Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para: giropop@gmail.com WhatsApp 47 9 9934.0793
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Editorial De forma abrupta e natural, a edição do mês de maio da revista Giropop tem como palavras-chave “força” e “superação”. Com dona Efigênia, uma artista preciosa, aprendemos que um papel de bala pode valer muito mais que uma joia. Com o casal Flávia e Moisés, aprendemos que o amor perfeito também está em cãezinhos imperfeitos. Com Gilmar, aprendemos a responder os comentários negativos conquistando nossos sonhos. Com os irmãos Marcelo e Luís, aprendemos que o amor não precisa ser falado, basta senti-lo. Com Eduardo, aprendemos que melhor que sonhar, é realizar. Já com os pioneiros Alice e Bento, aprendemos o amor puro e verdadeiro ainda existe. Os protagonistas dessa edição nos ensinam que às vezes as coisas podem estar difíceis e dolorosas, mas é preciso agradecer, redefinir os objetivos e redirecionar a rota. O que não vale é desistir da felicidade. Foto de capa Edu Camargo - UV Studio
EMPREENDEDOR DO MÊS
Imobiliária Sperandio:
Desde 1994, ajudando a realizar sonhos Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Tarefa árdua é a do jornalista quando desafiado a formatar uma matéria com um limite de páginas e se depara com histórias que poderiam muito bem compor um livro. A história da IMOBILIÁRIA SPERANDIO é um desses desafios: muitas informações, fatos curiosos, e conquistas. Mas, acima de tudo, a história dessa empresa, que neste mês de maio comemora seu jubileu de prata, se confunde com muitas outras histórias: de seu fundador, sócios, colaboradores e clientes. O começo Ano de 1991, Itapoá recém havia se tornado Município, Ervino Sperandio se estabelece na cidade. Sempre inquieto na busca de novos desafios, após vender um pequeno hotel de pesca no Pantanal Sul-mato-grossense, decidiu realizar o sonho de morar próximo ao mar. Já conhecia Itapoá desde os anos iniciais da década de 80 e aqui retornou para avaliar se este seria o local ideal para início de um novo negócio. Aqui chegando, percebeu que a cidade não tinha progredido muito, mas avistou uma grande oportunidade de desenvolvimento, principalmente devido a extensa área territorial,
2007, Ervino Sperandio, no então escritório imobiliário. lindas praias e proximidade com grandes centros urbanos. Decidiu que aqui era seu lugar. A ideia inicial era somente construir um residencial (conjunto de unidades) para locação para temporada. O pensamento era de trabalho mais acentuado no período de verão e uma vida mais tranquila nos demais meses do ano, mas seu espírito empreendedor logo não permitiu que se mantivesse na zona de conforto. Na temporada 1991/1992 já conseguiu manter lotadas as primeiras 07 unidades do Residencial Itapema. Mesmo com a dificuldade de acesso à Itapoá naquela época, conseguiu convencer aos seus amigos e conhecidos a virem conhecer esse paraíso, a maioria da
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região Oeste do Paraná, onde residiu boa parte de sua vida. A notícia de que Ervino estava morando em uma praia “nova” logo se espalhou e muitas pessoas começaram a procurá-lo com objetivo de em Itapoá investirem na compra
de um imóvel. Vislumbrando uma oportunidade, decidiu conciliar as locações de seu residencial com a atividade de compra e venda de imóveis. Para isso, fez o curso de Corretor de Imóveis, que à época existia somente na modalidade presencial (atualmente o curso é a distância). O curso foi realizado na Univale, em Itajaí (SC), por um período de seis meses: sábados durante todo o dia e domingos no período da manhã – tudo isso entre os anos de 1993 e 1994, onde as estradas de acesso à Itapoá muitas vezes estavam em péssimas condições, quase que intrafegáveis. Em maio de 1994 ele obteve sua inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (CRECI-SC), através do registro de número 6317. O pensamento de desacelerar no
2019, Ervino com seu filho Elisandro, aliando dois prazeres: companhia da família e conhecer novos lugares.
período fora de temporada de verão foi totalmente deixado de lado. Apesar de satisfeito com o grande número de transações imobiliárias que realizava, Ervino percebeu a necessidade de fazer algo mais para que a cidade desenvolvesse, inclusive pela frustração de, ao sair para divulgar Itapoá em outros Municípios, ouvir queixas da falta de algumas infraestruturas básicas e, principalmente, da dificuldade de acesso à cidade. Entre alguns exemplos, pode-se registrar sua contribuição, ainda na década de 90: primeiro Presidente da Associação Empresarial de Itapoá (ACINI); intervenção, junto ao então Governador do Paraná Mario Pereira para que o Posto da Polícia Rodoviária Estadual mudasse para onde até hoje está situado, proporcionando segurança no acesso principal de Itapoá; ter contribuído para instalação da agência dos Correios na cidade ao ceder gratuitamente parte do seu escritório para que ali funcionasse nos primeiros 38 meses; instalado, também em parte de seu escritório, um posto telefônico; ampliação do número de linhas telefônicas da cidade através de articulação com a então companhia estatal da época. Devido a sua popularidade e anseio por mudanças na condução de Itapoá, Ervino Sperandio foi alçado à vida pública, onde exerceu o mandato de Prefeito por dois períodos: janeiro de 2001 a dezembro de 2004 e janeiro de 2009 a maio de 2012. Apesar de muitos avanços no período que esteve como gestor público, Ervino prefere não
Equipe da Imobiliária Sperandio.
Bruno e sua mãe Elisandra e o casal Jerry e Vanessa. misturar as coisas: “Enquanto estive como Prefeito de Itapoá, tenho consciência de ter contribuído com muitas obras e ações para o bem das pessoas e o desenvolvimento da cidade, mas essa é uma outra história.” O fundador e sócio da Imobiliária Sperandio continua: “Agora o momento é de festejar os 25 anos da empresa que tive orgulho de iniciar, a qual nos dias presentes atuo
mais como conselheiro, pois estou me dando o privilégio de passar mais tempo junto da família, principalmente junto aos netos, e também de curtir o hobby de viajar. Me ausento tranquilo, sabendo que as rédeas dos negócios estão sendo bem conduzidas pelos sócios: minha filha Elisandra, meu filho Jerry e minha nora Vanessa, os quais contam com uma excepcional equipe de colaboradores.”
A primeira parte dessa matéria é concluída pelo fundador da Imobiliária Sperandio com um sincero e emocionado agradecimento: “Muitos foram os desafios e obstáculos e se hoje colhemos os frutos das sementes plantadas no passado é porque pude e posso contar com a ajuda de muitas pessoas, a quem registro minha sincera gratidão. Não cito nomes para não cometer o ato falho de esquecer alguém, mas registro especial apreço e consideração aos colaboradores que fizeram e fazem parte da história da Imobiliária. Também não posso deixar de mencionar a gratidão pela confiança depositada pelos inúmeros clientes que nos concedem a oportunidade de lhes auxiliarmos na venda e compra de imóveis.” Uma nova fase Em 2006, Ervino convida seu filho Jerry, que residia em Cascavel (PR), para vir fazer
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uma experiência nas atividades do Escritório Imobiliário e do Residencial. Aqui chegando, em dezembro de 2006, Jerry logo se identificou com o dia a dia da cidade que antes somente conhecia como “turista”. No início de 2007 fez o curso de Corretor de Imóveis e logo se familiarizou com a atividade. Em outubro de 2007, Jerry casa-se com a Arquiteta Vanessa, a qual se mudou da cidade de Marmeleiro (PR) para Itapoá e, em dezembro do mesmo ano, Elisandra, filha de Ervino e irmã de Jerry, também vem de Cascavel (PR) para fixar residência em Itapoá e colaborar nas atividades comerciais. Em 2008, Vanessa e Elisandra também concluem o curso necessário para atuarem como Corretoras e, ato contínuo, os quatro Corretores da família (Ervino, Elisandra, Vanessa e Jerry) identificam a necessidade de construir um novo escritório, mais amplo, moderno e aconchegante, bem como optam por constituir personalidade jurídica – até então todos trabalhavam como Corretores Autônomos Associados. Em janeiro de 2009 as atividades passam para sala, situada até os dias atuais, na Rua Ana Maria Rodrigues de Freitas (Av. 790), nº 238, mesmo momento que é feita a mudança do nome de divulgação de ERVINO CORRETOR DE IMÓVEIS para SPERANDIO IMÓVEIS & ARQUITETURA. Em 2019, após 25 anos do início das atividades da família no ramo imobiliário, opta-se por uma atualização da marca, com mudança do nome fantasia para IMOBILIÁRIA SPERANDIO e criação de identidade profissional independente para a Arquiteta Vanessa Ghedin Sperandio. Percebe-se que o lado humano está muito presente na alma da Família Sperandio. Jerry tem a satisfação de dizer que “Uma empresa pode ter os melhores recursos, mas, ainda nos dias atuais, com tantas inovações tecnológicas, o fator humano é preponderante para se diferenciar no mercado, principalmente quando estamos lidando com o sonho das pessoas. Quere8 | Maio 2019 | Revista Giropop
2008, sr. Honório recebendo de surpresa um bolo para comemorar seu aniversário, com direito a chapeuzinho de festa infantil, expressa muito bem o espírito alegre de equipe que sempre norteou essa empresa.
