Revista Giropop Edição 22

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Neste mês fomos desafiados com a seguinte pergunta: “Será que não vai chegar uma hora em que o assunto irá terminar?” A resposta nem precisou ser dita, foi vivenciada em cada entrevista dessa edição. Neste mês conseguimos reafirmar que histórias boas são quase infinitas, cada pessoa esconde uma dentro de casa, no bolso ou nos próprios pensamentos. E atrás dessas histórias é que nós fomos novamente. O universo da vez é Casa e Construção, tema que faz, já fez ou fará parte da vida de todas as pessoas. Nada como ter uma casa própria, organizar do seu jeito e poder curti-la com as pessoas que você mais ama, não é mesmo? Por isso fomos atrás de vivências e dicas relacionadas ao tema. Como sempre, tivemos grandes surpresas. O crescimento dos municípios e do mercado imobiliário é visível, o que não imaginávamos é que a área de construção civil é uma das mais cobiçadas pelos jovens que ingressam no ensino superior. Para não deixar de falar no amor, buscamos também histórias que aliam construção, planejamento, futuro e claro, muita cumplicidade. Para não deixar as séries morrer e cultivar o que temos de melhor nas cidades, descobrimos novos músicos, artesãos, viajantes e amantes por animais. O que fica agora, com toda a certeza, é a motivação de cada pauta. Em cada entrevista somos motivos a aprender, testar ou iniciar alguma atividade diferente. O gostinho da vez é planejar e construir a casa dos sonhos, claro, seguindo todas as boas sugestões dessa edição. Que tal conferir?

12 | Outubro 2014 | Revista Giropop

Pollyana de Oliveira Schaich

EDITORIAL

Foi realizado em Guaratuba - PR, a premiação das empresas destaques do ano de 2014, feita na cidade pela Ângulo Pesquisas. A Revista Giropop foi lembrada na pesquisa no segmento revista regional. Agradecemos a todos que direta ou indiretamente contribuiram para a conquista desse prêmio. Sem dúvida alguma são quase dois anos de muito aprendizado, conquistas e amizades. A cada edição, a cada matéria e entrevista conhecemos uma nova forma de ver e entender a vida, uma nova forma de viver e reviver Itapoá e Guaratuba. Afinal, os grandes protagonistas deste trabalho são os moradores destas duas cidades: entrevistados, parceiros ou leitores. Conhecemos grandes talentos, grandes projetos e grandes pessoas. Hoje este projeto completa 22 edições, mas muita coisa ainda vem por aí!

Fotos do evento Pollyana de Oliveira Schaich. Confira págs 45, 46, 47 Foto de capa: Augusta Gern. Casal Patrícia Braz Guerra e João Guerra


Telhados vivos Verde que te quero verde. (Garcia Lorca).

N

ão faz muito, um seminário na Fundação Gaia Village, em Garopaba/SC, apresentou uma ‘nova’ alternativa da arquitetura ambiental: as coberturas vivas em edifícios, residências e obras públicas, os chamados “telhados verdes”. Não propriamente novidade, pois vêm sendo construídos desde a antiguidade. Quem não ouviu falar dos Jardins Suspensos da Babilônia ou da tradicional arquitetura dos Países Nórdicos, as nostálgicas casas da paisagem rural da Escandinávia? Conhecidos como telhados vivos, telhados verdes, jardins suspensos e outras denominações, têm como característica a utilização de vegetação sobre a cobertura das construções. Além do aspecto estético, proporcionam conforto ambiental e contribuem para a redução da poluição urbana. A técnica expandiu-se, a partir dos anos 1960, na Alemanha, com o desenvolvimento de materiais e novas metodologias construtivas – são os chamados ‘telhados verdes modernos’. Os materiais atualmente empregados proporcionam aumento considerável na eficiência e na durabilidade da impermeabilização das coberturas, principalmente nas estruturadas em concreto armado, o que, anteriormente, era pro-

blemático. Percebe-se, uma tendência crescente para a implantação em áreas urbanas, seja nas grandes metrópoles, médias cidades e até em pequenas localidades interioranas. Pode-se dizer da existência de um movimento mundial voltado à disseminação desses telhados, visando adaptar as cidades as condições impostas pelas mudanças climáticas e a controversa questão do aquecimento global. A experiência alemã comprovou a viabilidade do cultivo de plantas em qualquer tipo de construção, ampliando o conceito de ‘cidades verdes’. Nesse sentido, observa-se nos Códigos de Obras e na legislação ambiental de vários municípios, a introdução de normas e incentivos para a utilização desse tipo de tecnologia. Segundo os especialistas, as coberturas verdes apresentam benefícios de ordem técnica, estética e psicológica, proporcionando ao projetista grande potencial de desenvolvimento. Podem variar de um simples gramado a um sofisticado jardim com plantas exóticas. O telhado é a parte da construção diretamente exposta à radiação solar sendo responsável pelo calor transferido para o ambiente interno. Durante o dia sofre com insolação e a noite com o resfriamento rápido. O Brasil tem

seu território sujeito à intensa insolação na maior parte do ano, assim o telhado poderia ser mais protegido em termos de isolamento térmico, o que na maioria das vezes, não acontece. Entre as vantagens dos telhados verdes, a principal é o desempenho térmico. Em Garopaba, surgiram iniciativas em residências particulares de veranistas gaúchos cuidadosos com os aspectos estéticos e ambientais. O mesmo acontecendo com relação à administração municipal que, por ocasião do seminário, possibilitou a realização de aula prática numa obra pública, um Centro de Informações Turísticas, construído na praça central da cidade, cuja marquise principal foi revestida com plantas. Também, alguns abrigos em pontos de ônibus foram recobertos com vegetação. Tenho uma admiração muito especial por Garopaba, não somente por sua beleza natural, tradição e desenvolvimento do turismo, mas especialmente pelo cuidado com a urbanização, notadamente a arquitetura empregada nas residências. Prova disso foi à participação de arquitetos locais, além do engenheiro responsável pelo setor de obras da prefeitura. Uma experiência de vanguarda numa cidade que, graças aos seus cenários naturais, organização e foco no turismo, é um dos maiores destinos de Santa Catarina e do sul do País.

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MERCADO IMOBILIÁRIO

O perfil do crescimento

Augusta Gern

Luiz Francez, Marcia Gregory e Cássio Ferreira Souza, Itapoá Imóveis.

C

idades em pleno desenvolvimento: é assim que podemos definir Itapoá e Guaratuba atualmente. Não são precisos nem muitos números: basta andar na rua e observar a quantidade de novas construções e casas abertas para perceber que a cada ano as cidades crescem significativamente. O movimento não acontece mais apenas no verão, os moradores antigos não conhecem mais todas

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as pessoas e a área da construção civil está a todo o vapor. Conforme as secretarias municipais responsáveis pela emissão de alvarás de construção em Itapoá e Guaratuba, não há dúvida que os municípios cresceram e crescem a cada ano, ou melhor, a cada mês. Em Itapoá, por exemplo, a média de alvarás emitidos por mês é de 53 neste ano, muito maior que no ano passado, onde a média eram 32. Em Guaratuba o crescimento também

pode ser observado: durante todo o ano passado foram emitidos cerca de 200 alvarás e, neste ano, até o mês de outubro, o número já passou para 300. Assim, buscamos traçar o perfil imobiliário de cada município, junto com quem mais atua na área: as imobiliárias. Confira como os próprios corretores e imobiliárias observam o crescimento da cidade, quais as principais mudanças dos últimos anos e as expectativas para o futuro.


Jerry Sperandio, da Sperandio Imóveis e Arquiteura.

É

unânime: todas as imobiliárias entrevistadas no município itapoaense afirmam o grande crescimento da cidade e, em consequência, do mercado imobiliário. Para Jerry Luís Sperandio, da Sperandio Imóveis e Arquitetura, sem dúvida o desenvolvimento da cidade é o fator de maior impacto para a área imobiliária: “prova é o grande número de novas obras de residências e comércios e o significativo aumento no número de imobiliárias e corretores de imóveis atuando na cidade”. Com atuação desde 1995, ele afirma que o crescimento motivou uma mudança significativa no per-

Itapoá, cidade com perfil misto fil dos adquirentes. “Na década de 90 e anos 2000 a maior parte das vendas era de terrenos para investidores. Nos últimos anos houve um grande aumento nas vendas de terrenos e casas prontas para moradores fixos”, explica. Cássio Souza, da Itapoá Imóveis, e Paulo Mertens, da Apolar Imóveis, também observam o perfil do cliente como a principal mudança: está cada vez mais exigente e buscando imóveis de melhor qualidade. Para Everton Sabadini, da Cleide Imóveis, além da procura na compra de terrenos, cuja demanda é superior às demais, é notável o aumento ano a ano pela procura de imóveis já prontos, tendo o

financiamento como principal aspecto. Rodrigo Lopes, corretor de imóveis, também observa a maior procura de locação mensal: “muitos dos imóveis que eram destinados para locação na temporada agora são destinados à locação mensal”. Outro ponto observado é a valorização dos imóveis, “o que retrata um mercado extremamente aquecido e de enorme potencial de investimento”. Em relação às mudanças para a empresa e o profissional, Simone e Leandro da Exclusiva Imóveis apontam novidades na questão da documentação exigida: “há uma constante mudança nesta questão, acreditamos que seja por motivo de segurança”.

O principal público Os turistas não são mais os protagonistas quando o assunto é mercado imobiliário. Apesar de ainda representarem uma grande faixa de clientes, principalmente nos meses da temporada de verão, moradores e investidores são significativos também. Conforme informações das imobiliárias entrevistadas, investidores de diferentes regiões do país, jovens em busca de oportunidades, famílias transferidas pelo trabalho e aposentados em busca de descanso são atraídos pelas belezas e desenvolvimento itapoaense, formando um público bastante heterogêneo.

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É hora da casa própria

Conforme informações das imobiliárias, o aluguel e compra de imóveis são bastante registrados em Itapoá, porém, em virtude das possibilidades de financiamento e venda de terrenos parcelados diretamente pelos proprietários, a casa própria é a melhor opção. Jerry Sperandio explica que a maior parte dos interessados opta por fazer a aquisição, pois o custo do aluguel pode representar igual ou até maior o valor do que da prestação de uma casa ou terreno. Rodrigo Lopes, que trabalha especialmente com locação, também observa que os próprios inquilinos têm comprados suas casas, utilizando na maioria das vezes alguma forma de financiamento imobiliário.

Região mais procurada é a mais valorizada

Em relação às regiões mais procuradas, temos uma preferida: Itapema do Norte. Conforme algumas imobiliárias, a razão é que nesta região estão concentrados os principais comércios e serviços públicos. Por essa mesma razão, hoje esta região também é a mais valorizada. Porém, outras regiões também estão começando a se destacar,

Paulo Mertens, Apolar Imóveis. como os balneários Princesa do Mar, centro de Itapoá, Rainha, Itapema do Saí e Mariluz. Em relação a grandes investimentos, as proximidades do Porto no balneário Pontal e a área retroportuária também são procuradas. Assim, pela diversidade do público, pode-se concordar com Everton Sabadini: “Há pessoas com intuitos diferenciados que ocasionam em regiões diferentes”.

Principais problemas

De acordo com as imobiliárias entrevistadas, dois são os principais problemas no campo de atuação: profissionais não qualificados e burocracias. Porém, irregularidades na documentação de imóveis, invasões de terrenos e falta de in-

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Everton Sabadini, Cleide Imóveis.

fraestrutura e planejamento municipal também são apontados.

Crescer, crescer e crescer

Crescimento é a palavra para o futuro, é a expectativa de todas as imobiliárias. Conforme Paulo Mertens, o município começou a ser descoberto por construtores de fora: “visto que alguns centros estão enfrentando uma acomodação do mercado no ramo imobiliário, construtores estão alocando os investimentos que possuem em grandes centros por investimentos em regiões em franco desenvolvimento, que é o caso de Itapoá”. Para Jerry Sperandio, é preciso reaprender a trabalhar a cada dia com as mudanças da cidade, e afirma: “Com a valorização dos terrenos começam a ser erguidos prédios, de forma a diminuir o custo de cada unidade habitacional. A

construção de edifícios, cada vez com mais pavimentos, é uma tendência natural do desenvolvimento de uma cidade”.

Para todos os gostos

Os belos 32 km de praia e o pujante desenvolvimento portuário são os principais atrativos para os olhos de fora, mas qual é o real perfil da cidade? A resposta da maioria dos entrevistados é a mesma: Itapoá tem vocação mista. Para Cássio, isso acontece porque a cada ano aumenta o número de turistas, aumenta a quantidade de pessoas para trabalhar na área portuária, aumenta os pontos comerciais e prestadores de serviço em geral. Paulo Mertens complementa que esta é uma cidade única, pois é possível conviver e desenvolver perfeitamente todas as áreas.


CONFIRA

Guaratuba também cresce

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Leandro e Simone, Exclusiva Imóveis.

Rodrigo e Marcele Rodrigues Lopes de Oliveira.

