A d o c e v a m p i r a Ca c h o r r a l P e s c a e t u r i s m o e m Ma d a g a s c a r l I s c a s d e f u n d o l P e s c a d o s r e d o n d o s l Ca i a q u e n a A m a z ô n i a
muita ação e exuberância na isolada ilha africana
A alta eficiência das iscas de fundo
Ano II - Edição 15 R$12,90
ecoaventura - E d i ç ã o 1 5 - d e z e m b r o d e 2 0 1 0
Especial Madagascar
DVD Grátis
Amazônia e caiaque:
uma combinação perfeita
BILÍNGUE
Cachorra: um afiado desafio na cheia
“ r e d o n d o s ” c o m o u s e m s o r t e l E n t r e v i s ta c o m Pat r í c i a e M a u r o N a v e s l a a u r a d e u m r a n c h o d e p e s c a
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Rua Anhaia, 1.180 - 3º andar Bom Retiro - São Paulo - SP
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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado e Wilson Feitosa Diretor comercial Roberto Véras rveras@grupoea.com.br Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Redação Laercio Vinhas Jr. Nathalia Viana (estagiária) Tradutor David John Arte Gabriel Dezorzi, Marcello Binder e Paula Bizacho Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição Alexandre Andrade, André Correa Carvalho, Antonio Carlos Cravo, Denis Garbo, Fernando de Santis, Geraldo Petersen, Juliano Salgado, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado e Wilson Feitosa Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.
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Sonhos de verão A pesca esportiva em muitos aspectos se assemelha a um jogo. Há quem entre no duelo para, invariavelmente, ganhar: quanto mais peixes fisgados, maior a cesta da satisfação. Outros pescadores contentam-se tão somente em participar dele — e se o passatempo resultar em vitória, ponto ganho! Para um e para outro, o fictício campeonato encerra-se no final do ano, época de contabilizar a pontuação obtida na planilha de objetivos e resultados alcançados. Assim, junto com o calor do verão irradia o momento de reorganizar as metas para o próximo ano. Como inovar no jogo seguinte? O que é preciso aprimorar nas futuras pescarias? Se o diferencial for alcançar melhores resultados, quem sabe o segredo não seja investir em técnica e equipamentos: que tal trocar a carretilha, adquirir um barco mais potente ou simplesmente turbinar a caixa de iscas? Já pensou em aprender novas modalidades? Deixar de lado as ideias preconcebidas a respeito do fly, por exemplo, apresentará a você novas leituras sobre o comportamento dos peixes: o que comem, onde estão agindo, qual o horário correto para testar a mosca certa etc. Por que não fazer de 2011 um marco para iniciar novas aventuras? Por exemplo: começar embarcando em um caiaque para ser rebocado por um gigante esportivo — de couro ou de escamas — nas águas continentais e, até mesmo, apaixonar-se perdidamente à primeira remada. No mar, opções também não faltam para inovar: deixe de lado o medo do enjoo e sinta como é bruta e gratificante a pesca vertical. Aventure-se nas águas azuis e prove a força de um peixe de bico, nem que seja somente uma vez na vida. Aproveite a cheia amazônica e sinta a emoção de pescar Bicudas, Cachorras, Matrinxãs e Apapás etc. até que a nova temporada de pesca em busca de Tucunarés reinicie. Acompanhado da família, vá a lugares aprazíveis, descubra praias, infiltre-se na cultura, prove os sabores, experimente as manifestações culturais, desfrute as emoções e a adrenalina dos lugares mais incríveis de nosso País e do mundo. Com tantos cenários paradisíacos, roteirizar uma única viagem dos sonhos fica até difícil. Mas não desanime: com um mapa nas mãos, eleja os peixes preferidos ou o lugar que quer compartilhar com os entes amados, verifique a temporada e a região respectiva — você terá 365 dias para tentar cumprir o objetivo. E, para que cada peça desse tabuleiro seja registrada passo a passo, não se esqueça de aperfeiçoar seus equipamentos e conhecimentos fotográficos — afinal, belas fotos têm o poder de reeditar grandes emoções e aventuras. Delírio? Desejos inalcançáveis? Não importa. Todos esses sonhos codificados delineiam-se nas 1.200 páginas anuais de conteúdo exclusivo oferecido por esta Revista. Pelo segundo ano, a ECOAVENTURA indica novos rumos e caminhos. Com um guia destes, o pescador que entrar nesse jogo de adrenalina reescreverá o ditado: “Um dia do peixe, muitos do pescador”. Boas festas e muitas emoções em 2011! Equipe ECOAVENTURA
Edição 15 — dezembro de 2010
[ índice ]
Especial Madagascar aventura
20
um paraíso perdido
A ilha que mantém intactas grandes riquezas no mar e na terra
36
turismo
mistérios insulares
14
técnica
Caiaque na Amazônia Uma aventura perfeita!
44
10 Entrevista As histórias de Patrícia e Mauro Naves
66
56 Meio ambiente O rio paulistano ganhará nova vida? 66 Técnica Iscas de fundo - os modelos que oferecem alta eficiência em água doce
78 Simples assim A natureza de um rancho de pesca 84 Técnica Pesqueiro - dicas para fisgar “redondos”
84
90 Mulher A paixão pelo fly
capa (bilíngue) Cachorra
A vampira das cheias brasileiras
Seções
06 Correspondência 08 Correio técnico 64 Folhas, flores e frutos Guaraná
74 Radar 76 É o bicho Tartaruga-de-couro
94 Verbo Pesque-pague
96 Classificados 98 Cupom (DVD)
correspondência
fotos: arquivo ecoaventura
Turismo sustentável Preservação e turismo são duas palavras que deveriam andar lado a lado, mas parece que as autoridades brasileiras não ligam para esse fato. Na minha concepção, turismo sustentável é o que está sendo feito na Argentina e na região de Cáceres-MT, onde a matança do Dourado é proibida. Nossos vizinhos “hermanos” estão anos à nossa frente, e os resultados estão sendo colhidos. Milhares de pescadores brasileiros lotam as pousadas de lá, pois, em Esquina, Dourados de até cinco quilos são pegos tal qual o Piau em nosso Pantanal. Há notícia de mais de 50 unidades fisgadas por um pescador em apenas um dia — e não se trata de história!
Matérias bilíngues Venho com muita satisfação elogiar a edição 13, de outubro de 2010, na qual estão publicadas reportagens em duas línguas — português e inglês. Agradeço aos tradutores, D. John e Fabiana Caso. Excelentes matérias. Essa é a primeira vez que leio a Revista e fiquei surpreso com a qualidade desses textos bilíngues. Se continuar assim, faço a assinatura, pois sou apaixonado por pesca. Essa inovação fica mais interessante e emocionante, atravessando as fronteiras do esporte, da língua e das aventuras. Parabéns e até a próxima edição, que espero continuar em nossa língua tupiniquim com traduções em inglês. Emanuel Rodrigo Alves de Souza — Goiânia-GO
Gilvan Oliveira de Almeida — por e-mail
Calçados corretos para pescar e se exercitar. Parte 2 Resposta do Dr. Nemi Sabeh Junior — membro da comissão médica da Seleção Brasileira Feminina de Futebol e responsável pela equipe de treinamento do pescador Fábio Barbosa — à carta do leitor publicada na edição passada, cujo trecho inicial é: “Notei na edição 13, na matéria “Exercícios para fisgar gigantes”, em que o pescador demonstra alguns exercícios mais específicos para gerar benefícios durante a prática da pesca, que Fábio Barbosa está utilizando um calçado que, de modo algum, é apropriado para tal prática.” Concordo com o colega em dois aspectos. O crock não foi feito para realizar esportes devido à falta de adesão ao pé, elasticidade e entressola (região posterior do calçado). Na pescaria, seu uso foi aceito pelas condições que enfrentam os pescadores no que diz respeito à água e à posição fixa ao solo, isto é, sem mudanças de direção, saltos ou corridas. Além disso, o crock tem aberturas que secam rapidamente o pé, o que evita algumas doenças dermatológicas. No treinamento com levantamento de peso, como o powerlifting, o atleta usa sapatilhas ou alguns calçados sem elevação exagerada da entressola. O mesmo ato de movimento esportivo é realizado na pesca esportiva, como dito na entrevista. Usamos, então, roupas e principalmente calçados adequados ao treino e o mais
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parecido possível, de forma a facilitar seu uso na prática esportiva. Por esse motivo, indico as chuteiras no futebol e as sapatilhas com travas para o atletismo. Quanto ao tênis ideal para cada tipo de pisada, vale salientar que ele é de indicação do médico especialista e não dos lojistas. Estudos nos demonstram que a utilidade de amortecedores não é cabível, pois diminuem a propriocepção dos sensores plantares do pé e sua disposição adequada ao solo. Um exemplo são os quenianos, que correm descalços.
ÁGUA SALGADA É com grande empolgação que parabenizo a equipe da Revista pelas duas maravilhosas reportagens sobre o “Tucuna” e o Atum-azul (edição 13). Fiquei estático com as imagens e com tantos detalhes técnicos, ainda mais quando há duas opções: para ler e assistir. É também uma imensa satisfação saber que um dos ícones da pesca, Rubinho de Almeida Prado, está junto com vocês. Gostaria de saber se existe algum meio de adquirir as edições passadas, pois minha imaginação foi a mil para saber sobre o que ficou pra trás! Julio Cesar Ferreira — Ouro Preto-MG
Caro Julio, Nossa equipe agradece o reconhecimento pelo trabalho. São manifestações como a sua que turbinam nossa vontade e nosso compromisso em editar um produto cada dia melhor e com mais detalhes. Para adquirir as edições e DVD’s anteriores, envie e-mail para atendimento@grupoea.com.br, e você receberá as orientações necessárias para ser um de nossos colecionadores! Grande abraço!
ECOAVENTURA MIRIM Gostaria de expressar a nossa admiração pelo excelente trabalho apresentado no encarte “Ecoaventura mirim”, da edição 13. Além de os textos nele presentes estarem à altura das crianças, os desenhos simplesmente “falam” por si. Possuem muita expressão lúdica subliminar, de maneira a criar em nossas crianças — futuro de nossas matas, florestas, rios, lagos, oceanos — um senso de preservação. Deposito minhas esperanças para a continuidade desse maravilhoso trabalho. Shiro Sasaki — por e-mail
Errata cartas Envie sua carta para:
redacao@grupoea.com.br
Na coluna “Verbo”, da edição 14 (novembro), pág. 94, a foto utilizada é de Thiago Felipe Festa/SXC.
correio técnico Líder, como fazer? Pretendo começar a usar líderes de fluorcarbono para pescar Tucunarés nas represas do sul de Minas Gerais. Qual libragem e quantos metros para isso? Eduardo Nemes e Cláudio Silva — Montes Claros-MG
Normalmente, o líder para esse tipo de pescaria é feito com linhas de fluorcarbono de até 40 libras (18 quilos) e tamanho equivalente ao comprimento da vara. Com linhas de multifilamento finas, pode ser menor — de 20 a 50 centímetros. Isso porque, além de ajudar no trabalho da isca, também evitam que o multifilamento lace as garateias. Vale lembrar que o líder serve para melhorar a resistência à abrasão tanto nas estruturas como nos dentes e serrilhas dos peixes.
Números indecifráveis Comprei uma carretilha da Marine Sports e estou muito satisfeito. Porém, sou novato com esse tipo de equipamento e não sei o que significa o tal de high speed de 6.3:1. Poderiam explicar o que querem dizer esses números? Nélio Justo — Poá-SP
Esses números são referentes à velocidade com que a carretilha recupera a linha, ou seja: 6.3 é a quantidade de voltas que o carretel dá a cada manivelada.
Qual a melhor época? Estamos organizando um grupo para realizar uma pescaria de “bocudos” nas águas do rio Negro. No entanto, como nunca fomos para essa região, gostaríamos de saber qual é a melhor época para programarmos nossa viagem? Nelson Freitas — Umuarama-PR
Prezado Nelson, Sua pergunta é difícil de ser respondida, sobretudo com relação aos últimos anos, quando o ciclo de seca e chuva tem se alterado constantemente. O que podemos dizer é que a temporada no alto rio Negro começa em outubro — época na qual os rios geralmente ainda estão bem cheios — e termina em março, quando ocorre o auge da seca, e os barcos não conseguem mais atingir os melhores pontos de pesca. Em função do exposto, acreditamos que, entre janeiro e meados de fevereiro, seja o período com menor risco de ocorrer imprevistos, como os repiquetes (quando as águas sobem subitamente).
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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Troca de vara Tenho uma carretilha Scorpion MG montada em uma vara Hércules de 17 libras da Intergreen, um conjunto que considero show. Mas, pesco com iscas muito leves e estou pensando em trocar essa vara por modelo idêntico, só que de 14 libras. Essa troca irá facilitar os arremessos? Depois disso, será possível trabalhar normalmente iscas de superfície mais pesadas, como uma Z-90, Fire Stick, Magic Stick e outras de porte e tamanho semelhantes? Pedro Trevisan — Cabo Frio-RJ
A diminuição na libragem da vara vai melhorar consideravelmente o arremesso e, após uma pequena adaptação, será possível trabalhar as iscas citadas sem maiores problemas. Já o modelo Hércules, citado por você, saiu de linha e deu lugar a Tiger Power, que, além de mais resistente e atual, tem preço idêntico.
Edição 7
Edição 4
“O pesque e so nós somos a lte é fundamental, po is na dela, tratam tureza. Ao cuidarmos os bem a no ssa vida.” riachinho, m u m e r a pesc “Depois de Você delira e começa o. não tem jeit reza.” atu Sérgio Reis a amar a n
Antonio C alloni
Edição 2
Edição 6
“Vejo a pesca co mo técnica e concentr um esporte de ação, mas també m como uma terap ia.” Gustavo Sarti
ng para i m i t m u o ria é com ção em que a c s e p A “ a os de agit e.” t n e m o m t os stantemen ian & Giovani n o c s o m e G viv
Eles já mostraram em nossas páginas por que são
pescadores inveterados pescadores new.indd 1
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entrevista l Patrícia e Mauro Naves
Lá vem história! Patrícia e Mauro Naves — ela atriz consagrada, ele jornalista esportivo — adoram pescar em família. Para o casal, trata-se de um exercício de paciência e relaxamento. Quer terapia melhor? Acompanhe este divertido bate-papo que nossa equipe fez com o casal em seu apartamento, com direito à sessão de fotos antigas, muitas gargalhadas e deliciosas histórias Por: Laercio Vinhas l arte: Gabriel Dezorzi
ECOAVENTURA:: Como surgiu essa
Foto: Henrique Feitosa
paixão na vida de vocês? Patrícia: Cresci ouvindo meu pai falar sobre esse assunto. Para se ter uma ideia, quando meus dois irmãos mais novos nasceram, ele estava pescando. Pescar era motivo de reunião para minha família inteira. Todos juntos na canoa rendia os papos mais ridículos e as histórias mais maravilhosas. Depois, quando
me casei, introduzi o Mauro na pesca. Mauro: O meu gosto pela pesca também veio de meu pai, que era um grande pescador e adorava caça. A gente ia muito ao rio Mogi-guaçu, onde tem a cachoeira das Emas. Meu primeiro Mandi e Piau foram fisgados na minha infância em Pirassununga-SP. Quando nos mudamos para Brasília, a primeira coisa que meu pai fez foi comprar um sítio na beira do São Bartolomeu. Todo fim de semana ele ia para lá, e eu também, com ou sem vontade. Aí sou obrigado a desmentir a Patrícia sobre ela ter me ensinado a pescar. Patrícia: Eu é que despertei o gosto, vai? Mauro: É que, quando vim para São Paulo, parei de praticar, mas, ao conhecer a Patrícia, vimos que tínhamos uma infância muito parecida, e percebemos várias coisas em comum. Por isso, corrijo-a: ela me reintroduziu à pescaria.
