Revista Giropop - Edição 83

Page 1




Editorial É dezembro. Cmhegamos ao final de mais um ciclo que se encerra para que outro se inicie. Nessa atmosfera, tudo é renovado: os desejos, os sentimentos, as energias e os motivos pelos quais somos gratos e felizes. Em um momento de renovação de sonhos, nada melhor do que compartilhar relatos, roteiros e dicas de viagens mundo afora, para que você continue sonhando, mas principalmente realizando. A inspiração fica por nossa conta, mas a coragem – e isso serve para todas as coisas da vida – está sempre dentro de você. Que em 2020 nossas páginas continue a inspirar, encantar e ensinar. Leitores, colaboradores e anunciantes, será um imenso prazer permanecer junto de vocês, praticando, mês a mês, a arte de compartilhar coisas boas. Boas festas e um feliz novo ano!

Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para: giropop@gmail.com WhatsApp 47 9 9934.0793

4 | Dezembro 2019 | Revista Giropop



EMPREENDEDOR DO MÊS

Imóvel Periciado: a revolução no mercado de compra de imóveis Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

A revolução no mercado de compra de imóveis chegou ao Brasil e a Itapoá-SC! É a Imobiliária Imóvel Periciado, que dispõe de um sistema de alta tecnologia para leitura inteligente, rápida e eficaz de documentação imobiliária. Em reportagem à revista Giropop, o proprietário e Corretor de Imóveis Everton Sabadini fala sobre essa novidade elaborada por especialistas eficientes em soluções de Inteligência Artificial, que garante confiança e segurança ao seu alcance.

Parte da equipe da Imobiliária Imóvel Periciado, Henrique, Luiz, Karla e Everton.

ara contar a novidade brasileira trazida por Everton Sabadini a Itapoá-SC, é preciso, antes, contar a história de sua mãe, Cleide Silva, também Corretora de Imóveis. De Maringá-PR, Cleide atuou durante muitos anos em escritório de advocacia. Em 1999, quando mudou-se para Foz do Iguaçu-PR, por virtude de conhecimento adquirido na área jurídica, passou a trabalhar com esta em uma imobiliária. E foi aí que Cleide apaixonou-se por Direito Imobiliário. “Sempre gostei de atuar na área de Direito, e quando fui inserida no ramo imobiliário, percebi que me sentia realizada nessas duas áreas, que são complementares”, comenta. Nas imobiliárias por onde passou, Cleide atuou no departamento jurídico, administrando cobranças, minutas, notificações, processos, entre outros. Tempos depois, mudou-se para Guara-

tuba-PR por alguns meses, onde trabalhou em uma imobiliária. “Na época, passei por situações difíceis, que me fortaleceram e me motivaram ainda mais a alcançar o sucesso profissional”, recorda. Foi então que conheceu o município vizinho de Itapoá (SC), onde decidiu recomeçar, acompanhada dos filhos Everton Sabadini e Gabriel Sabadini. Cleide mudou-se para Itapoá em 2002, e logo em 2005, já com o CRECI (registro profissional para trabalhar com a compra e venda de imóveis), abriu sua imobiliária, a Cleide Silva Corretora de Imóveis. Atuando no segmento imobiliário de Itapoá, Cleide trazia um grande diferencial: todos os anos de expertise e conhecimento na área jurídica. “Com minha bagagem na área da advocacia, minha formação em Gestão em Negócios Imobiliários e as dezenas de cursos que realizei, pude trabalhar na compra e venda de imóveis dando uma atenção

P

6 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

especial à documentação”, explica. Junto à mãe, os filhos Everton e Gabriel cresceram no meio imobiliário. Aos poucos, tomaram gosto pelo trabalho, fizeram o CRECI e passaram a atuar como Corretores de Imóveis na Cleide Silva Imóveis. A mãe, Cleide, lembra: “É claro que fiquei muito contente quando me disseram que também gostariam de trabalhar no ramo, mas nunca impus a eles que seguissem meus passos. De maneira natural, eles criaram gosto pela área e tinham força de vontade e desejo de trabalhar”. Com o passar do tempo e o seu negócio já consolidado, Cleide apostou nos filhos: “Eles cresceram, formaram suas famílias e tornaram-se profissionais de grande potencial. Portanto, já não precisavam mais trabalhar em nome da Cleide Silva Imóveis, mas, sim, conquistar seu espaço. Sendo assim, após anos de trabalho e aprendizados no negócio da família, os


irmãos Gabriel e Everton Sabadini alcançaram voos ainda mais longes e abriram o seu próprio negócio. Everton optou por inserir a Tecnologia em seus negócios, e é sobre essa que falaremos nesta edição. Tecnologia Imóvel Periciado Inteligência Artificial em Análise de Documentos Everton nunca fora aficionado por tecnologia, entretanto, sempre visionário, observou que a tecnologia nos tempos de hoje é essencial para o aprimoramento de todos os negócios. “Em todos os cursos, tanto no ramo imobiliário como em outras áreas dos quais participei, tive a visão de que a tecnologia seria o futuro dos negócios. Nas grandes metrópoles isso já esta se tornando uma grande realidade, e em alguns casos, estão priorizando o corretor de imóveis que tenha conhecimentos tecnológicos, e que esteja adaptado à nova realidade”, conta. Desde o inicio de seu trabalho juntamente como sua mãe Cleide Silva, Everton Sabadini aprendeu a dar prioridade no quesito documentacional, pois sempre se deparava com vários problemas existentes em nosso município. Durante estes anos, não raramente o corretor deparava-se com pessoas que desejavam vender imóveis sem conter ainda a documentação apta a ser transferido corretamente. Com a chegada da tecnologia nos meios de anúncios, Everton Sabadini constatou que este problema é derivado por uma série de conjunções não somente em Itapoá-SC, mas no Brasil inteiro. “Percebi que as pessoas anunciam seus imóveis em empresas de comércio eletrônico, como Mercado Livre e OLX, e ainda que os preços sejam atrativos, esses imóveis não têm a documentação necessária para se efetivar uma transferência legal junto ao Cartório de Registro de Imóveis responsável, ou seja, são irregulares por uma determinada circunstância seja ela de fácil ou difícil resolução”, conta. Pensando nisso, certa vez, Everton teve um insight: Buscar dentro da Tecnologia de ponta disponível elaborar um sistema de Inteligência Artificial que identifique e demonstre a real situação da documentação de um imóvel. Depois de muitos contatos, cursos na área de tecnologia, congressos, e intensos estudos, Everton, fez parceria unindo seu conhecimento na área de Direito Imo-

