Editorial No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque fizeram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução na carga diária para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Mas, infelizmente, foram reprimidas com total violência e trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Assim, em homenagem às 123 mulheres que morreram carbonizadas, o dia 8 de março passou a ser o “Dia Internacional da Mulher”. Sim, a data remete a um ato desumano, mas serve para refletir sobre as violências e desigualdades sofridas ao longo da história, para impulsionar novas lutas e conquistas e, principalmente, para abrir caminhos para discutir o papel da mulher na sociedade atual. Em homenagem ao mês que lembra as mulheres, a revista Giropop preparou uma edição exclusivamente com histórias de, é claro, mulheres. Afinal de contas, são as únicas capazes de dar ordem ao caos, sentem e agem além da razão, tiram forças de onde não há para enfrentar os obstáculos e, ainda assim, servem de amparo para aqueles que estão ao seu redor. Cá entre nós, o sexo feminino de frágil nada tem. Nós somos o sexo forte.
ÍNDICE HISTÓRIA | Memórias de uma antiga Itapoá QUEM É? | Laurita, uma empreendedora de sucesso ATLETA | Bodybuilding: esporte exige foco, disciplina e paixão VOLUNTARIADO | Voluntárias doam corações e ajudam mulheres com câncer de mama POR AÍ | Três mulheres, um motorhome e um giro pela Itália e Suíça PROJETOS | Projeto empodera e incentiva mulheres a empreenderem MODA | Sobre moda, consumo, estilo e comportamento ARTE SOLIDÁRIA | Costuras, tecidos, laços e fitas COLUNA | O Sagrado Feminino EMPREENDEDOR | Colégio Monteiro Lobato: 23 anos de confiança e ensino de qualidade COLUNA | Itapoá e sua História EMBARQUE | Rumo à Oceania
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Revista Giropop | Março 2018 | 5
HISTÓRIA
Memórias de uma antiga Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No mês das mulheres, contamos a história de três mulheres fortes e vividas: as irmãs Elisa dos Santos Silva (83 anos), Pureza dos Santos Silva (75 anos) e Maria Porfírio da Costa (68 anos), mais conhecida como dona Lica. Nascidas e criadas no município de Itapoá (SC), mais precisamente na Barra do Saí, sua família foi uma das pioneiras da região – o que, é claro, nos rendeu boas histórias e muitas memórias.
T
udo começou pelos falecidos Justina Alexandrina da Conceição e Alexandre Porfírio dos Santos, nascidos e criados em uma casa à beira da mata, na colônia do Saí-Guaçu, em Itapoá – o que indica que sua família ajudou a povoar o local. Não se sabe ao certo o ano em que isso aconteceu, pois, naquele tempo, as datas dos registros não tinham precisão.
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Da esquerda para a direita, as irmãs Maria Porfírio da Costa (a dona Lica), Elisa dos Santos Silva e Pureza dos Santos Silva. No colo, o retrato de seus pais Justina e Alexandre.
Na comunidade, Justina e Alexandre tiveram seus seis primeiros filhos: Emanuel (que faleceu logo em seu nascimento), Inácio (falecido há três anos), as gêmeas Ana e Maria (falecidas com sete meses de vida), Luzia (que vive em Guaratuba, aos 85 anos de idade) e Elisa (uma de nossas entrevistadas). Certo dia, em busca de novos ares, a família deixou a colônia e, em uma canoa, desceu o rio Saí-Guaçu abaixo, para viver na Barra do Saí. Do lado de cá Chegando ao destino final, precisavam de um lugar para viver. Dona Elisa explica como acontecia antigamente: “Para morar em um lugar já habitado, era preciso pedir permissão à pessoa mais velha que ali vivia. Na época, o mais antigo era Pedro Franco. Ele, então, permitiu que nosso pai demarcasse um terreno e construísse uma casinha para nossa família”. Já na Barra do Saí, Justina e Alexandre tiveram mais quatro filhos: Antônia (que faleceu com um ano de vida), Luiza (falecida há 21 anos), Pureza e Maria (as duas últimas, também entrevistadas). Naquele tempo, da Barra do Saí até a Figueira do Pontal, a maioria das famílias vivia de duas atividades: a roça e a pesca. As crianças, por sua vez, pouco desfrutavam da infância,
Dona Elisa foi a primeira costureira da Barra do Saí e até hoje orgulha-se ao mostrar uma de suas máquinas de costura.
pois ajudavam seus pais desde muito cedo, seja socando o arroz no pilão, cozinhando para a família, cuidando dos irmãos mais novos ou plantando e colhendo alimentos na roça. Estudo também era sinônimo de luxo. Dona Elisa, a mais velha, estudou durante três meses em uma escola de Coroados, em Guaratuba (PR) – o acesso era feito a pé, pela praia, e de canoa, pelo rio. Já as irmãs Pureza e Lica receberam estudo de professoras que chegavam a Itapoá e lecionavam nas casas das famílias.
Costumes Dentre as lembranças das brincadeiras de criança, as irmãs gostavam de pular corda, aparar peteca e brincar de roda. “Também brincávamos de esconder bolo. A brincadeira era assim: segurando uma varinha, uma criança pedia aos colegas que procurassem ingredientes na natureza, como folhas de laranja ou de mamona, para fazer um bolo de brincadeira. A criança que chegasse atrasada ganhava uma varada. Depois, escondíamos o bolo debaixo da terra e todos tinham que procurar”.
Católica, a família rezava na rua, em um campal, onde havia uma cruz, e os filhos tinham o costume de pedir bênção aos mais velhos. “Quando uma criança aprontava, apanhava com vara de cipó. Mas, comigo, isso aconteceu uma só vez, pois amava e respeitava muito o papai e a mamãe (modo carinhoso que as irmãs referem-se até hoje aos seus pais)”, conta dona Lica. As benzedeiras também eram parte da crença popular. “Cobreiro, quebrante, vermes ou dor de barriga, não havia nada que uma benzedeira, um chá de erva ou um homeopata não curassem”, complementa dona Lica. As irmãs mais novas aprenderam a confeccionar cestos e balaios de cipó. Também, pescavam no rio e pegavam caranguejo e marisco no manguezal. “Antigamente, os peixes existiam em abundância em nossos rios”, contam. Diferente das irmãs, o passatempo favorito de Elisa era costurar e fazer crochê, atividades que aprendeu apenas observando suas vizinhas. “Aprendi a fazer crochê aos cinco anos e, aos dez, costurei meu primeiro vestido”, conta Elisa, que fazia roupa para as irmãs e as vizinhas, com anarruga, faile, itamina e fustão – tecidos populares da época. Em um tempo onde não existia massa de pão, a comida tradicional da família dos San-
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tos Silva era arroz, toucinho de porco, gengibre e carne de passarinho. “Felizmente, nossas mesas eram fartas de comida, principalmente antes de ir para a roça”, lembra dona Pureza. Desde a juventude, os pratos favoritos das três irmãs são mocotó com rabada, caldo de peixe e feijoada com carne cozida. Histórias Na boca do povo estavam lendas como O Homem da Mão Peluda, que se escondia na mata e pegava as crianças que andassem sozinhas à noite, e o Boitatá, uma grande cobra que lançava fogo. Certa noite, Elisa, que se considera a mais “marvada” (como costumam dizer) entre as irmãs, estava caminhando pela praia e, com um facho que soltava faíscas, assustou o povoado: “Eu dava voltas e voltas no escuro, com o facho faiscando. Todo mundo saiu correndo, achando que era o Boitatá. No dia seguinte, só se falava disso, e eu fingi que não sabia de nada. Hoje, só conto essa história porque aquela gente já se foi”. Ela também recorda uma noite em que seguiu sua mãe pela beira da praia, para ver um barco que havia encalhado: “Pelo caminho, desviei de pontos vermelhos muito brilhantes, que acreditava serem brasas do cachimbo da mamãe. Mais tarde, conversando com ela,
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descobri que seu cachimbo não estava aceso e desconfiamos de que eram diamantes”. Naquela época, muito se falava sobre pratas, ouros e pedras preciosas que existiam próximas aos sambaquis – mas nunca alguém, de fato, as achou. Assim como cada volta do Rio Saí Mirim, as donas Pureza, Lica e Elisa contam que, a cada 1000 metros, as praias de Itapoá recebiam nomes específicos, que foram agrupados com o tempo. Começando pela Barra do Saí, eram eles: Abreu, Crispim, Arrancado, Roxo, Camboão, Mendanha, Ilha do Meio, Ariel, Lagoinha, Lorato, Itapoá, Morretes, Barra do Rio, Ana Rosa, Ponta do Pontal, Pontal, Piçarras e Figueira. Diferente do que muitos imaginam, a praia da antiga Itapoá era quase inacessível. “Antigamente, a praia era cercada por mata fechada. Era a coisa mais linda, mas também era muito perigoso. Hoje, morando no mesmo lugar em que cresci, percebo que a praia parecia muito mais distante, graças às árvores e plantas que existiam para chegar até lá”, lembra dona Lica. Tradicionais eram as festas e fogueiras para Santo Antônio, São Pedro e São João. Dona Elisa lembra os bailes caipiras, de Carnaval e de Páscoa: “eram muito mais divertidos, pois hoje em dia não é dança, é pulo”. Segundo as irmãs, ao bater todo o
A simpática dona Pureza cuidando de suas plantas, na Barra do Saí.
arroz (procedimento para retirar o grão do cacho), o alimento era sacado e o salão ficava livre para o baile, que acontecia até o amanhecer. Assim como sua mãe, dona Pureza adorava dançar. Fandango, Tonta, Chamarrita, Passeado, Xote, Vaneira, Manzuca e Meia Arcanja eram as modas musicais da época. “Quando chegava a Tonta, as moças sabiam que a Chamar-
rita vinha logo em seguida. Por isso, havia um versinho que dizia: ‘quando chega a Tonta, Chamarrita na ponta’”, recorda dona Lica, que tem memória boa para os versos de antigamente. De geração em geração Naquele tempo, um aperto de mão era sinônimo do início de um namoro. Como a maioria dos antigos, Elisa, Pureza e Lica
A mais nova das irmãs, Maria Porfírio da Costa, conhecida como dona Lica, em frente ao terreno onde cresceu e mora atualmente.