Henrique, Elisandra com o sobrinho Luís, Jussara, Ketlen com Marina no colo, Bruno e Zulma – Henrique, Jussara e Ketlen fizeram parte da equipe da Sperandio por vários anos e mantém uma grande amizade com toda a família!
mos, e graças a Deus temos, em nossa equipe colaboradores que não chegam cedo somente para mais um dia de trabalho em troca de dinheiro, mas o fazem com amor e dedicação – o resultado financeiro é consequência.” A sócia e Corretora Elisandra se emociona ao comentar que a primeira venda de casa da Imobiliária através do Programa Minha Casa Minha Vida foi para a Professora Margot, que por toda a vida pagava aluguel e que tinha muito medo de se arriscar em um financiamento. Elisandra afirma que “Já conhecia a Margot e sabia um pouco da história dela, queria muito ajudá-la a realizar o sonho da casa própria e, Graças a Deus, conseguimos. É extremamente gratificante ver a alegria dela e de tantas outras pessoas a quem pudemos contribuir na concretização de tão nobre objetivo, que é a moradia própria.” Elisandra complementa
que: “Assim como a Margot, que passou de cliente para amiga, temos a satisfação de termos muitas outras pessoas que chegaram acanhadas em nosso escritório e se tornaram amigos. A maior recompensa que podemos ter é receber a indicação daqueles a quem tivemos a oportunidade de prestarmos nossos serviços.” A Arquiteta e Corretora de Imóveis Vanessa, também sócia da Imobiliária Sperandio, complementa a fala de sua cunhada Elisandra: “O primeiro terreno que o Jerry vendeu, em 2007, foi para o Jean Pablo, um dos muitos clientes que se tornou um grande amigo da família e um excelente parceiro de negócios, pois temos a oportunidade de prestar-lhe os serviços de venda de terrenos, elaboração dos projetos, documentação e venda das casas e apartamentos que ele constrói”. Jerry acrescenta: “Realmente é muito gratificante termos o
Pablo como amigo e parceiro de negócios, assim como temos a oportunidade de atender a família do Luiz Rizental Gomes, outro grande empreendedor e entusiasta de Itapoá, o qual a cada dia estreitamos ainda mais os laços de amizade.” Vanessa registra ainda: “O Sr. Dirceu Mansano (in memoriam), pessoa que muito contribuiu para Itapoá, também se tornou um grande amigo. Essa amizade passou para o seu filho Robson e continua até hoje.” Nesse momento da coleta de informações, com tantas declarações sinceras e emocionadas, sou obrigada a contê-los, recomendando que registrem suas lembranças para, futuramente, fazerem o livro de memórias da Imobiliária Sperandio (rsrs) – na página ao lado constam algumas declarações de clientes (e amigos). Além dos quatro sócios (Ervino, Elisandra, Vanessa e Jerry), os demais membros da família contribuem para o sucesso da empresa, seja diretamente, como é o caso do jovem Bruno Sperandio (filho de Elisandra), que trabalha na Imobiliária focado na geração e edição de imagens, ou; indiretamente, como é o caso de Elisandro (outro filho do Sr. Ervino), que reside em Passo Fundo (RS) e da Dona Zulma (mãe de Elisandra, Elisandro e Jerry), os quais sempre colaboram com sugestões para o sucesso dos negócios. Antes de finalizar a conversa, todos me pediram para que ao elaborar essa matéria, ressaltasse o agradecimento a todos os colaboradores, atuais e que já passaram, dando a ordem de fazer tal agradecimento em nome do Corretor Honório Parra (falecido em 2012), que entre 1999 e 2012 ajudou a construir a história da Imobiliária Sperandio. Registra-se aqui, portanto, o agradecimento da Família Sperandio a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, por pouco ou por muito tempo, ajudaram e ajudam a Imobiliária Sperandio ser reconhecida como uma das melhores empresas do ramo imobiliário de Itapoá (SC).
SAÚDE
Epilepsia sem preconceito e estigmas Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
A epilepsia é a doença neurológica mais comum do mundo, acometendo cerca de 70 milhões de pessoas, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda assim, os raros pacientes que se assumem portadores de epilepsia enfrentam diariamente o preconceito, que se origina, principalmente, da desinformação por parte da sociedade. Para saber mais sobre essa doença crônica que já foi durante muitos anos confundida com doença transmissível e até mesmo com possessão demoníaca, conversamos com Gilmar Santin (53), portador de epilepsia. Afinal de contas, desmitificar o mal por trás das convulsões é fundamental para ajudar quem sofre com elas.
N
o município de Santa Helena (PR), Gilmar vivia junto dos pais e irmãos. Teve uma infância saudável e ativa até que, certa vez, teve uma convulsão durante uma madrugada de sono. Levado
a um hospital, na cidade de Curitiba (PR), realizou uma tomografia e um eletroencefalograma. Em seguida, a família recebeu o diagnóstico de que Gilmar, aos 13 anos de idade, fora afetado pela epilepsia. Estudos que buscam as causas da epilepsia são re-
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Gilmar Santin, exibindo as fotografias de sua família.
alizados constantemente. A cada consulta, seus pais recebiam diferentes diagnósticos, como, por exemplo, a falta de oxigenação durante o seu nascimento – uma vez que nasceu prematuro, com apenas sete meses de vida, e não havia estufa de oxigenação. Vale lembrar que, mesmo nos tempos atuais, a epilepsia é um grande desafio, e novidades na investigação de causa e tratamento são constantes. Naquele tempo, especialmente, muito pouco se sabia a respeito da doença. “Em consulta com o primeiro neurologista em Curitiba, quando eu tinha 13 anos, o profissional pediu à minha mãe que não esperasse de mim o mesmo rendimento escolar de meus irmãos. Aquilo foi um choque para todos nós, pois eu era uma criança ativa e independente e, de repente, não podia mais sair sozinho, como as demais crianças. Em qualquer lugar que fosse, só poderia ir acompanhado de alguém”, lembra Gilmar que, de repente, se viu tomando uma carga de medicação para tratar a epilepsia, incluindo calmantes e Gardenal.
Ler é uma das atividades favoritas de Gilmar. Aceitação e preconceito Para o pequeno Gilmar, o período da aceitação, que coincidiu com a fase da puberdade, foi turbulento: “Eu sentia raiva, pois não podia jogar bola ou aprender a dirigir como meus irmãos e os meninos da minha idade. Morava em uma cidade de apenas quatro mil habitantes
e virei alvo de fofocas, comentários e preconceito”. Na escola, a rebeldia se intensificou, uma vez que sofreu bullying constante de seus colegas. “Os medicamentos me deixavam extremamente sonolento, minha voz ficava lenta e eu custava a associar as informações. As pessoas me questionavam se
eu tinha algum tipo de deficiência e achavam que aquilo, aquelas convulsões todas, era contagioso”, recorda. Boa parte da adolescência Gilmar sofreu calado, com dificuldade de se relacionar com os demais, mas hoje compreende que a falta de informação acerca da epilepsia fora a principal responsável por todos estes estigmas. Contrariando o médico, que garantiu que Gilmar, por ser epilético, não concluiria nem mesmo o Ensino Médio, ele foi além: depois de concluir os estudos sem nunca ter reprovado, dispensou o cursinho, prestou vestibulares para o curso de Jornalismo, foi aprovado na UDESC (Universidade Estadual de Santa Catarina) e na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa). “Me esforcei muito para provar a todos minha capacidade de conquistar as coisas como todos os outros”, lembra. Já cursando Jornalismo na UEPG, foi novamente alvo de bullying e preconceito. “As pessoas da faculdade acreditavam que eu era usuário de drogas. Passei por muito constrangimento, mas um episódio me marcou intensa-
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mente. Na disciplina de Rádio Jornalismo, tínhamos de gravar um programa de rádio. Depois de escutar minha própria voz, fiquei impactado com a lentidão de minhas palavras. Tive de refazer aquela gravação por inúmeras vezes até que o resultado ficasse bom”, recorda. Além da lentidão, sonolência e das crises convulsivas, a epilepsia e seu tratamento acarretaram na perda de memória. “Sempre fui apaixonado por livros. Mas, depois da epilepsia, quando chegava ao fim de uma página, já não me lembrava o que tinha lido”, conta. Para fixar todo o conteúdo de livros e estudos da faculdade, Gilmar passou a transcrever tudo à mão, em formato de tópicos. “A transcrição dos livros foi um método que adotei para estudar, pois percebi que ler e escrever fixava o conteúdo em minha memória”, diz. E foi assim, vencendo o preconceito e estudando em dobro, que se formou em Jornalismo na UEPG, em Pedagogia pela UDESC e, ainda, concluiu a pós-graduação em Psicopedagogia. Outros episódios de cons-
trangimento marcaram sua vida, como, por exemplo: a vez em que fora parado em uma blitz e tido como suspeito pelos policiais pelo fato de estar portando um remédio Gardenal; ou a vez em que, durante uma viagem, teve uma crise convulsiva por conta da epilepsia e foi acusado pelo médico de estar alcoolizado. Por felicidade, situações como essas o deixaram ainda mais forte e motivado a conquistar seus sonhos. Família Por conta de suas crises convulsivas, Gilmar já perdeu muitos momentos em família. Mas, felizmente, fora abençoado com uma família unida e amorosa. Ele recorda: “Certa vez, em um réveillon, estava muito ansioso para assistir à queima dos fogos de artifício, mas tive uma forte crise e acordei depois, sem me lembrar de nada. Então, minha família comprou novos fogos e estourou todos eles, apenas para me deixar feliz”. Para Gilmar, sua garra e força de vontade são méritos de seus pais e seus irmãos, que sempre torceram por ele.
