Revista Giropop - Edição 87

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Porto Itapoá

47 99193 5347

Centro de Saúde



Editorial O mundo enfrenta a pandemia do novo coronavírus e tudo se transforma: as prioridades, a natureza, as rotinas, os trabalhos, os estudos, as relações e as pessoas. Nós, da Revista Giropop, também renascemos, buscando novas formas de continuar levando informação, inspiração e boas histórias. Entrevistamos profissionais das áreas da enfermagem, assistência social e farmácia, falamos sobre a importância da cultura em tempos de isolamento, ouvimos famílias que buscam novos hábitos e voluntários que pregam a solidariedade durante a pandemia. Mais do que nunca, desejamos levar um pouco de conforto, entretenimento e alegria a vocês, queridos leitores. Que possamos tirar boas reflexões deste período de isolamento, repensando nossas relações com o próximo, com a natureza e consigo. Por hora, fiquem fortes, fiquem bem, vibrem no amor e protejam-se.

MATÉRIAS

Jean Balbinotti

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Augusta Gern

Leandra Francischett

EXPEDIENTE

Administrativo Claudio Kessler Jr

www.revistagiropop.com facebook/revistagiropop

Fones: 47 99955.6977 | 99934.0793 Email: giropop@gmail.com

Av. Ana Maria Rodrigues de Freitas, 561 (Rua dos Correios), Itapema do Norte, Itapoá - SC

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Comercial Antonio A. Vieira

Redação Juliana Ramos

Distribuição gratuita Tiragem: 2000 exemplares



VALORIZE O EMPREENDEDOR LOCAL!

CONSUMIDOR

EDUCAÇÃO

COMPRE EM

ITAPOÁ

MAIS RECEITA

O dinheiro investido aqui gira a nossa economia e volta para você em forma de uma cidade melhor.

COMÉRCIO PRESTADOR DE SERVIÇO SAÚDE MAIS PRODUTOS

INVESTIMENTOS

MAIS FUNCIONÁRIOS

Em meio à crise do coronavírus, apoiar o empreendedor local é um bom negócio para todos O coronavírus vem mudando nossa rotina e afetando diretamente o comércio. Alguns hábitos precisaram ser mudados mediante essa crise e a forma como consumimos, também. Pensando nisso, os veículos de imprensa Jornal Em Foco, Folha de Itapoá, Itapoá Notícias e Revista Giropop unem forças em uma campanha que visa apoiar e valorizar o empreendedor local. Compre do pequeno, compre local. Mais do que apelos para estimular empreendedores locais, ações nesse sentido são hoje imperativas para a sobrevivência de uma grande parcela da população brasileira e também para a economia do país, fortemente abalada pela crise do coronavírus. Respeitar o distanciamento social e a quarentena recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é imprescindível para a saúde e o bem-estar coletivo. Em contraparti-

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da, a decisão afeta diretamente milhares de trabalhadores. Por isso, durante este período, é importante continuar apoiando o comércio local tanto para sua sobrevivência quanto para o desenvolvimento socioeconômico do país. Somente com a ajuda de todos os consumidores é que a economia sobreviverá a esta pandemia. Isso porque os pequenos negócios – responsáveis por mais da metade do emprego formal no país e por quase um terço de toda a nossa riqueza – precisam de você para continuar existindo. Em Itapoá, o quadro não é diferente, e os munícipes precisam cada vez mais criar uma verdadeira rede de apoio ao comércio local, para que os empreendedores autônomos, negócios locais e de pequeno porte possam se fortalecer durante esta temporada de emergência e isolamento. Vamos continuar a comprar no comércio local, estimulando a economia da região.


Importância de apoiar o comércio local Os negócios locais são o combustível de toda a economia, e promover esse tipo de consumo gera ganhos para toda a região, pois ajuda a estabelecer um comércio mais justo, desde o pequeno agricultor até o restaurante da esquina, criando mais empregos e melhor distribuição de renda. Confira abaixo mais algumas vantagens de estimular a compra do pequeno negócio: •Promove-se o desenvolvimento social, já que o consumidor ajuda no fortalecimento dos pequenos negócios e, consequentemente, há estímulo para a empresa inovar, melhorar seu desempenho e aperfeiçoar o atendimento; •Comprar do pequeno negócio faz o dinheiro circular pelo seu bairro, o que propicia mais desenvolvimento local; •O consumo local afeta até o trânsito, já que produz menos deslocamentos pela cidade, além de contribuir para o meio ambiente, com a redução da emissão dos gases poluentes de carros e ônibus; •Opte sempre pelo mercadinho da esquina ou pela farmácia mais próxima de casa, pois, além de uma opção prática, segue a recomendação de evitar ir às ruas; •Comprar dos pequenos negócios ajuda a estimular a economia local e a manutenção de empregos. Assim, superaremos juntos este momento e contribuiremos para uma Itapoá mais forte e unida.

SE VOCÊ É CONSUMIDOR

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Se possível, dê prioridade aos pequenos comércios do seu bairro;

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Se contratou algum serviço e não pode usufruir na data desejada, não cancele, adie. Fique com esse ‘crédito’ para utilizar assim que tudo isso passar;

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Utilize os serviços de delivery dos estabelecimentos que gosta. Em Itapoá, até as lojas de roupas e sorveterias já estão adotando o delivery;

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Divulgue em suas redes sociais os produtos e serviços dos pequenos empreendedores e negócios locais.

SE VOCÊ É EMPREENDEDOR

1

Planeje com os funcionários formas alternativas de venda;

2

Se aproxime dos seus clientes e comunique a eles soluções que está buscando para manter seu negócio ativo;

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Mobilize sua equipe ou contrate um motoboy/freelancer para fazer entregas; Crie metas e planeje suas ações “póscrise”. Observe e pesquise o que outros empreendedores estão fazendo.

UMA CAMPANHA: REVISTA

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CAPA

Descubra como conseguir sua casa própria e economizar! Publieditorial

Infelizmente, um imóvel tem um custo elevado e nem todos conseguem concretizar este sonho. Quando conseguem, as opções prontas podem não agradar pela qualidade, estilo ou localização, isso sem contar que, devido ao alto valor e por envolver muita documentação, você só deve

assinar contrato com uma empresa realmente confiável. Sim, imóveis são caros, isso é fato. Então, como fazer para economizar? Aí vai a dica: construa. Sim, isso mesmo, construa! Pense no seguinte, as casas novas prontas foram construídas para serem vendidas, logo, parte do valor da casa será o lucro de quem financiou a obra, então, se você tomar a iniciativa de construir, estará automaticamente eliminando essa porcentagem. Para você ter uma ideia, a porcentagem de lucro em cima de uma casa pronta gira em torno de 30%, ou seja, uma casa de R$ 220 mil daria R$ 66 mil de lucro ao seu investidor, porém, se você comprar um terreno e construir esta mesma casa, teria um custo de apenas R$ 154 mil.

54 m² por R$ 75,6 mil

67 m² por R$ 93,8 mil

89 m² por R$ 124,6 mil

130 m² por R$ 182 mil

Todos precisam de uma casa, um lugar para voltar, para descansar, para ficar com a família ou até isolado no seu canto, e não dá para negar que é muito bom ter um canto seu, sua fortaleza pessoal, onde você pode fazer o que bem quiser.


Ok, agora já está um pouco melhor, mas quem é que tem esse dinheiro todo para construir uma casa? Nesse caso, você tem duas opções: financiamento ou consórcio. É verdade que financiamento tem juros maiores que consórcio, por outro lado, consórcio pode demorar até 15 anos para você ser contemplado e, nesse tempo, você provavelmente vai morar de aluguel, com o valor das parcelas de um consórcio e do aluguel você poderia pagar o financiamento e teria a casa bem mais rápido, essa é uma decisão sua, pense com calma. FINANCIAMENTO Sobre financiamento, preciso te dizer que estamos vivendo um momento único do financiamento imobiliário no Brasil, na Caixa Econômica Federal (que geralmente tem as menores taxas do mercado), desde o final de 2019 e até agora, os juros para os financiamentos imobiliários estão muito baixos, mesmo em meio à crise, na verdade é a taxa mais baixa que a Caixa já ofereceu na história! É um ótimo momento para construir. Por exemplo, há financiamentos com parcelas entre R$ 600 e R$ 1.000 para compra de terreno e construção. Interessante, certo? Bom, claro que a Caixa tem alguns requisitos e vamos expor algumas regrinhas aqui. Para conseguir um financiamento imobiliário pela Caixa, você precisa: - Estar com o nome limpo (os dois, se for casal); - Ter uma renda de pelo menos dois mil reais que possa comprovar, seja com holerites ou extrato bancário (no caso de autônomos); - Não ter mais que 30% da renda em empréstimos, consórcios e outros compromissos financeiros. Seguindo estas três regrinhas, você já está com meio caminho andado!

