Revista ECOLÓGICO - Edição 70

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ANO 6 - Nº 70 - 13 DE JUNHO DE 2014 - R$ 9,80

- Toda lua cheia

www.revistaecologico.com.br

EDIÇÃO COMEMORATIVA: DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

TODA LUA CHEIA

BRASIL, PÁTRIA AMADA? ANO 6 - Nº 70 - 13 DE JUNHO 2014


Ser ecológico é cuidar das águas do planeta, TODOS OS DIAS! Meio Ambiente Dia Mundial - 05 de junho do

Nossa homenagem à comunidade e aos parceiros que atuam na preservação do Rio Paraopeba.

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Venha redescobrir o Brasil. Venha curtir Minas Gerais.

Minas Gerais é um convite para você experimentar os sabores da melhor gastronomia do Brasil e admirar as nossas belezas naturais. É um convite para reviver a história do país nas cidades históricas e conhecer a hospitalidade do povo mineiro, sua cultura e seus costumes. Minas Gerais é um convite para você redescobrir o Brasil. Venha curtir Minas Gerais.

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EXPEDIENTE

alfeu trancoso

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Lavoisiera sp. (Melastomataceae)

Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck

Diretor-geral E EDITOR Hiram Firmino hiram@souecologico.com EDITOR-EXECUTIVO Luciano Lopes luciano@souecologico.com

GRUPO

reportagem Andréa Zenóbio Gunneng (Correspondente Internacional), Cristiane Mendonça, Luciana Morais e Vinícius Carvalho Estagiário: Marcos Fernandes

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capa Foto: Gualter Naves

impressão Log & Print Gráfica e lógistica S.A.

editoria de arte André Firmino andre@souecologico.com Marcos Takamatsu marcos@souecologico.com Sanakan Firmino sanakan@souecologico.com

Projeto Editorial e gráfico Ecológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda ecologico@souecologico.com

revisão Gustavo Abreu DEPARTAMENTO Comercial Fábio Vincent fabiovincent@souecologico.com Sarah Caldeira sarah@souecologico.com Silmara Belinelo silmara@souecologico.com

Redação Rua Dr. Jacques Luciano, 276 Sagrada Família - Belo Horizonte-MG CEP 31030-320 Tel.: (31) 3481-7755 redacao@revistaecologico.com.br versão digital www.revistaecologico.com.br

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Marketing e Assinatura marketing@revistaecologico.com.br

Selo SFC

EMISSÕES CONTABILIZADAS

Conselho Editorial Ângelo Machado, Antônio Claret de Oliveira, Célio Valle, Evandro Xavier, Fábio Feldman, Fernando Gabeira, José Cláudio Junqueira, José Fernando Coura, Maria Dalce Ricas, Maurício Martins, Mário Mantovani, Nestor Sant’Anna, Paulo Maciel Júnior, Patrícia Boson, Roberto Messias Franco, Ronaldo Gusmão, Sérgio Myssior, Vitor Feitosa e Willer Pos

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O futuro do planeta está em nossas mãos.

A Assembleia de Minas trabalha pela qualidade de vida de todos os mineiros. Por isso, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável promove debates, estudos e projetos voltados para o correto gerenciamento dos recursos hídricos, visando ao melhor tratamento da água, ao desenvolvimento sustentável e à justiça social. Um dos exemplos do nosso trabalho é a Lei Estadual 14.309, que protege as nascentes do Estado. É hora de parar de falar e começar a preservar. Não só hoje, mas todos os dias do ano.

www.almg.gov.br @assembleiamg Assista à TV Assembleia


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índice

Especial Mineirão

CONHEÇA AS PRÁTICAS ECOEFICIENTES QUE TORNARAM O MAIOR ESTÁDIO DE MINAS, LOCALIZADO NO CORAÇÃO DA PAMPULHA, EM BH, UMA REFERÊNCIA MUNDIAL EM CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.

32 Mata Atlântica Atlas dos Remanescentes Florestais, elaborado pela SOS Mata Atlântica e pelo Inpe, aponta Minas como o estado mais devastador do bioma

Pág.

58

E mais... IMAGEM DO MÊS 10 CARTA DO EDITOR 12 cartaS doS LeitorES 14 PÁGINAS VERDES 16 GENTE ECOLÓGICA 24 ECONECTADO 26 CÉU DE BRASÍLIA 28 econotas 30

79 Ecológico nas Escolas Saiba como planejar uma horta escolar e estimular a preservação do meio ambiente e de hábitos alimentares saudáveis entre os estudantes

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ENSAIO FOTOGRÁFICO gualter naves mostra a brasilidade do nosso futebol, que reina nos campos de várzea, longe dos grandes estádios

GESTÃO & TI 44 ESTADO DE ALERTA 46 CÉU DO MUNDo 48 ENAGO 50 MINERAÇÃO 56 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 68 Saúde 70 NATUREZA MEDICINAL 74 CULTURA 76 OLHAR EXTERIOR 84 OLHAR POÉTICO 88 VOCÊ SABIA? 90 AS MUITAS MINAS NO MUSEU (5) 92 PHW 2014 96 GESTÃO AMBIENTAL 98 FLASHES 100 memória iluminada 104 CONVERSAMENTOS 114

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Job: 25161 -- Empresa: Ogilvy RJ -- Arquivo: 25161-Anglo-An.Rev.Ecologico205x275mm_pag001.pdf

Registro: 147981 -- Data: 15:17:17 26/05/2014


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IMAGEM DO MÊS

Depois do polvo Paul, que ficou famoso ao prever alguns resultados da Copa do Mundo de 2010, o craque da vez é o elefantinho Nelly. Em 2013, ele apontou (e acertou!) como futuro vencedor da Liga dos Campeões o Bayern de Munique. Na época, foram montados dois gols (com o escudo de dois times) à frente da área onde o animal vive, no Serengeti Park, em Hodenhagen, Alemanha – em que o elefante tinha de acertar a bola em um deles. Tomara que, para este ano, Nelly escolha o escudinho verde e amarelo.

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SERENGETI PARK / AFP

O REI DA BOLA

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CARTA DO EDITOR

HIRAM FIRMINO | hiram@souecologico.com

“Aumente sua voz, não o nível do mar” reprodução

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Fatin Chowdhury: clamor pela justiça climática alexandre sion

om a frase acima, o estudante e blogueiro canadense Fatin Chowdhury, de 21 anos, foi o vencedor do concurso de videoblogs lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O certame “WED2014”, espécie de Copa do Mundo contra as mudanças climáticas, faz parte das comemorações de mais um Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho), celebrado em toda a face civilizada e informada do planeta, preocupada com a elevação do nível do mar, que ameaça a vida real de seus habitantes. São vários os chamados Estados Insulares, ou países-ilhas, que, mesmo paradisíacos, vivendo apenas do turismo ecológico, veem suas belezas naturais pouco a pouco se imergirem. O recado do jovem ativista, que clama por justiça climática, diz respeito às comunidades humanas que já sofrem na pele o efeito das queimadas, dos gases poluentes que nossas indústrias continuam lançando na atmosfera, das ações de governos, políticos e eleitores que, até hoje, ainda não atinaram para o nosso destino comum em jogo. É disso que tratamos também nesta edição especial da Revista ECOLÓGICO comemorativa ao Dia Mundial do Meio Ambiente. E não estamos sozinhos. Temos a companhia de muita gente boa tentando somar e aumentar nossa voz no clamor invisível que não aparece nas passeatas de protesto. Temos o clamor do empresário mineiro Luiz Otávio Pôssas, criador da cerveja Kaiser e do Parque Ecológico Vale Verde. Vicepresidente da Fundação Biodiversitas, ele é chamado de o homem do “dedo verde”, por revitalizar tudo que empreende de maneira apaixonada. Temos Márcia Hiroto e Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica, incansáveis em mostrar como o Brasil e Minas, em particular, ainda destroem os apenas 8,5% que ainda restam desse bioma. No clima do futebol, há o nosso Mineirão, às vésperas de se mostrar para o mundo como o estádio mais sustentável do Brasil. Mais uma ministra e uma secretária estadual de Meio Ambiente, Izabella Teixeira e Jacqueline Vieira, respectivamente, unindo forças para salvar as águas de Goiás. O lançamento da 5ª Edição do “Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza – o “Oscar da Ecologia” 2014 – com uma pergunta intrigante, feita pelo nosso ambientalista maior sobre a pretensa valoração da

Rafael: esperança de um futuro preservado

natureza: “Quanto custa a sombra de um buriti?” Quem responde isso, também nesta edição, é o jornalista e escritor peruano Mario Vargas Llosa. Segundo o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, não estamos degradando apenas a natureza, mas a nossa própria cultura, através do que ele chama de “Civilização do Espetáculo”, a vitória do efêmero e superficial sobre o que é eterno e mais profundo dentro de nós. Para finalizar, vejam acima a carinha e o sorriso ingênuo do Rafael, meu primeiro neto. Não é o suficiente para nos restaurar a esperança? Hoje, ele completa 106 dias sobre este mesmo planeta e milagre da vida que Deus nos deu. Se a nossa geração não conseguir ouvir o clamor ambiental, ele e milhares de outras crianças certamente ouvirão e responderão ao apelo do jovem Fatin Chowdhury. Aumentarão suas vozes e não o nível dos mares da nossa ignorância. Boa leitura e até a próxima lua cheia! 

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TRANSFORMAR SUSTENTABILIDADE EM PRÁTICAS FAZ A GENTE CRESCER JUNTO. 5 DE JUNHO - DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE Para a Samarco, praticar a mineração responsável em seu dia a dia é uma forma de contribuir para o futuro das próximas gerações. Por isso, implantamos melhorias em nosso processo produtivo, como o desenvolvimento de tecnologias ecoeficientes, e investimos na construção do diálogo próximo à sociedade para que nosso crescimento gere valor compartilhado. É assim que trabalhamos em busca de soluções sustentáveis: acreditando que o amanhã que queremos é o resultado do que fazemos hoje. Acesse o site www.samarco.com e conheça nosso Relatório Anual de Sustentabilidade.

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CARTAS DOS LEITORES

‘Louvado seja meu Senhor pela nossa irmã terra. Louvado seja meu Senhor pelo sol que nos aquece’.” Cláudia Neves, via Google+ “Infelizmente, o ser humano está acabando com a natureza e depois diz que é a mão de Deus!” Pedro F. Silvério, via Google+ l INCÊNDIOS: UMA AMEAÇA CONSTANTE “É triste ver a natureza de Deus sendo destruída pela sua principal criação!” Makison Oliveira, via Google+ l NATUREZA MEDICINAL “Eu faço uso do gel de arnica e o considero muito eficaz!” Isaura Caetano, via Google+ l VOCÊ SABIA? “Não sabia que os mosquitos evitam as zebras por causa das listras. Sabia apenas que nenhuma listra é idêntica.” Cíntia Araújo, via Google+ l CAPA “Fiquei muito orgulhoso de ver minha foto na capa da Revista ECOLÓGICO! A revista vai ao público toda lua cheia. (sic) E a de maio é especial, pois foi a lua em que Siddhartha Gautama, sentado à sombra de uma figueira, se tornou Buda (“o iluminado”). Se ele estivesse no Brasil, provavelmente se sentaria à sombra de um buriti para contemplar essa bela lua cheia. Obrigado a todos da equipe!” Thiago Fernandes Barbosa, via Facebook l AO SECRETÁRIO, COM ESPERANÇA! “Minas Gerais tem um acervo paisagístico belíssimo. Entretanto, a atividade mineradora não tem a menor ideia dos artigos da lei de proteção ao meio ambiente. Poluição criminosa da terra, do ar e da água, seja pela indústria seja pela construção civil, com relevância para a mineração. Observei também a prática da queimada para ‘limpar’ os lotes, quer na zona rural, quer na urbana. Salvo raríssima exceção para a comunidade, que mantém a cidade limpa e atende à coleta seletiva.” Mônica Mendes, via Google+ l A EXPERIÊNCIA DO DIVINO “Não é filosofia, e sim, a crença de que Deus criou o céu e a terra, depois nos criou e nos presenteou com espetáculos da natureza. Assim como disse São Francisco de Assis, em ‘Cânticos da Natureza’:

l EDIÇÃO 68 - LAGOA DOS INGLESES “O que parece ser uma lagoa, na verdade, é uma barragem e um reservatório de geração de energia elétrica de propriedade de uma mineradora de grande porte. Então, além dos problemas mencionados, o que está acontecendo é o uso da água para geração de força, mesmo com o nível baixo, causando impactos ao ecossistema.” Fernando Tonelli, via site “Se é uma lagoa, deixem-na quieta! Sei que hoje em dia, com a alta demanda do mercado, pedese grande uso de energia. Porém, locais como este deveriam ser preservados. A instalação e o funcionamento de um reservatório de geração de energia não são viáveis para a população ao redor da lagoa. Podemos ver esta infelicidade no decorrer da reportagem.” Gustavo Ferreira, via site l CARNE: A VERDADE NUA E CRUA “Realmente no caso abordado por Alan de Abreu, eu posso atestar. E não foi só a carne que aparece na foto que estava estragada. Outros cortes da Friboi estavam com tanto mau cheiro que, quando foram abertos, as pessoas que estavam na minha casa se assustaram e perguntaram o que era. Entramos em contato com a empresa pelo site e nunca obtivemos uma resposta. A nossa sorte foi que a loja resolveu

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FA L E C O N O S C O

Envie sua sugestão, opinião ou crítica para cartas@revistaecologico.com.br Por motivo de clareza ou espaço, as cartas poderão ser editadas.

l ENSAIO FOTOGRÁFICO “As imagens dos profetas em Congonhas são muito bonitas. Já estive lá algumas vezes. Uma pena que, em frente a estas belas obras de arte de Aleijadinho tenham montanhas dilaceradas pela mineração.” Meryene Souza, via Google+

ERRATA l Na seção “Páginas Verdes” da edição 69, na entrevista com José Israel Vargas, primeira pergunta, há um equívoco. O princípio que se refere ao crescimento da entropia é a segunda Lei da Termodinâmica, e não a terceira, conforme mencionado.

EU ASSINO “Assino a ECOLÓGICO porque é uma publicação que está sempre focada em transmitir ao leitor, de forma precisa e séria, o que está ocorrendo de bom e de ruim em relação ao meio ambiente no Brasil e no mundo. Dessa forma, presta relevante serviço à sociedade, como uma poderosa ferramenta para conscientização do cidadão quanto ao seu papel na busca de um mundo melhor e mais sustentável.”

ARQUIVO PESSOAL

o problema. Eu fiquei decepcionada e esperava que eles dessem uma resposta.” Maridete Santos Barbosa, via site

Varlei Marra, gestor e educador ambiental

1 HUMOR QUE AMDA

FONTE: Charge extraída do livro “Água Mole em Pedra Dura – o Humor nas Páginas do Ambiente Hoje”, da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA). JUNHO DE 2014 | ECOLÓGICO  15

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PÁGINAS VERDES

O HOMEM DO LUCIANA MORAIS

"DEDO VERDE" Luciana Morais

redacao@revistaecologico.com.br

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nterlocutor atento, bom de prosa e de bem com a vida. Com impressionante trajetória pessoal e profissional, ele acumula experiências que são verdadeiras lições de vida. Visionário e determinado, também sabe ser firme. E pega pesado quando o assunto é a burocracia dos órgãos ambientais federais. Assim é o empresário mineiro Luiz Otávio Pôssas Gonçalves. Vice-presidente da Fundação Biodiversitas, ele é o criador da cerveja Kaiser, da água de coco Kero Coco e da cachaça Vale Verde. À frente do Grupo Vale Verde, que inclui o emblemático parque ecológico de mesmo nome, em Betim, ele já perdeu a conta de quanto investiu – e lucrou –, nos ramos de bebida, logística, gastronomia e plantio de coco. Aos 72 anos, mantém fôlego de jovem para fazer negócios. Modesto, descarta o rótulo de milionário e defende: “A gente vem a esse mundo para deixá-lo um pouquinho melhor. Para produzir algo de bom e gerar riquezas num sentido bem mais amplo do que aquelas que se guarda no bolso.” Confira:

PÔSSAS: "Fazer negócios é muito bom. Mas, fazer amigos é mil vezes melhor. Quando a gente consegue as duas coisas é o céu"

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O senhor integra a diretoria da Biodiversitas há anos. O que o levou à entidade? A Biodiversitas começou com o Dr. Hugo Werneck e se mantém ativa graças ao seu grande mentor espiritual, material e intelectual: o professor Angelo Machado. Somos amigos há anos e um dos filhos dele trabalha comigo. Temos uma ligação quase familiar. Ele é um vocacionado para a proteção da natureza e eu também sempre tive essa tendência. Mas, não tenho vergonha de dizer que os meus primeiros contatos com plantas e bichos se deram na infância, quando caçava e pescava com o meu pai. É do tempo do bodoque, então? Felizmente, hoje me orgulho de dizer que já criei muito mais bichos do que por ventura tenha matado no passado. Tenho crédito com a natureza. E acho um absurdo proibirem caça e pesca da forma como fizeram no Brasil. No mundo todo, em especial na Europa, se ainda há animais selvagens isso se deve à manutenção dos coutos, as reservas de caça criadas pelos nobres. Na natureza, praticamente 99% dos animais marinhos e terrestres são devorados uns pelos outros. Acredito que o homem pode e deve colaborar para a manutenção do

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LU I Z OTÁV I O P Ô S S A S G O N Ç A LV E S

VALE VERDE

Empresário e vice-presidente da Fundação Biodiversitas

SEDE do Grupo Vale Verde em Betim: exemplo sustentável de empreendedorismo, meio ambiente e ecoturismo

equilíbrio entre as espécies, pescando, caçando e criando animais da forma correta. Mas, no Brasil, ainda temos sérios problemas com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ibama. A “lista pet” é um exemplo. Está se referindo à lista das espécies silvestres que poderão ser criadas e vendidas como animais de estimação no Brasil? Exatamente. Eles estão protelando em divulgá-la. Infelizmente, temos de um lado os “xiitas”, que não enxergam a natureza como um todo; e do outro, aqueles que a veem de maneira holística – entre os quais me incluo –, e fazem de tudo para preservá-la. No Parque Ecológico Vale Verde, temos um criatório legalizado com mais de 1.300 aves, inclusive espécies em risco de extinção. Com isso, estamos assegurando a formação de um importante banco genético, estudando a reprodução e hábitos de diferentes espécies, para evitar que elas tenham o mesmo destino da arari-

“Infelizmente, ainda temos sérios problemas com o MMA e o Ibama.” nha-azul-de-spixi (Cyanopsitta spixii), típica da Caatinga nordestina, hoje extinta na natureza. Tentou autorização para criá-la em cativeiro? Fizemos esse pedido ao Ibama há muitos anos. Eles nos responderam que essa não era uma atividade privada, e sim governamental. Só que o Governo Federal, além de não cumprir o seu papel, ainda impede a nossa ação. Estamos de mãos atadas. Por isso, nossa luta é declaradamente contrária à tendência do MMA e do Ibama, que pretendem reduzir o número das espécies permitidas na “lista pet”. Queremos ampliá-la o mais rápido possível.

O que o senhor defende? Liberdade para pesquisar e fazer as coisas acontecerem. Cobrar incentivo do governo pode parecer muito. Então, o razoável é que ele nos deixe pelo menos trabalhar. E estabeleça normas e regras claras para cumprirmos. Um exemplo: todo criador comercial, que cria um papagaio para vender, deveria ser obrigado a criar também uma ave em risco de extinção. Assim, teríamos um extraordinário banco genético, assegurando a conservação e a reprodução de milhares de espécies, caso elas desapareçam na natureza. Mas, o governo não faz uma coisa nem outra. Na Biodiversitas, lutamos com recursos próprios: dinheiro que sai do bolso do professor Angelo, do meu e do de outros abnegados. Foi assim que salvamos a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), prima da spixi. Está falando da criação da Estação Biológica de Canudos, na Bahia?

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PÁGINAS VERDES

QUEM É

VALE VERDE

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ELE

Natural de Belo Horizonte, Luiz Otávio Pôssas Gonçalves também investe em empreendimentos ecologicamente corretos, inclusive no mercado imobiliário. O primeiro deles é o condomínio EcoVillas Vale Verde, ao lado do Parque Ecológico. Ano passado, produziu 112 mil litros de cachaça, que lhe renderam um faturamento estimado em R$ 4,5 milhões. Luiz Otávio é casado, tem três filhos e quatro netos. Há 11 anos, perdeu um filho, de 28 anos de idade, vítima de aneurisma. Adora ler e fumar um bom charuto.

Sim. Há cerca de 20 anos, havia só 50 espécimes da arara-azul-de-lear na natureza. Hoje, são 450. O projeto também envolveu recursos internacionais, do Fundo Judith Hart e da American Bird Conservancy (ABC). Compramos uma área de 130 hectares e colocamos guardas-parques. Tudo à revelia do governo, ou seja, fazemos tudo pela preservação e só recebemos em troca pepinos e abacaxis para descascar. Pior do que regras indigestas é a ausência delas. Temos de participar das decisões políticas que nos afetam. Tanto que, ano passado, me juntei ao povo nas manifestações de rua em Belo Horizonte. E a defesa da causa ambiental é urgente no Brasil. Temos a maior biodiversidade do planeta, com inúmeras espécies que sequer foram identificadas. O zoológico do Vale Verde já está licenciado? Há mais de dois anos estamos batalhando pela licença. Queremos mostrar os animais e fortalecer as ações de educação ambiental para

CAMPEÃ do 1º Ranking da Cúpula da Cachaça, do jornal Estadão, a Vale Verde é uma das melhores aguardentes artesanais do país

“Há mais de dois anos estamos batalhando pela licença do nosso zoo. Queremos mostrar os animais e fortalecer as ações de educação ambiental para as seis mil crianças que visitam o Vale Verde por mês.” as seis mil crianças que visitam o Vale Verde/mês, mas está difícil. Temos inclusive uma cota social, por meio da qual recebemos alunos de creches e escolas carentes. Lá, crianças que vivem em barracos e pequenos apartamentos passam o dia inteiro em contato com o verde. Lancham, almoçam, aprendem sobre reprodução das espécies e respeito ao meio ambiente. Muitos são contra zoológicos e a criação de animais em cativeiro. Qual é a sua opinião?