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Para ele, a epilepsia deve ser cada vez mais alvo de diálogo, para que as pessoas acabem com preconceitos e estigmas.
“Meus pais rodaram todo o Brasil comigo, em busca de uma cura ou algum tratamento que aliviasse minhas crises convulsivas. E, por mais que a epilepsia não tenha cura (apenas tratamento), eles nunca desistiram de mim, e isso que sempre me fortaleceu”, fala. Itapoá Tempos depois, passou em primeiro lugar no concurso público de Itapoá. Em busca de independência, novos ares e uma profissão, mudou-se, então, para o município litorâneo ao Nordeste de Santa Catarina. Depois de sofrer muito preconceito nas escolas, nas faculdades e nas ruas por ser epilético, Gilmar enfrentou também preconceito no meio profissional. “Dessa vez, me senti muito mais abalado do que na época da adolescência. Compreendo que, naquele tempo e naquela pequena cidade, as pessoas não tinham acesso à informação, e por isso faziam tais comentários. Mas, dessa vez, em uma era de informação, sofri preconceito por parte de gente adulta e estudada. Isso me
deixou psicologicamente abalado. Pela primeira vez em minha vida, precisei recuar e me afastar do trabalho por certo período”, conta Gilmar. Em contrapartida, o professor fez muitos amigos no município, com quem pôde dividir seus momentos difíceis – de ansiedade, crises convulsivas e desmaios – e felizes. Tratamento Quando seu tratamento era realizado com Gardenal, as crises convulsivas de Gilmar não escolhiam hora nem lugar. “Perdi as contas de quantas vezes acordei em hospitais todo quebrado, pois as crises e os desmaios eram repentinos”, lembra. Até que, mais tarde, o neurologista trocou sua medicação pelo Valpakine, destinado ao tratamento de epilepsias generalizadas ou parciais. A partir de então, as crises tornaram-se menos frequentes. “O início do tratamento com o Valpakine foi um marco para mim, pois passei a ter crises somente no período da manhã”, conta, “eu acordava com uma hora de antecedên-
cia para tomar o medicamento, retornava para a cama, deixava o remédio agir e, então, colocava os pés no chão para ver se estava tremendo ou se teria uma crise”. Há pouco tempo, passou a ser tratado com os medicamentos Valpakine e Keppra. Hoje, Gilmar controla um pouco melhor a epilepsia e pode levantar da cama com tranquilidade. Quando descobriu a epilepsia, aos 13 anos, os estudos acerca do assunto não eram tão aprofundados como hoje. Somente há três anos, em consulta ao neurologista, Gilmar recebeu o diagnóstico de epilepsia mioclônica juvenil, também denominada síndrome de Janz – um tipo de epilepsia generalizada, que se caracteriza por movimentos mioclônicos que podem evoluir para crises convulsivas generalizadas. Vida normal Você conhece alguém com epilepsia? Mesmo que existam milhões de pacientes portadores de epilepsia no Brasil, muitos dirão que não, pois o preconceito ainda é tão
grande que muitos epiléticos preferem se esconder do que se expor e ficar sujeito a uma série de infortúnios, como, por exemplo, não ser contratado – uma vez que estudos comprovam que 60% das pessoas com epilepsia escondem isso na entrevista de emprego. A história de Gilmar está aí para comprovar que portadores de epilepsia podem levar uma vida normal. Hoje, com diplomas de duas graduações e uma pós-graduação, Gilmar trabalha, mora sozinho e toma medicamentos diários para tratar a epilepsia e levar uma vida tranquila. Vale lembrar que essa reportagem contou a história de Gilmar, e que cada caso de epilepsia apresenta diferentes causas, diferentes tipos de convulsões e diferentes tratamentos. Mas existe uma regra que vale para todos os casos: o apoio da família é sempre muito importante para vencer tantas barreiras. Afinal de contas, as convulsões podem ser controladas com remédios e têm tratamento. Mas a desinformação e o preconceito da sociedade também têm de ser tratados.
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PIONEIROS
Um casal de muito amor e muitas memórias Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
A vida de Alice do Nascimento e Bento Neres do Rosário daria um livro. Ela, aos 78 anos de idade, e ele, aos 83 anos de idade, nasceram e foram criados no município de Itapoá. Em entrevista à revista Giropop, o simpático casal recorda causos de antigamente e sua história de vida.
O
s pais de Alice e Bento já eram nascidos e criados em Itapoá e, assim, abriram caminhos às novas gerações que se estabeleceram no município. Como mandava a cultura da época, as famílias viviam da pesca e da roça. Alice e Bento são primos de grau distante, mas se apaixonaram e começaram a namorar, quando ela tinha 12 anos de idade e ele, 16. “Naquele tempo, namoro era diferente, a gente mal podia pegar na mão”, conta seu Bento, que andava a pé, pela praia, do Pontal até a região do Bamerindus, só para ver a amada. Quatro anos depois, Alice e Bento se casaram e passaram a viver na região do Pontal, onde Bento fora criado. Eles contam que, antigamente, eram muito comuns as casas feitas em madeira e cobertas com palha. O fogão consistia em uma panela pendurada por uma corrente, e o fogo era aceso logo abaixo. As comidas favoritas da família eram pirão de peixe com farinha. Aos 15 anos de idade, Bento aprendeu sozinho a pescar. “Meu pai era pescador, mas não me ensinou. Os antigos não costumavam ensinar e contar muitas coisas aos seus filhos. Nós não sabíamos nem a idade de nossos pais, e era falta de respeito perguntar alguma coisa”, lembra. Durante certo tempo, Bento teve
embarcações de pesca, mas gostava mesmo era de pescar com a tarrafa. “Em quase trinta anos de pesca, já passei alguns sufocos no mar. Naquela época, era uma fartura que só. A gente pescava corvina, cação, pescadinha e vendia tudo para São Francisco do Sul (SC)”, recorda Bento, que só retornava para casa depois que fisgasse ao menos um peixe. Enquanto ele trabalhava na pesca, Alice trabalhava em casa, cuidando dos afazeres domésticos e dos filhos. Dona Alice e seu Bento tiveram oito filhos (do mais velho ao mais novo): Osmarina, Abílio (já falecido), Alzira (também já fale-
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cida), Maria de Fátima, Maria Luiza, Darí, Maria Isabel e Eliane – todos nascidos em casa, com ajuda de uma parteira, exceto Eliane, a mais nova, que nasceu no hospital de São Francisco do Sul. Quando um de seus filhos adoeceu, Alice e Bento deixaram a comunidade do Pontal para viver em Itapema do Norte, uma vez que a região abrigava o único posto de saúde de Itapoá (situado onde fica hoje a Colônia de Pescadores). São muitas as memórias de Alice e Bento, como, por exemplo: as festas onde dançavam chamarrita (uma dança típica do folclore gaúcho); as brincadeiras de roda; a se-
gurança e a tranquilidade da Itapoá de antigamente; e as histórias que seus avós contavam do período da Segunda Guerra Mundial, quando militares viviam na região e os primeiros aviões passaram a sobrevoar o município. Há cerca de 30 anos, Bento e Alice vivem na comunidade do Samambaial. Aos 83 anos de idade, seu Bento, que assim como Alice também perdeu a visão há algum tempo, leva uma vida mais sossegada, em meio à natureza e ao som do canto dos pássaros, mas confessa a saudade dos irmãos que ainda vivem na região do Pontal. Já dona Alice, aos 78 anos, continua ativa e absorta em seus afazeres diários, como limpar o peixe, estender a roupa no varal, cuidar da horta ou ir à igreja. Mesmo depois de 60 anos de casados, Alice e Bento oficializaram sua união e casaram-se no civil. Hoje, aos 62 anos de casados, essa união rendeu muitos frutos: Bento e Alice têm 26 netos, 14 bisnetos e um tataraneto. Durante essa entrevista, o casal se abraçou e afirmou que todos estes anos não apagaram o amor que um sente pelo outro. Ao olhar carinhosamente para o amado – que já não enxerga, mas sorri com os olhos – dona Alice dispara: “Bento foi meu primeiro e último namorado”.
Parceria sem fim: mesmo depois de 60 anos casados, Bento e Alice se casaram no civil. Na imagem à direita, a esposa cuidando de seu amado.
QUEM É? Thiago gusso
Entre notícias e veículos de comunicação Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Quando o assunto é a imprensa itapoaense, o jornalista Thiago Gusso é uma das referências no município. Apaixonado pelo seu ofício e por Itapoá, o jornalista foi um dos fundadores do Diário de Itapoá, trabalhou no jornal Em Foco, criou a Tribuna de Itapoá e assumiu o jornal Itapoá Notícias – sempre levando notícia e informação aos munícipes.