BENEFÍCIOS Voltando ao assunto “Construção”, outro benefício de construir sua casa é que ela será exatamente do jeito que você quer, com a sua personalidade estampada nela, um projeto único! E mais, seguindo a ideia do financiamento, se você ainda não tem um terreno, é possível comprar o terreno dentro do mesmo financiamento da construção da sua casa! Você poderá escolher onde irá construir e, convenhamos, poder escolher sua visão diária que irá durar pelo menos um bom tempo - se não por toda a vida, é algo muito importante, certo? Agora que você já sabe como economizar e como conseguir dinheiro para realizar este sonho, você precisa encontrar uma empresa confiável para te ajudar com toda a documentação e com a construção. Nossa dica é: procure uma empresa que já tenha um bom histórico, com várias obras construídas e clientes satisfeitos, pergunte se ela oferece alguma garantia de seus serviços, se os materiais são de qualidade e se eles cobrem tudo no caso de algum acidente durante a obra. Ao comparar preços, leve em consideração se estão inclusos todos os projetos e se ela entregará a casa pronta, com elétrica, hidráulica, pintura, vidros, etc. Ufa! São várias coisinhas para verificar, mas agora você já está bem mais preparado para alcançar seu sonho! Bom, agora que já te passei algumas boas dicas de como economizar dinheiro e dores de cabeça, peço sua licença para apresentar a nossa empresa: S ouza Engenharia e Construção. Nós cuidamos de toda a documentação e entregamos sua casa pronta com 5 anos de garantia contra quaisquer vícios de obra! Se quiser uma simulação para saber o quanto ficará para construir sua casa, entre em contato conosco!

Fixo e WhatsApp: 3443-2267 E-mail: andre@engenhariasouza.com.br Facebook: Souza Engenharia e Construção


CORONAVÍRUS

Dificuldades e realidades em Itapoá, em tempos de Covid-19 Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Em Itapoá, o casal Flávia Jordana Sanches e Moisés Antônio Nieckarz tem muito trabalho pela frente com a pandemia do covid . Flávia é assistente social da Prefeitura Municipal de Itapoá, mais precisamente no Centro de Referência de Assistência Social CRAS , desde . Já Moisés, é farmacêutico e proprietário da Farmácia Confiança, desde . Em entrevista à Revista Giropop, a assistente social e o farmacêutico falam sobre as dificuldades e as realidades enfrentadas no município de Itapoá em tempos de pandemia.

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Giropop: Com a pandemia da covid-19, quais desafios vocês vêm enfrentando enquanto profissionais? Flávia: Para a assistência social, identifico dois grandes desafios nesse momento. O primeiro, diz respeito ao aumento expressivo da demanda de trabalho ao mesmo tempo em que o número de funcionários reduziu, pois alguns membros da equipe estão no grupo de risco para o covid-19. Já o segundo, diz respeito à verba que a assistência social tem disponível para o atendimento das famílias e a manutenção dos serviços ofertados. Em pouco mais de 15 dias, o CRAS atendeu o número de pessoas estimado para um período de cinco meses – o mesmo vale para a verba utilizada nestes atendimentos. Nos desdobramos entre atendimentos e planejamentos, em busca de soluções rápidas e eficientes. Moisés: Durante esse período de pandemia, sinto que estou enfrentando vários desafios, ao exemplo de que, mesmo que a farmácia seja um serviço essencial e que não tenha fechado no período de quarentena, também sofremos com o impacto econômico causado pela pandemia. Outra questão é trabalhar na linha de frente, no contato direto com pessoas. Apesar de todas as normativas passadas pelo Ministério da Saúde, é difícil manter a calma e a serenidade em tempos tão difíceis. Giropop: Quais medidas vocês adotaram para prevenção no atendimento à população? Moisés: No começo do surto pandêmico, recebemos orientação do Conselho Regional de Farmácia - CRF juntamente com a Vigilância Sanitária sobre as novas medidas de segurança e utilização de equipamentos de proteção

individual – EPI, que são máscaras, luvas, utilização de álcool em gel, frequência da higienização das mãos e do estabelecimento, e o distanciamento social – para este último, foi necessário delimitar com fitas e adesivos a distância permitida entre clientes e funcionários. Além disso, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n. 639/2020 referente ao cadastramento e capacitação, através de vídeo aulas, de profissionais da saúde para o enfrentamento da pandemia. Flávia: Trabalhamos muito com grupos e agendamentos, ou seja, em contato direto com pessoas. A primeira medida foi a suspensão dos atendimentos em grupo, seguido de um espaçamento maior entre os atendimentos individuais para que a equipe tivesse tempo hábil de higienizar o espaço até receber o próximo usuário. A equipe passou a não manusear mais os documentos pessoais dos usuários e redobrou os cuidados de higiene das mãos. Atualmente, os atendimentos presenciais estão suspensos. Dessa forma, têm acontecido via telefone. Giropop: Enquanto assistente social em Itapoá, você, Flávia, acredita que existem realidades por aqui que muitos munícipes desconhecem? Flávia: Certamente. Temos, por exemplo, um número significativo de famílias em insegurança de renda e consequentemente, em insegurança alimentar; muitos jovens envolvidos com o tráfico/uso de drogas; famílias com padrões de relacionamento abusivo-violentos, entre outros. Costumamos dizer que Itapoá é uma cidade pequena, mas com problemas de cidade grande.

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Giropop: Há alguma ação efetiva da assistência social voltada a esses casos mais vulneráveis? Flávia: Nosso foco, desde as medidas de isolamento, está voltado à garantia de alimentação básica de algumas famílias. Ao longo deste último mês foi necessário rever as estratégias de trabalho inúmeras vezes, pois a demanda foi muito maior do que a esperada. Um exemplo foi a necessidade de mudar o formato do auxílio alimento, que inicialmente era via pecúnia, mas que agora é via cesta básica. Este auxílio já existia anteriormente na assistência social, mas um recurso maior, tanto de pessoal quanto financeiro, foi destinado a ele, pois entende-se que a falta de renda causada pelo isolamento social deste período, terá como resultado a insegurança alimentar. Lembrando que como a assistência social é uma política pública, os critérios estabelecidos em Lei continuam sendo seguidos para identificar quais famílias terão acesso a este auxílio. Giropop: E como você acha que a sociedade itapoaense pode cooperar diante dessas realidades? Flávia: No que diz respeito à assistência social, nesse momento, a maior contribuição dos munícipes é a honestidade. É compreensivo que muitas pessoas vejam o auxílio alimento como um complemento e até mesmo como uma segurança, mediante as incertezas desse período, mas há um número alarmante de pessoas omitindo e mentindo para ter acesso ao maior número de auxílios no menor tempo possível. Este foi um dos motivos que nos fez mudar o auxílio de pecúnia para cesta básica. É frustrante dedicarmos o nosso tempo a pessoas que estão tirando o direito de famílias inteiras de por comida na mesa. Os atendimentos têm sido mais longos e as cestas básicas têm demorado mais para chegar às famílias, pois estamos tentando garantir que cheguem, de fato, a quem realmente precisa. Infelizmente, é a própria população que sofre com toda essa miséria moral que temos encontrado diariamente.

