Painel de Geopolítica, Meio Ambiente e Cultura
ISSN 2179-1538
Edição 1 março/2012 ano 2
gl c cal
R$ 14,90
Evolução populacional e crescimento urbano
Matemática
Educação Ambiental
Tropicalismo
Páginas 22, 44 e 48
Página 30
Página 36
O seu cotidiano levado à sala de aula
Ação coletiva e o enfrentamento dos desafios socioambientais
Quebra de paradigmas culturais nos anos 60 durante a ditadura
Douglas Vilela Daniella Figueroa Rodrigo Colla Henrique Mogadouro Isabela Menon Nelson Olic Guilherme Lisbão Carla Ayres Fausto Picoreli Moisés Stahl Felipe Biasoli Ricardo Turatti Isabel Rodrigues Diana Borges Leandro Marubayashi Marcos Sorrentino Simone Portugal Marcelo Pimenta Mariana Lemos V.C. Goncalves Júlio da Silveira Moreira Felipe Brasil José Renato Araújo
Seu autêntico plano de estudos.
516s. pág
31
s fascículo
(11)
4513-8660
(11) 9 9423-1131
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Materiais didáticos
edit rial Prof. Fernando de Souza Coelho
Mateus Prado
Caro Leitor,
Este número abre o segundo ano da Revista Glocal. Agora ela não é mais uma revista experimental. Veio para ficar, veio para ser uma alternativa inteligente para pré-vestibulandos, universitários e professores de todo o país. Os maiores desafios foram enfrentados. Já recebemos textos de estudantes de todo o Brasil e continuamos a contar com a colaboração de intelectuais. Esta edição passa a ser impressa em papel reciclado, em sintonia com o nosso compromisso com um Mundo Sustentável. É cada vez mais equilibrada a distribuição de nossas matérias pelas quatro áreas do conhecimento. Apesar de gostarmos do imprevisível, de sermos surpreendidos pelas centenas de textos que, em todas as edições, concorrem para estar na revista, começamos a consolidar alguns temas, como o debate sobre a América Latina e a inter-relação de times de futebol com a História e com a Geografia Política brasileira. Geografia Política, aliás, talvez seja o tema de grande destaque desta edição: a Geografia Política e sua relação com as várias áreas do conhecimento e com as diversas tecnologias. Nossa matéria de capa faz uma análise aprofundada sobre a evolução da população no Brasil e o crescimento das áreas urbanas. A concentração urbana traz vários problemas ambientais. Um texto, em espanhol, debate Belo Monte, que é centro de uma polêmica nacional, sobretudo depois das intervenções do “Movimento Gota D’Água”. Marcos Sorrentino e Simone Portugal agigantam esta edição
com suas contribuições sobre Educação Ambiental, base para garantirmos que os quatro pilares da Sustentabilidade, da ONU, sejam efetivos (ou até mais, que sejam os sete propostos pela ex-ministra Marina Silva). A disputa na agenda nacional, e mundial, entre meio ambiente e desenvolvimentismo tem seu espaço no texto sobre a Rio 92. E tudo rodeado de outros maravilhosos textos. Esta edição será a estreia de mais um conselheiro editorial. Pedro Ivo Batista é um grande ambientalista brasileiro, já esteve à frente de importantes cargos em governos, inclusive no Ministério do Meio Ambiente. É da equipe de Marina Silva e hoje tem se dedicado, entre outras coisas, à fundação da Rede Carta da Terra, em que nossos projetos são filiados e em que o Henfil é, no Brasil, cofundador. A partir desse ano, para estar mais antenada aos calendários de escolas, cursinhos e universidades, a Revista terá edições em março, abril, maio, agosto, setembro e outubro. Que venham todos. Sejam leitores, sejam colaboradores, sejam difusores, sejam Glocal. Na luta pelo Global. Na luta pelo Local. Na luta Glocal.
Dos editores, Prof. Fernando de Souza Coelho e Mateus Prado.
