Revista ecoaventura edição 19

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P O N T O D E P E S C A D O S S O N H O S l PA N A M Á l I S C A S A N T I E N R O S C O l T I L Á P I A N A M I Ç A N G A l P R I M E I R O S S O C O R R O S l R I O T I E T Ê

Ano II - Edição 19 R$14,90

ecoaventura - E d i ç ã o 1 9 - a b r i l d e 2 0 1 1

D VD Grátis

PANAMÁ para brasileiros, o destino perfeito! BILÍNGUE

ECOTURISMO Nobres-MT não é Bonito, é lindo! ANTIENROSCO as iscas que podem salvar sua pescaria

Aqui nascerá o ponto de pesca dos sonhos

R I O T I E T Ê D E O N T E M E D E H O J E l C U I D A D O S PA R A N Ã O F I C A R À D E R I V A l A F U N Ç Ã O S O C I A L D O T U R I S M O D E P E S C A


Extremamente selvagem...

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...Mas com todo o conforto! Infraestrutura de 1潞 mundo e adrenalina com os peixes mais esportivos da Amaz么nia

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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor comercial Roberto Véras rveras@grupoea.com.br Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Repórter Dani Costa (MTb nº 01518/ES) dcosta@grupoea.com.br Estagiários da redação Bárbara Blas e Gabriela Ferigato Tradutor David John Arte Gabriel Dezorzi, Paula Bizacho e Tiago Stracci Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki

O desenvolvimento do sonho e vice-versa A pesca esportiva faz parte do setor econômico que mais cresce no mundo — o Turismo. Só nos Estados Unidos, viajar para pescar e comprar equipamentos geraram receita de 42 bilhões de dólares em 2006, segundo o Departamento do Interior e do Comércio norte-americano, o que resultou na criação de 890 mil empregos diretos no país. No Brasil, as condições favoráveis para a consolidação do turismo de pesca tem o tamanho de um gigante: 12% de toda a água doce do mundo percorre as veias continentais de nosso território nacional e, por elas, trafegam os peixes mais cobiçados entre os aficionados do esporte em todo o mundo. Além disso, o País ainda apresenta extensas áreas naturais e preservadas, algumas das quais bem pouco exploradas ou que, tal qual uma joia preciosa, aguardam reluzentes para ser descobertas. À medida que ganha corpo, o turismo de pesca esportiva traz benefícios não só para a economia nacional. Do ponto de vista ambiental, por exemplo, conquista corações e mentes em prol da ideia de que conservar a natureza é garantir o esporte – e, em sentido amplo, a própria vida no Planeta. Por outro lado, o desenvolvimento do setor leva às comunidades localizadas em áreas remotas, cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em geral, está abaixo da média

Colaboraram nesta edição André Correa, Flávio Freitas, Juliano Salgado, Roberto Véras e Wilson Feitosa

nacional, uma real alternativa de renda. Assim, ajudar a promover a pesca esportiva é

Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez

longe de conseguir garantir, de forma homogênea, condições adequadas de emprego a

DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br Distribuição e edições avulsas Thiago Damasio atendimento@grupoea.com.br Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

Assinaturas: (11) 3334-4361

também exercer um papel social humanitário, sobretudo quando o Estado ainda está todos os compatriotas. A Revista ECOAVENTURA, como mídia especializada, é apenas um elo da cadeia produtiva, que inclui vários atores, tais como empreendimentos da indústria de equipamento e materiais de pesca, serviços de transporte, agências, guias de pesca, promotores de torneios etc. E, como tal, tem o objetivo de incentivar o crescimento de todo o conjunto. Por isso, nesta edição, estampamos em nossa capa o alvorecer de um sonho: a descoberta de mais um ponto de pesca no coração da Amazônia, cuja instalação já promoveu o desenvolvimento da comunidade local e promete proporcionar alegria aos pescadores, por meio de intensas emoções, em uma região onde os peixes ainda não estão acostumados com o jogo da pesca esportiva. Boas aventuras!

Edição 19 — abril de 2011


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[ índice ]

18

capa

Fantástico, inesquecível, sem igual! Não há adjetivo capaz de rotular com fidelidade o que significa desbravar as águas generosas desse novo ponto de pesca

10

Internacional Panamá Inúmeras opções de peixes e estilos de pesca à sua escolha


54 Técnica Iscas antienrosco: modelos para cada situação

62 Viagem no tempo O rio Tietê de ontem e de hoje 82 Técnica Embarcação: para não ficar a ver navios

88 Social O turismo de pesca como ferramenta de inclusão

74

pesqueiro Tilápia

Como ter êxito em sua pescaria?

Seções

08 Correio técnico 09 Correspondência 52 Saúde

Tralha de primeiros socorros

60 Vitrine 80 Folhas, flores e frutos Umbuzeiro

86 É o bicho Cardeal

94 Radar 96 Classificados

40

turismo

Nobres-MT

Nobres não é Bonito, é lindo!

98 Cupom (DVD)


correio técnico Varas diferentes com especificações iguais Muitos dizem que a especificação em libras, que vem grafada nas varas de pesca,

CAMPANHA: Fisgue essa ideia e boa pescaria!

significa o quanto ela suporta de peso. Entretanto, já vi modelos que, apesar de trazerem especificações idênticas, aparentam não suportar o esforço indicado. O que realmente

Envie

para

redacao@grupoea.

representa essa especificação em libras e como faço para saber a real resistência de uma

com.br uma carta com suas dúvidas

vara na hora de escolher um novo modelo para determinada modalidade de pesca?

sobre técnica, estilo, iscas, equipa-

Jhonas Garcia Pedroza — São José do Rio Preto - SP

mentos de pesca, roteiros, peixes, legislação etc. O autor-pescador da

Caro Jhonas,

questão mais relevante* (isto é, que

Na verdade, essa medida que aparece grafada no blank é uma recomendação da

for capaz de ajudar o maior número

resistência máxima e mínima para a linha que deverá ser usada na vara, como, por exem-

de leitores) será convidado por um de

plo, 20 a 40 libras. Quando se opta por linha inferior ao recomendado (20 libras), ela corre

nossos colaboradores a esclarecê-la

o risco de ser rompida. Se a opção for por um modelo acima do especificado (40 libras), a

em uma pescaria**!

vara é que poderá ser danificada. É bom lembrar também que esses números estão liga-

*A critério da equipe editorial / **A definir

dos à angulação da vara, ou seja: a sua resistência também varia na hora do esforço. Ela é

de acordo com a localização do leitor e teor

maior quando vergada a 45 graus do que a 90. Por fim, vale considerar, ainda, que os tipos

da dúvida

de materiais empregados na construção das varas — quantidade de grafite ou de fibra de

- Campanha válida por tempo indeterminado

vidro — podem causar a impressão de que são mais frágeis ou robustas.

- Ao enviar a carta, o participante autoriza automaticamente a sua publicação nesta seção.

Dourado-do-mar, como pescá-los? Moro no Rio de Janeiro e, recentemente, adquiri um barco com intenções claras de realizar pescaria oceânica. O verão se foi, e a pescaria dos Dourados, infelizmente, foi improdutiva. Gostaria de saber mais sobre a técnica e material mais adequados. Por exemplo: iscas naturais ou artificiais? Qual a velocidade de corrico? Qual a distância correta da costa? Popper é uma boa opção? Raphael Braz Levigard — Por e-mail

Caro Raphael, Sem sombra de dúvidas, a melhor técnica para a pesca dos Dourados-do-mar é a de corrico, seja com iscas naturais ou artificiais. A melhor entre todas as naturais é o Farnangaio, que, a exemplo de outras, como lulas e pequenos paratis, deve ser corricado a velocidades de 4 a 6 nós. Já as artificiais, como, por exemplo, plugues de meia-água e lulas, essa velocidade deverá situar-se entre 5 e 9 nós, assim você cobrirá uma área maior. Quanto à distância da costa, isso pode variar de acordo com cada região, mas tenha em mente que o melhor ponto situa-se na divisa com as águas azuis que se aproximam da costa nos meses de verão. Poppers, quando lançados em objetos boiados, podem render belas brigas e muitas capturas.

08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


correspondência

Parabéns! Quero parabenizar os amigos da ECOAVENTURA. A revista está ótima! Visitem www.antoniocalloni. com/ link pescarias. Abraços, Antonio Calloni – por e-mail

Apelo de um leitor apaixonado Tenho 33 anos de idade e pesco desde os 6 anos. Ia sozinho, às vezes com meu tio, pois meu pai nunca havia me levado para pescar. Quando meu pai me dava um dinheirinho para o lanche na escola, eu economizava sempre um pouquinho para comprar meus materiais de pesca. Comecei com as varas de bambu, materiais simples, até que comprei meu primeiro molinetinho, com o qual fisguei muitos peixes na barragem que banha minha cidade e nos pesque-pagues da região. Hoje me sinto muito feliz porque meu pai se rendeu ao encanto do esporte e pesca junto comigo já há alguns anos. Por outro lado, sentimo-nos muito tristes pelo fato de que hoje, quando vamos pescar no lago, não encontramos mais os nossos grandes parceiros: os peixes. Nossos astros principais estão sendo dizimados pela pesca predatória, pelo veneno agrícola que escoa para as águas e nascentes, pelo nosso lixo, que vai parar nos leitos, pelas indústrias, que parecem fazer questão de jogar seus detritos nos rios. Agora que tenho meu grande amigo pescando junto comigo, o meu pai, e materiais mais adequados, só nos frustamos. Estamos pescando somente alguns peixes nos pesque-pagues, onde praticamos o pesque e solte e levamos somente um peixe para comermos com a família. Eu e meu pai já fizemos três pescarias juntos, duas delas no Pantanal e uma na Argentina, mas também encontramos dificuldades em localizar os peixes no Pantanal. Já na Argentina, verificamos que estão preservando mais: as ações são mais frequentes, e os guias, mais conscientes, sabem que manter o peixe vivo é sinônimo de trabalho e turismo mais rico. E, nesse quesito, vejo que estamos perdendo para os “hermanos”. Justo para eles. Quando estivemos no Pantanal (anos 2000 e 2009), o peixe era o objetivo, mas, como está pouco, nos rendemos à beleza natural do Pantanal, com sua flora e fauna exuberantes, apesar de ver alguns “amigos” pescadores com total desrespeito à isso e aos peixes, depredando e ajudando a dizimar as espécies. Por isso, pedimos uma melhor fiscalização, o aumento nas medidas mínimas e a proibição por algum tempo do abate de peixes nobres, assim como os “hermanos” fizeram. Se observarem, hoje aumentou muito os pescadores dos rios deles, por mais que tenham que soltar os peixes. Por isso que digo: é melhor ir pescar e soltar do que ir pescar e não pegar nada! Fernando Marcelo Finochetti – por e-mail Assinante e leitor da Revista Ecoaventura. Pescador assíduo e apaixonado.


[ internacional ]

Por conta de diversos atrativos e da localização privilegiada, o Panamá aposta em seu potencial turístico, no ecoturismo e na prática de esportes aquáticos como fonte de renda. Entre seus diferenciais, DISPÕE DE águas mornas e TRANSLÚCIDAS do mar do Caribe — paraíso para mergulhadores e cenário para cruzeiros luxuosos — e as também mornas e transparentes águas do Pacífico, um cardápio que oferece 30 opções de peixes super Texto e fotos: Roberto Véras i Arte: paula bizacho esportivos ogo que chegamos a David, nosso ponto de partida para os próximos seis dias de pesca, as notícias em relação às condições que encontraríamos não poderiam ser melhores. Depois de quase dois anos consecutivos sofrendo as ações do “El Niño” e “La Niña”, tudo havia voltado ao normal. Ótimos presságios, pois, além da localização privilegiada, seu litoral é repleto de ilhas, lajes, parcéis e cercado por rico e intocado manguezal, o que significa que a maioria das espécies é residente. Para potencializar as já excelentes condições, uma forte corrente de água azul, muito rica em nutrientes, havia invadido a região de Coíba e trouxe consigo uma grande variedade de esfomeados predadores. Já na primeira investida em direção ao arquipélago de “Ladrones”, pudemos comprovar a excepcional situação. E mais: o mar estava completamente parado — uma verdadeira lagoa gigantesca. Com os cinco barcos da operação, começamos a pescar basicamente na mesma área. Tentamos os poppers nos costões mais próximos, o corrico com iscas vivas, e os jigs nos parcéis e lajes. 10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Fernando Regadas e BetĂŁo apresentam um dublĂŞ de Caranhas apanhadas pelos poppers

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[ internacional ] Por volta da hora do almoço, Sergio e seu pai, Dionísio Gomes, que pescavam com iscas vivas, já computavam quatro Roosterfish, alguns Xaréus e vários Vermelhos. Salvador e Fernando, com metais, apanharam outras espécies, entre elas quatro grandes Badejos-rabo-de-vassoura — só encontrada nessa região. Os três barcos remanescentes, inclusive o nosso, que haviam seguido direto para explorar a pesca vertical em “Ladrones” entre Xaréus e várias espécies de Vermelhos, contabilizaram ainda mais de

Fernando exibe um belo exemplar de Silk Snapper, ou Pargo-Seda como é conhecido por lá

60 Olhos-de-boi de 6 a 15 quilos, um resultado que satisfez e surpreendeu todos, afinal, era apenas o primeiro dia!

Mauro Ueda posa orgulhoso com seu Xaréu Azul seduzido por um metal jig

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david

islas ladrones hannibal bank

montuosa

jicarita

isla de coiba jicaron

Aspectos geográficos: país da América Central Continental, limitado a norte pelo mar das Caraíbas, a leste pela Colômbia, a sul pelo oceano Pacífico e a oeste pela Costa Rica. O canal sozinho já chegou a representar 14% do PIB anual do Panamá nos anos de 1980, mas hoje rende pouco mais de 6%. O canal: o país tem 82 km que cortam o istmo do Panamá, que liga o Atlântico e o Pacífico. Localização: oceano Atlântico — 9° 18’40.47” N 79° 55' 07.25 O / oceano Pacífico: 8° 55' 36.05" N 79° 33' 08.69 O. Por conta do formato em “S” do Panamá, o Atlântico situa-se a oeste do canal e o Pacífico a leste, o que inverte a orientação usual. O canal tem dois grupos de eclusas no lado do Pacífico e um no do Atlântico. No lado Atlântico, as portas maciças de aço das eclusas triplas de Gatún têm 21 m de altura e pesam 745 toneladas cada uma, mas são tão bem contrabalançadas que um motor de 30 kW é suficiente para abri-las e fechá-las.

