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Resumo. O forno solar nada mais é do que uma estufa com cobertura transparente para dar passagem aos raios do sol e impedir que o calor saia; ou seja, uma caixa térmica receptora e concentradora de raios solares. O Objetivo deste trabalho é facilitar o aprendizado de propagação de calor por parte dos alunos de forma prática.O forno foi construido passo a passo pelos alunos bem como realizaram teste para aferir sua funcionalidade, obtendo resultados relevantes, pois as temperaturas alcançada pelo forno fooi alfo em torno de 100º C, outros testes de cozimento foi realizado obtendo ótimos resultados. Trabalhos com a disciplina Química e Física, com alunos do 2º Ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Professora Maria das Graças Azevedo Melo. No forno solar, não se aplica gás, nem lenha, nem energia elétrica: O calor que cozinha o alimento vem propriamente do sol, cujos raios multiplicam-se ao encontrar as superfícies espelhadas do forno. Claro que, apesar de alcançar temperaturas impressionantes, o forno solar é absolutamente vinculado à condição climática. O forno solar não é só conveniente a cozinhar sem poluir, se caracteriza também por esterilizar a água em apenas 20 minutos; quando atinge 65 ºC, a temperatura necessária para matar todos os microrganismos capazes de causar alguma doença. Um exemplo do projeto é feito com duas caixas de papelão, uma dentro da outra, afastadas por um isolante térmico. No fundo da caixa menor (interna), emprega-se uma chapa de metal pintada de preto fosco e nas paredes dessa caixa, usa-se material reflexivo, a exemplo de papel alumínio. Outra forma mais sofisticada de apresentar o projeto é fazê-lo completamente de madeira, num formato quadrático e revestido interna e externamente por espelhos, gerando assim maiores resultados.
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1. Introdução A energia solar é uma possibilidade na busca por alternativas menos agressivas ao meio ambiente, pois consiste numa fonte energética renovável e limpa, ou seja, não emite poluente. A Energia Solar é a energia derivada do Sol na forma de radiação solar, sendo assim, o Sol propaga na Terra, todos os dias, um potencial energético extremamente elevado e incomparável a qualquer outro sistema de energia, sendo a fonte básica e indispensável para praticamente todas as fontes energéticas utilizadas pelo ser humano. Em 1717, na Suíça, o naturalista Horace de Saussure criou o forno solar, levando séculos para ser difundido pelo mundo. O forno solar nada mais é do que uma estufa com cobertura transparente para dar passagem aos raios do sol e impedir que o calor saia. Claro que, apesar de alcançar temperaturas impressionantes, o forno solar é absolutamente vinculado à condição climática.
Figura1. Foto do forno solar tirada do laboratório de práticas experimentais
2. Materiais e Métodos A metodologia utilizada para efetuar a presente pesquisa contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento do projeto, uma vez que, foram executadas, por meio de fontes confiáveis, análises bibliográficas, nos livros, artigos científicos e páginas da internet. Através dessas pesquisas, o projeto da construção de um forno solar de baixo custo foi confeccionado com a utilização de espelhos, madeira, formando uma caixa, verniz, bandeja antiaderente, termômetro, vidro e alguns alimentos comestíveis, a fim de comprovar a veracidade do forno solar.
Observamos que quando a porção de luz penetra o bloco de vidro, dizemos que a luz sofreu refração, ou seja, a luz se refrata ao passar do ar para o vidro. Então, refração é a mudança na direção de propagação que sofre um raio luminoso ao passar de um meio transparente para outro.
3. Resultados e discussão O forno solar não é só conveniente a cozinhar sem poluir, se caracteriza também por esterilizar a água em apenas 20 minutos, quando atinge 65 ºC, a temperatura necessária para matar todos os microrganismos capazes de causar alguma doença. O forno deve resistir tranquilamente a temperaturas de no máximo 150°C, que é a maior temperatura que um forno solar desse tipo pode alcançar. Fazendo os testes com o forno solar, percebemos os fenômenos ópticos que aconteciam através da luz do Sol, estes são a reflexão, a refração e absorção. Na reflexão, a luz incide em uma superfície refletora e se mantém no mesmo meio, sofrendo mudança na direção de propagação.
Figura2. https://www.coladaweb.com/fisica/optica/reflexao-difusaoe-refracao-da-luz
Figura3. https://www.coladaweb.com/fisica/optica/reflexao-difusaoe-refracao-da-luz)
Outro fenômeno óptico presente em nossa pesquisa é a absorção da luz que acontece quando muitos materiais conseguem absorver essa luz, isto é, tomá-la para si. Quando isso ocorre, o material tem um ganho de energia, pois ele adquire a energia da luz incidente.
Figura4. https://www.coladaweb.com/fisica/optica/reflexao-difusaoe-refracao-da-luz)
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Como o Sol é o grande protagonista da nossa pesquisa, é necessário mencionar a importância do calor para que os resultados do forno solar sejam satisfatórios. O calor é a energia térmica em trânsito e ocorre devido a diferença de temperatura entre os corpos e a irradiação térmica contribui bastante para que a luz do Sol chegue até o material que se encontra dentro do forno. Observe:
Fizemos testes em 5 em 5 minutos e encontramos os seguintes resultados: → Água com ovo e macarrão instantâneo: • Com 5 minutos, a temperatura chegou a 39ºC. • Com 10 minutos, a temperatura chegou a 41,9ºC. → No Pão: • Com 5 minutos, a temperatura chegou a 36,9ºC. • Com 10 minutos, a temperatura ultrapassou a escala da termômetro que era de 42ºC. → Na Carne Moída: • Com 5 minutos, a temperatura chegou a 37ºC. • Com 10 minutos, a temperatura chegou a 42ºC. 4. Conclusão
Figura5: Forno Solar: Macarrão instantâneo, ovo e água sobre a bandeja.
Através da concepção dos princípios básicos que caracterizaram a construção e a explicação do forno solar, foi possível perceber que os alimentos preparados diretamente no forno solar, preservam melhor suas características e propriedades comparadas com o cozimento convencional e, dentro desse contexto, o forno solar surge com a peculiaridade de ser confeccionado e reproduzido com facilidade, além de preservar consideravelmente a natureza, utilizando a energia solar como fonte gratuita, renovável, e inesgotável. Referências
Figura 6: Forno Solar: Pão sobre a bandeja antiaderente.
Figura 7: Forno Solar: Verificando a temperatura da carne moída.
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Resumo. O grande interesse no desenvolvimento de filmes biodegradáveis, surgiu devido à demanda por alimentos de alta qualidade, preocupações ambientais sobre o descarte de materiais não renováveis de embalagem para alimentos. Diante deste cenário, o trabalho interdisciplinar foi desenvolvido por professores e alunos dos 1° e 2° anos do Ensino Médio, e tem como proposta preparar filmes biodegradáveis a partir da semente de jaca pelo método de “ casting”. Os filmes obtidos foram transparentes e homogêneos e a biodegradação ocorreu em 15 dias. Desta forma, foi possível o aluno desenvolver o pensamento crítico, tornando-o mais conscientes das suas ações. 1. Introdução Nas últimas décadas, a procura de alternativas de fontes renováveis, para produção de biofilmes comestíveis ou degradáveis biologicamente, existe devido ao crescimento da demanda por alimento ecologicamente corretos e de alta qualidade, preocupações ambientais sobre o descarte de materiais renováveis (utilizados como embalagem para alimentos) e oportunidades para criar novos mercados de matérias-primas formadoras de filme. Entre os diversos materiais pesquisados para produção de filmes comestíveis e/ou biodegradáveis, o amido merece atenção, devido ao seu fácil processamento, baixo custo, abundância, biodegradabilidade, comestibilidade e fácil manipulação. O amido é um dos polissacarídeos mais importantes e abundantes na natureza e tem sido objeto de numerosas investigações que reportam, entre outras, sua capacidade para formar revestimentos para aplicação na indústria de alimentos (Arvanitoyannis et al., 1998). É obtido em forma granular de fontes renováveis como milho, mandioca, batata, inhame, cereais e legumes, sendo apropriado para uma variedade de usos na indústria (Petersen et al., 1999).
O amido é um biopolímero natural, formado por dois tipos de polímeros da glicose, a amilose e a amilopectina, com estruturas e funcionalidades diferentes. A amilose é um polímero linear composto por unidades de D-glicose ligadas por α-(1→4), com grau de polimerização de 200 a 3000, dependendo da fonte de amido. A amilopectina é um polímero altamente ramificado, com unidades de D-glicose ligadas através de ligações α-(1→4) e ramificações em α-(1→6) (Ellis et al.,1998). A relação destes dois componentes varia de acordo com o tipo de amido, mas normalmente os amidos contêm entre 18 a 30% de amilose. O conteúdo de amilose no amido é uma propriedade muito importante quando se deseja preparar filmes. Variações nas proporções entre estes componentes e em suas estruturas e propriedades podem resultar em grânulos de amido com propriedades físico-químicas e funcionais muito diferentes, que podem afetar as suas aplicações industriais. Quanto maior o teor de amilose melhor será a qualidade do filme formado (Petersen et al., 1999). Em estudos feitos por Lawton (1996), foi observado que os filmes e revestimentos à base de amido apresentam diferentes propriedades e estas diferenças são atribuídas ao conteúdo de amilose no amido. De modo geral, o amido, é utilizado em todos os países e seu consumo aumenta com o grau de desenvolvimento. A situação do setor de amido no mundo pode ser resumida em dois pontos principais: dificilmente novos reagentes químicos ou derivados serão aprovados para uso alimentar e, nos amidos existentes, os níveis permitidos de tratamentos químicos para modificação permanecerão estacionários. As razões para essas restrições são a proteção ao consumidor, segurança de trabalho, proteção ao meio ambiente e economia nos custos de produção (Bemiller, 1997). Neste sentido, as industrias de alimentos e os produtores agrícolas estão interessados na identificação e no
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desenvolvimento de espécies que produzam amidos nativos, com características físico-químicas especiais. Esses amidos poderiam substituir amidos quimicamente modificados ou abrir novos mercados para amidos. Nesta linha, o objetivo deste trabalho foi preparar e caracterizar membranas biodegradáveis de amido, proveniente de um resíduo urbano, a semente de jaca, utilizando a técnica de “casting”. 2. Materiais e Métodos
de 20 cm X 30 cm, contendo fios lateralmente esticados, utilizados para possibilitar o controle da espessura do filme. A solução foi espalhada sobre a placa de vidro com o auxílio de um bastão de vidro, e finalmente foi seco na estufa à 35°C por 8 h, conforme representado na Figura 2.
Este projeto foi realizado no Centro de Excelência Professor Hamilton Alves Rocha, localizado na cidade de São Cristóvão, conjunto Eduardo Gomes, os alunos envolvidos frequentam os 1° e 2° anos do Ensino Médio em 2018, durante 8 meses e contou também com a colaboração da professora de Biologia. Para extração do amido de sementes da jaca foi realizada inicialmente separando as sementes dos frutos, e posteriormente lavadas e descascadas manualmente. Em seguida, as sementes de jaca foram colocadas dentro de um recipiente de vidro por 24 h e após trituradas no liquidificador. A mistura obtida foi filtrada utilizando um pano de algodão e o filtrado foi deixado em repouso a 25°C e 2 h, para separação da parte sólida, cujo esquema está ilustrado na Figura 1. O sobrenadante foi reservado para verificar se existia presença de amido. Já o material decantado foi lavado três vezes com 100 mL de etanol 99% e seco em uma estufa à 35°C por 24h. Para verificar a obtenção do amido, foi realizado o teste com solução de 2% de iodo.
Figura 2. Sequência de etapas envolvidas na formação do filme de amido de semente de jaca pelo método “casting”.
Figura 1. Obtenção do amido de semente de jaca.
O filme biodegradável foi preparado da seguinte forma: utilizamos 1g de amido em 35 mL de água destilada e 20% de gligerol em relação a massa do amido. A suspensão preparada foi aquecida a 75°C em banho maria por 6 minutos, sob agitação mecânica com o auxílio de uma bagueta magnética. Após completa homogeneização da mistura, a mesma foi espalhada em uma placa de vidro
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Para o estudo de biodegradação foi utilizado como controle filmes de poli-cloreto de vinila (PVC). A biodegradabilidade do filme de PVC e dos filmes de amido de sementes de jaca, foi analisada de acordo com a norma ASTM D600396, utilizando terra vegetal. As amostras de PVC puro, e dos filmes de amido de sementes de jaca, foram enterrados no solo, dentro de frascos coletores de plásticos fechados. O experimento foi realizado em temperatura ambiente (25°C – 30°C) e umidade corrigida para 60%. O teste foi realizado em triplicata. Após período de 0, 5, 10, 15 e 20 dias de incubação, as amostras de filmes de PVC e dos filmes de amido de sementes de jaca foram retiradas. 3. Resultados e discussão Para extrair o amido da solução decantada, utilizamos como solvente orgânico o etanol, por ser solúvel em água, assim, quando adicionado à solução de amido, rompe as interações amido-água (ligações de hidrogênio), fazendo com que este se precipite. Sabemos que o amido é formado pela combinação de amilose com amilopectina. Para confirmar a obtenção do amido a partir de semente de jaca, utilizamos o teste de lugol (solução de 2% iodo). Os resultados mostraram a presença de amido devido o surgimento de uma coloração azul, após adicionar 2 gotas a solução de 2% de iodo, Figura 3. Essa mudança de cor ocorre porque a amilose forma um complexo azul com o iodo, devido o iodo se alojar dentro da cadeia de polissacarídeo. Com o resultado da coloração
azul em contato com a solução de lugol, observamos que quando aquecido muda a cor e refrigerado volta ao estado original azul, isso ocorre por que o amido perde sua estrutura espiral quando aquecido assim o iodo sai do interior do polissacarídeo e o complexo que tem cor azul é momentaneamente desestruturado. Quando resfriado volta a forma espiral do amido (desnaturação reversível) e o iodo forma novamente o complexo, voltando a forma azul.
Figura 3. Sequência de etapas envolvidas na formação do filme de amido de semente de jaca pelo método “casting”.
No ensino de Química especificamente, a experimentação deve contribuir para a compreensão de conceitos químicos, podendo distinguir duas atividades: a prática e a teoria (Alves, 2007). Neste sentido, durante a preparação do filme biodegradável de amido da semente de jaca pela técnica de casting, observamos a formação do filme após a solubilização do amido no solvente, com a formação de uma solução filmogênica. Nesta técnica, após a gelatinização térmica dos grânulos de amido em excesso de água, a amilose e a amilopectina se dispersam na solução aquosa e, durante a secagem se reorganizam, formando
uma matriz contínua dando origem ao filme de amido. O controle da espessura dos filmes produzidos por casting é uma etapa que exige atenção e é, ainda um parâmetro pouco estudado. Neste trabalho o controle da espessura foi realizado com o auxílio de dois fios esticados sobre a placa de vidro e a solução foi espalhada com o bastão de vidro, devido a solução ser viscosa. O filme obtido apresentou espessura de 90 μm. De acordo com Sobral (2000), quando se produzem filmes por casting, o controle da espessura depende largamente da viscosidade da solução filmogênica. No caso de soluções muito viscosas, que se comportam como fluídos de Bingham (não fluem sob a ação do seu próprio peso), a solução deve ser espalhada com um equipamento conveniente, mantendose uma espessura da solução no suporte que permitirá o conhecimento da espessura do filme depois de seco. Outro parâmetro, este largamente discutido, é o teor de plastificante empregado nos filmes de amido. O efeito que estes causam nas propriedades funcionais dos filmes depende não só da sua concentração, mas também do tipo de plastificante empregado. Para os filmes a base de amido, os plastificantes mais empregados são os polióis, como glicerol e sorbitol, porém os efeitos provocados pelo glicerol são mais acentuados que os provocados pelo sorbitol. Neste trabalho, utilizamos 20 % de glicerol como plastificante e observamos que o filme obtido apresentou transparente, flexível e com aspecto uniforme, Figura 4. A diminuição do plastificante foi observado a formação de filmes quebradiços e opacos.
Figura 4. Filme biodegradável de amido de semente de jaca
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O estudo de biodegradação teve como finalidade mostrar o tempo de decomposição do filme de amido. Para isso, realizamos um comparativo entre o filme de sementes de jaca e o filme de PVC. A biodegradação foi acompanhada no aspecto macroscópico. Os resultados mostraram que após 5 dias, iniciou-se o processo de biodegradação do filme de amido de sementes de jaca, observado pela fragmentação do filme, o mesmo não foi observado para o filme de PVC. Após um período de 10 dias, observamos a aceleração no processo de biodegradação do filme de amido. A biodegradação total do filme de amido foi observado com 15 dias, já para o filme de PVC, o processo de biodegradação não ocorreu. Neste processo de biodegradação dos materiais, observamos a relação de diversos assuntos químicos, tais como: fenômenos químicos e físicos, reações químicas, propriedades organolépticas e propriedades químicas e físicas. 4. Conclusão Os filmes e revestimentos comestíveis e/ou biodegradáveis compõem parte importante do cenário de pesquisa nacional e internacional, com trabalhos importantes quanto à produção, caracterização e aplicação destes materiais. Os filmes de amido produzidos a partir da semente de jaca apresentou aspecto uniforme e transparente com 90 μm de espessura, com grande potencial para aplicação em embalagens de alimentos, por exemplos, frutas e hortaliças minimamente processadas. Em contrapartida, a utilização destes materiais depende da adequação da produção em escala industrial, do estudo da estabilidade ao armazenamento destes materiais, combinados ou não aos alimentos e, principalmente das pesquisas, para que os aspectos negativos e as limitações em relação à produção destes materiais sejam contornados, em especial, a baixa flexibilidade e a baixa estabilidade em condições de elevada umidade relativa.
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Etapas futuras: Rendimento do amido extraído da semente de jaca, caracterização desse amido, estudo da solubilidade em diferentes solventes, estudo das propriedades físicas, químicas e mecânicas do filme biodegradável e variações do uso de plastificantes (glicerol e sorbitol) e suas concentrações para melhorar a flexibilidade do filme. Referências ALVES, Wanderson Ferreira. A formação de professores e as teorias do saber docente: contextos, dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33. n. 2. p. 263-280. maio/ago. 2007. ARVANITOYANNIS, Ioannis; NAKAYAMA, Atsuyoshi; AIBA, Seiichi. Edible films made from hydroxypropyl starch and gelatin and plasticized by polyols and water. Carbohydrate Polymers, v. 36, n. 2-3, p. 105-119, 1998. BEMILLER, James N. Starch modification: challenges and prospects. Starch‐Stärke, v. 49, n. 4, p. 127-131, 1997. ELLIS, Roger P. et al. Starch production and industrial use. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 77, n. 3, p. 289-311, 1998. LAWTON, J. W. Effect of starch type on the properties of starch containing films. Carbohydrate Polymers, v. 29, n. 3, p. 203-208, 1996. PETERSEN, Karina et al. Potential of biobased materials for food packaging. Trends in food science & technology, v. 10, n. 2, p. 52-68, 1999. SOBRAL, PJ do A. Influencia da espessura de biofilmes feitos a base de proteinas miofibrilares sobre suas propriedades funcionais. Área de Informação da Sede-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2000.
