Revista Giropop - Edição 82

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Editorial Chegou o mês de novembro e, junto dele, aquele clima do verão que se aproxima. E já que a temperatura subiu, trazemos uma edição recheada de histórias para deixar seu coração quentinho, também. Na edição 82, falamos sobre inclusão, arte, história do município de Itapoá, voluntariado, educação ambiental, empreendedorismo e amor à música. Com tantos temas variados e tantos entrevistados interessantes, duvido você não escolher ao menos uma pauta de seu interesse para ler e se sentir inspirado! E não se esqueça: o ano está chegando ao fim, mas ainda há tempo de desengavetar aqueles seus antigos projetos. Então, que comece novembro, que comece a leitura e que essas histórias de amor (seja pela profissão, pelo ofício, por uma causa ou pela arte) lhe deem o empurrãozinho que precisava.

Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para: giropop@gmail.com WhatsApp 47 9 9934.0793

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EMPREENDEDOR DO MÊS

Saulo Sfeir Assados: unindo sabor e tradição Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Os almoços de domingo em família de muitos moradores e turistas de Itapoá (SC) têm nome, endereço e um sabor suculento: Saulo Sfeir Assados. Sob os comandos do chef de cozinha Saulo Borges de Sá Sfeir, a empresa oferece carnes e frangos, e tem como carro-chefe a tradicional costela em fogo de chão.

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ilho do renomado médico clínico-geral, Dr. Salomão Nassif Sfeir, e de Nera Borges de Sá (ambos falecidos), quando criança, no município de Jacarezinho (PR), Saulo despertara interesse pela culinária. “Minha mãe era descendente de italianos e espanhóis, e meu pai era descendente de libaneses. Então, a culinária em nossa casa sempre foi muito rica e diversificada”, recorda Saulo, que aos 8 anos de idade colocava dois tijolinhos ao lado do fogão, para poder observar sua mãe cozinhando. Com a pretensão de tornar-se um cozinheiro, passou a trabalhar em um restaurante com buffet. Começou lavando louças e limpando o chão do lugar, em seguida, passou para assistente do auxiliar de cozinha e, depois, para auxiliar de cozinha – até que, enfim, chegou ao posto de cozinheiro do local. A partir daí, Saulo apaixonou-se de vez pela arte de cozinhar. Tempos depois, foi convidado a trabalhar no buffet da renomada empresa Renato Aguiar Festas, em Ribeirão Preto (SP). Com essa experiência, Saulo conheceu a alta gastronomia, executando pratos e especializando-se em eventos, como confraternizações, formaturas, casamentos, aniversários

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e eventos corporativos. Mesmo trabalhando com pratos refinados da gastronomia internacional, recorda que, nos eventos, sempre evitava a churrasqueira. Ele lembra: “Certa vez, em 2012, estava fazendo um evento escolar e me deram a missão de fazer um churrasco em fogo de chão. Então, entrei em contato com um grupo de Cascavel (PR), onde acontece o maior assado de costela em fogo de chão do mundo. Eles me deram algumas dicas, e meu primeiro churrasco foi um sucesso”. Desde então, Saulo ganhou mais uma especialidade para seu currículo gastronômico: a tradicional costela em fogo de chão. Saulo Sfeir Assados Há dois anos, Saulo mudou-se para Itapoá. Chegando ao município, trabalhou na área da construção civil, mas sempre com o desejo latente de colocar em prática seus 20 anos de expertise na área da gastronomia. Diferente da região onde morava anteriormente, que possuía empresas multinacionais e muitos estrangeiros – e, consequentemente, um público voltado à gastronomia internacional, o chef de cozinha notou que Itapoá era diferente: “Aqui, a grande maioria da população aprecia a comida caseira, porém, bem temperada”. Ao observar que não havia no município alguém que realizasse a tradicional costela em fogo de chão (existia apenas a costela feita com maquinário), o chef de cozinha decidiu inovar. Há seis meses, criou, então, a empresa Saulo Sfeir Assados, onde faz e vende costela em fogo de chão (seu carro-chefe), costela recheada (criação autoral de Saulo), costelinha de porco, panceta à pururuca, sobrecoxa ao suco de laranja e frango assado. Apesar de pouco tempo de empresa, a Saulo Sfeir Assados já é sucesso em Itapoá. O grande diferencial se dá no tempero: “Gosto de marinar o porco no vinho, alecrim e nas ervas, marinar a sobrecoxa no suco de laranja, só utilizar lemon pepper, enfim, o negócio é não economizar no tempero”, explica.

O trabalho se repete todos os finais de semana na empresa, que funciona em sua casa. Para oferecer uma carne bem suculenta, aos sábados, Saulo prepara e tempera as peças que, durante a madrugada, já vão ao fogo. Aos domingos, ele veste sua roupa de chef de cozinha para atender os clientes das 11h30 às 15h, enquanto sua esposa, Silvia, é responsável pelo caixa. Além das carnes e frangos, também oferecem arroz tipo carreteiro (com bacon, calabresa, milho, cheiro verde, entre outros), maionese e farofa – esta última, uma cortesia da casa. Agora, além de os clientes se deslocarem até o local para escolher as peças de carne sua preferência ou encomendá-las no dia anterior, é possível também pedir pelo delivery. A taxa de entrega é de R$ 10,00 para as regiões da Barra do Saí e do Pontal, R$ 5,00 para a região de Itapema do Norte e R$ 3,00 para entregas do Balneário Bamerindus até o Balneário Paese. Compromisso e qualidade Na empresa de Saulo, tudo é pensado nos mínimos detalhes, desde as lenhas utilizadas no fogo de chão, que são de madeira reflorestada e certificada, até a roupa de chef de cozinha, para transmitir confiança e seriedade aos clientes. “Acreditamos que em toda empresa, seja qual for o segmento, é importante conciliar imagem, excelência em atendimento, bom preço e um diferencial para destacá-la no mercado. E é isso que desejamos ofertar aos nossos clientes”, diz o chefe. A empresa que abre somente aos domingos (exceto para encomendas e eventos), durante a sua primeira alta temporada irá funcionar de quinta-feira a domingo. Com o Natal se aproximando, Saulo já está aceitando encomendas festivas, como leitão, pernil, fraldinha recheada, rocambole de frango com espinafre, entre outros pratos. Para o ano de 2020, ele tem a pretensão de montar o seu próprio buffet para eventos e iniciar o curso de Gastronomia. Felizmente, com apenas seis meses de atuação em Itapoá, o negócio já tem clientes fixos, moradores e turistas cujo domingo em família tem nome, endereço e sabor: Saulo Sfeir Assados. A cada dia mais próximo da realização profissional, Saulo agradece a confiança e a preferência de seus clientes: “Vocês me ajudam e me motivam a viver o sonho de trabalhar com o que amo. Cozinhar, preparar, experimentar, colocar a ‘mão na massa’ é como uma terapia para mim. Preparar um alimento com amor é alimentar a alma”. Ficou com água na boca e deseja fazer a sua encomenda para o almoço de domingo ou para o Natal? Entre em contato com Saulo através do número 47 99717-0571 ou acesse a página “Saulo Sfeir Assados”, no Facebook



QUEM É?

