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Eni Ilis

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LiteraAmigos

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Eni Ilis

Campinas/SP

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Decisão?

A moça de cântaro e seu gesto essencial: dar água. (Orides Fontela)

Decisão tomada? Talvez. Sim, estamos nos tempos do Talvez, caminho do meio do sim e do não, pois não? Decisão tomada, fato. Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que renderá muitos e muitos goles em muitos copos. Tantos! Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que ficará sutil, diáfano, leve, tênue. Extremamente suave, tão suave que insípido, tão suave que insosso. Há o perigo de me afogar? Importa? Há que correr risco, pois não? Decisão tomada. Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que ficará insípido, insosso, fácil, fácil de engolir, tolerar. Está bem assim? Talvez. Não incomodará, não engasgará mais. Está bem assim? Pode ser. Diluir em água. Saciar a sede. Água incorporada, sede saciada. Água encarnada, sangue. Não beberão o sangue, beberão a água com o muito diluído, lembram? Decisão tomada.

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Água insípida. Água insossa. Será veneno, será cura esse sangue que reverbera permanente sutileza? Sangue não dilui, circula, oxigena. Segue na trilha, escapa na ferida, mas não dilui. Decisão tomada nesses tempos de Talvez. Haverá outras decisões em outros tempos. Haverá quem compartilhe o sangue, pois não? Por enquanto, talvez; mas já há os que sabem e respondem: haverá.

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