Revista ecoaventura edição 26

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TRAIRÃO I ROBALÕES NO CEARÁ I PESCA EM PARANAGUÁ I RIO GUARIBA I TORNEIOS EM PESQUE-PAGUE I MORRETES-PR I áLCOOL E PESCARIA I RIO SUBTERRÂNEO I PESCA DE PRAIA

Ano III - Edição 26 – NOVEMBRO –

R$10,90

ecoaventura - E d i ç ã o 2 6 - N O V E M B R O d e 2 0 1 1

Trairão bilíngue

esse e outros peixes nobres no rio Xingu

PESQUE-PAGUE Dicas para vencer torneios

ROTEIRO I Robalões em Aracati-CE

AVENTURAS EXPLORATÓRIAS Guariba, o rio da felicidade

ROTEIRO II Pontos de pesca em Paranaguá-PR

PESCA DE PRAIA I TURISMO EM MORRETES-PR I áLCOOL E PESCARIA I UM RIO SUBTERRÂNEO?


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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br

Que pescador é você?

E

m geral, pode-se afirmar que existe “todo tipo de pescador” e “pescador de todo o tipo”. Se, para uns, a paixão pela pesca é hereditária, para outros se trata de um hobby adquirido ao longo do tempo, embora a forma como a paixão tenha sido despertada seja o que menos importa. O que conta, nessa

classificação hipotética, é o modo como a pesca é curtida. Várias são as tribos que podem ser identificadas: os pescadores “tradicionais”, as-

Editor de fotografia Inácio Teixeira (MTb nº 13302/SP) fotografia@grupoea.com.br

sim tratados porque utilizam somente iscas naturais em suas pescarias. Há os “pincha-

DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br

os “mosqueiros” se divertem tanto pescando quanto fabricando suas próprias iscas —

Reportagem Dani Costa (MTb nº 01518/ES) dcosta@grupoea.com.br Bárbara Blas (MTb nº 64800/SP) bblas@grupoea.com.br Tradução David John Arte Glauco Dias, Mila Costa e Tiago Stracci Correspondentes internacionais Fabio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição André Correa, Eribert Marquez, Flávio Freitas, Juliano Salgado, Marcelo Moreno e Wilson Feitosa Consultores Alexandre Andrade, Eribert Marquez e Lawrence Ikeda DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br Atendimento ao leitor Priscila Santiago sac@grupoea.com.br

dores” — especialistas na modalidade com iscas artificiais ou colecionadores delas. Já algumas, verdadeiras obras de arte. E, por último, aqueles que poderíamos nomear de “sem rótulo”, pois sabem pescar com todas as técnicas e variados equipamentos. Para isso, adéquam cada modalidade ao lugar e aos peixes que pretendem fisgar. Quanto aos tipos, reconhecemos, sobretudo, pescadores que apresentam três traços: os “pavões” — tentam provar, a todo o momento, que são os melhores. Exibem equipamentos sofisticados, usam indumentárias que transbordam pet’s (logotipos) e costumam se apossar do conhecimento alheio para expô-lo como de sua autoria. Há os “comprovadores”, que precisam trazer quantidades absurdas de peixes — ou, ainda, comprá-los — para distribuí-los entre os amigos, que, leigos, enaltecem-nos como o “grande pescador”. E os “contempladores”, amantes da paz e dos belos visuais, da solidão e do silêncio. Normalmente discretos, hábeis e técnicos, procuram superar somente a si próprios. Quando estão em uma das arenas oferecidas pela natureza — depois de experimentarem as emoções do confronto com o peixe —, cuidam para que aquele que lhe proporcionou satisfação possa voltar ao seu meio em condições físicas adequadas para garantir que, no futuro, sejam capazes de oferecer momentos inesquecíveis a outros pescadores. A despeito das qualidades (ou falta delas), em todas as classificações, há uma bandeira em comum, que identifica todos os pescadores esportivos: ao praticá-la, estão unidos em busca de entretenimento, lazer, estreitamento de laços de amizade e a comunhão com a natureza. E você, a qual tribo pertence?

Assinaturas assine@grupoea.com.br

R$10,90 Ano III - EdIção 26 – noVEMBRo –

TRAIRÃO I ROBALÕES NO CEARÁ I PESCA EM PARANAGUÁ I RIO GUARIBA I TORNEIOS EM PESQUE-PAGUE I MORRETES-PR I ÁLCOOL E PESCARIA I RIO SUBTERRÂNEO I PESCA DE PRAIA

Assinaturas: (11) 3334-4361

ecoaventura - E d i ç ã o 2 6 - N o V E M B R o d E 2 0 1 1

A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

Trairão bilíngue

esse e outros peixes nobres no rio Xingu

PESQUE-PAGUE Dicas para vencer torneios

ROTEIRO I Robalões em Aracati-CE

AVENTURAS EXPLORATÓRIAS Guariba, o rio da felicidade

ROTEIRO II Pontos de pesca em Paranaguá-PR

PESCA DE PRAIA I TURISMO EM MORRETES-PR I áLCOOL E PESCARIA I UM RIO SUBTERRÂNEO?

Edição 26 — novembro de 2011

instituto verficador de circulação


ACESSÓRIOS TERMINAIS No 5º volume da coleção “A Arte de Pescar — aprimore suas técnicas”, quatro pescadores fazem uma mesaredonda para indicar — e explicar — as funções e as aplicações dos acessórios terminais na pesca esportiva: encastoados, giradores, boias, snaps, anzóis, split rings, solid rings e pesos. Não perca!

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TÉCNICAS” A cada mês, a coleção “A ARTE DE PESCAR — APRIMORE SUAS traz dicas e informações sobre o mundo da pesca. O DVD é parte integrante da Revista ECOAVENTURA só para

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[ índice ]

12

capa bilíngue

Rio Xingu

Habitat de peixes nobres, como o Trairão

26

pesque-pague

Preparação para torneios

Macetes para sua equipe consagrar-se campeã


08 Correio técnico 10 Correspondência 34 Ecoturismo (bilíngue) De trem até Morretes-PR

54 Folha Samambaia-açu

55 Pesca de praia Dicas para praticar essa modalidade

68 Meio ambiente “Rio” subterrâneo embaixo do Amazonas

46

roteiro I

Aracati-CE

Boa opção de point para fisgar Robalões

74 Roteiro II Pontos de pesca em Paranaguá-PR

80 Vitrine Ofertas e lançamentos

82 Matéria do leitor Encontro de pesca com caiaque

86 Bicho Socó

88 Saúde Álcool e a pescaria

94 Radar

60

aventuras exploratórias Guariba, o rio da felicidade

Nesta edição, a aventura rendeu mais que fisgadas

97 Ecoaventura-mirim 98 Classificados


correio técnico Sobre as varas 2 Frequentemente, são publicadas matérias nas quais vemos no box de equipamentos indicações, apenas, de varas de ação rápida. Daí surgiu minha dúvida: em que circunstâncias usamos os modelos de ação média e lenta? Martim de Paulo Sucena, Campo Grande-MS

Caro Martim, A verdade é que as varas têm duas funções básicas: arremessar e lutar com o peixe. As varas mais rápidas, normalmente, arremessam melhor, enquanto as médias e lentas são muito mais seguras e confortáveis durante as lutas. Vale destacar, ainda, que as varas mais lentas também possuem a característica de arremessar melhor as iscas mais leves.

Sobre varas 3 Em que influi o comprimento de uma vara na pescaria?

Sobre as varas Suelen Camargo, Botucatu-SP

Será que colocamos em risco a durabilidade da vara quando se recomenda o uso de linhas multifilamento com libragem muito superior ao que é indicado pelo fabricante?

O comprimento influencia na distância: quanto mais comprida, mais distante é o arremesso, porém, com menos precisão. E também na fisgada, que pode ser mais eficien-

Elton Alves de Lima, São José do Rio Preto-SP

te. Para mais detalhes, consulte o primeiro volume do DVD

Caro Elton,

“A arte de pescar”, edição sobre varas, lançado pela ECO-

Cuidado para não confundir durabilidade com resistência! Esta

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Sonar Na matéria sobre sonar, publicada na ECOAVENTURA de setembro (edição 24), o pescador utiliza dois aparelhos no barco. Em que isso ajuda? Sérgio Rui Ferreira – por email

Olá, Sérgio Rui, É muito comum termos dois sonares no barco, pois assim você consegue maior área de varredura. Também se utiliza um enquanto navega — normalmente o de trás, na parte interna do casco —, e o da frente, instalado no motor elétrico, enquanto pesca.

08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Tungstênio Antes, existiam pesos de pesca feitos apenas de chumbo. Outro dia, em uma loja, pude ver os fabricados em tungstênio. Qual a vantagem desse último, pois o preço chega a ser dez vezes mais caro? Samuel Ribeiro – por email

O tungstênio é ecologicamente correto, pois não polui a água como o chumbo. Geralmente, são os pescadores de Black Bass que utilizam o peso feito com esse material. Por ser mais denso que o chumbo, é possível ter o mesmo peso com um tamanho reduzido. A sensibilidade também aumenta a ponto de você identificar se o peso está passando por uma pedra, ou um toco, só de sentir a movimentação na água.

Melhor barco Olá, vou adquirir um barco, mas não sei se escolho um feito de fibra ou um de alumínio. Qual a diferença básica? Renan Cardoso – por e-mail

Você deve observar a sua necessidade: potência de motor de popa, potência do carro para reboque, estrutura do local de pesca etc. O alumínio é mais leve que a fibra de vidro, o que é importante caso você não possua um carro potente e o local de pesca não ofereça uma boa rampa. O de fibra, apesar de ser mais pesado, é mais confortável e estável. Além disso, oferece uma navegação veloz e suave, já que seu casco possui menor atrito com a água.

ecoaventura 09


correspondência No facebook da

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No que você está pensando agora?

[ capa I sernambiguara ]

as Uma das pescari antes e mais emocion do técnicas do mun

Milena Guimarães Lopes Vi a revista com a capa do Sernambiguara e está muito bacana! A matéria na Flórida tá muito boa.

equação com muitas ente técnicas, uma quais Em pescarias extremambalanceada. Nesta matéria, veja quase ser variantes tem que áveis para alcançar um resultado fatores são indispens pelos Sernambiguaras matemático na busca Por: roberto

Dag e Véras | Fotos:

roberto Véras

| Ficha técnica:

Lawrence ikeDa

stracci | arte: tiago

Ontem às 00:08 · Curtir ecoaventura 13

Rafael Velosa Estão aí peixes bons de briga, é simplesmente sensacional pescar um Pintado ou então uma Cachara.

12 ecoaventura

l Pesca esPortiva, meio

ambiente e turismo

[ pesque-pague ]

Pintados e Cachara s: o grande desafio

Quando se trata de focar a pescaria nas grandes espécies de couro, é preciso dedicação e muita técnica para fisgar um grande troféu

Adorei essa matéria, muita boa.

JuliAno SAlgAdo

| Arte: tiAgo StrACCi

3 pessoas foto: JuliAno SAlgAdo

11 de outubro às 11:17 · Curtir ·

André CorreA e

80 ecoaventura l Pesca

Escreva um comentário...

Fidelidade consolidada

esPortiva, meio

ambiente e turismo

ecoaventura 81

Garotada pescadora

[ pescaria infantil ]

Como fisgar

a

criançada

Olá!!

Muito bacana colocar a meninada

A pesca atrai os pequenos não apenas por ser uma brincadeira divertida, mas também por inseri-los em ambiente de natureza, estimular a responsabilidade, o espírito de equipe, a paciência, a perseverança e a consciência ecológica. Então, para fisgar os filhos, ofereça um dia de pescaria e deixe-os descobrir as maravilhas desse esporte-lazer!

Quero dar os parabéns pela belíssima Re-

para pescar (matéria “Como fisgar

vista ECOAVENTURA, tanto pelo seu encarte,

a criançada”, edição 25)! Sou tia e

quanto pelo conteúdo jornalístico. Ressalto a

madrasta de pequenos e iniciantes

matéria sobre sonar (edição 24), pois, depois

pescadores, e foi ótimo perceber que

que a li, me senti motivado a comprar um.

a importância desse esporte na vida

Confesso, foi amor à primeira vista! O texto

deles é muito maior do que eu imaginava! Os quadrinhos também agradaram

me mostrou ser possível, de maneira simples,

em cheio, todas as crianças da família leram!

lidar com o aparelho! Também gostei da matéria “A outra face

Por: Dani costa i Fotos: inÁcio teiXeira i arte: miLa costa

46 ecoaventura l Pesca esPortiva, meio ambiente e turismo

ecoaventura 47

Marilene Brandão, por e-mail

do rio paulista” (edição 25), que mostra os pontos piscosos do rio Tietê no interior de

Paoli

São Paulo. Esse é meu querido rio, pesco nele há, pelo menos, 45 anos. Essa reporta-

Fiquei muito curioso para ver

gem, com certeza, consolidou minha fidelida-

como ficou a reportagem sobre a Paoli

de à revista.

na edição de outubro (25). Achei a

Gostaria de dizer, ainda, que como pes-

matéria ótima (se melhorar, estraga).

cador de águas internas é muito prazerosa

Ficou tão boa que divulguei para

a leitura sobre esse tipo de pesca, principal-

meus amigos e clientes! Além da

mente sobre rios próximos a nós, leitores.

história e fotos dos nossos molinetes, há muitos outros artigos bem interessantes.

Continuem assim! Wanderley Quagliato, Jaú-SP 10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

A ECOAVENTURA é uma ótima revista do ramo de pesca. Parabéns! Reinaldo Jarussi (funcionário da Paoli), São Paulo-SP


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[ capa I cover article I trairão ]

Rio Xingu — habitat de peixes nobres Xingu River — a top notch gamefish habitat Quase uma lenda para brasileiros e pouco conhecido pelos estrangeiros, o rio Xingu corta os estados do Mato Grosso e Pará antes de desaguar na margem direita do majestoso Amazonas. Porém, é em sua porção central, onde praticamente não há estradas de acesso, que ele se apresenta como uma aventura inesquecível para ecoturistas e pescadores esportivos The Xingu River is almost a legend to Brazilians and little-known to foreign visitors. It crosses the Mato Grosso and Pará states before spilling out on the right hand banks of the majestic Amazon. However, in its central course, where practically no access by road is available, lie its major attributes in presenting ecotourists and sportfishermen alike with an unforgettable experience Texto e fotos/Text and photos: Eribert Marquez | Tradução/Translation: David John Arte/Design: Tiago Stracci

12 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 13


[ capa I cover article I trairão ]

A

aventura iniciou-se na cidade de Uberlândia-MG, de onde seguimos de automóvel rumo a mais uma jornada

que, esperávamos, reservasse marcantes lembranças. No trajeto, um pernoite em Palmas-TO serviu para recarregar as energias e, no dia seguinte, após o almoço, chegamos à cidade de Vila Rica-MT — ponto de partida para o trecho final, cujo trajeto tem cerca de 200 quilômetros de estrada de terra e leva às margens de um dos lugares mais pitorescos e promissores do rio Xingu. Já estivemos algumas vezes na parte alta desse belo rio, onde ele é formado pelos rios Sete de Setembro e Coluene, próximo à cidade mato-grossense de Canarana. Todavia, assim que descobrimos essa sua face, percebemos que estávamos diante de outro panorama. Isso porque, nessa região, ele é bem mais caudaloso e tem paisagem completamente diferente: ao contrário do que se observa na parte alta, sua caixa é repleta de rochas, corredeiras, entre outros aspectos geográficos que praticamente o transformam em outro rio — cenário perfeito para grandes pescarias e novas ecoaventuras.