Resumo. Os corantes naturais são conhecidos e utilizados no tingimento de tecidos há muitos anos. Sabe-se que o seu uso foi substituído aos poucos pelos corantes sintéticos, que são práticos, porém, altamente impactantes ao meio ambiente. Portanto, o presente projeto foi desenvolvido a partir do uso de materiais simples e de baixo custo onde corantes naturais foram extraídos e utilizados para tingir tecidos utilizando vinagre e alúmen de potássio como mordentes. Os discentes utilizaram a técnica de tie dye para tingir camisas e verificar a eficácia do produto. 1. Introdução A arte de aplicar cor em tecidos é conhecida há muito tempo. No entanto, a importância de corantes naturais na obtenção de cores em tecidos desapareceu desde o advento dos corantes sintéticos, que teve como principais vantagens uma ampla gama de cores e tonalidades (KANT, 2012). Os corantes sintéticos representam uma boa alternativa e são viáveis comercialmente. Contudo, agridem o meio ambiente devido à poluição e prejudicam a saúde humana, principalmente dos trabalhadores por causa dos seus efeitos tóxicos. Já os corantes naturais derivados da flora e fauna são mais seguros porque são atóxicos, não carcinogênicos e biodegradáveis, porém, o uso dos mesmos envolve uma série de dificuldades, pois se apresentam sob diversas formas, reagem de modo diferente às misturas alcalinas, aos ácidos e aos sais metálicos, resultando em nuances variadas. A solubilidade também varia tanto na água como em soluções alcalinas ou ácidas. (DAMASCENO et al, 2018) Apesar de serem muito mais limitados do que os sintéticos, a cor de qualquer corante natural pode ser facilmente reproduzida através da mistura de corantes sintéticos, mas o inverso não é possível. Determinadas
cores só são obtidas após várias tinturas. Na maioria delas é necessário a utilização do mordente (que incluem metais pesados) para manter a cor dos tecidos, pois a maioria deles não possui uma boa interação com a fibra e costumam desbotar ao longo do tempo. Além disso, eles não são próprios para o tingimento de fibras sintéticas, ao contrário do algodão que é um tecido mais fácil para os corantes naturais aderirem. (MELLO, 2013) O tecido tinto tem coloração agradável, possui disponibilidade de várias fontes naturais, tais como, insetos, fungos e minerais, apesar da reprodução da tonalidade muitas vezes ser comprometida e apresentar, em muitos casos, baixo índice de solidez da cor à lavagem (IBRAHIM et al., 2010). A mordentagem melhora a solidez da cor dos tingimentos e desenvolve diferentes tons com o mesmo corante. A extração e utilização de corantes naturais, tais como, café, urucum, repolho roxo, açafrão, feijão preto e folha de couve, no tingimento de tecidos tem por finalidade aproximar os conteúdos de sala de aula com o dia a dia do aluno, despertar o interesse e gosto pela pesquisa nas disciplinas de Química, com o estudo dos elementos químicos presentes nas fórmulas dos compostos naturais, propriedades químicas dos corantes extraídos e métodos de separação; Artes com a técnica de Tie Dye para tingir camisas e Matemática com proporções de medidas de volume, massa e temperatura. 2. Materiais e Métodos. O presente projeto foi realizado por um grupo de 15 alunos da 1ª serie do Ensino Médio Integral no Colégio Estadual Leandro Maciel do Município de Rosário do Catete-Se. Para a extração dos corantes foram selecionados
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materiais fáceis de ser encontrados na comunidade: beterraba, café, couve, cúrcuma, feijão preto, repolho roxo e urucum (açafroa). Na extração dos corantes derivados das matérias primas selecionadas, adicionouse uma quantidade razoável de água em um recipiente e acrescentou-se o vegetal selecionado (tabela 1), levando-o ao fogo por 20 minutos. Passado esse tempo foi retirado do fogo e filtrado para separar o extrato do vegetal. Neste momento, o mordente é adicionado ao extrato e misturado até homogeneizar a solução.
3. Resultados e discursões. O extrato de urucum (açafroa) apresentou boa extração. As amostras tingidas com os mordentes: vinagre e alúmen de potássio tiveram uma boa fixação da cor obtendo um tom alaranjado, devido à presença da bixina, no entanto a coloração obtida com o mordente vinagre é mais vibrante. (figura 1).
Figura 1. Amostra de tingimento com extrato açafroa utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. Tabela 1: vegetais utilizados
Para verificar a eficácia do corante foram realizados tingimentos com mordentes diferentes, alúmen de potássio e vinagre. Os mordentes foram utilizados nas seguintes proporções: 10 gramas de alúmen de potássio para cada 100 gramas de tecido e 50 ml de vinagre para cada 100 gramas de tecido. Neste processo foi utilizado tecido 100% algodão. O tecido a ser tingido foi deixado de molho por 10 minutos em água fria, (processo importante para a melhor fixação do corante natural). Após este procedimento retirou-se o tecido do molho, eliminouse o excesso de água e acrescentou-o à solução (extrato e mordente), levando-o ao fogo até observar a redução de água, mexendo sempre que necessário, com um bastão de vidro para obter um tingimento homogêneo. Feito isso, retira-se o recipiente do fogo deixando-a esfriar a temperatura ambiente. Em seguida, o tecido foi lavado com bastante água para a retirada do excesso de corante e deixado para secar à sombra.
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No tingimento com o extrato da beterraba observamos tonalidades diferentes frente aos dois mordentes. Na presença do vinagre observamos a coloração rosa intenso que desprende com facilidade na lavagem, já na presença do alúmen apresentou melhor solidez observando um tom rosado. As cores características da beterraba conferem as betaninas. (figura 2).
Figura 2: Amostra de tingimento com extrato beterraba utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente.
O tingimento com café resultou em tons de marrom sólido, tanto para o vinagre quanto para o
alúmen, porém houve uma melhor fixação da cor com o alúmen. (figura 3).
Figura 5: Amostra de tingimento com extrato de feijão preto utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente. Figura 3: Amostra de tingimento com extrato de café utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente.
Observou-se que o corante da cúrcuma foi extraído com facilidade. O tingimento do tecido foi muito eficiente com os mordentes utilizados, revelando um tom amarelado, característica da curcumina. Quanto ao mordente, o vinagre revelou um tom amarelo intenso, entretanto, o alúmen apresentou melhor solidez (figura 4).
No tingimento com o extrato da couve obtivemos o tom amarelo claro para os dois mordentes, porém, o alúmen de potássio revelou um amarelo mais intenso. (figura 6).
Figura 6: Amostra de tingimento com extrato da couve utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente.
Figura 4: Amostra de tingimento com extrato de cúrcuma utilizando os mordentes vinagre e alúmen, respectivamente.
As amostras tingidas com extrato de feijão preto resultaram em tons de azul a lilás, característica das antocianinas. Com o mordente vinagre, o corante se desprende com facilidade revelando a cor lilás. Já na presença do alúmen, observou-se solidez, desprendendo pouco corante na lavagem revelando a cor azul (figura 5).
O extrato de repolho roxo apresentou cores distintas frente aos mordentes utilizados, sendo as antocianinas, substâncias presentes nesses vegetais, as responsáveis pela mudança da cor na presença de ácidos de bases. No mordente vinagre, os tecidos tingidos revelaram tons de rosa a lilás (figura 7), pois possui caráter ácido. Já o alúmen de potássio, por ser um sal, revelou tons de azul. (figura 8).
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permitindo que os discentes relacionem os experimentos com a estrutura química dos materiais, aprofundando o conhecimento sobre o comportamento químico dos corantes, em diferentes pH e mordentes, colaborando com metas sustentáveis para o futuro. Referências
Figura 7: Amostra de tingimento com repolho utilizando o mordente vinagre.
Figura 8: Amostra de tingimento com repolho utilizando o mordente alúmen.
4. Conclusão Tendo em vista os aspectos observados no presente estudo, pode-se concluir que tecidos de algodão podem ser facilmente tintos com o corante natural, utilizando-se ainda, como agentes fixadores da cor, produtos de baixo impacto na natureza. O uso de vinagre como mordente nas amostras tintas com cúrcuma, urucum e beterraba proporcionou cores mais vibrantes. Já com o alúmen de potássio foram observadas cores foscas e melhor solidez. As antocianina, presente no repolho roxo, confere diferentes tonalidades de cor, de acordo com as condições intrínseca, como pH. A tonalidade da cor depende muito da quantidade de vegetal utilizada, pois quanto mais concentrado o extrato obtido maior é a intensidade. O objetivo é dar continuidade ao trabalho,
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DAMASCENO, S. M. B.; SILVA, F. T. F.; FRANCISCO, A. C., Sustentabilidade Do Processo De Tingimento Do Tecido De Algodão Orgânico. Disponível Em:< Http://Www.Pg.Utfpr.Edu.Br/Dirppg/Ppgep/ Ebook/2010/Congressos/Enegep/20.Pdf> Acesso em: 15 de agosto de 2018. MELLO, L.M.R. Vitivinicultura brasileira: Panorama 2012 (Comunicado Técnico). 2013. Vol. 137. Disponível em:<http://www.cnpuv.embrapa. br/%20publica/comunicado/#a2013> Acesso em: 17 de setembro 2018 IBRAHIM, N. A. et al. A new approach for natural dyeing and functional finishing of cotton cellulose. Carbohydrate Polymers, v. 82, n. 4, p. 1205– 1211, nov. 2010. KANT, RITA. Textile dyeing industry an environmental hazard. Natural Science, v. 4, n. 1, p. 22–26, 2012.
Resumo. A química envolvida na produção de sabão, a partir do reaproveitamento de laranjas, pode ser utilizada como estratégia didática para promover uma abordagem contextualizada da Química Orgânica. Assim, buscando uma aprendizagem significativa, utilizou-se a temática “LARANJAS: PRODUZIR, ESPREMER E SAPONIFICAR” no trabalho de pesquisa e experimentação realizado por estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual Dr. Antônio Garcia Filho, com o objetivo de compreender isomeria óptica, reação de saponificação e identificar as funções orgânicas presentes na composição química da laranja partindo de um pequeno estudo socioeconômico da cadeia produtiva da laranja de Umbaúba/SE. 1. Introdução As aulas de Química são geralmente estruturadas em torno de atividades que levam à memorização de informações e fórmulas que limitam o aprendizado dos alunos e contribuem para a desmotivação em estudar. Frequentemente, observa-se que alunos não compreendem os verdadeiros motivos para aprender Química, e ainda, parte dessa desmotivação estar relacionada com as dificuldades de abstração de conceitos, compreensão de modelos científicos e o surgimento de concepções alternativas. Os alunos do Ensino Médio, geralmente apresentam baixos níveis de aprendizagens constatadas em avaliações internas realizadas no contexto da própria escola por professores, e nas externas realizadas por programas de avaliações mantidos pelo Ministério da Educação (MEC). Contrariamente ao modelo tradicional de ensino, defende-se que a aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada, para que estes
possam julgá-la com fundamentos teórico-práticos (NUNES; ADORNI, 2010). No entanto, nem sempre é assim que acontece e o grande desafio do professor está em relacionar os conteúdos de Química com a realidade dos alunos. Segundo El-Hani e Bizzo (2002), as várias formas de construtivismo parecem compartilhar de alguns princípios gerais, destacando um fortemente relacionado à contextualização, que é a aprendizagem vinculada a um modelo de ensino que leva em conta os conhecimentos prévios dos alunos sobre o que vai ser estudado, sendo parte desses conhecimentos impressões que os alunos têm do seu entorno. Assim, observando a realidade dos alunos do C.E. Dr. Antônio Garcia Filho foi possível compreender que o ensino de Química Orgânica precisa ser apresentado de outras formas. Ao invés de decorar fórmulas e informações, como é comum ocorrer, o aluno tem que compreender com clareza os conteúdos para que possa entender o mundo à sua volta. Nesse sentido, a contextualização permitiu a união do conhecimento prévio dos alunos com o científico para a construção do conhecimento no conteúdo abordado. Isso está de acordo com o pensamento de Lufti (1992) de que o aluno precisa conhecer um pouco de Química para entender e modificar o meio em que vive. Aproveitando que a base da economia da cidade é a citricultura, foi pensado em um projeto onde a laranja estivesse inserida na temática. Nesse contexto, esse projeto pedagógico tem como objetivo explorar a cadeia produtiva da laranja para tornar mais atrativo o ensino de Química Orgânica por meio da contextualização, promovendo a aprendizagem dos estudantes sobre funções orgânicas, isomeria óptica e reação de saponificação, permitindo uma aproximação dos alunos com o ambiente onde vivem e fazendo-os conhecer a base socioeconômica de sua cidade.
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2. Materiais e Métodos O projeto foi implementado com alunos das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, do Colégio Estadual Dr. Antônio Garcia Filho, em Umbaúba/SE, no início do ano letivo de 2018, logo após a 1ª unidade avaliativa onde foi constatado um baixo aproveitamento do conteúdo abordado através das notas abaixo da média da escola (dos 90 alunos avaliados, 72% obtiveram notas abaixo de 5,0). A aprendizagem é essencial para entender a realidade e transformá-la, não somente para adaptarse (FREIRE, 2002). Sendo a Química uma disciplina essencialmente aplicável ao mundo real, é totalmente viável a utilização da contextualização nas aulas de maneira a visar a educação para a cidadania. Sabendo que a citricultura é uma das principais atividades agrícolas do Estado de Sergipe, e de acordo com o IBGE (2017), o estado ocupa a terceira posição nacional na produção de laranja, foi realizada uma entrevista informal com os estudantes durante a aula, a fim de inteirar-se dos conhecimentos prévios dos alunos das séries citadas anteriormente, onde foi possível constatar que os discentes têm parentescos com citricultores da região, porém, não tinham conhecimento da importância econômica da citricultura para o seu município. A cadeia de produção da laranja, é uma importante geradora de empregos na cidade de Umbaúba, assim como contribui significativamente para a formação da tradição e identidade da cidade. Sendo assim, o cultivo da laranja faz parte do cotidiano da população umbaubense. Neste contexto, foi pensado em usar a laranja como tema gerador das aulas de Química, e interdisciplinarizar com História. O projeto teve início com visitas técnicas realizadas pelos alunos acompanhados das professoras, a instituições como EMDAGRO (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe) e Secretária da Agricultura de Umbaúba, com o objetivo de proporcionar aos discentes uma visão técnica de todo o processo de produção da laranja. A seguir foram organizadas visitas de campo aos elos da cadeia produtiva da laranja de Umbaúba, seguindo a sequência:
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ESTUFAS DE MUDAS → LAVOURA → BENEFICIADORA → DISTRIBUIÇÃO. As visitas de campo foram registradas usando métodos da abordagem antropológica, como a observação e a coleta de depoimentos dos trabalhadores rurais na forma de entrevistas não estruturadas realizadas pelos alunos. Além desse instrumento, também se fez uso de câmera fotográfica digital dos celulares para o registro de imagens. Após a visita as lavouras de laranjas, foi pedido que os alunos fizessem uma pesquisa da composição química da laranja e uma listagem de todas as vitaminas presentes no fruto e seus benefícios, bem como as fórmulas estruturais de todas essas vitaminas, identificando as várias funções orgânicas presentes em cada estrutura. E, aproveitando a estrutura do limoneno, substância presente nas cascas da laranja, foi introduzido durante a aula seguinte os conteúdos de isomeria óptica. O último elo da cadeia produtiva da laranja visitado foi a beneficiadora da cidade, onde os alunos perceberam que muitas laranjas eram desperdiçadas ao longo do processo, e neste momento foi sugerido pelos alunos que essas laranjas servissem de base para produção de um sabão ecológico, aproveitando os conhecimentos adquiridos durante a aula de Química sobre reação de saponificação. 3. Resultados e discussão Inicialmente foram feitas visitas técnicas as instituições EMDAGRO e Secretária de Agricultura de Umbaúba, para que os alunos começassem a ter contato com a parte técnica da citricultura do município. Durante a visita a EMDAGRO os alunos ouviram do engenheiro agrônomo e do técnico agrícola as principais técnicas de manejo do solo para produção dos laranjais (Figura 1). Ficaram cientes também da regularização fundiária aplicada em seu município e do valor socioeconômico da produção da laranja para a sua cidade.
Figura 1. Registro da visita a EMDAGRO de Umbaúba/SE
Numa etapa seguinte, em horário extraclasse, foi realizada uma visita de campo as estufas de mudas de laranjas localizadas na entrada da cidade, o que permitiu os estudantes vivenciarem o processo inicial da produção cítrica, desde a enxertia, passando pelos cuidados com as mudas, até a venda das plantas prontas para o plantio (Figura 2).
Figura 2. Visitação as estufas de laranjas
Ainda no mesmo dia, os estudantes visitaram um latifúndio produtor de laranja, onde observaram os insumos agrícolas para implantação do pomar da fruta cítrica, fizeram algumas entrevistas semiestruturadas aos trabalhadores rurais e conheceram o principal elo dessa cadeia produtiva – a lavoura de laranjas. Dessa forma, foi possível compreender como se dá todo o processo da produção da laranja no munícipio, quais as características das pessoas envolvidas, quais as circunstâncias, as relações que eram estabelecidas pelos agricultores e também as técnicas de manejo com a terra, controle de pragas e irrigação. Ao final dessa visita de campo, foi pedido que os alunos fizessem uma pesquisa da composição química da laranja e uma listagem das vitaminas presentes no fruto e seus benefícios, bem como as fórmulas estruturais dessas
vitaminas. A partir daí os alunos puderam identificar as várias funções orgânicas presentes em cada estrutura, como exercício proposto pela professora. O resultado deste exercício foi satisfatório, pois a média de acertos foi de 90% das 10 questões respondidas. É importante destacar que este projeto pedagógico não tem como finalidade levar o discente a memorizar com mais facilidade aquilo que lhe é ensinado, mas tem como principal objetivo induzir a construção do próprio conhecimento, a partir do raciocínio, reflexão e pensamento críticoinvestigador, para assim desenvolver o conhecimento cognitivo, físico, social e outras habilidades educacionais que serão importantes no contexto em que está inserido. A aula seguinte começou com uma dinâmica, onde os alunos tinham que identificar entre duas caixas onde se encontrava a laranja e o limão apenas utilizando o olfato. Facilmente os alunos identificaram os frutos dentro da caixa apenas pelo cheiro exalado pelo pequeno orifício em cima da caixa. Esse foi o ponto inicial para despertar o interesse dos alunos pelo assunto de isomeria óptica. Aproveitando-se que a presença do carbono quiral (carbono com 4 ligantes diferentes) altera as propriedades organolépticas do composto, foram utilizadas como exemplo as formas enantioméricas do limoneno, substância encontrada na casca de diversos frutos cítricos. A explicação do conteúdo logo após a dinâmica fez com que os alunos compreendessem melhor a relação de isomeria no cotidiano. A seguir, foi realizada uma visita ao centro de beneficiamento de laranja da cidade. Neste momento, os alunos observaram a grande quantidade de laranjas que são descartadas e desperdiçada ao longo do processo na beneficiadora (Figura 3).