EA: Em qual momento começaram a pescar juntos? Patrícia: Quando me casei com o Mauro, a gente começou a frequentar os pesque-pagues, até que ele me levou para o Pantanal. Aliás, fui traída! Ele havia prometido que a primeira viagem para lá faríamos juntos, mas ele foi antes com os amigos... Mauro: A história verdadeira é que estava com meu primo e uns amigos em um rancho próximo de Uberaba-MG quando começamos a falar sobre pesca no rio Paraguai. Reclamei com eles que nunca havia tido tempo para preparar uma viagem descente para lá. Ambos se entreolharam e propuseram: “Por que não vamos esta semana?” Perguntei se 10
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estavam loucos. Como um amigo deles tinha um aviãozinho monomotor, acertamos tudo. Aí, tive de ir pra lá sem a Patrícia, entendeu? Ela ficou com raiva e diz que a traí. Mas não tinha lugar no avião, nem acomodação, era tudo muito improvisado e, apesar disso, foi muito legal.
EA: Vocês costumam pescar com os filhos? É algo frequente? Mauro: Não temos muita oportunidade de viajar com esse intuito por conta do meu trabalho. Por isso, curtimos essa paixão muitas vezes nos pesque-pagues aqui no entorno de São Paulo. Patrícia: Levamos os filhos que moram conosco. O menino, Maurício (10 anos), é apaixonado por pesca, já a minha menina, Raíssa (15), não. Ela leva o filtro solar, a sombrinha, o livro, a toalha e fica lá. Como os dois adoram dormir no pesqueiro, a gente consegue ficar até a noite. Minha filha mais velha, que hoje tem 25 anos e mora em Portugal, gosta.
“Me emocionei bastante quando fisguei meu primeiro Pintado! Meu pai já havia morrido fazia alguns anos. Gritei muito: ‘Pai! Pai! Peguei! Consegui!’”– Patrícia Naves
Foto: Henrique Feitosa
EA: Você é mineira de Patrocínio e passou a infância perto do rio São Francisco. Há uns 20 anos, antes das barragens, eram encontrados Dourados enormes lá. Você chegou a fisgar alguns? Patrícia: Ali — um pouco acima da hidrelétrica de Três Marias — passei por situações que parecem mentira. Uma vez, fui com meu pai ao rancho de um primo, que havia prometido que íamos nos esbaldar com os cardumes enormes de Pintados e de Dourados. Compramos 12 dúzias de minhocuçu — imagina a
nossa vontade? — e lá fomos nós. Só que a pescaria não estava para minhocuçu, e não pegamos nada. No dia seguinte, acordamos umas 5 da manhã, que era o horário do Dourado. A gente pescou de rodada, ia de canoa, desligava o motor, descia e depois subia o rio de novo. Nesse dia, agarrei um Dourado, que chegou à beirada do barco e deu pra ver aquela barriga amarela linda! Era maravilhoso, enorme! Disparei a gritar, e meu pai ralhou para eu não espantar o peixe. Conclusão: o peixe foi embora, que frustração! Eu retrucava meu pai: “Peixe não escuta!” E ele dizia: “É lógico que sim, ele vê até a sombra da gente na água”. Tentei de novo. Acredita que o anzol agarrou de novo em segundos? Foi um desespero, eu puxava daqui, dali, e não vinha, era uma força danada. Só que meu anzol havia fisgado um galho! Meu pai disse que eu tinha pegado um “peixe-galho”. Enfim, nós não agarramos nada naquele dia. Aí meu primo sugeriu que matássemos um leitão para ter alguma coisa no jantar. Nesse momento inventamos o “peixe-porco”!
Foto: Henrique Feitosa
EA: Como vocês escolhem os pesqueiros? Mauro: Procuro na internet os mais próximos e com maior infraestrutura. Gosto de um da zona Sul de São Paulo, lá em Parelheiros. Tem outro interessante em Itapecerica da Serra e descobrimos um em Guararema, que é muito bom para Pintado. Já dormimos algumas vezes num que fica na Rodovia Castelo Branco, em Mairinque. Aliás, tem dois muito legais nessa região. Vamos há dez anos nesses.
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entrevista l Patricia e Mauro Naves “Em certa viagem aos Estados unidos, entrei em uma loja e quase perdi o treino da seleção brasileira!” Foto: Arquivo Pessoal
– Mauro Naves
EA: E qual a emoção de fisgar um peixe? Patrícia: Ah, a gente vai descobrindo as manhas de cada bicho com o tempo. Me emocionei bastante quando fisguei meu primeiro Pintado! Meu pai já havia morrido fazia alguns anos. Gritei muito: “Pai! Pai! Peguei! Consegui!” Fiz tamanho escândalo que até o segurança do pesqueiro veio ver o que estava acontecendo. Mauro: Esse pesqueiro fica em Águas de São Pedro, perto de Piracicaba-SP. Lembro que achei o site interessante e fomos, só eu e ela, num sábado que chovia torrencialmente em São Paulo. Chegamos lá quase
de noite, estava fechando e o responsável falou que não tinha mais acomodação. Insisti e nos arranjaram um chalé de improviso. Naquela noite, ela pegou o maior Pintado da vida dela. A Patrícia realmente fez um escândalo tão grande que o segurança veio checar se eu estava dando uma surra nela. Patrícia: Como era pesque e solte, tive de devolver pro tanque, e a gente não tinha nem celular com câmera pra registrar aquele momento. Ficou apenas na memória.
EA: Como foi a primeira vez da Patrícia no Pantanal? Patrícia: Era abril, e tudo começou a dar errado já na arrumação das malas. Eu queria levar umas blusas mais grossas, e o Mauro achou ruim. Disse que eu só ia usar biquíni
“Tentamos três pescarias no mar, por sinal todas malsucedidas. Devo ter um pé frio daqueles!”– Mauro Naves 12
ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Na fazenda, em Patrocínio-MG
Foto: Arquivo Pessoal
EA: E pesca esportiva? Vocês praticavam? Patrícia: Não, não. Todo peixe que a gente pegava era pra consumo próprio, a gente comia. Há 23 anos, no interior de Minas, não tinha essa de soltar, mesmo porque não havia essa facilidade de pegar o carro e ir ao supermercado. E tem outra: naquele tempo já se dizia que só existia fartura de peixe no Pantanal. Então, era uma questão de honra trazer algum pra casa.
e que era besteira levar roupa para frio. Pois bem, nós pegamos cinco dias de chuva, com temperatura de 13°C. Sorte que levei uma blusinha de linha, pois foi ela que me salvou. Usei-a todos os dias! Lenço na cabeça, chapéu para segurá-lo e capa de chuva só amenizaram um pouco. E, pior que o frio, não pegamos nada! Cinco dias e nada, absolutamente nada. Inclusive, o único jacaré que vimos foi um daqueles de cativeiro. O nosso anfitrião ficou arrasado, pois tinha chamado o melhor piloteiro da região pra nos acompanhar. Só no dia seguinte peguei um Dourado. Fiquei maravilhada com aquilo, que emoção! Mas tive que soltar, pois tinha dois centímetros a menos da especificação mínima. Pelo menos tirei fotos com ele e o acariciei bastante para ficar com aquela lembrança bem viva na memória.
EA: Você já falou de pesqueiro, de rio, mas e mar? Tem alguma experiência? Patrícia: Já fomos para Cananeia-SP, na ilha do Cardoso.
EA: E no que consiste o equipamento de vocês? Mauro: Minha tralha é meio safadinha, confesso, mas adoro entrar numa loja de artigos de pesca, de onde não consigo sair sem levar alguma coisa, seja um molinete novo ou uma isca diferente. Porém, não precisa ser necessariamente o melhor. Em certa
EA: Por quê? Pode nos dar a receita? Mauro: Antes, a gente comprava a massa pronta, mas os peixes não estavam nem aí pra ela. Morria de raiva de ver os peixes pulando e nada de fisgarem. Comigo a ração só esfarelava ou fugia do anzol. Aí perdi a paciência e resolvi bater a ração no liquidificador com duas bananas, dois ovos e farinha de trigo. Enfim, fiz uma massa que rendeu a melhor pescaria feita lá. Peguei uns 12 Matrinxãs — e o normal seria dois ou três! Patrícia: A minha mãe fica pra morrer
Casal abre as suas caixas para apresentar os equipamentos
Foto: Arquivo Pessoal
EA: Como vocês escolhem as iscas? Mauro: De acordo com cada situação. Por exemplo, lá em Minas, numa outra represa perto da fazenda, se não me engano, a Nova Ponte, tem muito Tucunaré, e é preciso ir para as galhadas com isca artificial. Mas para a represa da fazenda, descobri que, modéstia à parte, a massa que eu faço é a melhor que existe.
Foto: Henrique Feitosa
Foto: Arquivo Pessoal
Mauro: Tentamos três pescarias no mar, por sinal todas malsucedidas. Devo ter um pé frio daqueles! Estudo tudo direitinho: calendário lunar, marés, época do ano, e nada. Já estou cansado de papo de pirangueiro dizendo que em tal região pescou até não poder mais, e, quando vou, nada. Mas é um ambiente bem legal, bem diferente. Adoraria passar um tempo onde se encontre bons e grandes peixes.
viagem aos Estados unidos, entrei em uma loja e quase perdi o treino da seleção brasileira! Tinha muita novidade, iscas artificiais que nunca havia visto na vida! Comprei um monte de coisas. Gosto, por exemplo, de linha multifilamento. Na fazenda da Patrícia, em Minas Gerais, meu cunhado colocou mais de seis mil peixes na represa de lá. Tem muito Pacu e Matrinxã, que são muito ariscos, e se a gente usar alguma isca pesada, eles não vêm, mas, se for leve, arrebentam. Então, a linha é fundamental. Depois que descobri a de multifilamento, minha vida mudou.
“Acho muito legal que cada vez mais gente pratique o pesque e solte. Para quem quer eventualmente trazer, como é o nosso caso, existem os pesque-pagues” – Patrícia Naves quando vê o liquidificador dela sujo com essa massa!
EA: Qual a opinião de vocês a respeito do pesque e solte? Mauro: Há uma matança exagerada e desnecessária de peixes, por isso, a pesca esportiva é muito interessante, principalmente nessa época na qual a preocupação com ecologia está mais presente. Patrícia: Acho muito legal que cada vez mais gente pratique o pesque e solte. Para quem quer eventualmente trazer, como é o nosso caso, existem os pesque-pagues. Mas, na natureza, tem de ser da forma esportiva mesmo. É condenável o cidadão ir pescar no rio sem pagar nada, encher o isopor e depois jogar fora quando chega em casa.
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[ tĂŠcnica l caiaque ]
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&
: uma combinação perfeita Pescar em um lago isolado e de difícil acesso pode render grandes emoções e garantir não só quantidade como qualidade nas incursões. Com um caiaque, essa tarefa, além de fácil, torna-se divertida Por: Rubinho de Almeida Prado i Fotos: Daniel de Brito l Arte: Gabriel Dezorzi
T
odo ano surgem novas estruturas turísticas voltadas à prática de pesca esportiva. E, como os pescadores estão mais exigentes, é natural que esses empreendimentos procurem diferenciar-se — tal qual já vem acontecendo de forma acelerada na Amazônia, já que suas formidáveis dimensões permitem múltiplos tipos de operações, em terra ou na água. Excelentes barcos-hotéis, pousadas aconchegantes e operações exclusivas — como acampamentos selvagens — compõem o rol de estruturas e de programações diferenciadas, que despertam nos aficionados do esporte
o desejo de explorar recônditos que resguardam os grandes troféus amazônicos. Entretanto, o crescente aumento na oferta (e também na procura) de lugares com esse perfil tem levado os pescadores a viverem aventuras desconfortáveis, uma vez que o leito navegável dos principais rios é explorado além do suportável. Assim, visualizar peixes de bom porte saltando, quase caindo em nosso colo, são cenas cada vez mais raras. Por isso, tornou-se comum ter de arrastar embarcações pesadas por trilhas longas e extenuantes em meio à mata para encontrá-los.
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[ técnica l caiaque ]
A espécie presente na bacia do Sucunduri (Cichla pinima) pode ultrapassar 10 Kg de peso
Em uma de minhas últimas viagens ao rio Sucunduri, na Amazônia, pude vivenciar a experiência de pescar a bordo da mais recente opção capaz de nos permitir acessar e pescar nesses lagos sem empregar grande esforço físico. Embarcado em um caiaque de dois assentos — e com
um guia experiente para conduzir e localizar os peixes —, foi uma grata surpresa descobrir o quão prazeroso e diferente é aventurar-se nesse tipo de embarcação, a começar pela mudança de perspectiva. Ao ficarmos praticamente no nível da água, a visão do cenário em um plano mais baixo
é notadamente alterada, e a pintura desenhada é de muito bom gosto. Outro aspecto de destaque é a integração com o ambiente, já que o silêncio só é quebrado pela própria natureza. Sem contar que os arremessos ganham em precisão e podem ser acompanhados visualmente: o trajeto da isca, sua queda na água, o ataque do peixe e o duelo ganham ingredientes especiais que nos colocam em perfeita comunhão com a situação.
Fator emoção
O arremesso preciso é fundamental para o sucesso nesse tipo de pesca 16
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Divertido! Esse adjetivo cai bem para descrever as nuances desse tipo de pescaria. Isso porque qualquer peixe médio consegue arrastar o caiaque, que, pelo pouco peso, é levado de lá pra cá, exceto ser for posicionado de lado — perpendicularmente ao peixe — para aumentar o arrasto na água. Entretanto, essa manobra exige perícia do remador, uma característica comum à maioria dos guias de pesca. O equilíbrio e sintonia com o pescador é outro ponto vital. Um precisa compensar o parceiro de forma natural para evitar dispersão e sobressaltos.
O peso de um caiaque, bem menor que de um barco de pesca convencional, possibilita buscar ĂĄreas mais isoladas, que podem ser palco de momentos inesquecĂveis
[ técnica l caiaque ] Equipamentos utilizados
• Caiaque Orca (Caiaques Lontras)
Pesca convencional • Vara de ação média para linhas até 17 libras ( 8 quilos) com 5’6’’ de comprimento
• Carretilha compatível com a vara, capacidade para cerca de 100 metros de linha e alavanca que transmita segurança com exemplares de bom porte
• Linha de multifilamento com resistência de 40 libras (18 quilos), com líder de fluorcarbono 25 libras ou 11 quilos (trançado para dobrar a resistência) e três metros de comprimento
• Snap ou grampo reforçado para facilitar a troca da isca • Iscas de trabalho em zigue-zague, hélices e jigs. Sugiro as combinações de cores possíveis com branco, amarelo e vermelho
Pesca de mosca
• Vara: de # 8 a 10
O caiaque feito para a pesca tem desenho de casco diferenciado. Além de privilegiar a estabilidade, possui compartimentos para a comodidade do pescador O estilo também favorece e incentiva a exploração nas imediações da base onde se está hospedado, fato pouco comum, já que, habitualmente, essas áreas não são esquadrinhadas, pois grande parte dos pescadores desloca-se para locais mais remotos devido à sensação de que o entorno está muito batido. 18
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• Linha WF F (flutuante), WF I (afundamento lento e intermediário) e WF ST (com a ponteira que afunde) • Líder: 2 metros de fluorcarbono (1 metro de 40 libras ou 18 quilos, e outro de 30 libras ou 14 quilos) • Empate de aço: cerca de 10 centímetros de aço próprio para fly, com 30 ou 40 libras de resistência (o líder de fluorcarbono pode não resistir a uma briga mais demorada)
• Iscas: poppers (trata-se daquelas que, quando trabalhadas, fazem bolhas na superfície) e streamers (anzóis atados com pelos, penas ou materiais sintéticos)
Em apenas alguns minutos de navegação, já na entrada do primeiro lago, Tucunarés à caça de suas presas se faziam presentes em diversas estruturas. O mais curioso foi que, mesmo com o caiaque praticamente sobre cardume, eles ignoraram nossa presença. Tanto que, nos primeiros arremessos, demonstraram furiosa agressividade e atacaram as iscas artificiais com violência, fossem elas jigs, de ação zigue-zague ou de hélice. Passadas apenas duas horas, já contabilizava cerca de 20 peixes, material de sobra para a gravação do ECOAVENTURA na TV para o canal Agromix. Com a certeza de ter conseguido imagens para produzir um programa diferente e curioso, com poucas remadas e plenamente satisfeitos, retornamos à nossa base. Conclusões: prós e contras Pescar embarcado em um caiaque é uma experiência marcante por seus vários diferenciais: facilita o acesso às áreas longíquas, proporciona arremessos mais precisos, intensifica a beleza cênica de lugares já paradisíacos, amplia a emoção das incursões, aproxima-nos dos peixes etc. Por outro lado, exige mais equilíbrio e maior sintonia entre guia e pescador, além de apresentar dois principais incômodos: ter de permanecer sempre sentado e, por questões de segurança, usar colete salva-vidas o tempo todo.
