Revista Giropop - Edição 79

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Editorial

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clima é de volta às aulas e a Revista Giropop preparou uma edição cujo tema interessa a todos: educação. Reunimos profissionais da área para discutir temas pertinentes da atualidade, como a relação entre família e escola, as descobertas dos anos iniciais, o diagnóstico de déficits/transtornos de aprendizagem, a ansiedade dos pais durante o período da alfabetização, o uso da tecnologia precocemente a importância do bom e velho ‘brincar’. Para tanto, agradecemos especialmente às profissionais Patrícia Machado Pereira, Fabiani Roberta Pereira, Mahara Hermógenes, Vânia Cleusa Pinto da Silva, Danielle Marques Moro e Jovita Márcia da Silva, por contribuírem com seu conhecimento nesta edição. De familiares a educadores, convidamos todos a pensarem um pouquinho fora da caixa, abrirem seus corações e aproveitarem o tempo com sua criança (ainda que seja curto) com qualidade e intensidade.

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Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Neste mês de agosto, a loja Realeza Materiais de Construção completa 20 anos de atuação no município de Itapoá (SC). Para a proprietária da empresa, Clairê Aparecida Cerutti, mais que sucesso ou dinheiro, o maior prazer de trabalhar na área de materiais de construção é poder fazer parte da realização de um sonho.

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ssa história começa no município de Realeza, no estado do Paraná, onde Clairê, ao lado de Itacir Dal Molin, abriu a empresa Dal Molin Materiais de Construção. Foi lá, inclusive, que Clairê e Itacir tiveram seus dois filhos, Renan Cezar Dal Molin e Renata Dal Molin. Na época, Valmir Dalmolin, primo de Itacir, possuía uma obra em Itapoá (SC), e a família fornecia materiais de construção para essa obra. “Conheci Itapoá em 1998, por conta de Valmir, que até os dias atuais é grande amigo de nossa família. Lembro-me que voltei para casa, em Realeza (PR) com um calendário que continha uma foto aérea de Itapoá, era um calendário da Pousada da Barra, do professor Picolin. Pendurei o calendário na parede e disse aos meus filhos que um dia nós moraríamos naquele lugar”, recorda Clairê. E assim aconteceu. Depois de oito anos de atuação da empresa Dal Molin Materiais de Construção no município de Realeza, uma forte crise financeira na região fez com que a família tomasse novos rumos. Em 24 de julho de 1999, Clairê chegou a Ita-

poá “de mala e cuia” (como ela mesma conta), na companhia da filha Renata (na época, com 9 anos de idade), e dos funcionários José Carlos Cocco (mais conhecido como Zé) e Francisco dos Santos (mais conhecido como Chicão) – o filho Renan (na época, com 12 anos), concluiu os estudos na cidade natal e, ao fim do ano, também mudou-se para Itapoá. “Nossa mudança para Itapoá foi uma verdadeira aventura. Viemos apertados em um caminhão, que estava carregado de materiais de construção e um pré-moldado para construir a loja, parecia cena de filme”, recorda Claire. A família chegou ao município litorâneo ao Nordeste de Santa Catarina já com a intenção de abrir uma loja. Assim, em 29 de agosto de 1999, a empresa Realeza Materiais de Construção, que leva este nome em homenagem à cidade do Paraná, iniciou suas atividades na cidade de Itapoá. No início, contava com uma pequena loja na Avenida do Comércio, no bairro de Itapema do Norte, apenas dois colaboradores e um caminhão de entregas. Naquele tempo, os turistas tinham o frequente hábito de construir casas em

Itapoá e trazer os acabamentos de obra de suas cidades. Mas, quando chegou ao município, a empresa Realeza inovou, oferecendo variedade em pisos, azulejos e materiais de acabamento em estoque. Percebendo a necessidade de ampliação devido ao crescimento da cidade de Itapoá e do setor de construções, a empresa inaugurou sua segunda loja, na Avenida Brasil, no bairro Itapoá, no dia 11 de novembro de 2011, e Itacir começou a atuar na área da construção, através da Construtora Realeza. As lojas da empresa Realeza vendem materiais “do piso ao teto”, como diz Clairê. Hoje, a empresa conta com mais de 10.000 itens nas mais diversas áreas da construção, como materiais pesados, materiais elétricos, hidráulicos, ferragens, ferramentas, tintas, acessórios para pintura, pisos, acabamentos, produtos para piscina, entre outros tantos produtos para construção. Conforme Clairê, o grande diferencial da Realeza Materiais de Construção é a flexibilidade de pagamentos. A proprietária explica: “Oferecemos boas condições de pagamento, como parcelamentos,


aos nossos clientes. Gostamos de fazer parte do sonho de cada pessoa, seja ela com um poder aquisitivo menor ou maior. Todos os públicos são, para nós, muito especiais. Não é à toa que temos clientes que compram conosco desde que a primeira loja foi inaugurada, há vinte anos. Existem vários representantes que nos atendem e nos conhecem há muito tempo, que se lembram de meus filhos quando eram bebês, ainda em Realeza (PR), e, também temos vários funcionários com bastante tempo de casa, que hoje, fazem parte de nossa família. Gostamos de criar este vínculo com nossos clientes, vendedores e colaboradores”. Os anos se passaram e os filhos seguiram os passos da mãe. Renan cursou Administração e fez pós-graduação em Finanças, enquanto Renata formou-se em Arquitetura e Urbanismo. Hoje, contribuem com sua experiência e seu estudo nos negócios da família: Clairê administra a loja matriz, em Itapema do Norte, enquanto sua filha Renata administra a filial, no bairro Itapoá, que também atua

como arquiteta em paralelo à loja; Renan, por sua vez, cuida das finanças e da parte “burocrática” de ambas as lojas. “Por serem mais jovens, Renan e Renata puderam modernizar e trazer mais novidades à empresa. Meus filhos são grandes profissionais e me orgulho muito deles”, comenta Clairê. Com 28 anos de expertise na área de materiais de construção – 8 anos em Realeza e 20 em Itapoá –, Clairê se orgulha ao olhar para trás. “Minha maior alegria é ver que eu, Itacir e nossos dois filhos, em uma cidade totalmente nova à sua realidade, conseguimos vencer na vida. Poder educar e proporcionar uma vida melhor aos nossos filhos e, agora, aos nossos netos, é muito gratificante”, diz. Para ela, cada pessoa tem sua contribuição na trajetória da Realeza Materiais de Construção. “Gostaria de agradecer especialmente ao Valmir Dalmolim, pelo suporte necessário quando chegamos a Itapoá, e ao José Carlos, o Zé, que é nosso patrimônio, e está conosco até hoje. Meus funcionários são como minha fa-

mília, e eles escrevem essa história junto a nós. Também deixo um agradecimento aos nossos clientes, fornecedores, amigos, colaboradores e parceiros, que nos motivam todos os dias a seguir em frente”, agradece. Ao todo, são 35 funcionários que dão nome, dia após dia, à empresa Realeza Materiais de Construção, com a missão especial de lidar com os sonhos de moradores, turistas e investidores de Itapoá. Para Clairê, mais que sucesso ou dinheiro, o maior prazer é receber um cliente cheio de sonhos, emocionado e grato: “É um trabalho difícil, cansativo e muitas vezes estressante, mas volta e meia somos desarmados com alguma história que nos emociona. Alguém que com nossas possibilidades pudemos ‘ajudar’ a realizar o sonho da casa própria, vem e nos agradece por isso, mas que sabemos enxergar que ela mesmo trabalhou e batalhou para juntar suas economias todo mês e realizar esse sonho. Todos os dias eu me lembro de que não tenho nada a reclamar, somente a agradecer”.


alfabetização

A importância de valorizar o tempo de cada criança Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

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“A Maria aprendeu a ler e a escrever aos 6 anos de idade. O José já passa dos 7 e ainda não está alfabetizado”. “Seus irmãos nunca me trouxeram reclamação da escola, você não podia ser como eles?”. Falas como essas são bem comuns. Mas será que essas comparações são mesmo necessárias e relevantes? Para Patrícia Machado Pereira, pedagoga e pós-graduada em Psicopedagogia, de Itapoá (SC), os adultos devem evitar tais comparações, respeitar e valorizar o tempo, o jeito e as habilidades de cada criança – sobretudo na fase de alfabetização.

