Clima, chuva e meio ambiente

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Edição 5 | ano 4

Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana

ISSN 2179-1538

gl cal

ta s s i e v re dad a i su al A atu de

R$ 29,80

Clima, chuva e meio ambiente Alterações alertam que algo está errado

Autoimagem e autoestima Como os padrões culturais alteram a percepção corporal

Ricos, apesar da pobreza

Herdeiros de junho

O senador Cristóvão Buarque explica por que somente números não garantem bons indicadores sociais

Que saldo restou das manifestações da “Primavera Brasileira”?

Adilson Amorim de Sousa Aline Terra Puorro Ana Luisa Constantino Ana Maria Dalcin Fornari Ana Paula Francisco Cristovam Buarque Alexandre Linares Ana Maria Coyos Cadavid Ângela Arraya Célio Turino Danilo Di Giorgi Eduardo Suplicy Eduardo Munari Francisco G. Nóbrega Gabriel Piotto Dalson Britto Figueiredo Filho Danilo Di Giorgi Denisson da Silva Santos JessikaTessaro Rucks Letícia Maciel Luciana Garcia de Oliveira Hélio Grassi Filho Iara Souza Vicente Isabel Cristina Goncalves Isabella Bueno Lahis Cristiane Monteiro de Oliveira Larissa Rodrigues Vacari de Arruda Marina P. Nóbrega Luiz Gustavo Bonatto Rufino Manuela Picq Marcela Rodrigues de Castro Marcelo Pimenta e Silva Mariana Morena Lemos Rafael Cavalcanti Nelson Bacic Patrícia Galleto Paulinha Ranzani Ubiracy de Souza Braga Vijay Prashad Winnie Queiroz Brandão Renata Nunes Duarte Ricardo José de Mendonca Sanderlan Oliveira Veruska Sayonara de Góis Wéllia Pimentel Santos


Seu autêntico plano de estudos.

516s. pág

31

s fascículo

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4513-8660

(11) 9 9423-1131

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Materiais didáticos


edit rial Fernando de Souza Coelho, Professor

Mateus Prado, Educador

Pedro Ivo Batista, Socioambientalista

Paulo Jubilut, Biólogo

Ângela Arraya, Jornalista

Contas básicas Lembra dos tempos de escola, lá na quarta séria, quando a “prô” ensinou o ciclo da água na natureza? Não tinha muito segredo, né? A água evapora dos rios e mares, forma nuvens, se precipita em chuva, que pode cair novamente sobre rios e mares, mantendo seu nível, ou pode infiltrar no solo, onde uma parte vai parar nos lençóis freáticos e a outra é absorvida pelas plantas, que por sua vez transpiram e também participam da devolução de água à atmosfera, que vai formar nuvens, que vai se precipitar em chuva e assim por diante. A conta é básica – a vegetação tem um papel muito importante nesse ciclo, e, quando é eliminada da operação, o resultado vai ser diferente do conhecido. Essa é a ideia básica do texto São Pedro mora na floresta, de autoria do jornalista Danilo Di Giorgi, que há algumas edições vem colaborando com a Glocal, enriquecendo nossas páginas com a experiência adquirida em veículos que são referência para nosso corpo editorial, como o combativo Correio da Cidadania, que foi dirigido muitos anos por Plínio de Arruda Sampaio, e que vem replicando os artigos do Danilo publicados originalmente pela Glocal – para nós, uma grande honra e alegria. Como o tema rende pano para manga, ele continua com o artigo Mudanças climáticas e seus principais impactos no Brasil, que traz dados quantitativos e práticos das mais recentes pesquisas sobre o assunto, além de mostrar o outro lado – o que pode acontecer nos (cada vez mais raros) locais onde o excesso de chuva será mais agressivo, e quais os planos existentes para lidar com cenários e eventos extremos que vêm no bojo das alterações climáticas que já estão ocorrendo. Dados quantitativos e práticos também são objetos de artigos de outras áreas e enquadramentos,

