REVISTA PAS 14

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Foto:divulgação

Editorial Valmor dos Santos *

PRODUÇÃO DE MÃOS DADAS COM A PRESERVAÇÃO A implantação de uma agricultura moderna e ao mesmo tempo, inovadora, necessita de tempo. Hoje, passados quase 40 anos de muito trabalho e empenho para projetar o oeste baiano no cenário agrícola nacional e mundial, observamos que as atividades do setor impulsionam toda a região, com um forte crescimento econômico. Desde esse período, a atividade agrícola passou por inúmeros e sucessórios confrontos. Para se ter ideia, à partir dos anos de 2011, as intempéries climáticas ficaram mais acentuadas e, de certa forma, agravaram os ciclos da produtividade na região. Deve ficar claro que em se tratando de clima, um período de aproximadamente 30 anos é o prazo mínimo, para começarmos a entender o comportamento climático de uma região. Sendo que neste sentido nossa base de informações é relativamente pobre, pois não sabemos como tinha sido o comportamento do clima, por exemplo, nas décadas de 1950, 1960 e 1970, a fim de fazer uma comparação com nossas anotações de precipitações mais recentes, ou seja, a partir de 1982. As últimas cinco safras (2011 a 2016) foram extremamente desafiadoras, já que estávamos em um ciclo contínuo de alta produtividade. O impacto econômico na região foi assustador, mas sempre estivemos confiantes para enfrentar os desafios. De acordo com informações da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o oeste baiano cultivou na safra 2015/16, em regime de sequeiro, cerca de 1.920.000 hectares nas culturas de algodão, milho e soja. Ainda foi produzido 400.000 hectares de outras culturas no mesmo regime. Já no aspecto das áreas irrigadas, temos uma área implantada com capacidade para irrigar aproximadamen-

te 120.000 hectares via pivô. Vale salientar que para a safra 2016, apenas 48.000 hectares estão sendo cultivados via irrigação, demonstrando que devido a baixa vazão dos rios, grande parte dos agricultores (auxiliados pela Aiba), decidiu não aumentar o plantio via pivô, para minimizar os problemas de vazão dos rios. No fim das contas, são 72.000 hectares que não estão sendo utilizados para gerar recursos. Essa diferença de área no plantio irrigado afeta diretamente a economia regional. O impacto é assustador. Por exemplo, temos menos contratação de mão de obra, menor comercialização de insumos, que afeta também o emprego, além da escassez de alimentos para a sociedade. São conseqüências que acabam elevando o custo da alimentação em todos os aspectos. Existem diversas causas que afetam a disponibilidade de água dos nossos rios, podendo-se destacar a quantidade e distribuição das chuvas (fator não gerenciável pelo homem), e também a atividade antrópica. Sabemos também que no oeste baiano o setor produtivo tem adotado ao longo dos anos cada vez mais tecnologias, objetivando a manutenção dos nossos agricultores na atividade e garantindo com isto a posse da terra, mas no nosso entendimento (Instituto PAS), há necessidade de avançarmos ainda mais nas questões relacionadas à produção e conservação. Vejamos alguns exemplos que podem influenciar de forma positiva, para uma agricultura cada vez mais aliada à conservação ambiental: • conservação dos solos nas microbacias, através da demarcação e construção de terraços em nível, com o objetivo de segurar as águas das chuvas dentro das propriedades de cada microbacia; • adoção do Sistema Plantio Di-


reto (SPD) de boa qualidade, para favorecer a infiltração da água das chuvas no local onde ocorre a precipitação, promovendo a recarga do aqüífero; • fazer trabalhos de pesquisa, visando melhorar a qualidade do SPD, principalmente no que se refere a estudos de plantas para cobertura / proteção dos solos e sequestrantes de carbono, adaptadas às nossas condições de ambiente; • difundir os bons exemplos existentes. Devemos ter a consciência para assegurar que os maiores interessados em melhorar a infiltração das águas das chuvas, são os agricultores. Essa medida evita a perda dos nutrientes no solo e melhora a tolerância dos cultivos nos veranicos, já que a ocorrência é comum na região. A maioria dos nossos competentes agricultores demonstra boa disposição para adotar as tecnologias já existentes, prova disto é que existe uma gama enorme de bons exemplos, mas também ainda há um longo caminho para percorrermos com a finalidade de continuar produzindo de forma sustentável. Nossos técnicos ligados às áreas das ciências rurais são competentes e também demonstram comprometimento em contribuir para melhorar e acelerar o processo de adoção das boas práticas agrícolas, com foco em sustentabilidade. Para completar, é preciso deixar claro que o uso racional das águas e outros recursos naturais, também é de responsabilidade de toda a sociedade. Existe a necessidade de se implantar, a médio e longo prazos, disciplinas específicas nos ensinos fundamental e médio (adultos do futuro), para que sejam agentes de mudança, pois é do interesse de toda a sociedade que tenhamos a produção de alimentos e também a água para todos, além de outros recursos da natureza de uso da coletividade. * Engenheiro agrônomo e presidente do Instituto PAS




Yara busca jovens curiosos e com espírito de colaboração em Programa de Trainee A empresa norueguesa, líder mundial em nutrição de plantas e que também atua no segmento de soluções industriais, abriu inscrições para a edição 2017 de seu programa A Yara, multinacional norueguesa que lidera os mercados nacional e internacional de nutrição de plantas e que também atua no segmento de soluções industriais, acaba de abrir vagas para a edição 2017 de seu Programa de Trainee. Realizado há mais de 30 anos, o programa tem o intuito de atrair e desenvolver jovens criativos e que tenham capacidade de se reinventar para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação e cada vez mais competitivo. A novidade desta edição é a inclusão da Galvani, empresa parceira da Yara International, com sete vagas no programa. Ao todo, são 14 vagas, nas áreas de Supply Chain, Operações, Financeiro, Industrial, Marketing, Mineração, Produção, Vendas e Planejamento Estratégico, em unidades espalhadas pelo Brasil. O foco do programa é a contratação de jovens profissionais formados há, no mínimo, um ano e, no máximo, três. O inglês avançado é requesito obrigatório e a empresa busca pessoas que já tenham experiência nas áreas escolhidas. “Buscamos pessoas talentosas para participar e executar projetos relacionados às estratégias de Yara e Galvani. Procuramos por jovens criativos e inovadores que atuem com protagonismo na evolução do mercado e no processo de transformação da nossa empresa”, destaca o diretor de Recursos Humanos da Yara Brasil, Carlos Lienstadt. Nosso planejamento para o desenvolvimento destes profissionais contará com etapas como: onboarding (integração nas principais áreas de negócios das empresas), capacitações técnicas e comportamentais,mentoring (acompanhamento próximo e contínuo junto aos líderes, mentores e RH) e planejamento e execução de projetos nas áreas de negócios em que estarão inseridos. Ascom Yara do Brasil

Evento comemorou os 10 anos do Parque Fioravante Galvani O Instituto Lina Galvani promoveu em 29 de setembro, um evento em comemoração aos dez anos do Parque Fioravante Galvani, em Barreiras (BA). Os visitantes realizaram um tour guiado pelo local, conhecendo de perto os 30 animais, de dez espécies típicas da região, algumas ameaçadas de extinção. O evento, que contou com a presença de lideranças do Instituto Lina Galvani, da Galvani, de parceiros e apoiadores do Parque. Além do tour, houveram dinâmicas com os convidados, cerimonial com discursos e homenagens, e almoço. O Parque Fioravante Galvani é o primeiro e único centro de conservação e educação ambiental do Cerrado baiano, e realiza ações educativas e de cunho ambiental em Luís Eduardo Magalhães (BA), como a gestão do criadouro conservacionista, que fomenta a reprodução de animais do Cerrado.

Abapa e Aiba

elegem nova presidência A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) elegeu, dia 26 de setembro, a nova diretoria para o biênio 2017/ 2018, que terá o produtor e atual presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cézar Busato, como presidente. A eleição se deu por aclamação, durante a Assembleia Geral Extraordinária. Na ocasião também foram apresentados e aprovados, por unanimidade, os demais membros dos conselhos diretor e fiscal que atuarão de 01 de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2018. Na mesma data, o atual presidente da Abapa, Celestino Zanella, foi eleito presidente da Aiba para o biênio 2017/2018.









A estimativa é que a cultura do algodoeiro na região oeste da Bahia terá uma safra menor no biênio 2016/2017, com redução da área plantada. O preço da fibra não é animador e os custos de produção aumentam ano após ano. Adicionalmente, há uma intensa pressão das demais commodities por área (soja e milho principalmente), devido às expectativas dos altos preços dos grãos no mercado futuro. Vale ressaltar que é hora do cotonicultor profissional manter sua área, seus compromissos e rentabilidade sob forte pressão. Somente os que investem com eficiência em boa tecnologia ficarão na atividade. As grandes extensões de áreas desta região, muito bem corrigidas quimicamente para o cultivo do algodoeiro, são favorecidas pelo relevo, com áreas planas, possibilitando total mecanização das lavouras e alto rendimento operacional de trabalho. Entretanto, nestas áreas prevalece o sistema convencional de preparo do solo, com forte mobilização do solo. Neste modelo, tem-se a vantagem de se fazer a descompactação do solo de maneira rápida, porém, o uso deste sistema repetida-

mente pode causar a desestruturação do solo, e como conseqüência, o rápido adensamento na camada arável do solo. Isto ocorre porque após revolvimento, as partículas do solo tendem a se reorganizar e, quanto mais desestruturado, mais rápida e adensada vai ser esta reorganização. Este fato explica o porquê da necessidade de intervenções mecânicas do solo ocorrerem em intervalos cada vez menores, com o passar do tempo, em uma área cultivada sob sistema de preparo convencional do solo. Quando a camada arável está adensada, o potencial de infiltração e armazenamento de água no solo é menor, comprometendo a produtividade das lavouras, principalmente nos anos de baixa pluviosidade e de veranicos prolongados. A adoção do Sistema plantio direto (SPD), se mostra como uma alternativa muito interessante para esta realidade, pois no SPD não há revolvimento do solo. A manutenção da compactação aparente do solo é feita pelas raízes das plantas de cobertura e das espécies cultivadas em rotação. A decomposição dos sistemas radiculares com diferentes arquiteturas (diferentes plantas), irão formar canais que serão ocupados pelas novas raízes das plantas cultivadas na seqüência. Nesta dinâmica, além da manutenção da densidade do solo sem o revolvimento, há a disponibilização de matéria orgânica e agentes cimentantes, aumento da atividade biológica do solo, que possibilita as melhorias das características químicas, biológicas e físicas do solo. Com isso, há melhorias na infiltração de água, capacidade de ar-