Por ter como estratégia caçar surpreendendo sua presa, os locais com estruturas são ideais para a pesca do Tucunaré
Serviços Essa pescaria foi realizada na confluência dos rios Sucunduri e Camaiú — bacia da margem direita do rio Madeira —, próxima aos acampamentos selvagens organizados pela agência PESCAVENTURA.
Tel.: (11) 3816-1110
[ aventura l Madagascar ]
Madagas um paraĂso perdido por: roberto vĂŠras l foto: arquivo ecoaventura l arte: paula bizacho
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Se a descoberta de uma operação de pesca recém-inaugurada na ilha de Madagascar não tivesse sido feita pelo amigo Randy Chin — que, a respeito da qualidade dos pontos de pesca, nunca se engana —, talvez não tivéssemos topado partir para essa aventura. Foram semanas tentando coletar informações consistentes sobre as incursões na região, e nada, o que nos fez achar que se tratava de um pesqueiro de menor importância. Aprazível engano!
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[ aventura l Madagascar ]
As paradisíacas e completamente selvagens praias do arquipélago de Nosy Mitsio
Éramos obrigado a desligar o alarme de peixe da sonda por conta da quantidade absurda de cardumes nos pesqueiros. Só assim tínhamos tranquilidade para pescar
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canal de moçambique
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inda era preciso desvendar como chegar, que tipo de equipamento usar e, sobretudo, que espécies iríamos pescar quando montamos um grupo de quatro pescadores, todos com a mesma sintonia para desbravar lugares exóticos sem a preocupação com o resultado da pescaria. Além do amigo e companheiro Fábio Barbosa — responsável pelo convite —, juntaram-se a nós Milton Nakata, o Bola, e Paulo Cesar Marques, o Paulinho, experientes pescadores com quem já viajamos para destinos parecidos, como as Ilhas Maldivas, também no oceano Índico. Randy nos forneceu o e-mail de Alain Soulet — um dos proprietários e o principal responsável pela operação. A dificuldade maior era receber respostas dele, uma vez que, além de proprietário, ao lado de Ludo, seu sócio, atua como capitão das embarcações e, portanto, fica incomunicável durante semanas. Ao conseguirmos falar com ele, suas afirmações soaram como um convite irresistível. Entre as providências, teríamos obrigatoriamente que levar não somente muitos metros de grossos shock leaders como ao menos 40 jigs metálicos cada. E tudo isso porque, segundo Alain, os peixes por lá são muito fortes, grandes e têm os dentes incrivelmente afiados. Desde o início, as impressões foram ótimas: nossos anfitriões deixaram bem claro que estávamos diante de pescadores sérios e muito responsáveis, o que nos trouxe uma dose redobrada de confiança e de esperança. Durante a prelação inicial, fomos convencidos de que a técnica mais produtiva seria a vertical, já que, por estarmos em época de ventos mais fortes, os pesqueiros destinados ao popping seriam difíceis de alcançar. Nosso destino final era Nosy Mitsio — arquipélago próximo de Nosy Be, no extremo noroeste da Ilha de Madagascar — aonde chegamos com lanchas construídas por estaleiros locais. Além de terem um tamanho ideal (29 pés), são muito espaçosas e bastante confortáveis — ou seja, sob medida para os tipos de pesca propostos.
Nosy Mitsio
Ma
dag asc
ar
Nosy Be
Oceano Índico
Nosso time completo: Bola, Capt. Alain, Fabão, Betão, Sami, Komandô, Capt. Ludo e Paulinho
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[ aventura l Madagascar ] TÉCNICAS DE PESCA Por conta da quantidade e da enorme variedade de peixes, pesca-se nessa região basicamente com as mesmas técnicas do Panamá, ou seja, popping, jigging, flyfishing, trolling e pesca de fundo com iscas naturais. Soma-se a elas outro macete local, desenvolvido pelos próprios capitães, com duas variantes, ambas muito efetivas: 1ª variante — ao jigar, e um peixe de pequeno porte for fisgado (coisa rara naquelas águas), não recolha. Ao contrário, desça novamente o jig com o peixe até o fundo para que o ataque de um espécime maior aconteça de forma rápida e inevitável. 2ª variante — quando os peixes não estiverem muito ativos na pesca vertical, aconselha-se a colocar um pedaço de peixe no assist hook para descer tudo junto. Assim que tocar o fundo, recolha as iscas entre um e dois metros do fundo. Caso os peixes comam a isca do assist, recolha o jig com trabalho normal até a superfície. Com essas técnicas, o pescador estará apto a fisgar praticamente todos os tipos de peixes. Tanto é verdade que os experientes capitães praticavam mais de uma técnica ao mesmo tempo, o que gerava a fisgada, de forma concomitante, com isca natural “boiada” ou no fundo, enquanto que outros pescavam de arremesso e na vertical com metais.
A atmosfera do embate com um grande exemplar é tão emocionante que contagia todos e, quando o resultado é positivo, a alegria é geral Nosso material era retirado dos barcos, lavado e posto para secar todos os dias após as pescarias
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Material É obrigatório levar os da categoria pesada e/ou super pesada. Na pesca vertical, usamos os molinetes Saltiga 6500 Expedition da Daiwa, que comportam 400 metros de multifilamento de 80 libras, montados em caniços, das marcas Temple Reef e Smith. Além disso, shock leaders de 80, 100 e 130 libras, assist hooks tamanhos 10, 12 e até 14/0 e metal jigs com peso entre 150 e 250 gramas compõem a tralha básica. Vale salientar que, com muito orgulho, em sua maioria os jigs que empregamos foram os de fabricação das brasileiras Zagaia e Kakareko. Ambas despertaram tanto interesse em nossos anfitriões que fomos obrigados a deixar quase todos com eles! Para as outras técnicas como popping, trolling e pesca de fundo com iscas naturais, usamos basicamente os mesmos conjuntos destinados ao popping, compostos por Molinetes Shimano Stella 18.000 e Daiwa Saltiga 6500 Dog Fight, que comportam também 400 metros de multifilamento de 80 libras. Por fim, shock leaders de 130 libras e anzóis circulares entre 10 e 16/0.
Na foto superior, Bola, com um belo exemplar de Atum-dente-de-cachorro. Abaixo, Capt. Alain com o que restou do seu, logo após a pilhagem de um grande Tubarão
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[ aventura l Madagascar ] O cardume de Red Bass era tão grande que mais de uma vez dublês aconteciam no mesmo jig
A época Como praticamente todas as espécies de peixes estão disponíveis, pesca-se o ano todo em Madagascar. Apenas aconselha-se aos pescadores ávidos por arremessar poppers que evitem os meses de agosto, setembro e outubro devido às monções, responsáveis por deixar os pesqueiros mais rasos muito mexidos, o que afeta o trabalho das iscas. Durante todo o ano praticamente não chove, mas, quando ocorre, é quase sempre à noite, ou seja, não prejudica a pescaria. Outro ponto a se salientar diz respeito à quantidade e ao tamanho dos pesqueiros, que são muitos e bem grandes. Dos cinco novos parcéis descobertos no período da estada do grupo, todos foram batizados com os nomes dos integrantes. Como éramos apenas quatro, um deles ganhou o nome de Brazil! 26
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O Wahoo, além de possuir uma das dentições mais afiadas, é um dos peixes mais velozes do mundo. É encontrado em todos os oceanos
Que peixe é esse? Nossa promoção para descobrir que peixe é esse foi um sucesso. Recebemos muitos e-mails com respostas erradas e também outros tantos com a resposta certa, entretanto, o ganhador do boné foi o biólogo colombiano radicado no Brasil Pablo Lehmann, que enviou a resposta certa apenas 20 minutos antes de Flávio Ferraz. O nome correto do peixe é Lutjanus sanguineus (Cuvier, 1828).
[ aventura l Madagascar ] A alegria foi nossa companheira durante toda a viagem. Ao lado, Fábio exibe uma espécie de Mero, que, na região, ultrapassa os 250Kg
Acima, Paulinho com uma Barracuda e, ao lado, Betão com um Jobfish apanhado em um popper — fato considerado raro, menos quando se trata de um Titan da Zagaia
Em função de termos pescado em pesqueiros pouco conhecidos, não só a variedade como, sobretudo, a quantidade de peixes são impressionantes. As fisgadas múltiplas eram constantes e quase nunca sabíamos se tínhamos ferrado
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Um dos maiores ladrões dos mares, com cara de arrependido, leva uma descompostura do mate Komandô, sob os olhares de aprovação de Bola e do Capt. Alain
Os principais adversários A variedade de peixes é impressionante. Nosso grupo contabilizou a captura de mais de 30 espécies diferentes, com destaque para os carangídeos, entre Xaréus GT, Azuis, Pretos, Olhos-de-cavalo, Dourados e uma infinidade de outras variantes de Xaréus completamente desconhecidas por nós. O mesmo aconteceu com os serranídeos, dos quais se destacaram Meros, Badejos e Garoupas, também ignoradas pelo grupo até então. Os Potatoe Cod e a Blue Dot Grouper são dois desses exemplos. Uma terceira e significativa família, a dos lutjanídeos, também esteve muito bem representada e, portanto, deve rece-
ber especial destaque com suas Caranhas, Pargos e Vermelhos. Merecem menção peixes de outras famílias, como o Emperor, Jobfish, Rusty Jobfish, Napoleão e as multicoloridas Coral Trouts — peixes exclusivos das águas do Índico. Para finalizar, as quentes e quase inexploradas águas de Madagascar são muito abundantes em Marlins-negros e Azuis, Atuns-dentes-de-cachorro e Amarelos, Skipjack Tuna, Cavala, Bonito, Sailfish, Wahoo, Dourado, Barracuda, além de uma infinidade de diferentes Tubarões, dos quais as espécies mais fartas são os Galha-brancas e o acrobático Tubarão-limão, que salta como o Sailfish assim que se sente ferrado.
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[ aventura l Madagascar ] Miltão exibe, com pontinha de orgulho, uma Blue Dot Grouper apanhada no jig — lindo serranídeo relativamente comum na região
A pescaria Variar. Foi o que combinamos antes de chegar à pescaria. Montamos diferentes duplas todos os dias, assim como também alternamos os barcos e os capitães para desfrutarmos de distintas técnicas e companhias. Tão logo atingimos os primeiros pontos de pesca e já tivemos a certeza de que estávamos pescando em águas impressionantemente produtivas devido ao incontável número de ações. Mesmo diante de tamanha exuberância, o capitão Alain, com quem Fábio e eu pescamos no primeiro dia, insistia que aquilo era apenas uma pequena amostra do que teríamos pela frente. Para se ter uma ideia, liberamos mais GT’s naquela manhã do que a somatória de todos os Xaréus fisgados por seis pescadores em seis dias de incursões nas ilhas Maldivas. Essa pescaria aconteceu no ponto mais distante onde os guias costumam levar seus hóspedes, isto é, a pouco mais de 30 milhas do lodge, o que, para nós, é relativamente próximo. Foram tantas capturas que não encontramos outra maneira de reproduzir a aventura a não ser dividindo-a em pelo menos três matérias distintas, já que mais de 500 peixes foram capturados. Só no rol dos Xaréus GT — um dos troféus mais cobiçados por pescadores de água salgada do mundo — contabilizamos mais de 300 espécimes! Para entender que pescaria é essa cujas ações e tamanho dos peixes não diminuem, assista a essa emocionante expedição no DVD encartado desta edição. À direita, Fábio com uma Coral Trout. E, abaixo, a dupla exibe a maior Cavala da semana. Estas, com sua dentição afiadíssima, foram as responsáveis pela perda de mais de 40 jigs em uma única manhã
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O demorado embate com um Sailfish do Ăndico foi um dos destaques da semana, ainda mais por ter sido meu primeiro de lĂĄ, assim como meu primeiro apanhado com molinete
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A operação Feita pela TROPICAL FISHING, localiza-se no arquipélago de Nosy Mitsio, distante aproximadamente 30 milhas náuticas de Nosy Be — percurso coberto em menos de duas horas de navegação. Ainda que a distância seja curta, o choque e o espanto sentidos ao chegar lá são enormes. Tente imaginar o que significa viajar no tempo, ou seja, sair do século 21 e, duas horas depois, chegar à idade da pedra. Sim, idade da pedra mesmo! Os novíssimos e confortáveis bangalôs recém-construídos na beira da praia contrastam com as minúsculas casinhas de palha que formam a pequena aldeia, onde simpáticos e sorridentes ilhéus vivem como se o mundo não tivesse tido qualquer tipo de avanço moderno. Os aproximadamente 70 habitantes são autossuficientes e retiram da natureza tudo de que necessitam para sobreviver. A dieta alimentar, bastante simples, baseia-se em arroz plantado na própria ilha, além de frutos do mar retirados do meio ambiente com todo o cuidado e parcimônia. Um dos pontos altos da expedição foi entender um pouco da filosofia adotada por Alain e seus sócios para o sucesso da operação. Ao compreender que a continuidade de seu negócio está intimamente ligada ao estado de espírito dos aldeões, eles se julgam na obrigação de manter as coisas como estão, ou seja, conservam as características do povo e utilizam 100% dos recursos humanos necessários com moradores da ilha. Por isso, o roteiro, que hoje tem apenas dois barcos, só terá mais um terceiro e último — fato que dá à operação a conotação de uma das mais exclusivas do mundo! Assim, até junho do ano que vem, as vagas já estão preenchidas. Entretanto, ainda que os bangalôs não tenham água encanada e iluminação, a limpeza e o asseio das instalações são nítidos. Lá os banhos são feitos em uma torneira comunitária ou com caneca nos quartos.
Energia elétrica? Somente à noite, quando é ligado o gerador que ilumina a cozinha e o pequeno e rústico galpão destinado às refeições. Nessas poucas horas é que se tem acesso a bebidas geladas. Durante todo o dia, são servidas em temperatura ambiente, ou seja, quentes, entretanto, por mais paradoxal que possa parecer, a atividade de pesca é tão intensa que quase não há tempo para se perder tempo com detalhes como esses.
A comida também merece destaque por ser feita à maneira local. É inacreditável como eles conseguem cozinhar de tudo em apenas uma espécie de fogareiro muito primitivo e à base de carvão
Todas as noites, o ponto alto são as partidas de petanca — jogo de bolas com origem na França e introduzido com sucesso em Madagascar. De fácil aprendizado, lembra a bocha jogada aqui no Brasil. Éramos desafiados todos os dias em embates memoráveis, do tipo Madagascar contra Brasil, e em nenhuma dessas ocasiões fizemos feio.
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É impressionante verificar como a cultura do pesque e solte está difundida e arraigada entre todas as melhores operações do mundo. O mate Komandô oxigenou o grande Sailfish por mais de 10 minutos até ter plena certeza de que o peixe estava recuperado
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Uma técnica diferente A operação Tropical Fishing vem desenvolvendo ao longo deste ano a técnica de pescar o Marlim-negro com material de popping, apenas substituindo os grandes poppers por Bonitos vivos, facilmente encontrados naquelas águas. Até o fechamento desta edição, apenas Capt. Ludo havia contabilizado mais de 30 peixes, dos quais um de quase 800 libras.
