Revista Ecológico - Edição 81

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ANO 7 - Nº 81 - 02 DE JUNHO DE 2015 - R$ 12,50

EDIÇÃO: TODA LUA CHEIA


eletrobras.com

Tudo começou em 62. E a Eletrobras já nasceu impulsionando o país. Nas décadas seguintes, a gente continuou buscando chegar mais longe, construindo novas linhas de transmissão, novas usinas, investindo em tecnologia, investindo no futuro. Há mais de 50 anos, a história vem mostrando que superação é a marca da Eletrobras. Por isso, temos certeza: em 2030, vamos estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa e entre as dez maiores em energia elétrica do mundo.


Há mais de 50 anos, a Eletrobras é a força que transforma um país inteiro. Década de 60 A Eletrobras nasce com a missão de aumentar a capacidade de energia do País. Década de 70 Início da construção das usinas nucleares de Angra I e Angra II. Criação do CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica. Década de 80 e 90 Inauguração das usinas Angra I, Xingó, Serra da Mesa, Itaipu e Tucuruí. Criação do Procel, programa que contribui para o uso eficiente da energia no país. 2000 até hoje Instituídos os programas Luz para Todos e Proinfa. Início da construção de Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, Teles Pires e retomada de Angra III. Expansão das matrizes eólica e solar no País com a viabilização de vários empreendimentos: Geribatu, Mangue Seco, Rei dos Ventos, Miassaba e MegaWatt Solar. Até 2030 Objetivo de estar entre as dez maiores empresas de energia elétrica do mundo.

Somos a Eletrobras. Somos a energia do Brasil.


Pelas Ă gua

Homenagem Especial: Carlos Drummond de Andrade


as do Planeta

DA D A CAIXA CAIXA D’ÁGUA D’Á ÁGUA DO DO BRASIL BRASIL À TERRA DAS CATARATAS

Vem aí...

Inscrições abertas! www.premiohugowerneck.com.br


EXPEDIENTE

FOTO: ALFEU TRANCOSO

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Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck

DIRETORA DE GESTÃO Eloah Rodrigues eloah@souecologico.com EDITOR-EXECUTIVO Luciano Lopes luciano@souecologico.com DIRETOR DE ARTE Sanakan Firmino sanakan@souecologico.com CONSELHO EDITORIAL Fernando Gabeira, José Cláudio Junqueira, José Fernando Coura, Maria Dalce Ricas, Mario Mantovani, Nestor Sant'Anna, Patrícia Boson, Paulo Maciel, Pedro Borrego, Ronaldo Gusmão e Sérgio Myssior CONSELHO CONSULTIVO Angelo Machado, Célio Valle, Evandro Xavier, Fabio Feldmann, José Carlos Carvalho, Roberto Messias Franco, Vitor Feitosa e Willer Pos REPORTAGEM Cristiane Mendonça, Luciana Morais, Déa Januzzi e Vinícius Carvalho EDITORIA DE ARTE André Firmino e Marcos Takamatsu COLUNISTAS Alfeu Trancoso, Andréa Zenóbio Gunneng, Antonio Barreto, Marcos Guião, Maria Dalce Ricas e Roberto Souza

REVISÃO Gustavo Abreu CAPA Arte: Sanakan DEPARTAMENTO COMERCIAL Fábio Vincent fabiovincent@souecologico.com Sarah Caldeira sarah@souecologico.com Representante Comercial Brasília Forza CM - Comunicação e Marketing sdonato@forzacm.com.br

MARKETING Janaína De Simone janaina@souecologico.com ASSINATURA Alessandra Cristina alessandra.cristina@souecologico.com IMPRESSÃO Log & Print Gráfica e Logística S/A PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL Ecológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda ecologico@souecologico.com

Representante Comercial Rio de Janeiro Tráfego Publicidade comercial@trafegopublicidade.com.br

REDAÇÃO Rua Dr. Jacques Luciano, 276 Sagrada Família - Belo Horizonte-MG CEP 31030-320 Tel.: (31) 3481-7755 redacao@revistaecologico.com.br

Assistente Comercial Silmara Belinelo silmara@souecologico.com

VERSÃO DIGITAL www.revistaecologico.com.br

Publisher - Projetos Especiais David Ghivelder david@souecologico.com

sou_ecologico revistaecologico EMISSÕES CONTABILIZADAS

DIRETOR-GERAL E EDITOR Hiram Firmino hiram@souecologico.com

souecologico ecologico

4,89 tCO2 e Abril e Maio 2015


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IMAGEM DO MÊS

FOTO: ASSESSORIA IMA/AL

DOENTE E TRISTE VELHO CHICO A mancha negra de 28 km de extensão e sete metros de profundidade que apareceu no Rio São Francisco, entre os estados de Bahia, Sergipe e Alagoas, vem causando preocupação entre ribeirinhos, governos e órgãos ambientais. Segundo o Comitê da Bacia do Rio São Francisco (CBHSF) e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), foi detectada uma alta densidade de cianobactérias tóxicas, atribuída aos testes de redução da vazão na represa de Paulo Afonso pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Com uma quantidade menor de água no rio e a alta taxa de poluição, esses micro-organismos se multiplicam e podem causar mortandade de peixes e intoxicação humana. Por causa do problema, a Casal, empresa alagoana de fornecimento de água, chegou a suspender o abastecimento em várias cidades. JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O 07


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ÍNDICE

CAPA O FILME “PARA SEMPRE ALICE”, ESTRELADO POR JULIANNE MOORE, PROMOVE UMA DISCUSSÃO MUNDIAL SOBRE O TRATAMENTO DO ALZHEIMER E COMO UMA FAMÍLIA DEVE LIDAR COM PARENTES PORTADORES DA DOENÇA.

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PÁGINAS VERDES EM ENTREVISTA EXCLUSIVA, SÁVIO SOUZA CRUZ FALA SOBRE OS DESAFIOS DA NOVA GESTÃO DA SEMAD

E mais... IMAGEM DO MÊS 07 CARTAS DOS LEITORES 10 CARTA DO EDITOR 12 GENTE ECOLÓGICA 14 ECONECTADO 16 SOU ECOLÓGICO 18 ESTADO DE ALERTA 26 AMAZÔNIA 28

78

ECOLOGIA INTERIOR PROJETO CAPSULA MUNDI VISA TRANSFORMAR CEMITÉRIOS EM FLORESTAS, INTEGRANDO DEFUNTOS À NATUREZA

RECURSOS HÍDRICOS 34 GESTÃO & TI 40 MUNDO EMPRESARIAL 42 CLUBES UNIDOS PELO PLANETA 50 MUNDO FASHION 62 OPINIÃO 66 OLHAR INTERIOR 68 PERFIL 70 CORAÇÃO DA TERRA 74 DENÚNCIA 80

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POLÍTICA EX-SECRETÁRIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DO RJ, MARILENE RAMOS É NOMEADA PRESIDENTE DO IBAMA

MUDANÇAS CLIMÁTICAS 83 ECOLÓGICO NAS ESCOLAS 84 VOCÊ SABIA? 90 NATUREZA MEDICINAL 92 CÉU DE BRASÍLIA 94 POLÍTICA 96 BOM EXEMPLO 100 ENSAIO FOTOGRÁFICO 102 MEMÓRIA ILUMINADA 106 CONVERSAMENTOS 114

Pág.

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NO DIA DO

MEIO AMBIENTE, TEMOS MUITO A COMEM RAR. Sustentabilidade é uma obra coletiva e muito importante para cada um de nós, da MRV. Os nossos indicadores dos últimos três anos falam por si mesmos. E mostram também o quanto ainda podemos fazer.

• Mais de R$ 270 milhões investidos em projetos de urbanização e sustentabilidade, nas cidades onde estamos presentes. • Mais de 400 mil árvores plantadas. • 100% dos canteiros de obra operando o programa de gestão de resíduos. • (IVXMǻGE±­S REW RSVQEW HI sustentabilidade OHSAS 18.001 e ISO 14.001.

www.mrv.com.br


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CARTAS DOS LEITORES

“O exemplo de Chico Xavier é um alento para conquistarmos a evolução de nossa alma. Que possamos, assim como ele, ajudar sempre o próximo, amar incondicionalmente, sem ser passivos às injustiças que acontecem todos os dias.” José Artur Amorim, via e-mail O PÁGINAS VERDES – FERNANDO MEIRELLES “Importante para o Brasil que personalidades como o cineasta Fernando Meirelles se posicionem a favor da natureza! Todos do meio artístico deveriam seguir o exemplo dele e questionar tudo, sempre.” Natanael Roch, via Facebook O CÉU DE BRASÍLIA – ÁGUAS EM RISCO “Continuem comendo carne, e consumindo laticínios, produtos de origem animal e somente verão água em sonho ou alucinação! A pecuária é a maior responsável pelos desmatamentos, poluição e seca! Seja vegano!” Nia Pacheco, via Google+

O MEMÓRIA ILUMINADA - CHICO XAVIER “É com muita satisfação e alegria que li a Revista Ecológico, que é de Minas para o mundo, e fala sobre como podemos ter uma vida mais sustentável e ecologicamente correta. Gostei muito da matéria sobre Chico Xavier, que foi um homem iluminado e muito além do seu tempo. E destaco aqui duas mensagens dele que levarei pra minha vida: ‘Por maior que seja a dificuldade, jamais desanime. O nosso pior momento na vida é sempre o momento de melhorar’ e ‘a palavra deve ser dita para ajudar e nunca para deprimir a quem quer que seja’.” Ronaldo Santos de Oliveira, via e-mail “A homenagem a Chico Xavier não poderia ter vindo em melhor hora. Ficamos órfãos de alguém com a espiritualidade dele, sempre nos guiando para frente, para a evolução, para o bem.” Maria da Graça Lopes, via e-mail “Chico Xavier, sempre na memória de todos nós!” Luciana Oliveira de Souza, via Google+ “Chico Xavier dedicou toda a sua vida, com muito amor, a nós todos. Parabéns pela matéria!” Dorival Gazetti, via Facebook 10 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

O TECNOLOGIA LIMPA - CAPA DE CELULAR COM MADEIRA DE REÚSO “Parabéns a Marcos Palmeira por contribuir para a disseminação de produtos ecológicos! Bons exemplos assim devem ser copiados!” Beatriz Silva, via Google+ O ESPECIAL ÁGUA – PROGRAMA CULTIVANDO ÁGUA BOA “O 'Cultivando Água Boa' será uma experiência muito positiva para Minas, principalmente se ele for implantado nos municípios que mais desmatam no estado.” Angélica Cardoso, via e-mail “Parabéns à Itaipu pelo ótimo trabalho na proteção de nossas águas e matas ciliares!” Elizandra Batista dos Reis, via Google+ O ESPECIAL ÁGUA - A LEI DA ÁGUA E O "VETA, STF!" “Infelizmente, o brasileiro é masoquista. Insiste na ignorância ao meio ambiente. É um divertimento mórbido dos poderes público e privado transgredir as leis e a sociedade civil adotar ignorância prazerosa. Assim, ficaremos sem água, sem luz, sem comida, sem saneamento, sem segurança. Até sem ar, quando retirarem todas as árvores e exterminarem rios, lagoas e baías pelo esgoto e lixo despejado. A ONU deveria instituir prisão para desmatadores e estadistas alienados.” Mônica Mendes, via Google+


FA L E C O N O S C O Envie sua sugestão, opinião ou crítica para cartas@revistaecologico.com.br Por motivo de clareza ou espaço, as cartas poderão ser editadas.

O NOS PORÕES DO RETROCESSO “Uma pena que, depois de tanto tempo, a luta antimanicomial tenha de enfrentar velhos fantasmas. Isolar pacientes nunca foi a melhor solução.” João Carlos Vieira, via e-mail “Parece que Barbacena nunca vai ficar livre desse tipo de atrocidade. Como pode, em pleno século 21, seres humanos estarem convivendo enjaulados? O contato humano e natural é de extrema importância no tratamento de pacientes com transtorno mental.” Lucas Ribeiro, via e-mail O ENSAIO FOTOGRÁFICO “Dubai foi construída em um deserto e sabe dar valor à água. O Brasil, que tem a maior reserva de água doce do mundo, legaliza o corte de árvores na beira de rios e tem de adotar paliativos para mascarar a crise hídrica. Não dá pra entender.” Marian D'Ávila Freire, via e-mail

EU ASSINO “Assino a Revista Ecológico porque me identifico com sua luta pela preservação do meio ambiente. As reportagens nos lembram de nossas responsabilidades com a Mãe Terra e nos convidam ao engajamento, em busca de uma educação ambiental que nos permita transferir aos nossos netos uma verdeal esperança. Minha homenagem ao Hiram Firmino que, da Chácara Rosalan à Ecológico, percorre o árduo caminho em busca dessa meta!”

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

O CLUBES UNIDOS PELO PLANETA - O REI É VERDE “Independentemente do time, essa ação é muito positiva para a preservação do meio ambiente!” Donald Morais, via Facebook

Carlos Henrique Corrêa Gonçalves, coordenador jurídico fundiário da Plantar S/A

“África, o berço do mundo. Que maravilha esses bichos livres e donos de seu próprio hábitat, longe da mão humana que tudo destrói.” Ludmila Fonseca, via e-mail

1 HUMOR

FONTE: Charge do livro “Água Mole em Pedra Dura – o Humor nas Páginas do Ambiente Hoje”, da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA).

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CARTA DO EDITOR HIRAM FIRMINO | hiram@souecologico.com

AVISO AOS GOVERNANTES

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uase a unanimidade dos nossos políticos, dos vereadores à presidenta da República, passando pelos prefeitos e governadores, ainda parece surda aos recados cada vez mais explícitos da natureza. E o último agora não deixa dúvida nem é partidário. Foi atestado cientificamente pela revista Nature Climate Change. Se a humanidade (leia-se os políticos que nos governam e ainda acreditam poder controlar o planeta) não fizer nada para impedir a escalada do aquecimento global, as consequências das mudanças climáticas aumentarão 60 vezes. Ou seja: 60 vezes mais enchentes, secas, furacões e... refugiados ambientais - que, um dia, poderemos ser todos nós-, vide a migração faminta e mortal na África e no sul da Europa. O estudo ainda informou: se a humanidade resolvesse fazer alguma coisa contra o aquecimento do planeta, sabe em quanto a intensidade dessas desgraças aumentaria? 14 vezes! É assim, nesse quadro real e assustador, que assistimos a outra

pesquisa desalentadora, revelada pelo Instituto Datafolha: 95% dos brasileiros acreditam que as mudanças climáticas também já estão afetando a nossa terra brasilis, onde se plantando tudo dá ou desmatando tudo acaba, vide a crise hídrica. Já 91% concordam que o inferno climático é “muito preocupante para o futuro do planeta”. E confirmando esse desalento da política tradicional, 84% dos mesmos brasileiros ouvidos responderam, uníssonos, que “o governo não faz nada. Ou faz muito pouco para enfrentar o problema”. Quando antes do fim democrático previsto para todos nós, políticos, eleitores e a humanidade em geral, elegeremos todos os dias como “Dias Mundiais do Meio Ambiente”? Quando veremos os politicos como estadistas? Estadistas hídricos, como tem tudo para acontecer e dar certo na “Caixa d’Água do Brasil”, que são as montanhas, os vales e as nascentes de Minas? Estadistas florestais, como deveriam ser amazônicos os governadores na bacia hidrográfica da maior floresta do planeta? Quando, enfim, o meio ambiente entrará pela porta da frente da Câmara, do Senado e da Presidência da República? Os ambientalistas serão ouvidos e não, ignorantemente, ainda tachados de “serem contra o desenvolvimento”? Quando, o Ministério do Meio Ambiente terá verba para, ao menos, fazer uma campanha nacional educativa para não desmatarmos mais o país, nem colocar fogo no mato e secar até a última nascente? Quando, Mãe Natureza querida, teremos o primeiro político estadista em sua defesa e com os votos não somente distritais, mas globais e garantidos de toda a humanidade? Quando teremos o amor, a sabedoria e a inteligência humanas verdadeiramente em prática para nos salvar da ignorância? É o que sonhamos e discutimos aqui, caros leitores e anunciantes parceiros. É o que ainda acreditamos ser possível mudar, em mais uma edição especial da sua Ecológico, comemorativa ao “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Ou da esperança, ainda que tardia? Boa leitura e boa reflexão! O



GENTE ECOLÓGICA FOTO: JB ECOLÓGICO

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“O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real.” ABRAHAM LINCOLN, ex-presidente dos EUA

“Desmatamento Zero já é insuficiente para a Amazônia. A única saída é replantar a floresta.”

FOTO: WIKIPEDIA / FARACO E MOURA

ALBERT EINSTEIN, físico alemão

“A subida mais escarpada e mais à mercê dos ventos é sorrir de alegria.”

“Minha lagarta resolveu renascer borboleta branca para combinar com a fase de vida na qual estou me aventurando: vivo no meio do mato, cercada de bichos e de verde por todos os lados.”

CLARICE LISPECTOR, escritora

RITA LEE, cantora, à Revista Quem, sobre ter pintado os cabelos de branco

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FOTO: DIVULGAÇÃO

“Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.”

FOTO: DIVULGAÇÃO

ANTÔNIO NOBRE, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

“Temos de valorizar a vida, seja ela qual for. Uma pedrinha, o ser humano, o planeta, tudo que é vivo.” ANGELA RO RO, cantora e compositora, em entrevista a Marília Gabriela no GNT


ZIRALDO, cartunista

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

“Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar.” GUIMARÃES ROSA, escritor

FOTO: JB ECOLÓGICO

“A vida é linda e Deus às vezes nos manda recados por meio da lua! Vá vê-la e fique atento aos conselhos que Ele manda.”

FOTO: DIVULGAÇÃO

“O velho que bebeu nos bares certos, que amou as mulheres certas e que viveu uma grande história de amor, envelhece muito bem. Velho não tem medo da morte. É inexorável. A morte é inútil.”

ANA CRISTINA BARROS A bióloga é a nova secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. Formada em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana foi representante nacional da ONG The Nature Conservancy no Brasil e consultora do Forest Stewardship Council.

FOTO: REPRODUÇÃO

FOTO: DIVULGAÇÃO

GUSTAVO GRECO e ÂNGELA DOURADO, sócios da New Greco

ELIZABETH DE CARVALHAES A presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) assumiu a presidência do International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA), o cargo institucional máximo do setor de base florestal mundial. Esta é a primeira vez que uma associação do Hemisfério Sul filiada ao ICFPA assume o comando da entidade.

MAURÍCIO DE SOUSA O desenhista é o mais novo embaixador do Instituto Trata Brasil e será mais um apoiador do movimento para que todos os brasileiros tenham saneamento básico de qualidade. Recentemente, ele vestiu a camisa “Juntos pelo Saneamento” do projeto “Vim para Unicef”, parceria da Unilever e da Unicef com apoio do Trata Brasil, em que 1.600 crianças do semiárido brasileiro foram beneficiadas com a construção de banheiros, cozinhas e acesso à água tratada em suas escolas.

FOTO: PEDRO FRANÇA / WIKIPÉDIA

FOTO: ZUMBERTO

“Acreditamos no design como uma disciplina capaz de projetar um futuro melhor e para todos.”

CRESCENDO

EDUARDO BANDEIRA, diretor executivo da Rede Catedral

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ECONECTADO CRISTIANE MENDONÇA

O “A natureza é uma

permanente fonte de deslumbramento. Olhar para o belo nos fascina e é nessa criação que sentimos a presença do Criador.” @brunalombardi - Bruna Lombardi, atriz

FOTO: REPRODUÇÃO FACEBOOK

TWITTANDO

O “E se os pet shops cedessem seus expositores por um dia para colocar animais para adoção?” @leticiaspiller – Letícia Spiller, atriz

FOTO: OLIMOR

O “A natureza não é cruel. Nós, humanos, ainda não aprendemos a lidar com ela.” @NaraGil - Nara Gil, cantora

MAIS ACESSADA

O “Educação nunca foi despesa.

Câmara eliminou a letra ‘T’, que sinaliza para o consumidor os produtos transgênicos. Por que os deputados temem a correta informação?” @andretrig - André Trigueiro, jornalista

FOTO: DIVULGAÇÃO

Sempre foi investimento com retorno garantido (Sir Arthur Lewis).” @Prof_Cortella - Mário Sérgio Cortella, filósofo O “Na prática, a

CARONA SOLIDÁRIA Belo Horizonte possui uma frota de carros de passeio de cerca de 1,7 milhão de veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Além disso, 70% dos veículos particulares trafegam apenas com o motorista. Já imaginou se cada habitante resolver colocar o carro na rua diariamente para ir ao trabalho ou passear? O trânsito ficaria ainda mais complexo. Por esses e outros motivos, aplicativos de carona solidária são sempre bem-vindos. O mais recente deles é o Zumpy, que propõe, por meio de um sistema de seguro, as caronas compartilhadas. O usuário faz o cadastro por meio de uma rede social de sua preferência e acompanha via Google Maps as caronas mais próximas. O aplicativo ainda te mostra quem são as pessoas que estão perto de sua rede de relacionamento, para tornar sua escolha mais confiável. Gratuito, está disponível para celulares Android e IOS nas lojas do Google Play e Apple Store.

FOTO: DIVULGAÇÃO

ECO LINKS

Em tempos de estresse, quando a vida diária torna as pessoas cada vez mais ansiosas, é natural que elas busquem soluções para amenizar a questão. Por isso, a seção “Natureza Medicinal” da Revista Ecológico, que trata das propriedades salutares das plantas, sempre faz o maior sucesso entre os internautas. Entre elas, está a coluna mais acessada do mês de maio - “Doçura do Sertão” -, que conta como as folhas do maracujá-doce suavizam a ansiedade e melhoram o sono. Ficou interessado? Acesse: http://goo.gl/D5UdLY

O “SP procura pessoas que queiram

O “Ruralistas tentam

frear demarcações de terras com CPI da Funai.” @luisnassif - Luis Nassif, jornalista

FOTO: ELZA FIÚZA / ABR

doar uma hora por semana para passear com crianças abandonadas com pouca chance de adoção.” @msantoro1978 - Maurício Santoro, cientista político

FOTO: MARCOS GUIÃO

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Preservação ambiental. Um investimento com retorno garantido.

A CBMM atua de forma responsável e eficiente na gestão dos recursos naturais que utiliza. Por isso, investe continuamente na redução do uso, no controle de qualidade e no reaproveitamento da água em seus processos. Práticas que vêm dando resultado: a CBMM recircula atualmente 95% da água utilizada, e a meta é alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos. Um compromisso da CBMM com a natureza e com o futuro de todos nós. CBMM. Aqui tem nióbio.

Os animais ilustrados fazem parte do CDA – Centro de Desenvolvimento Ambiental.

www.cbmm.com.br


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

SOU ECOLÓGICO

LEMBRANÇA De outro lado, também vale lembrarmos o que nos dizia o velho e saudoso jornalista José Geraldo Bandeira de Mello, mais generalista impossível, então assessor de imprensa do ex-governador Hélio Garcia, sobre o sofrível e desecológico desempenho da maioria dos nossos políticos (caídos de paraquedas) em cargos executivos: “A questão é que eles sempre acham que a história começa e termina com eles. Levam os primeiros dois anos tentando destruir toda e qualquer lembrança de seus antecessores. E os dois anos restantes tentando implantar a sua marca, o que vieram fazer ali. Mas aí já é tarde. Acaba o mandato e começa outra eleição. Tudo de bom que podiam ter continuado e acrescido também vai ser desconstruído, nesta lógica, pelos seus futuros substitutos”. Esta é a notícia ruim que não sai na imprensa, Bandeira concluía: “Perdemos todos”.

XARÁ NA ÁREA A propósito, Irã Cardoso é o novo chefe de gabinete de Adalclever Lopes na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Primeiro secretário de Meio Ambiente na história política de BH, é de sua autoria o plantio maciço de árvores que hoje IRÃ CARDOSO vicejam na capital mineira. Notadamente o corredor verde em que se transformou a Avenida Afonso Pena, desde a Praça Tiradentes até a Praça do Papa, no sopé da Serra do Curral, onde o Papa João Paulo II nos convidou a defendermos a natureza, além da ecologia humana. Verde na ALMG!

HÉLIO FRAGA, 50 ANOS Concorrida e emocionante. Assim foi a homenagem que o empresário Roberto Gontijo prestou ao jornalista Hélio Fraga pelos seus 50 anos dedicados ao turismo. O evento foi na já famosa Confraria do

Fogão a Lenha e reuniu velhos companheiros do trade, além de políticos e empresários. Cruzeirense, ex-editor de turismo e colunista esportivo do jornal Estado de Minas, onde praticamente trabalhou a vida inteira, Hélio é um exemplo de dedicação e ética. Hoje blogueiro, emocionava seus leitores tanto pela acuidade informativa de seu texto quanto pela firmeza de opinião ao se posicionar. Não aceitava favores. Repórter dos bons e apaixonado pela profissão, ele emocionou seus pares pela humildade, elegância e amorosidade ao próximo, preservadas e transparentes até hoje.

ROBERTO GONTIJO, Ronan Ramos, Hélio Fraga e José Aparecido Ribeiro: homenagem ao bom jornalismo e amor à profissão

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

PRATA DA CASA formação técnica superior em Meio Surpreendente a escolha do jornalista Ambiente nem ser ativista histórico, Diogo Melo Franco, graduado em vale lembrar o que dizemos de nós Comunicação Social pela PUC-MG, mesmos, jornalistas, enquanto como novo presidente da Feam, feita profissionais de Comunicação Social, pelo secretário Sávio Souza Cruz, titular atuando e dando palpite de maneira da Semad. Servidor de carreira da pasta diferencial nas áreas mais diversas verde do Estado desde 2006, onde foi do tecido humano, social e político: diretor dos núcleos de gestão ambiental “O jornalista é aquele profissional e assessor-chefe de Comunicação do especializado em... generalidades!”. Sisema (leia-se também IEF e Igam), Já vivi isso na pele. Eu mesmo fui DIOGO FRANCO Diogo traz mais em seu currículo: é secretário de Meio Ambiente de BH e especialista em “Gestão Ambiental” presidente da Feam e sou consultor pela Fumec e em “Negociação Estratégica para em política e educação ambiental. E, como jornalista, Ganhos Múltiplos" pela Sustainability Challenge acho que acertei mais do que errei e continuo Foundation, além de formação em “Desenvolvimento errando e aprendendo, justamente por não ter a de Gestores Públicos” pela Fundação Dom Cabral. rigidez do olhar técnico. Para quem estranhou sua indicação, por não ter Boa sorte, Diogo!

FOTO: DIVULGAÇÃO

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Acesse o blog do Hiram:

PRIMEIRA E HISTÓRICA edição lunar em 30 de setembro de 1993, um ano após a ECO/92 no Rio de Janeiro

GRATIDÃO ECOLÓGICA “Uma publicação com circulação na lua cheia? Você está pensando o quê? Que o Estado de Minas é um jornal lobisomem?!” Foi com essa colocação, hoje um diferencial cult no mercado e no calendário da propaganda, que o jornalista e publicitário Édison Zenóbio fez não apenas nascer. Mas circular durante ÉDISON ZENÓBIO: nove anos, sob sua exigente coautor da primeira e amiga batuta, o “Estado revista com circulação lunar do Brasil Ecológico” (depois JB Ecológico e a sua atual Ecológico), a primeira e mais longeva publicação sobre Meio Ambiente na grande imprensa brasileira. Ícone da mídia, respeitado e querido por seus pares, o ex-superintendente de Publicidade e diretor-geral do EM se encantou em BH no último dia 30, lua crescente de maio, aos 84 anos, 70 deles dedicados à profissão. Onde você estiver, prezado e taurino Zenóbio, a nossa gratidão lunar!

