Revista meiaum Nº 22

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Os enigmas de Nicolas Behr

+ ENSAIO

Frio e f lores na Caxemira paquistanesa

U N°

Fiscalização não rima com eleição Só nos lembramos dos fiscais quando algo dá errado. Eles são poucos e seu trabalho não rende votos

22 Ano 2 | Março 2013 | www.meiaum.com.br

+ POESIA


Anunciar na meiaum é associar sua imagem a uma revista independente, séria e de qualidade. Não dá direito de publicar fotos de suas festinhas, receber elogios nas matérias ou ser entrevistado por nossos repórteres. Se fizéssemos isso não seríamos nem independentes, nem sérios nem de qualidade, não é mesmo?

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ÍNDICE

30

38

7

Papos da Cidade

11

Brasília 61 visões

12

Capa

44

Reflexões, análises e resmungos de quem vive em Brasília

A cidade pela alma de seus habitantes

30

Ensaio

22

Crônica

38

Incentivo

24

Charges do Gougon

44

Perfil

25

Fora do Plano

48

Crônica

26

Brasífra-me

50

Caixa-Preta

28

Conto

51

Roteiro

58

Banquetes e Botecos

Nelson Leite, do Detran, e outros chefes de fiscalização contam como é seu trabalho

O Volks 1969 vinho já viveu muitas histórias

Aqui no Brasil não cai meteorito, mas cai um monte de outras coisas

Brasília 2020: a cidade intransitável

Os poemas-enigmas de Nicolas Behr

Naquele mar acastanhado do Cerrado, a morte transbordava de felicidade

Imagens da Caxemira paquistanesa

Obter recursos para projetos culturais requer muita dedicação

A nobre missão de Sérgio Kolodziey

É sexta-feira à noite em Brasília

Sabe desde quando Dilma é candidata à reeleição?

Os destaques da programação da cidade

Em cada edição, Marcela Benet visita um restaurante. E ninguém sabe quem ela é


Carta da editora

Quem tem medo do lobo mau?

U

m dos profissionais entrevistados por Noelle Oliveira para a reportagem de capa deste número deu um exemplo bem fácil para ilustrar a relação que temos com a fiscalização feita pelos órgãos do Estado. “As crianças já são educadas e treinadas para pensar que, se não usarem o cinto, a polícia vai prendê-las, e não para que saibam que aquilo as deixa seguras. Viram adultos com medo e com receio da fiscalização, o que é uma inversão de valores”, diz Nelson Leite, do Detran. É assim mesmo, com as exceções de sempre. O agente de trânsito dá outro exemplo típico: “O pai de uma criança que vai para a escola de van quer ter a certeza de que aquele transporte foi fiscalizado e sua autorização está em conformidade com a lei, mas, em seu dia a dia, não é muito receptivo quando o alvo de fiscalização é seu automóvel particular”. É aquela

história, “por que perseguir cidadãos de bem quando há um monte de bandidos por aí?” Sempre que sofremos coletivamente com tragédias consequentes de negligência, voltamos a discutir a falta de comprometimento de nossas autoridades com a fiscalização. Batemos o pé e exigimos atitude. Queremos retorno dos nossos impostos, ora. E correm para vistoriar prédios depois do desabamento no centro do Rio. Ou para verificar a segurança de boates pelo Brasil depois do holocausto de Santa Maria. E na televisão aquilo parece nos dar a sensação de que tudo vai melhorar. Depois continuamos nos comportando como criançolas, fazendo bico quando os chatos dos fiscais vêm nos incomodar em vez de ir atrás de criminosos. Mesmo quando estamos errados. Queremos acreditar que está tudo bem. Melhor nem pensar, por exemplo, na escassez de profissionais na Vigilância Sanitária do Distrito Federal. O que

não mata engorda. Os 176 auditores têm só que vistoriar todo o setor alimentício. Supermercados, restaurantes, lanchonetes, indústrias. Tomara que ninguém fique doente ou tenha de sair de férias. Há as drogarias também, são 1,3 mil. Quase ia me esquecendo: cabe a eles também fiscalizar indústrias de medicamentos, hospitais públicos e privados, consultórios, clínicas, ambulatórios, salões de beleza, estúdios de piercing e tatuagem, cemitérios, academias, motéis. E aí nos perguntamos quais são as prioridades de quem elegemos. Ser fiscalizado não ofende ninguém, a menos que a autoridade abuse do poder que tem, e é fundamental se queremos mesmo um país sério, mais seguro e mais justo. Afinal, só deveria ter medo do lobo mau quem sai do caminho certo. Anna Halley

( ) MEIA

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(meiaum) é uma publicação mensal da Editora MEIAUM Conselho editorial: Anna Halley, Carlos Drumond, Hélio Doyle (coordenador), Luana Lleras, Noelle Oliveira e Paula Oliveira Diretora de Redação: Anna Halley Fotografia: Luana Lleras Projeto gráfico e diagramação: Carlos Drumond Assistente de Produção: Cristine Santos Publicidade Sucesso Mídia Comunicações – (61) 3328-8046 – barroncas@sucessototal.com.br TIRAGEM 12 mil exemplares Impressão Ediouro Gráfica Os textos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da Editora Meiaum. | Contato: editora@meiaum.com.br

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Siga @revistameiaum | www.meiaum.com.br ISSN 2236-2274 CAPA | Por Pedro Ernesto

Anna Halley e Hélio Doyle (sócios) SHIN CA 1 Lote A Sala 351 Deck Norte Shopping – Lago Norte | Brasília-DF | (61) 3468-1466 www.editorameiaum.com.br

Desenho em pintura digital Designer gráfico, atua no mercado brasiliense, é autor de livro infantil e colabora na meiaum desde seu primeiro número. Faz parte do escritório Grande Circular. Veja os trabalhos da equipe em www.grandecircular.com.


Luana Lleras

Nilson Carvalho

Bruno Fernandes Zenóbio de Lima pág. 48

Cláudia Dias pág. 58

Designer de interfaces, especialista em design estratégico, apaixonada por fotografia e estampas de poá. Vê inspiração para criação em tudo, desde um livro bem diagramado ao fundo colorido de um copo de acrílico. Uma vez, em uma agência da cidade, escutou uma frase e guardou: “Foco no foco do cliente do cliente”.

Luana Lleras

É analista de ciência na Fundação Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior) e atua na gestão de programas educacionais. Graduado em letras pela UFMG, mestre e doutor em estudos linguísticos pela mesma instituição de ensino. Tem experiência na área de linguística, com ênfase em teoria e análise linguística, linguística histórica e língua portuguesa. Na área da literatura, participa de publicações e antologias, além de ter recebido prêmios e menções honrosas em concursos literários. É autor dos livros Des-equação, Fragmentismo e Tempestade.

Arquivo pessoal

Daniel Cariello pág. 22

É um brasiliense que trocou a cidade pelo Rio de Janeiro e depois por Paris para então voltar mais uma vez à terra natal. Na capital brasileira, fez faculdade de publicidade. Na francesa, mestrado em jornalismo cultural. Hoje, sonha com pastel de pato e croissant com goiabada cascão.

Camila Rodrigues pág. 51

Fabiane Guimarães pág. 28

Viciada em livros, cinema e café, esta estudante goiana arrisca-se na literatura e na reportagem e tem esperanças de se formar em jornalismo pela Universidade de Brasília ainda neste semestre. Luana Lleras

E mais...

Futura jornalista, atual estagiária da meiaum. Começou o curso na Universidade de Brasília sob as constantes perguntas da mãe: “Como vai fazer esse curso se não consegue falar com as pessoas?” Porque gostava de escrever, continuou, e viu que era muito mais – difícil – que isso, mas continua firme. Cantora, mas só no chuveiro. Leitora assídua de tudo que tenha palavras, costuma ler até as placas por onde passa.

Mateus Zanon pág. 7 Luiz Martins da Silva pág. 8 TT Catalão pág. 9 Bruna Gil pág. 10 Bruno Bravo pág. 11 Lucas Muniz pág. 22 Gougon págs. 24, 25 e 50 Nicolas Behr pág. 26 Daniel Banda pág. 28 João Tajra pág. 30 Francisco Bronze pág. 38 Rômulo Geraldino pág. 48 Miguel Oliveira pág. 50 Marcela Benet pág. 58

Colaboradores


Papos da cidade } ilustrações Mateus Zanon

moncaiozanon@gmail.com

Seus problemas acabaram. Ou não Uma das primeiras lições que o aspirante a motorista recebe ao se sentar no banco do curso ministrado pelo Departamento de Trânsito é que não se devem fazer ultrapassagens quando a sinalização que separa uma via da outra for contínua. Em estradas de alta velocidade, essa regra muitas vezes é pouco respeitada. Vira e mexe vemos em noticiários que a ultrapassagem irregular foi a causa de algum acidente. Basta pegar cem quilômetros de autoestrada para comprovar na prática o desrespeito. Na cidade, porém, não tenho sobre o que reclamar. Nas entrequadras comerciais do Plano Piloto, apesar de a via originalmente ser de mão única, raramente alguém faz a tal ultrapassagem pela esquerda. Não há espaço para isso. Na mesma disciplina, a de respeito à legislação, o futuro motorista aprende que não deve ultrapassar pela direita. E eu acrescento: principalmente em lugares de grande circulação de pedestres. Nas entrequadras isso, sim, é muito comum. Tem gente que tem mais pressa do que os outros e não pode esperar a sua vez. Com a intenção de adiantar o próprio lado, atrapalha o trânsito quando faz duas filas que terminam em uma entrada (a das tesourinhas) em que só há espaço para um carro. O esperto, de tão esperto, provoca ali um gargalo. Sem contar quando o mesmo cara, ou mulher, resolve parar ali mesmo, em fila dupla, para fazer suas compras. Quem quiser sair do estacionamento que buzine! Mas agora os motoristas que circulam no Plano Piloto não têm mais esse tipo de problema. O Detran deu um jeito de acabar com a alegria deles em descumprir as regras para criar um corredor pela direita. Desde o ano passado na Asa Sul, e neste ano na Asa Norte, o órgão pinta nessas vias a segunda faixa. Uma de cada lado. A via que antes comportava duas faixas agora comporta quatro. A justificativa? Inibir o


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estacionamento em fila dupla e aumentar a área de circulação. E a ultrapassagem pela direita? E o gargalo que se forma ao chegar à tesourinha? Não acredito que funcione. O que mudou é que agora não será mais permitido reclamar de quem corta caminho pela direita. Quem ainda tiver esperança de que o governo vá realmente aderir a essa onda de desestimular o uso do automóvel pode desistir. Paula Oliveira

Nossos imensos Granmas Queiram ou não, gostem ou não, Cuba é um país socialista. Queiram ou não, gostem ou não, sofre um pesado bloqueio econômico e é hostilizada de todas as maneiras pelos governos dos Estados Unidos. É a partir dessas premissas que o pequeno arquipélago tem de ser entendido pelos que realmente querem entendê-lo, para conhecer, defender ou criticar o sistema econômico e político em vigor desde a vitória da revolução em 1959. A vinda de Yoani Sánchez ao Brasil mostrou que a chamada grande imprensa brasileira aborda Cuba de duas maneiras, não excludentes: com viés fortemente ideológico e panfletário e total desinformação e desconhecimento do que acontece no país. Ninguém deve esperar que a grande imprensa apoie e aplauda o socialismo. Mas sua posição ideológica não deveria contaminar a reportagem e a análise e levar a que não conte como as coisas realmente são em Cuba, para o bem ou para o mal. Porque há coisas boas e coisas ruins em Cuba, como há no Brasil ou em qualquer lugar. Um pouco de jornalismo, pois, não faria mal. Um pouco daqueles velhos fundamentos: entrevistar, investigar,

pesquisar, ouvir, observar, aprofundar. De preferência no local, ao vivo, sem preconceitos e sectarismos, para mostrar as coisas como elas são, entender o contexto e as circunstâncias. Estudar, ler, compreender. A submissão da reportagem à ideologia e a panfletarização da imprensa brasileira contrariam seu próprio discurso. Há algo de Granma, com sinal trocado e mais sofisticação gráfica, em quase tudo o que se publicou nos últimos dias sobre Cuba. Quem leu e ouviu pode ter gostado em função de suas posições políticas e ideológicas, ou de sua ignorância sobre Cuba, mas continua sem ter a menor ideia do que acontece na ilha socialista cercada de capitalismo por todos os lados. Hélio Doyle

A estranha Lei Rouanet É difícil lidar com eventos culturais em um país tão extenso e cheio de manifestações artísticas como o Brasil. O que é bom para um muitas vezes não é para outro. E foi o excesso de reações contrárias à captação de recursos da Lei Rouanet pela cantora Claudia Leitte que me fez parar um pouco para refletir. Não gosto das músicas dela. Nem ao menos gosto de seu gênero musical. Mas respeito as pessoas que gostam. Claudia Leitte conseguiu aprovação de um projeto no Ministério da Cultura que autoriza a captação de R$ 5.883.100,00 para fazer 12 shows no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Até aí, tudo bem. Lendo o texto da Lei 8.313, vi que, aparentemente, estava tudo de acordo com o projeto apresentado pela cantora. A lei incentiva projetos que priorizem o “produto cultural originário do país”. Querendo ou não, o gênero musical de Claudia Leitte é totalmente originário do Brasil. Ponto pra ela. Mas, observando detalhes, o projeto

apresentado por ela se propõe a “levar os shows para cidades que não têm condições de bancar grandes eventos alicerçados apenas na cobrança de ingressos”, segundo a assessoria de imprensa da artista. Entre os locais que devem receber os shows estão Brasília e Goiânia. Essas duas cidades já receberam eventos de grande porte, shows internacionais, festivais, inclusive apresentações da própria Claudia Leitte. Parando de pagar no pé da cantora, resolvi sair da zona de conforto e refletir sobre uma banda que tem mais a ver com meu gosto musical: The Brazilian Pink Floyd. Achei ótimo que a banda cover tenha conseguido pela Lei Rouanet R$ 561.486,10 para a realização de 13 shows. Mas o que tem o Pink Floyd com a cultura brasileira? A banda original é inglesa e, a não ser que a cover mescle elementos brasileiros nas músicas psicodélicas do Pink Floyd (Wish you were here no pandeiro seria no mínimo interessante), não vejo como o projeto deles ressalte a cultura nacional. Casos como esses me fazem pensar que, ou faltam projetos bons para ser aprovados ou há algo muito errado com a Lei de Incentivo à Cultura. Luana Lleras

Estranhas florações Exóticas floras, estranhas formosuras, Brotam de um chão vermelho e calcinado. Não parecem flores, não parecem frutos, Estranhos contra um céu profundo, é o Cerrado. Estranhas formas, cada estranha criatura! Casca grossa, cheiro forte, gosto ácido. De tão estranhas nem parecem maduras, Mais figuram como seres de um cretáceo. Tudo aqui pareceu estranho ao candango


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E também aos que foram pioneiros. A terra era óxida, as sementes medonhas, Na própria casa pareciam estrangeiras.

domésticas. Procuro-as em toda parte e não encontro. Saudosas espécies de extravagante botânica! Luiz Martins da Silva

Fui conhecendo e amando cada uma aos poucos: Guairoba, guariroba, cagaita, mangaba, pequi. Cada qual se apresentando com um nome mais louco: Articum, araticum, mamacadela, baru, bacupari. Agora, que já não causariam nenhum espanto, Foram-se, deram lugar a safras mais

Santa Maria, rogai por nós Santa Maria, rogai por nós, os que desejam lucrar sem manter o mínimo respeito pela vida. Rogai por nós, os que preferem a omissão para satisfazer o máximo de ambição. Santa Maria, rogai por nós, os fracos no combate capaz de antecipar tragédias. Os que votam em autoridades camufladas de “servidor público” que só

demonstrarão a incompetência quando for tarde demais. Rogai por nós, os praticantes da “esperteza” nas mínimas coisas do cotidiano sem saber que essas pequenas atitudes criam condições para acontecer “grandes espertos”. Santa Maria, rogai por nós, os que não se importam quando a falha é com os outros e que se chocam quando percebem que todos estão interligados. Rogai por nós, os hipócritas da frase feita apenas para o momento da dor. Rogai por nós, os que aliviam a responsabilidade sob a bandeira do “todo mundo faz assim”. Os que racionalizam preços e matam pessoas. Os que


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podem pagar narcóticos e advogados para tentar eliminar penas. Os sem escrúpulos para mentir. Os sem caráter para assumir. Santa Maria, rogai por nós, os que perderam o senso da gratidão pela vida e por isso fizeram da vida uma mercadoria vulgar. Rogai por nós, na hora da nossa morte social. Rogai por nós, os que deixaram de ser humano, ser pessoa para virar peça de engrenagens. Santa Maria, rogai por nós, os que logo se esquecem, assim que a imprensa cala e os rumores passam. Os que se exaltam apenas pelo impulso da moda. Os que se indignam quando isso possa lhes render boa imagem. Santa Maria, rogai por nós, os que decidiram criar um mundo de aparências ungidas por repetição e consumo e assim perderam a singela capacidade de ser plural na fraternidade da compaixão. Rogai por nós, os que sentem da boca pra fora. Os que até fingem revolta, mas não se comprometem. Os que reagem apenas profissionalmente. Os que não entenderam o quanto o “cada um com seu cada um” não vai nos levar a lugar nenhum. Santa Maria, rogai por nós! TT Catalão

Fica difícil manter o otimismo Escrevo no último dia de fevereiro, nesta manhã seguinte à aprovação pela Câmara dos Deputados do fim do pagamento anual de 14° e 15° salários aos parlamentares. A imprensa fala hoje em “economia de R$ 30 milhões” por ano, quando na verdade deixamos mesmo é de jogar fora esse montante. Diante do que temos passado, é uma boa notícia. Melhor ainda seria se acabassem também com os salários extras no começo e no fim do mandato.