Conclusões Madagascar se enquadra mesmo entre os poucos destinos exóticos e desconhecidos do planeta. Por isso, o pescador deve procurar entender a respeito da atmosfera de tudo que cercará a pescaria e estar atento ao que acontece em seu entorno para absorver a variedade de informações e aproveitar a viagem ao máximo. Como o palco desse tipo de pescaria é um lugar ermo e distante, procure levar em sua tralha mais do que costuma em suas viagens rotineiras, como remédios e outros itens dos quais poderá precisar, mas não haverá possibilidades de comprar.
Percurso O destino inicial é a cidade de Johanesburgo, na África do Sul, onde se faz conexão para Antananarivo — capital de Madagascar. Um último voo, de aproximadamente uma hora, leva até Nosy Be. Somados os tempos de voo e conexões, não passam de 18 horas. A operação está instalada no arquipélago de Nosy Mitsio.
SERVIÇO ECOAVENTURA Turismo Tel.: (11) 3334-4361 ou (11) 8511-4238, diretamente com Betão
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MistĂŠrios insulares
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Circunscrita ao largo da costa sudeste da África, a ilha de Madagascar — quarta maior do mundo — tem se transfigurado sem pressa em destino turístico para quem aprecia aventurar-se por terras férteis em contrastes, todos expressos na cultura, na história e na exuberante biodiversidade que povoam suas paisagens. Da primeira expedição realizada pela ECOAVENTURA ao arquipélago de Nosy Mitsio — extremo noroeste do País —, trouxemos fragmentos de percepções e curiosidades sobre esse “safári” a um mundo ilhado Por: Janaína quitério i Fotos: Arquivo ECOAVENTURA i Arte: Gabriel Dezorzi
G
enuína aventura. Esse epíteto talvez seja capaz de qualificar a experiência de visitar Madagascar. A ilha é palco de paisagens deslumbrantes, fauna exclusiva e história fascinante. Mas o destino é para poucos. Fora da rota turística convencional, o país de 18 milhões de habitantes figura na lista mundial dos mais pobres e oferece poucos lugares com infraestrutura para hospedagem requintada. Entretanto, para os intrépidos que pretendem conhecer um modo de vida singular — e, por que não, endêmica, tal qual 75% de sua vida animal e vegetal —, viajar para Madagascar é destino mais que certo.
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Mora-mora: o não fazer nada é assim chamado
Tudo o que habita a ilha e seus arredores parece ter estacionado no tempo. Lá, a vida se espreguiça no compasso da maré, como se fosse esticada e recolhida ao sabor dos ventos
Zatt é a cozinheira do povoado, em Nosy Mitsio, e representa o “padrão de beleza” nativo
Em seus 587.041 km² é encontrada uma atmosfera típica de lugar isolado. Trata-se de um local onde tabus suplantam as leis, e as crenças religiosas caminham lado a lado com os costumes funerários. Se 38
sobreviver é o principal verbo conjugado, nas entrelinhas de alguns investimentos destinados à região aparecem os primeiros traços de desenvolvimento. Por isso, os cenários compostos por praias paradisíacas,
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ao lado da biodiversidade exclusiva, prometem apresentar novos rumos à ilha, com destaque para o papel estratégico das operações turísticas em reembolsar os custos de uma conservação selvagem.
Como não há energia elétrica, a conservação dos alimentos é feito por meio do sal
NOSY MITSIO: maior ilha de um arquipélago de 12, localiza-se a 70 quilômetros ao norte de Nosy Be e é ocupada por 600 habitantes distribuídos em pequenos povoados.Além da beleza das praias paradisíacas, guarda uma limpeza digna de local conservado
Devido ao sabor da carne, a dieta local é baseada na Cavala
e bem-cuidado por seus habitantes. Entre as 20 etnias listadas por toda Madagascar, é provável que ocupem esse arquipélago os povos conhecidos como Sakalava (“povo do vale do longa”). Juntos com o povo Bora (do sudoeste), são considerados os mais africanos dos malgaxes.
A difusão das pirogas, ou canoas com um flutuador paralelo, revela um padrão de migração proveniente da Indonésia rumo ao sudeste da Índia e Madagascar no século 19
O que faz perdurarem instrumentos de trabalho obsoletos, embora eficientes, na fabricação de barcos? Essa embarcação local ganha forma a ferro
Em Madagascar estão os últimos redutos originais do gado zebu. Em outros países, sofreram modificações genéticas para tornarem-se bem maiores (a exemplo da raça nelore no Brasil)
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[ turismo l Madagascar ] “Brick wall”: intrigante parede de basalto, decorrente de erupção vulcânica
Cara do Diabo
A cor da água do mar se altera em vários matizes de azul
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Enigmas
Nosy Be também está a noroeste de Madagascar e é reduto do crescente desenvolvimento do turismo sofisticado na ilha
O primeiro mistério que ronda a República de Madagascar diz respeito à uniformidade do idioma (malgaxe), que é falado no país inteiro, apesar de a população estar subdividida em quase 20 grupos étnicos — fenômeno sem precedentes no continente africano e que se torna ainda mais intrigante se a compararmos com a ilha de Nova Guiné, no oceano Pacífico ocidental, onde o equivalente a 1/3 do povo de Madagascar é responsável pela existência de 700 línguas. O segundo enigma que persiste em perturbar historiadores, antropólogos, linguistas e geneticistas são as diferentes interpretações sobre a origem de sua moderna população. Há quem diga que o país foi fundado há dois mil anos pelos indonésios, não por negros africanos. Outros defendem que o povo descendeu de ambos — indonésios e africanos —, miscigenados antes mesmo da chegada à ilha. A origem mista reuniu um conjunto de culturas advindas tanto do sudeste asiático como da Índia, do Oriente Médio e da África. Essa mixagem costuma ser uma das primeiras características percebidas por viajantes. Da criação do gabo Zebu nas regiões sul e oeste (influência africana) às irrigações e campos de arroz no planalto central (que evocam imagens do sudeste asiático), em toda a extensão de Madagascar passeia uma riqueza humana e natural extraordinária.
[ turismo l Madagascar ] Biodiversidade exemplar Mundialmente famosa por seus lêmures — primatas exclusivos de Madagascar e semelhantes aos ancestrais dos macacos —, a ilha malgaxe reúne uma das maiores biodiversidades do planeta. Das 200 mil espécies conhecidas, cerca de 150 mil são restritas a essa região, o que inclui 85% das 12 mil espécies de plantas, 90% de aproximadamente 300 anfíbios, 90% das 346 espécies de répteis e 100% dos mamíferos terrestres, entre outros. Trata-se de um endemismo bem elevado quando comparado com os de outras partes do globo. Apesar da adversidade econômica — motivo pelo qual a população devasta a cobertura florestal para sua sobrevivência —, o país tem se tornado modelo internacional de conservação ambiental a ponto de ganhar a alcunha de “hotspot”, isto é, área rica em espécies que só ocorrem na região, mas com índice alto de ameaça devido à ação humana, tais como desflorestamento e urbanização.
Camaleônicos São répteis conhecidos por mudarem de cor para camuflarem-se. Entretanto, essa aptidão é usada para transmitir emoções, defender territórios e auxiliar na comunicação entre o bando. Ser lento não prejudica sua vivacidade, já que seus olhos movimentam-se de forma independente em ângulo de 360 graus — uma visão arrematadora, aprimorada pela rapidez da comprida língua. A grafia de camaleão deriva do grego chamai (no chão, na terra) e leon, ou seja, “leão da terra”. Dele surgiram alguns provérbios, tais como: “Ny Manaova toy-tana dian aloha jerena ny, ny Afara todihina” ou “Como um camaleão, um olho no futuro, um olho no passado”; “Ratsy Karaha Kandrondro” ou “Feio como um camaleão”.
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Lêmures estão entre os primatas mais ameaçados do mundo. Embora sua caça tenha se tornado ilegal em 1964, devido à falta de predadores naturais, viraram bichos “ecologicamente ingênuos”, ou seja, alvos fáceis
Madagascar NOME OFICIAL: República de Madagascar CAPITAL: Antananarivo (ou, simplesmente, Tana) VISTO: é facilmente conseguido nos aeroportos DIVISÕES ADMINISTRATIVAS: 22 regiões LÍNGUA: malgaxe (oficial), francês e inglês (para turismo) GENTÍLICO: malgaxe, madagascarense RELIGIÃO: 55% crenças tradicionais, 40% cristãos e 5% muçulmanos LOCALIZAÇÃO: banhada pelo canal de
Moçambique a oeste e pelo oceano Índico POPULAÇÃO: 19.448.815 [estimativa de 2005] TAXA DE ANALFABETISMO: 35% ÁREA: 587.041 Km2 DATA NACIONAL: 26 de junho de 1960, independência em relação à França MOEDA: Ariary FUSO HORÁRIO: GMT +3 CLIMA: tropical e semiárido AGRICULTURA: arroz, pimenta verde, café e baunilha
Como falar em malgaxe - Bom dia: Manao ahoana - Boa tarde e boa noite: Salama - Tchau: Veloma - Obrigado: Misaotra - Sim: Eny - Qual seu nome?: Iza no anaranao? - Meu nome é: Ny anakaro - Mostre-me o caminho para...: Atoroy ahy ny lalana...
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[ capa/cover article l cachorra ]
. . Cachorra a doce vampira dos rios brasileiros
Payara : sweet vampire of Brazil’s rivers
Por/by: Alexandre Andrade i Fotos/photos: Arquivo ECOAVENTURA i tradução/translation: David John i Arte/design: Gabriel Dezorzi
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Na edição passada, mostramos na matéria “Bicuda, a impiedosa e mordaz predadora” as credenciais desse peixe, que proporciona intensos embates na época das cheias. Quem testar as dicas transmitidas notará que outra espécie também disputará as iscas lançadas. E mais: que se trata de outro grande e emocionante desafio quando as águas estão altas. Mas, para que essas capturas não aconteçam apenas acidentalmente, saiba mais sobre ela In our previous edition we covered the Bicuda under the heading of “merciless and aggressive predator”, and a fierce contender to sportfishermen during the flood season. Whoever puts the tips we laid out to the test will quickly note another species that competes for the lures presented and furthermore that an additional challenge is available during these high water months. So as to ensure that these catches do not happen merely by chance, the following article will provide important information on the Payara (Cachorra in Portuguese, which translates as Dog Fish)
A
pelidada por alguns de “vampira dos rios brasileiros”, a Cachorra ocupa lugar de destaque no ranking dos peixes mais esportivos do Brasil. Os motivos são relevantes: no raso ou
K
em poções, na seca ou na cheia, na pesca de arremesso ou de espera, ela aparecerá para destruir as iscas — artificiais ou naturais. Em resumo: trata-se de um verdadeiro coringa para a pesca esportiva.
nown by some as the “vampire of Brazil’s
the dry or wet seasons, in casting or deadbait
rivers”, the Payara takes one of the top
fishing for inevitably it will show up to destroy
spots in Brazil’s gamefish ranking. The reasons
lures and baits. In summary, it is one of the
are fairly pertinent be it in creeks, holes during
wildcards in freshwater sportfishing.
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[ capa/cover article l cachorra ] Grandes corredeiras, poços com rochas, o entorno de pedreiras e a foz de pequenos rios são alguns dos lugares onde é possível se deparar com os ataques espetaculosos da Cachorra-larga. Em rios de areia, como o Araguaia, dá até para pescá-la no visual, já que nos
horários de sol a pino costumam formar pequenos cardumes, que se apresentam com suaves rastros na superfície. Nessas circunstâncias, pode-se ver suas nadadeiras dorsais para fora da água. Mas não se engane: apesar da aparência amistosa, é um peixe extremamente aris-
co e desconfiado. Quando persegue as iscas até as proximidades da embarcação — e não ataca —, dificilmente retorna. Por isso, como as chances se resumem a uma, para não perder a oportunidade é preciso caprichar no trabalho e na escolha das iscas.
A Cachorra surpreende quando ataca as iscas naturais nas pescarias de espera The Payara also provides some stunning attacks when fishing with live or deadbaits 46
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Corredeiras, afunilamentos e poços que se formam entre as rochas são pontos promissores para a captura dessa espécie Fast water, gorges and deep holes amid rock formations are promising hotspots in finding this species
The Payara and its spectacular attacks can be found in whitewater, ro-
it is possible to spot their dorsal fins cruising out of the water, but don’t be mis-
cky pools and rock structures as well as on small river mouths. On sandy
taken by this extrovert behavior as they are an extremely wary fish. When they
riverbeds such as the Araguaia, it is possible to sightfish when the sun is
follow the lures and spot the boat, they will more than likely not return and this
overhead as small shoals team up on the surface. Under these conditions,
means you have one single shot at lure selection and presentation.
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[ capa/cover article l cachorra ] Em rios com leito rochoso, como o Xingu, o Teles Pires e o Tocantins, é comum encontrá-la tanto nos rebojos das pedreiras como nas corredeiras e “funis” formados entre as estruturas. Por vezes é também localizada em bocas de lagos e em pequenos afluentes. Como essa espécie frequenta grandes poços, torna-se grata surpresa nas pescarias de peixe de couro, principalmente quando os Jaús são o foco. Em geral, os exemplares capturados nessas circunstâncias costumam ser de grande porte, e os maiores podem ultrapassar 15 quilos.
In rock and shale Rivers such as the Xingu, Teles Pires and the Tocantins, it is quite usual to find them as much in the swirling eddies near rock and boulder structure as in whitewater “funnels” between structures. On occasions they are also found at the mouth of small lakes and tributaries. As this species is an inhabitant of deep holes, it often turns up as a surprise element to those fishing for catfish and particularly the Jaú. Under the above conditions, specimens are usually lunker sized and can weigh well over 15 kilos.
As suas grandes presas, associadas à imaginação dos pescadores, deram a ela o apelido de “vampira” Its oversized fangs, coupled to
the fishermen’s imagination have nicknamed it the “vampire” Entretanto, pequena ou grande, a verdade é que essa espécie — com seus belos tons metálicos e as duas grandes presas ameaçadoras que
saem de sua mandíbula —, é capaz de impressionar e de despertar a imaginação até mesmo daqueles que não são pescadores.
Nevertheless, big or small the truth is that
from its lower jaw is capable of capturing the
this species of fish with its lovely metal tones and
imagination of even those who are not involved
the two massive, daunting teeth that protrude
in targeting it as sportfishermen.
ecoaventura
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[ capa/cover article l cachorra ] Equipamentos básicos / Basic tackle • Varas: com o comprimento de 5’6’’ ou 6 pés de ação rápida para linhas entre 8 e 20 libras (4 e 9 quilos)
A pesca com iscas naturais também rende belos espécimes Fishing with natural baits also accounts for some excellent-sized fish
• Fast action rods measuring 5’6”-6’ geared for 8-20lb lines
• Carretilhas que comportem 100 metros de linha ao redor de 0,40 milímetro • Reels with100 meter capacity for 0,40mm lines
• Iscas artificiais de superfície ou de meia-água com tamanho entre 9 e 15 centímetros • Para a pesca com iscas naturais, podem ser aproveitados os mesmos conjuntos utilizados com os peixes de couro de médio e de grande porte • Topwater or swimming plugs between 9 and 15 cms in length • For livebait fishing, the same tackle used for taking on medium and large-sized catfish may be used
Técnica de pesca Há algum tempo se creditava maior eficiência às iscas de meia-água para a sua captura, porém, em alguns locais como o rio Araguaia e o médio Xingu, essa tese não mais se sustenta. Algumas vezes notamos que as grandes zaras — com trabalho amplo e cadenciado — apresentam maior eficácia na pescaria de superfície. Na meia-água, as colheres se saem melhor, principalmente porque são montadas com anzol único, o que facilita a penetração em sua boca dura. Também é comum provocá-la com hélices, sticks e poppers.
Fishing techniques
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Com as artificiais, a Cachorra também é pouco exigente com relação a modelos, ações e cores As far as lure selection is concerned, the Payara is not too choosy in terms of models, action and colors
is no longer the case. On many occasions
face mainly because they are single hooked
Up till recently, swimming plugs were
we have noted that large sized walk-the-
and make hook penetration easier in the
held as the first choice for fishing for the
-dog lures, when retrieved in broad rhythmic
Payara’s hard boned mouth. Poppers, sti-
Payara, however in some rivers such as the
sweeps are the most effective in topwater
ckbaits and propeller lures also frequently
Araguaia or mid section of the Xingu, this
fishing. Spoons perform best below the sur-
produce strikes.
