Editorial
Padre Sérgio celebra em Itapoá os 10 anos de sua ordenação sacerdotal Criado no município de Itapoá, mais precisamente na região do Saí Mirim, Padre Sérgio é muito querido por toda a cidade e, inclusive, recebeu título de cidadão honorário pelos feitos no município, onde realizou sua ordenação e sua primeira missa. Neste mês de outubro, o Padre retorna a Itapoá para celebrar seus 10 anos de Ordenação Sacerdotal junto ao povo itapoaense. Para fazer parte desse momento tão importante, anote na agenda: • 11/10 (quinta-feira) às 19h e 12/10 (sexta-feira) às 10h: Padre Sérgio irá celebrar as missas da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, no Saí Mirim. • 12/10 (sexta-feira) às 19h: É a sua vez de celebrar na Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, em Itapema do Norte. Na próxima edição da Revista Giropop, não perca uma reportagem emocionante contando a história de Padre Sérgio, que diz: “comunidade itapoaense, carrego esse grande tesouro que Deus me deu em unidade com todos vocês”.
4 | Outubro 2018 | Revista Giropop
O Outubro Rosa chegou e, com ele, uma preocupação: a incidência de câncer de mama no Brasil aumentou. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de 2018 apontou que a doença teve quase 60 mil novos casos nos últimos nove meses. Frente a este cenário preocupante, a Revista Giropop ouviu especialistas, mulheres vencedoras e voluntárias que trabalham combatendo e prevenindo o câncer de mama. A falta de informação, a procrastinação e o medo de receber uma notícia ruim são os principais vilões do câncer de mama. Mas é precisoinformação e coragem. A informação ficou por nossa conta. Nas páginas seguintes, você encontrará informações e histórias baseadas na importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Já a coragem depende somente de você. Realize a mamografia e o autoexame, seja uma mulher de peito e prove seu amor por você mesma. Editorial de capa: Erika Bauer Foto e Afeto
ÍNDICE OUTUBRO ROSA Superação no combate ao câncer de mama de mãe para filha Câncer de mama: é melhor prevenir do que remediar Não tenha medo da mamografia Autoexame, um alerta às alterações da mama Amorosas de Itapoá apoiam ações INFORME ISEPE O planejamento na administração pública EMPREENDEDOR DO MÊS Don Rodolpho: Pães, confeitos e receitas de família ARTE SOLIDÁRIA Sobras de madeira são transformadas em brinquedos EMBARQUE Dá série...locais que visitei e que mais gostei! ADOTE UM ATLETA Aos 16 anos, jovem de Itapoá irá formar-se bailarina profissional HISTÓRIAS Itapoá e sua história, Vitorino Paese
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OUTUBRO ROSA
Superação no combate ao câncer de mama de mãe para filha Joana Soares da Silva, artesã, e Cintia Juliana da Silva Colotoni, enfermeira, são mãe e filha, amigas, confidentes e parceiras para momentos bons e ruins. Em períodos diferentes, ambas conheceram, viveram e venceram a dolorosa batalha contra o câncer de mama. Seja no campo da arte ou da saúde, a experiência de vida fez com que Joana e Cintia se reconhecessem e conhecessem, também, o propósito de suas vidas.
8 | Outubro 2018 | Revista Giropop
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oana sempre fora saudável, ativa e feliz com a vida que levava na cidade de Maringá-PR. Ela enquadrava-se em um grupo de risco, uma vez que seu pai havia tido câncer no estômago e sua irmã, na mama. Em consultas anuais, Joana já havia descoberto e tratado alguns nódulos benignos em seu seio. Certa vez, no ano de 2005, quando tinha 51 anos de idade, em um dos exames de rotina recebeu o diagnóstico positivo de câncer em sua mama esquerda. Felizmente, graças ao hábito de consultar-se, o tumor foi descoberto logo cedo e pôde dar início ao tratamento. Mãe de seis filhos e esposa de Anísio Salvatini da Silva, Joana estava com câncer do tipo carcinoma inflamatório, um dos mais agressivos, característico por deixar a mama com aparência de casca de laranja. Ela recorda a sensação: “A descoberta foi um período difícil, mas nos meses seguintes continuei fazendo meu artesanato, me dedicando ao meu jardim, à
Joana (mãe) e Cintia (filha): amor e cumplicidade para os momentos felizes e turbulentos, como o câncer de mama.
minha família e procurando viver minha vida. Sempre fui muito agitada e muito apegada com Deus. Nunca gostei de deixar meus familiares preocupados e, mesmo que tivesse meus momentos de tristeza, sempre procurei tranquilizá-los. Porque se minha família estivesse bem, eu estaria bem”. Durante o tratamento,
depois de passar por trinta e oito sessões de radioterapia, Joana ainda sentia sensação de ardência e estranheza na mama. “Sentia que tinha outro tumor na mesma mama (esquerda) e, quando voltei ao médico, descobri que estava certa! Imediatamente, ele marcou uma cirurgia de mastectomia radical, ou seja, para retirada de todo o seio”,
recorda. Apesar do desejo de retirar o seio e reconstruir a mama logo em seguida, Joana teve de aguardar o momento oportuno. Em 2007, três anos depois do diagnóstico, ela pôde fazer a cirurgia de enxerto de pele, que consiste em um pedaço de pele retirado de uma área e transferida a outra (no caso, a mama).
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Bordando e curando
Desde sua juventude, Joana é aficionada pelas artes, como dança, fotografia e poema, e por trabalhos manuais, como costura, pintura, escultura, crochê, bijuterias, decoração, bonecas em tecido, entre outras técnicas. Além do esposo, Anísio, que deu-lhe muito apoio, força e otimismo na batalha contra o câncer de mama, Joana contou com outra grande ajuda: do artesanato. Para ocupar o tempo livre e esvaziar a mente de pensamentos negativos, costumava decorar as paredes de sua casa e, para obter renda extra, confeccionou bonecas com gravetos, tecidos e aviamentos. Mas foi no bordado que encontrou a terapia perfeita para os dias de dor.
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Trazendo alegria, os bordados de Joana formam elementos da natureza coloridos e vibrantes.
Joana e o amado, Anísio Salvatini da Silva, seu ponto de apoio, força e otimismo.
Autodidata, desde 2005, quando descobriu a doença, Joana passou a fazer belíssimos bordados em tecidos, com a finalidade de transformá-los em quadros. Seus temas são variados, como flores, paisagens, animais, temas da praia e passagens bíblicas. “Todos os dias, eu abria a Bíblia em uma página aleatória, lia uma passagem bíblica e meditava sobre ela.
Essas passagens me inspiravam a criar um bordado e um poema”, lembra Joana que, em muitos momentos, trocou os medicamentos pela terapia do bordado e da palavra de Deus. Para um de seus dos bordados, que retrata uma mulher em lágrimas, Joana escreveu: ‘corpo sem perna, corpo sem braço, lágrimas de pérola’. Conforme a artesã, o poema fala sobre depressão, já que o depressivo tem o corpo, mas sente como se não o tivesse e, então, chora.
“Por diversas vezes, estivemos preocupados com Joana, mas ela nos surpreendia, sempre cantando, dançando e bordando”, comenta Anísio. Seja nos melhores ou piores momentos de sua vida, Joana, a artesã que pinta e borda, teve seus sentimentos extravasados no artesanato. Repetindo o mantra ‘Deus seja louvado em cada ponto desse bordado’, criou peças exclusivas, de cores vibrantes, cheias de identidade, histórias, mensagens e significados.