Figura 3. Registro da visita ao centro de beneficiamento de laranjas em Umbaúba/SE
Orientados pelas professoras, os alunos fizeram uma pesquisa bibliográfica para dar um destino sustentável
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para as laranjas que são desperdiçadas, analisando os aspectos relevantes para o descarte adequado associado aos conceitos químicos e ambientais, e optaram pela produção de um sabão ecológico utilizando como base o cítrico, com o objetivo de agregar valor e minimizar o impacto ambiental causado pelo acúmulo destes resíduos, além de servir de contextualização para a aula de reação de saponificação. A atividade experimental foi realizada na cozinha da escola pelos próprios alunos sob orientação da professora de Química, uma vez que a escola não possuí laboratório equipado para tal finalidade (Figura 4). Foi importante demonstrar para os discentes que eles poderiam utilizar outro espaço para a reciclagem da laranja na produção do sabão sem fazer uso necessário de laboratórios, equipamentos e reagentes que se encontram distantes da sua realidade social e da comunidade escolar que estão inseridos.
Figura 4. Produção do sabão de laranja na cozinha da escola.
O projeto foi encerrado com uma culminância, com o objetivo de realizar uma avaliação oral da parte teórica do conteúdo de Química Orgânica. Na apresentação do projeto para a escola, identificou-se comprometimento com algumas atitudes que eles estavam planejando em suas comunidades para minimi¬zar ainda mais os impactos ambientais causados pelo o descarte das laranjas, tornando-os multiplicadores do conhecimento. Ficando evidente que o projeto pode muito contribuir para desenvolver nos estudantes uma nova leitura do mundo para poderem atuar conscientemente na sociedade em que vivem. 4. Conclusão Apesar de todo trabalho extra que se teve na execução do projeto, tudo foi compensado pela certeza de que não se trabalhou apenas os conhecimentos espe¬cíficos, como também maneiras de organizar
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o pensamento, de tomar decisões a partir do que era vivenciado pelos alunos. Assim, a Química trabalhada no contexto escolar pre¬cisou assumir a tarefa de preparar cidadãos para uma sociedade cada vez mais permeada pela ciência e suas tecnologias. Relacionando os conteúdos vistos em sala de aula com a situação vivenciada nas visitas de campo, teve-se uma forte tendência em desenvolver no aluno uma sensibilização maior ao ambiente em que vive, além de torná-los cidadãos mais críticos. Referências EL-HANI, C. N.; BIZZO, N. M. V. Formas de construtivismo: mudança conceitual e construtivismo contextual. Ver. Ensaio. Belo Horizonte, v. 4, n. 1, jul. 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática. Banco de Dados Agregados. Tabela 1613: área destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das lavouras permanentes. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/ tabela/1613>. Acesso em: 01 de junho de 2018. LUTFI, M. Ferrados e cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí: Unijuí, 1992. NUNES, A. S. ; ADORNI, D.S . O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de ItapetingaBA: O olhar dos alunos.. In: Encontro Dialógico Transdisciplinar Enditrans, 2010, Vitória da Conquista, BA. - Educação e conhecimento científico, 2010.
Resumo. Laranja, excelente fonte de vitamina C que gera emprego para várias famílias no município de Cristinápolis em Sergipe. A citricultura, por motivos econômicos-sociais e climáticos gera renda para os agricultores e comerciantes em geral, diante disso, o presente estudo teve como objetivo incentivar uma pesquisa de campo a fim de conhecer e refletir sobre a evolução do trabalho na citricultura e os benefícios da fruta para o nosso organismo. Foram propostas atividades significativas que visam promover o desenvolvimento e a socialização dos alunos, como também abordagem de temas relevantes que fazem parte dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para reflexão e discussão. Com esse estudo, o conhecimento científico prioriza a descoberta e torna os alunos mais atuantes na sociedade para compreender os processos relativos ao cotidiano e os problemas sociais. 1. Introdução Registros apontam que o cultivo da laranja teve início no continente asiático, provavelmente da China, que se expandiu com o comércio entre as nações e as guerras, então, a laranja foi levada para outros continentes e as mudas de frutas cítricas foram trazidas para o continente americano. Ao introduzir no território brasileiro se destacou em vários estados. O Brasil é o maior produtor de frutas cítricas que ultrapassa 23 milhões de toneladas, cerca de 800 mil hectares brasileiros produzem laranjas, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a safra da laranja alcançou 17,3 milhões de toneladas em 2017. A região Nordeste do Brasil corresponde a 10% da produção nacional de citricultura, o estado de Sergipe é considerado o quarto produtor, com uma produção aproximadamente de 840 mil toneladas de frutos. Como na maioria dos agronegócios houve
melhorias ao longo do tempo embora tenham passado por dificuldades na cadeia produtiva, que mudanças ocorreram nos pomares dos citricultores no município de Cristinápolis? E quais benefícios a laranja traz para a saúde? Os pomares em Sergipe estão concentrados predominantemente no Sul do estado ocupando áreas nos municípios de Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, dentre outras cidades que possuem propriedades citrícolas. Apesar do cenário do aumento de produção destacado na citrícola brasileira, a produção de citros em Sergipe vem enfrentando dificuldades para se manter em alta. Segundo SANTANA, Carlos (2013) a produção de laranja em Sergipe teve início na cidade de Boquim e se expandiu nos municípios circunvizinhos. Na década de 40 o Ministério da Agricultura criou o posto agropecuário de Boquim com o objetivo de fornecer aos agricultores melhores tecnologia e visando a expansão da produção e produtividade. Porém, surgiu a queda na produção com o passar do tempo, o que ocasionou preços baixos, falta de estrutura viária e o escoamento da produção que deram início aos problemas na época. Com a queda da produção na cidade de Boquim produtores chegaram na cidade de Cristinápolis, compraram terras de pequenos produtores com preços baixos e iniciaram a produção a qual gera emprego para mais de trezentas pessoas. Diante dessa trajetória, o presente artigo com o tema Trajetória da laranja: produção e comercialização no município de Cristinápolis/SE tem como objetivos realizar uma pesquisa de campo a fim de conhecer a evolução do trabalho na citricultura, identificar as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores e produtores, conhecer os benefícios da fruta para o organismo, refletir sobre a dimensão da crise na produção, identificar meios que promovem agricultura sustentável, e estudar temas que
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abordam crescimento econômico, emprego produtivo, trabalho decente para todos, industrialização. Temas esses que fazem parte dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU- Organização das Nações Unidas. 2. Materiais e Métodos O presente trabalho foi desenvolvido no Colégio Estadual Leonardo Gomes de Carvalho Leite no município de Cristinápolis/SE no período de junho a setembro com sete alunos da turma do 3º ano “A” do turno matutino e três alunos da turma do 1º ano “D” do turno vespertino. Para a realização do nosso trabalho de pesquisa foram feitas reuniões no turno matutino, as tarefas foram divididas em dois grupos de cinco alunos. Um grupo elaborou questões com perguntas claras e objetivas destinadas aos produtores, trabalhadores do campo, empresário e engenheiro agrônomo. Outro grupo visitou a fazenda de laranja no munícipio para conhecer o trabalho dos funcionários, e fizeram entrevista com os produtores e 10% dos trabalhadores daquele local. Alunos também fizeram uma visita técnica na área das estufas a fim de conhecer a produção das mudas, saber das dificuldades que os trabalhadores enfrentam e obter conhecimento sobre a principal doença da citricultura, foi feito também uma entrevista através de questionários com o engenheiro agrônomo Auro Conceição Andrade gestor da unidade Emdagro no município de Cristinápolis para obter informações sobre o motivo pelo qual levou os produtores inserirem a produção da laranja em Cristinápolis e conhecer os projetos que a empresa oferece aos produtores e trabalhadores. Para a realização das visitas técnicas no campo de trabalho e entrevista, os alunos utilizaram prancheta, aparelho celular e caneta. Os conteúdos estudados em sala de aula foram sobre: A citricultura, O trabalho informal, Exportação, Globalização, Agricultura familiar e o agronegócio, O uso de agrotóxico, Saúde e bemestar, dentre outros. Tais conteúdos foram trabalhados através de diálogos com os resultados coletados da pesquisa, conversa com membro da família para obter mais informações e a realização de dinâmica de grupo
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– Grupo de Verbalização e Grupo de Observação, o que denomina GV e GO com o tema: O uso de agrotóxico na plantação. A pesquisa foi quantitativa e qualitativa, foi utilizado método da amostra na coleta de dados com número pequeno de entrevistados e discussão em grupo. 3. Resultados e discussão Segundo pesquisas registradas nos anos de 2009 a 2017 sobre a produção brasileira de laranjas o gráfico (Figura 1) mostra que houve um aumento na produção entre os anos 2011/2012 com 387 milhões em média de caixas e uma queda nos anos de 2016/2017 de 245 milhões em média de caixas. Os dados estimados apontaram que as caixas tiveram destinos nos mercados de in natura doméstico, de exportação e de processamento pelas indústrias.
Figura 1- Produção de safra de laranja no Brasil nos anos de 2009 a 2017. Fonte do aluno Álvaro S de Souza (2018).
A cultura do citrus no estado de Sergipe se destaca como um dos principais produtos agrícolas que contribui nacionalmente com 6,9% da área colhida e 4,16% da produção, o que resulta na participação de 3% do PIB sergipano. Corroborando com NEVES, Marcos (2017) o cultivo de frutas cítricas principalmente de laranjas no ano de 2017 foi responsável pela criação de 45.009 novos postos de trabalho no Brasil, 15% a mais do que o ano de 2016 segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CGED). Os resultados mostram a importância da citricultura na economia das cidades. Em geral, mesmo em períodos de dificuldades
atribuídos a seca, falta de investimentos em tecnologia de produção de pequenos produtores, clima e solos pobres em nutrientes, os pomares sergipanos apresentam vulnerabilidade considerados em termos sustentáveis.
maquinários, pulverizadores, atomizadores, grade, roçadeiras, bombas d’água, tratores e outros maquinários conforme a imagem (Figura 2).
3.1. Observação do campo de trabalho e entrevista com produtores da laranja A visita ao campo de trabalho dos produtores da laranja foi o início da aula prática de pesquisa. Através da visita foi possível observar que os produtores que possuem pequena propriedade de laranja, tem no máximo três funcionários que desenvolvem suas atividades por tempo determinado a depender da produção. Ao entrevistar o maior proprietário da fazenda de laranja Elizeu Santos descobre-se que ele é um dos sócios da indústria Tropfruit Nordeste S.A localizada no município de Estância. Elizeu relatou que, iniciou a plantação da laranja no município de Cristinápolis no ano de 1988, e gerou emprego para os moradores da região, enfrentou problemas na lavoura com as pragas (mosca negra) que causou danos diretos e indiretos na árvore de citros devido a alimentação da seiva das plantas, deixando-a debilitada e levou a morte de algumas; a (amarelinha) que se alojou nas árvores impediu a circulação da seiva, as formigas, dentre outras pragas também surgiram na plantação causando danos. Segundo o proprietário, no início da produção, a laranja era vendida por cento ou milheiro e atualmente é por toneladas. De acordo com os produtores da região não há objetivo de ampliar a produção atualmente devido a produção ser instável. Com relação a plantação e o uso de produtos químicos, segundo eles são manuseados adubação foliares, adubação química e pulverização de fungos, e que em alguns setores há barreiras naturais nas plantações. O senhor Elizeu conta que o número de empregados em sua fazenda é de aproximadamente duzentos funcionários efetivo e cem funcionários em contrato temporário nos meses de junho a setembro em que ocorre maior concentração da mão de obra. Percebese nas propriedades o cultivo de milho e eucalipto, e que o proprietário fez investimentos na lavoura com
Figura 2- Equipamento para produção de safra, observado pelos alunos na fazenda do Sr. Elizeu. (Foto Jonata de J. Silva. 2018)
Para os produtores rurais, a modernização no campo adotada de tecnologias permite não somente o ganho produtivo, mas a inserção do produto no mercado brasileiro, facilidade e agilidade nas atividades dos trabalhadores, melhoria na qualidade de vida e redução de perdas na produção. É nessa perspectiva que o produtor Elizeu moderniza suas terras com equipamentos para agilizar o trabalho dos seus funcionários. 3.2. Visita técnica nas estufas e entrevista com os trabalhadores Os alunos entrevistaram dez funcionários que trabalham nas estufas e tiveram conhecimento que nessa estufa há 50 funcionários com trabalhos indiretos e 25 com trabalhos. Esses trabalhadores têm faixa etária entre 21 a 48 anos. Nenhum deles completou o ensino fundamental, a maioria são casados e tem entre 1 a 3 filhos, trabalham na empresa entre 4 a 9 anos, com duração entre 8 a 10 horas por dia de atividade em 5 a 6 dias por semana.
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3.3. Entrevista com o agrônomo da empresa Emdagro Auro Conceição Andrade, gestor a unidade de Cristinápolis.
Segundo os funcionários entrevistados não há uso de agrotóxicos no seu trabalho e que a principal praga ou doença da laranja atualmente é greening a pior e mais destrutiva doença da citricultura. Contudo, a doença na citricultura atualmente está controlada. Foram relatados pelo gerente de produção que as mudas são certificadas e que a maioria dos funcionários utilizam equipamentos de proteção de acordo com o que a lei determina NRR 4 - Equipamento de Proteção Individual - EPI (154.0009): botina, luva, calça, camisa de manga compridas, e etc. Conforme a imagem (Figura 3).
Figura 3. Visita Técnica nas estufas. Alunos em entrevista com o gerente de produção e funcionários. (Foto: Alessandro Vasconcelos. 2018.)
Com relação ao investimento das estufas, é de conhecimento que cerca de 3 milhões são gasto anual e o custo final de uma muda é de 5 reais. O destino das mudas segundo o gerente de produção, é para o estado de Sergipe e Bahia. Em relação a falta de funcionário por algum motivo, o responsável por turma assumi a função e se caso houver algum acidente no local com algum funcionário, o mesmo recebe assistência, em suma, o encarregado procurar solucionar da melhor forma possível o problema, dando assistência aos trabalhadores e evitando interromper a produção.
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De acordo com o agrônomo Auro, o motivo pelo qual levou os produtores a deixarem o município de Boquim para inserir a produção em Cristinápolis, foram: o cultivo de citros em Cristinápolis que se deu com certa conotação de pioneirismo de dois citricultores originalmente de Boquim: Raimundo Alfeu e Elizeu Santos. O senhor Elizeu é hoje o maior citricultor individual do Norte e Nordeste, com cerca de 7 mil hectares de pomares produtivos. A migração de outros citricultores, até que Cristinápolis se tornasse um polo produtivo, ocorreu na esteira da excelente adaptação edafo-climática que o município apresentou para o cultivo citrícola. E certamente o valor do capital das terras, foi mais favorável a época se comparando com os preços praticados para o hectare adquirido em Boquim. Para Auro, aos projetos oferecidos pelos produtores e trabalhados são: assistência técnica presencial e regularização de cargas cítricas, que acontece por meio de eventos grupais, com o objetivo de contribuir para o processo de rastreabilidade de Pragas Quarentenárias (somos o Esloc que mais regulamenta anualmente cargas cítricas para exportação interestadual de frutos), gestão local do processo de seguridade do programa Mão Amiga, em parceria com a Seids, Secretaria Municipal de Inclusão e STTRs (ocorre uma vez ao ano), A Emdagro a nível Regional mantém uma Unidade de Produção de borbulhas certificadas, para abastecimento de viveiristas credenciados para produção de mudas cítricas segundo Auro. 4. Conclusão Ao longo da pesquisa, foi possível perceber alguns dados relevantes sobre o início da produção da laranja no município e seu desenvolvimento. De maneira geral, os produtores tanto de pequenas e grandes propriedades investiram na agricultura com equipamentos para reduzir a mão de obra, os trabalhadores contratados no período da colheita recebem por produção, e que nem todos os
funcionários utilizam equipamentos de proteção. Sabese que a laranja apresenta propriedades benéficas para o organismo e evita doenças. Entretanto, há consumo de sucos industrializados pelos moradores da região. Muitas famílias do município de Cristinápolis sobrevivem da venda da laranja e dos produtos comercializados como: bolo de laranja no pote e geleia de laranja. Diante dessa trajetória, é notável que os dois produtores que deixaram o município de Boquim para iniciar o cultivo da laranja em Cristinápolis, provocaram efeitos positivos no nível de empregos, que gera renda e desenvolvimento econômico para Sergipe. Entretanto, houve algumas dificuldades na produção da laranja o que levou uma queda na safra em certo período e por conta da exigência do mercado foi necessário que os produtores agregassem as novas tecnologias para que os produtos sejam de qualidade. Foi possível analisar através desse estudo que a maior parte da produção é destinada às indústrias de suco concentrado em outras cidades. Através desse trabalho os alunos tiveram a oportunidade de conhecer os processos relativos ao cotidiano, a vida do trabalho de seus pais e familiares e os problemas sociais. Esse mercado potencial promissor necessita de mais estudos sobre a exportação do suco e o suco de laranja como bebida saudável. Referências IBGE: safra 2017. Disponível em: https://canalrural.uol.com.br/ noticias/ibge-safra-2017-soma-242-milhoes-toneladas-303-maiorque-2016-69294/. Acesso em: 01 de setembro de 2018. MARTINS, Carlos R; TEODORO, Adenir V; CARVALHO, Hélio W L. Citricultura no estado de Sergipe. Disponível em: https://www. embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2414294/artigo---citriculturano-estado-de-sergipe. Acesso em: 01 de setembro de 2018. NEVES, Marcos F. Anuário da Citricultura 2017. 1º Ed. São Paulo, 2017. SANTANA, Carlos K P. A dinâmica da Citricultura Sergipana e suas relações Institucionais: Programa de revitalização e permanência da crise. 134 folhas. Dissertação. Pós-graduação em Economia, UFS, 2013.
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Resumo. Este trabalho teve como objetivo observar o processo de osmose em células vegetais onde foram usados os seguintes materiais: batata inglesa e solutos. A atividade foi desenvolvida pelos alunos do 2º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Atheneu Sergipense - CEAS, no município de Aracaju, SE, desenvolvida nas disciplinas de Química e Biologia. Com o estudo, observou-se alterações: de cor e consistência dos vegetais que receberam quantidades significativas de soluto apresentando acúmulo de água na cavidade central deles, uma vez que as células quando submetidas em soluções hipertônicas tendem a perder água para o meio extracelular promovendo a plasmólise. 1. Introdução Osmose é um fenômeno natural em que se observa a passagem de água por meio de uma membrana semipermeável de um meio menos concentrado (hipotônico) para o meio mais concentrado (hipertônico). A osmose tende a uniformizar a concentração nos dois locais separados pela membrana por meio da difusão apenas do solvente. Quando ocorre movimentação do soluto, essa é extremamente pequena. A osmose é um fenômeno muito comum no cotidiano. Por exemplo, uma prática comum usada para conservar carnes é salgá-la. Nesse caso, o meio externo está mais concentrado (por causa do sal) e o meio interno (interior das células da carne) está menos concentrado, por isso ocorre a saída de água das células de microorganismos que poderiam causar a deterioração da carne. Assim, ela permanece conservada por mais tempo. Com o objetivo de compreender a osmose, é proposto neste artigo um experimento simples e de baixo
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custo, que pode ser realizado em turmas de diferentes níveis de ensino, observando o processo de osmose em células vegetais. Vale destacar que o experimento é praticamente instantâneo e com os seus resultados podem ser discutidos em classe abordando não somente os pontos aqui descritos, como osmose e pressão osmótica, mas também aspectos da química de solução (soluto, solvente, mistura e propriedades coligativas). 2. Materiais e Métodos O presente trabalho foi realizado com alunos do 2º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, no município de Aracaju, SE, desenvolvido nas disciplinas de Química e Biologia durante o mês de agosto nas aulas de práticas experimentais. A priori, foi solicitado que os alunos fizessem uma pesquisa para aprofundamento e revisão dos conteúdos, sobre Propriedades Coligativas com ênfase em Osmose. Para o desenvolvimento da atividade foram usados os seguintes materiais: Placa de Petri, vidro de relógio, béquer, espátulas, batata inglesa, chuchu, cebola roxa, sal de cozinha (NaCl), açúcar, papel absorvente. Os estudantes foram organizados em pequenos grupos e seguindo o roteiro da referida prática, os mesmos foram orientados a cortar os vegetais ao meio e fazer um orifício colocar uma certa medida de sal em uma das partes e na outra metade açúcar e deixar uma outra parte para ser o controle, foi realizado o procedimento em ambos os vegetais na batata inglesa e no chuchu, e foi deixado em repouso por 30 minutos até a observação do fenômeno ocorrido. Além disso, durante o tempo de repouso os alunos foram instigados a explicar o que havia acontecido com os vegetais.