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o período da alfabetização, mais precisamente na aprendizagem da escrita e da leitura, tudo é novidade. Cada descoberta, cada sílaba ou palavrinha formada gera ansiedade nas crianças – e mais ainda nas famílias, ao acreditarem que sua criança “ficou para trás”. Com seus 28 anos de expertise na área da educação, Patrícia conta que, logo na Educação Infantil, os familiares surgem com muitas dúvidas e preocupações sobre o aprendizado de ler e escrever. Qual a idade certa? Será que meu filho está “atrasado”? Será que ele vai acompanhar a sala de aula? Conforme Patrícia, essa ansiedade pode atrapalhar

bastante o desenvolvimento dos pequenos. “Imaginem que a cada dia as crianças caminham um pouquinho mais em seu aprendizado que acontece ali, vivo, na experiência. Nesse sentido, elas estão absolutamente presentes no momento com todas as oportunidades e sentimentos. Estão brincando na praia, mexendo na terra, perto das pessoas que amam, solucionando jogos, brincando de ser detetive ou astronauta, gargalhando... estão simplesmente sendo crianças. Quando nós, adultos, chegamos a elas trazendo a preocupação do futuro, do fato de estarem ou não alfabetizadas, o que acontece é que convidamos as crianças a saírem desse processo que é tão primordial na infância”, explica. A profissional diz que não tem outro jeito: as crianças só aprenderão a ler e escrever se vivenciarem exatamente o passo a passo da caminhada. “É importante entender que cada criança tem seu tempo de desenvolvimento cerebral e, antes de chegar à alfabetização completa, o cérebro passa por diversas fases, onde em cada uma delas são adquiridas algumas habilidades, que partem de estímulos que essas crianças recebem. Por exemplo, antes mesmo de aprender a ler e escrever, a criança desenvolve outras habilidades, seja para a dança, os desenhos, os instrumentos ou algum esporte. Neste período, devem desenvolver bem a oralidade, a fantasia e a criatividade – e

os adultos devem vibrar com essas habilidades e dar tanta importância a elas quanto à alfabetização”, comenta.

“Antes de uma criança começar a falar, ela canta. Antes de escrever, ela desenha. No momento em que consegue ficar em pé, ela dança. Portanto, é importante priorizar outras áreas além da escrita, como a arte, que é fundamental para a expressão humana”, destaca Patrícia. Ainda, relata que certas crianças estão sendo rotuladas com algum transtorno de leitura ou escrita a partir dos 3 ou 4 anos de idade, quando ainda não estão maduras suficientemente para receberem certos estímulos. Em suas palavras: “A criança não deve ser ‘forçada’ a ler e a escrever até os 7 anos, pois essas cobranças estão gerando ansiedade tanto para as crianças quanto para as famílias. Deve-se respeitar a sua infância, o seu próprio tempo, o seu jeito e o interesse despertado por ela”. Para Patrícia, cada criança tem seu tempo e, mes-

mo estando com a mesma idade e na mesma sala de aula que os demais colegas, é injusto avaliá-las como um todo, pois somente fazendo uma avaliação individual, os familiares e professores estarão atentos às dificuldades e evoluções de cada um. A profissional salienta que, muitas vezes, são os adultos que trazem a preocupação antes da hora. Ela convida os adultos a seguirem por outro caminho: virarem um explorador com seus pequenos, descobrirem as letras junto deles e, enfim, descobrirem que todos os dias têm pequenos prazeres – e que aprender a ler e a escrever serão resultados naturais dessa linda jornada de muitos desafios, alegrias e descobertas. A aprendizagem da leitura e da escrita depende do passo a passo, do incentivo, da paciência e intervenção que podem fazer com as crianças, mediante a apresentação das letras por meio do brincar, dos jogos, das histórias, das músicas e da apresentação de materiais, como rótulos de produtos diversos, embalagens, letreiros, títulos de livros, etc. Nessa trajetória, é importante perceber atentamente o progresso e os avanços da criança no dia a dia.

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“Todos nós, pais e mães, familiares, educadores e cuidadores, podemos auxiliar essas crianças nessa fase, estimulando o cérebro a adquirir habilidades básicas para serem totalmente alfabetizados. Antes de chegar à leitura e escrita, brinque de faz-de-conta, brinque de subir e descer no escorregador, brinque de pega-pega na areia da praia, desafie as crianças a pular em um pé só, brinque! Na Educação Infantil é importante priorizar outros conteúdos além da escrita e da leitura, pois esses outros conteúdos, quando bem trabalhados, irão auxiliar no processo de alfabetização quando chegar a hora”, diz Patrícia. O brincar é entendido por pesquisadores como um modo de expressão e interpretação que a criança tem do mundo. Mesmo não sendo de uma forma escrita em papel é, sim, um formato de leitura e escrita sobre o mundo real.

“Familiares ansiosos passam ansiedade para a criança, e podem atrapalhar o seu processo de desenvolvimento. Por isso, desacelere e aproveite o tempo com sua criança com intensidade e qualidade”, comenta a pedagoga. Algumas crianças já deixam a Educação Infantil alfabetizadas, outras aprendem a ler e a escrever no 1º ano do Ensino Fundamental, enquanto outras o fazem no 2º ano, mas é importante lembrar que a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é de alfabetizar as crianças até o final do 3º ano do Ensino Fundamental, ou seja, quando as crianças estão com 8 ou 9 anos de idade. Portanto, se a criança tem 7 anos e ainda não consegue ler e escrever, Patrícia recomenda que os familiares

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fiquem calmos e, caso não consigam identificar qual habilidade ele ainda não adquiriu, procurem um profissional capacitado para lhe auxiliar. “Em casos de sinais mais profundos de atrasos e dificuldades de aprendizagem, frequentar aulas de reforço pode resolver o problema ou, então, a família e a escola devem buscar auxílio de psicopedagogos e neurologistas. Mas, vale frisar que, para identificar esses sinais mais profundos, é de suma importância que a família interaja com a escola, se faça presente na vida escolar da criança e, principalmente, que os familiares falem a mesma linguagem entre eles e na relação família X escola”, explica a profissional. Tudo isso, com o cuidado de deixar a criança segura e tranquila, sem demonstrar ansiedade a ela. Por fim, dá algumas dicas: “Não permita que sua ansiedade prejudique o processo de seu filho e evite as

comparações, porque, sim, cada criança alfabetiza-se em seu tempo. Por outro lado, valorize cada momento de escrita de seu filho e vibre com ele diante de cada etapa alcançada, estimule situações de leitura e escrita na rotina familiar e, claro, sempre que necessário esclareça suas dúvidas junto à escola”.

“Não pule etapas, pois isso pode gerar um grande trauma na criança. Pense que está evoluindo, porém no seu tempo, e não no tempo do seu coleguinha que senta na carteira ao lado, não do filho daqueles pais que sentaram ao seu lado na reunião de pais nem no tempo daquela criança que brinca com ele no parque. Observe apenas a sua criança”, orienta Patrícia.


Pare de comparar uma criança com a outra

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onforme a pedagoga, muitos adultos têm o péssimo costume de comparar uma criança com a outra, e isso pode levar à frustração. “Quando a comparação é feita, a criança pode pensar que não é capaz. Cada criança tem suas próprias habilidades. Uns são mais das artes, outros mais dos esportes, outros mais da comunicação, outros mais dos números e assim por diante. Cada pessoa tem o seu próprio tempo e quando certos acontecimentos não ocorrem no tempo convencional, muitos pais acabam ficando frustrados e

transmitindo esse sentimento para as crianças”, diz. Em médios e longos prazos, uma criança que foi comparada ou estimulada a se comparar com outras pode desenvolver um sentimento de inadequação. Patrícia diz que isso é bem comum em adolescentes que, ao não se encaixarem em padrões de determinados grupos, passam a se considerar parte do que eles mesmos chamam de “grupo dos excluídos”. “A autoestima deles, geralmente, é muito baixa. Quando questionados sobre as próprias qualidades, não sabem elencar. Isso os leva a uma falta de motivação e a ques-

tionamentos da própria capacidade, levantando questões como ‘no que eu sou bom?’ ou ‘será que existe algo que eu possa fazer’”, afirma. Refletir a partir das atitudes da criança também ajuda na autoconfiança. A profissional recomenda que o adulto estabeleça um diálogo claro com a criança, esclarecendo as situações a partir das atitudes que ela mesma demonstrou. Assim, os pais podem estimular o sentimento de autoconfiança, o desenvolvimento emocional e o senso de responsabilidade individual. Ainda, destacar as qualidades ajuda no desenvolvi-

mento. “Crianças criadas no mesmo meio, em uma turma da mesma faixa etária ou até mesmo irmãs precisam ser respeitadas na própria individualidade. Ao invés de comparar as habilidades ou o desempenho escolar dos pequenos, por exemplo, a família pode evidenciar as qualidades de cada um e trabalhar, separadamente, o desenvolvimento das áreas nas quais a criança não tem muita aptidão. Assim, ela pode se tornar mais confiante”, explica Patrícia. Aproveite para mostrar para a criança que ser diferente é algo valioso, pois é o que torna cada ser humano único.

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educação

Tecnologia para crianças: vilã ou aliada?

