Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para:
giropop@gmail.com WhatsApp 47 9 9934.0793
Editorial O amor está no ar! Na edição do mês dos namorados, a revista Giropop compartilha histórias de paixão, amor e romance. Procuramos em gavetas, livros e dicionários, mas não encontramos palavras que pudessem falar desse sentimento tão fácil de sentir e tão difícil de explicar. Afinal de contas, quando falamos de amor, não existem receitas, dicas, ferramentas, caminhos ou fórmulas. Existe apenas o amor e pronto. Existe apenas o amor e ponto. Por isso, cultivem o amor. Seja o amor por você, pela pessoa amada, pelo trabalho, pela família. Porque a vida pode ser dura, mas o amor deixa tudo mais feliz e colorido.
TODOS JUNTOS POR ROBERTA Em nossa edição de março, voltada à alimentação e atividade física, entrevistamos Roberta Nicole Iepeco (37). Roberta mudou seu estilo de vida, trabalha na Swell Academia, e sua história serve de inspiração para muitos. Agora, em nossa edição de junho, voltamos a entrevistá-la, dessa vez, para contar a história de amor de Roberta e Amauri, seu esposo. Acontece que, recentemente, Roberta foi diagnosticado com dois tumores na região pélvica e um tumor no fígado. Para ajudá-la nos gastos com exames, consultas e medicamentos, seus amigos Carol e Evandro da Swell Academia criaram a campanha “Todos Juntos por Roberta”. Para participar da campanha e doar qualquer valor, é só dirigir-se à Swell Academia.
Roberta também é uma costureira de mão cheia e outra forma de ajudá-la é requisitando seus serviços de costura e reparo de peças de roupa, através de seu WhatsApp (47) 98877-8375. Nós, da revista Giropop, desejamos muita fé e força para que Roberta vença essa batalha!
#TodosJuntosPorRoberta
4 | Junho 2019 | Revista Giropop
MÊS DOS NAMORADOS
Histórias de amor e da vida na roça Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No mês dos namorados, conhecemos um casal de pioneiros que fez e ainda faz história no município de Itapoá, mais precisamente na região do Saí Mirim. São 61 anos de casados de Tertuliana do Espírito Santo Souza Speck, mais conhecida como Tita, de 80 anos, e João Emílio Speck, mais conhecido como Jango, de 86 anos. Em entrevista à revista Giropop, Tita e Jango falam sobre sua história de amor, suas famílias, a vida na roça e os costumes de antigamente.
D
e uma família de nove irmãos, Jango, nascido e criado no Saí Mirim, conta como sua família chegou à comunidade: “Meus pais deixaram Orleans (SC) e, de navio, chegaram a São Francisco do Sul (SC), onde atravessaram a baía e adentraram a mata. Aqui, no Saí Mirim, não tinha nada, era só bicho e mato”. Por sua vez, Tita nasceu em São João do Itaperiú (SC), onde viveu até os 10 anos de idade. Sua família, que tira-
De geração em geração: Tita e Jango têm seis filhos, treze netos e quatro bisnetos.
va o sustento da plantação e colheita do arroz, escolheu a região do Braço do Norte, próxima ao Saí Mirim, em Itapoá, para viver por conta das boas terras para plantar. Dona Tita recorda que, naquele tempo, uma companhia francesa adquiriu terras na região para trazer fábricas de palmito e implantar uma colônia e, por esse motivo, as pessoas chegavam ao local em busca de oportunidade de trabalho. Desde a infância, Jango trabalhava na roça com os pais. “Ia para a escola, na
6 | Junho 2019 | Revista Giropop
Colônia do Saí, a pé, com os pés descalços, era quase uma hora de caminhada. No período da tarde, trabalhava na roça, ajudando meus pais a plantar milho, feijão, entre outros alimentos que eram vendidos em São Francisco do Sul”, recorda. Eram poucas as opções de diversão da criançada, que fazia bolas de papel para brincar. Na época, não existia sequer uma picada que fizesse o trajeto entre o Saí Mirim e Itapema do Norte. A mata era fechada, e para chegar a Itapema do Norte,
os moradores da comunidade desciam o rio, de canoa. “A gente saía às 6h da manhã do Saí Mirim e chegava às 2h da tarde em Itapema do Norte. O rio era muito raso e seu barranco muito limpinho, às vezes, a canoa chegava a encalhar na areia. Tinha muita fartura de peixe, como robalo, traíra e jundiá, e diversidade de pássaros, como aracuã e araponga. A gente parava a canoa no caminho para comer as frutas das árvores, era lindo de se ver! É uma pena que hoje em dia não tenha mais nada, já
que a braquiária tomou conta do rio”, diz seu Jango. Já Tita, veio de uma família de oito irmãos. Na juventude, atuou na escola e ensinou muitos moradores da Colônia do Saí a ler e escrever. Trabalhou na roça e, ainda, tornou-se catequista na igreja Nossa Senhora Aparecida – função que exerceu até os 60 anos de idade. “Antigamente, era tudo muito mais simples, difícil e pacato. Não tinha posto de saúde ou ônibus. Quando alguém adoecia, era curado em casa ou levado a Vila da Glória, em São Francisco do Sul. As poucas residências que tinham na região eram cobertas com palha, o assoalho era de madeira e o colchoado feito com penas de pato ou de ganso”, lembra. Família A diversão dos adolescentes eram as partidas de futebol, as tradicionais festas organizadas pela igreja todo domingo e os bailinhos à luz do lampião (uma vez que naquele tempo não existia energia elétrica na região) – onde Tita e Jango se conheceram e trocaram seus primeiros olhares, quando ela tinha 15 anos, e ele 21. Já apaixonados, namoraram durante três anos, até que decidiram se casar. Inicialmente, o casal viveu em uma casa situada próxima ao morro, no Saí Mirim – “o rancho do morro era coberto de palha e feito com as tábuas deitadas”, como eles dizem. Mais tarde, construíram uma casa de madeira, onde vivem juntos até os dias atuais. Poucos meses após o casamento, veio o primeiro filho do casal. E, assim, Tita e Jango tiveram oito filhos,
Em sua casa, no Saí Mirim, Tita e Jango exibem uma fotografia de seu casamento, há quase 62 anos.
sendo quatro mulheres e quatro homens. Do mais velho para o mais novo, são eles: Emílio e Eronilda (ambos já falecidos), Maria, José, Paulo Henrique, Pedro, Sandra e Silvana. Na vida adulta, Jango participou da diretoria da igreja e fez sucesso no meio futebolístico. “Costumava ir a pé até Itapema do Norte, pela mata fechada, só para jogar futebol, no time do Cruzeiro. Jogava com os pés descalços e voltava para casa com as canelas ardendo”, conta. Ainda, ajudou na emancipação do município de Garuva (SC), candidatou-se a vereador por Garuva e trabalhou na construção da primeira estrada que interligava os municípios de Itapoá e Garuva. Já em Itapoá, fez amizade com Ademar Ribas do Valle – um dos principais responsáveis pela emancipação do município e primeiro prefeito do mesmo –, e participou ativamente de conquistas históricas para a cidade. “Volta e meia, alguém apa-
recia no bananal me buscando para ir a algum lugar representar a região do Saí Mirim. Lembro-me de uma excursão em que reunimos os antigos pescadores de Itapoá e fomos a Florianópolis (SC) para reivindicar energia elétrica para a cidade. Carregávamos faixas com os dizeres ‘queremos luz para Itapoá’ e conseguimos”, conta. Ao longo de sua vida, Jango teve um Fusca e uma Kombi, tendo levado muitas gestantes da comunidade para dar à luz nas cidades vizinhas. Também, trabalhou como caminhoneiro e viajou estradas afora. Enquanto isso, Tita assumiu as tarefas domésticas, a educação dos oito filhos e, vez ou outra, ajudava o esposo na roça. “Eu tirava o leite da vaca, fazia queijinho, bolo e pães caseiros. Para alimentar todos os filhos, tinha de fazer seis pães de forma”, recorda Tita, “em casa, criávamos porcos, galinhas e gados, e todos os dias nossos filhos levavam o café para o pai, na roça”.
