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Ariel Von Ocker

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Rosangela Maluf

Rosangela Maluf

Ariel Von Ocker Cuiabá/MT

O Filho de Deus

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"In principio erat Verbum. Et Verbum erat cum Deo. Et Deus erat Verbum." murmuravam as hostes celestiais de arcanjos e querubins lá, no Infinito, no lar do Criador, distante da Terra e das dores da Terra.

Deus, pois, no alto de seu trono ouvia feliz as palavras que Ele próprio sopraria nos ouvidos do apóstolo João. E, pois, o Altíssimo mirava os sete céus e as imensidades de mundos ignorados; moradas longínquas que somente seus perfeitos olhos contemplavam.

E Deus a tudo amava ardentemente, pois ali havia posto seu coração e seu espírito sagrado.

Lembrava-se, por vezes, com glória e júbilo dos primeiros dias de sua obra, quando pairara Palavra e Espírito sobre as águas primordiais, e se maravilhava com a beleza de um trabalho perfeito e celeste.

E, com seu Deus, vibravam em eterna felicidade, as sete ordens de anjos ruflando suas alas em ângulos incognoscíveis.

Somente um ser olhava triste e atônito o Mundo. Somente um sentia o peso indizível de ser eterno, perfeito, belo e incompreensível a todas as razões de todos os universos. Ora, reclinado melancolicamente, Jesus, o meninoDeus ainda inominado, olhava por entre nuvens o Globo e sentia retesar-se espasmodicamente seu sagrado espírito.

Com inefável tristeza, sentia-se o Cordeiro perder-se entre as lucernas dos astros primordiais: Ele, que era também Deus, e maior que os anjos e os santos que surgiriam por defender seu nome.

-Não...- Suspirava a Criança prometida, pois sabia que, sendo o mais perfeito dos mais perfeitos, ninguém o compreendia. E, além de tudo, quem seria Ele próprio, senão

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um reflexo do próprio Criador de quem era seu unigênito? ... Ah...doía-lhe ser Eterno, Uno, Perfeito, Incausado....

Ora, no céu reinava uma paz dolorida e tranquila que fazia roer de inquietação o coração de Cristo. Então, olhando para a terra, ele viu uma mulher e um homem. E viu Jesus que se amavam sem palavras e se compreendiam sem julgares... E Jesus sentiu ali que, além do sétimo céu, poderia haver alguém que o compreendesse e o amasse de um amor puro e imperfeito: qual de uma criança como era.

Naqueles dias, o Menino tomou de uma estrela cadente que passava e desceu à terra e ao ventre de Maria.

No Infinito, Javé, o Eterno, se encheu de tristeza, pois via os dias que viriam além do amanhã.

E Jesus nasceu entre homens e animais, numa manjedoura distante de sua terra e dos homens de sua terra.

O Menino cresceu pois e amadureceu. E, sendo o homem e o Messias de muitas gentes, pregava e abençoava espalhando os dons do céu pela terra. Muitos, pois, eram curados e se fartavam de sua luz que rutilava numa terra de sombras.

Todavia, embora muitos o amassem sinceramente, ainda doía o coração do Messias, pois poucos compreendiam suas palavras e menos as seguiam porque seus corações eram duros e ásperos.

Entrementes, Jesus predicava e dizia: "Amai-vos uns aos outros como iguais que são, pois todos são filhos do Meu Pai, que está no Céu."

Porém, seus próprios semelhantes puseram-se a pregar o ódio contra o Homem do Céu. No seu ódio, diziam: "Ele blasfema! Seu amor é abominação! Suas palavras ferem nossa Sagrada Religião."

E, pois, pelo ódio desses homens, o Menino se fez o Cristo imolado numa cruz de madeira ao lado de dois ladrões, malgrado suas palavras de amor e suas bênçãos do céu, porque entre aquelas gentes, Deus era somente uma palavra.

@ariel_von_ocker

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