Nessa região, o rio Xingu, apesar de belo, é um desafio para a navegação In this region the Xingu River, despite its beauty, is a challenge to navigation

T

he adventure commenced in the town of Uber-

which is a starting point for the final lap with over

on reaching its banks, we could perceive a different

landia, in Minas Gerais state, from where we

200 kilometers of dirt road, which would take us

panorama. This being so because, in this region, it

departed by car in route to what we hoped was

to the shores of one of the more picturesque and

has a far stronger flow, and its passage is entirely

another sojourn to be etched with poignant

promising stretches of the Xingu River.

different, by comparison to its headwaters, as here

memories. Along the way, a stopover at Palmas

We have been at the headwaters of this lovely

it is filled with rocks, whitewaters as well as other

(in Tocantins state) assisted us in recovering our

river on several occasions, where it is at the conflu-

geographical features that make it a practically dif-

energy and, in the next day, after lunch, we arrived

ence of the Sete de Setembro and Coluene rivers

ferent river altogether — a perfect setting for great

at the town of Vila Rica, northern Mato Grosso,

near the Mato Grosso town of Canarana. In effect,

fishing and new ecoadventures.

14 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 15


[ capa I cover article I trairão ]

Cenários ímpares fazem parte dos atrativos desse rio Unique scenery is one of this river’s main attractions

16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Na época das secas, os múltiplos piscinões ao longo de seu leito são um convite irrecusável para a pesca desembarcada In the dry season, the several pools that appear along its banks are an irrefusable invitation to the shoreline fisherman


Já na primeira tarde, sem nos afas-

navegar em suas águas revoltas exige

os peixes dessa região não dão mole para

tarmos muito da pousada, pudemos

conhecimento dos guias e requer mui-

os pescadores. Os Tucunarés e os Matrin-

contemplar os aprazíveis cenários.

ta atenção e cuidado.

xãs, por exemplo, escondem-se entre as

Deparamos-nos com um rio raso e

Na primeira saída de pesca, nossas

fendas das rochas e exigem precisão e

praticamente sem leito definido, onde

iscas foram correspondidas com excelen-

rapidez nos arremessos. Quando instiga-

rochas de tamanhos e formatos varia-

tes ações de grandes Tucunarés, Bicudas

dos, impressionam pelos ataques fulmi-

dos criam um cenário bucólico com um

e Jacundás — um agradável prenúncio

nantes e pela potência das arrancadas.

clima surreal e inunda de admiração

do que experimentaríamos nos dias

até mesmo os guias locais. Mas nem

seguintes. Curiosamente, essa primeira

tudo é sinônimo de satisfação, afinal,

incursão nos deixou a impressão de que

Without venturing too far from the lodge,

for navigating its troubled waters demands

follow. Interestingly, this first incursion gave us

we were able to view pleasant scenery on the

knowledge of its hidden dangers and requires

the impression that this region’s fishes do not

first afternoon. Before us, lay a shallow, practi-

attention and caution.

make it easy on the fishermen and Peacock

A esportividade e a valentia da Bicuda podem ser testadas com diversos tipos de iscas Several lure types can be used and tested on the sporty Bicuda

cally bedless river, marked by rocks of varied

On our first fishing outing, our lures were

Bass and Matrinxãs hide in rock clefts and

shapes and sizes — an idyllic setting that bor-

rewarded with strikes of large Peacock Bass,

demand precision and speed in casting. Their

ders on the surreal and fills even local guides

Bicudas and Jacundás — a pleasant prelude

lightning attacks and powerful burst of speed

with awe. But not all may be seen as such,

to what we would experience in the days to

are impressive.

ecoaventura 17


[ capa I cover article I trair達o ]

18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


No dia seguinte, nos enchemos de expec-

proporcionarem a emoção de visualizar o

tativas, afinal, era chegada a hora de vivenciar

ataque, que, no caso dessa espécie, supera

intensas emoções com uma das espécies mais

as expectativas até dos mais experientes

enigmáticas e desafiadoras com que o pesca-

pescadores, já que sua batida numa isca de

dor esportivo pode se deparar — o Trairão, um

superfície é algo indescritível.

verdadeiro fóssil vivo de comportamento muito

Saímos em seu encalço e, assim que o

agressivo, que muitos pescadores ainda não

guia parou o barco, duas iscas voaram em

tiveram a oportunidade de conquistar.

direção aos pontos suspeitos de abrigá-los.

A pesca dessa espécie pode ser feita

E não foi preciso muita insistência, pois o

de várias maneiras, inclusive com iscas

convincente trabalho dos sticks logo desper-

naturais grandes e grossas varas de bam-

tou o interesse da enigmática criatura que,

bu — método ainda utilizado pelos ribeiri-

furiosa, provocou enorme explosão sobre a

nhos. Optamos pelas iscas artificiais por

isca e deu início à sua típica briga.

On the next day, we were filled with hopes

Fishing for this species can be done in several

and expectations as finally the time had arrived

ways including live and natural baits on a long and

We set out in this quest, and as soon as the

to experience the intense excitement of facing

thick stemmed bamboo pole — a method used

guide stopped the boat, two lures flew out into likely

up to one of the most enigmatic and challenging

mainly by natives of the region. We opted for the use

holding places for this species. Without much delay

species the angler can face — the Trairão (Giant

of artificial lures because of the visual aspects of wit-

or insistence, the convincingly worked stickbaits

Trahira) or Wolf Fish, a veritable living fossil pos-

nessing the strike, which, in the case of this particular

soon aroused this enigmatic creature’s interest

sessed of a marked aggressive behavior that few

species, surpasses the expectations of even the

generating a powerful surface explosion and the

fishermen have experienced.

most seasoned anglers, as the surface attack on a

ensuing typical fight.

topwater lure is something undescribable.

ecoaventura 19


[ capa I cover article I trairão ] Segundo o guia, o primeiro espécime tinha “apenas” oito quilos, mas, para nós, era um valioso troféu, tanto que nos cercamos de todos os cuidados para não perdê-lo durante a briga. Como de costume, após o ataque, ele se deixou trazer de maneira relativamente fácil, mas isso apenas até perceber o que estava acontecendo: assim que pressentiu o barco, partiu no sentido oposto e passou a desenhar uma coreografia com saltos acrobáticos e muita valentia. Por sorte, nossas lentes captaram com incrível nitidez esse raro espetáculo, assim como o momento em que foi dominado e de sua posterior soltura.

According to the fishing guide, the first speci-

say until it became aware of the boat and what

Control is perhaps not the best adjective to de-

men weighed “only” 8 kilos, but as far as we

was happening, whereupon it departed in the

scribe this moment as its unpredictable behavior

were concerned, it was a valuable trophy fish,

opposite direction in a choreography of acro-

on being hooked makes it draw on energy reserves

insomuch that we took all due caution so as not

batic jumps and a brave display. Luckily, our

and to fight violently — a moment which demands

to lose it over the course of boating it.

cameras were able to capture with incredible

caution as its bite can cause painful injury. There-

accuracy this rare spectacle from the moment

fore, to avoid accidents, the use of fish gripping pli-

of control to release.

ers with a long handle is essential when boating it.

As is usual, after the attack, it allowed itself to be reeled in with relative ease that is to

20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Dominado não é adjetivo correto para rotular esse momento, já que o comportamento imprevisível desse animal faz com que, mesmo quando aparentemente rendido, encha-se de energia e se debata violentamente — um momento delicado que pode provocar dolorosos ferimentos devido à mordida. Para evitar acidentes, é fundamental usar um alicate de contenção com cabo longo durante seu embarque. Esse primeiro Trairão, ao se debater dentro do barco, fez com que uma garateia atingisse o dedo de um dos pescadores da nossa equipe. Por sorte, a fisga não chegou a penetrar On being boated, this first Wolf Fish caused a treble hook to impale one of our team mates. Fortunately, the hook barb did not penetrate

ecoaventura 21


[ capa I cover article I trairão ] Enquanto fazíamos as fotos, estranhamos a pressa do guia para que liberássemos logo o peixe. “Solta logo esse aí e vamos pegar um grande”, dizia ele a todo instante. Só entendemos o porquê da frase no dia seguinte, quando um monstro de 11,81 quilos nos deu a dimensão dos riscos que nossas iscas corriam ao nadarem naquelas águas. O estrondo do ataque foi ensurdecedor, e com fúria, literalmente, moeu a isca de superfície. Por sorte, ela ficou atravessada em sua bocarra e não teve como escapar. O pescador, por sua vez, ficou atônito. Com as pernas bambas e o coração disparado, extasiou-se quando viu o enorme “tronco” se aproximar do barco e, logo a seguir, dar início ao show de

Alguns peixes com peso entre 6 e 8 kg chegam a saltar mais de um metro de altura por mais de seis vezes até se entregarem Some fish weighing between 6 and 8 kilos can jump more than 6 times over a meter high before surrendering

acrobacias e corridas vigorosas.

As we took our pictures, we sensed the

insistence the next day when an 11,81 kilo (26lb)

it stayed lodged in its mouth and had no means

guide’s sense of urgency in getting the fish

monster fish made us perceive the risks our lures

of escape. The angler was awestruck and, with a

released. “Release that fish and let’s get a big

were taking in working through these waters. The

trembling heart, became ecstatic on seeing this

one”, he would say repeatedly.

thunderclap of the strike was deafeningly loud and

large “log” approaching the boat and ensuingly tak-

its fury literally shredded the surface lure. Luckily,

ing off on an acrobatic display and vigorous runs.

We were to take in the full meaning of this

22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 23


[ capa I cover article I trairão ] Essa captura, entre as demais, foi muito especial. Levantar esse bicho para as fotos foi extremamente gratificante e, com os devidos cuidados, conseguimos as fotos que ilustram esta matéria. Ao final da expedição, além das marcantes lembranças, trouxemos de volta braços doloridos, iscas, snaps e garateias destruídas, além da certeza de que a fama desse rio é a mais pura expressão da verdade.

This, amongst the other catches, was a

At the end of the expedition, besides the indel-

very special one. Raising this fish for the

ible memories, we came back with aching arms,

camera was no easy task, but with due care,

decimated lures and terminal tackle as well as the

we were able to obtain these pictures for

absolute conviction that this river’s reputation is a

this article.

pure expression of the truth.

24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


EQUIPAMENTOS/TACKLES

• Varas de ação rápida ou média-rápida para linhas entre 17 e 25 libras Fast or medium fast action rods for 17-25 lines

• Linhas de multifilamento de 50 libras e líder de fluorcarbono de 0,80mm com 70 a 80cm de comprimento 50lb braided lines and na 0,80mm fluorocarbon leader 70-80cm long

• Iscas de superfície modelos zaras e stick com tamanho entre 13 e 15cm, munidas com garateias reforçadas e bem afiadas Topwater lures such as Walk the Dog or Stickbait lures between 13 and 15cms in length armed with extra strong well honed trebles

Curiosidades / Of interest • O comportamento do Trairão se assemelha ao de um serial killer. Aparentemente passivo, repentinamente ele se transforma de um inerte tronco em um furtivo predador que ataca qualquer coisa que se movimente em seu raio de ação The Trairão’s behavior is akin to that of a serial killer. Apparently passive, it suddenly transforms itself from an inert “log” into a rapine predator which attacks anything that moves within its attack radius • Em diversas ocasiões, obtivemos sucessivos ataques. Mas, apesar da quantidade de ações, muitos escapavam com saltos espetaculares. E pior, inutilizaram diversas iscas com seus dentes pontiagudos On several occasions, we had successive attacks, but many were to get away following spectacular jumps. To make matters worse, several lures were destroyed by razor sharp teeth • O período de atividade do Trairão se concentra nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. O restante do tempo foi reservado para diversão com os fortes Tucunarés-amarelos e com as Bicudas The peak activity periods for the Trairão are early morning and late evening. The rest of the day is reserved for the powerful yellow Peacock Bass and the Bicudas

MAIS sobre o Trairão/More on the Trairão (Giant Wolf Fish)

Nome científico / Scientific name Hoplias macrophthalmus Peixe de escama porte médio, corpo cilíndrico e escorregadio devido à intensa quantidade de muco produzido; coloração cinza-escura a amarronzada, nadadeiras com faixas formadas por pequenas manchas escuras e claras alternadamente; cabeça robusta, bastante ossificada; escamas duras e lisas; nadadeira caudal arredondada; dentes cônicos e caniniformes, de diversos tamanhos e firmemente implantados em ambas as maxilas. Possui uma mancha negra sobre a membrana na borda posterior do opérculo — a estrutura óssea que recobre as brânquias. Nenhuma outra espécie de Traíra possui tal mancha. Todas as Traíras possuem no palato — o céu da boca — dois ossos que portam dentes pequenos, tecnicamente chamados de ectopterigoide e ectopterigoide acessório. A Hoplias macrophthalmus é a única que não possui este último. A medium sized scaled fish with a cylindrical, slippery body due to the amount of slime produced; dark grey, brownish coloration, and swim fins punctuated by dark and light blotches alternately; robust, bony head; hard, smooth scales; rounded caudal fin; conical canine shaped teeth in several sizes firmly imbedded on upper and lower jaws. It possesses a dark blotch over the membrane on the upper edge of the operculum — the bony structure that overlays the gillplates. No other Wolf Fish species has such a blotch. All other Trahira species possess two bones in the upper mouth that hold small teeth, technically called ectopterigoide and accessory ectopterigoide. Hoplias macrophthalmus is the only one not possessing this feature in the Trahira family of fishes.

