Revista Giropop - Edição 51

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Editorial

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o dia 26 de abril de 2017 o município de Itapoá completa mais um ano de emancipação política. São 28 anos de história, trabalho e desenvolvimento. Nesse espírito, a Revista Giropop comemora essa data evidenciando o que o município tem de melhor: sua natureza e sua gente. Preparamos uma matéria especial sobre o rio Saí Mirim – um traçado sobre o curso de água mais importante para Itapoá –, abordando temas como conservação de proteção da água e medidas para resolver problemas relacionados à poluição, e conhecemos o trabalho da associação de proteção do mangue do município. Também entrevistamos dois moradores antigos, cujas histórias de vida se confundem com a história de Itapoá. Afinal, nada melhor do que cantar parabéns à cidade conhecendo mais sobre ela. Ainda na edição 51, contamos a trajetória de esportistas que são motivos de orgulho para todo o município, como um corredor de 61 anos que correu 61 km, e um jovem atleta paraolímpico de tênis de mesa que é destaque a nível nacional; provando que nossa gente é de garra, fibra e muito talento. No mais, além de toda a felicidade de toda a equipe em morar e compartilhar bons momentos em Itapoá, neste mês de comemorações agradecemos a confiança ao nosso trabalho. É sempre bom ter motivos para comemorar e agradecer. Seja bem-vindo à nossa festa!

ÍNDICE Passado, presente e futuro integrando 28 anos de Itapoá, município progresso

Por Vitorino Paese Pág 6

RIO SAÍ MIRIM Um traçado sobre o manancial que abastece o município Pág 10 Da área rural para a cidade Pág 16 Conservar é preciso Pág 17 Apremai busca parceiros e voluntários Pág 24

O livro Memórias Históricas de Itapoá a Garuva, escrito pelo historiador Vitorino Paese encontra-se à venda na Livraria Oceano anexo Supermercado Brasão

QUEM SÃO - Itapoá segundo os Manoéis Pág 26 ADOTE UM ATLETA - PH de Itapoá para o mundo Pág 30 FISIOPILATES - Natação, um dos esportes mais completos Pág 32 SUPERAÇÃO - Corredor completa desafio de 61km Pág 34 EMBARQUE - Inesquecível Londres Pág 38 SOCIAL BETO VIEIRA Pág 37

Ao amigo, colunista e historiador Vitorino Paese nosso obrigado pela atenção e carinho dedicado.

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RIO SAÍ MIRIM

Um traçado sobre o manancial que abastece o município Ana Beatriz Machado

No dia 26 de abril nossa Itapoá completará 28 anos de emancipação política, uma data para vibrar, mas também refletir sobre o futuro do nosso município. Neste ano, a Revista Giropop comemorou esta data de um jeito diferente: acompanhando todo o trajeto da área rural do Rio Saí Mirim, manancial para captação de água de Itapoá, que percorre 42,8 km do município. Através desta experiência, abordamos temas como a conservação e proteção da água, desenvolvimento correto dos recursos hídricos e medidas para resolver problemas relacionados à poluição. Nesta aventura, fomos acompanhados por Enio Dambrós. Criado em lavoura, ele foi técnico de agrícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) durante quatro anos. Há sete anos Enio também participou do projeto de uma exposição fotográfica itinerante do Rio Saí Mirim, e realizou parte do percurso do rio de barco, durante uma semana, na companhia de dois profissionais. Pela colaboração nesta matéria, nossos agradecimentos a este grande conhecedor da área rural de Itapoá.

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Enio Dambrós, nosso guia turístico pela área rural do Rio Saí Mirim.


Partindo da sua nascente, a cachoeira da Serrinha é o primeiro ponto turístico que se beneficia de uma vertente do rio.

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á quem diga que Itapoá se assemelha a uma ilha, cercada por água de todos os lados, já que está inserida entre ecossistemas extremamente frágeis: o marítimo e o fluvial. A rede hidrográfica de Itapoá é formada por importantes rios, também a nível regional, como o Rio Saí Mirim, localizado no extremo norte do município, que abriga expressiva biodiversidade e oferece atrativos naturais de beleza

incomum, além de ser o manancial para captação de água para o abastecimento da população. A bacia hidrográfica deste rio é considerada de maior influência e presença no município por possuir diversos corpos d’águas, curvas e vertentes que irrigam Itapoá. De acordo com o relatório “Incursão ao Rio Saí Mirim”, proposto pelas entidades ambientalistas ADEA, Associação de Proteção da Reserva do Mangue de Itapoá (APREMAI), Fundação Pró-

-Itapoá e Vida Preservada, o Rio Saí Mirim e a respectiva bacia hidrográfica abrange uma área de contribuição hídrica de 177,10 km² e perímetro de 77,26 km, nos municípios catarinenses de São Francisco do Sul, Garuva e Itapoá. Outra característica da bacia, conforme o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico (PMISB) do município, fornecido pela Prefeitura Municipal de Itapoá, é que mais de 70% de sua área está localizada na zona rural do município.

Começamos nosso roteiro nas nascentes do Rio Saí Mirim, na sua maioria, situadas nos limites de São Francisco do Sul, ao lado direito do topo mais alto da estrada que leva a Vila da Glória, pelo asfalto da SC 416. Lá de cima, é possível avistar parte do mar de São Francisco do Sul (localizado a, aproximadamente, 4 km de distância do local), e morros por todos os lados. Acompanhando o fluxo do rio, descemos um pouco e encontramos o primeiro ponto turístico que se beneficia de uma vertente do Rio Saí Mirim: a cachoeira da Serrinha.

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A CASAN, através de travessia subaquática pela Baía da Babitonga, recalca parte da água do rio para São Francisco do Sul.

Mais a frente, na comunidade Cristo-Rei, há também a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) do município. Enio explica que, através de travessia subaquática pela Baía da Babitonga, a empresa recalca parte da água do rio para São Francisco do Sul. No local, é possível observar uma pequena barragem com filtro utilizada pela CASAN para retirar as impurezas da água. Partindo dali, fica difícil avistar o rio pela estrada, mas, por trás das árvores, todos os canais de água vão se encontrando para dar forma ao Rio Saí Mirim. No caminho, é possível observar diversas espécies de Guarapuvu, árvores frondosas, utilizadas antigamente na fabricação de canoas – hoje, muito raras e pro-

tegidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). Já na comunidade do Saí Mirim, boa parte das terras se trata de mata preservada, onde moradores e produtores obtiveram o seu cantinho para residir e produzir alimentos. Próximos e localizados na Estrada Geral do Saí Mirim, podemos observar

outros pontos turísticos, como a Cachoeira do Casarão, cuja água, segundo moradores locais, vem do Rio do Meio, um afluente (rio ou curso de águas menores que desaguam em rios principais) do Rio Saí Mirim, e espaços para pesque-pague, como o Pesque-pague Ledoux e a Chácara Jacaré. De acordo com Enio, os locais de pesque-pague não se beneficiam diretamente do Rio Saí Mirim, mas de suas vertentes exclusivas.

Segundo o Relatório de Trabalho da Epagri de 2016, pela zona rural de Itapoá estão dispostos

Guarapuvu, espécie de árvore utilizada antigamente na fabricação de canoas.

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100 hectares de área de cultivo de arroz, 100 hectares de cultivo de banana, 55 hectares de cultivo de aipim 160 hectares de produção de palmito 350 hectares de áreas de reflorestamento de árvores da espécie Pinus e 80 hectares de áreas de reflorestamento de árvores da espécie Eucaliptos, pertencentes à propriedade da empresa Comfloresta – Cia Catarinense de Empreendimentos Florestais.


Pelo caminho, é possível avistar diversas plantações de banana, arroz, palmito, aipim, além de áreas de reflorestamento.

Pelo caminho, conhecemos Paulo Martimiano Dias, 67 anos, nascido e criado na comunidade do Saí Mirim, e secretário de finanças do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapoá. Sua casa fica localizada próxima ao rio Água Branca, outro afluente do Rio Saí Mirim. Em sua casa há também um açude construído por ele, abastecido com água de uma vertente, conduzida por 1470 metros de mangueiras que captam a água por detrás do morro. No açude, Paulo cria jundiás, carpas, tilápias e outros peixes para consumo próprio.

À esquerda, a Cachoeira do Casarão. Já à direita, o Pesque-pague Ledoux (acima) e a Chácara Jacaré (abaixo).

“Hoje, quase ninguém da área rural aproveita a água do rio, com exceção, talvez, dos pescadores. Também percebo que o volume de água está menor que era em minha infância”, fala o morador da comunidade do Saí Mirim, “em compensação, podemos beber a água do rio de qualquer ponto, pois sua qualidade permanece a mesma”.

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Paulo Martimiano Dias, nascido e criado na comunidade do Saí Mirim, nos levou até o Rio do Meio, outro afluente do Rio Saí Mirim.

