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Somente o nosso contato com a natureza, com algo maior, é capaz de nos reensinar o amor ao planeta e a nós mesmos Hugo Werneck
”
Prepare a sua inscrição e indicação Inscrições de 15 de julho a 04 de outubro
Realização
Do pioneirismo de Azevedo Antunes...
IV Prêmio
Vem aí...
O Oscar da Ecologia 2013
...ao engajamento de Paul Mc Cartney!
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Bicho do Mato Meio Ambiente contato@bichodomato.net.br ( 31 ) 3312 - 4374 www.bichodomato.net.br
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EXPEDIENTE
MARCELO PRATES
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Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck CONSELHO EDITORIAL Angelo Machado, Antônio Claret de Oliveira, Célio Valle, Evandro Xavier, José Cláudio Junqueira, José Fernando Coura, Maria Dalce Ricas, Maurício Martins, Nestor Sant’Anna, Paulo Maciel Júnior, Roberto Messias Franco, Vitor Feitosa e Willer Pós
EDITORIA DE ARTE André Firmino andre@souecologico.com Marcos Takamatsu marcos@souecologico.com Sanakan Firmino sanakan@souecologico.com
DIRETOR GERAL E EDITOR Hiram Firmino hiram@souecologico.com
REVISÃO Gustavo Abreu DEPARTAMENTO COMERCIAL José Lopes de Medeiros joselopes@souecologico.com Sarah Caldeira sarah@souecologico.com Silmara Belinelo silmara@souecologico.com
CAPA Foto: Fernanda Mann | Daniel Marenco/ Folhapress | Arte: Sanakan
MARKETING E ASSINATURA marketing@revistaecologico.com.br
GRUPO
REPORTAGEM Ana Elizabeth Diniz, Andréa Zenóbio Gunneng (Correspondente Internacional), Cristiane Mendonça, Fernanda Mann, Luciana Morais Maria Teresa Leal e Vinícius Carvalho
IMPRESSÃO Log & Print PROJETO EDITORIAL E GRÁFICO Ecológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda ecologico@souecologico.com REDAÇÃO Rua Dr. Jacques Luciano, 276 Sagrada Família - Belo Horizonte-MG CEP 31030-320 Tel.: (31) 3481-7755 redacao@revistaecologico.com.br VERSÃO DIGITAL www.revistaecologico.com.br
Selo SFC REVISTA NEUTRA EM CARBONO www.prima.org.br
A CEMIG OUVIU AS SUAS DÚVIDAS. E AGORA RESPONDE
A TODOS OS MINEIROS. QUEM DEFINE A TARIFA DA CEMIG? A tarifa da Cemig é definida pela Aneel, órgão federal responsável pelo valor das tarifas de todas as concessionárias de energia do Brasil (informações no site www.aneel.gov.br).
O QUE NÓS PAGAMOS NA CONTA DE LUZ? O valor que pagamos na conta de luz corresponde à energia que a concessionária compra e repassa para o consumidor; a custos de mão de obra, manutenção e expansão; ao imposto estadual; a tributos e encargos federais; à taxa de iluminação pública; entre outros itens.
TODO MUNDO PAGA ESSES IMPOSTOS? Os tributos federais são cobrados de todos. Mas, há muitos anos, o Governo de Minas isenta o imposto estadual da conta de metade das famílias mineiras (benefício concedido para consumo até 90 kWh/mês).
Para mais informações, acesse os sites www.cemig.com.br ou www.aneel.gov.br
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ÍNDICE
E AGORA, DRUMMOND? PBH RESGATA A MEMÓRIA DO AUTOR DE “TRISTE HORIZONTE” NA SERRA DO CURRAL
16
Páginas Verdes PAULO HADDAD: EXSECRETÁRIO DA FAZENDA DO GOVERNO ITAMAR FRANCO FALA SOBRE A ECONOMIA ECOLÓGICA
40
Mudanças Climáticas OS NÓS DA ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRA
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Prêmio Hugo Werneck “OSCAR DA ECOLOGIA” 2013 É LANÇADO NO ALTO DO CARTÃO POSTAL DA CAPITAL MINEIRA
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Memória Iluminada A LUTA CONTRA A FOME DO SOCIÓLOGO BETINHO
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E mais... 10 CARTA DOS LEITORES 12 CARTA DO EDITOR 14 SOU ECOLÓGICO 20 GENTE ECOLÓGICA 22 ECONECTADO 24 CÉU DE BRASÍLIA 26 INOVAÇÃO 28 ESTADO DE ALERTA 30 ECO CONSTRUÇÃO 32 PERFIL ÉRICA DRUMOND 34 POLÍTICA AMBIENTAL 38 POLÍTICA FLORESTAL 48 ARTIGO 58 TECNOLOGIA SOCIAL 60 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS 66 GESTÃO 68 SEMANA DO MEIO AMBIENTE 76 SOS ANIMAL 80 PESQUISA 82 SAÚDE 84 SUSTENTABILIDADE 90 CHARGE 92 OLHAR EXTERIOR 98 VOCÊ SABIA? 100 NATUREZA MEDICINAL 102 OLHAR POÉTICO 104 ENSAIO ARTÍSTICO 110 CONVERSAMENTOS 114 IMAGEM DO MÊS
SUSTENTABILIDADE É UM BOM NEGÓCIO PARA TODOS: MEIO AMBIENTE, S O C I E DA D E E SUA EMPRESA.
O III Prêmio Sebrae Minas de Práticas Sustentáveis incentiva e valoriza as micro e pequenas empresas que transformam o mundo e são exemplos para a construção de um novo modelo organizacional. Acesse www.premiosebraemgsustentavel.com.br. Sua empresa será reconhecida e ainda pode servir de exemplo para outras organizações adotarem uma postura mais sustentável.
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IMAGEM DO MÊS
NO COLO DA NATUREZA Sobre as ruínas de uma igreja abandonada, a natureza cuidou de criar novos encantos. Do topo dos paredões de pedra, uma velha Gameleira (Ficus enormis) lançou suas raízes. Este cenário fica às margens do encontro do Rio das Velhas com o Velho Chico, em Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma. O local inspirou o Projeto Manuelzão, que pretende construir ali, o marco do Rio das Velhas. Em expedição por suas águas, a ECOLÓGICO registrou o momento em que sua repórter fotográfica, Fernanda Mann, sentiu-se um pouco parte dessa obra-prima, ao escalar as enormes raízes. O que constata a nossa pequenês humana diante da nossa criação.
ROGÉRIO ALMEIDA
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MAIS INFORMAÇÕES LIGUE 155
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FA L E C O N O S C O Envie sua sugestão, opinião ou crítica para cartas@revistaecologico.com.br
CARTA DOS LEITORES
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MINEIRÃO DO SAARA “Um estádio ‘’digno de Copa do Mundo’’, com toda a estrutura, conforto e segurança? Acho que os acontecimentos de 2014, bem como o patriotismo mascarado nos fizeram esquecer que mais que uma fachada para o mundo, o Mineirão representa quase 50 anos de história na capital mineira. Para muitos, uma rotina! O público de classes inferiores, que viam no jogo um passatempo, uma oportunidade para encontrar amigos e se divertir sentindo-se em casa, não mais tem a mesma percepção do novo espaço. Que tipo de planejamento visa a inteira modernização de um complexo de tamanha influência, mas não pensa nos impactos no trânsito, da sustentabilidade e das relações sociais?” CLARA MORAIS, pelo site O CONVERSAMENTOS
“Parabéns pela matéria, Alfeu Trancoso! Quanta sabedoria em cada palavra desse texto! Sem dúvida, um belo presente para revigorar a sensibilidade e a paz de espírito.” AMANDA CARVALHO MONTANARI, BH/MG
O EDIÇÃO
56 “Parabéns a toda a equipe da Revista ECOLÓGICO, que está cada vez melhor! Na última edição, gostei, particularmente, do Ensaio Artístico, assinado pela Fernanda Mann e também da matéria de capa sobre a revitalização do Hospital Hilton Rocha.” WALDEREZ COSTA E PAULA, pelo Facebook O ECO
CONSTRUÇÃO “A verticalização é necessária, pois as cidades estão crescendo sem ter espaço suficiente.” ANDRÉ ROZADA, Piracicaba/SP
“Na minha casa fizemos um sistema de reaproveitamento da água da chuva.”
O PAUTA
“Quero sugerir a pauta árvores de BH e área metropolitana” JOANA D`ARC M SOUZA, pelo site O NATUREZA
MEDICINAL “Quero uma muda de Crajiru. Em Mato Grosso se chama levanta defunto!” LUIZA SALVADOR, pelo site O EMPRESAS
“Onde estão as empresas que se preocupam com o meio ambiente?” MARIA MIRANDA, pelo Facebook
EU ASSINO
VANESSA AMORIM, pelo Facebook O APOIO
“Gostaríamos de agradecer a ECOLÓGICO pelo apoio dado ao evento PNB - Pedalando no Bairro - Parque das Mangabeiras que foi realizado dia 25 de maio. Os projetos da Vida Viva tem como principal objetivo fazer pessoas agirem e reagirem para uma qualidade de vida saudável. Nossos agradecimentos! O sucesso dos nossos eventos vem através das empresas que apoiam e incentivam a prática esportiva.” SÉRGIO VALLE e REGINA DORTA 12 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
“Eu assino a Revista ECOLÓGICO porque acho suas matérias bastante variadas, que expõem diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema, tendo desta forma um posicionamento democrático. Utilizo seus textos para enriquecer meu conhecimento e minha fala nos eventos dos quais participo. Gosto muito da coluna da Maria Dalce Ricas!” LUCIANA SOFAL MENDES - Analista Educacional - SEE/MG
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Um momento especial para ver de perto as obras que fizeram de Belo Horizonte o berço da arquitetura moderna no Brasil. Casa do Baile | Museu de Arte da Pampulha | Igreja São Francisco de Assis | Iate Tênis Clube | Casa de JK Pampulha Iate Clube | Conjunto JK (Praça Raul Soares) | Sede Administrativa da Fundação Zoo-Botânica Antiga Sede do Banco Mineiro de Produção | Edifício Niemeyer | Biblioteca Pública Professor Luiz de Bessa Escola Estadual Governador Milton Campos | Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves
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CARTA DO EDITOR HIRAM FIRMINO | hiram@souecologico.com
1.
O RECADO PRÉVIO DA COPA Os desafios e legados que o futebol poderá trazer para o Brasil
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futebol tem algo a ver com o tema da sustenbilidade? Só tem, como tudo na vida, e ficou claro através dos participantes da Mesa-Redonda “Os Desafios & Legados da Copa do Mundo”, no auditório lotado do Sesc Palladium, em BH. Tem mais. Por se tratar de uma agenda inadiável, positiva e vital, investir em obras como a reforma dos nossos estádios traz mais legados que desafios. Foi o que demonstrou Ed McCann, representante da Embaixada da Inglaterra, sobre o que aconteceu com as Olimpíadas de Londres, em 2012. Segundo ele, 75% de cada libra esterlina investida no evento foram gastas pensando no depois, no legado de melhorias que ficaram para a cidade, e não no antes, no desafio das obras necessárias de infraestruturas. A região central de Londres, que era abandonada e poluída, e, por isso mesmo, foi escolhida para receber as olimpíadas naquele país, tornou-se simplesmente o “maior parque urbano da Europa”. Hoje, o representante inglês mostrou que o acesso até aquela região, revitalizada, só é permitido de bicicleta ou através de transporte público. Isso trouxe uma redução de 58% de emissões de carbono. Outras consequências benéficas se seguiram, ao invés de virar mais um peso para o governo. Com a urbanização do local, reduziu em 60% o consumo 14 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
de drogas. O moderno e eficiente sistema de coletas de esgotos, utilizado para o funcionamento da prática de esportes, ali, acabou se estendendo a toda região norte de Londres. E 100% do lixo operacional durante quaisquer outros eventos são separados e destinados, naturalmente, à reciclagem. Se não bastasse, todo fornecimento de alimentação, equipamentos e prestação de serviços no parque, atualmente, têm a obrigação de vir de mão de obra local, para prestigiar a economia, o comércio e o turismo da região, tornando-os mais baratos para a população. É esta tal sustentabilidade, fora e dentro dos gramados, que a ECOLÓGICO aborda 2. nesta edição inaugural do seu novo projeto gráfico, também mais sustentável, com papel mais certificado, verniz natural e várias outras contribuições necessárias ao desenvolvimento sustentável à natureza que a revista defende. É por isso, caros leitores e anunciantes, que também temos, nesta edição, a companhia de Paulo Haddad, Érica Drumond e Herbert de Souza, o irmão do Henfil, sob o guarda-chuva e a lembrança de ferro de Carlos Drummond de Andrade, o poeta maior do Brasil. Acompanhe-os! Eles estão jogando o mesmo bolão da esperança conosco. Boa leitura! Até o dia 23, lua cheia de junho! Q
FOTOS: 1. SHUTTERSTOCK | 2. REPRODUÇÃO
Sustentabilidade ĂŠ a nossa pauta!
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PÁGINAS VERDES
“A NOSSA ECONOMIA AINDA É A DEGRADAÇÃO DA NATUREZA” Ana Cristina Cunha |
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x-ministro da Fazenda do Planejamento do Governo Itamar Franco, no início dos anos 90, o economista Paulo Haddad trocou gabinetes, planilhas e discussões sobre PIB e inflação pela sustentabilidade. Hoje, ele se dedica a prestar consultorias a empresas públicas e privadas sobre o que chama de economia ecológica. “É uma integração do pensamento econômico com o ambientalismo”, define. Nessa empreitada, Haddad teve como missão recente identificar novas vocações econômicas para Itabira - terra natal de Carlos Drummond de Andrade - que, desde os anos 40, tem como principal atividade econômica a extração de minério de ferro. “As operações mineradoras têm um ciclo de vida. O grande problema é a exaustão do mineral, o que nos leva a pensar logo em outras atividades para evitar a decadência econômica dos municípios. Itabira está se transformando em grande centro de formação de mão de obra técnica e universitária com vários cursos de engenharia. Em cinco anos, será uma Viçosa (cidade universitária de Minas referência no Brasil), prevê o consultor. Nascido em Oliveira (MG), formado em Economia pela UFMG e com especialização em Planejamento Econômico pela Universidade de Haia (Holanda), Haddad foi também secretário de Estado do Planejamento e da Fazenda de Minas e atuou como consultor de grandes instituições financeiras, como o Banco Mundial. No mês passado, ele falou aos jornalistas, em São Paulo, durante workshop promovido pela mineradora AngloAmerican, sobre mineração e desenvolvimento. Aos 73 anos, engajado com novas tecnologias e com profundo conhecimento das várias fases econômicas do país, ele demonstra ter pela sustentabilidade a mesma dedicação que tinha às planilhas dos tempos de secretário e ministro de governo. Confira a seguir: Como surgiu seu interesse pelos temas ambientais? Pelo meu trabalho, viajo muito pelo Brasil. Conheço todas as regiões e devo ter visitado de 300 a 400 municípios. Nessas viagens, impressionou-me muito o fato de as regiões e os municípios que estão economicamente deprimidos terem uma história de uso predatório em seus ecossistemas. Só para dar um exemplo, no leste brasileiro, hoje, existem apenas 3% da Mata Atlântica original. A parte mineira dessa região são os Vales do Jequitinhonha, do Mucuri e quatro microrregiões do Vale do Rio Doce. Ali, com exceções isoladas, todos os municípios estão economicamente deprimidos.
HADDAD “Economia ecológica é a interação do pensamento econômico com o ambientalismo”
PA U LO H A D DA D
EHCARROS
Economista e ex-ministro da Fazenda e Planejamento do Governo Itamar Franco
Eles exploraram predatoriamente a base de recursos naturais e, com isso, afetaram também a produtividade das suas economias. Isso tudo me levou a estudar profundamente o que chamamos de economia ecológica. Esse processo veio se desenvolvendo desde a época em que fui secretário de Estado do Planejamento, visitando as regiões de Minas. Hoje, trabalho e estudo muito a Amazônia. Como o senhor analisa o mundo de hoje do ponto de vista da sustentabilidade? Com muita preocupação. Se você melhorar o padrão de vida das pessoas do Terceiro Mundo, em regiões como o sudeste da Ásia e a África - o que é muito importante -, e mantiver o atual nível de consumo, o planeta fica insustentável. Então, não se trata de controle demográfico, mas da melhoria da produtividade e dos recursos que existem e, principalmente, não tentar imitar o padrão americano de vida. Os Estados Unidos têm 5% da população mundial e consomem 50% da energia do planeta. Se adotarmos esse o padrão de consumo, vamos ter uma pressão sobre a base de recursos naturais, que só pode ser resolvido com o progresso tecnológico. Essa saída teria de agregar, também, a mudança de comportamento da população e o consumo de serviços como o transporte público, com menor uso do individual. Brasil, com o aumento da produção de carros e políticas econômicas de estímulo ao consumo, está na contramão dessas medidas para tornar o mundo mais sustentável? Sim. Vejamos o caso de Belo Horizonte. Há mais de 20 anos nós estamos tentando equacionar o problema do metrô e, enquanto isso não acontece, vamos amontoando as ruas de carros, emitindo CO2 e consumindo produtos que absorvem muitos recursos
CONTRADIÇÃO Continuamos amontoando as ruas de carros, emitindo CO2 e consumindo produtos que absorvem muitos recursos naturais
naturais. Isso significa que vamos muito mal na questão da sustentabilidade. Sem funcionários suficientes e capacitados, temos um Ministério do Meio Ambiente relativamente fraco para a fiscalização. Nossa legislação é moderna, mas a fiscalização é frágil. E o que é mais importante, que é a consciência da população sobre a preservação, restauração e conservação dos ecossistemas, é muito pouco desenvolvido. O progresso, nesse sentido, existe, mas é lento. Podemos explicar seu conceito de economia ecológica? A melhor forma de explicar é compará-lo com o conceito de economia tal como vem sendo praticado, tradicionalmente, pela maioria dos economistas. O elemento fundamental que distingue os dois é a relação estabelecida entre as atividades econômicas e os ecossistemas. Na visão tradicional, a economia é vista como um sistema isolado, sem trocas de matéria e energia com o meio ambiente. Nessa visão, não se vislumbram insumos ecológicos ou produtos ecológicos enquanto se produz, como captação de água ou emissão de dejetos industriais em uma
bacia hidrográfica, enquanto se emite monóxido de carbono ou enquanto se acumula capital na sociedade. Ainda se considera como objetivo principal da economia, a maximização do crescimento econômico medido pela taxa de expansão do PIB per capita do território (União, Estados ou Municípios). O ecossistema é apenas o setor extrativo e de disposição de resíduos da economia, mesmo que esses serviços tornem-se escassos. E na perspectiva ecológica? O capital natural restante passa a ser o fator limitativo do crescimento econômico num ecossistema saturado. A economia ecológica incorpora nos seus fundamentos as Leis da Termodinâmica. A primeira lei afirma, essencialmente, que não se pode criar ou destruir energia e matéria. O que se usa de recursos naturais renováveis e não renováveis tem de terminar de alguma forma no ecossistema. Por exemplo: o consumo de carvão num período é igual ao montante de gases residuais e de sólidos produzidos pela combustão do carvão. Contudo, a segunda Lei da Termodinâmica nos informa que os materiais usados na economia JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 17
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PÁGINAS VERDES
tendem a ser usados entropicamente – dissipam-se no sistema econômico. Há casos em que não é tecnicamente factível reciclá-los, como o chumbo na gasolina. Em outros casos, a reciclagem custa enormes quantias de dinheiro para extração dos materiais, tal como alumínio, aço e chumbo em um automóvel. Entretanto, outras dezenas de componentes, como os plásticos, não podem. Esses resíduos vão para o meio ambiente, que tem a capacidade de converter muitos deles em produtos inócuos ou ecologicamente úteis. Enfim, as atividades econômicas extraem recursos da natureza de baixa entropia e devolvem à natureza recursos de elevada entropia. E as implicações práticas dessas leis para a vida e a sobrevivência dos seres humanos? Elas podem ser sumarizadas nas regras da sustentabilidade dos recursos naturais. Entre elas podemos destacar as principais. Utilizar os recursos renováveis a taxas menores ou iguais à taxa natural. Otimizar a eficiência com a qual recursos não renováveis são usados, sujeito ao grau de substituição entre recursos e ao progresso tecnológico. Manter sempre os fluxos de resíduos no meio ambiente no nível igual ou abaixo de sua capacidade assimilativa. A vegetação nativa e os ecossistemas críticos devem ser preservados, reabilitados e/ou restaurados. A exploração futura do capital natural deveria ser restrita às áreas já fortemente modificadas pelas atividades humanas prévias, como, por exemplo, a produção de biodiesel de dendê em áreas de pastagens degradadas na Amazônia. E um exemplo mineiro? Esta questão pode ser ilustrada pela configuração histórica de uma dualidade espacial no processo de desenvolvimento do nosso Estado. Apesar do esforço político-administrativo de diferentes governos estaduais, a nossa economia ainda se situa entre as que 18 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
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Os Estados Unidos têm 5% da população mundial e consomem 50% da energia do planeta
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têm um nível de crescimento inferior à média do nível do Brasil. Alguns números são ilustrativos. Em 1985, a participação relativa do PIB do Estado em relação ao PIB do Brasil a preços correntes era de 9,61%. Sem ultrapassar a marca dos 10%, essa participação chegou a 9,32%, em 2010. Da mesma forma, o PIB per capita de Minas, que representava 91,6% do PIB per capita do Brasil em 2000, chega a 90,7% em 2010, segundo o IBGE. Considerando que, ao longo dos últimos 15 anos, houve várias experiências bem-sucedidas de promoção industrial visando a atrair novos projetos de investimento para o Estado, porque essa situação de persistência de uma posição relativamente estagnada da economia de Minas no cenário nacional? Basta observar que dos 853 municípios do Estado, 453 tinham PIB per capita inferior à metade do PIB per capita brasileiro, em 2010. Quase todos esses municípios se localizam no Norte de Minas, no Vale do Jequitinhonha, no Vale do Mucuri e em algumas microrregiões do Vale do Rio Doce e da Zona da Mata. Desses 453 municípios, 159 têm o PIB per capita inferior a 30% do PIB per capita brasileiro. Como esses municípios sobrevivem economicamente? Em geral, cerca de 60% de suas famílias estão protegidas por alguma política social compensatória do Governo Federal (Bolsa-Família, Previdência Social, benefícios sociais continuados, etc.) e mais de 70% dos recursos orçamentários de inúmeras de suas prefeituras vêm de alguma forma das transferências fiscais do Governo Federal (Fundo
de Participação dos Municípios, Fundo de Saúde, de Educação, etc.). O que esses municípios têm em comum em sua dinâmica econômica? Uma história do uso predatório ou não sustentável de sua base de recursos naturais renováveis e não renováveis. Historicamente, é possível situar essa degradação ambiental ao longo do ciclo do ouro, do ciclo do diamante, do desmatamento da Mata Atlântica, da ocupação desordenada do Cerrado, etc. A perda da qualidade de vida nessas regiões resulta na mesma medida da redução da natureza naturais e, em sequência, a formação dos bolsões de pobreza. Esses bolsões se contrapõem à prosperidade econômica e ao progresso social das áreas do Triângulo Mineiro, do Sul de Minas, do Alto Paranaíba e do Noroeste de Minas, configurando uma dualidade espacial no desenvolvimento do Estado. O que fazer? Como tem insistido Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia de 1998, a responsabilidade social de sustentabilidade não pode ser deixada inteiramente por conta do mercado, uma vez que o futuro não está adequadamente representado no mercado. O Estado deve servir como gestor dos interesses das futuras gerações, por meio de políticas públicas que utilizem mecanismos regulatórios ou de mercado, a fim de proteger o meio ambiente global e a base de recursos para as pessoas que ainda vão nascer. É possível pensar em políticas públicas ambientais no atual contexto da crise econômico-financeira global? A crise econômica e financeira, iniciada em 2008, vem se aprofundando em escala global e não há no horizonte de curto prazo indicativos de que ela possa ser superada sem que o capitalismo venha a encontrar os caminhos de um novo paradigma para sua dinâmica de desenvolvimento sustentável. Em contextos como esse, o capitalismo
PA U LO H A D DA D Economista e ex-ministro da Fazenda e Planejamento do Governo Itamar Franco
não tende a sucumbir; ao contrário, produção e de consumo de milhões e benefícios para a sociedade. São ciconcentra suas energias político-ins- milhões de habitantes que estão se in- tados como benefícios: a diminuição titucionais e se reestrutura. Dada a corporando às economias de mercado. da exaustão dos recursos naturais em experiência histórica de evolução do Essa incorporação dá-se pelas vias dos uma ponta da cadeia de valor; a dimicapitalismo, esse novo paradigma incessantes ganhos de produtividade nuição dos níveis de poluição na outra pode estar associado, a princípio, à resultantes de inovações científicas e ponta; e a formação de uma base para concepção e à implementação de tecnológicas, da irreversível entrada ampliar o emprego de qualidade em uma nova onda de inovações. Desde da China na lógica da economia capi- escala mundial. o século 18, as ondas de inovações de talista, da melhoria da distribuição de natureza Schumpeteriana (novos pro- renda e da riqueza em muitos países O que podemos esperar no caso cessos, novos produtos, novos mer- emergentes, como no próprio Brasil, brasileiro? cados, novas formas de organização etc. Somam-se, a tudo isto, os impac- As questões de desenvolvimento econôprodutiva) são o motor das grandes tos destrutivos que as mudanças cli- mico e socioambiental que estão claratransformações estrutumente definidas no atual rais do capitalismo. Essas contexto histórico do Braondas vão desde a introsil exigem uma perspectiva A SETE amplia a qualidade de estudos e projetos ambientais dução da energia a vapor de longo prazo para o seu na Região Norte, com seu escritório em Parauapebas. nos sistemas produtivos equacionamento. Entre até as redes digitais nas essas questões destacamAP últimas décadas do sécuse: a eliminação dos garlo 20. Trouxeram grande galos na infraestrutura prosperidade para muitas econômica, o desenvolnações que se tornaram vimento das centenas de as mais desenvolvidas no municípios e das inúmeras AM cenário internacional. áreas economicamente dePA MA primidas, a transição das Parauapebas Quais inovações políticas sociais compenpoderiam retirar as satórias para as políticas de economias desenvolredução das desigualdades TO vidas e emergentes do e assimetrias sociais, uma imbróglio recessivo e política de preservação e Rua F, nº 50, União - Parauapebas/ PA gerar novos ciclos de de restauração da nossa Telefone: (94) 3346-7628 BA base de recursos naturais, expansão? Uma observação prelietc. Um bom sistema de www.sete-sta.com.br minar em que às cinco planejamento de longo D DF ondas de inovações que prazo (mais indicativo, se desdobraram historimais flexível, mais exato, camente de 1785 até o fim do século máticas têm provocado sobre os ecos- mais rápido, mais descentralizado, mais 20. Todas resultaram em aumentos sistemas mundiais. participativo) pode ajudar na construsignificativos na produtividade da ção de uma sociedade mais competitimão de obra. Multiplicaram o rendi- E as consequências dessas inova- va sistemicamente, mais justa socialmento do trabalho por algumas cen- ções para a dinâmica do capitamente e com melhor contrato natural. tenas de vezes em relação aos valores lismo no século 21? Contudo, as nossas experiências mais que prevaleciam até a Primeira Revo- A sexta onda de inovações - biomimé- recentes mostram também o fracasso lução Industrial. tica, nanotecnologia verde, ecologia do planejamento como processo, em A sexta onda de inovações, que já industrial e sistema de design inte- que a grande maioria das políticas, tem avançado lenta e exponencialmen- grado - deverá gerar uma nova dinâ- programas e projetos tem descarrilado te ao longo das três últimas décadas, mica da economia de mercado a qual não nas etapas iniciais de formulação deverá estar centrada em um aumento vem sendo denominada Capitalismo ou de mobilização das expectativas e radical na produtividade dos recursos Natural. Do ponto de vista histórico, aspirações dos beneficiários, mas na naturais, visando a ampliar a capaci- a nova configuração do capitalismo etapa da arte de implementação. Sem dade de suporte do Planeta para aco- pressupõe a criação de uma nova re- dúvida, uma indicação de nosso submodar a intensificação dos níveis de volução industrial que trará grandes desenvolvimento político. Q JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 19
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Acesse o blog do Hiram:
SOU ECOLÓGICO
hiramfirmino.blogspot.com
1.