Conheça as imobiliárias entrevistadas: Itapoá

Apolar imóveis de Itapoá Atua com a bandeira Apolar desde 2010, mas a experiência no ramo imobiliário é desde 1970. Oferece serviços de compra, venda, aluguel mensal e de temporada, trabalha como correspondente da caixa e regularização de processos relacionados com a atividade. Cleide Imóveis Atua em Itapoá desde 2005 e conta com três escritórios, em diferentes regiões do município. Oferece serviço de assessoria em documentação, regularização de imóveis, terrenos e áreas, desde o processo de escritura até o registro. Também oferece venda de terrenos, locação de imóveis mensal e para temporada. No escritório localizado no balneário Itapema do

Norte, realizam abertura de contas, cartões de crédito, empréstimo consignado, construcard e financiamento de imóveis. Exclusiva Imóveis Em Itapoá há um ano e dois meses, trabalha com compra, venda, administração e documentação. Para o início de 2015 também estão previstos projetos para o ramo da construção. Itapoá Imóveis Profissionais atuam há dez anos como corretores de imóveis e há dois anos fundaram a Itapoá Imóveis. Trabalham com compra, venda, locação para temporada e administração. Sperandio Imóveis e Arquitetura Há 19 anos no mercado itapo-

aense, trabalham com compra, venda e intermediação de compra e venda. Rodrigo Lopes Atuando desde 2008 no mercado imobiliário de Itapoá, é especializado em locação mensal. Porém, também atua em compra e venda, conseguindo potencializar os negócios dentro da própria carteira da imobiliária.

Guaratuba

Algacir Imóveis Há 12 anos no mercado imobiliário de Guaratuba, trabalha com compra, venda e locação. Bolão Imóveis A imobiliária abriu as portas em 2005, mas a experiência dos profissionais é desde 1990 em

Guaratuba. Oferecem imóveis em lançamento para venda, venda de imóveis para terceiros e locações mensais e para temporada. Castro Imóveis Há dez anos em Guaratuba, a imobiliária atua na prestação de serviços como negócios de terceiros (imóveis novos e usados, isolados ou grupos), na administração de imóveis para locação, com negócios rurais (sítios e fazendas), com loteamentos (incorporações, colonização e assentamentos), com lançamentos (incorporações de empreendimentos residenciais, comerciais e industriais) e com avaliação e opinião de valor. Objetiva Imóveis Atuando desde 2000 no mercado imobiliário de Guaratuba, trabalha com venda, aluguel diário e avaliações.

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MERCADO IMOBILIÁRIO

Guaratuba também cresce

N

ão é apenas Itapoá que está com um ritmo acelerado de crescimento, Guaratuba também. Mesmo sem investimentos portuários, o município está registrando um bom crescimento no mercado imobiliário, principalmente nos últimos anos. Conforme Bolão, da Bolão Imóveis, os últimos anos foram marcados pela valorização dos imóveis e um crescimento de 20% por ano nas vendas e locações. Para ele, isso pode ser resultado do sonho de muitos aposentados:

morar e descansar na praia. João Algacir Woinarovicz, da Algacir Imóveis e presidente da Associação dos Corretores de Imóveis de Guaratuba, afirma que o crescimento é pujante. Segundo ele, na última temporada (2013/2014), só as imobiliárias parcerias da associação, que somam 28, arrecadaram um total de R$ 49.438.775,00. Este valor não considera as não filiadas, pousadas, hotéis ou locações particulares. Para este ano a previsão é de um aumento de 15 a 20%, conforme ele. Denildo, da Objetiva Imóveis,

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também afirma que o mercado aqueceu bastante nos últimos cinco anos, mesmo com o crescente número de novas imobiliárias na cidade. Para Algacir, este crescimento se justifica, principalmente, pelo desempenho do Poder Público em asfaltar vias públicas e pela recente conquista da aprovação do novo Plano Diretor. “Com este novo Plano ressurge um mundo de desejos antigos que agora poderão ser realizados”, conta. Edna Oliveira de Castro, da Castro Imóveis, alia este crescimento ao aumento da própria população

residente. Segundo dados do IBGE, em 2000 Guaratuba tinha uma população de 27.257 pessoas, o que passou para 32.095 em 2010. Com o crescimento, ela afirma que é preciso acompanhar as demandas e necessidades do mercado, porém, nos últimos anos constatou “equilíbrio nos preços tanto para os que querem vender, quanto aos que querem comprar”.

Turistas predominam

Em Guaratuba os turistas ainda predominam o mercado imobiliário, mas outros públicos também


João Algacir Woinarovicz, da Algacir Imóveis. marcam presença. Conforme Edna, existem três grupos diferentes: consumidores primários, que são moradores e que buscam sua primeira moradia na compra ou locação mensal; consumidores secundários, que são investidores; e os veranistas, que são a maioria. Em relação ao perfil dos clientes, algumas mudanças foram observadas devido alguns fatores. “O sonho da casa própria que até a década de 90 fazia parte das pessoas dos 31 anos, hoje atinge o público jovem”, afirma Edna. Além disso, mudanças nos costumes da população têm incentivado a construção de condomínios fechados, ressalta a corretora.

Mercado equilibrado

Apesar dos veranistas serem os mais expressivos neste mercado, a opção por compra ou aluguel

Edna Oliveira de Castro, da Castro Imóveis. de imóveis está equilibrada. Segundo Algacir, a locação prevalece entre a temporada de verão, quando o número de pessoas na cidade cresce demasiadamente, fora isso a compra lidera. Denildo salienta que muitas pessoas iniciam a vida com o imóvel alugado e logo optam pela compra.

Áreas em destaque

Em relação às regiões mais procuradas, os entrevistados afirmam que a cidade tem regiões para todos os gostos, mas a central ainda é a preferida, principalmente pela proximidade ao comércio. Conforme Edna, bairros com características residenciais e fluxos de moradores intermitente, sem relacionamento com o verão e a chegada de turistas também são muito procurados pelos moradores. Já às mais valorizadas são a

Denildo, da Objetiva Imóveis.

Bolão, da Bolão Imóveis. área central e os imóveis à beira mar, mas todas regiões estão agregando valor devido os investimentos do poder público, principalmente na área de saneamento básico.

trutoras estão se instalando no município e, com novas técnicas e projetos, a área só tem a crescer.

Dificuldades naturais

Sem dúvida Guaratuba tem o turismo como principal perfil. Segundo os entrevistados, é ele que movimenta a cidade, fortalece o comércio local e serviços. Para Edna, diferentes setores da cidade também estão motivando o turismo de negócios.

Conforme os entrevistados, as principais dificuldades estão na concorrência do mercado, mas este é um ponto marcado em diferentes ambientes econômicos. Conforme Bolão, neste ano também houve uma queda na procura por investimentos, mas acredita que seja pela Copa do Mundo e eleições.

Expectativas boas

Com a aprovação do novo Plano Diretor, as expectativas são de melhorias para o mercado imobiliário. Segundo Algacir, novas cons-

Turismo em alta

“O objetivo é ocupar toda a infraestrutura existente na alta e na baixa temporada para viabilizar feiras, Road shows, workshops e encontros de negócios, promovendo a imagem de Guaratuba como destino de investimentos”, explica.

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ARQUITETURA - ITAPOÁ

Profissão: arquitetar

os sonhos

Augusta Gern Multidisciplinar, a arquitetura é uma profissão totalmente relacionada com a realização de sonhos. Unindo técnica, arte e até psicologia, o arquiteto é responsável em dar vida e tornar possíveis as ideias e projetos dos seus clientes. Uma das melhores definições da profissão pode ser resgatada na história, conforme citou o escritor alemão Johann Wolfgang van Goethe: “Arquitetura é música petrificada”. Entre diferentes ritmos, de diferentes conhecimentos, desejos e técnicas, a arquitetura é a arte de projetar e organizar espaços internos e externos, de acordo com critérios de funcionalidade, conforto e estética.

O primeiro profissional de Itapoá

“Em questão de segundos, você precisa captar a ideia do cliente e pensar na melhor forma de torna-la viável”. Este é o principal desafio e conquista da arquitetura para Geraldo Weber, primeiro profissional da área em Itapoá. Para ele, esta profissão possibilita a realização de dois sonhos a cada projeto: colocar em prática a ideia e conhecimento do profissional e concretizar o sonho do cliente. Assim, não poderia ser mais instigante: cada novo projeto é um desafio, uma conquista e realização de sonhos. Do tempo da lapiseira, Geraldo Weber conta que foi o primeiro profissional de todas as áreas a residir em Itapoá: “Antes mesmo de virem médicos ou outros profissionais, já havia um arquiteto”, afirma. Natural de Porto União (SC), Geraldo acompanhou o desenvolvimento de Itapoá antes e depois da emancipação: desde as construções mais simples até as mais elabora-

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das que são projetadas atualmente. Segundo ele, com a valorização dos terrenos, há maior procura por construções geminadas em um único lote e edificações com pavimentos superiores. A arquitetura sempre esteve presente em sua vida. Como a família tinha indústria, comércio e madeireira, cresceu no meio de projetos e construções. O primeiro curso na área foi técnico de edificações e, em 1985, se formou em arquitetura e urbanismo. Conforme Geraldo, a principal dúvida de muitos clientes é sobre as funções de um arquiteto em relação ao engenheiro, e afirma: “Como o engenheiro, o arquiteto também pode assinar o projeto e execução da obra”. Assim, com essa autonomia, o arquiteto pode ser o responsável pela execução de uma edificação. O setor da construção civil é o que mais está crescendo e que mais emprega mão de obra em Itapoá atualmente. Hoje, de acordo com Geraldo, são cerca de 30 profissionais entre arquitetos e

Geraldo Weber. engenheiros atuando em Itapoá. A expectativa é que o número cresça a cada ano com a vinda de novos profissionais e a graduação de acadêmicos da área, mas isto não é um problema: “o espaço está aberto para todas as profissões, o que vai diferenciá-los é a qualidade e confiança no trabalho”, fala Geraldo. Pontos negativos, segundo o profissional, ainda são a falta de mão de obra especializada e os entraves burocráticos. “Outra bronca do arquiteto é com o famoso ‘já que


tá’”, brinca Geraldo. Para ele, esses palpiteiros sempre falam “já que está mexendo...” e no final geralmente destoam da concepção do projeto por não conhecerem as normas técnicas, layout, orientação, entre outros fatores. Em Itapoá, um ponto ainda carente na área é a fiscalização em relação à segurança no trabalho, principalmente com funcionários de obras. Porém, a cidade está buscando acompanhar todo o desenvolvimento, a compra de todo o material de obra, por exemplo, pode ser feita na cidade, não é preciso mais viajar atrás de opções. Em relação ao estilo de suas obras, Geraldo afirma que tudo depende do gosto e recursos do cliente, mas admite que gosta de valorizar o telhado em seus projetos: “é o charme de toda a construção”.

Arquitetura também é psicologia

Para Fabianno Lima, também arquiteto e urbanista de Itapoá, a arquitetura é pura psicologia. “O ponto mais importante é saber da necessidade do cliente, tanto o que ele quer, como o que vai precisar no dia a dia”, afirma. Com algumas conversas, é preciso entender o que o cliente quer e precisa não apenas hoje, mas também para o futuro; e assim utilizar de toda a técnica e muita criatividade para

criar um projeto original, único e, principalmente, adequado à pessoa. Fabianno está no município desde 1992 e, como Geraldo, fez o curso técnico de edificações e a graduação em arquitetura e urbanismo. A profissão sempre foi um sonho de criança e hoje já são 22 anos trabalhando na área de projetos. A experiência e confiança são fruto principalmente do gosto pelo trabalho. O arquiteto afirma que esta é uma área muito gratificante, pois recebe a confiança de uma pessoa para realizar o seu sonho. Por isso, muitas condicionantes são levadas em conta antes da execução de qualquer construção. Além do desejo do cliente, é importante observar características do terreno como, por exemplo, o tipo de solo, a posição geográfica para a incidência solar e a ventilação. Além disso, Fabianno instiga todos os clientes à arquitetura vivenciada: “é importante que ele tenha noção espacial do que está sendo planejado”. A dica é andar com uma trena sempre no bolso e medir ambientes de amigos e familiares que você acha que se encaixariam perfeitamente em sua residência. Afinal, Fabianno afirma que não existe projeto padrão, mas sim projeto ideal para necessidade de cada cliente. Em relação ao seu estilo, conta que é muito eclético e tem influência de diferentes linhas, até porque o público é muito diversificado. Já

Fabianno Lima, arquiteto e urbanista. sobre as tendências da arquitetura atualmente, afirma que o chique é ser diferente. “Hoje as pessoas procuram o diferente. A cor branca, por exemplo, tornou-se uma tendência. Como o modismo são casas coloridas, o branco tornou-se o diferente, o clássico”, explica. Outra tendência é o uso de poucos detalhes, mas de forma expressiva. Uma parede de pedras, tijolo a vista ou até madeira são concentradas em apenas uma área da residência. Também como Geraldo, Fabianno afirma que o arquiteto pode cuidar de todas as atribuições de uma obra, como projeto estrutural, elétrico, hidráulico, entre outros. O diferencial é que este profissional pensa mais no ambiente: iluminação, ventilação, integração, acessibilidade, desejo do cliente e, claro, na legislação vigente. O grande

desafio é unir tudo isso. “O importante é que toda e qualquer obra, inclusive reformas, precisam obrigatoriamente de um responsável técnico”, salienta Fabianno.

O que deve ser visto na elaboração do projeto:

- Condições do terreno; - Orientação em relação ao sol; - Ventilação; - Zoneamento (ver o que pode construir na região); - Necessidade dos usuários (número de cômodos); - Padrão da casa; - Padrão de custo; - Estilo da obra; - Regularização e documentação do terreno; - Averbação da obra junto ao Registro de Imóveis; - Exigência das normas e legislação.

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CONSTRUÇÃO

Cinco irmãos e uma profissão Augusta Gern Depois de muito planejamento, a escolha do terreno e o projeto em mãos, chega o momento de “colocar a mão na massa”. De tijolo em tijolo, construtores e pedreiros são os responsáveis por concretizar este sonho. Para muitos, esta é uma profissão para “quebrar um galho” até surgirem novas oportunidades, mas não para a família Kaufmann.