Atualmente, Tita e Jango têm treze netos e quatro bisnetos. No Saí Mirim, onde vivem, a natureza ainda é bela, mas a fartura do rio e a diversidade de pássaros são incomparáveis à época de sua infância. Em casa, o casal cria vacas, porcos e galinhas, e planta abacaxis, mandiocas, palmitos, entre outros. Aos 80 anos de idade, dona Tita gosta de cuidar da horta, viajar de excursão para Iguape (SP) e Aparecida do Norte (SP), e participar de festas religiosas. “Ultimamente, tenho cuidado mais da minha saúde e descansado bastante. Mas ainda sonho em conhecer Gramado, no Rio Grande do Sul”, confessa. Já seu Jango, aos 86 anos de idade, ainda trabalha na roça, ora plantando ora colhendo. Para ele, os dias em que precisa ir à cidade para consultar-se com o médico ou algo do tipo são sofridos: “não gosto de trânsito nem de prédios, o meu negócio são os bichos e o mato”. Assim como Tita, Jango também tem um sonho: conhecer um trecho do rio Amazonas, em Manaus, no Amazonas. Conforme o casal, sua maior alegria é reunir a família aos domingos para uma costela ou uma feijoada. As memórias de Tita e Jango dariam um livro, dividido em capítulos que contariam as histórias de suas famílias, da vida na roça, dos costumes de antigamente e do Saí Mirim. Com quase 62 anos de casados, Tertulina, a Tita, e João Emílio, o Jango, contam o segredo para uma relação que ultrapassou meio século: “amor, perdão, paciência e saber se colocar no lugar do outro”.
Revista Giropop | Junho 2019 | 7
MÊS DOS NAMORADOS
Entre olhares, cartas e memórias Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Muitas memórias e cartas de amor guardam Alcini Maria Paese Soares, de 65 anos, também conhecida como Cini, e Celso Soares, de 71 anos. No mês dos namorados, contamos a história desse casal que vem de famílias pioneiras no município de Itapoá.
Em primeiro plano, Alcini e Celso, no tempo em que namoravam. Ao fundo, o casal celebrando os 45 anos de casados.
F
ilha de Avaní Caron Paese e Anévio Paese (falecido), Alcini nasceu e foi criada na cidade de Curitiba (PR). A família Paese, uma das pioneiras em Itapoá, fez história no município: “Meus pais tinham um hotel no Balneário Paese, o Hotel Frigomar. Eram muito ativos na comunidade, costumavam organizar torneios de futebol, promover bailinhos e clube de dança. Então, cresci em Curitiba, mas durante as férias, finais de semana e feriados, estava sempre no município litorâneo. Isso aqui não tinha nada, era só mato. Mas nós gostávamos muito de vir para cá”, conta Alcini. Por sua vez, Celso é filho de Ilsa da Silva Soares e Rodolfo Aparício Soares, mais conhecido como Lindolfo (ambos falecidos). Nasceu em Guaramirim (SC) e aos 18 anos de idade foi sozinho a São Paulo tentar a vida como jogador profissional de futebol. “Jogo futebol desde os sete anos de idade. Enquanto goleiro, joguei em times de Joinville (SC) e tentei me profissionalizar no time da Portuguesa, em São Paulo. Cheguei muito perto do sonho, mas não consegui. Arrumei, então, um emprego na Editora do Brasil, em São Paulo, onde
8 | Junho 2019 | Revista Giropop
Da esquerda para a direita: Marcos, Samara, Luiz Felipe, Andressa, Celso, Gabrielle, Alcini e Tabata. À frente: Odir e Pedro Henrique.
trabalhei por mais de quatro anos”, recorda. Sua irmã e seu cunhado, Nair Soares Mertens e Marcos Mertens, tinham um empreendimento em Itapoá, o famoso Hotel Pérola, o primeiro hotel da região. Por isso, Celso, assim como Alcini, passava suas férias e os finais de semana no município. “Gostava muito de Itapoá, pois tinha a família, a praia, a pesca e o futebol”, ele diz. À distância Era feriado de Natal em Itapoá. Certa vez, Alcini, aos 17 anos de idade, foi ao Hotel Pérola buscar leite, uma vez que Lindolfo – pai de Celso e de Nair – tinha uma vaca. Chegando lá, a vaca ainda não tinha chego, mas Alcini avistou um rapaz estendendo uma camisa no varal:
era Celso, na época, com 22 anos de idade. “Vi que ela estava chegando e fui estender a camisa só para me exibir para ela. Trocamos algumas palavras e para poder vê-la novamente, combinei de ir até a sua casa no período da noite para levar o leite”, recorda Celso. A noite chegou, Celso levou o leite até a casa de Alcini e os dois, na companhia de seus pais, trocaram apenas alguns olhares. No dia seguinte, aconteceu o tradicional bailinho no Hotel Frigomar, onde dançaram “de rosto colado” (como eles mesmos contam) e passaram a namorar. Durante três anos, o relacionamento seguiu assim: Alcini vivendo e estudando em Curitiba, e Celso vivendo e trabalhando em São Paulo. Uma vez ao mês,
Registro histórico: Celso e Alcini na motocicleta da época.
Alcini acompanhando o “benzinho” no futebol, uma das grandes paixões de Celso.
ele visitava a amada na capital paranaense ou em Itapoá, se lá ela estivesse. Para matar a saudade, os namorados trocavam cartas apaixonadas que levavam uma semana para chegar ao destinatário. Até os dias atuais, Alcini guarda com carinho todas as cartas em duas caixinhas: uma caixa para as cartas escritas por ela, e outra para as escritas por ele. Escritas à mão em meados de 1970, as cartas falam de amor e de saudade, e repetem inúmeras vezes o apelido carinhoso pelo qual Alcini e Celso sempre se chamaram: “meu benzinho”. Família Morando juntos, em Curitiba, eles se casaram no ano de 1973. Alcini e Celso tiveram três filhas (da mais velha para a mais nova): Samara Maria Paese Soares, Tábata Maria Paese Soares e Andressa Lilian Paese Soares. Ainda, criaram um filho adotivo, Luiz Felipe de Souza. A família costumava visitar Itapoá regularmente, mas foi no ano de 1976, que se mudou, de fato, para o município. Alcini recorda: “Meus pais nos deram um mercado, o Apolo 3 da Barra do Saí, para nós tocarmos. No início, moramos dentro de um trailer, a família toda, até que construímos nossa casa em cima do supermercado”. O casal tocou o mercado Apolo 3 durante muitos anos. Com o passar do tempo, as filhas foram crescendo e ajudando no serviço. No mesmo prédio, a família também tocou uma lanchonete, e tempos depois alugou o espaço para diferentes comércios, como imobiliária,
Celso e Alcini lendo as cartas que escreviam um ao outro em meados de 70.
Hoje, uma das alegrias do casal é praticar dança de salão, com o Grupo Reviver, da ESF da Barra do Saí.
O casal participou da última edição do Jasti. Aqui na companhia do neto Pedro.
loja de roupas, loja de 1,99, entre outros. Mas foi com uma panificadora que fizeram sucesso em Itapoá. Nas palavras de Celso: “Certa vez, fiz um curso de panificação com um chileno, que nos ensinou a receita do pão chileno. Então, adaptei a receita com o pão francês e o pão de cachorro-quente, e criei minha própria versão do pão chileno. Foi um sucesso! Por cerca de vinte anos, administramos a Panificadora Pão Chileno, a primeira com forno elétrico na região. Lembro-me de que em um único Ano Novo chegamos a fazer dez mil pães”. Ainda em Itapoá, Celso realizou serviços para os pescadores trabalhando com um torno mecânico e, é claro, jogou muito futebol, nos times de Itapema do Norte e Frigomar, ajudando ainda a fundar o time Saí Mirim da Barra. Sempre à frente do atendimento no comércio, Alcini fala que sua família trabalhou muito: “tudo foi construído com muito esforço e muita luta”. Já aposentados, o casal ainda mantêm vivos alguns prazeres do tempo “do leite da vaca”. Recentemente, Celso recebeu uma homenagem por contribuir com o futebol da cidade. Até hoje, os apaixonados praticam dança de salão, com o Grupo Reviver, de Itapoá – tendo ganhado, neste ano de 2019, o segundo lugar em um concurso de dança de salão. Com 45 anos de casados e 40 anos de vida no município litorâneo, Alcini e Celso fizeram e ainda fazem história. Nos dias atuais, enxergam a alegria nos pequenos detalhes, como na dança ou em um almoço com a família reunida.
