Editorial Como já é tradição, a Revista Giropop do mês de agosto traz como tema central o Dia dos Pais. As pessoas costumam dizer que: “nasce um bebê, nasce uma mãe”, mas sabemos que no mundo masculino é um pouco diferente. A chegada de um filho, entre homens, é cercada de frases erradas, do tipo “aproveita para dormir agora” ou “se for menina, você vai virar fornecedor”. Fato é que o homem que quiser discutir questões mais profundas, ser participativo no crescimento, na educação e nos cuidados básicos, terá de ultrapassar muitas camadas. E foi exatamente isso que buscamos nesta edição: pais que também cuidam, que também se desdobram para criar, também faltam o trabalho porque o filho está com febre, também trocam fraldas, também viram noites, escolhem escolas, levam ao pediatra, enfim, dividam experiências. Ainda neste clima, trazemos a história de um pai que, através de um projeto social de futsal, é pai de muitas crianças e adolescentes no município de Itapoá. Afinal de contas, toda vez em que citamos a palavra “pai”, esperamos que você, leitor, traduza da forma que desejar, seja aquele do coração, aquele que cuida, que ama, protege e quer o bem dos seus.
ÍNDICE Apoiadas pela PM, redes de proteção entre vizinhos reduzem ocorrências em Itapoá Pág 5 Vem aí a 13ª edição da FECITA, evento que agita a comunidade escolar da Barra do Saí Pág 11 POR AÍ | Mente sã, corpo são e 722 km pedalados Pág 12 “Quero usar minhas músicas para fazer as pessoas acreditarem nos seus sonhos” Pág 16 Consultório Odontológico: crescendo com o município de Itapoá Pág 18 A importância do estágio na graduação Pág 22 Pais modernos dividem tarefas domésticas e são presentes na vida escolar dos filhos Pág 24 Projeto social transforma a vida de crianças e adolescentes através do futsal Pág 26 Histórias de Superpais Pág 30 Entre acordes de guitarra e rimas de freestyle Pág 32 Artesã encontra bem-estar e infinitas possibilidades nas conchas da praia Pág 34 Você costuma jogar pilhas e baterias no lixo comum? Pág 35 Itapoá e sua história por Vitorino Paese Pág 38
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SEGURANÇA
Apoiadas pela PM, redes de proteção entre vizinhos reduzem ocorrências em Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Você já deve ter ouvido falar no “Programa Rede de Vizinhos”. Trata-se de uma organização de pessoas com o objetivo de coibir a ação dos criminosos e garantir a segurança, tudo isso, através de estratégias simples com o apoio da Polícia Militar. Atualmente, no município de Itapoá, existem mais de 25 redes implantadas pelos bairros, totalizando mais de 700 integrantes. Dados indicam que a Rede de Vizinhos é uma importante ferramenta de prevenção ao crime e, consequentemente, que a união da população faz a força.
B
aseada em um modelo de Polícia Comunitária, o Programa Rede de Vizinhos busca resgatar a autoestima e a sensação de segurança dos moradores, e aproximar a comunidade e a Polícia Militar (PM), tomando, assim, posturas mais preventivas em relação à segurança. Funciona da seguinte forma: o líder comunitário leva a ideia para os vizinhos da rua e, após reunir um grupo de interessados, o coordenador do Programa Rede de Vizinhos em Itapoá, o Subtenente Hermínio, vai até o local e explica o funcionamento do programa. É, então, criado um grupo no aplicativo WhatsApp – os grupos são criados por ruas e podem conter até 80 pessoas. O administrador do grupo é um policial militar, que tem a prerrogativa de incluir ou excluir participantes e fica online 24 horas interagindo com os mesmos. Havendo qualquer
anormalidade na rua, o alerta é levado à PM através do aplicativo. Conforme Flávio Rosa Martelozo, secretário do CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança) de Itapoá e integrante da Rede de Vizinhos número 10, a rede também permite que os vizinhos monitorem o trajeto de um possível suspeito. Ainda, exemplifica ao recordar um episódio: “Certa vez, alertei a Rede 10 sobre um caminhão parado em um local atípico. Passada para a rede a descrição deste veículo, quando o mesmo começou a se movimentar, vários integrantes comunicaram o grupo sobre o trajeto deste veículo. Felizmente, neste caso não era nada de grave, mas, se havia alguma intensão negativa, todos os participantes estavam precavidos. ‘Prevenir’ é o forte da Rede de Vizinhos”. Como explicado por Flávio, uma vez que o foco é impedir os delitos e não a emergência, na rede, os policiais passam dicas de segurança, tais como:
Existem, hoje, mais de 25 redes de vizinho implantadas pelas comunidades itapoaenses.
Em residências, a placa já fala por si: esta é uma área monitorada pela Rede de Vizinhos.
iluminação, ruas pavimentadas, galhos de árvores podados em quintais para deixar a casa bem à vista, entre outros cuidados. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Araújo Gomes, “o policial militar deve ser o responsável pela transforma-
ção na comunidade onde está inserido”. Contudo, é injusto, ilógico e incorreto que apenas a Polícia Militar seja a única responsável pela Segurança Pública de um determinado local. Como frisa a advogada e presidente do CONSEG de Itapoá, Dra. Telma Maria Teixeira Bauer, “Segurança Pública é uma corrente com muitos elos, todos ligados e dependentes uns dos outros”. Sempre é bom lembrar que a PM não é a única responsável pela Segurança Pública do município e que, para um trabalho eficaz, necessita do apoio e da participação ativa dos moradores. Portanto, Flávio ressalta a importância de participar das ações comunitárias de segurança (CONSEG) e da Rede de Vizinhos, de utilizar o número de telefone 190 para notificar ocorrências, além de confiar mais nas ações da Polícia Militar e Polícia Civil, pois estes trabalham incansavelmente pela nossa segurança.
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Através de urnas, foi criado um canal de comunicação entre a comunidade e a Polícia Comunitária, para que a população compartilhasse sugestões, críticas e denúncias.
Rede de Vizinhos + CONSEG O Programa Rede de Vizinhos não faz parte do Conselho Comunitário de Segurança. No entanto, ambos trabalham em conjunto, fazendo a divulgação das ações e estimulando a população a participar. Conforme a presidente do CONSEG, o Conselho trata-se de uma entidade de apoio às polícias estaduais. Em outras palavras, são grupos de pessoas de uma mesma comunidade que se reúnem para discutir, planejar, analisar, e acompanhar as
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soluções de seus problemas, o qual se reflete na segurança pública. São meios de estreitar a relação entre comunidade e polícia, e fazer com que estas cooperem entre si. “Com a implantação do CONSEG e da Rede de Vizinhos, quem ganha é: a comunidade, com mais segurança, integração e qualidade de vida; a polícia, uma vez que pode contar com a ajuda da comunidade, facilitando seu trabalho e tornando-o mais eficaz; e o morador, porque esta é uma maneira de ter mais segurança para ele e sua família”, conclui Dra. Telma.
Projeto “Momento Conseg na Rádio”, na Itapoá FM, 87,9, todas as terças-feiras, às 9h30. Uma maneira de aproximar a comunidade com as ações e diretrizes do Conseg.
Resultados positivos De acordo com Tenente Lima, da Polícia Militar de Itapoá, com a chegada do Programa Rede de Vizinhos, diversas mudanças foram notáveis no município. Ele explica: “O programa fortaleceu as relações interpessoais, a cidadania ativa da vizinhança, melhorou ainda mais a relação entre a polícia e a comunidade; a participação mais efetiva da comunidade na Segurança Pública; as pessoas passaram a se importar com os cuidados de sua residência, terrenos, assim como dos próprios vizinhos, aumentando a vigilância natural; agora, existe uma
preocupação coletiva e não mais individual como ocorria, ou seja, as pessoas começaram a se importar com o próximo, com seu vizinho do lado, da frente ou dos fundos. Antes das Redes de Vizinhos, as ligações ao 190 eram para relatar que a sua casa havia sido furtada, arrombada, mas após as redes, as ligações começaram a indicar uma série de fatos suspeitos, que acabam prevenindo o crime ou desmotivando os criminosos, por exemplo: pessoas que passam observando as casas, pu-
Foto Miguel Minotto
Palestra no Porto Itapoá, sobre o Conseg, Rede de Vizinhos e Urnas.
