Editorial * Valmor dos Santos
SUPERAÇÃO,
atitude mais do que necessária nos novos tempos
* Engenheiro agrônomo e presidente do Instituto PAS
A escalada da vida existe a todo instante e deve ser analisada e compreendida. O papel de cada um, é superar todas as adversidades implantadas, seja qual for e, principalmente, em qualquer ambiente. Esse também é o objetivo desta publicação, trabalhando e se empenhando na pesquisa, estudos e demonstrações em campo, para mostrar novas atitudes e, principalmente, apresentar resultados que estão mudando, ao longo dos tempos, toda a cadeia produtiva da região oeste da Bahia. O resultado desta edição é totalmente coletiva, pois sem o apoio dos agricultores, pesquisadores, instituições ligadas ao agronegócio, profissionais da área de marketing e empresas fornecedoras de insumos e produtos para a nossa moderna agricultura, poderia ser uma ação impraticável para a realização de mais um trabalho na publicação deste importante segmento, por isso, nosso muito obrigado a todos os envolvidos! Os elos que ligam toda a cadeia produtiva precisam e devem ser cada vez mais fortes. A revista Instituto PAS existe para desbravar, realizar, propagar, difundir e apresentar para vocês, caros leitores, as novidades que englobam a nossa realidade agrícola. A construção de um pólo agrícola se dá devido à percepção dos empresários agrícolas que, desde quando chegaram na região, há aproximadamente 40 anos, confiaram e confiam no potencial do setor. Hoje, também confiam, apoiam e reivindicam por mais estudos e pesquisas. As pesquisas e estudos existem. O que realmente não existe, é o incentivo dos órgãos responsáveis (seja a níveis municipal, estadual e federal), para ampliar os trabalhos que são necessários. Assim mesmo, a cadeia produtiva está unida para manter a região oeste da Bahia cada vez mais produtiva, mesmo com as intempéries do dia-a-dia e climáticas. E se tratando de clima, seja econômico ou proveniente da natureza, o que realmente equivale é a superação. É isso que a revista propõe a cada edição, evidenciando o potencial da corrente produtiva do Brasil. Somos um instrumento de união, e estamos aqui para fortalecer os principais elos, que são os agricultores e a sociedade como um todo. Infelizmente, o atual cenário leva a simples perguntas, por exemplo: quem veio primeiro; o ovo ou a galinha? Sendo assim, de quem é a competência para resolver as questões climáticas? A economia global está protegendo quem alimenta a população? São poucas e necessárias perguntas, ainda sem resposta. Reflitam caros leitores! Estamos aqui para contribuir com o desenvolvimento de toda a região oeste da Bahia e também com o MATOPIBA, afinal, este é o nosso trabalho, e fazemos com total dedicação. Tenham uma ótima leitura, porque sem aprendizado, é cada vez mais difícil continuar no cenário social, ambiental e econômico desta brava região!
Luciano Olmos Zappelini* Marcelino Borges de Brito**
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A prática agrícola brasileira vem se destacando enormemente devido aos altos índices de produtividade conquistados além de sua suma significância frente ao cenário econômico, devido a adoção de novas tecnologias alavancou o agronegócio brasileiro a níveis
nunca antes vistos. Porém, a rápida expansão às novas fronteiras agrícolas, bem como a utilização de forma intensa dos defensivos agrícolas está cobrando seu preço, onde ano a ano vem gerando populações de insetos, plantas daninhas, fitopatógenos e nematoides re-
sistentes às moléculas químicas. Plantios e safras consecutivas aliadas ao clima brasileiro que propiciam possibilidades de plantio de inverno, acabam criando uma “ponte verde”, permitindo assim que populações de pragas e doenças persistam no campo por longos períodos. 13
Frente a esta situação de alta pressão, o sistema agrícola brasileiro está sendo obrigado a estabelecer métodos diferenciados de manejo de pragas, doenças e nematoides, uma vez que populações recorrentes de certas pragas, como nematoides, além de fungos fitopatogênicos, vêm estabelecendo-se massivamente nas lavouras, inviabilizando assim os cultivos em algumas áreas no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nematologia Fonte: CÍRCULO VERDE (Assessoria Agronômica e Pesquisa) e AG ANÁLISES E PESQUISA AGRÍCOLA (SBN) divulgados em 2015, anualmente são contabilizados prejuízos de R$ 35 bilhões ao agronegócio brasileiro, provocados diretamente pela ação de mais de 100 espécies de nematoides, envolvendo cerca de 50 gêneros, onde apenas na cultura da soja as perdas são estimadas em R$ 16,2 bilhões, de acordo com os números da SBN. Preocupada com este novo desafio, a Koppert Biological Systems vem ao longo das últimas safras, instalando campos Fonte: CÍRCULO VERDE (Assessoria Agronômica e Pesquisa) e AG ANÁLISES E PESQUISA AGRÍCOLA para validação do sistema inte- viraram recomendações de utiliza- nejo químico obedecendo criteriosagrado de manejo de pragas, do- ção, fazendo o consórcio das tecno- mente a rotação de moléculas, bem enças e nematóides, que hoje já logias existentes, assim como o ma- como priorizando o uso daquelas mais seletivas aos inimigos naturais, defendendo a rotação de culturas, o manejo do solo e o nutricional, tudo em concomitância com o portfólio Koppert para o controle biológico de pragas e doenças. Muito já foi discutido no passado sobre a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que agora faz-se mais do que necessário para garantirmos a sustentabilidade no campo, especialmente quando o assunto são os nematoides, a integração de diferentes tecnologias de controle são mais do que necessárias, haja visto que as atuais não vêm mostrando resultados satisfatórios.
Recentemente, no município de Luís Eduardo Magalhães, localizado no oeste da Bahia, na Fazenda Santa Cruz (propriedade do Grupo CPM), em uma área cultivada na entressafra com culturas não hospedeiras dos fitonematoides, e posterior plantio da soja associada a produtos biológicos, no caso o Trichodermil SC 1306, verificou-se supressão na população de nematoides. Este campo vem sendo cultivado há duas safras, 2014/15 e 2015/16, onde dois tratamentos são realizados. O primeiro trata-se do padrão que vem sendo adotado nesta região (basicamente defensivos químicos). Já o segundo, trata-se
da proposta Koppert de manejo de pragas, doenças e nematoides, onde são consorciados os produ-
Fonte: CÍRCULO VERDE (Assessoria Agronômica e Pesquisa) e AG ANÁLISES E PESQUISA AGRÍCOLA
Fonte: CÍRCULO VERDE (Assessoria Agronômica e Pesquisa) e AG ANÁLISES E PESQUISA AGRÍCOLA
tos do portfólio da empresa. Nesta área, está sendo monitorado a ocorrência de dois gêneros de nematoides de extrema importância na cultura da soja como por exemplo Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões), onde fica evidente que em ambos as safras, o produto TRICHODERMIL SC 1306 teve sua ação consagrada na supressão da população deste nematoide (GRÁFICO 1) em ambos os tempos de avaliação 30 e 70 dias após a emergência e 45 e 90 dias após a emergência. O segundo gênero de nematoide também monitorado nesta área é o Meloidogyne spp (nematoide das galhas), onde novamente nas safras 2014/15 e 2015/16, houve uma significativa redução da população deste nematoide, quando comparado os tratamentos Padrão e proposta Koppert (GRÁFICO 2). Na entressafra 2014/15 e 2015/16, nesta mesma área, foi semeado milho e novamente dois tratamentos foram conduzidos. Um Padrão, manejo padrão utilizado nesta região e a proposta Koppert.
Imagens: divulgação
Foram monitoradas as populações de dois importantes gêneros de nematoides para a cultura do milho, sendo eles Pratylenchus spp e Helicotylenchus spp nas condições de solo e sistema radicular (GRÁFICO 3, página anterior). Novamente a proposta Koppert foi superior na supressão das populações destes nematóides, mostrando assim a alta eficiência desta metodologia. Ainda na cultura do milho, foram avaliadas a incidência no solo de três fitopatógenos como Fusarium oxysporum, Fusarium solani e Rhizoctonia solani. Ao analisar o GRÁFICO 4 (página anterior), a diferença entre os tratamentos torna-se evidente. A proposta Koppert destaca-se por apresentar menores valores de ocorrência para os três fitopatógenos citados, quando comparado com o tratamento Padrão para esta região. O que novamente vem mostrar a alta eficiência nesta importante ferramenta. Ao término das avaliações de produtividade, na fase final da colheita, pode-se observar um incremento extremamente significativo de 18 sacas de milho a mais por hectare, comparando os tratamento Padrão e proposta Ko-
ppert, resultando assim em 13% de aumento na produtividade de grãos (GRAFICO 5), exibindo a máxima performance do produto TRICHODERMIL SC 1306. Os resultados mencionados e discutidos, são oriundos de um programa bem estabelecido e conciso, no qual está embasado em produtos biológicos que garantem sua eficiência e máxima qualidade, gerando assim consistência e repetição de resultados positivos safra após safra. O TRICHODERMIL SC 1306 é um produto a base do fungo Trichoderma harzianum, cepa 1306, que além do controle de fitopatógenos como Fusarium, Sclerotinia, Rhizoctonia, Pythium, entre outros,
Fonte: CÍRCULO VERDE (Assessoria Agronômica e Pesquisa) e AG ANÁLISES E PESQUISA AGRÍCOLA
promove o crescimento das plantas devido a produção de metabólitos e enzimas altamente especializadas na degradação de proteínas e quitinas de fungos de solo e nematoides. Ferramentas modernas e eficientes, despontam no mercado mostrando aos agricultores brasileiros, um futuro muito promissor frente a utilização de defensivos biológicos em complemento aos já existentes, reiterando a força e a significância dos microrganismos em todos os sistemas de cultivo, possibilitando assim a convivência com pragas, doenças e nematóides a um nível aceitável, através de solos supressivos que despontam em produtividade. A Koppert Biological Systems contribui para a saúde das pessoas e do planeta. Em parceria com a natureza, fazemos a agricultura mais segura e mais produtiva. Nós fornecemos um sistema integrado de conhecimentos especializados e soluções seguras que melhoram a saúde, resistência e produção das culturas. * Gerente de Produção e Desenvolvimento ** Pesquisador de Campo Koppert Biological Systems
Renato Mercer * Charles B. M. Lima ** Edenio Lopes ** Elvis S. Santos ***
Ainda nas fases iniciais de desenvolvimento do algodoeiro, um dos fatores mais impactantes sobre a sua produtividade é a competição por recursos causada pelas plantas daninhas na cultura do algodoeiro, de modo que é de grande importância a redução dessa interferência. Uma das práticas mais eficientes utilizadas é a aplicação em pré-emergência de determinados herbicidas, embora haja o risco de causar efeito fitotóxico à cultura. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo avaliar os herbicidas Trifluralina + Diuron no controle do complexo de plantas daninhas na cultura do algodoeiro. O ensaio foi conduzido no campo de pesquisas Alvorada, localizado na Fazenda Alvorada, município de Luís Eduardo Magalhães (BA), durante o período de janeiro a julho de 2015. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados (DBC), sendo 6 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos foram compostos por uma testemunha e cinco formas de manejo de controle de plantas daninhas: T1 Testemunha; T2 - Trifluralina + Diuron; T3 - (Clomazone + carfentrazone ethyl) + Prometrina; T4 - Prometrina + S-Metolachlor; T5 - (Clomazone + carfentrazone ethyl) + Diuron; T6 - Prometrina + Trifluralina. As parcelas foram constituídas de 4 linhas de 6 metros de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,76m com área total de 18,24 m2, onde descartou-se as duas linhas externas, avaliando-se as duas linhas centrais de cada parcela. O tratamento T2 - Trifluralina + Diuron apresentou resultados condizentes aos demais tratamentos no controle das principais plantas daninhas avaliadas, enquanto que o tratamento T6 -Trifluralina + Prometrina, foi inferior no controle de
C. benghalensis , C. echinatus e C. hirta aos 20 DAA. Houve efeito fitotóxico significativo, ocasionado pelos tratamentos T3 -(Clomazone + carfentrazone ethyl) + Prometrina e T5 - (Clomazone + carfentrazone ethyl) + Diuron, entretanto, com exceção da testemunha, os tratamentos não diferiram significativamente quanto aos componentes de produtividade. CONTROLE DO COMPLEXO DE PLANTAS DANINHAS A competição é uma das formas mais conhecidas de interferência direta das plantas daninhas nas culturas agrícolas, disputando nutrientes, luz, água, CO2 e espaço. De forma indireta, a competição ocorre através de compostos alelopáticos que impedem o desenvolvimento normal das plantas cultivadas (BELTRÃO, 2004). As plantas daninhas podem ainda atuar como hospedeiras de pragas e doenças comuns à cultura do algodoeiro (PITELLI, 1985). Todos estes fatores podem levar perdas superiores a 90% na produtividade de algodão em caroço, tornando o algodoeiro herbáceo uma das culturas mais suscetíveis à interferência imposta pelas plantas daninhas. De forma geral, para evitar o efeito prejudicial dessas plantas, o manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) deve ser adotado. Porém, o MIPD depende das condições agroecológicas da região, das culturas, manejo, biologia e ecologia das espécies de plantas daninhas envolvidas, entre outras (CHRISTOFFOLETI et al., 2008). A utilização de capinas químicas, a partir do uso de herbicidas, é rotina no MIPD da cultura do algodoeiro, ocorrendo em diversas modalidades de aplicação como pré-plantio, pré-plantio incorporado, pré-emergência, pós-emergência e dirigida (TAKIZAWA, 2000).