mazenamento de água, além das menores perdas por evaporação por causa da proteção proveniente da cobertura do solo pela biomassa das plantas na superfície do mesmo. Estas melhorias proporcionam maior eficiência do uso da água na produtividade das culturas. Adicionalmente, as plantas de cobertura do solo podem reciclar quantidade consideráveis de nutrientes que podem estar sendo perdidas em condições de cultivo não sustentáveis. Pesquisas apresentadas anteriormente, mostraram um potencial de reciclagem de até 90 kg/ha de K pelas braquiárias. Isto representa um montante de 180,8 kg de cloreto de potássio, que possivelmente podem ser aproveitados nos próximos cultivos. Em uma situação de ausência das plantas de cobertura, esta quantidade de nutrientes pode estar sendo perdida, e consequentemente, os custos de reposições destes nutrientes serão maiores. Com objetivo de mostrar a eficiência das plantas de cobertura na descompactação do solo para cultivo do algodoeiro, e melhorar a eficiência do uso da água na produtividade de fibra, foi realizada uma pesquisa com a implantação de plantas de cobertura semeadas em sucessão ao cultivo da soja no campo experimental da Fundação Bahia. Na safra 2014/15, foram cultivadas duas áreas de mesmo tamanho, sendo uma com algodão e outra com soja. Na área cultivada com soja, imediatamente após a colheita dos grãos (final de fevereiro), foi feito a dessecação para controle das plantas daninhas seguidas da implantação de cinco opções de plantas de cobertura para formação de bio-


massa, sendo: 1) Somente Brachiaria ruziziensis; e cultivo de Brachiaria ruziziensis em linhas alternadas com: 2) Sorgo granífero, 3) Crotalaria ochroleuca, 4) Crotalaria spectabilis e 5) Guandú anão. Por ocasião da colheita do algodão, foi detectado um problema de compactação na área, demonstrado pela proximidade das roscas, formadas por uma broca de perfuração, observada na profundidade de até 20 cm (Figura 1) 1). Na área de monocultivo de algodão (final da safra 2014/15), o solo foi preparado de forma convencional “SC”, realizando-se a descompactação, por meio de uma subsolagem e duas garagens. Já na área com as plantas de cobertura, o trabalho de prevenção da compactação foi feito pelas raízes das plantas. Na safra 2015/2016, primeira quinzena de dezembro, foi feita a dessecação, seguido da semeadura do algodão, cv. Fibermax 975 WS, nas duas áreas (mono

cultivo de algodão; soja em sucessão com as plantas de cober-

tura). O manejo de adubação e demais tratos culturais foram idênticos em ambas as áreas. Na segunda quinzena de junho da safra 2015/16, foi realizada a colheita de algodão e mensurada a produtividade em todos os tratamentos. Na área com cultivo das plantas de cobertura e semeadura do algodoeiro em SPD, a média de produtividade de algodão em caroço foi de 352,8 @/ha, enquanto que na área com monocultivo de algodão em SC, a média de produtividade foi de 269,9 @/ Figura 2 ha (Figura 2).


Nas áreas com cultivo do algodoeiro em SPD sob palhada de B. ruziziensis + sorgo, a produtividade chegou a 366,2 @/ha, ou seja, um acréscimo de 96,2 @/ha sob a produtividade da área com monocultivo de algodoeiro em SC. Em um outro experimento montado no campo experimental da Fundação BA, os resultados de produtividade e estabilidade de produção do algodão também mostraram extremamente interessantes. Após quatro anos de cultivo do algodoeiro em SPD e em rotação com soja (sucessão com plantas de cobertura) e milho + braquiária, há grande diferença quando comparado com o sistema de monocultivo do algodoeiro em área com solo preparado de forma Figura 3 convencional (Figura 3). Nas safras 2013/14 e 2014/15, a produtividade do algodoeiro em SPD sob palhada de milho + B. ruziziensis e de sorgo, superou a produtividade do algo-

doeiro em monocultivo sob SC (Figura 3). Nota-se ainda que, nas safras 2013/14 e 2014/15, onde foi semeado milheto nas primeiras chuvas que antecederam a semeadura do algodoeiro cultivado em SC e monocultivo, a produtividade de algodão em caroço foi maior que no tratamento onde o algodoeiro em monocultivo e SC sem milheto (Figura 3). Isto evidencia os benefícios da palhada do milheto, mesmo no SC. Na safra 2015/16 estas respostas foram ainda mais evidentes. A produtividade do algodoeiro cultivado em SPD e rotação com soja e milho, chegou a ser 57,8 @/ha maior na comparação com o monocultivo de algodoeiro em SC (Figura 3). Já nas safras 2013/14 e 2014/15 a produtividade do algodoeiro em SPD sob palhada de milho + B. ruziziensis e de sorgo, superou a produtividade do algo-

doeiro em monocultivo sob SC (Figura 3). Nota-se ainda que, nas safras 2013/14 e 2014/15, onde foi semeado milheto nas primeiras chuvas que antecederam a semeadura do algodoeiro cultivado em SC e monocultivo, a produtividade de algodão em caroço foi maior que no tratamento onde o algodoeiro em monocultivo e SC sem milheto (Figura 3). Isto evidencia os benefícios da palhada do milheto, mesmo no SC. Na safra 2015/16 estas respostas foram ainda mais evidentes. A produtividade do algodoeiro cultivado em SPD e rotação com soja e milho, chegou a ser 57,8 @/ha maior na comparação com o monocultivo de algodoeiro em SC (Figura 3). Após os quatro anos de pesquisa, estas informações continuam confirmando os benefícios do SPD no sistema de produção de algodão para o oeste da Bahia. Este modelo de produção, além de possibilitar uma agricultura mais sustentável no que se refere a parte ambiental, também possibilitam mais sustentabilidade financeira ao produtor. * Pesquisadores Embrapa Algodão





A soja é um dos principais grãos produzidos no país e o seu cultivo de verão representa quase 50% da área total de grãos cultivados. O potencial produtivo da soja está condicionado, entretanto, aos diversos fatores bióticos e abióticos que acometem a cultura durante o seu ciclo. O manejo inadequado de doenças como a Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi ), a Septoriose (Septoria glycines), o Oídio (Erysiphe diffusa), a Antracnose (Colletotrichum truncatum) e a Mancha Alvo (Corynespora cassiicola) podem provocar perdas significativas de produtividade. Sendo assim, o presente trabalho objetivou avaliar o melhor posicionamento dos produtos BASF no ciclo da cultura da soja (Glycine max) na região oeste da Bahia. O experimento foi realizado no Campo de Pesquisas Alvorada, município de Luís Eduardo Magalhães (BA). Foi adotado o delineamento de blocos casualizados, sendo cada parcela constituída por 6 linhas da cultura espaçadas a 0,5 m por 5 m de comprimento, com quatro repetições e seis tratamentos, sendo: T1 (Testemunha); T2 (1ª: “Piraclostrobina + epoxiconazole” + Oxicloreto de Cu”; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 4ª: “Trifloxistrobina + protioconazole”); T3 (1ª: “Piraclostrobina + Epoxiconazole” + Oxicloreto de Cu”; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: BAS 702 00F; 4ª: “Trifloxistrobina + Protioconazole”); T4 (1ª: “Piraclostrobina + Epoxiconazole” + “Oxicloreto de Cu”; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: “Trifloxistrobina + Protioconazole”; 4ª: “Azoxistrobina + Benzovindiflupir”); T5 (1ª: “Piraclostrobina + Epoxiconazole” + “Oxicloreto de Cu”; 2ª:

BAS 702 00F; 3ª: “Trifloxistrobina + Protioconazole”; 4ª: “Azoxistrobina + Benzovindiflupir”) e T6 (1ª: “Azoxistrobina + Mancozebe”; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: BAS 702 00F; 4ª: “Trifloxistrobina + Protioconazole”). As aplicações foram feitas utilizando um pulverizador costal de pressão constante por gás carbônico (CO2), equipado com bicos leques TT 110 02 e com vazão de 150 l/ha. As avaliações foram realizadas aos 7 e 14 dias após cada aplicação (DAA) utilizando as escalas diagramáticas propostas por SOARES et al., 2009 e Comissão de Fitopatologia Brasileira. Nas condições adversas da presente safra, os tratamentos com“Piraclostrobina + Epoxiconazole” + “Oxicloreto de Cu” e “Fluxapiroxade + Piraclostrobina” nas primeiras aplicações, apresentaram maior controle de S. glycines, C. cassiicola e C. truncatum. Os tratamentos T2 (“Piraclostrobina + Epoxiconazole” + “Oxicloreto de Cu”; 2x: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; “Trifloxistrobina + Protioconazole”) e T6 (“Azoxistrobina + Mancozebe”; “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; BAS 702 00F; “Trifloxistrobina + Protioconazole”), apresentaram massa de mil sementes (MMS - g) superior aos demais tratamentos. Porém, o tratamento T2 obteve produtividade média de 65,2 sc/ha enquanto o tratamento T6 obteve 60,3 sc/ha. AVANÇOS TECNOLÓGICOS A soja é um dos grãos mais cultivados no país, apresentando constante crescimento nas últimas décadas. Na safra 2015/16 a área ocupada com a cultura re-

presentou mais de 55% da área de grãos produzidos no país. Sua produção na safra anterior foi superior a 96 mil toneladas (CONAB, 2016). Os avanços tecnológicos que o sistema produtivo da soja obteve nos últimos anos, têm possibilitado uma significativa redução nas perdas do potencial produtivo da cultura, seja pelos ganhos genéticos, ou pelas novas ferramentas para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas (VARGAS, 2014; GAZZONI, 2013). A dinâmica desses fatores, entretanto, faz com que o seu manejo seja um constante desafio ao produtor. Desta forma, o manejo das doenças da soja é fundamental para a manutenção do seu potencial produtivo (ALMEIDA, et al., 2014). Embora as últimas safras tenham sido marcadas por consideráveis irregularidades climáticas, perdas de produtividade ainda podem ser ocasio-


nadas pela ocorrência das diversas doenças (CONAB, 2016; FINOTO, et al., 2011). As principais doenças que têm interferido diretamente na produção da soja são a Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi ), a Septoriose (Septoria glycines), o Oídio (Erysiphe diffusa), a Antracnose (Colletotrichum truncatum), a Mancha Alvo (Corynespora cassiicola), entre outras (GODOY, et al., 2014). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o melhor posicionamento dos produtos BASF no ciclo da cultura da Soja (Glycine max ) na região oeste da Bahia.

