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Resumo. O presente artigo faz parte de um projeto em sua fase inicial, objetiva apresentar uma reflexão teórica sobre os conceitos de educação ambiental que subsidiará a elaboração das estratégias de conservação ambiental propostas para o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe. Para tanto foram aplicados questionários e participação de oficinas de revitalização dos espaços de convivência da escola. Portanto, para a educação melhorar é preciso esforço e comprometimento da escola, da sociedade com a transformação da realidade através da conscientização e novas práticas ambientais. 1. Introdução Refletir sobre a complexidade ambiental implica questionar valores e premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, levando à mudança na forma de pensar e transformação no conhecimento e nas práticas educativas. Isso reflete na necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental de um ponto de vista integrador. A educação ambiental assinala para propostas pedagógicas situadas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos no espaço geográfico. Tais mudanças serão estimuladas no espaço mais próximo, ou seja, no espaço escolar, no espaço cotidiano. Oliveira (2002) elucida que a tomada de consciência deve ser considerada não como uma simples informação dada pela percepção, mas basicamente uma conceituação, pois, essa tomada de consciência ocorre quando o indivíduo procura transformar a situação ou o acontecimento em graus conceituais, em vez de
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simplesmente registrar as mudanças. É preciso, portanto, o exercício pleno de nossa cidadania em um processo de conscientização (consciência + ação)” (GUIMARÃES, 2003, p. 102). Neste contexto, o presente projeto objetiva apresentar uma reflexão teórica que subsidiará a elaboração de estratégias de educação ambiental propostas para alunos e servidores do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe com a finalidade de preservar o patrimônio do ambiente escolar. 2. Materiais e Métodos A pesquisa está sendo desenvolvida por uma equipe formada por duas professoras de Geografia e duas alunas do ensino médio do Colégio de Aplicação, ambas bolsistas de PIBICJr/Fapitec/CNPq. Para alcançar o objetivo citado, inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico, leituras, fichamentos e discussões em grupos sobre temas como: Iniciação científica, educação ambiental, cotidiano, espaço geográfico, cidadania, entre outros. Essa fase de reflexão teórica é crucial para o entendimento dos alunos acerca do se tornar pesquisador, do que é fazer uma pesquisa científica, da importância da leitura e dos fichamentos de artigos científicos acerca da temática que envolve o objeto de estudo, tornando possível a aproximação da teoria com a realidade. Entre os procedimentos realizados estão: a) elaboração e aplicação de questionário aos estudantes e servidores - a fim de verificar sua percepção sobre educação ambiental; b) rodas de debates; c) estudo de questões sobre educação ambiental e preservação do patrimônio escolar. Para a finalização do estudo será (ão): d) elaboradas estratégias de divulgação da educação
ambiental; e) aplicadas as “estratégias” em oficinas; f) obtido relatório final dos resultados da pesquisa e publicação do texto final. 3. Resultados e discussão A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que abarca um conjunto de atores do universo educativo. A crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, apresentando-se como pressuposto à existência de sustentabilidade social, econômica e ecológica. Estas dimensões especificam a necessidade de tornar conjugada a melhoria nos níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. A maior contribuição dessa abordagem é que, além da incorporação definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico, ela enfatiza a necessidade de inverter a tendência auto destrutiva dos processos de desenvolvimento no seu abuso contra a natureza. As diretrizes da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental propõem a inclusão no programa de formação de professores a educação ambiental; destacam a importância de se ajudar os professores dos centros de formação ambiental na área de educação ambiental; enfatizam os métodos de se facilitar aos futuros professores uma formação ambiental apropriada à zona urbana ou rural; e conduzem a tomada de medidas necessárias para que a formação em educação ambiental esteja ao alcance de todos os professores. O documento da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada em Thessaloniki, Grécia (1997), destaca a necessidade de se articularem ações de educação ambiental baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação e práticas interdisciplinares. As discussões, reuniões, protestos a favor da educação ambiental vem sendo cada vez mais difundidos na sociedade, despertando nas pessoas a necessidade
da preservação da natureza. Entretanto, os índices de destruição da natureza permanecem elevados, uma vez que a mesma é explorada como se fosse um recurso inesgotável, sem que haja preocupação com equilíbrio ecológico, ocasionando graves problemas ambientais da atualidade. Osorio (2015) pontua que não existe a separação entre natureza e a sociedade, logo que a sociedade compõe e altera diretamente a natureza. É dito diariamente pelo senso comum que deve existir essa heterogeneidade entre a sociedade e a natureza. Por causa desse mito, a sociedade está degradando a natureza, por uma sensação de não-pertencimento com o ambiente natural, e por isso deve-se criar uma educação ambiental crítica que é a vertente da educação que se originou do desejo de transformação a partir da crise socioambiental e visa um trabalho com atividades educativas construtivistas, a exemplo da aproximação entre a geografia escolar/ educadora com a educação ambiental. Ainda de acordo com Osorio (2015) os conceitos geográficos, espaço geográfico, lugar, paisagem e território “mesmo não sendo utilizados somente pela geografia adquirem importância maior quando abordados na análise do espaço geográfico, sendo essenciais na construção do pensamento geográfico na escola, e, da mesma forma, na mudança de “lentes” pretendida pela educação ambiental” (OSORIO, 2015, P. 263). De acordo com Morin (1997) a compreensão de mundo fragmentado não dá conta de estabelecer uma relação equilibrada entre indivíduos em sociedade na natureza, apesar do papel dos educadores que buscam desenvolver atividades reconhecidas como de educação ambiental, apresentarem uma pratica informada pelos paradigmas da sociedade moderna. Portanto o que devemos fazer é romper com essa armadilha e estando críticos para que ações conscientes possam provocar praticas diferenciadas, nos renovando, nos libertando das armadilhas do tradicionalismo que reproduzem o mesmo pensamento do passado no presente. Nessa perspectiva é importante acreditar que
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os indivíduos são capazes de atuar de forma crítica se reconhecendo como parte do ambiente em que vivem, ao conseguirem pensar em soluções para os problemas e dar importância aos mesmos. A esse respeito, quando questionados sobre ser parte integrante e importante do ambiente escolar, 4,1% dos estudantes pesquisados responderam negativamente, 37,8% responderam que não sabiam opinar, porém 51,8% responderam positivamente. Apesar do considerável percentual de alunos que se identificam pertencentes ao ambiente escolar, nota-se que há uma grande parcela que ignora o problema, se por falta de conhecimento ou de interesse sobre o assunto. A educação ambiental crítica tenta despertar a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente, ao buscar superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo, esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. O principal eixo de atuação da educação ambiental deve estar vinculado, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas. Isto se consubstancia na finalidade de criar novas atitudes e comportamentos diante do consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI, 2003). Educação ambiental é um processo de educação responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade, considerando a temática de forma que aborde o problema a ser tratado como um todo, não através de uma visão fragmentada do real, ou seja, aborda os seus aspectos econômicos, sociais, políticos, ecológicos e éticos. Portanto, falar sobre Educação Ambiental é falar sobre educação acrescentando uma nova dimensão: a dimensão ambiental, contextualizada e adaptada à realidade interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais e globais. Por mais que nesses últimos anos esteja havendo mais discussão e palestras sobre conservação
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e preservação ambiental, não está havendo o avanço de atitudes, pois a evolução está acontecendo apenas na mente da população. Para que haja mudança de comportamento da sociedade em geral no quesito socioambiental é necessário que os educadores estimulem uma visão global e crítica das questões ambientais afim de promover um enfoque interdisciplinar que resgate e construa saberes. JACOBI (2004) coloca que o educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito de educação ambiental. Em sintonia com o enfoque interdisciplinar e o resgate dos saberes ambientais, foram promovidas algumas ações que culminaram na revitalização das áreas de convivência da escola. Nessas ações alunos e servidores participaram de diversas oficinas produzindo móveis, jogos, decoração, utilizando materiais recicláveis como garrafas pets, pallets e mateiras, mas quais foram colocados em prática os conceitos de educação ambiental trabalhados na presente pesquisa, como mostra a figura a seguir:
Figura1. Oficinas de revitalização do espaço de convivência do CODAP/UFS. Fonte: SANTOS, 2018.
Apesar de o indivíduo jogar para o poder público a responsabilidade de fazer algo em prol do ambiente. A cidadania se alicerça na participação de uma comunidade unida em função de interesses coletivos. De acordo com o resultado da pesquisa com os estudantes pôde-se comprovar a ideia de
que para melhorar a educação é preciso esforço e comprometimento na transformação da realidade com novas práticas ambientais como demonstram os dados em que 90,5% dos estudantes disseram que a solução dos problemas ambientais depende das pequenas ações do dia-a-dia, 5,4% responderam que depende do governo e 4,1% não souberam responder. Nesse sentido, LOUREIRO (2004) afirma que a educação não é o único, mas certamente é um dos meios de atuação pelos quais nos realizamos como seres em sociedade ao propiciarmos vivências de percepção sensível e tomarmos ciência das condições materiais de existência; ao exercitarmos nossa capacidade de definirmos conjuntamente os melhores caminhos para a sustentabilidade da vida; e ao favorecermos a produção de novos conhecimentos que nos permitam refletir criticamente sobre o que fazemos no cotidiano.
construção dessa ideia enraizada na sociedade. Referências JACOBI, Pedro. Educação e meio ambiente – transformando as práticas Revista de Educação Ambiental, Vol II, nov, 2004. JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Caderno de pesquisa (118): 189, mar. 2003. GUIMARÃES, Mauro. Sustentabilidade e educação ambiental. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Orgs.). A questão Ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, pp. 81106. LOUREIRO, Carlos Frederico B. Educar, participar e transformar em educação ambiental. Revista de Educação Ambiental, Vol II, n. 0, nov, 2004. MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. OLIVEIRA, L. de. Ainda sobre percepção, cognição e representação na geografia. In: KOZEL, Salete; MENDONÇA, F. (orgs.). Elementos de epistemologia da Geografia contemporânea. Curitiba: ED. UFPR, 2002, pp.189-196.
4. Conclusão Projetos que envolvem temáticas acerca da educação ambiental através do olhar Geográfico propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente, faz com que os indivíduos sintamse parte integrante do todo, do espaço, estabelecendo assim uma relação de intimidade com o ambiente mais próximo, o lugar, e perceba como suas ações cotidianas podem modificar o espaço que o cerca, a paisagem. Logo, deve-se pensar em métodos para que os alunos criem laços de intimidade com a escola para que criem o interesse e o cuidado. Os laços de intimidade gerarão numa identificação com o ambiente e o sentimento de pertencimento será criado, fazendo com que o CODAP seja um colégio que os alunos além de amar o colégio, cuidem, preservem e seja um local de harmonia e um exemplo para os outros colégios de Sergipe, principalmente os públicos, pois é mantido a ideia de que colégios públicos não são cuidados e são locais que há bagunça e desordem. Deve ser mudado essa ideia e o CODAP pode dar o passo inicial para a
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Resumo. O presente projeto teve como objetivos principais descobrir a relação dos familiares dos alunos com o passado através da preservação ou não de objetos antigos e produzir um museu temporário com objetos significativos para a história familiar dos alunos dos 9º anos da Escola Municipal Manoel Bomfim, em Aracaju. A partir deste trabalho, percebeu-se que as famílias dos alunos não têm o costume de preservar objetos antigos além de fotos. Com o trabalho de análise para a produção do museu os alunos perceberam que o trabalho do historiador e do museólogo é complexo e necessita de uma análise aprofundada. 1. Introdução É comum que os alunos vejam a História como algo distante, que se refere apenas a pessoas famosas que aparecem nos livros-texto. Para aproximálos da disciplina, decidi produzir com eles um museu temporário com objetos significativos de sua história familiar, de maneira parecida a uma anterior experiência, de sucesso, com alunos da Educação de Jovens e Adultos. (JESUS, 2017) A partir dessa busca por objetos antigos também tentaríamos observar a relação de suas famílias com o passado através da preservação de objetos. Ainda, com a produção do museu, os alunos poderiam reconhecer o papel de objetos como fontes históricas, exercitar a habilidade de análise de fonte, compreender como acontece a catalogação museológica e perceber o envolvimento de diversas disciplinas para a organização de um museu. Além de alcançar os objetivos de aprendizagem acima citados, espera-se com este trabalho aumentar a autoestima dos alunos, valorizando sua história e de seus familiares e seus conhecimentos prévios. Ainda, no âmbito conceitual,
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seriam trabalhados os conceitos de fonte histórica, museu, patrimônio e patrimônio cultural. Esse projeto se insere na Educação Patrimonial, que é importante porque, como explicam Horta, Grunberg e Monteiro: A partir da experiência com o contato direto com as evidencias e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. [...] Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades.(1999, p. 4) 2. Materiais e Métodos O projeto foi aplicado nas três turmas de 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Bomfim, localizada no Bairro Bugio, zona Norte de Aracaju, Sergipe, no ano letivo de 2018, mas participaram como alunos-pesquisadores adolescentes do 8º e 9º anos. A escola atende a alunos do Bugio e de comunidades circunvizinhas. Para dar início ao trabalho, foi feita uma discussão com as turmas a respeito da produção da História. Como os historiadores sabem o que aconteceu numa época em que eles ainda não haviam nascido? A ideia da pergunta é fazer com que os alunos reflitam sobre o tema para em seguida falar sobre o conceito de fontes históricas.
Em seguida, falamos sobre museus, que expõem importantes fontes históricas, e os alunos foram convidados a participar da produção de um museu temporário, num primeiro momento trazendo quaisquer objetos antigos que tivessem em casa ou na casa de parentes. Com esses objetos em mãos, os alunos tiveram que analisá-los para preencher a ficha catalográfica, uma ficha que contém informações importantes sobre o objeto. Como o objetivo do trabalho é também identificar a relação da comunidade com o passado, os alunos foram instruídos a entrevistar seus familiares sobre a história desse objeto específico na família e se a família costuma se preocupar em preservar objetos antigos. Com os objetos analisados, cada aluno apresentou seu objeto para a turma, e em seguida pensaram juntos em qual deveria ser o conceito da exposição. Tendo sido decidido o conceito da exposição e a disposição da mesma, os alunos diretamente envolvidos com o projeto produziram as legendas, com o auxílio da professora de inglês. Para se preparar para a exposição, os alunos deveriam saber informações básicas a respeito de cada objeto. Assim, os alunos-pesquisadores estudaram sobre a história de cada um dos objetos selecionados para a mostra, tanto sua história na família como sobre a invenção do objeto. Ao final da preparação, o museu foi exposto na escola para alunos do 6º e 7os anos. Para finalizar, foi feita uma avaliação, por meio de discussão em grupo, dos resultados encontrados, pensando na relação dos familiares com o passado através desses objetos e também do trabalho do museólogo, a experiência de participar da exposição, a recepção do público, a sua própria participação no processo, a importância de fontes históricas e outros temas relacionados.
comunidade a respeito do passado. Assim, vamos analisálos separadamente. 3.1. A produção do museu temporário Quando perguntados “Como os historiadores sabem o que aconteceu numa época em que eles ainda não existiam?” os alunos não souberam responder. “Perguntando a alguém que estava lá” foi uma resposta que se repetiu nas três turmas, mas ao serem perguntados qual seria o procedimento numa pesquisa sobre um período anterior, que não tivesse nenhum remanescente vivo, ficaram pensativos. A partir dessa mostra de curiosidade a respeito do tema, expliquei o que são fontes históricas e os convidei a participar na produção do museu temporário, convidando-os a serem “pequenos museólogos e historiadores”, o que deixou alguns animados e outros preocupados. Quando trouxeram os objetos antigos, conforme pedido, foram orientados a preencher uma ficha catalográfica. O objetivo desta atividade é fazer com que conheçam alguns dos elementos de análise com os quais os profissionais trabalham. Entre os itens estão: função, procedência, marcas, material, tamanho, idade estimada, e estado de conservação. Ao fazer a atividade, alguns alunos comentaram o quanto é um trabalho detalhado, deixando claro que o trabalho do museu não é simplesmente reunir peças antigas. Em seguida, os alunos foram solicitados a pensar sobre o conceito da exposição. O que eles queriam mostrar? Mas antes de pensar sobre isso era necessário conhecer os objetos disponíveis para a expor. Percebeu-se com essa análise que a maioria dos objetos se enquadravam em quatro categorias, excetuando-se as fotos: Eletrônicos, dinheiro, vida campesina e louça, conforme mostra a tabela 1.
3. Resultados e discussão A pesquisa consiste em dois eixos: o processo de produção do museu temporário e o que os objetos encontrados (ou não) revelam sobre a percepção da
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Tabela 1: Objetos trazidos pelos alunos, por categoria Eletrônicos
Dinheiro
Vida Campesina
Louça
Toca-fitas
Moedas de Cruzeiro
Lamparina
Conjunto de cálices
Rádio
Notas de Cruzeiro
Lampião
Enfeite de louça
Disco de vinil
Moedas de Cruzado
Lampião a gás
Jarra
Fita de vídeo
Notas de Cruzado
Sino de vaca
Prato
Supernintendo
Moeda de Réis
Moringa
Celular
Moedas de 1 centavo
Sobre o conceito da exposição, alguns alunos lançaram a ideia de mostrar as diferenças entre o passado e o presente. No entanto, chegaram à conclusão que precisariam dos equivalentes atuais de cada objeto para demonstrar como esses objetos mudaram com o passar do tempo. Outras sugestões foram separar por tipo de material, por ordem decrescente de antiguidade e por função. Ao final das discussões, foi decidido apresentar os objetos separados de acordo com as categorias apresentadas na tabela 1. Apesar de ter sido planejada a participação da professora de Matemática para a construção dos gráficos com as turmas, essa participação acabou não ocorrendo, mas ainda assim os alunos diretamente participantes da pesquisa conseguiram construir os gráficos sem maiores problemas, depois de analisarem os questionários e as fichas catalográficas. 3.2. A percepção da comunidade a respeito do passado De maneira geral, os alunos tiveram dificuldades em encontrar objetos que classificassem como antigos em suas casas, com alguns tendo que recorrer a parentes e outros não levando os objetos, mesmo após duas remarcações de data de entrega. No entanto, não se pode afirmar se estes alunos não levaram o objeto porque realmente não conseguiu ou porque foram displicentes com esse compromisso (gráfico 1).