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Giropop: E você, Moisés, enquanto profissional da saúde, como enxerga este momento de pandemia? Moisés: Para além das questões de saúde individual, este é um momento de responsabilidade social. É importante que cada indivíduo faça a sua parte não somente para se proteger, mas para proteger também aqueles que estão a sua volta. Giropop: Qual o papel do farmacêutico diante dos clientes que o procuram? Informar é um deles? Moisés: Sim. Meu papel enquanto farmacêutico é promover a saúde do modo mais amplo, um exemplo disso, é a orientação de hábitos e comportamentos que possibilitem a segurança sanitária do cliente e sociedade. Após a realização da capacitação do Ministério da Saúde referente ao novo corona vírus, estou apto a prestar as devidas orientações e recomendações para prevenção e minimização da disseminação do coronavírus. Giropop: Na vida pessoal, como vocês estão reagindo a este período de isolamento? Flávia: Eu já vinha de um período de introspecção em decorrência de um acidente de moto que Moisés sofreu – o que passamos me fez refletir sobre coisas relacionadas a vida pessoal e profissional. O advento da pandemia reforçou algumas ideias e, de certa forma, colocou a prova algumas condutas que me comprometi a ter. Tudo nos leva a evolução, precisamos estar abertos ao aprendizado independente da forma que ele nos chegue. Moisés: Estou passando por um momento de análise do contexto político do nosso país, mas o que me entristece é observar que a defesa e/ou a crítica às pessoas e partidos específicos têm sido o foco em detrimento do que realmente importa, a saúde pública. Acredito que a vida vem sempre em primeiro lugar, jamais o ego. Giropop: Assim como todos os munícipes, vocês amam Itapoá. E com sua bagagem e seu


conhecimento técnico, o que diriam à população para evitar o contágio do coronavírus? Flávia e Moisés: Evitar o contágio do coronavírus envolve um conjunto de ações, independente da localidade onde se vive. São algumas delas: lavar as mãos e punhos com água e sabão com frequência ou utilizar álcool em gel 70%; ao tossir ou espirrar, cobrir nariz e boca com o braço e não com as mãos; evitar tocar os olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas; manter uma distância mínima de 1,5 metros de qualquer pessoa, e 2 metros de este estiver tossindo ou espirrando; evitar abraços, beijos e apertos de mão adotando comportamentos amigáveis que não exijam contato físico; higienizar com frequência o celular; não compartilhar objetos de uso pessoal; manter o ambiente limpo e bem ventilado; evitar circulação desnecessária nas ruas; se puder, ficar em casa; se estiver doente, evitar o contato físico, principalmente com pessoas idosas ou doentes crônicos mesmo que estes coabitem na mesma residência; e, se caso houver necessidade de sair de sua residência, fazer uso de máscara, podendo ser caseira ou artesanal – ambas de tecido. Giropop: Com mais de um mês de pandemia e isolamento, muito se tem discutido sobre o futuro dos comércios. Vocês acreditam que comprar de pequenos produtores e contribuir com campanhas sociais são atitudes importantes, em especial neste momento? Flávia e Moisés: Não temos dúvidas de que, mais do que nunca, comprar de pequenos produtores e fazer contribuição em campanhas sociais é, não somente importante, mas fundamental. É uma ótima oportunidade de criarmos este hábito, principalmente em Itapoá, onde grande parte da população é trabalhador autônomo e informal, e depende dessa renda para sobrevivência dia após dia. Acreditamos ser

importante também que pessoas com rendimento fixo mantenham o pagamento de prestadores de serviços autônomos com os quais têm vínculos semanais, quinzenais ou mensais, mesmo que estes não estejam atendendo em decorrência do covid-19. Por exemplo: pessoas com rendimento fixo e que fazem a unha semanalmente poderiam continuar pagando a manicure e, quando a situação normalizar, acertar os serviços pendentes. O mesmo para diaristas, jardineiros, piscineiros, etc. Em nossa opinião, esta é uma forma simples de garantir a renda de trabalhadores autônomos e fazer a sua parte para amenizar a crise econômica. Mediante a realidade que temos encontrado no dia a dia de trabalho, esta ocasião é, na verdade, uma oportunidade para a solidariedade, união coletiva e empatia. Esperamos, profundamente, que possamos aprender logo.

Moisés Antônio Nieckarz (farmacêutico) e Flávia Jordana Sanches (assistente social).

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CORONAVÍRUS

No período de pandemia, família se adapta a novos hábitos em casa e no trabalho Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Em tempos de isolamento, muitas famílias vêm se adaptando a novos costumes em seus lares. No município de Itapoá SC, a pandemia do Covid mudou por completo a rotina do casal Ana Paula Galvão Scatamburlo Machado técnica em enfermagem, e Cláudio Luís Machado, colaborador do Porto Itapoá, e sua família.

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Esta poderia ser mais uma história de famílias que buscam alternativas, novos hábitos e procedimentos de higienização diante do coronavírus, não fosse pela profissão de Ana Paula e Cláudio. Ela, técnica em enfermagem, atua no Pronto Atendimento 24 Horas de Itapoá e, ainda, realiza plantões no Hospital Municipal de Guaratuba-PR. Já ele, também formado em técnico em enfermagem – mas não mais atuante, atua no setor de inspeção do Porto Itapoá. Vale lembrar que médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e todos os demais envolvidos com a área da saúde estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus e são mais expostos à doença. Para a técnica em enfermagem, cada dia de trabalho sem a confirmação de casos é sinônimo de vitória para a cidade e para a equipe de trabalho. “Em plena crise, o acesso da população ao SUS (Sistema Único de Saúde) é um instrumento de defesa para nós, brasileiros. Confesso que tenho, sim, receio diante dessa pandemia que vem assolando o mundo todo. Mas me sinto muito privilegiada em poder contribuir com meu trabalho, no sentido de prevenção e orientação”, fala Ana Paula, técnica em enfermagem há 25 anos. Seguindo a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) do isolamento social para combater o coronavírus, a maioria dos comércios locais (exceto serviços essenciais) fechou suas portas. O Porto Itapoá, o maior porto do Estado de Santa Catarina e o terceiro maior do Brasil, segue suas atividades, empenhado em garantir o abastecimento da cidade e toda a região. “Muitos

munícipes estão preocupados com a atual situação e isso é totalmente compreensível. Enquanto colaborador do Porto Itapoá, posso afirmar que a empresa vem fazendo seu papel, adotando protocolos rigorosos de higienização, cartilhas de prevenção, distribuindo materiais de prevenção e orientando todos os colaboradores a realizar assepsia”, comenta Cláudio.

Neste momento, o Porto Itapoá, com o engajamento e a dedicação de todos os colaboradores, cria alternativas saudáveis e eficazes para realizar seu trabalho de maneira mais segura possível. Família em casa No conforto do lar, o casal Ana Paula e Cláudio adota as medidas de higienização e segurança para combater o novo coronavírus. De acordo com a necessidade, a família se adapta. “Notamos que não havia um lugar para lavarmos as mãos na entrada de nossa casa, assim que chegássemos do trabalho. Então, tratamos de improvisar uma pia com um cavalete ao pé da escada. Agora, para entrar em casa, a parada para lavar as mãos e passar álcool em gel é obrigatória”, menciona Ana Paula. Seguindo o exemplo de seus pais, os filhos Guilherme e Gabriel Scatamburlo também adotam medidas de precaução neste momento tão delicado. Guilherme, o filho mais velho, trabalha no cartório de registros de imóveis de Itapoá e conta: “Com o isolamento, o cartório disponibilizou um número de telefone para atendimento via WhatsApp. Continuamos trabalhando presencialmente no escritório, mas os cuidados de higienização estão ainda mais intensos e passamos a atender pessoalmente apenas os serviços essenciais.

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É muito interessante observar como nós, profissionais e clientes, estamos descobrindo novos meios de nos relacionarmos”. Formada em Direito, Priscila Pitz, esposa de Guilherme, vem usando o tempo hábil no período de quarentena para ‘devorar’ livros e dedicar-se aos estudos para a prova da OAB. “Por conta do coronavírus, a data da prova foi adiada. Então, encarei isso como uma oportunidade de me preparar ainda mais. Leio questões, assisto a vídeos-aulas e faço simulados. Inclusive, em um dos simulados, Guilherme fez a função do fiscal, contabilizando o tempo para que a prova se tornasse mais real”, conta. Para focar nos estudos dentro de casa, a dica de Priscila é que sejam estipulados horários para o estudo, afim de que se torne algo rotineiro e prazeroso. Gabriel, o filho mais novo de Ana Paula e Cláudio, estuda Engenharia de Software no Centro Universitário Católica de Joinville e atua no setor de PPEI (Processos, Projetos, Estratégia e Inovação) do Porto Itapoá. “Considerando que o setor em que trabalho é avançado no sentido de tecnologia e interação, neste período, estou tendo o privilégio de dar sequência ao meu trabalho dentro de casa, oferecendo suporte e boas práticas de home office aos demais colaboradores”, conta.

