EDITORIAL Parabéns, esta é a palavra dessa edição. Por coincidência ou não, Itapoá e Guaratuba estão em festa neste mês, são duas histórias e trajetórias diferentes comemoradas em abril. Itapoá, ainda muito jovem, chega aos 26 anos de emancipação política no dia 26, já Guaratuba completa 244 anos no dia 29.
ERRATA Na edição anterior, na matéria “Dos lacres às cadeiras – Gente que faz a diferença”, página 29, o nome de João Quevedo foi escrito José. Assim, fica: “Jana e João Quevedo dão exemplo quando o assunto é arrecadar lacres: são mais de cinco garrafas PET em dois anos”.
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Apesar de uma larga diferença na idade e de pertencerem a estados diferentes, muitas são as coincidências das cidades vizinhas. Uma delas, muitas vezes notada pela nossa equipe, é o número de boas histórias. Diferentes pessoas, nas mais variadas idades e características é que dão vida aos municípios e, sem dúvida, os tornam assim, tão especiais. Para não quebrar o ritmo do “ser diferente”, nesta edição fomos atrás de um novo olhar às cidades. Luz, câmera, ação: quem entra em cena nesta vez são os bastidores. Muitas atividades fazem parte de nossa rotina e nem nos damos conta de como são realizadas, porque acontecem e como foram criadas. Por isso e mais um pouco, fomos atrás dessas respostas. Abrimos a cortina de diferentes setores e encontramos muitas curiosidades nos bastidores. Nada melhor do que cantar parabéns às cidades conhecendo um pouco mais sobre elas. Além de ajustarmos o foco de nossas lentes e conhecermos mais do que os nossos olhos estão acostumados a ver, mantemos as diferentes séries e descobrimos o intercâmbio que há entre as duas cidades: o vai e vem de algumas pessoas que dividem a rotina entre Itapoá e Guaratuba. No mais, além da felicidade de toda equipe em morar e compartilhar bom momentos em uma das cidades aniversariantes, neste mês de comemorações agradecemos a confiança ao nosso trabalho, é sempre bom poder comemorar em grande estilo. Seja bem-vindo à nossa festa!
INTERCÂMBIO MUNICIPAL
O vai e vem das cidades As rotinas compartilhadas entre Itapoá e Guaratuba
Augusta Gern
Apesar de estarem em estados diferentes e terem trajetórias diferentes, Itapoá e Guaratuba compartilham mais do que boas histórias, mas também rotinas. Pegar a estrada e atravessar a fronteira de estados todos os dias, ou boa parte da semana, é algo comum para muita gente. Mais do que um destino para os passeios de final de semana, as cidades fazem parte da agenda do trabalho e estudos.
D
e Guaratuba, há três anos a dentista Marcela Pessa visita Itapoá pelo menos duas vezes por semana. Como é especialista em endodontia (tratamentos de canal), atende em diferentes clínicas, entre Guaratuba, Itapoá e até Curitiba. Para ela, como morava na capital paranaense, não acha
De Guaratuba, a dentista Marcela Pessa vai pelo menos duas vezes por semana para Itapoá. longe ou desgastante viajar 30 minutos para chegar ao trabalho, até porque os laços entre as cidades são grandes. Foi em Itapoá que Marcela encontrou seu amor e, para des-
cansar, gosta de frequentar essas praias catarinenses. Assim, mais do que terça e quinta, às vezes, a rota do trabalho se repete aos finais de semana. “Acho as praias de Itapoá mais limpas e tranqui-
las”, afirma. Porém, para ela, Guaratuba oferece mais opções de lazer, como barzinhos e restaurantes. “A estrutura da cidade é maior e um pouco melhor”, fala. O que mais a preocupa, independe do dia, é o trecho da estrada Cornelsen, já no município de Itapoá. “Mesmo sem sinalização eu já conheço bem a estrada, o problema é a falta de sinal de linhas telefônicas”, fala. No último mês ela furou duas vezes o pneu do carro no percurso e, para não ficar sozinha durante muito tempo na estrada, criou um código com seu pai, que mora em Guaratuba. “Toda vez que eu chego ao posto policial eu ligo para ele, e faço a mesma coisa quando chego a Itapoá. Assim, caso eu demore muito, ele sabe que aconteceu alguma coisa e vem me socorrer”, conta. Nos últimos episódios do pneu seu pai percebeu a demora e foi ajudá-la. “Como passo no início da manhã e a noite, é difícil ter movimento na estrada”, complementa. Apesar das dificuldades, Marcela gosta da rotina que leva.
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Celso não troca a paisagem itapoaense por nada e viaja até Guaratuba todos os dias para trabalhar. A família Kunz há seis meses trocou Itapoá por Guaratuba pela estrutura da cidade e desenvolvimento dos filhos. “Itapoá e Guaratuba são cidades que estão crescendo e ainda são carentes de alguns profissionais especialistas, então é bom crescer junto com as cidades”, afirma.
“Escolhemos Guaratuba pela estrutura da cidade, devido ao desenvolvimento de nossos filhos”, afirma a esposa Juliana Cavada Kunz.
De Guaratuba, Alexandre Kunz também tem uma rotina com Itapoá, só que diariamente. Apesar do cansaço, escolheu a rotina de percorrer 100 km por dia, 50 para ir e 50 para voltar, para proporcionar uma estrutura melhor aos filhos. De Santos, a família chegou a Itapoá há cinco anos, quando Alexandre começou a trabalhar no Porto, mas há cerca de seis meses trocaram de cidade e estado: mudaram-se para Guaratuba.
O casal tem quatro filhos, de 16, 11, 8 e 1 ano, e acreditam que a cidade paranaense tem mais estrutura de ensino e infraestrutura. “A cidade tem vida própria e serviços que funcionam 24 horas, como por exemplo, farmácias”, fala Juliana. Apesar de serem encantados por Itapoá, não negam a diferença quando o quesito é opção para a criançada, segurança e até o acesso a serviços básicos. “É
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uma questão de tempo, mas quando Itapoá melhorar a infraestrutura devemos voltar para a cidade pelas facilidades junto ao trabalho”, acredita. Afinal, a rotina “é cansativa e aumentou o nosso fluxo mensal, mas tudo pelos nossos filhos”, afirmam. Para eles, ambas as cidades são belas e cada uma tem suas características próprias, mas hoje Guaratuba os atende melhor. Além da infraestrutura e de mais opções para o crescimento dos filhos, Guaratuba também foi escolhida pelo fato de ser litoral. “Sempre gostamos muito de praia e por isso optamos Guaratuba ao invés de Joinville, por exemplo”, conta Juliana. Conforme ela, a fa-
mília gosta de caminhar na orla e sentir a brisa do mar. Quem faz o caminho inverso, de Itapoá para trabalhar em Guaratuba, também gosta dessa rotina. O bancário Celso Luiz Muehlbauer, por exemplo, está há 16 anos em Itapoá e sempre trabalhou em uma agência de Guaratuba. O hábito de pegar a estrada diariamente sempre fez parte de sua vida. “Antes morava em Canoinhas e trabalhava em Major Vieira”, lembra. Para ele, este intercâmbio de cidades é ótimo profissionalmente. “Gosto de morar em uma cidade diferente do trabalho pela isenção profissional”, afirma. Assim, segundo ele, consegue
Ricardo chega a fazer o percurso da estrada até quatro vezes por dia. ser o Celso nas ruas de Itapoá, e não o bancário. “Em cidade pequena, principalmente, as pessoas não costumam separar o pessoal do trabalho, então dessa forma, tenho mais liberdade e qualidade de vida”, fala. Por essa razão, mesmo morando em frente à agência em Itapoá, nunca pediu para o transferirem no trabalho. Celso não costuma visitar Guaratuba a passeio: é apenas um ponto de trabalho. Em relação à estrada, diz que nunca teve problemas, mas as lembranças da época em que não havia asfalto não são as melhores.
Itapoá foi escolhida como uma cidade do coração. O bancário já visitava a praia há anos e, quando surgiu a oportunidade de trabalhar em Guaratuba, não teve dúvidas da escolha.
“Para eu sair daqui, só se for atropelado”, brinca. A paixão pela cidade o uniu a atual esposa, Aparecida Iloina M. Muehlbauer, que também sempre gostou da cidade: se conheceram aqui e não trocam a paisagem por nada.
Outro que faz o percurso diariamente é Ricardo Bueno. Professor, ele já trabalhou na área rural de Guaratuba, mas hoje frequenta a cidade para estudar o curso de direito. Sua rotina é puxada: trabalha em Itapoá, em Garuva – SC e estuda em Guaratuba. Assim, há dias em que a estrada Cornelsen é percorrida quatro vezes. De Campo Mourão – PR, ele sempre teve o sonho de morar na praia e quando foi convidado para trabalhar em Itapoá, foi amor à primeira vista. “Eu já conhecia e frequentava Guaratuba, mas até então nunca tinha escutado falar desse paraíso”, fala em relação à Itapoá. Em 2006 chegou à primeira praia catarinense e não pensou mais em sair: “o ar itapoaense é viciante”. Desde 2010 ele faz o trajeto da Cornelsen para trabalhar e, quando o assunto é passeio, este também é o caminho que prefere.
Ele conta que já viu algumas situações estranhas na estrada, mas o que mais lhe preocupa é a morte de animais silvestres: “aumentou muito nos últimos anos”.
Como Celso, ele também vê vantagem em trabalhar em uma cidade diferente e não se incomoda em pegar a estrada. Como professor, ele conta que as pessoas misturam muito a vida pessoal com as salas de aula. Por já ter trabalhado em Guaratuba, hoje estuda e com frequência escolhe a cidade para passeio – sempre leva amigos e familiares para visitarem a praia paranaense - vê muitas diferenças entre os dois municípios. A principal delas, conforme ele, é a infraestrutura. “Talvez seja isso que torne Itapoá uma cidade tão peculiar”, fala.
Na questão do ensino, ele conta que o estado paranaense tem mais benefícios aos professores, mas Santa Catarina tem mais ações voltadas aos alunos. E, apesar de não trocar Itapoá, ele acredita que as duas cidades sejam muito boas para se viver. Além de estudantes que vão de carro, como Ricardo, um ônibus cheio leva estudantes de Itapoá para Guaratuba todos os dias. O transporte é oferecido pela Prefeitura de Itapoá, visto que o município catarinense ainda é carente em ensino superior.
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ENTRE OS BASTIDORES
Onde são tomadas as principais decisões Augusta Gern
Itapoá e Guaratuba são cidades relativamente pequenas e, talvez por conta disso, os responsáveis por tomar as principais decisões das cidades são bem conhecidos, bem como as salas onde elas são tomadas. O fácil acesso aos prefeitos e seus gabinetes são comuns nos dois municípios, mas alguns detalhes podem passar despercebidos em apenas uma ou duas visitas.
E
m Itapoá, o prefeito Sérgio Ferreira de Aguiar ocupa o gabinete da sede inaugurada em 2012. Já em sua segunda gestão no município, ele assumiu e deixou a sala da forma como recebeu: os mesmos móveis e a mesma organização. Uma mesa em formato L, uma mesa de reuniões, algumas cadeiras e um
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No gabinete de Itapoá, o prefeito Sérgio conta com imagens de Nossa Senhora, além do retrato da esposa. pequeno armário são suficientes para a rotina do dia a dia. “A única coisa que mudamos foram as persianas, mas por problemas técnicos”, conta. Segundo o prefeito, não há motivos para gastar verba
com desejos pessoais quando há um bom funcionamento. Quando assumiu a segunda gestão, levou apenas alguns objetos pessoais, que fazem parte de sua rotina. “Acho importante
trazermos um pouco da nossa essência, pois passamos boa parte do tempo aqui”, comenta. Entre os objetos, estão quatro imagens de Nossa Senhora e uma foto com a esposa. “Uma das imagens até ganhei de conhecidos, que sabem da minha devoção”, conta. Junto aos detalhes da vida de Sérgio, estão as pilhas de responsabilidades do prefeito. Documentos não faltam em sua mesa, mesmo que de forma bastante organizada. Esta sala, uma das maiores de toda a sede, tem uma rotina bastante específica e movimentada. Logo no primeiro horário da semana, às 8h da segunda-feira, acontece a reunião semanal com todos os secretários. Segundo o prefeito, é o momento em que alinham todos os projetos e organizam a semana. “Apesar de termos contato diário com os secretários, é uma rotina que funciona muito bem e integra todas as pastas”, afirma. Logo em seguida, na mesma manhã, é o momento do executivo se reunir
Evani, prefeita de Guaratuba, não abre mão de sua “comissão de frente”, imagens de santos expostos na estante. com o legislativo: os vereadores ocupam a sala para tratar dos assuntos da semana. Outra rotina que faz parte dessa sala é a cada duas semanas, nas terças-feiras. Duas vezes por mês, as terças são dedicadas para receber a população. “Os atendimentos iniciam às 8h e vão até a última pessoa sair”, fala Sérgio. Porém, durante os outros dias da semana, atendimentos, nos mais variados assuntos, também podem ser marcados com a secretária, que organiza sua agenda. Fora do gabinete e sem agendas para o município, o prefeito leva uma vida tranquila e caseira. “É muito difícil me ver caminhando
na praia ou almoçando em algum lugar, gosto bastante de ficar em casa com a minha família”, conta. O que faz com frequência é sair de carro para fazer uma “ronda” na cidade, gosta de ver o andamento das obras e acompanhar problemas, principalmente quando se trata de eventos naturais. “Estou sempre andando de carro pela cidade inteira, mas às vezes pego veículos diferentes e as pessoas nem me reconhecem”, conta. Quando viaja a passeio, o litoral sempre é o destino preferido. “Ao invés de viagens longas para o exterior, prefiro curtir as praias aqui da nossa própria região ou visitar a família”, afirma.