3. Resultados e discussão Os resultados e discussões foram analisados tomando como relevância o fenômeno ocorrido, durante e após a atividade experimental (fig.01, 02 e 03), A osmose é um processo físico químico no
Figura 01. Amostra experimental: vegetais cortados ao meio.
Figura 02: Amostras experimentais obtidas após 30minutos depois do início da atividade prática.
qual as moléculas de água passam através de membranas semipermeáveis. Isso ocorre devido à presença de dois meios que possuem concentrações diferentes de soluto. Como seu funcionamento não resulta em nenhum tipo de gasto energético, onde a concentração de sais nas células acontece de maneira controlada, é normal qualificá-la como um tipo de transporte passivo. A osmose é um processo de grande importância nas células do nosso corpo, pois a água (solvente) difunde-se graças a este acontecimento. Na osmose, a água difunde-se em maior quantidade da solução hipotônica (menos concentrada) para a hipertônica (mais concentrada). Nas células vegetais, uma organela chamada vacúolo abriga grande parte da solução aquosa e a água que sai da célula provém principalmente deste local. Por ser um processo físico, a osmose pode acontecer de modo inverso ou reverso. Neste caso, o solvente (água) se difunde do meio hipertônico para o hipotônico, devido à influência da pressão osmótica. A osmose diferencia-se do processo de difusão. Na osmose, a água se desloca entre os meios e na difusão quem se desloca é o soluto (moléculas ou íons). Quando submetemos as hemácias em um meio externo hipertônico, ela perde água e consequentemente, murcha. Quando colocamos em um meio externo hipotônico, ocorre entrada excessiva de água na célula, que se rompe (lise celular). Em meio equilibrado (isotônico), as hemácias possuem aspecto normal. Dentro deste contexto, podemos observar que a osmose é um processo físico químico que acontece constantemente nos animais e vegetais. Osmose é um processo no qual as moléculas de água atravessam as membranas celulares, ocorrendo em meios que possuem diferença de concentração de substâncias.
Figura 03. Amostra experimental: vegetais cortados ao meio, depois de finalizado o experimento
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Figura 4: estudopratico.com.br/osmose-compreenda-esse-processo
Na osmose, o solvente (água) difunde-se de modo a diluir o lado mais concentrado, ou seja, a água flui do meio mais concentrado para o menos concentrado, visando o equilíbrio. A bicamada lipídica é pouco permeável à água, que atravessa lentamente essa membrana. A passagem de água através da membrana plasmática é mais rápida do que o esperado porque ela não ocorre apenas pela bicamada fosfolipídica. Hoje sabe-se que as células possuem proteínas especiais, chamadas aquaporinas, que formam verdadeiros canais de passagem para moléculas de água. A osmose está intimamente ligada à química, pois envolve dois meios de diferentes concentrações de soluto (hipotônico e hipertônico) e a passagem da água. A bicamada lipídica é pouco permeável à água, mas graças às proteínas especiais, chamadas aquaporinas, ocorre a formação de canais de passagem para as moléculas de água. A descoberta das aquaporinas valeu o prêmio Nobel de Química de 2003 a dois médicos estadunidenses, Peter Agre e Roderick Mackinnon. Solução hipotônica, isotônica e hipertônica
Figura 5: estudopratico.com.br/osmose-compreenda-esse-processo
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O processo de osmose tem como finalidade igualar as concentrações entre uma solução hipotônica e outra hipertônica, até que se atinja um equilíbrio. Para isso temos os seguintes tipos de solução: • Solução hipertônica: apresenta maior pressão osmótica e de concentração de soluto. Em um meio hipertônico as células tendem a encolher, já que perdem água. • Solução isotônica: é quando a concentração de soluto e a pressão osmótica são iguais, atingindo assim o equilíbrio. • Solução hipotônica: é a que apresenta menor pressão osmótica e de concentração de soluto. Uma célula colocada em meio hipotônico pode inchar até romper, pois há movimento de água para dentro da célula. Osmose e difusão são processos distintos. O fluxo osmótico é caracterizado pela passagem de solvente do meio menos concentrado para o mais concentrado. Na osmose, as concentrações de ambos os lados tendem ao equilíbrio, a água difunde-se em maior quantidade da solução hipotônica para a hipertônica. Já na difusão, quem se movimenta são as partículas (soluto) do meio mais concentrado para o menos concentrado, tendendo a homogeneizar sua distribuição. A difusão ocorre na membrana plasmática através de pequenas moléculas, como as de oxigênio e as de gás carbônico. A osmose está relacionada a fisiologia humana, pois é um processo essencial à manutenção da vida. Podemos citar a importância da osmose nos processos de troca de substâncias entre as células e o ambiente intercelular (como a que ocorre na região dos capilares sanguíneos) e com a filtração renal (produção de urina). O processo de hemodiálise é bem similar à osmose, pois o sangue é bombeado através de uma membrana e os resíduos tóxicos atravessam a membrana porosa sendo assim, expelidos do organismo. Já nas células vegetais ocorre a passagem de solvente do meio hipotônico para o hipertônico, o transporte de água acontece do solo úmido (meio hipotônico) para a raiz (meio hipertônico). Nas células vegetais, a parede celular que delimita as células, impede sua ruptura, caso o interior da célula esteja muito hipertônico. No citoplasma das células vegetais, o vacúolo é a organela responsável pelo armazenamento de
água, sendo delimitada pelo tonoplasto, uma membrana lipoproteica semipermeável. Por que as saladas não devem ser temperadas muito antes de serem consumidas? Você já deve ter temperado saladas usando vinagre ou limão, sal e azeite. Por experiência própria, deve ter observado que, se temperar com antecedência, as verduras murcham. Isso acontece porque ao temperar a salada estamos submetendo as células vegetais a um meio hipertônico, especialmente devido ao sal. Assim, as células perdem água para o meio, por osmose e consequentemente, murcham. Em vegetais, apesar de grande similaridade com animais, a osmose tem suas particularidades. Primeiramente por não haver ruptura da célula devido à resistência que a parede celular proporciona e pela presença do vacúolo que suporta certa quantidade de água. Ocorre, no entanto, outros acontecimentos como: Turgidez: Mergulhada em um meio hipotônico (menos concentrado em soluto), a célula tende a absorver mais do que ceder água. Com isso a célula se “enche” por alcançar volume máximo (mas não se rompe, criando a impressão de “balão”) de conteúdo. Plasmólise: Ocorre quando a célula é inserida em meio hipertônico (mais concentrado em soluto). Neste a célula vegetal cede mais água que recebe, levando-a a um estado de aparência “seca”. Isso se deve ao fato de o vacúolo retrair-se, diminui de tamanho e acaba por arrastar o conteúdo do citoplasma (e por consequência o conteúdo do hialoplasma) e a membrana plasmática. Tipos de osmose: 1. Exoxmose: o fluxo de água é feito do interior para o exterior; 2. Endosmose: o fluxo de água é feito do exterior para o interior. Endosmose é o movimento resultante das forças de capilaridade no suporte. Ocorre quando o suporte é colocado em contato com o tampão. A solução é aspirada pelas extremidades do suporte e no centro deste haverá o equilíbrio. 3. Eletrosmose: É o movimento de corrente líquida derivada
do fato de serem os suportes eletronegativos em relação à água e, está se torna eletropositiva em relação aos suportes.
Figura 6: Mapa conceitual sobre osmose
A osmose ajuda a controlar o gradiente de concentração de sais em todas as células vivas. Este tipo de transporte não apresenta gastos de energia por parte da célula, por isso é considerado um tipo de transporte passivo. Esse processo está relacionado com a pressão de vapor dos líquidos envolvidos que é regulada pela quantidade de soluto no solvente. 4. Conclusão Por fim, observou-se alterações de mudança de cor e consistência dos vegetais utilizados na atividade prática que receberam quantidades significativas de sal e açúcar apresentando acúmulo de água na cavidade central delas, uma vez que as células quando submetidas em soluções hipertônicas tendem a perder água para o meio extracelular promovendo a plasmólise. Ao contrário, a batata controle não sofreu nenhuma alteração, pois não recebeu nenhuma das substâncias acima citadas. Tal atividade prática serviu também para explicar aos discentes o processo de osmose, trazendo para o nosso cotidiano a conservação de alimentos na indústria e em nossos lares, fazendo assim uma associação entre o método científico e o nosso conhecimento popular contribuindo na iniciação cientifica dos nossos alunos.
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Referências DESCOMPLICA. Disponível em: <descomplica.com.br>. Acesso em 29 set. 2018. ESTUDO PRÁTICO. Osmose: compreende esse processo. Disponível em <estudopratico.com.br/osmose-compreenda-esseprocesso>. Acesso em 30 jun. 2019. PONTO CIENCIA. Disponível em:<pontociencia.com.br>. Acesso em 30 set. 2018. POZO, Juan Ignacio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, v. 5, 2009. QUÍMICA COTIDIANO. Disponível em < quimicanocotidiano7>. Acesso em 30 set. 2018. SANTOS, Custodio Donizete dos et al. Bioquimica. Lavras: UFLA/ FAEPE, 1999.
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Resumo. Este trabalho teve por objetivo evidenciar a importância das enzimas no sistema digestório, uma vez que os nutrientes absorvidos na alimentação são de fundamental importância para a manutenção vital do metabolismo. A pesquisa foi realizada com alunos do 2º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Atheneu Sergipense - CEAS, no município de Aracaju, SE, desenvolvida nas disciplinas de Biologia e Química. Com o estudo observou-se que as proteínas quando submetidas em meio ácido têm sua estrutura espacial alterada fragmentando-se em unidades menores, os aminoácidos, o que contribui no processo da digestão celular facilitando a absorção de nutrientes pelas células. 1. Introdução As proteínas são moléculas orgânicas de fundamental importância para um bom funcionamento do organismo, uma vez que desempenham diversas funções no metabolismo humano. Dentre as proteínas, às enzimas, por sua vez, são catalizadores biológicos que permitem que reações complexas ocorram a temperatura ambiente e a velocidades compatíveis com o processo bioquímico essencial para a manutenção da célula e da vida (crescimento, multiplicação e diferenciação), (Santos, 1999). Atualmente, observa-se um número significativo de pessoas acometidas por doenças associadas por distúrbios relacionados a deficiência enzimática no organismo, uma vez que essa disfunção pode interferir na qualidade de vida dessas pessoas, provocando doenças relacionadas as intolerâncias alimentares, como por exemplo, à lactose e ao glúten. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo evidenciar a importância das enzimas no sistema
digestório, uma vez que os nutrientes absorvidos na alimentação são indispensáveis na manutenção vital do metabolismo. 2. Materiais e Métodos O presente trabalho foi realizado com alunos do 2º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência Atheneu Sergipense - CEAS, no município de Aracaju, SE, desenvolvido nas disciplinas de Biologia e Química no mês de agosto durante as aulas de práticas experimentais. A priori, foi solicitado que os alunos fizessem uma pesquisa para aprofundamento e revisão dos conteúdos sobre o sistema digestório e protéinas. Para o desenvolvimento da atividade foram usados os seguintes materiais: béquer, vinagre, leite em pó, pisseta, água, medidor de remédio e bastão de vidro. Os estudantes foram organizados em grupos onde foram orientados a colocar uma certa medida de leite no béquer e dissolver com um pouco de água. Logo após, adicionaram uma outra medida de vinagre usando o medidor de remédio. Feito isso, mexeram a mistura e deixaram descançar por alguns instantes até observar o fenômeno ocorrido. Além disso, foram instigados a explicar o evento visualizado e a importância das enzimas estabelecendo uma associação com o sistema digestório. 3. Resultados e discussão Os resultados e discussões foram analisados tomando como relevância o fenômeno ocorrido na mistura, durante e após a atividade experimental (fig.01 e 02),
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secundária, terciária e quaternária (fig. 03) e qualquer agente físico ou químico que destrua a estabilização destas estruturas mudam à conformação das proteínas, sendo esse processo chamado de “desnaturação”. No entanto, `a conformação espacial da estrutura primária permanece inalterada, ou seja, à sequência de aminoácidos que compõem `a cadeia da molécula não muda e uma vez proteína sempre será proteína. Em algumas situações, a desnaturação da proteína, pode ser revertida, em outras não, como ocorreu no experimento realizado. Figura 01. Amostra experimental: uma mistura de leite com vinagre.
Figura 03. Estrutura espacial das proteínas. descomplica.com.br
Figura 02: Amostras experimentais vários dias da atividade experimental.
obtidas
após
Inicialmente, observou-se que a mistura “talhou” ou melhor, o leite “coagulou”. Quando perguntados aos alunos sobre a possível explicação para o ocorrido, os mesmos justificaram da seguinte maneira: 1. O fenômeno ocorreu devido a mistura do leite com o vinagre que é ácido, ou seja, o leite talhou porque o ácido do vinagre desnaturou a proteína dessa substância degradando em partes menores. 2. “O vinagre faz a função do suco gástrico no leite quebrando as proteínas do leite”. 3. A acidez do vinagre faz com que as proteínas do leite sejam quebradas em pequenas partículas, mostrando como funciona o suco gástrico no organismo. De acordo com Santos (1999), as proteínas apresentam as seguintes estruturas espaciais, primária,
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Fonte: www.
Ademais, verificou-se que o leite coagulou em virtude da acidez do ácido acético presente no vinagre, uma vez que provocou a desnaturação da proteína presente no leite, a caseína. Nesse exemplo, o ácido acético exerceu função semelhante ao do suco gástrico que por conter o ácido clorídrico, além de outras substâncias como, muco e enzimas atua na quebra das moléculas das proteínas, degradando-as em partículas menores contribuindo na melhor assimilação dos nutrientes pelo sistema digestório. Também, aproveitamos o momento para explicar aos alunos o motivo pelo qual nas churrascarias temos como acompanhamento, rodelas de “abacaxi”, uma vez que esta fruta possui a enzima “bromelina”, que atua na digestão das proteínas facilitando nesse caso, a digestão das proteínas de origem animal. Um outro aspecto observável foi o fato da mistura apresentar-se como uma mistura heterogênea, conforme fig. 04. Com isso, percebeu-se que houve uma separação da mistura, onde os discentes puderam visualizar o soro do leite. A partir disso, foi feita uma revisão acerca do conteúdo de química sobre “misturas e classificações das misturas”.
4. Conclusão
Figura 04: Amostra experimental, com aspecto de mistura heterogênea.
Ainda, com base no experimento, salientamos que a produção de queijos e iogurtes, produtos alimentícios de suma importância em nossa alimentação podem ser produzidos artesanalmente, haja visto que são produzidos a partir da coagulação do leite. Logo, percebe-se que uma atividade experimental pode ser um importante recurso metodológico, pois possibilita ao professor abordar o conteúdo de modo dinâmico e motivador estimulando nos alunos o espírito científico, uma vez que desperta a capacidade da observação e da curiosidade contribuindo para uma aprendizagem significativa. Além de possibilitar ao discente a apropriação do conhecimento científico a partir do popular e vice-versa. POZO e CRESPO (2009), enfatiza que a ciência deve ser ensinada como um saber histórico e provisório tentando fazer com que os alunos participem, de algum modo, no processo de elaboração do conhecimento científico, com suas dúvidas e incertezas, e isso também requer deles uma forma de abordar o aprendizado como um processo construtivo, de busca de significados e de interpretação, em vez de reduzir a aprendizagem a um processo repetitivo ou de reprodução de conhecimentos pré-cozidos, prontos para o consumo. Freire (1987 citado por BAPTISTA, 2010) ressalta que ensinar não é transmitir conhecimentos, mas, sim, criar condições para que os estudantes possam construir saberes. Por fim, ressaltamos a importância das enzimas, uma vez que algumas doenças estão associadas à deficiência dessas substâncias no organismo, como `as intolerâncias alimentares, à exemplo, da lactose e ao glúten.
O vinagre, atua como meio ácido que quando adicionado ao leite o faz coagular, uma vez que promove a desnaturação da proteína, caseína, presente no leite. Logo, o suco gástrico funciona de maneira semelhante, pois as proteínas quando são submetidas ao meio ácido têm sua estrutura espacial alterada fragmentando-se em unidades menores, os aminoácidos, o que contribui no processo da digestão celular facilitando a absorção de nutrientes pelas células. Tal prática experimental serviu também para explicar aos discentes o processo de produção de queijos, a utilização do vinagre e/ou suco de limão no preparo do doce de leite caseiro e o consumo de abacaxi como acompanhamento nas churrascarias, por exemplo, fazendo a associação entre o conhecimento popular e o científico de modo a contribuir na iniciação científica dos mesmos. Referências BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. A importância da demarcação de saberes no ensino de Ciências para sociedades tradicionais. Ciência & educação, v.16, n. 3, p. 679-694, 2010. Disponível em: http://www.descomplica.com.br. Acesso em 29/09/2018. POZO, Juan Ignacio; CRESPO, Miguel Ángel Gómez. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Tradução: Naila Freitas. Porto Alegre: Artmed, 2009. 296p SANTOS, Custódio Donizete dos et al. Bioquímica. Lavras: UFLA/ FAEPE, 1999. 244p.