Serviços/Services Como chegar / How to get there De Uberlândia-MG, seguimos por Itumbiara-MG, Goiânia-GO, Anápolis-GO, Uruaçu-GO, Gurupi-TO, Palmas-TO, Caseara (balsa divisa entre os Estados do Tocantins e Pará), Vila Rica-MT. From Uberlândia (Minas Gerais) via Itumbiara (Minas Gerais), Goiânia (Goiás), Anápolis (Goiás), Uruaçu-(Goiás), Gurupi (Tocantins), Palmas (Tocantins), Caseara (border ferry point between Tocantins and Pará states), Vila Rica (north Mato Grosso)

Onde ficar / Where to stay Pousada Rancho Trairão www.ranchotrairao.com.br


[ pesque-pague ]

Torneios: entre para vencer Em grande parte do País, diversos torneios realizados em pesqueiros desafiam, mais do que a sorte, a astúcia e a técnica de pescadores esportivos. Conheça alguns macetes para sua equipe ter mais chances de obter resultados surpreendentes no fascinante e disputado universo da pesca de competição

foto: zeca salgado

por: andré correa e juliano salgado | arte: Tiago Stracci

26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 27


foto: Inácio teixeira

[ pesque-pague ]

Os troféus simbolizam o empenho da equipe antes e durante a competição

N

os torneios de pesque-pa-

tos outros, ganhar a competição consagra a

em algumas competições, sobretudo quan-

gue, os principais significa-

equipe como a “melhor” da região.

do o grau de rivalidade entre as equipes é

dos da pesca esportiva ficam

Por isso, quando toca a corneta que dá

muito grande. Após o término, a rixa cessa

evidenciados: confraternizar,

princípio às provas, a simpatia entre os ad-

e, no momento da premiação, tudo volta a

testar as técnicas e habilidades para

versários termina. O início da partida marca

ser uma grande confraternização.

atrair os peixes e desfrutar a alegria e a

a passagem para uma batalha campal.

adrenalina proporcionadas pelas fisga-

Desde que observado o regulamento do

das — ou a raiva pela ausência delas!

torneio — como não arremessar no espaço

Mas, diferentemente da pescaria rea-

do box destinado ao concorrente —, faz par-

lizada apenas por lazer, o objetivo maior

te da estratégia atrapalhar o antagonista

é vencer. Além da premiação, tais como

para evitar a sua pontuação. Passar a linha

recompensa em dinheiro, automóveis,

sobre a dele, a fim de cortá-la, no momento

televisores, estadas em pousadas, equipa-

em que ele conseguiu engatar um peixe

mentos e kits de pesca, troféus, entre mui-

grande, é jogo sujo, mas é cena presente

28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Principais erros • Não revisar o equipamento • Economizar nas iscas • Entrar na competição com o clima de “já ganhamos” • Não formar uma equipe de colaboradores na torcida • Deixar de descansar na noite anterior • Envolver-se em brigas • Não estar integrado com o capitão da equipe


foto: juliano salgado Os redondos, assim como as grandes Carpas, podem ser decisivos para a pontuação

ecoaventura 29


Ser sorteado em uma raia onde as Tilápias estão ativas pode ser fundamental para ganhar o torneio

Investir na captura de Carpas é arriscado, mas também pode ser decisivo

30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

fotos: Inácio teixeira

[ pesque-pague ]


Primeiro passo: a escolha da equipe Em geral, os torneios em pesqueiros

domine a pesca de Carpa. Isso porque,

são organizados de três maneiras: pesca

além de sua fisgada exigir técnica apura-

individual, em duplas ou em formações

da, também atinge grande porte e se torna

de até seis integrantes. Por meio de sor-

crucial na pontuação.

teio, os competidores são posicionados

A escolha de um capitão é outro item

lado a lado — e de forma intercalada — na

fundamental. A partir de alguns requi-

beira do lago a partir de raias imaginá-

sitos, como ter facilidade de interação

rias, normalmente com tamanho de um

e bastante conhecimento técnico, ele

metro cada. As equipes são divididas em

pode ser eleito pelo time e será o respon-

três duplas, ou seja, em todo ponto há

sável por montar esquemas de alocação

integrantes atuando.

das duplas e utilização de iscas e equi-

Por isso, recomenda-se que cada um

pamentos. Em certo torneio realizado

do time tenha um diferencial: o especialis-

no Estado de São Paulo, por exemplo, a

ta na pesca de Tambaqui, outro de Pacu,

escolha da estratégia foi o diferencial. A

um pescador que se sai melhor com ceva-

equipe vencedora pontuou com o dobro

deira, com boia, com varinha de mão etc.

de peixes porque, no sorteio, ficou com

Uma dica é ter na formação alguém que

uma raia onde havia intensa movimen-

Apesar das estratégias, o fator sorte pode determinar a equipe campeã. Antes do sorteio, ela está 100% presente. Mas, ao iniciar a competição, 60% do desempenho é dividido entre a habilidade de cada pescador e o equipamento utilizado

tação de Tilápias. Com isso, enquanto a média de tempo para obter fisgadas de outras espécies em outras raias era de quarenta minutos, com cupinzeiro e varinhas de mão, os pescadores pegaram um espécime atrás do outro. No caso de torneios em dupla ou individual, o fator sorte se sobressai. Isso porque os pescadores podem cair em raias cujo local não está para peixe, e é quando a sintonia entre os parceiros precisa ser total. É importante não haver rixas, vaidades, individualismo ou desânimo para as ações se tornarem mais produtivas. Por fim, não deixe de lado a formação de uma torcida. É ela quem ficará atenta, durante a pescaria, aos erros dos adversários — muitas vezes, ela aponta ao fiscal as irregularidades cometidas por outra equipe —, bem como aos acertos, já que, a partir deles, é possível mudar a estratégia durante o intervalo.

Ter à mão um bom passagá é a garantia de retirar e devolver o peixe à água com rapidez

ecoaventura 31


[ pesque-pague ]

Tuviras, pitus, aranhas, cupins... Vale tentar todo tipo de isca para seduzir os peixes

A montagem da tralha

uma parte essencial na disputa. Em primeiro lugar, é preciso revisar carretilhas, molinetes e varas (sobretudo, verificar a sua ponteira e os passadores), a fim de se certificar de que estão funcionando corretamente. Atenção especial deve

fotos: Inácio teixeira

A escolha do equipamento é mais

ser dada às linhas, que necessitam ser trocadas a cada rodada. Se apenas 500 gramas a menos na soma final é capaz de naufragar o sonho de vitória, imagina perder um espécie de dez quilos porque a linha estava podre? Outra dica é usar equipamentos acima da média dos costumeiramente utilizados no pesqueiro em dias de lazer. Varas de 30 a 50 libras ajudam a engatar e rebocar o peixe rapidamente. Como todo o procedimento deve ser ligeiro, um passaguá grande torna-se acessório indispensável. Não há margens para distrações: o integrante precisa estar preparado para tirar o peixe em todas as oportunidades. Caso contrário, o adversário, que certamente estará na espreita, poderá se beneficiar caso o peixe vá em direção à linha dele. Por isso, assim que o espécime boiar, retire-o da água, pese-o e devolva-o ao lago. Enquanto isso, seu parceiro já terá deixado a sua vara pronta para a próxima batalha. Velocidade é a palavra-chave. As iscas que não podem faltar, em quantidade superestimada, são: massas, minhoca, bichinho para Tilápia, salsicha, queijo, beijinho e pão amanhecido. Até aranha, cupins, Lambari vivo, chicletes, Tuvira, caranguejo, camarão, pitu e outras iscas normalmente não vistas em pesqueiros compõem o arsenal dos participantes, que chegam ao torneio com a caminhonete transbordando.

32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Um carro que acomode grande quantidade de tralha, assim como uma equipe que ajude a descarregar e montar os equipamentos, também são indispensáveis durante o torneio


Treinamento: no que consiste? Esse é o procedimento mais trabalhoso. É altamente recomendado que os participantes visitem o local — que muda a cada rodada — no mínimo três vezes. A ideia é se aplicar em pescar em todos os pontos do lago com o intuito de dissecá-lo. Dessa forma, no dia do torneio, todos os pescadores saberão qual peixe bate mais, em qual lugar, e com qual isca arremessar. Entretanto, cuidado para não chegar ao torneio com o clima de “já ganhamos”. O ego cega para novas estratégias, sobretudo quando diversas condições, como temperatura, pressão, entre outros fatores climáticos, derem um pontapé na falta de sorte — e isso pode acabar com o entusiasmo de todos.

Excelente barco-hotel para pescaria no estado do amazonas, conforto e atendimento nota dez! Grupos: 12 a 16 pessoas DATAS DISPONÍVEIS: REGIÃO DO RIO MADEIRA ( Acari, Sucunduri ou Abacaxi ) De 07 a 14 de Julho ( Reservado Grupo Casais & Filhos ) De 14 a 21 de Julho De 21 a 28 de Julho De 28 de Julho a 04 de Agosto De 04 a 11 de Agosto De 11 a 18 de Agosto De 18 a 25 de Agosto REGIÃO DO RIO UATAMÃ ( Uatapú, Abacate ) De 01 a 08 de Setembro ( Reservado Grupo Live Tur ) De 08 a 15 de Setembro De 15 a 22 de Setembro De 22 a 29 de Setembro De 29 de Setembro a 06 de Outubro De 06 a 13 de Outubro De 13 a 20 de Outubro De 20 a 27 de Outubro REGIÃO DE SANTA IZABEL DO RIO NEGRO - AM De 03 a 10 de Novembro ( Reservado Grupo Live Tur ) De 10 a 17 de Novembro De 17 a 24 de Novembro De 24 de Novembro a 01 de Dezembro De 01 a 08 de Dezembro De 08 a 15 de Dezembro IREMOS PAUSAR EM 15 DE DEZEMBRO PARA FESTIVIDADES DE FIM DE ANO, E REINICIANDO A PARTIR DE JANEIRO DE 2013 CONTINUANDO NA REGIÃO DE SANTA IZABEL DO RIO NEGRO - AM

De 12 a 19 de Janeiro De 19 a 26 de Janeiro De 26 de Janeiro a 02 de Fevereiro De 02 a 09 de Fevereiro De 09 a 16 de Fevereiro

*****Todos os pacotes serão 06 dias de pescaria*****

DICAS • Arremessar torto e se envolver em brigas com outra equipe são dois itens que diminuem a pontuação da equipe pelo fiscal. Atenção! • Os participantes têm o direito de contestar o peso dos espécimes. Se tiver dúvidas, peça ao fiscal para trocar a balança • Durante o intervalo, aproveite para afinar as estratégias: quais erros foram cometidos? O que a equipe concorrente está usando? • É possível trocar um integrante da equipe por um “reserva”, caso necessário • Para os pescadores que forem sorteados em pontos rasos, a vara de mão será um diferencial


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ]

Nos trilhos da Serra do Mar paranaense By rail along the Paraná Coastal Mountain range

Para chegar à cidade de Morretes, a 70 quilômetros de Curitiba-PR, a Revista ECOAVENTURA embarcou no trem que percorre — pelos seus trilhos de 125 anos de história — uma das áreas mais conservadas da Mata Atlântica In order to arrive at the town of Morretes, which is 70 kilometers from Curitiba (in the state of Paraná), the ECOAVENTURA team embarked on the train that runs on the 125 year old historical railroad through one of the best preserved areas of the Atlantic coastal rainforest POR/by: DANI COSTA | FOTOS/photos: INÁCIO TEIXEIRA | TRADUÇÃO/translation: DAVID JOHN ARTE/design: TIAGO STRACCI

34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 35


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ]

P

ara alcançar os pequenos morros

a dimensão verde que se tem da Mata Atlân-

assim, rios limpos, ruas arborizadas e matas

que dão nome à cidade de Mor-

tica fica maior e mais encantadora diante dos

fechadas no cinturão verde. O mais famoso

retes, no meio da Serra do Mar

cânions cobertos de floresta e das cascatas

foco de atenção na cidade é a gastronomia,

do Paraná, o turista pode fazer

d’água que enfeitam o caminho.

com o prato chamado “barreado”.

um dos mais tradicionais e pitorescos pas-

Morretes conserva o ecoturismo como

seios paranaenses, o de trem, com partida

mola propulsora da economia local. Com

da capital, Curitiba. As três horas de descida

16 mil habitantes, não deu chance às de-

passam rápidas pelas janelas dos vagões, e

gradações do progresso urbano e mantém,

A

O rio Nhundiaquara, que cruza a cidade de Morretes, é límpido e raso, com praias aproveitadas pelos moradores e turistas nos dias de calor The Nhundiaquara River that flows through the town of Morretes is clear and shallow, with beaches that play host to local residents as well as tourists

rriving at the small hills (Morretes) which give name to

three hours descent elapse quickly when viewed

Morretes withholds ecotourism as its prime

the town, in the middle of the Paraná coastal rainfor-

from the windows of the train and the sheer enormity

economic mainstay. With its 16000 inhabitants, it

est, the tourist embarks on one of the more scenic

of the Atlantic rainforest and its greenery become

has staved off the degradations of urban progress

and traditional outings in Paraná state, which is by

even more evident and enchanting with each pass-

and maintains clean rivers, tree-lined streets

train departing from the state capital Curitiba. The

ing canyon and waterfalls that adorn this trip.

and dense forest in the green belt area. The most

36 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O trem da Serra Verde Express leva três horas para descer a Serra do Mar The Serra Verde Express train takes 3 hours to descend the Serra do Mar Range

O trem com ala turística desce todos os

depois de cinco anos de construção, foi

viadutos, com destaque para a ponte São

dias para Morretes e também para a cidade

considerada uma das mais ousadas obras

João, com 55 metros de altura, e o Viaduto

vizinha Antonina. As explicações do guia —

da engenharia mundial por percorrer 110

do Carvalho, assentado sobre cinco pilares

cada vagão tem o seu — revelam a vida ativa

quilômetros em sinuosos e abismais cami-

de alvenaria na encosta da rocha. A sensa-

dessa linha férrea: inaugurada em 1885,

nhos. São 13 túneis, 30 pontes e inúmeros

ção é de que o trem flutua.

notable feature in the town is its cuisine with a dish

explains, the active life of this railroad, which was

13 tunnels, 30 bridges and numerous viaducts, with

called “barreado”.

inaugurated in 1885, following 5 years of construc-

special emphasis on the São João bridge, which is 55

The train, which comprises a tourist class, de-

tion, was considered one of the most daring world

meters high, and the Carvalho viaduct, that is built

scends each day to Morretes as well as the nearby

engineering feats in its sinuous 110 kilometer

onto 5 masonry stanchions embedded in the rock

town of Antonina. As the guide in each carriage

descent through gorges and ravines. There are over

face. The sensation is that the train is floating on air.

ecoaventura 37


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ] A floresta que se inicia ainda na região metropolitana de Curitiba é de Mata Atlântica, mas apresenta os sinais típicos da vegetação paranaense, com imponentes araucárias. Com uma hora de viagem, os pinheiros já não aparecem mais. O trem se movimenta com velocidade máxima de 25km/h, o que proporciona a chance de apreciar do vagão o rio Ipiranga, cânions e a Garganta do Diabo, de onde, nos dia sem neblina, dá para ver a baía de Paranaguá e Antonina na lonjura do horizonte. Todo esse complexo ecológico faz parte do Parque Estadual Pico Marumbi (na língua indígena significa “montanha azul”), com o ponto culminante chamado Olimpo, detentor de 1.539 metros de altitude. A descida de trem termina com a chegada a Morretes, onde vendedores de doces típicos da região recebem os viajantes na estação. A partir desse ponto, o percurso até o centro de restaurantes da cidade pode ser feito a pé.