“A QUESTÃO AMBIENTAL É PROBLEMA DE TODOS”
C de “Sabemos municípios mineiros que já não têm água para irrigação, nem para a geração de energia e abastecimento humano
”
Adriano Magalhães
20 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
om a presença de 500 pessoas, entre secretários de Estado, prefeitos, representantes de órgãos públicos, de ONGs e da sociedade civil foram empossados, na chuvosa tarde de três de junho, os novos integrantes do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A cerimônia, realizada no Auditório JK, na Cidade Administrativa, marcou a abertura da ‘Semana do Meio Ambiente 2013’, quando também foi anunciada a criação de três novas Unidades de Conservação em Minas: os Refúgios Estaduais de Vida Silvestre de Macaúbas, Cauaia e Serra das Aroeiras, localizadas no Vetor Norte da Região Metropolitana de BH. Foram empossados 964 conselheiros das 17 Unidades Regionais Colegiadas para o triênio 2013/2016. Por meio de suas câmaras técnicas, cabe ao Copam aprovar as Deliberações Normativas (DNs) e definir as recomendações para as políticas de meio ambiente no Estado. Além de destacar a importância do Copam como exemplo de conselho democrático e participativo para o país, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, destacou desafios enfrentados na gestão ambiental em Minas, entre
eles a necessidade de deliberar sobre temas ligados à água em sintonia com a pauta de licenciamento ambiental e a agenda florestal. “Sabemos de municípios mineiros que já não têm água para irrigação, nem para a geração de energia e abastecimento humano. Bacias inteiras e muito próximas de nós, como as dos rios das Velhas e Paraopeba, já enfrentam sérios problemas de fornecimento, outorga e disponibilidade de água. Mesmo ainda sendo Minas a grande caixa d’água do Brasil, não imaginávamos que essa realidade bateria à nossa porta tão rápido, tão cedo”, ponderou o secretário. E categórico, sentenciou: “A questão ambiental não é mais um problema apenas do Sisema e da Semad; é de todos nós. E só vamos avançar se caminhamos juntos, se nos dermos as mãos. Portanto, deixo aqui o meu apelo a todos os novos conselheiros: temos de encarar a questão ambiental e da nossa sobrevivência no planeta, não como um problema, mas como um dever. A nossa responsabilidade na tomada de decisões, na aprovação e validação de projetos no Copam, é compartilhada. Temos de seguir juntos, buscando avanços e melhorias permanentes”.
FOTOS: 1. JANICE DRUMOND/ASCOM SISEMA
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1 GENTE ECOLOGICA
1.
“A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados” LEONEL BRIZOLA
2.
“A vida é um processo, é como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor”
“Só quero saúde! Beleza tem prazo!” MARIA FERNANDA CÂNDIDO, atriz
LYA LUFT, escritora
5.
3.
“Como você sabe, os loucos sempre encontram as portas do céu abertas” MARTHA MEDEIROS, escritora 22 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
“A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final” LUÍS FERNANDO VERISSIMO, escritor
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CRESCENDO
"Jogar comida fora é como roubar da mesa dos que são pobres e têm fome" PAPA FRANCISCO 6.
"A luta ecológica é como água procurando o mar. Ela brota na serra, ora se acalma num remanso, ora se agita na cachoeira, fica caudalosa na planície, se encolhe na grota... mas nunca volta sem perder o seu rumo, por ser fruto de um sentimento natural"
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ÁRVORES A polêmica sobre o tratamento adequado contra as moscas brancas que estão destruindo os fícus em Belo Horizonte parece chegar a um final feliz. No começo deste mês, foi iniciado um tratamento à base de inseticida orgânico de óleo de nin. A aplicação já foi feita em 47 árvores da Avenida Barbacena, no Barro Preto. Antes do tratamento foram detectadas uma média de 16 pragas em cada folha. Depois de 15 dias esse número caiu para 0,3.
JOSÉ CARLOS CARVALHO, ex-ministro do Meio Ambiente 7.
"Só jogue no rio, ou no mar, o que o peixe pode comer" ZIRALDO, cartunista 8.
"Ao dar às pessoas o poder de partilhar, estamos tornando o mundo mais transparente" MARK ZUCKERBERG, um dos fundadores do Facebook
"Tive o privilégio de ter uma avó e uma mãe que me ensinaram que a coisa mais importante do mundo é a liberdade" 10.
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ZULEIKA TORQUETTI A presidente da nova Feam deu um show de competência técnica e elegância, durante a mesa-redonda sobre os desafios e legados da Copa do Mundo, em BH. Ela não só acrescentou as melhorias ambientais que o futebol pode trazer, como contornou a ação de um grupo de manifestantes que tentaram politizar e agredir o secretário da Secopa, Tiago Lacerda.
GLÓRIA MARIA, jornalista
FOTOS: 1. AGÊNCIA BRASIL 2. JB ECOLÓGICO 3. CÍCERO RODRIGUES 4-5. REPRODUÇÃO 6. AGÊNCIA BRASIL 7-11-12. FERNANDA MANN 8. JB ECOLÓGICO 9.JUSTIN SULLIVAN 10.DIVULGAÇÃO
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 23
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ECONECTADO CRISTIANE MENDONÇA
ECO PROMOÇÃO TWITTANDO O “Não é novidade, todos já desconfiavam: o governo dos EUA está vigiando TODO MUNDO, na rede: http://bit.ly/113xOdQ e o .BR?” @srlm - Sílvio Meira, engenheiro de software
Curta a página do Prêmio Hugo Werneck no Facebook e concorra ao livro “Viagens do Naturalista Saint-Hilaire por toda província de Minas Gerais”. O sorteio será feito no dia 11 de julho; e o resultado, divulgado nas nossas mídias sociais. Curta: www.facebook.com/premiohugowerneck
O “Índios x brancos: o que não falta é terra” @paulogbarreto - Paulo Barreto, mestre em Ciências Florestais
ECO LINKS
O “Onde fica o papel indigenista e mediador da Funai?” @MMarcosTerena MMarcosTerena, líder indígena O “Seus filhos vão provar o mundo. Cabe a você decidir: sozinhos ou acompanhados” @blogdosakamoto - Leonardo Sakamoto, jornalista O “Ano Internacional da Água: Brasil precisa fazer o dever de casa” @betoverissimo – Beto Veríssimo, co-fundador do Imazon O “Os orgânicos não fazem bem só à saúde do indivíduo, são bons para a saúde do ambiente” @Joe_Valle - Joe Valle, engenheiro florestal O “A realidade é um problema intransponível!” @MarceloTas - Marcelo Tas, apresentador O “Muito impressionante a entrevista do Snowdon, que vazou os documentos da megabisbilhotice da inteligência americana. Vale ler!” @MonicaWaldvogel - Mônica Waldvogel, jornalista O “Todos os níveis hierárquicos devem participar e abraçar as práticas sustentáveis” @pluraleemsite - Sônia Araripe, jornalista O “É um equívoco atribuir às tribos ou aos escravos toda a carga das raízes do país. Brasil é soma, não seleção” @neiduclos - Nei Duclós, poeta O “Estou encantado com o LEAF da Nissan. Peguei um, dos dois táxis 100% elétricos da frota de táxis no aeroporto Santos Dumont” @SergioMarone – Sérgio Marone, ator O “Mais uma vitória ruralista (e mais um pedaço do país a ser destruído). Aprovado plantio de cana na Amazônia Legal” @felipedjeguaka - Felipe Milanez, ambientalista
Não precisa ser um expert em artesanato para conseguir transformar um objeto que deixou de ser usado. Na internet podemos encontrar várias dicas fáceis de como fazer de um velho jeans um porta-trecos, por exemplo! A ideia vale para botões de camisas, potes de vidros, garrafas PETs, tecidos, móveis estragados, entre uma infinidade de materiais. Separamos aqui três links bacanas para quem é adepto RECICLAGEM E DECORAÇÃO Vidros são do reuso! Veja: reutilizados como porta-talheres O O blog www.artesanatoereciclagemladoalado.blogspot.com.br tem centenas de fotos que vão lhe dar milhões de ideias! O O www.luxodolixo.blogspot.com.br indica vários tutoriais de como, por exemplo, transformar um filtro de café em uma luminária de rosas. O E, por último, o www.reciclagemearte.blogspot.com.br dá o passo a passo de customização de roupas a brindes ecológicos! APLICATIVO DO BEM Um aplicativo criado por desenvolvedores brasileiros foi eleito o melhor app urbano do mundo, durante um evento em São Paulo, onde concorriam aplicativos móveis de Israel e dos Estados Unidos. O Colab cria redes sociais para incentivar o melhor exercício da cidadania. Por meio de fotos e geolocalização, ele conecta cidadãos às cidades com base em três pilares de interação: pessoas que reportam questões urbanas cotidianas; elaboração e proposta de novos projetos e soluções; e avaliação de serCOLAB Oportunidade de fiscalizar e avaliar o poder público viços públicos. Os cinco criadores do aplicativo, Bruno Aracaty, Gustavo Maia, Paulo Pandolfi, Josemando Sobral e Vitor Guedes, de Recife e São Paulo, receberam o prêmio de cinco mil dólares. O Colab é um aplicativo gratuito e pode ser encontrado no Google Play play.google.com
REPÓRTER ECOLÓGICO Quer ser um Repórter Ecológico? Basta enviar foto, texto ou vídeo sobre algum tema ambiental para redacao@revistaecologico.com.br com nome completo e colocar no assunto “Repórter Ecológico”. Sua notícia pode ser publicada aqui! FOTOS: DIVULGAÇÃO
CÉU DE BRASÍLIA VINÍCIUS CARVALHO
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INDÍGENAS NO PLANALTO O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recebeu um grupo de 145 indígenas de seis etnias no Palácio do Planalto para tratar da ocupação nos canteiros da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O ministro disse que os índios serão ouvidos, mas não poderão mudar a decisão do governo de prosseguir com as obras. “Não vou enganar vocês. Vocês não vão ter direito a veto. Vou ter que ser muito sincero: se na consulta prévia for perguntado e for dito ‘não’, o governo vai repensar, mas a lei dá o direito ao governo de fazer a obra”.
1.
DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA 1 A Amazônia Legal registrou a menor taxa de desmatamento desde 1988, ano em que o Inpe deu início à série histórica na região. Entre agosto de 2011 e julho de 2012, o Brasil perdeu 4.571 km² de floresta. É uma queda de 84% no desmatamento em relação a 2004. Naquele ano, a Amazônia perdeu 27.772 km², a segunda maior taxa registrada desde o início da série histórica – o pior índice foi em 1995, quando o desmatamento atingiu 29.059 km².
DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA 2
REAÇÃO INDÍGENA
Apesar das boas novas, o Greenpeace lembra que a redução do desmatamento, 84%, só parece tão grande porque 2004 foi o ano com a segunda maior devastação da história. A ONG também questionou a afirmação da presidente de que o Código Florestal brasileiro é um dos mais avançados do planeta. “A presidente esquece dos retrocessos, da anistia e da alta do desmatamento [depois da aprovação da nova legislação]”, argumenta a ONG.
Após o assassinato de dois índios Terenas no Mato Grosso do Sul, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) voltou a atacar o governo federal. Em nota oficial, a instituição lembra que, desde sua posse, em janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff nunca recebeu uma delegação indígena para tratar de demarcações ou de outros assuntos do seu interesse - o contrário da atenção prestada pela presidente aos ruralistas.
RESÍDUOS SÓLIDOS
MATA ATLÂNTICA EM RISCO Entre os anos de 2011 e 2012, o desmatamento na Mata Atlântica devastou uma área de 235 km² de floresta - a maior taxa anual desde 2008. As informações fazem parte do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado pelo Inpe e pela ONG SOS Mata Atlântica. Minas foi o estado que mais desmatou: 107 km².
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26 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
A pouco mais de um ano do prazo estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para que os municípios deem fim à destinação inadequada do lixo, mais de 3 mil cidades brasileiras enviaram resíduos para destinos considerados inadequados. Segundo a Abrelpe, foram quase 24 milhões de toneladas em 2012, o equivalente a 168 estádios do Maracanã lotados. FOTOS: 1, 2 SANAKAN | 3. ANTONIO CRUZ/ABR | 4. AGÊNCIA BRASIL
CÓDIGO FLORESTAL A implementação do novo Código Florestal leva o Brasil a perder entre 15% e 40% de áreas previstas para conservação obrigatória, dependendo da região, mas também oferece uma legislação mais fácil de ser aplicada na prática, que permite maior preservação efetiva. A informação consta de estudo da ONG The Nature Conservancy (TNC).
REDUÇÃO DE EMISSÕES Puxado pela queda no desmatamento na Amazônia, o Brasil conseguiu reduzir em 38,4% a emissão de gases do efeito estufa entre 2005 e 2010, segundo estimativa divulgada pelo governo federal. O total emitido pelo país em 2010 foi de 1,25 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, comparado a 2,03 bilhões emitidos em 2005, data limite do último inventário. Isso representa 65% da meta de redução estabelecida pelo Brasil até 2020.
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ÓLEO NA AMAZÔNIA Dois vazamentos de óleo na bacia amazônica, uma no rio Negro, nas proximidades de Manaus, e outra no Napo, na selva equatoriana, deixaram o governo brasileiro em alerta. A Capitania dos Portos do Amazonas abriu inquérito para apurar o derramamento de diesel nas instalações da Transpetro.
1 INOVAÇÃO
NOVA ECOLÓGICO,
DESAFIO MANTIDO
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ovo papel, mais ecológico. Novo projeto gráfico, mais leve e agradável. Nova tiragem, subindo para 26 mil exemplares, além da adoção, em breve, por todas as escolas do Estado. Novas páginas para o bom e combativo jornalismo. E o compromisso de sempre: tornar-se referência em Minas e no país, em informação de qualidade sobre sustentabilidade na grande mídia impressa e digital brasileira. É isso, caro leitor, caro assinante e caro anunciante, que vocês compartilharão doravante, a cada lua cheia teimosa no céu, com a nova Revista ECOLÓGICO, a mais respeitada e jornalística publicação sobre meio ambiente, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social com circulação ininterrupta a mais de duas décadas. Já fomos, durante nove anos consecutivos, o suplemento ESTADO ECOLÓGICO no jornal “Estado de Minas”. Outros nove anos, a JB ECOLÓGICO, no “Jornal do Brasil”. E já a mais de quatro anos, em carreira solo, a sua Revista ECOLÓGICO, das montanhas de Minas até o planalto central do Brasil, como cantava Caetano. Uma publicação que, religiosamente e seguindo o calendário da natureza, a cada 28 dias é distribuída, via Correios, para todo o mundo político, empresarial e institucional brasileiro, além de personalidades e formadores de opinião na nossa terra brasilis. Além da sua venda em bancas e por assinatura. A nossa consolidação no disputado mercado editorial mineiro e nacional, por se tratar de um tema que ainda não é pop - “sustentabilidade”, lato senso, significa “sobrevivência” do planeta e de todos nós - é um dos pri28 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
PAULO ROBERTO VILLAMARIM E ELSON VALIM apoio da Fundação Dom Cabral
meiros resultados concretos do nosso Planejamento Estratégico´2013. Feito em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), eleita a oitava maior escola de negócios do mundo, ele foi lançado recentemente, na sede da ECOLÓGICO, na capital mineira, em solenidade simples e afetiva, presidida pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães. Junto dele, também estiveram presentes
os professores Elson Valim e Paulo Roberto Villamarim, respectivamente, diretor-executivo e especialista em Gestão de Pessoas da FDC. Ao descerrar a placa que define e evidencia os valores, princípios, visão e missão da ECOLÓGICO, o secretário destacou a importância da revista como instrumento de aglutinação, envolvimento e disseminação da informação ambiental num estado, país e mundo em desequilíbrio crescente e acelerado.
Adriano também destacou o caráter educativo da revista, tanto junto às escolas quanto nas empresas, por meio de assinaturas corporativas, que exercem atividades de educação ambiental dentro e fora de suas instalações, ajudando na igual conscientização ecológica de suas comunidades de entorno: “É inegável a contribuição da Revista ECOLÓGICO em abordar e discutir um tema tão transversal, urgente e necessário, que é a questão ambiental e a sustentabidade que todos hoje buscamos, conscientes ou não, do estado do mundo. É elogiável como a sua equipe de profissionais apaixonados que são pela causa, consegue nos envolver e aprofundar essa discussão de maneira inédita, bela, imparcial, séria, objetiva e didática ao mesmo tempo”. Bem-vindo à nova ECOLÓGICO! A natureza que nos sustenta e o amor que Hugo Werneck pregava agradecem mais ainda. A equipe FOTOS: FERNANDA MANN
ADRIANO MAGALHÃES E HIRAM FIRMINO parceria na causa comum
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ESTADO DE ALERTA MARIA DALCE RICAS (*)
DESMATAMENTO AUTORIZADO Fragmentar o licenciamento virou prática em Minas
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FILME ANTIGO Entra eucalipto, sai a Mata Atlântica 30 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
m recente decisão, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais acatou ação do Ministério Público e suspendeu todos os atos autorizativos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), para supressão de Mata Atlântica e plantio, no município de Jequitinhonha, concedidos à empresa Fazendas Reunidas Viena. Segundo a ação, entre 2009 e 2013, ela desmatou 3.078 ha de Mata Atlântica, em estágios médio e avançado de regeneração para plantio de eucalipto. As autorizações são duplamente ilegais, porque nos estágios de recuperação mencionados só pode haver supressão em situações de utilidade pública ou de interesse social, que não é o caso, e mediante licenciamento. O desmatamento foi autorizado por propriedade e não pelo empreendimento como um todo, caracterizando prática de fragmentar o licenciamento. Esse tipo de ação vem sendo denunciada há tempos pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente e outras entidades. O primeiro grande caso foi o da Fazenda Vitória, com cerca de 4.000 ha, na qual o Instituto Estadual de Florestas (IEF) autorizou plantio de eucalipto na zona de amortecimento do Parque Estadual Serra do Cabral em 2007. Graças à ação do Ministério Público, o plantio foi paralisado, mas a prática permaneceu. O caso da Fazendas Reunidas Viena compõe o quadro que levou a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais a apontarem Minas, pela quarta vez consecutiva, como o estado campeão da derrubada do bioma no país, seguido pela Bahia e o Piauí. Nos últimos três anos, segundo dados do IEF, entraram em Minas cerca de 740.000 m³ de carvão provenientes da derrubada da Mata Atlântica da Serra Vermelha do estado. O pior disso tudo é perceber que o Governo de Minas parece não se importar com o desonroso título, já que nesse período nada fez para mudar a situação. Nesse cenário, a Semad aparece frente à sociedade como responsável, o que em parte é verdade, já que cabe a ela a responsabilidade direta pela proteção da Mata Atlântica em Minas. Mas é preciso ainda olhar além. Proteger a Mata Atlântica e paralisar o desmatamento, diante de tanta área já desmatada, são ações previstas na política do Governo de Minas, ou a postura da Semad reflete orientação ou, no mínimo, descaso do Palácio Tiradentes? No jogo de cartas do poder, quem tem “ases e reis”, a Semad ou a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento? Q (*) Superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda)
FOTOS: 1. DOMÍNIO PÚBLICO | 2. FLÁVIO DAYRELL GONTIJO
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ECO CONSTRUÇÃO CRISTIANE SILVEIRA DE LACERDA (*)
CIDADES, MAIS QUE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
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erta vez encontrei-me com o professor da Universidade acreditam na possibilidade de mudança. É um sinal vermelho de Roma, Domenico de Masi, sociólogo, autor de vários forte, ou melhor, verde fosforescente de que a possibilidade existe livros encantadores, como o que trabalhei muito com os e está materializada. meus alunos, a fim de incentivá-los a desenvolver a criatividade e A beleza da sustentabilidade me foi relatada por uma amiga, o pensamento estratégico, com o livro “A Emoção e a Regra – Os Helena, que acaba de perder a mãe, uma notável professora da Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950”. Universidade Federal de Minas Gerais, engenheira Delba GonCompartilho aqui um pedacinho de sua introdução, o trecho tijo Figueiredo, formada no ano de 1953. Helena conta que a em que o professor Domenico fala sobre a fenomenologia do mãe, em suas últimas semanas, ficava durante grande parte do criativo: “As habilidades intelectuais e a preparação rigorosa dos seu tempo com os olhos fechados e em silêncio. Em poucos moindivíduos são exaltadas por um forte envolvimento emotivo e, mentos ela abria os olhos e conversava, apesar de sua voz mais fraquase sempre, por uma admirável correção profissional, além de ca. Em um desses momentos, Helena relatou a ela as novidades um forte senso de união por pertencer ao mesmo grupo. Espírito da construção sustentável, principalmente as relativas ao projeto de iniciativa, confiança recíproca, vontade de paisagismo sustentável em que está trafirme, dedicação total, flexibilidade, precebalhando. Então, a professora Delba abriu O desafio é não dência ligada à expressividade do trabalho seus olhos, escutou atentamente e sorriu. mais do que à instrumentalidade, orientaE, ao final, do alto dos seus 87 anos, disse fazermos apenas ção para o trabalho criativo, de preferência “Quantas novidades!... Vai me contando à vida extralaboral, mas também multiplici- construções sustentáveis, sempre, filha. Preciso aprender mais...”. mas também cidades dade de interesses, competitividade nos conFica aqui então nosso carinho pela profrontos com grupos concorrentes e solidariefessora Delba, que se juntou às estrelas sustentáveis dade para com os colegas do mesmo grupo, para, de lá, cuidar de nós e nos inspirar Domenico de Masi segurança das próprias ideias e capacidade a aprender a cada dia mais. O professor organizativa às vezes acompanhada de ingeDomenico nos deixa o desafio de não fanuidade exagerada e de ousada disponibilidade para com o risco, zermos apenas construções sustentáveis, mas também cidades culto pela estética, pelos valores, pela dignidade e pela suprema- sustentáveis. A nossa saudosa engenheira Delba, nos lembra da cia da arte e da ciência acima de qualquer outra expressão da necessidade de abertura e do desejo e humildade pela busca inatividade humana”. cessante pelo conhecimento. Criatividade, paixão e disciplina se Levei o meu livro no encontro e ganhei um autógrafo do mes- unem nas palavras dos mestres pela busca da mudança que nos tre. Conversando sobre a minha atividade, Domenico me per- fará tão bem, em um tempo que urge e nos clama à sustentabiliguntou como éramos capazes de fazer obras sustentáveis em ci- dade de nós mesmos. dades insustentáveis. Eu respondi concordando ser difícil a soma, “Somente diante do uso de tecnologias mais inteligentes, um mas que tentamos mitigar o problema, criando pequenos oásis maior respeito pelos recursos naturais e um passo no sentido da em meio ao caos. exploração dos recursos renováveis e das práticas renováveis e A construção sustentável se apresenta como um modelo, como autossuficientes, poderemos fazer frente à pressão. A cidade deum exemplo em escala menor para as cidades. Aponta a direção sempenha um papel-chave nesse esforço para estabelecer uma para as estratégias possíveis de: gestão de resíduos da construção relação mais simbiótica com o território. Os edifícios são peçase da operação, otimização no uso dos recursos hídricos e energé- chave da cidade, e seu desenho, inspirado nas análises do ciclo de ticos, seleção de materiais duráveis e que apresentem ao mesmo vida, também pode contribuir com esse esforço.” tempo conteúdos reciclados ou recicláveis, e com menores índices de toxidade, além do foco no desenvolvimento regional. Os edifícios verdes funcionam um pouco como a acupuntura (*) Diretora da EcoConstruct Brazil – www.ecoconstruct.com.br urbana do Jaime Lerner. São pontos que estimulam positivamenProfessora Coordenadora do MBA Edifícios Sustentáveis: te a cidade, desobstruindo os paradigmas arraigados dos que não Projeto e Performance da Universidade FUMEC.
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“Os edifícios são peças chave da cidade, e seu desenho, inspirado nas análises do ciclo de vida, também pode contribuir com este esforço
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PROFISSIONAL LEED AP
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TINTAS MINERAIS, NATURAIS OU SUSTENTÁVEIS A Tinta Solum não tem em Eduardo Moreira, arquiteto, sua composição metais pesados diretor da 1PRA1 Arquitetura nos pergunta sobre contatos de encontrados em pigmentos fornecedores de tintas minerais, sintéticos, é um produto livre naturais, sustentáveis. dos COVs (Compostos Voláteis Recomendamos a Tinta Solum. Orgânicos), substâncias poluentes Trata-se de um derivadas do revestimento mineral petróleo que à base de terra agridem a camada crua, retirado de de ozônio. Portanto, jazidas licenciadas atóxica e inodora, e usa como base a reduzindo os riscos água. Desenvolvida de alergias. com pigmentos das Um fato terras brasileiras, interessante sobre sua textura delicada a tinta Solum foi permite vários tipos o lançamento em de acabamento. 2011 da Linha 2. Pronta para o uso, RESTAURO e uma ela pode ser aplicada das cores de sua IGREJA DE SÃO JOSÉ em áreas internas e paleta, o BRANCO Belo Horizonte externas e, como não MINAS. Ela foi aplicada possui plastificante, não na restauração da cria película ou bolhas. Igreja de São José e na Capela As 15 cores são produzidas em de Bom Jesus dos Matosinhos um processo físico sem auxílio em Congonhas (MG). Mais uma de meio químico e com baixo dica, caso queira reduzir a carga uso de energia. A aplicação em térmica de sua edificação, opte paredes internas proporciona um pelas cores mais claras. ambiente mais saudável, por não fechar os poros das superfícies, SAIBA MAIS permitindo um equilíbrio da umidade relativa do ar. www.tintasolum.com.br
FOTOS: 1. FELIPE GOMBOSSY 2.3. REPRODUÇÃO
A Arquiteta Ana Lúcia Chagas Barbosa Santos, profissional que está cuidando da documentação LEED para a certificação de construção sustentável da Nova Loja TETUM, foi aprovada LEED AP (Accredited Professional). Após 2 horas de duração da prova, Ana Lúcia acertou 176 dos 200 pontos distribuídos com um aproveitamento de 88%. Analu, além de profissional AP LEED, é arquiteta, esposa e mãe. Parabenizamos também suas duas filhas Clara (15 anos), e Amanda (9 anos) ,e o marido, João, pela conquista.
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PERFIL | ÉRICA DRUMOND DIRETORA-PRESIDENTE DA VERT HOTÉIS
A HOTELARIA SUSTENTÁVEL Luciana Moraes |
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om sede em Belo Horizonte, a Vert Hotéis iniciou suas atividades em 2010 e já tem importantes conquistas a comemorar. A rede tem três unidades ‘Ramada’ em operação – São Paulo, Rio de Janeiro e Lagoa Santa (MG) – e mais 14 contratos de hotéis em construção ou em fase final de aprovação assinados. A parceria com a Wyndham, maior grupo hoteleiro do mundo, prevê um contrato inicial de 25 anos, e a expectativa da Vert é ter 45 hotéis com a marca Ramada em operação no Brasil num horizonte de 15 anos. À frente da Vert está a empresária e ex-secretária de Turismo de Minas, Érica Drumond, que tem procurado hastear também a bandeira da sustentabilidade em seus negócios. Contando com o apoio e know-how da Wyndham – e amparada em conceitos como inovação, conservação de água e de energia, reciclagem e inserção da comunidade do entorno no desenvolvimento de seus empreendimentos –, Érica afirma: “A busca pela sustentabilidade é um desafio permanente; ainda não somos uma empresa 100% verde. Mas estamos procurando evoluir e aprender a cada dia, porque esse é o caminho.” Confira:
1.
ÉRICA DRUMOND “Somos todos hóspedes neste planeta”
A Vert se apresenta como uma empresa ‘verde’, tendo como principal pilar do negócio a sustentabilidade. Isso explica a escolha do nome Vert (verde em francês) e do slogan “somos todos hóspedes neste planeta”? Sim. Essa é a visão que procuramos imprimir ao nosso negócio. Nascemos com a vontade de nos consolidar no mercado como uma operadora de equipamentos
‘verdes’, com funcionários que abracem de fato essa causa, adotando práticas mais sustentáveis no dia a dia, e também com o compromisso de envolver a comunidade e os nossos hóspedes. Por isso, nos aliamos à Wyndham, que tem um dos mais sólidos programas de sustentabilidade em hotelaria no mundo – e estamos buscando aplicar conceitos de sustentabilidade tanto nos hotéis que operamos quanto nos que estamos construindo. Nosso foco é reciclar, reutilizar, fazer mais com menos, mas mantendo sempre o conforto dos hóspedes e a qualidade dos serviços que prestamos. Não é o hóspede que tem que economizar água durante o banho, por exemplo, ou evitar deixar a luz acesa: nós é que temos de oferecer condições e equipamentos que permitam reduzir, de fato, os gastos com água e energia. Os conceitos e práticas ecológicas se aplicam tanto aos empreendimentos em construção quanto na operação dos que já existem? Quais são as principais iniciativas? Temos investido bastante na melhoria da operação. Começamos pela reformulação da nossa carteira de fornecedores, dando preferência aos que oferecem, por exemplo, produtos biodegradáveis e uniformes confeccionados com tecidos ecológicos, como malhas feitas à base de PET. Também não trocamos toalhas e roupas de cama diariamente. Para hóspedes que ficam conosco por até três noites, mantemos o mesmo lençol e a mesma toalha, considerando que, na maioria das casas, essa troca é feita semanalmente. A ideia é tornar o hóspede um dos atores dessa mudança de hábitos, informando a ele o quanto é econo-
QUEM É ELA
Empresária hoteleira há mais de 20 anos, Érica Drumond é especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas, pela Newton Paiva. Sócia do Grupo Maquiné Empreendimentos – empresa de sua família que administra o Hotel Ouro Minas, único cinco estrelas de Belo Horizonte, além dos motéis Green Park e Forest Hills – foi também secretária estadual de Turismo(2007-2010). Atuou, ainda, como presidente do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau – onde criou a campanha de sucesso “Eu Amo BH Radicalmente”; como diretora da Associação Comercial de Minas e do Instituto Estrada Real. No âmbito nacional, dirigiu a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira. Aos 44anos, é divorciada e tem três filhos.
mizado de água com essa medida. No entanto, caso alguém solicite ou ocorra algum acidente no quarto, como o derramamento de bebidas, a troca é imediatamente feita. Em relação às novas construções, temos buscado no mercado empresas interessadas em construir as novas unidades e a se manterem conosco ao longo da operação. Como tem sido a adesão das construtoras e incorporadoras? Já está claro para a maioria dos empresários que os investimentos em sustentabilidade podem encarecer a construção em até 15%, mas se pagam rapidamente com o início da operação. Acreditamos que as medidas adotadas nos ajudarão a consolidar novos hábitos e a fomentar uma nova consciência, além de reduzir o impacto ambiental da nossa atividade. Por isso, é essencial que funcionários, fornecedores, hóspedes e outros parceiros do negócio estejam envolvidos. Não adianta ter regras e orientações de manual, se não mudarmos, na prática e individualmente, os nossos hábitos. Estamos apenas de passagem pelo mundo, ideia que traduzimos em FOTOS: 1. PEDRO SILVEIRA /ODIN | 2. DIVULGAÇÃO
“ Que Inhotim me perdoe,
os profetas de Congonhas são a maior obra de arte da América Latina!
