EDITORIAL Um, dois, três, quatro ou até mais. O número de filhos não importa. A idade também não. Nesta edição, em homenagem ao Dia dos Pais, comemorado no segundo domingo de agosto, conhecemos um pouco mais do universo paterno, igual, ou ao menos bem parecido, para todos que foram presenteados por essa experiência. Cada história é diferente, cada filho é diferente e cada família também é diferente. Mas quando se trata de pai, algumas coisas não mudam: responsabilidade, companheirismo e amor, muito amor. Entre as tantas atividades do dia a dia, dentro e fora de casa, junto com as diversas brincadeiras com os filhos, os pais não poderiam ter outro adjetivo: com certeza são todos super-heróis. E por isso e outras tantas particularidades que fazem parte da vida de cada homem, cada pai e cada herói, é que os parabenizamos neste mês! Além da história de três super-heróis – cada um com suas experiências e lembranças – também percorremos as diferentes áreas da vida com bons exemplos pertinho da gente: esporte, arte, história e solidariedade. Como todas as edições, buscamos novidades e vivências inspiradoras, confira! Um ótimo Dia dos Pais a todos os super-heróis! Uma ótima leitura a todos.
8 | Agosto 2016 | Revista Giropop
Índice
Dia dos Pais | Pais: Os super-heróis de verdade 9 Newborn: eternizando os primeiros dias de vida 14 Hemocentro Móvel, o mais novo projeto do Rotary Club de Itapoá 20 Jovens em busca do sonho de representar Itapoá no futsal 22 A superação de quem transforma os obstáculos em degraus 24 Coleção rara conta a história da Segunda Guerra Mundial 26 Amor de um casal e duas rodas 28 Empreendedor Farma & Fórmula | A fórmula ideal para você 30 Social Beto Vieira 32 Coluna Vitorino Paese 34
DIA DOS PAIS
Pais: Os super-heróis de verdade Ana Beatriz
Existem super-heróis que não estão nas histórias em quadrinhos. Não são invencíveis, não têm superpoderes, não são eternos, imbatíveis e não agem sós, lutando por objetos e lugares. Estes super-heróis são reais, feitos de sangue, suor, lágrimas, erros e acertos. Eles têm coração, têm seu tempo e lugar, defendem pessoas e pensam sempre coletivamente. Eles são os pais, e se tornaram super-heróis com o tempo. Em comemoração ao segundo domingo de agosto, a Revista Giropop conta histórias de super-heróis de verdade. São três homens de Itapoá, cada um com suas vivências particulares. Eles falam sobre a emoção, a responsabilidade e a entrega de serem pais. E contam que, para o papel de um super-herói, não existe apenas uma versão da história. Ser pai é encarar diversas missões e desbravar inúmeros caminhos, cheios de obstáculos, conquistas e possibilidades.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 9
Uma bagunça boa A primeira história é de Hélio Mitsuo Oribi, mais conhecido como Helinho. Ele, que já havia se tornado pai de uma menina chamada Julia no ano 2000, do primeiro casamento, conheceu Andressa Caris Oribi e, juntos, construíram uma família. Apesar de os filhos estarem fora dos planos do casal, tudo aconteceu naturalmente e mudou a vida de Helinho. Ele se recorda que estava acostumado com a vida a dois, até que sua esposa descobriu que estava grávida. Na época, o casal residia no Japão, onde Helinho e Andressa se conheceram e trabalhavam, em busca de melhores oportunidades de trabalho. Em 2002, voltaram para o Brasil para ganhar o primeiro filho, Johnny Gabriel Caris Oribi, nascido no mesmo ano. “Com a sua chegada, tudo mudou. Como eu não convivia com minha primeira filha, certas coisas só pude aprender quando me tornei pai do Johnny, na convivência do dia a dia”, fala Helinho. Aos poucos, a bicicleta precisou ser adaptada para carregar o pequeno, as idas à escola se tornaram parte da rotina e a casa já não era mais a mesma. Quando Johnny completou 11 meses de vida, Andressa e Helinho retornaram para o Japão e foi lá, quatro anos depois, que tiveram a segunda surpresa. Eles desejavam ter mais um filho e, apesar de a notícia vir um pouco depois do tempo planejado, Helinho ficou muito fe-
10 | Agosto 2016 | Revista Giropop
O pai Hélio Mitsuo Oribi, na companhia de seus “xodós”: Johnny, Jonathan e Jheniffer.
liz quando soube que seria pai novamente. O segundo filho do casal, Jonathan Rafael Caris Oribi, nasceu em 2006, no Japão. O pai conta que possui boas lembranças dessa fase: “No Japão, nós trabalhávamos enquanto os meninos estudavam em escola integral. Nos momentos de lazer, costumávamos passear nos parques e supermercados, que normalmente possuíam uma ampla área de recreação para as crianças”. Quando Jonathan estava prestes a completar dois anos, a família voltou ao Brasil. Com
os dois filhos meninos, Helinho recorda que gostava de passear com os filhos vestindo camisas, sapatos ou até mesmo usando cortes de cabelo iguais aos seus. Ele também tem lembranças de quando saía com a esposa e cada um segurava um filho no colo. “Tinham sim momentos difíceis, pois éramos dois e, de repente, nos tornamos quatro. Mas era muito bom e divertido”, fala o pai. No entanto, as missões para este super-herói não acabaram por aí. Em 2010, Helinho e Andressa descobriram que seriam pais
novamente e, para sua surpresa, desta vez, seria uma menina. O nascimento de Jheniffer Namie Caris Oribi foi um susto para o casal, mas uma alegria para toda a família. “Eu, que havia sido presenteado com dois filhos homens, que se tornaram meus amigos e conversavam comigo sobre assuntos diversos, como motocicletas ou futebol, me vi convivendo com uma filha menina e fazendo atividades que jamais imaginava, como pentear seus cabelos ou brincar de casinha”, conta Helinho. Hoje, aos 41 anos, quando encerra seu expediente no trabalho, ele ainda possui mais missões ao longo do dia: cumprir com as tarefas de pai de Johnny, Jonathan e Jheniffer. Ele, que se diz um pai autoritário, conta que apesar de tempos e idades diferentes, procura tratar todos os filhos de maneira igual. “Também cobro respeito entre eles, independente dos quatro anos de diferença de idade de um para o outro. Ao comprar alguma coisa, ou compro para todos, ou para nenhum. Para evitar brigas, todos são tratados iguais e fazemos tudo juntos”, diz o pai. No dia a dia, é Helinho quem cozinha as jantas da família. Suas atividades favoritas com os
filhos são os passeios de moto, mergulhos, pescarias e cineminhas dentro de casa. Seus filhos contam que, volta e meia, o pai está inventando alguma atividade para agradá-los, como consertar suas bicicletas, limpar a piscina para se refrescarem ou construir algum móvel, como uma casinha de madeira para os filhos brincarem no quintal. Muito de seu sucesso como um super-herói, Helinho dedica a Andressa, que além de mãe, também é a heroína de seus filhos: “Ela é uma mulher muito forte, que também faz de tudo por nossos filhos”. Para ele, ser pai vai se tornando mais fácil com o tempo, conforme os filhos vão crescendo, mas as responsabilidades, preocupações e afazeres nunca cessam. “Filhos bagunçam qualquer rotina, mais ainda se forem três! Mas é uma bagunça boa. Quando não estão presentes, a casa fica silenciosa e sinto saudade deles”, diz. Apesar de serem irmãos, cada filho carrega uma personalidade: Johnny é mais calmo, enquanto Jonathan é mais peralta e Jheniffer mais carinhosa. Os dias passam e Helinho acredita que os filhos
Em um momento de descontração, Jerry Luís Sperandio brinca com os filhos Marina e Luís.