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Em uma era em que os familiares têm cada vez menos tempo para suas crianças e as novas tecnologias invadem nossas casas e escolas, os celulares, os tablets e computadores têm sido usados para entreter, ensinar e acalmar. Mas, afinal de contas, a inserção tão precoce no mundo da tecnologia é benéfica para os pequenos? Para refletir sobre essa questão, conversamos com Mahara Hermógenes, psicopedagoga e proprietária do Cantinho das Possibilidades – Psicopedagogia Clínica e Educação Especial, em Itapoá (SC).

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geração de crianças que nasceu após os anos 2000 é muito privilegiada quando o assunto é tecnologia. E, se até pouco tempo atrás os pais penavam para encontrar a dose ideal de televisão e videogame na vida das crianças, hoje ainda precisam incluir tablet, celular e computador na mesa de negociações. Se, de um lado, algumas empresas vendem suas soluções como milagres da ciência, que podem alfabetizar, ensinar matemática, ou línguas estrangeiras; do outro lado há pais e educadores que defendem a proibição total das telas até o começo da puberdade. Até aqui, já deu para notar que quando o tema é a inserção precoce no mundo tecnológico, muitos dividem opiniões. O norte-americano Jim Taylor, PhD em Psicologia, por

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exemplo, é crítico ferrenho da influência tecnológica no mundo infantil. Ele analisou a relação criança X tecnologia e constatou que a geração atual de crianças está deixando de desenvolver a empatia (a capacidade de colocar-se no lugar do outro) e está menos altruísta, ou seja, menos preocupada em ajudar ou oferecer coisas boas ao próximo. Por sua vez, Jordan Shapiro, professor e filósofo, acredita que, em vez de recriminar seus filhos pelo uso frequente de dispositivos móveis ou videogames, os pais deveriam se juntar às crianças nessas atividades. Ele defende que, ao participar de um jogo online, por exemplo, uma criança poderia ter contato com outras realidades, culturas e até mesmo nacionalidades. Para a psicopedagoga Mahara, as ferramentas tecnológicas fazem parte da nossa vida, mas tudo em excesso pode nos fazer mal, e o uso descontrolado da tecnologia, tanto no ambiente escolar quanto familiar, pode atrapalhar o aprendizado da criança.

“Não é exagero se preocupar com o uso irresponsável ou sem planejamento dessas ferramentas, que estão sendo usadas como ‘babás’. A tecnologia não deve substituir as relações pessoais, como o convívio com os colegas de sala de aula e familiares”, diz a profissional. Segundo ela, a superexposição de criança a celulares, computadores, tablets e televisões pode estar relacionada ao déficit de atenção, atrasos cognitivos, dificuldades de aprendizagem, impulsividade e problemas em lidar com sentimentos como a raiva. Outros problemas comuns seriam a obesidade (porque a criança passa a fazer menos atividade física), privação de sono (especialmente quando a criança usa os aparelhos dentro do quarto) e o risco de dependência por tecnologia. Em contrapartida, tais ferramentas podem ser utilizadas para fins educacionais ou criativos. Conforme

Mahara, as crianças precisam, sim, ter acesso às possibilidades oferecidas pela tecnologia – desde que de uma forma organizada e orientada para que possa levar a um efetivo aprendizado. Adultos precisam dar o exemplo De acordo coma psicopedagoga, é importante lembrar que a imposição de regras não funciona se os próprios familiares exageram.

“A primeira coisa que os familiares devem fazer é se perguntar se eles mesmos não estão usando celulares, tablets e computadores demais. Famílias que ficam só assistindo à TV ou cada um com seu celular enfraquecem seus vínculos. Portanto, o uso saudável não vale somente para os baixinhos”, afirma. Mas o outro lado do extremismo também é difícil.

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Na rotina corrida, às vezes ligar a tela funciona como uma forma de “desligar” um pouco o rebento para, assim, poder cuidar dos afazeres domésticos. Uma saída para driblar os excessos é estabelecer períodos offline diários para toda a família. Com base em sua experiência pessoal, Mahara, que é mãe de Ademar Ribas do Valle Neto, o Ademarzinho, de 7 anos de idade, diz que manter o diálogo e investir em atividades familiares é uma boa forma de ajudar os pequenos a não se tornarem dependentes da tecnologia. “Eu, particularmente, sou adepta às redes sociais e nós temos, sim, nossos momentos de tecnologia. Mas, ainda assim, não deixamos de lado atividades importantes, como uma caminhada à beira-mar para recolher o lixo encontrado na praia, atividades culturais, a prática de um esporte ou simplesmente uma conversa gostosa em família”, conta. Outro ponto é não estimular antes do tempo as crianças a manipularem os equipamentos. Na opinião

de Mahara, o melhor é deixar que elas mesmas demonstrem, de forma natural, o interesse pelos aparelhos, e só depois disso os familiares apresentem de forma correta. Tecnologia como ferramenta pedagógica Muitas escolas acreditam que a tecnologia possa verdadeiramente ajudar na educação de crianças e adolescentes. “A educação tradicional, baseada em um mesmo estilo há centenas de anos, não acompanhou os avanços tecnológicos e acabou ficando para trás. A tecnologia é, sem sombra de dúvida, uma grande ferramenta pedagógica, pois coloca à disposição do aluno um universo de possibilidades impossíveis com o tradicional ‘copiar do quadro’”, explica. Instituições de ensino que passaram a usar aparelhos eletrônicos de maneira mais produtiva e inteligente fazem da tecnologia uma aliada na educação de crianças e adolescentes. Tal método de ensino apresenta

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resultados positivos, como aulas mais lúdicas e interativas; aumento no desempenho do raciocínio lógico; estímulo do senso crítico; contribuição para a futura formação profissional, entre outros. Segurança Não existem “regras” para um uso pedagógico das tecnologias. Entretanto, é importante seguirmos algumas orientações que contribuem para o uso pedagógico das tecnologias, como não deixar o computador no quarto das crianças para afastá-las do uso excessivo ou estipular um horário para que fiquem em frente às telas.

Conforme Mahara, é fundamental que os familiares fiquem atentos à questão de segurança dos pequenos na internet, pois, infelizmente, são comuns os casos de crianças e adolescentes que acabam sendo vítimas de pedófilos através da rede.

Para diminuir os riscos de que isso aconteça, é importante orientar as crianças a usar de forma adequada a internet, evitando, por exemplo, conversas em chats com desconhecidos e divulgação de dados pessoais. A instalação de ferramentas de monitoramento ou bloqueio de alguns conteúdos da internet é outra forma de proteger os pequenos. Manter o computador numa área comum da casa com a tela sempre visível e limitar o tempo de uso do equipamento também pode ajudar. Mas o mais importante, nas palavras da psicopedagoga, é “manter diálogo com a criança, mostrando-se disposto a esclarecer dúvidas e explicar os motivos pelos quais é preciso usar com cautela as novas tecnologias”. Por fim, a profissional conclui que as mídias interativas, se utilizadas pelas crianças de maneira organizada, orientada e segura, podem apoiar experiências ativas, “mão na massa”, criativas e engajadoras.


7 maneiras de usar a tecnologia a favor de sua família 1. Crie vínculos Joguem juntos, assistam a canais de TV ou YouTube que façam sentido para a criança, e, depois, usem essas informações para conversas sobre os mais variados assuntos. 2. Estimule a imaginação Anote a dica de Mahara: se o seu filho gosta de assistir aos youtubers, que tal brincar de criar seus próprios vídeos? Atividades como essa estimulam a oralidade, a criatividade e a desenvoltura. 3. Viajem juntos por aí! Google Earth e diversos outros sites e aplicativos podem levar vocês a qualquer lugar que quiserem visitar, à distância de um clique. 4. Conectem-se a outras pessoas A tecnologia deve ser usada para aproximar, não para distanciar. Chamadas de vídeo, por exemplo, diminuem a saudade da avó ou do amigo que mudou para longe.

5. Incentive a leitura Já existem versões interativas incríveis de livros digitais para crianças. Isso sem falar que, além de sustentáveis, muitos são gratuitos ou mais baratos que os impressos. Mas isso não quer dizer que os livros impressos devam perder de vez a sua magia! 6. Use a internet para aprender algo manual Seguindo tutoriais de canais no YouTube, é possível aprender novas coreografias de músicas, estudar uma nova língua, fazer dobraduras de papel, bolhas de sabão gigantes, slime, massinha de modelar caseira, pulseirinhas de elástico, produzir sua própria horta, entre outras atividades. A rede é uma fonte inesgotável de brincadeiras novas e artesanatos para vocês fazerem juntos. 7. Amplie o repertório das crianças Milhões de músicas, espetáculos e filmes estão disponíveis online. Que tal mostrar ao seu filho quais eram os seus preferidos na infância?