”
2.
nosso slogan. Temos, portanto, o dever de deixar uma pegada positiva no planeta. Se não pudermos melhorá-lo, temos ao menos de diminuir o impacto da nossa passagem por aqui. Como os colaboradores da Vert são preparados para aplicar os conceitos de sustentabilidade no dia a dia? A Wyndham nos oferece o maior programa de sustentabilidade do mundo. Foi exatamente por isso que nos associamos a ela. E um de princípios fundamentais desse grupo é a adoção de práticas ecológicas que estejam disponíveis e ao acesso de todos, inclusive de nossos concorrentes. O objetivo é fomentar um movimento global de melhoria, crescimento e respeito pelo planeta: não uma ação isolada. A ideia é fortalecer toda a cadeia de produtos e serviços e ainda assegurar que nossos colaboradores – hoje são 250 – estejam motivados e mobilizados. A responsável pelas práticas ambientais da Wyndham (green woman) vem ao Brasil de duas a três vezes por ano para fazer palestras e treinar nosso pessoal. Temos um extenso manual de requisitos a cumprir e buscamos a sua implantação a todo o momento,inclu-
sive por meio da atuação dos nossos gerentes gerais, que estão bastante focados no programa e direcionam as ações em todas as unidades Vert. Como avalia a velocidade de aplicação e os ganhos já obtidos com essas práticas? Os ganhos são muitos, mas ainda temos muito que avançar. Afinal, não estamos criando nada. Buscamos apenas implantar práticas de ecoeficiência bemsucedidas no mundo, usar tecnologias e produtos já disponíveis no mercado. Mas nada é tão simples ou fácil. Assim como empresas de outros setores, enfrentamos diversas dificuldades, inclusive a falta de fornecedores de determinados itens no mercado nacional, como blazers de tecido ecológico para uniformes. A busca pela sustentabilidade é um desafio permanente; ainda não somos uma empresa 100% verde. Mas estamos procurando evoluir e aprender a cada dia, porque esse é um caminho que escolhemos e no qual acreditamos. Isso se reflete de forma especial na construção de nossos novos hotéis, como o Ramada Minascasa, que terá telhado verde, sistema de elevadores inteligentes e outras
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PERFIL | ÉRICA DRUMOND DIRETORA-PRESIDENTE DA VERT HOTÉIS
tecnologias destinadas a economizar água e energia. Estamos procurando avançar, ir além do que a legislação exige. A Vert quer ser reconhecida por clientes, colaboradores e investidores como uma empresa transparente, confiável e perene. Acreditamos que a sustentabilidade é o melhor caminho para alcançarmos esses objetivos. A missão da Vert é o chamado “resgate da Hotelaria Essencial”. Quais são as bases desse conceito e os diferenciais para os clientes? Hoje,na hotelaria brasileira, o setor que mais cresce é o de hospedagem econômica. Hotéis com quartos pequenos, para hóspedes com permanência média de um a dois dias. Nosso objetivo é fazer com que o hotel seja uma extensão da casa do hóspede, onde ele possa desfrutar de uma boa cama, de um bom chuveiro, de um quarto sem ruído e com a luminosidade adequada. Nossos apartamentos são pequenos, mas têm camas grandes, que ocupam quase todo o espaço. Economizamos no construtivo, mas nosso recheio é luxuoso. Oferecemos edredons e toalhas grandes, de qualidade. Em vez de oferecer uma toalha pequena e fina todos os dias, optamos por uma grande e luxuosa, mas não fazemos a troca diária. Também não oferecemos serviços de lavandeira nem de passadeira, mas temos ferro e tábua de passar nos quartos. Além de cafeteira, agregando um ‘quê’ de mineiridade ao nosso atendimento. Qual a sua visão sobre o turismo no Brasil e em Minas? Tem algum destino de sua preferência? Infelizmente, o turismo ainda é muito fraco no Brasil. Não temos uma política nacional de turismo com uma visão desenvolvimentista, apesar de ser esse o setor que mais gera empregos e renda em todo o mundo. O turismo movimenta dezenas de áreas da economia, mas aqui isso não é reconhecido. A hotelaria não é vista como uma indústria. Se fosse, o ar-condicionado e a TV que compramos para equipar suítes e apar36 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
tamentos nos seriam vendidos livres de impostos, a exemplo do que ocorre com carros e eletrodomésticos. É injusto, pois pagamos impostos como se fôssemos consumidores finais. Enquanto não houver esse entendimento do turismo como agente desenvolvimentista, a geração de emprego e renda será sempre aquém do potencial brasileiro, e viajar pelo país continuará caro. Não adianta ter o recurso natural mais bonito, as paisagens mais perfeitas: precisamos de hotéis, de transporte, de restaurantes etc. Em Minas não é diferente. Temos o maior patrimônio histórico tombado do Brasil, as grutas mais bonitas, mas faltam cuidado, logística e investimento para que todas essas belezas sejam divulgadas e mais visitadas, inclusive pelos próprios mineiros. O descaso com a obra de Aleijadinho, em Congonhas, é um absurdo. Que Inhotim me perdoe, mas os profetas – com fungos – de Congonhas são a maior obra de arte da América Latina. Mas, infelizmente, estão lá, abandonados. Outro gargalo é o Aeroporto Internacional de Confins, com sua reduzida capacidade para pousos e decolagens, onde falta até estacionamento. É vergonhoso ficar à mercê do governo federal, esperando obras e investimentos. A senhora tem três filhos. Que valores quer ver perpetuados neles? É otimista em relação ao futuro do planeta? O valor maior é o trabalho. Não vou tentar mudar o mundo e dizer aos meus filhos que não consumam ou não se interessem por brinquedos, roupas e novos equipamentos. Somos de uma classe privilegiada, mas que trabalha muito para ter o que quer. Ensino que, se comprarem algo, têm de usar. Se for para deixar na gaveta, que doem para alguém. Eles têm essa consciência. Fazem contas e sempre me perguntam se para comprar algo terei de trabalhar mais, passar ainda mais tempo fora de casa. Digo a eles que quem trabalha sabe aonde quer chegar, faz dinheiro, tem sucesso e
FIQUE POR DENTRO
De olho nas novas exigências do mercado, a construção do Ramada Minascasa Hotel, na Avenida Cristiano Machado, sob a responsabilidade da Construtora Líder e entrega prevista para março de 2014, está pautada pela sustentabilidade desde a concepção do projeto. Com 200 apartamentos, e aliado a um shopping, o empreendimento adota as melhores soluções em tecnologia: ǩ 7RUQHLUDV GH IHFKDPHQWR DXWRP£WLFR nas áreas comuns, que geram em torno de 40% de economia de água, além de evitar o desperdício; ǩ $SURYHLWDPHQWR GH £JXD GD FKXYD GRV telhados na irrigação dos jardins; ǩ &DSWD©¥R GD £JXD GD FKXYD SRU PHLR de caixa de retardo para lançamento gradual na rede pública; ǩ $EULJR SDUD UHV¯GXRV HTXLSDGR com recipientes para coleta seletiva, promovendo a reciclagem de materiais e diminuindo o impacto nos aterros sanitários; ǩ ,OXPLQD©¥R FRP XVR GH O¤PSDGDV frias e de baixo consumo, acionadas por interruptores vigia e utilização de sensores de presença, nas garagens, escadas e circulações, otimizando o consumo energético nessas áreas. ǩ 2 KRWHO WDPE«P FRQWDU£ FRP VLVWHPD central de aquecimento solar, que irá gerar água quente para os chuveiros e lavatórios dos apartamentos. Os coletores solares irão fornecer 54% da demanda diária de água aquecida. O restante será suprido por um sistema de apoio a gás. Anualmente, os coletores solares irão gerar uma média de eficiência de 43%, o que representa uma grande economia de energia elétrica.
credibilidade. As pessoas têm de ser honestas consigo mesmas e fazer aquilo de que gostam; não se deixarem apenas ser escolhidas para este ou aquele cargo. Digo o mesmo a todos os que se candidatam a uma vaga em nossos hotéis. Não queremos apenas escolher candidatos: queremos ser escolhidos e reconhecidos como uma empresa que valoriza a sustentabilidade, a transparência e está disposta a fazer o melhor. Temos de seguir fazendo mais, gastando cada vez menos. Nosso futuro e sobrevivência dependem disso. Q SAIBA MAIS www.verthoteis.com.br
Nosso Futuro
CONSTRUTIVO E SUSTENTÁVEL
SEGUNDO A ONU, ATÉ O FINAL DESTE SÉCULO, 95% DA HUMANIDADE ESTARÁ MORANDO NAS CIDADES. SERÁ, PORTANTO, NO MEIO URBANO QUE TODOS NÓS TEREMOS DE CONSEGUIR QUALIDADE DE VIDA. SERMOS SUSTENTÁVEIS, NO TRABALHO, NOS TRANSPORTES, NO NOSSO ESTILO DE VIVER. É POR ESTAS RAZÕES QUE, COM FOCO ESCLARECEDOR, JÁ A PARTIR DESTA EDIÇÃO, A REVISTA ECOLÓGICO IRÁ ABORDAR PERMANENTEMENTE O TEMA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.
O O QUE É MELHOR PARA A NATUREZA E O MEIO AMBIENTE QUE NOS RESTAM? O HORIZONTALIZAR A OCUPAÇÃO DOS POUCOS ESPAÇOS URBANOS QUE EXISTEM? O VERTICALIZÁR, SOB A ÓTICA DE UMA NOVA E ECOLÓGICA CONCEPÇÃO CONSTRUTIVA QUE CONVERSE MAIS CONOSCO, COM O SOL, O VENTO E UMA MELHOR VISÃO DE MUNDO?
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CONSTRUA E MOSTRE O SEU EXEMPLO!
1 POLÍTICA AMBIENTAL
SERRA DO SOUZA
SERRA DA CALÇADA
MORRO DO PIRES
MORRO DO ELEFANTE
UM PREFEITO FAZ... Fernanda Mann |
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Dia Mundial do Meio Ambiente amanheceu mais verde ainda, ao redor da Serra do Curral, com a criação de quatro novas Unidades de Conservação (UCs) no município de Nova Lima. Sem falar na inauguração, pela Prefeitura de Belo Horizonte, da Trilha da Travessia, no alto do cartão-postal natural da capital mineira. Conforme prometido, em vez de brigar com as ONGs que atuam na região, como aconteceu com vários ex-administradores, o prefeito Cássio Magnani convidou os ambientalistas para tes-
temunharem a assinatura dos decretos de criação dos Monumentos Naturais da Serra da Calçada, Serra do Souza, Morro do Pires e Morro do Elefante. Aliado, o prefeito da capital fez questão de se unir a Magnani na cerimônia de inauguração da placa que oficializou, em particular, o Monumento Serra da Calçada, realizada no Retiro das Pedras, onde ele mora. Marcio Lacerda ainda garantiu que a sua administração vai atuar politicamente de forma mais direta para, se possível, ampliar a área de preservação do monumento.
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PALAVRA CUMPRIDA Cássio Magnani descerra a placa do Souza 38 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
APOIO Simone Bottrel, da ONG Arca Amaserra, e Marcio Lacerda
FOTOS: FENANDA MANN | 1. RAQUEL COUTO | 2. ONG ABRACE A SERRA
DESAPONTO O sexto “Abraço à Serra” que ainda não deu certo
...O OUTRO DESFAZ Já a ampliação do Monumento Natural da Mãe D’água, no município vizinho, Brumadinho, durou pouco. O decreto que ampliava a área de preservação, garantindo a proteção de 30 nascentes e 500 hectares da Serra da Moeda, foi anulado. Assinado há apenas três meses, pelo prefeito Antônio Brandão, o Decreto 059/2013, que atendia ao anseio das comunidades locais, foi revogado por... ele mesmo. Seu gesto decepcionou, em particular, os 10 mil cidadãos que se reuniram no sexto “Abraço à Serra”, no último dia 21 de abril, em comemoração à vitória dessa luta travada há anos. No novo decreto, publicado no dia 23 maio, a prefeitura diminuiu o perímetro de proteção proposto inicialmente. Para a ONG Abrace a Serra, o instrumento legal é inconstitucional. “Trata-se de uma área especialmente protegida, e as normas ambientais são protecionistas no que se refere ao processo de criação de Unidades de Conservação. A criação de UCs pode se dar por qualquer ato do Poder Público; mas a diminuição de limites ou sua extinção só pode ser feita por lei específica. E essa lei tem de ser votada pela Câmara Municipal, o que não aconteceu.” Segundo a Prefeitura de Brumadinho, o decreto anterior foi declarado nulo em “função de inconsistência técnica”. Ela alega que, inadvertidamente, a poligonal que define o Monumento Mãe D´água invadiu os municípios de Moeda, Itabirito e Nova Lima. E, por isso, teve de ser corrigido.
2.
ANTÔNIO BRANDÃO A assinatura do decreto que ele desfez
“ Este ato é imprescindível.
Nova Lima é o pulmão da Região Metropolitana de BH Cássio Magnani, prefeito de Nova Lima
”
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 39
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS
1.
40 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
O$ NÓ$ DA
ENERGIA
Pior regime de chuvas, desde o apagão, leva governo a ativar termelétricas para evitar novo risco de racionamento. Mais caras e poluidoras, usinas movidas a carvão, gás e óleo podem custar até R$ 11 bilhões, apenas este ano Vinícius Carvalho |
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uem não se lembra do racionamento de energia em 2001, engatilhado pela queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas? À época, os consumidores tiveram que cortar 20% do consumo de eletricidade para evitar sobretaxas e o governo impôs uma cobrança adicional às contas de energia superiores a 200 quilowatts/ hora por mês. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União, um prejuízo total de R$ 45,2 bilhões, dos quais 60% saíram do bolso dos usuários e o restante do Tesouro Nacional. Passados doze anos, o Brasil enfrenta a pior seca desde então. Os reservatórios das hidrelétricas se encontram com apenas 42% da sua capacidade no Nordeste e 52% no Sudeste e Centro -Oeste, responsáveis por 70% do armazenamento de água do sistema. Novo risco de racionamento? O governo federal assegura que não, mas avisa: será à custa de muito petróleo. Para poupar os reservatórios, o Operador Nacional do Sistema (ONS) mandou acionar todo o parque termelétrico brasileiro: usinas capazes de gerar 15 mil megawatts (MW), ou o equivalente a três usinas de Belo Monte. Por terem um custo operacional até quatro vezes maior que as hi-
2.
A SECA NO BRASIL: os reservatórios das hidrelétricas se encontram com apenas 42% da sua capacidade no Nordeste e 52% no Sudeste e Centro-Oeste
drelétricas, calcula-se que o Tesouro pode ter de destinar até R$ 11 bilhões para fechar as contas das empresas este ano, ou seja, a despesa de R$ 2,6 bilhões feita em 2012, com o mesmo fim, multiplicada por cinco. É quase a metade de todo o orçamento anual do Bolsa Família, - e gasto em usinas que emitiram mais de 15 milhões de toneladas de carbono apenas entre outubro e dezembro de 2012, segundo estimativas da consultoria WayCarbon.
Pelo menos este ano, o custo pelo uso das termelétricas não deve chegar aos consumidores: o governo decidiu usar os recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para atenuar os gastos extras das distribuidoras de energia elétrica por causa do despacho de usinas térmicas. Sem esse dinheiro, as operadoras quebrariam ou a presidenta Dilma Roussef teria de voltar atrás na promessa do corte de 20% na conta de luz.
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FOTOS: 1. CARLOS BARRIA REUTERS 2. PAULO WHITAKER
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 41
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS DIVERGÊNCIAS A expansão do parque termelétrico é contestada por entidades ambientalistas, para quem a demanda adicional poderia estar sendo fornecida pela melhoria na conservação da energia desperdiçada hoje e por fontes renováveis como eólica e biomassa. “As térmicas têm baixo custo de construção, licenciamento mais facilitado e remuneração do governo mesmo se ela não for usada. Precisamos ter um espaço mínimo para cada fonte nos leilões de energia e metas práticas de expansão para as energias renováveis”, defende o coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo. O anúncio da inclusão do carvão mineral nos leilões A-5, feito pelo ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, também despertou indignação entre entidades ambientalistas. Segundo a Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), a meta é ampliar a produção em 219 milhões de toneladas em três anos. A atual capacidade instalada comporta a geração de 1.765 MW, e o principal destino, com o repasse de 83% da disponibilidade, é o mercado de energia elétrica. “O Brasil tinha banido o carvão dos leilões e estava privilegiando opções mais limpas. Não faz sentido nenhum liberar o uso do carvão, é o mais poluente de todos. O custo também não vale a pena. É um retrocesso”, critica o coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF no Brasil, Carlos Rittl. Segundo ele, a operação de parques eólicos implica em emissões de apenas 9 g de CO2 equivalente para cada kWh gerado, ou cerca de 100 vezes menos do que as emissões médias de uma térmica a carvão.“Não queremos mudanças abruptas, mas precisamos ter uma visão mais estratégica. Não estamos dando nenhum salto tecnológico neste campo.” As críticas à sazonalidade das energias renováveis, usada em defesa das O ECOLÓGICO 42 XX O ECOLÓGICO || JUNHO MAIO DE DE 2013 2013
"Não existe almoço grátis. Não se pode querer ao mesmo tempo segurança de abastecimento, hidrelétricas sem reservatórios e, além disto, não pagar pelo despacho de termelétricas quando necessário" MAURÍCIO TOLMASQUIM, Presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 1.
TERMELÉTRICAS Crescimento de 223% entre 2001 e 2011. As térmicas que em 2001 representavam 7%. Em 2011, esse percentual subiu para 15%.
de 7% para
2001
15%
2011
"O Brasil tinha banido o carvão dos leilões e estava privilegiando opções mais limpas. Não faz sentido nenhum liberar o uso do carvão, é o mais poluente de todos. O custo também não vale a pena. É um retrocesso" CARLOS RITTL, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF no Brasil 2.
térmicas, também é questionada pelo professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP Célio Bermann. É que o aumento da capacidade de produção de energia, a partir do bagaço da cana, coincide com o período de seca nos reservatórios do sudeste. O mesmo vale para a capacidade de geração eólica no Nordeste, que aumenta na medida que os reservatórios ficam mais vulneráveis. “Utilizar termelétricas para complementar o sistema hidrelétrico é uma solução equivocada. Só a partir do bagaço da cana de açúcar, pode-se produzir 10 mil
megawatts excedentes, o que equivale a mais de duas vezes a energia média produzida por Belo Monte. Essa energia poderia estar disponível justamente na época das secas”, defende Bermann. Ao longo dos próximos dez anos, o governo estima que o consumo de energia crescerá, em média, 4,7% ao ano. Para atender a demanda, a capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional deverá crescer 56% até 2021, saltando de 116,5 mil MW para 182,4 mil MW. O montante para as novas usinas chega a R$ 117 bilhões, sendo 57% em hidrelétricas.
3.
MINAS GERAIS: reservatórios enfrentam dificuldades. É o caso de Emborcação, no rio Parnaíba, que está com 44% de seu volume útil, e Nova Ponte, no rio Araguari, com 39%
"A atual estratégia de geração elétrica brasileira dissociada de uma percepção mais precisa das mudanças climáticas levará a um ambiente de ainda mais insegurança – energética, econômica e física"
FIQUE POR DENTRO
A SITUAÇÃO EM MINAS Considerada a caixa d’água do Brasil, Minas é ainda mais dependente do regime de chuvas. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) gera 96,7% de sua energia em hidrelétricas, 0,7% em parques eólicos e 2,6% em usinas térmicas. Atualmente, reservatórios mineiros importantes enfrentam dificuldades. É o caso de Emborcação, no rio Parnaíba, que está com 44% de seu volume útil, e Nova Ponte, no rio Araguari, com 39%. Para diversificar sua matriz, a Cemig atua na área de exploração de gás e faz prospecção em quatro lotes na Bacia do São Francisco. Caso seja encontrado gás em grande quantidade, um dos focos da empresa será a instalação de uma termelétrica na região.
INSEGURANÇA ENERGÉTICA A ênfase dos investimentos na hidreletricidade - responsável por 81% da de toda energia elétrica gerada no Brasil - também preocupa entidades
MARINA GROSSI, Presidente do CEBDS 4.
ambientalistas. Motivo? O maior remanescente hidrelétrico está na Amazônia, onde o governo pretende promover a construção de 40 grandes hidrelétricas e mais de 170 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Somente na bacia do rio Tapajós, estão previstas 12 grandes hidrelétricas no eixo principal do rio e nos afluentes Jamanxim e Teles Pires. “De que adianta ser limpa sem ser sustentável? Não podemos ignorar o impacto das grandes usinas para a conservação da Amazônia”, defende Rittl. O foco em
novas hidrelétricas também é questionado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Em estudo lançado este mês, sobre a vulnerabilidade do setor elétrico brasileiro às mudanças climáticas, a instituição estima que a segurança energética das usinas irá diminuir, exigindo cada vez mais fontes como as térmicas, mais caras e poluidoras. O estudo foi elaborado a partir da análise de três usinas, considerando cenários até 2050.
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FOTOS: 1. RENATO ARAUJO-ABR 2. DIVULGAÇÃO 3. REPRODUÇÃO 4. ELZA FIUZA-ABR
O 43 JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO ECOLÓGICO/MAIO DE 2013 O XX
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS
NOVAS FONTES S
egundo estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a evolução tecnológica e o ganho de escala experimentado pelas energias renováveis resultaram em investimentos da ordem de 237 bilhões de dólares em 2011, um crescimento de 6,5% em relação a 2010 e mais de 30% em relação a 2009. Os recursos resultaram na instalação de 43 mil MW em eólicas e 39.700 MW em sistemas solares no
mundo em 2011. Confira os principais resultados e saiba como as fontes alternativas podem contribuir para a diversificação da matriz energética brasileira. Os dados constam do estudo “O Setor elétrico brasileiro e a sustentabilidade no século 21: oportunidades e desafios”. O documento foi elaborado por pesquisadores de instituições como Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, WWF, Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e Fundação Getúlio Vargas.
1.
Biomassa O aproveitamento da biomassa da cana-de-açúcar para cogeração de energia elétrica fornece ao país uma fonte energética complementar às hidrelétricas e é uma das alternativas aos derivados de petróleo. Essa fonte tem seu maior potencial concentrado entre os meses de abril e novembro, exatamente no período em que o nível dos reservatórios das hidrelétricas diminui e são acionadas as termelétricas. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o potencial de geração da biomassa poderia alcançar 14.000 MW médios em 2021, quase três vezes a produção da usina Belo Monte, prevista para gerar 4.571 MW. Outra vantagem é que a produção sucroalcooleira está concentrada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, próxima aos principais centros consumidores de energia, o que reduz a necessidade de longas linhas de transmissão. Atualmente, o setor gera
44 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
apenas 1.133 MW médios, o equivalente ao atendimento anual de cinco milhões de residências. DESAFIOS Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determina que cabe à usina o investimento para construir as linhas de transmissão que levem o excedente até uma subestação ou uma rede de distribuição de energia elétrica. Segundo levantamento do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, a distância entre as usinas e a rede varia de 10 a 30 km, percurso relativamente curto, e poderia estar sendo financiado pelo BNDES. Com investimento na troca de equipamentos de cogeração - caldeiras de maior pressão -, esses 10 mil megawatts potenciais da biomassa também poderiam dobrar para 20 mil megawatts, ou o equivalente a quatro usinas de Belo Monte, segundo o instituto.
2.
Conservação de energia
Energia solar Dados do Atlas Solarimétrico do Brasil indicam que o país tem uma média anual de radiação no território nacional entre 1.642 e 2.300 KWh/m2/ano, o suficiente para atender a 10% de toda a demanda atual de energia elétrica no país com o aproveitamento de energia solar captada em apenas 3% da área urbanizada do Brasil. O mercado mundial de painéis fotovoltaicos apresentou um crescimento anual entre 30 e 40% nos últimos cinco anos, com destaque para um crescimento de 67% em 2011. E as células fotovoltaicas têm registrado queda de preço de cerca de 10% ao ano. A geração solar se destaca pela baixa emissão de gases de efeito estufa em sua cadeia energética –inferior a 30 g de CO2 equivalente/kWh produzido.
3.
Brasil em 2011 foi menor em relação aos outros setores de energia renovável. A dificuldade está no custo de produção. Ainda é a energia mais cara entre todas disponíveis, e depende de saltos tecnológicos ainda não realizados para ganhar escala e competitividade junto às demais fontes. Os maiores entraves à expansão da energia solar seguem sendo a falta de incentivos e políticas públicas que consolidem a indústria e o mercado. Os incentivos dados à energia eólica por meio do Proinfa e dos leilões, por exemplo, ainda não foram aplicados à solar.
DESAFIOS O investimento em energia solar no
Energia eólica O mercado eólico mundial cresceu quase 10% no ano passado, segundo dados publicados pelo elo o GW GWE GWEC. EC. C Na liderança global deste mercado te em errcado erca do d o estão China e Estados U Unidos, nido ni d s,, sedo seguidos por Alemanha, E Espanha sp pan anh ha e ha Índia. O Brasil não figura a entr entre re os os dez maiores produtores d de ee enerner ergia eólica do mundo, mass fi ficou c u na co oitava posição do ranking g que que meme ediu o crescimento das instalações stal st alaç aççõe õess em 2012. A capacidade atual attua uall passa dos 1.500 MW e rreepresenta pouco mais de 1 1% % da eletricidade produzida da no país. Segundo o Atlas ass Eólico Brasileiro, o pootencial avaliado da energia ergiia er eólica no Brasil é de 143 GW, 43 3 GW W, concentrado principalmente lm men nte e nas regiões nordeste e sul sul. ull. As As medições consideraram to ttorres orr rre rr es es eólicas de 50 metros de al altura ltu ura a e a revisão dessas estimativas, mat ativvas as, considerando as atuais ttorres o re or ress superiores a 100 metros,, p podeode od eria atualizar este potencial para al p arra mais de 300 GW, ou p praticarati ra tica ca--
mente o triplo da capacidade instalada da matriz elétrica nacional. DESAFIOS Ainda que a fonte seja a que mais cresce no país – nos próximos quatro anos devem ser instalados cerca de sete mil MW, ou algo próximo a dois mil MW por ano – há gargalos técnicos que podem atrasar este crescimento. O primeiro refere-se à disponibilização da infraestrutura de transmissão e distribuição da energia. As regiões que vêm recebendo os parques, principalmente no nordeste, eram importadoras de energia e não contavam com grandes malhas de transporte da eletricidade. Agora, devem passar a exportar o excedente. Para tanto, é necessário o reforço da estrutura de transmissão, o que já vem atrasando a construção de parques leiloados em 2009. São cerca de mil MW prontos e que não estão disponíveis no sistema justamente pela falta de linhas de transmissão.
O Brasil joga fora uma enorme quantidade de energia elétrica que poderia ser aproveitada para o seu desenvolvimento. Segundo o relatório, as perdas no sistema de transmissão de energia elétrica no país ultrapassam 20% – um dos índices mais elevados do mundo. Isso provoca impactos diretos no aumento da tarifa do consumidor, associado à ausência de recolhimento de impostos pela energia não faturada.
PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO
20,28%
no sistema eletrico brasileiro. Enquanto outros países apresentam perdas muito menores: Chile 5,6%, Colômbia 11,5%, Peru 9,3% e Argentina 9,9%.
DESAFIOS É impossível eliminar todas as perdas, mas cortar cinco pontos percentuais é tecnologicamente viável a partir de investimentos na manutenção do sistema: isolar melhor os fios de transmissão e trocar transformadores que já esgotaram sua vida útil. Dessa forma, a perda poderia ser reduzida e acrescentaria ao sistema elétrico o equivalente a uma usina hidrelétrica de 6.100 megawatts, 150% a mais que a média de Belo Monte de acordo com cálculos do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Ainda segundo o instituto, isso poderia ser alcançado a um terço do custo de produzir um novo megawatt. A Aneel, contudo, não dispõe de metas de redução de perdas técnicas nas empresas de distribuição e concessionárias de distribuição de energia.
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JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 45
FOTOS: 1. DIVULGAÇÃO 2. ISTOCK 3. REPRODUÇÃO 4. FLUVANNA 4.
DIVULGAÇÃO
1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS
EXEMPLO QUE VEM DE MINAS
A
primeira usina solar fotovoltaica para produção de energia em caráter comercial no Brasil entra em operação, este ano, na cidade de Sete Lagoas (MG). Resultado de uma parceria entre a Cemig, a Fapemig e a empresa espanhola de painéis fotovoltaicos Solaria, a usina terá capacidade de gerar até 3,3 megawatts (MW), o suficiente para abastecer cerca de mil residências. “Será um grande laboratório”, avisa o superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig, Alexandre Bueno. A energia solar ainda é a mais cara do mercado: cerca de R$ 300 necessários para produzir um MW/hora, contra uma média de R$ 140 para as demais fontes. “O mer-
46 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
“Quem não apostar em tecnologia vai ficar para trás
”
cado livre não pagaria hoje por essa energia, mas a tecnologia fotovoltaica é razoavelmente demandada no mundo e tem avançado rapidamente. Nosso objetivo é justamente estar na frente desse processo”. Ele cita o exemplo da fonte eólica, cujo custo de produção chegava a R$ 380 por MW há dez anos. Hoje está em torno de R$ 100, graças aos saltos em tecno-
logia, e é uma das mais competitivas do mercado. O terreno que abriga a usina tem oito hectares e foi cedido pela prefeitura de Sete Lagoas. O parque gerador está dividido em três unidades. A maior delas, com capacidade para 2,5MW, terá características de uma planta comercial de grande porte. A segunda, com capacidade de 0,45 MW, testará sistemas de médio porte, como o empregado pela Cemig na reforma do Mineirão. A terceira será voltada essencialmente à pesquisa, composta pelas mais modernas tecnologias disponíveis hoje no mercado. Os investimentos são de R$ 26 milhões. “Quem não apostar em tecnologia vai ficar para trás”, destaca. Q
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1 POLÍTICA FLORESTAL
1.
SERRA VERMELHA devastação no Piauí que chega na forma de carvão clandestino em Minas
A NATUREZA QUE
NOS PERDOE Pelo quarto ano consecutivo, Minas continua sendo o estado campeão em desmatamento no país Hiram Firmino |
F
oi o que lamentaram juntos, e mais uma vez, o Ministério Público (MPMG), a Fundação SOS Mata Atlântica, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no último dia 11, em BH, durante solenidade de lançamento do "Atlas de Desmatamento da Mata Atlântica" no país. Conforme cruzamento de dados,
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mesmo sendo o estado brasileiro com a maior área natural de Mata Atlântica, Minas ainda lidera o ranking dos maiores desmatadores desse bioma, seguido pela Bahia e o Piauí. Na visão da Amda, a situação fica mais grave. Minas ocupa os três primeiros lugares, pois a produção de carvão para abastecer as suas empresas de ferrogusa é um dos principais motivos do desmatamento que acontece nestes
dois estados. "Estamos envergonhados por sermos líder do desmatamento desde 2009, sem que o governo tome providência para mudar essa situação", declarou Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda. Inúmeras vezes, ela pontuou, a Frente Mineira pela Proteção da Biodiversidade denunciou à Secretária Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) a continuação do desmatamento. Que as Superintendências Regionais de Regularização Ambiental (Suprams) estavam fragmentando o licenciamento, beneficiando, assim, as atividades econômicas, e interpretando as leis de forma desfavorável à fragilidade da natureza e do meio ambiente. "Nada adiantou", desabafou. Segundo confirmação do próprio Instituto Estadual de Florestas (IEF), as empresas mineiras de ferro-gusa
FOTOS: 1. ANDRÉ PESSOA-ESP/CB-D.A PRESS | 2. JANICE DRUMOND/ASCOM SISEMA AGÊNCIA BRASIL
MINAS QUE REAGE consomem carvão vegetal não apenas de diversos estados brasileiros, como até oriundo de outros países, como Paraguai e Bolívia. Nos últimos três anos, entraram para o parque siderúrgico mineiro cerca de 6.000.000 m³ de carvão provenientes de Goiás, Mato Grosso, Bahia, Tocantis e Piauí. Deste, entraram 740.000 m³ de carvão fabricados com a derrubada da Mata Atlântica da Serra Vermelha. "É uma situação que se arrasta há mais de 40 anos. Já houve CPI da Máfia do Carvão na Assembleia Legislativa, denúncias inúmeras do Ministério Público, prisões, acordos e cronogramas para que as empresas consumidoras de carvão se tornassem autônomas; mas a situação não muda. Elas são tão competentes que deveriam publicar um manual de como burlar leis, continuar desmatando, ridicularizar a fiscalização e se safar de processos judiciais", declarou a ambientalista. VEXAME NACIONAL No início de maio último, a Polícia Federal e o Ministério Público libertaram 32 trabalhadores que faziam carvão na Fazenda Chapadão da Zagaia, no município mineiro de Sacramento, em condições de trabalho escravo. Segundo as ONGs socioambientais do Piauí, na Serra Vermelha a situação é idêntica. O Ministério Público Estadual obteve, recentemente, duas liminares judiciais suspendendo diversas autorizações para derrubada de Mata Atlântica e plantio de eucalipto em municípios do Vale do Jequitinhonha. A empresa Fazendas Vienas Reunidas obteve autorização para diversos desmatamentos, que chegaram a quase seis mil hectares. Na liminar, a justiça suspende as autorizações e determina recomposição da vegetação. Segundo a SOS Mata Atlântica, o desmatamento nessa região é responsável por Minas Gerais liderar o ranking do desmatamento e, desde 2009, a entidade também vem avisando o governo mineiro, sem que providências tenham sido tomadas. Q
Governo suspende autorizações e anuncia ações de combate ao desmatamento no estado Com o mesmo objetivo de proteger a Mata Atlântica remanescente no território mineiro, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, determinou a suspensão temporária dos chamados “Documentos Autorizativos de Intervenção Ambiental (Daias)” e das “Autorizações de Intervenção Ambiental (Aias)” já emitidos pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema). A suspensão, na forma de resolução, vale para toda e qualquer permissão já emitida pelo governo referente às atividades de silvicultura em área de Mata Atlântica: “Observamos que 80% das autorizações em curso de supressão de vegetação são relativos à silvicultura no estado. Por isso, adotamos essa paralisação”, esclareceu. Ele determinou, ainda, por meio de ofício, a revisão de todos os “Daias” e “Declarações de Colheita e Comercialização (DCCs)” concedidos pelo Sisema a partir de 2011 para atividades de silvicultura, além da divulgação mensal das concessões de todos esses documentos nos sites do Instituto Estadual de Florestas e da Semad: “Dessa forma, poderemos observar e ser bastante restritivos em relação às autorizações de intervenção em áreas de Mata Atlântica no estado”, declarou Magalhães. A partir de agora, garantiu o secretário, será feito um acompanhamento mensal das autorizações concedidas
e do monitoramento via satélite realizado pela Gerência de Monitoramento e Cobertura Florestal e da Biodiversidade do IEF. A ação deflagrará fiscalizações automáticas em toda as áreas desmatadas indicadas como irregulares. Anunciou, ainda, que será feita fiscalização em toda área objeto de desmate segundo estudos anunciados pela Fundação SOS Mata Atlântica, seguida de medidas punitivas cabíveis em caso de constatação de irregularidades. “Vamos verificar toda a área de cerca de 11 mil hectares desmatada desde 2011, indicada como área de Mata Atlântica, a fim de identificarmos possíveis irregularidades”, explicou. Ainda de acordo com o titular da Semad, o governo realizará reuniões públicas mensais para divulgação de dados e discussão de assuntos pertinentes ao tema, incluindo a revisão imediata da Resolução Semad 1804/2013, que dispõe sobre os procedimentos para autorização da intervenção ambiental em todo o estado, visando maior proteção ao bioma. Outra medida definida é a aplicação, na íntegra, do artigo 17-B da Deliberação Normativa (DN) 74/04, que trata do licenciamento ambiental em Minas, do artigo 27-A da lei 14.309/02, que dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no estado, bem como dos § 2º do artigo 1º e artigo 5º do Decreto 6.660/08, que regulamenta a lei 11.428/06, que dispõe sobre a utilização e proteção do bioma .
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ADRIANO MAGALHÃES à frente da equipe: “Seremos mais restritivos”
1 A TRAVESSIA DA SERRA
E AGORA,
DRUMMOND? BH resgata a "Travessia da Serra" que, proibida pela mineração durante a ditadura militar, fez o poeta maior do Brasil romper com a capital dos mineiros, chamando-a de "Triste Horizonte e destroçado amor" | Hiram Firmino
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agora, nosso caro Carlos Drummond de Andrade que, há quase quatro décadas, ao saber que colegas jornalistas foram barrados e proibidos de caminhar sobre a Serra do Curral, escreveu: “Não voltarei a Belo Horizonte para ver o que não merece ser visto, o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser”. Colocando-se na pele daqueles que haviam sido impedidos de atra50 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
vessar a serra, hoje tombada e eleita democraticamente o “cartão de visita” mais natural e deslumbrante de BH, seu eu lírico também foi proibido de seguir a travessia que os moradores usavam antes da chegada da mineração. “Em vão tento a escalada. Cassetetes e revolvéres me barram a subida que era alegria dominical de minha gente. Proibido escalar. Esta serra tem dono. Não mais a natureza a governa. Desiste ou
leva bala. Encurralados todos, a Serra do Curral, os moradores lá embaixo. ” Pois, hoje, o poeta pode voltar em espírito. Pode subir, atravessar e vislumbrar todos os 4,2 quilômetros que recompõem o agora liberto, como novo e mais emocionante, atrativo turístico para quem nos visita no alto do Parque Municipal Serra do Curral, na extensão do Mangabeiras: a trilha ecológica “Travessia da Serra”. Com altitudes
FERNANDA MANN
PRIMEIROS CAMINHANTES Como os bandeirantes, a redescoberta de um belo horizonte
variando de 1.200 a 1.380 metros, a caminhada exige do visitante esforço físico e muito cuidado. Mas compensa pelo deslumbramento, diurno ou noturno (em noites de lua cheia a travessia também voltou a ser permitida), da cidade aos seus pés. Traz esperança, pela força de recuperação da natureza, quando respeitada que foi em boa parte do seu retorno. A travessia é resultado da aliança
política e ambiental entre Belo Horizonte e Nova Lima, que já se autodenomina o “pulmão verde” da capital mineira. É também uma aliada da mineração hoje responsável e sustentável da Vale, que sucedeu a antiga, militar e também modificada MBR (Minerações Brasileiras Reunidas), em tempos idos. Acredite, Carlos! A Serra do Curral não se tornou um retrato devastado, minerado e dolorido na parede. Pelo
contrário, já há mais consciência política, atitude verde e reais esperanças. Tal como Dom João VI vislumbrou e fez surgir o hoje Parque Nacional da Tijuca, a maior reserva de natureza preservada dentro de uma área urbana no país, democraticamente aberto à visitação pública, a nossa travessia maior aqui está apenas começando. E como alegra! É o que a Revista ECOLÓGICO lhe reporta, nesta edição. Acompanhe!
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1 A TRAVESSIA DA SERRA Por que Drummond chamou BH de triste horizonte? | Maria Cristina Bahia Vidigal (*) Plagiando Gabriel Garcia Marquez, não sei se foi exatamente assim que aconteceu. Mas é assim que eu me lembro do episódio do qual fui protagonista e que narro a seguir. Em 1976, a ditadura militar imperava, as mudanças aceleradas sequer eram imaginadas e Belo Horizonte restava provinciana. Eu começava carreira no jornal “Estado de Minas”. Domingo de sol, resolvemos subir a Serra do Curral, aventura cultivada desde os tempos do Colégio Estadual Central. A serra ainda era nítida no horizonte ao sul da capital pacata; a trilha de subida permanecia marcada, denotando a presença intrépida de aventureiros recentes. Começamos a subida bem cedo, com as adversidades previsíveis - pedras, insetos, arbustos, mato. Quase ao topo, talvez uma hora depois, um segurança armado nos deu uma espécie de “alto lá”. Como assim, cara pálida, diria o meu amigo Airton Ribeiro, se lá estivesse, por que não podemos subir? “Isso aqui é da MBR, vocês estão invadindo propriedade privada”. O senhor está enganado, a Serra do Curral é da cidade, sempre subimos e descemos quando assim entendemos, foi o que retrucamos. “Pois agora não sobem mais”, decretou o segurança fardado de azul, que a minha memória reputa como um brutamontes.
Descemos, vencidos. Afinal, os tempos eram duros e Milton Campos já tinha ensinado que, nas ditaduras, o pior é o guarda da esquina. Mas não totalmente vencidos. Indignada, fui para a redação do jornal e fiz a matéria, publicada com destaque no dia seguinte. Com uma carta, a matéria publicada foi enviada para o mineiro Carlos Drummond de Andrade, radicado no Rio. Aí veio a bomba! Alguns dias depois, o poeta fez um protesto violento em versos lindos e duros. Baseado nos fatos narrados na matéria, despedia-se de Belo Horizonte: “Não quero mais, não quero ver-te, meu triste horizonte e destroçado amor”. O adeus atormentado do poeta colocou em polvorosa políticos, autoridades e empresários; durante muito tempo, batemos com força na mineradora e na sua arrogância. Ao fim e a cabo, nada mudou. A serra continuou interditada e acabou destruída, comida pelas escavadeiras sedentas por minério. Foi-se a serra, a empresa também desapareceu, engolida por uma outra, gigante. E ficou para sempre o lamento do poeta no poema “Triste Horizonte”. (*) Jornalista e Relações Públicas, com especialização em gestão e planejamento de Comunicação. Fonte: www.50emais.com.br , site da jornalista Maya Santana.
Aqui, alguns trechos do lamento do poeta "Por que não vais a Belo Horizonte? A saudade cicia e continua, branda: volta lá. Tudo é belo e cantante na coleção de perfumes das avenidas que levam ao amor, nos espelhos de luz e penumbra onde se projetam os puros jogos de viver. Anda! Volta lá, volta já. E eu respondo, carrancudo: Não. Não voltarei para ver o que não merece ser visto, o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser. Esquecer, quero esquecer é a brutal Belo Horizonte que se empavona sobre o corpo crucificado da primeira. Tento fugir da própria cidade, reconfortar-me em seu austero píncaro serrano. De lá verei uma longínqua, purificada Belo Horizonte sem escutar o rumor dos negócios abafando a litania dos fiéis. Lá o imenso azul desenha ainda as mensagens de esperança nos homens pacificados. Em vão tento a escalada. Cassetetes e revólveres me barram a subida que era alegria dominical de minha gente. Proibido escalar. Proibido sentir o ar de liberdade destes cimos, proibido viver a selvagem intimidade destas pedras que se vão desfazendo em forma de dinheiro. Esta serra tem dono. Não mais a natureza a governa. Desfaz-se, com o minério, uma antiga aliança, um rito da cidade. Desiste ou leva bala. Encurralados todos, a Serra do Curral, os moradores cá embaixo. Jeremias me avisa: "Foi assolada toda a serra. Vi os montes, e eis que tremiam, estremeciam. Olhei terra, e eis que estava vazia, sem nada nada nada". Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez o impróprio convite. Não quero mais, não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor". 52 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
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RESGATE O antes e depois na Praça Carlos Drummond de Andrade, na entrada do Parque
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udo se deu no último sábado, oito de junho, marcando o encerramento oficial da Semana Mundial do Meio Ambiente, na capital mineira, realizado em parceria com a Revista ECOLÓGICO. Após dois dias de inesperadas e bem-vindas chuvas, o sol, o céu azul, o parque e a Serra do Curral se abriram agradecidos para receber os jornalistas, ambientalistas e demais convidados do trade turístico. Com outro compromisso na volta do dia, o prefeito Marcio Lacerda precisou subir de carro, em vez de galgar a pé o primeiro trecho da caminhada até o paredão rochoso que norteou os primeiros bandeirantes na descoberta e criação depois de Belo Horizonte. Mas, antes, o nosso alcaide foi instado a se inspirar numa pequena praça que homenageia o seu nome, poeta, logo na entrada do parque. Ali, pôde reler o que está escrito para sempre em uma placa de ferro, que ele mesmo inaugurou em 2009, durante sua primeira gestão na prefeitura . Elas explicam o sentido e a história de tudo. Nela há trechos do poema “Triste Horizonte”. Na outra parte, resgate que Drummond instigou: “Aqui é o início. O parque vem resgatar este patrimônio. A natureza novamente governará a Serra do Curral”. Mil metros acima, passando pelo horror do passivo ambiental da Mineração Lagoa Seca, situação até hoje postergada e não resolvida pela PBH, em termos de uma solução construFOTOS: 1. ROGÉRIO REIS - TYBA 2. FERNANDA MANN
tiva e ecológica, o Marcio Lacerda encontrou-se descontraidamente com os jornalistas e ambientalistas. Foi no Mirante do Parque, onde descortina e se deslumbra toda Belo Horizonte. Dali caminhou , em um ato simbólico, até o segundo ponto da trilha, de onde já se vê todos os arredores da serra, em uma circunferência geográfica completa, a perder de vista. Um verdadeiro observatório do que existe de urbanidade e o que restou da paisagem natural ainda linda e montanhosa em quase toda a região metropolitana. Do lado esquerdo da serra, o que Lacerda também pode comprovar, já passados quase 40 anos do “destroçado amor” de Drummond? Primeiro, que já não existem mais brutamontes fardados a impedir o caminho; e sim guias de turismo bem preparados, treinados e satisfeitos. Não para proibir, mas para mostrar toda a maravilha da recuperação ambiental que a natureza, sozinha e respeitada, é capaz de fazer. Principalmente, quando tem ajuda da mão e tecnologia humanas. A trilha segue e termina no Parque das Mangabeiras. Pra quem não sabe, até a época dos prefeitos biônicos no Brasil, nesta área verde, então desconhecida pela população e pela opinião públida, abrigava-se uma mineração ainda rudimentar chamada Ferrobel. Ela era de propriedade da própria prefeitura que, ao em vez de preservá-la, tinha outro e obscuro plano reservado a ela, já comum na época, o de substi-
COMO DESLUMBRAR-SE A trilha ecológica "Travessia da Serra" foi aberta à visitação, informalmente, em setembro de 2012. O que a Belotur promoveu agora foi apresentá-la oficialmente ao mundo turístico e ambientalista, para que ela seja mais conhecida e visitada. De setembro pra cá, houve apenas uma mudança: a trilha começava na Praça de Encontro, no sopé da serra, e ia até o Parque das Mangabeiras. Devido a um problema de desmoronamento na ex-cava de mineração da Vale, ainda em processo de recuperação ambiental, a PBH interditou um trecho, temporariamente, por questões de segurança. Mesmo com isso, os turistas ganharam. A trilha original tinha 2,3 km de percurso e, agora, tem 4,2 km. Isso significa que a permanência na crista da serra é maior. Da portaria do parque até o chamado Mirante 3 ou Praça do Encontro, a trilha é liberada para qualquer turista. Já dali em diante, é preciso o acompanhamento de guias monitorados, que saem três vezes por dia, com grupos de até 20 pessoas. O passeio, gratuito, dura cerca de três horas. Ao todo, são 10 guias, sendo um bilíngue. O parque conta com uma estrutura composta por banheiros, bebedouros, praça para alongamentos e equipamentos de ginástica. Existem oito mirantes. A partir deles, diferentes pontos de BH e além da Região Metropolitana podem ser contemplados. Com mais de 125 espécies de aves, ele fica aberto de terça a domingo, das 8h às 17h, com entrada permitida até as 16h, a partir da Avenida José do Patrocínio Pontes, 1.951 (Praça Estado de Israel), no Mangabeiras. O agendamento das caminhadas é feito pelo site www. parqueserradocurral.com.br Mais informações: (31) 3277-8100
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1 A TRAVESSIA DA SERRA “VITÓRIA DO BOM SENSO”
"A Serra do Curral é parte importante da identidade dos cidadãos belo-horizontinos. Não é possível imaginar esta cidade sem este monumento natural, pelo significado que ele tem. Por seu aspecto histórico, de lazer e também por sua beleza. Lembro, ainda, que a preservação da Serra é uma vitória da "sensibilidade e do bom senso", uma vez que esteve ameaçada de desaparecer do nosso horizonte na década de 70 em função de trabalhos realizados na região pela mineração. Todos nós gostamos de viajar e curtir a natureza. Quando estamos no exterior, sempre visitamos o local mais alto da cidades onde vamos, para vislumbrá-las melhor. Precisamos, pois, divulgar para a nossa população e os nossos visitantes que aqui também temos um ponto bonito, do qual devemos nos orgulhar, de onde se pode avistar o horizonte dos dois lados da serra. Peço a todos, que tragam seus amigos e familiares. E aos operadores de turismo, que incluam este novo produto em seus guias e roteiros". Marcio Lacerda, prefeito de BH
tuir o seu verde natural: implantar um grande loteamento no lugar das árvores, da fauna e nascentes correndo livres e límpidas cidade abaixo. O plano, a imprensa alardeou depois, era perfeito. E só não deu certo por causa de um único herói e mártir ao mesmo tempo. Um funcionário público, magro, ranzinza, arredio e indignado como você, caro Drummond.
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Ele se chamava Bolívar Miranda. Era um chefe sem força e prestígio do antigo Departamento de Parques e Jardins, o logo famoso “DPJ”, que mais tarde virou o embrião da atual Secretaria Municipal de Meio Ambiente, então ligado à Secretária Municipal de Serviços Urbanos. Quando ficou sabendo da intenção loteadora e desecológica da prefeitu-
ra, bastou esse homem atravessar a Rua Goiás onde o jornal “Estado de Minas” ficava. Bastou-lhe repetir o gesto, a poucos metros dali. Atravessar Bahia e subir Goitacazes, onde ficava o gabinete e trincheira de luta do dr. Hugo Werneck, então presidente do Centro para a Conservação da Natureza em Minas Gerais. Pronto: a denúncia corajosa que ele fez ao
DESLUMBRAMENTO No mirante do Parque, a melhor vista da capital mineira
“Grande Jornal dos Mineiros” e as consequências esperadas repercutiram tal como a bomba causada pelo poema de Drummond na imprensa. Sem padrinho político, Bolívar foi despedido sumariamente. A última notícia dele é que abandonou o serviço público e se refugiou em si mesmo, numa outra serra chamada Itatiaiuçu, a 70 km de BH, onde nasceu.
O QUE ACONTECEU? O prefeito seguinte, chamado Maurício Campos, querido por ser do bem e, lato senso, bastante popular, fez o que ninguém imaginava. Adotou a causa ambiental, que ainda tinha pouca expressão na época. E no lugar da mineração e do grande loteamento previsto pelo seu antecessor, de mais espigões na paisa-
FOTOS FERNANDA MANN
gem mais altaneira da capital, ele anunciou a criação de um novo parque para a cidade: Parque das Mangabeiras, com mais de dois milhões de metros quadrados, hoje a maior, mais recuperada e preservada área verde de Belo Horizonte. Ele e Jorge Norman, então presidente da Belotur, foram literalmente carregados nos braços da população, no dia da inauguração do parque. Quem hoje fizer a Trilha da Travessia e, lá do alto da serra, olhar o parque e a cidade confirmará facilmente que essa foi e será sempre a melhor escolha para a melhor qualidade de vida de todos nós. A caminhada continou, Drummond. Ao sul da serra, o prefeito Lacerda vislumbrou outra realidade ambientalmente reconstituída, um pouco diferente e melhor, felizmente, do que a jornalista Maria Cristina Bahia viu e relatou à época: “Ao fim e a cabo, nada mudou. A serra continuou interditada e acabou destruída, comida pelas escavadeiras sedentas por minério. Foi-se a serra, a empresa também desapareceu, engolida por outra, gigante”. FINAL DIFERENTE Graças aos demais veículos de comunicação que também abraçaram a defesa da serra, essa novela não terminou bem assim. Houve capítulos novos no entremeio e no depois. A lembrança da antiga e ditatorial MBR, anterior ao advento, trazido pela ECO/92, da consciência ecológica e de um mundo em desequilíbrio, quase não existe, guarda poucos vestígios. De tanto a imprensa e a opinião pública reclamar dela, por ter cortado o perfil da serra e alterado o clima então ameno da capital mineira, não teve outro jeito. A própria mineração, antes de virar Vale, mudou sua postura, abriu-se para o debate e abraçou a causa crescente ao seu redor. Graças à MBR e à Vale juntas, a Mata do Jambreiro, a exemplo do Parque das Mangabeiras, hoje incensada como a maior e mais preservada porJUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 55
1 A TRAVESSIA DA SERRA
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A lembrança, também lunar, de Carlos Drummond Começo minhas palavras com um documento histórico: "A Mineração Hana corporation Ltda. remeteu à Diretoria do Patrimônio Histórico Artístico Nacional cópia do memorial que dirigiu ao Senhor Governador do Estado de Minas, e no qual procura justificar a necessidade de proceder à lavra de pequena parte da crista da Serra do Curral, sem prejuízo para o Palácio das Mangabeiras, para os mananciais de água potável de BH e para a beleza da Paisagem". Mais adiante diz o texto: "A preservação só pode ser obtida e assegurada pelo tombamento da Serra, que é medida prevista no Decreto Lei nº 25, de 30/11/1937". Essas palavras foram escritas por um homem franzino, mas que se agigantava com a caneta na mão e foi uma das primeiras vozes a se levantar pelo tombamento do conjunto paisagístico da Serra do Curral. Refiro-me ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade que, em 1959, 13 anos antes da primeira Conferência Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, em Estocolmo, teve uma visão profética da preservação dessa Serra. Por essa razão, a praça de entrada do Parque recebeu o seu nome, uma homenagem mais ao ambientalista que ao poeta. Em 2001, funcionários do Parque das Mangabeiras preocupados com a preservação da Serra do Curral entenderam que a melhor forma de protegê-la das diversas agressões seria implantar um outro parque ao lado, onde se vislumbra todo o seu conhecido paredão rochoso, avistado pela população. A ideia, felizmente, frutificou. Em setembro de 2012, o novo parque foi aberto ao público. Nesses já nove meses de visitação, seja pela sua beleza
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natural, seja pelo seu moderno modelo de gerenciamento e boa estrutura, tem arrancado rasgados elogios dos frequentadores. Diante disso, a prefeitura, por meio da Belotur e da Fundação de Parques Municipais, achou oportuno lançar oficialmente esse novo produto ao trade turístico, para que os turistas que nos visitam conheçam essa atração, de importância histórica e beleza incontestável. O nome escolhido, por consenso, foi Atrativo Turístico Trilha Ecológica "Travessia da Serra". Nós não queremos parar aqui, mas sonhar um pouco mais, fazendo coro a centenas de manifestações de visitantes. Se o passeio diurno ali já é arrebatador, a caminhada que também iremos implantar, doravante, em todas as noites de lua cheia, é de tirar o fôlego. Ver toda Belo Horizonte iluminada ao sopé da serra é um deslumbre que tem de ser compartilhado por mais olhos. A maravilha dessa visão privilegiada não poderia mais ficar restrita a poucos que já conhecem e amam a serra. 2. Com o apoio da Revista ECOLÓGICO na divulgação e, em busca de um patrocinador, já estamos formatando mais esse produto turístico, a Caminhada da Lua Cheia. O que estamos democratizando aqui para a população são duas novas atrações ecologicamente corretas, que muito nos ajudarão na divulgação desse formidável e maravilhoso patrimônio natural que o poeta nos ajudou a preservar. Homero Brasil, presidente da Fundação de Parques Municipais de BH
Isso aqui é pura história, beleza e contemplação. É uma maravilha que os mineiros e os nãomineiros precisam descobrir
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ção de Mata Atlântica em toda região metropolitana de BH, acha-se intacta. Exatamente o contrário do que aconteceu em praticamente todo o seu entorno, no município de Nova Lima, como resultado das ocupações verticais e horizontais, na forma de novos bairros e condomínios. Até o que era a sua barragem de rejeitos, vista do alto da trilha, hoje parece um campo de golfe, de tanto verde e espécies pioneiras recuperando a vegetação original. As pilhas de estéril da extinta Mina de Águas Claras, também não são percebidas mais. Sumiu quase tudo na reabilitação arbórea realizada por ambas as minerações. A trilha só não leva, temporariamente, até um ponto de onde se poderia avistar a cratera provocada pela mineração por uma questão de tempo e segurança. Houve um deslizamento recente de encosta, o que está sendo reconstituído paisagisticamente, dentro de um grande projeto, em implantação pela Vale, de recuperar e revegetar todo o dorso sul da serra, ao redor do seu lago artificial, ainda em enchimento. A proposta final, como no Mangabeiras, é jamais notar que existiu uma mineração ali, cuja atividade social, por meio de geração de empregos, necessidade econômica e recuperação ambiental hoje são consideradas sustentáveis. Foi isso, Drummond, o que o prefeito Lacerda e a imprensa atual puderam constatar na inauguração da “Travessia da Serra”, a nova atração
FOTOS: 1-2. FERNANDA MANN 2. BRENO PATARO
turística-ecológica da Serra do Curral, já feita desde o início da Terra pela própria natureza. Uma travessia que não mais pertence aos municípios de BH e Nova Lima, muito menos à Vale. Mas, por meio delas, à toda a humanidade visitante. Lembra do que Guimarães Rosa nos fala no final do “Grande Sertão: Veredas”? Que não existe nem bem nem mal, nem Deus nem o diabo. Apenas a experiência humana sobre o planeta, travessia e ponto final? Com a questão ambiental, da qual você foi nosso mais valioso precursor mesmo sem saber, acontece a mesma coisa. Nela, não cabe preconceitos nem prejulgamento. Não existem mocinhos nem bandidos. Somos todos degradadores, aprendizes e reconstrutores ao mesmo tempo. O que nos diferencia, entre nós mesmos, não é a nossa maldade nem o prazer e a violência que gostamos de praticar, quando subjulgamos e destruímos a natureza de alguma maneira. Mas o nosso grau de ignorância perante ela e o amor maior que Hugo Werneck pregava: “Somente o nosso contato com a natureza, com algo maior, é capaz de nos reensinar o amor ao planeta e a nós mesmos.” Pode voltar a Belo Horizonte, poeta. Na nossa Serra do Curral del-Rei você verá algo que merece ser visto, o que merece ser reconsiderado e revogado já foi. Sei que me cicia a irmos juntos, de mãos dadas. Com todo o sentimento do mundo e os olhos sempre desconfiados, mineiros que somos. Tristes e orgulhosos: “90% de ferro nas calçadas, 80% de ferro nas almas”. Mas venha, que tal convite não é impróprio. A indignação de Maria Cristina Bahia nos acompanhará vigilante. Podemos estar enganados na nossa ingenuidade de ainda acreditar e apostar nas pessoas. Mas pressinto que o início dessa caminhada realmente já começou. E isso é bom! Encurralados ainda estamos, mas pela serra em verde. Não pela
DE VOLTA AO COMEÇO
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"A partir desta trilha, se a gente lançar um olhar sobre esse horizonte, vemos os picos que orientaram os primeiros colonizadores de Minas Gerais. Pelo Pico do Itacolomi, chegou o bandeirante Antônio Dias, em 1698, e iniciou a Vila Rica que deu origem a Ouro Preto. O Pico do Itabirito orientou a chegada dos bandeiras que ocuparam toda a região à volta da cidade de mesmo nome. E a Serra do Curral, no princípio do século XVIII, definiu a localização da Vila do Curral Del Rey que, todos sabem, originou Belo Horizonte. Ou seja, estamos de volta ao começo. Digo isso, também, para mostrar a importância do poema de Carlos Drumond de Andrade e do movimento que foi feito para preservar esse monumento que tem elementos geográficos e históricos fundamentais para entendermos de onde viemos e como tudo começou. Isso aqui é pura história, beleza e contemplação. É uma maravilha que os mineiros e os não-mineiros precisam descobrir".