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Conforme Gabriel, algumas dicas podem ser adotadas para tornar o home office mais produtivo, tais como: cumprir o horário de trabalho mesmo dentro de casa – inclusive o horário de intervalo; escolher um local silencioso para trabalhar, sempre que possível; trocar de roupa como se fosse, de fato, sair para trabalhar; evitar interferências, como televisão e redes sociais; e comunicar sua agenda de trabalho a seus familiares – no caso de quem não mora sozinho. A namorada de Gabriel, Thayane Minervi, também trabalha no Porto Itapoá, como jovem aprendiz. Ela estuda Recursos Humanos na Faculdade Anhanguera e, assim como o namorado, está tendo aulas online através de vídeoschamadas. “É uma alternativa que tem seu lado positivo, pois perdíamos cerca de 4h todos os dias indo e voltando de Joinville-SC e, agora, este tempo de deslocamento pode ser aproveitado de outras maneiras”, fala.


Quarentena não é férias “Saímos do comércio, mas o comércio não saiu de nós”, afirmam Ana Paula e Cláudio, que por muitos anos tocaram o Restaurante Dona Elza, em Itapoá. Eles, que conhecem a fundo a realidade do comércio local, têm empatia com todos os trabalhadores do município. “Hoje, falamos sobre a atual situação de uma nova perspectiva, pois eu estou na saúde e o Cláudio no Porto. Mas se este cenário fosse há três anos, quando o restaurante estava de portas abertas e em sua melhor fase, teríamos outras preocupações. Nos solidarizamos com todos os empreendedores, autônomos e funcionários de Itapoá, e achamos de suma importância essa mobilização que vem acontecendo na cidade, unindo a população para ajudar o comércio local e as pessoas em maior vulnerabilidade”, diz Ana Paula. Enquanto moradores, outra situação preocupa o casal: a quantidade de turistas que veio passar o período de isolamento no município litorâneo. “Por se tratar de uma cidade pequena, tranquila e mais isolada geograficamente, uma quantidade absurda de turistas e veranistas está deixando suas cidades para passar a quarentena em Itapoá, pensando que aqui a probabilidade de contágio é muito menor, mas a verdade é que é totalmente o contrário.

Apesar do excelente trabalho dos nossos profissionais da saúde, é fato que o nosso município tem muito menos estrutura para tratar um paciente diagnosticado com Covid-19 que uma cidade grande, como Londrina-PR ou Curitiba-PR. Isso sem contar a quantidade de idosos - grupo de risco do coronavírus, que representa boa parte da população itapoaense”, explica Cláudio, que reforça a máxima que “quarentena não é férias”. Sobre os meses seguintes, muitas dúvidas e incertezas, mas uma coisa Ana Paula e Cláudio tem certeza: seja nas relações com as pessoas, no espírito de coletividade, nos âmbitos profissionais... muita coisa vai se reestruturar após o coronavírus. Vivendo um dia de cada vez, a técnica em enfermagem cumpre com orgulho a missão de zelar pelos demais. Já a Ana Paula, na vida pessoal, faz deste período uma reflexão: “tenho sentido saudade de coisas pequenas, que nunca imaginei que me fariam tanta falta, como ir tomar um café com meus amigos, poder abraçá-los e jogar conversa fora”.

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Érico Peres Oliveira

peresoliveiraerico@gmail.com

OLHAR ANALÍTICO

O artefato de luxo dos relacionamentos Há um elemento crucial para os relacionamentos afetivos. Seja uma relação que recém começou, ou aquelas que já possuem certa quilometragem, este componente jamais pode se ausentar. Não estou falando das importantes afinidades. Tampouco, da necessidade de convergência de objetivos. O que aqui destaco é a habilidade de ouvir o outro. Ganhar um presente clássico como flores no Dia dos Namorados possui seu valor. Mas e quando ganhamos aquele presente que comprova que a pessoa ao seu lado estava te ouvindo? Certo dia, passando na frente de uma vitrine, você dispara: “Olha só esse tênis!” e, chegando no aniversário, o tênis vem. Bem, isso aponta que houve escuta. Transcende qualquer chocolate ou pétalas de rosas. As conversas quando o anoitecer chega costumam ser sobre como foi o dia. Contamos, quase de forma mecânica, o resumo do que fizemos. Já relatamos sem aguardar resposta. Não é surpreendente perceber como retorno uma pergunta que aponta um interesse no que é contado? Notar que o outro prestava

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atenção? É fantástico falar sobre o que é simples e mesmo assim existir ouvidos. Nossos sonhos costumam iniciar como um pequeno rascunho ainda nos pensamentos. Aos poucos, consolidamos a ideia até nos sentirmos à vontade para externá-la. É extremamente pesado quando, após tanta elaboração, falamos sobre nosso sonho e o outro não ouve ou desdenha. Aqui não somente ouvir, mas também apoiar, faz-se fundamental.

Optar por uma vida a dois fala diretamente sobre a necessidade de ouvir e ser ouvido. Se esse pequeno artefato não estiver presente, é como se estivéssemos sozinhos. A manutenção de uma relação afetiva está totalmente ligada à quanto você se dedica a ouvir a pessoa amada. É, factual mente, o combustível do amor.





MÃES COM DNA DE SUPER-HEROÍNAS

A fé que mudou a vida de Daniela Jean Balbinotti

Uma das datas comemorativas mais celebradas em todo o Brasil, o Dia das Mães é também uma forma de prestarmos homenagem às mulheres que nos geraram ou nos criaram para a vida. Sendo assim, a Revista Giropop decidiu contar a história de mulheres que são exemplo de mães dedicadas, batalhadoras e que não medem esforços para dar o melhor para seus filhos ou filhas. A relação da professora Daniela Cristina de Melo Gonçalves, de 47 anos, com a maternidade, teve início há duas décadas, no início dos anos 2000, quando ela ficou grávida do seu único filho, Paulo Henrique. Solteira por opção e professora há 25 anos – leciona em Guaratuba (PR), cidade vizinha a Itapoá – Daniela admite que ficou assustada quando soube que seria mãe, mas que tudo acabou sendo superado pelo sonho que tinha de gerar um filho. Com o tempo, o desafio da gestação se mostrou muito maior do que ela própria imaginava. Daniela descobriu, logo nos primeiros meses de gravidez, que o seu filho teria má formação e, segundo os médicos, provavelmente nasceria sem os membros superiores. A aflição tomou conta da professora, que passou a recorrer à fé para superar as dificuldades. Além de orar muito para Deus, a pediu à Santa Nossa Senhora de Aparecida para que intercedesse em favor de Paulo Henrique e permitisse que ele viesse ao mundo sem graves problemas físicos ou sequelas graves. “Mês a mês, eu fazia ultrassom e ele continuava sempre da mesma forma, com o Paulo Henrique

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sem os braços. Rezava a Deus, junto com a minha família, e sempre colocava a mesma palavra, que uniria as mãos do Paulo Henrique para louvar e que ele seria motivo de conversão para muitas pessoas. Eu confiava em um milagre”, lembra. A dúvida perdurou até o último mês de gestação. Apenas no dia 27 de dezembro de 2000, durante a ultrassom preparatória para o parto cesáreo, a história mudou. Inexplicavelmente, Paulo Henrique estendeu os braços no ventre de sua mãe, acusando a existência dos mesmos, e a emoção tomou conta do consultório. “A gente começou a chorar e o médico disse que não tinha dúvidas de ter presenciado um milagre. Chegou a escrever a palavra MILAGRE no laudo do exame”, diz. No dia 7 de janeiro de 2001, Paulo Henrique nasceu e, embora seus braços sejam um pouco mais curtos que o normal e ele não tenha dois dedos na mão esquerda e um dedo na mão direita, a alegria de ter vindo ao mundo com uma deformidade muito inferior da que poderia ter, transformou a vida de todos na família da professora Daniela. Ela reconhece, no entanto, que durante a