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sumário
por Henrique da Cunha
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Eleicões 2010: o que poderia ser debatido, mas não foi por Fausto Picoreli
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Esporte e identidade nacional em Invictus
por Ricardo Turatti
Expediente: Editores: Fernando Coelho e Educador Mateus Prado Conselho Editorial: Renato Eliseu, Wagner Iglesias, Pedro Ivo Batista e Caio Penko Gestora de Educação e Ensino: Ana Paula Dibbern Presidente de Honra do Instituto Henfil: Educador Mateus Prado Coordenadora do Observatório Social: Bruna Ramos Equipe do Observatório: Bruno Oshiro, Caroline Ramos, Ilane Lobato Revisora: Patrícia Bernardes Diretor de Arte: José Geraldo S. Junior Projeto Gráfico: Lucas Paiva Designers: Lucas Paiva e Daniel Paiva
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A cultura sulista nos Estados Unidos
por Moisés Stahl
06 A tecnologia do nosso tempo por Douglas Vilela
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10 1992 e o Início do Século XXI: O Meio Ambiente em pauta
O cinema na formacão do sujeito: uma reflexão a partir do enfoque ambiental por Rodrigo Colla
por Mariana Lemos
14 A (Re)Evolucão da Informacão por Isabela Menon
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For a culture of change
A Sequência Fibonacci na natureza e na arte
por Guilherme Lisbão
32 A democratizacão do acesso à justica por Felipe Brasil
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por Felipe Biasoli
42 O Palestra Itália e a Popularizacão do Futebol em São Paulo por José Renato Araújo
Matemática e representatividade no sistema eleitoral brasileiro
46 Os problemas do Tribunal Penal Internacional por Júlio Moreira
Escreva o mundo de hoje. Envie seu artigo e colabore para o debate da sociedade sobre os temas do momento.
Pensamentos globais, acões locais A Revista Glocal - Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana é uma publicação de atualidades do Instituto Henfil Educação e Sustentabilidade, que tem como objetivo divulgar informações qualificadas sobre arte, cultura, política nacional e internacional, meio-ambiente, geopolítica, economia, questões sociais, ciência e matemática. O formato colaborativo abre espaço em suas páginas para que estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores e especialistas em diversas áreas publiquem seus artigos em português, inglês ou espanhol.
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Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana
A (Re)Evolucão Como a colaboração pode alterar o sistema dominante de patentes e propriedade intelectual
O
fenômeno da globalização ganhou destaque na história mundial a partir do surgimento de um novo modelo de estruturação do Estado e causou profundas modificações sobre a área econômica e sobre a questão da comunicação entre os indivíduos. A diminuição do papel do Estado e a liberalização do comércio tiveram como consequência a descentralização dos processos produtivos e o aumento da dependência, tanto econômica quanto tecnológica, entre os países. Outro fenômeno também surgido com o advento da globalização foi a Internet, a qual possibilitou maior agilidade na troca de informações e a aproximação das distâncias entre indivíduos de todo o mundo. Contudo, essa época também é marcada pelo aparecimento de corporações que detêm grande parte dos direitos sobre o conhecimento tecnológico do mundo, por meio do uso abusivo de patentes e direitos de propriedade intelectual. Através desses mecanismos, essas empresas também se apropriam de conhecimentos de culturas tradicionais, obtendo
