EDITORIAL “Norte a sul do meu Brasil....Mulher Brasileira é feita de Amor”. E muito amor! É com esses versos da música do Benito de Paula (Mulher Brasileira) que nesta edição homenageamos as mulheres. São tantas, envolvidas nos desafios e lulas da vida que faltaria espaço para mencionar as mulheres atuantes na sociedade e que representam o sucesso de milhares de organizações pelo Brasil afora. Testemunhamos diariamente em todos os recantos deste País a importância do trabalho da mulher, em todos os setores, impulsionando o progresso e sendo decisiva no direcionamento desta nação. Hoje, a força do trabalho da mulher representa mais de 40%, concentrada nas mais diversas áreas. Um segmento muito especial é o do voluntariado, onde organizações não governamentais, instituições filantrópicas, associações de classe, clube de serviços e diversos outros setores da sociedade, a mulher se destaca e tem papel fundamental. Portanto, seja na luta diária do seio familiar, no trabalho doméstico, no comércio ou indústria, nas instituições públicas ou privadas, lá estão elas, poderosas e competentíssimas mulheres. O mês de outubro se tornou um mês especial para as mulheres, onde a marca forte do envolvimento feminino se exterioriza ainda mais, como na luta contra o câncer de mama, por exemplo, uma causa nobre e que desafia, a cada ano, milhares de mulheres. A Giro Pop foi ao encontro de duas personagens que representam muito bem a força da mulher: a presidente do Guaratuba Woman’s Club, Maria Laura Pires Rosa, e Tania Mary Gomes, presidente do Instituto Humanista de Desenvolvimento Social – HUMSOL. Confira as entrevistas nesta edição.
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OUTUBRO ROSA
Jonas Maciel
Conhecido e comemorado em todo o mundo o Movimento “Outubro Rosa” é muito mais que um movimento popular, ele se tornou um poderoso aliado da mulher na luta contra o câncer de mama, ganhando força a cada dia, especialmente pelo apoio incansável de organizações que visam conscientizar sobre a importância da prevenção através do diagnóstico precoce e outras ações voltadas a prevenção da doença.
Foto Simone Ramos Cioccari
Outubro Rosa: poderoso aliado na luta contra o câncer de mama O movimento teve seu início nos Estados Unidos, onde vários estados moviam ações isoladas no combate ao câncer de mama no mês de outubro. Posteriormente, com a aprovação do Congresso Americano, outubro se tornou o mês nacional de prevenção do câncer de mama. Foi assim que o movimento, com o objetivo de sensibilizar a população, optou por utilizar a cor rosa. Um laço rosa Participantes deste ano da “Race for the Cure” (A Corrida pela Cura). simboliza mundialmen- O evento acontece em várias cidade dos Estados Unidos e em diversos paises. te a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, que nobre, causa humanitária. No Brasil, a primeira iniciativa aconteceu em empresas e entidades. Também, a cor rosa em determinados locais públicos, seja na iluminação 2002, pelo Instituto Neo Mama de Prevenção e de monumentos e prédios públicos ou em even- Combate ao Câncer de Mama, quando então foi iluminado na cor rosa o Obelisco do Ibirapuera, tos, simboliza a luta contra o câncer de mama. A cada dia a popularidade desse movimento em São Paulo. Depois disso, já foram iluminados que alcançou o mundo vem motivando e unindo diversos outros pontos, como a Fortaleza da Baras pessoas, de forma elegante e feminina, cons- ra, em Santos, o Cristo Redentor, no Rio de Jacientizando, motivando e unindo as pessoas, es- neiro, e outros diversos monumentos em várias pecialmente as mulheres, em torno de uma, mais capitais e cidades brasileiras.
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OUTUBRO ROSA
A cada dia mais perto da cura Simone Ramos Cioccari
O câncer de mama é hoje o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo. Porém, quando diagnosticado e tratado precocemente as chances de cura aumentam de forma expressiva. O momento de maior divulgação e conscientização global sobre a doença ocorre no mês de outubro, quando pessoas, empresas, organizações e entidades se vestem de rosa para juntos juntar fundos e forças para lutar contra o câncer de mama.
A Giro Pop esteve presente em Nova York para entrevistar os participantes do evento de maior angariação de fundos do mundo para a educação e a investigação do câncer da mama, a “Race for the Cure” (A Corrida pela Cura). O evento realizado há 25 anos pela ONG Susan G. Komen acontece em várias cidade dos Estados Unidos e em diversos países. Cada participante presente na “Race for the Cure” carregava consigo um motivo e uma história diferente para contar, mas naquele momento todos abraçavam o sonho, o da cura do câncer. Uma das participantes foi Surina Shukri, diagnosticada com a doença no último mês de abril, ela recentemente terminou o tratamento de quimioterapia e espera para fazer a cirurgia nos próximos dias. Surina mostra que com a ajuda de todos é possível vencer a doença com dignidade e participou
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Surima Shukri participou da Corrida pela Cura com seu filho.
Brasileira Valeria Sombra, vive em Westchester, Massachusetts,
a reduzir a mortalidade do câncer de mama em todo o mundo. Outro foco do evento é mostrar para as mulheres com câncer que elas não estão sozinhas nesta luta. Há uma comunidade global, onde milhões de pessoas estão lutando em prol delas, para que um dia em conjunto seja possível acabar com esta doença.
Onde tudo começou
Gabriel Jiménez trouxe sua mulher e suas filhas para participar da corrida.
Nova York e participar do evento. “Eu sou uma sobrevivente, eu tive câncer por duas vezes e agora sinto que é minha obrigação contribuir para que nós tenhamos mais chance de descoJornalista Simone Ramos Cioccari, com a brir a cura da doença”, Danielle Hermandez e seu noivo. fala. “A organização Susan Komen tem um prodo evento com o filho, familiares e amigos do evento. Inspirada grama maravilhoso de ajuda pelo grande número de pesso- ao tratamento do câncer de as que tem apoiado a causa, ela mama. Eu fico muito honrada carrega no peito a frase, “Vivo de fazer parte disso”. Durante o evento, além de com câncer fabulosamente”, em forma de agradecimento a todos usar a cor rosa, muita gente também optou por fantasias. que apoiam a causa. A brasileira Valeria Som- Danielle Hermandez e seu bra, que atualmente vive em noivo foram fantasiados de Westchester, Massachusetts, bananas cor de rosa. O casal viajou cinco horas para chegar que mora estado da Califórnia, com um grupo de dez ônibus em atravessou o país para partici-
par do evento e mostrar suporte às pessoas com a doença. Para Danielle, apoiar esta causa tem um lado emocional: “Eu apoio esta causa com todo meu coração, porque todas as mulheres da minha família já sofreram com algum tipo de câncer, e eu tenho esperança que nós vamos achar a cura”. Famílias inteiras, pais, mães e crianças sem antecedentes da doença também demonstraram solidariedade pela causa. Gabriel Jiménez trouxe sua mulher e suas filhas para participar da corrida. “Estou aqui para motivar outras famílias e mostrar suporte para os sobreviventes”, diz. Segundo a organização Susan G. Komen, o evento internacional “Race for the Cure” proporciona fundos e novas raízes par ajuda
O movimento Outubro Rosa surgiu nos Estados Unidos na década de 80, onde pequenas e isoladas iniciativas referente à conscientização ao câncer de mama aconteciam geralmente no mês de outubro. Em 1991, a cor rosa se tornou símbolo internacional quando a ONG Susan G. Komen distribuiu um laço cor de rosa às mulheres sobreviventes ao câncer de mama e aos outros participantes do evento “Race for the Cure” em Nova York. O laço rosa foi sinônimo de solidariedade em relação à causa e às mulheres que estavam com a doença. Atualmente, o Outubro Rosa positivamente associado à feminilidade é um produto de marketing que conecta globalmente as pessoas, empresas e entidades para promover em uma só voz, ou seja, em uma só cor, a consciência sobre o câncer de mama.
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Inicio da ONG Susan Komen Goodman Susan Komen Goodman nasceu em Peoria, Illinois - EUA. Aos 33 anos de idade, Susan foi diagnosticada com câncer de mama e lutou intensamente contra a doença por três anos. Sua irmã mais nova, Nancy Goodman Brinker, relata que “durante todo o período que Susan passou nos hospitais, ela ficou preocupada como o tratamento que as mulheres com câncer estavam recebendo e sonhava em fazer algo para que elas fossem tratadas com mais dignidade e esperança”. Nos últimos dias de vida de Susan, Nancy prometeu à irmã que faria tudo em seu poder para acabar com o câncer da mama para sempre. Em 1982, dois anos após a morte de Susan, Nancy tornou a promessa que fez a irmã realidade e criou a organização Susan G. Komen, o início de um movimento global. Um ano depois, para arrecadar fundos para pesquisa da cura do câncer de mama, a organização realizou a primeira corrida chamada “Race for the Cure”. O evento contou com a presença de 800 participantes em Dallas, Texas-USA.
Susan G. Komen
Susan G. Komen é a maior organização (ONG) de câncer de mama do mundo e a única organização que aborda o câncer de mama em várias frentes, como a investigação, a saúde da comunidade, alcance global e iniciativas de políticas públicas, a fim de criar o maior impacto contra esta doença. Segundos dados do site da organização, a ONG trabalha a partir de parcerias com empresas, entidades e organizações em diversos países. Os parceiros proporcionam níveis de apoio financeiro, bem como dedicam tempo, recursos, energia e esforços. Até hoje já foram investidos mais de 804 milhões de dólares para pesquisa da cura do câncer de mama. No Brasil, a iniciativa Global Komen vem realizando trabalhos de conscientização desde 2007 em várias cidades do país
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como: São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba. O principal objetivo é fortalecer indivíduos e organizações por meio de ferramentas e capacitações estratégicas focadas na mudança da realidade do câncer de mama no país. Recentemente, o Instituto
Oncoguia de São Paulo divulgou um comunicado oficial informando a comunidade que foi convidado para ser a organização responsável pelo programa Komen no Brasil. Esta fase focará na barreira da desinformação e a necessidade de educação para um autocuidado em saúde por todo país. A organização Komen defende o autoconhecimento como o principal método para combater o câncer de mama. *Instituto Oncoguia - organização sem fins lucrativos, que atua na defesa dos interesses e direitos dos pacientes com câncer. Referências http://ww5.komen.org h t t p : / / w w w. o n c o g u i a . o r g . b r / conteudo/comunicado-iniciativa-global-komen-para-a-conscientizacao-do-cancer-de-mama-susan-g-komen-for-the-cure/394/191/
OUTUBRO ROSA
Atitude que fez a diferença em sua vida e em muitas outras “Viver um dia de cada vez e entregar a DEUS os demais, ele irá prover” Jonas Maciel
O
Movimento Outubro Rosa, no Paraná, não poderia ser diferente: humanizado e repleto de histórias marcantes. A primeira das histórias, percursora de muitas conquistas e mudanças sobre o combate ao câncer de mama, é de Tania Mary Gomes, uma entre as milhares de mulheres vitimadas da doença. Sua história de luta contra o câncer de mama poderia ser confundida com a de muitas outras mulheres, porém, sua iniciativa e vontade de transformar um momento difícil em algo que pudesse ajudar outras pessoas fez
toda a diferença. Diagnosticada com a doença, Tania fundou o Instituto Humanista de Desenvolvimento Social – HUMSOL, instituição não governamental e sem fins lucrativos que desde 2009 vem desenvolvendo projetos para conscientizar sobre a importância de se realizar os exames necessários para a prevenção do câncer de mama e é responsável pela Campanha Outubro Rosa no estado paranaense. O Instituto trabalha em parceria com a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama- FEMAMA, visando reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama. Para o sucesso do projeto é necessário disseminar
Tania Mary Gomes, fundou o Instituto Humanista de Desenvolvimento Social – HUMSOL,
informação sobre a doença, seja por meio de palestras, oficinas e diversas outras atividades que venham contribuir para a prevenção e da importância do diagnóstico precoce. Confira a entrevista com Tania Mary Gomes. RGP: Tânia, foi a sua luta contra um câncer que te levou a iniciar esse trabalho em prol dessa causa? Tania: Sim, toda esta luta iniciou em 2001, depois de eu
receber um diagnóstico de câncer de mama. Ao sair do Hospital Erasto Gaertner, ainda na frente do hospital, assumi o compromisso com Deus de que esta experiência me levaria a desenvolver a missão de apoiar, ajudar, informar as pessoas com câncer e os cidadãos para que ficassem atentos à sua saúde. RGP: Quais as principais ações do HUMSOL? Tania: O Instituto Humanista de Desenvolvimento Social
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CHAVEIRO DA VIDA O significado do chaveiro: quando o tumor apresenta o tamanho representado pela primeira bolinha, pode ser identificado na mamografia. Quanto menor o nódulo, menos agressivo é o tratamento e maior a possibilidade de cura. Se o nódulo apresenta um tamanho maior, como na segunda parte do chaveiro, pode ser identificado quando é realizado o autoexame. No terceiro momento está a mulher que raramente faz seus exames (mamografia, autoexame e exame clínico). O nódulo diagnosticado é maior, mais agressivo e com menor possibilidade de cura. O coração representa a luta para vencer o câncer. Enquanto estiver pulsando, há vida e esperança.