Isso é uma tremenda bobagem. Se os bichos sobrevivem e procriam em cativeiro é porque estão em boas condições, felizes e adaptados. Na maioria dos casos, essas boas condições são tão óbvias que eles procriam, interagem entre si e com o homem, como sempre fizeram desde os primórdios da humanidade. Parodiando o escritor Millôr Fernandes, cheguei à conclusão de que o homem é um animal que não deu certo. Exorbitou da sua animalidade e vê dilemas onde eles não existem. Temos de religar nosso raciocínio à tendência natural da vida; e usar a nossa inteligência para criar e proteger os animais, evitando a sua extinção. Foi essa "filosofia" que o levou a investir na produção de insetos? Sim. Tudo deriva e foi pensado em função do bem-estar das nossas aves. O desafio era elevar os índices de reprodução e sobrevivência, historicamente baixos em todos os criatórios, girando em torno de 35%. Constatamos que o problema se devia, em parte, ao

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LU I Z OTÁV I O P Ô S S A S G O N Ç A LV E S

Empresário e vice-presidente da Fundação Biodiversitas

fato de as aves comerem, em cativeiro, praticamente as mesmas sementes das quais se alimentam na natureza. Entre elas, sementes de girassol, que têm 70% de teor de gordura. Essa gordura se acumula no aparelho reprodutor e no coração delas, fazendo com que morram cedo e não se reproduzam como esperado. Qual foi a solução encontrada? Firmamos um convênio com a Escola de Veterinária da UFMG. Após estudos, obtivemos 26 fórmulas de rações balanceadas para a criação de aves silvestres brasileiras em cativeiro. Todas com baixo teor de gordura e ricas em enzimas, para facilitar a digestão. Com isso, passamos a produzir a nossa própria ração para aves e conseguimos elevar os índices de reprodução e sobrevivência para 75%. Num passo adiante, criamos uma fábrica de ração animal, a Megazoo. Depois, seguindo outra recomendação da universidade, decidimos introduzir a proteína de insetos na composição das rações para peixes, aves, répteis e mamíferos. Assim, surgiu a Nutrinsecta. Qual a vantagem de usar insetos na composição das rações? Eles são ricos em proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Na Nutrinsecta, criamos a barata cinérea, o grilo-negro e o tenébrio (larvas de besouro), que têm cerca de 60% de proteína pura, além de uma completa e complexa cadeia de aminoácidos. Hoje, há uma tendência mundial e também lo-

cal de humanos também consumirem proteína de insetos. Acredita mesmo que o brasileiro está preparado para isso? Tudo é uma questão de perspectiva, adoção de novos hábitos. Quando era menino e me diziam que, no Japão, as pessoas comiam peixe cru, eu ficava horrorizado. Hoje, isso parece piada. A maioria de nós como peixe cru e adora. Na Europa, a proteína de insetos já é muito usada. Principalmente nas academias de ginástica, em substituição aos tradicionais su-

plementos (whey protein), por ser mais digestível e muito mais saudável. Para quem ainda se assusta com a ideia, aqui vai uma curiosidade: estatisticamente, cada pessoa come um quilo de insetos ao longo de sua vida... De que forma? Nos Estados Unidos, um dos produtos preferidos das crianças é a manteiga de amendoim. Pela regulamentação do FDA (Food

and Drug Administration, órgão responsável pelo controle de alimentos) cada 100 gramas dessa manteiga podem conter até 30 fragmentos de inseto. Aqui no Brasil, praticamente ninguém sabe que o corante vermelho presente no Campari e em alguns iogurtes é extraído de um inseto, a cochonilha (Dactylopius coccus). Até onde sei, é o único corante vermelho permitido no país, porque é considerado natural e mais seguro que os artificiais, suspeitos de provocar câncer. Vocês já têm clientes interessados em insetos para consumo humano? Outro dia, recebi a visita de dois industriais franceses. Querem que eu fabrique barras de cereais com proteína de inseto. Eles já fabricam lá, mas, por causa do clima frio, a criação de insetos é muito mais cara do que aqui. Ou seja, temos todas as condições favoráveis para expandir o nosso mercado. Mas, ainda enfrentamos uma série de limitações de comercialização impostas pelo governo. No exterior é o contrário, há incentivos. O senhor atua em inúmeros ramos. Como concilia tantos negócios e responsabilidades? Quem gosta do que faz, nunca tem que trabalhar na vida. É o que sempre digo. Minha mulher, Teresa Cristina, me cobra: “Não acha que está na hora de se aposentar?” Eu respondo: “Mas, eu nunca trabalhei...!” Discordo dessa história de que trabalho é sacrifício. Etimologicamente, a

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PÁGINAS VERDES

FOTOS: VALE VERDE

palavra trabalho deriva do latim tripalium (instrumento romano de tortura). Mas, considero essa associação injusta, porque adoro tudo o que faço. Sua vocação primeira foi a produção de bebidas? Digo que sou um sujeito muito feliz, exatamente por não ter tido uma vocação específica, como os que sonham ser médico, engenheiro ou padre. Tudo o que apareceu fui fazendo. Só me formei em Direito aos 36 anos, mas, comecei a trabalhar cedo, com 16, 17 anos. Meu pai era bancário, depois virou banqueiro e o banco tinha a licença para fabricar a Coca-Cola aqui. Como não gostava muito de estudar, quis logo trabalhar. Ele me disse que eu teria de começar carregando caixas. E assim foi. Aos sábados, as madames iam lá comprar Coca, eu colocava as caixas nos carros e elas ainda me davam gorjetas. Aos poucos, como se diz aqui em Minas, “fui fondo, fui fondo” (sic) até me tornar gerente. E a cachaça Vale Verde? Como ela surgiu? O atual Parque Vale Verde era uma fazenda de gado da minha família. A primeira bebida com que trabalhei foi o leite. Depois, na Coca-Cola, para defender o nosso negócio – que estava sendo vítima da venda casada de cerveja e refrigerante pela Brahma e Antártica –, criamos a Kaiser, com a primeira fábrica em Divinópolis. Nesse meio tempo, cismamos de envazar água de coco, em embalagens longa vida, e criamos a Kero Coco (recentemente vendida à PepsiCo). Com a Vale Verde, já são quase 30 anos de história. Foi uma evolução natural da nossa experiência com cerveja. Estudei na Alemanha e adquiri conhecimentos sobre fermentação, destilação e outras bebidas. Investimos na

DUAS DAS BELAS espécies preservadas pelo Vale Verde: a Corn Snake (Pantherophis guttata)...

aplicação da tecnologia aprendida e, hoje, além da Vale Verde, temos o Licor de Café, o Licor do Mestre e vários outros produtos. Acredita que a Vale Verde contribuiu para que a cachaça passasse a ser vista como uma bebida de qualidade, destinada a um público mais refinado? Para nossa alegria e orgulho, a Vale Verde já obteve inúmeros reconhecimentos. Recentemente, foi a campeã do 1º Ranking da Cúpula da Cachaça, divulgado pelo jornal Estadão (SP). É uma aguardente artesanal, feita com tecnologia avançada e apurado controle de qualidade. Portanto, é natural que custe um pouco mais e seja consumida por um público de maior poder aquisitivo. Ao

aprimorar nossa tecnologia de fabricação, chegamos a um produto de reconhecida qualidade e, com isso, quebramos um tabu, ajudando a criar uma nova imagem para a cachaça, que deixou de ser sinônimo de bebida vagabunda, de “boteco copo sujo”. Quais são os diferenciais dela em termos de paladar? Com a Vale Verde, elevamos a cachaça ao padrão do conhaque, do uísque, do rum e de outras bebidas internacionalmente consagradas. Quem bebe, sente a diferença. É uma aguardente sem acidez e tem baixíssimo teor de álcool superior (aquele que causa dor de cabeça e ressaca). Por tudo isso, temos um orgulho danado de mostrar o nosso alambique aos consumidores e

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LU I Z OTÁV I O P Ô S S A S G O N Ç A LV E S

Empresário e vice-presidente da Fundação Biodiversitas

SAIBA

MAIS

VENDA DE ANIMAIS O primeiro criatório comercial de aves legalizado pelo Ibama em Minas fica no Vale Verde. Reproduz espécies em risco de extinção e promove a venda legal de pássaros autorizados. A Jiboias Brasil, empresa especializada na criação e manejo de serpentes, foi fundada em 2002. Também registrada pelo Ibama, está ampliando a sua estrutura para atender às exigências de comercialização de serpentes para a criação doméstica.

Como é a sua rotina? Gerencia pessoalmente as suas empresas? Não. Delego e compartilho responsabilidades. Não sou nem um pouco centralizador. ...E O GROW COROADO (Balearica regulorum), com sua imponente "coroa" de penas douradas

visitantes. Quando você vê como um produto é feito, é natural que tenha mais confiança nele. Isso gera muito retorno positivo. O senhor diz que "nunca trabalhou", mas, segue multiplicando seu patrimônio e fama de Midas... Não tem isso de Rei Midas, não. Estou mais para Rei Sadim, que é um Midas de traz para frente. Na vida e nos negócios nem sempre tudo “vira ouro”, dá certo. Vários projetos nos quais “toquei” fracassaram. O mais importante de tudo é o que a gente aprende. Como diz o ditado: o burro aprende com os próprios erros; o inteligente, com os erros dos outros. Acertos hoje, erros amanhã. Disso é feita a vida. Do contrário, não teria graça.

Descarta, então, o rótulo de milionário? Incomoda ser chamado assim? Não. Primeiro, porque não sou. Segundo, porque tenho negócios, e não dinheiro. Toda liquidez que conseguimos é revertida em negócios. Assim, criei minha família e, graças a Deus, tenho muito mais do que preciso e mereço. Sou contra quem ganha dinheiro pelo dinheiro. Respeito quem faz isso, mas, nunca tive essa tendência, apesar de meu pai ter sido banqueiro. Acredito que a gente vem a esse mundo para deixá-lo um pouquinho melhor. Para produzir algo de bom e gerar riquezas num sentido bem mais amplo do que aquelas que se guarda no bolso.

Esse é o segredo para dar conta de tudo e, claro, ganhar muito dinheiro? Penso simplesmente que temos de conviver com o defeito do outro. É como se fosse uma balança: todos têm um lado positivo e outro negativo. Enquanto o positivo está pesando mais, a gente tolera, segue adiante. Administrar nada mais é do que gerenciar problemas e defeitos. Se todos fossem perfeitos e não houvesse problemas, não precisariam de mim. O mais importante é ter companheiros de trabalho, não empregados. Na maioria das empresas, o organograma é em forma de pirâmide. O chefão fica lá no topo e, abaixo, os “insubordinados” (risos). Minha concepção é outra. Como ela é? Em forma de pizza [pega um porta-copo redondo para explicar]. Por casualidade, sorte ou competência, estou aqui no meio e

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LU I Z OTÁV I O P Ô S S A S G O N Ç A LV E S

PÁGINAS VERDES

Empresário e vice-presidente da Fundação Biodiversitas

GRUPO VALE VERDE Patrimônio diversificado l Considerado um dos melhores empreendimentos turísticos da Grande BH, o Parque Ecológico Vale Verde faz jus ao nome: se estende por 300 mil m² de puro verde, com mais de 1.300 aves, 20 mil orquídeas, lagoas e alambique, proporcionando aos visitantes – cerca de 10 mil/mês – diferentes espaços de lazer e aventura.

FOTOS: REPRODUÇÃO

l Projetado para preservar fauna e flora, o parque também dá vida a projetos importantes, como a procriação e preservação da arara-azul-delear, espécie em risco de extinção. l Nas Fazendas Regon do Espírito Santo são colhidos e fornecidos

anualmente 15 milhões de cocos verdes às indústrias do setor. Numa ação sustentável, a empresa coleta toda a casca do fruto, que é triturada e usada na adubação da plantação.

l Nas fazendas de Bocaiuva, São João do Paraíso, Santa Bárbara, Urucuia e Jaíba, em Minas, são feitos de forma consorciada o plantio de eucaliptos e a criação de gado, numa área total de aproximadamente 20 mil hectares.

QUALIDADE RECONHECIDA: Luiz Pôssas encabeçou a criação de vários produtos de sucesso

as pessoas ficam em volta, no mesmo nível. Eu não sou melhor do que ninguém. Todo mundo é gente, merece respeito e atenção. Isso, para mim, é boa gestão. É essa a sua receita de sucesso? Olha: fazer negócios é muito bom. Mas, fazer amigos é mil vezes melhor. Quando a gente consegue as duas coisas é o céu. Foi o que fiz a minha vida inteira. Sempre tive e tenho sócios que são meus amigos, assim como suas famílias. Terminam as sociedades, continuam as amizades. Não tem nada melhor do que fazer negócios com os amigos no botequim. Eu adoro. E nunca ouvi falar que alguém tenha feito amigos bebendo leite. Acredita em Deus? Segue alguma religião? Fui criado na católica. Mas, com o tempo, mudei o jeito de encarar a religião. Tenho minha fé e gosto muito de um filósofo, Baruch Spinoza (1632-1677), cuja leitura recomendo. O Deus de Spinoza é também

l Por meio da Equatorial Imobiliária, o grupo Verde está investindo R$ 150 milhões na construção de hotéis, shoppings e condomínios fechados de luxo.

a minha concepção de Deus. Não um ser superior, mas um Deus que está dentro da gente. Temos de acabar com esse mito do Deus terceira pessoa. Deus é o universo, é energia. Está em mim, em você e nessa mesa. Cristo já dizia isso: “Deus está em você e você está Nele”. Se pudesse ser um animal ou elemento da natureza, qual seria? Animal? Uma ave. Pois, temos a tendência de buscar espaços abertos, experimentar novas descobertas. Elemento seria o ar. Também pelo desejo de vislumbrar novos horizontes, alçar voos. É otimista em relação ao nosso futuro comum? Sim. Em especial diante dos avanços tecnológicos que, cada vez mais, nos permitem resolver problemas, inovar em produtos e serviços. Mas, falta vontade política para botar muitos avanços em prática. Também é decepcionante ainda vermos tanta gente passando fome e guerras mundo afora.

Vê alguma luz no fim do túnel? Sim. Muita coisa tem sido feita em nome de “Deus” e das religiões. Algumas delas, como a discriminação do homossexualismo, por exemplo, nos fazem questionar nossa real evolução e amadurecimento coletivo. Por isso, acredito que temos de confiar mais em nós, que somos criaturas de Deus, e no progresso que Ele nos tem permitido alcançar, do que em religiões discriminatórias. Voltando ao começo da nossa conversa, penso que temos de reaprender com a natureza a bem conviver e a buscar sempre o equilíbrio. l

SAIBA MAIS

Vale Verde Alambique e Parque Ecológico Rua Ary Barbosa da Silva, 950. Bairro Vianópolis – Betim. Funcionamento: das 9h às 17h30, de terça a domingo. Entrada: R$ 20 adultos / R$ 10 crianças de seis a 12 anos, estudantes e maiores de 60 anos. Crianças até cinco anos não pagam. www.valeverde.com.br www.biodiversitas.org.br

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O Museu das Minas e do Metal ganha uma nova fase e um novo nome. O início de uma transformação para você e todos os mineiros.

O Museu das Minas e do Metal agora é MMGerdau – Museu das Minas e do Metal. A Gerdau acredita na transformação por meio da cultura, da preservação do patrimônio e de ações sociais que contribuam para o desenvolvimento sustentável das comunidades. É por isso que também apoia mais de 170 projetos voltados para o crescimento das regiões em que atua em Minas Gerais. O MMGerdau – Museu das Minas e do Metal é a prova de que é possível transformar o passado em futuro, sem perder a história e as origens de um verdadeiro patrimônio histórico e cultural do Estado.

www.gerdau.com

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GENTE ECOLÓGICA

DIVULGAÇÃO

MARCÍLIO GAZZINELLI

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“O que é o homem na natureza? Um nada em comparação com o infinito, um tudo em face do nada, um intermediário entre o nada e o tudo.” BLAISE PASCAL, matemático e filósofo francês

JOSEPH ADDISON, poeta e ensaísta inglês

“Antes, nas Copas do Mundo, éramos a pátria de chuteiras. Hoje, somos chuteiras sem pátria.”

ÂNGELA GUTIERREZ, empresária, colecionadora de arte e empreendedora cultural

ARNALDO JABOR, jornalista, sobre os protestos contra o campeonato mundial

“Plantamos árvores e vivamos com elas; ou morreremos sem elas.”

REPRODUÇÃO

“O que o sol é para as flores, os sorrisos são para a humanidade. Embora triviais, se distribuídos ao longo da vida, fazem um bem incomensurável.”

“As pessoas são sedentas de cultura de qualidade e querem ter acesso às suas diversas manifestações.”

FRUTO VIVAS, arquiteto venezuelano

“Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução. Alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies.” MACHADO DE ASSIS, escritor 24  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

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DIVULGAÇÃO / BDMG

“Nós continuamos achando que estamos no paraíso. Esquecemos que ele não é nesta Terra. Sem construirmos uma boa governança, cortar os custos públicos e restaurar a confiança, não chegaremos a lugar nenhum.”

RODRIGO LIMA

PAULO PAIVA, ex-ministro do Trabalho e do Planejamento, e professor da Fundação Dom Cabral

“Quando mais cidadãos se tornarem difusores da importância de uma gestão ambiental eficiente, nosso futuro estará garantido.”

“De curvas são feitos os rios e as montanhas de meu país. De curvas é feito o universo. E de curvas é feita a mulher que amo.”

DIVULGAÇÃO

XUXA MENEGHEL A apresentadora preferiu simular um coração com as mãos do que bater boca com o intolerante Pastor Eurico, que a hostilizou durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para discutir a Lei da Palmada.

ALFREDO LEGGERO, diretor industrial da Fiat Chrysler Latam

OMAR FREIRE / IMPRENSA MG

IZABELLA TEIXEIRA A ministra do Meio Ambiente anunciou recursos de R$ 477 milhões para o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), destinados às ações dos próximos 25 anos. O montante será depositado em um fundo de transição, que garantirá a manutenção permanente dos 60 milhões de hectares em Unidades de Conservação e a promoção do desenvolvimento sustentável da região.

GLÁUCIA RODRIGUES

CRESCENDO

MINGUANDO

“O meu sonho é viver em um mundo em que a gente sinta vergonha diante de um lixo não-perecível jogado na beira de qualquer lugar.” ANNA VERONICA MAUTNER, psicanalista húngara

EDUARDO PAES O prefeito do Rio de Janeiro saiu em defesa das 520 famílias que invadiram e ocupam irregularmente o Jardim Botânico, um dos símbolos naturais e turísticos da Cidade Maravilhosa.

TOMAZ SILVA / ABR

GLÁUCIA RODRIGUES

OSCAR NIEMEYER, arquiteto

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ECONECTADO

CRISTIANE MENDONÇA

FIQUE POR DENTRO! O “V Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza” acaba de ser lançado. E se você deseja se informar sobre todos as edições anteriores do Oscar da Ecologia é só acessar o site oficial www.premiohugowerneck. com.br ou o Facebook da premiação: www.facebook. com/premiohugowerneck.

TWITTANDO l“Muitas das meninas nigerianas que estavam terminando a escola seguiriam para a faculdade e ajudariam sua região.” @lolaescreva – Lola Aronovich, professora l “O código da vez é o da mineração.

Mais polêmica, mais descaso com o meio ambiente.” @anacwolfe – Ana Wolfe, jornalista

l “Slow food é o retorno das

tradições culinárias.” @esthervivas – Esther Vivas, jornalista

l “A vida é curta. Ame, beije, abrace, brigue, faça as pazes, peça desculpas, seja sincero, se entregue, cuide! Mas não deixe de viver por medo.” @EuPedroBial – Pedro Bial, jornalista l “Muito ruim para a mobilidade urbana a notícia de que o Governo Federal pretende ampliar prazo e facilidades para a compra de carro novo.” @josefortunati – José Fortunati, prefeito de Porto Alegre l “Contagem regressiva ou

progressiva para a Copa: cidade de São Paulo já com 4.514 casos de dengue?!? #somostodospicados.” @MarceloTas – Marcelo Tas, apresentador

l “Rios existem e estão escondidos

sob o concreto das cidades. Descubra os de São Paulo!” @beatrizdiniz – Beatriz Diniz, ambientalista

DIVULGAÇÃO

CRIANÇAS PROTEGIDAS NA COPA O aplicativo “Proteja Brasil” foi desenvolvido com o objetivo de resguardar crianças e adolescentes contra maus-tratos e abusos sexuais nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. A ferramenta não só explica quais são os tipos de abusos que esse público pode sofrer como mostra, por meio de um mapa, as delegacias, conselhos tutelares e outras instituições onde o usuário pode fazer uma denúncia. Gratuito, o app pode ser baixado para IOS e Android no www.play.google.com

MAIS ACESSADA MEMÓRIA ILUMINADA Florence Nightingale foi uma lenda viva de seu tempo. A enfermeira britânica foi pioneira no tratamento de feridos, durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), a utilizar a estatística e outros métodos de representação visual de informações, contribuindo para reorganizar os serviços de saúde. Em 1883, a rainha Vitória agraciou Florence com a Cruz Vermelha Real, honraria concedida pelos serviços prestados à área de saúde e pela dedicação ao próximo. Ficou interessado? Leia a matéria completa aqui: www.goo.gl/8k8Q6i

H. LENTHALL

maravilhosa! A liberdade, nem se fala! Deus é perfeito!” @cantordaniel – Daniel, cantor

ECO LINKS SERGIO SAVARESE

l “A natureza é

ELOAH RODRIGUES

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VINÍCIUS CARVALHO

CONDENAÇÃO NUCLEAR

MARCELLO CASAL JR / ABR

CÉU DE BRASÍLIA

A União foi condenada pela Justiça Federal a incluir no orçamento os recursos necessários para a construção de um depósito final para os rejeitos radioativos produzidos pelas usinas nucleares de Angra dos Reis, no Rio. De acordo com o Ministério Público, o lixo nuclear é armazenado em depósitos provisórios desde 1982, "representando riscos à vida da população".

MEDIDORES DE ÁGUA

A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga os condomínios a instalar medidores individuais de consumo de água. Pelo texto, a exigência entrará em vigor apenas cinco anos após a publicação da nova lei e valerá somente para os condomínios construídos depois desse período.

Aprovada há quatro anos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu a data de 02 de agosto próximo como prazo final para a extinção dos lixões. Caso não cumpram o combinado, os municípios vão responder por crime ambiental. As multas previstas variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões. Segundo a Associação Nacional de Órgãos Municipais do Meio Ambiente (Anamma), apenas 10% dos quase três mil municípios com lixões conseguiram solucionar o problema até agora.

SHUTTERSTOCK

CLAUDIO ELIAS

RESÍDUOS SÓLIDOS

PATRIMÔNIO AMEAÇADO

O Parque Nacional do Iguaçu recebeu um ultimato da Unesco: ou toma medidas em relação à preservação, ou entrará para a lista de patrimônios da humanidade ameaçados. O documento relaciona dois grandes riscos: a construção da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu, a 500 metros do limite do parque, e a possibilidade de reabertura da estrada do Colono, que atravessa a unidade de conservação.

DESPERDÍCIO

Um terço da produção de alimentos no planeta é desperdiçado entre a colheita e a mesa do consumidor, informa o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). No Brasil, que é considerado o quarto maior produtor de alimentos do mundo, pelo menos 10% se perdem nas plantações. Do que sobra, 50% são perdidos na distribuição, no transporte e no abastecimento. E, do restante, 40% se perdem na cadeia do consumo, como nas feiras livres.

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ANUNC


SANEAMENTO BÁSICO ENERGIA SUJA

ADALBERTO MARQUES / INTEGRAÇÃO NACIONAL

O Governo Federal admite que terá de recorrer a usinas térmicas, como a nuclear, de carvão e de gás natural para operar na base do sistema, ou seja, de forma permanente. Somente nos últimos cinco anos, a geração térmica, operando hoje a plena carga devido aos níveis baixos dos reservatórios, subiu de 7,09% do consumo total para 23,1% no país.

Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de brasileiros com acesso a serviços de saneamento básico aumentou 15% entre 2000 e 2012. Nesse período, mais 31,7 milhões de pessoas passaram a dispor de melhores instalações sanitárias e 29,7 milhões de água tratada. Por outro lado, apenas 48,1% dos brasileiros dispõem de serviços de coleta de esgotos e somente 37,5% do esgoto coletado é tratado.

TRANSPOSIÇÃO

O Brasil subestimou a dimensão e a complexidade da obra de transposição do Rio São Francisco, iniciada em 2007. Essa foi a explicação apresentada pela presidente Dilma Rousseff para a não conclusão das obras. Segundo o último balanço do governo, apenas 57,8% estavam finalizadas. “A gente começou bastante inexperiente e houve uma subestimação. Em nenhum lugar do mundo uma obra dessa dimensão pode ser feita em dois anos", admitiu.

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ECONOTAS redacao@revistaecologico.com.br

Uma equipe de pesquisadores na África do Sul, da Nelson Mandela Metropolitan University, descobriu uma nova função para as algas marinhas. Elas podem ser usadas para converter resíduos de carvão em um material considerado útil, limpo e de alta qualidade – batizado de Coalgae. A novidade é resultado de estudos desenvolvidos durante três anos, com recursos destinados ao aprimoramento de biocombustíveis à base de algas. Até agora, foi mostrado que esses organismos podem ser combinados com materiais carbonáceos (como o carvão) gerando um material com excelentes propriedades mecânicas. O Coalgae pode ainda simplificar e tornar mais sustentável a produção de biocombustíveis no país, reduzindo a demanda por combustíveis importados.

• SEGURANÇA ALIMENTAR

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) enviou 514 amostras do feijão brasileiro para o Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega. O objetivo é garantir, em caso de grandes catástrofes mundiais, a perpetuação de vários alimentos. A localização do repositório também é estratégica: em uma pequena ilha próxima ao Polo Norte, o que assegura a integridade das sementes em casos de falta de energia. Também já fazem parte da coleção 264 amostras de milho e 541 de arroz. O banco nórdico tem capacidade para armazenar 4,5 milhões de sementes.

WILFREDO R RODRIGUEZ

• ALGAS BIOENERGÉTICAS

AS ALGAS podem converter poeira de carvão em carvão limpo

• BICHO NOVO NA ÁREA

Cientistas da Universidade Federal do Amazonas acabam de identificar uma nova espécie de golfinho fluvial: o boto-doaraguaia (Inia araguaiaensis). Encontrado no Rio Araguaia, o animal é o primeiro a ser descoberto desde 1918. Após a coleta de amostras de DNA e de ossadas encontradas na região, a equipe liderada pelo biólogo Tomas Hrbek detectou diferenças que indicam que a espécie se originou de outras duas há mais de dois milhões de anos.