FOTO: EVANDRO MATHEUS-ESP. CB-D.A PRES

hiramfirmino.blogspot.com

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PÁGINAS VERDES

“A SEMAD NÃO PODE SER SÓ ÓRGÃO DE LICENCIAMENTO” Hiram Firmino e Luciano Lopes redacao@revistaecologico.com.br

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FOTO: DIVULGAÇÃO

uando assumiu a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), Sávio Souza Cruz já imaginava o tamanho dos desafios que teria de enfrentar para colocar a questão ambiental de novo nos trilhos. No entanto, os gargalos são maiores do que ele previu. Para começar, um orçamento de apenas 0,5% do total arrecadado pelo Estado, uma queda de mais de 50% em relação a 2009. E um Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema) – leia-se Semad, Feam, Igam e IEF – em frangalhos, tanto do ponto de vista do quadro técnico quanto de estrutura física, atuação e motivação. Diagnosticados os problemas, Sávio agora tem um novo objetivo: consolidar a Semad como um órgão que preza pela qualidade ambiental em Minas Gerais e não apenas como boa fonte arrecadadora de recursos, que na maioria das vezes nem eram aplicados na própria estrutura. Para se ter ideia, a Semad contribui mensalmente com R$ 8 milhões para sustentar a Cidade Administrativa. E não para reinvestir em meio ambiente, na proteção da natureza que nos resta. Nesta primeira e exclusiva entrevista a um veículo de comunicação desde que aceitou o desafio de resgatar a imagem de Minas como referência sustentável, Sávio fala sobre a força-tarefa criada pelo governador Fernando Pimentel. Ela é coordenada pela Semad e tem a participação de outras secretarias de Minas, para sanar o passivo ambiental do Estado. O novo secretário também destaca os problemas que emperram os licenciamentos e apresenta propostas para a gestão dos recursos hídricos em escassez. Confira: Que balanço o senhor faz desses primeiros meses de governo? O trabalho foi e está sendo muito intenso. Fizemos as primeiras reuniões com o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH). Conseguimos aprovar, de forma pioneira no Brasil, uma deliberação normativa que estabelece diretrizes e critérios gerais que servirão de base para a declaração de situa-

SÁVIO SOUZA CRUZ: “Só é possível conquistar qualidade de vida com informação e educação ambiental”

ção de escassez hídrica em Minas. Com isso, será possível definir punições, rodízio e racionamento. Começamos também um processo de reestruturação do Sisema e de toda a equipe. O Sisema sofreu um colapso grande. Estamos estudando os gargalos e as deficiências para, na sequência, apresentarmos uma proposta de reestruturação tanto para setores da socie-


S ÁV I O S O U Z A C R U Z

QUEM É

ELE

Nascido na capital mineira, Sávio é graduado em Engenharia Metalúrgica e especialista em Engenharia Ambiental pela UFMG. Eleito vereador em 1992, integrou a Comissão de Administração Pública e a Comissão de Meio Ambiente, Política Urbana e Rural e Habitação. Representou a Câmara Municipal como membro efetivo no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) e apresentou projetos que originaram leis tão relevantes quanto a que criou no município a necessidade de licenciamento ambiental. E relatou, entre outras, a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, a primeira grande legislação municipal que cuidou efetivamente de disciplinar o crescimento desordenado de Belo Horizonte. Sávio é casado e tem um filho.

dade que acompanham a situação ambiental do Estado quanto para o Legislativo. Essas são apenas uma demonstração de que o atual governo entende a importância que o meio ambiente tem. A “força-tarefa” criada pelo governo para agilizar a solução desses gargalos, que tem a participação das secretarias estaduais de Planejamento e Gestão (Seplag), da Fazenda (Sef) e de Desenvolvimento Econômico (Sede), foi criticada por ambientalistas. Quem está coordenando todo o processo? A única força-tarefa que não é coordenada pelas secretarias centrais é a do Meio Ambiente, que é presidida por seu próprio secretário. A força-tarefa foi criada há quase dois meses e já ocorreram quatro reuniões para levantar um diagnóstico da situação, dos processos de licenciamento e de outorga e autos

FOTO: GREENPEACE / KARLA GACHET

Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais

“50% de todo o desmatamento em Minas ocorre somente em 20 municípios, a maioria deles na Região Norte.” de infração que estão parados por deficiência do Sisema (leia mais a seguir). Para se ter ideia, sequer temos um programa de agendamento digital na secretaria - é tudo feito por meio de protocolo físico. Temos um investimento de R$ 78 milhões para informatização, mas pouquíssimas coisas foram feitas. É só dar uma olhada no computador que utilizo aqui na secretaria, por exemplo, para entender nosso nível de defasagem em tecnologia da informação. Isso é muito preocupante, principalmente para o monitoramento de processos de licenciamento e outorga, pois recebemos uma média de 20 novos por dia. Há ainda suspeitas de coisas piores, de processos que somem e não têm acompanhamento. Então o sr. acredita que este esforço conjunto está funcionando? Sim. Essa compreensão das nos-

sas deficiências é que está encabeçando as reuniões do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e vem envolvendo todos os secretários de Estado, o que nunca havia acontecido. Além deles, diretores da Copasa, da Cemig e da Codemig têm comparecido em todas as reuniões. É uma percepção de que os problemas do Sisema não são só dele. Precisamos de uma ação permeada em todas as áreas para buscar soluções. Já houve uma tentativa no passado de se criar grupos ambientais para estudar as políticas públicas, mas isso se perdeu com o tempo. Agora temos o “Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado”. Sugeri a inclusão da palavra “Sustentável”, para incorporarmos propostas que visem à conservação ambiental. Uma das principais causas do sucateamento do Sisema é a falta de profissionais. O que está sendo

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PÁGINAS VERDES

feito neste sentido? Se conseguíssemos recompor totalmente a força de trabalho, levaríamos oito anos para resolver os mais de 2.800 processos de licenciamento, 13 mil pedidos de outorga e 140 mil autos de infração parados hoje no Sisema. O governo anterior fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público no final de 2014 para substituir os servidores não concursados por concursados. Mais de 1.000 servidores, contratados da MGS, saíram do Sisema: de 1.345 caiu para 325. Aí tivemos uma dificuldade enorme, porque as carreiras são inespecíficas à formação. Como assim? Às vezes você está precisando de um engenheiro e aí repõe com um sociólogo, porque se precisa de um profissional na hora. Estamos trabalhando para repactuar isso. Já tivemos uma sinalização do Ministério Público e uma disposição de reavaliar a situação. Como já disse, seriam oito anos para sanar o passivo ambiental do Sisema, mas se tivéssemos a equipe que não temos mais hoje. Como trabalhar num ritmo eficiente com mil servidores a menos? Alguns ambientalistas ficaram preocupados com a participação da Seplag e da Sef na força-tarefa ambiental, justamente pela Semad ser uma das maiores fontes arrecadadoras do Estado. Há o que se preocupar? Pelo contrário. Acredito ser importante que essas secretarias estejam juntas conosco porque precisaremos de alargamentos orçamentários. E, em se conseguindo orçamento, vamos precisar de disponibilidade real financeira, o que perpassa justa e parceiramente esses dois órgãos. É preciso haver envolvimento dessas

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"O 'Programa Cultivando Água Boa’ será provavelmente o mais importante programa da administração Pimentel.” secretarias centrais, pois são elas que cuidam de toda a estrutura do Estado. Se queremos colocar o Sisema como uma prioridade de governo, ele não pode ser prioridade de si mesmo. E se apenas fizermos um grupo e chamar ambientalistas, membros de comitês de bacias e conselhos, vamos discutir para dentro, conosco mesmo. Aí, de repente, precisaremos contingenciar o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro). Está na nossa mão fazer isso? Tenho de chamar quem pode fazer essa distribuição. Nesse caso, como ficariam os recursos da compensação ambiental das Unidades de Conservação? Há R$ 400 milhões que não foram repassados. Como vou resolver isso? Internamente, no Sisema? Não, mas com a Seplag e a Sef. Preciso desses atores, que eles primeiro compreendam e vivam o que é o gargalo da Semad, e assim busquem condições orçamentárias para a definição das políticas públicas que não são feitas exclusivamente aqui. Que isso seja, de fato, uma centralidade nas ações de governo. Na força-tarefa do Meio Ambiente, que coordenamos, estão presentes as

secretarias estaduais, Feam, Igam e IEF e a Advocacia Geral do Estado (AGE). Se não tivéssemos esse envolvimento, como solucionar a questão dos autos de infração, que começavam a prescrever, incorrendo em improbidade administrativa? Por isso, eles estão sendo encaminhados para a AGE, para que se faça uma triagem e essa cobrança seja assumida pela Sef. Por que a Secretaria da Fazenda seria o melhor órgão público para fazer isso? Ela é a que tem melhor estrutura. Durante muito tempo, essa secretaria foi reativa a atuar na cobrança dos créditos não tributários. Estamos vencendo essa resistência. O Ceará, que vive escassez hídrica permanente, é o Estado brasileiro mais avançado na gestão de recursos hídricos. O modelo adotado, que segue fundamento, diretrizes e princípios da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), é de ter um órgão gestor forte, técnica e administrativamente independente, na forma de uma empresa pública, a COGERH. Qual a sua opinião sobre isso? De fato, reconhecemos o Estado do Ceará como um dos mais avançados no Brasil nesse sentido. Segue e implementa os princípios da PNRH, o que fica demonstrado na prática por suas ações e o reconhecido sucesso de seu modelo de gestão. Além do modelo administrativo vigente, caracterizado por uma entidade gestora forte, é digno de nota o robusto sistema de informações que permite e dá segurança às tomadas de decisão necessárias, bem como os mecanismos de participação social que alavancam e potencializam a capilaridade do sistema.


S ÁV I O S O U Z A C R U Z Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais

Leandro Maciel

institucional, investir em equipes dos os 853 municípios mineiros. A Qual a sua proposta para a gestão eficiente da nossa "caixa d’água do técnicas especializadas, moderni- ideia é começar pelas bacias hidrozar os equipamentos, implementar gráficas que abastecem os reserBrasil"? Nosso Estado também tem como um sistema de informações de re- vatórios da Região Metropolitana referência os preceitos da PNRH, cursos hídricos eficiente, moderno de Belo Horizonte que entraram em colapso, devido ao nível de esrefletidos em sua Política Esta- e acessível à sociedade em geral. cassez em que já convivem. Não dual estabelecida na Lei 13.199/99. precisamos somente buscar soluContudo, a despeito das definições Já existe alguma iniciativa ções de engenharia para garantir legais, o que constatamos ao as- em andamento? sumir a liderança do Sisema é um O governador Fernando Pimentel o abastecimento nesses pontos, Instituto Mineiro de Gestão das anunciou na semana do Dia Mun- mas também ter políticas de preÁguas (Igam) enfraquecido, retraí- dial da Água a adesão e a implanta- servação prioritária que resgatem do e com perda de atividades pre- ção do “Programa Cultivando Água a capacidade de armazenamento de água nesses reservacípuas para uma entitórios. dade gestora das águas de nosso Estado. ExemCom tantos problemas plo disso são os baixos Semad, não chega salários dos servidores ativoambiental.com.br na um momento em e o enorme passivo 31 34813335 que o senhor perde a encontrado, que reesperança? fletem o insucesso e a Sim. Confesso que há inoperância do modelo horas em que dá um existente. Isso tudo se certo desencanto dianconsolida em uma díte de tanto abandovida social que vamos no em que se chegou trabalhar para que seja a pasta ambiental de revertida. Nesse sentiMinas. Mas é o desafio do, o governo Fernando de vencer essas dificulPimentel assinou com dades que nos motiva os Comitês de Bacias a seguir. A Semad não Hidrográficas de Minas Estudos Ambientais e Espeleologia pode continuar sendo Gerais um pacto com apenas um órgão de oito pontos, entre eles o licenciamento. Com fortalecimento e a reesos gargalos citados, truturação do Sisema, há muita demanda e em especial do Igam, aí você não consegue para melhor exercício de suas funções como órgão ges- Boa” em Minas, uma iniciativa fazer política ambiental. Quando tor. Neste momento, também esta- bem-sucedida de Itaipu Binacio- falamos do “Cultivando Água Boa” mos avaliando o atual modelo do nal (leia mais no box da próxima e do “Plano Mineiro de DesenvolIgam, com o propósito de colocá- página). É uma proposta ousada. vimento Integrado Sustentável”, é -lo em um patamar político e ope- Uma coisa é uma megaempresa para que o Estado possa se posiracional de destaque. Resgatando, implantar isso em 20 e poucos mu- cionar sobre questões importanno mínimo, a excelência técnica nicípios. Outra é um estado insti- tes. Como ele pensa, por exemplo, de doze anos atrás, capaz de dar as tuir como política de governo em a pecuária extensiva? Do ponto de respostas na qualidade e no tempo 853 municípios. Este será prova- vista ambiental é sustentável? Ouque a sociedade mineira necessita velmente o mais importante pro- tro exemplo: 40% da emissão de grama da administração Pimentel. gases de efeito estufa em Minas é e merece. oriunda de rúmen bovino. Nós poComo isso será feito? deríamos ter a mesma produção O que será preciso para isso Queremos implantar o “Cultivan- de leite e carne com apenas 1/3 do acontecer? Além da necessária remodelagem do Água Boa” aos poucos e em to- rebanho se tivéssemos a produti-

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S ÁV I O S O U Z A C R U Z PÁGINAS VERDES

Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais

vidade do Paraná! E na política de desenvolvimento do Estado, ainda vamos financiar a pecuária intensiva? Em vez de discutir e priorizar essas questões, estamos aqui analisando licenciamento até de posto de gasolina. Especificamente em relação ao licenciamento, qual é o grande gargalo? Primeiro, é preciso entender que licenciamento é meio. Não é fim. Na Bahia, por exemplo, há 230 municípios para licenciar empreendimentos até Classe 4. Em alguns, a delegação é plena. Em Minas, só há um município com delegação de Classe 6, que é Belo Horizonte. E mais seis de Classe 4: Betim, Contagem, Uberaba, Juiz de Fora, Ibirité e Brumadinho. Nova Lima não tem porque para ter delegação é preciso de, no mínimo, existir 20% de tratamento de esgoto. Nesse caso, não se pode penalizar o município por uma inadimplência do Estado, porque é um problema da Copasa. Outro ponto para pensarmos: por que o licenciamento de um posto de gasolina em Uberlândia, uma cidade de 700 mil habitantes, tem de ser feito pelo Estado? A sensação que se tem é a de que isso é pensado somente na lógica da arrecadação. Até já ouvi por aí “não podemos perder Uberlândia...”. É por causa da arrecadação do licenciamento, que é por tempo determinado e aí tem de ser feito novamente. Hoje, a Semad é a segunda secretaria que mais arrecada no Estado, perdendo apenas para a da Fazenda. Qual será o principal desafio de sua gestão? Nosso objetivo é focar no que está acontecendo com a qualidade ambiental em Minas. É deixá-la melhor. Para se ter ideia, 50% de todo o desmatamento do Estado 24 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

NA EDIÇÃO 77, a Ecológico ouviu ambientalistas e apontou os 23 maiores desafios do governador Fernando Pimentel e do secretário Sávio Souza Cruz na pasta ambiental

ocorre em apenas 20 municípios, a maioria deles na Região Norte. Se pegarmos 50 municípios, a taxa sobre para 68%. Poderíamos ter uma ação concentrada, mas é preciso ter inteligência global de gestão, pois há muitas outras cidades em que a taxa de desmatamento é zero. Outra coisa que me deixou surpreso quando entrei na Semad é que não encontrei nada de educação ambiental na estrutura. No caso do “Cultivando Água Boa”, a primeira abordagem que faria em um município onde ele fosse implantado seria como uma equipe de educação ambiental. Fazer com que os atores locais – prefeito, vereadores, líderes comunitários, diretores de escola, professores – comprassem a ideia. Eles têm de se apropriar do programa como se fosse deles. Não é só levar técnicos. As pessoas precisam acreditar, entender que é possível realizarmos tudo, e bem, sob a ótica da sustentabilidade, que é inclusiva e não exclusiva. E para isso você precisa de uma “preparação de terreno”, entendermos que só é possível conquistar qualidade de vida com informação e educação ambiental. O

FIQUE POR DENTRO Criado em 2003 03 por Itaipu Binacional, o “Programa Cultivando Água Boa” é desenvolvido em 29 municípios que compõem m a Bacia do Rio o Paraná, no oeste do Estado, onde vivem mais de um milhão de pessoas. O programa se fundamenta na gestão integrada de bacias hidrográficas, visando garantir a quantidade e a qualidade das águas. Em Minas, o pontapé para a implantação do programa foi dado em 22 de março, quando o governo do Estado firmou um acordo de cooperação técnica com a empresa, desenvolvendo inicialmente ações de educação ambiental, conservação dos solos e preservação de nascentes. Site: www.cultivandoaguaboa.com.br

SAIBA MAIS www.semad.mg.gov.br


Cuidar bem da cidade e das pessoas.

É assim que a gente faz a melhor capital do Brasil.

Pampulha. Candidata a Patrimônio Cultural da Humanidade.

PPP da Educação premiada pelo Financial Times.

Atenção com crianças e adolescentes - Unicef.

O projeto de construção de escolas por meio de Parceria Público-Privada foi premiado pelo Financial Times/Citi Ingenuity Awards e pela publicação Infrastructure 100.

Belo Horizonte foi apontada em 2014 como a cidade com ambiente mais adequado para crianças e adolescentes.

Segurança Alimentar é exemplo para o mundo - ONU.

Nos últimos anos, o trabalho da Prefeitura de Belo Horizonte tem se tornado referência em políticas públicas. Várias ações foram reconhecidas mundialmente por entidades como ONU e Unicef. E as conquistas não param: recentemente, a pesquisa nacional Best Cities Index apontou BH como a melhor capital do Brasil. Esse é o resultado de um trabalho feito a várias mãos: Prefeitura, parceiros e toda a população.

Cidade Livre do Analfabetismo.

BH conquistou, pela 1ª vez, título concedido pelo Ministério da Educação.

Exemplo em Defesa Civil - ONU.

Melhor IDEB do Brasil entre as grandes capitais, segundo o MEC.

O programa de Segurança Alimentar de BH foi reconhecido pela ONU como referência mundial.

Prêmio Sasakawa 2013, reconhecimento da ONU ao conjunto de ações da Prefeitura para reduzir riscos de desastres naturais.

BH tem o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do Brasil entre capitais acima de 2 milhões de habitantes.

Cidade Amiga da Criança Fundação Abrinq.

Maior Programa de Saúde da Família do Brasil.

Cultura é referência em prática sustentável e inclusiva.

Reconhecimento pelo cuidado com crianças e adolescentes. Entre 1.500 cidades avaliadas, somente 9 receberam o Título de Destaque Nacional.

BH é a capital com maior cobertura do PSF: 83% dos moradores são atendidos.

O projeto Arena da Cultura foi premiado pela CGLU, organização com sede em Barcelona e presente em 127 países.

www.pbh.gov.br

Não para de trabalhar por você.


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ESTADO DE ALERTA MARIA DALCE RICAS (*) redacao@revistaecologico.com.br

O COMPROMISSO

DE PIMENTEL O

presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, afirmou em um artigo que Minas é o único estado onde licenças ambientais são concedidas por imensos colegiados (referindo-se ao Conselho Estadual de Política Ambiental - Copam) dos quais participam sociedade civil, empresariado e poder público. Esses colegiados são um campo fértil para decisões contaminadas for fatores emocionais, fisiologismo e sectarismo. No texto, também elogiou a criação da força-tarefa do governo para propor mudanças. O artigo contém considerações pertinentes, mas a afirmativa sobre o Copam é preocupante neste momento em que o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) está desestruturado, o licenciamento ambiental foi quase eleito o maior “entrave” ao desenvolvimento de Minas e a sociedade civil e os técnicos do Sisema não foram convidados para participar da tal “força”. Sávio Souza Cruz, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do atual governo, diz que a Semad se tornou uma secretaria arrecadatória, utilizando o licenciamento ambiental como a principal “arma”, sem nexo algum com a proteção do meio ambiente no estado. Ao mesmo tempo, o governo quer cobrar multas ambientais para tampar rombo das contas públicas, postura semelhante à do governo Anastasia, que sequestrou recursos da compensação ambiental e do Fundo de Recupe-

ração, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro), e retirava mensalmente R$ 8 milhões do Sisema para sustentar a Cidade Administrativa. Destinava 72% dos recursos da taxa de fiscalização da mineração à Secretaria da Fazenda, 18% à PMMG e míseros 8% à Semad, responsável por fiscalizar a atividade. Essa denúncia foi feita pelo próprio Sávio. O “pano de fundo” dessa situação é a exclusão crescente da sociedade civil na gestão dos recursos naturais. Na esfera nacional, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é mantido apenas como fachada pelo PT. E, em Minas, o PSDB fez o mesmo com o Copam. Licenças ambientais sob responsabilidade da União são concedidas pelo Ibama, centralizadas em Brasília (DF), das quais a sociedade é completamente alijada. Com raras exceções, nem as gerências estaduais da autarquia participam. O processo de construção de verdadeira democracia no Brasil tem sido difícil e penoso. A ligação entre o Estado e instituições que têm poder econômico e político continua muito forte, enquanto a organização da sociedade cresce a passos lentos na área ambiental. A criação do Copam em 1977 foi um ato de ousadia de Minas, num cenário ainda marcado pelas sequelas da ditadura militar. Mesmo fragilizado, ele continua sendo espaço de transparência, protesto e propostas das organizações socioambientais. Há muitas coisas que têm de ser mudadas. A melhoria da qualidade ambiental em Minas não pode sem dúvida ser atrelada à burocrática concessão de licenças ambientais. Se qualidade ambiental é realmente meta do atual governo, garantir participação deliberativa da sociedade tem de ser o primeiro compromisso do governador Fernando Pimentel. O (*) Superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda).

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descubra projetos inovadores que fizeram a diferença dentro e fora das empresas. Em 2014, o 40 Prêmio Sebrae Minas de Práticas Sustentáveis destacou iniciativas de empresas que geraram impacto positivo dentro e fora delas: em seus processos, na comunidade e no meio ambiente. Agora, você vai conhecer uma dessas práticas que, com inovação e atitude, tornou-se uma importante ferramenta de transformação.

Andarilho da Luz - Belo Horizonte O Turismo de Vilarejo é um projeto criado pela empresa Andarilho da Luz no município de Capivari, que incentiva o ecoturismo na região, gerando renda e qualidade de vida para os moradores. Parcerias estratégicas beneficiaram a gestão e a infraestrutura dos empreendimentos locais. Com o apoio da população foi possível incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e serviços pelos próprios moradores.

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1 AMAZテ年IA


FOTO: DANIEL BELTRÁ / GREENPEACE

Documentário mostra os superlativos, os contrastes e a importância da Floresta Amazônica para o futuro econômico e climático do Brasil

T

FOTOS: DIVULGAÇÃO

ransformado em uma série de cin- não regularizadas na Amazônia. co capítulos exibida pelo programa Berço das mais antigas ocupações “Fantástico”, da TV Globo, o docu- humanas nesta parte da América do mentário “Amazônia S/A” é resultado de Sul, a Amazônia é historicamente uma um profundo mergulho do diretor Este- terra de contrastes, onde mais de 180 vão Ciavatta, que captou com precisão e línguas nativas são faladas entre 400 beleza a colossal riqueza natural e tam- bilhões de árvores! bém as mazelas de uma das regiões mais Após quase meio século de ocupação ricas em biodiversidade do planeta. pela “pata do boi”, 20% de seu territóFilho de maranhense, Ciavatta resga- rio foi desmatado e aproximadamente tou suas origens ao voltar para a terra 35% impactado. Para assegurarmos um onde seu pai nasceu e percorreu mais de futuro mais sustentável e verde para a 10 mil quilômetros por terra, água e ar região, um longo caminho ainda precipara revelar uma sociedade quase anô- sa ser percorrido. nima para os brasileiros. Em cada canto Mas o otimismo deve prevalecer. Afida imensa floresta há um universo par- nal, o que alimenta o empenho de cienticular, sonhos e desafios tistas, de ambientalistas a serem superados. Daí a e de todos os povos traescolha do nome “Amazôdicionais que habitam nia S/A”, porque são muia floresta é a esperança tas Amazônias. de dias melhores, com fé A série desvenda a impermanente num Brasil portância da região para que tem tudo para aliar o futuro econômico e clidesenvolvimento econômático do Brasil, além de mico e integração social levantar discussões sobre com responsabilidade. problemas como desmaSó assim será possível tamento, impactos caudesenvolver e preservar sados por obras de infraa Amazônia para quem estrutura – tais como as vive nela, para todos nós hidrelétricas – e o destino que tanto dependemos que terão os 20% de terras ESTEVÃO: inspiração amazônica dela e também para as para mostrar que a floresta é a gerações futuras. públicas devolutas ainda esperança de dias melhores


1 AMAZÔNIA EPISÓDIO 1: O O Rio Amazonas despeja 17 bilhões de toneladas de água por dia no Oceano Atlântico; é a maior bacia hidrográfica do mundo.

FOTO: JOHN NOVIS / GREENPEACE

O A Amazônia é a terra de

superlativos: tem a maior biomassa florestal e a maior concentração de biodiversidade do planeta. O Nela, mais de 180 línguas

nativas são faladas entre 400 bilhões de árvores.

O A região Amazônica representa 61% do território

brasileiro e abriga 24 milhões de habitantes.

FOTO: DANIEL BELTRÁ / GREENPEACE

O Nos próximos seis anos, a região receberá investimentos em infraestrutura da ordem de R$ 100 bilhões. Em breve, será o principal produtor brasileiro de minério, soja, carne e madeira, itens estratégicos para o crescimento da economia nacional. O A Floresta Amazônica, entre tantos serviços ambientais que nos presta, é também o nosso melhor seguro contra furacões, tornados e outros fenômenos climáticos extremos. O A Amazônia é uma poderosíssima e viva usina de serviços ambientais. Em 15 mil anos de ocupação, até 1970, apenas 1% da floresta havia sido desmatado. Hoje, já são 20%.

O "A floresta tem mais olhos do que folhas", dizem os índios. Cada copa de árvore chega a ter 10 mil espécies de insetos, sem falar nos milhões de espécies de fungos e bactérias. O A tecnologia das árvores é invisível a olho nu. Não

sabíamos, até pouquíssimo tempo, que uma árvore é capaz de evaporar mais de mil litros de água por dia na atmosfera. São 20 bilhões de toneladas de água que a Amazônia evapora diariamente. Um rio maior que o próprio Rio Amazonas. O No último ano, foi desmatada na Amazônia uma área

três vezes maior que o município de São Paulo. 30 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015


EPISÓDIO 2:

O O ser humano sempre foi um exterminador de espécies. Na Amazônia, exterminamos os tigres-de-dentes-de-sabre, as preguiças-gigantes e tatus do tamanho de um carro. O O século 20 testemunhou um

FOTO: QIU BO / GREENPEACE

O 80% da madeira tirada da Amazônia fica no Brasil. Segundo estimativas do Imazon, mais de 70% da madeira que chega a São Paulo é de origem ilegal.

