela vai com mais frequência, sente necessidade mesmo”, conta uma das companheiras. Na última empreitada sem as amigas, era a única entre os homens, mas isso não a incomodou: estava era concentrada na emoção que a técnica de trabalhar as iscas de superfície é capaz de proporcionar. Já Célia e Valéria, que têm as mães — Dora, de 86 anos, e Ione, de 82 — como parceiras, preferem a pesca de espera, pois valorizam o contato com a natureza e a tranquilidade. “Em certa pescaria, não conseguia pegar nenhum peixe e, de repente, me dei conta de onde nós três (minha filha, minha mãe e eu) estávamos em plena segunda-feira. Percebi que capturar um espécime é mais um detalhe — importante, claro —, mas só de estar ali já era maravilhoso”, exclama Célia, que parece ver a pesca de forma mais romântica.

Nós poderíamos ir às compras em Paris ou em Miami, mas preferimos pescar” Célia

Para elas não há nada melhor que sentar à margem do rio no fim de tarde e curtir a natureza na companhia das amigas

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[ mulher ]

O que mais as impressionam s찾o as belezas estampadas na natureza e a import창ncia local dos rios

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Jacaré voador Era noite. Do barco, Célia e a mãe podiam ver duas faíscas amarelas em meio à escuridão. Tudo indicava que era ele: um jacaré bem próximo delas. O cenário quase hostil era o rio Cururu-PA, em uma área de reserva indígena. A filha tinha um Pintado ferrado, e a briga já se estendia por algum tempo. Em uma das tentativas de se livrar do anzol, chuá! O peixe saltou alto, e a linha ficou enroscada em um tronco da árvore, que estendia sua copa sobre o rio. Resignada, fitava seu troféu perdido quando uma aguaceira acabou com a visão. O jacaré, nem mais lembrado por elas, saltou em ângulo reto e exibiu toda a sua carcaça selvagem. “Naquele momento percebi o quanto aquele lugar era selvagem, pensei que não queria mais estar ali, mas foi uma experiência única”, confessa Célia.

Preferências do grupo Arriscar-se menos é a palavra atual para as pescadoras, que optam por locais onde possam desfrutar de um pouco mais de conforto, até pela idade das mães. O que realmente não abrem mão é a limpeza. “Nós precisamos de um chuveiro quente e um lençol limpo!”, determina Valéria. “E não pode ter barata!”, completa Ana. “Uma vez levantei um dos tapetes da pousada e saíram muitas baratas de lá. Eu gosto de bichos, mas não andando na gente à noite”, ironiza. Detalhes à parte, cada momento foi especial. Na vida dessas mulheres, pescar é muito mais do que a adrenalina de uma captura, pois é o esporte que as mantém unidas há 13 anos. Afinal, quantas mulheres podem dizer que têm nove melhores amigas? Mais do que isso, cada uma delas tem nove companheiras com as quais partilha experiências inesquecíveis, que as fazem rir juntas, superarem limites e descobrirem novas paixões. Se um dia foi válido o ditado “por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher”, elas mostram que na vida e na pesca nem é necessário haver um homem para se encontrar uma grande mulher.


saúde

Sem medo da

Quando se fala em desbravar áreas de natureza intocada há sempre duas reações esperadas, especialmente quando o destino é a Amazônia: um temor exacerbado de contrair alguma doença ou uma segurança incontida de que não haja perigo algum. O correto? Nem um, nem outro. Nesta matéria, confira as verdades e os mitos sobre a malária, uma enfermidade real, mas que pode ser evitada — e também tratada — de maneira simples

Da redação l Arte: Gabriel Dezorzi

S

im, há risco de transmissão da malária na Amazônia. Mas motivos para alarde, não. Trata-se de uma moléstia com caráter endêmico, pois, apesar de haver casos residuais em outras localidades, no Brasil ela se concentra principalmente na Amazônia Legal [ veja o mapa

