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Douglas Domingues
Douglas Domingues
São Paulo/SP
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Caminhão de Lixo
Eu sou humano, racional, mas eu sou bicho E te asseguro que há uma ansiedade Que só se acaba quando o caminhão de lixo Leva embora o saco preto e se evade
Pra mim parece algo, assim, da natureza Como a noite e o dia que não cessam Não saberia viver em tempos antigos Em que seu lixo é todo seu e não o levam
Não que lá tenha algo que eu me envergonhe Pode até ter, mas esse aqui não é o caso Tá bom, confesso, algo lá me compromete Nada específico, é que o chorume nunca é raso
Eu jogo fora evidências dos meus vícios E meus dejetos, que completam os meus rastros Então espero até o momento que os resquícios Vão lá embora e não sobrem mais registros
Eu não reciclo, jogo fora tudo junto Pois tenho medo que um xereta me descubra
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Que se remonte sobre mim meia verdade Pois só o lixo é que vai ter quem elucubra
Tudo que exponho é o que eu deixo que fique Eu seleciono muito bem indicativos Acham que sou alguém real, mas é pastiche E na verdade no imundo é que eu vivo
Aquele lixo é a minha interação Eu me espalho pelo mundo com detrito E o que me sobra é um eu tão incompleto Não me conhece quem não mexeu no meu lixo
O caminhão me tranquiliza a existência E alimenta sempre em mim a esperança Quando eu for um lixo sem alegoria Quero que levem o que restou na caçamba
https://www.douglasdomingues.com/