Dessa forma, o uso de herbicidas é uma ferramenta de manejo muito importante para a cotonicultura brasileira (CHRISTOFFOLETI, 2002). Haja visto que o algodoeiro necessita de um período de 8 e 66 dias após a emergência total sem a interferência das plantas daninhas e, em situações particulares, esse período pode se estender até os 80 dias de sua emergência (SALGADO et al., 2002). Portanto, um programa eficiente de manejo inclui a combinação de estratégias que evitem a competição das plantas daninhas durante o período crítico de interferência. No entanto, em função da dificuldade de controle e aumento do espectro de ação, a utilização de mistura de herbicidas com diferentes mecanismos de ação é a melhor ferramenta para reduzir a pressão de seleção, aumentar controle e o efeito residual (VARGAS, 2006).
Dentre as épocas de aplicação, a em pré-emergência é a que possui o menor número de opções de manejo, sendo que os principais ingredientes ativos utilizados isoladamente ou em mistura são diuron, prometrine, alachlor, s-metolachlor, pendimethalin e clomazone.
Apesar de ser uma prática consolidada, a aplicação de pré-emergentes é extremamente técnica, pois a maioria dos produtos utilizados provocam fitotoxicidade na cultura do algodoeiro. Esse efeito pode ser amenizado com o uso de protetores que podem reduzir a fitotoxicidade de alguns herbicidas não seletivos, ou não totalmente seletivos (FOLONI, 2005). Dentre esses, o clomazone e o diuron são as moléculas mais utilizadas em aplicações em préemergência, com efeito amplamente difundido, atingindo controle acima dos 80% para a maioria das plantas daninhas. Com base neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar os herbicidas Premerlin 600 EC (Trifluralina) + Herburon (Diuron) no controle do complexo de plantas daninhas na cultura do algodoeiro.
MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido no campo de pesquisas Alvorada, localizado na Fazenda Alvorada, município de Luís Eduardo Magalhães (BA), durante o período de
** Dados: estação meteorológica Davis Vantage Pro - Campo de Pesquisa Alvorada
janeiro a julho de 2015. A área está situada entre as coordenadas 12°57’39,6’’S de latitude e 46°00’06,2’’W de longitude, com altitude de 860 m e com clima classificado como do tipo Aw, segundo classificação internacional de Köppen. As médias de temperatura e precipitação pluviométrica são de 24°C e 1200 mm, respectivamente, sendo a precipitação distribuída essencialmente entre os meses de novembro a abril. A distribuição pluviométrica do campo está descrita na FIGURA 1. O solo da região é classificado como LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico (Embrapa, 2013). Foi realizada a análise química e granulométrica do solo antes do preparo do solo na profundidade de 0-20 cm e 2040 cm. A partir dos resultados da análise de solo (TABELA 1), foi recomendado o manejo de preparo do solo e adubação da cultura. A semeadura foi realizada manualmente no dia 12/01/2015, utilizando a variedade DP 1240 BT2RRFlex, adotando-se 10 sementes por m-1, sendo que para
todos os tratamentos as sementes foram tratadas com diethylfenyl-fosforotiato, na dosagem de 0,8 Litros para 100 kg de sementes. Anteriormente à semeadura, a área foi irrigada simulando 15 mm de precipitação. Durante a execução do experimento, o controle de pragas e doenças foi executado sempre que necessário, respeitando as boas práticas e o manejo integrado. O delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados (DBC), sendo seis tratamentos, compostos por uma testemunha sem aplicação de herbicidas pré-emergentes, e cinco formas de manejo de controle de plantas daninhas, com quatro repetições. Os tratamentos estão citados na TABELA 2 (página seguinte). As parcelas foram constituídas de quatro linhas de seis metros de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,76m com área total de 18,24 m2, onde foi descartado as duas linhas externas, avaliando-se as duas linhas centrais de cada parcela experimental.
A aplicação dos tratamentos foi realizada em pré-emergência, no sistema plante aplique no dia 12/01/2015. Utilizou-se um pulverizador costal de pressão constante de 2,0 bar (CO2), com barra provida de seis pontas de pulverização do tipo leque, modelo TT 110 015, espaçados entre 0,50m entre si, produzindo volume de calda 150 L ha-1. As aplicações foram realizadas no período da tarde com o solo ainda úmido, logo após a semeadura do experimento, com velocidade dos ventos inferiores a 8 km h-1. As variáveis analisadas no ensaio foram: stand de plantas, obtido pela contagem do número de plantas na área útil da parcela aos 14, 21 e 180 dias após a emergência (DAE); Porcentagem de controle da comunidade infestante predominante na área, ou seja, Commelina benghalensis, Spermacoce latifolia, Cenchrus echinatus e Chamaesyce hirta aos 20 e 35 dias após a aplicação (DAA) seguindo a escala diagramática descrita na TABELA 3; Fitotoxicidade, mensurada aos 7, 14, 21 e 35 DAA, através da escala de notas EWRC (TABELA 4); Produtividade de algodão em caroço, dado pela colheita da área útil da parcela e expressa em @ha-1; Produtividade de algodão em pluma, dado pelo descaroçamento do algodão colhido na área útil da parcela e expresso em @ha -1 (descaroçadora de parcelas – serra); massa de capulhos, obtido pela pesagem de 20 capulhos por parcela e a massa expressa em gramas; rendimento e qualidade da fibra determinada pelo teste de HVI. As amostras coletadas na área útil de cada parcela foram analisadas por HVI (High volume instrument) da Zellweger Uster/Spinlab série 900, e foram determinadas as seguintes variáveis: uniformidade de comprimento (UI), resistência a ruptura (STR), índice de micronaire (MIC), uniformidade de comprimento (UHML) e índice de fiabili-
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
dade (CSP). Os dados coletados no ensaio foram submetidos à análise de variância (Teste F), e quando significativo, foi aplicado o teste de Tukey através do software Sisvar. RESULTADOS E DISCUSSÃO O manejo com pré-emergente na cultura do algodão no ano agrícola 2014/15 foi amplamente influenciado pelas condições climáticas, uma vez que no período de maior demanda de água para a germinação foi
acometido pela estiagem, assim houve a necessidade de suplementação hídrica para que a germinação não fosse comprometida. Porém, essa condição potencializa a ação fi-
totóxica dos herbicidas, uma vez que esses se movem no solo em função do fluxo hídrico, que neste caso era limitação e direcionado à semente. Como resultado da variação do estado hídrico do solo e da aplicação de herbicidas préemergentes verificou-se que aos 14 DAA esses fatores não influenciaram no stand de plantas. Aos 21 DAA, verificou-se que todos os tratamentos foram iguais a testemunha, porém entre si, Trifluralina + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1), Prometrina + S-Metolachlor(2,0 +1,0 L p.c. ha-1) e Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1) apresentaram número superior de plantas que (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0 L p.c. ha-1) (TABELA 5). Para a avaliação aos 35 DAA, quando a emergência estabilizou-se e a ação do pré-emergente não era mais efetiva, verificouse que os tratamentos contendo (Clomazone + Carfentrazoneethyl) possuíam menor stand de plantas que os demais (Tabela 5), logo os efeitos observados aos 21 DAA e a evolução da ação do clomazone interferiram na diminuição do stand plantas. Esse efeito é característico dessa molécula, quando o fluxo hídrico do solo é insuficiente para diluição do produto e ação dos microrganismos responsáveis pela degradação da molécula é limitada, uma vez que esses dependem do estado hídrico do solo. Assim, o produto concentrase na superfície do solo, e no processo
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
de emergência a plântula entra em contato com o herbicida. Os efeitos da fitotoxicidez provocados pelos herbicidas estão descritos na tabela 6 na qual verifica-se que a testemunha é inferior aos tratamentos com aplicação, em todas as avaliações realizadas (Tabela 5). Os tratamentos (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0L p.c. ha-1) e (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (1,0 + 1,0 L p.c. ha-1) foram os mais fitotóxicos a cultura do al-
godoeiro em todas as avaliações realizadas. Aos 21 e 35 DAA o tratamento com aplicação de Trifluralina + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1) apresenta fitoxicidade similar à observada na testemunha (TABELA 6). Este efeito pode estar associado às características químicas e/ ou físicas dos solos do oeste da Bahia, especialmente com relação à textura, teor de areia relativamente elevado e baixo teor de argila, assim o herbicida pode ter ficado em maior disponibilidade na solução do solo, o que provavelmente intensificou a fitoto-
xicidez nas plantas de algodoeiro, efeito não observado nos demais herbicidas, dado a natureza de residualidade desses. Os efeitos da fitotoxicidez provocados pelos herbicidas estão descritos na tabela 6 na qual verifica-se que a testemunha é inferior aos tratamentos com aplicação, em todas as avaliações realizadas (Tabela 5). Os tratamentos (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0L p.c. ha-1) e (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (1,0 + 1,0 L p.c. ha-1) foram os mais fitotóxicos a cultura do algodoeiro em todas as avaliações realizadas. Aos 21 e 35 DAA o tratamento com aplicação de Trifluralina + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1) apresenta fitoxicidade similar à observada na testemunha (TABELA 6, página anterior). Este efeito pode estar associado às características químicas e/ ou físicas dos solos do oeste da Bahia, especialmente com relação à textura, teor de areia relativamente elevado e baixo teor de argila, assim o herbicida pode ter ficado em maior disponibilidade na solução do solo, o que provavelmente intensificou a fitotoxicidade nas plantas de algodão, efeito não observado nos demais herbicidas, dado a natureza de residualidade desses. O controle de Commelina benghalensis aos 20 e 35 DAA foi efetivo em todos os tratamentos quando comparados à testemunha (TABELA 7, página anterior). Para o comparativo entre herbicidas, aos 20 DAA, verifica-se que o controle de C. benghalensis é mais efetivo no tratamento (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1) em relação à Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1). Os demais tratamentos são iguais para ambos, efeito contrário ao observado aos 35 DAA, onde o controle verificado no tratamento Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1) foi inferior
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
ao dos demais herbicidas estudados (tabela 7). O controle de Spermacoce latifolia aos 20 e 35 DAA foi efetivo em todos os tratamentos quando comparados à testemunha (TABELA 8). Para o comparativo entre herbicidas, aos 20 DAA, verifica-se que o controle de erva-quente é mais efetivo no tratamento Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1) em relação à Trifluralina + Diuron (3,0 +1,0 L p.c.ha-1) (tabela 7). Esse efeito é oposto ao verificado para controle de C. benghalensis , evidenciando a especificidade de controle de cada herbicida em relação à planta daninha e a época de avaliação, como é
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05), ns não significativo (p >= 0.05). As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
verificado aos 35 DAA, onde entre os pré-emergentes o tratamento (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha -1) e Trifluralina + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1) obtiveram menor controle sobre Spermacoce latifolia que Prometrina + S-Metolachlor (2,0 +1,0 L p.c. ha-1) (tabela 8). Quando avalia-