A

demir José, Claudemir Luiz, Leonir Jorge, Sedenir André e Selvenir Alberto. Os cinco irmãos da família Kaufmann escolheram em Itapoá a mesma profissão: todos são construtores. Com as próprias mãos, literalmente colocam a mão na massa para dar forma ao sonho de outras pessoas. Segundo eles, a profissão foi realmente uma escolha, “pois a construção hoje é uma das áreas mais promissoras e está deixando outros ramos para trás”. Tudo começou com Leonir há 20 anos. Na época moradores de Mato Grosso, o irmão do meio deixou a família para trabalhar na construção de um dos primeiros condomínios de Itapoá. O trabalho e a cidade em crescimento motivaram a vinda dos outros irmãos. Alguns iniciaram a rotina no município itapoaense trabalhando no comércio, porém, para eles, a construção tornou-se a melhor opção para quem não tem um ensino avançado. “Cada dia que passa a construção está evoluindo mais, pois é a área que o brasileiro mais está investindo”, afirma Leonir. Confor-

Os irmãos Ademir José, Leonir Jorge, Sedenir André, Selvenir Alberto e Claudemir Luiz. me os irmãos, este crescimento Além de prestarem o serviço do acabamento e todos os outros se dá, principalmente, em virtude de construção, hoje os irmãos tam- detalhes para que o morador sintadas facilidades de financiamento bém estão finalizando a primeira -se realizado, satisfeito e seguro que existem atualmente, 40% das obra própria: quatro geminados no quando a obra se transformar no casas que constroem hoje são fi- balneário São José. “É muito bom novo lar. E apesar de todo o cansananciadas. “Está muito fácil de o ver o nosso trabalho refletido neste ço e desgaste físico, este resultado brasileiro ter a sua casa própria primeiro empreendimento”, afirma é a grande recompensa da profishoje em dia, então o ramo só tem Sedenir. são. a crescer”, acreditam. E com tanE o grande número de obras e Para o futuro, os irmãos não tas construções, a expectativa da procura pelos seus trabalhos, para conseguem se imaginar em outro família é que só aumente mesmo: eles é resultado da qualidade de ofício. Sedenir, de 29 anos, prequando a necessidade das pesso- serviço. Eles admitem que nem tende iniciar a graduação em enas for suprida por casas, eles acre- sempre ganham pelo orçamento, genharia civil, mas não ficar longe ditam que iniciará a construção de mas que o gosto pela profissão é o das obras. E apesar de não trabadiferencial quando o quesito se tor- lharem diariamente juntos, pois prédios. Atualmente cada um dos ir- na qualidade. “Quando a gente gos- cada um fica em uma obra, consmãos é responsável por mais de ta do que faz, tudo fica melhor, tudo trução é o principal assunto nas uma obra. Depois de passarem ganha mais qualidade”, afirmam. A reuniões de família: sugestões, dúpor todos os cargos presentes em busca pelo conhecimento nesta vidas e críticas não dão folga nem uma construção, hoje são mestres área também deve ser constante, para um churrasco. de obras, responsáveis por todos pois está sempre surgindo alguma Dicas na hora de os pedreiros e pela edificação. Se- novidade, cada vez mais o diferencontratar um pedreiro: gundo eles, cada obra é um desafio te tornou-se o mais procurado. - Busque referências com ouAlém disso, junto à qualidade tras pessoas e profissionais; e exige novos conhecimentos, porém, a escolha da parte mais com- e conhecimento, esta é uma profis- Peça para conhecer obras plicada é unânime: “por ainda não são de grande responsabilidade: é prontas que já construiu; existir saneamento básico, a cons- preciso dar forma ao projeto do pa- Não se atente apenas ao pretrução da fossa é a mais delicada pel, acompanhar todos os passos, ço, alie o orçamento à qualidade. em uma obra”. cuidar da parte elétrica, hidráulica,

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CONSTRUÇÃO

Criatividade e curiosidade também fazem parte

Augusta Gern As cidades estão repletas de construções: simples, elaboradas, grandes, pequenas, rústicas ou modernas. São tantas que nem nos atentamos às características e detalhes de cada uma, só quando o diferente realmente sobressai das colunas estruturais e instiga a nossa curiosidade.

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Tudo menos tijolo

á imaginou uma casa construída com lixo reciclado, roupas velhas, serragem e outros materiais descartados do dia a dia das pessoas? Pois bem, é assim que o diferente se destaca na construção de Antônio Pacheco do Nascimento em Itapoá, mais precisamente no balneário Rosa dos Ventos. Aposentado há 30 anos, construir casas a partir do lixo produzido em sua própria residência tornou-se um passatempo. Para não ficar parado, resolveu virar construtor de casas sem tijolos. “A ideia foi desenvolver algo mais

Antônio Pacheco do Nascimento sustentável”, afirma. no. O espaço Assim, com ideia própria, co- que fica entre meçou a construir casas para sua os pisos é preenchido com os mais família à base de pisos. Com so- variados materiais, desde restos bras de construção, principalmen- de construção, madeira, vidro, te pedaços de revestimentos, ele lixo reciclado, folhas secas, roupa monta pisos de diferentes cores e velha ou qualquer coisa que apatexturas com um molde. Com esse recer na frente. Nesta casa o tijolo material em mãos, encaixa-os com não tem espaço. uma fina camada de cimento, dos Esta já é sua quinta casa e gadois lados da casa: interno e exter- rante: até hoje todas estão muito

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seguras. Além da sustentabilidade através do reaproveitamento de materiais já descartados, Antônio explica que é uma boa forma de economizar. Muitos dos materiais são recolhidos da rua, alguma coisa ganha de amigos e compras só acontecem em “ponta de estoque”. Além disso, ele afirma que a principal economia está no acabamento: não é necessário reboco ou pintura, o próprio piso fica exposto na residência. E tudo isso é feito por suas próprias mãos. Aos 76 anos de


idade, Antônio afirma que o que era passatempo tornou-se vício e não consegue largar a construção. Tudo que aprendeu foi olhando e fazendo, antes de se aposentar não tinha nenhuma experiência na área. Atualmente tem apenas um ajudante, mas já ergueu muitas paredes sozinho.

Ao invés do mar, a laje

Um barco como segundo piso. Sim, esta é outra curiosidade nas construções itapoaenses. De madeira, a construção tem todas as características e dimensões de um barco, só que ao invés do mar, navega em uma laje. Construído em 2009 no balneário Palmeiras, a construção chama a atenção de todos que passam pela rua, mesmo que um pouco abandonada. A ideia surgiu a partir de um desafio. Vilmar Mario da Graça, responsável pela construção, conta que estavam em uma roda de amigos quando o desafiaram a construir a casa-barco. Veranista, o proprietário da residência quis aumentar e incrementar a pequena casa de alvenaria com o segundo pavimento diferente. Como Vilmar já havia construído outros barcos e trabalha com madeira há mais de 20 anos, topou o desafio. Tudo saiu de suas mãos: o projeto, o corte das madeiras e os encaixes. Foram cerca de três meses de construção. “Todo o barco se constrói a partir de uma quilha, nesta casa a quilha foi a laje”, explica. Além da parte externa,

Vilmar conta que internamente a casa também tem um estilo bem rústico e até naval. Colunas imitam mastros e cordas fazem parte da decoração. “Esta é uma casa construída para o lazer, por isso conseguimos trabalhar em toda a estrutura”, afirma o construtor. A partir desse desafio, Vilmar passou a trabalhar mais com obras e hoje atua exclusivamente na área de construção. Para ele, as pessoas não podem ter medo de ousar no planejamento de uma

casa, mas devem sempre pensá-la para que fique útil, favorável ao dia a dia e confortável. “A construção está muito acadêmica e cheia de modismos atualmente, não existe uma identidade”, afirma. Segundo ele, diferente de outros países, principalmente os europeus, o Brasil não tem uma identidade própria na área de construção. Em relação à madeira, base da casa-barco e sua especialidade, Vilmar conta que agrada todos os tipos de pessoas, em diferentes

níveis: “algumas pessoas gostam de toda a casa de madeira, mas há também detalhes internos ou externos, como decks ou quiosques”. Apesar de ser mais aconchegante, este é um material que exige muito mais cuidados e manutenção. As madeiras mais utilizadas na região, segundo o construtor, são a cambará (com média resistência e não pode ficar muito exposta ao tempo), a garapeira, ipê e itaúba (mais resistentes e populares), além do eucalipto e pinus (madeiras autoclavadas, que recebem tratamento químico para ficar mais resistentes). Além da casa-barco, outras construções marcantes de Vilmar são a sala ambiental da Escola Municipal Frei Valentim e o antigo restaurante Engenho da avenida Celso Ramos.

Vilmar Mario da Graça

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CONSTRUÇÃO - PROJETO ELÉTRICO

Com eletricidade não se brinca

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Augusta Gern m ponto importante que muitas vezes não ganha a devida atenção é o projeto elétrico. Geralmente é quando já se está acomodado na casa e se decide instalar algum novo aparelho que você percebe a importância: fiações elétricas devem estar devidamente identificadas na planta da casa. Esta é uma atitude simples, mas que deve ser elaborada por profissionais capacitados para garantir a segurança, afinal, com energia não se brinca. Conforme Anderson Ricardo Kessin, eletrotécnico e proprietário da Kessin Projetos e Construções Elétricas em Itapoá, uma instalação elétrica é composta por centenas de componentes e produtos que devem ser escolhidos e instalados adequadamente, garantindo um funcionamento correto e seguro aos usuários. Além da segurança, a “contratação do projeto elétrico também contribui na economia,

selo, que é maior garantia de segurança, bom funcionamento e durabilidade”, fala. Também, como todas as áreas da construção, é muito importante a contratação de mão de obra especializada. Tanto na elaboração do projeto, na execução das instalações e até pequenos reparos, a escolha de um profissional habilitado pode evitar prejuízos financeiros, riscos à saúde ou até a vida, garante Anderson.

pois evitará desperdício de materiais”, afirma o profissional. Outra dica é em relação ao uso de materiais de qualidade. Anderson explica que fios, cabos, disjuntores, chaves, eletrodutos e outros materiais são, em grande parte, avaliados e fiscalizados pelo INMETRO. “Só escolha materiais com este

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Daniel Nunes com alguns dos componentes e produtos necessários para uma instalação elétrica.





CONSTRUÇÃO - ACABAMENTO

Quando a obra se transforma em lar Augusta Gern

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epois do projeto e das paredes levantadas, chega a tão esperada fase do acabamento. Este é o momento de ver as coisas realmente ganhando forma, onde a construção deixa de ser uma obra e começa a ganhar jeito de lar. É nesta hora em que o piso, forro, louças, metais sanitários, pintura, esquadrias e outros detalhes entram em cena. Apesar de ser uma das fases mais prazerosas da construção, esta também pode ser a parte mais cara e que pode dar mais dor de cabeça no futuro. Enquanto na parte da fundação, alvenaria e instalações o valor dos materiais não varia muito de marca para marca, pois, por exemplo, cimento é ci-

Rita e sua filha Manoela, Mercado das Telhas. mento e tijolo é tijolo, o discurso muda na fase do acabamento. Na hora de comprar os materiais de revestimento há uma grande variação de preços, mas também de qualidade.

Confira algumas dicas e tendências para o acabamento de uma obra, principalmente quando se trata de uma casa na praia. Além das preferências pessoais, é preciso uma atenção especial a certos detalhes para garantir funcionalidade, segurança e qualidade.

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No teto

Apesar de muitos deixarem o telhado para a fase final, o ideal é que a cobertura seja planejada desde o início do projeto. O principal ponto é referente à inclinação indicada, pois evitará futuros problemas com chuva e fortes ventos. Existem diferentes tipos de telhas, que variam de acordo com o gosto e perfil de cada pessoa. Conforme Rita de Cássia Titon Brunato, proprietária do Mercado das Telhas em Itapoá, a telha mais procurada e indicada é a de cerâmica. Conforme ela, esta é a que tem melhor custo-benefício e propicia um bom isolamento térmico. Esta telha pode ser encontrada na forma natural, que apesar de ser mais em conta acumula mais sujeira, ou esmaltada, mais indicada em regiões com maresia. Além da cerâmica, também há a telha de vidro, utilizada para aumentar a claridade em alguns pontos da residência e evita bichos como morcego; telha de cimento, que é mais pesada, telhas de PVC, fibrocimento e ecológicas. Independente do material, Rita aconselha que toda a telha seja comprada por metro quadrado e não por milheiro, pois o tamanho muda e às vezes o barato sai caro. Para evitar o calor, o indicado é escolher telhas mais claras. Depois da escolha da telha, Genivaldo Garcia Brunato, também proprietário do Mercado das Telhas, afirma a importância de se contratar um bom profissional. Segundo ele, é preciso seguir todas as instruções para evitar problemas futuros.


Danieli e Jorel funcionários do Realeza Materiais de Construção.

No chão

Os pisos não são responsáveis apenas por garantir a estética da residência, mas também por garantir conforto, praticidade e segurança. A variedade de materiais é muito grande, por isso é importante muita pesquisa para não ter chance de você escorregar em uma má escolha. Deve-se levar em conta fatores como a intensidade do sol no ambiente (para optar por fosco ou brilhoso), tamanho do ambiente, faixa etária dos moradores (para antiderrapantes e emborrachados), presença de animais de estimação (praticidade) e no estilo e cores dos móveis. A variedade de pisos é grande, os principais são: porcelanato, pisos comerciais, cimento queimado, assoalho, carpete, taco e pisos emborrachados. Conforme Claire Dal Molin, proprietária da Realeza Materiais de Construção, a escolha varia muito de acordo com o orçamento de cada cliente, mas os mais indicados para a praia são o porcelanato ou pisos comuns. “Hoje o mais procurado e indicado pela qualidade é o porcelanato, além de garantir melhor estética”, fala. Além do indicado, outra tendência é o piso com impressão HD, que imita diferentes texturas e materiais. Em relação à qualidade, Claire explica que é importante estar atento à classificação do piso através do “PI”, que indica a resistência do produto. Existem cinco tipos de PI, quanto maior, mais resistente. “O mais indicado é comprar no mínimo o PI 3 para áreas internas e PI 5 para áreas externas”, fala.