As crianças adoram o passeio e deixam registradas as suas lembranças Children love this ride and leave their memories on register

The Forest, which begins in the Curitiba

Ipiranga River, canyons and the Devil’s Gorge,

lect), and its highest point, called Olimpo, is

metropolitan area, is Atlantic Rainforest, yet

from which, on a clear day, it is possible to

at 1539 meters.

shows typical signs of Pará vegetation, with

view the Paranaguá Bay and Antonina on the

imposing Araucaria Pine Trees. After one

far-distant horizon.

The descent by train ends with the arrival at Morretes, where typical regional sweets are

hour, these trees are no longer in evidence.

All of this ecological complex is part of

sold by street vendors who greet travelers at

The train cruises at a maximum speed of 25

the Marumbi Peak State Park (Marumbi

the station. From this point on, the tour to the

kph, which allows the tourist a view of the

means blue mountain in native Indian dia-

city restaurants can be done on foot.

38 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


No caminho do passeio de trem, hå uma estação na qual se faz uma breve parada Along the route, a brief stop is made at a train station

Chegada a Morretes Arrival at Morretes

ecoaventura 39


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ]

40 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O “barreado” e produtos típicos da região “Barreado” and other local products


Cozido famoso

preparada em panela de barro, onde os in-

virar o prato acima de sua cabeça. Se

gredientes são colocados em camadas e

cair, é porque ainda não está no ponto!

O “barreado” — prato feito de carne

cobertos com folha de bananeira. Depois,

Para incrementar, é oferecida a pinga de

bovina fibrosa misturada com farinha — é o

a panela é lacrada com uma argamassa

banana. Aliás, a fruta é bem aproveitada

chamariz de Morretes. Trata-se de um pre-

feita de farinha de mandioca para evitar a

na região. O próprio “barreado” é sabo-

parado que passa 24 horas no fogo para

saída do vapor.

reado com rodelas de banana-prata ou

ficar pronto. Os paranaenses propagam

O gostoso ritual do “barreado” vale

banana-maçã, além da porção de bana-

que essa tradição perdura há 200 anos

boas horas no restaurante: depois de

na à milanesa com recheio de carne de

e começou nas festas de “entrudo”, ou

servido, o garçom brinca com o turista,

“barreado”. Aos apreciadores da forma

seja, de Carnaval. Sua receita autêntica é

ele testa a consistência da comida ao

diversificada desse prato, também são

O lema da cidade é: “A sua natureza é encantar!” The town motto is “to charm”

Famous Stew

servidos mariscos e saladas.

Moradores desfrutam a sombra à margem do rio Nhundiaquara Town dwellers enjoy the shade on the Banks of the Nhundiaquara River

recipe is cooked in an earthenware dish into

tomers head. Should it drop out, then it has not

which ingredients are placed in layers and cov-

reached its state of readiness! To complement

The barreado is a dish made from stringy

ered with banana leaves. The pan is covered by

the dish, a banana spirit is offered-in effect a

beef mixed with flour and is the Morretes trade-

a mortar of mandioc flour so as to prevent steam

well utilized fruit in the region. The barreado

mark. This dish is stewed for 24 hours before it

from escaping.

itself is garnished with slices of banana-prata or

is ready to serve.

The delectable barreado ritual is worth a

banana-maçã other than the barreado stuffed

Paraná citizens have propagated this tradi-

few hours in the restaurant after serving when

and breadcrumb fried bananas. To the fans of

tion for over 200 years, and it began with the

the waiter plays with the tourist and tests its

this dish and its variables, portions of salad and

“entrudo” or Carnival festivities. Its unique

consistency by inverting the dish above the cus-

seafood are also served.

ecoaventura 41


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ] Centro histórico A parte central da cidade é cortada pelo rio Nhundiaquara, límpido e cheio de peixes, mesmo à beira dos casarões coloniais que ainda hoje servem de moradia, hospedagem a turistas, restaurantes e lojas. Normalmente com nível baixo, é desfrutado pela população nos dias de calor, que aproveita as praias que se formam ao longo de seu Casarões coloniais preservados abrigam o comércio de hoje Currently, old colonial houses are used for commerce and trade

Historical Center

Igreja Nossa Senhora do Porto Nossa Senhora do Porto Church

curso dentro de Morretes.

populace on hot days with beaches which line

gallery (part of the Brazilian Museum Guide-

its banks along its course through the town.

book), which currently houses 14 religious

The central part of the town is divided by

In the town center, the houses, town

canvasses by the religious artist from Mor-

the Nhundiaquara River, which is clear and

square and churches make up the well

retes Theodoro de Bona (1904-1990) as well

filled with fish next to colonial style houses that

preserved history of Morretes. The popula-

as works by the founder Mirtilo Trombini, who

are still residences to the present day as well

tion took root in 1721 and the cultural and

is to date a great illustrator of the past of Mor-

as hostelries to tourists and restaurants. The

economic sagas are well maintained. Such

retes. There is also a public library with over

river, whose levels are normally low, serve the

an example of this is the Mirtilo Trombini art

1400 registered readers/subscribers.

42 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Galeria de Artes Mirtilo Trombini Mirtilo Trombini Art Gallery

No centro, as casas, a praça e as igrejas compõem a história bem conservada do município. A povoação do lugarejo iniciou-se em 1721, e toda sua saga econômica e cultural tem seu registro mantido com cuidado. Um exemplo é a Galeria de Artes Mirtilo Trombini (integrante do Guia de Museus Brasileiros — Ibram/Ministério da Cultura), que atualmente abriga os 14 quadros da Via Sacra do pintor morretense Theodoro de Bona (1904-1990), além das obras do fundador que lhe confere o nome, Mirtilo Trombini, ainda hoje um grande ilustrador do passado da cidade. No local, também funciona uma biblioteca que possui 1.400 leitores registrados.

Morretes está situada na zona fisiográfica do litoral paranaense. Sua fronteira ocidental está a 35km do mar Morretes is located in the Paraná Seaboard zone. Its western frontiers is 35kms distant from the seaboard

As casas morretenses compõem sua história bem conservada Houses in Morretes are a showpiece of its well preserved historical roots

ecoaventura 43


[ ecoturismo I ecotourism I morretes ]

Ecoaventuras

O boia-cross no Nhundiaquara tem

Boia-cross no rio Nhundiaquara Float Cross on the Nhundiaquara River

duração de até duas horas e termina no

até Porto de Cima. Seu percurso inteiro,

A natureza de Morretes é ideal para

centro de Morretes. O longo caminho feito

por possuir muitos pontos íngremes e mata

o ecoturismo. As duas atividades mais

por dentro da Mata Atlântica atrai, no

densa, deve ser feito a pé e, geralmente, é

procuradas são a caminhada pela trilha do

Verão, uma legião de ecoturistas, princi-

concluído em oito horas. Aberto entre 1625

Itupava e o boia-cross no rio Nhundiaqua-

palmente curitibanos.

e 1650, foi por quase três séculos a única

ra. Ambas são encontradas no bairro Porto

Já o caminho do Itupava exige muito

passagem entre o litoral e a capital parana-

de Cima, um lugar repleto de pequenas

mais disposição e planejamento. Ele co-

ense. Calçado com pedras por escravos, re-

pousadas charmosas.

meça em Curitiba e desce a Serra do Mar

presenta um importante sítio arqueológico.

Ecoadventures

The float cross over the Nhundiaquara River

do Mar rainforest to Porto de Cima. Its entire

lasts for up to 2 hours and ends in the Morretes

course can only be done on foot as it has steep

Nature in Morretes is ideally suited to ecotour-

town center. The long trip runs through the Atlantic

inclines and dense jungle. It can usually be done

ism. The two most sought-after activities are a

rainforest and, in the Summer season, attracts a

in 8 hours. Opened between 1625 and 1650,

hike along the Itupava trail and a float cross over

legion of ecotourists, mainly from Curitiba.

for almost three centuries, it has been the only

the Nhundiaquara River. These two activities can

Conversely, the Itupava trail hike demands

passage between the capital and the seaboard.

be found in the Porto de Cima quarter, which is

greater preparedness and planning. It starts out

Paved with stones by slaves, it represents an

filled with small charming hostels.

from Curitiba and descends through the Serra

important archaeological site.

44 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


BOX Outra rota até Morretes é a histórica Estrada da Graciosa — como é conhecida a Rodovia PR-410. Essa é a antiga estrada utilizada pelos tropeiros que seguiam para o litoral do Paraná. Ela parte de Curitiba e vai também à cidade de Antonina. O caminho é um circuito ecológico preservado, com sete paradas estruturadas com churrasqueiras, sanitários e mirantes. O trecho corta a Serra do Mar, mergulhada em Mata Atlântica pertencente ao Parque Estadual da Graciosa e o Parque Estadual Roberto Ribas Lages. Estreita, calçada com paralelepípedo, possui muitas curvas, portanto, é recomendado utilizá-la em tempo sem neblina. Os adeptos do ciclismo fazem descidas na Graciosa até a cidade de Morretes. Another route to Morretes is the historic Graciosa highway or the PR-410 as it is known. This is the old road used by merchants on their way to the Paraná coast. It starts in Curitiba and goes to the town of Antonina. The route is a well preserved ecological circuit, with seven staged stops with Bar-B-Q Restaurants, w.c facilities and belvederes. It cuts across the Serra do Mar range steeped in the Atlantic rainforest belonging to the Graciosa and the Roberto Ribas Lages State Parks. Narrow and cobblestoned, it holds many bends, so its use is recommended when there is no fog. Cycling aficionados descend the Graciosa road to Morretes.

Caminho do Itupava The Itupava Trek

serviços/services Serra Verde Express Rodoferroviária de Curitiba Av. Presidente Afonso Camargo, nº 330 Passeios de trem que variam da classe econômica à litorina de luxo Train trips which vary from economy class to luxury class Tel.: (41) 3888-3488 Valores e horários de saídas no site Fees and timetables on the site www.serraverdeexpress.com.br

Restaurante Restaurants Madalozo — “barreado” Rua Almirante Frederico de Oliveira, nº 16 Morretes Tel.: (41) 3462-1410 / 3462-1585 www.madalozo.com.br

Pousada Itupava – boia-cross float cross Rio Nhundiaquara, Porto de Cima, Morretes Tel.: (41) 3462-1925 / 9978-1573 www.itupava.com.br


[ roteiro I ]

Sonho de Prata no Ceará Quer ver de perto a astúcia e a força desse oponente de peso? Confira uma boa opção de point na cidade de Aracati, no Ceará por: Flávio Freitas | fotos: Wellington Bechk | Arte: Tiago Stracci

46 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 47


[ roteiro I ]

O

famoso

Robalão

sempre

conta com um pesque-pague de água

canal por meio de um conjunto de bombas

despertou a atenção dos

salgada — a principal atração —, no qual

gigantes. O excedente que não é aprovei-

amantes da pesca espor-

são encontradas diversas espécies para

tado segue em direção ao mar. Por isso,

tiva. Para passar por essa

deleite dos hóspedes pescadores.

devido à ligação direta com o oceano, os

experiência, pesquisamos sobre pontos

A pesca do Robalo não é feita somen-

peixes entram pelo canal e se dirigem até

de pesca onde pudéssemos garantir uma

te no hotel, mas também em um canal

as comportas de captação, o que torna

foto com esse troféu tão cobiçado. Após

artificial que fica a aproximadamente mil

esse local único para fisgar Robalão. Lá só

algumas informações e dicas de amigos,

metros de distância, onde a incursão é

é permitido o pesque e solte, o que propi-

fomos conhecer um pesqueiro em Araca-

liberada para quem está ali hospedado.

cia espantosa quantidade de peixes. Além

ti-CE, chamado Mirante das Gamboas.

O sistema — que foi construído para as

do Robalo-flecha, que é o alvo principal,

Trata-se de uma estância turística, com

criações de camarão — consiste em retirar

ainda podemos encontrar Robalo-peva,

infraestrutura invejável, que também

a água do rio Jaguaribe e despejá-la no

Caranha, Tainha, Tarpon, entre outros.

O maior chamariz para os pescadores está localizado a poucos metros da pousada ...

48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


... é o canal artificial construído para a irrigação de criações de camarões Como as águas são limpas, os arremessos podem ser feitos com os Robalões no visual

ecoaventura 49


[ roteiro I ] Assim que o pescador chega ao canal, a sua ansiedade aumenta ao ver a quantidade de vida que há naquelas águas. Para se ter uma ideia, é possível visualizar as nadadeiras amareladas do “Rei de Prata” desfilando sem preocupação. Não raro ouvíamos e víamos os ataques fulminantes desses monstros contra as pequenas Tainhas, que voavam sobre a superfície da água.

Espécimes com peso superior a 5 quilos são muito comuns nesse local

50 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Com a isca à espera, era só aguardar

água, além dos ataques às presas, o

a arrancada do bicho tomando a linha

que nos deixava cada vez mais incré-

da carretilha. Essa sensação é indes-

dulos com a situação. Porém, pescador

critível. Mas não é à toa que o Robalo

que se preze tem que procurar a forma

tem fama de manhoso: foram vários

de tirar os peixes da água, ainda que

arremessos, muitas trocas de iscas e

seja seu primeiro encontro com deter-

alternância no trabalho até descobrir

minada espécie, como era o caso.

como eles estavam pegando. Até então, só tínhamos visto os desfiles deles na

O pesque e solte é obrigatório, e é isso que torna a pesca farta o ano todo

ecoaventura 51


[ roteiro I ] Ajustes feitos, o primeiro ataque e tomada de linha aconteceram! Ficaram comprovadas todas as histórias contadas sobre o fôlego do Robalo para a briga. Isso porque o peixe não se entrega fácil! Quando achávamos que tínhamos dominado-o, saía ele em disparada canal abaixo, o que fazia a vara vergar e a fricção da carretilha cantar. Emoção e desafio garantidos com esse verdadeiro cabo de guerra. Devido à quantidade de peixes presentes no local, após termos achado a forma e as iscas com os quais eles estavam pegando, foram inúmeras as capturas, com exemplares que variavam entre quatro e sete quilos. O maior Robalão fisgado pesou aproximadamente 7,5 quilos! De acordo com o vigia do canal, a situação ainda não estava muito favorável à pesca dos grandes peixes. Isso porque, devido à presença de chuvas, a água do canal permanecia muito doce, e é quando ela se torna mais salgada, na época das secas, que os maiores exemplares — de até 12 quilos — saem. Se essa pescaria já estava sendo inacreditável, imagina saber que ainda não havia chegado a “época boa”.

foto: Flávio Freitas Pescar esse cobiçado peixe desembarcado é uma experiência única

52 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Serviços onde fica Fortaleza

153Km

Aracati

CE

ONDE PESCAR Complexo Turístico Mirante das Gamboas com pesque-pague Estrada do Cumbe Km 0 Aracati - Ceará Tels.: (88) 3446.2556 / 9974 4765 www.mirantedasgamboas.com

Melhor época A boa infraestrutura local também é propícia para levar a família

Julho a novembro


folhas, flores e frutos

Xaxim elegante das florestas A samambaia-açu é vista nas matas úmidas da América Latina, do México ao Uruguai POR: DANI COSTA | FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA | ARTE: glauco dias

A

exuberância da samambaia-

extinção. Antigamente, a principal utili-

sellowiana são florestas úmidas, tropicais de

-açu foi apreciada pela

dade dessa planta era o emprego do caule

montanha e ao longo de riachos.

