EDITORIAL
41 997.9373 Nicolau Abage, 418, Centro, Guaratuba - PR
41 3442.6307 Av. 29 de Abril, 129, Centro. Guaratuba - R
12 | Novembro 2014 | Revista Giropop
Este mês é brindado com o tema pescaria e, mais uma vez, aprendemos um assunto novo e diferente de nosso dia a dia. As embarcações coloridas que balançam na maré das belas paisagens dos municípios de Itapoá e Guaratuba encantam todos os olhos, mas suas histórias encantam ainda mais. O peixe, o camarão e outros frutos do mar quentinhos e saborosos são maravilhosos, mas o desempenho de quem os garante com certeza também é. Assim, nesta edição você conhecerá um pouco mais sobre a pesca embarcada e, principalmente, dos protagonistas dessa tradicional profissão: do experiente ao novato, do idoso ao jovem, do artesanal ao industrial. Percorremos diferentes balneários, caminhamos por diferentes histórias e viajamos longe junto às memórias. Algumas das séries não ficaram de fora e, como o verão está chegando, uma matéria sobre como evitar ou pelo menos minimizar problemas com a falta de água também foi preparada especialmente para você. Por falar em temporada, não podemos deixar de sugerir: garanta a alegria do seu verão bebendo muita água, passando protetor solar, cuidando do meio ambiente e sendo gentil com todos em sua volta. Está chegando a melhor hora de aproveitar!
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PESCA ARTESANAL
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Augusta Gern les acordam de madrugada, colocam o barco na água e o rumo é a imensidão azul. Na embarcação são poucos tripulantes, alguns metros de rede e muita disposição. Em determinado ponto marcado pela experiência, vento e maré deixam a rede sinalizada com uma boia. De lá seguem para a rede que adormeceu no mar e já está repleta de sustento. Recolhem, seguem para a costa, limpam e vendem. Para alguns o rumo é a casa, para outros a venda em mercados de peixe; não
De sol a sol
importa: no próximo sol tudo se repete. Esta é a rotina de muitos moradores de Itapoá e Guaratuba que vivem da pesca artesanal, uma das atividades mais tradicionais das cidades litorâneas. Nos dois municípios não é difícil encontrar uma canoa na beira da praia, uma rede, peixes frescos e as famosas histórias de pescador: diferentes balneários são marcados pela atividade. A pesca artesanal é marcada principalmente pela mão de obra familiar, embarcações de pequeno porte e atuação nas proximidades da costa.
Conforme informações do Ministério da Pesca e Aquicultura, atualmente um em cada 200 brasileiros são pescadores artesanais. Assim, aquele velho ditado popular “está estressado? Vá pescar!”, mesmo que implacável ganha um valor ainda maior: a pesca move boa parte da economia dos municípios. Conforme a Secretaria Municipal de Pesca de Guaratuba, a cidade é um polo da pesca no estado paranaense, com significativa atuação na pesca industrial. De acordo com o secretário Paulo Pinna, são cerca de 1.000 pescadores
que movimentam a economia de forma expressiva: o camarão gera cerca de R$ 500 milhões por ano, o pescado R$ 7 milhões e a ostra R$ 500 mil. Em Itapoá, a grande atuação é dos pescadores artesanais, que são em média 600. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Pesca do município, há um recolhimento de R$ 6 milhões conforme as notas de produtor. E junto com os dados específicos da pesca, não se pode deixar de fora toda a questão turística, afinal, quem não gosta de comer um bom peixe à beira mar?
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PESCA ARTESANAL
O dia a dia do pescador Augusta Gern
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uando tem sol sua rotina é a mesma há 46 anos: sai entre 4h30 e 5h de casa, embarca no azul do mar e retorna no início da tarde com o sustento na rede. Nery de Moura Barbara é o exemplo de que a pesca pode passar de geração para geração, criar uma família e não tirar o sorriso do rosto. Aos 58 anos o pescador de Guaratuba conta que herdou a profissão do pai e sempre criou toda a família com a pesca: a mulher sempre limpou e vendeu os peixes e hoje seu filho também é pescador. Morador da praia de Brejatuba, nos pés do Morro do Cristo, Nery é o pescador mais antigo da região. Seus pais vieram de Santa Catarina para pescar e já se fixaram à beira da praia, nas proximidades da atual residência de Nery. Ali ele cresceu, conheceu a esposa e criou a família. Conforme ele, antes a fartura de peixe era tanta que era preciso salga-los para não perder. “Havia muito mais peixe, mas não tinha mercado, não tinha quem comprasse”, conta. Com recorda-
Nery de Mora Barbara, morador da praia de Brejatuba é o pescador mais antigo da região. ções de Guaratuba há anos atrás, ele relata como o movimento era menor. Hoje, Nery vende seus produtos no Mercado do Peixe na beira mar e para restaurantes. “Aqui vendemos muito bem, porque os peixes sempre são fresquinhos e do dia, diferente dos que vem dos barcos industriais, que ficam dias no mar”, afirma. Além de peixe, Nery também
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pega camarão e percorre o mar entre São Francisco do Sul (SC) e Paranaguá (PR). E sobre a quantidade média a resposta é quase
que impossível: “Tudo depende do dia e da maré, tem vezes que volto com 300 kg, outras vezes só com 20”, conta.
Sobre histórias de pescador
A melhor aconteceu com o seu pai há muitos anos: “Ele pegou uma raia de 1.200 kg e trouxeram para a praia rebocando em cinco canoas”. Segundo Nery, como a raia é grande e forte sempre arrebenta a rede, mas dessa vez foi diferente. Fora isso, ele conta que já pescou alguns cações (espécie de tubarão) de 100 a 200 kg.
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Mar também é lugar de mulher
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ão é muito comum encontrar mulheres pescadoras, que encaram o mar como homens, puxam rede e pilotam uma embarcação. Na maioria das vezes elas aguardam o peixe na costa para limpar e vender, mas este não é o caso de Eliete do Rosário Silveira. Filha de pescador, ela aprendeu a atividade quando criança e adotou a pesca como ofício para a vida inteira, ou melhor, para a toda a família. Tudo começou no balneário Pontal, à beira do início da Baía Babitonga, mas hoje Eliete pesca no balneário Itapema do Norte, onde reside. Assim, entre as três famosas pedras, mais precisamente ao lado da segunda, ela leva a rotina marcada por safras e marés. Segundo a pescadora, Itapema do Norte é o melhor local para a pesca, pela estrutura de entrar e sair com os barcos. Este é o espaço com a maior concentração de embarcações e onde está localizada a Colônia de Pescadores e o Mercado do Peixe. Além dali, os balneários Pontal, no sul da cidade, e a Barra do Saí, no norte, também são marcas da pesca. Eliete explica que
Eliete do Rosário Silveira pesca no balneário Itapema do Norte. o Pontal tem o privilégio das águas calmas da baía, já a Barra é o ponto mais perigoso em virtude do encontro do rio com o mar. Mas independente do local e também do sexo, o trabalho com a pesca não é fácil. Eliete trabalha duro: arma a rede às 16h e às 4h volta ao mar para recolher. No meio da manhã é fácil encontra-la na praia separando os peixes e organizando a embarcação. O que
ela e a família pescam, vendem na banca do Mercado do Peixe e para atravessadores (como são chamadas as pessoas que compram o pescado do pescador e vende para restaurantes e indústrias). Há 15 anos a família conta com uma banquinha própria no Mercado, onde é oferecido o fruto da própria terra, ou melhor, do próprio mar. Apesar de sustentar toda a família em diferentes gerações, a
pescadora confessa que já pensou algumas vezes em largar a profissão, principalmente pelas dificuldades financeiras. Porém, mais do costume, a atividade também está relacionada com amor, tradição de família. E assim, leva a rotina de anos: um dia garante mais de 100 kg de peixe, outro dia não chega a 8 kg. Agora, durante a temporada de verão, o que está em alta é a salteira, peixe que está em safra.
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Herança catarinense na pesca de Guaratuba
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ntre os pescadores de Guaratuba, não é difícil encontrar catarinenses ou, pelo menos, de famílias do estado vizinho. De diferentes cidades, principalmente Barra Velha, Barra do Sul e São Francisco do Sul, diferentes famílias deixaram Santa Catarina há algumas décadas para apostar na pesca de Guaratuba. A maioria está na atividade pesqueira até hoje. Na praia de Caieiras as famílias catarinenses são o maior peso na pesca. João Trajano Alves, mais conhecido apenas como Trajano, é natural de Barra Velha e há 50 anos está em Guaratuba. Deixou o estado catarinense há 19 anos pela promessa de que na região a atividade era maior, deu certo e vive da pesca até hoje. Quando o tempo está bom o mar é o rumo. No verão os peixes mais comuns são o bagre, a salteira e corvina; já no inverno é época boa para pegar tainha e cavala. A partir desse mês também começa a época de camarão sete barbas, garante o pescador. Trajano pesca com seu filho Gil-
mar, que desde pequeno o acompanha na pescaria. Tudo que pesca vende na própria peixaria em Caieiras, repassa para atravessadores (como chamam as pessoas que revendem o pescado) ou sua cunhada vende no Mercado Municipal. E com 50 anos de experiência nas correntes marinhas de Guaratuba, o que não faltam são lembranças e boas histórias. “Desde que eu comecei a pescar aqui o que mais mudou é que não precisava ir para fora, nós pescávamos dentro na Baía de Guaratuba”, lembra. Hoje, com o barulho e poluição, ele conta que é preciso ir para o mar aberto. Também, antes cação de 200 kg dava pertinho da costa, hoje é preciso ir longe para encontra-los. Referente às histórias de pescador, Trajano conta uma que quase ninguém acredita: “Uma vez um balaio se enroscou na minha rede e os peixes caíram todos ali dentro. Quando fui ver estava com um cesto cheio de peixes dentro da água”. Neste episódio não foi preciso muito esforço para garantir o almoço. Outra catarinense em Caiei-
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ras é Judite dos Santos Duarte, 52 anos. Natural de São Francisco do Sul, ela tinha quatro anos quando acompanhou o pai pescador à nova cidade. A promessa da família foi a mesma: na região a atividade era mais promissora. “Meu pai tinha nove filhos e viemos todos juntos. Chegamos aqui e não tínhamos casa, ficamos um bom tempo morando em uma cabana”, lembra Judite. Assim, a família toda se criou na pesca e Judite chegou até se casar com pescador. Segundo ela, que já pescou em alto mar, antes tinham mais riquezas, mas as pessoas não davam valor: havia mais mercadoria, mas pouco mercado. “Quando eu tinha meus 13, 14 anos, cação era comum, esbanjavam peças grandes, pois era muita quantidade”, afirma. A venda das mercadorias sempre ocorreu na própria localidade. Um pequeno mercado do peixe em Caieiras reunia diferentes pescadores, hoje apenas ela revende no local. Há sete anos Judite parou de pescar por problemas no coração, mas diariamente marca presença no mercado para vender o que outros pescadores locais oferecem.