mudam, crescem e evoluem, mas que ele continua o mesmo: “Sempre tentando oferecer o que tenho de melhor a eles”. O presente é estar presente Até os vinte e poucos anos, Jerry Luís Sperandio estava curtindo com intensidade seus momentos de juventude e não pensava muito em constituir família. Ele conta que o objetivo de ser pai foi se formando aos poucos, mas incrementado com o nascimento de um sobrinho, com o qual teve a oportunidade
de acompanhar o crescimento e desenvolvimento. Em 2007, Jerry se casou com Vanessa Ghedin Sperandio. O casal sempre conversava em ter dois filhos e comungava que o ideal, para eles, seria ter um próximo do outro. “Havíamos combinado de curtir a vida por uns cinco anos para, depois, termos o primeiro filho”, conta – e assim aconteceu. Em novembro de 2012, Jerry recebeu um dos melhores presentes de sua vida: a filha Marina Ghedin Sperandio. “Desde o momento da concepção me tornei pai e isso, para
mim, consiste em não simplesmente ajudar minha esposa, mas sim participar”, conta. Portanto, Jerry acompanhou Vanessa no pré-natal, buscou informações na internet, leu livros sobre paternidade, presenciou o parto, conversou com pessoas e afins. Ele afirma que tudo isso lhe ajudou de alguma forma, mas que o principal é estar presente, vivenciando, de fato, a paternidade. Seus primeiros dias de paternidade foram de intenso aprendizado, muito cansativos, mas também muito gratificantes. Logo, Jerry descobriu que o instinto paterno é superior a qualquer teoria. “Aos poucos, eu e minha esposa fomos nos desapegando de muitas sugestões e aplicando nossas próprias metodologias, como, por exemplo, melhor técnica para fazer dormir, dar banho, acomodar o bebê nos momentos de cólica, etc.”, conta. No fim de 2013, Vanessa engravidou novamente. Quando Marina estava com um ano e nove meses, em agosto de 2014, nasceu o segundo filho do casal, o menino Luís Ghedin Sperandio. “Na gestação do Luís, fizemos com que a Marina participasse, sempre conversando com o bebê e, apesar da pouca idade e pouco senso de discernimento das coisas, sempre procuramos deixar claro que o irmãozinho viria para alegrar ainda mais a família”, conta Jerry. Pai de dois filhos, ele conta
Revista Giropop | Agosto 2016 | 11
que na primeira vez teve muitas incertezas, medos e ansiedade. Já na segunda, a experiência lhe ajudou a acalmar os ânimos. Os filhos Marina e Luís recebem tratamento igual, no entanto, cada um possui temperamento próprio. “Não mudei meu posicionamento com a Marina, apenas aos poucos, e isso está em constante evolução. Temos, eu e Vanessa, que lembra-los, vez ou outra, que somos uma família e temos que nos ajudar e nos amar”, diz. Hoje, os investimentos, as viagens, os planos e demais coisas de Jerry são diferentes, todos passaram a envolver os filhos. Ele conta que, recentemente, teve que fazer uma viagem de trabalho e que foram dias críticos. “Eles são muito pequenos e precisam de mim, assim como eu preciso e tenho que estar presente o máximo de tempo possível”, fala. Em sua casa, Jerry e Vanessa não têm atribuições definidas, pois procuram interagir com as crianças em sintonia, seja na hora do banho, na hora de trocar, brincar, etc. Para Marina e Luís, Jerry é um super-herói, um príncipe ou, simplesmente, um pai – depende da brincadeira. Juntos, eles se divertem brincando de “o monstro das bolinhas”, “papai e filhinhos”, “médico e paciente”, “príncipe e princesa”, pega-pega, esconde-esconde, entre outras. O tempo para quando estão juntos, isso porque Jerry procura estar ali de corpo e alma, participando de verdade e esquecendo todas as atividades profissionais que podem ser pensadas e decididas em outro momento. “Antes do nascimento de minha filha, confesso que criticava amigos que já eram pais, pois falavam somente dos filhos e do amor por eles. Hoje, sou eu que, volta e meia, coloco os filhos nas rodas de conversas com os amigos”, fala Jerry, que considera este desconhecimento compreensível, já que “é algo indescritível saber que há um ser humano que foi concebido por você e que depende de você”, complementa. Segundo o pai, cuidar dos filhos não é um “trabalho”, pois mesmo quando a atividade não é das mais prazerosas – como trocar uma fralda suja, por exemplo –, é uma oportunidade de vivenciar o amor. E, apesar dos desafios e aprendizados diários, acredita que o sorriso de felicidade ou um espontâneo “eu te amo” vindo dos filhos, depois de um longo dia de
12 | Agosto 2016 | Revista Giropop
trabalho, compensa qualquer coisa. “Como cristão que sou, rogo a Deus para que me conceda sabedoria e discernimento para que eu possa, junto com a Vanessa, educar meus filhos da melhor maneira possível. Volta e meia, ouço de pessoas que já têm netos, que agora que podem aproveitar as crianças, que quando eles tinham seus filhos não podiam estar presentes, pois tinham que trabalhar, etc. Eu decidi que não quero esperar para ser avô para vivenciar os melhores momentos da minha vida. Não sei como será o dia de amanhã, nem sei se haverá amanhã, portanto eu vivo o hoje, aproveitando o que me dá mais alegria, que é estar junto a esposa que amo e aos filhos que Deus nos concedeu”, fala Jerry. Ele conta que não se recorda dos presentes que ganhou de seu pai, mas sim dos momentos que fizeram coisas juntos. Portanto, deseja que Marina e Luís também aprendam os valores das coisas, e não os preços, e que se lembrem de muitos momentos que a família esteve junta, com harmonia e felicidade. E finaliza: “ser pai não é dar os melhores presentes, mas sim estar presente”. As primeiras descobertas A paternidade sempre foi um desejo que fez parte da vida de Raphael Luiz Gioppo Toledo Mira. Este pensamento se acentuou ainda mais quando acompanhou, de perto, o crescimento de seus primos. Juntos, ele se recorda que brincavam, praticavam esportes e se divertiam. O tempo passou, os primos cresceram e Raphael conheceu sua esposa Luana Gnata Viana, no ano de 2004. O casal não sabia, mas 11 anos depois, teriam sua vida mudada por inteira. Apesar de a ideia lhe agradar, ser pai não estava dentro de seus planos naquele momento. As emoções da descoberta ainda são recordadas: “Em março de 2015 a Luana passou mal. O teste de gravidez foi realizado no dia primeiro de abril, ele deu positivo e era verdade”. Quando soube da notícia, o casal foi para a praia, para meditar, se inspirar e pensar melhor no que estava acontecendo. Nas palavras de Raphael, a descoberta foi “uma surpresa surreal e, ao mesmo tempo, emocionante”. Dali em diante, este frenesi de emoções apenas se intensificou. Por conta de sua pro-
A pequena Maitê veio para alegrar ainda mais a vida do papai Raphael Luiz Gioppo Toledo Mira.
fissão de médico, Raphael acompanhou a gestação do bebê com muita cautela e preocupação. “Já vi e ouvi muitas coisas a respeito da gravidez, por isso, fiquei receoso com possíveis complicações. Mas guardei minhas neuras para não preocupar minha esposa e, consequentemente, o bebê”, conta Raphael. Ao mesmo tempo, estava feliz e empolgado com a novidade e se aventurou em alguns preparativos, como construir os rodapés para a decoração e pintar o quarto do bebê. O papai de primeira viagem conta que sua intuição dizia que seria pai de uma menina, e assim foi confirmada no segundo ultrassom. “Durante a gestação, não planejamos muitas coisas, com exceção, talvez, do nome do bebê. Decidimos nos dedicar mais a curtir cada momento. Também aproveitei este período para trabalhar mais, pois sabia que, em breve, desejaria aproveitar os primeiros dias em família”, fala Raphael. Finalmente, em novembro de 2015, veio ao mundo a pequena Maitê Gnata Viana Mira. O pai recorda que o momento do parto foi um misto de emoção, alívio e responsabilidade. “Apesar de ter consciência de que minha filha estaria para chegar, foi ali, com ela em meus braços, que me senti verdadeiramente um pai e a ficha caiu completamente”, diz Raphael. Durante o tempo no hospital, ele pôde aprender cuidados básicos, também leu sobre a alimentação do bebê e ouviu muitos conselhos daqueles que já haviam tido esta experiência, mas afirma: “Se aprende muito mais com a prática do que através de opiniões externas”. Os quatro cães da casa, companheiros do casal há anos, foram receptivos com a chegada de Maitê. Porém, a casa já não é mais a mesma: no chão estão espalhados brinquedos e bonecas, e o som ambiente passou a ser de desenhos e músicas infantis. Porém, o pai diz estar curtindo e muito feliz com a experiência de viver em família. “Esperava que a paternidade fosse muito mais difícil do que realmente está sendo. As pessoas costumam nos orientar que ser pai é um bicho de sete cabeças, como se fosse uma experiência negativa, mas não é exatamente assim”, diz Raphael. Ele conta que a parte mais difícil está sendo vestir a Maitê, já que possui menos conhecimento de looks do que a esposa.