Mauro Werkema, presidente da Belotur
degradação, hoje contida e revertida. Mas pela sua beleza. Mesmo triste e engajada, a poesia venceu. Você venceu a própria morte. Por causa da perenidade e do jornalismo de seus versos, a natureza travessa, não mais sozinha, desvalorizada e incompreendida, parece novamente governar a serra. Q
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COM TANTA GENTE, O PLANETA FICA DOENTE Recursos naturais limitados e elevado número de pessoas no planeta José Olavo Mourão Alves Pinto* |
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sta é a fórmula explosiva com a qual estamos lidan- os acolhe e oferece o que merecem de melhor, é que defendemos do, qual um "timer" de uma bomba prestes a fazer a ideia de um mundo sustentável para todos que nele vivem. tudo voar pelos ares. Sem querer ser alarmista, mas Mas há que se considerar a grande irresponsabilidade dos talvez já sendo, o fato é que não há como nos preocuparmos governos em não se preocuparem com o crescimento desorcom a preservação ambiental simplesmente desconsiderando denado da população, sobretudo os daqueles países que não o descontrole com que a população mundial tem crescido. As podem oferecer a seus cidadãos condições de desenvolvimentaxas são alarmantes. No caso dos países subdesenvolvidos e to em saúde, segurança, educação, lazer, para dizer o mído Brasil, o aumento foi maior ainda. Em 1872, no primeiro nimo. Não há efeitos positivos quando as nações se tornam recenseamento brasileiro, éramos aproximadamente 9,9 mi- reféns desse brutal crescimento populacional, que pressiona lhões de pessoas. Chegamos a 2011 com uma população 20 o planeta e leva à exaustão os recursos naturais não renovezes maior no país. váveis. Com o excesso de consumo, desperdício e mau uso A verdade é que a superpopulação força a utilização preda- dos recursos, caminhamos rumo à perda da biodiversidade, tória dos recursos renováveis e não renováextinção de espécies, desertificação, acidifiveis. A Terra cobra seu preço à medida que cação dos oceanos e de chuvas, escassez da O que será do vem sendo ocupada. “Discurso catastrófico”, água, poluição do ar atmosférico e alteradirão os pretensos otimistas, apoiados na hi- planeta se a previsão ções climáticas. E isso já está acontecendo. pótese de adesão cada vez maior da sociedaver as informações dadas diariamente de nascimento de Basta de à sustentabilidade e às tecnologias verdes. pelos noticiários. Estão em curso no planeta mais sete bilhões transformações graves que resultarão (e já Mesmo com modelos de desenvolvimento que prezem pela sustentabilidade, resultam) em diversos desastres ambientais. de pessoass n nas ainda assim, cairíamos em uma encruziO preocupante é ainda perceber que não próximas sete lhada, se não trabalharmos por mudanças existe, salvo raras exceções, entre os líderes em nossa civilização. mundiais neste momento, consciência adedécadass for Pensem nos seis bilhões de habitantes dos quada para evitar essas graves consequênconcretizada? países subdesenvolvidos que, por serem pocias sobre a humanidade. bres e sem instrução básica suficiente, são É prova disso o resultado negativo da presas fáceis dos caudilhos populistas, mas que também dese- Rio+20, que só se prestou a atender problemas secundários jam um padrão de consumo semelhante ao da parcela de um setoriais de importância menor, tratados por dezenas de difebilhão dos que mais consomem no mundo. rentes grupos de pressão corporativa. O que será do planeta se a previsão de nascimento de mais A fatura, infelizmente, virá bem mais rápido do que prevesete bilhões de pessoas nas próximas sete décadas for concre- mos, se não entendermos já estamos ultrapassando os limites tizada? A atividade humana poderá crescer 16 vezes. E, caso da capacidade do planeta. O tempo do olhar estreito ou das isso ocorra, poderemos ter um aumento de temperatura no medidas isoladas, como se o que se passasse na vizinhança planeta de vários graus Celsius, reduzindo a área habitável nada tivesse a ver conosco, acabou faz tempo. O mundo clada Terra em face do degelo dos glaciares e dos polos, que au- ma por políticas globais. Por isso, a sustentabilidade ambienmentarão o nível dos oceanos e mares. tal, aliada à atenuação do aumento populacional, transforClaro que quando nos referimos ao problema dessa forma, ma-se em uma questão de sobrevivência de nossa civilização. não queremos dizer que as pessoas não possam ter direito de Não podemos deixar que nossos filhos e netos sejam os resusufruir de todo o progresso humano que seja possível. Tampou- ponsáveis por pagar essa conta. Q co que estejamos contra as pessoas. Muito pelo contrário. É por prezar os seres humanos em toda a sua plenitude, potencialidade e direitos a uma vida digna, pertencentes a uma nação que * Empresário e autor do livro "O Direito de Bem Nascer"
“
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MARCOS GUIÃO
1 TECNOLOGIA SOCIAL
Aromas do CERRADO Incensos produzidos artesanalmente, geram trabalho e renda na região do Alto do Vale do Jequitinhonha | Marcos Guião
A
utilização dos incensos pelo homem remonta ao início de sua própria história. A atração pelos aromas das plantas, madeiras, flores e resinas sempre acompanhou a caminhada evolutiva humana, que se utiliza dos incensos em cultos religiosos e ritualísticos, como oferenda ou ponte de acesso a uma consciência superior. Pois foi a partir dessa observação e pelo gosto apaixonado de me envolver com as plantas de nosso cerrado, que segui viagem com minha companheira Cristina até o outro lado do mundo, mais precisamente em terras india-
60 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
nas. A ideia era buscar informações de como produzir um incenso natural, atóxico, utilizando e manejando os recursos naturais encontrados em nossa região. Mas a realidade ambiental com que nos deparamos na Índia foi
assustadora e esse grande desafio foi relatado aqui na ECOlÓGICO numa série de cinco reportagens intituladas “Especial Índia”, nas edições do segundo semestre de 2010. De volta ao sossego de meu sertão, lembro-me nitidamente daquele sábado no final de março de 2010. Levantei-me cedo com uma disposição incomum, pois finalmente daríamos início às ações de levar aos moradores da comunidade de São Gonçalo do Rio das Pedras (MG) um pouco mais de cidadania e desenvolvimento social, com a possibilidade da criação de uma unidade de fabricação arte-
ECOLÓGICO Edição 22 trazia um especial sobre a Índia,seus incensos e cultura
Depois de muitas “pesquisas, acertos e erros, hoje a técnica artesanal de obtenção de óleos essenciais já é repassada a outros grupos ou pessoas
”
sanal de incensos. A expectativa era de adaptar o conhecimento e a experiência obtida no oriente, à realidade do cerrado existente no alto da Serra do Espinhaço. TRÊS REQUISITOS BÁSICOS Com a mente abarrotada de informações e o coração cheio de alegria, demos início ao trabalho de pesquisa na natureza ao redor da comunidade. Para o melhor entendimento de como se produz um bom, incenso é necessário compreender que ele deverá atender a três requisitos básicos: ter um aroma agradável, uma massa coesa e queimar completamente o palito sem interrupção. Adaptar essa formula básica e simples, utilizando recursos naturais renováveis em nossa região, demandou três longos anos de muita pesquisa e experimentação, contando com apoio de amigos, alunos, profissionais de áreas da química e farmácia, parcerias com universidades, além de uma intensa troca de saberes com os moradores de nossa comunidade. Durante os processos de escolha da matéria-prima a ser usada, procuramos observar algumas regras que gerassem o menor impacto ambiental possível. Coletivamente o grupo construiu alguns critérios que nortearam a escolha das espécies utilizadas, com especial atenção à eficiência, à parte da planta a ser utilizada, sua capacidade de regeneração, à população de cada uma delas na região, além da obediência de procedimentos mínimos de manejo
sustentável. E foi assim que, aos poucos, o entendimento da necessidade de buscar o equilíbrio entre a natureza e a interferência humana, deixou de ser uma ideia distante para se tornar uma vivência cotidiana. Inicialmente a investigação dos muitos aromas existentes no cerrado deu uma travada, pois precisávamos de um equipamento que realizasse a extração dos perfumes e aí paramos no alto custo de um destilador. A solução encontrada foi desenvolver um modelo artesanal de destilador de óleos essenciais, eficiente e bem mais em conta. Depois de muitas pesquisas, acertos e erros, hoje essa técnica artesanal de obtenção de óleos essenciais já é repassada a outros grupos ou pessoas interessados na possibilidade de realizarem uma extração caseira com um custo infinitamente menor. Paralelamente a essa conquista, o grupo, cativado pelo projeto, deu início ao levantamento de quais seriam as plantas existentes na região que poderiam ser aproveitadas. Listamos as características de aroma, cola e queima, enumerando livremente as espécies sugeridas por todos. Em seguida, saímos a campo para avaliar qual o tamanho do estrago que o uso daquelas plantas poderia provocar no delicado equilíbrio da natureza. Aí muitas delas foram retiradas da lista, quando, por exemplo, a parte a ser utilizada era a raiz ou só existia uma pequena população na comunidade. Finalmente, chegamos a um consenso de quais seriam essas espécies. Frequentemente temos repassado essa experiência prática por meio de treinamentos realizados aqui em São Gonçalo do Rio das Pedras (MG) aos interessados em aprender como fabricar seu próprio incenso. A ideia é que outros grupos de regiões e biomas diferentes possam buscar os recursos naturais em suas terras para desenvolver novos aromas e experiências.
SAIBA MAIS (38) 8823-6119 cris@naturezadosertao.com.br
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1 TECNOLOGIA SOCIAL
Aromas utilizados Plantas que dão consistência e ajudam na queima A Candeia (Eremanthus erythropappus) é a mais utilizada, pois essa arvoreta medra em profusão pelos altos do Espinhaço. Tradicionalmente é utilizada como poste de cerca devido a sua grande resistência à água. Quando levada ao fogão de lenha, tem queima fácil e desprende um suave aroma originado do óleo essencial de alto valor comercial (alfa-bisabolol) que corre em suas entranhas.
CANDEIA
Inicialmente tentamos a Mutamba (Guazuma ulmifolia), mas a descoberta do Lobo-lobô (Persea rufotomentosa) foi um achado inigualável. Sua frágil entrecasca é empregada tradicionalmente na culinária local para engrossar o feijão, o caldo do frango ao molho pardo. Pois a tiramos da cozinha, e a levamos para a manufatura dos incensos. Em algumas regiões também é conhecida como Quilombo, talvez por ter sido usada pelos escravos na tentativa de engrossar o caldo dos poucos alimentos disponibilizados pelos senhores de então.
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FOTOS: MARCOS GUIÃO
Plantas que colam
LOBO-LOBÔ
Plantas que cheiram Existem muitas espécies aromáticas pelos campos do Espinhaço e algumas delas ainda estão em experimentação. As utilizadas atualmente são o Capim Nagô, o Rosmaninho (Lippia rotundifolia), a Amesca (Protium heptaphyllum) e o Limão Cravo (Citrus x limonia), todas elas, plantas de fácil manejo, algumas com reprodução rápida, outras com brotação exuberante depois de uma poda adequada. Essas plantas fornecem um óleo essencial puríssimo, que quando incorporado à massa dos incensos, determina a fragrância de cada um. A exceção é a Amesca, também conhecida como Breu Branco, da qual a parte utilizada é uma resina encontrada incrustada no tronco das árvores que preferem os ambientes úmidos das margens de córregos e rios.
ROSMANINHO
AMESCA
CAPIM NAGÔ
LIMÃO CRAVO
“Como Fazer” Fazer incensos requer algum conhecimento e muito treinamento. O conhecimento é das plantas a serem utilizadas para compor o tripé: aroma, cola e queima, além de uma planta para dar consistência à massa. Para enrolar a massa nos palitos é necessário treinar um bocado, pois de primeira não é muito fácil.
MASSA
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Comece transformando todas as plantas colhidas num pó bem fino e reserve.
Acrescente duas partes da planta que cola (Lobo-lobô) uma parte de carvão e uma terça parte de salitre.
Faça a extração dos óleos essenciais das plantas que você vai usar e também reserve.
Misture tudo numa vasilha inox e acrescente água aos poucos, até obter uma massa consistente, semelhante a uma massa de biscoito.
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Prepare um pouco da tintura das mesmas plantas utilizadas como aromatizadoras e, mais uma vez, reserve.
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Em seguida, enrole pequenas porções dessa massa nas varetas.
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Pegue três partes do pó da planta Está pronta essa etapa, mas ainda falta escolhida para ajudar na consistência incorporar os aromas, que é um trabalho da massa (Candeia). mais delicado
AROMAS Misture o óleo essencial escolhido com a tintura da mesma planta numa proporção média de 1:3, sendo uma parte de óleo essencial e três partes de tintura. Isso pode variar de acordo com a composição do óleo essencial utilizado, pois cada um deles tem uma consistência mais ou menos densa. Quanto mais espesso, menos óleo essencial deverá ser utilizado e quanto mais fino, mais quantidade deverá ser misturada à tintura.
1
Deixe os palitos secarem de um dia para o outro e, com a massa ainda úmida, misture o óleo essencial com a tintura e despeje numa vasilha de inox, mergulhando em seguida as varetas nessa mistura. Retire rapidamente e coloque para secar em local fresco, ventilado e protegido da luz solar direta, por aproximadamente 48 horas. Em seguida, embale para que os incensos permaneçam perfumados por mais tempo. Hoje já temos embalagens desenvolvidas em papel reciclado, além da opção do caniço de bambu com tampa de rolha.
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JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 63
INFORME PUBLICITĂ RIO
O GESTOR JOĂ&#x192;O GILBERTO: â&#x20AC;&#x153;GOSTO DE OLHAR NOS OLHOS DAS PESSOAS. Ă&#x2030; FUNDAMENTAL QUE MEUS FUNCIONĂ RIOS ESTEJAM FELIZESâ&#x20AC;?
GRUPO BOM JESUS Ă&#x2030;
DESTAQUE EM INOVAĂ&#x2021;Ă&#x192;O Empresa do triângulo mineiro diferencia-se com postura sustentĂĄvel
E
m 1997, quando conceitos de â&#x20AC;&#x153;sustentabilidadeâ&#x20AC;? e â&#x20AC;&#x153;responsabilidade ambientalâ&#x20AC;? eram pouco conhecidos pela maior parte das pessoas, o grupo Bom Jesus - empresa lĂder no ramo de materiais de construção civil no Triângulo Mineiro â&#x20AC;&#x201C; começou a se preocupar com a destinação correta dos resĂduos gerados por sua atividade. O gestor JoĂŁo Gilberto Resende conta que â&#x20AC;&#x153;fazia parte da cultura da regiĂŁoâ&#x20AC;? deixar restos de materiais, como areia e brita, nas calçadas. Aos poucos, eles perceberam o problema que isso causava, especialmente, na ĂŠpoca das chuvas com o entupimento das bocas de lobo e o comprometimento da rede pluvial. Empenhados em encontrar uma solução e, motivados pela Resolução 317 do Conama (Conselho Nacional GH 0HLR $PELHQWH TXH GHĂ&#x20AC;QLX VHU responsabilidade do proprietĂĄrio da construção a destinação correta dos resĂduos da obra, eles decidiram arre-
gaçar as mangas. Foi aĂ que a empresa implementou o serviço de caçambas para recolhimento dos resĂduos gerados pelas obras e tornou-se tambĂŠm especialista no ramo. Mas era pouco. Impulsionado por valores como respeito pela natureza, pelo ser humano e pelo direito Ă cidadania, JoĂŁo Gilberto contratou uma empresa de consultoria tĂŠcnica, sob coordenação da consultora Roberta Pennisi. Juntos, eles montaram equipes multidisciplinares e iniciaram uma verdadeira revolução na empresa. RECONHECIMENTO O esforço tem sido recompensado pelo aumento da produtividade, dos lucros e por uma maior satisfação dos funcionĂĄrios com o prĂłprio desempenho e tambĂŠm por contribuĂrem para a nĂŁo degradação ambiental. AlĂŠm, claro, dos prĂŞmios que nĂŁo param de chegar. Um dos mais recentes veio do Sebrae: o PrĂŞmio de PrĂĄticas Susten-
tĂĄveis. A lĂĄurea ĂŠ concedida a todas as empresas que se destacam na adoção de medidas que evitam a degradação e poluição do nosso planeta. â&#x20AC;&#x153;Sinto-me honrado com esse reconhecimento por uma instituição de tanta respeitabilidade, como o Sebrae. Sem dĂşvida, ĂŠ um grande incentivo para continuarmos nossa jornada.â&#x20AC;? HISTĂ&#x201C;RIA DA EMPRESA Tudo começou em 1984 quando os empresĂĄrios Olavo Fernandes Peixoto e JoĂŁo Pereira de Miranda uniram suas empresas que nĂŁo contavam com mais de 20 funcionĂĄrios. A sede, na Rua NiterĂłi, na regiĂŁo central de Uberlândia, tinha pouco mais de 700 metros quadrados. â&#x20AC;&#x153;Mal cabiam os caminhĂľesâ&#x20AC;?, lembra JoĂŁo Gilberto, que, na ĂŠpoca, era o gerente de vendas. $RV SRXFRV HOHV GLYHUVLĂ&#x20AC;FDUDP D produção e os serviços oferecidos e foram se adequando Ă s necessidades do mercado. Hoje, alĂŠm da Bom Jesus FOTOS: MAURO MARQUES
Extração Mineral Ltda., fazem parte do grupo: as empresas Porto de Areia Bom Jesus Ltda, Porto Miranda Ltda, Bom Jesus Locação de Caçambas Ltda e Areia Miranda Ltda, totalizando 113 colaboradores diretos. Estes se dividem entre a entrega do material de construção e a retirada do entulho da obra por meio da locação de caçambas, mantendo o local limpo e organizado. A prĂĄtica evita descartes nas vias pĂşblicas e danos Ă rede pluvial. As caçambas recolhidas passam por uma triagem, em que os materiais sĂŁo separados e tĂŞm destinação regulamentada, reduzindo o volume de descarte no ambiente. Madeiras, plĂĄsticos, metais, ferro, blocos de concreto, telhas, tijolos e outros sĂŁo separados, selecionados e acondicionados adequadamente para serem reciclados. Assim, apenas resĂduos inertes sĂŁo utilizados na recuperação de ĂĄreas degradadas; reduzindo, por exemplo, o impacto de erosĂľes, como o das voçorocas conhecidas no municĂpio de Uberlândia desde 2004. Outra preocupação da empresa ĂŠ a realização constante de treinamentos, cursos e palestras com o objetivo de aperfeiçoar as condiçþes de trabalho H IRUPDU SURĂ&#x20AC;VVLRQDLV PDLV KDELOLWDGRV nos cuidados relativos ao meio ambiente. Todos os funcionĂĄrios receberam (e ainda recebem) ajuda de custo para ampliarem seus estudos; para se tornarem mais atentos aos cuidados com a prĂłpria higiene e aparĂŞncia, com a famĂlia e a com a forma com que se relacionam com os colegas de trabalho. â&#x20AC;&#x153;Essas açþes fazem parte de um programa denominado Ser Tudo de Bomâ&#x20AC;?, explica Roberta. FUNCIONĂ RIOS-MODELO Todos os funcionĂĄrios da Bom Jesus estĂŁo envolvidos, de uma forma ou de outra, na implantação da coleta seletiva de materiais, com a adequada destinação de resĂduos; o consumo consciente, a racionalização do consumo de energia elĂŠtrica e de ĂĄgua nas operaçþes internas; a redução do uso de reciclĂĄveis; a destinação de resĂduos derivados do transporte; a recuperação da mata ciliar em ĂĄreas de extra-
A EMPRESA ADOTA SISTEMAS DE ROTEIRIZAĂ&#x2021;Ă&#x192;O PARA REDUZIR O CONSUMO DE COMBUSTĂ?VEL E A EMISSĂ&#x192;O DE POLUENTES
ção; a limpeza e conservação das ruas no entorno da empresa e manutenção das ĂĄrvores e jardins dos canteiros da via pĂşblica. AlĂŠm disso, a frota de carros da empresa adota sistemas de roteirização para reduzir o consumo de combustĂvel e a emissĂŁo de poluentes.
bem informada, cobra mais seus direitosâ&#x20AC;?. Pessoalmente, o que mais o graWLĂ&#x20AC;FD p VDEHU TXH WRGR WUDEDOKR IHLWR com paixĂŁo, ĂŠ transformador. â&#x20AC;&#x153;Gosto de olhar nos olhos das pessoas com a consciĂŞncia tranquila e sem vergonha de ganhar dinheiro com trabalho que desempenhamos, porque o fazemos CERTIFICAĂ&#x2021;Ă&#x192;O ISO com muita dignidade. Ă&#x2030; fundamental O bom momento vivido pela empresa que meus funcionĂĄrios estejam feliD LPSXOVLRQD D EXVFDU D FHUWLĂ&#x20AC;FDomR ,62 ]HVÂľ DĂ&#x20AC;UPD -RmR *LOEHUWR que ĂŠ um conjunto de normas tĂŠcnicas que norteiam um modelo de gestĂŁo de OUTROS PRĂ&#x160;MIOS qualidade para organizaçþes em geral. O MPE Brasil 2011 â&#x20AC;&#x201C; reconhece e esJoĂŁo Gilberto acredita que eles jĂĄ este- timula as boas prĂĄticas de gestĂŁo; jam num processo bastante adiantado O PrĂŞmio SESI de Qualidade do no que se refere aos processos em si. Trabalho 2012 â&#x20AC;&#x201C; 1Âş lugar no segmen2 PDLRU GHVDĂ&#x20AC;R p VDLU GD WHRULD H SDUWLU to IndĂşstria de Minas Gerais, na catepara a prĂĄtica, quebrando tabus, paragoria: Desenvolvimento e Educação; digmas e antigos conceitos. â&#x20AC;&#x153;Ă&#x2030; preciso O PrĂŞmio SESI de Qualidade do convencer as pessoas de que ĂŠ possĂvel fazer diferente. E, nesse sentido, nosso Trabalho 2012; foco sĂŁo os lĂderes de setor que, na- O PrĂŞmio Top of Mind â&#x20AC;&#x201C; 1Âş lugar como turalmente, sĂŁo multiplicadores e for- marca mais lembrada pelos consumidomadores de opiniĂŁo.â&#x20AC;? Roberta Pennisi res, nas Ăşltimas quatro ediçþes 2009, acrescenta que o processo de adequa- 2010, 2011 e 2012, em pesquisa quançþes internas inclui a expansĂŁo e mo- titativa realizada pelo Jornal Correio e dernização da sede. â&#x20AC;&#x153;A empresa que Instituto Expertise de Belo Horizonte, nĂŁo se se tornar sustentĂĄvel vai perder com crescimento progressivo no posiem competitividade, porque o consu- cionamento da marca em Uberlândia. midor jĂĄ começa a exigir valor agregado SAIBA MAIS: nos produtos que consomeâ&#x20AC;?. www.grupobomjesus.com.br JoĂŁo Gilberto tem a mesma opiniĂŁo. Segundo ele, a histĂłria de uma empresa descompromissada com o meio ambiente ĂŠ curta, porque as leis estĂŁo bem mais severas e a sociedade, mais
1 GESTÃO
1.
RECONHECIMENTO Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental reconhece destaques em sustentabilidade
U
m círculo virtuoso, no qual todos se tornam conscientes do seu papel e de sua participação na construção de um mundo melhor para as gerações futuras. É assim que Ronaldo Simão, superintendente executivo e idealizador do Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental (PMGA), define a iniciativa, que no último dia 11 reconheceu a AngloGold Ashanti (Córrego do Sítio de Mineração), a Cenibra e a FIAT por suas ações ambientais. A cerimônia de premiação do sétimo ciclo do PMGA aconteceu no auditório Juscelino Kubitschek, na Cidade Administrativa de Minas, onde cerca de 500 pessoas estiveram presentes para prestigiar os vencedores. Na oportunidade, foi lançado oficialmente o oitavo ciclo do prêmio, que irá avaliar as empresas inscritas no ano de 2013. Com metodologia chancelada pela Organização das Nações Unidas 68 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
“
Minas Gerais é um celeiro de inovações, sobretudo em sustentabilidade. Francisco Gaetani
”
(ONU), pela União Brasileira para a Qualidade (UBQ) e pelo Governo de Minas Gerais, o Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental é referência no reconhecimento de organizações instaladas no Estado que praticam um modelo de gestão ambiental sistêmico, capaz de gerar qualidade de vida dentro e fora de suas instalações. O objetivo do Prêmio é despertar nas empresas mineiras a busca pela melhoria contínua da gestão ambiental, aperfeiçoando a utilização dos
recursos naturais e promovendo a disseminação de ações inovadoras e diferenciadas, voltadas para a sustentabilidade e os seus reflexos na qualidade de vida das comunidades e nas questões ambientais globais. “O PMGA visa desencadear um processo estruturado nas empresas que maximize os resultados positivos de suas ações, gerando com isto, ganhos reais para a sociedade no que diz respeito aos valores ambientais, sociais, econômicos e culturais”, explica Simão. O MÉTODO As empresas vencedoras passam, primeiro, por um crivo rigoroso, que inclui três etapas de avaliação: elegibilidade, onde são eliminadas as empresas com não-conformidades na área ambiental; avaliação dos relatórios de gestão e visitas técnicas às instalações; e júri, sendo que nesta etapa os nomes
das empresas não são apresentados aos juízes, apenas suas notas e observações dos examinadores (todos os examinadores e juízes atuam voluntariamente). Estes juízes, em média 22 profissionais de destaque na sociedade, somente tomam conhecimento dos nomes das candidatas julgadas por eles após o encerramento do julgamento. A avaliação engloba os últimos três anos de gestão, sendo que as empresas não competem entre si. Todas começam com 500 pontos e, à medida que vão apresentando lacunas com relação à metodologia, perdem pontuação. Com isso, o PMGA possibilita a participação de organizações de diferentes portes e de diferentes setores de atuação concorrendo em um mesmo ciclo de avaliação. Desde 2006, já foram premiadas 24 empresas, uma média de três por ano, que agora fazem parte de um grupo seleto com resultados ambientais de alto desempenho. SUSTENTABILIDADE Durante a cerimônia de premiação, Francisco Gaetani, secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente e representante da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no evento, Minas Gerais é um celeiro de inovações, sobretudo em sustentabilidade. “O Governo Federal tem a consciência de que a agenda ambiental não faz parte de um ministério específico, mas de todo o país. Por isso precisamos de iniciativas como esta, pois a questão ambiental traz consigo um grande senso de urgência, desafios globais e perdas irreversíveis”, afirmou. Já o Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento, Adriano Magalhães, que representou o Governador Antonio Anastasia como anfitrião do evento, ressaltou a relevância do PMGA por despertar nas organizações a importância do cumprimento do seu papel no que diz respeito à sua responsabilidade de empresa cidadã, não apenas entre as vencedoras, mas entre todas as participantes.