Ciclo da doença

com as principais áreas de transmis-

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são ]. Associada a regiões de baixa

renda, a dificuldade de erradicá-la se deve principalmente às condições de vida dos habitantes desses locais — moradias ruins, próximas à mata e à água, por exemplo. No entanto, os viajantes que se dirigem a essas áreas esporadicamente não estão tão expostos e, mesmo onde a possibilidade de contágio é maior, bastam alguns cuidados para a prevenção. A doença é transmitida por insetos do gênero Anopheles, depois de ele ter picado um indivíduo infectado pelo protozoário do gênero Plasmodium. O vetor habita as proximidades de água e está mais ativo durante o amanhecer e o entardecer. Assim, em áreas de risco deve-se sempre procurar métodos de prevenção. Marcos Vinicius da Silva, infectologista especializado em medicina de viajantes e diretor da Divisão Científica do Hospital Emílio Ribas, explica que a prevenção é o mais importante. “É preciso usar repelentes adequados, dormir

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Cerca de 40% da população mundial vive em áreas com risco de transmissão da malária, o que acarreta 300 milhões de casos de pessoas infectadas a cada ano — mais de 90% em países africanos —, e um número de mortes entre 1 e 1,5 milhão. O parasita da malária atinge maioridade sexual — quando se torna capaz de infectar humanos — com 10 a 14 dias.

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O mosquito infectado pica o homem e transmite, através da saliva, esporos do protozoário, que atingem a corrente sanguínea.

2

Os esporos passam a se desenvolver no fígado do enfermo.

O mosquito pica um ser humano infectado e carrega os gametócitos, o que reinicia o ciclo.

6

Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, certas formas se diferenciam em estágios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem.

5

Os glóbulos vermelhos se rompem e liberam mais merozoítos.

O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio, sendo de 8 a 12 dias para P. falciparum, 13 a 17 para P. vivax e 28 a 30 dias para P. malariae.

3

Em um prazo de uma a três semanas, dependendo da espécie do Plasmodium, os esporos começam a se multiplicar para formar merozoítos.

4

Os merozoítos se multiplicam por divisão binária, até que são liberados na circulação e atingem os glóbulos vermelhos.

Fonte: Manual de Terapêutica da Malária / Colaboração de Agostinho Cruz Marques [et al]. Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. 2001


em locais telados, quando possível usar mosquiteiro — e verificar se não há furos ou nenhum inseto em seu interior — e evitar dormir encostado em sua tela. Durante atividades ao ar livre, vestir roupas compridas de cores claras e nunca usar perfumes, especialmente com fragrâncias adocicadas, que atraem o mosquito”, adverte. Os sintomas podem variar, tais como mal-estar, cansaço e dores fortes de cabeça e musculares no início, seguidos de febre, que se caracteriza por alternar entre calafrios e calores intensos acompanhados de muito suor. Vômitos, anemia e forte debilidade física também podem ser apresentados. Embora a sintomatologia pareça alarmante, a malária tem tratamento e apresenta poucas chances de letalidade se diagnosticada precocemente. Dessa forma, o mais importante para quem se dirige às regiões onde a doença ocorre é se informar e, ao retornar, procurar um médico caso se sinta mal. Veja a seguir algumas informações essenciais para se prevenir.

Incidência Parasitária Anual (IPA) Alto risco: >= 50 Médio risco: 10 a 49 Baixo risco: 0,1 a 9 IPA = 0 Área não endêmica Fonte: Manual de Terapêutica da Malária / Colaboração de Agostinho Cruz Marques [et al]. Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. 2001

Hoje, a malária está restrita à Amazônia Legal (AM, PA, AC, RO, RD, MT, AP, TO, MA). No resto do País a doença foi controlada, entretanto, existem casos vestigiais. Extingui-la é difícil devido à impossibilidade de exterminar o mosquito Anopheles.