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Resumo. O projeto teve como objetivo analisar os efeitos do desenvolvimento de atividades de educação em saúde ambiental, na formação crítica de alunos do Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas, no município de Lagarto, Sergipe. Para tanto, foi desenvolvida uma oficina com 15 alunos, e também foi aplicado um questionário pré e pós-teste. Conclui-se que a oficina foi importante para ampliar informações sobre o mosquito Aedes aegypti, fazendo com que estimule os alunos participantes a refletir sobre o assunto, na medida em que passaram ter discursos de mudança de comportamento para uma melhor segurança de saúde e prevenção de doenças transmitidas pelo mosquito. 1. Introdução O ambiente está em processo contínuo e dinâmico de transformação, resultante de fenômenos naturais e ações antrópicas, uma proposta pedagógica de educação ambiental deve contemplar essas alterações, considerando que os grupos sociais se apropriam de maneiras diferentes dos recursos naturais, em função de fatores históricos, econômicos e culturais (MEYER, 1991). A proposta pedagógica de educação em saúde ambiental apresentada nesse projeto deve contribuir para a formação de cidadãos críticos, que vejam no ambiente o reflexo do seu comportamento. A partir do momento em que os discentes se veem como parte importante no processo de saúde ambiental, eles tendem a mudar hábitos e valores, que podem contribuir para o crescimento da consciência ambiental dos mesmos e dos seus próximos. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo geral analisar os efeitos do desenvolvimento de atividades de educação em saúde ambiental, na formação crítica de
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alunos do Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas, no município de Lagarto, Sergipe. 2. Materiais e Métodos A oficina realizada teve como tema “Nossa escola contra o Aedes aegypti” e foi realizada no turno vespertino. Foi desenvolvida no Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas, em Lagarto, Sergipe, no turno vespertino. Para tanto, os primeiros 45 alunos que desejassem participar seriam automaticamente inscritos. Todavia, somente 15 interessados se inscreveram, os mesmos foram do segundo e terceiro ano do ensino médio. Antes de abordar o tema do projeto, foi aplicado um questionário prévio, para depois seguirmos com a explicação. Foram abordados diferentes temas sobre o Aedes aegypti, tal como a biologia do mosquito, os vírus transmitidos, doenças, contágio, sintomas, tratamentos e prevenção; as implicações da Dengue, Zyka e Chikungunya; as possíveis medidas para combater o problema, ressaltando a nossa responsabilidade enquanto cidadãos críticos. Na parte teórica tivemos auxílio do slide para ajudar na compreensão dos alunos. Na dimensão prática, foi utilizada uma paródia da música Barbosa de Yves Deluc e a Cidade Dormitório. Além disso, foi realizada uma gincana de perguntas e respostas, onde os alunos foram divididos em dois grupos. Na parte final, foi aplicado um questionário posterior. 3. Resultados e discussão 3.1 Relato da experiência da oficina A oficina foi realizada no auditório, com alunos de 17-
19 anos, primeiramente foi aplicado um questionário para mensurar os conhecimentos prévios dos estudantes, contendo no questionário a seguintes perguntas: é comum no seu cotidiano recolher materiais que estejam acumulando água? ; Você tem conhecimento sobre os sintomas provocados pelo mosquito Aedes aegypti, ao transmitir doenças como dengue, Zica ou chicungunha?; Para você, é importante o estudo sobre o mosquito Aedes aegypti? ; logo após, foi realizada uma abordagem teórica sobre o assunto, na qual houve participação ativados participantes, que interagiram fazendo perguntas bastante proveitosas, por meio das quais foram esclarecidos muitos pontos. Foram discutidos temas que muitos desconheciam até o momento ou ouviram falar, mas não com profundidade, por conta disso, foi percebido interesse em aprender. Em seguida, foi promovida uma dinâmica de perguntas, a fim de reforçar tudo o que havia sido explicado. Os alunos mostraram entusiasmo, com interesse em participar, podendo ser visto que realmente aprenderam o que foi discutido. Na sequência, com a utilização da arte da música, foi promovida uma reflexão mais profunda, pois ao decorrer dos refrãos, foram relatadas formas de prevenção do mosquito. A execução dessa atividade em conscientização sobre o Aedes aegypti durou por volta de uma hora. Apesar de ter sido bastante progressivo o percurso da oficina poderia melhorar colocando as dinâmicas entre as explicações para focar mais nos temas e não tornar cansativo. 3.2 Análise dos questionários Inicialmente foi perguntado se os estudantes conheciam os sintomas provocados pelo mosquito Aedes aegypti, ao transmitir doenças como dengue, zica ou chicungunha. No questionário prévio, três estudantes (20%) afirmaram que sim, enquanto quatro (26,6%) afirmaram que não conheciam e oito (53,3%) disseram que conheciam alguns sintomas. Por outro lado, no questionário posterior, observou-se que a maior parte dos estudantes, em igual número, ou afirmaram que conheciam os sintomas (7 estudantes, 46,6%) ou que
tinham conhecimento de pelo menos alguns desses (7, 46,6%). Apenas um estudante (6,6%) afirmou não conhecer nenhum sintoma provocado pelo Aedes. O gráfico abaixo (Figura 1) apresenta comparação desses dados.
Figura 1. Conhecimento dos estudantes sobre os sintomas de doenças causadas pelo Aedes Aegypti.
Podemos perceber que houve uma considerável evolução positiva nas respostas, se compararmos os questionários, que pode ser atribuído principalmente ao fato de que a aplicação posterior se deu imediatamente após a abordagem na oficina, o que certamente contribuiu para que os estudantes estivessem lembrados dos conhecimentos compartilhados. Na segunda pergunta do questionário, foi questionado aos alunos se era comum no cotidiano deles recolherem materiais que estavam acumulando água. No questionário prévio, a maioria em número igual, responderam que não (7 estudantes, 46,6%) ou que às vezes (7, 46,6%), apenas um estudante (6,6%) disse que recolhia. Já no questionário posterior, a pergunta foi reformulada com o intuito de saber se eles tinham se sensibilizado a partir das discussões na oficina, então, foi perguntado se eles iriam recolher os materiais que estivessem acumulando água, caso encontrassem. A maioria dos estudantes (8, 53,3%) respondeu que sim, cinco (33,3%) afirmaram que pretendem recolher materiais com potencial para acumular água apenas em casa e dois (13,3%) responderam que não pretendem agir em prol do ambiente. Pode-se perceber que a maioria se dispõe a uma atitude ambientalmente correta, mesmo
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que alguns recolham só em casa, ou seja, muitos deles entenderam que a ação humana ajuda na saúde ambiental e que eles são também responsáveis pela mesma. Todavia, espera-se que mais possibilidades de debate possam auxiliar na construção de uma consciência mais crítica frente os impactos de nossas ações no ambiente. Para finalizar, foi perguntado se os estudantes achavam importante estudar sobre o mosquito Aedes aegypti. No questionário prévio, a maioria dos estudantes (7, 46,6%) respondeu que em parte, sequenciado por seis (40%) que responderam sim e dois (13,3%) que responderam não. No questionário posterior, 60%, ou seja, nove alunos responderam que achavam importante, quatro estudantes (26,6%) continuaram achando que só em partes e dois (13,3%) acham que não é importante. O gráfico abaixo resume esses dados (figura 2).
4. Conclusão A incidência de doenças provocadas pelo Aedes aegypti tem aumentado, por isso o Estado precisa investir em educação, pesquisas e estratégias para controlar epidemias que afetam a sociedade, a fim de proporcionar um controle do mosquito, e, assim, melhoria de saúde para a população. Pensando nisso, foi promovido com alunos do ensino médio uma oportunidade de discutir sobre o Aedes aegypti, mostrando aspectos sociais, econômicos e políticos envolvidos no processo de educação em saúde ambiental. A oficina possibilitou a construção de conhecimentos sobre o mosquito, e, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, tendo em vista o destaque a educação ambiental presente no cotidiano de estudantes, que contribuem para ter melhor cuidado com o meio ambiente, ajudando consequentemente a vida em sociedade. Referência MEYER, M. A. A. Educação Ambiental: uma proposta pedagógica. Revista Em aberto, v. 10, n. 49, p. 40-45, 1991.
Figura 2. Percepção dos estudantes quanto a importância de estudar sobre o Aedes Aegypti.
Após eles terem visto mais sobre o Aedes aegypti e suas consequências, acredita-se que tomaram conhecimento da importância de estudar sobre o mesmo. Com o resultado das respostas dos questionários é perceptível que apesar de não serem todos, alguns já tinham essa visão e outros mudaram de ideia sobre a importância do estudo desse vetor. Seria necessário mais espaços oportunos de debate sobre o tema para uma maior sensibilização do corpo discente sobre o assunto. Nesse sentido, o projeto se propõe a possibilitar outras oficinas, como forma de sensibilização frente ao tema.
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Resumo. A iniciação científica na educação básica é de suma importância para nossos educandos, pois possibilitará que os mesmos sejam capazes de buscar soluções técnicas e metodológicas para resolver os problemas de seu cotidiano. Dessa forma, o presente projeto tem papel fundamental na formação do pensamento crítico da comunidade escolar, a fim de sensibilizá-la para os problemas causados pelo descarte indevido do óleo de cozinha usado e reciclagem na produção de sabão ecológico. A motivação desse trabalho é centrada na oportunidade de que nossos alunos bolsistas Pibic-Jr tenham contato com a Pesquisa e a Ciência na tecnologia de fabricação de sabões. 1. Introdução A contaminação e a escassez das águas de rios e lagos têm preocupado toda a sociedade, isso porque da água doce existente no planeta apenas 0,3% está disponível para o consumo. Um dos contaminantes da água é o descarte indevido do óleo de cozinha, pois cada litro de óleo despejado pode poluir cerca de um milhão de litros de água. Essa poluição provoca a mortandade de peixes e de outros animais aquáticos. Outro problema é o acúmulo de óleo e gordura nos encanamentos, pois provoca o entupimento e refluxo de esgoto. É sabido que o óleo de cozinha usado pode servir como matéria-prima na fabricação de diversos produtos, tais como biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros (BORTOLUZZI, 2011; MELO & CASTRO, 2014). A iniciação científica na educação básica é de suma importância para os educandos, pois possibilitará que os mesmos sejam capazes de buscar soluções técnicas e metodológicas para resolver os problemas de seu cotidiano. Além disso, contribuirá na formação da
cidadania e, dessa forma, permitirá o desenvolvimento de conhecimentos e valores que possam servir de instrumentos mediadores da interação do indivíduo com o mundo, os quais auxiliarão na construção de seu projeto de vida. Levando em consideração que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que os conteúdos de educação ambiental sejam tratados nos temas transversais de maneira interdisciplinar na educação formal. E compreendendo que um dos objetivos do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) é promover processos de educação ambiental voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis, dessa forma, o projeto RECICLÓLEO permeará os objetivos, conteúdos e orientações didáticas nas disciplinas de Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química) e Matemática, a fim de sensibilizar a comunidade escolar para os problemas causados pelo descarte indevido do óleo de cozinha usado e reciclálo para a produção de sabão que será utilizado pelos envolvidos no projeto. 2. Materiais e Métodos 2.1. Localização da área e caracterização dos envolvidos no projeto O Centro de Excelência de José Rollemberg Leite (CEJRL), situado no bairro José Conrado de Araújo, entre as coordenadas geográficas latitude 10°54’16.24’’S e longitude 37°4’48.49’’W. A escola (imagem 1) foi inaugurada no ano de 1953, tem uma estrutura física com capacidade para acolher 860 alunos, atualmente
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tem 388 alunos. Possui treze salas de aula, biblioteca, laboratório de informática, laboratório de ciências naturais, auditório, sala de recursos multifuncionais, sala do Centro de Mídias. O projeto vem sendo executado pelos professores, alunos bolsistas e alunos voluntários
VIII.Elaboração e distribuição de folhetos educativos sobre as vantagens ambientais e sociais do reaproveitamento do óleo de fritura; IX. Elaboração de banner e relatórios parcial e final da pesquisa. 3. Resultados e discussão 3.1. Discussão sobre o objeto de estudo e dos artigos pesquisados
Imagem 1. Vista frontal do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores).
da 1ª e 2ª série do Ensino Médio em Tempo Integral. 2.2. Metodologia Os materiais e procedimentos utilizados durante à pesquisa foram tomados como referência nos trabalhos apresentados pelos autores Lopes & Baldini (2009) e Alberici & Pontes (2004). Para alcançar os objetivos do projeto foram planejadas e executadas as seguintes etapas: I. Reunião entre orientadores, bolsistas e voluntários no laboratório de ciências do CEJRL; II. Levantamento bibliográfico e discussão dos artigos pesquisados pelos docentes da disciplina de Biologia e Química; III. Elaboração e aplicação de questionário junto aos alunos do Ensino Médio; IV. Revisão sobre “análise de dados”, “construção de gráficos e tabelas”, “porcentagem”, ministradas pelos professores de Física e Matemática; V. Discussão dos dados obtidos do questionário; VI. Campanha de mobilização na escola para o armazenamento de óleo de frituras; VII. Produção do sabão ecológico em pequena e grande escala a partir do óleo de cozinha doado pelos alunos.
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Os docentes das disciplinas de Biologia e Química abordaram sobre a importância da reciclagem do óleo de cozinha, no tocante aos prejuízos ambientais causados pelo descarte incorreto; mostraram as etapas do método científico, relacionadas ao objeto do presente estudo, como também das transformações físicoquímicas que ocorrem nesse processo. Além disso, os alunos/bolsistas apresentaram seminários sobre os artigos pesquisados. 3.2. Análise do questionário aplicado junto aos alunos O questionário foi regido por perguntas abertas e fechadas, de acordo com as definições e orientações propostas por Goldenberg (2004). Para a construção e análise dos gráficos, bem como a transformação estatística dos resultados obtidos do questionário, foram orientadas pelos professores das disciplinas de matemática e física. As principais perguntas estão representadas nas subseções a seguir; 3.2.1 Consumo mensal de óleo de cozinha utilizado pela família dos alunos Análise dos dados revelou que a maioria das famílias consome entre 2 e 4 frascos de óleo de cozinha, conforme imagem 2. Sendo que apenas 2% informou
L de água quente, ½ copo de sabão em pó, 1,0 Kg de soda cáustica (NaOH), 5 mL de óleo essencial. Após diversos testes, a receita ideal tem a seguinte composição: 250 mL de óleo de cozinha usado (filtrado); 5 mL de essência (opcional); 33,75 g de soda cáustica (em escama); 35 mL de água morna (em torno de 50ºC); 5 g de sabão em pó (opcional). 3.4. Produção em escala do sabão ecológico
Imagem 2: Consumo mensal de óleo de cozinha usado pela família dos alunos
Após diversos testes laboratoriais a receita e a metodologia foram adaptadas para uma produção em escala, conforme imagens de 4 a 13.
que em sua casa não há consumo de óleo de cozinha.
3.2.2. Destino dado ao óleo de cozinha usado A pesquisa apontou que 66% dos alunos faz o descarte indevido do óleo de cozinha (imagem 3) e
Imagem 3: Destino dado ao óleo de cozinha usado
Imagens 04 a 06: Filtração e medição de 5,0 L de óleo de cozinha usado (imagem 04); Pesagem de 675 g de soda cáustica (imagem 05); medição do volume de 100 mL de essência e de 700 mL de água morna e ½ copo americano de sabão em pó (imagem 06).
somente 3% apresenta uma consciência socioambiental. 3.3. Ensaios laboratoriais Foram realizados ensaios com diversas receitas para obtenção de um sabão ecologicamente correto. O procedimento utilizado foi adotado dos autores “Lopes & Baldini (2009); Alberici & Pontes (2004)”, mas a receita foi adaptada desse último trabalho, onde foi utilizada a seguinte composição: 4,0 L de óleo comestível usado, 2,0
Imagens 07 a 10: Dissolução da soda cáustica (imagem 07); Transferência do óleo de cozinha, da água e do sabão em pó (imagem 08); Homogeneização do sistema (imagem 09); produto obtido após 20 minutos de agitação do sistema (imagem 10).
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entre elas, visita a empresa de produtos de limpeza e de reciclagem, extração do óleo essencial de ervas medicinais para ser utilizado na produção do sabão ecológico; Elaboração de folhetos educativos. Referências
Imagens 11 a 14: Armazenamento do produto final em caixas de papelão e vasilhas plásticas por 48 h (imagem 11): teste de espuma e pH (imagem 12): corte, etiquetagem e distribuição (imagens 13 e 14).
4. Conclusão: Apesar de pouco tempo de execução, aproximadamente quatro meses, os objetivos do projeto estão sendo alcançados. Nesse período, foi constatado o comprometimento dos alunos em armazenar o óleo de cozinha usada por suas famílias, visto que muitos não tinham o conhecimento do impacto ambiental provocado pelo descarte em pias, lixos e terrenos. Sendo que a sua reciclagem na produção de sabão é uma forma educativa e sustentável, além disso, possibilitará à economia de recurso destinado a aquisição desse produto. Este trabalho de conscientização deve ser contínuo no ambiente escolar, pois somente assim teremos cidadãos que se envolvam nas questões socioambientais. Outras atividades serão desenvolvidas,
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BRASIL. Programa nacional de educação ambiental (ProNEA). Diretoria de Educação Ambiental; Ministério da Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental; 3 ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 102p. 2005. ALBERICI, Rosana Maria; DE PONTES, Flávia Fernanda Ferraz. Reciclagem de Óleo Comestível usado através da Fabricação de Sabão. Eng. Ambient., Espírito Santo do Pinhal, V.1, N.1, 2004. BORTOLUZZI, Odete Roseli dos Santos. A poluição dos subsolos e águas pelos resíduos de óleo de cozinha. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade de Brasília. Departamento de Biologia. FormosaGO, 2011. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. LOPES, Roberta Cristina; BALDIN, Nelma. Educação Ambiental para a reutilização do óleo de cozinha na produção de sabão - Projeto “ECOLIMPO”. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 2009. MELO, Rogério Alexandre Alves de; CASTRO, Vitorio Delogo de. Análise da destinação do óleo de cozinha residual na Região Oeste de Belo Horizonte/Minas Gerais e sua transformação de forma sustentável. E-xacta, Belo Horizonte, Editora UniBH, v. 7, n. 2, 2014.