também se casaram com o primeiro namorado e conheceram seus esposos (hoje, já falecidos) nos tradicionais bailinhos. Já o parto dos bebês era feito com as famosas parteiras. Dona Pureza recorda: “Quando a bolsa da gestante estourava, o marido ia de bicicleta buscar a parteira, que vinha na garupa. Somente no nascimento do bebê que descobríamos o seu sexo”. Para
entender a árvore genealógica dessa grande família, é preciso citar um a um (quem sabe, nossos leitores não identifiquem alguns conhecidos?). Elisa se casou quando tinha 15 anos de idade com Álvaro Emídio da Silva. Seu sogro, Euclides Emídio da Silva, foi um imigrante que chegou a Itapoá em 1922, sendo um dos primeiros homens a habitar a região
da Barra do Saí – daí o nome da conhecida Escola Municipal Euclides Emídio da Silva. Juntos, Elisa e Álvaro tiveram seis filhos: Ezequiel Domingos da Silva, Eurides José da Silva (já falecido), Rosi Elisa da Silva (já falecida), Álvaro Luiz da Silva (também já falecido), Alexandre dos Santos Silva e Euclides Emídio da Silva Neto. Já Pureza, se casou aos 16 anos com João Pedro da Silva. Tiveram oito filhos: Madalena da Silva, João Alexandre da Silva, José Afonso da Silva, Antonio Santos da Silva, Fernando da Silva, Rosa da Silva, Maria da Silva e Pedro Paulo da Silva (os três últimos já falecidos). Por fim, Maria, a dona Lica, também se casou aos 16 anos de idade. Seu parceiro foi Alirie Félix da Costa, com quem teve seis filhos: os gêmeos Dulcenéia da Costa e Dirceu da Costa, Davi Porfírio da Costa, Doval da Costa, Dorival da Costa e Daniel da Costa. Vale lembrar que as três irmãs se casaram na igrejinha da comunidade Saí-Guaçu e todos os vestidos de noiva foram confeccionados pela primeira costureira da Barra do Saí: dona Elisa. Vida moderna Além do pioneirismo na costura, dona Elisa também foi a primeira merendeira da antiga Escolinha da Barra e a primeira
funcionária do Posto de Saúde da Barra, quando o município ainda pertencia a Garuva (SC). Pureza, por sua vez, trabalhou durante trinta anos como confeiteira, suprindo toda a comunidade com seus pães, doces e bolos. Já Maria, a Lica, trabalhou no antigo restaurante Cabana da Barra, em uma banca de camarão e como zeladora das casas de turistas – atividade que mantém até os dias atuais. Se dedicássemos um dia inteiro para conhecer as histórias destas simpáticas senhoras, ainda assim, seria pouco. Mas, em uma tarde, tivemos o prazer de ouvir alguns de seus causos, saber mais sobre sua família e sobre a Itapoá de tempos remotos. É bom ressaltar que Pureza e Elisa são tias-avós e dona Lica é avó de quem vos escreve – o que deixou esta tarde de descobertas ainda mais especial. Nos dias atuais, tudo mudou: dona Lica e dona Pureza têm aparelhos celulares, e dona Elisa liga a sua televisão para assistir à novela. Mas, mesmo com o avanço tecnológico, sentem saudade do passado: “As pessoas viviam com muito pouco e se sentiam muito mais completas e felizes. Tinham empatia umas pelas outras e os vizinhos eram como irmãos. Hoje, com tanta maldade, percebemos que o amor esfriou da face da terra, mas ainda é preciso ter fé, para que ele viva dentro de nós”.
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QUEM É?
Laurita, uma empreendedora de sucesso Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Como sugere o significado de seu nome (“loureiro símbolo de honra e vitória”), a trajetória de Laurita da Silva (63) também é marcada por vitória. Depois de passar por dificuldades, deu a volta por cima e abriu seu próprio negócio. Hoje, a Laurita Center Mega Store possui nove unidades pelos estados do Paraná e Santa Catarina e, acompanhada dos filhos, Laurita tornou-se referência enquanto mulher empreendedora.
Laurita da Silva é criadora da rede de lojas Laurita Center Mega Store, espalhadas pelos estados do Paraná e parte de Santa Catarina.
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ascida em Campo Mourão (PR), passou a residir na capital paranaense em 1983, já casada e mãe de quatro meninos. Nos fundos de seu quintal mantinha uma pequena empresa de confecção de roupas para academias e lojas de shopping. No ano de 1990, ela divorciou-se – um ato de coragem para a época. “Quando isso aconteceu, fiquei com os quatro filhos e uma maquininha de costura que não tinha sequer motor. Depois de quitar um consórcio, optei por comprar uma máquina de costura overloque ao invés de uma
motocicleta, para poder continuar trabalhando”, recorda. Já em 1991, seu filho mais velho foi diagnosticado com leucemia e, depois de contrair meningite, veio a falecer no ano seguinte. “Foi uma fase sofrida, pois em um curto período de tempo me divorciei, perdi um filho e, com a chegada do plano real, a demanda na confecção diminuiu consideravelmente”, conta. Em busca de novas oportunidades, mudou-se com os três filhos para Matinhos (PR), onde moravam alguns familiares, com a pretensão de praticar o que aprendeu em um curso de confeitaria.
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A primeira loja inaugurada por Laurita, em Matinhos, no ano de 1998.
Hoje, a família aumentou e também faz parte dos negócios. À esquerda, Laurita ao lado de um casal de amigos e seus filhos e noras. Já à direita, ela e seus netos.
Novos ares Chegando ao litoral, junto do filho mais novo, iniciou uma pequena fábrica de gesso, que não deu certo. Ainda assim, não desistiu: “Desejava abrir uma loja de ‘tudo um pouco’, pois a cidade necessitava de produtos variados, mas não tinha capital inicial para tal. Então, um de meus filhos contou desse meu sonho para um distribuidor. Felizmente, ele fez uma proposta muito boa: forneceu a mercadoria para eu quitá-la conforme as
vendas”, recorda. Assim, em 1998, com uma pequena quantidade de mercadoria consignada, nasceu a primeira loja Laurita Center Mega Store – um ponto comercial de 30 m², que vendia artigos de 1,99 e peças de gesso. Família De lá para cá, Laurita realizou o sonho da casa própria e o negócio cresceu com a ajuda dos filhos – Gabriel Fernando, Alexandre Cristiano e Paulo Henrique – que, nas palavras
Laurita e o gerente da loja na Avenida Celso Ramos em Itapoá, Ronaldo Camargo.
da mãe, “tomaram gosto pela coisa”. Com o casamento dos rapazes, cada um deles passou a ser dono de uma filial em determinada região. Além dos filhos, a matriarca da família também vem expandindo as lojas que estão sob sua responsabilidade. Atualmente, são nove unidades da Laurita Center Mega Store espalhadas pela região do litoral paranaense, como Matinhos, Guaratuba, Pontal do Paraná e Paranaguá, além de duas lojas no município litorâneo de Itapoá, norte de Santa Catarina. Muito bem abastecidas com “um pouco de tudo”, o conceito da rede de lojas é que o cliente possa sair delas com tudo o que precisa, desde itens infantis até artigos para cama, mesa e banho. Para ampliar o mix de produtos e buscar o que há de novidade no mercado, a família da Silva visita feiras e realiza diversos cursos no Sebrae. Contudo, creditam boa parte do sucesso da rede de lojas aos mais de 300 fornecedores, cerca de 160 funcionários – muitos deles, presentes desde o início dessa trajetória – e inúmeros clientes.
Triunfo As conquistas não param por aí: depois de ganhar elevador de acesso para pessoas da terceira idade, uma das lojas Laurita Center Mega Store de Itapoá será ampliada em breve. Hoje, Laurita se declara satisfeita com os frutos de seu trabalho e apaixonada pelo que faz: “Adoro escolher as mercadorias, fazer as compras, expor os produtos, decorar as lojas, atender os clientes e gerenciar a equipe. Acredito que o visual e até mesmo o cheiro da loja são essenciais para que os clientes sintam-se bem dentro dela”. Além de trabalhar, a empresária gosta de curtir os filhos e netos, praticar exercícios físicos e viajar – inclusive, nos roteiros dentro e fora do Brasil encontra inspiração, como, por exemplo, para as vitrinas ou iluminação das lojas. Em setembro deste ano, a Laurita Center Mega Store completa 20 anos de muito suor e trabalho. “Creio intensamente no poder de Deus e, antes de qualquer passo, oro e peço a Ele. Sempre fui uma mulher de palavra e de honrar meus compromissos”, conta Laurita, uma referência enquanto empreendedora, mãe e mulher.
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ATLETA
Bodybuilding: esporte exige foco, disciplina e paixão Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Já ouviu falar no bodybuilding? No Brasil, também é conhecido como fisiculturismo e, ao contrário da maioria dos esportes, é praticado antes das competições – o que se vê em uma competição é o resultado. De modo geral, consiste em praticar exercícios de resistência progressiva para controlar e desenvolver os músculos do corpo. De Itapoá (SC), Andrea Soares Speck (38) é mãe, empreendedora, apaixonada por malhação e atleta de bodybuilding.
Andrea Soares Speck, de Itapoá, é mãe, empreendedora, apaixonada por malhação e atleta de bodybuilding.
urante sua trajetória, Andrea foi jogadora de futsal, mas sua verdadeira paixão foi a academia. “Sempre gostei de malhar, não somente pelos resultados estéticos, mas também por uma vida mais saudável”, conta. Em 2010, com o nascimento da filha Eduarda (mais conhecida como Duda),
volta à malhação, adentrou o universo bodybuilding. “Certo dia, Felipe Siqueira, meu amigo e proprietário da academia Pride Center Gym, disse que meu shape (formato do corpo) era ideal para competições e, então, passei a estudar sobre o assunto e cogitar a possibilidade”, lembra. Contudo, Andrea descobriu que tornar-se uma bodybuilder (aquela que
D
Andrea teve sua rotina de treinos interrompida: “passei um bom tempo sem treinar para dedicar-me à maternidade, mas sempre mantive minha alimentação saudável, inclusive, durante a gravidez”. Depois de tornar-se mãe, ela conta que tudo mudou para melhor e que descobriu o grande sentido da vida. Em meados de 2012, de
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pratica bodybuilding) trata-se de um processo complexo, que exige muita dedicação dos atletas. “Ao contrário do que muitos pensam, não basta levantar peso, mas, também, cumprir uma série de cuidados com a alimentação, o sono, o uso de suplementos, entre outros”, explica. No início de 2017, depois de intensos treinos, dietas re-
gradas e estudo (como, por exemplo, o curso de poses, que realizou para saber as poses obrigatórias do campeonato e como executá-las), Andrea sentiu-se pronta para dar início às competições, enquadrando-se na categoria Body Fitness, caracterizada por músculos definidos e pouca gordura. Sua estreia aconteceu no evento MR, em Balneário Camboriú (SC), onde ficou em 1º lugar. Outros resultados expressivos de 2017 aconteceram no Campeonato Estreantes, em Balneário Camboriú, onde ficou em 3º lugar, e na Copa Bodybuilding & Fitness, em Chapecó (SC), também com o 3º lugar. Também, tornou-se filiada da IFBB (International Federation of Bodybuilding and Fitness) pelo estado de Santa Catarina. Para ser uma bodybuilder, Andrea destaca os principais pré-requisitos: foco, paixão e disciplina para treinar e alimentar-se. “Os treinos são mais pesados, diferem-se na intensidade, na dedicação e na periodicidade. A alimentação também é um aspecto muito pertinente. Felizmente, o incentivo veio de toda a família, especialmente de minha mãe, que prepara minhas refeições durante o período de pre-contest (preparação para as competições), para que eu possa manter a dieta durante a rotina de trabalho”, fala Andrea, que
A atleta compete na categoria Body Fitness, caracterizada por músculos definidos e pouca gordura.
