EDITORIAL O espiritismo é uma das religiões que mais cresceu no Brasil nos últimos anos, abrangendo 3,8 milhões de pessoas, conforme o censo de 2010 do IBGE. Afirmações como “Vivemos cercados de espíritos, alguns bons, outros nem tanto”; “A morte é apenas uma etapa da evolução pessoal”; “É possível nos comunicarmos com espíritos”, são apenas algumas das presentes na doutrina e que batem de frente com muitas outras crenças e religiões. Há quem acredita que esta é religião é a que mais se aproxima com a ciência, outros a negam. Mas afinal, o que há de tão diferente no espiritismo? A partir dessa e outras tantas curiosidades, este se tornou o tema central dessa edição. Histórias de cura, amor e muita fé embalaram as pautas e apresentam uma nova forma de entender e compreender a doutrina: a partir dos olhares de quem realmente a pratica. Junto ao espiritismo, milagres e centros umbandistas também entram em cena, simplificando muitas das histórias que tanto ouvimos por aí. Destacamos que não pretendemos aqui confirmar ou negar nenhuma religião, mas nos abrirmos para conhecê-las. Afinal, só podemos mesmo opinar sobre aquilo que é conhecido, não é mesmo? Assim, mais do que ouvir, também experimentamos e vivenciamos alguns dos momentos relatados. Fique a vontade, você é nosso convidado especial para conhecer um pouco mais sobre este universo também. Boa leitura!
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RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Em Itapoá, mais precisamente no bairro Barra do Saí, a família das irmãs Sueli do Prado Vais e Eleni Vais Jacintho é exemplo de união, fé e esperança, tendo alcançado milagres através da profunda oração. Um dos exemplos é o milagre de Talita, testemunho de Sueli transformado em livro que pode ser adquirido pelo telefone 47 9628.4555. Confira entrevista na página 40.
casa de caridade dr. yuri
Cirurgia espiritual: fé e merecimento Ana Beatriz A cura se dá através da médium Regina Lucia dos Santos Araújo, pelo espírito do médico Yuri,
A cidade de Guaratuba, com seus 244 anos, é repleta de histórias, das mais diversas crenças, influências e intuições. Embora muitos moradores não saibam, próximo à Praça Central, uma casa, aparentemente comum, transforma-se semanalmente em amor e devoção, sendo palco das mais diversas curas através do espiritismo.
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cidade de Guaratuba, com seus 244 anos, é repleta de histórias, das mais diversas crenças, influências e intuições. Embora muitos moradores não saibam, próximo à Praça Central, uma casa, aparentemente comum, transforma-se semanalmente em amor e devoção, sendo palco das mais diversas histórias de cura através do espiritismo. Há 27 anos, a “Casa de Caridade Dr. Yuri” ajuda voluntariamente pessoas de diversos lugares e de diferentes problemas, sejam eles físicos ou psicológicos. Ali, uma equipe instruída
realiza consultas e cirurgias espíritas para pessoas das mais diversas crenças e religiões, todas as terças e quintas-feiras. A cura se dá através da médium Regina Lucia dos Santos Araújo, pelo espírito do médico Yuri, conhecido pela sua gentileza, humildade e eficiência no atendimento. Para entender melhor o trabalho realizado na Casa de Caridade, é preciso voltar ao passado, onde tudo começou na vida da médium Regina. Já na infância, não foram poucas as conturbações que marcaram seu crescimento, devido às visões que tinha constantemente. “Com os amigos, na escola, no trabalho ou em qualquer lugar, eu enxergava pessoas que ninguém mais via e era taxada por louca”, conta. Ela lembra de tentar fugir, mas as visões se tornavam ainda mais cons-
tantes e reais com o tempo. Atrelado a isso, uma indesejável dor nas pernas passou a incomodá-la e, mesmo realizando vários exames, nada foi acusado. “Esta dor aumentou e se tornou insuportável, me deixando de cama, sem o movimento das pernas durante nove meses e pedindo pela morte”, lembra. Sua mãe era quem dava banho, comida e cuidados, motivando-a para seguir em frente nos dias difíceis e sem reclamar. Beirando a depressão, a adolescente não queria sequer receber visitas no quarto, até que uma delas mudou sua vida. Um senhor do bairro insistiu em visita-la e, a partir de então, o destino a levou para um novo caminho.
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Todas as terças e quintas-feiras são realizadas as consultas com o espírito do médico Yuri, sendo a quarta-feira exclusiva para os agendamentos através do telefone 41 9574.7326 das 19 às 21 horas com Tania. Já aos sábados, acontecem os trabalhos tradicionais de casas espíritas, como palestras e passes espirituais.
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“Ele entrou em meu quarto e, depois que lamentei de minhas dores, abriu um largo sorriso e disse que isso era minha mediunidade de cura aflorando”, conta. Regina recorda não ter entendido e ele tornou a explicar: “Você não é médica, nem tem o poder da cura, mas quem está com você tem”. Antes de partir, ele acrescentou que ela precisava abrir as portas de sua casa à comunidade e transforma-la em um hospital médium.
As fortes palavras ficaram marcadas e, aos 26 anos de idade, Regina passou por mais um turbilhão de emoções. Sua mãe, frequentadora da Federação Espírita do Paraná - senhora de muita fé e de grande coração - dizia à filha que ela foi escolhida para a missão e deveria aceita-la para não sofrer mais, mas Regina, desmotivada e adoentada, ainda não tinha ideia e dimensão do que estava acontecendo. As dúvidas só acabaram quando uma amiga apareceu em sua casa, repentinamente, pedindo que Regina curasse seu filho em estado febril. “Respondi que ela estava enganada, que eu não era médica e, em seguida, entrei em transe”, lembra. Neste momento, a figura de um homem chegou ao lugar, cumprimentou a todos e se apresentou: era o espírito de um médico chamado Yuri. “Regina, chegou o momento de abrir as portas de sua casa para os humildes, os enfermos e todos aqueles que aqui vierem”, disse o espírito.
Ele também contou que o bebê com febre foi um anjo enviado para a situação, e o curou. Antes de partir, o espírito de Yuri agradeceu à mãe de Regina por fortalecê-la e induzi-la à doutrina espírita. Aceitada a missão, a jovem recuperou o movimento das pernas e as portas de sua casa foram abertas à comunidade, dando início ao trabalho de cura da “Casa de Caridade Dr. Yuri”. Hoje, 27 anos depois desse ocorrido narrado, a médium tem sua vida renunciada para se dedicar inteiramente ao estudo e trabalho da mediunidade. Com 53 anos idade, Regina conhece a doutrina espírita e entende o porquê de ter passado por todo o sofrimento. “O médium passa por diversos testes físicos e psicológicos, até que entenda e trabalhe o dom que lhe foi dado”, explica. Esta preparação é, em sua opinião, fundamental, pois, como ela costuma dizer, “com espírito não se brinca”. Regina é hoje mãe de um adolescente chamado Yuri, em homenagem ao espírito que a acompanha há anos.
Casa de Caridade Instituição filantrópica e sem fins lucrativos - assim é caracterizada a Casa de Caridade Dr. Yuri, em Guaratuba. A instituição é devidamente registrada e reconhecida como de Utilidade Pública Municipal. As consultas realizadas não são cobradas, pois, segundo Regina, caridade não tem preço. A casa mantem seus materiais (algodão, gases, lençóis, etc.), alimentos servidos aos pacientes, água e luz através de contribuições espontâneas, o que torna muito difícil a manutenção da instituição. Sem repasse de verba, de vez em quando algum paciente se solidariza com o trabalho e paga a conta de água ou luz da
casa. A ajuda também se dá no sentido de estrutura, como um homem que bancou a construção de um banheiro específico para os pacientes. Regina conta que a cada seis meses é feita a prestação de contas da instituição, apresentada aos membros da diretoria. Ao longo da semana e durante o dia, a programação da casa se volta à comunidade. Todas as terças e quintas-feiras são realizadas as consultas com o espírito do médico Yuri, sendo a quarta-feira exclusiva para os agenda-
mentos. Já aos sábados, acontecem os trabalhos tradicionais de casas espíritas, como palestras e passes espirituais. Nos dias de consulta, a instituição é tomada por pacientes e a garagem da casa de Regina é transformada. São 13 pessoas atendidas na terça-feira, e mais 13 na quinta. A equipe prepara uma mesa na garagem: livros, Bíblias e cadeiras são dispostas no espaço para que os pacientes aguardem a consulta. Nas paredes, são visíveis quadros com imagens de santos e em um quadro negro, alguns dizeres escritos em giz: trata-se de uma mensagem de Dr. Yuri psicografada pela médium Regina, datada em 24 de abril de 2015 e citada ao lado.
“Meus irmãos, que possamos, neste momento, avistar, dentro de nosso espírito, o amor. Que o nosso reencontro com o amor comece de imediato com as pessoas que estão ao nosso lado, com os que convivem em nosso lar. Amem infinitamente mais! O amor não prescrita malefícios, ações negativas ou crimes cometidos. O amor quer, simplesmente, um mundo melhor e é esta construção que eu concito todos os irmãos. Vamos trabalhar! Vamos ajudar a humanidade! Católicos, espíritas, budistas, adventistas, umbandistas, protestantes, precisam dar as mãos, porque rótulo não salva ninguém. Fora do amor e da caridade não há salvação. Precisamos estar unidos pelo amor de Deus. Que os irmãos que vierem em busca de lenitivos e bálsamos sejam curados de ordem física, moral ou espiritual, se assim for da vontade do Pai”.
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casa de caridade dr. yuri A equipe Por trás dos bastidores deste trabalho de fé e cura, uma equipe instruída faz a Casa de Caridade acontecer. Além da médium Regina, cinco mulheres, de trajetórias diferentes, trabalham voluntariamente na
instituição. Cada uma tem uma função, mas são todas espíritas, com certo grau de mediunidade e adeptas à prática do amor ao próximo. Braço direito de Regina no dia a dia e de Dr. Yuri durante as consultas, Tania Tchir do
Arlete de Fátima Henrique, Ana Lucia Bernardi e sua mãe Marlene Carlos de Sá.
