Revista ecoaventura edição 22

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ecoaventura - E d i ç ã o 2 2 - j u l h o d e 2 0 1 1

R$14,90

tis

Ano II - Edição 22 – juLho –

P e ix e s gig ant es n a A mazô n ia l c at f ish l s o ro ro c a l t r alha pes ada l c ic lo v ia g e m l c ód i g o fl or e s tal l c a s ai s n a a m a zô n i a l Bad e jo no Pa nam á

DVD Grá

Pesqueiro Descubra quando o Catfish se torna um troféu Técnica É época de diversão com a voraz Sororoca Internacional Pesca de grandes Badejos no Panamá

BILÍNGUE

Peixes gigantes Encontrá-los é uma aventura. Descubra aqui

T e s t e c o m o m í t i c o L a n d R o v e r I O s r i o s s o b o n o v o C ó d i g o f lo r e s ta l I N o v o r e c o r d e d e T u c u n a r é - a ç u


Extremamente selvagem...

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...Mas com todo o conforto! Infraestrutura de 1º mundo e adrenalina com os peixes mais esportivos da Amazônia

Lodge flutuante

em fase final de construção. Você não perde por esperar!

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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br

O novo conceito de anista: a ambiental Junho principiou com a entrada do projeto de reforma do Código Florestal

Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br

no Senado. Na Câmara dos Deputados, a maioria votou nas mudanças que condenam a

DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br

Constituição, Justiça e Cidadania, de Agricultura e Reforma Agrária e de Meio Ambiente.

Repórter Dani Costa (MTb nº 01518/ES) dcosta@grupoea.com.br

mais à beira de rios e lagos ao se reduzir de 30 para 15 metros a obrigatoriedade de pre-

Estagiários da redação Bárbara Blas e Gabriela Ferigato

Como se não bastasse essa complacência com a degradação ambiental, o texto-base

Tradutor David John Arte Gabriel Dezorzi e Tiago Stracci Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondentes internacionais Fábio Barbosa e Voitek Kordecki Colaboraram nesta edição Denis Garbo, Líbia Marquez, Márcio Ramos, Mateus Abreu e Andrade, Roberto Véras e Wilson Feitosa Consultores Alexandre Andrade e Eribert Marquez DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br

conservação das florestas no País. Agora, o documento será encaminhado às Comissões de As mudanças previstas são polêmicas. Se aprovado, fica permitido que se desmate servação das matas ciliares, que dão forma às margens dos cursos d’água e os protegem. estabelece que os proprietários de pequenos módulos rurais (de 20 a 400 hectares) poderão manter o percentual de vegetação nativa que suas terras possuíam até 2008. Ou seja, quem desmatou a sua pequena propriedade até a data estipulada será perdoado de pagar multas e estará desobrigado a recuperar as áreas de Reserva Legal já destruídas. Resultado? A iniciativa penaliza aqueles que cumpriram a legislação ambiental no passado, já que o reflorestamento de áreas degradadas nesses módulos fiscais não seria obrigatório. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulga um estudo sobre o impacto do novo código em áreas de Reserva Legal: se analisadas somente a não recomposição florestal para imóveis de até quatro módulos fiscais, quase 30 milhões de hectares deixariam de ser reflorestados — o equivalente a quase o tamanho do Estado do Rio Grande do Sul. As perdas ambientais recorrentes são inefáveis. Isto porque, como bem descreve o relatório do Ipea, a proteção contra processos erosivos do solo (matas ciliares) contribui para a redução do assoreamento de cursos d’águas, o que, por sua vez, melhora a disponibilidade de peixes, bem como a navegabilidade dos rios. A aprovação do código pelo Senado, além disso, seria incoerente com a Política Nacional de Mudanças Climáticas e deixa de lado o compromisso internacional no que diz respeito à redução de emissões de gases de efeito estufa pelo Brasil. Isso porque a perda

Atendimento ao leitor sac@grupoea.com.br

de florestas resultará na liberação de mais CO na atmosfera, quando há uma meta nacio² nal de reduzir a emissão desses gases em até 38%.

Assinaturas assine@grupoea.com.br

A presidente, Dilma Rousseff, promete, desde a campanha eleitoral, não negociar desmatamentos e já reafirmou que vai vetar o código no Senado. O uso sustentável dos recursos oferecidos na natureza

A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

Assinaturas: (11) 3334-4361

agradece. Não queremos ver, na prática, que o sinônimo de perdoar, definido pelo projeto de novo Código Florestal, seja o de reduzir a vida no planeta.

Edição 22 — julho de 2011


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[ índice ]

16

BILÍNGUE

capa

Peixes gigantes do rio Tapajós Uma aventura do início ao fim

36

BILÍNGUE

ecoturismo

De bike pelas montanhas de Minas

Uma cicloviagem de 190 Km pelo Caminho da Luz, na Zona da Mata mineira


12 Entrevista

Mário Mantovani fala sobre o novo Código Florestal

32 Recorde

Brasileiro homologa o maior Tucunaré-açu

48 Técnica

É época de pescar Sororoca

74 Pesqueiro

O Catfish também é uma pesca interessante. Saiba por quê

78 Matéria do leitor Os grandes “redondos” de Minas

84 Tralha pesada

64

Teste com o mítico Land Rover, modelo Defender

mulher

Casais na Amazônia

Como 7 mulheres se tornaram aficionadas de pesca esportiva com a ajuda do marido

90 Saúde

Prevenção contra as doenças tropicais

Seções 08 Correio técnico 10 Correspondência 54 Vitrine Promoções e lançamentos 82 Folhas, flores e frutos Acorda, dormideira! 94 Radar

56

96 Classificados

internacional Badejos no Panamá

A espécie Badejo-rabo-de-vassoura, só encontrada no oceano Pacífico, proporciona combates espetaculares

98 Cupom (DVD)


correio técnico Quem é quem? Vá fundo! Qual a diferença entre jig e grub? Posso usar a técnica da pesca

Ricardo Nogueira — GuarulhoS-SP

vertical em rios?

Os jigs são anzóis que têm pesos fundidos ou presos ao seu redor (normalmente de chumbo) e, próximo às curvas de anzóis, saem penachos e cerdas de plástico que o fazem aparentar corpos de peixes. Os grubs possuem anzóis com cabeça de chumbo e peso pré-determinado, e no lugar dos penachos são colocadas minhocas plásticas para imitar o corpo do peixe.

Cláudio Feitosa — Guarulhos-SP

Sim, em lugares com boa profundidade e, principalmente, no meio de rios, essa técnica é eficiente para a captura de Corvinas

Grub

e peixes de couro. Veja matéria “Corvina: um peixe com identidade própria”, na edição 13.

Jig

Quem é a Piabanha? Ouvi falar de um peixe chamado Piabanha. Como ele é e onde pode ser encontrado? Marcos Ferreira — São Paulo-SP

A Piabanha pertence à mesma família da Matrinxã, da Piracanjuba e da Piraputanga e habita exclusivamente a bacia do rio Paraíba do Sul, na região Sudeste. Esse peixe esteve à beira da extinção, mas, graças ao trabalho de reprodução em cativeiro e posterior soltura nos rios, já é possível encontrar alguns espécimes, ainda que com peso muito inferior aos oito ou dez quilos que pesavam na década de 1950, quando foram quase extintas. Pode ser pescada com pequenas iscas artificiais de barbela, spinners e pequenas colheres, ou com iscas naturais feitas de pequenas frutas, pedaços de frios, entre outras.

08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Qual o peso real?

O que muda?

Li em diversas publicações que a Piraíba ultrapassa dois metros e 160 quilos, no

Tenho uma vara da Marine Sport com

entanto, de acordo com informações que vi no site do Ibama, ela pode pesar 300 quilos.

6’6’’ de 12 a 20 libras e quero comprar uma

Qual é o maior peso já registrado para a Piraíba?

carretilha compatível com ela. Mas me dis-

Jorge Wilian Missono — Rio Claro – SP

Infelizmente, não há registro

seram que não serve porque é de molinete. Qual a diferença? José Carlos Nogueira — São Paulo-SP

oficial que possa comprovar a cap-

As varas para molinetes são montadas

tura de grandes espécimes. Alguns

com passadores maiores a fim de facilitar a

órgãos, como o que você citou, tra-

passagem da linha que sai em espiral do car-

balham com dados estimativos, en-

retel, e esses passadores são fixados na parte

quanto os veículos se baseiam em

de baixo do blank, enquanto que, nas carre-

fatos que possam ser comprovados.

tilhas, eles ocupam a parte superior. Os mo-

Dessa forma, poderíamos dizer que

delos feitos para molinete também não têm

se supõe que essa espécie possa

gatilho de segurança para o arremesso e são

chegar aos 300 quilos, mas os maio-

projetados para vergar em sentido oposto ao

res que foram capturados e fotogra-

das carretilhas, de modo que o uso inadequa-

fados nos últimos anos tinham peso

do poderá danificar e até mesmo quebrar esse

ao redor de 160 quilos.

equipamento.


correspondência Viagem no tempo Há alguns meses, adquiro a Re-

Projeto Tietê dá pesca

vista ECOAVENTURA por vários motivos: leitura simples, excelente

O rio Tietê é mais conhecido no Brasil por suas águas poluídas, que passam pela

produção gráfica e diversificação

região metropolitana de São Paulo, do que pelas exuberantes, límpidas e piscosas águas

de matérias e editoriais. Achei que

que percorrem os municípios mais afastados da capital. Por isso, a Revista ECOAVEN-

foi de extrema coragem reeditar

TURA quer a sua ajuda para des-

um texto da antiga Revista Trófeu

mistificar a popularidade negativa

sobre a caça amadora no Brasil, na

desse curso.

edição 20. Realmente, tiraram do

Se você pesca no rio Tietê,

baú. Penso que o caçador amador é

dê-nos a sua contribuição. Envie-

quem está em extinção! Considero,

-nos relatos e fotos de pontos

hoje, eu e meu cão duas raças ex-

onde os peixes são abundantes e

tintas devido aos falsos ecologistas

a natureza é marcante. Indique-

e à forma errônea como a situação

-nos pontos de pesca onde você

é tratada. Gostei muito da matéria,

gosta de praticar o esporte e

tenho vários exemplares da Revista

descreva as espécies mais co-

Troféu, que guardo com carinho,

muns da região. Nosso e-mail é

principalmente em reverência à

redacao@grupoea.com.br.

ousadia do então diretor-presiden-

Contamos com a sua ajuda!

te dessa saudosa publicação, Synesio Ascêncio. Nos anos de 1980, ele já alertava em suas edições a ma-

Pesca com caiaque

neira errada como a preservação da ecologia era tratada e trazia à tona

Caros escritores-pescadores do grupo ECOAVENTURA,

a realidade de um horizonte não muito animador. Espero que conti-

Chamou-me a atenção a bela iniciativa de contar com a ajuda dos leitores para abri-

nuem com a seção e reeditem mais

lhantar ainda mais o conteúdo da revista. Sugiro, então, um assunto que interessa bastan-

matérias sobre os assuntos em tor-

te aos pescadores caiaqueiros como eu, que, de vez em quando, se reúne com os amigos

no da sustentabilidade ambiental.

pra fazer uma pescaria embarcada pelos rios que cruzam nossa região. A pesca de caiaque é interessante porque não ficamos parados, no barranco ou na margem, à espera de o peixe morder a isca. Nós, simplesmente, saímos atrás deles. Onde estiver bom, nós apoitamos e testamos as diferentes técnicas para cada espécie. Mas, o maior desafio da pesca com caiaque é a utilização de sonares, adaptados à nave para aumentar a produtividade nas pescarias de fundo com jumping jig. Existem alguns modelos que possuem dupla seleção de ângulo para locais mais rasos e mais profundos, isso facilita para aqueles que pescam em lagoa, em rio e em locais rasos, como é o nosso caso. Entretanto, há ainda muita dificuldade em ajustar as configurações e fazer uma leitura do que exatamente o sonar indica. O melhor modelo, custo-benefício, forma de instalação etc. ainda são questões sem resposta para o grupo que pesca com caiaque. Espero por mais excelentes matérias para compor a nossa revista preferida! Alex Araújo – por e-mail

10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Renato Antônio Spagnuolo Serigatto – por e-mail



[ entrevista l código florestal ]

Os rios brasileiros e o novo Código Florestal A briga entre ruralistas e ambientalistas sobre a modificação das leis florestais teve como parte da celeuma a questão da preservação dos rios. Mário Mantovani, geógrafo e diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, explica à ECOAVENTURA como ficam as águas do País sob as diretrizes do texto-base aprovado em 24 de maio na Câmara dos Deputados Por: Dani Costa l Fotos: Malu Ribeiro l arte: tiago stracci

C

om o novo Código Florestal, a configuração do mapa hidrográfico brasileiro pode mudar. Caso o texto aprovado pela Câmara dos Deputados passe incólume pelo Senado, a largura das APP’s (Áreas de Preservação Permanente) à beira de rios reduz de 30 para 15 metros. Isso diminui as matas ciliares que protegem o curso das águas e, consequentemente, enfraquece-o e o modifica de forma drástica. Há 12 anos o Congresso tenta discutir um novo texto para o Código Florestal. Agora, o projeto aprovado deve ser votado no Senado e ainda sancionado pela presidente, Dilma Rousseff, que havia afirmado em campanha eleitoral não ser a favor de reduzir as APP’s. Por isso, am-

Mário Mantovani defende que o novo Código Florestal seja vetado no Senado, a fim de que seja reformulado com vistas à preservação ambiental

bientalistas esperam o veto presidencial. Confira a conversa com Mário Mantovani

cílios, tanto que são chamadas de cilia-

todo um sistema a ser preservado. Sem

sobre o tema e a participação do pesca-

res. Quando o Código Florestal foi institu-

essa parte essencial de um bioma, não

dor esportivo na preservação dos rios.

ído, em 1934 e, em 1965, alterado, ela era

podemos manter vivo um rio.

tida como algo que evitava a erosão e a ECOAVENTURA: O que o pescador

contaminação de veneno pela agricultu-

EA: Como o novo texto do Código

esportivo deve entender sobre a

ra. Ou seja, essas florestas que ficam às

Florestal pode alterar drastica-

questão da preservação dos rios?

margens de cursos d’água eram vistas

mente os rios?

Mário Mantovani: Que isso interfere

como uma proteção. Mas, sua real função

Mário: O texto-base aprovado reduz

diretamente na vida de todos. As matas

vai muito além: as matas ciliares formam

a APP de 30 para 15 metros nas pe-

existentes nas margens são como nossos

corredores de biodiversidade e possuem

quenas propriedades rurais que estão

12 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Hoje, o debate gira em torno do entendimento de quais funções têm um rio” - Mário Mantovani

próximas a rios. Isso, no regime de vazão, ou seja, no leito menor do rio, que é o período de seca. Portanto, na prática, só se considera sete metros de mata ciliar obrigatoriamente protegida. Essa medida acaba definitivamente com a várzea, que é vital, pois é o berçário do rio. Um exemplo de consequência dessa falta de cuidado com as florestas à beira dos cursos d’água são os desastres ocasionados pelas chuvas. Os rios que tiveram sua mata

assoreamento, que resulta em casos

dos termos da proteção, sem a redução

ciliar alterada, quando muito cheios,

gravíssimos de degradação. O Brasil

das APP’s e da RL (Reserva Legal). A

não encontram espaço para se expan-

gasta mais dinheiro com desassorea-

RL é aquela área dentro do imóvel que

dir e avançam sobre tudo o que está

mentos do que com saneamento bási-

mantém a vegetação original. O que

em volta. Assim, cidades em áreas de

co. Um exemplo é o rio Taquari-SP. Na

temos que pensar é o seguinte: hoje, o

morros desmoronam; cidades em va-

minha infância, pescávamos lá e brin-

debate gira em torno do entendimento

les ou terras planas inundam.

cávamos que havia várias áreas sem

de quais funções têm um rio, até mes-

fim, com poços sem fundo em deter-

mo para a própria agricultura, afinal, o

EA: Esse texto-base, além de ter

minados trechos. Hoje, você caminha

ruralista valoriza propriedades que têm

permissão do licenciamento mu-

pelo Taquari, que secou. Muitos rios

água. Ocorre que muitos proprietários

nicipal para desmatamentos, ain-

brasileiros estão a caminho da mes-

rurais querem obter financiamento,

da anistia os desflorestamentos

ma situação, com seu fim anunciado,

continuar abrindo área para aumentar

ilegais já realizados. Esses aspec-

principalmente por conta das erosões.

sua ocupação e almejam crédito agrí-

tos também agravam a situação

Ignorar os desmatamentos já existen-

cola para viabilizar a utilização máxi-

dos rios?

tes e permitir qualquer outro no futu-

ma dos recursos da sua terra, mas sem

Mário: O Código Florestal proposto

ro, sob qualquer condição, é a conde-

se preocupar com a função social da

pelos ruralistas e aprovado na Câmara

nação de morte dos rios.

biodiversidade de onde atua. Então,

dos Deputados é conflituoso em rela-

é possível produzir e preservar, desde

ção à Lei das Águas porque, com todo

EA: Não é possível produzir na

que o agricultor não se preocupe so-

o desmatamento feito, há rios que têm

agricultura e preservar?

mente em como vai manter sua linha

cada vez menos água. Isso leva ao

Mário: Sem dúvida que é, mas dentro

de financiamento.

ecoaventura 13


[ entrevista l código florestal ]

O ambientalista acredita que o pescador esportivo é parte integrante na cadeia de preservação das matas ciliares e rios

EA: O debate em torno da pre-

recebem esgoto. E, se um rio tem esgoto,

nem no rio; e assumir uma observação

servação dos rios, inflamado pe-

você sabe que aquela sociedade é doente.

mais atenta, como a que vai identificar

los ambientalistas ante o novo

se a água está poluída por veneno da

Código Florestal, identifica o

EA: E o pescador nessa história?

agricultura, por exemplo. Em geral, isso

ruralista como o grande respon-

Ele pode assumir um papel?