automaticamente incentivou todos à sua volta a adotarem um estilo de vida mais saudável. Infelizmente, a criação de estereótipos ao deparar-se pela primeira vez com um praticante de bodybuilding ainda existe. Segundo Andrea, comentários como “o corpo está ficando masculino demais” ou “a voz está engrossando demais” acontecem. Mas a atleta ressalta que foco e determinação também devem servir para que estes comentários negativos proferidos por leigos não lhe abalem. Ainda, explica: “Os braços vão ficar grandes, sim, afinal de contas, a categoria
Body Fitness requer membros inferiores retilíneos e membros superiores maiores. A voz também muda, pois os hormônios provocam essa alteração. Contudo, devem ser ingeridos na dose certa e sempre com o auxílio de um nutricionista especializado em suplementação de atletas”. Conforme a atleta, as dificuldades para alcançar os resultados almejados valem a pena quando há admiração pelo universo bodybuilding. “Esse esporte vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil e é bastante abrangente, com categoria até para
portadores de deficiência física que, particularmente, me deixam muito emocionada durante suas apresentações”, fala. Seja antes ou depois do trabalho, o treino é sagrado no cotidiano de Andrea: “quando preciso faltar à academia, meu corpo sente falta”. No entanto, antes do amor pelo esporte, está o amor pela filha. “Para viver o bodybuilding é preciso abrir mão de muitas coisas, como dinheiro (uma vez que este é um esporte caro) e tempo. Mas, ultimamente, tenho optado por desfrutar de mais momentos com minha filha, que é tudo para mim”, fala Andrea, que, além de mãe e atleta, é proprietária da Revista Oceano. Com patrocínio da Empório Brasil, da academia Pride Center Gym e do coach Felipe Siqueira, ela agradece à filha Duda (hoje, com 8 anos de idade), ao seu marido Lucas e à mãe Norma e ao casal Felipe e Eliana Siqueira, da academia Pride, por todo o incentivo e suporte necessário. Ademais, planeja participar de competições esporádicas e sonha ainda em participar de um campeonato brasileiro – mas, é claro, sem sacrificar a vida pessoal, pois uma bodybuilder de sucesso também deve ter saúde mental e estar feliz em todos os âmbitos da vida.
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VOLUNTARIADO
Voluntárias doam corações e ajudam mulheres com câncer de mama Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Lidar com a perda do seio para o câncer de mama é algo extremamente difícil para muitas mulheres que, após a mastectomia, sentem dor física e psicológica. Mas, simples almofadas em formato de coração foram desenvolvidas exclusivamente para ajudá-las a ter mais conforto e a se sentirem mais acolhidas nessa fase delicada. Pensando nelas, um grupo de voluntárias do município de Itapoá (SC), se uniu para doar amor e lindos corações de tecido às mulheres que lutam contra o câncer de mama. Alvina Vieira, Marli Colin, Sueli Carijo, Suely Magalhães e Maria Batista, mais conhecida como Ica, são parte do grupo “As Amorosas de Itapoá”.
Da esquerda para a direita, Marli Colin, Sueli Carvalho, Maria Batista Dias (a Ica), Alvina Vieira e Suely Magalhãs parte do grupo As Amorosas de Itapoá.
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o ano de 2009, dona Alvina foi diagnosticada com câncer de mama. Após a mastectomia (cirurgia de retirada da mama), um detalhe, em especial, chamou-lhe a
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atenção: “Na cidade de Joinville (SC), onde realizei o tratamento, ganhei uma almofada em formato de coração, que me ajudou a apoiar o braço, aliviar as dores e a dormência do pós-cirúrgico, reduzir o inchaço linfático provocado pela
cirurgia, diminuir a tensão nos ombros e, quando usada debaixo do cinto de segurança do carro, proteger de eventuais golpes”. Os anos passaram-se, dona Alvina foi curada e pôde devolver sua almofada para que outras pacientes fizessem uso da mesma, mas aquele simples gesto a marcou para sempre. Já participando das aulas de yoga do programa SCFC (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo), ofertado pelo CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) de Itapoá, dona Alvina fez amizade com Marli, Suely, Ica, Sueli e outras tantas. “Ela contou-nos sua luta contra o câncer de mama e sugeriu que nós participássemos desse projeto, que acontece em todo o Brasil, e ajudássemos mulheres diagnosticadas com câncer de mama em nosso município. Imediatamente, abraçamos a ideia e passamos a estudar sobre o tema”, recorda Ica.
Semanalmente, as voluntárias reúnem-se para confeccionar almofadas que ajudam no tratamento contra o câncer de mama.
Almofada de amor Em contato com voluntários de Joinville, Alvina teve acesso ao projeto das almofadas, que são confeccionadas com cuidado. “Para ser ergonômica, a almofada tem medidas certas e a quantidade de enchimento certo – por isso, é pesada em uma balança de precisão. A costura deve ser específica porque senão fica desconfortável”, explica. O tecido também deve ser 100% algodão e o enchimento deve ser com fibra antialérgica. O trabalho voluntário iniciou em maio de 2017 e contou com a ajuda de cerca de 20 mulheres, em sua maioria aposentadas e com aptidão para artesanato. Valores simbólicos, tecidos, fibras e outros mate-
Dona Alvina, que já venceu a batalha contra o câncer de mama, posa com a Almofada do Coração.
Folheto explicativo sobre o uso da almofada.
riais foram doados por empresas e comerciantes de Itapoá. O ponto de encontro para guardar o material arrecadado e confeccionar as almofadas tornou-se a residência de Suely Magalhães. “Descobrimos qual era o forte de cada uma do grupo e definimos as funções: algumas cortam o tecido, outras preenchem a almofada, umas costuram e por aí vai”, explica a anfitriã. Tudo é pensado nos mínimos detalhes: as voluntárias também criaram embalagens e folhetos explicativos sobre o uso da almofada, que foi batizada de “Almofada de Amor”. Marli, uma das voluntárias, explica a origem do nome: “É muito mais que algo material.
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Para realizar as doações das 103 almofadas confeccionadas, As Amorosas realizaram rodas de conversa.
Ela proporciona apoio físico e psicológico, já que traz à paciente lago para abraçar como um símbolo de solidariedade”. Doações Em apenas seis meses, o grupo confeccionou 103 almofadas. Para realizar a doação das mesmas, escolheu o mês de outubro, que lembra o câncer de mama com a campanha Outubro Rosa. Para isso, as voluntárias atuaram em parceria com a Secretaria de Saúde de Itapoá, que realizou o levantamento de mulheres diagnosticadas com câncer de mama no município. Os dados surpreenderam: em outubro de 2017,
havia 32 pacientes em Itapoá. “Mas queríamos mais que simplesmente fazer a doação das almofadas. Queríamos conhecer essas mulheres, ouvir suas histórias e oferecer carinho a elas”, fala Sueli Carijo. E assim aconteceu: por intermédio da Secretaria de Saúde, as amigas organizaram, em cada unidade do PSF (Posto de Saúde da Família) de Itapoá, rodas de conversa com as pacientes. Suely Magalhães recorda: “Em cada bairro, vivemos diferentes emoções. Choramos, sorrimos, nos entristecemos e comemoramos. Mas estávamos todas lá, sempre juntas. Simbolizando apoio e fortaleci-
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mento àquelas mulheres”. Através de amigas que intermediaram doações, as Almofadas do Coração também chegaram a pacientes de outros lugares, como Joinville (SC), Guaratuba (PR), Florianópolis (SC), Blumenau (SC) e Rolândia (PR). Suely Magalhães, que já tinha conhecimento de uma ONG em Londrina (PR), fez sua entrega pessoalmente, onde o grupo de voluntárias recebeu uma música em sua homenagem; bem como a colega Sueli Carijo, que visitou a Santa Casa de Ponta Grossa (PR), onde doou almofadas e emocionou-se com a história dessas guerreiras.
Projetos futuros Após muito trabalho e fortes emoções, o grupo de amigas intitulou-se “As Amorosas de Itapoá”, uma vez que a palavra é dividida por “amor” e “rosa” – cor que simboliza a luta contra o câncer de mama. As Amorosas receberam doações de camisetas que, em breve, serão estampadas com o logotipo do projeto. O grupo, que participou de um passeio ciclístico promovido pelo PSF de Itapoá, tem em vista outros projetos. “Vamos organizar pontos de coleta de lenços, gorros, chapéus e bonés – acessórios que fazem a diferença na vida de pacientes
A rodas acontecem com pacientes nas unidades dos Postos de Saúde de Itapoá.
com câncer. Também buscamos o apoio de uma advogada que possa levar informação às pacientes, pois, apesar do crescimento do número das acometidas pela doença, a falta de informação faz com que não tenham conhecimento dos direitos especiais citados na legislação”, conta dona Alvina, que já esteve desse mesmo lado. Além das cinco entrevistadas, as voluntárias Adelina, Angélica, Elizabete, Eliete, Eusa, Marisa, Odete, Oliria, Marlene e Eliana, e as apoiadoras Silvia, Janaína, Licélia e Flávia também formam o grupo As Amorosas. Chá beneficente, Dia da Beleza, Desfile de Moda e
palestras de prevenção são outras ações que planejam para o decorrer do ano. “Acreditamos que o câncer de mama merece visibilidade o ano todo, não somente durante o mês de outubro, pois dados comprovam que, se detectado na fase inicial, as chances de cura podem chegar até a 100% dos casos (Fonte: Instituto Brasileiro de Controle do Câncer)”, explica a amorosa Ica. Trabalho voluntário Nas reuniões semanais na casa de Suely Magalhães, As Amorosas trabalham, tomam café e divertem-se com as amigas. Exercer essa atividade
tem, para elas, bons significados tanto para quem recebe quanto para quem doa. A amorosa Marli acredita que a ação beneficente é uma forma de crescimento pessoal e espiritual, enquanto a amorosa Sueli Carijo afirma que ajudar o próximo é gratificante e gera motivação, e complementa: “enquanto ajudamos o outro, ajudamos a nós mesmos”. A luta contra o câncer não é fácil, portanto, as Almofadas do Coração representam autoestima, força e amor – intenções que As Amorosas sempre mentalizam em cada doação. Por fim, a amorosa dona Alvina conclui: “Queremos que as mu-
lheres que recebam nossos corações sejam felizes e tenham fé. Isso foi a melhor coisa para mim”.