Tenente Lima, da Polícia Militar de Itapoá, conta que, com a chegada do Programa Rede de Vizinhos, foram notadas mudanças na segurança do município.
lando muros, entrando em quintais, parados na via ou encostados em muros, barulhos estranhos, som alto perturbador, queimadas, veículos parados e estacionados irregularmente, etc., agora são denunciados ao 190 e todos averiguados pela Polícia Militar”. Tenente Lima ainda lembra que todos esses fatos suspeitos são relevantes tendo em vista não se tratar de atitudes normais do dia a dia da vizinhança, logo, são fatos que mudam a normalidade e se apresentam como suspeitos.
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Palestras educacionais no Posto de Saúde do Pontal e na Escola Alberto Speck, na comunidade do Saí Mirim.
Saiba como participar Não há formas de entrar na Rede de Vizinhos por intermédio de terceiros, somente através da Polícia Militar. Se você deseja fazer parte do Programa, deve dirigir-se ao batalhão da PM, procurar pelo responsável pela rede, solicitar o formulário de preenchimento, preenchê-lo e aguardar as orientações passadas pelo administrador da rede. O único custo que o participante tem (porém, opcional) é quanto à placa de identificação da Rede de Vizinhos para fixar em sua residência. Vale salientar que este custo refere-se única e exclusivamente para a confecção das placas e que nenhuma instituição administradora da rede obtém lucros com isso. Para participar das reuniões do CONSEG também é simples: as mesmas estão sendo realizadas em todas as terceiras terças-feiras do mês, às 18h30, nas dependências da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itapoá (CDL), situada na Rua Hermínio Dagnoni, n° 145, em Itapema do Norte. Para maiores esclarecimentos, consulte: Dra. Telma, presidente do CONSEG de Itapoá – 47 99904-5759 ou Subtenente Hermínio, coordenador da Rede de Vizinhos de Itapoá – 47 99995-9742
Registro da atual gestão do CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança) de Itapoá.
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GIROPOP NA ESCOLA
Vem aí a 13ª edição da FECITA, evento que agita a comunidade escolar da Barra do Saí
8º Encontro da Infância e Adolescência na FECITA
Cabeleireiros e manicures voluntários.
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Quem mora na Barra do Saí, em Itapoá (SC), conhece bem a importância e a tradição da Feira de Cidadania e Temas Atuais (FECITA). Neste ano de 2018, o evento, que será realizado em setembro, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Euclides Emídio da Silva, chega à 13ª edição e traz como tema principal a água.
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ealizada desde 2005 — somente em 2015 o evento não aconteceu —, a FECITA é sempre muito esperada pela equipe da Escola Euclides Emídio da Silva e por toda a comunidade da Barra do Saí. Mais que valorizar o conhecimento dos estudantes, a feira fomenta a cultura, estimula a participação comunitária, a prática da ética e da cidadania. Em cada edição, um tema diferente é trabalhado pelos alunos. Conforme a gestora da escola, Lucy Hele-
Dia da Cidadania.
na Wielewicki, os temas são escolhidos e votados pela equipe escolar, considerando critérios de relevância, atualidade e cidadania. Em edições anteriores, questões envolvendo meio ambiente, desarmamento, eleições, drogas, redes sociais, profissões e idosos foram repertoriadas em sala de aula e serviram de base para a feira. Este ano, em sua 13ª edição, a FECITA terá como proposta promover uma reflexão sobre o uso consciente da água. Para tanto, estão programadas visitações dos
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Emissão de RG e CPF no Dia da Cidadania.
Maratona de Conhecimentos Gerais.
Palestra com a Soldado Danieli Cristina Soares. 420 alunos às estações de tratamento e de captação de água no município, além de um dia de ação global, com a disponibilização de palestras e outras atividades. Paralelamente à Feira de Cidadania e Temas Atuais, também acontecerá o 9º Encontro da Infância e da Adolescência, que trabalha com temas fictícios ou reais e propõe aos alunos apresentar soluções. O Dia da Cidadania será realizado na quinta-feira, dia 6 de setembro, e contará com uma série de atividades, como: emissão de primeira via de RG e CPF; serviços de estética (cabeleireira, manicure e maquiagem); serviços de saúde (medição da pressão arterial, diabetes e higiene bucal); bazar de roupas usadas; venda de roupas novas; artesanato; entre outras. De acordo com Lucy, os preparativos estão acelerados, mas a programação ainda não foi fechada porque depende da captação de recursos e de parceiros. “Estamos à procura de apoio, bem como voluntários que ‘vistam a camisa’ e prestem serviços gratuitos à nossa comunidade. Para ter uma dimensão, já passaram pela nossa feira: cabeleireiros, manicures, maquiadores, massagistas, advogados, consultores, assistentes sociais, psicólogos, entre tantos outros que fazem questão de dar sua contribuição”, ressalta a gestora que, em nome de toda a es-
Venda de confecções.
Palestra sobre Profissões.
A 13ª FECITA acontecerá entre os dias 3 e 6 setembro, nas dependências da Escola Municipal de Ensino Fundamental Euclides Emídio da Silva. Quem quiser apoiar o projeto, pode procurar a equipe escolar através do número 47 3443-3333.
Equipe pedagógica, escolar e todos os envolvidos na feira
Pintura da Tia Mari.
cola, busca parceria junto ao comércio local em troca de divulgar a empresa e/ou os serviços prestados. Quando é época de FECITA, toda a Escola Euclides Emídio da Silva se transforma, o aprendizado é fantástico e a comunidade participa ativamente.
Movimentação na feira
A cada edição, a expectativa é sempre inovar, reforçando a ideia de que a escola é da comunidade e é para ela que deve estar voltada. Por fim, a gestora Lucy deixa suas considerações: “Desejo que a comunidade participe ativamente e venha nos prestigiar, seja
ouvindo as palestras, participando do Dia da Cidadania, ou integrando sua empresa à nossa feira. Nós, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Euclides Emídio da Silva, estamos à disposição para trabalharmos juntos para garantir a 13ª edição da FECITA”.
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POR AÍ
Mente sã, corpo são e 722 km pedalados Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Aficionado por pedal, o atleta Jocilei de Macedo, de Guaratuba (PR), coleciona medalhas, amigos e ‘loucuras’ (como ele mesmo diz) proporcionadas pelo ciclismo. Sua experiência mais recente foi também a mais longa e especial: 722 km pedalados de Porto Alegre (RS) a Guaratuba. Em entrevista à revista Giropop, o ciclista dá detalhes dessa feliz e enriquecedora aventura.
A
paixonado por bicicleta desde a infância, Jocilei recorda que pedalava por lazer, realizando passeios esporádicos com seus amigos. Retomou a atividade aos 36 anos, por problemas de saúde. Depois de inúmeros trajetos, quilômetros e passeios, fundou a Associação Guaratubana de Ciclismo
O atleta Jocilei de Macedo é de Guaratuba (PR) e apaixonado por pedal.
(AGC). “Certa vez, meus amigos me sugeriram que eu participasse de uma competição, já que nas pedaladas em grupo eu me sobressaía em força e resistência, e eu o fiz”, lembra Jocilei, que logo em sua estreia, entre mais de 400 atletas profissionais, conquistou o 7º lugar. A partir de então, passou a levar os treinos mais a sério, investiu em um modelo de bike
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apropriado e iniciou no universo das competições. Logo em sua terceira prova, já subiu ao pódio e, desde então, obtém boa colocação em boa parte das competições. Mas esses resultados não foram alcançados da noite para o dia. Para testar seu limite físico, começou a pedalar 100 km, depois 200 km, em seguida 300 km e, assim,
progressivamente. Para Jocilei, essa evolução é natural: “quando você começa a pedalar e principalmente participar de competições, sente vontade de evoluir cada vez mais, e isso inclui mudanças de hábitos, como alimentação e acompanhamento médico, pois uma vida mais saudável lhe estimula a ir sempre mais longe”. E foi este mesmo pensa-
Recentemente, realizou sua mais longa aventura: 722 km pedalados de Porto Alegre (RS) a Guaratuba (PR).
