P O N T O D E P E S C A D O S S O N H O S l PA N A M Á l I S C A S A N T I E N R O S C O l T I L Á P I A N A M I Ç A N G A l P R I M E I R O S S O C O R R O S l R I O T I E T Ê
Ano II - Edição 19 R$14,90
ecoaventura - E d i ç ã o 1 9 - a b r i l d e 2 0 1 1
D VD Grátis
PANAMÁ para brasileiros, o destino perfeito! BILÍNGUE
ECOTURISMO Nobres-MT não é Bonito, é lindo! ANTIENROSCO as iscas que podem salvar sua pescaria
Aqui nascerá o ponto de pesca dos sonhos
R I O T I E T Ê D E O N T E M E D E H O J E l C U I D A D O S PA R A N Ã O F I C A R À D E R I V A l A F U N Ç Ã O S O C I A L D O T U R I S M O D E P E S C A
Extremamente selvagem...
ecolodge.indd 50
15/02/2011 12:00:03
...Mas com todo o conforto! Infraestrutura de 1潞 mundo e adrenalina com os peixes mais esportivos da Amaz么nia
ecolodge.indd 51
15/02/2011 12:00:05
editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor comercial Roberto Véras rveras@grupoea.com.br Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Repórter Dani Costa (MTb nº 01518/ES) dcosta@grupoea.com.br Estagiários da redação Bárbara Blas e Gabriela Ferigato Tradutor David John Arte Gabriel Dezorzi, Paula Bizacho e Tiago Stracci Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki
O desenvolvimento do sonho e vice-versa A pesca esportiva faz parte do setor econômico que mais cresce no mundo — o Turismo. Só nos Estados Unidos, viajar para pescar e comprar equipamentos geraram receita de 42 bilhões de dólares em 2006, segundo o Departamento do Interior e do Comércio norte-americano, o que resultou na criação de 890 mil empregos diretos no país. No Brasil, as condições favoráveis para a consolidação do turismo de pesca tem o tamanho de um gigante: 12% de toda a água doce do mundo percorre as veias continentais de nosso território nacional e, por elas, trafegam os peixes mais cobiçados entre os aficionados do esporte em todo o mundo. Além disso, o País ainda apresenta extensas áreas naturais e preservadas, algumas das quais bem pouco exploradas ou que, tal qual uma joia preciosa, aguardam reluzentes para ser descobertas. À medida que ganha corpo, o turismo de pesca esportiva traz benefícios não só para a economia nacional. Do ponto de vista ambiental, por exemplo, conquista corações e mentes em prol da ideia de que conservar a natureza é garantir o esporte – e, em sentido amplo, a própria vida no Planeta. Por outro lado, o desenvolvimento do setor leva às comunidades localizadas em áreas remotas, cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em geral, está abaixo da média
Colaboraram nesta edição André Correa, Flávio Freitas, Juliano Salgado, Roberto Véras e Wilson Feitosa
nacional, uma real alternativa de renda. Assim, ajudar a promover a pesca esportiva é
Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez
longe de conseguir garantir, de forma homogênea, condições adequadas de emprego a
DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br Distribuição e edições avulsas Thiago Damasio atendimento@grupoea.com.br Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.
Assinaturas: (11) 3334-4361
também exercer um papel social humanitário, sobretudo quando o Estado ainda está todos os compatriotas. A Revista ECOAVENTURA, como mídia especializada, é apenas um elo da cadeia produtiva, que inclui vários atores, tais como empreendimentos da indústria de equipamento e materiais de pesca, serviços de transporte, agências, guias de pesca, promotores de torneios etc. E, como tal, tem o objetivo de incentivar o crescimento de todo o conjunto. Por isso, nesta edição, estampamos em nossa capa o alvorecer de um sonho: a descoberta de mais um ponto de pesca no coração da Amazônia, cuja instalação já promoveu o desenvolvimento da comunidade local e promete proporcionar alegria aos pescadores, por meio de intensas emoções, em uma região onde os peixes ainda não estão acostumados com o jogo da pesca esportiva. Boas aventuras!
Edição 19 — abril de 2011
base.indd 94
17/03/2011 11:37:08
[ índice ]
18
capa
Fantástico, inesquecível, sem igual! Não há adjetivo capaz de rotular com fidelidade o que significa desbravar as águas generosas desse novo ponto de pesca
10
Internacional Panamá Inúmeras opções de peixes e estilos de pesca à sua escolha
54 Técnica Iscas antienrosco: modelos para cada situação
62 Viagem no tempo O rio Tietê de ontem e de hoje 82 Técnica Embarcação: para não ficar a ver navios
88 Social O turismo de pesca como ferramenta de inclusão
74
pesqueiro Tilápia
Como ter êxito em sua pescaria?
Seções
08 Correio técnico 09 Correspondência 52 Saúde
Tralha de primeiros socorros
60 Vitrine 80 Folhas, flores e frutos Umbuzeiro
86 É o bicho Cardeal
94 Radar 96 Classificados
40
turismo
Nobres-MT
Nobres não é Bonito, é lindo!
98 Cupom (DVD)
correio técnico Varas diferentes com especificações iguais Muitos dizem que a especificação em libras, que vem grafada nas varas de pesca,
CAMPANHA: Fisgue essa ideia e boa pescaria!
significa o quanto ela suporta de peso. Entretanto, já vi modelos que, apesar de trazerem especificações idênticas, aparentam não suportar o esforço indicado. O que realmente
Envie
para
redacao@grupoea.
representa essa especificação em libras e como faço para saber a real resistência de uma
com.br uma carta com suas dúvidas
vara na hora de escolher um novo modelo para determinada modalidade de pesca?
sobre técnica, estilo, iscas, equipa-
Jhonas Garcia Pedroza — São José do Rio Preto - SP
mentos de pesca, roteiros, peixes, legislação etc. O autor-pescador da
Caro Jhonas,
questão mais relevante* (isto é, que
Na verdade, essa medida que aparece grafada no blank é uma recomendação da
for capaz de ajudar o maior número
resistência máxima e mínima para a linha que deverá ser usada na vara, como, por exem-
de leitores) será convidado por um de
plo, 20 a 40 libras. Quando se opta por linha inferior ao recomendado (20 libras), ela corre
nossos colaboradores a esclarecê-la
o risco de ser rompida. Se a opção for por um modelo acima do especificado (40 libras), a
em uma pescaria**!
vara é que poderá ser danificada. É bom lembrar também que esses números estão liga-
*A critério da equipe editorial / **A definir
dos à angulação da vara, ou seja: a sua resistência também varia na hora do esforço. Ela é
de acordo com a localização do leitor e teor
maior quando vergada a 45 graus do que a 90. Por fim, vale considerar, ainda, que os tipos
da dúvida
de materiais empregados na construção das varas — quantidade de grafite ou de fibra de
- Campanha válida por tempo indeterminado
vidro — podem causar a impressão de que são mais frágeis ou robustas.
- Ao enviar a carta, o participante autoriza automaticamente a sua publicação nesta seção.
Dourado-do-mar, como pescá-los? Moro no Rio de Janeiro e, recentemente, adquiri um barco com intenções claras de realizar pescaria oceânica. O verão se foi, e a pescaria dos Dourados, infelizmente, foi improdutiva. Gostaria de saber mais sobre a técnica e material mais adequados. Por exemplo: iscas naturais ou artificiais? Qual a velocidade de corrico? Qual a distância correta da costa? Popper é uma boa opção? Raphael Braz Levigard — Por e-mail
Caro Raphael, Sem sombra de dúvidas, a melhor técnica para a pesca dos Dourados-do-mar é a de corrico, seja com iscas naturais ou artificiais. A melhor entre todas as naturais é o Farnangaio, que, a exemplo de outras, como lulas e pequenos paratis, deve ser corricado a velocidades de 4 a 6 nós. Já as artificiais, como, por exemplo, plugues de meia-água e lulas, essa velocidade deverá situar-se entre 5 e 9 nós, assim você cobrirá uma área maior. Quanto à distância da costa, isso pode variar de acordo com cada região, mas tenha em mente que o melhor ponto situa-se na divisa com as águas azuis que se aproximam da costa nos meses de verão. Poppers, quando lançados em objetos boiados, podem render belas brigas e muitas capturas.
08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
correspondência
Parabéns! Quero parabenizar os amigos da ECOAVENTURA. A revista está ótima! Visitem www.antoniocalloni. com/ link pescarias. Abraços, Antonio Calloni – por e-mail
Apelo de um leitor apaixonado Tenho 33 anos de idade e pesco desde os 6 anos. Ia sozinho, às vezes com meu tio, pois meu pai nunca havia me levado para pescar. Quando meu pai me dava um dinheirinho para o lanche na escola, eu economizava sempre um pouquinho para comprar meus materiais de pesca. Comecei com as varas de bambu, materiais simples, até que comprei meu primeiro molinetinho, com o qual fisguei muitos peixes na barragem que banha minha cidade e nos pesque-pagues da região. Hoje me sinto muito feliz porque meu pai se rendeu ao encanto do esporte e pesca junto comigo já há alguns anos. Por outro lado, sentimo-nos muito tristes pelo fato de que hoje, quando vamos pescar no lago, não encontramos mais os nossos grandes parceiros: os peixes. Nossos astros principais estão sendo dizimados pela pesca predatória, pelo veneno agrícola que escoa para as águas e nascentes, pelo nosso lixo, que vai parar nos leitos, pelas indústrias, que parecem fazer questão de jogar seus detritos nos rios. Agora que tenho meu grande amigo pescando junto comigo, o meu pai, e materiais mais adequados, só nos frustamos. Estamos pescando somente alguns peixes nos pesque-pagues, onde praticamos o pesque e solte e levamos somente um peixe para comermos com a família. Eu e meu pai já fizemos três pescarias juntos, duas delas no Pantanal e uma na Argentina, mas também encontramos dificuldades em localizar os peixes no Pantanal. Já na Argentina, verificamos que estão preservando mais: as ações são mais frequentes, e os guias, mais conscientes, sabem que manter o peixe vivo é sinônimo de trabalho e turismo mais rico. E, nesse quesito, vejo que estamos perdendo para os “hermanos”. Justo para eles. Quando estivemos no Pantanal (anos 2000 e 2009), o peixe era o objetivo, mas, como está pouco, nos rendemos à beleza natural do Pantanal, com sua flora e fauna exuberantes, apesar de ver alguns “amigos” pescadores com total desrespeito à isso e aos peixes, depredando e ajudando a dizimar as espécies. Por isso, pedimos uma melhor fiscalização, o aumento nas medidas mínimas e a proibição por algum tempo do abate de peixes nobres, assim como os “hermanos” fizeram. Se observarem, hoje aumentou muito os pescadores dos rios deles, por mais que tenham que soltar os peixes. Por isso que digo: é melhor ir pescar e soltar do que ir pescar e não pegar nada! Fernando Marcelo Finochetti – por e-mail Assinante e leitor da Revista Ecoaventura. Pescador assíduo e apaixonado.
[ internacional ]
Por conta de diversos atrativos e da localização privilegiada, o Panamá aposta em seu potencial turístico, no ecoturismo e na prática de esportes aquáticos como fonte de renda. Entre seus diferenciais, DISPÕE DE águas mornas e TRANSLÚCIDAS do mar do Caribe — paraíso para mergulhadores e cenário para cruzeiros luxuosos — e as também mornas e transparentes águas do Pacífico, um cardápio que oferece 30 opções de peixes super Texto e fotos: Roberto Véras i Arte: paula bizacho esportivos ogo que chegamos a David, nosso ponto de partida para os próximos seis dias de pesca, as notícias em relação às condições que encontraríamos não poderiam ser melhores. Depois de quase dois anos consecutivos sofrendo as ações do “El Niño” e “La Niña”, tudo havia voltado ao normal. Ótimos presságios, pois, além da localização privilegiada, seu litoral é repleto de ilhas, lajes, parcéis e cercado por rico e intocado manguezal, o que significa que a maioria das espécies é residente. Para potencializar as já excelentes condições, uma forte corrente de água azul, muito rica em nutrientes, havia invadido a região de Coíba e trouxe consigo uma grande variedade de esfomeados predadores. Já na primeira investida em direção ao arquipélago de “Ladrones”, pudemos comprovar a excepcional situação. E mais: o mar estava completamente parado — uma verdadeira lagoa gigantesca. Com os cinco barcos da operação, começamos a pescar basicamente na mesma área. Tentamos os poppers nos costões mais próximos, o corrico com iscas vivas, e os jigs nos parcéis e lajes. 10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Fernando Regadas e BetĂŁo apresentam um dublĂŞ de Caranhas apanhadas pelos poppers
ecoaventura 11
[ internacional ] Por volta da hora do almoço, Sergio e seu pai, Dionísio Gomes, que pescavam com iscas vivas, já computavam quatro Roosterfish, alguns Xaréus e vários Vermelhos. Salvador e Fernando, com metais, apanharam outras espécies, entre elas quatro grandes Badejos-rabo-de-vassoura — só encontrada nessa região. Os três barcos remanescentes, inclusive o nosso, que haviam seguido direto para explorar a pesca vertical em “Ladrones” entre Xaréus e várias espécies de Vermelhos, contabilizaram ainda mais de
Fernando exibe um belo exemplar de Silk Snapper, ou Pargo-Seda como é conhecido por lá
60 Olhos-de-boi de 6 a 15 quilos, um resultado que satisfez e surpreendeu todos, afinal, era apenas o primeiro dia!
Mauro Ueda posa orgulhoso com seu Xaréu Azul seduzido por um metal jig
12 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
david
islas ladrones hannibal bank
montuosa
jicarita
isla de coiba jicaron
Aspectos geográficos: país da América Central Continental, limitado a norte pelo mar das Caraíbas, a leste pela Colômbia, a sul pelo oceano Pacífico e a oeste pela Costa Rica. O canal sozinho já chegou a representar 14% do PIB anual do Panamá nos anos de 1980, mas hoje rende pouco mais de 6%. O canal: o país tem 82 km que cortam o istmo do Panamá, que liga o Atlântico e o Pacífico. Localização: oceano Atlântico — 9° 18’40.47” N 79° 55' 07.25 O / oceano Pacífico: 8° 55' 36.05" N 79° 33' 08.69 O. Por conta do formato em “S” do Panamá, o Atlântico situa-se a oeste do canal e o Pacífico a leste, o que inverte a orientação usual. O canal tem dois grupos de eclusas no lado do Pacífico e um no do Atlântico. No lado Atlântico, as portas maciças de aço das eclusas triplas de Gatún têm 21 m de altura e pesam 745 toneladas cada uma, mas são tão bem contrabalançadas que um motor de 30 kW é suficiente para abri-las e fechá-las.
