Revista Em Minas #7

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R$ 5,00

Nº 7 - Novembro/2013

Aniversário

Prosa boa

300 anos da Catedral da Sé de Mariana

Dia da Consciência Negra em debate

Luto:

Como lidar com a morte Revista Em Minas

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Revista Em Minas

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Diogo Queiroga - Divulgação/ PMM

Prosa Boa

DiverCidades

Não

é bem assim! 9 • Irracionalidade esportiva às quartas-feiras

Gastronomia

Em Pauta

33 • Para os amantes da carne

6 • Adilson Pereira dos Santos

30 • Um dia para o Barroco Mineiro 32 • Bar do Vicente

Roteiro Gastrô

10 • Vem aí na nossa região

Comportamento

Capa

34 • Nossa corrupção de cada dia

14 • Luto: a dor da perda

Ser

saudável 36 • “Posso sentir a doçura da vida”

Direito

na Prática 19 • Espaço público

Turismo

Itabirito

38 • Encontre no Pará

20 • 40 anos do Coral Canarinhos

Set Palavras

Mariana

24 • Os 300 anos da Catedral da Sé

40 • A história por trás de alguns livros clássicos

Ouro Preto

Sociais

Dona Drama

Arrasô!

26 • O legado de Padre Mendes

42 • A vida cultural em cena

29 • Paredes sempre contam histórias Revista Em Minas

46 • O olhar de Fernanda Tropia 3

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informa-nos também sobre saúde, artes, cul­ tura, esportes, gastronomia, turismo, tudo bem claro, num espaço pequeno e muito in­ formativo. Excelente! Sucesso a todos e que a Revista Em Minas cresça, levando esses valores a todos os cantos do Brasil. Ganhei esta assinatura, mas quero renová-la quando terminar. Waldete Mendanha Carolino Professora e bioquímica - Ipatinga

A Revista Em Minas está cada vez me­ lhor! Fico encantada com cada edição... Lâne Mabel Soares Funcionária da Ufop - Ouro Preto Há muito nossa cidade precisava mesmo de uma revista como a Em Minas. Sou ouropretana de nascimento e de coração, embora já viva em Ipatinga há 52 anos. Fiquei muito feliz de ver nossa cidade velha vista por olhos novos, mostrando e contando coisas novas dentro de um espaço velho. Tudo isso torna a cidade mais linda, renovada, valorizando o antigo e trazendo saudades. A mágica do excelente jornalismo dos profissionais que integram a equipe da Em Minas, além de nos trazer à memória pes­ soas como Célia Nazaré, José Efigênio Pinto Coelho, entre outros que conheci de perto,

Revista Em Minas

Escreva para nós: Envie seu comentário, crítica ou sugestão E-mail: contato@revistaemminas.com.br Cartas: Rua Paraná, 61 - Centro • Ouro Preto/MG • CEP 35400-000 Redes sociais: facebook.com/revistaemminas e @revistaemminas Por motivo de espaço ou de clareza, as cartas poderão ser publicadas resumidamente.

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Aline Monteiro

Arquivo familiar - Divulgação

Itabirito, Mariana e Ouro Preto têm muito a comemo­rar em novembro. A cidade famosa pelo pastel de angu reverencia os 40 anos do Coral Canarinhos de Itabirito, grupo que investe na educação e formação musical de crianças. Em Mariana, as festividades ficam por conta dos 300 anos do início da construção da Catedral da Sé, um templo que abriga obras de grandes artistas do século XVIII, como Manoel da Costa Athayde e Francisco Vieira Servas. Em Ouro Preto, é a memória dos cem anos de Padre Mendes, grande incentivador da cultura para a juventude local. E o Estado inteiro tem motivo para comemorar: em 2013, será celebrado, pela primeira vez, o Dia do Barroco Mineiro. A data foi instituída pela Assembleia Legislativa em 18 de novembro, dia em que Aleijadinho teria falecido. Novembro também é um mês solene. É comum dizermos que a única certeza da vida é a morte. Sendo assim, por que a perda de um ente querido nos causa tanta dor e sofrimento? Como lidar com esse incômodo? Para a matéria de capa desta edição, conversamos com especialistas e com pessoas que viveram o luto para enten­dermos se existe uma maneira mais fácil de lidar com a morte ou se basta apenas sentir e deixar que a vida se encaminhe em seu próprio ritmo. Falando em vida, que tal conferir os índices de açúcar no sangue? O diabetes é uma doença silenciosa e que causa muitos estragos. No Brasil, cerca de 10% das pessoas entre 30 e 69 anos têm a doença, mas apenas metade sabe que é portadora do distúrbio. Tudo isso e muito mais você lê na Revista Em Minas de novembro. Boa leitura!

Expediente Diretora Comercial | Lícia Ribeiro • Editora-chefe | Ana Paula Martins - MTb-MG 12.533 • Editora | Aline Monteiro • Projeto gráfico | Leo Homssi - Converso Comunicação • Diagramação | Aline Monteiro - Converso Comunicação • Redação | Adriana Moreira, Aline Monteiro, Bruna Fontes, Camila Maia, Douglas Couto, Érica Vieira • Colaboração | Carine Nunes, Vitor Secchin, Michelle Borges • Colunistas | Ana Possas, Felipe Comarela, Fernanda Tropia, João Baldi Jr., Matheus Baldi, Valter Nascimento • Consultor de Design | Bruno Portella • Revisão | Ana Paula Martins • Foto da Capa | Leo Homssi Assine| contato@revistaemminas.com.br • Anuncie | (31) 3551-0618 | comercial@revistaemminas.com.br Tiragem: 3.000 exemplares • Impressão: Formato Artes Gráficas A Revista Em Minas é uma publicação mensal da Em Minas Publicações (Rua Paraná, 61, Sala 2 - Centro • Ouro Preto/MG • CEP 35400-000) • Em Minas Publicações LTDA ME • CNPJ: 17.864.373/0001-03 • ISSN: 2318-0609 revistaemminas.com.br • facebook.com/RevistaEmMinas • @RevistaEmMinas Fale Conosco: redacao@revistaemminas.com.br Todos os textos e as fotos publicados na Revista Em Minas tiveram seus direitos autorais cedidos pelos seus autores.

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Prosa Boa

Adilson Pereira dos Santos ___________________

Adriana Moreira

Adriana Moreira

Belo-horizontino de nascimento e ouropretano de coração. Assim se autodefine Adilson Pereira dos Santos, pedagogo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) que, desde 1995, reside na primeira cida­ de declarada Patrimônio Cultural da Hu­ manidade e envolve-se em causas sociais e culturais no município. Já fez parte da Associação de Moradores do Alto da Cruz e é sócio-fundador do Fórum de Igualdade Racial de Ouro Preto, o Firop. Na Ufop, coordena o Núcleo de Apoio Pedagógico da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e foi o responsável pela condução dos debates e implementação das ações afirmativas (cotas) na instituição. Bem humorado, ele recebeu a Revista Em Minas para uma conversa séria e pertinente. O assunto: a questão da inserção do negro na sociedade, tema que merece um dia de reflexão: 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Revista Em Minas - O escritor Luís Fernando Veríssimo disse que “nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é. Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que tinha abolido no papel”. Mesmo passados 125 anos da promulgação da Lei Áurea, a frase continua atual? Adilson - No caso brasileiro, eu tendo a concordar com aqueles que advogam a necessidade de uma segunda abolição. No dia 14 de maio de 1888, o País não se preocupou com a adoção de medidas que pudessem dar cobertura aos ex-escravos, que, jogados à sorte, teriam que se virar por conta própria. Não receberam a proteção estatal necessária à sua nova realidade. Isso traz consequências que vivenciamos ainda hoje. A situação dos Revista Em Minas

negros e de seus descendentes, atualmente, nada mais é do que reflexo dessa abolição inconclusa. A segunda abolição seria, portanto, a garantia dos direitos fundamentais básicos a todos, indistintamente, algo que o Brasil ainda não conseguiu viabilizar. Fala-se muito em preconceito sutil ou velado. É possível identificar e punir agressões desse tipo? Não é fácil identificar e punir agressões decorrentes do racismo. Mas é preciso, ao mesmo tempo, afirmar que o Brasil conta com um arcabouço legal significativo sobre a matéria. Temos várias leis que poderiam ser aplicadas nesse sentido. Porém, o racismo institucional, que também é forte, acaba contribuindo para o não cumprimento dessa legislação ao pé da letra. Não há dúvidas de que qualquer forma de racismo é nociva, não 6

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apenas à própria vítima. Representa também uma ameaça à humanidade. Em particular, o “racismo à brasileira” é muito perverso, pois, faz supor que vivemos numa sociedade marcada pela democracia racial, concepção forjada por Gilberto Freyre, o que não é verdadeiro. Essa ideia atomiza a discriminação racial, fazendo crer que tudo está na mais perfeita ordem.

tana de “Precioso ainda que negro” para “Precioso Ouro Negro”. Por que essa alteração foi necessária? A mudança da bandeira representou uma importante conquista. Insere-se num contexto mais amplo de reivindicações de políticas públicas de reparação e de ações afirmativas encampadas pelo Firop. Para muitos, o texto anterior não era racista, mas o entendimento do Firop, do então Executivo e Legislativo era que se tratava de uma frase que, no mínimo, veiculava uma conotação preconceituosa. Esse fato político, ocorrido em Ouro Preto no ano de 2005, teve repercussão internacional. O tema ganhou destaque na imprensa, na ocasião em que o 20 de Novembro, no Brasil, representava a celebração dos dez anos da Marcha Zumbi dos Palmares, que foi um importante marco na luta pela conquista de políticas públicas para os negros.

Até que ponto a cor da pele influencia atitudes e pré-julgamentos? Infelizmente, a cor da pele interfere fortemente na discriminação e no racismo no Brasil. Quanto mais melanina, maior é o risco da discriminação racial. No Brasil, os papéis sociais de negros e não negros são muito bem assimilados pela sociedade. Se num determinado evento social, chegam dois homens, um negro e outro branco, ambos de terno, e o cerimonial aguarda uma autoridade e seu motorista, a tendência é a de reconhecimento automático em função da sua cor da pele. Deixo ao leitor imaginar quem seria quem nesse exemplo.

O Censo de 2010 informa que os afrodescendentes representam 51% da população brasileira. Na educação superior, 12,8% dos estudantes são negros e 13,4% pardos. Esse dado na educação Em 2005, foi aprovada uma lei que autonos diz o quê? rizou a mudança da bandeira ouro-preEsses números apenas confirmam os efeitos da abolição inconcluAdriana Moreira sa. Revela que, no campo educacional, o acesso, a permanência e o sucesso acadêmico são questões mais difíceis para esse segmento da sociedade. Daí a justificativa das cotas como medida de correção da desigualdade. É óbvio que a problemática do racismo na educação não será superada exclusivamente com as cotas. Outras ações também são importantes. Destaco a implementação da lei nº10.639, de 2003, que introduziu a obrigatorieda­ de do ensino de história e cultura africana nos curPara Adilson, a mudança na bandeira de Ouro Preto foi um rículos da educação. Essa marco na luta por direitos e políticas públicas para negros legislação – assim como a

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nº11.645, de 2008, que trata da questão indígena – procura trazer para o interior da escola a realidade e a contribuição de um importante segmento da sociedade, cuja história e cultura tradicionalmente foram sonegadas na educação brasileira. Relacionado a essa questão, é bom lembrar que, na mesma ocasião da troca da bandeira por reivindicação do Firop, Ouro Preto aprovou a lei municipal nº59, de 2005, a fim de regulamentar a lei nº10.639 na cidade, cabendo à Secretaria Municipal de Educação a sua implementação.