do o controle de Cenchrus echinatus aos 20 e 35 DAA todos os tratamentos apresentaram efetividade, quando comparados à testemunha (TABELA 9). Para o comparativo entre herbicidas, aos 20 DAA, verifica-se que o controle de carrapicho é maior no tratamento (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0 L p.c. ha-1) e (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (3,0 +1,0 L p.c. ha-1) em relação à Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1) (tabela 9). Esses resultados estão de acordo com Ávila et al. (2000) que afirmam que o clomazone controla muito bem gramíneas anuais e perenes de reprodução seminal e algumas plantas daninhas de folhas largas, como guanxuma e trapoeraba. Aos 35 DAA, não se verificou diferença estatísti-
ca para o controle de carrapicho entre os herbicidas estudados (Tabela 9). Os maiores controles observados, dentre as espécies avaliadas, foi para Chamaesyce hirta, sendo que a aplicação de (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0 L p.c. ha-1) aos 20 DAA foi superior a aplicação de Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1) no controle dessa espécie daninha, isso para os tratamentos que receberam controle químico. Aos 35 DAA, (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina (1,0 + 2,0 L p.c. ha-1) obteve maior controle de erva-de-santa-luzia que Prometrina + Trifluralina (2,0 +3,0 L p.c. ha-1), os demais tratamentos com aplicação obtiveram o mesmo controle que estes. No comparativo com a testemunha em ambas as avaliações, 20 e 35 DAA, todos os tratamentos foram efetivos no controle da planta daninha, quando comparados ao tratamento testemunha (TABELA 10). De maneira geral, os tratamentos testados proporcionaram bons níveis de controle das espécies de plantas daninhas avaliadas, principalmente no período até 35 DAA. As associações de clomazone+ carfentrazone-ethyl com prometrina e diuron apesar de apresentarem graus de fitotoxidez altos, promoveram níveis satisfatórios de controle. Ao analisar a massa de capulho e o rendimento de pluma (tabela 10), nota-se que em ambas as variáveis não houve diferença significativa entre tratamentos e testemunha, tão pouco entre si. Este resultado está de acordo com Arantes et al. (2015) que comparando diferentes misturas em aplicações em pré e pósemergência verificaram que os herbicidas não influenciam tais variáveis. A produtividade de algodão em caroço e pluma foi influenciada pela aplicação dos herbici-
das pré-emergentes, onde estes foram superiores em produtividade que a testemunha (TABELA 11, página anterior). Sendo a média de produtividade de pluma 35% superior à verificada na testemunha, numericamente as maiores produtividades de algodão em caroço se deram nos tratamentos que receberam a aplicação de Trifluralina, possivelmente pela melhor manutenção do stand final de plantas. Ao identificar os fatores que influenciaram a produtividade da cultura do algodoeiro, pode-se afirmar que na testemunha a competição estabelecida pelas plantas daninhas superam o efeito fitotóxico e a diminuição de stand provocada pela possível ação dos herbicidas. Além disso, os tratamentos com produtividade na ordem de 280 @ ha-1 perderam ao menos uma planta por metro linear em função da aplicação do pré-emergente. O controle de plantas daninhas, para este estudo, influenciou na qualidade da fibra do algodoeiro (TABELA 12, página anterior). Para a testemunha, verificaram-se os menores valores UI, UHML e SSP e STR e MIC. Para a análise dos tratamentos que receberam aplicação de herbicida, verificou-se que os valores relativos às características intrínsecas da fibra foram alterados em função das mesmas,
porém no contexto geral das diferenças entre variáveis, não se consegue isolar um tratamento ou um fator mais impactante na qualidade da fibra, uma vez que mesmo com alterações de valores, nenhum tratamento apresentou resultados fora dos padrões e médias descritos na literatura para a cultivar utilizada sob as condições de campo durante a condução do experimento. CONCLUSÃO A aplicação de (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Prometrina e (Clomazone + Carfentrazoneethyl) + Diuron (tratamentos T3 e T5, respectivamente) apresentaram efeito fitotóxico significativo sobre a cultura, podendo ter provocado impacto negativo sobre o stand final de plantas. Embora o tratamento T6-Prometrina + Trifluralina tenha apresentado percentual de controle de C. benghalensis inferior aos demais tratamentos aos 20 e 35 DAA (63,75%, respectivamente), o mesmo apresentou-se superior quando avaliado o controle S. latifolia aos 20 DAA. O tratamento T2Trifluralina + Diuron apresentou resultados condizentes aos demais tratamentos no controle de C. echi-
natus e C. hirta aos 20 e 35 DAA, sendo ainda que aos 20 DAA o tratamento T6-Prometrina + Trifluralina foi o que apresentou os resultados inferiores. Houve efeito significativo dos tratamentos sob os componentes de produtividade do algodoeiro apenas em comparação ao tratamento T1-Testemunha. O tratamento T2-Trifluralina + Diuron apresentou 116,21 @/ha do algodão em caroço a mais que o tratamento T1-Testemunha. O tratamento T2-Trifluralina + Diuron apresentou ainda 21,65 @/ha do algodão em caroço a mais que o tratamento T4-Prometrina + S-Metolachlor.
Mercer Assessoria Agronômica * Engenheiro Agrônomo ** Técnico de pesquisa/ ***Estagiário de nível superior
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Imagem: divulgação
O sistema produtivo da soja nas últimas safras tem enfrentado surtos cada vez mais freqüentes de populações de moscabranca (Bemisia tabaci), e muitas vezes os inseticidas químicos tradicionais apresentamse com um controle ineficiente em função da seleção de indivíduos mais tolerantes, que podem ser reflexo do desequilíbrio no agroecossistema. Sendo assim, o presente trabalho objetiva avaliar a eficácia do defensivo biológico Boveril® (Beauveria bassiana), em aplicação única ou em associações com inseticidas químicos para o controle de mosca-branca (B. tabaci).
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É
sabido que durante vários anos, a utilização de agroquímicos trouxe benefícios inquestionáveis para produtividade e qualidade das lavouras. No entanto, as restrições de uso desses produtos devido à alta toxicidade para humanos e organismos não-alvos, além do uso indiscriminado de altas doses e sem rotatividade de mecanismos de ação, levou à mudanças consideráveis nas atitudes das pessoas em relação a utilização dos agroquímicos na agricultura. Esses fatores têm impulsionado a utilização de agentes de controle biológico, seja isoladamente ou integrados a
outras estratégias de manejo, pois são produtos relativamente mais baratos, não contaminam e desequilibram o meio ambiente, além de não deixarem resíduos (DAVIES et al., 1991; HUSSAIN et al., 2011; SINGH et al, 2012). Entende-se por controle biológico a redução da densidade de inóculo ou das atividades do patógeno que determinam uma doença, realizada através de um ou mais organismos que não o homem (COOK & BAKER, 1983). Este tipo de manejo, não corresponde apenas a aplicação em massa de produtos que conte-
nham um agente de controle patogênico, mas se trata de um mecanismo eficiente que busca compreender os modos de ação, produção, formulação e estratégias de aplicação no campo. No que se refere ao manejo de fitonematoides, diversos estudos têm apresentado o Trichoderma spp, Pochonia chlamydosporia e Paecilomyces lilacinus como os principais microrganismos antagonistas destas pragas. Normalmente, esses fungos são saprofíticos, logo, independem da presença de ovos de nematoides no solo para a sua sobrevivência, crescendo satisfatoriamente em matéria orgânica. Em função dessa cara-
Figura 1 - Nas imagens (A) e (B), os cistos foram parasitados pelos esporos de T. longibrachiatum; (C) e (D), os cistos foram parasitados pelo micélio de T. longibrachiatum; (E) e ( F ), cisto sendo deformado pela colonização de T. longibrachiatum
cterística, são mais fáceis de se estabelecerem no solo. O gênero Trichoderma corresponde à fase anamórfica do gênero Hypocrea, pertencente à classe dos fungos Mitospóricos. Este antagonista tem mostrado melhor atuação em patógenos habitantes de solo como, por exemplo, Pythium sp., Fusarium sp., Rhizoctonia sp. e Sclerotium sp., pois como também é um habitante do solo, suas características de antagonismo são melhor expressas neste ambiente (MELO, 1996). Assim, ZHANG, S. et al. (2014) relatam T. longibrachiatum como um agente de biocontrole para o manejo de Heterodera sp. (Figura 1), parasitando diretamente os cistos e, consequentemente a eclosão de juvenis, através dos aumentos de atividade de quitinase extracelular. Em virtude das inúmeras vantagens proporcionadas pelo Trichoderma, atualmente este organismo é o mais estudado no mundo. Dentre as principais características, destaca-se o controle de fitopatógenos e a promoção de crescimento vegetal devido a sua versatilidade de ação, como
parasitismo, antibiose e com- tem um melhor desenvolvipetição, além de atuarem mento. Vale ressaltar, que uma como indutores de resistência característica importante desdas plantas contra doenças. se fungo que o torna um bom Pochonia chlamydosporia é agente de biocontrole, é a proum parasita de ovos dos ne- dução de clamidósporos, esmatoides de cisto (Heterode- truturas de resistência que aura), dos formadores de galhas mentam a sobrevivência em (Meloidogyne ), condições adalém de ser paversas do amrasita do nemabiente, como altoide reniforme tas temperatu( Rotylenchulus ras e pouca umireniformis), podade. Outro fungo de dendo ser apliOutro fungo grande interesse para cado próximo de grande inteutilização no manejo de às raízes de resse para utilifitonematoides é o zação no mauma cultura e esPaecilomyces lilacinus. tabelecer-se no nejo de fitoneEste fungo caracteriza-se solo (KERRY; matoides é o por penetrar os ovos de BOURNE, 2002). Paecilomyces nematoides, destruindo o Desse modo, por lilacinus. Este embrião, podendo exercer fungo caracterimeio da interaforte pressão na ção Pochonia za-se por pecapacidade reprodutiva Hospedeiro, netrar os ovos ocorre um increde nematoidas fêmeas”. mento da biodes, destruinmassa vegetal devido à ação do o embrião, podendo exerdireta do antagonista, tais como cer forte pressão na capacidaa produção de reguladores de de reprodutiva das fêmeas crescimento relacionados com a que são colonizadas e, posteatividade da peroxidase (MON- riormente, mortas (DUNN et al., FORT et al., 2005). 1982). Com o aumento na área de Sua adaptabilidade a uma absorção das raízes, a planta ampla faixa de pH do solo o
“
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torna um organismo competitivo e oportunista com pouca especificidade de hospedeiros em solos agricultáveis. Quando aplicado no solo, o fungo se estabelece, cresce e dissemina-se rapidamente e, em curto período de tempo, coloniza a rizosfera. O processo de infecção de ovos de Meloidogyne spp. por P. lilacinus inicia-se com o crescimento da hifa do fungo sobre a massa de ovos do nematoide. A colonização dos ovos aparenta ocorrer pela simples penetração da parede do ovo por uma hifa individual, auxiliada por atividades mecânicas e/ou enzimáticas (JATALA, 1986). Após a penetração, em curto espaço de tempo, os ovos são completamente colonizados pelo fungo. A maioria das pesquisas aplicadas ao controle biológico de doenças de plantas foi baseada no uso de um único antagonista contra o (s) patógeno (s) alvo (s) (JATALA,
1986; SIDDIQUI; SHAUKAT, 2003; FERRAZ et al., 2010). No entanto, a exemplo do que ocorre nos experimentos de campo e em locais onde o controle biológico permanece naturalmente, é possível que tal evento seja resultado da mistura de antagonistas, muito mais do que uma alta população de apenas um antagonista (SIDDQUI; SHAUKAT, 2003; ROBERTS et al., 2005). Assim, a introdução de uma mistura de antagonistas, como de Trichoderma spp., P. lilacinus e P. chlamydosporia, tende a apresentar maior êxito, aumentando a eficácia e confiabilidade do controle, em função da ampliação do espectro de mecanismos de ação contra o nematoide alvo. Portanto, não podemos pensar em práticas isoladas de controle, mas sim no Manejo Integrado, na busca do melhor equilíbrio entre os nematoides e a produção agrícola.