Através de um caminho por trás de sua casa, Paulo nos levou a um trecho do Rio Saí Mirim, onde desagua o Rio do Meio, ou seja, onde se encontram todos os afluentes da Cachoeira do Casarão. No caminho, nos contou uma de suas lembranças relacionadas ao rio: “Antigamente, ia de carroça até a ponte antiga (localizada no asfalto da SC 416), levava mercadorias para colocar nas canoas, e navegava até a foz do Rio Saí Mirim para chegar lá e

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trocar as mercadorias por peixes” – hábito comum dos produtores na época. Após as comunidades de Cristo-Rei, em São Francisco do Sul, e Saí Mirim, em Itapoá, chegamos à comunidade do Braço do Norte, também em Itapoá. Lá, visitamos Laura Fernandes Gerker e Luis Francisco Gerker, o Loli – uma das primeiras famílias de moradores da comunidade. Sua casa fica localizada a aproximadamente 12 km da nascente do Rio Saí

Ponte velha (localizada no asfalto da SC 416), onde moradores deixavam as carroças para partirem de canoa até a foz do rio.

Mirim, e bem em frente a um afluente do rio, que, segundo ele, é chamado de Rio Lamim. Aos 79 anos de idade, Loli, que foi nascido e criado na vila do Braço do Norte, conta que foi lá que viu seus dez filhos crescerem e mostrou aos seus netos a alegria de se viver junto à natureza. Na casa de Loli e Laura, a água límpida vem diretamente de uma vertente do rio e tem sabor muito agradável. O casal explica que, próximo a sua casa, cruzam

três rios afluentes do Rio Saí Mirim: “o Rio Batuvi, mais acima, o Rio Lamim, bem atrás de nossa casa, e o Rio Braço do Norte, mais abaixo”. De acordo com Enio, é na comunidade do Braço do Norte, em Itapoá, que se encontram a maior parte cultivo de arroz, as chamadas arrozeiras. Presentes em boa parte do percurso, elas são abastecidas com águas de nascentes do Rio Saí Mirim. “As arrozeiras armazenam, reutilizam a água e


Na casa de Laura Fernandes Gerker e Luis Francisco Gerker (o Loli), a água, diretamente de uma vertente do rio, tem sabor muito agradável.

despejam-na para dentro o rio. Como a água desce lentamente, ela não desperdiça nutrientes da água. Além disso, o arroz necessita de água e sol, elementos que temos em abundância, e é um alimento de baixo custo e sustentável, que pode ser produzido apenas usufruindo da natureza”, fala Enio. Apesar de o trecho do Rio Saí Mirim ser o mais longo do percurso, é o trecho do Rio Braço do Norte que possui maior volume de água, pois apresenta maior área de captação, ou seja, é o que mais beneficia e fornece água para o município de Itapoá. O Rio Braço do Norte é um divisor de águas, pois separa duas vertentes do Rio Saí Mirim: o Braço do Norte, pertencente ao mu-

bugios, onças parda, catetos (porcos do mato), quatis, iraras, lontras, tatus, jaós, jacus, arapongas e outras tantas espécies.

Ao fundo, uma das plantações de arroz que fazem parte da bacia hidrográfica do rio.

nicípio de Itapoá, e o Bom Futuro, pertencente ao município de Garuva. “Porém, essa divisa chega a ser quase imaginária, pois as duas regiões são muito próximas e semelhantes”, diz Enio.

Logo atrás dessa divisa, ele nos conta que há belos morros e uma mata fechada com fauna relativamente preservada, com a presença de animais silvestres, como

Na comunidade do Bom Futuro, Alcides Vieira é um dos produtores de arroz de Garuva, plantando cerca de 80 hectares. Ele conta que, somado às produções de outros moradores, as águas de, aproximadamente, 220 hectares de plantações de arroz fazem parte da bacia hidrográfica do Rio Saí Mirim. Próximo ao asfalto da SC 416 já é possível avistar a imensidão de arrozeiras dos produtores de Garuva e o sistema de passagem da água pela mesma, que desagua no Rio Saí Mirim.

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RIO SAÍ MIRIM

Da área rural para a cidade

Em uma das Estações de Tratamento de Água (ETA) da Itapoá Saneamento, conhecemos o processo de captação d’água bruta para o tratamento.

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or fim, deixando as localidades do Braço do Norte e do Bom Futuro, atravessamos o asfalto da SC 416 para chegarmos à outra comunidade: o 1º de Julho, em Itapoá, popular pelo Pesque-solte 1º de Julho e pelo Centro de Tradições Gaúchas, o CTG. À direita da porteira do CTG, ao final da Estrada Geral da Serrinha da comunidade rural 1º de Julho, está localizada a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Itapoá Saneamento. Trata-se do segundo ponto (ETA 2) de captação que bombeia água bruta para o tratamento – o primeiro ponto (ETA 1) fica localizado ao final da Rua 650, no Balneário Brasília, e o terceiro ponto (ETA 3) fica localizado ao final da Rua 1000, no Balneário Jardim da Barra. Todos os três pontos estão localizados na extensão do Rio Saí Mirim. Elimar Althaus Monte Raso, operador da ETA 2, nos explica que a empresa capta água no Rio Saí Mirim e trabalha 24 horas por dia para manter a qualidade da água, que é distribuída para toda a população itapoaense. Lá, a água do rio é filtrada e tratada para ser enviada às casas do município, com o pH (potencial hidrogeniônico) de 6,5 a 7 – considerado neutro. A poucos passos da ETA 2, chegamos até o trecho onde o Rio Saí Mirim e o Rio Braço do Norte se

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encontram; também é lá que estão a bomba e a barragem para que a Itapoá Saneamento envie água para toda a cidade. Para Andressa Ritter Vaz, assessora de comunicação da Itapoá Saneamento, a empresa compreende que o Rio Saí Mirim é de fundamental importância para o município de Itapoá, uma vez que é deste manancial que se retira a água in natura que é tratada nas ETA’s, para se tornar potável e própria para o consumo humano e ser distribuída para a população local. Além disso, Andressa explica que os pontos de captação de água são monitorados regularmente e realizadas análises da qualidade da água do rio periodicamente, a fim de garantir a eficácia do processo de tratamento da água, garantindo assim a distribuição de água potável com qualidade, quantidade e continuidade.

“O plano da Itapoá Saneamento é consolidar o pleno abastecimento de água para o município, com a finalização da implementação do novo sistema produtor de água, projetado já prevendo o crescimento populacional e, principalmente, o aumento de consumo nas temporadas de verão”, fala a assessora de comunicação da empresa.

Como parte do projeto do sistema produtor, a Itapoá Saneamento está em fase de elaboração de um projeto para nova captação de água bruta, que partirá do Rio Saí Mirim e terá um espaço destinado para ações socioambientais. Também está em andamento o projeto para implantação do esgotamento sanitário, que prevê a universalização da coleta, afastamento e tratamento de todo esgoto gerado pela população do município. “A Itapoá Saneamento vem trabalhando intensamente para resolver o problema de falta de água no município durante a temporada. Um grande passo foi dado neste verão, onde foi reduzido significativamente as ocorrências de falta de água com a implantação do novo sistema produtor, mesmo em regime de operação emergencial”, explica Andressa, “ainda há muito o que se fazer, mas com dedicação da equipe técnica e investimentos isso será possível”. Para contribuir com o trabalho da Itapoá Saneamento, os moradores podem fazer a sua parte ajudando na preservação do manancial e seu entorno, não jogando lixo e não poluindo o rio. Chegando ao destino final da área rural do município, concluímos que o Rio Saí Mirim, se tratando de sua localidade rural, ainda não so-

freu grandes impactos ambientais, tem sua flora e fauna preservada e beneficia quase que exclusivamente a população urbana de Itapoá, oferecendo a ela água tratada. Apesar de tamanho benefício, muitos acreditam que esta região possa ser ainda mais explorada e preservada.

“Precisamos pensar em proteger o macro, não o micro. Um bom exemplo é o de que precisamos proteger a onça, nosso maior predador selvagem, pois, para que ela sobreviva, teremos de proteger a mata como um todo, incluindo outras espécies e, consequentemente, protegeremos o Rio Saí Mirim”, diz Enio. Para ele, o nosso guia turístico desta pauta, o Rio Saí Mirim é uma bênção e a natureza é perfeita, mas nós, seres humanos, devemos realizar ações contínuas, monitoramentos e programas ambientais para mantê-los preservados e conservados. Ademais, Enio também acredita que essa região possua grande potencial para turismo ecológico, como trilhas, a fim de educar e integrar a população itapoaense e visitantes dentro da história do próprio município. E finaliza: “educação ambiental não são palavras, mas atitudes”.