Em Guaratuba, a sala e a vida de quem toma as principais decisões é bastante diferente. A prefeita Evani Cordeiro Justus, também em seu segundo mandato, conta que teve que fazer mudança logo que assumiu o cargo em 2009. O prédio que antes ocupava toda a administração municipal teve problemas de infraestrutura e tiveram que transferir alguns departamentos ao prédio que abrigava a secretaria de educação. Assim, foi ela que organizou o novo gabinete, até então só ocupado por suas atividades. “Aproveitei tudo que tinha, só tive que comprar alguns detalhes”, afirma. A sala conta com uma boa mesa de granito, um frigobar, um armário, televisão e poltronas. Diferente de Itapoá, detalhes pessoais ocupam uma boa parte da decoração. Na estante, ao lado de sua mesa, está sua “comissão de frente”, como gosta de chamar os diferentes santos que acompanham sua rotina. “Sou uma pessoa de muita fé e me sinto bem com eles aqui perto de mim”. Junto aos santos, na mesa uma bíblia está sempre à sua frente e, logo em cima do Livro Sagrado, uma pequena pedra de Allan Kardec, da doutrina espírita, compõe o cenário. “A maioria são presentes, pois as pessoas sabem que gosto”, afirma. Junto à questão religiosa, Evani expõe diferentes retratos pessoais e os troféus que já recebeu en-
quanto gestora. Diferente de Itapoá, a prefeita não tem um chefe de gabinete e uma rotina pré-determinada. Segundo ela, no início de sua gestão o gabinete era aberto uma vez por semana para atendimento ao público, mas hoje isso pode ser feito todos os dias que ela está na cidade, é só marcar na agenda. Com os secretários é do mesmo jeito: as reuniões acontecem quando necessário e o contato é diário, principalmente por telefone. A única rotina com a comunidade, mas que vai além de sua sala, é a participação na rádio local. Todas as terças-feiras pela manhã a prefeita apresenta um programa para “estar mais próxima e esclarecer dúvidas da população”. No dia a dia, o que gosta de fazer é chegar antes no gabinete, para ter um momento só seu: “Gosto de chegar às 7h30 para organizar meu dia, ver o que preciso fazer e falar”. Fora da Prefeitura, sua vida é bastante ativa. Evani afirma que gosta muito de estar em contato com a população e não é difícil encontrá-la em eventos. Para ela, aproveitar e usufruir da natureza e facilidades de Guaratuba é como uma terapia: gosta muito de andar de bicicleta, onde aproveita para fazer suas “blitz” nas obras. “Não é todo mundo que consegue ter tudo tão pertinho e ainda mais com uma vista linda como a nossa”, fala.
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Rosiane Denise Basílio, técnica de enfermagem, fazendo o check list da ambulância do SAMU de Guaratuba.
Equipe de Guaratuba: Cleocir Portella, coordenador de urgência e emergência, Cláudio Reinaldo dos Santos, condutor do SAMU e Rosiane Denise Basílio, técnica de enfermagem.
ENTRE OS BASTIDORES
Antes do som da sirene Augusta Gern O telefone toca, a chave vira e a sirene sai pelas ruas. Esta é a hora em que socorristas correm para salvar vidas, vítimas os aguardam ansiosamente e quem vê de fora geralmente não consegue disfarçar a angustia. São minutos importantes, rotineiros em toda a cidade, e que dependem de muito trabalho e preparação. Para que a chave da ambulância gire, os pneus comecem a rodar e os enfermeiros recebam as vítimas, nas mais variadas circunstâncias e gravidades, muita coisa acontece. O trabalho é parecido em todas as unidades de saúde e, mesmo que pareça simples, é essencial para o atendimento de qualquer ocorrência.
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E
m Itapoá, a principal e maior unidade de saúde é o Pronto Atendimento 24 horas. É lá que estão três ambulâncias do município - duas básicas e uma UTI móvel - além do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Conforme Antonio Paulo Tercziany, diretor do departamento de saúde, e Lilian Chimentão, gerente de enfermagem e coordenadora do SAMU em Itapoá, todos os atendimentos pré-hospitalares (que ocorrem quando a pessoa liga para o serviço de emergência) são realizados pelo SAMU ou pelo Corpo de Bombeiros, que encaminham o paciente ao Pronto Atendimento e, dependendo da gravidade, é en-
caminhado à Joinville. O município joinvilense é o responsável pela regulação: quando o paciente liga para 192 cai na central do SAMU, onde um médico recebe as informações e direciona para a unidade de Itapoá. “Em minutos eles ligam para a equipe de plantão do SAMU aqui, os quais vão até a vítima e trazem para o Pronto Atendimento, ou para o local em que a regulação determinar”, explica. Conforme Lilian, quando a central do SAMU liga para os plantonistas, tudo precisa estar preparado: a ambulância, todos os equipamentos e materiais. Assim, a rotina de todos os plantonistas, condutores do veículo e técnicos de enfermagem, é a mesma sem-
pre que iniciam o trabalho: limpar a ambulância e fazer o check list de tudo. Francisco Machado, condutor do SAMU, explica que diariamente precisa verificar as condições do veículo, desde o motor até as travas das portas. “Tudo precisa estar em ordem, se não nem podemos sair com o veículo”, afirma. Para os técnicos de enfermagem o check list abrange todos os equipamentos e materiais, até o número de agulhas. Além disso, é responsabilidade deles a desinfecção terminal, limpeza interna da ambulância. E todo esse trabalho não é feito apenas uma vez por dia: além do início do plantão, depois de cada ocorrência tudo deve ser limpo e verificado novamente.
O condutor Francisco Machado verifica as condições do motor da ambulância diariamente. Segundo Lilian, a média é de cinco viagens de ambulância por dia do PA 24 horas até Joinville durante o ano, na temporada o número aumenta bastante. “Quando o caso é gravíssimo também podemos acionar o águia, porque até Joinville a viagem dura quase 1 hora”, fala. E esta é mais uma rotina dos socorristas de Itapoá: viajar com muita frequência à Joinville. O vai e vem pela estrada abrange todos os casos que necessitam de internação, pois o Pronto Atendimento ainda não suporta. Assim, entre quilômetros intermunicipais e muitos atendimentos, não é atoa que tudo precisa estar na mais devida ordem para não se perder um minuto sequer quando o assunto é salvar uma vida. Em Guaratuba, o sistema é muito parecido. As ligações do 192 caem em Paranaguá – PR, município regulador, e a central do SAMU passa para os plantonistas do Pronto Socorro. As equipes de
plantão encaminham os pacientes até o hospital e a primeira parada é a sala de estabilização. “Todos que chegam são examinados na sala de estabilização para ver se precisam ir até Paranaguá ou podem ser tratados por aqui mesmo”, explica Cleocir Portella, coordenador de urgência e emergência do município. Conforme ele, as maiores dificuldades estão no tamanho do município – há áreas rurais isoladas e com difícil acesso – e o ferry boat. Para levar qualquer paciente à Paranaguá, perde-se um bom tempo atravessando a baía de Guaratuba. “Por este motivo temos uma ambulância do SAMU diferente das outras cidades, é mais equipada e pode atender o paciente com mais equipamentos”, fala. Além da ambulância do SAMU, o Pronto Socorro conta com outras duas básicas durante o ano. “Na temporada de verão temos o apoio do Governo do Estado com mais ambulâncias,
Equipe de Itapoá: Sônia Heloisa Ramos Rodrigues, técnica de enfermagem, Lilian Chimentão, gerente de enfermagem e coordenadora do SAMU e Francisco Machado, condutor da ambulância. profissionais e até um helicóptero”, conta. A média de ocorrências varia conforme o dia: às vezes é só uma, mas tem dias que passa de seis. Como em Itapoá, a equipe de socorristas é responsável pela limpeza, organização e verificação do check list das ambulâncias. “São cinco equipes do SAMU e todos são responsáveis por isso quando estão de plantão”, afirma Portella. A exigência é que o rádio esteja sempre está ligado, esperando o chamado para uma nova ocorrência. E antes que ele toque, a lista é grande e muito clara: não pode faltar nenhum item antes do som da sirene. Saiba quando chamar o SAMU – 192 Dores no peito de aparecimento súbito; Situações de intoxicações e envenenamento;
Queimaduras graves; Trabalhos de parto com risco de vida da mãe ou do feto; Queda acidental; Crises convulsivas (ataques); Acidentes de trânsito com atropelamento; Traumas (tórax, abdômen, crânio e fraturas); Perda de consciência (desmaios); Sangramento – hemorragias. Saiba quando chamar o Corpo de Bombeiros – 193 Incêndios; Tentativas de suicídio; Salvamentos aquáticos; Desabamentos; Deslizamentos de terra; Acidentes de trânsito com pessoas presas em ferragens; Choques elétricos; Quedas de alturas com mais de 7m; Vazamentos de gás.
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ENTRE OS BASTIDORES
Mais do que áreas verdes Augusta Gern
Rodrigo faz estudos ambientais em Itapoá e conhece mais do que ponta a ponta da cidade, conhece o interior dos grandes painéis verdes.
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Que as cidades estão em pleno desenvolvimento e ainda há muito que crescer todos nós já sabemos, mas o que será que existe nas áreas ainda intocadas? Uma grande área verde ou mesmo um pequeno lote podem esconder boas curiosidades, e há quem descobre tudo isso e mais um pouco.
O
nça, cachorro do mato, lontra, veado, jacaré, anta, macaco, cobra de 1,60m e plantas ameaçadas de extinção são apenas algumas das surpresas já encontradas em áreas verdes de Itapoá pelo biólogo Rodrigo Cechin. Quem diria que tudo isso estaria assim tão pertinho? Além da curiosidade de pesquisador, Rodrigo encontrou esses seres vivos durante a realização de estudos ambientais, um de seus ofícios. Conforme ele, toda área, antes de se tornar
Nos estudos ambientais, Rodrigo já encontrou diferentes animais, entre uma jararaca de 1,60m, onças, anta, tamanduá, veado, entre outros. um loteamento ou um empreendimento, necessita de estudos ambientais, os quais subsidiam o trabalho de técnicos para liberação ou não de licenças. Como é realiza trabalhos há vários anos na cidade, conhece mais do que ponta a ponta de Itapoá, conhece o interior dos grandes painéis verdes. Conforme Rodrigo, os estudos variam de acordo com o tipo e porte do empreendimento e a localização da área dentro do plano diretor do município em questão.A FATMA – Fundação do Meio Ambiente, por exemplo, apresenta instruções normativas com as exigências necessárias para as diferentes atividades que podem ser executadas na área. “Existem estudos mais completos e outros mais simples, mas os mais complexos tratam da questão florestal e faunística”, explica. As metodologias para cada tipo de estudo variam também:
há vezes em que precisa identificar todos os seres vivos da área, com suas características. Assim, com amostras de diferentes parcelas da área, estuda o tamanho e outras particularidades de cada planta e animal presente. O que não muda e é comum em todos os estudos é o trabalho técnico e a visão sistêmica sobre a área. Muitas vezes são necessários diferentes profissionais, pois envolve legislações, estudos de botânica, de fauna, geologia, oceanografia e outras tantas disciplinas. Assim, seria difícil não conhecer um pouco mais do que os nossos olhos veem. Rodrigo conta que Itapoá é o destino de muitas aves migratórias, além das endêmicas e até ameaçadas de extinção. Sobre as maiores surpresas está uma onça parda (puma concolor) que observou na região da RPPN – Reserva Volta Velha em 2010. Há
indícios de que ela ainda está na região, principalmente pelo fato de que cada indivíduo percorre uma área de até 100 km². “Já fui chamado pelo pessoal da própria Reserva para pesquisar novamente, pois foram encontrados rastros da mesma”, conta o biólogo. O maior problema para esses estudos é o investimento, geralmente é necessário instalar câmeras na mata para capturar movimentos dos animais, mas Rodrigo já perdeu alguns equipamentos devido a caça e extração ilegal de palmito, ainda muito forte no município. Outras boas surpresas, pelo menos para ele, foram encontrar animais pouco apreciados pela maioria das pessoas. Rodrigo já viu no mato itapoaense uma jararaca de 1,60 m, perigosa e muito grande. Cachorros do mato, cachorros de caça, veados, lontras, macaco prego e até o bugio são encontrados com certa frequência.
Na praia deserta da Barra do Saí, entre os rios Saí Mirim e Saí Guaçu e que faz divisa com o município de Guaratuba, também encontrou uma boa concentração de jacarés: nas bacias formadas no interior da praia. Além disso, animais e plantas que aparecem extintos na lista do estado catarinense, ainda são encontradas por aqui, como as antas, por exemplo. E assim, entre tantos estudos de licenciamento ambiental, sem dúvida ele alimenta o seu portfólio pessoal: a cada nova surpresa, uma alegria como pesquisador. Sobre o crescimento da cidade, ele afirma que é inevitável e que, diante da riqueza de flora e fauna que a cidade apresenta, tenta fazer com que cada pessoa ou empreendimento cumpra todas as exigências da legislação ambiental. “Se cada um fizer a sua parte, vamos conseguir manter uma cidade ambientalmente equilibrada”, afirma.
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ENTRE OS BASTIDORES
O amor e dedicação que envolve a fé antes das celebrações Ana Beatriz
Não há dúvidas de que a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Guaratuba, é um marco para a cidade. Localizada na Praça Central, além dos fiéis moradores, atrai muitos turistas – muitos deles vêm em excursão, principalmente da terceira idade. Mas como acontece sua organização? Quem está por atrás de cada celebração?
P
erguntas como essas podem gerar uma boa lista de nomes, de pessoas que fazem as missas acontecerem e serem diferentes umas das outras. Ao entrarmos, nos ajoelharmos e participarmos das celebrações, não nos damos conta de todo o trabalho que há nos bastidores, como, por exemplo, o de Irene de Oliveira Ayres, Coordenadora da Liturgia Paroquial e da Matriz de Guaratuba. Natural de Ponta Grossa – PR, Irene é professora. Há onze anos pediu remoção para Guaratuba e há dez anos, além de lecionar, exerce um trabalho na coordenação da Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso. “Entrei aqui sem saber nada e, aos poucos, fui aprendendo”, conta Irene, que está presente em todas as celebrações da Igreja e cursos de formação, “a não ser que esteja doente ou viajando”.