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Gráfico 1: Alunos que levaram o objeto antigo por turma
Como são poucas as informações, não é possível fazer inferências a respeito da percepção da comunidade a respeito do passado, mas se pode entender que ao menos metade das famílias tem algum sentimento de preservação de memórias através de objetos, ainda que sejam poucos. Foi possível perceber que, apesar de poucos, os objetos trazidos guardavam um grande valor sentimental para as famílias, valor esse evidenciado pelo medo de emprestar os objetos para a exposição, que foi demonstrado no caso de vários alunos.
4. Conclusão Apesar dos obstáculos à realização do projeto, como a mudança de professor titular de turma e o calendário letivo, a maioria dos objetivos pedagógicos foi alcançada: os alunos puderam perceber que objetos podem ser uma importante fonte de conhecimento histórico, exercitaram a habilidade de análise de fonte histórica, se reconheceram como sujeitos partícipes da História e compreenderam como acontece a catalogação museológica. Além disso, é perceptível uma mudança na perspectiva dos alunos a respeito da História, a partir de comentários como “ser historiador é difícil!”, um comentário que demonstra surpresa, revelando a ideia anterior que a História é fácil, não necessita raciocínio, ou estudo aprofundado. Com relação aos objetivos de pesquisa, percebeu-se que as famílias dos alunos não têm o costume de preservar objetos antigos além de fotos, mas que aquelas que preservam objetivos, dão a eles um grande valor sentimental. Na exposição do museu, foi gratificante ver a curiosidade dos alunos a respeito dos objetos antigos, que foi acompanhada de diversas perguntas, prontamente respondidas pelos alunos-pesquisadores. Ao mesmo tempo, os alunos-pesquisadores se sentiram capazes e desenvolveram o desejo de seguir no campo da pesquisa. Referências BRODBECK, Marta. O Ensino de História: Um processo de construção permanente. Curitiba: Módulo Editora, 2009. HORTA, Maria de Lurdes; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane. Guia Básico de Educação Patrimonial. IPHAN, 1999. JESUS, M. Produção de museu temporário por turmas da Educação de Jovens e Adultos. In: II CONGRESSO ESTADUAL MEMÓRIA E PATRIMÔNIO CULTURAL, 2017. Anais... Laranjeiras, 2017.
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Resumo. Se desejarmos mudar a realidade da educação do nosso país, acreditando que a escola pode exercer uma função mais integradora, a sexualidade então, não pode ficar de fora dessa discussão. Partindo desse pressuposto e do contexto social o qual estamos inseridos, onde a gravidez na adolescência tem gerado discussões e preocupação no âmbito da saúde pública, criou-se uma disciplina eletiva a qual trabalhou esta temática de forma transdisciplinar, envolvendo as disciplinas de Biologia, História e Química, possibilitando aos alunos uma tomada de decisões mais conscientes e responsáveis sobre o próprio corpo. 1. Introdução Torna-se cada vez mais necessário promover a educação sexual no âmbito escolar, a fim de repensar tabus, mitos e preconceitos há tempos arraigados em nossa cultura social. O caráter de urgência se ressalta ainda mais, uma vez que esse assunto invade a vida do adolescente, interferindo em suas atitudes, fortemente influenciadas pela ativação hormonal da puberdade e pela mídia, que assume plano destacado em seu comportamento e tem como reflexo os elevados índices de casos de gravidez na adolescência e DST’s no município de Canindé de São Francisco/SE. [...] Orientação Sexual também contribui para a prevenção de problemas graves como o abuso sexual e a gravidez indesejada. As informações corretas aliadas ao trabalho de autoconhecimento e de reflexão sobre a própria sexualidade ampliam a consciência sobre os cuidados necessários para a prevenção desses problemas. (PCNs, 2001: P. 14)
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Neste sentido, pensou-se em uma proposta que objetivava abrir espaço para discussões sobre iniciação sexual, masturbação, menstruação, namoro e curiosidades inerentes à adolescência; contribuir significativamente para a prevenção de graves problemas de saúde pública como gravidez indesejada, abuso sexual, aborto, prostituição e pornografia, trabalhando na perspectiva da ludicidade e do construtivismo. 2. Materiais e Métodos Analisando os elevados índices de casos de gravidez na adolescência e DSTs no município de Canindé de São Francisco/SE, o Colégio Estadual Dom Juvêncio de Britto, preocupado com o reflexo desses resultados no cotidiano da comunidade na qual está inserido, embasou-se numa proposta construtivista e criou juntamente com o apoio e a efetiva colaboração dos professores das áreas de Biologia, Química e História uma Disciplina Eletiva da parte diversificada do currículo, a ser desenvolvida no primeiro semestre do ano letivos de 2018, com 26 estudantes das primeiras séries do ensino médio, na modalidade Ensino Integral, que objetivou conscientizar os estudantes e a comunidade local a respeito da gravidez na adolescência e da prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, dentro dessa perspectiva, selecionouse conteúdos que versaram sobre a química do amor e os hormônios envolvidos nas reações fisiológicas e a construção de maquetes dos referidos hormônios, para a compreensão do que ocorre no organismo a partir do momento do Beijo. Em seguida, através de um colóquio, abriu-se espaço para discussões sobre a sexualidade na adolescência: iniciação sexual, masturbação,
menstruação, namoro, prostituição, orientação sexual, aborto, DSTs e curiosidades inerentes à adolescência, que embasaram a produção de um roteiro para uma pesquisa feita junto às famílias, acerca dos temas referidos e a produção de gráficos para a exposição dos resultados. Depois dessas discussões, começamos o estudo das mudanças no corpo de meninos e meninas, sob a ação hormonal, durante a puberdade. Analisando a adolescência como um período do desenvolvimento humano, que é caracterizado por uma revolução nos aspectos: físico, social, cognitivo, psicoemocional e desenvolvimento afetivo A etapa seguinte foi a realização da oficina pedagógica: “O despertar para o sonho” do Projeto Vale Sonhar elaborado pelo instituto Kaplan, onde ocorre uma projeção do futuro dos alunos, considerando o seu Projeto de Vida, se acaso eles tivessem passado por uma gravidez não planejada. Essa projeção ocorre por períodos escalonados de 10 anos, fazendo-os refletir como eles estariam e se teriam conseguido realizar o seu sonho com a responsabilidade de sustentar e educar um filho. Posteriormente, realizamos uma outra oficina pedagógica com o tema: “Nem toda relação sexual engravida”, também elaborada pelo instituto Kaplan, abordando a anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores masculino e feminino, ciclo menstrual, fecundação, desenvolvimento embrionário e da gestação, semana a semana, utilizando jogos e vídeos para essa demanda, bem como a construção de maquetes feitas com bola de isopor para a exposição. A nossa proposta culmina com a exposição dos gráficos e maquetes produzidos nas oficinas, juntamente com a apresentação de paródias e de uma encenação de um júri simulado intitulado: “O aborto no banco dos réus”. 3. Resultados e discussão A primeira oficina a qual abordava a temática que deu nome à eletiva: “BEIJEI? E AGORA?!”, trouxe para os alunos todas as reações provocadas pela ação de
diferentes neurotransmissores que são “despertados” durante e o beijo e posteriormente durante a paixão, possibilitando aos mesmos perceber que o amor por vezes considerado algo metafísico não passa de um complexo fenômeno neurobiológico resultado da ação de algumas substâncias químicas sobre o nosso cérebro. Essa contextualização do ensino de Química através do tema Educação Sexual contribuiu para a melhoria do en¬tendimento dos alunos a respeito dos temas abordados, como sistema nervoso, funções orgânicas e cadeias carbônicas. Através da transdisciplinaridade foi possível mostrar aos alunos como o saber está conectado nas diversas áreas, e assim, facilitar o processo de cognição para um consistente aprendizado. Nas discussões sobre a puberdade, época em que tudo é vivido com grande intensidade, concluímos que as mudanças que se processam nesta fase nos aspectos: Físico: capacidade sexual e reprodutiva, desejo sexual, excitação, capacidade orgástica, espermatozoides e óvulos; Social: pertencer a grupos (confirmação de sua identidade sexual e valorização social), diversidade de valores, oportunidade afetivo-sexual; Cognitivo: capacidade de abstração, informação e análise crítica; Psicoemocional: autoafirmação (contestação), onipotência (pouco caminho percorrido e certeza de que tudo vai dar certo), devaneios (caprichos de imaginação e sonhos); Desenvolvimento afetivo-sexual: homo – grande amigo (aprendendo a ser); intermediária – paixão platônica (treino mental); hetero – interesse afetivo sexual. A realização do colóquio teve um retorno muito importante junto aos alunos promovendo uma reflexão a respeito da sexualidade em seus vários aspectos, confirmando assim a necessidade de abordamos um tema ainda tratado com tabu por muitas famílias e de relevante importância para os dias atuais, principalmente com a banalidade com a qual o tema é tratado na sociedade e as visões distorcidas expostas nas redes sociais. Dessa forma tivemos a oportunidade de discutir essas temáticas de forma cientifica, religiosa, deixando explicito os aspectos positivos e negativos que envolvem a sexualidade, possibilitando aos alunos
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a tomada de decisões conscientes e responsáveis sobre o seu próprio corpo. Ao promovermos uma pesquisa onde os alunos obtiveram dados dos seus responsáveis legais (pais, avós, tios..) com a qual comparamos as visões do passado e do presente a respeito dos temas: relacionamento familiar, virgindade, masturbação, m enstruarão, aborto, DSTs e prostituição, de imediato promoveu-se um canal de diálogo entre os alunos e a família, ao mesmo tempo que nos possibilitou conhecer a forma como se dá o diálogo entre família e filhos quando se trata de sexualidade e temas afins. Ao analisarmos os resultados da pesquisa notouse que 90% dos alunos tem um bom relacionamento familiar (45% com apoio familiar, 35% de forma harmoniosa e 10% com parceria), e apenas 10% tem um relacionamento conflituoso; 95% abordam a virgindade de forma natural (40% apenas de forma natural e 55% com orientação), 5% tratam o tema com falta de respeito; a masturbação é vista por 35% dos pais como um momento de descoberta, 55% veem o tema como algo errado e feio e 10% como proibido; 70% aborda o tema menstruação com naturalidade e para 30% falta orientação; sobre a prostituição 50 % acreditam que é falta de orientação, 45% ser falta de caráter, e 5% falta de oportunidade; quanto ao aborto 70% das famílias tem o tema como algo proibido, 25% vê a discussão do conteúdo como necessária, e 5% defende a abordagem apenas em casos excepcionais; na vertente DSTs, 95% afirma só permitir relações com responsabilidade, e 5% acredita que pode ser remediado. Após o término das discussões foi possível perceber que houve uma evolução, ao longo do tempo, no diálogo estabelecido a respeito da temática abordada. Na oficina pedagógica, “Despertar de um sonho”, enquanto faziam a sua projeção para o futuro e a concretização de seus projetos de vida, os alunos tiveram a oportunidade de refletir sobre as vulnerabilidades (individuais como valores pessoais, informação inadequada, vontade de correr riscos; sociais como contexto sociocultural, pressão de grupos, dependência econômica, relações de poder, acesso a métodos
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contraceptivos e por fim a programática que se refere a políticas de prevenção, sistema educacional e suporte individual) e de como tudo que fazemos exige uma motivação e quais as consequências dessas ações podem mudar drasticamente a direção dos sonhos e projetos da vida de cada um. Para tanto realizamos a dinâmica em que os alunos (as) que fizeram a projeção para o futuro “grávidos” passaram um dia cuidando de um bebê boneco dentro da escola, sendo que em intervalos de tempos prédeterminados, ouvia-se o som de bebê chorando e eles tinham que parar as suas atividades para cuidar do bebê (trocar fraldas, alimentar, colocar para dormir...). Uma prática lúdica que, no dizer dos alunos, levou a reflexões profundas e mudanças de atitudes em relação as suas vulnerabilidades. Na oficina “Nem toda a relação sexual engravida” trabalhamos os aspectos anatômicos e fisiológicos dos sistemas reprodutores, o que nos deu suporte para avaliarmos a forma de atuação e eficácia dos métodos contraceptivos, os risco e danos da interrupção da gravidez nas diversas fases da gestação, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. A nossa proposta culmina com a exposição dos gráficos (Figura 1 e 2) e maquetes (Figura 3 e 4) produzidos nas oficinas, juntamente com a apresentação de paródias (Figura 5) e de uma encenação de um júri simulado (Figura 6) intitulado: “O aborto no banco dos réus”.
Figura 1e 2. Exposição dos gráficos confeccionados com o resultado da pesquisa feita junto as famílias. Figura 3. Exposição das maquetes dos hormônios envolvidos na química do beijo e na química do amor.
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Figura 4. Exposição das maquetes do desenvolvimento embrionário.
Figura 6. Apresentação do júri simulado: “O aborto no banco dos réus”.
Figura 5. Apresentação das paródias sobre gravidez na adolescência.
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4. Conclusão Com esse trabalho, portanto, proporcionouse momentos de discussão, dinamicidade e ludicidade à comunidade escolar, na perspectiva de se utilizar o saber acadêmico produzido para a transformação de uma realidade social. O trabalho educativo e humanizado oferecido pelo corpo da escola sobre sexualidade, riscos e complicações da gravidez e do aborto, do acesso à contracepção e de uma ampla política de planejamento familiar são imprescindíveis e, podem influenciar na diminuição da proporção de gravidez na adolescência em uma população e na concretização de sonhos, na consubstanciação de uma carreira profissional para a concretização dos seus projetos de vida. Conclui-se que ações educativas sobre riscos e prejuízos de uma gravidez precoce, bem como sobre sua prevenção, são oportunas
como medidas de promoção da saúde, equilíbrio emocional, autoconhecimento, melhoria nas relações afetivas no âmbito familiar. Referências AMOR: O Cérebro Pós-Paixão. Pedro Calabrez. NeuroVox 026. 2017. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-fq_qR3b6t8>. Acesso em: 03 de maio de 2018. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/ SEF, 2001. 14p. DSTs- Doenças Sexualmente Transmissíveis. Pró Vida Análises Clínicas 2017. Disponível em: <https://youtu.be/gYcTQNHow5Q>. Acesso em: 10 de maio de 2018. GRAVIDEZ na adolescência. Profissão Repórter. 2017. Disponível em: <https://youtu.be/N4RVm1yHYwo>. Acesso em: 14 de junho de 2018. GRAVIDEZ Passo a Passo Por Dentro (Em 3D) - Como Ter Saúde. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VTJh6ZeqiZU>. Acesso em: 14 de junho de 2018. KAPLAN. Projeto Vale Sonhar – Instituto Kaplan. Disponível em: < http://www. kaplan.org.br/institucional/sec/vale-sonhar>. Acesso em: 10 de abril de 2018. O Cérebro Apaixonado. Pedro Calabrez. NeuroVox 002. 2017. Disponível: <https://www.youtube.com/watch?v=q5pfKoSYquE>. Acesso em:15 de abril de 2018.
