Revista Ecoaventura ed29

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ANO III - fevereiro - ED. 29

ecoaventura - E d i ç ã o 2 9 - f e v e r e i r o d e 2 0 1 2

BIOLOGIA + MEIO AMBIENTE, TURISMO E

pirarucu bilíngue

pir arucu I rio roosevelt I estrutur a s I iguape-sp I pes caria noturna I olfato dos peixes I o futuro de bar celos

Esteja preparado para duelar com o maior peixe de escamas da Amazônia

EDITORA

R$10,90

Pesque-pague

Rio roosevelt

Estruturas de pesca

De caiaque no mangue

O prazer da pescaria noturna

Saiba como identificar onde moram os Tucunarés

Aventuras no coração da Amazônia

Emoções com muitos peixes

t u r i s m o e m i g u a p e - s p I o l fat o d o s p e i x e s

I pesca de praia I repelentes funcionam?


Não desperdice suas férias!

Faça a escolha certa...

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10/08/2012 14:01:07


Excelência em pesca esportiva fluvial

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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br

Parques e reservas X

Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br Editor de fotografia Inácio Teixeira (MTb nº 13302/SP) fotografia@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Reportagem Bárbara Blas (MTb nº 64800/SP) bblas@grupoea.com.br Tradução David John Arte Glauco Dias e Mila Costa Ilustração Kid Ocelos Correspondentes internacionais Fabio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição André Sesquim, Lawrence Ikeda, Oswaldo Faustino e Wilson Feitosa DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br

desenvolvimento (Parte 1)

A

criação de parques e reservas tem importância indiscutível para a preservação de nossos ecossistemas. Isso porque, com eles, o avanço do desmatamento, da fronteira agrícola e de outras atividades predatórias pode ser detido — o que resguarda não apenas a biodiversidade presente em milhões

de hectares de terra como também pode garantir que futuras gerações desfrutem de um Brasil que, em muitas regiões, já não mais existe. Mas, para serem efetivos, os projetos necessitam ser bem elaborados, com legislação que leve em conta as populações que habitam essas áreas e o seu entorno, bem como atividades — sustentáveis — da qual vivem. A omissão ou a falta de clareza criam situações constrangedoras, pois, em muitos casos, podem ser interpretadas por órgãos de fiscalização de forma equivocada, como o caso de atividades lícitas capazes de gerar renda a essas pessoas. Resultado: sem perspectivas, resta a essa gente buscar seu sustento na extração clandestina de madeira, no garimpo ou na pesca predatória — isto é, em atuações que vão diretamente contra os objetivos traçados na criação desses parques. Nessas regiões protegidas, a pesca esportiva teria tudo para se sobressair como alternativa de peso, com geração de emprego e inclusão social — a exemplo do que acontece em diversas partes do mundo. T-e-r-i-a, porque, por enquanto, ela tem sido

Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br

proibida de ser realizada em parques e reservas. E mais: além de alavancar o turismo

Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br

etc., poderia contribuir com a fiscalização ambiental em áreas remotas, afinal, a sim-

Atendimento ao leitor Priscila Santiago sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br

sustentável de pesca ao oferecer hospedagem, refeições, barcos com guias treinados ples presença humana em regiões de difícil acesso inibe ações predatórias. Por isso, ao criar as bases legais em parques e reservas, é imprescindível não confundir a atividade de pescar esportivamente, na modalidade pesque e solte, com pesca profissional — essa, sim, uma atividade extrativista, que subtrai das áreas protegidas milhares de toneladas de espécies. Estudos feitos pelo Ibama/Cpta mostram que, na pesca esportiva, a sobrevivência de peixes soltos é de mais de 90% e que, em no ferimentos causados por fisgadas. Resta, então, aguardar que os verdadeiros interessados se inteirar dessa importância e que, em vez de quererem proibi-la — como se não houvesse diferença entre pesca esportiva e predatória —, passem a usar essa importante

Assinaturas: (11) 3334-4361

ferramenta em suas ações fiscalizadoras.

PIR ARUCU I RIO ROOSEVELT I ESTRUTUR A S I IGUAPE-SP I PES CARIA NOTURNA I OLFATO DOS PEIXES I O FUTURO DE BAR CELOS

na conservação de nossos recursos naturais procurem

ANO III - fevereiro - ED. 29

máximo 15 dias, eles se recuperam completamente dos ECOAVENTURA - E D I Ç Ã O 2 9 - F E V E R E I R O D E 2 0 1 2

A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

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T U R I S M O E M I G U A P E - S P I O L FAT O D O S P E I X E S

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I PESCA DE PRAIA I REPELENTES FUNCIONAM?

16/01/2012 17:07:10

Edição 29 — fevereiro de 2012

instituto verficador de circulação


ISCAS DE MEIA-ÁGUA No volume 8 da coleção “A Arte de Pescar — aprimore suas técnicas”, o biólogo e consultor da Revista ECOAVENTURA, Lawrence Ikeda, traz informações sobre seis modelos de isca de meia-água e fundo: floating, suspending, sinking, barbela longa, twitch bait e rattlin’. Características, funções, forma de trabalho, peixes-alvo, entre outros temas, são tratados de forma didática e ilustrada para iniciantes e pescadores experientes. Não perca!

Próximo volume: iscas

metálicas

TÉCNICAS” A cada mês, a coleção “A ARTE DE PESCAR — APRIMORE SUAS traz dicas e informações sobre o mundo da pesca. ASSINANTES. O DVD é parte integrante da Revista ECOAVENTURA só para

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17/01/2012 11:21:00


[ índice ]

12

foto: eribert marquez

capa bilíngue

O gigante amazônico

Dicas para entrar no duelo com o Pirarucu foto: thiago teixeira

60

pesque-pague Pescaria noturna

Pescar à noite em pesqueiros apura outros sentidos — de pescadores e peixes


08 Correio técnico 10 Correspondência 40 Pesca de praia Por que pescar na orla fascina tanto?

49 Bicho Sabiá-laranjeira

52 Turismo Um leque de patrimônios em Iguape-SP foto: andré sesquim

24

técnica

De caiaque no mangue

Estratégias para obter sucesso nessa pescaria

68 Vitrine

Ofertas e lançamentos

70 Biologia

Olfato nos peixes: faro para a sobrevivência

foto: eribert marquez

76 Técnica

Anatomia das estruturas de pesca

84 Meio ambiente

Barcelos — como ajudar a manter esse paraíso?

90 Saúde

Repelentes: funcionam mesmo?

95 Radar

32

roteiro

Os tesouros do rio Roosevelt

Pescadores esportivos são seus novos desbravadores

96 Classificados


correio técnico Óleo 2T

Linguado-de-água-doce

Qual a diferença entre o óleo para motores de “dois

Um amigo que esteve pescando recentemente no rio Araguaia disse

tempos” náutico e o óleo “dois tempos” para outros

que, além dos peixes já conhecidos, pegou um Linguado — espécie

motores, como motosserras e ciclomotores? E quais

que, pelo que sei, é exclusiva de águas marinhas. Como ele não trouxe

as consequências do uso do óleo “2T” comum em

fotos, fica a dúvida: será mesmo que existe um Linguado-de-água-doce

motores náuticos?

ou se trata de mais uma história de pescador?

Marcelo José Vianna Tulio — por e-mail

Maikon Bernardes — Londrina-PR

Existem vários tipos de motores dois tempos, tais

Seu amigo não é mentiroso. Existem mais de 20 espécies de peixes

como os estacionários, refrigerados a ar, refrigerados

dessa ordem em nossas águas, todas pertencentes à família dos Pleu-

a água com radiadores e refrigerados a água exter-

ronectídeos. A maioria é de água salgada, porém, apesar de raro,

na. Uma bomba d’água, por exemplo, tem motor de

também existe o Linguado-

giro constante e refrigerado a ar. A motocicleta tem

-de-água-doce (Achirus

motor refrigerado a água (radiador). Já os motores de

lineatus), portanto, tire o

popa dois tempos são refrigerados a água prove-

chapéu para o seu amigo,

niente do mar, de lagos, rios e represas. A diferença

afinal, ele é um dos poucos

entre esses motores está no regime de uso e que

sortudos que já capturaram

tipo de refrigeração cada um tem. Um óleo para

essa espécie.

motocicleta, que trabalha em um regime entre 3.000 rpm até 12.000 rpm, refrigerado a ar, não pode ser usado em um motor de popa refrigerado a água, que trabalha em regime mais baixo — raramente excede 4.500 rpm. O motivo é que a temperatura da parede

Caiaque Tenho visto algumas pessoas pescando com caiaques em mangues

do cilindro e do cabeçote, em teoria, é a mesma, em

e até em costeiras. Um dos modelos que vi, em especial, estava todo

torno dos 65º Celsius, mas a temperatura interna da

equipado. Tinha porta-varas, redinhas para prender objetos e uma

câmara varia de acordo com a taxa de compressão,

caixa que acomodava as tralhas de pesca. Gostaria de saber se esses

que, quanto mais alta, maior é a temperatura. É aí

apetrechos são projetados junto com o caiaque, ou se são adaptações.

que a classificação do óleo faz diferença, pois a pro-

Também gostaria de ter a opinião de vocês sobre a estabilidade desse

priedade de lubrificação das partes móveis em alta

tipo de embarcação.

temperatura é dada pelo seu grau de viscosidade e, para cada regime de funcionamento, é necessário

Jair de Paula — São Paulo-SP

manter um padrão de viscosidade. Então, um motor que funciona em giro médio

Atualmente, existe quase uma dezena de modelos de caiaque

com refrigeração externa e alta taxa de

desenvolvidos especificamente para os pescadores esportivos. E a dife-

compressão não pode usar um óleo de

rença entre eles e os demais é justamente a presença desses acessórios

motor de alto giro refrigerado a

citados por você, o desenho interno que privilegia a mobilidade e o

ar e baixa taxa de compressão.

conforto do remador e, principalmente, a largura e formato do fundo,

Por isso, o óleo dois tempos

ambos projetados para dar estabilidade.

desenvolvido para motocicletas não pode ser usado em motores de popa, o óleo de motor de popa não pode ser usado em jet ski, o óleo de jet ski não pode ser usado em motocicleta, e assim por diante.

foto: wilson feitosa

08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

foto: arnaldo rampado


Para onde ir Estou planejando uma pescaria muito especial para o mês de julho, afinal, seremos três gerações em ação. Eu, meu pai e meu filho. Como meu pai já não tem a mesma energia da juventude, e meu filho é muito novo, qual seria, na opinião de vocês, o melhor lugar para ir com eles: a Amazônia ou o Pantanal? Diógenes Cardoso M. Silinsk — Belo Horizonte-MG

É mesmo uma grande responsabilidade, mas, entre esses dois destinos, nessa época do ano, e pelas circunstâncias expostas, não há dúvidas: o Pantanal é disparadamente a melhor pedida, já que, na Amazônia, o nível dos rios estará muito elevado. Um dos lugares mais pitorescos e favoráveis à pesca esportiva no Pantanal é a região de Porto Jofre — famosa pela quantidade e variedade de animais que existem em suas matas e por abrigar espécies

foto: wilson feitosa

como o Dourado, o Pacu, o Pintado, entre outras capazes de proporcionar intensas emoções.

Sul do amazonas, no encontro de dois grandes rios

ROOSEVELT X ARIPUANÃ

em breve

novo site


correspondência No facebook da

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No que você está pensando agora?

Ademar Couto Na minha humilde opinião, prefiro capas com foto, mas também, na minha humilde opinião, os desenhos trouxeram um grande acréscimo, pois, além de ter uma beleza indiscutível, o autor os utiliza também com esquemas, setas indicativas etc., o que traz informação adicional ao leitor. Gostei demais dessa adesão à revista. Que se saiba aproveitar o recurso, pois é eficaz na transmissão de informação. Parabéns a todos. 5 de janeiro às 10:39 · Curtir ·

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REVISTA ECOAVENTURA Diversificada, dinâmica, vi-

Paraná na ECOAVENTURA É com imensa satisfação que parabe-

brante e direcionada a todos que

nizamos a editoria da Revista ECOA-

apreciam os assuntos abordados,

VENTURA pelas magníficas publica-

a Revista ECOAVENTURA é

ções sobre os polos turísticos do litoral

interessante em todos os aspec-

paranaense de Morretes e Ilha do Mel

tos. Portanto, quem não conhece

e a pesca esportiva na baía de Para-

ou não leu, procure e verá que a

naguá. Colocamo-nos ao inteiro dispor

ECOAVENTURA abrange o melhor

para novas reportagens sobre o turismo

estilo de vida de que precisamos.

no Estado do Paraná.