biliário com alguns especialistas na área de Tecnologia, em especial Codificadores, Programadores, Analista de Sistemas e Inteligência Artificial, solidificando assim o projeto de nível Brasil, que está apto a revolucionar as transações de imóveis, o Imóvel Periciado Inteligência Artificial em Analise de Documentos (www.imovelpericiado.com.br). Ele explica: “Trabalhamos com uma equipe pronta para atendimento eficiente em soluções e utilizamos de alta tecnologia para leitura inteligente, rápida e eficaz de documentação imobiliária, tanto do imóvel quanto dos responsáveis por ele. Esse sistema é elaborado e supervisionado por especialistas da área de tecnologia e jurídica, e fornece um checklist sobre informações valiosas de modo simples, fácil e seguro”. Para obter a perícia completa do imóvel, com confiança e segurança, é bastante simples. Primeiramente, o comprador acessa o site Imóvel Periciado, realiza um cadastro, preenche os dados do imóvel e paga uma taxa de R$ 52,90 por consulta. Em seguida, a Inteligência Artificial em Análise de Documentos faz o processo completo em até cinco dias. Por fim, o cliente recebe um checklist completo do imóvel, contendo as mais valiosas informações necessárias para a transferência segura de um imóvel. Hoje, com sede em Curitiba-PR, o sistema vem firmando parcerias com órgãos como a OAB e outros, buscando aprimorar o sistema, que já esta disponível para os estados de Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Imobiliária Imóvel Periciado em Itapoá-SC Em Itapoá, no balneário Pontal, próximo ao Porto Itapoá, Everton Sabadini, que até então utilizava do nome Cleide Silva Corretora de Imóveis, migrou para uma franquia de sua autoria, a Imobiliária Imóvel Periciado – o primeiro escritório imobiliário que dispõe do sistema de Imóvel Periciado, ou seja, de alta tecnologia de leitura e análise inteligente de documentos, rápida e eficaz de documentação imobiliária. Mas não é isto apenas que o empresário dispõe hoje em seu novo segmento. Ele traz consigo a Tecnologia em muitos outros aspectos para a melhor visualização, entendimento e conhecimento do

processo como um todo, onde a facilidade e tecnologia são os fortes da imobiliária, uma vez que os seus clientes conseguem visualizar o interior e exterior de um imóvel de dentro de seu escritório com a ajuda de óculos virtuais em imagens reais; e ainda com a ajuda de um Drone de última tecnologia e também óculos virtual, consegue fazer com que seus clientes “sobrevoem a praia de Itapoá em tempo real, como se estivessem dentro em um avião”. Everton Sabadini vai além: até o final de 2020 ele e seus sócios lançarão um site diferenciado e revolucionário para as imobiliárias que aderirem a marca imóvel periciado – “mas o que terá de bom nesse novo site e plataforma ainda é segredo” conta ele. Mesmo com empresas de nomes diferentes, Everton e a mãe Cleide mantêm a parceria: “Toda a base que tive em negócios imobiliários aprendi com ela. Minha mãe é uma profissional excelente e todos que passaram pela Cleide Silva Imóveis aprenderam que a assistência que damos ao cliente, quanto à documentação, é tão importante ou até mais que a venda em si”. Hoje, Imóvel Periciado Inteligência Artificial em Análise de documentos já é sucesso, e vem revolucionando o mercado de compra de imóveis na região. Seja você vendedor, comprador ou corretor de imóveis, a consulta no site www.imovelpericiado.com.br é indispensável para quem busca confiança e segurança na hora de comprar um imóvel em qualquer lugar da cidade. E, claro, o cliente também pode optar em ter essa experiência e comprar um imóvel diretamente no escritório da Imobiliária Imóvel Periciado (www.imobiliariaimovelpericiado.com.br), em Itapoá.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 7


POR AÍ

Expedição Tetos do Brasil: imersão à natureza e ao montanhismo

Dezessete dias de pura imersão na natureza. Passando por quatro estados do Brasil. Mais de três mil quilômetros nas rodovias. Mais de cem quilômetros em trilhas. Dezoito cumes alcançados. Nove dentre as doze maiores elevações de todo o Brasil.Essa foi a Expedição Tetos do Brasil, realizada pelos amigos e montanhistas Cristiano Wagner Rissi, André Segura Garcia Júnior e Sérgio Luiz Granatto. Montanhas, trilhas, estradas, pessoas, lugares, escaladas técnicas, cumes e experiências que levarão para a vida toda.

8 | Dezembro 2019 | Revista Giropop


Os amigos e montanhistas Cristiano Wagner Rissi, Sérgio Luiz Granatto e André Segura Garcia Junior. Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

P

ara Cristiano, André e Sérgio, o montanhismo vai muito além de uma atividade, e cada um deles tem uma história diferente com o esporte que têm como filosofia de vida. A relação de Cristiano com o montanhismo surgiu na adolescência, a curtas pernadas em morros de Itapoá e região: “Naquele tempo, não tínhamos muita condição e informação ao alcance, então, nos virávamos com o pouco de recurso disponível”, lembra. André também iniciou no montanhismo na adolescência, frequentando

Registro dos amigos no Parque Nacional do Caparaó, em Minas Gerais.

o Pico do Anhangava e Pico do Marumbi na companhia de amigos, quando ainda residia na cidade de Curitiba (PR). “Isso despertou meu interesse e fez com que buscasse uma formação direcionada. Cursei Turismo, realizei algumas pós-graduações e me formei como Guia de Turismo. Também faço parte do GRM (Grupo de Resgate em Montanha), da região de Joinville (SC) e busco cada vez mais contribuir para a sociedade com aquilo que aprendi em minha jornada”, fala André. Já Sérgio, também descobriu a paixão na adolescência, em incursões pela Serra do Mar, mais precisamente em lugares como o Pico do Marumbi e Caminho do Itupava. Para Sérgio, aquilo não passava de uma diversão entre amigos.

