Revista InterBuss | Edição 486 | 22.03.2020

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Deu na imprensa

Crise do coronavirus vai impactar mercado severamente

QUEDA NA PRODUÇÃO

• Do Automotive Business <automotivebusiness.com.br>

Será grande e multifacetado o impacto do agravamento da pandemia de coronavírus na indústria automotiva brasileira. Trabalho dos consultores Paulo Cardamone e Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, divulgado na sextafeira, 20, indica que a produção de veículos leves (automóveis e utilitários) deverá recuar a patamar pouco inferior ao de 2017, para 2,67 milhões de unidades em 2020, ou 4% abaixo de 2019, revertendo a expectativa do fabricantes, que era de crescimento de 7%, para 2,8 milhões. Os consultores ponderam que o desempenho poderá ser ainda pior se as paralisações já anunciadas de linhas de produção no País entre este mês e o próximo forem estendidas por mais tempo. Eles fizeram a projeção de redução da produção considerando que o pico da disseminação do coronavírus vai acontecer nos próximos 30 a 45 dias e estabilização da propagação só viria no último trimestre de 2020. Mesmo sem as interrupções nas

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fábricas, o desempenho da produção brasileira de veículos já estava prejudicado pelas exportações reduzidas em função da recessão dos mercados com os quais o Brasil se relaciona, além da provável falta de peças importadas. A paralisação nos últimos meses de empresas em Wuhan, epicentro da pandemia do Covid-19 e sede de grande parte dos fornecedores chineses de autopeças, já se fez sentir nas fábricas mais próximas, com falta de componentes para montadoras na Coréia do Sul e Japão. No Brasil, onde a maioria das operações deverá parar nas próximas semanas, os efeitos dessa quebra de fornecimento continuarão a ser sentidos nos próximos dois ou três meses, dizem os consultores. “A busca pela recuperação futura da produção perdida está fora do radar neste momento e será dependente de improvável retomada mais acelerada das vendas e de custos maiores causados principalmente pela desvalorização cambial”, dizem os consultores da Bright. Os consultores da Bright avaliam que a recessão econômica global causada pela pandemia afetará com força o mercado

brasileiro de veículos leves. As vendas de carros novos ou usados vão cair tanto pela perda de produção quanto pela falta de compradores. Levando em conta o cenário atual, a consultoria estima que serão vendidos este ano no País 2,61 milhões de veículos leves, nível próximo ao de 2018 e 3% menor em relação a 2019, também revertendo as expectativas dos fabricantes, que esperavam mercado 9% maior este ano. O resultado positivo previsto de aproximadamente 600 mil emplacamentos no primeiro trimestre, que representa alta de 5% na comparação com os mesmos três meses do ano passado, deverá ser revertido ao longo dos próximos meses de queda. Primeiro, a aplicação de quarentena e regimes de emergência para conter o contágio já faz cair naturalmente a demanda por automóveis, pois as pessoas não sairão de casa e grande parte da rede de concessionárias estará fechada. Mas depois disso os estragos continuam, com tendência de crescimento do desemprego e consumidores inseguros em fazer compras de alto valor ou financiamentos neste momento.


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