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Batalha após batalha Diferente da mãe, Joana, que seguiu para as artes, e do pai, Anísio, que é aficionado por letras e autor de cinco livros, Cintia encontrou-se na área de enfermagem. Tinha 38 anos e residia em Ortigueira-PR, quando ajudou a promover uma campanha do Outubro Rosa que mudou sua vida. Ela recorda: “Para incentivar mulheres a realizarem o autocuidado e a mamografia, eu mesma fui fazer o exame. Nunca imaginei que pudesse acontecer comigo. Acabei por me tornar exemplo de quão importantes são essas ações preventivas, que possibilitam mudar o destino das pessoas. Por isso, defendo e levanto a bandeira das ações de campanhas preventivas. Salvam vidas... Salvou a minha.”. Era ano de 2014, oito anos após o câncer de mama de sua mãe, e Cintia recebeu o diagnóstico positivo de câncer na mama esquerda, do tipo triplo negativo.
Naquela época, Cintia, que é mãe de cinco filhos, estava amamentando o caçula. “Eu atribuía o crescimento da mama à produção de leite, mas, ao final das contas, tratava-se de uma massa tumoral. Com 75% da mama comprometida, tive interromper a amamentação para realizar a mastectomia”, explica a enfermeira. Ela recorda este período como um turbilhão de emoções, pois residia em Ortigueira e fazia as sessões de quimioterapia em Curitiba-PR, uma viagem que durava, em média, quatro horas. Visto que Joana e Anísio já tinham uma casa no município de Itapoá desde 1994, Cintia veio ao município litorâneo do norte catarinense junto do esposo e dos cinco filhos, com o objetivo de estar mais próxima do tratamento, em Curitiba. Mesmo depois de realizar a mastectomia, Cintia não estava tranquila: “Eu queria retirar as duas mamas, pois sentia que havia algo de estranho na mama direita, também, mas o médico insistia que não. Desconfiada e seguindo minha intuição, decidi ir ao oncologista da família, que já havia tratado o câncer de mama de minha mãe e estava tratando o cân-
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Defendo e levanto a bandeira das ações de campanhas preventivas. Salvam vidas... Salvou a minha”, diz a enfermeira Cintia, que posa ao lado das camisetas de inúmeras campanhas.
cer de mama de minha irmã, paralelo ao meu, para pegar uma segunda opinião”. Em consulta e após alguns exames complementares, descobriu que na mama direita também constavam células cancerígenas, e realizou, novamente, a mastectomia – dessa vez, para retirada do seio direito e esvaziamento total das axilas. Com base em sua experiência, Joana pôde ajudar e fortalecer as duas filhas que, na época, lutavam contra o câncer de mama. “Minha mãe foi como um anjo. Cuidou de mim, me trouxe a palavra de Deus quando mais precisei e dizia que eu estava linda com a cabeça raspada e utilizando turbantes. Ela também compartilhou comigo seu amor pelo artesanato e, para amenizar a situação, passei a bordar com ela”, recorda Cintia. De acordo com os médicos, a enfermeira estaria apta para reconstruir ambos os seios três anos após o câncer de mama. Contudo, em 2017, já trabalhando, Cintia fora surpreendida durante os exames de rotina. “Através de um nódulo no ovário, descobri que estava com tumor pélvico. Senti todas aquelas emoções novamente, de medo,
angústia e cansaço. Mas venci todas elas novamente, também”, conta Cintia que, após vencer o câncer de mama, venceu o câncer na região pélvica. Por conta do tumor pélvico, a cirurgia de prótese nos seios teve de ser adiada para daqui a três anos, mas a enfermeira garante: “Quero, sim, colocar prótese, mas, hoje, a estética não é prioridade em minha vida. Sou feliz e grata por estar viva. Graças a Deus, pude aproveitar muito bem os meus seios, fornecendo alimento e nutrientes aos meus cinco filhos, que são meus tesouros”.
Lições que ficam
Mesmo que diagnosticadas com câncer de mama em períodos diferentes, mãe e filha estiveram lado a lado, enfrentando e vencendo batalhas. Hoje, compartilham de uma nova vida e das lições que ficam. Aos 64 anos de idade, Joana, junto do esposo Anísio, instalou-se, de vez, em Itapoá. Para o casal, a vida é um sopro e deve ser aproveitada todos os dias. Por isso, dedicam-se aos ofícios e aos filhos que tanto amam, e até mesmo compraram um motorhome para viajarem.
Neste mês, Cintia veste a camisa da Campanha Mundial Outubro Rosa.
Na companhia do marido e dos cinco filhos, Cintia também reconstruiu sua vida no município litorâneo, onde trabalha como enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica e professora de enfermagem da escola técnica de enfermagem de Itapoá. Assim como a experiência do câncer guiou Joana até suas agulhas e pontos bordados, guiou Cintia para seu propósito na profissão. Hoje, aos 43 anos de idade, a enfermeira veste a camisa, ergue a bandeira e luta por campanhas de prevenção e combate ao câncer de mama.
Depois que venceram uma grave enfermidade, mãe e filha pararam de fazer planos, de preocupar-se com pequenas coisas, e passaram a dar ainda mais valor à família e ao amor de Deus. “Hoje, sou uma pessoa diferente, não só porque sou uma sobrevivente do câncer de mama ou porque passei pelos momentos mais dolorosos de minha vida, mas porque vivo do jeito que sempre quis viver”, conta Joana. Não à toa, em uma de suas telas, bordou, para lembrar-se para sempre: ”O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmos 30:5).
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OUTUBRO ROSA
Câncer de mama: é melhor prevenir do que remediar
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Quanto antes houver a descoberta do câncer de mama, maiores serão as chances de sucesso do tratamento. Portanto, a fim de inspirar mulheres a realizarem mamografia e exames de rotina, contamos a inspiradora história de Sandra Regina Medeiros da Silva, vencedora da batalha contra o câncer de mama e profissional da área da saúde, de Itapoá-SC.
