Revista Giropop - Edição 73

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Editorial Este poderia ser mais um editorial qualquer, fazendo um apanhado geral dos temas que abordamos nesta edição. Mas tendo em vista as grandes tragédias que vêm assombrando nosso país, é preciso falar mais. Dentre as centenas de vítimas da tragédia em Brumadinho, muitas delas não tiveram tempo de fazer as pazes com alguém, ou de dizer que amavam seus filhos ou pais. Talvez alguns dos mortos pelo deslizamento no Rio de Janeiro tenha deixado de responder a uma mensagem rápido demais só para não causar essa ou aquela impressão, e nunca mais respondeu. Os jovens no ninho do Urubu tinham sonhos e mais sonhos, que não mais serão realizados. Ricardo Boechat avisou a esposa e as filhas que iria almoçar em casa, mas infelizmente não voltou. Quantas tragédias teremos de assistir até entendermos que a vida não espera? Quantas coisas temos guardadas sem saber quando poderemos dizer de novo? Você já demonstrou seu amor hoje? Não deixe para depois o reencontro com aquele velho amigo. O café da tarde com aquela tia distante. O abraço forte naquele colega de trabalho. O elogio para aquela pessoa que você admira. O jantar com seus pais ou avós. O “eu te amo” para a pessoa amada. Não deixe o amor para depois.

Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para giropop@gmail.com

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POR AÍ

Corredores de Itapoá contam o que faz da São Silvestre a corrida mais especial Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

É a mais famosa e tradicional festa do atletismo na América do Sul. Milhares de pessoas vão as ruas torcer pelos corredores. Todo corredor, de pista ou de rua, sonha em um dia participar dessa grande festa que encerra o ano. A São Silvestre é a única prova do mundo que ao longo dos seus noventa e quatro anos jamais foi interrompida. Além de ser a competição que consegue reunir os principais atletas da atualidade no último dia do ano. Em 2018, a 94ª edição da São Silvestre caiu no gosto de muitos corredores itapoaenses, que deixaram sua cidade, seu trabalho e sua família para viver esta emoção chamada São Silvestre – a corrida mais especial e o sonho de muitos corredores.

É

Denise Rose Mertens Garcia, Andressa Rubinho Mertens, Susinei Schultz, José Bernardo Justino de Camargo, Ketllin Zeni e Mahara Hermógenes, alguns dos representantes da corrida em Itapoá.

manhã do dia 31 de dezembro de 2018. Em cidades litorâneas, como Itapoá, o último dia do ano é sinônimo de estacionamentos engarrafados, supermercados abarrotados, praias lotadas, casas cheias, foguetes e Sol forte. No ar, uma atmosfera diferente ao olhar para trás e fazer a retrospectiva dos 364 dias que se passaram. Mas, como para realizar sonhos não existe hora nem lugar, há aqueles que apro-

veitam até o último dia do ano para alcançar objetivos e fazer aquilo que lhes deixa feliz. Eles são os corredores da Corrida Internacional de São Silvestre – realizada anualmente na cidade de São Paulo, pela manhã do dia 31 de dezembro, dia de São Silvestre e de onde vem o seu nome. Fundada em 1925, a Corrida Internacional de São Silvestre era restrita aos homens, e passou a ser mista desde 1975, quando começou a participação oficial das

mulheres. Com um percurso atual de 15 km pelo centro de São Paulo, a São Silvestre é considerada, hoje, a corrida mais famosa e tradicional do Brasil e da América do Sul. Afinal de contas, o que esta prova tem de tão especial para atrair milhares de corredores do mundo todo no último dia do ano? Para descobrir, conversamos com alguns dos corredores itapoaenses que marcaram presença na 94ª edição da São Silvestre, realizada em 2018.

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Emoção inexplicável Ketllin Zeni (43), sempre assistia, encantada, a transmissão da Corrida Internacional de São Silvestre, na época em que esta acontecia no período da noite. Há aproximadamente vinte anos ela iniciou na corrida, por influência de seu esposo – seu maior incentivador nos esportes, que hoje é ciclista. Em 2015, quando participou da corrida em comemoração ao aniversário de Itapoá, apaixonou-se pelas provas e, desde então, vem participando de eventos expressivos, como as Maratonas (provas de 42 km) de Curitiba-PR e Florianópolis-SC. Como a grande maioria dos corredores, participar de uma São Silvestre era uma de suas metas. Sua primeira vez na Corrida Internacional aconteceu em 2016, e Ketllin gostou tanto que repetiu a dose nos anos de 2017 e 2018. Para ela, esta corrida “é um grande encontro, é mágica, especial e divertida”. “O momento mais marcante da São Silvestre é, para mim, a largada. Enquanto você desce em um túnel, as pessoas estão assoviando, toca o Tema da Vitória de

Ayrton Senna, e você consegue visualizar aquele mar de gente. Tem idosos, pessoas portadores de necessidades especiais, gente fantasiada, estrangeiros... de tudo um pouco. Nesse momento, todo mundo se emociona, deseja um feliz ano novo, bate palmas, se abraça, chora, grita e vibra. É uma emoção sem explicação”, comenta Ketllin. Conforme a atleta, a São Silvestre exige bastante preparação e planejamento de, no mínimo, seis meses. Ela, que na primeira edição viajou a São Paulo de avião, nas últimas vezes optou por ir de excursão, o que lhe rendeu grandes amizades no universo da corrida. Para aqueles que sonham em participar de uma edição da São Silvestre, a corredora aconselha: “É preciso treinar percursos de 15 km com muitas subidas. Também, é preciso economizar um pouco, já que esta prova exige gastos com inscrição, transporte, hospedagem e alimentação. As inscrições iniciam-se em meados de agosto e devem ser feitas imediatamente, para não ficar de fora. No caso de retornar de avião, a passagem aérea também tem de ser comprada

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“Correr é fácil, mas ser corredor exige muita disciplina e determinação. Para mim, a corrida é o esporte ideal para ganhar alegria, amizades, qualidade de vida e satisfação pessoal.” (Ketllin Zeni)


“Persistência é fundamental. Acredito que se inscrever em uma primeira prova é uma forma de se encantar ainda mais por este esporte. Não por experiência própria, mas por acompanhar a evolução de colegas corredores ou até mesmo do triátlon, também acredito que a ajuda de um profissional é muito válida, por ter planilhas a seguir, metas diárias, incentivo e evolução mais rápida.” (Mahara Hermógenes)

com antecedência, para que o corredor chegue a tempo de passar o réveillon junto da família. Eu, particularmente, gosto de ir de excursão, pois não preciso me preocupar com horário de voo, Uber e essas coisas. É um pouco mais cansativo, mas vale a pena”. No município de Itapoá, Ketllin é uma grande inspiração para os itapoaenses e fundadora do Club da Corrida, um grupo com mais de cem pessoas com um desejo em comum: correr para obter mais saúde e qualidade de vida. A paixão pelo esporte e por motivar as pessoas que desejam mudar de vida, levaram-na a iniciar o curso de Educação Física. “Gosto de ajudar as pessoas e transmitir meu conhecimento aos iniciantes”, fala. Inicialmente, Ketllin buscava por alto rendimento na corrida, tendo alcançado pódios, medalhas e resultados bastante expressivos. Atualmente, a atleta corre por prazer e para alcançar suas metas pessoais. “Ser atleta no Brasil é complicado, pois, sem apoio financeiro para o esporte, é preciso trabalhar, cuidar da casa, da família e ainda treinar pesado e re-

gularmente para manter um bom desempenho. Felizmente, obtive apoio de comércios do município, como: Toca do Siri; Supermercado Sol e Mar; Academia DPJ Fitness; Academia Swell, onde trabalho como instrutora física; Nutricionista Silvana Cordeiro, que também é parceira do Club da Corrida; e Pepê Brinquedos. Sou muito grata a essas pessoas e empresas por acreditarem em mim e na minha paixão pela corrida”, agradece. Para o ano de 2019, Ketllin almeja participar de outras maratonas e tornar-se uma ultramaratonista (atleta que corre uma distância superior à 50 km). E, é claro: na manhã de 31 de dezembro de 2019 pretende, pela quarta vez, viver a corrida que chama de uma “emoção inexplicável”. Presentes que o esporte dá DDesde sempre, um dos programas de televisão favoritos da corredora e triatleta Mahara Hermógenes (31) é Esporte Espetacular. “Perdi as contas de quantas vezes chorei assistindo às reportagens. Sempre me senti impactada pelo poder do esporte em transformar vidas”, conta.