Daniela Cristina de Melo Gonçalves com seu filho Paulo Henrique. infância de PH, como gosta de chamá-lo, atitudes principais promessas do tênis de mesa paraolímpico preconceituosas de algumas pessoas a deixaram brasileiro, tendo conquistado vários títulos e triste. Por isso, sempre tratou o filho como alguém medalhas em competições estaduais, nacionais e normal, sem qualquer deficiência, e estimulou o internacionais. O próximo objetivo é conseguir a convívio com outras crianças em casa e na escola. vaga para a disputa dos Jogos Paraolímpicos de “Quando o PH percebeu a diferença e passou a me Tóquio, no Japão, que vai acontecer em 2021. “Não me arrependo de nada, de nenhuma questionar, eu costumava dizer que havia um escolha. Hoje, o PH mora em Bauru (SP) para anjinho da guarda que não tinha um dedinho ou aprimorar as suas técnicas e alcançar seus objetivos. bracinho para segurar as crianças e, como Deus Sofro diariamente com a ausência dele e ele sabia que ele era muito bonzinho, pegou o dedinho também, pois sempre fomos muito ligados. Nosso ou o bracinho dele emprestado”, sorri. relacionamento é baseado em amor e confiança. Hoje, residente em Itapoá, Daniela sabe que todo Somos parceiros em tudo, mas sabemos que é para o esforço feito para dar o melhor ao filho foi um bem maior e que tudo será recompensado. superválido. Estimulado a praticar esportes desde os Afinal, ele é um milagre em minha vida e é o que me seis meses de idade, PH já fez natação e surfe, faz sempre seguir em frente“, conclui. apreendeu a tocar violão e guitarra e hoje é uma das

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MÃES COM DNA DE SUPER-HEROÍNAS

A dedicação e coragem de Karen Jean Balbinotti

Mãe de duas filhas – Maria Eduarda, de 25 anos, e Maria Fernanda, de 18 -, a arte-educadora aposentada Karen Jackeline da Silva, de 57 anos, viu sua vida dar uma guinada na segunda gestação. Diferentemente da primeira gravidez, quando deu à luz Maria Eduarda e cursava Artes Plásticas na Universidade Regional de Blumenau (FURB), na segunda, o susto foi grande. Karen estava em processo de separação do marido e se preparava para investir em um atelier de cerâmica na cidade de Blumenau. Foi durante um curso de torno, o qual fazia para aprimorar seu trabalho, que sentiu tonturas e procurou um médico. Jamais imaginava que pudesse estar grávida e saiu do consultório com o resultado de quatro semanas de gestação. “Fiquei um pouco assustada com a notícia, mas encarei o desafio e decidi tocar a vida”. Karen sabia, entretanto, que poderia enfrentar mais dificuldades desta vez e ter complicações em razão da idade. Conviveu com dores muito fortes embaixo da costela durante os nove meses de gestação e, durante o trabalho de parto, realizado no dia 17 de setembro de 2001, o sofrimento aumentou. Por causa de um erro médico no momento da incisão, Karen precisou dar à luz em parto fórceps – instrumento cirúrgico que se utiliza para facilitar a passagem da cabeça do bebê pelo canal da vagina.

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Maria Fernanda nasceu com Síndrome de Down e toda roxinha. “O parto foi tão horrível que na hora que vi Maria Fernanda só pensei em fazer o melhor dali para frente”, lembra Karen. Mais tarde, quando recebeu o diagnóstico do médico, sua única preocupação foi a de saber como amenizar a situação que teria de enfrentar, de modo que pudesse dar mais qualidade de vida e convivência para Maria Fernanda numa sociedade que ainda está carregada de preconceitos. “Se tive medo? Sim, tive muitos”, admite a arteeducadora. Mas a vida traz muitos ensinamentos e tudo se resolve na base da dedicação, do esforço e ajuda mútua de amigos e familiares. “O fato de ter uma filha especial com Síndrome de Down e surda (descobriu o problema após um tempo), altera tudo. A gente deixa de viver por um longo período a própria vida e começa a ver a melhor forma de cuidar da filha, de dar assistência e encaminhá-la para a vida”, explica. Há quase três anos, em busca de mais qualidade de vida para ela e a filha mais nova, Karen decidiu morar em Itapoá. Maria Eduarda casou-se e atualmente cursa a Faculdade de Moda em Itajaí. A mudança para Itapoá, afirma Karen, foi motivada pelo bem-estar de Maria Fernanda e pela possibilidade de desenvolver ainda mais as habilidades no tênis de mesa. Isso mesmo. Maria Fernanda é atleta


Karen Jackeline da Silva e as filhas Maria Eduarda e Maria Fernanda da ASEPI e considerada uma das melhores na sua categoria, tendo vencido competições nacionais e internacionais nos últimos anos. Atualmente, ela ocupa o posto de melhor mesatenista surda do Brasil e uma das melhores com Síndrome de Down na América do Sul e espera, em pouco tempo, ser convocada para defender a Seleção Brasileira. “Muitas pessoas, diante dos obstáculos, preferem colocar a culpa em alguém e não encaram o desafio de ser pai e mãe ao mesmo tempo. Hoje, minha dedicação à Maria Fernanda é total. São treinos, escola e atividades para 24 horas por dia. Penso que quando ela tiver 23 anos estará " pronta" para ter uma vida mais independente”, afirma Karen.

Sobre o papel de uma mãe, ela acredita ser essencial dar todo e qualquer apoio ao s filho s na infância e na juventude para, depois, encaminhá los com segurança para uma vida com ética e valores. O que preocu pa Karen é o fato de muitas mulheres quererem ser mães sem ter noção nas responsabilidades que isso implica. Um filho necessita de atenção diária, ter normas e horários. Precisamos ter tempo para parar e conversar, mostrar os bons exemplos. Filhos a gente nunca sabe como vem, mas temos que saber conduzí los da melhor forma possível , acrescenta.

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Quíntuplos de Chopinzinho

Uma chance a cada 65 milhões de gestações Por Leandra Francischett

Os quíntuplos de Chopinzinho, aos oito meses de idade: Laura e Luis Henrique no colo do pai Luis Fernando Araújo; Tiago no colo do mano Davi; Jhordan e Antonella no colo da mãe Anieli Camargo Kurpel. que eram quíntuplos, depois de muitos exames, “Foi Deus quem nos mandou esses anjos”, pois como era uma gestação muito rara, foi difícil comemora Luis Fernando Araújo, 34 anos, sobre a descobrir. A Ani sentia muitas dores e não sabia o chegada dos quíntuplos, a partir de uma gestação que era, até que fizemos numa ultrassografia com natural e bastante desejada. Anieli Camargo o doutor Tiago apareceram os cinco sacos gestaciKurpel, 25 anos, que se tornou mãe há 7 anos, com onais”, conta Luis. Eles residem em Chopinzinho, a vinda de Davi, ficou surpresa quando o ultrassom cerca de 400 km distante de Curitiba (PR), e indicou cinco bebês de uma vez, o que equivale a precisaram se mudar pra capital paranaense, por uma chance a cada 65 milhões de gestações. ser uma gravidez de alto risco. “Demoramos algumas semanas para descobrir

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“A gestação de quíntuplos é bem atípica, é tudo diferente, pois são todos os sintomas multiplicados por cinco. Tivemos todo o cuidado possível para que tudo desse certo, pois foi tudo muito difícil”, ressalta o pai. O que mudou? “Bom, a vida muda por completo. Tudo mudou! O dia dia é bem puxado, pois eles mamam a cada 3 horas e sempre trocamos a cada mamada, para evitar assaduras. A Ani fica o dia com eles, sozinha, e eu chego final da tarde e ajudo no banho e tudo mais, porque trabalho fora e não temos condição de ter uma babá, aí vamos nos virando como podemos.” Os números impressionam. Em média, são 50 fraldas por dia. Eles mamam de 3 em 3 horas, isso dá oito mamadas. “Sabe como são crianças né, às vezes a gente troca e logo depois temos que trocar novamente!” Eles tomam uma fórmula específica, que é fornecida pelo município de Chopinzinho, sendo que vai uma lata de 800gramas por dia. “É bastante roupa. Lavo roupas todos os dias para não acumular, porque senão já vira uma loucura”, observa Ani. O casal dá banho nos quíntuplos todos os dias às 19, em seguida, todos vão para os berços, para mamar e dormir. “Sempre damos o banho em todos na mesma hora para manter essa rotina e eles dormem muito bem à noite”, comenta a mãe. Como

é passar o Dia das Mães com seis filhos? “Eu não tenho como explicar, sou a mulher mais feliz do mundo, eu fiz de tudo para ter eles com a gente e vai ser o Dia das Mães mais feliz que eu já tive. Eu não tenho direito de pedir mais nada a Deus!” Uma família de campeões Esta palavra cabe bem pra este casal. Quem tem filho sabe a dificuldade que é cuidar de uma criança, agora imagina de cinco bebês ao mesmo tempo. Mas também a alegria é inegável e eles destacam o quanto foram abençoados com uma gestação gemelar e natural. Nascidos dia 2 de setembro de 2019, os bebês estão com 8 meses de idade cronológica e 6 de idade corrigida. Os meninos estão com peso acima de 8kg e as meninas, acima de 7kg. Todos esbanjam saúde, mas as despesas são muitas, em geral multiplicadas por cinco, então Anieli e Luis aceitam ajuda de quem puder auxiliar. Interessados podem entrar em contato por Instagram @quintuplosdoparana ou pela conta no Banco do Brasil, agência 842-7, conta corrente 23340-4, CPF 04690922977, em nome de Luis Fernando Souza Araujo.