Deseja tornar-se uma voluntária ou contribuir com doações de lenços, chapéus, tecidos ou outros materiais? Entre em contato com a amorosa Marli através do WhatsApp 47 99930-0837 ou da amorosa Suely Magalhães através do WhatsApp 43 98406-8035.
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POR AÍ
Três mulheres, um motorhome e um giro pela Itália e Suíça
Coragem, sensação de liberdade e laços fortalecidos foi o resultado desta experiência única vivenciada por Ana, Andrea e Aglacy. Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Contrariando as estatísticas e desafiando a si mesmas, as amigas Ana Cristina Hoffmann Batista, Aglacy do Rocio Locatelli Choma e sua filha Andrea Choma, partiram em uma jornada de motorhome rumo a Itália e Suíça. Mas, aquilo que começou por conta de um evento de corrida, tornou-se algo muito maior: uma aventura marcada pela coragem, liberdade e, é claro, amizade.
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ra junho de 2016 e as amigas Aglacy e Ana, de Curitiba (PR), estavam sentindo-se sufocadas à rotina. “Como gostamos de correr, pensamos em participar de uma corrida no exterior, para vivenciar algo diferente”, recorda Aglacy. Depois de algumas pesquisas, optaram pela Itália, onde as amigas têm uma familiar em comum e onde aconteceria, em março de 2017, a Meia Maratona do Lago Ma-
Para economizar e dar mais autonomia ao roteiro, elas alugaram um motorhome na Itália.
ggiore – lago que se estende por uma superfície de 212 quilômetros quadrados, divididos entre Itália e Suíça. Tendo em vista que a dupla iria encontrar uma parenta, considerava inoportuno chegar acompanhada de estranhos e, por isso, manteve a viagem em segredo, exceto para Andrea, de Itapoá (SC), filha de Aglacy – também apaixonada por corridas e viagens. “Eu, imediatamente, me convidei para
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juntar-me a elas. Como restavam nove meses até o dia da viagem, teria tempo suficiente para economizar e me planejar melhor”, comenta Andrea, que sugeriu que o trio alugasse um motorhome na Itália, para economizar e dar autonomia no roteiro. Falando nisso, o roteiro ficou por conta de Ana e, depois de algumas alterações, ficou dividido entre duas etapas: a primeira com um motorhome alugado, passando pela Itália e
Suíça (destino dos sonhos das três), e a segunda com um carro alugado, para visitar a tia de Andrea ao norte da Itália. O veículo foi um desafio para o trio, que nunca havia viajado em um motorhome. As dúvidas eram muitas: Onde e como alugar um? Quem iria dirigi-lo? Encontrariam campings e estacionamentos por lá? Até que Ana e Andrea fizeram uma aula com um micro-ônibus e tiraram a permissão internacional para dirigir. Desde o planejamento, Andrea foi a mais precavida: “Fiz planilhas comparando preços e serviços, até que optamos por uma empresa que oferecia cobertura total de seguro do motorhome. Também, fiz uma relação com as opções de campings nos dois países, constando endereço, telefone e período de funcionamento”. Mais que isso, ela organizou um kit para economizar na viagem, contendo saco plástico, esponja, papel filme, paninhos para limpar os vidros, taças de acrílico, saca-rolhas, entre outros itens. E o único combinado entre as três foi: utilizar o banheiro do motorhome apenas para urinar, para evitar a manutenção mais exigente.
prestes a viver uma aventura”. Diferente dos outros dias, o grande dia da Meia Maratona do Lago Maggiore não fez chuva. Sobre a corrida, Andrea afirma: “foi muito organizada, em um lugar muito bonito, e os italianos são extremamente competitivos e preparados”. Apesar de o evento ser o objetivo principal da viagem, o trio aguardava ansiosamente pelos dias na Suíça, uma vez que este é um roteiro bastante caro e sonhado por muitos. Sabendo dos preços nada convidativos daquele país, Andrea, Ana e Aglacy foram a um mercado na Itália e estocaram mantimentos para os dias seguintes.
Organizada, bonita e emocionante: assim foi a Meia Maratona do Lago Maggiore.
A chegada No dia 3 de março de 2017, Andrea, Ana e Aglacy chegaram a Milão, onde as deixaram em uma salinha, transmitindo um vídeo de “como guiar um motorhome”. Elas contam que filmaram todo o vídeo com o celular, mas ao longo da viagem descobriram que este não trazia todas as informações necessárias. Em seguida, sob chuva e frio intenso, Ana foi dirigindo o veículo, enquanto Andrea navegava e Aglacy ficava atrás, no motorhome já decorado com a bandeira do Brasil. O trio já havia conhecido a Itália em épocas diferentes e com companhias diferentes, mas aquela região era novidade, e até mesmo o funcionamento do pedágio italiano lhes causou estranheza. Durante a viagem as três falaram inglês, mas Ana havia feito um curso online de cinco meses para aprender italiano e pôde se virar com a língua local. Em um restaurante, aprenderam que, para os italianos, a comida é sagrada. “Os pratos têm ordem de chegada e é como uma ofensa pedir a eles que coloquem mais sal ou queijo, pois o prato deve ser ingerido do jeito que veio à mesa”,
conta Ana. Depois de encontrarem um camping fechado (mesmo constando como aberto na internet), acharam outro camping próximo ao Lago Maggiore, com vista para os Alpes Suíços. Felizmente, o dono do camping ensinou-lhes alguns mecanis-
mos básicos do motorhome e foi seu guia turístico por dois dias. Aglacy recorda um momento especial: “quando pegamos nossos kits da corrida, ficamos muito emocionadas e nos demos conta de que estávamos as três, longe de casa,
Um giro pela Suíça Pisando em terras suíças, a emoção foi grande: as brasileiras choraram, gritaram e se abraçaram. Deixaram o motorhome em uma estação de trem e foram conhecer o mirante de Locarno, na beira do lago. Ana, que nunca havia visto neve, teve sua primeira experiência neste tão sonhado lugar. Em seguida, com as bicicletas alugadas juntamente com o motorhome, visitaram Lugano e seus pontos turísticos. De acordo com as três, Lugano é muito charmosa e as ruas da cidade cheiram a perfume.
Próximo ao Lago Maggiore, as brasileiras ficaram acampadas com vista para os Alpes Suíços.
De bicicleta por Lugano, onde as ruas são charmosas e cheiram a perfume.
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Neve intensa a caminho de St. Moritz.
A próxima parada seria em St. Moritz, glamorosa e badalada cidade da Suíça – muito popular pelas estações de esqui, onde o trio já havia esquematizado um camping na beira do lago e comprado um passeio de trem panorâmico. No entanto, o caminho até lá reservou algumas surpresas. “A pista foi afunilando e o caminho ficando cheio de curvas. Na subida, quando estávamos quase chegando aos Alpes Suíços, começou a nevar com intensidade. A pista estava coberta de gelo e não tinha acostamento. Enquanto isso, uma fila de veículos atrás de nós e não conseguíamos ver se vinham caminhões da direção oposta”, recordam. Depois de passarem por ruas estreitas dentro de cidades antigas, restando 15 quilômetros para St. Moritz, a neve aumentou e o motorhome parou, pois patinava na neve. “Ficamos apavoradas, pois faziam -12ºC, estava escuro, ventando forte e nevando. Tínhamos de colocar corrente nos pneus do veículo, mas não sabíamos como fazer isso. E, toda vez que pedíamos ajuda, as pessoas não paravam”, conta Ana. Mais tarde, descobriram que o pensamento suíço é que cada um deve arcar com suas responsabilidades e que, por lá, os moradores locais têm dois jogos de pneus específicos, um para o inverno e outro o verão. Enquanto tentavam abrir um vídeo tutorial no YouTube, finalmente, um moço parou para ajuda-las. De volta à cidade minúscula de Bivio, no meio dos Alpes, optaram por dormir em um hotel e, no dia seguinte, partiram para St. Moritz. Elas contam que, na Suíça, os hotéis têm preços altos, mas são bem estrutu-
Cidade de Bivio coberta de neve.
Lago congelado em St. Moritz.
Seja com vista para o lago, a neve os as montanhas, todas as refeições ganhavam decoração especial com velas, taças e toalhas decoradas.
rados. Chegando à glamorosa cidade de St. Moritz, perderam o passeio de trem panorâmico e o lago, ao lado de onde iriam acampar, estava congelado. “Passeamos um pouco por lá, mas como as lojas eram de grife, tudo era muito caro e a previsão dizia que a neve estava a caminho, decidimos encurtar nossa passagem pela Suíça e voltar para a Itália”.
uma paisagem bonita, seja com vista para o lago, a neve ou as montanhas, parávamos o motorhome, pegávamos nossos cobertores e brincávamos de casinha lá fora, decorando a mesa e preparando a refeição”, comenta Aglacy. Velas, taças, toalhas decoradas e flores davam ainda mais e charme e sabor aos queijos, vinhos e chocolates suíços.
Toque especial Vale ressaltar que, entre um perrengue e outro, Ana, Andrea e Aglacy desfrutaram de cada trecho percorrido. Ao alugar o motorhome, optaram pelo kit camping, que trazia mesa e cadeiras para curtir a área externa. “Todas as noites preparávamos uma janta bem caprichada e o que sobrava era reaproveitado em outra refeição. Sempre que avistávamos
Aventuras no Lago di Como Descendo os famosos Alpes Suíços, a casa móvel seguiu para o Lago di Como, na Lombardia, Itália – famoso por abrigar muitas mansões, como a mansão do ator George Clooney. Lá, tiveram dificuldades com o reservatório de água limpa e água suja do veículo. “O pessoal da locadora do motorhome estava esgotado de atender ao telefone e me ouvir
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dizendo: ‘Questa è Ana, dal Brasile!’, frequentes eram as nossas dúvidas”, se diverte Ana. Também, tiveram dificuldade em encontrar campings abertos, pois apesar destes constarem na internet como abertos, estavam fechados. Na região, se encrencaram com o GPS, que as mandou para ruas muito estreitas. Em seguida, mais problemas e cenas épicas ao seguirem um ônibus e entrarem com o motorhome em sua canaleta e até mesmo entrarem na principal praça de Como – uma rua calçada as levou até a catedral da cidade. Depois de retornarem à rota normal, desistiram de explorar o Lago di Como e optaram por aproveitar o último dia com o motorhome no camping, na beira do lago. Norte da Itália Com um carro alugado, Andrea, Aglacy e Ana partiram para a casa de sua parenta, na pequena e conservadora cidade de Valdobbiadene, conhecida mundialmente como a terra do prosecco (um vinho branco italiano, o espumante produzido no nordeste da Itália). “Minha tia é casada com um italiano que produz prosecco e é um dos degustadores mais conceituado da região”, conta Andrea. Lá, hospedaram-se em uma casa com mais de 400 anos e participaram da festa do padroeiro da cidade.