E
nvolto em suas memórias, Thiago, natural de Curitiba (PR), recorda uma de suas brincadeiras favoritas na infância: brincar de apresentar um telejornal em frente ao espelho, junto da irmã mais nova. Chegado o momento de optar por qual área seguir, não pensou duas vezes ao escolher Jornalismo. Sendo assim, no ano de 2002, iniciou o curso de Jornalismo na PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Ele, que era concurseiro (ou seja, estudava para prestar diversos concursos públicos), trabalhou como concursado no Conselho de Veterinária e Fisioterapia do Paraná em paralelo à faculdade. Enfim, formado jornalista em 2006, Thiago soube de um concurso público que abriria para a Câmara Municipal de Itapoá. “Nossa família conheceu Itapoá no ano de 1997 e, tempos depois, construímos uma casa de veraneio, onde costumávamos passar as férias”, recorda Thiago, que passou em primeiro lugar no concurso público para a Câmara Municipal de Itapoá para a vaga de assistente administrativo. Em 2008, vivendo e trabalhando no município litorâneo, fez amizade com Francisco Soares – seu colega de trabalho na época. “Eu estava formado em Jornalismo e Francisco, formado na área de Informática. Em uma conversa, tivemos a ideia de unir nossas habilidades e fundar um site de notícias, tendo em vista que não havia um site voltado exclusivamente às notícias, coberturas e apura-
Thiago Gusso (jornalista) com a equipe do Jornal Itapoa Notícias, Julio Cesar Penteriche (social mídia e fotógrafo); e seus pais Eliana do Rocio Gusso (assistente administrativo) e Antonio Francisco Gusso (logística). Roberto Bicudo (diagramador) completa a equipe, reside em Curitiba.
No “Quem É?” dessa edição contamos a história do jornalista Thiago Gusso. ção de informações de Itapoá”, recorda Thiago. Com uma proposta inovadora e muita força de vontade, Thiago e Francisco fundaram, no ano de 2009, o Diário de Itapoá – um dos primeiros jornais eletrônicos do município que, como o próprio nome já sugere, compartilhava notícias diariamente. Foi ali, no Diário de Itapoá, que Thiago Gusso começou sua história de amor com o jornalismo itapoaense. No ano de 2011, Thiago deixou a Câmara Municipal de Itapoá quando foi chamado para trabalhar na assessoria de marketing do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná). De volta à capital paranaense, manteve o trabalho no Diário de Itapoá à distância. “Na época, criamos a Equipe D.I., um projeto em que colaboradores ajudavam a fornecer informações e registros
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fotográficos para o site”, lembra. Já conhecido por seu trabalho jornalístico em Itapoá, Thiago foi convidado para trabalhar no jornal Em Foco, e passou a visitar Itapoá com mais frequência. O ano era 2012. Foram dois anos no Em Foco. Essa foi minha primeira experiência em um jornal impresso, e pude aprender muito”, conta. Antes de deixar o Em Foco, ele já havia deixado o Diário de Itapoá. Deixando o Em Foco, morando ainda em Curitiba, trabalhava como jornalista na assessoria de marketing do Hospital de Clínicas da UFPR. “Eu estava bem, mas não gostaria de perder meu laço com o município de Itapoá. Então, criei, em 2014, a Tribuna de Itapoá – um jornal eletrônico que segue o mesmo estilo informativo do Diário de Itapoá, já extinto”, explica Thiago, que trabalhou durante muito tempo com a Tri-
buna de Itapoá por prazer, sem qualquer remuneração. No início de 2015, o jornalista voltou a Itapoá, transferindo seu emprego fixo na UFPR para o Setor Litoral, situado na cidade de Matinhos (PR). “Neste período, morava em Itapoá e ia a Matinhos de segunda a sexta para trabalhar na UFPR”. A trajetória de Thiago Gusso é repleta de nuances entre as cidades de Curitiba, Itapoá e Matinhos. Enfim, em 2017, o jornalista foi convidado a assumir o jornal impresso Itapoá Notícias. Nos dias atuais, Thiago vive em Matinhos e se divide entre Matinhos – onde trabalha na área de Gestão Acadêmica, na UFPR Litoral – e Itapoá – a fim de apurar fatos para a Tribuna de Itapoá e o Itapoá Notícias. Hoje, a equipe do Itapoá Notícias é formada por Thiago Gusso (jornalista), Antonio Francisco Gusso (pai de Thiago, responsável pela logística de cobrança e distribuição dos jornais), Júlio Penteriche (fotógrafo e responsável pelas mídias sociais) e Roberto Bicudo (diagramador). Com anos de expertise na imprensa de Itapoá, a missão de Thiago sempre foi a de informar e noticiar os munícipes. Mesmo com as dificuldades da área, ele conta que escolheria o curso de Jornalismo quantas vezes fosse preciso: “sou apaixonado por aquilo que faço e sonho com o dia em que possa viver somente do Jornalismo”. Thiago Gusso, um curitibano que chegou de repente em Itapoá, cobriu uma infinidade de notícias locais e ajudou a potencializar o jornalismo na cidade, é hoje um itapoaense de coração.
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Edu Camargo - UV Studio
ARTE
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Em uma casa humilde e alaranjada, no bairro Figueira do Pontal, no município de Itapoá (SC), vive hoje uma preciosidade: a artista, escultora, poeta, contadora de histórias e estilista Efigênia Ramos Rolim. Aos 87 anos, nada escapa aos olhos de Efigênia, que muitos entendem como fantasiosos demais. Também conhecida como a Rainha do Papel de Bala ou Guardiã da Floresta, a artista cria esculturas a partir de materiais reciclados e, para cada obra, há uma fábula, uma canção ou um verso. Sua vida e obra já rodaram exposições Brasil afora, inspiraram documentários e livros, mas hoje é possível conhecê-las bem de pertinho, em Itapoá.
Edu Camargo - UV Studio
Efigênia Rolim, uma preciosidade em Itapoá
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A artista, escultora, poeta, estilista e contadora de histórias Efigênia Rolim.
figênia Ramos Rolim nasceu em Santo Antônio Machipó, no município de Abre Campo (MG), em 1931. Hoje, o fato de ter nascido no dia 21 de setembro, Dia da Árvore e prenúncio da primavera, reforça ainda mais a sua voca-
ção para criar e interagir com a natureza. “Meu pai casou duas vezes, minha mãe foi a segunda esposa e acabou criando os filhos da primeira (eram nove), e ela teve mais doze. Ao todo, somos 21 filhos”, conta. Em uma casa pequena para a grande família, teve uma infância dura e so-
frida na roça. Mas lembra-se de momentos felizes, como as rodas de viola que seus irmãos costumavam fazer, e as terras de seu pai, que tinham jeripapo, manga, goiaba e tantas outras. Quando cresceu, casou-se com Francisco, com quem teve sete filhos. O casal trabalho durante certo tempo como cortador de cana, até que, a convite de um familiar, em 1964 Efigênia e Francisco se mudaram para Tamarana (PR), onde tiveram mais dois filhos e tornaram a trabalhar na lavoura. Uma geada botou tudo a perder e, em 1971, com nove filhos e o marido doente, mudou-se para Curitiba (PR). Na capital paranaense, Francisco veio a falecer em 1988, e Efigênia continuou a sua vida de pobreza e sofrimento. “Tive uma vida muito pobre, mas sempre acreditei que a riqueza está dentro das pessoas”, diz. Um pé-de-chinelo No entanto, um dia, quando estava na Praça Tiradentes, viu um objeto luminoso
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que parecia um lingote de ouro. A cena é digna de filme: no início dos anos 90, Efigênia andava pela Rua XV de Novembro quando foi surpreendida por um forte vento, acompanhado por um redemoinho, que jogou aos seus pés papéis de bala lançados à calçada. Um deles, verde e prata reluzente, ela confundiu com uma pedra preciosa. “De repente, uma voz soprou em meu coração, me contando que aquele papel de bala valia muito mais que uma joia, pois a joia você usaria apenas para ir a algum lugar e pronto, mas como se tratava de um papel de bala, a história continuou. Os papéis de bala são míseros caídos, como os seres humanos que perdem o recheio e ficam perambulando pela vida”, narra Efigênia, emocionada. Ela, então, com pouco mais de 60 anos, transformou aquele papel em um passarinho. Gostou tanto da sensação de transformar papéis de bala em figuras que nasciam de sua imaginação, que logo procurou um suporte para as suas criações, e o encontrou em um pé-de-chinelo, também largado na rua. Nesse suporte de borracha, criou sua primeira árvore dos sonhos, feita a partir de material reciclável. E ali nascia, como ela mesma gosta de contar, “A Rainha do Papel de Bala e pé-de-chinelo”, que ganharia o mundo com sua personalidade singular e suas criações, feitas de embalagens de bala, tecidos, sapatos velhos, lacres, CD’s, fitas, barbantes, mangueiras, aviamentos, restos de bonecas, entre outros. Quando passou necessidade em Curitiba, recebeu ajuda das irmãs Vicentinas. Mais tarde, como uma forma de agradecer, engajou-se de corpo e alma no trabalho social, oferecendo atendimento a crianças abandonadas e doentes.
mória invejável, declama e interpreta diversas de suas poesias. Com vocês, um trecho de “Ensaio sobre a loucura”: “É um pouquinho de loucura que está dentro de mim. Vou mostrar às criaturas que a vida é mesmo assim (...). Eu não sei pra onde eu vou, ninguém sabe de onde eu vim. Mas se Deus me convidou, vou ficar até o fim”. Mineira de nascimento, carrega em seu DNA a arte do crochê, do bordado, do corte e costura. Ela, que virou costureira de luxo com muito lixo, faz poema, música e fábula para cada um de seus looks feitos com materiais recicláveis. Enquanto nas passarelas se avistam performances, Efigênia é o espetáculo em pessoa. Ela é a própria grife e veste-se de sua arte.