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Há dez anos Irene exerce um trabalho na coordenação da Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso. Conforme ela, por trás das leituras que vemos nas missas, há muitos ensaios e cursos, onde se treinam interpretação de texto, postura e entonação de voz. “Todos devem participar dos cursos de formação da Igreja, os ministros da liturgia e de outras
pastorais”, conta. “Mesmo em celebrações simples e mais fáceis, que são as cotidianas, é feita escala para a convocação da leitura e cada membro fica responsável por alguma atividade”, explica Irene. A Igreja conta com um grupo de cerca de
30 leitores, que se revezam entre si. Segundo ela, a leitura católica é a mesma para todas as igrejas. Durante a semana, a leitura do Evangelho baseia-se no folheto entregue, o que podem mudar são os comentários e as preces. Para celebrações de datas festivas, como dia de algum santo, os coordenadores se reúnem com os padres para a organização das liturgias e dos comentários, para que estes sejam relacionados ao tema. Irene conta que a liturgia para a tradicional Festa do Divino de Guaratuba, que ocorre em julho, já está sendo montada junto com os padres. A arrumação do altar também é pensada antes. Os objetos decorativos, como flores, letras douradas e prateadas são guardados e, quando necessário, é feita a compra de outro material. Todas essas atividades também são realizadas nas celebrações da Igreja Centenária, restaurada recentemente. Assim, este é um trabalho quase que diário e o segredo, segundo Irene, é todos estarem “em sintonia”: padres, ministros, catequistas, pessoas das pastorais, coordenadores e fiéis. “Esta convivência enaltece não somente o conhecimento, a teoria, mas também o interior”, conta. E apesar de fiel e assídua a todas as celebrações e cursos, Irene nunca se dá por satisfeita, pois o aprendizado, a fé e o amor, vêm todos os dias, como prova de que podemos sempre mais.
ENTRE OS BASTIDORES
Programação das comemorações em Itapoá e Guaratuba Os aniversários são na última semana de abril, mas os preparativos para as comemorações já começaram. Desfiles cívicos e inaugurações fazem parte da programação das duas cidades. Confira e participe!
26º aniversário de Itapoá é marcado por diversas inaugurações Informações disponibilizadas pela assessoria de imprensa da Prefeitura. Dia 10 de abril Início da tradicional Gincana Cultural Dia 20 de abril 9h - Inauguração da Sede da Secretaria de Educação (antiga sede Prefeitura) 10h - Inauguração do Posto de Saúde da Família de Itapoá 11h - Inauguração do Asfalto da Rua Ludovico Noé Zagonel Dia 21 de abril 9h - Reforma e Instalação da Sala de Instabilização do Pronto Atendimento 24 horas. 10h - Inauguração da Sala dos Conselhos de Saúde, Assistência Social e Idosos. Dia 22 de abril 9h - Inauguração da Reforma e Construção da Quadra Coberta da Escola João Monteiro Cabral, no balneário Pontal 19h - Inauguração da Construção da Quadra Coberta e do Calçamento do Pátio da Escola Ayrton Senna, no balneário Itapema do Norte. Dia 23 de abril 9h - Inauguração da ampliação de quatro salas da Escola Claiton Almir Hermes, no balneário São José
10h - Inauguração do asfalto da Rua José da Silva Pacheco, no balneário São José 19h - Inauguração do Deck da Terceira Pedra Dia 24 de abril 9h - Inauguração da Construção do Posto da Barra do Saí 10h - Inauguração do asfalto da Rua 520, no balneário Rainha Dia 25 de abril 8h30 - Solenidade em comemoração ao Aniversário do Município – Desfile Cívico, na Rua Ana Maria Rodrigues de Freitas, esquina com a Avenida do Príncipe 10h - Inauguração do asfalto da Avenida Ana Maria Rodrigues de Freitas 10h30 - Inauguração do asfalto da Rua do Príncipe 11h -Sessão Solene na Câmara de Vereadores Dia 26 de abril 8h – 1ª Corrida de Rua Cidade de Itapoá - 5 Km 17h - Encerramento da Gincana Cultural Dia 27 de abril 9h - Inauguração do asfalto Rua 860 9h30 - Inauguração do asfalto da continuação da Rua Zilda Arns Neumann
244º aniversário de Guaratuba apresenta a Orquestra Sinfônica do PR Informações disponibilizadas pela assessoria de imprensa. Até o fechamento da edição, a programação para as comemorações de Guaratuba estavam sendo montadas. Durante o mês de abril as informações serão disponibilizadas no site do Poder Público, mas já estão confirmados: Dia 28 de abril 20h – Apresentação da Orquestra Sinfônica do Paraná na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso. Dia 29 de abril Desfile cívico na Avenida 29 de abril.
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ENTRE OS BASTIDORES
O sabor com a cara do verão Augusta Gern
É muito difícil encontrar alguém que não goste de sorvete, principalmente em Guaratuba e Itapoá. Com sorveterias tradicionais, de estilo artesanal, saborear um bom sorvete também virou motivo para visitar as cidades, e não apenas no verão, mas durante o ano inteiro.
E
m Guaratuba, a tradição surgiu em 1948 e leva em seu nome uma grande característica: Bom Sucesso. Há mais de seis décadas fazem a mesma receita, famosa e muito apreciada: até filas se formam para esperar a sorveteria abrir. Conforme Walter Gottwald Souza, proprietário que herdou o negócio dos pais, em 48 este era o único “point” da cidade, que reunia moradores e frequentadores do Iate Clube. “Minha mão fazia aperitivos e, junto com o bar, meu pai tinha uma máquina de sorvete”, lembra. “Este miolo, na Praça Coronel Alexandre Mafra, era onde se concentrava a cidade”. Tudo sempre foi muito artesanal, os aperitivos e sorvetes
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Walter, em Guaratuba, mantém a tradição de mais de seis décadas da família: a mesma receita e o mesmo sucesso.
eram feitos na cozinha da própria casa, que compar tilhava cômodos com o empreendimento. Com o tempo, a receita do sorvete de família foi ganhando fama e o bar foi deixado de lado. Na época eram apenas dez sabores, hoje já são mais de sessenta. Junto com as receitas, tudo cresceu. De uma sorveteria, hoje são cinco. Houve épocas em que tinham quiosques na praia e vendiam picolés, mas esta atividade hoje foi deixada de lado pelo trabalho que exigia. Em 1981 o espaço onde era a casa virou
fábrica e a produção passou a ser maior, mas não deixou de ser artesanal. “Continuamos fazendo tudo, eu e minha esposa”, afirma Walter. Segundo o sorveteiro, o segredo do sucesso vai além do nome, mas da escolha de bons ingredientes. “Usamos tudo da melhor qualidade e usamos produtos naturais”, afirma. Os sabores de fruta, por exemplo, têm origem nas frutarias mesmo: compram, cortam e congelam até a hora da produção do sorvete. “A pitanga, por exemplo, minha esposa colhe no quintal de conhecidos. É muito difícil encontrar no mercado e é uma fruta de época”, conta. Sabores novos sempre entram em cena, mas há os queridinhos dos clientes, como flocos, maracujá, morango e maçã ao vinho, este último inventado pela sua esposa. No verão a produção é diária, já durante o ano, depende do movimento. “Estamos sempre com a mão na massa, mas nas vésperas de feriados o trabalho aumenta bastante”, fala. Para eles, não há tempo ruim: verão ou inverno as portas estão abertas, e sempre com clientes. O mesmo movimento pode ser notado em Itapoá na famosa
Fofoka. Apesar de estar no balneário Barra do Saí, um pouco mais afastado do centro, esta é parada obrigatória para quem aprecia um bom sorvete artesanal. A história é mais recente, mas não deixa de ser parecida. Almir Caetano dos Santos e Vilma Marili Mouro eram de São José dos Pinhais – PR e lá criaram o bar com este nome. “As pessoas iam lá para conversar, falar da vida dos outros e acabou surgindo a ideia de ‘Fofoka’”, conta. Em 1989 resolveram morar no litoral, em 90 o bar abriu em Itapoá e, em 95 transformaram em sorveteria. “Vilma fazia uma sobremesa muito gostosa, no estilo de sorvete caseiro. Ficou famosa e resolvemos ampliar esse negócio”, lembra Almir. Na época foram atrás de cursos e a ideia deu certo. “Não é tão fácil fazer sorvete, até porque nós mesmos criamos as receitas”, contam. Como em Guaratuba, para eles o segredo está nos ingredientes: “Só usamos o que tem de melhor, a nossa prioridade é a qualidade”. O primeiro sabor criado foi frutas tropicais e, apesar de não fazer mais parte da lista hoje, deu o ânimo para criarem outros 40 sabores. “Em cada ano criamos pelo menos três receitas novas, mas sempre há os preferidos”, afirma Vilma. Nos últimos tempos os mais pedidos foram beijinho, flocos, chocolate e ninho trufado. Até hoje, só os dois colocam a mão na massa,
Curiosidades sobre os sorvetes O primeiro relato sobre o sorvete data de mais de 3 mil anos atrás, e tem sua origem no Oriente. Os chineses costumavam preparar uma pasta de leite de arroz misturado à neve, algo parecido com a atual raspadinha.
Em Itapoá, a sorveteria Fofoka é sucesso no inverno e verão, filas crescem para degustar o sabor artesanal. mesmo com o aumento do movi- dos clientes cativos, mais de cem mento. pessoas já o procuraram para fazer Segundo os proprietários, em franquias, mas a proposta sempre dias da temporada chegaram a é recusada: “queremos manter a atender mais de 3 mil pessoas em nossa qualidade, a nossa forma arum único dia. Durante o ano o mo- tesanal de fazer”. vimento diminui, mas não acaba: Assim, entre uma cidade e ouabrem todos os dias. tra, desculpas não existem quando Com todo esse movimento, o quesito é sorvete. Na casquinha nunca pensaram em sair do local ou no potinho, bolas dos tradicioonde tudo nasceu. “Poderíamos nais sabores podem ser muito bem ir para uma área mais central, apreciadas. mas aqui todos já nos conhecem Mesmo com cara e gosto de e temos estacionamento, o que é verão, é uma boa pedida para qualmuito importante”, fala Almir. Além quer estação.
A primeira sorveteria brasileira nasceu em 1835, quando um navio americano aportou no Rio de Janeiro com 270 toneladas de gelo. Dois comerciantes compraram o carregamento e passaram a vender sorvetes de frutas. Na época, não havia como conservar o sorvete gelado, por isso ele tinha que ser consumido logo após o preparo. A taça de sorvete ‘‘sundae’’ surgiu no século 20, nos Estados Unidos e era servida aos domingos. No Brasil em 2002, a IBIS instituiu o ‘‘Dia Nacional do Sorvete’’. A data é comemorada todo dia 23 de setembro e foi criada com o objetivo de celebrar o início das temperaturas mais altas do ano, já que é nesta época que o consumo de sorvete no país aumenta.
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ENTRE OS BASTIDORES
Jovens e adolescentes: o maior patrimônio
Ana Beatriz
Toda entidade tem seus bastidores, e a Guarda Mirim de Guaratuba (GMG) não poderia seria diferente. Pela necessidade de preparar os jovens para o futuro, para um melhor convívio social e de tirá-los das ruas, ela foi criada em 1993 e vem fazendo a diferença na cidade.
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S
ão hoje, de 40 a 70 jovens que “participam semanalmente de atividades esportivas, recreativas, aulas de cidadania, ética, moral e civismo, cursos profissionalizantes, palestras, reforço escolar e ordem unida”, conta Rubens Franco Ferraz, coordenador geral. Rubens, subtenente do Pelotão da Polícia Militar de Guaratuba, esteve à frente desde seu início, como presidente e coordenador geral. Junto a ele, colaboraram na
criação o Major Nelson Francisco Muller Junior e o prefeito da época José Ananias dos Santos. Atualmente o trabalho é desenvolvido por voluntários. Desde a sua criação, já passaram pela Guarda Mirim mais de 1.000 jovens. “É um trabalho de muita responsabilidade e importância, pois preenche o tempo livre deles, evitando situações de riscos e o contato com as drogas”, afirma Rubens. Segundo ele, a participação é gratuita, basta preencher os requisitos: estar frequentando a
escola, ser dedicado nos estudos, apresentar faixa etária de 14 a 18 anos e ter autorização dos pais ou responsáveis. Em parceria com o Exército de Joinville, os jovens interessados se alistam quando atingem a maioridade. A Guarda oferece encontros com uma boa frequência: nas segundas, quartas e quintas-feiras, das 8 às 11h ou das 14 às 16h30 – no turno oposto aos estudos. O espaço das atividades da entidade é área do Governo do Estado. Com verba do mesmo, foram construí-
das três salas para melhor atender os jovens: uma para a coordenação, uma para as aulas teóricas e outra que seria, a princípio, para aulas de informática e artes, mas é utilizada para almoxarifado. A GMG conta também com um consultório odontológico, doado pela Irmandade da Capital, onde os alunos poderiam fazer consultas odontológicas e tratamentos preventivos, porém, Rubens conta que a sala está desativada pela carência de um profissional voluntário da área. Muitas são as campanhas sociais desenvolvidas e apoiadas pela Guarda Mirim de Guaratuba nestes 21 anos, como doações de alimentos às entidades carentes, por exemplo. O objetivo é efetivar os direitos sociais: “Respeito e hu-
mildade são valores plantados e semeados em nossos jovens”, afirma o coordenador. Em parceria com o SENAC, a entidade também realiza o Programa de Aprendizagem Profissional em Serviços Administrativos, preparando e incluindo o jovem no mercado de trabalho e desenvolvendo suas aptidões. Patrick Antoni Borges participou da Guarda dos 14 aos 18 anos e há seis meses trabalha em uma empresa de monitoramento. “A passagem pela Guarda Mirim de Guaratuba foi fundamental na minha formação. Hoje sou efetivado e um homem melhor”, conta. Além de Patrick, vários ex-alunos da entidade já estão inseridos no mercado de Guaratuba.