Parabéns, continuem assim. Clemente Consentino Neto — por e-mail Socorro Lima — por e-mail

Meio ambiente: amianto Quero cumprimentar pela alta qualidade gráfica e fotográfica. Muitos jornalistas e veículos de comunicação abordaram o tema, mas nunca encontrei um artigo onde não há nenhum erro ou deturpações. Fiquei realmente impressionada com a forma e conteúdo e o quão fidedigna a repórter foi em uma entrevista feita pelo telefone. Bárbara Blas faz parte de um grupo reduzido de profissionais de jornalismo que vai atrás, pesquisa e traduz para o leitor aquilo que o entrevistado diz. Fernanda Giannasi — por e-mail

10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


correspondĂŞncia_28.indd 11

15/12/2011 14:06:35


[ capa I cover article I pirarucu ]

PIRARUCU: The Amazon Leviathan Duelar com um dos maiores peixes de escamas do mundo é viver uma experiência que mistura êxtase, esforço físico e sensações únicas Duelling with one of the world’s largest scaled fish is an experience which mixes ecstasy with physical strength and is a unique experience | Arte/Design: glauco dias Por/by: Wilson Feitosa | Tradução/Translation: David John

12 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: Eribert Marquez

ecoaventura 13


[ capa I cover article I pirarucu ]

O rio Araguaia, além de ser um dos mais belos cenários em território brasileiro, é um dos lugares onde a pesca do Pirarucu é das mais promissoras The Araguaia River, quite apart from being one of Brazil’s most beautiful landscapes, is also one of the most promising hotspots for fishing the Pirarucu

O

foto: leon bojarczuk

Pirarucu — que, no dialeto

o título de peixe de água doce mais

seu corpo ser longilíneo e sua cabeça

indígena, significa peixe da

comprido do mundo e dá a ele lugar

muito pequena, o Pirarucu é uma das

cauda cor de urucum — é

de destaque entre os mais pesados.

poucas espécies no mundo que possui

uma espécie de grande

De anatomia incomum, essa espécie

dois aparelhos respiratórios: as brân-

porte, endêmica da bacia amazônica e

— também conhecida como Pirosca

quias, responsáveis pela respiração

da bacia do Araguaia-Tocantins. Pode

em determinadas regiões — tem ca-

aquática, e a bexiga natatória modifi-

atingir três metros de comprimento e

racterísticas biológicas que o diferen-

cada, que funciona como pulmão e lhe

pesar 250 quilos, o que lhe garante

ciam de qualquer outro peixe: além de

permite praticar a respiração aérea.

he Pirarucu, which in the native dialect

heaviest. Graced with an unusual anato-

ming bladder acts as a lung, which enables

means fish with a urucum (an Amazon red

my, this species, also known as Pirosca in

it to take in air at the surface. As a result

fruit shrub) colored tail, is a large-sized

certain regions, possesses unique biologi-

of this characteristic, it is able to drag it-

species indigenous to the Amazon and

cal features apart from its long body and

self in the dry season over reasonably long

Araguaia-Tocantins basins. It can reach a

somewhat small head and is one of the few

areas of low water levels until finding ad-

size of up to 3 meters and weigh 250 kilos,

species in the world that possesses two

equate water depths. Under normal condi-

which assures it first place as the longest

breathing systems: the gills are responsi-

tions, the Pirarucu is most comfortable in

freshwater fish as well as amongst the

ble for underwater breathing and the swim-

clear or dark water lakes and rivers that

T

14 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Por tal característica, ele consegue se

te alcalinas e com temperatura entre

duzido em lagos há décadas, e hoje é

arrastar na época de secas por distân-

24° e 37° Celsius.

reverenciado como troféu de inestimá-

cias razoáveis em trechos muito rasos

Sua rusticidade e capacidade de se

vel valor pelos pescadores esportivos. E

até encontrar lugares onde o volume

adaptar a ambientes variados, associa-

se lá fora ele faz sucesso, no Brasil não

de água seja mais adequado. Em con-

do ao porte que pode atingir, fizeram

poderia ser diferente, entretanto, pes-

dições normais, o Pirarucu se sente

essa espécie atravessar oceanos para

car esse peixe em ambiente natural re-

confortável em lagos e rios de águas

desembarcar em outros países, caso

presenta um desafio bem diferente do

limpas, brancas ou pretas, ligeiramen-

da longínqua Tailândia, onde foi intro-

proporcionado em ambientes artificiais.

foto: Eribert Marquez

A explosão do Pirarucu na superfície é uma cena que fica registrada na memória para sempre The topwater explosion of the Pirarucu is an indelible scene in one’s memory

are slightly alkaline and with temperatures

and is today revered as a trophy of ines-

between 24 and 37 degrees Centigrade.

timable value by sportfishermen. If it has

Its hardiness and ability to adapt to

met with such success in faraway Thai-

several environments as well as its size

land, then in Brazil, its native land, such

have contributed to it being transported

success could be no different, however,

over several oceans and relocated to

taking it on in its natural habitat involves

places as far away as Thailand, where

a totally different challenge from fishing

it was introduced to lakes decades ago

for it in artificial environments.

ecoaventura 15


[ capa I cover article I pirarucu ]

Por mais experiente que seja o pescador, sem a ajuda de um bom guia, dificilmente se vence a luta com o Pirarucu However experienced the angler, without the assistance of a good guide, a fight with the Pirarucu will seldom be won

foto: leon bojarczuk

Na ponta da linha

As primeiras horas do dia, assim como

cardumes de até dez indivíduos, entre os

os finais de tarde, são os melhores perío-

quais sempre há troféus com peso superior

Nos preparativos que precedem a pes-

dos para encontrá-lo, o que exige acordar

a 100 quilos. Quando visualizados, é funda-

caria desse peixe, um dos mais importan-

cedo e pescar até o final do dia. Para atingir

mental aproximar o barco vagarosamente

tes é conseguir as iscas, que podem ser

os principais pontos de pesca, é comum ter

até uma distância de cerca de oito metros

pequenos peixes ou Traíras. Com uma

que deslocar o barco por águas rasas com

e nunca de frente para o cardume. Com

ou outra, é fundamental que os anzóis

árvores caídas e outros obstáculos, o que

prudência e silêncio, dá até para escolher

sejam espetados nas beiras ou extremi-

significa que pescar o Pirarucu também exi-

o indivíduo de maior porte antes de fazer

dades para facilitar a fisgada e a soltu-

ge determinação, disciplina e força.

o arremesso pouco à frente do local onde

ra, além de reduzir o ataque de Piranhas

Localizá-lo é tarefa que pede olhos

o peixe sobe para respirar, o que exige con-

durante a briga, algo que, quando ocorre,

treinados — um tipo de percepção que só

centração e precisão. Feito isso, a isca deve

acaba provocando o rompimento da linha

guias experientes conseguem desenvolver.

ser colocada sem grande estardalhaço

e, consequentemente, a perda do troféu.

Normalmente, eles são visualizados em

centímetros adiante de sua trajetória.

At the end of the line

which when they occur inevitably result in

means that fishing for the Pirarucu involves determination, discipline and stamina.

In the preparations that precede a fish-

line cut offs and the resulting loss of the

ing expedition targeting this fish, one of

trophy fish. The first daylight hours as well

Locating the Pirarucu requires trained

the more important factors is procuring the

as late afternoons are the best fishing pe-

eyesight — a unique perception that only

bait, which can be small fish or Trairas (Wolf

riods, which means rising early and fishing

experienced guides possess and develop.

Fish). With either one, it is fundamental to

to day’s end. In order to arrive at the best

Normally, they can be spotted in shoals of

set the hook at the extremities to facilitate

fishing spots, it is quite common to have to

up to 10, among which there are always

penetration and release, apart from reduc-

move the boat through shallow waterways

specimens in excess of 100 kilos. Upon be-

ing the possibility of attacks by Piranas,

with fallen trees and other obstacles, which

ing spotted, it is essential to move the boat

16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ilustração: kid ocelos

EstratĂŠgias para entrar no duelo Duelling strategies

slowly to a distance of up to 8 meters and never in the path of the moving shoal. With stealth and silence, it is possible to select the largest specimen before casting slightly ahead of where the fish is likely to come up for air, which demands concentration and precision. Once this is achieved, the bait should be presented delicately some centimeters ahead of its trajectory.

ecoaventura 17


[ capa I cover article I pirarucu ] Após perceber que está fisgado, a fúria do Pirarucu chega a ser assustadora On perceiving it has been hooked, the Pirarucu’s fury is frightening

foto: Eribert Marquez

Daí em diante, é preciso ter sangue

reação é assustadora, afinal, não é co-

e arrasta a embarcação para onde quer

frio e paciência para aguardar até que

mum ver um monstro saltando fora d’água

sem que se possa fazer nada. Um espe-

ele coloque a isca na boca e a carregue

bem pertinho do barco, como se fosse um

táculo apoteótico repleto de evoluções,

por alguns metros. Só então se deve dar a

Matrinxã ou outra espécie de pequeno

explosões, saltos, corridas e o que é me-

fisgada, que precisa ser rápida e vigorosa.

porte. A briga do Pirarucu é única: ele dá

lhor, a maior parte do tempo na superfície.

Quando tudo corre como o planejado, sua

pequenas corridas, salta sucessivamente

Simplesmente inesquecível!

From then on, patience and cold blood

ing to plan, the fish reacts in a frightening way,

it wherever it wants to with little that can be

are needed until it takes the bait in its mouth

very often jumping at boatside as if it were a

done by way of control. This is a magnificent

and transports it for several meters. Only then

Matrinxã or smaller sized fish. The fight of the

spectacle full of turns, explosions, jumps, runs

should the hookset be made, which has to be

Pirarucu is unique as it goes on short runs and

and most of it occurring on the water surface.

fast and vigorous. When all has gone accord-

jumps in succession dragging the boat with

A simply unforgettable experience!

18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


fotos: Eribert Marquez

Vencida a luta com o Pirarucu, é hora de fazer as fotos do troféu e devolvê-lo à água Once the battle with the Pirarucu is over, it is time to return it to the water

ecoaventura 19


[ capa I cover article I pirarucu ] Onde encontrar

Sucunduri — dois afluentes do Madeira

nal, em especial, para os adeptos da pes-

localizados no Estado do Amazonas. Na

ca com moscas. E por fim, o rio Cristalino,

Na Amazônia, o Pirarucu é encontrado

Ilha Mexiana, no Estado do Pará, canais

afluente do rio Araguaia, localizado próxi-

em dezenas de rios. Entre os que ofere-

abertos para o cultivo de arroz irrigado se

mo à Ilha do Bananal, no Estado de Goiás,

cem infraestrutura para receber os pes-

transformaram em um dos melhores pes-

onde os guias de pesca demonstram mais

cadores esportivos estão o Aripuanã e o

queiros dessa espécie em território nacio-

afinidade com a pesca dessa espécie.

tributaries of the Madeira River in the

for flycasters. And lastly, the Cristalino

fotos: leon bojarczuk

Where to find it In the Amazon, the Pirarucu may be

Amazon. On Mexiana Island, in Pará state,

River, a tributary of the Araguaia adjacent

found in dozens of rivers. Among those

open channels generated for rice irriga-

to Bananal island in Goiás state, where

that provide infrastructure for fishermen

tion have become some of the best fishing

fishing guides have demonstrated greater

are the Aripuanã and Sucunduri, two

spots for this species in Brazil, especially

affinity for fishing this species.

20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Soltar o Pirarucu traz uma sensação tão boa — ou até maior — quanto a sua captura Releasing the Pirarucu is as gratifying, if not more so than hooking it

ecoaventura 21


[ capa I cover article I pirarucu ] ilustração: kid ocelos

Mais sobre a espécie

Durante o longo período de cuidados

metro para a sua captura, uma forma

parentais, a necessidade fisiológica de

de impedir a morte de espécimes jo-

Durante a seca, o Pirarucu começa

emergir para captar ar ocorre em inter-

vens, que ainda não reproduziram. Ali-

a formar casais e a procurar ambientes

valos menores — ocasião em que os

mento tradicional entre as populações

calmos para fazer seu ninho. Entretan-

peixes são arpoados. O abate dos ma-

ribeirinhas, sua carne, quando bene-

to, só se reproduz durante as cheias.

chos, após as desovas, expõe os filho-

ficiada seca e salgada, tem paladar

O macho protege a prole por cerca de

tes à predação por peixes carnívoros,

comparado ao do Bacalhau. Pratica-

seis meses, e os filhotes, durante as

especialmente as Piranhas, e a longa

mente desprovida de espinhas, é con-

primeiras semanas de vida, ficam ao

fase de imaturidade sexual (3-5 anos)

sumida em receitas saborosas como

redor da cabeça do pai, que os mantêm

propicia a captura de espécies juvenis,

o famoso “Pirarucu de casaca”. Suas

próximos à superfície para facilitar-lhes

os chamados “bodecos”, espécimes

escamas são usadas como lixa de

o exercício da respiração aérea.

com peso entre 30 e 40 quilos. Nas úl-

unha ou na confecção de ornamentos,

Apesar de ser uma espécie resis-

timas três décadas, os estoques desse

e sua língua, óssea e áspera, para ra-

tente, o Pirarucu é bastante vulnerável

peixe vêm sofrendo grande pressão e

lar o guaraná em bastão. Os ovos das

à ação dos pescadores. Os cuidados

profundo impacto, o que indica uma

fêmeas também são consumidos, e a

com os ninhos, após as desovas, ex-

tendência à sobrepesca. A Portaria n°

pele vem sendo objeto de estudos que

põem os reprodutores a redes malha-

1.534, de 20 de dezembro de 1993,

visam sua utilização na produção de

deiras ou à fisga com haste e arpão.

estabeleceu o tamanho mínimo de 1,5

sapatos, bolsas e vestimentas.