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ecoaventura
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Se não estiver bem fisgada, a Cachorra escapa com facilidade durante os saltos If the hooks are not properly set, the Payara will easily get
away when it jumps
A Cachorra costuma oferecer ao pescador um repertório de pancadas espalhafatosas. Ataca a isca pelo dorso e, quando ferrada, na maioria das vezes salta sucessivamente sobre a água. Mas é preciso habilidade e alguns cuidados, pois suas gigantescas presas funcionam como protetores contra as fisgadas. Para transpor esses enormes caninos é recomendável usar garateias de tamanho 2/0 para cima, além de um líder de fluorcarbono e empate de aço para proteger a linha.
The Payara provides the angler with a repertoir of slashing strikes. It attacks the bait in its dorsal region and once hooked most often will provide aerial acrobatics. However, great skill and care is to be taken, as its massive teeth work as anti-strike protectors. In order to circumvent these enormous canines, size 2/0 trebles upwards are recommended as well as a fluorocarbon leader and steel terminal connection to the lure in order to protect the running line.
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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Em geral, a Cachorra briga em locais abertos, isto é, não costuma correr para obstáculos durante a luta. Porém, utiliza-se da dificuldade de ser ferrada e da capacidade de se lançar no ar para se livrar das iscas artificiais. Como é possível duelar com ela sem medo de esbarrar em estruturas, para neutralizar essa situação basta regular a fricção do equipamento, visto que, quando não há resistência na linha, ela raramente salta. Só que essa “liberdade” para evitar os saltos deve ser bem dosada, pois ela costuma se dirigir às corredeiras a fim de aumentar sua resistência depois de fisgada. Quando isso acontece é hora de pôr à prova as habilidades dos guias na condução da embarcação entre pedreiras e corredeiras, já que o embate nesse ambiente costuma ser mais duradouro.
A beleza dos cenários é mais um ingrediente que valoriza a sua pesca The scenic beauty is an added bonus in fishing for the Payara
On the whole, the Payara will battle it out in
little fear of having to pry it away from structure, in
whitewater when it feels hooked so as to create
open water which means to say it will not head for
order to compensate for these difficulties, drags
more resistance. When that occurs, the skill of the
the nearest cover during the fight. However it relies
should be left fairly loose as without much line re-
boat guide will be put to the test in a slalom be-
on its difficulty in hook penetration as well as its
sistance, it rarely jumps. This should however be
tween rocks and rapids, as under these conditions
ability to jump and shake off the lures. As there is
well controlled by the angler, as it will streak for
the fight will be a far longer ordeal.
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[ capa/cover article l cachorra ] Quem é a Cachorra-larga
Who is the Cachorra-larga Payara specimen?
Nome popular/Popular name Cachorra, Peixe-cachorro, Pirandirá e Payara
Com coloração prata e mancha preta alongada atrás do opérculo, apresenta escamas diminutas, corpo alto e comprimido.Tem boca oblíqua com uma fileira de dentes e um par de presas na mandíbula. Habita canais e praias de rios, lagos e a mata inundada. É piscívora e ataca presas de até 50% de seu comprimento total. Atinge a primeira maturação com 27 centímetros, e a reprodução ocorre de novembro a abril. É uma espécie de Piracema. With silver coloration and an elongated Black stripe behind the Gill plate, it is covered in tiny scales with a tall flank and a slim body. Its oblique mouth is covered with teeth and a pair of large ones in the lower jaw. It inhabits canals and river beaches as well as lakes and flooded jungle forests. It is a fish eating carnivore and will attack prey up to 50% of its own total length. Maturity is reached when it grows to 27 centimeters and it breeds between November and April and is upriver migratory.
Nome científico/Scientific name Hydrolycus scomberoides Família/Family Cynodontidae Distribuição geográfica/Geographical distribution Bacias amazônica e do Araguaia-Tocantins. Existem quatro espécies para o gênero Hydrolycus descritas: H. scomberoides, com ocorrência no rio Amazonas e tributários acima da boca do Tapajós; H. wallacei, distribui-se no rio Negro e na parte superior da bacia do rio Orinoco; H. armatus e H. tatauaia, ocorrem na bacia amazônica, dos rios Tocantins e Capim, rio Essequibo (Guiana) e bacia do rio Orinoco. Amazon and Araguaia-Tocantins basins. 4 species of the genus Hydrolycus are described: H. scomberoides in the Amazon and its tributaries North of the mouth of the Tapajós river; H. Wallacei, which is present on the Negro river and headwaters of the Orinoco; H. armatus e H. tatauaia are to be found in the Amazon basin on the Tocantins and Capim Rivers as well as the Essequibo (Guiana) and Orinoco river basin.
Na pescaria de espera, o uso de empates de aço é imprescindível, e anzóis de 8/0 para cima são recomendados. Nessa modalidade, a Cachorra pode atacar a isca quando está parada no fundo ou durante o recolhimento. Já a pesca com mosca configura-se como estimulante desafio para capturar esse peixe, sobretudo porque as varas flexionam-se bastante, e isso se torna mais um teste às habilidades do pescador. Para enfrentar a Cachorra-larga com esse tipo de equipamento, recomenda-se o uso de varas para linha 9 com tippets resistentes, um pequeno empate de aço e grandes poppers e streamers como iscas.
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In dead or livebait fishing, the use of ste-
bait on the bottom just as easily as on the
further test of skill by the flyfisherman. Nine
el leaders is an absolute must and hooks
retrieve. Flyfishing is a supreme challen-
weight tackle with the proper tippets and ste-
upward of 8/0 are recommended. In this
ge in catching the Payara, especially as fly
el trace using large poppers and streamers
type technique the Payara might attack the
rods flex considerably and this turns out as a
are the recommended tackle.
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Para que sobreviva, solte-a rapidamente
To ensure its survival, release it as soon as possible Por fim, é importante ressaltar que, quando embarcada, essa espécie precisa ser manuseada com cuidado e rapidez, uma vez que brigas longas levam essa lutadora à exaustão. Deve-se tomar cuidado para não remover seu espesso e pegajoso muco, cuidar para que suas presas não sejam quebradas com os alicates de contenção e o principal: aguardar o tempo necessário à sua plena recuperação para soltá-la, de preferência em águas calmas.
To conclude, it must be emphasized that
lead this great fighter to exhaustion. Care must
fish grippers. Most importantly, the ability to
once boated this species needs to be handled
be taken not to remove its protective and slimy
wait for its complete recovery prior to releasing
with speed and caution, as longlasting tussles
mucous and that its teeth are not damaged by
it preferably in calm waters.
[ meio ambiente ]
Vida nova para o rio Pinheiros Texto e fotos: Fernando de Santis i Arte: Gabriel Dezorzi
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Recuperação da vegetação nas margens do rio paulistano atrai aves e outros animais a uma das avenidas mais movimentadas do mundo
A
lém de carros, transita pela marginal do rio Pinheiros — uma das vias de maior trânsito em todo o mundo — a história do paulistano, com suas esperanças num ambiente mais saudável e humano. Por ali passam linhas de transmissão de energia, emissários de esgotos, pontilhões, edifícios modernos, shoppings etc. Tudo ao mesmo tempo numa complexa distribuição em torno do esqueleto do que já foi um belo curso d’água. Olhos mais atentos poderão perceber que, diferente de tudo que aconte-
ce naquela artéria, uma mudança tem ocorrido nos últimos anos: um longo jardim teimosamente brota nas duas margens. Centenas de milhares de árvores e outros vegetais desafiam a adversidade imposta pelo esgoto, por campos eletromagnéticos das torres de transmissão de energia, pela poluição do ar e pela interferência do bicho-homem. Com vagar, a vida se enraíza na terra antes estéril e colore as margens da calha negra, onde preguiçosamente se deita um rio que desistiu de correr rumo à sua foz.
ecoaventura
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[ meio ambiente ] Essa reocupação vai além de um mero projeto paisagístico e tem preocupações ambientais, educacionais, sociais e econômicas. Criado em 1999 pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, na gestão do governador Mário Covas, o projeto Pomar Urbano — antes intitulado apenas de Pomar — é uma das maiores iniciativas de reconstrução ambiental da história da capital.
Com as árvores e arbustos — criteriosamente plantados e tratados — outros elementos se agregam à paisagem. Trata-se das centenas de espécies de aves e outras criaturas atraídas pelo habitat propício à alimentação e reprodução. Animais dados como extintos na metrópole voltaram ao rio de onde foram expulsos. Agora, retomam seu lugar e suas rotinas 58
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Inicialmente, os trechos onde havia a possibilidade de plantio nas margens do Pinheiros (os trilhos da ferrovia e a linha de transmissão de energia limitam as áreas de reflorestamento) foram loteados e oferecidos para “adoção” de empresas parceiras. A elas caberia o plantio de árvores e outros tipos de vegetação para promover o paisagismo e a recuperação de mata ciliar em trechos de um quilômetro de extensão. A contrapartida viria na fixação de placas publicitárias — com a inscrição “tal empresa cuida deste local” — e outras veiculações na Secretaria do Meio Ambiente. Ao Governo, coube a missão de recuperação ambiental, o estudo sobre a flora adequada às características do solo, sobre as características de insolação etc., além de gerenciar quantidade e porte das mudas e explicar os tratos culturais a serem aplicados pelos parceiros. Para isso, contou com o apoio de vários profissionais do Instituto Florestal, Fundação Florestal, Instituto Geográfico e Instituto Botânico. Em poucos anos, 16 quilômetros de uma margem do rio e oito quilômetros de outra — onde rodam as composições da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) — receberam entre 200 mil e 300 mil mudas. Esse trabalho de parceria público-privada para recuperação e manutenção de trechos ainda está em curso.
Projeto de adoção Hoje, numa saudável competição, 19 parceiros esforçam-se para manter “seu quilômetro” mais bonito. Mas não é o suficiente, pois ainda faltam 34 para abraçar toda a parte “ajardinável” das margens, segundo o técnico ambiental Alex Maia, coordenador do projeto. Apaixonado pelo que faz, tem orgulho de apresentar “seu pomar” a potenciais parceiros e de defendê-lo contra “predadores”, como ladrões de mudas e eventuais incendiários. “Dias atrás, uns vendedores de amendoins em congestionamento fizeram uma fogueira e incendiaram aquele arbusto” — aponta para uma touceira. Alex mostra o centro de compostagem, o minhocário e o auditório na sede do Pomar — todos desativados ou funcionando precariamente. Segundo ele, espera-se um parceiro que retome os projetos sociais e educativos, além de braços para revitalizar o viveiro de mudas, o centro de compostagem e o minhocário. Ainda assim, Alex e sua parca equipe são otimistas. Acreditam que, com pouco dinheiro, é possível retomar as atividades dos tempos no qual o Governo do Estado investiu com mais entusiasmo no projeto.
A sede do projeto está disponível para “adoção”. Nos tempos em que havia um programa de educação ambiental para alunos da rede pública, era nela que começava a visitação: a lona rasgada, que já cobriu um dos espaços, reafirma o pedido ecoaventura
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O que já floreou Desde a instituição do Pomar, o orquidário recebeu aproximadamente 170 espécies de bromélias e orquídeas nativas, extraídas em sua maioria do lado sul da região desapropriada pelo Rodoanel — complexo rodoviário feito ao redor da capital para desafogar o tráfego nas marginais e outras avenidas 60
importantes. Tanto nele como no viveiro de mudas, latas usadas, caixas de leite, capacetes etc., tudo o que pode ser reutilizado vira vaso. Há ainda na sede uma miniatura das estações de tratamento. E funcionando! Alex mostra — etapa por etapa — como as águas poluídas do rio Pinheiros se transformam em líquido de reuso com
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nível de pureza entre 96 e 97% — boas o suficiente para irrigarem as plantas ao longo dos trechos. O processo é chamado de “flotação em fluxo”. Trata-se de tecnologia boa, barata e funcional: da maquete sai água tratada em volume suficiente pra irrigar o viveiro de mudas e o orquidário na sede e trechos de replantio próximos a ela.
Paisagismo paulistano A árvore-símbolo do Pomar Urbano é o jerivá — palmeira nativa que habitou a bacia do Pinheiros. O próprio nome do rio homenageava o vegetal: Jurubatuba, o que, em língua tupi, quer dizer “lugar de muitos jerivás”. Alguns se referem a ele como palmeira imperial dos pobres, coqueiro babão ou palmeira descabelada, graças à forma irregular de suas folhas. O fato é que ele estava lá quando a caótica São Paulo do século 21 era apenas a intersecção do maior rio tipicamente paulista, o Tietê, seu afluente mais famoso. Hoje as palmeiras são marcas do paisagismo paulistano. Basta olhar para cima na Praça da Sé, centro da capital, e ali estão duas fileiras simétricas de jerivás margeando a catedral.
Bê-á-bá da flotação Numa primeira etapa, é feita a separação mecânica do material grosseiro (garrafas, plásticos etc.) por uma espécie de “grelha”, que impede a passagem de impurezas graúdas. Em seguida, é adicionado um produto químico para corrigir o potencial de hidrogênio (o Ph). Depois, entra o processo de flotação propriamente dito, no qual é adicionado outro componente químico, o sulfato de alumínio, que agrega as impurezas da água. Nessa etapa, os flocos não afundam porque há um bombeamento da água com micro bolhas de ar. Separados, flocos e impurezas, a eles agarradas, seguem para um reservatório à parte enquanto a água, já clara e adequada ao uso na irrigação, rumam para caixas d’água e bombonas instaladas em um caminhão. Outros trechos mais distantes são irrigados pelas estações de tratamento (estas em tamanho natural) junto às usinas elevatórias da Traição e da Pedreira, a alguns quilômetros da sede.
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[ meio ambiente ] Plantio de novas vidas Atualmente, há poucos funcionários trabalhando do Pomar Urbano. Alex se lembra do tempo em que os educandos das frentes de trabalho se revezavam ora plantando nos trechos, ora cuidando do centro de compostagem, do viveiro de mudas, do minhocário ou do orquidário. “Acompanho o projeto há 16 anos. Vim para cá por causa do trabalho feito pelas frentes, que chegavam a 200 pessoas”. Segundo ele, gente que não era aceita em outros locais como ex-presidiários ou ex-moradores de rua se igualavam a outros profissionais no plantio e no trato com a terra.
Um rio à procura de uma foz Como o rio alegre, piscoso e tortuoso se tornou no que é hoje? Essa questão pode ser respondida a partir da compreensão acerca da energia que transformou São Paulo entre 1890 e 1950. A estação da Luz era o orgulho tecnológico da capital do café no final do século 19 e foi assim batizada por ter sido o primeiro local a substituir os lampiões pelas lâmpadas elétricas — eletricidade que também movia os bondes elétricos, que ganhavam as ruas e demandavam cada vez mais energia das usinas termoelétricas, as únicas fornecedoras de então. Na virada do século, entrou em funcionamento a usina hidrelétrica de Parnaíba, em Santana de Parnaíba, na grande São Paulo. Sustentou, junto com as usinas Ituporanga, no rio Sorocaba, e de Rasgão, no rio Tietê, o consumo crescente da cidade. Mas, na década de 1920, faltava energia novamente. Foi então que um engenheiro recém-contratado pela Cia Light and Power, a concessionária de energia na época, teve uma ideia: por que não aproveitar a diferença
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de altura (de 720 metros) entre São Paulo e a Baixada Santista para gerar potencial hidrelétrico? Isso garantiria que, mesmo com menos água passando pela turbina, a geração de energia fosse superior à fornecida por turbinas em barragens tradicionais. O nome do engenheiro: Asa White K. Billings. Seguindo seu projeto, foi construída a barragem da Pedreira, represado o Rio Grande, no alto da Serra. Mais tarde, a região alagada passou a ser chamada de Represa Billings. A água liberada por ela desce em grandes tubos a uma inclinação pronunciada e chega à Usina Henry Borden, em Cubatão (ao pé da Serra do Mar) com grande potencial hidráulico. A usina de Cubatão garantiu por muito tempo o suprimento de energia em parte da capital e ABC paulista, e ainda está em funcionamento. Mas, com tanta água descendo a serra e a demanda constante por energia, faltaria água na represa. Qual a ideia de Billings? Simples: reverter o fluxo do rio Pinheiros, que corria da Pedreira (onde se encontra a
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represa) para o Tietê, 30 km abaixo. Para isso, seria necessário retificar o rio, drenar as várzeas, aprofundar sua calha e construir duas estações elevatórias (Traição e Pedreira) para fazer o rio superar o declive de aproximadamente 35 metros e correr no sentido inverso de sua nascente. Junto com a reversão do rio, a lógica perversa: para onde vão seus poluentes? Para a Billings. Mas ela não é uma das responsáveis pelo abastecimento de água potável da região metropolitana, junto com a represa Garapiranga? Bem, é sim. Então, como fazer? Em 1988, a Secretaria de Estado de Recursos Hídricos e Meio Ambiente proibiu o bombeamento de água do rio Pinheiros para a Billings. Quer dizer... agora ela só é bombeada para controlar eventuais cheias nas bacias do Pinheiros ou do Tietê. Assim, o rio é o que vemos hoje, parado, escuro e sem vida. Um rio que desistiu de buscar sua foz. Ele pode voltar à vida, há esperança. Parte das raízes já está plantada, mas há muito ainda a ser feito.