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Foi há cerca de cinco anos, em uma prova de 5 km da Gincana Cultural de Itapoá, em comemoração ao aniversário da cidade, que Mahara foi picada pelo “mosquitinho da corrida”. Desde então, nunca mais parou. Assim que começou a correr, Mahara tinha em mente um sonho: participar de uma edição da Corrida Internacional de São Silvestre. Após muitos treinos e alimentação regrada, a oportunidade ideal aconteceu em 2016. Ela recorda: “Minha primeira vez na São Silvestre foi emocionante. Fazia pouco tempo do trágico acidente aéreo com a Chapecoense, então, diante daquele mar de gente, todos nós, corredores, fazíamos um coro em homenagem à Chape. Fico arrepiada só em lembrar”. A apaixonada por corrida acredita que cada um tem seu propósito na São Silvestre. “O meu é comemorar o ano que passou, fazer festa, conhecer pessoas e histórias especiais. Nesta edição de 2018, concluí a prova em homenagem aos meus amigos Dinno e André Vinicius, dois guerreiros que estão vencendo o câncer. Durante o percurso, o que me chamou a atenção e fez toda

a prova valer a pena foi um menininho segurando um cartaz com uma mão desenhada e os dizeres ‘segure aqui para ter mais força’. Aquilo encheu meu coração de alegria!”, comenta Mahara, que sempre faz amizades nas corridas e nos triátlons. Ainda sobre a 94ª São Silvestre, esta foi a primeira vez em que a atleta foi a São Paulo de excursão, com os corredores da ACRI (Associação de Corredores de Itajaí-SC). “Foi um grande presente conhecer essas pessoas que emanam tanto amor e união. Fiquei encantada com a boa comida, a atenção, o carinho e a organização da excursão. Eles deixam nossos kits separados em nossos assentos e ainda nos dão troféus pela participação na São Silvestre junto à ACRI. Nem preciso falar que me emocionei e que, a partir de agora, pretendo sempre ir a São Silvestre de excursão”, conta. Em um único dia, 31 de dezembro é um turbilhão de emoções: o calor da corrida, a volta para casa e a virada do ano junto à família. Revigorada, Mahara agradece: “Sou imensamente grata aos meus apoiadores, Reparsul, Luísa

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“Você só vai descobrir o prazer que a corrida proporciona ao correr. Independentemente de colocação, na corrida, o importante é participar. Meu lema de cada prova é: ‘não a leve tão a sério, apenas divirta-se’.” (Iwerson Luiz Alves Correia)

Wolpe Simas, Ademar Ribas do Valle Filho, Toca do Siri, Anabê Design, Melbiju, Casa das Especiarias e Giroseg. Mesmo com todo o cansaço, é uma festa, tamanha alegria e satisfação”. Em seu perfil no Instagram (@maharalala), a atleta ‘AMAdora’ compartilha sua rotina de treinos e provas. Ela conta que não vive para o esporte, mas que este complementa o seu ser. “Ganhar troféu é bom, mas é consequência. Acredito que o maior presente que o esporte nos dá são os caminhos percorridos, a preparação, as amizades e os lugares. Por isso, fico muito feliz em ver nossa cidade tão ativa não somente na corrida, mas nos esportes em geral. Em Itapoá, encontramos tudo o que precisamos, como o mar para sentir-se revigorado ou nadar, e o ar livre e puro para correr ou pedalar. O que vale mesmo é, independente de grupos, apresentar a cada vez mais pessoas este estilo de vida saudável, gratuito e feliz”, explica Mahara que, neste novo ano, procura evoluir cada vez mais e alcançar novos desafios, e já tem sua participação na São Silvestre de 2019 garantida.

Alma, corpo e espírito O triatleta e maratonista Iwerson Luiz Alves Correia (46) mora em Curitiba-PR, mas considera-se itapoaense de coração. “A grande maioria de meus amigos da corrida vivem em Itapoá. É difícil passar um mês sem ir a Itapoá para treinar com um ou outro morador local. Costumo dizer que ‘quem corre, se identifica’ e fiz grandes amizades neste município litorâneo”, conta. Há quatro anos, a convite de sua irmã, Iwerson começou a correr, e foi paixão à primeira vista – ou melhor, ao primeiro quilômetro. Ele, que já participou de Meias Maratonas (trajetos de 21 km), Maratonas (42 km), Corridas Cross Country (31 km) e triátlons, conta que sonhava em participar da Corrida Internacional de São Silvestre – a qual acompanha pela televisão desde os 15 anos de idade. Depois de sua estreia, em 2016, Iwerson tornou a correr a São Silvestre no ano de 2018 – desta vez, viajou de avião e hospedou-se na casa de um amigo, na capital paulistana. “Milhares de corredores de todos os cantos vencendo seus desafios, suas

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superações, é pura emoção! Esta prova reúne corredores deficientes físicos, deficientes visuais, corredores que sofreram AVC, idosos, fantasiados... é uma grande festa e uma celebração pela vida”, fala Iwerson, que participou da 94ª edição da Corrida Internacional fantasiado de Rambo. Além de triatleta e maratonista, Iwerson também realiza um trabalho como guia de deficientes visuais em competições de corrida amadora de rua. “Mais que praticar esporte, meu maior prazer é incentivar todas as pessoas a exercitarem-se e superarem suas próprias limitações. Correr alimenta nossa alma, nosso corpo e espírito. Acredito que todos somos capazes de correr, mas com ajuda e incentivo, o percurso fica ainda melhor”, diz. As emoções e as alegrias da 94ª edição da São Silvestre ainda estão frescas em sua memória, mas Iwerson já planeja sua participação na 95ª edição: “Devemos sempre procurar fazer aquilo que nos mantém vivos. As belezas da vida estão aí, basta abrir os olhos e enxergar”.

A primeira vez Ativa desde a infância, há cerca de três anos Susinei Schultz, a Susi (41), começou a correr junto com a ACORI (Associação de Corredores de Itapoá), por incentivo das amigas Ketllin Zeni e Oneide Urso. De lá para cá, participou de mais de trinta provas de corrida. Para melhorar seu rendimento, possui assessoria da CBS Running, através do professor Marco Antônio Ângelo, da Fisiopilates, de Itapoá. Buscando reduzir medidas com rapidez e baixo custo foi que Denise Rose Mertens Garcia (47) foi apresentada à corrida. Ela iniciou seus treinos em setembro de 2017 e participou da primeira prova em março de 2018. “Este esporte me trouxe muitos resultados positivos, não somente fisicamente, mas grandes amizades, também. Participei de diferentes provas e posso afirmar que nenhuma prova é igual à outra”, fala Denise. Por sua vez, Andressa Rubinho Mertens (28), recorda que sempre observava o amor que as pessoas sentiam e como se entregavam para a corrida, e queria sentir isso de alguma forma. Sendo assim,

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“É um esporte maravilhoso e contagiante, que nos traz muita saúde. E, nós, itapoaenses, somos privilegiados por termos a oportunidade de treinar ao ar livre e, ainda, contemplar nossas belíssimas praias.” (Susinei Schultz)


“A corrida é um caminho sem volta, libertador e transformador. Não perca tempo e venha experimentar esse esporte. Não se preocupe com a quilometragem, mas, sim, em sair do sofá e sentir a adrenalina de cada superação”. (Andressa R. Mertens)

há pouco mais de dois anos, iniciou na corrida a convite de sua amiga Mahara. Há muitos anos, Susi costumava acompanhar a Corrida Internacional de São Silvestre pela televisão, enquanto Andressa escutava muitas histórias contadas por seu pai, que é paulista. Já Denise, confessa que sempre achou tal prova legal, mas fora de sua realidade: “Não gostava de esportes e jamais me imaginava correndo uma prova como essa. Depois que iniciei nas competições, o desejo pela São Silvestre surgiu naturalmente”, conta. Denise é tia de Andressa e, juntas nesta empreitada, fizeram suas inscrições, compraram as passagens aéreas, reservaram hotel, pediram patrocínios e pensaram em um traje divertido, que ao mesmo tempo desse visibilidade aos patrocinadores. ”Buscávamos algo relacionado ao mar, e assim, Andressa teve a ideia das Sereias Run (no Instagram, @ sereiasrun). Cada corredora ganhou seu traje personalizado com seu próprio nome e adereços de sereia. E, a cada corrida, vestimos o traje das Sereias Run para representar nossa cidade e para que pos-

samos nos divertir e nos identificar em meio à multidão. E deu resultado, pois graças ao traje, algumas pessoas já vieram nos dizer que nos viram na São Silvestre ou em algum site. Isso é muito gratificante”, explica Denise. Amigas graças ao Club da Corrida, as corredores Denise, Andressa, Susi, Tatiane, Gislaine e Jaqueline – as Sereias Run, uniram forças para planejar sua primeira Corrida Internacional de São Silvestre ao final de 2018. Estas seis mulheres corredoras de Itapoá planejaram a ida no mesmo avião e a estadia no mesmo hotel e, no evento, juntarem-se aos demais itapoaenses. Afinal, a amizade deixa tudo ainda mais divertido. Confome Susi, todos os momentos de uma São Silvestre são marcantes, a começar pela viagem a São Paulo. “Aquele clima de final de ano gera uma energia diferente. É como se fosse um grande encontro de corredores, para que fechemos um ciclo fazendo aquilo que mais gostamos. Por isso, é tão especial”, comenta Susi. Nas palavras de Andressa, “esta é uma festa para

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finalizar o ano de provas e treinos”. Ela recorda: “Chorei de emoção ao ver 33 mil pessoas unidas pelo mesmo propósito, pelo mesmo amor. O sentimento durante a primeira descida no viaduto é inenarrável”. De acordo com a corredora, a Corrida Internacional de São Silvestre exige força de vontade, preparo físico, psicológico, financeiro e o acompanhamento de um bom personal trainer, a fim de que o corredor evite possíveis lesões. Já para Denise, somente quem vai a São Silvestre pode entender esta energia de correr em um período de transição e retrospectivas, que é o Ano Novo. “Especialmente para nós, que moramos no litoral e prestamos serviços durante a temporada, foi um período corrido, uma loucura. Mas quando foi dada a largada, caiu a ficha e pensei: ‘estou realmente aqui, então, lá vamos nós’. Sem dúvidas, a emoção da São Silvestre não se compara às demais provas de corrida”, fala. Durante o trajeto, com o uniforme das Sereias Run, as amigas corredoras

carregaram uma faixa com o nome do município de Itapoá. Para a alegria das famílias, que assistiam à corrida pela Rede Globo, as corredoras e a faixa foram identificadas em meio à multidão durante a transmissão ao vivo. Levar o nome da cidade de Itapoá através da corrida é um dos objetivos das Sereias Run de Itapoá. Para aqueles que desejam entrar em 2019 começando a correr, Denise, que corre por prazer, aconselha: “Temos, em Itapoá, diversos grupos de pessoas que se reúnem para treinar. Entre amigos, fica ainda melhor ganhar motivação e disciplina. Eu, particularmente, também treino com assessoria profissional da CBS Running, com Marco Antônio, um profissional muito competente e responsável, da Fisiopilates. Ele faz as planilhas de treino e está sempre disposto a evoluir seus alunos, de acordo com as limitações e os objetivos de cada um”. Já passou mais de um mês desde o grande dia da 94ª São Silvestre – a primeira vez de Denise, Andressa, Susi e das Sereias Run, mas De-

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“A todos que não praticam esporte algum, digo que não importa qual esporte seja, mas busque se identificar com algum pelo bem da sua saúde. A corrida, especificamente, além de corrigir nossa postura, sono, alimentação e disposição, tem o diferencial de você poder competir consigo mesmo e superar seus próprios limites.” (Denise Rose Mertens Garcia)


nise ainda se emociona com as lembranças e se depara consultando passagens aéreas para São Paulo em 30 de dezembro de 2019. Para este novo ano, ela tem a pretensão de completar uma prova a cada mês, dentre elas, a Meia Maratona de Florianópolis. Susi também tem suas metas pessoais, que incluem uma Meia Maratona no Rio de Janeiro e a Volta da Pampulha, em Belo Horizonte. A corredora Andressa também já está se inteirando sobre as provas de 2019 e fala: “seria muito bacana se acontecessem provas de corridas em nosso município de Itapoá”. O ano está apenas começando, mas antes mesmo de qualquer prova específica, a grande meta das Sereias Run é continuar se exercitando e alcançando resultados junto das amigas. Porque, como costumam dizer, a felicidade só é real quando compartilhada.