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Nascimento atua há 23 anos como assistente do médico. “Seja por curiosidade ou deslumbramento, muitas pessoas passaram pela Casa, mas na prática é preciso compromisso”, afirma Tania. De família católica, ela conta que seus parentes superaram as barreiras do preconceito e hoje todos adoram o trabalho da Casa. “Aprendi muito trabalhando com o espírito de Yuri, com os colegas de trabalho e com os próprios pacientes”, conta. Marlene Carlos de Sá e sua filha Ana Lucia Bernardi se consultaram com o médico e se encantaram com o traba-
lho e disposição de Regina. “Não pensamos duas vezes em nos prontificarmos a ajudar”, afirma Marlene. Conhecedora do espiritismo há mais de 25 anos, ela conta que teve grandes influências na família, a exemplo de seu cunhado, que foi discípulo de Chico Xavier. “Sempre fui muito falante e agitada, mas no espiritismo pude me encontrar e me tornar uma pessoa mais tranquila”, conta. Ela e a filha Ana acreditam que se você planta o bem, naturalmente o colhe. As duas se revezam em dias da semana e se dividem ora como assistente, ora como socorrista – pessoa responsável pela limpeza, higienização e lanchinhos da casa. Além do trabalho voluntário exercido na Casa de Caridade, Marlene e Ana fazem docinhos e artesanatos como fonte de renda. A quarta ajudante é Arlete
Medium Regina Lucia dos S. Araujo com parte da equipe da casa Maria Lagues, Ana Maria Arcega, Regina de Carvalho Rocha e Nadia Marina do Nascimento.
de Fátima Henrique, voluntária na Casa de Caridade há seis anos. Guaratubana e de família espírita, Arlete conta que vários familiares já realizaram a cirurgia espiritual com o Dr. Yuri e todos foram curados, inclusive seu filho, de um início de autismo. “Como forma de agradecimento, resolvi vir ajudar prestando serviços”, conta ela, que trabalha como diarista nos dias em que não está na instituição. Por fim, completando o quadro da equipe, a jovem Fabiana Siqueira da Silva tra-
balha como socorrista e é responsável pelos agendamentos das consultas, realizados toda quarta-feira. Fabiana também é responsável pela busca de medicamentos indicados pelo médico na instituição e, assim como as demais trabalhadoras, é muito atenciosa. Doutor Yuri Pouco se sabe a respeito de quem foi Yuri enquanto encarnado. Fragmentos de sua história na terra foram contados à médium Regina e à assistente Tania.
Segundo Regina, Yuri nasceu na Rússia e foi morar aos oito anos de idade na Alemanha, onde fez faculdade de Medicina. “No plano terrestre, foi um médico que não gostava de atender pessoas carentes”, conta Tania, assistente do espírito. Membro da Cruz Vermelha, ele serviu à Segunda Guerra Mundial e faleceu em uma cilada. Tania conta também que Yuri sofreu durante um tempo como espírito até que evoluísse. O espírito de Yuri lhes contou também que Regina, em outra encarnação, foi sua espo-
sa, e que Tania atuou com eles durante a guerra. “Nesta vida, nosso amor é fraterno, todas vemos nele a figura de um pai”, diz a assistente Tania. O espírito do médico costuma dizer às pessoas que os desencarnados também têm sentimentos. Como espírito, não são poucos os elogios: Bom conselheiro, psicólogo, educado, humilde, gentil, e por aí vai... As pessoas já consultadas na instituição veem no espírito de Yuri uma alma já elevada, de extrema sabedoria e amor, e costumam brincar que só o seu abraço já tem poder de cura.
Tania Tchir do Nascimento atua há 23 anos como assistente do médico.
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casa de caridade dr. yuri Psicocirurgia O atendimento na Casa de Caridade dura em média uma hora. No momento da consulta e de acordo com a gravidade, o espírito do médico oferece ao paciente além do tratamento, a cirurgia espiritual, também conhecida por “psicocirurgia”. Segundo Tania, a psicocirurgia difere-se das demais cirurgias convencionais (terrenas) por conta do médico enxergar além dos órgãos. “É avaliado o corpo como um todo, operando o períspirito, onde ficam guar-
“A cura dada através de cirurgias espirituais dependem inteiramente de sua fé, merecimento e disciplina”, conta a médium Regina. Ou seja, para que funcione, é preciso acreditar e levar o tratamento a sério, não somente deixar a encargo do mentor espiritual.
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dadas as enfermidades”. Com experiência no ramo, a assistente afirma que as dores espirituais existem e que nascem, em sua maioria, de um mau sentimento, como mágoa ou ingratidão. Para um atendimento benéfico, o principal fator levado em consideração é a fé em Deus. “A cura dada através de cirurgias espirituais dependem inteiramente de sua fé, merecimento e disciplina”, conta a médium Regina. Ou seja, para que funcione, é preciso acreditar e levar o tratamento a sério, não somente deixar a encargo do mentor espiritual. Após agendar o horário,
o paciente aguarda a sua vez na sala de espera. “Para a pré-consulta é necessário que o paciente esteja tranquilo, com uma aura boa”, diz Arlete. O atendimento é feito por ordem de agendamento e a equipe é dividida: as socorristas ficam disponíveis na sala de espera, enquanto as assistentes chegam somente para conduzir o paciente. Existe também a possibilidade da psicocirurgia ser realizada na casa do paciente, uma opção muito escolhida por pessoas que vêm de outras cidades e precisam retornar dirigindo. Neste caso, o paciente recebe uma folha com todas as instruções detalhadas para re-
alizar a psicocirurgia em casa, como uma série de objetos depositados em uma bandeja ao lado da cama, dentre eles uma vela branca acesa, agulha com fio branco e jarra de água pequena com três capiás, três cravos da índia e um galho de alecrim. “São agendados o dia e o horário para o espírito do médico visitar o lar do paciente, que deve estar sozinho no quarto, em silêncio, com roupas e lençóis claros”, detalha Tania, “ele deita-se, faz uma prece e acaba adormecendo enquanto seu períspirito é operado”. Se realizada na própria Casa de Caridade, o paciente também recebe um acompanhamento da
“Os dias seguintes da psicocirurgia são um estado de limpeza em que o paciente encontra-se fragilizado, mas Dr. Yuri sempre o acompanha”, conta Marlene.
psicocirurgia à distância, em sua casa, seguindo as mesmas instruções. Durante a cirurgia espiritual, é pedido que o paciente permaneça com olhos fechados e em oração, concentrando sua fé no poder de Deus e da cura. A sala de atendimento conta com uma maca coberta com lençol claro e lâmpadas coloridas sobre a maca; na escrivaninha, receitas prescritas e um armário dispõem de instrumentos como tesouras, ataduras, pinças, gases e algodão. Assim como na sala de espera, a sala de consulta também é caracterizada por imagens de santos. O uso dos instrumentos é simbólico. “São usados para sentido figurativo, pois muitas pessoas são sensitivas visuais, que só acreditam naquilo que é visto”, conta Arlete. Diversos pacientes relatam sensações de injeções, cortes, pontos e sangue escorrendo, ainda que não seja feito uso de qualquer ferramenta e não tenha nenhuma marca na pele após a psicocirurgia.
Após a consulta, o médico espiritual prescreve receitas que são em sua maioria florais quânticos e, em casos mais graves, a instituição atua em parceria com um médico terreno, cardiologista e clínico geral, de São José dos Pinhais-PR. Este médico, voluntariamente, atende pacientes indicados por Dr. Yuri cujo caso é físico e prescreve receitas de remédios convencionais. Assim como uma cirurgia terrena, existem os cuidados pós-operatórios. Uma dieta leve e três dias de repouso absoluto sucedem a psicocirurgia. O cumprimento do passo
a passo também influencia inteiramente na cura. “Os dias seguintes da psicocirurgia são um estado de limpeza em que o paciente encontra-se fragilizado, mas Dr. Yuri sempre o acompanha”, conta Marlene. Segundo a equipe, no campo da fé e do espiritismo vários fatores contribuem para o bem estar, entre os quais está o merecimento, o desejo de fazer o bem aos semelhantes e o esforço de vencer suas debilidades. “As pessoas não são modificadas, nem transformadas, pois a cura é algo que nasce dentro do enfermo, em seu espírito, para depois de dar certo, refletir no corpo físico”, explica Tania.
“Para a pré-consulta é necessário que o paciente esteja tranquilo, com uma aura boa”, diz Arlete.
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casa de caridade dr. yuri Relatos dos pacientes Em seus 27 anos de funcionamento, o público da Casa de Caridade Dr. Yuri é abrangente, contando com crianças, idosos, gestantes, portadores de necessidades especiais, etc. Os pacientes da instituição vêm de diversas regiões do Brasil e são crentes de variadas religiões. Apesar de todos terem em comum a procura pela cura, cada pessoa consultada apresenta uma versão peculiar da psicocirurgia, de acordo com suas experiências já vividas e sensações. A moradora de Guaratuba Sandra Raquel de Lima conheceu o espiritismo por intermédio de sua mãe e, com o passar dos anos, trabalhou em um centro e cursou Teologia Espírita em Curitiba. Há cerca de um mês Sandra conheceu a Casa de Caridade e depois de realizar exames médicos que nada indicavam resolveu realizar a psicocirurgia para curar suas fortes dores no estômago. Dr. Yuri descobriu que ela era intolerante à lactose e a curou.
“Durante a cirurgia espiritual tive sensações de corte, injeção e sangue escorrendo, além do forte cheiro de remédios, como se estivesse em um centro cirúrgico de verdade”, conta. Apesar de realizar o atendimento com o intuito de um problema específico de saúde, o espírito do médico acabou curando várias outras dores de Sandra em um único atendimento. “A mediunidade de Regina é incrível”, diz a paciente. Hoje, ela e sua mãe participam de grupos de estudo acerca da
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doutrina espírita. “Ser espírita de verdade é algo muito difícil pela tamanha humildade pregada, mas estamos sempre em constante aprendizado”, diz Ilda Ferreira de Lima, mãe de Sandra. Antonio Carlos de Carvalho, mais conhecido por “Toninho”, também foi influenciado pela família ao se encontrar no espiritismo quando adolescente: “Segui meu pai, que foi espírita kardecista, um grande exemplo de modificação da conduta”.
Atualmente, Antonio Carlos de Carvalho trabalha dando passes em um centro espírita da cidade. “Sigo o meu coração e creio na mediunidade como prova de amor ao próximo”.
Foi um problema sério na coluna que levou Antonio a procurar o atendimento espírita com Dr. Yuri, há cerca de 15 anos. “Optei pela psicocirurgia, pois ela atua no períspirito, curando maus fluídos que podem ser transformados em dores”, explica. Durante o atendimento, ele se lembra de sentir uma energia forte que o convenceu de que ia ficar bem. Três dias após a consulta, sua dor havia desaparecido. Além de operar espiritualmente a coluna, Toninho consultou na Casa de Caridade problemas mais simples, como de circulação, pressão e apneia,
Sandra Raquel de Lima com o seu esposo Rubens Sundini Pereira e a mãe Ilda Ferreira de Lima
“Não precisa ser espírita para ir lá, basta ter fé em Deus”, confirma o católico José Ananias dos Santos.
obtendo a cura de todos. Atualmente, ele trabalha dando passes em um centro espírita da cidade. “Sigo o meu coração e creio na mediunidade como prova de amor ao próximo”. Já a espírita Cynthia Maria Mansur, mora em Matinhos-PR e é “da casa”. Ela segue, há cerca de 20 anos, o hábito anual de se consultar na Casa de Caridade para, como diz, “checar se a saúde anda bem”. Com o espírito do médico, ela já operou a coluna, o pé e o joelho, e afirma ter tido a sensação de estar levando pontos durante a psicocirurgia. “Gosto e admiro muito o trabalho do Dr. Yuri e de toda a equipe da Casa, pois é de extrema doação e entrega”. Mas a cura através do espiritismo também é reconhecida por pessoas de outras crenças e religiões. “Sempre fui curioso e gostei de ler sobre vários assuntos, o que me levou ao espiritismo”, conta o católico José Ananias dos Santos. No ano passado, uma dor intensa na coluna o impediu de frequentar as missas da igreja, pois não aguentava ficar em pé. José realizou radiografia e outros procedimentos, mas nenhuma
resposta foi obtida pela medicina. Resolveu então fazer uma psicocirurgia e melhorou. “Não precisa ser espírita para ir lá, basta ter fé em Deus”, afirma. Uma vantagem da cirurgia espiritual apontada por ele é o custo em relação à cirurgia convencional. Após a cura, ele não refez os exames para se assegurar de que estava bem. “Senão estaria duvidando da minha própria fé”, fala. Hoje, José afirma que, inde-
pendente de religião, o espiritismo é uma ciência que deve ser respeitada e acredita que a maioria dos nossos problemas são espirituais. Em sua opinião, esta é uma ciência da vida que explica por que viemos, onde estamos e para onde vamos. “Mesmo que sem querer, muitas pessoas praticam o espiritismo no dia a dia, sendo honestas e desejando o bem do próximo”, complementa.
