Revista meiaum Nº 17

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+ FESTIVAL DE BRASÍLIA + LEMBRANÇAS

Cineastas falam da experiência no evento

U N°

Vamos falar de cinema Consegue identificar os filmes nacionais e estrangeiros representados nesta capa? As respostas estão na pág. 7

17 Ano 2 | Setembro 2012 | www.meiaum.com.br

Veja a programação completa da 45ª edição, de 17 a 24 de setembro


WWW.BRB.COM.BR


da série

m otivos para t e r u m a co n t a no brb: É O BANCO QUE APOIA A CULTURA DE BRASÍLIA.

O BRB, há mais de 10 anos, apoia o festival de cinema de Brasília e outras manifestações culturais. Tudo isso, porque também é importante investir na cultura da nossa gente.

O BRB É tão PARTE DE brasÍLIA quanto você .


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Papos da Cidade

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Independentes – Gustavo Serrate

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Brasífra-me

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Fora do Plano

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Evolução – André Cunha

Brasília nasceu filmada e cresceu filmando

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Conto – Patrick Selvatti A saga de Kate para fazer sua estreia

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Caixa-Preta

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Vida real – Sérgio Moriconi Brasília agora mostra a cara por meio de cineastas criados nas satélites

Paulo Emilio fascinava os que o conheceram, mesmo de longe

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Charges do Gougon

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Perfil

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Programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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Tributo – Mª do Rosário Caetano

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Arte, Cultura e Lazer

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Banquetes e Botecos

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ÍNDICE

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Reflexões, análises e resmungos de quem vive em Brasília

Falta grana, mas sobra vontade

Noelle Oliveira conta o que o poder público tem feito pela produção cinematográfica

Memória – Lúcio Flávio

Cineastas falam de sua relação com o Festival de Brasília

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TTexto – TT Catalão

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Artigo – Vladimir Carvalho

Ele fez uma lista dos seus filmes preferidos do festival

Walter Mello é muito mais que um espectador apaixonado pela sétima arte

A importância de Paulo Emilio para o cinema nacional

Os poemas-enigmas de Nicolas Behr

Está difícil saber quem é mocinho e quem é bandido

Cenas da política nacional

Os destaques da programação da cidade

Em cada edição, Marcela Benet visita um restaurante. E ninguém sabe quem ela é


Nilson Carvalho

Vladimir Carvalho

Leonardo Arruda

Gustavo Serrate pág. 12

pág. 20

Como jornalista, gosta de sujar os sapatos, trazer para o papel recortes da realidade. Pílulas de vida. Também é cineasta-independente-sem-glória, e vive tentando trair a narrativa tradicional com poesia. Mas, antes de tudo, diz ser um candango construindo esta obra inacabada, a cultura brasiliense.

Leonardo Arruda

Documentarista paraibano-brasiliense, diretor dos longasmetragens O país de São Saruê, O homem de areia, O Evangelho segundo Teotônio, Conterrâneos velhos de guerra, Barra 68, O engenho de Zé Lins e Rock Brasília.

Chico Régis págs. 8 e 9

É natural de Brasília, filho de migrantes nordestinos, da primeira geração nascida na capital (safra 1965). É formado em comunicação social e atualmente trabalha com ilustração, web e design gráfico. Como ilustrador, tem gosto especial pela área editorial, especialmente na imprensa, onde dispõe de muita liberdade para trabalhar técnicas e ideias, sempre com o intuito de dar maior valor à notícia.

Luana Lleras

Sérgio Moriconi pág. 40 Cineasta, professor, crítico de cinema da revista Roteiro. Dirigiu o curta-metragem Athos, uma homenagem ao artista Athos Bulcão. Colaborou no roteiro de vários curtas e longas. Ao lado da Objeto Sim, é o criador e curador do Slow Filme – Festival Internacional de Cinema e Alimentação, que ocorre de 13 a 16 de setembro na cidade goiana de Pirenópolis.

Colaboradores


Thyago Arruda

André Cunha pág. 32

É cineasta, jornalista, músico e escritor. Acredita em transmigração das almas, metempsicose, parapsicologia e meditação transcendental. Criou uma ideologia (o Anarquismo Militante), uma religião (o Hinduísmo Cyberpunk) e escreve com um estilo “místico e criptografado” segundo o espírito de Glauber Rocha, evocado numa sessão mediúnica da Associação Planetária de Magia, Alquimia e Experimentalismo.

Nilson Carvalho

TT Catalão

pág. 18

Poeta, jornalista, carioca e cidadão honorário de Brasília. Editou cadernos culturais do Jornal de Brasília e Correio Braziliense; passou pela Última Hora e Tribuna da Imprensa; escreveu para o Crônicas da Cidade, DF-TV. Um dos criadores do Espaço 508. Foi do grupo criador dos Pontos de Cultura, gestão Gil-Juca, e secretário de Cidadania Cultural do MinC. É consultor Iphan-Unesco para salvaguardas do Patrimônio Imaterial. Mantém o blog braXil no portal Cultura Digital.

Thyago Arruda

Maria do Rosário Caetano pág. 26

Lúcio Flávio págs. 16 e 53

Como um daqueles personagens de Woody Allen, desenvolvendo estilo de vida que não necessite de sua existência. Até que leva jeito para a coisa. Outro dia mesmo fez uma prova de filosofia sobre crise existencial e não respondeu a nenhuma questão... Tirou nota máxima!

Jornalista (MG, 1955), autora de Cineastas latino-americanos – entrevistas e filmes, de três volumes da Coleção Aplauso (João Batista de Andrade, Fernando Meirelles, Marlene França) e do livro-álbum 40 anos do Festival de Brasília. Colaboradora do livro Alle Radici del cinema brasiliano (Itália). Organizadora dos livros ABD 30 anos, Cangaço, O Nordestern no cinema brasileiro, DocTV – Operação de rede e Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto.

E mais...

Noelle Oliveira págs. 8 e 15 Paula Oliveira págs. 9 e 22 Suélen Emerick pág. 9 Priscila Praxedes págs. 10 e 52 Gougon págs. 15, 39 e 42 Leonardo Arruda pág. 22 Nicolas Behr pág. 28 Francisco Bronze pág. 32 Patrick Selvatti pág. 36 Werley Kröhling pág. 36 Miguel Oliveira pág. 39 Marcela Benet pág. 58 Rômulo Geraldino pág. 58


Carta dos editores

Diversas visões de um mesmo tema

E

sta é a primeira edição da meiaum, em 17, inteiramente dedicada a um único tema. A realização da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, de 17 a 24 de setembro, é o nosso motivo para fazer um número sobre a sétima arte. Em todas as seções da revista procuramos, de algum modo, abordar o tema. Não era nossa intenção esgotar o assunto, ou contar a história detalhada do festival que começou em 1965, despretensiosamente, como a Semana de Brasília do Cinema Brasileiro. E desse primeiro momento ganham relevo, nesta edição, as figuras de Paulo Emilio Salles Gomes, considerado o criador do festival, e de Walter Mello, que trabalhou intensamente para a realização das primeiras edições. O perfil de Walter foi feito por nossa repórter Paula Oliveira.

Paulo Emilio é tema dos textos do considerado o maior documentarista brasileiro, Vladimir Carvalho, e da jornalista Maria do Rosário Caetano, conhecida de quem faz arte e cultura em Brasília. Eles falam da influência do criador do curso de cinema da Universidade de Brasília no cinema nacional. TT Catalão mostra que a relevância da criação do festival foi além da cultura, em um momento em que Brasília era “ponto central de um sistema nervoso arbitrário e asfixiante”. Lúcio Flávio, por sua vez, conversou com cineastas que participaram do festival. Eles contam episódios de diversas edições e falam da relação com o evento. O crítico de cinema Sérgio Moriconi também colaborou nesta edição. Escreveu sobre os que fizeram cinema “fora dos Eixos” no passado e os que mostram as contradições da cidade

hoje. Contradições que surgiram logo depois da inauguração e que inspiraram os primeiros filmes feitos aqui, como conta André Cunha. Ele descreve a evolução cinematográfica da cidade que nasceu filmada e cresceu filmando. As colunas de política também estão no clima da sétima arte, assim como a seção feita pelo poeta Nicolas Behr, que preparou enigmas especiais. Marcela Benet sugere o programa ideal para depois do cinema. Já Gustavo Serrate perguntou a cineastas que trabalham com baixo (ou baixíssimo) orçamento por que se mantêm nessa estrada. As respostas variam, mas no fundo sabemos que só pode ser mesmo por amor.

Anna Halley e Hélio Doyle

( ) MEIA

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(meiaum) é uma publicação mensal da Editora MEIAUM Diretor Editorial: Hélio Doyle Diretora de Redação: Anna Halley Fotografia: Luana Lleras Projeto gráfico e diagramação: Carlos Drumond Assistente de Produção: Cristine Santos Publicidade Sucesso Mídia Comunicações – (61) 3328-8046 – barroncas@sucessototal.com.br TIRAGEM 12 mil exemplares Impressão Gráfica Imprima (Brasília) – (61) 3356-7654 Os textos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da Editora Meiaum. | Contato: editora@meiaum.com.br

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Diretores: Anna Halley e Hélio Doyle SHIN CA 1 Lote A Sala 349 Deck Norte Shopping – Lago Norte | Brasília-DF | (61) 3468-1466 www.editorameiaum.com.br Respostas da capa

Em sentido horário, começando da esquerda, no alto: Pixote, a lei do mais fraco | Bicho de sete cabeças| O pagador de promessas | Dona Flor e seus dois maridos | Jeca Tatu | Xica da Silva | Branca de Neve e os sete anões | O poderoso chefão | Doutor Jivago | O sétimo selo | Tempos modernos | Cidade de Deus | Ben-Hur | O leopardo

CAPA | Por Pedro Ernesto

Desenho a lápis aquarelado Designer gráfico, atua no mercado brasiliense, é autor de livro infantil e colabora na meiaum desde seu primeiro número. Faz parte do escritório Grande Circular. Veja os trabalhos da equipe em www.grandecircular.com.


Papos da cidade } ilustrações Chico Régis regisimagem@gmail.com

Dispenso a dimensão extra É difícil entender o fascínio que os filmes em 3-D despertam nos cinemas. Usar óculos escuros em busca de imagens que saem da tela não é novidade. Há mais de duas décadas já experimentei vários deles em casa, quando ainda vinham com “exclusividade” nas revistas de programação da TV a cabo. Tudo bem, a tecnologia avançou muito. Mas não o suficiente para me convencer. O efeito não é lá tão sensacional. Os filmes longos se tornam enjoativos. Os olhos ardem. É cansativo aliar os detalhes das imagens às legendas, e a cabeça dói. Sem falar nos óculos reaproveitados de sessões anteriores, que vêm com marcas de dedos gravadas nas lentes e, quem sabe, trazem inúmeras bactérias de brinde. Os cinemas dizem que os objetos são esterilizados, ou até mesmo descartáveis, mas não é o que parece ao encontrar uma digital no centro da lente. Não estou sozinha na tese. Entre os adeptos, oftalmologistas renomados de Brasília. Quem seriam, então, os espectadores que lotam as salas em 3-D, todos os domingos, nos cinemas da capital? Empiricamente, reparo que, em maioria, são pais com crianças que se divertem mais batendo os óculos uns nos outros do que assistindo aos efeitos especiais prometidos. Sem falar nos casais, que tentam conciliar o adereço aos beijos no escurinho das sessões, ou naqueles que já usam óculos de grau e se esforçam para sobrepor um aparato ao outro, sem sucesso, antes de o filme começar. No exterior, já estão à venda óculos em 2-D para os espectadores que dispensam os efeitos tridimensionais, mas não conseguem encontrar nos cinemas versões de seus filmes prediletos sem a tecnologia. Os óculos podem ser adquiridos por pouco mais de R$ 20 e eliminam os efeitos extras. Na compra de dois pares, economizam-se mais de R$


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4, com direito a frete para todo o mundo. Não torço para abolirem o 3-D, nem quero ter de encomendar um par de lentes 2-D, apenas prefiro confiar que sobrará para pessoas como eu uma sala sem óculos e, de preferência, sem filas. Noelle Oliveira

Onde está o charme da Sra. Smith? “Atirador mata 14 e fere pelo menos 50 na estreia do filme do Batman, nos Estados Unidos.” A manchete estava nos principais jornais do mundo em julho. O assassino, de 24 anos, vestia colete à prova de balas, portava uma escopeta, uma espingarda, uma pistola, bombas de gás e muita munição. A notícia chocou pela ousadia do facínora, com a mesma crueldade psicótica dos assassinos dos filmes de ação e aventura, deixando dezenas de famílias traumatizadas para o resto da vida. E mais uma vez trouxe à tona a questão do uso indevido das armas de fogo no país mais armado do mundo. Quantos assassinatos covardes acontecerão até que se perceba que é preciso limitar o comércio de armas ao cidadão comum? Ao longo de anos, são inúmeras as campanhas em defesa da proibição. Mas nos Estados Unidos as indústrias de armas são bilionárias e financiam um verdadeiro arsenal de políticos, meios de comunicação, instituições e até mesmo acadêmicos na defesa de seu mercado. E como o tema é sensível à mudança de humor da opinião pública, nem mesmo o presidente Barack Obama ousou colocá-lo em debate. O máximo que fez foi se declarar consternado com o fato. O óbvio, e que muitos fazem de conta que não veem, é que para a indústria das armas o quanto pior é melhor (!)... Após o massacre, a venda de armas de fogo aumentou mais de 40% no estado do Colorado, onde se deu o

crime. Considerando o período de recessão, até que não foi mau negócio. Quanto mais medo, melhor. Interessante também foi a postura das grandes produtoras de cinema, que depois do massacre colocaram seu batalhão de assessores a dar total apoio aos veículos de comunicação (que fazem parte do mesmo grupo...) de modo a minimizar os danos à indústria do entretenimento. E ainda posaram bonito na foto ao tomar a iniciativa de apoiar o fundo criado em apoio às vítimas... pontinho positivo. Logo, logo o público esquece. Ninguém quer perder o próximo lançamento... Apesar do estrago à imagem, a sociedade continua a amar seus heróis e a vê-los em cenas de ação e aventura. Espaço infinito para as emoções de grife: óculos, acessórios, relógios, computadores, bebidas, telefones celulares, carros, motos... e armas! Um arsenal de marcas e modelos consagrados a compor os mais nobres personagens, do bandido à mocinha. E quem admira reconhece a marca, a performance, o fabricante, o estilo. É como qualquer outro produto. O cinema virou a vitrine dos atiradores de carteirinha. Quer um exemplo? Assista ao filme Sr. e Sra Smith, protagonizado pelo casal queridinho da América. Entram em cena 18 tipos de pistola, 12 tipos de espingarda, 4 modelos de submetralhadoras, 4 tipos de metralhadoras automáticas, além de rifles automáticos, granadas, caixas de munição, silenciadores, lunetas de precisão, acessórios e mais acessórios para quem gosta de sair atirando mundo afora. Os dados estão em sites especializados em armas de fogo. Não perca tempo contando tiros, explosões, estilhaços... apenas aprecie como é bonito atirar, como é sexy portar uma arma de fogo! Isso mesmo, é tudo de que precisamos para ter estilo e afirmar a nossa libido... Mas não

se surpreenda se, após a sessão, aparecer um psicopata qualquer brincando de matar... é tudo coisa de cinema. No outro dia se vende jornal à beça (e armas!). Chico Régis

