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Lia Rodrigues
Lia Rodrigues Marília/SP
Ainda temos muito o que viver
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Conceição da Barra é um município do Espirito Santo que abriga rios e mar, lá está localizado o Bairro Santana, onde passei a maior parte de minha infância. O seu turismo tem como destaque o carnaval, que é conhecido como um dos melhores de rua do Estado, localizada à 24 quilômetros de Conceição da Barra, está a vila de Itaúnas, distrito formoso com suas dunas de areia e o seu forró pé de serra. Princesinha do Norte, assim é conhecida a minha querida Conceição da Barra, também é famosa pelas suas praias de águas mornas que vem da divisa com o estado da Bahia.
Na alta temporada, a cidade fica em polvorosa, turistas de vários lugares, chegam para verem de perto essa beleza, guardando na memória os encantos desse cantinho, que deixa em vários corações o desejo de um dia para lá, retornar. O ano era de 1995, o mês outubro, quando em nossa pequena cidade chegou um casal de hippies, trazendo seu artesanato repleto de colares, pulseiras e brincos. Ambos adotaram pseudônimos de acordo com suas devidas personalidades, o homem negro esbelto, atendia por Ônix, uma pedra que está em sintonia com as energias da terra, cheio de equilíbrio. A mulher loira de olhos claros, era Raio, pois para ela percorrer longas distâncias, não lhe seria grandes sacrifícios, antes de embarcarem nesse estilo de vida, eram funcionários administrativos de uma grande empresa. Depois do falecimento da filha, vítima de uma pneumonia silenciosa, o casal alugou a linda casa, abandonaram os empregos, para partirem em busca da paz interior. Ao se basearem na cultura hippie, começaram a confeccionar artes alternativas pois o que mais desejavam depois de tal fatalidade, era distanciar dos grandes centros com sua competitividade e consumismo.
Em Conceição da Barra, o casal de aventureiros armaram uma barraca à beira mar.
Ivy apreciava trabalhos manuais, tentou auxiliar à mãe, mas essa, gostava de total privacidade.
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Em uma bela manhã de sol, aproximou para verificar as peças do casal e elogiou. – Suas peças são tão delicadas, uma mistura de simplicidade e elegância. – Ora! Até que enfim alguém que entende de valores expressados pela natureza.
Raio bradou com um simpático sorriso e procurou saber: – Você faz algo do tipo? – Não, mais gostaria de aprender. Ivy respondeu para logo decidir por um dos colares.
E foi a partir de então que Ivy virou freguesa do casal, com o tempo lá estava, confeccionando juntamente com eles, os acessórios artesanais. O que era um hobby passou a ser um estilo de vida, quando o casal se preparou para levantar acampamento, Ivy decidiu que os acompanharia. Um ano depois que chegou em Conceição da Barra, o casal virou um trio de amigos e Ivy não se continha de ansiedade para embarcar na Kombi branca e vermelho, repleta de adesivos coloridos que os levariam de lugar em lugar. Aos 20 anos Ivy se despediu dos pais e de mim, para iniciar uma viagem que se porventura, tivesse estradas tortuosas, certamente seria dentro dela mesma.
A minha amiga estava levando consigo uma grande frustração, doravante, ela comprovaria que as rasteiras que a vida dar, não devem ser encaradas como estratégias para derrubar, melhor encará-las como meios de preparar para saborear melhor a vitória.
Nas estradas da vida temos muito que aprender e viver.
http://www.clubedeautores.com.br/book/361352--Ainda_temos_muito_o_que_viver @Souliarodrigues