Ele recorda: “Nessas ocasiões frequentemente cruzávamos com montanhistas, escaladores e caminhantes a nível profissional, e isso despertou em mim a vontade de me tornar, de fato, um montanhista, e dirigir minha vida profissional a esse segmento, como guia de turismo e instrutor em cursos técnicos da área”. Amizade Em Itapoá, André já conhecia tanto Cristiano quanto Sérgio há cerca de 20 anos. Por sua vez, Cristiano e Sérgio se conheceram através de André, em um bate-volta noturno ao Pico do Paraná. Eles contam: “Nossa afinidade foi imediata. A ligação foi tão forte que parecia que nos conhecíamos de longa data”.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 9


A expedição Depois de longos seis meses de planejamento, estudo e preparação, no dia 1º de julho de 2019 iniciou-se a Expedição Tetos do Brasil – um projeto idealizado pelos amigos montanhistas que vivem em busca de novos cumes, picos, novas montanhas e travessias. A iniciativa contou com a parceria da Decathlon Joinville, que acreditou na aventura e disponibilizou equipamentos ‘dos pés à cabeça’, além dos apoios das empresas New Arts Comunicação Visual, Cacau Show Itapoá, Excusa Mama Tatuaria, Realeza Materiais de Construção, Freitas Engenharia Civil, GTV Sulitorânea, Sabadin Calhas e Coifas, Clóvis Corretor de Imóveis, Dr. Raphael Mira, Auto Posto Miranda, Supermercado Sol e Mar Itapoá, Krovel CB e Cordeiro Uniformes. Dessa vez, a aventura partiu do eixo entre os Estados de Santa Catarina e do Paraná e seguiu em direção ao Sudeste, onde ficam algumas das maiores montanhas do Brasil. Depois de deixarem Itapoá, os amigos percorreram cerca de 1000 km de carro, até iniciar a jornada na travessia Petrópolis – Teresópolis, na Serra dos Órgãos (RJ). Ainda, passaram pelo Parque Nacional do Caparaó (MG) – onde visitaram picos como o Pico da Bandeira (a terceira maior elevação do Brasil), Pico do Calçado e Pico do Cristal. Já no Parque Nacional do Itatiaia (RJ), a primeira unidade de conservação do Brasil, conheceram o Pico das Agulhas Negras (a maior elevação do Rio de

10 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

Autodeclarados apaixonados pelo montanhismo, André, Sérgio e Cristiano afirmam que a paixão à natureza, à prática esportiva e aventureira consolidou ainda mais essa amizade. E foi então que o trio – fortalecido e com afinidades em comum – criou a Expedição Tetos do Brasil.

Na imagem, o Pico da Bandeira, a terceira maior elevação do Brasil, situado no Parque Nacional do Caparaó (MG).

Janeiro e a quinta maior do Brasil), Morro do Couto, Pico das Prateleiras, Altar, Pedra do Sino de Itatiaia. Por fim, na Serra da Mantiqueira, fizeram a seção da Serra Fina (entre os municípios mineiros de Passa Quatro e Itamonte), considerada uma das mais desafiadoras do Brasil. Na região, conquistaram picos inesquecíveis, contemplaram o Capim Amarelo, a Pedra da Mina (a quarta maior elevação do Brasil) e o Pico dos Três Estados, uma montanha em cujo topo está o ponto onde se encontram as divisas geográficas dos es-

A Expedição Tetos do Brasil durou 17 dias e passou pelos quatro estados do Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Com apenas três mochilas, contendo 50 kg de equipamento cada, Sérgio, André e Cristiano dirigiram por mais de 3 mil km pelas rodovias, caminharam por mais de 100 km em trilhas, em 4 unidades de conservação (três federais e uma estadual) e duas travessias. Ao final, alcançaram 18 cumes e 9 dentre as 12 maiores elevações de todo o Brasil – montanhas, trilhas, estradas, pessoas, lugares, escaladas técnicas, cumes e experiências que levaram para a vida toda.


tados brasileiros de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Para André, os cinco lugares favoritos da expedição foram: Portais de Hércules, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ); o Pico do Cristal, no Parque Nacional do Caparaó (MG); o Pico das Agulhas Negras, Prateleiras e a Pedra do Sino de Itatiaia, no Parque Nacional do Itatiaia (RJ); e, por fim, Pedra da Mina, Vale do Ruah e Pico dos Três Estados, na Travessia da Serra Fina (MG). Nas palavras de Cristiano, o que mais gostou foi “sair da zona de conforto para viver esse choque de culturas, de realidades”. Para o montanhista, conhecer picos considerados ícones do montanhismo e alpinismo foi a realização de um sonho. Foi difícil para Sérgio escolher apenas um lugar favorito dentre tantos lugares intensos, cheios de significado e emblemáticos geograficamente para o universo do montanhismo. Ele conta: “Enfrentamos temperaturas de - 6,8º em Itatiaia, no ataque ao Pico das Agulhas Negras. Em pleno estado do Rio de Janeiro, na faixa tropical do nosso país, a 2.600 metros de altitude, pisamos em placas de gelo. Vivenciamos tantos momentos sensacionais e intensos que fica difícil destacar apenas um. Em nossa convivência, também tivemos momentos divertidíssimos”. Além da Decathlon Joinville e das empresas apoiadores, os amigos deixam agradecimentos especiais: “Ao Getúlio Vogetta, pelo suporte técnico. Ao Diego, Jonh, Arruda, Paulo Nibiru, Josué, ao grande amigo e mestre Mariano Santanna e a Monica Schiavon, pelas preciosas dicas verticais. A Marcia, do Itaipava Hostel, em Petrópolis (RJ), ao Ronald e Marcelo, pelo acolhimento em Alto Caparaó (MG), e ao Felipe Guimarães e sua esposa Tatá, pela receptividade no Hostel Picus, em Itamonte (MG). Também não podemos esquecer-nos do montanhista e amigo, Hércules Avolio, que nos acompanhou no primeiro dia de expedição, aos nossos principais incentivadores, Isabela Raicik Dutra Pohl Rissi – esposa de Cristiano, Ethiene e Júlia – esposa e filha de André, Edite e Luiz – mãe e irmão de Sérgio, e a todos que de alguma forma contribuíram para a realização do projeto Expedição Tetos do Brasil”.