Tecla SAP, por favor Qual o problema de preferir filme dublado? Nenhum, eu sei. Pelo menos para mim. Que eu saiba, sou a única entre as pessoas que conheço que procura no roteiro de cinema as salas com o (dublado) ao lado dos horários de exibição. Sim, prefiro. Pode ser de péssima qualidade, pode haver desencontro da imagem com a fala, pode parecer bizarro ouvir atores conhecidos com vozes diferentes, pode tirar a graça de algumas piadas e pode até me obrigar a assistir aos filmes em salas lotadas de adolescentes e crianças. Não estou nem aí. Prefiro mesmo. E não, não é preguiça de ler. Gosto de olhar os detalhes dos cenários e das expressões faciais dos atores. Vira e mexe me pego refletindo sobre o que estão dizendo e gosto de ter a liberdade de me desconcentrar um minuto e não perder nenhuma fala. Sem contar que detesto perder a última palavra da legenda e não entender o contexto da frase. Mas não tenho companhia para isso. Embora eu goste bastante de ir ao cinema sozinha, também o considero um programa social. E, claro, me rendo às sessões legendadas sem nem mesmo protestar. Também tenho capacidade de acompanhar todo o filme e a história com as legendas. Mas que eu prefiro os dublados, ah, eu prefiro. Paula Oliveira

Saudades dos cinemas de rua Os resmungos dos brasilienses sobre a falta de opções de atividades culturais são frequentes. Talvez a palavra correta seja elitização. O


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Distrito Federal até oferece bons shows e peças de teatro, mas são inacessíveis (no sentido mais amplo do termo). Os preços são geralmente elevados. Quando não são, as programações culturais são realizadas em locais e/ ou horários não favoráveis para quem depende de transporte público. Um dos resultados disso são cinemas superlotados. As sessões esgotadas e filas extensas são rotina. Apesar das condições oferecidas ao público, a procura não diminui. A verdade é que os brasilienses são apaixonados pelas telonas. Ou devido à rotina da cidade, aprenderam a ser. Lembro a época da minha infância, em que ir ao cinema não era diretamente associado a ir ao shopping. Ir ao cinema era um evento tão importante que servia como recompensa para boas notas no boletim bimestral do colégio. Lembro do antigo Cine Lara, no centro de Taguatinga. O estabelecimento, fechado em 1998, foi um dos últimos cinemas de rua no DF. Durante 20 anos marcou infâncias, o começo de muitos romances e programas familiares. Até o fim dos anos 90, ir ao cinema tinha mesmo gostinho de pipoca com manteiga derretida. As pessoas se programavam para esse passeio. Não era apenas um escape durante as compras ou um programa de improviso por falta de opção de lazer. Os cinemas de rua valorizavam ainda mais a sétima arte e não faziam apologia direta ao consumismo. Lamento que as crianças dos anos 2000 não tenham experimentado essa sensação. Suélen Emerick

E o Oscar não vai para... Nos últimos anos, não tivemos sorte com os atores escolhidos pela plateia do Distrito Federal para o papel de governador. Um era o rei da comédia. Mesmo eu, que nunca cobri política, me divertia quando tinha de acompanhar inaugurações de obras, coletivas de imprensa e outros espetáculos montados para o grande público. Ele tornava os discursos hilários, e eu morria de rir quando ele trocava nomes ou simplesmente os esquecia – juro que uma vez tiveram de lhe soprar ao ouvido o nome da primeira-dama. Ele era bom no improviso muito antes de o stand-up virar moda no Brasil. Tinha muitos fãs. Não estou falando da tradicional claque que todos eles têm para garantir os aplausos. Sabe como é, foram muitos anos levando felicidade a um público que precisava de pouco para ser feliz. E essa gente retribuía com muitos, muitos aplausos, gritinhos e até choro desesperado, como hoje fazem as fãs do vampiro Robert Pattinson. Quando o evento terminava, nós jornalistas levávamos muitas cotoveladas disputando espaço com as fãs mais afoitas em busca de beijo, abraço, foto ou autógrafo. É sério, ele dava autógrafo. Depois da comédia, o público brasiliense achou que o drama daria mais certo. Deu uma segunda chance ao chorão mais famoso do Senado. Parecia o ator mais adequado para incorporar o personagem. Os espectadores imaginaram que, com a nobre atitude de lhe dar um voto de confiança mais uma vez, ele teria atuação digna de Oscar. Esperavam um final feliz, daqueles que servissem de exemplo para os que não acreditam que as pessoas podem se regenerar. Foi mesmo um espetáculo, mas o dramalhão acabou se tornando filme de terror, com imagens assustadoras e chocantes. Como o clímax aconteceu bem às vésperas do

aniversário de 50 anos da capital federal, o País inteiro acompanhou as cenas. O filme se tornou um vergonhoso sucesso devido à ousada interpretação do elenco. O público se cansou de tanto espetáculo à sua custa e resolveu que não queria mais comédia nem drama. Precisava mesmo de ação, de um novo ator, cheio de atitude e destemido. É claro que alguém com esse perfil não interessava aos partidos. O público, então, optou por um ator que estava havia um tempo no mercado, mas sem expressão. Ele teria nesse personagem, portanto, sua grande chance. Há mais de um ano e meio no papel de governador do Distrito Federal, porém, não convence. Como o típico canastrão, só ele não nota que não tem o menor talento. Atrapalhase nas falas e sua linguagem corporal quase sempre entrega quando ele não sabe do que está falando. Não aceita críticas. Prefere ouvir apenas seus bajuladores, que dizem qualquer coisa para garantir um papel secundário neste filme trash que se tornou a administração da cidade. Pena que não haja como recuperar o ingresso. Anna Halley

Não julgue pela capa Acho que todos temos a impressão de que nos ambientes em que se promove a cultura, as pessoas têm a cabeça aberta. Mas não é o que vejo no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, evento que frequento há cinco anos. Na 44ª edição, no ano passado, fiquei intrigada, por exemplo, com um diálogo que tive com uma desconhecida na fila. Ela começou a esbravejar sobre as sequências intermináveis de filmes em Hollywood. Acho que ela imaginou que, num território dominado por quem se considera cult, não haveria quem discordasse. Mas discordei e ela se assustou. Quando admiti que aprecio as comédias românticas norte-


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americanas, aí ela nem quis mais conversa. Num ambiente de celebração do cinema nacional e, muitas vezes, não comercial, dizer isso é quase um crime. O que não entendo é como pessoas que acham que têm tanto senso crítico se esquecem de que há filmes ruins de qualquer origem e gênero, inclusive entre os exibidos no festival – que estão ali sujeitos a aplausos ou vaias. Existem, sim, filmes horríveis produzidos por Hollywood, mas também há produções excelentes. Não acho legal essa ditadura de ter que gostar de uma coisa ou outra. Não é porque gosto de filmes americanos que eu desmereça os nacionais. Sei que nem todos que compõem o público cativo do festival são assim, mas que o preconceito é grande, isso é. Priscila Praxedes

Pipoca combina com circo Há filmes que têm de ser vistos nas telonas dos cinemas. Só a exibição nessas salas nos dá a dimensão da obra de arte. Assistir a eles exige envolvimento, atenção aos detalhes, concentração. Há filmes que podem ser vistos nas telas de televisão, pois são apenas entretenimento – ou de má qualidade mesmo. Nesses casos, o barulho não incomoda. Mas, mesmo quando vistas em casa, obras de arte exigem silêncio. Já filminhos podem ser vistos em meio a conversas e ruídos, até nos cinemas. O problema é que ir ao cinema está complicado. E não tanto pelas filas, ou por causa do estacionamento que ou é difícil ou é pago. Para mim, o problema maior é a pipoca. Associada, claro, à má-educação de boa parcela dos que vão aos cinemas. Um marqueteiro inventou que pipoca combina com cinema. De olho nos lucros, claro. Subserviente às modas e tendências,

principalmente se são made in USA, muita gente foi atrás da bobagem e hoje a peste está disseminada. Um bom número de pessoas, seja lá qual for o filme, entra nos cinemas com enormes sacos de pipoca, muitas vezes acompanhados de copos de refrigerantes gigantescos. O espectador interessado no filme é obrigado ouvir os ruídos de mãos pegando as pipocas no fundo dos sacos, que depois são lentamente amassados (e jogados no chão, claro) e bocas (certamente abertas) mastigando estrepitosamente o milho. Fora aquele barulhinho (sssslurp) que alguns fazem ao sorver o refrigerante pelo canudo. E além, naturalmente, de pessoas que, com ou sem pipoca, assistem aos filmes no maior papo, como se estivessem vendo a novela das 21 horas. Pipoca, para mim, combina é com circo. Hélio Doyle


Independentes

Filmar pra quê? Texto Gustavo Serrate jornalista81@gmail.com

Captamos pílulas de pensamento de alguns dos cineastas de Brasília que mantêm produção relativamente constante com orçamentos baixos – em alguns casos, inexistentes. Saiba um pouco mais sobre como funciona a cabeça de um realizador, quais são suas preocupações e por que motivos escolheu trilhar essa estrada.


o o ld ag ra Ti me Es

de 20 anos para estudar artes

on rs te Pé im Pa

cênicas e cinema. Realizou três

filmes que considera “autorais”:

Navalha, Homilia e Duplo.

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Tenho 46 anos e sou de uma geração criada pela TV. Existia dificuldade financeira real para se assistir a um filme. Ir ao cinema era um programa como jantar em um restaurante fino. Antes do videocassete éramos reféns da programação dos poucos canais. A quantidade de coisas que assimilamos é tão enorme e rica que se transforma em necessidade fisiológica de repassar isso adiante, de contar suas próprias histórias e ser lido e assistido. Tem muito a ver com as leis de retorno que a própria natureza cria, para que as coisas continuem evoluindo e mudando. Em meus estudos de preparação de elenco, pude vislumbrar um cinema 100% nacional. Está relacionado ao timing da atuação. Mas o entendimento do timing ainda é problema para nós, um povo acostumado a assistir a novelas e a filmes americanos. Sei que o nosso cinema legítimo está por aí. Não acredito que tenhamos um mercado forte em Brasília. Temos muito talento e força de vontade. O curta só tem o mercado dos festivais. O longa ainda é utopia, mas temos duas ou três faculdades que ainda movimentam bastante as produções locais.

, es m os es fil l. d iu lm 0 ta Fi irig fia e 2 lém en a s d a A rim e az s, d gra C ai e e o a m long exp film r. . m fot a fil u ão e rd ar o to s o o se t a re izo ap 14 r d fis e i o r r al eles pen par o di a e ro os di s ziu ret l Re ive s a i i a p uit e m ai t a O os f d tre su od ,v du i o um m jar o c es o con atis a ad de en os, 25 m ols pr e fo s b eu uxe via nã às s a lig h içõ m h l e . $ o x o e d e tro ara que lho, ma gu nd en es mad a e 13 17 sR md p a co s t trou e al a di os m a o, s. am a i O fil a to ênci o de em em so, m evou a vid trab gad ade ue sse a, m me iros om ntár íra d ve l o ci o q a in is sa re id e o ive e m ic c r e d ã m ons ulta no m ç u t em em ad he tiv nte oO m r u tod ca u a n l a e d m . co fl u e , e i a o é a s r cin ver aba doc aniz das vez e c res ns Se r c Al igo e viv om sobr tras ress eç izo os ca e r i O s g e u m t al unt sobr oi o jove faz ar. igo do t o d [or ável . De as un ria am rmi na. C eixa te o inte s co e um s Re f , g t m ã a m a o as ões mo aio e pa , am uan duç TTO sten ôni tra, es. ar pe roti e d me ais me ro d lmes O ec a p l q o m I z o t o u a a a r a lti s m cis ex lm em a qu u çã na zes m mpr rio m us fi den s fi ipe. filo p o e N m fi o v s nd de O ú cin n em ras. rar o ons da re ão e UnB e o u na A balh eus mo elos fi ve o co ntá me tido bo equ azer ara s m t ç s e r e , u p fé. a o v i s o re a a s bo lav us is] tra o m te nã m qu en ze oa . F r, p io o n a a o ã o b m s r e o i pa so il esto surg car. f t ui c c um pa e pro ropic faç de s nde itad mos neii g O vi fo azer ara uma r vis de v rdí af m i a e m un nc co rec m s qu tas t ndo rida depe a lim á óti ma sto ou a f to. P ntal a se osta esp Nu enas es p ar co cine com é um oisa e g d ua rio in íli . H ma re e am un ar res q r s s s s p u o a o ap s vez pass azer me ício, res c ue s r. nj dam ste p uém os, é em ha sta Br iro lta ra nh co g a i e n e . h a i e da ero s. F e de m v lho ilo q raze x in ea n d u nc as f o p am ric eiro m in a d é f e e ni p qu agen idad o é u s me aqu há p r de s c em fina , m alh or c dam s lm que r ca inh n b O fi n i d os nais tra o p epen dora im cess a nã a da no el se bra neze es d e o c rs m sfa o e ne nem . Um r pl ssív lem o ci de cu ssio oar o un ão d ibui ati emp e re m r s fi c n t s t o Ci azer é se é po a m que aria nto, o pr de e e d que e dis de pr vida o só uiri oas gost ime e d ís is a . b o a r c e P as cia nem oras da Iss seg as nt h r o e s o . n i m n e d im foi em is izad m faz co co e, co c s a x o : t o s s c oa im a tiv pol Nã s a rou tro re s s a e o f e t qua es, c ra m inem pes tod on c as d pa a m ar m m stac nida ue te. O ctar q de ortu es, rtan one op zad po e c i im er d ras. am d t ais m e po s ou s es as à um

José de Campos Afastou-se da publicidade depois


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Ro H dr Di u ag igo r cu igiu r No tas ma h a , 14


Fora do Plano por NOELLE OLIVEIRA noelleoliveira@meiaum.com.br

Distritais fazem o filme

A produção e comercialização cinematográfica no Distrito Federal não é o tema preferido da Câmara Legislativa. Nos últimos anos, foi pequeno o quantitativo de projetos de lei (PLs) e normas distritais tratando de cinema. Em 2012, nenhum PL com esse enredo foi apresentado, mas duas propostas antigas emplacaram como leis. O petista Chico Leite conseguiu tirar do papel a Lei 4.917, que começa a valer em 21 de novembro e garante que acompanhantes de pessoas com deficiência também tenham lugares reservados nos cinemas, ao lado das poltronas especiais. No caso de a pessoa com deficiência pagar preço promocional, o desconto deve ser estendido ao acompanhante. Com a regra, as salas da cidade, sujeitas a multas, terão de se adaptar. Em fevereiro, a deputada Eliana Pedrosa (PSD) incluiu no calendário oficial de eventos do DF a Mostra de Cinema e Vídeo Brasiliense. Além disso, com a Resolução nº 50, a CLDF incrementou a 17ª edição do Troféu Câmara Legislativa, parte da programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Foram incluídas categorias técnicas como fotografia, roteiro e trilha sonora, e premiações do júri popular, totalizando R$ 200 mil em prêmios. Não é o suficiente para resolver os problemas dos profissionais do segmento audiovisual da capital, mas serve como empurrãozinho político.