Entardecer no camping com vista para o Lago di Como.
mas com o veículo, se estivéssemos na companhia de homens, não seria tão prazeroso, pois, dificilmente pararíamos para apreciar cada paisagem, decorar a Tia Sandra ensinando as mesa, brinEm Valdobbiadene, com a Tia Sandra. turistas a fazer pasta. dar e prepa“Naquela região, a maioria feno estocado em um dia de rar o jantar”, comentam. Sobre dos italianos chama os turistas céu limpo, sol e neve. Ana des- o motorhome, elas concluíram de ‘extracomunitários’ e não creve bem a sensação: “Pes- que não é tão fácil quanto gosta muito de visitas. Tam- soalmente, não acreditávamos parece, pois não pode ser bém, os mais conservadores, que estávamos vendo aquilo. estacionado em qualquer luprezam muito pelo paladar: Cada canto parecia uma foto- gar, ainda mais em tais coneles mesmos produzem suas grafia, um quadro”. massas, só comem o que é da estação e compram apenas de Laços feiras e fornecedores conhecifortalecidos dos, para fomentar o comércio Sem os malocal”, comenta Aglacy. ridos e os filhos, Em San Martino di Castro- as três brasileiras zza, esquiaram e encantaram- embarcaram em -se com as dolomitas, uma ca- uma aventura que deia de montanhas nos Alpes. durou cerca de Também, passaram um dia na 20 dias. “Apesar Eslovênia, divisa com a Itália, das dificuldades onde curtiram cenários exube- e dos perrengues rantes. Conheceram Cortina de campings feD’ampezzo, com casinhas com chados e proble-
dições climáticas. “Ficamos nós, três mulheres, expostas a uma língua nova, pessoas novas, um veículo novo, um clima novo e uma cultura mais nova ainda. Por isso, acho que fomos muito corajosas”, fala Aglacy, que amou a sensação de estar solta pelo mundo aos 62 anos de idade. Já Ana, ressalta: “nunca vou me esquecer da sensação de abrir a cortininha do motorhome e me deparar com aquelas paisagens estonteantes”. Entre perrengues (que também serviram de aprendizados), choros, descobertas e emoções, esta experiência única serviu, nas palavras de Andrea, para trazer “coragem, sensação de liberdade e fortalecer os laços”.
Em San Martino di Castrozza, encantaram-se com as dolomitas, esquiaram e fizeram pausa para lancher e tomar Aperol Spritz (coquetel famoso na Itália).
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PROJETOS
Projeto empodera e incentiva mulheres a empreenderem
Cansada dos machismos diários e lembrando seu esforço para conquistar espaço na profissão, a designer de moda e empreendedora Mara Novaes Lanave, de Itapoá (SC), criou o projeto “Dela pra Elas” – que tem como propósito criar logotipos para ajudar mulheres a serem mais independentes em seus negócios. Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
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o longo de sua vida, Mara ouviu por diversas vezes que não conseguiria ser uma mulher bem-sucedida. “Ouvia absurdos que eram proferidos, inclusive, por outras mulheres. Coisas do tipo ‘você não é capaz nem de comprar um pão com seu próprio dinheiro’ me deixavam tristes e faziam com que me sentisse burra”, recorda. Mas o tempo passou e ela formou-se em Design de Moda, tornou-se estilista e ilustradora de estam-
papelaria personalizada), o Studio Personaliza (com foco em produtos personalizados para festas) e, há pouco tempo, tornou-se empresária, com a Lanave Embalagens. Ainda assim, sofria certos machismos diários. “Uma mulher empreendedora enfrenta situações que um homem empreendedor desconhece. Muitas vezes chegam à loja e me perguntam ‘onde está o dono?’, descartando a possibilidade de que eu também seja a dona”, fala. Empática com outras do mesMara Novaes Lanave é designer de moda, mo gênero, tem apenas empreendedora e feminista. Na imagem, uma de suas estampas para pano de prato. funcionárias mulheres. “Exceto na força, a capacidade intelectual e pas, trabalhou para grandes marcas, como Zara, Renner, a dedicação de uma mulher em C&A, Levi’s e Brooksfield, criou seu trabalho são iguais ou até a marca Pássaro Digital (com melhores que de um homem”, ilustrações digitais, artes para diz. Contudo, Mara desejou faestampas, identidade visual e zer ainda mais pelas mulheres.
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Dela pra elas Lembrando seu esforço para conquistar espaço e obter sucesso na profissão, a designer desejava criar um projeto onde pudesse ajudar, de alguma maneira, outras mulheres a serem mais independentes em seus negócios. Mas as questões eram muitas: como poderia ajudar, incentivar, dar ânimo, algo que faça essa mulher sonhar, empreender e realizar? “Então, notei que muitas de minhas clientes eram artesãs, confeiteiras e outras tantas profissionais excelentes, mas seus trabalhos não apresentavam identidade visual”, lembra Mara, que encontrou a solução: desenhar os logotipos que usariam em seus
negócios. Em outras palavras, transformar o que estava em seus pensamentos em algo real, mais concreto e afetivo. Assim, nasceu há cerca de um ano o projeto voluntário “Dela pra Elas”, com o intuito de empoderar mulheres empreendedoras, garantindo a decisão sobre seus negócios e suas vidas. Após a criação dos primeiros logotipos, a iniciativa fez sucesso entre as empreendedoras do município de Itapoá. A criadora explica: “Parece um simples desenho, mas gera motivação para que a mulher continue a batalhar pelo seu espaço. Além disso, o projeto tem um pilar afetivo, pois desejo, de todo o coração, que essas mulheres apresentem um trabalho mais bonito e se deem bem”. Resultados positivos Entre as inúmeras profissionais de Itapoá beneficiadas com o projeto, ou seja, que ganharam logotipos para seus negócios, estão Julyana Satie da Silva, da “Julyana Satie Brigadeiros”, Jamille Franco, das “Delícias da Jama Diet”, e Wal Garcia, do “Wal Garcia Atelier”. Julyana conta que sempre teve receio de tentar algo, por medo de falhar. “Dede que comecei a fazer doces com o dom que Deus me deu, a Mara sempre acreditou em mim e nunca
me deixou desistir. O que deixou minha logo ainda mais especial foram o carinho e o amor que ela depositou em sua criação”, fala. Para Julyana, Mara é exemplo de força e determinação, e realiza um trabalho muito importante ao encorajar mulheres de Itapoá. Já Wal, conta que o momento em que o projeto “Dela pra Elas” apareceu foi bastante oportuno, pois se encontrava desanimada com suas vendas no município. “Quando ela disse que faria minha logo, foi como tomar um ‘chá de ânimo’. Desde que ganhei uma arte para meu negócio, fiquei com um sentimento bom e, consequentemente, transferi isso para meu trabalho”, conta. Pelo simples fato de ganhar uma “cara nova” em sua página, Wal aumentou sua rede de clientes e contatos. Não diferente das outras profissionais, Jamille também se diz incentivada por Mara, desde quando cogitou a montar um negócio até a criação de sua logo e seu cardápio. E complementa: “Mais do que uma designer, ela é o incentivo em pessoa. É um ser humano ‘mara’, como o próprio nome já diz”. Vínculo Por realizar esse trabalho de forma gratuita, Mara confessa que já ouviu críticas de profissio-
A designer também é criadora do Studio Personaliza, que tem como propósito criar produtos personalizados para festas.
nais que têm como ganha-pão a criação de logotipos e artes em geral. “Àqueles que se chateiam com as criações, tento explicar que essa ação acontece como a ponta de um sonho que se inicia. Mesmo que eu me dedique para cada logotipo, tenho qualidades e intenções diferentes daqueles que vivem desta atividade”, explica. Mais do que conhecer seu trabalho, saber dos seus sonhos e gostos e desenvolver um desenho, Mara criou vínculo com todas as mulheres do projeto “Dela pra Elas”. Assim como a doceira Julyana, muitas procu-
ram a designer até hoje para pedir opinião ou dar um conselho a respeito do trabalho. Para Mara, fortalecer estes laços é multo importante: “As mulheres precisam ser mais unidas, solidárias e empáticas umas com as outras. É essa a mensagem que pretendo passar com o projeto. Uma mensagem ‘dela pra elas’”. É mulher, tem o sonho de empreender e precisa de um logotipo para seu negócio? Entre em contato com Mara através do perfil “Mara Novaes Lanave”, no Facebook.
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MODA
Sobre moda, consumo, estilo e comportamento Grazi também é apaixonada por fotografia e tatuagens e vê, nessas artes, possibilidades de expressar-se.
Formada em Design de Moda, Graziela Benkendorf, a Grazi, de Itapoá, fala sobre suas influências, estilo e consumo consciente.