O Historicamente, a política do Brasil sempre foi a de promover o desenvolvimento da Amazônia através da pata do boi. Mais do que a madeira e o próprio boi, o que está em jogo é a posse da terra.

FOTO: MARIZILDA CRUPPE / EVE / GREENPEACE

boom de extermínio de espécies nunca antes visto, em ritmo bem acima dos padrões do planeta. Desde a chegada do homem à Amazônia, 15 mil anos atrás, e mesmo depois de mais de quatro séculos de colonização portuguesa, apenas uma fração ínfima havia sido cortada. Nos últimos 45 anos, desmatamos quase 20% dela.

O Em toda a Amazônia é comum uma mesma área ter mais de um dono e o seu documento. São Félix do Xingu, no Pará, tem 100 vezes mais títulos do que a extensão do próprio município. O O pior é o dinheiro jogado fora pelo ralo da ilegalidade. Em 2009, o setor madeireiro na Amazônia empregou apenas 2% da população economicamente ativa da região.

FOTO: BRUNO KELLY / GREENPEACE

O A BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) é um dos epicentros do desmatamento na região, com muita gente de olho na valorização das terras às margens da rodovia, que é uma das principais rotas de escoamento de grãos no país.

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JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O 31


1 AMAZÔNIA EPISÓDIO 3: O Nos últimos 20 anos, a agricultura cresceu tanto na Amazônia que hoje a região responde por 21% da área plantada do Brasil.

FOTO: TIAGO FIOREZE

O De 2008 até agora, o setor agropecuário cresceu duas vezes mais que o PIB do país. O Além de principal fronteira agrícola brasileira, a Amazônia é historicamente local de assentamentos da necessária e urgente reforma agrária.

O Só na Amazônia há 425 mil famílias vivendo em cerca

de três mil assentamentos, sendo que 2.700 deles estão localizados em áreas de florestas. O Segundo investigações do Ministério Público Federal,

os assentamentos do governo federal respondem por um terço do desmatamento na Amazônia. O Homens sem terra e terras sem

homens: na Amazônia mais da metade da área desmatada não é ocupada por gente, mas por bois.

FOTO: INDUSTRIEBLICK

O Dos 77 milhões de hectares

desmatados, mais de 70% são ocupados por uma pecuária extensiva de baixa produtividade, de alta emissão de gases de efeito estufa e na maioria dos casos ilegal. O A produção de carne bovina

no Brasil é de 10 milhões de toneladas/ano; 40% dessa carne é produzida na Amazônia. O Com vontade e uma política acertada – num intervalo de médio prazo – o Brasil poderá quadruplicar a produtividade da pecuária, sem nenhuma revolução tecnológica. O A pressão da atividade agropecuária avança do sul para o norte, o desafio é a floresta deixar de ser vítima do homem para se tornar a sua grande parceira.

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EPISÓDIO 4: O A Amazônia é o futuro do Brasil, ainda que mais da metade da população brasileira nunca tenha posto os pés ali. FOTO: DIVULGAÇÃO

O Os projetos de mineração são muitos. Nos próximos seis anos, a região receberá investimentos de R$ 100 milhões e passará a fornecer ao Brasil itens estratégicos para a economia: água, energia, minério, soja, carne e madeira. O Em contrapartida, há cidades precárias, com infraestrutura aquém

da sua importância estratégica para a economia e para o meio ambiente do Brasil e do mundo. O O processo de urbanização é acelerado, com 73% das pessoas morando nas cidades da região. O Em Rondônia, as obras de duas usinas hidrelétricas – Santo Antônio e Jirau – revolvem as águas do Rio Madeira: de um lado, um consórcio brasileiro liderado por Furnas; do outro, pela francesa GDF Suez. O Jirau é a terceira maior usina do Brasil e a 17ª do mundo: é a maior em número de turbinas hoje em funcionamento no planeta. O Antes das barragens, o Rio Madeira, maior afluente do Rio Amazonas, se encarregava de adubar e dar a melhor terra que se tinha para plantar: melancia, macaxeira, milho, além dos peixes. O No caso da usina de Jirau serão gerados R$ 75 milhões/ano de

royalties, 45% deles para o município de Porto Velho, 45% para o estado e o restante para a União e órgãos públicos. O O número de reservatórios planejados para a Amazônia – 92 represas – é preocupante, excessivo e vai impactar as principais bacias hidrográficas da região. O A energia elétrica gerada na Amazônia não favorece a região. O tributo é recolhido nos estados que consomem a energia, geralmente localizados no Centro-Sul e no Nordeste. Só uma parte da energia é consumida na própria Amazônia. O A Amazônia continua dando mais para o Brasil do que o Brasil para ela. No século 21, ainda não percebemos que, no casamento entre tradição e tecnologia, o respeito ao passado é o melhor presente para o futuro. FICHA TÉCNICA: AMAZÔNIA S/A - Documentário Digital Full HD – 72 minutos | DIREÇÃO - Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone | NARRAÇÃO - Fernanda Montenegro | DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA - Dudu Miranda | PRODUÇÃO - Rodrigo Magalhães e Susana Campos | EDIÇÃO - Pablo Ribeiro | REALIZAÇÃO - Pindorama Filmes - www.pindoramafilmes.com.br EM TEMPO: Não perca, na próxima edição, depoimentos de especialistas que participaram da série e os principais tópicos do quinto e último capítulo.

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PROCURA-SE ÁGUA Documentário dirigido por André D’Elia e produzido por Fernando Meirelles reacende a discussão sobre o impacto do novo Código Florestal para a preservação das florestas brasileiras e relação delas com a crise hídrica J. Sabiá redacao@revistaecologico.com.br

A

provado pelo Congresso Nacional em 2012, o novo Código Florestal parece ter sido discutido e planejado para atender exclusivamente à classe ruralista. Esse é o entendimento que o espectador leva pra casa ao assistir o documentário “A Lei da Água”, dirigido por André D’Elia e produzido pelo cineasta Fernando Meirelles, e que a Ecológico retratou em suas duas últimas edições. e O filme não poderia ter sido veiculado em momento mais apropriado: em plena crise hídrica, com os reservatórios às mínguas, alguns deles operando com menos de 20% de sua capacidade. E mostra, ainda, que a qualidade e a quantidade de água disponíveis estão diretamente relacionadas à legislação ambiental - um conjunto de normas que define, entre outros pontos, quais áreas de uma propriedade rural devem ser mantidas com a vegetação nativa, cultivadas ou restauradas. As florestas, aponta o documentário, são importantes

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não somente para a preservação da água e do solo, mas também para a produção de alimentos, como o café, o milho e a soja, que necessitam da ação de polinizadores, fundamentais para o agronegócio brasileiro. O filme traz o depoimento de especialistas, cientistas e parlamentares que apoiam a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o novo Código Florestal no Supremo Tribunal Federal (STF). Com opiniões diversas e exemplos práticos, eles reforçam o tema central do documentário: a relação delicada entre a preservação das florestas, a produção de alimentos e a saúde dos nossos recursos hídricos. A seguir, a Ecológico apresenta trechos do depoimento de um desses especialistas - o advogado e ambientalista Raul Silva Telles do Valle, do Instituto Socioambiental (ISA) - e convida todos a apoiarem este novo movimento criado para solicitar ao STF a revisão de 55 dos 84 artigos de lei não vetados por Dilma. Confira:

FOTO: NACHO DOCE / REUTERS

1 RECURSOS HÍDRICOS


FOTO: DANIEL BELTRÁ / GREENPEACE

O “O CÓDIGO FLORESTAL de 1965 foi feito por pessoas que, na época, estavam preocupadas com o futuro da agricultura brasileira, na medida em que viam que tínhamos uma forma de uso da terra que era de desmatamento contínuo. E que não preservava as condições mínimas para a vitalidade da agricultura na região que eram usadas.” O “ESTAMOS DILAPIDANDO um patrimônio natural de muitos e muitos milhares de anos que não vai estar disponível dentro de muito pouco tempo.” O “NA ÁREA AMBIENTAL e, sobretudo, na florestal, a principal punição é administrativa e não judicial. É o fiscal que vai lá, identifica alguém que desmatou e aplica uma multa. Menos de 1% das multas ambientais são pagas. E quem paga normalmente são os pequenos [proprietários de terra], não os grandes.” O “GRANDE PARTE da produção agrícola brasileira é de commodities. Não é a mandioca ou o feijão que comemos em casa. É a soja, o algodão, para exportação; a cana para o etanol.” O “OS

PEQUENOS e médios proprietários estão endividados até o pescoço porque se tem uma política agrária deliberada, em que o sujeito precisa

comprar a semente certificada, que é cara, que paga royalties, que tem de usar toneladas de agrotóxico, fertilizante, crédito no banco... Há uma cadeia de situações que só faz rolar dívida. E aí falam: o seu problema não é isso tudo, é a mata ciliar. Seu problema é aquela nascente, que você terá que restaurar e vai te quebrar. Tem muita gente quebrada, mas poucos que estão estourando de ganhar dinheiro. O PIB do agronegócio brasileiro só cresce.” O “A CAMPANHA A ‘Veta Dilma’ refletia o fato de a sosociedade ser contra o novo Código. Dilma fez uns vetinhos, alguns deles eram ruins, porque tiravam coisas positivas que estavam na lei. Mas foi passado para a sociedade essa ideia de que ela resolveu o assunto.” FOTO: WILSON DIAS / AGÊNCIA BRASIL

“Com o novo Código, haverá regiões do Brasil que simplesmente não terão reservas legais, porque ninguém terá de restaurar.”

O “A

AGRICULTURA A brasileira vive um momento de bonança e não de crise. Para separar o pequeno agricultor, é preciso criar condições para ele fazer a conservação ambiental. E não a solução mais fácil, de empurrar o problema para debaixo do tapete, aquela coisa ‘já que não consegue, não faz’, como se fosse uma solução. Aí você desconta no elo RAUL TELLES: “A maior mais fraco da cadeia, que é o da restauparte da população brasileira ração florestal, do equilíbrio ecológico. A se manifestou contra o lei não foi discutir algo do tipo ‘em vez Código Florestal e mesmo de restaurar uma nascente, porque você assim os parlamentares não acaba com o royaltyy da Monsanto?’, majoritariamente ‘por que não barateira o crédito?’, ‘por o aprovaram”

JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O 35


FOTO: ROOSEWELT PINHEIRO / ABR

1 RECURSOS HÍDRICOS

“Já estamos vivendo problemas. Quando há chuva e ocorre deslizamento de terra no Rio de Janeiro ou Santa Catarina, isso é o novo Código Florestal sendo aplicado na prática.” que não usa o agrotóxico’, que é quase obrigatório? Porque, para se ter ideia, o sujeito que não tiver uma receita em agrotóxico não consegue pegar o crédito! Até hoje no Brasil é assim.” O “O NOVO CÓDIGO já está gerando um efeito. Hoje,

o desmatamento na Amazônia e no Cerrado brasileiro explodiu. O Brasil, que vinha de vários anos com queda sucessiva no desmatamento voltou a ter um pico grande. Passou-se uma mensagem para a sociedade de que desmatar vale a pena. De que não cumprir a lei vale a pena. Aí depois vai no Congresso Nacional, nos parlamentares ligados ao agronegócio, fazer um ‘bom’ lobby e mudar a lei. Infelizmente, embora não seja necessário, o Brasil continua desmatando floresta em áreas grandes, maiores que qualquer outro país do mundo, mesmo tendo locais aptos à produção em áreas já desmatadas.”

ecológico. Consequência porque o desmatamento leva à extinção das espécies, mas elas têm um papel na cadeia ecológica que vai fazer falta.” O “É MENTIRA que a implementação da lei iria acabar com a produção de uva, de maçã, de café. Temos dados concretos que mostram isso, mas ninguém quis ouvir. Poderíamos ter tido regras específicas, por exemplo, para a produção de arroz, que precisa de áreas de várzeas (e que eram, inclusive, consideradas áreas de preservação). Poder-se-ia ter criado uma exceção para esse caso e controlar. Mas pegaram isso e legalizaram as pastagens nas áreas de preservação, nas nascentes, beiras de rio. Legalizaram os plantadores de cana no interior de São Paulo, que desmataram até a beira do rio e agora não terão que recuperar.” O “QUANDO

O “É DEVER R do poder público evitar a extinção de es es--

pécies, que é causa e consequência do desequilíbrio

36 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

HÁ chuva e ocorre deslizamento de terra, deslizou por quê? Porque não tinha floresta. Inundou por quê? Estava na beira do rio, ele já esta-


va assoreado assoreado, quando chove não segura tanta água e transborda. Isso foi dito. Todo mundo sabia.” “FORMALMENTE, o sujeito estará legalizado com cinco metros de mata ciliar. Mas o rio não está protegido. Não é ecologicamente adequado. Mas está legalizado.”

extrativismo do açaí açaí, da pupunha pupunha, de espécies da fauna e flora, do sobe e desce dos rios e que agora podem ser drenados, detonados legalmente.”

O

O “QUANDO VOCÊ

muda a forma de medir as áreas de preservação de beira de rio - que deixam de ser as áreas de alagação máxima e passam a ser as áreas de leito regular, que no fundo é a área do rio na seca, todas as grandes várzeas amazônicas, todos os pantanais do Brasil que na época de chuva têm um pulso de inundação que permanece ali por meses-, elas deixaram de ser protegidas. Só na Amazônia são 400.000 km2 de várzeas e igapós (maior que São Paulo e Paraná juntos) que deixam de ficar sem proteção só com a aprovação da nova lei. Isso é muito grave, porque nessas áreas moram milhões de pessoas que dependem desses ambientes, da pesca, da fertilidade dessas áreas, do

O “A

MAIOR parte da população brasileira se manifestou contra o Código Florestal e mesmo assim os parlamentares majoritariamente o aprovaram. Isso mostra a distorção de nosso sistema político.”

O “TEM UM parágrafo no Código que fala: ‘É dever do poder público restaurar os processos ecológicos fundamentais’. Se um ambiente equilibrado é fundamental, aqueles lugares em que ele está desequilibrado e gerando problemas para a nossa qualidade de vida, devem receber do Estado a restauração desses processos que vão garantir chuva na época e na quantidade certa, o rio correndo da forma certa, para que possamos beber de sua água.” O

SAIBA MAIS aleidaaguafilme.wordpress.com facebook.com/aleidaagua agua.catarse.me


Parque Estadual 7o 0b࢟ro1-ĸ =†vo horĂĄrio ĂŠ o mesmo, l-v -t†b o |;lro 1ouu; 7b=;u;m|;ĸ

O tempo corre em ritmo de absoluta paz e harmonia neste paraĂ­so verde com 1.448 hectares de ĂĄrea preservada, repleto 7; -|u-ŕŚžÂˆov m-|†u-bvÄš - om|; 7; ;7u-ġ - -m;Ń´- 7o ŕŁ?†ġ - u†|- 7ov $u࣑v u1ovġ o b1o 7- ol0-7-ġ 1ol Ć?ĺƕќƓ l;|uov ; ˆbv|- panorâmica inigualĂĄvel, alĂŠm de mirantes, grutas, cachoeiras e piscinas m-|†u-bvÄş =-†m- ŕŁ? ub1-ġ 1ol ;vrŕŁ?1b;v -l;-2-7-v 7; ;©াm2࢛oÄş $†7o bvvo 1ol ;Š1;Ń´;m|; bm=u-;v|u†|†u- r-u- o v;† 1om=ou|oÄš rou|-ub-ġ estacionamento, ĂĄrea de camping, restaurante e lanchonete, centros de ˆbvb|-m|;vġ -7lbmbv|u-2࢛o ; r;vt†bv-vÄş ࣑ †l |;lro 7; r-ÂŒ - ˆo1࣑ l;vloġ ˆbvb|; o 0bাro1-Äş

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1

GESTÃO & TI ROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*) redacao@revistaecologico.com.br

HASTA LA VISTA, BABY!

S

ão tempos de escassez e economia. Meu banho é regrado, a luz é pouca. Nunca mais acho que volto a refastelar-me na “molhança”. Eu, feito pato e criminoso, gastando o cúmulo das gastanças, luz e água, água e luz, tudo de uma só vez. Banheiro é lugar de pensar (tranquilizando o leitor, não escrevo no banheiro. Mas poderia...). Fiquei pensando que, sem a tecnologia da informação, não tinha salvação. Não falo de lâmpadas de LED que substituíram as fluorescentes que substituíram as incandescentes. É isso também, mas no meio de tanta luz, falo é de sistemas inteiros que se equilibram entre usinas, controlados por computadores e sistemas inteligentes, capazes de redistribuir a energia assim que tudo se desarranja. Ah! Os apagões, dirão tantos... Se todo sistema falha e nem devia, é a tecnologia da informação que garante, cada vez com mais qualidade, a continuidade da vida. Água e luz, luz e água, é por causa de bits que vivemos, e vivemos cada vez mais, para desespero dos apocalípticos. São sistemas de informática que tornam suss

TECH NOTES O Vendendo energia elétrica

de casa para o governo http://goo.gl/R7gYSo O Aplicativos que economizam água

tentável a vida em ambientes fechados, controlando resfriadores, medindo temperaturas, garantindo, em prédios inteligentes, insolação permanente e sadia da manhã à noite. Eu queria mais prédios inteligentes... São os computadores que também permitem, em cidades de primeiro mundo, a geração reversa de energia: você produz em casa com coletores solares e vende o excedente para a rede. A internet das coisas, dia após dia, vai permitir a distribuição mais igualitária de bens tão preciosos, detectar falhas, perdas, roubos e restituir a todos o que é de todos: água e luz, luz e água. Mais um pouco e você acorda pela manhã com o hidrômetro da sua casa te informando, entre duas notícias do Google, que o gasto de água está excessivo e que você está prestes a pagar uma multa de consumo. Você pode até por um nome nele, digamos, o “João”. Pensa bem, você amigo do seu hidrômetro no Facebook. Tudo de louco! E aí o “João” vai ter um primo, o relógio da companhia de energia elétrica, digamos o “Pedro”. Vai ficar divertido: você tomando banho e o “Pedro” pira o cabeção e corta a energia, mandando uma mensagem pra tela de LED do box dizendo que a conta está alta. O “João”, nem aí, tasca em você um banho frio! Se esses são tempos de doido, eu não sei. Acho que não. Não acredito em robôs voltando do futuro para exterminar a raça humana e dizendo: - Hasta la vista, baby! Eu acredito em algo pior. Temo que a raça humana, perdulária e irresponsável, possa destruir tudo: a natureza e com ela a água. E com ela a própria vida. Não sei se a TI pode dar jeito nisso. Isso é loucura de verdade! O

http://goo.gl/p0X39h O Medidor de água inteligente

https://goo.gl/NuadCZ

40 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) e diretor do Arbórea Instituto.


INOVAR INOVAÇÃO. O CAMINHO DO NOSSO FUTURO. Atuar sempre em harmonia com o meio ambiente. Esse é o desafio que move a AngloGold Ashanti. No momento em que o país atravessa um cenário hídrico crítico, é preciso que todos nós pensemos em novas soluções para economizar água e energia. Apoiamos e investimos em programas e ações que incentivam o uso consciente dos recursos naturais. Um exemplo disso é a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), a 800 metros de profundidade, na Mina Cuiabá, em Sabará (MG). Depois de tratada no subsolo, a água é aproveitada em diversos processos da extração de minério, reduzindo o consumo hídrico e o gasto de energia. A melhor forma de comemorar o Dia do Meio Ambiente é contar com a atitude de todos para preservar e cuidar bem dele hoje e sempre.

5 de junho. Dia do Meio Ambiente.

PARA PRESERVAR.


1 MUNDO EMPRESARIAL - TADEU CARNEIRO

Fernando Pimentel, Tadeu Carneiro e Olavo Machado Jr.: reconhecimento e homenagem ao desenvolvimento sustentável

O INDUSTRIAL (SUSTENTÁVEL) DO ANO Principal homenageado no “Dia da Indústria”, presidente da CBMM confirma a pegada ecológica da primeira empresa mineira a obter a certificação ambiental ISO 14.000

É

possível, sim, fazer mineração de forma sustentável”. Foi o que ressaltou o empresário Tadeu Carneiro ao receber o título “Industrial do Ano 2015”, do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Júnior, e do governador Fernando Pimentel. Foi em 21 de maio último, na capital mineira, durante as comemorações do “Dia da Indústria”. A cerimônia foi marcada também pela entrega do “Mérito Industrial” a outros 15 empresários. Estendendo a homenagem a eles, o presidente da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) defendeu a necessidade de o empresariado brasileiro prognosticar o futuro com otimismo para enfrentar o cenário inóspito atual da economia. “Devemos sa-

42 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

ber interpretar este momento, trabalhar com sabedoria e abandonar o pessimismo para sairmos dessa situação”, ponderou. Ele explicou a política adotada pela CBMM, quando ela ainda estava em fase de projeto, seis décadas atrás. “O comprometimento com a atividade industrial pautada na sustentabilidade, na ética e no desenvolvimento socioeconômico compõe o pilar central para o sucesso da nossa empresa, bem como alavancar o progresso econômico de Minas.” Segundo Tadeu, as ações sustentáveis das empresas devem ser alicerçadas na premissa de que todos os atores envolvidos sejam beneficiados. “É preciso que o colaborador ganhe, que a população ganhe, que os acionistas ganhem e que o meio ambiente ganhe”, assinalou.

Tadeu observou, também, que a CBMM é uma das companhias brasileiras mais comprometidas com a sustentabilidade: “95% da água utilizada na extração e no beneficiamento do nióbio é reciclada. A meta á atingir 97% em um futuro próximo”. Ele ressaltou ainda que o comprometimento da mineradora com o desenvolvimento sustentável é traçado pelos aspectos sociais, econômicos e, sobretudo, ambientais. A Ecológico recorda aqui trechos da memorável palestra que Tadeu Carneiro proferiu há três anos durante almoço com a diretoria executiva da Fiemg. O que acabou edificando a indicação vitoriosa da CBMM na categoria “Melhor Empresa”, no “III Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza”. Confira:


● VALORES E LIDERANÇA “Hoje, o termo ‘sustentabilidade’ ganhou destaque e está em alta, mas a CBMM tem a sustentabilidade como parte da sua essência; nascemos sustentáveis. Somos líderes de mercado: 85% do nióbio que o mundo consome sai de Araxá. Temos o compromisso de continuar explorando da melhor maneira possível, e melhor do que ninguém, o nióbio que a sociedade nos concedeu o direito de minerar. Essa é uma dádiva, não uma possessão. Essa é a nossa filosofia.” ● PILARES DE SUSTENTABILIDADE “Minerar com essa visão e consciência é essencial. É preciso ‘fazer direito’, ter o olhar voltado para o meio ambiente e para a conservação do rico patrimônio natural que nos cerca. ‘Fazer direito’ também é ter o olhar e as ações da empresa voltados para o seu quadro funcional e para a comunidade, considerando-os parceiros fundamentais.” “Se a comunidade não se orgulha de ter a sua empresa como parte dela, de nada adianta obter qualquer licença para operar. Por isso, temos orgulho de ser araxaenses, de ter a cidade e toda a comunidade como parceiras nesse programa, em nossa caminhada.” ● COMUNIDADE É ATENDIDA “Mais de 70% da receita da Prefeitura de Araxá vem de impostos repassados pelo nosso negócio. Como resultado, a cidade tem um dos melhores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Além disso, investimos cerca de R$ 6 milhões/ano em projetos escolhidos pela comunidade.” ● EXEMPLO AMBIENTAL “Pouca gente sabe. Mas, mineiramente, a CBMM foi a primeira empresa no mundo a receber a certificação ISO 14.000. A norma foi publicada no final de 1996 e levamos menos de seis meses para nos certificar. Esse é um marco do nosso trabalho, uma conquista que não se deu na Austrália, nos Estados ou Alemanha. Mas aqui mesmo, em Minas, em Araxá.” “A qualidade do ar em nossa fábrica é cinco vezes melhor do que a requerida pela legislação. E a quantidade de emissões, oito vezes inferior ao limite legal, graças ao investimento em filtros, procedimentos e técnicas para evitar o acúmulo de particulados.” “Atualmente, temos 50% mais vegetação na mina do que quando ela foi descoberta. E o processo de reflorestamento não se deu com o plantio de eucalipto. Fizemos um amplo inventário das espécies do Cerrado, e reflorestamos centenas de hectares com espécies nativas da região.” “Temos, ainda, um programa de reprodução de animais em risco de extinção. Fomos os primeiros no mundo a reproduzir o lobo-guará em cativeiro. Compartilhamos o conhecimento e a experiência adquiridos nessas ações por meio da educação ambiental. Recebemos anualmente milhares de estudantes e pesquisadores que visitam nossa fábrica para conhecer como se deve tratar a natureza num ambiente industrial.” TADEU CARNEIRO ao receber o Prêmio Hugo Werneck 2012: "Minerar é uma dádiva, não uma possessão, daí a nossa responsabilidade"

QUEM É

ELE

Tadeu Carneiro nasceu em São José do Rio Preto (SP) e é formado em Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da USP. Começou a trabalhar na CBMM no final da década de 1970, como estagiário. Na época, estudava os efeitos do nióbio em aços-ferramenta, em um programa promovido pela mineradora em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Depois de aprimorar seu conhecimento em atividade mineral, foi contratado pela CBMM em 1988 no departamento de Desenvolvimento de Mercado e recebeu diversas condecorações nacionais e internacionais por sua atuação no setor.


1 MUNDO EMPRESARIAL - TADEU CARNEIRO FIQUE POR DENTRO

Empresa do Grupo Moreira Salles, a CBMM extrai, processa, fabrica e comercializa produtos à base de nióbio, em parceria com a Codemig. Com subsidiárias na Europa, Ásia e América do Norte, destaca-se no segmento ambiental com o seu projeto Arboreto, que ocupa uma área de 2,9 mil metros quadrados e abriga espécies ainda pouco estudadas e ameaçadas de extinção. São todas árvores originárias de mudas produzidas no viveiro da empresa ou transplantadas de áreas de vegetação nativa do Alto Paranaíba. Mantém, ainda, um criadouro conservacionista regulamentado pelo Ibama, o único especializado em fauna do Cerrado no Brasil. PLANTA industrial da CBMM em Araxá: convivência ecológica

● PLANETA MELHOR “Muitos afirmam que, por definição, a mineração não pode ser sustentável, porque lida com algo que não pode ser reposto. Discordamos completamente. Digo e defendo com ênfase em todos os lugares aonde vou: o que a CBMM faz em seu processo de mineração é emprestar o átomo da natureza para tornar o planeta melhor.” ● SOLUÇÕES MAIS VERDES “Nosso desafio, portanto, é aumentar a aplicação do nióbio, em especial na fabricação de aço para a indústria automobilística. Mostrar que podemos ter carros mais leves, mais econômicos e menos poluentes. Soluções menos impactantes para o planeta, envolvendo toda a cadeia produtiva, desde os fabricantes de aço até os transportadores de materiais, numa equação mais equilibrada.” “Com o investimento de US$ 9 de nióbio por carro, há uma redução de 100 kg no seu peso, o que resulta na economia de um litro de combustível a cada 200 km percorridos. Isso corresponde a uma redução de 2,2 toneladas de CO2 emitida por veículo. Essa redução de emissões é maior do que a quantidade total de CO2 emitida para a produção de todo o aço do veículo.” “É essa a conta que temos de começar a fazer - e com urgência - diante da necessidade de garantir vida 44 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

Site: www.cbmm.com.br

digna aos 7 bilhões de habitantes do planeta e, ao mesmo tempo, permitir o uso racional dos recursos naturais. O desafio de sermos mais eficientes, de aprender a fazer mais com menos é planetário. E o nióbio está aí para nos ajudar nessa transição: é a pitada que pode fazer a diferença no processo de crescimento sustentável global.” O

A CBMM é pioneira na reprodução do lobo-guará em cativeiro


ALGUNS SORRISOS REPRESENTAM MAIS DO QUE PALAVRAS

5 de junho Dia Mundial do Meio Ambiente

A Samarco acredita em um mundo com mais valor para todos. Por isso, preservar o meio ambiente e investir em tecnologias para um modelo produtivo cada vez mais eficiente e sustentável sempre fez parte da nossa história. E isso inclui cuidar da biodiversidade, utilizar de forma responsável os recursos naturais e promover programas como o Positivo em Água, uma iniciativa da Samarco para a recuperação e preservação dos recursos hídricos das regiões onde atuamos. Apoiada na força das parcerias, a Samarco desenvolve soluções para o futuro e constrói, junto com a sociedade, o amanhã que todos queremos. Porque olhar para todos os lados e sorrir para o futuro é o melhor jeito de seguir em frente.