é perceptível quando uma área piscosa

sável pela degradação das ma-

Mário: Sim, o de conservacionista! O

se altera, e os peixes escasseiam. Adotar

tas ciliares?

pescador esportivo tem plenas condições

uma postura de conservação do ambiente

Mário: Não, a questão da preservação

de ajudar na preservação da biodiversi-

já é uma ajuda, e implica ao pescador um

dos rios não pode ser centralizada so-

dade. Ele pode adotar medidas simples

papel importante na luta para a preserva-

mente nos ruralistas. Por que a missão

como plantar árvores, quando julgar ne-

ção dos cursos d’água. Não é para ser um

de manter a biodiversidade dos cursos

cessário em algum ponto de seu percur-

“ecochato” ou “biodesagradável”, como

d’água ficou só para o proprietário rural?

so; deixar de fazer fogo na beira do rio,

brincamos. É para ter olhar crítico e cons-

E as cidades que não possuem sanea-

com a escolha de lugares mais distantes

ciência de que qualquer pessoa pode agir

mento? Mais de 80% dos rios do Brasil

para sua fogueira; não jogar lixo na mata,

em defesa da vida.

14 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


EA: De fato, o pescador costuma assumir uma relação de afeto com o lugar onde pesca. Mário: E essa é a melhor relação que se pode ter com a natureza. É do afeto que deriva os melhores sentimentos de preservação ambiental. Um pescador é capaz de perceber que o local onde gosta de pescar desde criança ruma para a degradação. Ele avista a vegetação e identifica pontos alterados e devastados pelo desmatamento. A SOS Mata Atlântica tem muitas experiências que

Um rio doente vai impactar diretamente na pesca” - Mário Mantovani

mostram que a afetividade, o “gostar do rio” e a lembrança de histórias de pesca foram determinantes para a recuperação de um rio. Em várias situações, nós contamos com a colaboração e com a determinação de pescadores para análise de águas e para a proteção das margens. Afinal, um rio doente vai impactar diretamente na pesca profissional ou amadora.

Serviços/ Services para entender O Código Florestal foi criado em 1965 e regulamenta a exploração da terra no Brasil, a qual é vista como “bem comum”. A lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, dispõe sobre as Áreas de Preservação Permanente e as Áreas de Reserva Legal, e define regras gerais sobre a exploração florestal

Área de Preservação Permanente (APP) São extensões de grande importância ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, a fauna e a flora, o solo e, assim, assegurar o bem-estar das populações.

Exemplos de APP’s - Regiões com declividade superior a 45º - Topos de morros, montes, montanhas e serras - Áreas que ocupam sempre um raio mínimo de 50 metros ao redor de nascentes - Faixa de vegetação em torno das margens (que era de 30 a 500 metros em cada lado do curso d’água)

O que foi aprovado - São admitidas todas as atividades que desmataram até julho de 2008. E as APP’s serão descontadas do cálculo da área de Reserva Legal das propriedades - Só será necessário recuperar margens de rios e encostas já desmatadas se o progra-

ma de regularização ambiental da União ou dos Estados assim o exigir

Reserva Legal Área em que é permitido o manejo sustentável e varia conforme o bioma. Os principais são Amazônia e Cerrado

O que foi aprovado - Donos de imóveis com até quatro módulos fiscais não precisarão recompor o que foi desmatado até 2008. Multas serão suspensas - Poderá plantar até 50% de vegetação não nativa na propriedade, como o eucalipto - O que já foi desmatado, de acordo com a legislação vigente na época, será considerado de uso econômico consolidado

ecoaventura 15


[ capa l cover article I jaú ]

Cair na estrada para renovar as energias. Fazer novas amizades em distantes e aconchegantes paragens. Experimentar sabores diferentes e respirar o ar puro, que em cada lugar tem seu cheiro, seu frescor. Fisgar peixes enormes ou saltadores. É por todos esses motivos que, ao menos uma vez por ano, caio na estrada sem qualquer preocupação com a distância ou o tempo de viagem Por/By: Márcio Ramos l Fotos/Photos: Inácio Teixeira Arte/DESIGN: Tiago Stracci l Tradução/Translation: David John

Hitting the road to re-energize. Making new acquaintances along distant yet welcoming stopping points. Trying out new flavors and breathing the pure air that in each specific place has its own smell and freshness. Hooking into massive or leaping fish. Those are the reasons that I have for hitting the road with no concerns as to time or distance at least once a year

16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 17


[ capa l cover article I jaú ]

C

erta vez, em um papo entre

A Transamazônica é um caminho que leva quem gosta do trecho a outra dimensão The Transamazonian highway is a drive that transports the traveler into a new dimension

amigos, um deles falou sobre sua necessidade de levar um veículo de São Paulo para a

região de Apuí, no Estado do Amazonas. Segundo ele, seria uma jornada de oito mil quilômetros para ir e voltar, dois mil deles em estrada de terra pela lendária rodovia Transamazônica, cujas características e histórias fascinam os amantes da aventura. Ouvir aquilo foi quase uma intimação, principalmente porque o carro em questão era nada mais nada menos que um lendário Land Rover, modelo Defender 110, veículo que povoa o imaginário de quem gosta do trecho, da poeira, da lama e dos lugares paradisíacos [veja detalhes do veículo na seção Tralha Pesada, pág 84]. Como

se não bastasse, o ponto final da viagem seria a margem do rio Tapajós, um santuário ictiológico, palco perfeito para aqueles que — como eu — ainda não tiveram o prazer de fisgar um grande peixe com equipamento esportivo, muito menos de sentir as tão propagadas batidas na superfície provocadas por iscas artificiais. Foi por tudo isso que me candidatei à “vaga” e, desde então, passei a contar cada dia que faltava para pôr o pé na estrada. Por dias tentei imaginar o que seria unir minhas duas paixões: viajar pelas veredas amazônicas a bordo de um veículo lendário e ter a oportunidade de elucidar todas as dúvidas e desconfianças sobre a prática da pesca esportiva.

O

n a certain occasion, during a chat with friends,

stories fascinate all adventure lovers. Hearing

of the Tapajós river, an ichthyological sanctu-

one of them mentioned he had to take a car

this was akin to a challenge, furthermore as

ary, which sets a perfect stage for someone like

from São Paulo to the Apuí region in the state

the car in question was nothing less than the

me, who has not yet enjoyed the experience of

of Amazonas. According to him, it would be an

renowned Land Rover Defender 110, a vehicle

catching a fish on sports tackle, let alone expe-

8000 kilometer return trip, with over 2000 ki-

that slots into place among offroad buffs quest-

riencing the much discussed surface action us-

lometers over dirt roads through the legendary

ing for paradisical far-off locations. In addition to

ing topwater lures.

TranAmazonian highway, whose features and

this, the final stopping point would be the banks

18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

For all these reasons, I “applied” for the po-


A expressĂŁo de incredulidade ĂŠ comum a quem pega um peixe com isca artificial pela primeira vez An expression of disbelief is commonplace on catching a fish with an artificial lure for the first time

sition and, since then, started counting each day left before setting out on the trip. For days I imagined what it would be like to combine my two passions: travelling through the Amazonian highway routes onboard a legendary vehicle and having the opportunity to lay to rest all my doubts and mistrusts related to sportfishing.

ecoaventura 19


[ capa l cover article I jaú ] Começo de viagem e de nova amizade Por volta da meia-noite do último 5 de maio, em companhia de Inácio Teixeira — editor de fotografia desta revista —, finalmente começou a maior peripécia que já vivi até hoje. O trecho inicial pelas conservadas e largas estradas paulistas serviu como estágio de adaptação às características do veículo, cuja tocada é muito diferente de um automóvel comum. Também foi importante para um melhor entrosamento com o parceiro de viagem — um sujeito que contradiz favoravelmente tudo o que se possa pensar sobre as primeiras impressões que se tem sobre ele. Aparentemente sistemático no início e, às vezes, “chato”, não demorou a desvanecer tais impressões e se revelar exemplo de simpatia e bom astral, tanto que fez amizades por todos os lugares por onde passamos. Levamos três dias para chegar a Porto Velho, trecho longo, principalmente quando analisadas as características das estradas, pouco conservadas e com tráfego pesado. Esse panorama só mudou depois que atravessamos a balsa rumo à cidade de Humaitá. Teríamos ainda mais 200 quilômetros de asfalto pela frente, mas, nesse percurso, a quantidade de veículos é tão pequena que dá para contar nos dedos. Passar a balsa sobre o lendário rio Madeira, na

Starting out and a new friendship

specific features that distinguish it from an ordi-

son whose charm and disposition were evident

nary automobile. This was also a helpful phase in

and were to make friends wherever we went.

Around midnight on 5th May, accompanied

striking up a better acquaintance with my travel

It took us three days to reach Porto Velho,

by Inácio Teixeira — this magazine’s photographic

companion — someone who favorably contradict-

which is a long trip, especially when the con-

editor — the biggest adventure I have yet to expe-

ed whatever first impressions were transmitted

dition of the roads, not always in good repair

rience finally began. The initial course along the

at the outset. Apparently rigid and sometimes

and burdened by heavy traffic, are consid-

well maintained, wide roads of São Paulo were

vexing on a first impression basis, these notions

ered. This panorama only changed after we

a useful adaptation stage to the vehicle’s very

were quick to dissipate, and in their place, a per-

crossed by ferry in the direction of the town of

20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A forma como os ribeirinhos se relacionam com biodiversidade amazônica é uma grande lição de vida The interaction of the riverside dwellers with the Amazonian biodiversity is a lesson to be learned

cidade de Humaitá, foi como nos despedirmos da civilização. Dali em diante — e pelos próximos 800 quilômetros —, tudo que teríamos pela frente seria a vastidão amazônica. No início do trajeto, até que foi possível manter boa velocidade, mas, à medida que avançávamos, a quantidade de buracos aumentava, a tal ponto que levamos três horas para cobrir minguados 60 quilômetros. Pontes, rios de águas límpidas e repletos de peixes, além de animais que, vez ou outra, cruzavam a pista, cuidavam para que a viagem não se tornasse monótona. Passar balsas, transpor atoleiros, pagar pedágio para percorrer uma área indígena, quase ter o equipamento fotográfico tomado por índios e enfrentar outras adversidades foram apenas ingredientes que enriqueceram essa expedição. O povo caboclo encontrado pelo caminho, com seus costumes e tradições, traços indígenas e outras características próprias, o estado precário das balsas, uma das quais, apesar de atravessar caminhões com até 40 toneladas, era impulsionada por um modesto motor de popa de 15Hp afixado em um frágil barco de madeira; os estalos do casco, as bombas que retiram a água de seus porões, a indignação das pessoas responsáveis por sua condução, tudo cooperava para adicionar o adjetivo “radical” ao clima de aventura.

Humaitá. We still had over 200 kilometers of

the Amazon. It was even possible at the out-

state of the ferries, one of which regardless

asphalt road ahead of us, but on this stretch,

set to keep up a reasonable speed, but as we

of transporting up to 40 ton trucks was pow-

traffic is so limited as to be counted on one’s

went further, the number of holes and ruts in-

ered by a 15 horsepower outboard fixed to a

fingers. Crossing the legendary Madeira River

creased to a point where we took as long as 3

fragile wooden boat. The creaking of the hull,

by ferry at the town of Humaitá was like bidding

hours to cover a mere 60 kilometers.

the pumps drawing water from the holds and

farewell to civilization. From there on and for

The native folk we met on the way with

the irascibility of the ferry masters, all con-

the following 800 kilometers, everything that

their lore and traditions, Indian features

tributed to describing this adventure under

would be before us would be the vastness of

and other unique characteristics, the ragtag

the adjective of “radical”.

ecoaventura 21


[ capa l cover article I jaú ] Água à vista!

com extensão de oito quilômetros e im-

vel e outros gêneros. Tivemos a oportuni-

portância estratégica por estar situado

dade de conhecer esse isolado município

Quando adentramos o ramal São Be-

entre duas cachoeiras intransponíveis

e vivenciar uma realidade muito diferente

nedito — local que dá acesso ao formoso

para embarcações grandes durante a

da que se vê no restante do País. Com for-

rio Tapajós —, percebemos que tudo já

maior parte do ano. Ele liga a rodovia

te participação indígena em sua popula-

visto e vivido até então era muito peque-

Transamazônica a um pequeno porto no

ção, ruas de terra e um comércio modesto

no perto do que estava por vir. O ramal,

rio Tapajós, usado como entreposto e lo-

— capaz apenas de suprir necessidades

como é conhecido, é uma estrada vicinal

cal de apoio por garimpeiros, ribeirinhos

básicas —, a bucólica Jacareacanga pare-

e comunidades indígenas. A todo instan-

ce ter parado no tempo. Lá a moeda é o

te, é comum chegarem e saírem veículos

grama de ouro, não há bancos e o pouco

com compras, peças e pessoas que se

dinheiro que circula provém de dois ou

deslocam a Jacareacanga — cidade mais

três caixas automáticos, dos quais um é

próxima, localizada no Estado do Pará —

abastecido por avião — o que faz de seu

para se abastecer de rancho, combustí-

dinheiro um dos mais caros do País. O

parison to what was to come.

way to a small port along the Tapajós river, used

A coruja, como uma sentinela, observa a passagem de nossa expedição The owl, much like a sentinel, observes our expedition passing by

“Water in Sight”

The branch, as it is known, is a secondary road

as a staging post and support town for the Gold

On entering the São Benedito branch —

8 kilometers long and of strategic importance as

diggers, riverside dwellers and Indian communi-

providing access to the splendid Tapajós river

it is located between two waterfalls that are un-

ties. It is commonplace to have vehicles arriving

—, we noted that everything we had hitherto

crossable by large vessels during the greater part

and leaving with purchased goods, parts and

seen and experienced was very small in com-

of the year. It connects the TransAmazonian high-

people headed to Jacareacanga — the nearest

22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


sistema de comunicações também é modesto. Existem telefones fixos e celulares, mas ambos funcionam via rádio, ou seja: dependem de antenas. Certamente, é por isso que o bom e velho rádio de faixa SSB ainda é o meio de comunicação mais difundido por aqueles que vivem além do

Palanques abandonados de antigas pontes demonstram os esforços feitos para melhorar o acesso Abandoned brich pilings from ancient bridges show the many efforts in improving accessibility

perímetro urbano. Comunidades isoladas com seus casebres simples criam uma paisagem bucólica e revelam os contrastes de nosso País Isolated communities with their simple households create a pastoral landscape and are a revelation as far as our country’s contrasts are concerned

town that is situated in Pará state — also trans-

modest trade capable of supplying only the most

some of the country’s most expensive currency.

porting livestock, fuel and sundry goods. We had

basic commodities, the archaic Jacareaganca

There are normal as well as mobile phones, but

the opportunity to aquaint ourselves with this

seems to have frozen in time. There, the currency

both operate by radio and depend on antennas.

isolated outpost and to experience a reality that

is gold by the gram, there are no banks and the

For that reason, the tried and tested SBB radio

is so different from the rest of the Nation. With

little cash available comes from 3 cash dispens-

is still the most used means of communication

a notably Indian native population, dirt roads,

ers, one of which is sourced by air making it

to whose who live outside the urban perimeter.

ecoaventura 23


[ capa l cover article I jaú ] A hora de emoções fortes

couro, de preferência, pelas grandes. O

das páginas de revistas e dos programas

primeiro peixe que bateu não escapou. Foi

de pesca ainda continuava apenas na

Assim que começamos a navegar no rio

como dizer: “Vem aqui bichão”, mas, no

imaginação.

Tapajós, diversos aspectos chamaram-nos

momento seguinte, ele envergou a vara de

No barco, a expectativa era renova-

a atenção: a grande distância entre suas

tal maneira que parecia querer me dizer:

da a cada novo lançamento. Enquanto

margens, o tom esverdeado e a limpidez de

“Vem aqui você!”. A Pirarara não era das

aguardávamos a batida do peixe, a boa

suas águas, o revolto banzeiro provocado

maiores, mas foi inesquecível: meu pri-

prosa, o companheirismo e a admiração

por imensas corredeiras, entre outros as-

meiro grande peixe fisgado com caniço e

pela imensidão desse rio criavam uma

pectos que impressionam.

carretilha. Depois veio um pequeno Jaú.

espécie de transe, só interrompido pela

Chegada a hora de pescar, houve con-

A seguir, um Barbado, entretanto, o gi-

algazarra provocada por centenas de

senso em começar pelas espécies de

gante, o monstro das histórias contadas,

Jacus-ciganas.