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lucro a partir do registro de patente de determinadas técnicas desenvolvidas por essas populações. O sistema de patentes e de propriedade intelectual oferece vantagens apenas para os indivíduos que os detêm. Ao ser analisado sobre diversos pontos de vista, chega-se à conclusão que esse sistema restringe o acesso de grande parte da população às informações, inibe o processo criativo, não remunera justamente os verdadeiros detentores do conhecimento, concentra os recursos utilizados no processo criativo e limita a atuação de pesquisadores e de universidades na produção de pesquisas, pois controla as principais fontes de informação. Em meio a esse cenário, começam a surgir iniciativas que vão em direção contrária à lógica de concentração e apropriação indevida do conhecimento, como é o caso da produção colaborativa e do software livre. A primeira delas é caracterizada por um processo criativo coletivo, onde as informações podem ser constantemente atualizadas ou alteradas por todos os indivíduos que tenham contato com elas, possibi-
da Informacão litando uma maior troca de informações, aumentando a difusão e descentralizando os pontos produtores de conhecimento. Esse movimento transformou os indivíduos em destinatários não-passivos de informação e tecnologia, motivando-os a participar do processo também. Daí a importância do Estado em promover políticas de inclusão digital para possibilitar que um maior número de pessoas participe do processo de produção colaborativa. O rápido desenvolvimento da internet, conjuntamente com o fenômeno da globalização e avanços tecnológicos, permitiu que diversos conteúdos, até então disponíveis apenas fisicamente, fossem digitalizados e disponibilizados na rede. Dessa maneira, ampliou-se a possibilidade de acesso aos conteúdos e tornou-se viável a troca e a recombinação entre eles. Outra vantagem que pode ser apontada refere-se a esses conteúdos que podem ser reproduzidos infinitamente, caracterizando-os como bens não rivais, ou seja, o uso de um indivíduo não restringe o uso do mesmo bem para outro indivíduo. Portanto, uma música, um livro ou uma pesquisa científica podem ser acessados por um número infinito de pessoas e vezes, sem que haja qualquer prejuízo ou desgaste do conteúdo. O maior exemplo de commons e produção colaborativa é a Wikipedia, enciclopédia on-line e de acesso gratuito alimentada pelos próprios usuários.
Por fim, deve-se citar o caso do software livre que também é construído a partir de produção colaborativa e caracteriza-se por ser qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído com algumas restrições, segundo a Free Software Foundation. O software livre disponibiliza para seus usuários o seu código-fonte, o qual pode ser alterado para adaptar-se às necessidades de cada indivíduo. O uso desse tipo de software na esfera pública apresenta diversas vantagens, como: maior segurança das informações devido seu código-fonte ser aberto e não há necessidade de se pagar licenças de uso, acarretando em uma grande economia para os cofres públicos, além de ser uma opção estratégica de internalização tecnológica. Portanto, é imprescindível que a sociedade civil participe da discussão sobre a reforma da lei de direitos autorais (Lei nº 9.610/98), que vem acontecendo desde 2007, para assegurar que a mudança de governo não atrapalhe ou desacelere esse processo tão importante para o desenvolvimento de nosso país. Isabela de Oliveira Menon Bacharel em Gestão de Políticas Públicas pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Atualmente é Coordenadora de Projetos, da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo.
Segundo Jorge A. S. Machado, o termo commons é utilizado na literatura anglófona para definir formas de propriedade comunais. No português, não há um termo exato, já que nem “comum” nem “comunal” conseguem expressar o mesmo significado do inglês. Os oceanos e a atmosfera são bons exemplos de commons da humanidade, já os rios são commons de um país ou de uma comunidade regional.
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O enigma das trĂŞs portas Como colocar a matemĂĄtica a nosso favor nessa escolha 22
P