More about the species

allow them to breathe surface air.

that exposes the fish to these methods. The

During the dry season, the Pirarucu be-

Despite being a resilient species, the

killing of males during these periods exposes

gins to mate and seeks out calm waters to

Piraucu is vulnerable to predation by fisher-

the fry to predation by carnivorous fish and,

build its nest. However, it will only actually

man. The care they take over their nesting

in particular, Piranas, and the long phase

breed during the floods. The male protects

habits expose them to netting as well as

of sexual immaturity lasting 3-5 years is fa-

its young for about 6 months and the fry

spearing and harpoons. During the lengthy

vourable to the capture of juveniles (known

concentrate themselves around the father’s

nesting period, the physiological need to

as “Bodecos”) weighing only 30-40 kilos.

head, which keep them near the surface and

come up for air is more frequent, occasion

In the last decades, fish stocks of the Pira-

22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Dicas/ tips

• Em determinadas situações, mesmo obedecidos os procedimentos citados, o peixe não corresponde com ataques. Quando isso ocorre sucessivamente, é sinônimo de que estão bem alimentados e, nessas circunstâncias, o melhor é mudar o ponto de pesca Under certain conditions, even following the above-mentioned criteria, the fish simply do not cooperate in taking the bait. When this occurs successively, it means they are well fed and, in these cases, it is best to move to a different spot • Barulho no barco, em especial os metálicos, costuma afugentar esse peixe, portanto, evite movimentos bruscos Boat noises, and in particular metallic boat noises, scare this fish away and in-boat movement should be avoided • Na região do rio Araguaia, a “Branquinha” — peixe pouco maior que um Lambari e muito comum em suas águas — é a isca mais eficiente In the Araguaia, the Branquinha — a fish that is slightly bigger than the well-know Lambari, forage shad is common to these Waters and is the most productive bait

equipamentos/ equipment

• Varas de categoria extrapesadas, com comprimento ao redor de 7’’ Extra heavy rods with around 7 feet in length • Molinetes ou carretilhas que comportem em torno de 120 metros de 0,80 milímetro e anzóis ao redor de 10/0 Spinning or multiplier reels holding up to 120 meters of 0,80mm line and 10/0 size hooks

foto: wilson feitosa

rucu have been under great pressure and

to codfish. Practically devoid of bones, it is

impact, which indicates overfishing. Regula-

served as a delicacy under the famous reci-

tion 1.534 dated 20th December 1993 has

pe “Pirarucu de Casaca”. Its scales are used

established minimum size at 1.5 meters as a

as nail files or to make ornaments and its

means of preventing the capture of juvenile

tongue, which is rough and bony, is used to

fish that have not reached sexual maturity.

gring guaraná. Female roe is also consumed

As a staple food among riverside natives,

and its skin is under study in its potential use

its flesh, when salted and dried, is similar

for footwear, bags and clothing apparel.


[ técnica ]

Analisar as condições ambientais de um determinado dia e, de acordo com elas, traçar as estratégias para conseguir as almejadas capturas no mangue é fundamental. Mas, e quando acontecem variações climáticas, o que fazer? por: André Sesquim | fotos: André Sesquim e fábio fregona Arte: glauco dias

24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 25


[ técnica ]

E

xistem muitos fatores que po-

zes, não dispõe de tempo para programar

ocasião, vários municípios chegam a de-

dem dificultar a pescaria, prin-

sua aventura de acordo com as condi-

clarar estado de calamidade pública em

cipalmente quando a espécie

ções teoricamente adequadas. Em regra,

decorrência de inundações. Para o pes-

almejada é o Robalo e, o am-

a pescaria acontece quando surge uma

cador que utiliza caiaque nas incursões

biente, o mangue. Vento, pressão atmos-

oportunidade, que, nem sempre, coinci-

exploratórias, significa correr o risco de

férica, clima, maré, temperatura e tur-

de com um dia em condições favoráveis

se deparar com ressacas, águas turvas,

bidez da água, entre outros, modificam

à prática do esporte.

ventos, além da própria chuva. E foi com

significativamente o comportamento do

O início de dezembro é tradicional-

essas condições climáticas que chega-

peixe e o deixam mais ou menos ativo.

mente um período muito chuvoso no Es-

mos ao ponto de descida dos caiaques

O pescador esportivo, na maioria das ve-

tado do Espírito Santo, tanto que, nessa

antes de o dia clarear. Mesmo com a

26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ausência de luz, já era possível perceber que a água estava suja: exatamente nos pontos que julgamos serem os mais promissores, a água era barro puro. Todas as ambições e expectativas da noite anterior estariam comprometidas? Sempre lemos artigos de especialistas que recomendam, nessa circunstância, trabalhar a isca de maneira lenta e contínua para dar ao peixe a oportunidade de

... e o Robalo é uma das espécies que aparecem nessas estruturas

localizá-la e provocar seu instinto preda-

ponta de vara, fará os sticks ou as iscas

dor. Entretanto, vale considerar que va-

de meia-água com flutuação rápida dei-

riações de modelos de isca, assim como

xarem muitas bolhas na superfície, o que

a forma de trabalhá-las, também podem

pode ser extremamente atrativo, a ponto

ajudar a neutralizar adversidades.

de despertar o interesse dos predadores

Abandonar conceitos, usar a criatividade, apostar na intuição e ser persisten-

Galhadas são sempre pontos promissores ...

que estejam nas proximidades, como é o caso do cobiçado Robalo-flexa da foto.

te, em muitas ocasiões, costumam dar

A captura de um troféu desses é muito

certo e salvar o dia de pesca. Substituir

gratificante e estimuladora, não só pelo

o trabalho lento e contínuo por uma boa

expressivo valor esportivo dessa espécie,

bagunça na superfície — seja ela lenta

como também pelas condições adversas

ou truncada —, com vigorosos toques de

nas quais o feito foi realizado. ecoaventura 27


[ técnica ] Fique atento A maioria dos exploradores do mangue se dedica exclusivamente à pesca do Robalo, o que é um erro, pois acaba por desprezar peixes potencialmente esportivos, como Caranhas, Xaréus e até Barracudas. Parece não haver controvérsia de que, ao pescar Robalo no mangue, a precisão do arremesso é essencial, afinal, ele é um caçador furtivo, que utiliza estruturas para se abrigar enquanto prepara o melhor momento para atacar um peixinho, um camarão ou até

mento de pequenos peixes e as ações

dadores estão por perto. Arremessar

um caranguejinho distraído. Assim, é

na superfície.

em meio ao cardume de peixinhos em

evidente que arremessar bem entre

Os Robalos, assim como os demais

apuros, junto à margem mais para o

as estruturas aumenta as chances de

predadores, frequentemente dão si-

meio do rio, costuma provocar bons

captura. Mas há outros fatores que po-

nais de sua presença. Um ataque na

ataques nas iscas artificiais e gerar

dem contribuir significativamente para

superfície ou um cardume de peque-

algumas capturas significativas e não

o sucesso desse tipo de pescaria. En-

nos peixes em rebuliço na flor d’água

programadas, tanto de Robalos quanto

tre eles, observar o mangue, o movi-

são alguns dos indícios de que os pre-

de Xaréus e Ubaranas.

A Ubarana, à esq., e a Caranha, à dir., aparecem inesperadamente em plugues e camarões artificiais

28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Pescar de caiaque permite uma aproximação sutil, o que é fundamental para a captura de Robalos maiores O Xaréu também não resistiu ao trabalho de nossas iscas

ecoaventura 29


[ técnica ]

O Robalo-peva é outro troféu muito festejado

Pare, observe, escute

da maré, pois, com o recuo das águas, os pequenos peixes, que buscaram

Quando não for possível visualizar

proteção e alimento dentro do mangue

sinais que sirvam de indicativo para os

alagado, acabam se concentrando nes-

arremessos, a concentração, a observa-

ses locais. Ouvidos atentos também

ção e a audição compõem um conjunto

ajudam a localizar locais onde há movi-

que pode ajudar a identificar locais de

mentação de peixes.

reunião de pequenos peixes e, consequentemente, dos predadores que os

Levanta-te e pesca

veem como suculentas refeições. São os casos de pontos mais profundos pró-

Um detalhe de significativa importân-

ximos a formações rochosas, estruturas

cia — e que, por isso, fazemos questão

submersas, pilares de pontes, entre

de enfatizar — é relativo às vantagens do

outros comumente frequentados por

stand up na pescaria com caiaques. Além

Ciobas, Robalos, Pescadas etc. Em es-

de todas as vantagens decorrentes da me-

truturas desse tipo, camarões de silico-

lhora na posição de arremesso e de tra-

ne, grubs, shad, jigs ou iscas de barbela

balho da isca, em pé, aumenta-se muito o

longas são altamente produtivos.

contato visual com o peixe antes da cap-

Saídas dos pequenos canais de dre-

tura, uma vez que é possível acompanhar

nagem do mangue também são boa op-

de camarote o nado da isca e, em diversas

ção, principalmente durante a vazante

situações, a perseguição e o ataque.

30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Um Sernambiguara desse tamanho já consegue arrastar o caiaque de um lado para o outro


Aliar um bom ângulo de visão à nave-

tocado a isca. Para finalizar, é importan-

gação leve e sorrateira do caiaque rende-

te ressaltar que qualquer pescaria será

rá imagens impressionantes e capazes

bem mais proveitosa quando o pescador

de fazer o coração alojar-se no pescoço,

for persistente, criativo, disposto a expe-

até mesmo quando o peixe sequer tenha

rimentar novas técnicas e a inovar.


[ roteiro ]

Histórias do século passado já não se encaixam no perfil do atual rio Roosevelt. Muito menos de seus novos desbravadores, que, ao contrário dos pioneiros que se embrenharam na mata hostil para descobrir suas riquezas, hoje se hospedam em confortáveis pousadas e singram suas águas em busca de outros tesouros: seus peixes e suas belezas da redação | fotos: eribert marquez arte: glauco dias

32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 33


[ roteiro ]

O

rio Roosevelt nasce no Estado

RIO A

MANAUS

do Mato Grosso e deságua no

MAZO

NAS

rio Aripuanã, já no Estado do Amazonas, e um de seus pon-

RIO SOLIMÕES

RIO SOLIMÕES

O

RI

MA

A

IR

DE

tos mais piscosos e pitorescos está situado próximo à sua foz. A viagem começa em Manaus-AM, em voo que dura cerca de 1h30, e tem como destino o município

AMAZONAS

RIO A

intensidade a atmosfera amazônica, uma

Novo Aripuanã

á Rio Arau

De Apuí já se pode respirar com maior

O

RI

D MA

ANÃ RIPU

habitantes e ponto de partida para pescadores e turistas aventureiros.

A

EIR

de Apuí-AM — cidade com cerca de 20 mil

vez que o trajeto até a pousada inclui viagem de cerca de 100 quilômetros de terra pela rodovia Transamazônica — cenário que faz parte do imaginário de todo

MA

A

ica

IR

DE

O

RI

s ran ia T

230 BR-

bom aventureiro. Mas é no trecho final

ficar para trás, o majestoso rio Aripuanã,

MA

RIO

D

O

A

EIR

PORTO VELHO

sustadores e, para liberar a imaginação, fazem parte do panorama lugares e recônditos que parecem sob medida para viver fortes emoções. foto: inácio teixeira

34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

IPU AN

à RI

O

AR

IPU AN

Ã

T EVEL

dras, enormes corredeiras, rebojos as-

AR

S ROO

como um ambiente relicário. Ilhas de pe-

ica

RI

O

RIO

agora o único meio de acesso, revela-se

azô n

s

na comunidade do Matá-Matá começa a

RI

am

RIO GUARIBA

dor inicia a jornada. Assim que a peque-

Tra ns

ELT

30 minutos de navegação, que o pesca-

ov Rod

Apuí

Rod ovi a

SEV

BR230

RO O

Humaitá

Rio Marmelo

até a pousada, com aproximadamente

n azô

am

RONDÔNIA Para alcançar o Roosevelt, a aventura começa na Transamazônica

MATO GROSSO Antes de chegar à pousada, vale a pena dar uma desviada para conhecer as belezas de Apuí


Paisagem marcante do rio Aripuanã

Quando menos se espera, uma bifurcação indica que chegamos à foz do rio Roosevelt. Em meio à mata, já é avistada uma clareira. Alcançamos nosso destino. A imagem da pousada surge a seguir. De arquitetura rústica, está perfeitamente integrada O Apapá é mais ativo no período de cheias

ao ambiente. Finalmente, é chegada a hora de curtir tudo a que se tem direito. ecoaventura 35


[ roteiro ] A dúvida atual Acordar cedo com uma agradável sinfonia que ecoa da mata é como ter uma trilha para um dia que promete muitas emoções. Os guias, bem-humorados, recebem os turistas na porta da pousada e, após apontar diversas opções, perguntam que tipo de pescaria eles pretendem fazer. Surge a primeira dúvida. Ir atrás das feras que habitam os poções dos rios da região, ou dedicar-se à pesca com iscas artificiais! Quem opta por desafiar Pirararas, Piraíbas e outras espécies de couro embarca nas voadeiras com equipamento pesado, anzóis grandes e iscas naturais, e parte para O Cachara é uma das espécies que predominam nos poções e remansos dos rios da região

A maioria dos Tucunarés da região é pega em ilhas e abaixo das corredeiras do próprio rio 36 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O rio que fez história Descoberto no início do século passado em uma expedição que tinha como objetivo construir uma linha telegráfica, o rio da Dúvida — epíteto dado pelos primeiros desbravadores devido ao fato de se tratar de um curso d’água pouco conhecido — foi palco de importantes campanhas científicas. A mais importante delas, realizada entre 1913 e 1914, foi a primeira a explorar esse majestoso rio brasileiro. Patrocinada pelo Museu de História Natural Americano, tinha entre seus objetivos coletar várias novas espécies de animais e insetos. E entre seus integrantes, duas personalidades que marcaram seu nome na história do Brasil: o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt e o sertanista Marechal Cândido Rondon. A expedição iniciou em Cáceres, às margens do rio Paraguai em Mato Grosso, com 15 pessoas. Chegaram ao rio da Dúvida em 27 de fevereiro de 1914. Em determinada parte da expedição, começaram a ter problemas com a falta de alimentos, e a jornada se dividiu em duas: uma continuou pelo rio da Dúvida e a outra seguiu para o rio Madeira. Mais adiante, sofreram com ataque de insetos, e muitos sucumbiram ao contrair doenças tropicais, como a malária. Nem mesmo Roosevelt foi poupado e, com muitas feridas pelo corpo, ficou muito perto da morte. Posteriormente a essa expedição, o rio da Dúvida passou a se chamar Rio Roosevelt — uma homenagem ao aventureiro ex-presidente norte-americano. Grandes Pirararas fazem parte da biodiversidade do rio Roosevelt

explorar algumas das inúmeras opções de cenários que existem para transformar o sonho de fisgar um grande troféu em realidade. Os que preferem o dinamismo e a maior interatividade proporcionada pelas iscas artificiais pedem ao guia que os levem para lugares onde possam encontrar muita ação. Isso significa ficar frente a frente com os principais predadores dessas águas, que são os valentes e ferozes Tucunarés, os astutos Matrinxãs, as velozes Bicudas e as ameaçadoras Cachorras. Seja qual for a opção feita, no final do dia, o resultado da pescaria de cada um não deixa dúvidas: ninguém voltou decepcionado! A equipe que se envolveu com os peixes de couro está radiante. Foram várias corridas de peixes grandes, e uma Piraíba enorme perdida. Seus integrantes ainda tiveram muita ação com Pirararas, entre elas, espécimes com peso estimado em mais de 30 quilos. ecoaventura 37