Para mais informações, acesse: www.facebook.com/antigosdeitapoasc
Seus momentos de cansaço e responsabilidade existem, é verdade, assim como a rotina que o casal não tinha. Mas, para o pai de primeira viagem, até os momentos mais assustadores, como, por exemplo, passar a noite em claro, valem a pena e são frutos do amor verdadeiro. O que comer passou a ser uma preocupação e é preciso se programar. Ainda assim, o pai acredita que pouquíssimas coisas mudaram. “Felizmente, nossos pais são parceiros e, se precisarmos, avisarmos com antecedência e eles estiverem disponíveis, nos ajudam”, diz. Certos programas da vida a dois, como, por exemplo, ir a um show de rock, continuam existindo, mas, é claro, com ouvidos e olhos voltados para a banda, enquanto corações e pensamentos estão voltados para a Maitê. Hoje, ela possui apenas oito meses de vida e arrisca pronunciar sua primeira palavra: “Mamãe” – mas o pai não se chateia. Para ele, a melhor conquista é ver o sorriso da filha quando estão juntos, brincando, assistindo a desenhos animados e se divertindo. Sem se dar conta, Raphael decorou os jingles de desenhos como Wissper, O Show da Luna e Peppa Pig; e os desenhos favoritos de Maitê se tornaram seus desenhos favoritos, também. “Volto a ser criança quando estou junto dela”, diz o pai. Para o futuro, Raphael planeja levar sua mais nova parceira para surfar. Ele costuma incentivar o contato da filha com a água para ir se acostumando e até já pesquisou roupas de borracha infantis para a futura surfista Maitê. Em família, também deseja praticar outros esportes, aproveitar as praias de Itapoá, fazer trilhas e viajar. De acordo com Raphael, todos os momentos da paternidade estão sendo especiais, desde o primeiro ultrassom, os batimentos cardíacos, o sexo e afins. Mas um, em especial, lhe deixou bastante emocionado, foi quando flagrou Maitê em pé no berço, sozinha. “Ela é muito esperta e está crescendo muito rápido, por isso, estou disposto a curtir cada momento desse desafio”, fala. Apesar de ainda ser um bebê, Raphael já sente saudade de Maitê quando menor. Para poder eternizar cada fase, o pai costuma fotografar a pequena: “É uma experiência muito única, precisa ser registrada”. Por mais que se ausente para trabalhar, Raphael diminuiu o ritmo das consultas para poder vivenciar as primeiras descobertas do universo paterno. Foi em uma dessas vivências com Maitê, no banheiro de uma loja, que o pai questionou o motivo de não existirem trocadores de bebê nos banheiros masculinos. “Afinal, pais também trocam fraldas, ou deveriam”, fala. E, mesmo sendo uma experiência recente, a pequena Maitê tomou conta até das lembranças. “Não consigo me recordar de nossas vidas antes de sua chegada. Parece que ela sempre esteve conosco”, conta o pai, que possui um grande plano para a vida da filha: que ela seja feliz.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 13
FOTOGRAFIA | ERIKA BAUER
Newborn: eternizando os primeiros dias de vida
Ana Beatriz
lifestyle é fotografado em casa e nele uma história é registrada da forma mais natural possível, como a hora do banho, a mamada ou o soninho no berço. O que nem todo mundo sabe é que, para realizar essas fotos, não basta ter conhecimento técnico. Erika, que além de fotografia, realizou quatro cursos voltados especificamente ao newborn, conta que esta é uma área repleta de novidades e tendências, e explica: “Os cursos voltados aos ensaios de recém-nascidos são diferenciados. Neles, aprendemos sobre fisiologia para melhor manipular o bebê, tratamento de imagens com foco no recém-nascido, além de vários cuidados em relação à integridade física do pequenino”. Para obter um resultado específico, como clicar o bebê sorrindo ou com sono, Erika e Ângela contam que existem diversas técnicas, como aplicativos que
47 9639-9740
É muito provável que você já tenha se encantado por aqueles ensaios fotográficos fofos e meigos de newborn (recém-nascido, em português). Registrar os primeiros dias de vida do bebê é um momento muito especial, no entanto, é importante tomar alguns cuidados na hora de agendar o ensaio de seu filho. Em Itapoá, a fotógrafa Erika Bauer e sua assistente Ângela Reffatti de Mendonça contam um pouco sobre o universo da fotografia newborn e dão dicas do que é preciso levar em consideração na hora de contratar esse trabalho.
C
ada vez mais no gosto dos brasileiros, o ensaio newborn tem por objetivo registrar os primeiros dias de vida do bebê, assim como suas feições e detalhes. “Este tipo de trabalho é realizado, preferencialmente, até o 12º dia de vida do bebê. Há possibilidade de estender o prazo até o 15º dia, caso ocorra algum imprevisto, mas nesse período o bebê já está mais agitado e ativo, o que pode interferir no andamento do ensaio”, fala a fotógrafa Erika. Para contratar este serviço, é recomendável que os pais deixem a sessão pré-agendada antes mesmo do nascimento do filho. Ou, se isso não for possível, fazer logo que chegar da maternidade.
14 | Agosto 2016 | Revista Giropop
De acordo com Erika e Ângela, existem dois tipos de fotografia newborn. O primeiro é o ensaio tradicional, onde o bebê é fotografado de olhos fechados, em cima de uma coberta ou enrolado em um paninho (chamado de wrap). Já os bebês com um mês de vida ou mais são fotografados em outro estilo, é o newborn lifestyle. “Por conta das novidades da maternidade, os dias passam muito rápido, e muitas mães não se dão conta que seu filho já completou um mês. Então, acabam aderindo a este estilo”, conta a fotógrafa. O
A fotógrafa Erika Bauer e sua assistente Ângela Reffatti de Mendonça durante um ensaio newborn.