Na foto acima, o Morro do Couto, e na foto ao meio, o cume principal dos Agulhas Negras (Itatiaiçú) — ambos no Parque Nacional do Itatiaia. Já o último registro é feito no cume da Pedra da Mina.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 11


Dicas importantes Para os montanhistas que desejam se aventurar em uma expedição como essa, Cristiano recomenda planejamento, cabeça boa, estratégia (pensando em rotas de fuga, equipamentos a serem utilizados e equipamentos de backup), estudos sobre cada uma das montanhas (possíveis dificuldades e imprevistos a serem encarados) e o mais importante: respeito à natureza. “Tudo isso, deve estar alinhado com a experiência de cada montanhista. Em uma expedição como essa, não deve existir margem para o erro nem para a imprudência”, aconselha. A dica de ouro dada por André é: planejamento do possível e do impossível. “Passamos seis meses pensando em to-

Além do checklist de seis meses, ótimos equipamentos, vestuário condizente e ação prévia em cada incursão, o montanhista Sérgio destaca: “Preparo físico, diálogo, exposição das questões e decisões em conjunto, companheirismo e amizade também são fatores primordiais. É preciso alinhar as habilidades e necessidades individuais em prol da coletividade, e canalizar a energia somente em questões necessárias”. A tão esperada conquista do cume principal do Agulhas Negras.

No Agulhas Negras, há um livro onde quem conquista o cume pode assinar.

12 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

das as possibilidades que teríamos ao longo da expedição. Isso fez com que estivéssemos preparados para qualquer situação. Por exemplo, aprendemos a inventariar todos os equipamentos, sejam de uso coletivo ou individual, pois não teríamos onde comprá-los. Dessa forma, não nos faltou nada e o único problema que ocorreu em toda a viagem foi uma lâmpada, que queimou na ida”, conta André. Uma série de fatores contribu ipara o sucesso de uma expedição deste porte.

Aprendizados Para o ano de 2020, o trio de amigos e montanhistas planeja concluir o projeto Tetos do Brasil, já que das 12 maiores elevações do país ainda faltam as 3 montanhas amazônicas: Monte Roraima, Pico da Neblina e Pico 31 de Março. Desde a expedição em julho deste ano, Sérgio, André e Cristiano já não são mais os mesmos. A amizade se intensificou e aprenderam a valorizar ainda mais a natureza – tão presente neste tipo de imersão. Sérgio conta que conheceu lugares com os quais sonhava desde a infância.


A imagem à esquerda é no Pico dos Três Estados, uma montanha onde se encontram as divisas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Já na imagem à direita, os amigos posam no cume do Pico das Agulhas Negras, Negras, a maior elevação do RJ e a quinta maior do Brasil.

Registro em Itatiaia, na ponte pencil na trilha do Pico das Agulhas Negras.

“Com certeza, conquistar esses picos nos engrandece e realiza. Estar em um lugar remoto e frio, por exemplo, exige muito esforço e nos coloca frente a provações físicas, mentais e psicológicas, mas nos traz, também, muitos aprendizados e fortalecimento. Fomos favorecidos e privilegiados pela atuação de uma histórica massa polar que derrubou as temperaturas aos índices comentados e, em compensação, a visibilidade estava infinita”, explica. Depois da imersão de 17 dias, André sentiu um frenesi de emoções: “Uma experiência como essa mexe intensamente com a pessoa. Independente de crença ou religião, é nítida a existência de uma força maior, de um propósito que nos conecta”. O amigo

Cristiano complementa: “Viver o montanhismo nos faz compreender algumas coisas. Somos muito pequenos diante de toda a existência e sabemos muito pouco ou quase nada quando se trata da natureza. Por isso, desejamos explorar e vivenciar esses mistérios – é essa a magia que move”. Nas palavras dos montanhistas, “a troca de experiências no universo do montanhismo existe e sempre existirá”. Portanto, para saber mais sobre essa prática, a Expedição Tetos do Brasil ou acompanhar o trio de montanhistas em suas aventuras, siga seus perfis no Instagram: @rissicristiano (Cristiano), @guia_andregarcia (Juninho) e @sergio_granito (Sérgio).

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 13


POR AÍ

Quatro amigas e um roteiro pela Patagônia argentina e chilena

As amigas Sara Carvalho, Rosânia Matias, Letícia Guerra Dalastra e Adriana Gonçalves Barbieri.

14 | Dezembro 2019 | Revista Giropop


Registros em El Chaltén, a capital do trekking na Argentina e faz fronteira com o Chile.

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Entre as fronteiras da Argentina e do Chile, a Patagônia é um dos destinos mais fascinantes do mundo. Repleta de neves, montanhas, glaciares, cantos intocados e misteriosos, agrada todos os públicos, desde jovens montanhistas a casais e famílias. Quem conta sua experiência de viagem a Patagônia são as amigas Adriana Gonçalves Barbieri e Sara Carvalho, de Itapoá (SC).