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Conservar é preciso

a época, presidente da ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental, o secretário executivo da associação, Werney Serafini, foi um dos idealizadores do projeto mostra fotográfica “Saí Mirim do começo ao fim”. Participou, também, da equipe que realizou o evento “Incursão ao Rio Saí Mirim”, que deu origem a um detalhado relatório sobre os impactos ambientais causados ao rio. De acordo com esse relatório, os impactos constatados, sobretudo no perímetro urbano, foram: supressão das matas ciliares; fragmentação de habitats fluviais; extração clandestina de palmito Juçara; plantio de essências exóticas (como Eucaliptos e Pinus); lançamento de efluentes (esgotos domésticos in natura), resíduos do manejo de arrozeiras e, principalmente, desmatamento e ocupação ilegal das margens do rio. Constatou, inclusive, adiantado processo de assore-

Por sua expressiva biodiversidade e atrativos naturais de beleza incomum, o Rio Saí Mirim encanta a todos.

amento em trechos próximos a desembocadura no mar. Numa comparação, Werney considera o Saí Mirim e sua bacia hidrográfica tão importante quanto são as praias para o município.

“Algumas pessoas não compreendem por que morando em um município litorâneo com tanta praia e mar como Itapoá, insisto

sobre o cuidado com o rio e a mata. Costumo responder que Itapoá é especial, pois tem praia, tem rio e tem mata”, diz Werney, “mas, se não cuidarmos, em pouco tempo isso poderá acabar”. Ele acredita que o Saí Mirim, manancial para o abastecimento d’água de Itapoá, está ficando gradativamente comprometido,

notadamente na região de Itapema do Norte, onde existem ocupações irregulares nas margens do rio. Enquanto morador do município, sua expectativa vai de encontro com uma das propostas da ADEA, em que, as margens do rio, por força de lei municipal são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP’s), em 100 metros, de cada lado, nas áreas

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Por sua expressiva biodiversidade e atrativos naturais de beleza incomum, o Rio Saí Mirim encanta a todos.

não loteadas, e 50 metros nas urbanizadas, devem ser transformadas em Unidade de Conservação fazendo parte de um mosaico abrangendo 50% do território, composto por Áreas de Preservação Ambiental (APA’s), Parques Lineares, Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s) e outras modalidades, a começar pelas margens do Saí Mirim. Para isso, são necessárias políticas ambientais voltadas à conservação e a preservação. “Nos últimos anos, em Itapoá, as políticas ambientais foram direcionadas às questões relativas a licenciamentos ambientais para supressão de vegetação. Os licenciamentos são importantes, mas acredito que devem ser submetidos a uma visão conservacionista e preservacionista”, diz Werney. Em sua opinião, não basta que alguns moradores tenham consciência sobre a necessidade de proteger o meio ambiente e impedir todas as formas de poluição e agressão ao Rio Saí Mirim, mas que a população como um todo deveria ser sensibilizada.

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Por fim, Werney parafraseia o dizer do economista Moura Andrade, que considera adequado ao momento atual: “se cada pessoa, individualmente, destruir um infinitésimo (uma árvore, por exemplo), o efeito, aparentemente, parecerá mínimo, mas se coletivamente todos destruírem um infinitésimo, haverá certamente uma tragédia ambiental”.

Ética e educação ambiental

Em nome da equipe da Assessoria e Planejamento Ambiental & Associados – Asplamb, Jéssica Holz, bióloga e responsável técnica, ressalta que, para preservar o Rio Saí Mirim, é preciso tratar o esgoto doméstico para que não seja lançado in natura no rio, evitar o desmatamento e construções em áreas não edificáveis, realizar o replantio de espécies nativas para evitar o assoreamento, além de prevenir, avaliar e monitorar a mata ciliar associada ao Rio Saí Mirim. Ela explica que as áreas de matas ciliares e manguezais es-

tão inseridos dentro do conceito de Áreas de Preservação Permanente (APP’s), ou seja, áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, definidas no Novo Código Florestal (Lei Federal nº 12.651/2012). “Contudo, a lei tem o sentido, também, de proibir construções às margens do referido rio devido às enchentes que podem ocorrer, realizando danos às propriedades”, explica. Para tal, a empresa Asplamb pode contribuir atuando junto das entidades ambientais municipais na elaboração de projetos de educação ambiental e de projetos técnicos, com o intuito de recuperar e monitorar as áreas de APP do rio.

Secretaria de Meio Ambiente em ação

Além de ser o manancial que abastece água para a população

itapoaense, irriga sua agricultura e apresenta a maior bacia hidrográfica da região, recebendo contribuições de diversas vertentes, Ricardo Haponiuk, secretário do Meio Ambiente de Itapoá, salienta outra notável característica do Rio Saí Mirim: “Ele atravessa longitudinalmente todo o território itapoaense, desde a zona rural até a divisa com o Paraná. Essa mistura de características o torna, por consequência, o curso d’água mais importante para Itapoá” – o que justifica a necessidade da sua preservação. Entre as maneiras de se proteger os cursos d’água, ele destaca a preservação de seus mananciais, a manutenção das matas ciliares e o combate à poluição. “Legalmente, há uma série de dispositivos nas diversas esferas que protegem os recursos hídricos, boa parte deles focados, essencialmente, na conservação da qualidade d’água, que é crucial para todas as atividades humanas. O novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), por exemplo, instituiu como Áre-


as de Preservação Permanente (APP’s) espaços de caráter ambiental frágil ou vulnerável, como é o caso das nascentes e das margens dos rios. Nessas situações, a interferência antrópica é regulamentada a fim de preservar as condições naturais da área”, explica Ricardo, “dessa forma, construções e supressão de vegetação nessas regiões são, salvo algumas exceções, vedadas, assim como o lançamento de esgoto ou efluentes não tratados diretamente nos rios”. Como já mencionado, a manutenção da vegetação que mar-

geia o rio é fundamental para a conservação dos recursos hídricos. O secretário do Meio Ambiente explica que a mata ciliar, como é tecnicamente conhecida, apresenta um conjunto de funções ecológicas que influenciam a qualidade da água, além de desempenhar um papel importante no combate ao assoreamento dos cursos da água. “Vale ressaltar que a reposição dessa mata, quando degradada, deve ser feita com rigor técnico, principalmente no que diz respeito ao tipo de vegetação a ser replantada. O simples fato de plantar

qualquer tipo de árvore na beira dos rios, principalmente espécies exóticas, não garante o papel crucial que a mata ciliar desempenha”, diz. Por fim, Ricardo, em nome da Secretaria de Meio Ambiente, explica que para colocar em prática qualquer iniciativa quanto ao Rio Saí Mirim, como ações e/ou projetos, é necessário, primeiramente, conhecer o curso d’água, a dinâmica da sua bacia de contribuição e dos seus afluentes.

“Para esse propósito, a Secretaria já está compilan-

do informações e dados já existentes, assim como irá desenvolver estudos complementares para produzir um diagnóstico preliminar do Rio Saí Mirim”, diz o secretário de Meio Ambiente. Ainda conforme o secretário, a partir dessa análise será possível ter um panorama da realidade do curso d’água: “somente então, vamos partir para a fase de elaboração de projetos tecnicamente mais fidedignos e coerentes com as reais demandas da comunidade itapoaense”.

Por nos contemplarem com suas informações técnicas e opiniões acerca deste tema, agradecemos também a Antonio Carlos Pereira, extensionista técnico da Epagri, Elimar Althaus Monte Raso, operador da Itapoá Saneamento, Andressa Ritter Vaz, assessora de comunicação da Itapoá Saneamento, Werney Serafini, secretário executivo da Associação de Defesa e Educação Ambiental (ADEA), Jéssica Holz, bióloga e responsável técnica da Assessoria e Planejamento Ambiental & Associados (ASPLAMB), e Ricardo Haponiuk, Secretário do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Itapoá.

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MEIO AMBIENTE

Ana Beatriz Machado

APREMAI busca parceiros e voluntários para atuarem na proteção da reserva do mangue de Itapoá

“Preservar a natureza é respeitar a vida e o futuro” – esta é a ideologia da Associação de Proteção da Reserva do Mangue de Itapoá, a APREMAI. Atuante na região da Barra do Saí, mais precisamente na área de mangue onde desemboca o Rio Saí Mirim, que percorre todo o município, a APREMAI tem o intuito de sensibilizar a comunidade local e os turistas sobre educação ambiental e preservação do meio ambiente. Mas, para que a associação dê continuidade aos projetos já executados, busca parceiros e voluntários com um objetivo em comum: uma Itapoá mais responsável ambientalmente.