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Resumo. Esse trabalho partiu de estudos em Educação Ambiental e Cidadania com o objetivo de analisar e intervir no ambiente escolar, através de sensibilizações, discussões e trabalhos artísticos. Baseamo-nos na abordagem qualitativa, por meio de estudos de campo, e subsidiados por diagnósticos e tabulações de dados. Pesquisa bibliográfica, aulas teóricas e práticas originaram intervenções artísticas. As avaliações foram respaldadas por diários de bordo e participações efetivas de alunos. Os resultados foram satisfatórios, diante da atuação crítica e reflexiva dos protagonistas nas etapas desse trabalho. Detectamos mudanças positivas de posturas com relação ao patrimônio escolar e o olhar sobre a comunidade. 1. Introdução O projeto “Fazer o Bem, que mal tem?” foi realizado no Ensino Médio Integral, no Centro de Excelência Deputado Jonas Amaral, como proposta de disciplina eletiva. Surgiu diante da necessidade de continuidade do trabalho vinculado à Educação Ambiental e Cidadania, iniciado no ano de dois mil e quinze, e gerou discussões e reflexões importantes para a realidade da nossa comunidade escolar. Reiteramos que ações dessa natureza tornam-se imprescindíveis, não só para a escola, mas para a construção de sujeitos cidadãos, outrossim que concordamos na “formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global” (BRASIL, 1997, p.29). Acreditamos nos princípios didáticos da Educação Ambiental articulados com as disciplinas de Arte e Educação Física, haja vista a necessidade de engajamento de diferentes áreas de conhecimento na
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problemática ambiental “buscando seus pressupostos históricos, problematizando suas incongruências e mapeando possíveis soluções” (LISBOA, KINDEL, KROB, et al, 2012, p.24). De acordo com esse ponto de vista e motivados em nos debruçarmos na análise crítica da nossa realidade, propomos metodologias relacionadas a esse tema transversal. Encontramos na realização de todas as ações vinculadas a esse projeto um laboratório aberto para as abordagens de uma Educação Ambiental Crítica. Como constata Reigota (2006, p.24) “a escola é um dos locais privilegiados para a realização da educação ambiental, desde que dê oportunidade à criatividade”. Para tanto nos permitimos mapear e verificar as principais necessidades da escola e, diante das análises e discussões desenvolvemos intervenções experimentais em artes visuais. 2. Materiais e Métodos As etapas de realização desse projeto ocorreram entre os meses de agosto de dois mil e dezesseis e janeiro do ano letivo de dois mil e dezessete e abrangeram quarenta e cinco alunos da disciplina eletiva do Ensino Médio Integral no Centro de Excelência Deputado Jonas Amaral. Em sua execução, nos valemos da pesquisa qualitativa, pela necessidade de atuarmos diretamente junto aos envolvidos e investigarmos de que forma a Educação Ambiental proporia mudanças de posturas, a priori, no ambiente escolar, partindo de um breve diagnóstico da turma e direcionando nossos olhares para seus conhecimentos e objetivos, haja vista que a participação naquela eletiva era uma opção e não uma imposição. Para tanto, tivemos respaldo do método descritivo de pesquisa, no qual observações, registros
e análises dentro da escola e seu entorno ampliaram a precisão de nosso objeto de estudo, bem como a forma dos alunos perceberem a urgência dessa intervenção, ante conceitos trazidos sobre protagonismo, cidadania, identidade, patrimônio e suas relações com o meio ambiente. A pesquisa de campo, imprescindível para aproximação dos discentes com a escola e algumas pessoas da comunidade local, mediante o problema apresentado, enquadrou dentre outras características a sensibilidade social e crítica daquela localidade; curiosidade de buscar novas informações históricas, geográficas e culturais; criatividade, uma vez que instigamos possibilidades de intervenções; atitudes auto-corretivas, através da percepção de algumas atitudes, principalmente de outros alunos, por exemplo, quando detectaram as pichações nas carteiras da escola; e imaginação disciplinada ao perceberem os problemas e elencarem de maneira sistematizada e coletiva proposições que contribuíssem com a comunidade. Como estratégia norteadora para observações, construímos um instrumental de mapeamento, levando em consideração os maiores problemas constatados pelos alunos na instituição, tais como a quantidade elevada de lixos nos diferentes espaços e conservação/ preservação do patrimônio escolar. Para obtenção de informações, utilizamos pesquisas bibliográficas acerca de dados da escola e da comunidade, Educação Ambiental e intervenções artísticas, orientadas pelos respectivos professores de Arte e Educação Física, o que gerou aulas teóricas e práticas através metodologias dinâmicas, discussivas e participativas. O acompanhamento de todas as etapas desse projeto foram registrados pelos professores orientadores através de fotos e fichamentos; e pelos alunos por meio dos cadernos de bordo, entregues no primeiro dia de aula, com o objetivo de descreverem detalhadamente tudo o que foi apresentado e observado no decorrer das aulas, inclusive com críticas e sugestões. Esse instrumental foi de extrema importância para avaliarmos nossas práticas metodológicas, muitas vezes nos fazendo replanejar as
abordagens teóricas, e nos aproximarmos dos alunos, o que influenciou diretamente nos resultados obtidos nessa pesquisa. Ao final de todo processo realizamos uma autoavaliação de cada aluno envolvido no projeto, intitulada de avaliação socioemocional (instrumental já utilizado pelas escolas de ensino integral), levando em consideração sua participação, frequência, responsabilidade, perseverança e criatividade nas atividades propostas, o que estava muito próximo daquilo que observamos e fichamos no decorrer da execução do trabalho, levando-nos perceber mudanças de posturas, fundamentais para a transformação do ambiente escolar. 3. Resultados e discussão Observamos que a aproximação entre professores e alunos, iniciada através de sondagem e metodologias dinâmicas e interativas, foi de extrema importância para a socialização de atividades desenvolvidas. Discussões e reflexões acerca da associação entre indivíduos e comunidade local, possibilitou-nos entrelaçar temáticas diversificadas sobre identidade, patrimônio, diversidade cultural, meio ambiente e arte, além de abrir uma série de questionamentos sobre o nosso papel, enquanto cidadãos, naquela escola. 3.1 Mapeamento da escola O mapeamento escolar, etapa necessária para desdobramentos de intervenções, realizou-se em todos os ambientes, partindo de conceitos introdutórios já iniciados em aulas anteriores sobre a Educação Ambiental. As impressões analisadas na instituição foram descritas por cada aluno, seguindo os critérios de conservação, preservação, limpeza e tipos de materiais encontrados na escola. Nessa etapa, o objetivo foi que os discentes reconhecessem que no ambiente escolar, que muitas vezes é depredado, pichado, sujo e visto como algo da responsabilidade de outrem, na realidade, é patrimônio pertencente a todos nós e que, por isso, devia ser conservado.
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que o lixo estava dentre as principais problemáticas daquela comunidade escolar. À luz desse contingente e trazendo possibilidades de reutilização, reciclagem e reaproveitamento, a turma sugeriu o Desfile do Reciclarte, com a produção de fantasias e indumentárias produzidas com materiais recolhidos no interior da escola. Esse trabalho agregou pesquisas nas disciplinas de Química e Física.
Figura1. Mapeamento da Escola
Os resultados dessa fase geraram propostas de atividades sistematizadas, a exemplo de aulas expositivas, oficinas de artes visuais e intervenções pautadas em instalações artísticas e espaços de convivência. Com o intuito de destacar o papel do protagonismo em todo processo, reorganizamos os planos de aulas e conjuntamente priorizamos as temáticas: Introdução aos estudos de Educação Ambiental; Sustentabilidade; O diálogo entre Educação Ambiental e o Patrimônio Escolar; Estudo dos 3 R’s; Intervenções de Arte Contemporânea em Espaços Urbanos; Sujeito Cidadão e Diversidade e A História das Coisas. 3.2. Transformando as teorias em práticas Aos poucos, os conceitos sistematizados e vinculados diretamente ao cotidiano de alunos transformaram-se em vivências. Os parceiros, a exemplo de professores e estudantes da Universidade Federal de Sergipe, do curso de Artes Visuais, agregaram novos conhecimentos, trazendo um apanhado sobre a arte contemporânea através da proposta triangular de ensino, a qual associa-se teoria, leitura de imagens e práticas. Resultados de aulas de laboratório de práticas experimentais em Artes Visuais, com técnicas de recorte e colagem, pinturas e objetos tridimensionais abrangeram sensibilizações, criatividade e criticidade. Sobre a relação do Patrimônio Escolar e os 3R’s, por exemplo, ao longo dos debates, os alunos constataram
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Figura 2. Etapas de construção de fantasia para o desfile Reciclarte
Sobre as intervenções nos espaços da escola, enfatizamos as instalações artísticas executadas para culminância da disciplina e constituídas de três partes: “Chuva do Bem”; “Palavras Vivas” e “Não leia”. Na primeira, reutilizando rolinhos de papéis higiênicos, trabalhamos os conceitos de cidadania e conservação ambiental, trouxemos técnicas de pintura, recorte e colagem, pendurando-os em quiosques e entrada principal do colégio. Na segunda, elencamos palavras-chaves e imagens, recortadas de revistas, associadas à Educação Ambiental e, coladas sobre cd’s pintados, que formaram diferentes composições, sendo colocados na praça da escola e com a proposta de interagir com a comunidade local. E, finalmente, a terceira trouxe a ideia de fazer um apanhado de todas as aulas dessa eletiva, com subsídio do caderno de bordo, alinhando pinturas, colagens de frases e imagens nas colunas do patio principal.
4. Conclusão Ao longo desse projeto, em que nos colocamos como “professores-articuladores” de experiências em Educação Ambiental nas disciplinas de Arte e Educação Física, durante a eletiva “Fazer o Bem, que Mal tem?” no CEDJA, percebemos as contribuições trazidas pela transversalidade, pautadas nas inquietações e indagações que permeavam o cotidiano escolar, resultando em mapeamentos da escola, debates, discussões e por fim laboratórios de expressão plástica, nos quais os alunos foram os principais atores. Inicialmente registramos algumas dificuldades: primeiro pelas nossas limitações conceituais, desencadeando estudos e pesquisas bibliográficas sistematizadas, segundo pela ausência de espaços físicos para as ações de artes, gerando a reorganização de novas possibilidades de ambientes de trabalho e terceiro, pela falta de recursos materiais, potencializando a criatividade e esforços financeiros dos professores propositores. Consideramos que a apropriação de conhecimentos em Educação Ambiental foi fundamental para a construção da visão crítica da nossa realidade, uma vez que se propôs métodos e pesquisas vinculados aos problemas da escola, implicando numa verdadeira busca do saber teórico e prático. Referências BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Brasília: MEC/SEF,1997c. 128 p. LISBOA, Cassiano Pamplona, KINDEL, Eunice Aita Isaia; KROB, Alexandre José Diehl...[et al]. Educação Ambiental: da teoria à prática. Porto Alegre: Mediação, 2012. REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006.
Figura 3. Intervenções artísticas “Fazer o Bem, que Mal tem?”
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Resumo. Neste artigo, descrevemos o Projeto desenvolvido na disciplina eletiva “Janela para o Mundo”, que teve como objetivo, trabalhar conceitos de Matemática e de Linguagens; enquanto os alunos aprendiam como desenvolver um site para divulgação dos projetos e eventos desenvolvidos no Centro de Excelência Santos Dumont. Todo o projeto foi desenvolvido utilizando os recursos disponíveis na escola e foram utilizados sempre softwares gratuitos. 1. Introdução Ao aderir ao modelo de Ensino Médio Integral, proposto pela Secretaria de Estado da Educação, o Centro de Excelência Santos Dumont passou a desenvolver diversos projetos e, por este motivo, sentiu a necessidade de divulgação das atividades desenvolvidas. Partindo dessa necessidade, foi sugerida a oferta de uma disciplina eletiva que tivesse como objetivo o desenvolvimento de um Web Site. Sabendo das deficiências dos alunos na área da matemática e, toda a relação da informática com essa área do conhecimento, percebeu-se que essa seria uma ótima oportunidade para trabalhar conceitos matemáticos de forma mais dinâmica, os quais o aluno seria protagonista do Processo de Ensino - Aprendizagem. De acordo com o Ministério da Educação (1997), cada estudante é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é o mediador na interação dos alunos com os objetos de conhecimento; este fenômeno compreende também a interação dos jovens entre si, essencial à socialização. Nesse contexto, essa disciplina eletiva possibilitou que os alunos trabalhassem de forma prática com conceitos, como Plano Cartesiano e Transformações Geométricas ao trabalhar com simetria, reflexão,
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translação, rotação. As razões, porcentagens e taxas de variação ao trabalharem problemas com transferência de dados entre cliente e servidor; proporção, regra de três e conversão de unidades. 2. Materiais e Métodos O Centro de Excelência Santos Dumont trabalha com o sistema de Ensino Médio Integral adotado pela Secretaria de Estado da Educação de Sergipe. Nesse sistema de ensino, os alunos devem escolher uma das disciplinas eletivas ofertadas semestralmente para cursarem. No segundo semestre do ano letivo de 2017, foi ofertada a disciplina “Janela para o Mundo”, na qual foi desenvolvido este projeto. A turma foi composta por 20 alunos, das turmas de 1º ano do Ensino Médio. As aulas foram ministradas no laboratório de informática da escola, com uma frequência de duas aulas semanais. Para as lições e os trabalhos dos alunos, foram usados os 5 computadores existentes no local, um notebook e um projetor. Para realizar upload dos arquivos para o servidor, utilizamos uma Internet de 2 mbps, disponível no laboratório. Foi realizada uma pesquisa prévia por softwares gratuitos, para desenvolver o site. Após o estudo e análise dos softwares disponíveis, optamos por utilizar o editor WYSIWYG (acrônimo da expressão em inglês “what you see is what you get”, cuja tradução remete a algo, como: “o que se vê é o que se obtém”) “BlueGriffon”, disponível para download em http://bluegriffon.org/, para a edição do documento HTML; o cliente FTP (File Transfer Protocol) “FireFTP” para transferência de arquivos com o servidor; o editor de imagens “Gimp”, disponível em https://www.gimp.org/, para tratamento de imagens; o editor de imagens vetoriais “Inkscape”, disponível em
https://inkscape.org/pt-br/, para criação de imagens; o editor de vídeo “Kdenlive”, disponível em https:// kdenlive.org/en/, para edição de vídeos. Durante os encontros semanais, usamos uma aula para a apresentação das teorias envolvidas no desenvolvimento de um site como: Conceitos de Internet, Aplicações Cliente - Servidor, HTML, JavaScript, Criação e Edição de Imagens, de Vídeos etc. Outro encontro, para que os alunos trabalhassem diretamente no desenvolvimento do site, usando os computadores e os softwares recomendados. Inicialmente, decidimos que o site seria composto por uma página principal, que traria de forma resumida, as informações da Escola e links para a informação completa; uma página de notícias e eventos, uma galeria de imagens, uma galeria de vídeos e uma página de documentos. Os alunos foram divididos em 5 grupos, sendo cada um responsável por cada uma das partes do site. Para disponibilizar o site na internet, a escola comprou o domínio “cesd.xyz” através do “HostGator” (site que vende domínios e hospedagem de sites) , que possui endereço https://www.hostgator.com.br. Na época, o domínio “cesd.xyz” teve valor promocional de $ 0,99 por ano. Escolhemos hospedar o site em um servidor externo, evitando assim, gasto com equipamentos para servidor e configuração dele. Após pesquisa, escolhemos o serviço oferecido pelo “000webhost” (https://www.000webhost.com/) que oferece um plano gratuito de hospedagem com a limitação de 1 gigabyte de armazenamento e 100 gigabytes de transferência mensal. 3. Resultados e discussão As imagens são frequentemente associadas ao tempo gasto no carregamento de uma página da Web, de acordo com Grigorick (2018), elas são frequentemente responsáveis pela maioria dos bytes transferidos em uma página da Web, além de muitas vezes, ocuparem uma quantidade considerável de espaço visual. Além disso, o número de acessos tende a reduzir, consideravelmente, quando o consumo de tempo e de dados, durante o
carregamento da página, não atende às expectativas dos usuários da internet. Por outro lado, desde que estejam bem posicionadas e nítidas, as imagens são fundamentais na construção de um site atrativo, pois podem expressar uma ideia ou informação com mais ênfase comparadas a um texto. Dessa forma, ao idealizar um site é necessário buscar o equilíbrio entre o tempo de carregamento e a qualidade visual das imagens. Em geral, os arquivos de imagens apresentam dois tipos de formatos, o vetorial e o “raster”, exibido na forma de uma malha de pixels. A escolha por qualquer um dos formatos implica vantagens e desvantagens. De acordo com Cristian (2012), Vetores podem ser usados para criar formas, linhas, polígonos, na verdade, qualquer forma imaginável. Assim, imagens vetoriais são uma excelente alternativa para figuras constituídas por formas geométricas simples (ícones, logomarcas etc.), proporcionando resultados nítidos em todas as configurações de resolução de tela e nível de zoom, ver (Figura 1.a).
Figura 1. (a) Imagem vetorial com zoom aproximado; (b) Imagem “raster” (malha de pixels) com zoom aproximado. (Fonte: https://clube. design/2012/qual-e-a-diferenca-entre-imagens-vetoriais-e-de-bitmaps/ acessado em 27/09/2018)
As imagens “raster” são usualmente armazenadas nos sites com a extensão JPEG. Este tipo de formato exibe uma imagem decodificando uma sequência de valores, para cada pixel numa grade retangular (malha), correspondente às informações de cor e transparência (RGBA). O pixel é a menor unidade visual de uma imagem “raster” e, quanto maior a
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quantidade de pixels, melhor será a definição da imagem. O tamanho do pixel visto na tela do aparelho também afeta a definição da imagem, portanto, esse tipo de formato depende da resolução e das dimensões da tela de exibição e na medida em que aumenta o nível de zoom, a nitidez da imagem fica prejudicada, ver (Figura 1.b). Basicamente, nos arquivos de imagem, os pixels são usados para definir o “tamanho” dela. Nos displays e monitores, eles são úteis para indicar o “nível de qualidade” de exibição de uma imagem. A resolução da tela refere-se à densidade de pixels numa área da tela. Aparelhos de alta resolução e grandes dimensões necessitam de imagens com alta qualidade de definição, conforme Tabela 1.
Tabela 1: Imagens de mesmo tamanho e diferentes resoluções
Por exemplo, dobrando a quantidade de pixels exibidas em ambas dimensões da tela aumentamos sua resolução, em contrapartida, para uma boa exibição e definição de imagem, o número necessário de pixels quadruplica ver (Figura 3).
Figura 3. Imagens de mesmo tamanho e diferentes resoluções (densidade de pixels). (Fonte: https://developers.google.com/web/ fundamentals/ performance/optimizing-content-efficiency/images/cssvs-device-pixels.png?hl=pt-br acessado em 27/09/2018)
A otimização de imagens se resume a dois critérios: otimizar o número de bytes usados para codificar cada pixel de imagem e otimizar o número total de pixels de acordo com a qualidade visual que se
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deseja e as resoluções mais usuais das telas dos aparelhos disponíveis no mercado. 3.1. Relação entre a resolução em pixels da imagem e o tamanho do arquivo em bytes Internamente, o sistema reconhece 256 tons por canal, o que corresponde a 8 bits por canal RGBA, logo, a quantidade de bytes necessários para codificar/ decodificar cada pixel é fornecida pelo cálculo: 4 canais RGBA x 8 bits = 32 bits = 24 bits = 4 bytes O tamanho do arquivo de imagem é obtido multiplicando o número total de pixels por 4 bytes necessários para codificar cada pixel. Por exemplo, uma imagem cuja resolução é 100 x 100 pixels terá um consumo de memória em bytes dado por: 10.000 pixels x 4 bytes = 40.000 bytes = 40.000 bytes/1024 = 39 KB 3.2. Aplicação de propriedades geométricas e proporções no redimensionamento de imagens com o auxílio do editor gráfico GIMP No redimensionamento de uma imagem, conserva-se a proporção entre as dimensões originais da figura, geralmente 16:9, a fim de evitar distorções. Por exemplo, considere uma imagem na resolução 5376 x 3024, ordenadamente suas dimensões horizontal e vertical em pixels, ocupando inicialmente 4 Mb de memória, (Figura 2). Mantendo a proporção de 16:9 entre as dimensões originais, podemos redimensionar esta imagem para limitar o tamanho do arquivo ao valor máximo de 100 Kb.