Jamais imaginei que em nossos rios fosse possível fisgar peixes tão bravos e belos quanto essa Pirarara I had never imagined that it was possible to fish such beautiful and feisty fish in our rivers as this Pirarara

Time for excitement

and, in particular, the large ones. The first fish that

Aboard the boat, expectations grew with

hit did not get away and put up a tremendous fight

every cast. While we aited for a hit, good dis-

As soon as we started navigating the Tapajós

bending the rod almost double with its power and

course, companionship and an admiration for

river, several aspects called our attention, such as

strength. It was not one of the larger Piraras, but

the immensity of this river created a sort of

the distance between its banks, the greenish tint

it was unforgettable and my first ever large fish

trance which was only interrupted by the noise

and clarity of its waters, and the roaring generated

caught on rod and reel. Following this, I caught a

of hundreds of Jacu-cigana doctor birds.

by enormous whitewater stretches.

small Jaú and, after that, a Barbado, yet the river

The morning faded into afternoon unnoticed.

monster of countless tales, magazine pages and

In the afternoon, we headed to a vast deep pool

TV programs was yet in my imagination.

— a magnificent spot where the water intercepted

When the time came to go fishing, there was unanimity in selecting the bottom dwelling catfish

24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A manhã se foi sem que percebêssemos. No período da tarde, nos dirigimos a um enorme poção — lugar magnífico, onde a água, interceptada por grandes rochas, forma potente turbilhão. Nossas iscas, soltas ao lado do barco para atingir o fundo, giravam no grande rebojo à procura de seus habitantes. Depois de alguma espera, o peixe chegou. Primeiro, com sutileza, o que criava a dúvida de que poderia ser um enrosco. Mas, instantes depois, como legítimo dono da área, ele abocanhou de forma decidida a comida e, com violência surpreendente, fez a vara formar um “u” e mergulhar sua ponta abaixo da linha d’água. A ferrada forte deixou o bicho alucinado, e sua reação rebelde me desequilibrou. Quase fui parar dentro d’água. A linha da carretilha sumiu como se o freio estivesse destravado. As batidas do coração dispararam — um descompasso que exprimia a intensidade das emoções. O peixe entocou, e o barco teve que ser solto para auxiliar na briga. Começava o cabo de guerra, e recuperar a linha levada parecia missão impossível. Por instantes, lembrei que, antes de estar ali, achava impossível retirar um peixe grande da água com um simples caniço. A emoção me envolveu nova-

O Barbado é outro peixe comum nas águas do rio Tapajós The Barbado is another fish that is common to the Tapajós River

mente na peleja. O olhar penetrava a água na ânsia de ver a silhueta do oponente, mas ele nadou novamente para longe e adiou o encontro tão esperado. A vara permanecia constantemente vergada. Não havia tempo para descanso, o suor inundava o corpo.

by large rocks forms a powerful eddy. Our baits

tip in the water. The powerful strike left the fish in a

prior to getting there I had thought it impossible

were lowered at the side of the boat in search of

frenzy and its reaction put me off balance. I almost

to take a fish from these waters using a simple

the depths and twisted around in the large eddy

ended up in the water and the line peeled off the

rod. The excitement of the fight once more took

in search of its dwellers. After some waiting, the

reel as if the drag were loose.

hold of me. My gaze penetrated the water in the

first fish arrived. At first, a subtle pull that led to

Heartbeats raced in expression to the emo-

expectation of seeing my opponent’s silhouette,

the possibility of believing in a hang-up, but a little

tions and their intensity. The fish holed up and we

but once more he swam away and postponed

later, as the true master of his territory, he took the

had to drift the boat to assist in the fight. The tug-

this so sought after encounter. The rod remained

bait in so decided and violent a way as to trans-

-of-war had begun and recovering line seemed an

constantly doubled, there was no time for rest and

form the curvature of the rod into a “U” placing its

impossible task. For moments, I remembered that

perspiration exited every pore.

ecoaventura 25


[ capa l cover article I jaú ] O peixe vergou a vara com tamanha violência que quase a tomou de minhas mãos The fish put such a bend in the rod as to almost take it from my grasp

Sinais de exaustão surgiam dos dois la-

o companheiro de barco. Mas a negativa foi

tinha, até aquele momento, de ser possível

dos. Com as forças no limite, trazer o bicho

imediata. Ele apenas disse: “Você queria isso,

dominar um monstro desse porte com um

para a superfície era inverossímil. Achei que a

e esse é o momento de se fartar!” Ganhei

simples caniço, carretilha e linha. Por seu por-

briga estivesse no fim, mas, quando já estava

novo ânimo.

te e peso, nem tentamos tirá-lo da água. Não

perto do barco, ele levou novamente a linha,

A briga, contínua e dura, começava a me

podia acreditar. Levamos o peixe até uma

que, a duras penas, havia recuperado. A força

fazer duvidar de um desfecho favorável. Foi

prainha e entramos na água para manuseá-

do bicho era descomunal, aliás, já não era for-

quando, subitamente, uma sombra escura

-lo. Ao segurá-lo, tive a noção do porte do bi-

ça. Nesse momento, ele pesava. A exaustão

emergiu das profundezas. Era um gigantesco

cho, cujo peso foi estimado em 70 quilos. Era

me levou a tentar compartilhar a briga com

Jaú, bem maior que a desconfiança que eu

quase do meu tamanho!

Signs of exhaustion were evident on both

Its strength was beyond words and, at this point,

The fight unrelenting and tough sets me

sides. With my strength at its limit, bringing this

it was not strength alone but sheer weight. Ex-

off thinking of an unfavourable conclusion.

beast to the boat seemed like mission impossi-

haustion led me to share the fight with my com-

It was at this point that a dark shadow sud-

ble. I thought the fight had come to an end, but

panion in the boat, but his negation was forth-

denly emerged from the depths. It was a

as soon as it neared the boat, it once more took

right. He simply said: “You wanted this and now

gigantic Jaú Catfish far larger than my prior

line, which I had recovered at such great cost.

you’ve got it!” I gained renewed strength.

expectations of catching such a monster on

26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Após eternos minutos de luta, enfim, coloquei as mãos no enorme Jaú, o maior peixe que pesquei até hoje After a seeming eternity, I was finally able to place hands on an enormous Jaú, the largest fish I have caught to date

rod and reel. Due to its size and weight, we never even tried boating it. I couldn’t believe it. We pulled the fish to a small beach and entered the water to handle it. On holding it, we had an idea from its girth that it would weigh around 70 kilos, almost my size!

ecoaventura 27


[ capa l cover article I jaú ] O despertar da consciência

peso/potência quando fisgada, ou seja: uma pequena Pirarara é bem mais difícil de

Após várias fotos, ainda incrédulo com o ocorrido, alguém alertou que o peixe já ha-

ser dominada do que outras espécies com até o dobro de seu peso.

via se recuperado e estava em plenas con-

Eribert também fisgou uma pequena Pi-

dições para retornar à água. Chegara o mo-

raíba, peixe sobre o qual até então nunca

mento de vivenciar uma nova experiência:

havia ouvido falar, e que também tem fama

a de soltar o peixe, algo que, até então, não

de destruir equipamentos, estourar linhas

fazia qualquer sentido, pois não conseguia

e deixar pescadores frustrados.

entender qual a graça em pegar um peixe

Fotos: Márcio Ramos

grande e não levá-lo para casa. Mas ocorreu de forma surpreendentemente natural. Foi como se já fizesse aquilo havia tempos. Meus sentimentos não deixavam dúvidas: não seria justo que, após tanta valentia e

A Piraíba, independentemente do tamanho, é sempre um desafio para os pescadores The Piraíba, regardless of size, is always a challenge to fishermen

nobreza, a vida daquele animal fosse sacrificada. E assim, com água pela cintura, segurando-o pelo rabo, soltei o Jauzão, e ele saiu nadando lentamente, como se estivesse se despedindo, antes de sumir nas mesmas sombras que o haviam revelado. Uma Pirarara gigantesca foi outro troféu conquistado nessa pescaria. E era peixe para bater recorde mundial, um verdadeiro puro sangue dessa espécie. Fisgar uma Pirarara, como pude comprovar com o pequeno espécime que peguei, é arrumar encrenca pesada, pois o próprio Eribert Marquez, guia de pesca experiente e protagonista dessa captura, afirmou que essa espécie é a que demonstra melhor relação

Reawakening conscience

it. My feelings left little room for doubt — it

a Pirarara, as I could experience, is looking

would be unfair to sacrifice so noble fish who

for trouble, even the small fish I caught. As

After several photos and still doubtful as

had put up such a fight and so, with water at

the guide Eribert Marquez stated, this is the

to what had just happened, someone warned

my waist and holding the fish by the tail, I re-

species that possesses the best ratio in the

us the fish had already recovered and was in

leased the large Jaú and he swam off slowly

power to weight department, which is to say

perfect condition to be returned to the water.

as if bidding farewell before disappearing into

that a small Pirarara will put up a fight equiva-

A new moment had arrived in my experience

the same deep shadows from which he had

lent to a fish twice its size.

as a fisherman, as till then I could see little

revealed himself.

Eribert also caught a small Piraiba, which

fun in not being able to take home such a

A gigantic Pirarara was also caught on

was to me as yet unknown and which is also

fish. Yet it dawned on me that releasing this

this trip and it was certainly a record break-

renowned for destroying tackle, breaking

fish became so natural as if I had always done

ing fish and a trophy for its species. Hooking

lines and leaving frustrated anglers.

28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Não importa o tamanho, a Pirarara é sempre um adversário que exige muito, seja do equipamento ou do pescador Regardless of size, the Pirarara is an adversary that always demands a lot both from tackle as well as the fisherman

ecoaventura 29


[ capa l cover article I jaú ] Outro aspecto relevante nessa viagem foi

ma captura, sequer uma ação.

em águas rápidas, e outros que são mais

o que posso chamar de “o despertar para o

Dessa feita, com orientação do guia,

efetivos em lagos com águas paradas. No

mundo encantado das iscas artificiais”. Li e

compreendi a diferença entre os modelos,

rio, em locais com correnteza, perdi a conta

assisti a muitas reportagens sobre a eficácia

aprendi quando usar as iscas de superfície

de quantas Cachorras, Bicudas e Tucuna-

desses apetrechos com alguns peixes, mas,

e as de meia-água. E não só. Entendi que

rés foram pegos com iscas de meia-água

em minhas experiências pelas represas

existe um modelo adequado para cada pei-

ou com os modelos twitch bait. Já as iscas

paulistas, elas jamais proporcionaram algu-

xe e que há alguns que funcionam melhor

de superfície exigem um pouco de treino

A fartura de peixes do rio Tapajós faz com que todo arremesso tenha como desfecho um ataque, seja de um Tucunaré (esquerda), de uma grande Cachorra (direita) ou de uma saltitante Bicuda The abundance of fish in the Tapajós results in a strike at every cast be it from a Peacock Bass (left), a large Payara (right), or an acrobatic Bicuda

Another relevant aspect on this trip was

and further, that there is a specific model for each

to work them, I was able to capture dozens of Pea-

what I have entitled “the awakening to the

species and that there are models that work bet-

cock Bass in the surrounding lakes.

charmed world of artificial lures”. I have read

ter in fast water and others that are better suited

Of course the setting is different as the Tapa-

and assisted many reports on the efficiency of

to still water in lakes and pools. On the river, in

jós has fish throughout and of several species. I

these gadgets on small fish species but had

fast water, I lost count of the number of Payaras,

was so impressed that, at the first opportunity, I

never had any luck on the São Paulo lakes and

Bicudas and Peacock Bass that were caught on

am buying specific tackle for each fishing mode

never even caught a fish on them.

swimming plugs or twitchbaits. Surface lures re-

and, as much as possible, bringing along some

Having said that, on the guide’s advice, I un-

quire a little more dexterity to be worked in correct

of my less credible friends into this fascinating

derstood the difference between each model and

fashion, although that is not an insurmountable

universe. I am now another standard bearer for

when to use topwater or diving/swimming plugs

task so much so that after some basic tips on how

the practice of catch and release.

30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


para serem trabalhadas da forma correta,

diversas espécies. Foi tão impressionante

embora não seja um “bicho de sete ca-

que, na primeira oportunidade, vou adqui-

beças”, tanto que, após receber algumas

rir os equipamentos específicos para cada

dicas de como movimentá-las, peguei

modalidade e, sempre que possível, levar

dezenas de Tucunarés nos lagos da re-

meus incrédulos amigos para esse fasci-

gião. É claro que o palco é outro, já que o

nante universo. Agora sou mais um a em-

Tapajós tem peixes para todo o lado, e de

punhar a bandeira do pesque e solte.

Serviços/ o ensejo /Services The place

A entusiasmada jornada de oito mil quilômetros tinha destino também fascinante: o lodge flutuante Ecolodge da Barra, arquitetado para ser o mais isolado e, ao mesmo tempo, confortável projeto de hospedagem destinado à pesca esportiva já construído em águas nacionais. Edificado sobre uma robusta estrutura de aço naval com paredes e revestimentos em madeira, ficará circulando próximo ao encontro dos rios Teles Pires e Juruena — região considerada um verdadeiro santuário ictiológico devido à sua conservação ambiental e à quantidade de espécies esportivas encontradas nos cursos d’água. O empreendimento tem inauguração prevista para os próximos meses. The enthusiastic 8000 kilometer trip also found fascination in the floating lodge

Ecolodge da Barra, designed to be the most isolated and, at the same time, the most comfortable lodge ever built specifically catering to sportfishermen in Brazil. Built on a structure of naval grade steel with wall panels in wood, it drifts near the meeting of the waters from the Teles Pires and Juruena rivers — which is considered as a true ichthyological sanctuary due to its environmental preservation and the amount of sportfishing species to be found along its waterways. This project has its inauguration scheduled for the next months.

Quer saber mais? Want to know more?

Envie e-mail para: bemvindo@ecolodgedobrasil.com.br


[ recorde l tucunaré-açu ]

NOVO RECORDE MUNDIAL DE TUCUNARÉ-AÇU

O feito aconteceu em Santa Isabel do Rio Negro, no Estado do Amazonas, em novembro do ano passado, mas só recentemente o peixão de quase 14 Kg foi homologado pela IGFA (Internacional Game Fish Association) Por: Dani Costa I arte: tiago stracci

O

empresário Andrea Zac-

cional Game Fish Association) para essa

já que esse canto do País é seu refúgio

cherini,

Ribeirão

espécie. Segundo o FTB (Fórum Turma

constante. Ele estava com o companhei-

Preto-SP, proprietário do

do Biguá), onde o campeão contou a

ro de pesca, Bernardo Ometto, e mais o

barco-hotel Angatu, en-

aventura nos mínimos detalhes, a bata-

guia Kelson Carneiro. O Tucunaré-açu

trou para a história da pesca esportiva.

lha em si não foi das mais difíceis, mas

que o consagrou apareceu em um lago

Após capturar um Tucunaré-açu (Cichla

tudo foi inesperado.

dessa região (que ele e os parceiros de

de

Em novembro do ano passado, como

pesca batizaram de “Lago Secreto”), logo

(30 libras), ele se tornou o recordista

é de costume, Andrea resolveu pescar

após fisgar outro exemplar da mesma es-

mundial reconhecido pela IGFA (Interna-

nas águas de Santa Isabel do Rio Negro,

pécie, mas de porte médio. foto: eribert marquez

orinocensis) que pesou quase 13,190

Esse é o segundo recorde de Tucunaré-açu batido em menos de 18 meses, e ambos foram conseguidos nas águas generosas do rio Negro

32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: bernardo ometto

Com esse espécime que pesou quase 14 quilos, o empresário Andrea Zaccherini, de Ribeirão Preto-SP, conseguiu trazer para o Brasil o recorde de Tucunaré-açu, homologado pela IGFA, que ficou por quase 15 anos em poder de pescadores norte-americanos

ecoaventura 33


[ recorde l tucunaré-açu ] Como é recorrente em boas histórias

para o meio do lago e, após uma peque-

vara 6’6’’, linha 65 libras e isca de héli-

de grandes espécimes, a intuição de

na briga, saltou perto da proa do bote.

ce. O peixão tomou linha na flor d’água

Andrea o alertou quando, ao arremes-

Foi quando vimos seu porte, e quase

e, como estava a apenas cinco metros

sar próximo a uma galhada e à mar-

tivemos um ataque do coração”, relata

do bote, deu para ver que tinha sido bem

gem, uma onda se formou, e a isca foi

o recordista em palavras publicadas no

fisgado. “Essa constatação nos trouxe

tragada. “Sabíamos que era um bom

fórum virtual.

um pouco de tranquilidade, mas não evi-

O material utilizado foi uma carreti-

tamanho. O Tucunaré-açu deslocou-se

lha com velocidade de recolhimento 7.3,

tou a tremedeira, que só passou horas mais tarde”, complementa.

foto: bernardo ometto

foto: bernardo ometto

peixe, apesar de não imaginarmos seu

Orgulhoso, Andrea exibe o peixe que o colocou como pescador número 1 entre os aficionados da pesca dessa espécie

Dilema Quando os três integrantes do barco se acalmaram, veio o dilema: “Levamos o peixe ou não?”. Andrea, defensor da pesca consciente, agregador de valores do pesque e solte, não queria tirar a vida

recorde com um espécime de 28 libras

go genético a muitos outros peixes. Tenho

do Tucunaré. Por outro lado, sem trena a

(12,712 quilos).

certeza de que, durante muito tempo, va-

bordo, como provaria estar de posse de um possível recorde mundial?