QUER AJUDAR NA MANUTENÇÃO DA INSTITUIÇÃO? Para contribuir com a Instituição Doutor Yuri as doações podem ser feitas através da conta no Banco do Brasil Agência 2100-8 C/C 1.591-9
Cynthia Maria Mansur, já se consulta há cerca de 20 anos na Casa de Caridade e Fabiana Siqueira da Silva auxilia no atendimento.
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Ser Espírita é vivenciar os ensinamentos de Jesus
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Jonas Maciel da Silva é outro relato interessante. Guaratubano e perto de completar 50 anos, Jonas também teve sua experiência na Casa Dr.Yuri. Foi lá que tudo começou.
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onas teve o primeiro contanto com a Doutrina Consoladora, há aproximadamente 16 anos atrás, quando fortes dores na cabeça quase o levara a morte. Tomografia e diversos outros exames e nada de diagnóstico. Um médico amigo chegou a lhe aplicar morfina, mas a dor persistia. “Era de deixar louco” afirma. Foi através de um amigo que Jonas foi levado até a casa da Regina e mesmo não sendo dia e nem hora de atendimento, ele foi acolhido. Quando Regina o recebeu pode constatar que era uma emergência e o levou
para ser atendido. “Depois vim saber que naquele momento a médium Regina recebera intuitivamente a orientação do espírito Dr. Yuri, que me atendesse imediatamente”, relata Jonas. Lembra de sentir um corte na cabeça e um no peito. Ele diz que entrou carregado e saiu andando poucas horas depois. Foi para casa, cumpriu o tratamento e teve o grande despertar. “Compreendi que o que acontecera comigo eram os reflexos da minha própria vida, de minhas escolhas e que as dores era o resultado de uma carga energética negativa, muito grande, mas que de alguma forma, talvez pela minha fé e merecimento, eu ainda era merecedor da cura e porque ainda haveria muito o que fazer por aqui. Passei a estudar a doutrina espírita e a colaborar na Instituição Dr. Yuri, do Irmão Yuri como prefiro chamar”, ex-
plica. Depois disso, Jonas Maciel jamais deixou de atuar no espiritismo, estuda a doutrina no seu tríplice aspecto: ciência, filosofia e religião. Hoje, Jonas que também é um médium, colabora em outra instituição espírita da cidade, ministrando palestras e auxiliando no tratamento espiritual (desobsessão). Perguntado se ele se considera um espírita, ele diz: “Tento ser espirita, digo isso porque ser espírita exige amor incondicional, transformação íntima e uma compreensão muito ampla da vida. A vida que não começou e nem termina aqui. O dia que formos cem por cento espíritas, por certo não precisaremos reencarnar aqui na Terra. Ser Espírita é vivenciar os ensinamentos de Jesus baseado na prática constante da caridade, a verdadeira caridade, sem a qual, disse Jesus, não há salvação”.
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Vivenciando a entrevista
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ara conhecer de perto e vivenciar na prática o atendimento espiritual, fui convidada a realizar uma consulta com Doutor Yuri. Particularmente, creio em Deus e, apesar de não ser espírita e ter pouquíssimo conhecimento da doutrina, acredito também na vida após a morte. Sem expectativas ou preconceitos entrei em um mundo novo cheia de curiosidades. Antes do atendimento, eu, que havia estado naquela sala dias antes entrevistando Regina, tive muitas dúvidas. Chamo-lhe de Regina ou Doutor Yuri? Qual será minha sensação? Precisarei realizar a psicocirurgia ou apenas o tratamento? Diante de tantos pensamentos, resolvi me acalmar e deixar fluir naturalmente. A energia da sala de espera já é bastante confortante, ali não é permitido o uso de celular nem conversas. Com o clima conduzido por músicas cristãs e instrumentais, sentei-me junto de outros pacientes para aguardar minha vez, seguindo o conselho de Marlene, de me tranquilizar. Chegada minha vez, fui conduzida pela assistente Ana até os fundos, onde é localizada a sala de atendimento. Atenciosa, Ana pediu para que eu trocasse meu calçado por um par mais leve, oferecido por ela. Ao entrar na sala, minha primeira pergunta foi respondida sem que eu percebesse. O corpo era o de Regina, mas já nas primeiras palavras trocadas reconheci as indeléveis
características do espírito, como o semblante, postura, forte abraço e aperto de mão, sotaque, vocabulário e é claro, o conhecimento da medicina. Chama-lo de Doutor Yuri foi então involuntário. Assim como o relato de outros entrevistados, ele mostrou-se educado e atencioso. Queixei-me de uma infecção no ouvido esquerdo, e ele realizou perguntas de rotina, sobre minha saúde no geral. Enquanto era atendida, notei que o médico parecia conversar com outros espíritos também. Mais tarde, Arlete me explicou que assim como Yuri é o mentor de Regina, ele também tem seus mentores que juntos, formam uma equipe médica espiritual, que conta com as diversas especialidades da medicina, assim como em um hospital convencional. O espírito de Dr. Yuri sugeriu que eu realizasse a psicocirurgia e me deu a opção de fazê-la em casa, mas optei por realiza-la ali mesmo. Antes de começar, o médico faz uma oração, falando diversas vezes em nome da fé e de Jesus Cristo. Um sino foi tocado e a assistente Ana apareceu para orientar-me a vestir uma roupa branca, relaxar e deitar-me na maca. Permaneci cerca de meia hora ali deitada, com os olhos fechados e em oração, ouvindo as preces de Yuri através de Regina, o canto
dos passarinhos e sentindo uma energia muito boa. Tive também a impressão de sentir dois cortes atrás do ouvido e, em seguida, líquido escorrendo. Confesso ter me assustado neste momento, mas permaneci concentrada, até o momento em que a assistente pediu que eu abrisse os olhos e me levantasse. Um pouco tonta e em um estado pacificado, troquei de roupa e voltei a me sentar na cadeira do paciente. O espírito disse que meu ouvido, aparentemente, não tinha nenhum problema, mas pediu para que eu voltasse a me consultar tempo depois. Voltei para a sala de espera, onde, após a psicocirurgia, é preciso permanecer em silêncio absoluto cerca de 15 minutos. Notei que o médico havia feito pequenos curativos em minha mão, braço e ouvido, mas nada indicava corte ou sangue algum. Enquanto estava aguardando o tempo, recebi a folha de instruções com todos os cuidados da pós-operação. Meu processo pós-operatório da cirurgia espiritual ainda não foi concluído, pois faz parte do mesmo tomar 21 passes em centros espíritas. Desde a consulta meu ouvido não voltou a inflamar. A psicocirurgia foi, para mim, que não sou espírita, uma experiência nova e um pouco estranha. Mas acredito que as orações, o contato com um espírito evoluído e o sentimento de caridade da equipe falam por si e são incríveis. Ana Beatriz
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INSTITUTO DE CARIDADE FLOR DE MAIO
Disseminando o estudo e a prática da doutrina espírita
Ana Beatriz
Cada vez mais a prática espírita vem sendo disseminada e ganhando espaço. Independente de crença ou religião, muitos encontram no espiritismo a cura para um problema de saúde ou simplesmente a sensação de bem estar.
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a cidade de Guaratuba, o Instituto de Caridade Flor de Maio é referência para os adeptos da doutrina espírita. Através de atendimentos públicos, união da equipe, estudo e sem impor religião é que a instituição completa, no mês de agosto, 16 anos de atuação. Segundo o presidente do instituto Mario José Natalino e a vice-presidente Danielle Marques Moro o espiritismo é bastante flexível, misturando religião, doutrina, ciência e filosofia.
Tudo começou com um grupo de quatro pessoas reunidas em uma casa para estudar a doutrina espírita. No centro da mesa onde eram feitos os encontros havia um arranjo de flor de maio, daí o nome do instituto. Na época, Danielle psicografou uma mensagem de seu mentor, que assina pelo nome de Dirceu, o espírito de um médico com especialidade em psiquiatria. “Na mensagem ele disse que a casa iria crescer e ajudaria muitas pessoas, especialmente com problemas da mentalidade”, conta Da-
nielle, uma das fundadoras do Instituto Flor de Maio. Hoje, 16 anos mais tarde, o pequeno grupo que multiplicou para uma equipe de mais de 30 pessoas, e a casa possui mais de 60 frequentadores semanalmente. O espaço da Flor de Maio comporta salas de atendimentos específicas para palestras, passes e outros atendimentos. No corredor de entrada há um acervo de livros espíritas, organizado e mantido pelos próprios frequentadores e trabalhadores do instituto. Uma parte do local também é destinada às crianças, com mesinhas, folhas e lápis de cor. “As crianças são seres de luz que, assim como nós, têm espíritos, e já viveram outras vidas”, conta Danielle. Segundo ela, a presença dos pequenos neste ambiente é importante como fonte de amor e simplicidade. O presidente Mario lembra que foi uma insônia profunda, que o atormentou cerca de 15 anos, que o levou ao espiritismo: “Na época, passei a frequentar uma casa espírita e o problema amenizou”. Seguindo este exemplo, muitas pessoas encontram na Flor de Maio a
No corredor de entrada há um acervo de livros espíritas, organizado e mantido pelos próprios frequentadores e trabalhadores do instituto.
O espaço da Flor de Maio comporta salas de atendimentos específicas para palestras, passes e outros atendimentos.
Uma parte do local também é destinada às crianças, com mesinhas, folhas e lápis de cor.
cura e o entendimento de sofrimentos que ninguém sabe da onde veio e que, na realidade, podem ser o indício de mediunidade. De acordo com Danielle, o ideal quando se tem mediunidade aflorada é estudar a doutrina espírita para depois escolher entre trabalhar ou cessar. “Sempre sugerimos a primeira opção, pois fazer uso desta ferramenta para ajudar ao próximo é uma missão que nos foi dada antes de reencarnarmos”, conta a médium. Quando o assunto é desenvolvimento mediúnico, a palavra tida como primeiro passo pelos entendidos é o estudo, também conhecido por educação mediúnica. “Assim como a medicina, para se praticar o espiritismo é preciso assumir um compromisso”, conta Mário, afinal, a prática envolve energias e vidas de muitas pessoas. De acordo com Mário e Danielle, a base sólida para a doutrina espírita são os cinco livros de Allan Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno; e A Gênese) e, assim como toda base, outros conhecimentos são construídos em cima.