• SELO DE QUALIDADE

O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) recebeu a adesão de 36 marcas de automóveis neste ano. A nova lista apresenta 496 modelos autorizados a utilizar a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia em 2014, apresentando informações sobre o consumo de combustível, o nível de emissões de CO2 e de gases poluentes regulados pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), do Ibama. A consulta pode ser feita no site do Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet): www.conpet.gov.br/consultacarros.

• PÁGINAS ECOLÓGICAS (NA REDE)

514 AMOSTRAS do feijão brasileiro foram enviadas ao Banco Global de Sementes 30  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

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A Iniciativa Verde lançou o livreto “Sustentabilidade: Adequação e Legislação Ambiental no Meio Rural”, publicado por meio do projeto “Plantando Águas”, patrocinado pela Petrobras. A obra é um roteiro simplificado sobre o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) e aborda diversas questões relativas à aplicação desta e de outras leis. De autoria do engenheiro agrônomo Roberto Resende, presidente da Iniciativa, a publicação tem 40 páginas e pode ser baixada gratuitamente (goo.gl/30ITuR). (*) Colaborou Marcos Fernandes.

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Patrimar. A sua melhor alternativa de investimento em futuros. Ter um Patrimar é investir no seu futuro e no futuro da sua família. São imóveis que antecipam tendências e soluções para o seu conforto e estilo de vida. Projetos inteligentes com localização nobre e espaços diversificados de lazer e convivência. Para morar, trabalhar ou investir, escolha um Patrimar.

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1 Mata Atlântica

Pátria amada

devastada

O Brasil perdeu 24 mil campos de futebol do seu bioma mais ameaçado. Pela quinta vez, Minas é campeã do desmatamento

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A

Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram, em 27 de maio – Dia da Mata Atlântica -, os novos dados do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, referentes ao período de 2012 a 2013. O estudo aponta desmatamento de 23.948 hectares, ou 239 km², de florestas atlânticas nos 17 estados que compreendem o bioma, um aumento de 9% em relação ao período anterior (2011-2012), em que foi registrada a destruição de 21.977 ha.

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WELLINGTON PEDRO / IMPRENSA MG

1 MATA ATLÂNTICA

JUNTOS, os estados de Minas Gerais, Piauí, Bahia e Paraná são responsáveis por 92% do total de desmatamentos

LÍDERES DO DESMATAMENTO Minas Gerais é o estado campeão do desmatamento pelo quinto ano consecutivo, com 8.437 ha de áreas destruídas, seguido do Piauí (6.633 ha), Bahia (4.777 ha) e Paraná (2.126 ha). Juntos, os quatro estados são responsáveis por 92% do total dos desflorestamentos, o equivalente a 21.973 ha. Apesar de liderar a lista, Minas apresentou redução de 22% na taxa de desmatamento, que em

2011-2012 foi de 10.752 ha. De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, a queda é resultado da moratória que desde junho do ano passado impede a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação natiJB ECOLÓGICO

Nos últimos 28 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.850.896 ha, ou 18.509 km2 – o equivalente à área de 12 cidades do tamanho de São Paulo. Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 ha. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de três hectares, restam 12,5% dos originais.

MARCIA HIROTA: “A resposta do governo foi positiva, mas os índices ainda são os maiores do país”

va do bioma. A ação foi autorizada pelo Governo de Minas após solicitação da Fundação, apresentada em ofício protocolado em 10 de junho de 2013. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Estado (Semad) criou uma forçatarefa e, recentemente, apresentou o resultado de algumas iniciativas de enfrentamento ao desmate. Balanço preliminar de uma operação de fiscalização realizada no Nordeste de Minas, região que lidera a destruição do bioma, indicou que serão aplicadas multas superiores a R$ 2 milhões, além de 10.000 m3 de material apreendido e 16 pessoas presas. “Consideradas as médias mensais de desmatamento em Minas, tivemos uma redução de 64% no ritmo dos desfloramentos após o anúncio da moratória, que passou de 960 ha

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R e s p e i t o a o m e i o a m b i e n t e é u m d o s n o s s o s va l o r e s . Á g u a l i m pa e t r ata d a é o n o s s o c o m p r o m i s s o .

A CBMM tem um grande respeito pela natureza e principalmente pela água que utiliza. Localizada em Araxá, a companhia recircula hoje 95% da água usada em seus processos de produção. Investindo continuamente em tecnologia e controle de qualidade, a CBMM espera alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos. Esse é um compromisso com o meio ambiente e com o futuro. CBMM. Aqui tem nióbio.

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Wellington Pedro / Imprensa MG

1 Mata Atlântica

FIQUE POR DENTRO A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG brasileira que atua há 27 anos na proteção desta que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da Mata Atlântica, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, entre outros. Site: www.sosma.org.br

A DERRUBADA de florestas de Mata Atlântica para produção de carvão é um dos vilões da degradação do bioma

empreendimentos licenciados de modo ilegal que temos de focar”, ressalta Carlos. Devastação em alta Em segundo lugar no ranking, o Piauí, mapeado pela primeira vez no levantamento apresentado no gláucia rodrugues

para 344 ha por mês. A resposta do governo foi positiva, mas os índices ainda são os maiores do país e há muito trabalho a ser feito, não só para conter o desmatamento, mas para restaurar e recuperar essa floresta”, observa a diretora. O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador das promotorias de Meio Ambiente de Minas, alerta que só uma extensão da moratória não vai ser suficiente para tirar o estado do primeiro lugar no ranking. Segundo ele, várias autorizações concedidas nos últimos anos para supressões de mata estavam irregulares. “Uma fazenda de 11 mil hectares, por exemplo, suprimiu seis mil ha, mas não teve nem estudo de impacto. Foram dadas autorizações para picadas, como se fossem cortes pequenos, mas era só um grande”, afirma. “É nesses

CARLOS FERREIRA: “Só uma extensão da moratória não vai ser suficiente para tirar Minas do primeiro lugar no ranking”

ano passado, surpreendeu negativamente com a marca de 6.633 ha de áreas suprimidas, um aumento de 150% em relação aos índices registrados no período 2011-2012 (2.658 ha). Coincidentemente, a produção agrícola do Piauí cresceu 135,3% em relação ao ano anterior e a área plantada teve aumento de 23%, passando de 1,118 milhão de ha em 2013 para 1,383 milhão de ha em 2014. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o estado terá uma produção em 2014 de 3,671 milhões de toneladas de grãos contra a produção de 1,560 milhão de toneladas produzidas em 2013. “Em apenas um ano, o Piauí mais que duplicou as áreas desmatadas de Mata Atlântica, o que é muito preocupante. Portanto, enviaremos os dados ao governo

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1 Mata Atlântica

Taxa de desfloramento anual da Mata Atlântica

do estado e ao Ministério Público local para averiguarem a situação e para que tomem as providências necessárias”, afirmou Marcia Hirota. A Bahia, terceiro estado que mais desmatou o bioma no último ano, perdeu 4.777 ha, um aumento de 6% em relação aos 4.516 ha do período anterior. Em quarto lugar no ranking, o Paraná teve uma perda de 2.126 ha de floresta nativa. Se comparado aos 2.011 ha suprimidos no ano anterior, o aumento foi de 6%. Lá, os principais focos de desmate aconteceram na região centrosul, áreas de araucária que já registraram grandes índices de desflorestamento no passado. Outro destaque negativo é o caso do Mato Grosso do Sul, que registrou 568 ha de desmatamento, o que rendeu a ele o sexto lugar na lista, logo atrás de Santa Cartarina (672 ha). Houve um aumento de 1049% em re-

Estados como São Paulo, Alagoas e Espírito Santo reduziram as taxas de desmatamento em 51%, 88% e 43% no período analisado lação ao último levantamento. Na versão 2012-2013 do Atlas, o estado havia registrado uma redução de 92% no desmate, o equivalente a 49 ha. Já os destaques positivos vieram de São Paulo, Alagoas, Espírito Santo e Rio de Janeiro, que tiveram redução de desmatamento de 51%, 88%, 43% e 72%, respectivamente. Mapa Legal Desde a sua quinta edição, de

2005-2008, o Atlas considera os limites do bioma Mata Atlântica tendo como base o Mapa da Área da Aplicação da Lei nº 11.428, de 2006. A utilização dos novos limites para os biomas brasileiros implicou na mudança da área total, da área de cada estado, do total de municípios e da porcentagem de Mata Atlântica e de remanescentes em cada uma dessas localidades. O ecossistema está distribuído ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com o Mapa da Lei nº 11.428, a Mata Atlântica abrangia originalmente 1.309.736 km2 no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 Estados: PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS. Nessa extensa área, vivem atualmente mais de 69% da população brasileira.

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jo t a c am p elo

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O Endereço do Cerrado Mineiro Em sintonia com um de seus principais valores, Responsabilidade Corporativa Exemplar, a Kinross mais uma vez dá o exemplo e entrega oficialmente ao Governo do Estado de Minas Gerais um imenso patrimônio verde em pleno Cerrado Mineiro. Esta área é o endereço de importantes espécies como Jacarandá do

Cerrado, Ipê Amarelo, Tamanduá-Bandeira, Arara-Canindé, Garça Branca, Tatu-Canastra e Lobo-Guará, entre muitas outras famílias de animais e espécies vegetais, algumas em risco de extinção. Com ações responsáveis e investimentos em preservação e educação ambiental, a Kinross demonstra o seu compromisso com as pessoas e o futuro do planeta.

Essa é a Kinross. Esse é o nosso jeito de fazer mineração responsável.


OMAR FREIRE / IMPRENSA MG

1 MATA ATLÂNTICA

ALBERTO Pinto Coelho, acompanhado de Alceu Torres: "A Semad será, doravante, a secretaria da harmonia, e não do conflito com outras pastas do governo"

Esperança ainda que tardia Governador de Minas anuncia investimentos de R$ 50 milhões para acabar com o desmatamento ilegal do ecossistema em Minas

U

m dia antes da divulgação do relatório da Fundação SOS Mata Atlântica, o governador Alberto Pinto Coelho, acompanhado do secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Alceu Torres, anunciou o “Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento do Bioma Mata Atlântica”. Elaborado pela Força-Tarefa Mata Atlântica, grupo criado há um ano pelo seu antecessor, Antonio Anastasia, para atuar no combate ao desmatamento ilegal, o plano propõe medidas a serem cumpridas em curto, médio e longo prazo até 2017, engloban-

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do fomento florestal, fiscalização, política florestal, normatização e regularização ambiental e implementação de novas tecnologias. O investimento mais significativo, garantiu o governador, será no fomento florestal, onde serão aplicados cerca de R$ 23 milhões. “O objetivo é promover o incentivo à expansão das florestas plantadas e fazer o mapeamento das áreas degradadas e antropizadas (transformadas pela ação do homem) passíveis de receberem investimentos”, afirmou. Estão previstos também a integração e o fortalecimento dos instrumentos já utilizados em Minas para a ges-

tão territorial eficiente e o incentivo à utilização de sistemas produtivos na recuperação de áreas, incluindo reservas legais e Áreas de Preservação Permanente. Para o governador, o ato de lançamento do plano simboliza a preocupação do governo de Minas com a preservação do meio ambiente. “É uma demonstração inequívoca da vontade e da determinação do nosso governo pela preservação desse importante bioma”, enfatizou. O secretário Alceu Torres afirmou que o Estado está consciente da necessidade de proteger as suas matas, as suas áreas verdes.


FISCALIZAÇÃO RIGOROSA Segundo o plano, outros R$ 13 milhões serão investidos em ações de fiscalização que irão contribuir para a conservação e a recuperação dos remanescentes de Mata Atlântica. Serão fiscalizadas 100% das áreas identificadas com retirada da cobertura vegetal nativa e em estágio sucessional médio ou avançado, independentemente se são autorizadas ou não pelo órgão ambiental competente. Serão checadas ainda, por meio de sobrevoos, áreas onde houver incidência de nuvens durante o Monitoramento Contínuo da Cobertura Vegetal a fim de identificar desflorestamentos. As rotas de transporte do carvão vegetal também serão alvo das ações, a fim de coibir o transporte de cargas ilegais. Estão previstas ações especiais em municípios que apresentam altos índices de desmatamentos na Mata Atlântica, nas principais rotas de escoamentos dos subprodutos florestais e nos polígonos de desflorestamento. O plano também prevê a criação de uma delegacia especializada para tratar dos assuntos relativos ao desmatamento da Mata Atlântica e de um setor de avaliação ambiental estratégica na Superintendência de Fiscalização Ambiental Integrada da Semad. As equipes de fiscalização receberão reforço com novos veículos, softwares e outros insumos. No caso dos autos de infração firmados em função de irregularidades relativas à Mata Atlântica, a ideia é dar celeridade ao seu trâmite. Também está prevista a exi-

MARCOS TAKAMATSU

“Este nosso plano dá à opinião pública a noção do compromisso, fazendo não apenas investimentos expressivos, mas utilizando maneiras mais eficientes e avançadas para coibir esse desmatamento”, completou.

REVERTER a devastação da Mata Atlântica é o desafio do atual governo de Minas

gência de uma identificação, na guia de transporte, da rota que os veículos irão cumprir a fim de coibir fraudes de documentos que regularizem o transporte de subprodutos florestais; além da implantação de nota fiscal eletrônica para venda de carvão vegetal juntamente com a Secretaria de Estado da Fazenda e da fiscalização nas siderúrgicas. O Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento da Mata Atlântica também tem como foco a Política Florestal do Estado, com investimento de cerca de R$ 1,1 milhão em ações que incentivem o plantio e a comercialização sustentável de florestas, bem como a criação de oportunidades de utilização delas. Com isso, será possível gerar alternativas de renda para produtores rurais e promover menor pressão no bioma.

ambiental, no âmbito estadual e municipal e a capacitação de agentes públicos para a aplicação dessas normas. A regulamentação da Lei 20.922/2013, que dispõe sobre a política florestal e de proteção à biodiversidade no estado, também faz parte dos temas prioritários. Já os investimentos na tecnologia da informação serão de cerca de R$ 9,4 milhões e irão subsidiar ações preventivas que possibilitem monitorar, fiscalizar, proteger e combater a supressão da vegetação nativa do bioma. Os investimentos serão voltados ao aprimoramento da rotina do monitoramento contínuo da cobertura vegetal nativa para detectar áreas queimadas e desmatamentos ilegais; incremento da geração de croquis para fiscalização automática e compra de equipamentos, entre outros. 

REGULARIZAÇÃO E TECNOLOGIA Para as atividades de regularização ambiental, o investimento será de cerca de R$ 1,3 milhão. Está previsto o estabelecimento de normas ambientais regulamentares, o alinhamento de procedimentos de regularização

Na próxima edição, por meio de uma entrevista exclusiva com Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, a ECOLÓGICO irá mostrar o que fez Minas permanecer, durante esses cinco anos, no topo da lista nacional de devastação do bioma. E, também, o que o Estado deve fazer para mudar essa realidade.

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EQUIPO MINING 2014

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• Investimentos em novos projetos e expansões das 200 Maiores Minas Brasileiras • Tecnologia de Equipamentos de Lavra e Processos -- Aqui os expositores apresentam seus cases de sucesso em aumento de produtividade • Quarry Day — As novas tecnologias para uso nas pedreiras e extração de calcário para cimento Somente na Equipo Mining 2014 os visitantes podem conhecer mais sobre os produtos e serviços durante as apresentações que ocorrem no Pit de demonstrações e ainda participar do test drive de equipamentos e veículos (mediante apresentação da habilitação necessária) em um segundo Pit.

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GESTÃO & TI

ROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*) redacao@revistaecologico.com.br

O LEGADO DA COPA C

ROCK1997 / WIKIPEDIA

orria a Copa das Confederações e ainda havia tempo de se fazer uma boa Copa do Mundo. Foi quando eu trouxe ao Brasil dois consultores americanos de tecnologia para atendimento de clientes. Uma viagem de surpresa, sem tempo de muita preparação. A tecnologia ajudou muito - reservas de hotel e passagens aéreas pela internet. Chegamos em um domingo de manifestações no Rio de Janeiro. Tive a preocupação de que saíssem pela cidade, em pleno fim de semana de muito sol, e se metessem em confusão. Fui surpreendido. Quando os encontrei na segunda-feira, soube que deram uma volta pelo calçadão, tomaram um pouquinho de sol e voltaram ao hotel para, pasmem, trabalhar. Tinham muito o que fazer e não podiam perder tempo. Na sexta-feira, último dia, fomos tomar café juntos. - Roberto, foi tudo muito bem esta semana, mas, quando voltarmos, só tenho uma reclamação... Gelei. Meu Santo Expedito, uma semana de trabalho e justo no último dia vão reclamar? Manda, pensei. - Vamos precisar de uma internet melhor. Gelei mais ainda. Estávamos em Copacabana, num hotel quatro estrelas e, aos meus dedos digitais tão resignados, a internet parecia a melhor do mundo. E eles queriam melhor? Belo Horizonte. Ando pela cidade e pensei em fazer um mapa de onde o 4G está disponível, mas desisto. Não consigo uma ligação dentro da minha casa, não sem ficar em posição de antena, uma perna para o ar, um braço esticado, o outro encostando na samambaia e o viva-voz ligado. Uma lástima! Não

vou discutir aeroportos nem estradas, hotéis ou outros legados da Copa do Mundo que deviam existir e persistir. Falo só da tecnologia que não veio. Vou ser simples, direto, cumprir o modismo da net e enumerar 10 top trends tecnológicos da Copa de 2014: 1) Nós ainda não compramos ingressos de jogos pela internet, de qualquer jogo e para qualquer um, eu quero dizer! 2) Nossos celulares ainda se conectam em baixa velocidade de internet! 3) Antecipar a mobilidade dos ônibus por painéis no ponto de parada é só um sonho! 4) A internet pública é privativa de poucos locais na cidade. Bairros distantes? Aqueles onde a população mais precisa? Eles que esperem. 5) O preço de um smartphone de qualidade no Brasil ainda é proibitivo! 6) As cidades do interior, em média, têm como melhor banda larga um décimo da velocidade nas capitais (por favor, não citemos o interior de São Paulo). 7) A banda 4G funciona de vez em quando. Para quem tem 3G, uma vez por mês, por 10 segundos, o celular se conecta nessa velocidade. 8) Quer reclamar de uma operadora? Entre na fila e aguarde. 9) Quer entrar na Justiça contra uma operadora? Entre na fila e aguarde. 10) Quer mudar de operadora? Só vai mudar o mosquito, porque o resto fica igual. Contra fatos, acho difícil argumentar. Esta Copa não vai ser um fiasco em termos de tecnologia. Já foi. Pronto, falei!

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(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente de Sustentabilidade da Sucesu-MG, presidente do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) e diretor do Arbórea Instituto.

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MBA

BELO HORIZONTE

A Fundação Getulio Vargas/Faculdade IBS abre a sua 4ª turma de Pós-graduação Lato Sensu em:

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MARIA DALCE RICAS (*) redacao@revistaecologico.com.br

GLAUCO UMBELINO

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ESTADO DE ALERTA

RIOS como o Velho Chico estão ameaçados pela “necessidade de desenvolvimento do estado”

O

RISCO HÍDRICO

s poucos rios legalmente protegidos em Minas, considerados de preservação permanente, estão, novamente, em risco. O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) reapresentou o Projeto de Lei (PL) n° 3.614/2012, de sua autoria, que prevê autorização para revolvimento de sedimentos para a lavra de recursos minerais com expressa autorização do órgão ambiental competente, prevendo medidas mitigadoras e compensatórias. Em 2012, o PL enfrentou forte pressão de organizações ambientalistas, entre elas a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda). As entidades solicitaram intervenção do governador Antonio Anastasia, e o projeto foi arquivado em abril de 2013. Na justificativa da proposta, o deputado menciona “interesses públicos”, a “necessidade de desenvolvimento do estado” e cita mineração de areia e cascalho. Como sempre, não há qualquer estudo técnico que comprove a suposta relação positiva custo/benefício do projeto, ou seja, de destruir os rios em nome de todos. Revolvimento de leito de corpos d’água gera impactos irreversíveis, sem possibilidade de mitigação. E compensação não é moeda de troca. Não atesta viabilidade de qualquer empreendimento. A impressão é de que enquanto houver um rio preservado neste estado, sempre haverá algum deputado que queira destrui-lo. Os rios de preservação permanente, protegidos pela Lei nº 15.082/2004, são aqueles com excepcional beleza ou dotados de valor ecológico, histórico ou turístico, em ambientes silvestres pouco alterados. Entre eles estão o Rio Cipó, afluente do Paraúna, e seus tributários, integrantes da bacia hidrográfica do Rio das Velhas - considerados como de Importân-

cia Biológica Extrema pelo governo de Minas Gerais. Outro que pode ser afetado é o Rio São Francisco, no trecho que se inicia imediatamente a jusante da barragem hidrelétrica de Três Marias e vai até a cachoeira de Pirapora. O trecho é um dos poucos que, apesar do desmatamento, de incêndios e mau uso do solo, mantém alguma integridade. É nele, por exemplo, que se tentou construir a barragem de Formoso (Cemig), que causou grande reação da sociedade. A Amda pretende desenvolver diversas ações contrárias ao projeto, entre elas a mobilização popular na região da Serra do Cipó. Para isso, vai agir em conjunto com as entidades ambientalistas do estado que compõem a Frente Mineira pela Proteção da Biodiversidade. Se aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, o PL terá de passar pela Comissão de Meio Ambiente. Os ambientalistas pedirão audiências públicas em BH e na Serra do Cipó. O deputado está enganado. Temos certeza de que haverá rejeição absoluta à sua proposta. Preservar a água está acima de qualquer interesse econômico. Ainda mais no caso do Rio Cipó, cuja importância ambiental e paisagística é imensurável. Sem contar nos usos sociais. Já o deputado Almir Paraca (PT-MG) está certo. Presidente da Comissão Extraordinária das Águas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), ele afirmou que toda a bancada de seu partido irá obstruir qualquer nova tentativa de Lafayette. Que os rios o ouçam, Almir! 

(*) Superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda).

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SABE QUEM ESTA´ APOIANDO UM DOS MAIORES MOVIMENTOS PELA PAZ EM MINAS? TODOS OS MINEIROS.

O movimento Minas pela Paz já implantou diversos projetos que ajudaram a reduzir a violência no estado. Graças a ele, centenas de ex-detentos ganharam formação e emprego. Milhares de crianças receberam educação e cultura. E a polícia ganhou mais eficiência com o 181 Disque Denúncia. Apoie você também o Minas pela Paz. Se ele sozinho já faz tanto, imagine com todos nós.

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CÉU DO MUNDO VINÍCIUS CARVALHO

ANTÁRTICA AMEAÇADA

Um estudo divulgado pela Agência Espacial Europeia mostra que a Antártica está perdendo cerca de 169 bilhões de toneladas de gelo anualmente, duas vezes mais do que foi constatado em 2010. Isso equivale a cerca de dois centímetros a menos, a cada ano, na cobertura do continente. Se esse ritmo for mantido, o aumento anual no nível dos oceanos pode chegar a 0,43 milímetro ainda neste século.

OUTRA FUKUSHIMA (I)

Ainda sofrendo as consequências do acidente nuclear de 2011, a Província de Fukushima, no Japão, parece não estar disposta a correr o risco de que um desastre semelhante venha a se repetir. A região se comprometeu a garantir que toda a energia utilizada por seus dois milhões de habitantes tenha origem renovável até 2040.

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OUTRA FUKUSHIMA (II)

Um dos primeiros passos foi a inauguração, em abril, do sistema fotovoltaico do aeroporto de Fukushima, com capacidade instalada de 1,2 MW. O governo local criou também duas novas entidades para estimular as fontes alternativas: o Centro de Desenvolvimento e Pesquisa de Energia Renovável e a Companhia de Energia.

CALOR HISTÓRICO

O último mês de abril foi historicamente quente em todo o mundo, empatando com o ano de 2010 no registro das médias de temperaturas mais elevadas desde 1880, conforme anunciou a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica Americana. Nesse mês, o planeta foi 0,77° C mais quente do que a média do século XX. A Grã-Bretanha viveu seu abril mais quente desde que os registros começaram, em 1910; e a Austrália teve o sétimo abril com temperaturas mais elevadas no mesmo intervalo.