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INFORME PUBLICITÁRIO

ÁGUA E MINERAÇÃO Fatos e Verdades

O

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DOS MINERODUTOS EM MG momento de crise hídrica exige da sociedade muita UHÁH[mR H GHEDWH SDUD TXH VH SRVVD SURJUHGLU QD EXVFD GH VROXo}HV SHUHQHV SDUD D TXHVWmR $VVLP FRPR DV UHVLGrQFLDV WrP VLGR DIHWDGDV SHOD IDOWD GH DEDVWHFLPHQWR GH iJXD R VHWRU SURGXWLYR WDPEpP UHJLVWUD R PHVPR SUREOHPD VHMD QR YDUHMR QD DJURSHFXiULD QR VHWRU GH VHUYLoRV RX QD LQG~VWULD LQFOXVLYH QD PLQHUDomR XP GRV SRORV JHUDGRUHV GH Rio das Velhas ULTXH]D H GLYLVDV SDUD PXQLFtSLRV HVWDGRV H D 8QLmR (P YLVWD GLVVR GHYH VH SULRUL]DU D GLVFXVVmR GH FRPR Rio São Conceição do Francisco assegurar acesso à água a todos os segmentos, desde a Mato Dentro GRQD GH FDVD DWp RV TXH DWXDP QD ID]HQGD QD SDGDULD RX QD Belo Horizonte LQG~VWULD 6HP HVVD FRPSUHHQVmR VHUmR IUXVWUDGDV DV H[SHFWDWLYDV GH GHVHQYROYLPHQWR GRV PXQLFtSLRV GRV HVWDGRV Rio Paraopeba H HP FRQVHTXrQFLD GR %UDVLO e R PRPHQWR GH XQLmR GR Mariana FRPSDUWLOKDPHQWR GH LGHLDV H GH DWLWXGHV TXH IDYRUHoDP WRGRV RV VHWRUHV H QmR R FRQWUiULR FRPR FHUWRV JUXSRV H LQGLYtGXRV GHIHQGHP DR WHQWDU GHPRQL]DU XQV SDUD IDYRUH- LEGENDA: OS PONTOS VERMELHOS SINALIZAM ONDE ESTÃO SITUADOS OS MINERODUTOS EM OPERAÇÃO, EM RELAÇÃO ÀS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE MG FHU RXWURV YDOHQGR VH GH DOHJDo}HV LQIXQGDGDV 3RQWR SULPRUGLDO D VHU OHYDGR PXLWR D VpULR SRU WRGRV GD GRÁFICO 1 - USO DA ÁGUA NO MUNDO VRFLHGDGH PLQHLUD H GH WRGR R SDtV p TXH HPERUD VHMD HVWD XPD TXHVWmR XUJHQWH p IXQGDPHQWDO WHU VHUHQLGDGH H DJLU FRP 6% VHQVR GH MXVWLoD H HTXLGDGH SDUD TXH R GHVHVSHUR QmR YHQKD 21% D PRWLYDU GHFLV}HV SUHFLSLWDGDV TXH HYHQWXDOPHQWH PXOWLSOLConsumo Humano TXHP RV HIHLWRV GHVVD FULVH JHUDQGR DLQGD PDLV GDQRV D WRGRV Indústria e FRPXP HP PRPHQWRV DVVLP R VXUJLPHQWR GH XP DPELHQWH GH ´FDoD jV EUX[DVµ RQGH VH EXVFD D WRGR FXVWR Irrigação Agrícola D LQGLFDomR GH ´FXOSDGRVµ VLWXDomR TXH SRGH VHU DJUDYDGD TXDQGR VH Yr QHVVH SURFHVVR D LQWHQVLÀFDomR GH LQWHUHVVHV 73% GLYHUVRV LQFOXVLYH LOHJtWLPRV RX VXVSHLWRV 2 VHWRU SURGXFONTE: ONU / WORLD WATER PROGRAM WLYR WHP VLGR DSRQWDGR VRE DUJXPHQWRV WHFQLFDPHQWH LQDSURSULDGRV FRPR VHQGR XPD GDV ´EUX[DVµ QHVVD KLVWyULD PHV PDLRUHV GR TXH DTXHOHV HVSHFtÀFRV DR FRQVXPR KXPDTXH VH DSURSULD LQGHYLGDPHQWH GD iJXD TXH VHUYLULD j SR- QR SDUD TXH SRVVDP FRQWULEXLU DR EHP HVWDU H DR GHVHQYROYLPHQWR GH SRSXODo}HV LQWHLUDV 1DWXUDOPHQWH R DFHVVR SXODomR HP JHUDO DR VHWRU SURGXWLYR QmR H[FOXL RX PLQLPL]D D LPSRUWkQFLD LQHTXtYRFD GR DFHVVR GR VHU KXPDQR DRV UHFXUVRV KtGULFRV OS FATOS, ENTRETANTO, 1RV FRQVXPLGRV SHOD WRWDOLGDGH GD LQG~VWULD HVWi D MOSTRAM OUTRO ENREDO &LrQFLD H GDGRV RÀFLDLV VmR VHPSUH ERQV UHPpGLRV FRQWUD SDUWH TXH p XWLOL]DGD SHOD PLQHUDomR (P TXH SHVH D GHSHQRV H[DJHURV 6HJXQGR DV 2UJDQL]Do}HV GDV 1Do}HV 8QLGDV GrQFLD SHORV UHFXUVRV KtGULFRV D GHPDQGD SDUD D PLQHUDomR 218 :RUOG :DWHU $VVHVVPHQW 3URJUDP R FRQVXPR p UHODWLYDPHQWH EDL[D 2 3ODQR (VWDGXDO GH 5HFXUVRV +tGULGH iJXD QR SODQHWD DVVLP VH GLYLGH 73% para irrigação FRV GH 0LQDV *HUDLV > @ HODERUDGR SHOR ,QVWLWXWR 0LQHLagrícola, 21% para totalidade da indústria e 6% para UR GH *HVWmR GDV ÉJXDV ,JDP LQIRUPD TXH D YD]mR WRWDO FDSWDGD GH iJXD SDUD D PLQHUDomR QR HVWDGR p GD RUGHP GH seres humanos YHMD *UiÀFR (VVHV SHUFHQWXDLV YDULDP HP FDGD SDtV 2 IDWR p TXH DV OLWURV VHJXQGR VHQGR TXH GHVVH YROXPH VmR DWLYLGDGHV SURGXWLYDV SUHFLVDP WHU DFHVVR j iJXD HP YROX- SURYHQLHQWHV GH FDSWDomR HP FXUVRV GH iJXD VXSHUÀFLDLV

46 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015


Tal volume representa apenas 11% da demanda total estimada em Minas Gerais, maior estado minerador do Brasil. A mineração empresarial exerce historicamente atividades essenciais que geram benefĂ­cios Ă sociedade, assim como a agricultura, por exemplo. Ela estĂĄ intimamente associada Ă qualidade de vida de todos nĂłs, embora seja uma caracterĂ­stica pouco percebida. Sem a inovação e a tecnologia empregadas pela indĂşstria, a sociedade nĂŁo teria acesso aos produtos e serviços modernos e essenciais – pelo menos nos formatos a que estamos acostumados – que hoje utilizamos direta ou indiretamente em nossas atividades: habitaçþes, geração e transmissĂŁo de energia, aquecimento, estradas, carros, ferrovias, aviĂľes, fertilizantes, computadores, celulares e atĂŠ muitos medicamentos, apenas para citar alguns exemplos de bens e produtos que tĂŞm origem a SDUWLU GR EHQHĂ€FLDPHQWR GH PLQpULRV No entanto, sem acesso a ĂĄgua em volumes compatĂ­veis com a produção, nĂŁo ĂŠ possĂ­vel haver mineração em escala industrial. EstĂĄ fundamentada, portanto, uma relação de interdependĂŞncia entre ĂĄgua e a atividade minerĂĄria que, ao longo dos anos, tem evoluĂ­do muito em termos de sustentabilidade por iniciativa da mineração empresarial moderna. É fato que a mineração ĂŠ uma atividade industrial de uso temporĂĄrio da terra, que promove alteraçþes das condiçþes do local. É fato tambĂŠm que a viabilidade de uma operação de mineração estĂĄ condicionada Ă disponibilidade e Ă qualidade dos recursos hĂ­dricos, sendo que sua utilização ocorre no processo de lavra, mas tambĂŠm pode se estenGHU SDUD DV DWLYLGDGHV GH EHQHĂ€FLDPHQWR H HYHQWXDOPHQWH ao transporte de minĂŠrios. Um conceito fundamental para a compreensĂŁo plena do setor mineral e sua relação com os recursos hĂ­dricos ĂŠ a ´ULJLGH] ORFDFLRQDOÂľ 6LJQLĂ€FD TXH GLIHUHQWHPHQWH GH RXWUDV atividades, nas quais se pode escolher entre vĂĄrios locais para instalar o empreendimento, em mineração somente ĂŠ factĂ­vel instalar a mina onde hĂĄ a efetiva disponibilidade de minĂŠrios, ou seja, uma jazida. E serĂĄ naquela localidade que a operação mineral terĂĄ que contar com os demais recursos, sejam hĂ­dricos ou outros quaisquer. 7DO FDUDFWHUtVWLFD SRGH UHVXOWDU WDQWR HP GHVDĂ€RV TXDQWR em oportunidades Ă sociedade, uma vez que a atividade mineral ĂŠ uma das poucas que tambĂŠm pode promover oferta de recursos hĂ­dricos aos cidadĂŁos e a outras atividades econĂ´micas. É o caso dos excedentes de ĂĄguas subterrâneas e de barragens de armazenamento que podem ser disponibilizadas para o abastecimento pĂşblico. Ă€ frente dos esforços de poupar recursos hĂ­dricos por meio de reĂşso, reciclagem e inovaçþes tecnolĂłgicas (Figura 2), estĂĄ a meta de reduzir custos de produção para aumentar a competitividade internacional dos minĂŠrios brasileiros, bem como a de cumprir os compromissos com a sustentabilidade nas operaçþes, uma obrigação para as mineradoras interessadas em participar do mercado mundial de minĂŠrios. Em referĂŞncia a esse mesmo mercado internacional, convĂŠm salientar um aspecto do setor em sua relação com os recursos

GRĂ FICO 2 - PRODUĂ‡ĂƒO DE MINÉRIO DE FERRO E TRANSPORTE POR MINERODUTO (2014)

450 400 350

400

300 250

280

200 150 100 50 0

25 Produção de MinÊrio de Ferro no Brasil

Produção de MinÊrio de Ferro em MG

Transporte via Minerodutos em MG LEGENDA: OS MINERODUTOS TRANSPORTAM EM MG APENAS 8% DA PRODUĂ‡ĂƒO DE MINÉRIO DE FERRO DO ESTADO (OU 6,25% DA PRODUĂ‡ĂƒO NACIONAL). ESTE MINÉRIO RESPONDE POR 78% DA PRODUĂ‡ĂƒO MINERAL COMERCIALIZADA EM MG (DNPM). FONTE: IBRAM

hĂ­dricos. Curiosamente, a ĂĄgua ĂŠ um bem que se mostra essencial aos processos minerais industriais atĂŠ certo ponto, ou seja, DWp R PRPHQWR HP TXH HOD Ă€FD LPSUHJQDGD QR PLQpULR $t HOD se torna o que se chama tecnicamente “contaminanteâ€?. 0LQpULRV ~PLGRV VmR ´SHQDOL]DGRVÂľ QD SUHFLĂ€FDomR SHOR mercado. Normas de comĂŠrcio internacional e de transporte transoceânico sĂŁo rigorosas a este respeito. Dessa forma, a mineração concentra grande atenção nos processos de remoção de ĂĄgua dos minĂŠrios. Ainda assim, hĂĄ quem insista na falĂĄcia de alegar que a mineração exporta ĂĄgua agregada em seus minĂŠrios. MINERODUTOS UTILIZAM Ă GUA REAPROVEITADA E EM BAIXA QUANTIDADE Existem tambĂŠm questĂľes que merecem ser esclarecidas em relação ao transporte de minĂŠrio no territĂłrio nacional, jĂĄ que algumas empresas passaram a utilizar minerodutos. Eles se constituem em uma alternativa logĂ­stica, jĂĄ que substituem com vantagens – tanto Ă s mineradoras quanto Ă sociedade – parte do transporte via terrestre e seus respectivos impactos. Criou-se uma polĂŞmica em Minas Gerais em relação aos minerodutos e seus potenciais impactos na oferta de ĂĄgua no estado, especialmente no que se refere ao abastecimento urbano da RegiĂŁo Metropolitana de Belo Horizonte. Esse GHEDWH UHTXHU XPD PHOKRU TXDOLĂ€FDomR WpFQLFD É fundamental destacar que os minerodutos em operação no estado nĂŁo utilizam os mesmos recursos hĂ­dricos destinados ao abastecimento urbano da RegiĂŁo Metropolitana da capital mineira. Simplesmente porque os minerodutos nĂŁo JUNHO DE 2015 | ECOLĂ“GICO O 47


INFORME PUBLICITÁRIO FIGURA 2 - USO DA ÁGUA NO PROCESSO MINERAL X REÚSO E REAPROVEITAMENTO

FONTE: IBRAM / AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2006

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48 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015


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MINERAÇÃO NÃO UTILIZA ÁGUA DO SISTEMA COPASA e IXQGDPHQWDO FRPSUHHQGHU TXH D PLQHUDomR QmR FDSWD iJXD WUDWDGD QR VLVWHPD &23$6$ SDUD D SURGXomR PLQHUDO $ iJXD FDSWDGD SHOD PLQHUDomR p EUXWD DVVLP FRPHWH XPD LQMXVWLoD ² SDUD GL]HU R PtQLPR ² TXHP DÀUPD TXH VHX XVR SHODV HPSUHVDV GR VHWRU SUHMXGLFD GLUHWDPHQWH R IRUQHFLPHQWR UHVLGHQFLDO $OpP GR SHUFHQWXDO GH FRQVXPR GH DFRUGR FRP RV SDUkPHWURV LQWHUQDFLRQDLV D PLQHUDomR EUDVLOHLUD WHP RUJXOKR GH VHXV HOHYDGtVVLPRV tQGLFHV GH UHFLFODJHP H GH UH~VR GH iJXD H[HPSORV GH SUiWLFDV ² H QmR DSHQDV GLVFXUVR ² GH XPD JHVWmR HÀFLHQWH GH UHFXUVRV KtGULFRV UHDOL]DGD Ki GpFDGDV 'DGRV SXEOLFDGRV QD UHYLVWD HVSHFLDOL]DGD ,Q 7KH 0LQH HP GmR FRQWD TXH VmR EHP HOHYDGRV RV tQGLFHV GH UHFLFODJHP UHFLUFXODomR SRU WLSRORJLD GH PLQpULR QR PLQpULR GH IHUUR QR RXUR QR FDUYmR PLQHUDO QR FDXOLP HP DUHLD TXDUW]RVD LQGXVWULDO FDOFiULR FDOFtWLFR H GRORPtWLFR HP QtTXHO HP IRVIDWR H HP DOXPtQLR H GHULYDGRV YHMD *UiÀFR $ PLQHUDomR HPSUHVDULDO EUDVLOHLUD LQYHVWH FRP GHWHUPLQDomR HP UDFLRQDOL]DomR H HÀFLrQFLD KtGULFD HP VHXV SURFHVVRV SURGXWLYRV FRP DWLWXGHV TXH YmR DOpP GD UHFLFODJHP H

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GRÁFICO 3 - ÍNDICE DE RECICLAGEM E RECIRCULAÇÃO POR TIPOLOGIAS DE MINÉRIOS

100

80

60

40

20

0

90%

81%

95%

70%

Minério de Ferro

Ouro

Carvão Mineral

Caulim

100%

82%

Areia Níquel quartzosa industrial,...

83%

83%

Fosfato Alumínio e derivados

FONTE: REVISTA IN THE TIME, 2014

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DADÁ MARAVILHA: "A gente tem de respeitar a natureza como respeita o próximo, o amigo, a família"

"EU TAMBÉM SOU ECOLÓGICO" Depois de Reinaldo Lima, outro ídolo eterno do Atlético Mineiro apoia o projeto “Clubes Unidos pelo Planeta”: Dadá Maravilha Déa Januzzi redacao@revistaecologico.com.br

M

uito bem vestido, com camisa vermelha combinando com o tênis da mesma cor, ele escolheu a Praça da Liberdade para dar a entrevista. Quando alguém disse: “Olha aí

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o nosso beija-flor”, ele riu com o rosto inteiro. Até os olhos se abriram. Ele é Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, de 69 anos, e o segundo maior artilheiro do Clube Atlético Mineiro (CAM) de todos

os tempos, com 211 gols. Entrevistar Dadá é fazer um pacto com a alegria. Bem-humorado, ele jogou no Galo de 1968 a 1972, voltando em 1975 e depois em 1978. Dadá aceitou o desafio

FOTO: MARCOS TAKAMATSU

Projeto Clubes Unidos pelo Planeta


RECADO ECOLÓGICO Filho de pais analfabetos, Dario se apressa em dizer que “o pai é um excelente eletricista. Ele é o meu ídolo e me ensinou muitas lições que passo para os meus quatro filhos, como, por exemplo, ‘o que é seu é seu’ e ‘quem mente vai para o inferno’”. A natureza? Dadá Maravilha não tem um lugar preferido. “Sou um motorzinho, gosto de andar. Vou para a Pampulha, dou uma volta, venho para a Praça da Liberdade, ando na Praça Sete, percorro a Avenida Afonso Pena, subo a Avenida Assis Chateaubriand, vou ao Parque Municipal. Vou em direção à natureza que a cidade ainda preserva. Sou um cara que gosta de andar.” O recado que o ídolo manda para a torcida é: “A gente tem que respeitar a natureza, assim como respeita o próximo, o amigo, a família. Um prejuízo que você faz aqui hoje se reflete em todos os lugares e pessoas”. Interrompido mais uma vez, agora pelo fotógrafo Alexandre Prates, de 53 anos, Dadá para, dá o autógrafo e confessa que está em paz. “Deus me abençoou demais. Meu momento é maravilhoso, eu falo do que sei que é de futebol.” Ele se refere ao programa Alterosa Esportes, onde faz parte da Bancada Democrática. A alegria de Dadá Maravilha é contagiante, principalmente quando cita os comentários dos torcedores: “Se fosse Dadá era gol”, “esse gol Dadá não faria”, ou “parou no ar, igual ao Dadá”. “Fui pegando uma moral muito grande. Sou muito sincero e trabalho muito, porque se não me virasse passava aperto”, diz ele, que mora na Vila Clóris, com o filho Dadazinho, de 36 anos, preparador físico da base do Atlético.

DADÁ EM FRASES “Não venha com a problemática que eu dou a solucionática.” “Me diz o nome de três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha.”

FOTO: REPRODUÇÃO

da Revista Ecológico de entrar em campo mais uma vez para desfraldar a bandeira do projeto “Clubes Unidos pelo Planeta”. Sentado calmamente em um banco de madeira, debaixo da sombra de uma palmeira imperial, Dadá Maravilha mostrou por que é amado pela torcida do Clube Atlético Mineiro. “Essa campanha de vocês é necessária, urgente, porque é preciso conscientizar o povo que está muito revoltado. É uma revolta demoníaca, desesperada. O povo está danado da vida e a gente tenta amenizar, porque temos força e poder para acalmar as pessoas.” Como Reinaldo Lima, Dadá não tem sossego para dar a entrevista. Sempre é interrompido pelas pessoas que passam. Carregando um caderno com a capa do Atlético, Amanda Souza, de 25 anos, foi uma das admiradoras que parou para pedir um autógrafo ao ídolo. “Isso é o dia todo, graças a Deus”, diz Dadá, com muito orgulho. “É o reconhecimento do povo”, arremata com o peito aberto. “Oi, beija-flor”, grita outro fã, Sebastião Mamão, de 74 anos, que lamenta: “Pena que a juventude de hoje não se lembre do lado alegre da história do Brasil e do futebol”. E vai embora, feliz da vida por ter encontrado Dadá no meio da praça. O codinome “beija-flor” foi criado pelo próprio Dario, que também é conhecido como “Peito de Aço”. Ele mesmo criou a frase, entre tantas outras que o eternizam como um dos grandes goleadores do CAM: “Me diz o nome de três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha”. A lenda vem dos gols que ele fazia com a bola no ar, no peito, no ombro e de cabeça.

“Não existe gol feio. Feio é não fazer gol.” “Pelé, Garrincha e Dadá tinham que ser curriculum escolar.” “Faço tudo com amor, inclusive o amor.” “Nunca aprendi a jogar futebol, pois perdi muito tempo fazendo gols.” “Bola, flor e mulher, só com carinho.” “Se minha estrela não brilhar, eu passo lustrador.” “Futebol é um universo maravilhoso, que faz as pessoas se aproximarem, que faz multiplicar os amigos, que ensina a amar e a respeitar o próximo.” Com uma cruz pequena de ouro pendurada no pescoço, Dadá se confessa católico, mas não discute religião. Do signo de Peixes, ele nasceu em quatro de março de 1946 e brincou ao se despedir e abraçar a responsável pela área de marketing da Revista Ecológico, Janaína Ribeiro: “Só te largo quando der um relâmpago”. Dadá Maravilha é assim – um bem-humorado e eterno defensor da natureza humana. O Saiba mais: Acesse www.revistaecologico.com.br e clique na aba "Clubes Unidos pelo Planeta".

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SAÚDE

AS ATRIZES Julianne Moore e Kristen Stewart, mãe e filha no filme: após a descoberta do Alzheimer, o fortalecimento dos laços familiares

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ALZHEIMER

Conheça a doença que rouba a nossa memória, mata a nossa identidade e gera conflitos com quem mais amamos, como mostra o filme “Para Sempre Alice”

JULIANNE MOORE, no papel de Alice, lutando consigo mesma: o esquecimento de um ser humano fascinado por comunicação

Déa Januzzi redacao@revistaecologico.com.br

FOTO: JOJO WHILDEN / SONY PICTURES CLASSICS

“S

ei que não estou confusa nem me repetindo neste momento, mas minutos atrás, não consegui me lembrar da palavra cream cheese e estava tendo dificuldade para acompanhar a conversa entre você e seu pai. Sei que é só uma questão de tempo até essas coisas tornarem a acontecer, e o intervalo entre as ocorrências está ficando menor. E as coisas que acontecem estão ficando maiores. Não confio mais em mim mesma. Eu sei o que estou procurando, mas meu cérebro não consegue chegar lá. É como se você resolvesse que queria aquele copo de água, mas sua mão se recusasse a pegá-lo. Você lhe pede com delicadeza, você a ameaça, mas ela não se mexe. Por fim, pode ser que você consiga fazê-la se mexer, mas aí ela pega o saleiro, ou derruba o copo e toda a água na mesa.” O diálogo entre as personagens Alice (Julianne Moore) e Lydia (Kristen Stewart), respectivamente mãe e filha, no filme “Para Sempre Alice”, resume de forma muito precisa o que é a doença de Alzheimer na percepção de quem está no momento mais brutal: aquele em que se percebe o que está perdendo apenas porque ainda não perdeu tudo. No papel principal, Julianne faz uma bem-sucedida professora de linguística que, aos 50 anos, começa a sentir os sintomas da devastadora doença. O filme começa mostrando ela dando aulas e fazendo palestras. Sempre muito segura, aplaudida pelos que a ouvem. Sua família é estável, três filhos adultos e um marido que demonstra o amor que sente pela mulher. De repente, ela começa a esquecer as palavras. Há uma cena angustiante, quando a professora, fazendo uma corrida no próprio bairro onde mora, se perde numa das ruas. Por alguns instantes, não sabe onde está. Diagnosticada com uma forma rara de Alzheimer, ela começa a sua luta contra a enfermidade, que não dá trégua, avançando sempre. Se a doença faz com que a professora se aproxime dos filhos, o mesmo não ocorre com o marido John (Alec Baldwin). Vendo o declínio da mulher brilhante, com quem dividiu a vida durante tantos anos, ele não consegue lidar com a nova e trágica situação. Em geral, o Alzheimer, que responde por cerca de 70% dos casos de

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SAÚDE

demência, é relacionado ao envelhecimento. A possibilidade bem mais rara de aparecer em pessoas entre os 30 e os 50 anos ficou conhecida com o filme, que deu a Julianne o “Oscar” de “Melhor Atriz” no início do ano. Uma das doenças mais assustadoras do século 21, o número de pessoas com Alzheimer vai dobrar até 2030, já que elas estão vivendo mais. Em artigo para o jornal “El País”, a jornalista e escritora Eliane Brum, após conversas com especialistas sobre a doença, conseguiu defini-la bem: “A tragédia do Alzheimer ou de qualquer outra demência é o desaparecimento de si. Ao matar as células do cérebro, a doença assassina a memória, a ponto de aquele que é não se lembrar mais de quem é. E, assim, deixar de ser. Aos poucos, ou às vezes de forma acelerada, a pessoa passa a já não reconhecer seus filhos, o homem ou a mulher que ama ou amou, a casa onde viveu, os objetos que contam dela, as palavras de seu alfabeto, o mapa da geografia cotidiana. Sem memória não somos nada além de um invólucro de carne que não reconhece a si mesmo”. E completa: “Os doentes de Alzheimer, em estágio avançado, são vistos como aqueles que respiram mas não existem. Entre as tantas brutalidades à espreita de um corpo mortal, talvez a de que esse corpo insista em viver quando há tanto tempo já foi desabitado, esse corpo como uma casa abandonada e vazia, despida de móveis e de lembranças, seja a perspectiva mais assustadora.”

Dirigido pelos ingleses Richard Glatzer e Wash Westmoreland, “Para Sempre Alice” é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Lisa Genova, PhD em neurociência pela Universidade de Harvard. Nele, Alice Howland, a renomada professora de linguística, palestrante e autora de obras de referência na sua área de pesquisa, descobre a doença logo após seu aniversário de 50 anos.