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ormada em Enfermagem pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Sandra viveu boa parte de sua vida na cidade de Joinville-SC, onde se casou, teve duas filhas e deu os primeiros passos na
profissão. Durante seis anos trabalhou no Hospital Municipal São José, já em 1990, começou o trabalho na Maternidade Darcy Vargas, onde atuou por 25 anos, entre os setores de obstetrícia, administrativo e ambulatório. Na maternidade, Sandra criou e
coordenou diversos projetos e campanhas de melhoria de qualidade. Para a enfermeira, trabalhar na área da saúde é poder enxergar a vida com outros olhos. “A essência de nosso trabalho é cuidar das pessoas para manter e reestabelecer sua saúde. Para seguir esta profissão é imprescindível gostar de lidar com pessoas e ter preparo emocional para confortar pacientes em situações de bastante fragilidade. Trabalhar na área da saúde, com certeza, fez com que me tornasse uma pessoa melhor, mudou meu olhar para as pessoas melhor e me incentivou ainda mais a cuidar de minha saúde”, fala. Sempre realizando exames de controle, em dezembro de 2009, Sandra teve uma surpresa. Notando algo estranho, o médico solicitou exames de ultrassom, mamografia e biópsia (remoção de fragmento de tecido ou outro material de um organismo vivo para fins diagnósticos). Os exames, então, detectaram células malignas em todo o quadrante da mama direita. E, aos 50 anos de idade, Sandra, que já havia
A história de Sandra Regina Medeiros da Silva com o câncer de mama ressalta a importância da prevenção. amamentado suas duas filhas e não possuía histórico de câncer na família, estava diante do diagnóstico positivo de câncer de mama. “Nestes momentos, não importa se você é forte, tem autoestima, trabalha na área da saúde ou não. Você é um ser humano como outro qualquer”, comenta Sandra, “felizmente, recebi muito apoio de minhas filhas e de meu marido, que sempre pensou positivo e me incentivou a seguir em frente”. O processo de Sandra foi bastante rápido: da desco-
berta do câncer até a cirurgia de mastectomia (excisão ou remoção total da mama) levou pouco mais de um mês. E, em um único dia, ela realizou a retirada da mama e o implante da prótese. Vale ressaltar que o principal fator que fez com que Sandra descobrisse o câncer de mama logo no início, não precisasse fazer sessões de quimioterapia ou radioterapia, e tratasse a enfermidade depressa foi seu antigo hábito de fazer exames religiosamente. Desde o diagnóstico até a recuperação da cirurgia,
Sandra enfrentou momentos difíceis. “Mesmo depois que obtive a cura, vivi por aproximadamente cinco anos muito assustada, temendo correr o risco de recidiva (reaparecimento) do câncer”, conta. Para prevenir-se, após a cirurgia, além de sessões de fisioterapia, Sandra realizou exames de controle de três em três meses e, depois, de seis em seis meses. Ainda, tomou medicação via oral durante cinco anos. Atualmente, aos 59 anos de idade, quase nove anos após a descoberta do câncer de mama, Sandra realiza exames de controle anualmente, uma vez que médicos constatam que, dez anos após o câncer, a chance de uma metástase (formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra) é reduzida. Ela, que hoje reside em Itapoá e contribui para a saúde do município, continua realizando exames de rotina e levando as lições da experiência. “Passar por um câncer nos ensina muitas lições. Hoje, muitas coisas perderam o significado para mim, enquanto outras ganharam”, diz Sandra, que venceu o câncer de mama graças à prevenção.
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OUTUBRO ROSA
Não tenha medo da
mamografia
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
O outubro se vestiu de rosa e a Revista Giropop também. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil. Até o presente momento, neste ano de 2018, a estimativa é de 59.700 novos casos (Fonte: INCA). A fim de expandir o conhecimento sobre as medidas preventivas contra o câncer de mama, trazemos à tona este assunto de extrema importância, começando pela maneira mais avançada, eficaz e precisa para detectar este câncer em um estágio inicial: a mamografia.
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undamental e insubstituível, a mamografia pode detectar nódulos da mama em seu estágio inicial, quando ainda não são apalpados no autoexame feito pela mulher ou pelo profissional da saúde. Por serem pequenos, esses nódulos têm menor proba-
bilidade de disseminação e mais chances de cura. Entretanto, para efetivar o atendimento e prevenir cada vez mais o câncer de mama, é preciso desfazer alguns mitos que afastam os pacientes da mamografia. Para tirar algumas dúvidas sobre a doença e desmistificar o exame, conversamos com Vera Lucia Dorneles Malaquias, profissional que possui mais de trinta anos de expertise, é técnica em Raios-X e especialista em mamografia do Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LAD), em Guaratuba-PR. A vontade de seguir carreira nasceu de uma experiência pessoal de Vera, que trabalhou em Curitiba como secretária de um radiologista e se encantou pela área. “Realizei, então, minha primeira mamografia”, conta, “mas as técnicas da época não tinham conhecimento do quanto comprimir a mama, fazendo da mamografia algo doloroso e traumatizante”. Muitos relatos confirmam que, antigamente, as pacientes chegavam a desmaiar durante o exame, por conta da dor. Felizmente, Vera tirou proveito da situação e decidiu ajudar aqueles que, assim como ela, pretendiam um exame sem dor. No ano
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de 1974, iniciou seu trabalho com Raios-X e, em 1984, especializou-se na área de mamografia. “Decidi desmistificar a história de que a mamografia é algo dramático e adequei uma compressão a cada tipo de mama”, explica. Afinal, cada ser humano possui seu grau de sensibilidade. Desde o início da carreira, a profissional observa que os equipamentos para a mamografia evoluíram, dando rapidez e agilidade ao exame. Mas, apesar de todo o avanço tecnológico, Vera acredita que o câncer de mama ainda é tabu na sociedade. “Muitas mulheres não conversam a respeito e não mostram as mamas umas às outras, nem mesmo mães e filhas”, conta. Ela lembra, ainda, que para efetivar o atendimento e prevenir o câncer de mama, as mulheres precisam desfazer estes mitos que as afastam da mamografia, como, por exemplo, o medo de encarar um possível diagnóstico, a ideia de que o exame é doloroso e até questões culturais, como vergonha do médico ou ciúme do marido. A mamografia é um exame de diagnóstico por imagem, que tem como finalidade estudar a glândula mamária. “Esse tipo de
exame pode detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável”, explica Vera. São os chamados nódulos impalpáveis, geralmente menos agressivos e com chances de cura quando diagnosticados e tratados de forma adequada. Este exame deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos e não há idade limite para parar. Ou seja, se uma mulher de 80 anos está apta a ir ao consultório médico e realizar exames de rotina, a mamografia deve estar entre eles. “Dependendo de seus fatores de risco, como por exemplo, antecedentes com câncer de mama, a programação quanto aos exames pode ser diferente”, diz Vera. Vale frisar que a mamografia é a maneira mais avançada, eficaz e precisa para detectar o câncer de mama em um estágio inicial. Como resultado, ela salva vidas. Entretanto, como uma pequena porcentagem do câncer não pode ser identificada com a mamografia, podem ser realizados exames complementares, como a ecografia. “Também é aconselhável a realização do autoexame das mamas mensalmente”, lembra. A profissional de mamo-
Vera Lucia Dorneles Malaquias é técnica em Raios-X e especialista em mamografia do Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LAD), de Guaratuba-PR.
grafia conta que, normalmente, as pessoas chegam para estes exames fragilizadas e temerosas. “Para que o exame seja realizado com eficiência, procuro ser gentil e amorosa”, conta. O procedimento é realizado com um equipamento especialmente projetado para isso, que produzirá uma compressão, por alguns segundos, em cada mama, em algumas posições diferentes. O exame completo leva geralmente de cinco a dez minutos. Durante a mamografia, Vera posiciona sua mão sobre as costas do paciente e olha em seus
olhos, oferecendo carinho e conforto. O exame não tem contraindicações e pode ser feito mesmo em mulheres com prótese de silicone. “A prótese pode dificultar a visualização de tumores, mas existem manobras que aumentam o campo de visão na mamografia”, conta a especialista. Neste caso, a primeira parte do exame é igual e, na segunda, a técnica empurra a prótese e comprime apenas o tecido mamário. Quando se fala em câncer de mama, a doença não se restringe às mulheres.