Diversão: cassinos são liberados e comandam a noite da Cidade do Panamá, que é muito agitada. Lá, pode-se viajar em táxi, cujas tarifas são regidas por um sistema de zonas a preços para lá de acessíveis aos brasileiros. Gastronomia: mariscos como a lagosta, centola e polvo são abundantes, assim como os frescos peixes da zona, tais como Guabina, Corvina, Pargo e Mero, todos preparados de jeitos diversos, especialmente “à caribenha”, com molho de coco e ceviche. Dinheiro: a moeda local é o Balboa, mas só existe para pequenos trocos. O dólar americano circula livremente e aconselha-se a entrar no país com eles. Compras: há várias lojas “duty free”. Na capital, o Centro Comercial Los Pueblos concentra dezenas de lojas populares. Os produtos mais
requintados e lojas de primeira linha estão na Via España, próxima aos grandes hotéis, que oferece produtos de grifes. Há ainda a Zona Livre de Colón, uma espécie de shopping a céu aberto, mas que visa prioritariamente à venda no atacado. As mercadorias são isentas de tarifas alfandegárias e os bens comprados podem ser remetidos diretamente para o Aeroporto Internacional de Tocumen. Clima: tropical com temperaturas quentes entre 18 e 27 graus Celsius. Há duas estações: a temporada das chuvas, de maio a dezembro, e a temporada seca ou de verão, quando sopram permanentemente os ventos Alísios. Idioma: espanhol (oficial), mas o inglês também é falado em quase todos os lugares, o que vale dizer que os brasileiros afiados em um bom “portunhol” não têm dificuldades em se comunicar.
ecoaventura 13
[ internacional ]
Fernando com uma Caranha-negra, uma espécie relativamente rara, mesmo nessas águas
No dia seguinte, seguimos para a ilha
e sorrisos e gritos denunciavam a euforia
des poppers e sticks. Ambos têm formas
de Montuosa, o ponto de pesca mais
dos pescadores. Permanecemos no local
distintas de ataques na superfície. O
distante nessa região. Trata-se de um in-
por aproximadamente duas horas, tempo
primeiro — com sua indefectível barbata-
tocado paraíso com pequenas praias de
suficiente para que cerca de 100 desses
na dorsal em riste — é mais ressabiado
areias brancas e toda cercada por lajes e
peixes fossem fisgados e liberados. Ao
e persegue as iscas por vários metros
parcéis, localizada há poucas milhas do
contrário do dia anterior, o enorme car-
antes de atacá-la, enquanto que as Ca-
famoso Hannibal Bank — um dos lugares
dume era composto por indivíduos bem
ranhas explodem sobre as iscas na su-
mais famosos do mundo devido à incrível
maiores, em média entre 12 e 20 quilos.
perfície — tal qual os grandes Tucunarés-
piscosidade. Durante o trajeto, no través
No penúltimo dia, optamos por explo-
-açus — e, assim que ferradas, buscam
da ilha de Coíba, o barco que ia à frente
rar Jicarón e Jicarita, duas ilhas maravi-
refúgio imediato em tocas formadas por
alardeou o encontro de uma enorme e
lhosas e igualmente distantes. Nossas
rochas submersas. O mais impressio-
espessa mancha. De imediato, jigs foram
iscas foram dedicadas basicamente ao
nante é que essa espécie, ao contrário
atirados, e uma fantástica sucessão de
Roosterfish e às grandes Caranhas, as
do Roosterfish, habita águas mais pro-
ataques de Olhos-de-boi teve início. Para
maiores representantes da família dos
fundas, em torno dos 20 metros, e mes-
todos os lados que se olhava, a cena se
Lutjanídeos (Vermelhos), e a técnica
mo assim sobe a toda velocidade para
repetia: varas envergadas no seu limite,
empregada foi o arremesso dos gran-
atacar plugues de superfície.
14 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Mullet Snapper, um agressivo representante dos lutjanídeos
Roosterfish, o Pez Gallo, um dos mais cobiçados troféus da região
Rainbow Runner ou Arabaiana-azul
Com a mesma técnica também é possível fisgar outras espécies, entre elas o briguento Xaréu-azul, o Xaréu-amarelo e o Xaréu-olhudo, além da Arabaiana-azul, a Barracuda, enormes Agulhões e outros Vermelhos, como o Mullet, o Seda, o de Rabo-amarelo e o “Pargo-roqueiro”. Foi tamanha a quantidade de ações que a dor em nossos braços e pernas não nos permitiu dormir sem tomar um relaxante muscular. No sexto dia, já à beira da exaustão e com apenas a parte da manhã livre, decidimos por uma pescaria mais leve e próxima. Entretanto, como a semana estava mesmo especial, voltamos a fisgar vários Roosters, Caranhas e Xaréus. Foram tantas as ações que quase nos descuidamos do horário, já que teríamos que desmontar e guardar toda a nossa tralha para apanhar o voo de volta a Panamá City.
Salvador e um Rock Snapper, ou Pargo-roqueiro
ecoaventura 15
[ internacional ] Betão com um belo exemplar de Olho-de-boi, lá conhecido como Amberjack. Foram capturados mais de 150 desses valentes predadores
Equipamentos
• Popping: varas de 8 a 9 pés para linhas de 80 libras (36 quilos)
Para os pescadores brasileiros, ávidos ou não, veteranos
• Molinetes: velozes e com capacidade de pelo menos 400 m de 80 libras (36 quilos)
ou iniciantes, o Panamá é um excepcional destino, e por vários motivos: pode ser atingido em cerca de sete horas de voo direto a partir das principais capitais do Brasil; o idioma
• Linhas: multifilamento PE 5, 6 e 8
facilita a comunicação com o hospitaleiro e simpático povo panamenho; a quantidade e variedade de espécies permitem ao pescador iniciante errar sucessivamente sem desanimar; e, por fim, as águas cristalinas e mornas do oceano Pacífico são extremamente calmas, além do fato de que existem inúmeras ilhas abrigadas para lançar as iscas com sucesso. Precisa mais? 16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
• Shock leaders de monofilamento ou fluorcarbono 130 a 170 libras (59 a 77 quilos) • Sticks baits: F.C.Labo, Baby Runboh, Shibuki • Poppers: Minotauro e Titan da Zagaia
Após visitar essa meca da pesca por mais de 20 vezes nos últimos quatro anos em praticamente todos os meses, dá para afirmar que o Panamá é um dos melhores e mais completos pesqueiros do mundo. E mais: as principais espécies estão disponíveis o ano todo. O que ocorre é
Como o objetivo principal dessa viagem era a captura dos grandes Atuns-amarelos, além de estarmos indo na melhor época, havíamos formado um grupo composto em sua maioria por experientes pescadores. Assim, o resultado não poderia ter sido outro, uma experiência formidável e inesquecível que você não pode deixar de ler em nossa próxima edição.
que, em determinadas épocas, algumas delas, como o Dourado-do-mar, o Wahoo e o Peixe-vela, ficam mais ativas e em maior número. O clima sofre algumas alterações em função da temporada de chuvas — entre maio e novembro —, entretanto, a temperatura pouco oscila e se mantém em torno dos 30 graus Celsius.
Serviços QuEM LEVA? Ecoaventura turismo Tel.: (11)3334-4361 ou diretamente com Beto Véras: Cel.: (11)8511-4238
[ capa l novo ponto de pesca ]
Viver fortes emo莽玫es em lugares intocados e selvagens. Explorar lagos onde os peixes jamais viram uma isca artificial ou desafiar as enormes feras que habitam o leito de rios inexplorados. Esses e outros ingredientes, que fascinam o pescador, motivaram nossa equipe a se aventurar pelos rec么nditos mais distantes da Amaz么nia. Resultado: a descoberta de um ponto com os peixes mais esportivos Texto e fotos: wilson feitosa I Arte: tiago stracci
18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 19
[ capa l novo ponto de pesca ]
M
arço de 2011. Depois de sobrevoar por
encontramos em nossa primeira visita —,
te avaliar seu potencial turístico-pesqueiro
quase duas horas a densa floresta ama-
por outro, o enorme Tapajós cresceu ainda
durante as cheias. O motivo? É que nessas
zônica, entrecortada por rios que fazem
mais e devorou o íngreme barranco que de-
longínquas e generosas águas, em pleno
nossa imaginação pairar ainda mais alto,
lineia seu curso, um verdadeiro oceano de
coração da Amazônia, que está para nas-
surge abaixo de nós o imponente Tapajós
água doce. Mas, não há problema, já que
cer o mais completo e confortável empre-
— um verdadeiro rio de sonhos. Ao contrá-
nosso objetivo nessa jornada é justamen-
endimento destinado à pesca esportiva.
rio do que vimos em nossas visitas anteriores [leia sobre as primeiras expedições a seguir], suas belíssimas praias de areias ocres estão ocultas, fruto das cheias, que fazem a imensa massa de água se sobrepor a elas e desenham um novo cenário, composto por enormes igapós. Quando o avião anfíbio toca o espelho líquido que lhe serve de pista, o misto de euforia e apreensão de sempre toma conta de todos. E não é para menos: se, por um lado, a comunidade da Barra de São Manoel — com suas casas simples e gente hospitaleira — nos aguardava tal qual a
20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Pescar Pescar ee contemplar contemplar Apesar de já ser nossa quarta visita a essa região — a primeira foi no final do século passado —, a impressão ao navegar nessas águas é a de que estamos conhecendo-a pela primeira vez. É tamanho o isolamento que ficamos com a impressão de que o homem moderno — se esteve por aqui — não deixou vestígios. A pesca comercial nunca existiu, de modo que redes, espinhéis, barcos geleiros, entre outros agressores, ainda não puderam interferir no meio aquático. Os únicos barcos vistos são de ribeirinhos, e eles só tiram do rio, para comer, Matrinxãs e Piaus, peixes cujo sabor os fazem desprezar as espécies de couro e o próprio Tucunaré.
Por ser uma região de difícil acesso, encontra-se totalmente preservada por centenas de quilômetros — o que pode ser comprovado por fotos de satélite
ecoaventura 21
[ capa l novo ponto de pesca ]
Ao começarmos a navegar, fica claro
fulminante já nos primeiros instantes e
vores repletas de formigas-de-fogo sejam
que a pescaria será uma incógnita, afinal,
desencadeia um ambiente de otimismo e
transpostas. Bastam 20 minutos nesse rali
não há margens, e as parcas referências
descontração. É como se todos já se co-
aquático, cheio de labirintos, para se des-
que temos são copas de árvores a poucos
nhecessem há anos.
cortinar, como em um passe de mágica,
centímetros da superfície, além dos locais
Após sair do leito do rio Tapajós, o bar-
um rio suntuoso. Estreito, mas de margens
que exploramos com sucesso nas investi-
co adentra uma alameda aquática e para
bem definidas. De águas escuras, mas ex-
das anteriores. E tais circunstâncias vão
diante de um emaranhado de galhos, fo-
tremamente limpas. É em suas corredeiras
exatamente ao encontro de nossos pro-
lhas e cipós. É quando percebemos o por-
que nos fixamos em encontrar o Matrinxã
pósitos: avaliar as condições e opções de
quê de nos terem sugerido sair com dois
— peixe que, por sua astúcia e disposição
pesca durante as cheias.
guias: Marinaldo controla o motor e, lá na
em se livrar das iscas com saltos sucessi-
Dentro da pequena embarcação, o
proa, Antônio “Farofa”, com seu afiado fa-
vos, é considerado o maior desafio que se
companheirismo — um dos maiores le-
cão à mão e habilidade de ninja, abre ca-
pode impor aos pescadores esportivos.
gados desse esporte — surge de forma
minho para que a mata alagada e suas ár-
22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Como nas expedições anteriores, eram poucos dias de prospecção — tempo que poderia ser considerado razoável não fosse a grande cheia e o fato de que a experiência de nossos guias se resumia à pesca de subsistência, isto é, eles apenas nos ajudariam na condução do barco
ecoaventura 23
[ capa l novo ponto de pesca ] EE a a batalha batalha começa começa
para a boca dura dessa espécie, muitas
samente foge de suas características e
escapam já no primeiro salto. Outras ver-
não dá sequer um salto. Após essa cap-
O canto do pequeno fri-frió (Lipaugus
gam a varinha com violência e, quando são
tura, outros foram pegos, e todos, estra-
vociferans) vindo da mata compõe a trilha
de bom porte, até conseguem fazer a fric-
nhamente, brigaram sem se projetar so-
sonora e cria suspense. É possível ouvi-lo,
ção entoar o cântico que o pescador mais
bre a água. Outra diferença gritante é a
mas não vê-lo, tal qual o Matrinxã, que sa-
gosta de ouvir.
cor dos espécimes, bem escuros quando
bemos habitar aquelas águas turbilhona-
Adiante, uma batida diferente cria
comparados aos encontrados em outros
das, ainda que não dê o menor indício de
grande furor. A linha corta o rio com vio-
rios. O Sol escaldante do meio-dia sobre
onde esteja. As iscas — spinners e colhe-
lência e nos deixa divididos sobre a espé-
nossas cabeças e uma diminuição subs-
res — são conduzidas por lances curtos de
cie que está do outro lado. Pela boa briga,
tancial nos ataques nos dão a sugestão:
carretilha ao redor de árvores semissub-
criamos a expectativa de que seja ele, e
é hora de voltarmos para o almoço, não
mersas com delicadeza suficiente para, ao
ansiosos aguardamos seu primeiro salto,
antes de dar uma paradinha em alguns
tocarem na água, não espantarem o arisco
que não ocorre. Com habilidade, o pes-
pontos onde, por experiências anteriores,
Brycon. Nos primeiros lances, pequenas
cador desvia sua presa dos obstáculos e
sabemos que podem estar infestados de
Bicudas mal deixam que as iscas come-
finalmente traz o peixe à tona. Instantes
Tucunarés. Foram três rodadas e muitos
cem a trabalhar e fazem a linha riscar a su-
depois, para surpresa de todos, surge o
arremessos sobre esse trecho, mas, des-
perfície. Como as garateias são pequenas
primeiro Matrinxã da pescaria, que curio-
ta feita eles não estavam lá.
24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 25
[ capa l novo ponto de pesca ]
26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 27
[ capa l novo ponto de pesca ] A A vez vez dos dos peixes peixes de de couro couro
começava a se desvanecer, seguimos para o local onde almejávamos encontrar o grande troféu. Durante um bom tempo, o de-
No final da tarde, descemos o Tapajós à procura de um de seus
sinteresse dos peixes quase nos faz desistir e encerrar a jornada.
muitos poções. Nossa intenção? Fisgar um grande peixe de couro,
Entretanto, assim que o Sol se põe, a batida forte e inconfundível
quiçá uma Piraíba, espécie que certamente ilustraria sem deixar
de um monstro verga a potente vara. A fisgada perfeita é o iní-
dúvidas o potencial de pesca desse rio. Antes, teríamos a agradá-
cio de uma arrancada poderosa e difícil de ser contida. Começa
vel missão de encontrar iscas brancas. Paramos em uma pequena
um cansativo e imprevisível cabo de guerra. O barco é solto para
corredeira e passamos a procurá-las com plugues de superfície.
acompanhar o peixe, que dispara e faz a linha zunir. O pescador,
Não precisaram muitos arremessos para que Bicudas, Tucunarés
com equipamento próprio para o embate, esmera-se para recupe-
e Jacundás tornassem essa missão extremamente agradável.
rar parte do terreno perdido. A cena se repete diversas vezes e, no
Satisfeitos com as ações e quantidade de iscas, quando a tarde
calor da disputa, perdemos a noção do tempo.
28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
A escuridão toma conta do cenário onde se dá a contenda. Os sons cessam, o suor alaga o corpo do pescador, e seus músculos, cansados, tremem de esforço e emoção. Depois de intermináveis minutos, o cobiçado troféu, uma bufante e valente Pirarara, por fim aflora na superfície. Entra em ação o guia que, cuidadosamente, iça o belo espécime pelo rabo para que o momento seja eternizado em várias fotografias. O peixe retorna para seu meio.
ecoaventura 29
[ capa l novo ponto de pesca ] A noite avança, e clarões eletrizantes de relâmpagos transformam em dia o escuro firmamento. É o sinal para retornarmos antes que mais uma perigosa tempestade amazônica nos embosque no rio. Não conseguimos o peixe da capa, mas já em terra firme, ao encontrarmos os outros integrantes da equipe com os semblantes cansados, mas notadamente eufóricos e felizes, percebemos que traziam muitas histórias. E não é mesmo sem motivo, afinal, viveram emoções intensas com um belo Barbado, diversas
30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Pirararas e a cobiçada Piraíba, que ilustra
de Aruanãs na seca [referentes a expedi-
Após a saborosa aventura para chegar
a capa desta edição.