QUALIDADE DE VIDA Numa das cenas de “Para Sempre Alice”, quando ela visita uma casa que abriga pessoas com vários tipos de demência, em busca de um lugar no futuro perigosamente próximo, a funcionária aponta para um velho que dá passos vagos com o andador e diz: “Este é o fulano. Ele fez parte da equipe que botou o primeiro satélite no espaço”. É assim: essa doença não escolhe classe social, cor,

FOTO: DIVULGAÇÃO

FIQUE POR DENTRO

FOTO: REPRODUÇÃO YOUTUBE

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sexo, profissão. O ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan revelou que estava sofrendo da doença de Alzheimer em 1994. Morreu 10 anos depois, aos 93 anos. Durante todo esse tempo, Nancy Reagan, mulher dele, se transformou em um símbolo da luta contra o preconceito. Em Belo Horizonte, a estrela do filme de conscientização, informação e ajuda aos familiares dos pacientes com a doença de Alzheimer é Judy Robbe, de 74 anos. Inglesa, radicada na capital há 40 anos, Judy ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas com esse distúrbio de memória desde 1988, quando foi visitar um de seus filhos que mora na Alemanha. “Ao chegar na casa de meu filho tomei conhecimento da história dos vizinhos dele, o casal Heinemann. Sem filhos ou parentes próximos, eles moravam em uma linda casa decorada com tapetes e adornos trazidos das viagens internacionais. O senhor Heinemann era um homem inteligente e alto funcionário da companhia aérea Lufthansa, falando vários idiomas, mas que foi forçado a se aposentar precocemente porque apresentava sintomas de Alzheimer.” Sem conhecimento sobre a doença, “a esposa não entendia as mudanças de comportamento do marido. Não havia alguém com quem pudesse conversar ou procurar informações. Os amigos foram se afastando. Havia na casa uma adega muito bem abastecida e ela começou a usar o álcool para fugir da triste situação. Na época, meu filho se ofereceu para levar o senhor Heinemann todo dia para passear – e algumas vezes ao chegar à casa encontrava a senhora embriagada. Depois de vários meses, a esposa ficou viciada em álcool, e o senhor Heinemann foi internado numa instituição onde permaneceu até morrer”, conta Judy. De volta a BH e incentivada por dois médicos ami-

JULIANNE MOORE, ao receber o “Oscar” de “Melhor Atriz”por sua atuação: contribuição à causa


FOTO: FRESHIDEA

ALZHEIMER

"Sem memória não somos nada além de um invólucro de carne que não reconhece a si mesmo." gos, Judy começou a trabalhar como voluntária e criou o “Grupo de Apoio à Família da Pessoa com Distúrbio de Memória”, hoje com o nome “Harmonia de Viver” (www.harmoniadeviver.net.br). Há 25 anos, ela tenta apaziguar o desespero compartilhado pelos parentes de quem tem a doença. No salão paroquial da Igreja de São Mateus, no Bairro Anchieta, ela explica aos presentes que “a doença de Alzheimer rouba lentamente todas as lembranças e habilidades aprendidas desde a infância – em um processo de amnésia progressiva e permanente”. Todas as demências são caracterizadas por deficiência cerebral progressiva devido à deterioração e à morte das células cerebrais. À medida que o cérebro for afetado, a capacidade, a compreensão e o comportamento da pessoa passam por muitas mudanças. “Frequentemente, as pessoas com uma doença como Alzheimer são vistas como indivíduos com problemas de comportamento.” Para Judy, é importante mudar o conceito de como os doentes de Alzheimer são vistos pela sociedade. “Primeiro, são pessoas com uma visão da realidade alterada devido à doença. Segundo, são pessoas cujo comportamento pode mudar, dependendo de como nós interagimos com elas. Para saber como interagir com essa pessoa, é importante compreender o que ela

está vivenciando. Uma vez que entendemos a experiência de distúrbio de memória e não mais consideramos essa pessoa como um portador de problemas comportamentais, podemos enxergá-la dentro do contexto da demência. Isso permite que abordemos os cuidados sem medo. Podemos então oferecer, com amor e carinho, cuidados paliativos apropriados a alguém com uma doença grave.” Ela lembra que o Alzheimer pode durar muito tempo, portanto, será “necessário encontrar maneiras diferentes de fazer as coisas, mas o importante é procurar alegria e esperança em cada dia.” Em uma enquete que faz periodicamente nesses 25 anos de atuação entre os frequentadores das reuniões do grupo de apoio, a primeira pergunta é sobre o que a doença trouxe de negativo. “Eles respondem que o parente não é mais o mesmo e que perderam a liberdade. Listam uns 30 itens de perdas. Mas quando indagados sobre o positivo, me olham perplexos – ‘Como assim?’. Até que alguém, timidamente, levanta a mão e destaca que a família ficou mais unida com a situação. No final, as duas listas de positivo e negativo ficam do mesmo tamanho.” SAIBA MAIS Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz)

www.abraz.org.br

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SAÚDE

FOTO: MARCOS TAKAMATSU

O CUIDADO DE JUDY

"Cuidar de alguém com a doença pode levar ao esgotamento. Não é nada fácil, mas pode ser uma etapa de muito aprendizado e afeto."

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Convidada a assistir a estreia do filme “Para Sempre Alice”, Judy Robbe disse que “ele tem o mérito de ajudar a conscientizar sobre uma doença envolvida em preconceito”. E o mais incrível: ela praticamente acompanhou a criação do livro de Lisa Genova, base do filme. Ela lembra que quando a internet ainda estava engatinhando, várias pessoas de diferentes lugares do mundo se uniram para criar o “Fórum sobre Alzheimer”, que acabou se tornando fonte de inspiração para o livro e depois o filme. O Fórum Dementia Advocacy and Support Network International (DASNI) é uma organização mundial para pessoas com o diagnóstico de demência, criada para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Lisa Genova é integrante de longa data e autora do romance best-seller do New York Times “Still Alice”. “Ela procurou a organização em 2004 para aprender sobre a vida das pessoas com início precoce de Alzheimer. Membros da DASNI sentiram um orgulho paternal em ‘Para Sempre Alice’, porque Genova, que é uma neurocientista, se juntou a eles para aprender o máximo que pudesse sobre o que sente e como é viver com demência, em vez de procurar seus cuidadores ou profissionais médicos. Eles foram uma espécie de consultores para o livro dela.” Quando o livro foi lançado nos Estados Unidos, Judy mandou buscar a versão em inglês, pois ainda não tinha em português. E diz que se apaixonou pela autora, que já lançou outras obras depois. Judy é assim: aos 74 anos, atravessa a cidade dando palestras, cursos em associações, igrejas, comunidades e faculdades. Dirige o carro de um lado a outro da cidade, amenizando os conflitos familiares que surgem com a doença. Ela vive numa confortável casa no Bairro Alto Santa Lúcia com sua cachorra Hana, da raça Akita. E não se cansa de orientar os cuidadores de pacientes com Alzheimer que, sem apoio, podem até cair em depressão. “Cuidar de alguém com a doença pode levar ao esgotamento. Não é nada fácil, mas pode ser uma etapa de muito aprendizado e afeto”, observa.


ALZHEIMER

Um dos momentos mais emocionantes do filme é quando Alice vai fazer um discurso durante um evento sobre Alzheimer em uma associação e o leva escrito. À medida que vai lendo, vai marcando o que falou, para não esquecer ou ser repetitiva. São palavras marcantes, que a Ecológico reproduz a seguir: “A poetisa Elizabeth Bishop uma vez escreveu: ‘A arte de perder não é difícil de se dominar. Tantas coisas parecem ter a intenção de ser perdidas que sua perda não é um desastre’. Eu não sou uma poetisa. Sou uma pessoa que está vivendo os primeiros sintomas do Alzheimer. E como alguém assim, estou aprendendo a arte da perda todos os dias. Perdendo minhas ideias, objetos, sono e, o mais importante, minhas memórias. Toda a minha vida, eu acumulei memórias. Elas se tornaram, de certa forma, meus mais preciosos bens. A noite que conheci meu marido, quando tive meus filhos, fazendo amigos, viajando o mundo. Tudo que eu acumulei na vida, tudo que eu tive que trabalhar duramente para conseguir, agora está lamentavelmente indo embora. Como vocês podem imaginar, ou como sabem, isto é o inferno. Mas ficará pior. Quem levará a gente a sério quando quisermos trabalhar? Nosso estranho comportamento mudará as nossas percepções e as dos outros sobre nós. Nos tornaremos ridículos, incapazes, engraçados. Mas isso não é o que somos. Esta é a nossa doença. E como toda enfermidade, tem uma causa, uma evolução, e poderia ter uma cura. Meu maior desejo é que meus filhos e as próximas gerações não tenham que passar pelo que estou passando. Mas ainda estou viva. Sei que estou viva. Tenho pessoas que me amam. Tenho coisas que ainda quero fazer na vida. Eu luto comigo mesma por não conseguir lembrar as coisas, mas eu ainda tenho momentos de felicidade e alegria. E, por favor, não pensem que estou sofrendo. Eu estou lutando para ser parte das coisas, para estar conectada com quem eu fui. Fico me perguntando se viver o momento é tudo que eu posso fazer. E não tentar ser eu mesmo demais para dominar a arte de perder. Uma das coisas que vou tentar guardar na memória é o momento de estar falando aqui hoje. Eu vou esquecer, eu sei, e isso pode acontecer amanhã. Mas significa muito para mim estar aqui. Assim como minha antiga ambição, de ser fascinada por comunicação.”

FOTO: JOJO WHILDEN / SONY PICTURES CLASSICS

O RECADO DE ALICE

"Meu maior desejo é que meus filhos e as próximas gerações não tenham que passar pelo que estou passando."

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SAÚDE

FOTO: SANAKAN

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SEGUNDO TÂNIA, cuidar da mãe e do marido a transformaram em uma pessoa melhor

A FORÇA QUE VEM DE DEUS Conhecer Tânia Regina Leroy Gatte, de 58 anos, é estar perto de Deus. Aposentada pela Cemig, ela dedica a sua vida a cuidar da mãe, Delorme Marcelos Leroy, de 88 anos, com Alzheimer em estágio avançado – e do marido, Rosivaldo Barbosa, de 57, na fase inicial da mesma doença. A mãe não anda mais. Está na cama há dois anos, ouve mal, não enxerga por causa de um glaucoma, não fala, não se alimenta nem consegue fazer suas necessidades físicas sozinha. Não faz xixi há tempos, por isso Sônia tem que passar a sonda três vezes ao dia. A alimentação é específica. Toma mingau de manhã, sucos com espessantes de hora em hora, até chegar à vitamina bem batida no liquidificador às 16h. Adora banana amassada com mel. Então, continua com os líquidos com espessantes, para que não engasgue ao engolir. Antes de dormir, outra vitamina. E cerca de 20 remédios todos os dias. Nem tente falar com Tânia na parte da manhã, pois ela está cuidando da mãe e do marido, que há cinco anos apresentou os primeiros sinais de Alzheimer. Como a mãe de Tânia, que começou esquecendo as receitas dos bolos que levava para comer com as amigas das aulas de hidroginástica e natação. “Um dia, ela esquecia de colocar o açúcar, no outro não se lembrava da farinha de trigo, até que me pediu para fazer o bolo”. O marido de Tânia, por sua vez, teve que parar de dirigir automóvel, não mais conseguia consertar o

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que estragava dentro de casa, tarefa que desempenhava com maestria. Depois começou a gastar muito, detonou o cheque especial. E hoje não encontra mais nem o caminho do banheiro. Ele se perde entre a sala e o banheiro. Começou a se perder dentro da própria casa. Não faz mais suas necessidades físicas sozinho, não sabe ligar nem desligar a televisão, não fala ao telefone nem consegue tomar banho. Tânia tem que ajudá-lo em tudo. Com uma diferença da mãe, Rosivaldo é muito novo, tem energia e é forte. Exige mais da mulher, que sabe: “Quando a doença se manifesta cedo, o resultado é galopante, enquanto na pessoa mais velha pode durar 20, 30 anos”. A mãe ensina à filha todo dia a ser uma pessoa melhor. “É Deus”, reconhece Tânia, “quando você pensa que não tem mais força, ela aparece de repente, porque ela foi uma mãe carinhosa, maravilhosa e hoje sou eu que cuido dela. Trocamos os papéis. Hoje, sou eu que dou colo para minha mãe e, apesar de ela não falar, reconheço os sinais. Até pelo olhar sei se ela está precisando de alguma coisa”. Há 10 anos com a doença de Alzheimer, a mãe de Tânia começou perdendo a memória das mínimas coisas, depois passou a gastar em excesso, a comprar tudo o que lhe ofereciam, a esquecer de pagar, abrir o portão de casa sem saber quem era, a receber qualquer comprador que aparecesse. “Exploravam a minha mãe de todas as formas, então, tive que tomar o cheque e correr atrás dos que estavam se aproveitando dela. Por


ALZHEIMER último, tive que trazê-la para morar comigo, mudança rante e paciente”. Adepta da doutrina espírita há mais que ela não gostou. Durante um ano foi muito difícil, de 30 anos, Tânia reconhece que a doença da mãe e ela chorava o dia inteiro e eu como qualquer pessoa do marido a tornaram uma pessoa melhor. Ela não sai mais, não passeia, não tem muito tempo normal tenho que confessar que às vezes perdia a paciência. Tive que procurar ajuda, porque foi um perío- para diversão, mas se cuida. Faz pilates duas vezes por semana, voltou para as sessões de psicanálise e tem do muito sofrido para ela e para a minha família.” uma pessoa que a ajuda de dia e outra Para evitar as saídas exaustivas com à noite, mas reconhece que sua misa mãe, Tânia recebe os médicos em "Acredito que esta são vai além da matéria. “A gente nascasa, graças ao convênio médico da empresa onde trabalhou. Dona Delor- doença é um tratamento ce e vem neste mundo para a evolução me tem fisioterapeuta três vezes por espiritual não só para do espírito. A matéria é só um meio dentro das infinitas oportunidades de semana, médica geriatra quando neo doente, mas para crescimento espiritual.” cessita, dentista para limpar os dentes, Como um ser humano normal, fonoaudióloga para ver se ela está entoda a família." ela tem os seus dias ruins. “Aí, eu golindo direitinho – e até nutricionista. Como é que Tânia encontra forças para tudo isso? apelo para uma pitada de bom humor, canto, debo“Sou uma pessoa de fé e nada acontece por acaso. cho de mim mesma, pois tenho uma visão otimisAcredito que essa doença é um tratamento espiritual ta de tudo. Sempre procuro ver o melhor ângulo de não só para o doente, mas para toda a família. Para mi- tudo e assim vou vivendo”. Tem dias que Tânia pronha mãe, que sempre foi muito amargurada por não cura o grupo de apoio de Judy Robbe. “Lá, a gente ter sido criada pela mãe dela, o Alzheimer adormeceu aprende muito, troca ideias. Percebe que tem outras essas lembranças negativas. Ela ficou mais leve. Para pessoas vivendo o mesmo, um conforta o outro. É mim, a doença dela me fez lembrar de que eu era uma um apoio incondicional”. Mas ela sabe que “a força Tânia antes e hoje sou outra pessoa. Fiquei mais tole- maior vem de Deus”. O

CIMENTO NACIONAL E MEIO AMBIENTE: UMA RELAÇÃO DE RESPEITO E CONFIANÇA Responsabilidade social e compromisso com o meio ambiente são valores que a Cimento Nacional preza em seus quatro anos de história. Em seu processo de produção são adotadas as tecnologias mais avançadas que buscam um controle ambiental contínuo e eficaz. Assim, é possível manter boas práticas, visando contribuir de forma imprescindível ao bem estar e melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações. Pensar de forma sustentável é uma missão para o Grupo Brennand Cimentos.

www.brennandcimentos.com.br www.cimentonacional.com.br CAC - 0800 201 0021 JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O XX


PRESERVAR O MEIO AMBIENTE É PRESERVAR A SUA VIDA.

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5 de junho, Dia do Meio Ambiente.

VIVA A INFORMAÇÃO


FOTO: REPRODUÇÃO

1 MUNDO FASHION

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ECOLOGICAMENTE

GISELE

Modelo brasileira chama a atenção do mundo ao encerrar suas atividades nas passarelas, após 20 anos de trabalho. Envolvimento com questões ambientais também é marco importante em sua bem-sucedida e milionária carreira Bia Fonte Nova redacao@revistaecologico.com.br

E

la é mais que top, mais que super: é über, ou seja, a modelo de maior sucesso, a mais requisitada e também a mais bem paga. Sim, ela é a brasileira Gisele Bündchen, que voltou a chamar a atenção do mundo, em abril, quando anunciou o fim de sua presença nas passarelas mundiais. Carismática e reconhecida por sua simplicidade – um traço raro no disputado e glamouroso mundo da moda –, Gisele também se destaca mundialmente, há tempos, por seu engajamento com as questões ambientais, além de se mostrar sempre conectada às suas raízes e à família. Embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) desde 2009, ela já participou de diferentes campanhas em defesa do verde, da água e da biodiversidade. Neste “Dia Mundial do Meio Ambiente”, a Ecológico registra os planos de Gisele para esse novo momento de sua vida e resgata alguns de seus pensamentos sobre a conservação do planeta! Confira:

GISELE: “A riqueza da vida está na riqueza dos seus relacionamentos”

QUEM É

ELA

Nascida em 20 de julho de 1980, em Horizontina (RS), Gisele Bündchen é casada com o ídolo do futebol americano Tom Brady, com quem tem dois filhos: Benjamin e Vivian. Adepta da meditação, da yoga e das atividades ao ar livre, Gisele sempre teve a natureza como uma de suas paixões. Desde 2004, após a visita a uma tribo indígena no Xingu, na Amazônia brasileira – onde testemunhou os problemas enfrentados pela população devido à poluição da água e ao desmatamento, é ativista de várias causas socioambientais. E usa sua voz e imagem para incentivar a conservação do planeta.

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1 MUNDO FASHION

“Todo brasileiro tem que se orgulhar muito de ter nascido nesse país que tem a maior biodiversidade do mundo.” O CELEBRAÇÃO “Eu não estou parando, estou simplesmente esvaziando um pouquinho o meu copo e criando espaço para a vida me mostrar outras oportunidades. Depois que me tornei mãe, as minhas prioridades mudaram. Esse é simplesmente o começo de um novo ciclo.” O BRASIL “Eu amo o meu Brasil. Agora, vou voltar mais a passeio, mas tenho outros contratos e vocês ainda vão me ver muito por aqui. Tem tanta coisa que ainda quero viver e criar...” O APELIDOS “As pessoas davam risada de mim. Aos 13, 14 anos me chamavam de Olívia Palito, saracura e girafa.” O ESSÊNCIA “Quando eu tinha 14 anos e a oportunidade de fazer esse trabalho surgiu na minha vida, eu simplesmente a encarei como um trabalho, sempre 64 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

foi assim, isso não me define... Eu sei quem eu sou e o que é importante para mim. Eu sou a Gisele, filha do Valdir e da Vânia, irmã das minhas irmãs: essa é a minha essência. As coisas que eu valorizo não mudam, porque isso é muito forte em mim.” O CONFIANÇA “Tenho uma gratidão enorme, mas o mundo fashion é um business [negócio] para mim, não é um lifestyle [estilo de vida]. Tento fazer o melhor possível sempre, porque as pessoas que me contratam confiam em mim e eu levo isso muito a sério. Sempre dou o meu melhor.” O VALORES “Meus pais são fantásticos e sempre nos ensinaram a trabalhar duro. Nunca nos faltou nada, mas os valores que eles nos ensinaram eram muito simples. Eles não botavam valor em coisas, em roupas... Meu pai sempre dizia: ‘a riqueza da vida está na riqueza dos seus relacionamentos’”. O SENSIBILIDADE “Eu pareço muito mais forte do que eu sou; esta é uma forma de proteger a minha sensibilidade.”


“No dia seguinte, acordei e meditei. Faltavam 10 minutos para a ligação (com os advogados), quando decidi fazer um chá. Fervi a água, peguei uma xícara e senti que estava recebendo uma resposta. Peguei dois papeizinhos e escrevi: sim e não. Coloquei os papéis na xícara vazia, balancei, tirei um e lá estava a resposta: não. Respirei fundo, agradeci a Deus, servi o meu chá, peguei o telefone e expliquei que não renovaria o contrato.”

FOTO: REPRODUÇÃO

DECLARAÇÃO DE AMOR

FOTO: ECOLÓGICO

O DEUS “Quando decidi encerrar a minha carreira na Victoria’s Secret, eu tinha 26 anos. Eles representavam 80% do meu cachê e queriam reassinar comigo por mais alguns anos. Para todos ao meu redor a renovação parecia óbvia, mas havia algo dentro de mim, meu corpo não se sentia bem de continuar fazendo aquilo. Foram três meses de negociações. Refleti muito, meditei, mas até a véspera da decisão final eu ainda não estava certa da minha resposta. Fui dormir e pedi a Deus para me dar uma luz, me mostrar o melhor caminho. De vez em quando, a resposta me vem em sonho, mas daquela vez não veio.”

GISELE na capa da JB Ecológico, hoje Revista Ecológico, em 2009: ativismo histórico

O PLANETA “Esta é a nossa casa, a única que temos. Não dá para ficar desperdiçando e desmatando, sem se preocupar com o que vai acontecer daqui a 50 anos.” “Quando honramos a terra, honramos a nós mesmos. Vamos amar, honrar e cuidar da nossa linda Mãe Terra. Nós somos um. Nosso bem-estar depende de como cuidamos do planeta.” “É importantíssimo as pessoas se informarem e se interessarem pelo que está acontecendo com a Terra. Precisamos nos educar para construir um futuro melhor para todos neste planeta que é um presente.” O COMPROMISSO “Acho triste as pessoas considerarem a questão ambiental algo distante da sua realidade. Não notam que também as pequenas ações – em casa e na rua, por exemplo – são fundamentais para a preservação da natureza. Todos nós temos um compromisso, afinal, este é o nosso mundo.”

“Parabéns, amor da minha vida. Você me inspira todos os dias a ser uma pessoa melhor. Estou muito orgulhoso de você e de tudo o que você conquistou na passarela. Nunca conheci alguém com mais vontade de vencer e com mais determinação para superar qualquer obstáculo no caminho. Você nunca para de me surpreender. Ninguém ama a vida mais do que você e a sua beleza é muito mais profunda do que os olhos podem ver. Mal posso esperar para ver o que vem em seguida. Eu te amo.” TOM BRADY, em post nas redes sociais horas após o desfile de despedida de Gisele, em 15 de abril

O OBJETIVO “Faço tudo de coração e entendo que o meu objetivo neste mundo é servir como posso. Todas as noites, quando vou dormir, peço: 'Deus, me guie e me mostre como posso servir da melhor forma possível'.” O SAIBA MAIS www.facebook.com/Gisele Fonte: Programa GNT Fashion (entrevista a Lilian Pacce) Site ONU Brasil/ Facebook e Instagram Gisele Bündchen.

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1 OPINIÃO

: TO FO C LU KY DR AG ON

INDIGNAÇÃO TUPINIQUIM Pesquisa do Instituto Datafolha mostra que os brasileiros estão muito preocupados com as mudanças climáticas, mas acham que o governo não

N

úmeros que falam por si: noventa e cinco por cento dos cidadãos acreditam que as mudanças climáticas já estão afetando o Brasil. Para nove em cada dez entrevistados, as crises da água e energia têm relação direta com o tema, sendo que para 74% há muita relação entre a falta de água e luz e as mudanças climáticas. No entanto, para 84% dos entrevistados, o governo não faz nada ou faz muito pouco para enfrentar o problema. Esse é o resultado impressionante de um levantamento recente realizado pelo Instituto Datafolha

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e encomendado pelo Observatório do Clima e pelo Greenpeace Brasil, que ouviu 2.100 pessoas em todas as regiões do país. “O cidadão médio tem um ótimo nível de entendimento das causas da mudança climática e de seu impacto sobre o cotidiano da população. E mostra que está insatisfeito com o baixo grau de prioridade dado pelo governo a esse tema, crucial para o desenvolvimento do país”, destaca Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. Os entrevistados também vislumbraram formas de resolver o

problema. Entre as soluções apontadas estão a redução do desmatamento, melhorias no transporte coletivo e investimentos em energias renováveis. Mais de 80% dos brasileiros entendem que essas ações inclusive trarão benefícios para a economia do país. OPORTUNIDADE SOLAR A pesquisa mostrou, ainda, que o brasileiro se enxerga como parte da solução: 62% estão dispostos a instalar um sistema de microgeração de energia solar em casa – equipamentos conhecidos por 74% da amostra. Diante da hipótese de ter


acesso a uma linha de crédito com juros baixos e a possibilidade de vender o excesso de energia para a rede elétrica, o percentual de interessados sobe para 71%. “Há uma percepção bastante clara de que a microgeração de energia solar beneficia o cidadão e o país”, explica Ricardo Baitelo, coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Entre as principais vantagens citadas pelos entrevistados estão a redução nas despesas com eletricidade (82%), a redução dos impactos de secas prolongadas (77%), a segurança e confiabilidade dessa fonte (70%) e o fato de que se trata de uma alternativa às hidrelétricas (69%). Os moradores das regiões Sudeste e Nordeste foram os que demonstraram maior entusiasmo com o tema. Atualmente, a microgeração de energia enfrenta vários entraves. Por exemplo, a forma como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incide sobre a geração de eletricidade do cidadão que escolhe produzir sua própria energia. Outras questões, como a criação de linhas de financiamento com baixos juros, também precisam ser resolvidas. “Trata-se de uma excelente oportunidade para o governo agir em sintonia com a vontade da sociedade brasileira”, completa Baitelo. Para pressionar os governadores a assinarem o convênio nº 16 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que permite aos estados eliminar o imposto ICMS que incide na geração de eletricidade por meio de painéis solares, tornando essa energia mais barata e contribuindo para sua popularização, um abaixo-assinado foi criado na internet no mês passado.

