Revista Giropop - Edição 86

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Editorial O ano voa e a Giropop chegou à edição de março, de número 86. E, para celebrar o Mês das Mulheres, abordamos pautas que enaltecem a natureza e o cuidado feminino, seja através da fotografia, de vivências de cura ou de uma Rede Feminina de Combate ao Câncer. Seguindo nosso propósito de compartilhar ações que fazem do mundo um lugar melhor, também tem muito voluntariado nesta edição, seja através da saúde, do esporte ou do evangelismo. Já para você que ainda está em clima de folia, neste mês ‘fomos a’ Salvador, capital da Bahia. Empreendedorismo, atleta de motocross e informação positiva também lhe esperam nas próximas páginas. Muita gente acredita que o ano só se inicia, de verdade, após o Carnaval, não é mesmo? Então, agora é oficial: que você, nosso leitor, tenha um 2020 de muitas conquistas, boas escolhas e inspirações.

Tem uma sugestão de pauta? Envie para a Giropop Você tem uma sugestão de pauta, super bacana, que é ‘‘a cara’’ da nossa revista? Conhece alguém ou algo aconteceu com você que daria uma ótima matéria? Então conte para a gente! A equipe selecionará as melhores sugestões e as transformará em reportagens. O tema é livre, lembrando que aqui só tem notícia boa! Para participar envie sua sugestão para: giropop@gmail.com WhatsApp 47 9 9934.0793

4 | Março 2020 | Revista Giropop



SAÚDE

Rede Feminina de Combate ao Câncer chega a Itapoá Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Presente em 63 municípios do estado de Santa Catarina, a Rede Feminina de Combate ao Câncer tem como intuito proteger a mulher, prevenir o câncer de colo de útero e de mama. Recentemente, a Rede chegou ao município de Itapoá (SC), e promete realizar ações, encontros e palestras de conscientização para grupos de mulheres e para toda a população itapoaense.

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A

Rede Feminina de Combate ao Câncer chegou ao município de Itapoá por intermédio de Solismar Antônio Potulski, proprietário da loja Manu Beauty, de Itapoá. Certa vez, em sua loja, Solismar recebeu a visita de uma cliente diagnosticada com câncer de mama que, em conversa, comentou das dificuldades e da falta de apoio para o tratamento no município. “Como eu havia morado em Joinville (SC) e São Francisco do Sul (SC), já conhecia o trabalho da Rede Feminina de Combate ao Câncer, que atuava nestas cidades. Sempre tive carinho e respeito pelo trabalho que a Rede realiza, pois vai além da orientação das doenças, incentiva os exames preventivos e orienta toda a comunidade”, conta Solismar, que pensou consigo: ‘por que não fundar uma Rede Feminina em Itapoá?’. Em contato com a presidente do estado de Santa Catarina, Sônia Rieg Fischer, Solismar, junto de um grupo de mulheres que vivem em Itapoá, buscou informação, orientação e apoio para fundar a Rede na

cidade. Sendo assim, em agosto de 2019, a diretoria foi apresentada aos munícipes e a Rede Feminina de Combate ao Câncer foi, finalmente, implantada em Itapoá. A Rede A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Santa Catarina, foi criada em 6 de maio de 1961, na capital catarinense, Florianópolis (SC). Inicialmente, as voluntárias atendiam as mulheres acometidas de câncer nos hospitais. Após 12 anos de existência na capital, foi criada a primeira Rede no interior do estado, na cidade de Blumenau (SC). Com a demanda apresentada, outras Redes foram sendo criadas, sempre fiéis ao propósito de proteger a mulher, orientando-a no sentido de prevenir o câncer. O alerta à prevenção do câncer de colo de útero e de mama é feito através de palestras, ações, projetos e eventos de conscientização para grupos de mulheres e população em geral. No estado de Santa Catarina, atualmente, 63 municípios contam com as Redes


Voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Itapoá e das Amorosas de Itapoá: unidas para promover a informação, a prevenção e o tratamento ao câncer de mama e de colo no útero na cidade.

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Femininas. As mulheres são atendidas por voluntárias, atuando principalmente na prevenção do câncer de mama, com encaminhamento para mamografia e colo uterino com coleta do exame preventivo (Papanicolau). Proporcionam às usuárias terapias complementares ao tratamento e qualidade de vida, principalmente às mulheres mastectomizadas, e realizam palestras e ações educativas de conscientização, quanto à importância da prevenção e o diagnóstico precoce do câncer. A missão Natural de Tramandaí (RS), Ameris Hablich é cabeleireira aposentada e mudou-se para Itapoá em 2017, por influência de sua irmã, que tem casa no município há vinte anos. “Quando conheci Itapoá, me apaixonei e mentalizei ‘um dia ainda vou morar aqui’, e anos depois isso aconteceu”, conta. Ainda no Rio Grande de Sul, ficou viúva, entrou em depressão e acabou conhecendo a pintura. “Comecei a pintar aos 50 anos de idade, para preencher o vazio, e descobri um grande talento e uma grande paixão”, fala. Tempos depois, entrou para o Clube de Mães, onde atuava como voluntariada, ministrando aulas de pintura e ajudando outras mulheres a encontrar na arte a cura para atravessar momentos difíceis. Em Itapoá, Ameris fez amizade com Solismar e foi convidada a compor a diretoria da Rede Feminina. “Já que me encontrava aposentada, tinha tempo hábil e gostava de voluntariado, Solismar sugeriu que eu fosse presidente da Rede de Itapoá. Agra-

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Ameris Hablich, presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Itapoá. deci o convite, mas acabei o recusando, pois não queria ter uma responsabilidade àquela altura”, recorda. Certa vez, Ameris teve de acompanhar Solismar em uma convenção da Rede Feminina de Combate ao Câncer em Florianópolis. O evento, que reuniu cerca de 300 mulheres de todo o estado, contou com palestrantes estudiosas da área e relatos inspiradores. Ameris lembra: “Me senti tocada neste evento. Lembro-me que voltei para casa maravilhada com o trabalho da Rede e a importância de cada uma daquelas voluntárias na vida das mulheres diagnosticadas com câncer”. Pensando na possibilidade de ajudar e

mudar a vida de pessoas, Ameris aceitou, então, o convite e, através de votação, foi eleita presidente da Rede Feminina de Itapoá, assumindo a função em fevereiro de 2020. “Quando cheguei a Itapoá, já aposentada, pensei que fosse sossegar e desapegar de qualquer trabalho remunerado ou voluntário. Hoje, vejo que os caminhos não me trouxeram aqui por acaso. Assumo a Rede Feminina de Combate ao Câncer como uma missão e um propósito que tenho com o município”, afirma a voluntária, que planeja promover o tema pela cidade organizando encontros, palestras, atendimentos e atuando em parceria com As Amorosas de Itapoá – grupo de voluntárias que confecciona almofadas em formato de coração, que ajudam a minimizar as dores e oferecem apoio no tratamento contra o câncer. Homens também podem abraçar a causa Nas palavras de Solismar, “você não precisa ter câncer de mama ou no colo do útero ou ter algum diagnosticado na família para lutar por esta causa, pois quando amamos verdadeiramente o próximo devemos estar sempre à disposição para fazer o bem”. Segundo Ameris, por ser homem e idealizador da Rede em Itapoá, Solismar é muito respeitado pela diretoria do estado de Santa Catarina. Graças ao seu ativismo e sua iniciativa, a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Itapoá tornou-se a primeira do estado a ter homens no conselho fiscal e voluntariado.