Figura 2. Dimensões de uma imagem e seu tamanho em bytes visto no GIMP
Utilizando o software editor de imagens GIMP, verifica-se que reduzindo para 12% as dimensões originais da imagem, seu tamanho em bytes passa de 4 Mb para 93 Kb, ou seja, uma redução de mais de 90% no consumo de memória, ver (Tabela 2).
aos alunos uma forma diferente de trabalhar: conceitos de matemática, aumentando assim, o interesse pela disciplina e como bônus, ainda permitimos o contato deles com uma possível profissão. Dentre as principais dificuldades do projeto, tivemos a falta de estrutura, pois só há 5 computadores e uma internet instável, pelos quais atrasou bastante o desenvolvimento do projeto, sendo que muitas das partes que esperávamos implementar do site, ficaram incompletas. Apesar de ser uma disciplina com 40 horas de carga horária, não deu tempo de trabalhar alguns dos temas propostos, como javascript, por exemplo, seja por sua complexidade ou, por termos que dá preferência à parte prática do desenvolvimento do site. Pretendemos, em trabalhos futuros, oferecer disciplinas que trabalhem Edição de Imagens e Edição de Vídeos e, trabalhar em conjunto com os professores da eletiva “Cesd News” para manter todo o site, sempre atualizado. Referências
Tabela 2: Relação entre dimensões de uma imagem, proporção de redução e seu tamanho em bytes
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: 1997. CRISTIAN, A. Qual a diferença entre vetores e bitmaps?. Disponível em: <https://clube.design/2012/qual-e-a-diferenca-entre-imagens-vetoriaisede-bitmaps/>. Acesso em: 27 de set. 2018. GRIGORIK, I. Otimização de imagens. Disponível em: <https:// developers. google.com/web/fundamentals/performance/optimizingcontentefficiency/image-optimization?hl=pt-br>. Acesso em 27 set 2018.
4. Conclusão O principal ponto positivo do projeto foi criar um espaço on-line, onde a escola pode divulgar os eventos e atividades desenvolvidos e, como consequência, acabou por registrar um domínio web, o cesd.xyz, que aos poucos está se tornando uma identidade on-line da escola. O site tornou possível ainda a oferta da disciplina eletiva “Cesd News”, no primeiro semestre do ano letivo de 2018, que trabalhou Jornalismo, com objetivo de alimentar o portal com notícias. A aquisição de um domínio tornou a escola apta a solicitar uma conta do ‘G Suite for Education” de forma gratuita, de modo que possuímos agora, toda a gama de serviços do Google. Possibilitamos
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Resumo. Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da atividade relacionada ao conteúdo porcentagem realizada por alunos do 3º ano do ensino médio. Através dos dados coletados em visita ao Asilo Lar Cidade de Deus, os alunos calcularam a porcentagem relacionada ao sexo e referente à faixa etária dos idosos. Após o cálculo, os mesmos construíram gráficos e percebeuse que o número de homens era menor em relação ao de mulheres. Tal atividade foi bastante produtiva, uma vez que, além de trabalhar o conteúdo de forma prática, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer uma realidade diferente de seu contexto social. 1. Introdução No ensino de matemática, podemos destacar a dificuldade do aluno em relacionar a teoria desenvolvida em sala de aula à realidade à sua volta. Para compreender a teoria, é preciso colocá-la em prática. Este artigo é resultado do desenvolvimento de um projeto extraescolar no Asilo Lar Cidade de Deus, o qual é realizado desde o ano de 2013, tendo como objetivos apresentar os resultados de uma atividade relacionada ao conteúdo porcentagem e conscientizar os alunos sobre a importância do respeito ao próximo, valorizando assim a experiência de vida relatada pelos idosos. Dentre a literatura utilizada destacam-se, os PCN’S, (1997) e Vygotsky (1994). A fim de motivá-los quanto a aprendizagem desse conteúdo tão temido por parte da maioria dos alunos, uma vez que para compreendê-lo é preciso relembrar e conhecer a regra de três simples, transformação de frações em números decimais e algumas regras de divisão. Foi proposta uma atividade diferenciada através da visita ao Asilo Lar Cidade de Deus, situado no município de Itabaiana-SE. Os discentes coletaram dados
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relacionados ao sexo e referentes à faixa etária dos idosos. Após fazerem o cálculo, os mesmos construíram gráficos e, ao analisá-los, percebeu-se que o número de homens (38%) era menor que o quantitativo de mulheres (62%). Com relação à faixa etária dos idosos, como resultado, obtiveram que 24% tinham idade entre 60 e 69 anos, 31% entre 70 e 79 anos, 26% entre 80 e 89 anos e 19% entre 90 e 99 anos. Em linhas gerais, vale ressaltar que tal atividade foi bastante produtiva, uma vez que além de trabalhar o conteúdo de forma prática os alunos tiveram a oportunidade de conhecer uma realidade diferente de seu contexto social. E desta forma alguns alunos ficaram sensibilizados ao escutar depoimentos de alguns idosos, relacionados ao abandono dos filhos, além disso, destacamos a importância de nossos pais na nossa vida. Através desta experiência, percebemos que os alunos foram bem ativos o que proporcionou a aquisição de novos conhecimentos. 2. Materiais e Métodos A atividade foi realizada por 30 alunos do 3º ano do ensino médio matriculados no turno matutino, do Colégio Estadual Professor Gentil Tavares da Mota-Frei Paulo-SE, o projeto iniciou-se no dia 09 de abril do presente ano, a partir de uma visita ao Asilo, juntamente com os professores de Língua Portuguesa e Matemática, no turno da manhã, tal visita tinha como finalidade uma coleta de dados que, por sua vez, daria suporte para concretizar a atividade proposta na aula de matemática. Atividade esta que consistia em: descobrir a quantidade total de idosos; descobrir quantos eram do sexo masculino; quantos eram do sexo feminino; quantos tinham entre 60 e 69 anos; quantos estavam na faixa
29%
30%
etária entre 70 e 79 anos; 80 e 89 anos; 90 e 99 anos. Além disso, propor um momento descontraído para os idosos que lá residem. Diante disso, os alunos se organizaram, levaram alguns presentes (alguns confeccionados por eles), tocaram violão, cantaram (as músicas eram de cunho religioso as quais foram selecionadas e ensaiadas em alguns momentos da aula de Português), dançaram e conversaram bastante com os idosos, dando o máximo de atenção, além disso, os mesmo utilizaram papel ofício e caneta para fazer a coleta de dados. Foi uma manhã muito divertida e produtiva. 3. Resultados e discussão
10% 31%
O Asilo Lar Cidade de Deus, instituição destinada ao acolhimento de idosos, situado no bairro São Cristóvão, Itabaiana-SE, foi fundado em 26 de janeiro de 2003. Para realização da atividade, foram atribuídos três pontos, os quais foram acrescentados na primeira avaliação. Os 30 alunos foram divididos em 5 grupos nomeados por A, B, C, D e E, sendo sorteado entre eles o que cada equipe iria pesquisar. Assim, ficou definido que a equipe A coletaria os dados referentes à faixa etária dos idosos entre 70 e 79 anos. A equipe B os dados referentes aos idosos de 60 a 69 anos. A equipe C a quantidade de idosos do sexo masculino e do sexo feminino. A equipe D os dados referentes aos idosos entre 90 e 99 anos e a E os dados referentes ao idosos entre 80 a 89 anos. Atualmente, o asilo conta com a presença de 68 idosos que vivem nesta instituição, dos quais 26 são do sexo masculino e 42 do sexo feminino. (Ver figura 1).
Figura 1: Sexo dos idosos do Lar Cidade de Deus Fonte: Dados coletados pelos alunos em 28 de março de 2018
Com relação à faixa etária dos idosos, o Lar, hoje, possui 16 idosos com idade entre 60 e 69 anos, 21 com idade entre 70 e 79 anos, 18 com idade entre 80 e 89 anos e 13 com idade entre 90 e 99 anos. A figura 2 apresenta os resultados da faixa etária de todos os idosos do Lar Cidade de Deus.
Figura 2: Faixa Etária de todos os idosos Fonte: Dados coletados pelos alunos em 28 de março de 2018
Diante dos resultados obtidos, observou-se que cabe à escola contribuir para o desenvolvimento do indivíduo, promovendo um ensino voltado a uma formação sólida e ampla, tendo como foco principal as exigências da vida social e profissional. Vygotsky (1994, p. 1) destaca que:
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“a importância das interações sociais traz a ideia da mediação e da internalizarão como aspectos fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo.” Assim, é preciso conscientizar os alunos de que bons resultados são conseguidos com muito esforço e dedicação e, além disso, o professor deve valorizar o potencial de raciocínio criativo de cada discente através de atividades diferenciadas. Vale ressaltar que tal atividade foi avaliada em três pontos e a avaliação sete pontos, totalizando dez pontos. De acordo com os PCN’S, (BRASIL 1997, p. 83), a avaliação é compreendida como: [...] “- elemento integrador entre a aprendizagem e o ensino; conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto de ações que busca obter informações sobre o que foi aprendido e como; elemento de reflexão contínua para o professor sobre sua prática educativa; instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades; ação que ocorre durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não apenas em momentos específicos caracterizados como fechamento de grandes etapas de trabalho”. Esse tipo de concepção considera tanto o processo pelo qual o aluno aprendeu como o produto alcançado. Pressupõe também que a avaliação não é apenas para o aluno, mas um ato de reflexão também para o professor. Avaliar a aprendizagem implica avaliar o ensino que está sendo oferecido. Desta forma, a avaliação escolar só terá realmente importância quando visar verificar se os objetivos do ensino e do sistema foram realmente alcançados, cabendo ao professor refletir 30 | Revista Feira de Ciência e Cultura
diariamente sobre sua prática, buscando caminhos que o leve a uma pedagogia voltada para o processo de aprendizagem do aluno. 4. Conclusão Durante as experiências vivenciadas em sala de aula, pudemos perceber o quanto é difícil unir teoria à prática e desenvolver aulas diferenciadas. Ao colocar em prática tal atividade, percebemos como funciona a realidade de uma instituição que abriga idosos, desta forma a visita contribuiu de forma significativa, tanto para os alunos, quanto para os docentes, pois conseguimos estimular e motivar a participação dos mesmos através da coleta de dados proporcionando assim uma aprendizagem mais significativa. Referências BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF,1997. FACEBOOK. Disponível em: <https://www.facebook.com/pg/ larcidadededeus/ posts/> . Acesso realizado em 16 de Agosto de 2018. VYGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p.1. Disponível em: http://23reuniao.anped.org. br/textos/2019t. pdf Acesso realizado em 22 de Agosto de 2018.
Resumo. Esse trabalho argumenta sobre o uso da “mágica” como recurso didático no ensino da Matemática e apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo melhorar o desenvolvimento dos alunos em raciocínio lógico através do uso de mágicas. As atividades foram aplicadas no 6º ano e 7° ano do ensino fundamental e os resultados obtidos mostram que o uso da mágica atrelada ao conteúdo atingiu não somente os alunos, mas também a comunidade. 1. Introdução Na atualidade é difícil para o professor estimular os alunos a respeito do estudo de uma forma geral e quando se trata de uma disciplina abstrata como matemática, torna-se ainda mais complexo. Em contraposição a esse fato, há a resistência em relação ao novo. Os métodos utilizados para o ensino da matemática já não estão surtindo o efeito desejado. De acordo com Sanchez (2004) citado por Almeida (2006): Dificuldades originadas no ensino inadequado ou insuficiente, seja porque a organização do mesmo não está bem sequenciada, ou não se proporcionam elementos de motivação suficientes; seja porque os conteúdos não se ajustam às necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam as habilidades prévias; seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco eficaz. (SANCHEZ, 2004 apud ALMEIDA, 2006, p. 174) Com estas observações surgiu a necessidade de como fazer ao alunos compreenderem técnicas
para melhorar e ampliar o raciocínio lógico de forma dinâmica. A proposta foi usar mágicas utilizando truques com cartas de baralho e dados, contagem simples, com noções de geometria, além do paradidático: O homem que Calculava (Malba Tahan, 1991) durante as aulas. Esses recursos foram usados como auxilio para que os alunos pudessem interagir entre seus pares, aprender e reforçar conceitos matemáticos de lógica. As mágicas e o paradidático foram fundamentais no trabalho com o raciocínio lógico. Esses recursos, além de mediar os conteúdos, abordou-os de forma divertida e significativa permitindo ao aluno compreender como solucionar desafios e truques usando a matemática. 2. Materiais e Métodos Iniciamos a coleta de dados no dia 17 de maio de 2018, nas turmas do 6º e 7° anos, compostas por 42 alunos com faixa etária de 11 a 14 anos, no Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça, localizado no povoado Serra do Machado, município de Ribeirópolis/SE. Essa escola funciona em turno integral, fato este, que possibilita encontros semanais com ambas as turmas. A pesquisa foi do tipo qualitativa, pois investigou a aprendizagem dos alunos e sua ação diante do uso dos recursos didáticos como dados e baralho, desafios, truques, curiosidades matemáticas interpretando e analisando suas ações, falas e reações. Começamos o projeto com o trabalho utilizando desafios com raciocínio lógico inicialmente usando cálculos mentais simples com as quatro operações fundamentais e percebendo o domínio das turmas passamos a usar truques matemáticos baseados em noções de álgebra. Nesse primeiro momento foram
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utilizados conteúdos como divisibilidade e regras de contagem. Para conseguirmos um maior envolvimento foram convidados alunos de ambas as turmas e desafiados: “Você duvida que eu seja capaz de adivinhar o resultado do seu cálculo?” Duvida que eu consiga adivinhar sua data de aniversário e sua idade usando cálculos?” Vocês conseguem explicar matematicamente usadas nesses truques? Continuamos o trabalho com o uso de “matemágicas” utilizando baralhos e dados. Nesse encontro os alunos tiveram possibilidade de usar esses materiais de maneira diferenciada, visto que, apesar serem jogos inseridos na cultura dos alunos eles não possuíam o hábito de realizar truques sendo para eles uma nova prática. Oportunizamos aos discentes compreender “os mistérios” por traz das “matemágicas”, além de praticá-los. No terceiro momento os alunos foram provocados a realizar pesquisas em grupo e trazer “matemágicas” para expor em sala. As apresentações tiveram vários viés desde truques de cálculos mentais simples até os mais avançados que envolviam equações e cartas de baralho. No decorrer de cada exposição foram feitas análises matemáticas de cada truque. Os expectadores tiveram a oportunidade de compreender o processo envolvido em cada “matemágica” e de trocar conhecimento a respeito das pesquisas e apresentações feitas. No momento seguinte foram utilizados desafios do livro: O homem que calculava. Nessa aula os alunos foram levados a pensar a resolução de três desafios: a divisão dos 35 camelos; a dívida do joalheiro; os pássaros cativos e os números perfeitos. Nesse momento, os alunos foram instigados a resolver cada desafio e apresentar a resolução para a turma. Na quinta etapa, os alunos foram organizados para produzir um espetáculo circense com matemágicas apresentadas em sala, além disso, também foram preparados para produzir uma oficina com truques. Tanto o espetáculo quanto a oficina foram apresentadas aos alunos do 4º ano do ensino fundamental menor. Dessa forma, os alunos puderam contribuir para o aprendizado dos discentes menores.
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3. Resultados e discussão No decorrer das aulas os alunos participaram ativamente, responderam, pesquisaram e apresentaram desafios e “matemágicas”. Construindo assim, conhecimentos matemáticos que vão além dos conteúdos. Observamos que os alunos se referiam as atividades propostas não como uma tarefa mas um divertimento, o qual eles levavam para casa e apresentavam a família. Durante as apresentações o cálculo mental e critérios de divisibilidade foram usados inúmeras vezes, estimulando o raciocínio lógico. Para os alunos que apresentaram dificuldade esse estimulo foi muito benéfico pois sentiam a necessidade de aprender e reproduzir o que os colegas apresentavam. Vale também destacar, aqueles alunos que são taxados como “bagunceiros” que obtiveram um bom desempenho e encabeçaram muitas das apresentações. No Pré-teste, aplicado antes da primeira ação, os alunos apresentavam muita dificuldade em deduzir o que era necessário para ser feito, usavam na maioria das vezes operações, sem interpretar os resultados, fato esse o que impossibilitava a chegada a resposta final. No geral, nessa fase, os alunos encontraram muitos resultados impossíveis para as situações, e na maioria das vezes não chegava a concluir. Veja na tabela 1 o percentual de acertos nas questões.
Tabela 1: Percentual de acerto dos estudantes nas questões do pré-teste.
Com base nesses dados, percebemos que os alunos apresentavam mais dificuldades em resolver desafios com baralhos e dados devido ao fato de ser mais abstrato que os demais. Durante as aulas, focamos nos desafios com baralhos buscando mostrar estratégias que facilitam a compreensão dos truques, visto que, esse tipo de atividade não enfoca apenas um conteúdo e necessita de diversas sequências lógicas.