Por trás do Hino de Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Em 1992, quando chegou ao município “ao Nordeste de Santa Catarina fazendo divisa com o Paraná”, José Sluminski encantou-se e descobriu que “a natureza é bela e fascina no município de Itapoá”. Inspirado por tantas belezas, o professor, maestro e compositor teve sua letra oficializada como Hino de Itapoá. Aos 77 anos de idade, José retorna ao município para falar da origem do hino, de sua vasta trajetória musical e da paixão pela cidade.

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herança musical já corria nas veias de José Sluminski, neto e filho de músicos, nascido em 29 de agosto de 1942, em São Bento do Sul (SC). “Eu devia ter uns cinco quando meu pai me presenteou com uma gaita de boca. Aprendi a tocar sozinho e, a partir de então, nunca me afastei da música” conta. Logo se matriculou na Escola de Música da Sociedade Ginástica de São Bento. No ano de 1960, aos 18 anos de idade, foi alistado para servir o Exército, em Brasília (DF). Ele recorda: “Éramos 1.485 soldados convocados de Santa Catarina. Os primeiros 1.484 soldados se apresentaram e eu era o último. Antes que eu me apresentasse, o comandante do batalhão perguntou ‘poxa, dentre 1.485 soldados não há um músico sequer?’, quando levantei minha mão e disse ‘eu sou músico’,

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A Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna recebeu a ilustre visita de José Sluminski e Ademar Ribas do Valle.

com orgulho”. José, então, serviu no Batalhão da Guarda Presidencial, “quando Brasília ainda cheirava a tinta” – como ele mesmo diz. Lá, continuou os estudos, foi regente de uma banda de clarins e entendeu que a música guiaria seus passos para sempre. Quatro meses depois de sua fundação, a banda do batalhão, regida por José Sluminski, estava se apresentando no Rio de Cuba para os líderes revolucionários Fidel Castro e Che Guevara. De volta a São Bento do Sul, dedicou-se intensamente aos projetos musicais. Realizou o curso de Interpretação Pianística, estudou Harmonia e Composição, cursou Expressão e Dinâmica e, ainda, formou-se em Teoria e Contraponto na Universidade Regional de Blumenau. O músico, que dedicou sua vida ao ofício, detém um extenso currículo mu-

sical contendo cursos, atuações, escolas musicais fundadas por ele, participações em orquestras, homenagens, títulos e premiações – até mesmo no exterior. Além de professor e maestro, José Sluminski também fez história enquanto compositor, escrevendo mais de mil composições, dentre elas, homenagens a cidades, entidades e hinos oficializados ganhos por concurso. É autor dos seguintes hinos: Hino de Campo Alegre (SC); Hino de Corupá (SC); Hino de Guaramirim (SC); Hino de Itaiópolis (SC) e Hino de Itapoá (SC) – a única cidade litorânea dentre as citadas. Hino de Itapoá Graças a uma comissão organizada por trabalhadores, em 26 de abril de 1989 o município de Itapoá foi emancipado. O líder da comissão de emancipação, Ademar Ribas do Valle, foi eleito o


Professora Eloíza Boechat, professora das turmas do 1º ano da Escola Ayrton Senna foi a responsável por viabilizar este encontro tão especial. primeiro prefeito de Itapoá. Conforme Ademar, a cidade recém-emancipada contava com bandeira e brasão, mas faltava o hino oficial. Portanto, criou-se um concurso para a escolha do Hino Municipal de Itapoá. José Sluminski, com sua experiência enquanto compositor – também de hinos oficiais, interessou-se: “Naquele tempo, o município de Itapoá ‘caiu na boca do povo’ e ficou muito conhecido. As pessoas comentavam o quanto a cidade era bonita e promissora. Então, visitei Itapoá para conhecer o local e escrever uma composição”. Logo que chegou ao município, José deparou-se com “praia e Sol, Terra e mar” – o que viria a ser o refrão do Hino de Itapoá. “Aquilo para mim era vida. Foi o suficiente para servir de inspiração”, lembra. Já a frase que abre a composição, “ao Nordeste de Santa Catarina, fazendo divisa com o Paraná”, foi pensada para que o ouvinte de qualquer canto do Brasil soubesse onde ficava Itapoá. E, assim, em uma visita cheia de inspiração ao município, José Sluminski compôs o hino em cerca de quarenta e cinco minutos. Ele estava viajando ao Paraguai quando recebeu a feliz notícia de que a sua composição havia sido julgada e escolhida. “Deixei a viagem imediatamente, pois tinha de me apresentar em

Itapoá na manhã seguinte, caso contrário perderia o concurso. Felizmente, cheguei a tempo de receber o prêmio das mãos do, então, prefeito Ademar Ribas do Valle, a quem tenho profundo respeito e admiração”, fala. Sendo assim, no ano de 1992, três anos após a emancipação da cidade, foi oficializado o Hino de Itapoá, com letra de José Sluminski. Inspiração Em 2015, o maestro e compositor do Hino de Itapoá recebeu o título de Cidadão Honorário do município, e apresentou uma nova composição intitulada “Canção à Itapoá”, cuja letra diz: “Itapoá, Itapoá, acordei pensando em ti / Terra da linda menina, coisa igual nunca vi / Tuas praias com areias prateadas ao luar / Estão cheias de sereias, foram feitas pra encantar / Vai pescador, pescador lança rede / Lança rede para o mar, vai matar a tua sede, sede de querer pescar (...)”. Recentemente, no dia 27 de setembro, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna recebeu a ilustre visita de José Sluminski e Ademar Ribas do Valle. “Temos o costume de cantar o Hino de Itapoá na escola, e nada mais interessante do que conhecer a história por trás deste hino e quem foi seu autor. Isso é valorizar a

história de quem somos e do lugar onde vivemos”, comenta Eloíza Boechat, professora das turmas do 1º ano da Escola Ayrton Senna e responsável por viabilizar este encontro tão especial – do qual a Revista Giropop teve a honra de fazer parte. Na ocasião, educadores e alunos tiveram a oportunidade de ouvir histórias, tirar fotos, entregar cartinhas e desenhos, pegar autógrafos e, é claro, cantar o Hino de Itapoá junto do autor do mesmo. No momento da execução do hino, a emoção foi nítida entre o homenageado e os homenageantes. Hoje, aos 77 anos de idade, com mais de 50 anos de trabalho e muitas realizações, José Sluminski trabalha como professor de música na Prefeitura de Piên (PR). Em discurso aos alunos da Escola Ayrton Senna, o professor, maestro e compositor deixou sua mensagem: “Amo Itapoá e as pessoas que aqui vivem. E assim como tenho importância na história dessa cidade, essa cidade também tem muita importância em minha vida. Tive uma infância muito pobre, mas com a música fui muito rico, no sentido de feliz e realizado. Através do ofício da música, visitei 35 países por longos períodos, conheci pessoas incríveis e alcancei muitos lugares. Por isso, o que quer que você faça, faça com amor e dedicação”.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Projeto Remar, Limpar, Ensinar une esporte e educação ambiental Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

O lixo nos oceanos tornou-se um grave problema ecológico fruto da atividade humana. Por outro lado, na tentativa de preservar a vida marinha, surgem iniciativas voltadas ao recolhimento de lixo e ações educacionais para as novas gerações. É esta a missão do Projeto Remar, Limar, Ensinar (PRLE), idealizado pelo educador físico Jan Daniel Lorenzon, em Florianópolis (SC). O projeto, que já está em sua terceira edição.