Em fevereiro de 2020, a Rede foi, enfim, implantada em Itapoá. Agora, o município faz parte dos 63 municípios do estado de Santa Catarina a contar com a Rede Feminina de Combate ao Câncer. “Acredito ser muito importante a presença de homens neste projeto. Primeiro, porque o câncer não é exclusividade da mulher e, segundo, porque é imprescindível que, nós, homens, possamos esclarecer nossas dúvidas, para servirmos de apoio em nossos lares, nossas famílias ou até mesmo na comunidade”, explica Solismar. Faça parte Ao público itapoaense, Ameris explica que a Rede de Itapoá é como todas as outras já espalhadas pelo estado: uma instituição regulamentada sem fins lucrativos, que atua com credibilidade, transparência e como uma rede de apoio a mulheres, onde sintam-se amadas, acolhidas, informadas, tratadas e protegidas. Para um atendimento de qualidade, a Rede de Itapoá está em busca de uma sede pró-

pria – assim como tem a grande maioria das Redes do estado – para contar com o atendimento de enfermeiras, médicos, terapeutas, palestrantes, etc. Atualmente, a Rede conta com dez pessoas voluntárias, que vêm estruturando os projetos e as atividades desempenhadas no decorrer do ano. “Procuramos pessoas que queiram apoiar a causa do câncer de mama e no útero, seja através de: divulgação; doações de perucas, próteses ou turbantes; da participação de bazares e brechós que serão realizados para arrecadar fundos; de profissionais artesãos que queiram ministrar aulas voluntárias de pintura, crochê e outras artes, como geração de renda para pacientes diagnosticadas; além de profissionais como ginecologista, psicóloga, enfermeira, advogada, nutricionista e fisioterapeuta, que possam prestar atendimento ou palestras educati-

vas e informativas”, explica a presidente. Para tornar-se voluntário (a) na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Itapoá, basta entrar em contato com Ameris através do número (51) 99942-0735 e, posteriormente, preencher uma ficha de cadastro. Mas vale ressaltar: a pessoa voluntária terá de passar por um tempo de experiência e assumir algumas responsabilidades com a Rede. Segundo Ameris Hablich, é gratificante poder fazer algo pela cidade, pelos pacientes e suas respectivas famílias, “porque muitas vezes as famílias sofrem tanto quanto ou até mais que a própria diagnosticada”, lembra. Agora, com a chegada da Rede Feminina de Combate ao Câncer em Itapoá, muitas mulheres serão acolhidas, abraçadas e confortadas, e muitas histórias serão ouvidas, contadas e servirão de inspiração.

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FOTOGRAFIA

Fotografia como ferramenta de cura

10 | Março 2020 2019 | Revista Giropop

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

“Uma fotografia mais visceral que cerebral, intuitiva, menos racional e de alma feminina” – assim a fotógrafa e instrutora de Yoga Claudia Baartsch Stephan (39), mais conhecida por Dashmesh Kaur (nome espiritual que recebeu no Yoga), define seu trabalho. Para ela, a fotografia, assim como o Yoga e a meditação, é uma ferramenta de cura, amor-próprio e empoderamento.


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ascida e criada em Joinville (SC), Dashmesh viveu em Curitiba (PR), onde cursou Biologia e, em 2003, viveu um intercâmbio na Inglaterra, a fim de estudar inglês. Ela lembra que sempre foi apaixonada pela fotografia como hobby, e encontrou nesta arte a sua forma de expressar-se no mundo. Logo aos 13 anos de idade interessou-se pela máquina Olimpus 35, de seu pai, e participou de um concurso fotográfico em Joinville, no qual foi ganhadora. Depois disso, seu pai lhe presenteou com uma câmera Canon analógica com lentes intercambiáveis. “Comecei a pedir filmes fotográficos de presente e depois a revelação, pois na época era caro. Eu fotografava e anotava cada foto, a abertura, a velocidade, asa, e depois comparava nas imagens, vendo o que tinha feito”, lembra. Em 2007, cursou Fotografia no Centro Europeu de Curitiba, onde teve contato com todas as áreas de fotografia e profissionais renomados. No ano de 2005, em sua primeira formação em Kundalini Yoga, Claudia recebeu o nome Dashmesh Kaur, cujo significado é “princesa que vive com os valores e as virtudes de um guerreiro”. Ela conta: “Me identifiquei muito com este nome e o uso desde então”. O tornar-se fotógrafa profissional (aquele que vive disso) aconteceu de maneira inesperada. “Trabalhava como bióloga e instrutora de Kundalini Yoga até então e, em 2010, de volta a Joinville e sem emprego, me indicaram uma vaga de um mês no jornal Notícias do Dia, para cobrir as férias de um fotógrafo – já que viram minhas fotos no Flickr e gostaram

Para a fotógrafa Dashmesh Kaur, mais importante que a estética, é capturar a Luz interior. Registrar a mulher livre, sem preconceitos ou vergonha, e mostrar toda a sua força.

delas. Consegui e aceitei a vaga, uma vez que um de meus grandes sonhos na adolescência era ser fotojornalista. Ao final da experiência, tive duas propostas de emprego e passei a trabalhar como fotojornalista no Jornal A Notícia. Foi minha grande escola. Era uma correria, mas amava o que fazia”, recorda. Três anos depois, grata por todo o conhecimento adquirido, decidiu seguir por outros caminhos, dedicando-se aos trabalhos autorais, ensaios e às aulas de Yoga.

Ares itapoaenses Dashmesh frequenta as praias itapoaenses desde que nasceu, já que seu avô tinha casa na Barra do Saí. “Itapoá sempre foi minha segunda casa. Vínhamos para cá durante as férias escolares e aos finais de semana. Tempos depois, meus pais construíram uma casa, também na Barra, onde residem até hoje”, fala. Em novembro de 2015, seu esposo, Luiz Henrique Stephan Filho, foi aprovado no concurso público para ministrar aulas de inglês no município – a oportunidade perfeita

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para que o casal se mudasse para o litoral em janeiro de 2016. “Morar na praia, perto de meus pais e ainda em um lugar tão íntimo para mim, foi a realização de um sonho. Aqui em Itapoá, eu e meu esposo nos tornamos pais e vivemos a rotina que sempre planejamos para criar uma criança: com ar puro, tranquilidade e mais tempo para estar com a família”, fala Dashmesh, “sentimos que fomos acolhidos com muito amor na cidade e, hoje, temos orgulho ao falar que temos uma filha itapoaense”. Fotografia como cura “Um exercício de presença, paciência, amor e conexão. É a maneira que uso para me expressar no mundo, servir, enxergar e encarar a vida” – é assim que Dashmesh define a fotografia. Para a profissional, mais importante que a estética – onde a sociedade impõe os padrões de beleza –, é capturar a luz interior das pessoas. “Sou muito grata a essa profissão, essa medicina da Luz, que me permite contar histórias sobre o tempo que passa tão depressa e, se usada de maneira terapêutica, alcança resultados lindos na vida de uma pessoa”, diz. Dashmesh acredita fortemente no poder da fotografia como uma ferramenta de cura, onde a mulher se observa linda, plena e imperfeitamente perfeita, como realmente é. A fotografia é composta de fases: sempre que o artista evolui, estuda, muda e se expressa de forma diferente, em consequência, novas possibilidades surgem e sua obra também muda. Hoje, Dashmesh leva a fotografia junto de seu percurso de autoconhecimento – “ela é uma parte de mim”,

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diz. Ainda que em constante mudança, a fotógrafa vem se identificando muito com ensaios do Sagrado Feminino e fotografia artística. Alma feminina Sua missão é capturar a luz interior da mulher, registrá-la livre, sem preconceitos e vergonha, e mostrar toda a sua força. Ela explica que isso envolve a mulher em suas inúmeras fases: a menina, a mulher gestando, a mulher mãe recém-nascida com seu filho, a mulher madura e a anciã. Para tanto, estar em sintonia com a fotografada é fundamental, bem como sua entrega e confiança na profissional. “Através do olhar de outra mulher, a fotografada pode enxergar o que ela muitas vezes esconde ou a própria sociedade pede para que esconda. Minha missão é que ela se permita ser, tenha a coragem de ser ela mesma, tenha esse encontro com a alma, com seu eu, com seu poder nato”, diz. Nas palavras de Dashmesh, “toda mulher tem a potencialidade de ser plena, consciente, intuitiva, forte, segura, corajosa e tranquila – só que muitas vezes todas essas qualidades acabam sendo ofuscadas”. Para ela, a fotografia, assim como o Yoga e a meditação, é uma ferramenta de cura, amor-próprio e empoderamento, que ajuda para o alcance dessas qualidades. Fotografar mulheres é, para ela, uma grande responsabilidade, já que não acessa apenas a imagem da mulher, mas, também, toda a sua história, o momento em que vive, com muita entrega e confiança. Além de ensaios de alma feminina, Dashmesh Kaur também fotografa famílias, eventos e vivências, produz imagem com

câmeras analógicas e oferece impressões em Fine Art – processo de impressão dentro dos critérios que garantem preservação, fidelidade e permanência da imagem. Na prática, a profissional procura sempre respeitar a experiência de cada pessoa, e pede licença antes de iniciar um trabalho, principalmente em vivências, pois de alguma maneira está vivenciando as emoções de cada pessoa e sendo confiada a realizar este trabalho. “Seja em vivências, famílias ou mulheres, sempre aprendo muito com quem fotografo. Sou uma eterna aprendiz, aberta a novos conhecimentos e experiências”, conclui. Maternidade Para ampliar seu repertório visual, gosta de viajar, ler, estudar e fazer cursos. Sua principal fonte de inspiração é a biodiversidade, as florestas e as águas do mar, que acalmam, centram e inspiram. “Meditação e Yoga também são grandes aliados, pois quando estamos calmos e relaxados, nossa mente é naturalmente mais criativa”, comenta. Contudo, a experiência mais transformadora de sua vida foi a maternidade. Há dois anos e meio Dashmesh tornou-se mãe da pequena Flora, a maternidade mudou completamente sua vida e, consequentemente, seu olhar para o mundo e sua forma de trabalhar. Ela conta: “Hoje, sou mãe full time e não tenho mais tanto tempo livre para produzir. E está tudo bem, pois foi nossa escolha e sou grata a essa oportunidade. Flora é minha maior inspiração, minha pequena-grande mestra, para ser sempre alguém melhor”. Quando se tornou mãe, passou a olhar