mento de “ir sempre mais longe” que fez com que o ciclista realizasse viagens de bicicleta, como o bate-volta de 540 km de Guaratuba a Florianópolis (SC), o bate-volta de 435 km de Guaratuba a Barra do Turvo (SP), e o mesmo até Curitiba (PR), Ponta Grossa (PR), Guaraqueçaba (PR), São Francisco do Sul (SC), Navegantes (SC), Balneário Camboriú (SC), Rio Negrinho (SC) e afins, completando, em média, 15 mil km pedalados por ano e mais de 1.200 km pedalados por mês. Recentemente, Jocilei realizou uma das pedaladas mais longas, considerando o curto tempo, do Brasil: de Porto Ale-
gre (RS) a Guaratuba, completando 722 km em 27 horas de pedalada e 11 horas de descanso, totalizando 38 horas com paradas. Em entrevista à revista Giropop, o atleta forneceu detalhes dessa experiência enriquecedora. A experiência Depois de muito sonhar e arquitetar o longo pedal no asfalto, chegou o tão esperado dia. Jocelei pegou um ônibus de Guaratuba a Porto Alegre, onde já havia reservado um hotel. Na bagagem poucos pertences: luzes, EPI’s (equipamentos de proteção individual), duas
O ciclista cruzando a divida entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
câmeras reservas (caso o pneu furasse), remendos, cola, canivete de chaves, chave de raio, protetor solar, vaselina, hipoglós, gelol e dinheiro reserva, para comer, se hospedar e casos emergenciais. Logo na ida a Porto Alegre, dentro do ônibus, uma surpresa: “certo momento, o ônibus ultrapassou um caminhão, quando olhei, minha janela ficou paralela à janela do caminhoneiro, quando eu o reconheci, era Oziel Coutinho, um grande amigo meu, que também mora em Guaratuba, e estava puxando carga para o Rio Grande do Sul, foi um momento muito especial, pois acenamos um para o outro, contentes com
aquela surpresa”. A experiência deu início na madrugada do dia 14 de julho de 2018, mais precisamente às 4h. O ciclista desceu pela BR-290, da Freeway, até a cidade de Osório (RS). Ali, adentrou a BR-101, pedalando até Torres (RS), por cerca de 190 km ininterruptos, até que fez sua primeira parada para almoçar, descansar e bater um papo com moradores locais. “Quando eu contava minha história, de onde estava vindo e para onde estava indo, eles diziam que era louco e me olhavam desconfiados, então, eu abria o aplicativo de GPS para mostrar o tempo de viagem, distância,
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A experiência de 722 km de pedal contou com 27 horas de pedaladas e 11 horas de descanso, totalizando 38 horas.
caminho, altimetria e afins. E somente assim eles acreditavam”, lembra. Após os trinta minutos de descanso, cruzou a divisa dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, fazendo pausa para um rápido café no município de Maracajá (SC), a caminho de Imbituba (SC). Já à noite, na região de Tubarão (SC), o aventureiro conta que tomou muito cuidado com a grande quantidade de caminhões na estrada. Após atravessar a ponte de Laguna (SC), uma pausa para jantar e, pouco tempo depois, estava, enfim, em Imbituba, no quarto já reservado de uma pousada.
“Lembro-me que, no quarto da pousada, tomei um bom banho para recarregar as energias, ‘desmaiei’ na cama, fechei os olhos por alguns instantes, e às 4h da madrugada já estava de pé para retomar viagem”, conta. A pedalada que iniciou-se às 5h da madrugada em Imbituba só cessou ao meio-dia na cidade de Itajaí (SC), para almoçar. Próximo a Criciúma (SC), enquanto pedalava, Jocilei encontrou novamente Oziel, seu amigo caminhoneiro, que dessa vez pôde parar para dar-lhe um abraço e desejar-lhe boa sorte. A cada parada, Jocilei enviava sua localização para seus
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Pelo caminho, encontrou seu amigo caminhoneiro Oziel Coutinho, também de Guaratuba.
amigos e familiares, que, por motivos de segurança, estavam lhe monitorando constantemente. Através da localização, quando seus amigos e sua esposa, Ana Paula Macedo, souberam que o ciclista estava prestes a chegar em Itajaí, montaram um grupo e pedalaram de Guaratuba até o município de Garuva (SC), indo ao seu encontro para dar-lhe força e suporte. “Saber disso me deu uma motivação extra. Passei a pedalar mais rápido, pois estava ansioso para reencontrar minha esposa e meus amigos. Quando cheguei a Garuva, depois de 680 km pedalados, foi emocionante e não contive as lágrimas”, lem-
bra Jocilei. Ao lado das pessoas que ama, dali até o destino final ele conta que foi “um pulo”. Na entrada de Guaratuba, havia mais uma turma com a rádio local fazendo uma transmissão ao vivo da chegada do atleta ao município. Conforme Jocilei, a experiência de viajar de bicicleta é única, pois permite que o condutor preste atenção em tudo ao seu redor. “Você conhece melhor os lugares, é bem recebido pelas pessoas, além de a sensação de liberdade ser indescritível. Só quem já viajou de bike sabe o quanto é mágico. Com essa experiência, você aprende a dar valor nas pe-
O ciclista cruzando o limite entre os municípios de Maracajá e Criciúma, em Santa Catarina.
quenas coisas, tem momentos de reflexão, equilíbrio mental, autoconfiança e fortalecimento não apenas físico, como também psicológico”, explica. Após os 722 km pedalados de Porto Alegre a Guaratuba, Jocilei fala que amadureceu muito enquanto pai, amigo e esposo, e que o importante é: “ser bom o tempo todo, que Deus é bom o tempo todo com você”. Vida saudável, vida feliz Conforme Jocilei, o ciclismo é um esporte de baixo impacto, ideal para todas as idades, além contribuir na qualidade de vida, socialização, mobilização da cidade e, ainda, no
meio ambiente. “Diferente de outros esportes, o ciclismo não depende de outras pessoas e pode ser praticado a qualquer hora, em qualquer lugar, a qualquer momento, pois existem roupas apropriadas para pedalar em todas as estações”, comenta. Àqueles que desejam iniciar no mundo das bicicletas, ele aconselha: “a bike é como uma roupa ou um calçado, ela deve servir para você, não lhe causar desconforto ou ser de um tamanho inapropriado; portanto, é preciso procurar um vendedor responsável e profissional na hora de escolher o melhor modelo”. Ainda, o atleta
Para Jocilei, viajar de bicicleta é uma experiência que só aqueles que já vivenciaram sabem o quão prazeroso e libertador é.
recomenda que o principiante comece por trajetos mais simples e, somente então, inicie em subidas, trilhas e afins, e aumente a distância gradativamente, a fim de conhecer e respeitar o próprio corpo. “É importante cuidar com palpites e dicas que vêm de pessoas que sequer conhecem o esporte. Confirme em sites confiáveis ou com ciclistas de longa data tudo aquilo que ouve, para que você não desanime”, fala. O pedal de longa distância realizado por Jocilei pediu mente sã e corpo são, além de determinação, estímulo e confiança. “Para mim, o mais importante dessas aventuras
é o apoio que recebo de minha família e meus amigos”, fala o ciclista, que carrega consigo o lema “você é muito mais forte do que imagina”. Por fim, Jocilei, de Guaratuba, nos conta que ainda deseja aproximar-se do recorde mundial, de 941 km pedalados, e estar entre os Top 30 ciclistas do mundo. Para o ano de 2019, ele planeja pedalar 1000 km da Argentina ao Brasil, na companhia de sua esposa Ana Paula – dessa vez, não será um pedal contra o tempo, mas um pedal de lazer, para contemplar cada roteiro. Afinal, o melhor ciclista é aquele que mais se diverte.
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Entrevista | lucas miranda
“Quero usar minhas músicas para fazer as pessoas acreditarem nos seus sonhos” Jean Balbinotti
O cantor e compositor de Itapoá, Lucas Miranda, de 22 anos, fará uma apresentação especial no dia 19 de agosto, às 17 horas, na Casa da Cultura, para divulgar o seu último trabalho artístico, o Extended Play (EP) Branco com Vermelho. O álbum com seis faixas musicais traz melodias mais acústicas, onde se predomina voz e violão, canções que falam dos sentimentos diários e melodias características do estilo indie/folk.