ções anteriores] estavam todos submer-
às margens de um dos rios mais preser-
Assim foram os demais dias em que
sos e sem vida. Por outro lado, surgiram
vados do País, nossa equipe retorna ao
exploramos as águas do imponente Ta-
dezenas de outras opções e pontos de
Tapajós, entrega-se à pesca dos peixes re-
pajós e de seus principais tributários,
pesca, cuja produtividade e quantidade
dondos e vive novamente momentos fasci-
ainda que, na cheia, as condições de
de estilos passíveis de ser postos em
nantes. Tambaquis e outras espécies são
pesca sejam completamente diferentes.
prática são capazes de satisfazer o mais
os responsáveis pela overdose de emo-
Os pedrais onde encontramos cardumes
exigente pescador.
ções que você verá nas próximas edições. ecoaventura 31
[ capa l novo ponto de pesca ] Rumo ao desconhecido
A primeira expedição aconteceu em maio de 2010 com a expectativa de encontrarmos fatos novos para reportar a nossos leitores. Apesar de toda a pesquisa que fizemos, a única certeza era de que, para chegarmos à foz dos rios Teles Pires e Juruena, onde ambos formam o caudaloso e desconhecido Tapajós, nos sujeitaríamos às mais diversas condições. Desembarcamos em Manaus e seguimos ao Aeroporto Eduardinho, onde fizemos a conexão rumo ao município de Itaituba-PA. Ainda que distante, trata-se de uma cidade de porte médio com surpreendentemente infraestrutura quando considerada sua distância (1.374 Km) em relação à capital do Pará. Mais ainda se for levado em conta que quase a totalidade desse percurso é de estradas sem pavimento, o que explica a grande movimentação de embarcações em seu porto fluvial. Infelizmente, não houve tempo para conhecê-la melhor, já que precisávamos nos apressar em seguir para
32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Jacareacanga, cidade que consta nos
para seguir caminho eram muito pareci-
tas outras adversidades tão alardeadas
mapas, mas sobre a qual são escassas
das e, para piorar, não havia placas indi-
nos jornais. A estrada, apesar da pista de
as informações.
cativas. Lembramos que não poderíamos
chão batido, mostrava-se incrivelmente bem conservada.
Assim que deixamos para trás os pri-
errar o caminho, afinal, estávamos em
meiros quilômetros da lendária e imprevi-
um dos trechos mais desconhecidos do
Como todo pescador é, acima de tudo,
sível Rodovia Transamazônica, a incógni-
País e, caso pegássemos a saída errada,
um sonhador, foi inevitável não nos lem-
ta do percurso provocava sensações que
poderíamos nos desviar por quilômetros
brarmos da saga de milhares de heróis
veteranos já não deviam sentir. Já haviam
e até horas. A ausência humana na es-
vindos de diversas partes do País na dé-
passado 30 minutos desde que avista-
trada era total, entretanto, nada que lem-
cada de 1970, a fim de abrir caminho em
mos as últimas casas quando chegamos
brasse a floresta inóspita, as condições
meio ao inferno verde e levar o progresso
à primeira confluência. As duas opções
precárias, os trechos interrompidos e tan-
aos mais distantes recônditos nacionais.
Durante o voo, a vastidão da floresta entrecortada por centenas de rios e canais, assim como a ausência total de vestígios da civilização, entorpece nossa imaginação. “O que essa jornada poderá nos reservar?”, pensamos ecoaventura 33
[ capa l novo ponto de pesca ]
Um Um início início de de viagem viagem monótono monótono A primeira parte da viagem, entre Itaituba e o início do Parque Nacional da
portou para outra dimensão, e a estrada,
não nos permitiu passar dos 80 Km/h em
até então dominada por estirões a perder
nossa solitária trajetória.
de vista, estreitou-se e passou a serpentear em meio a sucessivas e pitorescas serras.
No trecho final, exceto por esporádicos veículos com os quais cruzamos no camin-
Amazônia, exceto por um único mirante do
As condições de tráfego também não
ho — caminhonetes D20 usadas para o
rio Tapajós, não registrou episódios excep-
eram as mesmas. Durante um trecho com
transporte misto de carga e passageiros
cionais. Como estamos em pleno século
aproximadamente 200 quilômetros, o
— e por poucos cursos d’água, tudo cola-
21, não esperávamos ter a oportunidade
sobe-e-desce constante, as curvas fecha-
borou para o retorno da monotonia. A ve-
de reviver as situações dos primeiros
das, troncos caídos pelo caminho e pedras
locidade com que o desmatamento avan-
desbravadores dessa região Entretanto,
soltas diminuíram nosso ritmo de viagem e
çou sobre as margens da Transamazônica
a mono¬tonia de pastos e suas rezes e
exigiram atenção redobrada — um verda-
afastou a floresta novamente de nossos
grandes áreas desmatadas às margens da
deiro pedaço de mau caminho para quem
olhares. Em seu lugar, começaram a apa-
estrada eram constantes e cansativas. Os
tem pressa, mas uma oportunidade singu-
recer algumas queimadas e cicatrizes de
poucos bichos e paisagens encontrados
lar de ouvir os sons e sentir os odores da
garimpos abandonados. Concluímos o tra-
decepcionavam.
floresta para aqueles que fogem da rotina
jeto até Jacareacanga com uma pontinha
dos grandes centros urbanos.
de frustração, pois, fora a emoção de
A partir do início do Parque, no entanto, o panorama se transformou e quebrou a
Após cerca de três horas, deixamos a
atravessar o Parque, imperou uma paisa-
fastidiosa caminhada.. Já em seu trecho
área do parque. A estrada voltou a apresen-
gem árida e, por vezes, desoladora. Nada
inicial, as áreas desmatadas deram lugar
tar condições excepcionais e permitiu-nos
lembrava uma grande aventura. Mesmo
a uma floresta densa repleta de árvores
bom ritmo de viagem, que só não era mel-
assim, nos mantivemos esperançosos,
frondosas e muita vida. Uma sinfonia de
hor porque a pick up que alugamos estava
afinal, ainda estávamos bem distantes de
aves criou uma trilha sonora que nos trans-
com a turbina do motor inoperante, o que
nosso destino.
34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 35
[ capa l novo ponto de pesca ] Enfim, um um encontro encontro com com o o Enfim, passado passado
Jacareacanga não tem ruas pavi-
barco, perdemos a chance de sonhar
mentadas, porém, paradoxalmente, seu
com os peixes desse trecho do rio e gan-
aeródromo com pista asfaltada é um dos
hamos a oportunidade de contemplar, do
Após 400 quilômetros de Transam-
melhores da região — herança de nossa
céu, uma das mais belas paisagens do
azônica, entramos no isolado município
Aeronáutica, que o usou como ponto de
mundo.
de Jacareacanga, fim de nossa jornada
apoio estratégico para suas incursões
Decorridos cerca de 30 minutos, e após
rodoviária. Chegava a ser surreal encon-
em território amazônico. E foi por ele, a
sobrevoar indescritíveis canais de águas
trar uma cidade tão longe e com acesso
bordo de um pequeno monomotor, que
límpidas e praias aprazíveis, a aeronave
tão complicado, mas, com certeza, eram
seguimos para a etapa derradeira de
fez uma curva. Surgia à nossa frente uma
esses fatores que justificavam suas ruas
nossa aventura: alcançar a Barra do São
pequena vila. Tratava-se da apoteose com
sem pavimento, o comércio modesto e
Manoel. Ao não optarmos por seguir de
a qual sonhamos.
suas dimensões reduzidas. Era como uma volta ao passado, e no sentido mais amplo da palavra. Se é verdade que o progresso não estendeu seus tentáculos por lá e tudo ainda é muito difícil para seus habitantes, por outro lado, sua gente, de origens nordestinas, nortistas e indígenas de diversas etnias, ainda demonstrava a hospitalidade e generosidade que há muito desapareceu dos grandes centros. Tanto é verdade que essa jornada começou a se materializar quanto descobrimos Zeca Cavalcante — um de seus ilustres cidadãos, cearense de nascimento, paraense de coração e que seria nosso guia dali por diante. Sujeito carismático, voluntarioso e com humor característico do nordestino, ele nos deu uma injeção de ânimo com suas histórias pitorescas sobre a região e as inesgotáveis possibilidades que teríamos.
36 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Longe da civilização, em um cenário exuberante cuja densidade da floresta esconde as mais belas cachoeiras: esse será o endereço do ECOLODGE da Barra
ecoaventura 37
[ capa l novo ponto de pesca ] O projeto ECOLODGE
O Ecolodge da Barra foi arquitetado
restaurante climatizado com varanda en-
ha 40 Hp e ciclo de quatro tempos, além de
para ser o mais isolado e, ao mesmo tem-
vidraçada, onde será servido cardápio
motor elétrico e outros mimos. Ficará circu-
po, confortável projeto de hospedagem
variado e bebidas inclusas no programa,
lando próximo ao encontro dos rios Teles
para pescadores e turistas já construído
até mesmo uísque. Todas as suítes terão
Pires e Juruena e oferecerá acesso aéreo a
em águas brasileiras. Com inauguração
varandas voltadas para o rio, camas de
partir de Manaus-AM ou Alta Floresta-MT.
prevista para o início do segundo semes-
solteiro, banheiro com box e pé direito de
Para maior tranquilidade dos hóspedes e
tre de 2011, o empreendimento será um
2,65 metros. Na parte náutica, contará
daqueles que preferem ir com seu próprio
lodge flutuante edificado sobre uma ro-
com barcos projetados exclusivamente
avião, a empresa já providencia a reforma
busta estrutura de aço naval com paredes
para as características da região, todos
e ampliação da pista de pouso para poste-
e revestimentos em madeira. Terá amplo
com os ecológicos motores de popa Yama-
rior registro e homologação.
38 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Como Chegar
Couro: Jaú, Piraíba, Filhote, Pirarara, Jundiá, Caparari, Cachara, Barbado, Piranambu ro neg
Escamas: Tambaqui, Jatuarana,Tucunaré (varias sub-espécies), Bicuda, Cachorra-
BR 163
MANAUS
ajós
rio
BR 174 rio ta p
Principais espécies
rio amazonas
larga, Corvina e diversos tipos de Pacu, Matrinxã, Aruanã e Trairão
ITATIUBA
rio solimões
BR 319
Dicas
AM
PA BR 230
rio res s pi tele
- Apesar de sua localização em meio à floresta amazônica, será possível
rio jurena
falar com o resto do mundo por telefonia via satélite, internet e rádio - As aeronaves que servirão ao transporte de pescadores para a
ALTA FLORESTA
pousada também ficarão de plantão para qualquer emergência - Reforce o equipamento fotográfico, impossível controlar a ansiedade de registrar tanta coisa bonita
BR 230
MT
BR 163
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ]
Nobres — A treasure yet to be discovered
P
rodigiosas paisagens, interação com a natureza e lembranças inesquecíveis são o mínimo que se deve esperar de Nobres-MT — um patrimônio natural em pleno desenvolvimento turístico que ainda abriga todas as qualidades de paraíso intocado Nobres, northern Mato Grosso State, may be associated with breathtaking landscapes, an interaction with nature and indelible memories — it is a national heritage under tourist development that still retains all the qualities of an untouched paradise DA REDAÇÃO/ BY NEWSROOM Tradução/translation: David John Arte/design: TIAGO STRACCI
40 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 41
Fotos: Rota das รกguas
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ]
P
ara quem já teve a oportunidade de vi-
desenvolvida, no quesito belezas natu-
se pudéssemos fazer parte da própria
sitar Bonito, no Mato Grosso do Sul,
rais, Nobres não deixa nada a desejar,
natureza, sem a necessidade dos luxos
conhecer uma cidade cujo slogan trans-
além de possuir as vantagens de ser
urbanos. A simplicidade e rusticidade
mitido pelos moradores seja “Nobres é
mais próxima à capital do seu respec-
são marcas desse local de beleza ímpar
mais que Bonito, é lindo” deve ser, no
tivo Estado e a temperatura da água e
em seu estado bruto, o que não é sinô-
mínimo, desafiador. Embora Bonito te-
ambiente serem mais agradáveis. Entre-
nimo de desaconchego. Pelo contrário.
nha uma infraestrutura turística mais
tanto, Nobres tem algo a mais. É como
Nos hotéis e pousadas, os turistas são acolhidos com os mimos característicos de interior: disposição, simpatia, comida caseira e farta. A cerca de 130 quilômetros de Cuiabá, a exibição de seus cartões-postais começa a despontar como alternativa econômica à extração mineral de calcário e cimento. Localizada na floresta de transição entre Cerrado e Amazônia — mais especificamente numa área denominada Província Serrana —, a região é divisora de águas entre as bacias amazônica e platina. Assim como a capital mato-grossense, é muito quente, com temperatura em torno dos 30°Celsius. O pequeno município habitado por 15 mil pessoas é constituído pela sede e dois distritos, Coqueiral e Bom Jardim. Neste último, a 60 quilômetros do centro, é que se encontram as principais atrações. Pano de fundo de uma das edições do reality show “No Limite”, e da novela
Ficar em sintonia com a natureza é um privilégio dos turistas de Nobres Tourist visiting Nobres are priviliged to be in synchrony with Nature
T
Fotos: Rota das águas
“Paraíso”, ambos da Rede Globo, e da novela “Bicho do Mato”, da Record, esse polo potencial de “indústria sem chaminés” — termo utilizado para classificar o ecoturismo — é, aos poucos, apresentado a turistas brasileiros e estrangeiros.
o anyone who has had the opportunity of visiting the town of Bo-
Yet, Nobres is somewhat more as it provides a chance to blend in with
nito (“Pretty” port.), in South Mato Grosso State, knowing a town
nature without the need for urban glitter. Rustic simplicity are the hall-
whose slogan is “Nobres is prettier than Bonito, it is beautiful” is to say,
marks of this uniquely beautiful town in its raw state without sacrifice
the least, challenging. Although Bonito has a more developed tourist
to comfort — on the contrary, in the hotels and lodges, tourists are
infrastructure, in terms of natural beauty, Nobres leaves nothing to be
cordially greeted and pampered as is usual in the interior, and home-
desired, and apart from being in closer proximity to the state capital
cooked food is generously served.
and its water and ambient temperatures being more amenable.