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O instituto também faz estudo de outras técnicas e práticas que vêm para somar à espiritualidade, como o Reiki e o Feng Shui. Outra regra lembrada pelos médiuns àqueles que desejam desenvolver o espiritismo é pratica-lo em ambiente propício. “Em uma casa espírita o médium tem suporte absoluto de amparo, segurança e proteção”, explica Danielle. Depois do estudo, a pessoa tende a observar as práticas e atendimentos, para aprender a se concentrar e realiza-los de maneira correta. “Quanto maior o conhecimento da doutrina espírita, maior também o contato com espíritos mais elevados”, afirma Mário. Porém o estudo da doutrina não se limita aos iniciantes: os médiuns contam que o conhecimento tem de ser aprimorado constantemente, a fim de fazer o bem e ajudar o próximo. Assim, “união entre a equipe e muito estudo” é, segundo o presidente, a base do Instituto de Caridade Flor de Maio e de suas atividades durante tantos anos. Considerada uma
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Os médiuns da Flor de Maio em momento de oração no final das atividades.
instituição de utilidade pública, é mantida através de uma mensalidade simbólica entre os trabalhadores da casa e de pequenas doações, mas a equipe visualiza muito mais para o futuro, especialmente no âmbito da estrutura, que foi se tornando pequena conforme o crescente número de frequentadores. “Desmistificar o espiritismo não é algo simples, pois as pessoas costumam sentir medo do desconhecido”, diz Danielle. Mas juntos e sempre em prol da evolução espiritual, a equipe trabalha os bons fluídos e sentimentos, sejam em encarnados ou desencarnados, afinal de contas, só é possível transmitir ao próximo aquilo que encontramos dentro de nós.
Programação semanal Instituto de Caridade Flor de Maio 2ª feira: Estudo da Doutrina Espírita, aberto ao público. 3ª feira: Três grupos de trabalhos voltados à área da saúde, como orientações e terapias. 4º feira: Trabalhos tradicionais da casa espírita, como passes, palestras e atendimento fraterno. 5ª feira: Dois grupos do trabalho de desenvolvimento mediúnico, voltado especificamente aos trabalhadores da casa ou àqueles que queiram aprofundar o conhecimento. 6ª feira: Estudo complementar ao trabalho realizado na terça-feira, de atendimento à saúde, e outras técnicas como Reiki. Sábado: Dois grupos, um de estudos da Doutrina Espírita, voltado ao público; e outro voltado ao tratamento de distúrbios espirituais, além do passe coletivo, realizado entre um trabalho e outro.
INSTITUTO DE CARIDADE FLOR DE MAIO
Passe espiritual
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ntre as diversas práticas difundidas pelos espíritas, a mais conhecida é o passe espiritual, também chamado de “fluídoterapia”. Segundo Mário, o ato é uma transfusão de energias e fluídos benéficos, oriundos do próprio passista, de bons espíritos, ou de ambos. “O passe representa o auxílio às pessoas que estejam enfermas, desgastadas emocionalmente ou sob assédio de maus espíritos”, explica. Esta prática consiste, basicamente, na imposição das mãos feita por indivíduos - que recebem o nome de “passistas” -, sobre outros, os chamados “assistidos” ou “pacientes”, que estão normalmente sentados à frente, em um ambiente à meia luz. Para tal prática, é importante que o médium passista esteja preparado fisicamente, através da boa alimentação e também mentalmente, ou seja, pacificado e concentrado em pensamentos positivos. Antes de darem início ao atendimento, é feita uma oração e todos são honestos ao se julgarem aptos ou não para a prática – afinal, os médiuns também são pessoas, cada uma com seus dias e espe-
cificidades, lembra Danielle. Segundo a médium, o passe provoca reações variadas nos seres humanos. “O segredo do atendimento benéfico, de cura e bem estar, está quando ambos (médium passista e assistido) estão se doando, acreditando no que estão fazendo e se concentrando inteiramente em sentimentos bons”. O passe, bem como qualquer atendimento espiritual, não é restrito apenas aos espíritas. “Muitos dos frequentadores da Flor de Maio são católicos, evangélicos e pessoas das mais diversas religiões”, afirma Mário. Os moradores de Guaratuba Sandra Raquel de Lima e Rubens Sundini Pereira, por exemplo, estão juntos há 20 anos e, à base do respeito, possuem crenças diferentes. Ela, de família espírita e ele, de família católica, costumam acrescentar um ao outro algo de positivo vivenciado no centro ou na igreja. “De vez em quando acompanho minha esposa no centro espírita”, conta o católico Rubens, “fora do contexto religioso, sinto no passe a sensação de paz e bem estar, o que nada mais é que uma forte conexão com Deus”, conta Rubens.
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A Doutrina Espírita ou para muitos somente Espiritismo, é ao mesmo tempo CIÊNCIA, quando estuda os fenômenos mediúnicos, revela a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo físico; é FILOSOFIA porque interpreta a vida com coerência e ética, nos dirigindo na razão e no bom senso; e RELIGIÃO porquanto objetiva nos auxiliar na nossa transformação (moral), com base no Amor e na Caridade ensinada por Jesus. O espiritismo nos mostra Deus, não pela forma antropomórfica que faziam as religiões, ou seja, atribuindo uma forma humana à Deus, mas sim Deus como a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Allan Kardec foi o codificador do espiritismo. Seu nome era Hipólite Leon Denizard Rival, adotando o pseudônimo de Allan Kardec.
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Conhecendo um pouco sobre a Doutrina Espírita Jonas Maciel
O Consolador Prometido oão Evangelista relata a promessa feita por Jesus, quando ele se refere ao Consolador: “Se me amais, guardai meus mandamentos. E rogarei a meu Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós” (João, 14:15 a 17). O mesmo Apóstolo atribui a Jesus as seguintes palavras: “Eu vos tenho dito estas coisas enquanto permaneço convosco. Mas o Paráclito, o
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Santo Espírito, que meu Pai vos enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar o que vos disse” (João, 14:25 e 26). Com estas palavras que o Consolador prometido por Jesus, também chamado de Santo Espírito e de Espírito da Verdade, foi enviado à Terra com a missão de consolar, lembrar de seus ensinamentos sobre todas as coisas, esclarecendo ao homem sobre sua origem, da necessidade de permanecer por um período na Terra (reencarnação) e do seu destino, espalhando a consolação que advém da Fé e da Esperança. A Doutrina Espírita tem compromisso com a verdade, operando sob os ensinamentos de Jesus, esclarecendo o seu evangelho e consolando os
que sofrem, mostrando-lhe a causa e a finalidade da expiação humana na Terra. É preciso entender que Jesus, em sua época, não revelou tudo, pois o homem não estaria amadurecido para compreender as verdades evangélicas, necessitando aguardar os esclarecimentos futuros, muito embora muitas mensagens de Jesus foram distorcidas premeditadamente ao longo dos séculos. Kardec afirma, em “A Gênese”, terem sido dois mil anos de fermentação e de criminosas deformações da mensagem cristã.
O Espiritismo é pois o Consolador prometido pelo Mestre Jesus e veio para abrir os olhos e os ouvidos de toda gente, pois fala sem figuras, nem alegorias, e levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios, trazendo a consolação suprema aos deserdados da Terra.
Se, de um lado, o Espírito da Verdade se apresentava aos homens, à frente de elevadas Entidades espirituais, que voltaram à Terra para completar a obra do Cristo, de outro Kardec se punha a postos, à frente de
criaturas espiritualizadas, dispostas a colaborar na imensa tarefa. Cumpria-se, assim, uma promessa do Cristo, por meio de todo um imenso processo de amadurecimento espiritual do homem. Mediunidade
“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios. Daí de graça o que de graça recebestes.” (Mateus, 10:8)
A Mediunidade é uma ferramenta de comunicação entre os dois planos, espiritual e material, ou seja, é a faculdade ou capacidade pela qual se estabelece a comunicação entre homens (espíritos encarnados que somos) e os espíritos (já desencarnados).
Existe uma fala de Jesus que é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico (Mateus 10,16-20): “não cuideis como ou o que haveis de falar: porque naquela hora vos será inspirado o que haveis de dizer”, e conclui ainda dizendo: “Porque não sois vós os que falais, mas um espírito do Pai é o que falará em vós.” Devemos entender a mediunidade como uma condição natural do homem, uma benção divina que cada vez mais se faz presente em nossa vida, se manifestando através da fala (psicofonia), da escrita (psicografia), da audição (audiência),
da visão (vidência e a clarividência), da intuição, da cura e tantas outras formas.
Contudo, assim como qualquer instrumento colocado na mão do homem, a Mediunidade pode ser bem ou mal empregada. É por isso que ela requer educação, equilíbrio e muita responsabilidade.
Allan Kardec utilizou a palavra Médium para designar a pessoa que serve de intermediário na comunicação dos espíritos. Quando Jesus disse aos apóstolos: “Curai os enfer-
mos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios. Daí de graça o que de graça recebestes”, Ele recomendou nesse ensinamento, não cobrar, não comercializar, não fazer um meio de vida de um dom que lhes foi dado gratuitamente por Deus para curar as doenças e expulsar os demônios (os maus espíritos), aliviando a dor daqueles que sofrem, ajudando assim na propagação da fé.
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mediunidade
Os caminhos da mediunidade
“Cultura é a herança social. É todo o conhecimento acumulado pelas pessoas ao enfrentarem situações e desafios no cotidiano” (SBEE – Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas).
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Ana Beatriz
ara o crescimento pessoal, muitos são os conhecimentos buscados pelas pessoas. Aliadas às suas crenças e objetivos, diferentes ferramentas e conceitos estão à disposição do ser humano, e a mediunidade é uma delas. Ao contrário do que muitos imaginam a mediunidade não serve para “falar com os mortos”, “ganhar na loteria”, como “escudo de mau olhado”, ou para justificar comportamentos animais. Para a doutrina espírita, a mediunidade nada mais é do que uma sintonia e troca
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de experiências entre espíritos desencarnados e encarnados; um trabalho contínuo para a construção de um momento diferente, evidenciado no comportamento de cada um. A mediunidade pode surgir por vários caminhos diferentes, e assim também toma diferentes rumos, podendo se apresentar em vários tipos, como médiuns videntes, sensitivos, curadores, de incorporação, psicografia ou pictografia. Apesar de praticarem o mesmo trabalho, de vivenciar o contato com outro plano, cada uma das histórias a seguir apresenta peculiaridades, seja antes ou depois do entendimento de mediunidade.