[ roteiro ] Os pinchadores de iscas artificiais também não tinham do que reclamar. Tucunarés foram pegos aos montes, muitos dos quais em corredeiras — algo incomum para quem está habituado a pescar essa espécie. Os Matrinxãs também se mostraram muito ativos, entretanto, levaram a melhor sobre os pescadores, que não estavam com as iscas certas — no caso, as colheres — e perderam praticamente todas que conseguiram fisgar durante os saltos. Desfecho diferente do obtido com as Bicudas, que, ao atacarem as iscas em remansos, bocas de lagos e desembocaduras de pequenos rios, proporcionaram intensas emoções aos pescadores. A pesca com iscas artificiais desembarcada também é muito desafiadora

A Bicuda (acima) e o Matrinxã (abaixo) são algumas das opções para a pesca com iscas artificiais

Tomar contato com a cultura local por meio de prosas animadas com os ribeirinhos das imediações, além de uma aula cultural, revela-se como ocasião única para descobrir novos locais e técnicas de pesca. Quem se deixa contagiar descobre quais frutos e em que época determinada espécie se alimenta deles. E toma conhecimento que existe um lago, escondido pela mata, que pode reservar muitas emoções com os predadores. Com tudo isso, não há mais dúvida. O rio Roosevelt é um dos melhores destinos em território brasileiro para aqueles que gostam de mesclar a cultura de lugares diferentes com as fortes emoções proporcionadas pelos peixes amazônicos. 38 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


equipamentos Pesca de fundo dos peixes de grande porte

Pesca de arremesso

• Varas para carretilha ou molinete de categoria extrapesada, ação rápida, para linhas entre 50 e 100 libras e comprimento entre 6’ e 7’

• Varas para carretilha ou molinete de categoria médio-pesada, ação rápida, para linhas entre 12 e 20 libras e comprimento entre 5’6’’ e 6’

• Carretilhas ou molinetes de boa qualidade que comportem ao redor de 150 metros de linha

• Carretilhas ou molinetes de boa qualidade que comportem ao redor de 100 metros de linha monofilamento com resistência de aproximadamente 20 libras ou multifilamento de 50 libras • Iscas artificiais de superfície do tipo zara, popper e stick, tamanho entre 7 e 15 centímetros, com e sem efeito rattlin’ e de cores variadas para a pesca dos grandes Tucunarés, Cachorras, Bicudas e Trairões. Modelos de meia-água, com tamanho entre 7 e 15 centímetros, com e sem efeito rattlin’, de cores variadas, e de fundo, tais como plugues de barbela longa, tamanho entre 7 e 12 centímetros, de formatos e cores variadas • Linhas de monofilamento macias, com resistência entre 17 e 25 libras e, preferencialmente, modelos multifilamento com resistência ao redor de 50 libras

• Linhas de monofilamento com resistência entre 50 e 90 libras

Serviços Onde ficar Pousada Amazon Roosevelt Tel.: (97) 3389-2173 / 9154-0886 www.amazonroosevelt.com.br Como chegar A partir de Manaus, há voos diários regulares até Apuí, exceto de quarta e domingo. De Apuí até a pousada, é oferecido transfer pela rodovia Transamazônica, com tempo aproximado de 1h30

Sob nova direção.

Estrada do Enxadão, 800 Juquitiba - São Paulo - SP

O lugar ideal para você e toda a sua família praticar a pesca esportiva ou simplesmente se desligar da correria do dia a dia.

Tel.: (11) 4683-9110 /4683-2310 Quinta a segunda e feriados, das 7h às 18h.

Agora com pescaria noturna!


[ pesca de praia ]

Nadar, passear, bronzear-se, surfar, ficar no ócio e, por que não, pescar. Esses são alguns dos principais motivos que levam milhões de pessoas, durante o verão, para o paradisíaco litoral brasileiro Por: Wilson Feitosa | Fotos: Inácio Teixeira Arte: glauco dias

40 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 41


[ pesca de praia ]

E

ntre o início de dezembro e final de fevereiro, é comum acontecerem verdadeiras invasões nas praias do litoral brasileiro. E não

é para menos, afinal, são mais de oito mil quilômetros de orla com as mais diferentes e exuberantes paisagens, que se prestam aos mais diversos propósitos. São os chamados veranistas — pessoas que aproveitam os feriados de final de ano ou o período de férias para curtir um merecido descanso. Dependendo do trajeto escolhido, o próprio caminho já é de encher os olhos, pois, além da exuberância da Mata Atlântica, verdadeiras obras da natureza podem ser vistas. É o caso do rio Itapanhaú, que se precipita desde o planalto em três pitorescas quedas que desabam por paredões rochosos em meio à Mata Atlântica paulista, um visual que pode ser contemplado de um mirante, quase no final da rodovia Mogi-Bertioga, dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo.

foto: wilson feitosa

42 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Boiçucanga, no litoral norte paulista, é sob medida para surfistas Já Maresias, na foto abaixo e nas da página ao lado, é o point do agito para jovens e casais


E cada um curte a seu modo. Uns priorizam relaxar em águas mornas e refrescantes, outros se contentam em passar o dia preguiçosamente sob guarda-sóis. Há aqueles de corpo sarado que preferem pegar uma cor, ou ainda os que praticam esportes como o futebol, o surfe, o frescobol, entre outros. São homens, mulheres, jovens e crianças, que, em companhia de amigos ou de familiares, transformam a areia em verdadeiros formigueiros — um visual impressionante, cujo colorido é acentuado pela presença de ambulantes que vendem de tudo: óculos de sol, roupas de banho, drinks, petiscos... ecoaventura 43


[ pesca de praia ]

Suporte para varas, feito de PVC, inventado por Osnir

A pesca na orla

Para Adalberto Ventura, o Bebeto Batera, férias é sinônimo de pescaria na praia

Alguns rotulam a pesca na praia como uma modalidade sem graça em função do porte reduzido dos espécimes geralmente capturados. Mas não é bem assim. Pesca na praia é uma coisa, e pesca de competição na praia, outra. Na de competição, o que conta é a quantidade de peças capturadas — daí o tamanho reduzido dos espécimes fisgados. Já a pesca recreativa na praia, em canais ou costeiras, apresenta uma realidade bastante diferente, pois, se por um lado seus praticantes pegam menor quantidade, por outro, são recompensados na qualidade, já que não é rara a captura de Robalos, Xaréus, Betaras, Pescadas, entre outras espécies de porte bem interessante. Ao circular pela orla, aqui e acolá, ca-

seu espaço. Nem todos são especialistas

Adalberto Ventura, o Bebeto Batera,

niços fincados na areia justificam essa

ou têm equipamentos específicos para

baterista de profissão, é um desses per-

tese, já que, mesmo em meio a tanta

essa modalidade. Mas, para a maioria,

sonagens que curtem as férias na orla e

gente, os pescadores também requisitam

isso é apenas um mero detalhe.

não abre mão de dar uma pescadinha.

44 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Evandro da Silva Henrique está orgulhoso de ter fisgado esse Parati

Seu lugar predileto é o píer de Bertioga, onde se acomoda em sua cadeira de praia e, sem se incomodar com o tamanho dos espécimes, lança suas iscas para Robalos e demais peixes da região. Outro frequentador do mesmo espaço é Evandro da Silva Henrique, que divide sua preferência entre o Robalo e o Parati. Ele faz parte de um grupo composto ainda por Odair, Gonçalves e Osnir, que pescam frequentemente nesse local. A paixão pelo esporte é tanta que Gonçalves desenvolveu um tipo de isca que faz a diferença na pesca do Parati. Osnir, por sua vez, inventou um tipo de apoio/ suporte para varas, feito de PVC, que se adapta perfeitamente ao formato tubular do parapeito do canal. Segundo Gonçalves, Odair é o melhor pescador do grupo, mas ele modestamente refuta a afirmação do amigo e divide os elogios com os demais integrantes. Odair, Gonçalves e Osnir — grupo de pescadores que buscam seus peixes no píer de Bertioga, litoral norte de São Paulo

ecoaventura 45


[ pesca de praia ] E tem gente que vem de longe. Rafael Tadeu é um deles. Também devidamente acomodado em sua cadeira, exibe em seu braço direito uma grande tatuagem com um Tucunaré — seu peixe predileto. Ele se diz um entusiasta do esporte. Lê

O entusiasta Rafael Tadeu, pescador aficionado do Tucunaré, não deixa a paixão de lado quando vai à praia

as revistas, navega pelos sites e assiste a todos os programas de pesca.

A praia de Boiçucanga, com suas ondas revoltas e paisagem única, é reduto de surfistas e não fica lotada de veranistas como as outras. Palco perfeito, portanto, para lançar as iscas ao mar. Rafael Silvestre foi um dos pescadores encontrados nesse local. Em companhia da tia Fátima Bernarde, do pai e do tio, passa a tarde aproveitando o sol e fisgando seus peixes. Mostra uma de suas capturas e diz que não se importa com o pequeno porte dos espécimes — opinião compartilhada com a tia e outros familiares que pescam ao seu lado. “O que vale é o convívio com a família, a higiene mental, ouvir o som das ondas e sentir a brisa do mar”, diz ele com um humor de fazer inveja. Outro entuWashington Luiz dos Santos exibe uma pequena Betara

46 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

siasta das grandes ondas de Boiçucanga


é Washington Luiz dos Santos. Com uma

Acima, Rafael Silvestre, e abaixo, sua tia, Fátima Bernarde: família que pesca unida permanece unida

pequena Betara na mão, ele conta que, no dia anterior, um dos companheiros de pesca foi agraciado com a captura de um Robalo de mais de sete quilos.

ecoaventura 47


[ pesca de praia ]

Rafael Silvestre e suas capturas

Cada um tem seu motivo ou uma história diferente, mas, em um ponto, todos compartilham da mesma opinião: pescar na orla é uma atividade extremamente prazerosa, pois, além de oferecer os desafios e as possibilidades de boas brigas como em qualquer outra modalidade, tem custo baixíssimo e pode ser praticada em companhia de familiares e amigos. 48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Canto ilustre brasileiro

Mesmo com sua simplicidade, o sabiá-laranjeira conquistou a posição de ave-símbolo do nosso País POR: bárbara blas I FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA ARTE: mila costa

C

om plumagem parda, ventre laranja-

é o bicho

Biologia Nome científico: Turdus rufiventris Nome popular: sabiá-laranjeira, caraxué, sabiá-coca, sabiá-laranja, sabiá-de-barrigavermelha, sabiá-ponga, sabiá-piranga Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Aves Ordem: Passeriformes Família: Muscicapídeos Subfamília: Turdídeos Distribuição geográfica: Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia e quase todo o território brasileiro (exceto na Floresta Amazônica) Habitat: matas, cerrados, habitações rurais, parques e cidades arborizadas Fontes consultadas: www.mackenzie.br/fileadmin/Editora/Revista_ Mackenzie/pdfs/m22/pg06-09.pdf www.ufpa.br/lobio/tde.pdf Biólogo Lawrence Ikeda

da Ave, comemorado em 5 de outubro,

próximo às pessoas —, naquele mesmo

mas divulga-se que o pássaro represen-

ano, o presidente da República da época,

tante não foi registrado por uma falha na

Fernando Henrique Cardoso, proclamou

redação. Em 1987, o sabiá foi incluído no

a espécie, Turdus rufiventris, como a Ave

texto, mas se esqueceram de mencionar

Nacional do Brasil.

seu nome científico, e a modificação não teve valor legal. A modelo de tantas outras nações que

Os sabiás-laranjeira possuem aproximadamente 25 centímetros, 75 gramas de peso e não há diferenças aparentes entre

-ferrugem, bico amarelo-esverdeado e

já possuíam aves-símbolo, os pesqui-

machos e fêmeas. Vivem por volta de 30

contorno dos olhos amarelo-vivo, sua

sadores da área, em especial, queriam

anos e, no inverno, migram para regiões

aparência física não é chamativa. Ainda

oficializar a brasileira. Entre as figuras

mais quentes. Adoram frutas de um modo

assim, o sabiá-laranjeira é muito conhecido

renomadas, o escritor Jorge Amado

geral, mas também incluem vermes, inse-

pelos brasileiros por ser encontrado em

declarou seu integral apoio à escolha

tos e minhocas na alimentação.

quase todo o Brasil, no campo e na cidade.

do sabiá-laranjeira. Em 2002, o público

De temperamento dócil, é muito apreciado

também pôde manifestar sua preferência

são conhecidos, um fato curioso é que

pela beleza de seu canto, que serviu de ins-

em uma enquete do jornal Folha do Meio

nenhum espécime canta igual a outro, o

piração a tantos brasileiros famosos e anô-

Ambiente. A disputa tinha outros gran-

que foi comprovado por alguns estudos

nimos, seja em manifestações artísticas

des concorrentes, como a ararajuba, cuja

específicos sobre o canto do Turdus

ou no cotidiano. Quem não se lembra da

plumagem verde e amarela representaria

rufiventris. Além disso, a frequência de

“terra com palmeiras onde canta o sabiá”

as cores nacionais, e o tucano, sempre

sua melodia corresponde à de maior

almejada por Gonçalves Dias?

associado à fauna brasileira, mas o

sensibilidade auditiva humana, entre

Quanto à característica pela qual

Entretanto, 34 anos se passaram até

resultado foi quase unânime: 91,7% dos

um e quatro quilohertz. Talvez por nos

que o sabiá-laranjeira ocupasse o lugar

votos a favor do sabiá. Pelos motivos já

soar tão agradável é que as pessoas são

que lhe é de direito. Isso porque, em 1968,

citados — seu belo canto, sua importân-

alegradas e guardam tantas memórias

um decreto estabeleceu o Dia Nacional

cia para a nossa cultura e o fato de viver

desse sabiá encantador.

ecoaventura 49


O ECOLODGE DA BARRA está baseado na confluência entre os rios Juruena e Teles Pires, considerada a localidade com o maior potencial de pesca em água doce do mundo. São mais de 20 espécies de inestimável valor para os amantes da pesca esportiva: Tucunarés - Bicudas Cachorras - Corvinas - Matrinxãs - Trairões - Tambaquis - Pirapitingas - Pacus - Piraíbas - Jaús - Pirararas - Capararis - Jundiás - Cacharas, entre outras.