Rubens, subtenente do Pelotão da Polícia Militar de Guaratuba, está a frente da Guarda Mirim desde sua criação. Mas não é só o participante, a família também ganha. “Além das ações desenvolvidas junto aos alunos, a Guarda Mirim oferece também oficinas às mães deles, como de floricultura, de patch work e afins”, explica Rubens. Destaque no Desfile Cívico anual, em comemoração ao aniversário de Guaratuba, a entidade também inclui passeios em seu roteiro, como visita aos museus, parques aquáticos e aeroportos de outras cidades. Conforme o coordenador, o plano futuro é montar a Banda da
GMG e aperfeiçoar as atividades e parcerias, mas para tal, é necessária ajuda de profissionais voluntariados à disposição. A recompensa é boa: Rubens conta que os jovens que por ali passaram trilharam caminhos melhores. “É fundamental o resgate dos valores éticos e morais, esvaídos com o passar dos anos”, afirma. Indiretamente, neste aniversário Guaratuba sorri, pois há 21 anos a Guarda Mirim, como seu lema diz, ajuda a preservar nosso maior patrimônio: Os jovens e adolescentes.
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ENTRE OS BASTIDORES
Enquanto a cidade dorme Augusta Gern
As luzes das casas se apagam, as ruas esfriam pela falta de pneus passando e o silêncio domina a escuridão. Quando a maioria das pessoas coloca a cabeça no travesseiro, depois de um dia cheio ou um tanto quanto tranquilo, os minutos continuam a passar, o relógio continua rodando e a cidade ainda permanece viva. Durante as horas de céu escuro, a maioria dorme junto ao sol, mas há quem permanece nas ruas.
C
omo cidades litorâneas, as madrugadas de Guaratuba e Itapoá são mais vivas durante o verão. Na maioria das vezes, a estação mais quente faz com que essas horas sejam as mais esperadas por barzinhos e baladas. Porém, durante o ano, apesar de muitos não acreditarem, as madrugadas ainda continuam vivas, ou pelo menos, durante os finais de semana. Para contar o que acontece nas ruas enquanto todos, ou melhor, a maioria dorme, nada melhor
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Em Guaratuba, o taxista Diego de Oliveira, afirma que a cidade dorme pouco, principalmente nos finais de semana. do que os taxistas. Com diferentes histórias, diferentes trajetos e diferentes situações, do painel ou do retrovisor, eles veem a madrugada em diferentes ângulos. Em Guaratuba, o taxista Diego de Oliveira, afirma que a cidade dorme pouco, principalmente nos finais de semana: “parece que todo mundo está dormindo das 2 às 4 horas”. Segundo ele, neste período de duas horas geralmente as ruas
ficam vazias, antes disso há os festeiros saindo de bares e festas e, às 4h os ônibus intermunicipais começam a rodar e os padeiros saem para trabalhar, como se a cidade estivesse dando a primeira espreguiçada. Durante as duas horas de sono, só alguns andarilhos e o posto de gasolina 24 horas parecem permanecer na insônia. Nos finais de semana as coisas mudam um pouco: “A avenida prin-
cipal parece uma passarela”. Conforme Diego, por causa das festas noturnas o movimento aumenta e às vezes não dá muita folga. Nas sextas e sábados o plantão é no próprio ponto de táxi, nos outros dias é em casa, via telefone. Quando está no ponto ou dirigindo na madrugada, o que mais vê são os andarilhos e brigas de casal. “Daqui nós observamos tudo que acontece após as festas”, brinca. Se isso é durante o ano, imagine na temporada, a cidade não dorme. Segundo o taxista, no verão as pessoas amanhecem e é difícil ver a avenida vazia. O maior movimento, nesta época, é de jovens e turistas que não têm carro. “Infelizmente aqui as pessoas ainda não tem a consciência de não dirigir quando bebem”, fala. Porém, ele já teve casos engraçados com embriagados, como pessoas que não lembravam nem onde moravam. Outras situações inusitadas que já fizeram parte de suas corridas foram objetos estranhos e até eróticos que ficaram esquecidos no banco de trás, casais que passaram um pouco dos limites da censura e até convites para festas ou encontros particulares. Além disso, Diego conta que já se surpreendeu
Odair Benkendorf, taxista em Itapoá, trabalha com plantão no telefone durante a noite. com pessoas que foram buscar drogas. “Eles nos guiam até o local e chegando lá é que percebemos a função da corrida, é muito desagradável”, fala. Em relação à segurança, ele afirma que Guaratuba mudou muito nos últimos anos: “As noites estão mais complicadas, bem mais perigosas”. Ele lembra o episódio onde um amigo taxista estava com pessoas armadas dentro do carro, correndo após uma briga de bar. Porém, mesmo com as dificuldades, ele afirma que é uma profissão divertida, principalmente à noite: “acabamos vendo tudo que acontece e até levando a fama de fofoqueiro”, brinca. Conforme ele, as histórias engraçadas e as amizades que acaba fazendo recompensam o trabalho.
Em Itapoá as madrugadas parecem mais tranquilas e dorminhocas. Conforme o taxista Odair Benkendorf, o movimento é mais significativo no verão e nos finais de semana. “Durante a semana são mais emergências, já nos finais de semana é o pessoal saindo das festas”, conta. Como a vida noturna em Itapoá não é muito movimentada, ele conta que há corridas para outras cidades, como Guaratuba, só para pessoas curtirem a noite. Além das festas, ele afirma que a cidade utiliza bastante os serviços de táxi. Emergências, falta de veículo e, principalmente, a perda do ônibus são os principais motivos. “Há casos de pessoas que trabalham longe, como no Porto, por exemplo, que quando perdem
Pedro Franco Pinto Neto, de Itapoá, não trabalha à noite, mas já teve grandes experiências na madrugada itapoaense. o ônibus ligam pra gente”, conta. Odair não faz plantão no ponto de táxi, apenas por telefone. Assim, segundo ele, apesar de estar em casa, dorme em prestação: “sempre precisa estar atento ao celular”. Porém, no geral, a cidade colabora no seu sono por também ser mais dorminhoca durante a semana: a partir da meia noite Itapoá entra no sono, que vai até umas 5 horas da manhã. “Na maioria das vezes você não vê ninguém na rua neste horário”. No final de semana, quando há festas, o sono atrasa até duas ou três horas. O taxista Pedro Franco Pinto Neto atualmente não trabalha à noite, mas já teve grandes experiências na madrugada itapoaense. Segundo ele, as situações mais inusitadas foram casos de sepa-
ração dentro do carro, brigas de casal, namorados que perderam o limite e bêbados que não lembraram onde moravam. “Mas essas são coisas comuns para a gente, acontecem com frequência e fazem parte de nosso trabalho”, afirma. Segundo os taxistas, o que é comum e deveria mudar é a falta de segurança. Falta de iluminação pública e de policiamento na madrugada tornam, muitas vezes, o trabalho até perigoso. Os entrevistados nunca sofreram nenhum aperto quanto a isso, mas sinalizam a preocupação. Assim, mesmo sem imaginarmos, boas histórias se passam na madrugada. Entre o silêncio e a escuridão, ainda há vida enquanto boa parte das cidades dorme.
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GIRO POP NA ESCOLA - FANFARRA DE ITAPOÁ
Bumbos, caixas, liras e afins Ana Beatriz
Q
uem conhece, ainda que pouco, o trabalho da Fanfarra Municipal de Itapoá, sabe que se fosse um nome, ela se chamaria Luiz Antonio Piazzetta, ou simplesmente Seu Piazzetta, como é carinhosamente chamado. À frente da Fanfarra de Itapoá desde sua criação, em 2001, sua história com a música nasceu muito antes disso. Nascido em 1938 em Curitiba – PR, seu envolvimento com a fanfarra se deu no Colégio Estadual do Paraná, como coadjuvante. “Se for contar toda a minha história, você vai passar uma semana ouvindo”, brinca Piazzetta. A experiência decisiva para o caminho trilhado por ele nos anos seguintes foi ser campeão brasileiro de bandas de fanfarra pela Escolinha Tia Paula, ainda jovem. Com formação musical pela Escola de Belas Artes, foi Mestre da Primeira Banda Marcial da Polícia Militar do Estado do Paraná, colaborou com a Banda Municipal de Itapoá e hoje é Mestre da Fanfarra Municipal da cidade. Além de bandas e fanfarras, em seu currículo constam também escolas de samba. “Foi por intermédio de um tio carioca que conheci a Escola de Samba Caprichosos de Pilares, também parte fundamental em minha formação”, conta o Mestre. Acostumado a frequentar Itapoá a passeio, Piazzetta virou residente do município em 2000 e, em 2001, começou a compartilhar toda a sua experiência com a música. No início a Fanfarra fazia parte do Departamento de Cultura. A
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A Fanfarra de Itapoá e ministrada pelo mestre Piazzetta desde 2001. base dos primeiros instrumentos foi doação e, inicialmente, as aulas eram ministradas em uma casa com, ao todo, onze alunos. Em 2010 a Fanfarra se incorporou como disciplina ofertada do Projeto Ampliação da Jornada Escolar, promovido pela Secretaria de Educação de Itapoá. Segundo o Coordenador do Projeto, Claudio Sérgio Costa da Silva, o principal objetivo da Fanfarra, bem como de todo o Projeto, é fazer com que os jovens saiam das ruas e se ocupem no turno oposto aos estudos. Hoje, participam cerca de 30 alunos, meninas e meninos. “Os alunos chegam aqui apenas com a curiosidade, mas aprendem até o porquê de um parafuso estar ali no instrumento e como isto influencia no som”, conta Piazzetta, que divide os alunos em duas turmas, uma com crianças menores e outra com maiores. Os instrumentos da Fanfarra são novos e diversos, como bum-
Os participantes participam de apresentações cívicas em toda a cidade.
bos, caixas e liras, e entre eles constam até dois pratos profissionais. “A ideia é que os alunos vivenciem todos os instrumentos apresentados, mas a preferência é inevitável”, explica o mestre. “Tenho até ex-alunos tocando em outras cidades”, complementa orgulhoso. Já o repertório, conta com a Música Popular Brasileira, Samba, Olodum e Timbalada. A Fanfarra Municipal de Itapoá realiza apresentações anuais em datas cívicas como o aniversário de Itapoá e o Dia da Independência, por exemplo. Na Semana da Pátria, se apresenta nas escolas do município e, nos Jogos Escolares, a música embala a entrada das bandeiras. Com uniforme próprio, matrículas limitadas e um ano movimentado de ensaios e apresentações, a Fanfarra Municipal de Itapoá segue suas atividades assim como seu Mestre Piazzetta, divulgando o conhecimento da música e arrepian-
do os ouvintes com suas batidas. Dos 76 anos de Piazzetta, 60 são de música e a inspiração, segundo ele, vem inteiramente de sua mulher. “Sou um homem muito feliz. Primeiro, por estar em Itapoá e segundo, por fazer parte do Projeto Ampliação de Jornada”, afirma. O segredo do funcionamento do Projeto, para ele, é a união entre todos os 23 profissionais.
Projeto Ampliação de Jornada
Além da Fanfarra, o Projeto Ampliação de Jornada oferece, gratuitamente, outras modalidades, distribuídas estrategicamente ao longo da cidade. São elas: judô, atletismo, espanhol, dança, capoeira, artes, música, surf, esportes de praia, educação ambiental, voleibol, futsal, tênis de mesa, esportes e recreação. Para participar, é necessário ter de 6 a 16 anos e estar regularmente matriculado na rede municipal de ensino.
HISTÓRIA - ITAPOÁ
As ricas e ousadas fases da história itapoaense
Farol da Mamata, hoje Farol do Pontal, foi o local aonde aportaram os desbravadores. Vitorino Paese
N
o livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva editado em 2012 demos ênfase aos aspectos formais, ou seja, aqueles lastreados em documentos. Todavia, no ano em que a cidade do mar comemora 57 anos de fundação e 26 de emancipação, entendemos que é oportuno recor-
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Carroça do senhor Mário Budal, serviu de transporte para melhor conhecer o local.
darmos alguns dos fatos citados na obra, bem como acrescer outros nela não contemplados. Tudo começa lá no ano de 1955 quando o cidadão Adalcino Rosa encontra em Joinville o empreendedor e visionário Dórico Paese. Descreve-lhe a existência de uma praia de beleza natural extasiante e inexplorada. Vindo de outras experiências bem sucedidas no ramo, o em-
Sócios da SIAP. Na foto senhores Ambrósio Paese, engenheiro Eni Alves Neves, Geraldo Mariano Ghunter e Ernesto Paese.
presário de pronto absorve a desafiadora idéia. No dia seguinte sobrevoa o lugar para uma melhor avaliação. Com certeza encantou-se com o local, pois em seguida, juntamente com alguns irmãos foi a São Francisco do Sul e de barco fizeram a travessia da não menos famosa e histórica Baia da Babitonga. Aportam no acolhedor local de águas calmas denominado Pontal,
hoje bairro Pontal do Norte, cuja referências eram a venda do senhor Mário Budal e o Farol da Mamata. A venda do senhor Budal deixou de existir e o Farol perdeu sua finalidade para o GPS, todavia permanece, como atrativo turístico para recordar que além de ter servido para com seus lampejos orientar os navios, também continua a sinalizar o local por onde Itapoá começou a deixar o anonimato.