Sopro divino
Embora não soubesse, a mediunidade de Regina de Carvalho Kochan se manifestou ainda quando menina. “Bastava fechar os olhos e já começava a ver cenas que desfilavam em minha mente, como se estivesse vendo um filme”. Estas cenas desconhecidas apareciam ora em preto e branco, ora muito vivas e coloridas, causando muitas vezes irritação e perturbação de sono. Foi durante sua adolescência que estas manifestações se intensificaram, com pesadelos, sonhos repetitivos e oscilações de humor. Ela lembra que no começo não tinha muita aceitação, mas que os sinais passaram a se manifestar volun-
tariamente. “Ouvia vozes que conversavam comigo e sempre pensei que conversava comigo mesma”, conta. Até que um dia Regina notou que tais vozes falavam de assuntos que não eram de seu conhecimento. Aos 21 anos de idade, terminou seus estudos em Paranaguá-PR e passou a morar em Guaratuba, onde teve seu primeiro contato com a doutrina espírita. Regina descobriu que era médium e precisava desenvolver a mediunidade, mas sua primeira experiência na mesa espírita a deixou muito abalada. “O espírito de um eletrocutado em cadeira elétrica se manifestou por meu intermédio e pude sentir o choque elétrico”, conta. O espírito foi doutrinado e levado dali e, mesmo com o medo que criara, Regina resolveu continuar. O conhecimento da doutrina espírita foi, para ela, como um bálsamo, cessando os pesadelos e maus sonhos. “Veio a responsabilidade de ter conduta espírita e atuar na divulgação dos postulados espíritas”, afirma. Porém, depois de dez anos trabalhando no espiritismo kardecista, através de atendimentos e passes, a turbulência mediúnica retornou com muitas doenças, perturbações, atrapalhos e desencontros. De
Regina desenvolveu a mediunidade de pictografia, que consiste na capacidade de desenhar através dos espíritos.
acordo com ela, este seria seu primeiro contato com a umbanda, que significa “sopro divino”, e também com novas facetas da mediunidade. Em sua experiência com o espiritismo umbandista, Regina passou a vivenciar viagens
astrais que segundo ela podiam ser muito prazerosas ou sufocantes. “Também passei a ter muito mais responsabilidade ao mostrar que a umbanda não é uma seita fazedora de magros negros e sim, uma escola iniciática de magia branca, que
combate a magia negra”, explica. Assim como o espiritismo, a médium conta que a umbanda crê na imortalidade da alma, na lei da reencarnação e da causa e efeito; prega a humildade e fraternidade entre povos e raças e lida com as forças da natureza: terra, água, fogo e ar. Ela desenvolveu a mediunidade de pictografia, que consiste na capacidade de desenhar através dos espíritos. Com folhas A3 e giz de cera, Regina faz desenhos em traços bonitos, rápidos e precisos, que podem constituir rostos, paisagens, gráficos ou mapas, e às vezes acompanhados de mensagens. “A pessoa pode não entender o intuito do desenho ou da mensagem, mas seu mentor espiritual certamente entenderá”, explica. Ela também, em muitos casos, não tem entendimento do sinal que lhe é dado, pois, como diz, não cabe ao médium fazer nada, apenas servir de canal. Tudo, para ela, é energia e tem um sentido, assim como normalmente o local escolhido para fundar um centro espírita ou de umbanda não é por acaso. “Há todo um estudo do campo energético no ambiente”, conta, pois assim como na terra, no plano astral também existem forças do bem e do
mal. Em seu entendimento, ela acredita que a mediunidade é um talento dado por Deus aos homens. Hoje, Regina não se considera nem umbandista, nem espiritualista, e sim universalista. O segredo para felicidade, segundo ela, é viver imune espiritualmente, ou seja, orando e vigiando sempre. “Devemos andar com o pensamento positivo, negar o mal, lembrar que Deus é nosso Pai e que espíritos bons nos acompanham”, diz. Depois de vivenciar o “sopro divino” de sua vida, Regina acredita e defende a ideia de que a maior arma dos seres humanos é serem filhos de Deus.
“Não basta ter mediunidade. É preciso que esse dom de se colocar em contato com o outro plano, plano do Espírito, receba o abalizamento do Evangelho de Jesus ou de doutrina semelhante, pois mediunidade e espiritualidade precisam caminhar juntas.” Regina de Carvalho Kochan.
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mediunidade
“Encontrei uma lógica dentro da doutrina espírita para a minha vidência, que era muito desorganizada, e hoje tenho entendimento e controle” Danielle Marques Moro
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Corpo, mente e espírito
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oi na adolescência, por volta dos 15 anos de idade, que Danielle Marques Moro notou indícios de sua mediunidade. Segundo ela, uma pessoa conhecida em sua cidade natal, no interior de Santa Catarina, veio a falecer e depois disso alguns problemas de saúde passaram a aflorar. “No dia de seu velório, me lembro de estar andando na rua, jogar uma pedra para o alto e ela não voltar”, conta, “aquilo me deixou muito intrigada, mas foi o primeiro sinal do qual me recordo”. De família adepta ao espiritismo, foi em um centro espírita de Curitiba-PR que Danielle encontrou respostas para as frequentes dores no corpo e desmaios repentinos que a incomodavam. “Descobri que essas dores vinham do espírito desse conhecido falecido, que permaneceu mais de um ano comigo”, conta. Ela explica que espíritos sofredores
podem dividir com o médium (o encarnado) seus sofrimentos. Com o apoio de outros médiuns, Danielle conta que conseguiu ajudar este espírito e guia-lo para a luz, e que isto foi uma porta de entrada para o que estaria por vir em sua vida. Visões de espíritos nas ruas, nos vidros e em diversos lugares se tornaram cada vez mais frequentes. Em 1999, Danielle se casou e foi morar em Guaratuba, onde se reunia frequentemente com um pequeno grupo de pessoas para o estudo da doutrina espírita – nascia ali o Instituto de Caridade Flor de Maio. Com muito estudo e conhecimento, Danielle aprendeu a lidar com a situação das visões. “Encontrei uma lógica dentro da doutrina espírita para a minha vidência, que era muito desorganizada, e hoje tenho entendimento e controle”, afirma. Seu amor ao próximo a guiou, inclusive, para a escolha do seu cur-
so. “No ônibus ou em qualquer lugar, as pessoas costumavam se aproximar para contar seus problemas”. E mesmo contrariando seus planos, Danielle optou por cursar Psicologia. Durante este período, algo que a marcou foi o estágio realizado em um hospital psiquiátrico onde, em uma ala só de mulheres, ela e algumas pacientes enxergavam figuras masculinas. Unindo o útil ao agradável, Danielle hoje se dedica ora aos problemas da mente enquanto psicóloga, ora aos problemas espirituais enquanto médium. “Acredito que mente, corpo e espírito têm uma profunda relação”, diz. Ela conta também que é muito frequente a pessoa não ter conhecimento, e buscar na clínica o tratamento de algo que, na realidade, deveria ser tratado em uma casa espírita. “Muitos desacreditam no espiritismo, então acabo servido de ponte como psicóloga”, conta Danielle, “se for para o bem do paciente, mesmo que ele não perceba, cuido do seu espiritual também”. A médium e psicóloga segue sua missão de trabalhar a mediunidade, sempre exercendo a igualdade que encontrou dentro da doutrina espírita.
Por um mundo melhor
Assim como a maioria dos casos, as primeiras manifestações mediúnicas de Elenice Martins se deram logo na infância. Natural de Guarapuava - PR, ela se ateve a sinais e recorda acontecimentos um tanto estranhos como sonhos confusos e a frequente sensação de estar sendo acompanhada. Porém, estes sinais se confundiam entre a realidade e a imaginação infantil. Sua avó, uma senhora católica, era quem a confortava destes pesadelos. Sem que soubesse do que realmente se tratava e aflorando cada vez mais, Elenice passou a ter visões constantes, assim como sua irmã. “Os espíritos se aproximavam e tentavam falar algo, mas eu não os ouvia”, lembra. Procurando cessar estes acontecimentos e as sensações que a incomodavam, ela era levada à benzedeira e fazia muitas orações em casa. “As orações têm o forte poder de amenizar dores e nos elevar”, afirma. Por volta dos 18 anos de
idade teve seu primeiro contato com a doutrina espírita, em um centro espírita. No campo da mediunidade, descobriu que sofria de processos obsessivos, ou seja, atração de espíritos que a influenciavam negativamente. “Antes de os espíritos chegarem à mesa do centro, eu sentia suas dores e sofrimentos”, conta. Com muito estudo através de livros, palestras e vivências, Elenice veio a exercitar sua educação mediúnica, para bloquear as visões e ajudar àqueles que sofrem do mesmo problema. “Com o conhecimento pude buscar esclarecimento para que estes espíritos redirecionem suas vidas, a partir do acolhimento por espíritos socorristas”, explica. A princípio, ela conta que foi repreendida por alguns familiares pelas suas crenças e práticas espíritas, mas que, tempos depois, estas mesmas pessoas também encontraram auxílio na doutrina espírita. “Passei de ‘ovelha negra’ a catalizadora do processo familiar”, brinca. Apesar de ser filha de católicos, o espiritismo já se fez presente nas raízes de sua família: O primeiro centro espírita de Guarapuava – PR foi fundado por seu bisavô, há mais de 100 anos.
Em 2004, Elenice e seu esposo escolheram Itapoá como lar. Coincidência ou destino, ambos têm em comum a crença no espiritismo e juntos estudam hoje a doutrina espírita. A partir do seu próprio reconhecimento, sua vida passou então a ter sentido e ajuda também no outro plano. Sua gravidez teve acompanhamento espiritual durante todo o período, até o nascimento do bebê. “Este é um período divino, onde normalmente temos a oportunidade de reencontrar desafetos de vidas passadas e buscarmos o resgate e a evolução”, conta. Hoje, a filha de apenas quatro anos de idade tem padrinhos espirituais, já compreende um pouco da doutrina espírita e também apresenta sinais de mediunidade.
“Quando entendermos que a ajuda deva chegar não só a nós encarnados, mas também aos desencarnados, haverá um equilíbrio entre os dois planos e o trabalho mediúnico se tornará espontâneo”, diz a médium Elenice.
Unida, sua família crê em um mundo transformado através da evolução espiritual e da prática diária do bem.
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mediunidade
Gestos de amor “Quando se fala em espíritos a maioria das pessoas leva um choque, fica de cabelo em pé ou disfarça e sai pela tangente. Eu pergunto: Por que esta restrição toda quanto ao espírito? (...) Como paramos pouco para refletir sobre a criação, sobre a grandeza de Deus. Se nos preocupássemos um pouco mais em meditar, iriamos perceber que nosso espírito, nossa razão e nosso conhecimento não têm a idade de nosso corpo.” Zenalda Teresa Mezzare Gomes – ditado por espíritos diversos.
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Na casa de Zenalda sua biblioteca particular de livros sobre espiritualidade a auxiliam sempre que necessário.