com mais carinho e atenção para as mulheres – especialmente às mães e futuras mamães. “Ser mãe é muito desafiador e ter uma rede de apoio, amigas próximas e um tempo para si é muito importante. Dou muito valor a um trabalho realizado por uma mulher mãe, pois sei o quanto ela se desdobra para conseguir organizar a sua agenda infindável de tarefas para realizar seu trabalho”, diz Dashmesh. Missão Aos poucos, conforme Flora cresce e ganha independência, a Dashmesh fotógrafa, instrutora de Yoga, bióloga e estudante de Pedagogia (sua segunda graduação) volta a atuar. “Amo o que faço. Realizando meu trabalho como fotógrafa e no caminho do Yoga, sinto estar cumprindo meu papel, minha missão. É como um chamado de dentro, da alma. Neste processo, tenho conhecido pessoas lindas e feito muitas amizades, e isso é muito gratificante. Humildemente, agradeço toda a confiança em meu trabalho e minha pessoa”, fala. Não é à toa que o trabalho de Dashmesh Kaur tem como uma de suas principais características a sobreposição de imagens: ela acredita que todos os seres estão interligados, e que todas as mulheres são várias em suas várias fases em uma – e a sobreposição traz essa sensação, da vastidão de seres e elementos que somos todos. Com gratidão e coração aberto, a fotógrafa contribui para o desenvolvimento do município de Itapoá, o qual considera de energia potente, rico em preservação e biodiversidade. Através da fotografia, Dashmesh Kaur, a Claudia, mãe da Flora, aflora, cura e inspira.

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POR AÍ

Sorria com amor, você está em Salvador

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Professora de Itapoá (SC), Patrícia Machado Pereira cresceu escutando ídolos baianos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Maria Bethânia. Todas aquelas canções falavam sobre as cores, os amores e os sabores da Bahia. Recém-aposentada, Patrícia ganhou de sua filha Ana Beatriz (quem vos escreve) um presente inusitado no Dia das Mães: uma viagem a Salvador, capital da Bahia. Juntas, mãe e filha descobriram “o que é que a Bahia tem”.

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Ana Beatriz e Patrícia, mãe e filha curtindo o presente de Dia das Mães, juntas, em Salvador.

O ano de 2019 era perfeito para a viagem acontecer, já que Patrícia completou 50 anos de idade, estava aposentada, depois de 28 anos de trabalho frente à educação de Itapoá. A escolha do presente foi clara, já que Patrícia tinha o gingado, o colorido e a alegria da Bahia – só faltava ir para lá. Contando com a atual Brasília, o Brasil já teve três capitais, e a primeira delas foi Salvador – a capital brasileira por 214 anos, entre 1549 e 1763. Sua escolha foi determinada pela posição estratégica que a Baía de Todos os Santos representava para os navegadores portugueses, já que por ali escoava a maior parte do pau-brasil extraído. Fundada, inicialmente, como São Salvador da Bahia de Todos os Santos, a cidade fica situada ao Nordeste do Brasil e é notável em todo o mundo pela sua gastronomia, música e arquitetura. A influência africana em muitos aspectos culturais da cidade a torna o centro da cultura afro-brasileira. A viagem, que foi comprada em maio, aconteceu no mês de outubro. Patrícia recorda a primeira impressão que teve da cidade soteropolitana: “Salvador, como qualquer capital, é muito grande, com


As cores, as ladeiras e os encantos do Pelourinho, o famoso Pelô. mais de 2,8 milhões de habitantes. A diferença é que lá, em cada canto que se vê, parece verão e Carnaval o ano todo. A cidade é totalmente musical!”. Dias de Barra Inicialmente, ficamos hospedadas na região da Barra, um bairro ao Sul de Salvador, que possui uma localização geográfica única no mundo, onde é possível ver tanto o nascer quanto o pôr do sol no mar – já que ocupa o vértice da península em que está a cidade. “A Barra foi nosso quintal por quatro dias. Dobrando uma esquina, estávamos no barzinho que ganhou o nosso coração, o La Bouche. Dobrando outra esquina, já

estávamos no Farol da Barra, um dos principais cartões-postais de Salvador. Tudo isso, à beira da Praia da Barra, bastante agitada, ensolarada e cheia de vida”, comenta Patrícia. Na região, conhecemos o Farol da Barra, o Museu Náutico da Bahia (que fica dentro do Farol) e o Cristo da Barra – e, claro, ‘batemos cartão’ todos os dias no La Bouche, ao som de muito axé, samba e MPB. Ao pegarmos o mapa de Salvador, notamos que as outras atrações turísticas que gostaríamos de visitar ficavam mais descentralizadas. Portanto, mudamos os ares e nos hospedamos no coração do famoso Pelourinho, carinhosamente chamado de Pelô.

As cores do Pelô Nas palavras de minha mãe, Patrícia: “O Pelourinho fica no Centro Histórico de Salvador, com ruas estreitas, enladeiradas e com calçamento em paralelepípedos. É como se fosse um grande shopping ao ar livre, pois oferece inúmeras atrações turísticas e musicais. Há uma concentração de bares, restaurantes, lojas, museus, teatros, terreiros, associações, igrejas e outros monumentos de grande valor histórico”. Com um conjunto arquitetônico colonial barroco brasileiro preservado e integrante do Patrimônio Histórico da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Educação, a Ciência e a Cultura, o Pelourinho é repleto de cores, ritmos e ‘transpira’ arte, cultura e história.

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Um de nossos lugares favoritos em todo o Pelourinho: a Casa do Carnaval da Bahia. Salvador é dividida entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta. A primeira, é a área litorânea (banhada pela Baía de Todos os Santos), uma planície relativamente estreita, cujas principais atividades econômicas da região são a portuária e a comercial. Já a Cidade Alta, trata-se da parte maior e mais moderna da cidade de Salvador. Do Pelô, pegamos o tradicional Elevador Lacerda, para descer da Cidade Alta à Cidade Baixa. O Elevador Lacerda é o primeiro elevador urbano do mundo, inaugurado em 1873. Do alto de suas torres, a vista é linda para a Baía de Todos os Santos. Também é possível descer para a Cidade Baixa com o Plano Inclinado, uma espécie de

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bondinho que custa apenas 15 centavos. Pegando o Elevador Lacerda para a Cidade Baixa, conhecemos o famoso Mercado Modelo – um pavilhão com mais de 200 lojas que oferecem a maior variedade em souvenires da Bahia, e passeamos pelo Forte de São Marcelo e Porto de Salvador. Ficaria difícil listar todas as atrações que nós, mãe e filha, visitamos e nos apaixonamos no Pelô. Algumas delas foram: a Casa de Jorge Amado com o café Zélia Gattai, a varanda de Michael Jackson (onde ele gravou o videoclipe de They Don’t Care About Us, em 1996) e a ABCA (Associação Brasileira de Capoeira Angola). Mas duas atrações no Pelourinho merecem desta-

que especial: a Terça da Bênção, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, uma missa católica, ritmada com atabaques como nos terreiros de candomblé; e a Casa do Carnaval da Bahia, um museu moderno e interativo, com ambientes, figurinos, instrumentos musicais, guias e salas que contam a história do Carnaval, dos trios elétricos, das cantoras e dos cantores de Carnaval, do samba e do nosso povo. Para visitar essas atrações, Patrícia dá as dicas: “A missa da Igreja dos Pretos acontece às terças-feiras. É gratuita, mas é abarrotada de fiéis e turistas, por isso, é bom chegar cedo. Vale muito a pena,