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educação

Alfabetização e a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

As séries iniciais do Ensino Fundamental são marcadas por muitas descobertas, especialmente das linguagens formais, que envolvem também o domínio da leitura e da escrita. Para falar sobre esse processo de descoberta e libertação que é a alfabetização, conversamos com Vânia Cleusa Pinto da Silva, de Itapoá (SC), formada em Pedagogia Anos Iniciais.

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rofessora alfabetizadora há 29 anos, atualmente Vânia trabalha na Secretaria de Educação de Itapoá. “Não me imaginava trabalhando com crianças. Escolhi o magistério a pedido de minha mãe, que ‘respirava’ escola”, recorda. Vânia, então, iniciou como professora aos 17 anos de idade, na cidade de Itajaí (SC). Para ela, ter sido professora alfabetizadora foi sua melhor escolha: “Não saberia fazer outra coisa. É um privilégio ser feliz naquilo que se faz. A alfabetização me encanta e me emociona”. A profissional gosta muito de um trecho do livro O Menino Que Aprendeu a Ver, de Ruth Rocha, que diz: “O mundo é cheio de coisas para se ver, umas a gente entende, outras não pode entender... as coisas do mundo a gente precisa aprender e é isso que se descobre quando se aprende a ler”. Para Vânia, essa é a mágica da alfabetização: “você desvendar os olhos para o mundo e contribuir para que as crianças pequenas percebam que há outra forma de representar o mundo que não mais somente pelo desenho, que percebam a escrita e passem a entender que ela 16 | Agosto 2019 | Revista Giropop

permite a comunicação, tudo que é dito pode ser escrito”. É uma grande responsabilidade proporcionar às crianças uma prática educativa de qualidade, que leve em conta a concepção de infância, que considere o percurso da criança, que valorize o erro como sendo parte do processo, que entenda o contato que ela tem em maior ou menor grau com as práticas de leitura e escrita. Conforme Vânia, é imprescindível fazer a relação entre educação e cultura, entendendo a cultura como prática social, construída e aprendida nas práticas de utilização da linguagem, e a linguagem escrita compreendida como bem cultural, de interação e inclusão social. “Poder contribuir no processo de aprendizagem de uma criança, acompanhar as suas descobertas, as hipóteses de representação da escrita e as tentativas de leitura é recompensador”, comenta. Quando uma criança se alfabetiza acontece um processo de libertação e autonomia.

A pedagoga explica que, neste processo, a afetividade, o acolhimento, o respeito e a paciência são elementos importantes, sabendo que cada um tem seu tempo. Exigências acontecem nesse período, muitas vezes interrompendo a construção efetivada na Educação Infantil. Portanto, faz-se necessário ter um olhar cuidadoso, uma escuta atenta à transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. “Não há motivos para essa fase ser traumática, com rompimento brusco. Quanto mais harmoniosa for essa passagem, mais condições a criança terá de manter seu interesse em aprender”, explica Vânia.

No momento em que a criança ingressa no Ensino Fundamental tudo se agiganta – os espaços, as responsabilidades, tudo ganha um tom sério. “Os pais verbalizam ‘agora chega de brincadeira, é hora de estudar’. Tomando essa fala, entendemos que família e escola se complementam na tarefa da formação social da criança, cada uma com sua função. A participação da família na vida escolar da criança possibilita a ela segurança, valorização de suas descobertas, das novas experiências”, explica. De acordo com a pedagoga, a família deve acompanhar a criança não somente na cobrança de tarefas, mas, incentivando, vibrando com as conquistas, estimulando a enfrentar desafios, lendo histórias, valorizando a escola, organizando uma rotina de estudos que contemple um local para estudar em que a criança não se distraia com horário fixo para o estudo e que ela possa ter disponíveis os materiais necessários. Ela ainda ressalta que o desejável na tarefa de casa é que “os pais orientem seus filhos, e nunca façam a tarefa por ele”, ou seja, é importante estar à disposição para tirar dúvidas, sabendo que cabe ao professor corrigir o dever de casa. Por fim, a profissional cita o Art. 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (2004, p.27), que diz: “A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Sendo assim, Vânia conclui que a escola precisa dos pais na escola, para que, em parceria, se garanta a educação e a criança seja a principal beneficiada. Em suas palavras: “alfabetização é isso, compromisso, seriedade, responsabilidade, e também alegria, diversão e amor”.



educação

As maravilhas e a importância do brincar Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

“A criança que brinca é mais feliz, sorri, abraça, partilha das coisas e dos sentimentos, tem melhor autoestima, é empática e solidária” – assim diz Fabiani Roberta Pereira, pedagoga e coordenadora pedagógica em Itapoá (SC). Para Fabiani, as famílias devem desacelerar, brincar com sua criança e aproveitar os momentos, ainda que sejam curtos, com intensidade e qualidade.

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esde o início de sua trajetória profissional, Fabiani atua na área da Educação Infantil. Com mais de 15 anos de experiência, a pedagoga trabalhou como professora, mas boa parte de sua trajetória se deu enquanto coordenadora pedagógica. Atualmente, atua na Secretaria Municipal de Educação como formadora, trabalhando junto aos professores da rede municipal de educação de Itapoá. Para a profissional, a cobrança dos familiares no período da alfabetização deve ser repensada. “Penso que os pais que fazem isso, fazem porque aprenderam assim, seus pais os cobravam desta maneira na infância. No entanto, o que temos que considerar hoje é que a infância não é mais a mesma. Antigamente, passávamos a maior parte do tempo brincando e poucas horas na escola,


hoje é o contrário, sem falar no fato de que as crianças de hoje não brincam mais nas ruas ou na natureza, passam muito tempo em frente à televisão, celular ou computador. Portanto, é bem importante que os pais entendam que o brincar é essencial e deve vir antes e durante a aprendizagem”, explica. Quando as crianças iniciam na fase escolar, vêm de uma fase anterior que é da pré-escola, na qual segundo autores como Elkonin e Leontiev, as crianças têm como atividade principal a brincadeira (jogo simbólico), o que auxilia na percepção que se tem do mundo, das coisas a sua volta e é influenciado pela relações entre as pessoas. Nesse sentido, é importante pensar que quando as crianças entram nos anos iniciais aos seis anos de idade, ainda se encontram no estágio dos jogos simbólicos e, portanto, considerar as brincadeiras como parte da rotina das crianças permite que essa transição seja mais tranquila e prazerosa, facilitando essa mudança que acontece quando elas entram na escola e têm agora como atividade principal, segundo os autores acima citados, o “estudo”. Conforme Fabiani, muitos autores e estudos afirmam que a criança que brinca mais, é mais feliz. “Quando a criança brinca, está procurando um jeito de entender o mundo, de se ajeitar nele, de compreender como as coisas acontecem e porquê acontecem. Uma

criança que brinca está procurando uma maneira de reinventar o mundo, de sonhar outras coisas e, acima de tudo, ela acredita que um dia irá realizar essas coisas, e por isso é fantástico!”, explica.

Fabiani afirma também que a criança que brinca é mais confiante em suas ações, seus gestos e movimentos, em suas palavras e na resolução de conflitos, bem como consegue se relacionar com outras crianças e adultos com mais autonomia e desenvoltura.

mente? Para a profissional, não existe um motivo único para esta atitude, mas, sim, várias possibilidades. “Um exemplo é o fato de hoje a maioria das mães, pais e avós precisarem trabalhar e não serem mais uma figura presente durante o período em que as crianças estão em casa, não tendo com quem

Ainda, conta que a criança que brinca é feliz, sorri, abraça, partilha das coisas e dos sentimentos, tem melhor autoestima, é empática e solidária. Segundo Vygotsky, a criança que brinca desenvolve as funções psíquicas superiores, como atenção voluntária, percepção, a memória e pensamento, pois são funções que determinam o comportamento do ser humano. Portanto, o brincar influencia, sim, no processo de desenvolvimento das formas superiores de conduta da criança. O papel da família e da escola Por que, cada vez mais, as famílias privam a criança da infância, enchendo-lhe de responsabilidades tão precoce-

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deixá-las. Então, ocupa-se a agenda da criança com aulas de música, reforço, idiomas, entre outras atividades que não o brincar livremente. Não que tais atividades não sejam importantes, mas há que se ter cuidado para não sobrecarregar a criança. Outra possibilidade seria a crescente cobrança da sociedade capitalista, uma sociedade na qual existe muita concorrência. Portanto, a ideia de que quanto mais cedo se aprende determinadas coisas, mais aquele indivíduo irá se destacar. Infelizmente, isso é muito comum, esquecendo-se de priorizar a infância, o que é importante para esta fase” afirma. A pedagoga ressalta que, autores, como Leontiev, Elkonin e Vygotsky, afirmam que todos nós passamos por estágios ou períodos de desenvolvimento desde os primeiros dias de vida, e defendem em sua teoria que cada estágio tem como característica uma atividade principal que determina a forma de relação do indivíduo com a realidade, e que é “a sociedade que determina o conteúdo e a motivação na vida da criança”.