“Costumo sempre motivar os iniciantes: ‘comecem caminhando e terminem correndo, mas comecem’.” (José Bernardo Justino de Camargo)

Nunca é tarde Comprovando que não existe idade para correr, Alencar Ribas de Oliveira, de 63 anos de idade, e José Bernardo Justino de Camargo, o

seu Zé, de 62 anos, têm disposição para dar e vender, e são grandes inspirações para jovens e mais velhos que sonham em dar seus primeiros passos na corrida. Símbolo de foco e persistência, José começou na corrida há oito anos, já predestinado a participar da São Silvestre. “Já comecei pensando alto”, brinca. Com espírito competitivo, encontrou prazer no esporte e, de lá para cá, participou de oito edições consecutivas (de 2011 a 2018) da Corrida Internacional de São Silvestre. “É uma corrida emocionante, especialmente no momento da chegada”, comenta seu Zé, que fez grandes amigos no mundo da corrida e é grande motivador dos demais itapoaenses. Para ele, essa prova é sinônimo de muita emoção e saudade. E uma coisa sempre é certa: em 31 de dezembro, José estará lá novamente, vivendo seu esporte favorito e desfrutando da alegria de viver. Por sua vez, Alencar, que nunca gostou de academia, corre pelos parques e pelas ruas Brasil afora há trinta anos. Aos 51 anos de idade, sofreu um enfarte e, por isso,

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respeita seus próprios limites, correndo, hoje, pelo puro prazer que o esporte oferece. Seu Alencar lembra que, há onze anos, quando chegou a Itapoá, poucos eram adeptos da corrida: “Hoje, nossos jovens estão formando uma geração saúde, com mais pessoas caminhando ou correndo, buscando qualidade de vida, saúde e bem-estar. Isso me deixa muito feliz”. Bem como seu Zé, seu Alencar também vem ‘batendo cartão’ na Corrida Internacional de São Silvestre, tendo participado seis vezes consecutivas (de 2013 a 2018). “O que faz deste evento especial é sua organização, o profissionalismo dos responsáveis, o calor das pessoas e as surpresas, pois a cada ano há uma novidade, uma tecnologia a mais. Na edição de 2018, por exemplo, o chip veio junto ao número de inscrição”, fala Alencar, que durante a Corrida Internacional já conheceu pessoas de diferentes cantos do Brasil e do mundo. “A São Silvestre nos desliga dos problemas e nos dá prazeres e alegrias que só uma corrida no último dia do ano poderia proporcionar. Eu choro de alegria por estar em

meio à multidão”, comenta o corredor. Muito conhecido por correr durante a noite na região do Pontal da Figueira, Alencar, que corre em média 10 km em piso plano, confessa que, no auge dos seus 63 anos, os 15 km de fortes subidas e ladeiras da São Silvestre não lhe causam cansaço, mas, sim, alegria. E se você se pergunta onde seu Alencar planeja estar pela manhã de 31 de dezembro de 2019, saiba que, sim: na São Silvestre. Saúde, loucura, coragem, vício, paixão, prazer ou a afirmação de sentir-se vivo? O que leva uma pessoa a correr? Ou melhor: o que leva um corredor a apaixonar-se por uma prova específica? E o que faz da São Silvestre tão especial? Por mais que estas linhas tentem buscar, essa resposta está apenas no interior de Ketllin, Mahara, Iwerson, Susinei, Andressa, Denise, José, Alencar e de cada corredor que já participou da Corrida Internacional de São Silvestre. Mas se você ainda não correu seus primeiros metros, sempre há tempo de começar. Quem sabe, no último dia do ano, não é você quem estará descobrindo que correr também é terapia?

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“Para começar a correr, é muito importante orientação de um profissional e saber respeitar seus próprios limites.” (Alencar Ribas de Oliveira)


SAÚDE

Quer começar a correr? Confira as orientações de um especialista em Treinamento Personalizado Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Todo começo é difícil e com o esporte não é diferente. Iniciantes na corrida costumam ter dúvidas de todo o tipo, mas algumas das mais frequentes estão relacionadas aos treinos. É só sair correndo? Tem um jeito certo de respirar? Preciso ir à academia? Para sanar essas dúvidas, conversamos com Marco Antônio Angelo Levien Junior – preparador físico, especialista em Treinamento e Nutrição Esportiva, massoterapeuta e shiatsuterapeuta, e profissional de um Studio de Treinamento Personalizado em parceria com a CBS Running, de Joinville, e a Fisiopilates, de Itapoá.

Em Itapoá, Marco Antônio Angelo (em primeiro plano na foto) é preparador físico, especialista em Treinamento e Nutrição Esportiva, massoterapeuta e shiatsuterapeuta.

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ntes de começar a debater pace (o seu ritmo na corrida), melhores maratonas, qual o melhor tênis, o que comer no pré-treino, entre outras

questões que alguns corredores experientes tratam com grande importância, é bom ficar atento a alguns pontos que devem te fazer ter uma vida mais longeva e proveitosa em treinos e provas.

Conforme Marco Antônio, os iniciantes nos esportes devem procurar um médico do esporte ou cardiologista e, em seguida, um profissional capacitado em Educação Física. “Acompanhamento pro-

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Marco também atua como profissional de Studio de Treinamento Personalizado na Fisiopilates, em Itapoá, atuando em parceria com a CBS Running, de Joinville. fissional, persistência e força de vontade são pré-requisitos básicos para evoluir no esporte escolhido e evitar lesões ou até mesmo agravar uma doença pré-existente”, comenta o profissional. Aos iniciantes na corrida, o especialista recomenda caminhadas curtas de 30 minutos até a devida liberação médica e orientação de um educador físico. “Na corrida ou em qualquer esporte, é muito impor-

tante treinar exercícios para a respiração. Vestir calçados e roupas leves e confortáveis também ajudam na termo-regulação corporal, aliviam o impacto e a transpiração, e evitam possíveis lesões”, diz. Ao contrário do que muitos imaginam, o especialista em treinamento esportivo aconselha que o iniciante corra ou caminhe sozinho. “Ao invés de correr em grandes grupos, começar a caminhar ou cor-

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rer sozinho possibilita uma percepção corporal maior, tanto em relação à respiração quanto à execução do movimento. Em contrapartida, exercitar-se na companhia de colegas é muito mais motivador e seguro, conhecemos pessoas novas e temos bons papos durante o percurso”, explica. Graças às temperaturas mais amenas e o corpo mais descansado, Marco Antônio

revela que o horário mais indicado para correr é pela manhã. Durante este período, o corredor tem melhor desempenho e gera menor estresse físico. A alimentação também influencia diretamente no desempenho. De acordo com o profissional, um cardápio variado e balanceado é sempre recomendável, porém, em casos de atletas de desempenho ou de emagrecimento, o ideal é


buscar a orientação de um nutrólogo ou nutricionista. Consequentemente, o uso de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas em geral influenciam negativamente o desempenho de corredores e atletas. Mas o que é melhor: correr ao ar livre ou na esteira? Marco explica: “Corre na esteira possibilita maior controle de ritmo e diminui o impacto nas articulações. Treinar em um ambiente controlado sem a influência de intempéries é bastante recomendado para os dias chuvosos ou com temperaturas extremas (muito frio ou muito quente). Em contrapartida, correr ao ar livre ou em pista permite melhor desempenho se comparado à esteira. Ao ar livre ou em pista, o corredor conhece novos

O profissional é muito recomendado entre corredores e atletas itapoaeses -isso, porque trabalha de forma completa, desde o alívio de dores e fortalecimento para o dia a dia do aluno até a preparação de atletas de alto rendimento. lugares, está em contato com a natureza e já familiarizado com a superfície onde são onde realizadas as competições”.

Professor de Musculação, Treinamento Funcional, Corrida, Natação e Bike na Fisiopilates, Marco Antônio é um profissional muito recomendado entre os corredores itapaoenses – isso, porque trabalha de forma completa, desde o alívio de dores e encurtamentos ao fortalecimento para o dia a dia do aluno até a preparação de atletas de alto rendimento. Conforme o especialista, participar de competições amadoras é de grande valia, pois estas concretizam o resultado de um trabalho realizado. Ainda, acrescenta: “A

superação de resultados incentiva o atleta a treinar cada vez mais. Mas é importante ressaltar que cada indivíduo tem o seu perfil. Alguns são mais exigentes e competitivos, almejam correr longas distâncias, como as Maratonas de 42 km; outros são mais voltados ao bem-estar e à saúde, alcançadas em provas de curtas distâncias, de 5 a 10 km. Hoje, a grande maioria das competições amadoras contemplam a saúde e a socialização dos atletas, com caminhadas e corridas para crianças, permitindo que toda a família participe”.