– HUMSOL nasceu da necessidade de realizar ações diferentes e que fizessem a diferença. Focados neste propósito, todos os projetos tem um tempero especial, por exemplo, no Chá de Lenços ensinamos as mulheres as diferentes amarrações de lenços, no Aquecendo as Pontinhas, projeto focado para atender as crianças em tratamento oncológico, preparamos Kits com touca, cachecol e meia. Esses três pontos - cabeça, mãos e pés - são onde a criança sente mais frio, e confeccionamos com materiais especiais. Em 2014 foram encaminhados kits para as crianças da África e, este ano, iremos encaminhar toucas personalizadas para a Ucrânia.
Temos também a Cia de Dança, onde vitoriosas e voluntárias buscam a superação pela dança. Ainda, a exposição das Vitoriosas, com fotos de vitoriosas, mulheres que venceram o câncer. O Esquadrão da Autoestima, onde a equipe do instituto visita pacientes em tratamento, levando perucas, lenços, orienta como vencer o tratamento. Há também o Outubro Rosa, campanha mundial de combate ao câncer, que este ano contará com a entrega dos Anjos do Bem aos pacientes nas salas de quimioterapia. E muitos outros.
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RGP: Dentre todos os projetos do Instituto, qual você daria maior destaque ou que teve maior receptividade e alcançou melhor resultado? Tania: O projeto de maior alcance é o CHAVEIRO DA VIDA - Prevenção ao alcance das mãos, que recebeu reconhecimento mundial, em Varsóvia na Polônia. É um projeto onde cada pessoa constrói o seu chaveiro, se apropria da história da montagem e no final, torna-se um multiplicador no combate ao câncer de mama. A metodologia é construtivista. RGP: A campanha “Outubro Rosa”, a qual o HUMSOL é responsável em
organizar no Paraná, acontece somente no mês de outubro ou estende-se nos demais meses do ano? Tania: A Campanha Outubro Rosa, há uns sete anos atrás estava concentrada apenas no mês de outubro, mas hoje iniciamos nossas atividades em março e vamos até dezembro. É uma campanha do ano todo, onde nos envolvemos em muitas ações. Neste Outubro, teremos os Anjos do Bem, o Ciclo de Debates sobre acesso e garantias para os pacientes de doenças degenerativas, apresentação do folclore ucraniano com homenagem as pacientes de câncer de mama, desfile das carecas, baile do Halloween, Cirurgias de Reconstrução Mamária a paciente atendida pelo SUS, palestras, caminhada, e muitas outras ações.
O Instituto HUMSOL, através de seus Voluntários, confecciona peruca, com cabelo doado e também arrecada lenços para serem entregues a pacientes de câncer.
Campanha Anjos do Bem idealizada pela artesã Mariah Rodak.
RGP: Como o instituto HUMSOL consegue os recursos financeiros para a sua manutenção e o desenvolvimento de seus projetos? Tania: Os recursos financeiros são oriundos de parcerias realizadas durante o ano, doações e da venda de produtos sociais, como Rosinha, a boneca com propósito, que é confeccionada no formato do laço rosa, o símbolo mundial da Campanha do Câncer de Mama e colocada
à venda. É muito linda. Agora já temos o boneco em azul para o Novembro Azul, a Campanha Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. RGP: Como é para a mulher, mãe e presidente do Instituto, o dia a dia de trabalho e compromissos, muitas vezes distantes de casa? Tania: São muitas ações e muitas viagens, acredito que são pouquíssimas semanas que permaneço toda ela em Curitiba. Ministro palestra no Brasil e fora dele e com isto o tempo fica bastante limitado. Posso garantir que hoje o expediente é de três turnos, pois durante o
dia são reuniões, atendimentos, palestras, oficinas, e a noite o tempo para responder e-mail e solicitações. RGP: Se alguém ou uma instituição desejar viabilizar a campanha do Outubro Rosa em outra cidade, como pode fazer? O Instituto HUMSOL apoia? Tania: Sim, nos colocamos a inteira disposição, enviando nosso projeto com recomendações e também contatando e sugerindo ações. Sugiro uma visita ao nosso site www.humsol.org. br, ali você pode encontrar nossos projetos e consequentemente ser motivado a desenvolver novos projetos.
RGP: Tania, o que você acha que os gestores públicos poderiam fazer para contribuir com o trabalho de instituições como a que você preside? Tania: Acredito que a grande contribuição seria na formulação de políticas públicas que venham em beneficio para que o paciente tenha melhor e mais rápido acesso, que possam ter medicamentos a sua disposição e que não tenham que ingressar na justiça para ter o direito. Os gestores públicos precisam estar mais junto às ONGS para poderem viver e sentir nossas grandes dificuldades. O distanciamento ainda é grande. RGP: Para finalizar, que recado você daria as mulheres, seja na prevenção ou para aquelas que já travam a luta diária contra o câncer de mama? Tania: O primeiro recado é para NÃO DESISTIR, para nunca perderem a ESPERANÇA e que por mais difícil que seja esta luta, acreditar e ter muita FÉ. Mas, também buscar estar ao lado de pessoas que lhe transmitam ALEGRIA. VIVER um dia de cada vez e entregar a DEUS os demais, ele irá prover.
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OUTUBRO ROSA
O outubro se vestiu de rosa e a Revista Giropop também. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil. São cerca de 50 mil novos casos por ano. Com o objetivo expandir o conhecimento sobre as medidas preventivas contra o câncer de mama, trazemos à tona este assunto de extrema importância, começando pela maneira mais avançada, eficaz e precisa para detectar este câncer em um estágio inicial: A mamografia.
Desmistificando e conhecendo a mamografia Ana Beatriz
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undamental e insubstituível, a mamografia pode detectar nódulos da mama em seu estágio inicial, quando ainda não são apalpados no autoexame feito pela mulher ou pelo profissional da saúde. Por serem pequenos, esses nódulos têm menor probabilidade de disseminação e mais chances de cura. Entretanto, para efetivar o atendimento e prevenir cada vez mais o câncer de mama, é preciso desfazer alguns mitos que afastam os pacientes da mamografia. Para tirar algumas dúvidas sobre a doença e desmistificar o exame conversamos com Vera Lucia Dorneles Malaquias, técnica em Raios-X e especialista em mamografia do Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LAD), em Guaratuba. Vera também trabalha com testes de controle de qualidade do mamógra-
fo, e todos estes conhecimentos lhe rendem mais de 30 anos de experiência na área, tornando-a uma profissional de referência no Brasil todo. A vontade de seguir carreira nasceu de uma experiência pessoal de Vera, que trabalhou em Curitiba como secretária de um radiologista e se encantou pela área. “Realizei então a minha primeira mamografia”, conta, “mas as técnicas da época não tinham conhecimento do quanto comprimir a mama, fazendo da mamografia algo doloroso e traumatizante”. Muitos relatos confirmam que, antigamente, as pacientes chegavam a desmaiar durante o exame, por conta da dor. Felizmente, Vera tirou proveito da situação e decidiu ajudar aqueles que, assim como ela, pretendiam um exame sem dor, se especializou e começou a trabalhar na área. “Decidi desmistificar a história de que a mamografia é algo dramático e adequei
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uma compressão a cada tipo de mama”, explica. Afinal, cada ser humano possui um grau de sensibilidade. Desde o início da carreira, a profissional observa que os equipamentos para a mamografia evoluíram, dando rapidez e agilidade ao exame. Mas apesar de todo o avanço tecnológico, Vera acredita que o câncer de mama ainda tem certo tabu na
sociedade: “Muitas mulheres não conversam a respeito e não mostram as mamas umas às outras, nem mesmo mães e filhas”. Segundo ela, para efetivar o atendimento e prevenir a doença, as mulheres precisam desfazer estes mitos que as afastam da mamografia. Por exemplo, o medo de encarar um possível diagnóstico, a ideia de que o exame é doloroso e até questões
culturais, como vergonha do médico ou ciúmes do marido. A mamografia é um exame de diagnóstico por imagem, que tem como finalidade estudar a glândula mamária. “Esse tipo de exame pode detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável”, explica Vera. São os chamados nódulos impalpáveis, geralmente menos agressivos e com chances de cura quando
diagnosticados e tratados de forma adequada. Este exame deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos e não há idade limite para parar. Ou seja, se uma mulher de 80 anos está apta a ir ao consultório médico e realizar exames de rotina, a mamografia deve estar entre eles. “Dependendo de seus fatores de risco, como por exemplo, antecedentes com câncer de mama, a programação quanto aos exames pode ser diferente”, diz Vera. Vale frisar que a mamografia é a maneira mais avançada, eficaz e precisa para detectar o câncer de mama em um estágio inicial. Como resultado, ela salva vidas. Entretanto, como uma pequena porcentagem do câncer não pode ser identificada com a mamografia, podem ser realizados exames complementares, como a ecografia. “Também é aconselhável a realização do autoexame das mamas mensalmente”, lembra. A profissional de mamografia conta que normalmente as pessoas chegam para estes exames fragilizadas e temerosas. “Para que o exame seja realizado com eficiência, procuro ser gentil e amorosa”, conta. O procedimento é realizado com um equipamento especialmente projetado para isso, que produzirá uma compressão, por alguns segundos, em cada mama, em algumas posições diferentes. O exa-
me completo leva geralmente de cinco a dez minutos. Durante a mamografia, Vera conta que posiciona sua mão sobre as costas do paciente e olha em seus olhos, oferecendo carinho e conforto. O exame não tem contraindicações e pode ser feito mesmo em mulheres com prótese de silicone. “A prótese pode dificultar a visualização de tumores, mas existem manobras que aumentam o campo de visão na mamografia”, conta a especialista. Neste caso, a primeira parte do exame é igual e, na segunda, a técnica empurra a prótese e comprime apenas o tecido mamário. Quando se fala em câncer de mama, a doença não se restringe às mulheres. Vera lembra que os homens também podem ter câncer de mama, mas que, por uma questão hormonal, é mais difícil acontecer. Para eles, a indicação de necessidade do exame de mamografia é a existência de nódulos que podem ser sentidos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção de câncer de mama em homens e mulheres é de 1:100, ou seja, a cada 100 mulheres diagnosticas com câncer de mama, um homem terá a doença. Todos os anos trabalhando com a mamografia são, para Vera, engrandece-
dores não só como profissional, mas também como ser humano. “Aprendo muito com a troca de experiências, pois cada paciente traz consigo uma bagagem que agrego em minha vida”, conta. Os relatos podem ser tristes ou felizes, porém todos são, para Vera, marcantes. O apelo desta profissional experiente é que as pessoas não tenham medo e façam a mamografia. Afinal de contas, o Outubro Rosa está aí e juntos, somos mais fortes.
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Autoexame, um alerta às alterações da mama Ginecologista Ângela Moser.