42 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Distant some 130 kilometers from the state capital Cuiabá, it is now
Foto: Rota das águas
Águas azuis e cristalinas nas quais os anfitriões — Piraputangas, Dourados, Curimbas, Piaus etc. — esbanjam cordialidade no decorrer de rios, lagos e lagoas. Correntezas que brotam do topo de paredões gigantes fornecem banhos refrescantes. Cavernas cercadas por lendas e mistérios. Essas são apenas algumas das relíquias naturais guardadas em Nobres-MT Crystal clear blue waters in which the hosts are Piraputanga, Dourado, Curimba, Piau etc. along the river courses, lakes and pools. Currents that are formed from falls and massive rock faces provide a cool dip. Caves are enshrouded by legend and mystery. These are only a few of the natural treasure troves that are part of Nobres-MT
beginning to stand out as a regional postcard and an economic alternative
two districts, Coqueiral and Bom Jardim. It is in the latter, 60 kilometers
to the region’s limestone and cement mining. Located in the transitional
from downtown, that the main attractions are to be found.
jungle forest between Cerrado and Amazonia — more specifically in an
It has been a backdrop for TV reality shows such as “No Limite” (“At the
area called Provincia Serrana —, it stands at the division of the Amazon
Limit”), and the “Paraíso” soap opera, both from the Globo TV network, as
basin waters and the platina. Just as in the capital of Mato Grosso, tem-
well as the “Bicho do Mato” soap opera, from Record TV. It has been en-
peratures are very high averaging 30 degrees Celsius. The small munici-
titled the “chimney free” — hub to account for its sustainable enterprise —
pality has a population of 15.000 and is made up of the main town and
and is little by little being presented to Brazilian as well as foreign tourists.
ecoaventura 43
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Nas águas de Nobres As opções de entretenimento são tão variadas que seria injusto qualquer turista se sentir entediado. Rios, lagos, lagoas, cavernas e cachoeiras possibilitam desde a contemplação de maravilhas esculpidas pela natureza à flutuação, mergulho e prática de esportes radicais. E não raro o viajante é surpreendido por macacos, seriemas, cobras, araras, periquitos, papagaios, garças e tantos outros animais em seu meio natural. A aventura vai começar! Colete, máscara e sandália flutuante. Check list completo dos equipamentos de segurança — todos providenciados pelo guia —, e o turista já se vê em meio à flora e à fauna silvestre por meio de uma caminhada para flutuação até uma das nascentes do rio Salobra. No final da trilha, a beira do deck revela um grande aquário, no qual os peixes recepcionam os forasteiros em suas límpidas e azuladas águas de seis metros de profundidade. Esse ofurô natural gigante, que relaxa o corpo e a mente, é o Aquário Encantado. Ao percorrer mais um trecho a pé, é possível descer o rio sem nenhum esforço: é só se deixar levar pela leve correnteza. O Aquário Encantado e o Salobra fazem parte do chamado Recanto Ecológico. No Reino Encantado, a flutuação permite, além da descida, a observação da água borbulhando no fundo do rio. Isso porque o lençol freático consegue perfurar as rochas e a terra, o que dá a impressão de estar fervendo — área conhecida como Complexo de Ressurgências. No Aquário Encantado, a dança dos peixes — que nadam livremente em meio às pessoas — é apreciada de perto In the Enchanted Aquarium, fish perform their ballet and swim freely among bathers
THE WATERS OF NOBRES Leisure options are so varied that it is impossible for any tourist to feel
keets, parrots, egrets and many other wildlife species in their natural setting. THE ADVENTURE BEGINS!
detachment. Rivers, lakes, pools and waterfalls are conducive to both con-
A life jacket, mask, snorkel and floating sandals are part of a complete
templating the wonders sculpted by nature as well as flotation and diving
check list of safety equipment, all provided by the guide, before the tourist
trips and the practice of extreme sports. It is not uncommon for the travel-
finds himself in the midst of the jungle flora and fauna as he or she walks
ling visitor to be surprised by monkeys, seriemas, snakes, macaws, para-
along a path to one of the sources of the Salobra river to commence a float trip.
44 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Foto: Rota das águas
Foto: Rota das águas
Fotos: Henrique Feitosa
Nas trilhas, é possível observar diversos animais silvestres como seriema e macaco prego Along the trails, several wildlife species such as the Seriema and Prego Monkey can be spotted
Água cristalina borbulha no Complexo de Ressurgências – Rio Salobra Gin clear waters bubble up in the rio Salobra Ressurgencies complex
At the end of the trail, at the edge of the deck, a giant aquarium comes
In the Enchanted Kingdom, apart from the downstream trip, floatation
into view in which fish greet visitors in bluish, crystalline waters that are 6
enables viewing the water bubbling up from the river bed. This is because
meters deep. This giant natural Ofuro tub that relaxes both body and mind
the ground water table is able to find its way through rocks and earth which
is the Enchanted Aquarium. On walking a little futher downstream, it is pos-
imparts an effervescent sensation — this area is known as the Ressurgen-
sible to float effortlessly with the current. The Enchanted Aquarium and the
cies System.
Salobra are part of the famed Ecological Retreat.
ecoaventura 45
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Outra opção de flutuação é no rio Triste, um afluente do Cuiabazinho que abriga enorme variedade de plantas aquáticas e peixes de maior porte, até mesmo Arraias. A largura e correnteza mais forte dão uma pitada de emoção ao passeio. E quem preferir águas mais profundas, o rio Salobão dá conta de um ótimo mergulho com cilindro. Para um banho natural junto a cardumes de peixes, o ribeirão Estivado é uma boa opção. À margem da rodovia MT-241, o local era caminho de tropeiros que construíam estivas — pontes rústicas — de madeira para a passagem dos animais. No Estivado, Piraputangas, Lambaris e Piaus obedecem ao chamado do seu “dono” — incrível! —, o proprietário do restaurante local que serve pratos típicos
Balneário Estivado e mergulho com cilindro no rio Salobão Estivado Resort and scuba diving in the Salobão River
46 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Fotos: Rota das águas
da região.
Por volta das 17 horas, as araras são as protagonistas de um cenário que une a visão privilegiada de uma lagoa repleta de buritis a um deslumbrante pôr do sol. A sinfonia do canto dessas e outras aves e as palmeiras alagadas compõem o entardecer na Lagoa das Araras, um quadro ao vivo da natureza emoldurada em uma simetria perfeita
Foto: Rota das águas
Foto: Secretaria de turismo de nobres
Around 5:00 p.m., macaws take the stage which combines a unique view of a lake surrounded by palm trees and a dramatic sunset. The symphony of these and other countless birds as well as the waterbound palm trees make up a unique concerto at sunset on the Araras Lake — a living picture of nature framed in perfect symmetry
Another option is a floatation trip down the Triste (Sad) River, a tributary
For a dip with nature next to shoals of fish, the Estivado watershed is
of the Cuiabazinho which shelters an enormous variety of aquatic plants
an excellent option. Bordering the MT-241 highway, this was a passageway
and larger sized fish including rays. The greater breadth and river current
for local bridgebuilders constructing wooden cattle passage ways. In this
impart a little more excitement to the trip. For those who prefer deeper
watershed Piraputanga, Lambari shad and Piau respond to the call of their
water, the Salobão River provides a good opportunity for Scuba diving.
master, the local restaurant owner — amazing!
ecoaventura 47
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Beleza radical e misteriosa Nobres não foi agraciada somente com locais para apreciação e promete não decepcionar os mais aventureiros, seja na intensidade das atividades radicais, na passagem por locais enigmáticos ou durante o trajeto desafiador. Para chegar à Cachoeira da Serra Azul, é preciso caminhar e subir 280 degraus. Quem não perder o fôlego e alcançar o final do percurso será recompensado com uma cristalina queda d’água de cerca de 40 metros. Ao se deparar com tamanha beleza, o turista até se esquece do caminho que o espera na volta. Outra cachoeira que se destaca tanto por sua beleza quanto pela sua história é a do Tombador. Localizada na região da Serra da Caixa Furada, foi palco da Batalha dos Revoltosos em 1901 e, ao seu redor, há um caminho de pedras feito pelos Bandeirantes que
Foto: WIlson Feitosa
desbravaram o norte do Estado.
O barulho de queda d’água indica que um espetáculo está por vir na Cachoeira da Serra Azul. Mas, além da beleza, ela é fascinante devido aos cardumes de Piraputangas que nadam em águas translúcidas The roar of the falls is a prelude to the spectacle that is to come at the Cachoeira Serra Azul. Yet, apart from its natural beauty it is equally fascinating as a result of the shoals of Piraputanga fish that swim in its translucid waters
Extreme and mysterious beauty
is prone to forget the rigors of the way back. Another waterfall that stands
Nobres has not only been blessed alone by specific locations for the
out inasmuch for its beauty as its history is the Tombador falls. Located
tourist but also holds attractions for the more adventurous, be it in the
in the Caixa Furada Range, it was the stage for battle of the Revoltosos in
intensity of extreme sports, the sojourn through enigmatic spots or during
1901 and, around it, there is a stone path constructed by the Bandeiran-
the challenging access points. In order to get to the Cachoeira da Serra
tes who pioneered the north of the state.
Azul waterfalls, one must hike and climb upwards 280 stairs. Those able
An atmosphere of mystery enshrouds the geological formations in
to keep their breath and finish the course will be rewarded by the view of
the Gruta da Lagoa Azul cave and the Cerquinha complex, which is as
a 40 meter crystal clear waterfall. On seeing such a spectacle, the tourist
daunting as it is thrilling. This cave, inhabited by blind catfish, freshwater
48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Foto: Secretaria de turismo de nobres Foto: Rota das águas
A Gruta da Lagoa Azul impressiona por suas formações geológicas e pelo exuberante lago azul habitado por uma infinidade de peixes The Lagoa Azul Cave is notable for its geological formations and pools that are teeming with a variety of fish species
A atmosfera de mistério que pai-
quinha — o Duto do Quebó. À medida
ra no ar nas formações geológicas da
que atravessa a caverna, o visitante é
Gruta da Lagoa Azul e do Complexo da
guiado pela luz da extremidade oposta,
Cerquinha é tão emocionante quanto
mas, segundo lendas da região, quando
arrepiadora. Os relatos de que a lagoa
se aproxima do fim, é surpreendido pelo
da gruta — habitada por bagres cegos,
monstro guardião e deve decidir se con-
Pitus, Cascudos e Lambaris — possui o
tinua o percurso até alcançar a luz ou
formato do mapa do Brasil, e na qual é
retorna ao sombrio duto.
possível visualizar a imagem de Nossa
Entretanto, se o aventureiro acreditar
Senhora Aparecida em meio aos pare-
que o passeio ainda não teve adrenali-
dões rochosos, servem para intrigar
na suficiente, a descida de boia cross
ainda mais os turistas. Infelizmente, a
nas corredeiras do rio Nobres é quase
visitação está interrompida para a ela-
obrigatória. Porém, outros esportes
boração de um plano de manejo. Já o
mais radicais como rafting, rapel, tirole-
túnel de 400 metros que abraça um
sa e voo de parapente podem ser prati-
riacho em plena escuridão é uma das
cados, além da pesca esportiva nos rios
principais atrações do Complexo da Cer-
Cuiabá, Cuiabazinho e Manso.
shrimp, shad and other fish species, appears to have the format of the
according to regional rumors, on reaching the end, he is surprised by the
map of Brazil and it is possible to perceive the image of our Lady of Apa-
guardian monster and must decide on whether to finish the course into
recida (Brazil’s patron saint) in the midst of the rocky wall faces, which
the light or return to the darkness.
further intrigues and mystifies tourist visitors. Regrettably, this itinerary
Yet, if the visitor believes this hike has not imparted sufficient adrena-
is currently closed down for restoration. On the other hand, the 400 me-
line, the Float Cross over the Nobres River falls is almost mandatory. How-
ter tunnel that follows a river course in complete darkness is one of the
ever, other extreme sports such as rafting, rappelling, fall jumping and
Cerquinha complex's main attractions — this is the Quebó Duct. As the
paragliding can also be carried out, besides sportfishing in the Cuiabá,
visitor crosses the cave, he is guided by the light at the other extreme, but
Cuiabazinho, Manso and Arinos rivers.
ecoaventura 49
[ ecoturismo/ecotourism l nobres-mt ] Serviços/Services Vale a pena uma visita / Worth a visit
4 - Cachoeira do Tombador (Waterfall) – R$25
1 - Recanto Ecológico da Lagoa Azul, Reino Encantado da Lagoa Azul, Rio Triste (Flutuação) (Float Trip) – R$50*
5 - Cachoeira Salto do Tucum (Waterfall) – R$25 6 - Gruta da Lagoa Azul – interditada (off limits)
2 - Ribeirão Estivado (Banho) (Bathing) – R$15
7 - Duto do Quebó (Gruta) (Cave)
3 - Cachoeira Serra Azul (Flutuação) (Waterfall/Float Trip) – R$50
8 - Lagoa das Araras (Observação de Pássaros) (Bird Watching) – R$25
9 - Lagoa do Salobão (Mergulho de cilindro e flutuação) (Scuba diving and float trip) – R$160 10 - Rio Nobres (Boia cross) (Float cross) – R$35 11 - Rio Quebozinho (Boia terapia) (Float tube therapy) – R$35 12 - Rio Cuiabazinho (Passeio de bote e pesca) (Kayak and fishing)
13 - Balneário Dona Máxima (Banho) (Bathing) – R$10 Morro e Cachoeira do Vai Quem Quer (Mirante, voo de parapente e cachoeira) (Mirador, paragliding and waterfall) – entre between R$25 e R$160 Rios Cuiabá e Manso Pesca (Sportfishing) Tirolesa /
Fall jumping
– R$35
* preços aproximados estimated prices
11 13 4 10
2 12
1
3
5 7 6
9 8
FotoS: 1, 2, 3, 7, 8, 9, 11 e 12: Rota das Águas FotoS: 4, 5, 6, 10, e 13: Secretaria de Turismo de nobres
50 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Como Chegar /
getting there
Saindo de Cuiabá, o melhor caminho até Nobres é pela MT 010, que é mais rápido e possui menor movimento (125 km). Mas o acesso também pode ser feito pela BR 163 passando por Jangada (140 km). De Nobres até a Vila Bom Jardim são cerca de 60 km pela MT 241, mas essa estrada ainda não é asfaltada. Departing from Cuiabá, the best way to Nobres is by the MT 010 highway because it is faster and has less movement. But there is another access by the BR 163 highway passing through the town of Jangada (140 km). From Nobres to Vila Bom Jardim, another 60 km must be travelled via the MT241 road, which is unasphalted.
Onde ficar /
where to stay
Em Bom JArdim / In Bom Jardim Pacote para um final de semana: cerca de R$ 200 por pessoa (o preço depende da pousada escolhida). Inclui hospedagem, 3 refeições e 4 passeios com guia. A week-end package costs around R$ 200 per person (prices depend on hostelry of choice). This includes lodging, 3 meals and 4 guided trips. Pousada Recanto Ecológico Tel.: (65) 3102-2019 R$60 por pessoa per person Hotel Bom Gardhem Tel.: (65) 3102-2019 simples (single) – R$90 duplo (double) – R$170
VOUCHER Para explorar os pontos turísticos, o visitante precisa de um voucher — um “ingresso”. To explore Nobres tourist attractions, the visitor needs a voucher. Mais informações For extra information:
Pousada Nossa Senhora da Guia Tel.: (65) 3102-2019 R$40 por pessoa per person EM nobres /
In nobres
Pirâmide Palace Hotel De R$ 50 a 92 por pessoa per person De R$ 90 a 126 por casal per couple Rua Cuiabá, 1974, Centro – Nobres-MT Tel.: (65) 3376-1021 / (65) 3376-2034 Pousada Mangueiras De R$ 70 a 80 por pessoa per person De R$ 95 a 110 por casal per couple Avenida Getúlio Vargas, Centro, 1501 – Nobres-MT Tel.: (65) 3376-1345
Secretaria de Turismo de Nobres / Tourist Department of Nobres
Tel.: (65) 3376-2009 Rota das Águas Turismo / Tel.: (65) 3102 2019
Tourist agency
saúde
Caixa de primeiros socorros:
tão importante quanto a tralha de pesca
Imprevistos como uma garateia enterrada nas costas com a colaboração do parceiro de barco, abelhas mal humoradas que nos brindam com algumas ferroadas, ou mesmo uma “virose” fora de hora, às vezes são “imprevistos” que surgem durante uma pescaria. E, quando um acidente acontece, antes de se transformar em “causo” a ser contado nas rodas de amigos, até mesmo um simples band-aid faz falta. Veja algumas sugestões para você, pescador prevenido, acrescentar na lista de tralha de pesca Da redação l Fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA l Arte: Gabriel Dezorzi
52 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Para curativos • Sabão neutro — limpar bem os ferimentos com água limpa
Medicamentos • Antes de adquirir os medicamentos, aconselhe-se com um
e sabão, antes de qualquer outra medida, é a melhor maneira de
profissional de saúde para avaliar quais os mais adequados.