Idealizada a partir de uma reunião dos moradores e pescadores da região da Barra do Saí, a APREMAI é uma organização independente, registrada em 22 de agosto de 2006; no entanto, já vem cuidando da área há, aproximadamente, dezesseis anos. Segundo Carlos José Sentone, mais conhecido como Carlinhos, presidente e um dos idealizadores da associação, “a projeção da APREMAI é estimular o conhecimento ambiental e a formação de um pensamento crítico sobre os problemas e soluções para o meio ambiente. Tudo isso, através de um conjunto de ideias e objetivos, trabalhando em equipe e idealizando a obtenção de conhecimento”. Entre os projetos da associação, destaca-se o Projeto de Educação Ambiental, que visa o uso sustentável dos recursos naturais locais, trabalhando a impor-

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Carlos José Sentone, o Carlinhos, presidente e um dos idealizadores da APREMAI, na companhia de um aluno da APAE.

tância da conservação do meio ambiente e do bem estar social da comunidade em geral. Disseminando o conhecimento para as próximas gerações, a APREMAI realiza parcerias com instituições escolares do município de Itapoá, com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Itapoá e recebe, inclusive, vi-

Maratona ecológica da APREMAI realizada em parceria com a APAE de Itapoá.

sitas de escolas de outras cidades, como Blumenau-SC e Itajaí-SC. “A parceria com as escolas e demais associações, como a APAE, é muito significativa para nós, pois, através da dinâmica de vídeos, palestras, maratonas, gincanas ecológicas e brincadeiras, formamos novos cidadãos e futuros protetores dos nossos

manguezais e do Rio Saí Mirim”, fala o presidente da APREMAI. Várias mudanças positivas foram observadas desde o início do trabalho da associação. Segundo Carlinhos, os 159.000 metros de área de mangue estavam bastante comprometidos, devido à poluição e à ocupação indevida. “Muitos pescadores se queixa-


Disseminando o conhecimento para as próximas gerações, a associação realiza palestras em escolas, gincanas ecológicas na área de proteção, eventos em comemoração ao Dia da Árvore, à Semana do Meio Ambiente, entre outros.

um equilíbrio ambiental é preciso a participação de todos. “Salvar o mangue é salvar as espécies que desconhecemos e proteger a biodiversidade do planeta. Nossa mudança de atitude é urgente, pois as mudanças climáticas já estão acontecendo e nos afetando”, explica, “esse cuidado com o meio ambiente deve ser coletivo e institucional, uma vez que estamos todos aprendendo que já destruímos o bastante e agora necessitamos aprender a construir e salvar”. Por fim, ele deixa o convite: “se você deseja ajudar a salvar os nossos manguezais e o nosso Rio Saí Mirim, apoie a causa da APREMAI, limpando, monitorando, promovendo educação ambiental e, assim, inspirando outras pessoas a mudarem atitudes”.

Nas redondezas da área protegia pela APREMAI, existe caranguejo guaiamum, jacaré-de-papo-amarelo, além de aves de espécies raras.

vam que não havia mais peixe no rio”, recorda. Hoje, moradores e visitantes do local estão mais conscientes e a área de mangue na Barra do Saí é, segundo Carlinhos, uma das mais preservadas de todo o Rio Saí Mirim. De acordo com moradores locais, a mata ciliar se recuperou, e nas redondezas do mangue é possível observar o jacaré-de-papo-amarelo, gaviões-pega-macaco, caranguejo guaiamum, além de aves de espécies raras. Já no rio, para o bem daqueles que sobrevivem da pesca, encontram-se peixes, como tainhas, robalos, caratingas e escrivãos. Nas palavras do presidente da associação: “o mangue voltou a viver”. Atualmente, a APREMAI conta com 11 membros ativos e, aproximadamente, 20 associados. Carlinhos, o presidente, conta que, sempre que possível, por hábito, prepara seu barco e rea-

liza o monitoramento de toda a área. “Mas, para fazer mais pelo mangue da Barra do Saí, estamos recrutando corpo técnico, voluntários e estagiários”, diz. Alguns dos projetos previstos para a associação são: oficializar o espaço como área voltada ao turismo ecológico, realizar oficinas

e palestras, e desenvolver pequenas ações sustentáveis, como, por exemplo, horta comunitária, viveiro de mudas de árvores, oficinas de reciclagem, plantio de mudas de espécies nativas, gincanas de limpeza de praias e mangues, etc. Para Carlinhos, para manter

Os adultos também devem fazer a sua parte. Na foto, moradores realizando mutirão de limpeza pelo rio.

Deseja fazer parte da associação ou, então, firmar alguma parceria? Entre em contato com o Carlinhos através do telefone (47) 9 9605-4005, diretamente na sede da APREMAI, situada ao final da Rua Tupy (Rua 60), nº. 465, na Barra do Saí ou, ainda, pela página “Apremai”, no facebook.

Placas educativas, a fim de conscientizar moradores e visitantes da região.

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Quem são? MANOEL CALDEIRA E MANOEL PEREZ

Itapoá segundo os Manoéis

Ana Beatriz Machado

No “Quem É?” desta edição, em comemoração ao aniversário de Itapoá, conhecemos a história de duas personalidades marcantes e antigas do município: Manoel Caldeira, também conhecido por Seu Maneco, e Manoel Perez da Silva, também conhecido por Manoel Quati. Amigos de longa data, o primeiro foi criado na região da Barra do Saí, enquanto o segundo foi criado próximo ao morro da comunidade do Saí Mirim. Além do primeiro nome, os Manoéis desta pauta têm em comum o amor por Itapoá e suas histórias de vida, que se confundem com a história do município.

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O primeiro Manoel, o Caldeira

Também conhecido por Seu Maneco ou Seu Caldeira, Manoel Caldeira, natural de Itapoá, mora na Barra do Saí, tem 84 anos e uma porção de histórias. Ele não sabe ao certo se a origem de sua família é portuguesa ou espanhola, mas conta que seus avós chegaram ao Brasil de navio. Seu pai, Aristides Caldeira, nasceu e cresceu em Guaratuba e, aos 25 anos, passou a residir em Itapoá, onde conheceu sua mãe, Maria Clara, na comunidade do Saí Guaçu, do outro lado do rio. Eles se apaixonaram e, então, Aristides trouxe Maria para morar na comunidade do Saí Mirim, em Itapoá. Juntos, tiveram quatro filhos: duas mulheres e dois homens; Manoel foi um deles. Ele é do tempo em que não havia quase nada em Itapoá. “O rio era a estrada. Para irmos às cidades vizinhas, só de canoa”, recorda. Grande conhecedor do município, Seu Maneco diz que já ouviu muitas pessoas afirmando que sabem tudo sobre Itapoá e, quando isso acontece, ele lhes desafia: “Você sabe onde fica a Volta da Figueirinha ou do Bananá, no Rio Saí Mirim? Se não sabe, não conhece tudo”.

Manoel Caldeira

De acordo com Seu Maneco, antigamente, cada volta do Rio Saí Mirim possuía um nome específico, batizado por moradores locais. Para nos explicar melhor, de-

senhou as curvas do rio no chão de sua casa. Partindo da sua foz, na Barra do Saí, recordou cada nome, são eles: Ostra, Tetequera, Ostrinha, Poço Novo, Marca, Poço de Baixo do 2000 (que leva esse nome porque, no local, foram pescadas 2000 tainhas), Poço de Cima do 2000, Volta do Jaruvá, Volta Comprida do Bugio, Poço do Bugio, Piçarrão, Volta Comprida do Piçarrão, Volta do Quati, Poço da Figueirinha de Baixo, Poço da Figueirinha de Cima, Volta Comprida da Figueirinha, Poço Redondo, Volta do Poço da Coroa, Volta da Pistola, Poço do Crispim, Volta da Goiaba, Poço do Piri, Volta do Arrancado de Baixo, Volta do Arrancado de Cima, Volta da Timbuva, Volta do Piçarrão (localizada na ponte de cimento da estrada Cornelsen), Volta do Bananá, Volta Comprida do Bananá e Passa-macaco. A partir

desse ponto, Seu Maneco não se recorda dos nomes das voltas do rio e diz que quem o sabe é seu amigo, o Manoel Perez. Assim como cada volta do Rio Saí Mirim, ele diz que, a cada 1000 metros, as praias de Itapoá têm nomes específicos, não encontrados. Começando na Barra do Saí, são eles: Abreu, Crispim, Arrancado, Roxo, Camboão, Mendanha, Ilha do Meio, Ariel, Lagoinha, Lorato, Itapoá, Morretes, Barra do Rio, Ana Rosa, Ponta do Pontal, Pontal, Piçarras e Figueira. Sua infância foi difícil. Com apenas 8 anos de idade, Manoel levava cinco crianças menores para estudar na Barra do Saí de Guaratuba, todos os dias, de canoa. “As outras crianças aprenderam uma coisinha ou outra, mas eu não aprendi nada, pois tinha que conduzir a canoa e ainda cuidar delas”, diz. Já aos 11 anos, seu pai, que era pescador e navegador, veio a falecer, e Manoel passou a ajudar no sustento da família, trabalhando na roça e na pesca. Ele conta que, antigamente, era no rio que os pequenos aprendiam as coisas da vida, como a se defender do perigo. Certo dia, observou o cunhado construir uma canoa, e fez uma, também. “Batizamos minha primeira canoa de ‘só ela’, pois brincávamos que ela era ‘feia, que só ela’”, conta Seu Maneco, que, mais tarde, se tornou construtor de barcos, canoas e remos para pesca. Ele diz que já perdeu