Ana Beatriz
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melhor maneira de combater o câncer de mama é através da prevenção, pois só assim a doença é diagnosticada em sua fase precoce e com melhores chances de cura. Do Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LAD), em Guaratuba, a ginecologista Ângela Moser aconselha toda mulher a buscar um profissional uma vez ao ano para fazer exame clínico e obter orientação preventiva sobre doenças ginecológicas. “A falta de informação leva a um atraso no diagnóstico, dificultando muitas vezes o tratamento adequado”, conta. Durante muito tempo as campanhas de conscientização
para o câncer de mama divulgaram a informação de que o autoexame das mamas, baseado na palpação, era a melhor forma para detectá-lo precocemente. Contudo, o tempo passou, a medicina evoluiu e esta recomendação mudou. Segundo a ginecologista, hoje, para o diaguinóstico precoce deste tipo de câncer, além do autoexame, temos a mamografia (sempre complementada pela ecografia das mamas), a orientação médica preventiva e o exame clínico. Infelizmente, ainda há muita desinformação no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2008 pelo Datafolha a pedido da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde
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da Mama (FEMAMA) revelou que 82% das mulheres apontaram o autoexame como a principal forma de diagnóstico precoce. Apenas 35% assinalaram a mamografia. “O autoexame continua sendo importante, porém, de forma secundária”, conta Ângela. Ela explica que isso acontece porque quando o tumor atinge o tamanho suficiente para ser palpado já não está mais no estágio inicial, e as chances de cura são menores. Ou seja, o autoexame não substitui a importância do exame clínico feito por um profissional ou da mamografia, pois só ela pode detectar precocemente um nódulo pequeno com grandes chances de cura. Mas,
então, qual a finalidade do autoexame? Ao contrário do que muitos pensam este hábito não tem como objetivo ensinar a mulher a detectar precocemente o câncer de mama, e sim, educar a conhecer seu corpo, em especial o aspecto e a textura normal de suas mamas, de modo a reconhecer alguma alteração que possa surgir. “Percebendo qualquer diferença, é importante buscar auxílio médico”, ensina a ginecologista. Vale lembrar que muitas dessas alterações percebidas não é câncer, porém, somente um profissional será capaz de identificar do que se trata. Toda mulher a partir de apro-
ximadamente 20 anos de idade deve ser estimulada e orientada a realizar regularmente o autoexame das mamas. “Apesar da incidência do câncer de mama ser maior entre mulheres a partir dos 35 anos de idade, não significa que não possa ocorrer em grupos etários mais jovens”, explica a ginecologista. Segundo Ângela, o procedimento do autoexame é recomendável todo mês, uma semana após o término da menstruação, quando as mamas estão menos sensíveis. Para as mulheres que não menstruam mais, o ideal é definir um dia específico do mês para fazê-lo, por exemplo, todo dia 15. Este hábito é muito simples e por ser rápido, indolor, sem efeitos secundários e sem custo, é também acessível a todas as mulheres. A ginecologista recomenda que o autoexame seja realizado durante o banho, com as mãos ensaboadas. “A palpação deve ser feita com os dedos da mão juntos e esticados em movimentos circulares desde a axila até o mamilo (bico da mama)”, explica. A mão direita examina a mama esquerda e a mão esquerda examina a mama direita, sempre em busca de alguma alteração. Já as mulheres acima dos 40 anos de idade, devem fazer seus exames de rotina, entre eles a mamografia. No entanto, no espaço de tempo entre uma e outra
consulta, ou entre os exames de mamografia, o autoexame também deve ser realizado. De acordo com Ângela, o principal fator de risco deste câncer é ser mulher (uma vez que ele também se manifesta em homens), seguido da faixa etária, com o aumento da incidência a partir dos 35 anos de idade. Antecedente familiar de primeiro grau, como mãe, tias maternas e avós maternas, também é um fator de predisposição para o surgimento desses tumores. Outros fatores, embora com menor peso, também são considerados de risco, como: Primeira menstruação precoce, menopausa tardia, gestação após os 30 anos de idade, uso prolongado de hormônios sexuais, obesidade, vida sedentária, uso frequente de bebidas alcoólicas e tabagismo, estresse, má alimentação, exposição excessiva à radiação, etc. Ou seja, eliminar estes fatores é uma forma válida de praticar o autocuidado. “Com práticas saudáveis é possível reduzir a probabilidade do câncer de mama, no entanto, mesmo mantendo esses hábitos as mulheres ainda estão sujeitas a desenvolverem a doença”, explica a gine-
cologista. Ela complementa que o câncer de mama, assim como os demais tipos de câncer, é resultado de mutação genética, que pode ser herdada ou então espontânea, como ocorre na grande maioria dos casos. Portanto, o autoexame é somente uma das ferramentas para se detectar alterações mamárias. Ainda mais importante que ele, é visitar o ginecologis-
ta pelo menos uma vez ao ano, para que seja feito o exame clínico e fazer a mamografia regularmente. “A realização regular dos exames deve estar entre as boas práticas para se reduzir o risco de mortalidade por câncer de mama”, aconselha a ginecologista. E você, já realizou o autoexame neste mês e a mamografia neste ano?
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A fé como alicerce na superação do câncer de mama Ana Beatriz
S
uperar o câncer de mama não é fácil, mas é possível. Mais que entender a doença, mergulhamos nos depoimentos dos protagonistas dessas histórias: Os pacientes. Através de seus relatos, descobrimos que assim como cada paciente é único, cada tratamento, experiência e aprendizados também o são; e que o caminho até a recuperação é longo e cheio de surpresas, mas nem sempre tão ruins. Um desses exemplos inspiradores vem de Alvina Vieira, moradora de Itapoá-SC. Aos 61 anos de idade, ela descobriu um nódulo na mama esquerda e os caminhos do tratamento a levaram a realizar a retirada da mama. Porém, Alvina procurou encarar todo o processo com bons olhos, aproveitando o mo-
mento para firmar sua fé e agradecer a Deus, pelos momentos difíceis, inclusive. Mas, antes mesmo de enfrentar o câncer de mama, Alvina descobriu, no ano de 2008, ter câncer no útero. “Esta primeira experiência foi muito mais difícil, pois não queria aceitar o que estava acontecendo”, conta. Até que um dia, o marido de Alvina a flagrou chorando e a lembrou de sua fé, que sempre foi forte. Depois desse acontecimento, ela conta que passou a compreender e agradecer a Deus por cada obstáculo colocado em sua vida. O câncer no útero de Alvina foi diagnosticado logo no início. “Não foi preciso realizar quimioterapia nem radiografia, somente a retirada do útero”, conta. Ela, que realizava exames preventivos anualmente desde os 45 anos de idade, estava concluindo o tratamento do câncer
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Foto Marilis Metzenthin
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Alvina Vieira, moradora de Itapoá-SC do útero, quando descobriu o câncer da mama, em 2009. Na sua família já se encontravam antecedentes familiares, um dos principais fatores de predisposição para o surgimento da doença: A bisavó, mãe e também a irmã de Alvina
já haviam sido diagnosticadas com câncer de mama anteriormente. “A primeira batalha eu já havia enfrentado e vencido, então me preparei para a segunda”, diz. Na época, Alvina ela residia em Joinville e seu marido
em Itapoá. “Mesmo à distância, recebi muito apoio dele, assim como de todos meus familiares”, afirma. Já nos momentos difíceis, ela recorda que escutava hinos de louvor e então, seu coração se acalmava. “Desde a descoberta do câncer de mama, nunca reclamei, e em minhas orações, sempre dizia: ‘Se eu for merecedora dessa graça, eu agradeço. E se não for, agradeço também’”. Após uma biópsia comprovando o diagnóstico de câncer de mama, Alvina passeou com sua filha durante 13 dias por São Paulo e Florianópolis. “Ganhei forças para realizar a cirurgia que, graças a Deus, ocorreu bem”, conta. Durante a operação, foi retirada por inteira a mama esquerda de Alvina que, mesmo assim, não se abalou. “O único incômodo durante o processo de recuperação foi a utilização do dreno com uma pequena bolsa acoplada, pois me esquecia frequentemente”, lembra. O tratamento de seu câncer implicou em 33 sessões diárias de radioterapia. Vendo o lado
positivo de cada obstáculo, estas sessões foram sinônimas de amizade. No hospital, Alvina e mais oito pacientes diagnosticadas com câncer de mama criaram um vínculo de amizade muito forte. “Apelidamos nosso grupo de ‘Clube das Despeitadas’, onde nos reuníamos para dar boas risadas, nos ajudar e fazer festinhas, como no aniversário do técnico de enfermagem”, lembra. Atualmente, o pequeno grupo de amigas guerreiras mantém contato pelo telefone. Dependendo do tipo de câncer e seu grau de disseminação, muda também a quimioterapia. Nesse caso, foi recomendada a quimioterapia oral, onde deve tomar os comprimidos prescritos durante dez anos. “Felizmente, a única reação destes comprimidos foi cair os pelos do corpo, mas já voltaram a crescer”, conta. Entretanto, Alvina toma alguns cuidados até hoje, como evitar o contato com produtos químicos fortes, utilizar luvas para mexer com terra e afins. A principal lição levada por ela depois de vivenciar a doença, foi firmar a fé como alicerce. Mesmo durante o tratamento, não deixou de rezar o terço e ir à
igreja e a cada 15 dias, Alvina e seu grupo de amigas visitavam o hospital para levar a palavra de Deus aos desanimados. “Muitas amigas colocavam mensagens em minha caixa do correio pedindo orações, independente de religião”, conta, “conversando com Deus, eu sentia uma força muito grande, e esta força me guia o tempo todo”. Quando completou um ano após a cura de seu câncer de mama, as filhas de Alvina a levaram no Teatro Bolshoi, em Joinville, para comemorar e agradecer pela vida da mãe. Recentemente, a filha mais nova de Alvina de 37 anos de idade, também descobriu estar com a doença e se encontra na fase da bateria de exames para realizar a cirurgia. “Se o cabelo dela cair, raspo o meu também”, diz a mãe, em um exemplo de amor e força à filha. Apesar de sempre estar envolvida com inúmeros afazeres e atividades, Alvina raramente tinha pressa e preocupação em realizar seus desejos e sonhos. O principal deles, conhecer a terra santa de Jerusalém, foi alcançado no ano de 2013, quando se recuperou e encontrou o momento financeiro oportuno.
“Depois do câncer passei a olhar o mundo com outros olhos, senti que ainda era tempo de sonhar e que muitas coisas boas esperavam por mim”. O câncer foi, para ela, como um despertar. “Hoje, vivo mais intensamente”, aos 67 anos de idade, mãe de seis filhos e avó de onze netos. Atualmente, ela reside em Itapoá e continua realizando os exames preventivos e, mais que isso, incentiva familiares, amigos e vizinhos a fazerem também. Mesmo ainda sendo medicada pela quimioterapia, sua rotina permanece como a de uma pessoa comum, com disposição para inúmeras tarefas, como ginástica, yoga e bicicleta. Depois de ver sua vida mudar radicalmente, Alvina acredita que o melhor que as pessoas podem fazer é ter calma diante de todas as situações, pois por piores que sejam, elas passarão, assim como a sua doença passou. Hoje, toda experiência é resumida por Alvina em uma única frase que se identifica: “Os planos de Deus são maiores do que tudo”.
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OUTUBRO ROSA
Uma experiência difícil, mas superável Ana Beatriz
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onhecimento, fé, superação, esperança, valorização ou entendimento da vida: A história daquelas que vencem o câncer de mama é uma provação não somente para si, mas também para os outros. Ao exemplo, o relato do câncer de mama de Carolina Marcela Solak Rosa, de Guaratuba, se confunde entre a vivência pessoal, a história de um grande amor e a realização profissional. O ano era 2011 e Carolina, formada em odontologia e especialista na área de radiologia, deu vida ao Laboratório de Diagnóstico por Imagem (LADI) em Guaratuba, iniciando seus trabalhos com a radiologia odontológica. “Sempre mantive a ideia de, futuramente, ampliar os serviços para a parte médica, incluindo a mamografia, que até então não era realizada em Guaratuba”, lembra. Muitas mulheres realizavam os exames
em municípios próximos, porém, a maioria delas os deixava de lado por conta da acessibilidade. Porém, por volta de fevereiro de 2012, aos 31 anos de idade, Carolina passou a sentir dores intensas na mama, que a impediam de fazer esforço. “Realizei a mamografia, mas por ser jovem e apresentar mamas densas, o resultado de um tumor foi obtido em uma ecografia”, conta. Vale lembrar que normalmente o câncer de mama não possui sintomas aparentes como as dores sentidas por Carolina, e por isso as formas de prevenção são tão importantes, como a mamografia, o autoexame, a orientação médica preventiva e o exame clínico. Através da biópsia, foi confirmado um nódulo em sua mama. “O diagnóstico foi, para mim, a parte mais difícil de todo o processo, um misto de tristeza e revolta”, conta a doutora,
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Carolina Marcela Solak Rosa, de Guaratuba.