As demandas sociais é que determinam quando a “infância” termina. No entanto, Fabiani afirma que é muito mais agradável pensar que a infância nunca termina e, sim, vive eternamente em todos nós.

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Quanto à fase em que os familiares devem cobrar amadurecimento, a profissional explica que não existe uma idade determinada, mas, sim, períodos de desenvolvimento e de transição do indivíduo, nos quais o amadurecimento acontece. Por exemplo: a criança na idade pré-escolar tem, segundo os autores acima citados, como atividade principal o jogo e a brincadeira; na idade escolar a atividade principal é caracterizada pelo estudo (sem perder de vista os jogos e brincadeiras), na adolescência tem uma nova transição e a atividade principal é caracterizada pela comunicação íntima pessoal e, por fim, na idade escolar avançada a atividade profissional de estudo. Mas, vale frisar: cada indivíduo tem seu tempo, aprende e se desenvolve de maneira diferente. Para tais percepções, Fabiani orienta que estejam atentos, observando e auxiliando suas crianças no alcance de objetivos e superação de desafios, sempre em contato com a escola. Mas, diante desse período de cobranças excessivas, qual o papel da escola? Fabiani entende que o papel da escola nos anos iniciais deve ser trabalhar os conhecimentos historicamente elaborados e determinados pelo currículo, ou seja, o que foi elencado como importante para as crianças aprenderem. Ela acrescenta: “Também entendo que deve ser papel da escola considerar os conhecimentos das crianças e elevá-

-los a um nível de conhecimento maior, científico, para que façam escolhas melhores e para que se posicionem na sociedade de forma consciente e crítica. Nesse processo, é muito importante respeitar os estágios de aprendizagem de cada criança para que não se façam cobranças desnecessárias”. Uma infância saudável Quando se fala em alfabetizar, vai muito além de aprender letras e números e saber lê-los. Fabiani explica que, para que uma criança se alfabetize, “é preciso antes brincar muito; ter contato com muitos livros, histórias; interagir com outras crianças e adultos; ter contato com obras de arte e artistas; ter contato com as letras e números através de brincadeiras dentro de um contexto significativo, ou seja, que não esteja desconectado da realidade que a cerca; ter uma rotina estabelecida que respeite a idade em que se encontrem e, acima de tudo, participar de atividades que lhes motivem, que lhes causem curiosidade e ânsia de aprender”. Uma infância saudável, na opinião de Fabiani, é aquela em que se pode estar perto de pessoas que se amam e se respeitam; é brincar na praia ou no rio; andar de bicicleta; conhecer lugares diferentes; ir a escola e ter amigos; assistir a um filme em um dia chuvoso no aconchego de sua casa ou brincar na chuva em um dia de verão; é ter pes-


soas que lhe cobrem afazeres e responsabilidades, pois desta forma saberá que se importam; é ter o direito de ser criança, de imaginar, de chorar e de ser acolhida; é ter alguém que lhe ensine a respeitar e a ser solidário com os outros. Para que as famílias desfrutem deste período tão mágico e valioso, a pedagoga Fabiani aconselha: “Desacelere, brinque com sua criança, aproveite os momentos, ainda que sejam curtos, com intensidade e qualidade. Permita-

-se ser criança e se divertir quando estiver com os pequenos. Estabeleça um momento na agenda da criança e também na sua, para que seja o momento de vocês. Proporcione contato com a natureza, com o chão, com á água e o vento. Vá ao cinema, a um museu ou simplesmente ande de bicicleta – o importante é estar com a criança e dar atenção a ela, pois são momentos que com certeza farão a diferença nas memórias dos seus filhos”.

Brincadeiras e jogos de qualquer natureza, quando realizados em família, sempre são positivos, pois aproximam e possibilitam expressar angústias, fragilidades e potencialidades, criam vínculos de confiança e afetividade e, principalmente, proporcionam prazer e alegria.

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COMPORTAMENTO

Educação, crianças e familiares

Segundo a psicóloga Danielle Marques Moro Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Nesta edição da Revista Giropop, voltada à educação, aprendizagem e relação entre familiares e crianças, entrevistamos a psicóloga Danielle Marques Moro, atuante há 20 anos, para sanar algumas das principais dúvidas sobre o tema. Você costuma atender muitos casos de familiares que buscam uma solução para as dificuldades de sua criança na escola? Psicóloga Danielle Marques Moro: Sim, geralmente os genitores, principalmente a genitora, procura o atendimento por encaminhamento da escola quando a criança apresenta dificuldades para aprender e/ou quando apresenta comportamentos negativos, opositivos, ansiosos e outros. Em quais situações os familiares podem e devem levar suas crianças a um psicólogo? Psicóloga Danielle Marques Moro: No momento, acredito que os familiares podem e devem procurar conversar com um psicólogo em qualquer situação em que se sintam inseguros frente ao comportamento negativo e ou estranho de sua criança. O ideal é que as pessoas possam se sentir seguras procurando a orientação sobre comportamentos com profissionais que estudam o comportamento humano, no caso de crianças, que sejam especialistas nesta área. Você observa algum “erro” muito frequente dos pais na educação de seus filhos? Cobrar mudanças da criança e não dar um bom exemplo a ela pode ser um deles? Psicóloga Danielle Marques Moro: É difícil falar em “erros”, pois acredito que todos queremos acertar, mas nem sempre sabemos como agir, nem o que pensar ou sentir. Neste momento, algumas pessoas podem ficar confusas e inseguras, agindo de várias maneiras com permissividade; rigidez e criticidade; de forma punitiva; autoritária e outros, não conseguindo encontrar estabilidade. Com relação ao exemplo, a própria palavra já diz, é um modelo que pode ser imitado, então os adultos são modelos para as crianças o tempo todo e em todos os contextos. O erro é acreditarmos que nossas crianças não nos observam e que podemos ludibriá-las. Hoje em dia, com a informação à palma da mão, sabemos de muitos casos de crianças e adolescentes sofrendo de depressão ou, até mesmo, se suicidando. A que você atribui esses fatos? Psicóloga Danielle Marques Moro: A de22 | Agosto 2019 | Revista Giropop

pressão é uma doença neuroquímica, ou seja, uma desordem que acomete os neurônios quando estes se comunicam, e necessita de tratamento medicamentoso como qualquer órgão doente e também psicoterapia, consistindo em um tratamento combinado. Então, temos uma predisposição cerebral a desenvolver doença mental inserido em um contexto não saudável, muito provavelmente essa criança vai desenvolver um transtorno como a depressão e, ainda, pode desenvolver em conjunto com este vários outros aos quais chamamos de comorbidades. Qual a sua opinião sobre as crianças receberem contato frequente com celular, tablete e outros aparelhos tecnológicos tão precocemente? Psicóloga Danielle Marques Moro: A tecnologia existe para nos ajudar, é uma ótima ferramenta em todas as instâncias, mas algumas pessoas não fazem bom uso destes equipamentos. A criança não nasce carregando um aparelho eletrônico no bolso, ela nem tem conhecimento do nome das partes de seu próprio corpo, pois quem a ensina são seus cuidadores, então, somos nós, adultos, que apresentamos estes aparelhos e os ensinamos a fazerem uso na idade em que “achamos” ser o correto. Cabe aqui uma reflexão: será que estamos apresentando a tecnologia para as crianças de forma assertiva? Você acredita que existe uma “idade certa” para apresentar estes aparelhos tecnológicos às crianças? Psicóloga Danielle Marques Moro: Com relação à idade certa, é preciso pensar qual o objetivo do uso do aparelho para a idade em que se encontra e o que “quero” que ele aprenda. Lembrando que aprendemos observando e imitando. Como os familiares podem lidar com a “birra”? É imprescindível saber dizer “não”? Psicóloga Danielle Marques Moro: A “birra” é uma forma de dizer que algo não está a seu contento e a criança vai promover esse comportamento se tiver o reforço positivo de seu cuidador. O “não” é de suma importância na vida de qualquer pessoa, é o limite que

deve ser respeitado. A criança precisa aprender a conviver com as frustrações que sempre farão parte de sua vida independente de sua idade e, se não ajudarmos a criança a agir de forma assertiva nestas situações, teremos graves problemas futuros quanto ao comportamento. Comparar uma criança aos seus irmãos, primos ou colegas de classe, seja nas dificuldades de aprendizagem ou nas habilidades que possui, pode acarretar em problemas futuros? Psicóloga Danielle Marques Moro: Muitos e graves problemas. Cada criança é um indivíduo único com suas múltiplas inteligências e formas de aprender. A criança precisa ser respeitada assim, como qualquer pessoa. Será que um adulto gosta quando é comparado a um colega de trabalho? Ou com um jogador de seu time? A comparação tende a identificar o “mais” e o “menos”, ou seja, o “melhor” e o “pior” e pode gerar insegurança, raiva, medo, abandono... pode acreditar não ser amado como o outro pois não é tão “bom” quanto. Seria correto afirmar que, em muitos casos, o problema da criança está nos familiares e não nas próprias crianças? Psicóloga Danielle Marques Moro: Bem, primeiro temos o adulto e depois a criança, então, o problema se estabelece nas relações que os adultos promovem com seus filhos, alunos, sobrinhos e outros. Muitas vezes, os pais optam por levar seus filhos aos psicólogos por ‘n’ motivos. Mas você concorda que, em certas situações, os adultos também deveriam procurar ajuda? Psicóloga Danielle Marques Moro: Com certeza. Na minha prática, o primeiro atendimento é para os pais (responsáveis/cuidadores), sem a criança, para que eu possa realizar uma anamnese e ouvir a queixa. A partir deste primeiro contato, deixo claro que a criança é o “paciente”, mas se houver necessidade, ele também será encaminhado para psicoterapia. Se o contexto está doente todos devem ser tratados.