opularizada pelo “Programa do Sérgio Malandro” esse enigma é caracterizado por três portas, onde em uma delas existe um prêmio, e nada nas outras duas. O participante deve escolher uma das portas. Em seguida, o apresentador abria uma das outras duas portas, e mostrava que a porta escolhida estava vazia. Após isso, o participante tinha a chance de mudar de porta. Muitos podem achar que esse quadro do programa depende exclusivamente da sorte, mas a probabilidade está aqui para nos ajudar a melhorar nossas escolhas nessas situações. Com os dados que temos, a disposição e trabalhando as chances dos eventos ocorrem, podemos otimizar nossos resultados. Vamos pensar nesse enigma superficialmente: Existe um prêmio que está em uma das três portas. Então temos que cada porta tem 1/3 de chance de conter o prêmio. Porta 1
Porta 2
Porta 3
1/3
1/3
1/3
Como só uma das portas possui o prêmio então temos que a chance de escolher a porta vencedora é 1 em 3 e, sendo assim, a chance de escolher a porta errada é de 2 em 3. Vitória
Derrota
1/3
2/3
Ao escolher uma das portas, o apresentador, que já sabe previamente onde está o prêmio, ameaça abrir outra porta. Quando ele abre a porta e ela está vazia nós vamos ter que refazer nossas contas e a situação muda. Temos agora duas portas e o prêmio está em uma delas. Então a chance de termos escolhido a porta certa é 1 em 2. Porta 1
Porta 2
1/2
1/2
Pensando dessa forma, o resultado da troca de portas não iria mudar nossas chances de ganhar. A primeira vista, isso parece certo, mas podemos melhorar nossa situação, visto que as situações não são independentes, ou seja, a primeira parte da brincadeira influencia nos resultados da segunda. Vamos explicar como: Foi previamente dito que a chance de escolhermos a porta vencedora é de 1 em 3. Porém, mais importante que isso, é que a chance de escolhermos a porta errada é de 2 em 3. Quando chegamos na segunda parte. Temos os três casos possíveis (no exemplo, a porta 1 foi escolhida pelo participante):
Porta 1(escolhida)
Porta 2
Porta 3
Prêmio
Vazia
Vazia
Porta 1(escolhida)
Porta 2
Porta 3
Vazia
Prêmio
Vazia
Porta 1(escolhida)
Porta 2
Porta 3
Vazia
Vazia
Prêmio
Agora o apresentador vai abrir uma porta que está vazia. Então isso fará com que as três situações fiquem da seguinte forma: Porta 1 (escolhida)
Porta 2 ou Porta 3 (as duas estavam vazias)
Prêmio
Vazia
Porta 1 (escolhida)
Porta 2
Vazia
Prêmio
Porta 1 (escolhida)
Porta 3
Vazia
Prêmio
Observando as tabelas conseguimos perceber que é vantagem para o participante trocar de porta, já que ele só escolherá a porta certa 1 em 3 vezes, ele pode esperar um resultado positivo em 66% das vezes que ele troca de porta no final. Esse é mais um exemplo que comprova que podemos aumentar nossas chances de êxito pela matemática. Agora vamos utilizar a fórmula do EV (expected value) para demonstrar as vantagens de se trocar. Fórmula do EV = (resultado obtido em caso de vitória) x (chances de vitória) + (resultado de derrota) x (chances de derrota) Como foi visto no problema, quando ganhamos, ficamos com o prêmio (resultado de vitória = 1) e quando perdemos, saímos sem nada (resultado da derrota = 0). EV da troca = 1 x 2/3 (chances de vencer) + (0) x 1/3 (chances de perder) EV da troca = 2/3 EV sem a troca = 1 x 1/3(chances de perder) + (0) x 2/3 (chances de perder) EV sem a troca = 1/3 Como o EV da troca é maior que o EV da situação sem trocar de porta, devemos optar por trocar de porta para melhorar nossos resultados. Este é só um exemplo de como a matemática é capaz de nos ajudar nas escolhas mais simples. Por isso, devemos ficar atentos a essas situações e assim utilizar nosso conhecimento para que, dessa forma, façamos as melhores escolhas. Leandro Marubayashi Graduando em Engenharia de Minas e de Petróleo pela Universidade de São Paulo.
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Tropicalismo:
quebra de paradigmas na cultura nacional Mais do que um ritmo ou estilo musical, o tropicalismo consiste numa estética que nos ajuda a interpretar um importante momento da história do Brasil.