Fonte única Se a legislação distrital não incentiva a produção audiovisual, os parlamentares investem por meio de emendas ao orçamento do DF. São muitas, o que não garante que serão executadas. Para 2012, destinaram um terço à cultura. A maior parte foi para o segmento musical, mas o audiovisual também foi contemplado. No último grupo, estão o Festival Internacional de Cinema de Brasília, em julho, e o projeto Maratona do Cinema – que exibirá filmes nacionais em escolas públicas. Ainda assim, o principal aporte continua vindo do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). De 2008 a 2010, foram investidos mais de R$ 3 milhões no segmento audiovi-

sual. Em 2011, o FAC esteve voltado para a linguagem do cinema e aplicou, aproximadamente, R$ 9,4 milhões em 54 projetos de criação e difusão cultural da área. Para 2012, a expectativa é que o investimento seja reforçado em quase R$ 500 mil, somando R$ 9,9 milhões para cinema, vídeo, produções para televisão e algumas ligadas ao rádio.

A promessa do Cine Brasília Por enquanto, o prazo para a entrega da reforma do tradicional cinema está mantido para novembro. A Secretaria de Cultura só recebeu um relatório, referente aos 45 primeiros dias da obra. Em setembro, será entregue o segundo, dos outros 45, com-

pletando 50% da reforma. Aí será possível avaliar se tudo está mesmo no cronograma. O cinema leva parte significativa dos R$ 10 milhões investidos neste ano, até setembro, em patrimônios culturais do DF. Os recursos também são aplicados no Teatro Nacional, em três igrejas e no Panteão da Pátria. O governo trabalha, ainda, nos textos das licitações para compra de equipamentos para o cinema. Já as obras do Polo de Cinema, em Sobradinho, terão de esperar até 2014. A prioridade agora é o Plano Piloto, devido à Copa do Mundo. Em 2013, o governo local pretende investir R$ 100 milhões no patrimônio da capital, a fim de se preparar para o evento.


16Memória

Eles são parte da história do Festival de Brasília Cineastas recordam episódios de edições anteriores e falam de sua relação com o evento Texto Lúcio Flávio luciointhesky.wordpress.com

O

ano de 1969 foi um divisor de águas na vida do paraibano Vladimir Carvalho. Ele desembarcou em Brasília pela primeira vez para participar do prestigiado festival de cinema da cidade daquele ano com o mítico curta-metragem A bolandeira e, logo de cara, teve uma surpresa agradável. Ao esbarrar com o amigo Fernando Duarte, diretor de fotografia com quem trabalhou no documentário Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, recebeu proposta irrecusável: participar da criação do Núcleo de Produção de Documentários do Centro-Oeste na UnB. “Era um contrato transitório de dois meses que se converteu em definitivo, já que completei neste ano 43 anos de Brasília”, diz o veterano cineasta. De lá para cá, a relação dessa figura querida e respeitada do cinema brasileiro com o festival mais antigo do País se materializou de diversas formas, seja como jurado, competidor ou mero espectador. Em qualquer uma dessas condições a emoção sempre esteve à flor da pele, mas a situação mais marcante, segundo Vladimir Carvalho, foi aquela em que seu filme O país de São Saruê,

selecionado na mostra competitiva de 1971, prestes a ser exibido, foi drasticamente arrancado do certame pela censura. “A direção do festival se omitiu e foi chocante também para o público que esperava o longa. A celeuma resultou na suspensão da mostra por três anos consecutivos”, recorda nosso velho conterrâneo de guerra. Nem Pelé evitou a vaia Ele ainda era um jovem, aparentemente inocente e longe de ser o respeitado crítico de cinema que se tornaria. Mas o sempre eloquente Sérgio Moriconi lembra, como se fosse hoje, aquela sessão que nunca existiu de O país de São Saruê, no extinto Cine Atlântida (Conic). “Pela primeira vez na vida eu assisti a uma estrepitosa vaia a um filme que tinha Pelé com um dos protagonistas”, conta Moriconi, referindo-se ao documentário Brasil bom de bola, filme escolhido aos 45 minutos do segundo tempo para substituir o censurado. “Embora fosse uma pessoa muito esclarecida, não conhecia as nuances políticas que impediram a projeção do clássico filme do Vladimir Carvalho”, revê o crítico e também cineasta Moriconi, que só foi ver a

“É uma relação de amor. E como toda relação de amor ela não pode ser conivente com os erros. E nos últimos anos, principalmente nesse último, vêm sendo muitos. Mas, enfim, as pessoas passam, espero que o festival fique, pois uma coisa eu tenho visto: o Festival de Brasília é o único do País que parece uma fênix.” José Eduardo Belmonte


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“O Festival de Brasília sempre acolheu muito bem meus filmes. Aquela sessão memorável do “Louco por cinema” me marcou profundamente. Era como se eu estivesse devolvendo à cidade e às pessoas da cidade (com o filme e consequentemente o prêmio) tudo aquilo que havia ganhado de receptividade e acolhimento ao vir morar aqui.” André Luiz Oliveira Plateia difícil Integrante de um dos grupos de teatro mais prestigiados da cidade, Os Melhores do Mundo, Jovane Nunes também guarda uma recordação marcante, infelizmente não tão boa assim. Foi em 2005, durante a exibição do curta À espera da morte, primeiro projeto cinematográfico do grupo, recebido pelo público com vaia estridente. “Descobrimos depois que uma turma que trabalha com cinema aqui puxou a vaia. O pessoal da área é muito desunido”, lamenta. “Perdemos em Brasília, depois o filme foi a cinco festivais pelo Brasil afora e ganhou todos.” Da mesma geração que Jovane Nunes, o cineasta José Eduardo Belmonte é autêntica prata da casa, formado em cinema pela UnB. No caso dele, foi justamente a receptividade calorosa do público diante de seu primeiro trabalho, o curta-metragem Cinco filmes estrangeiros, um dos fatores para que ele até hoje esteja na estrada do cinema. O sucesso do seu pequeno projeto, vencedor na categoria naquele distante ano de 1997, seria uma glória não apenas pessoal, mas também do cinema local. “Era o começo dos curtas ocupando regularmente as telas do festival, e no ano anterior os filmes de Brasília não tinham ido bem. Era uma pressão forte sobre os filmes locais, com os trabalhos sendo julgados com o dobro de rigor”, conta o diretor dos elogiados A concepção e Meu mundo em perigo. “Mas logo no começo o filme foi aplaudido em cena aberta e no final mal conseguia ou) vir os créditos”, emenda. )

fita proibida oito anos depois, na edição do festival de 1979, quando o filme recebeu o Prêmio Especial do Júri. Outro artista que sentiu na pele as diabruras insanas da ditadura militar foi o baiano André Luiz Oliveira, diretor do delirante Meteorango Kid – O herói intergalático. Em 1969, mesmo ano da chegada de mestre Vladimir ao Cerrado, o filme quase ficou de fora da festa, em razão da intolerância do regime vigente. “A sessão foi tumultuada. Até o último momento, não sabíamos se o filme seria exibido, mas a censura não conseguiu proibi-lo nem cortá-lo, então o censor ficou na cabine de projeção abaixando o som nos diálogos inconvenientes”, lembra Oliveira. “O público vaiava toda vez que eles interferiam e em protesto deixei a sala, foi um tumulto.” Foi também no extinto Cine Atlântida que o crítico de cinema Sérgio Bazi, então com 14 anos, teve a oportunidade de estar cara a cara com uma das musas do cinema nacional, a atriz Adriana Prieto. O ano era 1971. “Foi inesquecível quando ela me perguntou o nome para dar o autógrafo”, brinca Bazi, que tem efetiva participação no evento, inclusive como concorrente da mostra competitiva, em 1986, com o curta Brasiliários, premiado nas categorias melhor música e fotografia. O crítico ainda guarda na memória o dia da primeira sessão. “Fui sozinho à missa de diplomação do ginásio na igreja Dom Bosco. Com o diploma no bolso, cheguei ao Cine Atlântida, sobretudo com a intenção de ver e falar com a minha então grande musa, Adriana Prieto.”

“Acho a ideia do festival muito legal, ele já foi mais importante. Deveria evoluir com o tempo. Deveria dar mais espaço para o cinema comercial. Cinema é dinheiro. Custa dinheiro e precisa fazer dinheiro. Enquanto ficar só com essa bobagem de arte, perderá cada vez mais espaço.” Jovane Nunes


ttexto

a utopia da capital decapitada

a luz na tela e o fim do túnel

só o cinema nos anima a continuar requebrando barreiras

TTexto TT Catalão ttcatalao@gmail.com

As botas pisaram forte depois de 64. Principalmente na cidade capital, ponto central de um sistema nervoso arbitrário e asfixiante. As reações foram diversas: armadas, partidárias, cidadãs e culturais. No cabresto, cada um berrava com o fôlego que melhor expressasse a indignação e resistisse do jeito mais próprio. Persistia sempre uma dúvida: a luz no fim do túnel significava alguma abertura ou era um trem vindo em sentido contrário para aumentar o estrago? Quem não caía na LSN – Lei de Segurança

Nacional – caía de LSD – ácido lisérgico. “Militar Me Limita”, pichava-se o EXU monumental. Servia para o militar opressor e para a militância com a sua dose tímida de romance e risco. Brasília, especialmente, era quartel repressivo e trincheira guerrilheira. Quem tava dentro achava um jeito de escapar pelas f(r)estas. Até que a luz projetada na tela criou, em 1965, um Festival de Cinema para ser projeto de encontro, ânimo, retomada e manifesto capaz de manter a utopia da capital decapitada. Não era um trem vindo contra,

era rito de passagem para a “cidade cassada” (no dizer de Tancredo Neves). Festival para além da celebração do contexto e agito, mas espaço e templo do cinema fora do mercadão e do gueto da crítica. Pelo pulso da UnB e o impulso de Paulo Emilio Salles Gomes e grupo. Paulo veio, em 1964, a convite de Pompeu de Sousa, para fundar o curso de cinema da Faculdade de Comunicação da UnB. A interrupção do curso ocorre em outubro de 65 com a demissão coletiva de 223 professores (num total de 249) em solidariedade a 15 com-


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aquim Pedro de Andrade, 1981); Tabu (Julio Bressane, 1982); O mágico e o delegado (Fernando Coni Campos, 1983); A hora da estrela (Suzana Amaral, 1985); Memória viva – Aloísio Magalhães (Octávio Bezerra,1988); Que bom te ver viva (Lucia Murat, 1989) – Louco por cinema (André Luiz Oliveira, 1994); O baile perfumado (Paulo Caldas, 1996); Lavoura arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001); Eu me lembro (Edgard Navarro, 2005). Entre não vencedores destaco Macunaíma (1969); Rainha Diaba (1975); em 2005 surge A concepção, de José Eduardo Belmonte; em 2006, o documentário Encontro com Milton Santos, de Silvio Tendler, e em 2007 o anarcodoc Anabasys, com sotaque glauberiano, de Joel Pizzini e Paloma Rocha. A luz na tela persiste ainda que hoje os túneis sejam mais sutis e a repressão não seja tão explícita ou brutal, mas continua fazendo vítimas quando exclui pensares e isola contribuições, seja por não pertencerem a um clube ideológico, panela estética ou faixa particular de classe, corporação ou gueto discriminado por geração. Só o cinema nos anima a continuar requebrando barreiras. ) Brasília insiste. Existir é resistir! )

panheiros afastados arbitrariamente. Logo após essa devastação, a I Semana do Cinema Brasileiro consagra o extraordinário filme de Roberto Santos, A hora e vez de Augusto Matraga, conto de Guimarães Rosa. Como se o grito lancinado de Vandré na trilha dissesse ao Brasil: “Nós que aqui estamos e daqui não sairemos mais!” Interrompido de 1972 a 74, quando o “pra frente Brasil” deixava no rastro os direitos humanos, encarou censura, hipocrisia, omissões do Estado. Fortaleceu vozes e ideias em uma narrativa histórica ainda em busca de um belo roteiro para contar sua história. Migrou para shopping, quando o bravo Cine Brasília o colocava em micos sucessivos pela baixa qualidade de projeção, e voltou rápido ao “templo” para comprovar que não era um simples Festival de Cinema, era fator cultural de afirmação na construção simbólica de Brasília. Mesmo quando Nenê Bandalho, de Emílio Fontana, era substituído por Brasil bom de bola (de Carlos Niemeyer), abria-se a chance da vaia como panfleto em dias de difícil mobilização de rua. As agruras do agreste

sertanejo de Vladimir Carvalho com o nosso O país de São Saruê. O pau quebrado no Hotel Nacional entre o sempre lúcido messiânico Glauber e Jean Rouch. Em suas origens, o próprio Paulo Emilio revela a influência participativa e radical do público como a base do festival. Fruto dos caldeirões mestiços em fervura, colagens da capital, uma outra antropofagia formava a cultura brasiliense (ainda com poucos produtos, mas imersa em processo riquíssimo). Esse público que consagrava Matraga fez do festival o olho do furacão nas contradições nacionais. Depois viriam ousadias na luz da tela a nos incendiar por dentro e por fora e incitar: continuem, avancem, não se entreguem, lutem! Especialmente, os que mais me tocaram, entre vencedores, foram: Matraga (Roberto Santos, 1965); Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz (Paulo Gil Soares, 1967); O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzerla,1968 – sendo o melhor curta BlaBlaBlá, de Andrea Tonacci); Tenda dos Milagres (Nelson Pereira dos Santos, 1977); Iracema– uma transa amazônica (Jorge Bodansky e Orlando Senna,1980); O homem do pau brasil (Jo-