imitam determinados sons. “Este trabalho é realizado em conjunto com os pais e familiares do bebê. No dia do ensaio, todos os presentes devem estar calmos e relaxados para transmitir o mesmo ao recém-nascido”, explica Ângela. Por isso, os ensaios são agendados, normalmente, para o período da tarde. No entanto, a fotógrafa e a assistente ressaltam que fotografar pela manhã pode ser uma vantagem, já que a luz natural é muito mais bonita. O espaço a ser realizado o ensaio newborn pode ser providenciado pelo fotógrafo ou realizado na casa do cliente. “É necessário apenas um espaço pequeno. Se tiver janelas, é ainda melhor, para auxiliar na luz”, explica Erika. Muito antes da foto bonita, o conforto e o bem-estar do bebê devem estar sempre em primeiro lugar. Uma vez que o bebê será fotografado sem as roupinhas, o ambiente deve estar aquecido. Assim, além do equipamento fotográfico, o profissional de newborn carrega consigo aquecedores e termômetro, pois a temperatura do ambiente deve estar entre 27ºC e 30ºC. Outro item muito importante é a higienização dos envolvidos e dos props (nome dado aos acessórios utilizados nas produções das fotos, como mantas e gorrinhos). Todos os objetos devem ser de material próprio para bebês, para não provocar alergia, e lavados com produtos específicos, como sabão de coco, a cada sessão. Segundo Erika e Ângela, para compor o cenário do ensaio, os pais também podem optar por objetos que tenham significados especiais para a família – estes também
devem estar devidamente higienizados. Durante o ensaio newborn, a segurança do bebê é sempre prioridade. As profissionais alertam os riscos de tentar reproduzir o newborn por conta própria, ou seja, realizar um ensaio caseiro: “Nunca coloque em risco a saúde e o bem-estar físico do bebê em busca se uma pose que você não se sente seguro fazendo”. Erika e Ângela contam que muitas pessoas não imaginam, mas a maioria das poses vistas nas fotografias dos recém-nascidos são truques de edição. Funciona assim: o bebê é fotografado sendo segurado com as mãos ou apoiado em objetos por diversas vezes. Depois, são realizadas montagens ou fusões das imagens na edição. Por isso, um fotógrafo que atue em parceria com um assistente resultará em mais possibilidades e menos riscos para o bebê. Entre todas as dicas, os profissionais e os familiares precisam ser pacientes, pois, ao contrário de outros ensaios, este é imprevisível e pode demorar horas. “O bebê pode parar para mamar, dormir, ter cólica, fazer suas necessidades fisiológicas uma ou inúmeras vezes. É ele que vai ditar as regras e determinar o ritmo da sessão”, fala a fotógrafa. Antes do lado profissional, Ângela e Erika ressaltam que não estão lidando com um produto, mas com uma vida. Para aqueles que desejam realizar um ensaio newborn a dica é aproveitar o momento e curtir esta fase, pois cada bebê é único. E lembrar de que não se trata apenas de um ensaio fotográfico, mas de uma experiência eternizada para a vida.
Revista Giropop |Agosto 2016 | 15
PROJETOS
Hemocentro Móvel, o mais novo projeto do Rotary Club de Itapoá Ana Beatriz
O Rotary é uma rede global de associados que prestam serviços humanitários. Seja lutando para erradicar a paralisia infantil no mundo ou ajudando famílias menos privilegiadas, seus voluntários promovem mudanças positivas por onde passam, e no município de Itapoá não é diferente. Recentemente, o Rotary Club de Itapoá teve seu mais novo projeto aprovado: o Hemocentro Móvel. Os rotarianos José Atílio Sanches (Presidente), Alexandre Martinez e Leopoldo Defaci, de Itapoá.
20 | Agosto 2016 | Revista Giropop
C
onhecidos por seus inúmeros projetos e ações, como, por exemplo, angariar fundos para um banco ortopédico, com cadeiras de rodas, cadeiras de banho, muletas, andadores e afins, os rotarianos de Itapoá se engajaram em uma nova causa. Partindo da necessidade de postos para doação de sangue em diversas regiões, há cerca de quatro anos, a sugestão para o projeto de um Hemocentro Móvel foi colocada em pauta. “Com este projeto, nosso objetivo principal é entregar, em doação ao Hemocentro de Santa Catarina (HEMOSC), de Joinville-SC, um ônibus destinado à coleta de sangue e cadastramento de doadores de medula óssea”, conta o presidente do clube de Itapoá José Atílio. Visando defender os interesses gerais, este ônibus atenderá 42 cidades da região norte de Santa Catarina associadas ao HEMOSC. Para Alexandre Martinez, rotariano e responsável pela comissão da imagem pública do clube, este é um projeto micro para atender a uma demanda macro. “A área de enfoque desta ação é a prevenção e tratamento de doenças e, por ser uma necessidade constante em toda a região, o veículo ficará à disposição de diversas cidades”, fala Alexandre. Entre os principais municípios beneficiados com a
Modelo de ônibus que servirá para o Hemocentro Móvel, projeto do Rotary Club de Itapoá.
implantação do Hemocentro Móvel estão Araquari, Barra do Sul, Campo Alegre, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, Rio Negrinho, São Bento do Sul, São Francisco do Sul e Schroeder. Para que este projeto fosse aprovado houve participações financeiras de pessoas físicas, empresas e órgãos públicos da região norte de Santa Catarina, do Rotary Club de Pesaro (Itália), do Distrito Rotário 2090 (Itália), do Distrito Rotário 4650 (Santa Catarina), da Fundação Rotária do Rotary International e do Rotary Club de Itapoá. De acordo com Leopoldo Defaci, rotariano e um dos responsáveis pela comissão do projeto, além do ônibus recebido em doação pelo Rotary Club de Itapoá, serão aplicados US$ 114.776,00 (dólares rotários) para transformar e equipar o
veículo no padrão HEMOSC, ou seja, investir em equipamentos, instrumentos e profissionais na área da saúde. Em andamento, o projeto se encontra na fase de enviar os recursos para a Fundação Rotária. Os associados contam que seis grandes empresas estão patrocinando o Hemocentro Móvel com, aproximadamente, R$ 15 mil cada. Porém, para que possam receber os recursos da Fundação e fechar negócio com os fornecedores, é necessário que mais empresas patrocinem o projeto, totalizando, em média, o valor de R$ 100 mil. Ainda segundo os rotarianos, parte do ônibus poderá servir de outdoor para estampar o logotipo das empresas patrocinadoras que confiaram nesta ação. Parceiros da região podem contribuir até o dia 15 de setembro, já o veículo deve ficar pronto
até o dia 28 de fevereiro de 2017 para, em seguida, ser entregue ao HEMOSC – ou “tão logo quanto esteja montado”, diz o presidente José Atílio. Vale ressaltar que o Rotary Club é uma organização séria, comprometida, que desenvolve projetos com um regramento das prestações de contas e documentações, e com um único foco: participar e ajudar na sociedade sempre com o intuito de melhorar a vida humana. Em nome do Rotary Club de Itapoá, José Atílio, Alexandre, Leopoldo e os demais rotarianos convidam a população a conhecer o clube, seus projetos, ações e eventos realizados ao longo do ano e, em breve, participarem da coleta de sangue e cadastramento de doadores de medula óssea no Hemocentro Móvel, seja em Itapoá ou outros municípios. Para os voluntários, é preciso união para lutar por causas comuns e tornar nossa sociedade mais prevenida, tratada, saudável e feliz. Para conhecer o Rotary Club de Itapoá ou para mais esclarecimentos sobre o projeto Hemocentro Móvel, entre em contato através do: Site: www.rotaryclubdeitapoa.org.br E-mail: atiliosanches@ hotmail.com (Atílio – Presidente do Rotary Club de Itapoá)
Revista Giropop |Agosto 2016 | 21
ESPORTE
Jovens em busca do sonho de representar Itapoá no futsal Ana Beatriz
Ser jogador de futebol é um sonho que mexe com o imaginário de muitos meninos. No município de Itapoá, um grupo de aproximadamente 15 rapazes, na faixa etária de 15 a 17 anos de idade, é unido pelo esporte. Juntos, eles são o Málaga Futebol Clube, um time de futsal que vive do sonho de cada um dos jogadores e carrega o nome de Itapoá por toda a região, a cada partida disputada. A cada jogo, os jogadores e o treinador do time, Joarí Soares, sonham em chegar ainda mais longe e conquistar mais espaço dentro e fora de quadra.
22 | Agosto 2016 | Revista Giropop
Da esquerda para a direita: os jogadores João Veiga, Carlos Henrique, Juan, Bruno, Luiz, Gabriel Dotti, Joarí (treinador), Gabriel Augusto e Fabrício.