A

driana e Sara são amigas de longa data e compartilham uma paixão em comum: viajar. Sara conta que sempre teve o desejo ir a Patagônia, um dos destinos mais deslumbrantes e contemplativos da América do Sul. “Procrastinei o sonho de realizar essa viagem durante anos, até que surgiu uma boa oportunidade. Convidei a Adri, pois sei que ela também ama viajar e é muito parceria”, lembra. Imediatamente, Adriana topou a aventura. A partir de então, Sara e Adriana, apoiadas pelos maridos e incentivadas pelo desejo de explorar um novo lugar, passaram a planejar a viagem que fariam em duas a Patagônia – região que abrange uma vasta área no extremo Sul da América do Sul, ocupando partes da Argentina e do Chile. As amigas levaram seis meses para organizar o roteiro da

viagem, comprar as passagens e os passeios. Certa vez, em conversa com outras duas amigas, Adriana comentou sobre a viagem que faria com Sara. Elas eram Letícia Guerra Palastra – uma amiga de infância que não via há nove anos, e que reside no Rio Grande do Sul, e Rosânia Matias – uma amiga que havia conhecido há cerca de um ano, em uma viagem ao Jalapão, no Tocantins, e que reside em Brasília, no Distrito Federal. “Eu as convidei para a viagem e elas ficaram muito interessadas. Não levei muito a sério, pois pensei que elas não fossem embarcar em uma viagem que já tinha roteiro, passagens e passeios comprados. Mas, ao final das contas, elas toparam e conseguiram comprar a tempo as passagens, quase todos os passeios e a hospedagem no mesmo hotel, o que foi muito bom”, recorda Adriana.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 15


À esquerda, as amigas no Lago Argentino, em frente ao hotel. Já ao meio e à direita, no Parque Nacional de Torres del Paine, situado na Patagônia do Chile. A viagem que, a princípio, seria somente de Adriana e Sara, transformou-se em na viagem de Adriana, Sara, Rosânia e Letícia – sendo que as três últimas não se conheciam. “Conheci Rosânia e Letícia somente no dia da viagem e foi uma surpresa incrível, pois nos demos muito bem. Parecia que nos conhecíamos há tempos”, conta Sara. Patagônia argentina Em 23 de outubro de 2019, o quarteto deixou o aeroporto de Curitiba (PR) para fazer conexão em Buenos Aires, na Argentina – um voo de pouco mais de 2h30min de duração. Já de Buenos Aires, pegaram um voo de pouco mais de 3h de duração para a cidade de El Calafate, na Patagônia argentina. Na mala, toucas, roupas térmicas, botas para neve, jaquetas impermeáveis, jaquetas corta-ventos, entre outras peças imprescindíveis a quem vai à gelada El Calafate. Considerando que a viagem aconte-

16 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

ceu no mês de outubro, Sara, Adriana, Letícia e Rosânia conheceram a primavera da cidade, com temperatura marcando -2ºC. El Calafate é a base para se descobrir algumas das paisagens mais impressionantes da Patagônia – e de todo a América do Sul. A pequena cidade localizada na província de Santa Cruz, na Argentina, fica próxima à fronteira com o Chile. Ainda, é a cidade mais próxima do Parque Nacional Los Glaciares, onde Sara, Adriana, Rosânia e Letícia conheceram a maior geleira em extensão horizontal do mundo: o glaciar Perito Moreno, que encontra-se em constante evolução e é declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. Nas palavras de Sara: “O glaciar é imenso, com um lago de água azul, incrível. Pode-se fazer a navegação, a qual chega bem pertinho do glaciar, mas há também a caminhada pelas passarelas, de onde é possível visualizá-lo por cima”. Contudo, ela e as amigas recomendam que este passeio seja combinado com o

mini trekking. “Andar sobre uma geleira na Patagônia argentina, poder ver de perto essa incrível formação de gelo, é uma experiência inesquecível, que vale muito a pena”, diz Adriana. A simpática El Calafate, situada às margens do Lago Argentina, pode ser considerada uma espécie de Campos de Jordão da Patagônia, uma vez que recebe visitantes com excelentes hotéis, boa gastronomia e muitas lojinhas para compras de artesanato, vinhos, cervejas artesanais e roupas de inverno. De El Calafate, as brasileiras passearam até El Chaltén, a capital do trekking na Argentina – uma vila que virou cidade em 1985 e faz fronteira com o Chile. Conforme as quatro amigas, “El Chaltén é um lugar simples, repleto de mochileiros e alpinistas”. O que atrai esportistas a El Chaltén são dois conjuntos de montanhas espetaculares, desafios permanentes para os melhores escaladores do planeta. Ainda na Patagônia argentina, Adria-


Da esquerda para a direita: Torres del Paine, na Patagônia chilena; registro no passeio de mini trekking; e passeio no Mini Cruzeiro Gourmet. na, Sara, Letícia e Rosânia fizeram o passeio Glaciares Gourmet, uma experiência full day a bordo de um pequeno cruzeiro, recorrendo alguns lugares das paisagens patagônicas, com muito conforto e cozinha gourmet. “Este é um passeio de custo mais alto, mas só pelo passeio de barco já vale a pena. Por ser restrito a uma pequena quantidade de pessoas, é possível contemplar as paisagens com conforto e tranquilidade”, lembram as amigas. Patagônia chilena Para aproveitar a viagem entre amigas, o quarteto realizou um bate-volta ao Parque Nacional de Torres del Paine, situado na Patagônia do Chile. O caminho se deu de El Calafate, na Argentina, atravessando a famosa Rota 40, e pegando uma espécie de caminhão-ônibus até Torres del Paine, no Chile. Sobre o Parque Nacional Torres del Paine, as amigas relatam: “Este parque tem grandes montanhas, icebergs de cor azul brilhante, que se desprendem de geleiras

e pelos pampas dourados (pradarias), que abrigam animais selvagens raros, como os guanacos. Sabe aquele lugar que parece pintura de um quadro, de tão bonito que é? As Torres são isso e muito mais”. Conforme Adriana e Sara, alguns dos locais mais bonitos de Torres del Paine são as três torres de granito que deram origem ao nome do parque e os picos em formato de chifres, chamados Cuernos del Paine. Nessa aventura, as brasileiras arriscaram um pouco de espanhol: “Falamos muito ‘portunhol’, português misturado com espanhol, mas a língua não é um problema se você falar devagar e pedir a eles que falem devagar, também”. Outro A viagem a Patagônia se encerrou em 30 de outubro de 2019, mas Adriana e Sara ainda suspiram com certas lembranças, como, por exemplo, o sabor delicioso da carne de carneiro ou a vista estonteante

da janela do quarto do hotel para o Lago Argentino. Para as amigas, todos deveriam ter a oportunidade de, ao menos uma vez na vida, visitar a Patagônia. Autodeclarada aficionada por história, Sara, que teve o sonho de conhecer a Patagônia realizado, comenta que viajar é isso: aprender, conhecer, escrever e contar suas próprias histórias. Já Adriana, viaja porque gosta de curtir a vida intensamente, e porque toda vez que vai a um novo lugar, já não é mais a mesma. Atualmente, Sara, Adriana, Letícia e Rosânia mantém os laços de amizade – ainda que as duas últimas residam em outros cantos do Brasil. Para elas, viajar é, também, sinônimo de velhas ou novas amizades, mas sempre boas. Para conferir outras fotos dessa viagem inesquecível, siga Sara e Adriana no Instagram: @goncalvesbarbieri e @sarabruxel.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 17