Às pessoas que faziam parte da frente — chama-se oficialmente Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego — dava-se a oportunidade de qualificação em várias profissões (especialmente a de jardineiro), além de uma bolsa de R$160, de alimentação, transporte e carinho por nove meses, tempo em que reconstruíam sua história e seu amor próprio. “Eu catava papelão na rua quando fiquei sabendo que teria uma frente de trabalho pra plantar aqui. Me inscrevi e eles aceitaram. Era bonito de ver, dava pra ver as flores de longe. No começo tinham umas 200 pessoas, plantando, arrancando o mato, mexendo na compostagem. Era tanta gente que tinha de almoçar em três turmas. Aí foi caindo pra 150, 90 e até 70 pessoas. Um dia, em 2008, falaram que não ia ter mais a fren-
te. Eu chorei. Todo mundo chorou. Tenho muito orgulho de minhas plantinhas. Fico pedindo a Jesus pra voltar como era antes”, lembra América dos Santos, com os olhos afogados em saudades. “Tia América”, como é tratada pelos funcio-
nários do Pomar Urbano, participou de todas as frentes e hoje é voluntária no projeto. Cuida de “sua” horta orgânica: “Lá tem mostarda, abobrinha, maxixe, quiabo... A couve não quer sair... É pouco, mas é pra mim só”.
folhas, flores e frutos
Não se conhece o estado selvagem do guaraná, pois foi descoberto quando já havia sido domesticado por índios amazônicos
O fruto dos deuses Típico da Amazônia, o guaraná relaciona-se com a cultura do povo que habita essa região não apenas por suas propriedades, mas também pelo misticismo que permeia sua história Da redação l Foto: Cleferson Comarela Barbosa/sxc l Arte: paula bizacho
N
o coração da Amazônia, abrigados sob as copas das árvores mais altas, os índios Maués viviam harmoniosamente protegidos pela mata. A tribo foi honrada com um presente por seu respeito incondicional à natureza: o nascimento de um menino conhecedor de todos os segredos da floresta. A partir de então, aquela era a comunidade mais próspera! Venciam todas as guerras, não havia doença e a pesca era farta. Mas Jurupari — o deus da escuridão e da maldade, que o invejava — transformou-se em uma serpente e picou-o mortalmente. Todos os habitantes da aldeia se lamentavam desolados quando o deus Tupã os ordenou que enterrassem os olhos do menino. Naquele local nasceu uma planta divina, que os protegeria de males e doenças. A lenda da origem do guaraná vem da
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aparência desse fruto: quando maduro, sua casca vermelha se rompe e deixa à vista uma semente escura perfeitamente redonda, de base envolta por um arilo branco. Seu nome vem da palavra indígena “warana”, que significa “árvore que sobe apoiada em outra”, pois o guaranazeiro é um cipó lenhoso que cresce sobre o tronco de outras árvores — assim, ele pode atingir até dez metros —, ou em forma de arbusto se cultivado em áreas abertas. Sua principal propriedade está relacionada à grande quantidade de cafeína que apresenta. Por essa razão, o guaraná é um ótimo estimulante. Mas também se acredita que seja antitérmico, antidiarreico, analgésico, antigripal e até afrodisíaco. Inicialmente cultivado por tribos indí-
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genas amazônicas, seu uso se popularizou como medicamento e também como bebida. Assim, a cultura do guaraná adquiriu grande importância socioeconômica, especialmente no baixo sul da Bahia — o Estado se tornou o maior produtor de guaraná —, por ser explorado em pequenas propriedades e constituir uma atividade familiar.
Biologia Nome científico: Paullinia cupana Distribuição: trata-se de uma planta original da região amazônica Referência bibliográfica: Embrapa Amazônia: http://www.cpaa. embrapa.br/portfolio/sistemadeproducao/ guarana/docs/indexbr.html
[ técnica l iscas de fundo ]
A alta eficiência das
iscas de fundo
O hábito alimentar dos peixes se modifica quando as águas sobem. Enquanto alguns vão comer em meio à mata alagada, outros buscam seu alimento em profundidades maiores. Sob essas condições, as iscas de fundo costumam salvar pescarias Por: Denis Garbo l Fotos: Arquivo ECOAVENTURA l Arte: paula bizacho
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E
ntende-se por iscas de fundo os modelos denominados crank baits — ou plugs de barbela longa; os metal vibrations, feitos de metal com formato de peixes; os jigs, que são montados com pelos ou penas e cabeças de chumbo, e os jumping jigs, iscas igualmente de metal também em forma de pequenos peixes. Todos são muito eficazes em águas mais profundas, especialmente para fisgar espécies como Tucunaré, Corvina, Black bass, Matrinxã e outros predadores, inclusive os de couro. Vamos conhecer alguns modelos.
Crank baits Quando o ambiente aquático possui profundidade em torno de cinco a seis metros, essas iscas se mostram mais eficientes. São indicadas para pesca em represas, sobretudo quando as espécies-alvo são os Black basses e os Tucunarés. Apesar de haver vários modelos disponíveis no mercado, todas são semelhantes em relação ao trabalho. Basta arremessar e iniciar o recolhimento. A forma como irão nadar e a profundidade a ser atingida dependerão da inclinação, do tamanho da barbela e da velocidade
Crank baits Apesar de flutuarem, a principal característica que identifica essas iscas são as barbelas longas e pouco inclinadas, que as fazem bater no fundo
de recolhimento. Quanto mais rápido, mais fundo. O posicionamento da vara também influi. Com a ponta para baixo, a isca desce e vice-versa. Uma boa alternativa de trabalho em águas mais fundas é, após iniciar o recolhimento, intercalar paradas súbitas com toques de ponta da vara para que dancem. Quanto às cores, é aconselhável ter algumas de tons variados para testar qual se sobressai durante a pescaria. Varas com molinetes ou carretilhas de tamanho acima de seis pés e linhas entre 8 e 17 libras (4 e 8 quilos) são as mais indicadas para dar-lhes vida.
ecoaventura
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[ tĂŠcnica l iscas de fundo ]
estruturas Pouco conhecido no Brasil, o metal vibration ĂŠ uma isca de fundo eficaz quando trabalhada perto das estruturas
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Metal vibrations Como o próprio nome sugere, a vibração é a principal característica desse tipo de isca. São indicadas para profundidades superiores a cinco metros e se mostram eficientes para a Matrinxã em ambiente natural e nos pesqueiros; a Traíra, em lagos e represas; o Tucunaré, em ambientes diversos, e o Black bass — espécie para qual foi desenvolvida. Entretanto, para serem encontradas, é necessário garimpá-las no comércio especializado. Com um pouco de sorte, são localizadas opções de modelos, de formatos e de cores diversificados. Como vêm de fábrica com garateias duplas viradas para cima, enroscam menos e, por isso, podem ser usadas em locais com estruturas. Seu trabalho consiste em arremessar e aguardar que toque o fundo com a ponta da vara abaixada. Em seguida, a vara precisa ser levantada, e a linha que foi puxada, recolhida. Repita esse procedimento várias vezes. Durante a descida, a linha deve ficar esticada, pois o ataque pode ocorrer nesse momento. Outra boa opção é trabalhá-las na vertical. Basta soltar a isca na lateral do barco e fazer movimentos de subida e descida. Quanto aos equipamentos, vale a mesma sugestão dada para os crank baits.
metal vibrations A dificuldade de serem encontradas torna essas iscas um privilégio
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[ técnica l iscas de fundo ] Jigs Seja os modelos feitos com penas ou de cerdas animais ou sintéticas, esse engodo artificial é o mais indicado para vasculhar áreas maiores do fundo. Isso porque podem ser arremessados a grandes distâncias. Seu trabalho se mostra eficaz com toques secos de ponta de vara para cima e recolhimento, e costuma atrair grandes Corvinas, Tucunarés, pequenas espécies de couro, entre outros. Apresentam resultados mais expressivos nos grandes poções formados em rios caudalosos e funcionam melhor quando usados com varas para molinete ou carretilha de 5’6’’ a 6 pés de ação rápida. As linhas multifilamento entre 25 e 40 libras (11 e 18 quilos) são as mais indicadas.
jigs Por serem simples de usar e extremamente eficientes, os jigs não podem faltar na tralha do pescador
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VANTAGENS CONSERVADAS Também conhecidas por ‘xuxinha’, as iscas do tipo jig são tão antigas quanto competentes
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[ técnica l iscas de fundo ]
Os resultados com essas iscas são efetivos para a maioria dos predadores de nossos rios e represas
Jumping jigs
jumping jigs Pequenos modelos de formas variadas constituem-se em “coringas”
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Atualmente, são iscas fáceis de serem encontradas em grande variedade de modelos, tamanhos e cores. Depois de arremessadas, o trabalho precisa mesclar recolhimento em velocidade moderada com toques curtos de ponta de vara. No caso específico dessa isca, o trabalho vertical se mostra mais eficaz. O jumping jig surpreende pela diversidade de peixes de água doce capaz de seduzir: Tucunaré, grandes Corvinas e peixes de couro em represas e rios; Matrinxã, Piraputanga, Dourado, Tambacu e Pacu nos pesqueiros, entre outros. Os modelos com peso entre 8 e 30 gramas são os mais utilizados. Em locais sujeitos à correnteza, o peso deve variar de acordo com a velocidade de deslocamento da água. Nos pesqueiros, os menores com até oito gramas são os mais funcionais. Varas para molinete ou carretilha de 5’6’’ a 6 pés de ação moderada, para linhas multifilamento entre 20 e 30 libras (8 e 14 quilos), são as mais adequadas.
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Dicas do autor
• Quando utilizar os jumping jigs em locais com muitas estruturas, substitua a garateia por um suport hook e não deixe de colocar um líder para evitar que as farpas de anzóis e garateias enrosquem na linha principal durante o trabalho • Se for necessário proteger os fios de multifilamento ou monofilamento, use um líder de fluorcarbono com tamanho em torno de dois metros
Fotos: Marlúcio Ferreira
radar
A equipe de Uberlândia levou a premiação do torneio e do sorteio. Haja sorte!
Torneio no Triângulo Mineiro divulga pesca esportiva com muitos prêmios A quinta edição do Topesca (Torneio de Pesca Esportiva de Nova Ponte) — uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da cidade — reuniu, em outubro, 51 embarcações. Foram mais de 150 apaixonados pelo esporte, vindos de vários estados em busca dos vorazes Tucunarés que habitam as águas límpidas do lago da Hidrelétrica de Nova Ponte. Introduzido nas represas do Triângulo Mineiro, o Tucunaré-azul
desempenha papel fundamental para o desenvolvimento da pesca esportiva no País. Pelo quinto ano, o torneio contribuiu para a divulgação do turismo de pesca na região, que tem mostrado uma boa infraestrutura para quem pesca e para toda a família — verdadeiras torcidas organizadas! Parabéns aos promotores do evento. Ponto para a divulgação do turismo e da pesca esportiva na cidade!
Depois de medido, o astro principal retorna às águas
Agora é a vez de Tupaciguara-MG
Foto: Divulgação
O lago de Itumbiara, no Estado de Minas, será palco de mais um torneio de pesca esportiva, cujo objetivo, além de reunir os apaixonados pelo esporte, é desenvolver o turismo de pesca na represa e difundir a prática do pesque e solte. De acordo com o regulamento, o Torneio de Pesca Esportiva de Tupaciguara 2010 será exclusivamente de Tucunaré.
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DATA: 4/12/2010 LOCAL: Pousada dos Amigos INCRIÇÕES: Maré Mansa
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Brasileiros fazem bonito em competição no México Foto: Marco Ribas
edições! A equipe também liberou outro peixe, um Marlim-azul. A somatória dos pontos obtidos com as duas capturas rendeu ao time a segunda colocação no torneio, com um cheque de U$176.530,00. Mais informações no site www.bisbees.com.
Fotos: MPA
A 30ª edição do Torneio Bisbee’s Black & Blue reuniu 103 equipes em Los Cabos, no México, em meados de outubro. Trata-se de uma competição voltada à captura de Marlins-negros e azuis, cuja recompensa é uma das mais elevadas do mundo: neste ano, concedeu quase dois milhões de dólares em prêmios! Uma equipe composta por experientes pescadores do Iate Clube do Rio de Janeiro uniu-se ao mexicano Jose Almanza Espinosa, ao wireman David Brackmann e aos marinheiros Steve e Scotch — norte-americanos da Califórnia — para pescarem na embarcação REELAX, capitaneada por Chis Badsey, um sul-africano que, há anos, participa dos torneios de pesca promovidos anualmente pelo ICRJ. A bordo, essa “grande equipe” tinha um trunfo, que atende pelo nome de Capt. Bart Miller. Além de inventor do Tuna tube — insumo básico na pesca dos Marlins —, é fabricante da mundialmente famosa Black Bart, lulas artificiais de reconhecida eficiência em todos os mares. E foi usando uma dessas iscas que a equipe capturou um grande Marlim-negro de 599 libras — o maior válido dessa competição e o terceiro maior capturado nas 30
Ministério da Pesca e Aquicultura depois das eleições “Uma das coisas das quais tenho absoluta convicção é a de que Dilma Rousseff, como presidente, não só dará continuidade às políticas que construímos como vai ampliar e fortalecer todas as decisões tomadas nesse período”, é o que garantiu o ministro Altemir Gregolin, em entrevista concedida após a cerimônia de abertura da BioFach América Latina Expo Sustentat — feira comercial para a sustentabilidade voltada à produção de produtos orgânicos
—, no início de novembro, em São Paulo. Durante a coletiva de imprensa, foram abordados temas como o incentivo à produção pesqueira de forma sustentável, o estabelecimento de limites mínimos e máximos para captura de espécies e a divulgação oficial dos resultados do 1º Encontro Nacional de Pesca Amadora, prevista para início de dezembro. Segundo Gregolin, várias das decisões votadas no encontro já estão sendo implementadas pelo Ministério. Vamos aguardar!