Diversão: cassinos são liberados e comandam a noite da Cidade do Panamá, que é muito agitada. Lá, pode-se viajar em táxi, cujas tarifas são regidas por um sistema de zonas a preços para lá de acessíveis aos brasileiros. Gastronomia: mariscos como a lagosta, centola e polvo são abundantes, assim como os frescos peixes da zona, tais como Guabina, Corvina, Pargo e Mero, todos preparados de jeitos diversos, especialmente “à caribenha”, com molho de coco e ceviche. Dinheiro: a moeda local é o Balboa, mas só existe para pequenos trocos. O dólar americano circula livremente e aconselha-se a entrar no país com eles. Compras: há várias lojas “duty free”. Na capital, o Centro Comercial Los Pueblos concentra dezenas de lojas populares. Os produtos mais

requintados e lojas de primeira linha estão na Via España, próxima aos grandes hotéis, que oferece produtos de grifes. Há ainda a Zona Livre de Colón, uma espécie de shopping a céu aberto, mas que visa prioritariamente à venda no atacado. As mercadorias são isentas de tarifas alfandegárias e os bens comprados podem ser remetidos diretamente para o Aeroporto Internacional de Tocumen. Clima: tropical com temperaturas quentes entre 18 e 27 graus Celsius. Há duas estações: a temporada das chuvas, de maio a dezembro, e a temporada seca ou de verão, quando sopram permanentemente os ventos Alísios. Idioma: espanhol (oficial), mas o inglês também é falado em quase todos os lugares, o que vale dizer que os brasileiros afiados em um bom “portunhol” não têm dificuldades em se comunicar.

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[ internacional ]

Fernando com uma Caranha-negra, uma espécie relativamente rara, mesmo nessas águas

No dia seguinte, seguimos para a ilha

e sorrisos e gritos denunciavam a euforia

des poppers e sticks. Ambos têm formas

de Montuosa, o ponto de pesca mais

dos pescadores. Permanecemos no local

distintas de ataques na superfície. O

distante nessa região. Trata-se de um in-

por aproximadamente duas horas, tempo

primeiro — com sua indefectível barbata-

tocado paraíso com pequenas praias de

suficiente para que cerca de 100 desses

na dorsal em riste — é mais ressabiado

areias brancas e toda cercada por lajes e

peixes fossem fisgados e liberados. Ao

e persegue as iscas por vários metros

parcéis, localizada há poucas milhas do

contrário do dia anterior, o enorme car-

antes de atacá-la, enquanto que as Ca-

famoso Hannibal Bank — um dos lugares

dume era composto por indivíduos bem

ranhas explodem sobre as iscas na su-

mais famosos do mundo devido à incrível

maiores, em média entre 12 e 20 quilos.

perfície — tal qual os grandes Tucunarés-

piscosidade. Durante o trajeto, no través

No penúltimo dia, optamos por explo-

-açus — e, assim que ferradas, buscam

da ilha de Coíba, o barco que ia à frente

rar Jicarón e Jicarita, duas ilhas maravi-

refúgio imediato em tocas formadas por

alardeou o encontro de uma enorme e

lhosas e igualmente distantes. Nossas

rochas submersas. O mais impressio-

espessa mancha. De imediato, jigs foram

iscas foram dedicadas basicamente ao

nante é que essa espécie, ao contrário

atirados, e uma fantástica sucessão de

Roosterfish e às grandes Caranhas, as

do Roosterfish, habita águas mais pro-

ataques de Olhos-de-boi teve início. Para

maiores representantes da família dos

fundas, em torno dos 20 metros, e mes-

todos os lados que se olhava, a cena se

Lutjanídeos (Vermelhos), e a técnica

mo assim sobe a toda velocidade para

repetia: varas envergadas no seu limite,

empregada foi o arremesso dos gran-

atacar plugues de superfície.

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Mullet Snapper, um agressivo representante dos lutjanídeos

Roosterfish, o Pez Gallo, um dos mais cobiçados troféus da região

Rainbow Runner ou Arabaiana-azul

Com a mesma técnica também é possível fisgar outras espécies, entre elas o briguento Xaréu-azul, o Xaréu-amarelo e o Xaréu-olhudo, além da Arabaiana-azul, a Barracuda, enormes Agulhões e outros Vermelhos, como o Mullet, o Seda, o de Rabo-amarelo e o “Pargo-roqueiro”. Foi tamanha a quantidade de ações que a dor em nossos braços e pernas não nos permitiu dormir sem tomar um relaxante muscular. No sexto dia, já à beira da exaustão e com apenas a parte da manhã livre, decidimos por uma pescaria mais leve e próxima. Entretanto, como a semana estava mesmo especial, voltamos a fisgar vários Roosters, Caranhas e Xaréus. Foram tantas as ações que quase nos descuidamos do horário, já que teríamos que desmontar e guardar toda a nossa tralha para apanhar o voo de volta a Panamá City.

Salvador e um Rock Snapper, ou Pargo-roqueiro

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[ internacional ] Betão com um belo exemplar de Olho-de-boi, lá conhecido como Amberjack. Foram capturados mais de 150 desses valentes predadores

Equipamentos

• Popping: varas de 8 a 9 pés para linhas de 80 libras (36 quilos)

Para os pescadores brasileiros, ávidos ou não, veteranos

• Molinetes: velozes e com capacidade de pelo menos 400 m de 80 libras (36 quilos)

ou iniciantes, o Panamá é um excepcional destino, e por vários motivos: pode ser atingido em cerca de sete horas de voo direto a partir das principais capitais do Brasil; o idioma

• Linhas: multifilamento PE 5, 6 e 8

facilita a comunicação com o hospitaleiro e simpático povo panamenho; a quantidade e variedade de espécies permitem ao pescador iniciante errar sucessivamente sem desanimar; e, por fim, as águas cristalinas e mornas do oceano Pacífico são extremamente calmas, além do fato de que existem inúmeras ilhas abrigadas para lançar as iscas com sucesso. Precisa mais? 16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

• Shock leaders de monofilamento ou fluorcarbono 130 a 170 libras (59 a 77 quilos) • Sticks baits: F.C.Labo, Baby Runboh, Shibuki • Poppers: Minotauro e Titan da Zagaia


Após visitar essa meca da pesca por mais de 20 vezes nos últimos quatro anos em praticamente todos os meses, dá para afirmar que o Panamá é um dos melhores e mais completos pesqueiros do mundo. E mais: as principais espécies estão disponíveis o ano todo. O que ocorre é

Como o objetivo principal dessa viagem era a captura dos grandes Atuns-amarelos, além de estarmos indo na melhor época, havíamos formado um grupo composto em sua maioria por experientes pescadores. Assim, o resultado não poderia ter sido outro, uma experiência formidável e inesquecível que você não pode deixar de ler em nossa próxima edição.

que, em determinadas épocas, algumas delas, como o Dourado-do-mar, o Wahoo e o Peixe-vela, ficam mais ativas e em maior número. O clima sofre algumas alterações em função da temporada de chuvas — entre maio e novembro —, entretanto, a temperatura pouco oscila e se mantém em torno dos 30 graus Celsius.

Serviços QuEM LEVA? Ecoaventura turismo Tel.: (11)3334-4361 ou diretamente com Beto Véras: Cel.: (11)8511-4238


[ capa l novo ponto de pesca ]

Viver fortes emo莽玫es em lugares intocados e selvagens. Explorar lagos onde os peixes jamais viram uma isca artificial ou desafiar as enormes feras que habitam o leito de rios inexplorados. Esses e outros ingredientes, que fascinam o pescador, motivaram nossa equipe a se aventurar pelos rec么nditos mais distantes da Amaz么nia. Resultado: a descoberta de um ponto com os peixes mais esportivos Texto e fotos: wilson feitosa I Arte: tiago stracci

18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


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[ capa l novo ponto de pesca ]

M

arço de 2011. Depois de sobrevoar por

encontramos em nossa primeira visita —,

te avaliar seu potencial turístico-pesqueiro

quase duas horas a densa floresta ama-

por outro, o enorme Tapajós cresceu ainda

durante as cheias. O motivo? É que nessas

zônica, entrecortada por rios que fazem

mais e devorou o íngreme barranco que de-

longínquas e generosas águas, em pleno

nossa imaginação pairar ainda mais alto,

lineia seu curso, um verdadeiro oceano de

coração da Amazônia, que está para nas-

surge abaixo de nós o imponente Tapajós

água doce. Mas, não há problema, já que

cer o mais completo e confortável empre-

— um verdadeiro rio de sonhos. Ao contrá-

nosso objetivo nessa jornada é justamen-

endimento destinado à pesca esportiva.

rio do que vimos em nossas visitas anteriores [leia sobre as primeiras expedições a seguir], suas belíssimas praias de areias ocres estão ocultas, fruto das cheias, que fazem a imensa massa de água se sobrepor a elas e desenham um novo cenário, composto por enormes igapós. Quando o avião anfíbio toca o espelho líquido que lhe serve de pista, o misto de euforia e apreensão de sempre toma conta de todos. E não é para menos: se, por um lado, a comunidade da Barra de São Manoel — com suas casas simples e gente hospitaleira — nos aguardava tal qual a

20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Pescar Pescar ee contemplar contemplar Apesar de já ser nossa quarta visita a essa região — a primeira foi no final do século passado —, a impressão ao navegar nessas águas é a de que estamos conhecendo-a pela primeira vez. É tamanho o isolamento que ficamos com a impressão de que o homem moderno — se esteve por aqui — não deixou vestígios. A pesca comercial nunca existiu, de modo que redes, espinhéis, barcos geleiros, entre outros agressores, ainda não puderam interferir no meio aquático. Os únicos barcos vistos são de ribeirinhos, e eles só tiram do rio, para comer, Matrinxãs e Piaus, peixes cujo sabor os fazem desprezar as espécies de couro e o próprio Tucunaré.

Por ser uma região de difícil acesso, encontra-se totalmente preservada por centenas de quilômetros — o que pode ser comprovado por fotos de satélite

ecoaventura 21


[ capa l novo ponto de pesca ]

Ao começarmos a navegar, fica claro

fulminante já nos primeiros instantes e

vores repletas de formigas-de-fogo sejam

que a pescaria será uma incógnita, afinal,

desencadeia um ambiente de otimismo e

transpostas. Bastam 20 minutos nesse rali

não há margens, e as parcas referências

descontração. É como se todos já se co-

aquático, cheio de labirintos, para se des-

que temos são copas de árvores a poucos

nhecessem há anos.

cortinar, como em um passe de mágica,

centímetros da superfície, além dos locais

Após sair do leito do rio Tapajós, o bar-

um rio suntuoso. Estreito, mas de margens

que exploramos com sucesso nas investi-

co adentra uma alameda aquática e para

bem definidas. De águas escuras, mas ex-

das anteriores. E tais circunstâncias vão

diante de um emaranhado de galhos, fo-

tremamente limpas. É em suas corredeiras

exatamente ao encontro de nossos pro-

lhas e cipós. É quando percebemos o por-

que nos fixamos em encontrar o Matrinxã

pósitos: avaliar as condições e opções de

quê de nos terem sugerido sair com dois

— peixe que, por sua astúcia e disposição

pesca durante as cheias.

guias: Marinaldo controla o motor e, lá na

em se livrar das iscas com saltos sucessi-

Dentro da pequena embarcação, o

proa, Antônio “Farofa”, com seu afiado fa-

vos, é considerado o maior desafio que se

companheirismo — um dos maiores le-

cão à mão e habilidade de ninja, abre ca-

pode impor aos pescadores esportivos.

gados desse esporte — surge de forma

minho para que a mata alagada e suas ár-

22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Como nas expedições anteriores, eram poucos dias de prospecção — tempo que poderia ser considerado razoável não fosse a grande cheia e o fato de que a experiência de nossos guias se resumia à pesca de subsistência, isto é, eles apenas nos ajudariam na condução do barco

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[ capa l novo ponto de pesca ] EE a a batalha batalha começa começa

para a boca dura dessa espécie, muitas

samente foge de suas características e

escapam já no primeiro salto. Outras ver-

não dá sequer um salto. Após essa cap-

O canto do pequeno fri-frió (Lipaugus

gam a varinha com violência e, quando são

tura, outros foram pegos, e todos, estra-

vociferans) vindo da mata compõe a trilha

de bom porte, até conseguem fazer a fric-

nhamente, brigaram sem se projetar so-

sonora e cria suspense. É possível ouvi-lo,

ção entoar o cântico que o pescador mais

bre a água. Outra diferença gritante é a

mas não vê-lo, tal qual o Matrinxã, que sa-

gosta de ouvir.

cor dos espécimes, bem escuros quando

bemos habitar aquelas águas turbilhona-

Adiante, uma batida diferente cria

comparados aos encontrados em outros

das, ainda que não dê o menor indício de

grande furor. A linha corta o rio com vio-

rios. O Sol escaldante do meio-dia sobre

onde esteja. As iscas — spinners e colhe-

lência e nos deixa divididos sobre a espé-

nossas cabeças e uma diminuição subs-

res — são conduzidas por lances curtos de

cie que está do outro lado. Pela boa briga,

tancial nos ataques nos dão a sugestão:

carretilha ao redor de árvores semissub-

criamos a expectativa de que seja ele, e

é hora de voltarmos para o almoço, não

mersas com delicadeza suficiente para, ao

ansiosos aguardamos seu primeiro salto,

antes de dar uma paradinha em alguns

tocarem na água, não espantarem o arisco

que não ocorre. Com habilidade, o pes-

pontos onde, por experiências anteriores,

Brycon. Nos primeiros lances, pequenas

cador desvia sua presa dos obstáculos e

sabemos que podem estar infestados de

Bicudas mal deixam que as iscas come-

finalmente traz o peixe à tona. Instantes

Tucunarés. Foram três rodadas e muitos

cem a trabalhar e fazem a linha riscar a su-

depois, para surpresa de todos, surge o

arremessos sobre esse trecho, mas, des-

perfície. Como as garateias são pequenas

primeiro Matrinxã da pescaria, que curio-

ta feita eles não estavam lá.