2.
Ronaldo Simão, Adriano Magalhães, Marco Antônio Lage (FIAT) e Francisco Gaetani
3.
Paulo Brant, presidente da Cenibra, recebe a homenagem; e José Margalith (foto abaixo), representando a Anglogold Ashanti
SAIBA MAIS www.pmga.org.br
FOTOS: 1. REPRODUÇÃO 2.3.4. RAFAEL MOTTA
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JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 69
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1 LICENCIAMENTO
UMA PROPOSTA PARA DESCOMPLICAR Empresas se unem para oferecer serviços voltados à gestão dos processos de licenciamento ambiental | Maria Teresa Leal
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mpreendimentos que enfrentam longos e complexos processos de licenciamento ambiental no Brasil, acabam de ganhar um aliado: o Solar, pacote de serviços, sob medida, que promete tornar a experiência menos penosa. A ideia partiu das empresas Geonature e Conciliare - especializadas em consultoria ambiental - e Siteware, voltada para o desenvolvimento de softwares de gestão por resultados. Juntas, elas identificaram os desafios enfrentados pelas companhias, em função do excesso de burocracia, e buscaram soluções. O lançamento oficial do serviço acontece no próximo dia 10 de julho, no auditório do 10º andar da Fiemg (Av. do Contorno, 4.460), às 9 horas. A diretora da Conciliare, Patrícia Boson, conta que uma pesquisa feita com empresas, envolvidas em processos de licenciamento, apontou um dos maiores entraves: a “gestão das condicionantes”, impostas pelos órgãos públicos responsáveis pela ordenação do licenciamento ambien72 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
tal. Essas são contrapartidas que podem ir desde a recuperação de parques, monitoramento da qualidade do ar à construção de um hospital ou escola. Justo no momento em que estudavam a melhor forma de ajudar essas empresas, a Conciliare e a Geonature foram apresentadas ao software Sigma, desenvolvido pela Siteware, que, inclusive, já está sendo utilizado pela AngloGold. O diretor da Siteware, Alex Sander Soares, explica que a ferramenta surgiu a partir de uma experiência-piloto demandada por outra mineradora. “Eles nos solicitaram um software que os ajudasse a gerenciar o processo de licenciamento, lembrando-lhes prazos, arquivando informações ao longo de cada etapa e organizando toda a memória do processo.” Diante da satisfação do cliente com os resultados obtidos e do conhecimento acumulado ao longo da criação do software, o sistema foi aprimorado e, hoje, tornou-se uma ferramenta completa. O software foi desenvolvido com
base nos princípios da gestão empresarial. A eficácia do aplicativo é obtida pela adequação à realidade de cada empreendimento e suas demandas, seja no que se refere às características, porte, atividade e localização, ou pelas necessidades de investimento e retorno financeiro. De acordo com Soares, o software permite medir e monitorar indicadores-chave de performance e as condições definidas para a obtenção das licenças ambientais. Além disso, a ferramenta organiza, registra e controla informações de todas as etapas do processo, relacionando-as com a legislação, as condicionantes, os documentos e as responsabilidades em cada empreendimento. SETOR DE INTELIGÊNCIA Mas Patrícia lembra que apenas a aquisição do software não liquida a questão. A empresa precisa de uma equipe capacitada (o chamado “setor de inteligência”) para extrair o máximo que a ferramenta é capaz de oferecer em termos de organização da
FERNANDA MANN
BENEFÍCIOS DO SOLAR O Organiza
toda a documentação referente ao licenciamento ambiental de um determinado empreendimento, mantendo a memória ambiental da empresa de modo seguro e acessível;
O Registra,
sistematiza, integra e controla as informações de todas as etapas do licenciamento ambiental – condicionantes ambientais, estudos, projetos e documentos correlatos;
O Diminui
consideravelmente a complexidade no acompanhamento do processo de licenciamento ambiental;
O Fornece condições para uma
Alex Sander, Patrícia, Vítor e Maura: equipe unida na busca de soluções para o licenciamento
informação. Além disso, é necessário aliar conhecimento técnico e de legislação. “Caso contrário, o sistema não será utilizado em sua plenitude, norteando as melhores decisões a serem tomadas”, adverte. Ela lembra que os processos de licenciamento são prolongados, perdurando, em geral, por toda a vida útil do empreendimento. Isso exige a dedicação de equipes inteiras, já sobrecarregadas por outros afazeres. “Nossa ideia é atuar como um braço operacional da empresa, reduzindo riscos, custos, perda de prazos, evitando o retrabalho e garantindo a otimização do tempo”. Patrícia relata ser comum uma equipe estar ocupada com uma condicionante, enquanto há outras quatro ou cinco à espera de solução”. Outro ponto colocado por Vítor Feitosa, também diretor da Conciliare, é o dos atrasos causados pelas dificuldades de gestão do processo de licenciamento, podendo implicar grandes prejuízos para o empreendedor. Segundo ele, não é incomum casos de empresas com perdas financeiras expressivas originadas pelos atrasos não previstos. Feitosa explica que, em geral, grandes projetos podem demorar dois anos para serem concebidos e mais dois para a implantação. Só, então, a operação é iniciada, gerando caixa para dar sustentação financeira
ao empreendimento. “Se houver atrasos até chegarem nesse ponto, principalmente decorrentes do desacordo ou descumprimento de condicionantes, as perdas financeiras podem inviabilizar o empreendimento”, alerta. Mesma opinião tem a diretora da Geonature, Maura Bartolozzi. Ela acrescenta que o descumprimento de prazos pode comprometer a consolidação dos empreendimentos, pois não basta executar as ações, é preciso documentar todo o processo, a fim de evitar o atraso na obtenção das licenças ambientais. Tais atrasos aumentam o custo financeiro dos empreendimentos. “O propósito do Solar é dar às empresas a agilidade e eficácia necessárias, facilitando a compreensão das implicações de cada compromisso assumido durante o processo de licenciamento e auxiliando na adoção das medidas mais adequados para cada situação. Desse modo, o Solar fornece aos responsáveis pelo projeto uma visão ampla do que está acontecendo de positivo e negativo. A ideia é que eles possam agir de forma consciente e antecipada, evitando ter que apagar incêndio”. Maura esclarece que o Solar pode atuar em três níveis. No primeiro, com um caráter operacional. Ou seja, na organização de todos os documentos para alimentação inteli-
avaliação criteriosa e sistematizada dos riscos para a viabilização do empreendimento, de modo a identificar oportunidades e evitar conflitos que acarretem atrasos e aumentem os custos do empreendimento; O Proporciona
visão estratégica e, sobretudo, agrega inteligência à tomada de decisão das lideranças empresariais;
O Melhora a performance dos setores
responsáveis pelas questões de meio ambiente dos empreendedores, deixando que os seus recursos humanos foquem nas atividades concretas de gestão ambiental, e não na gestão da informação; O Promove
a redução de custos com a gestão, pois apoia o empreendedor na coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento das informações que oferecem suporte à tomada de decisões estratégicas, desonerando-o da perda de tempo na busca da informação e do desperdício de recursos humanos e financeiros;
O Faz
a gestão de riscos do processo de licenciamento, ao oferecer uma ferramenta que possibilita a visão holística dos projetos (prazos, custos, condicionantes, contratados, responsáveis, documentos) e, assim, antecipar ameaças;
O Fornece
a visão dos marcos no andamento do licenciamento ambiental, podendo levar à implantação de medidas mitigadoras a tempo e a hora.
2
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 73
1 LICENCIAMENTO QUAIS SÃO AS EMPRESAS CONCILIARE Atua nos setores de energia, mineração e siderurgia, especificamente, na área de gestão e planejamento ambiental e de recursos hídricos. www.conciliare.srv.br GEONATURE Analisa informações ambientais para definir estratégias que tornem sustentáveis projetos nos setores de mineração, logística, infraestrutura, etc. Há oito anos participa do licenciamento ambiental de alguns dos maiores empreendimentos construídos no país. www.geonature.com.br SITEWARE Atua no desenvolvimento de soluções para a Gestão da Performance Corporativa, Melhoria Contínua dos Processos e Controle Ambiental há 13 anos. Dispõe de mais de 25 mil usuários presentes em algumas das maiores empresas brasileiras. www.siteware.com.br
gente do aplicativo. Um segundo, de caráter tático, envolve a análise rotineira das informações, por meio do entendimento das particularidades das questões ambientais, incluindo uma visão espacial, por georreferenciamento. “É a hora do gestor visualizar onde está o problema e quais são as questões a serem priorizadas. É o momento de separar o joio do trigo”. O terceiro nível, segundo Maura, é o estratégico, “em que é feita uma avaliação prospectiva dos conflitos, riscos, incertezas e restrições”. MODERNIZAÇÃO É O CAMINHO A diretora da Conciliare, Patrícia Boson, lembra que, passados 30 anos da sua implementação, o licenciamento ambiental permanece no centro das discussões. Mas, na opinião dela, ninguém deve esperar que o processo se torne mais fácil ou a legislação “mais frouxa”. Pelo contrário, a tendência
é que os órgãos públicos sejam cada vez mais rigorosos quanto às exigências, devendo “aliviar” apenas para as médias e pequenas empresas. “Os parâmetros sempre foram mais ideológicos e políticos do que técnicos. Mas, agora, chegamos ao nível da irracionalidade”, critica Patrícia. Por isso, é consenso em todos os segmentos da sociedade que os procedimentos técnicos e administrativos do licenciamento necessitam ser modernizados, inclusive, utilizando-se de ferramentas da Tecnologia da Informação. Diante das interligações de alta complexidade envolvidas no processo de licenciamento ambiental de um empreendimento, a intenção do pacote Solar é proporcionar assessoria altamente qualificada, capaz de melhorar a performance da empresa. “As equipes gestoras ficam livres para se dedicar especificamente ao desenvolvimento do projeto.”
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1 SEMANA DO MEIO AMBIENTE
A BOLA DA VEZ É VERDE Governo estadual, PBH e Fecomércio mostram, em seminário, o que está sendo feito em prol de uma Copa 2014 mais sustentável Luciana Moraes |
A
ções e projetos desenvolvidos em Belo Horizonte para sediar a Copa do Mundo de Futebol, no ano que vem, foram tema do seminário “Desafios e Legados de uma Copa do Mundo Sustentável”, realizado durante a Semana do Meio Ambiente, no auditório do Sesc Palladium, no Centro da capital mineira. O mundial deve atrair mais de 600 mil turistas internacionais e 3 milhões de turistas brasileiros nas 12 cidades-sede dos jogos. Somente em BH, são esperados 197 mil turistas estrangeiros e 430 mil brasileiros. O encontro foi promovido pelo Governo de Minas, em parceria com a Federação do Comércio (Fecomércio MG), Prefeitura de BH e apoio da Revista ECOLÓGICO. Participaram da mesa-redonda o secretário estadual Extraordinário para a Copa (Secopa), Tiago Lacerda; a presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Zuleika Torquetti; o assessor de Projetos Especiais do Sistema Fecomércio, Hegler Machado; o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Weber Coutinho; o assessor da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Gilberto Amorato; e o chefe de gabinete da Secopa, Mário Queirós Neto. USINA SOLAR Na abertura do debate, mediado pelo jornalista
1.
76 O ECOLÓGICO
| JUNHO DE 2013
Hiram Firmino, diretor da ECOLÓGICO, o secretário Tiago Lacerda destacou o grande poder de mobilização do futebol e as oportunidades geradas pela Copa, tanto em relação à adoção de práticas mais ecológicas, quanto na geração de novos empregos e renda. Na reforma do Mineirão, iniciada em 2010, pontuou Lacerda, foram adotadas inúmeras medidas sustentáveis, entre elas o reaproveitamento de concreto e madeira, bem como a instalação de uma usina para a geração de energia elétrica. Mais de 70 mil metros cúbicos de concreto foram reaproveitados para a produção de asfalto, e os 50 mil antigos assentos destinados a outros estádios do interior mineiro. Como medida de compensação ao licenciamento ambiental da obra, foram plantadas 8 mil novas árvores na região da Pampulha, e a meta é chegar a um total de 11 mil mudas até o fim deste ano. “Ao contrário de outras capitais, como Salvador, onde o estádio da Fonte Nova foi totalmente demolido, aqui mantivemos parte da estrutura e da fachada do Mineirão, inclusive por questões de tombamento arquitetônico. O resultado foi o reaproveitamento de vários resíduos da obra, além de uma considerável economia”, explicou o secretário. O Mineirão é o primeiro estádio brasileiro a gerar energia elétrica limpa, por meio de captação solar, graças à instalação de uma usina em sua nova cobertura. Ela vai produzir energia suficiente para abastecer cerca de 900 residências de médio porte, numa parceria entre a 2. Cemig, o governo alemão e o
TIAGO LACERDA O Mineirão como exemplo
3.
MESA VERDE Os envolvidos mostraram exemplos sustentáveis de outros países, onde os legados superaram os desafios
Consórcio Minas Arena, que administra o estádio. MINAS É REFERÊNCIA Segundo Zuleika Torquetti, para avaliar o grau de sustentabilidade de um evento é preciso ter indicadores e metas. Pensando nisso, a Feam, com apoio da Secopa e da PBH, criou uma metodologia para quantificar as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) que serão gerados nos eventos do mundial de futebol. “A Pegada de Carbono para a Copa é um modelo desenvolvido pela Feam, validado em Brasília pelo comitê organizador do mundial, e será adotado em todo o país”, informou. Em BH, a proposta é compensar as emissões de CO2 e de outros gases poluentes por meio do plantio orientado de novas árvores, visando principalmente à reabilitação de áreas degradadas. As ações deverão ser supervisionadas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), como forma de assegurar a eficácia da iniciativa e a sobrevivência dos espécimes plantados. Para Weber Coutinho, apesar de ainda haver muito a ser feito, BH pode se orgulhar das medidas sustentáveis que vem adotando. Entre elas, o Programa de Certificação em Sustentabilidade Ambiental, destinado a empreendimentos públicos e
privados, residenciais, comerciais e ou industriais, que contribuem para a redução do consumo de água, de energia, das emissões atmosféricas e da geração de resíduos sólidos. “Esse programa foi lançado ano passado. Somos a primeira cidade brasileira a ter uma certificação específica, uma política indutora do combate às mudanças climáticas no poder municipal. É um avanço importante. Hoje, já temos 19 empreendimentos certificados, entre eles seis hotéis. Estamos em contato permanente com representantes de outras cidades que sediarão jogos da Copa, com técnicos do Ministério do Meio Ambiente, e percebemos que as nossas ações são modelo para outros estados”, ponderou.
O Plano de Redução e Compensação das Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), lançado na Semana do Meio Ambiente pelo governo estadual, com apoio da PBH, identifica ações para mitigação e compensação das emissões de GEEs geradas com a realização da Copa das Confederações e Copa 2014. Entre as propostas de compensação estão compras públicas de baixo carbono, gestão de resíduos e redução do impacto do dióxido de carbono (CO2) liberado nas atividades realizadas pelos espectadores, além de parceria com a FIFA para priorizar a oferta de produtos e processos verdes por parte dos fornecedores oficiais do evento.
FORMAÇÃO PARA A VIDA Otimista, Hegler Machado frisou que o Brasil tem nas mãos a chance de fazer a Copa que todo o país merece e está esperando, com benefícios que se manterão mesmo após a realização do mundial. “Desde a nossa participação na RIO+20, ano passado, a Fecomércio está atenta às oportunidades que a Copa traz. Promovemos quase 100 palestras por todo o Estado, envolvendo e mobilizando 13 mil empresários do setor, além de estudantes de diferentes cidades. Há muitos desafios a serem superados, mas os ganhos são
inegáveis, entre eles a chance de investir na capacitação de pessoal.” E completou: “Temos convênios com os governos federal e estadual na oferta de cursos gratuitos para a formação de profissionais que poderão se qualificar e atuar em diferentes áreas, ajudando a receber melhor os turistas. Estamos convictos de que essa é uma preparação que vale para a vida toda. É conhecimento que fica e renderá frutos para além desse momento maior do futebol. Isso é muito gratificante”, concluiu. Q
FOTOS: 1. REPRODUÇÃO | 2. FERNANDA MANN | 3. ANICE DRUMMOND/ASCOM SISEMA
FIQUE POR DENTRO
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 77
O Apadrinhamento de Escolas é uma iniciativa que oferece soluções para a dura realidade de crianças que vivem em comunidades às margens dos rios do Amazonas. Com apenas R$ 25 por mês você leva a essas crianças educação transformadora, que une o ensino formal ao conhecimento tradicional, ambiente escolar acolhedor, material necessário para um bom aprendizado e capacitação adequada para os professores.
1 S.O.S ANIMAL
Família
FRANCISCANA Eles não são eremitas nem moram em cavernas ou jejuam. Mas amam os animais como a si mesmos | Maria Dalce Ricas e Luana Bhering
E
m uma chácara localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, uma família “franciscana” trata, com carinho e cuidado, de cerca de 400 animais. Um cavalo idoso queimado por um carroceiro, cujas feridas demoraram mais de um ano para sarar. Um papagaio que não para de tremer, vítima do estresse causado pelo tráfico. Uma seriema mutilada, que ganhou uma perna mecânica. Aves que, devido ao contrabando, não se recuperaram psicologicamente e se automutilam, arrancando as próprias penas. Papagaios sem bicos, cachorros e jabotis atropelados e outros tantos que dependem unicamente dos cuidados e boa vontade do veterinário Marcos Mourão, além da esposa e da filha dele, também veterinárias: Teresa Cristina Alves Brini e Danielle Brini Mota. Os três trabalham seis dias por semana numa clínica veterinária no bairro Jaraguá. Nos finais de semana e feriados, o tempo deles é destinado aos animais que moram no abrigo. Tanta dedicação mantém a família unida, mas “não sobra tempo nem para namorar”, brinca Mourão. O gasto mensal é de cerca de R$ 14 mil para manter o abrigo, onde, além da família, trabalham três funcionários. O veterinário conta que: “às vezes, falta dinheiro para pagar as contas nas casas de rações, mas os do-
80 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
nos conhecem a causa e acabam me dando prazo maior para pagamento. Há meses também que falta dinheiro para pagar as contas de casa, mas eu não ligo. Não pode é faltar alimento e medicamento para esses animais que dependem da gente”. O veterinário explica que “não é fácil conseguir ajuda para cuidar de animais ‘em fim de linha’, que não ‘servem’ mais e não são ‘bonitos’ aos olhos da maioria das pessoas. Só ajuda, aqueles que se identificam, amam, respeitam e os consideram seres vivos que também sentem dor, pensam e gostam de carinho e atenção”. Porém, mesmo com as dificuldades, Mourão faz planos para o criatório. “Já comprei dois lotes, mas, no momento, não tenho condições financeiras para usá-los. Um dia, vou poder transformá-los em refúgio para mais bichos, entre eles: felinos e primatas. Comigo, eles têm aposentadoria garantida”, brinca. Outros “franciscanos” são Rosângela Avelar e o marido Delton Jorge, que cuidam na própria casa - há mais de trinta anos - de animais recolhidos nas ruas. Eles moram no bairro Vera Cruz, em BH, e já são conhecidos na vizinhança pelo que fazem. Com fala emocionada, Alves conta que recebeu uma gata com quatro filhotinhos, mas que nem sempre tem condições de trazê-los para a casa. Mas, completa: “Há certos casos como o
FIQUE POR DENTRO
COMO PARTICIPAR A campanha recebe material de limpeza, principalmente água sanitária e saco de lixo, rações para gatos, cães, cavalos e aves de forma geral. A entidade solicita que as doações sejam de pacotes fechados e não a granel para evitar contaminação alimentar. Os donativos podem ser entregues na portaria da Rua Timbiras, nº 1560, no bairro Lourdes, em Belo Horizonte. A Amda publicará mensalmente dados relativos às doações e destinações.
1.
CUIDADOS Marcos cuida de um cavalo queimado por um carroceiro e que levou mais de um ano para ser curado
da gata, que mesmo não podendo, acabo pegando. Meu marido trabalha com reciclagem e vive encontrando animais abandonados no lixo e sempre traz para cuidarmos”. CAMPANHA S.O.S. ANIMAIS
Com intuito de colaborar com abrigos que acolhem bichos abandonados ou vítimas de maus-tratos, a Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda) criou a campanha S.O.S. Animais. Lançada em 04 de outubro de 2012, Dia dos Animais, a campanha
começou por meio das redes sociais e do projeto Terça Ambiental, que debate temas de grande relevância para o meio ambiente toda última terçafeira do mês. A finalidade da ação é recolher donativos, principalmente alimentos, para apoiar as ações dos abrigos. Segundo a coordenadora da campanha, Elizabete Lino, “a motivação vem da percepção de que o abandono de animais reflete um comportamento de indiferença ao destino deles, além da fragilidade e ausência de políticas públicas, inclu-
sive na área de educação”. Mas que, de acordo com ela, são minimizados pela “percepção de que há um crescente número de pessoas preocupadas em mudar essa situação”. Lino também acredita “que quanto mais o problema e ações, como a de Marcos e Rosângela, forem divulgadas, mais pessoas se envolverão e cobrarão políticas públicas para mudar esse deplorável quadro”. Q SAIBA MAIS www.amda.org.br/
2.
CARINHO Rosângela leva para a casa, há mais de trinta anos, animais que encontra abandonados
3.
O ABRIGO Marcos recebe animais muitas vezes rejeitados por estarem doentes
FOTOS: 1-2. LUANA BHERING 3. MARCOS MOURÃO
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 81
1 PESQUISA
1.
CASCA DE BANANA é usada na despoluição da água Ela tem potencial na remediação de águas poluídas pelos pesticidas atrazina e ametrina, utilizados em plantações de cana-de-açúcar e milho AGÊNCIA USP|
P
esquisa do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, identificou a potencialidade da casca de banana na remediação de águas poluídas pelos pesticidas atrazina e ametrina, muito utilizados, em plantações de cana-de-açúcar e milho. Em amostras coletadas nos rios Piracicaba e Capivari e na estação de tratamento de água de Piracicaba, as águas contaminadas com esses pesticidas ficaram livres dos componentes após o tratamento, comprovando a eficácia do método, se comparado a outros procedimentos físico-quími-
82 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
cos mais comuns, como a utilização de carvão. O estudo foi realizado nos laboratórios de Ecotoxicologia e Química Analítica do Cena. O procedimento é realizado com as cascas de banana trituradas e peneiradas após serem secas em forno a 60ºC. Depois são adicionadas ao volume de água estabelecido, e a mistura é agitada e filtrada. Em seguida, a água é analisada em cromatógrafo de fase líquida acoplado a um espectrômetro de massas. A capacidade de adsorção da casca de banana também foi estudada utilizando técnica com compostos radiomarcados, que
comprovou sua alta eficiência. O uso da casca de banana apresenta vantagem sobre as demais metodologias, como as remediações térmicas, químicas ou físicas e a fitorremediação, segundo as pesquisadoras envolvidas no estudo, Claudinéia Silva e Graziela Moura Andrade. Os processos tradicionais de tratamento de água não são suficientes para remover, eficientemente, resíduos de agrotóxicos de forma a atingir o padrão de potabilidade e evitar riscos à saúde humana, sendo necessária a adoção de técnicas mais competentes e de baixo custo.
2.
OS PESTICIDAS atrazina e ametrina são utilizados, em sua maioria, em plantações de cana-de-açúcar e milho
CAPACIDADE DE ADSORÇÃO A banana é uma fruta tropical consumida mundialmente, e sua casca corresponde de 30% a 40% de seu peso total, sendo utilizada, principalmente, para produção de adubos, ração animal e para a produção de proteínas, etanol, metano, pectina e enzimas. Seus principais constituintes são a celulose, hemicelulose, pectina, clorofila e outros compostos de baixo peso molecular. Assim, a casca da banana apresenta grande capacidade de adsorção de metais pesados e compostos orgânicos, principalmente, devido à presença de grupos hidroxila e carboxila da pectina em sua composição. Segundo Sérgio Monteiro, um dos autores da pesquisa, essa metodologia de remediação poderá ser utilizada, principalmente, para tratamento de água de abastecimento público, originárias de regiões com intensa prática agrícola, como é o caso das cidades da região de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), que são totalmente abastecidas pelo aquífero Guarani e a região de Piracicaba, onde está localizado o Cena. “Os estudos para aplicação em grande escala ainda devem ser
QUEM É ELE?
3.
SÉRGIO MONTEIRO Um dos autores da pesquisa, estudante de doutorado do laboratório de Ecotoxicologia do Cena/USP e pesquisador científico do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
realizados, mas acreditamos que esse processo de remediação seja a melhor alternativa”, defende Monteiro. “Tóxicos a organismos aquáticos, como peixes, crustáceos e moluscos, os efeitos crônicos desses herbicidas ao
ser humano, após exposições crônica ao longo de um extenso período ainda são controversos, fator que indica a necessidade de desenvolver estudos sobre a presença desses resíduos no ambiente e suas consequências sobre a saúde”, explica o professor responsável pelo Laboratório de Ecotoxicologia, Valdemar Luiz Tornisielo. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição 61 do mês de abril da revista “American Chemical Society” e do “Journal of Agricultural and Food Chemistry”. O notável crescimento da população durante as últimas décadas provocou um aumento das atividades industriais e, com isso, problemas ambientais. Como resultado da ação hostil da humanidade em prol de manter determinado nível de qualidade de vida, a poluição do solo, do ar e dos fluxos de água já são parte da vida cotidiana. Em relação à degradação que tem ocorrido com o passar dos últimos anos, a poluição da água é uma das maiores preocupações. Q
* Publicado originalmente no site Agência USP.
FOTOS: 1. SANJA GJENERO 2. MARCOS SANTOS - USP IMAGENS 3. REPRODUÇÃO
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 83
1 SAÚDE
CANELA PODE PREVENIR DIABETES E MAL DE ALZHEIMER Pesquisa aponta efeitos antioxidantes dessa casca aromática, usada em diferentes pratos aos resíduos da cisteína, também é capaz de se desprender, o que garantiria o correto funcionamento das proteínas”. Já a epicatequina – presente também em alimentos como morango, chocolate e vinho tinto – demonstrou ser um potente antioxidante. Além de deter o processo de oxidação, também interage com as cisteínas da proteína tau, e sua ação protetora é semelhante à do cinamaldeído. Estudos indicam que há uma ligação estreita entre a diabetes Tipo 2 e a incidência do mal de Alzheimer, já que os níveis elevados de glicose
– típicos da diabetes – aumentam a produção de elementos reativos ao oxigênio, um processo que leva ao estresse oxidativo. Nesse sentido, estudos anteriores já haviam comprovado os efeitos positivos da canela no controle dos níveis de glicose no sangue e em outros problemas associados à diabetes. Resta esperar pelos resultados finais da nova pesquisa, mas tudo indica que as substâncias presentes na canela podem ajudar a prevenir o aparecimento – ou retardar o avanço – da forma mais comum de demência. AMORA MARIA
P
esquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA), em Santa Barbara, Estados Unidos, estão estudando a canela, uma casca aromática, usada em diferentes pratos e infusões. O objetivo é estabelecer sua possível ação no combate a doenças comuns que acometem a população mundial, como Alzheimer e diabetes. A pesquisa se concentra em dois compostos presentes na canela – o cinamaldeído e a epicatequina – que ajudariam a retardar (e até a prevenir) o desenvolvimento dos “nós” filamentosos nas células cerebrais, que caracterizam a doença neurodegenerativa. Esses “nós” se formam pelo acúmulo da proteína tau, que desempenha um papel importante na estrutura e funcionamento dos neurônios. Os pesquisadores acreditam que o cinamaldeído, composto responsável pelo sabor da canela, pode proteger essa proteína do estresse oxidativo pela capacidade de se unir aos resíduos de um aminoácido, a cisteína. As proteínas tau são vulneráveis a modificações, um fator que contribui para o desenvolvimento do mal de Alzheimer. Segundo Donald Graves, professor-adjunto do Departamento de Biologia Molecular da UCLA, “de certa forma, o cinamaldeído funciona como uma capa: além de proteger as proteínas tau, unindo-se
CINAMALDEÍDO - Composto responsável pelo sabor da canela protege proteína de estresse oxidativo 84 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
FONTE: Ciclo Vivo, texto originalmente publicado no site Discovery Notícias.