Artigo

Um sรกbio

Bastaram alguns encontros para aprender muito com o mestre

Texto Vladimir Carvalho Foto acervo da cinemateca brasileira


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F

oram só três ou quatro encontros com Paulo Emilio no transcurso de minha atividade no cinema, mas o suficiente para sentir o fascínio que sua personalidade exercia sobre todos os que o conheceram – uns mais de perto, outros nem tanto, e entre esses me incluo. Nos anos de 1950, quando enviou um colaborador seu, Caio Scheyber, à Paraíba, já interessado em saber sobre os filmes de nosso pioneiro Walfredo Rodriguez, pude aquilatar a sua importância e influência só de ouvir o modo apaixonado com que o seu emissário se referia ao seu jeito de ser e às suas iniciativas na batalha para estabelecer os marcos da preservação da memória cinematográfica brasileira. Éramos um grupo muito pequeno e provinciano em João Pessoa, basicamente formado de jornalistas e cineclubistas, entre os quais sobressaía a figura de Linduarte Noronha, que ainda não realizara o seu hoje célebre Aruanda. A passagem de Caio Scheyber muito nos motivou e, mal ele deu as costas de regresso a São Paulo, corremos todos em busca dos livros e das revistas para melhor conhecermos Paulo Emilio. O tempo passou e depois do acontecimento Aruanda, sendo ele um dos seus arautos mais entusiastas, assinando um texto consagrador, fui vê-lo a primeira vez em Salvador, onde eu fazia faculdade (1963) já com meu primeiro filme, Romeiros da Guia, debaixo do braço. Foi uma exibição de curtas baianos promovida por Orlando Senna, que teve a generosidade de incluir o documentário que realizei com João Ramiro Mello. Lembro-me do quanto estava nervoso naquela ensolarada manhã baiana, no Cine Guarani, então em grande voga. Do nosso grupo fazia parte, entre outros, meu colega de turma Caetano Veloso, então em plena curtição do cinema frequentando as sessões comandadas por Walter da Silveira, papa da crítica local, também ali presente porque amigo e anfitrião de Paulo Emilio. Glauber Rocha foi a grande ausência sentida naquele momento porque se encontrava em Monte Santo filmando Deus e o Diabo na Terra do Sol. Guardávamos todos os mais jovens uma distância reverencial dos dois depois da projeção. Apresentado por Orlando, ouvi do mestre alguma coisa como “que bom que vocês da Paraíba estão se mantendo no caminho aberto por Aruanda. Muito bem”. E foi tudo, mas o suficiente para deixar-me em estado de graça pelo resto do dia. Muitos anos depois voltei a encontrar PE por ser amigo de Cosme Alves Neto, a quem ele visitava na Cinemateca do MAM, que eu frequentava intensamente, apadrinhado

que era pelo Cosme. Identificou-me e lembrou-se dos Romeiros na sessão baiana, e eu aproveitei para perguntar sobre seu período na Universidade de Brasília. Discorreu sobre a experiência, que se frustrou em 1965, com a demissão voluntária de mais de duzentos professores, sem evitar se referir a seus aspectos mais controversos. Senti, no entanto, que mesmo mantendo um tom de irônica isenção, deixava transparecer certa nostalgia do episódio. Na verdade, estava mergulhado de ponta-cabeça na aventura de tocar a cinemateca paulista, enquanto esbanjava conhecimento do cinema e charme nas aulas que ministrava na USP. Seguiram-se outros encontros desse naipe, no Rio e em São Paulo, até que bem antes de sua morte, em 1977, eu o reencontrei em Brasília, no alvoroço do seu festival de cinema. Ele alcançara um sábio equilíbrio entre o que pensava enquanto ardoroso militante contra a injustiça, a repressão e a censura e uma visão histórica do processo político brasileiro. Sem ser condescendente, estribava-se na experiência, na vida vivida. Lembro-me, a propósito, de que no episódio da drástica retirada do meu filme O país de São Saruê da programação do Festival de Brasília, em 1971, fomos – num clima de animada conspiração – nos reunir no apartamento de Luis e Regina Mayer, seus amigos, para saber que atitude tomar. E qual não foi minha surpresa quando se virou para mim, começando o papo, e perguntou à queima-roupa: “Você que é o interditado, que acha que devemos fazer?” Era um jeito seu de provocar a discussão para depois chegar didaticamente a uma proposta. De minha parte, estava desesperado com a situação do filme e queria a todo custo ir à forra. Ele então ponderou que o festival devia ser poupado, que era muito importante para o cinema brasileiro e que não devíamos dar curso à emocionalidade e radicalizar. Os demais, inclusive Wladimir Murtinho e Edgar Telles Ribeiro, ali presentes, o apoiaram unanimemente e foi redigida uma nota superequilibrada e conciliadora. Eu me contive e dominei como pude a minha frustração. Na perspectiva de hoje, sinto o quanto Paulo Emilio sabia ver além do tumulto e estava coberto de razão. Era de fato um sábio.

*Este texto foi originalmente escrito para o livro Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, que será lançado no Festival de Cinema


Perfil

Sabe tapete vermelho, flashes e glamour, muito glamour? Esqueça! Estamos diante de um apaixonado por cinema, mas não esse que fatura milhões em exibição na sala mais perto de você

Texto Paula Oliveira Fotos LEONARDO ARRUDA paulaoliveira@meiaum.com.br

arruda.imagem@gmail.com



A

praticidade é característica importante para sobreviver ao mundo moderno. Não se ater a detalhes sem importância e saber trabalhar, evoluir e viver bem com as ferramentas que tem é um grande passo. E é isso que se vê em Walter Albuquerque Mello, de 84 anos. A qualidade pode ser notada já no primeiro contato. “Eu moro em uma comercial, então vamos nos encontrar na lanchonete para tomar um café”, disse, por telefone. O homem de roupa clara, camiseta esporte e tênis foi logo nos guiando para a sua mesa cativa. No segundo encontro, ficamos em uma mesa ao lado porque a primeira opção estava ocupada. A impressão era de que estávamos na sala da casa dele. Até no jeito de morar ele é prático. Vive em uma quitinete. “É do tamanho de que preciso”, garante. Na verdade, agora ficou pequena porque o mais novo dos três filhos voltou a morar com ele. Walter é pai de Daniel, de 40 anos, Camila, de 31, e Joaquim Pedro, de 23. O tamanho reduzido? Walter nem se lembra disso. Diz que o lugar é bom porque tem de tudo: lanchonete para o cafezinho, restaurantes para variar o cardápio, academia, supermercado, ponto de ônibus e um parque para a caminhada diária. “Percorro dois quilômetros por dia, depois vou à academia e cumpro minha missão.” Fica em casa só para ler ou assistir aos filmes que aluga ali na mesma quadra. Em média, 20 ou 30 por mês. Não dá para saber exatamente. É um apaixonado por cinema de arte. É frequentador das salas de projeção da cidade, principalmente das que apresentam filmes dessa linha, fora do circuito tradicional. No dia em que conversou com a equipe da meiaum, estava ansioso para assistir a Fausto, de Alexandr Sokurov, Violeta foi para o céu, de Andrés Wood, e Na estrada, de Walter Salles. “Quando vou, aproveito para tomar um sorvete no shopping, mas nem olho as lojas. Sou anticonsumista”, ressalta.

Fala de Charlie Chaplin como se estivesse contando sobre o melhor amigo de infância. Lembra-se de histórias de Paulo Autran e de Fernanda Montenegro com o status de quem os recebeu várias vezes na cidade. Apesar de ser entendedor de arte – além do cinema, é apaixonado por música e teatro –, a conversa flui bem. Mesmo com quem não entende muito do assunto. Não se parece em nada com os novos cult, que fazem questão de não ser entendidos para ganhar ar intelectual diante dos leigos. Fala rápido, cita muitos nomes, se lembra de detalhes de filmes que somente um apaixonado observaria. Mas não foi apenas um observador. Foi um dos protagonistas da arte em Brasília. O soteropolitano foi se aventurar na então capital da República, Rio de Janeiro, ainda na década de 1950. Frequentava as rodas teatrais, de poesia, de música e, claro, acompanhava os filmes de arte nacionais e estrangeiros. E fez muitos amigos. Um deles, Roberto Nikovski, era seu companheiro de Teatro Municipal. Foi ele que o apresentou ao jornalista Narceu de Almeida. Este o convidou para vir abrir uma loja de discos – uma discoteca, como ele diz – em Brasília, em 1960. Era um negócio da família do jornalista e, como Walter tinha muita afinidade com arte, foi chamado. E foi assim que virou candango. Na casa de Zilá A loja ficava na W3 Sul. A quadra ele não lembra. O importante é que em frente ficava a residência de Zilá Reis, irmã de Narceu, também entusiasta da sétima arte. Outros sentiam falta de sessões especiais de cinema, com filmes artísticos e não comerciais. Aquele sentimento compartilhado por meia dúzia de pessoas motivou a criação de um grupo fechado, mas que tinha o claro objetivo de se abrir para a cidade. “Nós nos reuníamos ali na sala da casa de Zilá eu, Geraldo Sobral Rocha, Rogério Costa Rodrigues, Cleide Almeida

e André Reis. Queríamos estar por dentro das novidades, discutir os filmes atuais e, principalmente, vê-los”, lembra. Em meados dos anos 1960, Walter já não trabalhava na discoteca e havia se tornado funcionário da Fundação Cultural de Brasília. Sendo assim, o Cine Clube de Cinema de Brasília, como foi batizado, não era só hobby, era coisa séria. Se hoje é extremamente fácil conhecer a produção cultural de outros países, naquela época a história era outra. Cada um do clube ficava responsável por um filme, ou por um diretor, e pesquisava em jornais, conversava com amigos de fora do Brasil e corria atrás do que estava sendo exibido e produzido. Dava certo! Foi nesse espírito que o grupo conseguiu reservar três dias da semana no Cine Brasília para exibir essas películas. O interesse foi crescendo e, em pouco tempo, havia gente suficiente para encher a sala. “O público estava garantido! Sei que esse foi um passo importante para criar um grupo grande de espectadores de cinema de qualidade”, acredita. Na mesma época, o então diretor da Fundação Cultural, Carlos Augusto de Oliveira Albuquerque, chefe de Walter, e o jornalista José Vieira Madeira idealizaram a I Semana do Cinema Brasileiro. Como não eram tão envolvidos com o cinema, convidaram Paulo Emilio Salles Gomes para coordenar os trabalhos. Walter, como funcionário da fundação e membro do cineclube, também ajudou a viabilizar as exibições. E foi assim que nasceu o Festival de Brasília do Cinema de Brasileiro. Hoje, Walter não é mais lembrado pela organização do evento e lamenta não receber nem mesmo convite para a exibição dos filmes. Tudo bem, ele assiste a todos quando passam em outras telas, menos concorridas, ou são reproduzidos em DVDs ou até na televisão. “Não esquento com isso. Estou velho para me preocupar”, dá de ombros. Ele se orgulha de participar dessa histó-


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Culpa do Narceu Restringir Walter Mello ao cinema em Brasília é, no mínimo, injusto. Tudo o que fez, tudo o que conseguiu foi para promover a cultura na capital. “Tudo culpa do Narceu”, brinca. É por culpa dele, por exemplo, que a documentação da história de Brasília está armazenada e disponível a quem se inte-

ressar no Arquivo Público do DF, criado por Walter em 1983. As fotos da construção e os documentos da época de JK estavam todos em uma salinha da Novacap, encaixotados e guardados junto ao material de limpeza. Ele recebeu muitos títulos, mas nenhum o deixa mais feliz do que ser reconhecido como Operário da Cultura, concedido pela embaixada da antiga Tchecoslováquia. Pelo governo do DF, recebeu o Mérito Buriti e o Mérito Cultural, além de ser Cidadão Honorário. Walter Mello também foi imortalizado como verbete em Artes plásticas no Centro-Oeste, de Aline Figueiredo. Walter é tão prático, mas tão prático, que já planejou o que deverá ser feito depois que morrer. “É um assunto chato, mas tenho que pensar nisso.” Quer ser cremado. As cinzas devem ser divididas em duas partes. A primeira será depositada no buriti plantado com a participação

dele em frente ao palácio do governo do DF. Plantada em 1959, a árvore foi tombada historicamente por sugestão dele, em 1985, quando era diretor da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico do DF. “É um símbolo da preservação da natureza e da cidade que tanto amo”, explica. A segunda parte voltará para Salvador e será jogada no túmulo da poetisa tcheca Clémence Kalas, de quem foi muito amigo. Avesso ao consumismo, se rendeu recentemente ao cartão de crédito para atender a um luxo, bastante coerente, mas que não deixa de ser luxo. Uma televisão de 42 polegadas para assistir às Olimpíadas e aos filmes que aluga. “Parece que estou no cinema”, encanta-se. Mas ele não perde a mania de circular pela cidade e de conversar com as pessoas. Afinal, não combina em nada com um operário ficar em casa ) com o controle remoto nas mãos. )

ria. Não é um orgulho arrogante, mas de quem participou ativamente de uma mudança cultural em uma cidade tão nova e visada. Quem ditava as regras era o governo tomado pelos militares. A censura corria solta, mas Walter, cheio de amigos e de argumentos, convenceu censores a liberar filmes que só poderiam ser exibidos durante o festival e que depois seriam proibidos para o grande público. Foi o caso de Meteorango Kid – O herói intergalático, de André Luiz Oliveira, e O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla.


tributo

O homem que ajudou a criar a

UnB e o Festival de Brasília As lições que Paulo Emilio deixou para seus discípulos e para os seguidores que ainda virão

Texto Maria do Rosário Caetano Foto Acervo da Cinemateca Brasileira marosario@uol.com.br

Paulo Emilio entrou na minha vida no primeiro semestre de 1973, quando fui aprovada no vestibular de comunicação, na UnB. Já na recepção aos calouros, o nome dele aflorou. No semestre seguinte, matriculei-me no curso de Elementos de Linguagem Estética e História da Arte. O professor chamava-se Rogério Costa Rodrigues (1935–2005) e citava Paulo Emilio em muitas aulas. Para ser aprovado na disciplina (da grade do Departamento de Desenho e Artes) tínhamos que preparar trabalho em formato audiovisual. Escolhi o tema “Recriação Cinematográfica de Obras Literárias no Cinema Brasileiro”. Rogério me recomendou que fosse à Biblioteca Central da UnB, à Sala de Referência, onde havia muitos livros sobre cinema brasileiro. Muitos deixados por Paulo Emilio. Na “Referência” encontrei dois livros. Um em formato álbum – 70

anos do cinema brasileiro –, organizado e escrito por Paulo Emilio, em parceria com Adhemar Gonzaga. O outro – Introdução ao cinema brasileiro – era da lavra de Alex Viany (1918–1992). Eram obras de consulta. Todo dia, à tarde, eu os lia. Hoje sei que foram, para mim, o que a Bíblia é para os crentes. Transformaram-me numa espécie de “Irmã Dulce do Cinema Brasileiro”. Ou, como diz Luiz Zanin, meu companheiro, em “missionária do celuloide e da celulose”. Em 1975, o Festival de Brasília renasceu, depois de três anos silenciado pela censura dos anos Médici (tivera sua trajetória interrompida em 1972, seguindo assim em 73 e 74). Fui assistir a todas as sessões da “edição do renascimento” e um nome pairava no ar: Paulo Emilio Salles Gomes, um dos fundadores do festival. Acompanhei a edição de 1976 como estudante. A par-

tir de 1977, como repórter, cobri todas as edições do mais longevo dos festivais brasileiros. Sempre evocando a seminal figura de Paulo Emilio. Que, infelizmente, partiu muito cedo. Quando a notícia chegou à redação do Jornal de Brasília, onde eu trabalhava, a editoria de Cultura entrou em transe. Brasília perdia o fundador do curso de cinema da UnB (que estava desativado) e do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro... Na época, Geisel prometia uma “abertura lenta, gradual e irrestrita”. Parte de meus colegas de geração se aferrava à luta política, 24 horas por dia. Era o meu caso. Metida até a medula na Greve de 77, que parou a UnB por uns três meses, recebi triste notícia em julho: fora expulsa da Universidade, com mais 30 colegas, por “subversão”. Já atuava como jornalista profissional e fazia dupla opção em letras. Mas a tristeza maior viria mesmo naquele tris-