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a conta de quantas canoas, barcos e remos construiu, e que tem trabalhos espalhados nos rios e mares de todo Brasil. Conforme relato, a construção dessas embarcações era feita à mão e durava aproximadamente um mês, passando por várias etapas. As madeiras utilizadas eram guapuruvu, pela leveza e facilidade de entalhe, madeira guarataia, como, também, as madeiras guaruva, cauvi, imbiriçu, canela, que, segundo Manoel são madeiras da localidade. “A canoa e o barco de madeira já fizeram sua história, mas hoje em dia tudo é feito de fibra ou materiais muito mais resistentes”, diz. Aos 84 anos, Seu Maneco é pai, avô, bisavô e tataravô. Ao longo de vida, casou-se três vezes e teve doze filhos, três deles já falecidos. Junto de sua atual esposa, Dulce Soares de Souza, reside na Barra do Saí, à beira do Rio Saí Mirim, ao lado de uma rampa de descida para o rio. Junto, o casal divide a rotina de pescar no rio. Diariamente, deixam mais de quarenta caixinhas de pesca pela água do rio e recolhem-nas para, depois, vender os peixes e camarões que foram fisgados. “Nós amanhecemos no rio e anoitecemos no rio”, fala Seu Maneco. De acordo com ele, ainda existem muitas espécies de peixes no Rio Saí Mirim, como tainha, escrivão, bagre, jundiá, traíra e robalo, no entanto, em menores proporções, já que, muito antigamente, ele costumava pescar cerca de

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‘‘Nós amanhecemos no rio e anoitecemos no rio’’, fala seu Maneco.

cem tainhas todo dia. Nas palavras de Manoel, sua atividade favorita atualmente é descansar, mas Dulce o desmente: “Ele, mesmo aos 84 anos, não para um minuto sequer. Está sempre pescando, tarrafeando, vendendo ou construindo uma coisa ou outra”. Sobre a lenda de uma grande cobra que vive no Rio Saí Mirim, a esposa de Manoel reza para que o marido nunca a encontre, pois é “corajoso feito um índio velho”, diz. Já Seu Maneco, afirma: “nunca tive medo dos bichos, só dos homens”. Católico, ele também costuma assistir às missas na televisão e fazer promessas a seus santos. “Aqui em casa, até os passarinhos assistem à missa”, fala. Além do Rio Saí Mirim, a

sua base de sustento, e da fé, o seu alicerce, o pescador gosta de criar pequenos versos. Para ele, nascer, crescer, fazer parte da história de Itapoá e viver à beira do Rio Saí Mirim é ter, todos os dias, inspiração.

O segundo Manoel, o Perez

Natural de Biguaçu-SC, quando moço, Pedro Perez da Silva passou a morar em Itapoá. No município, conheceu a itapoaense Maria Ana de Jesus. Juntos, tiveram quatro filhos: três mulheres e um homem – este último, Manoel Perez da Silva, também conhecido como Manoel Quati, protagonista deste texto. Nascido no Saí Mirim, foi nes-

ta comunidade que Manoel e seus irmãos cresceram. Seu pai era deficiente físico e fabricava redes, balaios e cestos para vender. Para ajudar a família, aos 10 anos de idade Manoel teve de começar a trabalhar na roça. “Tive uma vida muito difícil. Já passei fome e já trabalhei muito”, fala. Com exceção da irmã mais nova, os filhos de Pedro e Maria Ana, mesmo morando em frente a uma escola, não chegaram a estudar. “Eles nos mandavam trabalhar na roça, pois diziam que a escola não nos daria comida, mas o trabalho sim”, diz. De vida simples, Manoel recorda que era impossível saber a cor do tecido de suas roupas, pois quase sempre eram remendadas. Quando criança, ganhou o


‘‘Ainda estou acostumado a me localizar pelos nomes antigos”, Manoel Perez.

apelido de Manoel Quati, pois costumava aprontar bastante e subir nas árvores para não apanhar da mãe. Ainda pequeno, ele andava pela mata do Saí Mirim cortando cipó branco para fabricar vassouras e vende-las. Para ajudar a família, também plantava aipim e arroz, roçava grama, fazia balaios e cortava palmito – atividades que aprendeu com o pai. Com uma canoa de madeira e um ônibus lata-velha, chegava até o centro de Itapoá, em Itapema do Norte, para vender os produtos em um armazém. Entre suas lembranças mais marcantes sobre a antiga Itapoá estão a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Na Primeira Guerra Mundial, Manoel era muito pequeno, mas recorda que seu avô foi morar no meio da mata do Saí

Mirim para proteger os filhos até que a guerra terminasse. Já na Segunda Guerra, ele era moço e, quando deixava a comunidade do Saí Mirim para ir ao centro fazer compras, observava, no antigo Areião (região onde se encontra a Primeira Pedra), o acampamento de batalha de soldados que ficavam à espreita, vigiando os navios no mar. “Os soldados também se prontificaram para ensinar a ler e escrever àqueles que tivessem tempo e interesse”, conta, “muitos rapazes, na época, aprenderam com eles”. Já na vida adulta, ele começou a pescar em alto-mar para vender em São Francisco do Sul. Para chegar a qualquer uma das cidades vizinhas, seja para vender produtos ou comprar remédios, Manoel narra que era

preciso navegar durante um dia inteiro, com início na madrugada. Entre as idas e vindas pelo Rio Saí Mirim, Manoel Perez e Manoel Caldeira se conheceram e se tornaram amigos. Em seguida, casaram-se e perderam contato. Pai de treze filhos, dois deles já falecidos, ele começou a cria-los no Saí Mirim, junto de sua primeira esposa. Mais tarde, Manoel trabalhou durante cinco anos na construção da estrada Cornelsen, abrindo a picada, e, quando o serviço foi concluído, passou a morar na região do Samambaial, onde vive na companhia de Reni Maria Faria, sua segunda esposa. Assim como Manoel Caldeira, Manoel Perez também conhece cada volta do Rio Saí Mirim. Partindo da Volta do Passa-macaco

(de onde Manoel Caldeira parou), ele segue listando os antigos nomes de cada região do rio: Volta do Poço do Cambiju, Volta do Quilombo de Baixo, Volta do Quilombo de Cima, Guarajuva, Volta do Piri, Reta da Boca do Braço do Norte, Volta do Ribeirão da Pedra, Canta Galo, Volta do Seu Fábio, Volta dos André, Volta dos Gonçalo, Volta do Gavina, Volta do Marcelo, Volta do Porto, até que se chega à ponte do Rio Saí Mirim. Aos 81 anos de idade, Manoel afirma que desconhece a Itapoá dos dias atuais. “Dias atrás fui para o centro e quase me perdi, pois as localidades passaram a receber outros nomes e ainda estou acostumado a me localizar pelos nomes antigos”, fala. Apesar de tantas mudanças, Manoel diz que não sente saudade do passado. “A vida era, sim, mais tranquila, no entanto, era também mais sofrida”, conta. Ele, que sempre teve muita força de vontade para trabalhar, também gosta de ir a bailes, mas hoje, só deseja descansar. Amigos de longa data, o tempo e a Itapoá atual afastaram os Manoéis desta história. Mas, o destino quis que a filha de Manoel Perez se casasse com o filho de Manoel Caldeira. E, neste mês de abril de 2017, a Revista Giropop promoveu este reencontro: de muitas histórias, lembranças e emoções, vividas por dois filhos desta terra tão querida chamada Itapoá.

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Adote um atleta

PH de Itapoá para o mundo

Conheça a história do atleta paraolímpico de tênis de mesa que trouxe ouro para o Brasil Ana Beatriz Machado

Diferente do que muitos imaginam, o tênis de mesa é um esporte bastante complexo e benéfico a seus praticantes. Porém, para as pessoas com deficiência, ele simboliza muito mais que saúde, mas também superação. De Itapoá-SC, o atleta paraolímpico de tênis de mesa Paulo Henrique Gonçalves Fonseca, mais conhecido como PH, comprova a grandiosidade e representatividade deste esporte: com apenas 16 anos, já possui bons resultados a nível nacional, sendo, inclusive, convidado para integrar a Seleção Brasileira de Tênis de Mesa em uma grande disputa, em março deste ano, onde obteve medalha de ouro para o Brasil, tornando-se grande motivo de orgulho para o município de Itapoá.

N

atural de Londrina-PR, a história do nascimento de Paulo Henrique envolve um milagre. Sua mãe, Daniela Gonçalves, conta que, até o oitavo mês de gestação, o filho não apresentava os dois braços através do ultrassom. Depois de Daniela fazer uma promessa para Nossa Senhora Aparecida, quinze dias antes do nascimento de Paulo Henrique, sem qualquer explicação, ele apresentou desenvolvimento na formação nos braços. Ele nasceu, então, com mão torta ulnar, uma má formação dos cotovelos para baixo, mas com os dois braços – contrariando até mesmo a medicina. Desde pequeno, PH, como é carinhosamente chamado, realiza consultas em fisioterapeuta, médicos e recebe, também, acompanhamento ortopédico. Durante sua infância, por conta de sua deficiência física, foi vítima de preconceito algumas vezes. Filho de professora, felizmente, Paulo sempre recebeu instrução e educação da família para lidar com as críticas e sentir-se bem-resolvido. No ano de 2006, passou a residir no município litorâneo do norte catarinense, onde, assim como tantas outras grandes revelações do esporte itapoaense, Paulo Henrique desenvolveu

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O atleta Paulo Henrique Gonçalves Fonseca, o PH, na companhia de sua mãe (à esquerda) Daniela Gonçalves, e seu amigo e treinador (à direita) Alan Rezende da Silva.