João Trajano Alves
Gilmar Alves.
Natural de Guaratuba, mas com tradição catarinense
Judite dos Santos Duarte. Quando o movimento é fraco, nada de ficar parada: ela inventa artesanato com conchinhas para vender e presentar bons clientes. Bento Pereira Filho, 63 anos, também deixou o estado barriga-verde e adotou Guaratuba. Com 21 anos deixou o município de Barra do Sul para acompanhar o irmão pescador e durante dez anos pescou na região. Com o tempo foi criando, inventando e começou a construir barcos: já foram mais de 30 e para diferentes regiões, além do Paraná há barcos seus em Santos e São Paulo; seu maior foi um pesqueiro de 14,5m. Há cinco anos parou com barcos grandes por problemas de coluna, mas pequenos ainda se arrisca. Com toda sua experiência na área, hoje tem quatro barcos que pescam na região (com pescadores contratados) e uma peixaria na enBento Pereira Filho. trada da praia de Caieiras.
José Leocádio da Silva ‘Zé Preto’. José Leocádio da Silva, mais conhecido como Zé Preto, é famoso na pescaria em Guaratuba, principalmente na praia de Piçarras. Apesar de ser natural das margens da Baía de Guaratuba, ele afirma que o aprendizado da pesca na região veio de Santa Catarina: “Quem nos ensinou a pescar camarão aqui foram os catarinenses”. Conforme ele, muitos pescadores vieram do estado vizinho e ensinaram técnicas ainda não utilizadas na região de Guaratuba. Zé Preto é pescador desde os 18 anos e hoje, aos 60 anos, ain-
da pesca na Baía. Conforme ele, há muitos peixes que entram na Baía para descansar, passear e desovar. “Eu gosto de pescar a noite, além de ser mais fresco você consegue escutar o peixe ‘falar’”, conta. Para o pescador, tudo varia de acordo com a maré e o canal, mas o melhor momento para a pesca é com a maré seca, e claro, com tempo bom. O que mais cai na rede por ali é robalo e o camarão branco. Tudo que é pescado é vendido na própria peixaria e, apesar de não ter muito movimento fora da temporada, é uma profissão gratificante, segundo ele.
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Do rio para o mar
Pescadores da Barra do Saí - Itapoá, Álvaro Luiz da Silva, ‘Alvinho, José dos Santos ‘Batata’ e José Afonso da Silva, Zé Afonso.
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rio é que divide os municípios de Itapoá e Guaratuba e dos dois lados dessa fronteira a realidade é parecida: diariamente pescadores desembocam do rio para o mar em busca do sustento. Dos dois lados o cenário é exuberante: o encontro do rio com o mar, da água doce com a salgada, formou pontos turísticos nos dois municípios. Porém, para a pesca esse cenário
nem sempre é dos melhores. Em Itapoá o maior problema é o assoreamento do rio que, segundo alguns pescadores, já fez com que o número de profissionais diminuísse bastante. Porém, o final da barra, ou começo da cidade, dependendo do olhar, ainda reúne uma tradicional comunidade pesqueira. Álvaro Luiz da Silva, mais conhecido como Alvinho, é um dos pescadores mais antigos do balneário. Natural da Barra do Saí, ele herdou a profissão que iniciou com
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seu avô, quando chegou à região por volta de 1915. Conforme lembranças de família, Álvaro conta que na época do avô a pesca era com barco a vela e o peixe era vendido nos mercados municipais de São Francisco do Sul e Joinville. Com o tempo a pesca foi evoluindo e as primeiras embarcações com motor eram movidas à gasolina. Álvaro chegou a pegar as embarcações com gasolina, mas logo também foram evoluídas. A pesca sempre foi o seu ganha pão, a partir dela construiu uma peixaria
e um restaurante. Saía cedo e percorria toda a região de São Francisco do Sul a Guaratuba. Hoje, deixou a pesca de lado, só joga a tarrafa para garantir o almoço. Na peixaria, vende a produção de outros pescadores locais. Segundo ele, antigamente existia safra de todos os peixes, mas hoje a pesca artesanal está limitada, pois a industrial consome a maior parte. Dessa forma, ele afirma que a maioria das famílias de pescadores não vive mais apenas da pesca artesanal, geralmente
contam com outro ofício: “só a produção pesqueira está difícil para manter a família”. O problema ainda é agravado, conforme ele, pela entrada da Barra. “Depois que mudaram a rota do rio, não prestou mais”, afirma. O assoreamento limita a passagem de embarcações, que muitas vezes precisam ser empurradas. Álvaro conta que só no tempo em que Itapoá é município esta boca da Barra já foi aberta 11 vezes. A solução para o problema varia entre os pescadores, mas sem dúvida merece atenção.
A partir desse problema é que José dos Santos, mais conhecido como Batata, incentivou os filhos a seguirem caminhos diferentes do que a pesca. Aos 66 anos, ele parou de pescar faz quatro anos, mas ainda vive da produção de pescado: como Álvaro ele tem uma peixaria no balneário Barra do Saí. Batata está há 33 anos em Itapoá, veio para pescar, gostou e acabou ficando. Também afirma que antes havia muito mais mercadoria, mas a venda e as embarcações eram diferentes. Hoje o mercado aumentou, mas pela dificuldade de sair para pescar muitos já venderam as embarcações na região. “Atualmente são cerca de 70 famílias que vivem da pesca por aqui, mas os jovens já estão buscando outras oportunidades”, afirma.
Histórias de pescador não faltam. Natural de Barra do Sul, ele já salvou algumas vidas pela região. A mais marcante foi de um pescador de primeira viagem: “Encontrei ele segurando a bandeira da rede, estava há 12 dias e 12 noites no mar”, conta. Conforme Batata, a emoção é grande só de lembrar: “colocamos ele na embarcação e ele quase morreu, mas conseguimos levá-lo ao hospital e ele ficou bem”. Em relação à quantidade de peixe, afirma que já pescou bastante. “Há 25 anos, em 11 dias pegamos mais de 150 kg de tainha”, conta. Outros peixes também marcam presença, mas sem dúvida a tainha é o diferencial na Barra do Saí. Para os irmãos José Afonso da Silva, mais conhecido como
Zé Afonso, e João Alexandre Santos da Silva, chamado de Baiano, a pesca ainda faz parte da rotina na Barra do Saí. Eles afirmam que há alguns anos existia muito mais peixe do que agora, mas ainda dá para se viver e não trocam a profissão por outra. Os dois não pescam juntos, mas compartilham experiências e boas histórias. Segundo eles, a maioria dos pescadores da Barra percorre de São Francisco do Sul a Guaratuba e já sabem os bons pontos de peixe, de acordo com o alinhamento com os morros e ilhas da região. O que mais judia, sem dúvida, é a saída da Barra. “Há poucos anos faleceu um pescador aqui, mas temos que continuar com o nosso trabalho”, fala Zé Afonso.
João Alexandre Santos da Silva, Baiano
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Pesca na Babitonga
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as belezas e tranquilidade da Baía da Babitonga a pesca também marca presença. Entre a movimentação de grandes navios, as coloridas embarcações garantem o sustento e a tradição de mais uma comunidade pesqueira de Itapoá. Diferente dos balneários Barra do Saí e Itapema do Norte, a pesca na região do Pontal e da Figueira é menor, conta com menos famílias na atividade. Porém, também está presente e atrai muitos visitantes em busca de um peixe ou camarão fresquinho. Um dos pescadores mais antigos da região é Acindino de Souza, natural do Pontal. Seu pai pescava na beira da praia e, aos 18 anos, ele começou com a pesca embarcada. Hoje, aos 47 anos, esta atividade ainda faz parte da rotina: com o tempo bom, sai pela manhã e retorna no início da tarde. Apesar de viver às margens da Baía, geralmente pesca em mar aberto, em uma rota que vai até a Barra do Saí. Conforme Acindino, no passado havia muito mais peixe, além de serem significativamente maiores: “Hoje caiu em 80% a quantidade do pescado”. Porém, apesar de mais mercadoria, o comércio era menor. O pescador vendia para São Francisco do Sul, hoje tem uma peixaria própria em frente à residência, na beira do asfalto.
Acindino de Souza e Amarildo da Silva ‘Téio’, pescadores do Pontal, Itapoá - SC. Para ele, a movimentação do Porto não atrapalhou, o que influenciou é a poluição: “acho que o número de camarões diminuiu bastante na Baía por causa da poluição”. E por falar em poluição, Acindino já viveu uma cena engraçada, mas trágica, em virtude do lixo: em sua rede já pegou até bicicleta. Segundo ele, no canal há muita sujeira. O pescador geralmente vai ao mar junto com o filho, só quando é camarão que consegue ir sozinho. Dentro da Baía o camarão é o protagonista. Acindino explica que ali é o berçário do camarão ferro, depois chamado camarão rosa, e do branco, que quando cresce se torna o pistola. E na hora de falar em camarão o especialista da região é Amarildo da Silva, mais conhecido como Téio. Ele também se criou na comunidade e pesca desde que se
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Téio com o camarão pistola e o camarão branco. conhece por gente, mas da sua embarcação pouca coisa vai para a peixaria, a maioria é mantido vivo para venda de isca viva. Filho do famoso Lelé, foi seu avô que começou a pescar na Babitonga, ele então herdou o ofício das gerações. Téio pesca de todas as formas: na Baía e em alto mar, peixe e camarão, durante o dia ou à noite. Porém, sua preferência é sair a noite na própria Baía para pegar camarão, para ele, este é o
momento mais tranquilo para a atividade. A pesca de camarão geralmente utiliza gerival, uma rede que vai arrastando o fundo do mar. A maioria de sua produção é mantida em um tanque, feito pelas próprias mãos. Com oxigênio e água do mar sempre limpa, os camarões são mantidos vivos para a venda de iscas; e ele garante que vale a pena. A venda é muito rápida, mas caso seja necessário, os camarões aguentam até duas semanas no tanque. A diferença na pesca do camarão, segundo ele, é que você não consegue o perceber no mar, diferente do peixe. “Aqui na beira da Baía, se você observar o cardume, pega até 100 sardinhas em uma tarrafada”, afirma. Porém, ele é consciente: “só pesco o que vou consumir, se não nem entro no mar”.
