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Opinião

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Negacionismo e Desenvolvimento Sustentável

Por Ricardo Galvão*

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No Editorial do primeiro número da Revista FADESP, o Professor Roberto Barreto explicita sua indignação com a “onda de negação da ciência e tecnologia que estamos vivenciando no Brasil”, que pode seriamente minar nosso desenvolvimento econômico e social. De fato, o desenvolvimento sustentável, socialmente justo e globalmente equânime da humanidade só será viável através de políticas públicas solidamente ancoradas no conhecimento científico moderno. Infelizmente, o Governo Federal e boa parte de nossas lideranças políticas não têm essa percepção, continuando a defender o desenvolvimento econômico baseado na exploração capitalista predatória da natureza. Para realçar o desesperador contraste entre a visão retrógrada do atual governo com as de líderes bem mais lúcidos de outros países, nada mais apropriado do que ler um artigo de Angela Merkel, publicado na Revista Science, em 1998, quando ainda era Ministra do Meio Ambiente da República Federal da Alemanha [Science, 281, p.336 (1998)]. Nesse trabalho, ela chama atenção para os enormes desafios para a humanidade causados pelas mudanças globais e conclui: “O desenvolvimento sustentável só pode ter sucesso se todas as áreas do setor político, da sociedade e da ciência, aceitarem o conceito e trabalharem juntas para implementá-lo”. Uma das ferramentas mais eficazes utilizadas por aqueles que são contrários a esse entendimento é o negacionismo. O conceito de negacionismo científico ainda não está bem definido. Muitos o confundem com obscurantismo, que está mais apropriadamente ligado a posicionamentos religiosos extremistas, que buscam negar resultados científicos que aparentemente se opõem a “verdades reveladas” em seus livros sagrados. Um exemplo bastante conhecido é a forte oposição à teoria da evolução, por alguns grupos cristãos mais fundamentalistas. O negacionismo científico moderno não está necessariamente acoplado a crenças religiosas. É uma forma de pseudociência baseada na persistente construção de falsas controversas sobre modelos e resultados científicos que ameaçam interesses econômicos, ideologias políticas ou situação de conforto de grupos poderosos. As redes sociais tornaram-se uma ferramenta extremamente poderosa na estratégia negacionista, porque, com sua superficialidade, dificultam a contra-argumentação mais aprofundada, característica da metodologia científica. Por isso, o negacionismo científico está se configurando como uma séria ameaça para o desenvolvimento sustentável da humanidade, como argumenta o Professor Sven Hanson [Studies in History and Philosofy of Science 63, p. 19 (2017)].

Um exemplo calamitoso desse negacionismo científico está relacionado à questão de mudanças climáticas e aquecimento global. A partir do trabalho seminal, de 1896, do prêmio Nobel de química Svante Arrhenius [Philosophical Magazine and Journal of Science 41, p.237 (1896)], seguido de um grande número de observações

foto: acervo pessoal

experimentais e resultados de modelos climáticos bastante complexos, existe substancial evidência científica de que o aumento da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera provoca um aumento da temperatura média da Terra muitíssimo mais rápido que o historicamente observado devido a efeitos naturais. A partir da revolução industrial, a concentração de gás carbônico na atmosfera aumentou de cerca de 290ppm, em 1880, para 400ppm, em 2020, e a temperatura média da Terra aumentou cerca de 1ºC no mesmo período, com uma taxa de 0,18ºC por década, a partir de 1970.

A ferramenta que dispõe a humanidade para evitar essa catástrofe anunciada é reduzir substancialmente a emissão antrópica de gases do efeito estufa, como declarado em recente manifesto de cerca de 11.000 cientistas especializados [BioScience 70, p. 8 (2020)]. Mas essa estratégia contraria interesses políticos e interfere nos negócios e estilos de vida baseados na filosofia reacionária “business as usual”. Os grupos afetados então reagem através do negacionismo científico. Adepto do modelo de