Vera lembra que os homens também podem ter câncer de mama, mas que, por uma questão hormonal, os casos no sexo masculino são raros. Para eles, a indicação de necessidade do exame de mamografia é a existência de nódulos que podem ser sentidos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção de câncer de mama em homens e mulheres é de 1:100, ou seja, a cada cem mulheres diagnosticas com câncer de mama, um homem terá a doença. Todos os anos trabalhan-
do com a mamografia são, para Vera, engrandecedores não só como profissional, mas também como ser humano. “Aprendo muito com a troca de experiências, pois cada paciente traz consigo uma bagagem que agrego em minha vida”, conta. Os relatos podem ser tristes ou felizes, porém todos são, para Vera, marcantes. O apelo desta profissional com mais de trinta anos de experiência é que as pessoas não tenham medo e façam a mamografia. Afinal de contas, o Outubro Rosa está aí e, juntos, somos mais fortes.
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OUTUBRO ROSA
Autoexame, um alerta às alterações da mama Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
A melhor maneira de combater o câncer de mama é através da prevenção. Ao prevenir, a doença é diagnosticada em sua fase precoce e apresenta maiores chances de cura. Do Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LAD), de Guaratuba-PR, a ginecologista Angela Moser aconselha toda mulher a buscar um profissional uma vez ao ano para fazer exame clínico e obter orientação preventiva sobre doenças ginecológicas: “a falta de informação leva a um atraso no diagnóstico, impossibilitando muitas vezes o tratamento adequado”.
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urante muito tempo, em campanhas de conscientização para o câncer de mama fora divulgada a informação de que o autoexame das mamas, baseado
na palpação, era a melhor forma para detectá-lo precocemente. Contudo, o tempo passou, a medicina evoluiu e esta recomendação mudou. Segundo a ginecologista, hoje, para a prevenção deste tipo de câncer, além do auto-
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exame, a mulher deve procurar seu ginecologista para o exame clínico, a mamografia (sempre complementada pela ecografia das mamas), e a orientação médica preventiva. “O autoexame continua
sendo importante, porém, de forma secundária”, conta Angela. Ela também explica que isso acontece porque quando o tumor atinge o tamanho suficiente para ser palpado, já não está mais no estágio inicial, e as chances de cura
não são máximas. Ou seja, o autoexame não substitui a importância do exame clínico feito por um profissional ou da mamografia, pois só ela pode detectar precocemente um nódulo pequeno com grandes chances de cura. Mas, então, qual a finalidade do autoexame? Ao contrário do que muitos pensam este hábito não tem como objetivo ensinar a mulher a detectar precocemente o câncer de mama, e sim, educar a conhecer seu corpo, em especial o aspecto e a textura normal de suas mamas, de modo a reconhecer alguma alteração que possa surgir. “Percebendo qualquer diferença, é importante buscar auxílio médico”, ensina a ginecologista. Vale lembrar que muitas dessas alterações percebidas não é câncer, porém, somente um profissional será capaz de identificar do que se trata. Toda mulher a partir de, aproximadamente, 20 anos de idade deve ser estimulada e orientada a realizar regularmente o autoexame das mamas. “Apesar da incidência do câncer de mama ser maior entre mulheres a partir dos 35 anos de idade,
não significa que não possa ocorrer em grupos etários mais jovens”, explica a ginecologista. Segundo Angela, o procedimento do autoexame é recomendável todo mês, uma semana após o término da menstruação, quando as mamas estão menos sensíveis. Para as mulheres que não menstruam mais, o ideal é definir um dia específico do mês para fazê-lo como, por exemplo, todo dia 15. Este hábito é muito simples e por ser rápido, indolor, sem efeitos secundários e sem custo, é também acessível. A ginecologista recomenda que o autoexame seja realizado durante o banho, com as mãos ensaboadas. “A palpação deve ser feita com os dedos da mão juntos e esticados em movimentos circulares desde a axila até o mamilo (bico da mama)”, explica. A mão direita examina a mama esquerda e a mão esquerda examina a mama direita, sempre em busca de alguma alteração. Já as mulheres acima dos 40 anos de idade devem fazer seus exames de rotina, incluindo a mamografia. No entanto, no espaço de tem-
po entre as consultas ou exames de mamografia, o autoexame também deve ser realizado. De acordo com Angela, o principal fator de risco deste câncer é ser mulher – uma vez que ele também se manifesta em homens, seguido da faixa etária, com o aumento da incidência a partir dos 35 anos de idade. Antecedente familiar de primeiro grau (como mãe, irmãs e filhas) também é outro fator de predisposição para o surgimento desses tumores. Outros fatores, embora com menor peso, também são considerados fatores de risco, como: primeira menstruação precoce, menopausa tardia, gestação após os 30 anos de idade, uso prolongado de hormônios sexuais, obesidade, vida sedentária, uso frequente de bebidas alcoólicas e tabagismo, estresse, má alimentação, exposição excessiva à radiação, etc. Ou seja, eliminar estes fatores é uma forma válida de praticar a prevenção. “Com práticas saudáveis é possível reduzir a probabilidade do câncer de mama, no entanto, mesmo mantendo esses
hábitos as mulheres ainda estão sujeitas a desenvolverem a doença”, explica a ginecologista. Ela complementa que o câncer de mama, assim como os demais tipos de câncer, é resultado de mutação genética, que pode ser herdada ou então espontânea, como ocorre na grande maioria dos casos. Portanto, o autoexame é somente uma das ferramentas para se detectar alterações mamárias. Ainda mais importante que ele, é visitar o ginecologista pelo menos uma vez ao ano, para que seja feito o exame clínico. A mamografia deve ser realizada, anualmente, após os 40 anos de idade, sempre complementada pela ecografia. Somente deverá ser realizada abaixo dos 40 anos em pacientes com antecedentes familiares. “A realização regular dos exames deve estar entre as boas práticas para reduzir o risco de mortalidade por câncer de mama”, aconselha a ginecologista Angela.
E você, já realizou o autoexame neste mês e a mamografia neste ano?
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OUTUBRO ROSA
Amorosas de Itapoá apoiam ações Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Elas confeccionam almofadas em formato de coração para ajudar mulheres diagnosticadas com câncer de mama a terem mais conforto, promovem encontros nos Postos de Saúde da Família, oferecem carinho para que as pacientes sintam-se acolhidas e colocam o ‘câncer de mama’ cada vez mais em pauta no município. História Em 2009, Alvina Vieira recebeu o diagnóstico positivo de câncer de mama. Após a mastectomia (cirurgia de retirada da mama), um detalhe, em especial, chamou-lhe a atenção: “Quando realizei o tratamento, ganhei uma almofada em formato de coração, que me ajudou a apoiar
Amorosas de Itapoá, participam da Caminha Outubro Rosa.