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Plano Safra destinará R$ 202,88 bilhões para produtores rurais
O Plano Safra 2016/2017 vai disponibilizar R$ 202,88 bilhões para produtores rurais. O valor é 8% maior que o da safra anterior, de R$ 187,7 bilhões. O novo Plano Agrícola e Pecuário foi anunciado no dia 4 de maio, pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, em cerimônia no Palácio do Planalto. “O plano safra, com R$ 202,88 bilhões, é um valor recorde. Quando assumi o Ministério da Agricultura, disse que o Mapa [ministério], teria os olhos voltados para os produtores rurais. Se eles tiverem sucesso na sua atividade, ganha a sociedade brasileira e o nosso Brasil. Sei que as turbulências pelas quais passamos hoje tornam ainda maior o desafio de quebrar recordes”, disse a ministra. Segundo o ministério, um dos destaques do plano é o aumento de 20% dos recursos para custeio e comercialização a juros controlados. A modalidade terá R$ 115,8 bilhões. Os juros foram ajustados sem comprometer a capacidade de pagamento do produtor, com taxas entre 8,5% e 12,75% ao ano, informou o ministério. MAIS DINHEIRO Para os produtores beneficiados pelo Programa de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), os recursos de custeio aumentaram 15,4% e alcançaram R$ 15,7 bilhões, com juros anuais de 8,5%. Os demais recursos do Plano Safra serão disponibilizados para financiamento a taxas de juros livres do mercado. Para o Ministério da Agricultura, o Plano Safra conta com ino-
vações em relação aos anteriores. Na pecuária de corte, a aquisição de animais para recria e engorda deixa de ser considerada investimento e passa para a modalidade de custeio, o que vai proporcionar ao produtor mais recursos na contratação de crédito. Outra novidade é que o Ministério da Agricultura negociou com os bancos a emissão de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) para os produtores a juros contro-
lados. Nos planos anteriores, não havia essa opção. Os juros eram livres e, portanto, menos atrativos ao setor produtivo. O Plano Agrícola e Pecuário
2016/2017 entra em vigor em 1º de julho e se estende até 30 de junho do ano que vem. Agricultura Familiar - Já os
agricultores familiares contarão com R$ 30 bilhões para o financiamento de projetos individuais ou coletivos destinados à produção de alimentos básicos. O va-
lor também foi divulgado pelo governo federal, durante cerimônia de anúncio do Plano Safra da Agricultura Familiar 2016/2017. Ana Cristina Campos - Agência Brasil
Imagens: divulgação
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A soja é uma das principais culturas de verão da produção agrícola brasileira, representando a segunda maior área mundial da oleaginosa, com 24.942.200 ha cultivados na safra 2011/2012 (CONAB, 2012). As doenças da soja representam um importante fator de restrição da produção da soja e o mofo-branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum, é uma das doenças que tem um alto potencial de causar prejuízo não só à soja, mas a várias outras culturas que compõem o sistema de produção (MEYER & CAMPOS, 2009). Essa doença manifesta-se com maior severidade em áreas de clima chuvoso, temperatura amena e alta umidade relativa do ar (MEYER & CAMPOS, 2009; TECNOLOGIAS, 2011). Sua incidência na cultura da soja aumentou consideravelmente nas últimas safras, sendo estimado que cerca de 25% da área de cultivo de soja no Brasil estejam infestados pelo patógeno. O manejo do mofo-branco deve ser realizado através da adoção de medidas que visem a redução do inóculo (escleró-
dios no solo) e/ou redução da taxa de progresso da doença, tais como: utilização de sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas adequados; formação de palhada para cobertura uniforme do solo, preferencialmente oriunda de gramíneas; rotação e/ou sucessão com culturas não hospedeiras; escolha de cultivares com arquitetura de plantas que favoreça uma boa aeração entre plantas (pouco ramificadas e
com folhas pequenas) e com período mais curto de florescimento; população de plantas e espaçamento entrelinhas adequados às cultivares; emprego de controle químico, através de pulverizações foliares de fungicidas principalmente no período de maior vulnerabilidade da planta (início da floração até início da formação de vagens ou frutos); emprego de controle biológico através da infestação do solo com agentes antagonistas; limpeza de máquinas e equipamentos após utilização em área infestada para evitar a disseminação de escleródios. Pesquisas vêm sendo realizadas buscando o desenvolvimento de cultivares de soja resistentes à doença, tanto pelo melhoramento clássico como pela transgenia
(MEYER, 2011; TECNOLOGIAS, 2011). Os recentes trabalhos de pesquisa têm verificado que o controle químico pode ser uma alternativa importante no manejo da doença, desde que seja adotado como uma medida complementar no manejo integrado do mofo-branco (MEYER et al., 2011). Com o objetivo de avaliar a eficácia de fungicidas no controle da doença, foi conduzido um experimento no município de Goianira, Goiás, em colaboração à rede de ensaios cooperativos de controle químico de mofo-branco em soja, safra 2011/2012. Este relatório é fruto da parceria estabelecida entre as empresas Basf, Bayer, Cheminova, Ihara, ISK, Nortox, Nufarm, Sumitomo, Syngenta, Embrapa Soja e Funcredi, apresentando resultados da avaliação da eficiência de controle químico do mofo-branco na cultura da soja em Goianira, Goiás, na safra 2011/2012. METODOLOGIA O ensaio foi realizado em área experimental da Embrapa Arroz e Feijão, na fazenda Palmital em Goianira, GO, coordenadas geográficas S 16° 26' 06,3" e W 49° 24' 02,7", altitude de 738m. Esta área foi infestada artificialmente
com escleródios de S. sclerotiorum para fins de experimentação de manejo de mofo-branco, apresentando cerca de 100 escleródios por m2. Foi utilizada a cultivar MSoy 7908 RR, semeada em 24/11/2011 e colhida em 03/04/2012. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos casualizados, com parcelas de 18 m2 e quatro repetições. As parcelas experimentais foram compostas de seis linhas de 6m, com espaçamento entre linhas de 50 cm. Foram consideradas como parcela útil as duas linhas centrais, despre-
zando-se um metro em cada extremidade (duas linhas de 4m). Os tratamentos estão apresentados na tabela 1 e foram compostos por fungicidas dos grupos dos benzimidazóis, carboxamidas, anilidas e estrobilurinas, além da combinação de um benzimidazol com um extrato vegetal (lignosulfonato). As aplicações foram feitas com pulverizador costal pressurizado com CO2, barra com quatro bicos AVI 110-02, com vazão de 200 L ha-1. Foram realizadas duas, três ou quatro pulverizações, sendo que a primeira aplicação foi realizada sempre em estádio R1 e as demais com intervalos de 10 dias (Tabela 1). Foram realizadas três avaliações de incidência de mofo-branco (R2, R5.1 e R5.5) pela quantificação de plantas infectadas, avaliando-
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-se 80 plantas por parcela (40 plantas marcadas em cada linha da parcela útil). Foi quantificada a massa de escleródios (em g ha-1) obtida na trilha das plantas de cada parcela. Foram também avaliados a produtividade (em kg ha-1) e a massa de grãos (g). Com base nos resultados obtidos, foram calculados os percentuais de controle em função da redução de incidência da doença, o percentual de redução de produtividade da soja e o percentual de redução de produção de escleródios. Os resultados foram analisados pelo teste F e as médias pelo teste de Tukey e Duncan a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa computacional SASM – Agri (Canteri et al., 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve registro de incidência de mofo-branco em estádio R1, momento das primeiras pulverizações, mas havia formação de apotécios na área. As condições climáticas foram favoráveis (Figura 1) e a doença progrediu com o desenvolvimento da cultura, apresentando incidência de 24,4% em R5.1 e de
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34,7% em R5.5 na testemunha sem controle do mofo-branco (Tabela 2). As maiores reduções na incidência da doença foram obser-
vadas nos tratamentos com fluopyram e com dimoxystrobin + boscalid, que apresenta-
ram controle de 80% e 69%, respectivamente (Tabelas 2 e 3). Os melhores resultados de rendimento da soja foram obser-
vados nos tratamentos com dimoxystrobin + boscalid, fluazinam + carbendazim e fluazinam + tiofanato metílico, com produtividades variando de 3647,8 kg ha-1 a 3704,4 kg ha-1. Comparando-se a testemunha
com o tratamento de maior produtividade, a redução no rendimento de grãos chegou a 25% (Tabela 3). Além dos tratamentos com dimoxystrobin + boscalid e fluopyram, os tratamentos com procimidona (isoladamente ou associada acarbendazim) foram mais eficientes na redução de inóculo de S. sclerotiorum, apresentando os maiores índices de redução na produção de escleródios nas plantas, que variaram de 90% a 99%. Em média, a produção de escleródios nestes tratamentos variou de 24,4 g ha-1 a 306,3 g ha-1, ao passo que a testemunha produziu 3618,1 g ha -1 (Tabela 3), quantidade significativamente grande quanto à preservação do patógeno e ao potencial de causar doença no próximo cultivo. Como base nesse artigo a Fundação Chapadão realizou testes recentes no ano de 2016. Confira os resultados.
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A maior engrenagem da vida é formada natural e cientificamente por quatro elementos básicos: terra, fogo, água e ar. Todos eles e muito mais formulações, são responsáveis pela existência dos seres vivos. Tais compostos precisam e devem ser sempre conservados. E o quê isso tem a ver com a nossa
agricultura? TUDO! Sem esses componentes, a humanidade poderá perecer de alimentos básicos, a exemplo da soja, do milho, do arroz, do feijão, do café, do trigo, da cana-de-açúcar, das hortaliças, leguminosas e frutas. Além disso, se não houver pastagem, não haverá pecuária (laticíni-
os e derivados) e por fim, também podemos não ter a produção em escala da piscicultura, além de outras fontes de nutrição. Em resumo, essa é a grande engrenagem que precisamos e devemos preservar. Os efeitos de refletir sobre o ambiente, remetem ao atual cenário do Planeta Terra, das intempéries climá45
ticas e do solo, como um todo. Um breve exemplo é a forma de pensar, de agir e, principalmente, de viver o presente para fazer um futuro melhor. Está tudo interligado no modo que se desenvolve o processo evolutivo do ser. Voltemos rapidamente ao passado. Há milhares de anos, a vegetação natural era a agricultura sustentável do reino animal. A flora sustentava a fauna naturalmente, e vice e versa, recriando um ambiente capaz de nutrir o habitat dos seres. Passado estes longos períodos de transformação das espécies animal e vegetal, os organismos ficaram mais adaptáveis ao processo de evolução. Foram e estão sendo reestruturados molecularmente para um ambiente capaz de suportar as mudanças do planeta. Assim acontece com a agricultura praticada na região oeste da Bahia. Preparar e preservar o solo, que precisa de muita pesquisa para o desenvolvimento das culturas, requer muita força de vontade, confiança e, acima de tudo, determinação. O resultado de todo este empenho, é o impressionante número de aproximadamente 2 milhões de hectares no oeste baiano, cultivados em várias escalas e rotações de culturas, em plena atividade. E o mais importante: este índice mostra o quanto a
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agricultura é eficaz na região. Esse é o resultado dos frutos que a nossa terra oferece, com rendimentos acima da média nacional. Tudo isso acontece, porque existe pesquisa de ponta em campo, custeada e realizada por estudiosos competentes que raramente tem o devido reconhecimento. FALTA DE INCENTIVOS Hoje, a relação espaço/ambiente está se tornando cada vez mais escassa. Os parâmetros de se viver em harmonia com o Planeta Terra, por exemplo, estão se
tornando cada vez mais desafiadores. Efeitos estufa, El Niño e La Niña, entre outros, castigam toda uma cadeia produtiva do país, seja com muita ou pouca chuva. O que podemos fazer para, quem sabe, amenizar as causas de tais catástrofes ambientais? Mais uma vez, a SOLUÇÃO é a PESQUISA!