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“O negacionismo científico moderno desenvolvimento capitalista predatório, o Governo Federal começou (...) É uma forma a reagir mesmo antes da posse. Já em 2018, o ex-chanceler Ernesto de pseudociência de ça Araújo afirmou que a MudanClimática era um complô marbaseada na xista. O sequestro de carbono pelas florestas tropicais é uma persistente das ferramentas mais eficazes que dispõe a humanidade construção de falsas para reduzir a concentração de gás carbônico na atmoscontroversas sobre fera. Por isso, seguindo a ideologia do governo, logo modelos e resultados após a posse, o Ministro Ricardo Salles deu início ao científicos que desmonte dos sistemas de controle do desmatamento ameaçam interesses na Amazônia. Em particular, atacou fortemente o INPE, econômicos, considerado um obstáculo indesejável, devido a seu tra- ideologias políticas ou balho de monitoramento por satélite desse desmatamento, situação de conforto respeitado internacionalmente. Seguindo a metodologia do ne- de grupos poderosos”. gacionismo científico, deu declarações à imprensa e utilizou redes sociais para acusar os dados do INPE de imprecisos, culminando com a Esse exemplo mostra que é urgenacusação do Presidente de que esses te a comunidade científica, através dados eram mentirosos. Para tentar de suas organizações, sociedades e desconstruir a reputação do INPE, academias, reagir fortemente ao neo Ministro Salles usou algumas pou- gacionismo científico, em particular, cas imagens fornecidas pela empre- através das redes sociais. sa americana Planet, para “mostrar” a imprecisão dos resultados sobre desmatamento. Mas, como em toda pseudociência, essa estratégia fracassou. Os dados do INPE foram confir(*) Ricardo Galvão é professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e foi diretor do Instituto Nacional de mados por pesquisadores da NASA e Pesquisas Espaciais, de setembro de 2016 a da Agência Espacial Europeia. agosto de 2019.

Eficiência de ponta a ponta

Texto e fotos: Brena Marques

Referência no segmento de concursos e seleções, a FADESP conta com rígidos controles de qualidade e segurança.

Desde 2005, quando passou a atuar no segmentado nicho de concursos, a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa já realizou 135 certames. Dentre as centenas de instituições e órgãos que buscaram a FADESP estão Prefeituras do Pará, Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran), Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Museu Paraense Emílio Goeldi, BANPARÁ, Polícia Militar, Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), além de tantos outros.

Provida de um setor inteiro dedicado a esse segmento, todos processos internos, do momento em que a Fundação é contratada, até a divulgação do resultado final, são controlados full time. Para que tudo ocorra de maneira irretocável, a Coordenação de Concursos e Seleções – CCS mantém seu parque tecnológico constantemente atualizado: além da sala cofre, que acondiciona as provas, garantindo segurança e total inviolabilidade, há ainda copiadoras de última geração que são utilizadas na reprodução das matrizes, sem qualquer ingerência ou contato externo com o conteúdo. “São impressas pelo analista de reprografia em um computador próprio e sem acesso à rede local ou internet, sendo monitorado por câmeras de segurança durante todo o processo”, menciona Moisés Martins, gestor da área de CCS.

Uma vez impressas, as provas são embaladas e lacradas. Posteriormente, guardadas na sala-cofre, onde serão monitoradas 24 horas por dia, por meio de circuito interno criptografado. “Qualquer manutenção de equipamento ou estrutural é supervisionada. Na sala-cofre são realizadas a reprodução, conferência, empacotamento e leitura dos instrumentos avaliativos”, complementa Martins.

Além disso, a CCS realiza a seleção dos fiscais e coordenadores das áreas do concurso, realizando treinamentos frequentes e de alta performance para que a condução dos processos seja irretocável – em todas as etapas.

Elaborar concursos é trabalhoso, requer competência para produção, execução, além de um rigoroso sigilo. É o que FADESP tem feito nestes anos, procurando sempre aprimorar o desempenho e fornecer o melhor para os contratantes e público-alvo.

Reprografia CCS

Foto: divulgação CCS

Concurso Cosanpa

Sala cofre

CCS- Coordenação de Concursos e Seleções Telefone: (91)4005.7427 E-mail: moises@fadesp.org.br

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