24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 25


[ capa l novo ponto de pesca ]

26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 27


[ capa l novo ponto de pesca ] A A vez vez dos dos peixes peixes de de couro couro

começava a se desvanecer, seguimos para o local onde almejávamos encontrar o grande troféu. Durante um bom tempo, o de-

No final da tarde, descemos o Tapajós à procura de um de seus

sinteresse dos peixes quase nos faz desistir e encerrar a jornada.

muitos poções. Nossa intenção? Fisgar um grande peixe de couro,

Entretanto, assim que o Sol se põe, a batida forte e inconfundível

quiçá uma Piraíba, espécie que certamente ilustraria sem deixar

de um monstro verga a potente vara. A fisgada perfeita é o iní-

dúvidas o potencial de pesca desse rio. Antes, teríamos a agradá-

cio de uma arrancada poderosa e difícil de ser contida. Começa

vel missão de encontrar iscas brancas. Paramos em uma pequena

um cansativo e imprevisível cabo de guerra. O barco é solto para

corredeira e passamos a procurá-las com plugues de superfície.

acompanhar o peixe, que dispara e faz a linha zunir. O pescador,

Não precisaram muitos arremessos para que Bicudas, Tucunarés

com equipamento próprio para o embate, esmera-se para recupe-

e Jacundás tornassem essa missão extremamente agradável.

rar parte do terreno perdido. A cena se repete diversas vezes e, no

Satisfeitos com as ações e quantidade de iscas, quando a tarde

calor da disputa, perdemos a noção do tempo.

28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A escuridão toma conta do cenário onde se dá a contenda. Os sons cessam, o suor alaga o corpo do pescador, e seus músculos, cansados, tremem de esforço e emoção. Depois de intermináveis minutos, o cobiçado troféu, uma bufante e valente Pirarara, por fim aflora na superfície. Entra em ação o guia que, cuidadosamente, iça o belo espécime pelo rabo para que o momento seja eternizado em várias fotografias. O peixe retorna para seu meio.

ecoaventura 29


[ capa l novo ponto de pesca ] A noite avança, e clarões eletrizantes de relâmpagos transformam em dia o escuro firmamento. É o sinal para retornarmos antes que mais uma perigosa tempestade amazônica nos embosque no rio. Não conseguimos o peixe da capa, mas já em terra firme, ao encontrarmos os outros integrantes da equipe com os semblantes cansados, mas notadamente eufóricos e felizes, percebemos que traziam muitas histórias. E não é mesmo sem motivo, afinal, viveram emoções intensas com um belo Barbado, diversas

30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Pirararas e a cobiçada Piraíba, que ilustra

de Aruanãs na seca [referentes a expedi-

Após a saborosa aventura para chegar

a capa desta edição.

ções anteriores] estavam todos submer-

às margens de um dos rios mais preser-

Assim foram os demais dias em que

sos e sem vida. Por outro lado, surgiram

vados do País, nossa equipe retorna ao

exploramos as águas do imponente Ta-

dezenas de outras opções e pontos de

Tapajós, entrega-se à pesca dos peixes re-

pajós e de seus principais tributários,

pesca, cuja produtividade e quantidade

dondos e vive novamente momentos fasci-

ainda que, na cheia, as condições de

de estilos passíveis de ser postos em

nantes. Tambaquis e outras espécies são

pesca sejam completamente diferentes.

prática são capazes de satisfazer o mais

os responsáveis pela overdose de emo-

Os pedrais onde encontramos cardumes

exigente pescador.

ções que você verá nas próximas edições. ecoaventura 31


[ capa l novo ponto de pesca ] Rumo ao desconhecido

A primeira expedição aconteceu em maio de 2010 com a expectativa de encontrarmos fatos novos para reportar a nossos leitores. Apesar de toda a pesquisa que fizemos, a única certeza era de que, para chegarmos à foz dos rios Teles Pires e Juruena, onde ambos formam o caudaloso e desconhecido Tapajós, nos sujeitaríamos às mais diversas condições. Desembarcamos em Manaus e seguimos ao Aeroporto Eduardinho, onde fizemos a conexão rumo ao município de Itaituba-PA. Ainda que distante, trata-se de uma cidade de porte médio com surpreendentemente infraestrutura quando considerada sua distância (1.374 Km) em relação à capital do Pará. Mais ainda se for levado em conta que quase a totalidade desse percurso é de estradas sem pavimento, o que explica a grande movimentação de embarcações em seu porto fluvial. Infelizmente, não houve tempo para conhecê-la melhor, já que precisávamos nos apressar em seguir para

32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Jacareacanga, cidade que consta nos

para seguir caminho eram muito pareci-

tas outras adversidades tão alardeadas

mapas, mas sobre a qual são escassas

das e, para piorar, não havia placas indi-

nos jornais. A estrada, apesar da pista de

as informações.

cativas. Lembramos que não poderíamos

chão batido, mostrava-se incrivelmente bem conservada.

Assim que deixamos para trás os pri-

errar o caminho, afinal, estávamos em

meiros quilômetros da lendária e imprevi-

um dos trechos mais desconhecidos do

Como todo pescador é, acima de tudo,

sível Rodovia Transamazônica, a incógni-

País e, caso pegássemos a saída errada,

um sonhador, foi inevitável não nos lem-

ta do percurso provocava sensações que

poderíamos nos desviar por quilômetros

brarmos da saga de milhares de heróis

veteranos já não deviam sentir. Já haviam

e até horas. A ausência humana na es-

vindos de diversas partes do País na dé-

passado 30 minutos desde que avista-

trada era total, entretanto, nada que lem-

cada de 1970, a fim de abrir caminho em

mos as últimas casas quando chegamos

brasse a floresta inóspita, as condições

meio ao inferno verde e levar o progresso

à primeira confluência. As duas opções

precárias, os trechos interrompidos e tan-

aos mais distantes recônditos nacionais.

Durante o voo, a vastidão da floresta entrecortada por centenas de rios e canais, assim como a ausência total de vestígios da civilização, entorpece nossa imaginação. “O que essa jornada poderá nos reservar?”, pensamos ecoaventura 33


[ capa l novo ponto de pesca ]

Um Um início início de de viagem viagem monótono monótono A primeira parte da viagem, entre Itaituba e o início do Parque Nacional da

portou para outra dimensão, e a estrada,

não nos permitiu passar dos 80 Km/h em

até então dominada por estirões a perder

nossa solitária trajetória.

de vista, estreitou-se e passou a serpentear em meio a sucessivas e pitorescas serras.

No trecho final, exceto por esporádicos veículos com os quais cruzamos no camin-

Amazônia, exceto por um único mirante do

As condições de tráfego também não

ho — caminhonetes D20 usadas para o

rio Tapajós, não registrou episódios excep-

eram as mesmas. Durante um trecho com

transporte misto de carga e passageiros

cionais. Como estamos em pleno século

aproximadamente 200 quilômetros, o

— e por poucos cursos d’água, tudo cola-

21, não esperávamos ter a oportunidade

sobe-e-desce constante, as curvas fecha-

borou para o retorno da monotonia. A ve-

de reviver as situações dos primeiros

das, troncos caídos pelo caminho e pedras

locidade com que o desmatamento avan-

desbravadores dessa região Entretanto,

soltas diminuíram nosso ritmo de viagem e

çou sobre as margens da Transamazônica

a mono¬tonia de pastos e suas rezes e

exigiram atenção redobrada — um verda-

afastou a floresta novamente de nossos

grandes áreas desmatadas às margens da

deiro pedaço de mau caminho para quem

olhares. Em seu lugar, começaram a apa-

estrada eram constantes e cansativas. Os

tem pressa, mas uma oportunidade singu-

recer algumas queimadas e cicatrizes de

poucos bichos e paisagens encontrados

lar de ouvir os sons e sentir os odores da

garimpos abandonados. Concluímos o tra-

decepcionavam.

floresta para aqueles que fogem da rotina

jeto até Jacareacanga com uma pontinha

dos grandes centros urbanos.

de frustração, pois, fora a emoção de

A partir do início do Parque, no entanto, o panorama se transformou e quebrou a

Após cerca de três horas, deixamos a

atravessar o Parque, imperou uma paisa-

fastidiosa caminhada.. Já em seu trecho

área do parque. A estrada voltou a apresen-

gem árida e, por vezes, desoladora. Nada

inicial, as áreas desmatadas deram lugar

tar condições excepcionais e permitiu-nos

lembrava uma grande aventura. Mesmo

a uma floresta densa repleta de árvores

bom ritmo de viagem, que só não era mel-

assim, nos mantivemos esperançosos,

frondosas e muita vida. Uma sinfonia de

hor porque a pick up que alugamos estava

afinal, ainda estávamos bem distantes de

aves criou uma trilha sonora que nos trans-

com a turbina do motor inoperante, o que

nosso destino.

34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 35


[ capa l novo ponto de pesca ] Enfim, um um encontro encontro com com o o Enfim, passado passado

Jacareacanga não tem ruas pavi-

barco, perdemos a chance de sonhar

mentadas, porém, paradoxalmente, seu

com os peixes desse trecho do rio e gan-

aeródromo com pista asfaltada é um dos

hamos a oportunidade de contemplar, do

Após 400 quilômetros de Transam-

melhores da região — herança de nossa

céu, uma das mais belas paisagens do

azônica, entramos no isolado município

Aeronáutica, que o usou como ponto de

mundo.

de Jacareacanga, fim de nossa jornada

apoio estratégico para suas incursões

Decorridos cerca de 30 minutos, e após

rodoviária. Chegava a ser surreal encon-

em território amazônico. E foi por ele, a

sobrevoar indescritíveis canais de águas

trar uma cidade tão longe e com acesso

bordo de um pequeno monomotor, que

límpidas e praias aprazíveis, a aeronave

tão complicado, mas, com certeza, eram

seguimos para a etapa derradeira de

fez uma curva. Surgia à nossa frente uma

esses fatores que justificavam suas ruas

nossa aventura: alcançar a Barra do São

pequena vila. Tratava-se da apoteose com

sem pavimento, o comércio modesto e

Manoel. Ao não optarmos por seguir de

a qual sonhamos.

suas dimensões reduzidas. Era como uma volta ao passado, e no sentido mais amplo da palavra. Se é verdade que o progresso não estendeu seus tentáculos por lá e tudo ainda é muito difícil para seus habitantes, por outro lado, sua gente, de origens nordestinas, nortistas e indígenas de diversas etnias, ainda demonstrava a hospitalidade e generosidade que há muito desapareceu dos grandes centros. Tanto é verdade que essa jornada começou a se materializar quanto descobrimos Zeca Cavalcante — um de seus ilustres cidadãos, cearense de nascimento, paraense de coração e que seria nosso guia dali por diante. Sujeito carismático, voluntarioso e com humor característico do nordestino, ele nos deu uma injeção de ânimo com suas histórias pitorescas sobre a região e as inesgotáveis possibilidades que teríamos.

36 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Longe da civilização, em um cenário exuberante cuja densidade da floresta esconde as mais belas cachoeiras: esse será o endereço do ECOLODGE da Barra

ecoaventura 37


[ capa l novo ponto de pesca ] O projeto ECOLODGE

O Ecolodge da Barra foi arquitetado

restaurante climatizado com varanda en-

ha 40 Hp e ciclo de quatro tempos, além de

para ser o mais isolado e, ao mesmo tem-

vidraçada, onde será servido cardápio

motor elétrico e outros mimos. Ficará circu-

po, confortável projeto de hospedagem

variado e bebidas inclusas no programa,

lando próximo ao encontro dos rios Teles

para pescadores e turistas já construído

até mesmo uísque. Todas as suítes terão

Pires e Juruena e oferecerá acesso aéreo a

em águas brasileiras. Com inauguração

varandas voltadas para o rio, camas de

partir de Manaus-AM ou Alta Floresta-MT.

prevista para o início do segundo semes-

solteiro, banheiro com box e pé direito de

Para maior tranquilidade dos hóspedes e

tre de 2011, o empreendimento será um

2,65 metros. Na parte náutica, contará

daqueles que preferem ir com seu próprio

lodge flutuante edificado sobre uma ro-

com barcos projetados exclusivamente

avião, a empresa já providencia a reforma

busta estrutura de aço naval com paredes

para as características da região, todos

e ampliação da pista de pouso para poste-

e revestimentos em madeira. Terá amplo

com os ecológicos motores de popa Yama-

rior registro e homologação.