Outros pontos turísticos apaixonates no Pelô: a Fundação Casa de Jorge Amado, a sacada onde Michael Jackson gravou seu videoclipe e a ABCA (Associação Brasileira de Capoeira Angola) — representada pelo Mestre Pelé da Bomba. pois é uma missa linda, onde o catolicismo anda de mãos dadas com as religiões de matriz africana. A fé e a emoção dos baianos nessa missa é de arrepiar! Já para a conhecer a Casa do Carnaval da Bahia é preciso pagar o ingresso no valor de R$ 30. O local é repleto de figurinos e instrumentos originais que marcaram a carreira de grandes artistas, como Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Timbalada e É o Tchan. Com um dispositivo e um fone de ouvido, podemos ouvir narrações e assistir a vídeos que contam, em temas, a história do Carnaval, do samba e da Bahia. O museu tem uma trilha sonora deliciosa, com clássicos do axé, e também nos leva a uma

sala interativa, onde nos fantasiamos com adereços e aprendemos coreografias de músicas. Ao final, somos levados a um terraço colorido com uma vista linda para assistir ao pôr do Sol na Baía de Todos os Santos. Para quem vai ao Pelô, a ida à Casa do Carnaval da Bahia é imperdível”. Bonfim, Itapuã e Casa de Iemanjá Depois de conhecer com calma cada cantinho da Praia da Barra, do Pelourinho e seus arredores, conhecemos a tradicional Igreja Senhor do Bonfim (padroeiro dos baianos), onde são distribuídas e amarradas em pedido as famosas fitinhas do Bonfim – um souvenir e amuleto típico de

Salvador, e a famosa Sorveteria da Ribeira, que já faz parte do roteiro turístico de Salvador, uma vez que é point de celebridades como Ivete Sangalo, Gilberto Gil e Lázaro Ramos, e vende sorvetes com sabores de frutas típicas, como biribiri, cajá, mangaba, graviola e sapoti. Mas, como boas filhas de Itapoá, aguardávamos ansiosas pela ida à Praia de Itapuã. Por lá, conhecemos a casa onde viveu o poeta Vinicius de Moraes, a Praça Vinicius de Moraes, a Praça Dorival Caymmi, o Farol de Itapuã e a praia vizinha, Stella Maris, que ganhou nossos corações com suas pedras que formam piscinas naturais, seus coqueiros e cactos

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Vista do Elevador Lacerda, em frente à tradicional Igreja Nosso Senhor do Bomfim, e a Praia da Barra com vista para o Forte da Barra. que compõem cenários paradisíacos. Ainda, desbravamos as belezas e o charme do Rio Vermelho, o bairro mais visitado de Salvador. “O Rio Vermelho é encantador tanto durante o dia, com sua vila de pescadores, paredes cheias de arte e estátuas de sereias por todo o canto, quanto durante a noite, a escolha certa para curtir a boemia baiana, com muito agito na Vila Caramuru, um conglomerado de restaurantes e bares com música ao vivo”, recorda Patrícia. No Rio Vermelho, está situada a Casa de Yemanjá, um espaço aberto para visitação com velas, estátuas de Iemanjá e rosas, onde pescadores, soteropolitanos e turistas agradecem e pedem bênçãos à Rainha do Mar. Encantadas por cada canto do Rio Vermelho, em nosso último dia de viagem,

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fomos caminhando e curtindo cada praça, cenário e paisagem ao pôr do sol. A pé, passamos pela Praia da Paciência, por Ondina, até que, quando nos demos conta, havíamos caminhado mais de dez quilômetros e chego à Praia da Barra. E assim nossa viagem se encerrou: prestigiando a música baiana no La Bouche e brindando com acarajé no gramado do Farol da Barra – exatamente no mesmo lugar onde tudo começou. O que é que a Bahia tem Essa foi nossa primeira viagem “mãe e filha” e adoramos a experiência. Nos tornamos mais amigas, mais parceiras, colecionamos memórias e bons momentos. Nas palavras de minha mãe, Patrícia: “Antes mesmo de embarcar, já sabíamos que iría-

mos nos apaixonar por Salvador, pois tudo lá é a nossa cara, desde as músicas até o clima ensolarado. Mas viver essa experiência com uma pessoa com quem temos um vínculo afetivo tão forte foi ainda mais especial”. É certo que, em Salvador, nem tudo são flores: o assédio de vendedores e pedintes incomoda um pouco, especialmente no Pelourinho. Mas, diferente do que muitos aqui no Sul acreditam, o povo baiano é muito criativo, disposto e trabalhador. Antes mesmo que nós, turistas, pensemos em acordar, eles já estão na areia das praias com suas estruturas e barraquinhas montadas, oferecendo tudo o que você possa imaginar debaixo do Sol a pino. É incrível o esforço que fazem para tirar seu ganha-pão e ver, nós, os turistas, felizes.


Passando a tarde em Itapuã; saboreando o acarajé da Sônia; agradecendo à Rainha do Mar na Casa de Yemanjá, situada no Rio Vermelho. Nós frisamos que tão importante quanto visitar Salvador é conhecer sua história, a história do nosso povo. O Pelourinho, por exemplo, apesar de tantas cores, festividades e grupos musicais, nasceu como espaço de castigo dos escravos. O próprio nome ‘Pelourinho’ é originado da coluna de cantaria (pedra) com argolas de bronze (que estão presentes nas calçadas do Pelô até hoje), na qual escravos eram amarrados e torturados. Também há quem conte que, antigamente, escravos eram comercializados no subsolo do que é hoje o Mercado Modelo onde muitos morreram afogados. Já a famosa Ladeira da Preguiça leva esse nome porque era lá que mercadorias eram transportadas do porto para a cidade, nas costas de escravos ou em carretas abarrotadas empurradas por eles, enquanto

a elite da época se divertia com gritos de “sobe, preguiça!”, ao presenciar os escravos subindo penosamente a ladeira. Entendida a história por trás de cada ponto turístico, Salvador se torna um local ambíguo: de energia forte, boa e ao mesmo tempo ruim, um lugar alegre e ao mesmo tempo triste, com um povo alegre, feliz, devoto e festeiro, mas que já sofreu (e ainda sofre) pela cor de sua pele. Na cidade onde em cada canto há um gênero musical tocando (axé, forró, reggae, samba, MPB, diversos grupos percussivos, funk, entre outros), Patrícia lembrou muito da família: “A todo tempo, lembrava-me de meu filho Francisco, de 12 anos, músico e estudioso de violão e percussão erudita, e de meu esposo Baiano, músico percussionista na banda Djong’s Roots, filho de

baianos do interior da Bahia. Nosso plano é voltar a Salvador – dessa vez, acompanhada deles, que são músicos maravilhosos e vão amar o lugar”. Para Patrícia, todos deviam conhecer a capital baiana, rica em tradição, cultura, história e belezas naturais. “Ir a Salvador é aprender sobre a história do Brasil, a história do nosso povo”, diz. E a viagem mãe e filha deu tão certo que, em breve, iremos repetir a dose, com destino a Amazônia. Em nome de mainha e dessa filha que vos escreve, fica a sugestão: que todos os filhos façam ao menos uma viagem com suas mães, fortaleçam seu vínculo afetivo, aprendam, errem, acertem, passem perrengues e vivam experiências incríveis – tudo isso, de preferência, na capital baiana, que é mágica e contagiante.

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SAGRADO FEMININO

Ciranda de Gaia – uma jornada de cura para mulheres “Nós, mulheres, guardamos marcas emocionais profundas por ficarmos expostas a diferentes tipos de violência e torturas psicológicas por conta do sistema patriarcal que favorece o imperativo masculino. Quando uma mulher recupera seu Sagrado Feminino, recupera sua potência e está pronta para dar voz ao sentido real de sua vida.” Assim propõe a Ciranda de Gaia – uma jornada de empoderamento feminino, um processo de psicoterapia de grupo criado e conduzido há sete anos por Andréa Sumé e Janete Aurea Duprat.

Para saber mais sobre esta jornada de autoconhecimento e cura, conversamos com Andréa Sumé, psicóloga sistêmica, atuante há 22 anos na prática clínica com casais, famílias, psicoterapia individual e Constelação Familiar, psicoterapeuta de grupo com foco em Ritos Xamânicos e Sagrado Feminino, escritora, compositora e tamboreira.

22 | Março 2020 | Revista Giropop


Revista Giropop: A Ciranda de Gaia foi idealizada por você e Janete Aurea Duprat. Quando e por que surgiu este trabalho? Andréa Sumé: A Ciranda de Gaia surgiu para que as mulheres expandam as visões sobre si mesmas, ressignifiquem sua história e resgatem o Selvagem e o Sagrado que ancestralmente habita em nós. A Ciranda nasceu em 2012. São sete anos tecendo esse elo sagrado em imersões transformadoras para as metamorfoses urgentes do feminino.

nou submissa aos padrões socioculturais vigentes. Que não se esqueceu de sua natureza cíclica e dos saberes passados de geração para geração. Essa Mulher Selvagem conhece seu desejo, sua sexualidade e seus direitos. Está livre da culpa e busca formas de ser ela mesma enfrentando seus medos. Hoje, as opressões históricas que guardam a trajetória do feminino na nossa sociedade é um tema de pauta para o mundo moderno. As mulheres estão se despedindo do vitimismo e assumindo o protagonismo.