“mas, felizmente, o nódulo estava no início, aumentando as chances de cura”. O principal medo de que se recorda era de que o câncer se espalhasse para os outros órgãos do corpo. “Então, me preparei para realizar a cirurgia da mama”, fala. Segundo Carolina, todo o processo passou rápido, durando cerca de um ano: desde a descoberta da doença em fevereiro, a realização de duas cirurgias (da mama e da axila) em abril e o fim do tratamento em
dezembro. “Por ser diagnosticada logo cedo, foi retirada apenas uma parte da mama”, conta. Ela lembra também que mesmo após a descoberta do câncer, sua rotina se manteve exatamente como antes. “Porém, durante o tratamento abandonei a ideia de trazer a mamografia para o laboratório, pois estava um pouco abalada quanto a esse assunto”, diz a doutora. Durante o tratamento, Carolina se estabilizou em Curitiba, onde seus pais residem. Lá, re-
Carolina com seu marido Cláudio.
alizou 30 sessões diárias de radioterapia e quatro sessões de quimioterapia a cada 21 dias.
“O apoio da família foi fundamental na recuperação. Sempre dispostos e unidos, eles provaram que o meu câncer era deles também”. As reações da quimioterapia em seu organismo foram diversas, como cansaço, sangramen-
to no nariz, dor muscular, além da perda dos fios de cabelo – sendo esta última considerada o efeito mais comum da quimioterapia, mas Carolina a encarou tranquilamente. “Compreendi que o cabelo cresceria com o tempo e não permiti que isso me chateasse”, lembra. Ao invés de se deixar abalar, ela recorda que aproveitou o momento para abusar no uso de lenços e chapéus. A descoberta do câncer de mama, no início de 2012, também veio de encontro a outro grande episódio de sua vida, o início de um namoro. “Na época, fui franca e disse a ele tudo o que estava passando e que compreenderia perfeitamente caso não ficasse mais comigo”, lembra. Hoje, Carolina enxerga este obstáculo logo no início do namoro como uma prova de amor, e afirma que seu namorado surgiu como um anjo em sua vida.
“Mesmo careca e um pouco inchada, ele dizia que eu estava linda, e mesmo passando por um turbilhão de sentimentos, decidiu ficar ao meu lado”.
Além do amparo emocional, seu companheiro a incentivou também no lado profissional. Em 2013, Carolina se casou e seu marido retomou a ideia de incluir Raios-x e mamografia no laboratório. “Foi quando eu estava terminando o tratamento e começando a querer falar sobre o assunto novamente”, lembra. Assim sendo, em setembro de 2014, a LADI agregou os exames de mamografia a seu quadro de serviços, contribuindo para a saúde de mulheres de Guaratuba e região. Apesar do sentimento de revolta na descoberta do câncer de mama, hoje Carolina assume ter amadurecido com a experiência. “Cada minuto foi sinônimo de descoberta”, conta, “um processo fundamental para que eu abrisse minha cabeça e conhecesse pessoas novas”. A doutora também ressalta a importância da sua história para inspirar muitas pacientes que passam pelo laboratório.
“É diferente oferecer apoio e esperança quando já se esteve do mesmo lado, pois sei exatamente o que elas sentem, e torço para que futuramente sintam o que sinto hoje: A sensação de que nada foi por acaso”.
No ano passado, Carolina e toda a equipe da LADI realizaram campanha nos postos de saúde e uma caminhada em prol da campanha Outubro Rosa. “Porém, ainda não estávamos totalmente integrados à causa, pois a mamografia havia completado um mês no laboratório”, conta. Já neste ano de 2015, Carolina, a ginecologista Ângela, a técnica em mamografia Vera e toda a equipe planejam participar da campanha com medidas preventivas mais eficazes. Para Carolina, a melhor notícia ao longo dos anos do laboratório é a maior preocupação da própria comunidade à saúde, especialmente das mulheres quanto ao exame de mamografia. Conforme a doutora, não há dúvidas de que a prevenção e o diagnóstico precoce são as melhores saídas para o câncer de mama. “Meu conselho às mulheres é estar sempre atenta às mamas e não bobear, já que o câncer de mama não tem sintoma aparente”, diz Carolina. Vivenciar a evolução da cura desta doença foi, para ela, muito gratificante. “Foi difícil, mas assim como tudo na vida, aprendi que é superável”.
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OUTUBRO ROSA
Fonte de força, garra e inspiração Ana Beatriz
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as redes sociais ou em novelas são cada vez mais comentados casos de pacientes diagnosticados com câncer de mama. Mas não é preciso se distanciar muito da realidade: Temos à nossa volta bons exemplos de pessoas que transformaram a dificuldade da doença em motivação. No município de Itapoá, Eusa Maria Leite é fonte inesgotável de força e inspiração. A descoberta do câncer de mama se deu graças às idas frequentes ao posto de saúde da comunidade, pois Eusa tratava de pedra na vesícula. A cena é relembrada por ela: “Estava no postinho coletando material para o preventivo, quando a agente comunitária perguntou há quanto tempo eu não realizava a mamografia”. E foi então
que sua ficha caiu: Eusa, aos 55 anos de idade, nunca havia feito um exame de mamografia, apenas os autoexames, esporadicamente. “Não foi preciso me convencer”, conta. Ela recorda que realizou o exame de mamografia de boa vontade, mas não contava com as restrições apresentadas no resultado. Já com o resultado da biópsia, o mastologista disse a ela que sua novidade não seria das melhores e anunciou então, no ano de 2009, o início da formação do câncer na mama direita. Eusa, que se considera uma mulher tranquila, não se desesperou com o diagnóstico. “Minha família entrou em pânico, mas eu não”, conta. E durante aproximadamente dois meses, sua rotina se ateve à idas diárias a Joinville com a equipe da Secretaria da Saúde de Itapoá para realizar a radioterapia. Diante da situação, Eusa pode
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Eusa Maria Leite, moradora de Itapoá. contar com o apoio da filha que reside em Joinville, assim como dos demais familiares e profissionais. “Tive acompanhamento diário e suporte necessário no postinho de Itapoá, enquanto as especialidades da área do câncer de mama foram encontradas em Joinville”, fala. A paciente se organizou para realizar a operação em 2010, onde não foi necessária a retirada de toda a mama direita, já que, felizmente, o diagnóstico foi precoce e apresentava grande possibilidade de cura. Para
ela, a parte mais difícil foram as reações dos tratamentos da quimioterapia e radioterapia, entre elas manchas na pele e perda dos fios de cabelo. “Nunca fui muito vaidosa e, como os fios caíam muito, pedi a meu marido que raspasse meu cabelo”, conta. Armando Slompo, marido de Eusa, ressalta que mesmo durante a doença o comportamento da mulher foi admirável. “Ela permaneceu com o mesmo brilho, alto astral e disposição que sempre teve”, conta. Ainda
nas palavras de Armando, Eusa sempre foi uma mulher muito corajosa. “Nessa vida, são poucas as coisas das quais sinto medo. O câncer, assim como outras doenças, te domina se você deixar”, fala Eusa. Entretanto, ao fim do tratamento do câncer na mama direita, em fevereiro deste ano, uma surpresa desagradável: Um novo exame acusou um nódu-
lo em sua mama esquerda. Ela recorda sua reação: “Não fiquei triste ou revoltada, e sim brava, afinal, não queria enfrentar aquela rotina novamente”. No resultado do exame de Eusa, o BI-RADS, utilizado para designar o grau de avaliação e conduta do câncer, foi classificado em nível cinco, assim como o câncer na mama anterior, considerado um resultado suspeito. Porém, ela conta que a segunda aparição da doença foi um pouco mais agressiva. Enquanto a cirurgia da
Eusa em sua aula de Yoga.
mama direita consistiu na retirada de apenas o quadrante da mama, na cirurgia da mama esquerda, realizada neste ano de 2015, foi retirado o nódulo inteiro. “Assim como a cirurgia, o tratamento também depende do grau e tipo de câncer”, conta. Na primeira experiência, ela realizou quatro sessões de quimioterapia a cada 21 dias, já neste segundo momento, foram indicados oito sessões, também a cada 21 dias. Recentemente, sua sobrinha também foi diagnosticada com o mesmo câncer. “Ela me liga e diz ‘tia, você é como um ídolo para mim, e tem de ficar bem para que eu fique também’”, conta. Eusa, por telefone, procura acalmar e inspirar a jovem sobrinha, com base em suas experiências. “Antigamente, quando se falava em câncer, todos já pensavam em morte, mas hoje, felizmente, a medicina evoluiu e com tantos tratamentos e medicamentos temos vários exemplos de que a doença tem, sim, cura”, afirma Eusa. “Com o câncer de mama, descobri que a internet nos auxilia muito, porém, nem tudo que está escrito lá é verdade. Para sanar
as dúvidas sobre a doença, o ideal ainda é a consulta com o médico”. Diante de tantas situações, os momentos mais marcantes para a paciente foram vividos no hospital. Estar ali já era, para Eusa, um aprendizado. “Quando eu pensava em reclamar, via pessoas em situações muito piores, que dependiam de outras pessoas ou que passavam muito mais tempo dentro do hospital, e então agradecia”, diz. Mãe de dois filhos e avó de três netos, Eusa, aos 61 anos de idade, se encontra atualmente no tratamento de seu segundo câncer de mama. Das oito sessões de quimioterapia, duas já se foram, porém, sua rotina permanece a mesma, com muita atividade física, como ginástica, yoga e passeios de bicicleta. Por tanto tempo dedicado ao tratamento, o posto de saúde da comunidade funciona como extensão de sua casa e, por lá, todos a conhecem. Experiente quando o assunto é câncer de mama, Eusa é mais um exemplo de força, garra e de que “prevenção” é a palavra-chave.
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GIROTECA | Guaratuba
O sabor da boa leitura Ana Beatriz
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ada vez mais as pessoas podem acessar livros através de projetos que levam obras além dos ambientes tradicionais, como as bibliotecas, por exemplo. Este é o caso do projeto Giroteca, idealizado há mais de um ano pela revista Giro Pop, que disponibiliza sete expositores de livros em pontos comerciais de Itapoá e Guaratuba, incentivando as pessoas a escolher, levar, ler, trocar e usufruir novos conhecimentos em ambientes até então pouco comuns para a leitura. Nesta edição visitamos o expositor da Confeitaria e Panificadora Brot Pão, em Guaratuba. Com a boa vontade em partilhar livros e uma solução prática para deixa-los disponíveis aos futuros leitores, a proprietária do comércio, Sandra Mara Kessin, acolheu o Projeto Giroteca em setembro de 2014. Surgiu então uma opção para aqueles que desejam tomar café ou saborear uma torta com uma companhia diferente: a leitura. Antes mesmo de aderir ao
projeto, Sandra lembra que eram deixadas revistas em cima das mesas da panificadora, para entreter, descontrair e deixar a clientela à vontade. “Em um século onde estamos cada vez mais dependentes de computadores e celulares, é muito importante que os livros sejam estimulados”, diz. O expositor de livros da panificadora Brot Pão é mesmo de “encher os olhos”, ou melhor, de encher a mente. Os livros que por ali passam surpreendem pela variedade de conteúdos, como clássicos da literatura, romances, poesias, livros infantis e afins. Protagonistas desta história, os leitores também não se prendem a um estilo específico. “Porém, a maioria dos leitores do projeto Giroteca por aqui são mulheres adultas”, afirma a proprietária, que também foi cativada pelos livros expostos, mas que, por conta da correria do comércio, costuma ler os livros menores. De todos os clientes-leitores, Sandra destaca Moisés, um senhor de Curitiba que já doou mais de 100 títulos para o projeto. Em suas visitas a Guaratuba, é sagrada a parada na panificadora para
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Sandra Mara Kessin, da Panificadora Brotpão acolheu o Projeto Giroteca em setembro de 2014.
movimentar o Giroteca. “Este senhor carrega os livros em uma maleta, para cima e para baixo”, conta Sandra, “e nos pede para que os livros doados tenham o carimbo da panificadora”. O giro das obras também tem um toque de Sandra, que já comprou livros em um sebo para manter o expositor vivo. “Muitos questionam aos funcionários se os livros estão à venda e ficam encantados ao saber que não”, conta. Segundo ela, depois disso os clientes se sentem à vontade e fazem da troca de livros uma rotina, assim como a ida à panificadora. Na alta temporada, Sandra conta
que muitos livros são levados e não retornam e que, por isso, ela e sua equipe estimulam constantemente a reposição aos clientes, seja no caixa ou balcão de atendimento. Apesar de ser recente, o projeto Giroteca tem tido aceitação e envolvimento dos apaixonados pela leitura de Guaratuba e região. “O hábito de ler pode transformar vidas, por isso essa iniciativa é tão importante”, afirma Sandra. Na Confeitaria e Panificadora Brot Pão, os livros não perdem para os deliciosos pães, bolos e tortas, pois como disse Ziraldo, “o livro é o alimento da alma”.