O peixão ficou por quase duas horas dentro da água. A indecisão só acabou

mos pegar filhos, netos e bisnetos desse grande Tucunaré”, prevê o pescador.

O pescador sabia que precisava jun-

quando Andrea constatou que ele já não

No barco havia um boga grip, mas

tar todas as provas exigidas pela IGFA,

tinha mais condições de viver. “Sinto um

não homologado pela IGFA. “Não está-

ou não poderia mostrar que seu troféu

grande aperto no peito por ter sacrificado

vamos preparados para essa situação e,

ultrapassava o Tununaré-açu do norte-

o peixe da minha vida. Quase o soltei. En-

por isso, optamos por levar o exemplar o

-americano William Gassmann, que,

tretanto, sabia que aquele exemplar já era

mais rápido possível a fim de congelá-lo

desde fevereiro de 2010, detinha esse

muito velho e que tinha passado seu códi-

ainda hidratado”.

34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Registro Andrea procurou por representantes da IGFA no Brasil, mas não teve um bom retorno. Só com a ajuda do amigo Fabrício Biguá, mediador do Fórum Turma do Biguá, é que foi possível cumprir todas as normas que lhe permitiram provar o grande feito. Em primeiro lugar, conferiu se as balanças dos Correios de sua cidade eram vistoriadas pelo IPEM e pelo INME-

Pescar faz parte de um amor incondicional. Por isso, temos que pescar com respeito ao peixe, ao rio, aos nossos companheiros” – Andrea Zaccherini

TRO a menos de um ano. Um promotor de

tais providências, o empresário teve que

justiça e um biólogo atuaram como fiscal

aguardar ansioso pela resposta da IGFA

e testemunha da pesagem.

por seis meses.

O peso foi de 13,190 quilos. A perda

“Já fiz muitas pescarias nessa região.

de água — natural após a morte do pei-

Agora, penso que, com esse feito, temos

xe — o fez cair alguns pontos na balan-

que nos envolver ainda mais com sua pre-

ça. Depois disso, foram reunidas fotos,

servação, além de proteger essa espécie,

amostra da linha, descrição de como

que me proporcionou tamanha alegria”,

havia sido a captura, declarações dos en-

pondera Andrea, com intenções conserva-

volvidos e o formulário preenchido. Após

cionistas ainda maiores para o futuro.

Como nas vezes anteriores, o novo recorde foi obtido com uma isca de superfície com hélices

foto: eribert marquez


[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ]

Na Zona da Mata mineira há um caminho Iluminado Onde as agruras não são capazes de sombrear as .belezas nat.urais que resplandecem dos campos e das matas, nem de ofuscar o valor histórico das construções secula res e dos sítios arqueológicos, tampouco de anuviar a acolhida de u m povo hospitaleiro. De bicicleta, percorremos 190 quilômetros até o Pico da Bandeira através do Caminho da Luz — uma rota de peregrinação religiosa, ecológica, cultural, turística e esportiva que atrai visitantes de todo o País

36 ecoaventura l PESCA ESPORTIVA, MEIO AMBIENTE E TURISMO

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Texto e fotos/text and photos: Janaína Quitério | Arte/design: Tiago Stracci | Tradução/translation: David John

In the wooded region of Minas State, a shining path exists, where developm en t has been unable to overshadow the natural beauty that prevails in the nturies old buildings, fields and forests, or even the historical value of ce arqueological sites as well as the warmth of a hospitable people. We traversed these 190 kilometers on bike till reaching the Bandeira Peak through the Caminho da Luz (Path of Light) — a religious, ecological, cultural and tourist migration route which attracts visitors nationwide

ecoaventura 37

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[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ]

A

visão esbranquiçada da névoa

espessa

compro-

va que estamos no céu, a precisamente 2.891,9 me-

tros de altitude. A respiração ofegante — provocada pelo esforço físico de subir a montanha e pelo ar rarefeito — não consegue abrasar o corpo, que fica inerte sob o frio intenso avivado pela ventania. Gorro de lã, cachecol,

Em cada lugar do mundo, há uma montanha sagrada. Sua verticalidade simboliza a proximidade com o céu” “In every part of the world, there is a sacred mountain. Its verticality is a symbol of its proximity to the heavens”

jaqueta corta-vento e luvas felpudas não esquentam nem as partes encobertas. Mesmo assim, àquela altura, o uivo dos ventos entoa louvores à liberdade, sentida por quem, no ponto de interseção entre céu e terra, enxerga o mundo ao longe. O cruzeiro fincado no terceiro pico mais alto do Brasil, o da Bandeira, aos poucos mostra os seus contornos. Perseverantes, os três únicos aventureiros que alcançam o cume ao meio-dia de um domingo confiam nas previsões do guia: como um sopro, a névoa poderá se dissipar, e uma paisagem de morros e de matas verdejantes será desvendada a um ângulo de 360 graus. Basta uma brisa, e lá estão elas: dezenas de montanhas a desenhar o relevo da divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O caminho de pedras a ser percorrido até o topo é cansativo, mas a visão das altura s compensa o esforço The path to the top is tiring, but the vision from the heights is well worth the effort

T

he whitish vision of a dense fog proves we are

woolen cap, scarf, windbreaker jacket and

At the third highest peak in Brasil, which

up in the clouds at precisely 2891,9 meters

thick gloves do not heat even the covered ar-

is the Bandeira, its contours gradually reveal

altitude. Panting breath, brought on by the

eas of the body.

themselves. The three determined explorers

physical effort of ascending the mountain as

Nevertheless, at that height, the howling of

that arrive at this peak by noon on a Sunday

well as the rarified air, is unable to heat up the

the wind, at the intersection between heaven

have placed their trust on the guide to the

body which remains inert under the intense

and earth, imparts a feeling of freedom through

effect that, with a breath of breeze, the fog

cold that is further enhanced by the wind. A

the ability of seeing the world from afar.

will dissipate to reveal a landscape of hills

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Para chegar lá, foram cinco dias de

coração e mente de seus habitantes.

pedaladas por estradas de terra e por

Mas, para atingir o Pico da Bandeira,

trilhas que cortam oito municípios mi-

só com os pés fincados nas rochas.

neiros, de Tombos a Alto Caparaó, cujo

Da tronqueira do Parque Nacional do

relevo acidentado é forrado por lavou-

Caparaó — a 1.970 metros de altitude

ras de café e por pastos de gado leitei-

—, onde se inicia a trilha a pé, são 6,9

ro, rodeado de construções áureas e de

quilômetros de subida pesada até o

cenários campestres e permeado por

cume ou, aproximadamente, três horas

lendas e histórias que ainda vivem no

e meia de caminhada.

No lugar da bandeira fincada por D. Pedro II, em 1859, foi erguido um cruzeiro In place of the flag first planted by D. Pedro II, in 1859, a cross was raised

and verdant woodlands below through all the

eight municipalities in the State of Minas,

to reach the Bandeira Peak, there is only one

points of the compass. All it takes is a breeze

from Tombos to Alto Caparaó, whose terrain

way and that is to climb. From the junction

and there they are for all to see-dozens of

is rough and covered by coffee plantations

of the Caparaó National Park at an altitude

mountains, etched into the borders of Minas

and cattle pasture as well as surrounded by

of 1970 meters, the trip on foot commences

Gerais and Espírito Santo.

ancient constructions and pastoral scenery

and involves a 6.9 kilometer steep climb to

In order to get there, we had to bike for

that exhales legend and history that live on in

the top, or be it a hike of approximately three

5 days over dirt roads and trails that cross

the minds of the local populace. Yet in order

and a half hours.

ecoaventura 39

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[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ] O início: de Tombos a Catuné

montanhas” com o esforço de percorrê-

—, que indicam a direção correta a ser

-las. O primeiro trecho tem 24,7 quilô-

seguida. No percurso, um trim trim da

Ao lado de uma cachoeira com 96

metros até Catuné, distrito de Tombos,

bicicleta recebe como resposta um cha-

metros de queda livre, começa a jornada

cidade intitulada “Portal de Minas” por

péu levantado pelo lavrador que colhe o

— a pé, de bicicleta ou a cavalo — feita

fazer divisa entre os estados do Rio de

café nas lavouras à beira da estradinha.

por peregrinos, aventureiros, ecologis-

Janeiro e de Minas Gerais. O caminhan-

Trata-se de um cumprimento desprovido

tas ou por aqueles que, sem rótulos,

te, ciclista ou cavaleiro segue as placas

de palavras, mas adornado com a sim-

buscam o desafio metafórico de “mover

— cujo desenho é uma seta amarela

bologia das pessoas simples.

A Cachoeira de Tombos, assim chamada por ter três quedas, energiza os peregrinos para os próximos 190 Km The Tombos waterfall energizes the pilgrims for the following 190 kilometers

Starting out: from Tombos to Catuné The trip begins at the edge of a 96 meter

bos, which is labeled the “Gateway to Minas”

wordless courtesy but adorned by the symbol-

as it lies at the border between Rio de Janeiro

ism of these people’s simplicity.

and Minas Gerais states.

The route crosses the town of almost

waterfall — on foot, by bike or horseback —

The hiker, biker or horseback rider follows

10000 inhabitants and, so different from the

taken on by pilgrims, adventurers, ecologists

the signs, whose indication is signposted by

soft surface of the dirt roads at the outset,

or those unlabelled souls who seek the meta-

a yellow arrow, indicating the correct route to

rocks the bicycles that are the only transpor-

phorical challenge of “moving mountains” by

be taken. Along the way, the shrill of a bicycle

tation means of the town dwellers. Two kilo-

taking on this route. The first stage is a 24.7

bell is replied to by a raised hat from the coffee

meters ahead, the view is only of brownish

kilometer stretch to Catuná, a district of Tom-

crop gatherer along the way. It is a display of

roads that traverse fragments of the Atlantic

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Todo o percurso é bem sinalizado com a seta do Caminho d a Luz e com informações turísticas The course is well signposted wit h the Caminho da Luz arrow and tourist information

mentos da Mata Atlântica e a pastos. No

Iluminada” pendurada em sua cerca, o

trecho conhecido como Mata do Banco,

peregrino identifica os pontos de apoio

a floresta alta chega a encobrir o céu que

organizados pela Abraluz (Associação

vigia o viajante. O frescor do verde inten-

Brasileira dos Amigos do Caminho da

so e o cheiro de mata molhada, apesar

Luz). Boa oportunidade para uma pro-

de não haver sinal de chuva, convidam

sa rápida e um pedido de água, caso

A rota atravessa a cidade de quase

quem por ali passa a se tornar parte da

necessário. De lá, são 11 quilômetros

dez mil habitantes e, diferente da ma-

paisagem. Para os que não estão acos-

de subida por meio de fazendas parti-

ciez dos trechos de terra no início do per-

tumados com tamanha intimidade de

culares, cuja entrada é permitida àque-

curso, chacoalha a bicicleta — meio de

plantas e flores que esbarram no corpo

les que têm credencial para fazer a rota

transporte mais usado pelos moradores.

e na bagagem ao serem ultrapassadas,

[consulte o box “Quem leva”], que, tal qual

Dois quilômetros à frente, o panorama é

chega a dar medo: estaríamos perdidos?

o Caminho de Santiago de Compostela,

apenas de estradas amarronzadas, que

A casa da Dona Francisca alivia a

na Espanha, é carimbada a cada etapa

marcam seu caminho em meio a frag-

apreensão. Com a placa de “Família

concluída.

seaboard mountain range and Pastureland.

imity with plants and flowers that they brush

the Lighted Path). This is a good opportunity

At the stretch known as the Mata do Banco,

against you along the way, a sensation of fear

for a brief chat and a glass of water if needed.

the forests overshadow the heavens that

and being lost is common.

From here on, there are a further 11 kilome-

watch over the traveler. The coolness of in-

Along the way, the residence of Dona Fran-

ters uphill through private farms accessible

tense greenery coupled to the damp earthy

cisca relieves this worry. With its lighted sign

only to those that are in possession of the

smell of the jungle, which despite the absence

plaque, hung on the fencing “The Illuminated

travel credentials [See caption “Who takes

of rain, imparts a feeling that one is part of

Family”, the pilgrim can identify the one of

you”], very much alike the Santiago de Com-

the landscape.

the points of support that are organized by

postela pilgrimage in Spain, which is stamped

Abraluz (Brazilian Association of Friends of

as each stage is completed.

To those unaccustomed to so great prox-

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[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ]

De Catuné à Pedra Dourada

A paisagem bucólica se mescla com os pontos místicos, como a Gruta da Pedra Santa The pastoral scenery blends with mystical locations, such as Pedra Santa Grotto

ta era local de pernoite para índios que

do alto do morro —, a vista das monta-

saíam da região litorânea e, no mesmo

nhas indica os altos e baixos pelos quais

Na vila de mil habitantes, ronda um

percurso que hoje é o Caminho da Luz,

o viajante já passou e ainda percorrerá.

mistério: como a gruta da Pedra Santa,

rumavam até o Pico da Bandeira — para

Depois de superar o cansaço, é só des-

que há um século tinha 150 m², expan-

eles, a “Montanha Sagrada” — com o ob-

cida até chegar ao local cujo nome foi

diu sua área para 1.200 m² e 35 metros

jetivo de buscar a Terra dos Sem Males.

inspirado na enorme pedra que, nos pri-

de altura sem que ninguém tenha visto

De Catuné à pequena cidade de Pedra

meiros minutos da manhã, é presentea-

uma só pedra cair de suas paredes? Os

Dourada são 23 quilômetros. No Lombo

da com uma pintura dourada pelas luzes

moradores de Catuné contam que a gru-

do Burro — trecho que beira as encostas

do Sol que raiam o dia.

From Catuné to Pedra Dourada

Dwellers in the region recall that this cave was

small town of Pedra Dourada (Golden Stone).

a night stopover point for Indians arriving from

From the Lombo do Burro, a stretch which

A mystery surrounds the village of 1000 in-

the seaboard region, heading toward the Ban-

borders the top of the range, the view of the

habitants: such is the case of the Pedra Santa

deira Peak, their sacred mountain along the

mountains shows the ups and downs the

Grotto, that a century ago measured 150 m²

same route as the Caminho da Luz in search

traveler has covered as well as those he has

and has expanded to 1200 m² and 35 me-

of the Land of no Evil.

yet to cover. After recovering from fatigue,

ters in height without any visible wall collapse.

23 kilometers separate Catuné from the

the only way is down until the place that de-

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Ao lado, vista da cidade de Pedra Dourada. Abaixo, a grata surpresa de uma cachoeira To the right, the town of Pedra Dourada. Below, the surprise reward of a waterfall

De Pedra Dourada a Carangola

nho da descida, avista-se uma linda cachoeira, cujo barulho das águas não é ouvido ao longe. É por isso que é in-

Antes de chegar à maior cidade do

titulada “Cachoeira da Surpresa”. De

percurso, Carangola, passa-se pelo mu-

lá, o caminho segue sobre uma laje de

nicípio de Faria Lemos, num total de

pedra que acompanha a margem do rio

48 quilômetros. Entre tantas paisagens

Carangola. O som das águas faz compa-

exuberantes, uma surpresa: depois de

nhia para quem, sozinho, abre e fecha

uma curva acentuada, a meio cami-

as porteiras do trecho.

rives its name from the massive stone which, during the first hours of daybreak, is painted in gold by the rays of the morning sun. From Pedra Dourada to Carangola

town along the route, one crosses the

from afar. From then on, the route follows

municipality of Faria Lemos, after a 48 ki-

a stone slab that runs alongside the Caran-

lometer stretch. Among so many exuberant

gola river. The sound of its waters keeps

landscapes, a surprise awaits the traveler:

company to those who open and close the

following a sharp bend on the way down,

gates along the way.

a beautiful waterfall appears in view. It is called Cachoeira da Surpresa (Surprise

Before arriving at Carangola, the largest

Falls) because its noise cannot be heard

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[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ] De Carangola a Caiana

lha é uma “passagem de volta no tempo”:

mambaias e outras vegetações que despen-

entre os paredões rochosos à esquerda e a

cam das rochas e formam uma cabana de

São os 25 quilômetros mais fascinantes

encosta à direita, o viajante avista antigos

labirintos. Ali, devido ao isolamento, é preci-

do percurso. Uma porteira de madeira sepa-

casarios, percorre um assombroso túnel de

so o aventureiro aplicar doses de coragem

ra a Parada General — da antiga estrada de

pedra — perfurada para possibilitar o des-

na veia para, junto com a adrenalina, não

ferro Leopoldina — até as construções ainda

locamento dos trens que por ali circulavam

desistir da jornada, cuja trilha está desfeita

resistentes da Estação de Ernestina. A tri-

— e atravessa caminhos permeados de sa-

em alguns trechos. É muita emoção!