38 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Como Chegar

Couro: Jaú, Piraíba, Filhote, Pirarara, Jundiá, Caparari, Cachara, Barbado, Piranambu ro neg

Escamas: Tambaqui, Jatuarana,Tucunaré (varias sub-espécies), Bicuda, Cachorra-

BR 163

MANAUS

ajós

rio

BR 174 rio ta p

Principais espécies

rio amazonas

larga, Corvina e diversos tipos de Pacu, Matrinxã, Aruanã e Trairão

ITATIUBA

rio solimões

BR 319

Dicas

AM

PA BR 230

rio res s pi tele

- Apesar de sua localização em meio à floresta amazônica, será possível

rio jurena

falar com o resto do mundo por telefonia via satélite, internet e rádio - As aeronaves que servirão ao transporte de pescadores para a

ALTA FLORESTA

pousada também ficarão de plantão para qualquer emergência - Reforce o equipamento fotográfico, impossível controlar a ansiedade de registrar tanta coisa bonita

BR 230

MT

BR 163


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ]

Nobres — A treasure yet to be discovered

P

rodigiosas paisagens, interação com a natureza e lembranças inesquecíveis são o mínimo que se deve esperar de Nobres-MT — um patrimônio natural em pleno desenvolvimento turístico que ainda abriga todas as qualidades de paraíso intocado Nobres, northern Mato Grosso State, may be associated with breathtaking landscapes, an interaction with nature and indelible memories — it is a national heritage under tourist development that still retains all the qualities of an untouched paradise DA REDAÇÃO/ BY NEWSROOM Tradução/translation: David John Arte/design: TIAGO STRACCI

40 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 41

Fotos: Rota das รกguas


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ]

P

ara quem já teve a oportunidade de vi-

desenvolvida, no quesito belezas natu-

se pudéssemos fazer parte da própria

sitar Bonito, no Mato Grosso do Sul,

rais, Nobres não deixa nada a desejar,

natureza, sem a necessidade dos luxos

conhecer uma cidade cujo slogan trans-

além de possuir as vantagens de ser

urbanos. A simplicidade e rusticidade

mitido pelos moradores seja “Nobres é

mais próxima à capital do seu respec-

são marcas desse local de beleza ímpar

mais que Bonito, é lindo” deve ser, no

tivo Estado e a temperatura da água e

em seu estado bruto, o que não é sinô-

mínimo, desafiador. Embora Bonito te-

ambiente serem mais agradáveis. Entre-

nimo de desaconchego. Pelo contrário.

nha uma infraestrutura turística mais

tanto, Nobres tem algo a mais. É como

Nos hotéis e pousadas, os turistas são acolhidos com os mimos característicos de interior: disposição, simpatia, comida caseira e farta. A cerca de 130 quilômetros de Cuiabá, a exibição de seus cartões-postais começa a despontar como alternativa econômica à extração mineral de calcário e cimento. Localizada na floresta de transição entre Cerrado e Amazônia — mais especificamente numa área denominada Província Serrana —, a região é divisora de águas entre as bacias amazônica e platina. Assim como a capital mato-grossense, é muito quente, com temperatura em torno dos 30°Celsius. O pequeno município habitado por 15 mil pessoas é constituído pela sede e dois distritos, Coqueiral e Bom Jardim. Neste último, a 60 quilômetros do centro, é que se encontram as principais atrações. Pano de fundo de uma das edições do reality show “No Limite”, e da novela

Ficar em sintonia com a natureza é um privilégio dos turistas de Nobres Tourist visiting Nobres are priviliged to be in synchrony with Nature

T

Fotos: Rota das águas

“Paraíso”, ambos da Rede Globo, e da novela “Bicho do Mato”, da Record, esse polo potencial de “indústria sem chaminés” — termo utilizado para classificar o ecoturismo — é, aos poucos, apresentado a turistas brasileiros e estrangeiros.

o anyone who has had the opportunity of visiting the town of Bo-

Yet, Nobres is somewhat more as it provides a chance to blend in with

nito (“Pretty” port.), in South Mato Grosso State, knowing a town

nature without the need for urban glitter. Rustic simplicity are the hall-

whose slogan is “Nobres is prettier than Bonito, it is beautiful” is to say,

marks of this uniquely beautiful town in its raw state without sacrifice

the least, challenging. Although Bonito has a more developed tourist

to comfort — on the contrary, in the hotels and lodges, tourists are

infrastructure, in terms of natural beauty, Nobres leaves nothing to be

cordially greeted and pampered as is usual in the interior, and home-

desired, and apart from being in closer proximity to the state capital

cooked food is generously served.

and its water and ambient temperatures being more amenable.

42 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Distant some 130 kilometers from the state capital Cuiabá, it is now


Foto: Rota das águas

Águas azuis e cristalinas nas quais os anfitriões — Piraputangas, Dourados, Curimbas, Piaus etc. — esbanjam cordialidade no decorrer de rios, lagos e lagoas. Correntezas que brotam do topo de paredões gigantes fornecem banhos refrescantes. Cavernas cercadas por lendas e mistérios. Essas são apenas algumas das relíquias naturais guardadas em Nobres-MT Crystal clear blue waters in which the hosts are Piraputanga, Dourado, Curimba, Piau etc. along the river courses, lakes and pools. Currents that are formed from falls and massive rock faces provide a cool dip. Caves are enshrouded by legend and mystery. These are only a few of the natural treasure troves that are part of Nobres-MT

beginning to stand out as a regional postcard and an economic alternative

two districts, Coqueiral and Bom Jardim. It is in the latter, 60 kilometers

to the region’s limestone and cement mining. Located in the transitional

from downtown, that the main attractions are to be found.

jungle forest between Cerrado and Amazonia — more specifically in an

It has been a backdrop for TV reality shows such as “No Limite” (“At the

area called Provincia Serrana —, it stands at the division of the Amazon

Limit”), and the “Paraíso” soap opera, both from the Globo TV network, as

basin waters and the platina. Just as in the capital of Mato Grosso, tem-

well as the “Bicho do Mato” soap opera, from Record TV. It has been en-

peratures are very high averaging 30 degrees Celsius. The small munici-

titled the “chimney free” — hub to account for its sustainable enterprise —

pality has a population of 15.000 and is made up of the main town and

and is little by little being presented to Brazilian as well as foreign tourists.

ecoaventura 43


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Nas águas de Nobres As opções de entretenimento são tão variadas que seria injusto qualquer turista se sentir entediado. Rios, lagos, lagoas, cavernas e cachoeiras possibilitam desde a contemplação de maravilhas esculpidas pela natureza à flutuação, mergulho e prática de esportes radicais. E não raro o viajante é surpreendido por macacos, seriemas, cobras, araras, periquitos, papagaios, garças e tantos outros animais em seu meio natural. A aventura vai começar! Colete, máscara e sandália flutuante. Check list completo dos equipamentos de segurança — todos providenciados pelo guia —, e o turista já se vê em meio à flora e à fauna silvestre por meio de uma caminhada para flutuação até uma das nascentes do rio Salobra. No final da trilha, a beira do deck revela um grande aquário, no qual os peixes recepcionam os forasteiros em suas límpidas e azuladas águas de seis metros de profundidade. Esse ofurô natural gigante, que relaxa o corpo e a mente, é o Aquário Encantado. Ao percorrer mais um trecho a pé, é possível descer o rio sem nenhum esforço: é só se deixar levar pela leve correnteza. O Aquário Encantado e o Salobra fazem parte do chamado Recanto Ecológico. No Reino Encantado, a flutuação permite, além da descida, a observação da água borbulhando no fundo do rio. Isso porque o lençol freático consegue perfurar as rochas e a terra, o que dá a impressão de estar fervendo — área conhecida como Complexo de Ressurgências. No Aquário Encantado, a dança dos peixes — que nadam livremente em meio às pessoas — é apreciada de perto In the Enchanted Aquarium, fish perform their ballet and swim freely among bathers

THE WATERS OF NOBRES Leisure options are so varied that it is impossible for any tourist to feel

keets, parrots, egrets and many other wildlife species in their natural setting. THE ADVENTURE BEGINS!

detachment. Rivers, lakes, pools and waterfalls are conducive to both con-

A life jacket, mask, snorkel and floating sandals are part of a complete

templating the wonders sculpted by nature as well as flotation and diving

check list of safety equipment, all provided by the guide, before the tourist

trips and the practice of extreme sports. It is not uncommon for the travel-

finds himself in the midst of the jungle flora and fauna as he or she walks

ling visitor to be surprised by monkeys, seriemas, snakes, macaws, para-

along a path to one of the sources of the Salobra river to commence a float trip.

44 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Foto: Rota das águas

Foto: Rota das águas

Fotos: Henrique Feitosa

Nas trilhas, é possível observar diversos animais silvestres como seriema e macaco prego Along the trails, several wildlife species such as the Seriema and Prego Monkey can be spotted

Água cristalina borbulha no Complexo de Ressurgências – Rio Salobra Gin clear waters bubble up in the rio Salobra Ressurgencies complex

At the end of the trail, at the edge of the deck, a giant aquarium comes

In the Enchanted Kingdom, apart from the downstream trip, floatation

into view in which fish greet visitors in bluish, crystalline waters that are 6

enables viewing the water bubbling up from the river bed. This is because

meters deep. This giant natural Ofuro tub that relaxes both body and mind

the ground water table is able to find its way through rocks and earth which

is the Enchanted Aquarium. On walking a little futher downstream, it is pos-

imparts an effervescent sensation — this area is known as the Ressurgen-

sible to float effortlessly with the current. The Enchanted Aquarium and the

cies System.

Salobra are part of the famed Ecological Retreat.

ecoaventura 45


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Outra opção de flutuação é no rio Triste, um afluente do Cuiabazinho que abriga enorme variedade de plantas aquáticas e peixes de maior porte, até mesmo Arraias. A largura e correnteza mais forte dão uma pitada de emoção ao passeio. E quem preferir águas mais profundas, o rio Salobão dá conta de um ótimo mergulho com cilindro. Para um banho natural junto a cardumes de peixes, o ribeirão Estivado é uma boa opção. À margem da rodovia MT-241, o local era caminho de tropeiros que construíam estivas — pontes rústicas — de madeira para a passagem dos animais. No Estivado, Piraputangas, Lambaris e Piaus obedecem ao chamado do seu “dono” — incrível! —, o proprietário do restaurante local que serve pratos típicos

Balneário Estivado e mergulho com cilindro no rio Salobão Estivado Resort and scuba diving in the Salobão River

46 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Fotos: Rota das águas

da região.


Por volta das 17 horas, as araras são as protagonistas de um cenário que une a visão privilegiada de uma lagoa repleta de buritis a um deslumbrante pôr do sol. A sinfonia do canto dessas e outras aves e as palmeiras alagadas compõem o entardecer na Lagoa das Araras, um quadro ao vivo da natureza emoldurada em uma simetria perfeita

Foto: Rota das águas

Foto: Secretaria de turismo de nobres

Around 5:00 p.m., macaws take the stage which combines a unique view of a lake surrounded by palm trees and a dramatic sunset. The symphony of these and other countless birds as well as the waterbound palm trees make up a unique concerto at sunset on the Araras Lake — a living picture of nature framed in perfect symmetry

Another option is a floatation trip down the Triste (Sad) River, a tributary

For a dip with nature next to shoals of fish, the Estivado watershed is

of the Cuiabazinho which shelters an enormous variety of aquatic plants

an excellent option. Bordering the MT-241 highway, this was a passageway

and larger sized fish including rays. The greater breadth and river current

for local bridgebuilders constructing wooden cattle passage ways. In this

impart a little more excitement to the trip. For those who prefer deeper

watershed Piraputanga, Lambari shad and Piau respond to the call of their

water, the Salobão River provides a good opportunity for Scuba diving.

master, the local restaurant owner — amazing!

ecoaventura 47


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Beleza radical e misteriosa Nobres não foi agraciada somente com locais para apreciação e promete não decepcionar os mais aventureiros, seja na intensidade das atividades radicais, na passagem por locais enigmáticos ou durante o trajeto desafiador. Para chegar à Cachoeira da Serra Azul, é preciso caminhar e subir 280 degraus. Quem não perder o fôlego e alcançar o final do percurso será recompensado com uma cristalina queda d’água de cerca de 40 metros. Ao se deparar com tamanha beleza, o turista até se esquece do caminho que o espera na volta. Outra cachoeira que se destaca tanto por sua beleza quanto pela sua história é a do Tombador. Localizada na região da Serra da Caixa Furada, foi palco da Batalha dos Revoltosos em 1901 e, ao seu redor, há um caminho de pedras feito pelos Bandeirantes que

Foto: WIlson Feitosa

desbravaram o norte do Estado.

O barulho de queda d’água indica que um espetáculo está por vir na Cachoeira da Serra Azul. Mas, além da beleza, ela é fascinante devido aos cardumes de Piraputangas que nadam em águas translúcidas The roar of the falls is a prelude to the spectacle that is to come at the Cachoeira Serra Azul. Yet, apart from its natural beauty it is equally fascinating as a result of the shoals of Piraputanga fish that swim in its translucid waters

Extreme and mysterious beauty

is prone to forget the rigors of the way back. Another waterfall that stands

Nobres has not only been blessed alone by specific locations for the

out inasmuch for its beauty as its history is the Tombador falls. Located

tourist but also holds attractions for the more adventurous, be it in the

in the Caixa Furada Range, it was the stage for battle of the Revoltosos in

intensity of extreme sports, the sojourn through enigmatic spots or during

1901 and, around it, there is a stone path constructed by the Bandeiran-

the challenging access points. In order to get to the Cachoeira da Serra

tes who pioneered the north of the state.