Dados: estação meteorológica Imeteo Pro (Satélite) - Estação de Pesquisa Alvorada

MA TERIAL E MATERIAL MÉTODOS O ensaio foi conduzido na estação experimental Alvorada, localizada na Fazenda Alvorada, município de Luís Eduardo Magalhães (BA),

Dados: estação meteorológica Imeteo Pro (Satélite) - Estação de Pesquisa Alvorada

durante o período de novembro a abril na safra 2015/16. A área está situada entre as coordenadas 11°58’22,0’’S de latitude e 46°01’27,0’’W de longitude, com altitude de 810 m e com clima classificado como do tipo Aw, segundo classificação internacional de Köppen. As médias de temperatura e precipitação pluviométrica são de 24°C e 1200 mm, respectivamente, sendo a precipitação distribuída entre os meses de novembro a abril. A distribuição pluviométrica da

estação experimental de pesquisa está descrita na figura 1 1. A safra 2015/16 foi marcada por longos períodos de estiagem figura 2 no mês de fevereiro (figura 2). A ocorrência de estiagem nos primeiros estádios do período reprodutivo da soja apresentou efeito direto sobre a produção. Pelas condições de temperatura e precipitação do mês, não ocorreu a formação de um micro clima favorável ao desenvolvimento das principais doenças, principalmente a Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi ).


O solo da região é classificado como LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico (EMBRAPA, 2013). Foi realizada análise química e granulométrica do solo antes do preparo na profundidade de 0-20 cm. A partatir dos resultados da análise (tabela 1 1), foi recomendado o manejo de preparo do solo e adubação da cultura. Para a condução do ensaio, utilizou-se a variedade Msoy 8349 Ipro RR. A semeadura ocorreu no dia 20 de novembro de 2015, seguindo os moldes de uma lavoura comercial. Durante o ciclo da cultura, os con-

troles de pragas e plantas daninhas foram executados sempre que necessário, respeitando as boas práticas e o manejo integrado. O delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados (DBC), com seis tratamento e quatro repetições. As parcelas foram constituídas de seis linhas de cinco metros de comprimento, com área total de 15 m², descartando-se duas linhas externas para realização das avaliações. Para determinação das aplicações na cultura, utilizou-se a escala fenológica proposta por

Fehr e Caviness (1977), que divide os estádios de desenvolvimento da soja em estádios vegetativos e estádios reprodutivos, como apresentados na tabela 2 2. As aplicações foram realizadas utilizando um pulverizador costal de pressão constante por gás carbônico (CO2), equipado com bicos leques TT 110 02 e com vazão de 150 l/ha. Durante as aplicações, buscaram-se as melhores condições de umidade relativa do ar, ventos e temperatura. Em decorrência do longo período de estiagem no início do período reprodutivo, as ava-


liações foram limitadas até a 1ª aplicação em R1, uma vez que houve desfolha precoce das plantas e conseqüente antecipação do ciclo em decorrência da restrição hídrica no período. As avaliações foram realizadas aos 7 e 14 dias após cada aplicação (DAA). Para Antracnose (Colletotrichum truncatum) avaliou-se a incidência através da coleta de seis trifólios aleatoriamente por parcela. Para Mancha Alvo (Corynespora cassiicola) e Septoriose (Septoria glycines), as mensurações para a determinação da severidade foram realizadas nas duas linhas centrais de cada parcela, de acordo com a escala diagramática proposta por SOARES, et al., 2009 e comissão de FITOPATOLOGIA BRASILEIRA (2004), conforme figuras 3 e 4 4. Devido ao clima desfavorável ao desenvolvimento da Ferrugem Asiática (Pha-

kopsora pachyrhizi ), a infecção de Phakopsora pachyrhizi foi baixa, impossibilitando determinar com precisão a severidade do fitopatógeno. A análise estatística foi feita com médias e coeficientes de variação, fazendo-se comparações e contrastes através do teste Duncan a 5% de probabilidade, utilizando o programa SASM-Agri (CANTERI, et al., 2001).

RESUL TADOS E RESULT DISCUSSÃO Embora a safra 2015/16 tenha sido marcada pela ocorrência de longo período de estiagem no período reprodutivo da soja, o seu período vegetativo, entretanto, apresentou regularidade quase diária das chuvas, o que provocou a indução no surgimento de doenças ainda no período vegetativo.


*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. *P+E:Piraclostrobina + Epoxiconazole; Ox.Cu:Oxicloreto de Cobre; F+P:Fluxapiroxode + Piraclostrobina; T+P:Trifloxistrobina + Protioconazole; F+P+E:Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole; A+B:Azoxistrobina + Benzovindiflupir; A+M:Azoxistrobina + Mancozebe

*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. *P+E:Piraclostrobina + Epoxiconazole; Ox.Cu:Oxicloreto de Cobre; F+P:Fluxapiroxode + Piraclostrobina; T+P:Trifloxistrobina + Protioconazole; F+P+E:Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole; A+B:Azoxistrobina + Benzovindiflupir; A+M:Azoxistrobina + Mancozebe

Como podemos observar na tabela 3, 3 a partir dos dados do tratamento T1-Testemunha, podemos notar que houve um progresso significativo da severidade de S. glycines, chegando a atingir 13,5% aos 14 DA1A R (dias após a primeira aplicação do reprodutivo). Entre os tratamentos que receberam aplicação, todavia, não foram observadas diferenças estatísticas significativas, com exceção da Testemunha. A presença de Corynespora cassiicola foi observada no início do período reprodutivo. Porém, devido ao período prolongado de estiagem, a diagnose visual para determinação das notas de severidade foi comprometida. Na tabela 4 pode-se verificar os

resultados das avaliações após a primeira aplicação no estádio reprodutivo. Embora as aplicações dos tratamentos T2, T3 e T4 tenham sido semelhantes, a diferença estatística que ocorre entre estes tratamentos se dá em função da diferença já encontrada na avaliação prévia. Aos 14 dias após a primeira aplicação na fase reprodutiva da cultura, é possível observar a ocorrência de menor severidade de C. cassiicola no tratamento T5, que recebeu a primeira aplicação no estádio vegetativo de “Piraclostrobina + Epoxiconazole”+ “Oxicloreto de Cobre”, seguido em R1 com a aplicação de “Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole”. Embora as condições am-

bientais da safra 2015/16 não tenham sido favoráveis às avaliações do complexo de fitopatógenos na cultura da soja, esses dados corroboram com os resultados obtidos por GODOY, et al., (2013), onde foram sumarizados os resultados dos ensaios de fungicidas em 15 regiões diferentes no Brasil, na safra 2012/13, em que a aplicação de “Piraclostrobina + Epoxiconazol + Fluxapiroxade” apresentaram a maior eficiência de controle para a Mancha Alvo. Considera-se que os dados das avaliações da severidade de Colletotrichum truncatum apresentados na tabela 5 5, refletem apenas os efeitos das primeiras aplicações no estádio vegetativo e reprodutivo, onde os tratamentos T2, T3 e T4 receberam as mesmas aplicações de fungicidas, ou seja, Opera + Difere. Entretanto, aos 14 DA1A R, o tratamento T2 apresentou a


menor severidade de C. truncatum em relação aos demais tratamentos. Esse efeito pode ter relação com as condições da cultura antes da aplicação, uma vez que o tratamento T2 já apresentava menor severidade na avaliação prévia. Observando os tratamentos T5 (“Piraclostrobina + Epoxiconazole” + Oxicloreto de Cobre”; “Piraclostrobina + Epoxiconazol + Fluxapiroxade”) e T6 (“Azoxistrobina + Mancozebe”; “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”), pode-se verificar que o desempenho de ambos foram semelhantes estatisticamente nas duas avaliações, aos 7 e 14 DA1A R, apresentando valores próximos ao tratamento sem aplicação. A ocorrência de veranico severo no mês de fevereiro, provocando a desfolha parcial da planta em decorrência do estresse hídrico, dificultou a

*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. *P+E:Piraclostrobina + Epoxiconazole; Ox.Cu:Oxicloreto de Cobre; F+P:Fluxapiroxode + Piraclostrobina; T+P:Trifloxistrobina + Protioconazole; F+P+E:Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole; A+B:Azoxistrobina + Benzovindiflupir; A+M:Azoxistrobina + Mancozebe

*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. *P+E:Piraclostrobina + Epoxiconazole; Ox.Cu:Oxicloreto de Cobre; F+P:Fluxapiroxode + Piraclostrobina; T+P:Trifloxistrobina + Protioconazole; F+P+E:Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole; A+B:Azoxistrobina + Benzovindiflupir; A+M:Azoxistrobina + Mancozebe

avaliação da incidência de doenças, principalmente a Ferrugem Asiática, doença que provoca grandes perdas quando não controlada eficazmente a partir do estádio reprodutivo R2 (GODOY, et al., 2009). Embora a incidência de doenças não tenha sido mensurada após as duas primeiras aplicações, observa-se a partir dos dados da tabela 6 que houve perda importante do potencial produtivo da soja no tratamento que não recebeu aplicação de fungicida (T1-Testemunha). Já a MMS (massa de mil sementes) foi significativamente afetada pela ausência dos manejos realizados com fungicidas, resultando em diferença superior a 11 sc/ha quando com-

parado aos tratamentos que apresentaram a produtividade numericamente maior (T2 e T5). Os tratamentos T2 (“Piraclostrobina + Epoxiconazole + Oxicloreto de Cobre”; 2 x: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; “Trifloxistrobina + Protioconazole”) e T6 (“Azoxistrobina + Mancozebe”; “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; “Fluxapiroxade + Piraclostrobina + Epoxiconazole”; “Trifloxistrobina + Protioconazole”), obtiveram a MMS semelhantes entre si e estatisticamente superior aos demais tratamentos. Em relação a produtividade final (sc/ha - 13%), os tratamentos T2 e T5, apresentaram 8,12% de incremento em produção quando comparados ao tratamento T6.


Considerando-se que houve antecipação do ciclo da soja em função da restrição hídrica no início do período reprodutivo, pode-se atribuir estes resultados principalmente às três primeiras aplicações. Os resultados de controle de S. glycines, C. cassiicola e C. truncatum obtidos pelo tratamento T2 podem reforçar essa hipótese. CONCLUSÃO A ocorrência de longo período de estiagem no início do período reprodutivo, antecipou o ciclo da cultura e dificultou a diagnose visual do complexo de fitopatógenos, que comumente acarretam danos à cultura da soja, entre eles, destacam-se principalmente a Ferrugem asiática e Mancha alvo. Piraclostrobina + Epoxiconazole + Oxicloreto de Cobre e Fluxapiroxade + Piraclostrobina nas primeiras aplicações, no vegetativo e reprodutivo, respectivamente, apresentam maior controle do avanço S. glycines, C. cassiicola e C. truncatum.