Esse percurso é rico em construções históricas da antiga estrada de ferro. Lá de cima, co ntempla-se um mar de montanhas This stretch is rich in historical constructions along the old railroad. From the top, a sea of mountains can be seen

From Carangola to Caiana

nestina train station. The trail is a passage back in

that are surrounded by ferns and other vegetation

time: amid rock faces to the left and the banks on

that hangs from the rocks, forming a canopy of

These are the most fascinating 25 kilometers

the right, the traveler spots old homesteads, goes

labyrinths. There, due to isolation, it is necessary

along the route. A wooden gate separates the

through a creepy rock tunnel that was drilled to

to take on doses of courage as well as adrenaline

Parada General — the ancient Leopoldina railroad

allow for the passage of trains that in the past cir-

so as not to abandon the sojourn, whose trails are

— up to the more resistant construction of the Er-

culated there. The traveler goes through pathways

overgrown in many places. Lots of excitement!

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O túnel de pedra é um dos pontos mais bonitos de todo o percurso The rock tunnel is one of the prettiest spots on the whole trip

De Caiana a Alto Caparaó

mais leves ao sabor dos ventos, das músi-

da credencial e, após subir pedra a pedra

cas dos pássaros e da dissonância ritmada

— depois descer — até o Pico da Bandeira,

São quatro cidades que integram esse

do mugido do gado. Depois de tantos dias

recebe o Certificado de Conclusão do Cami-

percurso (Caiana, Espera Feliz, Caparaó e

a vencer medos e obstáculos, o corpo já se

nho. Jornada cumprida! Se esse percurso

Alto Caparaó), num total de 44 quilômetros.

sente sadio, a mente, livre, e a alma, equili-

fosse uma metáfora da vida, quem o com-

É a parte mais tranquila, com pouca declivi-

brada. No topo da cidade de Alto Caparaó,

pletasse poderia, então, sentir-se como um

dade — situação excelente para pedaladas

o aventureiro pega seu penúltimo carimbo

bem-aventurado.

to the tune of the wind, songbirds and the dis-

to last credential stamp and after climbing rock

sonant mooing of cattle.

to rock and then descending to the Bandeira

From Caianá to Alto Caparó Four towns are part of this 44 kilometer

Following so many days of overcoming fear

Peak, a certificate of conclusion is awarded for

stretch (Caiana, Espera Feliz, Caparaó and Alto

and obstacles, the body feels healthy, the mind

completing the course. Course completed! If

Caparaó). It is the easiest part of the trip with

free and the soul in balance. At the height of

this sojourn were a metaphor on life, whoever

few inclines and an excellent biking situation

Alto Caparaó, the traveler picks up his second

completes it can then feel privileged.

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[ ecoturismo/ecotourism I cicloviagem ] 2.750

2.500 2.250 Alto do Caparaó MG

2.000 ALTITUDE (EM M)

Caparaó

ES

SP

RJ

1.750

Espera Feliz Caiana

Carangola Pedra Dourada

1.500

Faria Lemos

Catuné

Tombos

1.250

1.500 750

500

CICLISTAS

CAMINHANTES

CAVALEIROS

PERNOITE

Pico da Bandeira

13,8 Km

Tronqueira

20,0 Km

Alto do Caparaó

10,3 Km

Caparaó

25,500 Km

Espera Feliz

22,850 Km

Caiana

25,200 Km

Carangola

23,250 Km

Faria Lemos

24,7 Km

Pedra Dourada

Tombos

0

Catuné

250

MARCO DO TRIUNFO

SERVIÇOS/ QUEM LEVASERVICES / WHO TAKES YOU Para manter a rota limpa, segura e sinalizada, foi criada a Abraluz (www.caminhodaluz.org.br), entidade que também cadastra os estabelecimentos responsáveis por carimbar a credencial do peregrino a cada etapa concluída. A inscrição como caminhante oficial é feita no site da associação por meio do pagamento de R$90 e do preenchimento da ficha de inscrição, que deverá ser entregue no Hotel Serpa, localizado ao lado da rodoviária de Tombos. O peregrino terá direito a seguro-saúde, além de cajado estilizado (para quem faz a rota a pé), de um livro-guia e de uma camiseta. No final, recebe seu certificado na Pousada Serra Azul, em Alto Caparaó. To keep the route clean, safe and well signposted, Abraluz was created (www.caminhodaluz.org.br), which is a body that also registers establishments responsible for

stamping the traveler’s credentials as each phase is concluded. The official registration to travelers is done on payment of a R$90 fee in the association’s site and after filling out a registration that must be delivered to the Serpa Hotel, adjacent to the Tombos bus station. The traveler will be entitled to a health insurance policy as well as a stylized walking stick (for those hiking), a guide book and a T-shirt. On conclusion, a certificate is awarded at the Serra Azul Lodge in Alto Caparaó. A agência Rastro de Luz, credenciada pela Abraluz, fornece pacotes de 4 a 7 dias com hospedagem nos pontos de pernoite. The Rastro de Luz agency, appointed by Abraluz, provides 4 to 7 day packages with lodging at the overnight points. Mais informações no site / More information on: www.rastrodeluz.com.br

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SERVIÇOS/ A HISTÓRIASERVICES / THE HISTORY O jornalista e escrito Albinno Neves teve a ideia de criar o Caminho da Luz quando estava no topo do Pico da Bandeira. Dois dias antes, havia visitado a Gruta da Pedra Santa, em Catuné. Esses dois lugares, somados às experiências de peregrinar pelo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, pelos caminhos de Israel, Jordânia e Vaticano, bem como pela rota de Passos de Anchieta, no Espírito Santo, serviram-lhe de inspiração. Assim, em julho de 2001, o caminho foi oficialmente instituído. Em seu livro “Caminho da Luz, o Caminho do Brasil”, Albinno relata que essa rota é uma antiga trilha sagrada indígena e que, tempos mais tarde, foi percorrida por tropeiros, religiosos, pesquisadores e desbravadores que se metiam nas matas em busca de ouro, de minérios e de terras férteis. Hoje, o Caminho da Luz constitui-se como Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais pela Lei 18.086/2009.

Journalist and writer Albinno Neves had the idea of creating the Caminho da Luz (Path of Light) while at the summit of the Bandeira Peak. He had 2 days previously visited the Pedra Santa Grotto in Catuné. These two places coupled to his experiences in pilgrimages through Santiago de Compostela in Spain, through the routes of Israel, Jordan and the Vatican, as well as the Passos de Anchieta route in Espírito Santo, all of which were a source of inspiration. Thus, in July 2001, the trail was officially implemented. In his book “Caminho da Luz, o Caminho do Brasil” (Path of Light, the Path of Brazil), Albinno recounts that this was na old sacred Indian trail and that later was transversed by religious devotees, farmers, religious folk and trailblazers who searched the forests for gold, minerals and fertile land. Currently, the Caminho da Luz is chartered as a Cultural Heritage under Minas Gerais edict 18.086/2009.

EQUIPAMENTOS / TACKLE

Capacete e luvas Helmet and gloves Kit de primeiros socorros First aid kit Kit de ferramentas para bicicleta, câmaras reservas e acessórios de iluminação noturna Bicycle toolkit Alforje traseiro e alforje de guidão com porta-mapa Handlebar mounted map case Ciclocomputador para medir distância e velocidade Bike computer to measure distance and speed Capa de chuva Rain gear Mochila de hidratação (com reservatório de 2 litros) Hydration backpack with 2 liter capacity Casaco, gorro e luvas reforçados para subir ao Pico da Bandeira Jacket, wool cap and heavy duty gloves to ascend the Bandeira Peak Mala-bike (para transportar a bicicleta com segurança em ônibus, avião ou carro) Bike case (to transport the bike safely on buses, plane or by car) Se for sozinho, leve um tripé de câmera fotográfica para você sair nas fotos! If you go alone, take a camera tripod to photograph yourself!

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[ técnica l sororoca ]

É época de diversão com a rápida e voraz Sororoca Seja qual for a modalidade, pescar essa espécie no inverno até meados da primavera proporciona boas brigas e horas de muita adrenalina. E o melhor: não requer técnica ou equipamentos específicos. E como não é preciso navegar para longe da costa, é o tipo de pescaria que pode divertir e ser muito produtiva até para aqueles que têm pouca experiência no mar Por: Denis Garbo I arte: tiago stracci

48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 49

Foto: Denis Garbo


[ técnica l sororoca ]

C

omum em todo o litoral brasileiro, a Sororoca (Scomberomorus brasiliensis) é uma espécie que, no Brasil, apresenta bom retrospecto de pesca o ano todo, desde a Bahia — onde já tivemos a oportunidade de capturar vários espécimes em pescaria no mês de janeiro, ou seja, em pleno verão — até o Sul do País, onde aparece com maior frequência no inverno, época em que é disputadíssima entre os pescadores esportivos por seus inúmeros predicados, como descreveremos a seguir. No caso das regiões Sul e Sudeste, essa espécie é mais ativa nos meses frios, quando persegue cardumes de Sardinhas, Manjubas e outros peixes de pequeno porte, que formam a base de sua alimentação. Nesse período, aproximam-se das costeiras viradas para mar aberto, onde se reúnem em grande número sobre lajes e outras estruturas. Em Ilhabela-SP, por exemplo, sua pesca se mostra muito promissora entre as praias de Ponta Grossa e da Armação, e em Santa Catarina, nas ilhas costeiras de São Francisco do Sul. Também é comum encontrá-las mais afastadas da costa, como se verifica, por exemplo, nas ilhas existentes na região de Cananeia-SP e no nordeste do Paraná.

fotoS: Denis Garbo

As Sororocas preferem águas limpas próximas de ilhas costeiras e oceânicas. São bastante ativas no início da manhã e no final da tarde

50 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: Denis Garbo foto: Mauro Novalo

ecoaventura 51


[ técnica l sororoca ] Modalidades recomendadas

pesca de corrico, em que são empregados

plares fica ao redor de dois quilos, en-

pequenos plugues de meia-água, em es-

tretanto, não é rara a captura de peixes

pecial aqueles que conseguem trabalhar

maiores, alguns dos quais podem pesar

sem saltar fora da água quando traciona-

o triplo dessa medida. Vale destacar que

dos a velocidade em torno de quatro nós.

há ocasiões nas quais a Sororoca ataca

São raras as situações nas quais essa

Nessa modalidade, a Sororoca ataca

a isca em apenas um sentido do corrico.

espécie é pega com isca natural. Em

com avidez quando o barco passa em

E, como o tempo para ir e voltar pode

função disso, uma legião de pescadores

meio ao cardume, momento em que,

demandar vários minutos, ao notar esse

aguarda ansiosamente chegar o período

geralmente, todos que estejam com as

comportamento, é mais produtivo reco-

em que os cardumes se aproximem da

iscas na água são recompensados com

lher as linhas ao término desse trajeto e

costa. A modalidade mais eficiente é a

boas brigas. Em média, o peso dos exem-

recomeçar novamente.

Corrico

foto: Denis Garbo

foto: Denis Garbo

Foto: Mauro Novalo

52 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Pesca de arremesso e vertical

certo consenso entre os pescadores no que diz respeito a não usar empate de aço, já que acreditam que a maior

A pesca de arremesso e a vertical

produtividade sem esse acessório

proporcionam muita diversão quando

compensa o risco de perder algumas

localizado o cardume. Na primeira, as

iscas. Geralmente, elas se fisgam so-

mesmas iscas usadas no corrico, as-

zinhas, por isso, basta firmar a vara

sim como outras pouco maiores, são

e desfrutar momentos de muita adre-

de grande eficácia. No fundo, peque-

nalina. Quando presa, a Sororoca se

nos jigs e metal jigs podem surpreen-

mostra um adversário que merece res-

der com a captura de espécimes de

peito. Dá corridas fulminantes e saltos

porte superior.

espetaculares, além de não se entre-

Apesar de seus dentes afiados, há

gar com facilidade.

Serviços/ Services dicas • As iscas devem ser mantidas entre 30 e 50 metros da embarcação. O ideal é começar a pescar com elas em distâncias variadas até se certificar em que raio de ação os peixes se mostram mais ativos

• Por não ser difícil uma Sororoca de mais de cinco quilos tomar cerca de 40 metros de linha na primeira corrida, sugerimos utilizar vara de 50 libras e carretilha ou molinete que comportem pelo menos 200 metros de linhas de 40 libras

• O que determina a velocidade do barco são as condições do dia. É comum manter uma velocidade entre 4 e 5 nós

• Dê preferência aos jigs e jumping jigs de pequeno porte com peso entre 40 e 80 gramas providos de assit hooks confeccionados em aço com anzóis ao redor de 5/0

• Como o ataque da Sororoca é forte e rápido, procure corricar sempre com a fricção do equipamento um pouco mais aliviado para não se ter uma surpresa desagradável na arrancada do peixe

• As melhores iscas artificiais são as de meia-água com 7 a 12 centímetros, ou aquelas cujo tamanho se assemelhe ao peixe que a Sororoca está comendo

Equipamentos • Entre 6’6’’ e 7’, para linhas com resistência de até 25 libras

• Carretilha ou molinete que comportem cerca de 100 metros de linha 30 libras

• Líder de fluorcarbono de 30 libras com cerca de 2 metros de comprimento

Serviços/ Biologia Services Nome científico: Scomberomorus brasiliensis Família: Scombridae Outros nomes comuns: Serra, Cavala, Cavalinha, Caroroca, Cavala-pintada, Serra-pima, Serra-pininga e Serrinha Ocorrência: Atlântico ocidental, de Belize e México ao Rio Grande do Sul, raramente até a Argentina Tamanho: até 125 cm e cerca de 8 kg Recorde mundial da IGFA de 1999: de Mangaratiba-RJ, com 6,71 kg O que come: peixes pequenos, especialmente Sardinhas e Manjubas, além de lulas, zooplâncton e crustáceos pelágicos Quando e onde pescar: por todo o Brasil. No Nordeste, o ano todo, e no Sul e Sudeste, do inverno ao final do verão


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78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

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ecoaventura 79


[ internacional I panamá ]

Badejos gigantes Pescar no oceano Pacífico é ter a oportunidade de travar combates espetaculares com espécies desafiadoras, tais como o Badejo-rabo-de-vassoura (Mycteroperca xenarcha), só encontradas por lá. Saiba por quê texto e fotos: Roberto Véras I arte: Tiago Stracci

56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 57


[ internacional I panamá ]

o

s fatores que nos levaram a tomar a de-

de sua combatividade: o Badejo-rabo-de-

grande semelhança, podem ter sido con-

cisão de organizar um grupo para pescar

-vassoura.

fundidos com o Badejo-quadrado, já que

no Panamá era a certeza de encontrar

Seu formato, assim como seu porte

o rabo-de-vassoura é encontrado tão so-

enorme diversidade de peixes em uma

e os desenhos no corpo, em muito lem-

mente no oceano Pacífico. Nessas águas,

única região, além da possibilidade de

bram nosso Badejo-quadrado (Mycte-

habita desde a costa do Peru até a costa

empregar diferentes técnicas: arremes-

roperca bonaci), bastante comum em

de São Francisco, nos Estados Unidos.

sos de iscas de superfície, pesca verti-

águas brasileiras, principalmente no mar

Estão presentes, ainda, no arquipélago

cal (jigging), corrico e pesca com iscas

da Bahia. A maior diferença, entretanto,

de Galápagos, mas sua incidência maior

vivas. Entre diversas espécies esportivas

verifica-se em sua nadadeira caudal, que

ocorre no Pacífico Central Oriental, onde

encontradas no arquipélago de Coíba,

apresenta o formato de uma vassoura,

é conhecido por Mero-negro. Por se tratar

Hannibal Bank e Los Buzos, como Ca-

o que inspira seu nome. Algumas captu-

de um serranídeo, faz parte das espécies

ranhas, Olhos-de-boi, Atuns gigantes e

ras desse peixe já foram reportadas por

dos bênticos, portanto, é moradora, o

Roosterfish, uma nos chamou a atenção

pescadores baianos, entretanto, acredito

que vale dizer que pode ser capturada

em função de sua beleza, de seu porte e

tratar-se de outra espécie. Em função da

durante todo o ano.