Melhor ainda se levassem a sério a sua missão, que é nobre só na forma de tratamento. Melhor ainda se trabalhassem todos os dias da semana, assim como eu. Melhor ainda se não usassem seus mandatos para fazer politicagem o tempo todo. Melhor ainda se não passassem a maior parte do tempo no plenário discutindo o regimento em vez do que interessa. O presidente da Câmara, Henrique Alves, disse que o resultado da votação resgata a dignidade do Parlamento brasileiro. Menos, deputado. Para não ficarem com imagem ainda pior, e só por isso, nossos parlamentares deram fim a só uma das benesses sem sentido em um país onde falta tudo. E, no fim das contas, estamos falando de uma redução de R$ 30 milhões por ano em um Parlamento que nos custa R$ 23 milhões por dia, segundo levantamento do Contas Abertas (www. contasabertas.com.br). É o fim da picada ter de ouvir a declaração à imprensa do deputado Francisco Escórcio, eleito pelo Maranhão, reclamando da suspensão do dinheirão extra: “Se você chegar lá ao meu gabinete agora, tem a pessoa pedindo passagem, tem pessoa pedindo para aviar receita médica, caixão de defunto. Se eu não tenho, vou tirar de onde? Vou tirar do salário que eu ganho”. Uma das obrigações de um deputado federal é fiscalizar a aplicação do dinheiro público. Depois de ouvir os argumentos de Escórcio, fica difícil manter o otimismo. Anna Halley

Na cara do papa, não! Liderar não é fácil. Ainda mais quando essa liderança não está toda, de fato, em suas mãos. Pior ainda quando se trata de comandar a Igreja Católica, instituição que acredita representar o filho que Deus enviou à Terra para salvar a humanidade

dela mesma e que tem discípulos por todo o mundo. Para cumprir essa tarefa, o cara tem que ser forte, menos fisicamente e mais moralmente, acredito eu. Às vezes, a fortaleza moral é tamanha que impede o todo-poderoso de enfrentar fatos tão absurdamente absurdos (não encontro outras palavras). Afinal, mesmo sem toda a liberdade de mandar e de desmandar, a cara que está ali para ser batida é a dele e de mais ninguém. Os méritos vão para o líder, e as falhas da instituição também são atribuídas a ele. E existem muito motivos para que o mundo estapeie a cara do papa, seja ele quem for. Escândalos financeiros, padres acusados de praticar estupros, campanhas impopulares como a de proibição do uso de preservativos e a disputa interna por poder são algumas das questões controversas que me vêm à mente. E o fato de a Igreja querer de qualquer forma e a todo custo preservar a sua imagem pode ferir a convicção até do religioso mais conservador do mundo. O fato é que eu pensar assim, tudo bem. Não participo da Igreja, não decido nada, nem mesmo sou católica. Mas fico assustada por Bento 16 não querer mais saber do cargo mais alto de uma das instituições mais poderosas do mundo. Cansaço? Acho difícil. Decepção? Também! Afinal, são quantos anos no Vaticano, antes mesmo de ser eleito o papa, em 2005? Ele já conhecia bem a sua igreja antes de assumir o papado. Nesses oito anos nada deve ter mudado tanto assim para se justificar o sentimento de decepção. O que penso é que a coisa lá dentro deve estar tão feia e tão consolidada que ele, com seu poder de liderança e desenvoltura política, seja incapaz de mudar. E isso fere a vaidade de qualquer um. E que a bomba fique para o próximo, mas não o comando. Claro. Bruna Gil


Brasília 61 visões Bruno Bravo

bruno.recife@gmail.com

E

José Perdiz, 80 anos

então, depois dos palhaços e dos malabaristas, começou

Com certo atraso, Perdiz assistiria ao seu segundo espetáculo,

o teatro. Na arquibancada de tábuas, o pequeno Perdiz

Esperando Godot, de Beckett. De alguma forma se sentiu na velha

gruda no pai e acompanha maravilhado os movimentos de

arquibancada do circo de Araguari, em Minas.

um toureiro. A peça é uma adaptação de Carmen, de Bizet, e no

Depois disso seguiram-se diversos espetáculos, festas, fortes

momento em que o herói morre e sobe pelas escadas para um céu

amizades. O Teatro Oficina Perdiz se tornou disputado por artistas

imaginário, a criança de nove anos se emociona.

e público. Até que interesses de construtoras na posse do terreno

Voltando para casa, o menino sentia qualquer coisa parecida com

levaram à determinação de retirada da oficina.

uma grande transformação. “Meu pai nem imaginava o que tinha

Os espetáculos estão proibidos. Os últimos anos, Perdiz viveu

provocado em mim. Eu sonhei com o teatro várias vezes. No sonho

esperando. É um tipo de espera que o machuca lentamente. Ver

minha vida se misturava com a vida dos personagens.”

Perdiz na oficina é perceber, melancolicamente, que ele está e

Quase cinquenta anos se passaram sem qualquer contato com

não está mais lá. Os amigos já não estão. Os clientes também não.

teatro. Até que, em 1987, Perdiz recebe um pedido para montar

Perdiz espera ao lado do seu assistente, mudo, e do seu cachorro

uma peça na sua oficina, na 708/709 Norte.

Banzé. A arquibancada de tábuas já foi arrancada faz tempo e

“Comprem as tábuas e eu faço a arquibancada”, ele responde.

espera esquecida em qualquer lugar pelo dia do despejo.

Este retrato é parte do projeto Brasília 61 visões. A intenção do fotógrafo é revelar a cidade pela cara das pessoas, anônimas ou não, e relatar sua relação com a capital.


12 Capa

Quando os Texto Noelle Oliveira Fotos Luana Lleras

noelleoliveira@meiaum.com.br

fotografia@meiaum.com.br


gatos saem... Você ou algum cidadão brasiliense que conhece certamente já se irritou ou teve medo ao ser abordado insistentemente por um flanelinha. Indignou-se com a notícia de que nove pessoas morreram após um barco de festas naufragar no Lago Paranoá devido a problemas de manutenção na embarcação. Ou se deparou, certa vez, com o carro fechado por outro veículo que parou em fila dupla e impediu a sua saída por minutos que parecem horas. Em todas essas situações, e em outras muitas mais, a pergunta: “Onde está a fiscalização?” A resposta dos órgãos públicos é quase sempre a mesma: faltam fiscais. O baixo efetivo é verdadeiro, bem como os reduzidos investimentos e a falta de consciência – e de civilidade – de muitos cidadãos. Mas é difícil aceitar que uma das obrigações mais importantes dos Poderes, garantir o cumprimento das normas, seja colocada em segundo plano. Nem todo mundo faz tudo certo, seja por desconhecimento, seja por desespero, seja por pura desobediência. A cada dia novas normas surgem, e outras tantas se desdobram, mas de que adianta a rigidez no papel se no dia a dia o que se vê é um Estado frouxo e desmoralizado, que muitas vezes institucionaliza a vista grossa? O trabalho de fiscalização pode até apresentar resultados eficientes dentro das condições em que é desenvolvido no Distrito Federal, mas sua limitação significa a exposição de cidadãos aos mais inesperados perigos. Afinal, partimos do princípio de que está tudo bem, seja na cozinha do restaurante ou na emergência do hospital.


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S

e, desde 2008, o montante arrecadado pelo Detran-DF com multas cresceu 24,9% – com um quadro de cem agentes de trânsito para fiscalizar mais de 8 mil quilômetros de vias urbanas –, imagine se houvesse mais gente trabalhando na vigilância da frota de 1,4 milhão de veículos. No caso específico do Detran, parte da necessidade é suprida por meio da fiscalização eletrônica. Os radares flagraram 1.114.373 infrações nas pistas do DF em 2012. Ainda assim, muita gente escapou. Dados da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), dona de grande parte das terras que são alvo de grilagem no DF, mostram que, em 2012, a empresa contava com 16 fiscais. É como se cada um fosse responsável por praticamente duas regiões administrativas – são 31. Imagine um fiscal responsável por Taguatinga e Ceilândia juntas. Seriam oito horas diárias de trabalho para percorrer uma área de 335 quilômetros quadrados. Impossível. O mesmo desinteresse governamental se reflete em outras áreas. Em 2013, pela primeira vez, o Procon-DF – criado em 1986 como grupo executivo e transformado em autarquia em regime especial em 2001 – recebeu profissionais concursados. Até então, eram 14 servidores cedidos de outros órgãos e outros 143 comissionados. Parte significativa dos 67 nomeados neste ano ocupará, justamente, a função de fiscal do direito do consumidor. Pelo menos teoricamente, com muito mais comprometimento. As brechas transformam todo cidadão em potencial vítima, sem dis-

tinções. Desde o motorista que trafega sobre as belas pontes da capital do País sem ter a certeza de quando a estrutura passou pela última inspeção até a criança arremessada, em 2012, de um brinquedo no parque de diversões do Parque da Cidade, no Plano Piloto. A mãe da menina não era obrigada a saber que o estabelecimento a que levava a filha para se divertir não tinha alvará de funcionamento. Os cidadãos esperam, afinal, que tudo esteja certo e sob controle. É isso que o turista pensa ao olhar a bela vista da Esplanada dos Ministérios. Porém, o prédio que abriga as pastas da Comunicação e dos Transportes passou por um princípio de incêndio em fevereiro. O que os 1,5 mil funcionários e os cerca de 500 visitantes diários não imaginavam era que o prédio não tivesse alarme. Deu tudo certo. Por sorte, não por adequação às normas ou graças à fiscalização. A falta de controle e os interesses políticos em consecutivos governos foram tamanhos que geraram problemas crônicos ao DF. Caso haja um incêndio em horário comercial no Setor Comercial ou no Setor Bancário, todo mundo sabe que um caminhão do Corpo de Bombeiros terá dificuldades para chegar ao prédio em chamas devido ao grande número de carros parados irregularmente por todos os lados. Não tenha dúvida: os culpados serão os fiscais, sejam suficientes ou não. É deles a responsabilidade de garantir a segurança da população e seus direitos, mas precisam que o Estado lhes dê esteio para fazer seu trabalho. A ocupação às margens do Lago Paranoá é outro clássico brasiliense do desrespeito às regras e da histórica fiscalização ineficiente. De acordo


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Apesar de querer todo o ambiente social funcionando perfeitamente, a maioria dos cidadãos não está disposta a perder cinco minutos de seu corrido horário em uma blitz.

com o Ministério Público do DF, em mais da metade da orla há construções irregulares que impedem o acesso da população à área pública. Por se tratar de área de preservação ambiental permanente, as ocupações deveriam estar, no mínimo, a 30 metros da margem. A Justiça determinou, em 2012, que a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) retirasse as construções irregulares até o começo deste ano. Porém, o prazo da desocupação foi prorrogado por mais alguns meses, pela própria Justiça. Na guerra do empurra-empurra de responsabilidades, quem leva a sério seu trabalho de fiscalização vive a realidade da maioria das áreas desinteressantes politicamente, ou seja, que não rendem votos. Ainda mais grave é o fato de a fiscalização eficiente contrariar interesses políticos. Em tempos de campanha são muitas as promessas que jamais poderiam ser executadas diante da existência de uma fiscalização efetiva. Regularização de invasões, por exemplo. A impopularidade fica explícita quando políticos e representantes do governo se posicionam contra uma ação coercitiva – vale lembrar, esse é o último estágio do trabalho de fiscalização, que começa com a preservação da segurança, a educação e a manutenção da ordem pública. No DF, atitudes como essa partem desde deputados distritais até figuras ligadas à cúpula do Buriti que se jogam na frente das máquinas se preciso para evitar a retirada de uma invasão. O objetivo, quase sempre, é obter aprovação de quem é afetado, esperando retorno nas urnas. “Nós, fiscais, so-

mos tratados como pessoas ruins, que estão ali tirando o sustento de pais e de mães de família”, pondera o major da Polícia Militar Ítalo Tomaz, diretor de Planejamento da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa). Tirar o sustento da pirataria, por exemplo, é mais grave do que parece. “Essas pessoas estão infringindo regras do Estado e, mesmo sendo pessoas de bem, por trás do que fazem alimentam gigantescas organizações criminosas e impossibilitam a arrecadação para o próprio Estado, que repassaria esses valores em benefícios para os cidadãos”, complementa o sargento da PM e gerente operacional da Subsecretaria de Operações da Ordem Pública e Social (Soops) Flávio Campos. Chatos, ou sanguessugas, independentemente da denominação que recebam – agentes, auditores ou inspetores –, os fiscais carregam o estereótipo por ocupar uma posição que socialmente é vista como a simples ação de punir. Afinal, apesar de querer todo o ambiente social funcionando perfeitamente, a maioria dos cidadãos não está disposta a perder cinco minutos de seu corrido horário em uma blitz, por mais que saiba que a fiscalização exija isso. “O pai de uma criança que vai para a escola de van quer ter a certeza de que aquele transporte foi fiscalizado e sua autorização está em conformidade com a lei, mas, em seu dia a dia, não é muito receptivo quando o alvo de fiscalização é seu automóvel particular”, ilustra o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF, Nelson Leite. A fiscalização não é a chave única para o bom funcionamento do Estado, mas é elementar.


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Sem concurso há duas décadas Uma das mais abrangentes, a fiscalização da Vigilância Sanitária tem a obrigação de estar em diversos lugares e momentos do cotidiano do cidadão. A intenção é fiscalizar a fim de garantir a saúde. É aqui que entra, por exemplo, o setor de alimentos, que representa cerca de 50% do trabalho feito pelo órgão. No DF, são aproximadamente 15 mil estabelecimentos, englobando desde indústrias até serviços alimentícios. São cozinhas industriais, lanchonetes, restaurantes, ambulantes e supermercados. Passa-se então para o setor de medicamentos. Só drogarias, são 1,3 mil. Número que ultrapassa e muito o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que seria 300 para todo o DF. “Isso caracteriza o apelo comercial que esse setor ganhou, que exige fiscalização ainda mais intensa”, explica o diretor da Vigilância Sanitária do DF, Manoel Carneiro Neto. Sem contar as farmácias de manipulação e as indústrias. Ainda sob a responsabilidade da Vigilância Sanitária estão todos os serviços de saúde. Consultórios, hospitais, clínicas, ambulatórios, academias devem passar por vistorias constantes. “São milhares de estudos e milhares de ações para intervir no risco”, explica Neto. Em 2012, foram 28 mil inspeções, 4 mil processos administrativos e cerca de 500 interdições. Um trabalho para 176 auditores, distribuídos em 22 núcleos de inspeção. Número que, em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, cairá para 150 profissionais, caso nova seleção não seja feita.

