5 minute read
João Maria Álvares Dias
João Maria Álvares Dias
Braga, Portugal
Advertisement
A Noruega
D’A Noruega
Era uma vez uma simples menina lusitana que possuía o nome mais colossal que tu, leitor, possas imaginar. Tentes imaginar um nome tão extenso na iminência de ser do tamanho de um dicionário latim-português/português-latim. Pois é, assim era o nome dessa simples menina, e por tal móvel é que eu não hei de aqui transcrevê-lo, mas há como aqui relatar qual era o seu apelido e a razão de ela ter conseguido tal alcunha: todos os seus parentes e amigos chamavamna de A Noruega e a razão é a que o seu pai, o Cabo Francisco de Assis Rodrigues Xavier Rabelo de Souza, recentemente conseguira o cargo de embaixador na cidade de Oslo, a capital norueguesa.
A verdade é que essa meninazinha de 7 (sete) anos de idade aparentava ser de facto uma cidadã norueguesa, não sei se a sua pele, ou o seu cabelo, ou a sua personalidade ou até mesmo o facto de ter um pai embaixador no país Noruega, mas acontece que toda vez que alguém a via, associava-a a uma norueguesa. A meu ver, era justa tal associação, posto que seus pais eram literalmente enamorados por Oslo (eles haviam passado a lua de mel em tal sítio), e, como nesta vida tu tens que enfrentar as incertezas da Perspicácia e as aflições do capital, custou para ele ser embaixador.
Assim, concluo eu o capítulo primeiro desta tão preciosa obra-prima. No terceiro capítulo, a gente havemos de saber como fora o nascimento do seu pai e de que maneira ele viveu dos sete (7) anos de idade até aos seus dezessete (17), com o fim de percebermos melhor a influência que a vivência paterna reteve n’A Noruega. E contarei igualmente como ele conseguiu a inspiração para escrever a seguinte poesia:
Não! Não pode ser verdade total
Uma lastimável ocorrência que vivenciei
No passado remoto, pretérito imortal!
Com as dores que inda hoje dele suporto –
Ah! – vejo que os fatos passados são mesmo imperecíveis: disso agora sei!
130
Meu estimado irmão está morto: A dor desta notícia terei que aguentar, Infelizmente. A Morte é o tudo, ou o nada. Sinto-me um derrotado lançado ao mar,
Volumoso mar, belicoso qual uma espada!
O furor que se encontra nos confins do Oceano, que é o seu lar,
Undulou nas profundezas para buscar
Isto à parte... Em especial o alvorecer do novo ensejo com emoção! Saudade da ilustre e magnânima Inglaterra Com certeza é o que mais tenho no peito Robusto com colossal vastidão. E por quê? Pois aquilo que mais frequentemente Vejo nesta nova e melancólica terra Empobrecida, que é o Brasil, é uma Rancorosa e desiludida miragem com precisão!
ALFRED – Boa noite, meu caro Lorde Henrique: posso lhe contar a nova?
LORDE HENRIQUE – Claro que podes, Alfred – o inglês mais notável que Deus me deu a oportunidade de nesta vida conhecer.
ALFRED – Inglês, não. Considero com demasiada veemência que a minha nacionalidade é britânica, não inglesa, porquanto nós – os britânicos, isto é, aqueles que nascem no Reino Unido (composto pela Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) – somos um povo único, um povo irmão, e a nossa irmandade é a que mais retém lealdade na Europa. Isto à parte, vamos logo ao que eu havia de lhe comunicar: Meu irmão Douglas, que lastimavelmente está a se encontrar preso pelo triste móvel de ter sido acusado injustamente de corrupção por meio de lavagem de dinheiro enquanto estava a comandar a Bhaskara Produções – a maior empresa de artes que a Davilândia veio a conhecer ,– está para ganhar o notável Prêmio Nobel da Paz, e tal ocorrência serve para mostrar ao Mundo o quão injusto ele frequentemente é, todavia é através dos sofrimentos filhos da injustiça que nos tornamos seres humanos muito mais fortes e com a sabedoria reabastecida. Eu possuo a mais absoluta certeza, Alfred, de que...
131
LORDE HENRIQUE – Eu sou o Henrique, tu é que és o Alfred! E outra coisa: toda certeza é que é absoluta, certo?
ALFRED – Sim, mas todos nós, que somos seres humanos, nascemos já retendo a tendência de errar, certo? Até o narrador mais perfeito que tu possas imaginar tender a cochilar, tal qual Homero com a sua Ilíada e a sua Odisseia. Isto à parte, eu possuo a certeza de que o parvalhão do xerife Simon MacKenzie, quem o condenara injustamente junto com o delator Juan Gallegos (um uruguaio radicado nos Estados Unidos), há de vir a perecer da seguinte forma – isso eu sei pelo fato de uma cartomante, uma rapariga portuguesa conhecida como A Noruega – ter-me contado: Ele partirá a Israel com o fim de, lá, buscar riqueza num alto padrão de vida, e, quando ele for partir, achar-se-á à companhia de dois amigos – Behruz e Michel –; assim que eles lá chegarem, hão de encontrar no aeroporto, abandonado no chão, um anel mágico, com 16.200 gramas de peso; logo após o avistarem, irão erguê-lo, colocá-lo em uma das bagagens (em especial, na bagagem que ganharam do troll Benedito José, quem, por mera coincidência, era o enteado do dono do anel mágico perdido) e carregá-lo-ão aos ombros; quando estiverem a se aproximarem de Telavive, Michel dirá: “Vamos aguardar no templo, enquanto um de nós três encara a tarefa de ir à padaria comprar pães e cafés para nos alimentarmos, posto que estaremos demasiado famintos. Que tal?”; “Ótima ideia, meu amigo querido e estimado! Irei comprálos, pois!”, falará Behruz, e partirá à padaria; entrementes, assim que se adentrar à cidade, sua alma há de tencionar trair os dois e ficar com o anel mágico apenas para si mesmo, e por este porquê é que ele comprará os pães e os cafés e envenená-los-á; todavia, quando se dirigir ao encontro dos outros dois, estes matá-lo-ão para ficar com o anel somente para eles e perecerão após comerem os pães e tomarem os cafés...
Isto à parte, a Justiça será feita...
E quanto a Juan Gallegos, este há de vir a perecer igualmente da mesma forma, e, caso não morra da mesma maneira, perecerá dum jeito bem, bem pior!
LORDE HENRIQUE – Interessante pressentimento, caro Alfred! E é com o mais vasto prazer e a total aptidão que te informo que Jair Bolsonaro perecera de tal forma junto com os seus ministros...