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China solar

Nadine Y. Barclay

teo x

O governo chinês divulgou recentemente que pretende triplicar sua capacidade solar instalada para 70 GW até 2017. Enquanto isso, no Brasil, o índice é de pouco mais de 13 MW, ou 0,013 GW, segundo o Banco de Informações de Geração (BIG) da Aneel. Em 2010, a China possuía apenas 5 GW de energia solar, marca que alcançou 20 GW no ano passado.

Exemplo De Madrid

A partir do dia 1º de julho, proprietários de carros movidos a diesel feitos antes de 2006 e a gasolina produzidos até 2001 vão pagar até 20% mais para estacionar em Madrid, na Espanha. Já os donos de veículos híbridos pagarão até 20% menos. Os carros elétricos poderão estacionar gratuitamente. A medida se aplica à chamada área ZBE, no centro da capital, que ganhou regras de circulação especiais por conta do alto nível de poluentes na atmosfera.

Consultoria focada em estratégias para o desenvolvimento de estudos e projetos ambientais Desde 1997, a SETE realiza estudos e monitoramentos, além de gerenciar e executar programas e projetos ambientais. Atua nas fases do empreendimento desde a análise de viabilidade até o descomissionamento.

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MONSUETO DE OLIVEIRA JR

A MINISTRA Izabella Teixeira e a secretária Jacqueline Vieira: alinhamento político, ambiental e cromático em prol das águas goianas

OS TONS AZUIS

NO BERÇO DAS ÁGUAS

Ministra do Meio Ambiente e secretária estadual de Goiás reúnem-se com representantes de comitês de bacias em busca de soluções para o apagão hídrico que já assola outros estados, como São Paulo Hiram Firmino

redacao@revistaecologico.com.br

P

erto de muita água tudo é feliz” – já dizia o escritor e homem do sertão Guimarães Rosa. E com sabedoria, mesmo que só falando dela, a distância. Pois foi esse o sentimento, acrescentado de esperança, que dominou a realização de dois eventos simultâneos entre os dias 23 e 25 de abril, no Centro de Convenções de Goiânia: o “1º Encontro das Águas de Goiás” e o “II Seminário Estadual de Recursos

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1º ENCONTRO

DAS ÁGUAS DE GOIÁS

O ESTADO DE GOIÁS é banhado por três grandes bacias hidrográficas: a do Rio Paraná, a Tocantins-Araguaia e a do São Francisco. Entre os principais rios que cortam seu território estão o Paranaíba, Aporé, Araguaia, São Marcos, Corumbá, Claro, Paraná e Maranhão

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Hídricos” – o ENAGO 2014 – com o tema “A água como fator de produção e sustentabilidade”. Foi esse o sentimento, muitas vezes solitário, heroico e incompreendido pelas demais pastas de governo, anunciado logo na abertura dos eventos pela secretária de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, Jacqueline Vieira. “Apesar de todos os desafios e dificuldades, como é bom e gratificante podermos trabalhar na área ambiental, em que todos se dispõem a dar as mãos, particularmente em um estado como o nosso, considerado o berço das águas, por embalar as nascentes das bacias dos rios Tocantins-Araguaia, Paraná e São Francisco”, exaltou a anfitriã. “Não há mais como negar o senso comum de que toda a economia mundial é dependente dos recursos hídricos e, por isso mesmo, não defender as nossas águas. Não termos políticas públicas nem orçamentos condizentes com a gravidade da situação é acelerar uma situação de escassez mundial, vide a crise energética que atinge a Grande São Paulo. Não basta mais só termos consciência da importância vital das águas. Mas, sim, um pensar novo, mais ecológico, que seja capaz de romper a relação e a cultura insustentáveis que temos racionalmente com os nossos recursos hídricos”, acrescentou o vice-governador de Goiás, José Eliton de Figuerêdo. COPA HÍDRICA Mas foi a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que uniu as falas felizes do evento. Segundo ela, a maioria das pessoas, sejam ocupantes de cargos no governo ou fora dele, sabe da insegurança hídrica que ameaça toda a huma-

JAVAES

TOCANTINS

SÃO FRANCISCO

ARAGUAIA

PARANÁ

PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE GOIÁS

nidade e, dentro do seu espírito de sobrevivência e amor à natureza, quer fazer o bem: “O problema é a minoria, que insiste em torcer contra, e precisamos extirpar”. Essa minoria, ela explicou, é for-

JOSÉ ELITON DE FIGUERÊDO: “Não há mais como não defender nossas águas”

mada por pessoas que ainda escolhem o caminho só denunciativo dos problemas, sem apresentar soluções e fazer parte delas: “Essa gente está presa a um ativismo ambiental negativo, ainda desconhece a existência do mundo real, de um Brasil novo e mais sustentável que está sendo descoberto e construído. Eu viajo por todos os estados brasileiros e o que tenho testemunhado é a existência de um país muito mais avançado e pragmático no debate do seu futuro hídrico do que a sociedade consegue perceber. Essa é a notícia boa, que nos dá esperança e acabará com os achismos: após 2015, virá uma nova agenda ambiental não só brasileira, mas planetária. E quem a está fazendo não são mais os órgãos oficiais nem os ambientalistas sozinhos.

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1º ENCONTRO

DAS ÁGUAS DE GOIÁS

IZABELLA TEIXEIRA, ministra do Meio Ambiente

São todos os cidadãos informados, conscientes tanto dos seus direitos, acesso e qualidade quanto dos seus deveres de proteger e preservar as águas como um bem de uso coletivo.” E a ministra concluiu bem-humorada: “A única bandeira em comum que doravante levantaremos é a de um país mais justo, em termos de acesso, proteção e uso sustentável dos seus recursos naturais. Joguem pelo Brasil! Joguem pelas águas! Joguem pelo meio ambiente e orgulhem-se disso! Se conseguirmos recuperar e preservar nossos rios, como Goiás está lutando, e nós somos capazes, ganhar a Copa do Mundo de Futebol então será um mero detalhe”. CONTEXTO GOIANO Goiás possui 246 municípios, tendo a sua atividade econômica principal ligada ao setor agrário. As principais aplicações dos recursos hídricos são: irrigação e uso agropecuário, abastecimento público, turismo, indústria e geração de energia hidrelétrica. Por estar localizado nas cabeceiras de três importantes regiões hidrográficas (Tocantins/Araguaia, São Francisco e Paraná), também

“A ÁGUA É A SEIVA AMEAÇADA DO PLANETA” Em seu discurso, a secretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jacqueline Vieira, afirmou que Goiás se encontra acima da média brasileira em termos de gestão das águas, não só pelos esforços governamentais, mas pelo constante diálogo e pela participação dos setores produtivos e engajados da sociedade organizada, por meio dos comitês de bacias: “É o nosso estado que embala as nascentes das bacias do TocantinsAraguaia, Paraná e São Francisco”. Ela fez referência aos artigos 2º e 6º da Declaração Universal dos Direitos da Água, vista como “a seiva” ameaçada do JACQUELINE VIEIRA: “Temos planeta: “A água é a condição essencial de incorporar o valor das águas de vida de todo ser vegetal, animal ou aos custos de produção” humano. Sem ela, não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é o direito à vida, tal como está estipulado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico. Precisa-se saber que, algumas vezes, ela é rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo, vide o que está acontecendo em São Paulo”. Jacqueline lembrou que o Brasil dispõe de uma excelente legislação de recursos hídricos mas também como enormes desafios para eliminar a poluição, recuperar as matas ciliares e recompor as áreas degradadas ao longo dos rios: “Para vencê-los, temos de incorporar o valor das águas aos custos de produção, promovendo a racionalização dos seus usos e trazendo benefícios por meio da conservação do solo e incremento qualitativo e quantitativo das nossas bacias hidrográficas. Não podemos permitir mais que os conflitos se multipliquem e se revertam em prejuízos irreparáveis aos nossos rios, comprometendo usos importantes para o desenvolvimento econômico e social”, finalizou.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

"Existe uma minoria de pessoas que está presa a um ativismo ambiental negativo, ainda desconhece a existência do mundo real, de um Brasil novo e mais sustentável que está sendo descoberto e construído."

é chamado de “Berço das Águas”. Posição de grande responsabilidade, pois as ações adotadas ali apresentam reflexos importantes em outras regiões do país. O estado teve grandes avanços desde o advento da Lei Estadual 13.123/97, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos. Os instrumentos de gestão foram fortalecidos. A regulação dos usos foi ampliada por meio da outorga e da fiscalização, buscando garantir o fornecimento múltiplo e racional, bem como o acesso de todos os usuários aos recursos ne-

cessários ao exercício de suas atividades. Entretanto, é necessário avançar na implementação dos componentes desse sistema, notadamente dos comitês das bacias hidrográficas, nos demais instrumentos de gestão, como planos de recursos hídricos, enquadramento e sistemas de informações. O objetivo é garantir o suporte necessário ao desenvolvimento econômico e social sustentável. SAIBA MAIS

www.enago.eco.br

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1º ENCONTRO

DAS ÁGUAS DE GOIÁS

ESTADOS-IRMÃOS Convidada pelo secretário de Recursos Hídricos da SMARH de Goiás, Bento de Godoy Neto, que esteve em Belo Horizonte, em dezembro último, durante a cerimônia de entrega do “IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza 2013”, a Revista ECOLÓGICO participou como mídia apoiadora do evento. Mais jornalística e respeitada publicação especializada em meio ambiente e sustentabilidade da grande mídia impressa e digital brasileira, a ECOLÓGICO foi mencionada várias vezes pela ministra Izabella Teixeira, por realizar a premiação já na sua quinta edição, também chamada de “Oscar” brasileiro da ecologia. Isso aconteceu durante a entrega da Medalha “Berço das Águas”, que a ministra recebeu, ao lado

ECOLÓGICO: apoio a MG e GO caixa e berço das águas do país 54  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

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de outros nomes homenageados como o professor, ambientalista e escritor Paulo Nogueira Neto, criador do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e primeiro secretário especial de Meio Ambiente do Brasil. E o jornalista e também ativista ambiental Washington Novaes, que foi consultor do “Primeiro Relatório Brasileiro para a Convenção da Diversidade Biológica”, e dos “Relatórios sobre Desenvolvimento Humano” da ONU, de 1996 a 1998. Ambos não puderam estar presentes. Novaes estava no exterior, cumprindo outro compromisso. E Paulo Nogueira, em casa, por questões de saúde. Por indicação da ministra e pelo conjunto de sua obra, ele também será homenageado na quinta edição do “Oscar da Ecologia”, marcado para acontecer na capital mineira, no dia 10 de novembro deste ano, com a pergunta-tema sobre a valoração dos serviços prestados pela natureza: “Quanto vale a sombra de um buriti?”. Ou seja, um convite para

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Minas, Ecológico e Prêmio Hugo no Planalto Central do país

EX-MINISTRO Alysson Paulinelli e Bento Godoy: Minas e Goiás juntos

refletir sobre o pioneirismo do mais antigo militante da área ambiental do governo brasileiro e a preservação das veredas (nascentes de água) eternizadas por Guimarães Rosa em “Grande Sertão”, tanto em Minas quanto em Goiás – Estados-irmãos onde mais se encontra esse bioma típico e ainda vivo do Cerrado.

PRESENÇA MINEIRA: Danilo Vieira (Semad), à esquerda, Alice Godinho (Movimento Pró-Rio Todos os Santos e Mucuri) e Breno Carone (Cibapar), à direita, com Jacqueline Vieira

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respeito COM NOSSO AÇO EM CAMPO, CADA AÇÃO É UM GOL DE PLACA NA PRESERVAÇÃO DO PLANETA. Quando o assunto é o cuidado com o meio ambiente, a Aperam South America faz um belo trabalho no meio de campo. Pensando na natureza, estamos sempre buscando estratégias de inovação. Produzimos um aço 100% reciclável, somos certificados pela ISO 14001 e trabalhamos com uso eficiente de recursos naturais e redução de CO2. Tudo isso, sem falar nas ações de conscientização ambiental que promovemos, por meio do Centro de Educação Ambiental – Oikós. Com escolhas conscientes, vamos aumentar ainda mais o placar a favor do futuro do planeta. 5 de junho. Dia Mundial do Meio Ambiente.

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1 MINERAÇÃO

A CRISTA da serra receberá projeto ambiental e paisagístico, como parte do plano de descomissionamento da mina

O LEGADO DA SERRA

Maior mineradora do país, Vale intensifica recuperação ambiental da ex-Mina de Águas Claras. Encosta a ser estabilizada fica do outro lado do símbolo natural de BH Hiram Firmino redacao@revistaecologico.com.br

I

ncrustada em um paredão de 230 metros de altura, logo atrás dos parques das Mangabeiras e da Serra do Curral, vertendo para o município de Nova Lima, a única encosta ainda não estabilizada na antiga Mina de Águas Claras, explorada ao longo de quase três décadas pela Minerações Brasileiras Reunidas, a antiga MBR, também será recuperada. E de maneira inovadora, além de simbólica em termos de segurança e informação ambiental. A sua estabilização colocará um fim ao mito disseminado na opinião pública de que do outro lado do símbolo natural maior da capital mineira, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), só restou uma grande cratera perigosamente cheia d’água e uma “casca” frágil da serra, que pode-

ria desmoronar a qualquer mau humor da natureza. Ao contrário, o lago ainda em formação via pressão natural do lençol freático, previsto para ter 160 metros de profundidade e 300 de largura, daqui a três anos, ganhará um túnel 45 metros abaixo da sua superfície para verter seu excesso d’água de volta ao meio ambiente da região. Isso significará não somente o aproveitamento paisagístico e a segurança hídrica da outrora cava da mineração como também a “ressurreição” do antigo Rio Águas Claras, que deu nome à mina já exaurida desde 2002. Quanto à crista da serra, já utilizada parcialmente como pista de caminhada e lazer pela PBH, com a conclusão das obras na encosta, ela terá, então, toda a extensão do seu percurso natural liberado, ligando os parques da

Serra do Curral e Mangabeiras. E ainda servirá de trilha ecologicamente educativa, de modo a mostrar aos visitantes como se abre, opera, recupera e se fecha uma mineração de maneira sustentável, mesmo tão próxima de um grande centro urbano. Quem anunciou e garantiu isso foi o engenheiro Lúcio Cavalli, diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos da Vale: “Temos de desmistificar alguns pontos dessa história. Não é verdade, por exemplo, que a serra nesse trecho é apenas uma ‘casca’ de rocha, sem proteção. O certo é que resta uma extensão de 700 metros na lateral da montanha para também ser estabilizada. Fazemos todo o monitoramento exigido e, embora não haja mais atividade minerária ali, o nosso objetivo é deixarmos um legado ambientalmente correto”.

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FOTOS DIVULGAÇÃO VALE

ÁGUAS CLARAS

ROBERTO MURTA

em 2017. No pico das intervenções, 150 trabalhadores estarão atuando. Os investimentos nas obras de talude da cava serão da ordem de R$ 240 milhões. As obras de recuperação da cava de Águas Claras fazem parte do plano de descomissionamento (fechamento) da mina, ainda em fase de recuperação ambiental. Dos cerca de dois mil hectares que compõem a propriedade (antes da MBR, hoje da Vale), aproximadamente 72% são de áreas verdes, incluindo os 912 hectares da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata do Jambreiro e os 524 hectares de áreas reabilitadas e preservadas pela empresa no local. Só a Jambreiro, considerada a maior área preservada de Mata Atlântica em transição para o Cerrado, ou seja, o que restou de mais significativo desse bioma em toda a Região Metropolitana de BH, equivale a mais de 1,2 mil campos de futebol iguais ao do Mineirão. E essa porção de verde (água e biodiversidade) ainda protegida é geograficamente maior que toda a região central da capital mineira. 

MAIS

A mina começou a produzir minério de ferro em 1973 e foi operada pela MBR até 2002, quando se encerrou o ciclo produtivo. Com o fim das operações e a paralisação do bombeamento da água do fundo da cava, a área de lavra começou a ser naturalmente preenchida, formando o lago atual ainda em expansão. A área da mina hoje serve como área administrativa da Vale no estado. Cerca de três mil pessoas trabalham diariamente no local. Na área da ex-Mina de Águas Claras está localizada a RPPN Mata do Jambreiro (foto abaixo).

SIMULAÇÃO mostra a área onde as telas especiais serão instaladas para evitar possíveis desprendimentos de rocha

COMO SERÁ Segundo demonstrou o diretor, com o uso de imagens em 3D, as obras preveem a instalação de telas especiais para a contenção de eventuais desprendimentos de rocha, além de outros aparatos que garantam a recuperação ambiental da serra. Para levar as malhas de aço até os pontos mais altos será necessário o uso de um helicóptero. Ele fará a sustentação das telas para que alpinistas industriais especializados façam a fixação na rocha. Além das telas especiais, serão feitas obras de drenagem, importantes para evitar erosão. Depois de afixadas, as telas e as drenagens vão prevenir eventuais desprendimentos de rochas superficiais, aumentando a estabilidade e a segurança das antigas áreas de mineração. As técnicas e as tecnologias que serão utilizadas para estabilizar esse último trecho da serra foram trazidas de outros países, como França, e pela primeira vez estão sendo aplicadas em uma área minerada. A previsão é que a obra seja concluída

SAIBA

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RENATO COBUCCI / IMPRENSA MG

ESPECIAL MINEIRÃO SUSTENTÁVEL

REINAUGURADO em 2013, o estádio é a primeira arena com uma usina fotovoltaica no Brasil a sediar uma partida de futebol da Copa do Mundo

O GIGANTE EXEMPLO DA COPA Um dos primeiros estádios a ter sua reforma concluída no prazo estabelecido pela Fifa, o Mineirão se consolida como uma referência internacional de construção sustentável ao adotar práticas ecoeficientes Luciano Lopes, Cristiane Mendonça e Marcos Fernandes redacao@revistaecologico.com.br

N

o próximo dia 12 de junho, começa a Copa do Mundo 2014. Dois dias depois, o Mineirão será palco do primeiro jogo do campeonato em terras mineiras, quando os times da Colômbia e da Grécia se duelarão na arena, agora com capacidade 58  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

para mais de 62 mil torcedores. No entanto, mais que a participação marcante de seleções de todo o mundo e a visibilidade que a Copa trará para Minas e para o Brasil, o Mineirão se tornou um espetáculo à parte. Antes de chegar à arena, já é

possível notar a preocupação com o meio ambiente na sua área externa. As 50 árvores plantadas apenas na esplanada do estádio, por exemplo, parecem um número pequeno em relação às mais de 700 que foram suprimidas (leia mais na página 63) para a con-


cepção do novo projeto arquitetônico. No entanto, outras 11.316 já ganharam as calçadas e praças de bairros da região da Pampulha, como medida compensatória, esverdeando ainda mais a cidade que abriga o “gigante sustentável”. “A questão ambiental norteou os trabalhos desde o início das obras e já estava contemplada no projeto. Nossa preocupação foi, por meio de um diagnóstico e do diálogo com a sociedade e o poder público, identificar todos os possíveis impactos socioambientais do empreendimento e traçar ações para evitá-los ou compensá-los”, afirma Marcela Viana, supervisora de Meio Ambiente e Qualidade da Minas Arena, concessionária que tem o direito de explorar comercialmente o estádio e seu espaço multiuso por 25 anos. A empresa, composta pelas construtoras Construcap, Egesa e HAP Engenharia ficou responsável pelas obras de reforma e mo-

MINAS ARENA Responsável pela execução das obras de reforma e modernização do estádio, a concessionária é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). Formada pelas construtoras Construcap, Egesa e HAP Engenharia, ele deve cumprir metas de gestão e qualidade operacional para manter a concessão de explorar comercialmente o espaço.

CONSTRUCAP (www.construcap.com.br)

Iniciou suas atividades em 1944, atuando no desenvolvimento contínuo de processos e inovações tecnológicas, e hoje está entre as dez maiores construtoras brasileiras. Entre as obras e serviços que executa estão edificações comerciais, industriais, rodoviárias, ferroviárias, aeroviárias, portuárias e de infraestrutura.

EGESA (www.egesa.com.br)

Com mais de cinco décadas de atuação no mercado, possui obras em todo o Brasil e no exterior, atuando em segmentos que incluem redes de gás natural, engenharia ambiental, linhas de transmissão, saneamento, urbanização e barragens. A empresa tem escritórios comerciais em diversas capitais brasileiras e uma equipe de 6.000 profissionais.

HAP ENGENHARIA (www.hapengenharia.com.br)

Atua nos setores de infraestrutura urbana, rodoviária, ferroviária, edificações comerciais, industriais, hospitalares e obras de saneamento ambiental. Iniciou suas atividades no início da década de 1990. De forma inovadora, destacou-se por construir habitações populares e financiá-las para a população de baixa renda.

dernização do Mineirão, por meio de parceria público-privada (PPP) firmada entre o Governo de Minas e gerenciada pela Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), e recomendada pela Fifa e o Tribunal de Contas da União com base em experiências de suMARCOS TAKAMATSU

Além de ser destaque em energia solar, o Mineirão tem sistemas de reaproveitamento de água e é referência em coleta seletiva e reciclagem

SEGUNDO MARCELA Viana, supervisora de Meio Ambiente e Qualidade da Minas Arena, mais de três mil profissionais atuaram na reforma do estádio

cesso desenvolvidas na Europa. Em uma obra dessa magnitude tão representativa do ponto de vista cultural, turístico e afetivo para os mineiros -, a sustentabilidade não poderia ficar de fora. “Vários produtos sustentáveis foram utilizados no processo: das tintas à base de água às madeiras com selo de manejo florestal”, argumenta Marcela. Com a reforma concluída, o Mineirão agora dispõe de um sistema de captação e reaproveitamento de água das chuvas, uma usina fotovoltaica, que o transformou no primeiro estádio do mundo com tal benfeitoria a sediar um jogo da Copa. Além de tudo isso, é referência em coleta, reciclagem e reutilização de resíduos – iniciativas que você, caro leitor, conhecerá ainda mais nas páginas seguintes.

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RODRIGO LIMA

ESPECIAL MINEIRÃO SUSTENTÁVEL

Aplausos para o gigante l O MAIS ECOLÓGICO

l O MAIS BEM PREPARADO

“Sustentabilidade foi a palavra-chave na reforma do Mineirão. Ambientalmente, somente a preservação da fachada evitou gerar 32,5 mil metros cúbicos de entulhos em concreto e 3.610 toneladas de entulhos em aço. Além disso, foram reaproveitados todos os materiais e equipamentos possíveis para podermos conquistar o selo Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) conferido a projetos de reconstrução e operação verdes. Temos um orgulho imenso em dizer que o Mineirão é o estádio mais ecológico para a Copa 2014.”