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Do outro lado do rio
Rodrigo da Silva Ribeiro e João Santos da Silva, pescadores da Barra do Saí - Guaratuba. percurso traçado pelos pescadores xe também abre as portas, reúne a desde a infância, conta que existe Augusta Gern no mar não muda muito. comunidade e convida os turistas à uma preocupação quanto ao assom Guaratuba a rotina Conforme Rodrigo da Silva Ri- compra do peixe fresco. reamento do rio, que deve ter no é parecida, a diferença beiro, natural da região e a vida Rodrigo conta que todos pesca- mínimo 70 cm de água para gaé que o assoreamento inteira pescador, a comunidade dores são unidos, é fácil encontra- rantir a passagem da embarcação, do rio ainda não é tão conta com cerca de 60 pescado- -los no rancho montado para ma- mas é menos preocupante do que grave. A comunidade res, cada um tem sua banca na nutenção das embarcações. Por em Itapoá. Para ele, um problema pesqueira também vive às margens própria residência e vendem para ali, eles até arriscam a construção são os barcos industriais, que cada do rio, ou melhor, do braço do rio atravessadores (pessoas que re- de barcos de fibra para o próprio vez estão em maior quantidade e Saí Guaçu chamado de Bacamar- passam o peixe para restaurantes uso. diminuindo o número e tamanho te. O balneário ali recebe o mesmo e outros estabelecimentos). No veJoão Santos da Silva, também de peixe para as pequenas embarnome de Itapoá: Barra do Saí e, o rão, um pequeno mercado do pei- natural da comunidade e pescador cações.
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MERCADO DO PEIXE
Rota do peixe fresco todos os dias
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Comprar peixe, camarão e outros frutos do mar fresquinhos é o melhor pedido no litoral, a melhor notícia é que se pode fazer isso todos os dias, o ano inteiro, pertinho de você. É assim que funcionam os mercados do peixe em Itapoá e Guaratuba: diariamente as bancas abrem com opções para todos os gostos e bolsos, não importa a estação. Os mercados, já tradicionais e pontos de compra para moradores e turistas, reúnem muito mais do que variedade de peixes: grandes histórias batem o ponto diariamente. Pescadores, mulheres de pescadores, filhos de pescadores ou simplesmente comerciantes, não importa, boas histórias são garantidas.
Adriana Santana, esposa de pescador e funcionária da pesca.
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Mercado do Peixe de Itapoá
a beira de um ponto turístico é que se encontra o mercado do peixe em Itapoá: ao final da beira mar que abrange as três pedras, ou melhor,
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mais especificamente em frente à segunda pedra é que o comércio de peixes acontece há quase duas décadas. Conforme Adriana Santana, esposa de pescador e funcionária da pesca há anos, o mercado foi construído em 1996 pelos próprios
pescadores. “Eles precisavam de um ponto de comércio com infraestrutura e então fizeram um mutirão para construí-lo”, fala. Adriana conta com sua própria banca (espaço) no mercado: vende o camarão do marido e compra peixes de outros pescadores locais. Segundo ela, o que mais vende são o camarão sete barbas e filé de peixes. Como outras bancas, ela abre diariamente o ano inteiro, mas confessa que o movimento maior é apenas nos finais de semana de tempo bom e temporada. Apesar de cansativo e nem sempre tão rentável, esta é sua grande paixão. Adriana é formada em pedagogia e já lecionou durante um período, mas deixou as salas de aula para voltar para a pesca, onde, segundo ela, é possível ser mais livre e conviver diretamente com diferentes pessoas.
Trabalho de irmãs
A pesca também foi a opção de trabalho das irmãs Ana Maria
As irmãs Ana Maria Reinert e Eliane Terezinha Reinert. Reinert e Eliane Terezinha Reinert. Para Ana a oportunidade surgiu quando casou com um pescador, antes mesmo de surgir este mercado. “Antes vendíamos em barraquinhas de lona na praia”, lembra. Desde que o mercado foi construído ela vende o fruto do trabalho do marido diariamente. Ana já saiu algumas vezes para pescar, mas prefere mesmo é limpar e vender o pescado: “Nunca consegui mudar de área, me acostumei e gosto muito do meu trabalho”, afirma. Com a mesma vista para o mar e com a brisa das ondas a irmã Eliane trabalha. Na banca ao lado, faz 12 anos que está no mercado. Há cinco anos a família perdeu a embarcação que afundou e tiveram que recomeçar do zero. “Uma embarcação nova é muito cara, então tivemos que dar outro jeito”, fala. Hoje ela trabalha para outra
pessoa, só revende o peixe que recebe. Porém, mesmo com as dificuldades esta é a sua melhor opção: de segunda a segunda marca presença e afirma que cria os cinco filhos com este trabalho.
Só podia ser destino
Para Maria Célia da Silva esta atividade só poderia ser mesmo destino. Natural de Guaratuba, ela nasceu no cesto de peixe, aos oito anos começou a trabalhar com a pesca e hoje já completa 40 anos no ofício. Filha de pescadores ela conta que quando era jovem imaginava outro caminho para sua vida. Em um baile conheceu o esposo, se apaixonou e então foi saber que era pescador. Não teve jeito: sua vida toda foi dedicada à pesca, mesmo não estando em seus planos. Com o casamento, há 30 anos
Maria Célia Silva, Robson Galdino Pereira e Wesley Nunes do Rosário. se mudou para Itapoá e hoje tem algumas bancas no mercado do peixe. Suas mercadorias vêm de diferentes locais, tanto de Santa Catarina como do Paraná, pois, segundo ela, é preciso atender o gosto variado do consumidor. Além de não ser muito fácil trabalhar com a venda de peixes, Maria Célia conta os desafios de ser mulher de pescador. Além de tê-lo visto sofrer um naufrágio em 2007, passava até 30 dias longe dele e seu último filho conheceu o pai apenas 14 dias depois. “Ele estava em alto mar e não conseguiu voltar antes para conhecê-lo”, conta. Apesar disso, é feliz e grata ao que o destino lhe reservou: “não sei fazer outra coisa”.
Opção também para jovens
E quem acha que jovens não
se interessam por esta opção de trabalho está enganado. Robson Galdino Pereira e Wesley Nunes do Rosário, ambos com 18 anos, também marcam presença no mercado do peixe. Robson é filho de pescador e há cinco anos está no mercado ajudando nas despesas da família, apesar de puxado, gosta bastante do trabalho. É este contato com animais marinhos e natureza que o motiva a prestar vestibular para biologia e, quem sabe, um dia colaborar para a pesca com seus estudos. Já Wesley é pescador, aprendeu o ofício com pai, e há um mês está no mercado em Itapoá. Apesar de gostar do ofício, pretende fazer faculdade para seguir outros rumos no futuro: “A pesca já está muito diferente do que anos atrás, está bem fraca, por isso quero buscar outra área”, afirma.
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MERCADO DO PEIXE
Mercado Municipal de Guaratuba
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Reginaldo Levi Correa. o Balneário Piçarras, foi pescador, mas há dois anos trapróximo à Rodoviária, balha no mercado. Como já atuava está o mercado do em comércio antes, optou trabapeixe municipal de lhar com a família e conhecer um Guaratuba. Com uma pouco mais de peixes. Segundo estrutura diferente do que Itapoá, ele, este mercado é referência no muito maior e com espaços sepa- sul do Brasil, marcado principalrados para cada peixaria, este mer- mente pela mercadoria ser sempre cado também reúne diferentes his- fresca. O comerciante conta que tórias, pescadores e comerciantes. no verão o movimento é tão grande O espaço também abre diariamen- que até chega a faltar mercadoria, te, mas é no verão que tem maior mas durante o ano explora outros movimentação, principalmente de comércios. Como outras peixarias, além da venda neste mercado, ele turistas. Reginaldo Levi Correa nunca participa de feiras três vezes por
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Casal Andrea Maria Simão Tavares e Alcides Timóteo Tavares. semana em Curitiba. Com um caminhão todo equipado e refrigerado, sobe a serra na quarta, sexta e sábado para vender o pescado de Guaratuba em feiras da capital paranaense.
Casal trabalhando juntos
O casal Andrea Maria Simão Tavares e Alcides Timóteo Tavares também toca a peixaria da família, ou melhor, da mãe de Alcides. Andrea conta que começou como funcionária e há um ano é responsável pelo comércio. Com Alcides
pescando, eles vendem o fruto do próprio trabalho e revendem de outros pescadores também para garantir a variedade. Porém, para eles, mesmo há 20 anos com a pesca, está não é a melhor opção. Ficar longe de casa por muitos dias e correr riscos tornaram o ofício uma obrigação e sustento, não prazer. De qualquer forma, afirmam que o comércio no verão é bom, principalmente na temporada. Andrea afirma que vendem de tudo, mas o camarão não deixa de ser o preferido.
do, todas em amigos e família: “assim não há como não nos divertirmos”, afirma. Com o pai, mãe a avô pescadores, Rauliane cresceu nesta área e hoje vende com prazer o que o esposo e irmão pescam. Suelen da Silva Lemes, apesar de não vir de família de pescadores, também tomou gosto pela profissão. Há oito anos se casou com pescador e há quatro trabalha no mercado. “Já trabalhei em diversas coisas, mas o que mais gostei foi aqui”, afirma. Para ela, a amizade com as companheiras de trabalho, o contato com o público e a quali-
Laura Garcia Velozo, Rauliane Leão e Suelen da Silva Lemes. mercado é conhecido pelo peixe Além do mercado municipal, fresco: só vende o que o pescador Guaratuba também conta com ou- da comunidade pesca. “Se eles tro bom ponto de venda na beira chegam sem nada, não temos o mar da praia central, próximo ao que vender”, conta. Há 28 anos Morro do Cristo. Do outro lado da nesta área, Laura confessa que rua onde as canoas descarregam esta é uma profissão triste, prine são estacionadas, as mulheres cipalmente quando o tempo não são encarregadas de limpar, cortar colabora e chegam as épocas de o peixe e atender com simpatia a chuva e vento. Porém, o dia a dia clientela. Este mercado foi constru- do trabalho é divertido. Quem garante isso é Rauliane ído em 1982 e também abre diado Rosário Leão, que não esconde riamente. Conforme Laura Garcia Velozo, o sorriso no rosto. Conforme ela, a mais experiente do local, este ao total são 15 bancas no merca-
dade do peixe são os pontos fortes desse ofício. E essa qualidade atrai clientela de todos os lugares, até de outros estados. José A. Carneiro Alexandre e Marlise Voltolini são de São Paulo e frequentam Guaratuba há 30 anos. Eles visitam a cidade pelo menos 20 vezes por ano e afirmam que este mercado é parada obrigatória: “não tem como vir para cá e não comprar um peixe neste mercado”. O peixe fresco e o bom preço são o chamariz e fazem com que o casal leve o pescado até a cidade natal.