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INCLUSÃO

A Libras e sua importância para a comunidade surda Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

A Língua Brasileira de Sinais, Libras, é estabelecida pela lei nº 10.436/2002, que afirma que ela “é a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visualmotora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”. Para saber mais sobre a língua de sinais, sua importância e desmistificar alguns, conversamos com a professora e intérprete de Libras, Nelma Machado, referência para a comunidade surda de Itapoá. Promovendo a inclusão, Nelma afirma: “o ensino das libras é importante para todas as pessoas, independentemente de possuírem alguma deficiência ou não”.

O

interesse pela comunidade surda surgiu por influência de seu tio, Mauro Roberto Viana (falecido há pouco tempo), que foi funcionário da Secretaria de Educação do Paraná e coordenador da Educação Especial do núcleo de Curitiba. “Fui criada pelo meu tio, a quem considerava como pai. Ele me apresentou à Língua Brasileira

Nelma Machado é professora e intérprete de Libras da Escola Municipal Ayrton Senna, em Itapoá.

O amor pela comunidade surda surgiu por influência de seu tio, Mauro Roberto Viana.

Em eventos oficiais, deve-se vestir roupas pretas e luvas brancas, para que a pessoa surda concentre-se apenas nos sinais das mãos.

de Sinais e, em casa, muitas vezes nos comunicávamos apenas pelos sinais. Meu tio levantou a bandeira da comunidade surda no estado do Paraná e era apaixonado por isso. Ele foi contra todos que não acreditavam nos surdos e que duvidavam de suas capacidades. Naquele tempo, a pessoa surda era retida por anos na mesma série, mas meu tio venceu e conseguiu formar uma turma apenas de alunos surdos. Eu, que acompanhei sua luta durante a vida toda, sinto-me inspirada e guiada por ele”, diz Nelma. Formada em Pedagogia, Nelma Machado possui proficiência no uso e no ensino de Libras pelo MEC, e especiali-

zação em Libras e Educação para Surdos. Hoje, atua como professora e intérprete de Libras na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna, além de realizar o trabalho de intérprete de Libras em eventos expressivos da cidade, como o programa Um Toque de Natal, organizado pela Prefeitura Municipal de Itapoá, a apresentação dos Corais Vozes da Babitonga e Sementes do Amanhã, no Porto Itapoá, eventos na Câmara Municipal de Itapoá, entre outros. Em tais eventos, a intérprete deve vestir roupas pretas e luvas brancas – e tudo tem um porquê. “As vestes pretas são neutras, a fim de que o surdo direcione sua

atenção nos gestos das mãos, e não em outro ponto. O intérprete de Libras não deve usar roupas coloridas, correntes, anéis e outros adereços, uma vez que o deficiente auditivo é muito atento, concentrado e focado em qualquer movimento. Contrastando com o preto, o par de luvas brancas merece destaque e só deve ser utilizado em momentos especiais, como, por exemplo, durante o Hino do Brasil, para demonstrar respeito à bandeira”. Já no trabalho em sala de aula, Nelma tem de ser intérprete de Libras e, ao mesmo tempo, professora. Ou seja, além de traduzir o conteúdo para a língua de sinais, essa

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comunicação não pode ser mecânica, ela tem de ser pedagógica e dinâmica, a fim de que o aluno compreenda o idioma e, também, o conteúdo ministrado. Conforme a professora, o ensino da Língua Brasileira de Sinais em sala de aula não é benéfico apenas aos alunos surdos, mas à toda a classe, uma vez que os colegas utilizam os sinais como uma ferramenta a mais de memorização dos conteúdos. “Aprender Libras é tão fascinante quanto aprender um novo idioma, como inglês ou espanhol. Quando uma criança aprende a língua de sinais, consequentemente, os colegas de classe despertam o interesse em fazê-lo, para estreitar seus laços e sua comunicação”, comenta a professora. Principais equívocos Com base em sua experiência, Nelma diz que tratar a deficiência auditiva como doença, isolando o surdo da sociedade ou o sufocando é um dos principais erros cometidos por educadores e familiares. “Não se pode apagar a bagagem ou a condição de uma determinada pessoa, mas é possível aprimorar e estimular suas capacidades”, diz. Gritar com surdos que utilizam-se de aparelhos auditivos também é um inconveniente, pois o aparelho pode conter pouco ou nenhum resíduo, fazendo com que a pessoa não escute. Da mesma forma, gesticular para uma pessoa surda de maneira exagerada é prejudicial, pois ela pode sentir-se nervosa e zombada. Outro equívoco frequente se dá nas denominações atribuídas ao deficiente auditivo. Nelma explica: “Por mais que ainda utilizada em certas áre-

Professora Nelma ao lado da aluna Bianca Alves de Moraes. A aluna possui perda moderada da audição em ambos os ouvidos. Professora Nelma e sua aluna Maria Fernanda da Silva Costa. A aluna, que é paratleta em tênis de mesa, é portadora de Síndrome de Down e surda profunda bilateral. as e divulgadas em meios de comunicação, como televisão e internet, ‘surdo-mudo’ é provavelmente a mais antiga e incorreta denominação atribuída ao surdo. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência, sem conexão com a surdez. São minorias os surdos que também são mudos. Fato é a total possibilidade de um surdo falar, através de terapia da fala, aos quais chamamos de surdos oralizados. Também é possível um surdo nunca ter falado, sem que seja mudo, mas apenas por falta de exercício”. Aprendendo Libras Conforme Nelma, qualquer um pode aprender a Língua Brasileira de Sinais. Para quem pensa que se comuni-

car em Libras é algo bastante difícil, a intérprete dá uma dica crucial: “a Libras torna-se mais fácil quando você tem interesse, seriedade e força de vontade. Gostar de língua portuguesa e da morfologia das palavras também contribui para a aprendizagem. Contudo, para facilitar e memorizar os sinais, seria interessante fazer bons cursos e, principalmente, conviver sempre com a comunidade surda, pois de nada adiantam os cursos se você não praticar”. A Língua Brasileira dos Sinais foi reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil e como meio legal de comunicação e expressão pela Lei nº. 10.436, em 24 de abril de 2002. Por se tratar de uma língua recente, é bastante volátil e se aprimora

a cada dia, com novos substantivos, novos verbos e afins. Vale lembrar que a Libras é uma linguagem unicamente brasileira, pois cada país tem a sua forma de se comunicar através dos sinais. Para ser melhor interpretada, a língua de sinais orienta todos os usuários e praticantes a utilizarem a expressão facial como recurso. ““A expressão facial é extremamente importante para dar sentido aos sinais. Ela, além de fazer parte da formação do sinal, pode esclarecer ainda mais o que você pretende dizer à pessoa surda”, aconselha. Logo, é fundamental no ensino e aprendizado dessa língua que os intérpretes façam cara de bravo, triste ou feliz – de acordo com a mensagem que desejam transmitir. Pela ausência da audição, uma pessoa surda é mais sensível quanto a outros sentidos. Por exemplo, durante a comunicação em Libras, o ouvinte deve evitar tocar no surdo sem antes ter um contato visual, pois ele pode se assustar ao ser tocado bruscamente. De acordo com Nelma, outro sentido essencial é praticar a comunicação olho no olho, pois quando você está interagindo com alguém que não escuta, se você olha para o lado, ele também vai olhar procurando por alguma coisa, pois todas as expressões significam algo. Por fim, Nelma aconselha: “Converse bastante em Libras e não se esqueça de estudar a estrutura linguística, sublexical dos sinais, estruturação das sentenças, as categorias gramaticais e o alfabeto manual. Tenho a certeza que, no dia em que você encontrar uma pessoa surda no trabalho, no shopping ou na praia e conseguir comunicar-se com ela, o sorriso dela fará todo

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esforço valer a pena”. Para a professora, as pessoas surdas são especiais, pois enxergam a vida com otimismo, amor e bondade. Para o futuro, Nelma sonha com um mundo onde os surdos sejam cada vez mais inseridos na sociedade, no mercado de trabalho, nas escolas e universidades, e onde encontrem, em qualquer ambiente, alguém que consiga comunicar-se no seu idioma. Ao final, ela diz: “Agradeço imensamente às minhas alunas surdas, Bianca e Maria Fernanda, e suas mães, Fabiana e Karen, por momentos de troca e lições inesquecíveis. Agradeço à toda a equipe da Escola Ayrton Senna, que luta diariamente pela inclusão; à cidade de Itapoá, onde me esforço para fazer a minha parte; a todos os envolvidos nessa luta pela comunidade surda e, especialmente, ao meu tio, Mauro, que abriu os caminhos para que, hoje, esse trabalho fosse menos difícil. Tenho muito orgulho de dar continuidade à sua luta e tenho a certeza de que ele me guia e me inspira, onde quer que esteja”. Filhos especiais e mães especiais Fabiana França Bastos não havia tido qualquer contato com a comunidade surda antes de tornar-se mãe de Bianca Alves de Moraes. Anos atrás, logo em sua primeira semana de aula na Pré-Escola Palhacinho Feliz, a equipe pedagógica constatou que a menina apresentava certa dificuldade na audição. O problema, notado na escola, foi transmitindo à família, que buscou ajuda médica. O diagnóstico dos exames constatou que Bianca apresentava perda moderada da audição em ambos os ouvidos.

Família unida: os pais Tião e Fabiana em momentos especiais junto da filha Bianca.

Muito amor, carinho e amizade entre a mãezona Karen e sua filha Maria Fernanda.

