Revista Feira de Ciência & Cultura 2019 - V.6 / nº 11

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Resumo. A produção poética do nosso estado, Sergipe, é enriquecedora com brilhantes nomes conhecidos nacional e internacionalmente, porém desconhecida de muitos sergipanos. Assim, os participantes e ouvintes deste projeto passam a conhecer os poetas de sua terra, tornandose mais enriquecedor. Além disso, há uma preservação da cultura escrita produzida em nosso estado. De início trabalhamos com os seguintes poetas: Hunald Fontes de Alencar, Iara Santos Vieira, Santo Souza, Tobias Barreto. Levamos os poetas sergipanos às escolas públicas do nosso sertão sergipano através de 12 jovens estudantes do Ensino Fundamental e Médio do Centro de Excelência 28 de Janeiro. 1. Introdução Desde 2013, o projeto “A Poesia indo à Escola” vem sendo desenvolvido no Colégio Estadual 28 de Janeiro e de lá para cá já trinta e dois (32) estudantes do Ensino Fundamental (a partir do 8º Ano) e Ensino Médio do estabelecimento de ensino foram participantes ativos. Estes alunos buscaram conhecer a escola literária Modernismo, a vida e obra de alguns poetas modernistas. A partir desse conhecimento montaram o material a ser apresentado nas escolas do alto sertão sergipano, com o intuito de despertar nos estudantes das escolas visitadas o interesse pelo universo do poema. O projeto era financiado pela FAPITEC através de Edital de Popularização da Ciência. Visitamos quinze (15) estabelecimentos de ensino. Nessa trajetória tanto os participantes quanto os ouvintes eram atraídos ao universo da poesia seja para ler ou rabiscar poemas. Neste ano, buscamos trabalhar com a produção poética do nosso estado, Sergipe. Sabemos que ela é enriquecedora com brilhantes nomes conhecidos

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nacional e internacionalmente, porém desconhecida de muitos sergipanos. Assim, os participantes e ouvintes passaram a conhecer os poetas de sua terra, tornando-se mais enriquecedor. Além disso, haveria uma preservação da cultura escrita produzida em nosso estado. De início estamos trabalhando com os seguintes poetas:Hunald Fontes de Alencar,Iara Santos Vieira, Santo Souza, Tobias Barreto. Levamos os poetas sergipanos às escolas públicas do nosso sertão sergipano através de 12 jovens estudantes do Ensino Fundamental e Médio, procurando conquistar novos amantes para o campo da poesia seja ao tocante à leitura ou à produção escrita por percebermos que este gênero não é tão bem trabalhado no chão das nossas escolas. Os participantes fizeram uma pesquisa sobre a vida e obra de cada poeta e em seguida montaram o material a ser apresentado nas escolas do nosso alto sertão. O material é composto por dados biográficos, poemas e análise de alguns poemas. Todas essas informações compõem o slide de apresentação. O projeto proporciona uma interdisciplinaridade entre as disciplinas Artes, Geografia, História, Sociologia, Literatura e Língua Portuguesa. Diante dessa grandeza, percebemos que tanto os estudantes participes do projeto, 12 (doze) em sua totalidade, quanto os ouvintes são enriquecidos com os ensinamentos valiosos e as análises surpreendentes, servindo para a sua construção do ensino-aprendizagem e para a desmistificação de que o universo poético é complicado. Com isso, jovens são despertados a produzirem poemas e o nosso sertão vibrará com as futuras produções.


2. Materiais e Métodos O projeto iniciou com a seleção dos participantes através de uma prova aplicada pelo coordenador. Após a seleção ocorreu à primeira reunião do grupo. Os membros foram divididos em microgrupos e nesse momento todos foram informados sobre os poetas sergipanos que seriam trabalhados no ano de 2017. Assim, cada grupo ficou responsável para pesquisar sobre a vida e obra de um dos poetas em questão (Hunald Fontes de Alencar,Iara Santos Vieira, Santo Souza, Tobias Barreto). Em seguida, fizemos uma triagem do material para que não houvesse repetição e todas as informações fossem passadas com fidelidade, pois pensamos em uma troca de conhecimento e também em um incentivo para os nossos futuros ouvintes criarem gosto pela poesia. Ao analisarmos os materiais coletados, começamos a construir as apresentações de forma dinâmica e prática. Essas apresentações são compostas por slides e análises dos poemas escolhidos com a interação do público ouvinte. Elas são realizadas nas escolas públicas e privadas do nosso alto sertão sergipano.

Federal de Alagoas. Os jovens participantes também produzem seus próprios textos que são publicados em Antologias organizadas no estado de Sergipe.

Figura1. Apresentação na Escola Municipal Drº Passos Porto, Povoado Lagoa do Roçado, Monte Alegre de Sergipe (Fonte: Carlos Alexandre)

3. Resultados e discussão Desde o início da sua execução, 2013, o projeto vem dando bons resultados para os jovens envolvidos diretamente e também para os estudantes das escolas visitadas, pois o diálogo entre os próprios estudantes é que movem a essência do projeto. A imagem construída de um professor ou de uma pessoa adulta para apresentar os poetas é desfeita no momento em que estudantes assumem esse papel. O protagonismo juvenil é uma das qualidades expressiva do projeto. Nesse sentido, os ouvintes percebem que também são capazes e podem colaborar com a sua sociedade. Ressaltamos que no ano de 2015 nove (9) integrantes de um quantitativo de vinte (20) do projeto foram aprovados no ENEM, conquistando vagas nas universidades federais do nosso país e dois deles obtiveram 960 pontos na redação. Em 2016, sete (7) de um número de doze (12) participantes conquistaram uma vaga na Universidade Federal de Sergipe e na Universidade

Figura2. Apresentação na Escola Municipal Drº José Rollemberg Leite, Povoado Maravilha, Monte Alegre de Sergipe (Fonte: Carlos Alexandre)

Figura3. Composição do Grupo(Fonte: Carlos Alexandre)

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4. Conclusão Diante do exposto, percebemos o quanto é importante trabalharmos com os poetas sergipanos no chão das nossas escolas, pois temos uma divida imensa com os escritores do nosso estado por muita das vezes renegá-los a um lugar inferior da nossa literatura e supervalorizarmos outros que não são conterrâneos. Nesse caminho, os jovens estudantes vão adentrando ao universo poético e literário sergipano e a nossa literatura ganha mais um espaço de discussão. Referências ACADEMIA GLORIENSE DE LETRAS. Notícias. Página inicial. Disponível em ALFAMAWEB. Biografia. Disponível em <https:// alfamaweb.com.br/tobias/biografia.php> Acesso em: 08 jun. 2018. <http://www.academiagloriensedeletras.org/>. Acesso em: 08 jun. 2018. ALENCAR, Clodoaldo. Página inicial. Disponível em <http:// clodoaldoalencar.bogspot.com.br/2009/05/hunald-alencarestanciano. Html > Acesso em: 08 jun. 2018. ESCRITAS. Vida e obra de Tobias Barreto. Disponível em <http://www. escritas.org/pt/l/tobias-barreto>Acesso em: 08 jun. 2018. MIRANDA, Antonio. Poesia Brasil. Santos Souza. Disponível em <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/santos_ souza.html> Acesso em: 08 jun. 2018. PROJETO SANTO SOUZA: um poeta orfico. Produção de Ilmara Cristina, Gleydiomar Souza, e Alessandra Gama. Orientado por Edilson Moura. Sergipe, 1998. Disponivel em: <http://www.youtube.com/ watch?v=wZm4-fnaFDY>. Acesso em: 01 jun. 2013. SOUZA, Santo. A Construção do Espanto. Aracaju. Sociedade Editorial de Sergipe, 1998. VIEIRA, Iara. Esses tempos ad/versos. Folha da Praia, 1984, Sergipe.

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Resumo. Este trabalho propõe a discussão de dois movimentos sociais históricos, distantes por um hiato de tempo, mas que tem suas origens nas mesmas mazelas sociais, que trazem como pano de fundo a ausência do Estado e da justiça como gatilho para a marginalização. Assim nos utilizamos das manifestações artísticas na dança (xaxado e funk) e na música (repente e hip hop) de cada época para dialogarem entre si e fazerem uma análise da conjuntura de cada momento histórico. 1. Introdução O momento atual da nossa sociedade, com a violência exacerbada, o declínio dos valores morais, a impunidade, uma justiça injusta, a ausência do Estado no tocante às necessidades básicas da população como: saúde, educação, saneamento básico, acesso à cultura, emprego, são temas que o universo escolar tem a obrigação de discutir. Entretanto, isso não é novo na nossa sociedade, em especial no Sertão. Ao analisarmos o movimento que aqui ocorreu nos séculos XIX e XX, encontramos esses mesmos problemas sociais que também foram os motivadores do Cangaço. Neste sentido, objetivamos o fomentar o debate sobre as transformações sociais e culturais, assim como as econômicas e políticas do período em questão, no contexto histórico-literário, descritos nos livros didáticos e paradidáticos, em folhetos de cordéis, no cantar dos repentistas, emboladores e poetas populares que declamam em prosa e verso, um recorte da realidade que nos leva a uma interpretação e leitura crítica, para que esse debate não se restrinja ao público acadêmico. Assim, o objetivo geral deste trabalho é utilizar o teatro, a música e a dança como instrumentos de aprendizagem. Utilizar a relação que as artes têm entre si, a sua função de

passar uma mensagem, um conhecimento, foi o recurso explorado pelos educadores, considerando a premissa de Moliére de que: “a arte corrige divertindo”. Estas manifestações artísticas estão presentes no cotidiano do sertanejo imprimindo dessa forma a sua influência na vida das pessoas. Assim sendo, apresentamos alguns aspectos sobre a marginalização de uma sociedade tendo como proposta abrir o diálogo, se utilizando da arte, para promover uma cultura capaz de romper com o ciclo de desigualdades sociais que oprime historicamente milhares de jovens. O principal desafio assumido pela escola é amenizar as diferenças, e criar um sentimento de luta pelos direitos de cada um como diretriz de uma proposta pedagógica fundamentada numa política de inclusão. 2. Materiais e Métodos O município de Canindé de São Francisco – SE tem se destacado no cenário nacional como um pólo turístico e um dos produtos culturais explorados é o movimento Cangaço. O Colégio Estadual Dom Juvêncio de Britto, envolvendo 20 alunos das três séries do ensino médio regular e integral, desenvolveu um projeto transdisciplinar com essa temática, e, durante o segundo bimestre do ano letivo de 2018, os alunos pesquisaram o tema e elevaram o nível da discussão fazendo uma correlação dos elementos motivadores do movimento cangaço com os aspectos da nossa sociedade atual. Também por sugestão deles (os alunos) decidimos utilizar a arte para discutirmos essa relação. Identificamos os estilos de dança e música que representam cada época, e nos utilizamos de sua força para aguçar a nossa percepção dos fatos. Assim, auxiliando-nos numa leitura

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interdisciplinar, aonde história e literatura, em parceria, nos conduziram na aventura de perceber a construção de personagens e a edificação de preconceitos a partir de uma moralidade imposta, evidenciamos a historicidade de tais preconceitos e da constante marginalização de grupos sociais. O projeto “Vitimas Sociais: do repente ao hip hop, do xaxado ao funk” busca estabelecer uma relação entre o passado e o presente de uma das maiores problemáticas do país: a desigualdade social. O terceiro bimestre foi dedicado aos ensaios e confecção dos cenários e figurinos, na oportunidade, primamos pela inclusão de um aluno portador de déficit intelectual como ação efetiva para a redução deste tipo de segregação social. A apresentação é uma adaptação da célebre obra “O Auto da Compadecida”, do escritor Ariano Suassuna, que é uma das maiores obras de crítica social do país, e que relata os problemas vivenciados pelos nordestinos. Traz em seu primeiro momento um duelo atemporal sobre os movimentos artísticos vigentes em cada época. Iniciamos com o xaxado, com as músicas “Xaxado” de Rui Grudi e depois com o funk “Eu só quero é ser feliz” de Cidinho e Doca. Em seguida como um reflexo da realidade vivenciada por ambas as épocas é iniciando um confronto entre os cangaceiros e a volante e os traficantes e a polícia. Nesse embate Lampião e o Chefe do morro morrem e vão ao julgamento final, é nesse momento onde irão expor as razões e motivos para os atos praticados. Cada um irá expor sua defesa no estilo musical vigente a época. Assim, partindo do cangaço nordestino no final do séc. XIX e início do séc. XX quando o país se encontrava nas mãos das oligarquias e a região era assolada pela truculência dos coronéis. Entre os diversos estilos musicais apreciados pelos sertanejos nas décadas de 20 e 30 do século passado, optamos pelo repente (Figura 1) declamado em decassílabo, obra do violeiro da terra João Bezerra, para retratar a inquietação histórica da latente desigualdade existente em nosso país naquele momento histórico. Na oportunidade convidamos o poeta da terra João Bezerra para ministrar uma oficina

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sobre a métrica que o estilo exige. O Hip Hop é uma cultura artística não um estilo musical que foi imposta por 06 pilares: DJ, Rap, Beat Box, MC, Break, dance, Grafite. Dos quais, nós utilizamos o beat como fundo musical, a figura do rapper para dar voz as nossas considerações sobre o tema e o grafite para a confecção de nossos cenários. O rap (Figura 2) foi criado tomando como base o rap de Gabriel Pensador “Até Quando”. Após o julgamento ambos voltam a terra para uma segunda chance. A encenação se encerra com um apelo social para que possamos reagir e mudar o contexto social a qual estamos inseridos. As falas dos personagens a seguir pedem mudança na educação, na saúde, na política, na agricultura, na igualdade de gênero, na igualdade social, no trabalho, na inclusão social, enfim menos de desigualdade social no Brasil.

Figura1. Repente declamado pelo Lampião, de autoria do violeiro João Bezerra.

Figura1. Rap cantando pelo chef do morro durante o seu julgamento.


3. Resultados e discussão O presente trabalho refere-se a uma leitura que consiste na possibilidade de discorrer sobre a transformação e consolidação da marginalização de parte da sociedade brasileira. O Funk marginalizado desde suas raízes, está buscando em suas letras mostrar a sociedade de periferia, um retrato de jovens que vivem nessas regiões e lutam por seu espaço na sociedade. Assim como a outra vertente, o Xaxado, também entra em cena para uma conscientização de sua condição como pessoas postas à margem da sociedade que, por imposição das condições dos mandos e desmandos dos coronéis, do desamparo da justiça, pelo desejo de vingança pelas atrocidades cometidas pelos volantes, pelo desejo de liberdade numa sociedade opressora, festejam suas vitórias em combate numa dança com conotação bélica, com o intuito transmitir seus feitos e bravatas. O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e entretenimento pelos cangaceiros, notoriamente do bando de Lampião se destacava originalmente por sua agressividade, temas bélicos inerentes ao cangaço e diversas sátiras. Elementos culturais presentes em nossa realidade e que trazem um formato atrativo e adequado para as nossas pretensões. Do outro lado, optamos por utilizar o funk como representante das expressões de dança na atualidade, pois o funk e seu público possuem uma identidade contestadora e desarraigada dos modelos sociais dominantes. Os bailes ostentam um ar de resistência e insubordinação, os movimentos do corpo durante as danças conferem status de poder aos participantes, que passam de meros ouvintes a “donos do baile”. Chegando aos dias atuais com a velha política de dominação elitista e a grande exclusão social escancarada nas grandes favelas e periferias das cidades brasileiras, as quais retratam a violência do tráfico e do crime organizado cantada em verso e prosa nas letras do funk, tomamos como base o rap de Gabriel Pensador “Até Quando” para retratar a desigualdade social presente nas periferias das grandes cidades (Figura 2). Nesse sentido, o presente trabalho (Figura 4) utilizou-se das linguagens faladas expressas pelo repente

e pelo hip-hop, da linguagem plásticas com os grafites e das linguagens corporais materializadas no xaxado e no funk para investigar os contrastes sociais nos diferentes tempos históricos e como eles estão fundamentados pelas mesmas razões, apesar da distância temporal e geográfica para propor uma “batalha” entre um repentista e um rapper e entre dançarinos de xaxado e hip-hop, para mostrarem seus pontos de divergência e confluência, apontando um novo modo de aprender ao inserir o estudo das identidades.

Figura1. Apresentação na final da Cienart 2018

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4. CONCLUSÃO O trabalho desenvolvido com as essas modalidades artísticas se mostrou como uma prática pedagógica eficiente, não havendo barreirismos quanto as modalidades artísticas e aos estilos de música e danças escolhidos. Aos estudantes coube o papel de construtores do saber e agentes multiplicadores do conhecimento através da ludicidade, expressão oral e corporal, uma vez que eles puderam se expressar através da linguagem da música e da dança que lhes são familiares dando dinamismo e profundidade na compreensão dos temas abordados. Os motivos que levavam os jovens a ingressar no cangaço e a motivação que os arrebata atualmente para a criminalidade são o eixo norteador de todo o nosso trabalho. Desta forma, foi possível perceber que os séculos passam e o descaso dos nossos governantes para com as políticas públicas ainda impera, fazendo valer a máxima de que a história se repete mudando apenas a data, o local e as personagens. Referências

BRO MUNDO. Os seis pilares do hip hop. 2011. Disponivel em: <https://bromundo2000.blogs.sapo. ao/1999.html>. Acesso em 20 de setembro de 2018. HERSCHMANN, Micael. O funk e o Hip-Hop invadem a cena. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003. WIKI DANÇA. Xaxado. 2017. Disponivel em: <http:// wikidanca.net/wiki/index.php/ Xaxado>. Acesso em 10 de setembro de 2018.