Joice com seu pai Brasilidio Carvalho da Carvalho Tintas.

Nas paredes

A escolha das cores das paredes deve ser o último ponto da obra. Conforme Alessandro Hainosz, funcionário da Carvalho Tintas, alguns fatores são importantes antes de começar a dar vida na casa: a pintura deve ocorrer no mínimo 28 dias após o reboco pronto e é importante pensar em revestimentos internos impermeabilizantes para evitar mofos, principalmente em paredes de divisas. Na hora de escolher a cor, a dica é primeiro comprar uma lata pequena do tom desejado e aplicar em uma parte da casa, se for realmente do gosto, é só comprar mais latas. Algumas marcas também disponibilizam aplicativos para simular a cor da casa através de fotos, assim não há desculpas para não fazer a escolha certa. Para ambientes internos o mais indicado são cores claras, pois, segundo Alessandro, dão impressão que o ambiente é maior e tem menos chance de enjoar. Porém, gosto é gosto. Neste ano, por exemplo, a tendência são os tons de verde azulado. Referente à durabilidade, o melhor são as tintas com brilho – também mais fáceis de limpar. Como outras áreas da construção, a pintura também tem novidades e busca agradar os mais variados públicos. Tintas laváveis e tintas de quadro negro (para escrever com giz) são bastante procuradas.

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ALÉM DA CONSTRUÇÃO - HORTA

Inovação, sustentabilidade e cultivo de alimentos: tudo isso em um quintal Augusta Gern

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izem que hortas e jardins são o charme de uma casa, se for assim, a casa de Dona Maria Dolores da Conceição Medeiros da Costa Pereira e Carlos Bruno Medeiros da Costa Pereira não poderia ser mais charmosa. A caminho do balneário Pontal, em Itapoá, é difícil que esta casa passe despercebida: uma grande horta de alfaces enaltece o verde na beira do asfalto. O mais interessante não está nem no tamanho e no sabor das verduras, mas sim na forma em que são cultivadas. A aquaponia é grande chave dessa história: produção de peixes associada à produção dos vegetais. Diferente a hidroponia, onde as plantas são cultivadas na água ao invés do solo, a aquaponia tem como base nutritiva os dejetos dos peixes. No caso de Dona Maria, um tanque de carpas é a base nutricional de todos os vegetais.

Dona Maria mostra peça feita por seu marido Carlos. Através de bombeamento, as plantas usam as sobras e os excretos dos peixes como alimento, limpando novamente a água para os mesmos, como um ciclo sustentável. Conforme especialistas, esta

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é uma produção econômica e que se torna mais eficiente ao longo dos anos, sem a necessidade de limpeza dos tanques. Além disso, é totalmente orgânico, até porque o uso de qualquer substância quí-

mica causaria a morte dos peixes, fonte de nutrientes. Esta técnica já é praticada há mais de 30 anos nos Estados Unidos, Austrália e em alguns países Asiáticos. No Brasil, até o momento, são poucos os cultivos com essa modalidade de produção. Dona Maria trouxe a ideia de fora: morou alguns anos no Havaí e aprendeu a técnica com o neto. “Ele se formou em genética de alimentos e se especializou em verdura e peixes”, conta. Assim, mesmo em países diferentes, sempre trocam experiên-


Dona Maria em sua horta e em frente a sua casa, feita com tijolo ecológico. cias e fotos sobre as hortas. Conforme Dona Maria, o maior cuidado é com o tanque de peixes. A escolha por carpas deu-se pela resistência da espécie, mas os cuidados são diários: a bomba do tanque não pode parar de funcionar e um temporizador garante oxigênio aos peixes. Em relação à horta, todos os dias é necessário limpar as verduras, tirando as folhas estragadas para não atrapalhar no crescimen-

to. O principal cultivo é de alface, que levam cerca de 30 a 35 dias para ficarem próprias para consumo. Esta verdura é comercializada pelo casal na própria residência. Além de três qualidades de alface, o espaço também conta com pepino, vagem, chuchu, couve, tomate e almeirão. Algumas das frutas e verduras já foram testadas no sistema da aquaponia, mas nem todas se adaptaram. O objetivo do casal é ampliar o cultivo e aumen-

tar a produção. Além da horta, a casa também preza outras questões ambientais. Construída em 2008, a residência foi feita pelas próprias mãos do casal e com tijolo ecológico. Conforme Maria, o tijolo foi comprado pronto e a casa foi construída como lego ou quebra-cabeça. O forro e assoalho são de madeira de demolição. “Foi trabalhoso, mas valeu a pena”, afirma. Junto à horta e residência, tem

também o artesanato. Há alguns anos Carlos trabalha com madeira, na construção de objetos e móveis. Segundo a esposa, o artesanato está aliado à natureza: trabalha com madeira de árvores já derrubadas e, quando necessário, deixa que os fungos colaborem nos detalhes e desenhos da madeira. “Ele gosta de usar aquelas madeiras todas trabalhadas, que a natureza já fez a sua parte”, conta Maria.

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CONSTRUÇÃO

Quem casa, quer casa

Augusta Gern

O resultado

Quem nunca sonhou com a casa própria, principalmente na hora de unir as escovas de dente? Pois bem, estar com quem se ama e ter um lar não é uma tarefa muito simples, ainda mais quando o objetivo é construir a casa do seu jeito, com suas preferências em relação à localidade, tamanho e acabamento. Não é simples, mas muito possível: tudo começa com um bom planejamento. Para brindar a edição sobre Casa e Construção, retomamos o tema e histórias da oitava edição, onde os recém-casados e o sonho da casa própria foram os protagonistas.

Em julho de 2013 conhecemos um pouco das expectativas de Raphael Mira e Luana Gnata Viana, que estavam iniciando as obras da tão esperada casa própria em Itapoá. Juntos há cerca de dez anos, o casal iniciou a vida a dois em um imóvel alugado, mas com muito planejamento concretizaram o sonho e hoje vivem na casa que tanto arquitetaram. A conquista veio através do financiamento da Caixa e, conforme Luana, a burocracia demorou cerca de três meses. Depois da definição do projeto e liberação dos recursos, foram mais dez meses de construção até o grande dia da mudança. Tudo foi muito bem planejado: desde as preferências de cada um, o número de cômodos, o tamanho e detalhes. Tudo da forma como imaginaram. Mesmo antes de comprarem o terreno, já pensavam, desenhavam e procuravam referências em revistas e internet. Também, quando perceberam que não conseguiam colocar no papel todos os desejos, procuraram um arquiteto e em um ano a casa dos sonhos estava toda planejada.

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Planejamento, esta foi a palavra chave do casal. Luana explica que é preciso pensar em tudo: aliar o gosto, o orçamento e a funcionalidade do imóvel para o futuro. “Não se pode fazer nada correndo, é preciso planejar tudo”, afirma a esteticista. Segundo ela, é muito importante já pensar na disposição dos móveis, na ventilação e iluminação da casa. “Um ponto importante da nossa obra foi o projeto de iluminação, que muitos não dão muita importância, mas faz uma grande diferença estética e até econômica”, afirma. Outro ponto importante que necessita de atenção é o aterro. Quando realizada da forma correta, esta atividade que antecede a construção pode prevenir grandes problemas futuros. Além do planejamento e pesquisa de preço, o casal afirma que também é preciso ter uma boa estrutura de relacionamento quando se está construindo. Afinal, uma obra envolve muitas coisas: diferentes gostos, preferências e dinheiro. Nesta hora a prioridade deve ser a mesma para garantir que ao final da obra a vontade de unir as escovas seja ainda maior.

Luana Gnata Viana e Raphael Mira.


Um sonho de cada vez

O início da vida a dois em um imóvel alugado também foi a opção de Patrícia Braz Guerra e João Guerra. Na hora de trocar as alianças deram preferência à festa de casamento e planejaram com calma a construção em Itapoá. Planejamento também foi a palavra chave nesta história: tudo foi feito com calma e muita dedicação para contemplar todos os sonhos. Depois do namoro e a certeza que gostariam de compartilhar todos os momentos da vida juntos, a primeira coisa foi a compra do terreno. Esta primeira fase já foi de muita pesquisa: a partir da preferência de localização, o casal visitou diferentes terrenos por um bom tempo. O escolhido precisou de sete meses de negociação, mas os agrada em todos os pontos. No início da primavera de 2013 já tinham a “terra própria”. No verão, mais precisamente em dezembro, iniciaram toda a burocracia para o financiamento, até que chegou o casamento. O momento tão esperado do sim, o vestido de casamento, a decoração e a troca de alianças ocorreu em abril. Com isso, a construção ficou um pouco parada. “A ideia inicial era que eu cuidaria do casamento e o João da construção, mas no final era muita coisa e tivemos que elencar prioridades”, lembra Patrícia. Até porque, todo o casamento foi organizado pelos próprios noivos, famílias e amigos. “Passamos meses trabalhando e conseguimos fazer muita coisa da festa”, afirma. Além da economia, não teria melhor forma de deixar tudo da forma que tanto sonhavam. Junto ao casamento, o casal foi atrás de um imóvel para locação e, quando

todas as festividades da união encerraram, voltaram com todo o gás para o planejamento da obra. Com o financiamento aprovado, a obra iniciou em julho desse ano. Como Luana e Raphael, o casal também afirma que é preciso uma boa estrutura na relação. “É preciso ter muita paciência e principalmente planejamento para conciliar o casamento e a construção”, afirmam. Para João, a principal coisa é estabelecer metas: “Mudamos a nossa rotina e tivemos que abrir mão de algumas coisas como, por exemplo, sair aos finais de semana, porque a prioridade agora é outra”. Em relação à construção, a primeira dica é escolher um construtor de con-

fiança. Como o pai de Patrícia trabalha no ramo há anos não foi difícil fazer a boa escolha, mas ela sugere: “Pesquise e escolha alguém que você realmente confie, pois o seu sonho fica na mão dessa pessoa”. Além do cuidado na execução do projeto e dicas pela vivência na área, o construtor também pode colaborar para a economia de tempo e material. Fora isso, o segredo é um bom planejamento. O casal conta que todos os fatores foram levados em conta na hora do projeto: o número de filhos que pretendem ter, o número de visitas que recebem, o que gostam de fazer diariamente e a disposição dos móveis. Com tanta programação, não há como não ser o lar ideal. Mudanças à vista!

Patrícia Braz Guerra e João Guerra.

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Todos os sonhos de uma só vez

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m turbilhão de sentimentos foi a união de Luana do Padro Scheurman e Gleberson José Constantino. Foi tudo de uma só vez: casamento, lua de mel e construção. Não houve folga para emoções. Moradores de Guaratuba desde 1999, se conheceram em março de 2011 e casaram em outubro de 2013. Da porta da igreja o rumo foi uma viagem e o destino final, a casa própria. Desde o início só pensaram nesta possibilidade: unir os dois sonhos. Mesmo com a disponibilidade de morar um tempo na casa da família, o desejo era a casa própria. Assim, com o terreno em mãos a construção iniciou em janeiro de 2013 e tudo foi bem planejado. Como Gleberson é engenheiro e construtor, a organização da obra ocorreu de forma mais tranquila, porém, ele afirma que o primeiro desenho do projeto foi de Luana. Tudo foi pensado para o presente, mas também visando o futuro. A casa conta com toda a fundação necessária e até escada para receber o segundo piso, que ficou para uma segunda etapa do orçamento. Para a construção, indicam: antes de tudo é preciso colocar tudo na ponta do lápis e planejar tudo o que você quer dentro das condições financeiras. Dois pontos muito importantes são a escolha

Luana do Padro Scheurman e Gleberson José Constantino. da mão de obra e a pesquisa do melhor orçamento na compra de materiais. “Pesquisando conseguimos economizar um valor significativo”, afirma Luana. Depois da lua de mel a boa notícia é que a casa já estava quase toda mobiliada. Presentes de familiares e amigos colaboraram para a realização desse sonho. “É muito emocionante pensar que todas as pessoas querem te ver feliz e colaboram para isso”, fala o casal. Apesar de ter sido uma experiência tranquila, mesmo com o turbilhão de emoções, o casal sugere que cada sonho seja realizado de uma vez. “Eu diria que é melhor

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construir primeiro e depois casar, porque caso contrário você acaba pagando no aluguel um valor que investiria em sua casa”, aconselha Gleberson.

Primeiro a casa, depois o casamento

Começar pelo próprio cantinho foi a opção de Mylena Christine de Miranda e Silva e Rafael Zanardi da Silva. Há dois anos juntos, deixaram a festa de casamento para os próximos calendários para garantir o próprio imóvel. A união das escovas de dente começou em um apartamento, mas com a vinda do pequeno Miguel resolveram construir.

O primeiro lar foi vendido, um terreno comprado e a nova casa começou a ganhar forma em abril desse ano. A sorte foi grande: a equipe era boa e o tempo colaborou com pouca chuva, assim foram quatro meses de obra até a mudança. “Quando a gente se mudou não tinha nenhuma das portas internas, mas estamos organizando do nosso jeito a cada dia”, conta Rafael. Já são dois meses na casa nova e para Mylena, não há nada como ter o seu cantinho, o seu quintal, a sua privacidade. Toda a casa foi planejada pelos dois. Na escolha do projeto, por exemplo, não precisaram nem sair


Mylena Christine de M. e Silva e Rafael Zanardi da Silva de casa, compraram pela internet. Depois de muita pesquisa, encontraram o projeto que imaginavam e só adequaram junto ao profissional. Segundo eles, esta é uma opção mais barata, mas que deve levar em conta diferentes fatores, como o tamanho e posição do terreno, por exemplo. Em relação à construção, a dica é pesquisar preços: fazer cotação em diferentes lojas garante uma boa economia. O casal conta que podiam ter economizado ainda mais, mas a falta de experiência nesta área não ajudou neste quesito. Hoje, com o próprio lar, o pró-

prio quintal, o casal organiza os detalhes do imóvel e aproveita melhor a vida em família, principalmente os primeiros passos do querido Miguel.