Resumo. Associar ferramentas pedagógicas no desenvolvimento de uma Educação Ambiental que auxilie na formação de cidadãos críticos é uma necessidade do processo educativo. O projeto está sendo desenvolvido de modo interdisciplinar,envolve alunos do Colégio Joaquim Vieira Sobral, em Aracaju, cujo objetivo é associar práticas de Educação Ambiental na formação de sujeitos ecológicos acerca da conservação de ambientes aquáticos. Os procedimentos metodológicos são: aula teórica/ vídeo; pesquisa bibliográfica; experimento; confecção de Cartilha e Jogo da Memória. Como resultados, observouse que os discentes compreenderam a relação da Educação Ambiental para conservação da natureza, sendo protagonistas no processo de ensino e aprendizagem. 1. Introdução O movimento ecológico-ambientalista – que chegou ao Brasil na década de 1970 – chama a atenção para atuais condições de habitabilidade do planeta, a extinção de espécies biológicas, o desmatamento, a erosão dos solos, a poluição do ar e da água, a contaminação dos alimentos, a habitação inadequada e o aquecimento global, entre outros problemas (CARNEIRO, 2007). Desde a Conferência de Tbilisi em 1977, essa temática sinalizou para o mundo os caminhos de um compromisso de incorporar sua dimensão em todas as formas de educação (DIAS, 2004). Segundo o autor, o processo de Educação Ambiental, ainda caminha de forma insuficiente para provocar mudanças no ritmo que a velocidade de degradação requer. Uma das grandes causas da degradação ambiental é a má gestão na liberação de resíduos, sendo foco desse estudo, o descarte residual pós-fritura, através das pias de cozinha. Segundo Dominguini et al(2011), por
ser um composto orgânico insolúvel em água, quando lançado diretamente nas pias, o óleo tende a causar danos às tubulações, inicialmente, e depois aos córregos, rios e manguezais. Isso consequentemente interfere na passagem da luz solar, o que prejudica o processo de fotossíntese do fitoplâncton, que é a base de toda cadeia alimentar aquática. Diante disso, é de suma importância que no âmbito escolar sejam planejadas ações com o propósito de compreender e mitigar esses impactos. De acordo com Santos (2011), para isso é necessário educar os cidadãos a fim de realizarem atuações responsáveis. Assim, o sistema educacional desempenhará papel fundamental para a realização dos princípios que pretendem reduzir os efeitos danosos ao meio ambiente. “A Educação tem sido afirmada como estratégia e prioritária na formação de sujeitos conscientes e preparados frente às questões ambientais” (CARNEIRO, 2007, p.98). Nesse contexto, a Educação Ambiental, como instrumento no processo educacional, tem um relevante papel para formação cidadã e na condução de práticas que promovam a mudança de comportamentos, visando uma criticidade ecológica. Assim, diante dos impactos socioambientais provocados pelo descarte do óleo no ambiente aquático, o presente projeto interdisciplinar tem como objetivo associar práticas de Educação Ambiental na formação de sujeitos ecológicos conscientes acerca da conservação dos ambientes aquáticos. 2. Materiais e Métodos O projeto interdisciplinar está sendo desenvolvido com 40 alunos da 1ª e 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Prof. Joaquim Vieira Sobral, localizado no bairro Jabotiana em Aracaju/Sergipe. As disciplinas envolvidas (Biologia, Geografia, Língua
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Portuguesa e Química) abordaram conteúdos como: efluentes domésticos; impactos ambientais decorrentes da ação humana; substâncias e misturas; interpretação textual e consumo sustentável. Na primeira etapa, após a construção do conhecimento em aulas teóricas, os alunos realizaram pesquisa bibliográfica sobre as temáticas e trouxeram as informações para a sala de aula. Em seguida, os professores realizaram atividades, promovendo debates para averiguação do aprendizado. Esse processo durou 2 semanas. A segunda etapa, consistiu na divisão da turma em 5 grupos para sistematizarem e socializarem as informações através das apresentações. Ao final, foram elaborados relatórios acerca da temática trabalhada. Essa etapa durou 1 semana. Na terceira etapa, foram realizadas oficinas pedagógicas para a produção da Cartilha e Jogo da Memória acerca das temáticas. Os materiais usados foram papel A4, lápis de cor, régua, EVA, cola e figuras impressas. A duração das oficinas foi de 2 semanas. A quarta etapa, consistiu em associar teoria à prática, com a realização de aula experimental para produção do sabão ecológico a partir de óleo vegetal pósfritura. Os materiais utilizados foram: 4 litros de óleo, 1 litro de soda cáustica líquida, 15 ml de etanol, recipiente plástico, colher de pau, essência, máscara de proteção e luvas, abordando de forma interdisciplinar os conteúdos trabalhados. 3. Resultados e discussões Com o propósito de estimular o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para a Educação Ambiental, na escola, aliadas à construção de um novo repensar, os resultados do projeto estão sendo satisfatórios acerca da realização do objetivo. O envolvimento do aluno com as problemáticas socioambientais dá a ele significância do processo de ensino e aprendizagem, como também o ajuda a tornar-se cidadão crítico e participativo. Como afirma Penteado (2010)
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Que tal juntarmos nossos esforços no sentido de lidarmos em conjunto com as necessidades e problemas sentidos por nós nos meio ambientes imediatos a que pertencemos? Que tal descobrirmos nossa capacidade de participação, atuação e interferência nas questões que nos afligem diretamente, através de ações organizadas? (PENTEADO, 2010, p. 100). Esse processo precisa funcionar de maneira dinâmica e contextualizada. Assim, o projeto estimulou nos alunos a compreensão sobre a importância da conservação dos ambientes aquáticos, a partir do (re)uso do óleo de cozinha e, consequentemente, no repensar de atitudes sustentáveis. Durante os debates, percebeu-se a associação dos conteúdos às questões socioambientais em uma escala local/global. Tal análise demonstra que os alunos compreendem o (re)uso de resíduos como medida importante para a conservação da natureza. Na análise de Carvalho (2013), para promover uma educação crítica e inovadora, faz-se necessário um trabalho que possibilite uma transformação de mentalidade, na busca de formação de um sujeito ecológico. A aula experimental possibilitou associar teoria à prática tornando o aluno protagonista diante da construção coletiva do conhecimento (Figura 1).
de melhorias socioambientais sustentáveis no âmbito local/global, como proposta da criação de Ecoponto que favoreça a coleta do óleo residual. Referências
Figura 1: Aula experimental para produção do sabão Fonte: Autora, 2018
Como material didático, foi confeccionada uma Cartilha (Figura 2) e um Jogo da Memória, produtos que foram apresentados e disponibilizados para o uso pedagógico na escola. Sendo assim, de forma lúdica, foi possível instigar a pesquisa e os debates para sensibilização da comunidade escolar sobre a problemática de descarte do óleo no ambiente.
CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. Ética e educação: a questão ambiental. Revista de Educação, PUC-Campinas, Campinas, n. 22, p.97-107, Junho, 2007. CARVALHO, Isabel Cristina Moura. O sujeito ecológico: a formação de novas identidades culturais e a escola. In: Pernambuco, Marta; Paiva, irene (Org.).Práticas coletivas na escola. 1ed. Campinas: Mercado de Letras, 2013, v.1, p. 115-124. DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9ª ed.- São Paulo: Gaia, 2004 DOMINGUINI, L. , MARTINS J.C, FURMANSKI L. M. , ROSSO P. PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA ESTIMULAR A RECICLAGEM DO ÓLEO DE COZINHA. V Encontro Regional Sul de Ensino de Biologia (EREBIO-SUL) IV Simpósio Latino Americano e Caribenho de Educação em Ciências do International Council of Associations for Science Education (ICASE) 2011. Disponível em https://www. researchgate.net/publication/279268133 acessado em 03/08/2018 PENTEADO, Heloisa Dupas. Meio Ambiente e formação de professores. 7ª ed. V. 13- São Paulo: Cortez, 2010. SANTOS, Felipe Alan Souza. Descrição e avaliação de um programa de ensino para a elaboração de projetos de Educação Ambiental com professores do município de Indiaroba/Se. 136 fl. Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, São Cristóvão, Universidade Federal de Sergipe, Fevereiro, 2011.
Figura 2: Produção da Cartilha Fonte: Autora, 2018
4. Conclusão A articulação entre os conteúdos de forma interdisciplinar motivou a pesquisa voltada para a Educação Ambiental instigando o protagonismo do aluno na construção de sujeitos ecológicos. Portanto, a inserção da pesquisa na Educação Básica, oportunizou o diálogo de saberes entre professores e alunos na elaboração do conhecimento na perspectiva Revista Feira de Ciência e Cultura | 43
Resumo. O trabalho refere-se ao projeto desenvolvido por alunos do Ensino Médio, do Colégio Estadual Cícero Bezerra, que através de visita de campo e entrevistas, confirmaram a contribuição de Nossa Senhora da Glória na bacia leiteira em crescimento do alto sertão. Os fluxogramas das fábricas visitadas apresentam os setores do processo de produção, a fontes geradoras de resíduos sólidos, gasosos e principalmente efluentes provenientes do consumo de água. Apesar da existência de medidas de redução de poluição, ainda se faz necessária a adoção de práticas mais limpas para o destino de efluentes e dos resíduos que ainda não possuem tratamento eficiente.
2. Materiais e Métodos
1. Introdução A produção de leite no Nordeste vem se desenvolvendo nas últimas décadas, segundo dados do IBGE (2016), a microrregião Sergipana do Sertão do São Francisco contribuiu com ca. 60% da produção do estado, 22% na cidade de Nossa Senhora da Glória, sobretudo pelo fortalecimento na implantação de novas indústrias, organização própria de escoamento e a comercialização, além de melhoria nas relações sociais. Segundo Begnini & Ribeiro (2014), com a expansão das indústrias, o setor passou a contribuir significativamente com a poluição, gerando resíduos passíveis de impactar o meio ambiente, principalmente os efluentes, devido a utilização da água em diversos processos de produção. Sabendo da importância social e econômica do setor na região, o projeto tem como objetivos identificar a contribuição de Nossa Senhora da Glória na bacia leiteira da microrregião, investigar as fontes poluidoras no processo de produção, o tratamento e o destino dos efluentes gerados.
3. Resultados e discussão
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O projeto foi desenvolvido por alunos do 1° e 3º anos do Ensino Médio, do Colégio Estadual Cícero Bezerra, através de pesquisa de campo, com abordagem qualitativa de caráter exploratório, como descrito por Gil (2007). Foram realizadas entrevistas na Emdagro (Empresa De Desenvolvimento Agropecuário De Sergipe) e em duas fábricas de laticínios, além do acompanhamento guiado e descrição dos processos de produção dos derivados do leite, com posterior elaboração de fluxograma que destaca a produção, as etapas geradoras de resíduos, seu tratamento e destino.
Na entrevista realizada na Emdagro, que é responsável por fazer projetos para auxiliar os pequenos produtores rurais e acompanhar os processos de produção nas fábricas de laticínios, foram obtidos dados atualizados sobre a bacia leiteira do Alto Sertão Sergipano e os impactos socioeconômicos dos laticínios no município de Nossa Senhora da Glória. Atualmente, a região produz em torno de 175 mil litros de leite por dia, ca. de 31% acima do leite produzido em 2016, que são destinados para as 3 (três) grandes fábricas e 26 (vinte e seis) pequenas fabriquetas em funcionamento na cidade. Apesar das fabriquetas ainda não possuírem o reconhecimento da população, são responsáveis pela captação de 62% do leite do município e atingem ca. de 5 mil pessoas direta ou indiretamente no abastecimento e produção dos laticínios, além de garantirem a manutenção do preço do leite na região, visto que as grandes fábricas sempre buscam reduzir os valores do produto. Santos & Santos (2016), identificaram no seu
trabalho a importância dos pequenos laticínios para o desenvolvimento rural sustentável, geração de trabalho e renda tanto para os produtores familiares, quanto para a população urbana. A visita de campo a Grande Fábrica de Laticínio (GFL) com planta que utiliza em média 120 mil litros/dia e produz leite pasteurizado (longa vida), bebidas lácteas e creme de leite, permitiu explorar as etapas de produção e distribuição dos produtos, além das etapas geradoras, de tratamento e descarte de resíduos conforme fluxograma apresentado na Figura 1.
Figura 1: Fluxograma de produção e geração de resíduos da Grande Fábrica de Laticínio GFL).
O leite recebido passa por cada setor de produção através de tubulações que o transporta para as máquinas, a água é utilizada em todos os setores de produção para aquecimento, higienização do ambiente e também dos equipamentos. Depois de ser utilizada, a água misturada a derivados do leite e produtos de limpeza, passa por uma vala a céu aberto até chegar ao tratamento que é composto por processos físicos, químicos e biológicos: uma caixa reservatório, onde ocorre a separação da gordura que vem acompanhada da água (destinada à compostagem), a água prossegue para uma barragem de estabilização impermeabilizada e do minhocário, a água residual com nível maior de pureza é despejada numa lagoa próxima a fábrica, cercada de vegetação nativa. Silva & Eyng (2013), destacam a importância do uso dos minhocários no tratamento de efluentes, principalmente associado a utilização de barragens, método menos eficiente, de elevado custo e que ocupa grande espaço físico.
Os resíduos sólidos gerados nos setores de produção na GFL correspondem a embalagens de papel, plástico e papelão defeituosas que são separadas e vendidas para coletores da região e para fábricas de reciclagem. A caldeira utilizada para aquecimento da água também é uma fonte poluidora, pois libera fumaça potencialmente tóxica no ambiente devido à ineficiência do filtro. O leite recebido passa por cada setor de produção através de tubulações que o transporta para as máquinas, a água é utilizada em todos os setores de produção para aquecimento, higienização do ambiente e também dos equipamentos. Depois de ser utilizada, a água misturada a derivados do leite e produtos de limpeza, passa por uma vala a céu aberto até chegar ao tratamento que é composto por processos físicos, químicos e biológicos: uma caixa reservatório, onde ocorre a separação da gordura que vem acompanhada da água (destinada à compostagem), a água prossegue para uma barragem de estabilização impermeabilizada e do minhocário, a água residual com nível maior de pureza é despejada numa lagoa próxima a fábrica, cercada de vegetação nativa. Silva & Eyng (2013), destacam a importância do uso dos minhocários no tratamento de efluentes, principalmente associado a utilização de barragens, método menos eficiente, de elevado custo e que ocupa grande espaço físico. Os resíduos sólidos gerados nos setores de produção na GFL correspondem a embalagens de papel, plástico e papelão defeituosas que são separadas e vendidas para coletores da região e para fábricas de reciclagem. A caldeira utilizada para aquecimento da água também é uma fonte poluidora, pois libera fumaça potencialmente tóxica no ambiente devido à ineficiência do filtro. Buscando comparar os processos de produção e destino de resíduos foi realizada uma visita de campo a uma Pequena Fábrica de Laticínios (PFL) que utiliza em média 2.300 mil litros/dia e produz queijo coalho e pré-cozido, muçarela, requeijão, manteiga e a mais predominante o iogurte. Foram exploradas também as etapas de produção, utilização da água e descarte dos resíduos (Figura 2).
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Figura 2: Fluxograma de produção e geração de resíduos da Pequena Fábrica de Laticínios (PFL).
A água é utilizada na incorporação ao produto na fabricação de queijo pré-cozido e muçarela e na higienização do ambiente e das máquinas. A água residual é despejada diretamente na rede de esgoto, por valas distribuídas pela fábrica, sem tratamento primário, o que segundo Silva (2013) pode causar obstrução da rede, devido ao elevado teor de gordura e poluição dos corpos receptores. Diferente da GFL, o soro é um subproduto do processo devido a produção dos queijos na pequena fábrica, este é doado para os fornecedores de leite e utilizado como alimentação de suínos, prática também identificada por Santos & Santos (2016), o que reduz os impactos ambientais gerados, pois em muitos laticínios, o soro é descartado junto aos efluentes líquidos, sendo considerado um forte agravante em razão de seu elevado potencial poluidor (Wismann et al., 2013). Além dos efluentes, a PFL gera outros resíduos como sobra de embalagens, que são queimadas ou vão para o lixo comum, o que também contribui para o aumento dos custos ambientais na produção. Além da fumaça liberada pela caldeira utilizada no aquecimento da água, que é liberada no ambiente sem tratamento, contribuindo com a poluição do ar. 4. Conclusão Apesar do desenvolvimento industrial identificado na transformação do leite no município de Nossa Senhora da Glória, acompanhado de desenvolvimento socioeconômico, os grandes laticínios e
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as pequenas fabriquetas, ainda acabam necessitando de melhorias nas práticas de saneamento básico e geração de impactos ambientais, buscando direcionar suas práticas para uma produção cada vez mais limpa, no que diz respeito ao destino de efluentes e outros resíduos gerados que ainda não possuem tratamento eficiente. A continuação deste estudo preliminar buscará a adoção de medidas de tratamento de efluentes com métodos eficientes de redução de sua carga poluidora para as pequenas fábricas, como a avaliação do uso dos biofiltros. A realização da pesquisa por alunos da educação básica contribuiu de forma prática para compreensão do método científico, aproximação da pesquisa e a formação de pesquisador. Diante do trabalho, os alunos compreenderam a importância do leite para o desenvolvimento da região e identificaram os impactos ambientais associados aos resíduos gerados por atividades locais. Referências BEGNINI, B. C.; RIBEIRO, H. B. Plano para redução de carga poluidora em indústria de lacticínios. Saúde Meio Ambiente, v. 3, n. 1, p. 19-30, jun, 2014. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção da pecuária municipal. Brasília, 2016. SANTOS, J. dos; SANTOS, R. dos. Impactos socioeconômicos e ambientais do laticínio esperança. 2016. 49 f. Trabalho de conclusão do curso (Tecnologia em laticínios) – Instituto Federal de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, 2016. SILVA, Arthur Ribeiro Borges. Tratamento de Efluentes na Indústria de Laticínios. 2013. 26 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Química) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013. SILVA, F. K.; EYNG, J. O tratamento de águas residuais de indústria de laticínios: um estudo comparativo entre os métodos de tratamento com biofiltro e com o sistema convencional de lagoas. Revista de gestão e sustentabilidade ambiental, v. 1, n. 2, p. 4-22, mar, 2013. WISSMANN, M. A.; HEIN, A. F.; NEULS, H. Geração de resíduos: uma análise da ecoeficiência nas linhas de produção em uma indústria de laticínios e a influência sobre os custos ambientais. Custos e agronegócio, v. 9, n. 4, p. 83-103, dez, 2013.