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[ turismo ]

No final de 2009, a Estância Balneária de Iguape, no Vale do Ribeira, teve seu centro histórico tombado como Patrimônio Cultural brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) — que, por si só, já merece uma visita. Mas a cidade do litoral sul paulista abriga outros atrativos que enriquecem o repertório cultural do visitante e proporcionam passeios com exuberante vida natural em meio às reservas da Mata Atlântica do Sudeste, tombadas pela Unesco, em 1999, como Patrimônio da Humanidade Por: Janaína Quitério | Fotos: Inácio Teixeira e Diego Dionísio (carnaval) | Arte: glauco dias

52 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 53


[ turismo ]

Q

uem se direciona ao litoral sul do Esta-

do de São Paulo em busca de paisagens naturais preservadas também pode encontrar um cenário repleto de casarios coloniais que guardam, em suas construções, a herança das primeiras expedições ibéricas em terras brasileiras. Ao chegar a Iguape, imóveis com fachadas coloridas, distribuídos por ruas estreitas, estimulam o visitante a desvendar a sua história. A primeira pergunta que vem à mente é como esse notável patrimônio ainda tem sido tão pouco divulgado. A essa questão, Carlos Alberto Pereira Junior, diretor de Cultura, Turismo, Esportes e Eventos da Prefeitura Municipal de Iguape, agrega outra infor-

mação: “Quando fomos pela primeira vez à sede do Iphan, em Brasília, para reivin-

A Basílica do Bom Jesus foi construída por escravos entre os séculos 18 e 19 e, em seu interior, abriga imagens sacras importantes, como a de Nossa Senhora das Neves — padroeira da cidade — e de Bom Jesus de Iguape. Em agosto, acontece em Iguape a segunda maior festa religiosa do Estado, que só perde em popularidade para a festa de Nossa Senhora Aparecida

Casarão dos Veiga

dicar o tombamento, que foi oficializado há dois anos, a existência desse conjunto histórico era desconhecida pela equipe”, revela. O centro histórico de Iguape é o primeiro conjunto urbano paulista a ser protegido em nível federal.

O conjunto arquitetônico tombado compreende, além do Centro Histórico de Iguape, todo o seu entorno e ruas circundantes, além do antigo sistema portuário fluvial e marítimo, que inclui o Canal do Valo Grande e o Morro do Espia Casarão dos Oliveira

54 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Prédio onde está instalada a Prefeitura


A Rua XV de Novembro, umas das mais importantes de Iguape, mostra a diversidade construtiva da cidade

O Museu Histórico e Arqueológico está instalado na antiga Casa de Fundição de Ouro — tida como a primeira construção para esse fim no Brasil —, edificada em 1630. Abriga peças, documentos, painéis gráficos e fotográficos sobre a escravidão e os dois ciclos econômicos. Lá também é possível conhecer objetos confeccionados por grupos pré-históricos do “Homem Sambaqui” (em tupi-guarani, “montes de conchas”), cujos vestígios datam de cinco mil anos [à dir.]

Iguape guarda uma história tão rica

fluvial, e seguia em carroças por dois qui-

quanto antiga. Constituída como vila por

lômetros até o principal porto do litoral

navegadores europeus, em 1538, sua lo-

paulista, o Porto de Iguape, situado no

calização geográfica estratégica a torna-

Mar Pequeno — braço de mar que banha

va ponto de partida às expedições explo-

a cidade —, para ser exportado. Outro

ratórias ao interior em busca de metais

caminho feito pelas embarcações para

preciosos e madeiras nobres, por meio

despachar a produção era seguir pelo rio

do rio Ribeira.

Ribeira até a foz, entrar pela barra do Ica-

Dois ciclos econômicos elevaram Iguape à condição de uma das principais vilas

para e alcançar o porto, o que acrescentava ao percurso quase 60 quilômetros.

coloniais da época, ao lado do Rio de Ja-

O Museu da Arte Sacra está instalado na entrada lateral da Igreja do Rosário, construída no século 16

neiro e Salvador: o ciclo do ouro, que fez da cidade um importante polo de mineração no rio Ribeira e afluentes, entre 1560 e 1670; e a rizicultura, responsável por transformar Iguape em uma das maiores produtoras mundiais de arroz, de 1820 a 1930, e proporcionar a mais próspera fase já experimentada pela região. Nesse ciclo, toda a produção de arroz do Vale do Ribeira, que descia pelo rio de mesmo nome, era escoada no porto O arruamento de Iguape foi traçado pelos colonizadores em forma de funil a fim de defender a cidade contra invasores, já que suas entradas poderiam ser facilmente interditadas

ecoaventura 55


[ turismo ]

Mirante do Cristo e Morro do Espia: pontos que oferecem visão privilegiada da cidade. De lá, sai uma trilha ecológica com cerca de 2 quilômetros de extensão

Fonte do Senhor — a gruta foi construída sobre uma pedra na qual a imagem do Senhor Bom Jesus de Iguape teria sido lavada, em 1647. Milhares de romeiros visitam o local para extrair lascas das pedras, que, segundo a crença, têm poderes milagrosos

O sítio arqueológico “Caverna do Ódio” localiza-se no sopé do Morro do Espia e ainda abriga possíveis vestígios do “Homem Sambaqui”

prosperidade e declínio

mente ao Mar Pequeno, com dois metros

rítimo, o que, por infortúnio, impedia a en-

de largura, um de profundidade e dois qui-

trada de navios de grande calado — e isso

Os produtores da época, para minimi-

lômetros de extensão. Em menos de duas

inviabilizou o porto. Resultado: segundo

zar o esforço de escoar o arroz pelo porto

décadas, além de as margens desbarran-

Carlos Alberto Pereira Junior, além de o co-

marítimo, decidiram fazer um atalho: abri-

carem devido à força do rio, os sedimen-

mércio de arroz ser prejudicado, a cidade

ram um canal, denominado Valo Grande,

tos trazidos pelo Ribeira depositaram-se

permaneceu isolada por aproximadamen-

em 1852, para ligar o rio Ribeira direta-

no Mar Pequeno, em frente ao porto ma-

te 80 anos e amargou as consequências de um vertiginoso declínio econômico. “Foi um período difícil para os habitantes de Iguape e, de certa forma, até hoje, eles carregam essa sensação de derrotismo com eles”, lamenta o diretor de Cultura, Turismo, Esportes e Eventos da prefeitura.

56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Para chegar à praia da Jureia, é preciso fazer a travessia de balsa


O acesso ao Costão da Jureia, distante 18Km do centro de Iguape, depende da tábua de marés Barra do Ribeira Rio Suamirim

Por outro lado, se a cidade padeceu, do ponto de vista econômico, com a falta de interação com outras regiões, a natureza descansou suas raízes. No livro “Iguape: Princesa do Litoral, Terra do Bom Jesus, Bonita por Natureza”, organizado por Carlos Alberto Pereira Junior, o Vale do Ribeira tem mais de 2,1 milhões de hectares de florestas — o que equivale a mais de 21% dos remanescentes de Mata Atlântica do A Trilha Ecológica da Vila Alegria inicia-se no bairro da Barra do Ribeira depois de atravessar o rio Suamirim, com caminhada em passarela construída sobre o mangue

País, 150 mil de restingas e 17 mil de manguezais, além de abrigar uma das mais importantes áreas de espeleologia do Brasil. Esse patrimônio ambiental começou a ser reconhecido com a criação de algumas reservas por parte do Estado. Só Iguape abriga, em seu território, 70% de área natural protegida, o que inclui a Estação Ecológica dos Chauás, e aproximadamente 80% da Estação Ecológica de Jureia-Itatins, além de estar parcialmente inserida na Área de Proteção Ambiental Cananeia-Iguape-Peruíbe. ecoaventura 57


[ turismo ]

Pescadores artesanais na praia da Jureia

Por tudo isso, rios, morros, cachoei-

turismo tem crescido na cidade, cujo

ras, manguezais e praias desabitadas

número de visitantes, na temporada de

resplandecem seu cenário natural ao

2011, chegou a 200 mil, com mais in-

lado do seu já reconhecido patrimônio

tensidade no período de carnaval.

Pescadores de praia próximos à Barra do Ribeira

material e imaterial. Não é à toa que o

Terra da folia A tradição histórica de Iguape, que completou 473 anos em dezembro do ano passado, influencia diretamente as manifestações populares. Seu carnaval ainda é animado por marchinhas, blocos e bonecos de rua. Devido à sua forte ligação com a cidade do Rio de Janeiro, no ciclo do ouro, Iguape é uma das únicas cidades brasileiras — além da carioca — que mantêm as características originais dos blocos de Zé Pereira, hoje carro-cheO carnaval de rua é marca registrada de Iguape

58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

fe do carnaval iguapense.


Rabeca e cestarias são alguns dos artesanatos feitos na região

Serviços Onde ficar Em Iguape, há cerca de 80 estabelecimentos para hospedagem, inclusive destinados à pesca esportiva. Mais informações podem ser solicitadas no Posto de Informações Turísticas. Tel.: (13) 3841-3358 Como chegar De São Paulo, pegar a BR 116 (Rodovia Régis Bittencourt) até o acesso à SP 222 (Rodovia Prefeito Casimiro Teixeira). Nesta estrada, vale a pena dar uma parada em uma das barracas de beira-de-estrada para experimentar as bananas-ouro e outras iguarias típicas do Vale do Ribeira

ecoaventura 59


[ pesque-pague ]

60 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O prazer de pescar à noite Quando um dos sentidos diminui suas atividades, os demais se apuram. As dificuldades de visão da superfície do lago, durante a pescaria noturna, são compensadas por percepções que, durante o dia, dificilmente teríamos. É quando a sensibilidade aflorada do pescador o ajuda a arremessar em busca de espécimes maiores, que se alimentam nas áreas mais profundas do lago. E as brigas são memoráveis

O

convite para participar de um torneio informal de pesca noturna, num dos lagos do Pesqueiro Campos, em Juquitiba,

a 45 minutos do centro da capital paulista, não poderia vir em melhor hora. A equipe ECOAVENTURA, ali representada por André Correa e Juliano Salgado, já havia programado uma matéria sobre essa modalidade e aproveitou para utilizar as técnicas específicas e a eficiência de uma das massas para isca, cujas receitas já foram publicadas na matéria “Para pôr a mão na massa”, edição 27. O grande desafio era apanhar um Pirarucu, que não pode ser retirado da água — quando fisgado, é pesado e fotografado dentro do

Por: Oswaldo Faustino | Fotos: Thiago teixeira | Arte: glauco dias

lago —, ou o “Branquinho”, um Pacu de 14 quilos, troféu raras vezes conquistado naquele pesqueiro. O torneio estava marcado para um sábado à noite de janeiro. O clima da pescaria, porém, começou na noite da quarta-feira anterior, com a preparação da “massa turbinada” e a checagem e separação do equipamento: varas de boa qualidade, carretilhas, linha de monofilamento 40, anzóis sem farpa 6/0 e chumbo oliva entre 20 e 40 gramas. Os 40 quilos de massa, acondicionados em dois baldes de 20 quilos cada, permaneceram em repouso durante os dias seguintes, o que ajudou a apurar seu aroma e sabor. ecoaventura 61


[ pesque-pague ] No horário de verão, a noite tarda a chegar. Por isso, o início do torneio foi marcado para as 21 horas, com término à meia-noite. Pouco depois das 18 horas, porém, cerca de 50 pescadores já se encontravam postados em torno do lago para testar a disposição e a voracidade dos maiores brigadores daquelas águas. Uma Pirarara de quase 12 quilos morde a isca de guelra de Tilápia, no anzol de Sérgio. O hiper tatuado Marcelo, proprietário do pesqueiro, reivindica metade da conquista, pois é uma de suas varas que está em uso. Um clima de alegria paira no ar, com provocações a quem apanha Catfish, chamado por todos de “sapo” ou “sapão”, e que se convencionou valer menos dois pontos para quem o fisga. Se esse redondo fosse apanhado após o início do torneio, o Sr. Waldemar seria um dos vencedores A eficácia da “massa turbinada” de André é comprovada ao atrair esse “Tamba” de mais de 5 quilos

Enquanto não soa a sirene A equipe ECOAVENTURA também tem boas fisgadas, no tempo que antecede ao torneio, como um Tambaqui de mais de cinco quilos, apanhado por André com sua massa, e uma Pirarara de uns sete quilos, pega por Juliano com Lambari. Na tarde daquele sábado, ele e André fisgaram num córrego, que passa por sua propriedade, na cidade de Embu-SP, cerca de 40 Lambaris para serem usados como isca e que foram mantidos vivos, num recipiente, com auxílio de uma bombinha de aerização. A noite nem bem chegou e já prometia grandes aventuras, como a briga enfrentada pelo Sr. Pedro Ramires, empresário do ramo de controle de pragas urbanas, com um peixe grande, tão violenta que a vara quebrou ao meio e feriu seu braço. 62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A luz vai baixando rapidamente, a superfície do lago enegrece, cortada apenas pelos rastros das luzes dos postes ao redor, com pequenos pontos luminosos multicoloridos. São os bastões de neon que guarnecem as boias de vários pescadores. No céu, a lua cheia, em sua plenitude, fura as grossas nuvens. A escuridão apura o sentido da audição, e os sons vão sendo identificados: cigarras, grilos, quero-quero, silvos de pequeninos morcegos frutívoros, em voos rasantes na superfície do lago, baque do conjunto isca-anzol-chumbada ao cair na água, ronco de uma ou outra Pirarara apanhada. Os aromas também podem ser apreciados, como os dos ciprestes da cerca em torno da área de competição, de plantas típicas da Mata Atlântica, da essência de banana colocada na massa. Vale a pena também dar maior atenção ao paladar e ao tato nas atividades relacionadas com a pescaria.