A questão do sistema de cotas para ingresso no ensino superior é um assunto cercado de polêmicas. Como você avalia a aplicação das políticas afirmativas dentro das universidades federais? De fato, o tema das cotas, que é uma expressão das ações afirmativas, pode ser considerado um dos mais polêmicos deste começo de século. Mexeu com a sociedade brasileira como um todo, afinal, tocou em tabus que o País insiste em não enfrentar. Falar em políticas públicas visando à reparação de danos causados pelos efeitos perversos da escravidão sempre foi algo que rejeitamos. Afinal, o Brasil é um país onde impera a “democracia racial”. Na verdade, a autodeclaração racial é apenas um dos aspectos das polêmicas. Porém, tal questão já está superada. A decisão do STF [Superior Tribunal Federal] quanto à constitucionalidade das cotas raciais cessou dúvidas sobre esse aspecto. A Corte Suprema reconheceu as cotas como necessárias e admitiu a autoidentificação como uma das formas possíveis para se beneficiar delas. Portanto, acredito que a polêmica é muito mais uma das formas de manifestação do “racismo à brasileira” do que uma dificuldade de enfrentar a questão frontalmente. Com isso, busca-se mecanismos que possam justificar a sua não aplicação. Associo-me àqueles que defendem as cotas nas universidades federais. Não considero as cotas a única medida para superação dessa desigualdade. Há que se ampliar as vagas nas universidades públicas, investir fortemente na escola básica, inclusive com a valorização docente, estimular a autoestima de certos grupos, entre outras coisas. Assim, vejo a Lei de Cotas (12.711 de 2012) como um mecanismo necessário, visando à democratização do acesso e da permanência no ensino superior público. A situação atual de egressos de escola pública, negros, indígenas e pessoas mais pobres ainda não confere a esses grupos condições objetivas para o acesso, sobretudo, aos cursos mais concorridos. •

Quando começou a preo­ cupação com as ações afirmativas no Brasil? Já é possível traçar um retrato dessa implantação nas universidades brasileiras? Em primeiro lugar, é bom dizer que as ações afirmativas são medidas públicas ou privadas que buscam, conforme lembra o Unicef, “fazer com que alguns grupos de pessoas tenham seus direitos respeitados. Todas as pessoas têm direitos iguais, mas o preconceito faz com que muitas não consigam fazer com que seus direitos sejam cumpridos”. As ações afirmativas no Brasil não são uma novidade, vêm sendo praticadas há muitos anos. No que diz respeito ao ensino superior, a sua aplicação é recente, começou a ser utilizada no ano de 2003, no Rio de Janeiro (UERJ e UENF), na Bahia (Uneb) e no Mato Grosso do Sul (UEMS). O Programa Universidade para Todos (Prouni), criado em 2004, traz uma política de ação afirmativa com foco nos egressos de escolas públicas, negros, indígenas e pessoas com deficiências. Apesar do pouco tempo de existência, as cotas já se mostram como medida extremamente necessária para a ampliação da presença de segmentos historicamente excluídos nas universidades. Estudos e pesquisas revelam que egressos dessas políticas começam a ocupar posições sociais distintas das até então “reservadas” a outros grupos sociais.

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Da irracionalidade esportiva coletiva que chamamos de quarta-feira à noite Como boa parte da população brasileira, sou apaixonado por futebol. Fui educado jogando e acompanhando o esporte, cresci completando álbuns de figurinhas da Copa, me tornei um adulto que frequenta estádios, paga mais caro para ver jogos em HD na televisão e briga com outros adultos por causa de pontuação em fantasy games de futebol - o que talvez seja uma boa razão para repensar o número de vezes que disse “adulto” neste parágrafo. Mas mesmo sendo apaixonado por futebol e tendo essa paixão como natural, conforme fui crescendo e levando uma vida mais e mais adulta, comecei a notar que, para uma parcela também significativa da população, o futebol não apenas não tem nada de natural como representa um transtorno constante, interminável e contra o qual se veem impotentes, já que não chamam o Brasil de país do futebol. Isso porque, quando se trata de futebol, as pessoas se acostumaram a aceitar muita coisa. Não falo apenas de questões grandes, como o investimento público em estádios que supera o realizado em outras áreas esportivas, o apoio do governo aos clubes, perdoando dívidas (que eu duvido que ele perdoaria se fossem relacionadas ao seu imposto de renda – dificilmente teremos uma pedromania pra te dar isenção este ano, seu Pedro) ou mesmo todas as questões que ficam nesse meio e mostram que talvez seja mesmo interessante rediscutir a relação entre o futebol e a gestão dos nosso recursos. Não. Eu falo de coisas um pouco menores.

Falo do fato de que, numa quarta-feira, é considerado socialmente aceitável que seu vizinho abra a janela às 23h para gritar “chupa” durante uma partida, coisa que você seria profundamente criticado se abrisse a janela na segunda para dizer durante um episódio especificamente emocionante de The Good Wife. Falo do fato de que, em dias de final de campeonato, as pessoas se sentem liberadas para soltar fogos, independente de hora e local, como se isso não fosse acordar seu bebê de colo e deixar os animais da sua casa se preparando para um apocalipse canino que possivelmente nunca vai vir. Falo do receio de sair com seu filho nas cercanias de um estádio porque, num dia de futebol, as pessoas se acham no direito de mexer com os outros na rua de uma maneira que não fariam quando voltam da missa da terça de manhã. E falo dessas coisas porque as grandes dependem de grandes discussões e grandes soluções – não acredito que vou resolver os problemas da relação clube/empresa/governo – todas as menores dependem apenas de todos os que gostam de futebol, como eu, lembrarem que existem as pessoas que, talvez, não apreciem tanto assim de futebol. Ainda que talvez num momento de emoção seja impossível conter uma ou outra incitação à prática do sexo oral dos adversários, tem muitas coisas simples que podemos fazer para que uma vitória do nosso time não signifique uma derrota da noite de sono do vizinho e evite uma reunião de condomínio sem hostilidades no final do mês. • Por João Baldi Jr. - Jornalista e autor do blog justwrapped.me

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Em Pauta Divulgação

Cães e gatos em debate A nossa região discute, pela primeira vez, o manejo populacional de animais de rua. O 1º Seminário de Manejo Populacional de Cães e Gatos da região dos Inconfidentes acontece nos dias 8 e 9 de novembro, no Centro de Convenções de Mariana. Com palestras, debates e mesa-redonda, o evento conta com a participação de profissionais da UFMG, do Serviço de Zoonoses da Prefeitura de Belo Horizonte e do governo de Minas Gerais, além de representantes de prefeituras que tiveram sucesso no tratamento do tema. Informações e inscrições: seminarioregiaoinconfidentes@gmail.com

Mostre sua arte em 2014

Encontro de Saberes

Divulgação

De 6 a 8 de novembro, a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) promove o Encontro de Saberes, que visa a integrar ensino, pesquisa e extensão, pilares do ensino superior, com objetivo de ampliar e aprofundar o diálogo entre a universidade e a comunidade. O evento tem como princípios gerar conhecimentos e fortalecer o vínculo e o compromisso com a população. O Encontro de Saberes envolve o XXI Seminário de Iniciação Científica (SEIC), o XIV Seminário de Extensão (SEXT) e a VI Mostra Pró-Ativa e acontece com o apoio do CNPq, da Fapemig, da Fundação Gorceix e da Feop.

A Galeria Nello Nuno, da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), está com inscrições abertas para seu processo seletivo de ocupação anual. Artistas visuais que trabalhem em qualquer mídia podem se inscrever para exposições individuais ou coletivas. Serão aceitas propostas multidisciplinares ou em uma única área artística, e cada um dos trabalhos selecionados será exposto durante um mês. O processo seletivo abarca a ocupação da galeria de fevereiro a dezembro de 2014. As inscrições são gratuitas e estão abertas até o dia 2 de dezembro. As propostas devem conter o envio de portifólios impressos e preenchimento da ficha de inscrição. www.faop.mg.gov.br

Nathália Viegas - Divulgação Ufop

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Metrologia em Ouro Preto

Violeiros em Santo Antônio do Grama

A 7ª edição do Congresso Brasileiro de Metrologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Metrologia, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, acontece de 24 a 27 de novembro, no Centro de Artes e Convenções da Ufop, em Ouro Preto. O congresso tem o objetivo de reunir pessoas e instituições para a construção de estratégias voltadas à disseminação da cultura da metrologia e avaliação da conformidade como fatores essenciais ao desenvolvimento sustentável de nossa sociedade. Além de debates e cursos, o congresso traz a Expo Metrologia 2013, uma feira de serviços e equipamentos de medição. www.metrologia2013.ufop.br

Divulgação

O Festival de Violeiros de Santo Antônio do Grama promete agitar a cidade de 14 a 17 de novembro. A disputa entre os os violeiros abrange as categorias de Me­lhor da Terra, Regional, Melhor Violeiro ou Música de Raiz e Mirim, com distribuição de R$8 mil em prêmios e troféus. Além da competição, o festival conta com shows de música, com Régis Danese, Banda Muito Mais, Karame­ tade e Banda Agência 4. O evento tem entrada gratuita.

Divulgação

Peça esculpida por Aleijadinho volta a Ouro Preto Após cinco anos de investigações, o Ministério Público de Minas Gerais recuperou uma peça do século XVIII, desaparecida de Ouro Preto há mais de 40 anos. A obra, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi apreendida em uma casa da região da Pampulha, em Belo Horizonte. A Samaritana, em pedra-sabão, tem cerca de 1m de altura. Ela integra um conjunto arquitetônico de Ouro Preto e foi vendida para um colecionador da capital mineira na década de 1970. Estudos técnicos indicam que A Samaritana faz parte de um chafariz instalado aos fundos do casarão onde, atualmente, está instalado o Museu Casa Guignard. Por ser parte integrante do monumento nacional de Ouro Preto, a peça não poderia ter sido retirada do conjunto a que pertencia originalmente. A escultura foi devolvida a Ouro Preto e está sob a guarda do Iphan, no Museu da Inconfidência, até o fim do julgamento. Ela pode ser visitada na Sala Aleijadinho. Revista Em Minas

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Douglas Couto


Vale dos Contos de volta

Municípios em convênio com o governo do Estado

O parque Vale dos Contos inaugurou, em outubro, uma nova parceria com as instituições de ensino de Ouro Preto, Mariana e distritos. A programação contempla gincanas que envolvem brincadeiras e exercícios físicos. As atividades acontecem todos os dias da semana (exceto quintas-feiras), a partir das 13h. Agendamento pelo telefone (31) 8867-1350, ou pelo e-mail cultura@valedoscontos.com.br. As portarias do parque Vale dos Contos funcionam em horários diferenciados. Portaria Museu Casa dos Contos: às segundas, de 14h às 16h; de terça a sábado, de 12h às 16h; aos domingos e feriados, de 12h às 15h. Portaria da Rodoviária: diariamente, incluindo feriados, de 7h às 17h. Portaria do Pilar: fechada para obras.

Várias cidades da Zona da Mata, muitas delas filiadas à Associação de Municípios do Vale do Rio Piranga (Amapi), assinaram convênio com o governo de Minas Gerais para liberação de verba do ProMunicípio. A solenidade aconteceu na sede da regional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Ponte Nova, e contou com a presença de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, deputados, secretários, imprensa e demais convidados. Os convênios somam mais de R$19 milhões e fazem parte do ProMunicípio, programa lançado neste ano pelo governo de Minas, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento municipal com investimentos em infraestrutura viária, máquinas e equipamentos rodoviários, veículos e ações de saúde e educação. As prefeituras são responsáveis por decidir onde os recursos serão investidos. A verba liberada depende do número de habitantes.

Fórum Técnico dos Municípios Mineiros

Mariana celebra o mestre Athayde Entre os dias 11 e 17 de novembro, Mariana celebra o aniversário de um dos mais importantes artistas do barroco, Manoel da Costa Athayde (1762-1830). O município prepara uma extensa programação cultural para comemorar os 251 anos de nascimento do artista. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo promove saraus e visitas monitoradas. A programação oficial será divulgada no site www.mariana.mg.gov.br. O marianense Athayde foi pintor, dourador e entalhador. Ficou mundialmente conhecido por seu trabalho em parceria com Aleijadinho, encarnando e dourando suas imagens. Suas obras podem ser vistas nas principais igrejas de Mariana e Ouro Preto. Seu túmulo está no interior da igreja São Francisco de Assis, em Mariana.