Mitos • O mosquito transmissor só habita proximidades de águas claras: ele depende da água para sua reprodução e tem preferência por águas limpas e calmas, no entanto, pode ocorrer em situações contrárias. No Nordeste, por exemplo, onde ainda há alguns casos da doença, reproduz-se, sobretudo, em poças de água. • As picadas só ocorrem dentro de habitações: é comum que a transmissão se dê dessa forma, mas o fator determinante é a água, logo, a picada pode acontecer ao ar livre, em margens de rios ou em embarcações. • Há medicamentos que provocam sudorese com odor forte — à base de alho, por exemplo — capazes de espantar o mosquito: a eficácia desse método carece de comprovação científica. • Contrair malária uma vez traz imunidade: a doença possui diversas variedades, de acordo com a espécie de protozoário que a causa. Mesmo assim, é possível se infectar mais de uma vez com a mesma variedade. Porém, quem já a contraiu antes possui menos chances de desenvolver a forma que apresenta maior taxa de letalidade.

Verdades • A doença não representa risco se diagnosticada rápido e medicada de acordo com a espécie infectante: ao sentir os primeiros sintomas, o infectado deve procurar atendimento e informar que esteve em áreas de transmissão para acelerar o diagnóstico e facilitar o tratamento. • Não há vacina para malária: mesmo assim, pode ser evitada, e seu tratamento é simples. • O mosquito fica mais ativo à noite, do crepúsculo ao amanhecer: isso não elimina o risco de ser picado em outros horários. • As áreas de ocorrência da malária correspondem à de doenças como febre amarela e dengue: estas também são transmitidas por picadas de mosquitos e com sintomas semelhantes, por isso, se sentir algum sintoma ao retornar de um desses locais, não se medique sozinho e procure o médico. • A malária não é contagiosa: a única forma de contraí-la é ser picado por um mosquito infectado, que injeta na corrente sanguínea da vítima o protozoário carregado em sua saliva. Por se alojar no sangue, o Plasmodium pode ser transferido também através de seringas reutilizadas.

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[ tralha pesada ]

O bem-resolvido

Grand Bass 19 O novo lançamento da Bass Boat é o mais sedutor dos superboats destinados à pesca espor tiva da atualidade Da redação l Fotos: Eribert Marquez l Arte: Gabriel Dezorzi

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A

pesar de nos acharmos bem preparados para ver o mais novo lançamento do estaleiro de Curitiba, o primeiro contato visual com o Grand Bass 19 nos surpreendeu. Ao repararmos em suas linhas, pintura, acabamento e, claro, em seu tamanho, foi difícil evitar o sentimento de cobiça. À primeira vista, ele causa a sensação de ser menor do que de fato é. Entretanto, seus 5,46 metros — ou 19 pés —, quando analisados de dentro, surpreendem pelo tamanho da grande área destinada à pesca, assim como pelo conforto que propicia a seus ocupantes. Ao ser observado mais atentamente, em especial a sua popa, o musculoso motor de 200 Hp, em perfeita harmonia com o casco, não deixa dúvidas de que estamos a bordo de um barco diferenciado. Segundo o fabricante, foram dois anos de projeto e exaustivas horas de teste até chegar o dia de colocar o modelo definitivo nas águas da represa de Serra da Mesa, em Goiás, para a avaliação de seu comportamento. E nós, da ECOAVENTURA, tivemos o privilégio de ser a primeira Revista a testá-lo. Com fortes rajadas de vento, acionamos o motorzão, curtimos seu ronco cadenciado até que atingisse a temperatura adequada e, devagar, abandonamos a parte abrigada da represa. Enquanto aguardávamos o momento de chegar ao lugar onde poderíamos acelerar a máquina, os olhos