As pesquisas demandam de tempo e ele, é o único "bem invisível" que não se recicla. Parece que custa muito entender o valor do espaço na Terra. Enquanto isso, a pesquisa é deixada de lado e, quando é apresentada para se poder aplicar, se perde tempo com a burocracia, idas e vindas, para analisar e aprovar resultados óbvios. Se sabe que os processos e análises precisam existir, e isso é inquestionável. O que está em questão é a forma e a agilidade para aprovar as pesquisas. Os frutos da terra não crescem ao acaso. Há tempos os agricultores de micro, médio, pequeno ou grande porte, estão mais conscientes em PRESERVAR O SOLO. A agricultura está utilizando um novo formato para render mais e, ao mesmo tempo, preservar a terra.
Um exemplo básico é o Sistema de Plantio Direto (SPD), utilizado em várias regiões agrícolas do país, porque, além de proteger o solo, os resultados na produção são significativos. E não para por aí: outra atividade cada vez mais utilizada é o sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), que está cada vez mais eficaz, formando corredores de proteção ao ambiente, também denominados de Área de Proteção Ambiental (APA). Em grande escala para a produção dos alimentos básicos, é necessário anos de estudos, pesquisas e investimentos. Além disso, é fundamental a cooperação de profissionais corajosos e engajados no incansável trabalho para prevenir a escassez dos alimentos. 47
DIA DA TERRA O Dia Internacional da Terra, data comemorada todos os anos em 22 de abril, começou com um momento histórico. No dia do aniversário da terra, mandatários e representantes de 171 países estiveram reunidos na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), para assinar o Acordo de Paris sobre a Mudança do Clima. Começando com um discurso do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o encontro entre nações teve como objetivo a ratificação do documento que foi criado com base na reunião internacional sobre o clima que aconteceu na capital francesa em dezembro do ano passado. No acor-
do, a principal meta apresentada é a de limitar o aumento da temperatura global em menos de 2°C. "É uma corrida contra o tempo, a janela para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C e, ainda mais importante, abaixo de 1,5°C, está se fechando rapidamente", afirmou o secretário em seu discurso de abertura da cerimônia. "São 171 os países que estão aqui para ratificar. Estamos alcançando um recorde nesta sala, mas também fora, sobre as temperaturas globais, sobre o derretimento das geleiras e sobre o nível de gás carbônico na atmos-
fera. Por isso, peço a todas as nações que assinem rapidamente o Acordo de Paris, de modo que este possa entrar em vigor o mais rápido possível", concluiu. Além disso, o Dia da Terra, data que surgiu em 1969 nos Estados Unidos e que se difundiu para mais de 190 países, tem como tema as árvores e a sua importância, tanto para o meioambiente e para ecossistemas de milhões de espécies de animais, como também para a qualidade do ar e para o controle do aumento das temperaturas. Por isso, nesta 46ª edição, será o dia do "Árvores para a Terra" e que é marcado pelo objetivo de plantar 7,8 bilhões de árvores em todo o planeta para comemorar o 50° aniversário da data, que ocorrerá em 2020. Ascom PAS
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O prolongamento da crise econômica, causada também pelas turbulências no campo político, tem influenciado, nas últimas safras, as perspectivas para o setor produtivo do trigo. Além do enfrentamento da seca, no Nordeste, e de outros problemas climáticos, em outras regiões, que ameaçam a produtividade e os preços dos grãos, a falta de investimentos para a pesquisa no setor rural também impacta o futuro da triticultura nacional. Os contingenciamentos no orçamento federal, com impactos em programas importantes, subsidiados pelo setor público, são também fatores que influenciam o desempenho dessa lavoura. Os cortes de R$ 340 milhões no seguro r ural, por exemplo, indicam que haverá menos recursos para proteger a safra do trigo, das variações
climáticas, ao longo deste ano. Não à toa, espera-se uma área cultivada menor. E por que isso acontece? Pela falta de uma política consistente em defesa da auto-suficiência. O Brasil é hoje o maior importador mundial de trigo. Na safra 2016/17, projeções feitas por consultorias especializadas apontam que a área plantada com trigo poderá diminuir em aproximadamente 9,5%, ou seja, passará de 2.446,6 mil hectares para 2.212,3 mil hectares. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera uma safra recorde de grãos, de 209 milhões de toneladas, mas há dúvidas sobre as perspectivas das culturas de
inverno, especialmente do trigo. Alguns fatores explicam essa nebulosa tendência e são velhos conhecidos: riscos climáticos, preço, liquidez e produtividade. São variáveis que, no atual contexto de crise, ampliam a desconfiança sobre as perspectivas do setor. Cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que a produção do trigo, de alto risco, apresentou nas últimas duas safras quebra de produtividade e diminuição da qualidade do produto. No Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no país, a quebra na última safra foi supe-
rior a 50%, segundo dados da Emater-RS/Ascar. A situação do trigo no mercado internacional também tem influenciado muito a decisão dos agricultores brasileiros sobre apostar ou não nessa cultura. Muitos acreditam, no entanto, que os agricultores dispondo de tecnologia poderão ampliar as chances de melhores perspectivas no setor, apesar das incertezas. É sabido, por exemplo, que a elevada taxa de câmbio tem compensado, em parte, as baixas cotações das commodities, no mercado
internacional, com reflexos positivos no mercado interno do Brasil, ainda dependente da importação de trigo. Esse câmbio tem contribuído para o aumento da inflação devido o preço maior do pão, massas e biscoitos. Apesar dos estoques mundiais de trigo estarem nos maiores níveis históricos dos últimos 13 anos-safras e da Argentina apresentar tendência de maior competitividade no mercado externo, os preços atuais do cereal estão maiores que os pre-
ços de um ano atrás e a liquidez maior que nos últimos três ou quatro anos. Por isso, a sensibilidade e a competência dos agricultores brasileiros, os maiores protagonistas do elevado grau de competitividade do agronegócio nacional, que definirão, como sempre, quão bem sucedida e eficiente serão essa empreitada, mesmo em tempos de crise. * Senadora (PP-RS), presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal
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A adubação verde tem sido considerada uma das práticas mais eficientes e das mais viáveis do ponto de vista prático, na tentativa de manter ou até mesmo aumentar, os teores de matéria orgânica dos solos. Na atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando a proteção superficial, bem como a manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, inclusive a profundidades significativas, ou seja, em torno de 1,0 m. Eventualmente, partes das plantas utilizadas como adubos verdes podem ter outras destinações como, por exemplo, produção de sementes, fibras, alimentação animal etc. (Calegari et al., 1993). Dentre as espécies utilizadas na adubação verde, destaca-se a Crotalária spectabilis, leguminosa anual, de crescimento inicial lento. Possui raiz pivotante profunda, podendo romper camadas compactadas. É uma planta subarbustiva, de porte médio (0,60 m a 1,50 m) e ramificada. É de clima tropical e subtropical, apresentando bom comportamento nos diferentes tipos de textura de solo, inclusive nos solos relativamente pobres em fósforo. Também é bastante efetiva no impedimento da multiplicação das populações de nematoides. É a espécie mais tóxica de crotalária, só ingerida pelos animais na falta de outras forrageiras. Possui a substância monocrotalina, de efeito hepatotóxico. Apresenta limitações na produção de sementes devido ao ataque de lagartadas-vagens e à reduzida taxa de polinização cruzada (EMBRAPA, 2001). Nas regiões de cerrado, especialmente no oeste baiano, onde a principal limitação de cultivo é a falta de água nos períodos secos, a cultura da crotalária pode ser implantada de diferentes formas. A primeira seria durante a safra de verão, pois seria a melhor forma para a produção sementes e de biomassa. Porém, o produtor teria que abrir mão de uma cultura mais rentável como a soja. Outra forma seria em consórcio com milho. Esse sistema possui muitos benefícios, tanto para o milho quan-
to para as culturas subseqüentes. Porém, a área cultivada com milho na região ainda é pequena e apresenta diminuição a cada ano devido aos custos do milho serem cada vez mais altos. A terceira opção seria o plantio após a colheita da soja. Essa seria uma alternativa interessante, visto que a crotalária possui tolerância a seca e o produtor não teria que abrir mão de uma safra de soja no verão. Uma dificuldade encontrada pelos produtores nessa última opção, é o controle de soja tiguera na cultura da crotalária, já que a crotalária é semeada logo após a colheita da soja, objetivando aproveitar ao máximo as chuvas. Com o objetivo solucionar o problema da soja tiguera na cultura da crotalária, foi conduzido um experimento com duas doses do herbicida 2,4D aplicados na pré-emergência da cultura. METODOLOGIA O ensaio foi conduzido na área de pesquisas da Inovação Agrícola na fazenda Copacel, localizada no município de Barreiras (BA) na região de Placas, de propriedade do produtor Vito Riedi. A localização apresenta 844m de altitude, com latitude de 11º47’34,7” S e longitude de 46º13’21,4” W. O clima é classificado como Aw na classificação de KöppenGeiger, com temperaturas médias anuais de 24ºC, e precipitação média anual de 1.200 mm, distribuídos entre os
meses de novembro e abril, com período seco bem definido entre maio e setembro. Contou com três tratamentos, sendo T1: Testemunha Glifosato 480g (3,0 l/ha), T2: Glifosato 480g (3,0 l/ha) + 2,4-D (1,0 l/ha) e T3: Glifosato 480g (3,0 l/ha) + 2,4-D (1,5 l/ ha). Todos aplicados no sistema plante aplique. Para representar a soja tiguera que nasce devido as perdas na colheita, foi semeado a lanço 120 kg/ha de sementes de soja (2 sacos/ha). A crotalária foi semeada logo após no espaçamento de 0,3 m utilizando-se 15 kg/ha de sementes. Após a semeadura da soja e o plantio da crotalária, foram realizadas as aplicações dos herbicidas. A implantação do experimento foi realizada no dia 03/12/15, no solo que apresenta em média 18% de argila. As parcelas foram constituídas de 3 m de largura (10 linhas) por 10 m de comprimento.
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Figura 1 - 2,4-D (1,5L/ha)
RESULTADOS No dia 14/12/15, aos 11 dias após o plantio foi realizada avaliação do stand da crotalária (GRÁFICO 1) e emergência de plantas de soja tiguera (GRÁFICO 2). De acordo com o gráfico 1 podemos observar que a aplicação de 2,4-D não afetou a germinação da cultura da crotalária, visto que o número de plantas emergidas entre os tratamentos que receberam a aplicação de 2,4-D e a testemunha não apresentaram diferenças. No gráfico 2 podemos observar que a aplicação de 2,4-D reduziu significativamente a emergência de plantas de soja, na aplicação de 2,4-D a 1,0L/ha a redução foi de 71,4% e na dose de 1,5L/ha a redução foi de 78,6%. Nota-se que onde foi aplicado o 2,4-D as plantas de soja que conseguiram emergir apresentaram forte injúria do produto. O controle de soja tiguera foi satisfatório, mostrando uma grande redução na emergência das plantas. CONCLUSÕES Portanto para a espécie de Crotalária spectabilis a dose de 1,5L/ha de 2,4-D foi eficiente no controle de plantas voluntárias de soja no sistema plante aplique, controlando as tigueras de soja e não interferindo no desenvolvimento da crotalária.