como o texto Basta de Fingir, assinado pelo senador Cristovam Buarque, chamando a atenção para o fato de que relatórios econômicos não devem ser lidos e interpretados isoladamente, sem afinação com a realidade social a que se referem. Novamente, um caso de contas básicas e lógicas: se o sétimo maior PIB do mundo não é dividido igualitariamente entre a população, é impossível que os dados de PIB per capita e o índice de desenvolvimento humano sejam satisfatórios – não dá para fazer milagre com o cálculo, embora a classe política e as elites financeira e social teimem em tentar. Bem medido e bem pesado, a velha desculpa de “primeiro fazer o bolo crescer, para depois dividir” não cola mais, pois o bolo já cresceu, mas se for averiguado o que se fez dele, está claro e nítido que continua exatamente na mão dos mesmos que o retinham há décadas atrás. Artigos explicando mais sobre os conceitos de IDH e de acumulação de riqueza ajudam a entender esse cenário. Ah, e aproveitamos a oportunidade para compartilhar uma novidade sobre o formato que a Glocal traz, nesta edição dupla especial: duas capas diferentes e o dobro de conteúdo para você, que, para aproveitar tudo isso, só precisa virar a revista para o outro lado, e começar a folhear uma Glocal cheia de mais novidade e conhecimento. Foi a solução que encontramos para oferecer a vocês leitores muito mais informação e conteúdo de uma vez só. A conta é básica – quanto mais páginas de Glocal, mais artigos, mais discussão, mais opinião, mais conhecimento na sua vida.

Esperamos que aproveite bastante. Boa leitura!

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sumário

por Luciana Garcia de Oliveira

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O que deu errado no Egito

por Marcelo Pimenta e Silva

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Herdeiros de junho

por Marcela Rodrigues de Castro e Luiz Gustavo Bonatto Rufino

Expediente: Editores: Fernando Coelho, Mateus Prado, Pedro Ivo Batista, Paulo Jubilut e Ângela Arraya Conselho Editoral: Fernando Silva Oliveira, Renato Eliseu Costa e Wagner Iglesias Revisão: Aracelli de Lima e Rodrigo Cavallaro Cruz Diretor de Criação: José Geraldo S. Junior Projeto Gráfico: Lucas Paiva Diagramação: Lucas Paiva e Daniel Paiva Suporte Editorial: Victor Hugo Felix e Carolina Anastácio

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Espelho, espelho meu...


por Cristovam Buarque

06 O conhecimento científico por Letícia Maciel

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14 Acumulacão capitalista e desigualdade social

Basta de fingir

por Wéllia Pimentel Santos

24 por Danilo Di Giorgi

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Influenza A (H1N1) por Aline Terra Puorro

32 Índice de Desenvolvimento Humano por Veruska Sayonara de Góis

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São Pedro mora na floresta

Sócrates por Rafael Cavalcanti

por Mariana Morena Lemos

38 Amazônia Azul: última fronteira brasileira por Jessika Tessaro Ruck

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Foi de morte matada por Denisson da Silva Santos e Dalson Britto Figueiredo Filho

Mudancas climáticas e seus principais impactos no Brasil

48 Teorema de Pitágoras no cotidiano por Sanderlan Oliveira


Escreva o mundo de hoje. Envie seu artigo e colabore para o debate da sociedade sobre os temas do momento.

Pensamentos globais, acões locais A Revista Glocal - Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana é uma publicação de atualidades do Instituto Henfil Educação e Sustentabilidade, que tem como objetivo divulgar informações qualificadas sobre arte, cultura, política nacional e internacional, meio-ambiente, geopolítica, economia, questões sociais, ciência e matemática. O formato colaborativo abre espaço em suas páginas para que estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores e especialistas em diversas áreas publiquem seus artigos em português, inglês ou espanhol.