Revista Giropop | Junho 2019 | 9
Como tudo começou: a estudante Roberta e o motorista de ônibus Amauri.
MÊS DOS NAMORADOS
O romance do 1010 Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Eles se conheceram dentro do ônibus 1010 (dez-dez) da Transtusa. quando ele era motorista do transporte universitário e ela estudante. E, mesmo com quase vinte anos de diferença de idade, Roberta Nicole Iepeco (37) e Antonio Amauri Vieira (55), mais conhecido como Amauri, têm uma relação admirável: de muito respeito, afinidades e, claro, muito amor.
O ano era 2015 e, na época, universitários que moravam no município de Itapoá tinham acesso ao ônibus universitário, que levava, diariamente, os estudantes até Joinville (SC). Foi, inclusive, no transporte universitário, mais precisamente no 1010 da empresa Transtusa, que Roberta e Amauri se conheceram. De Irati (PR), Amauri conta que sempre trabalhou estrada afora, ora como caminhoneiro ora como motorista de ônibus – profissão que exerce há mais de vin-
10 | Junho 2019 | Revista Giropop
te anos. Já em Itapoá, trabalhou durante cinco anos como motorista de ônibus, transportando universitários em busca do tão almejado Ensino Superior. Dentre eles, estava Roberta, que cursava Educação Física na Univille – Universidade da Região de Joinville, no turno da manhã. Simpático e disposto, Amauri sempre fora bem-quisto por todos os estudantes. Todos os dias, por volta das 5h da madrugada, o motorista passava nos pontos de ônibus para pegar os universitários rumo a Joinville.
Ao contrário dos demais colegas, a estudante de Educação Física tinha dificuldade para pegar no sono durante a viagem. “Eu não conseguia dormir, pois tinha receio que acontecesse algum acidente de trânsito. Então, costumava passar os 80 km de viagem fazendo companhia para o motorista”, recorda. Sendo assim, a estudante e o motorista de ônibus formaram uma forte amizade. Todos os dias, conversavam, escutavam músicas, tomavam café na cabine do ônibus e davam boas
risadas no famoso 1010. “Ela levava um pen drive com músicas para escutarmos na viagem e, coincidentemente, gostava das mesmas músicas que eu”, lembra Amauri, que também apreciava a companhia de Roberta nas rotineiras viagens. Em suas memórias, Roberta recorda que planejava apresentar o motorista para a sua mãe, a fim de que engrenasse um romance com ela. Mas ela conta que não adiantou: “o destino tinha planos ainda maiores que o meu”. Certa vez, a estudante fez uma cirurgia e teve de afastar-se da faculdade durante um período para recuperar-se. “Foram dois meses em que fiquei em casa, de repouso. Quando me dei conta, não estava sentindo saudade da rotina ou dos estudos, estava sentindo saudade dele, do Amauri, de conversar com ele e vê-lo todos os dias”, conta. Depois de trocarem algumas mensagens via celular, Amauri visitou Roberta em sua casa e, desde então, perceberam que aquele sentimento ultrapassava a amizade. A partir daí, passaram
Apesar da diferença de idade, a sintonia entre o casal foi muito grande.
a namorar discretamente, sem que os demais estudantes do ônibus soubessem. Felizmente, os universitários do turno matutino criaram laços de amizade. “Tínhamos um grupo no WhatsApp, chamado ‘1010 Matutino’, e nos tornamos amigos. A companhia de todos eles deixava tudo mais leve, e aquela viagem rotineira passou algo prazeroso”, lembram. Quando descoberto o romance entre Roberta e Amauri, os estudantes festejaram e vibraram pelo casal. O motorista Amauri, com seus óculos ray ban escuro
– sua marca registrada, passou a fazer as viagens ainda mais sorridente, assim como Roberta, que fez amizade com os demais motoristas da empresa Transtusa e ganhou dos colegas universitários o apelido de “Primeira-dama do 1010”. O famoso ônibus fez história. Para celebrar a união de Roberta e Amauri e a amizade entre a galera do 1010, os universitários do turno matutino promoveram uma festa junina no próprio ônibus – palco do início da história de amor entre Roberta e Amauri.
Cumplicidade De relacionamentos anteriores, Roberta tem um filho, enquanto Amauri tem três filhos biológicos (dois homens e uma mulher) e duas enteadas, que também considera como filhas. “Desde que nos conhecemos, sempre fomos honestos e francos um com o outro. Felizmente, a família aprovou esse amor, pois ficou nítido o bem que fazíamos um ao outro”, comentam. Logo depois de sete meses de namoro, o casal passou a morar junto. Mesmo com quase vinte anos de diferença de idade, a sintonia entre o casal é forte. Amauri e Roberta gostam das mesmas músicas, dos mesmos programas e são parceiros para tudo. O motorista, que já transportou muitos grupos de excursões para lugares turísticos, como Florianópolis (SC) e Nova Trento (SC), fez questão de levar a amada em todos eles. Já Roberta, que de uns anos para cá adotou um estilo de vida mais saudável, ajudou o amado com a alimentação e na prática de exercícios físicos. Hoje, eles realizam caminhadas e malham juntos na Swell Academia, onde Roberta trabalha.
Revista Giropop | Junho 2019 | 11
Caminhar, malhar na Academia Swell, passear, festar e dançar são os verbos preferidos desse casal.
Festar é com eles mesmos! Além disso, Roberta é uma costureira de mão cheia. Assim, uniram o útil ao agradável: participam de bailes, festas de flashback, carnavais e outras datas comemorativas, sempre com fantasias costuradas por ela. Pedrita e Bambam, Batman e Mulher Gato, Marilyn Monroe e Michael Jackson são apenas alguns dos personagens já incorporados pelos dois. Para o motorista, o 1010 da Transtusa era mais que um ônibus. “Adorava limpá-
-lo e dirigi-lo. Cuidava dele como se fosse meu”, diz Amauri. Com o fim do transporte universitário, trabalhou na empresa Transita e hoje trabalha na empresa Oceania, fazendo as linhas dentro do município de Itapoá. Mas confessa um desejo: “comprar um ônibus para poder transportar os universitários de Itapoá novamente, pois esse ofício me deixava muito feliz”. Cinco anos após o romance no ônibus, Amauri e Roberta se declaram apaixonados pelas mesmas quali-
12 | Junho 2019 | Revista Giropop
dades: “Nossas afinidades, o respeito, a educação, a confiança e o companheirismo. Cuidamos muito bem um do outro e caminhamos sempre juntos”. Eles também compartilham seu grande sonho: “Temos o sonho de, um dia, nos casarmos dentro do ônibus 1010, onde tudo começou”. Recentemente, Roberta foi diagnosticada com dois tumores na região pélvica e um tumor no fígado. Para cobrir gastos com consultas e exames, seus amigos Carol e Evandro, proprietários
da Swell Academia, disponibilizaram uma caixinha na academia para doações de quantia de qualquer valor. Além dos alunos da academia, ela também recebeu ajuda da Casa Espírita de Itapoá, amigos e familiares. Ela fala: “Acredito que Deus não coloca as pessoas em nosso caminho sem um propósito. O Amauri foi esse anjo em minha vida, principalmente nessa batalha que terei de enfrentar agora”. Enquanto isso, escrevem juntos sua história de amor e cumplicidade.
MÊS DOS NAMORADOS
Amor, fé e resiliência
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Por trás da empresa Beira Rio Esquadrias está o casal Janete Melchioretto Silva (54) e Carlos Silva (60), também conhecido como Cambal ou Carlinhos da Beira Rio. Para o Mês dos Namorados, Janete e Carlinhos recordam, em entrevista à revista Giropop, sua história de vida, de amor e sua trajetória de empreendimento a dois.