Revista Giropop: Por que a vivência leva este nome? Andréa Sumé: Existe um movimento mundial que foi crescendo ao longo dos anos para o estudo dos saberes femininos, que são os Círculos de Mulheres. Na década de 80, os círculos se espalharam por todo o Brasil. A partir de uma profunda amizade vivenciada nos processos de autoconhecimento, eu e Janete Áurea Duprat decidimos, juntas, organizar nosso círculo que leva o nome Ciranda de Gaia. Esse nome traz a lembrança ancestral da dança cíclica da vida onde todos nós fazemos parte.

Revista Giropop: Movimentos sociais e políticos, como o feminismo, por exemplo, ajudam ou atrapalham nesse processo de cura? Andréa Sumé: O feminismo é essencial para a construção de um feminino saudável. Estamos rompendo com padrões opressores, sejam religiosos, morais, sexuais, políticos ou sociais. O lugar da mulher na sociedade passa por esse despertar. Houve um esquecimento da condição real do feminino por conta do sistema patriarcal que impera nos tempos que vivemos, onde o homem tem a autoridade sobre a mulher. Não se trata de acusar os homens pela imposição dessa cultura, até porque os homens também sofrem com isso. Os homens precisam se curar tanto quanto as mulheres e refazer seu código moral e ético, numa sociedade que o privilegiou por tanto tempo. A mulher ficou submetida às duras amarras desse sistema impositivo e castrador, onde sua natureza original foi praticamente domesticada. Esse distanciamento da nossa real natureza vem nos causando consequências gravíssimas.

Revista Giropop: Podemos afirmar que a Ciranda é um caminho de autoconhecimento feminino? Andréa Sumé: Não somente de autoconhecimento, mas, também, de reconhecimento. Nos reconhecermos como mulheres e sabermos do que se trata a condição feminina: subjetiva, intuitiva , emotiva, afetiva e protetiva – são algumas de nossas características. Revista Giropop: Para quem a Ciranda é feita? Andréa Sumé: Para todas as mulheres que sentem a necessidade de se despir das máscaras, sair dos afogamentos emocionais típicos do feminino ferido e encontrar sua autenticidade. A idade mínima sugerida é 16 anos. Revista Giropop: Por que é tão essencial a mulher se reconectar com sua autenticidade e ancestralidade? Andréa Sumé: A essência do movimento Sagrado Feminino se trata em resgatar o arquétipo da Mulher Selvagem: é a mulher que não foi domesticada e que não se tor-

Revista Giropop: Que magia há intrínseca no útero, no coração e no corpo de uma mulher? Andréa Sumé: Existe uma cicatriz muito antiga que está guardada no útero de todas nós. Essa cicatriz é como uma memória transgeracional que nos conta as dores e alegrias, lutas e glórias das mulheres de nossa família. Nossa mãe, avó, bisavó, tataravó, as mais antigas mulheres de nossa linguagem transferem histórias e dramas no que se refere ao tema do feminino. As mulheres guardam marcas emocionais profundas por ficarem expostas a diferentes tipos de violência e torturas psicológicas por conta do sistema patriarcal que favorece

o imperativo masculino. E quando as mulheres recuperam seu Sagrado Feminino, recuperam sua potência. Resgatam seus saberes e estão prontas para se posicionar e dar voz ao sentido real de suas vidas. É aqui que elas se tornam autoras de sua própria história. Revista Giropop: Você acredita que todas as mulheres guardam dentro de si esses saberes, basta despertá-los? Andréa Sumé: Sim. O convite é despertar desse esquecimento regido por um sistema de crenças opressor. Integrar todas as faces do feminino em nós é a própria experiência do Sagrado. Não é místico, nem fantasioso. É real, autêntico e natural. É o convite que faço a todas as mulheres que desejam crescer em consciência. Aqui, aprendemos o que não nos foi ensinado. Revista Giropop: A Ciranda de Gaia é uma jornada de quantos ciclos? Andréa Sumé: É uma jornada de Três Ciclos, três encontros anuais que seguem uma ordem afetiva e emocional: o nascimento, a infância, a cura da criança interior, a adolescência, a maturidade, e todos os ritos femininos esquecidos com a chegada da menstruação e sexualidade. Todos os Ciclos incluem Ritos de Passagem, que são vivências fortes, desenvolvidas para consolidar mudanças através da mente, corpo e coração. Essas vivências são cuidadosamente estudadas e aplicadas, gerando a oportunidade de transformação real que acontece de dentro para fora. Revista Giropop: Às mulheres que desejam viver esta imersão de autoconhecimento e reconhecimento, quais as próximas datas? Andréa Sumé: O Primeiro Ciclo da Ciranda de Gaia acontecerá do dia 30 de abril ao dia 03 de maio, o Segundo Ciclo entre os dias 24 e 27 de setembro e, por fim, o Terceiro Ciclo acontecerá de 27 a 29 de novembro. Todos os Ciclos acontecerão no Espaço de Vivência Pousada Monte Crista, em Garuva (SC). Para maiores informações, é só acessar o site www.cirandadegaia.com. br. Este é um chamado para a cura, onde mulheres estão convidadas a expandir a visão sobre si mesma, compreender melhor sua própria história e viver de forma mais integrada e harmoniosa os seus relacionamentos.

Revista Giropop | Março 2020| 23


O ‘Rei do Bacalhau’ está de cara nova Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Com 13 anos de atuação, o restaurante O Infante é referência em experiência gastronômica e culinária portuguesa no município de Itapoá (SC). Recentemente, o empreendimento mudou de endereço e passou a ser administrado pelos sócios Paulo Roberto da Silva Mateus e Jucélia Cândido, que garantem: “O Infante está de cara nova, mas com a qualidade e o sabor que você já conhece”.

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e Curitiba (PR), Paulo frequenta o município de Itapoá desde 1976, quando tinha apenas 7 anos de idade. Ele, que já realizou um curso de garçom pelo SENAC, trabalhou no Hotel Bourbon de Curitiba e morou em Milão, na Itália, encontrou a oportunidade perfeita para morar em Itapoá em 2010, quando comprou o Restaurante Tikay. Com 23 anos de atuação em Itapoá, o Tikay é referência quando o assunto é a gastronomia do cotidiano com buffet variado. À frente do restaurante Tikay há 10 anos, Paulo desejou alcançar voos ainda maiores e, recentemente, comprou o restaurante O Infante, em sociedade com a chef de cozinha Jucélia Cândido. A amizade entre Paulo e Jucélia é antiga, ela foi sua funcionária durante cinco anos no Tikay: “Há cinco anos, voltei para Londrina (PR) por motivos familiares, mas

Os sócios-proprietários Paulo Roberto da Silva Mateus e Jucélia Cândido, e o garçom que é ‘a cara’ do restaurante O Infante, Ricardo Bussinger.

nunca perdi o contato com Paulo, pois nossa parceria profissional foi muito boa”, comenta Jucélia, que é chef de cozinha autodidata há 20 anos e já trabalhou em diversos restaurantes – inclusive, no restaurante O Infante com os antigos donos –, além de eventos e buffets. Portanto, quando surgiu a oportunidade de encarar um novo empreendimento, Paulo não pensou duas vezes em propor sociedade a Jucélia: “é uma excelente profissional, honesta, dedicada e muito talentosa”. Sob nova direção O restaurante O Infante foi fundado em Itapoá há 13 anos, pelo casal de portugueses José Tomás e Maria Cândida. Conhecido por oferecer gastronomia lusitana da melhor qualidade, conquistou um público fiel, que busca por uma experiência gastronômica e cultural. Para Paulo e Jucélia, assumir a empresa depois de 13 anos de história é uma grande

responsabilidade: “Agradecemos aos antigos proprietários, o Sr. Tomás e a Sra. Cândida, que deram nome ao Infante e fizeram uma admirável administração em Itapoá. Temos a pretensão de dar continuidade a este trabalho, mantendo a qualidade e o sabor que todos conhecem”. Sob nova direção, O Infante está, também, em um novo endereço: na Avenida Brasil, 2533, no Balneário Itapoá, em frente ao Corpo de Bombeiros Militar de Itapoá. Mas o principal ponto de referência para o local continua sendo a estátua gigante de um cavalo em pé, que já é atrativo turístico na cidade e dá boas-vindas aos clientes que chegam ao restaurante. Em um novo ambiente, O Infante conta agora com decoração, amplo estacionamento, diferentes ambientes com vista para o mar e estrutura à beira-mar – que pode ser alugada para casamentos, confraternizações, entre outros.

47 3443-6266. Av. Brasil, 2533, (em frente ao Corpo de Bombeiros) , Itapoá - SC 24 | Março 2020 | Revista Giropop


“Nossa missão é oferecer mais que alimento, mas uma experiência positiva e palatável, que fique para sempre na memória do cliente e faça parte de suas melhores lembranças de Itapoá”, comentam Jucélia e Paulo.