POR AÍ

Capital do Amazonas, Manaus surpreende pela imersão cultural Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Viajar para Manaus, ao Norte do Brasil, nunca esteve nos sonhos de Kassia Cavalari e Hadryano Cavalari. Porém, a capital do vasto estado do Amazonas foi muito além das expectativas e ganhou o coração deste casal de Itapoá (SC).

E

ra janeiro de 2018 e Kassia viajou acompanhada de sua irmã, sua mãe e seu esposo Hadryano. “Escolhemos Manaus porque meu irmão havia se mudado para lá, e nossa mãe, no auge de seus 82 anos, queria muito visitá-lo”, conta. Manaus, nos bancos do Rio Negro, é a capital do vasto estado do Amazonas. Trata-se de um ponto de partida importante próximo à Floresta Amazônica. Quando viajaram a capital do Amazonas, Kassia

30 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

Praia da Ponta Negra, em Manaus, capital do Amazonas.

e Hadryano estavam sem grandes expectativas: “achávamos que em Manaus não teríamos muito que fazer, mas fomos completamente surpreendidos”. A família ficou hospedada em um hotel com localização privilegiada: situado na Ponta Negra de Manaus, bem em frente ao Rio Negro. Para Hadryano, que é professor de Geografia, a viagem foi um ‘prato cheio’, por conta dos contrastes geográficos: “O calor está presente durante todo o ano na região de Manaus. Existem duas estações bem

definidas. O verão, que vai de junho a novembro, são os meses mais quentes e secos, com temperaturas em torno dos 38°C. O ‘inverno’ abrange os meses de dezembro a maio, aonde a temperatura continua alta, mas as chuvas são mais constantes. Lá, descobrimos que a melhor época para visitar o Amazonas é no mês de agosto, aonde a temporada de seca já começou, mas os rios, igarapés e cachoeiras estão com um bom volume de água”, explica.


Da esquerda para a direita: o famoso Teatro Amazonas, ponto de embarque e piscina do hotel em frente ao Rio Negro.

Atrativos turísticos Durante oito dias, Kassia e Hadryano descobriram as riquezas e delícias de Manaus e Presidente Figueiredo, um município localizado na região metropolitana, a 133 quilômetros de Manaus. Para quem achava que a região não teria muito a oferecer, o casal foi surpreendido. Na capital do Amazonas, os atrativos turísticos são muitos. Por lá, conheceram o Teatro Amazonas, um dos mais importantes teatros do Brasil e o principal cartão-postal da cidade de Manaus; mergulharam com os botos cor de rosa no Rio Negro; conheceram as infindáveis casas de palafitas – o tipo de habitação construída sobre troncos de madeiras, sob as águas do Rio Negro, que se espalham pelas margens da capital; visitaram o Museu do Seringal Vila Paraíso, onde foi gravado o filme nacional ‘A Selva’ e fizeram uma agradável viagem na história do ciclo da borracha; passearam pela feirinha de artesanato de Manaus, onde observaram

diversas técnicas manuais, como a marchetaria; se divertiram em muitos lugares, como restaurantes flutuantes e o Porão do Alemão, uma casa de rock’n’roll; experimentaram sorvetes com sabor de frutas típicas da região; visitaram uma aldeia indígena, onde Hadryano comeu carne de cobra, de jacaré e formiga saúva – exceto o coró, uma espécie de larva, pois este Hadryano dispensou. Mas uma das principais atrações turísticas da cidade de Manaus, que merece destaque especial, é o Encontro das Águas – um fenômeno que acontece na confluência entre o Rio Negro, de água preta, e o Rio Solimões, de água barrenta, onde as águas dos dois rios correm lado a lado, sem se misturar, por uma extensão de mais de 6 quilômetros. Conforme Kassia, há dezenas de agências de turismo que oferecem o passeio à região, em roteiros que costumam incluir uma volta pelos igarapés, como são chamados os cursos de água nativos. “Há mui-

tas particularidades entre o Rio Negro e Rio Solimões. No primeiro só há peixe de couro, enquanto no segundo há peixe de escama. No Rio Negro não há mosquito, mesmo nos lugares onde as carnes são todas expostas em bancadas; já no Rio Solimões você observa nuvens de insetos. É muito curioso, parece que há uma barreira invisível entre os rios, onde mosquitos não atravessam. Isso se deve ao fato de que o pH da água do Rio Negro é muito alto em comparação ao Solimões”, explica Kassia. Já em Presidente Figueiredo, descobriram uma ótima opção para quem busca contato com a selva. “Presidente Figueiredo é conhecido como a ‘Terra das Cachoeiras’, pela farta oferta de banhos, selvas, grutas, cavernas e, obviamente, quedas d’água”, comenta Hadryano, “já foram catalogadas mais de 100 cachoeiras de diversos tamanhos e formatos, além de corredeiras”. A maioria dos atrativos possibilita a prática de esportes radicais

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 31


Registros especiais: Hadryano na cachoeira em Presidente Figueiredo; mergulho com os botos no Rio Negro; família no ponte de embarque para o passeio no Encontro das Águas; tambaqui e costela de tambaqui.

e de aventura como rafting, boia cross, caiaque, tirolesa, rapel, arvorismo, trilhas na selva, entre outros. Para explorar este município conhecido em turismo de aventura, Kassia e Hadryano aconselham: “antes de iniciar qualquer passeio, não se esqueça de contratar um guia e de pegar um mapa com a localização de todas as atrações”. Imersão cultural Kassia, uma entusiasta da culinária,