Woman’s club Guaratuba
demais espalhadas nos cinco continentes, também é voltada ao trabalho voluntário, visando promover ações beneficentes em prol da comunidade. A Revista Giro Pop conversou com a atual presidente do clube, Maria Laura Pires Rosa, a “Maninha” como é conhecida, para conhecer um pouco mais das atividades desenvolvidas.
25 anos de voluntariado e amor à cidade
RGP: O que é o Woman’s Club e qual seu objetivo? Maria Laura: O Guaratuba Woman’s Club é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, promovendo e desenvolvendo atividades filantrópicas, sociais, culturais e assistenciais às pessoas necessitadas em geral, sem distinção de cor, raça, sexo, idade, condição social e convicção política ou religiosa.
Jonas Maciel
“Cumpra a parte que lhe toca no rol das obrigações. Pare para pensar, reflita com bom senso se dentro do seu destino está cumprida a missão que Deus lhe deu...”.
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m outubro, as mulheres de Guaratuba têm uma razão especial para saudar a participação feminina na sociedade: é aniversário de 25 anos do Guaratuba Woman’s Club. Este movi-
Atual presidente do clube, Maria Laura Pires Rosa, a “Maninha”
mento, que existe em dezenas de países e que conta com a participação de milhões de mulheres voluntárias, também está presente em Guaratuba, onde comemora seu jubileu de prata, marcado por muitas realizações e uma efetiva partici-
pação na construção da sociedade guaratubana. No município paranaense, a associação feminina sem fins lucrativos é reconhecida de Utilidade Púbica Municipal pela Lei nº 738 de 3 de outubro de 1995 e, a exemplo das
RGP: Qual a sua avaliação desses 25 anos do Woman’s Club em Guaratuba? Maria Laura: Na posição de sócia fundadora, minha visão diante das inúmeras atividades desenvolvidas pelo clube sempre obtiveram resultados positivos. É um clube de credibilidade e determinação. É importante salientar que contamos com pessoas que acreditam na atuação do clube e
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Vice-Presidente: Cléia Mara Bandeira Monteiro
1ª Secretária: Maria do Rocio Braga Bevervanso
nos auxiliam sempre que solicitamos. Refiro-me aos empresários guaratubanos, famílias, igreja e associadas do clube. RGP: Qual a principal atividade do Woman’s Club na cidade? Maria Laura: Quando o clube foi fundado seu Estatuto previa o apoio direcionado ao bem-estar físico, mental e espiritual às pessoas idosas carentes. No decorrer dos anos veio gradativamente ampliando-se frente às solicitações de outros órgãos como igreja, estabelecimentos de ensino, entidades assistências, associações e ou-
tros, nos permitindo prestar o auxílio devido de acordo com as possibilidades do clube. Na atualidade não prestamos mais assistência aos idosos, mas os atendemos vez ou outra quando nos procuram. RGP: Quais as Instituições de Guaratuba que já foram ou ainda são beneficiadas com o trabalho do Woman’s Club? Maria Laura: O Woman’s Club beneficiou ao longo desses 25 anos de atuação creches e escolas com materiais pedagógicos e brinquedos, pesso-
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2ª Secretária: Marcia Rosana Gomes Natalino
as que nos procuram porque precisam de remédios, grupos de senhoras que nos solicitam enxovais para recém nascidos, entidade hospitalar como a antiga Santa Casa de Misericórdia de Guaratuba que recebeu do clube doações como campos cirúrgicos, roupas de cama, pijamas, roupas para maternidade, alimentos, reforma de móveis hospitalares, pintura dos apartamentos e outros. O Woman’s também recebe doações de roupas usadas, calçados, móveis como camas, colchões e direciona as doações para pasto-
1ª Tesoureira: Ana Claudia Rosa
rais da criança, do idoso e para a Casa de Apoio Luz e Esperança que mantém 44 internos. O clube também organiza desde o ano de 1992 os bailes para debutantes e vem mantendo a tradição até os dias atuais como o que realizamos em 12 de setembro desse ano de 2015. Também somos responsáveis pelas atividades das tardes dos bingos da Festa do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade que acontece no período das férias do mês de julho. Um dos maiores eventos culturais religiosos do Litoral do Paraná. Outra atividade que destacamos é a programação para
2ª Tesoureira: Ivanda Nóbile
Diretora Cultural: Lilian Marta Condessa Machado
o mês de Outubro alusiva ao câncer, com palestras, homenagens, caminhadas, já estando agendado para 4 de outubro a próxima atividade temática. Algumas outras atuações também são auxiliadas por esse grupo de mulheres, como a colaboração junto ao Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil quando acontecem enchentes e somos requisitadas para separação de roupas, cobertores e demais objetos destinados aos flagelados. O clube conta também com parcerias como a Secretaria Municipal de Saúde e outros órgãos.
RGP: Para participar do Woman’s Club, como se deve proceder? Qualquer pessoa participa, ou melhor, qualquer mulher? Maria Laura: Nosso Estatuto prevê no Art. 12º que no início de cada ano as sócias têm a possibilidade de indicar uma nova companheira para integrar o quadro social do clube, estando inclusas nas categorias de sócias Ativas, Ausentes, Temporárias e Honorárias. Qualquer pessoa do sexo feminino que seja atuante e disponibilize sua atenção para as
Diretora Social e Eventos: Flávia Ascêncio
Diretora de Assistência Social: Cleide Andreoli Wasilewski
condições exigidas pelo Estatuto, podem ser inscritas como sócias. RGP: O Clube recebe auxílio financeiro de algum órgão público? Como sobrevive? Maria Laura: Não, o clube é uma sociedade civil sem fins lucrativos. Sobrevive do pagamento de mensalidades pagas pelas sócias. Também de recursos oriundos de bingos e patrocínios financeiros quando solicitado para aplicação em atividades desenvolvidas pelo clube, mediante um Projeto.
RGP: Qual a visão que o Woman’s Club tem de Guaratuba e o que você acha que falta para melhorar o desenvolvimento da cidade? Maria Laura: No ponto de vista do clube, Guaratuba deu um salto em áreas distintas que compõem o contexto do desenvolvimento da cidade. Muito ainda precisa ser realizado pelos governantes municipais contando consequentemente com o apoio dos governos estadual e federal. A cidade vem crescendo a olhos vistos e con-
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Doação de roupas e óculos para Dona Tereza do Sopão
sequentemente tem a necessidade de ter uma infraestrutura condizente com o número de habitantes, estando inclusos todas as áreas: a saúde, a educação, o transporte, a implantação de indústrias para geração de empregos, o investimento no turismo que é o carro chefa da cidade, a construção de um hospital altamente capacitado para atendimento, abrindo um parêntese para pessoas da melhor idade, uma vez que Guaratuba é acolhedora devido a natureza pura e é procurada pelos idosos e aposentados, além de outras melhorias.
RGP: Além de você que preside o Clube, quem são os demais membros da diretoria? Maria Laura: O Guaratuba Woman’s Club é presidido por mim, Maria Laura Pires Rosa, e está composto de 30 associadas. Sua data de criação aconteceu em outubro de 1990 e a fundação ocorreu, conforme o estatuto, em junho de 1994. A eleição da diretoria acontece de dois em dois anos. Em 5 de março de 2015 a composição eleita foi: Presidente - Maria Laura Pires Rosa; Vice-Presidente: Cléia Mara Bandeira Monteiro;
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Sócias entregando doações de brinquedose e jogos pedagógicos na Escola Municipal da Prainha
1ª Secretária: Maria do Rocio Braga Bevervanso; 2ª Secretária: Marcia Rosana Gomes Natalino; 1ª Tesoureira: Ana Claudia Rosa; 2ª Tesoureira: Ivanda Nóbile; Diretora Cultural: Lilian Marta Condessa Machado; Diretora Social e Eventos: Flávia Ascêncio; Diretora de Assistência Social: Cleide Andreoli Wasilewski; Membros do Conselho Diretor: Genoci de Santi Rachelle e Helena Maria Voltoline de Oliveira. Atualmente, somamos 22 clubes do Brasil afiliados à Confederação dos Women’s Clubs do Brasil, com sede em São Paulo.
RGP: Existe algum projeto que o Clube desejaria realizar e que ainda não foi possível? Maria Laura: O Guaratuba Woman’s Club tem como desejo a construção da uma Casa Lar para idosos carentes e uma sede própria para o clube. Atualmente nossas reuniões acontecem em locais diferentes como as residências ou estabelecimentos comercias das próprias sócias, ou locais que oferecem espaço físico como secretarias de igreja, por exemplo.
Sócias trabalhando na organização das tardes da Festa do Divino
Uma merecida homenagem pela passagem ao Dia da Mulher às funcionárias da Pousada Porto da Lua em Guaratuba.
Missa em Ação de Graças na Casa de Apoio Luz e Esperança com Padre Donizete.
RGP: Que mensagem você daria para as mulheres de Guaratuba? Maria Laura: Deixo a seguinte mensagem: “Cumpra a parte que lhe toca no rol das obrigações. Pare para pensar, reflita com bom senso se dentro do seu destino está cumprida a missão que Deus lhe deu. Além do trabalho normal, para viver, veja se está fazendo algo para o seu próximo, para a natureza, para a vida. Pense, medite, cumpra sua parte e será feliz!”
Inauração da Casa de Passagem, onde o Woman’s reformou o banheiro, doou cortinas, beliches, berço, roupas de cama e brinquedos.
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DIA DAS CRIANÇAS
“Mãos do Bem” que ajudam e inspiram crianças Ana Beatriz
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onversar, se divertir, preencher o tempo, se sentir bem ou simplesmente pela companhia: amigas se reúnem por diversos motivos. Mas um grupo de amigas de Itapoá alcançou tudo isso na prática da caridade e criou a associação “Mãos do Bem Itapoá”, que ajuda crianças carentes através de doações. Iniciado por Miriam Ramos de Almeida e Ellen Maldonado, este projeto atua há quatro anos no município e vem ganhando força, ampliando cada vez mais o número de ajudantes e de crianças beneficiadas. A ideia, que surgiu no ano de 2011, é fruto de outros dois
projetos. Natural do Rio Grande – RS, Miriam costumava ajudar uma creche da cidade onde as doações eram feitas em caixas. “Revendo fotos da infância, reparei que eu estava sempre cuidando e protegendo os menores, então ajudar sempre foi uma necessidade em minha vida”, conta Miriam. Já Ellen, participava de uma ação beneficente em Santos – SP, que cadastrava famílias carentes em fichas. Unindo as duas experiências, os destinos de Miriam e Ellen se cruzaram em Itapoá onde, na companhia de outras amigas, como Magda Biazotto, Kelen Rossin e Eliane Rozi Theurer, praticam o que é chamado de amor ao próximo. São hoje cerca de dez mulheres que fazem a Mãos do
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As amigas Eliane, Ellen, Miriam e Magda.
Bem acontecer. “Cada uma das integrantes contribuiu, a seu modo, com ideias e sugestões até que o objetivo do grupo se firmasse”, conta Ellen. Sem fins lucrativos e conotação religiosa, a associação tem como regra geral “fazer o bem sem olhar a quem”. Através de visitas e indicações, foram cadastradas aproximadamente 30 famílias e 150 crianças carentes de 0 a 12 anos de idade, de diversos bairros de Itapoá. Cada criança cadastrada apresenta uma ficha com dados específicos, como tamanho de roupa e número de calçado. Assim, os colaboradores podem pegar uma das fichas e ajudar de forma específica para um dos cadastrados, doando à associação itens de cesta básica
ou um kit comemorativo, dentro de uma caixa comum de papelão. Já a entrega às crianças é realizada pelas integrantes do projeto, de porta em porta. A próxima ação será realizada neste mês de outubro, com o segundo Dia das Crianças promovido pela associação Mãos do Bem. Em comemoração, será doado um kit de uso geral para higienização bucal a cada uma das crianças cadastradas. “Prevemos também a parceria com um dentista para uma pequena palestra sobre a escovação dos dentes”, conta Miriam. A contribuição vem de diversos lugares. O kit contará com uma pasta de dente, copo e toalhinha de boca para higienização bucal, além de um brinquedo, seja ele novo ou usado.