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Resumo. A literatura de cordel amplia a representação dos valores sociais e possibilita a interface de serem expressos oralmente e materializados na escrita de cada folheto. Considerando que as intervenções humanas causam danos ao meio ambiente, é salutar a escola construir uma participação cidadã consciente com a preservação do meio natural. Assim, objetiva-se neste projeto formar cidadãos promotores da sustentabilidade ambiental, despertando a criação de ideias ecologicamente viáveis. Esta pesquisa, de aporte qualitativo, foi desenvolvida com alunos do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Almirante Barroso – Muribeca/SE, mediante a construção de sentidos sobre a temática, escrita e declamação de cordéis, buscando o protagonismo dos educandos. 1. Introdução A Literatura, como produto da sociedade humana, contribui para a representação de valores, costumes e as realizações de uma determinada época. Conduz, ainda, o leitor a refletir e compreender o seu lugar social, propiciando o protagonismo diante das inúmeras questões sociais. No tocante à literatura de cordel, especificamente, as possibilidades de representação dos valores socioculturais, econômicos, religiosos, históricos e científicos são ampliadas, possibilitando a interface de serem expressos oralmente e materializados na escrita de cada folheto. Em se tratando da relação homem versus meio ambiente, desde os primórdios da civilização humana, aquele usufruiu dos recursos existentes no espaço natural a fim de assegurar as condições necessárias para a subsistência da espécie. Com o desenvolvimento e as transformações de suas atividades, as primeiras modificações antrópicas resultaram no surgimento de impactos sobre o meio ambiente sem causar danos excessivos. Em contraponto a esse cenário, os avanços

contemporâneos demandam, geralmente, a utilização de ações que causam danos ao meio ambiente, seja pela poluição do ar, das águas, do solo, etc. Não é raro nos depararmos com campanhas de conscientização da população através da construção de alternativas que viabilizem a manutenção do ecossistema, promovidas incansavelmente por ONGs, órgãos governamentais, mídia, etc. Considerando que uma das funções do cordel é a formação de um sujeito leitor/escritor atento para a realidade inserida, é inescusável que a escola, enquanto espaço de formação intelectual e moral, promova a construção de uma participação cidadã ativa, sensível e consciente com a preservação do meio natural. Assim, objetiva-se neste projeto formar cidadãos promotores da sustentabilidade ambiental e despertar a percepção investigativa do discente para a criação de ideias ecologicamente corretas, justas e viáveis, materializadas nas aulas de Língua Portuguesa, através da produção escrita e declamação de cordéis, colaborando, desse modo, para o protagonismo social dos educandos através das práticas de uso da linguagem oral e escrita. 2. Materiais e métodos O trabalho Literatura de cordel: um despertar para a sustentabilidade ambiental nas aulas de Língua Portuguesa foi desenvolvido com os discentes do 8º ano matutino do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Almirante Barroso – Muribeca/SE, contemplando 25 alunos. As atividades transcorreram em duas semanas, englobando 10 aulas, desde os momentos introdutórios até a culminância. Salienta-se que as atividades apresentaram um viés dialógico da língua, favorecendo a interação entre todos os envolvidos nas ações a serem desempenhadas. É pertinente acompanhar a construção

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do fazer metodológico, implementado em uma sequência didática, distribuída em sete etapas, que partem das orientações contidas nos PCN (1997), mediante as habilidades de leitura, escrita, escuta e reescrita textual da literatura de cordel, atrelando aspectos linguísticos e literários em um trabalho pedagógico interdisciplinar. Inicialmente, o professor teceu considerações motivacionais sobre a importância em participar de um projeto educativo. O primeiro passo metodológico foi a apresentação da temática. Assim, o docente realizou questionamentos sobre o tema “sustentabilidade ambiental”. Constatou-se que a maioria dos alunos ou desconhecia ou apresentava um conhecimento superficial sobre o tema. Após isso, realizou-se a leitura de dois textos informativos e reproduziu-se um vídeo didático sobre a relação “homem versus meio natural”. Na sequência, promoveram-se discussões sobre o tema, em que os alunos foram conduzidos a se posicionarem, de forma individual/oral, diante do material apresentado, construindo um debate coletivo e ampliando o conhecimento sobre o tema em estudo. A terceira etapa corresponde à apresentação do gênero textual cordel. Dessa forma, o professor buscou averiguar o conhecimento da turma sobre a literatura de cordel. Reproduziu dois vídeos explicativos sobre esse gênero de texto, levou e recitou cordéis, consagrados pela crítica. Os discentes mostraram-se familiares com a literatura informal e interagiram de forma pertinente. Na aula seguinte, os aspectos composicionais do cordel foram destrinchados. Paulatinamente, definiu-se e se exemplificou o gênero textual, função, estilo, xilogravura, verso, estrofe, rima, ritmo, figuras de linguagem, dentre outros aspectos da linguagem literária. Após se debruçar sobre a literatura de cordel, chegou-se à etapa de produção escrita de cordel. Desse modo, solicitouse a cada aluno a produção de um cordel, com no mínimo dez estrofes, escritas em quartetos ou sextetos, sobre a temática discutida nas aulas anteriores. Na aula seguinte, essas primeiras produções foram analisadas pelo professor, juntamente com o aluno-autor, tanto em relação aos elementos composicionais do gênero, quanto aos aspectos linguísticos e literários.

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Assim, na sexta etapa, que corresponde à reescrita do cordel em folheto, o docente confeccionou, com papel sulfite colorido, “folhetos vazios”, os quais foram entregues aos alunos para que reescrevessem o cordel avaliado. Além disso, solicitou-se a feitura de um desenho na capa, substituto à tradicional xilogravura, que representasse a ideia produzida. Terminada essa etapa, a aula posterior foi destinada à culminância deste projeto. Com vistas à socialização, realizou-se a exposição dos cordéis, pendurados em barbantes e presos a prendedores, bem como a declamação/recitação dos cordéis por seus respectivos autores no pátio da instituição escolar. 3. Resultados e Discussão Os cordéis produzidos centraram-se na valorização de um ensino de língua materna significativo e vinculado à realidade sociocultural pertencente aos alunos, isto é, retratando habilidades e competências inerentes à leitura, escrita, escuta e à reescrita, como preconiza a BNCC (2018, p. 66) ao defender “sempre relacionar os textos a seus contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades ao uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escrita e produção de textos”. Atrelado a isso, as produções materializaram-se numa abordagem do tema sustentabilidade ambiental, levando-os à formação cidadã crítica, consciente e ativa na construção de ideias para a manutenção do meio natural, corroborando, nesse sentido, com a ideia de que “a sustentabilidade é a marca de uma crise de uma época que interroga as origens de sua emergência no tempo atual e sua projeção para um futuro possível” (LEFF, 2001, p. 419). Desse modo, passemos a analisar a produção escrita dos cordéis confeccionados e a atuação desse sujeito-aluno-produtor, permeado por elementos linguísticos, literários e, sobretudo, por uma temática social, com vistas à construção de um ser politizado. É importante destacar que as análises esmiuçadas neste artigo são fragmentos de alguns cordéis, dentre uma produção maior. Ressalta-se que as produções atenderam, em vários aspectos, tanto à estrutura composicional do gênero textual quanto à temática em estudo.


Ao se analisar o cordel subsequente (figura 01), nota-se a presença de um eu-lírico consciente com a drástica realidade em que se encontra o planeta Terra, em virtude das devastadoras ações humanas. Assim, ao longo da produção, levantam-se questionamentos que objetivam despertar a reflexão do leitor, como na estrofe “Muitas espécies de animais / Estão entrando em extinção / O que devemos fazer / Para acabar com essa situação?” e na passagem “O aquecimento global / Problema que poucos dão atenção / Como as nossas crianças vão viver / Se só vai restar degradação?”. A produção discorre sobre o desmatamento das florestas, extinção da fauna e flora, descarte do lixo, sugerindo a reciclagem como solução, poluição do ar, o aquecimento global, a escassez da água potável, etc. Sempre alertando o leitor para a atual conjuntura, demonstrando encontrar-se a par dessa indesejável situação e protagonizando a busca por soluções.

Debruçando-se sobre o cordel abaixo (figura 02), é perceptível o tom reflexivo e poético, convidando o leitor a tomar iniciativas que busquem ações efetivas à manutenção do meio natural, como no quarteto “Vamos agir enquanto há tempo / Vamos reciclar a vida / Do nosso meio ambiente / Tornando a vida consciente” e no trecho “Não deixe o seu planeta morrer / Faça ele florescer / Com flores e versos / Faça-o viver”. Assim, o cordel traça apontamentos sobre a poluição dos rios, extinção da fauna, o avanço devastador da produção industrial, alterações no clima, etc. Evidencia-se, portanto, a presença de um sujeito que traz à tona a problemática ambiental e dialoga constantemente com o leitor, alertando-o sobre as possíveis consequências futuras que a população mundial enfrentará, como é visto nas estrofes “Se conscientize, moço / Presta bem atenção / Sem sua ajuda / Criaremos uma pobre nação” e “Onde os pássaros não voam / Onde os peixes não nadam / Onde o lixo se espalha / Causando destruição em massa”.

Figura1. Cordel O meio ambiente necessita de você! Autoria: Graziela Santos. Fragmento.

Figura2. Cordel Não deixe seu planeta morrer! Autoria: Vitória Barreto. Fragmento.

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4. Conclusão É pertinente apontar que os objetivos almejados neste projeto foram alcançados, pois o desenvolvimento da sequência didática possibilitou a construção de uma representação cidadã consciente e ativa para a problemática apresentada, bem como o protagonismo discente na busca por soluções eficazes. Assim, o ensino de Língua Portuguesa, pautado em uma práxis docente que favoreça o trabalho com leitura, escrita, fala, escuta e reescrita textuais e atrelado à temática social vivenciada pelo educando, conduz à aprendizagem significativa. Nesse tocante, a escola exerce “a função e a responsabilidade de contribuir para garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania” (BRASIL, 1997, pág. 21). Em suma, este projeto demonstra que é relevante apresentar, para os alunos do Ensino Fundamental, os benefícios da sustentabilidade tanto para o espaço natural como para a sociedade humana, através do cordel, “que tem função de ensinar, aconselhar, orientar, além de entreter e dar prazer” (SILVA, 2017, p. 15). O projeto cumpre, então, o despertar para um saber reflexivo e transformador para com o meio inserido, formando cidadãos leitores e escritores socialmente ativos, por meio da manifestação artística, cultural e linguística. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular – BNCC. – 19 de março de 2018 – versão final – Brasília, DF, 2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília, 1997. LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder. Petropolis, RJ: Vozes, 2001. SILVA, Nara da Silva e. Produção de cordéis na escola: criatividade, pertencimento e oralidade. – Santo Antonio de Jesus, 2017. Dissertação (Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas. Campus V. 2017.

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Resumo. Este trabalho apresenta uma experiência de leitura literária realizada com estudantes do 6º ano da Escola Municipal Gentil Daltro – Socorro/SE. Esta pesquisa qualitativa centra-se na leitura do conto fantástico “Os dragões”, de Murilo Rubião, e contribuiu para promover entre esses leitores o gosto pela literatura e a compreensão de que a arte é uma poderosa forma de representação da realidade humana. A sequência didática elaborada nesta pesquisa privilegia a cooperação dos leitores para a produção dos significados do texto. Com esse trabalho, os leitores também refletiram sobre os temas abordados no conto: preconceito e exclusão social. 1. Introdução No mundo atual, a experiência de ler está muitas vezes ligada à necessidade da informação instantânea e, por isso mesmo, pouco profunda. Nesse cenário, a leitura literária – que requer do leitor uma postura ativa e criativa na relação com o texto – torna-se uma atividade cada vez mais rara e, em muitos casos, restrita às aulas de Língua Portuguesa. Contudo, mesmo nessas aulas, nem sempre essa atividade recebe a devida atenção, uma vez que, conforme observa Rezende (2013, p.111), faltam na escola contemporânea tempo e espaço para a realização dessa leitura que associa fruição, reflexão e elaboração do pensamento. Ao lado disso, segundo Gomes (2014, p.65), dois problemas se apresentam para a efetivação da leitura literária na escola: a falta de motivação dos jovens para o texto literário e as dificuldades que os professores têm para planejar aulas criativas e atrativas para seus alunos. Para enfrentar esses problemas, os professores de Língua portuguesa que atuam na Escola Municipal Gentil Daltro realizam continuamente atividades de letramento literário no qual os estudantes do Ensino Fundamental

II são convidados a entrarem no universo de diferentes textos literários. Nessa perspectiva, desenvolveu-se o projeto “Vivendo no fantástico universo da Literatura”, no qual os estudantes do 6º ano realizaram a leitura do conto fantástico Os dragões, do escritor Murilo Rubião. Essa atividade foi realizada através de uma sequência didática elaborada para atender ao objetivo de promover para esses alunos a leitura de uma narrativa fantástica de modo que eles pudessem observar os elementos próprios desse gênero textual ao mesmo tempo em que refletiam sobre o preconceito e a intolerância social – temas presentes no conto de Murilo Rubião. Dessa forma, esses leitores puderam aprimorar o gosto pela leitura literária e, também, reconhecer que a Literatura constitui uma importante forma de representação da condição humana. Com essa leitura, esses alunos realizaram um passeio por um mundo que, conforme explica Todorov (2014, p.15), embora seja uma representação daquele mesmo em que eles vivem e no qual não existem diabos, sílfides ou vampiros, ocorreu nele um acontecimento impossível de explicar pelas próprias leis desse mundo familiar. Ao viverem em meios a dragões e procurarem compreender as identidades por eles representadas, os leitores questionaram tanto o universo da narrativa quanto o universo em que eles próprios vivem. 2. Materiais e Métodos A experiência de leitura apresentada neste trabalho, inspirada na sequência didática básica proposta por Cosson (2014), foi realizada em quatro etapas com uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental composta por um total de quarenta e sete alunos com idades entre onze e treze anos e que estão no início do processo de letramento literário. Assim, na elaboração dessas atividades, para manter o prazer pela leitura, a ela foram associadas atividades lúdicas, como desenho e pintura. Na

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primeira etapa os alunos foram estimulados a produzirem desenhos que representassem dragões. A partir desses desenhos, o professor mediou uma conversa na qual os estudantes expuseram livremente suas concepções sobre a existência de seres fantásticos e sobre o que era a realidade. Na segunda etapa da sequência didática, foi apresentado o elemento fundamental desse trabalho: o conto Os dragões. Inicialmente, o professor apresentou aos alunos um exemplar do livro de Murilo Rubião e fez um breve comentário sobre esse autor, enfatizando a maneira como a realidade se apresenta em suas obras. A seguir, teve início a apresentação do texto literário através de slides já ilustrados com os desenhos anteriormente elaborados pelos próprios alunos. A cada parte do texto apresentada, os alunos realizavam uma leitura silenciosa e discutiam sobre os aspectos mais intrigantes da narrativa e sobre a forma como o texto foi escrito.

Figura1. slide aplicado na leitura. Fonte: produção dos próprios autores.

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Figura1. slide aplicado na leitura. Fonte: produção dos próprios autores.

Na última etapa dessa sequência didática, os alunos produziram textos nos quais expressaram sua compreensão sobre o conto lido. Essa última atividade foi realizada a partir do reconhecimento de que, conforme defende a professora Xavier (2014, p.11), a leitura crítica de um texto literário deve levar à elaboração de um outro texto – o texto do leitor – no qual ele apresentará suas interpretações fundamentadas em elementos da própria obra. Os textos produzidos serviram, então, para a coleta de informações sobre como se processou entre os estudantes a recepção da leitura. 3. Resultados e discussão A realização dessa proposta de leitura literária possibilitou ao professor compreender melhor como se processa entre esses leitores a recepção de um texto literário. Inicialmente, observou-se que esses estudantes não manifestam rejeição à literatura, desde que a obra lhes seja apresentada considerando as expectativas e os conhecimentos que eles já possuem sobre determinadas questões que serão abordadas no texto. Além disso, mantendo sempre a obra no centro das atividades, o ato de ler literatura se tornou mais atraente a partir do momento em que atividades lúdicas foram realizadas em torno dele. Assim, iniciando a leitura com uma atividade artística – os desenhos – os estudantes se interessarem pelo tema antes mesmo da apresentação da narrativa.