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é o bicho
Tartarugas-de-couro
pedem socorro por: Laercio Vinhas l foto: arquivo ecoaventura l arte: marcello binder
A
tartaruga-de-couro ou gigante (Dermochelys coriacea) é assim chamada porque atinge formidáveis 900 quilos e chega a medir cerca de dois metros de comprimento. Seu casco — menos rígido que o das outras espécies — se assemelha a um couro e é composto por camada de pele fina e resistente, com milhares de placas minúsculas de osso. Vive em alto-mar, onde se alimenta preferencialmente de águas-vivas e medusas, é só se aproxima do litoral durante o período de desova. Embora seja uma espécie protegida por leis ambientais, é justamente nessa fase, quando a perpetuação da espécie
Biologia Nomes populares pelo mundo: quelônios ou testudines Reino: Animália Filo: Chordata Classe: Reptilia Ordem: Testudinata ou Testudines Subordem: Cryptodira (a mesma do jabuti e das tartarugas de água doce) Família: Cheloniidae e Dermochelyidae
está em jogo, que ela enfrenta as maiores adversidades a seu ciclo de vida: captura de forma acidental por redes de pesca, caça ilegal para aproveitamento da carne, destruição dos locais de reprodução, além da absurda depredação intencional de seus ovos. Mas não é só: a devastação de seu habitat por desordenadas ocupações urbanas e a ingestão de sacos plásticos — confundidos por elas com as águas-vivas — também comprometem a sua existência. Tanto que, nas últimas duas décadas, tais fatores associados provocaram um declínio global de 78% em suas populações, um fato tão alarmante que levou a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) a incluir a espécie na “Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas” com o status de “criticamente ameaçada”.
Referência bibliográfica: www.projetotamar.org.br
A cada dois ou três anos as fêmeas regressam sistematicamente à mesma praia para pôr os ovos 76
Expansão demográfica, pesca comercial, poluição dos oceanos, entre outros fatores, são ameaças à existência do maior quelônio de nossos mares
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Alimentação, migração e repouso Principal área de desova
Tartaruga-de-couro: as áreas
de alimentação, migração e repouso se estendem por todo o litoral brasileiro. As maiores concentrações de desovas ocorrem no litoral sul da Bahia e no norte do Rio de Janeiro.
[ simples assim ]
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Numa época em que as pescarias por este Brasil afora contam com belíssimas e completas pousadas ou luxuosos barcos-hotéis, ainda há aqueles saudosistas que preferem a aura mais pessoal e aconchegante oferecida por simples ranchos de pesca. Você é um deles? texto e fotos: Wilson Feitosa Arte: Gabriel Dezorzi
T
io Luiz é frequentador assíduo de uma tradicional loja de pesca em São Paulo e lá edificou parte expressiva dos amigos que coleciona hoje. Quem vai ao lugar sabe que ele tem muitas histórias para contar. Não é para menos, afinal, detém um invejável acervo de experiências de pesca nos rios mais paradisíacos do País. E é durante essas conversas que costuma convidar alguns felizardos para visitar seu pedacinho de paraíso nas distantes terras do Centro-Oeste, caso do grupo de amigos composto pelo próprio anfitrião, Luiz, Cravo e Farid. Após varar a densa cortina de fumaça, que predominou desde Cuiabá em função do fogo devastador de paisagem, o pequeno avião deixou seus ocupantes tensos ao sobrevoar repetidas vezes uma área de pastos sem conseguir encontrar as coordenadas da pista de pouso. Mas a apreensão durou apenas até que fossem visualizados os contornos de um pequeno rio, já que o destino do grupo era um rancho localizado em suas margens. No desembarque, fomos recepcionados por Rui, que gentilmente trouxera sua caminhonete para transportar as bagagens e nos dar carona. Sujeito carismático, daqueles que passam a impressão de serem conhecidos de longa data, rapidamente nos colocou a par de tudo que acontecera por ali nos últimos dias.
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[ simples assim ] Apesar de tamanha hospitalidade, optamos por fazer o trajeto a pé. Isso porque, quando se chega a um lugar pela primeira vez, nada melhor do que rodear com olhar curioso os 360 graus que o entornam. Parte expressiva dos arredores era composta por pastos — uma paisagem de aspecto árido devido à seca acentuada. Mas, ao rumarmos para a estradinha que dá acesso ao rancho, uma mata vistosa surgiu à frente e, em meio a ela, uma alameda formada por deliciosos e variados pés de cajus madurinhos. Claro que demoramos mais que o necessário nesse trajeto, afinal, só quem já teve a oportunidade de apreciar uma dessas frutas amadurecidas no próprio pé conhece seu verdadeiro paladar.
Rústica, suculenta e afetuosa— essa é a natureza num rancho de pesca Assim que avistamos a casa, galinhas espalhadas pelo quintal e pequenos cães carentes vieram nos saudar. O acesso às dependências é feito por uma espécie de sala redonda, no melhor estilo do que se pode chamar de rancho de pescadores. Cadeiras espreguiçadeiras espalhadas por seus arredores, tralhas de pesca e uma aura muito peculiar nos fez antever que ali seriam contadas e escritas muitas histórias. Deixamos nossas malas e rapidamente fomos contemplar os arredores. Claro que o maior interesse de todos recaiu sobre o rio, tanto que, em questão de segundos, atravessamos a casa sem prestar atenção merecida a seus detalhes até a varanda — esta sobre palafitas — para observarmos o esverdeado sedutor das águas do rio Comandante Fontoura, onde ficamos a imaginar com quais peixes ele poderia nos brindar. 80
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Serginho, menino letrado nas artes culinárias, logo nos trouxe um aromático café, daqueles cujo odor nos remete ao campo. De volta à sala dos pescadores, tio Luiz, entre um aperitivo e outro, mostrava sua variedade de equipamentos, como varas,
carretilhas, linhas ou iscas. Ele tinha de tudo e de todo o tipo e ficava envaidecido ao ofertar esse arsenal a seus convidados. Curioso é que, apesar dos dois barcos prontos e ancorados ao lado do rancho, seu reduto predileto não era o leito do rio,
mas sim uma de suas margens — lugar onde abriu uma minúscula clareira e confortavelmente se instalava para desafiar Matrinxãs, para quem cevava com especial carinho, capaz de fazê-lo distinguir um espécime de outro.
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[ simples assim ] O rio também trazia seus atrativos, como pudemos testemunhar durante os cinco dias em que fizemos de suas águas nosso dia a dia. O Tucunaré era um dos principais, e o encontramos não apenas em seu sinuoso leito como nos belos lagos existentes em seus arredores. Jacundás de tons impressionantes
também eram comuns ao longo de um dia de pesca. Mas, indiscutivelmente, o Trairão era a espécie que cutucava com maior intensidade o imaginário dos pescadores. Ainda que não sejam tão fáceis de encontrar, três belos exemplares fizeram questão de posar para as fotos dos orgulhosos pescadores.
Nenhum obstáculo era maior do que a alegria unida
As noites no rancho Liberdade, por sua vez, foram sempre ritualísticas. Na varanda, sobre o rio, anfitriões e convidados se envolveram em prosas embaladas pelos mais diversos temas, enquanto o odor dos sabores preparados na cozinha ao lado instigava o apetite de todos. Entre os assuntos em pauta, histórias de pescarias memoráveis, preocupação com o avanço acelerado da ocupação humana e suas consequências iminentes ao rio, planos para novas aventuras e... Enquanto o jantar não era servido, iscas de pão soltas na água atraíam as ariscas Matrinxãs, que na escuridão se mostravam bem mais desinibidas e acessíveis aos engodos oferecidos e, por conseguinte, convenciam os pescadores a irem dormir mais tarde. 82
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Uma história a contar Situado em terras da Fazenda Raça, às margens do rio Comandante Fontoura — afluente do Xingu —, o Rancho Liberdade é como uma volta ao passado, um exemplo raro de amizade nos dias atuais. Surgiu ao acaso, fruto de um relacionamento de longa data entre colegas de profissão e companheiros de pescaria. Consta dos anais que, certo dia, em uma de suas visitas à Fazenda Raça, Luiz Fernando — carinhosamente tratado por “Tio Luiz” — instou seus amigos Sebastião e Rui: “Se vocês fizerem uma casa na margem do rio, eu monto (equipo) o rancho!” Do desafio à conclusão pouco tempo levou, e o aprazível lugar conquistou tamanho espaço em seus corações que hoje, quando relembram como tudo começou, fazem-no pilheriando de que o Rancho Liberdade se tornou
tão valoroso que foi grilado pela Fazenda Raça. Uma das características marcantes do rancho é a alimentação “caseira” preparada pelo “Menino Sérgio”, cuja riqueza do cardápio inclui bolos e pães acompanhados de queijos e requeijões, tudo fabricado lá mesmo. Craque na culinária e eloquente contador de histórias, Serginho — como também é chamado — é sujeito viajado e já levou sua habilidade culinária para garimpos, fazendas e pousadas nos lugares mais remotos de um Brasil conhecido por poucos. Normalmente, a pescaria no rio Fontoura é praticada em seu próprio leito ou em lagos ligados a ele, instrui-nos tio Luiz, que, apesar do entusiasmo com que fala dos peixes, preferiu ficar em terra firme no primeiro dia em que exploraríamos essas águas.
Os dias e noites eram vividos intensamente e, como tudo que é bom, passavam como se fossem horas. Entretanto, quando chegou o momento de ir embora, ninguém ficou frustrado, afinal, Rui, Tião, Tio Luiz, Farid, Serginho, Cravo, e outros amigos e amizades que surgiram por lá, já escreveram uma nova história. Por isso, será inevitável que se encontrem novamente para relembrá-la e para escrever novos capítulos.
[ tĂŠcnica l pesqueiro ]
Sorte? Que nada! Por: AndrĂŠ Correa Carvalho, Juliano Salgado e Geraldo Petersen i Fotos: Adriano Prilip i Arte: Gabriel Dezorzi
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A produtividade na pesca dos “redondos” é sor te ou técnica? Desafiamos três especialistas para que expliquem esses e outros porquês relacionados aos embates com essas espécies. Acompanhe!
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eparar-se com situações adversas e até frustrantes na beira de um lago é comum, mas, quando o pescador do outro lado da margem — ou mesmo a poucos metros ao seu lado — fisga um “redondo” atrás do outro enquanto a sua pescaria insiste em manter-se monótona e sem peixes, aí a “falta de sorte” começa a ficar ainda mais decepcionante. Nessa ocasião, instantaneamente a culpa dos maus resultados recai sobre fatores como frentes frias, ventos que agitam a
superfície da água ou sobre o ponto para onde o pescador está direcionando os arremessos. Entretanto, sua contrariedade aumenta quando, inconformado com a situação, deixa de lado o pudor e começa a dirigir seus lançamentos para o espaço alheio — no caso, aquele onde o “sortudo” fisga seus peixes — e, ainda assim, nada consegue. Ao pescar sob condições iguais e no mesmo lugar, mas a “sorte” não mudar, aí a conclusão é esta: a técnica e a isca usadas pelo bem-aventurado precisam ser desvendadas.
Com técnica, equipamentos e iscas certas, a pescaria dos “redondos” é bem mais produtiva
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[ técnica l pesqueiro ] Então, a nova estratégia é descobrir como o outro faz e o que usa. Para conseguir essa informação, vale tudo, da discreta espionagem até enviar um emissário de feições singelas — isto é, o próprio filho ou a esposa — para descobrir o segredo miraculoso. Só que nem sempre o plano funciona, pois o apurado senso de humor ou a rude recusa de alguns pescadores em compartilhar o mapa da mina resultam em informações dissimuladas. Situação engraçada aconteceu quando, em certa ocasião, o “detetive mirim” recebeu como resposta do sortudo da vez que sua isca milagrosa nada mais era que um caroço de jaca e, na pescaria seguinte, seu pai impregnou o pesqueiro com a fragrância da aromática fruta.
Acessórios e equipamentos de boa qualidade são decisivos para o desfecho favorável de uma incursão 86
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O pescador bem informado sabe onde colocar de forma mais produtiva cada tipo de isca
Assim, para dirimir suas dúvidas, diminuir a dependência do fator sorte e evitar os constrangimentos tão comuns a quem se vê envolvido em pegadinhas, apresentaremos nesta matéria duas técnicas que fazem a diferença com os “redondos”: a pesca de superfície com boias cevadeiras, indicada para os dias sem vento e com temperatura agradável, e a de meia-água e fundo, que costuma salvar pescarias em dias nos quais o vento faz a água encrespar, ou quando a temperatura cai significativamente.
Com as cevadeiras Existem boias cevadeiras de tamanhos e pesos diferentes. As menores são indicadas para lagos estreitos e curtos, onde não há necessidade de lançar a isca muito longe. Entretanto, apresentam dois inconvenientes: levam menos ração para cevar o local escolhido e, como são usadas com equipamentos mais leves, obrigam o pescador a rodear o lago sempre que pegar um peixe de bom porte. Talvez por isso as mais utilizadas sejam aquelas que pesam aproximadamente 60 gramas. Estas, além de auxiliarem na hora de fazer arremessos mais longos (acima de 30 metros), transportam algo em torno de 30 gramas de ração, o que é suficiente para manter uma ceva eficiente nos lugares onde são posicionadas. Para utilizar modelos desse porte, é necessário dispor de um conjunto composto por varas entre 6’6’’ e 7 pés de ação médio-rápida, linha monofilamento 0,40 ou multifilamento de 35 libras (16 quilos) e uma montagem específica.
Montagem - Chicote, com aproximadamente um metro de comprimento, feito de linha 10% mais resistente que a principal, atada no girador da cevadeira;
- Anzol de Robalo tamanho 4/0 ou 5/0, com duas miçangas artificiais de cortiça — uma esconderá o olho do anzol e a outra ficará na curvatura — e um coquinho na curva próxima à ponta. Ou, no mesmo tipo de anzol, uma ração de E.V.A. em posição capaz de esconder o olho do anzol, além de uma miçanga solta na curva próxima à ponta.
- Outra boia — só que do tipo Lambari — número três ou quatro, que ficará posicionada a cerca de 20 centímetros do anzol;
A técnica Após o lançamento, recolha o equivalente ao tamanho do chicote para que a ração artificial se posicione em meio à natural, que foi espalhada
pela boia cevadeira. Quando a boia menor (Lambari) afundar, basta travar a linha e aguardar, pois o peixe se fisgará sozinho. Aliás, é fundamental não fisgar, caso contrário, a isca será
refugada. E, como a maioria dos pesqueiros tornou obrigatório o uso de anzóis sem farpa, outro aspecto vital nesse tipo de pescaria é não deixar folga na linha.
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Com boia foguetinho ou torpedinho Uma das distinções entre a boia foguetinho e a cevadeira é que a primeira não leva ceva. Essa diferença não significa que ela seja imprópria para a pesca de superfície, sobretudo porque suas maiores virtudes acentuam-se quando o peixe está comendo na meia-água, em profundidades abaixo de 50 centímetros. Normalmente, são classificadas em pequenas, médias e grandes, o que determina a distância que é capaz de atingir. Os seus diferentes tipos de silhueta fazem-nas serem conhecidas por outros nomes, tais como: rolha, balão, lambari, torpedo, foguete, charuto etc. Independentemente do formato, podem ser usadas com o mesmo conjunto montado para as cevadeiras, contudo, proporcionam arremessos mais precisos se usadas com varas entre 5’6’’ e 6’6’’, linha monofilamento ao redor de 0,35 milímetro, ou multifilamento de 40 libras (18 quilos), e chicote.
Montagem
As iscas mais eficientes são feitas com massas, rações de superfície umedecidas [veja receita no box], minhocas, salsicha, queijo etc. A escolha entre uma ou outra deverá seguir a preferência do peixe no dia e no local da pescaria. Para chicotes acima de um metro, é recomendável espetar um alfinete na boia [vide foto] para prender a isca — uma providência que evita enganchá-la em algum obstáculo ou fisgar o próprio pescador durante o arremesso.
Montar o chicote com monofilamento de 40 libras (18 quilos) e tamanho a partir de 50 centímetros;
Atar a linha do chicote a um snap nº 2 ou 3, ou direto no anzol;
A técnica Os arremessos devem ser feitos em diversas direções até que se consiga determinar em quais locais as ações 88
são mais incidentes. Feito isso, é preciso ficar atento ao posicionamento da boia, pois, assim que ela deitar, será necessário fisgar vigorosamente e, o
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Usar anzóis do tipo chinu nº 7 ou 9, ou maruseigo tamanho entre 16 e 20;
mais importante, manter a linha esticada o tempo todo. Essa técnica demonstra maior eficiência em dias nos quais o vento inviabiliza a pesca na superfície.