32 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

conta que viajar a Manaus é uma verdadeira imersão gastronômica. Lá, ela e o esposo provaram o tucupi – uma espécie de molho feito com água de goma e pimenta, que acompanha vários pratos da cozinha do Norte do Brasil, e o tacacá – um caldo feito com a goma da mandioca, camarões e tucupi e temperado com alho, sal e pimenta, a que se adiciona jambu, uma erva com a propriedade de provocar sensação de formigamento na boca. “Também comemos uma farofa deliciosa,

feita com farinha uarini e banana pacovã; provamos uma banda de tambaqui, considerado o peixe da família manauara; cupuaçu, um fruto de uma árvore originária da Amazônia, parente próxima do cacaueiro; o tucumã, fruto de uma palmeira amazônica, de polpa grudenta e fibrosa, entre outras delícias que só encontramos no Norte do Brasil”, conta. Segundo Kassia e Hadryano, não se deve visitar Manaus sem provar o famoso X-‘Caboquinho’, um lanche feito de pão, queijo coalho, tucumã


Casas palafitas; encontro das águas; ilha na Praia da Lua; um senhor vendendo tucumã; registro do Porto das embarcações.

e banana pacovã (conhecida aqui como banana-da-terra). Por estar situada próxima à Linha do Equador, Hadryano explica que a cidade de Manaus tem dias e noites bem definidos, com 12 horas cada. Ele também conta que há muito estrangeiros visitando o local, e muitas espécies de animais podem ser avistados dos hotéis ou dos restaurantes, como macaquinhos e bichos-preguiça. “Absolutamente tudo em Manaus é interessante e curioso. Mesmo

sendo um local turístico, os vendedores têm preços padrões. Todas as noites, a metade da principal avenida é fechada para atividades, passeios e esportes ao ar livre. E por serem poucas cidades aonde se pode chegar de carro a partir da capital, os manauaras giram a economia dentro da própria cidade, por isso, restaurantes e comércios em geral estão sempre lotados de moradores”, conta o casal. Com todas essas informações valiosas, nota-se que viajar do Sul a Manaus

é um verdadeiro contraste de sabores, climas, cenários e estilos de vida. Àqueles que desejam viajar para lá, Kassia e Hadryano aconselham: “É recomendável tomar vacina contra febre amarela dez dias antes da viagem. Para explorar bem o local, o ideal é ficar, no mínimo, dez dias. Nós ficamos apenas oito e não conseguimos fazer todos os passeios que gostaríamos. Manaus, com toda a certeza, Manaus nos surpreendeu e mora em nosso coração”.

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 33


POR AÍ

Team do Pedal promove o ciclismo em Itapoá

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

O ciclismo está em ascensão no município de Itapoá (SC). Na região, há roteiros para todos os gostos e níveis de capacidade física. E foi para promover ainda mais este esporte na cidade que surgiu o Team do Pedal de Itapoá. Para saber mais sobre o Team do Pedal e este universo cheio de liberdade e natureza, conversamos com Antônio Alberto Vieira, mais conhecido como Beto ou Portuga.

H

á cinco anos, Beto, sem grandes conhecimentos acerca do ciclismo, foi a uma loja de materiais esportivos e comprou sua primeira bike – a mais barata da loja, uma Aro 26. Com o passar do tempo, ele e os demais esportistas contribuíram para difundir o ciclismo em Itapoá. Sendo assim, fundaram há três anos o Team do Pedal de Itapoá – um grupo com mais de cem ciclistas e amigos, incluindo homens, mulheres e crianças incentivadas pelos familiares, que pedalam por toda a região. Conforme Beto, não há idade ou pré-requisito para pedalar e fazer parte do grupo: “Não somos um time de competição. Alguns dos ciclistas do grupo possuem certas limitações, e isso é normal. O principal intuito do Team do Pedal é compartilhar da paixão pelo ciclismo e prezar pelo convívio. A partir daí, qualquer um é bem-vindo”. Entre eles, os ciclistas costumam afirmar que “quem pedala não sabe explicar porque tanto pedala, e quem não pedala não entende porque tanto pedalamos”. Mas Beto afirma que a socialização, o bem-estar, o cuidado com a saúde, a sensação de liberdade e de poder estar em contato direto com a natureza são as principais razões que multidões se rendem ao ciclismo. Roteiros mais conhecidos Dentre os trajetos mais conhecidos, Beto destaca a tradicional volta ao Porto Itapoá como “o batismo de cada um que inicia no pedal”. “É um trajeto que acontece sempre pelo asfalto, é relativamente curto e qualquer um pode fazê-lo”, comenta. Para aqueles que “enjoaram” da volta ao Porto, aconselha o bate-volta até a cidade vizinha de Guaratuba (PR), através da estrada Cornelsen. Já aos ciclistas que possuem mais tempo e habilidade, Beto sugere o pedal pelas áreas rurais de Itapoá e São Francisco do Sul (SC). O trajeto mais famoso da região parte da comunidade do Saí-Mirim, em Itapoá, segue para as cachoeiras do Casarão e da Serrinha, já situadas em São Francisco do Sul, contorna a Vila da Glória, também em São Chico, e retorna pelo Porto Itapoá. Conforme o ciclista, os moradores das áreas rurais cuidam

34 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

Para quem gosta de lama temos as trilhas no meio do bananal no Saí Mirim.

Entrada da estrada que nos leva até Barrancos.