A informação que forma e transforma o seu ponto de vista. Os fatos que formam e deformam a realidade. As caracterĂsticas que engrandecem e apequenam a polĂtica e a vida empresarial. As noticias que todo mundo quer ver e que muitos nĂŁo gostariam de ver publicadas. As atitudes e as prĂĄticas sustentĂĄveis e insustentĂĄveis para o meio ambiente.
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A direção da Usiminas se orgulhava de ter sofrido uma única greve em seus 50 anos. Mas a siderúrgica era dona de tudo. AtÊ da sede do Sindicato dos Metalúrgicos
A FARSA
da paz social
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PERRELA MERENDOU A VERBA DA MERENDA
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1 IV PRÊMIO HUGO WERNECK
Aladir Murta, Apolo Heringer e Vitor Feitosa
Hiram Firmino e Marcio Lacerda: o diretor da Ecológico também lançou o Projeto “Serra do Curral – Eu te Amo”, de apoio e divulgação a todas iniciativas de proteção.
Caio, Sônia e Glauco Carvalho
FESTA NA SERRA IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabidade, o “Oscar da Ecologia” 2013, é lançado durante a confraternização no alto do cartão-postal da capital mineira
O
1.
Augusto Trajano e Paul McCartney: ícones do evento este ano
2.
evento fez parte da programação oficial de encerramento da Semana Mundial do Meio Ambiente, após o lançamento, pela Prefeitura de Belo Horizonte, da trilha ecológica “Travessia da Serra”. Este ano, a premiação irá homenagear, in memoriam, a história do empresário Augusto Trajano de Azevedo Antunes que, nos anos sessenta, uma década e meia antes do advento da causa ecológica, tornou-se um ícone da mineração sustentável em plena floresta amazônica. Bem como também prestará um tributo ao ex -beatle Paul McCartney, cujo projeto “Segunda Sem Carne”, de engajamento e protesto contra o avanço da pecuária extensiva e predatória também na Amazônia, é seguido por seus milhares de fãs e ambientalistas em todo o planeta, incluindo a equipe da Revista ECOLÓGICO. As inscrições e indicações ao “Oscar” começam no próximo dia 15 e vão até o dia 04 de outubro, com 14 categorias. Já a cerimônia de entrega da premiação está marcada para o dia dois de dezembro, no ex-Cine Teatro Brasil, no coração histórico e político de BH, em processo de restauração pela V&M DO BRASIL. SAIBA MAIS www.premiohugowerneck.com.br
86 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
Alexandre Mello
Simone Bottrel
Marcelo Ab´Saber
Willian Starling, Homero Brasil, Marta Amélia e Vasco Araújo
Ronaldo Vasconcellos
Eloah Rodrigues, Paulo César e Flávia Lamounier
Silvia Nunes e Guilherme Ramos
FOTOS: FERNANDA MANN | 1. REPRODUÇÃO | 2. MARCOS HERMES
JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 87
Informações e Inscrições: www.gaiabelohorizonte.blogspot.com.br
Vinculado à GEN - Global Ecovillage Network (Rede Global de Ecovilas), o programa acontece em 34 países e oito estados brasileiros, sendo esta a segunda edição em Belo Horizonte. É destinado às pessoas interessadas em sustentabilidade, aplicável a todas as áreas de conhecimento.
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TERRA UNA em parceria com GAIA EDUCATION apresentam um programa baseado no “Gaia Education Ecovillage Design Curriculum” – uma contribuição oficial à Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2005-2014), e associado a GEN (Rede Global de Ecovilas).
PROGRAMA E DATAS DIMENSÃO SOCIAL - 03, 04, 05, 06, 07 de Julho Liderança Sistêmica + Construindo Comunidade: Sinergia e Reciprocidade + Habilidades de Comunicação + Transição Urbana + Jogos Cooperativos + Processos de Tomada de Decisão + Celebrando a Diversidade
DIMENSÃO ECONÔMICA - 14, 15, 16, 17, 18 de Agosto
Visão h do mu olística ndo Ouv com ir e re a n cone atu De rez ctar-se a tra spe ns rta for r e ma çã od ac on sc iên cia
Desafios de Economia Global + Fortalecendo Economias Locais + Economia Social Solidária + Humanização da Economia + Ecologia da Produção + Consumo Consciente + Redes de Troca
Visã o
d
a
e
Mu
ndo
jad e ad ga lid e en a u t it en pir Es cialm o s ra e e cu Saúd Design
DIMENSÃO VISÃO DE MUNDO - 04, 05, 06, 07, 08 de Setembro Dinâmica da Espiral + Origem Dual do Universo: Masculino e Feminino + Ecologia Profunda + Saúde e Cura + Novos Paradigmas para a Educação + Escolas Inclusivas e Participativas + Epistemologia e Nova Ciência
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DIMENSÃO ECOLÓGICA - 02, 03, 04, 05, 06 de Outubro Permacultura e Design Integrado + Bioconstrução e Arquitetura de Baixo Impacto + Agroecologia e Produção Local de Alimentos + Soberania Alimentar + Água e Saneamento + Gestão de Resíduos + Geração e Consumo de Energia
MAND MANDALA DAS DIMENSÕES - 30 e 31 de Outubro e 01, 02, 03, 03 09, e 10 de Novembro Design Integrado + Bancos Comunitários e Outras Ferramentas de Desenvolvimento Local + Dragon Dreaming + Comunicação Não Violenta + Articulação Bioregional + Simplicidade Voluntária + Ancestralidade e Consciência
Local: Escola da Serra Rua do Ouro, 1900
INFORMAÇÕES: (31) 9496-0353 (tim) / (31) 8503-4303 (oi) gaiabh@terrauna.org.br
1 SUSTENTABILIDADE
1.
COMO CRIAR SEU BEBÊ DE
FORMA SUSTENTÁVEL Da nossa própria experiência selecionamos algumas boas dicas para mães e pais de filhos pequenos Carol Guilen e Dan Lima
M
ães, amamentem! Quer comida mais natural, orgânica e local do que o leite materno? É o alimento mais puro que existe. Aproveite a fase da amamentação. Lembre-se de que não existe leite fraco, e que as mamas produzem de acordo com a demanda. Quanto mais você der de mamar, mais leite você irá produzir. Depois das primeiras semanas, a produção se ajusta à demanda e boa parte do leite é produzido na hora da sucção. Por isso, não desista de amamentar quando seus seios “murcharem”. Faz parte! Se seu bebê continua ganhando peso, insista! Se você acha que a produ-
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ção anda pouca, experimente não usar sutiã quando estiver em casa, amamentar com o maior conforto possível e olhando para seu bebê com amor. Também beba muito líquido e alimente-se bem. Com essas dicas, não tem erro! Se você parou de amamentar antes do que gostaria, pode tentar retomar a produção. Procure sobre técnicas na internet, nos fóruns de maternidade e amamentação ou com um especialista. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda amamentação materna exclusiva até os seis meses de vida, depois amamentação intercalada com alimentos até os dois anos.
CRIE CORAGEM E EXPERIMENTE FRALDAS ECOLÓGICAS Não, você não vai precisar lavar a mão, ferver, quarar, passar. As fraldas ecológicas modernas são mais caras e envolvem derivados de petróleo, sim, mas compensam, tanto financeiramente quanto ambientalmente. Fico feliz de saber que fui criada com fraldas de pano, e não vou deixar um legado de cerca de 5.000 fraldas! (Sim, é o que gasta em média um bebê até o desfralde), que demorariam mais de 400 anos pra se decompor! E minha filha também vai se orgulhar disso. A partir do segundo mês fomos aos poucos experimentando
e adorando as fraldas ecológicas modernas. Práticas, podem ser lavadas na máquina, não devem ser passadas, dão a sensação de sempre seco e são respiráveis! Os adeptos defendem que são melhores para a pele e mucosa do bebê do que as descartáveis. TROQUE, EMPRESTE, DOE Bebês perdem tudo muito rápido. Não compensa comprar um mundaréu de coisas para nunca mais serem usadas. Procure classificados de artigos duráveis usados, como berços, carrinhos e bebês conforto. Converse com familiares e amigos e troquem roupinhas pouco usadas, brinquedos etc. Há até lojas que alugam brinquedos, inaugurando uma nova lógica não consumista para a diversão das crianças. Aqui em casa, nossa bebê teve muita sorte: ganhou berço usado de um coleguinha, carrinho e tapete de atividades emprestados de outros amiguinhos, roupinhas da prima e por aí vai. Como nós mesmos fizemos a decoração e reutilizamos móveis para fazer o trocador, prateleira e armários, nosso gasto foi mínimo – e desperdício também! RESISTA À TENTAÇÃO! Você quer o melhor para seu bebê, e a mídia e os shoppings estão repletos de coisas lindas, fofíssimas, adoráveis, e que prometem ser as melhores, as mais seguras, etc. Converse muito com sua mãe, familiares e amigos sobre o que realmente é essencial para o bebê. Não tenha pressa em comprar. Antes do nascimento, tenha alguns sutiãs de amamentação, protetores de seios, absorventes e roupas bonitas para a mamãe e alguns macacões, bodies e calças para o bebê – cerca de 10 de calor e 10 de frio, além de fraldas e algumas mantas adequadas à estação. Se você tiver o quarto montado com berço e uma estação de troca prática, tiver o bebê conforto para levar seu bebê com segurança no carro, uma banheira simples e um carrinho, de preferência emprestado, está completo! Brinquedos, mamadeiras, bombinhas de amamentação, roupinhas de FOTOS: 1. REPRODUÇÃO 2. CARIN FONTE: donossoquintal.wordpress.com
2.
AMAMENTAÇÃO a melhor forma de alimentar o bebê
passeio e até mesmo o carrinho você poderá comprar melhor depois que conhecer seu bebê, seu tamanho e as necessidades reais de vocês dois. Dicas: vestidinhos para meninas podem durar mais se forem usados como vestidinhos quando for recém-nascida e como batinhas quando tiverem 4 meses, por exemplo. A Júlia conseguiu esticar o uso das blusinhas preferidas dessa forma. Lembre-se que você terá a vida toda do seu filho para comprar coisas para ele (a). REUTILIZE A ÁGUA DO BANHO Em casa sempre reusamos a água do banho. Muitos pais fazem isso. Afinal, geralmente são dois banhos por dia e uma água quase limpa. Não custa nada e as gerações futuras agradecem o cuidado com esse recurso essencial à vida. SEJA NATUREBA Evite pomadas, cremes e lenços
TROQUE Lenço umedecido Fraldas descartáveis O Papinhas em vidro / lata O Água da descarga ou da lavagem do quintal O Leite artificial ou de vaca
umedecidos. A nossa bebê fica sempre com a pele irritada e até com candidíase depois de eu usar lenços umedecidos perfumados demais. Bem melhor usar algodão molhado em água, e tratar a pele com um pouquinho de bumbum ao sol e ao ar todo dia. INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS SEGURA E SAUDÁVEL Prefira papinhas orgânicas, feitas por você mesmo. Basta procurar banana, laranja, chuchu, cenoura, abóbora, batata orgânicos – que são fáceis de achar. Cozinhe de preferência no vapor e amasse bem. Não é assim difícil fazer papinha, vá! Você pode cozinhar pedaços de legumes no seu arroz, amassá-los com um bocadinho de caldo de feijão e pronto! Embaixo um resumo de trocas simples para lhe ajudar a ter seu bebê e o planeta mais sadios!
POR Algodão embebido em água Fraldas ecológicas O Papinhas feitas em casa O Água sobrada do banho do bebê O Leite materno
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O
O
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1 CHARGE
1.
HUMOR QUE FAZ
PENSAR As melhores charges que ilustraram, por duas décadas, as páginas do jornal “Ambiente Hoje”, da Amda, são selecionadas para livro memorável Maria Teresa Leal |
2.
“As charges trazem leveza e podem ganhar a simpatia imediata do leitor pela causa Marcelo Freitas
”
A
té pra falar de coisa séria, como desmatamento, código florestal, alimentos transgênicos e tráfico de animais, pitadas de bom humor são bem-vindas. “Elas reforçam a mensagem, trazem leveza e podem ganhar a simpatia imediata do leitor pela causa.” A afirmação é do jornalista Marcelo Freitas, editor do recém-lançado livro “Água Mole em Pedra Dura”, uma coletânea das melhores charges criadas pelos artistas Genin, Aragão e Ricardo Melo e publicadas no jornal “Ambiente Hoje”, órgão oficial da Associação Mineira de Defesa do Ambiente entre 1989 e 2007. Com quase 30 anos de profissão e passagem por alguns dos principais jornais da capital mineira, Freitas lembra que as charges sempre foram
ferramenta de denúncia e contestação para os mais variados assuntos. Só que de um jeito divertido e irreverente. “Talvez, por isso mesmo, nos grandes jornais, o chargista seja uma pessoa quase intocada. O dono do jornal pode até não concordar com uma matéria. Mas ai dele, caso se atreva a censurar uma charge.” O livro é um retrato bem-humorado da história de Minas e do Brasil no intervalo de duas décadas. Retrata, com veemência, aquela que sempre foi a principal bandeira da Amda, o desmatamento. Há belos trabalhos conceituais sobre esse tema, como o da onça pintada em substituição ao rosto da Mona Lisa e o dos animais observando as nuvens de um incêndio florestal formarem a expressão SOS, ambas de autoria de Genin.
2
FOTOS: 1. GENIN 2. BERNADETE AMADO
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1 CHARGE
1.
Mas também, há fatos específicos como os contratos de risco na Amazônia, anunciados pelo Governo Militar no final dos anos 80, que abria a exploração da floresta a empresas multinacionais. A tentativa de venda, por meio de leilão, no governo Newton Cardoso, das fazendas da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epamig) que abrigavam as estações ecológicas de Corumbá, em Arcos e Lambari. Ou, ainda, a célebre canção de Tom Jobim, denunciando o fim da Mata Atlântica, que ele tanto amava. Selecionar as charges não foi tarefa das mais complexas. “O mais difícil foi criar uma maneira de oferecer todo o material ao leitor de forma que ele pudesse entender cada uma das charges e, ao mesmo tempo, ter uma ideia de como cada tema foi tratado 94 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
2.
Às vezes, “gargalhadas conseguem transformar o trágico em cômico, ao expressarem a história de um jeito diferente Maria Dalce Ricas
”
3.
ao longo do tempo pelos três chargistas”, relata Freitas. A opção foi fazer uma seleção cronológica dos trabalhos, dividindo-os em cinco temas: Desmatamento e Biodiversidade; Poder Público; Cena Urbana, Amda, Lista Suja e o Futuro do Planeta. Mesmo assim, antes de cada tema, fez-se necessária uma introdução do contexto em questão. “É que alguns trabalhos estão relacionados a acontecimentos muito específicos de época”, explica o editor. IDEIAS RECORRENTES O leitor irá perceber que, dentro de cada tema, algumas ideias se repetem. Mas, na opinião do editor, essa recorrência é positiva porque nos conscientiza de que a realidade, infelizmente, não mudou muito. A maioria dos problemas ambientais de uma ou duas décadas atrás permanece. “Por isso é importante repetir, repetir, repetir”, reitera, lembrando que o “ideal seria chegar o dia em que esses artistas não mais tivessem o meio ambiente como tema para criar suas obras. E nesse dia, tenho certeza, eles também estariam realizados”. A superintendente-executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, concorda e avalia que a luta ambiental tem sido, muitas vezes, inglória. Ela lembra que o desmatamento em Minas e no país continua acelerado, os rios poluídos e, mesmo destacando bons exemplos, FOTOS: 1. ARAGÃO 2. GENIN 3. GENIN 4. ECOLÓGICO
a realidade é que a maioria das empresas ainda age como se não tivesse nada a ver com o meio ambiente. O mesmo se pode dizer do poder público. Em sua opinião, após décadas, os interesses econômicos continuam a dar as cartas nas políticas públicas, priorizando os ganhos financeiros e mantendo a área ambiental como coadjuvante. “A sociedade, por sua vez, continua embalada no sonho do consumo infinito, dizendo-se preocupada com a degradação ambiental,
mas sem disposição alguma para mudar seus hábitos.” Mesmo assim, Dalce acredita que a Amda e outros movimentos de defesa contribuíram para que alguma mudança acontecesse e “é reconfortante a consciência de termos mantido a bandeira da luta ambiental”. Para a ambientalista, as charges sempre nos provocam, pelo menos, um sorriso. Às vezes, gargalhadas. “Conseguem transformar o trágico em cômico, ao expressarem a história de um jeito diferente.”
ARTISTA PARTICIPOU DA PRIMEIRA ECOLÓGICO
Genin, que assina a maior parte dos cartuns do livro, em função de ter colaborado durante um período maior com o Ambiente Hoje, sente-se honrado com o reconhecimento. Ele conta que a inspiração era sempre a matéria principal do jornal ou outra notícia de grande repercussão na mídia. Cético, porém, não acredita que seja possível “fazer graça” com temas tão sérios quanto os que permeiam as agressões ao meio ambiente. Por isso, as charges, desse universo, resvalam no “humor negro”. “São bem ácidas. Não é pra rir, é pra fazer pensar. Mas não tenho certeza se conseguimos. Se fizermos pelo menos uma cosquinha no leitor, já está bom. Daí, o título do livro: Água Mole em
4.
Pedra Dura...”, torce o artista. Por coincidência, Genin também emprestou seu traço marcante e bom humor para a primeira edição da revista ECOLÓGICO, numa matéria sobre uma homenagem recebida pela Amda na Assembleia Legislativa, por ocasião de seus 30 anos.
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1 CHARGE CHAMA DA RESISTÊNCIA Para o autor e ilustrador, Nelson Cruz, as charges desse trio são pílulas para nossa memória. Mesmo publicadas há tantos anos e espalhadas no tempo, recuperam acontecimentos e personagens que, como fantasmas, insistem em nos assombrar. “Com uma caneta de nanquim e uma ideia na cabeça, esses chargistas desenharam nossa realidade, nesse interminável túnel do tempo, que é a nossa história”, pontua. Cruz lembra que eles não só registraram os fatos daqueles dias, mas mantiveram acesa a chama da resistência àqueles que se apossam do poder e decidem nele se manter. Cruz acredita ter sido estratégico manter essa posição pelo traço do humor. Em vez de armas, a caneta e o pincel. No
lugar de violência, a arte de desenhar, fazendo rir. Na opinião do ilustrador, o traço do humor foi (e continua sendo), no Brasil, uma das formas mais elevadas de questionar os poderosos, revelar suas fraquezas e apontar caminhos para as discussões. “É essa inquietação que temos a felicidade de ver reunida nesse livro. A mesma inquietação que insiste em bater diariamente na porta da nossa consciência.” É o que a ECOLÓGICO, em sua próxima edição, continuará mostrando. A partir da lua cheia de julho, vamos trazer, uma a uma, todas as charges que nos fizeram pensar. Bom proveito! Q
PARA ADQUIRIR O LIVRO, ACESSE
1.
PUBLICAÇÃO editora Comunicação de Fato, lançou o livro na Escola Superior Dom Hélder Câmara, como parte das comemorações dos 35 anos da Amda
www.comunicacaodefato.com.br
TRIO DE PESO
2.
GENIN - Luiz Eugênio Quintão Guerra é mineiro de Itabira, formado em Engenharia Civil pela PUC Minas e em Belas Artes pela UFMG. Fundou, com amigos, em 1979, o Cometa Itabirano, jornal da imprensa alternativa mineira que teve papel de destaque na luta contra a ditadura militar. Foi editor de arte nos jornais Diário do Comércio e Jornal de Casa, em BH. Teve trabalhos publicados na revista de humor Bundas, do Rio de Janeiro, e nos jornais mineiros Estado de Minas, Hoje em Dia e Pasquim. Além do engajamento nas causas ambientais, ele gosta de celebrar a beleza, retratando mestres da música e da poesia. Atualmente, dedica-se à confecção de esculturas, criando desde pequenas peças até obras para espaços públicos. Para sua terra natal, fez três esculturas, em tamanho natural, de seu conterrâneo mais ilustre, o poeta Carlos Drummond de Andrade. Para Itabirito, fez as esculturas de Orson Welles e Telê Santana.
3.
CABOQUIM - Ricardo Melo começou sua carreira em 1974, como ilustrador da Editora Comunicação em BH. Jornalista formado pela UFMG, trabalhou na chamada imprensa alternativa, que fazia oposição ao regime militar nos anos da ditadura e na grande imprensa. Foi ilustrador e chargista do Diário do Comércio e Jornal de Casa, com passagens pela revista Isto é e pelo jornal Estado de São Paulo. A partir de 1998, passou a dedicar-se à elaboração de projetos de reformulação gráfica de grandes jornais como Correio Braziliense e Diário de Pernambuco. Atualmente, é diretor de Produção e Edição da Companhia Editora de Pernambuco.
4.
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ARAGÃO – José Carlos Aragão é bacharel em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG. É também jornalista, escritor e dramaturgo. Participou do Ambiente Hoje, em suas primeiras edições, no final dos anos 80. Tem mais de 30 livros publicados de poesia, contos e infantojuvenis. Ao longo da carreira, participou de vários salões de humor, como os de Piracicaba, Volta Redonda, Porto Alegre, Recife, Teresina e Itabira. Aragão foi militante da Amda e responsável pela coleta das milhares de assinaturas que engrossaram o abaixo-assinado que resultou na introdução do texto da Constituição Federal de 1988, do Art. 23, específico sobre o meio ambiente.
FOTOS: 1. REPRODUÇÃO 2. RITA GUERRA 3-4. ARQUIVO PESSOAL
A Rádio América completa 58 anos levando informação, prestação de serviço e o Evangelho para toda a comunidade cristã. redecatedral.com catedralrededecomunicacaocatolica redecatedral
ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENG (*) DE BELO HORIZONTE, MG
FERNANDA MANN
1
OLHAR EXTERIOR
MOBILIDADE O uso de bicicletas como uma alternativa no trânsito caótico de Beagá é hoje uma realidade que vem ganhando, cada vez mais, aderentes, principalmente à medida em que o governo implementa infraestrutura, como as ciclovias
De volta a BEAGÁ
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epois de 10 meses, volto a Belo Horizonte. Desta vez, com um objetivo específico: celebrar os 80 anos de meu pai. Meu voo em Pequim (China) decola com 40 minutos de atraso. Isso me deixa com apenas 20 minutos para fazer a conexão com destino a Lisboa (Portugal) no aeroporto de Frankfurt (Alemanha). Perdê-la representará também não embarcar no avião de Lisboa para Belo Horizonte (Brasil). Sei muito bem dos desafios que irei enfrentar, afinal esse aeroporto é simplesmente imenso. Mentalmente, entretanto, decido que irei conseguir; que tudo fluirá harmoniosamente. Medito várias vezes durante as 10 horas de voo para manter minha mente e meu espírito em paz; afinal, não é a nossa mente o nosso
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maior inimigo, sempre a nos dizer: “Você não vai conseguir”? NEGATIVIDADE AO REDOR Como se precisássemos de um inimigo interno! A comissária de bordo, o senhor que se senta ao meu lado, o guarda que checa meu passaporte, os outros dois guardas que vistoriam minha bagagem de mão – todos, sem exceção, me dizem: “Você não vai conseguir”. Quão raro na vida é encontrar alguém a nos incentivar, dar apoio e contribuir, mesmo que energeticamente, para que vençamos os desafios, especialmente aqueles que se apresentam como missão quase impossível. Acredito que tenham essa atitude para justificar a si mesmos sua falta de determinação e vontade para to-
mar as rédeas da vida, mudar o que precisa ser mudado e traçar sua própria fortuna. Afinal, se aceitarmos que somos responsáveis pelo rumo que tomamos a partir de nossas escolhas, não teremos ninguém a quem culpar por nossos infortúnios, a não ser nós mesmos. E isso é quase insuportável! Centrada e segura de meu propósito, rebato todos os ‘nãos’ com um sorriso. Correndo, atravesso corredores, desço e subo escadas, desvio daqui e ali e... alcanço o portão de embarque, nesse momento, deserto. Sem conseguir pronunciar uma única palavra de tão sem fôlego que estou, apresento meu cartão e passaporte, entro no avião e me acomodo. Sorrio vitoriosa para mim mesma!
“ Indescritível o prazer de começar o dia em meio à natureza, em um
parque (das Mangabeiras) tão limpo e bem cuidado, que nada deixa a desejar aos dos países desenvolvidos
”
PURO AÇÚCAR Jamais conseguirei entender a lógica das companhias aéreas quando o assunto é alimentação. O avião mal decola e a equipe de comissárias já se prepara para o serviço de bordo. Independentemente de qual refeição, sempre é uma bomba de carboidratos que se transforma imediatamente em açúcar na corrente sanguínea. Barrinha de cereais cheia de açúcar, muito pão, biscoito, pasta, arroz, doces, geleias, suco de laranja ou maçã, refrigerantes. Proteína e fibras são itens escassos. Resultado: em pouco mais de uma hora, o estômago já começa a reclamar de fome. Só que em voos longos, durante nove ou dez horas, os desavisados, que não carregam seu próprio ‘lanchinho’, literalmente penam de fome. E ainda por cima, a próxima refeição só é servida meia hora antes de começar o processo de aterrisagem. Aí, é aquela correria! QUE BELO HORIZONTE Depois de atravessar literalmente o globo (do Leste para o Oeste, e do Norte para o Sul), totalizando 23 horas de voo, tendo de lidar com chineses, alemães e portugueses no trajeto, aterrisso finalmente em Belo Horizonte. Ah, povo brasileiro! Povo abençoado por Deus! Sempre com um sorriso a oferecer; sempre tão gentis e prontos a ajudar, mesmo nas situações mais estressantes; e como adoram conversar! Exausta, mas feliz, adormeço para despertar, no dia seguinte, com o céu azulíssimo de Beagá. Acreditem: não há em nenhum outro lugar do mundo um céu tão azul e tardes tão douradas quantas as de BH! EXPULSA DO PARAÍSO Como faço há 10 anos, todas as vezes em que venho a BH, caminho de terça a domingo, às sete da manhã, no Parque das Mangabeiras,
ou melhor, costumava caminhar. Indescritível o prazer de começar o dia em meio à natureza, em um parque tão limpo e bem cuidado, que nada deixa a desejar aos dos países desenvolvidos... A não ser, agora, pelo quesito “segurança”. Friso aqui que nunca nada de ruim me aconteceu no Parque das Mangabeiras, mesmo que, a essa hora da manhã, apenas mais quatro ou cinco pessoas se aventurem pelas suas subidas e descidas. Mas, desta vez, a insegurança e o medo que permeiam constantemente o inconsciente coletivo dos brasileiros, infelizmente, me contagiou. Já nos primeiros metros de nossa caminhada, nesse dia às quatro da tarde, minha amiga jornalista Bertha Maakaroun me questiona: ‘Você tem coragem de andar sozinha por essas trilhas?’ Claro, respondo. ‘E por que não’? A resposta vem de imediato: Um guarda do parque, gritando, nos avisa que não poderemos ir até o mirante. Não será possível, naquele horário, garantir a nossa segurança. Como assim?, indago incrédula. Àquela hora, o parque está cheio de gente; e quem garante a minha segurança enquanto caminho sozinha, cedinho, sem cruzar com um funcionário ou segurança do parque? Em outra caminhada, agora com minha amiga jornalista Denise Menezes, a mesma situação se apresenta. Às 10h da manhã, Denise, ao perceber que andamos há tempo sozinhas pela trilha, diz que sou ‘louca’ de me ‘arriscar’ a caminhar sozinha pelo parque. Ela se sente insegura, e o medo se instala. Combinamos que, ano que vem, caminharemos na Pampulha. Essa mesma pergunta e sentimento de insegurança se repetem ao passear pelo parque com mais dois amigos. Resultado: quando vou caminhar sozinha, entro em paranoia; o medo me domina; e percebo que a minha expe-
riência de prazer e alegria ao estar no Parque dos Mangabeiras foi mortalmente contaminada pela realidade de violência em que vivem os brasileiros. Me sinto expulsa do paraíso! PRÓ-RODÍZIO Se vivesse em Beagá, certamente lançaria o movimento “pró-rodízio” de carros. Absolutamente ridículo e impossível o trânsito em Belo Horizonte. É triste constatar que os motoristas mineiros agora dirigem igualzinho aos chineses – cortam pela direita, obstruem as pistas de emergência, se sentindo mais espertos que todos. Me recuso, aqui, a comentar o comportamento frenético e irresponsável dos motoqueiros. Lugar para estacionar não existe. Alguma alternativa? Sim, a expansão da oferta de transporte público, principalmente de metrô. Entretanto, isso depende de vontade política – ops, melhor mudar de assunto! Enquanto isso, constato feliz que muitos agora andam de bicicleta pelos morros de BH; inclusive que ciclovias foram construídas na área da Savassi. Que avanço ecológico! CARTA DE AMOR E em meio a tantos encontros afetivos com meus amigos e minha família; a tantas experiências positivas com Belo Horizonte e seus arredores – Moeda, Brumadinho, Lagoa Santa, Serra do Cipó e Glaura, a caminho de Ouro Preto – celebrei com meu pai os seus 80 anos. Escrevi uma carta, a qual li para ele em sua festa de aniversário. Quando tudo terminou e estávamos deixando o salão de festa, ao apalpar o seu bolso, meu pai pergunta: ‘Uai, o que são esses papeis aqui?’ ‘Meu discurso para você, pai’. ‘Discurso, não, minha filha. Uma carta de amor’! ‘Sim, pai, eu lhe escrevi uma carta de amor’. Q (*) Escritora, psicanalista e consultora internacional de Comunicação JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 99
1 VOCÊ SABIA?
HÁ QUANTAS
ESTAMOS? | Fernanda Mann
H
á 160 mil anos viveram os Homo Ho omo sapiens e, 110 mil anos depois, nossos ancestrais, depo de ccuja cu ja vvariabilidade ja arriabi b genética é a mesm ma a dos oss dias atuais. Por milhares de a an anos, noss, os o ho homens foram nômades, ttornaram-se to torn ornaram coletores, depois a agricultores gricult e, somente há cerca d 600 anos, ganharam os made res. s O século XV testemunhou s. nova no novas v s rotas e o nascimento do va ccomércio co m intercontinental. E m meio milênio, os avanços Em ttecnológicos te c tornaram o plane net eta ta globalizado, e, hoje, inforneta
AS FLORESTAS Dos 64 milhões de km² de florestas que existiam no planeta, restam menos de 15,5 milhões. Isso significa que 76% das florestas primárias foram consumidas e eliminadas. Das matas originais, a África mantém hoje 7,8%; a Ásia, 5,6%; a América Central, 9,7%; e a Europa Ocidental, apenas 0,3%. O continente que mais possui florestas originais é a América do Sul, com 54,8%. Ainda assim, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, que faz o monitoramento do desmatamento no Brasil, são derrubados cerca de 21 mil km² de florestas por ano, tamanho equivalente ao estado de Sergipe. Da Mata Atlântica, restam apenas cerca de 7% do território original. Do Cerrado, já se perderam 48,2%; e a Floresta Amazônica brasileira que permaneceu, praticamente, intacta até os anos 70, hoje tem desmatada uma área correspondente a três estados de São Paulo. A boa notícia é que, no caso da Amazônia, o ritmo vem diminuindo, o que nos dá esperanças de uma postura mais cuidadosa dos governantes em relação à região.