C
riado na Praia do Pontal, em Itapoá, Lucas tem projetos ousados e planeja conquistar o cenário musical da região Norte em pouco tempo. Para isso, busca inspiração nas bandas OutroEu, Of Monsters And Men, no cantor Tiago Iorc e no Duo Anavitoria, em pessoas sonhadoras como ele, que lutam todos os dias para conquistar seus objetivos na vida. — Eu digo que o EP é resultado do trabalho em equipe. As músicas surgiram através de uma série na minha página no Facebook chamada “Lucas Miranda Autoral”. Foram oito episódios, cada um deles com uma música nova e cada música era feita através de sugestões de temas e histórias que as pessoas que me seguem compartilharam comigo. A capa do EP foi fei-
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ta por meio de um Concurso Cultural na Escola Municipal João Monteiro Cabral, que contou com mais de 80 participantes e dois desenhos foram selecionados. Segundo o cantor, boa parte da verba para arcar
com as gravações em estúdio foi levantada em um show de prêmios feito na ACOPOF, em dezembro do ano passado, com a ajuda de familiares, amigos, alguns empresários e políticos da cidade. — O projeto “Branco Com
Vermelho” custou mais de R$ 7.000,00. E, nesse show de prêmios, consegui arrecadar R$ 5.300,00. O restante foi quitado com recursos próprios. Foi um momento muito importante para mim. Me senti muito grato por saber que não estou sozinho nessa caminhada e tem muita gente querendo me ajudar para esse sonho ser realizado — destaca. Além de cantor, Lucas é educador social, dá aulas de música para crianças em uma ONG chamada Legião da Boa Vontade (LBV). Com três anos de carreira, já fez apresentações em barzinhos até o ano passado, mas agora está completamente voltado para o projeto autoral e solo. — Me apresento em Itapoá e em Joinville. Nunca participei de festivais. O foco agora e ter mais visibilidade nessas duas cidades e logo expandir para toda a região. No ano que vem, por todo o Estado. — Meu objetivo é fazer a diferença na vida das pessoas. Acredito muito na mudança que a música pode proporcionar na nossa sociedade. Música é sentimento, é história e retrato da realidade. Quero usar minhas músicas para
A capa do EP foi feita por meio de um Concurso Cultural na Escola Municipal João Monteiro Cabral,
fazer as pessoas acreditarem nos seus sonhos. E, se for possível, viver exclusivamente do meu projeto artístico. Sobre a cena musical de Itapoá, Lucas entende que a cidade ainda deixa muito a desejar e que precisa dar voz ao talento de cantores independentes e autorais. — Eu não considero que Itapoá tenha uma cena para artistas independentes e autorais. Justamente pela falta dessa cena, eu acredito que tenha muito espaço para isso acontecer. Ultimamente, estou percebendo dois artistas
de Itapoá que estão começando a movimentar o cenário autoral da cidade. São eles o Diego Silva e o Jadiel Miotti. Estou bem feliz com isso. Itapoá tem muito o que evoluir musicalmente ainda. Para desenvolver novos talentos, ele sugere um maior união entre os próprios músicos a fim de promover uma cena autoral. — As pessoas querem coisas novas. Hoje em dia, consomem tudo muito rápido. Os músicos que pretendem se destacar têm que investir em músicas autorias. Eventos
e festivais de música autoral chamaria bastante a atenção do público. E claro, apoio financeiro. Não é nada fácil sustentar um projeto autoral. No meu caso, eu preciso de um emprego convencional para poder manter o projeto vivo, mas ter um emprego convencional toma muito tempo, que é essencial no nosso trabalho. Mas as coisas são assim, precisam acontecer da maneira certa, e para o nosso crescimento profissional, temos que passar por todas as etapas para que quando conseguirmos nos consolidar na carreira artística, saber manter tudo o que foi conquistado com muito esforço. Das seis faixas do álbum Branco com Vermelho, o cantor diz que foi bem difícil escolher uma para trabalhar. A música que intitula o EP “Branco Com Vermelho” é a que enlaça melhor o enredo, mas ele já percebeu que a que tem mais potencial para cair no gosto do público é a “Vai Continuar” e será nessa música que ele irá apostar suas fichas. Então, o negócio é esperar para ver até onde esse voo solo do artista itapoaense pode chegar.
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EMPREENDEDOR DO MÊS
Consultório Odontológico: crescendo com o município de Itapoá Praticamente, residimos no município há 4 anos.
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Na pauta “Empreendedor do Mês” dessa edição, entrevistamos o doutor Antonio Pizzamiglio Neto (CRO/SC 14017) que, ao lado de Fernanda Ioppi (CRO/SC 12157), atende no Consultório Odontológico, em Itapema do Norte. Em entrevista à revista Giropop, o casal, especializado em fazer você sorrir, conta sobre seu negócio, sua profissão e seus planos futuros. Revista Giropop: Como surgiu o interesse pelo município de Itapoá? Dr. Antonio: Eu, Antonio, vim de Capinzal, município situado ao oeste de Santa Catarina. Já Fernanda, veio de Itapema, litoral de Santa Catarina. Nos formamos na UNIVALI, em Itajaí (SC) e, des-
Antonio Pizzamiglio Neto e Fernanda Ioppi, atendem no Consultório Odontológico, em Itapema do Norte.
de o tempo de faculdade, viemos nos aperfeiçoando com cursos e imersões dentro da área. Certa vez, no site do CRO (Conselho Regional de Odontologia), encontrei uma proposta de emprego no município de Itapoá e resolvi vir conferir. Trabalhei no município durante três dias para a
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antiga proprietária do consultório, retornei para a minha cidade e, logo mais, acabei adquirindo o estabelecimento dela. A Fernanda, além de ter amigos que já vieram trabalhar para cá, também veio com uma proposta para trabalhar em um consultório, que atendia o Porto Itapoá.
Revista Giropop: Quais foram os principais desafios no início do negócio? Dr. Antonio: Assim que adquiri o empreendimento, já fui investindo no mesmo, melhorando materiais, equipamentos e afins, e trazendo novidades e condições para que todos tivessem acesso a um tratamento digno e justo. Como esta foi minha primeira experiência como empresário, as dificuldades foram muitas, como, por exemplo, a insegurança de abrir um negócio onde não se conhecia absolutamente ninguém. Dois anos depois, Fernanda, que também é uma excelente profissional, veio trabalhar comigo e, visto que o consultório já estava pequeno, construímos uma clínica onde os pacientes pudessem ser melhor atendidos. Revista Giropop: Em sua
opinião, qual o diferencial do Consultório Odontológico diante dos demais empreendimentos da área? Dr. Antonio: Costumo dizer aos meus pacientes que “ninguém é melhor que ninguém”. Porém, um atendimento digno ou um sorriso no rosto muda o dia de qualquer um. Nosso atendimento é um grande diferencial, mas também priorizamos preço justo e uma forma de pagamento que se adeque às condições dos pacientes. Penso que dinheiro nenhum paga o prazer de tirar a dor de alguém e vê-lo sorrir de qualquer forma. Revista Giropop: Desde seu início, além da estrutura, o que o empreendimento evoluiu? Dr. Antonio: Mudou praticamente tudo. Mudamos para sala própria, onde contamos com dois consultórios, duas salas de recepção: uma para adultos e outra toda decorada com brinquedos e jogos para crianças. O quadro de funcionários praticamente dobrou, pois contamos, hoje, com seis colaboradores diretamente ligados e mais alguns indiretamente. Sobre os equipamentos, sempre tentamos trazer novidades e conforto para
Revista Giropop: No Consultório Odontológico, quais serviços vocês oferecem? Dr. Antonio: Em nosso consultório, abrangemos uma boa parte da área odontológica, fazemos limpezas, próteses denteárias, implantes dentários, restaurações, tratamentos de canal, periodontia, ortodontia, entre outros.
Um das salas do consultório é toda decorada com brinquedos e jogos para as crianças.
nossos clientes, como câmera intra oral, óxido nitroso (gás para sedação consciente, utilizados principalmente em crianças e/ou pacientes com algum trauma ou medo), na parte de implantodontia, além de material de primeira qualidade, temos uma centrífuga onde realizamos enxertos com as próprias células sanguínea do paciente, chamado de PRF (plaquetas ricas em fibrina), ultrassom, raio-x, dentre outros materiais
e equipamentos de última geração. E podemos afirmar que vêm novidades por aí. Revista Giropop: Você, Dr. Antonio, e a Dra. Fernanda são especializados em qual área? Dr. Antonio: Eu sou Implantodontista e pós-graduando Ortodontia. Já a Dra. Fernanda, é especialista em Odontopediatria, com capacitação em Óxido Nitroso e, também, habilitada em Botox.
Revista Giropop: Enquanto profissionais que investiram no município de Itapoá, o que vocês têm a dizer sobre a região e seus clientes? E quais os planos futuros do casal para o Consultório Odontológico? Dr. Antonio: Somos suspeitos para falar sobre Itapoá, pois foi uma cidade que acolheu nossa família (Antonio e Fernanda são pais de Lorena) com muitas coisas boas. Começamos pequenos e a cada dia plantamos uma semente, para colher bons frutos, crescer mais e atender nossos clientes ainda melhor. Temos muitas ideias e planos futuros para o negócio, que irão agregar muito ao município, só pedimos que nossos clientes, pacientes e colaboradores, que aguardem e contem sempre conosco.