o braço, aliviar as dores e a dormência do pós-cirúrgico, reduzir o inchaço linfático provocado pela cirurgia, diminuir a tensão nos ombros e, quando usada debaixo do cinto de segurança do carro, proteger de eventuais golpes”. Os anos passaram-se, Alvina foi curada e pôde devolver sua almofada para que outras pacien-
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tes fizessem uso da mesma. Mas aquele simples gesto a marcou para sempre. Já em Itapoá, Alvina conheceu Marli Colin, Suely Magalhães, Maria Batista – mais conhecida como Ica, Sueli Carijo e outras tantas com quem fez amizade. “Ela contou-nos sua luta contra o câncer de mama e sugeriu que partici-
pássemos desse projeto das almofadas, que acontece em todo o Brasil, para ajudar mulheres diagnosticadas com câncer de mama em Itapoá. Sem pensarmos duas vezes, abraçamos a causa”, recorda Suely Magalhães. Um abraço de amor Pesquisando, as amigas
descobriram que as almofadas são confeccionadas com muito cuidado. “Para ser ergonômica, a almofada tem medidas certas e a quantidade de enchimento certo – por isso, é pesada em uma balança de precisão. A costura deve ser específica porque senão fica desconfortável”, explica Alvina. O tecido também deve ser 100% algodão e o enchimento recebe fibra antialérgica. O trabalho voluntário conta com a ajuda de cerca de 20 mulheres, em sua maioria, aposentadas e com aptidão para artesanato. Valores simbólicos, tecidos, fibras, brindes e outros materiais foram doados por empresas e comerciantes de Itapoá. Durante as reuniões semanais na casa de Suely Magalhães, o grupo de amigas, intitulado ‘Amorosas de Itapoá’, descobriu qual era o forte de cada uma e delegou funções: um pequeno grupo corta o tecido, enquanto outro preenche a almofada, outro costura, etc. Tudo é muito organizado e planejado nos mínimos detalhes. As voluntárias também criaram embalagens e folhetos explicativos sobre o uso da almofada, que foi batizada de ‘Almofada do Amor’. Afinal,
Elas acreditam que o câncer de mama deve ser lembrado durante todo o ano, mas aproveitam o movimento de adesão mundial Outubro Rosa para apoiar uma série de ações no município de Itapoá, promovidas pela Secretaria Municipal de Saúde.
trata-se de algo muito além do material. A luta contra o câncer não é fácil, mas as Almofadas do Amor podem amenizar a dor, oferecendo autoestima, força, amor e solidariedade – intenções que as Amorosas sempre mentalizam em cada doação. Com base em sua experiência com o câncer de mama, a amorosa Alvina fala: “Queremos que as mulheres que recebam nossos corações sejam felizes e tenham fé. Isso foi a melhor coisa para mim”.
Doações Desde maio de 2017, quando o grupo foi fundado, até o presente momento, as voluntárias confeccionaram 230 almofadas. Para realizar as doações, oferecer apoio e trocar experiências, as Amorosas atuam em parceria com a Secretaria de Saúde de Itapoá, e organizam, anualmente, rodas de conversa com mulheres que lutam contra o câncer de mama nas unidades do ESF (Estratégia Saúde da Família) de Itapoá. Também, realizam arreca-
dação e doação de perucas, turbantes, lenços, gorros, chapéus e bonés – acessórios que fazem a diferença na vida de pacientes com câncer, e tornaram a confeccionar pequenas almofadas de coração preenchidas com pedrinhas, para simular a prática do autoexame da mama. As doações também acontecem quando as voluntárias visitam outras cidades ou por intermédio de terceiros. As Almofadas do Amor, confeccionadas pelas Amorosas de Itapoá, já ajudaram pacientes de diferentes cidades, como Florianópolis-SC, Ponta Grossa-PR, Balneário Camboriú-SC e Londrina-PR. Nas palavras de Suely Magalhães: “é só nos indicar uma pessoa que está lutando contra o câncer de mama, que nosso abraço em formato de coração, a almofada, chega até ela”. Deseja tornar-se uma voluntária, contribuir com doações de lenços, chapéus, tecidos ou outros materiais? Entre em contato com a amorosa Suely Magalhães através do WhatsApp 43 98406-8035. Ou, acesse a página “Amorosas de Itapoá”, no Facebook.
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informe publicitário | isepe
O planejamento na administração pública Avaliar com antecedência o que se pretende realizar a médio e longo prazo, os riscos, custos, resultados e também o que se pretende executar em períodos mais curtos. PLANEJAMENTO é tema recorrente, especialmente na esfera governamental, porém, nem todos os gestores públicos optam por aplicar na prática essa ferramenta de gestão, a qual deve atuar sempre como etapa fundamental nas ações de governo, norteando assim as Políticas Públicas. A falta de planejamento no gerenciamento das organizações públicas, tem levado muitos gestores ao insucesso e que, pela ausência de uma visão futura, direcionam suas ações mais pelo aspecto político eleitoral do que propriamente um olhar estratégico, que priorize o desejo da sociedade. Na maioria dos casos, essa ausência de planejamento acaba desperdiçando recursos; gera serviços de má qualidade; obras inacabadas; equipes desestruturadas, caracterizando gestão ineficiente. Mas afinal, o que é Planejamento?
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Planejamento é avaliar com antecedência o que se pretende realizar a médio e longo prazo, os riscos, custos, resultados e também o que se pretende executar em períodos mais curtos. Não são todas as ações que precisam de planejamento, como por exemplo, algumas atividades rotineiras, contudo, mesmo estas requerem acompanhamento e controle. O planejamento na gestão pública é essencial, permitindo que se defina as necessidades, porquanto uma obra pode ser importante, mas não uma prioridade em determinado momento, em razão de não representar os anseios de um segmento ou população. Para a execução de obra pública é preciso definir com clareza o que será executado, custos, a finalidade, local, as dimensões, seu padrão, recursos humanos necessários, processo licitatório e ainda, conforme o caso, se envolve desapropriação, trâmites judiciais, etc.
Enfim, os objetivos devem ser bem definidos, sem esquecer o rigoroso acompanhamento de todas as fases da execução, a fim de evitar o mau uso dos recursos públicos e garantir a qualidade da obra ou do serviço, para que ao final não se torne como muitas espalhadas pelo Brasil, obsoletas, mal executadas, ou ainda pior, superfaturadas. Cabe aqui mencionar três importantes instrumentos de Planejamento e Orçamento: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e lei Orçamentária Anual, todos previstos na Constituição Federal e na Lei Orgânica dos Municípios. Mas desses trataremos em outra oportunidade. Coordenação de Comunicação - Prof. Jonas Maciel da Silva DRT 0010332/PR
EMPREENDEDOR DO MÊS
Don Rodolpho: Pães, confeitos e receitas de família
Por trás das delícias encontradas na Panificadora Don Rodolpho, em Itapoá-SC, estão as receitas e o amor pelo ofício que o proprietário Edson Luís Tavares herdou de seu pai. Com quase 30 anos de história no município, a panificadora lança, agora, sua linha de produtos: os biscoitos Don Rodolpho.
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a cidade de Curitiba-PR, Rodolpho, pai de Edson, era proprietário de uma panificadora. “Meu pai amava colocar a mão na massa, literalmente. Ele tinha receitas próprias e ensinou todas elas para mim e meus irmãos”, recorda Edson, que aos 15 anos de idade já ensinava as demais pessoas a fazerem pães. Os anos se passaram e Edson decidiu seguir os passos do pai, abrir sua panificadora e manter a tradição do sabor em família. No ano de 1990, passou a residir no município de Itapoá junto da esposa, Márcia Maria de França Tavares, e dos três filhos, Patrícia, Rodolpho e Raphael. Ainda nos anos 90, o casal abriu as portas da Panificadora Don Rodolpho para a freguesia itapoaense. A empresa, que carrega o nome do falecido pai de Edson, é uma homenagem àquele que lhe ensinou a arte de pães e confeitos. As receitas de pai para filho caíram na boca – ou melhor, no paladar – do povo, e os pães, doces, bolos, salgados, lanches e demais produtos da Panificadora Don Rodolpho ficaram conhecidos por moradores da Barra do Saí ao Pontal. Conforme Edson, muitos turistas também já criaram o hábito de visitar o município litorâneo e passar em sua panificadora para comprar as delícias artesanais e fresquinhas. Além de produtos de qualidade, o grande diferencial da Don Rodolpho está no atendimento oferecido à clientela fidedigna. “Nossa missão é que o cliente sinta-se em casa. Acreditamos que o cliente não é apenas mais um que vem
Da esquerda para a direita: Kristian (masseiro da Don Rodolpho), João Saidel (gerente da fábrica de biscoitos), Anderson (gerente do Sicredi e parceiro no projeto da fábrica), Mário (também parceiro no projeto), e o casal Edson e Márcia (proprietários da Panificadora Don Rodolpho).