A discussão sobre a qualidade dos serviços públicos vai pautar o Fórum Técnico dos Municípios Mineiros, promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM). O encontro acontece de 5 a 7 de novembro, reunindo gestores e servidores públicos dos 853 municípios mineiros. Serão discutidos assuntos de gestão pública nas áreas de saúde, trânsito, prestação de contas, captação de recursos, direito municipal, previdência social e comunicação. Legislações, organização administrativa, compensações e contratos serão temas de palestras. O fórum acontece no Dayrell Hotel e Centro de Convenções (rua Espírito Santo, 901, Centro - Belo Horizonte). Informações: (31) 2125-2400 ou www.portalamm.org.br. Revista Em Minas

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Mariana apoia micro e pequeno empresário No dia 5 de novembro, o Comitê Municipal de Apoio ao Micro e Pequeno Empresário de Mariana reúne-se novamente. O objetivo do grupo é o desenvolvimento do empreendedorismo de micro e pequeno porte como um dos instrumentos propulsores do avanço econômico e social do município. O comitê foi criado por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Retrospectiva: 20 anos Sesi Mariana As comemorações dos 20 anos do Sesi Mariana continuam. Até o dia 15 de dezembro, das 9h às 19h, é possível visitar a exposição Galeria Sesi Mariana: Retrospectiva. A mostra apresenta um recorte da trajetória de diversidade cultural da entidade. Com atuação intensa e ininterrupta, a Galeria Sesi Mariana incentiva a produção de novos talentos e divulga nomes consagrados do cenário artístico nacional e internacional, com zelo pelos artistas locais, que sempre tiveram espaço garantido para mostras de arte e artesanato. A Galeria do Sesi Mariana fica na rua Frei Durão, 22, Centro. Informações: (31) 3557-1041

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PMOP - Divulgação

Doe um pote pela vida A turma de Enfermagem B1 da Escola Eurípedes Barsanulfo, em parceria com a Santa Casa da Miseri­córdia de Ouro Preto, promove a campanha Doe um pote pela vida. A ação, que tem o apoio da Prefeitura de Ouro Preto, por meio da Secretaria de Saúde, e do Comitê Interinstitucional de Aleitamento Materno (Ciam), pede a doação de frascos (potes de vidro com tampas de plástico) de qualquer tamanho para armazenamento de leite materno. Cerca de 30% das mulheres no município não podem amamentar. O Banco de Leite Humano tem o objetivo de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, auxiliando essas mães. Veja os postos de coleta: - Ponto de Reciclagem (rua Desidério de Matos s/n, Padre Faria) - Hospital Santa Casa da Misericórdia de Ouro Preto (rua José Moringa, 620, Vila Itacolomy) - Escola Eurípedes Barsanulfo (rua Mecânico José Português, 18, São Cristóvão) - Ponto de Reciclagem (rua dos Diamantes, 18, Nossa Senhora do Carmo) - Guarda Municipal (rua Conselheiro Santana, 14, Pilar) - Salão Labelle (rua Dimas Bezerra, 42 A, Bauxita) - Escritório do vereador Alysson Gugu (rua Vereador Oscar Araújo, 38, Bauxita) - Grupo da Terceira Idade Renascer (rua Álvaro Bressan, 30, Bauxita) - Lanchonete Kidelícia (rua Alfa, 12, Bauxita). 13

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Aline Monteiro

Capa

A dor da perda Morte: existe uma forma de se preparar para ela? ___________________

nal nos braços, feito pelo pai como presente para o filho no Natal de 1998. Muitas pessoas não entenderam a razão daquele objeto na mão do formando. Mas, ao longo da cerimônia, os fatos foram se explicando. O rapaz de 23 anos, Rafael Viana Camara, pegou o microfone e começou seu discurso de homenagem. Muitos na plateia tinham olhos marejados de emoção, vivendo um pouco das palavras do garoto ou emocionados com a doçura do desabafo na sua voz. O estudante estava homenageando os pais

Adriana Moreira Érica Vieira

26 de julho de 2013. Mais uma formatura da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Uma turma de estudantes se prepara para colar grau e poder ser, enfim, graduados. Um dia importante na vida de qualquer pessoa que idealiza, luta e realiza o sonho de se tornar um profissional. Na cerimônia, um garoto entra no local da formatura com um caminhãozinho de madeira azul artesaRevista Em Minas

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Aprender a lidar com perdas, sem se desesperar, é uma lição difícil, mas que deve ser buscada

e entes falecidos daqueles formandos e desabafando sobre sua vida, sua história e sobre seu pai, também falecido. Em maio de 2012, o pai de Rafael morreu vítima de uma parada cardíaca fulminante. Desde então, o estudante pensou em homenageá-lo na formatura. Era o momento mais esperado dos últimos tempos, mas faltaria uma das pessoas mais importantes de sua vida. Essa foi uma forma encontrada por ele para amenizar a dor ou, talvez, desabafar. Cada um reage de uma maneira frente à morte. O fato é que não existe uma fórmula ou regra para passar por esse período sem sofrer. A psicóloga e psicanalista Cláudia Itaborahy explica que o tripé freudiano recordar, repetir e elaborar pode ajudar. Para ela, esse percurso é necessário quando o sujeito se encontra perdido em seu sofrimento. “É preciso falar. Ao contrário do que muitos de nós fazemos, é necessário falar da dor, da morte, da saudade. A palavra aqui, seja ela falada ou escrita, é a forma mais eficaz”. Cláudia afirma também que são necessários deslocamentos, buscas por atividades que trazem prazer e distração da dor. Distrair a dor sem escondê-la. “É preciso viver o luto com tudo aquilo que ele nos traz: chorar, sofrer, ir dando sentido para a perda, res-

significando a saudade, acalmando a urgência que a ausência traz em muitos momentos.” No livro Sobre a Mor­ te e o Morrer, a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross descreve cinco fases desse processo de luto, que são comuns às pessoas que estão vivenciando uma perda. A primeira é negação e isolamento; sucedida pela raiva; barganha (quando a pessoa negocia com Deus, com os outros ou consigo mesma em relação à morte); depressão (falta de investimento na própria vida em virtude da perda); e, a última, aceitação (a pessoa já aceitou a falta do falecido na sua vida e busca uma maneira de lidar com a falta dela, mantendo a sua presença na ausência física). Os estágios nem sempre acontecem nessa ordem e nem todas as pessoas passam por todos, mas alguém que está enlutado apresentará ao menos dois desses sintomas.

Lidando com o luto Rafael recebeu a notícia da morte do pai enquanto estudava. Ele conta que, naquele momento, o apoio dos amigos e da namorada foi fundamental. No início, o jovem diz que deixou de lado a própria vida para acalentar a mãe, que era quem mais sofria aparentemente. Quando sobrava tempo, ficava sozinho, no canto dele, e chorava. Ficar so-

Guardar ou não objetivos do ente falecido? Arquivo Pessoal

Não existe um padrão. Algumas pessoas preferem guardar uma peça de roupa ou um objeto que lembre o ente querido. Outras doam tudo. A psicóloga e psicanalista Cláudia Itaborahy explica que o sujeito do luto vai fazer essa escolha ao longo de sua travessia pela falta. “A memória é feita mais do que fica no corpo do que pelo que se guarda em caixas e gavetas”. O trabalho de luto é subjetivo, e os próprios sujeitos vão inventando e reinventando as formas de

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irem lidando com a perda. O jovem Rafael Camara, por exemplo, guarda um caminhãozinho artesanal feito pelo pai. Carregado de lembranças...

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Leo Homssi

zinho ou não é uma opção de cada um frente à dor, mas Cláudia Itaborahy acredita que sempre é melhor ter alguém ao lado que “acolha o nosso sofrimento, nos leve para passear, nos escute, testemunhe nossa dor e nos faça companhia”. Aprender a lidar com perdas, sem se desesperar, é uma lição difícil, mas que deve ser buscada. A psicóloga e autora do livro Do luto à luta, Gláucia Rezende Tavares, descreve como luto criativo a capacidade de lidar com a ausência física e com a presença afetiva. “No luto criativo, há o período do primeiro ano o qual inaugura inúmeras circunstâncias que pedem para ser reinventadas sem a presença física do ente querido. Não quer dizer que passado o primeiro ano, a vida se normalize, mas as datas podem ser revividas com um aprendizado prévio. Devemos ter cuidado para entender que o luto criativo não é depressão. Há tristeza e também o cultivo da alegria do convívio”, explica. Para Gláucia, é preciso aprender que não há ganhos na vida sem perdas. “Dizer isso para uma pessoa enlutada pode ser recebido como grande ofensa. Mas, ao separamos perda de ganho, em qualquer setor das nossas vidas, fica muito mais difícil assimilar essa condição. Não digerir a dor da perda tem a ver com a ilusão de que é um absurdo que a morte do ente querido possa suceder e com enorme apego. Amor é, inclusive, deixar ir e ficar com a memória. O que mata a morte é a memória”, completa.

Sem anestesia Quando perdemos alguém que amamos, de forma traumática, como em um acidente, a morte vem “sem anestesia”, como descreve

Lays Lopes aprende a viver, diariamente, com a presença afetiva dos pais

Gláucia. Mesmo que não gostemos de tocar no assunto, histórias fortes de pessoas que vivenciaram o luto podem nos ensinar muito. Afinal, ninguém está isento dos desafios da vida, inclusive os que encaramos como ruins. A estudante ouro-pretana Lays Lopes, aos 17 anos, em 2011, recebeu uma péssima notícia: os pais haviam morrido, vítimas de acidente aéreo. “Naquele momento, meu mundo desabou. Fiquei com raiva, inconformada e neguei que isso estava acontecendo comigo. Eu nunca havia parado para pensar que um dia eles morreriam. Para mim, eles seriam eternos, mas infelizmente não é assim. A minha mãe era o meu tudo e, de repente, me vi sozinha”, lamenta. Gláucia Tavares explica que buscar formas de conviver com a ausência física e com a presença afetiva é a grande tarefa do luto. “No dia em que a presença cair em total esquecimento, podemos afirmar que, aí, o ente querido morreu”, pontua. O tom dramático e doloroso que essa perda trouxe para a jovem Lays não a fez

Existem cinco fases do luto: negação e isolamento; raiva; barganha; depressão; e aceitação. Os estágios nem sempre acontecem nessa ordem e nem todas as pessoas passam por todos Revista Em Minas

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Onde procurar ajuda rem forças para prosseguir. Atualmente, há vários grupos no Brasil. O site da rede é www.redeapi.org.br.

Gláucia Rezende Tavares explica que a primeira questão é a pessoa identificar se quer ajuda e do que precisa. “Há um grande temor que o luto criativo e digerido seja confundido com o não gostar mais da pessoa que morreu. Vira quase um absurdo o enlutado poder cultivar alegria”, destaca. Fazer terapia também pode ajudar nesse processo de luto. Uma experiência pioneira no Brasil é o API – Rede de Apoio a Perdas Irreparáveis. É um espaço-tempo para os enlutados compartilharem suas dores e busca-

Confira a seguir algumas sugestões de livros sobre o tema: • Sobre a morte e o morrer, de Elisabeth Kübler-Ross - Editora Martins Fontes; • Do luto à luta, de Gláucia Rezende Tavares e colaboradores - Editora Casa de Minas; • Cura dos Traumas da Morte, de Pe. Leo, SCJ - Editora Canção Nova.

perder os motivos para viver cada vez melhor. Por isso, ela aprende a conviver, diariamente, com a presença afetiva dos pais. “Às vezes, tenho a sensação de que eles irão voltar. Ainda não me conformei, mas aceito melhor. Contar com o carinho de pessoas próximas, que eu gosto, foi e é muito importante. Hoje, vejo que a dor da perda dos meus pais se transformou em uma enorme saudade. Guardo as lembranças boas e sempre me lembro de tudo que vivi com eles. Isso, com certeza, me faz uma pessoa melhor”, confessa.

delas será cabal para a angústia da cons­ ciência de finitude das pessoas. Desidério Murcho, professor de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), explica que todos esses modos se aproximam pois resultam da própria natureza não empírica da Filosofia. Ou seja, ela não é uma ciência como as outras, cujas experiências são comprovadas em ambiente laboratorial. “Nessa área de estudos, abordamos problemas insusceptíveis de tratamento empírico adequado. Assim, trabalhamos apenas problemas conceituais relacionados à morte. Por exemplo, se morrer é um valor negativo ou se, afinal, é indiferente”. De acordo com o professor, a Filosofia “ensina-nos a morrer porque nos ensina a viver melhor”. Beber dessa fonte pode ajudar as pessoas a viverem melhor, lidar melhor com as adversidades e tornar mais fácil e viável a busca pela felicidade, já que a ciência e muitos filósofos se debruçam na metafísica para estudar o bem viver.