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Augusta Fehrmann Gern

Jornalista e mestre em comunicação

“Mãe terra, o que nos ensinas?” Mãe. Substantivo feminino. Aquela que gerou, deu à luz ou criou um ou mais filhos. Sinônimos: madre, fonte, motivo, origem, razão.

Apesar do dicionário ser objetivo, inúmeras são as definições e sentidos que cabem dentro da pequena palavra mãe. Cuidado, amor, proteção, aprendizados, vida. Cada pessoa e cada experiência pode defini-la de formas diferentes, afinal, todo mundo tem uma mãe; e há sortudos que têm duas ou até mais. Cada mãe é diferente, é singular e criou e ensinou seus filhos de uma maneira. Mas você já parou para pensar que entre tantas mães, também dividimos uma em comum? Sim, eu, você, o vizinho, o desconhecido e até a nossa própria mãe, todos nós compartilhamos aprendizados de uma mãe comum: a Mãe Terra. Muitas tradições e crenças trazem referências à Mãe Terra por diferentes nomes – Gaia, Gea, Pachamama e tantos outros – as quais indicam sua representação na fertilidade, maternidade e criação: o grande ventre sagrado de onde viemos e para onde iremos quando deixarmos esse mundo. Para os mais céticos, ela não deixa de existir: além de ser o lugar em que vivemos, a Terra é a nossa origem, nos garante os subsídios para a vida e nos ensina formas de viver e conviver. E são nesses ensinamentos que essas páginas focam. Como aquelas famosas e certeiras frases de

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“leva o guarda-chuva porque vai chover” ou “pegou o casaco? Vai esfriar”, todos sabemos que nossas mães sabem de tudo e estão sempre prontas para nos levar aos melhores caminhos. Às vezes com regras e conselhos, outras vezes com pequenas pistas que levamos tempo para entender e decifrar, elas sempre nos ensinam. E você já parou para pensar em todos os indícios que a Mãe Terra nos dá para mostrar o caminho certo? Indícios esses não apenas para a nossa vida particular, mas de uma comunidade e quiçá de todo o planeta. Os indícios chegam todos os dias, na maioria das vezes de forma triste e dolorosa: as ressacas são fortes e destruidoras, mas as pessoas continuam insistindo na construção à beira mar; milhares de pessoas morrem de fome, mas o número de resíduos e desperdício não para de crescer; corrupção se tornou onipresente, mas as pessoas continuam não dando o devido valor ao seu voto e voz. Os ensinamentos chegam, mas qual é a atenção que damos a eles? Os últimos meses foram intensos e nos deram tempo para repensar e vivenciar várias coisas. Sem dúvida alguma, mais do que um vírus, essa pandemia


trouxe muitos desafios e aprendizados. E você já parou para pensar neles? Se dermos uma rápida busca nos indícios que ela trouxe ao mundo nesse período, identificamos que o isolamento social, além de evitar a propagação da COVID-19, trouxe ganhos ao meio ambiente: menos carros nas ruas, menos lixo sendo jogado em calçadas e rios e menos fábricas emitindo poluentes. Sem pensarmos em um primeiro momento nas perdas financeiras, o que temos? O ar mais limpo, a vida marinha reaparecendo em locais antes poluídos e animais silvestres e urbanos sendo vistos pelas ruas de diferentes lugares do mundo, refletindo a perda de seus habitats. Não seria o momento de repensarmos o modelo produtivo e buscarmos um equilíbrio entre o ambiental e o capital? Em casa, famílias antes com agendas cheias e sem tempo para compartilhar uma única refeição do dia, tiveram que cozinhar juntos, brincar juntos, estudar e trabalhar juntos. Pais passaram a enxergar o devido valor das escolas e professores; empresas e funcionários tiveram que exercer a criatividade com novos modelos de trabalho; todos passaram a entender a necessidade e valor de profissões tão essenciais e às vezes invisíveis. Quem sabe não é a hora de reorganizarmos as nossas agendas com novas prioridades? Os indícios podem estar em diferentes desafios e aprendizados, e o que vamos fazer? Para além de crises, notícias tristes ou pandemias mundiais, a Mãe Terra fala com a gente todos os dias, só precisamos estar atentos e ouvir. Ou melhor, mais do que ouvir, precisamos estar dispostos a entender e aprender, como todos os B-A-BAS que nossa mãe nos ensinou desde o berço. Valeram a pena, não valeram? Quem sabe não é hora de aprender e fazer valer com a Terra?

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Luana Gnata Viana Dermaticista

Vamos falar de fotoprotetores? Acabou a temporada, o sol já não está tão forte, o friozinho querendo se aconchegar...Usar pra quê mesmo? Em meu consultório, acredito que 80% dos meus clientes utilizam fotoprotetores somente no verão e quando vão à praia, poucos são os que usam diariamente e praticamente quase nulo os que usam como rotina de cuidados. O que deve se levar em consideração hoje em dia é que mesmo essa luz que emite do seu celular, computador etc... até mesmo da lâmpada que ilumina o ambiente da sua casa são prejudiciais à sua pele. E se você tem propensão a hiperpigmentar é essencial que na sua rotina de cuidados um fotoprotetor físico esteja incluído. “Raios! Eu não acredito que vou ter de usar essa meleca no meu rosto todos os dias até dentro de casa!” Sim, felizmente! A sua pele agradece. E isso não é vaidade ou supérfluo, isso é saúde! Você lembra que a pele é um órgão, e o maior? Devemos cuida-la tanto quanto. Ish! Vai dar muita matéria, tem muuuuuito assunto a ser pautado, mas não vou me estender porque o foco são os fotoprotetores. Quero aqui deixar claro o que se deve levar em conta na compra de um fotoprotetor e decifrar algumas siglas que encontramos nas embalagens, oque hoje não sou poucas. Atualmente a tecnologia este presente em

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dermocosméticos e os fotoprotetores estão inclusos. O uso inadequado do fotoprotetor pode acarretar algumas disfunções, podendo até potencializa-las. Portanto é ideal identificar o seu tipo de pele e encontrar o que mais se adequa. Muita coisa mudou no quesito proteção desde então. Filtros químicos, físicos, uva, uvb, antioxidantes, etc... e para que possamos escolher o mais adequado devemos ter um certo entendimento. Podemos começar, então, com aquelas siglas e palavras que confunde a nossa cabeça na hora da escolha. Amplo Espectro>>> Como sabemos a radiação ultravioleta é extremamente prejudicial á nossa pele. Um protetor de amplo espectro nos protege dos raios: UVA >>>causador do envelhecimento precoce, essa radiação atravessa nuvens, vidro e a nossa epiderme (camada visível da nossa pele), é indolor e penetra em grande profundidade atingindo as células dérmicas, sendo o principal produtor de radicais livres. Embora o fotoprotetor seja essencial, infelizmente não bloqueia totalmente a radiação, trazendo desde pequenas lesões até, em casos mais graves, o temido câncer. UVB>>> responsável por danificar a epiderme levando às queimaduras solares quando em alta exposição ao sol. Sua radiação é mais abundante entre às 10:00 e 16:00 e pode furar os bloqueios dos filtros químicos, aumentando os danos.