O projeto bem-resolvido evita que a popa seja invadida por ondas durante paradas bruscas — o desconfortável backwash

mediam a grande área do novo modelo destinada à pesca, além da multiplicidade de compartimentos projetados para o bem-estar de seus ocupantes. Há lugar para guardar tudo enquanto se navega — varas, caixas de iscas, bebidas, bateria —, e, como esse espaço é embutido, a plataforma de pesca fica livre para brigas memoráveis. As poltronas do piloto e do copiloto estão mais confortáveis, e o melhor é que o espaço entre eles agora é maior — detalhe importante quando se tem na outra ponta da linha um peixe que exige do pescador muitas caminhadas entre a proa e a popa do barco. Já em águas abertas, as primeiras milhas causaram a sensação de estarmos a bordo de um barco de luxo, que, para ser curtido, precisava de uma ‘tocada’ comedida. Entretanto, quando afundamos o manche, o lobo em pele de cordeiro acordou, as

A estabilidade com o barco parado é outro ponto alto: ainda que tenha três pescadores no mesmo lado, o casco não aderna

costas colaram no banco e foi impossível não ter a sensação de estarmos ao volante de um carro superesportivo, no qual os comandos são justos e diretos. O ponto alto do teste foram as provas de aceleração e velocidade. Testamos dois hélices de aço inox, um Fury Mercury passo 25, e outro com passo 26. Com o segundo sentimos que o equilíbrio ficou mais próximo do ideal. Quando o conta-giros alcançou os 5.500 RPM, atingimos a impressionante velocidade de 74 MPH. Outra marca excepcional foi o tempo para o planeio: míseros 3,8 segundos, obtidos aos 2.500 giros, a 45 km/h e com quatro a bordo — quase um novo recorde mundial. Em velocidade de cruzeiro (50 MPH, 4.200 giros), ele também se mostrou surpreendentemente econômico: mesmo com o motor em período de amaciamento, com giro de 4.200 RPM, o consumo foi de 35 litros por hora com quatro a bordo. O comportamento do Grand Bass 19, empurrado por um motor Mercury 200 Hp Optmax, é fantástico, e a potência é quase ignorância. A estabilidade em altas velocidades é marca registrada desse estaleiro, mas, nesse modelo, eles se excederam. A tal ponto que, durante o teste, seu condutor ousou fazer três cavalos-de-pau para enfatizar essas virtudes. Estava tão gostoso navegar com essa máquina que quase nos esquecemos de testá-la no cenário para o qual foi projetada — a pescaria.

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[ tralha pesada ]

Caixa térmica Viveiro com aerador Suporte para bateria do motor de popa

Caixa seca Rampa de vara Mercury 200 Hp Optmax

Poltrona giratória da popa

Serviço

caixa seca removível A Bass Boat entrega seus barcos já regulados e com o hélice correto. Tel.: (41) 3029-0512 / 9602-0320 (Juarez) Site:www.bassboat.com.br E-mail: bassboat@bassboat.com.br

Porta-latas/copos ao lado dos bancos 90

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Dois porta-luvas com chaves

Grand Bass 19 Ficha técnica

Poltrona giratória da proa • Comprimento: 5,40 metros • Largura: 2,30 metros • Peso: 480 kg

Caixa seca

• Tanque combustível: 105 litros • Motorização: 135 Hp a 250 Hp • Velocidade máxima: 135 Hp/56 milhas — 225Hp/80 milhas

Dois porta-varas

Caixa com suporte para baterias

Motor elétrico de pedal

Painel com espaço para seis relógios mais computador de bordo e sonda com GPS de até cinco polegadas

Mini console na proa (para sondas e comandos como controle de viveiro e trim do motor)

Porão com acesso às bombas


Foto: arquivo ecoaventura

foto: homero chapa / sxc

radar

Flora ameaçada Estudo revela que as plantas também sofrem grande ameaça de extinção, o que resulta em perda de biodiversidade. A pesquisa foi realizada pelo Royal Botanic Gardens de Kew, pelo Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, e pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e revelou que a extensão da ameaça às plantas no mundo é mais preocupante do que se imaginava, com cerca de 380 mil espécies. Se comparada com outros seres vivos, a flora corre menos risco que anfíbios e corais, mais que as aves e empata com os mamíferos. Os habitats considerados sob maior perigo são as florestas tropicais, como a Amazônia, e a maior causa para esse quadro é a modificação do ambiente natural por ação humana.