Visão filosófica A morte, para alguns, pode ser a experiência mais dolorosa pela qual se passa. Uma hora ou outra, todos sofrerão com esse processo natural da vida. Talvez por se falar com tanto receio dela em algumas culturas, não se aprende a lidar com o luto. A Filosofia, por abranger suas indagações em diversas direções, também dá respostas distintas para a questão. Mas é claro que nenhuma

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O papel das religiões e da fé A psicóloga e psicanalista Cláudia Itaborahy explica que a morte assusta, é pouco falada e nos causa pavor porque é incontrolável, é um enigma. “Queremos esquecê-la como se, assim, a tornássemos menos real. Dessa forma, enganamos a morte para a vida ser mais poesia”. Segundo ela, no processo de luto, as religiões são lugares nos quais nos apoiamos para dar conta da vida, para buscar respostas que, às vezes, não construímos sozinhos. Além das religiões instituídas, a psicóloga fala das religiões particulares que são “nossos ritos pessoais e intransferíveis, o que nos sustenta e nos faz suportar os desastres da natureza”. Cláudia explica que, talvez, a morte seja o motivo que mais atraia fiéis para a religião, já que as respostas sobre ela estão carregadas de fé. “Quem é que nunca buscou algo superior, uma resposta superior para dar conta de uma dor quase insuportável?”. É nesse Ser superior que a estudante Lays se apega para continuar sua caminhada. Por isso, ela quer viver cada vez melhor, como forma de homenagear seus pais. “Agradeço muito a Deus pela proteção que me envia. Sei que meus pais, onde quer que estejam, estão orgulhosos de mim por tudo que fiz e faço. Quase dois anos se passaram, e a minha vida continua. A tendência é que, cada vez mais, eu cresça como pessoa, assim como eles me ensinaram. Desistir não seria uma coisa que os deixariam bem; por isso, continuo acreditando que cada dia estarei melhor”, completa. Além de remeter a uma ideia de fim, o que acontece depois da morte nos enche de dúvidas. Será que a alma é imortal ou deixamos de existir depois que nosso corpo se vai? O que há além da vida? As doutrinas religiosas, que encaram a morte de formas diferentes, nos confortam em muitos de nossos dilemas e procuram informar sobre esse mundo desconhecido. A Igreja Católica, por exemplo, defende que não temos morada permanente neste mundo, pois estamos de passagem, numa grande romaria. “A vida não termina na morte, mas continua junto de Deus. Desfeito o nosso corpo mortal, nos será dado um corpo glorioso. De Deus viemos, a Ele voltaremos. A morte, então, Revista Em Minas

não tem a palavra última. A ressurreição de Jesus é a certeza definitiva de que haveremos de ressuscitar. Assim, o cristão não celebra a morte, mas a vida que Deus lhe concede neste mundo e, concluída sua caminhada terrena, a vida eterna na glória dos céus”, explica o padre Marcelo Moreira Santiago, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. Já os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu e inferno) e na eternidade da alma. Assim, o morto faz uma grande viagem, e a ressurreição acontecerá somente quando Jesus voltar à Terra, na chamada ‘ressurreição dos justos’, ou, então, aqueles que forem condenados terão uma nova chance de ressurreição no ‘julgamento final’. “Para nós, a morte é uma ponte que nos liga a Deus”, conta o pastor Avelino Passos, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. No Espiritismo, a morte é a passagem da vida física para a verdadeira vida, a espiri­ tual. Para a doutrina kardecista, somos seres eternos. “A morte desafia muito as emoções. Se considerarmos a vida espiritual, a jornada na Terra é uma viagem de aprendizado que muito enriquece o espírito. Devemos analisar essa transitoriedade e nos prepararmos para o momento da saudade temporária e, quando ela vier, nos conscientizarmos de que não é o fim. Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, matou a morte e nos demonstrou que a morte de natureza orgânica é a libertação do ser espiritual”, explica Neméssia Maciel, vice-presidente do Grupo Espírita Evangelho de Cristo, de Ouro Preto. A morte é a única certeza da vida, mas é também surpresa. O que pode fazer a diferença é a vida que se leva no intervalo entre o nascer e a morte. Viver intensamente hoje, dizer e demonstrar o que se sente, amar as pessoas como se elas fossem ser perdidas numa surpresa fará toda diferença no presente e, sobretudo, no futuro. “Felicidade não depende de estarmos imunes aos desafios da vida e nem de idade cronológica. É uma disposição para assumir a construção de uma vida que valha, à despeito de nossas dores”, recomenda a psicóloga Gláucia Rezende Tavares. • 18

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Se o espaço é público, posso utilizar como bem entender? Para mim, a resposta é simples: não! Mas não creio que seja tão fácil assim para grande parcela das pessoas. Digo isso pela ausência da noção do conceito de coisa pública em nossa sociedade. É comum ouvirmos que, se determinado espaço é público, “posso fazer o que bem entender”. Entretanto, o que é público não me pertence, mas, sim, a todos, sem distinção. Portanto, não tenho o direito, de utilizá-lo como desejo. Um exemplo: a construção de rampas de acessos de carros para as garagens das residências. Basta uma caminhada de poucos minutos pelas ruas de nossas cidades para encontrarmos rampas que se iniciam dentro da via pública, passando pela calçada, como se a rua fosse propriedade do dono do imóvel. Em alguns bairros de Ouro Preto, por exemplo, é praticamente impossível transitar pelas calçadas, pois as rampas estão construídas de tal forma que descaracterizam os passeios. Em outros casos, o trânsito pelas ruas acaba prejudicado. E onde entra o conceito de espaço público nesse caso? Ora, uma pessoa que simplesmente faz uso de um espaço público (tal como as ruas e calçadas) para construir uma rampa de acesso, o faz para seu proveito particular, como se fosse dono daquele lugar. Pode

parecer pouco, mas aí está um negativo efeito dessa prática. Toda vez que um particular usa o espaço público em desconformidade com as normas que regulam tais condutas, demonstra que, para ele, o patrimônio público pode ser utilizado para fins estritamente pessoais. Ou seja, pode fazer como bem entender. Essa pode ser considerada uma conclusão um tanto radical, mas quanto mais próxima a noção de patrimônio público estiver da sua livre utilização pelo particular, mais próximo estaremos de uma sociedade na qual a cultura do uso da coisa pública para satisfazer interesses privados é entendida como normal. É, antes de tudo, uma questão cultural e, como tal, seus efeitos refletem nas mais diversas práticas sociais e orientam até mesmo a forma com que nossos representantes políticos exercem a sua função, que, apesar de ser pública, passa a ser utilizada (em alguns casos) para fins estritamente privados. Não se trata, aqui, de atribuir a mesma gravidade à forma de construção das rampas de acesso que os atos de desvio de recursos públicos, mas de demonstrar como é urgente a mudança de determinados comportamentos por parte da sociedade. São as pequenas práticas diárias que acabam por gerar verdadeiras transformações sociais. •

Onde entra o conceito de espaço público?

Por Felipe Comarela Milanez - Professor do Curso de Administração Pública da UFOP Revista Em Minas

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Sanderson Pereira - Divulgação

Itabirito

40 anos do Coral Canarinhos Sucesso impulsionado por um só sentimento: a paixão pela música nho foi o primeiro menino a ser aprovado no teste do padre Francisco Xavier Gomes, “por ter a voz afinada”, garante. O pároco da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem almejava montar um coro e, perseguindo o anseio, fundou por iniciativa própria o coral Os Canarinhos de Itabirito, em 1973. Com auxílio dos familiares dos meninos cantores e de duas maestrinas, Ana Maria Domingos e Maria José Michel, o sonho do padre Xavier perpetuou-se ao longo dos anos, mesmo após a sua morte, em 1981. “Eu cheguei a levar os meninos para ensaiar na minha casa, tudo para manter a qualidade do coral”, conta Ana Maria, mais conhecida como Dona Ana.

___________________ Bruna Fontes

“Era 6 de setembro de 1973, dia da grande estreia do coral. A cidade ficou sem luz, e minha mãe esquentou o ferro no fogão, para passar o meu uniforme. Se a luz voltasse, a estreia aconteceria.” Determinação, zelo e disciplina. Foi por meio desses sentimentos que, há 40 anos, a Associação Cultural Os Canarinhos de Itabirito mantém o seu brilho na cidade. O relato de Serginho Barbosa, hoje cantor e compositor, externa toda a aura familiar que envolve a entidade, que em setembro comemorou seu 40º aniversário. SergiRevista Em Minas

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Importância cultural para a cidade

O sentimento resoluto em dar continuidade ao trabalho iniciado transformou-se em meta a ser alcançada, por meio do esforço de inúmeras mãos. Após o falecimento do padre, a maestria foi assumida pelos músicos Márcio Miranda Pontes, em seguida, Hélcio Rodrigues Pereira e, posteriormente, por dois “canarinhos”: Márcio Lima de Carvalho Sousa e Eric Vinícius Lana de Aguiar. Desde 2003, Eric é maestro titular do coral. “Entrei nos Ca­ narinhos aos oito anos, como menino cantor, e aos 21, como maestro. O coral é a minha vida. Devo tudo aos ensinamentos musicais, morais e culturais que obtive nele ainda criança”, destaca o atual regente.

Também ex-cantor fundador, Ubiraney de Figueiredo Silva ingressou ao coro aos nove anos. “Participar desse movimento musical foi uma das experiências mais gratificantes e produtivas que tive oportunidade de vivenciar ao longo da minha vida artística”. Para além da vivência individual, Ubiraney ressalta que a sua passagem pelo coral serviu como fomento intelectual e artístico, influenciando sua opção profissional. Atualmente, como secretário do Patrimônio Cultural e Turismo de Itabirito, considera a associação como um selo de qualidade cultural em todo o território nacional, devido

O coral Canarinhos conta com aproximadamente 150 cantores, divididos em cinco coros que constituem o laboratório de vivências dentro da entidade

Filipe Nolasco, professor de flauta, [o quinto da esq. para a dir., em pé], com o grupo Cordas, Sopros e Sonhos

Sanderson Pereira - Divulgação

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Bruna Fontes

Para comemorar seu aniversário, o Coral Canarinhos reuniu o grupo atual e ex-participantes da Associação

à seriedade dos profissionais que atuaram e trabalham ali. “O Canarinhos de Itabirito tem, certamente, um papel fundamental nesse contexto, sendo responsável pela formação de profissionais de todos os níveis, em várias vertentes profissionais, com destaques notórios em vários segmentos”.

missas, casamentos, cerimônias litúrgicas, congressos, entre outras atividades que compõem a agenda do coral. Além dos ensinamentos musicais, a preocupação se estende ao rendimento escolar dos jovens, tornandose critério para a admissão do cantor, que deve ser assíduo às aulas. O mais importante para integrar esse ninho é ter vontade de cantar. Canarinhos por formação e profissão, os professores da entidade atuam nas áreas de canto e instrumentalização musical, lecionando, respectivamente, técnica vocal e canto; e aulas de viola, violino, violão, violoncelo e flauta. Para Eric Lana, além das habilidades práticas e teóricas em musicalização, “a atividade coral permite aos indivíduos que dela participam uma melhor socialização em um ambiente de diversidade cultural, proporcionada pela integração em grupo dos mais variados tipos de personalidades, credos e ideologias, todos unidos pelo cantar”. O professor de flauta e musicalização e maestro do

Vida de Canarinho Atualmente, o coral Canarinhos conta com aproximadamente 150 cantores, divididos em cinco coros que constituem o laboratório de vivências dentro da entidade. Além da formação titular, a associação é conta com dois coros de base, Pequeninos Canarinhos e Canarinhos Postulantes; um grupo performático, Canarinhos EnCena, e um coro de câmara, Ma­ drigal Pe. Xavier. Possui, ainda, um conjunto de flautas doces barrocas, Grupo de Flautas Doces Menestréis, e uma camerata de cordas, Ca­ merata Pe. Xavier. Crianças a partir dos seis anos podem participar de apresentações,

Canarinhos por formação e profissão, os professores da entidade atuam nas áreas de canto e instrumentalização musical Revista Em Minas

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coro Canarinhos Postulantes, Filipe Nolasco, 24, ressalta que a importância da preparação musical, desde a primeira infância, “é comprovada, principalmente, na nítida constância que o coro principal desenvolve ao longo dos anos, desde a implantação do projeto, que se iniciou em 2005, com a criação do coral infantil Pequeninos Canarinhos”. Por realizar o trabalho, que visa ao aprendizado dos parâmetros musicais básicos, a instituição detém um considerável número de aprovados – entre os primeiros colocados em provas de conhecimentos práticos – em cursos superiores na área. Além da conquista pessoal e de reforçar toda a importância do coral, os aprovados ainda servem de exemplo aos que estão iniciando em música. O estudante Paulo Henrique Silveira, 17, espelha-se nos demais e pretende tentar vestibular para Música. “O desejo de me tornar músico profissional surgiu há alguns anos. Integrando o coral há oito anos, percebi que a música é importante para mim e o quanto quero passar para as outras pessoas tudo que aprendi”.

deles é a primeira viagem internacional. Em outubro, o coral fez apresentações exclusivas nas cidades de Santiago, Vina Del Mar, Valparaíso e Olmé, no Chile. “A turnê foi o primeiro importante passo para levarmos a cabo o sonho que temos de sermos reconhecidos internacionalmente”, explica o maestro titular. A data especial ainda trouxe mais dois motivos de alegria aos cantores. A aquisição em definitivo da sede oficial, um casarão setecentista, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Uma sede própria era um dos caminhos escolhidos. Abrigar a entidade, dar a ela um endereço era um procedimento que sugeriria a emancipação da entidade, e assim foi”, comemora o secretário Ubiraney de Figueiredo Silva. Por fim, uma volta ao passado, que mais soa como homenagem: a gravação do CD com as músicas do padre Xavier que, segundo Eric Lana, foi “um trabalho de resgate histórico das composições do sacerdote que marcaram época”. Ao olhar para o caminho regresso, é possível identificar na Associação Cultural Os Canarinhos de Itabirito uma história incessante de lutas, realizações e sonhos, traçada por pessoas unidas por uma só paixão: a música. •

Sonho de gente grande A trajetória de sucesso impulsionou Os Canarinhos a quererem mais. Aos 40 anos, não poderiam pensar em presente melhor do que a realização de outros sonhos. Um

Apresentação da turnê Asas para Voar na cidade de Viña Del Mar, no Chile.

