LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Eni Ilis Campinas/SP
Decisão? A moça de cântaro e seu gesto essencial: dar água. (Orides Fontela) Decisão tomada? Talvez. Sim, estamos nos tempos do Talvez, caminho do meio do sim e do não, pois não? Decisão tomada, fato. Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que renderá muitos e muitos goles em muitos copos. Tantos! Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que ficará sutil, diáfano, leve, tênue. Extremamente suave, tão suave que insípido, tão suave que insosso. Há o perigo de me afogar? Importa? Há que correr risco, pois não? Decisão tomada. Diluir-me-ei em água, muita água, tanta água que ficará insípido, insosso, fácil, fácil de engolir, tolerar. Está bem assim? Talvez. Não incomodará, não engasgará mais. Está bem assim? Pode ser. Diluir em água. Saciar a sede. Água incorporada, sede saciada. Água encarnada, sangue. Não beberão o sangue, beberão a água com o muito diluído, lembram? Decisão tomada.
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