Douglas Mamizuka exibe um belo exemplar de Cherne-do-Pacífico, capturado com metal jig, quando o alvo era o Badejo-rabo-de-vassoura

58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Pela coloração bem mais escura (foto abaixo), percebe-se que esse peixe foi capturado mais para o final da tarde, quando o sol já começava a se pôr

Habita os fundos rochosos e de cascalhos ao redor de parcéis e ilhas costeiras e oceânicas com profundidades entre 10 e 30 metros. Peixe robusto e de porte avan-

tajado, alcança os mesmos 90 quilos do

Badejo-quadrado. Entretanto, seu recorde mundial homologado junto à IGFA (International Game Fish Association) é de um

exemplar bem menor, com exatas 100 libras, ou seja: apenas 45,35 quilos, capturado na ilha El Muerto, no Equador, por Ernesto Jouvin, em 29/12/1998.

Apesar da exuberância e diversidade de espécies que habitam as ricas águas do Pacífico, a família dos serranídeos é pouco representada. Além desse “Badejão”, lá podem ser encontrados apenas os Meros (Epinephelus itajara), Chernes (Epinephelus nigritus) e outras poucas espécies de Garoupas, sem maior valor esportivo”

ecoaventura 59


[ internacional I panamá ] Uma pescaria surpreendente Em uma incursão no Panamá, capturamos vários exemplares de tamanhos variados: os menores com peso entre sete e oito quilos, e os maiores superavam os 30 quilos. Atacam bem as iscas artificiais e mostram grande predileção pelos jigs metálicos de tamanho médio e peso em torno das 100 gramas. Quando ferrados, agem de forma bastante diferente de seus aparentados brasileiros. Ao invés de procurarem proteção em tocas próximas, partem em longas carreiras, tomam muita linha e exigem força e atenção redobrada por parte do pescador. Outra característica está no fato de brigarem o tempo todo. Correm de um lado para outro, para cima e para baixo, e oferecem grande resistência até mesmo nos metros finais. Tal comportamento foge completamente às características dos demais serranídeos, que, em geral, logo se entregam quando afastados das pedras e impedidos de voltarem ao abrigo de suas tocas — momento em que podem ser içados quase como peso morto por não oferecerem mais qualquer tipo de resistência. Sua coloração também pode mudar em função de seu mimetismo. Assim, exemplares capturados ao longo do dia, quando a luminosidade é maior, têm matizes mais acentuados e desenhos mais vivos, enquanto peixes fisgados no final do dia apresentam cores mais escuras e a quase ausência dos desenhos tigrados, circunstância em que lembram, em muito, um grande Black Bass.

60 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Farid Curi posa com o maior Badejo-rabo-de-vassoura capturado por um brasileiro em águas panamenhas. O exemplar da foto beirou os 40 kg de peso


ecoaventura 61


[ internacional I panamá ] Qual a explicação? Já tínhamos presenciado comportamento semelhante em espécies do oceano Índico. Lá existem outros serranídeos, entre eles a Garoupa-pintada (Epinephelus tauvina), conhecida como Hammour, que possui hábitos ainda mais diferentes. Primeiro, por habitarem os mesmos pesqueiros das Cavalas, ou seja: águas bem rasas, em torno dos três ou quatro metros, próximas a praias e com fundo apenas de cascalhos. Segundo, por atacarem com extrema violência os plugues de meia-água e dispararem em longas carreiras rumo ao mar aberto. Como também oferecem grande resistência, induzem-nos a pensar que se trata de grandes Cavalas do Índico, as Tanguigue (Scomberomorus commerson) — que, apesar de muito maiores e mais velozes que essa espécie de Garoupa, também toma muita linha na carreira inicial. A diferença é que são bem menos resistentes e se entregam facilmente depois da segunda ou terceira corrida. Seriam os serranídeos do Indo-Pacífico mais valentes e robustos, ou apenas uma grande distinção entre as espécies?

Betão aparece ao lado do Badejo capturado na ilha do roqueiro Mick Jagger, líder dos Stones

62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Octávio Junqueira com um Badejo capturado em nossa primeira viagem ao Panamá. Ao contrário do peixe da página 59, apresenta coloração bem mais viva e com os desenhos bem mais definidos, uma vez que foi capturado próximo à hora do almoço

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Onde ficar Nas águas calmas do arquipélago de Coíba existem pousadas e resorts com acomodações confortáveis e embarcações equipadas com dupla motorização e acessórios como rádio VHF, sonda, GPS, outriggers, downriggers, cadeira de pesca, viveiros etc. A maioria das operações disponibiliza material de pesca aos clientes.

Quem leva Ecoaventura Turismo rveras@grupoea.com.br Tel.: (11) 3334-4361 Cel.: (11) 8511-4238

Serviços/ Services curiosidades Um fato marcante na pesca dessa espécie ocorreu quando estávamos jigando. Enquanto nosso experiente marinheiro pescava com iscas vivas no porto da ilha que pertence ao rock star Mick Jagger. Isso mesmo: o líder e vocalista dos Rolling Stones também gosta desse lugar! Como tínhamos mais ações nos metais do que ele,

isso o deixou bastante frustrado, afinal, trata-se de um exímio pescador e profundo conhecedor do local e dessa espécie. Mesmo levando em conta que esse excelente pesqueiro panamenho ainda está praticamente inexplorado, e a pescaria com metais é ainda pouco conhecida, foi incrível e até intrigante constatar que esse tipo de isca,

nessas águas, é mais eficiente. Também vale a pena tentar os grandes shads — ou “borrachões”, como ficaram conhecidos no Brasil —, pois, se por aqui foram as iscas artificiais mais eficazes que já experimentamos com os serranídeos, quem sabe não se mostrem igualmente atrativas em águas panamenhas? Prometemos voltar para contar!

ecoaventura 63


[ mulher]

64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Encontrar casais que pescam à beira de lagos, em rios próximos às grandes capitais, em represas e até mesmo no mar já não é tão raro. Mas, formar um grupo que planeje passar dez dias em plena floresta amazônica é uma grande proeza. Conheça o passo a passo dessa aventura! Por: Líbia Marquez | arte: tiago stracci

ecoaventura 65


[ mulher] foto: Eribert Marquez

Almoço e congraçamento entre casais e guias, à beira do rio Cuiuni, afluente do rio Negro

F

oi durante um churrasco com

tudo começou a ganhar contornos de

reu como esperado. O que aparentava

uma turma animada que se

realidade no mesmo dia! Sim, porque

ser fácil mostrou-se difícil, em especial

materializou a expedição que

a maioria dos participantes topou na

porque uma pescaria na Amazônia não

descreverei aqui. Apesar de

hora e, com tamanho entusiasmo, a

é das mais baratas e, por isso, cada

ser corriqueiro formar grupos de ami-

ideia se propagou rapidamente. Dois

pescador teria que encaixar em seu or-

gos para pescar, esse não seria tão

meses depois, tinha gente de sobra

çamento o dobro do que normalmente

simples, já que a ideia era reunir sete

com vontade de fazer parte da via-

gasta quando vai sozinho. E por um sim-

duplas com uma característica muito

gem.

ples motivo: seria necessário cobrir as

especial: apenas casais. Ainda assim, 66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Pena, porém, que nem tudo ocor-

despesas da parceira de pesca.


Outra questão delicada era encontrar um barco-hotel que oferecesse o mínimo de conforto para as companheiras. Ligamos para diversos operadores até achar o que tivesse estrutura necessária. Entretanto, só isso não bastava. Também tivemos que convencer a gerência a montar um pacote com preços especiais. Já encontrar uma companhia aérea com tarifas promocionais não foi problema, pois a exde antecedência. Para completar a logística, fechamos um pacote com uma agência de turismo de Manaus que incluía dois dias de hospedagem, transporte e diversos passeios, tudo para que tivéssemos a oportunidade de conhecer a história, a

A foto mostra a mata alagada, paisagem que foi admirada de camarote pelos casais

foto: Eribert Marquez

beleza e a culinária amazonense.

foto: Eribert Marquez

pedição havia sido planejada com um ano

ecoaventura 67


[ mulher] foto: Eribert Marquez

A viagem Na chegada, o alto astral estampado nos semblantes era indicador de que todos tinham grandes expectativas

O grupo foi formado por meu marido, Eribert, e eu, Andrei e Fernanda, Juliano e Kelen de Rio Verde-GO; Nelton e Ana Alice, Renato e Cida de Uberlândia-MG; Edson e Ana, e Marcos e Sumara de Curitiba-PR. Na data marcada, nos encontramos no aeroporto de Manaus e, após dois dias explorando os atrativos turísticos manauaras, pegamos o voo para Barcelos, ponto de partida do barco-hotel. Do alto, o panorama dos rios gerou apreensão, já que a maioria estava com as águas acima do ideal. Mas, mesmo sem visualizar as belas praias do rio Negro, nós, mulheres, nos encantamos com a natureza da região. Em Barcelos, tivemos a oportunidade de andar pela cidade, participar de uma missa e, curiosamente, de sermos homenageados pela comunidade. Depois, já acomodados e com o barco navegando, a magnitude e a exuberância da floresta, assim como as águas escuras e incrivelmente limpas dos rios, deixaram todos boquiabertos. O barco onde nos hospedamos, além de bom espaço, tinha ar-condicionado nos aposentos e, em alguns, até cama

foto: Eribert Marquez

de casal e armários embutidos. Sem falar no restaurante climatizado, nas lanchas confortáveis com motores de 50Hp e radiocomunicador, além de tripulação atenciosa e acolhedora, detalhes que, somados, traduziram-se em conforto e segurança para as ansiosas pescadoras. A beleza da vegetação aquática e suas formas multicoloridas encantaram as mulheres e se tornaram alvo de diversos cliques. À direita, Renato e Cida exibem o grande troféu — um belo Tucunaré-açu

68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: Eribert Marquez

Andrei exibe a valente Pirarara capturada jĂĄ no crepĂşsculo

foto: Eribert Marquez

ecoaventura 69


[ mulher] A pescaria Havíamos visto do avião que o nível dos rios estava alto, mas, só depois de começarmos a navegar, é que percebemos o quanto. Nas cheias, os peixes grandes entram na mata alagada atrás de suas presas e dificultam a pescaria. Fora isso, viajamos em uma época na qual os Tucunarés tinham acabado de desovar. Como se não bastasse, o tempo se apresentava instável, com dias chuvosos ou nublados — condição adversa não só para pescar, mas também para fazer boas fotos. Os homens até que se empenharam com iscas de superfície (hélices, zaras e sticks), mas a pescaria estava difícil. Entretanto, um fato mudou o desfecho dessa viagem: antes de a pescaria começar, Edson Deconto presenteou cada mulher com duas Birutas 130 — a maior errática da categoria. Como se trata de uma isca fácil de ser trabalhada, passamos a usá-las intensamente. Isso nos recompensou com a captura de peixes de diversos tamanhos. Kelen perdeu uma biruta para um grande Tucunaré e, ao contar o ocorrido, chorou a perda da isca, e

Nosso colaborador Eribert Marquez participou dessa aventura com sua esposa e também fisgou um belo Tucunaré-açu

não do peixe, como era de se esperar. Foi tamanha a comoção que acabou ganhando outro modelo igual e da mesma cor! Já os homens, após exaustivas tentativas vãs com iscas de superfície, também apelaram para as surpreendentes birutas — uma decisão sábia que aumentou substancialmente a produtivida-

foto: Líbia Marquez

de dos casais. Junto a isso, nos vimos

sete e nove quilos, vários Tucunarés

estava por vir. Ela, por sua vez, também

sob intensa atividade de um repiquete

das espécies borboleta e paca, além

fez bonito. Dominou com habilidade um

— termo que explica o fenômeno no qual

de Jacundás, Bicudas e Pirararas. Um

grande Tucunaré-açu com 7,5 quilos e,

as águas sobem repentinamente e deixa

fato curioso a ser destacado é que uma

junto com seu esposo, protagonizou um

os peixes desorientados.

das integrantes do grupo, a Fernan-

dos momentos mais emocionantes des-

Mesmo assim, foram capturados

da, estava grávida de 30 dias e, para

sa viagem: fisgaram, simultaneamente,

mais de 240 espécimes, entre os quais

homenageá-la, creditaram a sorte que

duas Pirararas — um dos peixes mais va-

nove Tucunarés-açu com peso entre

tivemos nessa jornada ao herdeiro que

lentes de nossos rios.

70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: Eribert Marquez

As escuras e límpidas águas do rio Negro são um atrativo à parte

ecoaventura 71


[ mulher]

foto:

Fernanda, esposa do pescador Andrei, não deixou por menos e também fisgou e dominou o cobiçado Tucunaré-açu

72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Vontade de novas expedições! Todos os casais viveram momentos únicos e, apesar das condições, pegaram muitos peixes. Nós, mulheres, quebramos todos os mitos que imaginávamos haver sobre a presença feminina em pescarias desse tipo. Nenhuma reclamou da chuva, do constante tempo nublado e nem mesmo de acordar de madrugada e pescar o dia inteiro sem descanso. Pelo contrário. Fomos unânimes em afirmar que vivemos uma experiência tão marcante que faremos de tudo para reeditá-la ao menos uma vez por ano. Ou seja: a experiência entre casais fez nascer novas praticantes assíduas da pesca esportiva no Brasil!

A organizadora do evento, Líbia Marquez, com um dos muitos peixes que fisgou nessa aventura

fotos: Eribert Marquez

Cida e Renato fizeram o dublê de Tucunarés. Ela, com um paca, e ele, com o belo borboleta

A experiência, realizada com os respectivos maridos, incentivou sete mulheres a se tornarem praticantes apaixonadas da pesca esportiva ecoaventura 73


[ pesque-pague l catfish ]

Foto: wilson feitosa

QUANDO O CATFISH SE TORNA UM TROFÉU

Você sabia que o desdenhado Bagre-americano é uma opção de pesca muito interessante? Afinal, qual outra espécie se mantém em plena atividade mesmo nos dias frios, não exige equipamentos sofisticados para ser pescada, atinge bom porte, é fácil de ser fisgada e proporciona uma briga capaz de entusiasmar do novato ao pescador experiente? POR: WILSON FEITOSA I arte: tiago stracci

É

comum a muitos pescadores levar

pescador. Fazer promessas de boas pes-

Nas regiões Sul e Sudeste há um grande

companheiras, filhos ou amigos

carias para os aspirantes é mais sério que

complicador, pois as férias escolares caem

aos pesqueiros — que proliferam

assumir compromisso com um santo. Sim,

justamente no que costuma ser o “mês mais

pelos arredores dos grandes cen-

porque, enquanto o santo guarda segredo

frio do ano”. Portanto, além das baixas tem-

tros urbanos — para fazer uma espécie de

quando não cumprimos o prometido e con-

peraturas, que exercem forte atração para

introdução à pesca esportiva. No caso espe-

tinua acreditando em nossas promessas,

os pescadores não saírem cedo da cama,

cífico dos filhos, a responsabilidade é ainda

com os novatos corremos o risco de não ter-

os peixes tropicais diminuem sensivelmente

maior, pois, se os peixes não cooperarem,

mos outra oportunidade, além de desiludir-

suas atividades e, não raro, fogem de cena

corre-se o risco de matar um herói — o pai

mos e desestimularmos um futuro pescador.

sem oferecer qualquer ação.

74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Foto: Juliano Salgado Foto: André Corrêa

Espécie comum na maioria dos pesqueiros, o Catfish tem vários predicados e é bom de briga

ecoaventura 75


[ pesque-pague l catfish ] São nessas circunstâncias que o Catfish costuma salvar o dia, pois, além de ser oriundo de países frios, é o tipo de espécie que come de tudo. Foi o que pudemos comprovar em junho deste ano. Chegamos ao pesqueiro por volta das 10 horas da manhã e, apesar de ensolarado, o dia estava gelado. Sob o olhar curioso do pequeno pescador que me acompanhava, comecei a montar a tralha de pesca, bem simples por sinal, composta por esses conjuntos de vara e molinete encontrados com linha e tudo nas principais lojas especializadas por cerca de R$30. Começamos a pescar com boias e iscas em profundidades diferentes, mas, passados cerca de 40 minutos, não houve uma batida sequer. A coisa estava tão complicada que, mesmo cevando com ração, os peixes não vinham à superfície, e a essa altura eu temia que a falta de ação começasse a desestimular meu jovem convidado. Por sorte, um dos poucos corajosos que resolveram enfrentar aquela manhã fria, e que estava próximo a nós, fisgou um Catfish — fato que despertou grande curiosidade em meu amiguinho. Ao ver seu entusiasmo, e diante da dificuldade aparente de fisgar outras espécies, preparei dois conjuntos, e as iscas foram para a água. As varas, cada uma com um tipo de isca, foram colocadas Foto: wilson feitosa

no suporte. A espera foi curta. Minutos depois, enquanto conversávamos sobre alguns dos fascinantes assuntos que envolvem o mundo das crianças, uma das varas vergou. Atento, o parceirinho tomou-a em suas mãos e passou a recolher a linha. Felizmente, o peixe havia se fisgado sozinho e, com certa dificuldade, ele vibrou demais ao retiEm dias onde outras espécies estão difíceis, o Bagre-americano é ótima alternativa

rar da água seu primeiro “grande” peixe: um belo Catfish com mais de dois quilos. E a pescaria continuou. No final

76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


FotoS: wilson feitosa

O Catfish é uma espécie sob medida para inserir crianças no fascinante universo da pesca esportiva

Serviços/ Services quem é ele? da tarde, já havíamos perdido a conta

satisfação a pescadores de primeira

da quantidade de Bagres capturados.

viagem? A resposta é simples: como os

Foi tanta felicidade que, despercebida-

novatos não têm opiniões preconcebi-

mente, passei a questionar-me sobre

das quando estão pescando, “caiu na

a seguinte situação: como explicar o

rede é peixe”, independentemente do

fato de um peixe tão desprezado pelos

tamanho ou da espécie que esteja na

pescadores causar tamanha euforia e

outra ponta da linha.