Resumo. A preocupação com os problemas hídricos da localidade, em especial a poluição dos rios causada pelo descarte inadequado do óleo vegetal motivou os alunos do Ensino fundamental II, da Escola Municipal Prof.ª. Adília de Aguiar Leite EMPAAL em Carmópolis-SE a desenvolver em 2018, o projeto “Guardiões das águas de olho no óleo”. O projeto foi desenvolvido por meio da metodologia da pesquisa/ação provocando na comunidade mudanças de valores e comportamentos proativo, empreendedor e sustentável. O resultado obtido foi significativo, pois conseguiu atingir os objetivos e metas estabelecidas: implantação de um Ecoponto na escola, criação de um grupo de agentes do meio ambiente, coleta de cem litros de resíduo de óleo vegetal, realização de uma oficina de produção de sabão ecológico e envolver a própria comunidade na resolução do problema elencado. 1. Introdução O óleo de cozinha, utilizado nas frituras, faz parte de um dos resíduos gerados diariamente nos lares, indústrias e estabelecimentos do país. O despejo de forma descontrolada de óleos residuais de fritura em pias e vasos sanitários, ou lançados diretamente nas águas, acarreta uma série de danos ambientais como o entupimento dos canos dos sistemas de esgoto e o encarecimento dos processos das Estações de Tratamento, além de acarretar a poluição do meio aquático (CASTELLANELLI, 2008). O óleo representa um fator nocivo à natureza, cada litro que vai para o esgoto possui a capacidade de poluir até um milhão de litros de água (REBOUÇAS, 2010). Essa questão ambiental em Carmópolis é ainda mais preocupante, visto que a cidade não possui estação de tratamento de esgoto, não desenvolve ação pública de coleta seletiva de resíduos e o descarte do óleo na pia
é uma prática habitual da comunidade local, por essa razão o problema gerado pelo resíduo do óleo de fritura foi escolhido como objeto de pesquisa deste trabalho, e na busca da melhoria da qualidade do meio ambiente é que os professores em parceria com os estudantes desta Unidade de Ensino resolveram desenvolver o projeto de intervenção “Guardiões das águas de olho no óleo”. O presente projeto foi desenvolvido com a finalidade de investigar o destino dado ao óleo de cozinha nos domicílios dos alunos desta Unidade de Ensino, identificar o nível de conhecimento e comprometimento dos estudantes na resolução de problemas socioambientais, em especifico o descarte incorreto do resíduo do óleo das frituras. A partir desses dados, conscientizar a comunidade sobre a importância de se implantar um grupo de jovens protagonista e agentes multiplicadores da cultura de responsabilidade socioambiental na escola, para que mobilize e difunda a prática cotidiana de ações sustentáveis, a exemplo do descarte correto do óleo e o seu reaproveitamento, objetivando reduzir a emissão de poluentes nos rios da localidade e melhorar as condições ambientais do nosso planeta 2. Materiais e Métodos O projeto “Guardiões das águas de olho no óleo” idealizado e desenvolvido no período de março a setembro de 2018 pela comunidade escolar da Escola Municipal Prof.ª. Adília de Aguiar Leite, localizada no município de Carmópolis-SE, foi iniciado numa roda de conversa com os 213 alunos, do 6º ao 9º ano, do Ensino fundamental do turno matutino e os professores da referida Unidade de Ensino. Nesta oportunidade, os alunos selecionados como delegados do meio ambiente de cada turma apresentaram três situações problemas: 1ª
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O desperdício da água; 2ª A poluição dos rios causadas pelos resíduos sólidos e a 3ª A poluição das águas causada pelo descarte incorreto do resíduo do óleo de fritura. Após a explanação de cada grupo a comunidade, por meio de votação elegeu a 3ª proposta. Definido o problema a ser enfrentado o grupo de dez alunos, orientados pelos professores de Ciências e utilizando a ferramenta metodológica da pesquisaação iniciaram o projeto de pesquisa e intervenção na comunidade escolar da EMPAAL. Segundo Pereira (1998), pesquisa - ação é o estudo de uma situação social capaz de tratar da melhoria da qualidade da ação que nela intervém; é um processo em que tanto os agentes, como a situação se modificam num processo sistemático de aprendizagem de tal modo que a ação educativa se converte em uma ação informada e comprometida. Após muita reflexão e debate do grupo de coordenação do projeto, formado pelas professoras e os delegados do meio ambiente da escola, foi definido os passos que seriam dados para alcançar os objetivos propostos, para tanto foi elaborado um cronograma organizado de forma simplificada em cinco macro ações, que serão detalhadas a seguir: Primeira ação: seleção e criação do grupo guardiões do meio ambiente. Os alunos interessados em participar do grupo passaram por uma entrevista realizada pela coordenadora pedagógica e a professor de Ciências. Após a entrevista foram selecionados dez alunos que obtiveram melhor desempenho nos critérios estabelecidos: desempenho acadêmico, compromisso ambiental, responsabilidade, argumentação e protagonismo. Segunda ação: realização de parcerias e captação de recursos. A Equipe Gestora a EMPAAL estabeleceu parceiras com: a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Carmópolis para implantar o Ecoponto e realizar
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oficina de sabão ecológico, com a empresa coletora de Resíduos Recigraxe para coletar o material e com a Secretaria Municipal de Educação para disponibilizar os materiais necessários como transporte, material didático. Entre outros. Terceira ação: mobilização e adesão da comunidade local ao projeto da coleta e descarte sustentável do resíduo do óleo no Ecoponto da escola, visando atingir a meta de cem litros de óleo coletados até setembro do ano em curso; Para realizar esse desafio os alunos fizeram pesquisas sobre a situação problema, realizaram diversos trabalhos como, cordel, poema, maquetes e panfletos. Estes foram entregues aos alunos e pais nos diversos eventos da escolar: Conferência do meio ambiente, reuniões de pais e mestres e Dia das mães. Além disso foram criados cartazes, que foram afixados na escola e banner indicativo do ponto de coleta de óleo que ficou exposto no rol de entrada da Unidade de Ensino. Quarta ação: monitorar e avaliar o projeto; A equipe da secretaria escolar elaborou uma planilha com o nome de todos os alunos da escola organizados por turma e orientou os agentes administrativos para que registrassem cada entrega do material no Ecoponto. Além da planilha foi elaborado um questionário para avaliar o conhecimento e a mudança de comportamento dos envolvidos no processo, que foi respondido por todos os alunos (213) do turno matutino. A aplicação foi realizada em dois momentos, início e término do projeto, mas dentre as sete perguntas elaboradas destacamos as seguintes questões: Você acha importante cuidar do meio ambiente e evitar o descarte incorreto do óleo de cozinha? O que é feito com o óleo vegetal usado após a fritura dos alimentos em sua casa? Quinta ação: registro e divulgação do projeto. Os registros de todo processo e dos resultados do projeto foram organizados em um portfólio contendo:
projeto, cronograma de atividades, fotografias e diversas produções dos alunos (gráficos, maquetes, cordel entre outros) e o resumo das ações foram organizados e expostos no mural informativo da escola. Paralelamente as ações propostas no projeto, nas aulas de ciências, os alunos do 9º ano A e B, do turno matutino, foram desafiados a encontrar respostas para diversas situações problemas relacionados ao processo de produção e descarte do óleo comestível, e as propriedades do óleo e do sabão, utilizando para tanto os conceitos básicos da Química e da Ecologia, tais como: propriedades da matéria (como: cor, odor, textura, consistência, densidade etc), fenômenos físicos e químicos, átomos, moléculas, substâncias puras, misturas, reações químicas, equação química, reagentes e produto, produtos biodegradáveis, reciclagem, sustentabilidade entre outros.
Gráfico 01– Forma de descarte do óleo.
2. Resultados e discussão A resposta dada pelos alunos ao questionamento “Você acha importante cuidar do meio ambiente e evitar o descarte incorreto do óleo de cozinha? ”, foi unanime, pois 100% dos alunos disseram que sim. Ao considerar importante essa ação os alunos demonstram possuir conhecimento sobre o tema e reconhecem a sua importância para a manutenção da qualidade ambiental do planeta. Os dados obtidos no questionamento anterior não refletem diretamente o comportamento sustentável esperado para um público consciente e bem informado, o que pode ser percebido a seguir (gráfico 1) e (gráfico 2) que trata do destino dado ao resíduo do óleo de cozinha nos domicílios, antes e após a pesquisa-ação. Percebe-se que a porcentagem de descarte de resíduo do óleo na pia reduziu 28% e o descarte para reciclagem no ecoponto da escola aumentou 30%.
Gráfico 02– Forma de descarte do óleo.
De acordo com Santos (2007) dos diversos problemas ambientais, a questão do lixo é a mais preocupante e abordar a problemática da correta destinação do lixo no processo de educação é um desafio, cuja solução passa pela compreensão do indivíduo como parte atuante no meio em que vive. Os dados demonstram que apesar de ter atingido a meta de 100 litros de resíduo coletados no Ecoponto da Escola (figura1); criado o grupo de agentes do meio ambiente (figura 2); realizado a oficina de produção de sabão ecológico (figura 3), e consequentemente ampliado o nível de conhecimento sobre o assunto é possível perceber que ainda há uma resistência na mudança de
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comportamento sustentável por parte de uma parcela considerável dos pesquisados, o que sugere afirmar que é necessário definir novas estratégias de ação para melhorar os resultados.
Figura 1: Ecoponto | Figura 2: Agentes ambientais
cidade, considerando o potencial poluidor que um litro de óleo possui na natureza. 3. Conclusão A escolha da metodologia da pesquisa-ação utilizada neste trabalho mostrou-se eficiente e apesar do pouco tempo de execução o projeto “Guardiões das águas de olho no óleo”, os objetivos e metas foram alcançadas: mais de cem litros de resíduo de óleo coletado; mudança de hábitos das famílias através da conscientização da comunidade escolar; desenvolvimento do protagonismo dos alunos como agentes do meio ambiente; iniciativa de empreendedorismo das mães que passaram a ver o resíduo do óleo como uma alternativa para gerar renda, por meio da produção de sabão ou venda da matériaprima para cooperativas de reciclagem. O acesso ao conhecimento e a aproximação gradativa dos principais processos da investigação científica, por meio da pesquisa e da experimentação, possibilitou aos alunos uma melhor compreensão do problema, bem como auxiliou no processo de escolha de alternativas viáveis e sustentáveis para o destino do resíduo do óleo na comunidade local. Diante do que foi exposto sugerimos que este projeto, de coleta seletiva dos resíduos do óleo seja ampliado e inserido como ação contínua de Educação ambiental na rede municipal de ensino de Carmópolis-SE. Referências
Figura 3: Oficina de sabão ecológico
Considerando o pouco tempo de execução, a pouca experiência dos alunos com pesquisa e como agentes mobilizadores pode-se afirmar que os resultados foram expressivos, visto que inicialmente apenas 3% das famílias tinham o hábito de reciclar e ao final esse percentual elevou-se para 33%. Vale ressaltar ainda que a coleta responsável de 100 litros de resíduo do óleo de fritura deve ser considerada como um ganho ambiental relevante para a
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CASTELLANELLI, C. A. Estudo da viabilidade de produção do biodiesel obtido através do óleo de fritura usado na cidade de Santa Maria-RS. 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria: UFSM, 2008. GERALDI, Corinta Maria Crisolia. FIORENTINI, Dario. PEREIRA, Elisabete Monteiro de A.(Orgs). Cartografias do Trabalho Docente: Professor (a) - Pesquisador (a). Campinas. SP. Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil - ALB. 1998. REBOUCAS, F. Reciclagem do óleo de cozinha. 2010. Disponível em: http:// www.infoescola.com/ecologia/reciclagem-de-oleo-de-cozinha/. Acesso em: 2 set. 2018. SANTOS, Elaine Teresinha Azevedo dos. Educação ambiental na escola: conscientização da Necessidade de proteção da camada de ozônio. 2007. 53 f. Monografia (Pós-graduação em Educação Ambiental) Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal de Santa Maria, 2007. Disponível em < http://jararaca.ufsm.br/websites/unidadedeapoio/download/elaine07.pdf>. Acesso em: 18 set. 2018
Resumo. A perspectiva de uma transformação na forma de agir e se posicionar do aluno ao decorrer do processo de ensino e aprendizagem remete a uma definição de aprendizagem colaborativa e corresponde a uma atividade em que os protagonistas desse método de ensino compartilham suas dificuldades e conhecimentos, enriquecendo-se mutuamente. Em particular nas aulas de química, nota-se que os alunos frequentemente não conseguem compreender determinados assuntos. Uma parcela desta dificuldade está relacionada aos fatores, tais como: conceber as ciências da natureza como algo maçante e complexo, falta de articulação entre teoria e prática e ainda do aluno não dispor de mecanismos para melhorar os níveis de aprendizagem, como grupos de estudos. Dessa forma, o presente trabalho busca reforçar a importância da aprendizagem colaborativa e expor as ações já desenvolvidas nas aulas experimentais. Assim, observou-se que houve uma evolução conceitual correspondente ao entendimento de que não só o compartilhamento de um conhecimento é importante, mas também o processo que leva até ela. Esses dados indicam uma maior interação professoraluno, aluno-aluno e consolidam as ações do grupo de aprendizagem colaborativa como uma ferramenta de auxilio ao docente para que a formação dos estudantes tenha relevância acadêmica e para compreensão do seu papel social. 1. Introdução Grupo de estudos é um pequeno grupo de pessoas que se encontram regularmente para discutir e aprofundar assuntos de interesse comum, geralmente de forma autônoma e cooperativa. Serve também, para compartilharem conhecimentos entre si.
Na formação de grupos de estudos e também de trabalhos colaborativos, o que se busca é uma parceria entre os membros individuais que vá além da simples soma de mãos para a execução de um trabalho. Na colaboração, há a soma das mentes dos envolvidos (MORRIS, 1997). Cada membro é responsável pelas atividades do grupo como, por exemplo, a realização de tarefas e a participação nas atividades dos outros, resultando assim, o objetivo final. Os rendimentos de cada participante tornam-se visíveis e pesam no resultado final. Centralizar a proposta em um método que envolva o trabalho em grupo não deixando unicamente nas mãos do professor, mas compartilhando com os membros em processo de colaboração. Dessa forma, o presente trabalho busca reforça a importância de aprendizagem colaborativa e expor as ações já desenvolvidas nas aulas experimentais de químicas nos primeiros anos A e B do ensino médio da modalidade de tempo integral no Colégio Estadual Dr. Edélzio Vieira de Melo no município de Santa Rosa de Lima/SE. 2. Materiais e Métodos No intuito de obter o bom desempenho dos integrantes do grupo de estudos em suas futuras apresentações, sendo esses alunos cursistas do segundo ano do ensino médio, foram realizadas reuniões semanais no horário da manhã na escola junto à professora, onde foram realizadas pesquisas sobre os assuntos que seriam expostos nas práticas. Esclareceram-se as dúvidas relacionadas ao que seria abordado nas aulas experimentais de química, direcionadas aos alunos dos primeiros anos do ensino médio em tempo integral. A cada semana, numa sexta-feira, uma pequena equipe
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do grupo de estudos, com temas a serem apresentados, realizavam em sala experimentos de acordo com o assunto que foi abordado previamente nos encontros. Tudo isso com ajuda de materiais disponibilizados pela escola, com o qual fizemos maquetes, escavadeira, experimentos químicos. Para realizar as atividades do grupo de estudo não ganhava-se pontuação, porém muita aprendizagem. Importante destacar os momentos de aprendizagem e discussões durante as reuniões semanais, onde todos os integrantes do grupo de estudos, independente dos assuntos que cada equipe iria abordar em suas apresentações, assim também como o professor, tanto argumentavam, quanto ouviam ideias e opiniões. Neste caso, com a constante troca de informações é notável a ampliação no espirito de interação e colaboração entre os mesmos. Os motivos pelos quais os primeiros anos foram escolhidos para fazer parte das aulas experimentais do grupo de aprendizagem colaborativa foram, a diferença de horário que os primeiros anos tinham em relação ao segundo ano; conteúdos já estudados pelos participantes do grupo; e por questões do primeiro ano do ensino médio ingressar pela primeira vez no ensino integral, então seria uma experiência nova para o grupo de estudos. 3. Resultados e discussão Na experiência de observação prática, também se evidencia a presença, por vezes de outras variáveis, como a participação ativa dos alunos. A aprendizagem colaborativa é caracterizada pela presença de grupos de alunos que se responsabilizam pela interação que os levará a novos conhecimentos. Sustenta que o grupo tem um papel importante nas atividades de sala. O grupo de estudos utiliza de mecanismos mais práticos em relação as suas aulas, métodos esses, que são bem recebidos pelos alunos em sala de aula. É possível notar os resultados claramente, sejam nas reações deles, o comportamento pós-aula dos mesmos, e até em relação à participação deles durante a explicação do conteúdo, que de certa forma foi significativo para interpretação de tais desenvolvimentos, evidenciando assim, a evolução
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dos alunos e a afinidade que eles passaram a ter com a metodologia. Utilizaram-se vários métodos práticos e aparentemente eficientes como: maquetes, jogos e até experimentos químicos, maneiras de ensinar que são
Figura 1. Grupo de aprendizagem colaborativa.
estimuladoras (Figura 1). É possível notar uma reunião entre os integrantes do grupo de aprendizagem colaborativa. Essa reunião, assim como muitas outras realizadas, foi de extrema importância para aprimorar conhecimentos e compartilhar ideias. Os conhecimentos difundidos permitem a construção de uma visão de mundo mais articulada e menos fragmentada, contribuindo para que o indivíduo se veja como participante de um mundo em constante transformação (BRASIL, 1999). O grupo de estudos em si, pode ser visto como um conjunto de processos que facilitam a aprendizagem, melhorando o desenvolvimento dos membros. Outras vantagens são os alunos estarem mais ativos no processo ensino e aprendizagem, a facilidade dos mesmos na execução de tarefas e aperfeiçoamento em relação à escrita. Cada integrante é responsável por atividades do grupo como, por exemplo, a realização de tarefas e a participação nas atividades dos outros, todos em conjunto, chegando assim ao objetivo final. O rendimento dos participantes torna-se visível e pesa no resultado final. Diante deste contexto, foi possível observar situações de ensino e aprendizagem onde o educando teve voz, foi ouvido e conseguiu ser sujeito da construção
do conhecimento. Esta metodologia contribui para a formação, incentiva a criatividade, fortalece as relações sociais, incentiva o aluno a aprender, proporciona a interação entre o objeto de estudo e permite o uso de outros recursos didático-pedagógicos. Nas rodas de conversa do grupo de aprendizagem colaborativa, quando usamos ideias diferenciadas e inovadoras, no discurso, conseguimos vislumbrar caminhos possíveis na direção de tornar a aula atrativa e o aluno satisfeito. Dessa forma, podemos afirmar que o desenvolvimento de uma boa prática de ensinar se faz a partir do básico feito de forma inovadora, que assim passa a ser estimulados, articulados, como práticas significativas, que agregam maior estímulo e significativas, tanto ao indivíduo no âmbito escolar quanto no âmbito social geral. As rodas de conversa também nomeadas por Paulo Freire: “Círculos de cultura”, proporcionam momentos de fala e escuta. Para Freire (1983), os círculos de cultura são o diálogo, a pronunciação do mundo, problematiza-lo, compreendê-lo e transformá-lo. É um diálogo, em que “[...] o pensar do educador somente ganha autenticidade, na identidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto na intercomunição [...]” (Freire, 1983, P. 64). Pode-se notar uma demonstração de uma das ações realizadas em sala com alunos do primeiro Ano B, uma aula
aula experimental, que por sua vez, aborda um também abordado na disciplina de Física, isto é, o tema “Hidráulica”, mais especificamente uma “Escavadeira hidráulica”. Analisando a figura, vê-se uma pequena escavadeira, essa foi confeccionada pelos alunos do grupo
Figura 3. Aula experimental com tema “Escavadeira hidráulica”.
de aprendizagem colaborativa, feita no intuito de melhor realizar a explicação do conteúdo (Figura 3). A partir do que se pode analisar, nota-se alunos após uma aula que foi realizada na presença dos primeiros Anos A e B. A aula enfatizou o tema “Geometria molecular”, que seria abordado, e logo depois incluído na avaliação de química. Também houve a confecção de pequenas representações de moléculas, isto é, objetos
Figura 4. Aula de química sobre “Geometria molecular”. Figura 2. Aula experimental de química tratando-se do tema “Modelo atômico”.