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Jan Daniel Lorenzon é educador físico e idealizador do Projeto Remar, Limpar, Ensinar, de Florianópolis (SC).


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Os remadores do projeto recolhem o lixo encontrado nos oceanos, limpam as areias das praias e, posteriormente, realizam palestras de conscientização ambiental nas escolas.

erto dia, Jan realizou uma trilha por uma praia deserta de Florianópolis na companhia dos amigos Fabrício Almeida e Rarisson Martins. Pelo caminho, surpreenderam-se com a enorme quantidade de lixo. “Aquilo não saiu da minha cabeça. No mesmo dia, fui pesquisar mais sobre o problema do lixo no ambiente marinho e me deparei com dados alarmantes”, recorda Jan, que é educador físico, atua na área de recreação e lazer há 20 anos, surfa e pratica Stand Up Paddle (SUP). Os amigos viram nas praias de Florianópolis a necessidade de cuidar ainda mais do meio ambiente e a oportunidade de unir grandes paixões: esporte e

ações educacionais. Daí surgiu o “Projeto Remar, Limpar, Ensinar” (PRLE). A iniciativa começou em 2016, quando a equipe passou a promover “Remadas Ecológicas”, ações que mobilizam remadores para recolher o lixo de áreas onde mutirões não alcancem. As ações do projeto são divididas em três momentos: remar, onde a equipe rema de SUP pelas áreas de difícil acesso e retira o lixo encontrado; limpar, com a caminhada e retirada de inúmeros objetos das areias das praias; e ensinar – considerada por Jan a parte mais importante, em que a equipe vai às escolas realizar uma palestra e brincadeiras de conscientização ambiental. Durante a palestra, são apresenta-

das às crianças de 6 a 11 anos de idade dados do lixo no mar e imagens de apelo emocional para que se sensibilizem com a vida marinha. “As crianças desta faixa etária estão formando caráter social e ambiental. Por isso, nossa fala é direcionada a elas, que serão o nosso futuro”, comenta Jan. O objetivo do Remar, Limpar, Ensinar é visitar, no mínimo, uma escola em cada cidade por onde passa. Em um segundo momento, é realizada uma gincana com três brincadeiras de cunho ambiental. “Todas as brincadeiras da gincana são feitas com os resíduos encontrados nas areias das praias daquela cidade. Em seguida, é proposto um desafio para as crianças, que rea-

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O PRLE passou pela Pré-escola Palhacinho Feliz, levando brincadeiras e conscientização.

lizem uma coleta de lixo e criem uma brincadeira com os resíduos coletados”, conta. Ao final, a mensagem do PRLE é que naquela gincana quem ganha, de verdade, é a natureza, e que todos podem ser um pouco super-heróis ajudando a salvá-la. O projeto em números Em sua 1ª edição o Projeto Remar, Limpar, Ensinar remou e limpou as praias do Farol de Santa Marta, na cidade de Laguna (SC), até a cidade de Penha (SC), retirando das areias 13.586 objetos e atingindo, em suas ações de educação ambiental, mais de 300 crianças nas escolas da cidade por onde passou. Na 2ª edição, Jan e os demais voluntários contornaram Florianópolis e rema-

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Durante a palestra na Escola Frei Valentim, Jan falou sobre o problema do lixo no mar.

ram até o estado do Rio Grande do Sul, retirando das areias 11.256 objetos e atingindo mais de 700 crianças das escolas das cidades por onde passaram. Já em sua 3ª edição, neste ano de 2019, projeto remou e limpou de Florianópolis a Itapoá, contornando a Ilha do Mel, em Paranaguá (PR). Foram 16 dias remando e 80 praias limpas. A terceira edição recolheu 15.181 objetos, passou por 23 escolas e atendeu 1.899 crianças.

Somando as três edições, o projeto já retirou mais de 40 mil objetos das areias e contemplou quase 3 mil crianças com as ações educacionais.

PRLE em Itapoá Dos dias 14 a 21 de setembro de 2019 o Projeto Remar, Limpar, Ensinar esteve no município de Itapoá promovendo a importância do combate ao lixo nos oceanos. As atividades educacionais aconteceram para determinadas turmas das Escolas Municipais Frei Valentim, João Monteiro Cabral, Monteiro Lobato, Ayrton Senna, Euclides Emídio da Silva e na Pré-Escola Palhacinho Feliz. A ação marcou a Semana Mares Limpos, uma campanha promovida pela ONU Meio Ambiente, que durante cinco anos realiza ações para conter a maré de plásticos que invade os oceanos. “Até agora, Itapoá foi o local onde mais visitamos escolas. Em nossa passagem pela cidade, tivemos uma ajuda mui-


À esquerda, PRLE na Escola Monteiro Lobato. À direita, um registro do projeto na Escola Euclides Emídio da Silva.

to legal da Secretaria de Meio Ambiente, que viabilizou este encontro, e um retorno muito positivo das escolas. Fiquei surpreso e feliz ao saber que muitas escolas de Itapoá já realizam atividades em prol do meio ambiente”, conta Jan. A parceria deu tão certo que no dia 5 de outubro o PRLE retornou ao município para participar do Dia Mundial da Limpeza. Seja um apoiador Em, 2020, para a 4ª edição do projeto, os remadores planejam realizar o trajeto que partirá de Itapoá (dessa vez, contemplando novas escolas e turmas) e passará por todo o litoral paranaense com destino a Santos (SP). Para tanto, buscam pessoas e empresas engajadas com o meio ambiente e a educação que

queiram contribuir com a causa no formato de apoio ou patrocínio. Cabe ressaltar que a equipe do PRLE presta serviço voluntário, por amor à natureza. Contudo, o valor arrecadado com apoio/patrocínio é destinado ao auxílio na logística de deslocamento, hospedagem, alimentação e compra de materiais usados nas limpezas e ações nas escolas. Afinal de contas, em uma era onde a sustentabilidade deve estar cada vez mais em pauta, uma empresa que contribui com um projeto feito o Remar, Limpar, Ensinar, é uma empresa que investe em responsabilidade social, humanização, educação e consciência ambiental. De remada em remada, Jan Lorenzon, idealizador do projeto e apaixonado

pelo mar, conclui: “Somos muito felizes e realizados com o trabalho que desenvolvemos. As crianças são transmissoras dos conhecimentos aprendidos nas escolas para suas casas, famílias e comunidades. Nossas ações educacionais visam repassar conhecimento para a futura geração de cidadãos, pois crianças bem informadas se tornarão adultos mais preocupados, sensíveis e preparados para resolverem o problema ambiental do nosso planeta”. Para apoiar, patrocinar ou acompanhar as ações do “Remar, Limpar, Ensinar”, acesse as redes sociais do projeto: Instagram – @projetorle Facebook – /projetoremando