Figura 2 - Testemunha
Figura 3 - Injúria do 2,4-D
Gráfico 1 - Stand da crotalária
Gráfico 2 - Nº de plantas de soja emergidas por m²
São necessários mais estudos para mostrar se o 2,4-D não irá interferir na produção de sementes e biomassa da crotalária, apesar disso alguns produtores já adotaram esse manejo
em áreas comerciais e estão obtendo bons resultados. * Engenheiro agrônomo, sócio proprietário da SINGER, PESQUISAS E SERVIÇOS AGRONÔMICOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALEGARI, A.; MONDARDO, A.; BULISANI, E.A.; WILDdaninhas em diferentes densidades populacionais deNER, L.P. do; COSTA, M.B.B. da; ALCÂNTARA, P.B.; leguminosas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, MIYASAKA, S. & AMADO, T.J.C. Adubação verde no sul Brasília,v.34, n.9, p.1593-1600, 1999. do Brasil. Rio de Janeiro, AS- PTA, 2a ed., 1993,346p. Circular Técnica 19, Embrapa Tabuleiros Costeiros. FERNANDES, M.F.; BARRETO, A.C. & EMÍDIO FILHO, Dezembro 2001. Aracaju - SE. htttp:\\www. J.Fitomassa de adubos verdes e controle de plantas cpatc.embrapa.br
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A lavoura de soja para altos rendimentos exige conhecimento e práticas culturais aplicadas, seguindo a lógica de desenvolvimento da planta e os princípios básicos da fisiologia vegetal. O potencial da lavoura de soja é definido pela eficiência na interceptação da energia solar e na relação de menor volume de palha para máxima produção de grãos. O excesso de folhas, ou de plantas, determina a incapacidade do dossel inferior interceptar radiação solar, reduzindo a fotossíntese líquida e a produção de grãos. As lavouras de alto rendimento produzem pouca palha. Por outro lado, o solo necessita de matéria orgânica para garantir os processos da fertilidade. Assim, para estabelecer metas de aumento na produção é necessário entender a lógica da planta e os processos da fertilidade do solo. A eficiência está nos processos que aumentam a produção de grãos de soja, com a menor quantidade de palha e a manutenção da matéria orgânica no solo, combinado com a cobertura permanente da terra, no período entre as safras. Nesse trabalho serão apresentadas algumas características biológicas da planta de soja e de formação dos componentes de rendimento em lavouras planejadas para altos rendimentos. OS COMPONENTES DO RENDIMENTO Os períodos de germinação (7 dias), de estabelecimento das plantas (15 dias), produção de folhas (30 dias), floração (30 dias) e enchimento de grãos (20 dias) são relativamente cur-
tos. Eventuais erros de manejo ou estresses não têm possibilidade de correção posterior. Nessas fases são definidos os três principais componentes do rendimento: o número de rácemos/m2 , o número de legumes e grãos/rácemo e o peso de mil grãos. A inflorescência da soja é do tipo rácemo ou cacho. Equivalente à inflorescência de outras culturas como a panícula em arroz, o capítulo em girassol ou a espiga em trigo e milho. O rácemo tem um eixo, denominado de ráquis, com pedicelos e flores que abrem sucessivamente, conforme o crescimento da planta. O número de rácemos/ m2 , com grãos e folhas sadias funcionais, até o fim da fase de maturação, define o principal componente de rendimento da lavoura de soja. Cada rácemo produz até 25 flores, das quais a planta retém dois a quatro legumes, para formar em torno de 1,5 g de massa, equivalente a nove grãos. O número de grãos produzidos nos legumes de cada rácemo é o segundo componente mais importante do rendimento da lavoura. Ele é definido com base na área foliar do nó correspondente, exposta à radiação solar. A arquitetura da planta e a disposição das folhas definem a eficiência na geração de fotossínte-
se líquida. O peso de mil grãos ou a massa de grãos é o terceiro componente do rendimento.Varia entre 100 g e 220 g e é definido por características genéticas, pelo índice de área foliar e a fotossíntese líquida (diferença entre a fotossíntese bruta – respiração). O enchimento pleno de grãos (R6) é resultado de folhas sadias e funcionais até a fase de maturação. As doenças de fim de ciclo e as pragas desfolhadoras afetam, diretamente, o peso de grãos. O ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR E O ENCHIMENTO DE GRÃOS A área foliar é a soma das superfícies de um lado da folha e o índice é a relação com a área de solo abaixo das plantas. A superfície de área foliar sadia e funcional determina a interceptação da radiação solar e a troca de gases e de energias entre a planta e o ambiente. Assim, para entender a lógica do potencial de produção da lavoura é necessário medir o índice de área foliar e compreender a importância da fotossíntese líquida na produção de grãos. O ramo principal de uma planta de soja tem aproximadamente 16 nós e alguns ramos laterais. A semeadura, com espaçamento de 50 cm entre linhas e populações de dez plantas por metro de fileira (20 plantas/m2 ), produz aproximadamente 400 rácemos/m2 . Para isso, cada planta deve ter 20 nós, com rácemo e folha. Cada folha com 100 cm2 de área foliar, multiplicado por 400 rácemos resulta em 40.000 cm2 (4 m2 ) de área foliar em 1 m2 de superfície do solo, resultando no IAF 4:1.
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Produção de soja - Brasil/2015
A fotossíntese é a transformação da energia luminosa em energia química, com o acúmulo do excedente em biomassa (fotossíntese líquida). O “custo” da respiração da planta de soja corresponde a 46% da energia química produzida pela fotossíntese bruta. Portanto, para gerar fotossíntese líquida é necessário ter as folhas posicionadas para interceptar a radiação solar incidente na área. A relação considerada ideal é de aproximadamente 4 m2 de área foliar para 1 m2 de superfície de solo. Na fase de formação de legumes (R3-R4) ocorre o ajuste entre folhas funcionais e o número de rácemos com legumes. Cada rácemo de soja necessita de aproximadamente 100 cm2 de área foliar efetiva para produzir em torno de 1,5 g de grãos (nove grãos). Com base em 400 rácemos produzindo 1,5 g, chega-se ao resultado de 600 g/m 2 ou 6 t/ ha. A definição do número de rácemos produtivos inicia na fase de crescimento vegetativo. A planta ajusta e mantém as folhas ativas, de acordo com a arquitetura das plantas de cada cultivar e com a distribuição espacial (espaçamento e densidade), que é determinada na semeadura. As folhas que não recebem radiação solar serão eliminadas pela própria planta e o nó correspondente não terá legumes. Na fase reprodutiva, depois do ajuste da área foliar, com a manutenção das folhas funcionais, desenvolvem a ferrugem e as doenças de final de ciclo e oídio, podendo causar rápida redução de área foliar. Como consequência, determinará perdas irreversíveis no processo de enchimento de grãos. Para tomar decisões sobre a população ideal de plantas de cada cultivar e sobre a proteção contra pragas e doenças de soja, é necessário entender a lógica da
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Campeões de produção de soja 2014/15 - Concurso Cesb
retenção de rácemos com legumes e estabelecer a relação com o índice de área foliar funcional. MEDIR A ÁREA FOLIAR DE SOJA 1 – Escolher plantas de tamanho representativo. 2 – Contar o número de folhas (com três folíolos). Compensar de tal forma que aproxima ao tamanho das folhas médias. 3 – Medir (comprimento x largura) o tamanho dos três folíolos (representativos para a planta). Descontar em torno de 30% da área por causa da forma ovoide. Por exemplo: um folíolo com tamanho de 10 cm x 7 cm = 70 cm2 . Descontar 30%: 49 cm2 de área foliar efetiva. A folha completa, com três folíolos terá 147 cm2 . 4 – Contar o número de folhas por planta e o número de plantas por m2 . Por exemplo: uma planta com 12 folhas terá 1.764 cm2 . A população de 23 plantas/
m², terá 40.572 cm² (23 x 1764 : 40.572). Cada m2 tem dez mil cm2 de área. A soja do exemplo calculado apresenta 4,0 m2 de área foliar para cada m2 de área de solo. O índice de área foliar será de 4,0:1. A NECESSIDADE DE ÁGUA As plantas produzem biomassa através da fotossíntese e necessitam de grandes quantidades de água na transpiração, no transporte de nutrientes e nos processos fisiológicos. Para produzir um quilograma de grãos, as plantas de soja necessitam de aproximadamente mil litros de água. Assim, para cada tonelada de grãos/ha são necessários, aproximadamente, 100 mm de água (um milhão de litros/ha ou um megalitro/ha), no solo, disponíveis para as plantas. As precipitações médias anuais no Brasil variam em torno de 1.800 mm, equivalente a 1,8 m de lâmina de água, com
chuvas distribuídas em todos os meses do ano. Essa quantidade de chuva é 2,5 vezes maior que a constatada nas regiões de produção de soja da Argentina e dos Estados Unidos da América. Com a abundância de chuvas, o agricultor brasileiro acostumou-se a produzir 3 t/ha, sem preocupar-se com a quantidade de água disponível no solo. Diferentemente, os agricultores argentinos, norte-americanos, europeus, chineses e australianos estão sempre discutindo as questões relacionadas com água no solo, o que os levou a adotar plantio direto, a cobertura vegetal de solo e reduzir o tráfego de máquinas. Em geral, a relação estabelecida pelos agricultores e os sistemas formais de comunicação da meteorologia indica as quantidades de chuva como referência para condições favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento das culturas. Entretanto, para a planta, importa a disponibilidade de água no solo, necessária para a transpira- ção, os processos de extração de nutrientes e o metabolismo dos processos fisiológicos. No Brasil, a conversa entre agricultores começa com a previsão de chuvas, enquanto a dos agricultores de outros países tem início com a umidade disponível no solo, uma percepção diferente. O desafio de produzir 8,5 t/ha (CESB) exige mudanças nas práticas de manejo, melhor estrutura física do solo, para reter água de chuvas e nitrogênio do ar. Também demanda a compreensão clara da lógica da planta e dos componentes que determinam o rendimento de grãos. Sem medir, registrar e calcular as relações entre a formação dos componentes de rendimento, a necessidade de água, de sais e de elementos minerais, é impossível melhorar processos e tomar decisões de manejo para aumentar a rentabilidade da lavoura de soja. A composição do volume de solo tem aproximadamente 50% de sólidos e 50% de porosidade. Os macroporos armazenam ar e formam os caminhos para infiltração de água. Os microporos (até 0,5 mm) armazenam e retêm a água disponível para as raízes das plantas. Estudos realizados em diversos solos agrícolas do Brasil indicam que aproximadamente 11% do volume do solo é de microporos, com orifícios de até 0,5 mm de diâmetro. Na camada em que a soja desenvolve raízes, o solo armazena em torno de 40 mm de água disponível para as plantas. Com base na necessidade de 5 mm a 9 mm de água diariamente, na fase reprodutiva da soja, chega-se à conclusão que a lavoura necessita em torno de 40 mm
Fileira de soja com 16 plantas por metro, 13 com espaçamento menor do que 2 cm e duas falhas. O adensamento de plantas evidencia a dificuldade de proteção das camadas de área foliar contra doenças e pragas
Fileira de soja com produção elevada, falhas e perdas de legumes, hastes e grãos no terço inferior do dossel da planta
todas as semanas. A construção de microporos no solo, para reter água, ocorre com as raízes de plantas, que produzem grande volume de exsudados e formam glomalina no ambiente da rizosfera. Essa glomalina, que adere e estrutura o solo no ambiente ocupado pelas raízes, desempenha funções de defesa contra patógenos, estabelece relações químicas para extração de nutrientes e, principalmente, relações com microrganismos, associados com cada espécie de planta. Como princípio, as raízes nunca compactam o solo, ao contrário, constroem estrutura, que permite o desenvolvimento de sistema radicular de outras plantas em sucessão.