T
udo começou em 2013, quando um grupo de amigos apaixonados por futsal resolveu criar um
time para disputar campeonatos regionais. Com aproximadamente dez jovens jogadores e um treinador nasceu o Málaga Futebol Clube de Itapoá. Na época, os
jogadores recebiam treinamento e participavam de competições no município e na região. Porém, este era um trabalho sem muita rotina, pois seu treinador, além
de se dedicar voluntariamente ao rendimento do time, também trabalhava e estudava. Ao final de 2015, o treinador encerrou suas atividades com o time para se dedicar aos seus projetos pessoais. Então, os jogadores se organizaram para realizar um novo planejamento e buscar um novo treinador, a fim de dar continuidade ao sonho. O convidado para treinar o time foi Joarí, estudante de Educação Física, que, anteriormente, já havia trabalhado com alguns rapazes em outro projeto de futsal. “Foi uma responsabilidade muito grande assumir os treinos do time, pois o treinador anterior tinha muito conhecimento e experiência no esporte”, conta Joarí, que no início de 2016 passou a ser o treinador responsável. Atualmente, o Málaga Futebol Clube possui duas categorias masculinas, uma voltada aos jogadores na faixa etária dos 15 anos, e a outra para os jogadores de 17 anos. Para aumentar o nível de rendimento dos mesmos, o time estabeleceu uma rotina de treinos. Às quintas-feiras são realizados treinos no ginásio da Escola Municipal Frei Valentim, aos sábados o time realiza treinos físicos na areia da praia e, aos domingos, treinam novamente no ginásio da escola. Segundo o time, os treinos refletiram não somente na performance dentro de qua-
dra, como também na postura, ética e comprometimento com o esporte. O trabalho realizado pelo time de futsal vai além da quadra. “Apesar de muitos enxergarem o esporte apenas como uma diversão, desenvolvemos nosso trabalho com compromisso e seriedade”, fala Joarí. Frequentemente, o treinador e os jogadores realizam reuniões, todas registradas em ata, para estudar possíveis melhorias. Quando se trata de competições, são feitas autorizações para que os pais permitam a participação de seus filhos. Desde então, o Málaga vem competindo e obtendo boas colocações em campeonatos dentro e fora do município de Itapoá, como a Copa Kids, em Joinville, e a Copa Estrela da Bola, em São Francisco do Sul. Nesta última, o time ficou em 2º lugar e alguns de seus jogadores obtiveram posições de destaque, como Gabriel Pacheco Dotti (jogador em destaque), Bruno Sperandio (vice-artilheiro) e Fabrício Calderón (vice-goleiro menos vazado). “Nossos planos incluem fazer muito mais, obter mais títulos e levar o nome de nosso município ainda mais longe”, diz Joarí. Mas, até que este plano dê certo o time enfrenta algumas dificuldades. Especialmente quando inserido no universo de competições,
o futsal se torna um esporte caro, uma vez que uniforme, transporte, alimentação, hospedagem, inscrição e afins geram muitos gastos. Para auxiliar nessas despesas, os jogadores buscaram patrocínios de empresas do município. Hoje, o Málaga Futebol Clube possui seis empresas patrocinadoras que acreditam e contribuem com determinadas quantias. O time também tem a ajuda da Secretaria de Esportes de Itapoá, que cedeu o espaço do ginásio para os treinos de domingo. No entanto, para utilizar o espaço na quinta-feira, os jogadores têm de pagar, além dos gastos corriqueiros com materiais e afins. A diretoria do time é formada pelos jovens jogadores. São eles que buscam patrocínios, contabilizam os gastos e fazem os orçamentos para as competições. “Apesar dos patrocínios e dos apoios, estas são ajudas consideravelmente pequenas se levarmos em consideração todos os membros do time e a dimensão que é competir fora de nosso município”, explica o treinador Joarí. De acordo com um dos jogadores, muitos meninos do município desejam entrar para o time, mas por conta da falta de recursos – exigidos em uma rotina de treinos e competições –, acabam ficando em uma lista de espera. Mais que um time de futsal,
o Málaga Futebol Clube vem se tornando uma família. De acordo com os jogadores, o vínculo criado é cada vez mais forte. “Crescemos juntos, treinamos juntos e competimos juntos. Além da paixão que é o futsal, ganhamos verdadeiros amigos e um compromisso sério nas horas vagas”, afirma o jogador Bruno. Recentemente, para poder disputar um campeonato, os jogadores fizeram uma rifa de uma camiseta do time. A ideia deu certo, mas a cada disputa, os atletas itapoaenses se sentem limitados para participar. De todo modo, aos colaboradores, patrocinadores e pais que ajudam na realização do sonho dos jogadores, fica o agradecimento por acreditarem que o esporte tem a capacidade de transformar vidas, e é esta a missão do time para o município de Itapoá. Para o futuro, todo o Málaga Futebol Clube deseja erguer a bandeira de Itapoá nas competições, com atletas criados e treinados no município. Deseja contribuir ou conhecer um pouco mais sobre o time do Málaga Futebol Clube, de Itapoá? Entre em contato: Página no Facebook: Málaga Futebol Clube – Itapoá Telefones: (47) 9677-3118 ou (47) 9212-6648 – Joarí (treinador)
Revista Giropop |Agosto 2016 | 23
SUPERAÇÃO
A superação de quem transforma os obstáculos em degraus Ana Beatriz
Partindo do princípio de que coisas boas inspiram coisas boas, a Revista Giropop conta, neste mês, a história de superação de Roberto Ferreira Nunes, de Itapoá. Em um acidente de trabalho, ele perdeu seus dois braços, mas ao invés de se dar como vencido, fez disso um combustível para viver e conquistar coisas que sempre desejou. Hoje, ele afirma: “a vida é muito mais do que dois braços”.
F
ilho mais velho entre seis irmãos, Roberto conta que veio de uma família simples e humilde, mas nunca lhe faltaram amor, apoio e educação. Trabalhou desde os 12 anos de idade em Curitiba-PR, sua cidade natal. Durante dez
24 |Agosto 2016 | Revista Giropop
Em Itapoá, com muita força de vontade e dedicação, Roberto Ferreira Nunes utiliza o computador com os pés.
anos, trabalhou como eletricista, enquanto realizava cursos técnicos em mecatrônica e em administração. “Minha vida era, basicamente, o meu trabalho. Eu gostava de trabalhar e o fazia incansavelmente, com muito prazer”, diz. Os anos passaram, ele se casou com Solange Nunes
e se tornou pai de dois meninos, Lucas Ferreira Nunes e Matheus Ferreira Nunes. Completando nove anos de trabalho na Companhia Paranaense de Energia, a Copel, em outubro de 2003, ao trabalhar com manutenção de rede elétrica, Roberto sofreu descarga elétrica de
alta tensão energizada, nas duas mãos. “Naquele momento, acreditei que fosse morrer”, recorda. Quando desmaiou, ele conta que lhe veio à mente a esposa, os filhos e o rosto iluminado de uma mulher estranha que falava com ele. Depois desse momento, Roberto fala que compreendeu que não morreria e que estava vivenciando um milagre. No hospital, os médicos comunicaram à esposa que ele teria apenas 15 dias de vida, mas Roberto estava confiante. “Sempre fui muito religioso e algo dentro de mim me fazia acreditar que tudo daria certo”, conta. Por conta da alta tensão da descarga elétrica, os médicos tiveram que amputar até seus dois cotovelos. Depois, o problema continuou se alastrando e Roberto teve que amputar até cinco centímetros abaixo dos seus ombros. Anestesiado por conta da dor, ele recuperou a consciência aos poucos. “O tempo no hospital serviu para que eu meditasse e refletisse sobre algumas coisas. Entendi, então, que a vida vai muito além
de dois braços”, conta. De volta ao seu lar, Roberto, que também era muito ativo dentro de casa, passou a ensinar os filhos a realizarem as atividades braçais. Uma cena que lhe marcou, foi quando um dos filhos arrancou os braços de todos os seus bonecos, para ver se encaixavam uns nos outros. “Felizmente, tive apoio e compreensão de minha família”, fala. Já durante as sessões de fisioterapia e terapia ocupacional, Roberto conta que deu trabalho aos profissionais. “Pelo ocorrido, os profissionais esperavam que ele estivesse muito triste e desmotivado, mas permaneceu tranquilo, de bom humor, rindo da situação e agradecido por sua vida”, conta a esposa Solange. Em uma das sessões de terapia ocupacional, a profissional pediu para que Roberto levasse telas, tintas e pincéis. Com um capacete adaptado para encaixar o pincel, ele passou a pintar. Dali em diante, deixou as sessões de terapia para participar de aulas de pintura. Com a ajuda do capacete adaptado, passou a pintar telas grandes com flores e paisagens. Chegou, inclusive, a expor e vender algumas delas. Sua professora de pintura dizia que ele, sem os dois braços, fazia linhas mais precisas do que muitos alunos julgados “perfeitos”. Mas a pintura foi apenas a primeira superação da nova fase de Roberto.