Momentos marcantes de Paulo Henrique ao longo de sua carreira no tênis de mesa.

sua paixão por esportes através do Projeto Ampliação de Jornada Escolar (AJE) – um projeto gratuito para as crianças da rede municipal, mantido pela Prefeitura Municipal de Itapoá, que foi encerrado em novembro de 2015, para corte de gastos – onde fazia aulas regulares de surfe. Já aos 11 anos de idade, Paulo Henrique, mesmo com a má formação de seus braços, realizava diversas atividades que exigiam esforço dos mesmos: surfava, tocava guitarra e violão. Mas, sua verdadeira paixão era o tênis de mesa, esporte que praticava em cada minuto livre na escola. Em 2013, impressionado com o desempenho do aluno no tênis de mesa, seu atual professor de

Educação Física, Alan Rezende da Silva, passou a ajuda-lo a participar de competições locais, já sonhando em, um dia, criar uma associação para revelar e treinar talentos locais. “Minha intenção, na época, era mostrar a ele o mundo mágico do paradesporto e todas as modalidades que ele poderia praticar”, conta Alan, que, tempos depois, fundou a Associação Esportiva e Paradesportiva de Itapoá (ASEPI). Com apenas três meses de treinamento na ASEPI, Paulo Henrique participou de sua primeira disputa, os Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (PARAJESC), onde participou de competições no atletismo e tênis de mesa, obtendo, logo de início,

medalhas de prata para o município de Itapoá. “Quando isso ocorreu, alguns de meus amigos vislumbraram atuar como técnicos do Paulo”, recorda Alan, “chegamos a ser muito assediados para que ele fosse parar no atletismo, mas, devido às possibilidades e afinidade com o esporte, sua palavra final foi seguir carreira do tênis de mesa”. Desde então, o menino vem incansavelmente participando de competições regionais, estaduais e nacionais, representando clubes como a ASEPI e a Seleção Catarinense de Tênis de Mesa, na categoria individual, por dupla e por equipes. Além do professor Alan, responsável por revelar o talento do jovem, outra pessoa crucial para


Em março deste ano, PH foi convocado pela Seleção Brasileira de Tênis de Mesa Paraolímpica para defender o Brasil nos Jogos-Parapan Americanos de Jovens.

a carreira de PH é Daniela, sua mãe. Nas horas vagas, além do portão da escola, a professora exerce outras funções: “sou um pouco de tudo: empresária, divulgadora, psicóloga, motorista, assessora de imprensa e, principalmente, fã dele”. Durante dois anos, Daniela encarou a rotina semanal de levar o filho para treinar tênis de mesa em Joinville. Junto de toda a família, ela também já organizou eventos e rifas para ajudar o filho a realizar seu sonho. “As competições, que acontecem, no mínimo, uma vez ao mês, envolvem gastos com transporte, hospedagem, alimentação, materiais importados (pois estes influenciam na agilidade e movimento das jogadas) e afins”,

explica a mãe. Para tentar reverter parte desta situação, PH concorre anualmente ao Bolsa Atleta – um programa que patrocina atletas e para-atletas que mantêm o alto rendimento nas competições de sua modalidade. Para manter o bom desempenho, Paulo Henrique é treinado e recebe patrocínio do Estúdio Inspira de Pilates e Treinamento Funcional, da academia Pride Center Gym e do Espaço Zen, onde realiza acupuntura e massoterapia. Além das atividades físicas e do calendário de competições, ele possui uma rotina de treinos e vai à escola regularmente. Sendo o mais jovem atleta paraolímpico de tênis de mesa do campeonato brasileiro, Paulo Henrique, que tem como inspiração o mesa-tenista paraolímpico Hugo Calderano, do Brasil, e o mesa-tenista olímpico Dimitrj Ovtcharov, da Alemanha, descreve a sensação: “viver isso tudo com apenas 16 anos é assustador e, ao mesmo tempo, empolgante”. Por todo este frenesi de emoções, o jovem também recebe apoio de um psicólogo, que estimula sua confiança e concentração para conciliar todas as tarefas e alcançar o pódio. Alan, que hoje é treinador de Paulo Henrique, fala que o menino possui perfil de um verdadeiro atleta. “O Paulo não sabe e não consegue se doar aos treinos pela metade, ele se entrega verdadeiramente em todos os momentos. Age sempre com respeito e atenção a todas as instruções de seus técnicos, sempre disposto a executar e repetir os exercícios quantas vezes for necessário, para chegar o mais próximo da perfeição”, diz Alan, “se existe outro atleta tão disciplinado em qualquer outra modalidade dentro de nosso município, eu não conheço”.

O apoio da família, dos parceiros, profissionais e amigos, somados à dedicação e disciplina de PH têm resultado em grandes e significativas conquistas. Entre as principais estão: 1º lugar na categoria individual no PARAJESC de 2014; 3º lugar em duplas no 47º Campeonato Brasileiro de 2014; 3º lugar nas seleções no 47º Campeonato Brasileiro de 2014; 1º lugar no PARAJESC de 2015; 1º lugar na categoria individual, 1º lugar na categoria por duplas e 1º lugar na categoria por equipes nas Paralimpíadas Escolares de 2015; 3º lugar na categoria individual do Circuito Catarinense de Tênis de Mesa, no Open Paralímpico, em 2016; 3º lugar em duplas no 49º Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa de 2016; 1º lugar na categoria individual no PARAJESC de 2016; 1º lugar por equipes no 50º Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa de 2016; 2º lugar na categoria individual, 3º lugar por duplas e 1º lugar por equipes nas Paralimpíadas Escolares de 2016. Mas, até o presente momento, o marco histórico da carreira de PH foi a convocação para integrar a Seleção Brasileira de Tênis de Mesa Paraolímpica, para defender o Brasil nos Jogos-Parapan Americanos de Jovens – evento que envolveu 800 atletas de 19 países, entre os dias 15 e 26 de março, em São Paulo-SP. No seu primeiro campeonato a nível internacional, Paulo Henrique ficou em 5º lugar na categoria individual e, na categoria por equipes, foi decisivo para trazer a medalha de ouro para o Brasil. “Quando vi que o resultado estava em minhas mãos, fiquei muito ansioso, pois não estava acostumado com isso. Mas, felizmente, consegui me concentrar e colocar todos os pensamentos a meu favor”,

conta o atleta, “no momento em que fechei o último ponto, foi uma sensação de alívio e alegria. Dei o meu melhor e tive a sensação de que fiz história, não por ser o primeiro atleta a ser convocado, mas por ter sido o principal responsável pelo resultado do jogo, que acabou com o Brasil em 1º lugar”. Após a competição, de volta à Itapoá, o atleta foi ovacionado por uma carreata de amigos e familiares, todo com o semblante de orgulho e felicidade. Com apenas 16 anos e tantos pódios alcançados, a história de PH influencia jovens a batalharem pelos seus sonhos e é sinônimo de orgulho para todo o município. E ele tem planos de alcançar voos ainda mais altos: se tornar um atleta efetivo da Seleção Brasileira de Tênis de Mesa Paraolímpica e participar dos Jogos Paraolímpicos – quem sabe, em Tóquio, em 2020. Considerado um atleta bastante autocrítico, persistente, disciplinado, sonhador e cheio de fé, Paulo Henrique tem uma frase favorita que gosta de compartilhar com aqueles que torcem por ele ou inspiram-se nele: “Treine, esforce-se ao máximo, lute, dê sempre o seu melhor e jamais desista daquilo que te faz feliz. O resto é apenas consequência”.

Deseja apoiar ou patrocinar o atleta paraolímpico de tênis de mesa Paulo Henrique? Entre em contato com sua mãe, Daniela, através do e-mail:

dcmgoncalves@hotmail.com whats app 47 9 9668-5630

E no dia 7 de maio, às 15h, no Salum Speto Bar, será realizado um bingo em prol da carreira do atleta. Prestigie!

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Fisiopilates

Natação, um dos esportes mais completos de todos Existem poucos esportes tão completos e ao alcance de tanta gente como a natação. Qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo ou profissão, pode nadar, uma vez que a água é um meio muito benéfico para o corpo, relaxante, sem efeitos agressivos e favorece as funções orgânicas. Na Fisiopilates, um espaço voltado à saúde e ao bem-estar, em Itapoá-SC, a natação já é um sucesso, especialmente entre as crianças. Para saber mais sobre os benefícios deste esporte, conversamos com a gestora do espaço Thayna Martins, com a professora de natação Flavia Gregorini, e com alguns alunos de natação da Fisiopilates e suas mamães. Ana Beatriz Machado

D

esde novembro de 2015, a natação faz parte do quadro de atividades oferecidas pela Fisiopilates. “Muitas pessoas nos compartilhavam a vontade de colocarem seus filhos na natação, por ser um ambiente essencialmente di-

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ferente de onde a criança costuma se exercitar, e lhe ensina a se adaptar a situações diferentes”, fala Thayna. Além disso, a gestora ressalta o aspecto utilitário da natação: “levando em conta que vivemos em uma cidade litorânea, essas aulas contribuem para a redução de casos de afogamentos, tão frequentes na população infantil”.