Àqueles que não conseguirem ajudar a tempo do Dia das Crianças, é possível fazer o mesmo durante a campanha de Natal. Este será o quarto Natal beneficente da associação e as fichas das crianças serão entregues a partir do dia 26 de outubro. “O ideal é que a ajuda venha com alguns dias de antecedência, para que possamos separar os kits por famílias e itinerários e, enfim, realizarmos a entrega”, explica Eliane. As doações de Natal podem ser entregues às mulheres entre os dias 10 e 20 de novembro. Neste ano, o kit de Natal será composto por uma roupa nova, um par de sapatos novos e um brinquedo novo; também é possível colaborar com itens opcio-
nais, como materiais de higiene, material escolar, roupa íntima ou um pacote de biscoitos. Vale ressaltar que além de datas festivas, a Mãos do Bem Itapoá aceita doações de alimentos não perecíveis para as cestas básicas durante o ano todo. Na dúvida por onde começar a ajudar, as integrantes contam que o leite é o alimento mais consumido pelas famílias, portanto, a contribuição deste item é sempre bem-vinda. A visita às famílias cadastradas acontece pelo menos uma vez ao mês. Segundo as mulheres da associação, a parte mais marcante é a reação da criançada. “As crianças já reconhecem o carro e comemoram quando nos veem, acenando e
correndo para nos abraçar”, conta Miriam. Pequenas coisas como um pacote de bolacha, enquanto banais para muitas pessoas, é algo inesquecível e transformador para estas crianças, contam. Exercer essa atividade tem bons significados para as envolvidas. Eliane acredita que a ação beneficente é uma forma de crescimento pessoal e espiritual, enquanto Magda afirma que ajudar o próximo é gratificante e gera motivação, e complementa: “Enquanto pensamos que estamos ajudando os outros, ajudamos a nós mesmos”. Assim como os super-heróis da televisão são exemplos a ser seguidos por salvar vidas e ajudar pessoas, Miriam, El-
len, Eliane, Magda e Kelen são exemplos reais, pois inspiram sonhos e despertam sorrisos. “Acreditamos que é possível plantar a semente do bem nas crianças, independente de onde elas vivam ou por qual dificuldade estejam passando”, diz Ellen. Uma iniciativa como essa da associação Mãos do Bem Itapoá, vinda do coração, é a prova real de que o mundo ainda pode ser bom e as crianças felizes. Quer ajudar as crianças da Associação Mãos do Bem Itapoá? Contato: (47) 3443-1364 (Magda) (47) 9911-4301 (Ellen)
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passeio ciclĂstico | dia dos pais escola gees
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Coral Vozes da Babitonga, 36 vozes femininas e 14 vozes masculinas, regidas pelo Maestro Rafael Daniel Huch.
As vozes femininas da Babitonga Ana Beatriz
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om apenas dois meses e meio de execução, o Coral Vozes da Babitonga está superando todas as expectativas no município de Itapoá. Patrocinado pelo Porto Itapoá e coordenado
pela escola de música Tocando em Frente, o Coral tem suas aulas-ensaios sob a orientação do Maestro Rafael Daniel Huch, que afirma: “A voz humana é fantástica e cada uma tem sua particularidade”. Nesta edição, conhecemos um pouco sobre as
vozes femininas do Coral, divididas em sopranos (voz aguda) e contraltos (voz grave). Mas, afinal, de quem são essas vozes? E por que cantam? O desejo de cantar nasce das mais diferentes razões e emoções. A participante Eliana Gusso, por
exemplo, acreditava que o canto contribuiria em sua profissão de professora. “Os vizinhos gostavam de me ouvir cantar, até que fui incentivada por meu filho a participar do coral para aprimorar meus conhecimentos e aprender as técnicas”, conta.
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Projeto coordenado pela Escola de Música Tocando em Frente dos professores Mutti e Nena, com o Maestro Rafael Daniel Huch, na Casa da Cultura de Itapoá, participação do diretor Dante Puctha.
Hoje, Eliana é uma das 50 vozes do Coral Vozes da Babitonga, sendo 36 delas vozes femininas e 14 vozes masculinas. Dentre os apaixonados pela música que torciam pela formação de um coral no município está Lucilda Sonntag, a primeira inscrita no Vozes da Babitonga. “Esperei ansiosamente pela chegada de um coral em Itapoá”, conta ela, que acredita que iniciativas culturais como esta merecem muito apoio e reconhecimento. A faixa etária daqueles que dão voz ao coral é bem abrangente, de 12 a 70
anos de idade. Mas mesmo os mais jovens, como as primas Gabriela Pereira Tavares e Maria Eduarda Santos, têm forte relação com a música. Ambas tocam mais de um instrumento e acreditam que, para aqueles que gostam de música, o canto é um conhecimento a mais. Na companhia de quem gostamos praticar uma atividade fica ainda melhor. E, além da prima, Gabriela frequenta as aulas do Coral acompanhada de sua mãe. “Assim como minha mãe, eu também gosto muito de música”, conta, “nos empolgamos
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Pamela Rayza Souza Batista , Susan Yasmin Souza Batista, Cristiane de Jesus Pereira.
juntas e treinamos os exercícios em casa”. Já Hilda Cristina Cardoso convidou algumas amigas para participarem, mas sem sucesso. “Enquanto a maioria sai do trabalho e vai para o tradicional happy hour de sexta-feira, eu me preparo para ir ao coral”, diz Hilda, “cada um relaxa da sua forma, e a minha é cantando”. As aulas-ensaio realizadas pelo Coral acontecem todas as sextas-feiras, das 19h às 21h, na Casa da Cultura de Itapoá. “A motivação é essencial para
Maria Eduarda Santos
ensaiar em uma sexta-feira à noite”, diz Célia Xavier Felippe. Proprietária de comércio, ela conta que às vezes se sente indisposta para ir às aulas: “Mas quando me lembro do trecho de uma música que ensaiamos que diz ‘vem cantar que a tristeza vai passar’, me animo rapidamente”. Mesmo no início de sua atuação, o Vozes da Babitonga vem trazendo bons resultados e agregando inúmeros conhecimentos a seus participantes, mesmo àqueles que já haviam participado de um coral, como Simone Bonani Izidoro. “Apesar de ter certa experiência, muitas técnicas ensinadas pelo maestro Rafael são novas para mim”,
Gabriela Pereira Tavares
conta ela. Nas aulas-ensaios é ensinado linguagem musical, ritmos, escalas, respiração, exercícios de extensão vocal e o cânone. “O cânone é muito legal, se trata de uma peça de canto coral em que os vários grupos repetem a parte inicial da música, em tempos diferentes”, explica a aluna Susan Yasmin Souza Batista. Já para Cristiane de Jesus Pereira, os principais aprendizados foram respiração e postura. “Aprendi que a respiração e a postura são tão importantes quanto saber cantar”, conta ela, “e que, aliás, grande parte do saber se encontra aí”.
Eliana Gusso
Hilda Cristina Cardoso
Assim, mais que uma atividade física, o canto também tem importâncias especiais e particulares a cada integrante. Para Pamela Rayza Souza Batista, o Vozes da Babitonga significa muito mais que utilizar a voz de maneira saudável, mas também disciplina, convivência e reconhecimento da interdependência entre todos os membros. Àqueles que desejam assistir o que se vem ensaiando nesses dois meses e meio, a oportunidade será no dia 16 de outubro, às 20h, na Casa da Cultura de Itapoá, onde o Coral Vozes da Babitonga realizará seu primeiro espetáculo, cha-
Lucilda Sonntag
mado “Cantar é preciso”. “Toda estreia dá um friozinho na barriga, mas confiamos muito no trabalho do Maestro, que nos ensaios demonstra muita segurança e nos conduz com propriedade e competência”, diz Luci José da Costa Kirinus, mais conhecida por Nena, uma das idealizadoras do projeto. Os planos futuros do Coral Vozes da Babitonga incluem ampliar a turma para abrir novas vagas ou até mesmo iniciar um coral infantil. “Além de desenvolver a musicalidade dos munícipes integrantes do grupo, outro ob-
Célia Xavier Felippe.
jetivo é a formação de plateia, que considero essencial para o desenvolvimento cultural da cidade”, diz o Maestro Rafael. O acolhimento do projeto por meio da comunidade e o empenho dos participantes tem sido algo muito positivo, e mesmo aqueles que não participam do coral são beneficiados, pois “se Itapoá canta, seus males espanta”. Primeiro espetáculo “Cantar é preciso”. Dia 16 de outubro, Horário: 20 horas Casa da Cultura de Itapoá.
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QUEM É? mARGOT hELENA Margot Helena de Sá Ribas, diretora da Creche Municipal Pequeno Aprendiz, com seu filho Ricardo.
Um pouco além do portão da creche Ana Beatriz
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esmo em constante crescimento, a cidade de Itapoá ainda revela características de cidade pequena, como reconhecer boa parte das pessoas em qualquer passeio diário. Segurança e cativação são algumas consequências de uma simples caminhada na rua, onde é co-
mum que o itapoaense cumprimente e sorria inúmeras vezes. Margot Helena de Sá Ribas, diretora da Creche Municipal Pequeno Aprendiz, é uma destas pessoas que todos reconhecem. Referência na área da educação do município, ela cativou inúmeros moradores, sejam eles adultos ou crianças. Nascida em Rio Negro – PR, Margot veio de uma família de quatro irmãos, segundo ela, muito unidos e de boa educa-
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ção dada pelos pais. Logo na infância já eram dados sinais da profissão que ela viria seguir: “Em meu quarto havia um quadro de giz e nas brincadeiras eu era sempre a professora”. Sua história foi construída aos poucos em Santa Catarina, na região de Itaiópolis, Mafra e Canoinhas, mas foi no litoral, em Itapoá, que se consolidou. Em 1992, já formada em Pedagogia e Administração Escolar e trabalhando como professo-
ra, Margot foi morar no município para assumir uma vaga de coordenadora. “Morar em Itapoá era um sonho antigo, pois costumava passar minhas férias na praia e era encantada pelo lugar”, conta. Dali em diante, seu currículo na área da educação se expandiu. Além de professora e coordenadora, Margot atuou como supervisora, orientadora, administradora e enfim, diretora, em diferentes escolas do
elaboração de toda a parte pedagógica, foi fundada, em 2003, a Creche Municipal Pequeno Aprendiz, tendo Margot como diretora, como é conhecida e querida no município há 12 anos. A creche comporta cerca de 60 crianças, de zero a três anos de idade. Trabalhar com os pequenos exige, para Margot, cuidados extremos. “Toda a estrutura do ser humano está na primeira e na segunda infância e, lidando Margot reserva tempo e energia para com isso, precisamos se vestir de prenda e bailar. ser mais que educamunicípio; além de contribuir doras, mas também um pouco na atualização da proposta de pediatras, psicólogas, etc.”, curricular do estado de Santa explica. Catarina em 2014. Com formação em Psico“Acredito que todas essas pedagogia, a diretora, junto de passagens tenham sido funda- sua equipe, promove eventos mentais para meu crescimento além da escola, como jantares pessoal e vínculo com a comu- e passeios, visando consolidar nidade”, afirma. Mas de todas o amor e a união entre a família as propostas, a mais desafia- do aluno. “Nossa equipe é unidora foi auxiliar na construção da, criativa e falamos a mesde uma creche em Itapoá, para ma linguagem”, conta. Margot então assumir sua direção. também ministra palestras e Após a reforma do espaço e a orientações familiares, tendo
como principal tema os limites das crianças até os três anos de idade. Para a diretora, o que a cativa às crianças é ser igual a elas, tanto na simplicidade, quanto nas brincadeiras. “Meu tamanho também ajuda na aproximação, já que sou um pouco baixinha”, brinca. Muito da didática adotada por Margot na creche é fruto da sua experiência como mãe de Ricardo Ribas, hoje com 16 anos de idade. “Aprendi com meu filho que quando damos amor e atenção para nossos pequenos, eles crescem e nos dão amor e atenção, também”, fala. Além de brincalhona e participativa, ela também se considera uma mãe “coruja”. Companheiro, educado, carinhoso... Os elogios para o filho não são poucos. Atualmente, Ricardo mora com o tio em outra cidade para seguir os estudos. “A saudade é grande, mas estamos sempre conectados”, conta a mãe. O que poucos sabem sobre Margot é que, além da creche e de seu filho Ricardo, ela tem outra paixão: a dança gaúcha. Formada no CTG, Margot reserva tempo e energia para se vestir de prenda e bailar. “Na
dança encontrei uma forma de relaxar e esquecer os problemas”, conta. Andar de bicicleta, fazer massagens e viajar por roteiros onde se aprecie a natureza também fazem parte do seu lazer. Mas muito acima de um lado profissional ou pessoal, ela conta que carrega consigo a filosofia de viver com espiritualidade e humildade, buscando sempre se colocar no lugar do próximo. “Assim, todas as coisas fluem”, conta. Segundo ela, sua trajetória é feliz e gratificante, sem se esquecer das dificuldades, pois acredita que estas a fizeram crescer. Apesar de sua naturalidade, Margot se considera hoje, aos 45 anos de idade, uma itapoaense de coração. “O ar aqui é puro e a comunidade é acolhedora”, conta, “só tenho a agradecer”. Para o futuro, a diretora almeja que tudo possa melhorar ainda mais e acredita que a semente dos melhores dias seja plantada logo na infância – como aconteceu com Margot, com Ricardo e acontece com tantas outras crianças – através do amor e da educação de qualidade.