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SAÚDE

AMA: promovendo o autismo no município de Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Com pouco mais de um ano de atuação, a Associação de Pais e Amigos do Autista (AMA) vem mudando a realidade do autismo no município de Itapoá. Buscando cada dia mais trazer atendimento adequado para os autistas e suas respectivas famílias, o grupo de pais e amigos trabalha voluntariamente por uma Itapoá mais acolhedora, informada e inclusiva.

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A Associação de Pais e Amigos do Autista (AMA) vem mudando a realidade do autismo no município de Itapoá.


Elvira Lacerda, presidente da AMA, na companhia das filhas Kauane (12) e Isabela (7).

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m Piraquara (PR), Elvira Lacerda e Wellington Cassiano já eram pais de Kauane (hoje, com 12 anos), quando nasceu Isabela, a segunda filha do casal (hoje, com 7 anos). Certo dia, levaram a mais velha ao neurologista. Durante a consulta da irmã, o casal recorda que a pequena Isabela estava com os ânimos exaltados. “Aproveitando o momento, pedi à doutora que examinasse brevemente minha filha mais nova, uma vez que nin-

Atualmente, são 26 pessoas (em sua maioria crianças) diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo em Itapoá que, hoje, sentem-se mais incluídas e acolhedoras com o trabalho da associação.

guém podia tocá-la, tinha crises de nervosismo agudo durante semáforos, filas e lugares tumultuados”, lembra a mãe, que desde cedo notou algo diferente no comportamento da filha. A doutora, que suspeitava de autismo, pediu alguns exames para descartar outras possibilidades, até que a suspeita foi confirmada, quando a menina tinha pouco mais de 2 anos de idade. Assim, Isabela passou a fazer parte de um universo de cerca de dois milhões de autistas no Brasil. O Trans-

torno do Espectro do Autismo (TEA) ou, simplesmente, autismo, é definido pela presença de déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos. Os sinais deste transtorno não acusam em exames nem são físicos, mas, sim, comportamentais, sendo os mais comuns: o comprometimento da interação, da comunicação verbal e não verbal, além do comportamento restrito e repetitivo. Diante de uma nova realidade, em sua cidade, Elvira e Wellington foram

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acolhidos pela UPPA (União de Pais pelo Autismo). Ela também participou de outros grupos de mães, enquanto ele organizou encontros voltados aos pais das crianças. “Quando descobrimos o diagnóstico do Transtorno de Espectro do Autismo da Isa, vivemos o período de luto, nos questionando muitas vezes sobre seu futuro. Mas, com ajuda dos grupos, entendemos que a jornada seria bastante difícil, mas não impossível”, comenta Elvira. Já residindo em Itapoá, em 2017, Elvira sentiu a necessidade de retomar os encontros com familiares de crianças autistas, seja para compartilhar experiências, trocar estudos, receber apoio, indicar profissionais comprometidos ou disseminar o tema no município. Então, a mãe de Isabela reuniu outros familiares de autistas, além de profissionais da área da saúde e educação, e juntos fundaram o Grupo de Pais e Apoiadores do Autismo de Itapoá. A iniciativa foi um sucesso e, com a união de familiares, profissionais e apoiadores do autismo, o grupo se reorganizou e, em setembro de 2018, fundou a Associação de Pais e Amigos do Autista, a AMA Itapoá. Sobre a AMA Com pouco mais de um ano de atuação, a AMA vem sendo essencial para que familiares de autistas em Itapoá enfrentem certos desafios, troquem de

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ideias e experiências em grupos para ajudar a entender e compreender que não estão sozinhos nessa caminhada. Através de palestras, o grupo busca conscientizar o autismo para a sociedade e apresentar para as famílias seus direitos, pois muitas não sabem que os possuem, tais como: vaga preferencial, atendimento prioritário, desconto na compra de veículos, professor auxiliar especializado, entre outros. Atualmente, são 26 pessoas (em sua maioria crianças) diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo em Itapoá. A AMA possui, hoje, uma sede onde as mães dos autistas e apoiadores da causa prestam trabalho voluntário e se revezam no atendimento à comunidade. Neste espaço, acontecem o bazar e a feira do livro, a fim de captar recursos para manter a associação. A partir de 01 de outubro de 2019 a AMA passou a ter em seu quadro profissional uma Terapeuta Ocupacional para atender as famílias que não têm acompanhamento terapêutico no momento. “As famílias têm que deslocar-se a Joinville (SC) para que estas crianças realizem periodicamente os atendimentos terapêuticos necessários. Porém, muitas famílias não conseguem manter a rotina desgastante e bastante cara, o que faz com que desistam do acompanhamento e atrasem o desenvolvimento de seus filhos. Graças aos associados, apoiadores e às atividades promovidas na associa-

ção, pudemos contratar a profissional Vitória Pessatti como nossa Terapeuta Ocupacional. Ela já presta atendimento na APAE e iniciou os atendimentos na AMA nas quartas pela manhã e nas quintas e sextas-feiras nos dois turnos, manhã e tarde”, explica Elvira, presidente da AMA. Para tornar-se um associado, basta dirigir-se até a sede da AMA, preencher uma ficha e contribuir mensalmente com qualquer valor – assim, você ganha um lindo adesivo ‘Sou Amigo AMA”. Também é possível fazer a sua parte comprando na lojinha da AMA, que dispõe de sebo de livros, bazar de roupas e calçados, além de camisetas adultas e infantis com o logotipo da associação vendidas a R$ 25,00. Vale ressaltar que a associação realiza prestação de contas e que o valor arrecadado é destinado ao aluguel da sede, promoção de eventos, palestras e contratação de profissional da saúde. Para o futuro, Elvira conta que pretendem realizar reuniões mensais com temas diversos e oficinas de geração de renda para os familiares dos diagnosticados. “O autismo é um enigma inquietante que afeta tanto a criança quanto a família. O cuidado que requer uma criança autista é muito exigente. Nós, pais, estamos expostos a múltiplos desafios que têm um impacto forte na família”, comenta Elvira, “antes, estes pais não ti-


Registro da inauguração da sede da AMA, situada na Av. Ana Maria Rodrigues de Freitas, 1529, em Itapema do Norte.