Azul waterfalls, one must hike and climb upwards 280 stairs. Those able

An atmosphere of mystery enshrouds the geological formations in

to keep their breath and finish the course will be rewarded by the view of

the Gruta da Lagoa Azul cave and the Cerquinha complex, which is as

a 40 meter crystal clear waterfall. On seeing such a spectacle, the tourist

daunting as it is thrilling. This cave, inhabited by blind catfish, freshwater

48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Foto: Secretaria de turismo de nobres Foto: Rota das águas

A Gruta da Lagoa Azul impressiona por suas formações geológicas e pelo exuberante lago azul habitado por uma infinidade de peixes The Lagoa Azul Cave is notable for its geological formations and pools that are teeming with a variety of fish species

A atmosfera de mistério que pai-

quinha — o Duto do Quebó. À medida

ra no ar nas formações geológicas da

que atravessa a caverna, o visitante é

Gruta da Lagoa Azul e do Complexo da

guiado pela luz da extremidade oposta,

Cerquinha é tão emocionante quanto

mas, segundo lendas da região, quando

arrepiadora. Os relatos de que a lagoa

se aproxima do fim, é surpreendido pelo

da gruta — habitada por bagres cegos,

monstro guardião e deve decidir se con-

Pitus, Cascudos e Lambaris — possui o

tinua o percurso até alcançar a luz ou

formato do mapa do Brasil, e na qual é

retorna ao sombrio duto.

possível visualizar a imagem de Nossa

Entretanto, se o aventureiro acreditar

Senhora Aparecida em meio aos pare-

que o passeio ainda não teve adrenali-

dões rochosos, servem para intrigar

na suficiente, a descida de boia cross

ainda mais os turistas. Infelizmente, a

nas corredeiras do rio Nobres é quase

visitação está interrompida para a ela-

obrigatória. Porém, outros esportes

boração de um plano de manejo. Já o

mais radicais como rafting, rapel, tirole-

túnel de 400 metros que abraça um

sa e voo de parapente podem ser prati-

riacho em plena escuridão é uma das

cados, além da pesca esportiva nos rios

principais atrações do Complexo da Cer-

Cuiabá, Cuiabazinho e Manso.

shrimp, shad and other fish species, appears to have the format of the

according to regional rumors, on reaching the end, he is surprised by the

map of Brazil and it is possible to perceive the image of our Lady of Apa-

guardian monster and must decide on whether to finish the course into

recida (Brazil’s patron saint) in the midst of the rocky wall faces, which

the light or return to the darkness.

further intrigues and mystifies tourist visitors. Regrettably, this itinerary

Yet, if the visitor believes this hike has not imparted sufficient adrena-

is currently closed down for restoration. On the other hand, the 400 me-

line, the Float Cross over the Nobres River falls is almost mandatory. How-

ter tunnel that follows a river course in complete darkness is one of the

ever, other extreme sports such as rafting, rappelling, fall jumping and

Cerquinha complex's main attractions — this is the Quebó Duct. As the

paragliding can also be carried out, besides sportfishing in the Cuiabá,

visitor crosses the cave, he is guided by the light at the other extreme, but

Cuiabazinho, Manso and Arinos rivers.

ecoaventura 49


[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Serviços/Services Vale a pena uma visita / Worth a visit

4 - Cachoeira do Tombador (Waterfall) – R$25

1 - Recanto Ecológico da Lagoa Azul, Reino Encantado da Lagoa Azul, Rio Triste (Flutuação) (Float Trip) – R$50*

5 - Cachoeira Salto do Tucum (Waterfall) – R$25 6 - Gruta da Lagoa Azul – interditada (off limits)

2 - Ribeirão Estivado (Banho) (Bathing) – R$15

7 - Duto do Quebó (Gruta) (Cave)

3 - Cachoeira Serra Azul (Flutuação) (Waterfall/Float Trip) – R$50

8 - Lagoa das Araras (Observação de Pássaros) (Bird Watching) – R$25

9 - Lagoa do Salobão (Mergulho de cilindro e flutuação) (Scuba diving and float trip) – R$160 10 - Rio Nobres (Boia cross) (Float cross) – R$35 11 - Rio Quebozinho (Boia terapia) (Float tube therapy) – R$35 12 - Rio Cuiabazinho (Passeio de bote e pesca) (Kayak and fishing)

13 - Balneário Dona Máxima (Banho) (Bathing) – R$10 Morro e Cachoeira do Vai Quem Quer (Mirante, voo de parapente e cachoeira) (Mirador, paragliding and waterfall) – entre between R$25 e R$160 Rios Cuiabá e Manso Pesca (Sportfishing) Tirolesa /

Fall jumping

– R$35

* preços aproximados estimated prices

11 13 4 10

2 12

1

3

5 7 6

9 8

FotoS: 1, 2, 3, 7, 8, 9, 11 e 12: Rota das Águas FotoS: 4, 5, 6, 10, e 13: Secretaria de Turismo de nobres

50 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Como Chegar /

getting there

Saindo de Cuiabá, o melhor caminho até Nobres é pela MT 010, que é mais rápido e possui menor movimento (125 km). Mas o acesso também pode ser feito pela BR 163 passando por Jangada (140 km). De Nobres até a Vila Bom Jardim são cerca de 60 km pela MT 241, mas essa estrada ainda não é asfaltada. Departing from Cuiabá, the best way to Nobres is by the MT 010 highway because it is faster and has less movement. But there is another access by the BR 163 highway passing through the town of Jangada (140 km). From Nobres to Vila Bom Jardim, another 60 km must be travelled via the MT241 road, which is unasphalted.

Onde ficar /

where to stay

Em Bom JArdim / In Bom Jardim Pacote para um final de semana: cerca de R$ 200 por pessoa (o preço depende da pousada escolhida). Inclui hospedagem, 3 refeições e 4 passeios com guia. A week-end package costs around R$ 200 per person (prices depend on hostelry of choice). This includes lodging, 3 meals and 4 guided trips. Pousada Recanto Ecológico Tel.: (65) 3102-2019 R$60 por pessoa per person Hotel Bom Gardhem Tel.: (65) 3102-2019 simples (single) – R$90 duplo (double) – R$170

VOUCHER Para explorar os pontos turísticos, o visitante precisa de um voucher — um “ingresso”. To explore Nobres tourist attractions, the visitor needs a voucher. Mais informações For extra information:

Pousada Nossa Senhora da Guia Tel.: (65) 3102-2019 R$40 por pessoa per person EM nobres /

In nobres

Pirâmide Palace Hotel De R$ 50 a 92 por pessoa per person De R$ 90 a 126 por casal per couple Rua Cuiabá, 1974, Centro – Nobres-MT Tel.: (65) 3376-1021 / (65) 3376-2034 Pousada Mangueiras De R$ 70 a 80 por pessoa per person De R$ 95 a 110 por casal per couple Avenida Getúlio Vargas, Centro, 1501 – Nobres-MT Tel.: (65) 3376-1345

Secretaria de Turismo de Nobres / Tourist Department of Nobres

Tel.: (65) 3376-2009 Rota das Águas Turismo / Tel.: (65) 3102 2019

Tourist agency


saúde

Caixa de primeiros socorros:

tão importante quanto a tralha de pesca

Imprevistos como uma garateia enterrada nas costas com a colaboração do parceiro de barco, abelhas mal humoradas que nos brindam com algumas ferroadas, ou mesmo uma “virose” fora de hora, às vezes são “imprevistos” que surgem durante uma pescaria. E, quando um acidente acontece, antes de se transformar em “causo” a ser contado nas rodas de amigos, até mesmo um simples band-aid faz falta. Veja algumas sugestões para você, pescador prevenido, acrescentar na lista de tralha de pesca Da redação l Fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA l Arte: Gabriel Dezorzi

52 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Para curativos • Sabão neutro — limpar bem os ferimentos com água limpa

Medicamentos • Antes de adquirir os medicamentos, aconselhe-se com um

e sabão, antes de qualquer outra medida, é a melhor maneira de

profissional de saúde para avaliar quais os mais adequados.

evitar infecções

Isso porque alguns deles podem agravar quadros hemorrágicos

• PVPI degermante — antisséptico à base de iodo • Pacotes de gaze esterilizada para limpar e cobrir ferimentos • Esparadrapo • Atadura de crepe (faixa) • Luvas de látex — cirúrgicas ou de procedimentos — para evitar contato direto com sangue ou secreções

de doenças, como o da dengue, ou apresentar efeitos adversos • Informe-se quanto ao uso correto, dosagem e frequência para não correr o risco de intoxicação • Verifique o prazo de validade dos medicamentos antes de viajar e substitua os vencidos • Medicamentos de uso contínuo: se você é diabético,

• Alicate para cortar anzóis e garateias

hipertenso, cardíaco, epilético ou portador de alguma doença

• Pinça (de sobrancelhas) — para retirar farpas, espinhos,

que requeira o uso contínuo ou frequente de algum medi-

ferrões e carrapatos • Pinça kelly (pinça cirúrgica) — para extração de objetos maiores

camento, como para crises de bronquite, não se esqueça de levá-los • Colocar uma cópia da receita junto pode auxiliar no caso

• Tesoura sem ponta

de você necessitar de socorro e não ter condições de informar

• Aparelho de barba descartável — para “depilar” rapidamente

qual remédio toma e como

carrapatos, quando a quantidade deles for grande

• Antialérgico • Antiespasmódico para cólicas • Analgésico/antitérmico

Vacinação Preparar antecipadamente o nosso corpo para enfrentar doenças é um item indispensável da “maleta de primeiros socorros”, portanto, procure manter atualizado o seu cartão de vacinas. Não deixe vacinação para a última hora: nosso organismo necessita de um prazo para conseguir se proteger adequadamente. Para saber quais locais e horários de vacinação, basta consultar as secretarias municipais de saúde. • Contra o tétano — a vacina dupla adulto proporciona proteção contra o tétano e a difteria e deve ser tomada em três doses administradas em intervalos superiores a um mês. O reforço é feito a cada dez anos • Contra a febre amarela — quem costuma pescar em localidades com risco de transmissão dessa doença deve receber uma dose da vacina dez dias ou mais antes da viagem. Uma nova vacina só é necessária a cada dez anos

Último item: bom senso No caso de um acidente com anzol, corte com um alicate a parte de trás do anzol e retire-o puxando pela ponta, assim a farpa do anzol não abrirá mais o ferimento

Ainda que de médico e louco todos tenhamos um pouco, diante de um acidente ou doença, só realize intervenções para as quais esteja habilitado. Às vezes, garantir ao parceiro em dificuldades um acesso rápido ao serviço de saúde que possa atendê-lo adequadamente é o que nos permitirá continuar usufruindo da sua companhia em pescarias futuras.

ecoaventura 53


[ técnica l iscas antienrosco ]

Para entrar no enrosco Quando as águas estão acima do nível previsto, e os peixes em meio à mata ou entre a vegetação alagada, é preciso usar a criatividade e lançar mão de artifícios capazes de neutralizar tais efeitos. Nesta matéria, mostraremos estratégias e alternativas para contornar essas situações Por: Flávio Freitas l fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA l arte: paula bizacho

U

m dos maiores desafios para

teia e, em seguida, oferecer um modelo

saber como e quando usar cada uma de

os pescadores que usam is-

de meia-água, o que nem sempre funcio-

acordo com a circunstância.

cas artificiais é “arrancar” os

na. É aí que entram em ação as iscas an-

As mais populares são as tradicionais

predadores de estruturas como galha-

tienrosco, tanto as que já vêm de fábrica

e eficazes colheres, mas também existem

das, moitas de camalotes, espinheiros,

com esse dispositivo quanto os modelos

outras, como ratos, sapos de borracha,

capins etc. Nessas situações, é comum

que passaram por modificações. Mas,

iscas com anzóis simples, jigs e plugues

lançar uma isca de superfície sem gara-

devido à grande diversidade, é preciso

modificados. Vamos conhecê-las melhor.

54 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Colheres Como dito, trata-se de uma das mais populares e eficientes iscas já desenvolvidas para esse tipo de situação. São vários modelos nacionais e importados à disposição do pescador, e a maioria tem boa qualidade. Indicadas para qualquer estrutura, proporcionam bom índice de capturas, mas apresentam uma desvantagem: a ausência do rattlin’. Para serem trabalhadas em profundidades variadas, basta alternar a velocidade de recolhimento que elas se movimentam mais abaixo ou acima. Alguns modelos, como os da Eagle, proporcionam excelente resultado na superfície, em especial quando o peixe ataca e erra o bote — momento em que cessar o recolhimento é o suficiente para que ela afunde em zigue-zague, um movimento sedutor para a maioria dos predadores. Dica: para torná-las mais atrativas, acrescente uma cauda de silicone ao anzol.

Ratos e

sapos

São usados em larga escala pelos pes-

e sapo com popper, caso específico da Scum Frog Popper, que é extremamente barulhenta. São recomendadas quando há vegetação densa e poucos espaços

Pouco usadas entre os pescadores brasileiros, essas iscas são extremamente eficientes

abertos a serem explorados.

cadores de Bass e Traíras, sobretudo por-

O modelo Zara Mouse, apesar do

que alguns modelos possuem rattlin’s,

baixo índice de capturas, destaca-se em

que provocam inesquecíveis ataques na

meio a paliteiros fechados por ter anzol

superfície. Entre os modelos existentes,

único voltado para cima. Já as feitas de

o grande destaque é o Zara Mouse da

silicone são mais eficientes, mérito dos

Heddon, além da Frog — sua cópia de

dois anzóis voltados pra cima com as

fabricação nacional —, ambos com com-

pontas escondidas no corpo.

provada eficácia em provocar ataques e explosões inesquecíveis. Mas há outras

Trabalho: arremessar sobre a vegeta-

marcas, como a norte-americana XPS

ção e recolher até cair no espaço aberto.

(que faz um modelo em silicone), o Floating Mouse, e as de silhueta mista de rato ecoaventura 55


[ técnica l iscas antienrosco ]

Jigs Existem pouquíssimos modelos indicados para essas situações, e uma das exceções é o da nacional Lori, cujo dispositivo antienrosco, feito com arame, fica preso à sua cabeça. Tem ótimo trabalho e satisfatório índice de captura em meio às estruJigs providos de dispositivo antienrosco, como o da foto, possuem eficiência diferenciada nas circunstâncias aqui descritas

56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

turas, mas o arame impede melhores resultados nas fisgadas. Trabalho: lançar em meio à vegetação e deixar afundar até o ponto desejado. Em seguida, recolher com toques curtos de vara, cuja ponta deverá estar voltada para cima com o objetivo de subir e descer em intervalos pequenos e cadenciados.


Iscas modificadas

situação, mas fazem a diferença em meio à mata alagada, em touceiras de capim e espinheiros. Outra modificação necessária é a

Com simples modificações, certas is-

adição de uma argola a mais na trasei-

cas podem ser adaptadas para dar bons

ra para que o anzol seja montado com a

resultados em situações adversas. Po-

ponta voltada para cima. Nas iscas com

rém, além de criatividade, é necessário

pitão de rosca, não há necessidade de

ter persistência para encontrar soluções

colocar outra argola, já que é possível

que façam diferença.

girá-lo para cima.