Refeitório improvisado junto as obras da estrada. A bordo da carroça do senhor Budal conhecida como ‘’Taxi Beiço’’ percorrem um razoável trecho da praia e vislumbram o grande estoque de atrativos existentes na intacta natureza e, claro, ficaram maravilhados. Em face do que viram decidem desbravá-la, pois observaram que até o nome era um atrativo, que os índios, sem saber, o que era marketing, ouveram por bem denominá-la por Itapoá, na pronúncia deles Itapoã ou Pedra que Ressurge, pois no imaginário místico indígena a pedra reaparecia por vontade dos deuses e não porque a maré baixava. Afim de dar celeridade e sustentação ao empreendimento o senhor Dórico, rapidamente, arregimenta novos sócios. Acompanham-no e comparecem financeiramente nessa aventura movida pelo espírito bandeirantino do fazer, e abrigados numa
Estiva usada para consolidar a estrada. sigla conhecida como SIAP, os sócios Geraldo Mariano Gunther, Ari Alcantara, Irineu de Azevedo Cruz, Werner da Silva, Armando Colombo, José Colombo, Pedro Harto Hermes, Dórico Paese, Valdemar Paese, Anévio Paese, Ambrósio Paese, Ernesto Paese e Serafim Paese. Ao tomar conhecimento do projeto o governador Jorge Lacerda, que através do deputado e sócio Geraldo Mariano Gunther havia incentivado os irmãos Paese a virem para Joinville, prontifica-se a colaborar na sua efetivação. Impulsionados pela repercussão positiva da iniciativa que ganhou grandes espaços na mídia realizam os primeiros estudos voltados para o empreendimento. Teoricamente o sucesso parecia ser tarefa programada e cumprida com razoável facilidade, pois contavam com todos os ingredientes, isto é, dinheiro, sócios dispostos a trabalhar, apoio da imprensa
Trecho da estrada recém aberta.
e opinião pública, bem como do governador. Estabelecem numa das reuniões iniciais, estrategicamente rasgar a estrada com recursos próprios, ou seja, privados, deixando a ajuda governamental para ser empregada na urbanização da praia. Nem bem são iniciados os trabalhos de campo para delinear o percurso da via e a mãe natureza expõe a sua contrariedade, pondo a prova os candidatos a fundadores de mais uma localidade da imensidão Brasil. Para tanto manda as conhecidas e temidas ‘’chuvas de balde’’, que tudo alagam, a tremura causada pela febre da malária, a coceira infernal dos mosquitos que no passado complementavam o açoite aos escravos, os baixios alagadiços e um portentoso arsenal de armadilhas. Determinados, entendem que os obstáculos que passaram a sur-
gir não foram expostos para serem contemplados, mas sim vencidos. Quando a chuva não dava tréguas, era o violão, a gaitinha de boca e o corote de cachaça do seu Ambrósio Paese que não deixava o moral da tropa baixar nos improvisados acampamentos. Para combater a sorrateira malária que insistia em acometer os trabalhadores, contavam com o quinino e até mesmo a imbira misturada com farinha de mandioca, porém ao perceber o agravamento da doença lá vinha o providencial socorro aéreo do abnegado Doutor Newton Varella. Nos baixios alagadiços a estiva, que consistia em amontoar toras e toretes no sentido transversal a estrada, e sobre elas terra para consolidar a passagem. Para garantir o descanso noturno extensas fogueiras em volta dos acampamentos espantavam mosquitos e outros bichos, pois até
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Estrada oferecendo condições de tráfego normal com tempo bom. onças existiam. Os percalços citados retardaram a conclusão da estrada e estouraram a previsão financeira, mas não o ânimo dos envolvidos no grandioso e promissor projeto Itapoá. Esgotados os recursos restava buscar socorro junto ao governo. Porém esse expediente não pode ser concretizado, em razão da queda do avião que vitimou o mandatário catarinense e membros da sua comitiva. Quando tudo parecia irremediavelmente sem saída, emerge o espírito solidário de inúmeros moradores que bravamente viviam nas isoladas paragens para, em regime de mutirão, doar alguns dias de trabalho na semana para contar com o tão sonhado acesso terrestre regular.
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Bairro de Itapema ano de 1963.
Essas iniciativas, que bem definem o valor da solidariedade, permitiram a conclusão da Estrada Pioneira ou Serrinha no ano de 1958. A referida via não veio sozinha, trouxe com ela um enorme entusiasmo e uma extraordinária vontade de fazer, provando na prática o sucesso teorizado do empreendimento. Essa imensa onda de superação e motivação associada a divulgação realizada pelos loteadores e corretores nos mais diferentes locais, atraiu um número cada vez maior de pessoas dispostas a investir nos grandes e vazios espaços que se tornaram passíveis de ocupação. A economia de subsistência cede lugar, pouco a pouco, a economia de mercado, conduzida por
Instalação do distrito de Itapoá.
novas e privilegiadas cabeças pensantes. Por fim, resta claro, que a pioneira estrada da Serrinha foi o elemento indutor para que se instalasse uma nova e próspera fase de inúmeras realizações, dentre as quais elencamos abaixo algumas que julgamos de maior importância. 1957 - O primeiro loteamento de Itapoá com a denominação de Balneário Itapoá é registrado em São Francisco do Sul. 1958 - Conclusão da Estrada Pioneira Serrinha. 1963 - Resolução 22/63 aprovada pela Câmara de São Francisco do Sul cria o município de Garuva com Itapoá integrando sua área territorial. 1966. Lei estadual 8/66 cria o Distrito de Itapoá.
1970. Inaugurada a Estrada do Sambaqui - Cornelsen em 17 de novembro. Novo acesso a Itapoá com a extensão de 12 quilômetros, financiado pelos empresários João
Na cerimônia de instalação do Distrito o desembargador Francisco, Dórico Paese e o representante do governador. Cornelsen, Arion Cornelsen e Osvaldo Contador. 1989. 26 de abril às 17:45 o Governador Cacildo Maldaner sanciona Lei emancipando o Distrito de Itapoá. Os movimentos para o surgimento do novo município foram liderados pelo empresário Ademar Ribas do Valle que foi também o primeiro prefeito. 1997. Asfaltamento dos 12 quilômetros da Estrada do Sambaqui - Cornelsen. Gestão Ademar Ribas do Valle. 2003 - Itapoá ganha a condição de Comarca. 2010 - Inauguração do Porto Itapoá em 22 de dezembro. 2011 - Início das operações do Porto Itapoá em 16 de junho. 2012. Inaugurado o asfalto da Estrada da Serrinha.
Sambaqui a margem da nova estrada inaugurada em 1970 (Cornelsen).
Manchete Jornal de Joinville destaca o trabalho da SIAP na abertura da estrada da praia de Itapoá.
Governador Cacildo Maldaner sanciona lei criando o município de Itapoá.
Livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva, de Vitorino Paese.
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MÚSICA - ITAPOÁ E GUARATUBA
Poesias em forma de canções da Silva e José Sluminski poetizaram Guaratuba e Itapoá em forma de canções. A leitura dos hinos é também uma forma de se inserir nas belezas tão citadas destas praias vizinhas e aniversariantes deste mês de abril.
Ana Beatriz
Cantados em coro nas celebrações cívicas, eles estão na ponta da língua dos moradores e fazem menções honrosas aos municípios. Se a cidade tivesse que ter uma trilha sonora, certamente esta seria o Hino do Município. Mas será que todos sabem a respeito de sua história, seus compositores e músicos? No mês de abril, Itapoá completa 26 anos no dia 26 de abril, já Guaratuba completa 244 anos no 29 abril. Alguns dados sobre o histórico do hino dos respectivos municípios foram encontrados. O Hino do Município de Guaratuba foi oficializado pela Lei Municipal nº. 554, datada em 17 de julho de 1968. Sua letra é de autoria do poeta e escritor Francisco Pereira da Silva e sua música foi composta pelo maestro e professor Luiz Elogio Zilli. O hino foi adotado oficialmente pelo então prefeito Orlando Bevervanso. Porém, sofreu uma pequena alteração em 1975, por influência de Joaquim da Silva Mafra, solicitando que fosse citado, ao menos uma vez, o nome da cidade. Com o respeito devido ao autor do hino, Luiz Elogio Zilli, o prefeito da época acatou a sugestão prontamente. Em sua primeira estrofe, a introdução que antes seria “Oh! Sereia lendária e risonha” passou a ser “Guaratuba lendária e risonha”. Ainda em data anterior cogitou-
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-se outra lei, em 1947, para alterar a primeira frase, entretanto as documentações que poderiam comprovar o fato foi perdida, como tantos outros documentos na catástrofe de 1968. Já o Hino do Município de Itapoá, foi apresentado à comunidade junto às comemorações do 3º Aniversário do Município, em 26 de abril de 1992. O Hino foi oficializado pela Lei Municipal nº. 138/92, datada em 06 de maio de 1992. Para sua escolha, foi realizado o Concurso do Hino de Itapoá, bastante divulgado na época. Foram cinco concorrentes e uma comissão avaliou os trabalhos apresentados. José Sluminski venceu com sua letra e música por unanimidade de votos. Natural de São Bento do Sul SC, José Sluminski, autor da letra e música do Hino de Itapoá, está hoje com 72 anos de idade. Seu currículo musical e cultural é extenso. Ele atuou em diversas escolas, foi regente em bandas e fanfarras, participou de orquestras, recebeu várias homenagens, foi agraciado com o recebimento de diversos tí-
tulos e venceu diversos Concursos Públicos Oficiais: Hino de Campo Alegre, Hino de Guaramirim, Hino de Corupá, Hino de Itaiópolis e como já mencionado, Hino de Itapoá. José é também autor de vários outros hinos, como o do Rotary. Hoje, ele trabalha como regente e professor em três escolas: Escola José Ernesto Froehner em Campo Alegre, Escola Jazz Band Elite em Corupá e Escola de Música e Harmonia Piên – PR. No 7º aniversário de Emancipação Política Administrativa de Itapoá, José recebeu uma placa de bronze das mãos do então e hoje também prefeito Sérgio Aguiar. Atualmente, no 26º Aniversário do município de Itapoá, o vereador Geraldo Weber e outros vereadores subscreveram um requerimento para que nesta comemoração de 2015, José Sluminski receba o Título de Cidadão Honorário do Município de Itapoá, pela criação do Hino. Como um dos símbolos do Município, o Hino eterniza as belezas enchendo corações de orgulho. Luiz Elogio Zilli, Francisco Pereira
Composição bandeira de Itapoá Composta de 3 faixas com as cores vermelha, branca, azul e no centro o Brasão. • Vermelho: representando o nosso sol, a nossa raça, e a vontade de ver Itapoá crescer; • Branco: representando a paz do nosso povo, que anima nossos corações; • Azul: representando os 32 km de nossas praias banhados pelo intenso azul do nosso cobiçado e encantador mar, que nos faz sonhar além do horizonte. O Brasão e a Bandeira foram criados através da Lei Municipal nº 55/90, de 05 de setembro de 1990, sendo aperfeiçoados mais tarde pela desenhista Margareth Christine Lohmnann e por João Pedro Duque Irulegui. - Brasão •A coroa representa os antecedentes Portugueses; •A parte superior representa a natureza; •Os três quadros representam as riquezas do Município: a produção de banana e a extração da madeira; a pesca artesanal; e a agropecuária e a agricultura de
subsisência; • Nos lados: esquerdo, a cana de açúcar; e no direito, o arroz.
esplendor, riqueza e soberania. O vermelho representa a intrepidez, coragem, audácia e valentia.
Composição bandeira de Guaratuba Esquartelada em sautor, de azul, formando os quartéis figuras geométricas trapezoidais e carregados de quatro pássaros (Guarás) vermelhos, em ação de vôo, os quartéis são constituídos por quatro faixas amarelas dispostas duas a duas em banda e que partem de um retângulo amarelo central, onde o Brasão é aplicado. De conformidade com a tradição da heráldica portuguesa, da qual herdamos os cânones e regras, as bandeiras municipais podem ser oitavadas, esquarteladas ou terciadas, tendo por cores as constantes do campo do escudo, ostentando no centro o Brasão da cidade. A bandeira do Município de Guaratuba obedece essa regra geral, sendo esquartelada em sautor, isto é, os quartéis são constituídos por faixas que unem os cantos da bandeira, entrecruzando-se ao centro, no ponto que é representado um triângulo onde o Brasão é aplicado. O Brasão ao centro da bandeira simboliza o Governo Municipal (Executivo e Legislativo) e o retângulo onde é aplicado representa a própria cidade sede do Município. As faixas que partem desse retângulo dividindo a Bandeira em quartéis, simbolizam a irradiação do Poder Municipal a todos os quadrantes de seu território e os quartéis, assim constituídos representam as propriedades rurais existentes nesse território. O azul em heráldica, é símbolo de justiça, nobreza, recreação, zelo e lealdade. O amarelo representa a glória,
Brasão Escudo samnítico encimado pela coroa mural estilizada de seis torres de prata. Em campo de prata, firmados em chefe, três guarás de goles estilizados em ação de vôo, dispostos em contra-roquete, e em ponta, navegante sobre um mar de blau e aguado de prata, uma caravela de sable com velas enfunadas, ostentando a Cruz da Ordem de Cristo de goles, embicada em um rochedo de sable firmado à destra e sobreposto por um laço de muralha de goles e armado de bombarda de sable. Como apoios do escudo, à destra e à sinistra, dois cavalos marinhos de sinopla e escamados de ouro e abaixo um listal de blau, contendo em letras de prata o topônimo “GUARATUBA” ladeado pela data 29-4 e pelo ano de fundação 1771. O escudo samnítico, usado para representar o Brasão de Armas de Guaratuba, foi o primeiro estilo de escudo introduzido em Portugal, por influência francesa, evocando aqui a raça latina colonizadora e principal formadora da nacionalidade brasileira. A coroa mural que o sobrepõe é o símbolo universal dos brasões de domínio e que, sendo de prata, de seis torres, das quais apenas quatro são visíveis em perspectiva no desenho, classifica a cidade que representa na terceira grandeza, ou seja, sede do Município. A cor do metal prata no campo do escudo é símbolo heráldico da amizade, paz, eqüidade, inocência, pureza e trabalho.
HINO DO MUNICÍPIO DE ITAPOÁ Letra e música: José Sluminski Ao nordeste de Santa Catarina Fazendo divisa com o Paraná A natureza é bela e fascina No Município de Itapoá. Itapoá escreve sua história Convida o povo a participar Aos fundadores rende a memória Cantando hinos para homenagear. Estribilho: Itapoá, Oh! Cidade ternura Linda e formosa, esperança futura Pedra preciosa sendo lapidada Por todos nós, és querida e amada Itapoá praia e sol, terra e mar Tuas belezas queremos cantar Em cada olhar uma nova emoção Que faz vibrar todo o meu coração. O teu progresso pujante e seguro Vai se expandir por toda a região E preparar o caminho do futuro Unindo todos à mesma missão. E nós, teus filhos te parabenizamos Com alegria e ardor civil Tua Bandeira sempre desfraldamos Pois tua vitória é a glória do Brasil.