Um decreto de 2001 estabeleceu que o DF deveria contar com 230 auditores na Vigilância Sanitária. O número de fiscais foi calculado com base nas leis do setor que vigoravam na época. De lá pra cá, a quantidade de normas aumentou aproximadamente dez vezes, estima Neto. “Trabalhamos com déficit real aproximado de 160 auditores, quase o quadro de homens que temos”, diz o diretor do órgão. O último concurso para contratar auditores foi em 1993 e exigiu diploma de nível superior, independentemente da área de formação. “Percebemos a importância do nosso trabalho quando observamos que cerca de 90% das empresas que visitamos mudam de comportamento para seguir as normas; por isso a necessidade de a fiscalização ser capaz de abranger todas as áreas sob a nossa responsabilidade”, avalia Neto. Cerca de 30% das ações dos auditores são pautadas por denúncias da população. O restante fica por conta de ações programadas com base em estudos. “Mas ainda trabalhamos de forma precária, não temos um sistema de informações para mapear e organizar tudo isso como deveria ser. Hoje, se quero levantar as informações das ações desenvolvidas na última semana, precisarei de planilhas separadas, de tempo para organizar tudo isso, e deveria ser uma informação para se ter em mãos.” Subordinada à Secretaria de Saúde, a Vigilância Sanitária vive entre garantias e conflitos morais para desenvolver suas funções. Ao mesmo tempo em que está amparada por uma pasta do Executivo, o que lhe garante facilidade maior em acessar recursos, deve fiscalizar a própria secretaria, responsável pelas unidades públicas de saúde.

Manoel Carneiro neto está à frente da vigilância sanitária do df. SÃo 176 profissionais para fiscalizar os setores de alimentos e medicamentos, além dos serviços de saúde.


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Trânsito ainda é tratado como apêndice No Detran-DF o trabalho de fiscalização é feito por equipes divididas em escalas. São cinco turmas, cada uma com um turno de 12 horas. Entre as operações estão blitze, patrulhamentos, pontos de demonstração, intervenções e ações de apoio a interferências nas vias – como obras ou atividades educativas. “É um trabalho chato, incômodo. De 15 anos para cá a frota cresceu mais de 500%”, diz o diretor de Policiamento e Fiscalização do órgão, Nelson Leite. Para compensar a falta de fiscais – são 20 por grupo –, o Detran trabalha com um núcleo de planejamento, que estuda as estatísticas e analisa as demandas recebidas diretamente da população. A ideia é assegurar que a pequena mão de obra trabalhe de forma inteligente. “Mas isso não exclui o fato de a abrangência ser fundamental para uma fiscalização eficiente. Enquanto hoje, em cada turno, tenho uma blitz em determinado local, com mais gente, poderia ter três ou quatro”, diz Leite. No caso do Detran, o pouco que é feito garante números expressivos em comparação aos demais órgãos, mas não é o suficiente para dar conta de todo o DF, mesmo com a atuação da Polícia Militar nas ruas. “O trânsito é negligenciado pelas autoridades, não está no mesmo patamar de segmentos como educação, saúde e segurança pública. É visto como apêndice da área de transportes, o que não pode acontecer, uma vez que o trânsito ultrapassou esse setor.” No Brasil, 50 mil pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito. “Hoje o que fazemos é bom, mas estamos sempre enxugando gelo, precisamos evoluir de fato”, resume o diretor. Outra estratégia para suprir a falta de gente é promover ações sazonais. Semestralmente, por exemplo, é a vez das operações escolares e de motofretes, época em que são exigidas as renovações das autorizações. Para facilitar o trabalho é necessário, ainda, maior compreensão social a respeito da fiscalização. De cada cem pessoas que passam por uma blitz, 70 são paradas. Três ou quatro são autuadas. “As crianças já são educadas e treinadas para pensar que, se não usarem o cinto, a polícia vai prendê-las, e não para que saibam que aquilo as deixa seguras. Viram adultos com medo e com receio da fiscalização, o que é uma inversão de valores”, argumenta o agente de trânsito. Com a aproximação dos jogos da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, o número de agentes de trânsito no DF poderá chegar a até cinco vezes o que é hoje. Isso porque o último concurso foi realizado em 2012, e 400 agentes formados aguardam nomeação. Os últimos fiscais nomeados foram aprovados em um concurso realizado em 2003, o mais recente para a carreira de Policiamento e Fiscalização de Trânsito. O salário inicial de um agente de trânsito é de R$ 5.485,24.

Nelson Leite é diretor de Policiamento e fiscalização do Detran. Para compensar a falta de pessoal, aposta no planejamento.


18 Ítalo Tomaz é diretor de Planejamento da subsecretaria de defesa do solo e da água. No ano passado, foram 713 operações.

autoridades sabem onde estão 90% das ocupações irregulares Uma das frentes em que atua a Secretaria de Ordem Pública e Social (Seops) é o combate ao uso irregular do solo, por meio da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa). São 61 agentes de fiscalização nesse setor. Quem desempenha o trabalho cumpre carga diária de oito horas, com equipes de plantão nos fins de semana. As principais demandas chegam pela ouvidoria. A própria população é quem denuncia e quem, outras tantas vezes, se indigna diante da atuação dos fiscais. Em 2012, foram 1.397 relatórios de vistoria e 713 operações. Em 2013, até a penúltima semana de fevereiro, estavam registrados 249 relatórios de vistoria e 95 opera-

ções. “A população precisa começar a acreditar no cumprimento da lei e a parar de ignorar as regras do Estado. Isso só é possível com a fiscalização. Hoje, as pessoas que invadem áreas públicas não admitem que estejam erradas”, avalia o diretor de Planejamento da Sudesa, o major da PM Ítalo Tomaz. A vistoria é a primeira ação dos agentes, que averiguam se a denúncia de invasão é verdadeira. Em caso positivo, levantam as informações da ocupação irregular. Metragem, tipos de edificações, número de pessoas que vivem no local, existência de vulnerabilidade ou de área de preservação ambiental, tudo isso é apurado no primeiro contato. O relatório é enviado para o setor de planejamento para, só então, ser viabilizada uma operação de erradicação. O passo a passo, muitas vezes, é visto pela população como ineficiência. “Não é só chegar e tirar todo mundo, é preciso cumprir todo o processo administrativo preestabelecido, ter a preocupação social, além disso, tem muita gente que entra na Justiça e a nossa ação acaba impedida”, explica Tomaz.

De acordo com a secretaria, 90% das ocupações irregulares de terras no DF estão mapeadas. “Ninguém gosta de ser fiscalizado, da mesma forma que não gostamos de tirar ninguém do seu ‘lar’, mas há insistência por parte da população em invadir terras públicas. Tentamos desenvolver uma política de conscientização, mas na maior parte das vezes é em vão. Vamos a invasões que estão sendo erguidas, conversamos com os moradores, mas continuam a construir”, diz o major, que, com outros fiscais, passou por cursos de reciclagem no fim do ano passado. Nunca houve concurso público para a contratação de servidores para a Seops nem há previsão para futura seleção. Criada em 2009, a pasta funciona com servidores cedidos de outros órgãos e com comissionados. No entanto, não há reclamação da falta de profissionais, uma vez que trabalham em parceria com outras autoridades, como a Agência de Fiscalização do DF (Agefis), a Terracap, a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o Corpo de Bombeiros.


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Infringir as regras é rentável Vinculada à Seops está a Subsecretaria de Operações da Ordem Pública e Social (Soops), responsável pelas ações de combate à pirataria, aos flanelinhas irregulares, ao comércio ilegal, à poluição sonora. O órgão coordena o Comitê de Combate à Pirataria, ação pioneira no País. As ações de fiscalização desse grupo, no entanto, acabam indo bem além dos objetivos iniciais. Junto às irregularidades, os agentes encontram criminosos com mandados de prisão expedidos, foragidos, apreendem armas e já se depararam até mesmo com casos de exploração do trabalho infantil. São cerca de cinco grandes operações simultâneas e diárias. Apenas de combate à pirataria foram 876 ações em 2012, que resultaram em 183 prisões. “No caso dos flanelinhas, 75% dos que estão nas ruas do DF são clandestinos. Isso porque para se cadastrar precisam ter a ficha policial limpa e muitos deles já têm passagens”, explica o gerente operacional da Soops, Flávio Campos. A rotina do trabalho é dinâmica e adequada de acordo com mudanças na atuação daqueles que desrespeitam as regras. Uma tática aplicada em 2012 foram operações que consistem na ocupação prévia dos agentes das áreas de intensa movimentação, as chamadas “operações de presença”. O objetivo é que as equipes cheguem aos locais no início da manhã, antes mesmo dos ambulantes, e terminem os trabalhos no fim da noite. Para o sargento da Polícia Militar, que atua há dois anos como fiscal e há 23 é policial, não foi difícil se adaptar à rotina de abordagens. “São situações diferentes, no caso da polícia lidamos com criminosos, já nesses casos muitas vezes estamos tratando com pessoas que se acham corretas. De uma forma ou de outra, com o passar do tempo, a sociedade está começando a entender a importância do nosso trabalho. Ações como a retirada dos camelôs da região central da capital contribuíram muito nesse sentido”, avalia. A equipe é composta por 42 agentes. O foco da fiscalização varia de acordo com a região. Ações contra a pirataria são mais recorrentes em locais como Taguatinga e Ceilândia. Já no Plano Piloto, a maior demanda é relacionada a flanelinhas irregulares. Ao apreender pela quarta vez o material de um ambulante vendedor de guarda-chuvas na Rodoviária, Campos conta que perguntou a ele por que não mudava de vida e procurava um emprego legal. “Ele me disse que um emprego nunca lhe proporcionaria a qualidade de vida que tinha: pagava R$ 800 na prestação de um carro, R$ 900 de aluguel e a mensalidade da faculdade da filha. Isso dá uma noção de como o negócio é rentável e por que insistem. Na cabeça deles, perdem muito pouco perto do que ganham”, conclui o sargento. Em apenas uma operação, em fevereiro, foram apreendidas 42 mil mídias piratas na feira permanente do P Norte, em Ceilândia. Em 2012, apreensões do tipo ultrapassaram a marca 1,2 milhão de mídias.

Flávio Campos chefia ações de combate ao comércio ilegal e aos flanelinhas irregulares. acaba identificando envolvidos em outros crimes.


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Donos de barcos desafiam as normas O principal problema enfrentado por quem fiscaliza o Lago Paranoá não é o grande volume de barcos, ou irregularidades nas documentações, mas sim a cultura e a falta de conscientização de muitos condutores. “Não são todos, mas um grupo que mesmo detentor de um grande nível de conhecimento desafia as normas”, avalia o primeiro-tenente da Marinha Carlos Amoras, encarregado da Divisão de Segurança do Tráfego Aquaviário, da Capitania Fluvial de Brasília. O oposto acontece em regiões fiscalizadas em Goiás (GO) pelo mesmo grupo. “Há locais em que as pessoas são muito humildes, usam as embarcações como sustento e não

têm informações. É de partir o coração ter de apreender um barco daqueles. Mas, se não fizermos, em mais ou menos dias um acidente vitimará muita gente, e a culpa será nossa. Por isso fazemos toda a conscientização e, quando preciso, também punimos.” Para o militar, há dois anos à frente da fiscalização do Lago Paranoá, o efetivo de que dispõe – 35 homens e 13 barcos – é o suficiente para realizar a fiscalização em toda a jurisdição sob sua responsabilidade: o Distrito Federal e 221 municípios goianos. Em 2012, foram 2.692 abordagens, 300 notificações, 60 apreensões, 222 autos de infração, seis inquéritos e duas mortes em acidentes, apenas no DF. Neste ano já foram contabilizadas 223 abordagens no Lago Paranoá, cinco notificações e duas apreensões. “O lago não é só da Marinha, nós cuidamos do tráfego, mas temos órgãos parceiros e cada um que faz uso desse recurso é um fiscal que deve colaborar e denunciar

abusos e infrações”, resume Amoras. Enquanto isso, o volume de embarcações só cresce. São 44.209 inscritas no DF e em GO. “Só no DF, com base em uma estatística feita nas marinas, sem considerar os barcos guardados nas residências dos proprietários, temos aproximadamente 2,5 mil embarcações”, explica, afirmando que outros muitos registros de novos barcos já estão em processo de aprovação. A fiscalização de tráfego aquaviário tem caráter administrativo e visa a verificar os equipamentos de segurança das embarcações, bem como a documentação obrigatória tanto do condutor quanto do barco. “Não é criminal, como no caso da polícia”, pondera. Atualmente o trabalho da fiscalização está voltado não só para a punição daqueles que infringem as regras mas, principalmente, para a prevenção. “Os condutores reclamam de ser parados por mais de um fiscal durante um mesmo passeio, mas essa é justamente


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uma estratégia de fiscalização que utilizamos para saber se o condutor não está repassando, posteriormente, a direção para pessoa não habilitada, superlotando a embarcação, entre outras infrações”, explica. O reconhecimento da importância do trabalho de fiscalização veio com a elevação de categoria da Delegacia Fluvial de Brasília para Capitania Fluvial de Brasília, que aumentou em mais de 90% os meios operativos e mais de 100% o efetivo. A previsão é de que o efetivo chegue a 70 militares, número que, hoje, só atua no Lago Paranoá durante as operações de verão – da segunda quinzena de maio à primeira de agosto, época de calor e seca na Região Centro-Oeste. “Claro que com um efetivo maior será melhor, mas nenhuma fiscalização é onipresente. A maior parte dos acidentes graves que temos no lago é decorrente de imperícia, portanto precisamos contar também com a responsabilidade do condutor”, avalia.

O primeiro-tenente da marinha carlos amoras comanda a fiscalização do lago há dois anos. a maior parte dos acidentes é causada por imperícia.


Crônica

Lembranças automotivas

As voltas do Volks

Ele participou de momentos importantes da família. Às vezes, dá vontade de levá-lo para um passeio na cidade. E no tempo Texto Daniel Cariello Ilustração Lucas Muniz danielcariello@gmail.com

Meu pai ligou o rádio e começou a cantarolar junto. – Sabe de quem é essa música, Daniel ? – Não. – Dos Beatles. – Não conheço. – É uma banda de rock que já acabou. Aquilo caiu sobre mim como um petardo. O "come on, come on" de Please, please me era tão marcante, e a história tão impressionante – como assim, o grupo não existe mais? – que nesse dia o quarteto de Liverpool entrou na minha vida pra nunca mais sair. No meu aniversário de 6 anos, poucos meses depois, pedi a todos o mesmo presente: LPs dos bítou. O rádio do Volks 4 portas vinho 1969 não tinha FM, mas me trouxe os Beatles por AM e ainda sintonizava as ondas curtas que

lucasmuniz.arts@gmail.com

possibilitavam a meu pai e amigos captarem uma emissora que trazia notícias de revoluções distantes e abria as transmissões entoando a Internacional Socialista: "Aqui, Rádio Pequim", anunciavam em português perfeito as duas vozes chinesas, logo após a canção. Nos anos 70, escutar esses programas era um ato subversivo que dava facilmente cadeia.

***

Nos anos em que esteve na ativa, o pequeno carro foi palco de grandes proezas. Uma das mais notáveis foi acomodar treze pessoas que haviam ido a um pré-carnaval furado e não tinham como voltar pra casa. A solução foi empilhar todo mundo no único automóvel disponível, em uma época na qual Brasília era mais pessoas do que veícu-

los, mais sonhos do que realidade. Meu pai e minha mãe nem namoravam, mas a história reza que ela foi no colo dele. Outros tiveram menos sorte e se encaixaram pelo chão e da maneira que dava. Alguns, da maneira que não dava. E o Volks ainda testemunhou uma pseudoproeza, que gerou pânico momentâneo. – Para o carro! – gritou um amigo da família que fazia o trecho São Luís-Fortaleza conosco. – O que há? – O Daniel está comendo biscoito pelo olho! O susto foi enorme, mas o alarme era falso. Nosso amigo não podia imaginar que na minha novíssima supermáscara plástica do Zorro era possível fazer um biscoito chegar à boca enfiando-o pelo buraco do olho. Depois do susto, a viagem con-


23 tinuou sem maiores sobressaltos, embalada a conversa e a um pouco de música, quando conseguíamos captar uma AM do nosso agrado.

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Nos anos em que esteve na ativa, o pequeno carro foi palco de grandes proezas. Uma delas foi acomodar treze pessoas que haviam ido a um pré-carnaval.