nham uma rede de apoio, mas, hoje, sabem onde procurar ajuda e informação, e é este o objetivo da AMA, acolher não somente o autista, mas suas respectivas famílias, e ajudá-las cada vez mais a lidar com todas as mudanças que o autismo traz”. Além do profissional da Terapia Ocupacional, a diretoria da AMA planeja contratar um fonoaudiólogo, um neuropediatra e um psicólogo que façam atendimentos na sede da associação. “A ajuda de profissionais nestas áreas seria fundamental, pois dispensaria a necessidade de viagens recorrentes a Joinville e gastos exorbitantes das famílias. Contudo, é muito importante que estes profissionais tenham especialização em

Registros da palestra com o doutor em Psicologia José Raimundo Facion. O evento foi promovido pela AMA Itapoá e aconteceu na Câmara Municipal de Vereadores.

autismo, pois o atendimento para este transtorno possui casos bem isolados e específicos, e requer especialização adequada”, explica a presidente da AMA. Para a mãe, Elvira, a cidade de Itapoá ‘abraçou’ a causa da Associação de Pais e Amigos do Autista. Em suas palavras: “As pessoas podem apoiar a nossa causa de muitas formas. A simples ação de compartilhar uma de nossas postagens nas mídias sociais já ajuda a divulgar o nosso trabalho. Quando a população se envolve, as coisas acontecem. E é graças a essa união que estamos transformando a realidade do autismo em Itapoá, por uma sociedade mais acolhedora, informada e inclusiva”.

Saiba mais A sede da Associação de Pais e Amigos do Autista fica na Avenida Ana Maria Rodrigues de Freitas, 1529, em Itapema do Norte. O horário da recepção é de quarta a sexta-feira, das 9h às 11h. Vale lembrar que uma vez no mês acontece o bazar de roupas, calçados e livros na sede da AMA, que é divulgado nas redes sociais. Para saber mais, entre em contato com Elvira através do número 47 99237-6115. Ainda, acompanhe as notícias e eventos da AMA em sua página no Facebook (@amaitapoasc).

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ARTE

Desenho e pintura como terapia Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Papéis, telas, tecidos, muros, madeiras. Em toda a superfície que encontra, Adriana Schultz vê uma oportunidade para pintar, desenhar e extravasar sua criatividade. Formada em Artes Visuais, ela leciona Artes na Escola GEES COC, dá aulas particulares de desenho e pintura em Itapoá, e pinta quadros profissionalmente. Para Adriana, produzir arte é equilibrar a mente e o coração.

Em sua casa, Adriana dá aulas de pintura e desenho. Na imagem, a professora ao lado da aluna Marina.

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uando criança, em Caçador (SC), Adriana já demonstrava gosto e habilidade para desenhar. Sempre que havia um concurso de desenho em sua escola, a pequena desenhista encantava a todos e ganhava em primeiro lugar. O tempo passou e, aos 18 anos de idade, realizou um curso de pintura em tecido – e foi aí que conheceu a primeira técnica de muitas pelas quais viria a se apaixonar. Depois de aprender pintura em tecido, Adriana desejou aprender também pintura em tela. Realizou um curso com um artista plástico e apaixonou-se de vez pela pintura, chegando a realizar exposições de arte na cidade. Sua primeira encomenda surgiu assim que aprendeu a pintar e, de lá para cá, aprimorou a técnica e pintou mais de cem telas de temas variados. 18 | Novembro 2019 | Revista Giropop

A pintora Adriana Schultz em exposição de suas obras na feira Itapoart.

Multidisciplinar, a artista pinta papéis, telas, tecidos, plásticos, muros e madeiras. Adriana tem como inspiração a pintora Marlowa, de Chapecó (SC), que na maioria de suas obras usa a técnica aquarela, retrata famílias e crianças, com traços e cores infantis. No infinito de possibilidades com a tinta e o pincel, Adriana, por sua vez, utiliza técnicas variadas: gosta de mesclar desenho de observação com fotografia, tinta acrílica, aquarela, de tecido, a óleo, nanquim e o que mais seu imaginário criativo permitir. Há cinco anos, Adriana mudou-se para o município de Itapoá, onde passou a lecionar aulas de Artes para as turmas do Maternal ao Ensino Médio, na Escola GEES COC. Dentro e fora da sala de aula, busca transmitir a seus alunos a importância da arte para as nossas vidas. “A arte está em todo lugar, faz parte da nossa cultura e da nossa história. Auxilia-nos em nossa comunicação, nosso convívio, nosso crescimento humano e social. Ela é extremamente importante no desenvolvimento de um povo, nos dá uma nova visão de mundo, de sociedade e expande a nossa criatividade”, comenta. Com o passar do tempo, os alunos da professora pediram aulas particulares de desenho e pintura. “Infelizmente, o aluno possui poucos minutos em contato com a arte por semana. Para aqueles que desejam conhecer ou aprimorar novas técnicas, é preciso ir além da sala de aula. Então, alguns alunos me pediram aulas particulares e passei a atendê-los”, explica. Há três meses, Adriana ensina desenho e pintura em sua casa, com horário marcado, para aqueles que buscam na arte uma atividade para as horas vagas ou uma oportunidade de renda.

“É preciso lembrar que além das profissões convencionais, das quais estamos acostumados a lidar no dia a dia, a criança ou o adolescente também pode escolher ser artista. Mas, para isso, é preciso que tenha contato com o desenho, a pintura, a escultura, a cerâmica, a música, o teatro, a dança, etc. Todo mundo é bom em algo, só é preciso que a família ou a comunidade escolar estejam atentas àquela criança e estimulem a sua capacidade”, diz Adriana. Recentemente, a pintora expôs suas obras na Itapoart – feira de integração da cultura local de Itapoá. “Pintar, para mim, sempre foi como uma terapia. É o momento em que eu me desligo e ao mesmo tempo me conecto. Mas é claro que o município de Itapoá, sua natureza exuberante e sua tranquilidade me inspiram ainda mais”, comenta Adriana, que é mãe de Emilly, de 11 anos, e Rafael, de 2 anos. Em seus planos futuros está abrir um ateliê em casa, para que possa expor suas telas e melhor atender seus alunos. A professora e pintora também sonha, um dia, viver de suas pinceladas. Enquanto isso compartilha esta paixão com todos aqueles apreciadores da arte – independente da idade que tenham. Em suas palavras: “Todos podem e devem aprender desenho e pintura. É uma atividade manual perfeita para extravasar suas emoções, diminuir o estresse e a ansiedade, melhorar a autoestima e a concentração, e desenvolver inteligência emocional. Fazer arte é harmonizar o coração e a mente”.

Para a pintora Adriana, fazer arte é harmonizar o coração e a mente.





MÚSICA

Música com alma e matemática Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Que cada pessoa se conecte de forma diferente e tenha sensações diversas com a sua música é o que move a obra de Edwin de Paula (25). Em seu primeiro EP, “Orbis”, o artista uniu música e matemática, duas linguagens universais, para criar uma sinfonia atmosférica e etérea.