HINO DO MUNICÍPIO DE GUARATUBA Letra: Francisco Pereira da Silva Música: Luiz Elogio Zilli Guaratuba lendária e risonha Cobre-a de ouro um perpétuo arrebol. Virgem e bela, que dorme e que sonha Sob os beijos da vaga e do sol. No aconchego silvestre dos montes, Que entre nuvens despertam magia, Contemplando os azuis horizontes O remanso feliz da baía. Se do atlântico escuta-se a tuba, Que no espaço marítimo atroa, Santa crença! É um altar-Brejatuba, De onde Cristo a amplidão abençoa! Que paisagem festiva, pôr certo, Mais solene um artista achará? Onde o céu estrelado é mais perto! Mais belezas, no mundo, não há! Ó, sereia fiel do oceano Que soluça nas praias, febril; De tuas galas eternas me ufano Branca ninfa do sul do Brasil! Ó cidade-presépio, aos teus trilhos Mais progresso o futuro trará, Através do labor dos teus filhos Glória e escrínio do meu Paraná
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HISTÓRIA - GUARATUBA
Guaratuba: a mais linda praia do litoral do Paraná
Guaratuba , terra dos Guarás, foi fundada em 29 de Abril de 1771 sob o Manto de Nossa Senhora do Bom Sucesso!
G
Rocio Bevervanso uaratuba (São Luiz de Guaratuba da Marinha) é a mais antiga cidade balneária marítima do Paraná, inserida no Município do mesmo nome extinto em 20 de outubro de 1938, pelo Decreto nº 7573: posteriormente, restaurado
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pela Lei nº 2, de 10 de outubro de 1947. É sede de Comarca desde 30 de junho de 1986. Saint’Hilaire que visitou Guaratuba pelos idos de 1820, consignou diversas e importantes observações a respeito da região, inclusive sobre seu núcleo populacional um tanto reduzido e precário, em função das condições de vida da época. A verdadeira história de Guara-
No ano de 1955 teve início a construção do muro de arrimo na rua da praia em Guaratuba, em frente a baia. O primeiro lance de muro construído foi na rua do Riacho Ipiranga, onde no mesmo local em 9 de setembro de 1952 foi fundado o Clube Ipiranga. Também no anos 50 foi construido o antigo Mercado Municipal, que ficava na descida do Ferry Boat. tuba, focalizada em seus mais interessantes, sugestivos e curiosos momentos, estão conspicuamente abordados no livro “História do Município de Guaratuba” do historiador guaratubano, pertencente à antiga sepa dos povoadores locais, Joaquim da Silva Mafra, alicerçan-
do precioso conteúdo histórico, geográfico e etnográfico da região. Guaratuba, no concerto paranaense atual, está inserida na Microrregião 1 – Litoral e Alto Ribeira, cuja cidade Pólo é Paranaguá, completando com Adrianópolis e Cerro Azul (Alta-Ribeira) e Antonina, Gua-
Evento onde foram eleitas embaixadoras de turismo de diversas cidades do Paraná. Jussara, foi a eleita em Guaratuba. Antigos comércios ao fundo, uma foto histórica que ficou registrada na memória, pois a catástrofe de setembro de 1968 engoliu tudo. raqueçaba, Matinhos e Morretes (Litoral). É de lembrar que no antanho de 1833, o então Governador da Província de São Paulo, Dr. Rafael Tobias de Aguiar, atendendo os interesses administrativos, dividiu sua Província em 6 Comarcas, na forma do Art. 3.º do Código de Processo, constituindo na Zona Sul a 5.ª Comarca, com os 7 (sete) Municípios vigentes e relacionados na Sessão do Conselho do Governo, datado de 23 de fevereiro de 11833, assim: Castro, Palmeira, Curitiba, Príncipe, Guaratuba, Paranaguá e Antonina; posteriormente,
desmembrando-se com a emancipação, formando a Província do Paraná. Cronologicamente, Guaratuba foi a 3ª Vila criada em território paranaense, em 1771; depois de Paranaguá em 1648 e Curitiba em 1654; seguindo-se Antonina em 1797, Castro em 1789, Lapa em 1806, Morretes em 1841 e Guarapuava em 1849. Fundada em 29 de abril de 1771, completa neste ano de 2015 244 anos de feliz existência. Parabéns Guaratuba, a mais linda praia do Litoral do Paraná!
Desfile cívico em comemoração aos 195 anos de Guaratubal.
Avenida 29 de Abril. Ao lado o Banco Bamerindus e no final da Avenida era a casa do Seu Nicola. Era uma alegria o desfile das Garotas Brejatuba pela cidade, até o Morro do Cristo. Marghit eleita 1972 e a Laís(morena) que recebeu o título para 1973.
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APAIXONADOS POR ANIMAIS
A rotina do ‘aumor’
Entre latidos e muito trabalho, a espera por um lar cheio de amor é destaque neste bastidor. Augusta Gern
C
ada um tem uma fisionomia, um nome e históricos diferentes, mas compartilham uma mesma afinidade, talvez transformada até em sonho: ganhar um lar. Atualmente são 58 cães que vivem, temporariamente, no Centro de Bem Estar Animal de Itapoá, mantido pela Prefeitura Municipal. As necessidades e dificuldades não são poucas, mas neste bastidor o que sobressai é a espera por um lar cheio de amor. O Centro surgiu há pouco mais de um ano com o objetivo de tratar os cães machucados ou em situação de risco. Não é um abrigo: os cães chegam, são tratados e vão para adoção. Já foram realizadas dez feiras e, entre os que participam dos eventos e das pessoas que vão busca-los no próprio Centro, já foram doados cerca de 90. Apesar de parecer um número significativo, ainda não é o bastante: o número de cães nas ruas ainda é muito grande. No Centro a equipe é pequena e a rotina diária. Com um veterinário e dois funcionários, recentemente ganhou mais duas mãos e muita vontade de ajudar: Vivian Becker. Veterinária e com cargo na área administrativa na Prefeitura, a funcionária pediu para trabalhar lá. “Apesar de não podermos fazer tudo que queremos, nos sentimos realizados em poder ajudá-los e salvar vidas”, afirma. O trabalho inicia às 8h com a limpeza dos canis internos e, em seguida, dos externos. “Os dois
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Vivian, uma das veterinárias, afirma que o Centro tem hoje 58 cães, 10 em tratamento intensivo.
funcionários são responsáveis pela limpeza das baias, da área e em alimentá-los”, explica Vivian. Os veterinários iniciam o dia com as rondas diárias para ver como estão todos os cães e, pela manhã, dão as medicações necessárias. Neste mês, são dez em tratamento intensivo, a maioria com problemas de pele. No período da tarde são realizadas as castrações e o atendimento às denúncias, que não são poucas. Conforme Vivian, as denúncias variam em toda a cidade. Há casos de cães de rua ou comunitários (que são da rua, mas a comunidade trata) que estão machucados, casos de cachorros perigosos, que já atacaram outros cães ou até pessoas, além de casos particulares. Segundo ela, o Centro não pode se responsabilizar por nenhum cão particular, pois esta é uma responsabilidade do dono. “Já é difícil dar conta de todos os da rua”, afirma. Pela falta de responsabilidade ou até consciência, já houve ca-
sos de pessoas jogarem cães por dentro da cerca do Centro, “como se fosse um depósito de animais”. Vivian orienta os problemas disso, principalmente quando realizados fora do horário de funcionamento: “Já houve casos de encontrarmos cães mortos quando chegamos. Os que ficam soltos se dão bem, mas quando entra um diferente podem se estranhar e ocasionar brigas feias”. Internamente, já houve casos de brigas, mas foram poucas e isoladas. Além dos que entram, também há os que saem. As feiras sempre contaram com filhotes e adultos, mas os novinhos são os preferidos. “Temos alguns cães que já participaram de todas as feiras, acho que até já virou rotina ele ir e voltar”, lamenta Vivian. Mas há o que dão sorte e encontram famílias cheias de amor. Para quem deseja adotar mesmo fora das feiras, pode ir até o Centro de segunda a sexta-feira, no período da manhã, ou entrar em contato com a equipe através das
redes sociais pela página ‘Centro de Bem Estar Social de Itapoá’. Todos os cães saem dali castrados e vacinados, junto com um termo de responsabilidade. “A adoção deve ser um ato responsável, pois todo cachorro precisa de cuidados e amor”, afirma Vivian. Segundo ela, as necessidades básicas de todo o cão são: alimentação, higiene, saúde, um espaço confortável, e não ficar nas ruas. Além disso, maus tratos e falta de carinho não precisam nem ser citados, pois não condizem com a vida de qualquer ser vivo. Outra coisa importante, principalmente para controlar o número de cães nas ruas, é a castração. Diferente do que muita gente acha, Vivian afirma que a castração não faz mal nenhum ao animal, que continua com suas atividades normais, apenas não vai procriar. “Há quem diz que a castração engorda, mas não é verdade. A falta de exercício, que às vezes é sair atrás de fêmeas, é que pode engordar”, fala. Essa é uma iniciativa que deve ser tomada para os dois sexos. A fêmea, depois de castrada, pode levar até duas semanas para se recuperar, já o macho, apenas uma. E então, em uma rotina cheia de cuidados, tratamentos veterinários, fiscalização às denúncias e muito, muito trabalho entre os latidos, segue os bastidores do Centro. Como a equipe é pequena e o trabalho bastante, voluntários também são bem-vindos. Nas feiras, no Centro ou mesmo à distância, todo mundo pode fazer um pouco para tornar esse bastidor mais cheio de amor, afinal, todo mundo precisa de carinho, de amigo e de um lar.
Miami...compras para todos os gostos e gastos! São poucos os lugares, que reúnem tão bem praias lindas e sossegadas, diversões, shoppings e os famosos “outlets”, que nada mais são do que grandes locais, onde encontramos as mais variadas lojas e griffes, restaurantes entre outros entretenimentos, o que para nós brasileiros seriam grandes e suntuosos shoppings a preços camaradas sem os impostos cobrados no Brasil.Perde-se um dia dentro deles e não se vê tudo! Miami, cidade da fartura, do glamour e do luxo e mesmo que o dinheiro esteja curto sempre há possibilidade de se encontrar ofertas e ainda para ajudar, muitos moradores falam espanhol, desde taxistas, como vendedores nesses “outlets” Interessante é esticar o passeio até a vizinha Fort Lauderdale, fica uns 40 minutos de carro do centro de Miami. Nesse local fica o Sawgrass, um dos maiores “outets” dos Estados Unidos. Existem ônibus de linha que vão até lá, como taxis e ou pode-se alugar uma van e ir em grupo. O preço da van sai aproximadamente 25 dólares por pessoa, ida e volta até o hotel. Além de pegar no hotel, o cliente é quem escolhe o horário de ida e o de volta e o motorista serve como guia, dando dicas de Miami. Uma vez dentro do Sawgrass você não vai querer perder tempo, é muito grande, parece um labirinto. Sugiro que antes das compras você entre no site do Sawgrass Mills, imprima o mapa e anote os lugares, os quais pretende visitar. Por exemplo. a Target é uma boa loja para lingerie, cosméticos, brinquedos; a
TJMAXX é ideal para enxoval de bebê e assim por diante. Os melhores “outlets” , além do Sawgrass são o Aventura Mall, Dolphin Mall, é nesse que você encontra lojas exclusivas de perfumes. Cheque promoções e procure sempre comprar um e levar o outro pela metade do preço. Comprar eletrônicos é no Best Buy, maior e mais popular rede de eletrônicos dos Estados Unidos. Uma das lojas fica quase em
frente ao Sawgrass Mills, aproveite a oportunidade e visite as duas lojas. O nosso famoso Wallmart também oferece boas compras e bons preços, desde roupas, comidas e eletrônicos, como eletrodomésticos. A diferença é que o Wallmart de lá é vinte vezes maior do que os que se encontram no Brasil. Dicas: - quase todas as lojas dão cupons de desconto em produtos. - quase todos os hotéis têm uma estante de panfletos de propagandas de lojas e passeios. - compre uma mala quando chegar no “outlet”. Ela será usada para guardar as sacolas durante suas compras no shopping e todos abrem e fecham a mala no meio das lojas, sem pudores. - “ wi-fi” é grátis nesses shoppings. - nos “outlets” americanos, as grandes queimas de estoque acontecem entre os meses de fevereiro e março (para roupas de inverno) e entre agosto e setembro (para roupas de verão). Para comprar remédios sem receita médica, vitaminas e produtos para seu bem estar como massageadores, escovas de dentes elétricas, escovas de cabelo das mais variadas e todo tipo de cosméticos você acha na rede de farmácias Walgreens e da CVS. Portanto, o ideal é dedicar ao menos dois dias inteiros nos “outlets” e ter muita calma para unir passeio com diversão e compras. Garimpar leva tempo, e nesses lugares é preciso garimpar bastante. Boa viagem!
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APAIXONADOS POR MOTOR
Carros antigos, amor e paciência
Ana Beatriz
Ter um carro bonito, novo e moderno é o desejo da maioria das pessoas, mas um veículo antigo, que já provocou muito delírio e tem história para contar é coisa para poucos. Naturais de Agudos do Sul – PR, os irmãos Elizeu Remizeo Vaz e Joel Remizeo Vaz deixaram a cidade por volta de 1993 para morarem em Itapoá, só não abandonaram o amor por carros antigos.
