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Tecnologia
Paula Regina de Souza, Roberta de Borba e Ana Luiza Rodrigues da Rocha
Com encontros uma vez por semana, estudantes da Escola Municipal Prefeito Baltasar Buschle aprendem a usar ferramentas online em encontros virtuais
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Alunos digitais recebem formação no ensino não presencial
Renata Bomfim
As publicações em uma rede social da loja de roupas usadas da mãe de Ana Luiza Rodrigues da Rocha, 12, e o cartão de visita da mecânica do pai de Paula Regina de Souza, 11, passaram por uma mudança de visual depois que as alunas entraram para o programa Alunos Digitais, ofertado na Escola Municipal Prefeito Baltasar Buschle em parceria com Secretaria de Educação. Com encontros virtuais uma vez por semana com duração de uma hora, os 17 alunos interessados no projeto aprendem a usar ferramentas online e recebem orientações sobre como explorar os programas instalados no próprio computador.
Fotos: Renata Bom fi m
Originalmente ofertado no modelo presencial no contraturno escolar para os alunos nos anos finais do Ensino Fundamental, o programa busca formar estudantes para auxiliar professores em sala de aula, com apoio no uso da lousa digital, entrega de tablets e instalações de aplicativos para as atividades. “Eu sentia falta de dar continuidade daquilo que eu fazia na escola com os alunos, só que de forma remota”, conta Roberta de Borba, professora integradora de mídias.
Com o distanciamento social, Roberta assumiu o suporte na plataforma Educa Joinville para seis Centros de Educação Infantil (CEIs) e três escolas municipais, mas sentia saudade de estar em contato direto com os alunos, já que neste formato o papel que assumiu não os envolvia diretamente. Com o convite publicado na plataforma e enviado pelos professores da unidade para os grupos de Whatsapp, o interesse dos estudantes logo fez com que Roberta criasse o próprio grupo com os alunos interessados. “Eu só sabia digitar, nem colocar o acento sabia”, relembra Paula sobre o conhecimento que tinha na hora de usar o computador. No Programa Alunos Digitais, ela aprendeu a criar artes para redes sociais, currículo, cartão de visita e infográficos. Assim como ela, Ana conseguiu evoluir até na forma como usa a plataforma de estudos. “Fica mais fácil de a gente fazer as coisas”, diz a estudante sobre os aprendizados tecnológicos.
Além das ferramentas online, Roberta tem orientado os alunos sobre o uso bancos de imagens e se sentido feliz com os trabalhos que recebe como devolutiva das atividades propostas. “Eu me surpreendi com os resultados. Eu vibrava quando eles mandavam as tarefas, porque eles são crianças para mim e aí você vê que uma ou duas aulas dá o resultado legal”, diz a professora. Com início da formação no segundo semestre letivo, os encontros virtuais devem seguir até o mês de dezembro, quando encerram as aulas na rede municipal de ensino de Joinville. “Quando a gente voltar, eu quero ter essa visão de fazer diferente para ampliar esse leque”, projeta Roberta.
Gravação dos programas
Ensino pelas ondas do rádio
Com adaptações dos módulos postados na plataforma Educa Joinville, iniciativa leva propostas pedagógicas e conteúdos para alunos desde o berçário até a Eja
Renata Bomfim
Com mais de 810 horas de propostas e conteúdos transmitidos pela Rádio Joinville Cultural como complemento ao ensino não presencial desde o mês de abril, o programa “Educa Joinville” busca atingir os cerca de 70 mil alunos com assuntos produzidos semanalmente por professores e técnicos pedagógicos para todas as etapas de ensino da rede municipal, desde a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Até o final do ano letivo, as gravações devem chegar a 990 horas de transmissão.
Divididas entre as quatro etapas do ensino, as transmissões são gravadas com novas aulas todas as segundas-feiras e se repetem ao longo da semana, somando 30 horas na programação semanal da emissora de rádio educativa pública de Joinville. Para começar o dia, às famílias com filhos matriculados na Educação Infantil recebem as propostas construídas por gestores e professores dos CEIs. Diretora do CEI Miosótis, Carolina Lemke Moreira, junto com a equipe da unidade, já contribuiu com a produção de roteiros com propostas baseadas em brincadeiras e interações. “A gente escolhe propostas que envolvam a família e todos os objetivos de aprendizagem e campos de experiência”, destaca.
Com atendimento de berçário até o primeiro período, Neide Aparecida Naffien, professora de maternal 1 e 2 na unidade, conta que os módulos são pensados em vivências que podem reunir as famílias. “Às vezes tem que modificar para criar e manter esse vínculo com as famílias”, conta a professora. Para ela, esse momento de ouvir professoras da rede apresentando as propostas na rádio é gratificante. “É uma alegria para gente, é uma experiência nova que a educação está vivendo.” Além disso, Carolina conta que se atenta aos cuidados de abordar na rádio propostas que sejam de fácil acesso, com atenção desde a linguagem até a sugestão dos materiais utilizados. “Ela tem que ser encantadora para aquela família e que a faça querer fazer e construir”, conta. “Quando fui convidada para participar fiquei surpresa, porque a linguagem é diferente. Tem que ser tudo muito sintetizado até por conta do tempo da rádio, mas foi muito gratificante fazer parte deste momento.”
Alinhado aos módulos das salas virtuais, o programa Educa Joinville é mais um meio de complemento aos conteúdos abordados e garantia de acesso, principalmente, para quem não conta com a internet ou tem dificuldade de interagir no estudo com as telas. Na produção dos roteiros da rádio desde o terceiro módulo, Ana Simão Pinto, técnica de apoio pedagógico, desenvolve os conteúdos de todos os componentes curriculares dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Inspirada no desenvolvimento de módulos que monitora das unidades escolares de Joinville, ela também usa o currículo municipal e os livros didáticos do Ministério da Educação (MEC) para embasar os temas abordados.
Carolina Lemke Moreira e Neide Aparecida Naffien Cristofolini
Com construção de roteiro interdisciplinar, Ana se atenta em produzir os conteúdos de primeiro ao quinto ano com base na sequência didática, em que os temas abordados podem ser apresentados de forma continuada ao longo das semanas. “A repetição é muito importante para a criança. Muitas vezes tem que se repetir por duas ou três semanas, mas com atividades diferenciadas”, diz. “Principalmente com o primeiro e segundo ano em que se trabalha muito a oralidade e aí a criança tem que fazer essa devolução. A gente retorna muito ao módulo anterior, a todo momento fazendo essa ligação para ter um elo entre um módulo e outro.” Com duração de 15 minutos de programa para cada ano escolar, a apresentação dos conteúdos destacam a essência de cada módulo dentro do componente curricular, numa abordagem de aproximação com a realidade local. Cleberson de Lima Mendes, técnico pedagógico, produz e organiza os módulos dos anos finais do Ensino Fundamental. Professor de matemática, ele usa das salas virtuais da Escola Municipal Pauline Parucker e Escola Municipal Prefeito Max Colin como suporte para produção dos roteiros, além de contar com o apoio de professores de áreas específicas, como português, inglês, história e ensino religioso. “A rádio é um movimento de rede, então, quando a pessoa que vai ouvir tem acesso a este conteúdo, é porque provavelmente ela vai ter acesso lá na sala de aula: ou já teve ou ainda vai ter”, destaca.