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Marcel Charles-Pierre Hollande

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Roberto Schima

Roberto Schima

Marcel Charles-Pierre Hollande Balneário Camboriú/SC

Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar

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— A Homero e a Sófocles

A CRIADA — Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar.

Senhor cruel! Como ousou ser cego Enquanto lhe entendia como uma Áclis? O tempo que aqui trabalhei era o mais manso sossego, Mas experimentei a mais amarga bílis.

Senhor cruel! Sabias que eu amava Heleno, seu filho, E que Eros, com suas setas enamoradas, flechou o seu coração Junto com o meu, e que estávamos pra viver em afetuoso brilho. Do amor, se não fosse a paterna sepultura da sua cruel aflição

De querer casá-lo a quem ele fora destinado. A insensatez desola a causal e o casal, E Heleno em seu terno foi descuidado.

O seu filho, por não arcar co’ uma esposa de mil maridos, rogou às Kéres: Preferiu se entregar à morte e viver um eterno silêncio vegetal. O SENHOR (com tom de machismo) — Criada romântica, saiba que Zeus não é machista, as mulheres é que são mulheres.

Há hora em que uma contrição a mim exaspera... Nestas premências e dubiedades em que estou a caminhar, Aflijo e expio, nesta decadência, na altura em que com total pesar Conjecturo o que malogrei na buganvília, quando jovem eu era.

Criada romântica, poesias e afetos reprimi a emudecer, Sem possuí-los num genuíno desabafo de arder... Oh! Outros cem sem vigor! Através de qual ardimento pretendera Mais sofrer, mais gozar, a cantarolar enquanto benquisera!

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Experimento aquilo que malbaratei na juvenilidade; Lacrimejo neste início de vetustez, Vítima da dissimulação ou da generosidade.

As osculações que não possuí por imbecilidade, Inês, E por embaraço a poesia que não recitei por falta de genialidade E aquilo que não fui capaz de padecer pelo acanhar devido à minha lastimável falta de sensatez!

Julgues, porém, evites condenar!

A CRIADA – Estou indo embora pr’América, Agora é pra valer: Vou fazer o meu dinheiro render Com um justo trabalho que vou ter. Desde o princípio a respirar Qual o jogar duma semente Numa cidade periférica Os meus dias passei em pranto A lastimar minha condição Precária até então! Agora, chega! – e por isso canto: Estou indo embora pr’América, Agora é pra valer!

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