evitar infecções
Isso porque alguns deles podem agravar quadros hemorrágicos
• PVPI degermante — antisséptico à base de iodo • Pacotes de gaze esterilizada para limpar e cobrir ferimentos • Esparadrapo • Atadura de crepe (faixa) • Luvas de látex — cirúrgicas ou de procedimentos — para evitar contato direto com sangue ou secreções
de doenças, como o da dengue, ou apresentar efeitos adversos • Informe-se quanto ao uso correto, dosagem e frequência para não correr o risco de intoxicação • Verifique o prazo de validade dos medicamentos antes de viajar e substitua os vencidos • Medicamentos de uso contínuo: se você é diabético,
• Alicate para cortar anzóis e garateias
hipertenso, cardíaco, epilético ou portador de alguma doença
• Pinça (de sobrancelhas) — para retirar farpas, espinhos,
que requeira o uso contínuo ou frequente de algum medi-
ferrões e carrapatos • Pinça kelly (pinça cirúrgica) — para extração de objetos maiores
camento, como para crises de bronquite, não se esqueça de levá-los • Colocar uma cópia da receita junto pode auxiliar no caso
• Tesoura sem ponta
de você necessitar de socorro e não ter condições de informar
• Aparelho de barba descartável — para “depilar” rapidamente
qual remédio toma e como
carrapatos, quando a quantidade deles for grande
• Antialérgico • Antiespasmódico para cólicas • Analgésico/antitérmico
Vacinação Preparar antecipadamente o nosso corpo para enfrentar doenças é um item indispensável da “maleta de primeiros socorros”, portanto, procure manter atualizado o seu cartão de vacinas. Não deixe vacinação para a última hora: nosso organismo necessita de um prazo para conseguir se proteger adequadamente. Para saber quais locais e horários de vacinação, basta consultar as secretarias municipais de saúde. • Contra o tétano — a vacina dupla adulto proporciona proteção contra o tétano e a difteria e deve ser tomada em três doses administradas em intervalos superiores a um mês. O reforço é feito a cada dez anos • Contra a febre amarela — quem costuma pescar em localidades com risco de transmissão dessa doença deve receber uma dose da vacina dez dias ou mais antes da viagem. Uma nova vacina só é necessária a cada dez anos
Último item: bom senso No caso de um acidente com anzol, corte com um alicate a parte de trás do anzol e retire-o puxando pela ponta, assim a farpa do anzol não abrirá mais o ferimento
Ainda que de médico e louco todos tenhamos um pouco, diante de um acidente ou doença, só realize intervenções para as quais esteja habilitado. Às vezes, garantir ao parceiro em dificuldades um acesso rápido ao serviço de saúde que possa atendê-lo adequadamente é o que nos permitirá continuar usufruindo da sua companhia em pescarias futuras.
ecoaventura 53
[ técnica l iscas antienrosco ]
Para entrar no enrosco Quando as águas estão acima do nível previsto, e os peixes em meio à mata ou entre a vegetação alagada, é preciso usar a criatividade e lançar mão de artifícios capazes de neutralizar tais efeitos. Nesta matéria, mostraremos estratégias e alternativas para contornar essas situações Por: Flávio Freitas l fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA l arte: paula bizacho
U
m dos maiores desafios para
teia e, em seguida, oferecer um modelo
saber como e quando usar cada uma de
os pescadores que usam is-
de meia-água, o que nem sempre funcio-
acordo com a circunstância.
cas artificiais é “arrancar” os
na. É aí que entram em ação as iscas an-
As mais populares são as tradicionais
predadores de estruturas como galha-
tienrosco, tanto as que já vêm de fábrica
e eficazes colheres, mas também existem
das, moitas de camalotes, espinheiros,
com esse dispositivo quanto os modelos
outras, como ratos, sapos de borracha,
capins etc. Nessas situações, é comum
que passaram por modificações. Mas,
iscas com anzóis simples, jigs e plugues
lançar uma isca de superfície sem gara-
devido à grande diversidade, é preciso
modificados. Vamos conhecê-las melhor.
54 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Colheres Como dito, trata-se de uma das mais populares e eficientes iscas já desenvolvidas para esse tipo de situação. São vários modelos nacionais e importados à disposição do pescador, e a maioria tem boa qualidade. Indicadas para qualquer estrutura, proporcionam bom índice de capturas, mas apresentam uma desvantagem: a ausência do rattlin’. Para serem trabalhadas em profundidades variadas, basta alternar a velocidade de recolhimento que elas se movimentam mais abaixo ou acima. Alguns modelos, como os da Eagle, proporcionam excelente resultado na superfície, em especial quando o peixe ataca e erra o bote — momento em que cessar o recolhimento é o suficiente para que ela afunde em zigue-zague, um movimento sedutor para a maioria dos predadores. Dica: para torná-las mais atrativas, acrescente uma cauda de silicone ao anzol.
Ratos e
sapos
São usados em larga escala pelos pes-
e sapo com popper, caso específico da Scum Frog Popper, que é extremamente barulhenta. São recomendadas quando há vegetação densa e poucos espaços
Pouco usadas entre os pescadores brasileiros, essas iscas são extremamente eficientes
abertos a serem explorados.
cadores de Bass e Traíras, sobretudo por-
O modelo Zara Mouse, apesar do
que alguns modelos possuem rattlin’s,
baixo índice de capturas, destaca-se em
que provocam inesquecíveis ataques na
meio a paliteiros fechados por ter anzol
superfície. Entre os modelos existentes,
único voltado para cima. Já as feitas de
o grande destaque é o Zara Mouse da
silicone são mais eficientes, mérito dos
Heddon, além da Frog — sua cópia de
dois anzóis voltados pra cima com as
fabricação nacional —, ambos com com-
pontas escondidas no corpo.
provada eficácia em provocar ataques e explosões inesquecíveis. Mas há outras
Trabalho: arremessar sobre a vegeta-
marcas, como a norte-americana XPS
ção e recolher até cair no espaço aberto.
(que faz um modelo em silicone), o Floating Mouse, e as de silhueta mista de rato ecoaventura 55
[ técnica l iscas antienrosco ]
Jigs Existem pouquíssimos modelos indicados para essas situações, e uma das exceções é o da nacional Lori, cujo dispositivo antienrosco, feito com arame, fica preso à sua cabeça. Tem ótimo trabalho e satisfatório índice de captura em meio às estruJigs providos de dispositivo antienrosco, como o da foto, possuem eficiência diferenciada nas circunstâncias aqui descritas
56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
turas, mas o arame impede melhores resultados nas fisgadas. Trabalho: lançar em meio à vegetação e deixar afundar até o ponto desejado. Em seguida, recolher com toques curtos de vara, cuja ponta deverá estar voltada para cima com o objetivo de subir e descer em intervalos pequenos e cadenciados.
Iscas modificadas
situação, mas fazem a diferença em meio à mata alagada, em touceiras de capim e espinheiros. Outra modificação necessária é a
Com simples modificações, certas is-
adição de uma argola a mais na trasei-
cas podem ser adaptadas para dar bons
ra para que o anzol seja montado com a
resultados em situações adversas. Po-
ponta voltada para cima. Nas iscas com
rém, além de criatividade, é necessário
pitão de rosca, não há necessidade de
ter persistência para encontrar soluções
colocar outra argola, já que é possível
que façam diferença.
girá-lo para cima.
Os úteis anzóis com antienrosco podem ser encontrados no comércio especializado
Uma mudança muito comum é a substituição das garateias por anzóis simples,
Trabalho: arremesse e mescle fortes
especialmente nos modelos conhecidos
toques de ponta de vara com pausas.
popularmente como “João Pepino”. Mas, como são iscas relativamente grandes e só é possível colocar um anzol atrás, as fisgadas são prejudicadas, ou seja, fica difícil ferrar os peixes. Esse tipo de adaptação também se mostra eficiente
Com simples modificação, esta isca se torna uma ótima opção para pescar em meio à vegetação que esteja boiando na linha da água, caso, por exemplo, de capins e aguapés
em outros modelos, como é o caso dos descritos a seguir: •A Z90 da Deconto faz o mesmo trabalho das “João Pepino”, mas, por ser menor, favorece as fisgadas e se mostra eficiente na maioria das situações. •Na Firestick podem ser colocadas
Z90 com garateias originais substituídas por um único anzol
duas garateias com dois anzóis dispostos de maneira que, ao passar pela estrutura, se recolham e se encaixem no corpo da isca. Além de enroscar menos, essa modificação pouco altera sua eficácia. •Poppers: nessas iscas, as garateias podem ser substituídas por anzóis únicos, de acordo com a necessidade de cada pescador. Com anzóis simples, as fisgadas são mais frequentes, mas a
Popper sem a garateia da frente e com anzol atrás
chance de enroscar aumenta. Já com o dispositivo antienrosco, as fisgadas ficam prejudicadas, porém é quase impossível que se prendam nas estruturas. Os poppers podem ser usados em qualquer ecoaventura 57
[ técnica l iscas antienrosco ] Spinnerbait Muito popular entre os pescadores de Bass e Traíra, essas iscas, apesar da reconhecida eficiência, são pouco difundidas na pesca de outras espécies — um fato sem explicação, visto que também se mostram eficazes com predadores que se escondem em meio à vegetação. Trabalho: arremessar e, com a ponta da vara pra cima, iniciar o recolhimento, que, feito bem lento, rende bons resultados. Vale ressaltar que a ponta da vara voltada para cima atrapalha na hora da fisgada.
Acima: assim como o buzzbait [abaixo], são ótimas opções quando usados em meio à vegetação alagada
Buzzbait Derivado do spinnerbait, em vez das lâminas, possui uma espécie de hélice, que faz um trabalho bem atrativo e ruidoso quando na superfície. Apesar de ser outra excelente opção em regiões alagadas, inexplicavelmente ainda não é muito comum na tralha dos pescadores. Trabalho: arremessar e iniciar imediatamente o recolhimento em média ou rápida velocidade. A posição da vara durante o recolhimento deve ser idêntica à usada com o spinnerbait. 58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Os pescadores de Bass estão entre os que mais se beneficiam da eficiência do spinnerbait IMPORTANTE! As dicas expostas são frutos de experiência própria e, portanto, não devem ser encaradas como regras. Ao mesmo tempo, esperamos que possam ajudar a superar as adversidades e os imprevistos impostos pela natureza.
vitrine OFERTA
Barraca Fit Fox 3/4
R$128,50
(pagamento à vista)
Oferta válida até o final de abril ou o término do estoque (10 unidades) Marca: Fit Fox Modelo: 3/4 Características: Sobre-teto: 100% poliéster com 600 mm de impermeabilização/ Paredes: 100% poliéster respirável/ Tela: mosquiteiro de poliéster no-see-um/ Piso: polietileno 10x10 antifungo/ Estrutura: varetas de fibra de vidro de alta resistência e durabilidade conectadas com elástico para maior comodidade Largura: 200 cm Profundidade: 200 cm Altura: 130 cm Peso: 2,5 kg Onde comprar: www.acadventure.com.br
Curado 50E (carretilha)
preços sob consulta
LANÇAMENTO
Marca: Shimano Modelo: Curado 50E Novidades: Anatômica, confortável, leve, resistente Características: Manivela direita Rolamentos: 7 (1 S-ARB/ 5 aço inox/ 1 A-RB) Material do corpo: Alumínio Velocidade de recolhimento: 6.4:1 Força de fricção (Drag): 4,5 kg Capacidade de linha: 0,31 mm/ 90 m Peso: 195 g Onde comprar: Nas melhores lojas da região
OFERTA
CrossFire 2500-3iB (molinete)
R$95,90
(até seis vezes sem juros)
Oferta válida até o término do estoque (60 unidades) Marca: Daiwa Modelo: CrossFire 2500-3iB
60 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Características: Infinito antirreverso/ sistema twist buster (antitorção de linha)/ ABS (cabeleira carretel extra) Recolhimento: 5.3:1 Rolamentos: 3 em aço inox Capacidade de linha: 0,28 mm – 155m/ 0,30 mm – 130 m Onde comprar: www.reidapesca.com.br
Balança Marine Sports (balança digital)
Promoção para pescaria – Abril/ 2011
3 x R$294
R$89
(por pescador)
(com frete grátis)
Oferta válida até o término do estoque (40 unidades)
*Economia de R$ 520 em relação ao valor do pacote normal* Oferta válida até o limite de vagas (20 vagas)
Marca: Marine Sports Modelo: Fish Scale 50 kg Características: Pesa em KG, OZ e LBS/ Possui termômetro de temperatura ambiente em ºC / Fita métrica com 100 cm retrátil / Corpo em alumínio / Gancho em aço inox / Bateria inclusa Onde comprar: www.fabpesca.com.br
Pousada Jund Pesca (Pantanal / Porto Morrinho – Corumbá–MS) Pacote: 5 dias de pesca/ 6 noites de hospedagem/ 2-3 pescadores por barco Hospedagem: apartamento com ar-condicionado/ TV/ Frigobar/ Banheiro privativo/ Roupa de cama e banho Refeições: Café da manhã/ Almoço ou lanche para a pescaria/ Jantar Pescaria: Barco/ Motor/ Piloteiro/ Cadeira giratória/ Coleta salvavidas/ Limpeza de peixes em água tratada e conservação em freezer Onde comprar: Jund Pesca – (11) 4586-2620/ 4522-7902 ou www.jundpesca.com.br
OFERTA
OFERTA
Rainbow EF200 (molinete)
R$14,90
Oferta válida até o término do estoque (100 unidades) Marca: Rainbow Modelo: EF200 Características: Fabricado com o corpo grafite resistente, sistema de antirreverso e rotor balanceado, fricção dianteira Rolamentos: 1 Velocidade de recolhimento: 5.5:1 Onde comprar: Cia da Pesca – (11) 3641-2294
imagens meramente ilustrativas
OFERTA
ecoaventura 61
viagem no tempo Esta é nossa nova seção, a “Viagem no Tempo”, que republicará um antigo texto sobre pesca da lendária Revista Troféu, publicação que foi verdadeiro guia dos pescadores de 1970 a 2000. Começamos com uma história contada em um concurso criado para ver qual pescador conseguia falar sobre pesca e meio ambiente da maneira mais criativa.
62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
ecoaventura 63
viagem no tempo Apesar de o prazer da pesca ser eterno, os rios, peixes e lugares presentes nos textos de décadas atrás mudaram. Por isso, junto com a republicação, a ECOVENTURA vai contextualizar cada história contada nos tempos de hoje, com uma matéria atual.
Ele ressuscitará!
Mais de 30 anos se passaram depois que Victor Cervi — autor de “Tietê desvairado” — tentou pescar nas águas poluídas do Tietê em plena capital. De lá para cá, o rio ainda se encontra desorientado, mas os seus prognósticos ambientais são animadores. Confira as boas-novas Por: Dani Costa i Fotos: Alexandre Tokitaka i Arte: Gabriel Dezorzi
64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
H
á 70 anos o Tietê definha.
a qualquer custo.
navegação e os esportes aquáticos ainda
Longe de se assemelhar a
Na década de 1940, ele ainda não
eram possíveis. Isso acabou na década
um rio por pelo menos 250
tinha sido decretado “morto”, dentro da
de 1950, quando os clubes instalados
quilômetros de curso dentro
capital, pelos paulistanos. Apesar de,
próximos ao Tietê declararam que seus
da região metropolitana de São Paulo,
nessa época, os detritos domésticos e
atletas não praticariam mais esportes
suas águas são o símbolo do progresso
industriais já serem despejados nele, a
naquelas águas.