Revista Giropop | Agosto 2018 | 19
DIA DOS PAIS
Pais modernos dividem tarefas domésticas e são presentes na vida escolar dos filhos
Família reunida: o casal Jean e Daniela, e seus três meninos (Gustavo, Arthur e Lucca). Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Na cidade de Joinville (SC), Jean Carlos Balbinotti, de 44 anos, é jornalista e pai de três filhos. Dentro de casa, divide as tarefas diárias e responsabilidades familiares com sua esposa, é amigo e parceiro dos filhos. Neste Dia dos Pais, a revista Giropop parabeniza e deixa sua sincera admiração aos diferentes tipos de pais (de sangue, de coração, de adoção, etc.) que são como Jean, apaixonados pela família e pela experiência da paternidade.
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atural de Caxias do Sul (RS), Jean reside na cidade de Joinville (SC). Casado com Daniela Maria Teichert Balbinotti, juntos, são pais de três filhos: Gustavo Teichert Balbinotti, de 14 anos, Arthur Teichert Balbinotti, de 3 anos (faz 4 no dia 13 de agosto), e Lucca Teichert Balbinotti, de 2 anos. Em entrevista à revista Giropop, ele recorda sua primeira experiência com a paternidade: “Sempre desejei ter um filho. Era um sonho, mas é claro que você nunca está totalmente preparado. Fiquei meio sem chão quando descobri, mas logo aterrissei novamente e passei a planejar a chegada do nosso primeiro filho, o Gustavo. Foi um momento único que jamais esquecerei”. A mesma cena se repetiu mais duas vezes: na chegada de Arthur e, depois, de Lucca.
24 | Agosto 2018 | Revista Giropop
Jean e os filhos Lucca e Arthur tomando café da manhã em casa, enquanto a mãe está na escola.
Jean e a esposa Daniela, em Itapema do Norte. Para Jean, as inseguranças, os medos, as descobertas e as alegrias sempre existem, seja com a chegada do primeiro, do segundo ou do terceiro filho. “É verdade quando as pessoas falam que filhos mudam bastante a rotina de um casal. Mas a mudança é positiva, pois passamos a ter outras responsabilidades. Com o primeiro filho, minha
esposa ficava mais tempo com ele. Eu trabalhava fora durante boa parte do dia e ajudava nas tarefas caseiras apenas à noite ou em algumas manhãs. Já com os dois caçulas, consegui ficar mais próximo e dar mais atenção a eles”, conta. Com os filhos, Jean e Daniela buscam uma relação de amizade e confiança, con-
Foto da família em frente à Catedral de Pedra de Canela (RS), em passeio no verão deste ano.
versando muito sobre o que é certo e o que é errado, especialmente com o filho mais velho, que está no período da adolescência. “Usamos muitas vezes acontecimentos reais, noticiados nas tevês e jornais, para refletir sobre determinados assuntos. Procuramos dar exemplos e mostrar as consequências de uma tomada de decisão errada. Mas confesso que não é nada fácil. Os pequenos ainda não entendem essas coisas e aí a conversa ganha outro tom, outro formato. O desafio é contínuo. E a gente aprende muito também”, comenta o pai. E não é à toa quando pais e mães mencionam que as crianças também ensinam muito e fazem os adultos pessoas melhores. Jean recorda um episódio, quando estava com uma crise de hipoglicemia, uma vez que é diabético: “Estava trafegando lentamente por uma rua movimentada na companhia de meus três filhos. Gustavo, o mais velho, de alguma forma, conseguiu fazer eu parar o carro. Imediatamente, adotou uma postura de adulto e foi buscar ajuda. Minutos depois, apareceu com algumas balas para eu me recompor. Insisti que estava bem, mas na verdade, não estava. Consegui chegar em
casa com meus filhos são e salvos, mas aquele momento ficou para sempre gravado na minha memória. Se o meu filho não tivesse tomado aquela decisão, talvez tivéssemos sofrido um acidente. Graças a Deus, tudo terminou bem, mas a lição ficou: nunca coloque em risco a vida de pessoas que você ama”.
De acordo com Jean, designar tarefas e responsabilidades entre “coisas de pai/ homem” e “coisas de mãe/mulher” é um pensamento antiquado Pai também ajuda Jornalista, atualmente Jean trabalha com freelancer, prestando assessoria para alguns clientes. Enquanto isso, Daniela estuda, faz o curso de Magistério no período da manhã e irá formar-se no fim do ano. Para tanto, o esposo fica responsável pelos afazeres domésticos no período matutino. “Levo Arthur à escola, depois começo a organizar a casa, arrumar quartos, lavar louça, varrer a casa e cuidar do Lucca. Paralelamente, confiro as mensagens de e-mail para organizar meu trabalho. Também, faço o almoço e per-
Jean e o seu filho Gustavo, na Vila da Glória, em um dia chuvoso na volta de Itapoá para Joinville.
to do meio-dia, busco Arthur na escola. Meu filho Gustavo também ajuda para cuidar do irmão menor. Na parte da tarde, com minha esposa em casa, me dedico ao trabalho de assessoria e reuniões com clientes, enquanto ela fica com os meninos. É tudo questão de parceria e trabalho coletivo”, explica o pai. De acordo com Jean, designar tarefas e responsabilidades entre “coisas de pai/ homem” e “coisas de mãe/ mulher” é um pensamento antiquado, pois acredita que o casal deve compartilhar tudo. “Há 20 ou 30 anos, muitos homens não ajudam nos afazeres domésticos. Eu penso diferente. Meu falecido pai lavava a louça para a minha mãe todos os dias e até fazia almoços e jantares. Tudo bem que ele não varria casa, não lavava roupas, nem arrumava os quartos. Mas ele se esforçava do seu jeito. Era motorista de ônibus, ficava até 12
As mulheres fazem muito mais do que os homens, trabalham, cuidam da casa e dos filhos e ainda assim são fortes e amorosas. Devemos isso a elas”
horas dirigindo e ainda assim ajudava a minha mãe. Levo esse exemplo comigo para fazer coisas parecidas e ajudar minha esposa. As mulheres fazem muito mais do que os homens, trabalham, cuidam da casa e dos filhos e ainda assim são fortes e amorosas. Devemos isso a elas”, declara. Daniela, por sua vez, destaca as qualidades do marido: “É um pai presente, atencioso e preocupado com os filhos. Sempre dividimos as tarefas de forma igualitária, seja trocando fraldas, dando banho nas crianças ou participando das reuniões na escola, fazendo-se presente na vida escolar dos filhos”. Felizmente, a sociedade atual vem lutando cada vez mais por igualdade, e a história de um pai moderno e mente aberta como Jean merece, sim, servir de inspiração. Por fim, o pai de Gustavo, Arthur e Lucca conclui: “Se nós, pais, dermos um minuto de nossa atenção, para os filhos vai parecer uma hora. E é isso que procuro fazer diariamente, dar atenção aos meus filhos. Nem sempre consigo, mas tento de verdade, pois o sorriso deles vale mais do que qualquer coisa”.
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VOLUNTARIADO
Projeto social transforma a vida de crianças e adolescentes através do futsal
“Humildade, amizade e determinação” – este é o lema do Coritapoá Futsal Club, projeto social que nasceu na comunidade do Samambaial e atende crianças e adolescentes de todo o município de Itapoá. Para saber mais sobre essa iniciativa voluntária que busca mudar o futuro de jovens através do futsal, conversamos com seu idealizador, Osmair Dornell, mais conhecido pelo apelido de Moita ou, ainda, “Tio Moita”, como é chamado pelos pequenos do projeto.
26 | Agosto 2018 | Revista Giropop
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
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ascido na cidade de Curitiba (PR), Osmair, o Moita, reside no município de Itapoá desde 2010 e trabalha no Porto Itapoá. Ele, que costumava
acompanhar seu filho em tudo que envolvia futebol e futsal, confessa que é torcedor apaixonado pelo Coritiba Foot Ball Club, que sempre gostou muito do esporte e de crianças. Já em Itapoá, jogava futsal com seu filho, William Wallace Scott Dornell, e seus amigos, na quadra do Samambaial.
O atleta William Wallace Scott Dornell, filho de Moita, é atual artilheiro no futebol de salão de Itapoá. Hoje, William joga a segunda divisão do Campeonato Catarinense pelo Esporte Clube Operário de Mafra.