I
ndícios desse amor já eram dados na infância: “Meu tio trabalhava com Kombi e quando chegava em casa eu era o primeiro a entrar para brincar horas dentro dela. Desde aí me apaixonei e cresci sonhando em ter uma”, conta Elizeu. Com sonho e objetivo traçados, depois de muita procura, veio seu primeiro exemplar antigo, uma Kombi ano 1973, vermelha, comprada de um senhor de Foz do Iguaçu – PR, que a trouxe para Itapoá para realizar
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Os irmãos Joel Remizeo e Elizeu Remizeo Vaz, ao lado da Simca (1959), Fusca (1967) e da Kombi (1973). mudança. Já restaurada e usada por um bom tempo, a Kombi, infelizmente, acabou sendo vendida para a construção da laje em sua casa. “Olho para a laje e me dá vontade de chorar”, brinca Elizeu. Em pouco mais de oito anos,
o currículo de exemplares antigos dos irmãos – comprados em sociedade pelos dois – é digno de cobiça. São hoje, ao todo, uma Kombi carroceria ano 1973, um Fusca ano 1967, um Simca ano 1959, um Chevrolet ano 1947 e um Va-
riant ano 1976 que atraem curiosos e chamam atenção nas ruas itapoaenses. Além de o valor investido, existe o valor sentimental que supera toda e qualquer oferta. As histórias vividas a cada carro comprado e reformado são diferentes
A aquisição do Simca 59 foi a mais “acidental”, pois é um veículo raro e que parecia fora do orçamento dos irmãos
entre si e divertidas, pois muitas vezes os carros não estavam à venda e tudo ocorreu de maneira inusitada. A afeição de Elizeu e Joel é comprovada por amigos e familiares, que frequentemente indicam carros antigos avistados por Itapoá e região. Os irmãos contam que sempre vão atrás para averiguar o estado do veículo, mesmo que às vezes percam a viagem. “Há muitas pessoas que vendem o carro para o ferro velho sem reconhecer o valor”, lamenta Joel, mais conhecido por “Tostão”. A intenção de Joel e Elizeu é fazer com que as peças sejam todas originais, como o Fusca 67, que mantém seu rádio original. Uma meta é que os veículos comprados sejam cada vez mais antigos. Segundo os irmãos, os principais critérios na compra de um carro são a estrutura e a regularização da
documentação, pois muitos veículos antigos ainda possuem placas amarelas e, com o passar do tempo, perderam o seu registro. A aquisição do Simca 59 foi a mais “acidental”, pois é um veículo raro e que parecia fora do orçamento dos irmãos. Joel e Elizeu viajaram na intenção de comprar um exemplar Aeroilis, mas souberam, através de um site de compra e venda, do Simca, em São Bento do Sul - SC. Compraram e iniciaram a restauração do veículo que é hoje o xodó dos irmãos. E como coincidência e paixão andam juntas, a placa do Simca é o número do seu ano, 1959. “Não gosto de futebol como a maioria dos homens, meu passatempo favorito é procurar carros antigos, mandar restaurá-los e usá-los”, afirma Elizeu. E o apreço é contagioso: seu filho os acompa-
nha em encontros de carros antigos que acontecem em cidades de Santa Catarina e do Paraná, e também reconhece com facilidade modelos de carros antigos na televisão. As peças do Simca são as mais difíceis de encontrar, pois não existem lojas especializadas em peças como de Fusca e Kombi, por exemplo, que são exemplares antigos mais comuns. Joel e Elizeu contam que passam horas a fio na internet à procura de peças e realizam compras online frequentemente. As peças vêm de vários estados, como Minas Gerais e São Paulo. Para a restauração de um carro antigo, levam, em média, um ano. E para que o resultado seja perfeito, o veículo passa pelas mãos de diferentes profissionais. “Um é melhor com a lataria, outro é melhor com a pintura, outro
com o estofado, outro com a elétrica..., com as experiências descobrimos no quê cada um é melhor”, comenta Elizeu. E quando a paixão é comum, fácil é fazer novos amigos: já houve até troca de e-mails com um antigo dono, curioso sobre o atual estado do carro. Elizeu conta que já houve caso de arrependimento em que o antigo dono quis desfazer o negócio, mas ele se manteve firme: “Eu empresto, mas não devolvo”. Os irmãos contam que é possível lucrar na venda de um carro antigo, mas que não é essa a intenção. A aquisição mais recente dos irmãos é o Variant 76, surgiu há mais ou menos cinco meses, por indicação. Atualmente, encontra-se em reforma, assim como o Chevrolet Fleetmaster 47, ou o “Negão”, como foi apelidado. Todos os dados e imagens dos veículos estão carinhosamente armazenados em uma pasta e a paixão foi estampada até na caneca de Elizeu. O desejo da vez é o Fordinho 29 e, para o futuro, os irmãos planejam ficar com um carro cada, ambos “bem feitinhos”. Assim seguem Elizeu e Joel, se aventurando a restaurar veículos antigos. Comprar a raridade, salvá-la do ferro velho, pesquisar a oficina, garimpar em busca de peças raras e esperar pelo resultado perfeito são atividades que requerem amor e paciência, mas no fim das contas, o resgate histórico é de valor inestimável e a satisfação é a maior do mundo.
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EXPRESSÕES ARTÍSTICAS
Memórias de Guaratuba eternizadas em telas Ana Beatriz
Muitos desconhecem a Guaratuba antiga, de difícil acesso e suas histórias incríveis, mas através das obras do artista plástico Odair Carlos Kronland, é possível reviver momentos e cenários de décadas passadas. Através de registros fotográficos da cidade dos anos 50, Odair eternizou suas recordações em pinceladas sobre as telas.
A
pesar de ser natural e morador de Curitiba – PR, sua história com Guaratuba é de amor e inúmeros capítulos, cabíveis também às gerações anteriores de sua família. Na década de 30, depois de seus avós paternos passarem algumas temporadas na cidade, construíram uma das primeiras casas em Guaratuba. A geração seguinte, tam-
Sua obra-xodó é uma reprodução de uma fotografia sua da praia de Guaratuba, em 1949.
bém frequentou por anos a casa de praia e o balneário foi escolhido por seus pais para passarem a Lua de Mel. Assim, apesar de não ser caiçara, Odair garante que parte de sua vida nasceu no litoral. Além de aproveitar os bons momentos da praia paradisíaca, ele sempre gostou muito retratar todas
as belas paisagens. Odair sempre foi aficionado por fotografia e possui registros fotográficos raríssimos de Guaratuba da década de 50 e guarda, inclusive, o negativo destas fotos. Cada elemento de suas fotografias é recordado detalhadamente. A pintura, que hoje é feita atra-
vés das fotografias, surgiu mais tarde, depois da aposentadoria. Há 15 anos Odair resolveu aprimorar um dom que já podia ser notado na infância. Como Policial Militar aposentado, ele brinca que deixou a arte do revólver para abraçar a arte de pintar. Os primeiros contatos com as
Valores sujeitos á alterações sem aviso prévio.
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As telas de Guaratuba foram inspiradas em fotos antigas da cidade, que ele ainda guarda as originais. telas e tintas foram na Escola de Artes de Celso Coppio e, em seguida, na Escola de Pintura Pró Criar do professor e artista plástico Paulo Bastos. “Estou há mais de dez anos pintando no ateliê de Paulo. É um ateliê simples, para, no máximo seis alunos. Lá, aprendo e evoluo”, conta Odair. Suas pinceladas compõem diversos temas: natureza morta, marinhas, paisagens e afins. Mas foram as paisagens e memórias de Guaratuba que o inspirou, em 2011, para a primeira exposição:
“Retratos de uma cidade”. Com 42 obras, a exposição ocorreu na Casa da Cultura para homenagear a cidade. Na ocasião, expôs reproduções fiéis às suas fotografias originais da Guaratuba antiga. Mais do que memórias, tornou público, artisticamente, paisagens da época que, por várias circunstâncias, se esvaíram por inteiras com o passar do tempo. Sua obra-xodó é uma reprodução de uma fotografia sua da praia de Guaratuba, em 1949. Um momento exclusivo e uma recorda-
ção íntima, eternizados em tintas óleo sobre tela. “Atualmente, para pintar paisagens, é preferível se inspirar em fotografias. Pintar na areia da praia não traz tanta segurança e eu, particularmente, gosto de silêncio e concentração”, explica o artista plástico. Sua segunda exposição, também com várias obras sobre Guaratuba, foi em 2012, na Casa de Artes de Paranaguá – PR. Além de pintar, Odair gosta de pescar, viajar, fotografar e jogar tênis. É também Coxa Branca e
expert em vinhos. “Estou na minha melhor idade”, afirma, sorrindo. Em seus passeios e viagens, ainda mantém o costume de fotografar paisagens: tudo que chama atenção é registrado e pode servir de inspiração. Na pintura, atualmente, está retratando inspirações de cidades do exterior, principalmente da América Latina, que têm em comum os elementos chapéus e sanfonas. E com mais de uma década de experiência e muitas inspirações, ele afirma que aprendizado artístico é constante: “Por mais que eu leia a respeito, pratique e faça cursos, nunca saberei dominar totalmente as técnicas. Vou é as aperfeiçoando com o tempo”. Odair não se considera um pintor moderno, pois pinta por prazer e não por lucro. “Até porque me apego às obras”, brinca Odair.
Com visitas frequentes à Guaratuba, a quarta e quinta gerações da família Kronland já se integram hoje a nova cidade, mas o artista plástico ainda reconhece nela, a paisagem antiga. De momentos pra fotografias e de fotografias para telas, Guaratuba foi e ainda é, parte da memória de Odair. E como toda boa memória, sempre que revivida, faz a alma sorrir.
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Em cada olhar, uma nova emoção Ana Beatriz
Ana Beatriz
Além dos itapoaenses, os nascidos no município, há aqueles que, porventura, em determinada parte de seus caminhos, abraçaram Itapoá com respeito e orgulho, como fez Neusa Lopes. Natural de Capanema – PR, sempre frequentou as praias de Itapoá, mas foi em 2010 que virou residente. Junto dela, vieram seu extenso currículo cultural e sua sede de aprender mais sobre a história do município.
D
esde que chegou, demostra sua experiência e gosto pela arte, nas mais diversas formas. O amor de Neusa por cultura nasceu ainda na infância: cresceu próxima a um sítio cerâmico indígena e, no porão de sua casa, começou seu envolvimento com esculturas de argila e pintura. Fez cursos com grandes artistas e até hoje já ganhou cinco concursos internacionais. Formada em Gestão Cultural pela Universidade Federal do Paraná, atuou 25 anos como Secretária da Cultura e é aficionada pelas artes, em quais-
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quer de suas modalidades. De todas as categorias, sem dúvida, a pintura é a mais expressiva. Em Itapoá, partindo da necessidade de um produto com “a cara da cidade”, que fizesse com que os moradores e turistas se identificassem com o lugar, Neusa pinta, em óleo sobre tela, paisagens do município. Tudo é feito no próprio ateliê de sua casa, com inspirações das próprias paisagens itapoaenses que, antes de serem retratas em telas, são fotografadas. Sempre com câmera fotográfica ou celular em mãos, passeia pelas praias da cidade, a fim do clique perfeito. Segundo ela, exerce a arte de olhar: sob vários ângulos são observados os tons, luzes, sombras. “Muitos turistas vêm a Itapoá procurando aquela mesma paisagem da fotografia que fiz, mas não a encontram. O segredo é a sensibilidade, pois a beleza está nos olhos de quem a vê”, conta a artista. E entre o encantador álbum de imagens, as melhores fotos são transformadas em suas famosas telas. Em 2010, logo após vir morar em Itapoá, Neusa expôs cerca de
Desde que chegou em Itapoá, Neusa demostra sua experiência e gosto pela arte, a pintura é a mais expressiva. 30 de suas telas em Portugal, no Museu Maurício Penha, na Vila Real. Mais que uma divulgação de seu trabalho, foi uma bela forma de Itapoá abrir novas janelas para o mundo. Além dos cenários itapoaenses, Neusa vai além com as telas, tanto nos motivos, como nas técnicas. Ainda buscando dentro da arte um conceito cultural, dentro da identidade local, sua experimentação mais recente são telas com motivos abstratos, de composição mista, utilizando retalhos de couro de peixe, matéria prima local. Neusa também vai além no campo cultural, como pesquisadora e historiadora. Por ser muito interessada e curiosa às origens da terra onde vive, foi em busca
de informações e ampliou o acervo histórico-cultural da cidade. “Cheguei a Itapoá querendo conhecer a cultura local, os costumes e usos. Senti vontade de me integrar, mas encontrei poucas fontes”, conta. Através de inúmeras conversas com moradores, publicou “Uma história desenhada por muitas mãos”, no Primeiro Guia Histórico, Turístico e Cultural de Itapoá. Ainda como pesquisadora, Neusa escreveu históricos de outras cidades que, segundo ela, são na maioria políticos ou comerciais. “As pessoas estão perdendo suas raízes e a sensibilidade da vida. E este resgate é muito importante, pois quem não tem um passado, não tem um futuro”, afirma ela. Neusa Lopes também já foi
locutora do programa de rádio “Itapoá Cultural”, onde resgatava histórias do município e sua cultura. Segundo ela, sem cultura, não há desenvolvimento: “Sem ela, não se expandem os horizontes”. Hoje, além do resgate histórico, da trajetória de pesquisa, das telas e dos cliques, Neusa também faz poesias. Suas fotografias resultam em pequenos versos, fazendo menção honrosa à praia e servindo de composição para a imagem. Assim como o processo criativo, a pluralidade artística de Neusa Lopes não tem fim, pois é como parte do Hino Municipal de Itapoá: “Em cada olhar, uma nova emoção”.
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PROJETO GIROTECA
Augusta Gern
Leia e compartilhe o conhecimento
Mais do que reciclar livros, a ideia é compartilhar conhecimento. Com um pouco mais de um ano de execução, o projeto Giroteca, criado pela revista, tem mostrado bons resultados, mas quer ainda mais. A regra é muito simples: gostar de ler e de repartir boas histórias.