Apesar de ter aprendido a língua dos sinais na escola, o caso de Bianca foi tratado com uma prótese auditiva acústica, também conhecida como aparelho auditivo. Com a ajuda do equipamento, a menina obtém 35% de ampliação do volume dos sons. E, graças ao aparelho auditivo, ao invés de comunicar-se em Libras, a família de Bianca optou pela terapia da fala, o que faz dela uma pessoa surda oralizada. A professora Nelma explica: “Bianca possui deficiência auditiva, mas é bilíngue, ou seja, domina Libras e também o português. Com

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a ajuda de sua família, treinamos exercícios de oralidade e interpretação labial. Hoje, a aluna consegue comunicar-se através da fala e fazendo a leitura dos lábios”. Ainda assim, Bianca comunica-se com sua professora, muitas vezes, através da Língua Brasileira de Sinais. A mãe, Fabian, ressalta a importância de todas as pessoas aprenderem tal língua: “Não é porque não é o caso de minha filha, o meu ou o seu caso que devemos ignorar a importância dos sinais. É preciso pensar muito além das nossas próprias necessidades. A

Língua Brasileira de Sinais é um meio de garantir a socialização e interação do surdo na sociedade, além de contribuir para a valorização e reconhecimento da cultura surda”. Hoje, aos 13 anos de idade, Bianca estuda no 8º ano, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna. Conforme os pais Fabiana e Tião, a menina é muito feliz na escola e querida por todos os colegas e professores. Ainda, rendem elogios à professora e intérprete de Libras: “Desde que a professora Nelma entrou para a equipe da Escola Ayrton Senna, nossa filha aprendeu e evoluiu muito. Nelma ensinou Libras a todos os colegas de Bianca, para que os alunos comuniquem-se com ela através da língua de sinais quando necessário. Sem dúvidas, Nelma faz toda a diferença em Itapoá. Somos eternamente gratos à ela”. Nas palavras de Nelma, “Bianca e seus pais me lapidaram enquanto profissional e ser humano”. Ela recorda que o processo para a família confiar em seu trabalho foi especial. “Especialmente, a mãe, Fabiana, era bastante insegura e preocupada com o futuro e a independência de Bianca. Ela queria certificar-se de que sua filha estava em boas mãos e, aos poucos, construímos uma amizade que foi além da relação entre mãe e professora. Tudo o que trabalho com Bianca na escola, Fabi e Tião dão sequência em casa. E Bianca tem correspondido muito bem a esses estímulos. Hoje, ela faz planos, sonha em ser médica veterinária, confia em mim e me ensina muito”, diz Nelma. Fabiana, que sempre sonhou em ser mãe, hoje compartilha do amor mais verdadeiro ao lado de sua filha. “A Bianca foi um presente de


Deus em nossas vidas. Eu não a vejo com uma deficiência, mas, sim, com uma limitação, assim como todos nós temos nossas próprias limitações”, fala Fabiana, “dizem que Deus só dá filhos especiais para mães especiais, e ser mãe da Bianca é a melhor coisa do mundo”. Importância da inclusão Professora aposentada, Karen Jaqueline da Silva recorda que, certa vez, em 1992, teve um aluno surdo. “Naquele tempo, não se falava em Libras. A comunicação era feita através de gestos simples e informais, que a mãe do aluno me ensinava”, lembra. Os anos se passaram e, no ano de 2001, nasceu Maria Fernanda da Silva Costa, a segunda filha de Karen. Maria Fernanda nasceu portadora de Síndrome de Down e, com pouco mais de um ano de vida, a família percebeu que a menina não escutava. “Era réveillon e ela não esboçava qualquer reação aos fogos de artifício. Depois de uma baterias de exames, recebemos o diagnóstico de que ela era surda profunda bilateral, ou seja, dos dois ouvidos”, explica Karen. Ali, a família iniciou uma luta de muito preconceito, mas, também, de muita luta e amor. Não custou para que Karen e Maria Fernanda estudassem e aprendessem Libras, língua pela qual se comunicam. “Felizmente, minha filha apresentou interesse e habilidades notáveis para aprender a Língua Brasileira de Sinais – língua, essa, que tem de ser praticada dia após dia. Sempre juntas, estudamos, aprendemos e pesquisamos novos termos em dicionários e em outras ferramentas, como,

da esquerda para a direita, Flávio, Maria Fernanda, Bianca, Maria Eduarda, Jean, Fabiana e professora Nelma. por exemplo, no aplicativo de celular Hand Talk (aplicativo que faz a tradução automática de texto e voz para a Libras)”, conta a mãe. Quando chegou a Itapoá, Maria Fernanda ingressou na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna, onde foi abraçada por toda a comunidade escolar. “O Ayrton Senna é aquela escola que rompe com todos os preconceitos e com o tradicionalismo do ensino, tendo o compromisso de educar as novas gerações, apostando na criança e em tudo que ela traz de novo, inesperado, original e revolucionário”, diz Karen, “a professora e intérprete de Libras, Nelma, foi além dos conteúdos ministrados, desenvolvendo integralmente minha filha, valorizando suas experiências de vida e respeitando o tempo e o jeito de cada um para aprender. Tomando como exemplo a equipe do Ayrton Senna, quando uma escola inclusiva une-se por uma boa causa, é tudo de bom”. No município de Itapoá, Maria Fernanda – que é considerada a melhor paratleta

de tênis de mesa surda do estado de Santa Catarina, também treinou com a equipe da ASEPI (Associação Esportiva e Paradesportiva de Itapoá) e até realizou um estágio na panificadora Doce Tentação. Durante o verão itapoaense, Karen recorda um episódio que lhe marcou muito: “Fui com minha filha ao evento Itapoá Mais Verão, organizado pela Prefeitura Municipal de Itapoá, na praia de Itapema do Norte. Levei-a para participar de uma das atividades, o beach dance, pois, mesmo não escutando, ela possui noções de ritmo para dançar. Assim que perceberam que minha filha era surda, Jean Alan e Flávio Conceição, os coreógrafos e dançarinos do projeto, tornaram a gesticular as letras das músicas para ela. Maria Fernanda ficou muito feliz e quis voltar todos os dias para participar das aulas dança na praia. A grande questão é que, em uma sociedade onde a grande maioria exclui e discrimina, são atitudes essa que me fortalecem enquanto mãe, para que continuemos seguindo em frente”. Hoje, aos 17 anos de ida-

de, Maria Fernanda descobre sua adolescência e estuda no 1º ano do Ensino Médio, na Escola de Educação Básica Nereu Ramos. Depois de dominar a Língua Brasileira dos Sinais, a jovem vem praticando exercícios vocais junto à fonoaudióloga para aprender a interpretação labial e a oralidade dos sinais. Com a mudança de escola da aluna, a professora Nelma fala sobre o período de troca com Maria Fernanda: “Ela é uma aluna maravilhosa, exigente, independente, bem humorada, brincalhona e carinhosa. Costumo dizer que Maria Fernanda é uma caixinha de surpresas, pois a cada dia ela supera suas limitações. Tanto ela quanto sua mãe, Karen, são duas mulheres queridas por nossa escola e guerreiras. Sou muito feliz por crescer profissionalmente com elas”. Para Karen, todas as pessoas deveriam aprender a Língua Brasileira de Sinais para inserir os surdos, de fato, na sociedade, seja nas escolas, nas empresas, nas ruas ou em suas casas. Enquanto mãe de menina surda, ela diz: “Imagine-se em um mundo onde você não consegue comunicar-se com as pessoas. A comunicação é uma barreira muito grande na comunidade surda, daí a importância da Libras. Para minha filha e para todos os surdos, sonho com um mundo mais inclusivo, onde todos tenham interesse em aprender a língua de sinais e valorizem mais essa comunidade. Existem muitos surdos por aí ocupando cargos expressivos, fazendo mestrados e doutorados. Surdos são eficientes e capazes como todos, basta você olhar para eles mais atentamente e com respeito”.

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MODA

Caiçara Collection: vestindo o seu amor por Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

No município de Itapoá, apesar de ainda jovem, tem muita coisa. Tem mar; rios; mangue; pedras; farol; baía; porto; surfe; pesca; natureza abundante; ecoturismo; área rural; gente boa; artesanato; dialeto; cultura; história e curiosidade. Para somar, agora tem, também, uma marca de camisetas que é “a cara” do local. Simples, divertida, cheia de identidade, “demais de muita coisa de bonita” e muito orgulhosa de suas raízes: essa é a Caiçara Collection.

O

i, eu sou Ana, tenho 24 anos de idade e moro em Itapoá, também, há 24 anos. Sou escritora da revista Giropop e, nesta edição, fui convidada a contar a história da Caiçara Collection, uma marca que une meu amor pela moda e por Itapoá – município onde vivo desde meus primeiros dias de vida. Itapoá não é apenas palco de minhas melhores lembranças, como palco de todas as minhas lembranças. Lembro-me de andar de caiaque no rio da Barra; de escalar a Primeira Pedra com meus primos para brincar; de pegar praia com minha mãe até o anoitecer; da alegria ao comer ova de peixe na casa da minha avó; de rolar na areia de praia e de brincar na água do mar. Já comi limo da pedra, já peguei bicho-de-pé, bichos geográficos, já fui queimada muitas vezes por águas-vivas e tenho os pés largos, de quem anda muito de chinelos ou com os pés descalços. Tão logo durante minha infância em Itapoá demonstrava talento no desenho – criando, sobretudo, croquis de moda. Passava horas a fio desenhando mulheres com diferentes vestidos, calças, saias, blusas, sapatos e acessórios. Minha mãe ficava muito orgulhosa e colava todos os meus desenhos, um a um, na parede do quarto. Quando concluí o Ensino Médio, a paixão pelo desenho, marketing, pela fotografia e outras áreas da criatividade me levaram a cursar Design de Moda, na UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville. 26 | Fevereiro 2019 | Revista Giropop

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa, designer de moda e idealizadora da Caiçara Collection, com a t-shirt “Da Barra ao Pontal”.

Lar é onde o coração está, e o meu está em Itapoá! A t-shirt “Mapa de Itapoá” tem como destaque a Ilha de Itapeva, apontada no desenho.

O modelo “Dialetos” traz em sua estampa as principais expressões utilizadas pelos itapoaenses.

A camiseta “Itapoaense” fez sucesso para aqueles que compartilham do espírito e do orgulho de ser itapoaense.

Uma das estampas da coleção da Caiçara, “Três Pedras” faz referência à Primeira, Segunda e Terceira Pedra, famosos chamarizes turísticos de Itapema do Norte.

O Hino de Itapoá, cuja letra é de José Sluminki, é tão especial, que um trecho de sua letra virou estampa da Caiçara Collection.