Papéis de bala, fios, mangueiras, bonecas, CD’s, barbantes, aviamentos e outros tantos materiais são utilizados nas obras da artista. Versos e poesias Em busca de um ofício que lhe trouxesse felicidade, passou a frequentar a Feira do Poeta, um espaço que unia todos pelo amor à palavra e à poesia. A Feira do Poeta teve seu auge na década de 1990 e fazia parte da Feira do Largo da Ordem, também denominada afetivamente como Feirinha. Lá, Efigênia descobriu uma habilidade ímpar para contar histórias, criar versos e poesias. Também na Feira do Poeta cercou-se de artistas, cineastas, escultores e pessoas das mais variadas vertentes da arte, que sentiram-se cativados por aquela figurinha rara. Em entrevista à revista Giropop, no auge de seus 87 anos, Efigênia, com sua me-
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Brasil afora A Rainha do Papel de Bala participou, como convidada, de uma infinidade de encontros, seminários, rodas de contadores e exposições de cultura popular em diversas regiões do país. O figurino para as ocasiões especiais são sempre criados e confeccionados por ela mesma. Recebeu o título de Cidadã Honorária de Curitiba e, por utilizar principalmente papel de bala nas suas esculturas, foi tema de muitas produções acadêmicas nos cursos de Artes Visuais e Antropologia de diversas universidades brasileiras. Em 2005, participou de uma exposição no Museu Oscar Niemeyer, e recebeu, em 2007, o Prêmio de Culturas Populares do Ministério da Cultura. Já em 2008, recebeu a Ordem do Mérito Cultu-
Em sua casa-museu, livros, documentários contam a história da artista de 87 anos. ral, uma importante honraria concedida pelo Ministério da Cultura do Brasil. Sua vida e obra inspiraram a peça de teatro “Papel Amassado, Sonho Revelado”, dirigida por Eduardo Salles Ulian, em 2010. Efigênia também é personagem de dois documentários premiados: “Rainha do Papel”, dos paranaenses Estevan Silveira e Tiomkim (1999) e “O Filme da Rainha”, do argentino Sérgio Mercurio (2006). Sua obra “A Rainha do Planeta” foi adquirida pelo Museu Oscar Niemeyer e passou a fazer parte do acervo daquela instituição. Ainda, o grupo de MPB da Universidade Federal do Paraná incluiu uma composição sua, “O Conta Gotas”, no CD Terra de Pinho II. Toda a história de Efigênia daria um livro – e deu! O livro “A Viagem de Efigênia Rolim nas Asas do Peixe Voador”, de autoria da jornalista paranaense por Dinah Ribas Pinheiro, reúne 180 páginas que narram a trajetória da artista, desde o seu nascimento em Abre Campo, passando por sua transformação em artista até sua crescente as-
censão no mundo das artes populares. Terras itapoaenses No ano de 2016, Efigênia sofreu um grave problema no pulmão, foi internada e teve de afastar-se das artes, uma vez que o pó e o ácaro dos reciclados estavam agravando seu quadro. Buscando qualidade de vida, escolheu o município litorâneo de Itapoá para viver em outubro de 2018, junto do filho Geraldo. Em terras itapoaenses, Efigênia recebe os cuidados de suas filhas, Maria Imaculada e Rosália, que também vivem no município. Na casa humilde e alaranjada, onde vive, no bairro Figueira do Pontal, inaugurou no dia 1º de março de 2019 o Museu/Galeria Maravilhosas Mensagens para a Eternidade, onde expõe e vende seus quadros, esculturas, bonecos, carrinhos, peças de roupa e instrumentos. A inauguração do espaço da famosa senhora, em Itapoá, contou com a presença de artistas e simpatizantes da arte, que vieram de diversas regiões do Brasil. Recentemente, Efigê-
nia também teve seu trabalho exposto na Câmara de Vereadores de Itapoá. Atração viva Hoje, aos 87 anos de idade, mãe de 9 filhos (um deles já falecido), avó de 16 netos, bisavó de 5 e tataravó de 1, nem o céu é limite para a senhorinha e sua arte popular. É no sonho e na imaginação que se coloca seu pensamento, muitas vezes confundido com loucura. Mas a narrativa e a intenção de Efigênia estão mesmo repletos de sanidade, amor à natureza e entusiasmo pela vida. Efigênia tem mãos de fada e, tocando somente no material refugado pela sociedade de consumo (hoje, todos bem limpinhos e lavados, para o bem de sua saúde), tem o poder de ressignificar lixo em luxo. Para a artista que se autodenomina “guardiã do planeta”, até aquilo que é feio e descartável pode ser bonito e especial. Mais que cores e uma infinidade de recicláveis, cada uma de suas obras têm histórias contadas por ela através de um verso, uma dança ou
uma canção – a maioria fala de amor e de um mundo fantástico da natureza. Nas palavras do jornalista e crítico de arte Oscar D’Ambrosio, “cada obra que realiza com sucata é uma reação ao mundo, uma resposta ao que sofreu, um caminho para a extrema sabedoria”. Com o fim de nossa entrevista, descobrimos que, depois que se conhece Efigênia, alguma coisa se rompe, explode ou se transforma dentro da gente. Sem sombra de dúvidas, qualquer cidade brasileira se sentiria honrada em receber a Rainha do Papel de Bala. Privilegiado, o município de Itapoá ganhou, agora, mais uma atração turística – uma atração viva, colorida, criativa, lúdica, original e que ama cuidar da natureza. Deseja conhecer de perto a artista Efigênia Rolim? Sua casa-galeria está situada na Rua Tertuliano Pereira Lima, 35, Balneário Figueira do Pontal, em Itapoá. Para agendar um horário de visita, entre em contato com sua filha, Rosália, através do número 47 99910-1366.
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SUPERAÇÃO
Amor, força e união entre irmãos
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No município de Itapoá (SC), mais precisamente na região da Barra do Saí, vivem duas pessoas que compartilham de um amor puro e sincero, o amor entre irmãos. Falamos de Marcelo dos Santos da Silva (37) e Luís Fernando da Silva (46). Marcelo nasceu com paralisia cerebral e déficit de deglutição e é cuidado pelo irmão, Luís, e sua família. Mesmo em meio às dificuldades, a história da família da Silva é símbolo de amor, força e muita união.
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uís nos conta que a história de sua família começa na Mina Velha, no município de Garuva (SC), onde seus pais viviam. Eles tiveram cinco filhos, dentre eles, os irmãos Luís Fernando e Marcelo. Nas pa-
Da esquerda para a direita: Luís Gustavo e Ana Luiza (filhos de Luís Fernando e Giane), Luís Fernando e seu irmão Marcelo, Giane, Regiane com a filha Melissa (filha e neta de Luís Fernando e Giane) e Nascimar (irmã de Giane). lavras de Luís: “Em seus primeiros anos de vida, Marcelo era uma criança saudável, e se virava em cima da cama. Aos seus dois anos de idade, teve de ser internado às pressas no hospital, pegou sarampo e perdeu peso excessivo. O médico nos disse que ele ha-
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via nascido com paralisia cerebral e déficit de deglutição. Minha mãe, que sempre foi muito apegada a seus filhos, entrou em desespero. Ela ficou traumatizada, achando que ele fosse falecer, e nunca mais retornou ao hospital”. Marcelo, então, foi criado
pelos pais em cima de uma cama até os 22 anos de idade, sem andar ou falar. Para Luís, a escolha dos pais é justificável: “nós éramos de família simples, do meio do mato e, 46 anos atrás, pouco conhecimento se tinha sobre isso”.
Marcelo ama passear, ir à igreja, à praia e andar de ônibus. Ele já viajou para Nova Trento (SC), foi ao tradicional baile da Terceira Idade e ao cinema em Joinville (SC). Certa vez, seu pai ganhou uma cadeira de rodas para Marcelo, que tornou a viver sentado, na cadeira. Por sua vez, Luís Fernando casou-se com Giane do Rosário Gomes da Silva e, no ano de 1994, passaram a morar em Itapoá (SC), mais precisamente na
região da Barra do Saí. Juntos, Giane e Luís constituíram família e tiveram três filhos: Regiane Gomes da Silva, Ana Luiza Gomes da Silva e Luís Gustavo Gomes da Silva. Muito apegado à família, nesse período, Luís Fernando realizava idas frequentes de
Itapoá a Garuva de bicicleta, para matar a saudade da mãe, do pai e do irmão, Marcelo. Em 2005, a mãe de Luís Fernando e Marcelo veio a falecer. Para cuidar de seu pai e de Marcelo, o casal Luís e Giane, na companhia dos três filhos, deixou a vida em Ita-
poá e mudou-se para Garuva. Meses depois, retornaram ao município de Itapoá – dessa vez, trazendo Marcelo e seu pai para viverem com eles. Passados dois anos, o pai de Marcelo e Luís Fernando também veio a falecer. Foi um período triste e, ao mesmo
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tempo, conturbado para a família de Giane e Luís. “Cumpri a promessa que fiz aos meus falecidos pais e passei a cuidar de meu irmão com muito amor e carinho. No entanto, com exceção do registro de nascimento, meus pais não haviam feito qualquer documento de Marcelo”, explica Luís. Depois de mais de um ano de burocracias e idas constantes a Paranaguá (PR), Luís Fernando conseguiu emitir o CPF, RG e a certidão de curatela, para que pudesse ter a guarda legal do irmão e para que Marcelo continuasse recebendo o benefício do governo. Para tanto, contou com a ajuda de amigos que ofereciam caronas, como Domingos dos Santos, o Mingo, a quem é muito grato. Cuidados Quando seu pai veio a falecer, Marcelo ganhou do SUS (Sistema Único de Saúde) uma nova cadeira de rodas, que teve de ser adaptada pelo irmão, Luís, para que Marcelo ficasse mais confortável. Ele, que gostava muito de comer pirão de peixe e tomar café, foi ao gastroenterologista e
Família unida para realizar uma das alegrias de Marcelo: passear. Dentre os lugares que visitou, o lugar do qual Marcelo mais gosta na vida é a Figueira do Pontal, em Itapoá.