Mas a mais marcante de todas as histórias desse automóvel mais velho que eu aconteceu quando meu pai foi buscar os três filhos na escola, em outubro de 1979, e fez um anúncio. – Tem uma surpresa pra vocês lá em casa. – É bolo? – perguntou o Pedro. – É sorvete? – quis saber a Mariana. – É bolo com sorvete? – indaguei. – Nada disso, erraram todos. É uma irmãzinha. E vocês vão escolher o nome dela. Fomos tomados por uma grande euforia, logo transformada em gritaria ensurdecedora. E ali mesmo começamos a especular como chamaríamos a mais nova integrante da família. Não demorou muito, passeávamos os seis, orgulhosos, pelas ruas da cidade. A Andréa ia no banco de trás, com a minha mãe. Por ser o primogênito, herdei temporariamente o da frente, onde circulava feliz ao lado do meu pai. Em fevereiro do ano seguinte, o Volks 4 portas cedeu a vaga a uma moderna e espaçosa Belina II, que tinha rádio FM e acomodava confortavelmente toda a família e mais uma ou duas avós, além de um bando de amiguinhos, no gigantesco porta-malas. Nosso agora velho carro foi estacionado nos fundos de casa e assim permaneceu por mais de uma década. No início dos anos 90, porém, ganhou sobrevida: foi cuidadosamente restaurado, com pintura original e tudo, e voltou a rodar pelas ruas da cidade, o tempo suficiente para meu pai testar a potência do motor renovado e receber diversas propostas de venda, todas prontamente recusadas. E para eu dar uma pequena batidinha na lateral – quase nem dá pra ver, ó –, até este momento veementemente negada. O Volks agora está parado na garagem da casa da minha avó, novamente abandonado. Toda vez que olho pra ele, penso como seria bom levá-lo de volta às ruas, rádio AM ligado, nós seis dentro, nem que seja para uma pequena volta na cidade. E no tempo.


CHARGES DO GOUGON hgougon@gmail.com


Fora do Plano por NOELLE OLIVEIRA noelleoliveira@meiaum.com.br

Rumo aos caos

Em sete anos, o volume de tráfego de veículos no Distrito Federal deve ultrapassar a capacidade máxima das vias. Quem circula pela capital tem a impressão de que isso pode acontecer ainda antes, a cada vez que sai de casa e, independentemente do horário, gasta mais que o triplo de tempo habitual para chegar a algum destino. De uma forma ou de outra, do jeito que está, até 2020, matematicamente, Brasília vai parar. A previsão está exposta em um estudo utilizado durante a elaboração do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do DF e Entorno. Cálculos mostram, cientificamente, o que o atraso na elaboração de um planejamento causou ao trânsito da capital do País. Em regra, o planejamento da área de transportes deve ser feito a cada dez anos. O primeiro realizado para o DF data de 1975. O segundo veio, pasme, 35 anos depois, em 2010. A pausa se reflete no caos e faz com que absolutamente tudo o que não foi feito se torne essencial. Elencar uma prioridade é quase impossível, mas o emergencial em todo caso é o investimento em transporte coletivo. No DF, oito em cada dez habitantes dependem de transporte individual ou coletivo para cumprir sua jornada.

Prepare a carteira Não é difícil imaginar as vias que deverão estar intrafegáveis em um curto intervalo de tempo. A Estrutural, a EPNB, a EPTG e a BR-040 haviam atingido até 80% de sua capacidade em 2010 – de acordo com esse mesmo estudo. Enquanto isso, a frota não para de crescer. Nos últimos 15 anos o número de veículos aumentou mais de 500% na capital. Encontrar um local para estacionar já é tarefa quase impossível em quase todas as regiões da cidade. É cada vez mais inevitável que realidades como a necessidade de estacionamentos privativos, rodízios de veículos e pedágios cheguem ao DF. As autoridades estão cientes disso, mas nem todos

dão a devida importância. Em São Paulo, o plano de transporte é ajustado regularmente por meio de pesquisa domiciliar de amostragem que verifica a origem e o destino dos cidadãos. Se, mesmo assim, por lá, as coisas não andam nada fáceis, imagine aqui.

Difícil de entender E não é só no transporte que as coisas parecem um tanto quanto perdidas. Durante a campanha eleitoral, quando o assunto era educação, Agnelo Queiroz não falava em outra coisa a não ser em ensino integral. Para o início deste ano letivo, no entanto, o governador veio com outra ideia e anunciou a adoção da semestra-

lidade no ensino médio da rede pública. Com isso, os alunos estudariam em um semestre as disciplinas de determinada área de conhecimento e, no seguinte, outro grupo de matérias. A nova proposta pedagógica, que surgiu sem qualquer preparação, gerou críticas e fez o governo voltar atrás, mantendo-a “apenas” em 71 das 650 escolas do DF. Após o início das aulas, em fevereiro, a Justiça entrou em jogo e suspendeu a nova organização curricular. O governo diz que se baseou nas experiências de estados. Porém, um dos exemplos é justamente o do vizinho estado de Goiás, que quer extinguir o modelo após registrar aumento no nível de reprovação. E os alunos que se virem.


1* isso era antes, nonô os nômades errantes

paubrasilia@paubrasilia.com.br

por Nicolas Behr

BRASÍFRA-ME

Personagens, lugares e episódios marcantes da história da nossa capital. Desvende estes poemas-enigmas.

passantes antes dos bandeirantes primeiros antes dos pioneiros

2* no df é a maior entre os que mamam focinho de elefante mas é parente do cavalo já te chamaram uma vez pelo nome e você não gostou

3** diz a lenda que lá seria enterrado o faraó jotakamon, na pirâmide contrária que virou casa de ópera hoje o sarcófago repousa mais alto os constantes transbordamentos do lago paranoá não inundam mais a tumba real monumental rio nilo atravessa


4*

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sem medo eu subo na tua caixa d’água e lá de cima vejo o sertão vejo rojão de são-joão barril explodindo cores e alegrias

6* comprido como a estrada que construiu

filial de caruaru

faça um teste* atravesse sem estresse como se estivesse em trieste ou budapeste ou na L2 sul em frente ao setor leste sobreviveste?

quando morreu a cidade que se erguia parou por um dia um dia somente no dia seguinte de volta ao batente

Respostas: 1 Os índios – 2 A anta – 3 Teatro Nacional Claudio Santoro 4 Ceilândia – 5 Faixa de pedestre – 6 Bernardo Sayão

5*

gigante contra gigante


Conto

Vida e morte

Segunda chance

Frederico não sabia o que fazer, mas soube exatamente o que fazer Texto Fabiane Guimarães Ilustração Daniel Banda fabiane.c.guimaraes@gmail.com

Do alto do barranco, encarrapitado na rocha pontuda, o menino revirava o rio. Antigamente, atirava-se na correnteza do jeito que viera ao mundo, até engolia o suco adocicado do lodaçal. Agora não, tinha nojo. A espuma turva crescia pelas margens, transbordando viscosa a frieza do pecado. Ele, cutucando a enchente com galho de mamona, colaborava deitando algumas gotas salgadas: água dos olhos, pura de ódio. Coração apertado doía quando tentava enxergar o fundo. Parecia, às vezes, que ouvia um gemido agourento ecoando nas pedras, vazando pelas beiradas. E pedia perdão a Nossa Senhora por não ter salvado ninguém. Naquele mar acastanhado do Cerrado, a morte transbordava de felicidade. Tudo começara uns dias antes, no meio do mato, onde Frederico fora herói. Cismado pela ausência da gata Caolha, da qual ninguém sabia dizer o paradeiro, tinha ido procurar. Encontrara, lá pelas bandas do canavial. De imediato notara o problema. Caolha não ia bem. Cuspia as tripas pelas pernas. O calombo no ventre – que já vinha crescendo fazia tempo – sacudia. Frederico tomou-se de

danielbanda79@gmail.com

espanto. Tinha gente na barriga da gata! Ajoelhou-se para ajudar. Noite adentro, espremendo fora as entranhas purulentas de mãe, Caolha miava baixinho os últimos suspiros de dor, morria devagar só para expulsar de si a vida – e os danados não saíam. Frederico, impaciente, fincou os dedos no buraco e arrancou de lá, um a um, os esqueletinhos esbranquiçados. Caolha agradeceu com o olho leitoso, cego de nascença, e fechou o outro para a eternidade. Ele nem chorou. Catou o caminho de casa envaidecido da destreza. Enrolados na camisa ensanguentada, seis gatinhos empapados espiavam o alvorecer do mundo. Tomou uma surra daquelas por ter sumido, quando chegou ao casebre. A mãe, adoentada, vociferava pragas que o pai tratava de satisfazer na carne. O chicote chiava nas costas, mas ele só pensava nos filhotes escondidos debaixo da cama. Mais tarde, trataria de subir ao curral e surrupiar um pires de leite. Felicidade fácil, essa de menino, condenável de tão mal disfarçada. O pai, gigante irritadiço adorador do castigo, detestava resistência. Ao ver o sofrimento resvalar sem remédio,

desembocando em um sorriso de lábios sonhadores, cresceu-se em fúria. Carregando o filho pelo cangote, fuçou a razão de tamanho atrevimento e encontrou, emporcalhando os lençóis, as seis criaturas ainda lambuzadas de vida. Então veio a desgraça maior, o ato crucial de punição contra o filho malcriado. Frederico cravou as unhas nas canelas do pai, comendo poeira no caminho, e não foi capaz de impedi-lo. “Já te sustento, moleque”, esbravejava a figura ainda meio embriagada de cachaça e suor, “acha que aqui tem lugar pra mais bicho?” E com os olhos caídos de sórdido prazer, achou o espaço minguado que faltava na casa dentro do saco de estopa. Confinou ali dentro os seis animais e selou a saída com fios de barbantes, o riso cavernoso e cruel ante o desespero dos filhotes novamente enjaulados na escuridão. Desprezando as súplicas, marchou até o limite do barranco e atirou o invólucro no rio.

***

Frederico berrara, estirado no chão, observando o saco boiar por alguns instantes, como uma estrela de pontas agonizantes, até


29 ser sugado para o fundo com a força arrasadora da corrente. Os miados agudos morreram em gargarejos tímidos, mas se perpetuaram na memória do menino. Os filhos de Caolha sufocados pelo esforço de viver. Jurou ter visto as águas vomitarem a maldade, fazendo o rio tingir-se do acobreado pegajoso que agora infestava a superfície. É por isso que voltava, todos os dias, para ver se encontrava naquele pântano de crueldade algum lampejo dos presentes mirrados, tão seus por alguns instantes. O pai, vendo a tática funcionar, passou a usar o rio como abatedouro. Uma galinha que já não chocava, um filhote de cachorro que se atrevia a roubar comida do celeiro. No mês seguinte, época de estiagem brava, sacrificou um bezerro inteiro, desses fraquinhos que exigem mais cuidados. Quando o Sr. Malaquias da fazenda de baixo viu aquele vulto fétido e descarnado desaguar em sua represa, se benzeu rapidamente – só podia ser obra do diabo. Nesses dias a mãe, já um tanto fatigada pela doença misteriosa, parecia piorar. Frederico assistia à procissão de médicos que iam e vinham do quarto, explicando com gestos elegantes a única solução para a moléstia: repouso. O pai só pensava nos custos de manter uma esposa inativa enterrada na cama, ainda mais uma que comia tanto. A fome de Eulália, ultimamente, consumia quase toda a porção do jantar. Nas raras ocasiões em que a visitava, o menino se afastava logo, cheio de repugnância. A mãe inchava pelas extremidades, os pés e as mãos lembravam alguma coisa com consistência gasosa. Não parecia, nem de longe, a mulher espigada de couro ressecado e ar nervoso que corria para surrá-lo com vassouras. “A mãe não está doente”, Frederico pensava, mastigando a farinha que lhe restava, “alguém soprou demais para dentro dela”. Talvez tenha sido nessa noite que acordou, amedrontado, com gritos infiltrando-se pelas paredes do seu quartinho. Permaneceu deitado, a cabeça debaixo da manta, rezando para o coisa-ruim não o pegar. Não reconheceu naquela tonalidade do inferno o grito maternal, mesmo de quando aprontava. O pai não estava,

tinha saído para pescar – qualquer coisa que não fosse suas oferendas sórdidas. Esperou, de olhos congelados, que a claridade do dia viesse socorrê-lo daquela monstruosidade. Quando cessou o berreiro, ainda de madrugada, caminhou pé ante pé até o quarto da mãe. Encontrou-a morta, com a boca exalando mau cheiro em um esgar apodrecido, e, debaixo das pernas arregaçadas, dois bebês nus.

***

Era o destino, cobrando-lhe coragem. Primeiro, Frederico examinou as criaturas, seus irmãos, emplastrados de sangue e um líquido malcheiroso. Percebeu que estavam vivos, mas famintos. Ao notarem a presença de outro ser humano, expulsaram com a força restante todo o ar que podiam acumular nos pequenos pulmões. O menino não soube o que fazer. Desorientado, caminhou até a cozinha, apanhou a garrafa de leite do dia anterior e despejou alguns goles nas bocas escancaradas. Os bebês, que afinal eram meninas – ele notou a falta do penduricalho – engasgaram e tossiram, antes de saborear o leite e calar-se de vez. Frederico segurou a corrente que ainda os ligava à caverna escura da mãe: um cordão comprido e arroxeado, que quase estrangulava o segundo bebê. Apanhando uma faca de cozinha, desfez o laço, e puxou para si as gêmeas. Aos poucos, o dia adentrava a casa. Frederico sabia o que fazer. Pediu que as meninas ficassem quietinhas, ao que elas curiosamente obedeceram, e correu para encher uma sacola de comida e a moringa de água. A todo o momento, lançava olhares ríspidos ao horizonte azulado. A qualquer momento, agora. Ele se apressou, buscou algumas mantas e envolveu as crianças desajeitadamente. Sorte que seu burro, Zeferino, já esperava selado. Assim que avistou a nuvem de poeira crescer na estrada, segurou suas irmãs junto ao peito e cavalgou para a direção oposta. E assegurou baixinho: “Vocês, não. Vocês eu não deixo afogar”. Montado no burro com os dois pacotinhos de vida fresca, Frederico seguiu a estrada. Bem longe do pai, da morte, do rio.


ensaio

Cenas da Caxemira paquistanesa, em uma viagem pela mais alta estrada do planeta Texto e fotos Jo達o Tajra www.jtajra.com



32 cerca de cem quilômetros da casa onde Bin Laden foi morto, começou minha viagem rumo à região da Caxemira, no norte do Paquistão. Era 2009. Em Rawalpindi, próximo a Islamabad, comecei a jornada pela Karakoram Highway, a mais alta estrada do mundo. São mais de 1,3 mil quilômetros ligando a capital paquistanesa à cidade chinesa de Kashgar, em Sinchiang, passando ao largo de nada menos do que cinco das catorze montanhas do mundo com mais de 8 mil metros, incluindo o K2. Minha primeira parada seria o Vale de Hunza: o caminho até lá levou ao todo quase 28 horas, parte delas percorridas no teto de uma van. Cheguei à pequena Karimabad, em Hunza, às onze da noite. A energia apenas funcionava a gerador, e naquele momento estava desligada. No escuro total, andei até o hotel e desmaiei de cansaço sem sequer poder jantar. Na manhã seguinte, ao despertar com o sol, sentei-me na cama e abri uma fresta na cortina. Foi minha primeira visão do maravilhoso Vale de Hunza. A vista abria-se centenas de quilômetros à minha frente, tendo do lado direito do rio o vilarejo de Karimabad. Ao redor, dezenas de montanhas dominavam a paisagem, todas com picos acima dos 6 mil metros. Suas encostas eram um mar de flores brancas e rosa, das árvores de ameixa, damasco e cereja. Ocorria justo naquele dia o festival da primavera e, pelas ruas, ressonava música tradicional da região. No campo de polo da cidade, bandas tocavam em ce-


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Esta foi a primeira vis茫o que o fot贸grafo teve do Vale de Hunza. Paralelamente ao rio, na margem direita, a rodovia que segue para a China.


34 lebração, enquanto a população dançava. Por ser uma região predominantemente islâmica, dentro dos limites do campo apenas se encontravam os homens do vilarejo. As mulheres, com seus coloridos vestidos, ocupavam o pequeno morro que se projetava atrás das arquibancadas.

***

O chapéu colorido e as tranças da senhora da foto acima são tradicionais da região. À direita, garoto em Karimabad.