Sr. Pedro se queixa: “Só pego sapão e, quando vem um grandão, a vara quebra e me fere o braço” Enquanto não escurece, cerca de 50 pescadores têm muita ação no lago e esperam os peixes que vão valer

ecoaventura 63


[ pesque-pague ]

Soa a sirene e começa a competição. No belo cenário noturno do lago, André prepara seu longo arremesso

foto: Alexandre tokitaka

Valendo! Começa o torneio Dado o sinal para início da competição, André molda, com calma, a coxinha de massa, envolvendo o anzol. A umidade tem de estar no ponto exato. Muito molhada ou seca demais, solta-se do anzol no arremesso ou dentro d’água. Arremessa cerca de 60 metros — o lago tem 100 metros de diâmetro e, no centro, dez de profundidade — e isso faz com que, ao se acomodar, a isca fique na região central, onde estão os peixes maiores. Três minutos após o sinal, ecoa em torno do lago a expressão “vapo!”. Apesar da disputa, todos vibram com a fisgada de Pascoal, da equipe Buscapé, que luta com o primeiro peixe da competição, um Tambaqui. Dois funcionários já estão a 64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

À luz de vela, o pescador mantém a tralha a postos


postos, com o passaguá e a balança. Retirado da água, pesa 4,552 quilos. André dá uma dica: “A maioria dos

Aline não participa da competição e pesca sozinha no outro lago. Lá, apanha um Pacu de quase 6 quilos

pescadores que se aventuram em pesca noturna comete o engano de usar boias, guarnecidas de bastões de neon, para observar a movimentação quando o peixe fisga. Acontece que a linha entre a boia e o anzol tem apenas dois metros, e a isca ficará nessa profundidade. À noite, porém, tanto os peixes de couro quanto os de escama comem muito mais ao fundo e dificilmente sobem àquele ponto, onde a água está mais fria”. Após o arremesso, a vara é colocada no suporte, e se espera a linha afrouxar até formar uma barriga. Dá-se meia volta na carretilha para a linha esticar um pouco. Ela vai afrouxar novamente, e mais meia volta é dada. Aí entra em campo a paciência do pescador, focado no pedaço de linha visível para não perder o mo-

André briga com o maior Pacu da noite

mento em que ela estica, muitas vezes ligeiramente. Para André, nessa noite, isso acontece aos oito minutos de competição. A linha esticada fica quase horizontal à extensão da vara. Ele se levanta rapidamente da cadeira, apanha a vara e dá o tranco para fisgar. O peixe corre, tomando linha. Ele trava, o que confirma a fisgada, e começa a briga: “É grandão!”, garante. Dá várias voltas na carretilha, puxa a vara, que enverga e faz o monofilamento ranger. Inverte o movimento, e isso dá ao adversário a chance de afastar-se um pouco. Então, repete o movimento anterior: recolhe a linha e puxa a vara para trazer o animal mais perto. Após várias repetições, o “bitelo” chega à margem. É um Pacu de 6,360 quilos, recorde até aquele momento.

ecoaventura 65


[ pesque-pague ] Que venham os grandões!

zações dos amigos. A lua — que, no começo do torneio,

me foi pescado com uma massa industrializada, que substituiu os Lambaris.

Durante toda a competição se ouve

era vista à direita do ponto onde está

As vantagens da pesca noturna, em

“vapo!”, diversas vezes, com os compa-

a nossa equipe —, agora se encontra

pesqueiro, são o número menor de pes-

nheiros sempre vibrando em coro. Fisga-

perfeitamente sobre o centro do lago. A

cadores, o que evita as linhas cruzadas,

-se bastante, mas se perde muito mais.

brisa já começa a esfriar essa noite de

que se enroscam umas nas outras, e

André corrige a fricção de sua carretilha,

verão. Há poucas mulheres pescando.

o número maior de fisgadas. Também

que está apertada mais do que devia,

Aline, que não participa da competição,

não há o calor do sol a castigar o pes-

e isso favorece a fuga dos peixes. Os

faz seus arremessos em outro lago do

cador. As desvantagens são o preço da

funcionários correm de um lado a outro

pesqueiro. E é ali que ela apanha um

entrada, que às vezes custa o dobro

pesando Tambaquis, Pacus e Tambacus

Pacu de 5,725 quilos, acima da média

da diurna, e a dificuldade para a visão

retirados da água, que variam de 3 a 4,5

dos pescados naquela noite.

da movimentação do peixe. Durante o

quilos. Todos devolvidos após a pesa-

Faltam apenas 12 minutos para en-

dia, não raro, avista-se o dorso de um

gem. O recorde de André só é ameaçado

cerrar o torneio. É quando Juliano sente

espécime na superfície. Enfim, entre o

próximo de 23h30, quando o Sr. Pedro

sua linha sendo puxada por um “bichão”.

custo e o benefício, vence o segundo.

— aquele que teve uma vara quebrada

Luta por longos minutos. A poucos me-

Juliano, André e o Sr. Pedro foram os

— apanha um Pacu de 6,027 quilos. Ba-

tros da margem, vê-se a cabeça e os

três vencedores do torneio. O “Branqui-

teu na trave! Ninguém conta o número

bigodes: a Pirarara pesa 9,630 quilos.

nho” não saiu, mas todos têm certeza

de Catfish devolvidos ao lago, algumas

Aos 42 do segundo tempo, o recorde da

de que, na próxima pescaria noturna,

vezes sorrateiramente, para evitar as go-

competição! Ele conta que esse espéci-

ele sairá.

Não tem pra ninguém: Juliano, da nossa equipe, fisga sua Pirarara de mais de 9 quilos, aos 42 do segundo tempo

66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O pódio do torneio: Juliano, André e Sr. Pedro recebem troféus e presentes. O ganho maior, porém, foi o prazer da pesca noturna


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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

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ecoaventura 69


[ biologia ]

Faro para a

O sistema olfatório do peixe, além da função de encontrar alimentos, auxilia-o na localização de parceiros sociais e sexuais e o alerta durante situações de perigo por meio da percepção de predadores. Conheça mais sobre esse sentido Por: Lawrence Ikeda | Arte: Mila Costa Ilustrações: Kid Ocelos

70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


C

élulas receptoras especializadas são

peixes), hormônios de reprodução (fero-

A função olfatória é beneficiada quan-

responsáveis pela percepção química —

mônios) e stress, até produtos provenien-

do o peixe está nadando, pois gera um

da qual o olfato dos peixes faz parte —,

tes da decomposição de animais mortos

fluxo contínuo de água que atinge as

que responde a diversas substâncias di-

e de sangue. Poluentes e outras substân-

narinas e atravessa a roseta olfatória, o

luídas no meio aquático, desde compos-

cias de origem inorgânica também são

que amplia a captação de moléculas das

tos orgânicos, como amônia (urina dos

detectáveis pelo olfato dos peixes.

substâncias odoríferas.

Comparação entre o sentido olfatório de humanos e peixes

OLFATO DO PEIXE

CÉREBRO DO PEIXE

CÉREBRO

RECEPTORES DO OLFATO

LOBO ÓPTICO CÉREBRO

CEREBELO LOBO VAGAL BULBO MEDULA

BULBO OLFATÓRIO

NARINA

TELENCÉFALO

OLFATO HUMANO

CÉREBRO

RECEPTORES DO OLFATO

NARINA

• A mucosa do nariz, nos humanos, capta e dilui substâncias químicas voláteis e, a partir disso, são gerados estímulos elétricos, que atingem o sistema nervoso central — onde serão interpretados. • Nos peixes, os receptores do olfato estão localizados no tecido que recobre a roseta olfatória, localizada após o orifício das narinas (na parte dorsal anterior da cabeça, entre olhos e boca). A água, ao entrar no forame nasal (narina), transporta substâncias detectáveis pelo tecido multifoliado que recobre a roseta olfatória. Esse último, por sua vez, transforma a sensação química em estímulos nervosos, diretamente enviados pelo pedúnculo olfatório até o bulbo olfatório do telencéfalo.

ecoaventura 71


[ biologia ]

foto: arquivo ecoaventura

Tambaqui fisgado com coquinho juari

libera ácidos orgânicos e açúcares solúveis em água, que serão captados pelo olfato dos peixes e que irá atraí-los.

Hormônios e feromônios Os peixes, em período de reprodução, são capazes de detectar alguns tipos de hormônios sexuais produzidos por peixes da mesma espécie. Ou seja, além da função de se atraírem, fazem a diferenciação interespecífica. Isso é extremamente importante para que se mantenha sua informação genética permanente e, assim, a espécie seja perpetuada. Hormônios produzidos durante situa-

foto: arquivo ecoaventura

ção de stress são assimilados por peixes

O tipo de alimento que os espécimes

alimentam de material vegetal, como algas,

da mesma espécie, e isso funciona como

procuram para comer está associado ao

folhas, frutos, sementes e fitoplâncton —,

alerta para o grupo, o que pode desenca-

tamanho e ao desenvolvimento da roseta

cujo sistema olfatório foi desenvolvido para

dear um processo de fuga ou de defesa.

e do bulbo olfatório. Isso porque a evolução

que eles sejam atraídos por compostos quí-

Por outro lado, espécies predadoras são

atuou na morfologia desses órgãos de acor-

micos derivados dessas partes dos vegetais.

capazes de detectar esses hormônios

do com o nicho ecológico da espécie. É o

O sistema funciona da seguinte maneira: o

pelo olfato e, a partir daí, localizar a presa

caso dos peixes herbívoros — isto é, que se

alimento — que está na água ou cai nela —

em condição vulnerável.

72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: henrique feitosa

foto: flĂĄvio freitas

Cardume de Sargentinho [acima] e casal de TucunarĂŠ [abaixo]

ecoaventura 73


[ biologia ]

foto: roberto véras

Acima, cardume de Carapaus e Arabaianas no mar e, abaixo, Salmão

Na vastidão oceânica, peixes predadores, como os Atuns, localizam cardumes de Sardinhas no período reprodutivo por meio da percepção do hormônio secretado por essas ricas e apetitosas presas. Outro peixe que demonstra ter o olfato muito apurado é o Salmão. Sabe-se que seu ciclo de vida é dividido em duas fases: (1) período de crescimento e engorda em água salgada; (2) fase de reprodução em água doce. Feromônios controlam a migração do Salmão, que, em determinada fase da vida, secreta esses hormônios sexuais, capazes de promoverem uma reação em cadeia entre os indivíduos da espécie, o que determina a “corrida” reprodutiva desses peixes. É comprovado que a composição química da água do rio e riachos, de onde foram gerados, também é farejada pelo Salmão. Incrível imaginar que um peixe possa nadar por centenas — até milhares — de quilômetros do seu local de nascimento, orientado pelo olfato e, após muito tempo, retornar ao lugar para se reproduzir e morrer. Um fato importante nessa magnífica migração é a interferência humana. A poluição doméstica e industrial, muitas vezes despejada de modo irresponsável e catastrófico nos rios, afeta drasticamente a orientação dos peixes e compromete todo o ciclo de foto: leon bojarczuk

74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

vida da espécie.


Dicas

• Cevas de milho ou soja azeda são fundamentais para a pesca dos peixes da família Anostomidade, gênero Leporinus, da qual fazem parte Piaparas, Piaus, e Piauçus. Esses grãos, em processo de fermentação, liberam compostos químicos orgânicos derivados dos carboidratos, ácidos e álcoois, facilmente localizados pelo faro desses peixes. Por isso, para despertar a sua fome, uma boa ceva fará a diferença.

• Essências são vendidas como fórmulas milagrosas com o objetivo de serem passadas nas iscas artificiais e, assim, aumentar as chances de captura. Apesar da eficácia não ser comprovada cientificamente, vale fazer o teste. Quem sabe ela atraia o seu troféu!

• Na pesca de Cações, é comum os pescadores fazerem um caldo de peixes triturados e repletos de sangue com a finalidade de atrair esses peixes. Iscas como Sardinhas mortas e outros peixes em decomposição também são muito utilizadas nesse tipo de pescaria.