parar comprar conosco, mas, sim, parte de nossa história”, comenta Edson. Com 29 anos de atuação, a Panificadora Don Rodolpho cresceu junto do município de Itapoá. O sonho da panificadora que começou à dois, com Márcia e Edson administrando poucos produtos e funcionários, hoje conta com uma equipe de dez funcionários que trabalham há anos na panificadora e fazem parte da ‘família’ Don Rodolpho. O espaço também cresceu e, para melhor atender às necessidades da população, desde 2013, a panificadora está situada na Rua 860, número 893, em Itapema do Norte. Recentemente, Edson pôde realizar um desejo antigo: montar uma fábrica de biscoitos em Itapoá e lançar uma linha de produtos da Panificadora Don Rodolpho.
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Biscoitos Don Rodolpho Na cozinha da panificadora, Edson habitualmente assava biscoitos de polvilho e oferecia aos clientes e funcionários – que, por sua vez, adoravam o produto. “As pessoas davam um feedback muito positivo sobre os biscoitos, diziam que eles eram deliciosos, crocantes e fresquinhos. Então, no ano passado, buscamos maquinários para modernizar a fabricação e registrar este produto”, explica. No mês de setembro de 2018 o projeto da fábrica foi concluído com sucesso. Agora, a panificadora oferece doze produtos da marca registrada Panificadora Don Rodolpho, entre eles: joelhinhos, biscoitos amanteigados, palitos salgados, biscoitos de polvilho em bolinhas e biscoitos de polvilho em rosquinhas (com adicionais de queijo ou orégano). Vale ressaltar que
as delícias da marca Don Rodolpho também são vendidas em bancas, conveniências e mercados de toda a Itapoá, e possuem representantes nas cidades de Guaratuba-PR, Joinville-SC e Araquari-SC. Maior realização Para o futuro da empresa, Edson tem a pretensão de manter o padrão de qualidade e continuar satisfazendo as necessidades da população itapoaense. Em nome de toda a equipe, o proprietário agradece aos clientes, funcionários e parceiros que deixaram sua contribuição nestes quase 30 anos de Panificadora Don Rodolpho. Seja no atendimento ou na cozinha, batendo os pães, Edson sente-se realizado: “A nossa maior satisfação é, sem dúvida, deixar nossos clientes satisfeitos. Isso aqui é a minha vida, eu me realizo fazendo pães”.
arte solidária
Sobras de madeira são transformadas em brinquedos artesanais Acreditando na transformação socioambiental, geração de renda e no empreendedorismo, o casal Rosalba Regina Leonardi Vacchi Fischer e Sérgio Fischer, de Itapoá-SC, transforma sobras de madeira em brinquedos e peças artesanais.
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e São Bento do Sul-SC, Sérgio iniciou o ofício de marceneiro na fábrica de seu irmão, até que passou a desenvolver projetos pessoais. Trabalhando como marceneiro, vinha regularmente a Itapoá para realizar entregas. Há aproximadamente cinco anos, optou por residir no município e alugar uma sala para abrir seu próprio negócio, a
O casal Rosalba e Sérgio, que uniu sustentabilidade e empreendedorismo para criar belos brinquedos com sobras de madeira.
Provence Móveis. Rosalba, por sua, vez, há três anos deixou Palmas-PR e veio a Itapoá junto dos três filhos, Carlos Alberto, Pedro Henrique e José Antônio. Formada em Pedagogia e Letras,
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sempre fora apaixonada por educação e artesanato, ministrando oficinas a mulheres, jovens e crianças. A depressão fez com que Rosalba fosse afastada do trabalho e dirigisse sua vida a Itapoá,
onde conheceu Sérgio e desenvolveu ainda mais o amor pelo artesanato, que tanto lhe ajudou a atravessar esta fase. Já morando juntos e sempre pensando de forma coletiva e sustentável, o marceneiro e a professora notaram a necessidade de reutilizar as sobras da madeira para criar peças de artesanato. “Abraçamos a causa da conscientização, pois nem tudo aquilo que sobra é lixo. Aquele corte de madeira que parecia não ter utilidade alguma, pode ser transformado em um brinquedo e fazer uma criança feliz”, comentam Rosalba e Sérgio. Assim, surgiu o trabalho artesanal do casal que, com sobras dos móveis produzidos em madeira, cria brinquedos, casas de bonecas, casinhas em madeira para área interna ou externa, mesas e cadeiras para crianças, e uti-
Versátil, o trabalho em madeira possui infinitas possibilidades, desde conjuntos de mesa e cadeiras para crianças até porta-panelas e tábuas.
litários, como porta-panela, tábua, etc. Recentemente, o casal assumiu a direção da ACCAPI (Associação dos Curtidores Artesanais da Pele de Peixe de Itapoá), na Figueira do Pontal, trabalho que vai de encontro com seu pensamento voltado ao artesanato, empreendedorismo, à transformação socioambiental e geração de renda. “Atualmente, a associação está parada, sem sede para que nós, artesãos, possamos produzir e vender o artesanato em couro
de peixe”, comenta Rosalba, “mas pretendemos trabalhar arduamente para reverter este cenário”. Hoje, a loja física da Provence Móveis não existe mais, mas Rosalba e Sérgio trabalham com e-commerce e encomendas de mesas, bancos, cristaleiras, criado-mudo, entre outros móveis em madeira. Vendendo seus móveis, o artesanato em couro de peixe ou com sobras de madeira, o casal acredita intensamente no poder da educação: “quando coletiva e dialógica,
a educação pode mudar as pessoas e, consequentemente, o mundo onde vivemos”. Campanha Arte Solidária Sérgio Fischer e Rosalba Regina Leonardi Vacchi Fischer são dois dos artesãos cadastrados junto ao Departamento de Cultura, da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura. Nesta edição de outubro, foi sua vez de doar uma peça de sua autoria para a campanha Arte Solidária – iniciativa da Revista Giropop em parceria com a Associa-
ção Mãos do Bem Itapoá. Para indicar artistas e artesãos locais que também queiram divulgar seus trabalhos na revista Giropop em troca de uma doação para a campanha, envie um e-mail para redacao@giropop.com. br com um breve resumo sobre o trabalho artístico, foto e telefone para contato. Para conhecer melhor o trabalho do casal Rosalba e Sérgio e adquirir um de seus produtos, consulte-o através do número: 46 98807-3745.
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inque Terre é uma região da Ligúria, na Itália, composta por cinco cidades litorâneas e interligadas. São elas: Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare, além de aldeias, vinícolas e santuários morro acima. O maravilhoso golfo La Spezia se estende desde Portovenere até Lerici, passando pela cidade que é capital marítima da região, La Spezia, de onde se pode pegar um trem e ir até Cinque Terre, uma vez que as estradas, se for de carro, são muito estreitas, íngremes e sinuosas. Você também pode optar em ir de barco apreciando a linda vista do Mar da Ligúria. Sol, céu, mar, pedras na encosta, ao invés de areia, são o pano de fundo dessa pitoresca região. Essas cinco cidades incrustradas em morros são muito próximas umas das outras, leva apenas cinco minutos, de trem, entre elas. Isso possibilita conhecer todas elas em pouco tempo, uma vez que os trens passam de hora em hora.