Divulgaão

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Oscar Cândido - Divulgação

Mariana

Os 300 anos da Catedral da Sé Mariana celebra o tricentenário da primeira catedral do interior do Brasil ___________________

poucos ornamentos, a catedral preserva tesouros culturais e históricos. O templo tem pintura do mestre Ma­noel da Costa Athayde, a obra O batism­o, às margens do Rio Jordão, exposta ao lado da pia batismal, que é de autoria de José Pereira Arouca, cuja tampa é obra de Francisco Vieira Servas. A Sé é um dos mais antigos templos de Minas Gerais, considerada a primeira catedral do interior do Brasil e exibe as três fases do barroco. A exuberância fica reservada para o seu interior, ricamente dourado e policromado. Apresenta um dos mais significativos conjuntos de talhas (obras de arte esculpidas na madeira) do período colonial. Os altares do transcepto, em estilo Brito, são atribuídos a Francisco Xavier de Brito; de José Coelho de Noronha, junto ao

Douglas Couto

Festa de tradição e fé marcou as celebrações dos 300 anos do início da construção da basílica de Nossa Senhora da Assunção, conhecida como Catedral da Sé, em Mariana, a primeira do interior do Brasil. As comemorações aconteceram em outubro com vasta programação religiosa e cultural. Um dos pontos altos foi a cerimônia presidida pelo núncio apostólico dom Giovanni D’Aniello (embaixador do Vaticano). Feita em taipa, madeira e adobe, demorou mais de 50 anos para ser construída. Apresenta um traçado arquitetônico bastante modesto, lembrando construções jesuítas do litoral do Brasil. De fachada simples e com Revista Em Minas

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arco do Cruzeiro, são do estilo barroco joanino (2ª fase). O altar de São João Evangelista tem estilo nacional português. O altarmor, anterior a 1730, é o único da região no estilo nacional português (1ª fase). A catedral possui também esculturas barrocas de artistas do século XVIII e uma pintura ilusionista no teto da capela-mor. Também abriga único órgão barroco da manufatura Arp Schnitger fora da Europa, instalado em 1753 por Manuel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho. Após restauração, há 28 anos são apresentados concertos regulares no Órgão da Sé todas as sextas-feiras e aos domingos. A catedral tem importância fundamental para a Igreja Católica e para a cultura, no Estado, bem como para o Brasil, conforme definiu o padre Nedson Pereira de Assis, titular da paróquia. “Ela marca o início da evangelização em nossa arquidiocese, que engloba 79 municípios”, explica o religioso.

ra de Vereadores construísse uma matriz. A escolhida foi a capela de Nossa Senhora da Conceição, tradicional dedicação portuguesa para matrizes. Com a criação da diocese de Mariana pelo rei de Portugal, Dom João V, em 1747, e após se tornar sede do bispado, a dedicação passou a ser para Nossa Senhora de Assunção. Assim, foi criada a primeira diocese do interior do Brasil, possível apenas depois da elevação da Vila do Carmo à categoria de cidade, passando a se chamar Mariana.

R$18,5 milhões de presente No ano do seu tricentenário, a Catedral da Sé receberá o tão aguardado recurso para a restauração dos elementos artísticos. As obras devem ter início em 2014, e a verba de R$18,5 milhões já está assegurada pelo governo federal. O recurso faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Cidades Históricas, anunciado em agosto pela presidente Dilma Rousseff. Segundo padre Nedson de Assis, os projetos já estão sendo desenvolvidos, e a previsão é de que a reforma dos elementos arquitetônicos e artísticos seja iniciada no começo do próximo ano. Posteriormente, a parte de iluminação e segurança também será executada. Durante as obras, a igreja deverá ser fechada. Contudo, o padre salienta que, enquanto for possível realizar a reforma com as portas abertas, isso será feito. •

A construção

Segundo estudiosos, o início da construção da capela original se deu em 1709, mas a comissão organizadora dos festejos do tricentenário se baseou nas pesquisas do historiador mineiro Diogo de Vasconcelos (18431927), para quem o ano correto é 1713. A construção da catedral teve início logo após a criação da Vila do Carmo, quando foi exigido por parte da Coroa Portuguesa que a Câma-

Curiosidades sobre a sé O cofre da catedral

da Arquidiocese de Mariana. Entre eles, dom Luciano Mendes de Almeida (1988-2006). Seu corpo está na gaveta abaixo de dom Antônio Ferreira Viçoso (1787-1875).

O cofre onde eram guardadas as pratarias da Sé ficava localizado debaixo da cadeira do bispo, sendo necessária a retirada para adentrar na Sala do Tesouro. Hoje em dia, o alçapão ainda existe, mas nada é guardado no local.

Tesouro da arte sacra

Anexo à Catedral da Sé, encontra-se a Casa Capitular, onde está instalado o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana, um dos mais belos edifícios rococós do Brasil. Sua construção é datada do final do século XVIII e início do XIX, sob a competência do mestre José Pereira Arouca.

Arte chinesa no barroco

O cabido é decorado por pinturas inspiradas nas porcelanas chinesas trazidas de Macau durante viagens dos portugueses até a antiga colônia. Imagens com motivos profanos misturam-se ao conteúdo religioso.

Teto da nave

Cripta dos Bispos

Foi pintado no final do século XVIII. No século XIX, com a Independência do Brasil, foram acrescentadas as bandeiras do Império.

Debaixo da Catedral da Sé fica localizada a cripta onde estão enterrados todos os bispos Revista Em Minas

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Arquivo familiar

Ouro Preto

O legado de Padre Mendes Ouro Preto comemora o centenário do padre e professor que viveu em prol do ensino de qualidade ___________________

de devoto de Deus e educador que estimulou a juventude da cidade a participar ativamente de ações educacionais e culturais. Em 1923, caminhou rumo a esse destino ao entrar para o Seminário Menor de Mariana, onde concluiu os primeiros anos de formação como seminarista católico. Depois, também cursou o Seminário Maior, que é a segunda etapa de formação, concluindo os estudos, aos 22 anos, em Filosofia e Teologia. Lecionou no Seminário enquanto aguardava ter idade suficiente para ser ordenado padre – a idade mínima é de 25 anos. Porém, no dia 4 de abril de 1937, aos 24 anos, recebeu a liberação do Vaticano para sua ordenação como sacerdote.

Adriana Moreira

A fé em Deus e o amor aos livros e à arte. Palavras-chave que descrevem o legado de Padre Mendes, homem que aliou a vocação para o sacerdócio ao saber dos livros, incentivando gerações de jovens ouro-pretanos a terem formação humanista e intelectual de qualidade. Nascido em 29 de novembro de 1913, foi batizado como José Pedro Mendes Barros, mas ficou conhecido como Padre Mendes ao se tornar religioso. Em 2013, Ouro Preto comemora o centenário de nascimento do clérigo que é lembrado como granRevista Em Minas

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“Padre Mendes era um homem múltiplo, sendo que a figura de maior destaque foi a de padre. Além de ajudar nas paróquias, celebrava a missa dos estudantes nas Igrejas do Carmo e das Mercês. As celebrações reuniam um grande número de alunos”, lembra a sua ex-aluna Elinor Martins Carvalho.

branças fortes e boas desse padre/educador que tinha como grande marca incentivar os alunos a buscar mais conhecimento”, relembra Elinor Carvalho. “Fui feliz por tê-lo como mestre em minha formação e também por poder ter ouvido suas lições tão detalhadas, seu português tão puro”, derrete-se a funcionária pública Cynthia Andrade. Padre Mendes abraçou a educação de uma forma espetacular e marcou uma época. Tanto é que muitos de seus alunos se tornaram professores devido à sua influência. “Isso foi notável, ainda mais no período em que os cursos de licenciatura eram raros”, destaca Elinor. Além do papel de educador, a fama de amigo, conselheiro e orientador é uma característica comum, guardada pelos que conviveram com esse sacerdote. “Fomos felizes porque o tivemos como conselheiro. Sempre recebemos dele uma palavra amiga e tivemos o seu ombro para dividir nossas tristezas”, completa Cynthia. Durante a atuação como professor, Padre Mendes publicou o livro Matéria Gramatical da 4º série ginasial, especialmente para complementar as aulas de Português no Colégio Arquidiocesano. “Isso é mais uma amostra de como ele se envolvia com o que se propunha a fazer. Esse livro foi editado em 1950, época em que a legislação era muito rígida com as publicações”. Também escreveu o livro Aná­ lise Sintática que teve uma utilização ampla não apenas em Ouro Preto, como também em outras cidades. “Ele participou de discussões, em 1959, sobre a nova nomenclatura gramatical brasileira. Escreveu um Apêndice com uma síntese do que tinha sido alterado, ajudando muito os professores. Uma grande contribuição”, finaliza.

Relação com a família O irmão Jésus Mendes Barros se emociona ao relatar como Padre Mendes era uma importante base para todos da família. “Ele era referência, mas incapaz de intrometer-se nos problemas dos irmãos. Se fosse chamado a dar apoio, era solícito, mas não dava palpites em nada por conta própria. Assim, nunca interveio em qualquer questão familiar, tentando dar ou impor a sua opinião. Sempre acolheu de braços abertos todas as questões de seus pais, irmãos e sobrinhos, respeitando o ponto de vista de cada um, sem querer corrigir ou influenciar quem quer que seja”, conta.

Em 1938, Padre Mendes fundou o GLTA, com foco em estudo, produção e difusão da arte e da cultura

Contribuição na área educacional Ultrapassar os limites das salas de aula em uma época em que as regras eram rígidas, além de montar estratégias para ensinar português e inglês. Essa foi uma das características principais de Padre Mendes, educador que teve a sabedoria de se adaptar às transformações do tempo. “Meu pai me matriculou no Colégio Arquidiocesano porque queria que eu fosse aluna dele. Um professor que, sem dúvida, destacava-se. Após concluir o magistério, tive o privilégio de substituí-lo nas aulas de Português quando ele viajou para a Europa e, posteriormente, trabalhei ao seu lado. O centenário de nascimento só reavivou as lem-

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Arquivo Familiar

Espaço para a arte No dia 18 de outubro de 1938, Padre Mendes fundou o Grêmio Literário Tristão de Ataíde, o GLTA, que tem como objetivo o estudo, a produção e a difusão da arte e da cultura, especialmente nos campos da literatura, da música e das artes plásticas. “O Grêmio era o local que tinha um papel muito importante para a leitura e incentiva o estudo de poetas e da cultura luso-brasileira. Os alunos apresentavam trabalhos, e havia os que faziam a réplica e a tréplica. Padre Mendes era o moderador e nos ensinava a importância da argumentação. O GLTA também dava muito destaque ao teatro e recebeu um acervo importante para a época”, pontua Elinor. Responsável por continuar com o GLTA após a doença de Padre Mendes – ele sofreu do Mal de Alzheimer - e sua morte, em fevereiro de 1999, Ronaldo Toffolo, um dos atuais gestores da entidade, guarda lembrança carinhosa do educador. “Ele foi uma����������������������� personalidade que ocupou com presença viva o coração da juventude – quer na dimensão de professor de Língua Portuguesa e Inglês, quer como sacerdote e amigo, tornando a vida de muitas gerações uma emoção renovada, convertendo pelo exemplo, sem nunca pedir, os que se distanciavam do coração de Deus e – por que não dizer – enchendo o vazio de muitos com sua presença, tornando-a uma experiência única e inseparável do destino de cada uma dessas vidas”.

Padre Mendes abraçou a educação e a difusão da cultura em Ouro Preto

com o religioso. “Esse livro é produto de minha pesquisa, juntamente com a professora Elinor. Não é um livro do GLTA, nem o repressenta”, completa Francelina.