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farma total
Por mais saúde e qualidade de vida Ana Beatriz
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aúde e qualidade de vida são as palavras-chave para o bem estar de todas as pessoas, e as farmácias contribuem de forma efetiva. Isso acontece quando o trabalho com seriedade, responsabilidade e a participação de profissionais experientes andam juntos, como é o caso da Farmatotal, em Itapoá. A farmácia, que completou nove anos de atuação no dia 7 de setembro, é referência no município, sempre oferecendo os melhores procedimentos e resultados aos pacientes e clientes. Com uma equipe capacitada, altamente qualificada e sempre disposta para atender da melhor forma seus clientes. “Nossa equipe é organizada e cada profissional tem anos de experiência na área”, conta Scheila Aparecida Kziozek Pastuchaki, farmacêutica do empreendimento. Assim, a farmácia conta com o trabalho de atenção farmacêutica, onde esclarece dúvidas relacionadas
Auxiliando nos cuidados da sua saúde a equipe farmacêutia Gilmar, (gerente da Farma Total), César, Oscar e Scheila, (farmacêuticos responsáveis) e Silas.
a medicamentos para todos os interessados. O principal diferencial apontado pela empresa é o atendimento. “Auxiliamos em uma melhor adesão de tratamento ao cliente, priorizando sua qualidade de vida e recuperação”, explica Scheila. Além do cuidado em oferecer medicamentos para as mais diversas necessidades, a empresa é credenciada
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ao Programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde, ampliando o acesso da população aos medicamentos essenciais ao tratamento de doenças com maior ocorrência no Brasil, como medicamentos para hipertensão, diabetes, asma, anticoncepcionais, colesterol, rinite, Parkinson, osteoporose, glaucoma e fraldas geriátricas. Junto à variedade, o atendi-
mento é diferenciado quando o assunto é horário: aberta todos os dias, a empresa inovou sendo a primeira farmácia do município com o horário flexível, das 8h às 23h45m. A farmácia também realiza atendimentos à população, como testes de glicemia capilar e aferição de pressão; e realiza entrega gratuita dos medicamentos de segunda a sábado, das 8h às 18h. Resgatando o melhor das farmácias independentes e acrescentando o que há de mais moderno no mercado, a Farmatotal trabalha com uma ampla diversidade de produtos de diferentes laboratórios, os quais têm parcerias com a rede, tornando esses produtos mais acessíveis aos seus clientes. Segundo a farmacêutica Scheila, o mercado farmacêutico apresenta diversas novidades, disponibilizando soluções modernas e opções de escolha aos clientes. Na Farmatotal, além de encontrada uma linha completa de medicamentos, perfumaria e dermocosméticos também
Na área de perfumaria e dermocosméticos, você tem o auxílio da Elisete, Maiele (chefe da perfumaria), Rafaela (fiscal de loja) e Rilari.
marcam presença. “Nossa perfumaria causa surpresa até nos turistas, que alegam não encontrar estes produtos em grandes redes de farmácias da capital paranaense, por exemplo”, conta Maiele Brizola, responsável pelo setor. Conforme a empresa, a variedade nos produtos de perfumaria visa atender todo o tipo de público, de todas as idades, nunca esquecendo o custo benefício. Entre a variedade do mix de produtos disponíveis também se destacam os produtos ortopédicos, suplementos, protetores solar e a linha infantil. Além dos produtos e flexibilidade no atendimento, a Far-
matotal também pensa no entretenimento dos seus clientes e realiza diferentes ações em datas comemorativas, com decorações e sorteio de brindes. Neste Dia das Crianças, a empresa promete muita diversão para a criançada e promoções no interior da loja durante todo o final de semana. Além disso, promoções são realizadas durante todo o ano, e a empresa atua fortemente na questão comunitária, contribuindo, por exemplo, com as creches do município. Com ótima localização e ambiente climatizado, os planos futuros da empresa incluem ampliar a estrutura para me-
O atendimento no caixa fica por conta da Paola, Milena, Renata (fiscal de caixa), Douglas, Jessica e Thifani.
lhorar ainda mais o espaço físico, além de se manter como referência de confiança para médicos, pacientes e clientes. A cada ano de atuação, a Farmatotal evolui, trazendo uma linha constante de prioridades e valores que envolvem ética, respeito e a satisfação completa dos clientes, e somando positivamente por uma Itapoá mais saudável e com maior qualidade de vida.
Fabiane, gerente da FarmaTotal e a Solange, prestadora de serviços responsável pela parte de entrega.
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Itapoá e sua história “História não é o que passou, mas o que ficou do que passou” Entendemos que devamos compartilhar a História para que os fatos passados não sejam esquecidos e ainda fiquem gravados, como forma de valorizar os protagonistas e servir de exemplo e estímulo para as gerações futuras. Na linha do tempo transcorria o ano 1954 quando dois acontecimentos nos levaram a não mais esquecê-lo. A morte trágica do presidente Getúlio Vargas e as primeiras conversas entusiasmadas e consistentes dos familiares voltadas para atividades em Joinville. Conversas que ganharam corpo e acabaram por se constituir no ponto de partida para a efetivação das pretensões empresariais, as quais, algum tempo depois, acabariam por impulsionar o desbravamento de Itapoá, cujo início se deu em 1957. Assim, a partir deste momento e nas demais edições, capitulo a capitulo, vamos pormenorizar as motivações, dificuldades e êxitos que, após grandes sacrifícios e ingentes esforços resultaram na pujante “Cidade do Mar”. E o que nos autoriza a conta-los é o fato de, ainda criança, com a curiosidade aguçada, própria da idade, tê-los vivenciado em toda a sua extensão e ainda, intuitivamente, passado a colecionar documentos e tudo o que se referia a arrojada iniciativa, os quais viriam a dar suporte para a consecução do livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva lançado no ano de 2012, acompanhado de um D.V.D. que retrata o documentário rodado em 1958 quando foi concluída a estrada Pioneira ou Serrinha. Esse privilégio de ver lançada a semente empreendedora em solo fértil, cuidada com desvelo para que geminasse e produzisse uma
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safra generosa, devemos e agradecemos ao Grande Arquiteto do Universo. Em todos os lances dessa epopeia vale destacar a importância do fator família fazendo a grande diferença, através da fé centralizadora de uma mãe, princípio ativo de toas as formas de amor, e um pai sinalizando o que era ser correto, honesto, ético e humilde para que seus dezoito filhos seguissem a produtiva senda do bem. Importante também lembrar de destacados personagens dessa caminhada que portavam toneladas de T.N.T. criativo em suas ideias. Rol que inclui o empresário Alzemiro Nogara, o qual, habilmente,lá na pequena Uruguai catarinense, do generoso rio do Peixe, acena e convence o comerciante Serafim Paese a ser seu representante na venda de glebas de terra no atrativo Estado do Mato Grosso. O paranaense, a época governador de Santa Catarina, Jorge Lacerda delegando ao deputado Geraldo Mariano Gunther a tarefa de deslocar para a próspera Joinville os irmãos Paese e seu pai. Adalcino Rosa, empresário da pesca, indicando elo visionário Dórico Paese a inexplorada e praticamente desconhecida praia de Itapoá. Dórico Paese destemidamente internacionalizando o convite formulado pelo governador para investir em Joinville, e juntamente com o dinâmico advogado Geraldo Mariano Gunther, já na condição de sócios, visando dinamizar o projeto implantam no ano de 1957, com sede em Concórdia e operações no estado e fora dele a Sociedade Imobiliária Agrícola e Pastoril Ltda. –S.I.A.P. A magnitude do plano se amplia ao obser-
varem o amplo leque de oportunidades que a cidade de Joinville, em acelerado processo de crescimento, oferecia. Para dar suporte e impulsionar novos negócios, ainda em 1957 promovem a primeira alteração contratual incluindo na sociedade os senhores Waldemar Ernesto Paese, Armando Colombo, Werner da Silva e José Colombo. Com a saúde financeira robustecida os sócios detectam uma excepcional demanda por áres maiores, especialmente por empresas que pretendiam instalar suas atividades naquele promissor município. Motivados realizam um grande empreendimento no setor com respostas surpreendentes, pois havia uma demanda reprimida na referida área. A atuação da S.I.A.P. na denominada “Manchester catarinense” passou a merecer espaços cada vez maiores na mídia e consequentemente acenos para novos empreendimentos. Numa sequencia meteórica, vão surgindo, empurrados pela credibilidade e dinamismo dos empresários investimentos atraentes. Dentre eles ganha destaque Itapoá. Buscando elementos que justificassem a viabilidade da escolha realizam primeiro o reconhecimento do local por via aérea. Logo em seguida vão a São Francisco do Sul e de barco atravessam a baía de Babitonga, aportando junto ao farol da Mamata, localizado próximo ao armazém do senhor Mario Budal no atual Bairro Pontal do Norte. Dali, de carroça, percorrem um trecho da praia constatando a beleza exuberante do local. Agradecendo a todos voltaremos no próximo número com novos fatos sobre a rica e ousada história de Itapoá.