Patrícia Machado Pereira, veste a t-shirt “Itapoaense”. No decorrer do curso, a cultura caiçara me influenciou em diversos projetos. Inclusive, o tema de meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) foi desenvolver uma coleção infanto-juvenil de roupas para a prática do surfe. Tempos depois, meu amor pela escrita trouxe-me à revista Giropop, onde trabalho com produção textual; além disso, também atuo como designer, realizando projetos gráficos de identidade visual. Ainda assim, nunca desisti do sonho de fazer moda, de criar algo com os conceitos que acredito, de um projeto cem por cento meu. Depois de estudos de tecidos, pesquisas, contatos com fornecedores, esboços de estampas, planilhas e horas a fio buscando referências e inspirações, nasceu a Caiçara Collection, uma marca de camisetas que traduz meu amor pela cidade de Itapoá e por fazer moda com propósito. Identidade local Buscando uma moda democrática, igual para todos os gêneros, optei por criar camisetas – aquele modelo tradicionalmente conhecido como masculino, mas que fica muito charmoso e estiloso quando usado por mulheres, seja por dentro do short, da calça, com cinto ou um nozinho. O tecido é de algodão premium, estonado, pré-lavado, pré-encolhido, perfumado e macio, mas o grande diferencial está nas estampas. “Da Barra ao Pontal não há nada igual”, faz alusão à música “Do Leme ao Pontal”, de Tim Maia, e refere-se às belezas abundantes de Itapoá, de ponta a ponta; a frase “Nadar na Primeira, Pescar na Segunda, Surfar na Terceira” faz referência às Três Pedras, famosos chamarizes turísticos de Itapema do Norte; a camiseta “Lar é onde o coração está, e o meu está em Itapoá” leva esta frase e o desenho do mapa da cidade, com destaque especial para a Ilha de Itapeva apontada no desenho; “Itapoense” lembra uma busca no dicionário, com um breve texto que traduz o espírito itapoaense; em outro modelo, está estampada a frase “Itapoá, praia e Sol, Terra e mar”,

Zézão vestindo a camiseta “Dialetos

Vice-prefeito Carlos Henrique Nóbrega vestindo o modelo “Hino de Itapoá” para que não fiquem sem uso precocemente e possibilitem o consumo sustentável; peças de qualidade, com vida útil mais longa e mais valorizadas que os consumíveis típicos. Este é apenas o começo, mas a Caiçara Collection compromete-se a cada vez mais pensar o respeito à sociedade e ao meio ambiente.

O casal Valmor Lima e Desirê Mertens com a camiseta “Três Pedras trecho do Hino de Itapoá, cuja letra é de José Sluminki; por fim, a última estampa possui os dizeres “Vê, vê! T’embora! Ah, mi sinhô! Demais de muita coisa!”, clássicos do dialeto local. Cada uma da estampas foi pensada com muito carinho para enaltecer nossa identidade cultural local. Slow fashion Você deve conhecer lojas de departamento, que seguem o conceito fast fashion, ou seja, possuem um sistema que prioriza a fabricação em massa, a ocultação dos impactos ambientais do ciclo de vida do produto, e o baixo custo baseado em mão-de-obra e materiais baratos, sem considerar aspectos sociais e ecológicos da produção. Em contraposição ao fast fashion, o slow fashion surgiu como uma alternativa socioambiental mais sustentável no mundo da moda, e este conceito rege também a Caiçara Collection. Nossa marca de camisetas prioriza e fomenta recursos locais, da cidade e do estado; contribui para a aproximação direta e confiança entre produtor e consumidores; mantém sua produção entre pequena e média escalas; por se tratar de uma marca independente, de uma designer de moda independente, defende a prática de comprar de produtores locais; vende peças versáteis e atemporais,

Novidades Tive um carinho muito grande por este projeto, pois todo o processo da coleção foi desenvolvido por mim: o estudo do segmento, o logotipo da marca, toda sua identidade visual, as gerações de alternativas das estampas, o marketing, o lookbook, o atendimento e as vendas. Inicialmente, produzi poucas peças e, para minha surpresa, as camisetas caíram na boca da população e muitas pessoas ficaram interessadas. Recebi mensagens de nativos, moradores, turistas, veranistas e simpatizantes da cidade – todos, compartilhando do mesmo sentimento, o amor por Itapoá. O mais bacana foram os depoimentos que recebi de pessoas relatando sua história de vida e o carinho que têm pelo município. Saber que tanta gente ama o local onde vivo só realçou meu orgulho de ser itapoaense. As primeiras peças da Caiçara Collection logo se esgotaram, mas uma nova remessa vem aí, para que mais pessoas possam ter seu amor por Itapoá estampado. E vem mais pela frente: já estou trabalhando para trazer novidades para o inverno itapoaense. Enquanto isso, não seja jaguara igual àquele um, filho daquele outro: não polua nossas ruas e praias; respeite nossa população, nosso meio ambiente e nossos animais; e acompanhe as redes sociais da Caiçara Collection, para receber nossas novidades em primeira mão – que estão demais de muita coisa de bonitas. Acompanhe a Caiçara Collection nas redes sociais: Instagram: @caicaracollection Facebook: facebook.com/caicaracollection Revista Giropop | Janeiro 2019 | 29


MÚSICA

Amor e positividade em forma de canção musical. “Eu acordava, tomava um café e mergulhava nas produções e nos estudos musicais, estudando e buscando inspirações e referências”, lembra. Tendo como referências Bruno Mars, Tyler The Creator, Drake, Coldplay e Maroon 5, e como ídolos Chorão e Caetano Veloso, Kaluan livrou-se das amarras dos rótulos a um único gênero musical. Em suas criações, mescla surf music, MPB (Música Popular Brasileira) e rap, dando voz e som àquilo que chama de “o novo pop”.

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Com apenas 20 anos de idade, Kaluan Adachi descobriu seu maior sonho: transmitir mensagens de amor e positividade através de sua música. Em uma trajetória que já possui parceria e uma música de trabalho, Kaluan, hoje, dedica-se intensamente aos projetos musicais.

N

ascido em Ibiporã, um município da Região Metropolitana de Londrina, no estado do Paraná, Kaluan passou a residir em Itapoá em meados de 2010. Tendo feito grandes amizades no município litorâneo ao nordeste de Santa Catarina, em 2014 o jovem mudou-se para Curitiba-PR, onde profissionalizou-se musical-

Kaluan Adachi.

mente e reside atualmente. Na infância, o apreço pela música surgiu em um processo bastante espontâneo. “Minha família conta que, desde bebê, apresento certa predisposição musical, como se eu já tivesse nascido com noção de tempo musical”, comenta Kaluan, que teve o teclado como seu primeiro instrumento musical. Autodidata, passou a aprender violão com

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pesquisas e observando colegas que também faziam música – e apaixonou-se pelo instrumento. Além das notas musicais, Kaluan também é habilidoso com as palavras e, tão logo aos 12 anos de idade, compôs sua primeira música. Em uma busca incessante por conhecimento e evolução, o apaixonado por música passou anos em uma imersão

Nofi & Kaluan No último semestre de 2018, Kaluan passou a integrar a Kremaria Records – estúdio no qual vem gravando suas músicas. Neste mesmo período, criou o projeto pop intitulado “Nofi & Kaluan”, ao lado do músico, amigo e colega de trabalho Nofi, de Curitiba. “Quando Nofi e eu nos conhecemos, descobrimos que nossos planos eram parecidos. Desde então, nos unimos para trabalhar música, nossa paixão e nosso so-


nho em comum”, fala. A dupla lançou uma música, intitulada “Não Vai Voltar”, disponível no canal da Kremaria Records, no YouTube. A letra é de Kaluan e Nofi, e traz versos como “E a vida segue numa só direção / Faça valer a pena cada segundo e fração / E a vida segue numa só direção / Descubra o que é amor e aprenda o que é perdão”. Entre batidas e mixagens, Nofi & Kaluan trazem mensagens de amor e otimismo, lembrando que a vida deve ser aproveitada, pois o tempo bom – como o próprio título da música já sugere – não vai voltar. Para o ano de 2019, Nofi & Kaluan prometem muitas músicas lançadas, acompanhadas de muitos materiais audiovisuais. “Este será o primeiro ano em que temos tudo planejado. Temos a pretensão de fazer bons trabalhos, para todos os gostos”, diz Kaluan.

Kaluan, criou um projeto pop ao lado do músico, amigo e colega de trabalho Nofi.

De alma para alma Alguns jovens sonham em fazer carreira como professores, outros como médicos, outros como administradores e outros... como músicos. Para Kaluan, viver da música é viver pela música. Ele diz: “Mesmo que o retorno ainda seja baixo, quero me dedicar cada vez mais à música, que é o que realmente me

faz feliz. Da música, espero apenas sorrisos, lágrimas de alegria e felicidade compartilhada. De alma para alma”. Para os jovens que também têm predisposição musical e pensam em transformar o hobby em trabalho, ele aconselha: “Acredite em si mesmo e opte por aquilo que deixa seu coração feliz. Livre-se dos padrões de vida que nossa sociedade impõe. Crie seu próprio padrão e comece por quebrar os padrões pré-existentes. Tenha boas referências, estude e se esforce. A música é um processo de dentro para fora e está totalmente atrelada ao lado pessoal. Primeiro, você tem de estar bem, para, somente então, transmitir mensagens de bem”. Seja compondo, tocando, cantando ou gravando, o músico Kaluan carrega sempre consigo um lema de vida: “não fuja da sua vida e viva com intensidade, pois você é o único representante dos seus sonhos na face da terra”. Acompanhe a trajetória musical de Kaluan e seu projeto Nofi & Kaluan através das mídias sociais: Facebook: facebook.com/nofiekaluan Instagram: @_kaluan e @nofiekaluan Twitter: @nofiekaluan

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ARTE SOLIDÁRIA

Casal de artesãos cria barquinhos caiçaras, símbolos da cultura local Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Contando histórias e lendas, os barcos e as canoas caiçaras são elementos tradicionais da cultura da praia e da pesca. No município de Itapoá-SC, o casal Marilza de Oliveira, mais conhecida por Mari, e Daniel Dias das Neves, une o amor à pesca e ao artesanato, dando vida a barquinhos caiçaras decorativos.