há dois anos recebe apenas alimentação por sonda, com todos os nutrientes necessários para viver bem. Atualmente, os médicos dispensaram qualquer medicamento para Marcelo, mas há treze anos ele realiza sessões semanais de fisioterapia, por conta da dificuldade em um de seus pulmões. “Um de seus pulmões é mais encolhido, enquanto o outro é mais aberto. Mas os médicos nos explicaram que um dos
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pulmões trabalha por dois ou mais, pois ele é muito forte”, diz Luís Fernando. Alegrias Com a chegada de Marcelo, a casa ficou um pouco mais apertada, e Giane parou de trabalhar para poder cuidar dos filhos e do cunhado, que requer atenção. Na casa de Luís Fernando e Giane, todo mundo contribui nos cuidados a Marcelo. Ele gosta muito da companhia dos so-
brinhos Regiane, Ana Luiza e Luís Gustavo, e é apaixonado pela pequena Melissa, filha de Regiane, de apenas dois anos de idade. Marcelo não desenvolveu a fala, mas escuta, enxerga, entende perfeitamente quando falam com ele e responde através do olhar, gestos e sorrisos. Ele sente muita felicidade em passear e a cadeira de rodas não o impede de ir à igreja, à praia, de viajar para Nova Trento (SC), andar
Mesmo diante das dificuldades, Marcelo não economiza sorrisos. Brincadeiras, passeios, ir ao Pontal, estar junto da família e escutar Tonico & Tinoco são suas maiores alegrias.
de ônibus, ir ao tradicional baile da Terceira Idade ou ao cinema em Joinville (SC). Mas dentre todos os lugares possíveis, o lugar favorito de Marcelo é o Pontal da Figueira, onde a sobrinha Regiane vive junto do esposo e da filha Melissa. É só perguntar “vamos ao Pontal?”, que Marcelo já abre um largo sorriso. Em casa, adora rir das brincadeiras da família. Marcelo costuma acordar cedo para assistir à missa transmi-
tida na televisão e ao programa Globo Rural. Mas o que o deixa tão feliz quanto as idas ao Pontal da Figueira é ouvir música de artistas como Gaúchos da Fronteira e Tonico & Tinoco. Em novembro do ano passado, uma complicação em seu pulmão resultou em uma internação no município de Rio Negrinho (SC). Mas hoje está tudo bem. “Esse cara aqui é muito forte”, afirma Luís Fernando, emocionado,
enquanto abraço o irmão. Para Luís Fernando, sua esposa Giane, e seus filhos Regiane, Ana Luiza e Luís Gustavo, conviver com Marcelo é sinônimo de aprendizados diários: “Volta e meia, nós nos sentimos indispostos ou reclamamos de algo, e nos deparamos com Marcelo, que mesmo sem poder falar ou andar, tem o anseio de viver, de passear e encontra a felicidade em pequenas coisas, como em uma ida à praia ou
em uma música. Ele é muito forte e transmite força a todos nós. Nós o amamos muito”. Recentemente, a família de Marcelo vem enfrentando problemas com relação ao seu benefício recebido do governo. Se algum advogado de boa fé desejar oferecer instruções jurídicas voluntariamente a Luís Fernando e sua família, favor entrar em contato através do número (47) 99681-6634.
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ESPORTE
Surfistas se unem para ajudar amigo através do surf adaptado No município de Itapoá (SC), um grupo de colegas de trabalho e amigos compartilhava de uma paixão em comum: o surf. Quando um de seus amigos, Eduardo Terceiro da Silva Trankels, de 34 anos, passou por um problema de saúde e ficou paraplégico, os amigos se mobilizaram para proporcionar a ele o prazer de surfar. Para Eduardo, que nunca havia surfado na vida, a emoção de estar sobre as ondas foi sinônimo de liberdade, realização e esperança.
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e Paranaguá (PR), Eduardo vive em Guaratuba (PR) e trabalha no município de Itapoá (SC). Certa vez, no ano de 2015 teve leucemia e foi vítima de um erro médico. Ele explica melhor: “Tive ume hemorragia por sete dias e uma complicação resultou em dois tipos de bactérias, que se alojaram em minha coluna, infeccionando e pressionando a medula óssea, e me deixando totalmente paraplégico. Antes de descobrirem que se tratava de uma bactéria, os médicos me diagnosticaram com um tumor na coluna, então, abriram e rasparam, agravando ainda mais o quadro. Se tivessem realizado a biópsia anteriormente, eles teriam descoberto que se tratava de uma bactéria e poderiam ter tratado com antibióticos” Ele ficou internado durante seis meses, de fevereiro a agosto de 2015. Para Eduardo – que era ativo, atuava no Porto Itapoá e, nas horas vagas, trabalhava com instalações de antenas, papéis de parede e montagem de móveis – a notícia foi um grande
O grande momento de Eduardo sobre as ondas. Quem tem amigos, tem tudo: Eduardo no mar, na companhia dos amigos Isaías e Léo. choque. “Foi terrível passar a pudesse entrar no mar nodepender de outras pessoas, vamente. Até que, certo dia, era um sentimento de impo- seu amigo e colega de trabatência”, conta. Com o passar lho Celso Souza, o Celsinho, do tempo, surgiram as neces- surgiu com uma proposta um sidades diárias e ele pôde se tanto quanto inusitada: proporcionar a Eduardo uma aula adaptar à nova realidade. de surf adaptado. Em conversa com o amigo, Mar salgado lar Eduardo sempre gostou Celsinho, que já tinha como do marEduardo sempre gos- hobby a prática do surf, contou do mar, mas nunca havia tou que há tempos estava surfado na vida –“no máximo, pensando em uma forma de pegava um jacaré (risos)”, diz. desenvolver este projeto do Depois de ficar paraplégico, surf adaptado e proporciofoi muitas vezes à beira-mar nar este momento ao amigo. para comtemplar a imensi- “Confesso que, inicialmente, dão azul. Em seu imaginário, não levei a proposta tão a sésonhava com o dia em que rio por estar na condição de
paraplégico. Mas, aos poucos, fomos amadurecendo a ideia e encontrando meios de fazer isso acontecer”, relata Eduardo. Surgiu, então, a ideia de entrar no mar com uma prancha de bodyboard, pois ao mesmo tempo em que seria mais fácil para Eduardo surfar, seria mais prático para quem pudesse ajudá-lo na água. Para ajudar na ação, Celsinho convidou Isaías de Borba que, além de surfar de bodyboard, iria contribuir com sua experiência de algumas temporadas enquanto guarda-vidas em Itapoá. Ainda, Celsinho convidou outros amigos que, além de serem colegas de trabalho, compartilhavam do amor pelo surf. A equipe No dia “D”, Celsinho Souza, idealizador do projeto, acompanhou Eduardo dentro da água, lhe rebocando e garantindo os registros fotográficos. Depois de lhe passar todas as dicas acerca do bodyboard, Isaías de Borba, co-idealizador do projeto, também acompanhou Eduardo dentro da água, remando e batendo os pés por ele, e lhe rebocando contra a correnteza. Também oferecendo su-
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Da esquerda para a direita: Léo, Eduardo e Isaías, a caminho do mar. porte dentro da água, estávamos os amigos Léo Lawson e Marcos Estevão. Enquanto Léo ajudou Eduardo a caminhar até o mar e ajudou-lhe contra a correnteza, Marcos contribuiu com sua experiência enquanto guarda-vidas e ajudava Eduardo ao final de cada onda. Já Daniel Mika conseguiu a prancha de bodyboard adaptada, realizou registros fotográficos do grande momento, e utilizou-se de sua prática do surf e suas técnicas de surf coach para oferecer dicas de condicionamento físico e melhor desempenho no esporte. Os amigos Guilherme Aguiar,
Ricardinho Batista e Danianderson Borges – que foi o responsável por conseguir o pé de pato – também foram essenciais, oferecendo apoio a Eduardo antes, durante e depois da ação, sempre atentos caso necessitasse de algo. Por fim, Carlinhos e Paty, da Barra do Açaí, foram muito importantes para que Eduardo pudesse ficar mais acomodado antes e depois do surf. O grande momento Foram três meses de preparação para o surf, que aconteceria em frente à Barra do Saí, um dos principais