Foto: Divulgação Acqua Mundo

Entre tubarões

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Queda recorde em

desmatamento na Amazônia Medições realizadas entre agosto de 2009 e maio de 2010 pelo Deter — sistema de detecção de desmatamento utilizado pelo Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) — indicam uma redução de 47% no índice de deflorestamento amazônico, o melhor resultado desde que se iniciaram as medições, em 1988. Mesmo assim, foi constatado o corte de 1.567 quilômetros quadrados dessa floresta, uma área maior que a cidade de São Paulo. Para oficializar os dados ainda é necessário contabilizar as medições de junho e julho, que costumam apresentar os maiores índices, pois o desmate se intensifica após o fim do período chuvoso. Além disso, a ferramenta utilizada não é a mais exata e não consegue avaliar terrenos com menos de 50 hectares (meio quilômetro quadrado), por isso, a comunidade científica ainda aguarda a análise do Prodes, outra ferramenta que mede a taxa oficial divulgada no final do ano. Novamente o Estado A queda é resultado do aumento do Mato Grosso lidera como o maior de fiscalização e de medidas desmatador, seguido punitivas, como o corte de crédito a pelo Pará desmatadores e embargo da produção em áreas de abate ilegal de madeira.

O maior aquário da América Latina traz uma nova atração. O Acqua Mundo, localizado em Guarujá-SP, abriu para visitação um novo tanque de 18 mil litros capaz de transmitir a sensação de estar entre os tubarões sem se molhar. Isso porque o aquário fica suspenso e possui, abaixo dele, um compartimento acrílico pelo qual o visitante coloca a cabeça para visualizar 13 tubarões-bambu em 360 graus. Os animais nasceram no fim de 2009 e medem de 20 a 80 centímetros. O espaço suspenso entre o tanque e o chão mede 1,35 metro de altura, por isso é mais adequado para crianças. Mas adultos também podem aproveitá-lo. Além dessa atração, o Acqua Mundo apresenta oito mil exemplares de 235 espécies de peixes de água doce, como o Pirarucu, o Tambaqui e a Pirarara, de água salgada como os Tubarões-lixa, Raias e Meros, além de lobos-marinhos, jacarés do Pantanal, aves aquáticas — como o pinguim de Magalhães —, uma cobra píton e uma tartaruga albina.


Foto: yogesh narula / sxc

A queda dos níveis de água de diversos rios no Brasil gerou grande preocupação, sobretudo de que ela chegasse a quebrar recordes em algumas áreas do País. O Greenpeace relatou municípios em estado de emergência no oeste do Amazonas devido à vazante, no entanto, já voltou a chover na região, e os leitos dos rios já voltaram a encher. Gráficos produzidos pelo CPRM (Serviço Geológico Brasileiro) indicam que, em algumas localidades, a situação se aproximou bastante de anos que tiveram secas mais intensas, mas no início de outubro o quadro começou a se reverter. Para sanar os problemas que chegaram com a vazante desse ano, o governo prometeu R$4 milhões. Mas ainda não houve investimentos para políticas estruturais voltadas à região.

Desenvolvimento sustentável

Foto: gerard79 / sxc

Seca não foi a pior

A ONG WWF-Brasil divulgou estudo que busca opções para o crescimento econômico e exploração da agricultura sem que haja degradação do meio ambiente. O documento intitulado “Impacto do Mercado Mundial de Biocombustíveis na Expansão da Agricultura Brasileira e suas Consequências para as Mudanças Climáticas” prevê que, nas condições atuais, o Cerrado perderá cerca de 10 milhões de hectares nos próximos dez anos devido à produção de cana-de-açúcar e grãos. A solução proposta é que o cultivo destinado a biocombustíveis seja ampliado apenas em pastagens degradadas, e que as áreas de agricultura já estabelecidas ampliem sua capacidade. Assim, haveria um melhor aproveitamento dos 200 milhões de pastagens no Brasil, pois apenas 70 milhões deles encontram-se produtivos atualmente. Para tanto serão necessárias políticas de aumento da produtividade em áreas já cultivadas, valorização e ampliação do mercado de produtos responsáveis e sustentáveis e incentivo às atividades econômicas exequíveis em áreas de floresta nas propriedades rurais, como o extrativismo sustentável e o pagamento por serviços ambientais.