A PESQUISA 91% dos brasileiros acham que o aquecimento global é muito preocupante para o futuro do planeta;

95% concordam que as mudanças climáticas já estão afetando o Brasil; 90% dos entrevistados acreditam que mudanças climáticas, falta de água e energia estão totalmente relacionadas;

86% da população acha que reduzir o desmatamento traria benefícios para a economia;

83% acham que investir em energias renováveis também traria benefícios. 74% já ouviram falar em microgeração de energia solar; 62% teriam muito interesse em instalar o sistema em casa hoje, mesmo sem incentivos;

71% dos brasileiros estariam dispostos a instalar o sistema se tivessem um “empurrãozinho”, ou seja, linha de crédito com juros baixos e a possibilidade de vender o que não consomem. GOVERNO INERTE Sobre a atuação do governo, a pesquisa Datafolha mostra que o brasileiro tem uma percepção bastante crítica: para 48%, o governo federal está fazendo menos do que deveria em relação às mudanças climáticas. Para 36%, ele simplesmente não está fazendo nada. Os mais críticos são os brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste. Mas, para dois terços da amostra (66%), o Brasil deveria assumir uma posição de liderança no enfrentamento do problema em nível internacional. No Nordeste, esse índice chega a 74%. A pesquisa também confirma que existe um bom entendimento das causas das mudanças do clima. Apresentados a nove possíveis causas, os entrevistados apontaram com mais frequência desma-

tamento (95%), queima de petróleo (93%), atividades industriais (92%), queima de carvão mineral (90%) e tratamento de lixo (87%). Para efeito de teste, a pesquisa incluía dois fatores que não têm relação com as mudanças climáticas - ambos ficaram entre os menos apontados pelos entrevistados (El Niño, com 64%, e mudanças no comportamento do sol, com 83%). “Considerando a forte oposição patrocinada por setores que têm interesse em negar que as mudanças climáticas sejam causadas pela ação humana, este resultado é extremamente significativo, pois mostra que o negacionismo do clima não colou no Brasil”, analisa Rittl. O SAIBA MAIS www.oc.org.br www.greenpeace.org.br


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OLHAR INTERIOR ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENG (*) DE OSLO, NORUEGA

REVOLUÇÃO

ALTRUÍSTA P

FOTO: MEDEF

ara celebrar o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, queremos uma sociedade mais altruísta, precisamos gostaria de homenagear uma espécie em parti- de mudanças em nível individual e social.” cular: o Homo sapiens. Isso mesmo, o ser humaÉ possível a mudança individual? Dois mil anos de no; eu e você! A espécie que vem degradando nosso estudo contemplativo (o ser humano pesquisando planeta, colocando em risco a existência de todas as sua própria mente através da meditação) comproformas de vida aqui presentes. Mas não somos só isso! vam que sim. E mais: a neurociência vem demonsHá também outros traços de trando que, quando se treina nossa personalidade que preo amor altruísta em estados cisam ser reconhecidos e numeditativos, há uma mudança tridos até como estratégia de estrutural e funcional no céresobrevivência da cadeia de vida. bro. Já a fonte para a mudança Somos o bem e o mal; insepasocial é a evolução da cultura. ráveis. Que lado prevalecerá vai Observe, por exemplo, como depender de nossa intenção. o nosso comportamento rela“Nós, humanos, temos um cionado à guerra mudou draspotencial extraordinário para o ticamente com o tempo. A mubem, mas também um imenso dança individual e cultural se poder para fazer o mal. Qualmoldam mutuamente e, sim, quer instrumento pode ser podemos alcançar uma socieusado para construir ou desdade mais altruísta. truir. Tudo depende da nossa Para isso, em nível global, premotivação”, declara Matthieu cisamos de três coisas. AumenRicard, monge budista, tradutar a cooperação: promover a tor de francês e braço direito aprendizagem cooperativa nas do Dalai Lama e responsável escolas, em vez da aprendizapor 140 projetos humanitários gem competitiva e a cooperação no Himalaia. MATTHIEU RICARD: “Felicidade requer esforço” incondicional dentro de empreEm meio à situação ambiensas (competição entre empresas tal catastrófica em que nos encontramos e dos desa- é saudável). Precisamos de harmonia sustentável, em fios pessoais que enfrentamos (“Nossa mente pode vez de economia sustentável: ou seja, reduzir a desiser nossa melhor amiga ou pior inimiga”), mais as gualdade social, fazer mais com menos, focando em provações sociais –, a pobreza em meio a abundân- um crescimento qualitativo, e não quantitativo. E ficia, conflitos, injustiça –, Matthieu aponta que um nalmente, precisamos de uma economia solidária – dos maiores desafios atuais é conciliar três escalas compromisso local e responsabilidade global. de tempo: a economia a curto prazo, a qualidade de Como indivíduos e sociedade, devemos estender vida a médio prazo e o meio ambiente a longo pra- o altruísmo às outras 1,6 milhão de espécies, concizo. Com vocês, a lógica altruísta de Matthieu: dadãs neste mundo. E precisamos nos atrever ao al“Só há um conceito capaz de conciliar essas três es- truísmo. Vida longa à revolução altruísta! O calas de tempo: altruísmo. O desejo de que o outro seja feliz e encontre a causa da felicidade, o que signi(*) Life coach, psicanalista e consultora fica termos mais consideração uns pelos outros. E se internacional de comunicação.

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FONTE: TED Talk, Matthieu Ricard: “How to Let Altruism Be Your Guide”, Janeiro/2015


FIEMG.COM.BR


1 “SOU UM APAIXONADO” PERFIL: DÉLIO MALHEIROS

Vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente de BH

Em almoço-palestra promovido pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa, Sesi e SMMA, o vice-prefeito da capital mineira relata ações e programas que colocam BH no cenário mundial da sustentabilidade

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FOTO: ADCE

mpresários, lideranças políticas e religiosas prestigiaram, em 28 de abril, o almoço-palestra organizado mensalmente pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE-MG) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), no auditório da Fiemg. Com o tema “Belo Horizonte e a Sustentabilidade”, Délio Malheiros falou das conquistas e dos desafios a serem superados pela capital mineira em busca da ecoeficiência e rumo à construção de uma cidade mais verde, limpa e melhor para todos. Enfático, ele defendeu a continuidade dos bons projetos na administração pública – independentemente de partidos e convicções – e reafirmou o compromisso do prefeito Marcio Lacerda com a despoluição da Lagoa da Pampulha. Confira:

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO “Temos um Programa de Planejamento Estratégico de longo prazo (BH 2030) estabelecido com base em metas mensuráveis. São 12 áreas, entre elas saúde, educação, modernidade, sustentabilidade e prosperidade. Temos 40 grandes projetos, mais de 500 ações e 1.500 obras em andamento em BH. Muitos deles são fruto do compromisso que assumimos lá atrás, durante a nossa candidatura, em 2012.”

participação de todos. Não é um compromisso apenas nosso – administradores, secretários e vereadores –, mas também dos empresários e da população: é um compromisso coletivo. Temos mais de 80 conselhos que nos ajudam a administrar a cidade. Só assim, seguiremos avançando, implantando iniciativas e projetos e contribuindo efetivamente para termos um planeta melhor e um desenvolvimento realmente sustentável em nossa capital.”

COMPROMISSO COLETIVO “O empenho para a construção de uma cidade, de um país e de um mundo sustentáveis é mais do que uma opção. Em BH, a sustentabilidade é uma política de governo, com programas voltados para esse objetivo nas diversas áreas da administração municipal.” “Felizmente, somos uma metrópole em que os avanços são permeados pela consciência de que esse grande desafio de crescer sustentavelmente exige a

MUDANÇAS CLIMÁTICAS “Sustentabilidade é a palavra do momento, assim como mudanças climáticas e ecoeficiência. Medidas para enfrentar as mudanças climáticas são foco de atenção em todo o mundo, até mesmo por parte do Vaticano. Em noticiário recente, vimos o Papa Francisco reunido com cientistas para discutir o aquecimento global.” “Em BH, temos o Comitê Municipal Sobre Mudanças Climáti-

DÉLIO MALHEIROS: "Nossa capital é hoje uma das cidades mais arborizadas do Brasil, com 18 m2 de área verde por habitante"


ELE

FOTO: MARCOS TAKAMATSU

QUEM É

Mineiro de Itamarandiba, Délio Malheiros formou-se advogado em 1989 e, ainda estudante da Faculdade Milton Campos, dedicava-se ao Direito do Consumidor. Criou e foi o primeiro coordenador do Procon da ALMG. Assessor jurídico do Movimento das Donas de Casa, de 1988 a 2004, elegeu-se vereador em 2005. Como deputado estadual, presidiu a Comissão de Defesa de Direito do Consumidor e do Contribuinte. Foi ainda vice-presidente da Comissão de Administração Pública da ALMG.

cas e Ecoeficiência, que se reúne mensalmente e envolve diferentes atores sociais, incluindo representantes de entidades como a Fiemg e o Crea-MG. As ações tiveram início em 2006 e, graças aos avanços, temos recebido prêmios e um crescente reconhecimento internacional.” “São vários os incentivos do Banco Mundial destinados a apoiar cidades que mantêm programas destinados a reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Temos um Plano de Redução e, até 2030, esperamos que elas caiam 20%, num grande esforço que envolve não só as empresas, mas também o setor público.” “Fizemos dois inventários de emissões de GEE e estamos finalizando o terceiro. Os dados são atualizados anualmente, com a indicação dos setores que mais poluem. Em BH, os automóveis são os maiores vilões. Portanto, o investimento em transporte público é o caminho para mudarmos essa realidade, amadurecendo, inclusive, a nossa consciência, e deixando de ver o carro como símbolo de poder e status.”

“Os automóveis são os maiores vilões. Temos de deixar de vê-los como símbolo de poder e status.”

SELO VERDE “Por meio do ‘Selo BH Sustentável’ temos 47 empreendimentos certificados, entre eles prédios públicos, como as Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis). Esse selo é um reconhecimento às empresas e edifícios que reduzem de forma efetiva o seu consumo de água, de energia elétrica e fazem a gestão eficiente dos resíduos sólidos, adotando iniciativas de reciclagem. Eles são contemplados em três categorias: ouro, prata e bronze.” “Merecem destaque, ainda, as ações do 'Programa BH Mais Verde'. Nossa capital é hoje uma das cidades mais arborizadas do Brasil, com 18 m2 de áreas verdes por habitante, distribuídos em 73 parques municipais e 790 praças públicas. E estamos recuperando e protegendo um patrimônio valioso, que são as nossas árvores. Em toda a cidade, temos 465 mil árvores, de mais de 380 espécies. Nossa meta é chegar, ano que vem, ao total de 54 mil novas ár-

vores plantadas, em todas as nove regionais. Já temos 51 mil.” PROJETO DE REVITALIZAÇÃO “Diante do problema com os fícus localizados na Avenida Bernardo Monteiro – que são uma espécie centenária exótica e, segundo estudos, estão morrendo não apenas aqui (dos 80 existentes, 43 estão seriamente condenados), mas em várias partes do Brasil e do mundo – estamos criando um novo plano de arborização e conservação paisagística. Uma iniciativa de revitalização que envolve tanto a Bernardo Monteiro quanto a Avenida Barbacena, para devolver a elas as suas características originais; e, no caso da primeira, garantir-lhe a volta das feiras de artesanato, flores, comidas e antiguidades.” LAGOA DA PAMPULHA “Recuperar a Pampulha é nossa prioridade. Em parceria com o governo estadual, nosso objetivo é garantir a interceptação, pela

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Copasa, de 95% do esgoto que chega à lagoa. Hoje, esse índice é de 92%. Assim que essa etapa for concluída, daremos início ao tratamento da água. Já temos recursos assegurados em caixa: são R$ 39 milhões. A licitação foi concluída e, em breve, assinaremos os contratos.” “Estamos pleiteando o título de ‘Patrimônio Cultural da Humanidade’, concedido pela Unesco, e para conquistá-lo teremos de realizar uma série de obras na Pampulha. Já requalificamos todo o entorno da orla e, agora, estamos investindo mais de R$ 130 milhões na retirada de 800 mil m³ de sedimentos. Recentemente, o prefeito Marcio Lacerda anunciou uma meta ainda mais audaciosa: tratar todos os cursos d’água que deságuam na Pampulha, num projeto de mais R$ 30 milhões.” “Graças a essas ações e aos bons índices que temos – 100% de abastecimento da população com água tratada e mais de 95% de coleta de esgoto e de lixo – BH é reconhecida com uma das capitais brasileiras que mais investem em saneamento.” CONTINUIDADE POLÍTICA “O maior desafio é seguir avançando e valorizando os bons projetos. Para isso, temos que ter políticas sérias e contínuas, dando sequência ao que é bom e importante para a cidade. E não o contrário, interrompendo projetos por terem sido criados por este ou aquele partido. É assumindo esse papel de vanguarda na administração pública, valorizando e dando continuidade às boas obras e projetos, que mudaremos nossa capital, o Brasil e o mundo.” PRÊMIO DA ONU “Outro motivo de orgulho são inciativas realizadas em parceria com a Defesa Civil, por meio do Programa Executivo de Áreas 72 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

FOTO: MÍDIA NINJA

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PERFIL: DÉLIO MALHEIROS Vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente de BH

“Durante as mobilizações de ruas, em 2013, ouvi uma frase brilhante: ‘País civilizado é aquele em que o rico anda de transporte público e não onde o pobre anda de carro’. Nossos netos e bisnetos vão nos cobrar isso. Como vocês admitiam viver numa sociedade em que 60 mil pessoas morriam por ano vítimas de acidentes de trânsito?”

de Risco (Pear) e dos Centros de Referência em Áreas de Risco (Crear), postos avançados que mantêm um trabalho preventivo nas favelas. São ações essenciais, diante do cuidado crescente que temos de ter com os acidentes naturais intensos, fruto das mudanças climáticas.” “Graças a este conjunto de ações para reduzir os riscos de desastres naturais, em 2013, recebemos o Prêmio Sasakawa, concedido pela ONU. Quando começa a chover, automaticamente instala-se uma sala de crise para atender a população em todas as nove regionais. A população é alertada, com

antecedência, sobre os riscos de desmoronamentos e enchentes. No passado, tínhamos 3.400 residências em áreas de risco, hoje são 800. Fomos premiados pela ONU porque passamos, felizmente, 10 anos sem registrar uma única morte em razão de desabamentos em áreas de risco.” ENERGIA RENOVÁVEL “BH desponta também como a capital brasileira da energia limpa. Há sistemas de aquecimento de água por energia solar em cerca de três mil edifícios e 422 m² de coletores e placas de captação de energia solar para cada mil habi-


tantes. Sou particularmente apaixonado por esse projeto e o objetivo é incentivar ainda indústrias e empresas a aderirem.” “Estamos iniciando mais um projeto-piloto para aproveitamento da energia fotovoltaica. Será na Escola Municipal Herbert José de Souza (no Bairro Novo Aarão Reis, na Região Norte), com o apoio do Banco Mundial. Vamos transformar energia solar em elétrica e vender o excedente para a Cemig.” “O Mineirão, coberto com placas fotovoltaicas, é outro referencial na geração de energia limpa. Assim como o antigo aterro sanitário, na BR-040, que produz energia suficiente para abastecer uma cidade de 40 mil habitantes, graças à conversão do gás metano – que é altamente poluente – em energia limpa.” ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA “Somos também a única capital brasileira a ter 100% de lâmpadas LED nos seus semáforos. Agora, vamos dar mais passos à sustentabilidade, lançando uma parceria público-privada (PPP) para substituir as 178 mil lâmpadas usadas na iluminação pública. Com isso, além de uma cidade mais bem iluminada – e consequentemente mais segura – teremos 87% de redução no consumo de energia e uma diminuição significativa dos custos de manutenção.” MENOS CARROS “No quesito mobilidade urbana, se não repensarmos o futuro, investindo maciçamente em trans-

porte público, como estamos fazendo com o BRT, e retirando carros da rua, o nosso destino será o caos. Só em BH, 100 novos carros são emplacados por dia. Precisamos rever também a questão tributária. Em vez de cobrar IPVA, embutir o imposto no combustível: quando mais rodar, mais o motorista pagará.” “É essencial repensarmos a nossa relação com o carro e o valor que ele tem em nossa sociedade. Infelizmente, as pessoas estranham ver um empresário ou

advogado de renome andando de ônibus, é um indicativo de que ele não está em boa situação financeira. Deveria ser exatamente o contrário. Durante as mobilizações de ruas, em 2013, ouvi uma frase brilhante: ‘País civilizado é aquele em que o rico anda de transporte público e não onde o pobre anda de carro’.” “Temos de mudar o foco. Nossos netos e bisnetos vão nos cobrar isso. Como vocês admitiam viver numa sociedade em que 60 mil pessoas morriam por ano, ví-

timas de acidentes de trânsito? O motorista, em seu carro, fica solitário, se isola e se irrita. No transporte público não. Ele interage, faz amigos, repensa e discute a cidade; tem tempo até para criticar a nós, políticos.” CIDADE DESEJADA “Portanto, a cidade desejada e mais civilizada é aquela que consegue se descentralizar, criando polos nos quais o cidadão tem ao seu lado serviços públicos eficientes em todas as áreas, trabalho e lazer. É aquela cidade que troca viadutos e rios canalizados por espaço para o pedestre, o verde e a água. Acho injusto gastar o dinheiro do contribuinte para construir obras para carros; a cidade tem de priorizar as pessoas, facilitar a vida do cidadão. É ele que tem de ocupar a cidade.” “Como coordenador do Fórum das Secretarias de Meio Ambiente das Capitais Brasileiras (CB-27) [que visa ao intercâmbio de experiências e à criação de parcerias para a adoção de práticas sustentáveis nas cidades] afirmo que essa é a capital que queremos e estamos ajudando a construir. BH já é reconhecida no cenário nacional e internacional pelo que faz na busca da sustentabilidade, mas ainda falta muito. Temos consciência de que é preciso trabalhar ainda mais. Este é o caminho.” O

SAIBA MAIS www.adcemg.org.br www.pbh.gov.br www.facebook.com/forumCB27

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CORAÇÃO DA TERRA DÉA JANUZZI redacao@revistaecologico.com.br

GUERREIRA ANÔNIMA

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FOTO: MARGARIDA CARDOSO

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ó alguém com nome de flor pode ter tanto carinho e cuidado com uma praça pública. Pois Margarida Cardoso, aposentada, de 66 anos, moradora da Alameda Guilherme Henrique Daniel, no Bairro Serra, em BH, está dando novos ares à Praça Violeta Vargas Soter. A cada data comemorativa, ela enche as árvores e os galhos de enfeites. Em 10 de maio passado, os que passaram pelo local foram presenteados com corações ao vento. Em cada um, o nome de alguma mãe especial. Tem homenagem para todas as mães que fazem parte da história de vida de Margô, como é mais conhecida. No alto, lá no alto da pitangueira, as mães se entendem, se tocam, se abraçam. Mesmo com chuva, essa arte-educadora não se intimida. Corta, cola, embala, põe fios coloridos e ornamenta a praça. As mães agradecem. Ela não gosta de tirar fotos, mas se curva diante dos moradores da praça. Conseguiu que eles limpassem o canto transformado em banheiro público. Sem preconceito, reconhecendo que “somos todos parentes” neste planeta, Margô vai devagar, com graça e leveza, envolvendo cada um deles. Não obriga. Ela faz sozinha, vai enfeitando as árvores, sob o olhar atento dos moradores de rua. O trabalho dela é tão belo que um deles oferece ajuda. Depois outro, até que todos fazem um mutirão para redesenhar a praça. Conhecida por todos eles, Margô vai desempenhando o seu papel social, enquanto muitos torcem o nariz para ela e para os ocupantes noturnos da Praça Violeta Soter. Ela adotou a praça. Com simplicidade, vai limpando, podando e dando novos ares ao lugar. Papéis de seda envolvem caixas de presente e surgem das mãos de Margarida para lembrar que é Natal. Certas manhãs, as árvores e os galhos amanhecem repletos de máscaras de carnaval, grandes e pequenas, além de outros penduricalhos que lembram confetes e serpentinas. Com paciência e dedicação, Margarida vai grampeando e enfeitando as árvores, que se curvam diante de tanta majestade. Pernambucana, Margarida mora na capital de Minas há mais de 40 anos e, depois de se aposentar como professora há seis anos, gosta de viajar e de fazer novos amigos, porque para ela amizade é tudo. Quem a encontra de manhã cedo enfeitando a praça pode desfrutar das músicas que ela canta baixinho.

A DECORAÇÃO de Margô: ela tira fotos do trabalho, mas prefere ficar no anonimato

Faz isso enquanto trabalha para embelezar a praça que ela própria define como “bucólica”. E vai e vem do seu apartamento em uma das ruas mais tranquilas do bairro. Margarida tira fotos da decoração, mas não quer aparecer, pois diz que o trabalho é voluntário e quer ficar no anonimato. Mas quem tem o privilégio de conhecê-la se encanta com essa senhora que faz uma decoração diferente a cada data comemorativa. Na Semana Santa, surgem coelhos, balões, santos, anjos e até Nossa Senhora. Mas o sonho de Margô é transformar a praça em uma sala de aula aberta, com lições de história, geografia, botânica. Ela não se cansa, é uma guerreira do bem. Já pediu ajuda para enfeitar a árvore em frente à Igreja de Santana, também no Bairro Serra. Está pesquisando, namorando a árvore há algum tempo. E a gente diz amém para atitudes como essa! O


EM NOVA LIMA, A NATUREZA TEM LUGAR GARANTIDO. E O SEU FUTURO TAMBÉM.

A Prefeitura de Nova Lima mostra que é possível conciliar desenvolvimento e preservação. A criação do Parque Natural Municipal de Fechos garantiu a proteção de uma área de 196 mil metros quadrados. Além disso, também foram decretados quatro novos monumentos naturais, o Córrego do Cardoso foi desassoreado e uma barragem contra enchentes foi construída. CUIDAR DO MEIO AMBIENTE É O NOSSO COMPROMISSO COM AS NOVAS GERAÇÕES.

Administrando com Responsabilidade


TECNOLOGIA

USINA da EcoVital em Sarzedo (MG): capacidade para processar 3.960 toneladas de resĂ­duos por mĂŞs

INCINERAĂ‡ĂƒO B

orras de tintas, resíduos de medicamentos e cosmÊticos são alguns exemplos de detritos do nosso dia a dia considerados perigosos ao meio ambiente, caso não sejam eliminados de forma responsåvel. Quando descartados de maneira irregular, podem poluir o solo, o ar e lençóis freåticos, comprometendo, tambÊm, a saúde de populaçþes inteiras. Como forma de amenizar o impacto desses resíduos, uma das soluçþes comumente utilizada por empresas com potencial poluente Ê encaminhar os resíduos com baixo potencial

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de reciclagem para a incineração: trata-se da conversĂŁo de resĂ­duos materiais em produtos gasosos e resĂ­duos sĂłlidos por meio de combustĂŁo, atingindo temperaturas acima de 800°C. Durante esse processo, os compostos tĂłxicos presentes nos rejeitos sĂŁo eliminados e cerca de 97% do volume inicial dos resĂ­duos sĂŁo destruĂ­dos. Todo o processo ĂŠ controlado e os gases provenientes sĂŁo ULJRURVDPHQWH Ă€OWUDGRV SDUD HYLWDU a poluição do ar. O que sobra, em torno de 3% a 10%, vai para aterros sanitĂĄrios ou industriais. Na AmĂŠrica Latina, a EcoVital ĂŠ

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

DE RESĂ?DUOS INDUSTRIAIS

MARCO ANTONIO: “A incineração estĂĄ em sua quarta geração e a tendĂŞncia ĂŠ que os sistemas de gestĂŁo ďŹ quem cada vez mais limposâ€?


FOTO: DIVULGAĂ‡ĂƒO ECOVITAL

Vantagens e benefĂ­cios Solução eďŹ ciente e ambientalmente segura

Descaracterização e inertização do resíduo

Consideråvel redução volumÊtrica e måssica

Isenção de passivos ambientais para os geradores

dos pela legislação vigente. Segundo o gerente da EcoVital, Marco Antonio Barreto Pinto, os resĂ­duos sĂŁo incinerados em forno rotativo a temperaturas que variam entre 800° e 1.100°C. “Os gases gerados sĂŁo tratados em uma câmara de pĂłs-combustĂŁo, sob uma temperatura entre 900° e 1.200°C. Em a empresa lĂ­der desse tipo de des- seguida, sĂŁo resfriados abruptamentinação de resĂ­duos. Localizada no te para evitar a formação de comDistrito Industrial de Sarzedo (MG), postos orgânicos, como dioxinas e a 33 km de Belo Horizonte, tem ca- furanosâ€?, afirma. Como resultado do processo sĂŁo pacidade para processar 3.960 toneladas por mĂŞs, durante 365 dias geradas as cinzas de incineração, por ano, em regime contĂ­nuo, com transportadas para aterros licenciapossibilidade de recebimento e ar- dos apĂłs anĂĄlise e caracterização, mazenamento superior a 3.000 to- realizadas por laboratĂłrio terceirineladas. SĂŁo rejeitos provenientes da zado e credenciado pelo ĂłrgĂŁo amindĂşstria quĂ­mica, agroquĂ­mica, far- biental. “Estamos vivendo um momento macĂŞutica, petrolĂ­fera, entre outros, que quando chegam Ă usina passam de maior conscientização ambiental, por etapas criteriosas de anĂĄlise atĂŠ com legislaçþes mais rĂ­gidas, com VLVWHPDV GH JHVWmR PDLV VRĂ€VWLFDGRV R GHVFDUWH Ă€QDO Funciona da seguinte forma: os e exigentes. Por isso, a tendĂŞncia ĂŠ PDWHULDLV UHFHELGRV Ă€FDP HP GXDV TXH RV SURFHVVRV LQGXVWULDLV Ă€TXHP iUHDV GH HVWRFDJHP HVSHFtĂ€FDV D cada vez mais limpos e segurosâ€?, de resĂ­duos a granel e a de resĂ­duos analisa. E completa: “TendĂŞncia que acondicionados. Na sequĂŞncia, sĂŁo nĂŁo ĂŠ diferente para as plantas de caracterizados no laboratĂłrio de incineração de resĂ­duos, jĂĄ que toda controle de qualidade e processos concepção de um projeto como esse para otimizar a etapa de combustĂŁo, começa com uma grande preocuparespeitar a capacidade operacional ção e dedicação para a questĂŁo de da usina e os parâmetros estabeleci- controle das emissĂľes atmosfĂŠricasâ€?.

A EMPRESA A EcoVital – Central de Gerenciamento Ambiental ĂŠ a maior e mais moderna usina de incineração de resĂ­duos industriais perigosos (Classe I) do Brasil. A empresa conta com os mais modernos e rigorosos preceitos de engenharia, garantindo segurança e qualidade em todo o processo. A EcoVital atua nos segmentos agroquĂ­mico, farmacĂŞutico e de cosmĂŠticos, quĂ­mico e petroquĂ­mico, apresentando soluçþes eďŹ cientes pautadas nas melhores prĂĄticas internacionais.