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uando criança, Grazi já sentia-se livre para escolher suas próprias roupas. Ela também recorda que não gostava de brincar com bonecas, mas sim de criar roupinhas para elas. “Assim como muitas pessoas, eu gostava de moda. Mas era algo mais visual, que eu admirava. Até que optei por cursar Design de Moda, um curso que unia moda, produção e fotografia, algumas áreas de meu interesse”, recorda. Os estudos iniciaram em 2011, na Universidade da Região de
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Formada em Design de Moda e apaixonada por referências, Graziela Benkendorf (26), mais conhecida como Grazi, de Itapoá (SC), parafraseia Iris Apfel e acredita que “moda você pode comprar, estilo você tem”. Em um bate-papo, a designer fala sobre suas principais influências, sobre o curso de Moda, estilo próprio, consumo consciente e a criação de uma marca. Joinville (UNIVILLE), e foram divisores de águas para a aficionada por vestuário. No curso, ela realizou-se e descobriu uma infinidade de possibilidades dentro do universo da moda. “Uma coisa era olhar para uma peça e admirá-la, outra, bem diferente, foi estudar todas as suas etapas de criação, desde as pesquisas de inspirações, passando pelo conceito, a escolha do tecido e dos aviamentos, a modelagem, a costura, entre outros”, conta Grazi. Dentre as disciplinas da grade do curso, confessa que sentia-se mais atraída pelas
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aulas práticas, pois via nelas a chance de expressar-se. Projeto de Imagem e Fotografia, Design de Joias e Acessórios, Modelagem de Moda, Produção de Moda, Materiais e Processos de Costura, Materiais Expressivos e Marketing eram algumas de suas disciplinas favoritas. Durante algum tempo, Grazi trabalhou como vendedora de uma loja de roupas e pôde explorar alguns de seus conhecimentos na criação de vitrines. Mesmo não exercendo a profissão de designer (na qual formou-se em 2015) atualmente, ela respira e inspira
moda por onde passa. Estilo próprio Grazi é conhecida por seu estilo cool, que remete ao básico e despojado. “Ao montar um look, priorizo o meu bem-estar dentro dele. Só visto aquilo que me deixa à vontade e que me permite ser quem eu sou, independente da ocasião”, conta. Para ela, pesquisar sobre moda é como um ritual diário. Primeiramente, Grazi acompanha as novidades e se inspira em diferentes sites (como hypeness.com.br), revistas de moda (como Vogue e Elle, tanto
nacional quanto internacional) e perfis no Instagram (como o @bat_gio, de Giovanna Battaglia, e @alexachung, de Alexa Chung). Em seguida, filtra aquilo que mais lhe interessa e busca aplicar no dia a dia. Em seu guarda-roupa, não pode faltar uma jaquetinha de couro preta e peças em jeans. Mas não são apenas as vestimentas que compõem o estilo de Grazi: ela também é adepta às mudanças no cabelo (a mais radical delas foram os dreadlocks, que teve por quatro anos) e às tatuagens que, para ela, são meios de expressar um pouco daquilo que é, gosta e sente. A designer afirma não ser contra tendências de moda, mas acredita que a sociedade não deve ser refém daquilo que muda a todo instante. Além disso, ressalta que as tendências nem sempre agradam ou interessam a todas as pessoas, estilos, corpos e personalidades. “Acredito que a moda é muito mais abrangente que isso: é autoconhecimento, olhar para dentro de si e conectar o seu interior com o mundo à sua volta. A moda lhe apresenta mi-
lhares de opções, sendo as tendências uma delas, mas você decide qual a cor, a estampa, o tecido ou o modelo que melhor fala por você”, explica Grazi, que também é muito requisitada por suas amigas para dar dicas e pequenas consultorias de estilo minutos antes de uma festa, por exemplo. Consumo consciente Como toda apaixonada pelo mundo fashion, Grazi também adora consumir itens de moda. “A escolha por produtos ficou mais fácil depois que cresci e defini meu próprio estilo. Hoje, opto por peças que possam agregar no meu guarda-roupa e que tenham durabilidade. Já quando me arrependo da compra, troco na loja ou vendo, pois sempre terá alguém que fará melhor uso daquela peça”, diz. Para gastar pouco, ela aconselha visitar brechós e lojas de departamento (como Renner, C&A e afins). “Muitas pessoas desmerecem este tipo de loja, mas, é só ter um pouquinho de tempo livre, que você acaba encontrando algo interessante. A dica é sempre observar a qua-
A mais radical de suas mudanças foram os dreadlocks, visual que a designer adotou por anos.
Adepta ao estilo cool, a designer opta por peças que remetam ao básico e despojado.
lidade do tecido e da costura, e provar a peça para certificar-se de que ela caiu bem. Ao final das contas, você vai orgulhar-se ao dizer que pagou bem pouco por ela”, complementa. Além das preciosidades que podem ser encontradas em brechós, também frisa a importância do consumo consciente. “Comprar em brechós e lojas de segunda-mão, participar de feiras de troca ou até mesmo organizar uma festa para fazer escambo de roupas com as amigas são opções muito válidas para quem está esforçando-se para praticar um consumo mais consciente. Além do preço ser bastante convidativo, está diretamente relacionado aos impactos sociais e ambientais negativos de uma produção e consumo de moda desenfreados”, explica. Além de alguns looks casuais, Grazi encontrou nos brechós as peças ideais para fantasias de Halloween ¬– sempre unindo o útil ao agradável, ou melhor, o barato ao sustentável. Outra dica interessante para aumentar a vida da peça é customizá-la. “Se você enjoou daquela calça jeans que usou muitas vezes ou encontrou uma blusinha que é quase a sua cara, mas não exatamente como queria, existe uma série
de possibilidades para dar cara nova àquela roupa. Você pode, por exemplo, desenhar à mão no tecido, tingir a peça, cortar as mangas da blusa, desfiar a calça no estilo destroyed (rasgado), arrancar algum aviamento e acrescentar outros, como ilhoses, tachas, franjas, etc.”, aconselha Grazi. Com a popularização das redes sociais e canais no YouTube, customizar suas peças pode ser mais fácil, prático e divertido do que parece. Planos futuros Dentre os sonhos de Grazi, está a criação de uma marca de moda. “Estou idealizando isso há algum tempo. Não é nada grandioso, mas vem sendo planejado nos mínimos detalhes, com todo o amor e respeito que tenho pela profissão”, diz. A designer, que está animada e ansiosa com a ideia, conta que criar sua própria identidade vai ser uma boa oportunidade de exercer todos os conhecimentos adquiridos no curso. Ao contrário do que muitos julgam, moda nada tem a ver com futilidade, mas está interligada a questões históricas, sociais e comportamentais do ser humano: “é uma forma de dizer quem você é sem precisar falar”.
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ARTE SOLIDÁRIA
Costuras, tecidos, laços e fitas Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Nesta edição, a campanha Arte Solidária contou com a participação da artesã Beatriz Melo Ferreira (24), que doou uma peça de sua autoria para a Revista Giropop, que será entregue à associação Mãos do Bem de Itapoá. Beatriz começou com as primeiras costuras e os primeiros laços de cabelo no município. Hoje, tem o artesanato como profissão.
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história com o artesanato começou logo cedo: aos 11 anos de idade, quando Beatriz aprendeu a fazer tricô. Ela lembra que sua mãe sempre lhe incentivou a fazer aulas de artesanato em madeira e de pintura em tela. “Na época, não gostava muito, mas hoje vejo o quanto isso me ajudou”, fala. Tudo mudou quando Beatriz tornou-se mãe da pequena Eduarda e teve de parar de trabalhar.
A artesã Beatriz Melo Ferreira, do Atelier Bhya Melo, com a peça doada para a campanha Arte Solidária.
“Sempre admirei minha avó, que fazia bonecas de pano para mim quando criança. Ela entrava nos matos de Itapoá em busca de plantas e ervas, para colocar nas bonecas. Eu ficava encantada pelo simples fato de um tecido transformar-se em algo tão especial e bonito”, fala Beatriz. Sua avó, então, deu-lhe uma máquina de costura e ensinou-lhe o básico, pois no dia seguinte mudou de cidade. A artesã recorda: “Deixei a máquina parada durante alguns meses, com medo de arriscar. Também achava que não teria paciência para a ati-
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Beatriz e sua avó, que a inspirou a costurar, e a criar o atelier.
vidade. Até que, um dia, peguei alguns retalhos, comecei a ler o manual de instrução e fui testando os pontos”. Nas primeiras costuras, errou muitas vezes, perdeu materiais e, por inúmeros momentos, pensou em desistir. Felizmente, isso não aconteceu e ela pôde desenvolver a ideia de fazer alguns acessórios para a sua filha, pois, na época, tinha dificuldade de encontrar tais produtos em Itapoá. “Quando comecei a confeccionar acessórios para minha filha, percebi que era apaixonada pela costura há muito tempo e não sa-
bia. E, assim como eu tinha de minha avó, gostaria que minha filha também tivesse memórias afetivas de algo feito por mim, com amor e carinho”. Primeiros trabalhos Depois de criar os primeiros laços de cabelo para a filha, a jovem postou os trabalhos em suas redes sociais e passou a oferecê-los para as amigas. “O retorno foi muito positivo e recebi várias encomendas”, conta. Sendo assim, fez de uma sala comercial ao lado de sua casa o seu atelier. Lá, Beatriz passou a confeccionar roupi-
nhas para meninas, tiaras e outros acessórios – mas seu forte sempre foi o laço. “Quando comecei, senti certa dificuldade de precificar as peças, pois, infelizmente, os trabalhos manuais são desvalorizados por algumas pessoas. Somente após três anos do atelier que obtive o retorno de tudo aquilo que investi e comecei a lucrar, de verdade”, conta. Todo o processo criativo passa por Beatriz: desde a escolha dos tecidos e aviamentos, passando pelo design e pela costura e, por fim, a venda. “Meus produtos são exclusivos e feitos à mão. Prezo muito por qualidade e acredito que este seja o motivo de que minhas clientes sempre voltam e elogiam minhas peças”, diz.
Atelier Bhya Melo, que cria desde laços de cabelo até roupinhas para meninas.
Para Beatriz, a costura é uma atividade viciante e, hoje, é também sua profissão.
Pronta entrega Há aproximadamente três anos, a artesã mudou-se para o município de Canoinhas (SC), onde fica sua produção durante toda a semana. Mas, Itapoá ainda faz parte do roteiro: durante os meses de alta temporada, Beatriz permanece no município litorâneo e carrega consigo suas máquinas, fitas e tecidos. Ainda em Itapoá, o trabalho funciona a domicílio: “A cliente entra em contato conosco e levamos até ela uma caixa cheia de acessórios. No dia seguinte, passamos para recolhê-los. Buscamos, sempre, deixar
nossas clientes à vontade, para que escolham com calma e vejam a qualidade de nossos produtos”. Hoje, a artesã possui uma gama de produtos com mais de 500 modelos de laços para pronta entrega, mas também trabalha com encomendas para ocasiões especiais e venda por atacado. Suas peças podem ser enviadas pelos Correios e o atendimento é realizado por WhatsApp, Instagram ou site. Os laços de Beatriz já foram enviados para diferentes estados do Brasil e seus produtos estão em lojas de Guaratu-
ba (PR) e Garuva (SC), e suas revendedoras estão em Londrina e Lupionópolis, no Paraná. Paixão “Costura vicia. É apaixonante poder criar algo do seu jeito, exatamente como imaginou. Enquanto algumas mulheres enlouquecem em lojas de roupas e sapatos, eu enlouqueço em lojas de tecidos e aviamentos. Adoro escolher os materiais, fazer composições e, em seguida, o molde das peças. Até o barulho da máquina de costura me acalma e me faz bem”, confessa a artesã, que tem planos de desenvolver
uma coleção para meninos. O Atelier Bhya Melo, hoje, virou principal fonte de renda e profissão. A artesã costura todos os dias, em todos os períodos e até participa de feiras durante os finais de semana. Em homenagem à avó, sua grande influenciadora, também criou uma marca de bolsas feitas à mão, a Ilária Handmade. Diferente do que alguns acreditam, trabalhar com artesanato e ser chefe de si mesma exige a mesma (ou até mais) disciplina daqueles que trabalham para outros. Mas, depois de cada peça concluída, a artesã garante que o esforço vale muito a pena. Em um mundo cada vez mais tecnológico, Beatriz lembra a importância do trabalho feito à mão: “quem compra artesanato não compra apenas uma peça, mas também amor, carinho, dedicação e esperança, para que alguém continue a acreditar nos seus sonhos”. Deseja saber mais sobre o trabalho da artesã Beatriz Melo, acesse sua página “Atelier Bhya Melo”, no Facebook, ou @atelierbhyamelo, no Instagram. Para conhecer sua marca de bolsas, acesse @atelierilaria, também no Instagram. Já para entrar em contato com a artesã, basta enviar-lhe uma mensagem em seu WhatsApp: 47 99936-0981.