Turma reunida na aula de natação, na Fisiopilates.

A professora de natação Flavia conta que esse esporte é uma das poucas atividades que podem ser praticadas por todas as pessoas, só devendo ser evitada se houver contraindicação médica. “A natação ajuda na capacidade circulatória e cardiorrespiratória, na flexibilidade e amplitude dos movimentos, no desenvolvimento das habilidades

psicomotoras como agilidade e velocidade, no equilíbrio e na coordenação motora, desenvolve os músculos, aumenta a resistência do organismo, e ainda promove a socialização, principalmente entre as crianças”, explica a professora. Pela infinidade de benefícios físicos, a atividade é muito indicada para pessoas com problemas respiratórios, como asma


e bronquite, problemas ortopédicos e doenças degenerativas. Além de todos os benefícios físicos citados, nadar pode fazer maravilhas pela saúde mental. De acordo com Thayna, as aulas de natação podem ser também uma forma de ampliar o círculo social e evitar depressões da vida adulta ou terceira idade, que muitas vezes decorrem de um estilo de vida sedentário. Segundo a professora de natação, a partir dos seis meses de vida, o bebê já tem os ouvidos desenvolvidos o suficiente para dificultar a entrada de água e, normalmente, já estão vacinados, ou seja, mais imunizados, e aptos para a natação. Atualmente, a Fisiopilates oferece aulas de natação para as turmas Baby (para bebês de seis meses até crianças de três anos, que devem entrar na água na companhia da mãe, pai ou responsável), Junior I e II (para crianças de três anos por diante), Jovem e Adulto (incluindo idosos). As aulas, desde o início, são feitas na piscina, com adaptação ao meio líquido e exercícios lúdicos para que os alunos adquiram confiança e, somente então, iniciem na parte técnica, como diferentes tipos de braçadas, por exemplo, formando um ambiente lúdico e prazeroso que as crianças adoram. Karla Plodowski é mãe de Caetano Plodowski Ramos da Silva, de 9 anos, aluno de natação na Fisiopilates desde junho do ano

passado. Ela conta que o filho, que tem distrofia muscular de Duchenne – doença caracterizada pela perda progressiva da função muscular, começou a fazer natação por indicação médica. “No início das aulas, ele tinha um pouquinho de medo da água, mas hoje se superou, está empolgado com a natação e acorda com disposição e vontade de vir para as aulas”, conta a mãe. Além da natação, o menino também faz fisioterapia na Fisiopilates. De acordo com sua médica, os resultados de Caetano vêm sendo cada vez mais surpreendentes e positivos. Para Maria Eduarda Padilha, a Madu, de 7 anos, aluna de natação há um ano, o esporte também foi sinônimo de superação. “Ela tinha muito medo da água, não brincava na piscina nem no mar. Como ela nasceu com estenose pulmonar, não conseguia fazer atividades que envolviam esforço físico”, conta a mãe Juracy Aparecida Antunes Zeferino, “já com a natação, isto foi melhorando gradualmente”. Hoje, Madu se superou, faz atividades físicas normalmente, sem restrições, consegue acompanhar seus colegas nas brincadeiras, nada, mergulha e até planta bananeira dentro da piscina. “A natação, para a Madu, passou de algo assustador para prazeroso, mas tudo isso só foi possível graças à dedicação da professora Flavia e de toda a equipe da Fisiopilates”, fala a mãe Juracy. Já o aluno Luciano Dutka Brito

de Miranda, de 9 anos, por orientação do terapeuta, deveria fazer uma atividade física, e ele também escolheu a natação. Quando iniciou nas aulas em dezembro do ano passado, Luciano, que já tinha intimidade com a água, não sabia nadar e, um mês depois, ele já havia aprendido. “Ele sempre teve bons hábitos alimentares, mas nunca havia praticado atividades físicas regularmente, e a natação supriu muito bem essa falta de exercícios”, fala Ana Paula Dutka de Miranda, mãe de Luciano. Ela ainda conta que a superação do menino está mais relacionada à sua dificuldade de atenção e concentração. “Somada a outras medidas, observamos que a natação vem contribuindo muito para melhorar o seu desempenho escolar e autoestima”, diz Ana Paula. Nas palavras do pequeno Luciano, as aulas são muito legais: “eu gostei de nadar desde o começo e acho que essa atividade me dá bastante força”.

Para a professora de natação Flavia, é muito gratificante observar a evolução dos alunos, especialmente aqueles que chegaram com medo ou limitações e hoje têm total confiança nela e neles mesmos. Mas, vale ressaltar que essa evolução é diferente de aluno para aluno, já que cada um possui seu tempo de desenvolvimento.

Horários

Na Fisiopilates, as aulas de natação acontecem às segundas e quartas-feiras nos períodos matutino e vespertino, das 8h às 10h para as turmas Júnior e Baby, às 16h10 para a turma Adulto e às 17h50 para a turma Jovem. Já às terças e quintas-feiras, as aulas acontecem no período vespertino, às 16h30 para a turma Jovem, às 17h20 para a turma Junior I e às 18h10 para a turma Junior II.

Com tantas vantagens para o corpo e mente, não é à toa que a natação é um dos esportes mais completos que existem. Agora que você já conhece os benefícios deste esporte, o que está esperando para você e seu filho começarem a nadar?

Aos interessados, a sede de natação da Fisiopilates fica localizada na Rua Ana M. Rodrigues de Freitas (Avenida 790, rua dos Correios), 238, em Itapema do Norte. Maiores informações: 47 3443.6797 47 99940.0614

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SUPERAÇÃO

Corredor completa desafio de 61 km em comemoração aos seus 61 anos José Bernardo Justino de Camargo, também conhecido por Seu Camargo ou Seu Zé Ana Beatriz Machado

“A idade não é uma desculpa para não começar a correr” – quem nos conta é José Bernardo Justino de Camargo, também conhecido por seo Camargo ou seo Zé, cuja história de superação justifica tal afirmação. Morador de Itapoá-SC, seo Zé abandonou o vício do cigarro graças à corrida, já participou de inúmeros eventos e, recentemente, ao completar 61 anos de idade, desafiou a si mesmo a correr 61 km, atingindo o marco da sua centésima corrida.

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ascido em Rio Negrinho-SC, seo Zé passou a residir no município litorâneo do norte catarinense em 1989. Ele, que é mestre de obras, recorda que, vez ou outra, jogava futebol com os amigos, mas, como telespectador, gostava mesmo de assistir à Corrida de São Silvestre, realizada anualmente, em São Paulo-SP. “Todos os anos, acompanhava as transmissões ao vivo da São Silvestre pela televisão e pensava: ‘um dia também quero fazer isso”, e assim o fez. No início de 2011, aos 55 anos, seo Zé iniciou na corrida e, com o passar do tempo, passou a intensificar os treinos, focado em participar da São Silvestre.

Acori homenageia José Bernardo Justino de Camargo com uma placa comemorativa à data.

Mais que realização, a corrida foi, para ele, sinônimo de superação. “A cada treino, desejava ir mais longe e mais rápido. Mas, para isso, notei que só apresentava melhoras cardiovasculares (que melhoram o fôlego e a disposição, por exemplo) na medida em que reduzia o consumo do cigarro”, lembra. Além da melhora do condicionamento físico como um todo, ele conta que o treinamento da corrida também diminuiu a vontade de fumar por causa do envolvimento com o exercício. “Quando começamos a correr, temos a fissura de melhorar o nosso desempenho e, por isso, é inevitável adotar um comportamento mais saudável”, explica. Ao final de 2011, debaixo de

chuva forte, seo Zé realizou o sonho da sua primeira corrida, a São Silvestre. De lá para cá, em cinco anos, ele obteve 99 medalhas de participações em diversos eventos, sendo os mais significativos: seis vezes a Corrida de São Silvestre (15 km), duas vezes o Desafrio de Urubici-SC (52 km), quatro vezes a Maratona (42 km), de cidades como Bento Gonçalves-RS, Foz do Iguaçu-PR e Florianópolis-SC, uma vez a Corrida de Revezamento do Piraí, em Joinville-SC (50 km), e trinta e uma vezes a Meia Maratona (21 km), de cidades como Pomerode-SC. Mas, em meio a tantas corridas, o desafio mais marcante para seo Zé foi proposto por, ninguém menos que, ele mesmo. Por


Seo Zé próximo a linha de chega dos seus 61kms.

volta de setembro de 2016, o esportista teve a ideia de comemorar seus 61 anos e sua centésima corrida de um jeito inusitado: correndo 61 km pelas principais ruas de Itapoá. “Em segredo, levei seis meses para planejar tudo e, inclusive, deixei de participar de algumas corridas para treinar para este desafio”, conta. Devido ao seu carisma, conhecido por toda Itapoá, o que era para ser uma corrida em uma comemoração particular, se tornou a “Ação 60+1 do Zé”, um evento aberto ao público, realizado no domingo de 12 de março, um dia antes de o corredor completar 61 anos. Em parceria com a ONG Mãos do Bem, de Itapoá, a ação também contou com a doa-

O atleta e as parceiras da ONG Mãos do Bem, de Itapoá.