Os úteis anzóis com antienrosco podem ser encontrados no comércio especializado

Uma mudança muito comum é a substituição das garateias por anzóis simples,

Trabalho: arremesse e mescle fortes

especialmente nos modelos conhecidos

toques de ponta de vara com pausas.

popularmente como “João Pepino”. Mas, como são iscas relativamente grandes e só é possível colocar um anzol atrás, as fisgadas são prejudicadas, ou seja, fica difícil ferrar os peixes. Esse tipo de adaptação também se mostra eficiente

Com simples modificação, esta isca se torna uma ótima opção para pescar em meio à vegetação que esteja boiando na linha da água, caso, por exemplo, de capins e aguapés

em outros modelos, como é o caso dos descritos a seguir: •A Z90 da Deconto faz o mesmo trabalho das “João Pepino”, mas, por ser menor, favorece as fisgadas e se mostra eficiente na maioria das situações. •Na Firestick podem ser colocadas

Z90 com garateias originais substituídas por um único anzol

duas garateias com dois anzóis dispostos de maneira que, ao passar pela estrutura, se recolham e se encaixem no corpo da isca. Além de enroscar menos, essa modificação pouco altera sua eficácia. •Poppers: nessas iscas, as garateias podem ser substituídas por anzóis únicos, de acordo com a necessidade de cada pescador. Com anzóis simples, as fisgadas são mais frequentes, mas a

Popper sem a garateia da frente e com anzol atrás

chance de enroscar aumenta. Já com o dispositivo antienrosco, as fisgadas ficam prejudicadas, porém é quase impossível que se prendam nas estruturas. Os poppers podem ser usados em qualquer ecoaventura 57


[ técnica l iscas antienrosco ] Spinnerbait Muito popular entre os pescadores de Bass e Traíra, essas iscas, apesar da reconhecida eficiência, são pouco difundidas na pesca de outras espécies — um fato sem explicação, visto que também se mostram eficazes com predadores que se escondem em meio à vegetação. Trabalho: arremessar e, com a ponta da vara pra cima, iniciar o recolhimento, que, feito bem lento, rende bons resultados. Vale ressaltar que a ponta da vara voltada para cima atrapalha na hora da fisgada.

Acima: assim como o buzzbait [abaixo], são ótimas opções quando usados em meio à vegetação alagada

Buzzbait Derivado do spinnerbait, em vez das lâminas, possui uma espécie de hélice, que faz um trabalho bem atrativo e ruidoso quando na superfície. Apesar de ser outra excelente opção em regiões alagadas, inexplicavelmente ainda não é muito comum na tralha dos pescadores. Trabalho: arremessar e iniciar imediatamente o recolhimento em média ou rápida velocidade. A posição da vara durante o recolhimento deve ser idêntica à usada com o spinnerbait. 58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Os pescadores de Bass estão entre os que mais se beneficiam da eficiência do spinnerbait IMPORTANTE! As dicas expostas são frutos de experiência própria e, portanto, não devem ser encaradas como regras. Ao mesmo tempo, esperamos que possam ajudar a superar as adversidades e os imprevistos impostos pela natureza.


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ecoaventura 61


viagem no tempo Esta é nossa nova seção, a “Viagem no Tempo”, que republicará um antigo texto sobre pesca da lendária Revista Troféu, publicação que foi verdadeiro guia dos pescadores de 1970 a 2000. Começamos com uma história contada em um concurso criado para ver qual pescador conseguia falar sobre pesca e meio ambiente da maneira mais criativa.

62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 63


viagem no tempo Apesar de o prazer da pesca ser eterno, os rios, peixes e lugares presentes nos textos de décadas atrás mudaram. Por isso, junto com a republicação, a ECOVENTURA vai contextualizar cada história contada nos tempos de hoje, com uma matéria atual.

Ele ressuscitará!

Mais de 30 anos se passaram depois que Victor Cervi — autor de “Tietê desvairado” — tentou pescar nas águas poluídas do Tietê em plena capital. De lá para cá, o rio ainda se encontra desorientado, mas os seus prognósticos ambientais são animadores. Confira as boas-novas Por: Dani Costa i Fotos: Alexandre Tokitaka i Arte: Gabriel Dezorzi

64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


H

á 70 anos o Tietê definha.

a qualquer custo.

navegação e os esportes aquáticos ainda

Longe de se assemelhar a

Na década de 1940, ele ainda não

eram possíveis. Isso acabou na década

um rio por pelo menos 250

tinha sido decretado “morto”, dentro da

de 1950, quando os clubes instalados

quilômetros de curso dentro

capital, pelos paulistanos. Apesar de,

próximos ao Tietê declararam que seus

da região metropolitana de São Paulo,

nessa época, os detritos domésticos e

atletas não praticariam mais esportes

suas águas são o símbolo do progresso

industriais já serem despejados nele, a

naquelas águas.

O rio Tietê não possui mais oxigênio diluído suficiente para garantir um ecossistema. E, desde a década de 1950, já não é mais possível sequer entrar em sua água

No sentido ambiental da palavra, “morto” quer dizer que o rio não possui suficiente oxigênio diluído para garantir a existência de um ecossistema. Foi de um dossiê produzido anualmente pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) que saiu o diagnóstico. Atualmente, é difícil saber quanto de poluição é despejada nesse curso. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) divulga a quantidade de esgoto e lixo que deixa de ser lançado nas águas, mas não torna público quanto a cidade ainda o polui diariamente. ecoaventura 65


viagem no tempo

O rio Tietê mais conhecido é o poluído, degradado pelo homem. Mas, em Biritiba Mirim, interior de SP, ele ainda possui águas límpidas e piscosas

Na década de 1990, um movimen-

mento do rio. À Sabesp coube a res-

não muito distante, poderemos, ao me-

to que envolveu a mídia e a população

ponsabilidade de pôr fim à poluição

nos, navegar por suas águas. A cidade

chamou a atenção para a degradação

gerada pelos esgotos na região metro-

de Salto, a 105 quilômetros da capital,

do rio Tietê. Com a pressão popular, o

politana da capital.

famosa pelas espumas de poluentes

Governo do Estado criou, então, o Pro-

Os resultados desse projeto — que

que borbulham do rio, já sente os efei-

jeto Tietê — uma das maiores obras de

está em sua terceira fase, com previ-

tos da melhora, mesmo que tímida, da

saneamento da América Latina — com

são de conclusão em 2015 — animam.

qualidade da água. Algumas espécies

a missão de tentar amenizar o sofri-

E nos levam a crer que, em um futuro

de peixes têm aparecido na região.

66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Que curso seguir?

ticas parecidas com as do Tietê. Gigante, tem 1.900 quilô-

O rio Sena, em Paris (França), que está em processo de

metros, e é o rio mais importante para os coreanos. Na déca-

despoluição, e o Tâmisa, ao sul da Inglaterra, que banha

da de 1970, o governo iniciou o projeto de despoluição das

Oxford e Londres, são boas inspirações. Este último, conheci-

águas e está substituindo as avenidas marginais por parques

do como “Grande Fedor” em 1858, conta hoje com 121 espé-

públicos. Para manter a água limpa, a prefeitura de Seul proi-

cies de peixes e recebe velejadores e remadores. Mas, para

biu a instalação de empresas em suas margens. Além disso,

chegar a isso, foi preciso mais de um século de investimento

os 40 córregos que deságuam no Han passam por estações

em controle de captação de esgoto.

de tratamento. Especialistas brasileiros e até políticos já fo-

O exemplo mais próximo a ser seguido, no entanto, é o rio Han, que corta Seul, na Coréia do Sul. Ele possui caracterís-

ram conferir de perto como tudo isso é feito para aplicar no rio Tietê.

O rio Sena, em Paris (França), está em processo de despoluição. Diferentemente do Tietê, é possível navegar e pescar nele

ecoaventura 67


viagem no tempo De volta às planícies Hoje o rio Tietê segue de maneira triste e turva por

Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.

uma linha reta, ladeado pela Marginal. Essa deformidade

“A água precisa de espaço. Na seca, ele cabe em seu

lhe foi dada em nome do “progresso”, que precisa de

leito original, que chamamos de leito menor. Mas, na

espaço para carros e caminhões. Em forma de canal, o

cheia, necessita do que lhe foi arrancado e da sua

que lhe confere mais ainda o aspecto de esgoto, o rio, em

várzea, que é o seu leito maior. Quando há enchentes, o

tempos de chuva, dá o troco. E transborda. Para resolver

problema não é o rio, e sim o que fizeram com ele no

o problema, o Governo do Estado pretende devolver ao

passado e continuam fazendo agora”, explicou Renato

Tietê o espaço que lhe tiraram. Os 75 quilômetros entre

Arnaldo Tagnin, professor de Planejamento Ambiental

a nascente e a capital serão convertidos no maior parque

e Gestão de Recursos Hídricos do Centro Universitário

linear do mundo, chamado de Várzeas do Tietê, até 2019.

Senac São Paulo.

Com 107 km² de área, terá 33 núcleos de esporte e lazer,

Nas várzeas do Alto do Tietê, serão formadas grandes

230 quilômetros de ciclovia e Via Parque (com acesso de

piscinas naturais, que amortecerão as cheias e serão

carro aos núcleos), 77 campos de futebol e 129 quadras

fundamentais para complementar o efeito das obras

poliesportivas, e atenderá a população dos municípios da

de aprofundamento da calha do Tietê (41 km) desde a

bacia do Alto Tietê: São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba,

barragem da Penha até a usina Edgard de Souza.

O rio Tietê foi transformado em linha reta e ladeado pela Marginal que leva seu nome. Mas, originalmente, ele era caudaloso e, nas cheias, crescia mais ainda

68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


LINHA DO TEMPO

1990

Iniciada uma manifestação popular seguida de um abaixoassinado com mais de 1,2 milhão de assinaturas para a despoluição do rio Tietê

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, idealiza, então, o maior programa de saneamento ambiental do País: o Projeto Tietê

1995

Começam a ser construídas três estações de tratamento de esgoto para aumentar a capacidade de água tratada na região metropolitana em 9.500 L/s

É concluída a primeira etapa do Projeto Tietê com a diminuição da carga poluidora em um trecho de 120 km do rio. Peixes voltam a aparecer nas cidades de Salto e Itu

2002

1998

Obras da segunda etapa do Projeto Tietê. O foco é em obras na bacia do rio Pinheiros e entorno da represa Billings com o objetivo de recuperá-lo e servi-lo ao abastecimento de água

Concluída a segunda etapa do Projeto Tietê

HOJE

1992 2008

A Sabesp vai investir R$277 milhões nas obras da terceira fase do Projeto Tietê para a parte da zona Sul de São Paulo e para os municípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra Fonte: Sabesp

ecoaventura 69


viagem no tempo Tietê abençoado Na cidade de Biritiba Mirim, na região metropolitana de São Paulo, a 84 quilômetros da capital, o rio Tietê fica bem perto do centro. Por isso, é comum ver pelas ruas homens, mulheres e grupos de adolescentes passando com suas varinhas em direção às três pontes que levam o nome do rio. Na área denominada Alto Tietê, essa realidade restringe-se à Biritiba Mirim e Salesópolis, onde está sua nascente, a 109 quilômetros de São Paulo. Depois dessas cidades, o rio já fica poluído. A diferença entre o Tietê da capital e o de Biritiba é aterradora. Um dos pontos de pesca, a Barragem de Ponte Nova, que é administrada pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), já mostra o paraíso que é o rio nessa região. Nas águas límpidas, os pescadores vão atrás de peixes como Lambari, Acará, Bagre-africano, Tilápia (esses dois últimos são espécies invasoras), Tabarana e Mussum.

70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Em Biritiba Mirim, a Barragem de Ponte Nova se utiliza do Tietê. Próximo dali, o rio ainda possui sinais de Mata Atlântica


Na última quinta-feira de fevereiro,

em uma parte do Tietê onde há em uma

a ECOAVENTURA esteve na barragem.

margem altivos pinheiros, que soltavam

Ainda na área da barragem, é possí-

Ao adentrar a Mata Atlântica e passar

suas pinhas lenhosas para todos os la-

vel ver o rio que desce pelo ladrão do

por quaresmeiras de variadas cores, en-

dos, e em outra, a inacreditável música

reservatório. Estreito, singelo, puro e

contramos Rui Munhoz Palombo, de 67

de um bambuzal bem comprido. “Tá ou-

com margens de um verde forte e belo,

anos, eletricista industrial, e Paulo Sér-

vindo o som? Imagina o que é pescar

ele se derrama discreto, nada caudalo-

gio Munhoz, de 44 anos, motorista rodo-

escutando os bambus se batendo com o

so. Só fica imponente mais adiante, ao

viário, pescando sob o Sol das 14 horas,

vento. Esse lugar é pra não se esquecer

cruzar Biritiba Mirim.

jamais”, sentenciou Rui.

Rui Palombo e Paulo Munhoz pescam em parte do rio Tietê dentro da área da Barragem de Ponte Nova. O local é cercado por pinheiros, bambuzais e quaresmeiras

ecoaventura 71


viagem no tempo Em Biritiba Mirim, três pontes de mesmo nome (Ponte Rio Tietê) recebem pescadores. A primeira fica perto do pesqueiro Santa Clara. A segunda fica no bairro Casa Grande, e é onde se vê a junção do rio Paraitinga com o Tietê. Ali, tem pescador o dia todo tentando a sorte com seus macarrãozinhos ao lado. A terceira e última ponte fica no bairro Rio Acima, ao lado do Bar do Barba — um gentil senhor comerciante que serve Tubaína, vende isca e anda até a O rio visto da primeira ponte que leva seu nome em Biritiba Mirim

ponte para jogar pão francês na água e nos mostrar as bocadas das Tabaranas e Lambaris que se aproximam famintos. “Olha que maravilha, é isso que o Tietê nos serve”, orgulhou-se.

O rio Paraitinga se une ao Tietê na segunda ponte que leva o nome do rio e onde todos os dias pescadores aparecem desde manhã até o fim da tarde

72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Dessa ponte, vimos um pescador que nos maravilhou com uma derradeira e aprazível cena: sentado em um banquinho bem na beira do rio, com seu cão ao lado, jogava a linha bem calminho e apertava os olhos tentando enxergar os peixes. Vez ou outra jogava pão, truque para atrair cardume, e tudo isso acontecendo no sossego do seu quintal. Fomos lá dizer ao companheiro de nome Dorival Chacou, de 61 anos, aposentado, que aquele quintal era um patrimônio admirável. Ele confirmou: “Quando digo a quem não conhece a minha cidade que moro exatamente na margem do rio Tietê, onde posso pescar a hora que eu quiser, muitos acham que vivo no esgoto.Vivo é no paraíso”.