Alguns dias depois, continuei viagem em direção ao pequeno vilarejo de Pasu. O caminho era espetacular. Ali a Karakoram Highway serpenteia estreita entre montanhas altíssimas e despenhadeiros, passando, ainda, em meio a dois glaciares que atravessam a estrada. Pasu é ainda menor do que Karimabad. A paisagem, entretanto, parece mais magnífica. As montanhas, se não tão altas, estão mais próximas e concentradas. Sobre o vale, precárias pontes suspensas conectam os dois lados. Passei poucos dias por lá antes de seguir a Sost, a última vila na Karakoram antes do Passo de Khunjerab, a fronteira entre a China e o Paquistão. Não creio que se possa, em poucas palavras e imagens, definir a região da Karakoram. Além de paisagens inacreditáveis, milhares de árvores em flor e céu azul, os vilarejos da região têm uma característica ainda mais marcante: a hospitalidade. É impossível não ser recebido sempre com um sorriso e uma palavra de boas-vindas. Entre as pessoas que conheço que estiveram na Karakoram, uma palavra resume os sentimentos comuns sobre a região: paraíso.


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Em Pasu, duas mulheres enfrentam ventos de mais de 50 km/h ao atravessar a ponte improvisada.


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Pequeno ateliê de costura. A população é hospitaleira e a todo o momento surgem convites para um chá.


incentivo


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Projetos de financiamento cultural: mecenato

do sEculo 21 As modalidades de captação de recursos são diversas, mas exigem paciência e cada vez mais dedicação

Texto Ana Paula Amorim, Larissa Souza e Shismenia Oliveira * repercult@gmail.com

Ilustração Francisco Bronze bronze@grandecircular.com


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ditais, leis de incentivo, sites de financiamento. O mecenato do século 21 oferece ao artista diversas opções para que ele arrecade recursos para realizar a obra, colocá-la em circulação e em contato com o público. Seja por meio do dinheiro público ou da velha vaquinha, que ganhou fôlego com a internet. Independentemente da modalidade de captação de recursos escolhida, não basta uma boa ideia. É necessário um projeto benfeito. Uma das opções para obter recursos é o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Foi criado em 1991, com objetivo de incentivar a produção artística local. Todos os anos, 0,3% do orçamento do DF é destinado ao fundo. Em 2012, foram R$ 42,867 milhões. Para 2013, o montante previsto é de R$ 60 milhões. Neste ano, assim como no anterior, serão abertos dois blocos de editais. A proposta para o primeiro foi lançada em 22 de fevereiro e ficará disponível para consulta pública e manifes-

tação popular até 10 de março. Três dias depois, os editais serão lançados. A data-limite para registro ou renovação no Cadastro de Entes e Agentes Culturais, obrigatório para a inscrição de projetos, é 15 de março. Parece simples, mas as exigências são muitas. O consultor e tesoureiro da Associação Ossos do Ofício, Henrique Monteiro, é especialista nesse tipo de proposta. Diz que é importante ter capacitação técnica para administrar o dinheiro público, principalmente por causa da burocracia do Estado. “Não adianta apenas saber gerir. É interessante que o artista saiba captar recursos”, explica. O consultor acredita que seja fundamental ter conhecimento também em informática e na área audiovisual para facilitar a elaboração dos projetos. A cantora brasiliense Ana Reis já utilizou o financiamento do FAC. Ela lançou em 2011 o CD Quisera eu. Diz que o fundo é positivo não apenas pelos bons projetos aprovados, mas por possibilitar que o artista mostre seu

trabalho. “Faz muito bem para a cultura a gente ter a chance de compor a música e gravar um CD sem ser com os olhares de uma gravadora, que fecham o tipo de repertório, que o enquadram e só vai se fizer daquele jeito”, compara. Porém, Ana vê uma desvantagem: a cada ano o processo de aprovação fica mais burocrático e cada vez menos projetos têm sido aprovados. “Não dá para entender aonde eles querem chegar. Estão cada vez mais exigentes. Estão cada vez mais generosos em questão de verba, mas está ficando quase impossível de fazer.” O diretor de Indicadores Culturais da Secretaria de Cultura, Gustavo Vidigal, faz uma observação sobre a queixa da artista. Ele explica que não há “uma série histórica de informações” que embasem a crítica e fala de mudanças pelas quais o FAC passou. “Notamos, sim, uma queda em relação ao número de projetos apoiados de 2011 e 2012, mas um investimento qualitativo foi priorizado e houve inversão de mais recursos por projeto. Mesmo dessa forma

observamos a melhor distribuição geográfica da execução do recurso.” Com relação às exigências feitas nos editais, Vidigal diz que as mudanças foram necessárias para dar maior transparência ao processo seletivo e democratizar o acesso aos recursos, que antes estavam concentrados nas mãos de “grupos mais estruturados”. “A atual gestão se deparou com histórico de despachos dos órgãos de controle reiterando a necessidade urgente de remodelagem do processo e colocando o FAC sob risco de embargo, sendo necessária a adoção de uma gestão regrada que ainda busque o pleno equilíbrio do encontro entre a cultura e o Estado”, justifica. De acordo com relatório elaborado pela Secretaria de Cultura referente aos editais do FAC de 2011, 848 projetos foram inscritos e 283 aprovados. O órgão contabilizou 1.161 inscrições em 2012 e, até o momento, 151 projetos foram habilitados. Esses números são preliminares e referentes a seis dos 11 editais de 2012. Ainda há projetos sob análise. Para o primeiro bloco


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de 2013, a expectativa é apoiar cerca de 444 projetos. Entretanto, na proposta dos editais de 2013 constam sete modalidades, mas não há definido o número de vagas, e sim o total de dinheiro disponível para cada área. Vidigal explica que, para se chegar à estimativa do número de projetos, foi feito o seguinte cálculo: “Por exemplo, temos R$ 300 mil para determinada modalidade e os projetos podem ser de até R$ 100 mil. Calculamos uma expectativa de apoiar três projetos. Na prática, isso facilita o remanejamento de recursos e os otimiza para podermos apoiar mais projetos”. O subsecretário de Fomento da Secretaria de Cultura, Leonardo Hernandes, afirma que a burocracia em exigências de documentos, adequação do projeto e prestação de contas são importantes, afinal o artista está lidando com dinheiro público. “A lei não está preparada para a arte. A arte não está preparada para as regras da burocracia, mas é preciso ter controle.” Dos projetos inabilitados em 2011, 63% foram devido a erros formais. De acordo com o subsecretário, várias propostas foram encaminhadas sem a ficha técnica anexada ao projeto. “É preciso ler com calma as orientações do formulário de inscrição. As pessoas devem procurar ajuda, se tiverem dificuldade com questões legais, e contratar serviços especializados”, aconselha. Hernandes reforça ainda que a secretaria oferece cursos de capacitação na área de projetos culturais. Basta que o interessado acesse o site do FAC. Lei Rouanet Diferentemente do FAC, a Lei Rouanet é uma norma nacional. O recurso é público, uma vez que se trata de renúncia fiscal. Se o artista tiver o projeto aprovado pelo Ministério da Cultura, pode buscar o dinheiro com pessoas físicas e jurídicas. Parte ou o total do valor é deduzido do Imposto de Renda devido. O incentivo corresponde a 6% do imposto declarado pelo cidadão e 4% por empresas. É uma forma de a sociedade e as instituições privadas investirem em cultura. No caso de empresas, o patrocínio favorece também a imagem.


42 Uma das críticas ao modelo é a dificuldade em convencer empresas e cidadãos a apoiarem os projetos. Na maioria das vezes, preferem investir em produções de grande repercussão, critica o artista Wellington Rocha, coordenador do Núcleo Otello de Pesquisa e Produção Teatral. Em 2005, ele conseguiu captar R$ 500 mil da Siderúrgica Viena para a realização do espetáculo Josimos das águas, das terras, de lá. A empresa fica em Açailândia, no Maranhão, e na época era acusada pela comunidade de explorar o trabalho escravo. A fim de desmistificar a imagem negativa, os diretores da siderúrgica decidiram apoiar o espetáculo. A peça contava a história do padre Josimos Tavares, líder comunitário que lutou contra os posseiros de terra e a escravidão. Rocha acredita que seja preciso criar estratégias para atrair o apoio do setor privado e reconhecer o perfil dos potenciais patrocinadores. “Você precisa criar um plano de mídia, é o que toda empresa quer para causar uma boa imagem.” O ex-secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura Célio Turino critica a forma como é aplicada a Lei Rouanet. No livro Ponto de Cultura – O Brasil debaixo para cima, Turino afirma que “esse não é o melhor caminho para a democratização e o desenvolvimento da cultura”. Para ele, as empresas utilizam a renúncia fiscal que a lei garante para benefício próprio. “Ao promover a renúncia fiscal, o que se faz é transferir para o mercado (diretores e gerentes de marketing das empresas privadas) a decisão sobre a aplicação de recursos públicos. A renúncia fiscal não agrega novos recursos à cultura, apenas transfere recursos arrecadados por toda a sociedade para a decisão de alguns.” Crowdfunding Quem não quer depender de dinheiro público para financiar projetos culturais pode aderir a uma espécie de vaquinha eletrônica. O crowdfunding é o sistema de financiamento coletivo que reúne projetos não só de cultura, mas também de outras áreas. As pessoas podem se cadastrar em sites e contribuir finan-

ceiramente para viabilizar algum espetáculo, disco e outras obras. Caso o valor não corresponda ao esperado, todo o recurso é devolvido aos colaboradores. Essa modalidade de financiamento se assemelha aos sites de compra coletiva, uma vez que necessita de um número mínimo de compradores. O mais interessante do crowdfunding é a mobilização dos internautas em favor de uma causa. Quem colabora acaba de alguma forma se beneficiando com brindes e outras vantagens. O fundador do site Lets (www.lets.bt), André Gabriel, diz que essa ferramenta é importante, uma vez que o cidadão pode colaborar e incentivar os projetos nos quais acredite. Grupos interessados em alavancar projetos devem elaborar uma campanha com ideias criativas. “Tem que pensar em três pontos: a divulgação do projeto, um vídeo para sensibilizar e recompensas atrativas que motivem as pessoas a apoiar os projetos”, recomenda. Embora o crowdfunding não seja uma prática tão recente, boa parte dos artistas desconhece a oportunidade. “Às vezes a dificuldade é mostrar como funciona tanto para donos de projetos quanto para apoiadores”, afirma Gabriel. O cineasta Rafael Lobo utilizou a plataforma de financiamento coletivo Catarse (www. catarse.me) para conseguir realizar o filme Palhaços tristes, adaptação da história em quadrinhos de Gabriel Mesquita para a linguagem audiovisual. De acordo com ele, um dos motivos que contribuiu para escolher esse tipo de financiamento foi a dificuldade de obter apoio ou patrocínio de empresas privadas ou por meio de editais. A quantia que Lobo precisava arrecadar no site Catarse para ter acesso ao financiamento era R$ 10 mil. As colaborações para o projeto atingiram R$ 13.116. “O experimento com site de financiamento pareceu ser um bom caminho para a natureza desse trabalho.” Para conseguir atrair o público, ele afirma que foi preciso investir. Uma das táticas utilizadas foi a divulgação do em mídias sociais. “Fizemos um blog (www.palhacos-tristes.

blogspot.com.br) que acompanhou as fases de produção do projeto. Uma espécie de making of do trabalho. E realizamos alguns trabalhos gráficos divulgados nas redes sociais, no intuito de chamar a atenção”, enumera. O crowdfunding foi tão eficiente que o coletivo no qual o cineasta atua já pensa em uma campanha para financiar a terceira edição da revista de HQ Samba. “Talvez ainda estejamos vivendo uma forma incipiente desse tipo de arrecadação, mas os casos positivos nos fazem acreditar que encontraremos um meio que possibilite o financiamento de mais projetos, de maior valor e com maior facilidade”, afirma. O efeito borboleta dos financiamentos A oferta de mecanismos de financiamento é positiva para os produtores culturais e gera impactos na economia e na sociedade, diz o antropólogo Marcelo Manzatti. Ele compara a atual cena artística com o que era visto na área de financiamento há 25 anos e conclui que o setor evoluiu. “Era um cenário muito menos profissionalizado. A oferta de produtos culturais era muito menor, o público consumidor era muito menor, poucas pessoas tinham acesso aos bens culturais. De fato é muito importante que os mecanismos se multipliquem.” Manzatti explica que as produções culturais não se restringem a um único setor, e sim movimentam toda uma rede. Ele cita o exemplo de uma montagem de peça teatral, que envolve a compra de tecido para figurino, de equipamentos eletrônicos, contratação de técnico. Além da montagem em si do espetáculo, ele diz que o espectador consome outros produtos ligados indiretamente à cultura. “A pessoa gasta dinheiro se deslocando até o teatro, e depois ela sai para jantar. Enfim, se for colocar na ponta do lápis, vai ver que a atividade cultural, seja qual for, movimenta muito a economia”, reforça o antropólogo. As últimas informações sobre o setor foram divulgadas em 2006, com base em dados dos anos de 2003 a 2005. O Sistema de Informações e Indicadores Culturais, feito pelo Ins-


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tituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério da Cultura, mostrou que, na época, apesar do baixo investimento público, o setor estava crescendo. Lojas de discos e DVDs cresceram 74%; salas de cinema, 20%; salas de espetáculos, 55%; museus, 41%; e bibliotecas, 17%. O artesanato foi a atividade mais presente nos municípios pesquisados – correspondia a 64,3% do total. Em seguida estavam a dança, com 56%, bandas (53%) e a capoeira (49%). Os festivais de cultura popular, música, teatro e cinema também tiveram destaque na pesquisa. Já os dados anteriores, divulgados em 2005, no primeiro Sistema de Informações e Indicadores Culturais revelaram que 320 mil empresas atuavam com produção cultural no País e eram responsáveis pela geração de 1, 6 milhão de empregos formais, o correspondente a

4% do total dos trabalhadores fichados na época.O salário médio dos envolvidos na área era de 5,1 salários mínimos, equivalente ao do setor industrial e superior 47% à média dos outros setores. O Ministério da Cultura trabalha desde 2011 em um banco dados que vai conter dados sobre o setor cultural – estatísticas, serviços de busca de informações e outros. O sistema poderá ser acessado por agentes culturais e pela sociedade. A plataforma também permitirá que sejam acrescentadas informações culturais. * Esta reportagem foi feita no segundo semestre de 2012 para o blog Repercult, projeto das autoras para a disciplina Agência de Notícias, do Iesb, sob orientação do professor José Marcelo. O texto foi atualizado para ser publicado em 2013.