N

ascido em Florianópolis (SC), Edwin morou em Pato Branco (PR), viveu no Nordeste do país e depois mudou-se para Curitiba (PR), até que, em 2009, os caminhos lhe trouxeram a Itapoá. Quando chegou ao município, seus primeiros amigos foram um teclado e um violão. Ele recorda: “Vivia aquela fase da pré-adolescên-

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Edwin de Paula (25) é músico e estudante de Letras.

cia, cheio de incertezas e inseguranças. Para aproveitar o ócio de maneira fértil, assistia a tutoriais no YouTube que ensinavam a tocar teclado e violão”. E foi assim, de maneira autodidata e paralela, que aprendeu violão e teclado, e apaixonou-se pela música. Para evoluir nos instrumentos, passou a ensaiar covers de seus ídolos. “Acredito que tocar e cantar música de

outros artistas é um processo necessário para ganhar confiança e, então, criar as suas próprias músicas”, diz. Ainda em Itapoá, em um processo bastante íntimo, compôs suas primeiras canções, mas todas ficaram guardadas para si. Há seis anos Edwin mudou-se para Joinville (SC), onde trabalha em uma escola de inglês e cursa Letras. “A música me ajudou a escolher o curso de Letras.


Seu primeiro EP, intitulado “Orbis”, um compilado de cinco canções que unem música e matemática, já está disponível nas plataformas Deezer, Spotify e YouTube.

O artista inspirou-se na Sequência Fibonacci, na Proporção Áurea, no número Pi e na quilometragem do diâmetro equatorial da Terra.

Queria entender mais de poesia e literatura para escrever minhas composições”, conta. Foi também em Joinville que teve seu primeiro contato com produção musical. Em casa, montou um home studio, passou a estudar sobre música orquestral – a qual aprecia muito, ambient music, um gênero musical substancialmente focado nas características timbrais

dos sons, e post-rock, uma forma de rock experimental de sonoridade multi-influenciada. Em outubro de 2018, inspirado pela polarização do cenário político do Brasil, Edwin de Paula escreveu e gravou a canção “Outubro”, disponível em sua conta no Spotify. Tempos depois, influenciado por diferentes estilos e por meio da música eletrônica, ou seja,

modificada através de equipamentos eletrônicos, pensou em construir seu som instrumental e levar a experiência a algo diferente, a algo novo. “Aprecio muito a música instrumental. Para mim, a música enquanto arte está mais ligada ao som e à emoção que ela transmite do que à mensagem emitida pela letra”, diz Edwin, “gosto da música instrumental porque se eu can-

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tar sobre uma flor, as pessoas vão interpretar como ‘uma canção sobre uma flor’, já a música instrumental faz com que o ouvinte interprete à sua maneira e crie a sua própria relação com o som”. A inspiração Certa vez, Edwin assistiu “Pi”, um filme de ficção científica e suspense que mostra a jornada de um gênio matemático que, ao tentar encontrar números inscritos na natureza, encontra a si mesmo. “O filme falava sobre as sequências numéricas e, de repente, me veio um insight: ‘e se eu criasse músicas instrumentais em que cada nota musical fosse representada por um número?’. Aquela ideia se instalou em minha cabeça. Então, peguei uma escala musical e corri para o teclado”. Para cada nota, ele designou um número. Por exemplo: o ‘dó’ foi representado pelo número 0, o ‘ré’ pelo 1 e o ‘mi’ pelo número 2. Inspirado na matemática, Edwin usou os números da Sequência Fibonacci e passou a criar música. “Comecei a brincar com os algarismos e as notas musicais, e me surpreendi com o resultado. O engraçado é que nunca gostei de matemática, mas a gente vai crescendo e percebendo que é uma linguagem tão importante quanto às demais”, conta. A partir daí, o músico, acompanhado de um computador e seu teclado, mergulhou em um processo criativo que unia linguagem musical e numéri-

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Edwin de Paula tem como principais influências a música orquestral, a ambient music e o post-rock.

ca para criar música instrumental, feita com amor e alma. Processo criativo A inspiração nos números da Sequência Fibonacci resultou em uma primeira canção. “Gostei da ideia de aliar música à matemática, pois ambas são linguagens universais. Da mesma forma que todas as músicas utilizam-se de

12 notas musicais, todos os números têm de 0 a 9 algarismos. E isso funciona em qualquer canto do mundo, o que é fascinante”, explica Edwin. Seguindo essa lógica, inspirou-se nos 122 algarismos do número “Pi” (π) para criar a segunda faixa. A escala escolhida para esta canção foi ‘ré’, em modo dórico. Com a escala musical já numerada, pôde escrever a melodia central usando o número Pi como partitura. Também, utilizou-se da Proporção Áurea e da quilometragem do diâmetro equatorial da Terra. Tendo estas melodias como base, construiu o restante das canções adicionando harmonias, acordes, percussões, efeitos e outros. Desde o fim de dezembro de 2018, Edwin trabalhou incessantemente no processo de criação dessas cinco canções, que se tornaram um EP, com o intuito de que o som pudesse transmitir o máximo de emoção possível aos ouvintes. Sonoramente, as músicas foram criadas de forma que soem como uma sinfonia atmosférica, etérea. Através de equipamentos eletrônicos, Edwin trabalhou o som de carrilhões, glockenspiels, celestes e instrumentos de orquestra para formar sons abstratos – já o teclado é tocado por ele. Segundo o estudante de Letras, vivemos uma era de produção musical em que o som de qualquer instrumento natural, analógico, pode ser reproduzido através de um computador. “Muita


gente tem preconceito com isso, alegando que a música eletrônica não tem alma ou que o músico não tem talento, mas tudo é questão de como utilizar essa ferramenta. A verdade é que grande parte das músicas que escutamos hoje é eletrônica, digital, e ainda assim nos emociona”, fala. Para auxiliar no processo criativo do EP, Edwin teve de voltar ao município de Itapoá algumas vezes: “Itapoá é minha Meca musical, onde aprendi a fazer música. Me sinto mais livre e criativo aqui”. Orbis Depois de nove meses de muito trabalho, no dia 22 de setembro Edwin de Paula lançou seu primeiro EP, intitulado “Orbis”, um compilado de cinco canções. Embora não tenham letra, cada canção conta uma história e tem relação com seu processo de criação. “Sequência”, a canção que abre o EP, faz referência à Sequência de Fibonacci; “Circunferência” representa o número Pi (π); “Proporção” tem relação com a Proporção Áurea; “Encontro”, que é considerada um segredo de Edwin e também a sua favorita do EP e, por fim, “Equador”, inspirada na quilometragem do diâmetro equatorial da Terra. Conforme o músico, os resultados dessas “equações musicais” foram completamente inesperados. “Fiquei muito feliz e orgulhoso com o resultado. Ao mesmo tempo em que estas canções foram criadas por mim, é como

uma sensibilidade profunda”, já que era este o seu objetivo: causar sensações.

