LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Douglas Domingues São Paulo/SP
Caminhão de Lixo Eu sou humano, racional, mas eu sou bicho E te asseguro que há uma ansiedade Que só se acaba quando o caminhão de lixo Leva embora o saco preto e se evade Pra mim parece algo, assim, da natureza Como a noite e o dia que não cessam Não saberia viver em tempos antigos Em que seu lixo é todo seu e não o levam Não que lá tenha algo que eu me envergonhe Pode até ter, mas esse aqui não é o caso Tá bom, confesso, algo lá me compromete Nada específico, é que o chorume nunca é raso Eu jogo fora evidências dos meus vícios E meus dejetos, que completam os meus rastros Então espero até o momento que os resquícios Vão lá embora e não sobrem mais registros Eu não reciclo, jogo fora tudo junto Pois tenho medo que um xereta me descubra
78