Comemoração Com programação especial, o GLTA celebra, neste mês, o centenário de nascimento de Padre Mendes, lembrando a presença e atuação do clérigo no município. Os eventos incluem Sessão Lítero-Cênico-Musical, no dia 29 de novembro, com apresentação “Entre Sinos, tambores e amores ou Um causo para várias melodias”, pela Orquestra Ouro Preto e o Grupo Estandarte Cia de Teatro, e lançamento do livro Padre Mendes, organizado por Francelina Ibrahim Drummond e Elinor Martins Carvalho. Haverá também missa em ação de graças pelo Centenário de Nascimento do Padre Mendes, celebrada no dia 1º de dezembro, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, pelo padre Marcelo Santiago, com participação especial do coral Cristo Rei e do padre Agostinho Coimbra de Oliveira. •

Livro relembra legado Francelina Ibrahim Drummond, também ex-aluna de Padre Mendes, organiza o livro que narra à trajetória do educador. “Em mea­dos de julho, tive a ideia de produzir essa obra, que é produto de minha pesquisa, juntamente com a professora Elinor. É uma homenagem justa e adequada com um motivo particular e que venho pesquisando há um tempo: refletir sobre cultura, educação e cidade, temas característicos da atuação de Padre Mendes”, pontua a professora. O livro, que traça o perfil do clérigo em família, como sacerdote, professor e orientador do GLTA, conta com a contribuição de ex-alunos, da família e de sócios do Grêmio, com textos que relatam como foi conviver Revista Em Minas

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Dona Drama Paredes nem sempre ouvem, mas sempre contam histórias... A coluna deste mês não possui um único projeto, mas um resumo de vários. Que atire o primeiro quadrinho quem não tem uma parede tediosa em casa, dessas vazias, que quase imploram por um pouquinho de cor. As minhas eram assim, de uma palidez que dava dó... Até que, lá no início de 2010, em busca de inspirações para um cantinho, comecei a descobrir os blogs de decoração. E passei a desejar muitas paredes para colocar toda a lindeza que eu via. Pode parecer piegas, mas a forma como enxergamos e organizamos os espaços de nossa casa diz muito sobre a gente. Quando eu olho para minha parede, vejo os pincéis que fui juntando sem ver, alguns dos meus

livros favoritos, os incensos que gosto de acender, as lembranças de algumas viagens, gravuras favoritas... Um monte de colorido que me diz “bom dia” todas as manhãs e me lembra “que sempre é um bom dia para continuar a minha história”. O mais legal? Nem é difícil você ter a sua. Seguem alguns links para que você também possa manter um monte de paredes por aí. Todas lindas, todas únicas e, principalmente, todas possíveis!

Sugestões www.acasaqueaminhavoqueria.com www.casadecolorir.com.br www.dcoracao.com

Fotos: Ana Possas

Por Ana Possas – jornalista, consultora de imagem e criadora do blog Dona Drama (donadrama.com) Revista Em Minas

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DiverCidades

Um dia para o barroco mineiro 18 de novembro é a data escolhida para celebrar o movimento que gerou grandes artistas como Aleijadinho e Manoel da Costa Atayde Dia 18 de novembro de 2013 será a primeira vez em que Minas Gerais comemora o Dia do Barroco Mineiro. A lei esta­dual nº 20.470, de 2012, estabelece a data da morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, como o dia para se reverenciar o movimento artístico que floresceu em Minas nos séculos XVIII e XIX. A Assembleia Legislativa também instituiu que 2014 será o Ano de Comemoração do Bicentenário de Aleijadinho e ainda celebrará o lançamento da Revista Barroco, criada pelo poeta e en­saísta mineiro Affonso Ávila em 1969. Em Ouro Preto, a Semana do Aleijadinho Revista Em Minas

será comemorada pela 36ª vez. Promovida pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e pelo Museu Aleijadinho, o evento tem palestras, debates, exposições, oficinas e uma homenagem com missa solene. O túmulo de Aleijadinho, na nave do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, não pode ser visitado, já que a igreja encontra-se fechada enquanto aguarda restauração.

Barroco mineiro O estilo de arquitetura, pintura e escultura desenvolvido em Minas Gerais durante os séculos XVIII e XIX é chamado de barroco mineiro, 30

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O nome Aleijadinho veio de uma doença. Segundo o relato de Rodrigo Bretas, por causa dela, o mestre evitava sair durante o dia, para que as pessoas não vissem seu corpo deformado. Já foi dito que ele sofria de lepra, sífilis hereditária, reumatismo gotoso, porfiria, bouba, sífilis congênita, escorbuto, toxicomania, moléstia de Raynaud, endoarterite, bócio, acidente vascular cerebral, seringomielia, entre outras. •

apesar de alguns estudiosos defenderem que ele tem como estilo predominante o rococó. As associações de leigos, organizações religiosas e sociais que organizavam as celebrações de ofícios, já que as organizações religiosas (ordens primeiras, de padres, e ordens segundas, de freiras, foram proibidas no interior do Brasil, financiaram o trabalho de artistas, artífices e artesãos na construção e ornamentação das igrejas. Assim, a quantidade expressiva de construções religiosas e o mecenato leigo devem ser compreendidos como aspectos indissociáveis do barroco mineiro. O mestre e sua controvérsia Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, viveu em Ouro Preto, de meados do século XVIII ao início do século XIX. Sua vida é cercada de mistérios. Não há certeza de sua data de nascimento; a primeira biografia do mestre foi escrita 44 anos após a sua morte por Rodrigo José Ferreira Bretas. O título da publicação é Traços biográficos relati­ vos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho. O texto contradiz alguns documentos, como a data de nascimento do artista, dada como em 29 de agosto de 1730. A certidão de óbito de Aleijadinho diz que ele morreu em 18 de novembro de 1814, aos 76 anos. Teria ele, então, nascido em 1738, e não em 1730. Já a historiadora Isolde Helena Brans Venturelli, com base em documentos do filho de Aleijadinho, declara como data correta do nascimento do mestre o ano de 1728. Guiomar de Grammont, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e pesquisadora, publicou o livro Aleijadinho e o aeroplano - o paraíso barroco e a construção do herói nacio­ nal no qual afirma que a figura do Aleijadinho foi construída vinculada a um ideal romântico da época. O pai branco e português seria uma forma de tornar o artista mais palatável. Pela biografia de Bretas, Antônio Francisco Lisboa era filho de Manoel Francisco Lisboa, mestre carpinteiro, possível professor do filho. Revista Em Minas

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Leo Homssi

Gastronomia

Bar do Vicente Um bom papo, um ótimo tira-gosto Com o fim do ano e a chegada do calor, nada melhor que um lugar agradável para curtir a happy hour com os amigos. No Bar do Vicente, em Ouro Preto, a cerveja está sempre gelada e ainda há opções de caips, cachaça e comidas de boteco. Um dos sucessos é o tradicional filé com fritas, uma porção generosa, com carne macia e bem temperada e batatas fritas crocantes, que agrada até os paladares mais exigentes. Há também a versão que inclui queijo e bacon. O cardápio inclui contrafilé, peito de frango, meio da asa, linguiça, torresmo, mandioca frita, carne cozida e até tilápia empanada. Fique de olho no cardápio do dia: há opções como joelho de porco e língua de boi. Para aqueles que não abrem mão de um churrasco, mas não querem comer uma porção inteira, o Bar do Vicente tem o espetinho de carne de boi, porco, medalhão de frango, coração de galinha, além do queijo. De segunda a sexta, o restaurante ainda oferece o tradicional PF (prato feito) na hora do almoço. Além da combinação arroz, feijão, salada, bife e batata, o bar também tem uma variedade de prato a cada dia, como strogonoff de frango, feijão tropeiro e frango ao molho pardo. O PF é servido de segunda a sexta, de 11h às 14h. O Bar do Vicente funciona de segunda a sexta, de 17h às 23h, e aos sábados, de 11h às 23h, na rua Tomé Afonso, 350, bairro Água Limpa. • Revista Em Minas

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Roteiro Gastrô

Para os amantes da carne Ouro Preto A Varanda – Grande Hotel R. das Flores, 164, Centro Tel.: (31) 3551-1488 Todos os dias, de 12h às 15h Adega Ouro Preto Ladeira São José, 24, Centro Tel.: (31) 3551-4171 Todos os dias, de 11h30 às 15h Bandeirantes Grill R. Nova, 43, às margens da BR356, Cachoeira do Campo Tel.: (31) 3553-1293 Seg a sex, de 11h às 15h; sáb e dom, de 11h30 às 16h A la carte, diariamente, de 20h às 23h. Rodízio de carnes às quartas Bar do Vicente R. Tomé Afonso, 350, Água Limpa Tel.: (31) 3552-1912 De seg a sex, de 11h às 14h e de 17h às 23h; aos sáb, de 11h às 23h

Café & Cia. R. São José, 187, Centro Tel.: (31) 3551-0022 Seg a sex, de 11h às 15h Sáb e dom, de 11h às 16h

La Cave R. Prof. Paulo Magalhães Gomes, 320, Bauxita Tel.: (31) 3551-4586 Ter a dom, de 11h às 15h

Casa do Ouvidor R. Direita, 42, Centro Tel.: (31) 3551-2141 Todos os dias, de 11h às 15h e de 19h às 22h

Pimenta de Cheiro R. João Pedro da Silva, 384, Bauxita Tel.: (31) 3552-0370 Todos os dias, de 11h30 às 15h

Churrascaria Quase Tudo no Espeto R. Barão de Camargos, 126, Centro Tel.: (31) 3551-0285 Todos os dias, a partir das 16h

Quinto do Ouro R. Direita, 76, Centro Tel.: (31) 3552-2701 Ter a dom, de 12h às 16h

Churrascaria e Lanchonete Cachoeira do Campo Rodovia Inconfidentes, s/n, km 76 Cachoeira Campo Tel.: (31) 3553-1578 Seg a sáb, de 11h à 24h; dom, de 11h à 18h

Itabirito 4 Estações R. Belo Horizonte, 180, Centro Tel.: (31) 3561-1177 Todos os dias, de 11h às 0h Boi na Brasa Av. dos Inconfidentes, 830, Santa Efigênia Tel.: (31) 3561-1727 Todos os dias, a partir das 18h Mega Grill R. Dr. Guilherme, 363, Centro Tel.: (31) 3561-1760 Todos os dias, de 11h às 23h Paraki R. José Benedito, 354, Inconfi­ dentes Tel.: (31) 3561-6500 Todos os dias, de 7h às 20h

Tabuleiro Fazenda do Taquaral, s/n (en­ trada pela Capela Bom Jesus das Flores) Tel.: (31) 8500-0646 Ter a dom, de 11h30 às 16h Toffolo R. São José, 72, Centro Tel.: (31) 3551-1322 Ter a dom, de 17h às 24h

Mariana Bistrô Restaurante R. Salomão Ibrahim, 61A, Centro Tel.: (31) 3557-4138 Seg a sáb, de 11h às 15h; Dom, de 12h às 15h Cervejaria Mariana Grill Pça. Gomes Freire, 40, Centro Tel.: (31) 3557-1465. Seg a qui, de 17h à 1h; sex a dom, de 15h às 2h Gameleiros Grill Rodovia dos Inconfidentes, 870 Tel.: (31) 3558-2766 Seg a sáb, de 11h à 1h; dom, de 11h às 18h

Via Romana Pça. Dr. Guilherme, 159, Centro Tel.: (31) 3563-1000 Todos os dias, de 11h às 15h Revista Em Minas

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Lua Cheia R. Dom Viçoso, 58, Centro Tel.: (31) 3557-3232 Seg a sex, de 11h às 15h; Sáb e dom e feriados, de 11h às 16h Sinhá Olímpia R. do Boqueirão, 2, Passagem de Mariana Tel.: (31) 3557-5300 Seg a sex, de 11h às 15h e de 18h às 22h; sáb e dom, de 11h às 22h Rancho Pça. Gomes Freire, 108, Centro Tel.: (31) 3558-1060 Ter a sex, de 10h30 às 15h e 18h às 24h; Sáb e dom, de 13h30 às 24h

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Leo Homssi

Comportamento

Nossa corrupção de cada dia Sonegar o imposto de renda, aceitar troco errado, furar fila, comprar produtos piratas... É corrupção? ___________________

ta desonestidade. O brasileiro finalmente pode ter entendido que não adianta armar uma barraca numa pretensa ilha de paz e tranquilidade, fora da política. Dentro desse cenário, grande parte da população reclama da classe política como se a ilegalidade estivesse apenas no âmbito governamental. Esquecendo de que dentro de sua própria casa, do círculo de amigos e da vizinhança, o telhado é de vidro. Para o professor de Ética e História, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Sérgio da Mata, a grande questão brasileira é a forma

