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Charles Burck
Charles Burck Rio de Janeiro/RJ
Seda Negra
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Deitada sobre o alvejado lençol de flores brancas amor amargor se desfaz no crepúsculo, como as asas frágil de uma borboleta a pousar sobre um seio A adornar o botão de rosa, flor-de-algodão, ou botão de cerejeiras Fios frágeis que ordenamos sobre nós para isolar-nos do mundo, dando as causas do que somos, Que és? Nem sempre sei Agora eu, protegido pelos teus cabelos de seda negra, sou o pássaro a perfurar os céus para chegar às estrelas Eu, ilha de solidão te percebo agora, arquipélagos siderais A poção da mística mulher que cede a noites sem fundo ao meu colo Que me salva do exílio com apenas um beijo, Senhora das minhas poesias, borboleta banhada em maios que se aninha em meus pelos, Os frêmitos lavoura que brota à espera das colheitas Já não posso, banhado no langor das tuas carícias sorver todas as ondas das quais me insuflas a boca E o que além dos teus olhos me importa? Nada Espera enquanto redijo cada nota, Sou um poeta, escrevo sobre amores secundários enquanto tudo em ti é pleno e primeira importância Amo-te. Se ora renitente e contínua seja humana a forma Quanto a sonhada, não consigo, na limitada imaginação conceber ainda, o amanhã.