N
aturais de Joinville (SC), Janete fora criada em Guaratuba (PR), enquanto Carlinhos passou a viver na cidade paranaense para trabalhar em uma loja de materiais de construção. Nos anos 80, o point de Guaratuba era o Clube 33
Janete e Carlinhos celebrando a vida.
– uma discoteca onde os jovens se encontravam para dançar, paquerar e se divertir. Foi lá que Janete e Carlinhos se conheceram, mas, ao contrário do que dizem os contos de fadas, não foi amor à primeira vista. Eles tinham amigos em comum e Carlinhos cultivava bom relacionamento com o irmão de Janete. “Nos conhecemos através de um amigo, mas não despertamos o sentimento logo no início”, recordam. Com o passar do tempo, se cruzaram mais vezes pela cidade. Aos poucos, foi nascendo o apreço um pelo outro. Certa vez, todos estavam se divertindo no clube, até que Janete desejou ir embora. “Pedi ao meu irmão que me levasse para casa, mas ele não desejava deixar a festa aquela hora. Se encarregou, então, de pedir a um de seus amigos que me levasse”, lembra Janete, com 21 anos de ida-
Revista Giropop | Junho 2019 | 13
de na época. O amigo em questão era Carlinhos, que, em seu Jeep preto – símbolo do começo do romance, levou-a para casa. Naquele percurso nascia, então, a história de amor entre Janete e Carlinhos. Primeiros passos Diferente da maioria das moças da época, Janete conta que nunca tivera o sonho de se casar: “sonhava em ser dona da minha própria vida”. Quando suspeitou de uma gravidez, Carlinhos surpreendeu-lhe pedindo a filha em casamento para seus pais. Sendo assim, no ano de 1986, com apenas seis meses de namoro, eles se casaram. A gravidez fora somente um susto, e Janete e Carlinhos passaram a construir uma vida a dois. Ela trabalhou por muitos anos como bancária, mas, naquele tempo, trabalhava em uma cooperativa de pesca, enquanto ele trabalhava em uma loja de materiais de construção. Certo dia, Carlinhos chegou para a amada com uma proposta: abrirem, juntos, sua própria loja de materiais de construção. Ela topou e, então, venderam o carro, construíram uma sala comercial em madeira e abriram o próprio negócio: a Beira Rio, loja de materiais de construção, em Guaratuba. Três meses após se casarem, Janete engravidou e exatamente no dia em que ela e Carlinhos comemoravam o aniversário de um ano de casamento, nasceu Carlos Eduardo Silva – também conhecido como Cambal, assim como seu pai. Neste período, enquanto Carlinhos administrava a loja de materiais de construção Beira Rio, Janete se aventurou em muitos empreendimentos: abriu uma verdureira, uma loja de roupas, vendeu bijuterias e até produziu maquiagens. Em um período de dificuldades, o casal acabou fechando sua loja. Queriam mudar de ramo, mas Carlinhos foi convidado para trabalhar no Silva Materiais de Construção, em Itapoá, e aceitou, pois sempre apostou na cidade. Já Janete, passou em um concurso na Prefeitura de Guaratuba e continuou por lá. Uma vez que naquela época não havia asfalto e a dificulda-
Celebrando o amor: Janete e Carlinhos em seu casamento, no ano de 1986.
Quando surgiu, há 33 anos, em Guaratuba, a empresa Beira Rio ganhou este nome pois ficava situada próxima à beira do rio, ao lado da casa do pai de Janete.
Da esquerda para a direita: o casal Carlinhos e Janete, o filho Cambal (em sua formatura de Engenharia Civil) e a nora Amanda.
de para levar e buscar o esposo era grande, Janete decidiu largar tudo e também se mudou para Itapoá, onde passou a trabalhar no Santa Claudia Materiais de Construção. “Quando decidi me mudar para Itapoá, vendemos nossos bens com o objetivo de construir nossa casa no município”, recorda Janete. Carlinhos, então, resolveu sair do Silva para o Mendonça Materiais de Construção. E, Janete, quando se encontrou desempregada, foi convidada por Laci Mendonça para trabalhar em uma das lojas do Mendonça Materiais de Construção. Em 2007, Carlinhos reabriu a empresa Beira Rio em Itapoá – dessa vez, com o foco na venda de janelas. Assim, há doze anos, começou a Beira Rio Esquadrias. Ainda trabalhando no Mendonça Materiais de Construção, Janete era o ‘braço direito’ de Laci Mendonça. “Tínhamos uma boa amizade, tanto no pessoal
14 | Junho 2019 | Revista Giropop
quanto no profissional. Sou muito grata a Laci, pois me ensinou muitas coisas e me ajudou a crescer. Quando contei a ela que pretendia me desligar do Mendonça para trabalhar com meu esposo, ela me apoiou muito. Até hoje somos amigas”, comenta Janete, que depois de sete anos, deixou o Mendonça Materiais de Construção e passou a administrar a Beira Rio Esquadrias ao lado de Carlinhos. Lado a lado A princípio, a Beira Rio Esquadrias contava somente com a venda de portas e janelas. Em seguida, com a venda da madeira, logo agregaram uma marcenaria para confecção de portões, montagem e instalações de portas, escadas e sacadas sob medida. Empreender a dois não é uma tarefa fácil, mas, aos poucos, Janete e Carlinhos entraram em sintonia. Conforme o casal, o segredo está nas características fortes que cada um tem a ofe-
recer para a empresa, pois elas se complementam. Enquanto Janete se destaca por ser muito trabalhadora, responsável, ter boas ideias e tino empresarial, Carlinhos tem como forte o amor pelo trabalho, facilidade em vendas, persistência e honestidade. “Somos movidos por amor, fé em Deus, gratidão e resiliência – a capacidade de ultrapassar limites, recomeçar e se adaptar diante das dificuldades”, ressaltam. São 33 anos de casados e 33 anos da empresa Beira Rio; já como Beira Rio Esquadrias são 12 anos de trajetória. Hoje, Janete e Carlinhos trabalham em parceria com seus funcionários, colaboradores e clientes. “Temos uma equipe de funcionários maravilhosa, e muito apreço por eles. Também temos clientes que fazem parte da nossa história, a quem somos eternamente gratos”, dizem. Nas horas vagas, Carlinhos e Janete gostam de: participar de festas típicas, como Oktoberfest, marejada e festa da ovelha; reunir os amigos e familiares para um bom churrasco; estar perto do filho Carlos Eduardo, o Cambal – que hoje atua como engenheiro civil, da nora Amanda, da cachorra Tequila e da cachorra Brisa, a mais nova integrante da família. Fazendo um balanço de toda a sua história de amor e de vida, concluem: “Temos muito orgulho de tudo o que construímos até aqui, com erros e acertos. Não conseguimos imaginar essa Janete sem o Carlinhos, e esse Carlinhos sem a Janete”.
MÊS DOS NAMORADOS
De melhores amigos a casal Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
De melhores amigos, Analú Melcheretto e Jairo Ernani de Araújo passaram a ser um casal. Eles são proprietários do Restaurante Bom Sucesso, no município de Itapoá (SC). Companheiros de vida, de trabalho e de família, a história de amor desse casal é, também, a história do Restaurante Bom Sucesso.