Mercado na beira da praia
José A. Carneiro Alexandre e Marlise Voltolini são de São Paulo e frequentam Guaratuba há 30 anos. A dica é fazer compras no período da manhã, quando os peixes chegam e há mais opções. Porém, quando o movimento é grande, principalmente durante a alta temporada, os mercados geralmente são abastecidos mais de uma vez por dia.
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PESCA EM ALTO MAR
Quando o sustento vem do alto mar
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iferente de Itapoá, Guaratuba também é marcada pela pesca industrial, onde o barco se torna lar e o oceano o quintal por semanas para
alguns homens. Com barcos maiores, a produção é mais significativa e o percurso aumenta: geralmente a rota abrange o Rio Grande do Sul até São Paulo. Este é o caso de Dionel Tiago de Araújo Vicente, há 15 anos na pesca. Para ele, são pelo menos
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15 dias em alto mar, onde o foco é o camarão. “Cumprimos toda a legislação e o período de defeso, que hoje são três meses”, afirma. Conforme o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o período de defeso proíbe a pesca do crustá-
ceo para garantir os estoques dos camarões das espécies rosa, sete-barbas, barba-russa, branco e vermelho. O período é de 1º de março a 31 de maio. Assim, fora os três meses, Dionel sempre marca presença no mar. A venda da mercadoria às
bastante, mas se eles se interessarem, estarei disposto a auxiliar”, fala. Além dele, Dionel acredita que são cerca de 1.500 pescadores em toda a cidade, que se dividem em três classes: pescadores da Baía de Guaratuba, pescadores da costa e pescadores de alto mar.
Grande comércio pesqueiro
O comércio de peixes e camarão é muito maior do que podemos imaginar. Um exemplo é uma das indústrias pesqueiras de Guaratuba, que só trabalha com camarão: têm os barcos, os pescadores, limpeza dos crustáceos, armazena-
mento, fábrica de gelo e até embalagem. No mesmo lugar em que os barcos chegam e descarregam o camarão, eles saem prontos para o mercado. Conforme Cristiano Lara, neto de um empreendedor da pesca e armador (dono de barcos que contratam pescadores para fora), um barco só pode chegar a descarregar até 20 toneladas de camarão. No mês, quando a produção está fraca, o mínimo são 30 ou 40 toneladas. Todo esse camarão é encaminhado para empresas de pescado e restaurantes, terminando de uma forma ou outra em nossas mesas.
Dionel Tiago de Araújo Vicente, há 15 anos na pesca. vezes acontece na própria cidade em que está, afinal, “pela distância que percorre acaba valendo mais a pena vender diretamente para o comércio de lá”. Caso contrário, a venda é realizada para indústrias pesqueiras de Guaratuba mesmo, que não são poucas.
No seu caso a atividade veio de berço, aprendeu o ofício com o pai que era pescador. Hoje, com seus filhos, incentiva a outras atividades, pois não acredita na garantia da atividade para o futuro. “A gente não sabe o que vai acontecer e a quantidade de peixes já diminuiu
Indústria pesqueira de Guaratuba, local aonde é feita a limpeza dos crustáceos.
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PESCA EMBARCADA
Pescador por diversão
Djalma Vieira
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ara quem prefere pescar em alto mar, mas não tem embarcação, não há problemas. Diferentes lojas especializas em pesca, pescadores ou simplesmente amantes do mar sempre estão dispostos a garantir a alegria da turma e levar nos melhores pontos para a pescaria. Os valores e horários geralmente variam de acordo com o percurso, mas vale a pena conferir. Além de um dia diferente e com peixes, passeios assim sempre rendem grandes histórias. Histórias é o que não faltam para Djalma Vieira, por exemplo. Desde 1990 em Itapoá, ele adotou a nova cidade pelo amor à pesca e
ao mar. Antigo proprietário de um restaurante no balneário Pontal, desde que está na cidade se dedica à pesca do turismo, levando turmas para pescar. No seu barco há espaço para oito pessoas e fica até oito horas no mar, dependendo da disposição do grupo. O trajeto vai até a Ilha da Paz, sempre em alto mar, e não deixa de passar pelos pontos com mais peixe: Boca da Barra, Sumidoro, Ilha da Paz e Ilha do Prático. Para ele isso não é trabalho, mas sim diversão. A pesca não veio de berço e muito menos de herança de família, seu pai não gostava de pescar, mas desde pequeno ele se realiza na atividade. Com tantos anos de passeio, boas histórias de pescador não faltam. “Um dia estávamos na boca
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da Barra e vimos uma baleia com o rabo para fora da água. Ela estava a 100 m de distância e percebi que estava apontada para a gente”, lembra Djalma. Ele conta que pediu para todos os tripulantes tirarem as varas da água e, antes mesmo que todos já estivessem se organizado, saiu do local. Foi a hora certa: “bem na hora ela levantou poucos metros da gente, podia ter nos matado”. O caso foi isolado e sua experiência e intuição garantiram o final feliz da história, mas ele conta que aquelas pessoas nunca mais quiseram pescar na região. Outra boa história foi quando descobriu um local com muito peixe e, enquanto pescava, ouvia um barulho muito estranho, mas não havia nada nas redondezas.
Ele e um companheiro de pesca procuraram navio para todos os lados e até colocaram o remo na água para ver se era submarino (quando você coloca um lado do remo na água e o outro no ouvido consegue identificar melhor os barulhos do fundo do mar), mas não encontraram nada. A surpresa foi quando olharam para cima: “estávamos bem embaixo daquele ciclone que passou em Itapoá há mais ou menos dez anos”. Só deu tempo de sair correndo, sem remo e sem peixe. Histórias como essas até assustam, mas não se preocupe, são isoladas. Djalma afirma que os passeios sempre são tranquilos e divertidos: pelo menos conhecerá algumas histórias de pescador.
VIDA DE PESCADOR
Cuidado nunca é demais Como passatempo ou mesmo trabalho, a pesca pode sim ser uma boa opção para diminuir a ansiedade do dia a dia, mas é preciso alguns cuidados. Aquela velha história de que pescador que é pescador conhece todos os sinais e sentidos do vento e mudança de clima pode ser mesmo verdade, mas nem por isso se pode abusar da sorte. É comum ouvirmos histórias de embarcações viradas e até naufrágios em alto mar, por isso, cautela é a melhor escolha. Gilberto de Souza, mais conhecido como “Babaloo” Augusta Gern
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O sobrevivente
m Guaratuba uma história quase virou lenda. Pescador há 21 anos, Gilberto de Souza, mais conhecido como “Babaloo”, há cinco anos sofreu um grave acidente em alto mar. Pescador industrial, está acostumado a passar dias longes de casa, mas sempre dentro do barco, não como ocorreu neste episódio.
Gilberto lembra que estava nas proximidades de Torres, no Rio Grande do Sul, seguindo para Guaratuba; o tempo estava feio, o mar agitado e era inverno. “Eu estava fazendo o quarto de leme (ou seja, pilotando a embarcação) e fui fechar a porta da cozinha, aí fui jogado para fora do barco”, conta. Neste momento estava a três milhas do continente e ficou no mar, o barco seguiu e os companheiros só sentiram sua falta cerca de meia hora depois. Quando caiu no mar eram 12h e, apenas de cami-
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seta, chegou à praia por volta das 18h. Conforme o pescador, seus companheiros pediram socorro pelo rádio, mas não o encontraram pelas correntes marinhas. Durante este tempo ele nadava para a praia sem vê-la, apenas seguindo o vento. “Vi que o vento era nordeste e fui direcionado por ele, sabia que iria acabar em terra”, lembra. Apesar do grande frio, sua sorte foi ficar calmo e nadar para tentar aquecer o corpo. “Ninguém nada
naquela região, porque é muito frio. Então quando me viram no mar me chamaram de louco”, conta. Quando chegou à praia, lembra que se enrolou na areia para tentar se esquentar, até que uma pessoa o prestou socorro. O susto foi grande e a história ainda chama a atenção de muitos pescadores de Guaratuba, afinal, ele poderia ter morrido. Porém, isso não interferiu seu gosto pela pesca e em nenhum momento pensou em abandonar a atividade.
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O salvador
m Itapoá a história é diferente: Arilton Batista pode ser chamado de um salva-vidas de pescadores. Com a família na pesca, ele se criou nesta atividade e já fez parte de grandes histórias e, geralmente, no papel de herói. Em novembro de 2010 ele e o irmão foram buscar a rede em alto mar e escutaram pessoas chamar, mas procuravam e não viam nada. Como os gritos não paravam, foram atrás e encontraram três senhores que estavam há 24 horas à deriva, cerca de 18 km da costa. “Eles estavam com coletes e presos entre si, para ficarem juntos”, lembra. No mesmo momento houve o socorro. Quando os encontraram eram cerca de 6h30, às 7h chegaram à praia e ligaram ao Corpo de Bombeiros. Conforme Arilton, em pouco tempo o fato reuniu várias pessoas e eles acabaram seguindo a rotina, deixando que os bombeiros cuidassem dos senhores. O acontecido chegou a ser notícia regional, mas demorou um pouco para os sobreviventes os encontrarem novamente. “Eles até vieram atrás da gente, mas quase ninguém sabia que fomos nós que os salvamos”, conta. Porém, quando o reencontro aconteceu foi pura emoção: “eles são de São Francisco do
Arilton Batista, se criou na pesca. Sul e todos os anos nos visitam nesta data e festejamos o novo aniversário deles, com direito a churrasco e até bolo”. Na segunda grande história ele estava sozinho. No ano passado, ao chegar à praia e não encontrar a embarcação do pai e irmão achou algo estranho. “Eles já deveriam estar na praia e fiquei preocupado, então resolvi ir atrás”, lembra. Como um sexto sentido, ele entrou novamente no mar e encontrou apenas a embarcação, os dois não estavam lá. “Fiquei desesperado e não sabia se voltava para a praia ou se ia atrás dele”. Resolveu procura-los e seguindo o sentido contrário do vento, com as duas embarcações, os encontrou à deriva. “Eles saíram do barco para
amarrar melhor um peixe de 100 kg que estava na rede e quando viram a embarcação estava longe”, conta. Hoje ele lembra com ar de brincadeira o descuido dos familiares, mas respira aliviado ao lembrar que salvou a vida dos dois: “Seria o fim da profissão perder o meu pai e meu irmão juntos”. Sem querer tornou-se herói e sem dúvida tem grandes histórias para contar para as futuras gerações. Porém, a principal delas é saber respeitar o mar e conhecer as mudanças do tempo: é preciso ter cautela. Como a cereja do bolo, para finalizar sua história de salvamentos: Arilton também já trabalhou como guarda-vidas durante a temporada de 2008, quando houve o acidente da Norsul.