Depois, ao socializarem entre si os desenhos produzidos, eles tiveram um agradável momento de fruição. Para eles foi uma diversão observar como cada colega representou o dragão que guarda em sua própria imaginação. Essa representação de dragões através de desenhos despertou nos alunos uma reflexão sobre um ponto fundamental da obra literária: as diferentes possibilidades de representação de uma realidade, ainda que essa realidade exista “apenas” no universo da imaginação. Ao lado disso, essa primeira atividade aproximou esses leitores dos elementos temáticos presentes na narrativa que seria lida a seguir. Aqui, é necessário atentar para o fato de que, embora pareça precipitado ou mesmo ambicioso levar para esses leitores que estão começando a desenvolver o gosto e a competência para a leitura de obras literárias, apresentar para eles o texto de Rubião, com suas complexidades estruturais e temáticas, consistiu numa opção fundamentada no fato de que esses leitores, a partir de suas vivências, bem podem interagir com obras mais complexas, considerando que sua leitura refletirá seu conhecimento de mundo e suas experiências anteriores de leitura. Assim, considerando que, segundo Langlade (2013, p.35), uma obra literária se caracteriza por seu inacabamento e, portanto, só se completa quando o leitor lhe empresta elementos de seu universo particular, esses estudantes, a partir de suas experiências de mundo, foram convidados a colaborarem com o texto de Rubião para que os sentidos dessa narrativa fossem produzidos. Destaque-se ainda que a opção por esse conto, seguindo a sugestão de Cosson (2014, p.32), realizou-se a partir de quatro fatores: a finalidade educacional, a faixa etária e a série dos estudantes, o ambiente de leitura e as experiências de leitura do professor. Durante a leitura, foram colhidas importantes informações sobre a recepção do texto literário por esses jovens leitores, que, por já viverem num mundo dominado pelos recursos tecnológicos, tiveram mais motivação para ler a narrativa porque ela lhes foi apresentada num suporte diferente do papel: uma tela. Para eles, a cada slide apresentado, era uma surpresa ver surgir uma parte do texto ilustrada pela imagem de um

dragão. Depois de lido e comentado o trecho exposto, ficava a expectativa pela continuação da história e pelas novas imagens que surgiriam na tela. Assim, a leitura se tornou mais participativa e animada. De todas as discussões propostas ao longo da leitura, as explicações apresentadas para a chegada dos dragões à uma realidade bastante conhecida pelos leitores revelaram que para esses estudantes muitas são as realidades e elas podem, em determinados momentos, ocupar o mesmo espaço. Nas palavras de um leitor: “esses dragões se perderam e acabaram caindo aqui e agora não podem mais voltar para o mundo deles”. Alguns leitores sugeriram que os dragões precisariam aprender a viver com as pessoas e enfatizaram que eles teriam que viver como gente e não fazer mal a ninguém. Provocados a refletirem sobre como as pessoas também deveriam se adaptar a conviverem com esses dragões, um aluno respondeu: “as pessoas também devem entender os dragões, saberem o que eles querem e ajudá-los a viver em paz”. Importantes discussões também foram feitas sobre os nomes dos dragões: para eles era engraçado imaginar um dragão ter o nome de João ou de Odorico. Também lhes chamou bastante atenção a forma como as pessoas agiram em relação a esses seres fantásticos. “E ninguém teve medo desses dragões?”, questionou-se um leitor. Sobre esse ponto, vários alunos se manifestaram destacando passagens do texto em que se surpreenderam com a naturalidade com que as personagens dos dragões foram recebidas pela comunidade e assumiram a condição humana, conforme se destacou no trecho “Ameno no trato, João aplicava-se aos estudos, ajudava Joana nos arranjos domésticos, transportava as compras feitas no mercado.” (RUBIÃO, 2003, p.40). Um importante ponto observado durante a leitura diz respeito a uma passagem do conto na qual se diz que “Apenas as crianças, que brincavam furtivamente com os nossos hóspedes, sabiam que os novos companheiros eram simples dragões. Entretanto, elas não foram ouvidas” (RUBIÃO, 2003, p.37). Sobre isso, os leitores – também crianças – consideraram que “gente grande não entende que as pessoas são assim mesmo, cada qual do seu jeito”. E uma leitora explicou

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que “as pessoas não dão importância ao que as crianças dizem, acham que as crianças não sabem de nada, só dizem besteira”. Ao fim dos trabalhos, o professor analisou os textos produzidos pelos alunos na última etapa da sequência didática para observar de que forma a leitura do conto contribuiu para que eles refletissem sobre a realidade e suas representações. Essa atividade, conforme explica Xavier (2014, p.11), é importante para que os alunos desenvolvam a capacidade de disciplinar sua leitura, o que é essencial para a sua formação enquanto leitor de literatura. Nos textos produzidos pelos estudantes, evidenciou-se que, devido ao seu caráter lúdico e à sua linguagem bastante acessível, o conto de Rubião foi muito bem recebido pelos estudantes, conforme atestou uma leitora em seu texto: “Gostei da historinha porque é boa de ler e muito engraçada, as pessoas nem ligavam para os dragões”. Já outro leitor assim se referiu em seu texto: “Foi bom ler porque os dragões são como a gente, até brincam, casam com mulheres, bebem e fazem coisas erradas. Mas eles não fizeram mal pra ninguém e as pessoas não aceitavam que eles eram dragões e queriam judiar eles”. E no texto de outro leitor, foi registrado: “Gostei sim da história, mas não gostei que as pessoas queriam fazer os dragões de empregados, só para ficarem de boa sem fazer nada e dragão não é nosso empregado, eles têm a vida deles”. Com esses textos, revelou-se um pouco do universo dos estudantes, de suas concepções sobre a realidade e de sua maneira de ver os outros seres. Após percorrerem o universo habitado pelos dragões murilianos, os leitores retornaram para seu universo com uma nova compreensão e novos questionamentos sobre a realidade social em que eles próprios vivem – uma realidade, muitas vezes invisível ao olhar cotidiano e só passível de ser revelada pelo olhar da arte.

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4. Conclusão A realização desse trabalho representou para os alunos uma importante experiência de leitura a partir de uma metodologia que associou a literatura ao lúdico através de desenhos e imagens. Ao estimular a cooperação dos leitores para atribuir significados a determinadas passagens do texto que escapavam à lógica do mundo concreto, essa leitura lhes proporcionou divertidos momentos de partilha de conhecimentos e de reflexão sobre as diferentes realidades em que vivem os seres humanos. Ao lado disso, os estudantes discutiram sobre a dificuldade que muitas pessoas têm em aceitar os outros seres da forma como eles são, o que as leva a desrespeitar os sentimentos e as necessidades dos outros, sejam eles os semelhantes ou os diferentes. Ao final, os leitores ficaram com a consciência de que aqueles dragões da narrativa de Rubião têm o direito de ser aquilo que eles são de fato: dragões. Assim, essas atividades proporcionaram para os leitores um interessante exercício de alteridade, na medida em que eles se colocaram no lugar das personagens do conto e experimentaram seus sentimentos. Para o professor, esse trabalho constituiu uma importante investigação sobre a forma como os alunos do Ensino Fundamental interagem com um texto literário a partir de uma proposta sistematizada de leitura. Com os dados coletados durante toda a pesquisa, o professor dispõe agora de importantes informações sobre o desenvolvimento da competência de seus alunos para lerem textos literários. Assim, o professor pode elaborar novas metodologias que se somem a essa experiência de leitura. Seguindo nesse caminho de promover frequentes e diferentes atividades de letramento literário, pretende-se fortalecer a formação leitora dos estudantes envolvidos nesta pesquisa de modo que, ao fim do Ensino Fundamental, eles tenham intensificado o gosto pela arte literária e aprofundado a habilidade de cooperarem com a produção de significados para a obra literária.


Referências COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e pratica. São Paulo: Contexto, 2014. GOMES, Carlos Magno. Ensino de Literatura e Cultura: do resgate a violência domestica. Jundiaí: Paco Editorial, 2014. LANGLADE, Gerard. O sujeito leitor, autor da singularidade da obra. Trad. Rita Jover Faleiros. In: ROUXEL, Annie, et al. (orgs.). Leitura subjetiva e ensino de Literatura. Sao Paulo: Alameda, 2013. REZENDE, Neide Luzia de. O ensino de literatura e a leitura literária. In: DALVI, Maria Amelia; REZENDE, Neide Luzia de; JOVER-FALEIROS, Rita. (Org.). Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola, 2013. RUBIAO, Murilo. O homem do bone cinzento e outras historias. São Paulo, 2003. TODOROV, Tzvetan. Introdução a literatura fantástica. São Paulo. Perspectiva, 2014. XAVIER, Elodia. Prefacio. In:GOMES, Carlos Magno. RAMALHO, Christina e CARDOSO, Ana Maria Leal. (organizadores). Leituras Literárias: mito, gênero e ancestralidade. São Cristóvão, UFS.2014.

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Resumo. Língua e cultura têm uma relação muito próxima, devido ao fato de toda sociedade possuir uma cultura própria e ter um sistema de signos ou símbolos para se comunicar com os indivíduos da sua sociedade. No entanto, para os professores de línguas estrangeiras, ensinar é também aproximar os alunos às culturas da língua em estudo, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem, para que ele estabeleça uma relação entre a sua própria cultura e a da língua, e, o conhecimento adquirido seja dinâmico, crítico e reflexivo. 1. Introdução A abordagem comunicativa tem sido amplamente adotada desde a década de 90. Descreve um conjunto de princípios centrados na competência comunicativa como meta geral do ensino de línguas estrangeiras. O ensino comunicativo de língua estrangeira se desenvolve até hoje pela necessidade de um bom processo de aprendizagem de uma segunda língua. Atualmente, a teoria e a prática de ensino comunicativo de línguas se baseiam em vários paradigmas e tradições educativas distintas. E tem como base diversas fontes, assim não existe um único conjunto ou um conjunto de acordo unânime de práticas que caracterizam o ensino comunicativo de línguas na atualidade. Em vez disso, o ensino comunicativo de línguas de hoje se refere a um conjunto normalmente acordado de princípios que podem ser aplicados de formas diferentes, dependendo do contexto de ensino, da idade dos alunos, seu nível, suas metas de aprendizado e assim por diante. Para Richards (2006, p. 46) “... Junto com ênfase no contexto, é gerada a ideia de relacionar a escola com o mundo exterior de forma a promover um aprendizado holístico”. O estudante de línguas estrangeiras necessita se aproximar

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o mais possível de aspectos culturais e sociais da língua em estudo. Schumann (1978, apud PAIVA, 2012, p. 12) propõe a teoria da aculturação, que ao observar duas crianças, dois adolescentes e dois adultos, percebeu, através de questionários e de conversa espontânea, durante dez meses, que quem aprendeu menos foi quem estava mais distante, socialmente e psicologicamente do grupo da língua-alvo. [...] O modelo da aculturação argumenta que os aprendizes serão mais bem-sucedidos na aprendizagem da ASL se as distâncias sociais e psicológicas menores entre eles e os falantes da segunda língua forem menores. É preciso esclarecer que os estudos foram feitos com imigrantes nos Estados Unidos, mas a hipótese também pode ser proposta para contexto como o nosso. É inegável que alunos que gostam dos países onde se fala a língua inglesa e que apresentam graus de afiliação com esses povos e sua cultura se sentirão mais motivados para aprender a língua [...] (PAIVA, 2012, p. 12). Com isso, é perceptível o quanto os alunos de escolas públicas são carentes de aulas mais envolventes, dinâmicas e, principalmente, onde o aluno é o próprio protagonista. Tem sido muito comum ouvir alunos dizerem que não gostam de estudar ‘Inglês’, que é difícil e que não tem importância para a sua vida. A aquisição de uma segunda língua se desenvolve por meio da interação dinâmica e constante, e, isso, aumenta a responsabilidade dos professores, pois tendo esse processo como algo complexo, é preciso promover oportunidades de aprendizagem variadas e que não sejam restritas ao ensino de formas gramaticais. Segue abaixo um lamento de alguns aprendizes de língua estrangeira, no exemplo a língua inglesa.


Todo ano era a mesma coisa, o mesmo conteúdo: verbo To Be, simple present, simple past, relative pronouns, past and present continuous, verbos regulares e irregulares. Todo conteúdo foi lecionado de forma monótona... a mesma “musiquinha” e a conjugação do verbo to be (neste momento percebi que detestavam a língua inglesa). (PAIVA, 2012, P. 23). Esses lamentos nos incentivam a sair da zona de conforto, e oferecer aos alunos aulas mais motivadoras e atraentes, por meio de práticas sociais da linguagem significativas. É preciso proporcionar oportunidades de interação entre os colegas e, se possível, ir além dos muros da escola. Nessa perspectiva, os professores de língua estrangeira, Inglês e Espanhol, do centro de Excelência Maria das Graças Meneses Moura, localizado na cidade de Itabi-Se, ao perceber essa necessidade e vendo a língua como um sistema dinâmico não linear, composto de inter-relação de elementos biocognitivos, socioculturais, históricos e políticos que nos permitem pensar e agir em uma sociedade carente de conhecimento, de acompanhamento em suas casas, carente da presença dos pais ou responsáveis que precisam trabalhar o dia inteiro para sobreviver; Uma sociedade que precisa de uma escola que o atraia, que o faça querer estar na escola, querer estudar. Com isso, é promovido um momento de interculturalidade e interdisciplinariedade, com o intuito de avaliar as competências e as habilidades do aluno, de forma lúdica e educativa; explorar o trabalho em grupo e tornar a aprendizagem significativa; manifestar e socializar os dons artísticos dos alunos; incluir o aluno no mundo globalizado, através da interatividade na relação escola-aluno-mundo; promover prazer e descontração no processo de ensino aprendizagem e vivenciar a cultura norteamericana (halloween) e espanhola (dia de los muertos). No Brasil, temos o dia 02 de novembro para homenagear as pessoas falecidas, conhecido como o ‘dia de finados’, e é visto como um dia de muito respeito aos que já morreram. Essa forma de homenagear os mortos varia de acordo com cada religião ou cultura de cada país. O México é conhecido como um país de festas e rituais, no qual, para os mexicanos qualquer acontecimento é

motivo de festa, e, estas sendo religiosa ou não sempre vem carregada de cores, música, alegria e tristeza, como é o caso do ‘Dia de Los Muertos’, comemorada, nos dias 01 e 02 de novembro, com alegria por se tratar de uma festa e ao mesmo tempo com tristeza por ser dedicada às pessoas que já faleceram. Já a celebração do Halloween é comum em países de língua anglo-saxônica, como os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. No Brasil e nos países latinos acontece de forma mais tímida. O nome que designa essa comemoração é inspirado na expressão ‘All Hallow’s Eve’, que, em português, significa ‘véspera de todos os santos’, uma referência à data celebrada pela igreja católica no dia 1º de novembro. Nessa ocasião, crianças e jovens se fantasiam para sair pela vizinhança fazendo a famosa pergunta: doces ou travessuras? 2. Materiais e métodos O Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura, sob coordenação dos professores de línguas estrangeiras, inglês e espanhol, promoveu o ‘Halloween’ e ‘Dia de Los Muertos’ no ano letivo de 2017, e irá promover em 2018. O projeto pedagógico contou com a participação de todo o corpo discente, com alunos do ensino médio em tempo integral, ensino fundamental e médio regular, e a educação de jovens e adultos. Foi desenvolvido durante todo o mês de Outubro, atividades em sala de aula direcionada ao tema, com aulas expositivas, vídeos, e em seguida a pesquisa e produção de trabalhos em grupo. Todos os trabalhos propostos pelos professores serão desenvolvidos pelos alunos, em grupo, com orientação dos professores. As atividades são: além de pesquisar e ter um vasto conhecimento prévio sobre o que é cada ritual cultural e o que significa para povo, irão produzir pinturas de quadro em tela; pintura em tecido ‘algodão’ (tam 4x4); produção de máscaras (halloween e também dia de los muertos, como catrinas e catrins, por exemplo; produção de maquetes que retratem a festa de halloween e suas simbologias,e, se couver, um halloween brasileiro, no sertão, e dia de los muertos; produção de murais; produção de fantasmas, caveiras, abóboras, de variadas formas, onde os alunos podem usar a imaginação

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e criatividade; produção de enfeites e adereços, e bichos peçonhentos; montar um stand no pátio do colégio, esse somente será realizado e apresentado no dia da culminância. Os alunos que quiseram participar do desfile de melhor fantasia, e também formar grupos com qualquer turma para produzir uma apresentação artística (teatro, dança, música, etc) e concorrer aos três melhores trabalhos, receber uma premiação em balas e chocolates, podendo ser em ambas as línguas estrangeiras, era só se inscrever na ficha de inscrição planejado pelos organizadores.

Segue abaixo um exemplo de como foram distribuídas por turma as atividades pedagógicas:

3. Resultados e discussão Durante o término deste trabalho de pesquisa constatou-se que as aulas e projetos de língua estrangeira devem ser contextualizado, tornando o processo de aquisição da língua inglesa mais dinâmico. Para Santos (2012, pg. 35) “Cabe ao professor avaliar as condições contextuais de seu trabalho com o ensino de língua inglesa e tomar decisões fundamentais sobre as estratégias mais relevantes em seu contexto...” É interessante ressaltar também a importância da diversidade entre os alunos, visto como culturas a serem consideradas e valorizadas. Aceitar as opiniões dos que estão na sala de aula, focalizando o contexto, é gerar a ideia de relacionar a escola com o mundo exterior de forma a promover uma aprendizagem holística, e ajudar os alunos a entender a finalidade do aprendizado e desenvolver suas próprias metas. As pré-atividades consistem no empenho do professor em promover atividades de motivação, dispondo de todos os materiais necessários para aula e exposição dos objetivos das atividades conforme elas vão acontecendo e dos passos a serem seguidos para o bom desempenho da atividade em questão. Dessa forma, os alunos foram estimulados a falar sobre o ‘halloween e o dia de los muertos’ e o modo de celebração dessa data no Brasil. O projeto pôde desenvolver capacidades e habilidades morais e intelectuais que ainda não haviam sido despertadas. Seguem algumas imagens com as produções executadas pelos alunos e orientadas pelos professores.

Figura1. Pintura em tela, sobre o halloween, com cavalete para exposição no pátio do colégio.

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Figura2. Pintura em tela, sobre o dia de los Muertos, com cavalete para exposição no pátio no colégio.

Figura3. Exposição de máscaras representado As duas culturas.

Figura4. Decoração do pátio com abóboras e calaveras.

Constatamos que é importante planejar aulas que sejam motivadoras e desafiantes, que ajudem os alunos a desenvolverem e refletirem suas habilidades, pois todos os alunos têm necessidades, personalidades e expectativas diferentes. Diante desse panorama estudado, percebemos que afirmar que os alunos de hoje são mais complexos não significa dizer que são mais difíceis de se relacionarem. Assumir a complexidade da ação educativa, com motivação, conhecimento e bom senso, contribui para o desenvolvimento dos valores, tais como: relações democráticas, diálogo, respeito mútuo, respeito às diferenças, aos saberes dos alunos, autonomia intelectual, sala de aula como espaço de criatividade. Percebemos também que a educação sempre exerceu a função de unificar os valores culturais, mas é preciso que os alunos sejam estimulados, motivados à descoberta de suas capacidades. Contudo, é possível dizer que é fácil ensinar de maneira rotineira. Seguindo o material didático do mesmo jeito como ele foi idealizado, sem nenhum esforço. Assim, essa prática pode resultar em lições ineficientes e descontextualizadas, pois o professor pouco fez e/ou faz para acompanhar uma turma específica. Foi muito bom ver os alunos preocupados em elaborar seu trabalho, discutindo sobre como fazer, onde e quando. Cada trabalho foi entregue antes de ser avaliado para que pudesse ser analisado, e, se necessário, refeito.

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Figura5. Exposição de maquetes, representando uma festa de halloween e o ritual de dia de los muertos.