A
história de amor de Analú e Jairo é daquelas que daria um bom enredo para um filme ou uma novela. Eles se conheceram na escola, na cidade de Guaratuba (PR) e, quando estudavam na 7ª série, viveram um romance. “Era um namorico de escola, mas durou sete meses, foi ali que tudo começou”, recordam. Os pais de Analú e Jairo eram amigos, as famílias moravam próximas e, com o passar dos anos, eles se tornaram grandes amigos. Eram parceiros, tinham uma turma grande de amigos e trocavam confidências – mas tudo não passava de amizade. Quando Jairo casou-se, convidou Analú para ser uma de suas madrinhas de casamento, que prontamente aceitou o convite, tamanho era o apreço que sentiam um pelo outro. “Assisti ao seu casamento e torcia muito pela sua felicidade, assim como torcemos por qualquer amigo”, ela conta. O tempo passou e as responsabilidades da vida adulta fizeram com que Analú e Jairo se distanciassem. Até que, certa vez, ele e sua então esposa se divorciaram. Nesse período, Analú costumava sair com a mesma turma de amigos e, certa vez, convidaram Jairo para juntar-se a eles. A reaproximação entre os amigos aconteceu e eles saíram muitas vezes juntos acompanhado dos amigos. Certo dia, em um pagode, para a surpresa dos 16 | Junho 2019 | Revista Giropop
Frente ao Restaurante Bom Sucesso, em Itapoá, o casal Analú Melchioretto e Jairo Ernani de Araújo, acompanhados da filha Natália Araújo.
dois e de todos os seus amigos, aconteceu o inesperado: Analú e Jairo se beijaram. Ela recorda: “Lembro-me que fiquei apavorada e fui correndo contar tudo para minha irmã (Janete Melchioretto Silva, da Beira Rio Esquadrias). Estava confusa por sentir aquilo, afinal de contas, éramos grandes amigos e eu havia sido sua madrinha de casamento”. Felizmente, a ex-mulher de Jairo fora bem-resolvida com a situação e tudo fluiu perfeitamente. Em pouquíssimo tempo, Jairo e Analú passaram a namorar e, em 1997, foram morar junto. “Nosso sentimento, até o dia em que nos beijamos, era somente de amizade. Mas, hoje, pensando melhor, talvez tivéssemos um amor adormecido, lá dentro do peito, desde a infância”, comentam. Bom Sucesso Analú e Jairo passaram bons anos da vida a dois curtindo e aproveitando os bons momentos. “Nossos pais sempre foram muito festeiros e pegamos isso deles. Gostamos muito de festas e tivemos bons momentos juntos”, recordam. Foram oito anos de curtição, até que nasceu a filha do casal, Natália Araújo (hoje, aos 13 anos de idade), e os momentos de curtição a dois se transformaram em curtição em família. Na época, ela trabalhava como funcionária pública e ele como bancário, mas se encontravam insatisfeitos no trabalho. “Conhecíamos Itapoá, pois já tínhamos familiares que aqui residiam
há muito tempo. Sempre tivemos o sonho de ter nosso próprio negócio, e, com a chegada do Porto Itapoá, decidimos que este seria o lugar ideal para abrir um comércio e para prosperar junto à cidade”, falam. Em busca de novos horizontes, o casal optou por abrir um restaurante no município de Itapoá. O nome escolhido pelos guaratubanos foi para homenagear a padroeira de Guaratuba, Padroeira Nossa Sra. do Bom Sucesso. No ano de 2013, Analú e Jairo – acompanhados da filha Natália, se mudaram para Itapoá, onde abriram o Restaurante Bom Sucesso. Há cinco anos eles batalham diariamente para que o restaurante seja reconhecido no município pela deliciosa comida caseira, à la carte e pelo atendimento receptivo que dedicam com muito amor aos clientes amigos. Especialmente há nove meses o restaurante mudou de endereço – agora, situado na Avenida Celso Ramos. “Para nós, esse tem sido um recomeço. Não é fácil, mas é gratificante a luta diária para nos mantermos firme”, comentam Analú e Jairo. Com muita fé e dedicação, o casal vence cada uma das batalhas e provações que lhes são impostas. A receita da deliciosa comidinha caseira do Restaurante Bom Sucesso é segredo, mas a receita de empreender em casal eles contam: paciência, companheirismo e equilíbrio.
MÊS DOS NAMORADOS
Sonhando e realizando juntos Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Sempre juntos, batalhando, sonhando e conquistando seus objetivos, a história de amor do casal Luciane dos Santos Batista Marco e Rodrigo Marco é daquelas que inspiram. Pais de dois filhos e apaixonados pela vida no mato, eles trabalham juntos há quinze anos, na Auto Elétrica Marco.
O
ano era 2002. Aos finais de semana, a diversão em Itapoá era se encontrar à noite na Avenida André Rodrigues de Freitas, em Itapema do Norte. Certa vez, Luciane estava na avenida acompanhada de uma amiga. “Essa amiga em questão tinha uma motoci-
cleta Ela estava interessada em um rapaz e, para achar um pretexto para falar com ele, parou-o na rua e simulou uma falta de gasolina”, recorda Luciane. O rapaz não tinha a gasolina, mas interessou-se em ajudar as duas moças e imediatamente ligou para um amigo. O amigo era Rodrigo que, enfim, chegou com a
18 | Junho 2019 | Revista Giropop
gasolina de que “precisavam”. “Ele chegou e nós pensamos ‘e agora?’, já que a história da falta de gasolina era mentira. Então, fomos nós quatro dar uma volta”, lembra Luciane. O romance entre sua amiga e o tal rapaz não foi para frente, mas Luciane e Marco se apaixonaram e começaram a namorar. Mais tarde, souberam que sempre frequentaram os mesmos lugares, mas por algum motivo não haviam se conhecido antes. Ainda, Luciane descobriu que Rodrigo era o rapaz de quem seu pai pretendia lhe apresentar: “Meu pai era cliente de Rodrigo, que na época já tinha a Auto Elétrica Marco. Ele sempre falava sobre um rapaz, o qual gostaria de apresentar para mim. Mas o destino encarregou-se de nos aproximar naquela noite”. E assim nasceu essa história de amor, graças a uma “falta” de– uma
mentirinha do bem, que deu muito certo. ‘Do mato’ Logo em 2003, Luciane e Rodrigo se casaram. “Nos entendemos muito bem, pois tínhamos muitas afinidades em comum, principalmente por conta de nossa criação” comentam. Luciane fora criada em meio ao mato, no município de Tijucas do Sul (PR), onde costumava acampar, andar a cavalo e ajudar seu pai que trabalhava com corte de madeira. Ela conta que começou a trabalhar desde os DEZ anos de idade, ajudando a cuidar de bebê , por isso, aprendeu a dar valor no dinheiro e no suor do trabalho. Seus pais, Zelinda e Ivo (popularmente conhecido como `Ivo do Carvão´ pelos moradores do município de Itapoá), foram as influências primordiais para que Luciane levasse o relacionamento adiante, conta ela: “Sempre me espelhei muito no casamento dos meus pais, onde meu pai sempre cuidou muito bem da minha mãe, sempre tiveram um relacionamento
baseado em parceria e confiança. Além de que meu pai sempre cuidou muito bem dos filhos, ele sempre fora aquele tipo paizão em que a gente pode contar para tudo. E eu sempre pensava comigo mesma, que no dia em eu viesse a ter alguém para compartilhar a vida e ter os meus filhos, que fosse um relacionamento assim como o dos meus pais. E eu só tenho a agradecer pela influência de vida que eles me deram, pois, se hoje sou quem eu sou e levo a vida que eu tenho, é graças à eles, que sempre foram as pessoas mais importantes para mim”. Por sua vez, no interior de Canoinhas (SC), Rodrigo fora criado no sítio, na companhia de animais e vida no mato. Desde criança trabalhou com o pai em sua oficina mecânica. Em Itapoá, seu pai abriu uma pequena auto elétrica. Quando Rodrigo casou-se com Luciane, decidiu montar seu próprio negócio, uma auto peças e auto elétrica. “Ganhei algumas peças de meu pai, Sergio Marco, aonde tenho muito a agradecer, e minha mãe Marcia, a
Revista Giropop | Junho 2019 | 19
quem tenho eterna gratidão e admiração, pois, assim como ela, Luciane viera mais tarde a trabalhar junto comigo, e assim como meus pais, construindo juntos o nosso próprio alicerce.” E o restante batalhamos muito para conseguir. Na época, escolhi vender meu carro, uma Saveiro, e com o dinheiro da venda comprei uma caixa de peças – tudo isso para investir no negócio”, lembra. Assim como Luciane, Rodrigo também tinha espírito aventureiro, de quem gosta de viver em meio ao mato, fazer trilhas, acampamentos, viagens de motocicleta, entre outras. Graças à sua criação, ambos tornaram-se pessoas fortes, resistentes aos problemas da vida e batalhadoras. Prosperando Quinze anos atrás, quando juntaram as escovas de dente, Luciane deixou seu emprego para trabalhar ao lado do esposo, na Auto Elétrica Marco. No âmbito profissional, a dupla teve muito entrosamento, também. Rodrigo, com anos de expertise em consertos de
veículos, gosta mesmo é de estar “com as mãos sujas de graxa” – como ele diz. Enquanto isso, Luciane tornou-se responsável pelo atendimento e pela administração da empresa. Lá no início, quando compraram o terreno e construíram a Auto Elétrica Marco na Rua Ana Maria Rodrigues de Freitas, em Itapema do Norte (onde a empresa funciona até os dias atuais), o casal passou a viver em um espaço pequeno, nos fundos da loja. “Juntos, trabalhamos muito, até mesmo depois do horário comercial. Sempre demos muito valor para as coisas e, por isso, tínhamos consciência de guardar cada centavo, seja para construir a empresa ou nossa casa”, recordam. E não foi somente nos negócios que Luciane e Rodrigo prosperaram. Quatro anos após o casamento, em plena obra da casa, veio o primeiro filho do casal, Vinicius (atualmente, com 11 anos de idade). Intencionalmente, pensando na amizade entre os irmãos, menos de três anos depois, veio Murilo (atualmente, com 8 anos
20 | Junho 2019 | Revista Giropop
Todo ano, Luciane e Rodrigo tiram férias para aproveitar o merecido descanso.