ção de alimentos não perecíveis, que foram doados às famílias carentes do município. No grande dia, corredores, ciclistas e curiosos prestigiaram o corredor e aniversariante na saída, chegada e, até mesmo, em determinados trechos do percurso. Durante todo o trajeto, que teve início e fim na Pista de Skate de Itapoá, familiares e amigos auxiliaram seo Zé em dois carros de apoio e, na linha de chegada, o Corpo de Bombeiros de Itapoá prestou uma homenagem ao corredor. Ao todo, foram 61 km percorridos, com duração de, aproximadamente, 7h e 6min, debaixo de sol forte. “Superar os meus limites e iniciar uma nova idade fazendo o que gosto, em um lugar que gosto e perto das pessoas que gosto foi

No evento, seo Zé sorteou uma camiseta.

muita emoção”, recorda. Ele, que começou a correr quando a modalidade ainda não havia se disseminado no município e, hoje, é o integrante com mais idade da Associação de Corredores de Itapoá (ACORI), se diz feliz pela popularidade do esporte na cidade. “Correr traz inúmeros benefícios, já que o esporte pode ajudar a prevenir doenças, diminuir dores articulares e fortalecer a musculatura”, explica, “por isso, quanto mais pessoas estiverem correndo, mais pessoas se sentirão inspiradas a começar a correr: é contagiante”. Segundo seo Zé, a corrida é um dos esportes mais democráticos que existe, uma vez que, com apenas um par de tênis, qualquer

Seu Zé, sua esposa Herta (à direita), seu neto Samoel (no colo de Herta), seu genro Marlos (ao fundo), e sua filha Rafaela.

um pode praticá-lo, em qualquer lugar. Àqueles que estão iniciando na corrida, ele deseja boas-vindas e fala: “se alguém precisar de ajuda, parceria e incentivo para dar os primeiros passos, pode contar comigo”. Com mais de 50 anos de idade, seo Zé substituiu o prazer de fumar pelo prazer em correr e, hoje, aos 61 anos, é cheio de saúde e disposição. Para ele, o esporte é como uma terapia, capaz de afastar pensamentos e sentimentos ruins, e só deixar os bons. Mas o que motiva seo Zé a completar percursos tão longos, como o de 61 km, por exemplo? Ele responde: “saber que pessoas que eu amo estão na linha de chegada, esperando por mim”.

Revista Giropop | Abril 2017 | 35


C

ontinuamos nossas viagens seguindo para Londres, cidade fantástica e onde tudo acontece, quer seja durante o dia ou à noite. Mesmo para quem não é adepto da vida noturna, vale a pena sair para conhecer toda descontração que a cidade oferece. Caminhe pelo Soho e vá até Leicester Square, onde estão localizados os grandes teatros e divirta-se por lá, assistindo uma peça teatral ou não.Tudo é divertido, muitos pubs ( bares ingleses) e muita história. Aliás, os ingleses gostam muito de frequentar esses pubs depois do trabalho.Sempre estão cheios de um pessoal bebendo a famosa cerveja londrina e jogando conversa fora. Entre num desses bares e sinta-se um londrino! Existe um ditado que diz: “ quem está cansado de Londres, está cansado da vida”. Isso é uma grande verdade porque Londres oferece diversões, locais para visitar, museus, teatros,belas igrejas, construções,cuja arquitetura remonta séculos de história, lojas para todas as idades e gostos.Você pode viver anos nessa cidade e não conhecerá tudo que a cidade oferece. Grandes caminhadas devem fazer parte do roteiro de viagem. A verdade é que conhecemos uma cidade a pé e Londres mais do que nunca é prova disso. Após viver alguns anos em Londres constatei que é a melhor cidade para se morar, para estudar e trabalhar, na Europa. Tudo funciona como um relógio, muita segurança e serviços de saúde eficientes.Turistas sempre são bem recebidos pelos ingleses. O povo é muito educado e solicito. Quando tiver dúvida sobre algum roteiro, pergunte. Existem frases chave, as quais auxiliam muito em países estrangeiros. Faça uso delas! Com tanta coisa para fazer em Londres é difícil sobrar tempo, por isso, é importante conhecer os transportes públicos e saber como funcionam. Sabendo como o metrô e o ônibus vermelho com dois andares funcionam Parlamento britânico

Inesquecível Londres!

Em frente à casa onde morei. Soho

Famoso ônibus vermelho com 2 andares.

Leicester - região dos teatros 36 | Abril 2017 | Revista Giropop

Kensington Park ao lado do Hyde Park

você aproveitará muito mais sua estada na cidade, racionalizará sua estada na capital inglesa e assim poderá conhecer vários lugares com mais tempo. Procure saber nas estações de metrô como funciona o Oyster, que é um cartão recarregável, igualzinho aos cartões magnéticos usados no Brasil, que pode ser usado em vários meios de transporte em Londres e é vendido em qualquer estação de metrô, tanto em máquinas como nos guichês.Caso você não utilize o cartão todo e devolva o cartão antes de viajar o saldo é restituído.Lembre-se sempre de verificar seu saldo e recarregar seu cartão, caso contrário, pagará uma multa na hora de sair. Como falei acima, tudo funciona como um relógio, mas você também tem que prestar atenção antes de sair da zona do seu Oyster como em tudo. Sempre tenha um mapa em maõs. Os mapas, geralmente, tem o roteiro dos ônibus com seus devidos números e tem o roteiro do metrô. As linhas de metrô se diferenciam pelas cores e os ônibus tem números, portanto, é muito fácil você passear na cidade. Não tem como se perder. Depois de estar com o Oyster em mãos é interessante saber onde procurar um hotel que seja localizado em área de fácil acesso para os ônibus,metrôs e parques interessantes, como o Hyde Park. Pode reservar quase um dia para conhecer as belezas desse parque. Passe o dia no Hyde Park e desfrute cada canto do mesmo.No centro do Hyde Park existem lanchonetes boas ou se o dia estiver bom, vá até um supermercado próximo e compre um gostoso lanche, faça um pique nique no parque. Garanto que não irá se arrepender. Voltando ao assunto “alojamento”, sugiro hotéis em Lacaster Gate, Bayswater e Paddington. São bairros ótimos com muita estação de metrô e trens para viajar para o interior da Inglaterra, também circulam muitos ônibus vermelhos de dois andares pela região.Outra coisa, nessas regiões há muitos restaurantes bons e baratos, os asiáticos são ótimos. Você também encontra pequenos supermercados onde poderá comprar coisas básicas e produtos para fazer seu próprio lanche no hotel ou num parque.

Continuarei a estada em Londres no próximo texto!! Até lá!!


O atleta paradesportista Paulo Henrique Gonçalves recebendo junto com sua família a Moção de Aplausos na Câmara de Vereadores de Itapoá pela sua convocação para a Seleção Brasileira para defender nosso país nos Jogos PARAPAN-AMERICANO DE JOVENS que aconteceram nos dias 15 a 26 de março em São Paulo. PH conquistou o ouro em equipes.

Mês de março foi de comemoração, além da conquista de Paulo Henrique, Helio Oribi e seu filho Johnny (a esquerda) comemoraram idade nova. Sua esposa Andressa e os filhos Jehnnifer, Giulia e Johnnatan.

No final de semana dos dias 25 e 26 de fevereiro, a Jasson Kerkhoven Cia de Dança recebeu grandes bailarinos para ministrar a Oficina de aprimoramento da técnica do Ballet Clássico, com a presença da professora do Ballet Bolshoi Bruna M. Felicio Lorenzettie e o bailarino Marcos Vinicíus.

Tratamento de bebê com doença rara mobiliza campanha em Joinville. Jonatas, de oito meses, tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e precisa de recursos para medicamento nos Estados Unidos. Apoiando a campanha Ame Jonatas o grupo de pedal das Gatas, organizou um pedal solidário, na Estrada Bonita. Os proprietários do Recanto Diamante Cintia e Thiago preparam um lanche solidário. Componentes do grupo Priscila, Wellinton, Dayene, Luciane, Kátia e Juliana.

Felipe Nunes tem apenas 16 anos e carrega uma história de superação. Após um acidente, o garoto perdeu as duas pernas e encontrou no skate uma maneira de superar a deficiência. O skatista já venceu inúmeros desafios realizando manobras radicais.

Tiago Maldaner tirando uma selfie do grupo de Itapoá, que participou do Pedal Solidário. Na foto, Marta, Edilene, Rafael, seo Marco, Luiz, Portuga, Eri e Renato a frente.

Revista Giropop | Abril 2017 | 37





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