Perfil

Ele Ê regente de um coral cujos integrantes encontram no passado força para viver o que vem pela frente

Texto Anna Halley Fotos Luana Lleras annahalley@meiaum.com.br

fotografia@meiaum.com.br



O

tempo do ensaio, uma hora, já se excedeu em 15 minutos. Com o violão pendurado junto ao corpo, Sérgio toma um copo de água e pergunta se já foi o suficiente. Nem pensar. O senhor alto e magro pede que toque Cidade maravilhosa mais uma vez. A senhora de cachinhos cinza levanta da cadeira e insiste em ficar mais um pouquinho. Sérgio retoma a cantoria, desta vez com uma sequência de músicas natalinas, a partir de Sino de Belém. Ele avisa que Trem das onze será a última canção daquela tarde calorenta. Há 12 ou 13 pessoas sentadas na sala – menos que o de costume, pois é a sexta-feira logo depois do carnaval. Fazem uma prece e despedem-se com beijos e muitos abraços. A senhora dos cachinhos não quer mesmo ir embora. Oferece a Sérgio um copo de água de coco. Ele aceita e isso parece ter feito o dia dela. Sérgio avisa a todos que os espera na semana seguinte. Tem sido assim desde 2005. Duas vezes por semana, Sérgio Kolodziey conduz a gandaia, como gosta de chamar o encontro no Hospital Universitário de Brasília. Os farristas são idosos diagnosticados com a doença de Alzheimer e seus acompanhantes. O projeto, um coral mesmo, é parte das atividades promovidas pelo Centro de Medicina do Idoso. A impressão é de que o ambiente naquele pedaço do hospital fica mais leve quando Sérgio está. Ao mesmo tempo, o que aparenta ser uma grande brincadeira é tratado com muito respeito por quem trabalha ali. Profissionais de saúde não resistem em dar uma olhadinha. E os sorrisos, mesmo só com o olhar, confirmam que o que acontece naquela sala faz diferença para o tratamento de seus pacientes. O mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro. A perda de memória é um dos principais sintomas. “A ligação com o passado vem com a música”, resume o líder da gandaia. “Coisa do destino” Sérgio é de São Paulo. Cursou teologia, foi seminarista. Teve de fazer uma viagem a Brasí-

lia há uns 25 anos e decidiu ficar de vez. Fez um trabalho aqui e ali até que foi parar na Universidade de Brasília, no Decanato de Assuntos Comunitários. “A maestrina Izaltina dos Santos, que regia o coral dos servidores da UnB, me apresentou à universidade. Coloque aí na revista que ela foi responsável por uma virada de página na minha vida.” A música fazia parte da trajetória de Sérgio desde sempre. Já cantava quando era garoto, aprendeu a tocar violão mais tarde. Foi no fim dos anos 90 que surgiu a oportunidade de fundar o Coral dos Cinquentões da UnB, pelo qual é responsável até hoje. “Eu era compositor e músico, mas nunca tinha regido um coral”, conta. Começou “cantando junto” e depois foi atrás de formação específica. O que aconteceu depois, diz, foi “coisa do destino”. Trabalhar com música e idosos virou a especialidade deste morador de São Sebastião de 58 anos. Envolve-se em vários projetos de forma voluntária, como nos da UnB, e é remunerado por outros. Faz trabalho semelhante em uma clínica particular, por exemplo. Cobra não só porque precisa pagar as contas, mas também para que o trabalho seja levado a sério, com menos absenteísmo e mais comprometimento. Na época em que a equipe da área de geriatria do Hospital Universitário de Brasília criou o projeto especialmente para pessoas com a doença de Alzheimer, um médico que também era músico conduzia as atividades. Não deu certo. “A ideia não é mexer com medicina, aqui é o outro lado”, diz. E aí Sérgio começa a falar bem sério. Diz que o trabalho tem foco no sistema imunológico. “Quando cantamos, respiramos duas vezes. Se a pessoa não enfraquece, a doença não toma conta”, acredita. É isso que explica a um senhor que passou a fazer parte do coral há poucos dias. Sérgio repara que o olhar dele já está diferente. Sabe que é efeito da música. “Os seus olhos estão brilhando, tente descobrir que música fez isso. Preste atenção na canção que mexe com o senhor.” É o que ele chama de música-êxtase. “O sentimento é que faz a pessoa levantar, a deixa

mais forte”, defende. E que músicas mexem com Sérgio? “A praça, Chalana e Cidade maravilhosa”, enumera. Ao falar sobre a doença, mostra convicção, embora admita não ter lido um livro sequer sobre o tema. O que aprendeu foi nestes anos de prática com os coristas, na convivência com médicos e familiares de pacientes. “Quando me chamaram, eu nem sabia o que era Alzheimer, minha ignorância era tanta que pensava ser contagioso”, confessa. O projeto inovador e os resultados que ele proporciona atraíram médicos de outras partes do mundo. Naturalmente, participam do coral pacientes em estágio menos avançado. “Podemos paralisar o avanço da doença, é quase uma cura. Eles precisam ter força na mente.” Tudo espontâneo É manhã de terça-feira. São 10 horas em ponto. A sala já está praticamente lotada quando Sérgio chega. “Passou o carnaval e agora, sim, começou o ano.” Nota que há novatos, explica rapidamente o que fazem ali, diz que é momento de alegria, hora de viajar. “Aqui é a única parte do hospital que não é séria.” A senhora de cachinhos chega no meio da primeira música da sequência, Acorda, Maria Bonita. Não liga para o atraso, entra na sala agitando as mãos e cumprimenta dois colegas com beijos. Depois encontra um lugar e começa a acompanhar o coral com a apostila. O material reúne quase 80 canções, propositalmente selecionadas para transportar os coristas ao passado, algumas sugeridas pelos próprios participantes ao longo dos anos. “A ideia é que pelo menos quatro músicas da apostila mexam com cada um.” São predominantemente marchinhas de carnaval, clássicos sertanejos e músicas de Natal. Sérgio sempre segue a ordem, o que varia são as canções que ele pula em cada encontro. Quando faz isso, os acompanhantes ajudam os coristas a encontrar a página. Os acompanhantes, aliás, sejam profissionais ou parentes, levam a atividade muito a sério. Deve ser porque, assim como Sérgio, percebem o brilho nos olhos daqueles de


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quem cuidam. Cantam com força, incentivam com palmas. São coristas também. A sala está lotada, com 26 pessoas sentadas. Tudo ali é espontâneo. O senhor de camisa social que se comporta como o líder da turma, verificando se todos têm uma apostila nas mãos e tratando de buscar cadeira quando chega mais alguém. A paciente de cabelos curtinhos que aplaude de pé quando termina Como é grande o meu amor por você, como se Sérgio a tivesse tocado especialmente para ela. A letra de É preciso saber viver, uma das triladas com maior vibração pelo coro, parece nunca ter feito tanto sentido. Uma velhinha passa o dedo sobre o mesmo verso por longos minutos. Está distante, mas acompanha o ritmo. “É assim mesmo, não trabalho com o consciente, e sim com o êxtase”,

explica Sérgio. Há na sala uma idosa de cabelos acobreados com jeito fechado, que não parece confortável. Não tira os óculos escuros, não relaxa o corpo. Quando toca Cidade maravilhosa, no entanto, seus dedos dançam sobre o braço da cadeira. Sérgio diz que muita gente tem vergonha da doença. Conta o caso do senhor que foi um grande intelectual e hoje evita os filhos para que não presenciem seus momentos de desorientação. O breve histórico que Sérgio dá dos coristas faz lembrar que a doença de Alzheimer às vezes toma conta de mentes notáveis. Um médico que dirigiu um dos mais importantes hospitais da capital. Uma pianista, um arquiteto que participou da criação de obras conhecidas, uma professora aposentada da UnB. Sérgio diz que a tendência ao mal de

Alzheimer é grande. E logo enumera as causas, com a autoridade de quem não precisa de dados científicos. Fala do medo que a mídia passa à sociedade, da correria diária, do ônibus lotado na volta para casa. “As pessoas não respiram direito e estão muito nervosas. Cada vez que a pessoa fica nervosa queima um neurônio, e ele vai fazer falta amanhã”, diz. Sérgio leva aquela gandaia muito a sério. Embora a maioria dos participantes esteja em tratamento no HUB, o coral é aberto a outros cidadãos diagnosticados com a doença. “Escreva aí que não devem ter vergonha, que devem vir para o nosso coral, é de graça!” A gandaia continua. Sérgio fecha os olhos para entoar o clássico A Jardineira, e o que se vê e ouve é êxtase coletivo. Na sexta-feira tem mais.


crônica

Indecisão

Acabei de chegar

À procura de um bom programa para a noite de sexta-feira Texto Bruno Zenóbio Ilustração RÔmulo Geraldino brunozenobio@gmail.com

Acabei de entrar em casa. Minha geladeira está uma droga. Deixei o vinho deitado na prateleira de ferro escorrer e parece que uma carne podre deixou seus traços sanguíneos. Não tem cerveja, não importa, nem bebo. Meu gosto pequeno-burguês tem me permitido vinho do Porto. Abro a geladeira, o puta-merda está todo engordurado. Só tem macarrão bolorento. Ninguém limpou este cubículo. Meu carro está quebrado, então tive que caminhar um pouco para chegar até aqui. Despertei-me em plena rua ao som de Questa è la mia vita, Ligabue. Engraçado, no caminho vim projetando imagens em minha mente. Há tão pouco tempo sobre esta cidade não exis-

romulog2000@yahoo.com.br

tia nada?! Ou tudo?! E nós a edificamos. É difícil expressar. Como se fosse um caleidoscópio de falas, sons e percepções: sinais do fim e do eterno recomeço. Senti-me, instantaneamente, consumido pelo passado e pelo futuro: minha existência está cravada no presente. Destitui-me, subitamente, de tudo para me tornar um fóssil vivo. E as luzes da cidade começaram a se acender. Chegou a noite. Todos começaram a se preparar para os encontros, os passeios. Haverá passeio no shopping de mãos dadas. Missa das oito. Papo com os amigos. Visita à casa da sogra. Todos têm que se ocupar para que o tédio não os destrua. Preciso fazer algo, senão vou

enlouquecer. Ou não. A música baixa a temperatura. Um licor de café também. Já comecei a imaginar mil combinações de sabores para o jantar. Há ervas frescas que retiro do jardim. Há ainda poesias na estante, palavras ansiosas para sair do limbo. Só preciso da chave. Minha noite começou bem. Não tenho nenhum lugar para ir. Liguei. Meu amigo está em casa vendo filme com a namorada. Sexta à noite é dia de bater cartão. Como diz um colega meu do trabalho: sex-ta-feira, mesmo aqueles que não praticam se lembram. Seu jeito mal-humorado era sintomático. Provavelmente, gastaria seu alto salário, após anos de serviço público, com prostitutas da 315 Norte. Dizem que os homens


49 não pagam para estar com mulher alguma, mas para se liberarem delas depois de tomarem um minuto de prazer, ou um segundo? Sexta-feira é assim, quem não tem cão caça com gato.

***

E minha última namorada me largou porque eu tinha nojo. De fato, ela tinha razão, as transas mais intensas que existem são aquelas em que se perde totalmente o nojo. Deglutam-se salivas e líquidos sem nenhum pudor. Penetram-se os lugares mais inóspitos como cavalos soltos no campo-corpo. Vasculha-se cada espaço ainda não tomado, e invade-se cada território virgem. Depois adormecemos sem tomar banho, deixando, propositalmente, em nossos corpos aqueles vestígios maculados de uma noite de pecado e culpa. E não dizemos nada... Uma amiga me ligou, tem show no Gate´s. É melhor eu me afastar daqui para que aquela cama não me sorva como um tufão. Minha cama, às vezes, me atrai como um imã. Ela quer acabar com minha noite. Minha cama é muito egoísta, quer escravizar meu corpo com imensas delícias. Ela me oferece uma sensação ilusória de segurança, privacidade e acolhimento que o mundo exterior quer me retirar. É como retornar, subitamente, para o ventre de minha mãe quando me enrosco no edredom macio e me protejo de todo o mal que há lá fora. Sou um pequeno deus em minha casa. Minha arrogância silenciosa se destila como veneno nas coisas das quais tenho controle. Melhor eu mergulhar no turbilhão da noite. E minha amiga é boa nisso, ela topa tudo. Acabou um casamento-relâmpago, e precisa se meter nesse autoengano, para depois ser enganada de novo. Nada de trágico, a vida é assim... Antes se lembrar dos traumas do que de um vazio de não ter vivido. Pena que não trago em minha pele tantas cicatrizes, fui medroso demais. Perdi muito tempo inquirindo o passado das minhas ex-namoradas, querendo saber com quem tinham transado, em que posições tinham mais prazer, se foram mais felizes. Demorei a entender que isso não interessa

mais. Elas agora só querem olhar para a frente. Essa mania de posse tem a ver com minha baixa autoestima, e eu mesmo comecei a me fazer de vítima para receber atenção como forma de piedade. Então começo a procurar uma roupa. Minhas camisas floridas não combinam com minha calça xadrez. Minha namorada detesta, e eu gosto de provocar. Sinto-me bem em ficar fazendo tipinho intelectual, e muitas meninas caem nessa. Mas essa perversidade me assola. Elas querem um amor e só sei ficar brincando de namoradinho adolescente, escrevendo aqueles poemas cheio de clichês que elas tanto adoram. Vou assim mesmo, sei que está meio cafona. Combinar roupa nunca foi o meu forte. Não estou à caça. Talvez um pingo de consciência salve um pouco do chute no balde de leite. Essa mesma consciência de ser e não ser, de ver e não ver. Essa consciência que me deixa inquieto na cadeira suja em que eu me sento diante do espetáculo. Essa consciência que não sei se é ilusão, se é razão ou as duas coisas ao mesmo tempo. Essa consciência que quer aniquilar a si mesma para se renovar radicalmente. Essa consciência que esmaga meu peito diariamente. Essa consciência que se esforça em desaprender tudo para um olhar novo. Tenho dito verdades demais. Tenho me enganado com coisas sem sentido. Tenho expressado o que não compreendo. Tenho matado a única forma de fazer surgir a vida. Tenho vivido a minha própria clandestinidade. Tenho tagalerado demais por não aceitar o silêncio. A noite está efusiva e estou indeciso. Há muita gente cheia de expectativas que serão frustradas, e muita coisa descartável e insignificante tratada com grande relevância. É divertido ver aquele mundo de gente linda, bem-sucedida, em seus corpos esculturais, escravas da imagem que acreditam ter que levar aos outros. Minha estante está ali, intrépida. Há poucos livros. Pensando bem, vou encher o copo de vinho do Porto e conversar com Pessoa.


Caixa-preta

por miguel oliveira carlosmigueldeoliveira@gmail.com

Dilma, candidata desde 2010

Quem se elege para qualquer função executiva ou legislativa já comemora a vitória pensando na reeleição ou no posto que disputará dali a dois ou quatro anos. Desde que o então presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu que o Congresso Nacional incluísse a reeleição na Constituição, os mandatos executivos passaram na prática a ser de oito anos, com possibilidade, pequena, de ser revogados pelo voto no quarto ano. Ao retribuir generosamente os votos de deputados e senadores a favor da reeleição, sem que nenhum Roberto Jefferson os delatasse, o PSDB e o DEM sabiam que estavam dando um novo mandato a Fernando Henrique. Desde 2010, portanto, a presidente Dilma Rousseff é candidata à reeleição. Mas, para alimentar noticiário e especulações, alguém inventou que o ex-presidente Lula aspira a voltar ao cargo, o que inviabilizaria a reeleição de Dilma. Daí surgiu a variante também inventada sabe-se lá onde: se Dilma for bem no governo, é a candidata; se for mal, Lula volta. Gente do próprio PT, mais alinhada a Lula do que a Dilma, ou querendo amedrontar a oposição, passou a corroborar essa tese. E assim a especulação ganhou foros de verdade.

Jogo jogado A liderança da oposição (imprensa) e seus braços político (PSDB, DEM, PPS), econômico (grande capital, especialmente financeiro) e pelego (Força Sindical) têm promovido forte ofensiva para desconstruir a imagem de Dilma. Para eles, o País vai de mal a pior. Dilma não sabe administrar e não é a gerente que pintaram. Procuram com isso abrir caminhos para o retorno da direita ao poder que exerceu de 1990 a 2002. Mas a especulação que veio se sabe lá de onde se tornou interessante para alguns: se Dilma fracassa, volta Lula. E, nesse quadro, tudo o que Lula fizer é porque é candidato, e o governo de Dilma se enfraqueceria.

Fortalecido politicamente, o governador Eduardo Campos, do PSB, já se colocava como candidato a presidente, embora com cuidado e cautela. E Marina Silva lançou sua Rede, partido disfarçado de não partido, para viabilizar sua candidatura ao cargo que disputou em 2010. E todos sabem que os tucanos terão um candidato, e o quase certo é Aécio Neves.

O óbvio No lado do governo, há descontentes com o estilo de Dilma. Não tanto com suas grosserias que fazem homens calar e chorar, mas com o que chamam de falta de cintura política, de flexibilidade, de diálogo com os políticos. Ou

seja, não gostam de Dilma por um perfil dela que é positivo: a falta de disposição para lidar com o clientelismo, o fisiologismo e a voracidade dos políticos por verbas. Ou porque a presidente não cede facilmente aos interesses corporativos que ignoram o estado da economia mundial e só pensam em aumentos de salários e vantagens pessoais. Preferem a cintura sindicalista de Lula, e por isso procuravam aproveitar o desgaste da presidente, promovido pela oposição, para pregar o Volta, Lula. Mas o ex-presidente deixou claro o que todos já sabiam desde que ela foi eleita: a candidata é Dilma. Não antecipou campanha nenhuma. Lula sacramentou o óbvio.


roteiro

C A M I L A R odri g u e s

cultura@meiaum.com.br

51

Criolina mais potente O cantor e compositor paulistano Thiago Pethit

Calaf. A novidade é que, até março do ano que

(foto) apresenta-se em Brasília em 1° de abril. O

vem, na primeira edição de cada mês, a Festa

artista, que tem dois álbuns, Texas, Berlim, de

Criolina recebe um artista importante do cenário

2010, e Estrela decadente, de 2012, é conhecido

musical brasileiro independente.

pelo experimentalismo com músicas estilo cabaré

O Palco Criolina tem o patrocínio do Fundo de

e rock, e canta tanto em português quanto em

Apoio à Cultura (FAC) do Distrito Federal. A ideia

inglês. Ele é a segunda atração do Palco Criolina,

é trazer bandas completas e artistas importantes

projeto que estreou em março com Lucas

sem que o preço do ingresso (R$ 20) aumente,

Santtana.

abrindo mais opções de eventos interessantes

O evento semanal criado em 2005 continua

para o cenário cultural de Brasília. Informações

acontecendo toda segunda-feira, no Bar do

em www.facebook.com/festacriolina. Camila Rodrigues

CINEMA A FUGA

lançamentos

STEFAN RUZOWITZKY. AÇÃO. CLASSIFICAÇÃO

Priscila Prade

12 ANOS. CINEMARK EM 15 DE MARÇO. 95 MIN

Addison (Eric Bana) e Liza (Olivia Wilde) fogem com o dinheiro de um golpe em um cassino e se separam. Liza, que pegou uma carona até a cidade mais próxima, encontra o ex-boxeador Jay (Charlie Hunnam), que está a caminho da casa dos seus pais para o Dia de Ação de Graças. A atração é instantânea e eles percebem que foi o destino que os uniu.