ECOAVENTURA em trilhas

na fabricação de placas, palitos e substra-

de matas quando, mesmo

to para o cultivo de bromélias e orquí-

de longe, avistou-se o verde intenso dessa

deas, além de ser usada no paisagismo.

planta cujo caule alcança até dez metros de

Após a resolução 278/2001 do CONAMA

altura. As folhas são enormes, podem ter

(Conselho Nacional do Meio Ambiente),

de um a cinco metros e ocupam majesto-

foi proibida a extração e a utilização de

samente o espaço. A visão de baixo para

material proveniente do xaxim.

cima revela a copa de marcante beleza. Conhecida como xaxim, a Dicksonia

A samambaia-açu é uma espécie de crescimento muito lento e pode viver até

sellowiana, por ser frondosa, é amplamen-

cem anos. Tem ampla distribuição na

te utilizada para decoração de ambientes.

América Latina, com presença no México,

A aquisição e o cultivo dessa samambaia

Venezuela, Colômbia, Paraguai e Brasil

são permitidos, desde que proceda de

(Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro,

origem legalizada, ou seja, que derive

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

de outros exemplares cultivados fora de

A disseminação em solo brasileiro ocorre,

região de mata. Isso porque seu extrati-

em geral, no bioma da Mata Atlântica.

vismo desenfreado a colocou sob risco de

Os habitat’s preferenciais da Dicksonia

54 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Biologia Nome científico: Dicksonia sellowiana Nomes populares: xaxim, samambaia-açu, samambaia-imperial, xaxim-verdadeiro ou xaxim-bugio Reino: Plantae ou Metaphyta Filo: Tracheophyta Classe: Pteridófita Ordem: Cyatheales Família: Cyatheaceae Gênero: Dicksonia Espécie: sellowiana Origem: Período Devoniano, compreendido entre 416 milhões e 359 milhões de anos atrás Fonte consultada Biólogo Lawrence Ikeda


Vamos a la playa

[ pesca de praia ]

A primavera se vai e o verão se aproxima. Para muitos, essa estação é um convite irrecusável para visitar belas praias com os entes queridos. Foi pensando nisso que preparamos uma relação de dicas que podem servir para conciliar as férias de final de ano com boas fisgadas na orla Da redação | Arte: Tiago Stracci

foto: Alexandre Cardoso

ecoaventura 55


[ pesca de praia ]

A

pesca de praia é a mais popular

e,

consequen-

temente, a que possui o maior número de pratican-

tes entre as modalidades. De Norte a Sul do País, seja próximo aos grandes centros litorâneos ou em lugares isolados, é quase impossível passar despercebido pela enorme quantidade de varas de pesca na beira do mar. Entretanto, nem todas têm donos que realmente sabem a forma adequada de conseguir boas fisgadas. E não é para menos, pois, apesar da aparente simplicidade, a pesca de praia é uma das modalidades que, para dar os resultados esperados, exigem atenção à grande quantidade de pequenos detalhes, ou seja, é uma modalidade extremamente técnica. Pescar na praia é um constante desafio, por isso, não é de se estranhar que muitos desistam já nas primeiras incursões. Para realizar uma boa pescaria é preciso levar em conta vários fatores. Entre eles, escolher os dias com as melhores condições de tempo e de mar, ser criterioso na escolha do local mais propício na areia, adequar o equipamento ao tipo de peixes, ter as iscas apropriadas e usá-las do modo correto.

fotos: inácio teixeira

56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Arremessar em direção ao mar e

morda a isca pode até se converter em

simplesmente esperar que algum peixe

sucesso, mas o resultado é como um jogo

É comum a presença das mulheres, sobretudo nas praias rasas, que são menos perigosas

de azar: dependerá de muita sorte.


Por onde começar Antes de qualquer coisa, ao chegar à

de óculos polarizados poderá ajudar nes-

Em geral, as praias rasas possuem

se procedimento, pois águas claras são

vasta extensão de areia com pouca incli-

mais rasas e as escuras, mais profundas.

nação, além de várias linhas de arreben-

Por outro lado, nem todas as praias

tação com pequenas ondas que demar-

do local. Nesse processo de análise, cabe

têm a mesma geografia, ou seja, cada

cam seus canais. São neles que as iscas

identificar onde estão os canais, os valões

qual possui suas características quan-

precisam chegar para ficar ao alcance dos

e as depressões que compõem a geogra-

to à inclinação, profundidade e relevo

peixes. Os grandes canais se situam mais

fia embaixo d’água. Esses locais são faixas

do fundo. Portanto, vamos classificá-

longe da areia e, para atingi-los, serão ne-

de águas mais fundas onde os peixes se

-las em três tipos: rasa, de tombo e as

cessários arremessos longos, o que exige

concentram em busca de alimento. O uso

praias de fundo de baía.

material apropriado.

Praia rasa

foto: inácio teixeira

praia, é preciso fazer um reconhecimento

ecoaventura 57


Praias de fundo de baĂ­a e enseadas

fotos: inĂĄcio teixeira

[ pesca de praia ]

Praia rasa

58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Praia de tombo

Nas praias de tombo, a inclinação da areia é acentuada e pode haver canais, valões e poços bem próximos. Esses locais ficam visíveis pela cor das águas — são mais escuras quando apresentam maior profundidade — e podem ser alcançados com arremessos curtos. Já as praias de fundo de baía e enseadas raramente têm canais. Com isso, fica quase impossível apontar locais específicos com concentração de peixes. Em geral, eles se alimentam próximos à beira d’água. Na próxima edição, falaremos sobre as varas e molinetes para essa modalidade. Aguarde!

foto: inácio teixeira


[ aventuras exploratórias ]

Guariba — o rio da felicidade Quando lançamos a seção “Aventuras Exploratórias”, não tínhamos como mensurar o quanto a busca por novos pontos de pesca poderia render. Tampouco que se abriria uma porta para entrar em contato com novas culturas e costumes. Prova disso é o que aconteceu quando o amigo Izaac Theobald nos fez o convite para conhecer a comunidade Bela Vista do Rio Guariba, descrita nesta matéria Texto e fotos: Wilson Feitosa | Arte: Tiago Stracci

60 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 61


[ aventuras exploratórias ]

A

ssim que começamos a

Com a estrada liberada, mesmo a bordo

com moradores da localidade — pessoas

trafegar pela rodovia Tran-

de uma pickup 4X4, levamos cerca de três

surpreendentemente hospitaleiras, e que,

samazônica — importante

horas para cobrir o percurso até as margens

apesar da forma humilde como vivem, exibem incrível otimismo.

via para a economia lo-

do rio Aripuanã, local onde trocaríamos a

cal, mas abandonada —, seus bura-

estrada pela água. Enquanto preparavam

cos e atoleiros fizeram suspeitar que

o barco, tivemos a oportunidade de prosear

iniciava-se mais uma inesquecível expedição. Não foi preciso rodar muitos quilômetros para que esses presságios se materializassem. Cerca de 50 quilômetros distantes do município de Apuí-AM — nosso ponto de partida —, em um dos muitos trechos que viram notícia quando ficam intrafegáveis durante o período de chuvas, vimo-nos diante da primeira provação. Em uma íngreme ladeira onde a estrada corta um vale, uma fila de caminhões se formou quando um deles, após vencer a perigosa descida, atolou no trecho de subida e obstruiu o caminho. Foram duas horas de espera, e a situação só se normalizou quando um trator foi trazido ao lugar e conseguiu livrar o motorista do infortúnio que se iniciara na noite anterior. A rodovia Transamazônica tem trechos traiçoeiros

É em habitações simples como a da foto que parte expressiva dos ribeirinhos vive

62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Para uma expedição como essa é preciso veículo 4x4 e embarcações resistentes


Navegar por esse trecho do rio Aripuanã, com seus enormes rebojos e corredeiras perigosas, é um desafio constante

As belezas e os perigos de um rio

mais selvagem. Tal qual um verdadeiro labirinto de águas revoltas, é preciso conhecimento e prudência para encontrar

Já tivemos a oportunidade de conhe-

os canais que permitam superar as pare-

cer as cabeceiras do rio Aripuanã nas

des e ilhotas com vegetação por onde seu

imediações da cidade que leva o mesmo

leito escoa violentamente.

nome, local onde se formam dois sal-

Após cerca de uma hora e depois de

tos de rara beleza — Dardanelos e das

passar pela foz de outro rio não menos

Andorinhas. Entretanto, em que pese a

famoso, o Roosevelt, começaram a

presença de tais maravilhas da natureza

surgir rústicas habitações. A princípio,

em suas cabeceiras, não há como com-

estavam espalhadas, porém, em um dos

parar como se delineia seu leito no trecho

trechos mais largos e de águas calmas,

médio. Tão logo avançamos os primeiros

diversas casas, construídas lado a lado,

metros, observamos grandes rebojos e

sinalizavam que havíamos chegado à co-

corredeiras assustadoras: um perigo à

munidade Bela Vista do Guariba — local

navegação, sobretudo para quem não

escolhido para uma rápida parada com

é da região. Com a floresta majestosa

o objetivo de fazer a entrega de algumas

em suas margens, desafiamos sua face

encomendas e reabastecer o barco. ecoaventura 63


[ aventuras exploratórias ] Humildade, sabedoria e respeito à Natureza

temente carrancudo, ele relaxa suas feições tão logo percebe que somos pescadores. Quando lhe perguntamos

— Aqui pegamos o Tucunaré com vara de bambu. — Sim, mas com que isca? — questio-

Com muito calor humano. É assim

sobre os peixes da região, deixou-nos

que os moradores da comunidade re-

esperançosos ao citar as espécies que

— Usamos isto aqui: a penoaca.

cebem os visitantes. Dona Chica, por

pesca frequentemente.

Ficamos incrédulos com o que ele

exemplo, convida-nos para sentar na varanda de sua casa, oferece-nos água

— Jatuarana tem demais por aqui, Tambaqui também.

namos novamente.

nos mostrava, afinal, como seria possível capturar essa espécie com uma simples

fresca e uma farta refeição à base de

Mas é o Tucunaré a espécie que mais

vara de bambu? E o mais curioso ainda: a

peixes. A quantidade de pessoas que

pesca. Quando indagado por que da pre-

linha que usa é composta por finos fios de

entram e saem não deixa dúvidas: ela é

ferência, sua resposta foi pronta e seca.

sisal trançados manualmente, três anzóis

— Esse peixe tem em tudo quanto é

do mesmo tamanho atados um de costas

lugar, e não preciso de iscas vivas para

para o outro, e pedaços de pano vermelho

pegá-los.

como isca. Difícil imaginar como tão rústico

uma liderança comunitária. Teodoro Macedo é outro personagem marcante por sua sabedoria. Aparen-

— Como assim? — perguntamos.

apetrecho poderia ser eficaz.

A vida da comunidade Na comunidade Bela Vista do Guariba, seus habitantes, apesar da simplicidade, vivem felizes

Localizada às margens do rio Aripuanã, a comunidade Bela Vista do Guariba é composta por cerca de 40 famílias, a maioria vinda de estados do Nordeste, em especial do Ceará. Remanescentes de seringueiros, eles se fixaram na região quando o fracasso no comércio da seringa fez os empresários que a exploravam cessarem suas atividades e os abandonarem à própria sorte. O projeto da vila atual é de iniciativa do Incra, que forneceu o material para as casas e deixou a

64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

construção a cargo dos comunitários. Na verdade, trata-se de um modelo de projeto agroextrativista, onde seus beneficiários não recebem título individual de propriedade da terra, mas sim uma concessão de direito real de uso (CDRU), o que permite que a área seja explorada, mas nunca vendida. A comunidade consegue seu sustento nas águas generosas dos rios Guariba e Aripuanã e complementa a renda com a produção de farinha, a extração do óleo de copaíba e da

castanha. Mesmo vivendo com parcos recursos, todos respeitam as regras e normas estipuladas pela legislação. Apesar da carência em relação a projetos sociais, como o total abandono do prédio escolar, entre outras dificuldades impostas por lugares de difícil acesso, os moradores encaram a vida com responsabilidade. As crianças não perdem aulas, e o cultivo intensivo da mandioca demonstra o quanto seus integrantes são comprometidos com o trabalho.