Figura7. Mesa com professores, de diversas áreas do conhecimento, como jurados para as apresentações artísticas, e, ao lado direito os alunos que desfilaram para concorrer ao prêmio de melhor fantasia.

Figura6. Exposição de pinturas em tecido (4x4) nas paredes do pátio do colégio.

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Acreditamos que com o resultado do trabalho, os alunos passaram a ter uma nova visão do que é estudar uma língua estrangeira e sua importância para o dia-a-dia. Conclui-se com a certeza de que o trabalho alcançou seu objetivo, que é aproximar mais o aluno para o ensino de língua estrangeira, e perceber a sua importância para a vida, uma vez que foi trabalhado com alunos do baixo sertão, que muitas das vezes, usam a língua Portuguesa internalizada e não a normativa, com isso, fica mais difícil trabalhar língua estrangeira. Referências

Figura8. Uma das professoras organizados do evento, vestida de Catrina, em visita ao stand de espanhol, apresentando um altar mexicano.

4. Conclusão Esse trabalho pedagógico reforçou a importância da pesquisa e da vivência de aspectos culturais das línguas estrangeiras que são estudadas neste estabelecimento de ensino, independentemente do nível de conhecimento dos alunos, pois contribuiu para os alunos enquanto cidadãos, e, motivou a querer aprender mais sobre a língua, novos vocábulos e outros aspectos culturais. O fato de trabalhar outra cultura, provocou muita discussão sobre religião, comportamento, respeito, a linguagem e dialetos próprios do dia das bruxas e de todos os santos, e o dia de los muertos. Os alunos mantiveram-se motivados com a explicação em espanhol dos elementos que compõem o altar mexicano e a sua simbologia e, do mesmo modo, as simbologias do halloween, as cores, as crianças e adultos vestidas de fantasias, o porque de ‘doces ou travessuras’, e, ao final, perceberam que cada cultura possui um modo diferente de ver os acontecimentos da vida e da morte e que variam de acordo com a tradição, religião e crenças do povo. Também é possível ressaltar que os alunos apontam mais dificuldades do que soluções, e, nesse contexto, a presença do professor tem sido fundamental para incentivar e motivá-los em suas produções.

ABRAHAO, Maria Helena Vieira (org.). Pratica de ensino de língua estrangeira: experiência e reflexões / Maria Helena Vieira Abrahao (org.). – Campinas, SP: Pontes Editores, Arte Lingua, 2004. AMORIM, Vanessa; MAGALHÃES, Viviam. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas, dinâmicas e divertidas para o professor de língua estrangeira. Ed. Instituto Pe. Reus, 1998. BOHN, Hilário; VANDRESEN, Paulino. Tópicos em lingüística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. da UFSC, p. 211-236, 1988. BRASIL ESCOLA. Halloeween no Brasil. Disponível em <https:// brasilescola.uol.com.br/halloween/halloween-no-brasil.htm>. NEXO JORNAL. Por que o México faz festa no dia de celebrar os mortos?. Disponível em < https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/01/ Por-que-oMexico-faz-festa-no-dia-de-celebrar-os-mortos > RICHARDS, Jack C. O ensino comunicativo de línguas estrangeiras. Special Book Services, SBS, 2006.PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. Ensino de língua inglesa no ensino médio: teoria e prática. São Paulo: Edições SM, 2012.

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Resumo. Este projeto nasceu das práticas de leitura e de letramento literário realizadas no Colégio Estadual Murilo Braga (Itabaiana/SE) e foi desenvolvido com alunos do ensino fundamental e do ensino médio da escola. Embora a escolha dos gêneros conto e crônica ficcional tenha ocorrido pela relativa aceitação dos jovens estudantes devido à sua pequena extensão; as práticas de leitura e a formação de um público-leitor no referido colégio constituem um desafio diário com o qual anualmente os professores de Língua Portuguesa se deparam. Posto isso, o objetivo deste projeto foi auxiliar o letramento literário dos alunos da unidade de ensino e incentivá-los a ler textos canônicos da literatura brasileira. Para isso, a sua execução foi dividida em duas etapas: a primeira ficou restrita às alunas-bolsistas que realizaram leituras teóricas e literárias; e a segunda etapa foi direcionada às oficinas de leituras com turmas diferentes. Os primeiros resultados das oficinas de leitura promovidas pelo projeto demonstraram um maior interesse dos alunos para com os textos lidos, fruto tanto da escolha dos contos e crônicas quanto da valorização da recepção/leitura dos discentes. Dentro dessa perspectiva, os textos literários lidos sob a ótica da Estética da Recepção valorizaram os leitores reais e, no ato da leitura, promovem uma maior interação entre o texto literário e os jovens leitores. 1. Introdução O presente trabalho é fruto das práticas de leitura e letramento literário realizadas no Colégio Estadual Murilo Braga (Itabaiana/SE) ao longo dos últimos anos letivos. Em outrora, desenvolvi três projetos PIBIC Jr de leitura nesta unidade de ensino: “A recepção do conto machadiano na sala de aula do Murilo Braga” (Edital FAPITEC/SE/CNPq nº12/2011), “O conto na sala de aula do Murilo Braga: recepção e produção”(Edital FAPITEC/

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SE/CNPq nº12/2011) e “A recepção do conto do século XIX na sala de aula do Murilo Braga” (Edital FAPITEC/ SE/CNPq nº14/2012), os três restritos ao trabalho com os bolsistas da época. Também, nos últimos anos, tenho trabalhado o projeto de leitura do CEMB, intitulado “Do conto à crônica no letramento literário”, em parceria com as professoras de Língua Portuguesa Alessandra Gama, Claudete Machado e Goretti Machado. Daí surgiu a necessidade de executar um projeto de leitura que tanto fosse fruto das experiências de leitura realizadas na escola, quanto desse visibilidade aos esforços de leitura e letramento literário efetuados na referida instituição de ensino. O atual projeto PIBIC Jr “O conto e a crônica na prática de leitura dos alunos do Murilo Braga” (Edital FAPITEC/SE/CNPq nº06/2017) envolve duas bolsistas da segunda série do ensino médio matutino, bem como os alunos do ensino fundamental e do ensino médio da escola. Por conseguinte, tem como problema norteador e/ ou questão motivadora formar um público-leitor com os alunos do Murilo Braga, mantê-lo no colégio até o término do ciclo escolar e, com isso, diminuir a rotatividade dos alunos na unidade de ensino. Consequentemente, o objetivo deste trabalho é auxiliar o letramento literário dos alunos do CEMB, formando um público-leitor local, mediante o incentivo à leitura de textos canônicos da literatura brasileira (especialmente contos e crônicas do século XX), promovendo a interação entre leitura e recepção literária e contribuindo para a leitura e a compreensão dos textos das demais disciplinas. Sendo assim, o letramento literário e a formação de um públicoleitor deixou de ser apenas um mero desafio diário dos professores de Língua Portuguesa do Murilo Braga e transformou-se numa meta a ser alcançada, mediante o trabalho integrado entre este projeto PIBIC Jr e o projeto


de leitura da escola. Destarte, o conto e a crônica ficcional foram escolhidos para a execução deste projeto PIBIC Jr devido a sua relativa aceitação pelos alunos enquanto jovens leitores. Fatores como a narrativa breve de pequena extensão, a possibilidade de lê-los em um curto espaço de tempo e o fácil acesso na internet chamam a atenção e despertam o interesse do jovem leitor. O projeto parte da Estética da Recepção – uma escola de teoria literária que surgiu na década de 1960 primeiro na Alemanha e depois nos Estados Unidos – para a qual o leitor tem um papel importante no processo de leitura e na significação da obra (cf. CEIA, 2006). O leitor virtual (implícito na obra) e o leitor real são fundamentais para o processo de leitura. Dentro dessa perspectiva, um leitor apto analisa as estratégias criadas pelo autor, faz conjecturas de como os leitores da época em que obra foi escrita compreendiam o texto literário. De forma semelhante, o leitor real percebe as lacunas da linguagem, interage com o texto literário e encontra novas significações para este. Segundo alguns teóricos e escritores, o conto e a crônica são textos literários que apresentam semelhanças e diferenças. Por um lado, têm como semelhanças a narrativa em prosa, a pequena extensão, os poucos personagens e a ação que geralmente ocorre em um único espaço. Por outro, apresentam algumas distinções, pois o conto é totalmente ficcional, tem um conflito, um clímax e o desfecho geralmente coincide com o clímax; já a crônica reside na fronteira entre o texto jornalístico e o ficcional, pois o seu ponto de partida é um fato real e o seu ponto de chegada é a condição literária (cf. VERÍSSIMO, 2012). Ademais, segundo a maioria dos teóricos, a crônica mantém o seu caráter de atualidade por mais tempo que o conto, o que se justifica por ela ser cronos (tempo) e, por por conseguinte, os leitores do nosso século XXI leem uma crônica que foi escrita há cem anos atrás e têm a impressão que esta foi escrita recentemente.

2. Materiais e métodos A execução deste projeto foi dividida em duas etapas. Na primeira, foram realizados estudos dos pressupostos teóricos do trabalho, tais como Estética da Recepção, Conto e Crônica, além de resumos e apresentações orais realizadas pelas bolsistas PIBIC Jr. À dinâmica pesquisas-resumos-debates, seguiu-se uma seleção de contos e crônicas do século XX, realizada no espaço da biblioteca do Murilo Braga e via Internet no laboratório de informática do colégio, bem como leituras, debates e análises interpretativas dos contos e crônicas escolhidos. Na segunda etapa, as bolsistas elaboraram atividades sobre os textos lidos e socializaram os contos e as crônicas em rodas de leitura com a participação ativa dos alunos da unidade de ensino ali presentes. As bolsistas prepararam o material de seis diferentes oficinas de leitura e compartilharam-nas com uma turma de cada vez perfazendo, até o presente momento, o total de vinte e três rodas de leitura realizadas. No espaço da biblioteca e às vezes na própria sala de aula, os alunos sentaram-se formando um círculo, receberam as cópias dos textos literários e juntos leram, releram e analisaram contos e crônicas. A primeira oficina de leitura elaborada utilizou-se do conto “Caso de secretária” de Carlos Drummond de Andrade e foi apresentada em três momentos distintos aos alunos do 9º A1, 9ºB1, 8ºB1. A segunda oficina leitura preparada foi sobre a crônica “O padeiro” de Rubem Braga e também foi realizada com os alunos do 9º A1, 9ºB1, 8ºB1. A terceira oficina elaborada estabeleceu uma leitura comparada entre o conto “Caso de secretária” (Carlos Drummond de Andrade) e a crônica “O padeiro” (Rubem Braga) e foi interagida com as turmas do 1º B2, 1ºD1, 1º C1. A quarta oficina realizou uma leitura comparada entre as crônicas “O amor acontece” (Adriana Falcão) e “O amor acaba” (Paulo Mendes Campos) nas turmas do 2ºA1, 2ºB1, 2ºC1 e 2ºD1. A quinta oficina de leitura foi realizada com o conto “O homem que sabia javanês” (Lima Barreto) e executada com os alunos do 1º B2, 1ºD1, 1º C1, 1ºB1 e 1ºA1. A sexta oficina de leitura preparada foi realizada com a crônica “O lixo” (Luís

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Fernando Veríssimo) e compartilhada nas turmas do 1º B2, 1ºD1, 9ºA1, 9ºB1, 8ºB1 do C. E. Murilo Braga. 3. Resultados e discussões A interação dos alunos envolvidos nas oficinas ficou evidente. O clima descontraído esteve presente em todas as rodas de leitura realizadas. Após ler cada conto ou crônica, os alunos foram estimulados a socializar com os demais a recepção do texto literário lido. Os aspectos levantados nas oficinas foram, respectivamente: a primeira impressão dos discentes sobre o texto lido, a identificação do gênero conto ou crônica na leitura, a verbalização dos aspectos principais da narrativa, a análise e interpretação do texto, a segunda impressão dos alunos sobre o texto lido e as reflexões compartilhadas sobre cada texto, a partir de vários pontos de vista que surgiram no momento de cada roda de leitura. Nas oficinas do conto o “Caso de secretária” (Carlos Drummond de Andrade), o que mais chamou a atenção dos alunos foi o humor e o fato do empresário achar que a secretária o chama para uma noite de amor e, quando o personagem sai pelado do quarto, encontra a jovem com a esposa e os filhos dele, com os quais lhe havia preparado uma surpresa de aniversário. Nas oficinas da crônica “O padeiro” (Rubem Braga), os alunos ficaram comovidos com a discriminação da sociedade para com o personagem que tinha internalizado, sem mágoa, que ele próprio não era ninguém.

Figura1. Oficina com 8ºB1 do ensino fundamental do CEMB

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Figura2. Oficina com 1ºB2 do ensino médio do CEMB

Nas oficinas da leitura comparada entre “Caso de secretária” (C. Drummond de Andrade) e “O padeiro” (Rubem Braga), os alunos observaram que as profissões simples são estigmatizadas e a sociedade brasileira cria estereótipos para tais personagens: a secretária é a amante sem relevância e o padeiro é um profissional sem importância. Nas oficinas da leitura comparada entre as crônicas “O amor acontece” (Adriana Falcão) e “O amor acaba” (Paulo Mendes Campos), os alunos identificaram marcas realistas nesta e vestígios românticos naquela, bem como compartilharam pontos de vista diferentes sobre o amor na contemporaneidade. Nas oficinas do conto “O homem que sabia javanês” (Lima Barreto), os alunos por si só perceberam, na narrativa, a representação do estereótipo do brasileiro malandro, trapaceiro e desonesto que alcança um cargo no setor público sem ter qualificação para ocupá-lo.

Figura3. Alunos do 1º D1 do ensino médio do CEMB


Figura4. Alunos do 2ºA1 do ensino médio do CEMB

Nas oficinas da crônica “O lixo” (Luís Fernando Veríssimo), os personagens de um prédio de classe média investigam a vida um do outro no lixo e ali começam um romance; com isso, os alunos identificaram a condição de solidão tanto dos habitantes das cidades grandes como da sociedade atual. Nesta e noutras oficinas, os textos literários foram o ponto de partida e a realidade social contemporânea foi o ponto de chegada. A realização das oficinas de leitura, valorizando a recepção dos alunos e inferindo sentidos dos gêneros conto e crônica, tem despertado o interesse dos alunos envolvidos pelos textos trabalhados nas rodas de leitura. Também tem promovido a participação dos discentes nas dinâmicas apresentadas, tem estimulado os partícipes a ler outros gêneros literários e tem desenvolvido o senso crítico dos alunos presentes nas oficinas utilizadas de contos e crônicas. 4. Conclusão A leitura é um hábito a ser estimulado ao longo da vida escolar. Várias estratégias são, com isso, utilizadas pelos docentes para formar um público-leitor, mantêlo e ampliá-lo. Os recursos pedagógicos vão da seleção dos textos aos recursos digitais. Posto isso, as oficinas de leitura realizadas, por intermédio das bolsistas, na maioria das vezes tiraram os alunos da sala de aula e redirecionam-nos a outros espaços, o que os motivou a interagir com o projeto. Ademais, as jovens bolsistas

mostrarem aos colegas o quanto ler pode ser prazeroso e útil foi outro aspecto positivo para o êxito dos trabalhos. As oficinas de leitura já realizadas com a participação ativa dos alunos ao longo do processo foram os primeiros passos de uma jornada anual e diária que tem inserido vários alunos do C. E. Murilo Braga no universo da leitura. O estudo do conto e da crônica do século XX, numa perspectiva da Estética da Recepção, possibilita ao aluno uma interação maior com o texto literário, em que a valorização da recepção/leitura sob a ótica individual e sob vários postos de vista têm enriquecido o trabalho com a literatura e colocado os jovens alunos leitores do Murilo Braga numa posição de sujeitos ativos, aptos a inferir, produzir e compartilhar sentidos. O trabalho ainda está em andamento e o próximo passo será compartilhar as oficinas de leitura já realizadas com mais turmas. Na sequência, preparar outras oficinas para oxigenar as práticas de leitura dos alunos da unidade de ensino e continuar fazendo, portanto, da escola um espaço de formação de leitores críticos e sujeitos da sua própria história. Referências ANDRADE, Carlos Drummond de. Livro de contos. São Paulo, FTD, 2006. ANDRADE, Carlos Drummond de. Crônicas. Mundo digital. Acesso em 21 de janeiro de 2017. ANDRADE, Maria Luzia. A leitura literária no contexto da estética da recepção. Interdisciplinar-Revista de Estudos em Língua e Literatura, v. 10, 2013. BARRETO, Lima. Os melhores contos de Lima Barreto. Acesso em 21 de maio de 2018. CEIA, Carlos. Dicionário de termos literários. São Paulo: Edição Eletrônica, 2006 Disponível em <www2.fcsh.unl.pt/edtl/> Acesso em 18 de julho de 2009. CONY, Antônio. Contos e crônicas escolhidos. Mundo digital. Acesso em 21 de janeiro de 2017.