Quando a filha se torna motivação

Uma criança também foi a motivação para Caroline da Silva e Reginaldo Cristiano Mariano de Souza mudarem de vida. Há seis anos juntos, receberam a linda surpresa da chegada da Lívia e resolveram que era a hora de construir. Apesar das coisas acontecerem com um pouco de pressa, tudo também foi planejado.

Caroline da Silva e Reginaldo Cristiano Mariano de Souza. A construção não foi antecedida por festa de casamento, mas pela chegada da filha que hoje completa um ano e sete meses. Assim, o turbilhão de emoções não poderia ser maior: Lívia nasceu prematura e com má formação, o que exigiu muitos cuidados médicos, principalmente nos primeiros meses de vida. Foi nesta mesma época que a construção iniciou. “Nós precisávamos ter o nosso canto e quando a pessoa tem vontade, consegue”, afirma Caroline. Conforme Reginaldo, hoje não está difícil de as pessoas terem casa própria, só é preciso planejar a melhor forma de torna-la real. O

casal optou por construir uma edícula ao fundo do terreno, que já ganhou forma de casa principal, para talvez aumentar ou construir uma residência maior na frente. Piscina e área de lazer também já estão no projeto. Mesmo com a correria e as emoções diárias com a Lívia, o planejamento também esteve presente nesta obra: é indispensável a contratação da equipe e cotação de material. “É muito importante planejar, pesquisar e economizar bastante”, afirma Caroline. Eles garantem: se você quer ter a casa própria é só planejar, pois sempre é possível.

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ALÉM DA CONSTRUÇÃO - DECORAÇÃO

Detalhes que retratam a alma de um lar Do tempo da vó

Augusta Gern A alma de um lar está nas pessoas que ali vivem e, na maioria das vezes, é retratada nos detalhes de sua decoração. O ritmoa do dia a dia dos moradores, os seus gostos e forma de ver a vida geralmente são marcados por móveis, objetos e detalhes na própria casa. São pequenas escolhas que tornam um imóvel - mesmo que não seja próprio ou construído da maneira tão sonhada - parte da vida dos moradores, retrato de sua alma. A decoração já deixou de ser um bicho de sete cabeças, até porque cada pessoa tem preferências pessoais. Com criatividade, todo mundo consegue dar o toque pessoal no próprio lar.

O gosto por coisas antigas foi o que motivou a casa de Dagimar Ribeiro da Silva, em Itapoá, ser referência quando o assunto são Dagimar Ribeiro da Silva. raridades. Próxima ao portão uma bomba d’água dá boas vindas ao século passado e, da porta para dentro, nem tudo parece real. Prateleiras abrigam organizadamente máquinas de costura, lampiões, ferros de passar e outros objetos de décadas antigas. Na sala, a televisão moderna divide o espaço com a antiga e com o rádio acontece a mesma coisa. Na coziAnalu e o telefone de 1917. nha, o fogão a lenha, panelas e até coador de café antigo fazem antiguidade de 1917. parte da rotina e, no quarto, o pé de Todo este gosto por antiguidauma máquina de costura tornou-se des surgiu quando criança, semapoio para a mesa do chá. A melhor pre gostou de objetos da família surpresa é quando o telefone toca: e começou a guardar. Prova disso um barulho estranho retrata uma é uma de suas maiores relíquias:

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guarda até hoje o seu primeiro carrinho. Fora o brinquedo, as maiores preciosidades são lembranças da família: um lampião, um rádio, a máquina de costura de sua avó e um plantador de grãos do tio. Algum tempo atrás fez um levantamento de todos os objetos antigos e o número passou de 110. Hoje já deve ter crescido: o objeto mais recente em sua residência é uma máquina de escrever que ganhou há dois anos. Muitas das relíquias foram presente ou herança da família, mas Dagimar também já comprou. O telefone, por exemplo, comprou de uma mulher que precisava do dinheiro para comprar remédios. Comprou, trocou a estrutura interna por uma moderna e colocou para funcionar. Hoje o aparelho divide o espaço com o telefone celular. As raridades são tantas que já aguçaram a curiosidade de alunos da cidade e de muitos compradores. Dagimar já recebeu ofertas para alguns objetos, mas se nega a vender. “Se eu vender estarei me desfazendo também das histórias e memórias de cada objeto”, fala. Para ele, cada relíquia tem uma história e significado que não podem ser deixadas de lado. O interessante é que, além dos objetos antigos, Dagimar cuidou de toda a decoração de sua casa de forma especial. Uma

mistura de madeira trabalhada e pedras a tornam única, original, espelho de suas preferências. Natural de Minas Gerais, ele frequenta Itapoá desde 1993 e mudou-se há seis anos. Aposentado desde 1998, Dagimar tem como hobby a confecção e restauração de móveis antigos. A grande brincadeira é em relação ao futuro desse passado: “os filhos ainda não despertaram o amor pelas raridades”, conta.

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ALÉM DA CONSTRUÇÃO - DECORAÇÃO

Do mundo para casa

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Augusta Gern o invés do passado, Sônia Charlotte Heeren decora seu lar com particularidades de todo o mundo. Mesmo sem querer, tornou-se requisito de toda a viagem: trazer um detalhe para a sua casa em Itapoá. Não é difícil imaginar que conhecer novos lugares seja a sua grande paixão, pois a maioria dos detalhes de sua residência, principalmente os quadros da sala, retrata a história de um país e passeio diferente. O gosto pela decoração já a acompanha há anos. Em Curitiba até teve uma loja de artigos decorativos, principalmente no estilo rústico. Segundo ela, sempre cuidou para mesclar artigos de outros países com o artesanato local, para valorizar todas as culturas. Os artigos de outros países, chamariz de sua casa, entraram na sua vida a partir das primeiras viagens. Sônia morou durante quatro anos

em Londres e aproveitou para viajar bastante e conhecer outros países da Europa. Tomou gosto e não parou, sempre que pode busca conhecer lugares novos. Conforme ela, a melhor dica para viagens é reservar um bom tempo para conhecer a cultura local, passear de carro e, principalmente, visitar o interior dos países. “É o interior, as pequenas cidades e vilas que retratam a essência daquela cultura”, conta. Muitos já foram os roteiros, mas afirma: “Alemanha, Suíça e

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Áustria são países de tirar o fôlego”. Assim, com tantas culturas diferentes, o negócio é se organizar. As malas sempre reservam um espaço para pequenas recordações, como livros, imãs de geladeira e gatos. Além de viajar, outra paixão são gatinhos. São cinco de estimação e uma coleção dos mais variados tamanhos e materiais. A maioria dos objetos que imitam os felinos também veio de outros lugares nas malas.


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elo menos 50 embarcações afundadas no litoral do Paraná marcam o Estado como ponto importante na História Naval Brasileira. O movimento das marés guarda sob as águas do litoral paranaense inúmeras histórias de navios que afundaram na região. Aproximadamente 50 embarcações naufragaram no Estado em aproximadamente quatro séculos, de acordo com levantamento de historiadores. A presença de navios afundados no litoral mostra que o Paraná teve participação importante na História da Navegação Brasileira. Embarcações que seguiam com ouro e prata passavam pelo Estado para reabastecer com mantimentos e também comprar mão de obra no mercado de escravos. A baia de Paranaguá é a que concentra mais navios sob as águas, localizados próximos a entrada do Rio Itiberê, (acesso à cidade pelo mar), na região das ilhas do Mel, das Peças e Superagui. O Cruzador da Marinha Britânica perseguia navios negreiros no litoral paranaense. Em junho de 1850, envolveu-se em uma Batalha em frente à Ilha do Mel e foi atingi-

O naufrágio do vapor São Paulo

do. O Cormorant não chegou a afundar, mas os Brigues Donna Ana e Sereia foram incendiados. O Donna Ana se encontra na direção da Praia do Miguel, na Ilha. O navio Daslan saía do Porto de Paranaguá em 1970 e se chocou em outra embarcação durante a madrugada. Para não atrapalhar o fluxo dos navios que se dirigiam ao Porto, o Deslan seguiu para um banco de areia, onde, em dez horas, encalhou e tombou. A história dos naufrágios alimentam o imaginário popular. Os dias de maré baixa na Praia

de Caieiras em Guaratuba, mais precisamente no mês de agosto, revelam partes do Vapor São Paulo. Em novembro de 1868, sob o Comando do Oficial Jacinto Ribeiro do Amaral, marido da compositora e pianista Chiquinha Gonzaga, a embarcação voltava da Guerra do Paraguai com cerca de 600 pessoas machucadas da guerra. Em meio ao nevoeiro, o Vapor encalhou ao se aproximar da Costa e tombou. Diz a história que um soldado morreu e os demais tripulantes foram resgatados pelo Vapor Marumbi, vindo de Paranaguá. Muitas lendas foram criadas após o naufrágio do Vapor São Paulo em Guaratuba. A mais famosa é contada por pescadores, sobre o padre que teria falecido na ocasião e que aparece nas pedras da Caieiras durante o mês de novembro, tarde da noite. Visite o local. Vale a pena!

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ALÉM DA CONSTRUÇÃO - JARDIM

Flores também fazem parte do assunto Adelina Janina Silveira, responsável pelo paisagismo na cidade de Guaratuba.

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Augusta Gern proximar o meio ambiente ao dia a dia já foi comprovado em muitos estudos que melhora o bem estar e qualidade de vida das pessoas. Por isso o paisagismo é tão importante em uma casa e, principalmente, em uma cidade. A melhor notícia é que não é preciso muita coisa para se criar um ambiente agradável, bonito e relacionado com a natureza e, conforme quem trabalha na área, é uma atividade viciante. Quem afirma o vício e gosto por trabalhar com jardins é Adelina Janina Silveira, mais conhecida como Nina no município de Guaratuba. Há dez anos é responsável pelo paisagismo na cidade com o projeto Horto Municipal, de produção de flores para canteiros. Conforme

ela, o projeto iniciou quase que sem querer e hoje já produz cerca de 130 mil flores por ano para os 40 canteiros de Guaratuba. O projeto conta com uma equipe de dez pessoas e atividades diárias: além de cuidado com o berçário das flores, produzidas na própria cidade, os canteiros de-

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vem ser visitados com frequência. Em tempo de estiagem é preciso molhar as flores a cada dois dias e, fora isso, é preciso sempre tirar o mato e organizar estragos da ação humana, como a sujeira de animais de estimação ou roubo de plantas. Quando os jardins não sofrem ações externas, são feitos

duas vezes por ano: na troca das estações primavera/verão e outono/inverno. “É um cuidado diário, mas muito gratificante”, afirma Nina. Conforme a responsável, todas as flores se dão bem nos canteiros da cidade, só é preciso respeitar as preferências de estação de cada


uma. Depois de fazer diferentes arranjos para colorir e harmonizar a vida da comunidade, explica que é a vez da natureza: “Você termina de arrumar o jardim e ele começa o próprio trabalho”. O vício pela atividade pode ser justificado pelo amor às flores desde a infância. Segundo ela, lembra-

-se de algumas dicas de sua mãe, mas o cuidado com as plantas surgiu como um dom. Em relação aos cuidados com o jardim, confira algumas dicas de Nina: - Para iniciar um jardim é preciso ter uma terra boa e preparada com insumos;

- Na manutenção, é preciso sempre tirar o mato que compete os nutrientes com as flores; - É preferível regar as plantas sempre pela manhã e, quando não se sabe quando regar, coloque o dedo na terra e veja se está seco; - Antes de plantar uma árvore é importante fazer um estudo sobre a raiz, altura, sombra e folhas, para não ter incômodos mais tarde; - Prefira as árvores nativas do que as exóticas, pois podem desequilibrar a natureza; - Na hora de encerrar o jardim uma sugestão criativa é o uso de serragem, pois além de ficar diferente, vira insumo para a planta e colabora na reciclagem.

Dica! Uma boa sugestão é contratar um profissional da área para ter a natureza mais próxima a sua rotina em sua própria casa. O paisagismo não envolve somente plantas, mas também elementos arquitetônicos, como pergolados, espelhos d’água e cascatas, por exemplo.