“Seo Tiodoro” — como é chamado — e seu equipamento, a penoaca, com o qual pesca os Tucunarés

ecoaventura 65


[ aventuras exploratórias ] A pesca na região A prosa gostosa quase nos fez esquecer um dos principais objetivos dessa expedição: os peixes. Só quando o dia já avançava por sua segunda metade é que nos demos conta de que seria preciso navegar um bom pedaço até chegarmos à cachoeira do Sumaúma, rotulada por nossos anfitriões como um dos pontos mais pitorescos e piscosos dessa região. Uma rápida, mas forte, chuva caiu pelo caminho, só que, ao mesmo tempo em que serviu para refrescar o dia escaldante, também tornou a viagem mais demorada. Quase duas horas de navegação e finalmente avistamos as águas turbulentas que, segundo nos disseram, abrigam as mais diversas espécies. Mas, apesar de ver grande atividade de peixes, ainda tivemos que atravessar, a pé, uma trilha em meio à mata, que leva à parte superior da queda d’água. O lugar também é cheio de história, afinal, outrora, havia no topo do morro uma vila que abrigava dezenas de seringueiros. Seus vestígios ainda estão espalhados por lá. Já a cachoeira, vista de cima, apresenta volume assustador, e suas águas, ao se chocarem com as rochas, emitem um som tão alto que abafa a fala quando conversamos próximos a ela. O Tucunaré ao lado, assim como a Cachorra abaixo, pegos em menos de 5 minutos, dão uma dimensão do quanto essas águas são generosas

66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Após contemplar tão bela obra da natu-

o que não deixou dúvidas de sua técnica,

reza, já com o dia se despedindo, restou-

muito menos da quantidade de peixes que

-nos como consolo explorar alguns pontos

habitam os arredores.

de pesca antes que a noite chegasse. Não

O tempo restrito impediu-nos de testar

deu tempo para muitos arremessos, mas

adequadamente o potencial de pesca da re-

os poucos que foram possíveis trouxeram-

gião, por isso, já combinamos com os novos

-nos belos Tucunarés e provocaram a ira

amigos um retorno para breve.

de enormes Cachorras. Pena que a maioria escapou durante os saltos. Já as Jatuaranas

Onde Fica

ficaram para uma próxima oportunidade, afinal, o dia se esvaía rapidamente e seria preciso navegar horas para retornar. Em nossa volta, quando passávamos em frente à comunidade, alguém em uma frágil canoa de madeira começou a nos acenar desesperadamente. Era seu Teodoro, que saíra para pegar alguns peixes com seu apetrecho e estava ansioso para nos mostrar. Dentro da humilde embarcação, apenas ele, seu apetrecho e dois Tucunarés, ambos vivinhos,

Ação exemplar Izaac (à frente), Aldeiza (no fundo) e Rosivaldo, exemplos de amor ao próximo e à natureza

Izaac Theobald e Aldeiza Lago dos Santos são dois exemplos de representantes de órgãos públicos ambientais dos quais dá gosto de falar. O primeiro, quando assumiu o escritório local do Ceuc (Centro Estadual de Unidades de Conservação), deparou-se com o grau ameaçador de grilagem por toda a região, uma verdadeira ameaça para as comunidades. Com seriedade e muito trabalho, e mesmo sob algumas ameaças à sua vida, ele se converteu em um implacável paladino para proteger essa gente contra a presença de invasores. Já Aldeiza — que se orgulha de ser descendente de indígenas — tem sob sua batuta a responsabilidade de cuidar dos projetos sociais dessas comunidades. E, como pudemos comprovar, ela cumpre sua função com galhardia. Isso ficou evidente quando aportamos na comunidade Bela Vista do Guariba. Tanto ela, quando Izaac, são muito queridos, a tal ponto que ambos são chamados pelo nome e também sabem o nome de cada habitante do vilarejo. Em suas visitas rotineiras, empenham-se em passar informações sobre o meio ambiente e alternativas econômicas, levam e trazem encomendas da cidade para a comunidade e vice-versa, além de darem apoio sentimental e carinho a essa gente. Pessoas de grande visão também trabalham para atrair empresas que exerçam atividades autossustentáveis, pois sabem que, só assim, poderão melhorar a qualidade de vida dessa gente.

ecoaventura 67


[ meio ambiente ]

68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Em agosto deste ano, foram apresentados à comunidade científica dados que apontam a existência de um curso d’água subterrâneo embaixo do rio Amazonas. Em entrevista à ECOAVENTURA, a pesquisadora Elizabeth Tavares Pimentel — uma das responsáveis por essa descoberta — conta detalhes sobre o “rio” batizado de Hamza Parintins

foto: wILSON FEITOSA

Por: Bárbara Blas | Arte: glauco dias

ecoaventura 69


[ meio ambiente ]

C

chuvas

omo se não bastasse a impo-

— fundamentais para se chegar às con-

nência do rio Amazonas — o

clusões preliminares do trabalho — foi

maior do mundo em volume de

obtida a velocidade da movimentação

água e comprimento —, uma

de fluidos em profundidade aproximada

descoberta promete evidenciar ainda mais

de quatro mil metros. Portanto, a inter-

a região. O destaque da vez não enfatiza a

pretação dos pesquisadores é de que a

sua grandeza, tampouco o famoso cenário

região amazônica possui dois sistemas

do encontro entre o Negro e o Solimões,

de descargas de fluidos: um de

mas sim um “rio” que corre embaixo dele a

drenagem na superfície (rio

quatro mil metros de profundidade. Essa é

Amazonas) e outro fluxo sub-

a conclusão a qual chegaram a doutoranda

terrâneo. Em homenagem ao

Elizabeth Tavares Pimentel e seu orienta-

orientador — um indiano natu-

dor, Valiya Mannathal Hamza, após anali-

ralizado brasileiro espe-

sarem dados da temperatura de 241 poços

cialista em geotermia

profundos perfurados pela Petrobrás à pro-

—, o “rio” havia sido

cura de petróleo na região amazônica, nas

batizado de Hamza. En-

décadas de 1970 e 1980. A pesquisa foi

tretanto, após críticas de

apresentada em agosto no 12º Congresso

moradores da Amazônia

Internacional da Sociedade Brasileira de

com relação ao nome,

Geofísica, no Rio de Janeiro.

foi sugerido renomeá-lo

Elizabeth, natural de Parintins-AM, já

de Hamza Parintins para

se dedicava à área de geofísica desde

homenagear também a

o mestrado na Ufam (Universidade Fe-

cidade natal de Elizabeth.

aquíferos

deral do Amazonas), instituição na qual é professora, e em 2010, iniciou sua pesquisa no Observatório Nacional (Rio de Janeiro) sobre a “estrutura termal da crosta na região amazônica: implicações para ocorrências de recursos geotermais e mudanças climáticas recentes”. O estudo abrange os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará, além de parte do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, e é delimitado ao território nacional. “A relação direta entre o doutorado e a descoberta é a análise de dados de temperatura para cálculo dos gradientes geotérmicos, que foi o primeiro passo da pesquisa, com objetivo de caracterizar a crosta na região amazônica. Os resultados mostraram a grande movimentação de água na direção vertical, e isso foi surpreendente”, conta Elizabeth. A partir das informações sobre as temperaturas 70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

poros das rochas sedimentares


0m 2000m

Rio Amazonas

4000m

Rio Hamza Parintins

ecoaventura 71


[ meio ambiente ] Área de estudo

de apenas 3% desse volume, ou seja, cerca de 3.900 metros cúbicos por segundo. A largura do rio subterrâneo pode variar de duzentos a quatrocentos quilômetros — distância bem maior do que a verifica-

RR

S

Sol

imõ

es

MANAUS

S ITO IOU

dois metros por segundo, dependendo do local, em contraposição à do Hamza Parin-

a eir

Rio

Amazonas é muito superior, entre 0,1 e

nas

azo Rio Am

U PUR

Rio

um a cem quilômetros. Já a velocidade do

Neg ro

PÁ GURU

Rio

da entre as margens do Amazonas, de

AP

PA

d Ma

MA

tins, de dez a cem metros ao ano. Isso porque não há túneis por onde a água possa

AM

escorrer e, assim, ela se infiltra lentamenAC

TO

RO

Bacias sedimentares nas quais o Hamza Parintins está presente

te nos poros das rochas sedimentares. A qualidade da água ainda não foi analisada, portanto, não é possível afirmar se

MT

é própria para consumo ou se precisa de

Acre

tratamento. Atualmente, sua retirada é in-

Solimões

viável, principalmente pela questão finan-

Amazonas

ceira, mas Elizabeth acredita que, com o

Marajó

avanço das tecnologias, isso poderá acon-

Barreirinhas

tecer no futuro. “Além disso, está descartada a viabilidade da existência de seres Os pesquisadores de geotermia do Observatório Nacional Elizabeth Pimentel, Fábio Vieira e Valiya Hamza fazem medições de propriedades térmicas de rochas das bacias sedimentares na região amazônica

Características O fluxo subterrâneo — com estimados seis mil quilômetros de comprimento — pode ser o maior rio subterrâneo do mundo. Ele se estende por toda a área das bacias sedimentares da região, o que inclui, em superfície, toda a extensão do rio Amazonas e os outros cursos d’água que compõem a bacia fluvial amazônica. Segundo Elizabeth, não foi determinada uma nascente, já que as águas da superfície (chuvas, rios, aquíferos etc.) alimeno rio Amazonas, está no oceano Atlântico. Outra semelhança entre eles é a direção do percurso da água: de oeste para leste. Várias são as diferenças notadas. Enquanto a vazão do Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo, a média do Hamza Parintins é 72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

foto: grupo de geotermia

tam o Hamza Parintins. Já a foz, tal qual

vivos, visto que não possui oxigênio para sustentar formas de vida no ambiente de sedimentos permeáveis”, justifica.


Rio Amazonas

Por que foi considerado um “rio”?

Velocidade 0,1 a 2 m/s sentido oeste para leste na superfície

Algumas polêmicas foram levanta-

Largura 1 a 100km

das acerca da classificação desse corpo d’água como rio. Elizabeth explica que o termo “rio” foi usado no sentido genérico

Vazão 133.000 m³/s

Extensã

o 6.992 ,06km*

para referir-se a esse fluxo de águas subterrâneas e não se configura como um “rio

Rio Hamza Parintins Velocidade 10 a 100 m/ano sentido oeste para leste a 4.000 m de profundidade

na superfície”, originário de descargas de águas pluviais. Além disso, o orientador afirma que o termo “rio” possui mais de

Largura 200 a 400km

37 definições na literatura e não há limitação científica de uma velocidade mínima ou máxima para ser considerado como tal. Outro argumento relevante é de que a

Extensã o

vazão do Hamza Parintins (3.900 metros

* (Inpe) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 2008 Os valores são aproximados

cúbicos por segundo) é bem maior do que

Vazão 3.900 m³/s

6.000km

a do rio São Francisco (2.850 metros cúbicos por segundo), por exemplo. A pesquisadora complementa que a

pesquisas na Amazônia é bastante caro

mais informações sobre a geologia lo-

movimentação de águas com velocida-

e não há financiamento específico para

cal e sobre os parâmetros físicos envol-

de aproximada de 100 metros por ano

trabalho de campo. Essa é a fase atual

vidos, como a condutividade térmica.

— máxima estimada para o Hamza — é

do doutorado, na qual Elizabeth busca

“Ainda tenho dois anos para continuar

comparável a de rios que correm debai-

Elizabeth Pimentel e Fábio Vieira realizam perfilagens (obtenção da temperatura variando a profundidade) em poços artesianos em Boa Vista-RR

xo de geleiras. Foi descartada a possibilidade de se tratar de um aquífero. Isso porque esse tipo de corpo d’água, embo-

a pesquisa e pretendo obter mais dados experimentais para solidificar a teoria”, vislumbra.

ra também ocorra entre os poros das rochas, implica em reservatórios de águas relativamente estagnadas, e, como este se movimenta, a classificação de rio seria mais coerente.

Caminho a percorrer A pesquisadora confessa que não esperava tamanha repercussão de seu trabalho — que ganhou destaque na impacto desse fluxo de águas subterrâneas tem que ser incluído na avaliação do sistema hidrológico da região amazônica. Entretanto, a questão financeira é um grande obstáculo, pois realizar

foto: valiya hamza

mídia internacional — e defende que o

ecoaventura 73


[ roteiro II ]

Pontos de pesca em Paranaguá Pescar na baía de Paranaguá, no Paraná, exige astúcia para não se meter na rota dos navios e habilidade para identificar os pontos preferidos dos Robalos, em geral, ao redor das ilhas POR: DANI COSTA I FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA I ARTE: TIAGO STRACCI

A pesca na baía de Paranaguá é produtiva até mesmo próximo à cidade

A

baía de Paranaguá é co-

A baía possui 180 quilômetros de perí-

nhecida pelo famoso porto

metro e é circundada pelas baías de Antoni-

de mesmo nome — um dos

na, Laranjeiras e Pinheiros e diversas ilhas

Aos que quiserem se aventurar nessas

maiores

— muitas, desertas. A maior delas é a Ilha

águas, é preciso ter cuidado na passagem

do Mel, principal ponto turístico da região.

pelo canal em frente à cidade. Ali, apesar

exportadores

de

grãos do Brasil. Para os pescadores es-

região, e são poucas as opções de barcos para alugar.

portivos é, também, o reduto dos Roba-

Paranaguá, apesar de ser um ponto pis-

de se situar um posto da Marinha, vemos

los, que, mesmo fora de sua temporada

coso que atrai entusiastas do Brasil todo,

muitas manobras arriscadas de barcos,

— abril, maio e junho — fazem a alegria

ainda não é dedicada ao turismo de pesca.

motorizados ou não, feitas por moradores e

dos aficionados da espécie.

Há notícia de apenas um guia que opera na

pescadores locais.

74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Juarez exibe um Robalo conquistado com muito esforço e técnica em função do mau tempo

ecoaventura 75


[ roteiro II ]

Agnis aperor a dolupta sperum quas quatem lam di aut elestem quiasse caborum quisimus eos ilignis experia dicienis

A soltura do Robalo ĂŠ feita para garantir que ele atinja maior porte e renda uma pescaria ainda melhor

76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Em busca dos Robalos A fissura pelos Robalos dessas águas

dia de céu aberto e calor nas semanas

Ilha Geriris. Ilhotas também entraram na

anteriores. Ainda assim, bons espécimes

rota, já que o importante era margear pe-

deram o “ar da graça”.

dras e águas alimentadas pelos nutrien-

vale qualquer aventura, até mesmo passar

Experiente, Juarez sabia como fugir do

o dia sob forte vento e chuva na tentativa

vento e ainda onde os Robalos gostavam

No primeiro pesqueiro, um Robalo de

de fisgar ao menos um exemplar. Quando

de se abrigar. Os pontos foram ordenados

pequena estatura bateu na isca. Isso ani-

Juarez Antônio Smaniotto, pescador há 20

da seguinte maneira: primeiro, era preci-

mou a movimentar a lancha para buscar

anos, convidou a ECOAVENTURA para essa

so passar pelo canal — movimentação que

mais pontos promissores, mesmo no frio

incursão, o frio estava de congelar, a venta-

exige cuidado, já que esse é o circuito de

que fazia. Um peixe pequeno, mas ousado,

nia embolava as linhas e as iscas artificiais

trânsito das gigantescas embarcações.

engatou na garateia: uma Salteira quase do

ficavam geladas com a temperatura da

Depois, as fisgadas começaram ao redor

tamanho da isca! Foi preciso ter atenção em

água. Era fim de setembro e não se tinha re-

da Ilha das Cobras, mais tarde perto da

seu manuseio, principalmente no momento

gistrado nos arredores de Curitiba nenhum

Ilha Teixeira e, em seguida, no espaço da

da soltura, devido a seu ferrão nas costas.

tes da vegetação marginal.