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Alguns dos responsáveis por realizar o sonho de Eduardo. Da direita para a esquerda: Celsinho, Marcos Estevão, Léo Lawson, Isaías e Daniel Mika. picos de surf da cidade de Itapoá, cujos proprietários, Carlinhos e Paty, abraçaram a ideia e ofereceram todo o suporte necessário. Chegado o dia 10 de abril de 2019, todos os amigos estavam lá reunidos, ajudando Eduardo a caminhar até o mar, colocar os equipamentos necessários (prancha, leash, roupa de borracha e pé de pato) e remar até o ponto certo, para aguardar a “onda perfeita”. Poucos minutos de espera e, de repente, lá vem ela. Conforme Eduardo, a sensação de estar em uma onda foi indes-
critível, mas ele se arrisca ao tentar traduzi-la em palavras: “Foi um misto de liberdade, realização, esperança e muita emoção. Foi simplesmente incrível!”. A alegria de Eduardo também encheu todos os seus amigos de alegria, que vibraram e se emocionaram junto dele. “Foi sensacional a união e a mobilização de todos. Nenhum deles enxergou dificuldade alguma, muito pelo contrário, me enchiam de motivação. Estavam comigo o tempo todo dentro da água. Quando um me largava para pegar uma onda, outro já es-
tava lá na frente à minha espera. Tenho amigos incríveis e sou grato a eles por tudo”, diz Eduardo. Próximos passos O grupo de amigos já está se programando para a próxima surf session de Eduardo, que ganhou uma prancha e agora está correndo atrás dos equipamentos restantes, como roupa de borracha e pé de pato. Contudo, seu maior sonho ainda é poder voltar a andar, além de ir a Tailândia fazer o tratamento com células tronco. Ele fala: “É um sonho muito caro e ambicioso, mas um dia ainda pretendo realiza-lo. Poder surfar em tais condições me trouxe um sentimento de esperança. Hoje entendo que se nos dedicarmos de verdade, alcançaremos todos os nossos objetivos”. Surfar foi, para ele, mais um sonho realizado. Com o coração repleto de gratidão, faz seus agradecimentos: “Agradeço muito a Deus e aos amigos Celsinho Souza, Isaías de Borba, Léo Lawson, Marcos Estevão, Daniel Mika, Guilherme Aguiar, Ricardinho Batista, Danianderson Rodrigues, Paty e Carlinhos. Tam-
Da esquerda para a direita: Léo, Ricardinho, Isaías, Guilherme (ao fundo) Celsinho, Marcos Estevão, Eduardo e Mika. bém gostaria de agradecer ao Porto Itapoá, pois foi através da boa convivência de trabalho que conheci todos esses amigos incríveis e que tudo isso aconteceu”. Aos poucos, vem voltando a fazer as coisas das quais sentia falta, como dirigir o carro e retornar ao trabalho. “Isso tem ajudado muito em minha recuperação, pois além de fisioterapia, serve
também como uma terapia”, fala. Atualmente, Eduardo está andando com o auxílio de muletas, e utiliza-se da cadeira de rodas quando tem de percorrer grandes distâncias. Durante os seis meses em que esteve internado no hospital, viu muitos sonhos sendo interrompidos, muitos projetos sendo desfeitos e muitas pessoas arrependidas por não terem aprovei-
tado a vida da forma como gostariam. Com base em sua experiência de vida, Eduardo conclui: “Aprendi que, ao invés de reclamar, devemos ser gratos a Deus por tudo. E que, ao invés de procrastinar nossos sonhos, devemos ter fé e força de vontade, pois para tudo dá-se um jeito. Hoje, sou extremamente grato pelas pequenas coisas, como o simples fato de poder respirar”.
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APAIXONADO POR ANIMAIS
O amor perfeito de cães imperfeitos Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No município de Itapoá (SC), o casal Flávia Jordana Sanches e Moisés Antônio Nieckarz vive na companhia de seus nove cãezinhos – dentre eles, oito cachorros adotados, que surgiram com problemas de saúde, debilitados, sinais de maus tratos e abandono. Para a assistente social e o farmacêutico, todos devem ter mais respeito à vida e consciência, e repudiar práticas como maus tratos e abandono de animais.
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casal No município de Itapoá (SC), o casal Flávia Jordana Sanches e Moisés Antônio Nieckarz vive na companhia de seus nove cãezinhos – dentre eles, oito cachorros adotados, que surgiram com problemas de saúde, debilitados, sinais de maus tratos e abandono. Para a assistente social e o farmacêutico, todos devem ter mais respeito à vida e consciência, e repudiar práticas como maus tratos e abandono de animais. Histórias de aumor Pouco tempo após o casal ter se mudado para Itapoá, certo dia, foi ao pet shop comprar ração. Chegando lá, avistaram uma cachorra vira-lata disponível para adoção. Eles recordam: “Ela havia sido atropelada, uma de suas patas necrosou e teve de ser amputada. A cachorra tinha ficado prenha e todos os seus filhotinhos já tinham sido doados, mas ninguém a queria”. Sem pensar duas vezes, Flávia e Moisés adotaram a vira-lata de pelagem marrom. Por ter apenas três pernas, eles a batizaram como Tri. Quase dois anos depois, em 2013, adotaram um cachorro vira-lata que vivia em frente a uma lanchonete. Em uma briga com outro cachorro, teve seu focinho arrancado, o que resultou em um buraco
O casal Moisés Antônio Nieckart e Flávia Jordana Sanches. Ao fundo, parte da família de quarto patas. na cavidade nasal – por isso, Flávia e Moisés chamaram-no de Naso. Infelizmente, Naso desenvolveu um grave problema no rim e, em 2015, veio a falecer. No início de 2014 em frente ao seu local de trabalho, Moisés avistou um filhote de cachorro abandonado, um vira-latinha de pelagem marrom clara. Recém-nascido, o animal quase foi atropelado, até que Moisés o levou ao local de trabalho de Flávia. E foi amor à primeira vista! Por ser um cãozinho fofo e espoleta, o casal o batizou de Smash (“esmagar”, traduzido do inglês para o português). Em novembro do mesmo ano, um cachorro grande, vira-lata de pelagem preta, apareceu em frente à casa do casal, situada próxima ao Rio Gracioso, ao lado do Balneário Palmeiras. Ele apresentava sinal de maus tratos, era extremamente arisco e sofria um grave problema de pele. Em decisão conjunta, Flávia e Moisés adotaram-no e, por conta de sua aparência (ele parecia pelado, sem pelo algum), passaram a chamá-lo de Nu. Um episódio triste marcou a fase seguinte: Pierre, o primeiro cachorro do casal, e Nu, ingeriram um veneno que fora jogado por alguém no quinta da casa de Flávia e Moisés. Nu ficou um longo período em tratamento, mas Pierre não resistiu e faleceu. Dias separaram o lamentável episódio de uma nova fase
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Pierre, já falecido, marcou o início dessa grande família.
Tri recebeu esse nome por ter apenas três pernas. de amor e dedicação. Com a ajuda de Cláudia e Andréa, mãe e tia de Flávia respectivamente, o casal conseguiu adotar um cachorro da raça Spitz Alemão (a mesma de Pierre), que passou a se chamar Happy, pois apesar de tudo, ainda era muito feliz e brincalhão. “Antes de nós o adotarmos, ele havia passado por cinco famílias diferentes, ninguém sabia como controlar suas crises de
Chérie, a pug, chegou cedo na família.
Naso, já falecido, tinha um buraco na cavidade nasal. convulsão e estresse, quando arrancava os próprios pelos. Felizmente, Moisés é farmacêutico e pôde tratá-lo com medicamentos diários. O Happy é o meu xodó, pois surgiu em um momento triste”, comenta Flávia. Em novembro de 2015, por intermédio do Centro de Bem-estar Animal de Itapoá, adotaram uma cachorra idosa, uma vira-lata de pelagem pre-
Catarina arrasta as patas como os catarinenses arrastam os pés.
Quando adotado, Nu parecia quase pelado.
A esquisita e amada Bú, que já faleceu.
Blend, o recém-chegado.
Happy surgiu no momento certo.
Por conta de seu problema na orelha, chamam-lhe Lela. ta, que havia sido atropelada e apresentava má formação no focinho. Por conta de sua aparência, chamaram-na Bú. Dentro de apenas seis meses, Bú veio a falecer, pois já estava bastante velhinha. Vivendo, então, na companhia de Chérie, Tri, Smash, Nu e Happy, o casal bem que tentou parar com as adoções, mas novos bichinhos que precisavam de ajuda surgiram em
Smash foi amor à primeira vista.