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COLUNA
O Sagrado Feminino
Andréa Sumé é mãe, psicóloga, escritora, autora do livro “Por Todas as Nossas Relações” e guardiã dos saberes ancestrais femininos. Do encontro com o budismo tibetano às iniciações xamânicas, da formação em psicologia às constelações familiares, sua trajetória como mulher percorre um vasto caminho espiritual. Filha da natureza e guardiã dos saberes ancestrais, Andréa trabalha ao redor do fogo, de pés no chão, em círculo, reunindo homens e mulheres no resgate de sua essência orgânica e original.
A
Andréa Sumé
bandonar culpas, vitmizações e as estratégias inconscientes das coodepêndencias afetivas, tão viciantes ao padrão normótico de ser mulher, é um ato épico que não se tornará real até que a mulher compreenda o sentido do sagrado e a forma de se relacionar com
este sentido. Recordar os mistérios que envolvem o sentido de ser feminina é um caminho sem volta, que vai exigir da mulher um tanto de confiança no que fica para trás e no que está por vir. Quando a mulher retorna aos antigos ritos e mitos que compõem o universo particular feminino, seu coração é tomado por uma espécie de memó-
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ria, um código ancestral, que estava perdido nas fendas do tempo. São como ruínas encontradas que estavam por centenas de anos cobertas pela mata. Frente a frente com todo o medo que caracteriza o numinoso, o trabalho da mulher em recuperar as ruínas é tanto, que sabe-se da impossibilidade de fazê-lo sozinha. É neste momento que o elo
feminino se encontra em rodas e círculos. Seja nos grupos de Sagrado Feminino ou na sala de terapia, é aqui que nos sentimos apoiadas. E diante das ruínas que compõem nossa história, damos conta da incrível tarefa que parecia impossível: restaurar essas ruínas e devolver a nossa psique um poderoso monumento. Completamos o caminho e estamos prontas
Andréa Sumé é autora do livro “Por Todas as Nossas Relações”. Poética, de natureza profunda e provocativa, a obra traz textos curtos com temas existenciais variados que levam o ser humano à autorreflexão sobre a jornada humana.
para admirar, reverenciar e celebrar o sagrado lugar perdido que foi finalmente recuperado. Ao longo de 15 anos trabalhando com mulheres em grupo e no consultório de psicologia, observo que muitas de nós farejamos sabiamente nossas ruínas, mas não nos autorizamos a concluir as escavações. Paramos no meio do caminho, paralisadas pelo medo e frustração. Saímos correndo de volta à segurança do ninho, para o colo das relações tóxicas ou dependências emocionais, que são sintomas de uma neurose tão “normal” aos olhos do sistema de crenças que vivemos.
Abortamos, mais uma vez, a missão de parir nossa natureza e recuperar quem verdadeiramente somos. Presencio também a potência histórica que faz do nosso gênero a concentração da mais absoluta alquimia. Aquelas boas farejadoras, que vão até o fim das escavações de si e concluem no grupo e na terapia sua poderosa travessia. São elas o próprio monumento. Sua relação com o sagrado e com suas feridas se torna consistente e nada fantasiosa. Lobas, felinas, protetoras e acertivas. A magia que envolve essas mulheres é capturada
Nos dias 27 e 28 de abril, acontecerá a vivência Ensaio da Terra e Construção de Tambores, na Reserva Volta Velha, em Itapoá. Já dos dias 16 a 18 de março e de 4 a 6 de maio acontecerá a vivência Ciranda de Gaia, no Monte Crista, em Garuva.
pelos quatro cantos do espírito e elas estão finalmente em paz com sua natureza. A sabedoria de antigas tradições nos conta que, somos nós, as mulheres, guardiãs do sentido sagrado que move a humanidade. Para cada mulher que recupera o desejo de finalizar as escavações de suas ruínas, gerações inteiras são sanadas. Ceder ao medo e paralisar a busca é uma violência tão absurda quanto a inquisição que vivemos. Como mulheres, precisamos transgredir toda a violência que governa uma cultura patriarcal e compactuar com os poderes fundamentais que re-
gem o feminino: compartilhar, alimentar, gerar, parir e transformar. São esses alguns de nossos milenares saberes que levamos na alma. Profetizas de um tempo novo, nós somos aquelas que guardam os ciclos da terra e da lua no nosso ventre. Os homens são nossos filhos e somos nós as mães do mundo. Damos nascimento e cuidamos da criação da humanidade. Cabe a cada uma de nós avaliarmos se, de fato, tamanho poder está em nossas mãos. Ou se ainda cumprimos o trágico destino de caminhar sem a consciência do magnífico.
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empreendedor
Colégio Monteiro Lobato: 23 anos de confiança e ensino de qualidade parte administrativa. E a experiência deu certo, pois em 1996, iniciaram a parceria com o Sistema Positivo e alugaram um espaço maior para também ofertar o Ensino Fundamental. Já em 1999, deram um passo ainda maior: compraram os terrenos que desde 2001 suprem a estrutura do colégio – como sempre sonharam. Por fim, em 2008, as demandas de Guaratuba e região deram forças ao Colégio Monteiro Lobato para a implantação do Ensino Médio.
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Quem vê, hoje, a estrutura e os resultados expressivos do Colégio Monteiro Lobato, em Guaratuba (PR), não imagina que essa história nasceu em uma pequena casa, poucos alunos e muito trabalho. Para ofertar educação de qualidade e fazer do colégio referência em toda a região, o casal Vaneli Mari Arsie Cernach e César Luiz Cernach – fundadores e diretores do colégio – construiu uma trajetória pautada na confiança.
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e família simples, Vaneli aprendeu a batalhar desde cedo. Apaixonada pelos estudos, sonhava em ser professora. Com o incentivo e a ajuda do tio Joely Rodrigues, cursou magistério na capital paranaense e, em seguida, estudou Pedagogia no município de Paranaguá (PR). Também, atuou na Secretaria de Educação na Prefeitura Municipal de Guaratuba. “Abrir uma escola era um sonho antigo, mas os medos eram muitos
Na cidade de Guaratuba (PR) e região, o Colégio Monteiro Lobato é referência em educação.
e tínhamos pouco dinheiro para investir. Felizmente, meu marido César, tendo visão empreendedora, me encorajou a dar o pontapé inicial e começar com o pouco que tínhamos”, recorda. Em 1994, Vaneli e César (na época, com 23 anos), funcionários públicos, que vendiam cachorro-quente durante a temporada, deixaram suas funções para viver um sonho: abrir uma escola onde as famílias não mais precisassem se deslocar às cidades grandes em busca de um ensino diferenciado.
O início Com a ajuda da família, passaram noites em claro criando carteiras escolares de compensado e pensando em cada detalhe. Para atender 15 alunos da Educação Infantil, alugaram uma pequena casa. “Tínhamos a pretensão de receber, inicialmente, apenas 15 alunos, mas em dois meses a ‘escolinha’ tinha mais de 30 crianças na fila de espera”, recordam. Desde o início, Vaneli responsabilizou-se pelo pedagógico da escola, enquanto César cuidou da
Qualidade Com foco na excelência e fiel ao conceito de “educação de qualidade”, as instalações da instituição contam com biblioteca, quadra de esportes coberta, laboratório de ciências, laboratório de informática, sala de robótica, sala de dança, parque de recreação, pátio interno coberto, cantina moderna, sala multimídia, sala de artes, auditório, entre outros. O colégio conta ainda com o programa avançado Ensino Médio Força Total que, com o material didático do Sistema Positivo e professores altamente capacitados, oferece aprofundamento específico nas disciplinas de Química, Física, Matemática, Literatura e Reda-
Biblioteca, cantina moderna e parque de recreação são alguns dos espaços que o colégio oferece.
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O casal César Luiz Cernach e Vaneli Mari Arsie Cernach, fundadores e diretores do colégio.
ção. Vale ressaltar que o Força Total acontece durante duas tardes por semana e é ofertado a qualquer estudante interessado que esteja cursando o 2º ou 3º ano do Ensino Médio (mesmo não sendo aluno regular do Colégio). Os resultados do Monteiro Lobato também são bastante expressivos: em 2016, dentre cerca de 25 mil escolas do Brasil, o colégio obteve o 24º lugar no ranking de aprovação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio: cadernos e redação) no estado do Paraná, e ficou em 638ª lugar no ranking de todo o país (Fonte: www.fariasbritto.com.br). Nas palavras dos diretores, os frutos desta caminhada foram muitos: “Fomos e somos surpreendidos com alunos em 1º lugar no vestibular da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e outras faculdades; alunos mestrando em diferentes áreas; diversos alunos que se tornaram engenheiros e advogados, professores e empresários, médicos em formação, arquitetos, jornalistas, dentistas e tantos outros. Sobretudo, independente de profissão, ficamos ainda mais orgulhosos ao saber que contribuímos com a integridade e o caráter dessa juventude”. Valores Apesar dos dados que mensuram a eficiência da qualidade de ensino, o diferencial trazido pelo Colégio Monteiro Lobato está, também, em reforçar valores fraternos e de cidadania, em benefício pessoal do aluno
Momento da assinatura de convênio com a Universidade Positivo, uma novidade para o ano de 2018.
Equipe da escola em 1996 – cinco dos sete profissionais permanecem no Monteiro Lobato até hoje.
assim, um novo rumo para a educação de Guaratuba e região.