Cuidados básicos
Pescador profissional ou amador, não importa: cuidado nunca é demais. Confira algumas dicas para tornar a sua pesca mais proveitosa e não levar no cesto de peixes a história de um acidente. •Fique atento às mudanças do clima e do vento; •Em caso de pesca noturna, certifique-se que há iluminação suficiente; •Verifique se os lançamentos e a pesca não afetam pessoas e objetos próximos; •Não use calçado escorregadio; •Evite usar vestuário que tenham possibilidade de se prender; •Prefira roupas leves, pois caso por acidente caia na água, não interfira com a necessidade de nadar; •Use protetor solar, chapéu e óculos de sol; •Nunca pesque durante trovoadas; •Verifique se a ondulação não o põe em risco; •Cuidado na hora de lançar ou recuperar o anzol por cortes nos dedos ou em outras pessoas; •Em dias de sol beba bastante líquido Dicas retiradas do site www.pesca-pt.com
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PESCARIA PARA INICIANTES
Sem desculpas para não pescar Augusta Gern
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ara quem não é pescador profissional, motivos não faltam para começar a pescar. Itapoá e Guaratuba oferecem cenários perfeitos para a pesca na praia e passeios de barco para quem prefere a embarcada. Junto com a vontade são necessárias pouquíssimas coisas: alguns equipamentos e a famosa paciência para aguardar o peixe. Conforme Mariza Korelo e Oswaldo Antunes Rodrigues Filho, proprietários da Loja Trapiche, a compra dos materiais ideais pode garantir o sucesso da pescaria. Confira então algumas dicas para ter ainda mais sorte, principalmente se for aquela de principiante.
sição: •Uma vara de pescar acima de 3,5 m •Camarão artificial para isca •Chicotinho para isca natural (caso prefira isca viva) •Molinete ou carretilha (os dois tem a mesma função de soltar e recolher a linha, mas o molinete é mais indicado para principiantes, pois solta a linha mais devagar) •Suporte para fincar a vara na areia •Bomba para pegar corrupto na praia (caso prefira isca viva)
Para pescar na praia
Para pescar na beira da praia, curtindo um dia em família, alguns itens são necessários além do chapéu, do protetor solar e da dispo-
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Ítens necessários para pescaria na praia.
Mariza Korelo e Oswaldo Antunes Rodrigues Filho, proprietários da Loja Trapiche,
Para pesca de sardinha
Para pescar peixe espada no Pontal à noite
O trapiche do Pontal e o píer do Porto, em Itapoá, são famosos pela pesca noturna de peixe espada. Confira os equipamentos essenciais para não deixar o balde vazio: •Vara mais resistente •Molinete ou carretilha •Boia luminosa •Isca luminosa que atrai peixes pequenos como sardinha e, em seguida, leva o peixe espada até o anzol •A sardinha é a isca mais indicada neste caso
Virou uma febre entre os aposentados a pesca de sardinha, principalmente no trapiche e no píer de observação do Porto no Pontal. A briga é grande para garantir o maior número de peixes, que geralmente não deixa a desejar. •Vara menor •Isca menor, pode ser artificial •A sardinha é muito atraída pelo brilho da isca artificial
Outras dicas:
•Para todos os tipos de peixe há isca artificial, mas a natural sempre é melhor; •Para tirar o corrupto da praia é essencial que a maré esteja baixa; •Antes de pescar consulte a tábua de marés: o melhor momento é em viradas de marés e nas luas minguante e crescente.
PESCA ESPORTIVA
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Gincanas de pesca movimentam Itapoá
Augusta Gern lém de artesanal e turística, a pesca em Itapoá também é esportiva. Diferentes gincanas de pesca de arremesso e embarcadas movimentam o calendário no município, incentivando a vinda de turistas de diferentes regiões. Muitas das gincanas até são organizadas por pessoas de fora, mas há amantes locais que criaram eventos tradicionais. Há 21 anos o mês de março conta com a Gincana de Pesca Embarcada de Itapoá. Realizada por Miguel Carneiro Braz, o evento movimenta em média 30 equipes, que totaliza em mais de 100 participantes, fora os visitantes. O evento começou pelo amor de Miguel à pesca. Como sempre participou de gincanas em outras cidades e em Itapoá não havia eventos locais, apenas gincanas de pesca de arremesso organizadas por visitantes, tomou a iniciativa. Ele conta
que há campeonatos por aí com premiação até o 20º lugar, então resolveu premiar as dez melhores. No primeiro ano o número de equipes foi menor do que a premiação, eram apenas oito competindo. Ele não desistiu e na segunda aumentou para 12, na terceira foram 18 e, na quarta o número dobrou para 36. De lá para cá a média são 30 equipes.
Na gincana qualquer embarcação motorizada pode participar. O evento inicia no sábado, com largada às 14h e retorno às 18h. Os peixes de sábado são doados para o almoço de domingo, sempre realizado por uma entidade sem fins lucrativos. “A cada ano convidamos uma entidade como uma forma de colaborar com a comunidade”, afirma Miguel. No domingo
a gincana inicia às 8h com retorno dos barcos às 12h. O encerramento acontece após o almoço (sempre regado com muito peixe frito) com a premiação. Uma preocupação de Miguel é sempre distribuir vários brindes e se orgulha ao lembrar que há pessoas que não falharam uma única edição, marcam presença todos os anos. A organização sempre foi realizada por ele, com apoio de amigos e das duas filhas. Outra gincana de pesca embarcada é realizada por Mariza Korelo e Oswaldo Rodrigues Filho. Em sua quarta edição, neste ano a Gincana de Pesca Loja do Trapiche será no próximo dia 7 de dezembro. Conforme eles, o evento também surgiu pelo gosto à atividade e proximidade com outros apaixonados. Todos os anos a gincana reúne entre 25 e 30 barcos, a maioria de fora. Da mesma forma como a de Miguel, esta gincana terá um delicioso almoço na ACOPOF no encerramento.
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PESCA SUBMARINA
Entre os mergulhos, o peixe
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utro estilo de pesca praticado em Itapoá é a submarina. São poucos os praticantes, mas esta é uma pesca muito mais seletiva, afinal os peixes são escolhidos a olho. Com mergulhos livres, ou seja, em apneia, são alguns segundos para capturar o peixe com arpão. Um dos poucos praticantes da atividade como hobby no município é Miguel Carneiro Braz. Conforme ele, para esta atividade não tem idade, sexo ou preparo físico: “é mais o estado psicológico, ter controle da sua mente para fazer um mergulho tranquilo”. Ele explica que, como o mergulho é em apneia, mantido apenas com o próprio pulmão, com o tempo e prática é que vai se descobrindo os limites do seu corpo. Na região de Itapoá o melhor lugar para Miguel é a Ilha da Graça, onde a água é mais clara. No verão passado ele pegou uma garoupa de 23 kg, mas já pescou maiores. Há anos atrás, quando a caça do
Miguel Carneiro Braz e Rodrigo Bordenowsky praticantes de pesca submarina. Mero ainda era liberada (hoje está proibida), ele chegou a pegar um de 117 kg. “Hoje eles passam e eu só fico admirando, agora os meros nos fazem companhia nos mergulhos”, brinca. Os peixes mais comuns na região para caça sub-
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marina são a garoupa, o paru, sororoca e budião. Rodrigo Bordenowsky, de Itapoá, também praticava pesca submarina, mas parou há cinco anos pela falta de companhia. Aos oito anos ele conheceu a pesca e
aos 13 já partiu para o mergulho. Segundo ele esta é uma pesca mais seletiva, mas exige preparo físico e água limpa. “Nesta pesca vamos atrás dos peixes grandes”, afirma. Rodrigo já praticou pesca submarina em diferentes regiões do país, desde o sul à Amazônia, mas sempre em ilhas de mar aberto. Na região de Itapoá os locais mais indicados são a Ilha da Figueira e Ilha do Itacolomi, no Paraná, e na Ilha da Paz, em Santa Catarina. Esta atividade de pesca amadora no Brasil é regulamentada pelo Ministério do Esporte e do Turismo e Ministério do Meio Ambiente e, desde 1997 está inserida no Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora. Atualmente menos de 1% da retirada de peixes no mundo é realizada por esse tipo de esporte.
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Guaratuba Woman’s Club promove evento do câncer de mama
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G u a ratuba Woman’s Club foi fundado em 23 de outubro de 1990 e conta hoje com 30 sócias, tendo como Presidente a senhora Maria Laura Pires Rosa. Nasceu em razão das necessidades de se fundar em Guaratuba um clube de serviços, norteado em todos os campos da benemerência, da cultura, do civismo, do social, do lazer. É um dos 22 clubes do Brasil afiliados à Confederação dos Women’s Clubs do Brasil cuja Presidente é a Senhora Orchidéia Corciolli, com sede oficial em São Paulo. Executamos durante estes 24 anos de atividades, inúmeras tarefas podendo-se destacar algumas como ajuda aos flagelados das enchentes, creches e escolas municipais, campanhas de óculos,
entrega de cestas básicas à famílias carentes, realização da festa da Páscoa e do Natal na periferia da cidade, reforma da antiga Santa Casa de Misericórdia de Guaratuba, doações de enxovais para recém nascidos, entrega de cobertores, atividade em festas do Divino, realização e organização dos Bailes de Debutantes e outras tantas atividades que o clube executa. Em data de 13 de novembro de 2014 realizamos no Auditório da Faculdade ISEPE o evento feminino
em prol da campanha do mês Outubro Rosa. Compareceram a convite do clube para ministrar palestras alusivas ao tema a Médica Ginecologista Drª Sibele Colaço Vaz, Drª Carolina Marcela Solak Rosa que presenteou Guaratuba com a instalação de um Centro de Mamografia estando acompanhada da Técnica em Radiologia Vera Dornelis Malaquias. O Secretário Municipal de Saúde Dr. Alex Elias Antum este-
ve representado pela senhora Cristiane Chaves. A Enfermeira Esther Bravo de Miranda explanou a respeito do procedimento para detectar a doença. Contamos ainda com a presença da Presidente do Instituto Humanista de Desenvolvimento Social – HUMSOL de Curitiba Tânia Mary Gomez, que realizou uma Palestra Show. Também na ocasião o clube homenageou Ana Hermínia Árcega, Aparecida Brito Camara, Carmem Laichenier, Drª Carolina Marcela Solak Rosa e Drª Elcely Franklin, todas vencedoras do Câncer de Mama. Foi um evento magnífico que contou ainda com a presença da linda Miss Mulher Paraná 2014 Anna Claudia Aimone ,Violinista Luiz Soluchinski para a abertura oficial do evento e o Coral Seresteiros do Mar para o encerramento. Registramos nossos agradecimentos a todos e em especial aos patrocinadores que ofereceram brindes para sorteios. O clube encerra suas atividades em dezembro de 2014 e reinicia em março de 2015.