de idade). A fama de guerreira que Luciane leva não é à toa. Ela já perdeu o bebê de duas gestações, mas nunca desistiu de tentar, até que chegaram Vinicius e Murilo. Ela lembra: “Em minha primeira gestação, trabalhei até o dia em que fui para o hospital ganhar o Vinicius, e sete dias depois já estava trabalhando novamente. Na
segunda vez, quando dei à luz ao Murilo, ansiosa para sair daquele hospital, coloquei meu bebe no carro e vim dirigindo para casa feito uma doida”. Trabalhar em casal tem seus prós e contras. Todo ano, Luciane e Rodrigo viajam de férias. Ele conta que até consegue se desligar do trabalho, mas ela não. “Durante
Curtição na neve! Luciane e Rodrigo com os filhos Murilo e Vinicius. a família adora conhecer novos lugares.
as férias, sempre que dava um sinalzinho de rede, me pegava resolvendo alguma coisa do trabalho. Não gostaria de perder um cliente por não conseguir atender uma ligação”, confessa a workaholic. Aos poucos, o casal aprendeu a deixar os problemas de trabalho apenas no ambiente do trabalho e a curtir o tão merecido descanso.
Juntos Preço justo, qualidade do serviço e bom atendimento são os fortes da Auto peças Marco. Além de peças, elétrica e mecânica, o casal incluiu recentemente em seus serviços uma locadora de veículos. “Percebemos que muitas pessoas deixavam seus veículos no conserto, mas enquanto isso tinham
compromissos inadiáveis. Daí a ideia de incluir a locadora de veículos”, explica Luciane. Sempre em busca de novidades, Rodrigo FEZ um curso de especialização em ar condicionado automotivo, aumentando ainda mais o leque de serviços oferecidos. Nas horas vagas, realizar trilhas com motocicleta é uma das paixões de Rodrigo.
Já Luciane, gosta de pedalar e de e sempre estar em busca de uma nova aventura.. Os filhos, Vinicius e Murilo, já seguem os passos dos pais: gostam de acampar, de ir ao sítio da família, em Tijucas do Sul, da vida no mato e de andar de motocicleta. “Eles são nossos parceiros para tudo”, diz o casal. São quinze anos casados e empreendendo a dois. Hoje, a Auto Elétrica Marco é referência no município de Itapoá, conta com uma equipe de 14 colaboradores especializados, oferece serviços de auto elétrica, autopeças, mecânica e locadora de veículos. Olhando para trás, os proprietários não deixam de agradecer aos seus clientes: “nossos clientes nos motivam todos os dias”. Ainda, Luciane e Rodrigo ressaltam as qualidades do outro pelas quais se apaixonaram: “o zelo que ele tem por mim”, diz ela, e “ela ser forte, guerreira e parceira”, diz ele. Para o futuro, o casal planeja continuar cuidando de sua família e de seu trabalho, caminhando junto e com os mesmos objetivos.
Revista Giropop | Junho 2019 | 21
MÊS DOS NAMORADOS
Vida, amor e trabalho a dois Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No município de Itapoá, o casal Adriana da Silva (41) e Eliseu Teles da Silva (51) compartilha afinidades, o relacionamento e o trabalho, na Teles Auto Peças. Para os eternos apaixonados, o amor está nos pequenos gestos do cotidiano.
O casal Eliseu Teles da Silva e Adriana da Silva, da Teles Auto Peças, em Itapoá.
N
ascida na cidade de Joinville (SC), Adriana deixou São Francisco do Sul (SC) e passou a viver no município de Itapoá no ano de 1990, na companhia da família. Já Eliseu, nasceu em Santo Amaro (SP), e veio de Curitiba (PR) para Itapoá em 2004, com o propósito de empreender no município litorâneo – haja vista já estar no ramo automotivo em Curitiba. Em 2001, ela, que trabalhava como servidora pública, e ele, que era empresário, se conheceram em Itapoá. “Somos muito parecidos e nos apaixonamos imediatamente”, recordam. Na época, Adriana vivia em Itapoá, enquanto Eliseu vivia em Curitiba. A impossibilidade de conviverem na mesma cidade fez com que os encontros ocorressem somente aos finais de semana – e assim aconteceu durante quase três anos. Já em 2004, Eliseu, pai de dois filhos do primeiro casamento, encontrou a oportunidade perfeita para mudar-se para Itapoá, onde estabeleceu sua residência e empresa Teles Auto Peças. No ano de 2006, Adriana e Eliseu passaram a viver juntos e, ali, iniciou-se uma vida a dois. “Nós tínhamos uma vontade em comum: ser feliz. Encontramos o carisma e a felicidade um no outro, e isso foi o que nos uniu”, comentam. Em 2012, Adriana concluiu seu curso de Ensino Superior e, desde então, dedica-se ao financeiro da Teles Auto Peças, enquanto as funções do amado são basicamente compras e atendimento ao cliente. Conforme Adriana e Eliseu, o empreendedorismo em casal não é uma tarefa fácil: “Temos de abdicar de muitas coisas juntos, porém, a grande vantagem é que estamos 24 horas um ao lado do outro e podemos, assim, ganhar coragem e superação para enfrentarmos todos os desafios”. Em suas palavras, a cumplicidade é principal chave dessa relação de quase vinte anos. Juntos, gostam de se divertir em via22 | Junho 2019 | Revista Giropop
Para eles, o segredo de trabalhar a dois está na cumplicidade.
gens, praticar atividades físicas, como pedaladas e caminhadas rotineiras na praia. Ainda, o casal gosta de curtir o tempo livre com seus dois pets, pelos quais são apaixonados. Atualmente, o maior desejo de Adriana e Eliseu, após quinze anos de atuação da Teles Auto Peças, é permanecer caminhando juntos, na mesma parceria, com muita dedicação e muitos sonhos:
“Nós sonhamos muito, temos o dever disso, e sonhar junto é melhor ainda. O sonho é o que nos impulsiona para a realização”, dizem.
Juntos, Adriana e Eliseu gostam de passear, viajar e praticar atividades físicas.
Autodeclarados como “eternos apaixonados”, Adriana e Eliseu acreditam que a paixão está nos pequenos gestos do cotidiano e na capacidade de se reconhecer no outro.
MÊS DOS NAMORADOS
Uma história de amor e conexão Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Eles se conheceram em uma sala de bate-papo, são casados, têm um filho, mas nunca moraram juntos. A relação de Marcela Cristina Soares e Alessandro Julien de Souza é tão diferente e tão igual. Conheça, a seguir, a história desse casal cheio de conexão – seja ela de internet ou dos 80 km que separam Itapoá (SC) de Joinville (SC).