J

untos há 14 anos, Mari e Daniel são de Campo Magro-PR. O casal conta que sempre foi apaixonado por Itapoá, onde costumava passar os finais de semana. Certa vez, o pai de Marilza – que é construtor civil, assim como o genro

Daniel – precisou de ajuda para construir uma casa em Itapoá. “Assim, viemos para o município a trabalho. Gostamos tanto de conhecer a paz e o sossego da cidade durante a baixa temporada que optamos por morar aqui”, relatam. Há algum tempo, Marilza

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trabalhava como auxiliar de seu esposo na construção civil. Contudo, esta veio a sofrer um grave acidente e fraturou as duas mãos. Foi um período bastante delicado, pois Mari não podia fazer movimentos de força. Para poder recuperar, aos poucos, o movimento das mãos, ela iniciou no

artesanato. “Comecei aprendendo crochê e encontrei no artesanato força e superação para vencer minhas limitações. Já morando em Itapoá, passei a recolher conchinhas à beira-mar e criar artesanatos em conchas, filtros dos sonhos, mensageiros dos ventos, entre outras peças”, comenta Mari. Por sua vez, em uma ida a Guaratuba-PR, o construtor civil Daniel conheceu um artesão que confeccionava barquinhos caiçaras em madeira pelas ruas. “Gostei muito de seu trabalho e, então, comprei uma de suas peças para presentear Mari, que estava fazendo aniversário. Com conchas que recolhia na praia, ela acabou criando uma flor para enfeitar o interior do barquinho”, lembra Daniel. A peça, que ficou decorando a casa do casal, chamou a atenção de seus amigos e familiares. Não custou para que surgissem as primeiras enco-


mendas de Mari e Daniel e, assim, o casal passou a criar seus próprios barquinhos caiçaras de artesanato. Muito comum na parte interna e decorativa da construção civil (como cordões, guarnições e rodapés), no mobiliário e outros (como molduras para quadros, partes de instrumentos musicais, cabos de vassoura e afins), a madeira utilizada no barquinho caiçara é a caixeta – também conhecida como caxeta, pau-caixeta, pau-paraíba, entre outros. No processo criativo, o casal reaproveita apenas os galhos já caídos ou quebrados, corta e lixa suas partes, até que o modelo ganhe forma. Em seguida, o barquinho é tratado com óleo mineral, envernizado e pintado de acordo com a preferência do cliente. Os barquinhos caiçaras decorativos podem possuir de 20 a 60 centímetros de largura. Para dar ainda mais personalidade às peças, estas podem ser enfeitadas com flores de conchinhas, pintadas com o nome do cliente ou do presenteado e até com o nome de Itapoá, para servir como lembrança da cidade. Pais de três filhos e avós de uma neta, atualmente,

vos, para guardar canetas, cartões de visita ou para servir de lembrancinhas em um casamento, os barquinhos caiçara de Mari e Daniel caíram no gosto da população e traduzem seu amor pelo município. Mas o contato com os barquinhos e com a cultura caiçara não limita-se apenas ao artesanato, uma vez que Mari e Daniel adoram pescar e saborear um bom fruto do mar. Entre uma produção e outra, o casal descreve o sentimento: “A vida na praia nos trouxe muitas alegrias, como a qualidade de vida, a pesca e o artesnato. Somos muito gratos e felizes por vivermos em Itapoá”. Marilza e Daniel são dois dos artesãos cadastrados junto ao Departamento de Cultura, da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.

O casal Marilza de Oliveira e Daniel Dias das Neves.

Mari trabalha como diarista e Daniel como construtor civil. Para eles, o artesanato é sinônimo de hobby, fonte de renda extra e paixão. “Gostamos muito de trabalhos manuais e, sempre que possível, estamos criando alguma coisa”, conta Daniel que, além dos barcos caiçaras, cria tam-

bém móveis rústicos, tábuas de carnes, gamelas, pilões e uma infinidade de produtos em madeira caixeta. A produção e a venda do artesanato acontece dentro de sua própria casa, onde atendem a encomendas e possuem peças à pronta-entrega. Para fins decorati-

Para saber mais sobre o artesanato ou adquirir o seu barquinho caiçara, entre em contato com Marilza através do número (47) 997853923. A casa de Marilza e Daniel está situada na Rua dos Coqueiros, número 412, no Balneário Palmeiras, em Itapoá.

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SAÚDE

Infecções Sexualmente Transmissíveis: precisamos falar sobre isso Enfª Cintia Juliana da Silva Colotoni COREN/SC 288.530

Neste mês, levanto a discussão sobre um antigo problema de saúde pública: as DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis. Hoje, o termo mais adequado é ISTs - Infecções Sexualmente Transmissíveis, que engloba o HIV e outras infecções, suas prevenções e seus tratamentos. Buscar diminuir o estigma que ainda hoje cercam essas infecções é um grande desafio. Não há motivos de vergonha ou constrangimento em falar sobre IST. Ao contrário: quanto mais temos informações, claras e objetivas, passamos a ter autonomia sobre nós mesmos, nossos corpos e nossa saúde.

A

mudança na terminologia de DST para IST passou a ser recomendada em 2016 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que o termo Doenças Sexualmente Transmissíveis pressupõe que haja sintomas, ou seja, a doença já manifesta, enquanto Infecções Sexualmente Transmissíveis incluem também aquelas situações assintomáticas. Tal mudança é necessária porque sabemos que hoje existem verdadeiras epidemias circulando pelo mundo de maneira silenciosa, com milhares de pessoas todos os anos pegando e passando para frente vírus e bactérias, sem sentirem absolutamente nada. E este fato só reforça a necessidade de falarmos abertamente sobre o tema. Não há motivos de vergonha ou constrangimento em falar sobre IST. Afinal, ninguém pega sífilis, por exemplo, como castigo por ter feito sexo sem camisinha, e sim como resultado de uma dinâmica bem mais complexa de transmissão populacional do Treponema pallidum (bactéria causadora da sífilis), que leva em conta, por exemplo, além de suas práticas sexuais, as estratégias de prevenção utilizadas ou a falta delas.

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Assim como não há castigo, também não deve haver julgamento e nem culpa por uma IST. Aliás, considerando todas as ISTs, sintomáticas e assintomáticas, praticamente toda a população mundial em algum momento da sua vida estará com alguma infecção. Em outras palavras, as ISTs devem interessar a qualquer um que tenha vida sexual ativa. Principais Infecções Sexualmente Transmissíveis AIDS: Causada pela infecção do organismo humano pelo HIV (vírus da imunodeficiência adquirida). O HIV compromete o funcionamento do sistema imunológico humano, impedindo-o de executar adequadamente sua função de proteger o organismo contra as agressões externas, tais como: bactérias, outros vírus, parasitas e células cancerígenas; CANCRO MOLE: Também chamada de cancro venéreo, é conhecida como cavalo. Manifesta-se através de feridas dolorosas com base mole; CONDILOMA ACUMINADO ou INFECÇÃO POR HPV: Lesão na região genital, causada pelo Papilomavirus Humano (HPV). A doença é também conhecida como crista de galo, figueira ou cavalo de crista; GONORRÉIA: A mais comum das ISTs. Também é conhecida pelo nome de blenorragia, pingadeira, esquentamento. Nas mulheres, essa doença atinge principalmente o colo do útero; CLAMÍDIA: Muito comum, apresenta sintomas parecidos com os da gonorréia, como, por exemplo, corrimento parecido com clara de ovo no canal da urina e dor ao urinar. As mulheres contaminadas pela clamídia podem não apresentar nenhum sintoma da doença, mas a infecção pode atingir o útero e as trompas, provocando uma grave infecção. Nesses casos, pode haver complicações como dor durante as relações sexuais, gravidez nas trompas (fora do útero), parto prematuro e até esterilidade; HERPES GENITAL: Manifesta-se através de pequenas bolhas localizadas principalmente na parte externa da vagina e na ponta do pênis. Essas bolhas podem

arder e causam coceira intensa. Ao se coçar, a pessoa pode romper a bolha, causando uma ferida; LINFOGRANULOMA VENÉREO: Caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital de curta duração (de três a cinco dias), que se apresenta como uma ferida ou como uma elevação da pele. Após a cura da lesão primária surge um inchaço doloroso dos gânglios de uma das virilhas; SÍFILIS: Manifesta-se inicialmente como uma pequena ferida nos órgãos sexuais (cancro duro) e com ínguas (caroços) nas virilhas. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Após um certo tempo, a ferida desaparece sem deixar cicatriz, dando à pessoa a falsa impressão de estar curada. Se a doença não for tratada, continua a avançar no organismo, surgindo manchas em várias partes do corpo (inclusive nas palmas das mãos e solas dos pés), queda de cabelos, cegueira, doença do coração, paralisias. Uma preocupação especial à Sífilis, diz respeito a transmissão vertical (quando se passa de mãe para o filho durante a gestação). No bebê há o desenvolvimento, se a gestante não fazer o tratamento adequado, da SÍFILIS CONGÊNITA, que é uma complicação em que pode levar ao abortamento, parto prematuro, lesões extremamente dolorosas e infecciosas na pele do bebê, má formações congênitas e até cegueira permanente; TRICOMONÍASE: Os sintomas são, principalmente, corrimento amarelo-esverdeado, com mau cheiro (odor de “peixe podre”), dor durante o ato sexual, ardor, dificuldade para urinar e coceira nos órgãos sexuais. Na mulher, a doença pode também se localizar em partes internas do corpo, como o colo do útero. A maioria dos homens não apresenta sintomas. Quando isso ocorre, consiste em uma irritação na ponta do pênis. Causa das ISTs As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vários tipos de agentes e transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de ca-