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Resumo. Neste meta-artigo, apresentamos os resultados do desenvolvimento do projeto intitulado em “O uso de formas pronominais na expressão da segunda pessoa do singular no munícipio de Moita Bonita/SE e outras localidades sergipanas”, ao qual está vinculado o presente trabalho. Neste estudo, objetivamos investigar em quais contextos os internautas, que moram na cidade de Moita Bonita/SE, fazem uso da forma pronominal tu, considerando o tipo de assunto abordado e verificar se eles, ao utilizarem esse pronome nas redes sociais, fazem a concordância verbal de acordo com a gramática normativa. Esta pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual Profa. Maria da Glória Costa com a participação dos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental II. 1. Introdução As redes sociais virtuais são um importante meio de comunicação que nos conectam a pessoas conhecidas/desconhecidas de diversos lugares do mundo, a empresas, a personagens fictícios, a páginas informativas, dentre outras possibilidades. Tais redes podem ser estabelecidas através de usos de aplicativos como Facebook, Whatsapp, Instagram, entre outros. As práticas de escrita, realizadas nesse tipo de ambiente digital, podem ocorrer em contextos com níveis de maior formalidade (-informal) ou menor (+informal), os quais fazem emergir fenômenos linguísticos variáveis, como, por exemplo, a variação entre tu/você na expressão da segunda pessoa do singular. Neste projeto, objetivamos analisar em quais contextos os internautas, que moram na cidade de Moita Bonita/ SE, utilizam a forma pronominal tu, considerando o tipo de assunto abordado. Além disso, buscamos verificar se estes, ao utilizarem o pronome tu nas redes sociais,

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realizam a concordância verbal de acordo com os padrões gramaticais normativos. O presente estudo está vinculado ao projeto “O uso de formas pronominais na expressão da segunda pessoa do singular no munícipio de Moita Bonita/SE e outras localidades sergipanas”, o qual está em desenvolvimento desde 2017. 2. Materiais e Métodos Para desenvolver a presente pesquisa, os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental II do Colégio Estadual Professora Maria da Glória Costa, situado no município de Moita Bonita/SE, coletaram dados de uso da forma tu nas postagens presentes nos story, nas timelines ou nos comentários dos internautas referidos que utilizam o Facebook, o Whatsapp ou o Instagram. As buscas pelos dados de tu foram feitas considerando dois critérios: o dado encontrado só pode ser selecionado para compor a amostra se for de uma pessoa que morou a maior parte da vida na cidade e que é conhecida por pelo menos um dos pesquisadores (para que se possa verificar o primeiro critério). Os estudantes coletaram os dados do pronome tu, a partir das suas redes sociais, independentemente do sexo, idade, escolaridade ou profissão dos internautas. No total, foram coletadas 100 ocorrências da forma tu nas redes sociais digitais durante o período de janeiro a setembro de 2018. Os dados coletados foram tabulados de acordo com o contexto de uso: raiva, xingamento, elogio, ironia, solicitação de informação etc. Os resultados obtidos estão dispostos na seção a seguir. 3. Resultados e discussão Ao analisarmos os usos da forma tu nas redes sociais,


constatamos que as pessoas da cidade de Moita Bonita/ SE utilizam-na para expressar: ironia/indireta (ex. (1)), xingamento (ex. (2)), elogio (ex. (3)), solicitação de

Gráfico 1: Contextos de uso da forma tu nas redes sociais

informação, (ex. (4)) e dar um conselho (ex. (5)). Os resultados obtidos, em relação a esse aspecto, estão dispostos no Gráfico a seguir. No Gráfico 1, verifica-se que o uso mais recorrente da forma pronominal nas redes sociais digitais foi para expressar ironia/indireta, apresentando um percentual de 35% das ocorrências. O segundo contexto mais frequente ocorreu quando os internautas buscavam obter uma informação (22%). Identificou-se também que estes utilizavam a forma tu para fazer algum xingamento (20%) e para realizar algum tipo de elogio (18%). Os demais usos encontrados do pronome em estudo referem-se às situações em que os internautas davam um conselho, apresentando um percentual de 5%. Os dados coletados também foram analisados quanto ao uso da forma tu e a realização ou não da concordância verbal. Os resultados obtidos são

Gráfico 2: Concordância verbal com a forma pronominal tu nas redes sociais

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apresentados no Gráfico abaixo. Observa-se que a maioria dos usos da forma tu nas redes sociais ocorreu sem a realização da concordância com o verbo, apresentando um percentual de 88%. Foram constatadas apenas 12% de ocorrências com concordância. Tais resultados corroboram com os obtidos pelos estudos sociolinguísticos, pois, em termos gerais, os usos do pronome tu na fala de brasileiros geralmente são feitos sem a concordância com o verbo (Cf. MARTINS, 2010; FRANCESCHNI, 2011; SCHERRE, 2013). Embora as redes sociais sejam um ambiente de uso da modalidade escrita, podemos fazer essa correlação com os estudos pelo fato de esse ambiente virtual se aproximar da fala por ser também um contexto em que faz emergir uma linguagem mais espontânea e menos monitorada em situações comunicativas informais. 4. Conclusão A presente pesquisa permitiu-nos identificar as diversas situações que a forma pronominal tu foi utilizada na amostra de dados coletada das redes sociais digitais de internautas da cidade de Moita Bonita/SE. Tais resultados corroboram com os resultados obtidos por Araujo e Jesus (2018) de que há o uso da forma pronominal tu na cidade de Moita Bonita/SE. Em termos gerais, os resultados evidenciaram que o uso da forma tu é mais recorrente para fazer ironia/indireta e sem a realização da concordância verbal padrão. Com a realização do presente estudo, os estudantes aprofundam o conhecimento que possuem sobre o universo da Variação Linguística a partir da análise do funcionamento da língua e dos contextos reais de uso, levando-os a refletir sobre esta e a entendêla melhor. Ademais, o projeto instiga nos estudantes a vontade de pesquisar e de aprender cada vez mais. Dessa forma, rompe-se com abordagem de ensino tradicional ao fazer ciência no espaço escolar tendo o aluno como sujeito ativo nesse processo, propiciando, portanto, a aprendizagem deste de forma produtiva. Sendo assim, a presente pesquisa é condizente com a proposta de ensino de Língua Portuguesa apregoada nos Parâmetros

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Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), uma vez que este documento oficial ressalta a necessidade de propiciar no ambiente escolar a reflexão a respeito das características semânticas e pragmáticas de cada palavra em situações reais de uso. Referências ARAUJO, A. S.; JESUS, E. A. B. Sociolinguística e ensino: avaliação e atitude linguística no contexto escolar. Interdisciplinar, v. 29, p. 87-107, 2018. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Língua Portuguesa. Ensino. Fundamental. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1998. FRANCESCHNI, L. Variação pronominal nos/a gente e tu/você em Concordia – SC. 2011. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2011. MARTINS, G. F. A alternância tu/voce/senhor no município de Tefe: Estado do Amazonas. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília, 2010. SCHERRE, M. M. P. Revisitando a polemica do livro didático do MEC: variação linguística, mídia e preconceito. In: ENCONTRO SOCIOLINGUISTICA, 2013.


Resumo. Este trabalho tem como objetivo verificar como a noção de variação linguística está sendo vista/vivenciada no Colégio de Aplicação - UFS. Para tanto, serão realizadas cinco etapas de execução que ocorrerão desde o diagnóstico à elaboração de joguinhos sobre variação linguística para concretizar intervenções. O diagnóstico (questionários) foi a primeira etapa realizada indicando que muitos ainda acreditam que não existe o Preconceito Linguístico ou que a Variedade Linguística existente é só a regional. A partir do diagnóstico, trabalharemos o senso crítico da comunidade escolar, a partir de rodas de debates e aplicação dos joguinhos. 1. Introdução A língua é um sistema vivo e adaptável aos contextos de uso. Trata-se de um universo complexo, rico, dinâmico e heterogêneo; que não pode ser resumido somente à padronização e ao mito da homogeneidade. A falta de compreensão de que a língua está sujeita à variação e a diversas mudanças que acontecem diariamente pode provocar impactos, como o preconceito linguístico (BAGNO, 2001), o que evidencia a necessidade de discussão no âmbito escolar. Diante disso, neste projeto, objetivamos verificar como a noção de variação linguística está sendo vista/vivenciada no Colégio de Aplicação/ UFS, com o intuito de despertar na comunidade escolar a importância da língua enquanto construção social. Conhecer fatores associados à variação linguística pode contribuir para que o aluno sinta curiosidade de descobrir as origens e a história da sua própria língua, como, de que forma e porque a heterogeneidade acontece, a fim de encarar com seriedade as diferenças ao seu redor e defendê-las, ao invés de incitar o preconceito linguístico, por exemplo (cf. BAGNO, 2001; BORTONI-RICARDO,

2004). A partir desse panorama, o desenvolvimento do projeto não só colaborará para que a comunidade escolar valorize o patrimônio linguístico que possui como também conduzirá os seus integrantes ao entendimento de que os diversos falares devem ser respeitados. Tudo isso subsidiará a apropriação do conhecimento científico no que se refere a própria língua. 2. Materiais e Métodos Para desenvolver este projeto, estão envolvidas três discentes que pertencem, respectivamente, ao 8º ano do Ensino Fundamental e ao 3ª série do Ensino Médio, do Colégio de Aplicação/UFS - as quais são bolsistas de PIBICJr/Fapitec. A pesquisa está sendo desenvolvida no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, com alunos do Ensino Básico, do sexto ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio, e com professores, os quais fazem parte da referida instituição. A pesquisa contou com a colaboração de 73 participantes, entre alunos, professores e servidores. Os procedimentos seguidos para desenvolver esta pesquisa foram: i) leitura e resenha da bibliografia indicada; ii) aplicação de questionário online - a fim de verificar a percepção dos discentes e docentes do CODAP/ UFS sobre variação linguística; iii) rodas de debates; iv) estudo de algumas questões sobre variação linguística nos livros de Língua Portuguesa - com caráter educativo e colaborativo; v) e confecção de “joguinhos” sobre variação linguística (pesquisados e confeccionados pelas bolsistas de PIBICJr/Fapitec do referido projeto).

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3. Resultados e discussão O questionário - aplicado durante o período de 31 dias do mês de julho de 2018 - buscava avaliar como a noção de variação linguística está sendo vista/vivenciada no Colégio de Aplicação/UFS. Abaixo apresentamos nos gráficos os resultados obtidos com a aplicação do questionário.

Gráfico 1: Formas pronominais que os informantes utilizam para se dirigir a pessoas mais velhas. Fonte: Elaborado pelas autoras.

De acordo com os resultados, observou-se que, a maioria dos entrevistados, 86%, escolheu a forma de tratamento “senhora”. Nessa perspectiva, conforme Araujo e Jesus (2018, p. 101), a preferência pela opção “senhora” “deve-se aos papéis sociais que cada um desempenha, os quais evidenciam uma relação de poder entre estes, favorecendo o uso do pronome com maior grau de formalidade e mais cortês”.

A questão 2 refere-se ao uso diário de alguns pronomes, principalmente, sobre a situação da recorrência do “tu” ou do “você”. Os dados obtidos corroboram a existência da variação regional, quando percebe-se o uso majoritário de “você”. Legitimando, dessa forma, os aspectos da língua ligados ao regionalismo (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2009).

Gráfico 2: Formas pronominais “Vocês” versus “Vós”. Fonte: Elaborado pelas autoras.

A questão 3 apontava a intenção de verificar a frequência do uso dos pronomes “vocês” e “vós”. A partir da análise do gráfico 3, foi perceptível que a maioria dos participantes (57%) respondeu usar o pronome “vocês” o tempo todo. Corroborando, assim, a ideia de evolução temporal da língua.

Gráfico 4: Formas pronominas “nós” versus “a gente”. Fonte: Elaborado pelas autoras.

Gráfico 2: Formas pronominas “Tu” versus “Você”. Fonte: Elaborado pelas autoras.

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A partir dos resultados obtidos, observamos que a maioria, 62 % das pessoas, assinalaram “as duas formas são boas”. Corroborando, desse jeito, o que afirma Lopes (2013) acerca da autonomia que o falante possui em utilizar tanto “nós” quanto “a gente”.


5 - Na aula de Geografia, Márcio assistiu a um vídeo, no qual algumas pessoas falavam “ocê”, “cê” e “você”. Considera alguma dessas formas linguísticas ERRADA?

Gráfico 5: Formas pronominais “você”, “ocê” e “cê” Fonte: Elaborado pelas autoras.

A questão 5 queria saber do participante a sua opinião sobre o pronome pessoal “você” e as suas variáveis “cê” e “ocê”. A maioria dos entrevistados, 63,9%, respondeu que nenhuma das formas é errada. Confirmando, assim, a noção estabelecida de que essas três formas fazem parte da nossa realidade.

Gráfico 6: Avaliação sobre variação linguística Fonte: Elaborado pelas autoras.

A questão 6 desejava saber qual a opinião dos entrevistados sobre a existência de tantas formas linguísticas. A maioria deles, 81 %, respondeu “Exagerada”; comprovando, assim, para nós que apesar de usarem diferentes formas pronominais tanto os alunos

quanto os professores não estão conscientes do fenômeno que acontece na língua. Isso pode acarretar a prática do preconceito linguístico e seus impactos para a sociedade. Para subsidiar a pesquisa, também fizemos um estudo de algumas questões sobre variação linguística nos livros de Língua Portuguesa utilizados no Colégio de Aplicação - com caráter educativo e colaborativo: “Português Linguagens em Conexão” (SETTE, TRAVALHA, STARLING; 2013), 3º ano EM, e “Português Nos Dias De Hoje” (FARACO; MOURA, 2012), 9º ano EF. Foi possível perceber que no livro do 3º ano tem 24 questões sobre variação linguística, embasadas na variação diatópica, ou seja, há uma valorização das variações que ocorrem pelas diferenças regionais, o que é muito positivo, pois contribui para a discussão sobre a existência dos diversos falares. No livro do 9º ano tem 19 questões que retratam a variação linguística, sendo a maioria trabalhada por meio dos gêneros textuais diálogo e poesia, constatou-se, também, o predomínio da variação diatópica. Cabe destacar ainda a confecção dos seguintes joguinhos: i) Quebra-cabeça de madeira - este jogo retrata a variação linguística regional. Cada participante identificará as palavras mais usuais de cada região do Brasil, a fim de montar um mapa; ii) Jogo a língua é a roupa que vestimos – este jogo é um PPTGame, no qual cada participante escolherá uma dada roupa para vestir a imagem de uma boneca de acordo com cada situação/ ocasião, isso servirá de analogia à língua em contexto de uso; iii) Jogo Cobras e Escadas – foi produzido para o jogador responder perguntas sobre o assunto referido. O primeiro jogo foi elaborado com papel adesivo colado em madeira, o segundo está sendo aperfeiçoado para ter mais situações de interação e o terceiro foi feito com tinta, papelão e biscuit. Além destes, estão sendo pensados outros jogos e também está sendo desenvolvido um blog, que visa publicar poemas, vídeos e imagens sobre o tema levando a compreensão da variação linguística para além do âmbito escolar. Com os jogos e o blog, os alunos poderiam compreender que “assim como trocamos de roupa, trocamos de língua, de acordo com o papel social que desempenhamos” (FREITAG; LIMA, 2010, p.10).

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(Jogo I, Jogo II, Jogo III)

Os resultados obtidos reforçam a hipótese inicial de que ainda é necessária ampla discussão pela escola sobre variação linguística e o preconceito linguístico, isso porque, do ponto de vista social, a falta de compreensão de que a língua está sujeita a diversas mudanças geradas através de condições que impulsionam as mesmas, pode provocar impactos, como o preconceito linguístico/ desprestígio social (BAGNO, 2001; FARACO; ZILLAS, 2015). 4. Conclusão A partir dos resultados parciais, foi perceptível a necessidade de debates mais aprofundados sobre o tema entre discentes e docentes do Colégio, já que muitos ainda acreditam que não existe o Preconceito Linguístico ou que a Variedade Linguística existente é somente a regional. Evidencia-se como pontos positivos, o aprofundamento do tema entre as bolsistas e a interação com outros discentes e docentes, proporcionando uma maior aproximação entre os mesmos e uma melhor discussão sobre a temática. Destaca-se como ponto negativo a falta de interesse de alguns discentes em contribuir para o projeto, dificultando em algumas fases, como a aplicação dos questionários, ou considerando o tema sem importância. Para as próximas etapas do projeto, temos como objetivo a confecção de mais jogos e a criação de oficinas sobre Variação Linguística para concretizar melhores intervenções.

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Referências ARAUJO, Andreia Silva, et al. A expressão do tempo verbal passado no português: a descrição dos compêndios gramaticais. Interdisciplinar: Revista de Estudos de Língua e Literatura, v. 12, 2010, p. 257-269. ARAUJO, Andreia Silva; JESUS, Eccia Alecia Barreto. Sociolinguística e ensino: avaliação e atitude linguística no contexto escolar. Interdisciplinar. São Cristóvão, v. 29, p. 87-107, 2018. ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. Prefacio de Margareth, São Paulo: Cortez, 2009. BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2001. BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola, 2008. FARACO, Carlos Alberto; ZILLES, Ana Maria Stahl. Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015. FARACO, Carlos Emilio; MOURA, Francisco Marto de. Português nos dias de Hoje. São Paulo: Leya, 2012. FREITAG, Raquel Meister Ko; LIMA, Geralda de Oliveira Santos. Sociolinguística. Caderno Cesad. UFS: São Cristóvão, 2010. LOPES, Celia Regina. Pronomes Pessoais. In: VIEIRA, Silvia Rodrigues; BRANDAO, Silvia Figueiredo. Ensino de Gramatica: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2013. SETTE, TRAVALHA, STARLING. Português: Linguagens em Conexão. Vol. 3. São Paulo: Leya, 2013.

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Resumo. Que fatores impactam a aprendizagem da oralidade em língua inglesa, na escola pública? A partir da análise de um questionário socioeconômico e uma prova escrita e oral com os alunos do 6º ano da Escola Municipal Profa. Maria Thétis Nunes, este trabalho apresenta alguns desafios e possibilidades para a aprendizagem da oralidade, em língua inglesa. Concluímos, parcialmente, que a escola analisada configura um espaço favorável à aprendizagem, sendo necessário, contudo, estar atento às carências afetivas dos alunos e ao seu comportamento. 1. Introdução Quais fatores impactam nessa aprendizagem da oralidade em língua inglesa na escola pública? Partindo desta questão, busca-se identificar o nível de conhecimento dos estudantes, bem como a relação deles com a aprendizagem de língua inglesa. Além disso discutimos sobre os eventuais fatores socioeconômicos que podem impactar na aprendizagem de inglês em sala de aula. O estudo faz parte de um projeto mais abrangente, financiado pela FAPITEC-SE, que pretende aplicar um método focado na oralidade, em uma turma do 6º ano de uma escola pública de Aracaju. Miccoli (2011) argumenta que é possível aprender a oralidade, em inglês, na escola pública, desde que superemos os diversos obstáculos que impedem a criação de um ambiente propício à aprendizagem de uma língua estrangeira: professores malformados, turmas grandes, carga horária reduzida. A autora aponta que o ensino de línguas como foco na comunicação, no uso da língua em sala de aula na interação entre professor e alunos através do desenvolvimento das quatro habilidades, embora desafiador, passa a ser o propósito norteador das ações do professor (MICCOLI, 2011, p. 180).