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MÚSICO - ITAPOÁ
De porta aberta para a música Augusta Gern
ninguém tinha carro. Resolvemos carregar todas as coisas na mão e durante todo o percurso não conseguimos nenhuma carona, foi difícil mas conseguimos chegar a tempo”, conta. Durante uns três ou quatro anos
Dando continuidade a série de músicos, nesta edição conhecemos um pouco mais da história artística com as letras e ritmos de Americo Dotti Netto, mais conhecido como Meco.
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sso não é novidade, mas para muitos ver Meco nos palcos é uma surpresa. Conhecido por abrir fechaduras em seu trabalho como chaveiro, a música é uma porta que já foi aberta há muito tempo em sua vida. Natural de Curitiba, ele conta que desde criança gosta de instrumentos musicais e sempre teve muita curiosidade em aprender a tocar violão. Porém, foi quando chegou a Itapoá, há 22 anos, que aprendeu com um amigo chamado Irajá. O gosto pela arte musical então deixou de ser apenas admiração, passou para hobby e também como profissão. “A música veio antes até da profissão de chaveiro”, conta. Segundo ele, começou com o trabalho em 2000, quando começou a trabalhar com seu so-
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gro, mas a música já embalava sua rotina. Em diferentes ritmos, principalmente rock, mpb e reggae, Meco começou a tocar em várias casas noturnas de Itapoá. O momento mais marcante no palco foi a abertura de um show da banda Djamb, no balneário Barra do Saí. Porém, ter que fazer uma apresentação e com pressa carregar todos os instrumentos no braço também marcam sua história com a música. “Lembro quando fui fazer um show com o Garam, Claudião e Jorge e
Meco ficou longe dos palcos, mas hoje voltou com a corda toda. “Atualmente toco em uma banda de rock chamada Os Sobreviventes, formada com meus amigos Garam, Erdner e Rodrigo”. Além disso, também toca com sua família: o filho Gabriel na bateria, o filho Brennon na guitarra e a esposa Fabiane. Neste verão promete algumas apresentações com a banda Os Sobreviventes, só que mais coisas devem surgir: Meco tem algumas músicas próprias e em breve pretende gravar uma demo.
Caminho do Peabiru
Ligação Terrestre da Babitonga com Paraguai (parte I)
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o ler o bem fundamentado livro do Professor Raul Olavo Quandt onde mostra evidências fortes de que um dos ramais do Caminho do Peabiru começava em terra firme, do lado Norte da Babitonga, ou seja do lado onde se encontra o Porto de Itapoá, de pronto sentimos confirmados os muitos relatos que ouvimos nos anos setenta de Tereza Rosa do Nascimento, filha de escravos e moradora do Pontal, a qual do alto dos seus 100 anos de idade com muita lucidez, falava-nos sobre o Peabiru. Nessa obra, baseada em documentos históricos oficiais o professor desfaz o equívoco de que o Caminho do Peabiru tivesse início em outro local. Levanta inclusive a hipótese de seu marco zero ser no Bairro Pontal do Norte, em Itapoá, pesando a favor o fato de estar na entrada da baía e apresentar facilidades de ancoragem próxima da margem em razão da profundidade. No Brasil o Peabiru era construído por vários ramais. Num deles, considerando o Bairro itapoaense do Pontal como marco zero, o trecho que
corta os municípios de Itapoá e Garuva em Santa Catarina e Tijucas do Sul no Paraná é também conhecido como Caminho de Ambrósios, Caminho de Três Barras, Caminho de Monte Crista e Caminho dos Jesuítas. Considerando a interligação com outros caminhos sua extensão beirava os cinco mil quilômetros e era a ‘’grande avenida’’ de oito palmos de largura que cortava a América de Leste a Oeste, do Oceano Pacífico ao Atlântico, permitindo o acesso a Assunción no Paraguai e na sequência Macchu Picchu no Peru. Era também a trilha mais curta entre o litoral do Atlântico e Assunción. Para vencer a Serra do Mar em Garuva e atingir o Planalto foram constrúidas aproximadamente 12.000 metros de escadarias com degraus baixos e as necessárias curvas para suavizar o efeito erosivo das enxurradas e também fazer com que a rampa média para o desnível calculadao em 1200 metros girasse em torno de 10%, Dessa forma, bois, cavalos e especialmente mulas carregadas percorriam facilmente a distância em apenas um dia. As curvas executadas na serra para amenizar a subida, era também o recurso usado para aproveitar as facilidades da topografia do terreno e desviar as áreas úmidas, uma vez que à época não existia a máquina para obras melhor elaboradas. No passado, não tão distante, costumavam dizer que as mulas se prestavam a achar os melhores caminhos. As escadarias na Serra do Mar em Garuva - encostas do Monte Crista - e trechos no planalto em direção a Tijucas do Sul foram revestidas com pedras regulares, encontrando-se preservadas. Constituem um convite aos praticantes de caminhadas pelo físico da História. Naqueles pontos onde a neblina costumava baixar repentinamente dificultando a visualização, o caminho era margeado dos dois lados, por uma grama preta alta com cerca de quarenta centímetros de altura. Assim era possível prosseguir a caminhada sem o risco de perder-se,
mesmo que estivesse chovendo ou nevando. Em que pese receber alguns nomes regionais como Caminho de Ambrósios ou Monte Crista, a denominação principal no Brasil é Peabiru. No Paraguai, Tape-aviru. Para os jesuítas do Guaíra Caminho de São Tomé, pois acreditavam que o Santo teria por ele passado em sua missão evangelizadora. O Caminho do Peabiru foi descoberto pelo ibero-catarinense Aleixo Garcia em 1521. Garcia soube do caminho porque teve o roteiro revelado pelos índios que o conduziram até os contrafortes dos Andes peruanos. Só tomou conhecimento porque os índios da nação guarani da qual fazia parte a tribo dos carijós eram amigos dos espanhóis, e inimigos ferrenhos dos portugueses que os escravizavam. Aleixo Garcia desempenhou um papel semelhante ao de Pedro Alvares Cabral, como o ‘’descobridor do Paraguai’’. Foi o primeiro europeu a atingir aquelas paragens. Na lista dos pioneiros mais importantes a transitar pelo caminho, destacamos também o primeiro governador do Paraguai Dom Álvaro Nunes Cabeza de Vaca que em 2 de novembro de 1541 partiu da Baía da Babitonga, chamada por Dom Alvar de Ytabuan, e na data de 11 de março de 1542, após 130 dias de caminhada, chegou à cidade de Assuncion, as margens do Rio Paraguai. A época o Caminho do Peabiru, no trecho conhecido como Caminho de Ambrósios ou Estrada Três Barras recebia um trânsito tão intenso e constante de pessoas realizando o transporte de erva-mate no lombo de mulas, que levou as autoridades a estabelecer um posto de fiscalização. Nota. No próximo número da Giro Pop! abordaremos as provas que dão sustentação sobre o local que tem início o Caminho do Peabiru. O livro ‘’Memórias Históricas de Itapoá e Garuva’’ encontra-se a venda na Livraria Oceano, Bairro Itapema.
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LÁ VEM A TEMPORADA
Hora de se preparar para garantir água Augusta Gern
Esta na hora de se preparar! Com a temporada de verão chegando algumas atitudes podem evitar ou ao menos minimizar problemas sérios como a falta de água.
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unto com a chegada dos milhares de turistas, muitos municípios litorâneos recebem a triste notícia de falta de água: na alta temporada a população aumenta consideravelmente e os sistemas de captação, tratamento e distribuição de água não conseguem atender a todos. A cada ano o problema parece aumentar: há regiões no país em que isso já se tornou comum, não importa a estação. Assim a regra é clara: é preciso economizar, usar com consciência. Pequenas atitudes podem fazer a diferença, porém, como uma andorinha só não faz verão, esta regra não deve ter exceção: todos devem fazer a sua parte! Em Itapoá a concessionária responsável pelo abastecimento de água, Itapoá Saneamento, afirma que neste ano pode sim faltar água novamente, “uma vez que o atual sistema não consegue atender a grande demanda na temporada”. Este problema só será solucionado com a construção de
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um novo sistema de abastecimento, que ainda não foi iniciado pela demora da emissão da licença ambiental exigida. Conforme a concessionária, novas adutoras já estão sendo implantadas desde junho na cidade e, com mais de 25 mil metros inseridos, já ultrapassaram o previsto para 2014/2015. Porém, a construção da nova Estação de Tratamento de Água ainda não tem data para começar, afinal, nada pode ser feito sem a licença. Assim que ela for emitida, a concessionária afirma que a previsão de duração da obra é de oito meses. O jeito é se preparar, principalmente evitando o desperdício. “De acordo com nossos dados de projeto, para atender a demanda da cidade na alta temporada é necessário que aproximadamente 285 mil m³/mês de água cheguem às torneiras de Itapoá”, afirma a Itapoá Saneamento. O problema é que a capacidade máxima do sistema atual gera apenas cerca de 160 mil m³/mês. Assim, as regiões mais afetadas não mudam: são as localizadas mais distantes da estação de tratamento e da praia. Conforme a concessionária, isso se dá pelo alto consumo na região central e o mau dimensionamento das redes de abastecimento existentes. Como nos anos anteriores, caminhões pipa atuarão em Itapoá entre os meses de dezembro
a janeiro, abastecendo as regiões mais críticas: “o abastecimento via caminhão pipa seguirá uma escala e tem prioridade no atendimento os postos de saúde, órgãos públicos, casas de apoio, creches, escolas e entidades sociais”. Uma forma de se preparar para o verão é providenciar uma caixa d’e água (caso sua casa ainda não possua) ou cisternas, estas são as melhores formas de reservar a água em casa. Também, para quem tem piscina, é importante enche-la antes da alta temporada e mantê-la sempre limpa, para a água não precise ser trocada. Outra dica importante ressaltada pela Sanepar, companhia responsável pelo abastecimento de água em Guaratuba, é limpar a caixa de água. Essa dica é principalmente para veranistas que dei-
xam a água parada durante meses na caixa, mas deve ser seguida por todos, afinal, é questão de saúde. Conforme a companhia, os imóveis que não possuem caixa de água devem providenciar a instalação conforme determina a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. “O reservatório domiciliar deve ter capacidade para garantir o consumo por, no mínimo, 24 horas. Para dimensionar o tamanho da caixa é necessário considerar o número máximo de pessoas que utilizarão o imóvel, principalmente em épocas de grande procura como o Ano Novo e Carnaval”, explica a Sanepar. Em relação à limpeza, é recomendado que seja realizada antes do Natal, para evitar o período de pico e eventual falta de água. A companhia alerta que as pessoas que forem passar a temporada em imóvel alugado devem exigir a garantia de que a caixa de água foi limpa. Caso a imobiliária ou proprietário não tiver feito, é mais seguro providenciar a limpeza, principalmente para famílias com crianças. “A água que ficou parada durante meses pode causar problemas de saúde, como diarreia, por exemplo”, explica a companhia. Limpar a caixa de água é muito fácil. O passo a passo pode ser conferido tanto no www.sanepar.com.br como no www.itapoasaneamento.com.br.