Os desafios com noções de geometria obtiveram um número maior de acertos em relação aos demais, com o que foi observado, para esse tipo de atividade os alunos precisam de uma sequência lógica menos extensa, o que possibilitou na maioria dos casos o término das questões. Nas aulas que utilizamos geometria percebemos uma grande interação dos alunos e conseguimos um desempenho satisfatório nesse tipo de atividade. Algumas dessas atividades realizadas nesse tipo de questão foram retiradas da olimpíada brasileira de matemática. Nos desafios com as operações apresentavam habilidade na execução do cálculo, mas não conseguiam interpretar muitos resultados, perdendo assim, a linha de raciocínio e não finalizando a solução da situação. Durante as atividades com as matemágicas focamos em mostrar, executar e analisar matematicamente. Ao final do projeto, entregamos o pós teste e percebemos uma evolução no desempenho dos alunos, no entanto, ainda apresentaram dificuldades na sistematização. A tabela 2 a seguir apresenta os dados do pós-teste. Observando o desempenho dos alunos em relação aos desafios com cartas de baralho, a abstração dos dados da questões foi uma das principais dificuldades. Nas de dados e operações obtiveram resultados satisfatórios, a maioria dos alunos que não acertaram, conseguiam desenvolver o início, no entanto não finalizava.
4. Conclusão O presente projeto tinha como proposta analisar e estimular o desenvolvimento dos alunos em raciocínio lógico através do uso de mágicas. Para isso, utilizamos atividades de cálculo mental, truques com cartas de baralho, desafios com noções de geometria e leitura, interpretação e resolução de situações do paradidático: “O homem que calculava” (Malba Tahan, 1985). Através das matemágicas os alunos participaram ativamente com a resolução, apresentação e pesquisa de truques e desafios matemáticos. Com as atividades escritas retiradas do paradidático, verificamos a eficácia de associar esse tipo de atividade como subsidio para compreensão da teoria e criação dos processos lógicos. Fatos estes, explicitados no desempenhos do pré e pós teste que mostrou uma melhora significativa no percentual de alunos que conseguiam construir e finalizar uma sequência lógica. De maneira geral, podemos perceber que ao materiais utilizados foram facilitadores da aquisição de estratégias para resolução de truques e desafios. O processo de construção da teoria deu maior apropriação do conteúdo, indo além de regras prontas. Referências ALMEIDA. Cínthia Soares de. Dificuldades de aprendizagem em Matemática e a percepção dos professores em relação a fatores associados aoinsucesso nesta área. 13. Artigo de conclusão de curso – matemática, UCB, 2006. TAHAN. Malba. O Homem que Calculava. São Paulo: Record, 1985.
Tabela 2: Percentual de acerto dos estudantes nas questões do pós-teste.
No decorrer da execução das atividades a motivação e o entusiasmo dos alunos ficaram evidentes através de depoimentos recolhidos nas atividades escritas e expressos: “Vou fazer com o meu pai”. “É massa demais, fui à casa de meu tio e ensinei a ele”. “Nunca pensei que iria jogar baralho na sala”. “Vou fazer na minha rua”.
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Resumo. As metodologias ativas diferem das tradicionais por posicionarem o estudante à frente do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, primam por uma form(ação) crítica e reflexiva através da inter(ação) com as comunidades. O objetivo do presente estudo é descrever o desenvolvimento de Práticas de Ensino na Comunidade do entorno do rio Caiçá. A partir da Metodologia da Problematização, foram desenvolvidas práticas com estudantes do Centro de Excelência Dr. Milton Dortas, que partiram da observação da problemática socioambiental do rio. A partir desses estudos, foram elaboradas intervenções na comunidade, que subsidiaram o desenvolvimento da cidadania e incentivaram a sensibilidade ambiental nos estudantes. 1. Introdução Fundamentadas no distanciamento de práticas tradicionais de ensino, que se alicerçam na teoria tradicional do currículo, as metodologias ativas permitem, ao estudante, a problematização da realidade, incentivando o processo de “aprender a aprender”. Nesse contexto, as referidas metodologias inserem o educando na condição de (cor)responsável por sua aprendizagem, dialogando com aspectos necessários à sua formação cidadã, baseada em sua realidade (SANTOS; MELO E SOUZA; COSTA, 2017, 2018). Como exemplo disso, a metodologia da problematização com o arco de Maguerez parte da realidade concreta da comunidade em que a escola está inserida – ou de um recorte desta – e problematiza o conhecimento existente com aspectos observados no lugar, promovendo, posteriormente, o enfrentamento dessas problemáticas por meio de intervenções (BERBEL, 1998; SANTOS; MELO E SOUZA; COSTA, 2017, 2018).
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As ações de intervenção mencionadas anteriormente buscam a inserção do estudante na realidade local através da inter(ação) com seus pares e com a comunidade, fazendo com que, na percepção da necessidade e da realidade do outro, a escola garanta sua função perante à sociedade e forme cidadãos que adaptem o conhecimento construído por meio dessas metodologias às diversas realidades com que eles possam se deparar, as quais podem abranger a dimensão socioambiental. Estudos e práticas realizados por Santos, Melo e Souza e Costa (2017, 2018) conceituam os sujeitos formados por esse processo particip(ativo), entre metodologias ativas e Educação Ambiental, como reeditores ambientais, que enfrentam as problemáticas junto à comunidade envolvida, tornando presente, no currículo, a realidade do lugar e a aprendizagem significativa – grifo nosso. A partir da inquietação sobre a forma como o ensino, em sua maior parte, é abordado através de práticas tradicionais, levantou-se o seguinte questionamento: de que forma pode-se abranger a realidade das comunidades locais nas práticas de ensino cotidianas no ambiente escolar? A partir da presente questão, o objetivo do presente estudo foi descrever o desenvolvimento de Práticas de Ensino na Comunidade (PEC) no entorno do rio Caiçá, em Simão Dias/SE. 2. Materiais e Métodos O recorte espacial se inseriu no município de Simão Dias/SE, onde está situada a microbacia do rio Caiçá, que tem suas águas poluídas quando adentra em zona urbana. O mencionado corpo hídrico é negligenciado pelo Poder Público quanto à formulação de Políticas Públicas de conservação e Educação Ambiental (EA). Partindo dessa problemática socioambiental,
primeiramente, foram realizadas pesquisas bibliográficas em artigos e livros, analógicos e digitais, bem como obras disponibilizadas no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e de instituições de ensino e pesquisa reconhecidas nacional e internacionalmente. Posteriormente, foram desenvolvidas PEC a partir da metodologia da problematização com o arco de Maguerez, que parte da realidade concreta das comunidades envolvidas no processo e busca o enfrentamento de problemáticas reais, observadas pelo grupo composto por discentes e tutor (docente). O desenvolvimento da referida metodologia se dá a partir do seguimento de cinco etapas, apontadas na Figura 1.
recomendações encontradas na literatura (WOOD, 2003; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2017) que norteia o desenvolvimento de ações com metodologias ativas, e também numa margem de confiabilidade caso acontecessem eventuais flutuações no número de participantes. 3. Resultados e Discussão Nas primeira e segunda etapas do arco, denominadas de observação da realidade e pontoschave, os estudantes interagiram com o ambiente físico, através da observação e dialogaram com moradores da comunidade (Figura 2), os quais mencionaram as principais implicações acerca do problema central, que perpassaram sobre o nível de degradação do corpo hídrico e suas margens, a negligência dos órgãos públicos na mitigação desse problema socioambiental e demais impactos associados, como aparecimento de doenças e ausência de ações efetivas em saúde. Posterior à observação, já no ambiente escolar, o grupo debateu acerca das situações observadas e realizaram uma síntese destas, elencando os principais problemas encontrados.
Figura 1: Arco de Maguerez segundo Berbel (Fonte: SANTOS, 2018).
O desenvolvimento da metodologia se baseia no seguimento de seus cinco passos (observação da realidade, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade), os quais se fundamentam, inicial e transversalmente, na realidade da comunidade envolvida, buscando o enfrentamento coletivo das problemáticas observadas e relatadas por seus membros, nas ações dialogadas. O estudo em questão foi desenvolvido com estudantes do Ensino Médio do Centro de Excelência Dr. Milton Dortas, em Simão Dias/SE, matriculados da 1ª a 3ª série. Foram selecionados 30 (trinta) alunos para participarem das PEC, que ocorreram no período compreendido entre os meses de janeiro a junho de 2018. O número de estudantes contemplados obedeceu às
Figura 2: Observação da realidade na comunidade do entorno do rio Caiçá, Simão Dias/SE (Fonte: SANTOS, 2018).
A teorização, terceira etapa do arco, consistiu na busca de conhecimento a partir de veículos que puderam ser selecionados e escolhidos pelos discentes para somar às observações e diálogos que foram vivenciados na comunidade. Nesse sentido, os estudantes, sob orientação
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do tutor, buscaram textos em artigos, sites na internet e livros didáticos, sobre as problemáticas elencadas nas etapas anteriores, como poluição ambiental, desmatamento e doenças de veiculação hídrica. De posse desses novos conhecimentos, o grupo se reuniu nas semanas subsequentes para debater sobre aquelas temáticas. Após o aperfeiçoamento e organização dos conhecimentos, com base na literatura, a etapa subsequente, denominada de hipóteses de solução, ocupou-se do planejamento e organização dos materiais necessários à intervenção (Figura 3). Aqui, os estudantes traçaram estratégias que julgaram condizentes com suas possibilidades e com o enfrentamento das problemáticas expostas pela comunidade, as quais foram visualizadas por eles. Desse modo, foi planejada uma intervenção lúdica, que versou sobre aspectos relacionados à problemática do rio Caiçá, com estudantes da Escola Estadual Pedro Valadares, localizada às margens do referido corpo hídrico.
comunidade com o rio (Figura 4). Foram desenvolvidos jogos como caça-palavras, perguntas e respostas, reciclagem e bingo inter(ativo), que forneceram subsídios para o conhecimento acerca da problemática socioambiental que acomete a comunidade. Com isso, foi notado, durante o desenvolvimento dos jogos que, apesar de estarem em contato com o corpo hídrico todos os dias, as crianças careciam de informações básicas sobre a sua realidade, o que pode estar associado ao grau de poluição do rio, que pode interferir na relação de pertencimento dos sujeitos.
Figura 4: Interação com estudantes do Ensino Fundamental por meio de atividades lúdicas (Fonte: SANTOS, 2018).
4. Conclusões
Figura 3: Planejamento de atividades lúdicas para interação com os estudantes – Hipóteses de solução (Fonte: SANTOS, 2018).
A aplicação à realidade (intervenção), última etapa do arco, constou de atividades lúdicas e particip(ativas), com jogos criados pelos estudantes do Ensino Médio e que versaram sobre a relação da
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As metodologias ativas configuram uma proposta para inserção dos componentes locais no currículo escolar. Ao problematizar a realidade e interagirem com as comunidades circunvizinhas à escola, os estudantes estimularam a cidadania, pois interiorizaram as problemáticas vividas por elas e buscaram o enfrentamento de tais situações por meio de ações coletivas, mesmo que de maneira inicial. Como as problemáticas sociais possuíam relação com diversos aspectos, a observação de um problema relacionado ao rio Caiçá, em Simão Dias/SE, pôde realçar aspectos ambientais e despertar a sensibilidade dos envolvidos na PEC em planejar as intervenções. Desse modo, a escola
deve promover ações que ultrapassem os limites físicos do ambiente escolar, de forma a se integrar à comunidade a que de fato serve e se materializa, formando cidadãos de maneira crítica e reflexiva para a vida em sociedade, aptos a reeditar o conhecimento em qualquer realidade que estejam inseridos. Referências BERBEL, Neusi Aparecida Navas. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 2, n. 2, p. 139-154, fev., 1998. SANTOS, Luiz Ricardo Oliveira. Formação de reeditores ambientais a partir da Metodologia da Problematização: (re)unindo o lugar e o currículo. 202 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Ambientais) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão/SE, 2018. SANTOS, Luiz Ricardo Oliveira; MELO E SOUZA, Rosemeri; COSTA, Jailton de Jesus. A metodologia da problematização no contexto da Educação Básica: possíveis caminhos para a formação de reeditores ambientais. Cadernos de Estudos e Pesquisa na Educação Básica, Recife, v. 3, n. 1, p. 257-274, 2017. SANTOS, Luiz Ricardo Oliveira; MELO E SOUZA, Rosemeri; COSTA, Jailton de Jesus. A metodologia da problematização na formação de reeditores ambientais: conceitos, contextos e possibilidades. Revista Sergipana de Educação Ambiental, São Cristóvão, v. 5, n. 5, p. 9-18, 2018. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução n.º 25/2017/ CONEPE. Aprova alterações no Projeto Pedagógico do curso de Odontologia Bacharelado do Campus Universitário Prof. Antônio Garcia Filho e dá outras providências. São Cristóvão: UFS, 2017. WOOD, Diana F. ABC of learning and teaching in medicine. BMJ, v. 326, February, 2003
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Resumo. Este projeto foi construído a partir da observação comportamental de alunos e alunas com relação à preservação e limpeza do Colégio Estadual Arabela Ribeiro. A elaboração do plano de trabalho foi motivada pelos princípios de atuação dos Coletivos Jovens formados a partir da I Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, em 2003, “Jovem educa jovem” e “Uma geração aprende com a outra”. Com base nesses princípios, o objetivo deste projeto foi promover a interação entre os estudantes do Ensino Médio e Fundamental, levando-os a discutir, levantar os problemas locais (da escola e da comunidade) em relação ao lixo e propor ações para o enfrentamento destes problemas. 1. Introdução A produção de lixo é um dos maiores problemas ambientais em escala mundial. É um fenômeno prioritariamente humano, considerando que a natureza tem a capacidade de reaproveitar tudo aquilo que produz. No Brasil, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015, a maior parte da população brasileira, 84,72%, vive em áreas urbanas. Entretanto, os maus hábitos dos cidadãos têm provocado alterações e impactos no meio ambiente, principalmente devido ao descarte inadequado do lixo. Viola (1987, p. 129) propõe uma reforma urbana ecológica de modo a formar uma cidade mais democrática e mais humana. Ou seja, um ambiente que todos desejam: mais alegre, mais respirável e com menores índices de poluição. O projeto “Jovem Educa Jovem: uma proposta para reduzir a quantidade de lixo na escola e promover a educação ambiental”, foi construído a partir da observação da falta de preservação e manutenção da limpeza do ambiente escolar pelos alunos e alunas do
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Colégio Estadual Arabela Ribeiro. Diariamente, após cada turno de aula, era perceptível a grande quantidade de papel e embalagens deixados no chão. Comportamento semelhante foi observado na comunidade onde a escola está inserida, pois mesmo havendo regularmente a coleta de lixo, muitos moradores jogam diversos tipos de resíduos em terrenos baldios e encostas. A elaboração do plano de trabalho para a execução deste projeto foi motivada pelos princípios de atuação dos Coletivos Jovens, denominados “Jovem educa jovem” e “Uma geração aprende com a outra”, quem foram formados a partir da I Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que ocorreu em 2003. Tendo em vista esses princípios, o objetivo deste projeto foi promover a interação entre os/as estudantes do Ensino Médio e Fundamental do C. E. Arabela Ribeiro, levando-os a discutir, levantar os problemas locais em relação ao lixo e propor ações para o enfrentamento destes problemas. 2. Materiais e Métodos As ações do projeto foram iniciadas no mês de outubro de 2017 e foram concluídas em outubro de 2018, envolvendo as séries do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental e 1º e 3º anos do Ensino Médio. Foram realizadas as seguintes atividades: 1 - pesquisa bibliográfica e leituras em sala de aula a respeito do tema “O lixo e os problemas ambientais”; 2 - debate em sala de aula mediante a exposição do tema “O ser humano e a sua relação com o meio ambiente”; 3- interação socioeducativa entre estudantes do Ensino Médio e Fundamental, na qual os alunos do E.M. expuseram o problema ambiental provocado pelo lixo, levantaram
questionamentos e instigaram o debate entre os discentes participantes. A atividade foi encerrada com jogos didáticos confeccionados com material reciclado por alunos do 3º Ano do Ensino Médio; 4 - confecção de um painel ecológico contendo informações/ ilustrações quanto à preservação dos recursos naturais e a conservação e valorização do ambiente escolar; 5 produção de texto retratando os problemas causados pelo lixo e correlacionando com a importância da preservação do meio ambiente. As atividades foram encerradas no dia 15 de outubro com a exposição das propostas construídas pelos alunos para solucionar o problema do lixo na escola e na comunidade. Nessa ocasião também houve a exposição dos materiais de Educação Ambiental produzidos pelos alunos ao longo do projeto. 3. Resultados e discussão 3.1. A pesquisa e a produção de texto como ferramentas para percepção da realidade As ações do projeto foram iniciadas a partir da pesquisa bibliográfica e de campo, propiciando a realização da segunda atividade: um debate em sala de aula sobre o tema “O ser humano e a sua relação com o meio ambiente”. A discussão foi conduzida pelas professoras de Ciências e Biologia, Andércia Santos e Sílvia Letícia dos Santos (Figura 1). Para a elaboração dessas atividades, partimos das proposições de Freire (2001), teórico que defende a ideia de que não existe pesquisa sem ensino e nem ensino sem pesquisa, destacando, assim, a importância da pesquisa para a formação de cidadãos críticos e aptos a compreender a sua realidade e a propor alternativas para o enfrentamento de problemas.
Figura 1- Debate: O ser humano e a sua relação com o meio ambiente
A roda de conversa e o debate, realizados com as turmas que participaram do projeto, abriram espaço para que os alunos pudessem refletir e argumentar criticamente sobre as práticas humanas que interferem no equilíbrio do meio ambiente, tanto numa visão planetária como também local. O conteúdo estudado e discutido em sala de aula possibilitou o desenvolvimento da autonomia e da argumentação crítica a respeito da relação do ser humano com o meio ambiente e do estudante com o espaço escolar, assim como culminou na produção de textos literários. Cerca de 40 alunos do 7º Ano, participaram de uma Oficina de produção de texto ministradapela Professora de Língua Portuguesa, Izabella da Conceição Araújo e pelo Professor de Arte, José Michell da Silva.Os textos produzidos estão à expostos e disponíveis para a leitura no Cantinho Leitura e Meio Ambiente, espaço criado na biblioteca da escola com a finalidade de expor textos sobre o meio ambiente produzidos pelos estudantes do C. E. Arabela Ribeiro (Figura 2). A seguir, o poema da estudante Natane Alencar Barbosa. Oh, meu Deus, manda chuva Manda chuva sem parar Que esses filhos de hoje Só pensam em bagunçar. Jogam pacotes de balas E de pipoca na escola Tem plástico e chiclete Revista Feira de Ciência e Cultura | 39
Meu Deus o que é isso agora? A gente tanto fala Pra não jogar lixo fora Lixo tem que estar na lixeira Não no corredor da escola.