misinha, com uma pessoa que esteja infectada e, geralmente, se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas. ISTs são de fácil tratamento e de rápida resolução. Algumas, contudo, têm tratamento mais difícil ou podem persistir ativas, apesar da sensação de melhora relatada pelos pacientes. As mulheres, em especial, devem ser bastante cuidadosas, já que, em diversos casos de IST, não é fácil distinguir os sintomas das reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher consultas periódicas ao médico. Quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, as ISTs podem evoluir para complicações graves e até a morte. Algumas infecções ainda podem ser transmitidas da mãe infectada para o bebê durante a gravidez ou o parto. Podem provocar, assim, a interrupção espontânea da gravidez ou causar graves lesões ao feto, outras podem também ser transmitidas por transfusão de sangue contaminado ou compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis. Riscos e consequências As ISTs podem não ter efeitos imediatos no organismo, apresentar vários sintomas ou, ainda, sérias consequências para a saúde a longo prazo. Algumas infecções, como herpes e sífilis, podem aumentar significativamente o risco de contrair o HIV. A contração de gonorréia e clamídia é, na maioria dos casos, a causa da inflamação pélvica e da infertilidade. A transmissão de uma infecção de mãe para filho é a principal causa de óbito fetal, óbito neonatal, baixo peso ao nascer, septicemia, pneumonia, conjuntivite e malformação congênita. Por exemplo: em mulheres grávidas, a sífilis causa mais de 300 mil mortes fetais e neonatais a cada ano. Esta infecção expõe mais de 200 mil recém-nascidos a cada ano a um risco aumentado de mor-

te prematura ou doença congênita. A cada ano, a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) é também responsável por mais de 520 mil casos de cancro do colo do útero e por volta de 260 mil mortes. Prevenção A probabilidade de transmissão de infecções durante a relação sexual varia de uma patologia para outra. Para prevenir IST, é importante educar homens e mulheres de todas as idades sobre as infecções e como elas podem ser transmitidas. De fato, certas doenças, incluindo gonorreia, clamídia, cancro mole, herpes genital, tricomoníase e sífilis, são principalmente transmitidas sexualmente. Outras doenças não são exclusivamente transmitidas por vias sexuais. Este é o caso da sífilis, sarna ou piolhos púbicos (também conhecida por “chato”), condiloma, infecções por HPV - papiloma vírus humano, verrugas genitais, hepatite B, AIDS e outras infecções, que também podem ser transmitidas por outras vias além da sexual. Assim, o uso de preservativos não é a única maneira de evitar essas infecções. Aconselhamento e abordagens comportamentais são essenciais para garantir uma prevenção primária das IST. Conselhos e abordagens importantes Para garantir uma prevenção de êxito, é necessário adaptar as ações educacionais e aconselhar as necessidades dos adolescentes. Intervenções comportamentais também podem ser conduzidas com populações vulneráveis e aquelas diretamente afetadas por atividades sexuais de risco, incluindo idosos e adolescentes. Com a proximidade dos festejos de carnaval, a nossa preocupação só au-

menta. Neste período, a sensação de liberdade e, muitas vezes o apelo da mídia e redes sociais, faz com que as pessoas muitas vezes se deixem levar pelo momento, pelos relacionamentos relâmpagos, trazendo um aumento considerável dos casos de IST. A maioria da ISTs tem tratamento gratuito na rede pública e se bem conduzidas, são curadas e poucas deixam sequelas. Porém a AIDS, NÃO TEM CURA. E se houve a infecção por qualquer outra IST, significa que houve a exposição ao HIV. Por fim, convido a todos que têm vida sexual ativa e aos demais interessados a conhecer e se prevenir do HIV e as ISTs, um assunto que sempre foi tão repleto de preconceitos e julgamentos, mas que não pode mais continuar nesta condição. Para isso, primeiro você precisa estar disposto(a) a abandonar seus preconceitos e julgamentos. Vale lembrar que somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações passadas possuem apenas caráter educativo. Para maiores informações, existem sites oficiais na internet, como o da OMS (Organização Mundial da Saúde) ou INPES (Instituto Nacional de Prevenção e Educação em Saúde) que podem constituir uma primeira abordagem para fazer perguntas sobre IST, mas temos, bem próximo à nós as Unidades Básicas de Saúde, que são também lugares para serem ouvidos e para discutir sobre o assunto. Fonte: Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. DIVE/SC.

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EMPREENDEDOR DO MÊS

Bem Natural: saúde e consciência para a população itapoaense Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Incutir na população itapoaense um novo olhar, uma nova visão de como se alimentar, é a principal missão da loja Bem Natural – Loja de Produtos Naturais, em Itapoá. Na pauta Empreendedor do Mês desta edição, Paula Rebola, fisioterapeuta, especialista em Pneumologia e Cardiologia, Mestre em Fisiologia do Exercício e proprietária da loja Bem Natural, conta a história do empreendimento e fala sobre as mudanças de hábitos, consciência e consumos da população.

N

atural de Cianorte, município brasileiro situado na região noroeste do estado do Paraná, Paula, sempre trabalhou na área da saúde e do ensino. “Depois de alguns anos trabalhando como fisioterapeuta hospitalar, responsável por todos os setores, incluindo urgência, emergência e UTI Adulto, além de Professora e Coordenadora de Curso Universitário, tive a oportunidade de recomeçar e mudar completamente o foco”, conta Paula, que não hesitou e, em junho de 2018, em meio de tantas possibilidades, escolheu o município de Itapoá para ser sua nova casa. Ela, que se declara apaixonada por Itapoá, fala sobre os motivos que levaram-na a escolher a cidade: “Quem não se encanta por Itapoá? Essa cidade é encantadora, a população é acolhedora e seu potencial de crescimento econômico e social é inevitável. Isso traz para o município novas necessidades como estruturas educacionais, com novas escolas e até universidades, saúde, saneamento bem como novas empresas e investidores. Vejo que isto faz parte do desenvolvimento,

Paula Rebola, fisioterapeuta, especialista em Pneumologia e Cardiologia, Mestre em Fisiologia do Exercício e proprietária da loja Bem Natural.

que é um processo construtivo e muito bem-vindo. Sempre pensei que um dia viria morar por aqui”, comenta. Ademais, além da alegria em empreender na área de produtos naturais, Paula tem o prazer de usar sua grande bagagem profissional para contribuir com o desenvolvimento da cidade. Inaugurada em 5 de setembro de 2018, a loja Bem Natural foi planejada e construída com muito amor. A proprietária buscava um espaço inicialmente pequeno, mas que atendesse às necessidades básicas do ramo de produtos naturais. “Tinha a pretensão de inovar, trazer variedades, novos alimentos industrializados, fabricados com ingredientes que não tiveram contato com agrotóxicos sintéticos e adubos químicos, sementes que não foram geneticamente modificadas, além de produtos considerados saudáveis, ou seja, com menos ou nada de açúcar, sal e gordura, e mais fibras, vitaminas e nutrientes”, conta Paula. Apesar de ser uma área em ascensão, imprescindível para a saúde e sua prevenção, existe, ainda, a falta de informação de grande parte

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da população e preços de certos produtos, que costumam pesar um pouco no bolso dos brasileiros, fazendo disso um empecilho e até desinteresse no consumo. Mas Paula é otimista e acredita que, com a saúde cada vez mais em pauta, muito em breve haverá um equilíbrio. Com seus anos de expertise no assunto, Paula explica: “Cada vez mais buscamos meios de melhorar e principalmente prevenir nossa saúde. Uma dessas formas é a alimentação. Alguns têm tido a iniciativa de experimentar e até mudar seus hábitos alimentares, muitas vezes somando, agregando e diversificando seu cardápio. Mas muitos ainda estão, de fato, sem alternativa a não ser mudar radicalmente seus hábitos. Isso está acontecendo de forma crescente, pois o glúten, a lactose, o açúcar, o ovo e muitas outras substâncias já não são bem-vindas ao organismo. Diversas doenças estão surgindo por aí, decorrentes destas intolerâncias, bem como irritações, inchaço, inflamações, desconfortos em geral”. Atualmente, a loja Bem Natural conta com uma diversidade de produtos e atende

todas as necessidades – desde alimentos básicos até as novidades mais fresquinhas do mercado. À parte, a granel dispõe de todos os tipos de farinhas, grãos e sementes de todas as variedades, cereais, temperos e especiarias, frutas secas e cristalizadas, proteínas, energéticos e estimuladores naturais (açaí, guaraná e ginseng), adoçantes e açúcares, chás e plantas medicinais. Produtos industrializados, como: suplementos, pães e bolos integrais, sem glúten, lactose ou açúcar; congelados; pastas nutritivas; geleias; biscoitos; snaks; barra de cereal proteica e integral; produtos orgânicos, funcionais, sem glúten, lactose ou açúcar; produtos veganos e vegetarianos também são encontrados na Bem Natural – Loja de Produtos Naturais, em Itapoá. Diante da variedade de oferta neste ramo, os planos para o empreendimento incluem aumentar o espaço físico, a fim de ofertar uma variedade ainda maior e atender cada vez melhor seus clientes. Promovendo a conscientização e uma reeducação alimentar entre os munícipes de Itapoá, a fisioterapeuta e proprietária da loja de produtos naturais almeja disponibilizar cada vez mais opções variadas de uma dieta saudável – seja para fins de emagrecimento, restrições alimentares, esportes ou por opção –, evitando, assim, a mesmice que faz muitos desistirem no meio do caminho. Por fim, em nome da Bem Natural, Paula conclui: “Trabalhar com amor é muito gratificante. Tenho a certeza de que fiz a escolha certa, pois me sinto muito feliz e acolhida pela cidade de Itapoá. Agradecemos, especialmente, a cada um de nossos clientes e amigos pelo carinho, cumplicidade e respeito. Trabalhamos todos os dias para fazer o melhor e trazer sempre produtos de qualidade, frescos e inovadores”.




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