LUCIANO MOURA. DRAMA. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. CINEMARK E KINOPLEX EM 8 DE MARÇO. 96 MIN

Wagner Moura interpreta o médico Theo Gadelha. Ele vai em busca de seu filho, Pedro (Brás Antunes), que some no fim de semana em que completa 15 anos. Ao mesmo tempo, seu casamento com Branca (Mariana Lima) está terminando, e seu mentor (Germano Haiut) está à beira da morte. Na busca pelo filho, Theo encontra seu pai (Lima Duarte), com quem não falava havia muitos anos.

Imagem Filmes

A BUSCA

MARÇO. 125 MIN

Baseada no livro de mesmo nome da autora da série Crepúsculo, Stephenie Meyer, a história narra um futuro em que a Terra foi dominada por um inimigo invisível que controla mentes e corpos dos humanos. Melanie Stryder (Saoirse Ronan) é uma das poucas que ainda não foram dominadas. Enquanto o inimigo tenta encontrar, por meio da mente de Melanie, os últimos humanos não infectados, a mando da Buscadora (Diane Kruger), complicações amorosas acontecem.

A PARTE DOS ANJOS

KEN LOACH. DRAMA. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. CINEMARK EM 8 DE MARÇO. 101 MIN

A HOSPEDEIRA

ANDREW NICCOL. DRAMA. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. CINEMARK E KINOPLEX EM 29 DE

Robbie (Paul Brannigan) escapa, por pouco, de uma sentença de prisão. Acaba de ter um filho com a namorada, Leonie (Siobhan Reilly), e promete que o futuro do primogênito será diferente do dele. Durante o serviço comunitário, conhece pessoas que enfrentam a mesma dificuldade de encontrar


emprego. Juntos, descobrem a degustação de uísque, que pode mudar a vida deles sempre.

cultura@meiaum.com.br

outros

Nicola Dove

roteiro

C A M I L A R o d ri g u e s

Cena de Minha irmã

JACK – O CAÇADOR DE GIGANTES

BRYAN SINGER. AVENTURA. CLASSIFICAÇÃO LIVRE. KINOPLEX EM 29 DE MARÇO. 114 MIN

Uma guerra antiga se reinicia quando Jack (Nicholas Hoult), jovem trabalhador do campo, abre um portal entre o nosso mundo e o de uma raça de gigantes. Soltos na Terra, os gigantes raptam a princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson) para tentar reconquistar seu território perdido, forçando Jack a lutar ao lado do rei Brahmuell (Ian McShane) e do povo. O filme é uma reinterpretação para o cinema da clássica história de João e o pé de feijão.

KILLER JOE – O MATADOR DE ALUGUEL WILLIAM FRIEDKIN. AÇÃO. CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS. CINEMARK em 8 de março E KINOPLEX EM 29 DE MARÇO. 102 MIN

A história é sobre o endividado traficante Chris Smith (Emile Hirsch) e sua irmã Dottie (Juno Temple), que tramam o assassinato da mãe para ficar com o dinheiro do seguro. Para isso, contratam o detetive e assassino de aluguel Joe Cooper (Matthew McConaughey). Chris não tem dinheiro para pagar adiantado e Joe só faz o trabalho com uma garantia: Dottie.

O QUARTETO

DUSTIN HOFFMAN. COMÉDIA. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. CINEMARK EM 8 DE MARÇO. 98 MIN

Cissy (Pauline Collins), Reggie (Tom Courtenay) e Wilfred (Billy Connolly) são três amigos que vivem em um elegante lar para músicos aposentados. Tudo começa a mudar quando a excêntrica diva Jean Horton (Maggie Smith), ex-mulher de Reggie, se muda para a casa. O quarteto, então, pode voltar a brilhar.

UM FINAL DE SEMANA EM HYDE PARK

ROGER MICHELL. COMÉDIA. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. CINEMARK EM 5 DE ABRIL. 94 MIN

O relacionamento amoroso entre o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (Bill Murray) e sua prima distante Margaret Daisy Stuckley (Laura Linney). A história é centrada em um fim de semana de 1939, justamente quando o rei George VI (Samuel West) e a rainha Elizabeth (Olivia Colman), da Grã-Bretanha, visitam o país pela primeira vez na história, em missão oficial para pedir apoio contra as forças nazistas na iminente 2ª Guerra Mundial.

FESTIVAL DE CINEMA FRANCÓFONO DE 19 A 24 DE MARÇO, NO CCBB. ENTRADA FRANCA.

CLASSIFICAÇÃO EM

WWW.BB.COM.BR/CULTURA A mostra é parte da 16ª Semana da Francofonia, promovida pelas embaixadas dos países ligados à Organização Internacional Francófona.

Terça, 19

15 h – Na ponta

VAI QUE DÁ CERTO

feiticeira

19 h – O menino 21 h – Os

12 ANOS. CINEMARK E KINOPLEX EM 22 DE

19 h – Ouaga saga alto

Sábado, 23

MAURÍCIO FARIAS. COMÉDIA. CLASSIFICAÇÃO MARÇO. 87 MIN

O reencontro de cinco amigos de adolescência (Danton Mello, Lúcio Mauro Filho, Fábio Porchat, Gregório Duvivier e Felipe Abib), todos frustrados. A possibilidade de recuperar o tempo perdido aparece com uma proposta tentadora: o assalto a uma transportadora de valores. O crime (quase) perfeito cumpre o seu propósito, mas não exatamente como planejaram.

www.cinemark.com.br www.kinoplex.com.br Não informaram a programação a tempo: www.itaucinemas.com.br www.cinecultura.com.br

10 h – Kirikou e a

dos pés

15 h – Minha irmã

do riacho

21 h – Mãos ao

garotões

Quarta, 20

11 h – Kirikou e a

10 h – Na ponta

feiticeira

15 h – O uniforme

dos pés

19 h – Recreios

país para mim

dos pés

15 h – Na ponta

de hóquei

17 h – Invente um

20h30 – Incêndios

18 h – Minha irmã

Quinta, 21

20h30 – Incêndios

10 h – O uniforme

Domingo, 24

15 h – O quadro

15 h – Mãos ao

corda

17 h – A quinta

de hóquei

11 h – O quadro

19 h – A quinta

alto

21 h – Minha irmã

corda

Sexta, 22

10 h – O quadro

19 h – O menino do riacho

21 h – Ouaga saga


5353

APRENDA ESPANHOL COZINHANDO: CINEMA & GASTRONOMIA

26 DE MARÇO, ÀS 18H30, NO INSTITUTO

CERVANTES. INSCRIÇÃO: R$ 60. VAGAS LIMITADAS. 3242-0603

Maria Jesus Navas (Espanha) e David Lechtig (Peru) são os chefs convidados para elaborar pratos inspirados em filmes espanhóis e latino-americanos. A ideia é que os participantes conheçam e pratiquem o espanhol e as línguas co-oficiais da Espanha e assistam a grandes filmes. Depois da exibição, vão aprender como se preparam pratos inspirados nessas produções. O primeiro filme do projeto será 18 comidas, do diretor espanhol Jorge Coira.

DIVAS LATINAS

da Argentina; Dolores del Río e María Félix, do México; e Tônia Carrero e Eliane Lage, do Brasil.

MONDO TARANTINO

ATÉ 17 DE MARÇO, DE TERÇA A DOMINGO, NO CCBB. ENTRADA FRANCA. PROGRAMAÇÃO E

CLASSIFICAÇÃO EM WWW.BB.COM.BR/CULTURA

A trajetória do cineasta Quentin Tarantino, suas influências e seu legado. Com a exibição de longas-metragens de Tarantino para o cinema, além de episódios de seriados dirigidos por ele para a televisão e filmes que influenciaram o cineasta norteamericano, como Sukiyaky Western Django (2007), Os bastardos inglórios (1978), Corrida contra o destino (1971), Coffy (1973) e Tóquio violenta (1966).

ATÉ 10 DE MARÇO, DE TERÇA A SEXTA, ÀS 18 H

MOSTRA DE CURTAS

19 H, NO TEATRO DA CAIXA. ENTRADA FRANCA.

TEATRO BRASÍLIA SHOPPING. ENTRADA FRANCA.

www.facebook.com/embaixadaargentina

WWW.BRASILIASHOPPING.COM.BR

E ÀS 20 H; SÁBADOS E DOMINGOS, ÀS 17 H E ÀS

VEJA A CLASSIFICAÇÃO E A PROGRAMAÇÃO EM

Em referência ao Dia Internacional da Mulher, as embaixadas da Argentina e do México promovem a mostra de filmes. O ciclo homenageia seis atrizes latinoamericanas: Tita Merello e Zully Moreno,

ATÉ 27 DE MARÇO, QUARTAS, ÀS 20 H, NO

CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. PROGRAMAÇÃO EM

Nas quartas de março, as pessoas podem conhecer como a vida em Brasília é retratada em vários curtas-metragens. A mostra exibirá semanalmente o trabalho de talentos da capital. São quatro curtas por sessão.

SAMUEL FULLER: SE VOCÊ MORRER, EU TE MATO!

ATÉ 14 DE MARÇO, DE TERÇA A DOMINGO, NO CCBB. ENTRADA FRANCA. CLASSIFICAÇÃO E

PROGRAMAÇÃO EM WWW.BB.COM.BR/CULTURA

A retrospectiva é dedicada a fomentar a discussão a respeito de um dos cineastas mais originais da história do cinema. Em mais de 40 anos dedicados à sétima arte, Fuller (1912–1997) influenciou outros pesos pesados, como Jean-Luc Godard, Steven Spielberg e Wim Wenders. Com a exibição de 24 longas dirigidos por Fuller e de um documentário sobre sua trajetória realizado por sua filha Samantha Fuller.

TESTE DE AUDIÊNCIA 16 E 26 DE MARÇO, ÀS 20 H, NA CAIXA

CULTURAL. ENTRADA FRANCA. CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS. 3206-9448

Filmes ainda em processo de finalização, apresentados gratuitamente em sessões surpresa. O espectador só fica sabendo ao que vai assistir momentos antes do início da exibição. Após a projeção, o público conversa livremente sobre o filme na presença do diretor. O projeto é iniciativa dos cineastas Marcio Curi e Renato Barbieri.


Música

ASA DE ÁGUIA

16 DE MARÇO, ÀS 22 H, NO ESTACIONAMENTO DO GINÁSIO NILSON NELSON. INGRESSOS

(INTEIRA): PISTA R$ 120; CAMAROTE FEDERAL R$ 240 (FEMININO) E R$ 280 (MASCULINO). CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS. 3248-5221

A banda de axé vem a Brasília com o show Salve Asa, compilação de várias músicas da carreira. As outras atrações da noite são a banda de pagode Psirico e o MC Koringa, que traz seu repertório de funk.

ELTON JOHN

8 DE MARÇO, ÀS 21H30, NO CENTRO

INTERNACIONAL DE CONVENÇÕES DO BRASIL (SCES, TRECHO 2). INGRESSOS (INTEIRA): PISTA R$ 400; CADEIRA VIP R$ 800; CAMAROTE R$

900; CADEIRA PREMIUM R$ 1.400 (ESGOTADO). CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS. 8432-3661

Um dos nomes mais conhecidos do mundo pop, o britânico Elton John está no Brasil com a turnê 40th anniversary of the Rocket Man, com as músicas mais conhecidas de mais de 50 álbuns gravados. É a primeira vez do artista em Brasília.

JORGE MAUTNER

9 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO OI BRASÍLIA.

M ú s ic a

INGRESSO (INTEIRA): R$ 100. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3424-7121

O cantor e compositor carioca de 72 anos

cultura@meiaum.com.br

apresenta músicas das muitas de mais de 50 anos de carreira. No meio do show, Mautner ainda fala sobre poesia, filosofia e principalmente sobre a importância do Brasil no século 21.

Renam Christofoletti

roteiro

C A M I L A R o d ri g u e s

LA NEGRA – ENTRE TOADAS E MILONGAS

30 E 31 DE MARÇO, SÁBADO ÀS 20 H; DOMINGO ÀS 19 H, NO TEATRO DA CAIXA. INGRESSO

(INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. 3206-9448

O projeto musical traz um show que explora ritmos latino-americanos sob interpretação contemporânea. Nesse encontro de ritmos, o brasileiro Zé Renato, a chilena Francesca Ancarola e o argentino Carlos Aguirre combinam composições e interpretações próprias a milongas, zambas e chacareras.

MADEMOISELLE K

19 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO OI BRASÍLIA. INGRESSO (INTEIRA): R$ 40. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3424-7121

O rock por excelência, incorporando influências de várias fontes e aceitando, ao mesmo tempo, a fúria do punk e as cordas do clássico. Assim é a música da banda de rock francesa, que existe desde 2006. O grupo toca em Brasília pela primeira vez e ficará em turnê no Brasil durante todo o mês de março. A apresentação é parte da programação da Semana da Francofonia.

MARIANA AYDAR

20 E 21 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO DA CAIXA. INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3206-9448

Show do mais recente álbum da artista paulista, Cavaleiro selvagem aqui te sigo. No repertório há a musicalidade afrobrasileira, a tradição nordestina, o psicodelismo e o pop, em composições próprias e interpretações.

PEQUENA HISTÓRIA DO SAMBA

18 DE MARÇO, ÀS 19H30, NO TEATRO BRASÍLIA SHOPPING. INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO LIVRE. 2109-2122

Parte do projeto Brasília Bossa Show, cuja proposta é valorizar artistas locais. Nesta edição, Carlos Elias, Lucas de Campo, Helena Pinheiro, Breno Alves e Guto Martins, que trazem sambas de terreiro, sambas-enredo e de partido-alto.

clube do choro

SOLO MÚSICA

CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3324-0599

INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 14

SHOWS DE QUARTA A SÁBADO, A PARTIR DAS 21 H. INGRESSO (INTEIRA): R$ 20.

13 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO DA CAIXA.

MARCEL POWELL (violão): 6, 7 E 8 DE MARÇO | WILZE CARIOCA E GRUPO BOCA

ANOS. 3206-9448

INSTRUMENTAL CONVIDAM MAURÍCIO MESTRO (BOCA LIVRE): 9 DE MARÇO | YAMANDU

O projeto mensal leva músicos ao palco para se apresentarem sozinhos, independentemente do gênero. O primeiro recital é com o multi-instrumentista de sopros Carlos Malta.

COSTA (violão): 13, 14 E 15 DE MARÇO | IFE TOLENTINO (baixo): 16 DE MARÇO | IVANILDO SAX DE OURO (saxofone): 20, 21 E 22 DE MARÇO | LEONEL LATERZA: 23 DE MARÇO | SCOTT FEINER (pandeiro): 27, 28 E 29 DE MARÇO | LITIEH: 30 DE MARÇO | CHORO & COMPANHIA: 3, 4 E 5 DE ABRIL


5555

CAI GUO-QIANG DA VINCIS DO POVO

ATÉ 7 DE ABRIL, DE TERÇA A DOMINGO, DAS 9 H ÀS 18H30, NO MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA. ENTRADA FRANCA E LIVRE.

ATÉ 31 DE MARÇO, DE TERÇA A DOMINGO, DAS

3325-5220

9 H ÀS 21 H, NO CCBB. ENTRADA FRANCA E

A mostra é parte da Semana da Francofonia. Apresenta figuras do mundo da cultura, das ciências e do esporte, da vida pública – e até a boneca Barbie – imortalizadas nas imagens bem peculiares do estúdio francês, criado em 1934. A exposição chega a Brasília com 111 fotografias, 99 de personalidades internacionais, como Alain Delon (destaque), Salvador Dalí e Pierre Cardin, e 12 feitas em 2012 no Rio de Janeiro, de artistas como Ney Matogrosso, Letícia Spiller e Luiza Brunet.