O Catfish, cujo nome científico é Ictalurus punctatus, é originário da bacia do rio Mississipi, nos Estados Unidos. Trata-se de um dos peixes mais importantes na aquicultura norte-americana: são 250 mil toneladas comercializadas por ano. No Brasil, ele foi introduzido na década de 1990 e, desde então, conquistou seu espaço nos lagos dos pesqueiros.

ecoaventura 77


[ matéria do leitor ]

Os grandes “red ondos” da terra mineira

78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Para quem não tem tempo ou oportunidade de pescar em rios e represas, uma boa opção são os pesqueiros. Ao contrário do que muitos pensam, é possível encontrar peixes como Surubim, Pacu, Tambacu, Pirarara, Carpa, Dourado e até mesmo Pirarucu e Jaú. Confira o que o pescador-mirim de 12 anos Mateus Abreu e Andrade aprendeu e faz questão de compartilhar com o leitor da Revista ECOAVENTURA Por: Mateus Abreu e Andrade l Fotos: ARQUIVO PESSOAL l arte: Gabriel Dezorzi

N

os pesqueiros de Minas Gerais aprende-se a admirar os gigantes “redondos”. Esses peixes saciam a vontade de pegar grandes troféus, mesmo que não se esteja em um rio caudaloso e piscoso. Os pesque-pagues mineiros oferecem essa possibilidade de pesca, além de confortável estrutura. E o custo é redu-

zido. Um dia inteiro de diversão sai, em média, por R$100 para cada pescador. O Tambacu é a espécie mais encontrada nos pesque-pagues de todo o Brasil. Mui-

tas pessoas o confundem com o Tambaqui, que é mais comum em rios amazônicos. Dizem que, antigamente, os Tambaquis eram introduzidos em pesqueiros da região Sudeste, mas eles não suportavam as quedas bruscas de temperatura e, por isso, morriam com o frio. O Tambacu, que é resultado do cruzamento do macho Pacu (espécie grande e resistente ao frio) com a fêmea do Tambaqui (igualmente grande e bem forte), veio substituí-lo. Agora, essa espécie acostumada a viver em pesqueiro se transformou em um monstro bruto e pesado.

ecoaventura 79


[ matéria do leitor ] Os pescadores experientes ensinam que conhecer os hábitos dos peixes é

mos locais de concentração de alimen-

exemplar acreditar que é ração. Ainda

to para os peixes.

é possível utilizar massas caseiras ou

importante para uma boa pescaria.

Outra dica é utilizar como isca as fru-

compradas prontas, além da salsicha —

Nos pesqueiros, sempre tem alguém

tas mais coloridas e que soltem algum

uma isca boa para o dia em que o peixe

que sabe passar muitas informações.

tipo de cheiro na água para chamar a

está manhoso. Quem sabe até surjam

Os Tambacus, por exemplo, gostam de

atenção dos peixes. É bom também

uns Surubins!

calor, por isso se mantêm em lugares

tentar usar a ração com a qual estão

Quanto a utilizar peixinhos como isca,

mais rasos, onde o ambiente é mais

acostumados nesses lagos. No fly e no

pode ser uma boa experiência. O forte

quente. Uma dica é se atentar aos ga-

bait temos a opção de utilizar a cortiça,

dos “redondos” não é caçar, mas eles

lhos submersos e às áreas embaixo de

o coquinho, a miçanga, a hair bal, en-

são atraídos se estiverem dispostos. Há

árvores frutíferas, pois esses são óti-

fim, todas as iscas que possam fazer o

até a chance de bater peixes de couro!

O Tambacu não se reproduz por ser um peixe híbrido, e sua engorda deve ser feita apenas em cativeiro. Ele pode chegar a incríveis 40 quilos quando bem tratado!

80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O dia e o equipamento ideais O melhor momento para sair em busca dos “Tambas” é em dia sem vento, pois eles sobem mais à superfície para comer. Em dias frios, costumam ficar recolhidos, quietos. Mas, nos quentes, seu metabolismo aumenta, e eles se animam a procurar por comida. Quanto ao equipamento, muitos pescadores optam por utilizar o fly para pescar os “redondos”, o que garante diversão, pois as brigas podem durar mais de duas horas! Para pescar essa espécie com mosca, o recomendado é equipamento #8 a #10.

Serviços/ Serviços Services

Mais dicas • Antes de lançar seu equipamento na água, ceve o lugar com ração e veja se os “redondos” sobem à superfície para comer. Se der certo, utilize uma boia de arremesso ou uma boia cevadeira com dois metros de chicote de linha 0,50. Em seguida, isque uma ração labina ou alguma das iscas, já citadas, no anzol chinu pequeno. • Para quem gosta de utilizar os engodos que imitam ração, como a miçanga, é aconselhável colocar uma boinha de Lambari a uns dez centímetros dele. Quando a boia afundar, é hora da fisgada! Se o peixe estiver manhoso, tente fazer uma boia de madeira, pois eles podem se assustar com a coloração utilizada nas compradas em lojas. Outra boa técnica é utilizar a salsicha sozinha no anzol. • Quando o Tambacu não subir à superfície – o que é raro –, utilize o esquema de fundo. Uma chumbada com chicote de linha 0,50 para iscar ração, massa ou salsicha costuma render bons resultados.

Onde Pescar? Pesqueiros Fazenda Pacu Inhaúma, a 90 quilômetros de Belo Horizonte Tel.:(31) 3799-5074 www.fazendapacu.com.br Quatro Estações Pesqueiro e Hotel-fazenda Rua Prof. Pimenta Veiga, 273 Belo Horizonte Tel.:(31) 3581-0512 www.pousadaquatroestacoes.com Pesqueiro Kiki Fazenda do Sítio, s/n Pedro Leopoldo, a 46 quilômetros de Belo Horizonte Tel.:(31) 3661-1038 www.kikiturismo.com.br Retiro das Lajes Rodovia MG-238, Inhaúma Tel.:(31) 9628-5310


Acorda, dormideira!

“D

Basta encostar na dormideira que as extremidades de suas folhas se fecham. Tímida ou dorminhoca? Na verdade, ela é sensível, e essa ação corresponde a um mecanismo de defesa natural. Saiba mais sobre essa meiga espécie Da Redação l arte: Gabriel Dezorzi

Biologia

orme, dorme dormideira para acordar

FOTO: Manu Mohan (SXC)

folhas, flores e frutos

FOTO: Christa Richert (SXC)

Seu nome científico é originado das palavras gregas “mimein“ e “meishthal” — que significam, respectivamente, “movimentar” e “imitar” — devido ao movimento que os folíolos realizam quando tocados

Isso ocorre devido à perda ou ganho

na segunda-feira.” É com essa ingênua

de água por um conjunto de células

canção que muitas pessoas reconhecem

especializadas existentes na base de

a Mimosa pudica, ou dormideira. Quan-

cada folha e folíolos. Assim, quando

do se é criança, ao brincar nos jardins, a

falta água, elas se fecham ou encolhem.

graça é se aproximar lentamente dela e

Ao contrário do que diz a canção, ela

tocar em suas folhas. Magicamente, seus

não se abre apenas na segunda-feira, e

folíolos (subdivisões da folha) se fecham

sim, demora intervalos indeterminados

— como se fosse uma brincadeira de

de minutos para abrir novamente. Essa

“esconde-esconde”. Ao perguntar para

característica também é presente em

os pais quando a planta abrirá nova-

espécies de plantas carnívoras.

mente, a criança ouve: “Só na segunda-

Suas delicadas flores — globosas e de

-feira”. Nostálgico? Essa é a recordação

coloração rosa e branca — possuem uma

que ela oferece.

beleza particular. Seus caules têm espi-

A sensitiva, como também é conheci-

nhos. Suas raízes e folhas servem como

Nome científico: Mimosa pudica L. Sinonímia: Mimosa hispidula H. B. K. Nomes populares: Dormideira, arranhadeira, mimosa, não-me-toque, sensitiva, dorme-dorme, maria-fecha-a-porta Ordem: Febales Família: Fabeceae Gênero: Mimosa Distribuição: América tropical

da entre as diversas variações de apeli-

chás, e suas flores podem ser utilizadas

dos carinhosos que recebe, é um arbusto

em banhos, pois a planta é indicada con-

perene. E sua principal característica é

tra difteria ou inchaço das articulações.

Referência bibliográfica: www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=513&MARIA+FE CHA+A+PORTA

82 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

ditada pelo apelido adquirido: faz parte

Outra nomeação que recebe é

do grupo das plantas sensitivas, que

maria-fecha-a-porta. De acordo com o

respondem ao toque, calor, vento ou

dicionário Houaiss, a palavra Maria sig-

qualquer estímulo externo. A reação de

nifica “denominação de pessoa comum

se “fechar” é uma forma de proteção. Em

indeterminada”. Mas, na verdade, essa

algumas espécies, esse movimento —

Maria, como todas que conhecemos, não

chamado de sismonastia — é bastante

é comum, e sim bem particular. É um

hábil, a exemplo da nossa protagonista.

truque da natureza!


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11/05/2011 16:05:01


[ tralha pesada ]

Emblemático. Assim pode ser definido o veículo que consegue a proeza de manter rodando 75% dos modelos que foram produzidos ao longo de mais de 60 anos, o que demonstra a robustez de seu projeto. E não só: dirigir o mítico Land Rover é uma experiência única Por: Wilson Feitosa I Fotos: Inácio Teixeira I Arte: tiago stracci

84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 85


[ tralha pesada ]

L

and Rover é o nome pelo qual

que, por fora, ele exibe as tradicionais

bancos são ergonômicos, e a suspensão,

é conhecido o primeiro veículo

linhas quadradas, com a carroceria feita

com molas helicoidais, oferece incrível

“todo-terreno” para uso civil do

de chapas retas de alumínio presas por

conforto e maciez. Entretanto, quem

mundo, ou apenas Land, como

rebites e dobradiças aparentes nas por-

compra esse carro não está em busca de

é chamado carinhosamente por seus ad-

tas e nas tampas, tal como foi criado no

mimos, e sim de um estilo de vida no qual

miradores. Criado em 1948, esse jipão,

final dos anos de 1940.

terra, lama, pontes e todo tipo de peda-

cujo nome correto é Defender, tornou-se

Seu isolamento acústico também não

ços de mau caminho aparecem. E, nes-

ícone da indústria automobilística mun-

é dos melhores, de modo que é preciso

se sentido, nem mesmo as picapes mais

dial, feito que não é fácil de ser conquis-

se acostumar ao volante com seu baru-

modernas são páreo para ele.

tado, pois requer tempo, qualidades in-

lhento motor. Mas, ele tem virtudes úni-

Na expedição pela rodovia Transama-

contestáveis e estilo marcante.

cas, pois, diferentemente da maioria dos

zônica descrita nesta edição [ver pág 16],

Quem compra um Defender faz ques-

jipões 4x4, que são duros e pouco con-

rodamos quase dez mil quilômetros. Pelo

tão de tê-lo por seu porte rústico, pela

fortáveis de dirigir, o Defender, quando

menos dois mil foram em estradas de ter-

aura aventureira e porque, inegavelmen-

considerada sua aptidão para o off-road

ra. Nesse trajeto, pudemos experimentar

te, chama a atenção por onde passa —

severo, apresenta conforto que nenhum

as mais diversas sensações ao volante

fato que chega a ser incompreensível, já

outro veículo da categoria possui. Os

de um modelo 110 fabricado em 2001.

86 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


No asfalto Antes de seguir para a estrada, trocamos os pneus por modelos BF Godrich All Terrain, na medida 165-70-16, devido à sua eficiência na terra e conforto no asfalto. Também o submetemos a uma revisão minuciosa para evitar algum imprevisto pelo caminho. As correias (dentada, do alternador e a do ar-condicionado — sim, ele tem ar-condicionado duplo!), elementos dos filtros de óleo do motor e de combustível, além de suas diversas mangueiras, foram trocados. Freios, elétrica e suspensão também foram revisados. Quando começamos a rodar, o que primeiramente nos chamou a atenção foi ver que, apesar de sua idade, esse “senhor”

A baixa média de velocidade propiciou oportunidade para ver e curtir detalhes de paisagens, que normalmente passam despercebidos

atrai a curiosidade e os olhares que, normalmente, são dirigidos a carros super esportivos. Não foram poucas as situações nas quais pessoas em outros veículos se viraram para trás ou para os lados, atraídos por sua silhueta imponente e exótica. No asfalto, o propulsor 2.5 turbo-diesel que equipa esse modelo, apesar de ter intercooler, não permite impor ritmo forte à viagem — a média de velocidade fica em torno de 90 km/h —, algo com que é preciso se acostumar. Outro aspecto que requer um período de adaptação é o espaço nos bancos dianteiros, sobretudo o do motorista, pois, como se trata de um projeto inglês, tudo que estava do lado direito (volante, pedais, instrumentos etc.) foi

Atravessar balsas em estado de conservação precário foi fato recorrente nessa aventura

simplesmente transferido para o lado esquerdo, fato que deixou grande espaço para o passageiro, enquanto o moto-

macio, faz lembrar um veículo de luxo,

vel compreender o que dizem os admi-

rista dirige colado à porta.

inclusive quando inclina a carroceria em

radores desse bruto: o Defender é um

Em compensação, a posição mais

curvas mais acentuadas. O conforto de-

carro com personalidade própria e, para

ereta dos bancos e a ampla área envidra-

monstrado no asfalto traz a sensação

desfrutar todo o prazer de conduzir essa

çada fornecem um campo de visão privi-

de estar a bordo de um Landau. Assim,

lenda, é preciso adquirir seu espírito e

legiado. Seu rodar, surpreendentemente

após algumas horas ao volante, é possí-

respeitar seu jeito de ser. ecoaventura 87


[ tralha pesada ] Na terra, não tem pra ninguém Após ter percorrido cerca de 3.200 quilômetros desde que saímos da ca-

xava a impressão de pouca potência

era possível andar a 100 km/h, poeira,

para viagens longas, mostrou-se sob

lamaçais, mas nada disso foi problema,

medida para a nova etapa do percur-

pois, mesmo que não tivesse um snorkel,

so. Com facilidade, ele dribla buracos

o Defender é capaz de percorrer trechos

e vence subidas.

alagados de meio metro. O ângulo de

pital paulista, só depois de atravessar

Na terra, enfrentamos todo o tipo de

entrada de 45º e saída de 35º, além do

a balsa sobre o rio Madeira e entrar

terreno. Entre eles, trechos que, ape-

generoso vão livre de 31,4 centímetros,

na esburacada rodovia Transamazôni-

sar de terem apenas 60 quilômetros,

permitem também entrar e sair de bura-

ca é que compreendemos as qualida-

apresentam tão péssimas condições

cos fora do comum e superar obstáculos

des desse jipe que lhe confere tanta

que demoramos quase três horas para

que fariam muitos utilitários luxuosos “jo-

fama. Seu motor, que até então dei-

vencê-los. Passamos por estirões onde

garem a toalha”.

Não é raro ouvir histórias de proprietários que foram com seus Lands para lugares inóspitos pelo País ou até fora dele Fotografar a fauna amazônica de uma posição privilegiada...

ou vencer lamaçais e todo tipo de obstáculos que aparecem pelo caminho. Tudo ficou mais fácil quando se está no comando desse jipão

88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Os predicados desse jipe são a justificativa de seu sucesso de vendas e da legião de fãs que desafiam a razão e mantêm acesa, e cheia de lama, a história do Land Rover Em determinado ponto do caminho, enormes pedras foram dribladas sem oferecer o menor risco para os componentes inferiores. Ao rodar no meio do nada, onde horários de balsas precisam ser respei-

Rodar à noite, mesmo sob chuva intensa, não representou qualquer dificuldade para o Land

tados sob pena de termos que pernoitar dentro do carro, apertamos o ritmo. Aqui e acolá, o ronco seco do motor subia acompanhado pelo conta-giros sem que a agulha do velocímetro se movesse: estávamos em um trecho alagado. O carro quase

Ficha Técnica

não saía do lugar. Em situações de giro em falso de uma das rodas, o bloqueio do di-

Fabricante Land Rover

ferencial era acionado para que a unidade

Modelo

Defender 110 2.5 TurboDiesel

de força despejasse sua energia em igual-

Ano de fabricação

2001

dade nos eixos e tracionasse com força to-

Procedência Nacional

tal as rodas, que estavam firmes no chão.