JANTAR | associação dos corretores de imóveis de guaratuba
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Acredite se quiser Sabe os óculos que deixou na mesa e que de repente, não encontra mais? Aquela chave que colocou na fechadura da porta e sumiu, sem mais nem menos? As coisas que por mais procure não encontra de jeito nenhum? Pois é, tem a ver com o Saci Pererê... acredite se quiser. O Saci é o personagem mais arteiro e atrevido do folclore brasileiro. Também chamado de Matitaperê é um negrinho com uma perna só, que usa um gorro vermelho e sempre com um cachimbo na boca inferniza a vida das pessoas, quebrando coisas, escondendo objetos, causando tropeços, assustando animais e muito mais, tudo para se divertir. Diz a lenda que surgiu entre os índios brasileiros no período colonial e aos poucos, foi incorporando, por influencia dos escravos, as características da cultura africana. Tio Barnabé, personagem de Monteiro Lobato, - entendido em sacis - conta que é um diabinho de uma perna só que anda solto no mundo, fazendo travessuras de toda a sorte, importunando as pessoas. Traz na boca um pequeno pito sempre aceso e, na cabeça, uma carapuça vermelha que é o segredo da sua força. Quem conseguir tomar a carapuça do saci ficará por toda a vida, senhor de um pequeno escravo. O Saci faz azedar o leite, quebra as pontas das agulhas, esconde tesourinhas de unhas, embaraça novelos de linha, faz moscas caírem na sopa, queima o feijão na panela e gora os ovos das galinhas. Quando acha um prego, vira a ponta para cima para que espete o pé do primeiro que pisar. Tudo o que acontece de diferente é obra e arte do Saci. Não bastando, atormenta os cachorros, espanta as galinhas e persegue os cavalos no pasto. O Saci não faz maldades
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grandes, mas não há maldade pequenina que não faça, diz o tio Barnabé. O Saci nasce dentro do taquaruçu, um bambu gigante. Sete é o seu número, demora sete anos para nascer e morre aos setenta e sete, transformando-se em sete cogumelos venenosos. Tem um furo bem no meio da mão esquerda que serve para brincar com brasa. Joga a brasa para cima, ela passa pelo furo da mão esquerda, ele a pega com a mão direita e a joga para cima novamente. Esse movimento forma um circulo que a noite parece ser um vagalume. Parece, mas não é, na verdade é o Saci brincando com a brasa. Existem três diferentes tipos de saci: o Pererê, o Trique e o Saçurá. O Saci Pererê, mais popular, tem 57 centímetros de altura e é o único que vem a cidade para descobrir se alguém está aprisionando ou maltratando os animais silvestres. Não gosta de fazer aparições, mas se diverte vendo as pessoas discutirem se ele existe ou não e costuma provoca-las pegando e escondendo objetos. Foi ele quem escondeu os seus óculos e as chaves, pode crer. Mas, não se preocupe, ele sempre devolve o que pega. Não querendo esperar, existe uma ‘simpatia’ que apressa a devolução: num pedaço de barbante faça três nós. A cada nó, vá falando: “tô te amarrando, Saci, devolve os óculos e a chave que escondeu”. No terceiro nó, os objetos vão aparecer. Se não de imediato, em sete minutos e, se a falta de sorte persistir, depois de 77 minutos. Mas, atenção: quando encontrar os objetos perdidos, desate os nós! Se não forem desatados terá sete anos de azar! O Saci Trique é o menor de todos. Tem 37
centimetros de altura e vive escondido nas touceiras de bambu, observando a movimentação na mata. Quando se entra na floresta, o Trique nos segue para observar o que estamos fazendo. Assim, ao caminhar na trilha e ouvir um ‘trique, trique, trique’ parecido com gravetos quebrando, é o Saci que está nos seguindo. O Saci Saçurá é o maior da família. Tem 77 centímetros de altura e também mora no bambuzal. Ele tem os olhos vermelhos para espantar caçadores. Quando o cachorro do caçador se aproxima ele o afugenta arranhando a orelha do animal que, assustado, foge ganindo. Se o caçador insistir na caçada, o Pererê dá um assovio para distraí-lo enquanto o Trique e o Saçurá entopem o cano da espingarda com terra de formigueiro. Ao dispará-la, ela explode, o cano da arma racha e a cara do caçador fica chamuscada. Outra coisa: é possível caçar saci. Como ele se desloca dentro de redemoinhos de vento, muito comuns na primavera, basta jogar uma peneira, dessas de abanar café, sobre o redemoinho, colocar uma garrafa escura sob a peneira para que ele entre dentro dela. Daí é só tampar a garrafa com uma rolha marcada com tinta vermelha em forma de cruz. Porém, uma advertência: é preciso cuidado para não deixa-lo escapar, pois se acontecer ele se vingará infernando-o com suas diabruras. O que quase ninguém sabe é que o Saci não é apenas um menino arteiro, acima de tudo é um ferrenho protetor da natureza. Quem quiser entrar na mata e não ter qualquer problema, antes deve pedir autorização para ele. Caso contrário, será vitima de suas peripécias. Itapoá (primavera), 2015.
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APAIXONADOS POR ANIMAIS
Os cuidados e carinhos a um cão paraplégico
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Ana Beatriz
o dia 4 de outubro é comemorado o Dia do Cão e inspirando bons exemplos, a história desse mês trata de uma adoção especial, daquelas não tão comuns de vermos por aí: a história de Boner, um cão que ficou paraplégico adotado por Adriana Meneghetti, em Itapoá. Cães especiais, com problemas de saúde, têm histórias muito variadas e numerosas de abandono e, na hora da adoção, as possibilidades são menores e as dificuldades encontradas pelos futuros donos são ainda maiores do que outros cães. Porém, Adriana e Boner provam como a convivência pode ser maravilhosa e o amor infinito, independente de qualquer problema. A história começa quando Adriana tinha 35 anos de idade e encontrou o momento oportuno para ter seu primeiro cão, pois seu pai nunca quis um cachorro dentro de casa. O vira-lata Boner, também chamado de Negodão, foi adotado de uma ninhada com 45 dias de vida, no
Adriana Meneghetti, com o Henrico da raça ShihTzu e o seu vira-lata Boner, ‘Negodão’. ano 2000. A alegria quase não anti-inflamatórios, mas Adriana coube no lar, mas junto com as não sabia o que viria a seguir. lambidas e muito carinho, com Em um domingo, a dona o tempo Adriana notou algu- conta que o cão se abaixou para mas particularidades do novo fazer xixi e não levantou mais. companheiro: “Percebi que ele “Levei o Boner a um ortopedista mancava e o levei à veterinária e, após os exames, ele disse que para tentar corrigir”. O cachor- o cachorro não poderia mais ro aparentava dores na coluna, andar e que estava paraplégico sofria de hérnia de disco e foi da cintura para baixo”, conta. A tratado durante dois anos com partir daí, surgiu uma série de doses diárias de antibióticos e complicações que colocaram a vida do cão em risco, e sua rotina se tornou repleta de exames, tratamentos e medicamentos. Porém, Adriana não mediu esforços para proporcionar o melhor ao cão que dependia totalmente de seus cuidados.
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A veterinária de Boner, Ivanilze Mesquita, explica que com essa deficiência o cachorro fica muito mais sujeito a infecções urinárias frequentes, problemas dermatológicos e afins, necessitando de cuidado redobrado com relação à higiene diária, alimentação diferenciada e medicamentos, conforme o necessário. “Foi uma época difícil, em que as viagens a Joinville eram frequentes e eu amanhecia dentro da clínica”, lembra Adriana. Simpatias, óleos, benzedeira, sais, igreja... Toda ajuda foi bem-vinda e acatada por Adriana para curar as alergias múltiplas, infecções urinárias, calcificação e outros problemas de saúde de seu cachorro. “Mas esses problemas só foram resolvidos com o uso contínuo de medicamentos naturais, como o cranberry”, conta ela. E junto aos medicamenteos, desde que ficou paraplégico, Boner precisa ser estimulado manualmente para fazer suas necessidades fisiológicas. Para se movimentar, ele utiliza uma cadeira de rodas adaptada para cães. E, para auxiliar e estimular a recuperação dos movimentos, fica sob os cuidados de duas veterinárias, uma especializada em acupuntura e a outra em fisioterapia. Hoje, Boner apresenta mais força e corresponde melhor aos estímulos das patas traseiras,
Para se movimentar, ele utiliza uma cadeira de rodas adaptada para cães. Boner ‘Negodão’ também faz sessõs de fisioterapia com a profissional Alice e de acupuntura com a Fernanda em Joinville. através dos tratamentos e exercícios realizados uma vez por semana. A veterinária Ivanilze enxerga a história de Boner como uma grande lição de amor e, segundo ela, é muito difícil um proprietário querer arcar com toda a responsabilidade e custos de ter um animal assim, com um prognóstico desfavorável. “Um cão paraplégico tem de ser vigiado constantemente para não cair em alguns obstáculos naturais de uma casa, como, por exemplo, uma escada”, explica Ivanilze. De acordo com a veterinária, o método de atendimento ao cão paraplégico é comum, porém, com uma manipulação mais cuidadosa. “Tirando o fato de que o Boner é uma fera e não
gosta muito de mim”, brinca. O cachorro só permite ser tocado pelas mãos de Adriana; sua agressividade pode ter sido causada por algum tipo de trauma. Para agradar e fazer companhia a Boner, Adriana comprou outro cãozinho, o Henrico. “Escolhi um cachorro da raça Shih Tzu, pois é tranquilo e dócil, de personalidade oposta a Boner, para não gerar conflitos”, explica. Assim como Boner, Henrico também é submetido a exames a cada seis meses, tem sua caixa de remédios e histórico de vacinas, para evitar qualquer contágio ao amigo cão que, como todo paraplégico, apresenta baixa imunidade. Antes mesmo da chegada
de Boner e Henrico, Adriana é mãe de Ariadne Meneghetti, de 14 anos de idade e, assim como faz com seus cachorros, não mede esforços pela felicidade da filha. Com muito amor, a família mantem uma rotina diária de carinhos e cuidados para deixar Boner ativo. “Ele acorda, faz suas necessidades fisiológicas manualmente, toma café da manhã e pratica 40 minutos de exercícios de fisioterapia, para então, começar o dia”, explica Adriana. A mesma sequência se repete diariamente antes de dormir. “Ele é um cachorro parceiro para todas as horas”, conta a dona, “me acompanha quando tomo chimarrão e até em cima da prancha, quando vou surfar”. E como se não bastassem
as provas de que esse amor é incondicional, Adriana está agilizando o passaporte de Boner, pois faz planos de viajar com o cão para o Hawaii no ano que vem. Essa é a história de Boner, um exemplo que devemos praticar e adotar sem ver defeitos ou problemas. O Boner é uma bênção, aprendo todos os dias com ele”, diz Adriana, que ao contrário de pessoas que por circunstâncias muito menos graves abandonam seus animais à própria sorte, se manteve firme ao lado do cão. Hoje, com toda essa vivência, ela afirma: “Um cão paraplégico dá muito trabalho, mas o amor recebido compensa qualquer cansaço”.
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E os encantos de Portugal prosseguem! Realmente muita coisa para se ver em Portugal. Quanto mais se viaja, mais se vê, em cada canto, em cada cidade, em cada aldeia novos deslumbres. Após viajar pelo Algarve, desfrutando lindas praias e passar pelo Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu e que Camões definiu como: “ onde a terra acaba e o mar começa”, vale a pena uma vez que se está na região, passar por uma cidade chamada Sines, foi onde Vasco da Gama nasceu e desfrutar das praias e da cidade em si. Recomendo o Hotel Vasco da Gama, excelente atendimento e decoração diferenciada e aconchegante aliás, refeições de cair o queixo. Vale a pena pernoitar nessa cidade, antes de seguir viagem. Sines é uma cidade da região do Alentejo e distrito de Setúbal. Interessante é fazer a travessia até Setúbal de ferry boat admirando a região do Rio Sado. Nesta cidade portuguesa predominam a pesca e a agricultura. Portanto, você encontrará ótimos restaurantes com pratos típicos a base de frutos do mar. O patrimônio histórico e cultural é vasto, caminhe por entre suas muralhas, uma medieval e outra do século XVI, visite o Aqueduto dos Arcos, a Casa de Bocage, os castelos e as inúmeras igrejas. Saindo de Setúbal vá até Queluz, atravessando a famosa ponte 25 de Abril, em memória a Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974, revolução esta que derrubou o regime salazarista em Portugal. Queluz local importante para nós brasileiros, pois nesta cidade se encontra o pequeno Palácio de Queluz, onde morou Dom Pedro I. Jardins históricos constituem um dos exemplos mais interessantes unindo espaços harmoniosos com arquitetura palaciana. Próximo de Queluz está a cidade chamada
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Sintra, declarada Patrimônio da Humanidade, é uma cidade serrana muito diferente e que acaba no encontro com o mar.O centro histórico, além de muita cultura, oferece aos turistas ruas estreitas repletas de restaurantes com a melhor comida portuguesa. Não deixe de conhecer o Castelo dos Mouros, bem no alto da serra, o Palácio Nacional da Pena, cuja arquitetura é um misto de elementos góticos e mouros, como também, o Palácio Nacional de Sintra ou Paço
Real, foi construído em duas etapas, uma no reinado de Dom João I e outra no reinado de Dom Manuel Sinta merece um passeio de trenzinho morro acima e abaixo para apreciar as diversas construções históricas, inclusive a de um chuveiro público, dizem ser um dos primeiros da Europa e descendo a região serrana você encontrará belas praias, a da Adraga, das Maçãs, que são muito peculiares. As Praias Grande e Pequena estão rodeadas por falésias e águas muito geladas. Em Praia Pequena recomendo um hotel chamado Quinta da Vigia, bons preços e local deslumbrante. Aproveitando a cultura viva ao redor de Lisboa, visite Óbidos. Essa região chamada de Estremadura carrega a essência portuguesa e paisagens pitorescas e bucólicas. Óbidos, uma cidade medieval formada em volta de um belo e grandioso castelo construído durante a ocupação moura. A cidade é bastante preservada com suas casinhas branquinhas, ruelas de pedregulhos e longas muralhas que cercam a cidade. A beleza do vilarejo é complementada por belas planícies e colinas com vinhedos além de moinhos de vento, que embelezam a região. Além do castelo, muito interessante é a porta de entrada da cidade, cujos azulejos azuis e brancos nas paredes retratam um pouco da história portuguesa. Se você for para Óbidos entre os meses de fevereiro e março apreciará a famosa feira de chocolates da região. Uma vez em Óbidos não deixe de experimentar a famosa “ginjinha”, que é um licor feito a partir da ginja,um tipo de cerejas mais azedas, pode-se degustar a “ginjinha” em copos de chocolate. Hummmm...vale a pena conferir!
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