Érica Vieira

Obras superfaturadas, desvios de recursos, mensalão, licitações arbitrárias... Um turbilhão de escândalos no governo federal deixa os brasileiros cada vez mais descrentes na política do País. Mais parece uma corrupção generalizada. Os noticiários confirmam: basta ligar a TV e lá estão as manchetes que causam nojo, raiva, indignação e revolta. As últimas manifestações nacionais podem ser uma resposta a tanRevista Em Minas

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como as pessoas se relacionam com as normas sociais que regem a vida coletiva. Desde muito jovens, já têm o entendimento de que as regras nem sempre são universais. “Ela vale lá em casa, mas não na casa do vovô. Ela vale pra mim, mas não para você. Vale pra mim, mas não para o meu pai. O meu pai pode desrespeitar algumas normas que ele quer que eu observe”, aponta Sérgio.

da para o ganho pessoal está errado tanto quanto os políticos sujos”. Ary Joy, professor em Mariana, acredita que “o homem perdeu a noção de moral e de ética. Pensa que o mundo é dele”. Ainda de acordo com a pesquisa, 35% dos entrevistados dizem que em alguns aspectos podem ser um pouco erradas, como sonegar impostos quando a taxa é cara demais, mas não corruptas. Para o professor Sérgio da Mata, passar por cima das regras é, muitas vezes, visto como uma atitude em que quem não faz fica para trás. O conhecido “quem não cola não sai da escola” é um desses jargões ditos desde crianças. “As pessoas querem que os políticos sejam presos, vão para a cadeia. Mas por que os meus pequenos delitos cotidianos não são passíveis de punição ou repreensão?” Sérgio acredita que a grande questão do Brasil hoje, no fundo, é a dupla moral do brasileiro. “Um caminho, talvez, seja um radical processo de reeducação da sociedade pela própria sociedade. Não vai ser outro país que vai nos ensinar isso”, finaliza o professor. •

Penalidades A lista dos atos ilícitos que geralmente as pessoas cometem achando serem normais é grande: não dar nota fiscal; sonegar o imposto de renda; tentar subornar o guarda para evitar multas; falsificar carteirinha de estudante; dar ou aceitar troco errado; roubar TV a cabo; furar fila; comprar produtos falsificados; bater ponto pelo colega; falsificar assinaturas... O tenente da Polícia Militar Giovani Mendes explica que, quando um indivíduo tenta subornar um agente público, por exemplo, ele se enquadra no crime de corrupção ativa, previsto no código penal. A pena varia de dois a 12 anos de detenção. “O contrário também acontece. Se um servidor público solicitar ou receber essa vantagem indevida, ele é enquadrado no crime de corrupção passiva, e a pena é a mesma”, esclarece.

Corrupção: Brasil está em 69º lugar De acordo com pesquisa divulgada no final de 2012 pela Ong Transparência Internacional, o Brasil está em 69º lugar no índice que mede a corrupção em 176 países. A nota do País foi 43, numa escala que vai de zero, para os mais corruptos, a cem, para os menos corruptos. Entre os vizinhos da América do Sul, o Brasil ficou em terceiro lugar, perde apenas para o Chile e o Uruguai. Os números assustam e re­fle­ tem uma realidade que não está restrita ao mundo dos políticos e empresários. A corrupção passa também por atitudes consideradas simples praticadas no dia a dia pelo cidadão comum.

Corrupção ingênua? Estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pelo Instituto Vox Populi, no final do ano passado, aponta que 23% dos brasileiros não considera corrupção atos como subornar um guarda para evitar multa. Assim, quase um quarto dos cidadãos comete crimes que, de tão enraizados na sociedade, acabam sendo encarados como parte do cotidiano. A corrupção prejudica vários níveis da sociedade, começa da prestação dos serviços públicos ao desenvolvimento do próprio país. Isso compromete as pessoas agora e os futuros cidadãos. O veterinário Francisco de Assis de Souza, de Mariana, considera que quem comete essas ações está contribuindo para que aumente a corrupção em todos os níveis. “Quem dá dinheiro ao guarRevista Em Minas

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Ser Saudável

“Posso sentir a doçura da vida” O Dia Mundial do Diabetes é lembrado em 14 de novembro. Entidade ouro-pretana auxilia os portadores na convivência com a doença ___________________

pacientes pudessem debater sobre a doença e receber orientações. Assim, com a ajuda da nutricionista Cléia Costa Barbosa e de outros colaboradores, fundou, em 1990, a Associação de Diabéticos de Ouro Preto (Assodiop), que preside até hoje. A entidade tem como lema “eu posso sentir a doçura da vida” e presta inúmeros serviços à comunidade, como cadastramento de pessoas diabéticas, campanhas de testes de diabetes na cidade, palestras de conscientização da doença, entre outras ações. Tem atualmente 30 associados fixos. As reuniões são quinzenais e acontecem, atualmente, na sede do Clube Zé Pereira dos Lacaios. “A cada encontro, nós trazemos um profissional diferente para dar palestras e depois abrimos para as pessoas tirarem dúvidas e compartilharem histórias. A troca de experiências é sempre muito boa, porque você vê que não está sozinho e tem pessoas passando pelas mesmas dificuldades”, co-

Camila Maia

Sede excessiva, cansaço inexplicável, visão embaçada, falta de interesse e de concentração, vômitos e dores estomacais são alguns dos sintomas associados ao diabetes. A doença atinge cerca de 347 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, cerca de 10% das pessoas entre 30 e 69 anos têm diabetes, mas apenas metade delas sabe que são portadoras do distúrbio. Quatorze de novembro é o Dia Mundial do Diabetes e a Revista Em Minas mostra uma associação que atua há 23 anos auxiliando pessoas com diabetes na região de Ouro Preto. O aposentado Déscio França descobriu a doença aos 42 anos e, a partir daí, começou a acompanhar um grupo de discussão de diabéticos. Porém, com a dissolução do grupo, sentiu a necessidade de um espaço onde os Revista Em Minas

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menta o presidente da associação. A dona de casa Rita Auxiliadora da Silva Cesário foi a quarta associada e, hoje, é a primeira secretária da Assodiop. Ela adquiriu diabetes durante a gestação da sua filha mais nova e conta que participar do grupo teve papel essencial no tratamento. “Noventa por cento do que aprendi foi na associação. Durante os encontros, a gente aprende como enfrentar a doença, tem apoio psicológico, e a troca de informações e experiências durante as palestras são sempre muito proveitosas”.

Manter a associação, no entanto, não é um trabalho fácil. O presidente da entidade descreve que, por diversas vezes, tentou passar a presidência para outro represente e já pensou até em fechar a Assodiop. Todavia, mesmo com inúmeros problemas de saúde resultantes da doença, não o fez porque acredita na importância do seu trabalho. “Faz 23 anos que sou presidente. Na associação, eu me encontrei e aprendi a viver”, encerra. Neste mês, as próximas reuniões acontecem nos dias 4 e 18 de novembro. Todos os encontros são anunciados na Rádio Itatiaia Ouro Preto, com o horário e o tema que será discutido. Quem quiser mais informações sobre a Assodiop pode entrar contato com o presidente da entidade, Déscio França, pelo telefone (31)3551-1673. •

Encarando o diagnóstico “O diabetes é uma doença crônica que demanda muitos cuidados, tanto físicos quanto psíquicos. No entanto, ela é controlável, e o diabético pode canalizar sua energia para conseguir assumir esse controle, assegurando uma melhor qualidade de vida. A adaptação à nova rotina é um verdadeiro desafio, que exige alterações nas atividades diárias. Reações como negação, tristeza, confusão, constrangimento, raiva, ansiedade, desamparo são comuns, mas a associação está aí para ajudar as pessoas nesse processo de adaptação” afirma Déscio. Se bem controlada, a doença não prejudica a qualidade de vida do paciente; porém, se não houver o controle adequado, o diabético pode ter riscos de problemas na visão, pés, rins, nervos e coração. As complicações decorrem do mau controle da glicemia, especialmente se as altas taxas de glicose (açúcar) sanguíneas permanecerem durante anos. Por isso, os pacientes com diabetes costumam apresentar muitas doenças graves em longo prazo, como infartos e AVC, por exemplo. No caso dos rins, pode ocorrer uma alteração no fluxo e, consequentemente, insuficiência renal; nos nervos, pode ocorrer uma neuropatia, que é a falta de sensibilidade em qualquer região do corpo.

Entendendo a doença O diabetes é uma doença do metabolismo de carboidratos, caracterizada por um aumento na taxa de glicose no sangue. É ocasionada por uma deficiência na produção de insulina ou por uma redução da ação desse hormônio no organismo. Apresenta diversas formas clínicas, sendo classificado em diabetes mellitus tipo I e tipo II, diabetes gestacional, além de outras formas de diabetes mellitus, são associadas a desordens genéticas, infecções, doenças pancreáticas, uso de medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas. O tratamento significa manter uma vida saudável e o controle da glicemia. Exige, além de médico especializado, cuidados de uma equipe multidisciplinar. A orientação de um nutricionista e o acompanhamento de psicólogos e psiquiatras também podem ajudar. “O diabético pode ter uma vida normal. A dieta dos diabéticos poderia ser recomendada para todas as pessoas. Baseia-se no consumo de fibras, frutas, vegetais folhosos, proteínas de boa qualidade e redução dos carboidratos simples, de mais fácil digestão. Recomenda-se também a adoção de práticas regulares de atividades físicas e cortar a ingestão de açúcar”, explica o endocrinologista Thiago Faro.

Desafios Déscio conta que o início foi muito difícil, pois um dos maiores problemas era a falta de recursos. Quando a associação completou dois anos, conseguiu que a entidade recebesse o título de Utilidade Pública Municipal, para garantir auxílio financeiro da prefeitura e, mais tarde, obteve também o de Utilidade Pública Estadual. Revista Em Minas

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Fotos: Bruna Fontes

Turismo

Encontre no Pará... ___________________

– frutos das incontáveis mangueiras que mais parecem abraçar a cidade – e o clima ca­lo­ roso, tipicamente equatorial, que muito se assemelha à personalidade local, fazem da capital paraense um importante ponto turístico a ser conhecido. Belém faz com que “o bom filho à casa torne”, recebendo conterrâneos e turistas, com um caloroso abraço sempre.

Bruna Fontes

Belém é a cidade das cores, cheiros e sabores que podem ser desfrutados a cada esquina. As fitinhas de Nossa Senhora de Nazaré, que enfeitam e colorem os pulsos dos paraenses, as mangas que vêm ao chão

Círio de Nazaré É uma das maiores e mais belas procissões católicas do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de romeiros numa caminhada de fé pelas ruas, um espetáculo em ho­ menagem à Nossa Se­nhora de Nazaré. No segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral de Belém e segue até a praça Santuário de Nazaré. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi re­gistrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natu­reza Imaterial. Revista Em Minas

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Mercado Ver-o-Peso Considerado a maior feira ao ar livre da América Latina e candidato a uma das sete maravilhas do Brasil, o Mercado Ver-o-Peso, além de ponto turístico e cultural, abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios locais e ervas medicinais do interior paraense, fornecidos, principalmente, por via fluvial.

Mangal das Garças O parque ecológico é uma síntese do ambiente amazônico no coração da capital paraense. As matas de várzea, os animais da região e mais de 300 espécies de árvores nativas estão presentes no espaço, que é o primeiro do gênero na região Norte. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 7h às 17h.

Forte do Presépio

Bosque Rodrigues Alves Inspirado no Bois de Bologne (Bosque de Bolonha), em Paris, é um pedaço da floresta Amazônica no meio da cidade. É formado por uma floresta primária de terra firme, preservada desde o final do século XIX. Apresenta grande diversidade de espécies animais e vegetais característicos desse ecossistema e tem um aquário com várias espécies originárias da Amazônia, orquidário, lagos, grutas, cascatas e até uma réplica de montanha.

Popularmente conhecido como Forte do Presépio, o Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém é um dos mais procurados pontos turísticos da cidade, por sua localização privilegiada – onde é possível avistar a entrada do porto e o canal de navegação que costeia a Ilha das Onças – e pelo seu sentido histórico, integrando o complexo arquitetônico e religioso da cidade velha, a Feliz Lusitânia.