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ascida na cidade de Meleiro – SC e criada na religião católica, a mediunidade de Zenalda Teresa Mezzare Gomes daria um livro, e deu. Já em sua infância se desenrolavam as primeiras páginas, onde os acontecimentos incomuns ainda eram, para ela, assustadores e desconhecidos. A pequena Zenalda enxergava espíritos nitidamente, como a vez em que viu um senhor sentado na cama e depois, o descrevendo para um parente, descobriu que era o espírito de tio que veio a falecer. Outro acontecimento marcante da sua vida enquanto criança envolve uma vizinha senhora, para qual Zenalda
costumava levar leite diariamente, e sempre lhe era prometido um presente. “Esta senhora faleceu, mas voltou a aparecer para mim, insistindo em saber qual presente eu gostaria de ganhar”, conta. Em parte de sua juventude estudou em um colégio de freiras, no Rio Grande do Sul, mas sofria de dores no braço direito e voltou estudar em uma escola convencional. Nesta fase, passou a conversar frequentemente com desencarnados e teve muitos problemas de saúde, chegando a diversas cirurgias e duas vezes à internação, para fazer o tratamento de nervos. Já crescida, se tornou professora, mas uma cirurgia lesionou suas cordas vocais, passando quatro meses sem voz.
Sua mãe a levava em diversas consultas, mas os diagnósticos não solucionavam os problemas de saúde, até que um médico lhes aconselhou a ir a um centro espírita. “Porém, fomos educados a entender que espiritismo era ‘coisa do demônio’”, conta. Recusando a ajuda do espiritismo, as visões e as dores de Zenalda iam se agravando e preocupando a todos. Foi a visita a uma senhora benzedeira que mudou o rumo da jovem para sempre. A ausência da voz foi curada e descoberta pela benzedeira como um trauma, já que o pai de Zenalda havia falecido em sua infância com um corte no pescoço, e a filha o chamava constantemente. A mesma senhora começou a explicar-lhe o que acontecia e o porquê de tantos acontecimentos desagradáveis e tristes em sua vida. Participando de cursos e encontros, Zenalda conta ter vivenciado experiências lindas, outras desconhecidas e tristes. No ano de 1994, foi para o Alto Paraíso e Goiás onde recebeu orientações e vivências, segundo ela, indescritíveis. “Passei a compreender o processo em meu ser”, explica, “entendi também que o Pai necessita de intermediários junto a seus filhos, que a cada um é designada uma tarefa e temos que cumpri-la aqui ou
em outra dimensão”. Hoje, já são cerca de cinco anos como moradora de Guaratuba. Zenalda, já com o conhecimento da doutrina espírita, trabalhou em um centro espírita da cidade e exercitando sua mediunidade de cura, compreendeu que as crônicas dores no braço eram a necessidade de psicografar. “O excesso de energia no organismo tem de ser canalizado, senão gera dores e sofrimento”, explica. Assim, como toda boa história, a sua mediunidade se
transformou em um livro, por enquanto particular e sem data prevista para lançamento. Com o título “Gestos de amor – terrenos são tesouros para o além”, os relatos e psicografias vêm de espíritos diversos através da médium. Seus guias espirituais, além de orienta-la, costumam também pedir pinturas, como as telas dispostas na parede de sua casa, com a imagem de Nossa Senhora e Arcanjo Miguel. Há cerca de três anos ela mergulhou em outra vivência: o
Seus guias espirituais, além de orienta-la, costumam também pedir pinturas, como as telas dispostas na parede de sua casa, com a imagem de Nossa Senhora e Arcanjo Miguel.
espiritismo umbandista. Zenalda relata ter sido então, unida com o pulsar da natureza, algo que, segundo ela, é divino e inexplicável. A médium acredita que espiritualmente não há diferença entre a umbanda e o espiritismo, sendo que ambos têm como pilares humildade, caridade e amor. “Quem faz essa separação somos nós, seres humanos”, conta. Com a devida preparação, a médium exercita a mediunidade de através de suas entidades. Atualmente, ela não mais sofre de problemas de saúde e suas visões têm sido mais bem controladas. Em casa, sua biblioteca particular de livros espíritas a auxilia sempre que necessário, assim como as orações e proteções transmitidas por seus guias espirituais. Sua família hoje é adepta à doutrina espírita apresentando, inclusive, certos casos de mediunidade. “Enxergo Deus como fonte de energia, luz e sabedoria, presente em cada um de nós”, diz. De desentendimentos e sofrimentos a gestos de amor e caridade, e assim se transformou a vida da médium Zenalda, depois de compreendida e aceita a missão.
“Muitos simpatizam ou antipatizam com alguém sem ao menos conhecê-lo. Eu pergunto: será que esta simpatia ou antipatia é gratuita? Se nada acontece em nossa existência por acaso devemos parar e refletir (...). As diretrizes que norteiam nossas existências tem razão de ser e acabe a cada um descobrir, aceitar e perdoar os erros do próximo para que haja realmente um resgate. Se manterdes o vosso pensamento elevado e com boas intenções recebereis toda a orientação necessária e o conhecimento adequado. Pois nós, seus irmãos do espaço estaremos sempre a postos a vos orientar. Pois vos amamos muito.” Zenalda Teresa Mezzare Gomes – ditado por espíritos diversos.
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mediunidade
Lado da luz
Muito antes de se tornar conhecedor da doutrina espírita e médium, Paulo Roberto Corrêa teve uma infância sofrida, marcada por fome, frio e doenças. De uma família católica atuante e cheia de fé, Paulo já tinha visões e apresentava sinais da mediunidade de cura quando criança.
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ua lembrança mais forte desta época é quando, nas partidas de futebol entre amigos, alguém era machucado e Paulo o curava, mesmo sem saber como o fazia. Os anos se passaram e na vida adulta ele se tornou professor de Contabilidade e se casou com uma mulher espírita, passando a acompanha-la em um centro kardecista. No histórico de sua família, suas avós eram benzedeiras e não demorou muito para que ele o fizesse também, através de chás, plantas e águas fluidificadas .“Benzi muitas crianças, mas em diversos casos quem realmente precisava de ajuda eram as mães”, diz. Paulo desenvolveu sua mediunidade em casa, mas por conta do espaço passou a trabalhar voluntariamente em um
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centro espírita de Sertaneja-PR, onde, já aposentado, atuou durante 12 anos, chegando a atender 50 pessoas em um único dia. “Não é só a classe humilde que procura o atendimento espiritual”. O médium, com toda sua bagagem espiritual, já observou diversas pessoas frequentarem o centro e obterem a ajuda esperada como pastores, médicos, freiras e umbandistas. “Para o problema espiritual não há classe social”, afirma Paulo. Aos poucos, suas visões se tornaram organizadas e seguindo sua intuição, descobriu que seus guias espirituais são também musicais; por isso, a presença da música é essencial no ambiente de seus atendimentos. A parte mais trabalhosa, segundo ele, é a dedicação, pois um dia antes de realizar atendimentos são necessários
cuidados especiais com a alimentação e o ânimo tem que estar pacificado. “Mas os resultados de bem-estar, cura e realizações compensam”, afirma. Entre todos os atendimentos já realizados pelo médium, a cura de câncer, em especial, o emociona bastante. Vez ou outra, sua sensibilidade lhe permite também perceber problemas espirituais até mesmo através da televisão ou de fotografias. “Os olhos dizem muito sobre nosso interior”, conta. Mas Paulo ressalta: quem atua são seus guias, sua equipe de mentores espirituais, e não ele. O médium não gosta de privilégios por seu trabalho e sua equipe espiritual. “É uma missão de amor e caridade, onde encontro prazer e satisfação”, conta. De acordo com ele, a mediunidade não é um trabalho exclusivo, e sim o exercício da fé, que pode ser exercitado
por todos. “Cada pessoa tem sua cura particular”, afirma, assim como cada pessoa também reage diferente durante a consulta. Segundo o médium, quando o problema se encontra em outro plano ou em vidas passadas, o trabalho exige ainda mais força e concentração. Há cerca de um mês Paulo se tornou morador da praia de Itapoá, onde há uma energia, segundo ele, propícia para o desenvolvimento do trabalho mediúnico. Viver as intenções espíritas é, para ele, uma longa jornada a ser seguida, que implica se desprender de coisas materiais, pensar antes de agir, disseminar o amor, ser humilde e praticar a caridade. De acordo com o médium, o intuito da disseminação da doutrina espírita é a evolução espiritual, que pode amenizar muitas dores. “Nosso corpo é apenas um templo para sofrermos, aprendermos e evoluirmos, o que prevalece é o espírito”, diz. Em um mundo de tantas dores e sofrimentos, Paulo conta que o “outro lado” é bonito e mágico, e que tudo pode ser compreendido se estivermos na luz.
O médium, com toda sua bagagem espiritual, já observou diversas pessoas frequentarem o centro e obterem a ajuda esperada como pastores, médicos, freiras e umbandistas. “Para o problema espiritual não há classe social”, afirma Paulo.
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mediunidade
Oração e mentalização A história da mediunidade de Claudete Campos é, segundo ela, algo que se foi aprendido, a princípio, não por amor, mas pela dor. Com apenas 9 anos de idade, já sofria perturbações tanto de ordem física, quanto espiritual, como dor de cabeça, febre alta, choros sem motivo aparente e visões de espíritos.
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ascida em Londrina – PR, os exames realizados por médicos nada indicavam e com a chegada da adolescência os problemas de saúde foram se agravando, chegando até à internação. Assim como muitos destes casos, antigamente a solução buscada para tais problemas eram as famosas benzedeiras, porém, Claudete não teve boa experiência com uma delas. “Lembro-me de cair no chão e me debater, era uma entidade querendo brigar e acabei ficando cheia de hematomas”, conta. Outra lembrança são namoricos de adolescência, que tinham sempre alguma relação com o espiritismo; em um dos casos esta relação foi desco-
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berta apenas anos depois, já que naquele tempo a crença era um assunto muito particular e pouco comentado. De família católica, Claudete cresceu associando o espiritismo às coisas ruins, então, relutou por um tempo a ida ao centro espírita. “Cresci com muito medo do escuro, dos espíritos, sonhos e visões que tinha”, lembra. Os problemas de saúde e as visões de espíritos só amenizaram quando conheceu a igreja messiânica que, segundo ela, segue princípios próximos ao espiritismo. “Costumava frequentar a igreja para receber o ‘johrei’, um método de canalização de energia que purifica o espírito, transformando desarmonia em harmonia, muito parecido com o passe espiritual”, explica. Com a aplicação
Em todos os momentos da vida, Claudete crê na força da oração. “Começo minhas orações com ‘Deus Pai Todo Poderoso e Nossa Senhora... ’, invoco os anjos guardiões e espíritos da luz e peço que o mal se acabe em nada”.