Certa vez, notou que durante essas partidas, próximo aos meninos, havia um grande fluxo de pessoas com bebidas e drogas. Por esse motivo, tornou a acompanhá-los ainda mais de perto. “Quando não jogávamos na quadra, jogávamos na rua mesmo, em um campinho improvisado, substituindo as traves por chinelos. O tempo passou e nosso vínculo de amizade só aumentou, ganhei o carinho, o respeito e a confiança das crianças, foi então que, em 2013, elas sugeriram que montássemos um time de futebol”, recorda. Em
homenagem ao time do Coritiba, que doou camisetas para as crianças, e ao município de Itapoá, o nome escolhido foi “Coritiba Futsal Club”. Conforme o idealizador do projeto, a iniciativa surgiu para ocupar o tempo ocioso de crianças e adolescentes. “Precisamos, sim, que a vida desses jovens faça sentido, pois como diz aquela canção de Raul Seixas: ‘este caminho que eu mesmo escolhi é tão fácil seguir por não ter onde ir’. Em outras palavras, se elas tiverem algo de bom para fazer, dificilmente irão se tornar vítimas
Moita, idealizador do projeto social Coritapoá Futsal Club, recebendo homenagem de cidadão honorário na Câmara Municipal de Itapoá, em 2017.
de drogas ou violência”, explica. Sendo assim, o Coritapoá surgiu como um projeto social sem fins lucrativos, voltado ao futsal, para meninas e meninos de toda a Itapoá na faixa etária de 6 a 17 anos idade. Atualmente, são cerca de 40 crianças e adolescentes que participam do projeto, os times masculinos estão organizados nas categorias de 7 a 16 anos de idade e há, ainda, um time feminino sub-14. Nos treinos, são estudadas jogadas ensaiadas, cobranças de falta, entre outras táticas. Atualmente, o Coritapoá é campeão de
futsal no município de Itapoá, tricampeão na categoria sub13, tricampeão na categoria sub-11 e bicampeão no futebol de areia. Também, os times já participaram de campeonatos fora da cidade, disputando a Copa de Aniversário de Guaratuba, a Copa Curitiba de Futsal e a Copa Champions Kids de Joinville. Moita ressalta que, infelizmente é consideravelmente menor a procura de meninas pelo esporte, portanto, as alunas do Coritapoá não têm com quem disputar os jogos – “pretendemos mudar essa realidade, também”, comenta.
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Com o Tio Moita e o professor André Santos, as meninas do Coritapoá representando a Escola Monteiro Lobato nos Jogos Escolares.
De lá para cá, ele organiza os treinos durante seus quatro dias de folga que acompanham a escala de seu trabalho, no Porto Itapoá. “É bastante cansativo conciliar a rotina de trabalho, família, lazer e, ainda, o voluntariado. Mas sei que faço a diferença na vida de muitas dessas crianças. Então, durante minhas folgas, os treinos são prioridades. Já aconteceu até mesmo de chegar de um dia intenso de trabalho às 19h e organizar um treino às 20h. Essa convivência faz bem para as crianças e para mim, também. Felizmente, minha namorada, Josiele Gonçalves, é bastante companheira e me incentiva ainda mais a seguir com o projeto”, diz.
Coritapoá conquistando o terceiro lugar na Copa Curitiba de Futsal.
Mais que habilidades esportivas, a iniciativa voluntária objetiva influenciar no caráter de crianças e adolescentes, incitando valores de “humildade, amizade e determinação” – lema do Coritapoá. “Tenho uma relação de amizade e sinceridade com todo os atletas. Converso com eles sobre violência, drogas, família e futuro. Ainda tenho boa relação com a gestora da Escola Monteiro Lobato, da comunidade do Samambaial, e volta e meia apareço por lá para saber do desempenho dos atletas na escola”, fala Moita. Vale ressaltar que, por conta das particularidades de cada um, o projeto não exige que as crianças tirem boas notas, mas, sim,
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Time sub-13 sendo premiado campeão no futebol de areia.
O atleta Maicon, que desde os 10 anos faz parte do Coritapoá e, hoje, é considerado o goleiro menos vazado da categoria sub-13 e o craque Vinicius Iuzeck, presente desde a fundação do projeto.
frequentem a escola e tenham sede de aprender. O projeto do Coritapoá Futsal Club está na fase de aprovação para tornar-se um proje-
to regulamentado. Moita, que muitas vezes ouviu críticas por montar um time de futsal para as crianças, ajudá-las e não ser profissional da área, con-
fessa o sonho de cursar Educação Física. “Acho injusto esse tipo de crítica, pois tenho tanto amor e prazer pelo esporte quanto profissionais do meio, ou até mais. Acredito fielmente que o esporte é transformador e pode salvar vidas”, declara.
Momento de concentração e oração antes do jogo.
Mais que habilidades esportivas, a iniciativa voluntária objetiva influenciar no caráter de crianças e adolescentes, incitando valores de “humildade, amizade e determinação” – lema do Coritapoá.
Novos horizontes Moita é pai de Dominique Amarantes, de 22 anos de idade, e de William, de 17 anos – a primeira reside na cidade de Curitiba (PR), enquanto o segundo mora em Mafra (SC), onde joga a segunda divisão do Campeonato Catarinense pelo Esporte Clube Operário de Mafra. Apesar de ser pai de dois, o “tio Moita”, como é conhecido no projeto, sente-se pai de quarenta crianças e adolescentes. Através do Coritapoá, pôde observar jovens crescendo, se desenvolven-
do e escolhendo seus próprios caminhos – a maioria deles levou a sério o lema de “humildade, amizade e determinação”. Para o idealizador, o sorriso das crianças, suas conquistas e alegrias ao comemorar um simples gol é o que faz valer a pena. Por fim, Osmair, o Moita, fala: “Abracei esse projeto com muito amor e responsabilidade. É difícil, mas nunca estamos sozinhos, porque temos Deus conosco. Costumo dizer às crianças que o Coritapoá Futsal Club não é um projeto meu, mas de todos nós. Também falo que eles são como pássaros, ou seja, têm duas asas. Uma das asas sou eu e a outra são eles, mas para levantar voo, as duas devem bater juntas. É essa a mensagem que desejo transmitir”. Agrocomercial Spezim, Loja Maringá, Panificadora Doce Tentação, Pão Belém, Real Gás, Loja Mega Feirão de Calçados, Itapema Motos e Vidraçaria Andrads são comércios locais que apoiam o projeto do Coritapoá Futsal Club e, consequentemente, contribuem com o futuro de crianças e adolescentes. Se você deseja apoiar o projeto ou, simplesmente, inscrever seu/sua filho(a) no Coritapoá Futsal Club, entre em contato com Moita, através do número 47 99677-0152.
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MÚSICO
Entre acordes de guitarra e rimas de freestyle
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Ele conheceu a música na igreja evangélica, teve influência do blues, do rap e do reggae, tocou bateria, violão, baixo e teclado, deixou a Baixada Santista e chegou ao município de Itapoá (SC). Hoje, Daniel Sousa Melo Silva, de 29 anos, compartilha seu amor pela música tocando guitarra e fazendo rimas na banda Djong’s Roots, e afirma: “música com amor é o que verdadeiramente importa”.
Daniel Melo veio do Guarujá (SP) para Itapoá (SC), toca guitarra e é aficionado por música.
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ascido na cidade do Guarujá (SP), região da Baixada Santista, e filho de pais evangélicos, teve seu primeiro contato com a música na igreja, onde sua mãe cantava no coral e ele, logo aos 6 anos de idade, arriscava na bateria – seu primeiro instrumento, que aprendeu como autodidata. Ainda na infância, teve sua primeira experiência com o freestyle (letras de rap improvisadas). “Minha cidade natal foi colonizada por nordestinos e, inclusive, meus avós vieram do Nordeste. No Guarujá é muito comum encontrarmos repentistas nordestinos com pandeiros dentro do ônibus fazendo improvisos. Eu aprendi a improvisar rimas no ritmo do funk da Baixada, pois essa era a diversão entre nossos amigos da escola”, conta Daniel, que passou a interessar-se por rap, o que aguçou suas habilidades no freestyle. Na adolescência, foi presenteado com um violão e, após assistir a um DVD de Eric Clapton, que pertencia a seu
Tocou durante dois anos em uma banda de reggae, na região de Itajaí e Navegantes, em Santa Catarina.