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INCLUSÃO

Deficiências/transtornos: preconceito e diagnóstico Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Jovita Márcia da Silva é formada em Pedagogia, com habilitação em Orientação e Administração Escolar, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, e em Educação Especial. Atualmente, trabalha como orientadora educacional na Escola Municipal Ayrton Senna, ministra palestras sobre Inclusão Escolar e atua como psicopedagoga na Clínica Integradas de Itapoá. Em entrevista à revista Giropop, Jovita esclarece dúvidas sobre diferentes tipos de déficit/transtornos, os papeis da escola e da família neste processo, preconceito, negação e diagnóstico. Primeiramente, qual a diferença entre deficiência e síndrome? Jovita Márcia da Silva: Deficiência quer dizer “insuficiente, insatisfatória”. Segundo a psicologia, diz-se de uma pessoa diminuída das faculdades físicas ou intelectuais. Pessoas com desenvolvimento incapaz, em termos mais específicos é um déficit, que pode ser intelectual, físico, visual, auditivo ou múltiplo (quando atinge duas ou mais áreas). Já síndrome, é uma série de sinais e sintomas juntos. Qual delas é mais comum nas escolas? Para cada uma, há um tratamento? Jovita Márcia da Silva: Hoje, o mais comum nas escolas é TDAH (Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade) e D.I (Deficiência Intelectual). A primeira e mais importante etapa do tratamento é a conscientização do paciente e dos

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familiares, esse é o primeiro passo para um tratamento. O tratamento precisa ser uma combinação de medicamentos, orientações aos pais e também aos professores, além da psicoterapia. Em qualquer suspeita, quais profissionais os familiares devem buscar? Jovita Márcia da Silva: A criança precisa ser encaminhada para uma avaliação de um especialista. Os exames completos mentais, nutricionais, físicos, psicossociais e de desenvolvimento, são muito importante para iniciar um diagnóstico. O diagnóstico é confirmado após várias observações desses especialistas como psiquiatras, psicólogos e neurologistas. Após todos esses procedimentos, a criança poderá ser encaminhada para intervenções e acompanhamento. Nesse processo, é imprescindível conhecer toda história de vida da criança através de uma

anamnese realizada com muito cuidado e atenção, deve-se estar atento a todo relato da família e também observar todo o contexto educacional, procurando conhecer o desenvolvimento dessa criança. Se basear em informações encontradas na internet pode ser um erro? Jovita Márcia da Silva: Quando se trata de diagnósticos, nunca aconselho buscar na internet nada. Primeiro, porque na internet você tem diferentes abordagens sobre o mesmo tema, o que poderá lhe confundir, já que trata se de alguém leigo no assunto. Os pais podem, ao buscar informações na internet, deixar-se enganar quanto às informações e complicar ainda mais o caso. Existe um profissional para cada tipo de necessidade humana. Ao buscar informações deve-se, inclusive, estabelecer um diálogo com o


profissional para que os próprios pais sejam orientados, tirem suas dúvidas e trabalhem psicologicamente com suas fantasias e mitos sobre o que o filho tem. Também não será a internet que poderá avaliar as especificidades de cada caso. Você tem muitas vezes um tipo de diagnóstico que poderá se desenvolver de diferentes formas em cada indivíduo, pois cada ser humano é um e circundado por diferentes idiossincrasias. Como as famílias podem ter este olhar mais direcionado para sua criança? Jovita Márcia da Silva: Muitas vezes, a família é um dos desafios com os quais temos de lidar quando se trata de uma criança com deficiência/ transtornos. De repente você percebe que aquele filho imaginado, não é o mesmo que nasceu e se desenvolveu. Os pais precisam fazer este luto do filho imaginado e deparar-se com o filho real e todos os possíveis desafios que isto significa quando se trata de crianças com déficit/transtornos. A própria abordagem escolar precisa ser de acolhimento a estes pais, transformá-los em parceiros e junto com eles repensar formas e métodos de desenvolver esta criança. Tendo a família como parceira, podemos fazer muito mais no desenvolvimento e estimulação deste educando, até porque, o que se finalizou na escola naquele dia, pode ser continuado nos demais dias em casa. Então, qual é o papel do professor em sala de aula para que perceba algum transtorno? Jovita Márcia da Silva: O professor tem sempre que ser um mediador entre o aluno e o conhecimento, levando em conta que aquele ser diante de si não é necessariamente alguém que veio esvaziado de conhecimento. Hoje, existem pesquisas que apontam que uma criança quando entra nas séries iniciais já esteve diante de uma TV por pelo menos 5 mil horas, ou seja, já vem com algumas formações de valores e informação. Para que um professor possa observar se depois de descartadas todas as questões que afetam a relação ensino/aprendizagem e ainda assim o aluno vem enfrentando dificuldades, é necessário conhecimento por parte deste educador sobre a matéria que versa a respeito das deficiências e transtornos.

O que é necessário para trabalhar com alunos de inclusão? Jovita Márcia da Silva: Para trabalhar com alunos de inclusão, não basta apenas querer, são necessários outros fatores, como conhecimento sobre as variadas formas de deficiências e transtornos, e trabalhar com cada um deles a fim de extrair o máximo deste aluno. É preciso avaliar se houve desenvolvimento a partir de avaliação diferenciada e, o mais importante, explorar não as dificuldades e, sim, as potencialidades deste aluno. Para um professor que conhece o assunto, ele sabe que não pode fixar-se naquilo que tem sido a barreira e, mas sim, concentrar-se e desenvolver ao máximo as qualidades que o aluno possui – esta é uma das premissas básicas da educação de linha histórico-culturalista de Vigostki. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o resultado? Jovita Márcia da Silva: Com certeza, tudo que pudermos diagnosticar corretamente cedo, as chances de estimulação, correção e desenvolvimento será melhor. Qualquer tipo de alteração em um ser humano, quanto antes observado e diagnostica, melhor será o prognóstico. Como trabalhar o preconceito e a negação dos familiares? Jovita Márcia da Silva: A negação é uma das partes integrantes do luto. Que luto é este? Você sonha um filho, constrói este filho no imaginário e após seu nascimento, este imaginário esteve aquém do que a realidade lhe mostra. Esta constatação é uma morte. É necessário fazer o luto e deixar morrer este filho do imaginário para nascer o filho real. Se a família continua encobrindo esta realidade, vai ser quase impossível trabalhar com esta criança, pois aquilo que o educador oferecer à família como possibilidade, não será aceita, a família vai desejar sempre além do que se apresenta o quadro real. Neste sentido, é necessário ajudar a família a fazer este luto. E a primeira fase do luto é a negação. Não adiante bater de frente e, sim, orientar pacientemente o processo, estar ao lado da família enlutada na saída deste estado, e não adianta ter pressa. Se adiantarmos o processo, a família se tornará resistente e rompe a parceria. Se deixarmos muito tempo nesta fase, corremos o risco de estagnarmos nela. É preciso o que os norte