Marco Antonio tambÊm ressalta que a incineração de resíduos Ê hoje uma tecnologia sustentåvel. Ela evita riscos à saúde pública, diminuindo a mortalidade e a incidência de doenças, vez que os resíduos são tratados e destinados de forma ambientalmente mais adequada. O

SAIBA MAIS www.ecovital.eco.br

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1 ECOLOGIA INTERIOR

QUE ÁRVORE VOCÊ QUER SER

QUANDO MORRER? Projeto Capsula Mundi visa transformar cemitérios em florestas sagradas com a integração dos defuntos à natureza Ana Elizabeth Diniz redacao@revistaecologico.com.br

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ideia é ecologicamente correta, mas polêmica e ainda vai render muito o que falar. Os artistas italianos Anna Citelli e Raoul Bretzel criaram o projeto “Capsula Mundi” que coloca fim aos tradicionais cemitérios, transformando-os em florestas sagradas. “Capsula Mundi é um caixão em forma de ovo, feito de plástico biodegradável, em que o cadáver é colocado na posição fetal. A cápsula é plantada no solo como uma semente. Acima dele, uma árvore escolhida pelo morto ainda em vida é plantada e cresce, sinalizando a sua presença naquele local. O lento processo de mineralização do ovo, junto ao processo de crescimento da árvore fazem com que os restos mortais se integrem ao infinito ciclo biológico da vida. 78 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

Dessa forma, a morte assume um novo significado, não é mais considerada uma interrupção do processo de vida, mas sim o início de uma série de transformações que nos reintroduzem no ciclo natural”, explica Raoul. Para Anna, o cemitério como conhecemos hoje, uma área congestionada de estruturas arquitetônicas, “passa a ser vasto memorial espaço verde: a floresta sagrada. O projeto se integra a um processo que reúne todos os seres vivos na Terra e que transcende todas as barreiras raciais, culturais e religiosas. Parentes e amigos passam a cuidar da árvore na qual o indivíduo se transformou”. Capsula Mundi, explica Raoul é um termo latino que “em nossas mentes significa o veículo para

viajar através dos três mundos que compõem a vida na Terra: mineral, vegetal e animal. Organismos vegetais são os elementos de transição entre nós, organismos complexos, e o mundo mineral inerte a partir do qual não podemos receber qualquer alimento direto. O corpo humano é a matéria orgânica que pertence a um ciclo de transformação bem experimentado na natureza”. As leis italianas não permitem esse tipo de enterro. “Apenas a madeira pode ser usada para fazer caixões. As áreas dos cemitérios têm de ser protegidas, controladas e fechadas. O espaço onde as pessoas são enterradas é apenas temporário, a menos que ela possua uma capela da família. Durante esses anos de trabalho, percebe-


valor, mas podemos adiantar que seu custo equivale a um caixão tradicional. É acessível a todas as camadas sociais”, observa Anna. Independentemente da questão legal, a procura pela cápsula ecológica tem aumentado. “Muitos países estão nos procurando, principalmente os do norte da Europa, os Estados Unidos, Canadá, Austrália. Nenhum pedido brasileiro até agora. Estamos surpresos com a reação das pessoas. Tivemos mais de 1,5 milhão de ‘likes’ nas últimas duas semanas e nossa criação foi divulgada em mais de 20 mil sites. As pessoas estão indo na direção dessa nova maneira de pensar, estão criando consciência sobre o tema vida. Estamos trabalhando para atender toda essa demanda”, comenta Raoul Bretzel. Para Anna Citelli, “a árvore re-

presenta a união entre a Terra e o céu, o material e o imaterial, corpo e alma. Para fazer um caixão hoje em dia você precisa cortar uma árvore velha, de madeira valiosa. Um caixão tem uma vida curta. Capsula Mundi é produzido com amido de plástico, material 100% biodegradável. O amido é feito a partir de plantas sazonais, tais como batatas e milho. Capsula Mundi salva a vida de uma árvore e se propõe a plantar mais uma. Por meio do plantio de diferentes tipos de árvores, uma ao lado da outra, vamos criar uma floresta. Um lugar onde as crianças poderão aprender tudo sobre árvores. É também um lugar para um belo passeio e de reverência aos entes queridos”. O Fonte: matéria publicada na página "Esotérico" do jornal “O Tempo”. FOTOS: DIVULGAÇÃO / CAPSULA MUNDI

mos que essa lei antiga não representa a cultura italiana. Por isso, decidimos criar a Associazione Capsula Mundi para despertar as pessoas a olhar para o problema. Todos juntos podemos alterar as leis para que possamos concluir nosso projeto”, comenta Raoul. Pendengas judiciais à parte, os artistas dizem que trabalho é o que não falta. “No momento, estamos passando de uma produção artesanal para uma industrial. Isso vai levar um tempo, mas, antes do verão, vamos estar totalmente prontos para atender à enorme demanda que temos”, ressalta Anna. Os artistas dizem que a cápsula pode abrigar tanto as cinzas quanto o corpo da pessoa. “Isso vai depender da escolha do cliente. Cada cápsula será personalizada e vai atender a um desejo pessoal. Por isso não podemos precisar o

CIDADÃOS dos Estados Unidos, Canadá e Austrália já compraram a Capsula Mundi: eternidade semeada

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EZEQUIEL CASTANHA, preso no início do ano: o maior desmatador da Floresta Mãe

FOTO: REUTERS / FOLHA DO PROGRESSO / JULIANO SIMIONATO

1 DENÚNCIA

A “LAVAGEM” DE BOIS Cirineide Castanha, mãe de Ezequiel Castanha, maior desmatador da Amazônia, vendeu gado para a JBS. Antes disso, ela recebera mil cabeças da fazenda do marido, acusado de ser parte da quadrilha que grilava e desmatava terras André Campos, da Repórter Brasil

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JBS Friboi, maior processadora de carne bovina do mundo, adquiriu centenas de cabeças de gado de Cirineide Bianchi Castanha, mãe de Ezequiel Antônio Castanha, preso pela Polícia Federal sob acusação de ser “o maior desmatador da Amazônia de todos os tempos”. Documentos obtidos pela ONG Repórter Brasil revelam que os animais eram provenientes de Nova Bandeirantes, Mato Grosso, região onde a família controla diversas propriedades. 80 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

Antes dessas vendas, em fevereiro de 2013, o pai de Ezequiel, Onério Castanha, transferiu mil cabeças de gado que estavam em seu nome para Cirineide – esposa de Onério e mãe de Ezequiel. Pai e filho são réus de ação penal movida pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA). A ação descreve Ezequiel como o chefe de uma quadrilha responsável por grilagem de terras, invasão de áreas públicas e desmatamento ilegal no entorno da BR-163, rodovia que

atravessa milhares de quilômetros de Floresta Amazônica. O fazendeiro Onério Castanha, pai de Ezequiel, é apontado como membro dessa quadrilha. Além de coautor de vários crimes ambientais para a implantação clandestina de pastagens, ele seria um dos principais “laranjas” do grupo visando esconder o patrimônio obtido por meio da atividade criminosa. O histórico de ilegalidades associado a Ezequiel e Onério é um obstáculo para que ambos comer-


cializem gado com alguns frigoríficos. Nesse contexto, as novas informações sugerem que a família Castanha pode ter contado com mais um membro da família para fazer a produção chegar ao abate – a chamada “lavagem” dos bois. A JBS afirmou que, a partir das informações disponibilizadas pela reportagem, bloqueou qualquer tipo de comercialização de gado proveniente de Cirineide. Segundo a empresa, Onério já estava bloqueado no cadastro de fornecedores diretos da empresa desde fevereiro de 2012, por constar na lista de áreas embargadas do Ibama, na “lista suja” do trabalho escravo e também por detecção de desmatamento via satélite em 2010 e 2011. Situações como esta exemplificam os riscos de envolvimento com produtores associados a crimes socioambientais aos quais os

frigoríficos estão sujeitos, em suas cadeias produtivas, por conta dos chamados “fornecedores indiretos” – aqueles que encaminham animais para outros fazendeiros, que, por sua vez, vendem bois à indústria. É uma prática comum na pecuária, onde muitas fazendas não se dedicam a todas as etapas da criação de bois – cria, recria e engorda – antes do abate. Esse tipo de comércio facilita o escoamento da produção de fazendeiros inseridos em “listas sujas” do governo federal, como, por exemplo, o cadastro de empregadores flagrados usando mão de obra escrava pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou de produtores embargados por crimes ambientais identificados pelo Ibama. Importantes frigoríficos, entre eles a JBS, já assumiram compromissos públicos de monitorar e

restringir negócios com pecuaristas inseridos em tais cadastros. EMBARGOS AMBIENTAIS E TRABALHO ESCRAVO Ezequiel e Onério Castanha possuem diversas multas e embargos lavrados pelo Ibama em Nova Bandeirantes e nos municípios paraenses de Novo Progresso, Altamira e Itajubá. Boa parte dos casos está relacionada ao desmatamento e à instalação de pastagens ilegais na Flona Jamanxim, Unidade de Conservação no sudoeste do Pará. O local concentra, de acordo com o MPF-PA, grande parte das atividades criminosas da quadrilha. Além de autuado por crimes ambientais, Onério Castanha também foi incluído na “lista suja” do trabalho escravo em julho de 2012. Fiscais do Ministério do Trabalho libertaram 19 trabalhadores

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FOTO: REUTERS / DANIEL BELTRA / GREENPEACE

CENA COMUM na Amazônia: no lugar da floresta, a criação de cabeças de gado para abastecer a indústria da carne


1 DENÚNCIA

FOTO: REUTERS / DANIEL BELTRA / GREENPEACE

FIQUE POR DENTRO

BOA PARTE das multas e embargos lavrados pelo Ibama contra Ezequiel e Onério Castanha está relacionada a desmatamento

que faziam manutenção de pasto na Fazenda Serrinha, arrendada pelo produtor em Nova Bandeirantes. Onério permaneceu na “lista suja” até dezembro de 2014, quando uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, determinou a suspensão desse cadastro. A JBS e os outros frigoríficos signatários do “Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo” comprometem-se a restringir negócios, em suas cadeias produtivas, com empregadores inseridos na “lista suja”. A empresa chegou a ser suspensa do Pacto em 2012, por descumprir obrigações previstas no monitoramento da cadeia de fornecedores. Em janeiro de 2014, no entanto, foi readmitida entre os signatários. “Visto que a JBS apresentou propostas e metodologias que visam controlar o sistema de compras da empresa, mas não lida diretamente com o problema central da pecuária brasileira, a saber a triangulação do gado, a empresa irá liderar e apoiar a criação de Grupo de Trabalho específico do setor de pecuária, que tem como objetivo mapear os problemas setoriais apresentando possíveis soluções”, informou à época uma nota do Comitê de Coordenação e Monitoramento do Pacto. Conter o desmatamento associado a essa triangulação com fornecedores indiretos é outro 82 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

compromisso assumido pela JBS, num acordo firmado com a ONG Greenpeace para a adoção de critérios mínimos de compra de gado na Amazônia. Os frigoríficos Marfrig e Minerva também assumiram a mesma meta, mas os resultados, segundo o Greenpeace, ainda são tímidos. “Para além de alguns projetos pilotos, ainda não existem mecanismos sistemáticos para o monitoramento de fornecedores indiretos. Isso nos preocupa”, diz Adriana Charoux, da campanha Amazônia da ONG. POSIÇÃO DA JBS Depois de bloquear a comercialização de gado proveniente de Cirineide, a JBS afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a única propriedade fornecedora cadastrada em nome dela era a Fazenda Marajoara e que essa propriedade não está presente nas listas do MTE e do Ibama. A empresa afirma que, segundo o sistema de monitoramento socioambiental da empresa, não há irregularidades na propriedade. A JBS informa ainda que existem atualmente 2.232 fazendas fornecedoras de gado bloqueadas pela empresa para qualquer transação comercial, resultado das ações de monitoramento socioambiental da empresa. “Processos de auditoria independente, promovidos pelo Ministério Público Federal e no âmbito do compromisso público com

GTA-Verde: controle adiado A JBS e os outros dois maiores frigoríficos brasileiros – Marfrig e Minerva – encampam atualmente o "Plano GTA-Verde", que visa desenvolver, em parceria com o governo federal, um novo procedimento para emissão das Guias de Trânsito Animal (GTAs). As GTAs são documentos obrigatórios da vigilância sanitária que devem acompanhar qualquer transporte de animais pelo país. Permitem, portanto, rastrear o deslocamento de bois entre fazendas e de fazendas até as unidades industriais. A ideia é que a emissão das GTAs leve em conta a lista de áreas embargadas pelo Ibama e a “lista suja” do trabalho escravo, impedindo assim a entrada de propriedades e produtores irregulares no mercado de gado. A meta inicial era implementar a GTA-Verde até dezembro de 2013, mas, de acordo com a JBS, esse processo ainda está em construção. “Atualmente, há consenso em torno da ideia como solução prática para questão dos fornecedores indiretos entre as três maiores empresas frigoríficas do país. O próximo passo é a criação de consenso entre os demais membros da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec)”, afirma a companhia.

o Greenpeace, sobre as compras de gado da JBS e o funcionamento do sistema de monitoramento socioambiental da companhia, revelaram mais de 99% de conformidade com nossos compromissos em favor de uma cadeia de produção mais sustentável”, coloca a JBS. A reportagem também tentou contato com Onério e Cirineide Castanha, e com o advogado que representa, além deles, o filho do casal, Ezequiel Antônio Castanha. Mas não obteve retorno. O

SAIBA MAIS www.reporterbrasil.org.br


1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS

VAI PIORAR Pesquisa publicada na revista Nature Climate Change aponta que, mesmo se a emissão de gases poluentes diminuir, os eventos climáticos se intensificarão

SEGUNDO cientistas 75% das ondas de calor hoje não ocorreriam se o planeta tivesse aquecido até 0,85ºC

FOTO: DOLLARPHOTOCLUB

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ão é pessimismo, é realidade. Na última década, milhares de pessoas morreram por conta dos efeitos do aquecimento global. Agora, que a degradação ambiental ainda parece não dar sinais de que irá diminuir, a humanidade terá que conviver, cada vez mais, com tempestades devastadoras, seca intensa, enchentes e ondas de calor. Essa triste constatação foi confirmada por meio de um estudo realizado pelos cientistas suíços Eric Fischer e Reto Knutti, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, publicado recentemente na Revista Nature Climate Change (www.nature.com/nclimate/index.html). Pela primeira vez, eles conseguiram quantificar a frequência de eventos climáticos extremos provocados pelo aquecimento global. E chegaram a conclusões assustadoras: se os efeitos do aquecimento continuarem avançando no mesmo número e proporção que acontecem hoje, situações como temperaturas superiores a 50oC e tempestades fortes poderão aumentar mais de 60 vezes nos próximos anos. Pior: mesmo que algo seja feito – controlando a emissão de gases poluentes, por exemplo–, a média cai, mas ainda assim esses eventos aumentarão 14 vezes. Segundo os cientistas, “18% dos chamados extremos moderados diários de precipitação e 75% dos de calor não ocorreriam se não fosse o aquecimento global de 0,85oC observado até hoje em relação à era pré-industrial”. Mas alertam que eles podem ser ainda mais frequentes se a elevação da temperatura global chegar a 2oC. Para se chegar aos resultados, os pesquisadores suíços fizeram comparações de dados atuais com os do início do século XIX, quando a quantidade emitida de gases do efeito estufa eram menores. Com o tempo, a coisa foi piorando. Para se ter ideia, desde a Revolução Industrial, a frequência de ondas extremas de calor quadruplicou. Em 1995, por exemplo, na cidade de Chicago (EUA), 700 pessoas morreram em quatro dias por conta das altas temperaturas. Em 2003, na Europa, foram 70 mil. O



JB ECOLÓGICO


ECOLÓGICO ECOL OLÓG OL Ó IC ÓG CO NAS NA A S ES ESCOLAS S CO C LA A S - MUDANÇAS M DA MU DANÇ NÇAS NÇ A C AS CLIMÁTICAS L I MÁ LI MÁT ÁTI TIC 1 EC

AQUECIMENTO É AMEAÇA REAL Estudos comprovam que a influência humana sobre o sistema climático do planeta aumenta o risco de enfrentarmos tempestades, inundações, ondas de calor, secas severas, tornados e outros eventos extremos Luciana Morais redacao@revistaecologico.com.br

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clima na Terra está mudando. Disso ninguém duvida. Basta dar uma olhada no mapa global para constatar a ocorrência de eventos climáticos extremos em diferentes regiões e continentes. O aquecimento global, antes uma ameaça incerta e aparentemente distante, é hoje uma realidade. E também um alerta para a humanidade, diante do urgente

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desafio de rever o seu modelo de produção e de consumo, em especial no que se refere à conservação dos recursos naturais. O mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) – comitê de especialistas em clima criado pela ONU, em 1988 – revela que a influência humana sobre o sistema climático é clara. E mais: atesta que quanto mais

“perturbamos” o clima, mais riscos corremos de enfrentar eventos extremos, tais como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, secas severas, nevascas, furacões, tornados e deslizamentos de terra. Todos eles com fortes impactos sobre as populações e os ecossistemas. A boa notícia é que a maioria dos países já detém tecnologias e meios disponíveis para limitar as alterações climáticas e redire-


FENÔMENO NATURAL Para entender melhor o contexto local e global das mudanças climáticas, vale a pena esclarecer alguns conceitos e informações. Aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra. Tanto em consequência de causas naturais quanto de atividades humanas. Isso se deve principalmente ao aumento das emissões de GEE, em especial do dióxido de carbono (CO2) e do metano (CH4). Portanto, quando os cientistas falam em mudança do clima e em aquecimento global estão se referindo a um aumento, além do normal, da capacidade da atmosfera de reter calor. A camada de gases que envolve a Terra é constituída principalmente de nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), gases que não retêm calor. Outros gases também estão presentes nela em pequenas quantidades, como os GEE. Eles recebem esse nome porque funcionam como o revestimento de vidro de uma estufa, que permite entrada do calor do sol e conserva o interior quente mesmo quando a temperatura externa está fria. O efeito estufa é um fenômeno natural e fundamental para a manutenção da vida na Terra: faz a radiação do sol atravessar a atmosfe-

CRHISTOF BERGER

cionar a sua “pegada” no planeta, rumo a um futuro mais próspero e sustentável. O Brasil está entre os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa (GEE). Segundo estimativas, mais de 60% das emissões são resultantes de mudanças de uso do solo, desmatamento e queimadas. Na região amazônica, 20% da floresta, o equivalente ao território da França ou a quase duas vezes o estado do Maranhão, já foram derrubados para dar lugar à criação de gado, ao plantio de soja e outras atividades produtivas.

CIENTISTAS observaram que o aumento da temperatura eleva o nível do mar, devido ao derretimento das geleiras e à expansão térmica de águas quentes

ra e chegar à superfície do planeta, mas esse “vidro” evita que ela escape novamente sob a forma de calor. Graças a esse fenômeno, a temperatura na Terra oscila em torno de 15ºC, ideal para a existência da água em estado líquido e da maioria dos seres vivos e plantas. Sem esse efeito natural, a temperatura seria de 18ºC negativos, inviabilizando a sobrevivência de diversas espécies. O problema é que as atividades humanas estão aumentando a intensidade desse efeito estufa natural. É como se fossem colocados vidros mais grossos na estufa atmosférica, retendo mais calor na Terra. E isso faz aumentar a temperatura da atmosfera e dos oceanos. COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS Os gases responsáveis pelo aquecimento excessivo, como o CO2, são produzidos principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Outro vilão é o metano (CH4) produzido pelo sistema digestivo dos ruminantes (presente no “arroto” de bois, cabras, ovelhas e búfalos) e pela decomposição do lixo nos aterros sanitários e lixões. O metano é cerca de 20 vezes mais

potente, como GEE, do que o CO2. Atualmente, estima-se que 16% da poluição mundial seja proveniente da pecuária. Ao alterar o uso da terra por meio do desmatamento, das atividades agrícolas e da urbanização, o homem também lança no ar, por apodrecimento ou queima, o CO2 que estava acumulado nas plantas e no solo. As consequências do aquecimento global são múltiplas. Algumas já podem ser sentidas em diferentes lugares. Os cientistas já observaram, por exemplo, que o aumento da temperatura média do planeta tem elevado o nível do mar, devido ao derretimento das calotas polares e à expansão térmica das águas mais quentes. Cerca de 10% da população mundial vive hoje em áreas que podem ser afetadas, em cidades como Tóquio (Japão), Mumbai (Índia) e Dacca (Bangladesh), além de Recife e Rio de Janeiro, no Brasil. Há, ainda, previsão do aumento da ocorrência de doenças tropicais, como a dengue e a malária. Entenda, a seguir, os impactos das mudanças climáticas e como eles podem ser amenizados:

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FOTOS : DIVULGAÇÃO SIAMIG

1 ECOLÓGICO NAS ESCOLAS - MUDANÇAS CLIMÁTICAS O ETANOL de cana é uma fonte de energia limpa e renovável, graças à redução das emissões de GEE

ETANOL ALIVIA A ATMOSFERA

O São várias as medidas para reduzir as emissões de GEE e os efeitos do aquecimento global, entre elas conter o desmatamento e investir no reflorestamento e conservação de áreas naturais. Outro caminho promissor é o investimento em energias renováveis (solar, eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas), bem como o uso de biocombustíveis (etanol, biodiesel) em substituição aos combustíveis fósseis tradicionais (gasolina e óleo diesel). O Segundo produtor nacional de açúcar e terceiro de cana e etanol, Minas Gerais tem dado a sua parcela de contribuição no combate ao aquecimento global. Segundo dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG (Siamig), o estado responde por 9% da produção sucroenergética brasileira e tem na cana-de-açúcar um forte aliado. O etanol de cana é uma fonte de energia limpa e renovável, em especial graças à redução das emissões de GEE. O Considerando todo o ciclo de produção, desde o cultivo da cana até o escapamento dos veículos, o percentual de emissão de GEE é 90% menor quando se usa etanol em vez de gasolina. Outro avanço é o fim da queima da cana em 100% da área de colheita com declividade abaixo de 12%, em cumprimento ao Protocolo de Intenções Agrossocioambiental assinado pelo setor sucroalcooleiro com o governo estadual. Como resultado, de 2008 até 2014, mais de seis milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser lançados na atmosfera. O Em termos nacionais, desde o lançamento dos veículos flex no Brasil, em 2003, o uso do etanol evitou o lançamento de mais de 100 milhões de toneladas de CO2. É como se Colômbia e Peru juntos, por exemplo, deixassem de emitir CO2 por um ano.

Biocombustíveis: combustíveis originados de espécies vegetais como a cana-de-açúcar, de plantas oleaginosas (soja, milho, canola, babaçu e mamona) e de biomassa florestal. São fonte de energia limpa e renovável e estão disponíveis em abundância na natureza.

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Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): instrumento que integra o Protocolo de Kyoto e permite que os países desenvolvidos invistam em projetos para reduzir as emissões de GEE em países em desenvolvimento. Tratase de um mecanismo de grande importância, pois funciona como um canal através do qual os governos e as corporações privadas transferem tecnologias limpas e promovem o desenvolvimento sustentável.

ENTENDA MELHOR

BRASIL TEM MODELAGEM PRÓPRIA O Entre as principais atividades humanas que contribuem para o aquecimento global estão: queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para a geração de energia; desmatamento e queimadas; atividades industriais; transportes; conversão do uso do solo; agropecuária e descarte de lixo. O Historicamente, os países desenvolvidos respondem pela maior parte das emissões de GEE. No entanto, as nações em desenvolvimento vêm aumentando consideravelmente as suas emissões. Atualmente, a China ocupa o primeiro lugar do ranking, seguida por Estados Unidos, União Europeia e Brasil. O O Brasil desenvolveu um sistema próprio de modelagem climática coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse sistema é ajustado à realidade brasileira e permite prever a ocorrência de fenômenos naturais extremos, como enchentes e longos períodos de seca. Com a antecipação desses cenários, as autoridades podem traçar estratégias e ações de prevenção, tais como a remoção de moradores das áreas de risco. O Em cenários futuros de mudanças climáticas, o Brasil é particularmente vulnerável, pois grande parte de sua economia depende de recursos naturais. Só o agronegócio responde por mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, mais de 70% da matriz energética provém de hidrelétricas e grandes volumes de água são consumidos para a produção de grãos e de carne. O Por outro lado, o Brasil reúne importantes potencialidades para adaptação às mudanças climáticas, porque tem uma das maiores biodiversidades do planeta e, consequentemente, conta com a grande capacidade de regeneração dos recursos naturais. Ou seja, tem características singulares que favorecem a adoção de um modelo econômico e produtivo baseado em fontes energéticas limpas e renováveis.

FONTES/PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Ministério do Meio Ambiente / MCTI-INPE-CEMADEN WWF Brasil / Desafio Mudanças Climáticas-Siamig / Ipam.


TRÊS PERGUNTAS PARA...

JOSÉ A. MARENGO Pesquisador do IPCC e coordenador de pesquisa do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (MCTI/CEMADEN)

CENÁRIO VULNERÁVEL Qual é o maior avanço ou conquista do Brasil no estudo das mudanças climáticas? Desde 2005 o nosso país tem gerado os primeiros cenários regionalizados de mudanças de clima futuro, usando o estado da arte de modelagem climática no Inpe. Isso tem permitido avaliar os possíveis impactos em setores como energia, recursos hídricos, saúde, economia e agricultura. E não somente no Brasil, mas em outros países da América Central e do Sul, que têm usado esses cenários gerados por nós. E em relação ao combate ao aquecimento global? O Brasil está fazendo a sua parte nos acordos internacionais? O país foi um dos proponentes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), tem uma matriz energética relativamente limpa (mais de 70% da energia é gerada em hidroelétricas). O desmatamento na Amazônia tem diminuído nos últimos anos. E está crescendo o uso de energia solar, eólica e biomassa. O Brasil participa ativamente das negociações da convenção de clima desde a implementação do Protocolo de Kyoto, em 1998. No entanto, as negociações vêm sendo feitas por diplomatas do Itamaraty ou pelo ministro do Meio Ambiente, e isso precisa mudar. Ainda que existam reuniões preparatórias com a participação de cientistas que trabalham em mudanças de clima, muitas vezes a delegação nacional não os inclui nos debates e acordos. O ideal é termos cientistas e diplomatas trabalhando juntos, para obter melhores resultados para o Brasil e para o mundo.

Amazônia e Nordeste, onde a Floresta Amazônica e a Caatinga podem desaparecer num clima mais quente e seco e com mais CO2. Isso afetará não somente o clima regional e global, mas os ecossistemas e os grandes rios. Devemos nos lembrar das grandes secas ocorridas na Amazônia, em 2005 e 2010 e, no Nordeste, em 1998 e 2012-14, bem como as enchentes na Amazônia, em 2009, 2012 e 2014-15. Centros urbanos também poderão ser atingidos por chuvas extremas, que geram enxurradas, alagamentos e deslizamentos de terra, afetando a população e a economia. Em São Paulo, a grande seca que afeta o estado e a ocorrência, em paralelo, de enchentes na capital, sugerem que a cidade está vulnerável. Nas próximas décadas, essa vulnerabilidade pode aumentar, pois os cenários de clima futuro sugerem um aumento na duração dos períodos secos e também chuvas mais intensas, concentradas em poucos dias. O SAIBA MAIS www.cemaden.gov.br inct.ccst.inpe.br

Nós apoiamos esta iniciativa!

É possível apontar regiões que serão mais afetadas (hotspots) por eventos climáticos extremos no Brasil, nos próximos 20/30 anos? JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O 89


1 VOCÊ SABIA?

Flores exóticas Cristiane Mendonça

redacao@revistaecologico.com.br

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ímbolo de delicadeza e romance, as flores se apresentam de milhares formas, cores e funções. Algumas adornam, outras servem de alimento. E ainda existem aquelas que escondem, por trás da inigualável beleza, segredinhos pouco agradáveis. Conheça, a seguir, cinco curiosidades sobre flores exóticas:

ALÉM DAS APARÊNCIAS

FOTO: VELOCAFERD

A Rafflesia arnoldii é uma planta nativa das ilhas de Sumatra e Bórneu, na Indonésia, e ostenta o título de possuir a maior flor do mundo, que pode atingir até 106 centímetros de diâmetro e pesar 11 kg! Além da aparência grandiosa, a flor também possui características bem peculiares: ela não realiza fotossíntese, pois é um parasita que suga nutrientes da árvore Tetrastigma nitens, além de não possuir folhas, caule e raiz. Exala um odor semelhante à da carne podre, atraindo moscas e insetos responsáveis por sua polinização. Por esses motivos, a espécie é popularmente conhecida como “flor-monstro”, o que não faz jus à bela aparência, mas se justifica quando conhecemos seus outros predicados.

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UMA FLOR POR UM BEIJO O Lábios carnudos e pintados de vermelho. A descrição bem que ue poderia se referir à boca de uma pessoa, mas na verdade e estamos falando de uma espécie que carrega no nome sua principal característica: “flor-do-beijo” (Psychotria elata). Natural das florestas tropicais de países como Colômbia, Equador e Panamá, imita com tanta perfeição um beijo, que parece ter sido obra de um desenhista. E ar, o mais interessante é que o “beijo” que ela parece ofertar, eus incessantemente, não é sua única flor: dentro dos “seus rvem lábios” também nascem pequenas flores brancas que servem de alimento para beija-flores e borboletas. Infelizmente, a espécie está ameaçada de extinção devida à perda de e hábitat.