FPS>>> refere-se apenas aos raios UVB. É calculado pela razão da dose mínima eritematosa (vermelhidão) na pele protegida e a dose mínima na pele desprotegida. Porém, foi descoberto um dano antes da pele ficar vermelha (suberitematoso), chamado de SUNBURN Cells, que deve ser considerado pela empresa quando classifica o FPS. Mas afinal, tem mesmo diferença entre os FPS?? Sim, mesmo que mínimo tem sim. Estudos afirmam que FPS 15, por exemplo, filtra 93% da radiação UVB, e um FPS 30, 97%. A partir desse valor a diferença é mínima, porém a legislação brasileira exige que a proteção contra os raios UVA seja ao menos 1/3 do FPS. Sendo assim, quanto maior a proteção do UVB maior a probabilidade de proteção UVA. IR>>>Infrared (infravermelho), é sentido através do calor ou mormaço, tem um comprimento de onda suficiente para atingir a nossa derme mais profunda (a derme reticular, onde se é produzida todas as substâncias a favor da ancoragem e sustentação cutânea). Provoca um dano importante, levando a destruição das estruturas gerando flacidez e rugas e um grande potencial de cancerização. Nesse caso o uso de um protetor físico e antioxidantes é de suma necessidade para diminuir esse processo inflamatório causado pelo IR. Luz Visível>>> Super necessário evidenciar o quanto ela é um perigo à nossa linda cútis. A luz visível provém de aparelhos que usamos nosso dia a dia, os Smartphones, computadores, televisão, enfim, tudo que emite luz, além das lâmpadas. A médio e longo prazo promove um quadro de eritema (mesmo que subcutâneo) o suficiente para gerar o SunBurn Cells (aquele cara que falei acima) Além de tudo, atua no estímulo da melanogênese. Por isso, obviamente outros motivos também, que aquele super tratamento para manchas nunca deu certo. Se proteger contra a luz visível (ou luz azul) é de fato importantíssimo no cenário atual que a nossa pele está exposta. Portanto, um protetor deve conter ativos que atuam contra as ações danosas do IR e luz visível, como o dióxido de titânio por exemplo.

Antioxidantes>>> Estão inclusos em alguns fotoprotetores ativos antioxidantes. Mas pra que isso? Eles agem na reparação do processo inflamatório ocasionado pela radiação solar e atuam na inibição da formação dos radicais livres (RL). Mas diacho, o que é isso? RL são átomos ou moléculas instáveis e altamente reativas que nesse caso danificam as células sadias (proteínas, lipídeos, DNA, etc..) podendo até levar a morte celular. Vit E, C, A, B3, resveratrol, ácido elágico (extraído da romã é o melhor) são alguns dos principais antioxidantes que combatem os RLs; OTZ10 que minimiza os danos do calor; Alistin antioxidante universal que age nas camadas de água e gordura da pele; EXO-P antipoluente; esses são alguns princípios ativos que pode ser encontrados nos fotoprotetores. Acredito que somente um protetor solar não garante uma proteção ideal. O consumo de antioxidantes orais, o uso de roupas e chapéus e sombra são indicações que devem ser levados em conta. Lembrando que o bom senso sempre é bem-vindo. Espero que essas informações sejam úteis e quaisquer dúvidas entrem em contato, será uma grande satisfação poder orientá-los! 47 99993-1525 | 47 3443-90564 luanagnata@hotmail.com Referências: Livro Cosmetologia Vol I , da Ivone Moser Blog Dermaclub.com.br wefashiontrends.com

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SOLIDARIEDADE

É tempo de ajudar à nossa volta Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Para mudar o mundo, é preciso começar mudando a realidade das pessoas à nossa volta assim o fizeram Mayra Danielle Amaral e Elielson Garcia de Souza, mais conhecido como Primo Angola. Pensando nas famílias itapoaenses em situação de vulnerabilidade com a pandemia do coronavírus, o casal mobilizou amigos e voluntários na produção e doação de centenas de pães e cestas básicas. Desde 2015, Primo e Mayra realizam o projeto voluntário Angola na Escola, promovendo capoeira, arte, cultura e música para alunos da rede municipal e seus familiares – agora, ministrado nas dependências da Escola Municipal Monteiro Lobato, no Samambaial. Com a recomendação do isolamento por conta do coronavírus, as aulas gratuitas do projeto Angola na Escola foram interrompidas, mas Mayra e Primo permaneciam inquietos. “A capoeira é a nossa forma de fazer a nossa parte. É a ferramenta que temos para ajudar o próximo e contribuir com a sociedade. Com a gravidade pandemia, dentro de casa, comecei a pensar nas famílias itapoaenses que estavam sem renda e sem ter o que comer”, conta Mayra, que trabalha como manicure.

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Pensando nisso, surgiu a ideia de fazer pães caseiros para doação. O casal postou a ideia em sua rede social e, imediatamente, seus amigos abraçaram-na e passaram a doar não somente ingredientes para fazer os pães, mas também outros produtos alimentícios e ajuda em dinheiro. Mayra conta: “Meu irmão, Ivan Amaral, é padeiro e prontamente se ofereceu para confeccionar estes pães. Como ele já havia trabalhado na Panificadora Luma, pediu a Lourdes, a proprietária, que cedesse a cozinha da panificadora para fazer essa produção, e ela aceitou gentilmente”. Os pães – confeccionados por Ivan, Augusto (tio de Mayra) e pelas amigas Erica Regina e Daiane Sousa – passaram a ser o carro-chefe da ação. Com


os produtos arrecadados, foram feitas cestas básicas. Já o dinheiro foi usado na compra de fardos de leite e na gasolina do carro, que percorreu Itapoá de ponta a ponta para realizar as doações. Na primeira remessa, o grupo de amigos conseguiu doar três cestas básicas e 150 pães caseiros. A distribuição foi feita com a ajuda de um morador de cada comunidade – a exemplo do Pontal, onde Oziele, moradora da localidade, levou-os até as famílias em situação mais vulnerável. Para Primo, a união das pessoas fez a força: “Graças a Deus, existem pessoas muito boas por aí e dispostas a fazer o bem. Às vezes as pessoas já têm essa intenção de ajudar dentro de seus corações, só não sabem como ou por onde começar”. Mayra, que realizou as doações pessoalmente, resume o ato como “um misto de sensações”. Ela explica: “Ao mesmo tempo em que é lindo e gratificante, é também muito triste, porque nos damos conta de que realmente não vamos conseguir ajudar todo mundo como gostaríamos. Fomos a lugares em que muitos moradores não imaginam nem nunca imaginarão que existe em Itapoá. Conhecemos pessoas que estavam há dias sem ter o que comer – e tudo isso aqui, bem pertinho da gente”. Sendo um sucesso, a boa ação se repetiu outras vezes e, até o fechamento desta edição, haviam sido doadas mais de 100 cestas básicas e mais de 300 pães. Em época de Páscoa, o casal teve mais uma preocupação para adicionar à campanha. Afinal de contas, enquanto muitas crianças ganham presentes, ovos de chocolate e um domingo de Páscoa cheio de amor e alimento, outras sequer comemoram a data. “Contamos com a ajuda da Escola Municipal Monteiro Lobato, na pessoa da gestora Patrícia, uma vez que a escola já havia

comprado e confeccionado algumas lembrancinhas de Páscoa para os alunos. Mas, com as escolas fechadas por conta do covid-19, ganhamos algumas doações de docinhos e montamos kits para a criançada”, falam. Na ocasião, descrevem como inenarrável o sorriso dos pequenos com os doces e o alívio dos familiares por verem que a Páscoa não foi esquecida. No dia a dia, em casa, Mayra e Primo evitam ir às ruas – exceto para trabalhar e fazer as boas ações. Vale ressaltar que em todas as entregas usam máscaras, higienizam as mãos frequentemente com álcool em gel e, quando retornam para casa, todo cuidado é necessário com as roupas, os calçados e as mãos. Primo, que é educador social, continua trabalhando, enquanto Mayra deixou de receber as clientes por um período para seguir as recomendações de saúde e aproveitar mais os momentos em família. Com o coração transbordando amor e gratidão, o casal afirma que ajudar o próximo faz com que nos sintamos mais leves, gratos e humanos. “Empatia é fundamental para qualquer ser humano, especialmente nesse momento. E é muito importante lembrar que quem tem fome, tem pressa”, dizem. Mayra e Primo acreditam que para mudar o mundo, basta começar mudando a realidade à nossa volta. Eles seguem com a arrecadação de produtos e ingredientes para ajudar outras famílias itapoaenses, pois, em suas palavras, “dormir com a sensação de que fizemos ao menos uma criança feliz já muda o nosso dia”. Deseja doar ingredientes para produção de pães ou itens alimentícios/de higiene para as cestas básicas? Entre em contato com Mayra ou Primo através do WhatsApp (47) 99790-5628.