Consulta: Acauan Bernardo Cordeiro – Biólogo Marinho

ecoaventura 75


[ técnica I estruturas ]

Odamapa mina Escolher bons lagos, rios ou represas é o primeiro passo para garantir pescarias produtivas, sobretudo de Tucunarés. Mas, apenas isso não basta Da redação | fotos: eribert marquez e flávio freitas | Arte: mila costa

76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 77


[ técnica I estruturas ]

N

os preparativos para uma pescaria, as

isso, não medem esforços para achá-lo.

quando estão acasalando. Isso porque,

primeiras questões a serem levadas em

Quando o objetivo for uma espécie es-

provavelmente, a procriação ocorre em

conta são o destino e as espécies-alvo

pecífica — como, no caso, o Tucunaré —,

águas relativamente rasas.

da aventura. Outro aspecto que deve ser

e se busca o melhor resultado no que

avaliado é a relação custo-benefício, afi-

diz respeito ao binômio quantidade de

nal, em meio a tantas opções, é preciso

peixes e troféus, outros fatores também

optar por aquela cujo resultado da equa-

precisam ser levados em conta. É o caso

ção se traduza em maior satisfação.

da melhor época em cada região e os fa-

De maneira geral, cada pescador tem

Quanto mais fácil o acesso, menores as chances Locais de fácil acesso são sinônimos de rapidez nos deslocamentos, mas, pelo

tores que a influenciam.

objetivos diferentes. Há aqueles que não

Aparentemente, é mais provável que

mesmo motivo, diminuem substancial-

dão importância à espécie a procurar, ou

grandes cardumes de Tucunarés sejam

mente as probabilidades de boas pes-

os que se preocupam apenas em voltar

encontrados fora do período de acasala-

carias, afinal, atraem grande número de

com belas fotos. Outros têm verdadei-

mento. Por outro lado, conseguem-se cap-

pessoas, que terão de dividir os mesmos

ra paixão por determinado peixe e, por

turas de espécimes maiores exatamente

peixes. É o caso da maioria das represas

Galhadas não muito densas e barrancos com leve inclinação podem proporcionar boas capturas

78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


situadas nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, normalmente localizadas a não mais que 600 quilômetros das capitais. Entre elas, podemos citar Itaipu, Itumbiara, as formadas pelo represamento do rio Paraná e as que existem ao longo do rio Grande. Esses locais, pela facilidade de acesso, sempre são muito procurados. Uma forma de neutralizar tal efeito e melhorar os resultados seria programar as viagens entre os dias úteis, quando, ao contrário dos finais de semana e feriados prolongados, não há a ocorrência de excursões até eles.

identifique os locais Aprender a identificar as estruturas mais propícias é um dos pontos mais importantes para um desfecho favorável da pescaria. Cada represa, lago ou rio tem suas características próprias, portanto, entendê-las é fundamental. Os predadores sempre procuram lugares para se ocultar à espreita de presas desavisadas, ou para marcar territórios geográficos na época de reprodução. Algumas estruturas não são fáceis de serem identificadas, pois ficam totalmente submersas. A época do ano determina os tipos de estruturas com maior potencial. Condições como temperatura da água, represas muito cheias recentemente, muito baixas ou os períodos de acasalamento fazem os peixes mudarem seu comportamento. Para exemplificar, se o nível do lago subiu recentemente, a vegetação que foi coberta pela água entra em fase de decomposição e libera gás metano — fator que diminui o volume de oxigênio dissolvido e, em consequência, afugenta o Tucunaré. Portanto, águas de coloração verde nas margens podem ser sinal de ausência de peixes e, nesse caso, o melhor é procurar outros locais. ecoaventura 79


[ técnica I estruturas ] Tipos de estruturas Cada represa apresenta particularidades no que diz respeito às estruturas. Em locais com muitos paus e pedras, a espécie opta pelos primeiros, mas, na ausência deles, as pedras se tornam suas moradias preferidas. Fora da época do acasalamento, quando os Tucunarés vão à caça, normalmente escolhem as áreas de habitat pela profundidade das águas e não pelas tranqueiras. Os maiores exemplares, quando procuram

A copa de árvores caídas pode abrigar peixes grandes. Por outro lado, perde-se muitos espécimes e iscas quando eles correm para o meio dos galhos

se alimentar no raso — e isso ocorre com alguma frequência —, preferem locais

no meio ou atrás de grandes formações

Troncos secos oferecem tanto muitas

com barrancos levemente inclinados.

de plantas aquáticas, e que, por conse-

alegrias como o mesmo número de de-

Entretanto, como na natureza nem tudo

guinte, precisam ser atraídos para áreas

cepções. Várias vezes são vistos aqueles

é 8 ou 80, também existem aqueles que

limpas. Isso se faz com iscas artificiais

“paliteiros”, que enchem de esperança e

contrariam essa regra. São os que ficam

de superfície sem garateias.

expectativa quanto a boas ações, só que, Ilhas de pedras com galhadas nas imediações são outros pontos promissores

80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Galhadas no meio do rio devem ser exploradas com iscas de meia-água e de fundo

na hora dos arremessos, nada acontece. Como dizem: “são pontos políticos, pro-

Fundos de grotas com águas limpas costumam abrigar cardumes de pequenos Tucunarés

metem, mas não cumprem”. Entretanto, quando um mar desses troncos fica próximo às margens e, portanto, com pouca profundidade, as possibilidades de sucesso são maiores. Isso significa que, em pequenos e espaçados grupos de troncos, as probabilidades aumentam. Entre os mais interessantes a explorar estão os que têm as seguintes características: cerca de dois a três troncos de bom diâmetro, solitários, distantes das margens aproximadamente dez metros, com profundidades de um metro a dois e a inexistência de outras estruturas mais atrativas (arbustos arranha-gato, por exemplo) nas redondezas. ecoaventura 81


[ técnica I estruturas ] No período de pré-acasalamento, co-

potencial para abrigar cardumes de pei-

pas de árvores caídas na água, perto de

xes menores. Quando isolados ou mais

como, por exemplo, a Elodea densa ou

margens e com profundidade ao redor de

afastados dos barrancos, costumam ser

Hydrilla verticillata, proliferam abun-

um metro, também merecem atenção. A

promissores para espécimes de maior

dantemente em reservatórios e formam

eficiência desse tipo de estrutura apa-

porte. Os tipos de arbustos dependem

extensos blocos compactos por regiões

rece quando as margens estão verdes,

das regiões e do período, mas, no geral,

amplas, principalmente em fundos de

ou seja, nas ocasiões em que ocorre a

o arranha-gato é o mais comum. A com-

grotas. Costumam ser refúgios para pe-

decomposição da vegetação submersa.

binação de estruturas, como, por exem-

quenos peixes de várias espécies, o que

Quando esse fenômeno abrange grandes

plo, um tronco caído junto a um arbusto,

acaba atraindo os predadores. Às vezes,

extensões, os peixes optam por essas

também pode compor um bom endereço

é possível encontrar bons exemplares em

estruturas, muitas vezes nas que ficam

para as iscas.

troncos próximos a essa vegetação, à es-

Algumas

espécies

subaquáticas,

localizadas em meio a canais. Mas pes-

Vegetações como capim, taboa etc.,

car nesse tipo de ambiente exige atenção

se o local não apresentar outro tipo de

Pedras — onde não haja outras estru-

redobrada, pois, quando um Tucunaré

estrutura, oferecem boas perspectivas

turas — são verdadeiros refúgios para

abocanha a isca, invariavelmente corre

para o encontro de cardumes em de-

grandes e pequenos Tucunarés. É o caso

como um raio para o fundo. Como con-

terminadas épocas. No período do pré-

da Ilha de Pedra, na Represa de Itumbia-

sequência, há grande índice de perda de

-acasalamento ao pós-acasalamento,

ra, um imenso bloco rochoso que propor-

peixes e iscas.

preita de presas.

pequenas moitas misturadas com al-

ciona bons resultados quando a água

Arbustos, quando grandes, pouco

guns paus, isolados e um pouco afasta-

está limpa e com nível baixo. Esse tipo

compactos e situados em fundos de

dos das margens, são bons redutos para

de ambiente costuma ser mais propício

grotas ou próximos às margens, têm

exemplares de tamanhos maiores.

no período de acasalamento.

O Tucunaré-amarelo também é encontrado em locais com águas mais turvas

82 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Locais

Optar por entrar em um braço de lago e bater desde o bico até o fundo da grota

O Tucunaré, como a maioria dos pei-

também costuma ser uma boa pedida. Já

xes, não gosta de variações violentas

as ilhas, em geral, têm estruturas inte-

das condições ambientais. Prefira luga-

ressantes, principalmente quando rodea-

res mais abrigados de ventos, onde as

das de pauleiras. Habitualmente, a parte

águas não batam demasiadamente nas

abrigada do vento favorece mais. Alguns

margens. Esse tipo de situação, além de

peixes de porte se habituam a viver nes-

deixar o meio aquático mexido e sujo, di-

ses lugares e só vão para áreas mais ra-

ficulta manobras embarcadas e os arre-

sas para caçar ou acasalar.

messos. Também evite as grotas quando

Para finalizar, seja qual for a estrutu-

suas águas estiverem sujas, em espe-

ra, faça a varredura a favor do vento. Isso

cial, quando o alvo for o Tucunaré-azul.

porque, além de melhorar o controle e mo-

Somente os amarelos gostam de águas

bilidade do barco, diminui o consumo da

mais escuras.

bateria do motor elétrico.


[ meio ambiente ]

O porto de Barcelos não deixa dúvidas de que o rio Negro é a principal via de transporte da região. Não fosse a falta de cuidado com o lixo, o visual seria exuberante

84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O paraíso

foto: Lawrence

Ikeda

não é eterno

Localizada na margem direita do rio Negro — no norte amazonense — e distante 450 quilômetros de Manaus, a cidade de Barcelos, que já se destacou como polo coletor de peixes ornamentais, hoje leva o título de “capital da pesca esportiva” no País. Mas, para as emocionantes pescarias terem vida longa, a consciência ecológica individual pode fazer muita diferença. Saiba por quê

Por: Lawrence Ikeda | Arte: glauco dias

ecoaventura 85


[ meio ambiente ]

A

bençoadas pela natureza, as águas de Barcelos sempre se constituíram como a principal fonte de renda da população

local. Com a evolução da tecnologia científica e a especialização dos laboratórios em manipular a reprodução dos peixes ornamentais, a partir de meados da década de 1990, a coleta artesanal diminuiu consideravelmente. Por outro lado, na mesma época, empresários da iniciativa privada visualizaram o eminente potencial da região voltado ao turismo de pesca esportiva. É que as águas do rio Negro e seus afluentes abrigam o cobiçado Tucunaré-açu (Cichla temensis) — espécie de beleza incomparável que pode superar os dez quilos de peso e proporcionar muita adrenalina com a força de suas brigas e de seus saltos acrobáticos. Além deles, belíssimas Pirararas, Piraíbas, Aruanãs e Pirarucus abrigam parte dessa incrível ictiofauna regional.

fotoS: INÁCIO TEIXEIRA

86 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O Tucunaré-açu é a mola propulsora da nova vocação econômica da região

Como resultados positivos, além dos

o crescimento veloz das operações de

benefícios que trouxe aos aficionados

pesca esportiva atraiu inúmeras agên-

da pesca esportiva, a exploração da vo-

cias de cidades e Estados vizinhos — até

cação turística proporcionou à cidade

mesmo operadoras estrangeiras —, a

ganhos em infraestrutura e melhorias

busca pelos Tucunarés de Barcelos foi

no comércio e em serviços. Mas, como

feita de forma desorganizada.


A riqueza biológica inclui o Aruanã-negro [à esq.], a cobiçada Pirarara [acima] e outras espécies de reconhecido valor esportivo fotoS: INÁCIO TEIXEIRA

Organizar é preciso

temporada, o balanço seria de quase 25

rio, há um grande esforço das operadoras

mil quilos dessas espécies abatidos. Cla-

em orientar seus guias e piloteiros a não

Consolidado o seu status turístico,

ro que esses números não chegam nem

matarem os peixes. Mas, elas esbarram

hoje mais de 20 barcos-hotéis, cada qual

perto dos computados pela pesca preda-

em um dilema: como convencer um clien-

com capacidade média de embarcar 20

tória comercial, se considerados ambien-

te, que gastou bastante no pacote turístico,

pescadores, atuam na região. Portanto,

tes do mesmo tamanho.

a não optar por retirar da água os espéci-

no período de setembro a março, por

Apesar da exuberante riqueza da região,

mes? Por isso, a conscientização dos pró-

semana, aproximadamente 400 pesca-

há ainda poucos estudos científicos para

prios turistas é essencial para minimizar

dores percorrem as belíssimas águas do

avaliar, com exatidão, a capacidade-limite

essa situação, afinal, até quando teremos

rio Negro e seus afluentes, entre Manaus

de recuperação da natureza. Nesse cená-

pescarias sensacionais e produtivas?

e São Gabriel da Cachoeira — área que compreende cerca de 700 quilômetros de extensão. Se botarmos na ponta do lápis, é possível contabilizar a presença de

Outro diferencial dessa região é a ausência de insetos hematófagos, o que se traduz em conforto e segurança para os turistas

dez mil pescadores esportivos na região durante a temporada. Se para vários destinos esse número é motivo de comemoração, em localidades que sobrevivem da pesca, pode significar um desequilíbrio. No caso de Barcelos, a quantidade de peixes retirados para o consumo de turistas e tripulantes exige atenção. Isso porque, se a cada dois pescadores, um Tucunaré for morto, por pescaria, em cinco dias de incursões, serão 200 a menos diariamente, mil por semana e quatro mil por mês. Com uma média de um quilo por peixe, serão quatro toneladas de Tucunarés apartados desses rios e lagos e, ao final de toda a ecoaventura 87


[ meio ambiente ] Turismo x poluição Estudos recentes da Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) revelam que, diariamente, cada brasileiro produz, em média, um quilo e duzentos gramas de lixo. Se essa conta refletir mesmo a realidade no País, os turistas dos barcos-hotéis que circulam no entorno de Barcelos deixam, semanalmente, mais de três mil quilos de lixo. O material, que é acondicionado em grandes sacos plásticos, ao final da viagem, é descarregado no município. Mas, qual o destino final desse lixo em terra firme? Pouco se sabe. Quem observa atentamente percebe, em muitas ocasiões, sacolas plásticas, garrafas, latas e até mesmo grandes sacos de lixo boiando nas águas dos rios. foto: inácio teixeira

Os peixes abatidos para o assado do almoço representam ameaça menos grave que o fogo feito para prepará-los e não apagado adequadamente

foto: leon bojarczuk

Atenção às queimadas A maioria das operadoras de pesca organiza almoços, nas barrancas dos rios e lagos, com o famoso assado de Tucunaré, em churrasqueiras improvisadas, feitas com madeiras das árvores do local. Ao final do almoço, o lixo é queimado, e é nesse momento que guias de pesca e turistas precisam ter atenção redobrada para se certificarem de que, de fato, o fogo e a brasa foram apagados. Dessa forma, as queimadas acidentais, que engordam os números dos incêndios florestais — e foto: eribert marquez

destroem a fauna e flora da Amazônia —, são evitadas. Todas as questões abordadas têm um único objetivo: levantar a bandeira da pesca esportiva no Brasil e no mundo. Refletir sobre os hábitos durante as incursões já é meio caminho andado para o pescador tornar-se protagonista da preservação ambiental. Exercite o pesque e solte!