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Zacchi (2017, p. 66) adverte que o ensino de língua inglesa deve se pautar pela construção de sentidos contextualizados e numa aprendizagem significativa para alunos e professores. Além disso, o autor aponta que esses significados estão sendo construídos cada vez mais de forma multimodal, ou seja, relacionando aspectos textuais, visuais, sonoros, táteis etc. Daí, segundo o autor, se torna cada vez mais difícil praticar o ensino com base nas chamadas “quatro habilidades” (compreensão e produção escrita e compreensão e produção oral). Foco na oralidade não exclui as demais habilidades, nem significa um trabalho de forma compartimentada, mas pressupõe que as atividades, mesmo aquelas relativas à leitura e escrita, estarão voltadas para o desenvolvimento da compreensão e expressão oral. Para isso “é preciso que o professor saiba a língua, pois ninguém ajuda outra pessoa a aprender aquilo que ele mesmo não sabe” (PAIVA, 2009, p.32) Primeiramente, vamos falar sobre a condição socioeconômica dos estudantes no sentido de refletir em que medida essa condição pode impactar na aprendizagem. Em seguida, vamos comentar sobre a valorização da aprendizagem de inglês pelos estudantes, a partir dos dados coletados no questionário. Por fim, vamos discutir sobre os resultados do teste inicial de conhecimentos aplicado antes do início das 10 aulas. 2. Materiais e Métodos O estudo está sendo desenvolvido com alunos do 6º ano, da Escola Municipal Profa. Maria Thétis Nunes, situada no bairro América, em Aracaju. Os estudantes têm idades entre 10 e 15 anos e residem próximo à escola. Eles possuem professor de língua inglesa, a quem foi solicitado 10 aulas para aplicação do projeto, iniciando-se


no dia 02 de agosto de 2018. A turma em que está sendo realizado o projeto possui 16 alunos no total e 13 alunos frequentando regularmente. Porém, no dia da aplicação do questionário, estavam presentes 11 alunos, sendo 7 meninos e 4 meninas. Para alcançar os objetivos, foram aplicados um questionário socioeconômico e um teste inicial para identificar os conhecimentos dos estudantes, a fim de analisar os fatores socioeconômicos que impactam na aprendizagem de inglês na sala de aula regular. Os alunos responderam inicialmente ao questionário socioeconômico e, em seguida, ao teste inicial, que consistia de uma avaliação escrita, com 10 questões, e uma avaliação oral, com 8 questões. A avaliação oral foi realizada através de perguntas adaptadas do método que seria utilizado nas aulas, conforme anexo a este artigo. As respostas eram divididas em quatro categorias: a) não soube; b) teve muita dificuldade; c) errou pouco; d) acertou. A prova escrita foi feita individualmente e a prova oral foi aplicada pelo coordenador desta pesquisa e por um estudante do 9º ano, co-autor deste artigo, o qual já conhecia as perguntas e as respostas e foi orientado a como proceder em relação à aplicação da prova. Os dados foram consolidados e analisados usando a ferramenta digital Google Forms, que permite a geração automática de gráficos. A partir daí, iniciamos as aulas de inglês, com base no método denominado “Callan Method”. Por questões de tempo e espaço, trataremos aqui apenas dos dados coletados antes do início das aulas, ou seja, o questionário socioeconômico e as provas iniciais, no sentido de discutir sobre os desafios e possibilidades para o desenvolvimento da oralidade em língua inglesa. O método, baseado nos princípios do método audiolingual, propõe-se a construção de estruturas sintáticas e vocabulário contextualizado a partir do próprio ambiente escolar. Assim, nas primeiras aulas, por exemplo, o estudante aprende a falar sentenças relativas à própria sala de aula. “Isto é uma caneta”, “abra o livro” etc. Uma das vantagens do “Callan Method” é que as palavras são sempre apresentadas de forma contextualizada e com o apoio multimodal. Então, ao apresentar a palavra

“pen” (caneta), o aluno ouve a pronúncia /pén/, lê a palavra escrita, vê a imagem de uma caneta projetada no livro e nos slides usados nas aulas, além de praticar os sentidos dessa palavra em frases. O método pressupõe que o professor ou o próprio aluno, depois de aprender o sentido das palavras, soltas, vai praticá-las, perguntando e respondendo, usando seu próprio contexto. Os alunos-bolsistas, atualmente no 9º ano, contribuíram para a elaboração dos questionários e avaliação inicial, que já foram aplicados. No momento de elaboração deste artigo, haviam sido ministradas seis das dez aulas previstas, as quais foram observadas também pelos bolsistas e analisadas. 3. Resultados e discussão O primeiro aspecto positivo é que a turma tem menos de 20 alunos, o que configura um cenário favorável, visto que “um número elevado de alunos dificulta o trabalho de gerenciamento e de monitoração do professor” (OLIVEIRA, 2014, p. 28). De modo geral, quanto maior o número de aluno menor é a condição do professor de dar uma atenção individualizada aos estudantes. 3.1. Condição socioeconômica dos estudantes Para analisar a condição socioeconômica dos alunos, foram inseridas no questionário perguntas a respeito dos bens de consumo duráveis de posse da família do/a aluno/a, a exemplo do que ocorre com o questionário socioeconômico da Prova Brasil (BRASIL, 2018). A totalidade das questões encontra-se no anexo desse artigo.

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A Tabela 1 mostra o quantitativo de alunos que possui os bens de consumo citados nas perguntas. Os dados, somados à observação, permitem sugerir que se trata de alunos de famílias humildes, mas que possuem as condições mínimas de subsistência digna. Chama nossa atenção a quantidade significativa de alunos com acesso à internet, o que pode ser um aspecto positivo que possibilita potencializar a aprendizagem de língua inglesa. Depreende-se dos dados coletados que nenhum dos alunos, em relação à situação econômica da família, está em situação de vulnerabilidade absoluta ou sem acesso a bens materiais mínimos à subsistência. Isso, no entanto, não exclui a necessidade de se trabalhar em sala de aula questões ligadas ao acesso a bens e à distribuição igualitária da riqueza. Com relação às configurações familiares, houve uma variação significativa, visto que oito estudantes não residem na companhia do pai e quatro informaram não residir com a mãe. Esses dados são importantes para antecipar desafios resultantes de eventuais carências afetivas ou dificuldades disciplinares pela falta de referência familiar. Embora careça de mais estudos, é possível sugerir que essas configurações familiares, quando contrariam a expectativa do estudante, podem contribuir para comportamentos atípicos dentro da sala de aula. Por outro lado, todos os estudantes informaram ser incentivados a estudar por suas famílias, conforme se nota na Tabela 2. 3.2. Valorização da aprendizagem de inglês A segunda parte do questionário continha perguntas que buscavam entender a relação dos estudantes com a aprendizagem, no sentido de entender se esta é valorizada pela família e pelo aluno. A tabela 2 sintetiza as respostas, evidenciando que a aprendizagem é valorizada pelos estudantes como parte de um contexto maior.

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O grupo estudado possui quatro repetentes, que representa uma relativa distorção idade-série, que precisa ser considerada nas atividades em dupla e em grupo, porque as relações interpessoais e os sentidos construídos podem ser muito discrepantes em função da diferença de idade dos alunos. No que diz respeito à atitude em relação à aprendizagem de língua inglesa, o grupo apresenta dados bastante favoráveis, pois a quase totalidade dos estudantes (10 de 11) gosta de inglês e tem contato com inglês fora da escola, evidenciando que “o aprendiz de língua estrangeira, quando motivado, usa essa língua para fazer alguma coisa fora da sala de aula” (PAIVA, 2009, p. 33). Além disso, todos confiam na EMEF Profa. Maria Thétis Nunes como locus para aprender a falar o idioma e reconhecem que aprender inglês fará diferença em suas vidas, contrariando o senso comum de que normalmente os alunos tendem a acreditar que só se aprende inglês em cursos livres de idiomas. 3.3. Situação inicial quanto ao conhecimento da língua inglesa Em relação ao conhecimento inicial dos alunos, as provas escrita e oral evidenciaram que, pelo menos no que diz respeito ao que se pretende ensinar com o “Callan Method”, os alunos possuem conhecimento bastante limitados. Quatro alunos conheciam algumas cores em inglês e nove alunos souberam dizer alguns números de 1 a 10 em inglês. Longe de ser um obstáculo, o conhecimento dos alunos a respeito das cores e dos números pode ser o ponto de partida para a aprendizagem significativa e para a contextualização dos conteúdos a serem trabalhados em sala de aula. 4. Conclusão O ensino da oralidade em língua inglesa na escola pública está permeado de desafios e possibilidades. Neste breve artigo, buscamos explicitar as questões que antecedem a aplicação de um método para desenvolver a habilidade de fala em uma escola de Aracaju.


Os dados permitem afirmar que a escola analisada se configura como um espaço onde é possível ensinar e aprender a falar inglês devido ao interesse e disposição dos estudantes e o incentivo da família, bem como o acesso dos alunos à internet. Além disso, a turma possui quantidade adequada de estudantes. No entanto, é necessário também estar atento a como as estruturas familiares podem impactar na disciplina e comportamento dos alunos. Após as 10 aulas, os alunos serão reavaliados para sabermos em que medida aprenderam a falar inglês nesse cenário favorável, aliado à aplicação de um método voltado para a oralidade. Referências BRASIL. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Sistema SAEB. Instrumentos de Avaliação. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/web/guest/ educacao-basica/saeb/instrumentos-de-avaliacao>. Acessado em set. 2018. MICCOLI, Laura. O ensino na escola pública pode funcionar, desde que... In: LIMA, Diógenes Cândido de (org.). Inglês em escolas públicas não funciona? Uma questão, múltiplos olhares. São Paulo: Parábola Editorial, 2011, p. 171-184. OLIVEIRA, Luciano Amaral. Ensino de língua estrangeira para jovens e adultos na escola pública. In: LIMA, Diógenes Cândido de. Ensino Aprendizagem de língua inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 21-30. PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. O ensino de língua estrangeira e a questão da autonomia. In: LIMA, Diógenes Cândido de. Ensino Aprendizagem de língua inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 31-38. ZACCHI, Vanderlei J. Jogos eletrônicos e novos letramentos no ensino de língua inglesa. In: TAKAKI, Nara Hiroko; MACIEL, Ruberval Franco (Orgs.) Letramentos em terra de Paulo Freire. 3ª ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2017, p. 63-74.

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Resumo. Com este trabalho, pretendemos, através da interdisciplinaridade entre as matérias de Literatura e História, contribuir com a aprendizagem dos alunos da Escola Estadual Professor Antônio Fontes Freitas, situada em Nossa Senhora do Socorro e do Colégio Professor José Franklin, situado no município de Barra dos Coqueiros, a partir da leitura do romance “Os Corumbas”, do autor Amando Fontes, que aborda em sua obra parte da história social e econômica de Aracaju no início do século XX, aproximando o elemento literário do estudo da história da formação da capital sergipana, através da análise da obra e do panorama histórico presente nela, levando o aluno a “vivenciar” por intermédio de leituras analíticas, aulas interdisciplinares e do reconhecimento prático de locais históricos de Aracaju, citados no romance valorizando o conhecimento. 1. Introdução A Literatura, de acordo com Antônio Cândido “tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas” (1995, p, 235). Acreditando que a história se aproxima da literatura em seus objetivos de aprendizagem, desenvolvemos uma proposta de trabalho para colaborar com o desenvolvimento intelectual dos alunos das escolas de N. Sra. Do Socorro e Barra dos Coqueiros.

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2. Materiais e métodos Nas discussões sobre como criar uma metodologia capaz de promover a aprendizagem dos conteúdos de literatura para além das características de determinado movimento literário, e de conteúdos de História que ultrapassassem o processo de memorização de fatos e características presentes em determinado período cronológico, planejamos, durante os encontros que antecediam as aulas de literatura sexta à noite no pré universitário no Colégio Paulo Freire, onde eu e a Professora Adinagruber mantínhamos contato semanalmente, rascunhamos um projeto envolvendo a leitura de um romance que possuísse como espaço da narrativa a capital sergipana no momento de sua formação histórica para desenvolvermos nas escolas em que trabalhamos. O desafio que se apresentou foi: Como fazer para que o aluno “tomasse gosto” pela leitura? E além: pela leitura dos romances brasileiros? Uma vez que vivemos na era da informação rápida e “rasa” encontrada a esmo e com extrema facilidade no ambiente virtual da internet. Optamos pela escolha de uma obra que fosse envolvente e que possuísse uma proximidade, por tratar de uma “realidade” social local, do público com o qual trabalhamos, que, em sua maioria, é pertencente a classe mais humilde e envolvido pela necessidade de trabalhar para ajudar nas despesas familiares. Por se tratar de uma obra já com edições esgotadas, providenciamos, com o apoio das escolas, cópias do romance e distribuímos para que os alunos pudessem ler. Por conseguinte, solicitamos que os discentes fizessem anotações das passagens mais relevantes para eles durante as leituras, como também, por se tratar de uma obra que tem como pano de fundo a


realidade sergipana, a identificação dos nomes das cidades e ruas citadas no livro, e, por fim, o reconhecimento de possíveis expressões linguísticas típicas aos falares sergipanos, e a observação das personagens a partir das crenças, classe social, ideologias e das características do período histórico. Planejamos as aulas expositivas e visitas técnicas a partir dos conceitos e período histórico abordados no romance. Programamos também visita ao Museu Palácio em Aracaju, onde encontramos à disposição documentos acerca da memória da República no Brasil e em Sergipe, possuindo em seu acervo uma bela maquete de Aracaju baseada no projeto do tabuleiro de xadrez do Arquiteto Sebastião Basílio Pirro. A partir de aulas interdisciplinares nas duas escolas, abordando a produção literária da geração de 30 e o Modernismo brasileiro; A industrialização brasileira no início do período republicano e o crescimento/ desenvolvimento das cidades brasileiras no início do século XX, propomos aos alunos do 3 ano do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Antônio Fontes Freitas, situada em Nossa Senhora do Socorro e do Colégio Professor José Franklin, situado no município de Barra dos Coqueiros a leitura do Romance Os Corumbas de Amando Fontes, autor da literatura brasileira, pouco citado nos livros didáticos, que aborda em sua obra um panorama histórico sobre a formação da capital sergipana e seus aspectos socioeconômicos no início do século XX.

Após as aulas e a leitura, fizemos análise da obra e visita técnica aos locais citados no romance buscando tornar possível ao aluno “vivenciar” a história local. 3. Resultado e Discussão 3.1 A visita técnica Com o objetivo de trabalhar a questão da verossimilhança entre literatura e história, realizamos uma visita aos diversos espaços citados na obra “Os Corumbas”. Passeamos pela estória apresentada no romance ao circular pelas ruas do bairro Industrial onde se desenrola a maior parte da trama, buscando compreender o contexto histórico, as ideias e os sentimentos trazidos pelas personagens. Visitamos os bairros Santo Antônio, Centro e Siqueira Campos, locais de moradia e interação social entre as personagens do romance.

Foto 2: Visita as ruas do Bairro Industrial

Foto 1: Aulas de Literatura e História

Nas andanças pela Avenida General Calazans, onde estavam localizadas as antigas fábricas de tecido Sergipana e Têxtil, pudemos observar as mudanças e permanências ocorridas nos últimos cem anos, pois, mesmo com a ausência das fábricas de tecido, extintas durante o processo de industrialização sergipano, permaneceu a característica forte na econômica local,

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agora na oferta de serviços e nos estabelecimentos comerciais. Exemplo desse processo está na existência de uma grande quantidade de trabalhadores que atualmente estão lotados nas empresas Santa Mônica e Alma Viva. E outros muitos que, em breve, serão empregados do centro comercial Shopping Parque que será inaugurado na região.

Foto 4: Visita as ruas do Bairro Industrial

Pausamos para o lanche na área da Igreja no alto do Santo Antônio para observar a cidade e refletir sobre as informações.

Foto 3: Visita as ruas do Bairro Industrial

Foi possível perceber também no caminho entre N. Sra. do Socorro, Aracaju e Barra dos Coqueiros, que a realização de obras públicas com a abertura de vias largas capazes de facilitar o acesso dos trabalhadores aos seus destinos, tal qual as obras realizadas para ligar o bairro industrial às demais regiões da cidade, que também tinham o objetivo de facilitar a chegada do empregado às fábricas de tecido à época como as pontes de concreto nas avenidas principais do bairro. Trouxemos para a rua uma aula sobre o romance realista enquanto fonte histórica, abordamos aspectos da história in loco, discutimos o processo de industrialização no Brasil e em Sergipe, as condições de vida do trabalhador, o trabalho feminino nas fábricas, o discurso e o projeto modernizador brasileiro no início do século passado.

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Foto 5: Colina do Santo Antônio

3.2 A avaliação De volta à sala de aula, debatemos os temas abordados durante as aulas expositivas, quando foi possível constatar, a partir das narrativas dos estudantes, a compreensão dos temas trabalhados e a apreensão das informações de forma bastante positiva.