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Dá série...locais que visitei e que mais gostei! Outra opção interessante e sadia é você ir caminhando entre as cidades. Garanto que essa é a melhor pedida. Você passará por entre as aldeias através de vinhedos e construções medievais sempre admirando a maravilhosa vista do mar e escarpas. Ao descer o morro entre uma cidade e outra chega-se a uma pequena enseada repleta de barcos e mar azul e transparente. Nesses locais há restaurantes típicos, que servem as famosas “pastas” italianas e diversos frutos do mar. Sinta o gosto do mar em uma das velhas tabernas rústicas de pescadores e se você optar por ir no verão poderá tomar um belo banho de mar. A vista é esplêndida mesmo! Portanto, vindo da cidade de La Spezia, a primeira cidade é Riomaggiore e caminhando entre esta cidade de Manarola, onde encontramos a Via dell’ Amore, que é um caminho junto as rochas repleto de cadeados presos nas rochas e nos cactos. Historicamente, era por esse caminho que os enamorados de uma e
de outra cidade passavam e deixavam cadeados, citações de Shakespeare, de Dante entre outros clássicos da literatura. Interessante são os grafites e mensagens de autores e amantes desconhecidos. Imagine você caminhando entre uma e outra cidade por um caminho rochoso, apreciando o mar das alturas e ainda lendo belas mensagens de amor e carinho. É mesmo de arrepiar! Na pequenas cidades em si pode-se avistar praças e igrejas muito antigas. Vernazza, uma das vilas mais bonitas possui fileira de casas altas, pintadas de ocre, amarelo e pêssego com venezianas verdes, que ficam dispostas no topo e ao redor dos rochedos, num promontório curvo, que avança para o mar. Já Corniglia é rodeada por oliveiras e vinhedos. É a única vila de Cinque Terre inacessível por mar. Uma boa pedida é subir aproximadamente quatrocentos
degraus e apreciar a vista maravilhosa enquanto sobe a escadaria. Do alto de Corniglia caminhe por entre jardins, vinhedos e oliveiras chegando assim na próxima cidade, Monterosso al Mare. Monterosso é a única das cinco vilas construída em terreno mais plano. Está dividida em duas partes, a parte mais moderna e a mais antiga, cujo charme é incalculável. Há igrejas em estilo gótico- genovês, com listras de mármore branco. Uma das mais bonitas é a Chiesa di San Giovanni Battista, construída em 1220 e que vale a pena conhecer, possui bela vista, bem como, altares de madeira e pinturas fabulosas. Existem muitos filmes que passam nessa região como “ Sob o Sol de Toscana”, dirigido por Audrey Wells, de 2003. Considero um romance gostoso e descontraído. Vale à pena assistir!
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adote um atleta
Aos 16 anos, jovem de Itapoá irá formar-se bailarina profissional Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
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O balé clássico fascina o imaginário de muitas meninas. Mas, para Mariana Oss, de Itapoá-SC, a dança foi muito mais que uma fase. Aos 16 anos de idade, Mariana conta com quatorze anos de experiência no balé e, em outubro de 2018, irá realizar seu grande sonho: formar-se no nível técnico, obter o registro profissional e, enfim, tornar-se uma professora de balé.
Com muita determinação e talento, Mariana Oss é inspiração para pequenas bailarinas.
ariana ainda estava na pré-escola, em Chapecó-SC, quando saía da sala de aula para observar as meninas mais velhas dançando balé. Certa vez, sua mãe conversou com a professora e a menina pôde, então, iniciar as aulas de balé na pré-escola – e nunca mais parou. Ainda em Chapecó, Mariana estudou balé no SESC e na Ballare Escola de Dança (atual Vanessa Batistello Escola de Dança). “Quando iniciei no balé, achava tudo muito lindo, mas, antes mesmo de sonhar em tornar-me uma bailarina, sonhava em ser professora de balé clássico”, conta. Já residindo no município de Itapoá, fez aulas de balé no Laboratório Studio de Dança e, há aproximadamente três anos, treina no Coan Studio de Dança e Pilates.
Ela conta que sempre teve como inspiração uma bailarina mais velha de sua antiga escola e sua ex-professora, Vanessa Batistello, que, mesmo à distância, lhe dá muito apoio: “Assim como Vanessa, cada um dos professores que fizeram e ainda fazem parte de minha formação são pessoas que me inspiram muito”, comenta. A experiência mais recente, no Coan Studio de Dança e Pilates, deixou Mariana a poucos passos de seu sonho. O professor de balé do Coan Studio, Luiz Carlos dos Santos, discorre sobre a aluna: “Mariana já veio com cinco anos de trabalho pela escola cubana de sua cidade. Ela apresenta evoluções
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rápidas, muita agilidade, expressividade, grande evolução técnica dos movimentos do balé clássico e experiência na dança”. Ainda, Luiz explica que, para a aluna formar-se no nível técnico e obter o DRT (registro profissional tirado na Delegacia Regional do Trabalho, que significa que a bailarina estará apta a dar aulas), ela deverá ter em mãos seu currículo de bailaria (contendo TCC, anos de formação, apresentações e festivais dos quais participou) e ter dez anos de aulas de balé comprovados. Vale lembrar que a contagem dos anos de formação inicia-se a partir dos seis anos de idade, quando a bailarina aprende a estudar as técnicas. Depois de estudar, ensaiar e subir ao palco muitas vezes, neste ano de 2018 Mariana irá realizar
seu grande sonho de ser professora de balé. “Sou muito grata aos profissionais do Coan Studio, pois estes estão sempre dispostos a transmitir seus conhecimentos com muito amor, carinho e paciência. Estão, também, sempre se atualizando, pois o mundo da dança traz constantes novidades”, fala a jovem, “o DRT é, para mim, a representação de um sonho, de estar indo cada vez mais longe com meu conhecimento e minha dedicação”. Nunca desistir Conforme professor Luiz, uma bailarina precisa de muita dedicação para aprender os movimentos e seus respectivos nomes. “A teoria é aplicada durante o ensino de cada movimento, como executar de maneira correta e quais seus objetivos. Cada movimento tem uma intenção para o trabalho corporal, técnico e coreográfico”, explica. O professor também frisa que o cuidado com a alimentação é necessário para a saúde corporal, e que a disciplina também é um fator importante, pois uma bailarina dedicada apresenta postura
Recentemente, os alunos do Coan Studio de Dança e Pilates estiveram participando do XXIV Festival de Dança do MERCOSUL, na Argentina, onde Mariana conquistou três premiações: duas em grupo e uma no DUO.