27 Do “livro branco”, retiro um texto que me deixou intrigada (Vittorio de Sica ou a transfiguração da mediocridade). Sempre amei Rossellini. Concordo com Saraceni, citado por Gato Barbieri (num filme de Fernando Trueba, Calle 36) que “no se puó vivere senza Rossellini”. Mas sempre amei Ladrões de bicicletas e o De Sica ator (inclusive em De crápula a herói, dirigido por Rossellini!). Fiquei de coração partido. Para defender Rossellini, ele descia o pau em De Sica. Já nos anos 2000, reli o texto e achei-o, além de brilhante, até ponderado. Quero registrar a capacidade de Paulo Emilio de fecundar paixões cinematográficas em corações e mentes alheios. Deixou centenas de discípulos. Há uma primeira geração de difusores de sua obra (Jean-Claude Bernardet, Gustavo Dahl, Maurice Capovilla). A segunda tem em Ismail Xavier, Carlos Augusto Calil, Carlos Roberto de Souza e José Inacio de Mello Souza os principais nomes. A terceira, com os ex-alunos André Klotzel, Ricardo Dias, Cláudio Kahns, Alain Fresnot, Cristina Amaral, Rogério Corrêa, Pedro Farkas, entre muitos outros. E há uma quarta (com o “Quarteto Sinopse”: Newton Cannito, Leandro Saraiva, Manoel Rangel & Alfredo Manevy). Considero-me da terceira. Não fui aluna de Paulo Emilio, mas vivi sob total influência de suas ideias, graças a Rogério Costa Rodrigues, Vladimir Carvalho, Geraldo Sobral, entre outros professores. Depois de organizar o livro-catálogo Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, me pergunto se Paulo Emilio e sua obra ainda fazem a cabeça de novas gerações. Formou-se uma quinta leva de discípulos? Parece que não. Por isso, espero que a reedição de sua obra, comandada pela Editora CosacNaif (em volumes ricamente ilustrados), e o livro – com o qual o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro o homenageia – sirvam para fertilizar novos corações e mentes, dispostos a abraçar algumas das causas que ele defendeu ) em seus produtivos 60 anos de vida. )

te 9 de setembro de 1977: a morte de Paulo Emilio. O nome dele, com o de Darcy Ribeiro, Pompeu de Sousa, Nelson Pereira dos Santos e Jean-Claude Bernardet, era música para nossos ouvidos. Simbolizavam a UnB, que amávamos e que queríamos ver resgatada. Ou seja, livre do domínio do físico nuclear e capitão de mar e guerra José Carlos de Azevedo, que a comandava com pulso de ferro. Depois do livro-álbum 70 anos do cinema brasileiro, demorei a ler outro livro de Paulo Emilio. Meu contato com o seminal ensaio Cinema – Trajetória no subdesenvolvimento se deu em cópia xerox da revista Argumento (1973). Só viria a lê-lo, em formato livro, quando saiu a segunda edição (publicada em 1986, pela Paz e Terra). Ao folheá-lo, tive meus olhos magnetizados por uma foto do jovem Paulo Emilio, com o rosto grave, semiescondido atrás de uma foice e de um martelo. É uma das fotos que tenho como fundamentais na minha vida (só perde para duas do Vietnã: a da menina correndo com o corpo queimado por napalm e a do vietnamita do sul atirando na cabeça de um vietcong. E, claro, para o Che morto, sobre uma pia, na Bolívia). Essas três imagens evocam fatos muito significativos para minha geração. A foto de Paulo Emilio, nos anos 30, simboliza os sonhos de tantos de nós que nos formamos em busca do sonho socialista. Ao longo dos anos 1980 e 1990 li quase tudo de Paulo Emilio: os dois grossos volumes Crítica de cinema no suplemento literário (do Estadão), o “livro branco” (Um intelectual na linha de frente, Brasiliense, 1986), Almereyda, o pai, e Jean Vigo, o filho. Em 2002, li de um fôlego só a monumental biografia Paulo Emilio no paraíso, de José Inacio de Mello Souza (Record). Da leitura dos dois volumes do “Suplemento Literário”, destaco o texto que mais me apaixonou: O mito, a obra e o homem, um belíssimo, irônico, afetuoso e crítico relato sobre a passagem de Eric Von Stroheim (1885–1957) por São Paulo, durante o Festival Internacional de Cinema do IV Centenário (1954). Uma aula de jornalismo mais atual que nunca.

*Este texto foi originalmente escrito para o livro Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, que será lançado no Festival de Cinema


1* cinema no tapete voador (tapete sem topete que topa tudo)

paubrasilia@paubrasilia.com.br

por Nicolas Behr

BRASÍFRA-ME

Pessoas e lugares importantes do nosso cinema. Desvende estes poemas-enigmas.

é cultura ou crack, disse o zé dessa mata não sai cachorro (ele não é um intelectuau-au-au)

2*

o bombeiro incendiário é uma incandescência, resides? trouxe o trash pagou em cash sacou o colt virou cult

3** bota um tênis para ir à academia malhar o cérebro assistindo a filmes-cabeça pena que acabou o cérebro ou o filme-cabeça?


5* amado cinema ficava no gama tinha nome de praia mas vinicius nunca passou uma tarde lá

4** paraibano velho de guerra

sua família são os cangaceiros, diz valente? mais que valente! insistente! teimoso? mais que teimoso! nordestino!

6* criou o festival amante do cinema mais que cinéfilo: filósofo um grande nome

Respostas: 1 José Damata – 2 Afonso Brazza – 3 Cine Academia – 4 Vladimir Carvalho 5 Cine Itapoã – 6 Paulo Emilio Salles Gomes

1 m e 63 cm de talento (11 cm a mais que napoleão)


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O JE

ESCRE

Nテグ


EITO DE

EVER REPORTAGEM

É O MESMO Mas os princípios do bom jornalismo permanecem. Apuração

benfeita, compromisso com a informação, criatividade e respeito à língua portuguesa não ficam ultrapassados. Na internet ou no papel, produzimos o conteúdo de que você precisa para se comunicar com o seu público. Textos e imagens. Revistas customizadas. Boletins. Livros institucionais. Ou o que você inventar.

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evolução

Parto filmado Texto André Cunha

Ilustração Francisco Bronze

andreluizrenato@yahoo.com.br

bronze@grandecircular.com

Brasília nasceu filmada e cresceu filmando. Hoje tem um festival de prestígio e exporta talentos, mas a especulação imobiliária acabou com os seus cinemas mais queridos


Os primeiros candangos

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“Diga a ela que vou pra Goiás e de lá mando dinheiro.” Na década de cinquenta, era assim que muitos trabalhadores partiam, mal se despedindo de suas famílias. Iam em busca do sonho de Juscelino, o de construir Brasília. Quem conta a história é um dos pioneiros candangos em Conterrâneos velhos de guerra, documentário de Vladimir Carvalho que registra em fotograma o nascimento da cidade e a criação dos seus primeiros mitos. As imagens de arquivo de Conterrâneos cobrem momentos marcantes: a inauguração da cidade, em 1960, com direito a festa e a fogos de artifício; a chegada da seleção de futebol campeã do mundo em 1970 (reza a lenda que Pelé teria pedido para descer do carro de bombeiros na 109 Sul para comer o famoso quibe do Beirute); a visita do papa, em 1980; e o enterro de Juscelino, que morreu em circunstâncias misteriosas e levou mais de cem mil pessoas às ruas. Os figurantes dessas imagens antigas, os primeiros candangos que vinham fazer dinheiro na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, logo descobriram que o sonho de Juscelino era para poucos. Eles haviam erguido os prédios e as escolas, mas eram os filhos dos burocratas que iam morar e estudar lá dentro. O “céu aberto pra ganhar dinheiro” se transformara em trabalho semiescravo, e muitos tombavam no caminho. Espremidos no Paranoá e no Morro do Urubu, hoje Ceilândia, sofreram com epidemias (uma de meningite matou muita gente) e com a truculência das construtoras. Conta-se de um motim em que mais de quarenta trabalhadores foram chacinados. Os primeiros sindicatos só surgiram depois de muitos prédios já estarem erguidos.

Uma cidade contraditória “A imagem tornou-se fundamental para a representação de Brasília”, diz a antropóloga Ariana Timbó Mota em O cinema brasiliense em uma narrativa antropológica. Ariana conta como o norte-americano Eugene Feldman e os fotógrafos franceses Jean Mazon e Marcel Gautherout, preferidos de Juscelino, registraram em filme e película a gestação e o parto de Brasília, legando-nos um arquivo de grande valor histórico. Pouco depois, em plena ditadura, Joaquim Pedro Andrade filmou Brasília: contradições de uma cidade nova, que revela a cidade no frescor dos seus sete anos. O narrador constata que “o plano dos arquitetos propôs uma cidade justa, sem discriminações sociais, mas à medida que o plano se tornava realidade os problemas cresciam para além das fronteiras urbanas em que se procuravam conter”. Depois de mapear o território do Plano Piloto e do Entorno e de entrevistar candangos e funcionários públicos, conclui: “Na verdade são problemas nacionais, de todas as cidades brasileiras, que nesta generosamente concebida se revelam com insuportável clareza”. Em evidência desde cedo, a segregação de renda em Brasília serve de espelho para o resto do território brasileiro. O conflito Zona Sul x Periferia da antiga capital se reproduzia na forma Plano Piloto x Entorno, variação do Brasil Rico x o Brasil Pobre que conhecemos desde o começo. A frustração gerada por essa Brasília que não deu certo, somada aos desmandos dos políticos, gerou algum ressentimento. Natural que essa cidade superexposta e alvejada de críticas por todos os lados sofresse, em algum momento da sua história, um sarrafo cinematográfico – o que ocorreu em Redentor, comédia com Pedro Cardoso que conta a história de um homem simples esmagado pela roubalheira e pela politicagem dos poderosos. Num delírio, ele vê Brasília destruída por um raio fulminante e o Plano Piloto se desintegrar num cogumelo atômico.


34 Fazer porra nenhuma José Eduardo Belmonte, cineasta crescido e formado em Brasília, também não devia estar muito feliz quando escreveu o monólogo que abre A concepção: “As únicas saídas de Brasília são o hospício, o aeroporto e o serviço público (...) Ficar embaixo do bloco, fazer porra nenhuma, estudar pra concurso, ter uma banda de merda, querer ser o Renato Russo. Cá entre nós, Brasília é uma merda. Calor de merda, seca pra caralho, parece que tá o tempo inteiro com dor de garganta”. O personagem vivido pelo ator Murilo Grossi em Subterrâneos, outro de filme de Belmonte, não é menos incisivo. Filmado em estilo de guerrilha no Conic, um dos lugares mais labirínticos de Brasília, Subterrâneos apresenta um escritor perturbado, com mil dilemas internos, perdido e apaixonado entre os camelôs e os escritórios, passando por corredores, autarquias e sindicatos. “Todo mundo é puta, você é puta”, diz a um interlocutor, transmitindo, sem dúvida, um sentimento. Igualmente viscerais são os filmes de Afonso Brazza, o lendário bombeiro que resolveu virar cineasta nos anos oitenta. Autor de clássicos do cinema trash como Gringo não perdoa, mata e Tortura selvagem – a gra-

de, Brazza fazia filmes de micro-orçamento e com a ajuda de amigos. As histórias versavam sobre guerra de gangues numa ilha perdida no meio do Planalto. Cansados de “fazer porra nenhuma”, Brazza e Belmonte ligaram as suas câmeras e conquistaram território. Como Vladimir, começavam a colonizar os espaços vazios e a contar a história de um lugar no planeta.

Nós também temos tapete vermelho Ao lado da arquitetura modernista de Niemeyer e da bossa nova de Tom Jobim, o Cinema Novo de Glauber era visto, na década de 60, como a expressão de um Brasil ousado e criativo. Nesse clima foi criado o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na primeira edição, em 1965, duas estreias que mexeram com o público: A hora e vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, baseada na obra de Guimarães Rosa, e A falecida, de Leo Hirzsman, inspirada em Nelson Rodrigues. Bom sinal que o festival começasse homenageando dois escritores de peso, pois uma de suas marcas daí para a frente seria passar filmes de cineastas pensantes e dar chance real aos novos talentos. Idealizado por Paulo Emilio Salles Gomes, ele seria um sopro cosmopolita no Cine Brasília uma vez por ano. A cidade teria agora o seu evento de gala, o seu red carpet. No ano seguinte, Leila Diniz, que lançava o filme Todas as mulheres do mundo, ia chamar a atenção na pérgula do Hotel Nacional e nas festas, para delírio dos jornalistas e do público. O festival foi suspenso de 1972 a 74 por motivos políticos e voltou em 75 para se incorporar, com o bloco Pacotão no carnaval e o réveillon na Esplanada dos Ministérios, ao calendário cultural dos moradores. De lá para cá, revelou filmes e diretores importantes. O público, muitas vezes descrito como “bastante crítico”, foi responsável por vaias homéricas e aplausos esfuziantes ao longo desses mais de quarenta anos.


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“O cinema daqui está em ascensão e tem um futuro promissor”, diz Flavio Chacal Geromel, que há alguns anos trabalha com cinema em Brasília. Já foi assistente de fotografia, iluminador, contrarregra e produtor em longas e curtas. Também já atuou. Em Somos tão jovens, que Antônio Carlos Fontoura filmou há pouco na cidade e que narra a adolescência do líder da Legião Urbana, faz uma ponta como um policial que dá uma dura em Renato Russo. Entre os novos talentos da cidade, Geromel destaca Jimi Figueiredo, Bruno Torres, Iberê Carvalho e Rafael Lobo. E lembra que René Sampaio está finalizando outro filme inspirado em Renato Russo: Faroeste Caboclo, que conta a saga de João de Santo Cristo, que na capital encontra o mesmo destino dos primeiros candangos. Por outro lado, a cidade exporta talentos como a própria Legião Urbana. Murilo Grossi já representou o cinema nativo em vários momentos, além de brilhar na Rede Globo. Mas nada se compara ao currículo afetivo de Juliano Cazarré, outro ator da cidade, no cinema. Faz par com Maria Flor no novo filme de Fernando Meirelles, 360. Teve uma relação passional com Leandra Leal em Nome próprio. E esteve aos beijos com Deborah Secco em Bruna Surfistinha. Está em ascensão mesmo.