O passeio de máquinas e o uso de equipamentos como grades, arados e escarificadores são os principais fatores de desestruturação, de compactação e de redução de poros de retenção de água no solo. A compactação superficial causada pelas rodas de máquinas pode reduzir em 90% a infiltração de água. O prejuízo causado pelo passeio de máquinas levou os agricultores da Austrália a adotar o controle de tráfego em lavouras, para maior eficiência na armazenagem e oferta de água para as plantas. Muitos destes produtores afirmam: “depois do plantio direto, a evolução mais importante nas lavouras está na adoção
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de controle de tráfego para maior eficiência na armazenagem de água”. A produção de raízes é a principal estratégia de manejo para melhorar a estrutura de solos e aumentar a capacidade de armazenar água disponível para as plantas, no sistema de produção de grãos. Os solos de lavouras de soja de alto rendimento apresentam os processos químicos, físicos e biológicos equilibrados. Para melhorar essas características é necessário praticar a cobertura permanente do solo (sistema colher e plantar) e a adubação de sistemas de produção. Ou seja, adubar a adubação verde, produzir mais raízes e manter a superfície do solo, sempre, coberta por palha e vegetação. NUTRIÇÃO DA PLANTA A composição aproximada da biomassa seca das plantas é 50% de carbono, 40% de hidrogênio e oxigênio e 6% a 12% de sais e elementos minerais. É importante considerar que o carbono, o hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio fazem parte de ciclos gasosos. Ou seja, na combustão da biomassa ou na decomposição biológica até a mineralização do material orgânico, esses elementos serão liberados como gases para a atmosfera. Esses quatro elementos compõem mais de 90% da matéria seca vegetal, fazem parte de ciclos gasosos, não são armazenados no solo, necessitam ser ciclados, continuamente nos processos de fotossínteses e de fixação biológica de nutrientes no solo. Conclui-se que o manejo de solos para altos rendimentos necessita de cobertura permanente, com intensa atividade biológica vegetal. A nutrição de plantas com sais e elementos minerais necessita ser planejada para todos os elementos (macro e micronutrientes), incluindo ambiente para ar e água no solo. A composição de grãos tem quantidades constantes de sais, elementos minerais e substâncias orgânicas. Para aumentar a produção de 3 t/ha, para 6 t/ ha é necessário ofertar nutrientes de forma proporcional e equilibrada, considerando todos os sais e elementos minerais, além da água e do ar no solo. Na composição de 6 t de grãos há 360 kg de nitrogênio e, aproximadamente, 120 kg desse elemento na composição da palha e raízes. Contendo 40% de proteína nos grãos (em torno de quatro vezes mais que em milho, arroz ou trigo), o nitrogênio, o enxofre e o molibdênio devem ser destacados no manejo da soja. O potássio e o fósforo são
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absorvidos pela planta como elemento K e P e não como K2 O e P2 O5 , como aparece nas fórmulas de fertilizantes. Na composição de 6 t de grãos de soja há 113 kg de K, 33 kg de P e 18 kg de S. Chama a atenção o teor de enxofre nos grãos, além da sua importância nos metabolismos de fixação biológica e de síntese de proteína. Na composição comercial de fertilizantes, o K2 O contém 83% de K e o P2 O5 , 44% de P. Na composição de seis toneladas de grãos de soja são extraídos da lavoura, em torno 450 kg de uma fórmula de fertilizantes contendo 17% de P2 O5 e 30% de K2 O. Com base nesses cálculos o agricultor necessita manejar a lavoura, ofertando os nutrientes necessários para sustentar altos rendimentos de grãos. Todos os 16 ou 18 macro e micronutrientes necessitam estar disponíveis para as plantas, na proporção das metas de produção planejadas para a lavoura. O NITROGÊNIO E O RIZÓBIO Em soja, o nitrogênio necessita de uma avaliação diferente de outras culturas, pelo elevado teor de proteína no grão e pela simbiose entre a planta e os organismos de fixação biológica de nutrientes. Os nódulos produzidos por bactérias fixadoras biológicas de nitrogênio devem estar estabelecidos e visíveis a partir da primeira folha trifoliolada da soja. Em termos gerais, a planta chega nessa fase aos 15 a 20 dias, depois da semeadura. O teor de proteínas no grão de soja é de aproximadamente 40%, que contém 16% de nitrogênio. A fixação biológica de N envolve as bactérias do gênero Bradyrhizobium e outros elementos químicos como o enxofre, o fósforo, o molibdênio e o cobalto. A produção de seis toneladas de grãos contém quase 2.400 kg de proteína e o con-
sumo de nitrogênio pelas plantas chega a 480 kg. Rendimentos elevados de soja necessitam disponibilizar a quantidade de nitrogênio para as plantas e o estabelecimento de Bradyrhizobium é fundamental para a produção econômica de soja. A COBERTURA PERMANENTE DO SOLO O plantio direto está entre os eventos mais importantes da evolução da agricultura, iniciada com a adoção do arado e seguida da mecanização e da revolução verde. Certamente o plantio direto teve o maior impacto na sustentabilidade, destacando a ciclagem da água, de carbono e de nitrogênio, aumentando a produção e reduzindo os impactos negativos da agricultura convencional. Entre as dificuldades do plantio direto está a falta de compreensão dos ciclos de carbono, de água e de nitrogênio, que são completamente interdependentes. Assim, pode-se afirmar que a evolução depois do plantio direto está na adoção da prática de cobertura permanente do solo. Além de fortalecer os processos físicos, químicos e biológicos da fertilidade de solo, a cobertura vegetal é prática imprescindível no manejo de plantas daninhas resistentes a herbicidas e na supressão de populações de pragas e de patógenos de plantas. A soja de alto rendimento produz pouca palha, enquanto a necessidade do solo para melhorar os processos da fertilidade necessita aumentar os teores de carbono, nitrogênio e água. O desafio está em melhorar a estrutura do solo para facilitar a armazenagem de água e ofertar ar para a fixação biológica de nitrogênio e para a respiração das raízes.
CULTIVARES, POPULAÇÃO E ÉPOCA DE SEMEADURA O modelo de plantas RR desenvolvido pelo melhoramento genético de soja na Argentina determinou mudanças profundas nas práticas de manejo e no aumento da produção. No passado, o uso de herbicidas com efeito negativo no desenvolvimento de raízes e na fitotoxicidade severa de herbicidas pós-emergentes, determinava estresse nas plantas, resultando na seleção natural de cultivares de ciclo médio e tardio, com a colheita de abril a maio. As cultivares de soja com gene RR deixaram de sofrer o impacto negativo de herbicidas residuais e pós-emergentes, viabilizando o uso de cultivares com ciclo precoce, semeadas mais cedo e enchendo grãos em janeiro, quando há maior intensidade de radiação solar. Na Argentina os melhoristas de soja concentraram os esforços em cultivares de ciclo curto, de tamanho menor, hábito de crescimento indeterminado e menor sensibilidade a fotoperíodo para início de floração. Essa combinação resultou em arquitetura diferente de plantas, populações reduzidas, semeadura mais cedo e colheita antecipada. O início da semeadura foi antecipado de novembro para fim de outubro, com o enchimento de grãos em janeiro e fevereiro e a colheita em março. A soja RR permitiu antecipar um mês a colheita da soja, com maior eficiência de aproveitamento da energia solar para o enchimento de grãos. Essa antecipação na colheita permitiu estabelecer a segunda safra de verão (safrinha) com maior produção de grãos. CARACTERÍSTICAS DE CULTIVARES DE SOJA Com base nos trabalhos de Héctor Baigorri, Emídio Bonato e outros pesquisadores em manejo de soja, entre os aspectos que devem ser considerados na escolha de cultivares destacam-se o tempo de duração do ciclo, a juvenilidade e o hábito de crescimento (HC). Essas características determinam o desenvolvimento e o crescimento das cultivares e isso, por sua vez, tem forte influência na definição do zoneamento por cultivar e nas estratégias de manejo (data de semeadura, espaçamento e densidade) mais adequadas para elevados rendimentos. Por causa da resposta da soja ao fotoperíodo, as mudanças de faixa de latitude modificam o tempo de duração do ciclo
de cada cultivar. À medida que se aumenta a latitude (do Norte para o Sul) as cultivares aumentam o ciclo. No hemisfério sul, cada cultivar tem umafaixa de latitude, na qual, de acordo com o ciclo, se considera, por exemplo, como de ciclo médio; ao Norte dessa faixa se comporta como ciclo curto e ao Sul como ciclo longo. Isso determina que para cada região, e de acordo com a latitude, existam cultivares adaptadas com uma amplitude (faixa) de longevidade, que funcionam como ciclo curto, médio ou longo. Deve-se destacar que na mesma latitude, as diferenças de altitude acima do nível do mar (ASNM) modificam a fenologia da soja, porque muda o regime térmico. Com maior altitude, a temperatura reduz e aumenta o tempo do ciclo da cultura. Com o aumento da altitude se pode semear cultivar do mesmo ciclo, mais ao Norte do que o recomendado pela latitude normal. Grupos de maturação menores nas regiões de maior altitude. A mesma cultivar pode apresentar diferente comportamento em diferentes latitudes, de acordo com a longevidade do ciclo (curto, médio e longo) em que estiver incluída. Independentemente da latitude e em função da longevidade do ciclo, as cultivares apresentam os seguintes requerimento e características: As cultivares de ciclo curto requerem maior população de plantas, melhor distribuição espacial dessa população e exigem solos férteis com menores limitações físico- -químicas e
maior atenção com o controle de pragas e plantas daninhas. Apresentam as características de menor acamamento, maior rendimento em condições de alta fertilidade e oferta hídrica, maior possibilidade de escape de alguns problemas sanitários (exemplo: ferrugem da soja), menor qualidade de semente devido à maior temperatura ambiente durante a maturação e desocupam antes a lavoura. As cultivares de ciclo médio, em relação às de ciclo curto, requerem menor população de plantas e solos menos férteis ou com limitações físico-químicas, para reduzir seu crescimento. Apresentam as características de maior plasticidade (amplitude) na data de semeadura, com mesmo hábito de crescimento, maior estabilidade de rendimento, por atrasar o enchimento de grãos até o período com menor probabilidade de ocorrência de estresse hídrico, maior tolerância a erros no controle de pragas e plantas daninhas, maior tendência ao acamamento, especialmente em safras com boa oferta hídrica nas semeaduras, no mês de novembro, maior predisposição para a ocorrência e severidade de doenças, como as de fim de ciclo, e melhor qualidade de sementes. As cultivares de ciclo longo, em relação as de ciclo curto e médio, requerem menor população de plantas (ciclo longo e maior crescimento vegetativo) e solos mais fracos, com maiores limitações físico-quí- micos e regiões de estiagens. Apresentam as características de maior suscetibilidade ao acamamento. São as
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cultivares que mais manifestam essas características em safras com boa disponibilidade de água, especialmente, em semeaduras de novembro e início de dezembro. Apresentam maior tolerância a erros no controle de pragas e plantas daninhas, melhor comportamento em solos com limitações físicas e/ou quí- micas e maior competição com plantas daninhas, pelo maior crescimento, e melhor comportamento diante de deficiências no manejo do cultivo. GRUPOS DE MATURAÇÃO Ao iniciar a produção extensiva de soja nos Estados Unidos, os pesquisadores agruparam as cultivares de acordo com o tempo do ciclo e denominaram de grupos de maturação (GM). Inicialmente foram definidos oito grupos de maturação (GM I a GM VIII) e com a incorporação de genótipos de ciclo mais cur to, no banco de germoplasma, se criou o GM 0, depois o GM 00 e finalmente o GM 000. Da mesma forma foram incorporadas cultivares de ciclo mais longo e se criaram os GM IX e, finalmente, o GM X. Atualmente estão definidos 13 GM, as cultivares de ciclo com menor período são do GM 000 e as de maior longevidade do GM X. JUVENILIDADE Nas regiões situadas em latitudes baixas (entre os trópicos e o equador), as cultivares de soja de todos os GM, inclusive os de ciclo maior (GM X), são induzidas fotoperiodicamente, florescendo com pouca altura, especialmente as cultivares com hábito de crescimento determinado. Felizmente se dispõe de uma característica genética denominada de juvenilidade, que atrasa o início da floração, permitindo aumentar a altura ou o crescimento da cultivar. A juvenilidade, além de possibilitar crescimento vegetativo adequado em zonas tropicais, permite que essas cultivares tenham a característica de maior plasticidade, ampliando o tempo de época de semeadura e aumentando o espectro de latitude com boa adaptação. No hemisfério Sul, as cultivares com juvenilidade
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podem ser semeadas mais ao Norte e em época de semeadura mais cedo do que as cultivares da mesma longevidade de ciclo e HC, que não possuem essa característica. Usando o conhecimento disponível, os melhoristas podem selecionar a demora no início da floração e o tempo de ciclo que quiserem incorporar nas suas cultivares. HÁBITO DE CRESCIMENTO A cultivar de soja é agrupada em três hábitos de crescimento (HC): determinado, semideterminado e indeterminado. Quando se comparam cultivares com o mesmo ciclo, porém com HC diferente, as com HC indeterminado serão mais altas que as semideterminadas e essas,
mais altas que as determinadas. O HC das cultivares é da maior importância para as datas de semeaduras anteriores a novembro, denominadas do cedo ou de primavera. Isso porque essas épocas de semeadura aumentam (magnificam) as diferenças em altura das cultivares com os três HC, quando se comparam cultivares do mesmo ciclo. Essas diferenças são maiores, quanto mais cedo por semeado e mais curto for o GM das cultivares. O melhoramento genético, em geral, tem selecionado HC indeterminado nos GM IV e mais curtos e nos GM V e maiores, o HC determinado. A seleção de HC indeterminado nas cultivares de GM 000 a GM IV se deve à semeadura em latitudes maiores, onde há
curto período de verão e maior risco de geada no fim do ciclo, obrigando a reduzir o ciclo. O HC indeterminado permite manter a duração das etapas reprodutivas, ao adiantar seu início, com importante sobreposição nas etapas vegetativas (florescendo e crescendo), contribuindo com o aumento no crescimento em altura. Algumas cultivares com HC indeterminado podem produzir mais seis a oito nós com folhas, depois do florescimento. As cultivares com HC determinado dos GM 000 a GM IV apresentam crescimento em altura insuficiente, em regiões de clima normal e seco. Somente são recomendadas para ambientes e solos de alta qualidade, pela menor tendência de acamamento. Por outro lado, as cultivares dos GM V ao GM IX dispõem de períodos de crescimento maiores, nas latitudes nas quais estão adaptadas. Como consequência, estas cultivares começam a floração com o crescimento adiantado em altura. Se o crescimento do caule principal continuasse depois da floração, aumentaria o risco de acamamento. Nos últimos anos o melhoramento genético mudou essa tendência de HC determinado, nos GM IV ao GM VII. Nos Estados Unidos se obtiveram cultivares com HC determinado e semideterminado nos GM IV, para ambientes de alta produtividade. Na Argentina, cultivares com HC semideterminado e indeterminado nos GM V ao GM VII (com redução no acamamento) adaptadas para ambientes de menor produtividade ou para semeaduras muito cedo. Atualmente o GM V é o que dispõem de maior quantidade de cultivares com HC indeterminado. CULTIVARES DE SOJA POR COMPRIMENTO DE CICLO No Brasil, tradicionalmente, não se caracterizaram as cultivares em grupos de maturação por três causas principais.