Nas condições avaliadas, os tratamentos T2 (1ª: “Piraclostrobina + epoxiconazole” + Oxicloreto de Cu; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 4ª: “Trifloxistrobina + protioconazole”) e T6 (1ª: “Azoxistrobina + Mancozebe”; 2ª: “Fluxapiroxade + Piraclostrobina”; 3ª: BAS 702 00F; 4ª: “Trifloxistrobina + Protioconazole”), apresentaram MMS superior aos demais tratamentos. Em relação a utilização de fungicidas multissítio, a melhor resposta em produtividade foi observada no tratamento 2, com utilização de oxicloreto de cobre associado a Piraclostrobina + Epoxiconazole, com 65,25 sacos por hectare, ou seja, resultado que representa 21,71% de acréscimo em produção em relação a testemunha (T1). Mercer Assessoria Agronômica * Engenheiro Agrônomo ** Técnico de pesquisa *** Estagiário de nível superior **** Gerente de produção, Fazenda Alvorada - Agricultura S. Epp

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rodrigo de; GARCES-FIALLOS, Felipe Rafael; FORCELINI, Carlos Alberto. Ocorrência e Intensidade de Doenças Foliares e Ciclo de Cultivo em Seis Cultivares de Soja Durante Duas Épocas de Semeadura. Ciencia y Tecnología, v. 7, n. 1, p. 13, 2014. CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM - Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18-24. 2001. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v. 3, n.10 (2015/16) – Brasília: Conab, 2016. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Pragas mais resistentes a químicos exigem mudança nas estratégias de controle. Embrapa Soja. Portal Embrapa V.2.42.2, p. 1. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2334543/pragas-mais-resistentes-a-quimicos-exigem-mudanca-nas-estrategias-de-controle>. Acesso em 15 Jun. 2016. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Tecnologias de Produção de Soja - Região Central do Brasil 2011. Londrina: Embrapa Soja, 2010. 255 p. GAZZONI, Décio Luiz. A sustentabilidade da soja no contexto do agronegócio brasileiro e mundial. Londrina: Embrapa Soja, 2013. 50p. GODOY, Cláudia V. et al. Doenças da soja (Glycinemax (L.) Merrill). Brasília, DF: Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 2014. 32 p. Disponível em: <http:// www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/ doc/1018297>. Acesso em: 12 Jul. 2016. GODOY, Cláudia V. et al. Eficiência do controle da ferrugem asiática da soja em função do momento de aplicação sob condições de epidemia em Londrina, PR. Tropical Plant Pathology, v. 34, n. 1, p. 056061, 2009. VARGAS, Gisele de Abreu. A economia da soja: vantagens e desvantagens da transgenia no Brasil. 2014. Universidade Unijui. 68 f. Monografia.

CAMPO EXPERIMENTAL ALVORADA

VESPUCIO, I. L; FERNANDES, D. S. Influência do veranico na cultura da soja (Glycine Max L. Merrill), safra 2012\2013 na região de Palmeiras de Goiás. UEG – UnU Palmeiras de Goiás. Laboratório de Agrometeorologia e Análises Climáticas. Ano 1. n.1, 2013.





retamente, são episódios comuns nas fazendas. Podemos mudar esse cenário! A todo instante, mais responsabilidades são delegadas para as equipes sem a preocupação de como as informações estão sendo passadas, a exemplo de como podem ser registradas e verificadas posteriorA falta de um sistema mente. adequado, permite A ausênuma margem maior cia de ferramentas efide erros nos cálculos cazes que da produção. permitem o registro das atividades no campo, e a conseqüente sintonia de toda a fica cada vez mais difícil manter equipe, é um dos grandes pro- tudo em ordem. Sem informações confiáveis, é quase imposblemas enfrentados. Com o manejo cada vez mais sível tomar decisões assertivas. Diante de tais argumentos, técnico, cada talhão com sua própria história, entre elas as es- como poderemos monitorar as tratégias, variedades, tolerância ameaças, acertar mais nas deà pragas e doenças diferentes, cisões e ser mais pro ativos du-

Agricultura, um desafio gigante e complexo por natureza! São milhares de interações e reações químicas acontecendo a cada instante, além da busca diária por altas produtividades, com maior escala e menor custo. Em uma corrida constante por soluções que aumentem a lucratividade das operações no campo, o desenvolvimento tecnológico cresceu muito. A evolução nos coloca em um cenário em que as tecnologias disponíveis são inúmeras, além de ainda não estarmos preparados para aceitar e usufruir de tudo. O Brasil, por exemplo, utiliza o que há de mais moderno nas áreas de produção de sementes, proteção de culturas, manejo de solo e maquinários. Mesmo com tantos recursos, os resultados desejados ainda não estão sendo alcançados nas lavouras e ninguém consegue afirmar exatamente o motivo. Fatores climáticos estão sempre em questão, e não há dúvidas de que a seca dos últimos anos foi muito prejudicial à agricultura. Será que o problema está somente neste aspecto? Consideremos alguns dados: segundo a Fundação MT, 50% do potencial das lavouras são perdidos no manejo. Defensivos sendo aplicados fora do tempo ideal, com o bico do pulverizador errado, na cultura errada e até mesmo com dosagens calculadas incor-


rante a operação, sem aumentar a burocracia? Vejamos as sugestões e soluções! IMPLANT AR IMPLANTAR TURA DE UMA CUL CULTURA REGISTROS Hoje, não precisamos memorizar alguns dados, como por exemplo, os números de telefones dos familiares. Em uma entrevista recente, um dos fundadores do Sistema de Posicionamento Global (GPS) waze, pediu ao filho que o levasse até o aeroporto. O filho respondeu que não poderia, pois seu celu-

lar estava sem bateria e não saberia como chegar ao destino sem o aplicativo. Este simples exemplo mostra que o cérebro nem sempre age com a intensidade ou freqüência que desejamos. Esse tipo de situação acontece também em algumas pro-

priedades na região do oeste baiano que foram visitadas. Alguns produtores relataram que não precisam de registros, pois “está tudo na cabeça e estamos todos os dias na fazenda”. É fundamental ter o registro das operações, e as informações devem ser padronizadas. Caso contrário, não é possível realizar comparações entre talhões e fazendas,

ou até mesmo entender os motivos do por que algumas variedades necessitam de mais inseticidas do que outras, ou quais são os principais motivos do atraso nas pulverizações. Os indivíduos que definem o

processo devem planejar as informações que são fundamentais, para não burocratizar o trabalho da sua equipe. Esse comportamento evita, por exemplo, ter que refazer o trabalho do papel para o computador, sendo que erros de digitação e relatórios incorretos são comuns, sem ferramentas adequadas. Outro aspecto importante é planejar a rotina e o formato que a informação é coletada.


É necessário ficar em alerta para a operação realizada, afinal, alimentar um sistema quinzenalmente, cria a oportunidade para algumas ações ficarem de fora e o resultado final ficar mascarado. Mais um exemplo é ter o caderninho da movimentação de estoque do almoxarifado, o bloco de recomendações do agrônomo e mais planilhas com as informações duplicadas. Além de consumir um tempo precioso, pode resultar em dúvidas e complicações quando algo vai mal para a operação. Estes acontecimentos podem ser levados para todas as atividades do ciclo, desde o plantio, adubação, pulverização e monitoramento. O ideal é que os registros estejam sempre à mão e sejam disponíveis, oferecendo à equipe uma visão integrada de aspectos da lavoura, desde as condições de crescimento da cultura, situação de ameaças (pragas/ doenças), controle químico ou biológico já realizado, bem

como com o custo dos mesmos. Só é possível obter bons resultados através de boas deci-

sões com as informações corretas, na hora certa e com os recursos adequados.


MANTER UMA FREQÜÊNCIA DE A TU ALIZAÇÃO ATU TUALIZAÇÃO Muito comum ouvir essa frase também: “faz 18 dias que o talhão dois foi monitorado! As pragas devem ter reduzido muito a produtividade!” A freqüência que as informações devem ser coletadas é fundamental. De nada adianta ter uma informação de monitoramento de pragas de um talhão de 20 dias atrás. Também é natural ouvir alguma história como esta: “preciso de mil litros do inseticida T para pulverizar amanhã naqueles talhões”. O agrônomo recomenda com base na sua planilha, mas na hora da execução recebe uma informação que o produto não está mais disponível. Vamos supor que você deixe sua carteira aberta em cima da mesa com R$ 100.000,00 disponíveis para gastar entre cinco pessoas na fazenda, sendo que a cada retirada basta deixar se quiser, um papelzinho anotado com a quantidade. Será que você conseguiria fazer um relatório de quem retirou e no que foi gasto? Se a informação não é registrada na hora, existe um grande risco de ocorrer problemas operacionais, furo nos estoques, trabalho dobrado, dificuldade em identificar atrasos ou incoerência na exe-

cução das operações, além de criar um clima de desconfiança entre a equipe. Em resumo, o momento em que a informação foi registrada, é fundamental para aumentar a confiança da informação e a segurança da equipe. RECEBER INFORMAÇÕES NA HORA CERT A CERTA A informação é fundamental e traz o benefício de inovar a gestão de operações nas fazendas. Os dados compartilhados implicam em transparência às equipes operacionais sobre as amea-

ças de pragas, doenças, ervas daninhas, desempenho e a forma que os insumos estão sendo aplicados no campo. Fazer com que estas informações cheguem rapidamente até os tomadores de decisão, é fundamental para diminuir o tempo de resposta às ameaças no campo e evitar perdas e custos desnecessários. MEDIR OS OBJETIVOS As informações bem organizadas são fontes confiáveis para avaliar se os objetivos da fazenda, como “diminuir as divergências de estoque” ou “melhorar o timing das pulverizações”, estão sendo cumpridos.


Em uma fazenda com registros bem estruturados e uma rotina bem clara e definida, fica fácil entender, por exemplo, se o consumo de defensivos está dentro do planejado ou se os controles de lagartas estão sendo eficientes. CRIAR UMA A TMOSFERA ATMOSFERA DE APRENDIZADO E MELHORIA Ser capaz de medir os objetivos através de informações de manejo pode criar uma atmosfera de aprendizado na fazenda. Os dados organizados e confiáveis levam as importantes discussões entre a equipe técnica. Caso o agrônomo perceba um índice de pragas muito acima do normal, mesmo realizando todas

as pulverizações no tempo correto, com as doses certas, ele reúne sua equipe de monitores de pragas e os responsáveis pela pulverização a fim de entender se a operação foi bem executada. Cruzando os dados com a fenologia, a pluviometria e os horários de pulverização, eles chegam à conclusão que se deve mudar o período do dia para ter melhor eficiência no controle. Isto gera uma ótima oportunidade para treinar os funcionários sobre como fazer mudanças na operação e ter um melhor desempenho. É natural ouvir dos produtores OX que usam o software FARMB ARMBO para gerenciar o manejo, que a equipe técnica da fazenda sente mais confian-

ça, pois existe uma melhor comunicação e que, ao invés de ficar preenchendo planilhas, conta com mais tempo para olhar aquilo que é realmente importante. O crescimento e o sucesso da sua propriedade serão determinados pela consistência nos resultados. Estes resultados só poderão ser atingidos se eles tiverem sido devidamente registrados e medidos. Investir em ferramentas de informação traz um alto retorno, afinal, a equipe técnica fica mais eficaz e atinge as metas e objetivos de custos e produtividades desejados. * Diretor da Checkplant Sistemas S.A

fachinello@checkplant.com.br









Fotos: divulgação

A companhia independente Acadian Seaplants, é líder mundial em pesquisas, cultivo, colheita e extração de algas marinhas. Sediada no Canadá (Nova Escotia), a Acadian® fornece produtos de extrema qualidade para a agricultura, pecuária e indústrias alimentícias. Há pouco tempo, a Acadian® criou uma divisão específica para o mercado agrícola, denominada Acadian Plant Health, com o objetivo de expandir os benefícios dos produtos da companhia para as soluções sustentáveis e integradas

na agricultura moderna. A Acadian Seaplants tem uma subsidiária regional no país. O foco da Acadian® do Brasil está em oferecer o melhor atendimento e a maior agilidade no fornecimento de produtos e prestação de serviços aos clientes. Com uma equipe atuante, a Acadian® oferece o suporte necessário para os principais mercados agrícolas do país. Além de toda a tecnologia empregada nos produtos, dispomos de técnicos e distribuidores que estão prontamente a disposição dos clientes incluindo o oeste da Bahia. A equipe está situada no município de Luís Eduardo Magalhães.