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Oz么nio:

mil e uma utilidades! A crescente busca pela sustentabilidade vem ao encontro dos mais diversos usos para o oz么nio

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V

ocê com certeza já ouviu falar do ozônio. Ele é assunto recorrente, principalmente no verão, pois a falta dele, o tão conhecido buraco na camada de ozônio, nos deixa sem a proteção contra os raios ultravioletas do sol. O ozônio (O3) é um gás encontrado naturalmente na estratosfera (entre 25 e 30 km da superfície terrestre) e forma uma camada ao redor da terra que funciona como um filtro para os raios ultravioletas, nos protegendo contra essas radiações, que causam câncer de pele e debilitam plantas e animais. O ozônio (O3) é uma forma alotrópica do oxigênio (O2), isto é, ambos são formados do mesmo elemento, mas estão combinados de forma diferente. É um gás instável, altamente reativo, incolor, de odor característico, parcialmente solúvel em água (sua solubilidade depende da temperatura). Ele ocorre naturalmente apenas na estratosfera, mas pode ser produzido artificialmente a partir do oxigênio do ar, através de uma descarga elétrica. Dessa forma, ele pode ser aplicado em diversas áreas, apresentando mil e uma utilidades. O ozônio ganhou uma aplicação eficiente e versátil no tratamento de efluentes industriais, e vem sendo utilizado para este fim há mais de 100 anos. O seu uso ocorreu pela primeira vez em Nice, na França, no ano de 1906. O ozônio é bastante instável quando dissolvido em água, e perde facilmente um oxigênio em contato com substâncias orgânicas e volta a ser oxigênio diatômico (O2). É na liberação do átomo de oxigênio que reside seu poder oxidante, responsável pelo seu grande potencial de desinfecção, sendo capaz de destruir toda a classe de bactérias e fungos, e alguns tipos de vírus, não permitindo seu desenvolvimento - além de ter a capacidade de absorver sabores e cheiros na água. Outra utilidade e vantagem do uso do ozônio é o branqueamento de tecidos. Essa técnica possui grandes benefícios, uma vez que ele oxida o corante presente no tecido, assim como os resíduos que vão para água onde é feito o branqueamento, tornando quase nulo o resíduo gerado no processo. Inclusive o branqueamento é a possibilidade

de chegar a um nível de brancura aceitável em um tempo bem mais curto do que o necessário pelo método convencional (utilizando cloro). Já existem, por exemplo, máquinas de lavar roupa que possuem um sistema gerador de ozônio acoplado para o branqueamento de roupas dispensando o uso de alvejante, o que além de ser uma economia doméstica, pois estamos usando um produto a menos de limpeza, também contribui para o descarte de uma água de lavagem sem tantos resíduos tóxicos. Devido à ação bactericida e fungicida sobre os microorganismos, o ozônio ganha uma aplicação importante na indústria de conservação de alimentos. Ele é utilizado, por exemplo, para o controle de fungos em queijos, frutas, carnes e peixes em câmeras frias. A conservação a frio ou congelamento aumenta o tempo de armazenamento, mas se for utilizada sozinha, não destrói a atividade microbiana, mas sim apenas a imobiliza. Por isso, atualmente, se utiliza o ozônio em conjunto com o congelamento, garantindo assim a destruição da atividade microbiana. Observa-se, também, que o ozônio elimina odores desagradáveis, como no caso dos peixes. Essas são apenas algumas das tantas aplicações encontradas para o ozônio, que encontra no seu caminho uma desvantagem ainda a ser driblada: o alto custo de investimento para o uso das tecnologias com esse gás. Mas há de se pensar, na nossa balança imaginária, o que queremos para nosso mundo: investimento em desenvolvimento sustentável ou continuar produzindo mais e se preocupando de menos? O ozônio é apenas uma das boas opções, entre outras tantas, que podemos adotar para produzir mais e melhor, gastando menos os recursos não renováveis e gerando menos resíduos indesejáveis.

A produção de ozônio pode ser realizada a partir de oxigênio puro ou ar atmosférico (aproximadamente 21%), através de uma descarga elétrica. A esse método dá-se o nome de efeito corona, que consiste em fazer passar oxigênio submetido a uma alta tensão (aproximadamente 10000 V). Isso causa a quebra da molécula de oxigênio, formando átomos de oxigênio. Os dois átomos de que são produzidos reagem com outras moléculas de oxigênio e formam o ozônio.