Com uma equipe treinada e qualificada, O Infante oferece gastronomia lusitana da melhor qualidade. “Mais que um alimento, oferecemos uma experiência cultural e gastronômica”, diz a equipe.

Todos os clientes são bem-vindos no novo endereço do restaurante O Infante. Agora, com espaço amplo e à beira-mar, mas com a tradição e o sabor que Itapoá já conhece. O Rei do Bacalhau O Infante tem em seu menu salmão, pescado, camarão à grega, casquinha de siri e outras delícias em rodízio ou sequência de frutos do mar. Contudo, o forte do restaurante que leva como slogan “O Rei do Bacalhau” é, como o próprio slogan já diz, o bacalhau. A chef de cozinha Jucélia, que aprendeu a culinária lusitana diretamente com os portugueses fundadores do restaurante, explica: “Em nosso menu, oferecemos oito diferentes tipos de bacalhau, para agradar todos os públicos e paladares, e todos acompanham arroz, salada e bolinhos de bacalhau por cortesia da casa. Os pratos são ‘abrasileirados’, ou seja, seguem a receita portuguesa, mas são adaptados ao paladar do brasileiro”. Compondo o quadro da equipe, está o garçom Ricardo Bussinger – patrimônio do Infante, uma vez que já trabalhava no restaurante com os antigos proprietários. “Tê-lo em nossa equipe é uma honra, pois agregou com todos os seus anos de experiência. Os clientes antigos do Infante veem o rosto de Ricardo, o reconhecem e confiam na qualidade do atendimento e do sabor”, fala Jucélia. Baseado em seu conhecimento, Ricardo dá a dica para aqueles que nunca provaram do Rei do Bacalhau: “Aos clientes que vão saborear um bacalhau pela primeira vez, costumo sugerir o bacalhau assado com batatas ao murro, que leva este nome, pois, assim que a polpa das batatas cederem sob pressão, é preciso dar um murro para esborrachá-las. Outro prato bastante elogiado em nosso menu é o ba-

calhau a José da Silva, com bacalhau, ovo, camarão, azeitonas e cebolas”. Para oferecer um atendimento de qualidade, o garçom Ricardo já degustou boa parte dos pratos e vinhos dispostos no cardápio. Somente assim, sana as dúvidas dos clientes com precisão e fala com propriedade sobre cada item. Amor e sabor Além do delicioso bacalhau, O Infante conta com rodízio e sequência de frutos do mar, carnes assadas, porções e hambúrguer artesanal. Agora, durante a baixa temporada, o restaurante está aberto no almoço, de terça a domingo, das 11h30 às 14h, e no período da noite, de quarta-feira a sábado, das 19h às 22h30. Ao final, Paulo garante:

“Seja você cliente do restaurante Tikay, do antigo restaurante O Infante ou sua primeira vez em nosso espaço, pode confiar, que iremos fazer de tudo e mais um pouco para melhor atendê-lo”. Para Jucélia, Paulo, Ricardo e toda a equipe, todos são bem-vindos no novo endereço do restaurante O Infante – agora, com espaço amplo, à beira-mar e algumas melhorias, mas com a tradição, o sabor e o amor que todos já conhecem.


ADOTE UM ATLETA

Jovem atleta de motocross leva o nome de Itapoá para o mundo

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Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Com apenas 17 anos de idade, Herick Fernandes Reis, de Itapoá (SC), é piloto de motocross e alcança resultados expressivos neste esporte que engloba liberdade e adrenalina. Neste ano de 2020, o atleta participará das competições nacionais de motocross e, ainda, realizará uma pré-temporada de campeonatos nos Estados Unidos da América. Para realizar o sonho de tornar-se campeão brasileiro de motocross, conta com a ajuda de patrocinadores e apoiadores.

Herick Fernandes Reis, de Itapoá, se destaca por seu talento no motocross.

36 | Março 26 Dezembro 2020 2019 | Revista | Revista Giropop Giropop

ascido em São Francisco do Sul (SC), Herick vive atualmente em Itapoá, junto de sua família. Em entrevista à revista Giropop, ele conta que, aos 9 anos de idade, ganhou de seu pai a sua primeira motocicleta e, desde então, passou a ser levado por ele aos treinos. Ele recorda: “Tudo começou através de meu pai, que fazia trilhas na cidade e andava nas pistas de motocross e velocross (modalidade que não possui obstáculos, tem uma preparação diferenciada e velocidade muito maior) da região”. Assistindo aos campeonatos de motocross, o jovem alimentou um sonho: tornar-se um piloto profissional. Quando iniciou na modalidade, Herick o fazia apenas por diversão, mas, aos poucos, foi tomando gosto pela coisa e vendo que daquele hobby poderia surgir uma carreira profissional. Até hoje, lembra-se de sua primeira competição: “Foi em uma etapa da Copa Verão de Motocross, em Piçarras (SC). Eu estava com uma moto de 50 cilindradas, chovia muito e a pista estava bem molhada, com lama pesada. Mas, ao final das contas, foi uma experiência legal e divertida”. Conforme Herick, a vida de atleta de motocross não é fácil, uma vez que existem, literalmente, muitos obstáculos pelo


Para o jovem piloto, participar de competições de motocross é um sentimento difícil de explicar: “um misto de liberdade, adrenalina e muita vontade de subir ao pódio”. caminho – especialmente financeiros. “Felizmente, tenho um excelente professor no motocross ao meu lado, que é meu pai. Ele é minha grande fonte de inspiração, pois, apesar de ser um cara durão, nunca desanima e enfrenta todas as dificuldades com coragem e fé”, comenta o filho. Ao longo de sua carreira, o piloto participou de inúmeros campeonatos a nível estadual e nacional, tendo conquistado seu melhor resultado ao final de 2019, quando disputou a liderança do Campeonato Catarinense de Motocross e o Sul Brasileiro de Motocross em sua categoria, MX2 Junior. Para se preparar para as competições, ao início do ano, o atleta realiza uma pré-temporada de treinos. Isso inclui treinamento intensivo com a moto em diferentes pistas, alimentação dedicada a atletas de alto rendimento, e atividades físicas, como

academia, treinamento funcional, corridas a pé e muitos quilômetros pedalados em alto ritmo. Conforme Herick, o atleta de motocross deve, antes de tudo, encontrar o equilíbrio entre técnica, preparo físico e psicológico. “Estes três itens devem estar nivelados e são igualmente importantes. Força sem técnica resulta em lesões. Técnica sem força não resulta em resultados. E o maior desafio ainda é o psicológico, mas a verdadeira força sempre está dentro de nós”, comenta o piloto, que neste ano de 2020, vai participar de campeonatos nacionais e, ao meio do ano, viaja para os Estados Unidos da América para fazer uma pré-temporada e correr campeonatos. Para Herick, viver o motocross é um sentimento difícil de explicar: “é uma sensação de muita adrenalina, liberdade e vontade de subir no pódio”. Ele, que sonha em se

tornar campeão brasileiro de motocross em sua categoria, agradece a Deus, aos seus pais e familiares, e aos seus atuais patrocinadores – Red Truck Transportes, Luciano Reis, Raulino Nickel e TBT Suspensões Brazil –, pois, sem eles nada disso seria possível. Ainda, busca empresas e comerciantes locais que acreditem no poder do esporte e queiram levar o nome de Itapoá para o mundo. Por fim, o jovem atleta deixa sua mensagem: “Lute pelos seus sonhos e objetivos, e não desista nunca. A força que precisa está sempre dentro de você, busque-a e verá o que é capaz de fazer em sua vida”. Para patrocinar, apoiar ou acompanhar a carreira do piloto de motocross Herick Reis, acesse seu perfi no Instagram: @herickreis_

Revista Giropop | Março 2019 2020 | 27 Revista Giropop | Dezembro 37


VOLUNTARIADO

Professor Zequinha idealiza projeto voluntário de voleibol em Itapoá

Ao centro, de camisa azul e boné amarelo, está ‘Zequinha do Vôlei’, conhecido por promover o esporte na vida de jovens através do voluntariado. Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

No município de Itapoá (SC), o professor de Educação Física José Bento Alves de Souza, mais conhecido como Zeca ou Zequinha do Vôlei, realiza um projeto sem fins lucrativos para inserir jovens que estão em fase de estudos, sedentos de conhecimento e oportunidades no universo do voleibol. Para dar continuidade ao projeto neste ano de 2020, Zequinha, pais e alunos buscam apoiadores, a fim de que o projeto seja estruturado, os alunos participem de competições e alcancem melhores rendimentos.