Parte antiga da cidade portuária de Paranaguá

ecoaventura 77


[ roteiro II ]

A pesca de Garoupa, Peixe-espada e Badejo também são produtivas na baía de Paranaguá, mas a meta daquele dia era pegar os alvoroçados Robalos, apesar de a lua mais promissora ser a quarto-crescente, não a minguante, como observou um pescador que passava em sua embarcação artesanal. Mesmo assim, após a fala desse companheiro do mar, vários Robalos bateram nas artificiais dos parceiros. Eram valentes e vinham para a lancha com sagacidade. Na sequência dessa pescaria cheia de expectativas, foi preciso driblar a rasura. A vazante atrapalhava, pois o ideal é pescar Robalos no pico da maré. Já ao fim de três horas, o exemplar que se esperava chegou. Com a estimativa de dois quilos e meio, o peixe bateu na nossa isca. Juarez agilizou a captura para a foto e comprovou que valeu a pena insistir, mesmo em dia de tanto frio!

Uma das ilhas em que arriscamos nossos arremessos parecia toda feita dos indesejados biguás. Era preciso manejar a lancha para as grotas que julgávamos certeiras com a destreza de ficarmos longe desses predadores Pescador em embarcação artesanal

78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


mar área explorada Ilha Baía de Antonina

Ilha Teixeira

Ilhas Gereris

Ilhas das Cobras

Ilha do mel

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Passeio de trenzinho ou teleférico

Na apresentação da Revista ECOAVENTURA (edição 26) o passeio é cortesia* Incluso: Teleférico: oferece uma vista aérea privilegiada do pesqueiro sobre o jardim japonês e diversos pontos da mata. A distância percorrida é de mais de 900 metros e a altura chega a atingir 10 metros. Trenzinho: há duas opções de passeio: Opção 1: visita à sede da fazenda localizada em um jardim com 80.000m² de verde e com uma atração única: a alameda das Azaleias. A vista privilegiada das três árvores gigantes é outra atração. A subida é feita por meio de mirantes e pontes construídos em 10 patamares Opção 2: visita ao Jardim Japonês, um dos maiores do Brasil, com 12.000m², um cenário típico com cascata, ponte e Carpas coloridas; à mini horta da fazenda; e ao complexo de 26 rodas d’água em 300 metros. O visitante pode andar pelos mirantes e escadas, observar a árvore gigante centenária e até brincar de “Tarzan” ao se pendurar em uma corda * Cada exemplar da revista equivale a um passeio grátis. Oferta válida até 30 de novembro Onde: Pesqueiro e Pousada Maeda Tel.: (11) 2118-6200 http://www.pesqueiromaeda.com.br

80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

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ecoaventura 81


foto: Marcelo spegiorin moreno

[ matéria do leitor ]

um afluente Pescadores se aventuraram nas águas do rio Bonito — ro do Interior do rio Tietê, na cidade de Penápolis-SP — no 3º Encont Paulista de amigos caiaqueiros dias POR: MARCELO spegiorin MORENO I ARTE: Glauco

82 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


previsão meteorológica não era das melhores. Já se sabia que os pescadores precisariam de muito braço para remar, pois haveria ventania. Mas quem gosta de caiaque e de pesca nunca desanima, e foi essa empolgação que fez com que o 3º Encontro do Interior Paulista, que aconteceu em 1 e 2 de outubro, desse certo. A turma se reuniu em Penápolis, cidade a 490 quilômetros da capital, São Paulo, pertencente à região de Araçatuba, e a pescaria foi no rio Bonito, um afluente do Tietê. Tudo foi organizado no fórum do Barracuda Team (www.barracudateam. com.br), o que trouxe a oportunidade de conhecer novos companheiros. Estavam representadas as cidades de Promissão, Araçatuba, São José do Rio Preto, Sertãozinho, Itu e Itapetininga. foto: Marcelo spegiorin moreno

Marcelo Moreno com um dos primeiros Tucunarés

foto: douglas coelho

ecoaventura 83


[ matéria do leitor ] Por conta do tempo instável, foram inscritos apenas dez caiaques. Entretanto, eles foram suficientes para dar aquele gostinho de emoção. Quem é adepto dessa pesca sempre vibra quando vê tais embarcações entrarem aos poucos na água. É irresistível acompanhar o processo de embarque dos parceiros, desde quando se soltam as cordas que seguram os caiaques aos carros, até quando estão prontinhos na água, com toda a tralha de pesca preparada e os remos a postos para uma nova experiência! Na pescaria que aconteceu no sábado, dia 1º de outubro, foram pegos vários exemplares de Tucunarés (todos pequenos) e algumas Piranhas. As longas remadas já começaram perturbadas pelo vento, que limitou os pontos abrigados. Outro fator que não permitiu uma grande pescaria foi o fato de os Tucunarés já formarem os pares para o período de desova. No domingo, apareceram exemplares maiores. Tinha pescador tão disposto e “na fome” de fisgá-los que muitos pincharam ali mesmo na frente do

Parceiro Douglas Coelho fisgou exemplares um pouco maiores que a média da pescaria

rancho onde pernoitamos. Do trajeto, foi calculado um percurso de 22 quilômetros Padovan pescou de fly e conquistou vários Tucunarés

fotos: Marcelo luís dos santos feitoza

no rio durante o encontro.

84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

foto: Marcelo spegiorin moreno


Infelizmente,

ninguém

pegou

os

grandes exemplares. Léguas adiante do rancho, um amigo parou em um ponto e, com um trick apontado, mostrou três Tucunarés enormes. Eles “brincavam” no meio da galhada, e o maior parecia passar dos 3,5 quilos. A descontração era tanta que todos gargalharam com um pescador quase insuperável exibindo seu equipamento novo de fly. Era um Tucunaré atrás do outro. O que não sabíamos é que ele era adepto ao islamismo, pois gritava a cada captura: “Alá! Alá! Alá! Alááááá!”. Foi motivo de muita brincadeira! Peixes pegos e devolvidos ao rio, os caiaqueiros respeitaram a maneira ecológica de pescar, porque o prazer de tudo é a técnica e a alegria de estar com companheiros unidos pela diversão de fisgar embarcado em caiaque. Até o próximo encontro! fotos: Marcelo luís dos santos feitoza

Equipamentos • Caiaque Barracuda

• Carretilha Shimano Curado

• Linha Power Pro 20lb

foto: Marcelo spegiorin moreno

• Vara Green Bass 10-25lb

• Iscas com as quais fiz as capturas: Rapala X-RAP 6 e 8 (cores clow e Cheadopper) e Rapala X-RAP Deep • Outros colegas fizeram capturas na colher, e o maior peixe foi capturado com o Spinner Laser

ecoaventura 85


é o bicho

S

e há uma ave que consegue dar mais emoção às histórias de pescadores é a socó. Isso porque ela é capaz de roubar peixes

fisgados nas pescarias. O pássaro, simplesmente, deixa de pescar sozinho e se dedica é certeira: aproxima-se ao menor sinal de

A ave socó tem o dom da caça, principalmente a noturna, pois seus olhos vermelhos movimentam-se com rapidez e boa mira

movimento da vara. Pode ser divertido

POR: DANI COSTA | FOTO: INÁCIO TEIXEIRA | ARTE: glauco dias

a capturar o exemplar alheio. Sua técnica

sofrer esse “ataque” oportunista durante a pesca, mas é necessário ter cuidado, pois a confusão que o socó causa ao enroscar em anzóis e linhas pode render acidentes. Seu canto é muito forte e é emitido enquanto voa à noite. As características marcantes se dão pelo longo bico e grandes olhos vermelhos, que fazem dessa ave uma excelente caçadora noturna de pequenos répteis, insetos, crustáceos, anfíbios e, claro, peixes. Seu modo de caça é por emboscada: permanece imóvel à espera de sua presa. Possui coloração ventral que vai de tons de cinza claro ao marrom, com asas cinzentas e as partes dorsal e terminal da cabeça, negras. O socó tem o hábito de colocar o bico sobre o peito para dormir, o que lhe confere o aspecto de “pássaro sem cabeça”. Essa espécie cosmopolita é encontrada desde o Canadá até a Terra do Fogo (extremidade sul da América do Sul), além da Europa. Realiza migração em bandos, nas áreas de clima temperado. Já em países tropicais, prefere viver solitária. O habitat é variado, porém, está sempre próxima de corpos d’água, como rios, lagos, regiões estuarinas e praias. No Brasil, o socó se reproduz durante as estações da primavera e verão, com formação de colônias de nidificação em grandes árvores. Após a eclosão dos ovos, os filhotes são alimentados pelos pais,

Biologia

Nome científico: Nycticorax nycticorax Nomes popularares: socó, suvacu, taquari, taiaçu, garça-da-noite, socó dorminhoco Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Aves Ordem: Ciconiiformes Família: Ardeidae Tamanho: 60 cm

que, ao final do verão, abandonam o ninho e partem para a vida individual.

86 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Fonte consultada Biólogo Lawrence Ikeda


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saúde

Embora os riscos relacionados ao álcool sejam amplamente divulgados, poucos os levam a sério. Em contrapartida, como uma substância tão condenada pode trazer benefícios? Com o intuito de que os pescadores estejam conscientes dos aspectos positivos e negativos, a ECOAVENTURA mostra de que maneira é possível o álcool influenciar nas pescarias, no dia a dia e a longo prazo Por: Bárbara Blas | fotos: inácio teixeira | Arte: gLAUCO DIAS

88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 89


saúde

M

uitas pesquisas têm evidenciado que a ingestão de bebidas alcoólicas de forma moderada pode

trazer benefícios. Isso animou muitos apreciadores. Por outro lado, os inúmeros casos de doenças e mortes relacionados à bebida são alarmantes, ao passo que os slogans como “beba com moderação” e “se for dirigir não beba” são banalizados. Em que medida é possível equilibrar os benefícios e malefícios? Como o álcool influencia o desempenho? O que exatamente significa beber com moderação? Segundo Dirceu Rodrigues Alves Jr.,

Aprender a beber é entender que é melhor ingerir uma ou poucas doses por dia a muitas em uma única ocasião

médico e diretor de comunicação da Abramet (Associação Brasileira de Medi-

igualitária porque, por terem uma maior

cina de Tráfego), independentemente do

quantidade de gordura e menos enzimas

não é o álcool, e sim a falta de moderação,

indivíduo, a ingestão do álcool compromete

que metabolizam o álcool, as mulheres

pois muitos não bebem todos os dias, mas,

três funções: cognitiva, motora e sensório-

ficam alcoolizadas mais rapidamente.

quando bebem, exageram.

-perceptiva. A primeira envolve a atenção,

A mulher pode ingerir até três doses por dia, e o homem, quatro, mas a soma da semana não pode ultrapassar sete para as mulheres e quatorze para os homens

a concentração e o raciocínio. A motora diz respeito aos movimentos do corpo. Já a sensório-perceptiva está relacionada ao tato, visão e audição. Por isso é que o álcool dificulta a execução de atividades. O fato de uma pessoa sofrer mais ou

No final das contas, o vilão da história

menos os efeitos do álcool depende de vários fatores, como peso, altura, sexo, me-

O que é uma dose ou um drinque? (12 a 15g de álcool)

tabolismo, ingestão de alimentos etc. “Cada

ck ne on g cer vej al

-1

doente. De acordo com esse limite, utiliza-

-1

do nos Estados Unidos, Canadá e Ingla-

do se d (ca e de cha sti ça, lado vo dc a ,u ísq ue -1 ) lat ad ec erv eja

ho vin de taç a

cho

abstinente, o nível seguro é beber sem ficar

-1

acredita que, se a pessoa escolheu não ser

-1

psiquiatria da Unesp Florence Kerr-Corrêa

pe

seguro” para o consumo. Já a professora de

lat

que não há como estabelecer um “nível

-1

tes”, explica o doutor. Por isso, ele defende

ao de u um qu a g alq ar ue raf rb ap eb eq ida ue “ic na e”

um manifesta sinais e sintomas diferen-

terra, a mulher pode ingerir até três doses por dia, e o homem, quatro, mas a soma da semana não deve ultrapassar sete para as mulheres e quatorze para os homens [saiba quanto é uma dose no quadro ao lado]. Segundo

Florence, essa quantidade indicada não é

90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

275ml

350ml

355ml

140ml

40ml

350ml


Os prós e os contras Algumas pesquisas, como as feitas pela Escola de Medicina da Universidade de Harvad (Estados Unidos), pela Universidade da Carolina do Sul (Estados Unidos) e pela Universidade de Calgary (Canadá), mostram que o consumo moderado de álcool pode proteger o coração. Segundo a professora Florence, isso ocorre porque a bebida ajuda a diminuir as placas de gordura que obstruem os vasos, o que, consequentemente, reduz o risco de doenças cardíacas — uma das principais causas de morte no mundo. Ainda segundo

Comer enquanto se bebe faz com que o álcool seja absorvido mais lentamente pelo organismo

a professora, o álcool também ajuda a tranquilizar. Mas, adverte: “A vantagem

[veja efeitos no quadro abaixo]. “No início, há

é para quem bebe pouco. Quem exagera

uma sensação de relaxamento e bem-estar,

coordenação motora e no raciocínio até a

perde os benefícios.”

e o álcool age como um lubrificante das

perda de consciência. Caso a concentração

relações sociais, pois alivia as inibições do

seja muito elevada, há risco de morte, mas,

Logo após beber, o efeito varia de acordo

indivíduo”, explica Corrêa. Com o aumento

normalmente, a pessoa entra em coma

com a porcentagem de álcool no sangue

da ingestão, começa a ocorrer prejuízo na

antes que isso aconteça.

Já os malefícios são muito conhecidos.

Efeitos típicos do álcool no organismo*

0,02% 0,04% 0,06% 0,08%

0,10%

0,15 a 0,25%

0,25 a 0,35%

0,40%

relaxamento, bem-estar, diminuição do tempo de reação o bem-estar e o relaxamento continuam, mas o tempo de reação diminui ainda mais e a falta de coordenação se inicia prejuízo do raciocínio e menor capacidade de processar informações a coordenação motora piora prejuízo evidente do raciocínio e de coordenação; visivelmente bêbado

risco alto de blackouts (apagamento) e acidentes

a pessoa pode desmaiar; perder a consciência; risco de morte

dose letal Fonte: Faculdade de Medicina da Unesp

*de acordo com o nível de álcool no sangue

ecoaventura 91


saúde A médio e longo prazo, podem ser desenvolvidas dependência e mais de 60 doenças, como pancreatite, gastrite, úlcera, impotência e cirrose. Esta última, a mais relacionada à bebida, é uma enfermidade crônica do fígado — órgão responsável pela metabolização do álcool, entre outras funções, que fica com seu funcionamento comprometido. O risco de câncer também pode ser intensificado, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Em 2007, a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, que integra a OMS, divulgou que o consumo diário de 50 gramas de álcool está associado ao aumento do risco de câncer na boca, faringe, laringe esôfago, de mama e colorretal (no intestino grosso e o reto). Boa parte dessas doenças ocorre quando a pessoa está dependente, isto é, “quando o indivíduo perde a autonomia e não tem a liberdade de escolher entre beber ou não”, explica Florence. Quando não bebe, sofre os sintomas da abstinência, como mal-estar, tremor e angústia. Alguns são mais propensos, como quem tem parentes próximos dependentes, mas qualquer indivíduo que insistir na ingestão de grandes quantidades com frequência pode se tornar um alcoólatra. Para os bebedores ocasionais que consomem em excesso, os problemas relacionados ao álcool estão ligados a conflitos interpessoais, agressões físicas, violência, uso de outras drogas, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e acidentes de trânsito. De acordo com o I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira (2007), o consumo nocivo de álcool é responsável por cerca de 3% de todas as mortes que ocorrem no planeta, seja pelas doenças que causa ou por acidentes.