CONHEÇA A ALGA Ascophyllum nodosum É a alga marinha mais pesquisada no mundo, além de ter o uso aplicado na agricultura. Esta alga se desenvolve nas regiões do Atlântico Norte, se estabelecendo na zona de variação de maré. Está submetida a condições ambientais extremas, sob temperaturas que no verão podem chegar a 35°C e no inverno a -20°C. Para sobreviver sob estas condições adversas, a Ascophyllum nodosum , produz compostos que possibilitam desenvolver-se e dominar tal ambiente. Tais compostos, são responsáveis por efeitos positivos, tais como, a ação bioativadora e indução de tolerância a estresses em plantas agrícolas que receberam aplicações de extrato desta alga.


EXTRATOS ACADIAN Os extratos de Aschophyllum nodosum da Acadian Plant Health, são resultantes de matériaprima uniforme e 100% frescos, combinados a um manejo de colheita sustentável e processo de extração patenteado, que proporcionam uma composição bioquímica única. O estudo é comprovado por uma metodologia analítica precisa e com resultados consistentes, considerando a bioeficácia em laboratório e a campo (Craigie, 2011). Os extratos Acadian são registrados como fertilizantes organominerais, com garantias nutricionais de potássio e carbono orgânico. O modo de aplicação dos extratos de algas Acadian®, podem ser via pulverização foliar, fertirrigação, jato dirigido ou mesmo tratamento de sementes.

A alga Aschophyllum nodosum se desenvolve em diversas condições do ambiente

Colheita manual da alga Aschophyllum nodosum, de forma que a planta seja podada e não cortada, garantindo o manejo sustentável, além da preservação do meio ambiente e a manutenção do recurso natural ao longo dos anos


RESULTADOS DE PESQUISAS DA ACADIAN SEAPLANTS Resposta da soja ao estresse hídrico após uso de extrato de alga usando imagem térmica As plantas de soja são muito sensíveis ao estresse hídrico, principlamente durante a reprodução. A deficiência hídrica provoca problemas na germinação, no stand e redução geral no crescimento, ocasionando perdas na produtividade. Na fase reprodutiva, pode causar aborto de flores e vagens novas, reduzindo, por exemplo, sementes por vagem, enchimento de grãos e seu tamanho, além de prejudicar com grande relevância a produtividade e a qualidade dos grãos. Existe vasta literatura comprovando que aplicações de extratos de algas melhoram a tolerância ao estresse das diversas culturas agrícolas. Estudos têm demonstrado o efeito positivo do extrato de Ascophyllum nodosum Acadian®, sobre a resistência das plantas ao estresse hídrico, entre os que estão disponiveis, destacamos Neily, et al., 2010 e Spann e Little, 2011. No entanto, os modos de ação de extrato de algas marinhas, envolvidos na melhoria da tolerância ao estresse, ainda requerem compreensão mais apro-

fundada. A resposta das plantas superiores ao estresse de seca, é um processo complexo e dinâmico (Chaves, et al., 2003). A folha da planta é o principal receptor de estresse, sendo responsável por desencadear uma cadeia de respostas fisiológicas de expressão dos genes da regulação hormonal (Peleg e Blumwald, 2011), na osmorregulação (Ahmad Wani, 2014) e na adaptação estrutural (Bacelar, et al., 2004). As plantas dispõem de um mecanismo de regulação dos estômatos, que controla a troca gasosa, fotossíntese e atividades metabólicas em resposta às mudanças ambientais através da manutenção de um equilíbrio crucial entre ganhos fotossintéticos e as perdas de água (Chaves, et al., 2003; Jones, et al., 2009; Costa, et al., 2013). A Acadian Seaplants efetuou ensaios com o objetivo de compreender os mecanismos de ação do extrato de algas, simulando as condições de estresse hídrico em plantas de soja, onde imagens térmicas foram utilizadas para auxiliar na detecção em estágio inicial de respostas fisiológicas da soja ao estresse hídrico “in-situ”. Para realizar o teste do estudo, foi medido o ângulo e a temperatura da folha de plantas de soja, individualmente, ao longo de um experimento de deficiência hídrica e recuperação de turgor por

cinco dias. Vale ressaltar que no referido experimento, as medidas foram efetuadas em plantas tratadas com Acadian e plantas testemunhas submetidas às mesmas condições gerais e de estresse. Essa pesquisa foi um passo importante no entendimento dos benefícios de extratos de algas marinhas, visando melhorar a produtividade da cultura da soja sob estresse hídrico. Durante os dois primeiros dias de experiência, não houveram diferenças estatísticas significativas na temperatura da folha e turgescência entre as plantas tratadas e controle (a e b). A diferença entre as plantas tratadas e o controle, tornaramse significativas no terceiro dia de estresse hídrico. Depois de cinco a seis horas de exposição a luz, as plantas controle murcharam rapidamente, enquanto as plantas tratadas com extrato de alga mantiveram o turgor. Após 24h de estresse, no quarto dia, a turgidez de plantas trata das com extrato de algas foi ligeiramente maior do que o controle (c e d). No quinto dia, foi efetuado a reidratação, onde houveram diferenças significativas visíveis entre os tratamentos. Após duas e três horas de reidratação, as plantas tratadas com extrato de algas tiveram recuperação, enquanto as plantas controle não foram capazes de se recuperar totalmente (e e f). O efeito positivo, observado nas plantas tratadas com Acadian, foi verificado em várias repetições do experimento de forma consistente.


A imagem térmica da temperatura foliar pode ser usada como um indicador de fechamento dos estômatos em resposta ao déficit hídrico do solo”. MSc Katy Shotton, pesquisadora Acadian Plant Health

Extratos de algas marinhas na cultura da soja Os extratos de algas marinhas frescas de Ascophyllum nodosum da Acadian, apresentam efeitos indutores na tolerância a estresses e ação bioativadora. Com o objetivo de demonstrar os benefícios do uso dos extratos de algas na cultura da soja, nas condições climáticas do município de Luís Eduardo Magalhães, foram estabelecidos ensaios de campo.


METODOLOGIA Em ensaio de campo, realizado em parceria com a empresa de pesquisas e consultoria Círculo Verde, durante a safra de 2014/2015, foi utlizada a cultivar de soja M9144 RR. No delineamento expe-

rimental, foram casualizados blocos com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo: (T1) Testemunha manejo padrão sem aplicação do extrato de algas; (T2) Tratamento de sementes 200 mL/100kg (TS) + duas aplicações em R1 e R5 de 300 mL/ha; (T3) TS + duas aplicações em R1 e R5 de 600 mL/ha; (T4) TS + duas aplicações em

R1 e R5 de 900 mL/ha. Confira a figura 1 acima. RESULTADOS Neste ensaio, a aplicação de Acadian® resultou em uma maior produtividade para os tratamentos (T2, T3 e T4) em relação à testemunha. No resultado foi confirmada a obtenção para o incremento na ordem de 5.6 sc/ha de soja na aplicação de TS (200 mL/100 kg + 600 mL/ha de Acadian®).


AUMENTO NA PRODUÇÃO Outros campos demonstrativos, em diversas regiões do oeste baiano, foram implementados visando demonstrar que a aplicação do extrato de algas Acadian®, pode favorecer o melhor desenvolvimento das culturas de soja, feijão e milho, resultando em: melhor sanidade, melhor resistência ao estresse hídrico e maior incremento da produtividade.


CONCLUSÃO Os bons resultados de campo obtidos nestas culturas na regiao de Luís Eduardo Magalhães, permitem afirmar que o uso de extrato de algas Acadian® promove o incremento de produtividade, melhora a sanidade das plantas e confere maior tolerância ao

estresse hídrico. Ou seja, as plantas tratadas com Acadian®, crescem e produzem mais com menos água do que as plantas testemunhas.

Autores do artigo: Lorena Carvalho* (Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Estadual da Bahia) / Dra. Lilian Saldanha ** (PhD pela Universidade de Linconl-Nebraska) Dr. Marcos Bettini *** (Doutor em fisiologia do estresse pela Unesp de Botucatu -SP)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Akibode S, Maredia M (2011) Global and regional trends in production, trade and consumption of food legume crops. Department of Agricultural, Food and Resource Economics, Michigan State University, East Lansing; Craigie, J. (2011) Seaweed Extract Stimuli in Plant Science and Agriculture. .J.Appl.Phycol. 23:371. Darianto S, Wang L, Jacinthe PA (2015) Global synthesis of drought effects on food legume production. PLoS One 10(6):e0127401. doi:10.1371/journal.pone.0127401; Neily W, Shishkov L, Nickerson S, Titus D, Norrie J (2010) Commercial extracts from the brown

seaweed Ascophyllumnodosum (Acadian) improves early establishment and helps resist water stress in vegetable and flower seedlings. HortScience 45:S234; Chaves MM, Maroco JP, Pereira JS (2003) Review: understanding plant responses to drought—from genes to the whole plant. Funct Plant Biol 30:239– 264; Peleg Z, Blumwald E (2011) Hormone balance and abiotic stress tolerance in crop plants. Curr Opin Plant Biol 14(3):290–295; Ahmad P, Wani MR (2014) Physiological mechanisms and adaptation strategies in plants under changing

environment: vol 1. Springer Science + Business Media, New York; Bacelar EA, Correia CM, Mountino-Pereira JM, Goncales BC, Lopes JI, Torres-Pereira JMG (2004) Sclerophylly and leaf anatomical traits of five field-grown olive cultivars growing under drought conditions. Tree Physiol 24(2):233–239; Costa JM, Grant OM, Chaves MM (2013) Thermography to explore plant-environment interactions. J Exp Bot 64:3937–3949; Jones HG (2004) Application of thermal imaging and infrared sensing in plant physiology and ecophysiology. Adv Bot Res 41:107–163




Q

uando se falava, há mais de 40 atrás, que o cerrado baiano era impróprio para o cultivo de grãos, a afirmação era convicta. Historicamente, as primeiras plantações foram de arroz e, notadamente, as lavouras da época tiveram resultados desastrosos. Foi a partir desse cenário que, com o incenti-

vo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já no início dos anos de 1980, começaram os estudos e as pesquisas para a correção e manejo do solo na implantação da principal cultura da época, a soja. Os resultados, pouco menos de quatro décadas depois, mostram que as pesquisas foram fundamentais para o crescimento da cultura. Mas não parou por aí!