O
ano era 2002. No município litorâneo de Itapoá, vivia Marcela. Recém-formada em Letras, ela lecionava inglês em uma escola e morava junto de sua mãe. A 80 km de distância, na cidade de Joinville, vivia Alessandro. Com formação na área de Desenvolvimento de Sistemas, ele dava aulas de informática em uma escola e morava junto de seu pai. Dezessete anos atrás, ainda não existia sequer a extinta rede social Okurt. Quando o assunto era o mundo virtual, as opções da época eram apenas o MSN, e-mail e as salas de bate-papo.
24 | Junho 2019 | Revista Giropop
O casal Marcela Cristina Soares e Alessandro Julien de Souza, na companhia do filho Miguel Soares de Souza.
Marcela e Alessandro se conheceram em uma sala de bate-papo e vivem em cidades diferentes.
Com a finalidade de fazer amizades, trocar experiências e paquerar pessoas à distância, as salas de bate-papo funcionavam como uma espécie de Tinder – com muito menos recursos e muito mais emoção. Era um sábado à tarde de setembro de 2002. Em uma sala de bate-papo no site da UOL, estavam Marcela (que estava em Itapoá) e Alessandro (em Joinville). Foi lá que trocaram suas primeiras palavras digitadas. Como o bate-papo não oferecia a opção de mostrar sequer uma foto dos participantes, Marcela e Alessandro se atraíram pelo papo inteligente e bem humorado. Para estreitar a relação, trocaram seus endereços de e-mail. “Todos os dias, quando chegava do trabalho, ia correndo abrir o e-mail para ver se ele tinha mandado alguma coisa. Mas, até então, não sabíamos qual a aparência de quem estava do outro lado da tela”, recorda Marcela. Quinze dias depois de se corresponderem por e-mails,
enfim, Marcela e Alessandro enviaram ao outro uma foto de si. Segundo o casal, ver o rosto da pessoa com que tanto conversavam transmitiu segurança e aumentou o interesse. O próximo passo foi trocar os números de telefone – na época, tinham somente telefone fixo. Para Alessandro, escutar a voz de Marcela pela primeira vez foi um marco, pois adorou a voz dela. Ao vivo e a cores A vontade de se conhecerem pessoalmente já era grande, mas Alessandro estava juntando dinheiro e encontrando tempo hábil para ir a Itapoá. A oportunidade ideal surgiu um mês depois, em outubro de 2002. “Combinamos que eu reservaria uma pousada e ele viria de ônibus no sábado. Um dia antes, ele me telefonou perguntando em qual ponto deveria descer. Quando eu estava começando a explicar meu endereço, a ligação caiu por conta de um raio. Ao mesmo tempo em que fiquei
Revista Giropop | Junho 2019 | 25
triste, porque queria muito conhecê-lo, fiquei aliviada, pois estava muito nervosa e ansiosa”, lembra Marcela. No dia seguinte, ela acordou com uma ligação surpresa, era Alessandro contando que já estava em Itapoá. “Pedi ao motorista do ônibus que me deixasse no centro da cidade e, de lá, telefonei para ela. No final das contas, eu estava no centro geográfico, no bairro Itapoá, mas ela morava no centro comercial, em Itapema do Norte”, conta Alessandro. Com um misto de ansiedade, medo e alegria, Marcela emprestou o carro de uma amiga e foi buscá-lo. O encontro ao vivo e a cores superou suas expectativas. À noite, teria um baile em Itapoá, e Marcela e Alessandro dançaram e se beijaram a noite toda. Após o primeiro encontro, o único combinado entre eles foi “deixar rolar, para ver onde dava”. União à distância Um mês depois, no aniversário de Alessandro, Mar-
cela foi vê-lo. E assim seguiram durante alguns meses: sempre que possível, ela o visitava em Joinville ou ele a visitava em Itapoá. Para ter mais privacidade quando a amada o visitasse, Alessandro passou a morar sozinho em Joinville – o que, para ela, foi como uma prova de amor. Com três anos de namoro à distância, o casal planejou ter um filho. Nasceu, então, Miguel Soares de Souza (hoje, com 12 anos de idade). “Por mais que nós continuássemos morando em cidades diferentes, quando Miguel nasceu, sentimos que nós três nos tornamos, de fato, uma família. Por isso, também decidi sair da casa da minha mãe e ter o nosso próprio cantinho”, diz Marcela, que passou a morar com o filho Miguel. Aos poucos, o que era um namoro à distância passou a ser um casamento à distância. Para muitos, uma relação aonde os dois nunca chegaram a morar juntos pode soar nada convencional. Mas Marcela e
26 | Junho 2019 | Revista Giropop
Ora em Joinville, ora em Itapoá: o que importa são os momentos em família aos finais de semana.
Alessandro contam que vivem em união estável e têm uma relação normal, com problemas e alegrias, como qualquer outra. Muitos fatores influenciaram para que nunca juntassem, de fato, as escovas de dente. Ambos são concursados em seus empregos e, além disso, Vera, mãe de Marcela, também mora sozinha em Itapoá e necessita dos cuidados da filha, uma vez que os outros filhos vivem em Curitiba (PR). Entusiasta do cinema, teatro, desenho e das artes em geral, Alessandro gosta de poder desfrutar dos programas culturais de Joinville. Por sua vez, Marcela adora ir ao shopping, restaurante e cinema, e aprecia a rotina da cidade grande. “Por conta de nossos gostos, ficou claro que, quando morarmos juntos, será em Joinville, mas pretendemos fazer isso somente quando eu me aposentar”, ela conta. Até lá, Marcela e Alessandro vivem suas rotinas durante a semana e aos fi-
nais de semana se revezam entre Joinville e Itapoá. Prós e contras Eles contam que, mesmo com toda a tecnologia dos dias atuais, sentem muita saudade da presença física um do outro. Há também outros pontos que são difíceis, como o fato de manterem despesas em duas residências e a educação do filho. “Durante a semana, ocorrem conflitos em que tenho de resolver sozinha. Mas, com o passar do tempo, fomos percebendo que também existem vantagens de o pai estar longe durante a semana, pois quando o Alessandro e o Miguel estão juntos, aproveitam esse tempo com qualidade. Eles brincam, assistem a filmes e séries, conversam, desenham e valorizam esses momentos”. Na relação a dois, também enxergam pontos positivos. Morando em cidades diferentes, aproveitam melhor o tempo juntos, seja em casa ou passeando. “Brigamos como todo casal, mas
como temos apenas os fins de semana juntos, costumamos repensar se vale mesmo a pena discutir por esse ou aquilo motivo”, comentam. Segundo Marcela e Alessandro, eles têm o compromisso de um casamento, mas com a rotina de um namoro. Pegar na mão, beijar na boca e fazer gentilezas para agradar ao outro ainda são hábitos comuns entre os dois. Em todos os fins de semana dos últimos 16 anos Alessandro levou o café da manhã na cama para ‘o cheiro’ (apelido carinho pelo qual se chamam). Nas palavras de Marcela: “Muitas pessoas dizem que só é assim porque não moramos juntos, mas tenho a certeza que não, isso é dele, ele é um homem muito gentil”. Diálogo e confiança Para o casal, os aplicativos de relacionamento de hoje em dia, apesar de oferecerem mais segurança, tiram ‘a graça da coisa’. “Em nossa época, havia aquela magia de imaginar como seria o rosto um do outro, depois como
seria a voz... nos descobrimos aos poucos e criava-se uma expectativa gostosa. Hoje em dia, o mundo virtual está muito mais descartável. As pessoas já têm acesso às fotos, áudios, vídeos, preferências e ficha completa. Às vezes, tanta informação ao alcance faz com que descartem a oportunidade de conhecer alguém legal”, dizem. Na era Tinder, a aparência é o fator decisivo para muitos relacionamentos que começam no mundo virtual. Mas, no caso de Marcela e Alessandro, tudo o que tinham naquela sala de bate-papo era, como o próprio nome já sugere, o papo: “não existia assunto que não conversássemos, e isso foi o que nos chamou a atenção”. Dezesseis anos depois, Marcela e Alessandro – agora, com Miguel, formam um casal tão diferente e tão igual. Aprendem e crescem juntos, e seu forte continua sendo o mesmo desde o tempo das trocas de e-mails e telefonemas: o diálogo e a confiança.