O aposentado Dorival Chacou pesca próximo à terceira ponte rio Tietê, em Biritiba Mirim, de dentro de seu quintal, onde o rio passa ainda límpido

Enquete: Você pesca no rio Tietê? Tem fotos dos peixes e das paisagens que ele proporciona? Envie-nos suas histórias para o redacao@grupoea.com.br.

Serviços Quer conhecer o Tietê abençoado? Barragem de Ponte Nova A 8km do centro da cidade, na Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura, no KM 80. Para entrar, é preciso agendar com a administração local do DAEE pelo telefone (11) 4696-5236. A entrada é permitida todos os dias, mesmo nos

fins de semana e feriados, das 6h às 17h30. É obrigatório levar um quilo de cada alimento indicado, que são: 2ª feira – leite e chá mate 3ª feira – café e fubá 4ª feira – macarrão e molho de tomate 5ª feira – óleo e farinha de mandioca 6ª feira – açúcar e farinha de trigo Sábado – arroz e algum enlatado Domingo – feijão e algum enlatado


[ pesque-pague ]

TilĂĄpia

nĂŁo se engane com ela

74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Não adianta ser craque nos arremessos. Tampouco, ser perito em modelos ou em trabalho de iscas artificiais. Se o objetivo for fisgar a Tilápia, só mesmo com técnica apurada e muita sensibilidade é que se pode obter êxito com ela Texto e fotos: Juliano Salgado e André Correa i Arte: Gabriel Dezorzi

É

comum, àqueles que já coloca-

espalhados pelo País, afinal, quem não se

ram à prova diversos estilos de

recorda de já ter visto alguns grupinhos,

pesca, achar que tais experiên-

que quase sempre pescam no mesmo lu-

cias os credenciam a desafiar

gar, em geral com equipamento simples

com êxito qualquer espécie encontrada.

composto apenas por vara lisa, linha e

Mas, se o peixe em questão for a Tilápia,

anzol, e que, com raríssimas exceções,

não será bem assim. É o que fica evidente

mantem um samburá dentro d’água para

nos lagos dos mais diversos pesqueiros

armazenar os peixes que fisgam? ecoaventura 75


[ pesque-pague ] Mas, que graça tem fisgar um pei-

de adaptar-se a ambientes lênticos, de

a Tilápia se tornar uma das espécies

xe que não atinge porte expressivo?

suportar grandes variações de tempe-

mais oportunistas e ariscas do mundo.

E pior: passível de ser pescado com

raturas e de tolerar baixos teores de

Em consequência, isso exigiu o desen-

equipamento rudimentar? A resposta

oxigênio, assim como o fato de não ser

volvimento de numerosas técnicas e

é simples: sua excelente capacidade

exigente quanto ao cardápio, fizeram

iscas com o objetivo de ludibriá-la.

76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Ao contrário do que aparenta, pescar essa espécie é um enorme desafio à experiência e à paciência do pescador esportivo

Cativeiro O cultivo de Tilápias em cativeiro

DNOCS (Departamento Nacional

remonta à Idade Antiga. Há registros

de Obras Contra as Secas), foi

históricos de cultivo desses peixes

implementado um programa oficial

em tanques para posterior consumo

de produção de alevinos de Tilápia

pelos egípcios dois mil anos antes de

para peixamento dos reservatórios

Cristo. No entanto, o crescimento

públicos da região Nordeste. São

da atividade intensificou-se somente

Paulo e Minas Gerais, por meio de

Dessas, a que tem mostrado grande

no século 20. A China, que possui

suas companhias hidrelétricas, também

produtividade na atualidade é a que

tradição milenar em aquicultura, é

produziram significativa quantidade

utiliza cortiça como iscas. Isso porque,

atualmente o maior produtor do

de alevinos para povoamento de seus

ao contrário da ração natural — mesmo

mundo, e incrementou a exploração

reservatórios, venda e distribuição a

quando umedecida com pinga para que

dessa atividade a partir da década

produtores rurais. Essa tentativa de

adquira elasticidade e não rache assim

de 1970. Apesar de sua introdução

disseminação da espécie malogrou

que iscada —, a artificial feita de cortiça

em caráter experimental no Brasil

devido ao nível rudimentar de

tem o diferencial de permitir a fisgada

ainda na metade do século passado,

conhecimento e à deficiente difusão

de vários peixes sem a necessidade de

somente em 1971, por meio do

de técnicas de manejo.

ser trocada, reposta ou substituída. ecoaventura 77


[ pesque-pague ] Montagem Para utilizar a ração artificial de cortiça é necessária uma montagem com duas boias — uma de arremesso ou mini cevadeira e outra modelo Lambari nº 20. A de arremesso é mais indicada para situações nas quais os peixes estejam ativos em áreas ao alcance do estilingue cevador. Já a cevadeira, em ações concentradas a grandes distâncias. A boia Lambari serve para indicar a batida do peixe, ou seja: é ela — e não as maiores — que mostrará ao pescador o momento da fisgada. E por que não usar a ração natural?

A explicação para isso não convencerá todos. Entretanto, além da vantagem de não ser necessário repor a isca a cada peixe fisgado, existe um desafio extra: ludibriar o peixe com uma isca artificial, o que é sinônimo de desafio e esportividade. Pescar Tilápias com essa técnica não requer equipamentos sofisticados ou caros. Qualquer conjunto, inclusive os mais populares — que podem ser adquiridos a partir de R$30 — proporcionam fisgadas emocionantes. O único problema encontrado ao optar pelos mais baratos é que, com frequência, grandes Tambaquis também são atraídos pela eficiência dessa isca e, quando isso ocorre, é a mesma coisa que tentar segurar um elefante com linha de costura. 78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A montagem do chicote é simples: amarra-se a linha que vem do molinete na boia cevadeira ou de arremesso [veja foto]. Ata-se um chicote feito de linha mais grossa com aproximadamente 1,5 metro de comprimento na boia escolhida, e a boia Lambari é travada 25 centímetros antes do final do chicote, que, no final, receberá o anzol com a cortiça.

ecoaventura 79


folhas, flores e frutos

O sabor natural do sertão Árvore característica dessa região, o umbuzeiro faz parte da paisagem, do prato e do bolso dos nordestinos Da Redação l fotos: inácio teixeira l arte: paula bizacho

O

guarda-chuva verde de cerca de seis

possui propriedades medi-

metros de altura é, na verdade, um grande

cinais como vermífugo e

guarda-sol. A sombra acolhedora é proje-

antidiarreico.

tada por uma copa de 10 a 15 metros de

Embora seja uma árvore

diâmetro. Mas esse é apenas um dos pre-

de pequeno porte, ela atravessa

dicados da “árvore sagrada do sertão”, nas

gerações — possui uma vida lon-

palavras de Euclides da Cunha. A maior

ga de cerca de 100 anos. Comprida

virtude do umbuzeiro é a tolerância aos lon-

também é a sua história, que remete

gos períodos de seca. Isso é possível devido

a tradições indígenas. Era o “y-mb-u”,

à raiz conhecia como xilopódio — parte

ou a “árvore que dá de beber”, dos tupis-

subterrânea da planta em forma de batata

-guaranis. Na época do Brasil colonial,

que armazena água e sais minerais.

passou a ser chamado de ambu, imbu e

Essa árvore nativa do semiárido brasileiro é de vital importância para a

ombu. No característico período de seca

alimentação e fonte de renda da população

nordestina, o umbuzeiro parece perder a

local. O agridoce e suculento umbu — o

vida ao ser despido de suas folhas. O único

fruto, que no geral pesa 15 gramas verde

rastro de sua existência está debaixo da

e ovalado. Quando maduro, adquire uma

terra: é o xilopódio em ação. Com as pri-

cor amarelada, e sua polpa, que equivale

meiras chuvas, ou até mesmo pouco tempo

a 70%, é quase líquida. É saboreado nas

antes, o retorno desse estado de dormência

mesas nordestinas na forma natural bem

é percebido pelo desabrochar das flores,

como em sucos, geleias, xaropes e doces,

além do revestimento da árvore por novas

em especial a umbuzada — servida em

folhas — o que pode ocorrer antes ou

consistência de creme ou vitamina — é

depois da floração. Cerca de 60 dias após a

preparada com umbu, leite e açúcar. Como

abertura das flores, é possível se beneficiar

produto industrializado, transforma-se

do umbu maduro.

também em vinho, vinagre, acetona, con-

Como a densidade natural do umbuzei-

centrado para sorvete, polpa para sucos

ro varia de 3 a 9 por hectare, há diversos

e fruto seco. Além disso, a raiz (batata)

projetos em desenvolvimento para aumen-

e folhas são utilizadas na alimentação

tar a quantidade e melhorar a qualidade

humana e de animais, e a água da batata

dessa venerável árvore sertaneja.

80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Biologia Nome científico: Spondias tuberosa Família: Anacardiaceae Distribuição geográfica: semiárido nordestino Nomes populares: umbuzeiro, umbu, imbu, imbuzeiro, ombuzeiro, ambu Referência bibliográfica: www.seagri. ba.gov.br/revista/rev_1198/umbu.htm



[ técnica l embarcação ]

Não fique à deriva Da redação i Fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA i Arte: Gabriel Dezorzi

Não são raras as situações nas quais o pescador planeja, durante meses, uma pescaria e, mesmo após certificar-se de estar indo para o melhor lugar, na melhor época, com os melhores equipamentos e até com o mesmo guia, não terá a garantia de que a qualidade da incursão corresponderá às expectativas 82 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


M

otores malconservados ou revisões insuficien-

mitam substituir peças, as quais — apesar de simples e bara-

tes estão entre os principais motivos pelos

tas — são fundamentais para o funcionamento da máquina.

quais o pescador pode ficar a ver navios. En-

Para minimizar a ocorrência de situações desse tipo, indica-

tretanto, isso também acontece por problemas

mos a organização de uma espécie de “caixa de primeiros

passíveis de serem resolvidos na hora: basta o navegante ter

socorros” — item indispensável na embarcação do pescador

à disposição determinados itens e ferramentas que lhe per-

precavido.

Velas Tão importante quanto o combustível que vai para o tanque, as velas de ignição precisam estar limpas e dentro do prazo de vida útil estipulado pelo fabricante. Ainda assim, podem apresentar problemas repentinos e deixarem de cumprir sua função de queimar o combustível. Portanto, é vital levar sobressalentes em sua caixa de primeiros socorros. Velas de ignição

Fieira (cordinha) de partida Por ser retrátil e apenas utilizada no momento de acionar o motor, é comum que o estado de conservação desse item passe despercebido pelo navegante. Mas, a sua aparente insignificância oculta uma essencialidade: ainda que o motor esteja perfeito, se ela se romper e não houver outra para repor, o desfecho da pescaria será o mesmo: voltar rebocado!

Corda reserva para acionar o motor

ecoaventura 83


[ técnica l embarcação ] Bulbo e plugues Esses dois componentes da mangueira são responsáveis por empurrar o combustível do tanque para o motor e, como os demais componentes de máquinas, costumam apresentar problemas repentinamente. Com o bulbo, isso acontece por dois motivos: é feito de borracha e está exposto às intempéries. Já os plugues sofrem desgaste natural e podem apresentar defeitos de fabricação. Um bulbo custa em média R$ 30, enquanto os plugues variam entre R$ 30 e R$ 90, dependendo do fabricante e potência do motor — quantia incupilha para travamento da porca da hélice

significante se comparada à intensidade das frustrações que a falta deles pode ocasionar.

Plugues ou terminais de conexão

Bulbo

Hélice É comum ao pescador que prefere usar seu próprio barco ter que navegar por lugares com os quais não tem muita intimidade. Nessas condições, a probabilidade de se deparar com um baixio, com um toco ou qualquer outro objeto que possa danificar as pás da hélice é grande. Linhas de pesca ou mesmo o desgaste natural também costumam danificar essa peça, cuja importância está em impulsionar o barco. Em média, a hélice para motores entre 15 e 30 Hp custa ao redor de R$130 outro item barato se consideradas as consequências decorrentes de sua quebra. 84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Hélice Porca para prender a hélice


Kit de ferramentas De nada adianta ter os itens expostos se não houver como trocá-los. Por isso, é importante complementar a “caixa de primeiros socorros” com algumas ferramentas. A maioria dos motores já vem com um kit multiuso adequado para Alicate, chave conjugada de fenda e Phillips, e chaves cachimbo, que vêm junto com o motor

promover a maior parte desses reparos, mas também é possível comprá-lo ou montá-lo de acordo com as necessidades. Entre os itens que julgamos fundamentais estão: um alicate com regulagem de abertura; chaves de fenda e Phillips de boa qualidade; chave de vela do tipo cachimbo, que encaixe nos parafusos da partida e na porca da hélice. Uma boa

Óleo 2T tipo TCW 3 específico para motorres náuticos

opção são as maletas de ferramentas com diversos itens e que podem ser encontradas por preços bem acessíveis nas lojas especializadas. Os motores de pousadas e hotéis, devido ao uso intensivo, estão mais sujeitos a apresentar defeitos. Por isso, quando for alugar esse tipo de equipamento, certifique-se de que o locador mantenha no barco os itens de reposição citados, afinal, nessas circunstâncias, além de voltar rebocado e perder a pescaria, o prejuízo financeiro será bem maior.