92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O organismo demora, em média, uma hora para metabolizar um drinque, e não há como acelerar esse processo


Alerta aos pescadores Além dos riscos a médio e longo prazo, o álcool pode alterar o desempenho na pescaria, pois, como já explicado, compromete as funções cognitiva, motora e sensório-perceptiva, além de aumentar o risco de acidentes com anzóis e afogamentos. Como é preciso muita atenção, esforço, reflexo, entre outras habilidades, o ideal — como é recomendado para a prática de outros esportes — é não beber. Para o condutor da embarcação, a “Lei Seca” também é válida na água. O suboficial Fuzileiro Naval Enoch da Silva Cordeiro explica que a Marinha do Brasil realiza inspeções navais nos rios e mares para verificação documental dos condutores e embarcações e, assim como na via

Mesmo uma pequena quantidade de álcool afeta a performance. Por isso, não se deve beber antes de desempenhar atividade que pode trazer risco à vida, como dirigir

terrestre, o tetilômetro — mais conhecido

a alcoolemia. “Ressalta-se que, mesmo se

como bafômetro — é utilizado para medir

houver recusa em usar o equipamento, o

sinais evidentes de embriaguez, capazes

condutor ainda assim pode ser apresen-

de comprometer a segurança da embar-

tado à autoridade policial, o que costuma

cação ou da navegação”, complementa

acontecer sempre que forem observados

o suboficial, que é encarregado da segu-

Se for beber durante as pescarias, a moderação — ao invés do excesso — aumenta a possibilidade de boas fisgadas

rança do Tráfego Aquaviário da Delegacia Fluvial de Porto Velho-RO. A margem de tolerância é de 0,10 miligrama por litro de ar com teor alcoólico expelido dos pulmões. Entre 0,11 e 0,29 miligrama por litro, serão aplicadas medidas administrativas: suspensão ou retenção do certificado de habilitação, apreensão ou retenção da embarcação, e o condutor poderá ser apresentado à autoridade policial. Se o teor alcoólico expelido dos pulmões for acima de 0,30 miligrama por litro, o infrator é levado para a delegacia. Para quem não for conduzir, seja no trânsito ou na água, a professora Florence dá as dicas para ficar livre de uma grande frustração e dor de cabeça no dia seguinte: beber pouco (no máximo, o recomendado), intercalar com outros líquidos, não ingerir bebidas alcoólicas para matar a sede e alimentar-se enquanto bebe.

ecoaventura 93


radar

Aquecimento das águas aumenta número de peixes no nordeste do Atlântico Um artigo de pesquisadores

foram notadas alterações populacionais

O nordeste do Atlântico tem sido chama-

britânicos publicado no periódi-

em 36 espécies. Dessas, 27 estão mais

do de “caldeirão de mudanças climáticas”,

co Current Biology mostra que,

numerosas e nove diminuíram, ou seja, o

já que, segundo cientistas, a temperatura

com a elevação da temperatura

número das que aumentaram em abun-

tem aumentado quatro vezes mais do que a

das águas do nordeste do oceano

dância foi três vezes maior.

média global nos últimos 30 anos.

Atlântico, no continente europeu, a quantidade de peixes cresceu.

Se, por um lado, alguns peixes que pre-

Essas informações abrem oportu-

ferem águas mais quentes têm prospera-

nidades para a pesca e o consumo de

do, por outro, os adaptados à água fria — o

espécies menos visadas atualmente,

coletados em mais de 1,2 mi-

que inclui espécies muito importantes

além de ajudar governos e ambientalis-

lhão de quilômetros quadrados

para a pesca dos britânicos —, como o

tas a planejar maneiras de proteger e

no período de 1980 a 2008,

Bacalhau, foram os mais atingidos.

aumentar os estoques.

Com base na análise de dados

A primeira vacina para peixes no Brasil Após uma parceria entre os ministé-

infecções do sistema nervoso central.

A vacina representa um grande avan-

rios da Pesca e Aquicultura (MPA) e da

Essas doenças ocorrem principalmente

ço à aquicultura e estará disponível ainda

Agricultura Pecuária e Abastecimento

durante a fase de engorda em tanques-re-

neste ano. Ela não será obrigatória, e sim

(MAPA), a Secretaria de Defesa Agrope-

de nos meses mais quentes do ano e têm

uma alternativa aos piscicultores para

cuária do MAPA autorizou a fabricação

levado os produtores de diversos Estados

que sua produtividade não seja afetada.

da primeira vacina para peixes. Ela será

brasileiros a prejuízos econômicos.

utilizada na Tilápia-do-nilo, uma das

Fonte: MPA

proteger contra uma bactéria chamada Streptococcus agalactiae, que causa

94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

FOTO: INÁCIO TEIXEIRA

espécies mais cultivadas no Brasil, para


Os corais podem desaparecer ainda neste século Se a degradação ambiental por conta

devastação das áreas costeiras, culmina-

da atividade humana continuar na mes-

rão no desaparecimento dos corais — um

ma intensidade, os recifes de coral dei-

fenômeno inédito, pois seria o primeiro

xarão de existir até 2050. A previsão é de

ecossistema inteiro a ser extinto.

Peter Sale, ecologista marinho e professor

Embora ocupe somente 0,1% da área

Revolução dos carros nas ruas de Paris Após o sucesso do aluguel de bici-

da Universidade das Nações Unidas, que

dos oceanos, os corais abrigam 25% de

cletas, que funciona desde 2007, Paris

tem mais de 40 anos de experiência em

todas as espécies marinhas e têm papel

dá as boas-vindas aos Bluecars: carros

corais. Esse e outros problemas — como

importantíssimo para o equilíbrio ambiental

elétricos de aluguel. Barato, compacto,

a pesca predatória, desmatamento,

do planeta. Para a espécie humana, eles

confortável e sustentável, o Bluecar,

mudanças climáticas, crescimento da

também trazem benefícios, seja como com-

apelidado de “bubble car” (carro-bolha),

população e política energética — são

ponentes úteis à indústria farmacêutica,

parece um “irmão mais velho” do Smart

tratados em seu livro “Our dying planet”

como recurso pesqueiro ou para o turismo.

e possui quatro assentos, um pequeno

(Nosso planeta agonizante ou Nosso

Sale acredita que o combate ao aque-

porta-malas e câmbio automático. O

planeta morrendo), lançado em setembro

cimento global é a medida mais urgente

design é de autoria da mesma empresa

deste ano. Em seu estudo, Peter mostra

a ser tomada, mas esforços locais contra

italiana que a Ferrari. Ele alcança os

que as mudanças climáticas e a acidifica-

a pesca predatória e a poluição são pa-

130 quilômetros por hora e cada recarga

ção dos oceanos, além de ações humanas

liativos para que esses jardins submer-

permite ao motorista percorrer cerca de

como a pesca predatória, a poluição e a

sos não desapareçam.

250 quilômetros. Sem contar que não produz fumaça ou barulho! O Bluecar representa o futuro dos deslocamentos de carro, pois une a nova cultura do car sharing (compartilhar o carro) — em oposição ao uso de carros particulares — com um veículo sustentável. Assim como o sistema de bicicletas (Vélib), o carro retirado em um ponto pode ser devolvido em qualquer outra estação. Para utilizar o Bluecar, o motorista deve se registrar no escritório do serviço de aluguel da Autolib ou nos quiosques próximos às estações de

FOTO: SXC/ADAM SHORT

retirada para o uso por um dia, semana ou ano. Os preços variam entre 10 e 114 euros por ano. Lançado no início de outubro deste ano, o Bluecar ainda está em fase de teste, mas espera-se que cinco mil estejam disponíveis até 2013.

ecoaventura 95


radar

Torneio no Tietê A cidade de Igaraçu do Tietê, a 249 quilômetros de São Paulo, realizou o seu primeiro torneio de pesca e lançou, assim, a região como potencial polo Organizada pela Equipe Liziero Pesca, a competição aconteceu nas águas do rio Tietê e contou com 39 equipes, em um total de 112 participantes. Os pescadores representaram as regiões de Areiópolis, Avaré, Botucatu, Bauru, Barra Bonita, Brotas, Lençóis Paulista, Jaú,

FOTOS: EQUIPE LIZIERO PESCA

turístico para os pescadores esportivos.

Macatuba, Paulínia, Piracicaba, São Paulo (do Estado de São Paulo) e Londrina, do

do pescador Marco Antonio Silvestrini, da

de 100 mil alevinos nas águas do rio

Paraná.

equipe Victor (Macatuba), com 29cm de

Tietê, o plantio de 500 mudas de árvores

comprimento e peso de 830g.

nativas e a coleta de lixo. “O resultado

O torneio teve um total de 59,855kg de peixes capturados. Destes, 20,535kg eram

Os peixes mais pescados foram:

foi surpreendente. Em uma hora e meia,

de espécies nativas e 39,320kg de espé-

Tabarana, Mandi, Corvina, Cará, Piapara

os participantes recolheram material

cies exóticas. O maior peixe nativo cap-

e Pacu. Este último tem sua captura

suficiente para encher a carroceria de

turado foi o do pescador Airton Donizete

proibida, mas, para a realização do

um caminhão. Foram aproximadamente

Aizza, da equipe Bibi (Barra Bonita), com

torneio, foi autorizada pelo Ministério da

cinco mil quilos de resíduos”, contou

56cm de comprimento e peso de 3,750kg.

Pesca e Aquicultura.O evento também

Denilson Liziero, organizador do torneio.

O maior peixe exótico capturado foi o

teve ações ecológicas com a soltura

Confira a tabela de resultados.

I Torneio de Pesca Esportiva da Estância Turística de Igaraçu do Tietê

Categoria nativo

Prêmio

1º colocação: Equipe Jagunço com 13.170 pontos. Pescadores: Marcelo Reginaldo Georgetto (Areiópolis) e Henrique Domingues (Barra Bonita)

um motor de popa Yamaha 15 Hp

2º colocação: Equipe Bibi com 12.870 pontos. Pescadores: Airton Donizete Aizza, Fábio Murilo Aizza e Benedito Muriano (Barra Bonita)

um barco Levefort, modelo Squalus 600

3º colocação: Equipe Terra Verde com 1.910 pontos. Pescadores: José Eduardo Abiati (Igaraçu do Tietê), Ismael Donizete Sebastião e Emilio Carlos Blasizza (Barra Bonita)

um motor elétrico

Categoria Exótico

Prêmio

1º colocação: Equipe Victor com 31.660 pontos. Pescadores: Marco Antonio Silvestrini, Adenizio Fernandes Aragão e Adriano Sergio Pereira (Macatuba)

um motor de popa Yamaha 15Hp

2º colocação: Equipe Lider com 6.500 pontos. Pescadores:Amarildo Pedro de Carmo, Rodrigo do Carmo e Ronaldo José Querino (Barra Bonita)

um sonar Cuda 300

Equipe Jagunço

3º colocação: Equipe Faísca Pneus com 1.160 pontos. Pescadores: Luiz Carlos Soncino um motor elétrico (Igaraçu do Tietê), Hamilton Luis Capellani (Piracicaba) e Nivaldo Antônio (Barra Bonita)

Categoria individual 1º colocação: Marcelo Reginaldo Georgetto (Areiópolis) da equipe Jagunço com 7.630 pontos 2º colocação: Airton Donizete Aizza (Barra Bonita) da equipe Bibi com 7.190 pontos 3º colocação: Benedito Muriano (Barra Bonita) da equipe Bibi com 5.680 pontos

96 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Equipe Victor


[ ecoaventura mirim ]

e p u r q o a t e m g s o e g a Por: Janaína Quitério | Ilustração: Mila Costa

CERTO E ERRADO

Eeeehhhh, Yuri, você fisgou um peixão! Vou tirar uma foto!

Evite contato direto com a pele do peixe.

errado

Argh, bruna! Não gosto de pegar no peixe. Ele solta um líquido nojento...

Esse “líquido” se chama muco protetor e cobre toda a pele do peixe. Ele é muito importante: protege-o contra a ação de fungos e bactérias.

certo

FIM Fonte: “Recomendações para praticar o pesque-e-solte” / Débora Karla Silvestre Marques... [et al]. — dados eletrônicos. — Corumbá, MS: Embrapa Pantanal, 2007.

ecoaventura 97


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Panamá 2011 / 2012

Ninguém conhece o Panamá como nós. Mais de 600 clientes enviados com taxa de retorno de acima de 80% Venha pescar conosco nas últimas datas do primeiro semestre de 2012 guiadas pelo Betão. Custa muito menos do que você imagina! Venha capturar mais de 40 espécies diferentes, pescando de: Arremesso (Popping) Vertical (Jigging) Corrico (Trolling) Fundo (Bottom) Barcos para 2, 3 ou 4 pescadores 1° saída Paradise Fishing Lodge 28 de Janeiro a 3 de Fevereiro 2012 Esgotado 2° saída Pesca Panamá de 4 a 11 de fevereiro de 2012 Esgotado 3° saída Paradise Fishing Lodge 2 a 9 de março de 2012 Esgotado 4° saída Paradise Fishing Lodge 7 a 14 d abril 2012 poucas vagas

Consulte-nos sobre outras datas para as duas operações tanto em 2011 como em 2012

Madagascar 2011 / 2012

Representante exclusiva da operação Tropical Fishing, a ECOAVENTURA Turismo também preparou pacotes nas melhores semanas de 2011 e 2012. A Ilha de Madagascar é o ponto de pesca no Índico mais próximo do Brasil com mais de 30 espécies e as mesmas técnicas do Panamá, popping, jigging, trolling e bottom-fishing.

Esgotado

Esgotado Esgotado Esgotado

1° saída de 8 a 15 de outubro de 2011 2° saída 20 a 28 de novembro de 2012 3° saída 12 a 20 de dezembro de 2012 4° todas as semanas de 8 de abril a 20 de Maio de 2012


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