Outras culturas foram implantadas, como o milho, o café, o feijão, o algodão, a fruticultura, entre outras oleaginosas (mamona e girassol), por exemplo. Outro aspecto importante foi a adoção do Sistema Plantio Direto e a implantação da Integração Lavoura e Pecuária, durante essas décadas. O potencial agrícola da região é extremamente favorável com altos índices na produção, a nível mundial, diga-se de passagem. Agora é a vez do trigo! Mais uma vez a pesquisa comprova que o estudo é fundamental para implantar uma nova dinâmica na agricultura. A tecnologia aplicada na triticultura do oeste baiano é equivalente à produção dos Estados Unidos da América, um dos maiores exportadores do cereal para o Brasil, seguido de outros países produtores do grão. Hoje, o trigo que era considerado uma cultura de inverno, avança em processo acelerado no oeste baiano. Os primeiros experimentos foram analisados já na década

de 1990, através da Embrapa. O pesquisador da Embrapa Cerrados, Julio Cesar Albrecht (melhoramento genético de trigo), salienta que “a Embrapa Cerrados, com a colaboração da Embrapa Trigo, desenvolve pesquisas na região, principalmente no desenvolvimento de novas cultivares e também para o manejo da cultura. Desde a década de 1990, desenvolvemos novas cultivares para o oeste baiano, mas somente a partir do ano de 2010, tivemos uma maior expansão da área plantada com trigo com uma boa produtividade de grãos e excelente qualidade industrial para produção de pães. Dessa forma, o trigo está evoluindo com muita qualidade na região”. EXCELÊNCIA NAS VARIEDADES Os excelentes resultados na colheita demonstram que as variedades de trigo desenvolvidas e implantadas no oeste baiano, registram índices com alta satisfação. Segundo o pesquisador

Julio Cesar, “a região está produzindo um dos melhores trigos para panificação do Brasil. A eficácia é constatada com a alta força de glúten e alta estabilidade. O cenário agrícola tem condições climáticas favoráveis para as cultivares disponíveis, como as BRS 264 e BRS 394. Essas variedades têm características de qualidade industrial para a demanda do mercado moageiro”. A produção das cultivares está registrada nos resultados da última safra, conforme avaliação dos pesquisadores da Embrapa Cerrados. Ainda de acordo com Julio Cesar, “alguns produtores da região chegam a colher sete toneladas de grãos por hectare. Para se ter ideia, a média nacional está em torno de 2.7 ton/ha. Os grãos produzidos têm força de glúten superior a 350 10-4 J, além da estabilidade acima dos 30 minutos, o que significa um ótimo desempenho do grão para a panificação”. De acordo com os estudos, a recomendação para o plantio de trigo irrigado no cerrado, é em áreas com altitude igual ou


superior a 600 metros, em função principalmente das temperaturas mais amenas que favorecem o bom desenvolvimento das plantas. Além de toda a importância da cultura do trigo no cenário econômico, Albrecht ressalta que a rotação do cereal proporciona uma melhor sanidade do solo. “É uma cultura extremamente necessária. O trigo como gramínea, quebra o ciclo de doenças e pragas, além de auxiliar na supressão de

plantas daninhas”, enfatiza. REGIÕES PRODUTORAS Existem diversas regiões que têm potencial para o plantio do trigo, melhores que os cultivados no Sul do país, por exemplo. “A região do MATOPIBA precisa, de um modo em geral, de maiores investimentos na pesquisa. Hoje, a Embrapa investe com maior foco no oeste baia-

no, porque os resultados creditam o potencial positivo diante dos resultados, além do interesse dos produtores”, salienta o pesquisador. O Brasil necessita do grão dourado, e ainda não se dá a real importância para o cultivo do cereal. Dados comprovam, a todo o momento, que a condução de ensaios em diferentes regiões, mostra que os resultados através das pesquisas, são satisfatórios.


A estimativa para o pleno desenvolvimento da cultura no oeste baiano é que, a partir do momento que for implantada uma indústria moageira, a expansão do cultivo do trigo será muito rápida. “O trigo produzido na região é escoado para Brasília (DF), onde estão instalados os moinhos mais próximos. No entanto, esse escoamento tem um custo que diminui a rentabilidade do produtor. Já existem estudos e projetos em fase adiantada para a instalação de indústrias moageiras na região”, afirma Julio Cesar. O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta um aumento na produção do trigo. Na safra 2016, foram plantados mais de 2.400.000 hectares em solo brasileiro. Na região oeste da Bahia, segundo dados da Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o plantio foi de aproximadamente 3.000 hectares. “Essa é uma cultura em que eu acredito muito, pelos benefícios agronômicos e financeiros. Precisamos somente que ela faça parte do zoneamento agrícola e também entre nos financiamentos dos bancos”, afirma Julio César Busato, presidente da Aiba. “O oeste baiano tem hoje 120 mil hectares irrigados com as culturas da soja, do milho, do algodão, entre outras, e com potencial para crescer muito mais”, enfatiza. A continuidade da expansão da cultura vai exigir envolvimento, tanto dos governos em nível federal, estadual, municipal e de agentes econômicos, com a fi-

nalidade de fortalecer e criar políticas públicas bem sucedidas e sustentáveis para o setor. CURIOSIDADES SOBRE O TRIGO O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea originária da Mesopotâmia, sendo o segundo cereal mais cultivado no mundo, ficando atrás apenas do milho. Indícios revelam que uma espécie, considerada o ancestral do trigo, era cultivada na Síria, Jordânia, Turquia e Iraque há 8.000 anos. O cereal teve grande importância nas civilizações egípcia e mesopotâmica. O trigo é uma planta que pode medir entre 0,5 a 1,5m de altura, possui folhas estreitas e longas, além de apresentar espigas. Dentro dessas estruturas estão localizados os frutos, grãos pequenos e secos que se desenvolvem 30 dias após a fecundação da flor. O farelo de trigo é constituído por fibras insolúveis que auxiliam no

processo digestivo e na eliminação de toxinas do organismo. O cereal possui uma boa quantidade de sais minerais (potássio e zinco), proteínas e vitaminas do complexo B. O grão de trigo é o principal ingrediente usado para produzir o pão, um alimento produzido ao longo de milhares de anos. O cereal também é utilizado na fabricação de rações animais, farinhas e cerveja. A cultura do trigo ocupa 20% de toda a área cultivada no mundo, resultando em uma produção em torno de 500 milhões de toneladas/ano. Os maiores produtores mundiais de trigo são: China, Índia, Rússia, Estados Unidos, França e Canadá. No Brasil, a produção de trigo ainda se concentra nos estados da região Sul e Sudeste. Com a pesquisa avançada, a triticultura está avançando no cerrado baiano! Ascom Instituto PAS




Fazer uma agricultura cada vez mais precisa, sustentável e que faça gerar lucro, não é pura sorte. É necessário muito planejamento! A capacitação dos profissionais que fazem os bastidores, dia a dia no campo, é fundamental para ter os melhores resultados positivos em cada safra

Há 11 anos na região oeste da Bahia, a Paulo Saran Treinamentos Técnicos e a Solo e Planta Consultoria Agronômica, sob responsabilidade do conceituado e experiente técnico agropecuário Paulo Saran, realizam apresentações e treinamentos técnicos para as culturas de soja, milho e algodão. O público alvo são técnicos e agrônomos, amostradores, representantes comerciais e profissionais autônomos, há várias safras. Durante as últimas cinco safras, a agricultura da região oeste da Bahia passou por vários problemas e eventos e, em todos eles, a capacitação

técnica foi uma ferramenta fundamental para a superação de cada desafio apresentado. Para a iniciação na atividade de amostragem ou para a manutenção dos amostradores, é fundamental o uso dos treinamentos técnicos como ferramenta básica para capacitação, antecipando as ocorrências e evitando os prejuízos. Durante os treinamentos, são transferidos os conhecimentos na forma de características de identificação de insetos e doenças, fases fisiológicas e deficiências nutricionais das culturas, lesões e potencial de danos e as informações na forma de novas ocorrências, identificadas por alterações de comportamento frente aos novos ambientes, onde insetos e doenças secundárias se tornam primárias,


além do surgimento de novos produtos e novas opções de manejo. Os conhecimentos são as informações acumuladas de várias safras, além de serem considerados fundamentais para os amostradores iniciantes. Também é uma importante ferramenta para a reciclagem técnica anual para amostradores experientes, onde as informações são os novos conhecimentos, considerados importantes para a atualização técnica constante para amostradores iniciantes e experientes, e devem ser repassadas ou discutidas periodicamente durante a safra. Durante as várias safras, foram realizadas avaliações em pré e pós treinamentos para nortear os avaliados a identificar suas maiores dificuldades, com o objetivo de comparar as pontuações para avaliar as evoluções obtidas em pré e pós treinamentos. Os trabalhos foram realizados nos estados de Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Goiás (GO), Bahia (BA) e Maranhão (MA). Os resultados destas avaliações são divididos pelo nível de experiência profissional, (supostamente avaliados pelo número de safras de trabalho acumulados). Nas avaliações foram apresentadas e realizadas 20 questões padronizadas, onde foi possível fazer uma divisão em quatro grupos, entre eles: o reconhecimento por fotos, sendo apresentada uma foto característica de uma praga e as opções para identificação; conhecimentos gerais, onde foram descritas características de danos e as opções para o entendimento e identificação destas ocorrências; transgenias, que foram abordadas questões sobre toxinas expressas e lepdopteros controlados pelos eventos e, interpretação de dados, onde foram simuladas avaliações de campo e os parâmetros das avaliações e também apresentadas as opções a serem assinaladas. Aos avaliados, foi dada a orientação de que todas as questões têm apenas uma resposta correta, além da sugestão de assinalar apenas quando tiverem a certeza da resposta.