A
importância do movimento tropicalista para a cultura brasileira ainda não foi de todo resgatada. Marco cultural e social de um período de contestações sociais, a Tropicália, como ficou conhecido o movimento, foi tão revolucionário quanto a bossa nova para a cultura brasileira em termos globais. A gênese do tropicalismo ocorre quando os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil exploram canções com novas perspectivas de melodia e letra nos tradicionais festivais da canção, espetáculos transmitidos ao vivo pela televisão e com grande audiência no país. As primeiras canções tropicalistas “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”, respectivamente, mostravam-se como uma ruptura com a música tida como nacionalista, como também com a dita “alienada” da jovem guarda, uma espécie de versão comercial e ingênua da “beatlemania”. Os músicos apresentavam um novo estilo musical numa espécie de “mosaico” contendo inúmeras manifestações artísticas do país que dialogavam entre si, tendo como proposta aliar o exotismo do folclore brasileiro com suas mais variadas manifestações, seja o carnaval, a música brega, a literatura de cordel, entre outros. Essa busca por incorporar no universo pop e as características locais é o sinal de que o tropicalismo estava em sintonia com o espírito dos anos 60 que é o de revolucionar os modos e costumes da sociedade daquele contexto. Diálogo com outras expressões artísticas O tropicalismo não foi apenas um movimento musical. Por nascer na efervescência da contracultura e utilizar as informações de uma sociedade que começava a se tornar uma “aldeia global”, o movimento se desenvolveu e teve vínculo com outras manifestações radicais em linguagem e estética como o cinema novo de Glauber Rocha; o teatro autoral e inovador de Zé Celso Martinez Corrêa; o cinema marginal; a imprensa alternativa com jornais como o Pasquim e também nas instalações artísticas de Hélio Oiticica, cuja instalação Tropicália, batizou o movimento. Esses são apenas alguns exemplos de “diálogo” tropicalista com outros formatos de arte e comunicação, diálogo que tinha como base a influência dos ideais modernistas de 1922.
Para o tropicalismo, o essencial era estabelecer contato com a população brasileira, através dos meios de comunicação de massa que estavam se consolidando, produzindo arte sem rótulos ou limites, trazendo desde a poesia concreta dos irmãos Campos até a expressão estética popular e irreverente de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, uma espécie de símbolo da proposta estética do tropicalismo. A experiência tropicalista (1967-1969) resultou na quebra de paradigmas da cultura brasileira daquele período. Após a decretação do AI-5 (Ato Institucional N°5) em dezembro de 1968, e com o exílio dos dois principais protagonistas do movimento (Caetano Veloso e Gilberto Gil), a Tropicália praticamente acabou. Os remanescentes passaram a ser identificados como pós-tropicalistas e dentre eles estava o poeta, jornalista e compositor Torquato Neto, mentor do movimento, que acabaria envolvido com diferentes áreas da produção cultural conhecida como marginal. Torquato, ao criar uma espécie de ideologia tropicalista, propunha uma estética fragmentária que culminaria em composições com citações e “imagens” típicas de um roteiro de cinema, revolucionando a forma de se fazer música no Brasil. O poeta não apenas adicionava novos elementos às canções populares no país como também abria espaço para que o espírito comunitário, tão em voga com o movimento hippie, fosse adotado por outras áreas, sejam elas as artes plásticas, o teatro, o cinema e a própria imprensa. Passados mais de quarenta anos do auge do movimento tropicalista suas propostas ainda são atuais. É necessário sempre resgatar sua história para que possamos entender não apenas a música e a cultura brasileira contemporânea, mas compreender que a arte pode trazer novas perspectivas para uma sociedade. Marcelo Pimenta e Silva Jornalista e estudante do curso de pós-graduação da Faculdade de Tecnologia do Senac Pelotas/RS – Curso de especialização em Gestão Estratégica em Comunicação Mercadológica.
Mais Reflita sobre esse trecho da música de Caetano Veloso “Alegria, Alegria” e tente identificar os momentos históricos implícitos. “Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot... Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil... “
1967
O Terceiro Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em São Paulo, foi palco do início do movimento tropicalista no ambiente político-cultural da época.