do johrei, inclusive, foi curada de uma forte meningite. “Cheguei à igreja sendo carregada e saí de lá andando”, lembra. O orientador da igreja messiânica disse a Claudete que se ela não ajudasse outras pessoas, passaria a vida toda com dores. Então, ela fez o curso para poder ministrar o johrei aos necessitados e vivenciou durante cinco anos esta experiência, até que o destino acabou a levando para uma cidade onde não tinha igreja messiânica, interrompendo seu trabalho. “Foi um período difícil, pois fiquei afastada do trabalho de caridade e as visões, crises de dores e problemas retornaram”, conta. Em casa, durante as crises, sua mãe, a conselho de uma amiga, passou a mentalizar o centro espírita, pedindo que o espírito fosse para lá e assim, cessavam as dores. Foi em Londrina – PR o primeiro contato de Claudete com a doutrina espírita, no Centro Nosso Lar. “No horário de ir para o centro aconteciam diversos imprevistos, eu sentia vontade de não ir ou passava mal”, conta, “mas minha mãe, com mais conhecimento, era quem insistia e me levava”. Quatro meses estudando a doutrina espírita em Londrina, Claudete encontrou entendimento para todos os aconteci-
mentos de sua vida e passou a controlar suas dores e emoções, para então trabalhar ajudando àqueles que, assim como acontecera com ela, sofrem de problemas espirituais. Já moradora de Itapoá e tendo passado por algumas experiências e lugares, ela conta que todos foram essenciais para seu aprendizado, até que “se encontrou” na Casa de Caridade Flor de Maio, de Guaratuba. Há quatro anos, toda semana ela vai à cidade vizinha para participar de palestras, grupos de estudo e trabalhar voluntariamente na mesa, sempre acompanhada dos filhos e hoje também do marido – segundo Claudete, ele recebeu uma carta psicografada de seu falecido filho, e passou a acreditar no espiritismo. Os dois filhos adolescentes também apresentam mediunidade e, em família, todos se ajudam e trocam conhecimentos. A filha, de 16 anos, de vez em quando enxerga espíritos, é sensitiva e, segundo Claudete, sua mediunidade serve de equilíbrio na família. Já o filho, de 14 anos, apresenta mediunidade aflorada como a da mãe, com visões constantes, sensações ora de bem estar, ora de mal estar, e conversação com desencarnados. “Mas apesar da pouca idade, eles são ma-
duros e já estudam a doutrina”, conta ela. Tamanha é a sintonia que mãe e filhos já tiveram o mesmo sonho durante a mesma noite, indicando que uma familiar estava grávida de um menino, e assim aconteceu. Entre todas as experiências tidas em centros espíritas, a que mais lhe marcou foi enxergar e conversar com o espírito de sua avó. “Ela citou o nome de todos os filhos e netos, disse que eu deveria continuar trabalhando para ajudar o próximo e levou uma rosa na casa de cada parente”, conta. No exato momento em que Claudete conversava com o espírito de sua avó, os familiares relataram que suas casas foram tomadas pelo cheiro das flores da avó. No âmbito profissional, uma colega de trabalho de Claudete, também espírita, costuma lhe chamar atenção e interrogar sobre sua atuação no centro espírita. “Ela me ajuda bastante, pois sabe que se eu não praticar, as coisas desandam”, conta. Em sua casa, além do estudo, segue alguns hábitos que harmonizam o ambiente como a presença de uma lâmpada da cor azul no quarto que, segundo ela, tem energia tranquilizadora. Claudete também costuma realizar faxinas e se doar objetos acumulados que, para ela, não têm mais utilida-
de, como roupas e afins. Em todos os momentos da vida, ela crê na força da oração. “Começo minhas orações com ‘Deus Pai Todo Poderoso e Nossa Senhora... ’, invoco os anjos guardiões e espíritos da luz e peço que o mal se acabe em nada”, conta.
Outra técnica que lhe ajuda constantemente é a mentalização, prática que teve contato na igreja messiânica, na doutrina espírita e também na yoga. Ela e o filho costumam se reunir para mentalizar os cômodos da casa e encontrar maus espíritos que ali se escondem. “Oramos por eles e mentalizamos o centro espírita, para que se retirem e vão até lá encontrar seus caminhos”, conta.
Oração e mentalização são, para a médium, o segredo de uma vida plena e feliz. Ela acredita que todas as coisas boas da vida podem nos ser dadas desde que tenhamos fé e que esta seja praticada constantemente.
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Os irmãos Sueli, Vilmar e Lena, assim como seus pais, fazem parte do Grupo de Oração Coluna de Fogo da Renovação Carismática Católica. Toda segunda-feira a partir das 19:30 na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes na Barra do Saí, tem grupo de oração.
“A fé, por menor que seja, pode transportar montanhas. O amor não é uma teoria; ele pode ser vivido na prática, no dia-a-dia, nos lares, nas famílias, na maioria das vezes longe dos holofotes e dos aplausos das multidões”. Trecho da apresentação do livro “Talita, O Milagre”, por Daniel Godri.
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MILAGRES
A importância da união e oração em família Ana Beatriz
A
ssim como as pessoas são diferentes, cada uma tem sua forma peculiar de enfrentar problemas e amenizar dores. Rezas, orações, agradecimentos, pedidos e preces fazem parte do escudo de muitos contra tristezas e sofrimentos, e é este o grande segredo de uma família que se manteve unida mesmo durante dificuldades financeiras e sérios problemas de saúde. Em Itapoá, mais precisamente no bairro Barra do Saí, a família das irmãs Sueli do Prado Vais e Eleni Vais Ja-
cintho é exemplo de união, fé e esperança, tendo alcançado milagres através da profunda oração. De Ivaiporã, interior do Paraná, o histórico da família sempre foi marcado por grandes lutas, fortes tribulações e pela responsabilidade da vida adulta logo na infância. Sueli e Eleni são duas entre cinco irmãos que tiveram a vida mudada depois de conhecerem a importância da oração. “Nossos pais vivenciaram um retiro e trouxeram para dentro do lar os aprendizados da Renovação Carismática”, lembra Sueli, que canta na igreja católica desde pequena, foi coroinha e
ajudava sua mãe, na época ministra da igreja. Mesmo acompanhando sua mãe desde a infância, para Sueli as transformações vieram na fase adulta, quando foi impactada pelo livro “Homens e mulheres de fogo”, escrito pelo missionário Juninho, de São José dos Campos-SP. “Compreendi que era Jesus me fortalecendo para as grandes missões que estavam por vir”, conta. Já para a irmã Eleni, mais conhecida por Lena, as coisas mudaram de forma concreta, através do seu comércio. Ela quase se distanciou do sonho de ser proprietária de um sa-
lão de beleza, por questões financeiras. “Fui à igreja, vivenciei a Renovação Carismática e ouvi a palavra dizendo que Jesus ia visitar meu comércio”. Depois disso, ela lembra que o salão tornou-se um sucesso, atendendo inúmeros clientes por dia. A vida de Lena, depois de conhecer o amor de Deus, se transformou em uma missa e comunhão, mesmo com tantas turbulências. O primeiro milagre vivido pela família foi a cura de um câncer maligno. As irmãs recordam que nesta época a família rezava terços todos os dias pela cura da doença de Lena. “Em uma missa, eu, quase sem forças e em profunda oração, implorei a cura e senti, em seguida, ardência nas veias e muito suor”, conta Lena, “naquele momento entendi que havia sido curada por Jesus e vivenciado um milagre”. Os exames foram refeitos durante seis me-
ses consecutivos e contrariando a medicina, seu organismo constava limpo, como se o seu câncer nunca tivesse existido. Logo após a superação de seu câncer, Lena, já mãe de dois filhos homens, passava por uma nova fase. “Tinha o sonho de ser mãe de uma menina, mas não podia engravidar dentro de dois anos por conta da quimioterapia”, explica. Porém, a vida lhe surpreendeu novamente. Nove meses após a cura de seu câncer ela engravidou o que, segundo os médicos, era bastante arriscado, pois o bebê poderia nascer apresentando algum tipo de deficiência. Novamente ela e toda a família firmaram-se na fé pelo nascimento da criança. Antes mesmo de saber o sexo do bebê, ela conta ter sido agraciada através de um sonho. “Certa noite tive um sonho bastante real com Nossa Senhora, dizendo-me que em minha barriga estava uma menina e que ela deveria se chamar Maria Vitória”, lembra. Mais tarde, seu marido também recebeu o mesmo sinal. O sonho da sua
terceira gestação foi realizado com o nascimento de Maria Vitória Vais Jacintho e, diferente do que a medicina previa, ela nasceu perfeita. Dois anos depois, Lena soube que estava grávida novamente, e logo convidou sua irmã Sueli para ser madrinha do bebê. “Muito feliz, passei a acompanha-la em todas as consultas”, lembra a irmã. Porém, outra vez, a vida lhe surpreendeu desagradavelmente. No sexto mês de gestação, o médico lhes revelou uma surpresa: o bebê apresentava hidrocefalia, e do grau mais alto. Por conta do tamanho da cabeça da criança e do líquido em excesso, segundo o médico, a gestação deveria ser interrompida e, se Lena insistisse, poderia correr risco de vida também. “Fiquei muito angustiada, mas busquei, incessantemente, qualquer outra solução que não fosse tirar a vida da criança”, lembra Lena. Sem perder a fé e a positividade, novamente, a família se uniu e batalhou, contrariando a medicina, e entregando a gesta-
A vida de Lena, depois de conhecer o amor de Deus, se transformou em uma missa e comunhão, mesmo com tantas turbulências, recebeu o milagre da cura de um câncer maligno e o nascimento das filhas Maria Vitória e Talita.
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“E só conseguimos atingir essas virtudes do amor e da fé se estivermos firmes na oração, pois ela é o nosso alimento espiritual, um meio de estarmos sintonizados com Deus e assim ser, através dele, fortalecidos para enfrentarmos quaisquer tribulações, dores ou sofrimentos”. Trecho do livro “Talita, O Milagre”, por Sueli do Prado Vais.