O rio Tietê não possui mais oxigênio diluído suficiente para garantir um ecossistema. E, desde a década de 1950, já não é mais possível sequer entrar em sua água
No sentido ambiental da palavra, “morto” quer dizer que o rio não possui suficiente oxigênio diluído para garantir a existência de um ecossistema. Foi de um dossiê produzido anualmente pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) que saiu o diagnóstico. Atualmente, é difícil saber quanto de poluição é despejada nesse curso. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) divulga a quantidade de esgoto e lixo que deixa de ser lançado nas águas, mas não torna público quanto a cidade ainda o polui diariamente. ecoaventura 65
viagem no tempo
O rio Tietê mais conhecido é o poluído, degradado pelo homem. Mas, em Biritiba Mirim, interior de SP, ele ainda possui águas límpidas e piscosas
Na década de 1990, um movimen-
mento do rio. À Sabesp coube a res-
não muito distante, poderemos, ao me-
to que envolveu a mídia e a população
ponsabilidade de pôr fim à poluição
nos, navegar por suas águas. A cidade
chamou a atenção para a degradação
gerada pelos esgotos na região metro-
de Salto, a 105 quilômetros da capital,
do rio Tietê. Com a pressão popular, o
politana da capital.
famosa pelas espumas de poluentes
Governo do Estado criou, então, o Pro-
Os resultados desse projeto — que
que borbulham do rio, já sente os efei-
jeto Tietê — uma das maiores obras de
está em sua terceira fase, com previ-
tos da melhora, mesmo que tímida, da
saneamento da América Latina — com
são de conclusão em 2015 — animam.
qualidade da água. Algumas espécies
a missão de tentar amenizar o sofri-
E nos levam a crer que, em um futuro
de peixes têm aparecido na região.
66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Que curso seguir?
ticas parecidas com as do Tietê. Gigante, tem 1.900 quilô-
O rio Sena, em Paris (França), que está em processo de
metros, e é o rio mais importante para os coreanos. Na déca-
despoluição, e o Tâmisa, ao sul da Inglaterra, que banha
da de 1970, o governo iniciou o projeto de despoluição das
Oxford e Londres, são boas inspirações. Este último, conheci-
águas e está substituindo as avenidas marginais por parques
do como “Grande Fedor” em 1858, conta hoje com 121 espé-
públicos. Para manter a água limpa, a prefeitura de Seul proi-
cies de peixes e recebe velejadores e remadores. Mas, para
biu a instalação de empresas em suas margens. Além disso,
chegar a isso, foi preciso mais de um século de investimento
os 40 córregos que deságuam no Han passam por estações
em controle de captação de esgoto.
de tratamento. Especialistas brasileiros e até políticos já fo-
O exemplo mais próximo a ser seguido, no entanto, é o rio Han, que corta Seul, na Coréia do Sul. Ele possui caracterís-
ram conferir de perto como tudo isso é feito para aplicar no rio Tietê.
O rio Sena, em Paris (França), está em processo de despoluição. Diferentemente do Tietê, é possível navegar e pescar nele
ecoaventura 67
viagem no tempo De volta às planícies Hoje o rio Tietê segue de maneira triste e turva por
Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.
uma linha reta, ladeado pela Marginal. Essa deformidade
“A água precisa de espaço. Na seca, ele cabe em seu
lhe foi dada em nome do “progresso”, que precisa de
leito original, que chamamos de leito menor. Mas, na
espaço para carros e caminhões. Em forma de canal, o
cheia, necessita do que lhe foi arrancado e da sua
que lhe confere mais ainda o aspecto de esgoto, o rio, em
várzea, que é o seu leito maior. Quando há enchentes, o
tempos de chuva, dá o troco. E transborda. Para resolver
problema não é o rio, e sim o que fizeram com ele no
o problema, o Governo do Estado pretende devolver ao
passado e continuam fazendo agora”, explicou Renato
Tietê o espaço que lhe tiraram. Os 75 quilômetros entre
Arnaldo Tagnin, professor de Planejamento Ambiental
a nascente e a capital serão convertidos no maior parque
e Gestão de Recursos Hídricos do Centro Universitário
linear do mundo, chamado de Várzeas do Tietê, até 2019.
Senac São Paulo.
Com 107 km² de área, terá 33 núcleos de esporte e lazer,
Nas várzeas do Alto do Tietê, serão formadas grandes
230 quilômetros de ciclovia e Via Parque (com acesso de
piscinas naturais, que amortecerão as cheias e serão
carro aos núcleos), 77 campos de futebol e 129 quadras
fundamentais para complementar o efeito das obras
poliesportivas, e atenderá a população dos municípios da
de aprofundamento da calha do Tietê (41 km) desde a
bacia do Alto Tietê: São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba,
barragem da Penha até a usina Edgard de Souza.
O rio Tietê foi transformado em linha reta e ladeado pela Marginal que leva seu nome. Mas, originalmente, ele era caudaloso e, nas cheias, crescia mais ainda
68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
LINHA DO TEMPO
1990
Iniciada uma manifestação popular seguida de um abaixoassinado com mais de 1,2 milhão de assinaturas para a despoluição do rio Tietê
O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, idealiza, então, o maior programa de saneamento ambiental do País: o Projeto Tietê
1995
Começam a ser construídas três estações de tratamento de esgoto para aumentar a capacidade de água tratada na região metropolitana em 9.500 L/s
É concluída a primeira etapa do Projeto Tietê com a diminuição da carga poluidora em um trecho de 120 km do rio. Peixes voltam a aparecer nas cidades de Salto e Itu
2002
1998
Obras da segunda etapa do Projeto Tietê. O foco é em obras na bacia do rio Pinheiros e entorno da represa Billings com o objetivo de recuperá-lo e servi-lo ao abastecimento de água
Concluída a segunda etapa do Projeto Tietê
HOJE
1992 2008
A Sabesp vai investir R$277 milhões nas obras da terceira fase do Projeto Tietê para a parte da zona Sul de São Paulo e para os municípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra Fonte: Sabesp
ecoaventura 69
viagem no tempo Tietê abençoado Na cidade de Biritiba Mirim, na região metropolitana de São Paulo, a 84 quilômetros da capital, o rio Tietê fica bem perto do centro. Por isso, é comum ver pelas ruas homens, mulheres e grupos de adolescentes passando com suas varinhas em direção às três pontes que levam o nome do rio. Na área denominada Alto Tietê, essa realidade restringe-se à Biritiba Mirim e Salesópolis, onde está sua nascente, a 109 quilômetros de São Paulo. Depois dessas cidades, o rio já fica poluído. A diferença entre o Tietê da capital e o de Biritiba é aterradora. Um dos pontos de pesca, a Barragem de Ponte Nova, que é administrada pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), já mostra o paraíso que é o rio nessa região. Nas águas límpidas, os pescadores vão atrás de peixes como Lambari, Acará, Bagre-africano, Tilápia (esses dois últimos são espécies invasoras), Tabarana e Mussum.
70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Em Biritiba Mirim, a Barragem de Ponte Nova se utiliza do Tietê. Próximo dali, o rio ainda possui sinais de Mata Atlântica
Na última quinta-feira de fevereiro,
em uma parte do Tietê onde há em uma
a ECOAVENTURA esteve na barragem.
margem altivos pinheiros, que soltavam
Ainda na área da barragem, é possí-
Ao adentrar a Mata Atlântica e passar
suas pinhas lenhosas para todos os la-
vel ver o rio que desce pelo ladrão do
por quaresmeiras de variadas cores, en-
dos, e em outra, a inacreditável música
reservatório. Estreito, singelo, puro e
contramos Rui Munhoz Palombo, de 67
de um bambuzal bem comprido. “Tá ou-
com margens de um verde forte e belo,
anos, eletricista industrial, e Paulo Sér-
vindo o som? Imagina o que é pescar
ele se derrama discreto, nada caudalo-
gio Munhoz, de 44 anos, motorista rodo-
escutando os bambus se batendo com o
so. Só fica imponente mais adiante, ao
viário, pescando sob o Sol das 14 horas,
vento. Esse lugar é pra não se esquecer
cruzar Biritiba Mirim.
jamais”, sentenciou Rui.
Rui Palombo e Paulo Munhoz pescam em parte do rio Tietê dentro da área da Barragem de Ponte Nova. O local é cercado por pinheiros, bambuzais e quaresmeiras
ecoaventura 71
viagem no tempo Em Biritiba Mirim, três pontes de mesmo nome (Ponte Rio Tietê) recebem pescadores. A primeira fica perto do pesqueiro Santa Clara. A segunda fica no bairro Casa Grande, e é onde se vê a junção do rio Paraitinga com o Tietê. Ali, tem pescador o dia todo tentando a sorte com seus macarrãozinhos ao lado. A terceira e última ponte fica no bairro Rio Acima, ao lado do Bar do Barba — um gentil senhor comerciante que serve Tubaína, vende isca e anda até a O rio visto da primeira ponte que leva seu nome em Biritiba Mirim
ponte para jogar pão francês na água e nos mostrar as bocadas das Tabaranas e Lambaris que se aproximam famintos. “Olha que maravilha, é isso que o Tietê nos serve”, orgulhou-se.
O rio Paraitinga se une ao Tietê na segunda ponte que leva o nome do rio e onde todos os dias pescadores aparecem desde manhã até o fim da tarde
72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Dessa ponte, vimos um pescador que nos maravilhou com uma derradeira e aprazível cena: sentado em um banquinho bem na beira do rio, com seu cão ao lado, jogava a linha bem calminho e apertava os olhos tentando enxergar os peixes. Vez ou outra jogava pão, truque para atrair cardume, e tudo isso acontecendo no sossego do seu quintal. Fomos lá dizer ao companheiro de nome Dorival Chacou, de 61 anos, aposentado, que aquele quintal era um patrimônio admirável. Ele confirmou: “Quando digo a quem não conhece a minha cidade que moro exatamente na margem do rio Tietê, onde posso pescar a hora que eu quiser, muitos acham que vivo no esgoto.Vivo é no paraíso”.
O aposentado Dorival Chacou pesca próximo à terceira ponte rio Tietê, em Biritiba Mirim, de dentro de seu quintal, onde o rio passa ainda límpido
Enquete: Você pesca no rio Tietê? Tem fotos dos peixes e das paisagens que ele proporciona? Envie-nos suas histórias para o redacao@grupoea.com.br.
Serviços Quer conhecer o Tietê abençoado? Barragem de Ponte Nova A 8km do centro da cidade, na Rodovia Professor Alfredo Rolim de Moura, no KM 80. Para entrar, é preciso agendar com a administração local do DAEE pelo telefone (11) 4696-5236. A entrada é permitida todos os dias, mesmo nos
fins de semana e feriados, das 6h às 17h30. É obrigatório levar um quilo de cada alimento indicado, que são: 2ª feira – leite e chá mate 3ª feira – café e fubá 4ª feira – macarrão e molho de tomate 5ª feira – óleo e farinha de mandioca 6ª feira – açúcar e farinha de trigo Sábado – arroz e algum enlatado Domingo – feijão e algum enlatado
[ pesque-pague ]
TilĂĄpia
nĂŁo se engane com ela
74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Não adianta ser craque nos arremessos. Tampouco, ser perito em modelos ou em trabalho de iscas artificiais. Se o objetivo for fisgar a Tilápia, só mesmo com técnica apurada e muita sensibilidade é que se pode obter êxito com ela Texto e fotos: Juliano Salgado e André Correa i Arte: Gabriel Dezorzi
É
comum, àqueles que já coloca-
espalhados pelo País, afinal, quem não se
ram à prova diversos estilos de
recorda de já ter visto alguns grupinhos,
pesca, achar que tais experiên-
que quase sempre pescam no mesmo lu-
cias os credenciam a desafiar
gar, em geral com equipamento simples
com êxito qualquer espécie encontrada.
composto apenas por vara lisa, linha e
Mas, se o peixe em questão for a Tilápia,
anzol, e que, com raríssimas exceções,
não será bem assim. É o que fica evidente
mantem um samburá dentro d’água para
nos lagos dos mais diversos pesqueiros
armazenar os peixes que fisgam? ecoaventura 75
[ pesque-pague ] Mas, que graça tem fisgar um pei-
de adaptar-se a ambientes lênticos, de
a Tilápia se tornar uma das espécies
xe que não atinge porte expressivo?
suportar grandes variações de tempe-
mais oportunistas e ariscas do mundo.
E pior: passível de ser pescado com
raturas e de tolerar baixos teores de
Em consequência, isso exigiu o desen-
equipamento rudimentar? A resposta
oxigênio, assim como o fato de não ser
volvimento de numerosas técnicas e
é simples: sua excelente capacidade
exigente quanto ao cardápio, fizeram
iscas com o objetivo de ludibriá-la.
76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Ao contrário do que aparenta, pescar essa espécie é um enorme desafio à experiência e à paciência do pescador esportivo
Cativeiro O cultivo de Tilápias em cativeiro
DNOCS (Departamento Nacional
remonta à Idade Antiga. Há registros
de Obras Contra as Secas), foi
históricos de cultivo desses peixes
implementado um programa oficial
em tanques para posterior consumo
de produção de alevinos de Tilápia
pelos egípcios dois mil anos antes de
para peixamento dos reservatórios
Cristo. No entanto, o crescimento
públicos da região Nordeste. São
da atividade intensificou-se somente
Paulo e Minas Gerais, por meio de
Dessas, a que tem mostrado grande
no século 20. A China, que possui
suas companhias hidrelétricas, também
produtividade na atualidade é a que
tradição milenar em aquicultura, é
produziram significativa quantidade
utiliza cortiça como iscas. Isso porque,
atualmente o maior produtor do
de alevinos para povoamento de seus
ao contrário da ração natural — mesmo
mundo, e incrementou a exploração
reservatórios, venda e distribuição a
quando umedecida com pinga para que
dessa atividade a partir da década
produtores rurais. Essa tentativa de
adquira elasticidade e não rache assim
de 1970. Apesar de sua introdução
disseminação da espécie malogrou
que iscada —, a artificial feita de cortiça
em caráter experimental no Brasil
devido ao nível rudimentar de
tem o diferencial de permitir a fisgada
ainda na metade do século passado,
conhecimento e à deficiente difusão
de vários peixes sem a necessidade de
somente em 1971, por meio do
de técnicas de manejo.
ser trocada, reposta ou substituída. ecoaventura 77
[ pesque-pague ] Montagem Para utilizar a ração artificial de cortiça é necessária uma montagem com duas boias — uma de arremesso ou mini cevadeira e outra modelo Lambari nº 20. A de arremesso é mais indicada para situações nas quais os peixes estejam ativos em áreas ao alcance do estilingue cevador. Já a cevadeira, em ações concentradas a grandes distâncias. A boia Lambari serve para indicar a batida do peixe, ou seja: é ela — e não as maiores — que mostrará ao pescador o momento da fisgada. E por que não usar a ração natural?