Cinemark, Multiplex e Platinum Antigamente, os cinemas tinham nome. Na época da construção, funcionava o Cine Bandeirante, na Cidade Livre. Em 73, uma novidade: o Drive-In, onde se podia ver o filme do carro, ao estilo norte-americano. Na Asa Sul, havia o Karin e o Cine Cultura. No Conjunto Nacional, o Astor e o Márcia. No Conic, por muito tempo funcionaram o Miguel Nabut, o Badia Helou e o Bristol, além do Cine Ritz, especializado em filmes adultos. O mais prestigiado era o Atlântida. Havia ainda o Cine Lara, em Taguatinga, e o Cine Itapoã, no Gama. No Gilberto Salomão, o Cinema Espacial abrigava três telas dispostas em círculos. A Academia de Tênis tinha uma programação globalizada, que fugia dos filmes comerciais e dos grandes lançamentos. Dessas salas, muitas foram vendidas e transformadas em igrejas evangélicas. Outras faliram. A Academia de Tênis sofreu um incêndio e o empreendimento mudou de dono. O Cine Ritz foi fechado sob a denúncia de que, após as exibições dos filmes pornôs, as dançarinas iam além do striptease com os espectadores. Apesar das dificuldades, o Drive-In continua. Hoje, quase todas as salas estão em shopping centers e agregam a palavra shopping ou mall ao nome. Em tempos de Cinemark e Kinoplex, ir ao cinema tornou-se um hábito menos prosaico. Ver um filme com a família agora implica pagar estacionamento e ser assolado pelo merchandising das bomboniéres, que vendem de nachos mexicanos a brinquedos. Uma sala Platinum anuncia “poltronas reclináveis de couro ecológico azuis, que têm apoio para os pés, como as dos aviões da primeira classe”. E oferece a Pipoca Del Torero, que leva “azeite de pimenta, cardamomo e sal virgem temperado com especiarias ) (R$ 15 a pequena)”. )

Em ascensão mesmo


Conto

Um roteiro imprevisível

A cinéfila da Asa Sul

A história de Kate, que sonhava em fazer sua grande estreia cinematográfica, tem drama, terror, pastelão. Será que acaba em romance?

Texto Patrick Selvatti Ilustração Werley Kröhling patrickselvatti@gmail.com

Kate era assídua do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Aliás, de todos os festivais realizados em Brasília, em especial os do Cine Brasília. Ainda menina, no início dos anos 80, Kate já ficava na janela de seu apartamento, na 107 Sul, observando, encantada, o mais antigo cinema da capital federal. Admiradora precoce da sétima arte, Kate criava filmes imaginários que seriam exibidos na grande tela. Na adolescência, decidiu: assim que saísse do Colégio Militar, entraria na UnB como aluna de artes cênicas e, um dia, atuaria

werleyk@gmail.com

em uma superprodução cinematográfica. Até nome de diva ela já tinha: Kate Palmeira, que obviamente se transformaria em Palmer. O que ela não tinha mesmo era o physique du rôle de que necessitava para brilhar na telona ao lado dos galãs que idolatrava. Era uma moça alta, encurvada, muito acima do peso para não dizer gorda e ainda usava óculos de grau e aparelho nos dentes do tipo freio de cavalo. Apesar de tanta paixão pelo cinema, Kate nunca trabalhou na área. Formou-se na UnB, mas, desprovida de beleza e

sem o menor talento para o humor, não foi bem-sucedida na carreira de atriz. Para produzir cinema, precisaria de recursos financeiros que não possuía – nem o recurso nem o talento para captá-lo. A solução foi trabalhar em uma videolocadora, ali mesmo, no comércio ao lado de sua quadra. Uma loja bonita, repleta de pôsteres de filmes. Ali, nos anos seguintes, sonharia com galãs como Mel Gibson, Kevin Costner, Gerard Depardieu, Antonio Banderas, entre muitas opções de títulos, do infantil ao adulto, passando pelo


37 terror, pela comédia, pelo romance e pelo policial de que o Carlos tanto gostava. Carlos era o namorado de Kate. Conheceram-se no antigo Cine Márcia, no Conjunto Nacional, em 1994, durante uma exibição de Pulp fiction, do Quentin Tarantino, ganhador da Palma de Ouro de Cannes naquele ano. Mas o jovem rapaz nem sabia disso: queria mesmo era ver a Uma Thurman dançando com o John Travolta… Carlão, para os íntimos, era professor de educação física, dava aulas em escola pública e particular, um verdadeiro atleta na difícil maratona de pagar as contas no fim do mês, mas sempre bem-humorado, sorridente. Um rapaz muito bonito para o que se podia esperar de uma moça tão, digamos assim, mal-enjambrada. Alto, forte, cabelos negros contrastando com os olhos azuis. Ninguém acreditava no que via.

***

Kate imaginou um casamento de cinema. A ocasião seria a primeira produção cinematográfica da carreira de cineasta de Kate Palmeira. Ela própria dirigiu, mesmo sendo a protagonista. Criou o roteiro na cabeça, pediu a um amigo que colocasse no papel as ideias dela, elegeu um diretor de fotografia e conduziu tudo – desde os preparativos, passando pela despedida de solteira, as provas do vestido, a cerimônia realizada na Igrejinha da 307 Sul e a festa no Clube do Exército – como se fosse um filme. E foi, mas nada que se comparasse a um conto de fadas. Durante a gravação de uma cena na festa, Kate teve a grande decepção de sua vida. Antes mesmo da tão sonhada lua de mel, que marcaria o clímax da produção cinematográfica, descobriu que Carlão gostava mesmo era de homem e mantinha um relacionamento com um famoso atleta da cidade que se preparava para as Olimpíadas daquele ano em Atlanta. Namorou Kate e casou com ela para manter as aparências. Ela flagrou os dois musculosos rapazes aos beijos em um dos banheiros do clube. A gravação vazou e o escândalo saiu na mídia. O atleta não foi para as Olimpíadas

e Kate continuou solteira – e virgem. E não havia quem não comentasse o seu filme triste nos arredores do Distrito Federal. Depois desse escândalo, Kate passou os anos seguintes enclausurada na sua vergonha. Teve um namorico aqui, outro lá, mas nenhum homem que conseguisse levá-la para a cama, tampouco para o altar. Sua única tentativa de perder a virgindade foi com um sujeito que tinha o mesmo nome do Leonardo Di Caprio, o galã da vez, que arrasava corações de moçoilas românticas ao contracenar, com outra Kate, a Winslet, no filme Titanic, grande sucesso do cinema daquele ano de 1998. Dada a coincidência cinematográfica, tentaram repetir a cena do filme: dentro de um carro, no estacionamento 10 do Parque da Cidade. Mas a cena que deveria ser romântica – ou no mínimo erótica – foi digna de comédia pastelão. Primeiramente, Leonardo não conseguia nem abrir o sutiã de Kate nem ficar no ponto necessário para a execução do ato; depois, enrolou-se na tarefa de abrir a embalagem do preservativo e também de colocá-lo em seu devido lugar. Por sua vez, Kate, bem gordinha, não conseguia encontrar a melhor posição para receber o rapaz entre suas pernas e, de tanto movimentá-las de um lado para o outro, acabou por acertar uma delas no nariz de Leonardo. Mesmo com dor e sangue escorrendo, o atrapalhado casal iniciou o ato, mas, na hora H, foi surpreendido pela chegada das famosas joaninhas. Resultado: uma boa bronca dos vigilantes do parque e nada de cópula. Kate decidiu seguir sua vida trabalhando de atendente na videolocadora e suas noites se resumiam em assistir a filmes e mais filmes. Do K7 ao DVD ao blu-ray, passando por todos os festivais até os dias de hoje. Guardou tanto dinheiro que, no ano 2000, acabou comprando a loja. Agora era proprietária de uma videolocadora, a mais antiga e tradicional da Asa Sul. E seu destino, pelo visto, seria o mesmo da Bridget Jones: escrever um diário revelando as suas qualidades e os seus defeitos, seus problemas com o trabalho, a


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E foi assim, até que, no ano passado, surgiu em sua vida o Walter. Não o Salles nem o Carvalho, mas o Silva mesmo. Conheceram-se no Cine Brasília, após a exibição de plateia vazia da reprise de um clássico do cinema francês, Le fabuleux destin d’Amélie Poulain. Estava frio, ventava e Kate não conseguia acender seu cigarro quando Walter surgiu, isqueiro a postos, chama bem alta. Era produtor cultural, alto escalão do Ministério da Cultura, na área de audiovisual. Um amante do cinema como Kate, mas muito longe do estereótipo físico de Carlão: alto e magro feito um varapau, careca e de bigode. Aos quarenta anos de idade, para quem não via perspectiva de se relacionar novamente um dia, estava bom demais. Kate e Walter marcaram o casamento e, desta vez, sim, prometeu o noivo, seria um casamento de cinema. A data escolhida foi 29 de abril de 2011, sem sequer imaginarem que, na mesma data, na Abadia de Westminster, em Londres, o príncipe William também se uniria pelos laços do matrimônio a sua namorada de nome… Kate Middleton. A coincidência fez com que a Kate brasiliense sofresse. Algo lhe dizia que o fracasso de bilheteria estava batendo à sua porta em mais uma sessão de cinema. Mas Walter não permitiria: prometeu que, se o enlace matrimonial da corte inglesa seria o assunto mais comentado do mundo, o deles ganharia pelo menos repercussão na corte brasileira. Seria um casamento inesquecível. Pediu que Kate se preocupasse apenas com o vestido de noiva. Que lhe desse a lista de convidados que ele mesmo faria os convites. Kate não sabia por que, mas confiava em Walter. Deixou tudo em suas mãos e focou apenas o seu figurino. Parou de fumar, substituiu os óculos por lentes de contato, emagreceu quase 20 quilos a duras penas e, no grande dia, estava bem bonita e bastante an-

No ano passado, surgiu em sua vida o Walter. Não o Salles nem o Carvalho, mas o Silva mesmo. Era produtor cultural, alto escalão do Ministério da Cultura.

siosa com a surpresa que seu noivo reservava. Naquela manhã de sexta-feira, enquanto a plebeia Kate Middleton ganhava os holofotes do mundo inteiro em seu casamento de princesa, a brasiliense Kate entrava em uma linda limusine a caminho da cerimônia do seu tão sonhado enlace matrimonial. Entretanto, o rosto da noiva estava coberto por um belo véu que impedia sua visão. Fazia parte da surpresa de Walter que Kate nem desconfiasse onde era o local de sua cerimônia. Com seus contatos no governo, não foi difícil para Walter conseguir a autorização de que precisava. O local da cerimônia, entretanto, foi revelado aos convidados somente na noite anterior. Dentro da limusine, Kate nem sequer imaginava que o Cine Brasília, palco dos festivais que tanto apreciava, havia se transformado no cenário da realização de um sonho. A surpresa foi revelada só no momento em que desembarcou da limusine na lateral por onde anualmente entravam e saíam grandes nomes do cinema nacional. Fotógrafos e cinegrafistas a aguardavam, ao lado do tapete vermelho estilo cerimônia de Oscar, por onde, ao som do tema de Carruagens de fogo, realizaria seu ingresso. No interior do cinema, Kate encontrou plateia tão lotada quanto a concorrida noite de abertura do Festival de Cinema. No palco, os mesmos apresentadores do festival conduziriam o cerimonial. O noivo, Walter, recebeu a noiva sob aplausos do grande público. Kate realizava, assim, o seu grande sonho: casava e estreava no cinema em clima de superprodução hollywoodiana, com o bônus da cobertura jornalística da grande imprensa brasileira. Afinal, a Kate de Brasília não foi levada ao altar da Abadia de Westminster por um príncipe britânico, mas um casamento realizado dentro de um cinema era digno de manchete de jornal. E, para coroar com todos os Oscars possíveis, o filme da cinéfila da Asa Sul teria seu happy ending nos Estados Unidos, em Los Angeles, em um charmoso hotel com vista para o famoso le) treiro de Hollywood. )

busca do príncipe encantado, a luta pela perda de calorias, para largar o cigarro etc.


Caixa-preta

por miguel oliveira (interino)

Quem é mocinho, quem é bandido?

Nos filmes mais antigos, mocinhos e bandidos eram facilmente identificados. Até pelo rosto, pela aparência, pelo jeito de vestir. Politicamente incorretos, cowboys e a cavalaria eram os bons, índios preocupados em preservar a natureza eram os maus. Nos filmes de guerra ninguém torcia pelos alemães ou pelos japoneses – a não ser bem intimamente, sem demonstração de simpatia pelo nazismo. Havia personagens dúbios, claro, mas a norma era que ou se estava de um lado ou de outro. Hoje a distinção entre os bons e os maus não é tão nítida, o que é bom. O maniqueísmo cinematográfico acabou. Há nuances, diferentes tons até do cinza, bons que não são tão bons assim, malvados com os quais simpatizamos. Há mais complexidade nos personagens. O julgamento depende do ponto de vista do espectador, de suas convicções, de sua visão de mundo. Vilões podem ser vistos com condescendência, bonzinhos podem ser muito chatos. O cinema, na verdade, reflete mais a realidade do mundo atual, em que velhos paradigmas são constantemente transformados e mesmo colocados de cabeça para baixo. E no qual os mocinhos (?) e os bandidos (?) se misturam na maior alegria.

Arena e MDB Na política, o bem e o mal também não são tão nítidos. A qualificação depende da perspectiva política que se tem. Só nos tempos da ditadura era relativamente fácil classificar os políticos de acordo com sua ideologia, com suas posições. Os que apoiavam e davam sustentação civil aos militares no poder se agrupavam na Arena – Aliança Renovadora Nacional –, que já foi chamada de o maior partido político do ocidente. Nela, ex-UDNs e ex-PSDs travavam suas batalhas municipais e estaduais. Os que se opunham à ditadura estavam no MDB – Movimento Democrático Brasileiro –, no qual havia um grupo moderado e outro radicalizado, autodenominado de

“autêntico”. No MDB conviviam liberais, trabalhistas, socialistas, comunistas. Fosse como em um filme antigo de mocinhos e bandidos, derrotada a ditadura os oposicionistas assumiriam o poder, pelo menos nos primeiros momentos do novo regime. Foi assim em outros países, como Argentina, Uruguai, Chile, Portugal, Espanha, Grécia. Mas não aqui. O primeiro presidente da República pós-ditadura, José Sarney, tinha sido presidente da Arena. Foi sucedido por outro ex-arenista, filho de senador da Arena, Fernando Collor. Só depois do impeachment é que vieram os presidentes que faziam oposição à ditadura: Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula e Dilma.

Tudo misturado Mas todos tiveram de fazer alianças com ex-adversários, para garantir maioria no Congresso e poder governar. Itamar ainda manteve uma relativa distância deles, daí em diante fez-se a confusão: o PSDB de Fernando Henrique aliou-se ao PFL, que virou DEM. No governo de Lula e de Dilma estiveram e estão figuras que foram importantes na época dos generais, dos almirantes e dos brigadeiros. Estão no próprio PMDB, no PR, no PP, no PRTB e por aí adiante. Por isso a aliança de poder vai da direita à esquerda, e a oposição tem o DEM e o Psol. Seria bom se, pelo menos, cada um pudesse identificar seus bandidos e mocinhos. A luta política seria mais clara.