“O Mineirão é o estádio que está mais bem preparado para receber os jogos da Copa do Mundo. Em um ano e meio de operação, recebemos aqui os principais jogos da temporada de futebol de 2013, como a final da Libertadores, que deu o título ao Atlético, e os jogos finais do Campeonato Brasileiro, com a conquista do Cruzeiro, além dos jogos da Copa das Confederações e ainda seis megashows. Como foi entregue rigorosamente dentro do prazo, esse período até a entrega para a Fifa foi fundamental para corrigir eventuais problemas e aprimorarmos ainda mais a operação para melhor receber os frequentadores do estádio.”

l MOTIVO DE ORGULHO “O frequentador do Mineirão pode ter certeza de que está entrando em um dos estádios mais sustentáveis da América Latina. O cuidado que a Minas Arena teve para fazer uma reforma sustentável; a usina fotovoltaica já em funcionamento; o reaproveitamento do uso da água no estádio; e o plantio de árvores na região da Pampulha são capazes de fazer o mineiro se orgulhar desse estádio e desse patrimônio. Esses exemplos devem ser seguidos e transformados em rotina para que cada vez mais a população se conscientize da importância dessas iniciativas para o bem da nossa cidade, do nosso estado e do nosso planeta.” Ludmila Resende, coordenadora de Comunicação 60  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

Severiano Braga, gerente de Operações

l PALCO DE ESPETÁCULOS “A Copa do Mundo e a Fifa definiram critérios que alçam o Mineirão ao grupo dos melhores e mais sustentáveis estádios do mundo. Mas o principal objetivo dessa reforma foi permitir que as famílias mineiras frequentem o campo com conforto e segurança. O Mineirão já era a casa dos torcedores e agora está pronto para receber também outros públicos. Uma nova era que está apenas no começo.” Tiago Lacerda, secretário de Estado de Turismo e Esportes

RENATO COBUCCI / IMPRENSA-MG

Sérgio Guimarães, presidente da Minas Arena


Na Copa do Mundo dos mineiros, quem marca o gol é a sustentabilidade. Isso porque o Mineirão será palco do primeiro jogo da competição mundial a ser realizado no Brasil em uma arena com usina solar em funcionamento pleno. O projeto de captação de energia solar elaborado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em parceria com a Minas Arena e o banco alemão KfW, está funcionando desde o dia 25 de abril. A Usina Solar Fotovoltaica (USF) do estádio (que custou cerca de R$ 15 milhões, financiados em 80% pelo KfW e 20% pela Cemig) começou a ser construída em dezembro de 2012. No ano seguinte, a finalização das obras foi comemorada e teve início o período de testes, realizados junto com os fornecedores e de acordo com determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “A instalação da usina faz parte de um programa de ações sustentáveis implementadas na obra de modernização e operação do estádio. Nossa maior preocupação é o compromisso com o meio ambiente. E a USF do Mineirão é mais um forte eixo de trabalho da empresa relacionado à sustentabilidade”, explica Otávio Góes, gerente de Tecnologia da Minas Arena. A USF do Mineirão tem capacidade para fornecer cerca de 1.600 MWh/ano (sendo uma parte utilizada para abastecer o estádio) ao sistema de distribuição da rede

RENATO COBUCCI / IMPRENSA-MG

Energia limpa

OS PAINÉIS fotovoltaicos geram 1.600 MWh/ano

Além de utilizar lâmpadas ecoeficientes, o Mineirão conta com geradores próprios, que podem manter a energia por até oito horas elétrica, o equivalente ao abastecimento de 1.200 residências de médio porte. Ao todo, 6.000 módulos fotovoltaicos foram instalados nos 88 segmentos de concreto que compõem a cobertura do estádio, que foi impermeabilizada para receber a estrutura metálica de suporte das placas fotovoltaicas. “É a maior instalação solar em funcionamento no Brasil, pois

os painéis cobrem uma área de 11.500 m2”, afirma Góes. A iniciativa foi inspirada nos campos de Freiburg, considerada a capital solar da Alemanha, de Berna, na Suíça, e nas obras em estádios para a Eurocopa 2008. Segundo Alexandre Maia Bueno, superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig, o empreendimento demonstrou “complexidades desafiadoras associadas à arquitetura do Mineirão e a uma forma de geração pioneira no setor elétrico brasileiro”. Ainda que a captação seja menor em dias nublados – em que a usina trabalha com aproximadamente 10% de sua capacidade – o investimento vale a pena por ser mais barato que uma hidrelétrica, além de interferir bem menos no meio ambiente.

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MARCOS TAKAMATSU

ESPECIAL MINEIRÃO SUSTENTÁVEL

O MINEIRÃO possui tanques com capacidade para armazenar mais de cinco milhões de litros de água da chuva

Água reciclada O uso sustentável da água recebeu atenção especial desde o início da reforma. Cada caminhão com entulho que saía do canteiro de obras passou por um sistema de “lava-rodas”, que impedia que terra e poeira fossem espalhadas no entorno do estádio. Para isso, foi instalado um sistema ecoeficiente de limpeza dos veículos, por meio de caixas de decantação e bombas, representando uma economia média de 18 mil litros de água por dia. Finalizadas as obras, foi instalado na cobertura do estádio um sistema de captação de água de chuva, que começou a ser utilizado em outubro de 2013, após uma série de testes. A água recolhida vai para tanques alocados no subsolo 62  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

O sistema ecoeficiente de limpeza dos veículos proporcionou a economia de 18 mil litros de água por dia durante a reforma da arena, com capacidade para armazenar mais de cinco milhões de litros. Essa reserva é suficiente para abastecer o estádio por até três meses em períodos de estiagem. Toda a água pluvial captada passa por um tratamento químico e é utilizada nas descargas e mictórios do estádio, além da irrigação

do gramado. Processo que significou uma economia de 50% no consumo de água potável. Outras medidas, como a instalação de restritores de vazão em torneiras, chuveiros e mictórios, contribuíram para economizar mais 10% no consumo do recurso, evitando, assim, o desperdício. A expectativa da Minas Arena é que o reservatório, na verdade, consiga prover água ao estádio durante todo o ano. Atualmente, o Mineirão utiliza por mês, em média, 1.500 m³ de água de reuso, quantidade maior do que a fornecida pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Ou seja, na “bacia hidrográfica” e ecológica do Mineirão, a maior parte da água vem do céu.


FERNANDA MANN

COMPENSAÇÃO ECOLÓGICA: as 777 árvores suprimidas em função dos novos estacionamentos subterrâneos do estádio foram compensadas por outras 11.316 plantadas em 20 bairros da região da Pampulha

Verde compensado Quem chega ao Mineirão pela primeira vez, depois da reforma, pode até sentir falta das árvores que estavam no seu entorno. Mas, basta dar uma olhada atenciosa na esplanada do estádio para perceber que 50 árvores da espécie Pithecellobium tortum, mais conhecida como tataré, foram plantadas na área contígua do Mineirão. A escolha pela planta se deu pelo fato de ela ser uma espécie nativa, com bom desenvolvimento em vasos e resistente ao sol. A tataré é uma planta ornamental e pode atingir até 12 metros de altura, formando uma copa de até seis metros, com galhos amplos e retorcidos. As

flores são brancas e perfumadas. Beleza tropical que fez com que o consagrado paisagista Roberto Burle Marx fosse o pioneiro no uso da espécie em jardins públicos, na década de 1960. Além das árvores que compõem a área externa do Mineirão, 20 bairros da região da Pampulha receberam o plantio de 11.316 mudas, como medida de compensação pela supressão das 777 árvores que ocupavam a antiga área aberta do estacionamento, antes da reforma. Devido ao grande volume de mudas, os plantios foram divididos em lotes, que agrupavam os bairros selecionados, de acordo com a localização.

FIQUE POR DENTRO

VERDE DOADO: 18.000 m2 do antigo gramado do Mineirão foram doados e replantados nas áreas de convivência do Centro de Formação e Experimentação Digital (PlugMinas), gerando uma economia de R$ 130 mil ao estado. Inaugurado em 2009, o espaço é um projeto do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, destinado a jovens com idades entre 14 e 24 anos e que oferece cursos e atividades na área digital, artística, de empreendedorismo e de idiomas. BALANÇO POSITIVO: para cada uma das 777 árvores adultas suprimidas que existiam ao redor do estádio foram plantadas 14,5 novas mudas.

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ESPECIAL MINEIRÃO SUSTENTÁVEL

Resíduos que geram benefícios Minas Arena. Durante os eventos, a empresa disponibiliza 100 kits com quatro lixeiras de 60 litros (plástico, papel, metal e orgânico). Além disso, cada camarote tem à disposição duas lixeiras para resíduos recicláveis e não recicláveis. Materiais como plásticos, sucatas e papéis foram triados no próprio canteiro de obras durante a modernização do estádio. Cada setor, como o de carpintaria, desenvolveu seu processo de separação e triagem. Na sequência, os resíduos foram levados para um depósito central e destinados corretamente quanto ao tipo de reutilização e reciclagem, trabalho realizado por 16 empresas contratadas. Após a reinauguração da arena, em abril de 2013, a gestão ecológica de resíduos sólidos continua a todo o vapor. Todo o lixo gerado durante os dias de jogos e shows, além do produzido pelos funcionários, são coletados e doados à Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclado (Asmare), graças a um acordo fir-

mado entre a cooperativa e a Minas Arena. “Além da importância ecológica, essa iniciativa contribui para a inserção social dos catadores”, completa Marcela. No dia a dia, 50 profissionais são responsáveis pela limpeza do estádio. Em dias de eventos, dependendo do público, esse número pode chegar a 200. Somam-se a eles uma média de 12 catadores da Asmare. Plásticos, latinhas de alumínio, palitos de picolé e papéis são colocados em sacos separados e levados por um caminhão da associação, até dois dias depois de cada evento. Desde o início da reforma do estádio foram recicladas, aproximadamente, 50 toneladas de resíduos. Trinta e duas delas foram destinadas à compostagem de material gerado pelas podas do gramado e do jardim. Além da rotina de reciclagem, fornecedores, auxiliares de limpeza e donos de bares alocados no estádio também passam por capacitações periódicas para a boa gestão de resíduos. OMAR FREIRE / IMPRENSA MG

Assim como as águas, boa parte do resíduo gerado no estádio é reciclado ou reutilizado. Durante as obras, a meta era evitar que 90% deles fossem para aterros sanitários. E assim foi feito. O entulho gerado pela reforma foi usado para vários fins, inclusive na própria obra. Cerca de 75.000 m3 foram encaminhados para a pavimentação de ruas de municípios vizinhos, como Vespasiano, onde serviram de base e sub-base do asfalto. Quanto à quantidade de terra gerada durante a obra (veja box), 250.000 m3 foram utilizados no aterramento de cavas de mineração da Região Metropolitana de BH cujas atividades de extração estavam sendo encerradas. A coleta seletiva é outro ponto forte. “Essa iniciativa gera diversos benefícios ambientais, como a preservação de florestas e recursos naturais, contribuição para a economia de água e energia e redução do desperdício de materiais”, aponta Marcela Viana, supervisora de Meio Ambiente e Qualidade da

FIQUE POR DENTRO

Ao longo do período de reforma do novo Mineirão, mais de 630.000 m3 de resíduos foram gerados, sendo: 595.000 m3 de terra 5.000 m3 de madeira 30.000 m3 de entulho 696 m3 de plástico 394 m3 de papel 34 m3 de gesso liso 6.000 m3 de metal

O REAPROVEITAMENTO de resíduos de construção civil também foi realizado 64  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

15 m3 de isopor


LÚCIA SEBE / IMPRENSA MG

ATUAR na reforma mudou a vida de Manoel Messias, que foi admitido e agora cuida do gramado

Trabalho social A concessionária Minas Arena também realizou um trabalho social digno de nota durante a reforma. Iniciativa que mudou a vida de muita gente para melhor. Noventa operários frequentaram aulas diárias do Curso de Alfabetização oferecido pela Minas Arena. Mais de 80 jovens trabalharam pela primeira vez com carteira assinada. O público feminino também não ficou de fora: 103 mulheres atuaram na mordenização do estádio. Vale ressaltar que todos esses profissionais receberam treinamentos específicos para atuar na reforma. HISTÓRIA TRANSFORMADA Por meio de uma parceria firma-

Mais de 400 detentos do sistema prisional mineiro fizeram cursos para trabalhar nas obras de reforma do estádio da com a Secretaria de Estado e Defesa Social, também foram oferecidas oportunidades de trabalho a mais de 400 detentos do sistema prisional mineiro. Além de participarem de cursos de capacitação para atuar em tarefas ligadas à construção civil, muitos viram a sua vida transformar e se

tornaram um exemplo de superação para todos. É o caso de Manoel Messias da Silva. “Depois de 13 anos preso, para mim foi uma grande honra voltar a trabalhar do lado de fora”, afirma. Envolvido no plantio do gramado durante a reforma, ele se destacou no trato com o imenso tapete verde. Resultado: foi admitido e hoje é responsável por cuidar do campo, fazendo a marcação das linhas, colocar e retirar grades e, claro, deixar a grama em boas condições. Apesar de ainda cumprir pena em regime domiciliar, Manoel se casou e agora quer voltar a estudar. “Estou muito feliz de ser reconhecido pelo meu trabalho e retribuir a confiança que depositaram em mim.”

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JUNHO DE 2014 | ECOLÓGICO  65


ESPECIAL MINEIRÃO SUSTENTÁVEL

REPRODUÇÃO

Histórias e curiosidades

OMAR FREIRE / IMPRENSA MG

O MINEIRÃO foi inaugurado em 05 de setembro de 1965, com o nome Estádio Minas Gerais

A FACHADA do estádio é tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte e, por esse motivo, não pôde ter sua estrutura física externa alterada.

SECOPA MG / DIVULGAÇÃO

EM SUA HISTÓRIA, foram realizados cerca de 3.400 jogos, com mais de 9,3 mil gols. A maior goleada dos quase 50 anos do estádio foi em outubro de 1980, quando o Cruzeiro fez 11 a zero em cima do Flamengo de Varginha.

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A SEGURANÇA também é prioridade no Mineirão. Cerca de 3.500 orientadores de público e 2.300 brigadistas civis compuseram o efetivo de segurança nas partidas de futebol realizadas no estádio em 2013. Os seguranças privados da arena trabalham em conjunto com as polícias Militar e Civil e o Corpo de Bombeiros. No mês passado, mil integrantes dos órgãos de Defesa Social e Saúde de Minas e do Brasil também participaram de uma atividade simulada para atuação em caso de atentado terrorista.


MARCOS HERMES

AGÊNCIA I7 / DIVULGAÇÃO

NO PRIMEIRO ano de operação do novo Mineirão, mais de 40 mil pessoas visitaram o Museu Brasileiro do Futebol. Inaugurado em março do ano passado, o espaço mantém bens materiais e imateriais do futebol brasileiro, além de abrigar exposições fotográficas.

REPRODUÇÃO

DIVULGAÇÃO

A COPA das Confederações e o Campeonato Mineiro de 2013 foram uma prova de fogo para o novo Mineirão, que teve alto índice de aprovação pelo público e pela crítica. Em um ranking publicado pelo site UOL, o estádio foi o mais bem avaliado nos quesitos “Atendimento” e “Banheiro e Limpeza” durante a Copa das Confederações.

ÃO

DIVULGAÇ

MAIS DE 50 MIL cadeiras antigas do Mineirão foram doadas para ginásios e estádios do interior de Minas.

ARTISTAS como Paul McCartney, Elton John e Beyoncé realizaram shows com sucesso de público e crítica no Mineirão, em 2013: apenas o exbeatle reuniu 53 mil pessoas na capital mineira. Ele cantou hits tanto da carreira solo quanto do grupo que o alçou ao sucesso mundial.


ALESSANDRO P. MENDONÇA

1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

REGINA CROSARA (ao centro), com alunos participantes do projeto: comprometimento ecológico reconhecido

EXEMPLO SUSTENTÁVEL

Projeto escolar do Triângulo Mineiro é destaque em premiação estadual Marcos Fernandes

redacao@revistaecologico.com.br

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m 2010, a professora Regina Crosara identificou, nos jardins da Escola Estadual Professor Ignácio de Souza, em Uberaba, alguns caramujos que estavam se alimentando das plantas. Incomodada com o estado delas, a professora passou a cuidar dos jardins e, aos poucos, foi sendo acompanhada pelos alunos. Essa colaboração ultrapassou os muros da escola e foi reconhecida em todo o estado, ao vencer a categoria “Experiências e iniciativas de sucesso realizadas sem auxílio técnico/financeiro”, da 8ª edição do Prêmio Excelência em Gestão do Governo de Minas. “Fazíamos a manutenção dos jardins depois que as aulas terminavam. Pedi, então, o afastamento das salas e em 2012 consegui ficar apenas com projetos. Além de cuidar dos jardins, também implantamos um Programa de Coleta Seletiva”, diz Regina. O

trabalho vencedor recebeu o título de “Menores Ciclos de Vida dos Resíduos Sólidos no Espaço Escolar: da Ação à Educação” (ou “Projeto Verde”, como o chamam carinhosamente na instituição). A escola tem uma área de mata bem extensa (ao todo são 6.936,5 m² de terreno), e os estudantes, que não só fazem a jardinagem, ajudam também na coleta e na destinação correta de papeis e papelões, prevenção contra a dengue, vacinação, palestras com psicólogos e diversas outras atividades. “Para conseguir algum dinheiro, organizamos brechós, rifas e realizamos a venda de bombons. Mas o nosso gasto é pequeno, porque buscamos várias parcerias. Temos adubo, mudas, tambores e lixeiras improvisadas.” O Projeto Verde, agraciado com R$ 8.000 na premiação, além de agregar valor prático da biologia ao aprendizado dos estudantes,

tem mudado a atitude deles frente ao mundo. É o caso de Amanda Souza, 13 anos, que está na oitava série. O contato com a professora teve início durante uma feira de ciências na Universidade Federal de Uberaba (UFU), quando Amanda apresentou um trabalho sobre compostagem. “Aprendi muita coisa desde que entrei no projeto e me senti muito querida. Ajudo a escola e a mim mesma. Tudo que aprendo lá eu trago para casa”, diz. Acima da contribuição para a limpeza do espaço escolar, conscientização dos colegas e cultivo de alface, cebolinhas e outras verduras, a prática que Amanda mais carrega para seu cotidiano é a coleta seletiva. Tanto que ela até decidiu mudar as coisas no bairro onde mora. “Eu vou passando de casa em casa e explicando como o lixo deve ser separado.” É a educação além dos muros escolares. 

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BRUNO ALENCASTRO

1 SAÚDE

FERNANDO ao lado do retrato da avó, Nilva: uma relação feita de alegrias e pequenas histórias

O SORRISO DA MEMÓRIA Exemplos como o do jornalista gaúcho Fernando Aguzzoli, que largou a faculdade e o trabalho para cuidar da avó com Alzheimer, mostram que atitudes afetuosas contribuem para uma melhor qualidade de vida dos pacientes Marcos Fernandes

redacao@revistaecologico.com.br

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ernando Aguzzoli descobriu-se pai aos 21 anos. A história não teria virado sucesso nas redes sociais nem rendido diversas reportagens pelo Brasil não fosse por um detalhe: sua “filha”, Nilva de Lourdes Aguzzolli, tinha o triplo da sua idade, 73 anos. Nilva era, na verdade, avó de Fernando, mas o neto decidiu inverter os papéis de “quem-cuida-de-quem” quando o Mal de Alzheimer bateu às portas da família. Foi aí que ele assumiu uma pa-

ternidade que, ao contrário das outras, não trataria de um nascimento, mas de um encerramento. Vovó Nilva, como era chamada, morreu em dezembro de 2013 deixando órfãos, além de Fernando, as mais de 55 mil pessoas que curtiram sua página no Facebook e acompanharam os divertidos causos dos dois. O drama dos Aguzzoli começou quando a família percebeu que a matriarca passou a manifestar uma indisposição diária. Os re-

médios para pressão alta não tinham mais hora marcada: às vezes, Nilva tomava dois; às vezes, nenhum. “Depois disso, o médico que a atendia desconfiou da síndrome e, após os exames, recebemos o diagnóstico”, lembra o neto. No início, o contato com pessoas que passavam por situação semelhante não serviram para levantar a bola de Fernando. “Eles sempre me assustavam dizendo que íamos ficar doentes também, que isso abalaria as estruturas familia-

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ARQUIVO PESSOAL

VOCÊ SE LEMBRA?

TRÊS PRINCIPAIS SINTOMAS DO ALZHEIMER l Esquecimento que todos percebem, menos o doente. l Esquecimento que piora ao longo do tempo. l Esquecimento que impede o doente de fazer coisas que desempenhava com facilidade (fazer compras, cozinhar, sair sozinho).

FERNANDO E NILVA nas Cataratas do Iguaçu. Três meses antes de ela morrer, ele e a família realizaram o sonho da avó em visitar as cachoeiras

res e que seria uma droga! Mas eu não queria internar minha avó em uma clínica.” Foi então que decidiu seguir outro caminho: de forma divertida, passou a contar no Facebook momentos hilariantes da avó, quando, por exemplo, ele disse que a estampa que a “filha” estava usando era cafona. - “Cafona é a tua vó!”, contestou Nilva. -“Tu é minha avó!”, rebateu Fernando. -“Quem, eu?” -“Sim!” -“Então é a outra!”, disse ela, antes de cair na risada. DESMITIFICANDO O ALZHEIMER Apesar de fazer graça, o exemplo de Vovó Nilva prestou um grande serviço de utilidade pública aos internautas. Nas postagens, Fernando passou a incluir informações que desmistificam a Doença e a aproximam da realidade dos que convivem com os pacientes.

“Eles [os doentes] confundem com muita frequência geladeira com armário, microondas com secadora e controle da TV com telefone. Por isso é preciso estar sempre muito atento”, disse ele, em uma das mensagens. Encarar a doença sem preconceitos é um passo importante para quem cuida, pesquisa ou tem Alzheimer. “Saber identificar corretamente os sintomas no princípio da doença ajuda no tratamento e pode reduzir os impactos da demência (veja dicas no box da próxima página). O primeiro passo é abandonar a ideia de que Alzheimer é sinônimo de esquecimento, porque isso todo mundo tem”, afirma Edgar Nunes, médico geriatra da Unimed-BH e coordenador do Centro de Referência em Atenção ao Idoso do Hospital das Clínicas da UFMG. Para ele, o que deve mesmo ser observado é a perda das habilida-

des de se realizar coisas que antes eram comuns. “Alguém que, por exemplo, gerencia finanças, vai ter problemas em administrar dinheiro. Já as mulheres podem, por exemplo, ter dificuldade para realizar tarefas domésticas. Até já atendi um taxista que começou a se perder nas ruas da cidade. O grande problema é que eles acham isso normal da idade. Há sempre desculpas como ‘ah, ele está cansado’ ou ‘é porque está morando sozinho’. Mas é preciso que a família esteja atenta aos sintomas”, afirma o médico. NÃO É COISA DE VELHO! Muita gente acha que o Alzheimer é causado pela idade, mas, na verdade, não é bem assim que acontece. Se uma pessoa envelhece naturalmente, nada impede que ela tenha memória o suficiente para resolver os problemas do cotidiano. “No envelhecimento normal, as pessoas continuam com

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1 SAÚDE sua memória preservada e podem ter apenas uma perda discreta”, alerta o especialista. O que acontece é que o processo de se tornar velho está relacionado ao aumento do risco de certas doenças (como câncer, infarto e AVC), mas, ainda assim, é só uma questão de probabilidade. “Ao mesmo tempo em que o envelhecimento é um troféu que a pessoa deve comemorar, ele traz consigo alguns riscos. Mas uma coisa é dizer que a Doença de Alzheimer acontece com certa frequência no idoso, outra é ser causada pela idade.” O problema é que o risco de desenvolver a doença só aumenta com o tempo: na faixa entre 60 e 70 anos, a chance é de 12%. Acima de 80, fica entre 20% a 30%. “Mas a alteração patológica que leva ao Alzheimer começa na idade adulta”, alerta Nunes. “Quem vai ter Alzheimer já tem uma modificação no cérebro aos 30 ou 40 anos. Ela começa nessa época e se manifesta na velhice.” Não existe, ainda, consenso sobre o que causa a síndrome, mas sabe-se que a hereditariedade pode ter alguma influência no seu aparecimento, além de hábitos de vida inadequados – pressão e colesterol altos e a falta de atividade física aumentam os riscos. CUIDANDO DE QUEM CUIDOU Como carece, também, de uma cura, o tratamento do Alzheimer busca melhorar o bem-estar do paciente, seja por meio de medicamentos seja pela reeducação da família, que deve aprender a lidar pacientemente com os problemas que poderão surgir. É nesse contexto que aparece a imagem do “cuidador”, aquele que fica responsável, usualmente em tempo integral, pelo doente – que é como Fernando acabou ficando conhecido. “A vida continuou ‘normal’ até onde foi possível. Depois fomos trazendo ela para perto até o momento em que, silenciosamente, ela passou a morar conosco”, ele

Dicas para reduzir

os riscos de desenvolver demência

Exercite seu corpo. A atividade física estimula o fluxo sanguíneo para o cérebro.

Controle sua saúde - tensão arterial, colesterol, glicemia e peso.

Evite maus hábitos. Não fume, beba com moderação e não prescinda das horas de sono.

Ative seu cérebro! Aprenda coisas novas, estimule o raciocínio e pratique passatempos.

Opte por alimentos saudáveis e reduza as gorduras saturadas.

Mantenha uma vida social ativa por meio do convívio e de atividades de lazer.

Utilize medidas de segurança para evitar bater com a cabeça.