Declarado ‘viciado em música’, Daniel já tocou violão, guitarra, baixo e teclado. tio, interessou-se por estudar guitarra. “Tudo aquilo que aprendia nas aulas de guitarra, eu acabava treinando no violão. Depois que aprendi um pouco de Teoria Musical passei a me aventurar com outros instrumentos, como baixo e teclado”, comenta. Naquele tempo, desejava cursar faculdade
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de música, mas as condições financeiras fizeram com que seguisse por outro caminho, o que, ainda assim, não impedia Daniel de tocar na igreja e realizar Jam Sessions (sessões de improviso) com seus amigos. Ainda sobre sua formação musical, teve influência do gospel, do rap, do blues e
do reggae. Além de sua mãe, seu tio e de músicos independentes de sua cidade natal, foi influenciado musicalmente por uma infinidade de artistas como Bob Marley, Sabotage, Racionais MC’s, Jorge Ben Jor, Israel Vibration, O Rappa, Tim Maia, Cartola, Djavan, Charlie Brown Jr, Luiz Gonzaga, Lenine, Bezerra da Silva, Eric Clapton e Stevie Ray Vaughan. Em 2008, passou a residir no estado de Santa Catarina, mais precisamente nas cidades de Itajaí e Navegantes, onde tocou guitarra em uma banda de reggae durante dois anos, apresentando-se nas principais casas de show da região. “Depois que tive a oportunidade de trabalhar tocando na noite, vi que a vida de músico não era tão glamorosa como imaginava. Ser um músico bom, reconhecido e viver disso não é para qualquer um”, comenta Daniel que, naquele momento, encontrava-se desanimado. Djong’s Roots No ano de 2012, recebeu proposta para trabalhar no Por-
Mandando um freestyle durante a apresentação da Djong’s Roots, de Itapoá, no Didge Steakhouse, em Joinville (SC).
to Itapoá e, assim, chegou para ficar no município litorâneo do norte catarinense. No trabalho, conheceu Diogo Silva e Francisco Eduardo Costa Oliveira, mais conhecido como Baiano Roots ou Chicão. “Eles já costumavam se apresentar juntos pelos bares de Itapoá. Toquei com os dois pela primeira vez em uma noite clássica no bar Na Oca. O resultado final foi a maior ‘sonzeira’ e, então, fui convidado para me juntar a eles”, recorda. E, assim, com o intuito de trazer samba rock, MPB, reggae e hip hop à cena musical itapoaense, nasceu o grupo Djong’s Roots: com Baiano Roots na percussão, Diogo Silva na voz e violão, e Daniel Melo na guitarra e no freestyle. Mais que aprender, obter renda extra e fazer novas amizades, Daniel conta que o projeto musical da banda Djong’s Roots tem resultado em momentos inesquecíveis, como, por exemplo, a apresentação no Didge Steakhouse, em Joinville (SC), e quando se apresentaram em Balneário Camboriú (SC), no stand dos amigos do Porto Itapoá. Mas, dentre tantas lembranças guardadas com carinho, Daniel confessa a sua favorita: em janeiro deste ano de 2018, quando Djong’s Roots abriu o show do Dazaranha, banda muito querida e aguardada pelos itapoaenses, no Maresia Música Bar. “Foi uma noite incrível, de uma energia sem igual. Estávamos
Trio Djong’s Roots. Da esquerda para a direita: Baiano Roots (percussão), Diogo Silva (voz e violão) e Daniel Meno (guitarra e improviso).
música flui naturalmente”, fala Daniel. Ademais, o trio independente planeja gravar suas músicas, videoclipes e lançar um CD.
Djong’s Roots na abertura do show da banda Dazaranha, no Maresia, em Itapoá, em janeiro de 2018. na nossa cidade, nos apresentando para a nossa galera, com a casa cheia, com o público cantando todas as músicas, abrindo as energias para o show do Dazaranha e, ainda, tivemos o reconhecimento desses músicos que admiramos tanto. Foi mágico”, fala Daniel. Com a inconfundível percussão de Baiano Roots, as notas, a voz e as belíssimas composições de Diogo Silva, os acordes e os improvisos da mente genial de Daniel Melo, a banda Djong’s Roots destaca-se no cenário musical itapoaense. Depois de lançar “Reggae na Avenida”, composição de Diogo Silva, o grupo vem trabalhando na gravação em estúdio da música “Onda do Mar” (também de Diogo), que
fala sobre os principais picos de surf de Itapoá. Para tanta caminhada, contam com a parceria e o incentivo de grandes amigos, como André Luiz Pereira e Simone Cristine Cubas, da loja Tribo do Sol e da Excusa Mama Tatuaria, Jean Mamica (o DJ Jim Bass), e o produtor musical Ezequiel Santos, que vem acreditando no trabalho do trio e cedendo seu espaço, o primeiro estúdio de música de Itapoá. “Agradecemos muito a essas e outras pessoas que estão sempre nos dando força. Também agradeço de coração ao Diogo e ao Baiano por reacenderem meu amor pela música. Desde a primeira vez em que ensaiamos parece que tocamos juntos há anos, pois a
Música e outras paixões Muito além dos acordes da guitarra ou das operações de equipamento portuário, Daniel também é apaixonado por surf, skate, fotografia, pelos seus cachorros e pelas paisagens exuberantes de Itapoá. Ele fala: “Temos praias lindas, ricas em natureza e tranquilidade. Eu aprecio bastante esses momentos que a natureza nos presenteia, mas é uma pena que muitos não deem valor a isso”. Ao fim, o músico Daniel Melo, que se declara guarujaense de sangue e itapoaense de coração, deixa a mensagem para aqueles que, assim como ele, são movidos à música: “mais que técnicas e aulas, fazer música com prazer e amor é o que verdadeiramente importa; e se alguém quiser me convidar para fazer um som a qualquer hora, não pensarei duas vezes”. Para entrar em contato com Daniel Melo, envie uma mensagem para 47 99685-9830 ou, ainda, siga o músico em seu perfil no Instagram @ danielfreesurf. Já para acompanhar o projeto musical da banda Djong’s Roots, acesse facebook.com/djongsroots
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ARTE SOLIDÁRIA
Artesã encontra bem-estar e infinitas possibilidades nas conchas da praia Amante da criação e da natureza, a “artesã das conchinhas” ainda revela um sonho: “ter um espaço fixo onde eu possa expor meus artesanatos”. De maneira espontânea, a praia de Itapoá mudou o rumo da vida da aposentada dona Vera, que, hoje, encontrou à beira-mar o material perfeito para ocupar o tempo livre, obter renda extra, curar a dor e a saudade.
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Vera Lúcia da Roza, de 62 anos, sofria de depressão e, em busca de qualidade de vida, mudou-se para o município litorâneo de Itapoá. Mas ela não contava que, além de saúde e bem-estar, as areias itapoaenses iriam lhe presentear com as conchas, matéria-prima que serve de base para seu artesanato e, também, para sua cura.
Campanha Arte Solidária
Vera Lúcia da Roza é uma das artesãs cadastradas junto ao Departamento de Cultura, da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.
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ascida e criada na cidade de Joinville (SC), há cerca de dez anos Vera mudou-se para o município de Itapoá. “Eu sofria de depressão e, ao procurar um médico, este me orientou a buscar mais qualidade de vida”, recorda. Assim, Vera passou a morar próximo à praia e ocupar o tempo livre com o artesanato. Nas areias itapoaenses, começou a recolher conchas e, com as mesmas mãos que as recolhiam, criou uma infinidade de artesanatos. Das mãos de Vera Lúcia surgiram móbiles, flores, vestidos de bonecas, anjos, barquinhos, grutas e uma série de objetos decorativos – todos eles feitos com as conchas das praias de Itapoá e originários da mente criativa da artesã. Mas o amor pelas conchas está nítido, especialmente, em seu muro e nas paredes externas de sua casa, onde Vera cobriu com milhares delas. Hoje, a casa coberta com conchas, situada na região da Barra do Saí, chama a atenção dos transeuntes e é motivo de orgulho para a senhora que tratou a depressão com o artesanato. Para Vera, o momento de criação é como uma terapia, um exercício de paciência e autoestima. Além do universo das conchas, também trabalha com feltro e tem uma outra paixão: caminhar na beira da praia e contemplar a exuberante Itapoá, que tanto lhe faz bem. Participante ativa das feiras de artesanato do município, especialmente as feiras realiza-
A casa de Vera é toda revestida com milhares de conchas.
das próximas ao Porto Itapoá, a artesã tem a pretensão de que aconteçam feiras de artesanato também em sua comunidade, na Barra do Saí. “Nós, artesãs, apresentamos nossos trabalhos para o público que está presente nas feiras, sejam eles moradores ou turistas. Mas nem todos têm condições de se deslocar até uma delas, por isso é muito importante que estes eventos sejam itinerantes, ou seja, transitem por diferentes regiões”, fala. Sempre presente nas feiras e nas caminhadas na areia em busca de conchinhas, Antônio
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Bonecas, flores, aves, todos feitos com conchas.
da Roza era marido de Vera, seu grande parceiro e principal incentivador de seu trabalho. Por conta de uma grave doença, há cerca de dois meses Antônio veio a falecer e, hoje, é no artesanato de conchas que Vera busca preencher o vazio deixado pela perda do amado.