Com um capacete adaptado, Roberto pinta belíssimas telas de paisagens.
Ao fim de 2005, a família se mudou para o município de Itapoá. Em 2009, Roberto iniciou o curso técnico de Informática para Internet, realizado pelo Instituto Federal Santa Catarina (IFSC), em Itapoá e, com muito esforço e dedicação, se formou em 2012. Desde então, o computador se tornou uma ferramenta essencial em sua vida. Ele conta que as atividades eram feitas com os próprios pés, com o mouse no chão, utiliza o teclado virtual do computador. “No início, tive dificuldades, mas, aos poucos, fui me adaptando”, conta. Hoje, é através do computador adaptado que ele lê, joga, conversa, escreve e se atualiza. Por gostar da história da religião católica e ser voluntário de uma igreja católica, onde realiza trabalhos e palestras, Roberto sempre desejou cursar teologia. Por conta da rotina exaustiva
da profissão, o desejo foi sendo adiado, até que em 2013, dez anos depois de sofrer o acidente de trabalho, ele encontrou a oportunidade ideal para ingressar na faculdade, em Joinville-SC. Diariamente, ele enfrenta duas horas de viagem de ônibus para participar das aulas. De acordo com Roberto, a vontade de saber mais sobre o assunto foi maior do que as dificuldades enfrentadas. “Assim, como aconteceu durante o curso técnico, a ajuda e o apoio dos professores do curso de graduação, dos colegas de turma e dos familiares me incentivaram nos estudos”, afirma. Atualmente, Roberto cursa o último ano de teologia, desenvolvendo seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), cujo tema é “A Celebração da Palavra por leigos e leigas”. Para o futuro, ele ainda planeja fazer um mestrado.
Graças à sua força de vontade, dentro de casa, na rotina da família, certas coisas também não mudaram. Com a ajuda dos filhos, Roberto realiza alguns consertos e é responsável por outras atividades, sendo a principal delas a manutenção do quintal. Com uma máquina adaptada para a cintura, ele corta a grama e, com os pés, arranca os matinhos e ajeita a terra. “Com a prática, passei a desenvolver melhor outros sentidos e aprendi a desenvolver coordenação nos pés”, fala. Segundo Roberto, não ter os dois braços desperta curiosidade e, até mesmo, certo preconceito das pessoas. “Quando as crianças questionam seus pais, por exemplo, sobre ‘o tio não ter os braços’, eles lhes orientam a se afastarem ou ficarem quietos, pois é falta de respeito”, conta. Para ele, o ideal seria que lhe questionassem e explicassem às crianças, para que elas crescessem enxergando como algo normal, fruto da genética ou de um acidente. Particularmente, ele prefere enxergar as dificuldades não como obstáculos, mas sim como degraus, para se tornar um marido e um pai melhor, para obter sucesso em suas realizações acadêmicas, para desenvolver novas percepções e, especialmente, para ser mais grato à vida.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 25
COLECIONADORES
Coleção rara conta a história da Segunda Guerra Mundial Ana Beatriz
Medalhas de condecoração, capacetes, máscaras de gás, fardas e muitos outros objetos que pertenceram aos combatentes da Segunda Guerra Mundial se tornaram verdadeiras relíquias. Ao contrário dos velhos tempos, hoje, alguns desses itens descansam tranquilamente e fazem parte do acervo do colecionador Abraão Gomes Portela, em Itapoá. Apaixonado por história, sua coleção vai além de um simples hobby: busca preservar as lembranças de um período sombrio, mas muito importante na história da humanidade. Em Itapoá, Abraão Gomes Portela coleciona itens da Segunda Guerra Mundial.
26 | Agosto 2016 | Revista Giropop
A
braão é natural de Campina Grande, no estado da Paraíba, viveu boa parte de sua vida na cidade de Curitiba-PR e há oito meses reside em Itapoá. O apreço pelo militarismo já está cravado nas raízes de sua família. Ele conta que seu avô trabalhou como voluntário na Segunda Guerra Mundial e que seu pai serviu o Exército Brasileiro em meados de 1960. Seguindo seus passos, Abraão estudou em um colégio militar, mas somente depois que concluiu a escola é que passou a se interessar e realizar pesquisas sobre a história do militarismo, especificamente sobre a Segunda Guerra Mundial. Por volta de 1999 surgiram os primeiros itens de sua coleção. “Desde o princípio, minha filosofia não é fazer apologia às guerras, mas dar atenção às histórias de coragem, bravura e heroísmo”, fala Abraão. Cada vez mais interessado pelo assunto, ele passou a garimpar em lojas de antiguidade, feiras de militarismo e visitar A coleção possui desde medalhas de sites de leilão à procura condecoração e capacetes até livros, de raridades da Segunda DVDs e documentários. Guerra, que durou de 1939
a 1945. Além dessas fontes de busca, ele conta que alguns objetos ainda foram trazidos do exterior por familiares. Atualmente, seu acervo conta com diversos itens que pertenceram a combatentes, que vão desde uma farda americana até um capacete encontrado em uma fazenda que serviu como campo de batalha, na Rússia. No entanto, basicamente metade de sua coleção conta a história do Brasil na Segunda Guerra Mundial. “Por serem itens muito raros, são muito valorizados e existem inúmeras réplicas”, conta Abraão. Para se certificar de que o objeto é mesmo original, o colecionador explica que o segredo está em observar os detalhes de acabamento e as marcas deixadas por intempéries, como manchas e ferrugens. Além dos objetos utilizados por militares, Abraão também reúne revistas e jornais com notícias da época. Para adquirir mais conhecimento, costuma assistir a filmes, documentários e ler livros – itens estes que também compõem seu acervo. “Existem boas histórias de ficções sobre a Segunda Guerra Mundial, porém, minha área de interesse são as histórias baseadas em fatos reais”, conta. Aos interessados, ele recomenda o livro e o filme “Band of Brothers” e o documentário “Senta a Pua!”. Para o promotor de eventos Paulo Abud, responsável pela 1ª
e 2ª edição do Encontro de Colecionadores de Itapoá, a coleção de Abraão é muito rica, pois além de contar parte da história do mundo, carrega também sentimentos. “Muitas pessoas antigas, que vivenciaram o período da Segunda Guerra, se emocionam ao se deparar com estes objetos, pois se recordam de tempos difíceis e de entes queridos. É uma emoção muito forte”, fala Paulo. Contudo, a coleção de Abraão agrada a todos os públicos, segundo ele, mais por fascinação do que pelo conhecimento da história. “Poucos têm ideia e dimensão do que foi a Segunda Guerra Mundial. Acredito que as pessoas precisam ter conhecimento do que foi este conflito e devem, inclusive, saber o quão importante foi a participação do Brasil. Afinal, muitos brasileiros estiveram do outro lado do continente, lutando pela paz que vivemos nos dias tuais”, fala o colecionador. Obviamente, ninguém considera a guerra como um fator positivo, mas o prazer de Abraão ao estudar sobre a história da humanidade e colecionar itens da Segunda Guerra Mundial se dá na preservação das recordações de um período tão importante. O colecionador acredita fielmente em uma reflexão muito conhecida, que diz: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 27
DIA DO MOTOCICLISTA
Amor de um casal e duas rodas Ana Beatriz
Em homenagem ao Dia Nacional do Motociclista, comemorado no dia 27 de julho, a Revista Giropop conta a história de um casal aventureiro que divide a mesma paixão sobre duas rodas. Eles são Antonio Boguslawski e Maria Boguslawski, de Itapoá. Casados há 40 anos, participam de grupos de motociclistas, vão a feiras, exposições e Na parede, diversos retratos, recordações das viagens e passeios do casal. encontros, e realizam viagens Ao lado, Antonio e sua moto, uma BMW R1200 GS. para outros estados e até mesmo países, tendo a moto recentes”, conta Antonio. Entre tonio já foi aos Estados Unidos, fala. como principal veículo. os modelos antigos, ele recorda Chile, Argentina, Uruguai, entre Segundo o casal, a viagem
E
m Curitiba-PR, desde criança Antonio demonstrava gosto por motocicletas. Aos 13 anos, trabalhou como ajudante em uma oficina de lambretas, e não demorou muito tempo para que adquirisse a sua também. “Na medida em que as motocicletas foram evoluindo, fui substituindo minha moto por modelos mais
que teve uma Gilera, Zundapp e Jawa. Mas, quando conheceu a esposa, era proprietário de uma moto Honda ano 1990. Sem perceber, Maria também se apaixonou pelo universo das motocicletas e resume bem o início de sua relação: “Boa parte de meu namoro foi na garupa”. A primeira viagem do casal foi em uma Virago 250, rumo a um encontro de motociclistas, em meados de 1995. De moto, An-
28 | Agosto 2016 | Revista Giropop
outros lugares. Em casal, ele e Maria realizaram viagens mais próximas, como Paraguai, São Paulo e Minas Gerais, onde, de moto, conheceram todas as cidades históricas do estado mineiro. Na volta da viagem ao Paraguai, Maria se recorda que estava chovendo forte e fazia muito frio: “Foi difícil. Eu cheguei a dizer que nunca mais viajaria com ele de moto, mas é claro que continuei indo, porque gosto muito”,
de moto é mais econômica e tem como foco a apreciação do trajeto, não apenas do destino. “Pegando a estrada de carro, sou apenas mais um. Já de moto, é possível se integrar e fazer amizades com mais facilidade. As pessoas param para perguntar de onde viemos, para onde vamos, querem contar suas histórias e ouvir as nossas”, diz Antonio. Até o destino desejado, paradas em hotéis são necessá-
Nos anos 60, a Lambreta era sua companheira.