Fonte: Associação Alzheimer Portugal

conta. “Todo esse processo representou uma mudança bem grande para mim, mas eu não encaro como se tivesse ‘deixado tudo’ para cuidar dela. Apenas a convidei para entrar em uma aventura, que acabou sendo linda e importante para todos nós.” A advogada mineira Gleis Silva Rodrigues, 31, passou por situação semelhante quando a avó Alaíde Maria Silva foi diagnosticada com Alzheimer aos 65 anos. “Ela fazia almoço todos os dias. Mas aí passou a não colocar sal na comida, outro dia atrapalhava a carne. A gente foi percebendo que era a memória mesmo que estava falhando”, diz. “Você acaba crian-

do uma criança. Mudou totalmente a rotina lá de casa, porque ela não queria dormir, trocava o dia pela noite. Às vezes, ela levantava e não vestia a blusa, queria ficar só de saia. Deixávamos minha avó à vontade. Não tinha como ficar brigando com a pessoa, forçá-la a fazer o que ela não quer.” Esse tipo de tratamento, em que o cuidador e os familiares “entram no jogo” do paciente, é essencial, de acordo com o médico Edgar Nunes. “O paciente tem alterações comportamentais que o levam a ter uma interpretação errada dos fatos do cotidiano. Começa a imaginar coisas que não estão acontecendo. Então, a famí-

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SIAM


renda, que não têm condição para pagar por ajuda médica. “Isso é um problema de ordem político-social, porque hoje o Estado está muito pouco preparado para dar resposta a essas pessoas. O Alzheimer é uma doença cara. Hoje há várias coisas que o governo pode oferecer, mas ainda é muito pouco.” POR UM FINAL FELIZ Na casa de Gleis, havia momentos em que os cuidados com dona Alaíde envolviam todo mundo. “À noite, ela cismava de subir em um banquinho para trocar a lâmpada. Só que ela não queria trocar, queria costurar a lâmpada. Então, fingia que estava sempre enfiando uma linha na agulha”, conta a advogada. Mas essa fase de agitação, para Gleis, deve ser vista com bons olhos pelos familiares, apesar de exigir muita paciência. “É cansativo? Demais. Mas tem que aproveitar enquanto eles estão fazendo bagunça, arte, porque chega uma

certa fase da doença que eles parecem desistir de viver. Esse foi o momento mais difícil pra mim.” No entanto, as consequências do Alzheimer não impedem que a doença seja tratada de forma mais saudável – sobretudo quando se pensa que todos somos mortais e desejamos igualmente um final de vida feliz, independentemente de nossa situação. A história de Vovó Nilva, por exemplo, só nos lembrou que conduzir o cotidiano com mais leveza não atrapalha ninguém. Só ajuda. “Ou tu ris ou tu sucumbes ao desespero”, sentencia Fernando, com seu sotaque gaúcho. As postagens e histórias sobre Vovó Nilza serão publicadas no livro “Quem, eu?”, com previsão de lançamento ainda neste mês. E como o famoso neto aprendeu, ao realizar o sonho da avó em conhecer as Cataratas do Iguaçu: “o que interessa não é a duração dos sorrisos. O que importa é que eles, um dia, estiveram ali”.

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lia tem que ser bem orientada para cuidar dele. É muito comum que partam para um enfrentamento, comecem a explicar demais para o familiar que ele esqueceu, e isso é péssimo”, afirma. Nessa hora, o melhor é seguir a terapia da validação – concordar com o paciente e não forçá-lo a compreender o mundo de outra forma que não a dele. “Obviamente isso não significa deixar o paciente fazer de tudo”, explica Nunes. “A Doença de Alzheimer é uma doença da família. Se ela não está preparada, a coisa implode e afeta todo mundo.” Em muitos casos, no entanto, a relação entre o idoso e o cuidador acaba sendo desgastante e impacta a qualidade dos cuidados cedidos ao paciente. É complicado, por exemplo, quando algum familiar deixa de ter vida própria em prol do paciente, que necessita de atenção severa. No entanto, segundo Moraes, essa é a realidade de várias famílias, principalmente as de menor

NO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE O SETOR SUCROENERGÉTICO ALERTA: A produção de etanol e bioeletricidade (energia elétrica do bagaço de cana) está em crise com o fechamento de mais de 50 empresas no país.

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MARCOS GUIÃO (*) redacao@revistaecologico.com.br

MARCOS GUIÃO

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NATUREZA MEDICINAL

MELÃO-DE-SÃO-CAETANO

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e repente, surgiu um vazio entre um trabalho e outro e tive tempo suficiente para voltar à roça de Chico da Mata, lá no meio dos Gerais. Passado nem um “tim” de nossa chegada, surgiu Dona Roxa, mulher atolada na função materna, que entre resmungos e rogados fiquei sabendo ser mãe de 13 filhos. E, no dizer dela, “o pobrema num é a fiarada, mas o tormento derivado deles”. Não pude deixar de concordar, pois só com três eu já penava. E daí fiquei a imaginar como seria cuidar dessa tanteira de filhos. Vizinha antiga de Chico e Dona Linda, sua busca de recursos por ali era frequente. E hoje a preocupação era devido a uma infestação de piolho em vários dos meninos menores. Aquilo era uma fadiga sem base, com uma cafubiragem medonha por parte dos pequenos, que estavam se acabando de tanto coçar. Só de ouvir, já me peguei coçando a cabeça e, disfarçadamente, comecei a observar minhas unhas em busca de lêndeas. Chico deu de perguntar daqui e dali, atentando nas respostas para entender o porquê de ela já ter feito um monte de coisas e, ainda assim, as crianças não terem melhorado. Não demorou nadica e Dona Linda deu o veredito: “Isso é piolho de defunto!”. Admirado, não me restou muito mais que perguntar: “Como assim?” Ela explicou, paciente e detalhadamente: “Óia moço, isso se dá quando a criança pega piolho de um vivente já falecido. Pra romper com isso,

tem de se fazer um chá forte do melão-de-são-caetano (Momordica charantia) e dispois juntá um pedaço de sabão diquadra virgem para derreter junto. Antão, com essa mistura, se lava a cabeça do minino e só enxagua dispois de um tempinho.” Mais admirado ainda fiquei ao ouvir a próxima recomendação de Dona Linda: “Pois óia, Dona Roxa, carece docê coletá um cadinho dos piolhos e das lêndeias, pra dispois levá eles até o cemitério e enterrá os bichinhos na cova de alguém defuntado de pouco. Esse arranjo deve de cê feito numa sexta-feira à noite, ouviste?” Dona Roxa concordou com tudo e saiu rumo à sua roça pra dar cabo da empreita. E, pra trás, me deixou com a cabeça caramiolando. De minha parte, eu já tinha conhecimento das indicações mais tradicionais do melão-de-são-caetano: as doenças de pele, tipo eczemas, acne e fungos, além de tratar a febre e agir como digestivo e tônico geral. Ele também é muito usado nos diabéticos, por suas propriedades hipoglicemiantes. Os banhos preparados com suas ramas têm ação nas menstruações difíceis e nas cólicas intestinais por vermes. Pesquisando, vi que ele tem duas vezes a quantidade de potássio de uma banana, além de ser rico em vitaminas A e C. No entanto, seu sabor amargo o afasta da culinária cotidiana. Depois de umas semanas, fiquei sabendo que a meninada de Dona Roxa estava em paz e a piolhada sumida. Macumbaria? Talvez... Até a próxima lua! 

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FOTOS: RENATO COBUCCI / IMPRENSA MG

1 CULTURA

FERNANDO COURA, Manoel Vitor, Alberto Pinto Coelho, André Gerdau e Eliane Parreiras: inaugurando uma nova fase de conhecimento e cultura para Minas e o Brasil

SHOW DE BOLA CULTURAL Parceria, confiança e sustentabilidade marcam a nova fase do agora MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade, em BH

N

a véspera da abertura da Copa, a empresa líder no segmento de aços longos nas Américas e uma das principais fornecedoras de aços longos especiais no mundo marcou mais um gol de placa na área cultural. Com a presença do governador Alberto Pinto Coelho, da secretária estadual de Cultura, Eliane Parreiras, e do presidente do Ibram, Fernando Coura, a Gerdau inaugurou a nova fase do museu, mudando seu nome e anunciando melhorias na infraestrutura do antigo es-

paço criado e administrado, até dezembro do ano passado, pela EBX (ex-Eike Batista). Mais que isso, a empresa também anunciou a manutenção de um espaço específico e interativo para o público visitante se informar sobre sustentabilidade. Recepcionado pelo CEO da Gerdau, André Bier Gerdau Johannpeter, o governador destacou a importância da celebração: “O governo sozinho pode muito pouco. Mas, em parceria, pode muito. E a sociedade é que ganha. Isso tem sido uma tônica ao lon-

go das últimas administrações do estado. É sentar à mesa, discutir as questões relevantes de Minas, formar parcerias, buscar conciliar os interesses, olhando os aspectos da iniciativa privada e os da coletividade.” Ao que o empresário também destacou, lembrando que, nos últimos três anos, Minas recebeu 40% de todos os investimentos do grupo no país: “Isso demonstra a nossa parceria e confiança”, afirmou. NOVA FASE Além da pintura externa, realizada

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“O governo sozinho pode muito pouco. Mas, em parceria, pode muito. E a sociedade é que ganha. Isso tem sido uma tônica ao longo das últimas administrações do estado.” ALBERTO PINTO COELHO, governador de Minas

O MUSEU utiliza recursos tecnológicos para destacar, de forma lúdica e interativa, temas relacionados à sustentabilidade

por meio de uma técnica que contribui para a preservação do patrimônio histórico, estão sendo feitas manutenções internas, previstas no plano de trabalho assinado junto ao Governo de Minas. A previsão é de que sejam investidos R$ 11,5 milhões nos próximos cinco anos. O MM Gerdau abriga um importante acervo sobre mineração e metalurgia, duas das principais atividades econômicas do estado. Usa recursos tecnológicos para destacar, de forma lúdica e interativa, a importância dos metais e minerais no cotidiano das pessoas. Além disso, marca a relação entre a história e as expressões culturais do estado com a riqueza de seus recursos naturais. O museu ocupa o antigo edifício da Secretaria de Estado da Educação, inaugurado em 1897 e tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de

Minas Gerais (Iepha/MG). O projeto de ampliação e adequação do prédio é do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Recebe, em média, cinco mil visitantes por mês e totaliza 255 mil visitas desde 22 de junho de 2010, quando foi aberto ao público. A entrada no local é gratuita e o prédio está aberto de terçafeira a domingo, das 12h às 18h. Na quinta-feira, o horário de funcionamento é estendido até às 22h. CIRCUITO & SUSTENTABILIDADE O Circuito Cultural Praça da Liberdade é o maior complexo cultural do país. São 11 espaços e museus em funcionamento, além de outros cinco em fase de implantação. Desde 2010, data de sua implementação, o circuito foi visitado por mais de 2,88 milhões de pessoas. Já a Gerdau, que recentemente passou a atuar em dois novos mercados no Brasil, com a

produção própria de aços planos e a expansão das atividades de minério de ferro, tem a sua pegada sustentavelmente conhecida. No ano passado, ela ganhou o “IV Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade” – o “Oscar da Ecologia”, na Categoria “Melhor Empresa Parceira”, por suas ações tanto na área de educação ambiental, atingindo 260 mil alunos e professores em cinco municípios onde atua, quanto por ter encabeçado, de maneira espontânea e em parceria com o governo, a preservação e a implantação do Parque Estadual de Ouro Branco, acoplando-o à sua Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), pondo fim a uma história nada sustentável de 300 anos de desmatamento ao seu redor. SAIBA MAIS

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SHUTTERSTOCK


FOTOS SMED

1 ECOLÓGICO NAS ESCOLAS - HORTAS ESCOLARES

ESTUDANTES da Escola Municipal Governador Ozanam Coelho, no bairro Capitão Eduardo, região Nordeste de BH, fazendo a manutenção da horta: exemplo ambiental

CANTEIROS DE SAÚDE Uma iniciativa barata e de fácil manejo, o cultivo de hortaliças nas escolas incentiva a preservação ambiental e garante uma alimentação de qualidade aos estudantes

Adubação:

é a prática agrícola que consiste em fornecer adubos ou fertilizantes ao solo, a fim de recuperar ou preservar a sua fertilidade, suprindo a carência de nutrientes e proporcionando o desenvolvimento das plantas e culturas vegetais.

Nutrição:

é um processo biológico em que os organismos (animais e vegetais), por meio de alimentos, absorvem nutrientes para a realização de suas funções vitais.

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H

á coisa melhor do que colher alimentos fresquinhos, sem agrotóxico, bem ao lado da sala de aula? E, de quebra, deixar o espaço ainda mais verde e bonito? Uma iniciativa cada vez mais comum em instituições de ensino, as hortas escolares trazem uma série de benefícios para estudantes e professores, que incluem a adoção de hábitos alimentares saudáveis e, claro, a preservação do meio ambiente. De acordo com a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, aprovada em 1999, a alimentação e a nutrição “são requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania”. E um dos melhores ambientes para

incentivar a alimentação saudável é a escola, espaço social onde muitas pessoas convivem, aprendem e trabalham juntas. No contexto escolar, a horta funciona como um laboratório vivo para a realização de diferentes atividades didáticas. Além de proporcionar uma grande variedade de alimentos a baixo custo, diversificando o cardápio, a iniciativa propõe um trabalho interdisciplinar, por meio do qual o professor pode tratar de diferentes conteúdos – ciência, saúde, meio ambiente, matemática etc – e, ainda, assegurar que crianças e jovens resgatem a cultura alimentar brasileira. Mas como fazer uma horta? Como ela deverá ser cuidada? Quais hortaliças poderão ser cultivadas? Para responder a essas


FIQUE POR DENTRO

PROGRAMA CULTIVAR, NUTRIR E EDUCAR Uma iniciativa do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, promove a qualidade e a segurança alimentar e nutricional. Uma de suas ações é estimular hábitos alimentares saudáveis, realizar ações educativas e monitorar o estado nutricional dos alunos da rede estadual de ensino. Para mais informações, acesse o link: http://goo.gl/IDFij8 PROGRAMA HORTAS ESCOLARES E COMUNITÁRIAS Implantado pela Prefeitura de BH, através da Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional, desenvolve e executa programas e projetos visando o incentivo à agricultura urbana com foco na produção de alimentos. O programa estimula a criação de hortas em escolas da rede pública de ensino, hospitais, asilos, creches e outros. Link: http://goo.gl/ZA00CR

questões, a ECOLÓGICO se inspirou no “Manual para Escolas: Horta”, uma publicação do projeto “A Escola promovendo hábitos alimentares saudáveis”, que faz parte de uma parceria do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília com o Ministério da Saúde, por meio de seu Departamento de Política de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Políticas de Saúde. PREPARANDO A HORTA O primeiro passo, aponta o documento, é procurar a orientação de um agrônomo ou um técnico agrícola. Se a instituição de ensino tiver algum professor, pai ou funcionário que já tenha conhecimento prático no cultivo de

O CONTATO com a produção de uma horta desperta nos alunos o interesse pelo plantio, manejo da terra e cuidado com a alimentação

hortaliças, melhor ainda! O segundo passo é a escolha dos alimentos a serem plantados. Nessa hora, é importante que os alunos acompanhem o processo, pois, após o preparo dos canteiros, eles já podem cuidar do plantio e da manutenção da horta. O local mais indicado para o cultivo de hortaliças deve ser um terreno plano, com boa luminosidade e longe de sanitários e esgotos. A terra também deve estar revolvida e é importante que a horta esteja localizada em um espaço com acesso restrito de pessoas e animais. E, claro, deve-se ter água disponível para irrigar e drenar as hortas. Para realizar o preparo da terra e o plantio, será preciso a utilização de ferramentas, como enxada, regador, sacho (para abrir pequenas covas) e um carrinho de mão, para transportar a terra e o adubo. Mas, atenção: esse trabalho deve ser feito por um adulto, de forma cuidadosa. Também é indicado o uso de equipamentos de proteção individual como luvas e botas, pois alguns instrumentos podem causar ferimentos se mal utilizados. As crianças, no entanto, podem acompanhar o trabalho, mas devem manter distância durante o transporte e o manuseio das ferramentas. Em seguida, é hora de preparar

e adubar os canteiros, que devem ter dimensões de 1,20 m x 2 a 5 m. Depois de remexer a terra, eles podem ser demarcados com o auxílio de estacas e cordas. O ideal é que estejam a 50 cm de distância. As covas devem ser feitas, no mínimo, 18 dias antes do plantio e seu espaçamento varia conforme a hortaliça, com tamanhos padrões de 20 x 20 cm ou 30 x 30 cm de largura e de 20 a 30 cm de profundidade. Para o adubo, o manual dá uma ótima dica: “resíduos vegetais e animais, tais como palhas, restos de cultura, cascas e polpas de frutas, pó de café, folhas e esterco, quando acumulados, apodrecem com o tempo e se transformam em húmus, que é um composto natural”. CUIDAR É PRECISO Fazer a manutenção de uma horta requer atenção e cuidado. Por isso, ela deve ser regada duas vezes ao dia, de forma que o solo não fique encharcado, evitando assim o aparecimento de fungos. Essa tarefa pode, inclusive, ser realizada por meio de um revezamento de turmas. “A horta tem que ser mantida limpa, as ervas daninhas e outras sujidades devem ser retiradas diretamente com a mão. A cada, colheita, deve ser feita a reposição do adubo para garantir a qualidade da terra e das hortaliças”, orienta o manual.

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1 ECOLÓGICO NAS ESCOLAS - HORTAS ESCOLARES

Plantando hortaliças Conheça, a seguir, informações de plantio e dicas de alimentos que vão deixar a horta de sua escola ainda mais colorida e saudável:

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TOMATE Melhor época de plantio: agosto a dezembro. Colheita: 120 dias. Tamanho da cova: 80 x 50 cm.

COUVE-COMUM Melhor época de plantio: março a julho. Colheita: 90 dias. Tamanho da cova: 50 x 50 cm.

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ALFACE Melhor época de plantio: todo o ano. Colheita: 60 a 80 dias. Tamanho da cova: 30 x 30 cm.

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CENOURA Melhor época de plantio: entre maio e julho. Colheita: 80 a 90 dias. Tamanho da cova: 20 x 10 cm.


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SALSA Melhor época de plantio: todo o ano. Colheita: 40 a 50 dias. Tamanho da cova: 20 x 5 cm.

CEBOLINHA VERDE Melhor época de plantio: todo o ano. Colheita: 75 dias. Tamanho da cova: 10 x 10 cm.

HIGIENE É FUNDAMENTAL Para garantir alimentos de qualidade, é preciso seguir regras básicas de higiene, pois a terra utilizada no cultivo contém microorganismos que, se não retirados, podem ocasionar doenças:

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- As hortaliças que serão comidas em estado cru devem ser lavadas em água filtrada ou fervida. Em seguida, devem ser mergulhadas em um recipiente com vinagre (uma colher de sopa de vinagre para um litro de água) por 15 minutos. Depois de retirados, os alimentos devem ser lavados novamente.

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PIMENTÃO Melhor época de plantio: agosto a setembro. Colheita: 130 a 150 dias. Tamanho da cova: 60 x 60 cm.

- Antes de cortar as hortaliças, é necessário lavar corretamente as mãos para retirar a sujeira, principalmente entre os dedos e nas unhas.

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- As hortaliças devem ser mantidas longe de insetos, animais, poeira e fumaça. Além disso, é importante que elas fiquem longe de produtos químicos que podem provocar intoxicação.

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BETERRABA Melhor época de plantio: entre maio e setembro. Colheita: 75 a 90 dias. Tamanho da cova: 30 x 30 cm.

1. ZSUZSANNA KILIAN 2. SHUTTERSTOCK 3. ROB OWEN-WAHL 4. JEAN SCHEIJEN 5. REPRODUÇÃO 6. HENRIK JENSEN 7. BRYBS 8. MORTEN STRUNGE MEYER

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- A manutenção da higiene na cantina escolar também é importante para evitar a contaminação de hortaliças. Deixe o local sempre limpo, sem restos de comida, e o lixo recolhido. FONTES: Manual para Escolas - Horta/ Departamento de Nutrição - Universidade de Brasília (UnB); Departamento de Política de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde; CPT; Fundação Demócrito Rocha.

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1 ECOLÓGICO NAS ESCOLAS - DUAS PERGUNTAS PARA... CARMEN ZITA COELHO

Nutricionista e mestre em Bioquímica e Imunologia pela UFMG

RIQUEZA DE NUTRIENTES tratamento, assim como serem funcionais em diversos processos bioquímicos. Em sua opinião, quais hortaliças não devem faltar em uma horta? Por quê? O alface, pelo seu sabor suave, ser rico em fibras e ácido fólico, e pela sua beleza - afinal, um prato bonito também é importante! Couve, que tem ácido fólico, betacaroteno, cálcio e ferro (biodisponível quando associado à vitamina C), luteína (importante para a acuidade visual) e vários fotoquímicos anticancerígenos. Também sugiro o agrião. Apesar de seu sabor amargo, é rico em ácido fólico, cálcio e ferro. A cenoura, que possui betacaroteno e ajuda na visão, na reconstituição epitelial e no crescimento. Beterraba e brócolis (ricos em fibras), e, for fim, cebola e tomate, que têm substâncias anticancerígenas.  SAIBA MAIS

www.carmenzita.com.br nutricionista@carmenzita.com.br

ISTOCK

Qual a importância dos legumes e das verduras para a alimentação? As verduras e os legumes são ricos em fibras solúveis (que são absorvidas e, na corrente sanguínea, podem ajudar a captar o colesterol, prevenindo ateromatose) e insolúveis (que não são absorvidas e, no intestino, podem ajudar a formar o bolo fecal e melhorar o trânsito intestinal, prevenindo inflamações, diverticulite, câncer de intestino, etc.). Essas hortaliças também são ricas em vitaminas do complexo B, fundamentais como coenzimas no processamento e aproveitamento dos nutrientes calóricos; em vitaminas antioxidantes, responsáveis por evitar os danos celulares em qualquer parte do organismo, incluindo o endotélio vascular; e em sais minerais, que participam, de uma forma geral, na estrutura corporal e nas funções bioquímicas das células. E, por fim, de fitoquímicos, substâncias capazes de prevenir o câncer e ser coadjuvantes no seu


FINAL - WAYCARBON 5 DE JUNHO Cuidar do Planeta Compensa.pdf 1 29/05/2014 18:00:47

tinno

CUIDAR DO PLANETA COMPENSA

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Aproveite o Dia Mundial do Meio Ambiente para dar um presente ao planeta.