Nesta edição de julho, foi a vez da artesã Vera Lúcia da Roza doar uma peça de sua autoria para a campanha Arte Solidária, iniciativa da Revista Giropop em parceria com a Associação Mãos do Bem Itapoá. Para indicar artistas e artesãos locais que também queiram contribuir, envie um e-mail para giropop@gmail.com com um breve resumo sobre tal trabalho artístico, foto e telefone para contato.
Para conhecer melhor a artesã Vera e seus artesanatos em concha, entre em contato com ela através do número 47 99272-4914.
Delzi e José Indalicio Filho estiveram de aniversário em julho. A Delzi comemorou mais um ano de vida dia 17, enquanto José Indalicio Junior fez aniversário dia 24. Parabéns ao casal! #DINNOJUNTOSVENCEREMOS. Esta é a homenagem que os atletas de Itapoá estão fazendo ao nosso amigo Dinno, professor de educação fisica e dono da academia DPJ.
Dois apaixonados por motos. O Sr. Mário Tavares, ex-prefeito de Itapoá e dono da Panificadora Maykon com Clovis Heizen do CT, oficina de motos. Em breve eles irão se lançar em mais uma aventura pelas estradas.
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Últimos momentos de descontração para Iwerson Correa, vulgo Rambo, antes de participar do seu primeiro triathlon Na foto com sua filha Milenna e sua esposa Cristina. Ao colo da Milenna está a cachorrinha Luma.
Thor, que já era Deus dos trovões e das batalhas, agora também é o irmãozinho do Logan Mateus Souza. Giropop deseja muitas felicidades à família Itapema Motos.
Carolina de Miranda Arins e Evandro Budal Arins, da Academia Swell com a mais nova fisioculturista da família, a pequena Maria Francisca, filha do casal.
Gilson Cesar Abrão cuidando da sua saúde na academia Swell. Porque a vida não é só feita de fotos.
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Itapoá e sua história (parte XV)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.
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punjante Itapoá de nossos dias é o resultado dos diferentes caminhos que contribuíram para torna-la conhecida e procurada. Primitivamente Itapoá tinha num dos ramais do propalado e exaustivamente pesquisado Caminho do Peabiru a interligação com outras localidades. De acordo com dados históricos sua extensão ultrapassava os 5 mil km, ligando o Brasil a Machu Pichu no Peru. Por aqui é conhecido como Caminho Velho, Caminho dos Ambrósios, Caminho dos Jesuítas, Caminho do Monte Crista e Caminho das Três Barras. Por ele, muito antes do Brasil ser descoberto, ou melhor desocultado, transitavam os índios guaranis que na nossa região compunham a tribo dos Carijós. Para que os animais pudessem vencer o aclive de 1200 metros na Serra de Garuva foram desenvolvidas curvas deixando-o com a extensão de mais ou menos 120 mil metros o que significa uma elevação gradual de 10% ao longo do percurso. Outra medida foi o empedramento e degraus cujo desnível, não era superior a 10 centímetros facilitando a subida dos animais e permitindo o percurso em apenas um dia. O trecho de serra em Garuva encontra-se preservado e recebe a visita de grande número de pessoas despertadas pela curiosidade e também para acessar o Monte Crista onde, de acordo com inúmeros relatos, ocorrem com frequência fenômenos sobrenaturais. Como depois da serra costuma baixar repentinamente neblina intensa, plantaram nas margens do estreito caminho de oito palmos de largura uma ‘’grama preta alta’’, para delimitar o caminho evitando que os caminhantes se extraviassem. De acordo com estudos essa erva não se espalha por si mesma, nem por sementes, nem por outra forma. Não é afetada pela geada e não é pasto preferido para os animais herbívoros. Mesmo quando ocorre o fogo espontâneo em razão de largo período de estiagem e sol forte, renasce. O Peabiru serviu também com alternativa para atingir a pequena vila de Assuncion, que à época era a capital da Província do Rio da Prata. A então pequena cidade de Assunción, era conhecida como “Paraíso de Mahoma”. Isso em decorrência da libertinagem praticada por muitos dos seus habitantes, espanhóis e indígenas. Em 1541, acompanhando a “volta do mar” formada pelas correntes marítimas 38 | Agosto 2018 | Revista Giropop
e pelos ventos dominantes do Atlântico Sul aportou na margem direita da Baía Babitonga, possível em Itapoá, a comitiva do Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, descobridor das Cataratas do Iguaçu. Parte da comitiva seguiu por terra, inclusive Cabeza de Vaca, acompanhado de índios carijós, bem como os primeiros 26 cavalos trazidos para a América do Sul. Após 130 dias de caminhada, chegaram a Assunción na data de 11 de março de 1542, bem antes dos que foram por via marítima. Tomando como ponto de partida o desocultamento do Brasil em 1500, Itapoá somente conheceu uma interligação regular terrestre com as demais localidades em 1958 com a inauguração da Pioneira Estrada da Serrinha. Durante 458 anos, indígenas, imigrantes e escravos que em algum momento viveram ou andaram por essas paragens do território do atual município de Itapoá, só contavam como mar, nem sempre bem humorado para a navegação, os rios e picadões rudimentares para seus deslocamentos. A Serrinha das inúmeras curvas, dos alagamentos provocados pelo Rio Saí Mirim, tomando pelo menos 300 metros de estrada e molhando o carburador dos carros que se arriscavam e ficavam boiando, das serrinhas de barro-cola da Tiririca e do Carrapatinho, dos precários 32 quilômetros de igual extensão aos 32 quilômetros de praia, foi capaz de retirar Itapoá do anonimato e despertar as potencialidades de Garuva. Tornava-se também o “start” de que novos acessos eram viáveis para a efetivação das infinitas potencialidades de rica região. Comprovando o acerto da referida afirmação, no ano de 1970 foi concluída a estrada do Sol ou do Sambaqui, também conhecida por estrada Cornelsen com acesso no Km 25 da rodovia Garuva/Guaratuba. Corajosamente aberta pela empresa Cornelsen & Contador, tendo a frente o dinâmico e saudoso empreendedor João Cornelsen. Seus 12 quilômetros foram de puro desafio, pois optaram por abri-la margeando a costa e dessa forma livrando-se dos morros que exigiriam obras mais caras e sem a possibilidade de execução das retas planejadas. O solo frágil, úmido e alagadiço não permitiu facilidades e cobrou muita criatividade. Em alguns pontos de mangue o material para aterro era transportado por vagonetes ou caçambas que rodavam
sobre trilhos de madeira impulsionados pelos destemidos trabalhadores que nela atuavam e não eram perdoados pelos insetos, malárias e outros desconfortos. Consumiu anos de intensa labuta, pois toda chuva representava suspensão dos trabalhos em razão da demora da água ser absorvida pelo solo. Esse e outros empecilhos eram agravados pelo sombreamento das árvores. Foi mais uma obra privada onde prevaleceu o idealismo e a vontade de fazer melhor. Dessa forma um dos extremos da praia de Itapoá constituído pela localidade da Barra do Saí teve mais uma opção de acesso, bem como redução da distância para os que nela residiam ou a frequentavam na condição de turistas. Já na década de setenta amparado nos evidentes e positivos resultados apresentados pelas duas estradas – Serrinha e Sambaqui – tanto no que tange a integração das comunidades quanto ao aspecto turístico-econômico, o então prefeito de São Francisco do Sul, José Schimidt, decide viabilizar a abertura do trecho de estrada na parte continental do seu município, ligando a Vila da Glória, um dos mais antigos Distritos do Brasil, ao município de Garuva. Com ponto de partida na Avenida Celso Ramos na cidade de Garuva ou no quilômetro cinco da SC-415 (Garuva/ Guaratuba), passando pelas localidades de Barrancos, Estaleiro, Vila da Glória e Jaguaruna num total de 56km até o término da Estrada da Serrinha, SC-416, em Itapoá. Essa terceira opção de chegada aos extensos 32 quilômetros de praia da magnífica Itapoá foi concluída no ano de 1985.
OPINIÃO O grande orador Cícero externou um pensamento que o eternizou ao dizer: “A gratidão é a maior de todas as virtudes e origem de todas as demais”. Essa máxima nos passa um recado mais que oportuno no sentido de direcionarmos nossas memórias para o passado e homenagearmos aqueles que idealisticamente tanto fizeram por Itapoá, pois não hesitaram em destinar suas economias para que no futuro todos usufruíssem do plantio realizado. Nomes não faltam; faltam apenas nossos representantes - vereadores – voltarem-se para a importância do referido fato.