Revista Giropop | Junho 2019 | 27
MÊS DOS NAMORADOS
Da internet para a vida real Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Nem toda história de amor começa ao vivo e a cores. Alguns “era uma vez” nascem (por que não?) no mundo virtual. Contrariando a ideia de que “os opostos se atraem”, foram as afinidades que uniram Mariana Nunes Monteiro (25) e Arthur Bordin (27) – um casal de apaixonados por games, jogos de carta, séries, animes, mangás e gatos.
E
Arthur Bordin e Mariana Nunes Monteiros se conheceram na internet, através de um podcast.
m Santana de Parnaíba, região metropolitana de São Paulo, vivia Mariana, de cabelos ruivos e muitas tatuagens que fazem referência a temas nerds, como personagens de Pokémon, Star Wars e animes (desenhos japoneses). Ela, que cursou Design de Moda por um período, sempre teve habilidade para atividades manuais, como desenhar, costurar, tricotar, bordar e até mesmo tatuar. Dentre suas lembranças de infância, Mariana recorda que adorava assistir ao desenho Pokémon e jogar no videogame. Apaixonada por jogos online e elementos da cultura nerd, fala sobre o machismo neste meio: “Muitas mulheres que gostam de games têm
28 | Junho 2019 | Revista Giropop
suas habilidades questionadas, mas, felizmente, isso vem mudando aos poucos. O universo dos games ainda é majoritariamente masculino, mas muitas de nós também apreciamos, entendemos e gostamos dessa cultura”. Já no município litorâneo de Itapoá, vivia Arthur, formado em Direito e servidor público. Ao contrário de Mariana, ele não tem uma tatuagem sequer. Mas, assim como ela, é aficionado por livros de aventura e ficção, jogos online, bonecos, filmes, séries, HQ’s (histórias em quadrinhos), mangás, animes e gatos. Em seu quarto, Arthur exibe livros, bonecos de Pokémon, jogos de cartas, entre outras coleções. Apesar de gostar dos jogos online, sua verdadeira paixão é a coleção de cartas de papel do Pokémon – cole-
ção, essa, que organiza minuciosamente com muito cuidado e carinho. Com suas centenas de cartas, Arthur já participou de campeonatos de Pokémon e foi campeão em sua categoria. Afinidades Tudo começou em um podcast, um programa de rádio guardado em formato digital. O tal podcast de humor unia internautas do Brasil todo – dentre eles, Arthur e Mariana. Não custou para que os dois trocassem as primeiras palavras online e descobrissem afinidades e amigos em comum. Com o passar do tempo, cultivaram uma amizade virtual: discutiam sobre livros, séries, filmes, músicas, jogavam games online, conversavam via Skype,
trocavam telefonemas, entre outros. “Existem, sim, os perigos da internet, mas a globalização também traz coisas positivas, como a possibilidade de conhecer pessoas especiais com gostos afins a quilômetros de distância”, falam. Com, aproximadamente, um ano de relação virtual, ele viajou a São Paulo para um encontro de internautas de um podcast – a oportunidade ideal para que Arthur e Mariana se conhecessem ao vivo e a cores. “Antes mesmo de nos conhecermos pessoalmente, já nos gostávamos. Para alguns, esse papo de gostar de uma pessoa sem conhecê-la pessoalmente pode parecer loucura, mas conversáva-
Arthur e Amanda junto de Armando Galleni e Renato Pinto, os responsáveis pelo podcast, onde se conheceram.
Games, jogos de carta, séries, animes, mangás e gatos são as paixões em comum do casal.
mos todos os dias e já tínhamos uma importância um na vida do outro”, conta Arthur. Quando, enfim, se conheceram, o sentimento se fortaleceu, e Arthur e Mariana iniciaram um namoro à distância. A conexão entre Itapoá (SC) e Santana de Parnaíba (SP) durou cerca de dois anos. Nas palavras de Mariana: “Namorar à distância não é fácil, pois sentimos saudade da presença física da pessoa. Mas tem, também, um lado bom, já que desenvolvemos muito diálogo, coisa que muitos casais que convivem diariamente não têm”. Depois de visitar o namorado no município litorâneo ao norte de Santa Catarina duas vezes, ela foi a Itapoá acompanhada de seus pais, que se apaixonaram pela cidade. “Meu pai é médico e, em São Paulo, levava quase uma hora até chegar ao seu local de trabalho. Chegando aqui, ele e minha mãe encantaram-se pela qualidade de vida
e pelo sossego do local. Meu pai conseguiu um emprego no posto de saúde de Itapema do Norte e, então, há cerca de um ano viemos todos morar para cá: eu, meus pais, meu irmão, meus gatos e meus cachorros”, conta Mariana, que se tornou vizinha de Arthur. De amigos virtuais a namorados à distância, de namorados à distância a vizinhos. Hoje, Mariana e Arthur jogam os mesmos jogos, assistem aos mesmos filmes e séries, vão a sebos garimpar mangás e histórias em quadrinhos, curtem os gatos, tudo da melhor forma possível: juntos. Para um casal tão diferente como esse, a expressão “juntar as escovas de dente” não pega bem. Mariana e Arthur planejam, em um dia, “juntar os Pokémons”. Enquanto muitos acreditam na ideia de que “os opostos se atraem”, o jovem casal, com suas infinitas afinidades, comprova que os semelhantes e dispostos se atraem, também.
Revista Giropop | Junho 2019 | 29
VOLTANDO-NOS para o passado sem esquecer o presente, pois passado demais atrasa o futuro, observamos que Itapoá é o conjunto da obra resultante da extrema bondade do Grande Pai Comum que generosamente a disponibilizou em sua forma primária para que nela empregássemos a criatividade e, então, usufruíssemos de suas imensas potencialidades. Enquanto “Pangéia”, ou seja, o planeta sem as fissuras que deram origem aos diversos continentes, os seus diferentes pontos eram acessados mais facilmente por nossos ancestrais. Com a divisão do bloco e o surgimento dos vários continentes, a possível intercomunicação se volta para os caminhos de água, os quais de acordo com os pesquisadores foram, por um longo período histórico fator de isolamento entre os continentes até que fosse vencido o conhecimento necessário para navegar e vencer grandes distâncias. Posicionada no Microcontinente Itapoá- São Francisco, o qual é resultado da colisão ocorrida há 500600 milhões de anos com o microcontinente Luis Alves, Itapoá foi privilegiada por um desses caminhos, o Oceano Atlântico. E, esse vasto caminho que isolou continentes e habitantes por um largo período pela extensão e imensidão de suas águas, ampara a teoria da unicidade territorial pretérita do planeta. Senão como explicar a existência dos antiquíssimos sambaquis executados uns iguais aos outros pelas mãos nativas em diversos continentes, sem que tivessem contato para absorver o modo de fazer ou então, num exercício de imaginação aventar a possibilidade de uma maneira de comunicação avançada ou até mesmo o teletransporte. São muitas às dúvidas e interrogações, todavia a verdade reside no fato de que realmente existem. Só em Itapoá e Garuva foram catalogados 15. Também a certeza de que não conheciam o metal, pois nas escavações realizadas pelos arqueólogos todos os objetos encontrados são de pedra, osso, cerâmica e madeira. OPINIÃO Voltamos ao assunto em razão de uma pergunta simples, assim formulada: Quantos municípios brasileiros tem sambaquis em suas áreas territoriais? Pouquíssimos. Ora, todo bem escasso passa a ter valor econômico e gera procura. Portanto, os sambaquis constituem uma página turística/cultural do município para dar a ele visibilidade e renda com reflexos positivos para os seus cidadãos. 34 | Junho 2019 | Revista Giropop
Só em Itapoá e Garuva foram catalogados 15 sítios de sambaquis.