Ana Maria Dalcin Fornari Formada em Química Industrial pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente mestranda em Química, atuando no Laboratório de Fotoquímica e Superfície sob a orientação do Prof. Dr. Daniel Eduardo Weibel.

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Foi de morte matada Homicídios em perspectiva comparada É possível encontrar nesse sistema informações sobre mortalidade e outros dados relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS), disponíveis no seguinte endereço eletrônico: <http:// www2.datasus.gov.br/ DATASUS/>.

36.792: esse é o total de brasileiros mortos por homicídio em 2010 de acordo com os dados disponibilizados pelo sistema integrado do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Isso quer dizer que, em média, todo dia, 100,8 pessoas foram assassinadas no país. De acordo com o repositório de dados das Nações Unidas, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Brasil foi de 21. Comparativamente, esses valores colocam o país no 15º colocado no ranking das nações mais violentas. A tabela abaixo sumariza a taxa de homicídios, por 100 mil habitantes, dos top 10 países mais e menos violentos do mundo.

Tabela 1 – Top 10 países mais e menos violentos do mundo (2010) Ranking 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ranking 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Top 10 MAIS violentos País Honduras El Salvador Jamaica Venezuela Belize Guatemala Lesoto Colômbia África do Sul Barramas Top 10 MENOS violentos País Cingapura Áustria Noruega Eslovênia Suíça Alemanha Espanha Itália Austrália Suécia

Taxa 82,10 64,70 52,20 45,10 41,40 41,40 35,20 33,40 31,80 27,40 Taxa 0,40 0,60 0,60 0,70 0,70 0,80 0,80 0,90 1,0 1,0


Observa-se que, em países como Honduras (82,10), El Salvador (64,70) e Jamaica (52,20), a probabilidade de um cidadão vir a óbito por vias violentas é bastante elevada. No outro oposto, nações como Noruega (0,60), Áustria (0,60) e Cingapura (0,40) tecnicamente não sofrem com essa modalidade criminal. Para os propósitos desse trabalho, é importante examinar também como a taxa de homicídios varia entre as regiões e as unidades federativas no Brasil. O gráfico e a tabela abaixo sumarizam essas informações.

Gráfico 1 – Taxa de homicídios por 100 mil por região (2010) 30.00

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27.02 20.50

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N

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A região Nordeste (27,02) é a mais violenta do país, superando o Sudeste (22,13) em cerca de cinco pontos. Contudo, as regiões Norte (17,21) e Sul (17,07) apresentam valores comparativamente mais baixos. Esses resultados sugerem a existência de grande variação entre regiões. O gráfico abaixo ilustra a dispersão da taxa de homicídios por 100 mil habitantes por unidade da federação.

Gráfico 2 - Taxa de homicídios por 100 mil por unidade da federação (2010) 60.00

Como pode ser observado, existe muita variabilidade também no que diz respeito à dispersão da taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre as unidades federativas. Alagoas, por exemplo, ficaria em 3º colocado no ranking mundial, ultrapassando a marca de 55 óbitos por 100 mil. Por outro lado, outros estados apresentam taxas comparativamente mais baixas, como Santa Catarina (8,5), Piauí (8,00) e, principalmente, Roraima (7,10). A tabela abaixo sintetiza a taxa de homicídios por 100 mil habitantes para os cinco estados mais e menos violentos do Brasil.

Tabela 2 – Top 5 estados mais e menos violentos no Brasil (2010) Ranking 1 2 3 4 5 Ranking 1 2 3 4 5

Top 5 MAIS violentos UF Alagoas Espírito Santo Pará Bahia Paraíba Top 5 MENOS violentos UF Roraima Piauí Santa Catarina São Paulo Acre