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ção em suas orações e preces. O missionário Juninho, autor do livro que fez com que Sueli encontra-se novamente Deus e transformar-se a sua vida também se tornou um grande aliado nesta luta, confortando e orando constantemente pela família. “Não há como relatar exatamente o que senti durante esta gestação”, diz Lena, “mas Deus nos dava sinais para continuar de várias formas”. As irmãs relatam que, toda vez que ela chorava, a criança se agitava em sua barriga, saltava, como se estivesse chamando a atenção e lembrando de que lutaria pela sua vida. “Participamos de muitos momentos de orações e retiros, pela vida de
minha afilhada”, lembra Sueli. Detectaram que a criança era do sexo feminino e após os nove meses de gestação, o clima era de tensão entre a família e os médicos, pois, segundo a medicina, mesmo que a criança viesse a nascer, viveria até no máximo duas horas. Todas as dores, o medo e a fragilidade de Lena foram substituídos por oração e confiança. As irmãs lembram que a cesariana foi tranquila, porém, Talita Emanuele Vais Jacintho nasceu com a cabeça desproporcional ao corpo pequeno. “Era uma cena bastante chocante, mas ao mesmo tempo comovente”, diz Sueli. As pessoas que a visitavam saiam do hospital às lágrimas sem nada dizer ou compreender. Superando as estimativas dos médicos, Talita viveu mais de duas horas e no seu segundo dia de vida foi encaminhada para uma cirurgia. Para a surpresa de todos, foi encontrada uma pequena camada de cérebro na cabeça da criança. Lena lembra-se de perguntar ao médico o que iria acontecer. “Mãe, se você, com toda essa fé não sabe dizer, quem é que vai saber, então?”, foi a resposta obtida. Em 2007, a família de Sueli se mudou para Itapoá, seguida
da família de Lena, em 2008. “Na época, ouvi a voz de Deus me dizendo para me afastar um pouco do trabalho e o fiz, optando por qualidade de vida”, conta Lena, proprietária de um salão de beleza do município. Morar na praia é, para esta família, outra bênção. As irmãs contam que na areia, em frente ao mar, é possível conversar com Deus de forma ainda mais nítida e real. Talita tem hoje 14 anos de idade e quem olha para ela não acredita que já tenha passado por tantas cirurgias, convulsões e até mesmo estado de coma. A jovem apresenta algumas sequelas da hidrocefalia, é hiperativa e toma medicamentos controlados, mas, por outro lado, é uma criança sorridente, feliz e muito amada. “Dizem que ela recebe um milagre a cada dia de vida”, conta Sueli. Talita é apaixonada por contas de matemática, praia, futebol e feijoada e, ao ouvir a história de seu nascimento, seus olhos brilham de entusiasmo. Como inspiração, esperança e exemplo para outras pessoas, Lena sentiu vontade de divulgar a história de Talita e surgiu então, em 2010, a ideia de Sueli escrever um livro. “Primeiramente, me senti desafiada, mas uma voz no fundo
Maria Lemes do Prado Vais, com as filhas Sueli e Lena e as netas Talita e Maria Vitória.
dizia que Deus me ajudaria”, conta. Então, toda a madrugada Sueli acordava, fazia suas orações e pedia auxílio aos santos para escrever; e assim foram durante os quatro anos do processo de desenvolvimento do livro, enquanto seu filho fazia as correções dos textos e desenvolvia a capa. Lançado em 2014 com o título de “Talita, O Milagre”, o livro escrito por Sueli foi reconhecido como o primeiro livro da Diocese de Joinville e foi também, segundo a autora, “uma
porta de entrada para muitos passarem”. Através das páginas publicadas, a história ficou conhecida pelo Brasil todo e Talita e a autora, madrinha Sueli, receberam inúmeros convites para testemunhar o milagre em palestras e em programas de televisão, como o “Louvemos ao Senhor” na TV Século XXI, apresentado por Juninho. Durante o testemunho de Talita, surgiram outros casos de cura. Sua história também já motivou reuniões de pais e professores em escolas.
Atualmente, Sueli desenvolve diversos trabalhos de evangelização no município de Itapoá. Compõe músicas cristãs, canta na igreja, é Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão, participa da Renovação Carismática e, através da Rádio Comunitária Itapoá FM, apresenta o programa “Intimidade com Deus”, todo sábado, às 8h. “É um programa muito interativo, onde pessoas são entrevistadas, podem ligar para pedir orações e dar seus testemunhos de milagres”. A jovem Talita e sua família participam do grupo de oração da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, localizada no bairro Barra do Saí, toda segunda-feira, às 19h30. A mãe de Lena e Sueli, Maria Lemes do Prado Vais, conta já ter presenciado em sua vida muitas graças advindas da fé, envolvendo outros membros da família. “Rezo com muito amor e acredito que tudo tem um propósito para Deus”. O poder da oração está, segundo Sueli, em firmar os passos na fé, praticar o amor ao próximo constantemente e agradecer, mesmo nas dificuldades. “Quanto se está em profunda oração, a luz de Deus vem nos tornar diferentes, nos capacitando a fazer coisas além do nosso entendimento”, explica. Em sua
casa, Sueli tem um altar particular onde faz seus pedidos e agradecimentos. A irmã Lena também reforça a importância da oração em sua vida: “Deus fala na palavra e no coração, e podemos contar com Ele para tudo”. Com tantos fatos inexplicáveis, esta família conta vivenciar diariamente o entendimento da manifestação de Deus. Maria, Sueli, Lena, Maria Vitória, Talita e toda a família aprenderam a trabalhar unidos, rezar unidos e ajudar uns aos outros, ganhando força a cada luta. “É impossível não crer em milagres, prodígios e em Jesus Cristo olhando para todos estes acontecimentos”, diz Sueli. Assim sendo, estas três gerações de uma família, através de seus testemunhos, convidam a todos a sua volta a andarem pelo caminho da perseverança, espera, e fé.
Lançado em 2014 com o título de “Talita, O Milagre”, o livro escrito por Sueli foi reconhecido como o primeiro livro da Diocese de Joinville e foi também, segundo a autora, “uma porta de entrada para muitos passarem”.
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Pensando a cidade “Com quantas árvores se faz uma floresta? Com quantas casas uma cidade?” (José Ortega y Gasset).
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uem olha as árvores não vê a floresta. Quem olha as casas não vê a cidade. As árvores estão na floresta, assim como as casas estão na cidade. Floresta e cidade têm em comum, natureza invisível. Ao caminhar pela floresta, na medida em que se avança, as árvores são substituídas por outras, a mata se decompõe em trechos visíveis a cada olhar. Ao caminhar por uma rua na cidade, as casas são substituídas por outras que surgem sucessivamente a cada novo olhar. Floresta e cidade não são permanentes, mudam a cada olhar. Estão sempre adiante de onde se está e de onde se veio, ficam apenas as pegadas no caminho. É por isso que a floresta e a cidade têm uma aura de mistério. Uma somatória de possibilidades que se realizam ou não; as imediatas são pretextos para que as demais permaneçam ocultas, distantes. As árvores não deixam ver a floresta assim como as casas não deixam ver a cidade. A afirmação tem significado profundo: a
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missão das árvores e das casas presentes ao olhar é tornar latentes todas as outras e quando se percebe que a paisagem visível esconde paisagens invisíveis é que se está, verdadeiramente, imerso na floresta ou na cidade. O estar oculto não é qualidade negativa, ao contrário, é positiva, pois ao derramar-se sobre alguma coisa a transforma, faz dela algo novo. Há pessoas que não reconhecem a profundidade porque exigem que o profundo se manifeste como na superfície, visível ao olhar. Não aceitam outras formas de clareza e atentam unicamente para a peculiar transparência que existe na superfície. Não compreendem que é essencial o profundo ocultar-se para depois apresentar-se através dela, como se antes estivesse palpitando sob ela. Cada coisa tem sua própria condição e não a que se quer exigir-lhe. Não é licito apequenar o mundo com cegueiras individuais, diminuir a realidade ou suprimir imaginariamente parte dela. Isso acontece quando se quer que o profundo apresente-se como superficial. Certas coisas mostram de si apenas o necessário para advertir que estão ocultas. O profundo requer esforço mental para ser compreendido. As coisas materiais, aquelas que podem
ser vistas e tocadas, têm uma terceira dimensão que constitui a sua profundidade ou interioridade. Essa terceira dimensão não pode ser vista e nem tocada. Na superfície estão as alusões sobre o que poderiam conter no seu interior, mas que não podem tornar-se presentes da mesma forma que a face visível do objeto. Há pessoas que exigem que as coisas sejam tão claras quanto uma laranja diante dos seus olhos. A laranja é um corpo esférico, com anverso e reverso, superfície e interior. Não é possível ver, ao mesmo tempo, o anverso e o reverso, nem a superfície e nem o interior. Com os olhos se vê parte da laranja, nunca a totalidade do fruto, cuja maior porção permanece oculta ao olhar. Portanto, claro não é apenas aquilo que se vê. A mesma clareza se oferece na terceira dimensão de um corpo e, se não houvesse outro modo de ver e pensar além da visão imediata, as coisas, ou certas qualidades delas inexistiria para nós. Essa clareza é necessária para olhar e pensar a cidade. É preciso abranger o anverso e o reverso, a superfície aparente e o interior oculto. Trazer para a superfície a realidade profunda, tornar visível aquilo que poderá vir a ser. Itapoá (inverno), 2015
1ยบ RODEIO CRIOULO INTERESTADUAL DE ITAPOร
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ontinuamos nossa viagem em Portugal, país que tem muito para se ver e não deixa de ser uma paixão para os brasileiros e o portugueses, muito receptivos, já estão acostumados com o jeito brasileiro de ser. O bom de Portugal é que o país é pequeno, acolhedor e as estradas muito boas para se viajar. Por isso, não tenha medo, vá de carro e aproveite cada pedaço das regiões ficando em pousadas e ou hotéis pequenos desfrutando também da saborosa culinária local. Saindo de Lisboa percorra uma região denominada Alentejo e admire os belos castelos e as aldeias ao longo do caminho, entremeados por trigais, que dão charme às planícies portuguesas. Uma das primeiras cidades que encontramos no coração do Alentejo foi Évora, cidade medieval, declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, em 1986. Cidade repleta de vielas, muralhas, ruínas e igrejas com uma beleza arquitetônica e cultural fantásticas. Interessante é a Praça do Giraldo, praça que foi palco de muita história e atualmente um ponto de encontro da cidade.Com certeza um ponto turístico bastante macabro porque nessa praça existe uma igreja chamada Igreja de São Francisco e dentro dela existe a Capela dos Ossos, que começou a ser construída no século XVII e possui restos mortais de cinco mil monges franciscanos. Dois cadáveres ficam pendurados numa corrente, um deles de uma criança. Na entrada se lê: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”. Outros pontos turísticos para serem visitados na cidade são o Templo Romano de Diana, a Catedral da Sé muito parecida com um castelo com seu estilo gótico e romântico e suas torres
E a viagem em Portugal continua
assimétricas, que encantam qualquer visitante, o Museu de Évora que foi um palácio no século XVI e que contém um rico acervo, como também, deve-se contemplar o Aqueduto da Água da Prata que levava água até a Praça do Giraldo. Hoje existem apenas 9 km desse majestoso aqueduto. Muito próximo à cidade de Évora está a cidade chamada Beja, capital do baixo Alentejo, cidade importante por ser um centro de produção de trigo, azeitonas e cortiça. Vale a pena visitar a Torre de Menagem, do século XIII. Dessa torre de trinta e seis metros de altura tem-se uma vista fabulosa da região,verdadeiro fascínio dos artesãos, poetas populares e eruditos alentejanos. Outro ponto interessante para se visitar e que fica logo atrás da torre é o Museu Visigótico, a igreja mais antiga de Beja, cujo acervo inclui ruínas antigas da história de Portugal e o Calvário das
Pedras Negras, muito interessante porque as paredes externas dessa pequena igreja possuem pedras negras que representam a versão bíblica dos Hebreus, analogia às pedras lançadas em Jesus ao longo do seu caminho até o Calvário. Antes de seguir viagem até o Algarve explore as belezas naturais, históricas e a culinária dessa região portuguesa. Famosos megálitos, pedras monumentais do tempo pré-histórico, parecidos com Stonehenge, da Inglaterra, encontram-se nessa região, chamado Circuito de Pedras , fica a 20 km de Évora em formato oval, uma espécie de templo com pedras de granito dedicado ao Sol. Passeio que vale a pena!
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