Para o artista, “todos precisamos de um escudo, um respiro”. O seu é a música. Imagens Alfeu Cardoso.

se elas tivessem sido criadas sozinhas, porque foi um conjunto de regras que encontrei para transformar matemática em música”, diz. E o feedback dos ouvintes tem sido muito positivo. Ao ouvir Orbis, algumas pessoas se lembram de sonhos, outras de filmes; algumas relaxam, outras até choram. O artista gostou muito de uma ouvinte que definiu sua obra como “de

Projetos futuros No dia a dia, Edwin é movido pela música. “Amo ouvir música. A nossa vida é tão caótica, que todos precisamos de um escudo, de um respiro. O meu é a música”, diz. Para o futuro, vem trabalhando em canções para um novo EP que, dessa vez, terá composições autorais e vocais. “Num processo bastante intuitivo, estou compondo poesias cantadas que falam sobre amor, saudade, revolução e crescimento pessoal, porque é o que tenho vivido. Neste novo EP, pretendo misturar jazz, folk, música eletrônica, entre outras influências”, comenta. Enquanto isso, é possível escutar no modo repeat e se conectar com as canções de Orbis. Por fim, Edwin de Paula deixa sua mensagem: “Meu sonho de fazer música já vem sendo realizado. Neste projeto, minha alma foi espremida em som. Espero que as pessoas gostem de ouvir minha música tanto quanto eu gosto de fazê-la”. O EP “Orbis”, de Edwin de Paula, está disponível nas plataformas Spotify, Deezer e YouTube (youtube.com/ edwindepaula). Para acompanhar os projetos futuros do artista, acesse sua página no Facebook, facebook. com/edwindepaula, ou seu perfil no Instagram, @edwindepaula.

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ARTESANATO

Sonia e Waldir compartilham a paixão pelo artesanato Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Promovendo a cultura do artesanato no município de Itapoá (SC), nesta edição, contamos a história do casal Sonia Maria Machado Lima e Waldir Felippe. Além da vida a dois, Sonia e Waldir compartilham habilidades manuais e a paixão pelo artesanato.

S

onia e Waldir vieram da cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. Já aposentados e em busca de qualidade de vida, passaram a residir no município de Itapoá em agosto de 2017. Ela começou a realizar cursos e frequentar feiras e, assim, apaixonou-se pelas mais variadas técnicas de artesanato. Já Waldir, sempre gostara de trabalhar com madeira e,

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assim, uniu o gosto pela matéria-prima à sua criatividade. Ela passou, então, a confeccionar diversos artigos de artesanato, desde bonecas em EVA e filtros dos sonhos até produtos de moda, como toucas, cachecóis, carteiras e bijuterias, em tricô, crochê ou macramê. Por sua vez, Waldir passou a produzir barcos em miniatura e porta-chaves em madeira. O processo criativo do casal aconte-

ce separadamente e cada um tem suas particularidades. Enquanto os trabalhos de Sonia exigem muito de suas habilidades manuais, o trabalho de Waldir conta com o manuseio de maquinários, para cortar e montar as peças em madeira. De acordo com os dois, as inspirações para as criações surgem no cotidiano, nas praias ou através de trabalhos de outros artistas. Os artesãos são cadastrados junto


ao Departamento de Cultura de Itapoá e, ainda, fazem parte da Associação de Artesãos Pedra Que Surge, também de Itapoá. Integrando a associação, o casal expôs recentemente suas peças na Feira da Sapatilha, durante o Festival de Dança de Joinville (SC) e, aos sábados, estão à beira-mar em Itapema do Norte para expor seus trabalhos junto de outras artesãs da Associação de Artesãos Pedra Que Surge. “Nossas peças são voltadas

tanto para moradores quanto para turistas. É importante que todos os públicos valorizem os artesãos como parte da cultura de Itapoá, onde o artesanato tem forte presença”, comenta Sonia. O artesanato é, para Sonia e Waldir, uma fonte de renda extra. Mas, acima de tudo, uma terapia, onde gostam de se dedicar por horas a fio, com concentração e muita paixão pelo ofício. Eles, que almejam, um dia, que os artesãos do

município de Itapoá tenham um espaço permanente à beira-mar para expor seus trabalhos, confessam seu maior prazer nesse ofício: “ver o cliente parar, olhar, apreciar e elogiar aquela peça que nós fizemos é o que nos deixa mais felizes”. Desejar conhecer melhor o trabalho de Sonia e Waldir ou adquirir uma de suas peças? Entre em contato com ela através do WhatsApp: (47) 99908-3292.

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INCLUSÃO

Mãos que Cantam: aprendendo Libras através da música Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Em Itapoá (SC), um grupo de voluntários vem promovendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e mudando a realidade da comunidade surda no município. Na edição 81 (que você pode conferir em issuu.com/revistagiropop), falamos sobre o curso “Libras em Ação”, oferecido gratuitamente para todos aqueles que buscam um diferencial no trabalho, aprender uma nova língua ou, simplesmente, têm empatia e contribuem para um mundo mais inclusivo. Neste sentido, o projeto “Mãos que Cantam” surge como uma ferramenta auxiliar, onde os interessados aprendem Libras de uma forma muito mais dinâmica e lúdica: através da música.

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T

udo começou através da amizade entre Karen Jackeline da Silva, Maria Fernanda da Silva Costa e Nelma Machado. Karen é mãe de Maria Fernanda, de 18 anos de idade, portadora de Síndrome de Down, surda profunda bilateral, ou seja, dos dois ouvidos, e paratleta de tênis de mesa.

No ano de 2018, mãe e filha deixaram Balneário Camboriú (SC) e se mudaram para Itapoá (SC), para que a paratleta integrasse a ASEPI (Associação Esportiva e Paradesportiva de Itapoá). Chegando ao município, a jovem passou a estudar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna, onde Maria Fernanda e Karen conheceram Nelma Machado, pro-


fessora, intérprete de Libras e referência para a comunidade surda em Itapoá. Karen, que foi educadora durante 28 anos, afirma: “a Maria Fernanda passou por muitas escolas, mas nunca vi uma escola tão receptiva e acolhedora como a Escola Ayrton Senna”. Ela conta que quando entrou na escola, a adolescente tornou-se mais feliz, amada, amorosa, familiarizada e independente. No ambiente escolar que estudou até o fim de 2018, Maria Fernanda criou muitos laços afetivos, especialmente com as colegas de classe e com a professora Nelma. Logo, Nelma e Karen ultrapassaram a relação dos portões da escola e passaram a ser mais que professora e mãe de aluna, mas amigas. Juntas, criaram voluntariamente o “Libras em Ação”, um curso gratuito para quem deseja aprender Libras em nível básico. A experiência foi um sucesso e, para oferecer uma extensão do curso de Libras, Karen, Nelma e Maria Fernanda criaram o “Mãos que Cantam” – um coral na Língua Brasileira de Sinais. “Aprender Libras através da música é muito mais lúdico e dinâmico. A música pode ser uma ferramenta importante de inclusão social”, comenta Karen. Desde o início do projeto, o coral Mãos que Cantam já se apresentou na Casa da Cultura de Itapoá, na APAE e no Porto Itapoá. Recentemente, o grupo iniciou os ensaios em comemoração ao Natal. “Estamos com uma turma maravilhosa, muito comprometida, madura e amiga”, dizem as idealizadoras. Tanto o público do curso quanto do coral é bastante diversificado: vai de crianças até pessoas da terceira idade. Conforme Nelma, qualquer um pode aprender a