CONHECIMENTO, ponto fundamental para o crescimento profissional Vários são os fatores que vêm influenciando nas baixas pontuações, independente da região e da experiência dos amostradores. Se analisarmos o princípio da atividade, seremos remetidos a um período em que poucos tinham conhecimento técnico e que a demanda por amostragens era exclusiva dos algodoais, tanto pelo altos custos de produção, quanto pelas expectativas de altas rentabilidades (quando comparados a outras culturas). Isso valorizava profissional e financeiramente os amostradores que eram contratados como uma forma de ad-

ministrar os riscos, assegurando que partes dos investimentos eram bem utilizados e garantindo uma maior probabilidade de sucesso. Naquele momento, nas propriedades, os responsáveis pelas amostragens eram muitas vezes os filhos dos produtores, filhos de antigos funcionários e parentes dos funcionários, filhos de "colonos" vindos da região Sul do Brasil, ou profissionais de estados tradicionais na cotonicultura, como por exemplo os estados de São Paulo (SP) e Paraná (PR), que migravam para o cerrado em busca de novas oportunidades. A velocidade com que novas propriedades iniciaram na cotonicultura, além da expansão das áreas plantadas, fez com que ocorresse um au-


mento expressivo da demanda por novos amostradores. A partir dessa necessidade, criou-se a oportunidade para cargos superiores como "líderes técnicos" e até gerentes de novas fazendas, para os amostradores mais experientes. Esse grande aumento da demanda por novos amostradores fez com que a mão de obra ofertada passasse a ser local e quantitativa, ficando algumas qualidades (principalmente técnica), abaixo das necessidades exigidas. Nesse momento, a área coberta por cada amostrador passou de 400 para 700 hectares (aproximadamente), e começou a abranger novas culturas (soja e milho). O produtor também começou a entender o amostrador como mão de obra disponível e barata, fazendo com que as receitas se achatassem pela retirada de benefícios como as PLRs (Participação de Lucros e Resultados), também conhecidas como "comissões", e parte da qualidade necessária para a seleção de um bom profissional de amostragem passou a ser desconsiderada no processo de seleção, como a habilidade em se expressar, dedicação e comprometimento. As poucas perspectivas profissionais e os baixos salários, aliadas a baixa qualidade do ensino preparatório, podem ser consideradas como as principais causas para perda da qualidade do trabalho para amostradores iniciantes. O aumento de oportunidades em setores urbanos, promovidos por uma boa fase da economia brasileira, também contribuiu para o desinteresse de alguns amostradores mais experientes em se manter na atividade. Além destes, outros fatores, como culturas regionais e programas de governo que garantem renda de subsistência e estimulam a ociosidade, também contribuíram para a perda gradativa do comprometimento dos amos-


tradores com a atividade. O resultado desse processo foi a alta rotatividade anual dos amostradores (aproximadamente 80%). Embora existam diferenças bastante significativas entre as regiões produtoras, a alta rotatividade é algo comum entre elas. Durante os acontecimentos até aqui relatados, sempre houve "panos de fundo" para cada momento, influenciando ou ditando tendências, não só na cotonicultura, mas na agricultura como um todo. Certamente, dentre tantos, o principal "pano de fundo" foi as transgenias, que desde o início da sua implantação provocou as maiores mudanças observadas na agricultura. Desinformação, expectativas frustradas, alteração de comportamento de insetos, insetos de importância secundária se tornando pragas, novos insetos, susceptibilidade a doenças, novas plantas daninhas, mudanças no manejo e elevação dos custos, criaram um ambiente de "caos" na agricultura nas últimas safras. Embora problemas pontuais de manejo ou casos isolados de ocorrências de lepdopteros poderão continuar a ocorrer, é perceptível quanto é importante a manutenção das áreas de refúgio em todas as culturas. Mesmo sabendo que a sua proposta de eficiência na manutenção das tecnologias seja baseada em simulações matemáticas e probabilidades, e que basta um "sopro divino", para que a natureza se reorganize, devemos manter a proposta do refúgio estruturado e efetivo, como principal ferramenta de manutenção das tecnologias atuais. Com a liberação de novas tecnologias mais eficientes, e também as culturas transgênicas, somadas ao aumento das áreas plantadas e a manutenção das áreas de refúgio, fazem com que atualmente se tenha a sensação de que o pior está passando e que é hora de reavaliar o papel dos amostradores no cenário futuro. O sistema tradicional de amostragens começa a ser substituído pelo

sistema informatizado, e essa tendência é irreversível. Infelizmente alguns sistemas apresentam mais ferramentas gerenciais (estoque, imagens, etc...), ou ainda parecem se preocu-

par mais em apresentar um programa que permita monitorar mais os amostradores do que os problemas. Por traz de qualquer programa de monitoramento ou da tecnologia ado-


tada, como smartphones, tablets ou drones, sempre deverá existir na base da informação o aval do olho humano antes de teclar a confirmação da identificação do problema encontrado. Deveremos, ao contrário do até então ocorrido, iniciar um processo seletivo por amostradores mais qualificados tecnicamente e que apresentem as qualidades necessárias para o desempenho de suas funções. Quanto custa contratar e manter um amostrador mal treinado ? Os custos do investimento na formação de um amostrador vão muito além do salário, encargos e manutenção (refeição, alojamento, transporte, etc...). Quando ocorre uma demora ou um erro na identificação de um problema, isso reflete na perda de estru-

turas como reflexo direto ou indireto dos danos. Essa perda de produtividade não é mensurável e aparentemente é pequena, mas pela dimensão da área monitorada por ca-

da amostrador (com tendência a aumentar), a perda em escala faz com que o valor final seja expressivo. Embora saibamos que existem as áreas operacional, administrativa e técnica, e que os amostradores são um segmento da área técnica, devemos ter a consciência de quanto representa esse segmento no processo produtivo. Um capulho por metro em uma lavoura plantada com espaçamento de 76 cm entre linhas, com peso médio de 4,5 gramas, e expectativa de produtividade de 304 @/ha (77 capulhos por metro linear) pode representar até 3,95 @/ha. Numa área monitorada de 1.000 hectares, a perda de uma única maçã por metro pode representar uma perda de 3.950 arrobas. Atualmente, a média de área atendida por um amostrador é de aproximadamente 1.000 ha de algodão, com forte tendência entre 3.000 a 4.000 ha de lavoura, dentro de um sistema agrícola (algodão, soja, milho, feijão, sorgo, trigo, forrageiras, etc.). Independente das mudanças que ocorram na agricultura de escala, devemos sempre acreditar nas pessoas que fazem parte do processo produtivo e investir na sua capacitação. Com esse olhar mais humano e empreendedor, valorizamos as pessoas e asseguramos o retorno dos investimentos. * Consultor técnico / Paulo Saran Treinamentos Técnicos / Solo e Planta Consultoria Agronômica



É preciso reverter as ameaças, como a instabilidade energética, principalmente à agricultura, que tem papel relevante para o crescimento do país


ço Energético Nacional 2016 (relatório Síntese), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Em 2014, o mesmo levantamento apontou que esse percentual foi de 39,4%, bem acima da média mundial (13,5%) e do percentual dos países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 9,4%. Fatores climáticos e as dimensões de nosso território explicam, em parte, esse desempenho recorde. É importante destacar que, em anos anteriores, o Brasil alcançou 45% de participação de energias renováveis na matriz energética brasileira.

Na prática, comparado com países economicamente mais fortes, esses números significam que as nações desenvolvidas ainda têm mais de 90% da matriz energética originária do petróleo, gás e carvão mineral, ou seja, na chamada "energia suja", mais poluente e com elevados percentuais de emissão de gás carbônico (CO2). Traduzindo para exemplos bem ilustrativos: cada brasileiro emite sete vezes menos CO2 do que um americano e três vezes menos do que um chinês ou europeu, apesar da enorme população da China. Graças às energias renováveis, o setor elétrico brasileiro consegue emitir três vezes menos CO2 do que o europeu, quatro vezes menos do que o norte-america-

no e seis vezes menos do que o chinês. Os estudos do pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda, da Embrapa Monitoramento por Satélite, são claros sobre os efeitos da agricultura na produção de energia. Além da enorme capacidade de produção de alimentos e fibras, o agronacional tem ampliado, em escalas surpreendentes, o potencial gerador de energia no país. Entre os derivados da nossa competente agricultura, estão os combustíveis sólidos (carvão vegetal e lenha), os líquidos (biodiesel e etanol),

gasosos (gás de carvão vegetal e biogás) e energéticos (cogeração de energia elétrica e térmica com subprodutos agrícolas, como bagaço de cana-de-açúcar, lixívia, palhas, cavacos, etc). Só os produtos energéticos da cana-de-açúcar garantiram, por exemplo, 16,9% do total da energia consumida no Brasil em 2015. Foi contribuição superior a todas as hidrelétricas juntas (11,3%). Lenha e carvão vegetal contribuíram com 8,2%, ajudando a mover caldeiras e fornos que funcionam nas padarias e pizzarias até os fornos das siderúrgicas de ferro gusa. Por fim, biodiesel, lixívia, biogás e outros resíduos asseguraram 3,1% de nossa matriz energética. Hoje, só o sebo de boi um resíduo

A energia sustentável é um dos caminhos para o país crescer.

A

despeito da crise política e econômica, o Brasil é, certamente, um dos países com maior vocação para o desenvolvimento sustentável no setor energético. A agricultura brasileira, uma das mais competitivas e bem sucedidas do mundo, é, inevitavelmente, uma aliada importante nesse processo. Os números sobre a participação de energias renováveis, na matriz energética nacional, reforçam essa convicção porque, em 2015, mantiveram-se entre as mais elevadas do mundo: 41,2%, segundo Balan-


de frigoríficos - garante cerca de 20% da produção de biodiesel. O restante vem dos óleos vegetais, sobretudo de soja. Apesar dessas características, nem todas as projeções sobre o setor energético do Brasil comportam apenas otimismo. Mesmo com a tendência de ampliação do uso de fontes limpas e diversificadas, as grandes cidades continuarão, segundo estudos internacionais e acadêmicos, buscando padrões ocidentais de consumo.