Taxa 55,30 39,40 34,60 34,40 32,80 Taxa 7,10 8,00 8,50 9,30 10,0

Esses resultados sugerem que: 1) O Brasil ainda pode ser considerado um país extremamente violento ao se considerar os parâmetros internacionais; 2) Existe grande variação entre as unidades federativas quando o assunto é “morte matada”. Em termos substantivos, esses resultados colocam em xeque as garantias constitucionais de “inviolabilidade do direito à vida e à segurança”, consubstanciadas no artigo 5º da Carta Magna de 1988. Normativamente, é necessária a formulação de políticas públicas preventivas e repressivas no sentido de minimizar esses indicadores. É nesse sentido que a pesquisa aplicada, com a tabulação sistemática e análise de dados, pode ser uma importante ferramenta para garantir uma sociedade mais cidadã. Afinal, é impossível o exercício de qualquer direito quando a integridade física individual não é plenamente assegurada.

50.00

Denisson da Silva Santos Pesquisa nas Temática de Reforma de Estados, e Eleições.

40.00 30.00 20.00 10.00 00

AL ES PA BA PB PE RJ PR DF CE RO SE GO RN MTAM RS AP MSMAMG TO AC SP SC PI RR

Dalson Britto Figueiredo Filho Pesquisa em Ciência Política, métodos quantitativos e Estudos Legislativos.

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Espelho, Esse

Sofremos mudanças constantes ao longo da vida, mas será que realmente sabemos como é nosso corpo?

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espelho meu... sou mesmo eu?

T

odos já vivenciaram situações como imaginar que certa roupa serviria e passar pela frustração de ela estar apertada, imaginar que passaria por algum espaço e acabar ficando preso, ou até mesmo insistir que precisava emagrecer embora as pessoas dissessem que não era necessário. Esse conjunto de situações e sentimentos está relacionado com a imagem corporal que cada pessoa possui. A forma como o jovem percebe seu corpo irá contribuir na formação da sua identidade e autoestima. No entanto, somos o tempo todo influenciados por imagens. A cultura e a sociedade sempre privilegiaram corpos considerados saudáveis e belos. O velho e bom jargão “não julgue o livro pela capa” continua não sendo seguido e a aparência ainda é tomada como parâmetro para atribuição de valores e conceitos. Assim, se pegarmos uma pintura do início do século passado ou até mesmo fotos dos nossos avós veremos que o corpo considerado bonito era o corpo com formas arredondadas, sem músculos tão aparentes. Na atualidade para ser considerado belo, o corpo precisa ser extremamente magro e com músculos bem definidos e marcados, tais quais os corpos vinculados pela mídia. Certamente nossos avós não se sentiam tão desconfortáveis caso não tivessem o corpo considerado ideal para a época. Mas o que mudou então? Acontece que a globalização e os rápidos meios de comunicação ligam o mundo de ponta a ponta e conseguem disseminar rapidamente imagens de mulheres e homens considerados padrões de beleza, saúde, sucesso e felicidade. E incentivando esse padrão considerado ideal, são ofertadas diversas estratégias – dietas, remédios, ginásticas, cirurgias plásticas – para consegui-lo. No entanto, na maioria das vezes tais padrões corporais extrapolam os limites da saúde e funcionalidade individual, fazendo com que nem todas as pessoas sejam capazes de atingir o tão sonhado “bumbum” empinado e/ou o maior bíceps, o que muitas vezes poderá gerar insatisfação, discriminação e baixa autoestima. Na tentativa de evitar tais sentimentos e serem incluídos socialmente, muitos jovens lançam mão de métodos radicais de emagrecimento e ganho de massa muscular, prejudicando sua saúde e comprometendo sua qualidade de vida. Esse quadro marca o século XXI com as ‘novas patologias’: os transtornos alimentares, como anorexia,

bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar periódica, e transtornos dismórficos corporais, como vigorexia. Os estudos demonstram que mulheres são mais acometidas pela anorexia e bulimia na tentativa de atingirem o ideal de magreza e os homens demonstram maiores chances de desenvolver a vigorexia. Nos últimos anos, foram reportados no Brasil mortes de jovens por emagrecimento extremo (meninas pesando entre 35 a 40 Kg) e uso crescente de anabolizantes por meninos. A essa altura você deve estar se perguntando: “esse sou mesmo eu?”. Como saber afinal se a imagem que você tem do seu corpo corresponde à realidade? Não há um exame preciso que faça o diagnóstico, mesmo porque isso envolve uma equipe multidisciplinar e especializada. Mas é possível que o jovem identifique traços de imagem corporal negativa através de algumas estratégias como: a) verificar se sente vergonha, desconforto com o corpo quando está no grupo de amigos; b) identificar se sente desejo de se parecer com ídolos mesmo que o padrão corporal deles não seja possível para você; c) detectar mudanças no seu comportamento, tais como checar a forma corporal constantemente, pesar-se várias vezes ao dia, realizar diferentes dietas, estimular o vômito, ingerir medicamentos para emagrecer e/ou para ganhar massa muscular. Caso sejam identificados alguns desses sintomas acima, solicite que seja levado a especialistas. Além disso, procure atividades que o faça estabelecer novas relações com seu corpo como exercício físico que gere prazer e lazer e projetos de vida que incluam escola, amigos, família, trabalho que promovam a inserção social e te faça sentir mais confiante e melhore sua autoestima. Por fim, estimule a crítica aos padrões corporais que são apresentados a você, bem como os valores a eles atrelados. Marcela Rodrigues de Castro Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora – MG. Doutoranda em Ciências da Motricidade pela Unesp – Rio Claro com a temática da imagem corporal. Luiz Gustavo Bonatto Rufino Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela Unesp – Rio Claro, graduado em Educação Física por essa mesma instituição.

Está associada à busca pelo “corpo perfeito” nunca encontrado e à imagem distorcida do próprio corpo, quando o indivíduo percebe-se menor e menos forte do que realmente é. Esse fato faz com que a pessoa pratique atividade física de forma exacerbada e, na maioria das vezes, fazendo uso de anabolizantes, gerando lesões.

90% dos casos de anorexia e bulimia nervosa ocorrem em mulheres. Destaca-se, no entanto, que os índices de transtornos alimentares vêm crescendo tanto para homens quanto para crianças de ambos os sexos.

A imagem corporal reflete a imagem mental que cada pessoa tem de seu próprio corpo. Ela se forma num processo que envolve sentimentos, crenças, comportamentos e atitudes com outras pessoas, ou seja, depende muito do meio social.

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O Equador e os direitos indígenas O movimento indígena equatoriano e a construção do Estado Plurinacional 46


O

Equador é conhecido internacionalmente por possuir um conjunto de flora e fauna que está entre os mais diversificados do planeta. Apesar da sua pequena dimensão, com 283.561 km2, o país tem suas fronteiras distribuídas por quatro áreas distintas: o oriente, coberto pela Floresta Amazônica; a região central, cortada pela Cordilheira dos Andes; a costa, banhada pelas águas do Oceano Pacífico; e o Arquipélago de Galápagos, situado a cerca de mil quilômetros da costa equatoriana e um dos pontos turísticos mais visitados do país. Além da grande variedade dos seus ecossistemas, o país se destaca pela sua grande diversidade sociocultural, com a presença de diferentes grupos étnicos, o que lhe dá um caráter multicultural. Conhecido como um dos centros do antigo Império Inca, o Equador se constituiu, no período colonial, em uma área de intensas disputas, o que culminou na diminuição drástica da sua população nativa. No entanto, apesar do forte decréscimo demográfico, muitos dos seus povos indígenas conseguiram resistir e sobreviver, impondo, na atualidade, a sua presença em várias áreas e setores do país. Esses grupos vêm, paulatinamente, exigindo do Estado e da sociedade nacional o seu reconhecimento como sujeitos portadores de cultura e de uma história e que devem ser respeitados e acatados pela estrutura estatal. Apesar das inúmeras rebeliões dirigidas pelas comunidades indígenas ao longo da sua história, foram as manifestações de 1990 que impuseram ao país a inclusão da situação desses grupos na agenda política do país. O Levante Indígena de junho de 1990 consolidou-se como o evento mais significativo de resistência étnica da história do Equador. Esse episódio foi seguido, ao longo das últimas décadas, de outros diversos atos de mobilização que impuseram mudanças significativas na forma como esse setor era tratado pelo poder público. Atuante central nesse processo foram as organizações indígenas, com destaque especial para a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie). Entidade criada em 1986 com o objetivo de unificar a luta dos distintos grupos indígenas do país, a Conaie se constituiu como a mais importante organização popular do Equador com ação marcante em diversas manifestações ocorridas nos últimos anos. Além das demandas e reivindicações imediatas, 2