A explicação para isso não convencerá todos. Entretanto, além da vantagem de não ser necessário repor a isca a cada peixe fisgado, existe um desafio extra: ludibriar o peixe com uma isca artificial, o que é sinônimo de desafio e esportividade. Pescar Tilápias com essa técnica não requer equipamentos sofisticados ou caros. Qualquer conjunto, inclusive os mais populares — que podem ser adquiridos a partir de R$30 — proporcionam fisgadas emocionantes. O único problema encontrado ao optar pelos mais baratos é que, com frequência, grandes Tambaquis também são atraídos pela eficiência dessa isca e, quando isso ocorre, é a mesma coisa que tentar segurar um elefante com linha de costura. 78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
A montagem do chicote é simples: amarra-se a linha que vem do molinete na boia cevadeira ou de arremesso [veja foto]. Ata-se um chicote feito de linha mais grossa com aproximadamente 1,5 metro de comprimento na boia escolhida, e a boia Lambari é travada 25 centímetros antes do final do chicote, que, no final, receberá o anzol com a cortiça.
ecoaventura 79
folhas, flores e frutos
O sabor natural do sertão Árvore característica dessa região, o umbuzeiro faz parte da paisagem, do prato e do bolso dos nordestinos Da Redação l fotos: inácio teixeira l arte: paula bizacho
O
guarda-chuva verde de cerca de seis
possui propriedades medi-
metros de altura é, na verdade, um grande
cinais como vermífugo e
guarda-sol. A sombra acolhedora é proje-
antidiarreico.
tada por uma copa de 10 a 15 metros de
Embora seja uma árvore
diâmetro. Mas esse é apenas um dos pre-
de pequeno porte, ela atravessa
dicados da “árvore sagrada do sertão”, nas
gerações — possui uma vida lon-
palavras de Euclides da Cunha. A maior
ga de cerca de 100 anos. Comprida
virtude do umbuzeiro é a tolerância aos lon-
também é a sua história, que remete
gos períodos de seca. Isso é possível devido
a tradições indígenas. Era o “y-mb-u”,
à raiz conhecia como xilopódio — parte
ou a “árvore que dá de beber”, dos tupis-
subterrânea da planta em forma de batata
-guaranis. Na época do Brasil colonial,
que armazena água e sais minerais.
passou a ser chamado de ambu, imbu e
Essa árvore nativa do semiárido brasileiro é de vital importância para a
ombu. No característico período de seca
alimentação e fonte de renda da população
nordestina, o umbuzeiro parece perder a
local. O agridoce e suculento umbu — o
vida ao ser despido de suas folhas. O único
fruto, que no geral pesa 15 gramas verde
rastro de sua existência está debaixo da
e ovalado. Quando maduro, adquire uma
terra: é o xilopódio em ação. Com as pri-
cor amarelada, e sua polpa, que equivale
meiras chuvas, ou até mesmo pouco tempo
a 70%, é quase líquida. É saboreado nas
antes, o retorno desse estado de dormência
mesas nordestinas na forma natural bem
é percebido pelo desabrochar das flores,
como em sucos, geleias, xaropes e doces,
além do revestimento da árvore por novas
em especial a umbuzada — servida em
folhas — o que pode ocorrer antes ou
consistência de creme ou vitamina — é
depois da floração. Cerca de 60 dias após a
preparada com umbu, leite e açúcar. Como
abertura das flores, é possível se beneficiar
produto industrializado, transforma-se
do umbu maduro.
também em vinho, vinagre, acetona, con-
Como a densidade natural do umbuzei-
centrado para sorvete, polpa para sucos
ro varia de 3 a 9 por hectare, há diversos
e fruto seco. Além disso, a raiz (batata)
projetos em desenvolvimento para aumen-
e folhas são utilizadas na alimentação
tar a quantidade e melhorar a qualidade
humana e de animais, e a água da batata
dessa venerável árvore sertaneja.
80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Biologia Nome científico: Spondias tuberosa Família: Anacardiaceae Distribuição geográfica: semiárido nordestino Nomes populares: umbuzeiro, umbu, imbu, imbuzeiro, ombuzeiro, ambu Referência bibliográfica: www.seagri. ba.gov.br/revista/rev_1198/umbu.htm
[ técnica l embarcação ]
Não fique à deriva Da redação i Fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA i Arte: Gabriel Dezorzi
Não são raras as situações nas quais o pescador planeja, durante meses, uma pescaria e, mesmo após certificar-se de estar indo para o melhor lugar, na melhor época, com os melhores equipamentos e até com o mesmo guia, não terá a garantia de que a qualidade da incursão corresponderá às expectativas 82 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
M
otores malconservados ou revisões insuficien-
mitam substituir peças, as quais — apesar de simples e bara-
tes estão entre os principais motivos pelos
tas — são fundamentais para o funcionamento da máquina.
quais o pescador pode ficar a ver navios. En-
Para minimizar a ocorrência de situações desse tipo, indica-
tretanto, isso também acontece por problemas
mos a organização de uma espécie de “caixa de primeiros
passíveis de serem resolvidos na hora: basta o navegante ter
socorros” — item indispensável na embarcação do pescador
à disposição determinados itens e ferramentas que lhe per-
precavido.
Velas Tão importante quanto o combustível que vai para o tanque, as velas de ignição precisam estar limpas e dentro do prazo de vida útil estipulado pelo fabricante. Ainda assim, podem apresentar problemas repentinos e deixarem de cumprir sua função de queimar o combustível. Portanto, é vital levar sobressalentes em sua caixa de primeiros socorros. Velas de ignição
Fieira (cordinha) de partida Por ser retrátil e apenas utilizada no momento de acionar o motor, é comum que o estado de conservação desse item passe despercebido pelo navegante. Mas, a sua aparente insignificância oculta uma essencialidade: ainda que o motor esteja perfeito, se ela se romper e não houver outra para repor, o desfecho da pescaria será o mesmo: voltar rebocado!
Corda reserva para acionar o motor
ecoaventura 83
[ técnica l embarcação ] Bulbo e plugues Esses dois componentes da mangueira são responsáveis por empurrar o combustível do tanque para o motor e, como os demais componentes de máquinas, costumam apresentar problemas repentinamente. Com o bulbo, isso acontece por dois motivos: é feito de borracha e está exposto às intempéries. Já os plugues sofrem desgaste natural e podem apresentar defeitos de fabricação. Um bulbo custa em média R$ 30, enquanto os plugues variam entre R$ 30 e R$ 90, dependendo do fabricante e potência do motor — quantia incupilha para travamento da porca da hélice
significante se comparada à intensidade das frustrações que a falta deles pode ocasionar.
Plugues ou terminais de conexão
Bulbo
Hélice É comum ao pescador que prefere usar seu próprio barco ter que navegar por lugares com os quais não tem muita intimidade. Nessas condições, a probabilidade de se deparar com um baixio, com um toco ou qualquer outro objeto que possa danificar as pás da hélice é grande. Linhas de pesca ou mesmo o desgaste natural também costumam danificar essa peça, cuja importância está em impulsionar o barco. Em média, a hélice para motores entre 15 e 30 Hp custa ao redor de R$130 outro item barato se consideradas as consequências decorrentes de sua quebra. 84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Hélice Porca para prender a hélice
Kit de ferramentas De nada adianta ter os itens expostos se não houver como trocá-los. Por isso, é importante complementar a “caixa de primeiros socorros” com algumas ferramentas. A maioria dos motores já vem com um kit multiuso adequado para Alicate, chave conjugada de fenda e Phillips, e chaves cachimbo, que vêm junto com o motor
promover a maior parte desses reparos, mas também é possível comprá-lo ou montá-lo de acordo com as necessidades. Entre os itens que julgamos fundamentais estão: um alicate com regulagem de abertura; chaves de fenda e Phillips de boa qualidade; chave de vela do tipo cachimbo, que encaixe nos parafusos da partida e na porca da hélice. Uma boa
Óleo 2T tipo TCW 3 específico para motorres náuticos
opção são as maletas de ferramentas com diversos itens e que podem ser encontradas por preços bem acessíveis nas lojas especializadas. Os motores de pousadas e hotéis, devido ao uso intensivo, estão mais sujeitos a apresentar defeitos. Por isso, quando for alugar esse tipo de equipamento, certifique-se de que o locador mantenha no barco os itens de reposição citados, afinal, nessas circunstâncias, além de voltar rebocado e perder a pescaria, o prejuízo financeiro será bem maior.
é o bicho O nome cardeal está relacionado com o barrete cardinalício — chapéu vermelho que é a insígnia dos cardeais da Igreja Católica
Pássaro do pântano
V
Da Redação l foto: Arquivo ECOAVENTURA l arte: paula bizacho
isitar o Pantanal e pescar à beira dos rios
até algumas dezenas — durante o ano intei-
é um cenário propício para avistar o cardeal-
ro. Sua alimentação é composta por insetos,
-do-Pantanal — pequena ave tricolor carac-
outros invertebrados, restos de alimentos
terística desse ecossistema. Por viverem em
dos homens e sementes no chão.
bandos, esses pássaros são conhecidos pelo nome de cavalaria. O gênero Paroaria é composto por cinco
Raramente eles são vistos sozinhos, já que vivem em bandos durante o ano inteiro. Nossa equipe capturou um momento particular do cardeal-do-Pantanal. Saiba um pouco mais sobre a espécie
Macho e fêmea são idênticos. Quando jovem, sua plumagem recebe uma cor acinzentada, e, com o passar dos meses,
espécies. Todos se assemelham na pluma-
aparecem penas com as cores definitivas.
gem tricolor — cabeça vermelha, dorso do
Cores marcantes do Pantanal.
cinza ao preto e peito branco. É frequente ocorrer uma confusão entre as denominações das espécies. Elas são conhecidas, também, por: cardeal e galo-de-campina, além de serem semelhantes na aparência. A principal diferença entre elas é que o Paroaria coronata é o único do gênero que possui um longo penacho vermelho na cabeça. Apesar de haver disputas entre eles por espaço e alimento, vivem em grupos — de
86 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Biologia Nome científico: Paroaria capitata Nomes populares: cavalaria, joaninha, cabecinha-vermelha, galo-da-campina-pantaneiro, cardeal-de-bico-amarelo e cardeal-do-pantanal Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Aves Ordem: Passeriformes Família: Emberizidae Distribuição geográfica: Pantanal do Mato Grosso Habitat: pântanos, margens de rios e campos abertos Tamanho: 16,5 cm de comprimento
Distribuição geográfica Referência bibliográfica: www.wikiaves.com.br/cavalaria
[ social ]
88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
O povo que o
tempo esqueceu
Com dimensões continentais e aspirações de fazer parte do clube de países do primeiro mundo, o Brasil ainda permite que pessoas vivam como se estivessem no início do século passado. Veja como o turismo de pesca pode contribuir para o bem-estar de populações ribeirinhas Texto e fotos: Wilson Feitosa i Arte: Gabriel Dezorzi
ecoaventura 89
[ social ]
Dona Isabel, com quase 80 anos, é reverenciada por todos. Mas não por sua idade. Foi pelas mãos dessa angelical senhora que muitos dos que vivem na comunidade vieram ao mundo
O
barulho do avião que se
semblante cantarola em coro unísso-
direção à comunidade, localizada em
aproxima é sinal para que
no o refrão: “Sejam todos muito bem-
seu sopé, o aspecto das casas — mui-
dezenas de crianças cor-
-vindos!”
tas feitas de pau a pique — indica que a
ram até o alto do morro,
O voo, a partir da cidade de Jaca-
vida por ali não é fácil. Energia elétrica?
onde será feita a aterrissagem. Em gru-
reacanga-PA, durou “apenas” trinta
Só de gerador e apenas algumas horas
po numeroso, elas rodeiam a pequena
minutos — distância que poderia não
por noite. Telefone? Até há um orelhão
aeronave com olhares curiosos e cer-
ser considerada grande, exceto pelo
instalado, porém, nunca tocou ou fez
cam aqueles que desembarcam na pe-
fato de que, fora o avião, só existe o rio
qualquer ligação. Escola tem, e nela
quena pista de pouso da comunidade
como meio de acesso para essa região,
professores heroicos batalham para
Barra de São Manoel. Quem assiste a
e por ele, dá quase um dia de navega-
alfabetizar a população, entretanto,
essa cena pela primeira vez fica intri-
ção. Pela quantidade de crianças, fica
serviços de saúde, água tratada, sane-
gado com a idade e a quantidade de
claro que é assim, isoladamente, que
amento, transporte, ou qualquer outro
integrantes do comitê de boas-vindas.
vivem dezenas de famílias. Quando co-
tipo de infraestrutura básica, ainda são
Um único aceno, e o interesse de cada
meçamos a descer o íngreme morro em
realidades distantes.
90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Iniciativa privada e solidariedade
descoberta já começam a amadurecer:
Carlos Albuquerque Mendes, batalhador
em novembro de 2010, uma parceria
incansável quando o assunto é o bem-
Fincada em região exuberante, a Bar-
formada pela empresa Ecolodge do Bra-
-estar dessa gente e que, por tanta de-
ra de São Manuel, com sua mata intacta,
sil, por empresários de Jacareacanga e
dicação, já foi eleito sucessivas vezes
belas praias e com seus rios e tributá-
pela solidariedade de pessoas que se
como seu líder.
rios altamente piscosos, vem sendo des-
preocupam em ajudar o próximo deu o
Cansativas horas de voo, exaustivos
coberta como um riquíssimo manancial
primeiro passo para suprir aquilo que,
quilômetros de terra pela rodovia Tran-
para a exploração turística e ecológica.
de direito, seria obrigação do Estado.
samazônica e desconfortáveis horas de
Tanto é assim que nos últimos meses
Sem campanha para arrecadar fundos
barco rio acima não conseguiram impe-
três empresas começaram a desenvol-
ou qualquer apoio oficial, os envolvidos
dir o “doutor” — como Adalberto Souza
ver projetos com o fim de levar turistas e
conseguiram trazer um oftalmologista
Coelho Junior foi alcunhado carinhosa-
pescadores para desfrutarem a riqueza
da distante cidade de Parauapebas-PA
mente pela comunidade — de atender
guardada nos rios da região. [veja mais
para atender as crianças da comunida-
mais de 250 pessoas em pouco mais de
na pág. 18] Embora recente, os frutos da
de — uma velha reivindicação de Luiz
dois dias.
ecoaventura 91
[ social ] A maratona se iniciava às 7 da manhã e só terminava quando a luz natural não mais permitia a continuidade dos exames. O resultado da campanha foi o diagnóstico de dezenas de crianças com problemas visuais, algumas das quais com sérios riscos de terem a alfabetização e o aprendizado prejudicados. Feito o receituário e identificado o grau das lentes que cada paciente deveria usar, a Ecolodge do Brasil se responsabilizou por viabilizar os óculos, sem custo. Um mês depois, outro indicativo do papel que o setor de Turismo — e, claro, da solidariedade — pode desempenhar em benefício de populações carentes. Às vésperas de Natal, o sorriso singelo de adolescentes e crianças foi a recompensa para empresas que presentearam a comunidade. Mas, não só de caridade devem sobreviver essas pessoas. Por isso, a Ecolodge também pôs em prática uma parceria na qual capacitará essa gente para cultivar hortaliças e frutas, criar aves, fornecer sementes e matrizes e, ainda, comprará parte expressiva do que for produzido. Com isso, além dos empregos diretos no próprio empreendimento, ao menos mais cinco famílias poderão se beneficiar do projeto. “Nosso objetivo é trabalhar, e não viver de caridade”, disse o líder da comunidade. Não se trata de uma boa inspiração a outros empresários do turismo de pesca esportiva?
Embora seja um importante ícone da história do povo brasileiro, a comunidade da Barra de São Manuel foi entregue à própria sorte pelo poder público 92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Uma história típica de ascenSão e queda Consta dos anais que a comunidade Barra do São Manoel começou a ser reunida no final do século 18, quando nordestinos e indígenas das etnias Munduruku, Apiaká e Kayabi reuniram-se nas imediações da barra dos rios São Manuel (atual Teles Pires) e Juruena, local onde ambos formam o caudaloso Tapajós, durante o auge do Ciclo da Borracha. Era tamanha a quantidade de seringueiros que, com o passar do tempo, formou-se na região um importante entreposto comercial. Apesar da distância e das dificuldades de acesso — o único meio de transporte era o rio, e a viagem durava vários dias —, não tardou para que uma grande indústria beneficiadora se instalasse nas proximidades do promissor polo de desenvolvimento que se desenhava. Entretanto, com o fim do Ciclo, por volta de 1945, as diversas famílias que haviam se instalado na região viram seu sonho de prosperidade se desvanecer, a tal ponto que o único legado remanescente daquele auspicioso período é uma comunidade isolada, formada pela miscigenação de índios com nordestinos, que sobrevive em casebres simples e que, em função do isolamento, aprendeu a enfrentar as mazelas da vida.