28 | Março 2020 | Revista Giropop


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ascido e criado no município de Itapoá, a fama de Zequinha se deve, especialmente, ao voleibol. Em 1991, começou a treinar seus colegas no voleibol e, mais tarde, de 2002 a 2004, criou a primeira escolinha de treinamento de voleibol na rede escolar municipal e estadual de Itapoá. Além disso, o nativo de Itapoá sempre montou, gentilmente, suas redes na praia para a diversão de moradores e turistas – o que lhe rendeu o apelido de Zequinha do Vôlei. Apaixonado por voleibol, Zeca atuou como professor em diversas escolas do município, no extinto Projeto Ampliação de Jornada Escolar, no Projeto Verão e formou-se em Educação Física pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Para ele, o esporte é sinônimo de disciplina, responsabilidade, respeito e a melhor opção para a saúde e prevenção às drogas e, por isso, merece atenção: “existem grandes talentos no município, nas mais diversas modalidades; o que falta é incentivo”. Já em 2019, Zequinha encontrava-se desempregado. Então, para ocupar o tempo livre e estar perto do ofício que tanto ama, passou a ajudar esporadicamente e voluntariamente os professores de Educação Física da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ayrton Senna, Rosana Nogueira Batista e Carlos Eduardo Verri, que são também seus amigos. “Eu gostava de ir a Escola Ayrton Senna para ajudar a professora Rosana e o professor Carlos nos treinos de voleibol e futsal, pois tenho muito carinho por eles e sinto prazer ao ensinar o esporte”, comenta. Certa vez, um pequeno grupo de alunos da Escola de Educação Básica Nereu Ramos desejou fazer treinos de voleibol no contra turno. A necessidade foi de encontro com a ideia de Zequinha, que passou então, desde maio de 2019, a ministrar voluntariamente aulas de voleibol. O projeto A direção e a equipe pedagógica da Escola Nereu Ramos ‘abraçaram’ a iniciativa, e os treinos passaram a ocorrer todas as segundas-feiras, das 18h às 21h, no ginásio da escola. A princípio, a iniciativa seria restrita aos alunos do Nereu Ramos, mas, aos poucos, jovens de outras escolas despertaram interesse nas aulas gratuitas de voleibol. O público-alvo é jovens em fase de estudos, em busca de um futuro, necessi-

tados de conhecimento e oportunidades. No ano passado, cerca de 30 jovens em fase de estudos, meninos e meninas, com idade entre 13 e 18 anos, matriculados no Ensino Médio e Fundamental, participavam ativamente do projeto. A iniciativa teve como principal intuito ajudá-los na inserção social através do esporte. “A intenção foi dar a eles uma oportunidade de se relacionar com a comunidade, estimular a educação, responsabilidade e os cuidados com a saúde”, comenta. Para os alunos, os treinos de voleibol se tornaram imperdíveis, principalmente por estes serem realizados por Zequinha, uma figura que gera carisma e empatia aos itapoaenses e apaixonados por voleibol. “Os alunos ficaram cada vez mais motivados com os treinos. Eles passavam o rodo no ginásio quando chovia e limpavam o espaço após as aulas. É lindo ver o comprometimento que têm com o projeto e espaço escolar”, conta o professor. No decorrer do ano de 2019, Zequinha passou também a trabalhar como professor de Educação Física na Escola Nereu Ramos, em paralelo ao projeto voluntário, o que contribuiu para que conquistasse ainda mais a confiança de toda a comunidade escolar. Assim como os alunos, alguns pais também ‘vestiram a camisa’, ao exemplo de Edson Proença Pereira, pai de Lucas Base Proença Pereira, de 15 anos, um dos alunos do projeto. Para fortalecer ainda mais a iniciativa, Edson ajudou o professor a escrever um projeto, a fim de obter apoios e patrocínios pela cidade. Ele diz: “Que bom seria se tivéssemos um Zequinha em cada bairro de Itapoá, tirando adolescentes das ruas ou da frente da televisão para praticar um esporte. Se assim fosse, a juventude itapoaense seria ainda mais ativa, saudável e orientada a fazer o bem, e a cidade ganharia um forte circuito municipal, formando um círculo vicioso entre esporte, bem-estar e o futuro de nossos adolescentes”. Seja um apoiador Dos próprios alunos surgiu a necessidade de treinos de alto rendimento na praia, para participarem do Circuito de Vôlei de Praia. “Os alunos que participaram do Campeonato Municipal de Vôlei de Praia mostraram aos outros colegas de treino que dificuldades podem ser vencidas, superadas e transformadas em opor-

tunidade. Neste ano de 2020, queremos criar um time de voleibol para participar de competições municipais, intermunicipais e futuramente estaduais”, fala Zeca. No projeto voluntário, por falta de recursos e horários, as aulas de voleibol aconteciam em turmas mistas, e os alunos também ansiavam criar times femininos e masculinos para amistosos. “Para este ano, queremos organizar os times, as funções dos alunos dentro de campo, como líbero, levantador, etc. Mas, para tanto, precisamos do apoio público e privado no esporte municipal”, comenta o professor. O apoio ao projeto seria para a compra de equipamentos, como bolas de vôlei, redes, uniformes de treino e competição, joelheiras, cones demarcatórios, barreiras desmontáveis, mini bandeiras de sinalização, entre outros. “A administração municipal precisa dar a devida atenção e apoio ao esporte, e empresas itapoaenses deve ver este apoio aos jovens esportivos não como um custo, mas como um investimento, para que futuramente tenham profissionais dignos, éticos e de conduta”, fala Edson, em nome de todos os familiares de alunos do projeto. Nas palavras de Zequinha: “já passou do tempo de Itapoá ter um ginásio de esportes de grande porte, estruturado, com capacidade para mais de três mil pessoas, com várias salas onde possam acontecer oficinas, treinos de escolinhas, etc.”. Com fé no poder transformador do esporte, ele busca apoiadores para o ano de 2020 que acreditem na iniciativa voluntária e na formação de jovens. Por fim, Zequinha conclui: “Agradeço a todos os amigos do vôlei que já passaram por mim e que tive o prazer de ensinar o voleibol durante todos estes anos de trabalho nas escolas, na Ampliação de Jornada e no Projeto Verão, especialmente ao Édio, Eduardo, Rafa e Evandro, que jogam hoje como profissionais. Agradeço também à direção das escolas Ayrton Senna e Nereu Ramos, aos pais e alunos, e a todos que de forma direta ou indireta contribuem para este projeto. Faço isso porque realmente amo o voleibol. Amo ensinar isso aos jovens de Itapoá. É isso que me deixa feliz”. Para apoiar ou patrocinar este projeto voluntário, entre em contato com Zequinha através do número (47) 99921-8252 ou com Edson através do número (47) 99711-7929.

Revista Giropop | Março 2020| 29


VOLUNTARIADO

Projeto Mochila: mudando realidades através do evangelho e de ações sociais Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Atuante em diversas regiões do Brasil, o Projeto Mochila promove o evangelismo criativo, ações sociais, de saúde arte e cultura. No município de Itapoá (SC), está Leandro Ferreira, empresário, corretor de imóveis e um dos mochileiros missionários. Em entrevista à revista Giropop, Leandro conta mais sobre o projeto e sua experiência como missionário no estado do Amazonas.

Revista Giropop: Olá, Leandro. Como e quando você conheceu o Projeto Mochila? Leandro Ferreira: Conheci o projeto em 2018, em uma conferência da Igreja Batista Renovada, a qual faço parte. Revista Giropop: Poderia nos contar mais sobre a história deste projeto? Leandro Ferreira: Em 2014, um grupo de jovens compartilhava o sonho de sair pelo sertão nordestino disseminando a arte, o trabalho social e o amor de Deus. Eles tinham a pretensão de levar este trabalho até lugares remotos, onde ninguém quisesse ir. Hoje, o Projeto Mochila é liderado pelos pastores Adalberto e Charlene de Souza, e já passou em quase todos os estados do Nordeste, mudando realidades e trazendo alegria a esse povo. Na jornada, sempre são abordados temas como bullying, traumas, higiene e a palavra de Deus – tudo isso através de musicais, danças, teatros e outras artes.