Atendimento ao público no verão Em Itapoá
•Horário comercial: O atendimento ao público da Itapoá Saneamento funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h, sem fechar para o almoço. •Endereço: Rua Lindóia, 328, no balneário Itapema do Norte – próximo ao Correios. •Telefone comercial: 47 3443-6464 •Emergências e atendimento 24 horas: 0800-643-2750 - atende 24 horas ligações de telefones fixos, sejam eles públicos ou privados. •Plantão de atendimento: Haverá plantão nos finais de semana dos feriados de natal e ano novo. •Site: www.itapoasaneamento.com.br – para realizar serviços online deve-se ter a matrícula em mãos.
Em Guaratuba
•Plantão de atendimento: Durante o período da temporada, a partir do dia 22 de dezembro, o atendimento ao público da SANEPAR será das 8h30 às 17h, sem intervalo para almoço. Nos dias 24 e 31 de dezembro o atendimento será das 8h30 às 13h, já nos dias 25 e 26 de dezembro e 1 e 2 de janeiro, não haverá atendimento ao público. Nos sábados 20 e 27 de dezembro e 3 de janeiro haverá plantão de atendimento das 9h às 13h. •Endereço: Avenida Sete de setembro, nº 19 - Centro •Emergências e atendimento 24 horas: 0800 200 0115 •Site: www.sanepar.com.br
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APAIXONADOS POR ANIMAIS
Cães comunitários: uma opção de carinho Augusta Gern
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ara quem acha que o carinho e cuidados com os animais se limita aos portões de uma casa está muito enganado. A iniciativa de cães comunitários, que já se tornou lei em grandes cidades brasileiras, já faz parte de algumas ruas e comunidades de Itapoá e Guaratuba. Com a “guarda compartilhada” entre vizinhos ou amigos, os cães vivem na rua, mas têm a proteção e cuidados dos tutores que moram na mesma região que o animal. Um bom exemplo acontece em Guaratuba, através da Associação SOS Vira Lata. No município alguns cães são castrados, microchipados, vacinados e recebem o cuidado de alguns tutores. Jussa Martins Branco é uma das tutoras, junto com o esposo cuida dos quatro cães e cinco gatos que moram no Mercado Municipal de Peixe, próximo à sua residência. Conforme ela, os cães comunitários são cuidados por pessoas que se dispõem a atender suas necessidades básicas, embora não possuam um responsável único e definitivo. Os cães do mercado, segundo ela, são atendidos pela associação SOS Vira Lata com va-
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cinas e, principalmente, castração. “Os comerciantes atendem com algum alimento durante o dia e a noite o protetor complementa a dieta com ração e água limpa “, conta. Além disso, os animais também contam com o apoio de clínicas veterinárias que oferecem, quando necessário, um bom banho e tosa gratuitamente. Jussa afirma que o ideal é que não fosse dessa forma, pois os cães continuam correndo risco de atropelamento, envenenamento e outras situações desfavoráveis,
mas é uma opção até a adoção. “Entre estarem confinados em lugares imundos ou presos em correntes curtas, estão bem e têm uma vida decente dentro do que a comunidade pode oferecer”. Conforme ela, há muitos casos de abandono de animais idosos e maus tratos. Dessa forma, eles tentam protege-los. O ideal mesmo é que todos fossem adotados, mas o acúmulo de animais também não é a melhor saída. Jussa não tem poucos cães e gatos em casa, mas todos
contam com um bom espaço, carinho e cuidados. Ela também já cuidou de animais com casinhas em frente ao portão, mas felizmente conseguiu que todos fossem adotados. E m relação à adoção, ela afirma que todos os animais do Mercado estão disponíveis: são castrados, vacinados e com saúde. “Mesmo sendo comunitários estão para adoção, pois todo animal precisa de um lar para viver bem”, complementa. Mas não esqueça: ao adotar você assume uma responsabilidade. Além da posse responsável, Jussa também levanta a bandeira da castração. “Esta é a melhor forma de conter a população canina e felina das ruas”, fala. Seja na sua casa ou de guarda compartilhada, vá atrás da castração, uma atitude responsável para o seu animal e toda a cidade. Uma dica de Jussa para o verão é colocar potes de água limpa em lugares frequentados por cães, afinal, eles também sentem sede!
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A praça de bolso do ciclista
ntre as ruas São Francisco e Presidente Farias, uma das áreas mais antigas de Curitiba, surgiu à pequena praça. Mal preenche a esquina perdida, mas chama a atenção de todos que passam pelo local. É a primeira Praça de Bolso da cidade. Pequena como sugere o nome, reúne os aficionados por bicicletas da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu a Ciclo Iguaçu. Na revista Top View, a jornalista Greyci Casagrande conta que o terreno foi cedido pela Prefeitura Praça de Bolso do Ciclista foi construída a partir de uma Municipal de Curitiba; os materiais parceria entre a Prefeitura de Curitiba e a comunidade e equipamentos utilizados na cons(Foto: Maurilio Cheli/SMCS/ Divulgação) trução pela Secretaria Municipal de flor, polinizando a cidade com uma bicicleta, foi Obras Públicas; as plantas e as flores pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente o incentivo que faltava para impulsionar a realie; a mão de obra, mutirão organizado pelos as- zação do projeto da Praça pelo Ippuc. Para a arquiteta e professora de Urbanismo sociados da Ciclo Iguaçu, cuja sede, na Bicicletaria Cultural, fica em frente. A proposta, trans- da Pontifícia Universidade Católica do Paraná formar o terreno abandonado em uma espécie – PUCPR, Gilda Amaral Cassilha, a população, de sala de estar pública, onde se promovessem de forma organizada, pode intervir em decisões oficinas, shows, feiras, apresentações e eventos em que o interesse coletivo se sobreponha ao individual. Adverte, porém, que os espaços púculturais. A ideia surgiu há dois anos para consolidar blicos são propriedade do municipio devendo o ponto de encontro dos ciclistas que já existia ser cuidados e geridos pelo poder público, como informalmente no local. Incorporada pelo Ins- foi feito entre a Prefeitura Municipal de Curitiba tituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de e a Ciclo Iguaçu. A iniciativa remete ao resgate de uma caCuritiba – Ippuc que deu início as conversações racterística tipicamente curitibana: transformar para a construção da praça. No 3º Forum Mundial da Bicicleta, realizado pontos de encontros em locais de convivência e em fevereiro deste ano em Curitiba, a ativista interação das pessoas. Como exemplo, a Boca e artista plástica Mona Caron, pintou no local Maldita na Avenida Luiz Xavier, ícone da liberdauma grande tulipa amarela. A simbologia da de de expressão; a marquise do antigo Braz Ho-
tel, antigo ponto de encontro de universitários; as calçadas na saída do Colégio Sion; os cafés na Rua XV de Novembro, entre eles o saudoso Alvoradinha; a feirinha do Largo da Ordem; e outros tantos mais. Costume que, com a crescente urbanização, vêm esvaecendo, dando lugar as praças de alimentação, verdadeiros templos de consumo, dos shoppings construídos nas cidades brasileiras, das grandes, às médias e até às pequenas. Equipamentos urbanos como a Praça de Bolso do Ciclista é que fazem de Curitiba uma cidade diferente. Que faz o curitibano apreciar e respeitar o seu lugar, ter orgulho da sua cidade e cultivar desde pequeno o sentimento de pertencimento.A apropriação do espaço publico pelo cidadão faz com que o bem público seja respeitado e contribuí para a construção de cidades menos excludentes, participativas, com sentido de vizinhança e de solidariedade entre os moradores. Exemplos que poderiam ser replicados em tantas outras cidades, especialmente aquelas que carecem de estruturas de lazer e convivência para seus habitantes. Cidades como Itapoá complementando os cenários naturais existentes. Lugares como o point dos surfistas na Terceira Pedra, a pista de skate no Calçadão, e outros que poderiam ser criados em conjunto com a população. Certamente o espaço público seria conservado e protegido. A cidade cuidada, bonita e valorizada. Diz a canção: Se essa rua, se essa rua fosse minha... eu mandava, eu mandava ladrilhar... com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes... para o meu, para o meu amor passar...
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E-session - Agatha e Daniel
3 anos da Juju - Filha de Chirley e Jr. Mendonça.
Acompanhamento - 3º Mês Priscila
Casamento Civil - Mari e Munir.
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Casamento de Jenifer e Paulo em Joinville-SC.
E-session Angélica e Alan.
EMPREENDEDOR ITAPOÁ - TOCA DO PESCADOR
Da Toca para o mar Augusta Gern
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ara quem deseja começar a pescar ou sofisticar seus equipamentos não há destino melhor do que a Toca do Pescador em Itapoá. Idealizada a partir do gosto de seus proprietários pela pesca, oferece tudo que um pescador precisa, desde o principiante ao profissional. O empreendimento nasceu em Curitiba (PR) em 1992, mas quatro anos mais tarde já estava também no município itapoaense. Conforme Rodrigo Bordenowsky, proprietário da loja, a ideia nasceu porque ele e seu pai sempre gostaram muito de pescar e esta “seria uma forma de reunir e atender os amigos”. Depois que seu pai faleceu, a loja é mantida junto com sua mãe Maria do Carmo Bordenowsky apenas em Itapoá. No início eram exclusivamente artigos de pesca, mas com o tempo a loja se diversificou para atender toda a família. “O pescador vem com a família e têm artigos que
Rodrigo Bordenowsky, da Toca do Pescador. agradam os filhos e a esposa, todos saem satisfeitos”, conta Rodrigo. Atualmente também há artesanato, artigos de decoração, de praia e de piscina. Em relação à pesca, os equipamentos mais procurados são os para peixe espada, que podem ser pescados com facilidade na orla
do município, principalmente no balneário Pontal. Também, para principiantes, kits prontos são bem vendidos. “O pescador pode sair daqui direto para a praia”, afirma Rodrigo. E pontos para a prática da atividade não faltam em Itapoá. Conforme o empreendedor a cidade tem
um grande potencial para a pesca, pois conta com diferentes ambientes: para a pesca na Baía, no rio, oceânica e na orla da praia. Assim, o ritmo da atividade não poderia ser diferente, além de reunir pescadores profissionais e amadores do município, garante também a visita de muitos turistas. Segundo Rodrigo, em Itapoá a maior procura pelos artigos vem dos aposentados, mas visitantes paranaenses não ficam muito atrás. “A procura só não é maior pela falta de estrutura de marinhas, pois muitas pessoas daqui vão pescar e passear em Guaratuba, que tem mais de 20 mil embarcações”, fala. Mas independente de marinhas, o mercado é bom. A cada dia os equipamentos vão ficando mais sofisticados e há mais adeptos para a prática. O objetivo do empreendedor é continuar no ramo, afinal, nada melhor para unir o útil ao agradável: Rodrigo pesca desde os oito anos.