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mações percorrem todo seu território em tempo real. Um salto inimaginável para o homem de 300 anos atrás que nem energia elétrica possuía. Por volta de 1439, surge a prensa móvel de Gutenberg, um tipo de impressão que permitiu a disseminação da aprendizagem em massa. Dois séculos mais tarde, é inventada a primeira máquina movida a vapor e, daí em diante, o tempo torna-se fugaz, e tudo acontece cada vez mais rápido. A televisão em cores tem apenas 60 anos, o primeiro computador eletrônico, 49, pesando 27 toneladas e ocupando 167 metros quadrados. A palavra internet foi usada pela primeira vez há 43, anos e o Projeto Genoma começou há 23. Quanta coisa aconteceu... Como o mundo evolui! Mas como anda a natureza? De onde vêm tantas ideias e os recursos que viabilizam todas essas invenções?
FOTOS: REPRODUÇÃO
RESÍDUOS O Brasil produz 195 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. Embora o excesso de “lixo” seja um problema, seu manejo, se, devidamente administrado, pode transformá-lo em solução. Caso fosse aproveitado, estima-se que o potencial de energia dos resíduos descartados no Brasil seria suficiente para abastecer 30% da demanda atual do país.
POPULAÇÃO Nos últimos 50 anos, o número de habitantes do mundo mais que duplicou. Pulou de 2,5 bilhões em 1950, para 7 bilhões em 2011. Ainda que, na maioria dos países, as taxas de natalidade estejam decrescendo, a população mundial segue aumentando.
DISTRIBUIÇÃO Cerca de metade da humanidade vive hoje e em cidades. As populações urbanas cresceram a am de cerca de 750 milhões em 1950 para 3,6 6 bilhões em 2011. As cidades ocupam 2% da massa de terra do planeta, mas são responsáonsáveis pela produção de 70% da emissão de e di dióxido ióxido de carbono. Seus moradores consomem 75% % dos recursos naturais do planeta, e cerca de 830 milhões de pessoas vivem em favelas, número que continua ontinua a crescer. A produção de alimentos está subindo de e forma constante e, proporcionalmente, superior ao crescimento mento populacional, mas cerca de 925 milhões de pessoas passam ssam fome no mundo. Por outro lado, a Organização das Naçõess Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, estima que o desperdício esp sper erdí dício de alimento chegue a 1,3 bilhão de toneladas por ano. o.
EM TEMPO Em termos numéricos, os grandes saltos se deram quase todos nos últimos 70 anos, a exemplo da explosão populacional e do processo massivo de urbanização mundial. Mas foi nesse período também que a tecnologia avançou, com o aparecimento, por exemplo, dos contraceptivos e das grandes mídias. Ou seja, a esperança foi semeada. A informação alcança todos os cantos do globo e só depende da vontade humana para que a mudança aconteça. Ainda há tempo!
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MARCOS GUIÃO (*)
MARCOS GUIÃO
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NATUREZA MEDICINAL
Já ouviu falar da
N
PUSTEMEIRA?
essas andadas pelo sertão do Gerais, dia desses se dei nas terras de São João da Chapada, lugarejo dos mais altos localizado na região de Diamantina, alcançando quase mil e quinhentos metros de altitude. Lá entra um vento constante soprando por riba da chapada e o que se vê ao derredor são campos baixios, repletos de capins entremeados de inúmeras espécies medicinais bem específicas deste ambiente. Uma delas me chamou deveras a atenção, a Pustemeira (Gomphrena sp), pequena erva dotada de folhas aveludadas recoberta por pelos dourados, que esconde raiz semelhante a uma diminuta cabeça de alho. Na região é planta afamada e todos com quem puxei prosa sobre suas qualidades e utilidades foram unânimes em afirmar que “é um santo remédio, pois cura de mamando a caducando”. Dona Dica, moradora da zona rural da cidade e grande conhecedora das miudezas medicinais encontradas em meio ao capinzal que medra por todo lado, tem indicações certeiras para o chá preparado com suas raízes machucadas e mergulhadas na água fervente. De acordo com ela, “prus caso de gripe, inframação dos peito e bronquite ele é bão misturado com melado. Inté aquela dorada na barriga sem muito cabimento, inframação dos rins e reumatismo ela cura. Isso é trem que vem dos antigos, mas é priciso tomá de cuidado, pois ela é planta quente. Por isso é bão tomar o chá dela mais pra morno, senão pode se dá um suadô dismisurado e se o vivente dá o azar de tomá um vento, mermo que seja disfarçado, atrapaia. Aquilo pode inté virar a cara do doente, fica um desmazelo. Tem vez que é bão
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misturá ele com o Canguçú, que tb é quente. Mas se o caso é de alergia, a mistura com o Velame é mió, pois que ele é frio”. Continuei perguntando, ouvindo e anotando enquanto saboreava uma larga fatia de queijo acompanhada de um cafezinho coado ali na horinha. Num pode tomar desaxegerado e tem ainda de se lembrar que na gripe ele é adoçado e nos casos de tratamento dos rins é tomado sem doce. Pois essa santa planta alivrou minha tia Raimunda de um cisto nos úteros, que já tava inté comprovado nos exame. Bastou dar de tomar o chá aos tiquins e nuns poucos dias ela tornou fazer aquela examaida e o tal cisto tinha-se desaparecido. Eu continuava me assombrando com as informações, quando Luíza, cunhada de Dona Dica, que ouvia a prosa caladinha, contou o seguinte. —“Eu sentia uma dorada no pé da barriga, parecia inté que minha bexiga lá ia se soltando. Dona Dica me ensinou tomar esse chá de Pustemeira e num se deu duas semanas pra aquilo tudo sumir pra lá. Nunca mais! Lá nos Macacos uma comunidade aqui perto, o povo põe ela na pinga para tratar de reumatismo e dor nas juntas.” Pois é assim, quando penso que tudo conheço e já sei, me aparece uma novidade das mais especiais e só me resta agradecer e entender que nada sei. Inté a próxima lua! Q SAIBA MAIS www.naturezadosertao.com.br (*) Jornalista e consultor em plantas medicinais
ANTONIO BARRETO
REPRODUÇÃO
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OLHAR POÉTICO
RARIDADE Capa da primeira revista Action Comics mostrando a estreia do Super Homem
E
MILAGRE DE PAPEL
então eles estacionaram seu carro de papel à beira do bosque de matéria-prima. No centro da cidade. Da cidade de papel. Eram árvores também de papel. Árvores de uma gramática que nunca explicava os verbos do mundo. Mas que trazia o mundo até eles, escrito e conjugado, sem precisar de giz, lousa ou caderno. Só queriam olhar as árvores. Folhear as árvores. Apenas isso. O homem calmamente coçou a cabeça. Penteou os cabelos com os dedos alongando os braços na direção do nascente. Quis abraçar o que ainda restava da noite mal dormida, rascunhada no cérebro que zumbia. Mas os ossos do sol, ainda raquítico, mirrado, estalaram em suas costas. E ele quase, por descuido, depenou um pássaro atrasado em seu bocejo. Na montanha de celulose picada a mulher descobriu umas coisas com as quais havia sonhado. E o casal de meninos parou de brigar, de repente, por causa de qualquer bobagem. Como não havia nada de novo na Terra, exceto aquilo de que já se esqueceu, aos pouquinhos o sol se infiltrou pelas copas, pelas folhas. E invadiu a avenida, espelhando as vidraças dos edifícios que ressonavam. Os primeiros motores roncaram pelas paredes. Era o sinal. Em silêncio foram se acomodando entre as caixas de computadores, geladeiras, televisões e a infinidade de pedaços de papelão, plástico, barbante e isopor. E agradeceram a Deus pela humanidade jogar tanta coisa fora durante a noite. Porque era sempre assim a via salária: recolhiam o que dava pra fazer o dia espichar, até a hora de remendar o estômago. Mas aquela manhã foi diferente. Muito desigual das outras manhãs. A mulher descobriu, na montanha de celulose, uma revista de decoração. E abriu as páginas de sua casa de dois andares cercada por jardins de buganvílias, 104 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
samambaias e lanternas japonesas que caíam da varanda. E regou as begônias amarelas, as lágrimas de cristo que despencavam pelas cercas laterais e colocou água com açúcar nas garrafinhas de beija-flor. Depois, já se imaginando um pouco cansada, deixou que seu corpo caísse sobre a rede de pano da costa com guirlandas brancas. E sonhou que a vida é muito mais simples que “um pedaço de maçã, uma chuva de verão ou uma cadela dando cria” – como já ouvira alguém recitar certa noite, na porta de um restaurante de ricaços, enquanto recolhia seus restos de comida. E achara aquilo bonito. “A vida é muito mais simples que o meu entendimento. Mas o que eu posso me imaginar é meu também...” – ela balbuciou, enquanto admirava o chafariz de seu jardim, onde um anjo pequenino esguichava água de um pote que trazia sobre o ombro. Porém, como uma mulher nunca está onde mora, mas onde ama, ela chamou por ele, seu namorado. Já não era mais uma mulher sofrida, com sua revista de decoração nas mãos. Era uma menina com seu amor recém-descoberto. E juntos se deitaram na grama, de mãos dadas, para saber como é a vida de quem não está sozinho no mundo. Desse modo ele entrou por dentro da casa, acendeu a lareira e os lustres da sala. E ajeitou os quadros na parede. E foi ver o quarto que ficava lá em cima, no final da escada em caracol. Quando descobriu a cadeira de balanço ao lado da janela, abriu as cortinas para que o sol entrasse, e também se imaginou um pouco cansado. Sentado, quietinho como um gato que sonha com ratos entre almofadas de veludo escarlate, ele cruzou as pernas deixando que a preguiça estalasse os ossos naquele teto já recoberto de horas e heras azuladas. E roeu, devagar, o tempo que vinha enferrujando a brisa já meio gelada da ave-
“E o menino voava herói de si mesmo, soletrando Super
Homem... E a irmã Mulher Maravilha, do mesmo modo, ficou saltitando bailarina de alegria
”
nida. Tossiu, enroscado num viveiro de passarinhos imaginários. Lambeu o pelo do silêncio para que a cidade acordasse, definitivamente, nos olhos de sua mulher. E olhou nos olhos de sua mulher. E sorriu. Era a sua mulher. Aqueles lá, mais adiante... os seus filhos. De carne e osso. Não eram de papel. E isso era bom. Muito bom graças a Deus... – agradeceu-se. Como um homem nunca está onde ama, mas onde mora, ele chamou os meninos para que viessem conhecer os quartos, os brinquedos, a piscina azul com tobogãs no ar, a sala da TV e a cozinha. E fez um sacrilégio. Proibido por alguma dignidade que resistia não se sabe onde, tentou disfarçar o próximo passo. Não conseguiu. Simplesmente abriu a página da geladeira para os meninos. E escancarou na frente dos olhos deles um desperdício de salame, muçarela, refrigerante, doce de leite, suco de laranja, abacaxi, melancia, carne assada, peito de frango, banda de porco, camarão, chocolate e batata frita. Mas os meninos não atenderam ao seu chamado. Porque também, naquela hora da manhã, já haviam descoberto dentro da montanha de celulose outra montanha de gibis e histórias em quadrinhos. E o menino voava herói de si mesmo, soletrando Super Homem essas palavras que passari-
nham fantasmas de Batman-Robin-Hood-Capitão-América dentro dele, já Durango Kid de tanta estripulia, com seus tesouros de papel. E a irmã Mulher Maravilha, do mesmo modo, ficou saltitando bailarina de alegria Florisbela-Pateta -Pato Donald-Tio Patinhas-Madame Min. E escondeu do irmão algumas fotos de artistas da TV, e outras coisas que havia por baixo da montanha, do outro lado, onde o pai já distribuía as ordens do dia. E o pai, de tão feliz, parecia comandar os rumos de um navio. Assim, carregaram seu carro de folhas que resumiam o mundo. Com os últimos capítulos da manhã, foram embora pra casa. Ali, debaixo do viaduto onde moravam, improvisaram tábuas. Bateram pregos numa lata de querosene. Prenderam arames no teto e estava pronta a estante dos milagres. De tarde, a mulher regou as begônias e deu milho para as galinhas. O homem capinou as tiriricas da grama e fez uma casinha nova para o cachorro. Os meninos se lavaram numa bacia d’água. E a mulher chamou a todos para o banquete do dia: arroz, feijão, farinha. Quando a noite caiu sobre o viaduto, os quatro abriram a porta do castelo. Depois foi só acender, com a dignidade de quem sonha, a luz de uma mirrada lamparina. E ler, outra vez, os papéis da sua vida. Q
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MEMÓRIA ILUMINADA | HERBERT DE SOUZA
A FOME DE JUSTIÇA DO
IRMÃO DO HENFIL Alexandre Salum |
“M
HISTÓRIA Filme baseado nos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário 106 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
eu Brasil/ que sonha com a volta do irmão do Henfil/ de tanta gente que partiu...” A citação na canção “O Bêbado e a Equilibrista” de João Bosco e Aldir Blanc, lançada em 1979 por Elis Regina, era para o então desconhecido “irmão do Henfil”: o sociólogo exilado Herbert José de Souza, ou melhor, Betinho. Nascido na cidade de Bocaiuva, no norte de Minas, em três de novembro de 1935, foi o terceiro de uma família de oito filhos. Hemofílico desde nascença, assim como os irmãos, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário , Herbert de Souza foi uma criança muito doente e teve tuberculose na infância. Costumava dizer que “nasceu para o desastre, porém com sorte”. Desde adolescente sempre foi muito ativo nas questões sociais, e sua formação teve forte influência dos padres dominicanos. Fez parte dos movimentos Juventude Estudantil Católica, Juventude Universitária Católica, e no início da década de 1960, criou a AP – Ação Popular. Em 1962, formou-se em Sociologia pela UFMG e trabalhou no MEC e na Superintendência da Reforma Agrária durante o Governo João Goulart. Depois do golpe militar, em 1964, Betinho mobilizou-se contra a ditadura. Mas, em 1971, foi obrigado a se exilar primeiro no Chile e, depois, fugindo da ditadura de Pinochet, no Panamá, Canadá e México. Retornou ao Brasil com a anistia em 1979 e, junto com dois economistas, fundou o IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Foi um dos primeiros a
apoiar a criação de organizações não governamentais. Além disso, passou a participar ativamente dos movimentos sociais pela reforma agrária e liderou o movimento “Terra e Democracia” que, dois anos antes da ECO/92, levou milhares de pessoas ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi um dos líderes da campanha “Ética na Política”, que resultou no impeachment de Fernando Collor. Logo após, criou o movimento “Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida”, conscientizando o povo brasileiro e colocando o combate à fome e à miséria em seu cotidiano e, em 1993, voltou a mobilizar o país com a campanha “Natal sem Fome”. Betinho contraiu AIDS durante uma transfusão de sangue em 1986. Isso porque, como era hemofílico, tinha de se submeter periodicamente à transfusões. Sem desanimar, criou a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, que dirigiu até a morte. Em 1988, perdeu dois irmãos, Henfil e Chico Mário, por causa da mesma doença. O mineiro Herbert José de Souza, símbolo da luta pela cidadania, honestidade e coerência, morreu no dia nove de agosto de 1997, aos 61 anos, no Rio. Um verdadeiro exemplo para as futuras gerações de brasileiros. Se a música “O Bêbado e a Equilibrista” fosse composta hoje, talvez a letra seria diferente: “Meu Brasil/que sonha com a volta do Betinho/ de tanta gente que partiu...”. A ECOLÓGICO selecionou alguns pensamentos desse visionário e humanista chamado Betinho. Confira:
FOTOS DIVULGAÇÃO
HERBET DE SOUZA, O BETINHO “Solidariedade, amigos, não se agradece, comemora-se.”
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MEMÓRIA ILUMINADA | HERBERT DE SOUZA
● ECONOMIA “Não podemos aceitar a teoria de que se o pé é grande e o sapato, pequeno, devemos cortar o pé. Temos de trocar de sapato.” “Não afirmo que o inimigo do Brasil é o capital estrangeiro, mas também não afirmo que por ser estrangeiro é melhor e mais amigo.” ● CRIANÇAS “As crianças estão nas ruas porque, no Brasil, ser pobre é estar condenado à marginalidade. Estão nas ruas porque suas famílias foram destruídas e nos omitimos.” “Quando uma sociedade deixa matar crianças é porque começou seu suicídio como sociedade.” “O jovem não é o amanhã, ele é o agora.” ● BRASIL “Há mudança no Brasil. Ela não corre, mas anda. Não corre, mas ocorre.” “Para nascer um novo Brasil, humano, solidário, democrático, é fundamental que uma nova cultura se estabeleça, que uma nova economia se implante e que um novo poder expresse a sociedade democrática e a democracia no Estado.” “É importante ver, com os dois olhos, os dois lados para mudar uma única realidade, a que temos.” ● MISÉRIA “A alma da fome é política.” “Miséria é imoral. Pobreza é imoral. Talvez seja o maior crime moral que uma sociedade possa cometer.” ● ÉTICA “O Brasil tem fome de ética e passa fome em consequência da falta de ética na política.” 108 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
1.
● CULTURA “Um país não muda pela sua economia, sua política e nem mesmo sua ciência; muda, sim, pela sua cultura.” ● VIDA “O que somos é um presente que a vida nos dá. O que nós seremos é um presente que daremos à vida.” ● ONGs “Não cabe às ONGs brasileiras acabar com ou pretender substituir o Estado, mas colaborar para a sua democratização. Não cabe às ONGs produzir para o conjunto da sociedade os bens e serviços que o mercado não é capaz de produzir, mas propor uma nova forma de produzir e distribuir que supere os limites da lógica do capital.” ● REFORMA AGRÁRIA “É um absurdo um país com tanta terra ociosa assistir sua população vegetar na periferia das grandes cidades.”
O cartunista Henfil no colo da mãe Dona Maria. E abaixo o músico Chico Mário: irmãos de Betinho na herança de luta e amor
2. 3.
“A terra e a democracia aqui não se encontram. Negam-se, renegam-se. Por isso, para se chegar à democracia é fundamental abrir a terra, romper essas cercas que excluem e matam, universalizar esse bem, acabar com o absurdo, restabelecer os caminhos fechados, as trilhas cercadas, os rios e lagos apropriados por quem, julgando-se dono do mundo, na verdade o rouba de todos os demais.” “Muitas reformas se fizeram para dividir a terra, para torná-la de muitos e, quem sabe, até de todas as pessoas. Mas isso não aconteceu em todos os lugares. A democracia esbarrou na cerca e se feriu nos seus arames farpados.” ● MORTE “Quem fica na memória de alguém não morre.” ● IGUALDADE “O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade.” FOTOS: 1. JORGE LOPEZ/REUTERS 2-3. DIVULGAÇÃO
● DEMOCRACIA “Democracia serve para todos ou não serve para nada.” “A luta pela democracia é que desenvolve o mundo, e ela se constrói com e através da comunicação.” ● AIDS “No Brasil não existia o controle do sangue: a Aids era desconhecida. Ele não existia também para outras doenças. Assistimos ao comércio de sangue, uma irresponsabilidade total. Neste sentido, a Aids salvou o sangue.’” ● SOLIDARIEDADE “Em resposta a uma ética da exclusão, estamos todos desafiados a praticar uma ética da solidariedade.” “Solidariedade, amigos , não se agradece, comemora-se.” Q JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 109
1 ENSAIO ARTÍSTICO
1.
Memória de São Miguel y Almas de Guanhães
RESGATAR QUINTAIS A emoção de Ferrari se desdobra em cores para quem desconhece a intensidade dos quintais | Fernanda Mann
R
icardo Ferrari nasceu e se criou em Belo Horizonte numa época em que segundo ele, a cidade ainda era uma roça. Pintou seu primeiro quadro aos nove anos de idade. Assim, começou a jornada autodidata que culminou no inconfundível traçado de linhas e cores que resgata a memória da infância, guardada dentro de cada um que contempla suas imagens. Pintou diversos temas durante sua jornada, mas uma situação vivida em família o influenciou de tal maneira que é hoje referência em suas obras. Ele morava em uma casa alugada com a mulher e os filhos. Ao lado, vivia a irmã e, em uma segunda residência, um amigo. Certo dia, decidiram derrubar os muros que separavam as casas, formando, assim, um grande quintal. E, diariamente, os filhos, primos, amigos e vizinhos se reuniam ali, em brincadeiras infinitas. Infelizmente, chegou um momento em que os donos do imóvel solicitaram 110 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
a saída, pois ali seria construído um prédio, que persiste até os dias atuais. Ferrari se mudou com a família para um apartamento e, dessa história, nasceu a série de pinturas “Quintais”. Anos depois, todos se mudaram para o municipio de Rio Acima. “Viemos na cara e na coragem, para morar no meio do mato, em contato direto com a natureza. A vida simples sempre me fascinou. Isso me trouxe muita
paz e só assim posso fazer o que eu faço. Aqui tenho inspiração de cores e formas, e isso foi fundamental para o meu trabalho”, conta. Ferrari não quer comunicar nada prédefinido em suas obras. Explica que o faz pelo contentamento de resgatar, em cada um, o prazer de ser criança, que é o prazer de viver, e completa: “o sentimento infantil é puro, desprovido de preconceitos e regras. Um sentimento que vamos perdendo com o tempo, à medida que nos tornamos adultos. Parece que nos esquecemos dos quintais nos quais vivemos. Mas todos têm algum quintal e uma criança perdida lá dentro. Se eu consigo transmitir isso para as pessoas, pode ser que a criança volte e elas comecem a ver a vida de maneira diferente, de forma mais bela e boa de se viver.” Inspire-se! Q
2.
DEDICAÇÃO Ricardo Ferrari em seu ateliê, em Rio Acima
SAIBA MAIS www.rferrari.com
3.
Árvore dos Namorados FOTOS: 1-3. DIVULGAÇÃO 2. BRUNO SALES
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1 ENSAIO ARTÍSTICO
Da Série Memórias de Infância
Sonhos da Infância 112 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2013
A Lagarta
FOTOS DIVULGAÇÃO
Da Série Memórias de Infância
Chuva de verão
O Menino e o Dragão JUNHO DE 2013 | ECOLÓGICO O 113
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CONVERSAMENTOS ALFEU TRANCOSO (*)
FILOSOFAR PARA
F
PRESERVAR
ilosofar é fazer pensar, refletir sobre como gerenciar modelo consumista de produção da atualidade é ‘ecocimelhor nossas escolhas cotidianas. Essa arte do bem da’ em sua natureza e antiecológico em sua finalidade. O pensar deve orientar nossas emoções e condecorar planeta não mais suporta tamanha pressão sobre os seus nossas conquistas. Pensar para não sofrer, eis um dos le- já limitados recursos. Os ecologistas lançam pelos quatro mas centrais dessa atividade interrogante que tem por fina- cantos do mundo seus gritos de alarme. Mas os donos do lidade nos fazer encontrar a sabedoria do feliz. Por ser uma poder industrial tapam os ouvidos a essas lamentações. É arte, todos a desejam, mas apenas uns poucos a atingem. impossível pensarmos em crescimento e sustentabilidade E esses são os sábios, aqueles que conseguem monitorar num sistema em que a obsolescência é planejada e o descom destreza as artimanhas do viver, fugindo das seduções perdício é o motor da reposição. Quase todos agem como do efêmero e dos negativismos atuais. Sabemos que muita se os recursos fossem ilimitados. É lógico que todos nós gente não gosta de pensar, mas podeprecisamos consumir, mas consumo mos aprender a gostar dessa atividade, para suprir nossas necessidades e não O modelo consumista de para satisfazer o poço sem fundo dos já que todo amor é um aprendizado, fruto de um persistente esforço. Não produção da atualidade é nossos desejos. Todo o sistema global existe gratuidade na vida. Toda pessoa de produção atual aposta na ideia de doadora sabe disso. Ela dá porque re- 'ecocida' em sua natureza que o supérfluo é mais importante do cebe, ama porque é amada. e antiecológico em sua que o necessário. Há outro desafio fundamental para Concluindo, podemos afirmar que a finalidade a vida que o ser humano teima em reflexão filosófica nos ajuda a enconnão assumir em sua amplitude: as imtrar uma luz no meio do túnel antes plicações ecológicas da nossa relação com o planeta. Con- que o dique se rompa e a inundação esmague todos. Filoseguimos avanços significativos na esfera da política e da sofar é apontar expectativas e, nesse aspecto, todas as peseducação, em geral, mas na área dos sistemas econômicos soas de bom senso devem, com urgência, utilizar a reflexão pouca coisa foi conquistada. O sistema global de produção para propor novos caminhos ou uma saída para o impasse continua agindo como se os objetivos a alcançar fossem os civilizatório em que nos encontramos. Urge lutarmos por mesmos de 200 anos atrás. O frenesi do crescimento a uma sociedade mais verde, mais interativa com a natureza. qualquer custo atinge todos os recantos da Terra. A roda Devemos saber que a luta ecológica não é somente uma acelerada desde o século XIX não pode parar. Para haver luta para a preservação da espécie humana, mas de todas riqueza, é preciso produzir, consumir, obter lucro, criar as espécies do planeta, já que somos fios da mesma rede mais trabalho, produzir e repetir tudo de novo numa ci- interativa que forma o tecido da vida na Terra. Q randa sem fim. Acreditam que, quanto mais consumirmos, mais trabalho criamos, mais o país pode se desenvolver. O (*) Ambientalista e professor de Filosofia da PUC Minas
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SHUTTERSTOKE
”
Compromisso com o bem-estar e a saúde, aliado à preservação de um dos principais cartões postais da cidade. Vem aí o novo Hospital Oncomed!
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