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RESTAURAÇÃO DA IGREJA CENTENÁRIA - GUARATUBA

Originalidade é a essência Augusta Gern

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uem disse que obras não retratam história e arte? Retratam e sem dúvida tem uma importância significativa na história da humanidade, principalmente da comunidade em que está inserida. Prova disso é a preservação e resgate histórico que está movimentando Guaratuba com a restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, construída há 243 anos. Em setembro, a igreja iniciou o trabalho de restauração desta construção que faz parte da cidade. O trabalho é idealizado por diferentes setores da comunidade e realizado com recursos da Festa do Divino. Conforme Padre Marcos, este é, sem dúvida, um marco para a paróquia e para toda a comunidade de Guaratuba, pois simboliza o interesse à história e cultura. Conforme o superintendente

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Restaurador Clair dos Santos Müller. do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN de Guaratuba, José La Pastina Filho, esta construção é tombada como patrimônio nacional e, mesmo que singela, tem grandes singularidades. O arquiteto explica que uma igreja tem muita similaridade com um teatro e geralmente ganha posição de destaque em centros urbanísticos; em Guaratuba não é diferente. Assim, a restauração visa buscar a originalidade e

essência de um trabalho datado em 1771, que com o tempo pode perder marcas e características expressivas. La Pastina explica que a restauração “precisa tomar o máximo de cuidado para não criar uma falsa história”. Esta busca pela essência original está nas mãos do restaurador Clair dos Santos Müller, do Rio Grande do Sul. Conforme ele, toda restauração é baseada no olhar e respeito ao artista que a construiu. Assim, tudo começa pela observação: analisar como é a construção, como era originalmente e como deve ficar. Segundo ele, apesar de conservada, esta igreja, como a maioria das obras, já sofreu interferências modernas que descaracterizaram alguns detalhes. Assim,


Todos envolvidos com a restauração da igreja: arquiteto Fausto, restaurador Clair dos Santos Müller, Rocio Bevervanso, Luiz Michalisy, ex-festeiro, José La Pastina Filho, superintendente do IPHAN no PR, Pe. Marcos Borges, Moisés Stival, arquiteto do IPHAN, Rachel Tessari, arquiteta da SEEC e Pe. Francisco Santos Lima é importante buscar fotografias, depoimentos da comunidade e orientação do IPHAN. “Quando a obra é tombada não podemos mexer em nada sem a autorização do Instituto”, explica. Conforme Clair, esta igreja tem suas singularidades, mas é uma construção simples. Não tem muitos detalhes ou arranjos, segue o modelo das igrejas litorâneas da época. Entretanto, praticamente tudo será restaurado: telhado, paredes,

assoalho, altar, móveis e imagens. O mais curioso é que tudo isso passará pelas mãos apenas de Clair. Aos 63 anos, ele explica que sempre preferiu trabalhar sozinho, pois faz as coisas do seu jeito e se responsabiliza por tudo. Mas o trabalho é grade: são horas a fio para deixar a igreja como há mais de dois séculos atrás. A previsão é que a restauração termine até o final deste ano.Com toda sua experiência na área, o resultado promete ser muito positivo.

Clair trabalha com restauração desde os 15 anos, mais o gosto pelo trabalho vem de berço. Seu bisavô veio da Alemanha e já mexia com construção, o dom foi repassado ao seu avô e seu pai, seus professores. Além de restaurador, é especialista em decorar interiores de ambientes, trabalha com madeira, é artista plástico e aceita qualquer outro desafio relacionado à arte, cultura e história. Já desenvolveu restauração e decoração em mais de 40 Lojas Maçônicas, restaurou o Forte Zeca Netto em Camaquã, entre outras construções pelo país. Na área artística, fez o projeto e iniciou a execução da Vila Egípcia no Parque Beto Carrero World.

Padre Francisco mostrando pregos que tem duzentos anos de história, sendo relocados nas dobradiças das portas da Igreja bicentenária de Guaratuba.

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FUTUROS PROFISSIONAIS

Área de construção cativa jovens ao ensino superior

Juliane Bittencourt, cursa Arquitetura e Urbanismo.

Augusta Gern

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onstrução: área promissora, cheia de expectativas e muito procurada pelos jovens itapoaenses. Quando o assunto é graduação, esta é uma das áreas de maior destaque em Itapoá. Conforme informações disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Educação, atualmente 24 jovens cursam engenharia civil e 24 arquitetura, o que representa, respectivamente, 9,7% e 4,8% do total de estudantes do ensino superior que utilizam o ônibus universitário.Neste ano são 248 alunos que utilizam o transporte regularmente para cursar faculdades em Joinville e Guaratuba. Ao total são 45 cursos diferentes, mas há os preferidos. No ranking dos cinco mais cotados estão direito (44 alunos), engenharia civil (24 alunos), pedagogia (13 alunos), arquitetura (12

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Jonatha de Aguiar, estudante de Engenharia. alunos) e administração (12 alunos). Se considerarmos apenas as faculdades joinvilenses, engenharia civil passa para primeira colocação e, arquitetura, para segunda. Estes são dados relevantes e que representam o futuro da cidade ou, pelo menos, a expectativa dos jovens para o futuro. Mas por que a escolha pelos cursos? Qual a maior motivação em relação à área

de construção civil? A resposta é quase unânime: todos esperam o crescimento da cidade, principalmente nesta área.

O olhar dos futuros arquitetos

A expectativa é grande para Juliane Bittencourt, 20 anos, acadêmica do 4º semestre do curso de arquitetura e urbanismo na Univille (Joinville). Para ela o crescimento

na área já começou com novas oportunidades de trabalho. “Isso incentiva jovens a escolherem a arquitetura sem a preocupação de ter que mudar de cidade ou concluir o curso a procura de um emprego, por mais que ainda haja dificuldade em algumas áreas específicas”, acredita. O gosto pelo curso nasceu de forma involuntária quando criança. Conforme ela, sempre conviveu com arquitetura, pois acompanhava de perto o trabalho dos pais que construíram a casa em que mora com as “próprias mãos”. “Cresci em meio a construções e reformas, me interessava em saber sobre os tipos de revestimentos, materiais e métodos construtivos que me chamavam a atenção, principalmente quando o assunto era decoração”, conta. Com essa fonte de inspiração, não poderia ter feito melhor escolha; afirma que não se imagina em outra profissão. Mesmo nos momentos mais puxados, o aprendizado não deixa de ser prazeroso. “Cada dia me surpreendo mais com a profissão e como a arquite-


Os estudantes Carlos Alberto Benkendorf, Arquitetura e Urbanismo, Diego Silva e Lucas Fernandes Henk, Engenharia. tura vai além do que as pessoas imaginam: ela é arte, história, tecnologia e sustentabilidade”, fala. Além disso, o fato de cada obra ter a capacidade de propiciar diferentes sensações às pessoas, para ela é um privilégio para poucos. O que mais a motiva é saber que no futuro próximo poderá intervir na paisagem urbana: “expor a arquitetura não só com tijolos e concreto”. Além disso, a sensação de desafios é a ponte para o futuro: “me instiga não saber o que esperar de um projeto e me surpreender de forma positiva com os resultados alcançados”.Surpresas positivas também motivam Carlos Alberto Benkendorf, 19 anos, acadêmico do 2º semestre do curso na Sociesc (Joinville). Para ele, ainda é cedo para pensar em qual área pretende atuar, mas acredita que Itapoá está de braços abertos para esse tipo de investimento. A escolha do curso também teve motivação das atividades dos pais, que trabalham em

meio a projetos, planejamentos e construções de móveis. “Sempre gostei de criar e projetar. Gosto da possibilidade de tornar concreto um pensamento, uma ideia, uma criação minha”, conta. Assim, apesar de ficar em dúvida em diferentes cursos, de diferentes áreas, hoje afirma que fez a escolha certa. Para ele, o curso possibilita “ver além das paredes”, o que é muito bom.

O olhar dos futuros engenheiros

Na engenharia civil as expectativas também são boas. Para Jonatha de Aguiar, 22 anos, acadêmico do 6º semestre do curso, o crescimento não é futuro, já faz parte da cidade. Morador de Itapoá desde pequeno, observa que este é um período de grande desenvolvimento, principalmente na área de construção. Esta foi uma área que sempre chamou sua atenção e hoje não se vê em outra coisa. Há dois anos Jonatha coloca os estudos em prá-

tica no escritório de engenharia de Águida Carvalho, onde percebeu a dimensão da área de construção. Seu objetivo é trabalhar no planejamento e execução de obras em Itapoá, espera não precisar mudar de cidade. Sobre a profissão, comenta que há mais pontos positivos do que negativos. Para ele, o grande número de profissionais e estudantes da área é compensado pelo crescimento do município. O mesmo olhar tem o acadêmico Diego Silva, do 7º semestre. Para ele, a promessa de maior crescimento do mercado foi um dos impulsos para a escolha do curso. Apesar de não ser uma graduação tranquila, exigir muito de conhecimento na área de exatas, também está realizado e afirma que fez a escolha certa. Seu objetivo também é continuar em Itapoá e atuar na área de planejamento e execução de obras. Diferente dos amigos, Lucas Fernandes Henk, acadêmico do 9º semestre de engenharia civil, optou por atuar na área de topografia

e georreferenciamento. Este segmento, também em crescimento, já é praticado com a empresa da família, inspiração na escolha do curso. Antes da engenharia civil, o acadêmico cursou alguns semestres de engenharia elétrica, mas não se sentiu realizado; pensou então em engenharia florestal, mas percebeu que a civil tem maior campo de atuação. E as grandes possibilidades na atuação do profissional são, para ele, um dos motivos para a grande procura do curso. “Junto a isso tem o grande crescimento da cidade que, sem dúvida, está deixando a construção civil em destaque”, afirma. Em relação ao futuro do mercado com o grande número de profissionais e acadêmicos na área, Lucas acredita que haverá espaço para todos, principalmente para os que realizarem um trabalho com qualidade. “Outras áreas também tem grande procura de jovens e todos conseguem oportunidades na cidade”, conclui.

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APAIXONADOS POR ANIMAIS

Paixão em casa e na profissão

O casal Ivanilze Mesquita e Rodrigo Dossi, Toca do Cão.

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Augusta Gern onhecida pelo grande amor e trabalho aos animais, Ivanilze Mesquita é um bom exemplo quando o assunto é a harmonia de uma casa com animais de estimação. São seis gatos, seis cachorros e um casal, todos dividindo o mesmo lar. A movimentação pelos cômodos é grande e os cuidados são vários, mas ali o amor sobressai. Há oito anos em Itapoá, Ivanilze é veterinária, defensora e amante dos animais, então seus

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companheiros chamados filhos não poderiam ser mais bem tratados. Cada um tem uma história de adoção ou até resgate, características diferentes, nomes e apelidos. Fred, Pimpo, Diego, Zuke, Retinha e Dudu são os gatos; Jolie, Nica, Bibi, Stevie, Ricardo e Neguinha são os cães que completam a família. Além dos 12 que vivem em casa, outros 12 estão atualmente morando em sua clínica. “Se eu pudesse tiraria todos os animais da rua, mas como é algo sonhador,

fazemos o possível”, fala Ivanilze. Como este sonho não pode ser realizado, ela é umas das grandes incentivadoras da adoção dessas fontes de alegria. Em casa tudo é muito bem arquitetado para o conforto da família inteira: ao lado da porta de entrada os gatos ganharam passagem exclusiva; na sala, grandes almofadas e colchas acomodam os animais; no cantinho da casa a refeição é servida e, um dos quartos se tornou suíte dos felinos. Ivanilze afirma que o trabalho é grande para manter tudo em ordem, mas tudo é recompensado. O olhar de gratidão, as folias para receber carinho e a companhia em todas as horas pagam qualquer trabalho. Os principais cuidados são com os gatos, a sua grande paixão. Apesar de amar todos de forma inexplicável, a veterinária confessa que a paixão pelos felinos foi o motivo da profissão. Esta é uma paixão herdada de família, sua avó e sua mãe sempre gostaram também. Ao todo Ivanilze já teve mais de 30 gatos, sendo que por alguns

anos foram 17 de uma única vez. “Gato é vício, é como tatuagem: cada vez você quer mais”, afirma. Conforme ela, os gatos são muito mais independentes do que os cachorros e, diferente do mito que corre por anos, são também muito carinhosos. Porém, diferente dos cães, necessitam de mais cuidados, principalmente por caminharem em todos os cantinhos da casa. Diferente do que muitos falam, ela explica que a toxoplasmose só é transmitida por gatos quando há pouca higiene, assim, uma boa dica é o uso de caixinhas de areia: se acostumados quando crianças, eles usarão sempre. E mesmo com uma rotina regrada de cuidados, ela afirma que é possível sim viver em harmonia com tantos animais em casa. A fórmula é simples: amá-los. Os alertas são apenas quanto à higiene, o bem estar do animal e o acúmulo deles. “Mesmo com amor de sobra, não é bom ter mais animais do que você pode cuidar, afinal eles precisam de boas condições para viver feliz, como espaço, higiene e, principalmente, carinho”, fala.


ARTESANATO - GUARATUBA

Um toque local em sua decoração Augusta Gern

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a hora de decorar a sua casa, nada mais original do que utilizar peças do artesanato local: valoriza a cultura da sua cidade e ninguém terá igual, geralmente cada peça artesanal tem a sua essência. Em Itapoá, além do contato com o próprio artesão, diferentes peças e técnicas podem ser encontradas nas feiras da Avenida Beira Mar, no balneário Itapema do Norte. A cada 15 dias as barracas são montadas no final de semana, repletas de obras de arte. Em Guaratuba, uma boa opção é a Casa do Artesão, localizada na Rua Capitão João Pedro, nº 193, em frete ao Hospital da cidade. Esta Casa, que é uma Associação, está aberta diariamente e variedade é o que não falta.

Os dons de Dona Carmem

Na Casa do Artesão, em Guaratuba, Carmem Maria Flores Pereira, 52 anos, expõe algumas de suas peças, a maioria de tecido. Como outros associados, ele segue o rodízio organizado e se responsabiliza pelas vendas de todo o artesanato da Casa em alguns dias do mês. Natural do Rio Grande do Sul, escolheu Guaratuba como nova cidade há 17 anos e, desde então, uma de suas principais atividades é o artesanato. Trabalha como cuidadora de doentes e pelo menos três vezes precisa colocar a mão na massa e criar novas peças. “Como aqui é uma cidade turística, apostei no artesanato e tem dado certo”, conta.