30 | Março 2020 | Revista Giropop

Mochileiros missionários do Projeto Mochila em missão no estado do Amazonas. Ao fundo, sentado, de camiseta verde, Leandro Ferreira, de Itapoá. Revista Giropop: O que levou você a tornar-se um missionário do Projeto Mochila? Leandro Ferreira: Na realidade, sempre me interessei pelas missões, mas nunca havia tido a oportunidade de participar de uma ou, acredito, não era o tempo de Deus. O pastor da igreja que frequento, o Pastor Ricardo, serviu de intercessor para que eu chegasse até os pastores Adalberto e Charlene – fundadores do Projeto Mochila. Quando vi que estavam buscando por missionários, senti este propósito em meu caminho, e o desejo creio que foi o próprio Deus que implantou em mim. Revista Giropop: Há outros missionários do projeto em Itapoá? E há alguma célula do projeto aqui no município? Leandro Ferreira: Por enquanto, estamos eu e o missionário Johnny Rodrigues, mas a família Mochila de Itapoá já vem crescendo, com mais candidatos e candidatas a participar das missões. Aqui em Itapoá, temos um trabalho missionário

local com moradores de rua, cujo objetivo é recolocá-los na sociedade e mostrar a eles que, independente da situação atual que se encontram, existe um Deus que se importa com. Através da Igreja Batista Renovada, estamos trazendo o Mochila para Itapoá, contudo, trata-se de um projeto interdenominacional. Revista Você realizou a sua primeira missão do Projeto Mochila no estado do Amazonas. Como foi a preparação para viver essa experiência? Leandro Ferreira: A preparação consiste em fortalecer nosso espírito em Deus, através de oração e jejum. Quanto às instruções do campo missionário, o Pastor Adalberto e a Pastora Charlene são bem dinâmicos e cuidadosos com todos os mochileiros, especialmente os recém-chegados. Revista Giropop: E qual foi sua impressão diante da sua primeira viagem missionária?


Leandro Ferreira: Foram os seis dias mais intensos da minha vida até agora, de doação e dedicação total. Foi uma experiência incrível, pois desenvolveu em mim um sentimento de responsabilidade com o próximo. Toda vez que impactamos a vida de alguém, a nossa é impactada, também. Confesso que me apaixonei por aquele povo simples e guerreiro, carente de abraços, sorrisos, da palavra e muitas vezes de alimento. Chamaram-me a atenção, sobretudo, os ribeirinhos, que não passam fome graças aos rios abundantes em peixes. Os amazonenses nos ensinaram muitas coisas – coisas, essas, que só é possível aprender em uma experiência missionária.

Revista Giropop: E quais os pré-requisitos para tornar-se um mochileiro missionário? Leandro Ferreira: Em primeiro lugar, é preciso ter coração disposto e voltado a amar o próximo. É preciso também fazer parte de alguma igreja e ter a bênção da igreja local. Como a palavra de Deus é pregada, não é necessário frequentar a mesma igreja dos fundadores, mas, sim, compartilhar da mesma fé. Além disso, tomamos alguns cuidados com relação à saúde, como vacinas, por exemplo. Revista Giropop: Como são escolhidas as regiões onde o projeto irá atuar e as famílias que serão contempladas? Leandro Ferreira: Entre 2014 e 2019 atuamos no sertão brasileiro. As regiões são escolhidas de acordo com a necessidade e urgência do local. Também, buscamos regiões onde já há uma sementinha plantada, assim, podemos oferecer apoio e cooperação extra. Neste ano de 2020, o Mochila expandiu para novos lugares dentro e fora do Brasil.

Revista Giropop: Quais os resultados da missão no Amazonas em números? Leandro Ferreira: Em seis dias, mais de 120 famílias receberam cestas básicas, mais de 1000 crianças receberam doces, cerca de 200 brinquedos foram distribuídos e milhares de pessoas receberam o amor do Pai e uma palavra de esperança.

Revista Giropop: Qual a próxima missão para este ano de 2020? E como nossos leitores interessados podem entrar em contato com vocês? Leandro Ferreira: No mês de abril iremos realizar o “Mochila na Favela”, para levar amor e paz às famílias do Rio de janeiro. Aos interessados, podem me enviar uma mensagem no WhatsApp (47) 99666-8762 ou através do perfil @ projeto.mochila no Instagram.

Revista Giropop: E o projeto é todo baseado em voluntariado? Leandro Ferreira: Sim, todo com base em voluntariado, parcerias e doações. Na grande maioria das vezes, nós, os missionários em questão, custeamos a viagem com recurso próprio e arrecadamos doações para as ações que serão feitas no destino. Nos hospedamos em igrejas, escolas, barcos – até mesmo onde nos ofereçam um colchonete ou uma rede. E as igrejas nos apoiam a medida do possível. Revista Giropop: Você comentou que as ações são realizadas através de musicais, danças e teatros. Na missão, cada voluntário contribui com a sua aptidão? Leandro Ferreira: Sim, na missão todos se fazem úteis de alguma forma. Alguns trabalham com as artes: teatros, musicais, danças, cantam ou tocam instrumentos. Já outros, visitam as casas e trabalham o evangelismo de rua. Essa capacitação é feita através de seminários, conferências e escolas missionárias. Ao final, todos oram, todos amam e todos choram de emoção – inclusive, quem não está em viagem também participa, através de orações e doações.

Em seis dias no Amazonas, mais de 120 famílias receberam cestas básicas, mais de 1000 crianças receberam doces, cerca de 200 brinquedos foram distribuídos e milhares de pessoas acariciadas com amor e esperança.

Revista Giropop: Muito obrigada pela sua atenção. Por fim, se você desejar acrescentar outras informações, sinta-se à vontade. Leandro Ferreira: Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer primeiramente a Deus, à minha esposa Simone, que me apoiou em todos os momentos, e a todos que de alguma forma nos ajudaram nesta missão. Seria injusto citar nomes, pois são muitos. Tivemos a ajuda de empresários, autônomos, doações anônimas, contribuição dos irmãos da Igreja Batista Renovada, que nos sustentaram em oração e acreditaram nesta iniciativa. Por isso, costumamos dizer que a missão é feita: com os pés dos que partem, com os joelhos dos que oram e com as mãos dos que ajudam.

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Revista Giropop | Fevereiro 2020 | 33


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miscigenação étnica de Itapoá passa pelos indígenas, africanos e europeus. Porém, predominaram os europeus, através dos portugueses, franceses, alemães e italianos. Conforme mencionado no artigo publicado na prestigiada e cultural Revista Giro Pop de dezembro de 2019, em seu número 83, quando a Estrada Dórico Paese ou Serrinha foi concluída, aqui encontrou três comunidades de pescadores, também denominadas de colônias, localizadas na Barra do Saí, Itapema e Pontal/Figueira. Os integrantes dessas comunidades eram descendentes do cruzamento luso-carijó ou carijusa, com ligeira participação africana nessa linhagem. No interior viviam os descendentes de portugueses, alemães e franceses. Os descendentes de italianos, por sua vez, passaram a pontuar quando as famílias Paese, Colombo e demais sócios decidiram desbravar Itapoá. Após a conclusão da estrada pioneira chegaram os clãs dos Gonzatto, Moterle, Rati e Zagonel, todas com raízes na península itálica. Para Itapoá vieram e em Itapoá ficaram. Juntamente com as demais famílias que nela corajosamente viviam, praticamente isoladas, pois dependiam do bom humor do mar ou então os rios e picadões abertos pelos caçadores para seus deslocamentos, deram base sólida para um crescimento contínuo. Pela incomum força de suas mentes e braços transformoram crescimento em desenvolvimento. Das cinco etnias mencionadas que, num primeiro momento, pontuaram em Itapoá a mais comentada é a francesa, embora não seja a mais numerosa. Tal fato decorre da forma como efetivaram seus projetos. 34 | Março 2020 | Revista Giropop

A notícia do desocultamento do Brasil em 1500 os motivou de tal forma que já em 1504 aqui chegou a expedição de Binot Palmier de Goneville. Admirados com a hospitalidade dos indígenas carijós, alongaram suas permanências. Constatando que eram receptivos, mas também primavam pelo respeito a palavra dada, Goneville e membros da expedição trataram de angariar a simpatia dos indígenas atraindo-os pela possibilidade de disporem de armas de fogo, as quais lhes dariam maior poder, segurança e defesa caso fossem atacados. Foram bem sucedidos em seus intentos o que nos leva a pensar que estava em seus planos estender o domínio franco sobre essa bela, rica e atrativa área litorânea A suposição de uma possível extensão do domínio normando em relação ao Brasil deixa de existir quando, através da História, constata-se que houveram outras investidas em diferentes pontos do imenso território / continente chamado Brasil. Os franceses de goneville cativaram de tal forma os receptivos carijós que, como prova de amizade, os silviculas, reabasteceram de víveres frescos o veleiro L’ espoir para o retorno dos expedicionários ao seu país. Retornaremos no próximo número trazendo novos fatos ligados ao interesse normando por nossa região aos caros leitores.

Opinião

O magnetismo de nossa Itapoá e Região é surpreendente e a História está aí a corroborar. Permanece então o desafio de buscar novos fatos que justifiquem tamanho atrativo, pois nada se inventa, tudo se descobre.




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