Figura 3 - Mural Ecológico
Figura 2 - Cantinho Leitura e Meio Ambiente
No debate realizado em sala de aula, a partir da pesquisa bibliográfica e da observação de como os resíduos são descartados no bairro onde moram e na escola, os alunos declararam que se sentiam incomodados com a sujeira deixada na sala de aula e nos corredores do colégio, principalmente após o lanche. Reconheceram, também, que muitos moradores do bairro onde está localizada a escola descartam o lixo na rua ou em terrenos baldios, provocando mau cheiro, proliferação de animais nocivos e agressões ao meio ambiente.
3.2. Educação ambiental através de um mural ecológico A criação de um mural ecológico foi uma ação proposta pelos alunos que compõem a Com-Vida, uma comissão criada no C. E. Arabela Ribeiro, em outubro de 2016, tendo o objetivo de mobilizar ações voltadas à conservação do meio ambiente e a melhorar a qualidade de vida na escola. O mural expõe de forma dinâmica e ilustrada mensagens sobre a sustentabilidade ambiental e também sobre a conservação e valorização do espaço escolar (Figura 3).
Figura 4 - Alunos contando as bolinhas de papel recolhidas nas salas
Tendo em vista que a maior parte dos resíduos recolhidos nas salas de aula são folhas de papel amassadas e descartadas desnecessariamente pelos alunos e alunas, foi proposto realizar uma ação voltada à conscientização dos discentes quanto à conservação da limpeza escolar e redução do descarte de papel. Durante uma semana um grupo de alunos realizou a coleta das bolinhas 40 | Revista Feira de Ciência e Cultura
deixadas nas salas de aula no turno da manhã, horário em que é recolhido maior quantidade de lixo. Ao final do trabalho, o grupo contabilizou as bolinhas coletadas em 9 salas, totalizando 730 folhas de papel (Figura 4). O próximo passo desta ação foi confeccionar uma árvore de papel e expor no mural ecológico. As bolinhas de papel foram pintadas com tinta guache nas cores verde e marrom. O resultado foi surpreendente, tanto para os alunos que produziram o trabalho quanto para os demais estudantes do colégio ao perceberem o real significado dessa atividade. Em volta da árvore foram fixadas algumas frases provenientes da pesquisa realizada pelos alunos do 1º ano. As frases fazem um alerta sobre os prejuízos causados ao meio ambiente na produção do papel, como a derrubada de árvores e a substituição da vegetação nativa, além da poluição ambiental (Figura 5). Também foram colocadas informações de como reduzir o consumo do papel, assim como alertavam para a importância de conservar o meio ambiente e manter limpo os espaços que utilizamos.
3.3. Jovem educa jovem e uma geração aprende com a outra Uma das ações mais significativas do projeto foi a realização de uma programação socioeducativa composta por uma série de atividades elaboradas e executadas por alunos do Ensino Médio, tendo como principal objetivo a socialização de tais atividades com os alunos das turmas de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental (Figura 6).
Figura 6 - Programação socioeducativa entre alunos do Ensino Médio e Ensino Fundamental.
Figura 5 - Exposição da árvore de bolinhas de papel e das frases de conscientização.
A programação foi iniciada com a exposição verbal, por parte dos estudantes, acerca da proposta do projeto “Jovem Educa Jovem e uma geração aprende com a outra”. A explanação foi feita através de textos e imagens em slides que mostravam problemas ambientais causados pelo descarte inconsciente do lixo. Em seguida, alunos do 1º ano, apresentaram um teatro e cantaram uma paródia produzida por eles em sala de aula retratando o problema do lixo na escola e no meio ambiente. A ação foi encerrada de forma bem dinâmica com a realização de jogos didáticos confeccionados com material reciclado por alunos do 3º ano, sob a orientação da professora de matemática Cynthia da Silva Anderson (Figura 7). O grupo de alunos que confeccionou o material foi responsável por conduzir a brincadeira e organizar a participação dos alunos do Ensino Fundamental. Em um dos jogos, latas de tinta reaproveitadas forradas com as
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cores da coleta seletiva foram colocadas na parte superior do auditório e os estudantes tinham que distribuir corretamente os tipos de lixo em cada cor.
Figura 7 - Jogo didático sobre coleta seletiva.
Para além da apresentação de um conteúdo estudado, a realização desta programação proporcionou aos alunos envolvidos o desenvolvimento da autonomia e maior interesse pela aprendizagem, afinal, os discentes que realizaram as atividades passaram a ter a responsabilidade de serem multiplicadores de conhecimento e da prática de boas ações em relação aos cuidados com o meio ambiente. 4. Conclusão Muitas vezes os conteúdos relacionados aos cuidados com o meio ambiente são abordados em sala de aula de forma superficial, fazendo com que o aluno estude conceitos de forma mecanizada, não permitindo que o estudante possa refletir sobre a sua própria realidade e como, de algum modo, ele mesmo pode contribuir com a intensificação dos problemas ambientais. Através deste projeto foi possível promover uma aprendizagem muito mais significativa, pois os alunos e alunas, de fato, de reconheceram como sujeitos na construção de conhecimentos e valores que provocaram mudanças nas suas próprias atitudes e nas atitudes de outras pessoas.
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Referências IBGE Educa Jovens: Conheça o Brasil-População rural e urbana. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/ populacao/18313-populacao-rural-urbana.html Acesso em: 15 de jul. 2019. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. VIOLA, E. et al. Ecologia e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: IUPERJ, 1987.
Resumo. Um jardim pode potencializar a aprendizagem e o interesse dos estudantes pela educação ambiental, além de contemplar cores, aromas, formas, texturas, arte, lazer, convívio social e sustentabilidade. O projeto, a seguir destaca a abordagem da educação ambiental através da arte de Romero Britto, possibilitando um diálogo interdisciplinar crítico e reflexivo. Com isso, os alunos do 7º ano do Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça construíram um jardim suspenso com o objetivo de ampliar as áreas verdes e se discutir Educação Ambiental, Sustentabilidade e Arte a partir de atividades teóricas, práticas e plásticas no processo educativo.
da EA Reigota (2006) nos chama a atenção para os mais artísticos e criativos, pois com a inserção das artes plásticas é possível produzir trabalhos simples, baratos e de grande interesse pelos educandos. O projeto a ser apresentado objetiva se discutir com os estudantes do Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça (CEBAPM) a Educação Ambiental, Sustentabilidade e Arte a partir da construção de um jardim suspenso utilizando as obras de Romero Britto como mediadora desta proposta, além de aumentar as áreas verdes e empregar a política dos 3R´s, especificamente a da reutilização.
1. Introdução É notório a importância da Educação Ambiental (EA), especialmente nos últimos anos, nos espaços educadores formais e informais, para sensibilização a respeito da relação do homem com a natureza. Nesta perspectiva “a escola é um dos locais privilegiados para a realização da educação ambiental, desde que dê oportunidade à criatividade.” (Reigota (2006 p. 24). A partir desta concepção de se fazer EA atrelada a criatividade da arte que buscamos utilizar as obras de Romero Britto como mediadora de uma intervenção na prática de construção de um jardim suspenso para se discutir EA na escola pautado na criatividade do estudante para resolução de problemas ou mesmo questionamentos acerca da realidade vivenciada. A EA, independente dos espaços educadores, deve ser abordada de diferentes formas logo que “[...] diferentes pessoas têm modos diferentes de pensar, de ver e de sentir os elementos da realidade em que está e de reagir a eles” (BRASIL, 1997 p. 65). Dentre os vários recursos didáticos que podem ser utilizados no ensino
2. Materiais e Métodos O CEBAPM é uma escola filantrópica, de tempo integral, localizada no Povoado Serra do Machado, município de Ribeirópolis, sendo a Fundação Pedro Paes Mendonça a mantenedora. Dentre seus objetivos está “oferecer aos estudantes práticas interativas que dialoguem com as esferas sociais, políticas e ambientais, formando sujeitos críticos e pensantes para uma aprendizagem significativa” (CEBAPM, 2018 p, 43). Para por em prática este objetivo, em específico, o CEBAPM tem uma proposta curricular composta pela base nacional comum e uma parte diversificada que compreende: Tecnologia e Informação, Direitos Humanos e Cidadania, Estudo Supervisionado e Sustentabilidade. Este projeto faz parte da disciplina Sustentabilidade, desenvolvido na turma do 7º e 5º ano do ensino fundamental, totalizando o número de 42 estudantes participantes. Teve seu início no primeiro semestre do corrente ano e deve se estender por um longo período, logo que o jardim, enquanto organismo vivo precisa de cuidados diários, sendo da responsabilidade dos estudantes a sua manutenção.
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A metodologia do projeto foi realizada da seguinte forma: 1- Discussão teórica com temas gerais (sustentabilidade, meio ambiente e problemas ambientais globais e locais) e temas específicos (leituras de poemas e o paisagismo segundo Benedito Abbud); 2- Conhecendo a biografia de Romero Britto através de vídeos, reportagens e entrevistas e atividade prática com releituras de suas obras de forma livre e espontânea, designadamente as que tem relação direta com flores; 3- Seleção de materiais reutilizáveis (paletes, vasilhames de tintas e de pasta de amendoim, tintas que seriam descartadas etc.) e seleção de flores para a ornamentação do jardim; 4- “Mão na massa”, nesta etapa prática os estudantes tiveram que pintar os paletes com traços de Romero Britto, bem como os vasilhames a fim de servir como como recipientes para plantio das flores. Após a produção daqueles materiais os estudantes construíram num local estratégico do CEBAPM o jardim suspenso de forma atuante e protagonista. 3. Resultados e Discussão A EA deve se fazer presente nas escolas de forma interdisciplinar, dentro dos temas transversais, logo que, os organismos educacionais consideram a EA como uma perspectiva de educação que deve permear todas as disciplinas (REIGOTA, 2006). No entanto, o CEBAPM, por ser uma escola em tempo integral além da base comum curricular introduziu em seu currículo disciplinas que venham a contribuir na formação educacional dos seus estudantes. Neste sentido, a disciplina Sustentabilidade foi introduzida com o objetivo de dialogar com temáticas ambientais possibilitando para o educando reflexões críticas a respeito da relação entre a humanidade e o meio natural. Foi a partir deste contexto que surgiu o projeto “Um Jardim em Minha escola”. A EA deve ser uma temática que permita aos estudantes sair das amarras do ensino tradicional, para isto foi necessário trazer as atividades artísticas e criativas dentro do contexto ambiental. Buscamos trazer uma familiaridade através de uma identidade mais próxima dos estudantes, com isso trabalhamos na construção do jardim tendo como
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atividade mediadora as obras artísticas de Romero Britto - artista pernambucano, internacionalmente reconhecido, que usa cores vibrantes com uma linguagem visual de formas geométricas, texturas variadas e desenhos simples nas suas obras. No início do ano letivo apresentamos o projeto para os estudantes, mostrando quais seriam os objetivos, propostas e metodologias. Introdutoriamente utilizamos o áudio poema de Padre Abério, que trata sobre a importância de uma flor, criando um clima de debates e reflexões. Após trabalhamos, especificamente sobre conceitos de jardins através dos estudos de Benedito Abbud, arquiteto e paisagista brasileiro que afirma que o paisagismo é a única expressão artística onde podem estar presentes os cinco sentidos do ser humano (visão, olfato, audição, paladar e tato) (ABBUD, 2011). Desenvolvemos a atividade ‘de olhos fechados’, onde foram apresentados para os estudantes diversas frutas e com os olhos vendados, através do tato, olfato ou paladar teriam que adivinhar de qual fruta se tratava. O objetivo desta atividade foi justamente pensar o jardim além da visão. Nesta etapa introdutória formam discutidos também temas sobre sustentabilidade e problemas locais, como por exemplo a importância da fauna e da flora para uma sadia qualidade de vida. Posteriormente os estudantes conheceram o artista plástico pernambucano, Romero Britto através de vídeos, reportagens e entrevistas. Nesta etapa projetamos a mediação de suas obras com o propósito da construção do jardim, pois objetivamos utilizar releituras de seus quadros para despertar os dons criativos dos estudantes. Com a apresentação deste artista partimos para a atividade prática intitulada “Releituras de Romero”. Foi pedido que cada um analisasse os traços das obras de Romero, especificamente as que tratam de flores e fizessem a releitura de forma livre e espontânea (figura 01). Pode-se observar a empolgação dos estudantes em aplicar cores vivas em uma folha branca de papel tendo como referência um artista que se utiliza de cores vibrantes e traços geométrica para educar através da arte. A referência as flores, se deve justamente pelo contexto do projeto.
Figura 01 - Releituras das obras de Romero Britto - Fonte: Rafael Andrade.
Como estamos trabalhando com EA e Sustentabilidade, por obrigação devemos utilizar a política dos 3R´s (reduzir, reciclar e reutilizar), pois esta faz parte dos objetivos da EA e de uma sociedade mais sustentável. Desta forma, utilizamos ao máximo materiais que seriam descartados como paletes, vasilhames de armazenar tintas e alimentos, tintas etc. para construção do jardim. Nesta etapa também foram selecionadas as flores que ornamentariam o espaço paisagístico. Para isto, foi pedido que os alunos trouxessem mudas de suas casas, casas dos avós, vizinhos ou de quaisquer pessoas da comunidade, criando uma proximidade entre o aluno-escola-comunidade. A escola também adquiriu algumas mudas via compra, com orientação de uma analista ambiental pertencente ao quadro de funcionários da instituição a qual a escola faz parte, a Fundação Pedro Paes Mendonça, pela necessidade de adquiri plantas mais resistentes e próprias ao tipo de jardim. Além disso teve uma aula com a analista sobre os processos de produção de mudas para que os estudantes pudessem fazê-las em casa. A última etapa se desenvolveu primeiro com as pinturas dos paletes e vasilhames reutilizáveis. Os alunos tinham como objetivo se inspirar na arte de Romero Britto e através de sua criatividade, individual ou coletiva, ornamentar os materiais que seriam descartados. Aulas práticas constitui um importante recurso metodológico, pois facilita o processo de ensino-aprendizagem. Todos os estudantes participaram ativamente desta etapa, pois se tornou algo prazeroso. Primeiro eles separaram as cores das tintas que iriam
utilizar (foi usado tintas guaches, látex e corantes). A tinta látex branca, foi usada para pintar todo palete, após foi aplicado as tintas guaches. Os estudantes pintaram de forma livre, porém sempre se remetendo a releitura das telas de Romero Britto (Figura 02). Da mesma forma se deu as pinturas dos vasilhames que receberam as mudas. Com as pinturas prontas se passou uma demão de verniz incolor para fixação das tintas, logo que são a base de água e em contato direto com a chuva ou até mesmo a regadura das plantas perderiam a cor. Por fim, chegou o momento da “mão na massa”, ou seja, a construção do jardim suspenso. O local para fixação foi escolhido estrategicamente, por ser de fácil acesso para manutenção e disponibilidade de água, bem como de circulação de alunos, funcionários e a comunidade para percepção e interação com o jardim (Figura 03).
Figura 02 - Pinturas livres e espontâneas de paletes e vasilhames. Fonte: Rafael Andrade.
Figura 03 - Construção do jardim suspenso Fonte - Rivaldo Andrade.
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4. Conclusão A educação ambiental é fundamental para a sensibilização das pessoas na construção de uma sociedade mais justa e harmoniosamente integrada com a natureza. Desta forma, a sua inserção dentro da escola não deve ser optativa, logo que por essência esse espaço é um local de construção de conhecimentos. Em todo o processo de realização do projeto foi possível verificar o entusiasmo dos estudantes em cada etapa, possibilitando a sua formação protagonista e oportunizando crescimento contínuo. Além de reforçar a responsabilidade diária de regar e cuidar do espaço paisagístico, logo que o desafio foi envolver cada estudante no encargo desse cuidado habitual. Referências ABBUD, Benedito. Os cinco sentidos no jardim. Disponível em: < http://delas.ig.com.br/casa/jardinagem/os-cinco-sentidos-no-jardim/ c1238128207528.html>. Acesso em: 30/09/2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente, saúde. Brasília: MEC, 1997. CEBAPM – Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça. Projeto Político Pedagógico. Serra do Machado/Ribeirópolis, 2018. REIGOTA, MARCOS. O que é Educação Ambiental. 4º ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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Resumo. O projeto “O Colégio na Horta: Vamos aprender plantando! ” tem como objetivo investigar a importância do cultivo orgânico, estimular o hábito por alimentos saudáveis e conhecer os espaços informais de ensino através de uma horta escolar. As ações estão sendo desenvolvidas no Colégio Estadual Roque José de Souza, situado na cidade de Campo do Brito, Sergipe. Este projeto envolve discentes do 6º ano a 9º ano do Ensino Fundamental e 1ª séria a 3 série do Ensino Médio. Atualmente os professores de diferentes áreas participam desse projeto, a saber: Ciências, Português, Física, Química, Biologia, História e Geografia. 1. Introdução O ambiente escolar, com raras exceções, costuma ser permeado de regras e disciplinas, senão criando um impedimento, mas dificultando as relações consideradas livres e espontâneas, tanto entre as (os) estudantes como também na relação estudantes e educadores. A própria estrutura escolar não estimula a diversidade, desde as cores não vivas e padronizadas de suas paredes, até o espaço pouco ou nada arborizado. Pensando que dentro de um ambiente escolar até mesmo o espaço físico, cumpre um papel pedagógico, sendo assim, quando se exclui ou conserva algo isso também vai influenciar na aprendizagem de quem ali convive diariamente (estudantes, educadores e funcionários em geral). É nessa discussão que pensar em Horta no ambiente escolar é introduzir mais um espaço rico em aprendizado, devido a um complexo processo químico e biológico que envolve todas as etapas de seu desenvolvimento, seja no processo de germinação, fotossíntese, nitrificação e polinização. Esses são somente alguns exemplos da diversidade de processos
que envolvem esse tipo de atividade. Sendo assim, a Horta Escolar, a depender da maneira que for trabalhada pelo corpo pedagógico, tem um grande potencial a ser tornar um grande laboratório de experiências e práticas interdisciplinares. A partir dessas reflexões, foi construído o projeto “O Colégio na Horta: Vamos aprender plantando! ”, vinculada ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-Jr) que tem por objetivo principal viabilizar o desenvolvimento de projetos de pesquisa, em conjunto com instituições de pesquisa sediadas no Estado de Sergipe. O objetivo desta pesquisa é investigar a importância do cultivo orgânico, estimular o hábito por alimentos saudáveis e conhecer os espaços informais de ensino através de uma horta escolar. As ações são desenvolvidas no Colégio Estadual Roque José de Souza (CERJS), situado na cidade de Campo do Brito, Sergipe. Este trabalho traz uma abordagem sobre aplicação de uma horta no ambiente escolar, sendo utilizado como método de ensino para a Educação Ambiental, a Alimentação Saudável e aplicação da interdisciplinaridade. 2. Materiais e Métodos O projeto “O Colégio na Horta: Vamos aprender plantando!” teve início do mês de maio de 2018 e está sendo realizado no Colégio Estadual Roque José de Souza (Figura 1), situado na cidade de Campo do Brito/SE.