Observamos o interesse na leitura do romance por se tratar de uma estória local e o prazer em participar de uma atividade que misturou conhecimento teórico e prático. 4. Conclusão De acordo com Menezes “A percepção literária desse misto de realidade histórica e de ficção, encontra no romance histórico sua forma mais expressiva de produção” (2013, p. 9). Percebemos que a metodologia utilizada para trabalhar os conteúdos de História e Literatura contribuiu, de forma satisfatória, para a aprendizagem proposta no planejamento das atividades, e que o objetivo de incentivar a leitura surtiu o efeito desejado. Apesar das dificuldades encontradas para realizar a atividade externa, foi possível partilhar entre os colegas das suas escolas uma nova perspectiva para realizar o objetivo da educação que é fazer com que a aprendizagem aconteça. Essa percepção também chegou aos estudantes, porque aprender vivenciando o que está nos livros, transforma o processo de ensino aprendizagem em uma ação mais interessante e significativa.

Referências CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. 3a edição, São Paulo, Duas Cidades, 1995, pp. 235-263 FONTES, Amando. Os Corumbas. 24 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001. MAESTRI, Mário. História e romance histórico: fronteiras. In: Novos Rumos. Ano 17, nº 36, 2002, p. 38-44. MENEZES, Aldair Smitth. Os Corumbas e Os desvalidos: entre a história e a Literatura. Anais do XXVII Simpósio Nacional de História. Conhecimento histórico e diálogo social. Natal, jul. 2013. SILVA, M. Ivonete S. Romance Industrial: Aspectos histórico s e sociológicos da obra de Amando Fontes. Aracaju: Governo do Estado de Sergipe/ FUNDESC, 991.

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Resumo. O objetivo deste trabalho foi analisar a percepção dos/as alunos/as do terceiro ano do ensino médio regular do Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura acerca dos papeis de gênero feminino e masculino na sociedade. A necessidade de diálogos mais profundos sobre as concepções de gênero masculino e feminino é perceptível no ambiente escolar onde as relações de poder são, muitas vezes, reforçadas. Para o desenvolvimento deste trabalho foram aplicados questionários aos jovens e, a partir da coleta de dados, análises foram realizadas a respeito da construção de ideais e da naturalização das características consideradas masculinas e femininas. 1. Introdução Frequentemente lemos e/ou ouvimos falar que Sexualidade não é assunto para debate no ambiente escolar. Tendo em vista que a escola é um dos principais ambientes de formação de cidadãos, compete à mesma, permitir e oportunizar a discussão de questões sociais referentes ao respeito à diversidade e igualdade entre os gêneros. Assim como destaca Guacira Lopes Louro (1997), as diferenças, distinções e desigualdades são produzidos na escola. Desde cedo ela produz e reforça as diferenças. A partir da disciplina eletiva intitulada “CÁ ENTRE NÓS” - ofertada no primeiro semestre de 2018 na referida escola - que tratou de temas ligados à Ética, Saúde e Sexualidade, nasceu a ideia de realizar uma pesquisa com alunos/as do 3º ano do ensino médio regular sobre as crenças e concepções dos mesmos a respeito dos gêneros masculino e feminino. As diferenças biológicas entre homens e mulheres geralmente são suficientes para criar socialmente ideias e valores do que é ser homem ou mulher. Isto reflete nos diferentes papeis

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e comportamentos atribuídos aos homens e mulheres a partir dos quais se estabelecem padrões do que é próprio para cada gênero. Entretanto, para Louro (1997, p.28) “em suas relações sociais, os sujeitos vão se construindo como masculinos ou femininos, modificando seus lugares sociais, suas disposições, suas formas de ser e de estar no mundo”. Com o intuito de utilizar o espaço da escola para desconstruir esses “modelos” contribuindo assim para uma sociedade mais justa com direitos, liberdade e respeito garantido para todos, ações são necessárias. Entre elas oferecer palestras, oportunizar debates e reflexões, realizar oficinas que trabalhem temáticas envolvidas, podem ser algumas das propostas de ações na escola. Para tanto, a equipe de alunas participantes da pesquisa estão preparando seminário para sensibilizar toda a escola estimulando um olhar mais crítico voltado para a igualdade entre os gêneros. 2. Materiais e Métodos Para a realização da pesquisa foi aplicado um questionário para os/as alunos/as do 3º ano do ensino médio regular do Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura no primeiro semestre de 2018. Ao total, 22 estudantes – entre eles, 12 são do sexo masculino e 10 são do sexo feminino – com idade entre 16 e 19 anos se dispuseram a participar da pesquisa. Os questionários foram aplicados em horário contrário à aula e tinham caráter subjetivo estimulando respostas comentadas dos estudantes. Após isso, os questionários foram lidos, analisados e discutidos com todas as integrantes da equipe discente. A partir dessa análise levantou-se questionamentos e debates sobre as concepções dos papeis femininos e masculinos em nossa sociedade. A


próxima etapa será o desenvolvimento de ações como seminários abordando temas ligados à desigualdade entre os gêneros. 3. Resultados e discussão A seguir iremos analisar as respostas dadas aos questionamentos levantados. As perguntas estarão destacadas em negrito. “Na sua opinião, há características, comportamentos ou coisas que são típicos de homens e outros que são típicos de mulheres?” Das respostas obtidas, 45,45% dos/as estudantes responderam que Não, 50% respondeu que Sim e um não respondeu. Quanto às respostas negativas, algumas das justificativas foram: “A sociedade que impõe o que as pessoas devem ou não usar”; “Acho que o homem pode fazer as mesmas coisas que as mulheres fazem assim como as mulheres podem”; “Porque todos somos iguais, não é o gênero que vai decidir o que podemos ser ou fazer”. Quanto aos que responderam que existem sim comportamentos/coisas típicos de mulheres e homens, os exemplos apontados para as mulheres foram: “demora muito para se arrumar”; “cuidar da casa”; são mais sensíveis; “ser organizada, paciente, consciente”. Alguns dos comportamentos exemplificados para os homens foram: “Na maioria dos homens o comportamento é machista; são mais agitados”; “manter a família”; “serem brutos”; “ser desorganizado, impaciente”; “não liga para a bagunça, não ajuda muito na coisas de casa”. Analisando algumas das respostas podemos notar alguns estereótipos ainda marcantes. Para as mulheres são denotadas características de mais sensibilidade, organização, tarefas domésticas enquanto para os homens são apontadas características como brutalidade, desorganização, manutenção da família. “Na sua opinião existe “homem ideal” e/ou “mulher ideal”?” Dos resultados analisados 77,27% das respostas foram que não existe homem nem mulher ideal. Quanto às justificativas obtivemos como respostas: “Porque não sou de acordo com padrões de pessoas ideais”; “Porque ninguém é perfeito”; “Porque cada um tem seu jeito diferente de ser isso que faz as pessoas serem

legais”. Aos que responderam que existe sim mulher ideal foram obtidas as seguintes justificativas: “A mulher que goste de verdade de um homem”; “Mulher ideal é aquela que se impõe e respeita seu parceiro”; “Existe mulher ideal, tipo alta, magra, cabelo liso”. Embora exista uma mudança significativa nos padrões esperados socialmente observamos que ainda existe uma idealização do que seria um corpo de mulher ideal focando no interesse físico e deixando de lado o questões como caráter, respeito, valores. Na 3ª questão foi pedido que eles/as comentassem frases como: a) “Homem não chora, aquilo que você viu foi meu suor hétero” Comentários: “Homem chora sim. Nem que seja escondido para dizer que é mais macho que os outros”; “Sim, homem chora, pois todos tem sentimentos”; “Homem não chora porque é mais forte que as mulheres”. b) “Foi comprovado que a bebida alcoólica contém alto índice de hormônio feminino. Todo homem que bebe demais começa a falar alto, dirige mal e quer ter razão em tudo” Comentários: “Se não me engano é comprovado que a mulher tem mais cuidado na hora de dirigir”; “Pior que a gente fica assim, mas nem todas as mulheres são assim”; “Verdade kkk” ; “Essa frase reforça estereótipos de gênero”. c)”Na hora de pagar a conta nenhuma mulher é feminista” Comentários: “Isso demonstra que muitas pessoas não sabem a verdadeira ideia do feminismo”; “Geralmente porque homens são machistas e não aceitam que mulheres paguem”; “Verdade”. Fazendo uma análise geral dos comentários pode-se perceber que a maioria considera as afirmações como desrespeitosas, preconceituosas e machistas embora ainda existam aqueles que reforçam a desigualdade entre os gêneros e até considerem normal. Quanto à questão: “Em sua casa quem executa as tarefas domésticas com mais frequência?” foi percebido que existe um predomínio de mulheres na execução das tarefas domésticas sejam elas desempenhadas por filhas, mães ou avós. O que reforça o estereótipo de ser um papel considerado feminino. Outra questão pedia a

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opinião deles em relação à mulheres trabalhando fora de casa. Alguns afirmaram ser “normal”, “legal” as mulheres trabalharem fora de casa. Outros consideram essencial a mulher ter renda própria, contribuir para a renda familiar e não “depender” de seus parceiros. Quanto à troca de papeis, ou seja, homens executando tarefas domésticas enquanto suas esposas saem para trabalhar obtivemos respostas como “consideram estranho, mas que o mundo está se revolucionando”, acham “normal” ou que é um “grande combinado entre o casal”, que é “mais um modelo de família”. Enquanto outros acham totalmente errado e que cada um deve “ficar no seu canto”. Ou seja, ainda reforçam os modelos de homem “provedor do lar” e mulher “dona de casa”. Isto é reflexo principalmente dos estímulos que recebemos desde a infância ensinando meninos e meninas que seus lugares são diferentes na sociedade. “Você acha que existem profissões que devem ser executadas apenas por homens e outras apenas por mulheres?” Nesta questão, 86,36% dos/as estudantes responderam que não, todos têm o direito de escolher suas respectivas profissões. Dos que responderam que sim, exemplificaram com jogador de futebol, pedreiro, delegado, salva-vidas, piloto de avião, engenharia sendo profissões que devem ser executadas apenas por homens e, babá, estilista, cabeleireira e modelo sendo profissões que devem ser executadas apenas por mulheres. É perceptível como algumas profissões, mesmo existindo vários exemplos, ainda são classificadas como femininas ou masculinas atribuindo ao gênero a (in)capacidade de realizar certas tarefas. Outra questão levantada diz respeito à igualdade de direitos no lazer: “O que você pensa sobre mulheres que saem para se divertir com amigas numa boate ou bar?” A maioria considera normal e que os direitos devem ser iguais. Já outros consideram que se a mulher é solteira não há problema. Se for casada, ela pode sair com as amigas se o marido estiver junto. Esta mesma questão é levantada sobre os homens: “O que você pensa sobre homens que saem para se divertir com amigos numa boate ou bar?” A maioria considera também normal que homens saiam com seus amigos, que é um direito de ambos. Outros consideram que se homem

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é casado deve ficar em casa com a esposa, ou que deveria sair com a esposa também, que se for comprometido deve se comportar muito bem. Neste ponto, podemos notar que o casal ao estar num relacionamento não poderia interagir socialmente com outras pessoas sem que o/a parceiro/a estivesse presente. “Que tipos de brincadeiras e brinquedos são mais comumente relacionados aos meninos e às meninas?” Três das respostas obtidas foram que não existe diferença, cada um brinca com o que mais se identifica. Ainda assim, a maioria classificou para os meninos: futebol, carrinho, cavalos, bicicletas, bonecos, vídeo game, armas, fazendinhas, aviões, super-herói e, para as meninas: brincar de casinha, boneca, cozinha, amarelinha, Barbie, vassoura, fogões, casas de brinquedo, bicicleta. É nítida a dicotomia que existe principalmente na infância quando essas diferenças surgem e são reforçadas. Aos meninos é estimulado naturalmente um lado mais competitivo, agressivo enquanto na meninas um lado maternal, de cuidados com o lar. Deste modo meninos e meninas “aprendem” a agir como “próprio” de cada gênero o que afasta cada vez mais o comportamento de ambos. 4. Conclusão Após as análises dos questionários podemos notar com mais clareza a necessidade de abordar estes temas com mais frequência e com ações mais efetivas. O respeito deve sempre existir assim como a liberdade de ser e exercer identidades que nem sempre se encaixam nos padrões preestabelecidos socialmente. A construção de identidades de gênero se dá desde a infância, em casa, na escola e em diversos outros âmbitos de convivência. A escola, como função social, formadora de cidadãos e de indivíduos mais críticos também deve buscar e valorizar o respeito às diferenças e igualdade de direitos dentro do ambiente escolar. Para Madureira (2007, p.335) “a reprodução de estereótipos de gênero no dia-a-dia não contribui apenas na reprodução de desigualdades, contribui também para a reprodução de sofrimento psíquico entre homens e mulheres”. O trabalho vem contribuir significativamente para a reflexão sobre


estes estereótipos e padrões impostos socialmente e culturalmente. Para um debate mais aprofundado seria interessante a participação de todos os alunos da referida turma já que uma amostragem maior tende a garantir mais dados assim como maior qualidade na pesquisa, no entanto alguns não se dispuseram a participar do trabalho respondendo aos questionários. Espera-se dar continuidade ao trabalho com a realização de palestras e seminários abordando os referidos temas. A educação e o acesso a informação são importantes fatores que contribuem para uma sociedade mais justa. Referências LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997. MADUREIRA, Ana Flavia do Amaral. Gênero, Sexualidade e Diversidade na Escola: A construção de uma cultura democrática. 429. Tese de Doutorado – Instituto de Psicologia – IP, Universidade de Brasília – UnB, 2007.

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Resumo. O objetivo geral deste trabalho foi contribuir com a formação escolar dos estudantes, quanto às habilidades de leitura e escrita, a partir da interdisciplinaridade. A pesquisa foi desenvolvida no CODAP/UFS, com alunos, professores e técnicos. Foram realizadas: leitura e resenha da bibliografia indicada; aplicação de questionário aos estudantes e professores; rodas de debates; e confecção de dois jornais com temas e gêneros textuais diversos. Assim, o jornal “CODAP em foco” expôs aspectos da sustentabilidade sócio-cultural do colégio. As ações que favoreceram a produção e confecção deste, fortalecem a criticidade, valorizam a memória e patrimônio público, a leitura e a escrita. 1. Introdução É papel da Escola propiciar ao aluno uma formação que o torne um escritor/leitor competente, capaz de produzir/ler textos de acordo com sua inserção no universo social. Desde a década de 90, as diretrizes curriculares vêm apontando caminhos para a formação do cidadão. Sendo uma das metas dos PCNs que o aluno amplie o domínio ativo do discurso nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem, de modo a possibilitar sua inserção efetiva no mundo da escrita, ampliando suas possibilidades de participação social no exercício da cidadania (BRASIL, 1996). Diante disso, este projeto tem como principal objetivo contribuir com a formação escolar dos estudantes, quanto às habilidades de leitura e escrita, a partir da interdisciplinaridade. Vivemos em um mundo em total evolução, no qual a tecnologia vem se expandindo de forma sucinta dentro da sociedade e com isso, na mesma proporção em que evoluímos, as notícias e informações ganham

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uma nova perspectiva e forma de ser anunciada. Assim, a velocidade e expansão das notícias têm se tornado maior a cada dia, porém mesmo com todos os avanços temos que questionar a veracidade da informação para ter a certeza de estarmos levando notícias verdadeiras a todos. Por meio do Jornal “Codap em Foco”, os alunos e as alunas envolvidas no projeto puderam refletir sobre a escola e apresentar atividades que ocorreram no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (CODAP/UFS). Nesse sentido, para melhor fazer essa reflexão, os envolvidos na execução do Jornal produziram textos nos diferentes gêneros textuais, como reportagens, relato, poesias, entrevistas, história em quadrinho, rap, tirinhas, dentre outros. Os temas foram diversos, desde a apresentação do que é ser CODAP/UFS, passando pela apresentação de projetos que envolvem ciência, cultura, arte e esporte. Desse modo, o jornal “CODAP em foco” cumpriu o papel de expor os aspectos positivos/negativos da sustentabilidade sócio-cultural do CODAP/UFS . As ações que favoreceram a produção deste jornal, bem como sua confecção, fortalecem a criticidade, valorizam a memória e patrimônio público, a leitura e a escrita. Nessa perspectiva, este projeto teve como finalidade mobilizar diversos alunos e alunas do CODAP/ UFS, para introduzi-los no processo de fabricação e feitio da informação colhida, utilizando não só informações sobre a escola, mas também abrindo espaço para a exposição de suas artes, poesias, pensamentos e sugestões sobre filmes e séries. Além disso, utilizamos a ferramenta do jornal como uma forma de conscientização com relação aos problemas que viemos enfrentando dentro dessa nova sociedade. A ultilização de projetos interdesciplinares para enriquecer o processo de ensinoaprendizagem é uma atitude motivadora tanto para estudantes quanto para os professores. Desenvolver


atividades, e reflexões sobre elas, expande o raciocínio, enquanto que a vinculação dos saberes locais, mais próximo dos alunos, os auxiliam com uma aprendizagem significativa (AUSUBEL, 2003). 2. Materiais e Métodos Para desenvolver este projeto, estão envolvidas uma discente da 1ª série do Ensino Médio e três da 3ª série do Ensino Médio, do CODAP/UFS – das quais duas são bolsistas de PIBICJr/Fapitec/CNPq e as outras voluntárias. A pesquisa foi desenvolvida no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, com alunos(as) do Ensino Básico, do sexto ano do Ensino Fundamental a terceira série do Ensino Médio, professores(as) e técnicos. Os procedimentos seguidos para desenvolver esta pesquisa foram: i) leitura e resenha da bibliografia indicada; ii) entrevista com ex-alunos(as) e alunos(as) atuais, professores(as) e pais/responsáveis de alunos(as) - a fim de verificar a percepção destes sobre o CODAP, ou seja, que reivindiquem e exerçam mudanças ativas no espaço escolar; iii) rodas de debates; e iv) confecção de um jornal online.

trazendo a luz pontos que merecem a nossa atenção como: o ambiente escolar, o cuidado dele e a necessidade de fazermos a nossa parte dentro da conjuntura da organização escolar. E com isso desenvolveram-se textos para o jornal, para divulgar o que estava ocorrendo na escola: CEMDAP: Centro De Pesquisa Documentação e Memória do Colégio de Aplicação – manter a história viva; A importância da mulher no esporte, dentre outros. Assim sendo, o Jornal “Codap em Foco”, em sua segunda edição, teve seções de: 1) resgaste da história do Colégio – a exemplo, reportagem sobre o Centro de Memórias do CODAP (CEMDAP); 2) cultura e lazer – por exemplo, matérias e entrevistas sobre o Festejo Junino do CODAP/ UFS; 3) social – a título de ilustração, manifesto feminista; 4) esporte – o papel da mulher no esporte; 5) arte -

3. Resultados e Discussão A construção do Jornal “Codap em Foco” serviu para a formação escolar dos docentes no que diz respeito às habilidades de leitura e escrita, além da dilvulgação dos resultados e ações coletivas do colégio pela página on-line. Esse jornal foi produzido pelas bolsitsas PibicJr, mas com a contribuição de todos que compõem a instituição, visto que o propósito do projeto foi divulgar nossas ações. Cabe destacar que o jornal escolar é um instrumento muito importante para o desenvolvimento da metodologia dos projetos didáticos, para despertar a criticidade dos alunos (cf. KAUFMAN; RODRIGUEZ, 1995; BRANDÃO, 2011), assim como apregoam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). Com o projeto, quanto à sustentabilidade sóciocultural do CODAP, pudemos perceber que os alunos foram incentivados a analisar o mundo ao seu redor,

Figura 1: Imagem da capa da 2ª edição do Jonal CODAP em Foco.