Muitas são suas habilidades: aprendeu crochê com os pais e a técnica de montar brincos e colares de arame com o ex-marido, mas também trabalha com patchwork, madeira, conchas e pintura em pedras. Conforme ela, com a facilidade de buscar informação atualmente é fácil aprender um pouco de cada coisa. “Você se provoca, aí tenta e vê que dá certo”, afirma. Junto com o conhecimento das técnicas, há também a inspiração: cada técnica ganha um momento especial. Em relação à pintura de pedras, conta que é preciso senti-la, ouvir o que ela está te falando. “Apesar de muitos não acreditarem, cada pe-

dra tem uma energia diferente”, explica. No tecido as peças são muito variadas: chaveiros, bonecas de pano, enfeites para quartos e cozinhas, enfim, tudo pode ser muito bem costurado. De acordo com Carmem, o artesanato também tem as suas tendências. No litoral, diferente de outras regiões, as peças com conchas são as mais procuradas. Em relação às cores e objetos, sempre busca inovar com detalhes que percebe em revistas e até novelas. Além da Casa do Artesão, que hoje conta com cerca de 30 associados, Carmem também vende suas peças em lojas de Guaratuba e outros municípios da região.

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EMPREENDEDOR ITAPOÁ

Sol, mar e carrinho cheio Augusta Gern

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udo começou com uma Kombi e vendas de porta em porta, e hoje, depois de muito trabalho e dedicação transformou-se em uma das referências no comércio itapoaense. De forma bem simplificada, a dedicação e trabalho em família podem resumir a história do supermercado Sol e Mar que, no dia 24 de outubro, completou 20 anos de atuação no município. A história começou e até hoje é construída em família. Marilene da Costa Silveira, junto com os filhos, deixava o sítio na localidade rural Saí Mirim com uma Kombi cheia de roupas que comprava fora, pães caseiros, carne e outros mantimentos produzidos na própria residência. Houve épocas em que fazia 80 pães caseiros e cortavam alguns porcos, e tudo era vendido. Com o tempo a cidade começou a crescer e, como as vendas nas residências enfraqueceram, surgiu a ideia de abrir um negócio. Cristina da Costa Silveira, filha de Marilene e atual responsável pelo supermercado Sol e Mar do balneário Itapema do Norte, conta que foram várias as ideias que sur-

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giram na época, mas ficaram em dúvida entre mercado e lanchonete. O empreendimento surgiu com os esforços de Marilene e os filhos, mas colaborou para o crescimento profissional de toda a família. Durante bons anos, Marilene, Cristina e o irmão Rogério da Costa Silveira foram os únicos funcionários. Conforme Cristina, no início o O casal Jean Carlos Marques e Cristina da Costa Silveira, mercado tinha uma estrutura pee dona Marilene da Costa Silveira. quena, de menos de 10 m², dades que movem uma empresa. hoje são cerca de mil metros. Cristina afirma: “É cansativo, mas Independente do tamanho, não me vejo fazendo outra coisa”. alguns pontos são conservaMarilene, que hoje não está mais dos desde o começo: prateativamente no mercado, confessa leiras cheias, promoções e que sente saudades de trabalhar bom atendimento. “Sempre no caixa: “Você sempre via alguém busco deixar o mercado bem conhecido e conversava com as organizado e com muitos pessoas, era muito bom”. produtos”, afirma. O gosto pelo trabalho é o difeA maior dificuldade ao rencial da família: a maioria seguiu longo de todos os anos foi o ramo do comércio e, com muito sem dúvida a financeira. trabalho, tem colhido bons frutos Cristina conta que as primeina terra itapoaense. E foi a próras compras de fornecedores Supermercado Sol e Mar completou pria cidade que motivou a escolha eram pequenas, mas tudo do nome desse empreendimento. 20 anos de atuação no município. melhorou através de muito Cristina conta que muitas foram trabalho. Há nove anos o irtemporada era o ponto mais forte. mão Rogério abriu outro mercado Hoje o mercado no balneário as sugestões na época, mas não no balneário Itapoá e o crescimen- Itapema do Norte conta com 22 houve melhor escolha para acomto é cada vez mais promissor. Se- funcionários e o trabalho não para panhar as belezas de Itapoá: muito gundo Cristina, há cerca de três ou um minuto: são mercadorias para sol, mar e, com o bom atendimento quatro anos que o comércio itapo- repor, compras para fazer, clientes e promoções do mercado, carrinho aense realmente aqueceu, antes a para atender e tantas outras ativi- cheio!


EMPREENDEDOR GUARATUBA

Graduação de qualidade perto de você Augusta Gern

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restar vestibular e passar para o curso tão esperado é o sonho de muitas pessoas, a boa notícia é que não é preciso ir longe para isso. Desde 2002, Guaratuba conta com uma faculdade que só vem crescendo e mostrando bons resultados no crescimento da própria comunidade: Faculdade do Litoral Paranaense Isepe Guaratuba. A instituição iniciou com apenas dois cursos e hoje já conta com um leque de opções para diferentes áreas no ensino superior: administração, direito, engenharia de produção, pedagogia e tecnólogo em negócios imobiliários, este com dois anos de duração. Para os próximos anos está previsto a abertura também dos cursos de contabilidade e tecnólogo em gastronomia. Conforme Luiz Antônio Michaliszyn Filho, responsável pela insti-

tuição, hoje a faculdade conta com cerca de 600 alunos, de diferentes cidades da região. A busca mais expressiva é dos próprios moradores de Guaratuba, Matinhos e Itapoá. O curso com maior demanda é direito, que já demonstrou sua qualidade: “Já tivemos alguns alunos que foram aprovados no exame da OAB antes da graduação”, afirma Luiz. Durante os 12 anos de trabalho, sem dúvida a principal conquista é a representação da faculdade na vida das pessoas. Luiz conta que se emociona a cada colação de grau, pois vê o quanto a graduação representou para a vida da comunidade: “Você vê que ela está influenciando e melhorando a vida das pessoas”, afirma. Como morador de Guaratuba há anos, ele acompanha o crescimento de cada ex-aluno que se tornou um grande profissional. Além do resultado pela graduação, a comunidade também está inserida na própria comunidade:

Luiz Antônio Michaliszyn Filho, responsável pela Isepe. “Em todos os cursos há um perfil muito grande de integração com a cidade”, explica Luiz. Junto com o ensino superior, a faculdade também oferece alguns cursos de pós-graduação, como direito processual civil. Para o próximo ano estão previstas as especializações em administração, recursos humanos e gestão financeira, e direito de processo penal. Luiz iniciou o trabalho na faculdade como professor em 2003 e, em 2006 foi convidado para assumir a direção, onde ficou até o final de 2008, quando pegou licença. Em 2009 foi chamado novamente, devido sua boa atuação na área administrativa e, em 2010, tornou-se um dos sócios da instituição. Hoje a faculdade é mantida pelo

ICAPES – Instituto Caiçara de Pesquisa e Ensino. Desde que iniciou a gestão, muitos foram os avanços: construção de novo prédio, novos cursos e investimentos para a qualidade dos mesmos. No último ano, por exemplo, foram investidos cerca de R$ 100 mil para o curso de engenharia da produção e na biblioteca de outros cursos. Para os próximos anos devem ser concluídas as obras para o auditório e terceiro piso do prédio. Assim, muitos são os motivos para ingressar no ensino superior. Além de ampliar os conhecimentos e oportunidades, uma faculdade de qualidade está muito próxima. O vestibular acontece no próximo dia 30 de novembro.

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MÚSICO GUARATUBA

Arte multidisciplinar Augusta Gern

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onte de cultura, assim se pode definir o músico desta edição: Chico Farro. Músico e poeta, mora no balneário Prainha, em Guaratuba, há 14 anos. Da capital paranaense, escolheu o litoral como cidade do coração. A cultura está presente em sua vida de forma multidisciplinar: é cantor, compositor, poeta e criador de mídias culturais, como um jornal mensal do litoral paranaense sobre o tema, uma web rádio, canal online de televisão e blog. Saber se expressar é seu maior destaque. Os ritmos e palavras entraram em sua vida na infância com motivação dos próprios pais, principalmente a música erudita. Com o tempo foi conhecendo outros tons musicais e hoje brinca que criou uma salada mista. O bom é que é uma ótima salada: Chico faz um som mais moderno com um toque caiçara, tornando a música mais original. Os principais ritmos são MPB e pop rock, mas sabe de tudo um pouco. O músico estudou piano com a mãe, percussão no colégio militar e curso de harmonia de MPB, mas a maior lição sempre foi a prática. Para ele, música é 5% de inspiração e 95% de transpiração,

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Chico Farro com seu filho Alfredo Farro. é preciso muita dedicação. Porém, mesmo sem conhecer muito da técnica, foram apenas alguns minutos ouvindo suas músicas para discordar de sua teoria: sem dúvida suas composições exigem muita inspiração, pois brincam com as palavras de forma única. Segundo ele, quando começa a tocar e parar muitas vezes alguma música, está na hora de fazer a própria. Já são dezenas de composições próprias e com parcerias. Uma delas, talvez a mais importante, foi com Oswaldo Montenegro.

Quando estudava música, participou de uma revista especializada sobre o tema e realizou uma entrevista com o músico. A entrevista motivou uma amizade, que é cultivada até hoje, principalmente com o filho de Oswaldo. Chico explica que suas músicas geralmente partem de experiências vivenciadas, mas também podem ser motivadas pela observação. Na poesia, a crítica social e poesia visual são seus pontos fortes. Em relação a essa forma de se expressar, o músico lançará um

livro de poesias ainda neste ano. Hoje já são 46 anos de trabalho com a música; ele conta que já teve outras atividades, mas a música sempre foi a principal profissão. Como o sonho de tocar já foi realizado, o maior prestígio é ter o reconhecimento do público, “o resto é consequência”. Mas talvez sua melhor consequência foi conseguir inspirar no filho Alfredo Farro este desejo e paixão pela arte. Tatuador, Alfredo toca com o pai há oito anos e também mostra o seu diferencial: toca e confecciona Cajon, instrumento de percussão de origem peruana. O que parece um banco improvisado de madeira emite um som próximo à bateria, com diferentes tons. Alfredo conta que buscou informações na internet, começou a confeccionar e hoje tem encomendas de diferentes locais. São poucos os músicos do sul que tocam o instrumento. Com essa dupla de amantes pela arte, pai e filho criaram a dupla “Farro A²” e tocam em diferentes barzinhos e hotéis de Guaratuba e de outras cidades. “Chamou, nós vamos”, brincam.


Reflexões históricas sobre os fundadores de Itapoá Para Bernar Shaw o progresso de certa forma, se deve aos insensatos; sensatos só fazem coisas sensatas, já feitas e testadas anteriormente por outros sensatos.

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nquanto os sensatos atuam de acordo com o plano previamente estabelecido, os visionários conseguem dar um passo além do racional realizando o improvável. Itapoá é um exemplo dessa ousadia em desafiar o futuro. Conforme mencionado no livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva, foram muitos os fundadores de Itapoá, todavia sempre há alguém que lidera e assume com os demais os riscos da iniciativa. No caso de Itapoá essa liderança, firme e forte, foi exercida pelo senhor Dórico Paese, que na condição de sócio e diretor da Sociedade Imobiliária Agrícola e Pastoril Ltda, SIAP, juntamente com os demais sócios, arrojadamente, decidiram desocultar Itapoá. Esse cidadão, após conhecer a inexplorada e extensa praia, por indicação do inesquecível

Adalcino Rosa, foi capaz de vender a idéia de que Itapoá era viável, através de investimentos privados, isso lá no ano de 1955. Para tanto, e em marcha cadenciada, o acompanharam os sócios da mencionada empresa, Geraldo Mariano Gunther, Ari Alcantara, Pedro Harto Hermes, Werner da Silva, Irineu de Azevedo Cruz, José Colombo, Armando Colombo, Serafim Paese, Waldemar Paese, Anévio Paese, Ambrósio Paese e Ernesto Paese. Embora contassem com o aceno de recursos públicos ofertados quando do início do empreendimento pelo então governador Jorge Lacerda, na realidade, tudo se realizou com recursos privados, conforme nesta sobejamente provado na declaração do Prefeito de São Francisco do Sul, Alfred Darcy Addison, através de pública forma, lavrada no Cartório Carvalho, no ano de 1961. Impulsionado por uma força interior incomum e uma avassaladora capacidade de convencimento, com ar determinado e palavras firmes, que tornavam real o imaginário, Dórico Paese conseguiu materializar a clássica afirmação romana, assim expressa: ‘‘via est vita’’, ou seja, o caminho é vida, a vereda é necessária para a vida. Dominado por esse espírito que tinha como combustível fundamental o entusiasmo e a coragem, juntamente com os sócios e a desprendida cooperação de heróicos moradores, rasgou a pioneira Estrada da Serrinha, concluída em meados de 1958. Não foram poucos os desafios no decorrer da obra, pois Itapoá não estava disposta a desnudar facilmente suas belezas naturais. Chuvas torrenciais no ano de 1957 com um dos mais elevados índices pluviométricos já registrados na região, doenças tropicais, especialmente a malária; mosquitos, animais peçonhentos, baixios alagadiços, a diminuição drástica do

dinheiro antes do término da estrada em razão de imprevistos, e ainda a morte trágica do governador Jorge Lacerda em acidente aéreo no ano de 1958, do qual esperavam socorro financeiro, transformaram-se em poderosos e desafiadores obstáculos que teimosamente inisistiam em não deixar Itapoá ser desbravada. O rol de adversidades teve como resposta a tenaz vontade de vê-la realizada. Nâo havia tempo a perder e até Dórico Paese vai para o fronte e no simples gesto de empunhar uma pá motiva também os moradores que lá viviam sem comunicação terrestre regular, a doar alguns dias de sua força de trabalho, em regime de mutirão, para a finalização dos três quilômetros restantes de tão esperada via. Rememorar os fatos por nós acompanhados em toda sua extensão e angústia tem por finalidade resgatar o valor dos ousados, na sua totalidade, os quais sem se intimidar, deram um passo a frente e são os verdadeiros exemplos empreendedoristas a serem seguidos, razão pela qual interroga-se o por quê de seus nomes não estarem definitivamente marcados em vias e espaços públicos. A conclusão é de que não faltam lugares para esse justo reconhecimento e sim memória histórica, iniciativas não apenas para homenagear os fundadores, mas também os inúmeros pioneiros que contribuiram para retirar Itapoá do desconhecido e de quebra, o despertar de Garuva. Documentos, registros e até mesmo um inédito filme-documentário de treze minutos, magistralmente rodado quando do término da Estrada da Serrinha, no ano de 1958, provam indubitavelmente os fatos expostos. Vitorino Luiz Paese, é professor economista e historiador. Lançou em 2012 o livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva.