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educacionais que integrem a saúde e o ambiente através de projetos realizados no colégio. Dessa forma, o projeto tem quatro etapas: demarcação das áreas de plantio; preparo do solo; uso de fertilizantes orgânicos; técnicas de plantio e cuidados com os canteiros. No tópico a seguir detalharemos essas etapas. Figura 01 - Fachada do Colégio Estadual Roque José de Souza, situado na cidade de Campo do Brito, Sergipe. Fonte: Arquivo pessoal.
Este projeto envolve discentes do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental (EF) e 1ª séria a 3ª série do Ensino Médio (EM). Atualmente, professores de diferentes áreas participam desse projeto, a saber: Ciências, Português, Sociologia, Física, Química, Biologia e História. Além disso, dois discentes do CERJS, um do 9º ano do EF e outro da 1º série do EM, são bolsistas do PIBIC-Jr e participam intensamente na construção da Horta Escolar. O projeto apresenta quatro etapas. A primeira é a demarcação das áreas de plantio; a segunda é o preparo do solo; a terceiro uso de fertilizantes orgânicos; a quarta são técnicas de plantio e cuidados com os canteiros. Ressaltamos que esse projeto está em andamento. Atualmente estamos desenvolvendo a terceira e quarta etapa. 3. Resultados e discussão Este trabalho traz uma abordagem sobre aplicação de uma horta no ambiente escolar, sendo utilizado como método de ensino para a Educação Ambiental, a Alimentação Saudável e aplicação da interdisciplinaridade. A partir desses métodos educativos relacionamos o cultivo de hortaliças em prol da valorização das práticas campesinas. Nessa perspectiva, pretende-se incentivar a mobilização dos cidadãos a partir do reconhecimento das causas e das consequências dos impactos socioambientais que afligem o planeta (EMBRAPA, 2003). Além disso, observa-se a necessidade da construção de novas visões
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3.1. Demarcação da área do plantio Na primeira etapa, demarcação das áreas de plantio, foi realizado um estudo do local a ser implementado a Horta. Ressaltamos que o colégio possui um grande pátio externo (local que da construção da horta). Assim, foi realizada uma limpeza do terreno (Figura 2 e 3) em dois sábados.
Figura 02 - Demarcação e limpeza da área do plantio. Fonte: Arquivo pessoal.
Para essa limpeza contamos com a ajuda de 36 discentes e 08 funcionários do CERJS, incluindo professores e equipe de apoio.
3.2. Preparo do Solo Na segunda etapa, preparo do solo, foi realizado durante um mês. Os alunos e professores envolvidos construíram leiras para o início da plantação (Figura 4). Além disso, o CERJS foi contemplado com diversas mudas no evento Oficinas de Ciências, Matemática e Educação Ambiental (OCMEA) realizado em junho deste ano na Universidade Federal de Sergipe/Campus Itabaiana/Se.
Figura 05 - Produção do adubo orgânico. Fonte: Arquivo pessoal.
Percebemos que, com essa adição do adubo orgânico no solo, todas as sementes estavam germinando rapidamente e com uma coloração melhor. Além disso, utilizamos o esterco bovino e caprino. Destacamos que todos esses materiais foram doados pelos alunos do CERJS. 3.4. Técnicas de plantio Figura 04- Construindo as leiras e plantando as mudas. Fonte: Arquivo pessoal.
Destacamos que todas as sementes e mudas foram adquiridas através de doações em eventos científicos, discentes e comunidade escolar. 3.3. Uso de Fertilizantes Orgânicos Percebemos que ao germinar as primeiras sementes no solo, as plantas estavam desnutridas. Assim, começamos a produzir adubo orgânico. O primeiro processo foi juntar cascas de verduras, frutas, legumes e borra de café. Logo após, colocamos para secar (Figura 5). Por fim, trituramos e colocamos no solo.
A disponibilidade de diferentes tipos de hortaliças produzidas na própria horta motiva o hábito de conhece-las e consumi-las, resultando no fornecimento de sais minerais e vitaminas que o corpo humano necessita. Nessa perspectiva, a alimentação equilibrada contribui para saúde atuando como meio preventivo de diversas doenças. Atualmente, plantamos: coentro, couve, quiabo, feijão, vagem, pimentão, hortelã, batata, macaxeira, cebolinha e alface (Figura 6).
Figura 06 - Plantação atual. Fonte: Arquivo pessoal.
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Ressaltamos que essas sementes são monitoradas a partir da tabela de crescimento do manual de Irala e Fernandez (2011). Além disso, plantamos mudas de açaí, ipê roxo, caju e acerola. Para a manutenção da horta é necessário ter alguns cuidados, a saber: • Irrigação diariamente observando o melhor horário para sua efetivação; • Retirada de plantas invasoras; • Observação do aparecimento de pragas; • Afofar a terra próxima ás mudas; • Completar nível de terra em plantas descobertas. Nessa perspectiva, fizemos uma distribuição de horários para que os alunos e professores envolvidos no projeto possam realizar essas manutenções todos os dias da semana. Esta etapa está em andamento. Destacamos que essa pesquisa relaciona duas temáticas, Educação Ambiental e Educação Alimentar, com os conteúdos abordados em sala de aula, como: nas disciplinas Ciências sobre a Composição do Solo e Química sobre Acidez e Basicidade do solo. O desenvolvimento da horta no colégio possibilita ao educando um melhor e mais proveitoso aprendizado, a partir do toque na terra, contato com as plantas, diferenciação de formas, texturas, cheiro e da cor. Dessa forma, tais atividades estimula a inteligência, os sentidos e a interação com o meio ambiente, desenvolvendo também a consciência ambiental (OLIVEIRA, 2006). 4. Conclusão Concluímos que este projeto, apesar de ainda estar em execução, obteve sucesso em todas as etapas, pois despertou a consciência ambiental da comunidade escolar para a construção da horta. Além disso, podemos dizer que o desenvolvimento desse trabalho abordou temas como educação ambiental e educação para a saúde através dos aspectos nutricional e alimentar. A construção da horta permitiu 1) compreender o perigo da utilização de agrotóxicos para a saúde humana e ao meio ambiente;
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2) preservar do meio ambiente; 3) desenvolver a cooperação da comunidade escolar; 4) proporcionar a modificação dos hábitos alimentares; 5) mostrar a necessidade do reaproveitamento de materiais. Por fim, todos os processos de implantação da horta foram acompanhados pelos alunos e professores do CERJS. Assim, todos tiveram a oportunidade de aprender a manusear a terra e produzir alimentos saudáveis, melhorando assim, a alimentação da merenda escolar do CERJS. Este projeto está oferecendo a toda comunidade escolar uma interação com o meio ambiente, mostrando a importância do cuidado com as plantas. Referências EMBRAPA. Ministério da agricultura. Práticas de conservação do solo e recuperação de áreas degradadas. 1ª ed. Rio Branco: 2003. 32p. IRALA, C. H.; Fernandez, P.M. Manual para Escolas: Escolas promovendo hábitos alimentares saudáveis. Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro Faculdade de Ciências da Saúde. Brasília, 2011. OLIVEIRA, J.P.; Recuperação de áreas degradadas. Jornal Impacto. Rio de Janeiro, jan./2006. Disponível em:< http://www.jornalimpacto. inf.br>. Acesso em: 20/09/2018.
Resumo. O projeto surgiu com a necessidade de enriquecer a merenda escolar, através da criação de uma horta, cultivando ervas aromáticas e medicinais. Para tanto, tivemos como objetivo principal, conhecer os mecanismos de manejo da terra e plantio sustentável. Utilizamos abordagem qualitativa, partindo de aulas teóricas e práticas com os alunos do 1º e 2º anos do ensino médio integral do CEPJCS. Para tanto foram abordados conhecimentos de forma interdisciplinar entre geografia, matemática, química e física. Percebemos que o projeto, despertou a responsabilidade ao semear e colher os frutos, além de promover seres capazes de compreender o equilíbrio entre homem e natureza. 1. Introdução A pesquisa surgiu com a problemática apresentada do empobrecimento nutritivo do almoço oferecido na escola. Isto nos levou a pensar, projetar e construir uma horta e o que nela poderia ser cultivado para atender a necessidade de uma alimentação rica e saudável. Por isso, para resolver essa questão, desenvolvemos como objetivo principal promover para os alunos conhecimento sobre os tipos de solos e seu manejo sustentável para o plantio. Para tanto, em primeiro lugar, nos fundamentamos em leituras do pensamento ambiental, como Camargo, Hans Jonas, Mauro Grun, Leff, entre outros que nos deram embasamento teórico para o entendimento sobre o meio ambiente. Dessa forma, aprendemos sobre o cuidado com o uso e manejo do solo de forma sustentável, selecionar e cultivar ervas aromáticas e medicinais, produzir biolfertilizante através da composteira, executar o tempo de irrigiação necessária para cada cultivo e o tempo de colheita. Além disso, foi programado o que seria oferecido para complemetar a
alimentação dos alunos em parceria com as cozinha da escola. Portanto nosso projeto foi de salutar importância, pois além de enriquecer a merenda escolar, contribuiu para formação de cidadãos conscientes, capazes de compreender a responsabilidade que o ser humano deve ter em cuidar dele mesmo e da natureza, no presente e visando o futuro. 2. Materiais e Métodos A metodologia empregada fundamentou-se em uma abordagem qualitativa, a partir de reuniões de estudos, leituras e fichamentos sobre o pensamento ambiental, agroecologia, horta escolar, e trabalho prático na área de cultivo da horta com os alunos do 1º e 2º ano do ensino médio integral do Centro de Excelência Profº José Carlos de Sousa, em sistema de rodízio. Foram abordados conhecimentos como: tipos de solos e plantas medicinais, grandezas e medidas, pressão e sistema de irrigação, conceito de cuidado e meio ambiente e produção sustentável. Tendo como objetivo o trabalho interdisciplinar desses diversos campos, direcionados para a construção da horta e da obtenção de uma alimentação saudável para a merenda escolar. Para tanto se fez necessário, então, executar alguns procedimentos metodológicos como: levantamento bibliográfico sobre a construção do pensamento ambiental no tocante à relação entre homem, natureza e responsabilidade. Foram realizada duas vezes análise do solo, com os professores do departamento de agronomia da UFS, Airon e Aparecida, como mostra na figura 1, implantou-se um pequeno sistema de irrigação manual com o uso de aspersores, foram construídos cinco canteiros adubados com cama de mamona e de frango,
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terra preta e esterco de boi; foram cultivados, alface, coentro, rúcula, cebolinha, cebola, cenoura, tomate e pimentão, como consta na figura 2. Paralelamente foram sendo ministradas palestras sobre produção de mudas e preparação do solo. Por conseguinte, esse projeto proporcionou aos alunos que estão participando uma maior compreensão e reflexão da responsabilidade que temos com a natureza e com a qualidade de vida para geração presente, e sobre qual mundo devemos deixar para geração futura. Assim, a responsabilidade pela existência futura da humanidade é inerente à educação. A geração que virá deve ter seu direito de existir respeitado, e a geração presente deve cumprir com a obrigação de que isso seja possível. Esse sentimento de responsabilidade precisa fazer parte da formação individual de cada um, orientando para uma conduta que faça parte naturalmente do indivíduo. Assim, ele se sentirá capaz de cuidar um do outro e da natureza, vislumbrando o bem maior, o da coletividade. E para isso, a educação pode ser norteada pelo princípio responsabilidade jonasiano que direcionará a um novo convívio entre o homem e a natureza, visando à continuidade da vida. 3. Resultados e discussão O nosso projeto teve início com aulas e discussões teóricas a partir de leituras do pensamento ambiental, como Camargo, Hans Jonas, Mauro Grun, Leff, dialogando com as áreas de conhecimento envolvidas, matemática, geografia, química e física. Todas essas disciplinas colaboraram a fim de provocar uma reflexão sobre a responsabilidade que devemos estabelecer com o meio ambiente através das dimensões ética, econômica, social, ambiental e política da sustentabilidade. Cada disciplina, a partir de seu objeto de estudo, desenvolveu temas pertinentes à prática e construção de ações que efetivassem a relação equilibrada entre homem e natureza no espaço geográfico, onde os alunos vivem 40 horas de sua vida por semana em regime integral, despertando para o cuidado com o meio ambiente que o circunda.
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Mediante as vivências na horta, ocorreram também rodas de conversa com o técnico agrícola Sr. Givaldo sobre o cuidado com as plantas e o solo. Foi realizado planejamento semanal de todas as ações a serem realizadas na horta, como limpeza dos canteiros, produção e transplante de mudas, tempo de colheita e irrigação, como mostra na figura 3. Toda semana era realizada uma escala com os alunos dos 1º e 2º anos para irrigar a horta, que consistia na parceria entre dois alunos que ficavam responsáveis para ligar os aspersores, pela manhã e pela tarde. Além disso, iniciamos a compostagem, como mostram na figura 4, que foi realizada em um balde grande, com esterco, cascas de frutas, verduras, ovo e borra de café. Essa compostagem possibilitou o surgimento das minhocas, responsáveis pela aeração do solo, contribuindo para fertilidade e também conseguimos produzir o biofertilizante, através do chorume obtido da composteira, constituído de 70% de água e 30% de chorume que servirá como fertilizante natural e também como repelente para combater os insetos. Contudo, apesar da verba não ter sido liberada, e comprometido a expansão dos canteiros, da produção e do sistema de irrigação, conseguimos colher 6 (seis) vezes o que foi cultivado. A maior parte da produção foi direcionada a cozinha, mas os alunos que participavam da colheita também puderam levar para casa, alguns temperos, como: coentro, cebolinha e alface, como também alguns funcionários da escola. Os alunos sempre perguntavam sobre a próxima colheita, pois via o resultado do seu trabalho no dia a dia e ficavam preocupados com o cultivo e o desenvolvimento das culturas. Foi percebido, então que os alunos conseguiram compreender a relação entre o cuidado com o solo e o resultado do que foi cultivado. Isso se deu a partir da responsabilidade, conceito que foi fundamentado na filosofia jonasiana, que tem como ponto de partida o respeito à vida enquanto orientação ética, possibilitando assim a previsão de efeitos de seu próprio comportamento e a oportunidade de corrigi-los. Podemos então perceber nessa pequena trajetória, que conseguimos colher bons frutos,
não somente o que foi cultivado na terra, mas principalmente o que foi cultivado no ser de cada aluno, a responsabilidade, o cuidado, a preservação com o outro e com a natureza. Alcançamos a nossa maior meta, a reflexão tanto dos alunos como dos professores de perceberem-se como seres responsáveis pela preservação da nossa única morada, a Terra, começando pelo lugar em que compartilhamos uma boa parte do nosso dia-adia. Por isso, temos como perspectivas a continuidade desse projeto pedagógico e de vida, envolvendo cada vez mais alunos, professores e funcionários na constituição de uma única rede, a rede da vida.
Figura 03 - ELVIRA SUZI, 2018.
Figura 04 - ELVIRA SUZI, 2018. Figura 01- 2ª análise do solo pelo departamento de agronomia. (fonte: ELVIRA SUZI, 2018)
4. Conclusão Entendemos, portanto, que houve uma grande interação entre os conhecimentos de todas as áreas, pois conseguimos construir uma aprendizagem significativa, relevante e expressiva, contribuindo para a formação de um cidadão autônomo, criativo e responsável. Apesar de todas as dificuldades e obstáculos que se apresentaram no desenvolvimento desse projeto, como a falta de verba e de apoio. Referências
Figura 02 - Horta no mês de setembro. (Fonte: MARCOS ROCHA, 2018)
CAMARGO, Ana Luiza. Desenvolvimento Sustentável. Campinas, SP: Papirus, 2003. GRUN, Mauro. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. 11ª edição, Campinas, SP, Papirus, 1996. JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Trad. Marijane Lisboa e Luiz Barros Montes. Rio de Janeiro. Rj. Ed. Puc Rio, 2006. LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ. Editora Vozes Ltda, 2001.