S
ão sete expositores em Itapoá e dois em Guaratuba com livros à disposição para leitura. Qualquer pessoa pode pegar um livro, deixar outro ou optar por uma única opção, o importante é lembrar que outras pessoas também podem conhecer aquela história e, quanto mais gente lê, mais importância o livro ganha. O lugar de um livro é nas mãos de um leitor. Nada de pó de estante, caixa no armário e muito menos na lixeira. Livro é sinônimo de educação e conhecimento e, como bons letrados, sabemos que conhecimento nunca é demais e ele nunca estaciona, todos os dias sur-
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Célia Xavier Felippe, da Panificadora Tezukuri.
gem novas coisas para aprender. Assim, depois de um ano e dois meses de experiência, iniciamos mais uma série de matérias para descobrir como estão os expositores, quem são os leitores e, principalmente, como o projeto é visto e praticado. Resolvemos compartilhar esse panorama por aqui, afinal, quem faz o projeto são os próprios leitores. Além de pães, livros O primeiro expositor visitado é o da panificadora Tezukuri, no balneário Princesa do Mar, em Itapoá. Ali, os livros não dão conta, a cada semana o estoque é diferente, pois leitores é que não faltam. Célia Xavier Felippe, proprietária da panificadora, enche os olhos ao dizer como a comunidade adotou o projeto. “São pessoas de diferentes idades que passam por aqui”, afirma. Segundo ela, durante o ano a criançada visita o expositor com frequência, principalmente antes ou depois do horário das aulas: “enquanto esperam o ônibus da escola ou mesmo quando passam aqui na frente, sempre vêm em
Vanderlei Jardim é leitor assíduo no expositor da panificadora Tezukuri. busca de novos gibis ou historinhas infantis”. No período da tarde, a movimentação de senhoras é mais significativa: revistas de crochê, romances e até livros bíblicos são cobiçados por elas. Nos finais de semana, feriados e férias, o que aumenta é a curiosidade dos visitantes. Conforme Célia, turistas de diferentes cidades perguntam se os livros estão à venda ou se podem emprestar também. Há quem passa de vez em quando, mas também tem os leitores cativos. Vanderlei Jardim é um deles. Há seis meses em Itapoá, já leu vinte livros desse único expositor.
Como sempre gostou de ler, uniu o tempo livre para conhecer novas histórias. Segundo ele, ali aparecem livros dos mais variados gêneros, mas os seus preferidos são de histórias de espionagem que, para ele, exercitam a mente. “Aqui li toda a série de livros ‘Implacáveis’, entre outros muito bons”, conta. O leitor já conhecia um projeto parecido nas linhas de ônibus de Curitiba e parabeniza a ideia. “É um projeto muito bom, desde que a pessoa não deixe os livros em casa. É preciso devolver e compartilhar novos livros”, afirma. Por enquanto, ele lamenta o fato de não estar com os livros em Itapoá para
a doação, mas garante que devolve todos que empresta. Conforme Célia, a não devolução é o maior problema neste ponto; muitas pessoas acabam levando livros e nunca mais voltam. A solução, por enquanto, vem da própria proprietária do estabelecimento: “Trouxe muitos livros de casa. Tenho um estoque variado e sempre que o expositor fica vazio
eu coloco novos”. Porém, isso não é suficiente. Uma hora os livros do estoque de Célia acabam e o projeto não pode ter o mesmo fim. A consciência de devolução e de novas doações deve seguir a mesma linha do empréstimo. Participe dessa campanha de incentivo à leitura, de compartilhamento de conhecimento. Empreste, leia, devolva e doe!
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ntre os insetos, as formigas, são surpreendentes. Algumas como a formiga-dourada (Camponotus sericeiventris) são carnívoras e devoram suas presas ainda vivas. São também, coletoras de mel e néctar além de, frequentemente, assaltarem armários e despensas em busca de substancias açucaradas. O gosto por essas substancias, levou-as a explorar os pulgões, pequenos insetos de coloração verde, que se alimentam de seiva extraída das plantas. Os pulgões surgem na primavera. Produzem filhos que geram outros e assim sucessivamente por toda a estação. Cada pulgão deixa entre dez a quinze descendentes que se multiplicam exponencialmente. Formam colônias enormes; camadas e camadas de pequenos insetos revestindo as folhas e hastes das plantas. Com uma espécie de tromba penetram a planta para sugar a seiva. Na extremidade do abdome, dois tubos extravasam a secreção das glândulas que produzem o liquido que as formigas apreciam. As formigas, com a extremidade das suas antenas fazem ‘cócegas’ no corpo dos pulgões que, excitados pelo atrito, liberam duas pe-
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Formigas pastoras queninas gotas do liquido transparente e açucarado, que para elas tem o mesmo efeito do leite das vacas nos humanos. Após ‘ordenhar’ o pulgão passa para outro e, assim segue, até completar a quantidade necessária para a sua alimentação. Os pulgões são explorados extensivamente. As formigas vivem às suas custas, assim como o homem primitivo vivia do que coletava e caçava na natureza. Não recebem nenhum cuidado e não há qualquer trabalho além da coleta. No entanto, as lasius e mirmicas transformaram o pulgão em um animal ‘doméstico’. Ele passou a ser cuidado, protegido e ‘amestrado’. Elas constroem locais próprios para guardar os seus ‘rebanhos’ de pulgões; edificações que podem ser comparadas aos estábulos feitos pelos homens. Pavilhões de terra cimentada que envolvem os ramos cobertos de pulgões. Um corredor central dá acesso ao ‘estábulo’. Trata-se de um caminho coberto, que liga a moradia dos pulgões ao formigueiro. Alguns tem, inclusive, numerosos entrepostos que fornecem mel abundante às operárias da colônia. Há, também, pulgões que vivem sobre as raízes das plantas. Estes são escolhidos por algumas espécies de formigas, como a lasius flavus, que os cria em quantidade suficiente para
fornecer mel a todo o formigueiro. Nos ninhos, grandes ‘estábulos’ são cavados no solo em torno das raízes, sob as quais, cuidadosamente tratados, vivem os pulgões ‘leiteiros’. Formam um ‘rebanho’ indispensável à alimentação da colônia e o ‘conceito de conservação’, explica os múltiplos cuidados dedicados a esses minúsculos animais domesticados. As formigas conhecem todas as fases do desenvolvimento desses parasitas e não só os auxiliam como intervém em todos os momentos das suas vidas. São elas que recolhem os pulgões alados que produzem os primeiros ovos. Após recolhê-los retiram-lhes as asas e os levam para o local de postura. Os ovos recebem o mesmo tratamento dado aos das formigas. São colocados ao abrigo do frio, dispostos em câmaras especiais e após a eclosão seguem para os ‘estábulos’. Esse conjunto de fatos comprovam que a intervenção da formiga na vida do pulgão é uma evidente e indiscutível domesticação, tal qual, é praticada pela espécie humana com outros seres vivos. Portanto, qualquer semelhança é mais do que mera coincidência. Itapoá (verão), 6 de março de 2015.
QUEM É?
A voz das ruas Ele pode até não ser visto, mas com certeza é ouvido. Augusta Gern
É
difícil em Itapoá alguém que ainda não tenha escutado a sua voz. Nas ruas, carros de som e eventos, a simpatia que seu tom de voz exerce é indiscutível. Conhecido pela marca “Love Som”, Osmar Pedro Batista é uma das poucas pessoas que pode afirmar que mesmo sem ser visto, é ouvido. Em Itapoá desde março de 2004, chegou de Faxinal – PR com apenas seu carro, um computador e duas caixas de som para fazer som de rua e trabalhar em rádios, mas hoje seu negócio ampliou e, sem dúvida, mostrou como Itapoá valeu a pena. “Vim para cá por opção e muita gente me chamou de louco. No começo realmente não foi fácil, mas as coisas deram certo”, conta. O trabalho com a voz surgiu quase que por acaso. Antes instrutor de marcenaria na APAE, ele teve que gravar um texto sobre o homem que pisou na lua para uma apresentação. “Eu tinha vergonha e não queria falar, mas todos disseram que eu fui bem, que minha voz combinava com isso e comecei a acreditar”, lembra. Depois desse episódio começou a trabalhar na rádio e fazer mensagens ao vivo. Itapoá se tornou o novo lar no
mesmo ano em que iniciaram as propagandas eleitorais na rádio e, junto com as divulgações no veículo de comunicação, também trouxe as mensagens ao vivo para a cidade. Conforme ele, este foi um dos seus sucessos, era mensagem que não parava mais: para aniversariantes, de amor e até de reconciliação. “Já fiz muita gente chorar”, brinca. Ele conta que um dia o ligaram e pediram para que realizasse o sonho de uma senhora, que era receber uma mensagem ao vivo. “Foi então que eu percebi que o que parece pouco para gente, pode significar muito para os outros”, afirma. Diante do aumento dos negócios, esta atividade deixou de ser realizada, principalmente pelo cansaço, mas ainda é procurada. Hoje Osmar abriu o leque na área de som e propagandas. Com um estúdio próprio, ele trabalha com gravações semanais para mais de dez empresas fixas de Itapoá, além das esporádicas. “Para não ficar tudo igual e a minha voz não enjoar nas ruas, também conto com bancos de vozes de outras cidades, que me auxiliam quando necessito”, fala. Além de Itapoá, também faz gravações para estabelecimentos da Guaratuba, Joinville, Faxinal e até para o Paraguai, para comércios brasileiros. “É engraçado porque minha voz está em diferentes lugares ao mesmo tempo”, brinca.
Osmar Pedro Batista é uma das poucas pessoas que pode afirmar que mesmo sem ser visto, é ouvido. Além das gravações, Osmar trabalha com rádios indoor para estabelecimentos (quando o comércio tem uma rádio própria), montou um caminhão com painel triedo, onde a divulgação é realizada em movimento, e tem painéis de led para divulgação na cidade. “Precisamos inovar e mostrar as nossas ideias antes que outras pessoas façam isso”, afirma. Fora os trabalhos com a voz, Osmar trabalha com som automotivo e com aluguel de luz e som para eventos. Segundo ele, é esta questão de eventos que deseja tornar o carro-chefe. “Ligar os fios, qualquer pessoa sabe, mas ligar com técnica e dar a garantia de um bom som é outra coisa”, fala. Junto a isso, iniciará também a locação de tendas. “Quero proporcionar todo o serviço para eventos, para ficar mais acessível à comunidade itapoaense”, afirma. Conforme ele, os profissionais estão crescendo junto com a
cidade e é preciso que a população valorize isso, conhecendo e buscando os serviços locais. E para dar conta de toda essa diversidade de serviços, ele afirma que tem uma companheira fiel: sua esposa Carla Juliana Campos. “Apesar de ela ter seu próprio emprego, já chegou a passar madrugadas inteiras no estúdio comigo para finalizarmos trabalhos”, conta. Junto à companhia, outros quesitos tornam o seu trabalho reconhecido e a voz famosa: saber dar a entonação certa e cuidar da voz, um dos seus principais meios de trabalho. “Eu deveria cuidar mais, mas tento não gritar ou tomar bebidas geladas, pois são bastante prejudiciais”, conta. Assim, entre cuidados e muito trabalho, ele não esconde o sorriso e a satisfação pelo ofício: “faço o que gosto, ganho para fazer e ainda me divirto”. E justamente por esse amor pelo o que faz é que surgiu o nome da empresa “Love Som”.
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EMPREENDEDOR GUARATUBA
Por amor à baía azul
M
Ana Beatriz
orar na praia é um sonho compartilhado pela maioria das pessoas, o melhor é quando esse sonho é aliado ao trabalho desejado. Ademir Barbieri e seu amigo, naturais de Coronel Vivida – PR, fazem parte desse grupo por acreditarem e investirem em um empreendimento no litoral. Estão hoje à frente da rede de Supermercados Baía Azul, em Guaratuba. Em 1991, a região era carente de supermercados e os amigos então, realizaram pesquisas e sentiram a necessidade do empreendimento. A experiência na área de mercado já era trazida por ambos da cidade natal. “Éramos frequentadores da praia de Guaratuba e já viemos morar para cá com o objetivo em mente: montar um supermercado”, explica Ademir. O sucesso foi imediato e, a satisfação de morar na praia mais ainda. Guaratubanos de coração, o amor à cidade levou até à escolha do nome do empreendimento, batizado em 1994 de Supermercado Baía Azul, fazendo menção honrosa à baía de Guaratuba, a segunda maior do Paraná. Com resultados positivos, os proprietários ampliaram negócios.
Ademir Barbieri, junto com seu sócio, acreditou em Guaratuba e em 1991 abriu as portas do Supermercado Baía Azul. Além da matriz do Supermercado ço, que não altera na alta tempolocalizada no bairro Piçarras, tam- rada, como ocorre na maioria dos bém contam hoje com outra sede estabelecimentos. “Nossa carne é na Praça Cel. Alexandre Mafra e ou- mais barata do que alguns lugares tra em Coroados, sendo esta última de Curitiba. Temos muitos clientes a mais recente, aberta por volta de que passam por aqui para levar 2000. produtos para suas cidades. Isto é De acordo com os proprietá- gratificante”, conta Ademir. rios, os moradores de Guaratuba, A principal dificuldade enconclientes durante todo o ano, são o trada pelos amigos enquanto propúblico-alvo do Baía Azul. A locali- prietários é a mão de obra qualifização dos supermercados – exce- cada. Ademir conta que a rede de to o de Coroados, que possui uma Supermercado Baía Azul é hoje, clientela cuja maioria são turistas o segundo maior empregador de – é um fator positivo, já que estes Guaratuba, contando com cerca de ficam no meio da população fixa 150 funcionários, e ficando atrás da cidade. E com este foco, eles somente da Prefeitura Municipal afirmam que o diferencial é o pre- de Guaratuba.
E pela necessidade de muitos funcionários não terem onde deixar seus filhos, eles foram além de satisfazer os consumidores, também buscaram satisfazer desejos de mães com a fundação da creche Baía Azul. Quase em frente à matriz do supermercado, a princípio a creche nasceu para atender a demanda de funcionários, mas hoje se tornou particular, com cerca de sessenta crianças de toda a comunidade. Uma iniciativa que, segundo os sócios, faz a vida valer a pena. O trabalho dos empreendedores é cansativo e, segundo eles, movido mais por amor do que lucro. Ademir e seu sócio, na maior parte do tempo, se revezam. “Eu, cuido mais da parte financeira, no escritório do supermercado matriz. Já ele, costuma fazer rodízio entre os três mercados para verificar se tudo está em ordem”, explica Ademir. Porém, todo o esforço é reconhecido pelos clientes. Para o futuro, os sócios aguardam esperançosos os próximos capítulos da economia brasileira. Ademir e o amigo abraçaram e sentiram-se abraçados por Guaratuba. E em sua opinião, para abrir e manter um negócio é necessário gostar, e é o que têm feito desde 1991: tudo por amor à baía azul.
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