Vida real

Fora dos Eixos

A periferia no centro Brasília foi retratada com curiosidade, encanto e desencanto por cineastas de todas as origens. A Brasília real, reflexo do perverso modelo socioeconômico brasileiro, agora mostra a cara pelas mãos de cineastas das satélites

Texto Sérgio Moriconi Foto Antonio Nepomuceno smoriconi@terra.com.br

Não é de hoje que a Brasília épica dos tempos pioneiros se desvaneceu das telas de cinema como a espuma do mar. Se for possível estabelecer um marco definidor para a mudança de percepção de nossa mítica capital modernista no imaginário local e nacional, escolheríamos sem dúvida o Golpe de 1964. Foi ali que a cidade utópica, imaginada por Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lucio Costa, registrada em película pelos cinegrafistas pioneiros e por inúmeros realizadores brasileiros e estrangeiros, deixou de ser o símbolo de redenção de um Brasil arcaico para se tornar a sede de uma ditadura militar, perpetuadora do atraso e das mais atrozes ignomínias. A degradação do simbolismo positivo de Brasília foi surgindo no cinema

da cidade aos poucos, à medida que a periferia da capital começou a ocupar um lugar de destaque em obras documentais e mesmo ficcionais. Nos anos 70, o fracasso do quimérico projeto urbano de Lucio Costa saltava aos olhos: o aumento das invasões e a favelização das inúmeras cidades-satélites eram como que a alegoria desse fracasso. A culpa, obviamente, não era do projeto urbanístico em si, mas do modelo social do País. Costuma-se identificar Vladimir Carvalho como o cineasta que ousou fazer explodir no cinema as mazelas sociais da capital. O curta Brasília segundo Feldman (1979) e o longa Conterrâneos velhos de guerra (1990) não nos deixam mentir. Antes, porém, o chamado “entorno” já estava no centro

do interesse de vários cineastas da cidade. Ainda que semiamadoristicamente, eu mesmo realizei em 1976, em super-8 (o digital da época), Ceilândia 76, curta-metragem sobre a vida dos recém-erradicados moradores da “Invasão do IAPI” para aquela cidade-satélite. Dois anos depois, faria outro curta, Carolino Leobas, documentário sobre um poeta de cordel que vivia naquela cidade. Em 1982, Armando Lacerda dirigiria Taguatinga em pé de guerra, drama sobre lavadeiras que se revoltam pela perda de uma bomba d’água na quadra em que moravam, em Taguatinga. O curta era uma adaptação da peça cômica Brasília, a capital da esperança, baseada em episódios reais. A ironia do título nos remete a todo um


41 Esses “monstros” seriam os esfomeados habitantes das cidades situadas em torno do Plano Piloto. Autor de Caveira my friend, clássico do cinema marginal, o cenógrafo, dramaturgo e ator baiano (amigo de Caetano Veloso) imaginou um macabro terror trash, em que os desempregados e esfomeados da periferia se tornam feras incapazes de se comunicar “e a simples visão de uma pele cor-de-rosa desperta neles uma agressividade incontrolável e feroz”. Estuda-se a possibilidade do uso da força, mas um cientista cria “um gás que tem por efeito tornar os gaseados amáveis e amantes do trabalho. A situação volta à normalidade e o produto maravilhoso é usado em âmbito nacional”. As citações acima estão em Brasil em tempo de cinema (Companhia das Letras), de Jean-Claude Bernardet. A fantasia lúgubre de Álvaro Guimarães, ao que parece, não deixa de fazer sentido nos dias de hoje. Apesar da volta da democracia, um simples olhar em volta nos mostra um contexto socioeconômico muito semelhante. Jovens cineastas da cidade não lhe são indiferentes, como bem demonstra a revisão de Brasília, contradições de uma cidade nova efetuada por Getsemane Silva e Santiago Dellape em Plano B. Neste novo milênio, a novidade é que realizadores criados nas cidades-satélites começam a assumir a perspectiva negativa do “mito fundador” de Brasília. Adirley Queirós é uma das vozes das satélites do cinema brasiliense. A voz da Ceilândia, mais especificamente. Filmes como Rap – o canto da Ceilândia, Dias de greve, A cidade é uma só são marcos do que o diretor chama de um “cinema de fora dos Eixos”. Adirley está finalizando o documentário de longa-metragem Branco sai, preto fica, também rodado na Ceilândia. O filme trata de amputados, vítimas da violência policial nos anos 80. Ao que parece, o gás paralisante imaginado por Álvaro Guimarães não amansou todas as “feras” da periferia, muito menos aniquilou sua capacidade de se indignar, denunciar, enfim, ) de se comunicar. )

cinema brasiliense contemporâneo, muito ciente das contradições da nova capital no seu primeiro meio século de existência. Curiosamente, essas contradições foram primeiro percebidas e levadas para o cinema por um cineasta “de fora”, já que aqui, na segunda metade dos anos 60, ainda não havia uma geração formada na cidade. O pioneiro curso de cinema da Universidade de Brasília, criado em 1965 por Paulo Emilio Salles Gomes, a convite de Pompeu de Sousa, havia sido abortado pelos militares e vivia um período de limbo, antes de ser retomado precariamente entre 1970 e 1972. Brasília, contradições de uma cidade nova (1967), de Joaquim Pedro de Andrade, era para ser originalmente um filme institucional, patrocinado pela multinacional italiana Olivetti. A empresa, no entanto, constrangida com a crueza das imagens das invasões (as nossas favelas), impediu que o filme fosse exibido. Narrado pelo poeta Ferreira Gullar, Contradições transforma-se, então, numa obra banida. Mas vejam que história curiosa: quarenta e cinco anos depois, os cineastas Getsemane Silva e Santiago Dellape homenageiam o filme de Joaquim Pedro, no ainda inédito Plano B, documentário de longa-metragem que analisa as contradições da cidade hoje (foto). Os diretores se valem da presença, como entrevistados, de Affonso Beato (fotógrafo), Joel Barcelos (diretor de produção) e Jean-Claude Bernardet (roteirista e um dos professores do curso de cinema pioneiro da UnB) – todos remanescentes da equipe de Joaquim Pedro nas funções indicadas entre parênteses –, para fazer uma reflexão sobre os rumos e as distorções de Brasília, neste novo século, à luz de muitas das questões levantadas na obra que lhes serve de base. Mais ou menos na mesma época em que Contradições foi produzido, a imprensa noticiou a intenção do cineasta Álvaro Guimarães de utilizar Brasília como cenário de uma fantasmagórica ficção, em que a nossa capital estaria sitiada por um anel de monstros.


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45° Festival de Brasília do cinema brasileiro

De 17 a 24 de setembro, no teatro nacional claudio santoro. A programação é gratuita, exceto nas sessões da mostra competitiva na sala villa-lobos (R$ 6 a inteira). as sessões estão sujeitas a lotação. verifique a classificação em www.festbrasilia.com.br. Abertura Sala Villa-Lobos 17 de setembro, às 20h30 Na abertura solene, só para convidados, haverá apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. Será exibido o longa-metragem A última estação, de Márcio Curi. No elenco, o libanês Mounir Maasri, a atriz/poeta Elisa Lucinda e atores de Brasília como Klarah Lobato, João Antonio, Chico Sant’Anna, Sérgio Fidalgo, Adriano Siri e Narciza Leão, além de convidados: Edgard Navarro, Iberê Calvancanti, José Charbel. O filme é uma narrativa poética e bem-humorada da trajetória de um imigrante libanês. Em 1950, o adolescente Tarik (Massri) migra para o Brasil. No navio, conhece cinco rapazes, que se tornam seus companheiros de viagem. Cinquenta anos depois, viúvo e com uma filha para criar, entra em crise profunda e resolve viajar o Brasil atrás dos seus companheiros. No dia seguinte à exibição dos filmes da Mostra Competitiva, haverá debate com as equipes. Serão no Salão Caxambu do Kubitschek Plaza Hotel. Os debates dos documentários serão às 10h30. Os dos filmes de animação e ficção serão às 11h30. O debate do filme apresentado na abertura do festival será na manhã seguinte ao evento, às 10h30.

Mostra Competitiva Sala Villa-Lobos (Teatro Nacional), Teatro Newton Rossi (Sesc Ceilândia), Teatro de Sobradinho, Teatro Paulo Autran Sesc (Taguatinga) e Teatro do Sesc (Gama). No dia seguinte à exibição, os filmes serão reprisados no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil, às 16h, 19h e 21h.

18 de setembro, às 21h Linear, curta animação de Amir Admoni, 6min, SP A linha é um ponto que saiu caminhando.

18 de setembro, às 19h

Canção para minha irmã, curta ficção de Pedro Severien, 18min, PE Um rio sobre a ponte. Memórias na casa sem teto. Irmã triste. Uma canção.

Câmara escura, curta documentário de Marcelo Pedroso, 25min, PE As imagens dos objetos iluminados penetram um compartimento escuro através de um orifício, sendo impressas em um papel branco a certa distância desse pequeno furo. Desse modo, é possível ver no papel os objetos invertidos com as suas formas e cores próprias.

Eles voltam, Longa ficção de Marcelo Lordello, 100min, PE Cris, uma garota de 12 anos, e seu irmão mais velho são deixados na beira da estrada pelos pais. O castigo, devido às constantes brigas durante a viagem à praia, torna-se desafio: os pais não retornam. Cris terá, então, que trilhar seu caminho de volta, deparando-se com realidades distantes e

Um filme para Dirceu, longa documentário de Ana Johann, 80min, PR Recebo uma ligação. A pessoa quer fazer um filme sobre sua vida porque tem semelhanças com 2 filhos de Francisco, com a diferença de não ser o Zezé nem o Luciano, mas o Dirceu. Aos 17 anos, ficou paraplégico. Voltou a andar e, um ano depois. É gaiteiro e sonha viver da música. A proposta é acompanhar o Dirceu por três anos e incorporar o próprio processo do filme ao documentário.

Cinema Voador De 19 a 23 de setembro, haverá exibição de filmes nacionais na Praça da QE 7 do Guará 1, sempre às 19h.

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Seminário Memórias Afetivas: 50 Anos de Cinema na UnB Kubitschek Plaza Hotel – Salão Tiradentes 18 de setembro A Universidade de Brasília, com o segundo curso de cinema mais antigo do País, tem papel importante na produção audiovisual da cidade e na realização do mais tradicional festival dedicado ao cinema brasileiro – nascido no palco do auditório Dois Candangos da UnB, na primeira semana do cinema brasileiro. A proposta do seminário é refletir sobre a formação de realizadores, profissionais e pesquisadores do audiovisual, entrecruzando-a com a modernidade de Brasília e a emergência de um cinema novo e nacional que inaugura um olhar singular sobre o interior e a diversidade brasileira.

9h

E como tudo começou – Meio século de cinema na UnB A mesa reúne professores e alunos que, ao longo dos anos 1960 e 70 fundaram, refundaram e mantiveram o curso de cinema da UnB – legendária e utópica referência para o ensino do audiovisual, marco da resistência democrática, território da livre expressão e da arte. Trechos de filmes serão exibidos no início do encontro. Participantes: Vladimir Carvalho, Fernando Duarte, Marcos Mendes, Geraldo Moraes, Pedro Jorge de Castro e Tizuka Yamazaqui.

14h

Como tudo continuou – Dos anos 80 aos dias de hoje A mesa reúne a experiência do curso de cinema,

distintas da sua. Uma fábula de tons, personagens e situações realistas que auxiliarão Cris a revisitar sua vida quando, finalmente, voltar.

19 de setembro, às 19h desde a perspectiva de diferentes gerações de ex-alunos até as memórias e vivências afetivas das diferentes fases do curso, dos momentos, fatos, episódios que, durante os anos 70 e 80, conferiram identidade ao cinema da capital. Trechos de filmes serão exibidos no início do encontro. Participantes: Sérgio Moriconi, Pedro Anísio, João Lanari, Armando Lacerda, Maria do Rosário, Mallú Moraes e João Facó.

16h30

A Universidade nas telas da cidade – Nossos alunos, professores e realizadores A mesa reúne a atual geração de professores e ex-alunos, hoje pesquisadores, profissionais e realizadores de projeção nacional, para troca de experiências e perspectivas para o cinema na UnB. Trechos de filmes desses realizadores e trabalhos interativos de professores e alunos serão mostrados no início do encontro. Professores convidados: Armando Bulcão, Dácia Ibiapina, David Pennington, Denise Moraes, Erica Bauer, Mauro Giuntini, Tânia Montoro, Gustavo Castro, Susana Dobal Jordan. Ex-alunos convidados: André Carvalheira, André Luís da Cunha, Adirley Queirós, Argemiro Neto, Cássio Pereira dos Santos, Daniela Proença, Dirceu Lustosa, Dizo Dal Moro, Érico Cazarre, Felipe Gontijo, José Eduardo Belmonte, Marcelo Díaz, Nôga Ribeiro, Santiago Dellape, Marcela Tamm e Adriana Vasconcelos.

A cidade, curta documentário de Liliana Sulzbach, 15min, RS Distante de centros urbanos, Itapuã (RS) é uma comunidade com hábitos bem característicos. A localidade, que já abrigou 1.454 pessoas em 70 anos de existência, tem só 35 moradores, todos acima de 60 anos. Ninguém gosta de lembrar o que o lugar foi no passado, mesmo que para muitos a lembrança se inscreva no próprio corpo. Kátia, Longa documentário de Karla Holanda, 74min, PI Kátia Tapety é a primeira travesti eleita a um cargo político no Brasil. Foi vereadora três vezes e viceprefeita. O filme é resultado de 20 dias de convívio com ela no seu pequeno município, no sertão do Piauí.

19 de setembro, às 21h Mais valia, curta animação de Marco Túlio Ramos Vieira, 4min22, MG Um macaco se sente aprisionado no seu trabalho, pois não é feliz dentro de um escritório fazendo o serviço que faz. Decide largar tudo e se dedicar àquilo de que gosta de verdade: a música. Vereda, curta ficção de Diego Florentino, 20min, PR O pescador paira sobre a correnteza e sobrevive das sobras do amor gasto. Toma para si a beleza que o mar revolto lhe deu em troca de sua vida.


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do cinema brasileiro

A memória que me contam, longa ficção de Lucia Murat, 95min, RJ Drama irônico sobre utopias derrotadas, terrorismo, comportamento sexual e a construção de um mito. Um grupo de amigos que resistiu à ditadura militar, acompanhado dos filhos, vai enfrentar o conflito entre o cotidiano de hoje e o do passado quando um deles está morrendo.

20 de setembro, às 19h A guerra dos gibis, curta documentário de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins, 19min30, SP Nos anos 60, surge uma criativa produção de quadrinhos eróticos no Brasil. A censura, porém, conspirava para o seu fim. Satã, Chico de Ogum, Beto Sonhador, Maria Erótica e outros personagens se unem aos quadrinistas contra a ditadura neste documentário em que a pior ficção é a realidade. Otto, longa documentário de Cao Guimarães, 70min, MG O filme acompanha o processo de gravidez da esposa do diretor e o nascimento de seu filho. Instintivo e visceral como um gesto. Intimista e confidente como um diário filmado. Uma celebração à vida, um filme de amor.