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Resumo. O projeto teve como objetivo analisar os efeitos na saúde humana através de boas práticas de plantio, na ausência de agrotóxicos, e estimular a formação crítica dos alunos sobre o perigo no uso de agrotóxicos em plantações no Centro de Excelência do município de Lagarto, Sergipe. Para tanto, foi desenvolvida uma oficina com 43 alunos. Ademais, houve aplicação de questionários do tipo pré e pós-teste. Conclui-se que a oficina foi importante para conscientizar o corpo-discente a respeito dos malefícios do uso, consumo e exposição à alimentos com agrotóxico e o papel da mídia em relação ao agronegócio, provocando estímulo aos alunos participantes a reflexão sobre o assunto, na medida em que passaram a ter discursos de mudança de comportamento para evitar o consumo desse tipo de alimento. 1. Introdução Para Bombardi, a alta produtividade agrícola do agronegócio brasileiro é a principal responsável pelo maior consumo de agrotóxicos do mundo. O Brasil é um dos maiores agroexportadores mundiais, porém, para isso, se utiliza da isenção de tributos fiscais, créditos agrícolas subsidiados, além do uso de insumos químicos altamente prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) aponta agrotóxicos muito utilizados nas lavouras como potencialmente cancerígenos. Além disso, há uma associação entre o aumento do consumo de agrotóxicos e os coeficientes médios dos indicadores de saúde (Pignati, WA, 2017). Para Altieri, os monocultivos transgênicos podem influenciar o aumento de consumo de agrotóxicos, como o herbicida glifosfato das lavouras
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de soja. Em consequência disso, há o surgimento de resistência de pragas, aumentando também o consumo de outros tipos de agrotóxicos, somado a isso, tem-se o risco de quebra do Código Florestal Brasileiro, que prevê reserva legal de apenas 35% da vegetação nativa do bioma cerrado. Porém, porções restantes do cerrado estão sendo direcionadas à expansão da fronteira agrícola no Plano MATOPIBA, que atualmente atinge também regiões do Pará, configurando assim uma ameaça ambiental. Dadas as contaminações no ambiente, em alimentos e as intoxicações na saúde humana, o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira tornou-se um problema de saúde pública, além de ambiental. (Pignati,WA, 2017). Desse modo, é de extrema relevância a pesquisa a respeito da relação entre a evolução industrial, o agronegócio e o agrotóxico e seus impactos ambientais e na própria sociedade. 2. Materiais e Métodos A oficina realizada teve como tema “ O uso do agrotóxico e sua relação político-econômica-social e seus efeitos na saúde humana e ambiental”, tendo sido desenvolvida no auditório principal do Centro de Excelência Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas, em Lagarto-Sergipe, no turno vespertino, com 43 alunos de primeiros, segundos e terceiros anos do ensino médio. Antes de abordar o tema do projeto, foi aplicado um questionário prévio, para depois seguirmos com a explicação. Foram abordados diferentes tópicos sobre Agrotóxicos, tais como: conceito, histórico, efeitos na saúde humana, efeitos no meio ambiente e ecossistemas, ações de controle do Estado, relações entre a evolução industrial e o insumo químico, manipulação midiática
sobre o tema e mecanismos do agronegócio e métodos alternativos; ressaltando a nossa responsabilidade enquanto cidadãos críticos e conscientes. Na parte teórica tivemos auxílio de slides para ajudar na compreensão dos alunos. Na dimensão prática, houve a apresentação de uma canção autoral da bolsista Helena de Araújo Barbosa, intitulada O Tóxico Vai Te Consumir. Além disso, foi realizada uma gincana de perguntas e respostas, na qual os alunos foram divididos em dois grupos. Por fim, foi aplicado um questionário posterior. 3. Resultados e discussão 3.1 Relato da experiência da oficina A oficina ocorreu no auditório da instituição de ensino, com alunos entre 16-19 anos. A princípio, foi aplicado um questionário para mensurar o conhecimento prévio dos estudantes a respeito do tema e como dado qualitativo. Em seguida, foi realizada uma abordagem teórica sobre o assunto, na qual houve uma performance teatral por parte das bolsistas Helena Barbosa e Laís Andrade no intervalo entre um dos tópicos, para abrir o assunto sobre saúde humana, além da participação ativa do corpo discente, que interagiu fazendo perguntas bastante proveitosas, por meio das quais foram esclarecidos muitos pontos. Foram discutidos temas que muitos desconheciam até o momento ou ouviram falar, mas não com profundidade. Por conta disso, foi percebido interesse em aprender. No decorrer da oficina, foi promovida uma dinâmica de perguntas, a fim de reforçar tudo o que havia sido explicado. Os alunos mostraram entusiasmo e interesse em participar da mesma, o que pôde nos trazer a demonstração do aprendizado. Na sequência, por meio de um segmento de arte, a música, foi promovida uma reflexão e fixação ainda mais profunda, levando em conta essa ação da mesma nas pessoas. A canção, com sua letra tendencialmente crítica e fácil melodia traz à tona nossa inocência perante ao que consumimos, tanto enquanto alimento como enquanto massificação midiática.
3.2 Análise dos questionários O questionário aplicado minutos antes da oficina, perguntava aos estudantes a respeito do conceito de agrotóxico e do seu efeito no organismo humano quando consumido, 54% dos estudantes afirmaram que o agrotóxico se tratava de “remédio contra pragas”, como é estabelecido juridicamente, enquanto 46% afirmaram ser um “veneno perigoso” como mostra na figura 01. Em relação ao efeito dos agrotóxicos no organismo humano quando consumido, 39% responderam que entendem a importância de não consumirem alimento com agrotóxico, e 61% afirmaram não entenderem, como mostra na figura 02. Por outro lado, no questionário aplicado após a realização da oficina, que abordava os mesmos questionamentos, observou-se que 75% dos alunos, isto é, maior parte dos estudantes, afirmaram que agrotóxicos são remédios contra praga, enquanto que 25% disseram que agrotóxicos são venenos perigosos, como mostrado na figura 03, ou seja, observou-se uma mudança significativa a respeito do conceito de agrotóxicos, enquanto que em relação ao entendimento da ação dos agrotóxicos no organismo humano, quando consumido, 73% responderam que entendiam essa relação, contra 27% que não entendiam, como mostrado na figura 04.
Figura 01 - Resposta dos alunos sobre o conceito de agrotóxico, antes da realização da oficina.
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humana e o pensamento crítico ajudam na saúde humana e ambiental e que eles são também responsáveis pela mesma. Todavia, espera-se que mais possibilidades de debate possam auxiliar na construção de uma consciência mais crítica frente os impactos de nossas ações no ambiente.
Figura 02 - Resposta dos alunos sobre o conhecimento da importância de não consumir alimento com agrotóxico, antes da oficina.
Figura 03 - Resposta dos alunos sobre o conceito de agrotóxico, depois da realização da oficina.
4. Conclusão A realização da oficina, promoveu aos alunos do ensino médio do Centro de Excelência Professor Abelardo Romero Dantas, uma oportunidade de discutir sobre Uso de Agrotóxicos, mostrando aspectos sociais, econômicos e políticos envolvidos no processo de educação em saúde e meio ambiente, possibilitando a construção de conhecimentos sobre o tema, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, tendo em vista o destaque à formação crítica presente no cotidiano de estudantes, que melhoram a relação com sua realidade, sua saúde e com o meio ambiente, ajudando, consequentemente, a vida em sociedade. Referências
Figura 04 - Resposta dos alunos sobre o conhecimento da importância de não consumir alimento com agrotóxico, depois da oficina.
Com a análise das figuras 1 e 3, que discutiram sobre o conceito de agrotóxicos antes de depois da realização da oficina, percebe-se um aumento de 21% no entendimento do que é agrotóxico, enquanto que com a análise das figuras 2 e 4, que discute a importância de não consumir alimento com agrotóxico, percebe-se um aumento de 34% no que se refere a não alimentação a partir de alimentos com agrotóxicos, portanto, observa-se que houve uma considerável evolução de conscientização positiva nas a respeito do não uso de agrotóxicos no alimento. Pode-se perceber ainda, que a maioria dos estudantes, se dispõe a uma atitude ambientalmente correta, ou seja, muitos deles entenderam que a ação
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ANDRADE, Maria Aparecida Silva et al. Agrotóxicos como questão sociocientífica na Educação CTSA Agrotoxics as Socioscientific Issue in STSE Education. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 33, n. 1, p. 171-191, 2016. ALTIERI, M. Agroecologia: Bases Científicas para uma Agricultura Sustentável. 3ª ed. São Paulo, Rio de Janeiro: Expressão Popular; 2012. BOMBARDI, Larissa Mies. Agrotóxicos e agronegócio: arcaico e moderno se fundem no campo brasileiro. In: Merlino T, Mendonça ML, organizadores. Direitos humanos no Brasil 2012: relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. São Paulo: Rede Social de Justiça e Direitos Humanos; 2012. p. 75-86. PIGNATI, Wanderlei Antonio et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a Vigilância em Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 3281-3293, 2017.
Resumo. O presente trabalho foi executado na Disciplina Eletiva (parte diversificada da grade curricular do Ensino Médio em Tempo Integral) por professores e alunos do 2º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência José Rollemberg Leite (CEJRL) no segundo semestre de 2018. Do Mato ao Prato: Plantas Alimentícias não convencionais (PANCs) apresenta-se como uma excelente ferramenta geradora de conhecimento, que envolve as diversas disciplinas (Biologia, Química e Física), onde foram abordadas temáticas sobre alimentação e cultivo de hortaliças não convencionais. O trabalho de campo esta relacionado à modelo de cultivo, adubação, sementeiras, compostagem, plantação, irrigação, colheita e higienização de legumes e hortaliças que serão utilizadas como complemento da merenda escolar, contribuindo para a melhoria na qualidade da alimentação fornecida pelo CEJRL. Também é importante salientar que o projeto contribui para o processo de ensino-aprendizagem e para delinear o “projeto de vida” dos alunos que tem o interesse pela área de saúde, gastronomia e nutrição. 1. Introdução As atitudes são predisposições que influenciam o comportamento de um indivíduo e a formação de uma atitude ecológica e cidadã implica em desenvolver habilidades e sensibilidades para compreender os problemas ambientais, fazer frente aos mesmos e estimular o comprometimento com a tomada de decisões, além de entender o ambiente como uma rede de relações entre sociedade e natureza (CARVALHO, 2006). Nessa mesma linha de pensamento os Programas Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que os conteúdos de educação ambiental e alimentar sejam tratados nos temas transversais de maneira
interdisciplinar na educação formal. Em outras palavras, propõe-se que as questões ambientais e de saúde permeiem os objetivos, conteúdos e orientações didáticas em todas as disciplinas. Nesse contexto, sendo função da educação científica desenvolver o aluno de modo a prepará-lo para o protagonismo juvenil, exercendo de forma plena sua cidadania, inclusive ambiental, a comunidade escolar do CERJL se propôs a conhecer, plantar, preservar e alimentar-se de plantas alimentícias não convencionais (KINUPP, 2007), sem agrotóxicos na instituição escolar, sensibilizando e despertando o interesse da comunidade pela preservação ambiental. As atividades desenvolvidas durante o projeto teve cunho de caráter investigativo qualitativo e quantitativo. 2. Materiais e Métodos 2.1. Localização da área estudada O Centro de Excelência José Rollemberg Leite (CEJRL) está situado no bairro José Conrado de Araújo, na Cidade de Aracaju SE. A escola (Figura 1) foi inaugurada no ano de 1953, tem uma estrutura física com capacidade para acolher 860 alunos, possui 13 salas de aula, 1 direção, 1 secretaria, 1 sala de professores, 1 sala de coordenação, 1 almoxarifado, 1 depósito de alimentos, 1 sala da Banda Marcial, 1 cantina, 1 cozinha, 1 biblioteca, 1 laboratório de informática, 1 laboratório de ciências naturais, 1 auditório, 1 sala de recursos multifuncionais, 1 quadra poliesportiva, 1 sala do grêmio e 1 sala para descartes de lixo, 1 área da horta escolar.
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serem plantadas; construção de sementeira; modelo de irrigação utilizado. As apresentações das temáticas foram realizadas na sala temática “Barracão da Horta” e no canteiro da horta escolar (Figura 2b). Essas discussões foram imprescindíveis para que os discentes compreendessem os tópicos que cercam o projeto, os quais contribuirão com a formação do protagonismo estudantil no momento em que permite a tomada de decisões. Figura 01 -Vista frontal do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores).
2.2. Procedimentos O projeto tem cunho de caráter investigativo, tanto qualitativo, quanto quantitativo. Foi desenvolvido na Disciplina Eletiva (parte diversificada da matriz curricular do ensino médio em tempo integral) e contou com a participação de professores e alunos do Ensino Médio Integral. Foram planejados e executados os seguintes subprojetos aos alunos, logo após eles escolheram, individualmente, em qual subprojeto gostaria de fazer parte. Em seguida, os alunos formaram cinco equipes, de acordo com a similaridade dos subprojetos. Cada equipe irá pesquisar artigos a respeito de seu subprojeto. Eles deverão discutir em grupo e apresentar possíveis materiais e questionamentos sobre a: I. Abordagem teórica das temáticas II. Construção do modelo geométrico de plantio; III. Construção de minhocário; IV. Identificação e organização das plantas a serem plantadas.
Figura 02 - Pesquisas no laboratório de informática (a) e apresentações das temáticas no canteiro da horta escolar (b) do Centro de Excelência Jose Rollemberg Leite. 2018.
3. Resultados e discussão
3.2. Construção do modelo geométrico de plantio
3.1. Abordagem teórica das temáticas
Após a análise do local para o cultivo dentro da escola foi escolhida uma área de terreno plano que recebam luz periodicamente, pois alguns cultivos não suportam sombra ou sol total. Os alunos, depois das pesquisas optaram pelo Sistema Mandala. Neste sistema de produção, a horta é plantada em círculos concêntricos que representam a natureza, onde tudo é arredondado. O
Os professores integrantes do projeto acompanharam os alunos nas pesquisas, no laboratório de informática (Figura 2a), sobre as seguintes temáticas: construção do modelo geométrico de plantio; construção de minhocário; identificação e organização das plantas a
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plantio em círculos proporciona uma série de segredos que a natureza nos ensina e que também colaboram com a recuperação da biodiversidade e do controle ecológico de insetos pragas assim como de doenças e plantas invasoras (EHLERS, 1994). No barracão da horta, com o auxílio de um projetor foi apresentado aos alunos o sistema Mandala (Figura 3a/b), como é feito e porque ele é um método viável para a realidade da escola e suas vantagens.
para a produção de húmus, pois, além de se adaptar facilmente às condições de criação intensiva, apresenta grande capacidade de produção de húmus, rápida reprodução e é muito resistente às condições ambientais. Foi trabalhado para a construção (Figura 3a/b/c) baldes de margarina vegetal usado (três unid.); torneira (uma unid.); serragem, estrume bovino e capim triturado; minhocas californianas (200g).
Figura 03 -Construção do modelo geométrico de plantio (Sistema Mandala) no Centro de Excelência Jose Rollemberg Leite. 2019.
3.3. Construção de minhocário A adubação orgânica é um fator muito importante a ser considerado. Geralmente, as minhocas são conhecidas por afofarem a terra e transformarem a matéria orgânica em “alimento” para as plantas (SCHIEDECK et al, 2014). Existem milhares de espécies de minhocas na natureza, no Brasil, a espécie mais usada na minhocultura é a Eisenia andrei, também conhecida como vermelha – da - Califórnia ou simplesmente californiana ou vermelhinha. Essa minhoca é preferida
Figura 04 - Construção do minhocário e minhocas californianas no Centro de Excelência Jose Rollemberg Leite. 2019.
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3.4. Identificação e organização das plantas a serem plantadas Foram pesquisadas e identificadas plantas alimentícias convencionais e não convencionais, contudo citarei as identificadas e plantadas não convencionais (Tabela 1). Cada PANC foi plantada e colocada à plaqueta de identificação (Figura 4a/b). NOME POPULAR
NOME CIENTÍFICO
Beldroega
Portulaca oleracea
Bredo
Amaranthus sp
Cara-moela
Dioscorea bulbifera
Manjogomes
Talinum patens
Ora pro nobis
Pereskia aculeata
Physalis
Physalis sp.
Taioba
Xanthosoma sagittifolium
Tabela 1. Identificação das PANCs no C. E. Jose Rollemberg Leite. 2018.
4. Conclusão O sistema mandala foi o escolhido por ter uma singularidade com a permacultura e, por conseguinte, melhoria no desenvolvimento das culturas plantadas. Na identificação das PANCs, se fez necessária a utilização dos aparelhos de mídia da sala de informática, além de bibliografia especializada sobre PANCs.
Figura 05 - Plaquetas de identificação de PANCs (a/b), no C. E. Jose Rollemberg Leite. 2019.
A atividade continua sendo desenvolvida no
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Centro de Excelência José Rollemberg Leite, até porque PANCs em cada região se encontram, diferenciam, estudam e se obtêm nutrição de baixo custo e de acordo com a cultura de cada região e no minhocário temos efetiva produção de húmus e minhocas. Os alunos que fizeram parte do projeto participaram do concurso do CEBRAC, 2018, e foram contempladas com o primeiro lugar, no segmento microempreendedores na área de culinária e inovação. Referências BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacional. 1997. DE MOURA CARVALHO, Isabel Cristina. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. Cortez Editora, 2017. KINUPP, Valdely Ferreira. Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre, RS. 2007. EHLERS, Eduardo Mazzaferro. O que se entende por agricultura sustentável?. 1994. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. SCHIEDECK, Gustavo et al. Minhocultura: produção de húmus Embrapa. Brasília, DF, 2014.
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