experimental da disciplina de química, que tinha como tema “Modelo atômico” (Figura 2). Percebe-se na ocasião, que se trata de uma
relacionados ao assunto, sendo assim, um estímulo maior para que os alunos participassem da aula (Figura 4). Diante disso, é evidente que as ações promovidas pelo grupo de aprendizagem colaborativa enquadraramse num contexto de ensino favorável tanto para o corpo docente tanto para o corpo discente. Melhorando o
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desenvolvimento da interação dos membros envolvidos, assim, facilitando a aprendizagem do grupo. De acordo com Haidt, no processo de construção do conhecimento, o valor pedagógico da interação humana é mais evidente, pois é por intermédio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno que o conhecimento vai sendo coletivamente construído. Além do mais, a utilização de métodos ativos de ensino e aprendizagem ativam os esquemas mentais e estimular o pensamento, ampliam as estruturas cognitivas. 4. Conclusão Conclui-se que o grupo de aprendizagem colaborativa é um mecanismo que visa tanto o avanço do desenvolvimento acadêmico dos alunos quanto o social, pois mostra como é trabalhar em grupo e ter responsabilidades e comprometimentos. Os métodos utilizados pelo grupo de aprendizagem colaborativa foram de extrema importância para o desenvolvimento mútuo dos discentes, sendo assim, enquadram-se num contexto de aprendizagem favorável e significativa, isto é, tais ações formam alunos com características essenciais para exercer futuramente trabalhos mais complexos. Referências BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC. Disponível em: Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). PCN + Ensino médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 2002. DIAS, Paulo. Comunidades de conhecimentos e aprendizagem colaborativa. Disponível em <:http://www.prof2000.pt/users/mfflores/ teorica6_02.htm> Acesso em :23 de agosto de 2018. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora paz e terra, 1996( coleção leitura). FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 18 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. HAIDT, R. C. C. Curso de didática geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 2006. MORRIS, T. E. Se Aristóteles dirigisse a General Motors: a nova alma das organizações. Trad. Ana Beatriz Rodrigues; Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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Resumo. A produção de experimentos com materiais presentes no cotidiano é uma alternativa para escolas que não tem laboratório de ciências. A atividade experimental é uma ferramenta de ensino eficaz, mesmo trabalhada com materiais alternativos, analisando os objetivos e metas da aprendizagem. O objetivo deste trabalho é apresentar experimentos para um laboratório de química produzido com materiais de baixo custo. Os resultados do projeto são apresentados no canal do YouTube “Química em Areia Branca”. Assim, o projeto tende a contribuir para o processo de ensino e aprendizagem não somente do ambiente ao qual foi realizado, como também para a comunidade. 1. Introdução O Ensino de Ciências com a utilização de experimentos pode maximizar a aprendizagem de conceitos abstratos e teorias, particularmente na Química. A experimentação promove a observação e a explicação de conceitos científicos, tornando a situação mais real, estimulando a atenção e melhorando a habilidade de compreensão dos alunos. As atividades práticas podem desenvolver um pensamento crítico e habilidade de cooperação entre os estudantes para obter novas informações. O experimento requer que os alunos se envolvam em testes de hipóteses, passando por uma sequência de investigações para descobrir conceitos científicos específicos e princípios aplicados subjacentes (HOFSTEIN e LUNETA, 2003; IBRAHIM et al, 2014) O laboratório de Ciências tem um papel central e distinto no ensino de Química, e educadores sugeriram que os ricos benefícios no aprendizado advêm do uso atividades laboratoriais. Esse tipo de atividade pode servir como principal meio de capacitar os alunos a
construir um conhecimento significativo da Ciência. Dessa forma, o trabalho prático é considerado essencial no ensino de Química. Porém, também é associado com uma série de encargos, incluindo alto custo de equipamentos e produtos químicos, perigo químico e poluição ambiental (TESFAMARIAM et al, 2014). Diante das informações apresentadas, muitas vezes as aulas experimentais não são realizadas nas escolas, especialmente onde os recursos são escassos como na rede pública de Sergipe. Alguns dos desafios associados ao trabalho prático de Química podem ser superados através do uso de materiais alternativos na experimentação. Neste trabalho são apresentados experimentos com materiais de baixo custo e esses são divulgados no canal do YouTube Química em Areia Branca para que professores e alunos possam utilizar. 2. Materiais e Métodos O projeto foi realizado por alunos bolsistas e voluntários PIBIC JR do Colégio Estadual Deputado Guido Azevedo. Para o desenvolvimento deste trabalho, foram seguidas as seguintes etapas: 1° Pesquisa de experimentos em livros didáticos; revistas científicas e endereços eletrônicos: Os estudantes fizeram uma lista com experimentos presentes nos materiais que o docente disponibilizou: Livros aprovados no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), Revista Feira de Ciências & Cultura e alguns sites como Ponto Ciência e Manual do Mundo. 2° Seleção e análises dos experimentos: Com a lista produzida foram discutidas quais atividades poderiam ser realizadas diante das condições estruturais da escola. Além disso, foram pensadas estratégias para
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adaptar alguns experimentos com materiais disponíveis para uso. 3° Testes experimentais: As atividades práticas foram realizadas, em grupo, na sala de aula com a supervisão do docente. Cada grupo apresentou para a turma o experimento produzido e foram discutidos os conceitos químicos envolvidos na atividade. 4° Filmagem e edição dos vídeos: Os experimentos foram filmados com os aparelhos celulares dos estudantes e editados em computadores no software Windows Movie Maker. 5° Publicação dos vídeos no canal Química em Areia Branca: Após a edição, o docente analisou o material produzido e aprovou para a postagem no canal: www.youtube.com/c/quimicaemareiabranca. 3. Resultados e discussão A divulgação de experimentos com materiais alternativos, além de auxiliar os discentes da própria instituição de ensino, possibilitará a alunos e professores de outras escolas que não apresentem estrutura física para experimentos a visualização de atividades com materiais de baixo custo. A experimentação com materiais de fácil acesso e manuseio é discutida em pesquisas na área de Ensino de Ciências: É importante que se sugira novos experimentos para serem aplicados em salas de aula, como forma de diversificar a atuação docente. (SOARES, 2004, p. 12). As experiências divulgadas no canal do YouTube podem ser reproduzidas em sala de aula, pois não necessitam de aparato sofisticado. Os materiais utilizados são de baixo custo e encontrados no cotidiano dos alunos. A presença de experimentos nos livros didáticos é importante para despertar o interesse pela Química nos alunos. Porém, em alguns materiais didáticos para a realização dos experimentos há necessidade de materiais não disponíveis em algumas escolas. Um exemplo dessa situação é o experimento da pilha de Daniell. Para substituir essa atividade de maneira eficiente, podem-se produzir pilhas com materiais do cotidiano do aluno, como a pilha de tomate ou de suco de limão (Figura 1).
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Figura 1. Experimento: Pilha com tomate e pilha de suco de limão.
Na construção das pilhas apresentadas na Figura 1, foram utilizados tomates ou suco de limão, moedas de 5 centavos e pregos ou parafusos. Com o aparato apresentado, pode-se discutir Eletroquímica com a produção dessas pilhas e demonstrar uma aproximação do conceito científico com materiais do cotidiano dos alunos. Nos livros didáticos, a discussão do tema separação de misturas é apresentada com experimentos. Porém, da forma como são demonstrados, alguns deles não podem ser reproduzidos de maneira contextualizada e com materiais do cotidiano dos estudantes. Nessa perspectiva, são apresentadas três atividades experimentais com substituição das vidrarias de laboratórios por materiais alternativos. A filtração utilizada no cotidiano (Figura 2), a destilação simples montada com lâmpada queimada, mangueira, garrafa PET, garrafa de vidro e copo e a decantação (Figura 3).
Figura 2. Experimento: Filtração simples na preparação de um cafezinho.
Nos materiais analisados, o processo de filtração simples é demonstrado com a utilização de vidrarias como, erlenmeyer, funil, bastão de vidro e béquer. Esse aparato não estava disponível na escola, assim foi planejado o experimento com garrafa PET e a discussão da separação de misturas com a produção do cafezinho, tema presente no dia a dia de todos. Dia a dia
A separação de dois líquidos presentes no cotidiano dos alunos, água e óleo, foi realizada com a construção de um funil de decantação (Figura 3). No experimento, os alunos tiveram que adaptar com materiais de baixo custo vidrarias presentes em laboratórios convencionais. A atividade aguçou a criatividade e a preocupação com os materiais que são descartados que foram reutilizados.
Figura 3. Experimento para separar água e óleo: Produção de um funil de decantação.
A discussão de indicadores ácido-base pode ser realizada com materiais do dia a dia dos alunos. Para tal, a produção de material com repolho roxo foi proposto. Na atividade, foi produzido o suco de repolho roxo e um indicador ácido-base com fitas de papel (Figura 4). Com isso, são demonstradas duas atividades experimentais com substituição de indicadores como fenolftaleína, azul de bromotimol, entre outros por suco de repolho roxo e fita de papel com o mesmo material.
Figura 4. Experimento Indicador ácido-base: Suco de repolho roxo e fitas com o suco de repolho adsorvido.
O canal do YouTube Química em Areia Branca tem outros vídeos com experimentação de baixo custo que podem ser utilizadas por professores e alunos. A escolha da produção do canal no YouTube para a disseminação do conhecimento produzido deve-se a facilidade na publicação e por ser um serviço gratuito. Além disso, no YouTube há a possibilidade de interação entre o autor e o visitante através dos comentários no material divulgado. A avaliação da divulgação dos vídeos pode ser realizada no site do YouTube. O gerenciador dos vídeos disponibiliza estatísticas sobre o material divulgado. O canal tem 276 inscritos e 9.460 visualizações. De acordo com a análise do site, há buscas no YouTube por experimentos de Química com materiais alternativos, visto que aproximadamente 50% dos vídeos são vistos através da pesquisa direta no site. Corroborando com esses dados, o vídeo mais visualizado no canal é a produção de um Funil de Decantação com 2090 visualizações (Figura 3). Assim, o projeto está contribuindo com a difusão de experimentos de Química que podem ser realizados em escolas sem laboratórios. A falta de laboratório não deve ser um empecilho para a realização de atividades experimentais. Uma alternativa é o uso do laboratório de Química com materiais alternativos produzido em cooperação de docentes e discentes.
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4. Conclusão A falta de um laboratório estereotipado nas escolas não deve ser a causa da ausência de experimentos nas aulas. As atividades práticas despertam o interesse nos estudantes para o aprendizado dos conteúdos de Química. Diante disso, foram apresentados experimentos com materiais de baixo custo que substituem as atividades com vidrarias e reagentes não disponíveis. O laboratório com materiais alternativos é divulgado no canal do YouTube denominado Química em Areia Branca. Assim, é demonstrado que há a possibilidade de transformar a sala de aula num laboratório com materiais presentes no cotidiano. O projeto contribui para a formação dos estudantes participantes e para a melhoria no processo de ensino e aprendizagem dos docentes e discentes que visitaram o canal do YouTube. Referências HOFSTEIN, Avi; LUNETA, Vicent N. The Laboratory in Science Education: Foundations for the Twenty-First Century, Science Education, 88, 1, 2004. IBRAHIM, Nor Hasniza; SURIF, Johari; YAAKUB, Safiah. Typical teaching method applied in chemistry experimente. Procedia – Social and Behavioral Sciences, 116, 2014. SOARES, Marlon Herbert Flora Barbosa. Jogos e Atividades Lúdicas no Ensino de Química. Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP, 2004. TESFAMARIAM, Gebrekidan; LYKKNES, Annette; KVITTINGEN, Lise. Small-scale chemistry for a hands-on approach to chemistry practical work in secondary schools: experiences from Ethiopia, African Journal of Chemical Education, 4,3, 2014.
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Resumo. A Geologia, ciência que estuda a terra e suas estruturas é a disciplina base para o ensino tanto da disciplina Ciências Naturais como de Geografia no sétimo ano do Ensino Fundamental. Desta forma, para melhor compreensão das composições da Terra, apresentamos neste artigo a elaboração de maquetes que evidenciam as seguintes estruturas: movimento das placas tectônicas, camadas da Terra e vulcão (com simulação de erupção). Todas as confecções tiveram como material base à argila, uma vez que a escola localiza-se no Baixo São Francisco, onde a disponibilidade deste material é muito viável. As construções destas estruturas permitiram aos discentes uma melhor compreensão dos conteúdos ministrados e a aquisição de uma aprendizagem significativa. 1. Introdução Compreender as estruturas que compõem o nosso planeta é uma tarefa bastante difícil, uma vez que abrange elementos que só conseguimos observar em imagens, em vídeos, revistas e telejornais. Exemplo disto são os estudos das Camadas da Terra, a Tectônica de Placas e o Vulcanismo. A Terra é dividida em camadas para melhor estudo (crosta, manto e núcleo), porém o conhecimento sobre o interior da Terra é feito de forma indireta, por causa das limitações tecnológicas para enfrentar as altas temperaturas e a pressão (ASSUMPÇÃO & DIAS NETO, 2003). No que diz respeito à tectônica de placas, o movimento lento das placas litosféricas sobre o manto terrestre, provoca tensões nas bordas destas placas, a evidência desta dinâmica são os abalos sísmicos e erupções vulcânicas. Os tipos de movimentos das Placas Tectônicas são: convergente, divergente e transformante (TASSINARI, 2003).
Neste sentido, elaborar modelos didáticos para o entendimento de tais estruturas é poderoso catalisador no processo de aquisição do conhecimento (MORAES, 1998). Então, o presente trabalho teve como objetivo aproximar os discentes a compreensão das atividades vulcânicas, da tectônica das placas e do estudo das camadas terrestres, por meio da construção dessas estruturas em argila, além de trabalhar de forma interdisciplinar tais conceitos. 2. Materiais e Métodos O presente trabalho foi desenvolvido com 45 alunos matriculados regularmente no Colégio Educativo em Neópolis/Sergipe, em duas turmas de sexto ano do Ensino Fundamental. Os discentes são provenientes não só do município sede da escola, como também de outras cidades vizinhas tais como: Santana do São Francisco, Pacatuba, Japoatã, Ilhas das Flores e Brejo Grande. Para incentivar a elaboração das maquetes, as professoras propuseram que tal atividade seria parte integrante da avaliação do segundo bimestre. Para melhor compreensão das estruturas da terra (crosta, manto e núcleo), a tectônica de placas e as atividades vulcânicas, as professoras da disciplina de Ciências e Geografia decidiram em conjunto solicitar aos discentes que elaborassem modelos didáticos que permitissem uma melhor compreensão de tais composições. Visando a realização do trabalho, inicialmente, em sala os alunos foram separados em grupos de cinco, de modo que fossem realizadas pesquisas em sala de imagens, em sites específicos disponíveis na internet e também o uso do livro didático. Na disciplina Ciências, os alunos foram incumbidos a desenvolverem os três tipos de movimentos das placas tectônicas e vulcão (com este foi realizado uma
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simulação experimental de erupção). Já na disciplina Geografia os discentes produziram as estruturas internas da Terra. As professoras entraram em consenso para que o material produzido fosse feito com argila, um recurso de baixo custo e bem acessível, tendo em vista que a escola atende a alunos dos municípios do Baixo São Francisco. Em seguida, foi montado um cronograma para a avaliação dos trabalhos produzidos. Na disciplina Ciências, os alunos em uma aula de cinquenta minutos, realizariam os experimentos com os vulcões. Em outra aula, agora de uma hora de quarenta minutos, os alunos fizeram a apresentação das placas tectônicas e das estruturas da Terra, esta aula ocorreu com a presença das professoras das disciplinas Ciências e Geografia, e logo após as apresentações as docentes fizeram suas colocações e avaliações dos materiais elaborados. Os discentes tiveram total autonomia para realização das maquetes solicitadas e foram avaliados tanto nas composições produzidas, como no domínio do conteúdo durante a apresentação. 3. Resultados e discussão De acordo com o que foi relatado pelos discentes e observado pelas professoras, o material utilizado para a confecção das maquetes foram: argila, tinta guache ou acrílica. Em alguns casos as estruturas foram montadas sobre folha de isopor ou papelão, algumas pedras e uma bolinha de borracha – que formou o núcleo interno na Terra (figuras 1 e 2). A argila utilizada é um material bastante maleável, encontrado as margens do rio, sua textura se assemelha a massa de modelar, que torna fácil o manuseio e a construção das estruturas solicitadas. Após pronto, só deixar o material secar ao sol para enrijecer e em seguida, colorir.
Figura 1. Tipos de movimentos das Placas Tectônicas
Figura 2. Estruturas internas da Terra. A: núcleo da Terra, B: manto interno. C: manto externo e D:crosta terrestre.
No que se refere ao experimento com erupções vulcânicas (figura 3) foram utilizados os seguintes materiais: bicarbonato de sódio vinagre e corante alimentício vermelho. Inicialmente, foram adicionadas duas colheres de sopa de bicarbonato de sódio na abertura central do vulcão, em seguida, 10 gotas do corante alimentício, por fim, foi adicionado o vinagre, cerca de 100 ml. E então, o “vulcão entrou em erupção”.
Figura 3. Experimento: simulação de erupção vulcânica.
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Do ponto de vista do aprendizado, em todas as apresentações, os discentes mostraram domínio do conteúdo. E as produções de maquetes pelos próprios alunos contribuíram para que os discentes tornassem sujeitos ativos deste projeto, além de gerar oportunidades para que a aprendizagem fosse além da memorização de conteúdos. Os alunos apropriaram-se do conhecimento de modo eficaz (FRANCO & MUNFORD, 2018). Houve a participação de todos que estavam em suas equipes de trabalho, com empenho na investigação, contextualização e na apresentação dos resultados.A atividade proposta despertou a motivação dos estudantes; levando em consideração as ideias prévias sobre o fenômeno que estava sendo analisado. Permitiu a emissão de suas próprias hipóteses; possibilitou diferentes formas de experimentação; fomentou a discussão entre os grupos; enfatizou aspectos qualitativos e não somente quantitativos. O trabalho interdisciplinar realizado neste projeto possibilitou uma maior interação entre docentes e discentes, por meio de trocas de experiências. Trabalhar neste enfoque garante apresentar aos alunos possibilidades diferentes no olhar de um mesmo fato (SILVA, 2018). Deste modo, a construção das maquetes tornouse um recuso muito importante no processo de ensinoaprendizagem nas disciplinas Ciências e Geografia.
torna os alunos protagonistas deste projeto, participando ativamente na construção do conhecimento científico. Desta forma, em todo o processo, a educação ocorreu de forma significativa. Referências
ASSUMPÇÃO, Marcelo; DIAS NETO, Coriolano M. Sismicidade e estrutura interna da terra. In: TEXEIRA, Wilson; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fábio (org.). Decifrando a Terra, 2ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional , 2003 p. 43-62. FRANCO, Luiz Gustavo; MUNFORD, Danusa. A análise de interações discursivas em aulas de ciências: ampliando perspectivas metodológicas na pesquisa em argumentação. Educ. rev., Belo Horizonte , v. 34, e182956, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=scixt&pid=S010246982018000100154&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15/09/2018. MORAES, R. O significado da experimentação numa abordagem construtivista: O caso do ensino de ciências. In: BORGES, R. M. R.; MORAES, R. (Org.). Educação em Ciências nas séries iniciais. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 1998. SILVA, Renata Ferreira da. Importância da interdisciplinaridade no processo de aprendiagem. Disponível em: <https://www. portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/importancia-dainterdisciplinaridade-no-processo-de-aprendizagem/49573>. Acesso em: 15/09/2018. TASSINARI, Colombro C. G. Tectônica global. In: TEXEIRA, Wilson; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fábio (org.). Decifrando a Terra, 2ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional , 2003 p. 97-112.
4. Conclusão O projeto de experimentação em ciências e geografia desafiou a inteligência dos alunos, instigou sua criticidade, possibilitou a discussão e confronto de opiniões, facilitando a interpretação de conceitos e demonstrando que tais disciplinas não são estáticas, mas que estão em constante evolução. Enfim, destacamos que o professor quando comprometido com o trabalho e preocupado com o aprendizado dos discentes, desenvolve práticas metodológicas diferenciadas, as quais contribuem para fundamentar o conhecimento científico dos estudantes, bem como melhorar a qualidade da educação e do ensino. A construção de recursos didáticos como método de incentivo ao ensino de Ciências e Geografia
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