88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Soltar o peixe é fundamental. Resta saber se apenas isso basta... foto: leon bojarczuk

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Serelepe Tamanho: 3cm Peso: 3,5g Trabalho: meia-água

A Serelepe entra na linha Moro e Deconto para ser mais uma grande opção na pescaria de Tilápias. É uma isca fácil de arremessar e muito prática de trabalhar e, ainda, oferece três posições para prender o snap, cada uma proporciona vibração distinta durante o trabalho. Dessa forma, o pescador pode mudar a intensidade da isca rapidamente durante a pescaria.

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saúde

Repelentes:

mesmo? funcionam

Usados por uns mais do que o necessário e ignorados por outros, os repelentes, quando bem utilizados, cumprem sua função: a de evitar desconfortáveis picadas e proteger de doenças. Conheça os repelentes mais eficazes, bem como a proteção oferecida pelos produtos disponíveis nas lojas de pesca Por: Bárbara Blas | Arte: Mila Costa Ilustrações: Kid Ocelos

90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O

foto: sxc/ Gabor bibor

conhecimento de substâncias que afastam insetos existe desde a Antiguidade. Atualmente, além dos

considerados “naturais”, são fabricados repelentes sintéticos, que funcionam devido ao ingrediente ativo adicionado, como DEET, IR 3535 e picaridina [veja os

principais tipos na pág. 92]. Um dos princi-

pais atrativos às fêmeas dos mosquitos — responsáveis pelas picadas — são as substâncias secretadas pela nossa pele, como ácido lático, suor e CO2. Algumas pessoas são naturalmente mais sedutoras aos insetos que outras, o que depende de fatores como o metabolismo e a temperatura da pele. Quando aplicados, os repelentes deixam um odor que evita picadas por um determinado tempo, embora não existam estudos conclusivos de como eles atuam, nem mesmo sobre o DEET, que está no mercado há mais de 50 anos.

Só as fêmeas dos mosquitos é que picam, pois precisam de sangue para amadurecer os ovários. No caso de outros artrópodes como carrapatos, as picadas podem ser efetuadas por machos e fêmeas

Uma explicação é que essas substâncias, de fato, repelem os mosquitos ao

atraído para picar. De qualquer forma,

carrapato. A eficácia também depende

deixar nossa pele “desagradável”. Já

o efeito do repelente pode não ser igual

da concentração do princípio ativo:

outros pesquisadores entendem que

para os diferentes tipos de artrópodes

quanto maior na fórmula (que chega a

o DEET inibe o ácido lático presente

picadores — como pernilongo, borrachu-

100% em produtos norte-americanos),

na pele e, desse modo, o inseto não é

do, mosquito-pólvora, mosquito-palha e

mais eficiente se torna. foto: marcel nishiyama (tchel)

foto: inácio teixeira

Algumas pessoas são mais atraentes aos insetos e, quando vão a locais propícios a picadas, o uso de bons repelentes é muito útil para evitá-las. Caso contrário, sofrerão grande desconforto

ecoaventura 91


Custo-benefício

foto: Inácio Teixeira

saúde

Para o professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Dr. Carlos Fernando Salgueirosa Andrade, os repelentes à base de DEET, IR 3535 e picaridina são os mais eficientes. “Quando aplicados, permitem mais proteção e por maior tempo, ou seja, outros também repelem, mas perdem comparativamente”, explica. Já os naturais podem ser uma alternativa ao uso dos repelentes sintéticos, embora seu efeito seja, em geral, mais fraco. Algumas substâncias utilizadas são citronela, andiroba, gerânio, lavanda, alho e menta. Caso o pescador opte por comprar um repelente natural, o professor indica que avalie se o produto não é muito oleoso, se não gruda, se não tem cheiro muito forte e se não incomoda. Com relação aos caseiros, o Prof. Carlos Fernando explica que alguns

Os repelentes são encontrados em diversas formas: aerossol, loção, óleo etc. Nos sintéticos, a eficácia é a mesma. Com relação aos naturais, é melhor optar pelos óleos

funcionam porque são formulados com óleo — substância que cria uma

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância

estimula as pessoas a não adotarem

barreira física na pele. Entretanto,

Sanitária) e nenhuma funciona melhor

medidas eficazes, especialmente em

adverte: “As misturas caseiras não são

do que os sintéticos.” Além disso,

áreas afetadas por doenças transmiti-

cosméticas, não são aprovadas pela

a divulgação desse tipo de receita

das por mosquitos.

Principais substâncias que compõem os repelentes Os princípios ativos sintéticos surgiram na primeira metade do século 20 e, entre eles, três merecem destaque: o DEET, o IR 3535 e a picaridina. Criado durante a Segunda Guerra Mundial para proteger os soldados norte-americanos de doenças transmitidas por mosquitos, que causavam número exorbitante de mortes, o DEET foi lançado no mercado em 1954 e é amplamente utilizado até hoje devido à sua eficácia. O IR 3535, empregado na Europa há mais de 20 anos, também é um ótimo repelente contra insetos em geral. Já a picaridina (ou icaridina) é uma molécula sintética desenvolvida nos anos 1980 a partir de componentes estruturais da piperina — extrato vegetal retirado da pimenta. Essa substância é eficaz e está sendo muito citada atualmente. Quanto maior a concentração dos princípios ativos, maior a repelência — e por mais tempo. No mercado brasileiro, há repelentes cuja concentração do princípio ativo varia de 6% a 50%, e os fabricantes não são obrigados a colocar a concentração no rótulo. Em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, há repelentes com até 100%.

92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Repelentes nos produtos de pesca Conheça a eficácia de alguns produtos com repelentes disponíveis no mercado. Segundo avaliação do Prof. Carlos Fernando, em geral, eles protegem de forma localizada

Buffs Princípio ativo: piretroides (inseticida). Funcionam, mas não adianta amarrar no pescoço e estar sem camisa e sem repelente, pois os insetos podem picar outros locais

Camisetas de pesca Princípio ativo: piretroides* (inseticida) Funcionam para mosquitos que picam através do pano, mas não protegem as áreas descobertas do corpo

Pulseiras Princípio ativo: inseticida As que foram avaliadas pelo Prof. Carlos Fernando não funcionam ou só repelem próximo à pulseira. Teriam que ser tratadas com uma concentração muito alta de inseticida para serem efetivas

Lenços umedecidos Princípio ativo: DEET Podem funcionar um pouco, mas bem próximo de onde foram passados no corpo

*A partir da síntese do inseticida natural piretro, encontrado na flor do crisântemo, foram descobertos os piretroides, várias moléculas inseticidas sintéticas hoje utilizadas, por exemplo, na agropecuária, em dedetizações, nos inseticidas que encontramos no supermercado para matar baratas e mosquitos e, em pequenas concentrações, nas “roupas repelentes”.

Repelente é indispensável?

de pessoas super alérgicas a picadas ou

repelente concentrado. Outras dicas

de quem viaja a uma região infestada

apontadas pelo pesquisador da Unicamp

de insetos, principalmente onde doen-

são usar peças largas, evitar repelentes

ças transmitidas por eles são comuns,

oleosos em cachoeiras e rios — pois

substâncias químicas têm alguma toxi-

como dengue, malária, leishmaniose e

podem contaminar os corpos d’água —,

cidade, o pescador deve avaliar a real

febre amarela. Nessas condições, torna-

usar chapéu com tela e colocá-las nas

necessidade de usar repelentes — caso

-se imprescindível a proteção com um

portas e janelas das casas.

Ao levar em conta que todas as

ecoaventura 93


saúde

Quiz

Veja qual o seu grau de conhecimento quando o assunto é repelente

1. Cheiros de perfumes, xampus e sabonetes atraem insetos?

sim

não

2. Após aplicados, os repelentes sintéticos (não naturais) podem ser totalmente removidos da pele no banho?

sim

não

3. O repelente evita 100% que você seja picado?

sim

não

4. Protetores solares reduzem a eficácia do repelente?

sim

não

5. Ao iniciar uma atividade física, a eficácia do repelente pode ser diminuída pelo suor?

sim

não

6. Assim como o filtro solar, o repelente deve ser reaplicado?

sim

não

7. A ação de um bom repelente dura de quatro a seis horas?

sim

não

8. Roupas escuras diminuem as chances de picadas?

sim

não

sim

não

sim

não

9. Repelentes eletrônicos (aparelhos portáteis à pilha ou à bateria, passíveis de serem carregados presos à cintura ou ao pulso) que emitem sons para espantar mosquitos funcionam?

10. Os mosquitos podem se tornar resistentes ao repelente?

Respostas 1. Não, talvez até reduzam um pouco a atração, pois confundem os odores naturais da pele. 2. Não. Logo após aplicar, já ocorre a absorção pela pele. No banho, ao final da atividade, é possível remover apenas um pouco que não foi absorvido.

3. Sim, os bons repelentes, por algum tempo, evitam 100% das picadas. À medida que a concentração do princípio ativo diminui na pele, os mecanismos repelentes começam a falhar, e as picadas voltam a ocorrer.

4. Não. Hoje em dia, os dois podem ser utilizados ao mesmo tempo. 5. Não. Em geral, o suor não interfere de forma significativa, já que uma parte do repelente é absorvida. 6. Sim. Deverá ser reaplicado quando se perceber que não está mais funcionando. 7. Sim. Os bons repelentes no mercado brasileiro permitem ótimos resultados para esse período de 4 a 6 horas. Porém, não há um período exato após o qual o repelente deixa de ser eficiente. A repelência inicial deve ser 100% e vai diminuindo com o passar do tempo.

8. Não. Borrachudos e mosquitos como os Aedes aegypti e Aedes albopictus aproximam-se mais frequentemente de cores escuras do que das claras, mas eles são atraídos aos humanos pela silhueta e movimentos, pelo gás carbônico da nossa respiração, pelos odores da pele, como suor, gás carbônico e ácido lático, entre outros fatores. Portanto, as cores da roupa têm mínima influência.

9. Não. O princípio de funcionamento não é válido, pois, tecnicamente, o mosquito é surdo. Em experimentos desenvolvidos em laboratório pelo Prof. Carlos Fernando, alguns repelentes eletrônicos aumentavam o número de picadas. Eles não devem ser confundidos com as “tomadinhas”, muito eficientes. Isso porque, com a corrente elétrica, uma pequena chapa interna é aquecida e vaporiza no ar o inseticida (e não repelente) líquido do pote ou do tablete, que faz o mosquito ficar zonzo e deixar de picar.

10. Não existem relatos de repelentes que falharam devido à resistência dos mosquitos. Se a pessoa está sendo picada mesmo após ter passado repelente, é mais provável que ela não tenha espalhado o produto naqueles poucos centímetros de pele, ou que ele já tenha sido metabolizado e precise de nova aplicação. Fonte: Entrevista com o Dr. Carlos Fernando S. Andrade, professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp e consulta ao artigo de sua autoria: “Repelentes de Mosquitos – Base Técnica para Avaliação”, publicado em 2008.

94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


radar

Traíra com três olhos Pescadores argentinos tiveram uma

Coincidência ou não, a Traíra ganhou

surpresa incomum em uma pescaria na

popularidade ao ser comparada ao

província de Córdoba: a fisgada de uma

personagem Blinky, peixe da série “Os

Traíra com três olhos. Um dos pescado-

Simpsons” pescado por Bart e que

res disse que, como estava de noite, eles

teria sofrido malformação devido

não se deram conta da singularidade

à Usina Nuclear do Sr. Burns.

do exemplar no momento da captura. A

O espécime foi conservado em

identificação do terceiro olho — que, se-

um freezer para aguardar análise

gundo ele, era do mesmo tamanho e um

de especialistas. Porém, segun-

pouco mais fundo que os outros — só

do o site de notícias argentino

ocorreu com a ajuda de uma lanterna.

Infobae.com, os pescadores que

O feito despertou curiosidade, mas

o fisgaram se cansaram dos inúmeros

também preocupação, já que o lago no

telefonemas de jornalistas e da demora dos

qual foi encontrado é próximo a uma

pesquisadores para buscar o exemplar e

usina nuclear.

acabaram jogando-o no lixo.

Fonte: Site da rádio argentina Cadena 3

Permissão para criar Pirarucus Desde o dia 21 de dezembro de 2011, a criação de Pirarucu (Arapaima gigas) em Rondônia está autorizada. A Instrução Normativa assinada pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio, e o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Curt Trennepohl, viabilizará a comercialização dos espécimes oriundos de piscicultura nos mercados interno e externo. França, Alemanha e Japão já demonstraram interesse em importar o Pirarucu. O acordo estabelece que os produtores deverão requerer uma vistoria, na qual a identidade genética dos peixes será registrada em microchips. Dessa forma, os alevinos poderão ser rastreados e será possível assegurar que são provenientes de aquicultura. O Estado de Rondônia foi escolhido para o projeto piloto, que pretende ser expandido a outras regiões. É válido lembrar que a comercialização de Pirarucu capturado nos rios continua proibida. foto: wilson feitosa

ecoaventura 95


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