comportamental que compõe seu dia a dia em todas as atividades, na família, na escola e na sociedade. Recentemente, os alunos do Coan Studio de Dança e Pilates estiveram participando do XXIV Festival de Dança do MERCOSUL, na Argentina, onde Mariana conquistou três premiações: duas em grupo e uma no DUO. Nas palavras de Luciana Coan, proprietária do Coan Studio: “Com ajuda da família, da equipe de profissionais e por conta de sua persistência e dedicação, Mariana vem a cada ano melhorando sua técnica no balé clássico. Hoje, é estagiária
em nosso Studio e atua juntamente dos professores Thais Espindola (nas turmas de Baby Class) e Luiz Carlos dos Santos (nas turmas de Balé Iniciante). Além do balé, ela ainda pratica aulas de Jazz e aulas de pontas, sendo muito aplicada nos estudos e tendo todos os quesitos para ser uma bailarina de sucesso”. Aos 16 anos de idade e prestes a formar-se professora de balé, Mariana sonha em continuar participando de festivais, pois ama a sensação de subir ao palco. “Como o município de Itapoá é carente de um teatro, com estrutura adequada para apresenta-
ções, qualquer oportunidade de subir ao palco é rara e muito importante para mim”, fala. Sabendo da inspiração que tem para meninas mais novas, que também sonham em fazer carreira no balé, Mariana diz a elas que nunca desistam: “Como em qualquer atividade que você queira se dedicar, o caminho no balé não é fácil. É preciso ter paciência, determinação, procurar por fontes confiáveis e profissionais habilitados e, principalmente, sentir paixão pela dança”. A bailarina Mariana Oss, do Coan Studio de Dança e Pilates, irá formar-se no dia 9 de novembro de 2018. A formatura acontecerá no Shopping Itapemar, em Itapoá-SC, durante o espetáculo de balé La Fille Mal Gardée, às 20h. Para adquirir o convite do evento, basta entrar em contato com a equipe do Coan Studio (47 99902-5763 – Luciana Coan). Para patrocinar ou apoiar a bailarina Mariana, contate sua mãe, Elenice, através do número: 47 98495-4806.
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Itapoá e sua história (parte XV)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou. FACILIDADES de acesso são condições indispensáveis para o crescimento de uma localidade ou região e o “start” para que ocorra o verdadeiro desenvolvimento composto de bem estar social, estabilidade política, crescimento econômico, evolução cultural e educacional. ITAPOÁ na projeção de acontecimentos futuros necessitará de melhorias nos acessos existentes, especialmente dos acostamentos, uma vez que os existentes não podem ser considerados, pois são estreitos e não abrigam um veículo com a segurança necessária. OUTROSSIM, precisará de novas vias capazes de atender as crescentes demandas, especialmente nas temporadas. PARA que tenhamos uma noção do potencial existente em nossa localidade e plenamente passível de ser efetivado basta compararmos os 32 quilômetros de orla, dos quais 28 são de total balneabilidade com outras praias, em sua maioria, de menor dimensão, porém de intensa movimentação de suas economias. SOMENTE esse dado já justificaria antecipar-se no tempo, todavia pesa também positivamente a excepcional localização entre dois grandes centros urbanos, Curitiba e Joinville, bem como um porto de avançada tecnologia e superior desempenho que em pouco mais de três anos, a partir de sua inauguração em 2011, ascendeu a condição de número 1 do Brasil. ATENTE-SE ainda para o fato da possibilidade presente de um segundo porto vir a ser implementado a curto prazo. VALE lembrar que Noé construiu sua arca muito antes da chuva começar. Portanto, planejar ou perscrutar o futuro é o antídoto contra as soluções de última hora. A PRÓ-ATIVIDADE encontra ainda maior respaldo quando observamos que os eventos estão ocorrendo cada vez com maior celeridade. Até 1958 reinava absoluta, a calmaria. Seus habitantes, conformados, tinham como máxima: o perto está a 2 horas de canoa ou a muitas horas a pé ou a cavalo por picadões rudimentares até encontrar transporte que proporcionasse deslocamentos a São Francisco ou Joinville.
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O pouco, era tudo o que possuiam os moradores da então incipiente Itapoá. A inauguração da Estrada da Serrinha representou, em 1958, a perspectiva de deixar para trás a economia de subsistência, até então predominante, e um aceno para desfrutar dos avanços já presentes em outras localidades. ENQUANTO ocorria a abertura da estrada da Serrinha, os isolados moradores a serem beneficiados pelo aguardado empreendimento já passaram a vislumbrar os primeiros sinais de um novo tempo. Os reflexos decorrentes da divulgação realizada pela mídia sobre o desbravamento de Itapoá, rapidamente se fizeram se sentir por parte de pessoas e membros da sociedade organizada os quais das mais diferentes e desprendidas formas passaram a colaborar com a iniciativa. VALE destacar, nesse particular, o surpreendente espírito contributivo do Dr. Newton Varella, Juiz de Direito e piloto, que não só pela amizade, mas também pela sua formação humanística disponibilizou seu avião para atender necessidades emergenciais dos moradores e todos os que trabalhavam no fronte. CORAJOSO, não hesitava em aterrisar na praia, potreiro ou uma pequena clareira para prestar atendimento. EXPERIMENTOU algumas quedas em decorrência de seu arrojo, felizmente nenhuma de maior gravidade. A SERRINHA, oficialmente denominada de SC-416, suportou até 1970 toda as principais pautas ligadas a incipiente Itapoá, desde um socorro a quem estava enfermo e necessitava de tratamento de urgência em Joinville ou Curitiba ou ainda facilitar o acesso a todos os que desejassem conhecer as suas exuberantes belezas. MESMO sem atender com a regularidade esperada, pois quando ocorriam chuvas acentuadas, coincidindo com a maré grande, também chamada de maré de lua ou de sizigia, as águas do rio Saí Mirim eram represadas provocando o alagamento de um trecho da estrada logo depois da ponte, que associado as serras barrentas do Carrapato e Tiririca atuavam como cancelas estabelecendo que, enquanto as águas
não baixassem e o sol não retorna-se secando a via, quem estava não saía e os que pretendiam ingressar eram barrados. SEGUINDO os passos do visionário Dórico Paese, e sócios da empresa SIAP, surge o empreendedor João Cornelsen com o seu contagiante entusiasmo candidatando-se a pioneiro. PARA tanto apresenta e da início a execução do projeto envolvendo um segundo acesso rodoviário para dar maior visibilidade as potencialidades de Itapoá, atrair novos investidores, facilitar a chegada de moradores e veranistas a localidade da Barra do Saí, bem como servir de alternativa quando a estrada da Serrinha estivesse sem condições de tráfego. INAUGURADA em 1970 com início no quilômetro 25/26 da Garuva-Guaratuba, onde atualmente se encontra o posto da Polícia Rodoviária, a estrada dos múltiplos nomes: Sambaqui, Do Sol e Cornelsen, com prevalência deste último, tem 2000 de seus 12 mil metros em território paranaense. ESSA via interestadual após o percurso de seus dois quilômetros iniciais faz divisa, através do Rio Saí-Guaçu, com o Estado do Paraná. Logo após atravessar a ponte do rio Saí-Guaçú, no quilômetro 4, já em território catarinense encontra-se na margem direita da rodovia um valiosíssimo monumento arqueológico com mais de 1500 anos constituído por conchas depositadas pelos primitivos habitantes, os ‘‘sambaquianos’’. Suas dimensões impressionam mede 100x60x17 metros e é um dos 15 existentes em Itapoá e Garuva, inclusive o sambaqui do Palmital, considerado o mais antigo com 5420 anos. Constam da Lei 3.924 de 26 de julho de 1961 que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos. OPINIÃO Não nos faltam atrativos, basta apenas oferecê-los adequadamente para que se transformem em fonte de renda para o município e para todos aqueles que escolheram a bela Itapoá para habitar ou desenvolver as mais diferentes atividades,