A bagunceira Lúci. suas vidas de forma natural e repentina. Através de uma colega de trabalho de Flávia, souberam de três cachorros irmãos abandonados no meio da rua dentro de uma caixa de papelão. Dois deles foram doados a outras famílias, enquanto Flávia e Moisés ficaram com a cachorra vira-lata, de pelagem branca com manchas marrons. Eles contam: “Ela é muito bagun-
ceira e a que mais apronta. Por isso, nós a batizamos de Lúcifer, mas costumamos chama-la de Lúci, pois é socialmente mais aceito (risos)”. Em meados de 2016, por intermédio de duas amigas, receberam em sua casa uma cachorrinha mestiça a Dachshund (raça conhecida também como ‘linguicinha’), de pelagem preta. Ela era mantida em um canil muito pequeno, em meio às fezes, urina e sujeira. Em decorrência do ambiente em que vivia, desenvolveu um problema crônico na orelha, dessa forma foi chamada de Lela. A mesma colega de trabalho que contou a Flávia de Lúci, comentou sobre uma vira-lata, de pelagem marrom com manchas brancas, que estava em situação precária. Ela havia sido espancada, não tinha um dos olhos, andava arrastando as patas traseiras, já tinha passado por uma cirurgia e uma internação. Viveu em uma casa de adoção que não deu certo e estava prestes a ser sacrificada, até que Flávia e Moisés ficaram sensibilizados com sua história e decidiram adotá-la. Afinal de contas, onde comem sete, comem oito. Uma vez que dizem por aí que os catarinenses andam arrastando os chinelos, o casal batizou a cachorrinha que andava arrastando as patas de Catarina. Há muito que um cachorro grande e de rua, de pelagem preta, foi abandonado na região do Rio Gracioso e adotado por toda a comunidade. Recentemente, o animal sofreu um atropelamento e, então, Moisés e Flávia levaram-no ao veterinário, em Garuva (SC). “Chegando ao veterinário, quando abrimos a porta do carro, ele fugiu para o matagal. Fizemos anúncios e rondas, mas só conseguimos encontrá-lo no dia seguinte, quando retornamos a Garuva. Ele fraturou uma de suas patas e estava com muita dor. Passou por uma cirurgia complexa e está conosco há trinta dias, em fase de recuperação”, explica Flávia. O casal batizou o grande vira-lata de Blend, (“mistura”, traduzido do inglês para o português). Compaixão e consciência Atualmente, Moisés e Flávia vivem na companhia de nove cães: Chérie, Tri, Smash, Nu, Happy, Lúci, Lela, Catarina e Blend. A estrutura da casa conta com amplo quintal e um canil, que precisou ser ampliado na medida em que novos cãezinhos surgiam. Com exceção de Blend (que deve ficar
preso por mais alguns dias até receber alta), todos os cães convivem soltos no quintal e em harmonia. Cuidar, alimentar, medicar, tratar, adestrar, passear, brincar e dar atenção a nove cães com diferentes problemas de saúde e limitações não é uma tarefa fácil, pois demanda tempo, comprometimento e gera muito gasto. Por isso, buscam soluções alternativas, como, por exemplo, dar banho nos cachorros em casa na medida do possível. Quando precisam viajar ou ausentar-se de casa por um longo período, o casal conta com a ajuda de duas amigas grandes amigas, Ana e Rose. “Sem elas seria impossível viajar” afirma Flávia. Mas o casal garante que todo o esforço vale a pena: “Eles são uns amores. É uma delícia chegar em casa depois de um dia cansativo, sentar em meio à bicharada e deixar que eles venham para receber carinho, levá-los para passear na praia ou para tomar banho no rio. Isso nos relaxa e nos faz esquecer de qualquer problema”. De acordo com o Moisés e Flávia, a casa agora está ‘superlotada’, e eles não pretendem adotar novos bichinhos. Cada um dos ‘filhos de quatro patas’ de Moisés e Flávia carrega uma história. Com exceção de Chérie, todos os outros oito cachorros foram abandonados, machucados, viviam em condições precárias ou apresentavam sinais de maus tratos, até que, felizmente, foram adotados por eles. Com base em sua experiência enquanto pais de nove cachorros muito amados, Flávia e Moisés deixam um apelo à população itapoaense: “ “Todos os dias chegam até nós histórias de cães que foram abandonados Itapoá afora. Isso nos preocupa, porque grande parte da população não quer adotar cachorro algum e muito menos um cachorro já velhinho, sem um olho, sem uma perna, com convulsão, com problema crônico na pele e sem raça definida. É necessário ter compaixão, consciência e respeito a todas as formas de vida, e sempre que houver oportunidade, passar esses valores as crianças. Você não precisa adotar um animal se isso não estiver ao seu alcance, mas já seria de grande valia denunciar situações de maus tratos e abandono de animais”.
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Itapoá e sua história (parte XVII)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.
C
HAMÁ-LA de Vó Melinda não só abreviava o nome Melinda Maria Zagonel como também inseria carinho no tratamento de uma pessoa que por decisão e vontade de construir um futuro melhor passou a integrar o grupo das quatro famílias pioneiras que na década de cinquenta foram trazidas para Itapoá pelos fundadores da localidade logo após a abertura da também pioneira estrada da Serrinha. REDE de água tratada? Não havia. Energia elétrica? Também não. Assistência à saúde? Só em Joinville, desde que não chovesse muito, pois a estrada ainda não estava consolidada. Portanto, nada existia que pudesse minimamente ser denominado habitabilidade. Homens e mulheres dessas quatro primeiras famílias passaram a trabalhar arduamente para suplantar as dificuldades, bem como motivar as demais famílias que já viviam de forma isolada na localidade, transmitindo-lhes a certeza de um futuro de realizações e ganhos, pois a via de acesso já era uma realidade. Um dos repositórios dessas virtudes estava, justamente, na Vó Melinda que ao lado das outras três baluartes da recém desbravada Itapoá desdobravam-se na tarefa de transformar o pouco, que era tudo que dispunham, no muito que as impelia para vencer as adversidades. PARA que possamos avaliar a importância dessas pessoas, basta recordar que a localidade oferecia, na realidade, como atrativos dificuldades e desafios disfarçados de oportunidades. Em resumo, extrair do amargo o doce. PORTANDO um nome que mais se adequava para atriz, Melinda não deixou de trazer entre seus pertences vindos na carroceria de um caminhão a velha, porém sempre atual, esperança... esperança de conseguir ver, por um desses caminhos de Deus, não apenas a semente, mas também a árvore, a sombra e os seus frutos. COM um estoque inesgotável de entusiasmo, ora dedicado à família, ora à horta ou aos animais transformava esses atributos em eficazes remédios para tornar o caminho menos íngreme. ASSIM como não hesitou em vir para a desconhecida Itapoá, também acompanhou solicitamente seu marido, Ludovico Noé Zagonel na luta diária para bem empreender. A farta quantidade de madeiras nobres existentes na região, sugeria o seu aproveitamento. PRONTAMENTE adquirem da empresa S.I.A.P. a serraria que fora recém implantada pelos sócios fundadores de 34 | Maio 2019 | Revista Giropop
Nesta foto a Sra. Melinda está no lado direito, em pé, entre a senhora de vestido azul e branco e a outra senhora de blusa listrada de vermelho e branco. Itapoá, e claro, mais trabalho para a Vó QUANDO na contagem do tempo o caMelinda, uma vez que a mesa se tornou lendário apontou a data de 26 de março pequena para saciar o apetite dos esfor- de 2019, Vó Melinda recebeu um passaçados colaboradores. porte especial, e antes que amanhecesCONFORME a tradição italiana, tudo se o dia, pois gostava de acordar cedo, de era resolvido com uma enorme polenta forma serena e certa de haver cumprido mexida com a “mescola” - colher de pau - as tarefas, desfez-se das incumbências por pelo menos duas horas na panela de materiais e deu início a grande viagem ferro. Uma vez no ponto era despejada pelo cosmos para, num ponto qualquer em uma “tavola” redonda e cortada em do outro plano, na universalidade do infatias com um fio de linha de costura. Em finito adentrar à merecida vida eterna seguida era servida acompanhada do onde poderá estender ainda maiores apetitoso “formaggio” por ela cuidadosa- cuidados a todos que dela necessitarem. mente elaborado acrescidos de carne e DEIXA inserido em cada um dos seus muito radiche. descendentes e pessoas que com ela ATIVIDADES para ela não faltavam, conviveram o legado do acreditar, do sedo amanhecer ao pôr-do-sol, e mesmo guir em frente com a certeza de que a sobrecarregada pelas tarefas diárias ain- vida não caminha para trás, mas busca da encontrou tempo para constituir uma incessantemente novos caminhos que a exemplar família. levem para frente. NESSE longa-metragem de vários e A sua ausência será sentida, pois era triunfantes capítulos, rodados ao longo a última representante das quatro piode 96 anos, vivenciou a chegada de fi- neiras que em 1959, lotadas de ânimo lhos, netos, bisnetos e tataranetos, a e esperança, aportaram na localidade todos transmitindo os bons e úteis ensi- cujos ícones se assentavam na fulgurannamentos herdados dos antepassados. te e extensa praia, na profunda e serena DOS noventa e seis bem vividos anos, baía e na riqueza de sua diversidade bioorlados pela simplicidade e riqueza de lógica. alma onde para todos tinha uma palaPara abrandar o choque causado vra de conforto e a mão constantemente pela ruptura da vida, apoiamo-nos no estendida, exatos 60 foram palmilhados poeta mexicano Amado Nervo: “As pesem Itapoá onde participou ativamente soas que amamos não morrem, apenas dos movimentos visando atrair melho- partem antes”. rias para a localidade. OPINIÃO. Voltamos a frisar e apelar NA ausência de edificação para abri- para a sensibilidade dos nossos ilustres gar as crianças em idade escolar cedeu vereadores de que homenagear pessoas sua casa, na qual foi também instalado o com o nome de ruas, parques e praças primeiro posto de saúde. não significa apenas lembrá-las, mas VIBROU com a criação do Distrito de sim um chamamento às novas gerações Itapoá em 1966, e quando em 1989 para seguir o exemplo dessas pessoas foi organizada uma grande caravana que pelo ideal foram de suma importânpara em Florianópolis tornar realidade cia para a consolidação das bases que a emancipação de Itapoá, lá estava ela, permitiram o grande salto econômico e Melinda Maria Zagonel, emprestando social observado ao longo da História do seu entusiástico apoio. Município