Localização geográfica dos povos e nacionalidades indígenas

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O Equador é um dos países com maior presença e diversidade de grupos indígenas do continente. Segundo as organizações indígenas, os povos tradicionais contemplam aproximadamente 40% da população equatoriana, formada, ao longo do território nacional, por 14 diferentes nacionalidades e 18 povos indígenas, com destaque para os quéchuas, que habitam a região andina e parte do território amazônico, com uma população estimada em 3 milhões de pessoas. Mais detalhes ver mapa dos grupos indígenas do país.

Adilson Amorim de Sousa Mestre em História, professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb e doutorando pela Universidade Federal da Bahia.

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como melhorias infraestruturais para as comunidades indígenas, recuperação e legalização de seus territórios, os grupos indígenas incluíram também as demandas políticas, exigindo mudanças do modelo político-administrativo do país. Para essas organizações, era fundamental alterar o artigo primeiro da Constituição e acatar a tese de o Equador ser formado por múltiplas nacionalidades e povos, devendo ser caracterizado como um Estado multi ou plurinacional. O grande poder de mobilização apresentado pelas organizações indígenas impulsionou mudanças significativas nos marcos legais do país, com a introdução e o consequente reconhecimento de uma série de dispositivos legais. A primeira grande alteração ocorreu na Constituição de 1998, quando o Estado introduziu os chamados direitos coletivos, criando ou reconhecendo formalmente espaços nos campos jurídicos, políticos e sociais, que passaram a garantir aos grupos indígenas um relativo controle no seu desenvolvimento econômico, na sua organização política, na proteção de suas terras ancestrais e na manutenção e fortalecimento da sua identidade. Nessa mesma Carta, foi reconhecido o caráter pluricultural e multiétnico do país, e os idiomas ancestrais foram oficializados como línguas nacionais. No entanto, o caráter multinacional do Estado não foi acatado, o que seria finalmente incluído na Constituição de 2008, que passou a caracterizar o país como um Estado Plurinacional. Apesar dos avanços alcançados graças ao grande poder de mobilização demonstrado pelos grupos indígenas, muitas das leis aprovadas ainda carecem de regulamentação, o que tem limitado o reconhecimento de certos direitos. Essa tem sido uma das estratégias de muitos dos Estados americanos, ou seja, o reconhecimento formal dos chamados direitos indígenas. A não efetiva aplicação desses dispositivos na vida cotidiana dos povos acarretará a continuidade de sua luta pelo verdadeiro reconhecimento dos seus direitos.

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1. Nacionalidade Awa 2. Nacionalidade Épera 3. Nacionalidade Chachi 4. Povo Manta 5. Nacionalidade Tsa’chila 6. Povo Pasto 8. Povo Otavalo 9. Povo Natabuela 10. Povo Karanki 11. Povo Kayambi 12. Povo Kiyukara 13. Povo Panzaleo 14. Povo Salasaka 15. Povo Kisapincha 16. Povo Chibuleo 17. Povo Waranka

18. Povo Puruhuá 19. Povo Kañari 20. Povo Palta 21. Povo Saraguro 22. Nacionalidade Kichwa Amazônica 23. Nacionalidade Cofán 24. Nacionalidade Siona 25. Nacionalidade Secoya 26. Nacionalidade Wuoarani 27. Nacionalidade Zápara 28. Nacionalidade Shiwiar 29. Nacionalidade Andoa 30. Nacionalidade Ashuar 31. Nacionalidade Shuar 32. Povo Kichwa Saraguro Amazônico

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