ilustração: jaylopez / sxc

Moda verde

Com a crescente preocupação com o meio ambiente, a conservação se tornou um modismo em alguns setores. A própria moda, por exemplo. O que se iniciou com meras camisetas que estampavam símbolos da preservação — como as três setas que representam os materiais recicláveis —, mas que não traziam nenhuma mudança em sua fabricação, hoje se apresenta como um mercado voltado para produção sustentável. Um bom exemplo é a medida adotada nos Estados Unidos com a criação de regras rígidas que normatizam o uso do Selo Green — que atesta o uso de processos de produção menos nocivos — pelas grifes. As “semanas de moda verde” também se popularizaram, o que tem contribuído para que cada vez mais marcas invista nesse tipo de produtos.

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Verbo Por: Antonio Carlos Cravo

Taxa de“Turi$mo” é cobrada em Barcelos A notícia da recente e inusitada taxa de turismo instituída pelo prefeito de Barcelos, sr. José Ribamar Beleza, a ser cobrada de quem visita o município — em nosso caso, como pescadores, uma ilegítima bitributação, visto que já pagamos a licença de pesca com validade em todo território nacional — fezme lembrar de, quando ainda sargento na brigada paraquedista, num exercício de “fuga e evasão” (noturno) do estágio de combate em selva para cabos e soldados, um cabo auxiliar dos instrutores e monitores corria gritando pela mata:

— ”Quem pode mais chora menos!” Não seria o mesmo caso agora? De que adianta a legislação federal se o prefeito pode se arvorar do direito de legislar em causa própria ao cobrar uma taxa diária de R$38,71 de pescadores que, em caso de uma pescaria normal de sete dias, ao se considerar a chegada e a saída, irá lhes custar mais R$230,97 — verdadeiro absurdo, não maior que a obrigatoriedade de comparecer ao CAT (Centro de Atendimento ao Turista), na chegada e na saída, onde pagarão a taxa correspondente aos dias de sua permanência e, como verdadeiros meliantes, serão “fichados” e “marcados” com uma indefectível pulseira verde, que certamente os deixará vermelhos de vergonha. E ai deles se, por acaso, ou por qualquer motivo, forem encontrados sem a dita cuja: serão multados em R$500 na primeira vez e em R$1.000 na segunda, depois, quem sabe, numa estranha progressão, os infratores não possam também ser presos por “desacato à autoridade”. Já pensaram se o exemplo pega, e o prefeito de Santa Isabel, gostando da ideia, resolve fazer o mesmo e passar a taxar também os pescadores de uma maneira mais técnica e que, segundo ele, atenderia às necessidades básicas do município, tais como: taxa de desembarque no aeroporto R$51; uso das instalações do porto para embarque R$11 por pescador, subida ou descida do rio, conforme a piscosidade R$360 por barco/dia. E como tudo que pode piorar piora, o prefeito de Manaus poderia também taxar a navegação no “encontro das águas”, as visitas ao Teatro Amazonas, ao Mercado Municipal e a pesca

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na represa de Balbina, onde Tucunarés com pesos maiores que cinco quilos seriam taxados em R$50 por exemplar; poderia, também, verificar com sua assessoria jurídica a possibilidade de cobrar do Governo Federal uma taxa pela purificação do ar feita pela Floresta Amazônica a ser paga por todos os brasileiros que respiram.

PS: Sem muitas outras possibilidades, o prefeito de Itacoatiara poderia taxar a venda de gelo na nova fábrica do município ou, quem sabe, até a visita ao novo porto, mesmo daqueles que não os utilizem.



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