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ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENG (*) DE PEQUIM, CHINA

AQWIS

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OLHAR EXTERIOR

NORUEGA, a terra dos vikings: depois de quatro anos em Pequim, o retorno para casa

TEMPO DE

MUDANÇA E

screvo entre caixas. Dezenas delas, aglomeradas em todos os cômodos da casa. Quatro anos se passaram. E, agora, nossa aventura pela China, nossa estadia em Pequim, chega ao final. Pelo menos por enquanto. É tempo de voltar para casa, para a terra dos vikings: a Noruega. E me pergunto sobre o futuro, já que aprendi que o slogan “o futuro a Deus pertence” é uma meia-verdade. Sim, há certas circunstâncias que estão fora de nosso controle. Mas, até mesmo em tais ocasiões,

nos é dada a opção de escolher como reagir, nos sentindo vítimas da divina tragédia da vida ou coletando experiências que proporcionam o fortalecimento de nosso caráter. O futuro, também aprendi, é moldado principalmente por dois fatores: a atitude no presente, que adotamos para conosco e o outro (a vida retorna em dobro nossas ações, sejam elas boas ou más); e como visualizamos nosso futuro. Claro que o simples ato de sonhar não é sufi-

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“E me pergunto agora, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, que estilo de vida seria interessante ultrapassar, evoluir, para poder abrir espaço para um outro futuro florescer?”

ciente para atrair o que desejamos. Entretanto, sejo para o nosso planeta? Considerando a poluição sem o sonho não há direção e sem o desejo não há leitosa, química e mortífera que constato lá fora, a ação. Tal constatação é aterrorizadora, porque nos mesma que venho aspirando para dentro de meus faz autores de nosso próprio destino. Não há nin- pulmões há quatro anos, fica fácil elaborar o meu guém mais a quem possamos responsabilizar – ou primeiro desejo: um planeta rico em ar puro. culpar, se assim desejar – por nossas vidas, a não Do 32˚ andar, olho para baixo e avisto as ruas e alser a nós mesmos. guns viadutos completamente abarrotados de carE tal conclusão me leva a expandir meu questio- ros. Como poderemos deixar de poluir, considerando namento sobre qual futuro escolher e construir para nossa dependência visceral por carros? Em tempos mim mesma, para então indagar: que futuro desejo de mudança, que marcam hoje a nossa civilização para o planeta Terra? Certamente, o meio ambien- moderna, me vem à mente a estratégia norueguesa te que sustentará para manter alta a quaa vida será aquele lidade do ar, mesmo em baseado em nossas suas grandes cidades. O ações presentes. governo investiu pesado Mas, será também em infraestrutura, insaquele que fabritalou pontos de recarga caremos a partir de para bateria de carros nossos sonhos, de elétricos em cada es������������������������������������ nossa imaginação. quina das cidades, além ��������������������������������������������� Da mesma made construir “postos de ����������������������������� neira em que, nesse eletricidade” espalhados tempo de mudança, por todas as estradas que passei semanas incortam o país. vestigando todos os Resultado: as vendas cantos da casa, tode carros elétricos discando em cada obpararam na Noruega no jeto e me pergunano passado. Até o final �e��e�������tu���o��o�r�mo��e�co��ultori������ulti�eo�o�erece��olu��e�� tando se desejava de 2013, havia 18 mil �er�o��li������e��e��u�li���e��te�t�����el��certi�c���o��������� carregá-lo por mais nas estradas, em comalguns anos em miparação com os oito mil nha vida (o que esno ano anterior. Muitos www.multigeo.com.br�� colho trazer comigo mais estão sendo ven��tri������o���ulo��������multigeo�multigeo.com.br����������������� �ili�l����elo��ori�o�te��������multigeob��multigeo.com.br����������������� me determina; não didos em 2014. Mesmo são apenas ‘coisas’, assim, carros elétricos mas sim lembrancompreendem apenas ças, histórias e, especialmente, sentimentos), me 0,7% dos automóveis naquele país, em comparapergunto agora, por ocasião do Dia Mundial do ção com 44% de motores a diesel. Meio Ambiente, que estilo de vida seria interessanNão importa: um futuro foi visionado, um plano te ultrapassar, evoluir, para poder abrir espaço para foi traçado, ações foram colocadas em prática e muum outro futuro florescer? danças de comportamento já estão sendo registraQuestionamento difícil, não é mesmo? Ser um das. Essas são as etapas a seguir para a construção visionário exige não apenas “pensar fora da caixa” do futuro que desejamos, tanto para as nossas vidas ou exercitar uma mente aberta; demanda também quanto para a do planeta. pensamentos estratégicos e disciplina para colocar Aproveite as celebrações do Dia Mundial do Meio em prática o que se imagina. Só assim pode o sonho Ambiente e desafie você mesmo a fazer um exercício se tornar realidade. visionário: que futuro você deseja construir?  Ainda entre caixas, vivendo nossas últimas semanas em Pequim, olho pela janela em busca de inspi(*) Life Coach, psicanalista e consultora internacional de comunicação. ração para responder a tal pergunta: que futuro deJUNHO DE 2014 | ECOLÓGICO  87

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OLHAR POÉTICO

ANTONIO BARRETO (*) redacao@revistaecologico.com.br

BAIXO D

esde que lancei o livro “Centro” (da coleção “BH, a cidade de cada um”), muita gente tem me perguntado o que é o Baixo Belô. Onde fica isso, exatamente? Sei que é assunto deveras complicado e controverso, bom pra ser discutido em boteco, enquanto a Copa vai rolando. Mas vou tentar botar mais lenha nessa fogueira, enquanto o tira-gosto não vem e a Lua Cheia vai respingando suas lágrimas, ainda tímida, sobre a Serra do Curral. Poucos sabem, mas há um número que demarca o ponto em que Belo Horizonte começa. Ou termina. 852,19. Ou seja: 852,19 metros acima do nível do mar. Essa é a altitude do lugar em que as decisões são tomadas, de onde partem as ordens para que a comuna suba ou desça. É ali que a cidade pode também, de repente, morrer de sede. É ali que a sede do poder também pode, de repente, botar tudo a perder. E ali não é boteco. Apesar da zona (e do zum-zum-zum zaranzado de alguns zumbis que zunem como moscas atrás de uma “zoluzão bara o zeu broblema búblico”: zzzzzzzzzzzz... bbbzzz...), ali não é lugar pra se adoçar a sede, nem atiçar a fome. Nem troviscar um copo de cachaça para esquecer o dia, o trampo, o engarrafamento, os buzinaços, os apitos, as vuvuzelas, as greves, os xingatórios e o insuportável bater de panelas que ali acontece,

hoje em dia, quase que diariamente. Hic! Zuz! Ali é a Prefeitura. Ops! A sede da cidade. Ajustemos, pois, nossas lentes. Zoom. Vamos prospectar o solo, a superfície. Comecemos arredondando o número: 852. É ali que as cotas planialtimétricas do terreno – como balanços semoventes, trapézios invisíveis de um circo passageiro – mais ou menos se estabilizam ou variam, num sobe e desce quase suportável de apenas cem ou duzentos metros. Tudo depende da direção que se queira tomar. Nessa variante, o relevo da cidade nos permite caminhar, pra cima ou pra baixo, com certa desenvoltura de malandragem, bailado ou ginga. E sem botar meio metro de gravata pra fora da boca. Sem canseira, suor, perna bamba e dor nos quartos. É ali que a maior parte da metrópole (70% dela) foi construída: entre as cotas 751 e 1.000. Mas é da Prefeitura pra baixo, entre 852 e 650 do atlas geográfico de Deus, na Depressão de Belo Horizonte, que se situa o famoso Baixo Belô: motivo de tanto lero-lero, enrolação e controvérsia. Pronto! Geologicamente falando, já está explicada uma parte da expressão-chave contida no título. Baixo Belô: a parte baixa da cidade. Simples assim. Onde a cidade começa a rastejar como uma cobra malemolente, tentando sair da calha média central do Ribeirão Arrudas: 836.

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"Não importa o nome da rua, da praça, do muquinfo. Por cima da capa, no mesmo chão queimado, continuará o tor­neio de sombras e silhuetas que se esparrodam em busca de um lugar no mundo."

Ali, a palavra “baixo” também começa a ganhar acepções de ordem socioeconômica e vira sinônimo de ordinário, reles, desprezível. Ou ainda: comum, simples, humilde. É a parte em que a “arraia miúda” – como dizia o contista João Antônio Ferreira – se amofina. Onde a classe média-baixa sonha em virar classe média. E a média: média-alta. Onde o ouro da cidade tem poucos quilates (se não for falso, batizado, que nem cachaça). Mas é exatamente aí onde as melhores histórias acontecem. Não importa o nome da rua, da praça, do muquinfo. Por cima da capa, no mesmo chão queimado, continuará o torneio de sombras e silhuetas que se esparrodam em busca de um lugar no mundo. Ou no metrô, no MOVE-BRT que acompanha a cobra do rio Arrudas. Ou nos lotações-sanduíche que se estufam pela Praça da Estação, ao lado do parisiense Museu de Artes e Ofícios. Ou pelas cercanias da Rodoviária onde, até hoje, se corre o risco de topar com o falante e contumaz camelô Tião Bequeca, a vender “remédios de cobra” aos passantes. Lá está ela, a inofensiva jiboia Conceição, pendurada no pescoço daquele homem que anuncia aos quatro ventos da cidade semovente que o seu veneno cura todo tipo de câncer, mal do fígado e mal de amor: gonorreia, paixão e até rejeição. Mas o faz durante a noite, quando os fiscais do Ibama e da Polícia Florestal já estão fora do expediente. É ali que a cobra Conceição também corre o risco de ser destrin-

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chada de cabo a rabo, e comida como tira-gosto, no palito. É ali que se pode ouvir o estalar dos beiços de seu dono, que tira o grau de uma 51, enquanto pensa em quarar no varal a pele daquela cobra de estimação: pra fazer sapato de madame e ganhar algum. Mas eis que, deslizando para leste, em direção à Oiapoque ou à Guaicurus, os pequenos hotéis, motéis e rendez-vous já estão lotados de peões trecheiros que correm o país levantando coisas. Ali, pelo menos, há furtivos encontros em que a palavra “amor” é pronunciada várias vezes. Ali, talvez, o prezado leitor (ou leitora) que ainda permanece curioso sobre o Baixo Belô, possa encontrar abrigo debaixo da cama de uma velha Hilda Furacão. Sim, elas ainda existem. E resistem caquéticas, cobertas de cremes, maquiagens e cílios postiços. Ou tudo mais que é possível ser postiço para apaziguar as marcas do tempo no corpo tocado, revirado e trocado por algum dinheiro que mate a fome e o arrependimento. Mas isso é assunto para o mês que vem, debaixo dessa mesma Lua Cheia que banha, nostálgica e ansiosa, o Baixo Belô da cidade que agora bebe a Copa.

FOTOS REPRODUÇÃO

BELÔ SAIBA MAIS

www.bhdecadaum.com.br (*) Poeta e cronista.

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1 VOCÊ SABIA?

UMA MÃOZINHA DA TECNOLOGIA Marcos Fernandes

redacao@revistaecologico.com.br

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LAVAGEM A SECO Já pensou em limpar suas roupas usando apenas um copo de água? Esse é o objetivo de pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra. Eles estão desenvolvendo uma máquina de lavar que, em substituição ao sabão, utiliza milhões de gotas de polímeros capazes de retirar manchas e odores. A Xeros, nome da invenção, só necessita de um pouco mais do que um copo de água e uma pequena quantidade de detergente. Durante a limpeza, os polímeros se polarizam e atraem as partículas de sujeira, formando um lamaçal, que é, depois, sugado e tem as gotas separadas para serem utilizadas novamente. Com isso, há uma economia de água de até 90%!

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echar a torneira quando não está sendo usada, evitar deixar o chuveiro pingando, não limpar calçadas com jatos d’água (o bom é usar a vassoura para jogar a preguiça longe), utilizar a descarga somente quando necessário... Quase todo mundo conhece esses conselhos e deve tentar segui-los. São rotinas práticas e diárias que colaboram para a conservação da água do planeta. Além disso, hoje estão sendo desenvolvidas várias tecnologias que ajudam a economizar os recursos hídricos. Conheça algumas delas!

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DESCENDO PELO RALO Como o vaso sanitário não é o culpado pelo que as pessoas fazem no banheiro, a pressão da descarga é sempre a mesma, independentemente do conteúdo que está sendo mandado esgoto abaixo. Isso geralmente termina em mais desperdício, que pode ser evitado com uma descarga ecológica. O produto vem com dois dispositivos de acionamento: um para urina, que libera três litros de água, e outro para fezes, que utiliza seis litros. A economia pode chegar a 67%.

FOTOS DIVULGAÇÃO

QUANTO MENOS, MELHOR O mercado hidráulico também tem diversas ferramentas, com preços diversificados, que ajudam a controlar o consumo de água dentro de casa. Uma delas é o regulador de vazão, que pode ser instalado em torneiras e chuveiros, permitindo que os moradores regulem a pressão de água dependendo do que precisam. Por exemplo: uma pessoa poderia utilizar quatro litros de água por minuto para lavar um copo, em vez de dez. A torneira, além disso, pode ser temporizada – assim ela fecha sozinha após ser acionada, o que é ótimo para os esquecidos.

ESPERTO É QUEM ECONOMIZA Para aqueles que têm sistema de irrigação em casa, o melhor é adquirir aparelhos "inteligentes", ou seja, que façam mais do que atirar água para todo lado. São vários: os que se baseiam no clima (se está quente ou não) para decidir se precisam ser ativados; outros conferem se o solo está seco ou molhado (se a resposta for a segunda, então não há necessidade de irrigação). Há também alguns que se desativam quando começa a chover (ou reduzem a quantidade de água). Por fim, o mais sábio é optar por dispositivos que minimizem o desperdício hídrico, avaliando fatores como vento, evaporação ou excesso de pressão.

PARA CANTAR À VONTADE Imagine economizar US$ 1.259,81 (cerca de R$ 3.014,73) por ano, somente com contas de água e energia, por meio de um chuveiro sustentável. Não é sonho. Inventaram! A ideia foi da Orbital Systems, empresa sueca que levou em consideração quatro banhos diários, de dez minutos cada, na cidade de São Paulo, para fazer a conta. A tecnologia tem um sistema de bombas que leva a água do ralo de volta para o aparelho e pode economizar até 90% da água do banho e 80% de energia.

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Memorial Vale AS MUITAS MINAS NO MUSEU (5)

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RETORNANDO ÀS FAZENDAS

RODRIGO SOLDON

DE NÓS MESMOS NO PERÍODO COLONIAL, as fazendas mineiras se tornaram uma força cultural e econômica para o país

1 - João Marcos Rosa/Nitro Imagens

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ÉLCIO PARAÍSO

“A FAZENDA MINEIRA”: reaproximação do visitante com a terra e o espírito de ser mineiro

Viagem no tempo e na saudade: a ECOLÓGICO desbrava o cenário histórico das propriedades rurais do interior de Minas Luciano Lopes redacao@revistaecologico.com.br

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REPRO

DUÇÃO

epois do sertão do mestre Guimarães Rosa, nossa viagem pela história de Minas iria “subir montanha”: era chegado o momento de explorar o universo cultural do segundo andar do museu. Para reforçar a nossa percepção sobre particularidades referentes às fazendas mineiras, nosso destino nesta edição, uma experiência incrível tornaria a jornada ainda mais prazerosa e reflexiva: a visita sensorial. De olhos vendados, eu e mais nove visitantes fomos guiados pelos educadores Neuma Rosa e Mateus Fleming até o circuito “A Fazenda Mineira”. “A ideia é que cada um possa também vivenciar os espaços de uma

maneira diferente, não apenas por meio da visão. Quando escutamos um ruído, procuramos rapidamente com o olhar de onde ele está vindo. Agora vamos potencializar os outros sentidos do nosso corpo para experimentar novas sensações e perspectivas sobre a nossa memória, o ambiente, as pessoas e o mundo”, explica Neuma. Assim que nossos olhos foram cobertos, o silêncio passou a ser companheiro fiel. Nesse momento, meu tato e minha audição pareceram ganhar nova força. Em fila indiana, e com a mão esquerda no ombro do participante à frente, cuidadosamente pegamos o “caminho da roça”. A oscilação da temperatura indicava que estávamos

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Memorial Vale AS MUITAS MINAS NO MUSEU (5)

passando pelas salas. Nos corredores, os comen- visitante se sinta mesmo em um ambiente rural. tários: “Por que eles estão com os olhos venda- No entanto, procurei me despir dessa visão para dos?”; “É uma peça de teatro?”... tornar a experiência mais enriquecedora. Paramos. Não havia mata-burro, tampouco Ao entrarmos na sala, as folhas secas espalhadas uma cancela de curral. Pelo toque, adivinhei um pelo chão davam a impressão de que estávamos em corrimão e percebi que estávamos uma trilha no meio da mata. Na seem frente à escada que nos levaria quência, com o toque das mãos, Neu“Todo mineiro à “fazenda mineira” do museu. Lenma e Mateus redirecionaram cada um é fazendeiro tamente, fomos subindo degrau por dos participantes para um lugar desse degrau até chegarmos à sala. Como já espaço. Ao fundo, os sons que ouvíade si mesmo e havia visitado o local, guardava certa mos – bois, pássaros, bater de panelas do mundo.” memória visual de lá. Para a concepe berrantes – vinham dos vídeos do ção do espaço, Gringo diretor de cinema Humberto Mauro, Cardia, responsável pelo projeto pioneiro no país em traduzir e sintetizar nas telas o de curadoria e museografia do espírito da terra e dos mineiros. Como bem definia Memorial Vale, utilizou ele- uma frase exposta ao lado de um dos televisores, mentos que fazem parte do que transmitiam cenas de 14 curtas-metragens (alcotidiano das fazendas – de guns feitos a pedido do então presidente da Repúfôrmas de bolo a arados, blica, Getúlio Vargas) de Mauro, ele era “o único que cantis e moringas de barro a conseguia expressar em imagens o que Guimarães móveis rústicos. Detalhe: os Rosa havia escrito”. objetos estão fixados no teto e na parede do espaço, simbo- FAZENDAS DE LEMBRANÇAS licamente fazendo com que o A sinfonia rural ao fundo me lembrou outra canPROGRAMAÇÃO JUNHO (ENTRADA FRANCA) 06/06 RioHarp Festival – Minas Gerais, com o Trio Amadeus e a harpista Marcelle Chagas Horário: 19h30 Local: Auditório (sujeito a lotação) Até 08/06 Exposição fotográfica “Luz e Movimento”, de Carlos Guilherme Curadoria: Tibério França Horário: de funcionamento do museu Local: Sala de Exposição 14/06 Show do álbum “Risco”, com Lu Toledo Horário: 16h Local: Auditório (sujeito a lotação) 15/06 Eu, Criança, no Museu! Bate-papo com as crianças sobre a exposição "Futebol: Sonho e Paixão" Horário: 11h Local: Auditório (sujeito a lotação) Sarau do Memorial, com Gonzaga Medeiros e participação de Cláudio Bento e Yany Mabel Curadoria: Wagner Merije Horários: 11h e 13h Local: Casa da Ópera (sujeita a lotação) Obs: Retirada de senhas uma hora antes das apresentações.

21/06 Performance no Memorial: “Ficção”, com Carolina Botura Curadoria: Marco Paulo Rolla Horário: 16h Local: Escadaria e hall de entrada 26/06 Leitura Rara: "Os Males do Tabaco", de Anton Tchekhov, com o Grupo Oficcina Multimédia Curadoria: Anderson Aníbal Horário: 19h30 Local: Auditório (sujeito a lotação) Até 13/07 5º Cinefoot: Festival de Cinema de Futebol Local: Sala do Espetáculo Mineiro Veja a programação completa em www.cinefoot.org Até 15/07 Exposição "Camisa 10" Curadoria: Tereza Santos Horário: de funcionamento do museu Local: Escadaria Até 27/07 Exposição "Futebol: Sonho e Paixão" Correalização: Jornal Estado de Minas Curadoria: Tibério França e Arnaldo Viana Horário: de funcionamento do museu Local: Sala de Exposição

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como a de madeira em que minha avó colocava a farofa de carne seca. Ali, ao moldar minhas lembranças no colo, me dei conta de que todo mineiro é fazendeiro de si mesmo e do mundo. Ao fim da experiência, nos reunimos no jardim central do museu para comentar sobre o que vivenciamos. Em silêncio, retiramos as vendas e, aos poucos, redescobrimos a luz e agradecemos o privilégio de conhecer novamente a nossa história, agora, com os “olhos” das mãos, do nariz, da boca e dos ouvidos. As percepções foram várias. Angústia, descoberta, autoconhecimento e a recordação de bons momentos e pessoas marcantes. Ou, como bem apontou a universitária Franciele Gomes, uma das integrantes do grupo, “a oportunidade de entender, também, as dificuldades dos deficientes visuais”. Cada um de nós saiu do Memorial Vale carregando dois presentes. O primeiro, nas mãos, a arte que fizemos da argila. O segundo, na mente, a herança da terra e do espírito de ser mineiro. Minha gamela de barro agora está em casa. Não há farofa nela. Mas, sim, a história de Minas que me foi recontada e que, quando eu quiser, poderei “degustar” com alegria e saudosismo. Aqui e ali, pertinho da gente, na Praça da Liberdade, coração cultural e pulsante da nossa roça. Até a próxima! 

SERVIÇO - MEMORIAL MINAS GERAIS VALE (*) Endereço: Praça da Liberdade, 640, esquina com rua Gonçalves Dias. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO Terças, quartas, sextas e sábados: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quintas: das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingos: das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada franca. Informações: (31) 3308-4000 Para visitas mediadas ou em grupo ligue: (31) 3343-7317 www.memorialvale.com.br (*) Mantenedor: Vale, por meio da Fundação Vale

DIVULGAÇ

ÃO

FOTOS: REPRODUÇÃO

ção, que retrata bem o ambiente rural mineiro: “Fazenda”, de Milton Nascimento. “Água de beber, bica no quintal, sede de viver tudo. E o esquecer era tão normal que o tempo parava. Tinha sabiá, tinha laranjeira, tinha manga-rosa. Tinha o sol da manhã. E, na despedida, tios na varanda, jipe na estrada e o coração lá.” Pausa na audição. Agora, pelo tato, fui arrebatado sem rodeios. Em nossas mãos, começaram a passar objetos, temperos e um sem-fim de lembranças que tocaram o coração. Ao receber de um dos educadores um pequeno ferro antigo de passar roupa, daqueles que eram aquecidos com brasa, a lembrança do avô que se foi, o amigo eterno que me levava, assim como fazia com meus irmãos e primos, para andar a cavalo e tomar banho de rio. Colecionar objetos antigos, como esses ferros, era um de seus passatempos. Noutro momento, o cheiro marcante do alecrim e do café, presenças constantes na mesa de delícias culinárias que só minha avó sabia preparar. Na companhia do silêncio, só me coube a emoção. Nossa memória está guardada em nossos sentidos. E foi inesquecível revivê-la no museu. Na nossa Minas Gerais, a origem das fazendas remonta ao início do século 18, quando mineiros e aventureiros interessados na criação de gado e no plantio de alimentos se multiplicavam no interior. Com o ciclo do ouro e, posteriormente, com o do café, as choupanas dos sitiantes e roceiros deram lugar às casas grandes com varandas e cozinhas espaçosas, onde o café quente e o queijo de Minas imperavam. Nesse cenário, a cultura tradicional do sertanejo também se fortalecia com a culinária específica, com a música de raiz e as festas juninas e outras manifestações culturais impregnadas de sincretismo religioso. Nossa aventura nas fazendas do interior, porém, não parou por aí. Após tantos cheiros e sons reconhecidos, outra vivência nos reconectaria à nossa terra. Em fila, seguimos para outro espaço. Chegando lá, Neuma e Mateus nos ajudaram a sentar no chão e distribuíram pequenos pedaços de argila. Com a “terra de barranco” nas mãos, pus-me a fazer uma espécie de gamela,

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MARCOS TAKAMATSU

1 PHW 2014

HIRAM FIRMINO, Alceu Torres e Dalce Ricas na Semad: lançamento simbólico da quinta edição do prêmio

ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O

“OSCAR DA ECOLOGIA” 2014

S

ob a indagação ecológica e in memoriam do ambientalista Hugo Werneck - “Quanto vale a sombra de um buriti?” - que questiona a pretensão do ser humano em achar que é possível dar preço e comprar os serviços prestados pela natureza, como as chuvas, as florestas, o ar e as águas que nos dão vida, já estão abertas, a partir de hoje, as inscrições à quinta edição do “Oscar da Ecologia” 2014. O lançamento simbólico do “V Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza”, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, foi feito pelo secretário de estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Alceu Torres, na Cidade

Administrativa de Minas, acompanhado do jornalista Hiram Firmino e da ambientalista Maria Dalce Ricas, da Amda. O tema, este ano, será em defesa do Cerrado brasileiro, retratado no livro “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e também em homenagem ao professor e ambientalista Paulo Nogueira Neto, o primeiro ministro de Meio Ambiente na história política brasileira, responsável pela criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). As inscrições à maior premiação na área ambiental brasileira, focada na sustentabilidade, vão até o dia 05 de setembro próximo e podem ser feitas pela internet, no site do prêmio.

As categorias básicas para empresas, cidadãos, ONGs, escolas, governos e instituições poderem concorrer permanecem as mesmas – Melhores Exemplos em “Água, Ar, Fauna e Flora”, “Educação Ambiental”, “Comércio de Bens e Serviços”, “TI”, “Mobilização Social”, “Anúncio/Campanha Publicitária”, “Empresa”, “Empresário”, “Político”, Destaques “Municipal”, “Estadual” e “Nacional”, “Parceiro Sustentável” e “Personalidade do Ano”, acrescidas de eventuais outras modalidades, como “Terceiro Setor” e “Mobilidade Urbana”.  Saiba mais

www.premiohugowerneck.com.br

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foto: eloah rodrigues

Quanto vale a sombra de um buriti?

O Oscar da Ecologia 2014 PHW14_ANUNCIO.indd RevEco_Jun14_PWH2014.indd 1 2

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1 GESTÃO AMBIENTAL

ALUÍSIO EINIR PERES, diretor-executivo da Essencis, Denise Hamú, Ronaldo Simão, Alceu Torres e Nikhil Chandavarkar

RONALDO SIMÃO, Alceu Torres e Alfredo Leggero, diretor industrial da Fiat para a América Latina

ALCEU TORRES, Nikhil Chandavarkar e Antônio Carlos dos Santos, gerente-geral da Votorantim Metais

OS VENCEDORES DO PMGA

E

m sua 10ª edição, durante evento de gala realizado no Teatro Bradesco, com a presidência do secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Alceu Torres Marques, e prestígio do ex-governador Antonio Augusto Anastasia, o “Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental” (PMGA) homenageou as empresas que mais se destacaram no ciclo 2013. Foram elas: Fiat Auto-

móveis; Votorantim Metais Zinco, Unidade Três Marias; e Essencis Soluções Ambientais. Também compuseram a mesa, entre outras autoridades, o representante do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Nikhil Chandavarkar; a representante do PNUMA no Brasil, Denise Hamú; e a presidente da União Brasileira para a Qualidade (UBQ), Silvana Rizzioli. A seguir, confira o recado de

Ronaldo Simão, coordenador do PMGA, que destacou a evolução das chancelas e a metodologia empregada na avaliação das organizações compromissadas com a sustentabilidade. E inovou a cerimônia, em termos de ecologia humana, levando seus próprios filhos – Gustavo e Lucas, de sete anos, que homenagearam Anastasia – para simbolizar a esperança e o compromisso com o “futuro que todos queremos”.