- A maioria das áreas de produção se localiza em regiões de clima tropical (condições de dias curtos). - A maioria das cultivares de GM maiores (GM VII) e sem genes de juvenilidade se encontra adaptada nessas regiões e, em geral, apresenta crescimento reduzido. - Os genes que controlam a floração sob condições de dias curtos são diferentes dos que atuam sob condições de dias longos. Em consequência, a fenologia de uma cultivar sob condições de dias longos tem pouco valor preditivo para as de dias curtos. Por esses motivos, em geral, as cultivares de soja brasileiras são agrupadas pela longevidade do ciclo em: superprecoces, precoces, médias, tardias e supertardias. Esse tipo de descrição está limitado a uma faixa de latitude e altitude e, em consequência, obriga a avaliar as novas cultivares em todas as regiões de produção e em diferentes altitudes, durante vários anos, para obter conhecimento adequado e que possibilite uma recomendação precisa, especialmente, quando não se conhece se a cultivar conta com genes de juvenilidade e de que tipo. A longevidade do ciclo, a juvenilidade e o HC exercem forte modificação no desenvolvimento e crescimento das cultivares de soja. Por esse motivo, contar com a adequada descrição dessas características é uma valiosa ajuda na escolha e no manejo de cultivares de soja. A incorporação desses atributos tão importantes, no nome da cultivar, facilita ainda mais a tomada dessas decisões estratégicas de manejo para aumentar a expressão do potencial de rendimento. QUALIDADE NA SEMEADURA A semente, a qualidade no processo de semeadura e a proteção da plântula são o alicerce da construção do potencial da lavoura. Pode-se afirmar que a semeadura define o potencial da lavoura. A competição entre plantas irmãs ocorre com intensidade equivalente à existente entre plantas daninhas ou de outras espécies. O objetivo do semeador deve ser o de posicionar todas as sementes na mesma profundidade e cobrir o solo, dando condições iguais para absorver água, germinar, desenvolver raízes marcando território e emergir. Assim, é possível reduzir a população de sementes, ajustando a população necessária de plantas, na proporção exata da qualidade de semeadura. Portanto, a máquina mais importante para a lavoura de altos rendimentos é a
semeadora. Nela, as peças mais importantes são as de aber tura de sulco, de posicionamento da semente e fertilizante, e de fechamento desse sulco. As perguntas mais frequentes sobre a semeadura estão relacionadas à velocidade ideal e à opção entre sulcador ou disco. A resposta está, sempre, em atender as necessidades da semente para germinar e da plântula para desenvolver raízes. A semeadura ideal posiciona as sementes à profundidade de 4 cm, rompe o solo para desenvolvimento de raízes e fecha o sulco completamente. Portanto, a velocidade ideal e o tipo de equipamento de preparação do sulco de semeadura dependem do tipo de solo, da compactação, da umidade e da cobertura vegetal. O foco da qualidade da semeadura deve estar no conforto e nas necessidades da semente. O planejamento de lavouras de soja para altos rendimentos deve ter a qualidade de semeadura como processo mais importante de manejo no sistema de produção. AGRICULTURA DE PRECISÃO A planta de soja é a unidade de produção da lavoura. Os processos de manejo devem ser aplicados considerando a planta como fator de produção. As teorias e a prática da agricultura de precisão iniciaram com mapas de fertilidade, taxa variável de aplicação de nutrientes e mapas de colheita. No Brasil, o processo crítico está na desuniformidade da aplicação de nutrientes “a lanço” e na qualidade de formulação de nutrientes. A aplicação dos princípios da teoria de amostragem na tomada de amostras de solo também deve ser melhorada. A agricultura de precisão tem abrangência bem mais ampla que a fertilidade química do solo. Ela necessita envolver outros processos, como a capacidade de
armazenar água e ar, a qualidade da semeadura, a uniformidade de distribuição de palha na colheita (especialmente com o aumento no tamanho das plataformas das colhedoras), o monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas e todas as práticas e insumos usados na lavoura de soja. A planta de soja produz grande quantidade de flores e legumes no rá- quis do rácemo e mantém o número de legumes e grãos capaz de encher. A soja mantém os legumes de acordo com a fotossíntese líquida da folha de cada rácemo, produzindo em torno de 1,5 g de massa ou em torno de nove grãos. “A planta não fabrica grãos, mas produz biomassa, com o consumo de água, de sais, de elementos minerais e transformando energia luminosa em energia química através da fotossíntese. Entender a lógica da planta, aplicando conhecimento e adotando boas práticas agrícolas, leva à maior rentabilidade da lavoura.” *Dirceu Gassen, Engenheiro Agrônomo, CCAS e CESB **Sérgio Schneider, Engenheiro Agrônomo Coopermil ***Everson Zin, Engenheiro Agrônomo Gerente de Marketing Estratégico Bayer
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Avaliação da associação de diferentes produtos ao fungicida utilizado para controle químico da mancha alvo (Corynespora cassiicola) na cultura da soja na Região dos Chapadões 66
O objetivo deste trabalho foi de avaliar a eficácia de diferentes associações de Reforce, Yantra e Big Red ao fungicida Fox, utiliza-
do para controle químico de mancha alvo na cultura da soja, genótipo NA 5909 RR, em condições de campo. O sistema de produção foi em área cultivada sob sistema
OBSERVAÇÕES
de semeadura direta com a cultura do algodão (safra 2013/14), e Crotalaria spectabilis no inverno. O estudo foi realizada na área experimental da Fundação Chapadão, localizada na Fazenda Nova França, no município de Costa Rica (MS). As atividades de correção do solo e adubação seguiram conforme o padrão da propriedade. O plantio ocorreu em 02/10/2014, a emergência em 09/10/2014 e a colheita no dia 16/01/2015, com estande inicial de 18 plantas m-1, e estande final com 17 plantas m-1. O delineamento e a unidade experimental foram em blocos casualizados com 4 repetições. Parcelas compostas por 7 linhas de (0,45 m) x 5,5 m = 17,32 m2, sendo as avaliações realizadas nas três linhas centrais. A área colhida foi de 2 linhas (0,45 m) x 4,0 m = 3,6 m2. Já o manejo fitossanitário foi realizado conforme manejo padrão utilizado na propriedade. A avaliação das doenças como a mancha alvo (Corynespora cassiicola), teve estimativa da porcentagem de área
foliar lesionada em 10 folhas por parcela da metade inferior e metade superior, em 4 pontos de avaliação, SOARES et.al. 2009. Para a análise estatística foi utilizado o sistema SkottKnot 5%, com utilização dos dados originais, com o modelo estatístico SASM - Agri Sistema para Análise e Separação de Médias em Experimentos Agrícolas (V 3.2.4).
Após a terceira aplicação, em todos os programas foi observado sintoma de fitotoxidez devido ao uso de Fox + Aureo. Os menores sintomas de fitotoxidez foram obtidos no programa com maior dose de Yantra e Reforce associado ao Fox. No momento, na primeira aplicação eram visíveis os sintomas inicias de mancha alvo nas folhas do baixeiro em todos os tratamentos. CONCLUSÃO Nas condições de campo que o trabalho foi conduzido, efetivando duas aplicações de
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fungicida específico para mancha alvo, sendo a primeira em R1 e a segunda em R5.2, com severidade no baixeiro de 32,5% e no ponteiro de 11,3%, podemos concluir que: 1 - Eficácia: a associação de Reforce em V6 e de Yantra ou Yantra+Big Red em R1 ou Reforce em R5.2, associado ao Fox+Aureo, apresentaram ganhos de eficácia em relação ao programa com Fox + Aureo. 2 - Desfolha: os índices de desfolha foram muito semelhantes entre si, mesmo diferindo estatisticamente. 3 - Massa de 100 grãos: não houve diferença significativa entre os tratamentos, todavia ambos foram maiores que a testemunha. 4 - Produtividade: não houve diferença entre a testemunha e o programa com Fox + Aureo. A associação de Reforce em V6 e de Yantra ou Big Red em R1 ou Reforce em R5.2, associado ao Fox + Aureo, proporcionaram os maiores ganhos produtivos, variando de 5,4 a 7,7 sacas a mais que a testemunha, e de 4,7 a 7,0 sacas a mais que o tratamento com Fox + Aureo. 5 - Considerações: diante ao complexo de doenças que atacam a cultura da soja, para o manejo destas a efetivação de três aplicações de fungicidas os resultados tendem a serem mais efetivos. A associação de Yantra, Big Red ou Reforce ao Fox + Aureo, proporcionaram ganhos de performance e produtividade. Edson Pereira Borges Pesquisador/Fundação Chapadão, Eng . Agr Me. - CREA RN 130460001-7 Alfredo Riciere Dias Pesquisador/Fundação Chapadão, Eng. Agr. Me. - CREA RN 170725777-9
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