CREPÚSCULO

FOTO: LEYO

FOTO: JAMES GAITHER

A “flor-morcego” é outra espécie que carrega no nome um significado óbvio. Basta olhar para ela e se lembrar imediatamente do animal! De cor negra, tonalidade rara entre as flores, a Tacca chantrieri é nativa das regiões tropicais do sudeste da Ásia, incluindo a Tailândia, Malásia e sul da China. Apesar da aparência soturna, a espécie é também utilizada no paisagismo. Uma boa sugestão para a casa do Conde Drácula!

FRAGRÂNCIA FÚNEBRE Parece que ser grande e malcheirosa é um perfil comum entre as plantas da ilha de Sumatra. Outra espécie do lugar que apresenta as mesmas características é a chamada “flor-cadáver”. Apesar de ser conhecida como a mais fedida do mundo, a Amorphophallus titanum, na verdade, é uma inflorescência apelidada de espádice, e não exatamente uma flor. Definições à parte, a planta pode atingir até três metros de altura e pesar 75 kg. Vive, em média, 40 anos, mas floresce apenas de três a quatro vezes durante toda a vida. No Centro de Arte Contemporânea Inhotim, na cidade de Brumadinho (MG), existe um exemplar da espécie, o único da América Latina.

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A flor d da vitória-régia (Victoria amazonica) parece ser, en entre as espécies da flora, uma das mais atraent atraentes. Da aparência tropical às lendas indígenas de amo amor que a cercam, há todo um clima de sedução. Natura Natural da Floresta Amazônica, florece somente dois d dias. Quando ela abre as suas pétalas, ao entardecer, exala um cheiro adocicado que atrai entar insetos. Assim que o primeiro besouro é atraído, inseto ela fecha as pétalas, deixando o bicho por lá durante toda a noite, sendo liberado só quando o dur dia amanhece,, coberto de p pólen e “atordoado”.

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NATUREZA MEDICINAL MARCOS GUIÃO (*) redacao@revistaecologico.com.br

BENZEÇÃO DE SANGUE

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bate o joelho no chão. Ao ouvir o barulho, me virei e perguntei se ela havia machucado. - Acho que não, só mermo ralapei o joelho - foi dizendo e subindo a calça para ver o estrago. O que se ouviu a seguir foi um “Deus nos acuda! Maria, valei-me!”, pois o tampo do joelho estava dependurado, dando de se ver até a patela com seus ligamentos laterais. Caçamos uma sombra onde ela pudesse se proteger, mas o sangue deu de vazar com vontade. Imediatamente surgiu um pano que foi amarrado com força para estacar a possível hemorragia. Dona Nininha se chegou na mesma horinha e deu de passar o polegar da mão direita por riba do lugar que estava sangrando e foi dizendo: - Assim como Jesus tá na ceia, o sangue para na veia. Isso foi dito por três vezes, sempre fazendo o nome do Pai. E aí o inacreditável se deu: o sangramento estancou imediatamente! Fiquei cismando naquela atitude singela enquanto levava Dona Clemência até o hospital, pois o sangue estava na veia, mas a ferida ainda era considerável e demandava um bocado de pontos. Assim que chegamos à emergência, uma enfermeira já foi encaminhando-a a uma sala de pequenas cirurgias, enquanto esperávamos o médico chegar. Ao examinar o estrago, ela comentou admirada que, apesar do ferimento extenso, não sangrava... Prontamente, Dona Clemência deu ciência a ela que “comadre Nininha benzeu de sangue lá no mato mermo”. Com olhos arregalados, a enfermeira comentou, baixinho, incrédula: - Nossa! Essa dona tinha que trabalhar aqui com a gente! Pois aqui na roça é assim. Quem tem fé e a pratica em benefício do próximo num tem diploma de nada, mas um coração transbordando de amorosidade desinteressada. Viver por aqui é por deveras muito aventuroso! Inté a próxima lua cheia! O

dia amanheceu claro e limpo, trazendo em seu bojo muita disposição e alegria para mais uma caminhada remedeira lá pros lados do Ausente. Dona Clemência, a matriarca local, era a mais animada do grupo composto só de mulheres, que eu tinha a responsabilidade de mostrar um bocado de plantas. Ela trazia debaixo do indefectível lenço de cabeça a carapina branca sinalizando a extensa estrada por ela já percorrida. O rosto de traços severos escondia uma criança que não perdia a chance de brincar ou cutucar uma colega com palpite zombeteiro. Num deu trabalho de se ir longe, pois, por ali mermo, já fomos tropeçando numa profusão de folhas, cascas e raízes sem fim. A coleta foi desenvolvida com alegria, harmonia e atenção. Mas quando o retorno já se anunciava, deu-se uma pequena tragédia. Descendo uma ladeira recoberta de gorgulho, Dona Clemência escorrega a perna esquerda e

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FOTO: MARCOS GUIÃO

A BENZEÇÃO é um “ritual” tradicional do povo do sertão

(*) Jornalista e consultor em plantas medicinais.



CÉU DE BRASÍLIA VINÍCIUS CARVALHO

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA (I) Segundo levantamento da ONG Imazon, 58 km² de floresta foram desmatados na Amazônia Legal em março deste ano. A cifra representa aumento de 195% no desmatamento em comparação a março do ano passado. A devastação se concentrou no Mato Grosso (76%) e no Amazonas (13%). A menor ocorrência foi em Rondônia (8%), Tocantins (2%) e Pará (1%).

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA (II) Quanto ao acumulado de agosto de 2014 a março de 2015, o desmatamento foi de 1.761 km2. É nada menos que um aumento de 214% em relação ao período entre agosto de 2013 e março de 2014, quando 560 km² foram desmatados.

CADASTRO AMBIENTAL RURAL O Ministério do Meio Ambiente (MMA) confirmou a prorrogação, por um ano, do prazo para que produtores rurais façam a inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Criado pelo novo Código Florestal, o CAR é obrigatório para todos os imóveis rurais. Dos 373 milhões de hectares passíveis de cadastramento no Brasil, segundo o MMA, 196,7 milhões de hectares teriam sido registrados até aqui (52,8% do total).

DEFESA DOS ANIMAIS A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei que inclui entidades prestadoras de assistência a animais entre aquelas que podem receber isenção de contribuições para a Seguridade Social. A proposta segue agora para as comissões de Seguridade Social; de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça.

RESERVATÓRIOS EM BAIXA O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a rebaixar a previsão de armazenamento de água nas represas de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste no fim de abril. A estimativa foi de nível médio de 33,1%. Mesmo com o rebaixamento, o ONS diz que o número é suficiente para evitar racionamento de energia em 2015.

DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estuda a criação de uma rede para conter o desperdício de alimentos no Brasil. O país é considerado um dos dez que mais desperdiçam comida no mundo, com cerca de 30% da produção praticamente jogados fora.

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FOTO: WELINGTON DE OLIVEIRA

1 POLÍTICA

O VEREADOR Gilson Reis e o homenageado Cássio Magnani Júnior durante a solenidade na Câmara Municipal de BH: sob a égide da sustentabilidade

A RESILIÊNCIA DE CASSINHO Prefeito de Nova Lima, município com maior área verde e número de nascentes da Região Metropolitana de BH, confirma sua pegada ambiental J. Sabiá redacao@revistaecologico.com.br

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ão há segredo. Abraçar a sustentabilidade, a causa que hoje mais deveria preocupar a humanidade e pode significar a nossa salvação junto do planeta, tornou-se a pedra de toque a diferenciar os novos políticos perante a opinião pública e seus eleitores. Que o diga o prefeito de Nova Lima, Cássio Magnani Júnior, o Cassinho. Depois de conquistar, ano passado, o “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza”, na categoria “Destaque Municipal”, por ter decretado o tombamento de cinco serras e morros conhecidos pela população como “Monumentos Naturais” a serem preservados ad infinitum, Cassinho

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apostou novamente “numa árvore e ganhou a floresta”, como dizem os ambientalistas. Tudo porque, na contramão da Prefeitura de Belo Horizonte, que anunciava planos de ocupação imobiliária numa área de 196 mil metros quadrados contígua à Estação Ecológica de Fechos, mantida pela Copasa no bairro Jardim Canadá, ele resolveu o contrário. Como a área pertencia à capital mineira, mas estava cedida até o ano 2029 a Nova Lima, logo e surpreendentemente Cassinho a decretou “Parque Natural Municipal de Fechos”. O resultado dessa sua atitude ecológica, de preservar os mananciais que abastecem a região sul da capital em plena crise hí-

drica, foi a homenagem de “Honra ao Mérito” que ele recebeu no último dia sete de maio. Não dos vereadores de Nova Lima, que o seguem e também são apoiadores da causa ambiental, mas da então lotada Câmara Municipal de BH, por iniciativa do vereador Gilson Reis, do PC do B. O discurso da sustentabilidade foi a tônica. E Cassinho não deixou por menos. Emocionando a plateia, ele lembrou ter nascido em BH, para onde as águas asseguradas correm, e ter sido vereador por 26 anos na vizinha Nova Lima, onde 62% da área verde original do município, caracterizada pelo bioma da Mata Atlântica em transição para o Cerrado, ainda se encontra preservada.


FOTO: FERNANDA MANN

“Estamos todos interligados, como a natureza nos ensina. Antes de ser uma obrigação, Nova Lima tem a felicidade hoje de ter se tornado o oxigênio e a caixa d’água da Região Metropolitana. Isso significa que 300 anos de exploração mineral e imobiliária só conseguiram degradar 38% de nossa riqueza natural. Também explica estarmos revendo nosso plano diretor para evitar a crescente e insustentável verticalização do município”, disse Cassinho. E concluiu, acompanhado de sua mãe Terezinha e suas filhas, referenciando-se à pequena, resiliente e também crescente geração de novos políticos compromissados com a questão ambiental: “Nós que já passamos pelo golpe e a ditadura militar, aprendemos a resistir e buscar novos paradigmas. Em tempos nada esperançosos de mudanças climáticas em todo o planeta, nossa

FECHOS, em Nova Lima: mais 196.000 m2 preservados graças à nova consciência política

maior responsabilidade é preservar a vida. É assegurar a biodiversidade que ainda temos e Deus, em particular, caprichou em Nova Lima e se estende até Belo Horizonte. É para a capital que verte mais da metade das águas que ainda brotam e estão preservadas em 800 nascentes catalogadas até agora no nosso município, do outro lado da Serra do Curral. Essa beleza natural não mais nos divide e, sim, nos une nessa cau-

sa maior”, apontou. O discurso de Cássio Magnani Júnior é o de quem já foi “ongueiro” ambiental em sua juventude política e lutou contra a desecologia da silicose, doença pulmonar irreversível, que acometia os funcionários da ex-Mineração Morro Velho, atual AngloGold, antes do advento da consciência ecológica. O SAIBA MAIS www.novalima.mg.gov.br

Vida para as populações locais e para a biodiversidade. As áreas preservadas pela CENIBRA abrigam mais de 4.500 nascentes que fornecem água limpa para a fauna, flora e para uso das comunidades situadas próximas às propriedades da Empresa.


1 POLÍTICA

O NOVO ROSTO DO IBAMA Rodrigo Santori redacao@revistaecologico.com.br

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nova presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos, tomou posse no dia 14 de maio último em Brasília (DF). A solenidade contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do secretário-executivo do MMA, Francisco Gaetani, e do ex-presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior. O local estava cheio e contou com a presença de amigos e familiares que vieram do Rio de Janeiro prestigiar o evento, dos servidores do Ibama e de autoridades como o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado estadual, Carlos Minc. A nova presidente baseou sua vida profissional na defesa da qualidade das águas e dos rios, da gestão dos recursos hídricos e do saneamento básico. Durante seu discurso de posse, destacou que assume o cargo com o desafio de colocar o Ibama no centro da estratégia sustentável. Durante o evento, foi anunciado que serão mantidos Luciano Evaristo, como diretor de Proteção Ambiental e que também se torna o presidente-substituto, e Thomaz Toledo, que permanece como diretor de Licenciamento Ambiental. Além disso, Paulo Fontes foi apresentado como o novo diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas, Anna Flávia de Senna tem à sua frente a Diretoria de Planejamento, Administração e Logística, e Ana Cristina Rangel assume a Diretoria de Qualidade Ambiental. Para Izabella, o projeto iniciado em 2011, quando indicou Volney

98 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

MARILENE RAMOS, à frente do Ibama: currículo hídrico

Zanardi Júnior para a presidência do Ibama, foi concluído com sucesso, e a mudança com Marilene Ramos é fundamental para renovar as ambições de gestão. “O desafio começa no Ibama”, disse Izabella enquanto lembrava que o órgão é uma marca de referência no Brasil. Para ela, o grande trabalho deve ser realizar inclusão com soluções realmente sustentáveis, como, por exemplo, os 22 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia e precisam do acesso aos meios. PERFIL Engenheira civil e doutora em Engenharia do Meio Ambiente pela COPPE/UFRJ, é especializada em Gestão Ambiental, Saneamento e Gestão de Recursos Hídricos.

De junho de 2008 a dezembro de 2010, foi secretária de Ambiente do estado do Rio de Janeiro. Como principais destaques da sua atuação, estão o lançamento do “Pacto pelo Saneamento” e a instalação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), um marco na modernização da gestão ambiental do estado do Rio, do qual foi presidente, de janeiro de 2011 a fevereiro de 2014. Desde 2001 é professora da Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV). Atualmente, é diretora-adjunta do Centro de Regulação e Infraestrutura (Ceri/ FGV), onde desenvolve pesquisas e projetos na área de saneamento, gestão de recursos hídricos e regulação ambiental. O


FOTOS: HERMÍNIO LACERDA

MARILENE é saudada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira: reforço bem-vindo

ENTRE os presentes, Celso Castilho (de terno bege), ex-secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais

DIRETORES de várias áreas do instituto acompanharam a posse de Marilene Ramos em Brasília (DF)

O EX-MINISTRO de Meio VOLNEY ZANARDI, o antecessor Ambiente, Carlos Minc de Marilene Ramos

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FOTOS: RONALDO GUIMARÃES

1 PREMIAÇÃO

SEBASTIÃO GONÇALVES foi o vencedor da categoria "Cidadania"

NOITE EXEMPLAR Anúncio dos vencedores do “Prêmio Bom Exemplo 2015”, da TV Globo Minas, reacende a esperança em um país generoso, menos egoísta e mais inclusivo

“Há milhares de pessoas que fazem muita coisa boa e de maneira desinteressada, sem esperar reconhecimento nem nada.” MARCELO MATTE, diretor da TV Globo Minas

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mensagem maior da cerimônia do “Prêmio Bom Exemplo 2015”, presidido pelo governador Fernando Pimentel e pelo prefeito Marcio Lacerda, e cujos troféus são entregues pelos representantes das instituições parceiras, foi de que os veículos de comunicação devem abrir mais espaço para as notícias boas. Ou, no mínimo, democratizar igualmente a cobertura jornalística, para que a opinião pública também saiba que tem muita gente boa, do cidadão mais simples ao empresário e político mais poderosos, dando exemplos reais de que é possível reacreditar em nós mesmos. Na categoria “Cidadania”, pelo voto popular, o grande vencedor foi o reformador e doador de cadeiras de rodas Sebastião Gonçalves, serralheiro aposentado, de 61 anos. As demais personalidades destacadas foram: Angelo Machado (“Ciência”), Sula Kyriacos (“Cultura”), Clélio Campolina (“Economia e Desenvolvimento”), Projeto Elits (“Educação”), Athos Martins (“Esporte”), Rubens Alves de Oliveira (“Inovação”) e Roberto Azeredo (“Meio Ambiente”), Cledorvino Belini (“Personalidade do Ano”) e José Israel Vargas (“Homenagem Especial”). Confira as fotos! 100 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

Cledorvino Belini

Roberto Azeredo

Athos Martins

Angelo Machado

Sula Kyriacos

Rubens de Oliveira

José Israel Vargas

Eliete Vitória e Fátima Aparecida, do "Projeto Elits"


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ÍNDIA DE TODAS AS

REALIDADES Luciano Lopes redacao@revistaecologico.com.br

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102 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

FOTOS: PEDRO MENDES

NA ÍNDIA, a religião é o fio condutor do povo, sempre disposto a ajudar o próximo

o início deste ano, o fotógrafo belo-horizontino Pedro Mendes foi à Índia. Especialista em registrar eventos culturais e sociais (especialmente casamentos), depois de cumprir a agenda de trabalho, ele resolveu passar uns dias viajando pelo país, o segundo mais populoso do mundo, com 1,2 bilhão de pessoas. Ao todo, foram quase 30 dias imerso nas paisagens urbanas e naturais da terra de Gandhi. Ficou impressionado com a relação dos indianos com os animais: “É intensa, de muito respeito. Lembro-me de que estava viajando de trem e tinha uma mosca perto de mim. Quando fui matá-la, o indiano que estava sentado ao meu lado não deixou. Disse que ela era ‘amiga’”. As vacas, então, estão por todos os lugares. “Nas ruas, no meio dos carros. E elas são sempre prioridade”, reconhece Pedro. A população é predominantemente vegetariana. Andando pelo país, não foi difícil para Pedro perceber que o crescimento da população indiana tem provocado enormes problemas ambientais. “Ao fim do dia, a poluição do ar é tamanha que é possível perceber a camada de fuligem nos braços e no rosto”, afirma o fotógrafo. Outro destaque é o Rio Ganges. Com 2.500 km de comprimento, é considerado sagrado pelos hindus, que o veneram na forma da deusa Ganga Kalighat. Eles creem que, ao tomar banho no rio, os pecados são perdoados, facilitando os ciclos de vida, morte e reencarnação. As belíssimas fotografias que fez às margens do Ganges, por exemplo, retratam essa relação de amor com o rio sagrado, que, infelizmente, está entre os dez cursos d’água mais poluídos do planeta. Em alguns trechos, a taxa de coliformes fecais é mil vezes superior ao limite recomendado pelo governo indiano. Os rituais de cremação e lançamento de corpos no rio também contribuem para sua contaminação. O povo indiano, no entanto, é muito receptivo. “Todos estão sempre dispostos a ajudar. A grande maioria fala inglês, nem que seja o básico. Algumas vezes, eu pedia informação de um endereço e eles simplesmente paravam o que estavam fazendo e me acompanhavam até o local”, ressalta Pedro. Confira, a seguir, as cores da Índia e de seu povo sob o olhar de Pedro Mendes.


RIO Ganges, em Varanasi

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ESPIADA BÁSICA: roedor olha a rua da porta do templo

ANIMAL SAGRADO: pelas ruas da Índia, as vacas sempre têm prioridade

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FOTOS: PEDRO MENDES

1 ENSAIO FOTOGRÁFICO

REVOADA de pássaros no Rio Ganges


EM VARANASI, a pobreza divide espaço com o lixo nas ruas

ELE

Pedro Mendes tem 25 anos, é fotógrafo autodidata e começou a se interessar pela fotografia aos 11. Viajou pelo mundo durante alguns anos e, após regressar ao Brasil com inúmeras imagens feitas pelos locais por onde passou, decidiu se profissionalizar. Sempre interessado em poesia, arte e comportamento humano, viu na fotografia uma oportunidade de expressar seu olhar publicamente. Tem como tema predileto o ser humano. Especializou-se na fotografia de eventos culturais e sociais. Paralelamente desenvolve seu trabalho autoral, retratando o cotidiano das pessoas.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

QUEM É

SAIBA MAIS www.pmendes.com.br

OS INDIANOS têm uma relação de amor e fé com o Rio Ganges

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MEMÓRIA ILUMINADA - FERNANDO PESSOA

PESSOA: “Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”


O POETA

INSATISFEITO No ano em que se completam oito décadas da morte de Fernando Pessoa, sua obra continua inabalável, sincera e irrequieta como nunca Luciano Lopes redacao@revistaecologico.com.br

E

ra 13 de junho de 1888 quando Portugal ganhou um de seus filhos mais ilustres. Nascia em Lisboa Fernando Pessoa, o poeta da insatisfação humana, que duvidava da própria realidade e que achava a existência algo absurdo. Ao rever parte de sua obra para essa homenagem, lembrei-me do quanto ler suas poesias me deixava... inquieto. Os textos de Fernando Pessoa têm esse poder: levam-nos a questionar o que sentimos e pensamos. É como viver em uma realidade irreal. Tudo parece ser tão genuíno, tão verdadeiro, que parece fingimento. Que me desculpe Shakespeare, mas é lendo a obra do poeta português que a máxima “ser ou não ser, eis a questão” parece ganhar mais sentido. Fernando Pessoa lia o mundo exterior pelas páginas de sua ecologia interior. Falava de natureza com uma simplicidade sincera, sem rodeios. Em suas palavras, renovava os mitos que criava para si e aqueles que eram do mundo. Para ele, a vida é o presente, e os instantes são tantos que o fizeram perder a própria identidade. “Não sei quantas almas tenho. Cada momento,

mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi, nem me achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê. Quem sente, não é quem é”, disse ele em um dos seus poemas mais famosos. Pessoa é universal, irônico, sincero e, assim, inventou a própria arte. Escreveu seu primeiro poema aos 14 anos e sua personalidade não cabia em si. Por isso, criou heterônimos com biografias próprias – como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, mostrando as suas diferentes formas de ser e estar no mundo. E conseguia transformá-las em versos. Um ano antes de sua morte (faleceu vítima de cirrose hepática aos 47 anos, em 1935), o “poeta fingidor” entregou-se novamente a escrever quadras populares, em que resgatava um estilo mais simples de ver as coisas. Em sua última linha escrita, afirmou não saber o que o amanhã traria. Uma pena não ter sobrevivido para ver que, pouco tempo mais tarde, o mundo descobriria que a sua verdade também trazia os questionamentos que todos nós carregamos. Confira:

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MEMÓRIA ILUMINADA - FERNANDO PESSOA

“Deus, ao mar, o perigo e o abismo deu. Mas nele é que espelhou o céu.”

O VERDADE “O público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade.”

O SER POETA “Não tenho ambições nem desejos. Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho.”

O ALMA / ESPÍRITO “Todo estado de alma é uma paisagem. Uma tristeza é um lago morto dentro de nós. Assim, tendo nós, ao mesmo tempo, consciência do exterior e do nosso espírito, e sendo nosso espírito uma paisagem, temos ao mesmo tempo consciência de duas paisagens.”

O LUCIDEZ “Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso, pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte.” O ARTE “A arte é a autoexpressão lutando para ser absoluta.”

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” O VENTO “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” O CRIAR “Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário; o que é necessário é criar.” O SENTIR “Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias.” “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.” 108 O ECOLÓGICO | JUNHO DE 2015

“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas.” O ESCREVER “Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.” O SAUDOSISMO “O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.”


O CAMPO “O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo.”

“Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias.”

O DESPREZO “Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.” O RENÚNCIA “A renúncia é a libertação. Não querer é poder.” O LIBERDADE “A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.” O SONHO “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” O PASSADO “Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto, que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. A ave passa e esquece, e assim deve ser. O animal, onde já não está e por isso de nada serve, mostra que já esteve, o que não serve para nada. A recordação é uma traição à natureza, porque a natureza de ontem não é natureza. O que foi não é nada, e lembrar é não ver. Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!” O PASTOR “Eu nunca guardei rebanhos, mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, conhece o vento e o sol e anda pela mão das estações a seguir e a olhar. Toda a paz da natureza sem gente vem sentar-se a meu lado. Mas eu fico triste como um pôr de sol para a nossa imaginação, quando esfria no fundo da planície e se sente a noite entrada como uma borboleta pela janela.” O TRISTEZA “A minha tristeza é sossego porque é natural e justa. E é o que deve estar na alma quando já pensa que existe e as mãos colhem flores sem ela dar por isso.” O ADEUS “É talvez o último dia da minha vida. Saudei o Sol, levantando a mão direita, mas não o saudei, dizendo-lhe adeus. Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.” O BIOGRAFIA “Se depois de eu morrer quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tenho só duas

FOTOS: RAYMOND WIGGINS

datas: a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra, todos os dias são meus.” O TRAVESSIA “É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” O DESAPEGO “Desapegar-se é renovar votos de esperança de si mesmo, é dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor. Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos. A vida não espera. O tempo não perdoa. E a esperança, é sempre a última a lhe deixar. Então, recomece, desapegue-se! Ser livre não tem preço!” O JUNHO DE 2015 | ECOLÓGICO O 109


Foto: Bruno Soares

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CONVERSAMENTOS ALFEU TRANCOSO (*) redacao@revistaecologico.com.br

JUNHO

Mês da natureza, das festas e do amor

J

unho é o nome do sexto mês do calendário gregoriano. Vem de Juno - Hera para os gregos - a deusa dos amores legítimos e fiel esposa de Júpiter (Zeus para os gregos). Foi Hera quem, no mito de Édipo, lançou a maldição sobre Laio, que teve uma relação homossexual com Crisipo: “Tu terás um filho, Édipo, que vai matá-lo e depois se casará com sua mãe, Jocasta”. Ao conquistar militarmente a Grécia, os romanos foram conquistados pela cultura grega. Em nosso hemisfério, junho é um mês festivo por excelência. Há, nesse período, uma simpatia universal que atinge a todos os viventes dessa região do planeta. É como se tudo quisesse cantar, abraçar e bailar. Namoros e pedidos de casamento são as duas asas da alegria quase incontida desse período. E isso se traduz no brilho das festas juni-

nas, nos forrós, no “Dia dos Namorados” e nas juras e promessas casamenteiras de Santo Antônio. Além disso, tudo regado a boas comidas, quentão e muitos fogos. O “Dia dos Namorados” é uma homenagem a São Vicentin, grande incentivador do casamento. Prática considerada proibida pelo imperador romano Otávio II, sob o argumento de que, em épocas de guerra, isso prejudicava seu exército. Esse religioso foi então decapitado em 270 d.C.. Junho é também o mês em que se comemora o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, quando, com a energia cósmica desse tempo, podemos fortalecer mais ainda nossa luta sem trégua pela dignificação da natureacaso, que junho foi escolhido o tempo za. Não por acaso ideal para ajudar a conservar e cuidar da nossa grande casa (Oikos). Em nosso país, nesse mês, o tempo começa a se mais frios de inverno, que são preparar para os dias d boas oportunidades oportunidad para as nossas elevadas meditações. Em quase todas as árvores, as folhas começam a cair se desp despedindo dos galhos. Elas começam a diminuir a atividade ativid fotossintética e a economizar energia. Já em nó nós, humanos, o mês de junho, além da alegria proporc proporcionada pelas festividades, nos incita a uma prepa preparação silenciosa. É preciso coragem e desprendimento para descermos em nossas profundezas íntimas. Essa nec necessidade de aprofundamento innos prepara para outras descidas tão terior no importantes em nossa vida cotidiana. Junho importan a todo momento, nos incita a é o mês que, q reconhecer que as estações mais frias são reconhe convites sedutores para uma visita aos interiores de nossa alma. Esse é um momento decisivo decisiv para o nosso crescimento espiritual, p pois as dificuldades desse período, como o frio, escassez de alimentos etc., são ex experiências formadoras. Sem dificuldades, não há ensinamento e, porculda tanto, não há vida feliz. tanto

(*) Ambientalista e professor de Filosofia da PUC Minas.

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JÚPITER (Zeus) e Juno (Hera) por Annibale Carracci, século XVI



Cuidar de você e de quem você ama.

#esseéoplano

A VIDA É MELHOR QUANDO VOCÊ ESTÁ BEM ACOMPANHADO. E ISSO INSPIRA A UNIMED A ESTAR SEMPRE AO SEU LADO.


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