americanos chamam de “timing” – o tempo de acolher, orientar e caminhar para a solução. Gostaria de deixar uma mensagem final aos familiares que estão vivendo este processo do diagnóstico e sentem-se desamparados? Jovita Márcia da Silva: Diria que lutem por seus direitos. Infelizmente, possuímos um arcabouço de leis em nosso país, mas que por si só, não garantem o cumprimento. Temos observado ao longo de nossa história, tanto brasileira quanto mundial, as lutas de nossos tempos. Nada foi conseguido sem que alguma ideia tivesse sido questionada e, a partir disto, todo um grupo ou comunidade tivesse se organizado para lutar por seus direitos. Foi assim com as pessoas com deficiência, cujo lema é: Nada sobre nós, sem nós! Por este lema, você pode perceber que estas pessoas tinham seu destino traçado sem que pudessem opinar, até que se levantaram em luta e conquistaram o que hoje tem: segundos professores, salas de recursos, estatutos, etc. E, ainda assim, constantemente são violadas em seu direitos. Não é incomum observar a falta de acessibilidade, principal elemento para a inclusão, não ser respeitada. Você encontra desde barreiras geográficas para cadeirantes até escolas que sequer possuem professores devidamente formados para trabalhar com alunos de inclusão. Ainda hoje temos no Brasil uma grande quantidade de pessoas que não conseguem entender que pessoas com deficiência são iguais a nós, apenas com privação de um dos sentidos ou mais. Somos iguais naquilo que diz respeito a pessoas de direito. Somos diferentes no que diz respeito às necessidades de cada um. Você gostaria de deixar seu contato, caso algum familiar deseje esclarecer mais dúvidas sobre o assunto? Jovita Márcia da Silva: Claro, podem entrar em contato pelo número (47) 99631-0275. Por fim, gostaria de agradecer duas pessoas que possuem grande entendimento sobre inclusão e me ensinaram muito sobre o assunto: as psicólogas Liz Mary Henk e Ana Luiza Valente de Oliveira, sempre acessíveis e prontas para colaborar. Também, agradecer aos professores, auxiliares e equipe da escola Ayrton Senna, pelo trabalho que desenvolvemos com o projeto Incluindo-se para Incluir.

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terapia floral

Florais x Transtornos de aprendizado

E

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TEA - Transtorno do Espectro Autista Dislexia e Dificuldade de Aprendizado Como a Terapia Floral pode ajudar?

studos feitos com crianças diagnosticadas com TDAH e TEA, demonstraram que a Terapia Floral, além de ter dado suporte ao tratamento convencional, amenizou visivelmente diversos sintomas, promovendo progresso no desenvolvimento e bem estar dessas crianças. As Essências Florais são sutis e atuam no campo vibracional, trazendo equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. Livre de princípios químicos ativos, seu uso é seguro, sem riscos de efeitos colaterais, e não interferem nos tratamentos medicamentosos. Algumas crianças apresentam transtornos de atenção e aprendizado, porém sem diagnóstico conclusivo de TDAH, mesmo assim, geralmente são medicadas com remédios controlados, podendo comprometer seriamente o seu desenvolvimento além de outras consequências. A natureza, através da Terapia Floral, oferece notável melhora nos 26 2019 || Revista Revista Giropop Giropop 26 || Agosto Agosto 2019

sintomas desses transtornos, amparando essa criança e suas emoções, medos, inseguranças, baixa autoestima e outras desordens internas. Auxilia consideravelmente na assimilação do aprendizado, memorização, fixação e percepção, assim como desenvolvimento da fala, cognição e raciocínio. Acalma e centra, reduzindo a agitação interna, ansiedade e agressividade. Existem vários Sistemas Florais, dentre eles destaco; Florais de Bach, Saint Germain e Califórnia, que já disponibilizam em seus sites, vários estudos de tratamentos que estão sendo realizados em crianças diagnosticadas com os transtornos citados. Além das empresas que fabricam os florais, outros estudos estão sendo feitos na USP, Unicamp, UFSC e outras Universidades. O tratamento deverá ser ministrado e acompanhado pela Terapeuta, que através de meticulosa anamnese avaliará o tempo e a conduta do mesmo.

Sonia Guarilha Terapias complementares Whats (43) 999862000 Rua 1750, 128 - Recanto da Amizade Mariluz - Itapoá Constelação Familiar, Hipnose Clínica, Terapia Floral e Reiki



gees | sistema coc de ensino

Tecnologia, artes, música e uma aprendizagem dinâmica des permanentes que deem conta da formação integral das crianças e estudantes. Além disso, o educar também passa a ser preocupação constante na medida do tempo de permanência na escola, exigindo que a convivência e as rotinas de alimentação, higiene, descanso e brincadeiras proporcionem o apoio e o encorajamento das relações estabelecidas entre seus pares.

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Nesta edição, cujo tema é a educação, conversamos também com a Equipe Pedagógica da Escola GEES – Isabel Cristina Zarpelon Trevisan, Tatiane Canestraro, Suely Almeida de Pauli e Cristiane de Souza Pellissari. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, a Escola GEES trabalha com o Sistema COC de Ensino, visando uma aprendizagem dinâmica, associada à tecnologia e preparando os alunos para se tornarem cidadãos conscientes na sociedade em que vivem. Vocês têm em sua escola alunos com déficits/ transtornos? Como trabalham a inclusão dentro da escola? Escola GEES: Sim, para identificar as necessidades educacionais especiais dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola realiza, com assessoramento técnico, a avaliação do aluno no processo de ensino e aprendizagem. O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais é realizado em classes comuns do ensino regular, com acompanhamento de um segundo professor. O processo

inclusivo está diretamente ligado à aprendizagem cooperativa em sala de aula , trabalho em equipe na escola , com participação da família no processo educativo bem como de outros agentes e recursos da comunidade. A Escola GEES oferece disciplinas complementares voltadas às artes e tecnologias? Escola GEES: Sim. Desde a Educação Infantil ao Ensino Médio trabalhamos com o Sistema COC de Ensino, visando uma aprendizagem dinâmica, associada à tecnologia e preparando os alunos para se tornarem

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cidadãos conscientes na sociedade em que vivem. Além das disciplinas obrigatórias da grade curricular, oferecemos atividades complementares. Da Educação Infantil ao 5º ano os alunos fazem musicalização. As turmas de 1º ao 5º ano têm as disciplinas de oficinas e projetos, musicalização, empreendedorismo, amigavelmente e robótica. Das turmas do 6º ano ao Ensino Médio, os alunos participam das aulas de empreendedorismo. Possuímos também o Período Integral, que se propõe em Educar e Cuidar, ofertando aprendizagens, por meio de oficinas, projetos e ativida-

Quais os benefícios de uma criança ou adolescente estudar musicalização e empreendedorismo, por exemplo? Escola GEES: A iniciação musical na Educação Infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental I estimula áreas do cérebro da criança, beneficiando o desenvolvimento de outras linguagens. A musicalização é um processo de construção do conhecimento, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso crítico, do prazer de ouvir música, da imaginação, da memória, concentração, atenção, respeito ao próximo, sociabilização, afetividade, contribuindo também para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. A criança que convive com a música aprende a conviver melhor com outras crianças, estabelecendo uma comunicação mais harmoniosa. Já quanto ao empreendedorismo, a realidade atual exige


uma ação educativa mobilizadora, inspiradora, que auxilie crianças e adolescentes a viverem em um ambiente complexo, interconectado, em um mundo cada vez mais desafiador, em que fronteiras, limites, verdades e referências são questionados a toda hora. O ser humano desse novo mundo precisa não só ser honesto e integrado à sua realidade, mas, também, ser capaz de empreender com ética, pró-atividade e inteligência social. Tudo isso, encontramos como apoio no nosso material de empreendedorismo. Existe alguma outra disciplina que vocês ainda planejam incluir na grade curricular da escola? Escola GEES: Pretendemos, para o ano de 2020, incluir o material Sócio emocional do 1º ano do Ensino Fundamental I ao 9º ano do Ensino Fundamental II. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta para a importância da formação integral do indivíduo, destacando o conjunto de aprendizagens fundamentais que devem acontecer durante a formação básica. A BNCC apresenta as Competências Sócio Emocionais como parte das aprendizagens essenciais para a vida e que devem ser trabalhadas na Educação Básica assim como as competências cognitivas, e é dessa forma que os conteúdos do programa (Amigavelmente) são trabalhados em toda sua estrutura de maneira efetiva. Entrando no tema dessa edição da revista, como vocês, na GEES, lidam com a passagem da criança da Educação Infantil para o

Ensino Fundamental? Escola GEES: O propósito deste eixo é apresentar ao aluno o Ensino Fundamental, fazendo uma ponte entre o 2º Estágio (Jardim II da Educação Infantil) e o 1º Ano. Consideramos como princípios norteadores os PCN, os conhecimentos prévios e as vivências (o conhecimento adquirido pela experiência vivida, que não é contado nem lido e, sim, experimentado). A ideia central é que as crianças assimilem novos conceitos e consigam estabelecer relações com o cotidiano. O educador também trabalha com projetos, pois a interdisciplinaridade e a contextualização dos conteúdos colaboram de forma decisiva na motivação e no entendimento do educando e, consequentemente, favorecem a aprendizagem mais abrangente. Quais orientações vocês costumam dar aos familiares durante os Anos Iniciais da criança? Escola GEES: Reforçamos a importância da parceria entre família e escola. A família e escola formam uma equipe que devem estar em constante sintonia.