Comprimento

4.590 mm

Entretanto, uma das maiores dificulda-

Largura

1.790 mm

des para o condutor nessas condições é,

Entreeixos

2.790 mm

justamente, o acoplamento das diversas

Altura

2.060 mm

relações do câmbio, que, além de duras e

Peso

2.028 kg

com engates imprecisos, exigem atenção

Cilindrada

2.495 cc

e perseverança do motorista, sobretudo

Tanque

75 litros

no acionamento da reduzida, que em ou-

Potência

115 cv a 3.800 rpm

tros trechos é preciso ser avaliada.

Aceleração

0-100 km/h 18,7 s

O engate também requer paciência e

Velocidade máxima

130 km/h

força. Saímos em segunda para preservar

Torque

29,6 kgfm a 1600 rpm

o equipamento, e os desafios do percurso

Consumo urbano

8 km/l

desapareceram. Após rodar mais de 100

Consumo rodoviário

9 km/l

quilômetros de terra, não restou dúvida: o

Potência específica

46,09 cv/litro

Defender não ganhou fama sem motivo.

Peso/potência

17,63 kg/cv

Mesmo passados tantos anos, ele continua

Porta-malas

706 litros

com a saúde e o apetite de um trator. ecoaventura 89


saúde

Lembrancinha indesejada de viagem As doenças tropicais são males que persistem em várias regiões brasileiras e que podem “voltar na bagagem” do pescador desprevenido POR: DANI COSTA l Arte: Gabriel Dezorzi

90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


A

orçamentário das regiões onde as doenças

particulares também estão preparadas. “A

fisgadas perfeitas pode desfazer-se diante

tropicais se apresentam, contribuem para

prevenção de algumas doenças tropicais

dos sintomas de alguma doença adquirida

dificultar o controle da incidência de infec-

pode ser feita, ainda, por meio de compri-

em uma expedição de pesca. Não é à toa

ções. “No entanto, políticas de saúde são

midos e não somente por vacinas”, explica

que a Medicina de Viagem alerta os aven-

constantemente revistas, o que proporciona-

Daniella Menezes.

tureiros aos cuidados necessários antes de

rá, em breve, um grande avanço para essas

pôr o pé na estrada.

áreas”, ressaltou.

quela recordação saudosa do prazer das

Malária, doença de Chagas, febre amarela,

Prevenção

A doutora Sumire Sakabe, infectolo-

leishmaniose e dengue estão entre as enfer-

gista do Hospital 9 de Julho, salienta esse

midades que costumam ser rotuladas de do-

avanço: “Os sistemas de vigilância, a ampla

pelo viajante, por isso, a médica Sumire

enças tropicais, pois são nos trópicos que os

cobertura vacinal, a produção de vacinas

Sakabe alerta que, além das imunizações e

insetos transmissores desses microorganis-

por centros de excelência nacionais e os es-

profilaxias específicas, é necessário fazer uma

mos encontram seu habitat. A febre amarela

forços na disseminação da informação têm

consulta com um especialista. “É essencial,

é a única que possui vacina. Entretanto, para

contribuído para o controle, quando não

para quem vai viajar, conhecer todo tipo de

todas, há tratamento.

Algumas doenças podem ser ignoradas

erradicação, de muitas doenças. O mais

enfermidade possível em cada lugar. Por

O Programa Especial para a Pesquisa e

preocupante, hoje, são as transmitidas por

isso, vale sempre a pena buscar orientações

Treinamento em Doenças Tropicais, da OMS

vetores, como a dengue e a febre amarela;

e medidas preventivas adequadas para cada

(Organização Mundial de Saúde), no final

as que não possuem vacina, como a mesma

situação, para cada roteiro. Um bom crono-

de 2010, apontou que as doenças tropicais

dengue, e a doença de Chagas”.

grama de viagem inclui uma ida a um posto

negligenciadas afetaram um bilhão de pes-

Todos os viajantes têm direito às imu-

de Medicina de Viagem, por exemplo, onde

soas em 149 países. Nesse histórico, o Brasil

nizações oferecidas de forma gratuita pela

apresentou maioria das 17 doenças listadas.

rede pública especializada. Os postos de

Outra medida importante é pesquisar

Para a médica infectologista Daniella Costa

Medicina de Viagem indicam e planejam

sobre o local a ser visitado. Também é válido

de Menezes, do Hospital Samaritano de

esquemas de imunizações para as diver-

confiar nas dicas dos guias turísticos da

São Paulo, a geografia brasileira, com área

sas áreas do Brasil e do mundo. Profissio-

região que, em geral, sabem quais locais e

territorial enorme e muitas divisas, aliada à

nais de saúde em aeroportos realizam esse

horários são ideais para viver a ecoaventura

escassez de recursos de saúde e ao déficit

trabalho de orientação e oferta. Clínicas

com segurança.

foi extremamente doloroso por conta das

Marquez contraiu a leishmaniose em uma

injeções diárias. “Nas primeiras sessões

pescaria na Amazônia, num afluente do

do tratamento, a impressão é de que o

rio Negro, em fevereiro de 2010. Ele des-

peito está queimando, e os batimentos

cobriu a doença quando teve uma infec-

cardíacos aceleram a ponto de ficar uma

ção generalizada junto com um inchaço

sensação de muito calor. Tudo foi eficien-

no braço. “Espremi a ferida ao pensar que

te, e a ferida cicatrizou”.

era berne”, lembra. O diagnóstico foi feito

Eribert precisou ficar um tempo

em um hospital de Rio Verde, em Goiás,

sem ingerir álcool e consumir comidas

e sua internação foi imediata. Quando os

gordurosas, pois a medicação devastou

médicos decidiram amputar seu braço,

seu fígado. Depois de tanto sofrimen-

a esposa de Eribert tomou a decisão

to, o experiente pescador fez duas

de levá-lo para Goiânia, no Hospital de

recomendações para evitar a picada

Doenças Tropicais, na tentativa de evitar

do mosquito-palha: muito repelente e

algo tão radical. Lá, iniciaram o trata-

nunca “teimar” com o guia em relação à

mento que durou 90 dias, e, segundo ele,

visita a certos lugarejos.

foto: Elias Lemos

O colaborador da revista Eribert

serão fornecidas várias recomendações”.

Fontes: Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) Sociedade Brasileira de infectologia (www.sbinfecto.org.br) www.drauziovarella.com.br

ecoaventura 91


saúde

Dengue e febre amarela

Doença de Chagas

que parece de bem-estar geral, o parasita se reproduz continuamente em

Os insetos agentes transmissores

baixos números e causa danos irrever-

da doença de Chagas são conhecidos

síveis ao sistema nervoso e ao coração.

pelos mosquitos Haemagogus

no Brasil como barbeiros. Um desses

A infectologista Sumire Sakabe

janthinomys ou Sabetes chlorop-

vetores é o mosquito triatomídeo.

explica que o ideal é evitar exposição

terus. Nas cidades, o mosquito

Entretanto, o protozoário transmite

ao barbeiro, com uso de mosqui-

Aedes aegypti, além de transmis-

a doença pelas fezes do mosquito,

teiros, por exemplo. Além disso, há

sor da dengue, transmite também

que entram no ferimento quando a

relatos de transmissão por meio de

a febre amarela urbana, doença

pessoa coça o local picado.

alimentos contaminados, portanto, a

A febre amarela é transmitida

que se manifesta, principalmente, na periferia da floresta amazônica. O crescimento do ecoturismo mostrou que, nos últimos anos, ela surgiu em outros lugares. Temido, o mosquito pica a qualquer hora do dia, o que torna mais difícil evitá-lo. Os sintomas iniciais das duas doenças são muito parecidos. O sinal de alerta para o diagnóstico é dado quando não se encontra infecção que justifique a febre. Numa minoria de casos, o paciente caminha para uma piora. O vírus acomete o fígado, que inflama, e o indivíduo adquire coloração amarelada, principalmente no branco dos olhos. É a icterícia. Para a dengue não existe vacina, para a febre amarela, sim. Ela é eficaz desde que seja tomada com antecedência, isto é, 30 dias antes da viagem. A dengue possui quatro vírus identificados e, por isso, é considerada um desafio para os pesquisadores que tentam desenvolver sua vacina. Seria necessário fazer uma combinação de todos os vírus para se obter um imunizante eficaz contra a doença.

92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O caso crônico permanece assintomático de 10 a 20 dias. Nesse período,

manipulação segura e higiênica de comidas e bebidas é fundamental.


Malária

e só a fêmea é que pica e se alimenta de sangue. Há muito se tenta desenvolver uma vacina para a ma-

Não se consegue controlar a malária no habitat do mosqui-

lária, mas até agora sem sucesso, e os remédios existentes

to transmissor da doença, o anopheles, também conhecido

precisam ser usados com muito critério porque induzem à

como mosquito-prego. Ele aparece em cena ao cair da tarde,

intolerância. A febre provocada pela malária é uma das mais intensas que existem. Quando a pessoa é picada pelo mosquito, o agente entra na corrente sanguínea e passa por um período relativamente curto de incubação em que amadurece no fígado. Trata-se de doença grave com índice de mortalidade alto se o tratamento não for adequado e precoce. A maior prevenção é procurar informação. Quem vai para o Amazonas, por exemplo, o ideal é entrar em contato com os órgãos de saúde capazes de prestar orientação. Em São Paulo, o centro-referência é o Ambulatório dos Viajantes no Hospital das Clínicas. As orientações são dadas de acordo com o intinerário programado. Se a viagem for a locais de risco, o remédio será indicado.

Leishmaniose

deiros do parasita, que quase sempre

transmissão do protozoário. A fêmea

habita regiões muito quentes. Já os

do vetor, preferencialmente, pica

humanos são infectados pela picada

à noite. Em uma viagem, o ideal é

a tegumentar, causada pela Leishma-

da fêmea do inseto, conhecido como

proteger-se das picadas e manter bom

nia braziliensis, L. amazonensis e L.

mosquito-birigui ou mosquito-palha,

estado nutricional e de saúde. A leish-

guyanensis (as duas últimas restritas

que fere primeiro o animal contami-

maniose tem cura, já que o tratamento

à região amazônica), que acomete só

nado, depois o homem, momento da

elimina o protozoário do corpo.

Há duas formas de leishmaniose,

a pele. A pessoa tem uma ferida, que não cicatriza, e descobre que está com a doença quando vai ao médico e faz uma biópsia. A outra é a leishmaniose visceral, causada pela Leishmania chagasi, em que há comprometimento do fígado e do baço. Ambas as formas são transmitidas por intermédio de mosquitos hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue, com focos mais comuns em cachorro, lobo e gambá doentes, todos hospe-

FONTES: Ministério da Saúde (www.saude.gov.br), Sociedade Brasileira de Infectologia (www.sbinfecto.org.br), www.drauziovarella.com.br

ecoaventura 93


radar

Incentivo sustentável

Uma média de 1,3 bilhão de toneladas de alimento é desperdiçada por ano no mundo inteiro

Diariamente, o Brasil produz 150 mil toneladas de lixo e, desse expressivo número, 40% são despejadas em aterros a céu aberto. Outro agravante é que apenas 8% dos 5.565 municípios do País adotam a coleta seletiva, de acordo com estudo realizado pelo Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). foto: laxman (SXC)

Diante desse cenário, a ABRELPE (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) promove o Prêmio Eco-Cidade edição 2011. O objetivo é reconhecer o trabalho das prefeituras cujas políticas públicas para preservação do meio ambiente estejam alinhadas com os

Alerta de desperdício

princípios de sustentabilidade e de excelência na gestão de resíduos sólidos. Nessa edição,

Um terço dos alimentos é desperdiçado no mundo. Esse

serão premiados os melhores projetos com o tema

dado foi divulgado pela FAO (Organização das Nações Unidas para

“Destinação Adequada de Resíduos Sólidos”. Poderão

Agricultura e Alimentação) com base em um estudo elaborado

ser inscritos projetos implantados pelas prefeituras

entre agosto de 2010 e janeiro de 2011 pelo SIK (Instituto Sueco

nos períodos de janeiro de 2009 a dezembro de 2010.

para Alimentação e Biotecnologia).

As inscrições vão até o dia 29 de julho.

Os dados apontam que há um desperdício anual de 670 milhões de

Para saber mais sobre o prêmio, acesse o

toneladas nos países ricos e 630 nos países em desenvolvimento.

regulamento: www.abrelpe.org.br/arquivos/

Nesses últimos, a maior parte dos alimentos é perdida durante o

regulamento_premio_ecocidade_2011.pdf

processo de produção e transporte, já nos ricos o desproveito ocorre quando os alimentos já foram comprados pelos consumidores.

Raridades marinhas Em maio, Porto Seguro-BA presenciou o nascimento de 138 filhotes de tartarugas marinhas de ninhada híbrida, resultado do cruzamento da espécie tartaruga-de-pente olivacea). A fêmea da espécie da tartaruga-de-pente gerou, ao todo, 146 ovos, porém, oito morreram na areia. De acordo com o PAT (Projeto Amigo Tartaruga), uma parte nasceu com características morfológicas mescladas, com padrão de escamas diferente do típico dos reprodutores. Os demais eram exclusivos da espécie da fêmea ou com características apenas do macho.

94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

De cada 100 ninhos das tartarugas marin has do Brasil, apenas três são da espécie da tartaruga-d e-pente

foto: USFWS Pacific (everystockphoto)

(Eretmochelys imbricata) com a tartaruga-oliva (Lepidochelys


foto: Paulo Ribas Jr (sxc)

Banco de dados A Empraba (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária) é a nova responsável pelo banco de material genético (germoplasma) de animais selvagens da América Latina. Até então, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília era depositária da unidade. Segundo acordo assinado entre as instituições, elas trabalharão em conjunto. O armazenamento de células-tronco possibilita o tratamento de animais, pesquisa e, caso seja necessário, clonagem. O material genético fica guardado em botijões de nitrogênio a 136º Celsius abaixo de zero. Com a

Em quase um ano de projeto no zoológico, foram coletados materiais genéticos de 21 espécies, entre elas: lobo-guará, raposa, macaco-prego e tamanduá

tecnologia, poderá ser feita reprodução assistida de animais — inseminação artificial, fertilização in vitro e transferência de embrião.

Adeus às sacolas plásticas O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou, em maio, a proibição do uso de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais na cidade de São

Futuro renovável

Paulo. O projeto de lei estava em tramitação desde 2007.

Segundo o Relatório 164 do

A medida entra em vigor em janeiro de 2012, porém, os estabelecimentos

Painel Intergovernamental

passarão por um período de adaptação por meio de placas informativas com a

sobre Mudanças Climáticas ,

mensagem: “Poupe recursos naturais! Utlize sacolas reutilizáveis!

da ONU (Organizações das

O descumprimento da norma ocasionará uma multa de R$50 a R$50 milhões — de

Nações Unidas), as energias

acordo com o faturamento da loja infratora. A Secretaria Municipal do Verde e

renovavéis poderão satisfazer

do Meio Ambiente será a responsável pela fiscalização. As excessões da norma

80% das necessidades globais

valem para as embalagens originais das mercadorias, as de produtos alimentícios

até 2050. Junto com os

vendidos a granel e as que vetam água.

avanços, importantes reduções de custos virão. O documento destaca que, em 2009, houve um notável aumento nas produções: eólica (em 30%), hidrelétrica (3%), solar vinculada

foto: Carlos Gustavo Curado (sxc)

a redes de distribuição (50%), geotérmica (4%) e solar para aquecimento de água (20%). Além da produção de etanol e diesel, que aumentou 10% e 9%, respectivamente.

ecoaventura 95


classificados

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Mairinque - SP Pesqueiro Pantanosso Est. Servidão Pesqueiro Pantanosso, 5.300 Olhos D’água - 11.4246-2176 Mauá - SP Aqua Pesca Av. Capitão João, 132- C / D Centro - 11.4555-7688/4514-9089 Miracatu - SP Serra Pesca Esportiva Rod. Regis Bitencourt, 348 Cafezal - 13.3847-8103 / 11.6248-0000 Osasco - SP Sugoi Osasco Av. dos Autonomistas, 3.222 Centro - 11.3654-0016 Ribeirão Pires - SP Da Silva Aquários Av. Santo Andre, 349 Centro Alto – 11.4827-5112 Santo André - SP Sugoi ABC Av. Pereira Barreto, 42 Piso Loft - 11.4427-7600 São Paulo - SP Acqua Fish Est. de Itapecerica, 3.283 – Jd. Germânia www.lojaacquafish.com.br 11.5512-8782

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São Roque - SP Taquari Centro De pesca Estrada do vinho, Km 5 Sorocamirim www.centrodepescataquari.com.br 11.4711-1937

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Mairiporã - SP Clube de Pesca Takenaka 11.4604-8648 www.clickpesca.com.br/takenaka Da Lontra 11.4486-2359

Frete de Barcos & Guias Bertioga - SP Ossamu (Robalo) 11.9749-8564

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