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“com os textos e debates pudemos perceber o quão é importante dedicar-se à leitura, além de que foi exigido de nós uma postura com o trabalhar das palavras e uma necessidade de leitura em vários âmbitos, não só para somar com as matérias, mas para buscá-las quando necessário. A melhora na escrita nos ajudou a restabelecer uma forma rápida de entendimento pessoal, a organizar ideias e elaborar materiais com mais discernimento e levá-los de forma uma forma mais atraente para o público-alvo, que foram os alunos do Colégio de Aplicação”.

Figura 2: Imagem da contra capa da 2ª edição do Jonal CODAP em Foco.

confecção de poesias, músicas e desenhos (Figura 1). As entrevistas foram feitas no dia dos festejos juninos do CODAP/UFS, dia 22 de junho de 2018, serviram para mostrar o quanto nossa escola possui características que nos mostra como é bastante representativa. A matéria foi composta por 10 entrevistados dentre eles alunos, exalunos, pais de alunos e professores, os quais participaram dessa comemoração. Todas as festividades que ocorrem no colégio serviram para o desenvolvimento de cada aluno em específico. Em geral, a ideia de diversidade e de cultura estava demonstrada na perspectiva do resgate da tradição junina cada vez mais. Quanto à melhorar a leitura e a escrita dos estudantes envolvidos, desde a criação do projeto foram indicados textos livres e houve uma notável melhora na escrita, oralidade e interpretação textual das estudantes envolvidas. Como relatado pelas alunas Laura Gomes e

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Ana Silva, ambas participantes do projeto, Alguns professores e estagiários ajudaram nos mandando textos sobre suas relações de estudo. Um dos textos foi enviado pela estagiaria de Letras – Português/ Inglês, Michele Cruz Santos de Santana, que abordou o seguinte posicionamento: por ser uma graduada do curso de letras, Michele começou a participar do projeto de ensino, em uma pesquisa feita pela extensão (PIBIX). Ela teve a oportunidade também de estagiar com os professores Éccia Alécia Barreto de Jesus e Rodrigo Belfort Gomes no, Ensino Fundamental, e com a professora Ana Márcia Barbosa dos Santos Santana, no Ensino Médio. Em julho de 2018, começou a participar do projeto “Oficina de Redação 2018”, para os alunos do Ensino Médio. Com isso, percebeu que diariamente a Língua Portuguesa vem sendo inovada e reestruturada para que se possam criar cada vez mais pessoas apaixonadas pela sua profissão. Uma importante contribuição de alunos e alunas da 3ª série do Ensino Médio do CODAP/UFS foi a produção de um manifesto de empoderamento feminino.


[...] E o que nós, poderosas mulheres, temos a ver com meros desejos infantis de seres que não devem e não podem limitar nossa existência e tampouco alterar nossas características ou personaliza-las a fim de satisfazê-los? Cabe a nós, deusas únicas, realiza-los? O que cabe a nós? O que podemos escolher fazer ou ser? Eis a resposta ideal: tudo nos limites que faculta a lei. A existência do livre-arbítrio deveria nos libertar. MAS. Lamentável a existência dessa triste conjunção. [...] Desde que sejamos o que queremos ser e façamos o que quisermos fazer sem medo da repressão daquele que não nos apoia nem nos representa. Que sejamos nada. Que sejamos tudo. [...] Segue fragmento do mesmo: Dentre as ações destacadas no jornal foi a “Oficina sobre organização do tempo” liderada pelas professoras Silvânia, de matemática, Éccia, de português, além de Gicelma, que é pedagoga, e a atual vice-diretora, Christiane. Nessa oficina, foi ensinado aos alunos como organizar melhor seu tempo em relação à escola e à vida pessoal. Algumas dinâmicas foram feitas para a identificação da motivação e identificação dos sonhos/ metas dos participantes e foram apresentadas algumas técnicas para organizar o tempo, sendo uma delas a denominada “Pomodoro”, que consiste em apenas uma pausa a cada 5 min de estudos diários.

cooperação quanto à construção da escola do jeito que acreditamos ser o melhor para todos e todas. Na produção do jornal, a criatividade, a busca de informações, o planejamento, estabelecimento de metas foram indispensáveis para a formação integral do(a)s aluno(a) s. Essa experiência possibilitou a formação de cidadãos empreendedores, protagonistas de seus contextos, autoconfiantes para mudar a realidade em que estão inseridos e manter apenas o que é sustentável. Referências AUSUBEL, David Paul. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2003. BRANDÃO, H. N. Gêneros do discurso na escola. São Paulo: Cortez, 2011. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília, DF: MEC/SEF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais ensino médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1998. KAUFMAN, A. M.; RODRÍGUEZ, M. H. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: ARTMED, 1995.

4. Conclusão Com o jornal “Codap em foco”, os discentes e docentes envolvidos no projeto, direta ou indiretamente, puderam refletir sobre o ambiente escolar e divulgar atividades realizadas, nos diversos âmbitos. Com essas práticas, o projeto contribuiu com as habilidades de leitura e escrita dos alunos envolvidos, ressaltando que é trabalhado tal ação ao decorrer em que os próprios alunos escrevem matérias para o jornal. Além disso, houve o desenvolvimento da ação cidadã, do senso de responsabilidade, comprometimento, persistência e

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Resumo. Percebemos hoje, entre as turmas de ensino médio da rede particular, grande incidência de alunos com problemas auditivos, a partir do uso inadequado de fones de ouvido. O reconhecimento de propriedades de fenômenos ondulatórios, ou problemas de saúde associados a construções humanas que envolvem esses fenômenos desenvolve no aluno a competência para a elaboração de uma proposta de intervenção que estimula o respeito aos valores humanos. Dessa forma desenvolvemos uma proposta em que alunos do terceiro ano orientam turmas de segundo ano do ensino médio. Com o violão, aparelho de som, o aplicativo (no celular) Physics Toolbox, vídeos e o diapasão, conceitos, características e propriedades das ondas sonoras são apresentadas pelos orientadores e assim, é feita a análise do nível de percepção do som pelos adolescentes da turma. 1. Introdução A música é reconhecida por muitos pesquisadores como uma modalidade da arte capaz de desenvolver a mente humana, promover uma sensação agradável de bem-estar, facilitar a concentração e melhorar o raciocínio. Vale lembrar que o mau uso dessa arte, como por exemplo o uso de fones de ouvido no volume máximo, durante boa parte do dia, pode ocasionar a perda auditiva, problema que vem atingindo cada vez mais pessoas. Segundo Crevilari (2017), a “Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 10% da população mundial tem alguma perda auditiva e boa parte dessas pessoas teve a audição danificada por exposição excessiva a sons”. Dados de 2015 indicam que no Brasil há 28 milhões de pessoas com surdez, o que representa 14% da população brasileira. O limite seguro de som contínuo

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para o ouvido é de 80 dB (decibéis). Thelma Costa (VERDÉLIO, 2017), presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), alertou para o fato de que o uso irregular dos fones de ouvido vem provocando a perda auditiva em um número cada vez maior de jovens. Nesse âmbito, nosso projeto apresenta a importância da música nas nossas vidas, através do estímulo do uso correto e moderado. Com base na introdução da Ciência, Tecnologia e Sociedade na educação, o objetivo deste trabalho é utilizar tecnologias simples, como aplicativos de celular, vídeos, áudios e instrumentos musicais para, através da interdisciplinaridade com a Biologia e a arte, promover a aprendizagem da Acústica. Durante este processo de aprendizagem a idéia é conscientizar os alunos do segundo ano do ensino médio sobre o risco de perda auditiva, devido ao uso inadequado dos fones de ouvido. 2. Materiais e Métodos 2.1. Responsáveis pela aplicação do produto – População e amostra Quatro alunos do terceiro ano do ensino médio prepararam todo o material necessário para a aplicação em duas turmas de 35 alunos do segundo ano do COESI. 2.2. Procedimentos O aplicativo Physics Toolbox, disponível para download na PlayStore (como medidor de frequência sonora), um violão comum com cordas de nylon, vídeos e imagens são utilizados durante a aplicação da sequência didática.


• Para inroduzir os conceitos de acústica e ondulatória, apresenta-se as características, propriedades e a estrutura das ondas (GUALTER e HELOU, 2007) na Figura 1:

• Para diferenciar as qualidades do som chamadas de altura e intensidade, um trecho da música “Black or White” (Figura 3), de Michael Jackson, é apresentada. Após a apresentação, a turma é questionada sobre qual dessas qualidades interfere no fato de o pai sair voando, através da diferença ente sons altos e baixos, fortes e fracos.

Figura 1. Nome e localização dos pontos e estruturas de uma onda

A equação fundamental (Equação 1) da ondulatória permite explicar a relação entre a velocidade, frequência do som emitido e o comprimento de onda. Equação 1- Equação fundamental da Ondulatória v= λ.f(1) Utilizando o violão, observa-se a frequência do som emitido por uma corda com diferentes comprimentos. Em sequência, deve-se mostrar a diferença entre a frequência do som emitido pela voz de um homem e de uma mulher, então são chamados dois voluntários de mesma idade (um aluno e uma aluna), para falar uma frase. O Physics Toolbox, na opção de medidor de frequência, mede a frequência do som emitido pelos participantes. • Essas medições servem para o questionamento lançado em seguida: qual valor de frequência obtido representa o som mais agudo? E o mais grave? Por que a voz dos alunos tem essa diferença na frequência? • Dois vídeos são apresentados: o primeiro vídeo apresenta o cantor letão Vitaliy Vladasovich Grachyov, conhecido popularmente como “Vitas”. O segundo vídeo mostra a potência vocal da ilustre cantora brasileira Ana Carolina (Figura 2).

Figura 3. Trecho do vídeo de Black or White. Fonte: Adaptada de Jackson (2009).

• Seguindo na parte de qualidades do som, o conceito de timbre também é abordado. A partir desse conceito, é possível demonstrar, através de um vídeo (figura 4), que mesmo que todos os instrumentos de uma orquestra toquem a mesma nota juntos, será perceptível a diferença entre os seus sons.

Figura 4. Afinando. Fonte: Roman (2012).

Figura 2. Foto de Vitas e da capa do CD de Ana Carolina. Fonte: Gomes (2013), Vitas (2016).

• Em seguida, a turma conhece os fenômenos do eco, da reverberação e do reforço. Esse fenômeno acontece ao tocar o violão. Utiliza-se também um vídeo

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de cantores a capela, para mostrar que os 3 efeitos podem ocorrer ao mesmo tempo (Figura 5).

Figura 7. Resssonância acústica. Fonte: Abreu (2007).

Figura 5. Cantores à capela. Fonte: Disney on Broadway (2017).

• A partir do conceito de efeito Doppler, os alunos do 3° ano apresentam um vídeo (figura 6), de autoria própria, que demonstra a diferença entre as frequências aparentes do som de uma ambulância quando ela se aproxima e se afasta de um observador, mostrando a mudança dos gráficos da frequência.

• Para finalizar a apresentação de conceitos, utiliza-se um vídeo (Figura 8) para falar sobre o funcionamento do ouvido humano (ouvidos externo e interno) e sobre frequências audíveis pelo homem.

Figura 8. Como funciona o ouvido humano - animação. Fonte: Henrique (2013).

Figura 6. Efeito doppler. Fonte: autoria própria.

• No caso da Ressonância, o músico Beethoven é citado. Ele compunha suas sinfonias a partir da ressonância do piano em sua caixa craniana, intermediada por um objeto de ferro, geralmente. O vídeo apresentado (figura 7) mostra a quebra de uma taça através da música. Os alunos são questionados sobre como isso é possível:

• Na fase de sensibilização utiliza-se um vídeo (Figura 9) de teste de audição, partindo da frequência de 20000Hz até 4000Hz, para avaliar a capacidade auditiva dos alunos.

Figura 9. Teste de Audição Divertido: Você é um Super Humano? Fonte: Incrível (2017).

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3. Resultados e discussão O fato de que o som da voz de uma mulher, em geral, é mais aguda (alto) do que a voz do homem foi percebido pelos valores de frequência obtidos. A mudança na voz dos rapazes, para um som mais grave (baixo) do que normalmente observamos nas meninas, foi explicado utilizando a interdisciplinaridade com a biologia. As respostas de muitos alunos foram coerentes, mas não chegaram à verdadeira explicação: com o passar do tempo, a liberação de hormônios andrógenos nos homens influencia no espessamento das cordas vocais, fazendo com que elas não consigam atingir frequências tão altas de vibração. As mulheres possuem hormônios estrógenos que influenciam justamente no contrário, facilitam o alongamento das cordas vocais, permitindoas atingir frequências altas mais facilmente. Os alunos perceberam que há exceções com relação à voz aguda para as mulheres ou grave para os homens, com os vídeos de Vitas e Ana Carolina. Os alunos conseguiram participar durante o processo, tirando suas dúvidas, muito embora não tivessem mostrado ter conhecimento prévio de aplicação da ondulatória no cotidiano. No teste da audição muitos alunos não apresentaram níveis adequados de percepção do som em uma faixa de frequência. De 68 alunos, à medida que a frequência diminuia, três alunos (4,4%) ouviram o som na faixa dos 18500 Hz, cinquenta e nove (86,8%), na faixa dos 17000 Hz e seis alunos (8,8%), abaixo de 17000 Hz (Gráfico 1). Isso evidencia a preocupação que devemos ter com a perda auditiva recente devido a hábitos que podem ser facilmente corrigidos. São necessários agora planos de ação para uma proposta educativa em toda a escola. À medida que as ferramentas de apresentação eram utilizadas na sequência didática proposta, os alunos aprendiam conceitos necessários ao processo de sensibilização sobre o uso inadequado dos fones de ouvido. Muitos mostraram a preocupação por não conseguir perceber os sons de maior ou menor frequência, solicitando a repetição do teste.

Gráfico 1- Avaliação do início da percepção sonora dos alunos do 2° ano

4. Conclusão O resultado obtido em aula demonstra a preocupação com a atual frequência no uso extrapolado de fones de ouvidos para o consumo de música ou outras mídias sonoras, uma vez que no vídeo mostrado, no momento que teoricamente grande parte das pessoas deveria ter começado a escutar, poucos sentiram o estímulo auditivo de certas frequências. É também importante lembrar da colaboração dos professores na aula, contribuindo para a obtenção de resultados, e em certos momentos interferindo construtivamente. Referências ABREU, C. Ressonância Acústica. YouTube, 10 ago.2007. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qy1c5_vYTVo. Acesso em: 18 mar. 2018. CREVILARI, V. Quase 30 milhões de brasileiros sofrem de surdez: Aumento da expectativa de vida e uso de aparelhos sonoros com volume elevado contribuem para crescimento de casos. Jornal da USP, atualidades, 19 nov. 2017. Disponível em: jornal.usp.br/?p=115813. Acesso em: 05 abr. 2018. Disney on Broadway. THE LION KING: ‘Circle of Life’ featuring the London Gay Men’s Chorus. YouTube, 5 jul. 2017. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=ZI1cEWEtJw4. Aceesso em: 18 mar. 2018. GOMES, J. Ana Carolina Vocal Range (G♯2-G5) - Extensão Vocal. YouTube, 02 maio 2013. Disponível em: https://youtu.be/gVgupf0JqUA. Acesso em: 23 mar. 2018. GUALTER N., HELOU. Tópicos de Física 3. São Paulo: Saraiva. 2007.

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HENRIQUE, J. Como funciona o ouvido humano – animação. YouTube, 2 nov. 2013. Disponível em: https://youtu.be/hV_ZRq4f_0M. Acesso em 15 mar. 2018. INCRÍVEL. Teste de Audição Divertido: Você é um Super Humano?. YouTube, 17 dez. 2007. Disponível em: https://youtu.be/KszGV_UfBXw. JACKSON, M. Michael Jackson - Black Or White (Shortened Version). YouTube, 2 out. 2009. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=F2AitTPI5U0. Acesso em: 23 mar. 2018. ROMAN, B. Afinando. YouTube, 5 mar. 2012. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=7Ywhzsr1gPQ&feature=youtu.be. Acesso em: 23 mar. 2018. VERDÉLIO, A. Jovens estão perdendo audição por causa de fones de ouvido, alerta conselho. EBC, 10 nov. 2017. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-11/jovens-estaoperdendo-audicao-por-causa-de-fones-de-ouvido-alerta-conselho. Acesso em: 05 abr. 2018. VITAS voice control and HIGH NOTES. YouTube, 23 jul. 2016 Disponível em: https://youtu.be/xajRI5fsewY. Acesso em: 23 mar. 2018.

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