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“Ninguém ficará imune” Principais trechos do discurso de Ronaldo Simão, criador e coordenador do PMGA “O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em Yokohama, no Japão, afirmou que os efeitos das mudanças climáticas, em sua maior parte, ocorrem pela mal preparação para seus riscos. Segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, esta é a confirmação de que os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem já estão generalizadas e consequentes, afetando a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o abastecimento de água e algumas indústrias.” l

l “Segundo o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, os impactos apresentados no relatório e aqueles que estão sendo projetados para o futuro só confirmam que ninguém ficará imune aos impactos das mudanças climáticas.”

anualmente, que não só causam grandes perdas econômicas como também têm impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar.” “A humanidade hoje já consome recursos naturais da ordem de 150% da capacidade de reposição da natureza no planeta.” l

l “O

estudo ‘Rastros do desperdício de alimentos: impactos sobre os recursos naturais’, desenvolvido pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), é o primeiro a analisar os efeitos do desperdício global de alimentos a partir de uma perspectiva ambiental, focando particularmente em suas consequências para o clima, uso da água e do solo e biodiversidade. Ele aponta que os custos econômicos diretos desses desperdícios podem chegar a 750 bilhões de dólares por ano e, como consequência, ao impressionante volume de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçados

l “Diante

desse cenário, é reconfortante sabermos que já existem organizações, governos e empresas, a exemplo das que estamos homenageando, comprometidas de fato com a sustentabilidade na acepção mais ampla do termo.” “Pai de dois garotos de sete anos de idade, Lucas e Gustavo, autênticos representantes das gerações futuras, deixamos juntos nosso agradecimento e esperança, por um mundo ambientalmente melhor, que todos podemos reconstruir juntos.” l

FOTOS: RODRIGO LIMA

l “Outro relatório científico, divulgado pela organização não go-

vernamental WWF (World Wide Fund for Nature), confirma que o planeta já perdeu 30% de sua biodiversidade. Nos países tropicais, como o Brasil, o percentual de perda pode chegar a 60% da fauna e flora originais.”

ANASTASIA, Gustavo, Lucas e Ronaldo: futuro comum

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1 FLASHES ANGLO AMERICAN

FERNANDA LIMA, Pedro Borrego e Fernanda Zebral

“A preocupação com a sustentabilidade em um projeto minerário da dimensão do Minas-Rio, o maior hoje em implantação no país, está no nosso DNA, faz parte do nosso aprendizado diário. Os desafios e os riscos são muitos, como em toda atividade humana. O que vimos praticando, seguindo nossa política socioambiental, é minimizá-los e compensá-los ao máximo. Daí a importância de uma publicação especializada, como a Revista ECOLÓGICO, que retrata, de maneira parceira, essa busca hoje comum e planetária pelo desenvolvimento sustentável.” Foi o que declarou o diretor de Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável da Anglo American, Pedro Borrego, em visita à ECOLÓGICO. Ele esteve acompanhado da gerente de Comunicação Empresarial, Fernanda Lima, e da analista sênior Fernanda Zebral, durante a entrega da placa “Empresa Parceira” do Prêmio Hugo Werneck.

NO TEATRO

EVANDRO MOREIRA, Ana Carolina Novaes e Adilson Brito

NA JANELA ARQUIVO PESSOAL

NA CABEÇA

FOTOS MARCOS TAKAMATSU

SETE SOLUÇÕES

A empresa, representada pelo seu diretor Evandro Moreira, acompanhado do gerente Adilson Brito e pela consultora em comunicação Ana Carolina Novaes, também receberam a homenagem da ECOLÓGICO, pela parceria no Prêmio Hugo. Segundo Adilson, a importância da ECOLÓGICO é divulgar o que, mineiramente e sem a visibilidade necessária, acontece no meio técnico: “O que Minas precisa saber e divulgar mais, além de sua histórica vanguarda em política e gestão ambiental, é a expertise técnico-científica das empresas de consultoria ambiental aqui sediadas. Na maioria, elas cresceram juntas com a luta e a criação das ONGs e dos órgãos oficiais, como a Feam. Daí os resultados positivos que, mesmo sem visibilidade, trazem ao setor industrial”.

FLÁVIA NAVES, da De Fato Comunicação. PEDRO PAULO CAVA, do Teatro da Cidade. E FERNANDO KUNSC, do Relacionamento da Samarco, com o adesivo no vidro do seu escritório, em Vitória (ES): comunidade ecológica 100  ECOLÓGICO | JUNHO DE 2014

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MEMÓRIA ILUMINADA - MARIO LLOSA

ARILD VAGEN

VARGAS LLOSA: “A culturamundo, em vez de promover o indivíduo, imbeciliza-o, privando-o de lucidez e livre-arbítrio”

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A CRISE DA

CIVILIZAÇÃO A obra “A Civilização do Espetáculo”, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, faz uma radiografia cruel do nosso tempo e da nossa cultura Eloah Rodrigues

redacao@revistaecologico.com.br

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ario Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em 1936. Cursou Letras e Direito na capital do país e, mais tarde, foi para a Espanha, onde se doutorou em Filosofia e Letras. Depois, mudou-se para Paris, atuando como redator da agência de notícias France-Press. Desenvolveu uma carreira proeminente como jornalista, escritor e político, concorrendo à presidência do Peru em 1983. Publicou várias obras, como “A Casa Verde” (1966), “A Guerra do Fim do Mundo” (1981) e “O Paraíso na Outra Esquina” (2003). Também recebeu vários prêmios, inclusive o “Nobel de Literatura” em 2010, concedido pela Academia Sueca de Ciências. Em sua mais recente obra “A Civilização do Espetáculo” (2012), além de abordar aspectos sobre o desenvolvimento da cultura contemporânea, Llosa analisa o processo de transformação social e cultural que vivemos hoje. Faz um alerta cruel sobre o risco que corremos e o preço que podemos pagar pela banalização de condutas e de valores mais elevados. Trata, ainda, do consumo, do poder e da influência da publicidade, sem deixar de lado temas importantes como política, relações humanas, religião e educação – todos abordados com muita lucidez e pragmatismo. Llosa deixa também, como boa reflexão e questionamentos significativos, o destino e a sobrevivência dos livros de papel em relação às obras digitais. Pondera não acreditar que “a troca do livro de papel pelo eletrônico seja inócua, simples troca de envoltório, mas também de conteúdo”. Assim, manifesta-se temeroso, por não acreditar que os novos escritores farão a mesma literatura, com a mesma intensidade de conteúdo, para o ambiente virtual.

Com o recado de Llosa, podemos até entender que, se usada com parcimônia e responsabilidade, a tecnologia pode ser, sim, uma grande aliada da humanidade. E que, se fizermos um bom uso do que nos é dado, podemos fazer diferente, se quisermos. Enfim, está em nossas mãos: ser ou não ser ecológicos, mais cultos e felizes. Diante de tão intensa obra, a ECOLÓGICO selecionou alguns trechos para a sua degustação. Confira! l CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO “É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio é a paixão universal. Esse ideal de vida é perfeitamente legítimo, sem dúvida. Só um puritano fanático poderia reprovar os membros de uma sociedade que quisessem dar descontração, relaxamento, humor e diversão a vidas geralmente enquadradas em rotinas deprimentes e, às vezes, imbecilizantes. Mas transformar em valor supremo essa propensão natural a divertir-se tem consequências inesperadas: banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo.”

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MEMÓRIA ILUMINADA - MARIO LLOSA JASWOODUK

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l CULTURA PRETERIDA “Pode ser que a cultura já não seja possível em nossa época, mas não será por essa razão, pois a ideia de cultura nunca significou quantidade de conhecimentos, e sim qualidade e sensibilidade.” “O mundo-tela deslocou, dessincronizou e desregulou o espaço-tempo da cultura.” “O desparecimento da velha cultura implicou o desaparecimento do velho conceito de valor. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.” l LIBERDADE AMEAÇADA “A liberdade é um bem precioso, mas não está garantida a nenhum país e a nenhuma pessoa que não saiba assumi-la, exercitá-la e defendê-la.” l ENTRETENIMENTO FÚTIL “A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que hoje os produtos são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca.” l VAZIO TELEVISIVO “Querer fugir ao vazio e à angústia provocada pelo sentimento de ser livre e de ter a obrigação de tomar decisões, como o que fazer de si mesmo e do mundo ao redor -, sobretudo se este estiver enfrentando desafios e dramas -, é o que suscita essa necessidade de distração, motor da civilização em que vivemos.” “A televisão até agora é a melhor demonstração de que a tela banaliza os conteúdos – sobretudo as ideias – e tende a transformar em espetáculo (no sentido mais epidérmico e efêmero do termo) tudo o que passa por ela.” l COISIFICAÇÃO HUMANA “A aquisição obsessiva de produtos manufaturados, que mantenham ativa e crescente a fabricação de mercadorias, produz o fenômeno da ‘reificação’ ou ‘coisificação’ do indivíduo, entregue ao consumo sistemático de objetos, muitas vezes inúteis ou supérfluos, que as modas e a publicidade lhe vão impondo, esvaziando sua vida interior de preocupações sociais, espirituais ou simplesmente

“As telenovelas brasileiras e os filmes de Hollywood, assim como os shows de Shakira, não pretendem durar mais que o tempo da apresentação, desaparecendo para dar espaço a outros produtos igualmente bem-sucedidos e efêmeros. Cultura é diversão e o que não é divertido não é cultura.” humanas, isolando-o e destruindo a consciência que ele tenha dos outros, de sua classe e de si mesmo...” l DIVERSÃO DROGADA “Na festa e no show de massas, os jovens de hoje comungam, confessam-se, redimem-se, realizam-se e gozam desse modo intenso e elementar que consiste no esquecimento de si mesmo.” “Em nossos dias, o consumo maciço de maconha, cocaína, ecstasy, crack, heroína etc. corresponde a um ambiente cultural que impele homens e mulheres a buscar prazeres fáceis e rápidos que os imunizem contra a preocupação e a responsabilidade, em lugar do encontro consigo mesmo através da reflexão e da introspecção, atividades eminentemente intelectuais que parecem enfadonhas à cultura volúvel e lúdica.” l VETOR DETERMINANTE “A publicidade exerce influência decisiva sobre os gostos, a sensibilidade, a imaginação e os costumes.” “O vazio deixado pelo desaparecimento da

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crítica possibilitou que, insensivelmente, a publicidade o preenchesse e se transformasse atualmente não só em parte constitutiva da vida cultural, como também em seu vetor determinante.” l POLÍTICA BANAL “O político de nossos dias, se quiser conservar a popularidade, será obrigado a dar atenção primordial ao gesto e à forma, que importam mais que valores, convicções e princípios.” l PAPEL DO ESTADO “Não só porque o Estado, sem reduzir a liberdade de criação e crítica, deve apoiar e propiciar atividades culturais – na preservação e promoção do patrimônio cultural, acima de tudo -, como também porque a cultura deve exercer influência sobre a vida política, submetendo-a a uma contínua avaliação crítica e inculcando-lhe valores e formas que a impeçam de degradar-se.” l SEXO MAQUINAL “O desaparecimento dos preconceitos, algo libertador de fato, não pode significar a abolição dos rituais, do mistério, dos formalismos e da discrição, graças aos quais o sexo se civilizou e humanizou.” “A prática sexual perderá mistério, paixão, fantasia e criatividade e se banalizará até se confundir com mera ginástica. Com o resultado de induzir os jovens a buscar prazer em outro lugar, provavelmente no álcool, na violência e nas drogas.” l DEMOCRACIA IMPUNE “O sistema democrático não garante que a desonestidade e o embuste desapareçam das relações humanas. Mas estabelece alguns mecanismos para minimizar seus estragos, detectar, denunciar e punir quem quer que se valha deles para atingir altas posições ou enriquecer, e – o que é mais importante – para reformar o sistema de tal maneira que esses

delitos acarretem cada vez mais riscos para quem os cometer.” l DESAPEGO À LEI “Não são poucos os que, na era da civilização da diversão, violam a lei para divertir-se, como quem pratica um esporte de risco.” l SAÍDA ESPIRITUAL “Ao desaparecer essa tutela espiritual da vida pública, prosperam todos os demônios que degradaram a política e induziram os cidadãos a não ver nela nada que seja nobre e altruísta, e sim uma atividade dominada pela desonestidade.” “A cultura deveria preencher esse vazio que outrora era ocupado pela religião. Mas é impossível que isso ocorra se a cultura, atraiçoando essa responsabilidade, se orienta resolutamente para a facilidade, esquiva-se aos problemas mais urgentes e transforma-se em mero entretenimento.” “Todos os grandes pensadores liberais ressaltaram que a liberdade econômica e política só cumpre cabalmente sua função civilizadora, criadora de riqueza e de empregos, defensora do indivíduo soberano, da vigência da lei e do respeito aos direitos humanos. Quando a vida espiritual da sociedade é intensa, mantém viva e inspira uma hierarquia de valores respeitada e acatada pelo corpo social.” l CONTRADIÇÃO VITAL “Nunca vivemos, como agora, uma época tão rica em conhecimentos científicos e invenções tecnológicas, nem mais equipada para derrotar as doenças, a ignorância e a pobreza. No entanto, talvez nunca tenhamos ficado tão desconcertados diante de certas questões básicas como o que fazemos neste astro sem luz própria que nos coube. Se a mera sobrevivência é o único norte que justifica a vida, se palavras como espírito, ideais, prazer, amor, solidariedade, arte, criação, beleza, alma e transcendência ainda significam alguma coisa, e, em sendo positiva a resposta, o que há e o que não há nelas.” “Ao mesmo tempo, nunca foi menos segura a sobrevivência da espécie em vista dos riscos de

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MEMÓRIA ILUMINADA - MARIO LLOSA AFP PHOTO / TONY KARUMBA

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“O progresso moderno, agora sabemos, tem amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos irreparáveis à natureza e à ecologia, e nem sempre contribui para reduzir a pobreza. E sim para ampliar o abismo de desigualdades entre países, classes e pessoas.” um confronto ou de um acidente atômico, da loucura sanguinária dos fanatismos religiosos e da degradação do meio ambiente.” l EVOLUÇÃO EM CURSO “Neste presente há inúmeras coisas melhores que as vividas por nossos ancestrais: menos ditaduras, mais democracias, uma liberdade que atinge mais países e pessoas do que nunca antes, prosperidade e educação que chegam a mais gente que antes e oportunidades para grande número de seres humanos, como jamais houve antes, salvo para ínfimas minorias.” l LITERATURA DIGITAL “Algo da imaterialidade do livro eletrônico contagiará seu conteúdo, como ocorre com essa literatura canhestra, sem ordem nem sintaxe, feita de apócopes e gíria, às vezes indecifrável, que domina no mundo de blogs, Twitter, Facebook e outros sistemas de comunicação através da rede. É como se seus autores, ao usarem esse simulacro que é a ordem digital para se expressar, se sentissem libertos de qualquer exigência formal e autorizados a atropelar a gramática, o bom senso e os princípios mais elementares da correção linguística.”

“Minha impressão é de que literatura, filosofia, história, crítica de arte, sem falar da poesia, em suma, todas as manifestações da cultura escritas para a rede serão sem dúvida cada vez mais de entretenimento. Ou seja, mais superficiais e passageiras, como tudo o que se torna dependente da atualidade.” l PRAZER TÁTIL “Custa-me imaginar que os tablets eletrônicos, idênticos, anódinos, intercambiáveis e funcionais a mais não poder, consigam despertar esse prazer tátil prenhe de sensualidade que os livros de papel despertam em certos leitores. Mas não é de surpreender que, numa época entre cujas proezas esteja a de ter acabado com o erotismo, também se desvaneça esse hedonismo refinado que enriquecia o prazer espiritual da leitura com o prazer físico de tocar e acariciar.” l INTELIGENTES E BURROS “A revolução da informação está longe de terminar. Ao contrário, nesse campo surgem a cada dia novas possibilidades e novos sucessos, e o impossível vai retrocedendo velozmente. Devemos ficar alegres? Se o tipo de cultura que está substituindo a antiga nos parecer um progresso, sem dúvida sim. Mas devemos nos preocupar se esse progresso significar aquilo que um erudito estudioso dos efeitos da internet em nosso cérebro e em nossos costumes, Van Nimwegen, deduziu depois de um de seus experimentos: que deixar por conta dos computadores a solução de todos os problemas cognitivos reduz ‘a capacidade do cérebro de construir estruturas estáveis de conhecimentos’. Em outras palavras: quanto mais inteligente nosso computador, mais burros seremos.” l FUTURO COMUM “Felizmente, a história não é algo fatídico, e sim uma página em branco na qual escreveremos o futuro com nossa própria pluma – nossas decisões e omissões. Isso é bom, pois significa que sempre temos tempo de retificar.” 

SAIBA MAIS

“A Civilização do Espetáculo”, Mario Vargas Llosa. Editora Objetiva, R$ 34. Link: http://goo.gl/cRUDh0

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Programa semanal da TV Crea-Minas, com entrevistas e matérias informativas sobre os grandes temas da área tecnológica. Quarta-feira, 20h15, na TV Horizonte. Canais 19 UHF | 22 NET | 24 OI TV

tvhorizonte.com.br


1 ENSAIO FOTOGRテ:ICO: GUALTER NAVES

"FUTEBOL se joga no estテ。dio? Futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na alma."

No Aglomerado da Serra, em BH, o registro de um momento simples e belo do cotidiano da comunidade

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Marcos Fernandes

redacao@revistaecologico.com.br

DIVULGAÇÃO

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m uma partida de futebol improvisada, alguns jovens dividem a bola e a poeira enquanto fazem os dribles. Uns descalços, outros de tênis. Do alto do morro, a vista panorâmica de Belo Horizonte rouba o fôlego enquanto o pôr do sol deixa o campo dourado. O jogo, registrado pelo fotógrafo Gualter Naves, aconteceu há algum tempo, mas poderá ser visto novamente, a partir de 10 de junho, quando as fotos da partida estarão expostas na mostra "Brasil Futebol Clube" do Memorial Vale, Circuito Cultural Praça da Liberdade. O Aglomerado da Serra, na capital mineira, foi o cenário das belas fotografias, e o brilho do sol transformou a simplicidade do momento em algo grandioso. Os craques eram adolescentes de 10 a 20 anos, moradores da comunidade. O pedido para o registro das fotos veio da agência britânica Reuters, que encomendou a Gualter imagens para divulgar a Copa do Mundo planeta afora. Como já participa dos projetos “Hip Hop: Educação para a Vida” e “Os Sobreviventes”, ambos idealizados pelo amigo rapper Hudson Ice Band, 44, não foi difícil “subir o morro” e fazer o trabalho. As fotos mostram um lugar com pouca infraestrutura, bem diferente dos estádios luxuosos que são mostrados na televisão. “Crítica social sempre tem. Em uma das GUALTER NAVES: imagens, dá pra ver um dos "Torcer pelo Brasil está no sangue" garotos com chinelo na mão e outro jogando de meia. É o único lazer que eles têm. O futebol é um momento de encontro e eles jogam do jeito que estiverem”, documenta o fotógrafo. Apesar de divulgar o esporte com seu trabalho, Gualter mantém uma posição contrária à realização da Copa do Mundo. “É um absurdo. Um país que nem oferece saneamento básico para todos fazer esse evento. Não vejo benefício nenhum. E os torcedores daqui, que deveriam participar, não vão conseguir. Ficarão assistindo ao evento pela tevê.” E completa: “No fim, a gente acaba torcendo também. Não tem jeito, está no sangue. Mas que eu fico revoltado, eu fico”. Confira.

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1 ENSAIO FOTOGRÁFICO: GUALTER NAVES

"SÃO VOOS de estátuas súbitas, desenhos feéricos, bailados de pés e troncos entrançados. Instantes lúdicos: flutua o jogador, gravado no ar - afinal, o corpo triunfante da triste lei da gravidade."

"A BOLA é a mesma: forma sacra para craques e pernas-de-pau. Mesma a volúpia de chutar na delirante copa-mundo ou no árido espaço do morro."

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QUEM É

ELE

Gualter Naves nasceu em Boa Esperança, sudoeste de Minas. Formou-se em Publicidade na PUC Minas, em 1982, e em Psicologia na Fumec, em 1997. Autodidata, começou a trabalhar com fotografia no estúdio Foton e, depois disso, deslanchou na carreira, passando pelos jornais Hoje em Dia e Estado de Minas. Atualmente, é sócio da agência Light Press, que presta serviços para várias empresas de comunicação, como Reuters e Folha de São Paulo.

FOTOS GUALTER NAVES

Site: www.gualternaves.com

*As legendas são trechos do poema "Futebol", de Carlos Drummond de Andrade.

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CONVERSAMENTOS ALFEU TRANCOSO (*) redacao@revistaecologico.com.br

DESEJO E FELICIDADE C erta vez, um transeunte, ao se deparar com o filósofo Sócrates em uma ágora (praça) de Atenas, perguntou-lhe: “Como uma pessoa poderia se gabar de ser realmente feliz?” De pronto, o filósofo respondeu: “Aquele que consegue desejar o mínimo possível de coisas”. Continuando, Platão, seu discípulo e comentador, afirmava que a pobreza maior é aquela que vem com o aumento abusivo do desejo, e não por causa da diminuição da renda. Por aquilo que as duas afirmativas exprimem, estamos a anos-luz dessa inegável sabedoria socrática, pois, na sociedade consumista atual, o desejo é a força impulsiva máxima para a obtenção contínua das coisas. Sabemos que o homem é ser de necessidade, de desejo e de amor. Necessidade é a satisfação de nossas carências básicas; desejo, a busca de um objetivo calcado na imaginação fantasiosa. E, portanto, inalcançável. E o amor é encontro e cuidado. No desejo, a obtenção de um objeto qualquer é o impulso necessário para conseguir o seguinte, e assim sucessivamente. É uma força muito importante, mas ela nos mantém sempre insatisfeitos. Como o desejo nunca se satisfaz (só no amor isso é possível), já que desejo é para ser desejado, ele se torna assim o filho preferido da ansiedade moderna. A meta do desejo é a busca, já que encontrar para ele é morrer. Como ele se constitui dessa falta originária, é sempre um sujeito em busca de um objeto. Somente o amor satisfaz, pois, além de contentamento, ele é cuidado e, uma palavra horrível para o desejo nos dias atuais: apego. Digo isso com a maior

coragem: quem ama se apega. Apega-se até o fim, pois quem ama, ama para sempre. Seja qualquer tipo de amor, de Deus, dos pais, da natureza, dos amigos ou do companheiro, ele será para sempre. Ao tentar satisfazer o desejo, deixamos de atender as nossas carências amorosas das quais estamos profundamente carentes. Eis o drama que o desejo provoca. Porque, quanto mais a pessoa busca se realizar nas coisas, mais ela se torna insatisfeita. E, assim, mais infeliz. O frenesi consumista da atualidade incendeia o desejo na direção de comprar, trocar, ter e comer vorazmente. Das coisas da natureza quase não se houve falar, talvez um pouco no sentido turístico. Nas manifestações de rua do ano passado ou deste, até hoje não houve nenhum cartaz denunciando os maus-tratos ambientais. Nunca se falou tanto em sustentabilidade quanto hoje. Qualquer discurso digno tem de conter, pelo menos, umas três ou quatro referências a esse conceito. Nada mais... Concluindo, a importância conferida à tarefa da educação ambiental, no sentido de influir no coração e na mente das pessoas, mostra que o cuidado com o natural é a expressão maior de um sentimento universal que chamamos de amor cósmico. O amor à natureza é para sempre. A natureza não é coisa apenas, mas um estado de espírito. Aquele que sabe amá-la, e não apenas desejá-la, sabe muito bem do que estou falando. E como isso nos proporciona um contentamento grande, como se provássemos, por um momento, o gosto feliz da graça celeste. É com essa renovação amorosa que agradecemos o prazer de existir. 

SHUTTERSTOCK

(*) Ambientalista e professor de filosofia da PUC Minas.

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