Receita de massa para peixes “redondos” INGREDIENTES • 2 maracujás • 2 colheres de sopa de conhaque • 1 copo de água filtrada ou mineral (sem cloro) • Meio quilo de farinha de trigo • Meio quilo de farinha de mandioca fina crua • 1 envelope de refresco sabor maracujá • Fubá para empanar as bolinhas MODO DE PREPARO • Misture muito bem a farinha de trigo junto com a de mandioca. Em seguida, reserve-a • Bata o maracujá no liquidificador junto com o refresco, o conhaque e a água. Coloque essa mistura em uma bacia grande e vá acrescentando aos poucos as farinhas até que formem uma massa firme, necessária para modelar em bolinhas do tamanho das de gude
DICAS • De nada valem as técnicas sugeridas se o pesqueiro escolhido não tiver cuidados básicos com a saúde e a reposição de peixes em seus lagos. Onde não há peixe, só milagre resolve! • Um dos erros mais comuns come-
• Em uma panela, aqueça a água até levantar fervura. Em seguida, coloque aproximadamente dez bolinhas de massa de cada vez. Elas afundarão, assim, espere até que boiem (tal qual um nhoque), pegue as bolinhas com uma escumadeira, coloque em uma vasilha com fubá e empane para não grudar • Guarde em uma vasilha somente depois de esfriarem
tidos pelos pescadores que se propõem a desafiar os “redondos” é abastecer as boias com o tipo de ração errada. Já apenas as que flutuam apresentam resultados com cevas • Como os “redondos” atingem grande porte e costumam arrastar tudo para onde
bem entendem, é recomendável usar molinetes ou carretilhas de boa qualidade • Muitos pesqueiros não permitem o uso de alicates de contenção. Assim, para evitar que o peixe caia ou machuque as mãos do pescador, use luvas de algodão ao manuseá-los
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[ mulher ]
Um coração, duas paixões Da Redação l fotos: Arquivo pessoal l arte: Gabriel Dezorzi
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Mirta aprendeu a pescar com o guia. A ajuda foi tão bem-vinda que hoje o profissional é quem a acompanha
A
“
s mulheres têm uma leve tendência a se adaptar melhor ao fly porque essa modalidade não depende de força, mas de jeito. Requer mais sensibilidade com relação ao arremesso, à velocidade do rio e à intensidade do vento. Tudo isso exige uma adaptação a qual as mulheres têm mais facilidade para alcançar”. Gerson Kavamoto, instrutor especializado em pesca com mosca, explicava justamente sobre a aptidão feminina para essa técnica quando esbarrou no enigma: então, por que são poucas as mulheres que se arriscam nessa prática? Mirta Susana Granovsky não possui essa resposta, mas é integrante desse restrito grupo. Aptidão? Técnica? Exatidão no movimento? Nada disso é para ela uma preocupação. Seu negócio é pegar o peixe: “Essa é a melhor coisa do mundo! Que importa se o arremesso está perfeito?” O que hoje é uma grande paixão começou apenas como turismo, em meados dos anos de 1980. A família de seu ex-marido, Eric, sempre esteve ligada à pesca. Mais do que costume, o esporte era tradição. Ele, que é francês, realizava com frequência viagens à Argentina
para praticar o fly, e ela via na empreitada uma ótima oportunidade de conhecer lugares diferentes. E foi assim que conheceu a Patagônia e a pesca com mosca. A primeira tentativa não foi fácil. Os movimentos repetitivos causavam cansaço, mas havia algo extremamente envolvente que não a deixava desistir. “Nunca imaginei que ficaria tão feliz em pegar um peixe! É uma sensação primária do ser humano, uma ale-
Mirta, uma argentina que se considera brasileira, adora estar em contato com a natureza e não perde a chance de apreciar as belezas naturais dos locais por onde passa. Seu coração só se divide quando o assunto for pesca com mosca e Brasil gria impressionante!” E se empolgou tanto com as capturas que sofreu uma lesão. “Tive uma epicondilite — inflamação nos nervos do cotovelo — devido ao lançamento, mas valeu a pena”. Mesmo com o incoveniente, a menina que deixou a Argentina aos 14 anos com a família — uma fuga da crise político-econômica pela qual o país passava — descobriu-se apaixonada pelas belezas de lá e pela pesca esportiva.
Embora as paisagens tenham grande influência sobre suas pescarias, para Mirta o maior divertimento é capturar os peixes
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[ mulher ] “Até a hora do make up (maquiagem) eu tinha!” Um elemento associou-se a outro: os belos cenários despertavam o desejo de fisgar Trutas, ao mesmo tempo em que as pescarias só eram apreciadas quando emolduradas pelos lagos de água límpida e gelada, cercados de grandes montanhas e de bela vegetação. A intensidade do contato com a natureza proporcionado por essa modalidade a conquistou de tal forma que não sobrou espaço para as demais. Mirta chegou a testar iscas de superfície, mas a sensação não a satisfez. “Nada se compara ao fly, a proximidade com o meio é gigantesca”. O resultado não poderia ser diferente vindo de uma experiência tão sedutora: o “vadeio”, considerado o modo mais tradicional da pesca com mosca, é o responsável por tantos adeptos aficionados. Com roupa especial — o waiding —, os pescadores caminham pelo rio enquanto tentam atrair seus alvos. Assim, é possível identificar o tipo de solo daquele curso, sentir a temperatura da água e ouvir apenas o som do vento sobre as folhas das árvores — sem o estrondoso motor do barco. A “caçada” se torna o equilíbrio exato entre instinto e racionalidade, e é preciso fazer uma leitura daquele ambiente — saber onde estão os peixes, do que estão se alimentando e como atraí-los. “Com o fly existe uma magia a mais: não é só o pescar e tirar o peixe da água”, conta. No caso de Mirta, essa proximidade ia ainda mais longe, pois a pescaria não se limitava apenas às capturas. “Depois vem a melhor parte: a hora da ciesta! Pescar Truta, parar na beira do rio, fazer um piquenique, cozinhar o peixe fisgado, tomar um vinho e deitar... É tudo muito gostoso!” 92
Uma paixão leva à outra Mirta sempre foi empreendedora em meio a uma família de artistas. Trabalhava com exportações no setor têxtil até 1995 quando a filha decidiu entrar no ramo do turismo. Nenhum outro destino poderia ter lhe passado pela cabeça senão a Patagônia, que
até a época era pouco conhecida dentro dessa atividade. Pioneira, empenhou-se no desenvolvimento de um local praticamente inexplorado até aquele momento. E teve sucesso. Hoje a região é um dos destinos mais procurados da América Latina, e não apenas por pescadores.
“Nós [brasileiros] sabemos melhor que ninguém oferecer um serviço de excelência”
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Somente a alegria de fisgar o peixe é capaz de tirar sua atenção do cenário exuberante
Foto: Henrique Feitosa
Para Mirta, a integração com a natureza continua após a pescaria, no momento de descansar e apreciar a paisagem
“A Patagônia chilena é o ponto máximo de beleza na América! O lado argentino também é maravilhoso!” No entanto, a paixão pelo contato com a natureza exigia que ela oferecesse um serviço diferenciado. “Eu não proponho o simples passeio tradicional, o meu cliente não quer apenas o conforto, ele tem que levar algo mais. E não é que deu certo?” Hoje, possui uma operadora de turismo que atua na América do Sul e Central, a Viva Terra. O segredo do sucesso? “Só tenho mulheres trabalhando comigo porque acho que cuidamos melhor do outro, sobretudo em uma viagem. Nós sabemos entender melhor os detalhes de que cada grupo precisa”.
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verbo Por: Antonio Carlos Cravo
Palestrante fala sobre o
pesque-pague Embora obscuro praticante dos mais variados tipos de pescaria, neste momento solene venho colocar meus parcos conhecimentos à disposição de todos para que, mesmo insipidamente, possa ilustrar suas dúvidas e certamente aumentar as minhas com relação ao assunto principal que nos reuniu: “os pesque-pagues e a sua contribuição para a pesca amadora”. Sobre eles quero dizer que, embora existam aqueles que alegam falta de graça ou não haver graça nenhuma em “apanhar” peixes confinados em um lago — e muitas vezes já sem algumas características originais da espécie —, e com esses nem adianta discutir, o fato é que os pesque-pagues vieram para ficar e hoje podem ser considerados uma atividade comercial de sucesso na qual participam milhares de pessoas, desde o piscicultor, que produz em fazendas espalhadas pelo Brasil milhões de alevinos por ano, criados e engordados somente para essa atividade, até o pescador consumidor final, depois de passar pelos transportadores que percorrem o interior procurando e comprando peixes que serão entregues nos milhares de pesqueiros existentes por esse Brasil afora. As vantagens A grande vantagem dos pesque-pagues para a pesca amadora é a sua proximidade dos grandes centros e o conforto que
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a maioria deles proporciona ao permitir que, sem maiores deslocamentos ou perda de tempo, os pescadores possam desfrutar das mais variadas espécies e da possibilidade de consumi-las sem pejo e, com isso, diminuir de maneira assustadora a pressão de pesca no Pantanal e em outras bacias pesqueiras. Tudo isso ainda com contribuição para o progresso da piscicultura brasileira por meio da criação de novas espécies híbridas que, a par da esportividade proporcionada ao pescador, ainda é cada vez mais uma grande fonte de proteínas para a população em geral. Pacus, Tambaquis e seu híbrido Tambacu, Pirararas, Matrinxãs, de grande porte, quando ferrados e pescados com material adequado, vão proporcionar ao pescador a mesma emoção dos encontrados na natureza e sem os mosquitos ou outras “pragas”, que muitas vezes nos enchem o saco. Como funcionam Hoje, embora ainda se possa comprar os peixes pescados, a grande maioria dos pesque-pagues prefere trabalhar na maneira que eufemisticamente chamam de “pesca esportiva”, em que os exemplares pescados são obrigatoriamente soltos, como se a esportividade estivesse em soltá-los e não em pescá-los e poder consumi-los. Mas isto é outra história!
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Trairão Av. Inajar de Souza, 57 - Freguesia do Ó 11.3931-8077/3931-6060
Pesk Bem R. Pelotas, 83 – Box 147 Vila Mariana – 11.5576-9684
Via Costeira Av. Engenheiro George Corbisier, 1.177 Jabaquara – 11.5016-2994/5012-5477
Pet Shop Fauna & Flora Est. do Campo Limpo, 5.796 Jd. Umarizal – 11.5845-3270
São Roque - SP Taquari Centro De pesca Estrada do vinho, Km 5 Sorocamirim www.centrodepescataquari.com.br 11.4711-1937
Projeto Pesca Av. Santa Catarina, 448 Vila Alexandria – 11.5031-4517 Rei da Pesca Rua Clelia, 2.180 - Água Branca 11.3871-3435 Sam Fishing Rua Belém, 33 – Belenzinho 11.2081-3699
Artpesca Av. Celso Garcia, 1026 Belenzinho – 11.2291-2277
Sauer Tec R. Do Bosque, 1024 Barra Funda – 11.3392-1592
Buriman Pesca e Camping R. Domingos de Morais, 1.003 Vila Mariana - 11.5575-5333
Só Lazer Av. Luiz Stamatis, 431 – Box 12 Jaçanã – 11.2241-9596
Casa das Redes Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.161 Vila Leopoldina - 11.3837-0666
Sugoi Jabaquara Av. Jabaquara, 361 Praça da Árvore – 11.5584-0066
Empório Pegasus Rodovia Armando Salles, 2403 Royal Park – 11. 4165-1708
Cia. da Pesca Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.211 Vila Leopoldina - 11.3641-2294
Sugoi Centro R. Florencio de Abreu, 656 Centro – 11.3329-9005
Juquitiba - SP DG Esportes Av. Juscelino K. De Oliveira, 685 A Centro – 11. 4682-1988
Ermanay Pesca Camping R. Brigadeiro Tobias, 744 Centro - 11.3326-3625
Sugoi Aricanduva Av. Aricanduva, 5.555 - Lojas S8-S10 Vila Matilde - 11.2725-6815
Tralhas e Cia Pesca e Lazer Av. Salgado Filho, 1441 Jd. Sta. Mena – 11.2441-0878 Itapecerica da Serra - SP Med Pesca R. Luiz Gama, 23 Centro – 11.4667-2468
São Bernardo do Campo - SP FabPesca R. Heinrich Nordhoff, 117 Riacho Grande www.fabpesca.com.br - 11.4397-5711 Marlin Azul R. Heinrich Nordhoff, 165 Riacho Grande – 11.4354-0425 A Fisgada R. Rio a Cima, 353 – Riacho Grande fabpesca@hotmail.com 11.4354-0135 Taboão da Serra – SP Casa de Rações Exótica Largo do Taboão, 99 – Centro 11.4701-4174/ 4787-5613 Ao Criador R. Acacio Ferreira, 3234 Jd. Tres Marias – 11. 4701-2629 Nippo Comércio de Rações R. Dr. Mario Augusto Pereira, 71/75 Parque Pinheiros 11-4137-7832/ 4137-3141
Pesqueiros Biritiba Mirim - SP Pousada Vale Encantado 11.4692-1094 www.valeencantado.com.br Sombra e Água Fresca 11.4692-2510 Castelo Branco - SP Mathu – 11.4131-6336 Francisco Morato - SP Clube de Pesca Recanto da Cascata 11.4609-9052 www.recantodacascata.com.br Guararema - SP Didi França 11.4693-0177 www.pesqueirododidifranca Itapecerica da Serra - SP Itapecerica 11.4667-3342 www.pesqueiroitapecerica.com.br Itaquaquecetuba - SP Itaquá 11.4648-6107 Jundiaí - SP Lagoa dos Patos 11.4537-1198 www.pesqueirolagoadospatos.com.br Juquitiba - SP Estância Pesqueira Campos 11.4683-9110 www.estanciapesqueiracampos.com.br Vale do Peixe 11.4682-1900 www.valedopeixe.com
Mairiporã - SP Clube de Pesca Takenaka 11.4604-8648 www.clickpesca.com.br/takenaka Da Lontra 11.4486-2359 Vale do Santo Ari 11.4604-3988 Mauá - SP Pesk Ville 11.4576-1170 Rei dos Amigos 11.4576-7352 – www.pesqueirodosamigos.com.br Peruíbe - SP Girassol 13.3456-1317 Poá - SP Roda Viva 11.4636-5636 Ribeirão Pires - SP Carequinha 11.4439-9058 Nova Tropical 11.4825-5382 Pedra Branca 11.4342-3784 www.ppedrabranca.com.br Pouso Alegre 11.4827-0382 www.pesqueiropousoalegre.com.br
Frete de Barcos & Guias Bertioga - SP Ossamu (Robalo) 11.9749-8564 Bragança Paulista - SP Braguinha 11.4035-2290/9967-1535 Fabio Martorano 11.9980-7423 Cáceres - MT Luís Henrique (Peixes Esportivos) 65.9614-3973 Formoso Araguaia - TO Alex 63.3357-1145/8119-0188 Dimas 63.9994-7553/8459-9346 Ilhabela - SP Nils 12.3896-5396/9146-5587 www.comandantenils.com.br Wilson 12.3895-8394/7850-7896/7850-7893 Itanhaém - SP El Shadai 11.2946-6966 Pelicano 13.9784-3302
– Ilhas da Queimada Grande, Laje da Conceição, Bom Abrigo e Parcéis dos Reis, Dom Pedro, da Una, da Noite Escura
Queimada Sub 13.3422-1855 www.queimadasub.com.br
Natal - RN Auricélio Alves 83.9115-0855 Alcimar 84.9916-4051 / 11.7742-1246 Porto Xavier - RS Juscelamar 55.9916-5572/3354-2293 Recife - PE Rodolfo 81.3619-1120/9979-5790 Salvador - BA Lino Justo 71.8869-8288/9918-8288/ 3332-6323 Marcel 71.8826-7042/3263-3324 São Sebastião - SP Via Mar Pescarias 12.3892-5456 viamarpescarias@uol.com.br
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Boya Fishing 12.3862-1551/7898-4195 Barco Soberano 12.3887-8651/7850-1512 Serra da Mesa - GO Eribert Marquez 64.8415-1279 Tupaciguara - MG Daniel Sales 34.3281 3544
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