Estação das Docas Um convite ao passeio pela orla da Baía do Guajará e ótima opção noturna, a Estação das Docas é referência nacional para o tu­ rismo e a cultura na Amazônia. Com uma média diária de seis mil frequentadores, o complexo turístico-cultural é um grande centro de lazer na cidade de Belém. Na orla, entre a modernidade e a cultura ribeirinha, o local prova que a inovação arquitetônica e a recuperação do patrimônio histórico podem conviver em perfeita harmonia. • Revista Em Minas

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A história por trás de alguns livros clássicos Já escrevi aqui sobre a necessidade (e o prazer) de ler os clássicos. Mas alguns livros possuem, além do valor como obra de arte e representação de uma época, histórias incríveis escondidas entre suas páginas. Ao sabermos mais sobre um livro considerado “difícil”, parte dessa resistência cai por terra e podemos descobrir o que, no fundo, o autor quis dizer. Eis cinco livros com histórias que vão além das páginas:

frase: “Num buraco no chão, vivia um hob­ bit.” Ele não sabia o que era um hobbit nem por que viviam no chão, mas era o começo de uma história feita apenas para passar o tempo entre os trabalhos. Tolkien inventou essas criaturas baseado no seu gosto particular por cachimbos, boa comida e vida no campo. Escrever O Hobbit era, para ele, um momento de fuga das obrigações como professor. O livro demorou seis anos para ficar pronto (de 1930 a 1936), sendo considerado pelo autor apenas uma boa história que gostava de contar para seus filhos. Publicado em 1937, esgotou-se em apenas três meses e abriu caminho para a trilogia O Senhor dos Anéis.

O cotovelo de Anna Karenina Tolstói declarou que a inspiração para a trágica personagem veio durante um cochilo após a ceia. Nesse sonho breve, viu um cotovelo de uma mulher lindamente vestida em trajes de gala e com um rosto tristonho. O enigma por trás daquele olhar levou o escritor a criar a trama cheia de paixão e tragédia. A primeira versão de Anna Kare­ nina ficou pronta em apenas três semanas, mas ainda faltava algo. Dias depois, Tolstói leu nos jornais o escândalo envolvendo um vizinho e uma senhora da alta sociedade, Ana Pirogova, que havia se matado se jogando na linha do trem. Tolstói finalmente descobriu quem era aquela mulher que vira durante um cochilo.

Quatro anos de prisão para Crime e Castigo Fiódor Dostoievsky passou quatro anos preso em regime de trabalhos forçados, numa prisão na Sibéria, por causa de uma acusação infundada. Associado a grupos libertários, foi condenado pelo governo do czar Nicolau I por incitação à rebelião. Fió­ dor, aos 28 anos, juntamente com seus amigos, foi interrogado e levado para um pavilhão de fuzilamento. Encapuzado, o grupo ouviu as armas sendo preparadas e, no momento do “fogo”, recebeu a notícia de que a pena de morte havia sido convertida em prisão. Esse sentimento de culpa, mesmo todos sendo inocentes, e o convívio com criminosos de verdade (que eram realmente culpados, mas não se importavam) foram o ponto de

Uma folha em branco para O Hobbit No meio das folhas de redação de seus alunos, o então professor de Linguística em Oxford, J. R. R. Tolkien, encontrou uma página em branco. Já cansado do trabalho de correção, escreveu na página a seguinte Revista Em Minas

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partida para a criação de Crime e Castigo. Dostoievsky passou parte dos anos seguintes à sua soltura escrevendo o romance, até que, em 1866, resolveu queimar a obra quase pronta por estar insatisfeito com o ritmo. Tendo que voltar do zero (e nesse meio tempo fugindo de cobradores e do vício em jogo), acabou escrevendo de maneira mais febril e ágil aquele que seria o romance mais famoso da literatura russa.

Jane recusar uma proposta de casamento. Quem sabe, para ela, o amor ideal não fosse aquele entre Elizabeth e Darcy, que se tornaria um dos maiores best sellers da história?

Conheça o que motivou os autores a escreverem estes cinco clássicos da

Um passeio no lago para Frankenstein Em 1816, Mary tinha 17 anos e era apaixonada pelo poeta Percy B. Shelley. A convite de outro poeta, ninguém menos do que o famoso Lord Byron, o casal e mais um amigo se hospedaram num castelo à beira de um lago em Genebra. Certa noite, durante uma tempestade, Byron (apaixonado por histórias de amor e morte) lançou um desafio aos presentes: cada um deveria escrever uma história de horror. Naquela noite, nasceram duas narrativas fantásticas. O conto de Byron, chamado O vampiro, é uma das primeiras estórias do gênero na literatura inglesa. A história de Mary (vista pelo grupo de escritores como a menos capacitada em criar algo Getty Images de grande nota) seria Frankenstein. Na verdade, a história não foi escrita numa única noite, mas durante a estadia do grupo em Genebra. Após tentar escrever sobre diversos assuntos, numa noite, Mary viu em sonho um homem feito de partes humanas reanimado por um cientista. Anos depois, Mary, já casada com Percy e adotando o sobrenome Shelley, veria o nome de sua criatura se tornar sinônimo de horror. •

literatura mundial

Um fora para Orgulho e Preconceito Jane Austen conheceu Thomas Lefroy num baile, e a química entre os dois foi imediata. Ele era afetuoso, bem humorado, bonito e simpático. Mas as coisas não poderiam acontecer entre eles porque Lefroy era filho único e sua família o pressionava a casar com uma mulher rica, o que não era o caso de Jane. Três anos depois daquele baile, ela soube que ele estava novamente de volta à cidade, e essa lembrança dolorosa inspirou a autora a criar o célebre Mr. Darcy. Jane escrevia na sala de estar de sua casa, e o seu ofício de escritora era visto pelos seus parentes como moti­ vo de galhofa. Um dia, após ler o rascunho de Primeiras Impressões, o pai de Jane o enviou a um amigo editor, mas o livro foi recusado. Pela segunda vez, Jane levara um fora daqueles. Alguns anos depois, era a vez de

Por Valter Nascimento Coelho - Livreiro, proprietário da livraria Set Palavras (setpalavras.blogspot.com.br) Revista Em Minas

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Sociais 1

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Camila Maia

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Ulisses Moisés / Divulgação Faop

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Ulisses Moisés / Divulgação Faop

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Divulgação

1 - Régis Eco, autor do livro Bestiário Amoroso, na noite de autógrafos, na Livraria e Café Cultural • 2 - Estela Rainho, Fabrício Ayala e Luciana Rezende, no lançamento de Bestiário Amoroso, de Régis Eco • 3 - Régis Eco autografa seu livro para Berenice Otero, responsável pela revisão da obra • 4 - Faop celebra o Outubro Rosa com parte de sua equipe: Rosilene, Gabriela, Mara, Tatiana, Ângela, Adriana, Kátia, Eugene, Nívia, Claudia, Filomena, Maria Coeli, Sabrina e Elisa • 5 - Gabriela Rangel, Flavia Dias, Alex Bohrer, Ana Pacheco, Celmar Ataídes, Blanche Matos, Nathália Costa, Maria Regina, João Cura, Ronaldo Martins, Uziel Rozenwalj, Sabrina dos Anjos, Gilseane Chaves, Manuela Franco, Luiza Magalhães, Eugene Francklin e Cristina Santoro na Roda de Conversa do 7º Seminário Internacional Patrimônio Cultural da Faop • 6 - Letícia Leão, estilista da marca Plural, e Thaís Pondé, da Mony Mony, no Minas Trend Preview Revista Em Minas

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Adriana Moreira

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Adriana Moreira

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Adriana Moreira

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Fernando Helbert / Divulgação PMOP

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Luiza Magalhães / Divulgação Faop

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Ricardo Guimarães / Divulgação

1 - Reinaldo Cotta e Samira Alfenas com alunos premiados no 1º Concurso Cultural Patrimônio Vivo, promovido pela Turin Transportes, junto a pais e professoras • 2 - O empresário Reinaldo Cotta, ladeado por Maria Regina Gonzaga, diretora da Escola Municipal Alfredo Baêta, e Maria de Lourdes Pereira de Sá, diretora da Escola Municipal João Castilho Barbosa • 3 - Integrantes da Guarda Municipal de Ouro Preto e funcionários da Turin Transportes e Transcotta na Blitz Educativa da Semana Nacional do Trânsito • 4 - A poetisa Orlene Siqueira, o diretor da Novelis Ouro Pretro, João Bosco Costa, o prefeito de Ouro Preto, José Leandro, e o coordenador de parceiros da Adop, Gabriel Tropia, na inauguração do restauro do conjunto de pontes Ana de Sá, em Glaura • 5 - Gabriel Tropia, Paulo Tropia, Ricardo Tropia, Bruna Tropia e Luciano Moreira na abertura da exposição Máquina do Tempo, de Ricardo Tropia, no GLTA • 6 - Luigi D’Angelo, assessor do deputado Paulo Abi-Ackel, o prefeito de Ouro Preto, José Leandro, e o secretário de Educação, José Carlos de Sousa, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, para receberem a doação de um ônibus para rede pública de ensino

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Divulgação / PMOB

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Divulgação / PMOB

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Edertone Carvalho / Divulgação PMOB

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Ricardo Guimarães / Divulgação CMM

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Ricardo Guimarães / Divulgação CMM

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Ricardo Guimarães / Divulgação CMM

1 - A Prefeita de Ouro Branco, Cida Campos, e o pesidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), Fernando Cabral, discutem estratégias para a preservação do patrimônio cultural da cidade • 2 - Equipe da Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Branco participa de trekking na região de Itatiaia com objetivo de desenvolver ações ambientais no local • 3 - Prefeita de Ouro Branco, Cica Campos, com as vencedoras do concurso de Rainha e Princesas do Festival da Batata • 4 - O vereador de Mariana Bruno Mól e seu homenageado, Ricardo Ligório Soares, na Festa do Marianense Ausente • 5 - Marcelo Macêdo e esposa junto à família do ex-prefeito de Mariana Jadir Macedo. Sinval Coelho Macêdo recebeu homenagem na Festa do Marianense Ausente• 6 - Gilson de Carvalho, presidente da Funasa, os ve­ readores de Mariana, Cristiano Vilas Boas e Bruno Mól, com Maura Viegas, na Festa do Marianense Ausente

Envie sua foto: redacao@revistaemminas.com.br Revista Em Minas

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Itabirito por Matheus Baldi 2

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Acesse: www.sounoticia.com.br 1 - O prefeito de Itabirito, Alex Salvador, acompanhado do agente político Walison Vidigal recebeu a visita do verador Marcelinho Aro • 2 - O secretário de Cultura, Ubiraney Figueiredo, o vice-prefeito, Wolney de Oliveira, e Graça Bastos, pianista e diretora do espetáculo “Clássicos do Cinema” • 3 - Apresentação teatral das professoras da Apae durante a 9ª edição da Feira do Livro de Itabirito • 4 - O empresário Gustavo Farid e Renê Bretas, diretor de Compras da Prefeitura de Itabirito, no Festival Viação Gastronômica • 5 - Cléa Braga, Luciania Rodrigues, Luciana Soares e Marinalva Braga aproveitando a final do Festival Viação Gastronômica • 6 - O jornalista Otávio di Toledo, apresentador do programa Viação Cipó, da TV Alterosa, ministrou a palestra “O poder transformador do turismo”, durante um dos encontros do mês do Turismo

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Preparando para o Natal... A Belitta é um sucesso porque é mais do que uma loja de acessórios e presentes lindos. É um espaço bem decorado, que também abre aos domingos, com pessoas de sorriso no rosto pra te receber. Isso faz toda a diferença. E Natal chegando... Opções para o amigo oculto de tudo que é tamanho, cor, preço e gosto tem lá na Belitta. Chapéus, brincos, colares, porta retratos, almofadas, presentes divertidos para homens, mulheres, crianças, namorados, avós! Tudo embalado com muito carinho. Sim, porque presente também é afeto. E disso aquelas meninas entendem! Belitta acessórios Rua Direita, 159, Centro Ouro Preto/MG • (31) 3552-2662 belitta.acessorios @belittaacessorios Fotos: Leo Homssi e Divulgação Belitta

Caldo de abóbora com gorgonzola Previsão de chuva combina com caldo. Este é simples, muito gostoso, cheio de vitamina A, que eu aprendi com minha amiga Paola Dall’stella, do instagram @tededico. Faça assim: - Refogue 2 dentes de alho e meia cebola pequena no azeite. - Junte uma bandeja de abóbora moranga picada ou pique em cubos aproximadamente 300g. - Refogue mais um pouco e acrescente caldo de legumes (eu uso meio tabletinho). - Cubra o refogado com água e deixe cozinhando até a abóbora ficar macia. Bata no liquidificador e, depois de servir, salpique queijo gorgonzola esfarelado. Nem precisa de sal.

Fernanda Tropia

Tem um contraste de sabo­ res delicioso. Para noites de chuva, com uma taça vinho, é delícia pura!

Por Fernanda Tropia – nutricionista antenada no mundo da moda, em cultura e entretenimento nandaquerserchique.blogspot.com.br Revista Em Minas

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