Oficialmente pertencente ao Estado do Amazonas, a comunidade da Barra do São Manuel se desenvolveu no triângulo onde seus rios fazem a divisa de três importantes estados: Pará, Amazonas e Mato Grosso. Apesar de esse último ter criado ali, em 7 de julho de 1891, uma coletoria de impostos, foi o governo paraense — por meio do município de Jacareacanga — que, ao se sensibilizar com a situação da população local, construiu e mantém no povoado a escola que alfabetiza e educa as crianças ribeirinhas. O governo do Amazonas, via município de Apuí, também cumpre importante papel no que diz respeito à infraestrutura e apoio social. Entretanto, a limitação no orçamento dessas duas cidades não permite o investimento necessário para suprir serviços básicos, como é caso de algumas especialidades médicas e odontológicas. Com isso, quando as emergências não podem ser resolvidas com as ervas e crenças locais, é preciso colocar o paciente no barco e descer cerca de três horas pelo rio — e nem sempre há barcos ou combustível para isso —, além de cobrir um trajeto entre 100 e 200 quilômetros pela rodovia Transamazônica para alcançar o hospital mais próximo.
ecoaventura 93
radar
Apaguem as lâmpadas! Uma portaria publicada por três ministérios — Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e Indústria e Comércio (Portaria Interministerial Nº 1.007 / 31 de dezembro de 2010) — regulamentou a retirada das lâmpadas incandescentes do mercado até 2016, caso não surja uma nova tecnologia que as tornem mais econômicas. Atualmente, são vendidas 300 milhões de lâmpadas incandescentes — que consomem mais energia — e 100 milhões de fluorescentes. A medida é válida para as lâmpadas incandescentes de uso geral, com exceção das que têm potência igual ou inferior a 40 watts e as usadas para fins específicos, por exemplo, para estufas — de secagem ou de pintura —, equipamentos hospitalares, incandescentes refletoras ou espelhadas. O documento pode ser lido na íntegra no site da Imprensa Nacional: www.in.gov.br
Coleta seletiva por Decreto Presidencial em agosto de 2010 (Lei Nº 12.305) —
antins Tocrenovável
estipulou, em seu artigo 54, a proibição de lixões a céu aberto a
O governo do Estado do Tocantins, região Norte do
partir de 2014, bem como colocar, em aterros sanitários, qualquer
País, criou a Subsecretaria de Produção de Energia Limpa —
resíduos que possa ser reciclado. Metas, programas e ações para
atrelada ao Seagro (Secretária da Agricultura, da Pecuária e do
todos os resíduos sólidos serão definidas em
Desenvolvimento Agrário) — para criar projetos e desenvolver
versão preliminar pela União no prazo de
fontes alternativas de energia. Na avaliação do subsecretário
A Política Nacional de Resíduos Sólidos — regulamentada
180 dias a contar da assinatura do plano,
FOTO: renato cardoso/ sxc
em dia 23 de dezembro de 2010.
94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo
Para se adequar à nova legislação, os municípios brasileiros terão que criar leis municipais para implantar a coleta seletiva
de Produção de Energia Limpa, Ailton Parente Araújo, o Estado tem potencial para desenvolver projetos na produção de energia renovável, principalmente solar, eólica, hídrica e biomassa.
Pesca sustentável Depois de conseguir reduzir a mortandade de golfinhos — capturados de forma incidental pelas redes de arrasto que visavam às espécies de Atum — por meio do projeto europeu “Dolphin Safe”, o italiano Paolo Bray desenvolveu um sistema de certificação internacional da pesca sustentável. Companhias que utilizam formas de captura bem manejadas, que não pescam espécies ameaçadas de extinção, tampouco com métodos de arrasto, entre outros critérios, recebem o selo Friend of the Sea. Isso vale também para companhias que atuam por meio da aquicultura. Foto: Adam Short / sxc
Para receber a estampa de “empresa amiga do mar”, é feita uma auditoria. Até hoje, o selo já foi negado em 30% dos casos. Para saber onde comprar produtos e peixes com o “selo
Corais ameaçados
verde” no Brasil (sim, essa certificação já chegou por
Os principais especialistas sobre recife de
aqui!), acesse o site da ONG:
corais, reunidos na Sociedade Zoológica de
www.friendofthesea.org/whereto-buy.asp (em inglês).
Londres, confirmaram que esse ecossistema (também chamado de floresta tropical dos oceanos) está ameaçado. Uma previsão é que em 30 ou 50 anos ele deixe de existir. Isso porque, um fenômeno, conhecido como branqueamento,
Amazônia em risco O Boletim de Risco de Desmatamento, publicado
causa a morte dos pólipos — responsáveis pela
pelo Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da
construção dos recifes — devido a problemas
Amazônia), afirmou que, entre agosto do ano passado e julho
ambientais, como variações climáticas que
deste ano, a Amazônia poderá perder, pelo menos, 3.700
alteram a temperatura dos oceanos.
km². A maior parte das florestas sob risco localizam-se no Pará (67%) e Mato Grosso (13%). Os municípios
Exploração em
números
destacados por ter alto risco de desmatamento são: São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas
— os três acumulam 22,6% do total e
para a Agricultura e a Alimentação), 80% dos recursos
ficam no Pará.
A pesquisa realizada pela instituição contou com técnicas geoestatísticas, como proximidade de estradas e rios navegáveis, topografia, declividade etc.
pesqueiros mundiais são explorados por completo ou em excesso. A Comissão Europeia — que defende questões executivas da UE (União Europeia) — reconhece que 88% das reservas, sobre as quais se tem dados, são exploradas de forma como: limitar a capacidade das frotas, selecionar equipamentos de pesca, atitudes contra a pesca ilegal, criar santuários marinhos onde as populações ameaçadas possam se reproduzir etc. Apenas 4% da superfície mundial é considerada “a salvo”
foto: Peter Huys / sxc
insustentável. É necessário, para reverter a situação, ações
do impacto humano.
ecoaventura 95
classificados
] [ cie
Anun
aqui
Ligue: (11) 3334-4361 comercial@grupoea.com.br
Parceiros ECOAVENTURA Campinas - SP Sugoi Campinas R. Fernando Pompeu de Camargo, 1342 Jd. do Trevo – 19.3277-0007 Cotia - SP Rações Tiko Av. Professor José Barreto, 1.269 Jd. Dinora – 11.4703-5000 Diadema - SP Marlin Artigos Para Pesca R. Salvador Correa de Sá, 339 Vila Nogueira – 11. 4075-4411 Embu - SP Rações Pinheirinho R. Ercilio Wustemeerg, 1612 Jd. Pinheirinho – 11.4704-5230 Gramado Express R. Aurora Amaral de Araújo, 149 Jd. Embuema – 11.4704-0157 Embu-guaçu - SP Med Pesca R. Cel. Luiz Tenório De Brito, 786 Dentro Posto Br. Centro – 11.4661-3065 Guarulhos - SP Pesca Guarulhos Av. Salgado Filho, 1.841 Jd. Sta. Mena – 11.2409-9690
Mairinque - SP Pesqueiro Pantanosso Est. Servidão Pesqueiro Pantanosso, 5.300 Olhos D’água - 11.4246-2176 Mauá - SP Aqua Pesca Av. Capitão João, 132- C / D Centro - 11.4555-7688/4514-9089 Miracatu - SP Serra Pesca Esportiva Rod. Regis Bitencourt, 348 Cafezal - 13.3847-8103 / 11.6248-0000 Osasco - SP Sugoi Osasco Av. dos Autonomistas, 3.222 Centro - 11.3654-0016 Ribeirão Pires - SP Da Silva Aquarios Av. Santo Andre, 349 Centro Alto – 11.4827-5112 Santo André - SP Sugoi ABC Av. Pereira Barreto, 42 Piso Loft - 11.4427-7600 São Paulo - SP Acqua Fish Est. de Itapecerica, 3.283 – Jd. Germânia www.lojaacquafish.com.br 11.5512-8782
King Fisher R. Otávio Tarquínio de Souza, 1061 Campo Belo – 11.5561-7588
Sugoi Náutica Av. Washington Luiz, 2.796 Jd. Marajoara – 11.5548-8501
Miraguaia Rua Beco da Fabrica, 23 – 1º and. sala 12 – Centro – 11.3227-9496
Sugoi Aventura Av. Dr. Ricardo Jafet, 1.149 Ipiranga – 11.2591-1477
Oceanic R. Barão de jundiai, 270 Lapa – 11.3644-6910
Toca do Tubarão Av. Robert Kennedy, 5.525 Pq. Atlântico – 11.5666-1532
Parada do Pescador Av. Imirim, 233 – Imirim 11.8128-8065
Trairão Av. Inajar de Souza, 57 - Freguesia do Ó 11.3931-8077/3931-6060
Pesk Bem R. Pelotas, 83 – Box 147 Vila Mariana – 11.5576-9684
Via Costeira Av. Engenheiro George Corbisier, 1.177 Jabaquara – 11.5016-2994/5012-5477
Pet Shop Fauna & Flora Est. do Campo Limpo, 5.796 Jd. Umarizal – 11.5845-3270
São Roque - SP Taquari Centro De pesca Estrada do vinho, Km 5 Sorocamirim www.centrodepescataquari.com.br 11.4711-1937
Projeto Pesca Av. Santa Catarina, 448 Vila Alexandria – 11.5031-4517 Rei da Pesca Rua Clelia, 2.180 - Água Branca 11.3871-3435 Sam Fishing Rua Belém, 33 – Belenzinho 11.2081-3699
Artpesca Av. Celso Garcia, 1026 Belenzinho – 11.2291-2277
Sauer Tec R. Do Bosque, 1024 Barra Funda – 11.3392-1592
Buriman Pesca e Camping R. Domingos de Morais, 1.003 Vila Mariana - 11.5575-5333
Só Lazer Av. Luiz Stamatis, 431 – Box 12 Jaçanã – 11.2241-9596
Casa das Redes Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.161 Vila Leopoldina - 11.3837-0666
Sugoi Jabaquara Av. Jabaquara, 361 Praça da Árvore – 11.5584-0066
Empório Pegasus Rodovia Armando Salles, 2403 Royal Park – 11. 4165-1708
Cia. da Pesca Av. Dr. Gastão Vidigal, 2.211 Vila Leopoldina - 11.3641-2294
Sugoi Centro R. Florencio de Abreu, 656 Centro – 11.3329-9005
Juquitiba - SP DG Esportes Av. Juscelino K. De Oliveira, 685 A Centro – 11. 4682-1988
Ermanay Pesca Camping R. Brigadeiro Tobias, 744 Centro - 11.3326-3625
Sugoi Aricanduva Av. Aricanduva, 5.555 - Lojas S8-S10 Vila Matilde - 11.2725-6815
Tralhas e Cia Pesca e Lazer Av. Salgado Filho, 1441 Jd. Sta. Mena – 11.2441-0878 Itapecerica da Serra - SP Med Pesca R. Luiz Gama, 23 Centro – 11.4667-2468
São Bernardo do Campo - SP FabPesca R. Heinrich Nordhoff, 117 Riacho Grande www.fabpesca.com.br - 11.4397-5711 Marlin Azul R. Heinrich Nordhoff, 165 Riacho Grande – 11.4354-0425 A Fisgada R. Rio a Cima, 353 – Riacho Grande fabpesca@hotmail.com 11.4354-0135 Taboão da Serra – SP Casa de Rações Exótica Largo do Taboão, 99 – Centro 11.4701-4174/ 4787-5613 Ao Criador R. Acacio Ferreira, 3234 Jd. Tres Marias – 11. 4701-2629 Nippo Comércio de Rações R. Dr. Mario Augusto Pereira, 71/75 Parque Pinheiros 11-4137-7832/ 4137-3141
Pesqueiros Biritiba Mirim - SP Pousada Vale Encantado 11.4692-1094 www.valeencantado.com.br Sombra e Água Fresca 11.4692-2510 Castelo Branco - SP Mathu – 11.4131-6336 Francisco Morato - SP Clube de Pesca Recanto da Cascata 11.4609-9052 www.recantodacascata.com.br Guararema - SP Didi França 11.4693-0177 www.pesqueirododidifranca Itapecerica da Serra - SP Itapecerica 11.4667-3342 www.pesqueiroitapecerica.com.br Itaquaquecetuba - SP Itaquá 11.4648-6107 Jundiaí - SP Lagoa dos Patos 11.4537-1198 www.pesqueirolagoadospatos.com.br Juquitiba - SP Estância Pesqueira Campos 11.4683-9110 www.estanciapesqueiracampos.com.br Vale do Peixe 11.4682-1900 www.valedopeixe.com
Mairiporã - SP Clube de Pesca Takenaka 11.4604-8648 www.clickpesca.com.br/takenaka Da Lontra 11.4486-2359 Vale do Santo Ari 11.4604-3988 Mauá - SP Pesk Ville 11.4576-1170 Rei dos Amigos 11.4576-7352 – www.pesqueirodosamigos.com.br Peruíbe - SP Girassol 13.3456-1317 Poá - SP Roda Viva 11.4636-5636 Ribeirão Pires - SP Carequinha 11.4439-9058 Nova Tropical 11.4825-5382 Pedra Branca 11.4342-3784 www.ppedrabranca.com.br Pouso Alegre 11.4827-0382 www.pesqueiropousoalegre.com.br
Frete de Barcos & Guias Bertioga - SP Ossamu (Robalo) 11.9749-8564 Bragança Paulista - SP Braguinha 11.4035-2290/9967-1535 Fabio Martorano 11.9980-7423 Cáceres - MT Luís Henrique (Peixes Esportivos) 65.9614-3973 Formoso Araguaia - TO Alex 63.3357-1145/8119-0188 Dimas 63.9994-7553/8459-9346 Ilhabela - SP Nils 12.3896-5396/9146-5587 www.comandantenils.com.br Wilson 12.3895-8394/7850-7896/7850-7893 Itanhaém - SP El Shadai 11.2946-6966 Pelicano 13.9784-3302
– Ilhas da Queimada Grande, Laje da Conceição, Bom Abrigo e Parcéis dos Reis, Dom Pedro, da Una, da Noite Escura
Queimada Sub 13.3422-1855 www.queimadasub.com.br
Natal - RN Auricélio Alves 83.9115-0855 Alcimar 84.9916-4051 / 11.7742-1246 Porto Xavier - RS Juscelamar 55.9916-5572/3354-2293 Recife - PE Rodolfo 81.3619-1120/9979-5790 Salvador - BA Lino Justo 71.8869-8288/9918-8288/ 3332-6323 Marcel 71.8826-7042/3263-3324 São Sebastião - SP Via Mar Pescarias 12.3892-5456 viamarpescarias@uol.com.br
– pescarias em São Sebastião, Ilhabela e oceano. Iscas naturais e artificiais.
Boya Fishing 12.3862-1551/7898-4195 Barco Soberano 12.3887-8651/7850-1512 Serra da Mesa - GO Eribert Marquez 64.8415-1279 Tupaciguara - MG Daniel Sales 34.3281 3544
Obrigatório preencher de forma legível todos os campos
Sim, desejo receber em minha residência, sem qualquer custo, o DVD ECOAVENTURA, que é parte integrante desta revista. www.grupoea.com.br Nome: _____________________________________________________________________________________________________ Endereço: __________________________________________________________________________________________________ Bairro: ____________________________ Cidade: ____________________________ UF: ________CEP:______________________ Fone: DDD (
) ____________________________________ Celular: DDD (
) ______________________________________
E-mail: _____________________________________________________________________________________________________ IMPORTANTE: promoção válida até 15/05/2011, somente para os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Tocantins. Envie este cupom para Revista ECOAVENTURA - Rua Anhaia, 1.180 - 3º andar - Bom Retiro - SP - 01130-000
Somente a ecoaventura TURISMO leva você com todo conforto e segurança para os melhores destinos do Brasil e do mundo! Tel. 55 (11)
3334.4361
www.ecoaventuratur.com.br t
u
r
i
s
m
o
Rua Anhaia, 1.180 - 3º andar Bom Retiro - São Paulo - SP
base.indd 100
15/03/2011 10:26:31