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SOLIDARIEDADE

MÃOS DO BEM ITAPOÁ

Mãos do Bem: solidariedade em tempos de coronavírus

Ana Beatriz Machado Pereira da Costa

Fundada em , a Associação Ong Mãos do Bem Itapoá trabalha para levar alimento, apoio e cuidados a famílias em situação de vulnerabilidade no município de Itapoá. Com o agravamento do novo coronavírus, os problemas enfrentados como a fome se tornaram ainda maiores. Cada vez mais, solidariedade, união e empatia são palavras que devem existir não somente em nossos vocabulários, mas em nossas ações. A ONG Mãos do Bem atua há nove anos em Itapoá. Com cadastramento de famílias, eventos e parcerias para arrecadação de alimentos, roupas e produtos de higiene, ações pontuais em datas comemorativas e ajuda com cestas básicas e acompanhamento durante todo o ano, a iniciativa mudou as perspectivas de famílias carentes no munícipio. Com uma equipe de voluntários dedicados em fazer o bem, atualmente a Mãos do Bem atende aproximadamente 25 famílias – além de uma média de oito famílias de forma emergencial. As famílias contempladas com ações e doações são tipicamente aquelas que recebem o bolsa-família e têm crianças. Vale lembrar que naturalmente existem exceções que são avaliadas de acordo com a situação, especialmente idosos. As cestas básicas, assim como as demais doações, são entregues nas próprias casas, o que permite uma maior interação com as mães e as crianças: “Desta forma, nos

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inteiramos com todas as dificuldades das mesmas, permitindo uma ajuda muito além do simples alimento”. Para os voluntários e outros tantos que doam, ‘solidariedade’ sempre foi uma palavra-chave, mas, de uns tempos para cá, esta palavrinha tem se ressignificado e alcançado mais pessoas. Com a atual pandemia, tais famílias se encontram em situação de desespero, buscando a todo custo alguma ajuda. Por isso, mais do que nunca, a associação vem sendo procurada através das mídias sociais por pessoas que conhecem seu trabalho e indicam famílias em situações de vulnerabilidade. Para minimizar estes problemas agravados com o coronavírus, a Mãos do Bem se antecipou com uma campanha de arrecadação de alimentos, a qual foi prontamente atendida pela comunidade, permitindo assim alcançar um número ainda maior de famílias. Em abril foram cerca de 80 cestas básicas entregues.


Momento de união, solidariedade e empatia Em meio a tantas notícias ruins e amedrontadoras, uma conforta o coração da humanidade: nunca se viu tanta solidariedade entre as pessoas, independentemente da classe social. Para um dos membros da ONG, o ser humano traz na sua essência a bondade, no entanto, andava muito distraído com aquisições materiais – o que o levou ao egoísmo exacerbado e ao esquecimento da ética e dos valores morais. “Com a pausa forçada a que todos fomos submetidos e o sentimento de pavor que nos acometeu, passamos a perceber nossas fragilidades, onde o poder e a situação financeira nada significam. Com isto, olhamos mais para fora de nós mesmos e nos sensibilizamos com a situação daquele pai/mãe de família impotentes para conseguir colocar um prato de comida à mesa”, diz. Ele, assim como muitas pessoas, acredita que o mundo certamente será bastante diferente quando tudo isso passar, com a pretensão de que cada um de nós passe a dividir um pouco do que tem e possamos transformar Itapoá em um lugar mais justo, com menos sofrimento e mais esperança às futuras gerações.

Mas vale lembrar que muitos ainda precisam de ajuda, uma vez que a capacidade de atendimento da Mãos do Bem é limitada em função dos recursos financeiros e humanos. Para que estas crianças tenham mais perspectiva de vida e mais famílias sejam ajudadas, o desejo é que estes grupos que se formaram emergencialmente durante o covid-19 deem continuidade a este trabalho mesmo após o fim da pandemia. A equipe de voluntários salienta que não se refere apenas à doação de alimentos, mas também

orientar as mães na limpeza de suas casas, incentivar a participação das crianças na escola, acompanhar seu desempenho mês a mês, incentivar e possibilitar a prática de esportes para que não se tornem vítimas das drogas, entre muitas outras ações que venham a resgatar a dignidade destas pessoas simples e marginalizadas. Saiba como ajudar Quando uma família em situação de vulnerabilidade recebe a doação de uma cesta básica, as emoções são as mais diversas. Os voluntários descrevem: “Algumas mães se sentem envergonhadas por ter que pedir ajuda, outras extremamente agradecidas, algumas derramam lágrimas de alívio por não ter mais nada para alimentar os filhos. Muitas nos enviam mensagem posteriormente, demostrando uma extrema fé em Deus por ter-lhes enviado socorro no último momento. Nossa maior recompensa é poder olhar nos olhos o alívio de uma mãe desesperada”. Para dar continuidade a este trabalho a ONG Mãos do Bem tem doadores fixos que contribuem o ano todo, permitindo uma regularidade e previsibilidade dos atendimentos. Ainda, dispõe de carrinhos com cartazes na entrada dos principais supermercados de Itapoá, onde a população pode deixar sua doação em alimentos não perecíveis ou produtos de higiene. Além dos carrinhos, as doações podem ser combinadas pelas redes sociais e retiradas na casa do próprio doador. Faça a sua parte e ajude famílias em situação de vulnerabilidade em Itapoá através da ONG Mãos do Bem Itapoá. WhatsApp: (47) 99131-5032 Instagram: @maosdobemitapoa

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Vitorino Paese Historiador

HISTÓRIA NÃO É O QUE PASSOU, MAS O QUE FICOU DO QUE PASSOU.

Após a expedição de Binot Palmier de Goneville em 1504, levando em seu retorno o indiozinho Içá-Mirim ou Formiga Pequena, talvez o primeiro brasileiro a viajar para o exterior, um outro francês surge no cenário de nossa região. Decorria o ano de 1840 quando o médico homeopata Benoit Jules Mure, inspirado no eufórico plano de governo do recém coroado Imperador Pedro II escreve um artigo no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro versando sobre a implantação de uma Colônia Industrial no Sul do Brasil, sob o forte argumento de implantar na referida colônia uma fábrica de máquinas a vapor para atender o governo e as companhias particulares, propiciando com isto a existência enfim de uma marinha a vapor no Brasil, a qual daria um forte impulso comercial e supriria a falta de estradas e dos caminhos de ferro projetados. Todavia, essa proposta, sutilmente escondia o real objetivo que era dar forma a doutrina de Forier, ou seja, substituir pelo trabalho associativo a exploração e injustiça provenientes do trabalho assalariado. Na doutrina do associativismo defendida por Charles Fourier não haveria empregados e sim sócios. Partia do pressuposto de que implantando uma comunidade organizada e bem sucedida as comunidades vizinhas a imitariam. O novo Imperador não apenas de governo, mas também de idade, pois tinha apenas 15 anos, considerou o artigo uma proposta que vinha de encontro ao seu projeto que era levar o Brasil com brevidade a pujança

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econômica , através da transformação de suas potencialidades em riqueza. Dando continuidade ao plano do Dr. Mure, D. Pedro II incumbe o Ministro do Império, Cândido José de Araujo Viana, de tomar as medidas mais próprias para a fundação da colônia projetada. A vontade do Imperador em relação ao empreendimento evidencia-se na rapidez como tudo foi acontecendo. Em razão dos seus 15 anos foi declarado maior em 23 de julho de 1840 e em seguida coroado. O artigo do Dr. Mure publicado em 17 de dezembro de 1840. A assinatura do contrato para implantação da Colônia Industrial em 11 de dezembro de 1841. Opinião O mês de março de 2020 vai ser recordado pela força de um vírus de sigla inglesa denominado COVID-19, invisível e discreto, que foi capaz de suprimir vidas em praticamente todos os quadrantes do globo e levar a um compulsório/voluntário confinamento das pessoas em suas moradas, nunca antes visto, para evitar a sua disseminação, bem como gerar uma crise econômica. Porém, a História demonstra que a inteligência humana, não sem perdas, sempre as superou. Toynbee conclui que a facilidade é inimiga do homem e, ainda, que o estímulo ao homem aumenta de força na razão direta das dificuldades e que só depois de Adão e Eva terem sido expulsos do Éden é que os seus descendentes inventaram a agricultura e a metalurgia.


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