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PROJETO AVES DE ITAPOÁ

Tiê Sangue Uma lenda indígena conta a origem deste pássaro. Pelas rimas e versos de Luciana do Rocio Mallon, o Ramphocelus bresilius, ou tiê-sangue, como é popularmente conhecido, surgiu do sangue da sonhadora e faceira índia Tiê. Augusta Gern

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iê era contra as guerras e tinha o desejo secreto de virar um pássaro para voar livre em qualquer miragem. Um dia morreu em uma batalha e o deus Tupã, inconformado com a perda da formosa índia, transformou-a em uma bela ave. “Deste jeito todo perfeito, surgiu tiê-sangue, o pássaro sonhador, que voa pelos céus do Brasil com amor”, finaliza Luciana. Hoje, observá-lo pode não ser muito fácil, mas, ao vê-lo, a imagem é memorável. Feito um raio de fogo, o tiê-sangue é considerado uma bela ave, por onde passa acende as folhas verdes como um feixe de luz. Como diz a lenda, esta ave é reconhecida pela bela e forte plumagem vermelha, sendo famosa por colorir capoeiras baixas, bordas de florestas, restingas, plantações e até parques e praças das cidades. E este cenário só acontece aqui: o tiê-sangue é uma espécie endêmica do Brasil. Considerada a ave símbolo da Mata Atlântica, podemos encontrá-lo desde as quentes paisagens do nordeste até as terras catarinenses. Apesar de ser observada em vários locais do país, o fotógrafo Edson Ferreira da Veiga conta que muitas pessoas vêm a Itapoá para fotogra-

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Foto de Edson Ferreira da Veiga, cedida para o Projeto Avifauna de Itapoá da ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental.

fá-la. “Aqui, talvez é mais fácil encontrá-las pela pouca urbanização”, afirma. Edson já guiou pessoas do norte do Paraná, do interior de São Paulo, Curitiba e de Itajaí à procura da ave. O grande desejo em vê-la pode ser explicado por um simples motivo: suas características marcantes. A plumagem em vermelho vivo, harmonizado com parte das asas e da cauda preta, sugere aos machos adultos o apelido de rubro-negro. Mas a espécie apresenta diferenças de plumagem: enquanto o macho se veste de um vistoso vermelho e negro, a fêmea é parda nas partes superiores e marrom-avermelhado nas inferiores. Além da plumagem, os machos contam com outro diferencial, utilizado para atrair as fêmeas durante o acasalamento: uma calosidade branca reluzente na base da mandíbula. Assim, uma sintonia entre cores preenche uma estrutura com cerca de 30 gramas e 20 centímetros de comprimento. Porém, todo este encanto é apenas visual, a espécie não tem um belo canto. Quando chama ou adverte outro pássaro, sua vocalização é considerada dura, com pouca melodia. A alimentação deste pequeno pássaro é variada. Apesar de preferir frutos, em especial os da embaúba, o tiê-sangue também se alimenta

de insetos e larvas. Um ponto que colabora na manutenção da espécie na região é a cultura da banana, que fornece alimentação durante todo o ano. São em tempos quentes que se reproduzem, pois as temperaturas mais altas favorecem a chocagem dos ovos e a criação dos filhotes. Na primavera e verão os machos costumam exibir a base reluzente da mandíbula e, quando a atração da certo, resultam em dois ou três ovos verde-azulados lustrados, com pintas pretas e cerca de três gramas. Para protegê-los, o ninho tem formato de cesto e muitas vezes é forrado com diferentes materiais como fibra de palmeira, fibra de sisal, fibra de côco e raiz de capim. Após 13 dias de incubação pela fêmea, vários indivíduos alimentam os pequeninos, que se tornam independentes aos 35 dias após o nascimento. E com a independência, preferem viver aos pares, mais do que em pequenos grupos. E pela sua beleza que ilumina toda e qualquer paisagem, não é raro o tiê-sangue ser vítima do tráfico de animais silvestres. Assim, sempre fica o gostinho de olhar para as verdes paisagens e procurar este belo e marcante raio de fogo. Para saber mais: www.wikiaves.com. br/tie-sangue.


E-Session Jenifer e Paulo

Acompanhamento fotográfico de gestação. Jéssica e Rogério

E-session Simone e André Emmanuelle e Marcos à espera de Rafael

Jeanine e Maurício à espera de Anemarie. Casamento Stephane e John

Casamento Munyque e Murilo

Revista Giropop | Outubro 2014 | 65


TURISMO | CARIBE

E

a viagem continua pelo mar do Caribe! MSC Divina, navio que oferece muitas programações diversificadas, entretenimento para não colocar defeito. Durante os shows, festas temáticas e o all-inclusive, vamos deslizando por um mar cada vez mais azul à medida que nos aproximamos de Curaçao. Curação uma das três ilhas, que fazem parte das Antilhas Holandesas tem tudo a ver com a Holanda, casinhas de arquitetura holandesa em versão tropicalizada, variando entre o verde-limão, azul claro, amarelo, entre outras nuances, que dão à cidade um ar pitoresco. As casas ladeiam as duas partes da capital, Willemstad, separadas pela baía de Santa Anna e ligadas pela ponte Juliana. Impressionante é a altura dessa ponte, dos seus sessente metros de altura você pode admirar os dois lados da cidade. Além dessa ponte existe a charmosa ponte Queen Emma, que é uma ponte flutuante, quando aberta, podemos observar navios passando pela baía e quando fechada serve para os pedestres atravessarem por ela, é exclusiva para pedestres. Portanato, em uma parte da cidade se encontra Punda, que significa “ponto” e na outra parte fica Otrobanda, que significa “outro lado”, mas é a mistura entre a colonização holandesa, a ativa comunidade judaica, a história do centro do comércio escravagista, que fazem com que Curaçao se destaque e se torne destino muito interessante para cruzeiros, como também, para passar férias num resort paradisíaco e sair procurando pequenos paraísos perdidos ao lon-

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Bon Bini... Bem vindo à Curação

go da ilha. Nestas paradas pode-se praticar vários esportes, mergulhar e ficar relaxando sobre as areias muito brancas da ilha. Existem mais de sessenta pontos de mergulho para encontrar peixes dos mais variados, além de ouriços e corais de formas interessantes. Plasa Bieu, é o velho mercado, no qual aprecia-se a cultura local como obras de arte e peças de bijuteria, feitos com vários materiais e que valem a pena ver e adquirir. A comida local também pode ser degustada nesse mercado. Uma delas é peixe acebolado com banana e arroz moro, ou seja, feijão preto cozido junto com arroz e

especiarias,certamente, é um dos melhores pratos locais e esse arroz acompanha qualquer prato regional. Outro ponto interessante é o Mercado Flutuante, frutas e legumes frescos e dos mais variados encantam a localidade e como a ilha é muito árida esses produtos, na sua maioria, vem da Venezuela Os habitantes de Curaçao são muito alegres e receptivos, não dispensam um sorriso, sempre cantando no embalo da salsa. A salsa ressoa por todos os lugares, nos convidando a admirar os dançarinos e porque não, nos convidando a dançar com eles. Papiamento é predominantemente a língua falada das Antilhas Holandesas, no entanto, a língua oficial é o holandês, língua que se aprende na escola. Nas ruas ouve-se o papiamento, que é uma mistura excêntrica do português falado pelos escravos africanos, do holandês e do castelhano, soando na oralidade mais com o português. A moeda local é o florim. Willemstad, a capital de Curaçao, tem uma programação para todos os gostos, opções turísticas para todas as idades, shoppings, monumentos, restaurantes fazem parte desse magnífico contexto , além de um parque aquático, Sea Aquarium, passeio interessante para adultos e crianças. Para encerrar o passeio nessa ilha caribenha não deixe de visitar a fábrica, Landhuis Chobolobo, onde encontramos o famoso licor Curaçao. Próxima parada do navio Aruba ...One happy island!


TURISMO | POR AÍ

De Itapoá para o mundo da fantasia

Elaine no Parque Magic Kingdom.

Augusta Gern

Q

uem nunca sonhou em entrar no mundo de fantasia? Seja nos contos de fadas, nos palácios junto às princesas, nos filmes de ação ou até nos desenhos animados: isso é possível e realmente mágico. Quem afirma é Elaine de Freitas, que há dois meses teve o privilégio de viajar para Orlando, onde estão os famosos parque da Disney. Foram dez dias de muita diversão e emoção que, sem dúvida, deixaram um gostinho de “quero mais”. O roteiro não estava planejado, mas caiu como uma luva: “Já tínhamos combinado que viajaríamos para fora no aniversário de 15 anos da Julia, mas ainda não sabíamos exatamente para onde ir”, conta Elaine. Não sabiam até a hora que chegou a proposta da escola Monteiro Lobato, de Guaratuba, onde a filha estuda. “Eles organizaram a viagem e chegou no momento certo, ela iria viajar e ainda junto com as amigas, não poderia ser melhor”. A organização começou em abril e tudo foi muito tranquilo, desde o passaporte até o visto. No final de agosto o grupo com cerca de 40 pessoas embarcou. Como outras mães, Elaine foi junto e entrou no clima da viagem: conta que participou de tudo e se divertiu como nunca imaginou. “Nós achamos que aquele é um ambiente que encanta apenas as

O abraço no querido Mikey não poderia faltar. crianças, mas estamos enganados. Há atrações para todas as idades”, afirma. Como educadora confessa que se emocionou ao lembrar-se dos alunos e da alegria que têm em ouvir as histórias que, naquele momento, tornaram-se reais. “Fiquei imaginando eles naquele mundo mágico, conhecendo de perto todos os personagens que tanto amam”. Mas apesar de alguns dias fora da rotina, este não foi um momento de descanso, programação boa é o que não falta por lá. Conforme Elaine, só a Disney é um complexo de quatro parques: Magic Kingdom, conhecido pelo famoso castelo e personagens de desenhos; Epcot, dedicado à inovação tecnológica; Disney Animal

Elaine com a filha Julia prontas para encontrar a Branca de Neve Kingdom, maior parque temático com animais do mundo; e Estúdios Hollywood da Disney, com a melhor parte dos bastidores de filmes. Além desses, também foram à Tampa, cidade próxima a Orlando e realmente entraram dentro dos mais variados filmes nos dois parques da Universal. Cada dia foi reservado para um parque, mas muita coisa ficou para trás. A vontade de Elaine é voltar para poder aproveitar tudo com mais calma e visitar o Parque da Lego e o Kennedy Space Center, quartel general da NASA. Conforme a educadora, o local é ótimo para compras e brasileiros

é o que não faltam: “Há brasileiros de todas as regiões trabalhando e passeando por lá”. Apesar de sua filha falar inglês muito bem, não foi preciso muito esforço para se comunicar. “Eles querem vender, então até desenham se precisar”, brinca. A beleza, organização e limpeza de Orlando também são pontos marcantes da viagem, a única coisa que não agradou muito foi a gastronomia: repleta de mel e pimenta. Em relação aos momentos mais memoráveis e emocionantes, Elaine conta que foi o show de jogo de luzes no castelo do Magic Kingdom e quando a filha tirou foto com a Branca de Neve. “Desde o começo dos preparativos para a viagem ela falava que queria encontrar e tirar uma foto com a Branca de Neve e eu não entendia o porquê”, lembra. Em Orlando, a filha até comprou uma faixa e se vestiu com as cores da princesa, mas Elaine só percebeu a importância quando Julia encontrou a esperada princesa: “Ela se emocionou e pude perceber em seus olhos a importância daquele momento para a sua vida”. Esta, com certeza, foi a principal lição da viagem: entender o quanto é importante o mundo da fantasia para as pessoas.

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Gilmar Crepaldi, gerente comercial e Fabiane Brizola da Mota, gerente financeira da Farma Total de Itapoá, aqui juntos com a equipe de vendedores.

Em parceria com Fraldas Ferinha Baby, a Farmácias São Paulo de Itapoá, entregou neste dia 12 de outubro o triciclo elétrico a garotinha Estefani Durante Santos. Os outros sorteados são: Paulo Fabiano, com um triciclo mecânico e Claudio Saimon Henz tambem com um triciclo mecânico . Farmacia São Paulo.. “Feliz em atender Bem”

Inauguração da nova agência da Apolar Itapoá com o seu gerente, Paulo Mertens, fundador da franquia Joseph Galiano e seu filho Daniel Galiano.

Muita alegria durante a Oktoberfest. Felipe, Ana Paula , Patricio Jr., presidente do Porto, Jonatha, Carol, Luiz Carlos, Patrícia, Sonia, esposa de Patricio Jr e Fabio.

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Paulo Mertens com sua esposa Geila e os pais Denirê e Marcos Mertens.

Chop é bom mas chop tirado por si próprio ainda é melhor...O Amarildo Zagonel que o diga...

Marcelo agora na rádio Itapoá fm com sua esposa Fran da imobiliária Top curtindo a Oktoberfest.




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