O casal Cesar e Vaneli com os filhos Virginia e Lucas na Festa Junina, que mobiliza toda a comunidade.
e de toda a sociedade. “Prezamos pela autonomia do aluno e desejamos transformar sua percepção de si mesmo e da realidade à sua volta, através de valores como respeito, fraternidade, justiça e paz”, falam os diretores. Valores estes, nítidos durante os eventos solidários do calendário anual do colégio ou eventos como o “Aulão ENEM”, onde professores do Colégio em parceria com a SEED (Secretaria de Estado da Educação do Paraná) realizam, para cerca de 500 alunos dos colégios estaduais do município, um “aulão” de revisão para o ENEM. Outros eventos como a Festa Junina, Dia da Família, Feira de Ciências, Exposição sobre Guaratuba (em comemoração ao aniversário da cidade), Festival de Dança e de Teatro também buscam aproximar a família da vida escolar e mobilizar a comunidade guaratubana. Para que tudo isso seja possível, a equipe do Monteiro Lobato é formada por professores
e funcionários comprometidos e apaixonados pela educação – muitos deles ali trabalham há cerca de 20 anos, maximizando a idoneidade e confiança do colégio. Conforme Vaneli e César, os alunos e suas respectivas famílias também merecem parabéns: “as famílias Monteiro são nossas parceiras e caminham lado a lado conosco, construindo o amanhã de nossa instituição”. Novidades E as conquistas não param: neste ano de 2018, o colégio passou a ofertar para as famílias dos alunos e toda a comunidade o PES (Positivo EnglishSolution), uma solução educacional da Editora Positivo para promover e aprimorar, através de aulas extracurriculares, o ensino de uma segunda língua. Também neste ano, o colégio tornou-se um polo parceiro da Universidade Positivo para oferecer cursos EAD (educação à distância) de graduação e pós-graduação, traçando,
Orgulho Hoje, pela sala da diretora, objetos contam um pouco dos 23 anos do Colégio Monteiro Lobato: a máquina de escrever na estante foi presente do tio Joely, que a ajudou a cursar magistério; as enciclopédias Barsa que estruturam sua mesa pertenceram à primeira biblioteca da escola. A família de Vaneli também faz parte da história do colégio, ao exemplo de seus pais (tio Zé e tia Cleide), que tocaram a cantina durante anos, e de sua filha (Virginia Arsie Cernach), que segue seus passos cursando Pedagogia e já trabalhando no colégio. Olhando para trás, os diretores afirmam que “confiança” foi a palavra-chave que permeou a trajetória. E este fato é comprovado de geração para geração, pois, hoje, filhos de ex-alunos já estudam no colégio. Orgulhosos do resultado de todo o esforço, Vaneli e César concluem: “Agradecemos a Deus, aos nossos familiares, a nossa equipe, nossos alunos e suas famílias, que nos motivam a trabalhar por um mundo melhor e nos impulsionam a inovar, arriscar, inventar, modificar e refazer – verbos conjugados em nosso cotidiano escolar”. Para saber mais sobre o Colégio Monteiro Lobato, o Ensino a Distância ou a Positivo EnglishSolution, acesse www.colegiomonteiro.com.br ou ligue para 41 3472-9000.
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Itapoá e sua história (parte XVII)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.
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omados pelo entusiasmo e a necessidade, os integrantes da empresa S.I.A.P passam a regimentar forças para a árdua tarefa de consolidar o desbravamento de Itapoá. Conforme o plano elaborado duas frentes foram priorizadas, a agrícola e a turística. Para tanto nas atividades campesinas buscam pessoas afeitas à atividade. Na turística a divulgação e o estímulo a visitação física do local para gerar o interesse e alocar multiplicadores. Lazer e oportunidades para os mais diferentes empreendimentos figuravam na argumentação para atrair interessados em conhecer as potencialidades de Itapoá. Assim, todos os finais de semana ocorriam excursões ou caravanas promovidas e organizadas pela empresa. Transcrevemos, a seguir, documento formalizado no Tabelionato Gilberto Alves de Carvalho da Comarca de São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina. Através dele foram transferidos para a história de Itapoá os nomes de corajosos cidadãos que pioneiristicamente não existaram em ombrear a árdua, porém gratificante tarefa de desocultar tão bela e rica localidade. “PÚBLICA-FORMA de um documento, que para este fim me foi apresentado, do teor seguinte: pública-forma de um atestado apresentado hoje em meu cartório, 24 de março de 1959, a qual é do teor seguinte: Estado de Santa Catarina – Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul – Alfred Darcy Addison, Prefeito Municipal de São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, em razão de seu cargo, etc, ATESTA, atendendo ao solicitado pela parte interessada, que a SOCIEDADE IMOBILIÁRIA AGRÍCOLA E PASTORIL LTDA; “S.I.A.P”, registrada sob número 167.819, no Serviço do Ministério da Agricultura, se dedica ao ramo de colonização e realiza todos os tra-
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balhos – inerentes, estando neste município em atividade no Distrito do Saí, onde procede colocação em diversas colônias dos seguintes lavradores: Alfredo Bresolin, Jacob Line, Fortunato Nardi, Vitório Fachin, Cristiano Moridi, Luiz Balestrin, Mario Rafaelli, Antonio Caldart, João Antonio Camarotto, Antonio de Pelegrin, Vido Cielli, Pedro Orso, Walfrid Karling, Luiz Anschau, João Batista Turra, Onorino A. Fioreze, Albano Moterle, Lodovico Noé Zagonel, Oscar Weber, Paulo Parno, Hugo Büttner, Reinaldo Tiem, Leopoldo Schaly, Otto Yanz, Guilherme Hoffmann, Alfredo Labkuchen e Arlindo Dalvesco. Por ser verdade, dato e subscrevo o presente atestado, para os devidos fins. Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul, em 21 de março de 1959. (Assinado) Alfred Darcy Addison, prefeito. A cópia do documento em tela encontra-se, em seu inteiro teor, na página 74 do livro Memórias Histórias de Itapoá e Garuva. Vale lembrar que no ano de 1959, Ita-
poá e Garuva compunham territorialmente o município de São Francisco do Sul. Garuva já era Distrito. Itapoá, por sua vez integrava o Distrito do Saí, um dos mais antigos do Brasil. Opinião: Denota-se em mais essa prova documental a preocupação dos dirigentes da organização em tudo registrar formalmente para dar ciência as autoridades constituídas e ao público sobre os efetivos e relevantes trabalhos implementados, bem como impedir que fossem para as páginas do esquecimento. Outrossim, tais medidas contribuiriam para facilitar a reivindicação de futuras ações e recursos para localidade onde tudo estava por fazer e o que havia sido feito foi com recursos próprios. Vitorino Luiz Paese é professor, economista e historiador. Lançou em 2012, o livro Memórias Histórias de Itapoá e Garuva.
Rumo à Oceania
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inte e seis horas de viagem até chegarmos em Sydney, Austrália. Isso mesmo, vinte e seis horas viajando com fuso horário de treze horas para mais, portanto, são horas e horas viajando praticamente no escuro. Horas essas, que valem muito à pena porque Sydney é uma das cidades mais emocionantes e animadas que já conheci. A cidade oferece grande número de atrações, museus, restaurantes de renome internacional e estilos dos mais variados. Como existem muitos asiáticos morando na Austrália a variedade de restaurantes chineses, japoneses, vietnamitas, entre outros, é enorme. A Victoria Street, onde
Travessia entre os diversos bairros. Falésias nos arredores de Sydney.
Praia de Bondi. Ópera House.
Vista aérea de Sydney.
se encontra um grande shopping center, encontramos uma variedade eclética de restaurantes. Interessante experimentar a cozinha da Indonésia, muito comum por lá. Sydney é uma cidade muito organizada e bem planejada o que facilita a estada, bem como, andar por lá. Transportes públicos funcionam como relógio, metrôs e qualquer embarcação partem no horário agendado. Darling Harbour é uma área portuária, de onde saem embarcações para diferentes partes de Sydney, você pode visitar vários bairros da cidade por mar. O Oceano Pacífico tem uma cor maravilhosa o que faz esse passeio ainda mais bonito. Muitas
embarcações oferecem serviço de lanchonete e muitas oferecem até um almoço requintado. O local chamado de Darling Harbour também possui shopping, vários restaurantes, bares, museu de cera chamado Madame Tussaud’s (como o de Londres), zoológico e uma aquário fantástico Sea Life Sydney Aquarium e o Wild Life Sydney. Lugares que você pode visitar a qualquer hora do dia e à noite. Quando visitar esses locais, museus e aquário procure sempre verificar a opção de comprar um combo (compra as três entradas por menor valor). Entre os zoológicos da cidade existe um muito bonito com animais do mundo todo o Taronga Zoo, entre em contato com koalas e kangoros, animais que só existem nos países da Oceania. As praias de Tamarama, Bronte, Clovely sáo muito bonitas, porém a mais descolada com águas cristalinas é Bondi, muitos surfistas e gente bonita frequentam essa praia. O bairro onde fica situada a praia de Bondi tem muitas lojinhas do tipo boutique e barzinhos muito originais. A partir de Bondi pode ser feita uma caminhada agradável, por seis quilômetros, chamada Costal Walk. É imperdível devido as paisagens naturais e praias lindas! Na próxima edição da Revista Giropop continuarei a viagem para Sydney!
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A corretora de imóveis Cecília Ramos é aniversariante do mês de março. Na foto com a filha Eloisa.
Ciclistas vindo de Blumenau, Curitiba, Pinhais, Campo Largo e Magro e de Itapoá se encontraram no parque Barigui e pedalaram pelos lugares mais lindos de Campo Largo. Represas, barragens, pedreiras desativadas, pesque e pague e morrinhos já perto do céu. Tudo isso reunido em um só pedal. O próximo será aqui no nosso “quintal em Itapoá.
Este ano o casal Sérgio Vicente Sieciechowicz e Rosimar Abreu Sieciechowicz, comemoraram suas Bodas de Ouro.
Casal Rodrigo Lopes e Thamires Castro Lopes, pais do Lucas, uniram-se em matrimônio. Felicidades!
A família está aumentando. O casal Welison Brizola e Vanessa Kitechoski com as crianças João Gabriel e Ana Carolina estão aguardando a chegada do Pedro Joaquim. Muitas felicidades para a família!
Inauguração casa da capoeira Centro Cultural Arte e Manha. O espaço fica na rua 810, nº 471, São José 2 em Itapema do Norte. Responsáveis, instrutor Joel Padilha Formada Marinalva Dos Santos e estágio Joel Padilha Júnior.
Hugo e Leandro (centro), dois cicloviajantes franceses vindos do Sul do país com destino ao Rio de Janeiro. Quem os recebeu em Itapoá foi o casal Marcelo e Patrícia (direita). A ciclista Roseli (esquerda), Marcelo e o Portuga acompanharam os amigos por alguns quilômetros na despedida. Leandro deixou a França há mais de quatro anos. Antes de chegar na América do Sul ele já percorreu vários países na Ásia, Nova Zelândia e a Austrália. Entrou na América do Sul pela Bolívia onde se encontrou com o Hugo. De lá, juntos, eles já atravessaram a Bolívia, o Chile, a Argentina, o Paraguai e agora o Brasil. 38 | Março 2018 | Revista Giropop
A nossa amiga Eloir comemorou este mês mais um ano de vida. Parabéns, muita paz e saúde e muitos, muitos pedais. Aqui na foto com a Marta, sua irmã, durante um passeio por Campo Largo.
Cassiano e kettlin acompanhando o filho João Nilo que vai servir no exército. Parabéns João.