Essa parceria é um dos principais elementos para o sucesso da educação. O apoio e o envolvimento efetivo dos familiares na trajetória escolar que o aluno percorrerá da Educação Infantil ao Ensino Médio são essenciais ao seu desenvolvimento e a construção de seu projeto de vida. Pensando no desenvolvimento da criança, vocês acreditam que uma aula complementar, como artes ou musicalização, é tão essencial quanto uma aula de matemática ou português? Escola GEES: Sim, tão importante quanto. O nosso material tem a concepção de Inteligências Múltiplas de Gardner onde pressupõe a pluralidade da Inteligência, a qual sugere que as pessoas são dotadas de várias capacidades. Inteligência, para Gardner, é o potencial de encontrar ou criar soluções para problemas, o que envolve adquirir novos conhecimentos; é também um conjunto de habilidades de elaborar produtos valorados em ambientes culturais e comunitários. Resumindo, o nosso material incentiva a imaginação, a esponta-

neidade, a capacidade criativa do aluno e, sobretudo, a capacidade de resolver problemas em diferentes ordens. Gostariam de deixar uma mensagem às famílias que queiram saber mais sobre a estrutura e os métodos de ensino da Escola GEES? Escola GEES: Gostaríamos de ressaltar que, devido à parceria com o Sistema COC de Ensino, a partir de 2020 , o nome de nossa escola passará de GEES para COC Itapoá. Os administradores e os mantenedores continuarão os mesmos, mas teremos uma ampla estrutura exclusiva voltada à Educação Infantil, visando melhorias no atendimento. Ademais, convidamos a todos para que venham conhecer nosso espaço e ter a oportunidade de entender a metodologia utilizada em nossa escola. Atendemos do Maternal ao Ensino Médio, e nosso horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h. Agendem sua visita para melhor atendê-los e venham fazer parte da família GEES.

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MÚSICA

Louvores de esperança e adoração Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Desde os sete anos de idade, Isac Diniz, morador de Itapoá (SC) canta na igreja evangélica. Há três anos, o jovem vem se dedicando à música e, neste mês de agosto, lançará seu primeiro EP, “Ninguém Cala um Adorador”.

N

ascido na cidade de Londrina (PR), Isac tem 29 anos de idade e reside no município de Itapoá há cerca de 25 anos. Ele conta que nasceu com a música dentro de si, mas que se apaixonou pelo ofício aos 7 anos de idade, começou cantando na igreja evangélica. Seus pais, evangélicos, costumavam lhe incentivar a participar ativamente da igreja e cantar na mesma, e foi este o caminho que Isac escolheu seguir. “Escolhi a música gospel pelo fato dos meus pais me ensinarem neste caminho, mas também pelas experiências que obtive com Deus. É tudo muito intenso, viver na dependência de Deus é gratificante, é a certeza de que mesmo que tudo esteja acontecendo de pior na minha vida, a música vem para me fortalecer e me trazer esperança. Ao final de tudo, as coisas dão certo porque decidi confiar em Deus”, comenta Isac. O músico tem como referências artistas famosos no meio gospel, como Anderson Freire, Willian Nascimento e Aline Barros, mas também se inspira em amigas pessoais, como Gislaine e Mylena: “elas têm me ajudado bastan-

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te nessa caminhada e eu glorifico a Deus por Ele permitir essas bênçãos em minha vida”. Isac Diniz canta há 22 anos, mas desde 2016 investe na música, foi quando gravou seu primeiro CD, intitulado “Graça”. Além de cantor, ele também se arrisca como compositor – uma das canções de sua autoria, intitulada “Descansa”, pode ser encontrada no YouTube. “Minha inspiração vem de Deus, de experiências que tenho vivido no dia a dia, nas tribulações que assolam meu ser. Coloco tudo no papel e peço orientação a Deus de como produzir aquela música e a melodia vai surgindo naturalmente, é incrível”, explica. O propósito de Isac é cantar louvores de esperança, conquistas, vitórias e adoração a Deus. Ele explica que, às vezes, na correria do dia a dia, “não paramos para agradecer e reconhecer a grandiosidade de Deus em nossas vidas, e as canções que tenho cantado e procurado viver é isso, adoração ao único e digno de Louvor, Deus”. Novo EP No ano de 2016, Isac Diniz lançou seu primeiro CD totalmente independente, sem ajuda de patrocinadores. Ele costuma dizer: “meu patrocínio tem sido Deus, em todos os aspectos de minha vida”. Neste ano de 2019, o músico decidiu produzir “Ninguém Cala um Adorador”, seu primeiro EP – sigla de extended play, que nada mais é do que um CD com menos músicas, uma novidade no mercado brasileiro, mas um formato consolidado já há muitos anos no exerior. “Este EP surgiu da necessidade de produzir algo novo para meu ministério. Serão três faixas, sendo

uma delas de minha autoria (a música ‘Descansa’) e as outras duas canções são de minhas amigas Gislaine e Mylena. Para trabalhar neste EP, escolhi três produtores: Rafael Andrade e Júnior Andrade, de São Paulo, e Isac Diniz, de Curitibanos. E, sim, o produtor tem o mesmo nome que eu... são coisas de Deus!”, comenta. Aos 29 anos de idade, Isac Diniz define seu propósito com a música como gratificante. “Sinto que minha missão é levar a palavra de Deus através da música, que sempre é a resposta de Deus para a humanidade”, diz. Cheio de fé, Isac é, também, cheio de sonhos, e confessa: “meu maior sonho é que as pessoas sejam alcançadas através de minhas canções e que o melhor de Deus possa acontecer a todos”.

O primeiro EP de Isac Diniz, “Ninguém Cala um Adorador”, será lançado no dia 9 de agosto nas plataformas digitais Facebook, Apple Music, Google Play, Deezer, YouTube e Spotify. Para acompanhar o seu trabalho, basta acessar o canal Cantor Isac Diniz, no YouTube, o perfil @isacbdiniz, no Instagram, ou envie um e-mail para agenda. isacdiniz@gmail.com



MÚSICA

Otti e Casxs - House Party Rap catarinense é levado a sério

Lucas Miranda E tem mais musicalidade por aí. Lucas Miranda é cantor, compositor e de Itapoá (SC), onde deu seus primeiros passos na música. Ele teve a oportunidade de lançar seu EP, intitulado “Branco com Vermelho”, um trabalho muito importante que gerou grandes resultados para a sua carreira. No processo de gravação e divulgação do novo EP, Lucas trabalhou lado a lado de profissionais que contribuíram no seu amadurecimento artístico e musical, resultando em mais visualizações e visibilidade no cenário musical do estado. Em busca de profissionalização, o músico mudou sua imagem e buscou cada vez mais se destacar no mercado fotográfico, afinal de contas, ser artista é isso: uma arte em eterna construção. “Espero que minhas músicas possam levar as pessoas a refletirem sobre tudo aquilo que podem conquistar, sobre tudo aquilo que podem transmitir. O mundo é dos sonhadores!”, afirma o artista. Para saber mais sobre o trabalho artístico de Lucas Miranda, acesse: www.facebook.com/cantorlucasmiranda

Os artistas, Casxs (Infame Rap) e Otti, integrantes do coletivo Sétima Praga, apostam suas fichas em seu mais novo single, a música House Party, com lançamento programado para 23 de Agosto. Após os ótimos resultados com o projeto SC no MAPA I e II, contando com a participação de Chris (1Kilo e Pineapple) e Clara Lima, e demais singles em que os rappers conseguiram alcançar o clamor nacional, Otti e Casxs, retornam com o propósito de emplacar seu maior HIT no cenário fonográfico nacional. A música House Party, conta com rimas descontraídas e sempre muito técnicas, além de um flow afiado que nos remete uma verdadeira noite de festa. O single traz um instrumental forte e envolvente, produzido pelo mestre DoBueiro. A mixagem e masterizarção ficaram sob o encargo de um grande nome do mercado eletrônico, Krash, sócio da Gravadora Audiomax Creative. Na parte audiovisual deste projeto, apresentam um videoclipe que, em 32 | Agosto 2019 | Revista Giropop

meio à fotografia cinematográfica e a iluminação marcante, promete roubar a atenção dos espectadores. O videoclipe contou com a produção e direção artística de Cristian (N4 Films) e Adriano Knopf (Aham Films). Além disso, embalaram a coreografia desse projeto, a equipe dançarinos da companhia de dança Kulture Kaos, vendedora do Festival de Dança de Joinville (SC), um dos maiores e mais reconhecidos do país. Otti e Casxs nunca decepcionaram com suas rimas técnicas e um flow afiado e agora, após terem lançados seus primeiros álbuns, prometem nos presentear com seu melhor trabalho!






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