rias e lhes reservam muitas surpresas. Para eles, andar de moto requer desapego e simplicidade, e até os momentos difíceis, de perrengues, são bons e deixam saudade. Aos 65 anos, Antonio prova que a idade de um motociclista está no seu espírito aventureiro. Pais de três filhos e avós de cinco netos, Antonio e Maria têm outros apaixonados por motos na família e foram, inclusive, influenciadores para despertar esse gosto. Por conta dessa paixão, também têm amigos motociclistas em todo o Brasil. Antonio é presidente do grupo Bodes do Asfalto em Itapoá, mas também tem boa amizade com outros
grupos de motociclistas do município, como Hellza’s e Amoita. “O universo dos motociclistas é caracterizado por muita união e respeito. Isso tudo é perceptível nos encontros de motociclistas, que reúnem muitas famílias”, diz. Depois de tantos modelos e histórias, atualmente Antonio é proprietário de uma motocicleta BMW 1200 GS, modelo que sempre quis ter. “Moto é como um sapato, ela tem que vestir bem, depois disso, é só ajustar e personalizar de acordo com seu gosto e necessidade”, fala. Para ele, ter uma esposa para levar na ga-
Um dos encontros de motociclistas, Assunção - Paraguay em 2014.
rupa e dividir com ela a mesma paixão, é também sinônimo de amizade e parceria. Assim como o piloto, o “garupeiro” também tem sua função: “O companheiro do banco de trás fica de olho na estrada e nos outros veículos, ajudando na manobra; deixa sempre o piloto ciente do que está acontecendo e ajuda nas curvas, através da inclinação do corpo e transferência de peso”, explica Maria, que ainda sonha em conhecer o Nordeste com o amado – de moto, é claro. Quando sentem saudades das aventuras já vividas sobre duas rodas, eles pegam os
álbuns de fotos, troféus e certificados de participações em encontros. Relembram as paisagens, os eventos, as rotas, os perrengues e os amigos. Atualmente, Antonio e Maria vivem e desfrutam de suas duas paixões: morar na praia e andar de moto, e finalizam: “Guardamos muitas histórias de cada viagem, conhecemos pessoas e convivemos com as diferenças culturais de cada lugar. É um aprendizado valioso, por isso, levamos apenas o essencial, poucas roupas, câmera fotográfica e, é claro, nosso espírito aventureiro”.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 29
EMPREENDEDOR DE GUARATUBA
A fórmula ideal para você Ana Beatriz
Foi-se o tempo em que a farmácia de manipulação atendia apenas algumas especialidades médicas. Hoje em dia é possível manipular praticamente qualquer medicamento, o que conquista cada vez mais pacientes. Visando novidades no mercado e as inúmeras vantagens dos medicamentos manipulados, os farmacêuticos Everton Bilci e Luiz Henrique Garcia abriram a farmácia de manipulação Farma & Fórmula, em Guaratuba.
D
a cidade de Arapongas, norte do Paraná, os amigos Luiz e Everton cursaram Farmácia juntos e, depois de formados, decidiram abrir o próprio negócio. “Trabalhando em uma farmácia convencional, notei a necessidade de medicamentos que chegassem com rapidez. Esta experiência despertou a vontade de abrir uma farmácia de manipulação”, conta Everton, que é farmacêutico especializado em manipula-
Luiz Henrique Garcia, é um dos proprietários da Farma & Fórmula de Guaratuba.
ção de medicamentos. Assim, no ano de 2009, os amigos abriram a Farma & Fórmula em Matinhos-PR, a primeira farmácia de manipulação da cidade. Cinco anos depois, com experiência no mercado, os farmacêuticos expandiram os serviços da farmácia para outra cidade, abrindo uma filial em Guaratuba. Compraram o espaço onde já funcionava uma farmácia de manipulação e, ali, instalaram a filial da Farma & Fórmula em 2014. Apesar do bom relaciona-
30 | Agosto 2016 | Revista Giropop
mento com a cidade, eles contam que ainda há uma pequena resistência da população quanto aos medicamentos manipulados. “A eficácia do tratamento com os produtos manipulados ainda gera certa desconfiança entre as pessoas. Mas cabe a nós, profissionais, educar o público para esta área, provando que os resultados obtidos através de tratamento destes medicamentos são bastante satisfatórios e têm inúmeras vantagens”, explica Everton.
Os medicamentos manipulados são “personalizados” de acordo com a necessidade de cada paciente, ou seja, podem ser feitos em forma de cápsulas, shakes, cremes, gomas de colágeno, chocolates, pós- aromatizados, etc. Segundo os farmacêuticos, outras vantagens são rapidez na entrega, medicamentos na dose exata e por um valor mais acessível. Na Farma & Fórmula, o prazo de entrega é o principal diferencial: os manipulados podem ser solicitados até às 11h e, em sua maioria, são entregues em até 24h. Os profissionais ressaltam que, para segurança do paciente, a manipulação de medicamentos só é feita com a apresentação de prescrição vinda de um profissional habilitado, como médico, farmacêutico, veterinário ou esteticista. Somente através da receita os farmacêuticos podem saber a dose exata que o paciente necessita, fazer um orçamento e enviar o pedido para a equipe de técnicos do laboratório, situado no piso superior da sala de atendimento. Atualmente, grande parte dos medicamentos pode ser manipulada, como remédios nutricionais, emagrecedores, homeopáticos, dermocosméticos,
fitoterápicos, ortomoleculares e receitas em geral, com exceção dos remédios que ainda estão sob o regime de patente. Na Farma & Fórmula também são preparados medicamentos modernos utilizados por atletas de ponta e são encontradas diversas novidades, como o creme biônico de colágeno, uma tecnologia de recolocação biônica capaz de aumentar em 115% o colágeno da pele. Visando a satisfação de seus clientes, a farmácia também atende pedidos através do WhatsApp e realiza disk entregas, com encomendas entregues, inclusive, em cidades próximas. “Trabalhamos com o atendimento farmacêutico, estudando as necessidades do cliente. Além disso, nossos estabelecimentos possuem laboratórios próprios de controle de qualidade, garantindo a segurança das fórmulas”, explica Everton. A Farma & Fórmula funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, até às 12h. Para o futuro, os farmacêuticos planejam expandir as entregas para todo o litoral paranaense e, quem sabe, abrir outras filiais. Há seis anos desenvolvendo medicamentos manipulados e modernos para diversos casos de pacientes, os farmacêuticos Everton e Luiz revelam o segredo que compõe a Farma & Fórmula e faz dela um empreendimento de sucesso: “O que nos trouxe até aqui foi o amor à profissão”.