Rio Palmital em Barrancos


muito das suas casas. Os lugares são repletos de flores que, além do cheiro agradável, embelezam ainda mais cada cenário. Para Beto, subir a Serrinha e observar a Baía da Babitonga lá de cima é de tirar o fôlego. Barrancos, com o Rio Palmital, é outro lugar indispensável. “Eu diria, pelas minhas origens e pelo apreço que tenho por história, que Barrancos é o meu pedal favorito. Ali, estava situada a divisa entre duas das coroas mais conquistadoras da época: Espanha e Portugal. Em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que dividiria o mundo. De um lado de uma linha imaginária, as terras pertenceriam aos espanhóis. Do lado de lá, aos portugueses. Essa linha imaginária cortava Barrancos ao meio e findava em plena Baía de Babitonga. O Sr. Vitorino Paese, grande historiador de Itapoá, não me deixa mentir”, explica Beto. Com tantas opções de trajetos, fica difícil saber por onde começar. Mas, aos iniciantes, ele aconselha: “Ir à panificadora ou ao mercado de bike já é um bom começo. Bicicleta é, antes de tudo, um estilo de vida”. O ciclismo em Itapoá Assim como Beto Vieira, o Portuga, começou a pedalar porque via os outros pedalando, as pessoas agem e são influenciadas da mesma forma. Nesse sentido, o ciclismo está em ascensão em Itapoá. Em contrapartida, o esporte ainda merece mais atenção das políticas públicas do município. Andar de bike requer muita atenção. Segundo Beto, “infelizmente, muitas vias públicas da cidade encontram-se abandonadas, sujas, cheias de areia no meio-fio, quando não é o mato que invade a própria via. O grande tráfego de carretas também pode ser um inconveniente; mas é a nossa atual realidade”. Portanto, o apaixonado por pedal dá a dica: mantenha a atenção e pedale sempre nas áreas mais seguras, pois pedal gostoso é aquele em que retornamos para casa ainda melhores do que saímos. Pedale também Àqueles que desejam iniciar no ciclismo, o Team do Pedal Itapoá pode ser uma boa porta de entrada para fazer amigos, obter companhias, trocar informações e experiências. Funciona assim: o ciclista lança o convite para um pedal no grupo de WhatsApp e os demais verificam a disponibilidade de horário para acompanhá-lo. Ou seja, não há um cronograma pré-definido, existem pedais em diferentes dias e diferentes períodos para diferentes roteiros. Além da força de vontade, outro fator também inibe muitos interessados no ciclismo, que é o investimento em equipamentos caros e modernos. Beto explica que bicicletas são como carros: todas andam e levam você ao destino final, mas umas são mais confortáveis, resistentes e duradouras que outras. Porém, ele aconselha: “Não invista em uma bike cara logo de início. Compre uma baratinha, usada, para primeiro saber se você vai gostar do esporte. Se ‘o bicho pegar’, aí sim, compre uma melhor, que evolua o seu pedal”. Em nome de todos os ciclistas do Team do Pedal Itapoá, Beto agradece aos vizinhos de Guaratuba, grandes parceiros nas aventuras, e também aos turistas, veranistas e moradores que fazem parte do universo ciclista, repleto de liberdade, amizade e natureza.

Deseja fazer parte do Team do Pedal Itapoá? Entre em contato com Beto Vieira através do número 47 99955-6977 ou, ainda, siga o grupo no Instagram: @teamdopedalitapoa.

Pelos morrinhos da Jussara.

A já famosa trilha dos boi no Saí Mirim.

Aqui, no século XV era a divisa entra Espanha e Portugal. Coisas do tratado de Tordesilhas

Revista Giropop | Dezembro 2019 | 35


36 | Dezembro 2019 | Revista Giropop


Revista Giropop | Dezembro 2019 | 37


Q

uem aqui estava quando Itapoá foi finalmente integrada de forma regular, por via terrestre, as demais localidades de Santa Catarina e do Brasil no ano de 1958? Até a data mencionada Itapoá nem sequer figurava nos mapas do Estado de Santa Catarina e do Brasil. Porém, nela predominavam as etnias constituídas por portugueses, alemães e franceses. Até a conclusão da estrada Dórico Paese ou Serrinha no ano de 1958 esses grupos de lusitanos, francos e deutchs viviam isolados e sua economia era de subsistência. Vale lembrar que foram os portugueses - bandeirantes que desbravaram Santa Catarina, espalhando entrepostos e povoados pelo litoral a partir do século XVI. Os imigrantes açorianos vieram bem mais tarde no século XVIII, mas foram eles que deram forma ao tipo humano tão especial que hoje habita o vasto litoral catarinense. Em Itapoá ainda observa-se, em alguns nativos, um velho hábito açoriano de curvar-se ligeiramente ao passar diante de uma pessoa ou grupo de pessoas, como forma respeitosa de cumprimentar. Nos primórdios de Itapoá nela também estiveram os índios da etnia carijó. Tribo esta que ocupava uma imensa área, desde a Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul até Cananeia no Estado de São Paulo e pertenciam a grande nação tupi-guarani. Estudos revelam que os guaranis habitavam o Sul e os tupis o Norte do Brasil. Com a chegada dos portugueses, miscigenaram-se. Essa mestiçagem ainda é observada num número

38 | Dezembro 2019 | Revista Giropop

razoável de pessoas em Itapoá, através dos traços indígenas. A população existente, dessas pessoas, é denominada autótone, isto é, que não tem outra origem que não seja o cruzamento luso-carijó e que poderíamos arriscar denominá-la de _”carijusa”. Além dos traços indígenas na população, também deram o nome ao local que, associando a etimologia da palavra a seu sentido amplo chega-se a Pedra que ressurge, ou seja, Itapoá. Outrossim, suas presenças ainda foram marcadas pelos sambaquis ou monte de conchas resultantes da deposicao das cascas de ostras, mariscos, berbigões e muitas outras espécies que faziam parte de sua alimentação, num mesmo local. Vários deles ainda preservados no município, constitem um rico acervo relacionado a pré -história e guardam muitos de seus hábitos e culturas. Alimentavam-se basicamente de peixes e outros frutos do mar, mas também praticavam a agricultura. Cultivavam a mandioca ou pão-da-terra. Sabe-se hoje que há mais de 4.000 espécies e é denominada policultura de um gênero só. Sabiamente, plantavam diferentes tipos de mandioca, cujo procedimento os protegiam das pragas que à atual monocultura encontra-se exposta. Do milho que plantavam, faziam o cauim, bebida alcoólica resultante da fermentação.

Opinião. Vale a pena retroagir na Historia para buscar experiências que nos propiciem um caminho futuro menos íngreme.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.