Língua Brasileira de Sinais. Para quem pensa que se comunicar em Libras é algo bastante difícil, a intérprete dá uma dica crucial: “a Libras torna-se mais fácil quando você tem interesse, seriedade e força de vontade. Gostar de língua portuguesa e da morfologia das palavras também contribui para a aprendizagem. Contudo, para facilitar e memorizar os sinais, seria interessante fazer o curso e, principalmente, conviver sempre com a comunidade surda, pois de nada adianta se você não praticar”. Para viabilizar os custos (materiais e uniformes) do projeto, contam com o patrocínio das empresas Apolar Imóveis, Autoposto Miranda e Agrocomercial Spezim. Já o espaço das aulas e dos ensaios é cedido pela Escola Ayrton Senna, através da Secretaria Municipal de Educação. “Somos gratos a todos que nos ajudam direta ou indiretamente para que tudo isso seja possível. É muito legal viver em uma cidade onde as pessoas abraçam causas como essa com tanto amor e boa vontade”, fala Karen. Por amor Atualmente, a paratleta Maria Fernanda foi indicada pela ASEPI para concorrer ao prêmio do troféu Gustavo Kuerten. Sua inscrição foi homologada e, agora, conta com a torcida e participação dos amigos e simpatizantes para avançar para a próxima etapa e concorrer ao prêmio entre os finalistas. Maria Fernanda cursa o 1º do Ensino Médio na Escola GEES COC, onde tem como segunda professora Keyla Cristiane Vieira. Desde que a jovem passou a es-

tudar na escola, os alunos começaram a interessar-se pela Língua Brasileira de Sinais. Assim, com o apoio da equipe diretiva da escola, iniciou-se o curso de Libras, também, na GEES. “Trabalhar com a Maria Fernanda tem sido uma experiência maravilhosa. Ela é dedicada, carinhosa e muito querida por todos os colegas. Hoje, aprendo mais com ela, do que ela comigo. Eu ainda estou aprendendo Libras, inclusive tenho feito o curso ministrado pela professora Nelma. É importante que a inclusão aconteça na prática. Pessoas surdas não querem mais ser vistas como ‘anormais’, é necessário entender que as diferenças são normais e encarar que Libras já não é mais um conhecimento acessório. Não são eles que precisam se incluir, somos nós que devemos nos inserir no mundo deles”, comenta a professora Keyla. Também, Maria Fernanda faz muay thai na Academia Teixeira Team e, por lá, não foi diferente: todos os treinos, ela e sua mãe ensinam alguns sinais aos praticantes de esporte, que estão adorando. Hoje, existem 11 deficientes auditivos no município de Itapoá, mas quando a população aprende a língua de sinais, essa comunidade cresce ainda mais. A iniciativa de Maria Fernanda, Karen e Nelma é um projeto social de grande valor para a sociedade e tem de ser valorizada. Em outras palavras, é um projeto movido por amor – amor ao trabalho, à comunidade surda e à vida. Para participar do coral de Libras “Mãos que Cantam”, entre em contato com Karen 47 99691-1914 ou com Nelma 47 99999-7347.

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R

etornamos ao tema futuro novo acesso rodoviário a Praia de Itapoá em razão de não ter chegado em tempo ao setor revisional do importante veículo cultural Giro Pop a correção relativa ao ponto de início da via. De acordo com a planta de situação elaborada pelo topográfo Valter de Oliveira no ano de 1990, cujo gráfico novamente expomos, terá seu início na SC-417 (Garuva-Guaratuba) entre os quilómetros 5/6 - Zoninha e 11/12 - trevo de ingresso na rodovia Dórico Paese ou Serrinha. Adiante o perfil do desprendido topográfo Valter de Oliveira Melo - Pistola - e o que planejou. Meticuloso e amante da natureza fazia da sua profissão um expediente para conhecer detalhadamente as entranhas do território onde atuava, ou seja, seus rios, seus morros e sua vegetação.

Com base no extenso conhecimento das nuances do relevo local, isto é, sua orografia, tracejou o percurso adequado para a sua abertura. Esse estudo detalhado revelou um trecho de pequenas elevações, poucos baixios e a travessia de apenas um rio, o Saí Mirim, em sua parte com largura mínima. Vitorino Paese: Tais condições favoráveis permitiram ao popular “Pistola”, apelido pelo qual era mais conhecido o topográfo Valter, acenar com uma reta partindo da estrada Garuva/Guaratuba para chegar a Itapoá. O referido traçado apresenta também outras vantagens, como menor custo na sua implementação, redução da distância, maior rapidez e um risco menor de acidentes. Planejou ainda o término da via no Bairro Itapema, ponto intermediário da praia, beneficiando de forma equânime a todos. Desde a SC-417 (Garuva-Guaratuba)

até Itapoá, a futura nova estrada do meio, de acordo com o levantamento de campo realizado, prevê uma distância de 16,5 km (dezesseis quilómetros e meio). Esse menor percurso reforça sua viabilização, pois os três principais acessos, hoje existentes, com início na SC-417 apresentam as distâncias, a seguir: Caminho do Encanto - 68 km; Estrada Dórico Paese ou Serrinha - 32 Km e Estrada João Cornelsen - 23 km, tomando-se como local de chegada a antiga sede da prefeitura no Balneário Itapoá. Assim, aceitando como exemplo “Valter Pistola” que em 1990 palmilhou o chão da Mata Atlântica Garuvense e Itapoaense buscando e conseguindo levantar um percurso mais favorável para uma futura nova via destinada a atingir Itapoá deixando-nos no papel o que pesquisou no campo, cumpre-nos em homenagem e gratidão a seu imensurável feito, darmos continuidade ao projeto, ampliando sua divulgação para que venha a se materializar num curto espaço de tempo. Opinião: Pensar a Itapoá de 2050 é lembrar que a expansão das atividades portuárias tornará, brevemente, a rodovia Dórico Paese ou Serrinha em estrada exclusiva do porto. Pensar Itapoá de 2050 é lembrar “Valter Pistola” que se antecipou no tempo e previu o crescimento da região. Cabe, então, o dito popular, “tudo o que é feito com tempo, o tempo respeita”.

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