2º RODEIO CRIOULO DE ITAPOÁ
Revista Giropop | Agosto 2016 | 31
A ACORI convidou todos para uma atividade fisica no calçadão, parabéns pela iniciativa, tomara que continuem e que as pessoas compareçam. Após uma noite de ensaio, o coral Vozes da Babitonga foi até ao Luiggi Dóro provar as delícias da casa. Silmara, assistente social da Apae recebendo doações de alimentos num evento organizado pela AMI. (Associação dos Músicos de Itapoá)
32 | Agosto 2016 | Revista Giropop
Júlia e Ana Flávia, neta e filha da Sônia vieram de Sidney passar uns dias conosco. Na foto juntamos a família ao completo. Ana Paula e Ana Carolina, as duas outras filhas da Sônia e os outros netos: Manoela, Leonardo, Mariana, Pedro e Ana Clara.
Inauguração da nova loja Vitória Materiais de Construção em Itapoá
Simone e Luiz, um casal espetacular á frente do Luiggi Dóro. Sucesso.
O Sr. Zagonel já conheceu os cantos á casa no Luiggi Dóro. Naquele dia foi só um caldo verde.
Revista Giropop | Agosto 2016 | 33
Itapoá e sua história (parte VIII)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.
N
o rol da rica, ousada e existosa história itapoaense já relatamos em números anteriores da bem elaborada Revista Giropop os títulos a seguir: Os índios carijós, primitivos habitantes de Itapoá e região; A expedição do francês Goneville no ano de 1504 levando na volta o indiozinho Içá-Mirim, que muito provavelmente foi o primeiro turista brasileiro a viajar para a Europa e por lá permanecendo. A comitiva comandada pelo espanhol Alvar Nunes Cabeza de Vaca que desembarcou na margem direita da baía da Babitonga, possivelmente em Itapoá e rumando a pé até Assuncion onde chegou após 130 dias de caminhada em 1542. A escravidão negra, cuja força de trabalho foi fundamental na geração de riqueza. No ano de 1541 a tão comentada e também criticada experiência socialista que mereceu toda atenção do Imperador D. Pedro II portando como fundamento a força do exemplo e o ideal de substituir pelo trabalho associado as injustiças oriundas do trabalho assalariado. Como, a dizer, o segredo dos que vencem é começar sempre de novo, os franceses, depois de frustrado o empreendimento colonizatório de 1841, aproveitam o que restou do conhecimento sobre esse rico potencial pedaço do Brasil e retornam, quase 100 anos depois, em 1919. Voltam, desta feita, com um empreendimento não mais colonizatório, mas sim de caráter exploratório e comercial. Os donos dessa companhia, o casal francês Edmund Paix e Madame Paix só vinham passar alguns meses na bela residência que construiram no Porto de Barrancos. O resto do ano viviam na França. Os primeiros enviados da empresa chegaram ao Porto de Palmital em 1919. Com os trabalhadores que os bons ordenados pagos pelos franceses atrairam, formou-se uma vila importante. A grandiosidade do empreendimento transformou o local em sede do Distrito de Garuva, criado em 1927, sendo nomeado Alberto Schwartz seu primeiro intendente. Nele encontrava-se a primeira escola da região, com 60 alunos. Somente em 1934, a sede do distrito foi
34 | Agosto 2016 | Revista Giropop
deslocada para o espaço territorial onde se encontra a atual sede do município de Garuva. Os franceses organizaram a Empresa Industrial e Agrícola Palmital Ltda. No começo, a principal exportação era de ‘’folhas de guanlóva ou palheiros’’, ‘’palha de cobrir’’, ‘’geonoma schottrana martins’’. Depois de murcha, faziam grandes fardos que eram levados para Francisco em lanchas e lá baldeados para os navios. Em seguida construiram a fábrica de conservas de palmitos e enlatados, incluindo carnes de todas as espécies voltada para a exportação. Também extraíram muita madeira e edificaram um descascador de arroz na localidade de Barrancos. A Vila do Palmital foi tão importante que por muitos anos a atual cidade de Garuva chamou-se ‘’São João do Palmital’’. Atualmente o local abriga ótimas pousadas. O porto da localidade de Barrancos foi o local que encantou os olhos de madame Paix. Ali os ‘’Paix’’ construiram sua residência do lado de cá, às margens do Golfo do Atlântico. Uma grande casa de dois pavimentos, entre bambuzais e eucaliptos, ao fundo de uma avenida de palmeiras. Dava acesso ao segundo pavimento pelo lado de fora por uma bela escadaria em estilo romano. Os vidros em cristal, mobiliário, ferragens e grande parte do material para a edificação foram trazidos da França. Abrimos parênteses, uma vez mais, para pontuarmos algumas questões abaixo tratadas a quem tem a ver com a História da nossa acolhedora Itapoá. 1. Estrada da Serrinha, SC 416. Como é do conhecimento de todos a mesma foi aberta pelos fundadores de Itapoá, todos sócios da empresa SIAP e concluída no ano de 1958, conforme farta documentação comprobatória. A frente desse arrojado empreendimento estava o senhor Dórico Paese, arcando com o pesado ônus. Todavia, para surpresa geral e total desconhecimento da História de Itapoá recebeu a denominação de Governador Pedro Ivo Campos, ou seja, o algoz de Itapoá, pois vetou o projeto de criação do município con-
trariando a vontade dos 956 eleitores que disseram sim no plebiscito, realizado em 1987, no qual apenas 97 discordaram. O indeferimento causou um mal estar geral na sofrida população e abrigou a realização de um segundo plebiscito no ano de 1988 que levou o Governador Cacildo Maldaner a sancionar a criação do município de Itapoá às 17 horas e quarenta e cinco minutos do dia 26 de abril de 1989. Nunca é tarde para reparar erros históricos, pois a verdade é como a cortiça... pode ficar algum tempo presa embaixo da água, porém ao menor descuido, vem a tona. 2. Livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva. A gratidão é a maior das virtudes e origem de todas as demais, dizia o grande orador Cícero. Oportuno salientar que a História escrita de Itapoá e Garuva se tornou uma realidade graças a preoucupação do então prefeito Mario Eloi Tavares, que ocupou o cargo por sete meses em razão da renúncia do titular preocupado com o manuscrito da História dos dois municípios, continuamente viajando no bagageiro do carro do autor, tomou a iniciativa de, juntamente com o então prefeito de Garuva, João Romão transformá-lo em livro. 3. Plano Diretor de Itapoá. Retornamos ao assunto na firme convicção de que venha a ser aprovada pela Câmara de Vereadores ainda no ano de 2016, pois é de extrema relevância para o município, já que estabelece coordenadas para o seu crescimento harmônico e também para obtenção de recursos. O protótipo elaborado por empresa especializada no ramo foi amplamente dissecado em todas as comunidades, através de audiências públicas, nas quais os moradores que compareceram expuseram suas idéias. Numa segunda etapa, sob a coordenação do Secretário do Planejamento Marcio Roberto Gonzato, em mais de 290 horas e cerca de 45 reuniões, engenheiros, arquitetos, advogados, sociólogos, e representantes dos diferentes segmentos da sociedade o analisaram de forma isenta e desprendida, pois doaram a bem do município e da comunidade o seu precioso tempo, finalizando-o e enviando-o a Câmara de Vereadores de Itapoá para última análise.