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EMPREENDEDOR GUARATUBA
Tudo em um só lugar
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Augusta Gern om o final do ano chegando a lista de compras aumenta: são roupas novas para o verão, presentes de natal e até a lista de material escolar para o próximo ano letivo. A boa notícia é que tudo isso pode ser encontrado em um único lugar, nada de enfrentar movimento e ter que passar em diferentes locais, a loja Karismas tem tudo que você precisa. Há 11 anos em Guaratuba, o empreendimento nasceu para agradar e satisfazer principalmente os moradores. Conforme a proprietária Ivonete Terezinha Smaniotto Santiago, a loja nasceu apenas com confecção feminina, mas cresceu para abranger todos os públicos. Hoje, confecção feminina, masculina e infantil, cama, mesa e banho, artigos para a prática de esportes, brinquedos, uniforme e material escolar fazem parte da variedade das prateleiras.
Ivonete Terezinha Smaniotto Santiago.
Apesar de já ter experiência em comércio, como todo início de empreendimento a loja também passou por algumas dificuldades. Antes da Karismas, Ivonete foi professora, trabalhou em mercado e teve uma loja no ramo de presentes e papelaria. “O comércio em Guaratuba sempre foi mais forte na avenida central, então até atrair os clientes foi um período mais difícil”, conta a proprietária. Porém, isso é passado: a loja conta com um bom número de clientes cativos, principalmente moradores. Há seis anos o empreendimento foi ampliado e hoje conta com um bom espaço de atendimento e trabalho interno. Além da variedade de marcas, também conta com confecção própria. Costureiras trabalham diariamente para suprir a demanda de uniformes de malharia, tanto escolares como de empresas. O projeto para o futuro é aumentar ainda mais a variedade em produtos.
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Aruba... Caribe além do mar
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ruba “ one happy island” como todos a chamam e é o que você vê escrito em muitos lugares nessa paradisíaca ilha. Seja no quesito águas claras, transparentes, o azul- esverdeado do mar, que se acende sob o sol, como se tivessem colocado várias luzes por baixo do mar. Aruba é um pedacinho caribenho repleto de atividades. Realmente, povo feliz mora lá! Desde 1499, quando foi descoberta pelos espanhóis essa terceira ilha das Antilhas Holandesas, sempre foi disputada tanto por ingleses, como por holandeses sendo hoje autônoma. Tudo parece conspirar para um estado de paz permanente e muito lazer e, sem arrependimentos. Mais do que uma boa estrutura hoteleira, excelente e variada comida a fantástica e organizada ilha agrada famílias inteiras com suas praias maravilhosas. Oranjestad, capital de Aruba tem excelente comércio, cujas griffes fazem bem aos olhos. A isenção dos impostos facilita os bolsos de quem não resiste aos perfumes e relojoarias. Em frente ao Crystal Cassino existe uma feira de artesanato chamada Flea Market,onde se
adquire peças feitas à mão por um preço bom, além de muito bom gosto. A herança colonial holandesa que se mistura com a cultura da ilha fica visível não apenas no artesanato, mas também nas construções, casas coloridas, altas e baixas,decoradas com tijolinhos, típicas da Holanda. Areia branca, águas cristalinas e praias repletas de palmeiras fazem com que os amantes do “ snorkeling” e do mergulho sintam-se realizados com o que conseguem ver no fundo mar, ou seja, uma infinidade de peixes coloridos e de vários tamanhos fazem desse mundo submer-
so um paraíso à parte, como também podem admirar um navio a vapor que naufragou em 1891. Para isso o passeio no submarino Atlantis, explora por aproximadamente duas horas essa paisagem submersa, que não pode deixar de ser uma opção de passeio, principalmente, para crianças. Palm Beach é uma das bonitas praias, bastante movimentada ao entardecer. É nessa praia que estão os grandes resorts, que oferecem entretenimento variado e à noitinha dá para passear pelo Boulevard J. E. Irausquin, calçadão com inúmeros quiosques, onde vendem lembranças para todos os gostos, além de restaurantes étnicos no meio à hegemonia das redes americanas, que satisfazem principalmente jovens e crianças. Já deu para perceber que a ilha é animada! Entre Oranjestad e Palm Beach se encontra a Eagle Beach, conhecida também pelas inúmeras árvores retorcidas pelo vento chamadas “ divi divi”. Em Aruba não deixe de visitar a ponte Natural Baby, que infelizmente foi derrubada pela própria natureza, mas as incríveis formações rochosas de Casibari ainda podem ser vistas entre outras pontes naturais , locais para excelentes fotos. Finalize sua estada em Aruba subindo no famoso ônibus “ kukoo kunuku” ao ritmo da música caribenha para visitar a capela Alto Vista e o Farol Califórnia, edifícios emblemáticos da ilha e não deixe de conhecer a fábrica e museu dos produtos feitos com “ aloe vera”, planta usada na fabricação de cremes e cosméticos. Próximo destino, Jamaica!
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ARTESANATO - VILA DA GLÓRIA
Will: Só vale o que é natural Augusta Gern
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a Vila da Glória, seguindo para o ferry boat de Joinville uma construção chama a atenção de todos os olhares, é artesanato puro. A família Will exibe seu nome na placa e ao entrar a natureza faz parte da arte: com bambu, sementes de frutas, galhos de árvores, pinhas, caroço de manga, calha da palmeira ou qualquer outro “presente” da natureza vira artesanato. Lá só vale o que é natural e da região. Conforme Bárbara Will, a família toda faz parte da produção: o esposo, a filha e até a neta. Cada um com um estilo, preservam o contato e admiração ao meio ambiente, junto com uma bela história de superação. Bárbara já perdeu um filho atropelado e sua filha sofreu um acidente onde perdeu uma das pernas. Assim, a arte começou por ela: como sempre trabalhou com artes plásticas pintando quadros, observou na natureza um novo estilo.
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O casal Bárbara e Jens Will e sua casa de artesanato na Vila da Glória. Assim todo mundo entrou na roda: a família inteira se interessou, aprendeu e hoje cada um tem uma técnica diferente. De todo esse conjunto surge enfeites para casas, quadros, objetos de escritório ou qualquer outra coisa que a imaginação mandar. A única regra é que o espaço vende apenas artigos próprios da família e relacionados à natureza. Além
da própria loja, a família também conta com um pequeno espaço de exposição no Museu do Mar, em São Francisco do Sul. Moradores da região há 21 anos, eles não trocam a Vila da Glória por nada. Apesar de não ter muito movimento fora da temporada de verão, para eles tudo é recompensado pelas boas energias do meio ambiente; dentro do próprio terreno, por exemplo, até manancial de água que abastece a região pode ser encontrado.
Jantar da Acita Foi realizado no salão do Hotel e Restaurante Perola no mês de novembro, jantar da associação de corretores de imóveis de Itapoá Acita, acompanhado de bom cardápio e após muita alegria com música e dança.
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QUEM É? SR. SILVA
Histórias que não vem de berço, mas de coração
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Augusta Gern le chegou a Itapoá em 1972, pescou durante 30 anos e hoje conta com uma das peixarias mais tradicionais do balneário Itapema do Norte, na beira mar. Sua história com o município que não vem de berço, mas de coração: Carlos da Silva, 75 anos, reúne grandes memórias do tempo onde a tranquilidade ainda era uma das poucas coisas que reinava em Itapoá. Natural de Guaramirim (SC), ele veio para pescar e sem nem mesmo conhecer direito a atividade trouxe junto a esposa e os cinco filhos. Na cidade natal ele trabalhava com trator de esteira e alguns amigos indicaram a cidade litorânea. Porém, conforme ele, aqui era só mato na época: “pelo menos existia uma linha de ônibus”. A luz, por exemplo, foi instalada em 1978. Quando chegou à beira da praia, os pescadores antigos o ensinaram a pescar, ele comprou uma canoa e começou uma nova vida. Em Itapoá ainda não existia mercado, então tudo atravessava o mar até o comércio de São Francis-
Entre a pesca e o armazém, com o tempo percebeu a vinda de mais turistas, que só cresce a cada ano. Os dois ofícios então se transformaram em uma peixaria que, sem dúvida, tem de tudo. Todos os tipos de frutos do mar e de todas as formas que se pode imaginar: da milanesa ao recheio, de lá tudo pode ir direto para o fogo. E com uma história junto ao município, poucas coisas mudaram. O trabalho com o peixe continua, a Carlos da Silva, seo Silva em frente a sua peixaria em Itapema do Norte. simpatia continua e o co do Sul. A embarcação ia cheia vezes por semana, depois começa- amor por Itapoá também. No cenáde peixes e voltava com mercado- ram a fazê-lo na própria casa. rio de seu dia a dia - a bela praia rias diversas, que eram vendidas Silva conta que peixe dava com entre a primeira e a segunda pedra no armazém que montou alguns fartura: já pescou cação próximo - o que mais muda é o número de anos depois. “Comprei o armazém, à costa com mais 100 kgs, “coisa turistas, conforme ele. Diariamenmas não tinha nada dentro, então que hoje não se vê mais”. Porém, te o antigo pescador continua a comecei a buscar algumas coi- sempre achou a profissão muito observar o balançar das marés, a sas diferentes, que não havia por perigosa e, na época, não rendia chegada das canoas e os novos aqui”, lembra. O que mais vendia, muito dinheiro, afinal, não havia visitantes de baixo da sombra dos conforme ele, era bolacha, bala e quem comprasse. “O forte aqui era sombreiros plantados há décadas café. O pão vinha de Garuva duas o palmito”, afirma. atrás.
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