LIVRE. 3108-7600

EGITO: ARQUEOLOGIA DO SAGRADO ATÉ 26 DE ABRIL, DE SEGUNDA A SEXTA,

Studio Harcourt Paris

Obras como aeronaves, submarinos, discos voadores, robôs e porta-aviões artesanais. O artista chinês utiliza até pólvora como matéria-prima. Algumas áreas do CCBB Brasília ficam ocupadas por 29 robôs funcionais feitos à mão pelo inventor chinês Wu Yulu. Outro espaço abriga uma instalação multimídia formada por 40 pipas de bambu e seda, presas ao chão por hastes animadas. Nelas, são projetados diferentes vídeos.

A mostra traz parte das imagens produzidas em meados do século 19 pelo alemão Revert Henry Klumb (morto em 1886), fotógrafo da Casa Imperial. As peças pertencem aos acervos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e do Museu Imperial de Petrópolis. Mostram a vida urbana, cenas da família real, ruas, paisagens, espaços em transformação. A curadoria é do historiador Carlos Eduardo França de Oliveira.

Exposição de fotografias do povo indígena krahô, do norte do Tocantins. Além dos registros e da sequência de autorretratos da fotógrafa Carol Matias, estão expostos os vídeos produzidos pelo Mentuwajê, grupo de produção audiovisual do povo indígena que registra festas e rituais, além do cotidiano.

FIGURANTES

Após oito anos sem expor em Brasília, o piauiense Nonato Oliveira retorna com a mostra Figurantes, na qual retrata em telas a gente do Nordeste, no cotidiano e nos dias de festa. Bumba meu boi, reisado, bandeiradas, pipas, violas, zabumbas, festas populares, cajus, cactos e mandacarus ganham vida pela ótica poética e simples do artista plástico.

LIVRE. 3206-9448

ENTRADA FRANCA E LIVRE. 9100-6646

Exposição da fotógrafa Kenia Ribeiro. São 120 imagens dos mais diversos templos e monumentos arqueológicos. A mostra faz parte do projeto Um roteiro inesquecível pelo Antigo Egito, que tem programação completa no site da escola.

FRANCA E LIVRE. 3215-8080

21H, NA CAIXA CULTURAL. ENTRADA FRANCA E

19 H ÀS 22 H, NA GALERIA PONTO (716 NORTE).

FRANCA E LIVRE. WWW.ACROPOLE.ORG.BR

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. ENTRADA

ATÉ 24 DE MARÇO, TODOS OS DIAS, DAS 9 H ÀS

ATÉ 29 DE MARÇO, DE TERÇA A DOMINGO, DAS

NOVA ACRÓPOLE DO LAGO NORTE. ENTRADA

17 H, NA GALERIA DE ARTE DO SALÃO NOBRE

KLUMB A CORTE E O BRASIL

MEHIN | MEKARÕ

DAS 9 H ÀS 22 H, NA ESCOLA DE FILOSOFIA

ATÉ 31 DE MARÇO, TODOS OS DIAS, DAS 9 H ÀS

óleo. Sua obra é essencialmente narrativa, sem espelhar de fato a realidade.

HILDEBRANDO DE CASTRO ILUSÕES DO REAL

DE 20 DE MARÇO A 5 DE MAIO, DE TERÇA A DOMINGO, DAS 9 H ÀS 21 H, NA CAIXA CULTURAL. ENTRADA FRANCA E LIVRE. 3206-9448

Obras produzidas pelo artista de 1990 a 2012. Natural de Pernambuco, o autodidata de 55 anos exibe desenhos feitos com pastel e tinta

PAULO SAYEG MIKRON

DE 20 DE MARÇO A 5 DE MAIO, DE TERÇA A DOMINGO, DAS 9 H ÀS 21 H, NA CAIXA CULTURAL. ENTRADA FRANCA E LIVRE. 3206-9448

Coletânea de três décadas da produção do artista paulista de 53 anos. São diversos desenhos em pequenos formatos feitos a partir de diferentes técnicas e instrumentos: com pena, pintura a têmpera e aquarela, além de três telas em grande dimensão.

exposições

HARCOURT, ESCULTOR DA LUZ

exposições


roteiro

C A M I L A R o d ri g u e s

cultura@meiaum.com.br

Ismael Monticelli

Teatro

ARRESOLVIDO

ATÉ 17 DE MARÇO, DE QUINTA A DOMINGO, ÀS 20 H, NO CCBB. INGRESSO (INTEIRA): R$ 6. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. 3108-7600

A comédia de Érida Castello Branco traz o universo de um pequeno povoado do interior em alguma região não definida do Brasil, com seus moradores, valores e preconceitos. A montagem tem músicas tocadas e cantadas pelos próprios atores ao vivo. No elenco, Barbara Abi-Rihan, Celso Gayoso, Fabiano Raposo,Felipe Silcler, Marina Monteiro, Pedro Poema e Zé Wendell.

COMO NÃO ARRUINAR O SEU RELACIONAMENTO 9 E 10 DE MARÇO, SÁBADO ÀS 21 H; DOMINGO

ÀS 20 H, NO TEATRO DOS BANCÁRIOS. INGRESSO (INTEIRA): R$ 50. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3262-9021

Te a t r o

É uma comédia de roteiro que mostra algumas horas da vida de um casal comum na sala do apartamento. Um espetáculo realista que pretende ir fundo nos debates importantes sobre o casamento e sobre as coisas mais triviais e engraçadas do dia a dia. Com direção de Bernardo Felinto e participação de Fábio Mello e Alexandra Medeiros.

DE 4 É MELHOR CONVIDA

ATÉ 28 DE ABRIL, SEXTAS ÀS 21 H; SÁBADOS

E DOMINGOS ÀS 19 H E ÀS 21 H, NO TEATRO

BRASÍLIA SHOPPING. INGRESSO (INTEIRA): R$ 40. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 2109-2122

O grupo de comédia brasiliense lança um projeto em que o público conhecerá os novos membros da companhia parodiando sobre assuntos da vida pública e privada, nas melhores esquetes no grupo e em algumas inéditas. Ainda haverá improvisos e participação do público.

ESTA CRIANÇA

ATÉ 24 DE MARÇO, SEXTAS E SÁBADOS ÀS

21 H; DOMINGOS ÀS 20 H, NO CCBB. INGRESSO (INTEIRA): R$ 6. CLASSIFICAÇÃO 16 ANOS. 3108-7600

A relação entre pais e filhos em dez cenas curtas. Cenas constrangedoras, engraçadas, tristes e estranhas dessa relação ilustram pontos importantes na vida dos personagens. As relações de parentesco se mostram no decorrer dos diálogos. Com direção de Marcio Abreu. No elenco, Renata Sorrah, Giovana Soar, Ranieiri Gonzalez e Edson Rocha. É a primeira montagem brasileira a partir do texto de um dos grandes nomes do teatro contemporâneo, o francês Joël Pommerat.

JOGO DE CENA

27 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO DA CAIXA. INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS. 3206-9448

Em comemoração ao mês da mulher, o Jogo de Cena apresentará programação especial. O evento é mensal e cada edição tem temática e convidados das mais diversas vertentes artísticas, indo do teatro à dança, da exibição de curtas à performance em artes plásticas. Welder Rodrigues e Ricardo Pipo, da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo, apresentam esse programa de auditório que divulga a produção artística e cultural da cidade.

NADA, UMA PEÇA PARA MANOEL DE BARROS DE 8 A 31 DE MARÇO, QUINTAS E SEXTAS ÀS

20H30; SÁBADOS E DOMINGOS ÀS 18 H E ÀS 20H30, NO CCBB. INGRESSO (INTEIRA): R$ 6. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. 3108-7600

Com lirismo e buscando o lado mais belo das coisas simples, a poesia de Manoel de Barros sai das páginas e ganha o palco. Uma noite sem estrelas no meio do nada. Uma família. Pregos tortos, um pedaço de mosca, um lápis sem ponta esquecidos no chão. À espreita de tudo, um vasto abandono de vidros. Direção de Adriano Guimarães, Fernando Guimarães e Miwa Yanagizawa. Com Camila Márdila, Lafayette Galvão, Liliane Rovaris, Lúcia Bronstein, Miwa Yanagizawa, Otto Jr e Rodrigo Lélis.

RÁDIO RETRÔ

ATÉ 17 DE MARÇO, SEXTAS E SÁBADOS ÀS

20 H; DOMINGOS ÀS 18 H, NO TEATRO EVA

HERZ, LIVRARIA CULTURA (IGUATEMI). INGRESSO

(INTEIRA): R$ 40. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. 3262-7600

O espetáculo é a realização de um musical genuinamente brasileiro. Uma síntese das músicas dos anos 1930 a 1950, com linguagem


5757

OUTROS

de palco contemporânea. O objetivo maior da obra é mostrar para a juventude um teatro moderno com samba-canções de Dolores Duran, Nora Ney, Emilinha Borba e Dalva de Oliveira. Direção de Daniela Diniz e Murilo Grossi. No elenco, Ana Paula Braga, Júlia Ferrari, Rosana Loren e Valéria Rocha.

DE 8 A 10 DE MARÇO, SEXTA E SÁBADO ÀS

20 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO SESC GARAGEM

20 H; DOMINGO ÀS 19 H, NO TEATRO DA CAIXA.

(913 SUL). ENTRADA FRANCA e livre.

INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 12

3443-1133

ANOS. 3206-9448

Desenvolvimento da relação de um casal, desde o início da paixão até a criação de um filho. O espetáculo mistura teatro, dança e circo e é apresentado pela companhia belga Jordi Vidal. Chega ao Brasil como parte da programação da Semana da Francofonia.

Criado e produzido pela Lúmini Cia. de Dança, traduz em cor e movimento a cultura brasileira em suas variadas nuances. Tradições, lendas e costumes nascidos ou transformados às margens do Rio São Francisco são o foco do espetáculo.

Marine Liard

Sandra Schmidt

CHRYSALIS

ECOS – GRITOS QUE SE PERDEM

PROGRAMA LUDUS

DE 22 A 24 DE MARÇO, SEXTA E SÁBADO ÀS

20 H; DOMINGO ÀS 19 H, NO TEATRO DA CAIXA. INGRESSO (INTEIRA): R$10. CLASSIFICAÇÃO 12 ANOS. 3206-9448

O projeto de dança contemporânea traz as montagens Perfume para argamassa, com elementos da natureza vinculados ao corpo humano em projeções de imagens, e Dúplice, resultado de um processo colaborativo com força no corpo cênico. Os espetáculos são apresentados em sequência.

16ª SEMANA DA FRANCOFONIA TEMOR E TREMOR (STUPEUR ET TREMBLEMENTS)

Veja os outros eventos que fazem parte da programação:

COMBO

DE 15 A 17 DE MARÇO, SEXTA E SÁBADO ÀS

ATELIÊ SOBRE QUADRINHOS

22 DE MARÇO, ÀS 20 H, NO TEATRO EVA

20 H; DOMINGO ÀS 19 H, NO TEATRO DA CAIXA.

20 e 22 de março, no CCBB, às 10 h e às 15 h

INGRESSO (INTEIRA): R$ 40. 3262-7600

ANOS. 3206-9448

SOBRE QUADRINHOS

HERZ, LIVRARIA CULTURA (IGUATEMI).

Uma narrativa que expõe o sistema de trabalho japonês, profundamente diferente da visão de trabalho que existe no Ocidente. Esse é o mote de Temor e tremor, nono romance da escritora belga Amélie Nothomb, que chega aos palcos brasileiros durante a Semana da Francofonia 2013.

INGRESSO (INTEIRA): R$ 20. CLASSIFICAÇÃO 12

O espetáculo de dança reúne o sapateado e a música corporal da Companhia Steven Harper, do Rio de Janeiro. A apresentação tem como referência trabalhos já realizados pela companhia em parceria com o coreógrafo Mário Nascimento, acrescida de elementos que enriquecem a trama.

EXPOSIÇÃO DO PROJETO ESCOLAR

19 a 24 de março, no CCBB, das 9 h às 21 h ATELIÊ LÚDICO DA FRANCOFONIA

21 de março, no CCBB, às 10 h e às 15 h DEBATE DE IDEIAS SOBRE A LITERATURA FRANCÓFONA

21 de março, no Café com Letras (203 Sul), às 20 h


Banquetes e botecos } ilustração Cláudia Dias

Por Marcela Benet marcela.benet@gmail.com

claudiadias@gmail.com

Quer ir a um barzinho gostoso no Sudoeste? Vá ao Primeiro

123 45 O Primeiro é o primeiro barzinho gostoso no Sudoeste. Aberto no começo do ano no Setor de Indústrias Gráficas, bem na entrada do Sudoeste, está revolucionando o bairro. É um bar despojado, amplo. Com ombrellones brancos, toldos vermelhos e mesinhas de madeira na área externa, é o primeiro naquela região a oferecer ambiente tão agradável. A parte interna é mais requintada. E ainda tem um banheiro maravilhoso, grande e com ar-condicionado. Prefiro ficar na parte de fora. É também o primeiro que não está nas passarelas estreitas ou nos subterrâneos dos prédios comerciais do Sudoeste, além de ter estacionamento próximo, coisa rara no bairro. O bar é realmente charmoso e muito bem montado, só de passar por lá dá vontade de tomar um chopinho com as amigas. A comida é muito gostosa, cozinha de bar. Provei várias opções e achei uma melhor que a outra. A suculenta picanha na tábua com queijo é uma delícia, a carne de sol com mandioca, a salsichada – mistura de vários tipos de salsichas – e o perfumado trio de linguiças também. Não para por aí: tem inovações como os Dadinhos de Tapioca, bolinhos de tapioca fritos com geleia de pimenta; pão de queijo recheado com pernil; Figó, prato com fígado gourmet grelhado com jiló salteado e arroz branco, além de outras coisinhas que não tive a oportunidade de experimentar. Posso dizer que tudo é gostoso e duvido que alguém não encontre lá o que gosta. No quesito bar, o Primeiro arrasa ainda mais! Tem cada drinque! Uma variedade imensa de caipiroskas: lichia, mexerica com limão, frutas vermelhas, lima-da-pérsia e até de jabuticaba. São várias boas opções de cervejas, como Eisenbahn e Baden Baden, e com preços justos. E o chope? Devassa, geladinho e com a espuma no tamanho certo, perfeito. Mas não dá pra elogiar o atendimento. Tem hora em que você vê tantos garçons, mas nenhum vai à sua mesa, tem que ficar chamando. E na última vez em que estive lá, minha amiga pediu um tipo de caipiroska, veio errado e o garçom não assumiu a culpa. Falha imperdoável! No Primeiro também rola música ao vivo, com programação semanal que você pode ver na página deles no Facebook, happy hour com dose dupla de caipiroskas e, no fim de semana, abre para almoço, que tem a feijoada de opção. Ainda não fui almoçar, mas estou doida pra experimentar. Se quiser ir a um barzinho bem montado, com comida boa e ambiente agradável, vá ao Primeiro. SIG, Quadra 8, Lote 2.385 (61) 3967-2111 Terça a sexta: 17 h–1 h Sábado, domingo e feriados: 12 h–1 h.


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a.

analmente.

Os agentes de saúde do GDF já estão fazendo a parte deles. E você?

Mantenha a caixa d’água bem fechada e com uma tela no ladrão.

Mantenha bem tampados tonéis e barris de água.

Lave semanalmente Mantenha as garrafas por dentro com escova com a boca virada e sabão os tanques de água. para baixo.

Remova folhas, galhos e tudo que impeça a água de correr pelas calhas.

Não deixe água acumulada sobre a laje.

Para vencer a dengue, a gente precisa continuar trabalhando juntos. E você já sabe o que fazer: evite água parada, acúmulo de lixo, convoque seus vizinhos e receba bem os agentes de saúde do GDF que vão de casa em casa para orientar os moradores. Afinal, se a gente não se mexer, a dengue toma conta. Encha os pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda.

Elimine ou lave os pratinhos de plantas com escova, água e sabão uma vez por semana.

Troque a água dos vasos de plantas aquáticas e lave-os com escova, água e sabão semanalmente.

Coloque areia dentro dos cacos que possam acumular água.

Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada.

Feche bem os sacos de lixo e deixe-os fora do alcance de animais.


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