é o bicho O nome cardeal está relacionado com o barrete cardinalício — chapéu vermelho que é a insígnia dos cardeais da Igreja Católica

Pássaro do pântano

V

Da Redação l foto: Arquivo ECOAVENTURA l arte: paula bizacho

isitar o Pantanal e pescar à beira dos rios

até algumas dezenas — durante o ano intei-

é um cenário propício para avistar o cardeal-

ro. Sua alimentação é composta por insetos,

-do-Pantanal — pequena ave tricolor carac-

outros invertebrados, restos de alimentos

terística desse ecossistema. Por viverem em

dos homens e sementes no chão.

bandos, esses pássaros são conhecidos pelo nome de cavalaria. O gênero Paroaria é composto por cinco

Raramente eles são vistos sozinhos, já que vivem em bandos durante o ano inteiro. Nossa equipe capturou um momento particular do cardeal-do-Pantanal. Saiba um pouco mais sobre a espécie

Macho e fêmea são idênticos. Quando jovem, sua plumagem recebe uma cor acinzentada, e, com o passar dos meses,

espécies. Todos se assemelham na pluma-

aparecem penas com as cores definitivas.

gem tricolor — cabeça vermelha, dorso do

Cores marcantes do Pantanal.

cinza ao preto e peito branco. É frequente ocorrer uma confusão entre as denominações das espécies. Elas são conhecidas, também, por: cardeal e galo-de-campina, além de serem semelhantes na aparência. A principal diferença entre elas é que o Paroaria coronata é o único do gênero que possui um longo penacho vermelho na cabeça. Apesar de haver disputas entre eles por espaço e alimento, vivem em grupos — de

86 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Biologia Nome científico: Paroaria capitata Nomes populares: cavalaria, joaninha, cabecinha-vermelha, galo-da-campina-pantaneiro, cardeal-de-bico-amarelo e cardeal-do-pantanal Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Aves Ordem: Passeriformes Família: Emberizidae Distribuição geográfica: Pantanal do Mato Grosso Habitat: pântanos, margens de rios e campos abertos Tamanho: 16,5 cm de comprimento

Distribuição geográfica Referência bibliográfica: www.wikiaves.com.br/cavalaria



[ social ]

88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O povo que o

tempo esqueceu

Com dimensões continentais e aspirações de fazer parte do clube de países do primeiro mundo, o Brasil ainda permite que pessoas vivam como se estivessem no início do século passado. Veja como o turismo de pesca pode contribuir para o bem-estar de populações ribeirinhas Texto e fotos: Wilson Feitosa i Arte: Gabriel Dezorzi

ecoaventura 89


[ social ]

Dona Isabel, com quase 80 anos, é reverenciada por todos. Mas não por sua idade. Foi pelas mãos dessa angelical senhora que muitos dos que vivem na comunidade vieram ao mundo

O

barulho do avião que se

semblante cantarola em coro unísso-

direção à comunidade, localizada em

aproxima é sinal para que

no o refrão: “Sejam todos muito bem-

seu sopé, o aspecto das casas — mui-

dezenas de crianças cor-

-vindos!”

tas feitas de pau a pique — indica que a

ram até o alto do morro,

O voo, a partir da cidade de Jaca-

vida por ali não é fácil. Energia elétrica?

onde será feita a aterrissagem. Em gru-

reacanga-PA, durou “apenas” trinta

Só de gerador e apenas algumas horas

po numeroso, elas rodeiam a pequena

minutos — distância que poderia não

por noite. Telefone? Até há um orelhão

aeronave com olhares curiosos e cer-

ser considerada grande, exceto pelo

instalado, porém, nunca tocou ou fez

cam aqueles que desembarcam na pe-

fato de que, fora o avião, só existe o rio

qualquer ligação. Escola tem, e nela

quena pista de pouso da comunidade

como meio de acesso para essa região,

professores heroicos batalham para

Barra de São Manoel. Quem assiste a

e por ele, dá quase um dia de navega-

alfabetizar a população, entretanto,

essa cena pela primeira vez fica intri-

ção. Pela quantidade de crianças, fica

serviços de saúde, água tratada, sane-

gado com a idade e a quantidade de

claro que é assim, isoladamente, que

amento, transporte, ou qualquer outro

integrantes do comitê de boas-vindas.

vivem dezenas de famílias. Quando co-

tipo de infraestrutura básica, ainda são

Um único aceno, e o interesse de cada

meçamos a descer o íngreme morro em

realidades distantes.

90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Iniciativa privada e solidariedade

descoberta já começam a amadurecer:

Carlos Albuquerque Mendes, batalhador

em novembro de 2010, uma parceria

incansável quando o assunto é o bem-

Fincada em região exuberante, a Bar-

formada pela empresa Ecolodge do Bra-

-estar dessa gente e que, por tanta de-

ra de São Manuel, com sua mata intacta,

sil, por empresários de Jacareacanga e

dicação, já foi eleito sucessivas vezes

belas praias e com seus rios e tributá-

pela solidariedade de pessoas que se

como seu líder.

rios altamente piscosos, vem sendo des-

preocupam em ajudar o próximo deu o

Cansativas horas de voo, exaustivos

coberta como um riquíssimo manancial

primeiro passo para suprir aquilo que,

quilômetros de terra pela rodovia Tran-

para a exploração turística e ecológica.

de direito, seria obrigação do Estado.

samazônica e desconfortáveis horas de

Tanto é assim que nos últimos meses

Sem campanha para arrecadar fundos

barco rio acima não conseguiram impe-

três empresas começaram a desenvol-

ou qualquer apoio oficial, os envolvidos

dir o “doutor” — como Adalberto Souza

ver projetos com o fim de levar turistas e

conseguiram trazer um oftalmologista

Coelho Junior foi alcunhado carinhosa-

pescadores para desfrutarem a riqueza

da distante cidade de Parauapebas-PA

mente pela comunidade — de atender

guardada nos rios da região. [veja mais

para atender as crianças da comunida-

mais de 250 pessoas em pouco mais de

na pág. 18] Embora recente, os frutos da

de — uma velha reivindicação de Luiz

dois dias.

ecoaventura 91


[ social ] A maratona se iniciava às 7 da manhã e só terminava quando a luz natural não mais permitia a continuidade dos exames. O resultado da campanha foi o diagnóstico de dezenas de crianças com problemas visuais, algumas das quais com sérios riscos de terem a alfabetização e o aprendizado prejudicados. Feito o receituário e identificado o grau das lentes que cada paciente deveria usar, a Ecolodge do Brasil se responsabilizou por viabilizar os óculos, sem custo. Um mês depois, outro indicativo do papel que o setor de Turismo — e, claro, da solidariedade — pode desempenhar em benefício de populações carentes. Às vésperas de Natal, o sorriso singelo de adolescentes e crianças foi a recompensa para empresas que presentearam a comunidade. Mas, não só de caridade devem sobreviver essas pessoas. Por isso, a Ecolodge também pôs em prática uma parceria na qual capacitará essa gente para cultivar hortaliças e frutas, criar aves, fornecer sementes e matrizes e, ainda, comprará parte expressiva do que for produzido. Com isso, além dos empregos diretos no próprio empreendimento, ao menos mais cinco famílias poderão se beneficiar do projeto. “Nosso objetivo é trabalhar, e não viver de caridade”, disse o líder da comunidade. Não se trata de uma boa inspiração a outros empresários do turismo de pesca esportiva?

Embora seja um importante ícone da história do povo brasileiro, a comunidade da Barra de São Manuel foi entregue à própria sorte pelo poder público 92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Uma história típica de ascenSão e queda Consta dos anais que a comunidade Barra do São Manoel começou a ser reunida no final do século 18, quando nordestinos e indígenas das etnias Munduruku, Apiaká e Kayabi reuniram-se nas imediações da barra dos rios São Manuel (atual Teles Pires) e Juruena, local onde ambos formam o caudaloso Tapajós, durante o auge do Ciclo da Borracha. Era tamanha a quantidade de seringueiros que, com o passar do tempo, formou-se na região um importante entreposto comercial. Apesar da distância e das dificuldades de acesso — o único meio de transporte era o rio, e a viagem durava vários dias —, não tardou para que uma grande indústria beneficiadora se instalasse nas proximidades do promissor polo de desenvolvimento que se desenhava. Entretanto, com o fim do Ciclo, por volta de 1945, as diversas famílias que haviam se instalado na região viram seu sonho de prosperidade se desvanecer, a tal ponto que o único legado remanescente daquele auspicioso período é uma comunidade isolada, formada pela miscigenação de índios com nordestinos, que sobrevive em casebres simples e que, em função do isolamento, aprendeu a enfrentar as mazelas da vida.

Oficialmente pertencente ao Estado do Amazonas, a comunidade da Barra do São Manuel se desenvolveu no triângulo onde seus rios fazem a divisa de três importantes estados: Pará, Amazonas e Mato Grosso. Apesar de esse último ter criado ali, em 7 de julho de 1891, uma coletoria de impostos, foi o governo paraense — por meio do município de Jacareacanga — que, ao se sensibilizar com a situação da população local, construiu e mantém no povoado a escola que alfabetiza e educa as crianças ribeirinhas. O governo do Amazonas, via município de Apuí, também cumpre importante papel no que diz respeito à infraestrutura e apoio social. Entretanto, a limitação no orçamento dessas duas cidades não permite o investimento necessário para suprir serviços básicos, como é caso de algumas especialidades médicas e odontológicas. Com isso, quando as emergências não podem ser resolvidas com as ervas e crenças locais, é preciso colocar o paciente no barco e descer cerca de três horas pelo rio — e nem sempre há barcos ou combustível para isso —, além de cobrir um trajeto entre 100 e 200 quilômetros pela rodovia Transamazônica para alcançar o hospital mais próximo.

ecoaventura 93


radar

Apaguem as lâmpadas! Uma portaria publicada por três ministérios — Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e Indústria e Comércio (Portaria Interministerial Nº 1.007 / 31 de dezembro de 2010) — regulamentou a retirada das lâmpadas incandescentes do mercado até 2016, caso não surja uma nova tecnologia que as tornem mais econômicas. Atualmente, são vendidas 300 milhões de lâmpadas incandescentes — que consomem mais energia — e 100 milhões de fluorescentes. A medida é válida para as lâmpadas incandescentes de uso geral, com exceção das que têm potência igual ou inferior a 40 watts e as usadas para fins específicos, por exemplo, para estufas — de secagem ou de pintura —, equipamentos hospitalares, incandescentes refletoras ou espelhadas. O documento pode ser lido na íntegra no site da Imprensa Nacional: www.in.gov.br

Coleta seletiva por Decreto Presidencial em agosto de 2010 (Lei Nº 12.305) —

antins Tocrenovável

estipulou, em seu artigo 54, a proibição de lixões a céu aberto a

O governo do Estado do Tocantins, região Norte do

partir de 2014, bem como colocar, em aterros sanitários, qualquer

País, criou a Subsecretaria de Produção de Energia Limpa —

resíduos que possa ser reciclado. Metas, programas e ações para

atrelada ao Seagro (Secretária da Agricultura, da Pecuária e do

todos os resíduos sólidos serão definidas em

Desenvolvimento Agrário) — para criar projetos e desenvolver

versão preliminar pela União no prazo de

fontes alternativas de energia. Na avaliação do subsecretário

A Política Nacional de Resíduos Sólidos — regulamentada

180 dias a contar da assinatura do plano,

FOTO: renato cardoso/ sxc

em dia 23 de dezembro de 2010.

94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Para se adequar à nova legislação, os municípios brasileiros terão que criar leis municipais para implantar a coleta seletiva

de Produção de Energia Limpa, Ailton Parente Araújo, o Estado tem potencial para desenvolver projetos na produção de energia renovável, principalmente solar, eólica, hídrica e biomassa.


Pesca sustentável Depois de conseguir reduzir a mortandade de golfinhos — capturados de forma incidental pelas redes de arrasto que visavam às espécies de Atum — por meio do projeto europeu “Dolphin Safe”, o italiano Paolo Bray desenvolveu um sistema de certificação internacional da pesca sustentável. Companhias que utilizam formas de captura bem manejadas, que não pescam espécies ameaçadas de extinção, tampouco com métodos de arrasto, entre outros critérios, recebem o selo Friend of the Sea. Isso vale também para companhias que atuam por meio da aquicultura. Foto: Adam Short / sxc

Para receber a estampa de “empresa amiga do mar”, é feita uma auditoria. Até hoje, o selo já foi negado em 30% dos casos. Para saber onde comprar produtos e peixes com o “selo

Corais ameaçados

verde” no Brasil (sim, essa certificação já chegou por

Os principais especialistas sobre recife de

aqui!), acesse o site da ONG:

corais, reunidos na Sociedade Zoológica de

www.friendofthesea.org/whereto-buy.asp (em inglês).

Londres, confirmaram que esse ecossistema (também chamado de floresta tropical dos oceanos) está ameaçado. Uma previsão é que em 30 ou 50 anos ele deixe de existir. Isso porque, um fenômeno, conhecido como branqueamento,

Amazônia em risco O Boletim de Risco de Desmatamento, publicado

causa a morte dos pólipos — responsáveis pela

pelo Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da

construção dos recifes — devido a problemas

Amazônia), afirmou que, entre agosto do ano passado e julho

ambientais, como variações climáticas que

deste ano, a Amazônia poderá perder, pelo menos, 3.700

alteram a temperatura dos oceanos.

km². A maior parte das florestas sob risco localizam-se no Pará (67%) e Mato Grosso (13%). Os municípios

Exploração em

números

destacados por ter alto risco de desmatamento são: São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas

— os três acumulam 22,6% do total e

para a Agricultura e a Alimentação), 80% dos recursos

ficam no Pará.

A pesquisa realizada pela instituição contou com técnicas geoestatísticas, como proximidade de estradas e rios navegáveis, topografia, declividade etc.

pesqueiros mundiais são explorados por completo ou em excesso. A Comissão Europeia — que defende questões executivas da UE (União Europeia) — reconhece que 88% das reservas, sobre as quais se tem dados, são exploradas de forma como: limitar a capacidade das frotas, selecionar equipamentos de pesca, atitudes contra a pesca ilegal, criar santuários marinhos onde as populações ameaçadas possam se reproduzir etc. Apenas 4% da superfície mundial é considerada “a salvo”

foto: Peter Huys / sxc

insustentável. É necessário, para reverter a situação, ações

do impacto humano.

ecoaventura 95


classificados

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Mairiporã - SP Clube de Pesca Takenaka 11.4604-8648 www.clickpesca.com.br/takenaka Da Lontra 11.4486-2359 Vale do Santo Ari 11.4604-3988 Mauá - SP Pesk Ville 11.4576-1170 Rei dos Amigos 11.4576-7352 – www.pesqueirodosamigos.com.br Peruíbe - SP Girassol 13.3456-1317 Poá - SP Roda Viva 11.4636-5636 Ribeirão Pires - SP Carequinha 11.4439-9058 Nova Tropical 11.4825-5382 Pedra Branca 11.4342-3784 www.ppedrabranca.com.br Pouso Alegre 11.4827-0382 www.pesqueiropousoalegre.com.br

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