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Belo Monte El conflicto democrático sobre Recursos, Protección de la Biodiversidad y Participación en las Decisiones Políticas
E
n el año 2011 numerosas protestas en diversas ciudades brasileñas y en embajadas y consulados brasileños en todo el mundo contra la construcción de la usina Belo Monte – más grande usina hidroeléctrica brasileña, a ser construida en el Estado del Pará utilizando trecho de 100 kilómetros del río Xingu – nos muestran que el espíritu ciudadano y el interés por la res pública en nuestro país siguen en una creciente. Más de veinte años después de la entrada en vigencia de la constitución ciudadana (1988), la infamada generación del internet y de la apatía sale a las calles para reclamar la atención a una cuestión que está miles de quilómetros lejos de su casa y vidas cuotidianas. En una innegable manifestación de solidaridad con la población atingida por los proyectos gubernamentales de infraestructura, los militantes e indígenas que tomaron el espacio del MASP, en São Paulo, expresaron su desacuerdo con la construcción de una usina hidroeléctrica que, si bien proyecta el desarrollo nacional, vulnera a las poblaciones y medio ambiente locales. Preocupados con dos cuestiones centrales en el debate mundial sobre los derechos – la protección de la diversidad biológica y cultural y el aprovechamiento sosteni-
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ble de los recursos – los manifestantes utilizaron los medios virtuales para organizarse y pudieron juntar, en São Paulo alrededor de 1000 personas, por la información oficial. El mensaje está dado: cuando nos fallen los medios de participación ciudadana y se violen los derechos garantizados, saldremos a las calles. Pero los conflictos de interés involucrados en las opciones políticas acerca de los derechos de las poblaciones tradicionales, la protección de la biodiversidad y el aprovechamiento de los recursos no son sencillos de resolver. Más que meras oposiciones entre lo bueno (los derechos de las poblaciones tradicionales) y lo malo (los intereses económicos nacionales y globales) esos conflictos expresan la existencia de distintas formas de concebir las prioridades de la vida en sociedad. Pedir o exigir que no se construya una u otra usina no va a cambiar las opciones actuales acerca del desarrollo económico y esto es lo que realmente está en cuestión: es el mismo Estado de bienestar el que gestiona los recursos y el que garantiza los derechos. Las opciones políticas que hace el gobierno están en la base del funcionamiento adecuado del sistema de derechos, y el costo de garantizar derechos se paga a través de esas mismas opciones. Es más: el proyecto de desarrollo nacional, con fuerte énfasis en la integración de los mercados, se está expandiendo por el continente, y las obras de infraestructura, ampliándose hacia los países vecinos, bajo el apoyo del banco nacional de financiamiento del desarrollo. Muy pronto esas violaciones de derechos no estarán en discusión solamente por sus efectos sobre las poblaciones tradicionales brasileñas. En 2010, por ejemplo, el gobierno brasileño con-
cretizó acuerdo con el gobierno peruano que incluye el proyecto de construir 15 usinas hidroeléctricas en el territorio peruano en 10 años, la gran parte de las cuales afectará las comunidades campesinas y nativas del país. Una de esas, la de Inambarí, ya empieza a generar protestas de la población local. ¿Estarán nuestros valientes ciudadanos listos para poner en cuestión la acción gubernamental brasileña violadora de derechos fuera del territorio nacional? La dimensión de las cuestiones sociales cambia con la globalización, y en ese contexto la solidaridad de la participación ciudadana se expresa en escala planetaria. No obstante existan espacios de concertación contra-hegemónicos, como el Foro Social Mundial y la Cumbre de los Pueblos, que han estado intentado, en los últimos años, proponer soluciones políticas alternativas, la contradicción entre derechos garantizados y proyectos económicos hegemónicos sigue vigente. Invertir esa situación implica considerar los textos normativos como lo que son: límites, y no soluciones universales para todos los conflictos existentes. La tarea de resolver el conflicto al que nos referimos aquí está, entonces, en el ámbito de la política, y en la arena democrática. Nos toca, como ciudadanos, estar pendientes de la disputa de intereses inherente al proceso democrático y llevar la participación más allá del discurso de los derechos.
Financiada por la empresa brasileña Eletrobrás, la usina de Inambarí , que se ubicará en el río de mismo nombre, producirá energía a las actividades brasileñas en la región. El proyecto generó diversas críticas locales por su carácter de infraestructura esencial a la región peruana y la opción política por el direccionamiento de la producción a actividades extranjeras (brasileñas).
V. C. Gonçalves Investigadora y trabaja con los temas de derechos humanos, interculturalidad y derechos de los pueblos indígenas.
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