Países emergentes, como a China, têm investido fortemente em fontes renováveis, mas o tripé "carvão, óleo e gás" continuará sendo, no curto prazo, as principais fontes de energia de fábricas e das grandes cidades. A Agência Internacional de Energia (IEA) mantém as projeções de que as fontes fósseis seguirão em ascensão, ainda que de modo mais lento, podendo corresponder a

75% da matriz energética global em 2040. O óleo barato e acessível em grande quantidade explica o porquê dessa tendência. Além disso, a burocracia excessiva e as dificuldades em avançar com projetos de infraestrutura poderão, no caso do Brasil, ampliar os desafios em relação ao fornecimento e ao acesso à energia aos municípios. Cálculos recentes apontam que os brasileiros poderão pagar em 2016 cerca de R$ 20 bilhões em encargos e subsídios do sistema elétrico, que incidem sobre as contas de luz. Os recursos arrecadados vão servir para financiar ações como o programa Luz para Todos e a tarifa social, que dá desconto para consumidores de baixa renda. Mas

também sustentam incentivos a agricultores, que pagam mais barato pela energia usada na irrigação, e incentivos a investimentos em fontes de energia que já são competitivas. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que os encargos e subsídios respondem aproximadamente por 16% do valor


da conta de energia. É quase o mesmo que o consumidor paga pelo serviço prestado pelas distribuidoras, que levam a eletricidade até as casas, lojas e indústrias. São realidades que o Brasil deverá lidar para atualizar as políticas energéticas que o país precisa, nesse momento. Até o final do ano, o governo deve apresentar uma proposta de revisão dos subsídios e encargos embutidos na conta de luz. Tais ajustes deverão ser discutidos no Congresso Nacional. Será preciso também, nesse contexto, reverter ameaças, como a instabilidade energética em áreas em que a agricultura tem papel relevante, como no oeste da Bahia e em diversas outras localidades e municípios do interior do Brasil. A constru-

ção de linhas de transmissão, ligadas às grandes usinas, como a de Belo Monte, por exemplo, serão essenciais nesse processo de modernização e sustentabilidade energética. Registre-se, no caso brasileiro, o peso das hidrelétricas, na matriz energética. Isso deverá ser feito de modo a estimular o crescimento econômico, com geração de emprego e renda, e em conformidade aos regramentos ambientais nacionais e internacionais. O Acordo de Paris, tratado internacional que prevê metas conjuntas dos países na busca pela redução do aquecimento global, ratificado recentemente pelo governo brasileiro, é um desses balizadores. Espera-se que nessa matemática da sustentabilidade,

o governo federal se comprometa a reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 37%, até 2025, e em 43%, até 2030, tendo como parâmetro as emissões registradas pelo país em 2005. Não será uma tarefa fácil, pois será preciso reduzir as deficiências da infraestrutura energética nacional sem deixar de lado as enormes diferenças sociais existentes. Será primordial criar condições para que a sociedade brasileira faça melhores escolhas tecnológicas e energéticas, promovendo energia limpa e apoiando a pesquisa e o desenvolvimento de fontes renováveis para um futuro economicamente e socialmente sustentável. * Senadora Ana Amélia (PP-RS), presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado



Milton Akio Ide* Marcio Pereira* / Tiago Tezotto* O estabelecimento de um programa de adubação e nutrição da lavoura é essencial para garantir o equilíbrio nutricional, induzir resistência a doenças e maximizar a produtividade. Com esse objetivo, os estudos desse trabalho tiveram como foco avaliar a aplicação dos produtos Big Red, Reforce e Yantra, na indução de resistência na cultura da soja cultivada na região no oeste da Bahia. O experimento foi conduzido no campo de pesquisas da Milton Ide Consultoria & Grupo Busato, no município de São Desidério (BA). O trabalho consistiu de cinco tratamentos e quatro repetições, em delineamento de blocos casualizados. A cultivar de soja utilizada foi a M8349 IPRO. Os tratamentos consistiram na aplicação de Reforce, Yantra e Big Red aplicados aos 40, 50, 71 e 85 dias após a emergência, com vazão de 150 L ha-1. No terço inferior, a aplicação de Reforce + 2x (Yantra + Big Red) apresentou eficiência agronômica de 64,7%, enquanto que aplicações de Big Red o valor foi de 29,6%. Para o terço médio, a maior eficiência agronômica observou-se na aplicação Reforce + 2x (Yantra + Big Red), com 70,7%, enquanto aplicação de Big Red foi da ordem de 29,3%. A maior porcentagem de desfolha (91%) foi observada no tratamento controle, a qual diferiu estatisticamente do tratamento Reforce + 2x (Yantra + Big Red), com desfolha de 65%. A aplicação de Reforce + 2x (Yantra + Big Red) apresentou produtividade de 53,3 sacas ha-1, ganho de 10,8%,

enquanto que o tratamento controle a produtividade foi da ordem de 48,1 sacas ha-1. COMPETIVIDADE E PRODUTIVIDADE O complexo soja, destaca-se por sua importância na balança comercial brasileira, e para viabilizar a competitividade da cultura, há a necessidade de garantir a máxima produtividade econômica das áreas de cultivo. Neste sentido, o estabelecimento de um programa de adubação e nutrição da lavoura é essencial para garantir o equilíbrio nutricional e maximizar a produtividade da soja. Há tempos vem se discutindo o papel da nutrição de plantas sobre a resistência a doenças, e a capacidade que as plantas têm em se defender é, sem dúvida, influenciada pelo vigor e seu estádio fenológico (Bettiol & Ghini, 2001).

Uma planta com deficiências nutricionais é normalmente mais vulnerável ao ataque de patógenos do que outra em condições nutricionais ótimas (Zambolim, et al., 2001). A atuação dos indutores de resistência não se dá pela eliminação do patógeno, como acontece com os fungicidas, bactericidas e nematicidas, mas sim pela ativação da sua resistência latente, o que pode fazer com que a entrada ou posterior atividade do patógeno em seus tecidos sejam evitadas ou atrasadas (Amaral, 2008). Uma grande vantagem da indução de resistência é a ausência de especificidade, pois protege a planta contra vários tipos de patógenos (Walters, et al., 2005), sendo esta proteção persistente por dias, semanas ou atéì meses (Edreva, 2004). O efeito protetor depende do intervalo de tempo entre a indução e o ataque pelo pató-


geno. Esta dependência indica que mudanças no metabolismo da planta, envolvendo síntese ou acúmulo de substâncias, podem interferir no fenômeno da indução (Pascholati & Leite, 1995). Isto leva a compreender que o equilíbrio nutricional é essencial para que esta estratégia de controle funcione, pois permite taxas ideais de síntese proteica, evitando acúmulos em excesso. De acordo com as aplicações, o trabalho teve como objetivo avaliar a aplicação dos produtos Big Red, Reforce e Yantra na cultura da soja cultivada na região do oeste da Bahia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo de pesquisas da Milton Ide Consultoria & Grupo Busato, localizado na Fazenda Warpol, no município de São Desidério (BA). A cultivar de soja (Glycine max L.) utilizada foi a M8349 IPRO, semeada no dia 14/11/15, com espaçamento entre linhas de 0,60 m em área sob plantio convencional, com população final de aproximadamente, 130.000 plantas ha-1. O experimento foi instalado em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições, totalizando 20 parcelas experimentais. As parcelas foram constituídas de cinco linhas da cultura espaçadas em 0,60 m entre linhas e 10 metros de comprimento, totalizando 30 m2 para cada parcela. No experimento foram utilizados Reforce (P2O5: 26%; K2O: 19%), Yantra (P2O5: 33,6%; K2O: 29%) e Big Red (Cu: 36% p/v), aplicados nos estádios fenológicos V8 (40 DAE), R1 (50 DAE), R1+21 (71 DAE) dias e R1+35 dias (85 DAE), conforme descrito na tabela 1. As avaliações da ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi) e do complexo de doenças de final de ciclo (Septoria glycines

e Cercospora kikuchii), foram realizadas aos 15 dias após cada aplicação. Já as avaliações de severidade ocorreram por meio da amostragem de 15 trifólios no terço inferior e terço médio das plantas em cada parcela, de acordo com a metodologia proposta para ferrugem (Godoy; Koga; Canteri, 2006) e das doenças de final de ciclo (Martins, et a., 2004). Os resultados foram expressos em porcentagem de severidade da doença. Para o cálculo da eficiência agronômica em razão da aplicação dos indutores de resistência, foi adotada a fórmula de ABBOTT (1925), em que a Eficiência (E%)=t-p/t*100, onde t é a infestação nas testemunhas e p é a infestação na parcela tratada. A avaliação da desfolha na cultura da soja foi realizada aos 103 DAE, por meio de escala diagramática para estimativa da des-

folha provocada por doenças em soja (Hirano, et al., 2010). Ao final do ciclo (104 DAE), quatro linhas centrais por quatro metros foram colhidas manualmente dentro de cada parcela, trilhadas com auxílio de trilhadora de parcelas e a umidade de grãos corrigida para 13%, com a finalidade de estimar a produtividade. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância com nível de 5% de significância. Se significativo, as médias dos tratamentos foram comparadas a 5% pelo teste de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO No complexo de doenças de final de ciclo da cultura da soja (DFC), foi observado um incremento na severidade aos 50 DAE,


nos tratamentos controle e com aplicação de Big Red no terço inferior. Na aplicação de Reforce + Yantra, Reforce + 2x (Yantra) e Reforce + 2x (Yantra + Big Red), o incremento na severidade das doenças de final de ciclo iniciou-se aos 65 DAE (figura 1 / página anterior). Ao longo das avaliações de severidade das doenças de final de ciclo da soja, o tratamento controle (sem aplicação dos indutores de resistência) apresentou porcentagem superior, tanto no terço inferior quanto no terço médio, independentemente dos tratamentos de indutores de resistência aplicado. Ao final das avaliações (95 DAE), a severidade das doenças de final de ciclo apresentou valores da ordem de 13,3% (terço inferior), e 4,1% (terço médio) para o tratamento controle, enquanto que no tratamento com Reforce + 2x (Yantra + Big Red), os valores médios observados foram de 4,7% (terço inferior) e 1,2% (terço médio). No terço inferior, a maior eficiência agronômica foi observada com a aplicação de Reforce + 2x (Yantra + Big Red), com valor de 64,7%, enquanto que aplicações de Big Red apresentaram eficiência agronômica da ordem de 29,6% (figura 2). Em relação à desfolha, a maior porcentagem ocorreu no tratamento controle (91%), a qual diferiu estatisticamente do tratamento Reforce + 2x (Yantra + Big Red), com desfolha da ordem de 65% (figura 3). A aplicação de Reforce + 2x (Yantra + Big Red), apresentou produtividade da ordem de 53,3 sacas ha-1, o que representa um ganho de 10,8%, enquanto que o tratamento controle, a produtividade observada foi da ordem de 48,1 sacas ha-1. As aplicações de Big Red, Reforce + Yantra e Reforce + 2x (Yantra), apresentaram produtividade média da ordem de 51,5 sacas ha-1, um ganho da ordem de 7% (figura 4). CONCLUSÃO A severidade das doenças de final de ciclo apresentou valores médios de 8,7% para o tratamento controle, enquanto que no tratamento com Reforce + 2x (Yantra + Big Red), os valores médios observados foram de 2,95% aos 95 DAE. A menor porcentagem de desfolha foi no tratamento Reforce + 2x (Yantra + Big Red), com desfolha da ordem de 65%. A aplicação de Reforce + 2x (Yantra + Big Red), apresentou produtividade da ordem de 53,3 sacas ha-1, o que representa um ganho de 10,8%, enquanto que o tratamento controle a produtividade observada foi da ordem de 48,1 sacas ha-1. As aplicações de Big Red, Reforce + Yantra e Reforce + 2x (Yantra) apresentaram produtividade média da ordem de 51,5 sacas ha-1, um ganho da ordem de 7%. * IDE Consultoria Agrícola








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