20 de setembro, às 21h O Gigante, curta animação de Luís da Matta Almeida, 10min35, SC De um mundo escuro, ele sai à procura de um mundo de luz e cor, percorrendo um caminho árduo e perigoso. Ao atingir esse sonho, percebe-o volatilizar-se e se reduzir novamente a solidão e silêncio, talvez por sua precipitação. Retornando a seu mundo real, volta a tentar, pois precisa de respostas e de que a esperança permaneça viva.

A Mão que afaga, curta ficção de Gabriela Amaral Almeida, 19min, SP No aniversário de 9 anos do único filho, Lucas, a operadora de telemarketing Estela planeja uma festa que tem poucas chances de dar certo. Boa sorte, meu amor, longa ficção de Daniel Aragão, 95min, PE Dirceu tem origens que remontam à aristocracia latifundiária do sertão pernambucano. Vive no Recife, cuja paisagem sofre um descontrolado processo de transformação, em parte graças ao seu trabalho em uma empresa de demolição. Maria compartilha as origens, embora use a cidade para outro propósito. É uma estudante de música com alma de artista. Se Dirceu aspira a um mundo estável e presente, Maria vive em discordância com o presente. A presença de Maria, quase uma aparição, desencadeia em Dirceu a urgência por mudanças. Em uma rota de fuga e peregrinação pelo deserto, um encontro singular está marcado.

Seminário Tendências do cinema contemporâneo: gêneros cinematográficos e suas interfaces Kubitschek Plaza Hotel – Salão Caxambu 19 de setembro, às 14h30 Com o avanço da indústria cinematográfica, criouse distinção entre cinema de indústria e cinema de autor. Na produção contemporânea, tais fronteiras vêm sendo borradas e questionadas. Com Ataídes Braga, Eduardo Santos Mendes, Guile Martins, Adirley Queirós e Erika Bauer (mediadora).

ambiente familiar, transformando-se em um potente ensaio sobre afeto e trabalho.

21 de setembro, às 21h 21 de setembro, às 19h Empurrando o dia, curta documentário de Felipe Chimicatti, Pedro Carvalho e Rafael Bottaro, 25min, MG “Empurrar o dia” é uma expressão utilizada no interior de Minas Gerais. Nos últimos dias do ano, o filme constrói um olhar sobre o cotidiano de pequenos municípios. A fé, a religião, o trabalho, a política e a comunicação de massa se diluem na rotina, evidenciando uma forma específica de relação com o passar das horas. Doméstica, longa documentário de Gabriel Mascaro, 75min, PE Sete adolescentes registram, por uma semana, a sua empregada doméstica e entregam o material bruto ao diretor. O filme lança um olhar contemporâneo sobre o trabalho doméstico no

Valquíria, curta animação de Luiz Henrique Marques, 8min32, MG Baseado na ópera O anel dos Nibelungos, narra um conflito no qual o filho se volta contra o pai e por isso deve ser punido. O amor da irmã poderá ser o elo de reconciliação entre eles. Eu nunca deveria ter voltado, curta ficção de Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão, 15min, RJ A foto do jantar com seus pais e irmãos liga Dirceu ao amor e à morte. Era uma vez eu, Verônica, longa ficção de Marcelo Gomes, 90min, PE As reflexões de uma recém-formada em medicina, que questiona suas escolhas profissionais e relações mais íntimas, e até mesmo sua capacidade de lidar com a vida no Brasil urbano contemporâneo.

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22 de setembro, às 21h Encontro de Cineclubes e Cineclubistas do DF e Entorno Sala Alberto Nepomuceno 22 de setembro, das 14h às 18h A Campanha dos Direitos do Público, autossustentabilidade e ações colaborativas em rede, circuito alternativo de exibição e cineclubismo e educação estão entre os temas a ser discutidos.

22 de setembro, às 19h A ditadura da especulação, curta documentário de Zé Furtado, 10min20, DF Uma nova ditadura se instala Brasil afora: grandes empreendimentos que passam literalmente o trator por cima de culturas, saberes, vidas. No DF, a especulação imobiliária acelera a destruição. Este filme – continuação de Sagrada Terra Especulada: a luta contra o Setor Noroeste, premiado no 44º Festival de Brasília – mostra que ainda há resistência indígena e de seus apoiadores. Olho nu, longa documentário de Joel Pizzini, 101min, RJ A vida-obra de Ney Matogrosso a partir de imagens e sons que o artista reuniu em casa, além dos existentes em arquivos públicos, em contraponto à performance de seu show Inclassificáveis. É um espetáculo-síntese de seu percurso musical, com cenas e situações de Ney tanto nos palcos quanto na vida cotidiana. Evitando o tom nostálgico e reverente, busca a dimensão humana e sensível do personagem. Desnuda o homem por trás da fama, sondando as motivações de sua arte, o senso crítico, o caráter libertário e o ideário político que permeia seu repertório.

Phantasma, curta animação de Alessandro Corrêa, 10min20, SP Uma jovem cantora de ópera busca o estrelato com a ajuda de um misterioso personagem. Não imagina os horrores que a aguardam no caminho da fama. Vestido de Laerte, curta ficção de Claudia Priscilla e Pedro Marques, 13min, SP Laerte percorre um longo caminho pela cidade de São Paulo em busca de um certificado. Noites de Reis, longa ficção de Vinicius Reis, 93min, RJ Anos após uma tragédia, Dora e sua filha Júlia retomam o cotidiano. É dezembro. Os palhaços e músicos da Folia de Reis dançam pelas ruas de uma pequena cidade do litoral do Rio de Janeiro. Para Dora, ir à praia é reencontrar seu filho Lucas, cujas cinzas repousam no mar. Uma visita inesperada abalará essa rotina. É Jorge, o marido de Dora, que partiu no dia seguinte ao incêndio que matou Lucas. Sua chegada traz de volta a dor da perda do filho, da falta do irmão. Dessa crise se abre a possibilidade de superação.

23 de setembro, às 19h A onda traz, o vento leva, curta documentário de Gabriel Mascaro, 24min47, PE Rodrigo é surdo e trabalha instalando som em carros. O filme é uma jornada sensorial sobre um cotidiano marcado por ruídos, vibrações, incomunicabilidade, ambiguidade e dúvidas. Elena, longa documentário de Petra Costa, 82min, SP/MG Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância na clandestinidade dos anos de ditadura militar. Deixa

Petra, a irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e vai em busca de Elena. Tem pistas. Filmes caseiros, recortes de jornal, um diário. Cartas. Espera encontrá-la pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre seus caminhos. E a descobre em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. A mãe pressente. Petra decifra. Agora que encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.

Fórum de Defesa e Promoção do Cinema Infantil Brasileiro 18 de setembro, às 14h Kubitschek Plaza Hotel – Salão Caxambu 19 de setembro, às 10h Kubitschek Plaza Hotel – Salão Tiradentes Em debate na última edição do festival, o desenhista, escritor, chargista e dramaturgo Ziraldo disse que o cinema infantil no Brasil não reflete a força da literatura infantil. Justamente para promover a aproximação entre as duas artes foi criado o Fórum de Defesa e Promoção do Cinema Infantil Brasileiro. O encontro vai reunir o próprio Ziraldo, Carla Camurati (diretora do Festival Internacional de Cinema Infantil), a consultora de projetos culturais Carla Esmeralda, o produtor cultural Nilson Rodrigues, o cineasta Pedro Rovai, o produtor cinematográfico Diler Trindade, o comediante Renato Aragão, Luiza Lins (diretora geral da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis) e a curadora Luciana Druzina (especialista em cinema de animação). A produtora e curadora Anna Karina de Carvalho será a moderadora.


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23 de setembro, às 21h Destimação, curta animação de Ricardo de Podestá, 13min, GO Um papagaio, seduzido pelas imagens de uma caixa de luz, atrapalha a convivência mórbida do recinto. Menino peixe, curta ficção de Eva Randolph, 17min, RJ No começo, todo bicho é peixe. E depois, algum vira gente. Ou sonho. Esse amor que nos consome, longa ficção de Allan Ribeiro, 80min, RJ Gatto Larsen e Rubens Barbot são companheiros de vida há mais de 40 anos e acabaram de se instalar em um casarão no centro do Rio. Ali, passam a viver e ensaiar com sua companhia de dança. A luta do dia a dia se mistura com a arte e a crença em orixás. Pela dança, se espalham pela cidade, marcando seus territórios.

Mostra Brasília Sala Martins Penna

22 de setembro, às 14h Um copo d’água, curta ficção de Maurício Chades, 11min Túlio deixa Patrícia, que traz a dor para o corpo. Bibinha, a luta continua!, curta ficção de Adriana de Andrade, 19min Com muita alegria e humor, narra 24 horas na vida de Bibinha. Produtor de cinema, soropositivo há 20 anos, continua na luta pela vida e pela arte. Baseado em história real. Um filme de amor à vida! Na cozinha, curta ficção de André Luis da Cunha, 7min Gente sente, ama, odeia, depende, despreza e sente... falta.

Sob o signo da Poesia, longa documentário de Neto Borges, 70min Se cidades tivessem signos, o de Brasília seria a Poesia, seu ascendente seria a diversidade e sua lua seria povoada por poetas. O filme traz versos declamados em feixes de luz dando forma à história lírica da cidade desde que essas terras eram habitadas por indígenas. Rima música à chuva e à seca do cerrado, e as cores do céu tiram os sentidos para dançar. Artistas falam de movimentos pela ocupação dos espaços públicos, como o Concerto Cabeças. E cinquenta anos depois, ainda é proibido pisar na grama?

22 de setembro, às 16h Cidadão de limpeza urbana, curta documentário de Lucas Madureira e Thandara Yung, 18min59 Assim que resíduos vão para o lixo paramos de pensar neles. É matéria desprezível. As pessoas que levam esse lixo, embora recebam, muitas vezes, o mesmo tratamento que o material descartado, são ignoradas. O uniforme alaranjado as transforma em máquinas limpadoras, em serviços prestados. Histórias contadas por cidadãos e não vassouras ou pás. Trabalhadores que se tornam invisíveis por lidar diariamente com má educação, o lixo nas ruas. Kinólatras, curta ficção de Tiago Belotti, Rodrigo Luiz Martins e Gustavo Serrate, 14min Kinólatras Anônimos – Livre-se do vício de fazer cinema sem dinheiro, seguindo os oito passos. Vida Kalunga, curta documentário de Betânia Victor Veiga, 18min Em busca da liberdade, escravos se refugiaram no interior goiano. Os remanescentes viveram décadas isolados e só foram registrados como cidadãos nos anos 80. Hoje, representam o maior território

Lançamentos de livros e dvds Kubitschek Plaza Hotel – Bamboo Bar 22 de setembro, às 16h Livro Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, organizado por Maria do Rosário Caetano Livro Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, memória crítica, organizado por José Carlos Avellar e Hernani Reffner Livro DOCTV – Operação de rede, organizado por Maria do Rosário Caetano e editado pelo Instituto Cinema em Transe Livro Alma, de Antônio Carlos da Fontoura DVD Paralelo 10, de Silvio Da-Rin DVD Curtas de Helvécio Martins, coletânea da Lume Filmes

quilombola do Brasil, a 300 quilômetros da capital. O documentário registra um pouco dessa cultura que mostra profunda relação do homem com a terra. Meu amigo Nietzsche, curta ficção de Fáuston da Silva, 15min Alemanha, século 19 – “... um fantasma ronda a Europa!...” Brasil, século 21 – “... um fantasma ronda a América?...” Nietzsche: filósofo alemão do século 19. Sua obra faz apologia ao super-homem e à vontade de poder. Declarou: “... meu nome estará unido a algo gigantesco... uma crise como jamais houve na Terra... Eu não sou um homem, eu sou uma dinamite”. Lucas: estudante brasileiro do século 21. É dotado de fantástica capacidade de liderança, que faz com que suas ideias se reflitam em todo seu contexto social. Porém, está prestes a repetir o ano na escola em razão do analfabetismo funcional. O improvável encontro entre Lucas e Nietzsche será o começo de uma violenta revolução na mente de um garoto, em uma família e em uma sociedade.

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Festivalzinho Só para as crianças. São duas programações: Programa 1 O filho do vizinho, de Alex Vidigal, 7min20, DF, 2011 Uma estrela no quintal, de Danielle Divardin, 6min50, SP, 2010 Os caçadores de saci, de Sofia Federico, 13min, BA, 2005 Feira da fantasia, de Talvanes Moura, 10min25, CE, 2010 Cores e botas, de Juliana Vicente, 15min, SP, 2010 Josué e o pé de macaxeira, de Diogo Viegas, 12min, RJ, 2009 Programa 2 Traz outro amigo também, de Frederico Cabral, 14min45, RS, 2011 Menina da chuva, de Rosaria, 6min45, RJ, 2010 O mistério do boi de mamão, de Luiza Lins, 13min, SC, 2005 O nordestino e o toque de sua lamparina, de Ítalo Maia, 8min, CE, 1988 Campeonato de pescaria, de Luiza Lins e Marco Martins, 14min, SC, 2009 De 18 a 21 de setembro, às 10h Plano Piloto: Sala Martins Penna • Candangolândia: Salão Comunitário • Ceilândia: Escolas Classes 2, 11, 16, 17, 20, 22, 28, 40, 52, 55, 65, 66 e P Norte, CEF 28 e CAIC BS • Cruzeiro: Centro Cultural Rubem Valentim • Guará: Gerência de Cultura/CRE • Gama: Teatro Sesc Gama • Núcleo Bandeirante: Auditório da Igreja Padre Roque • Park Way: Escola de Vargem Bonita, Escola Ipê Coqueiros e Espaço Criativo • Riacho Fundo II: Gerência de Cultura/CRE • Samambaia: Gerência de Cultura/CRE • Sobradinho: Teatro de Sobradinho • Taguatinga: Teatro Sesc Paulo Autran 22 e 23 de setembro, às 10h e às 14h Centro Cultural Banco do Brasil

A jangada de raiz, curta documentário de Edson Fogaça, 25min Edilson Miguel da Silva, pescador marítimo artesanal do Ceará, reflete sobre sua opção profissional e sobre um modelo de jangada, feita com raízes. Por mais de 35 anos, construiu e utilizou esse tipo de embarcação, enquanto seus colegas migraram para outro modelo, a canoa. Aposentado, é o único em sua região que ainda detém a técnica e decide construir a derradeira. O corpo da carne, curta ficção de Maria Mendonça, 18min40 Ivan é um açougueiro que, após presenciar um acidente com um operário, começa a se sentir angustiado em seu trabalho. Uma nova consciência será formada.

23 de setembro, às 14h Hex Omega, curta ficção de Diogo Serafim, 8min A busca pela identidade própria de um jovem, interagindo com as influências impressas sobre ele. Colher de chá, curta ficção de J. Procópio, 25min Érico é residente em um hospital público. Sua rotina é como a de tantos que cuidam da saúde dos outros. Érico não está bem. Parece que existo, longa documentário de Mário Salimon, 73min Um filme sobre a arte de João Macdowell e sua geração, que, inconformada em ser simples consumidora, produziu sua própria cultura.

23 de setembro, às 16h Sagrado coração, curta ficção de Cauê Brandão, 24min Após sair da prisão, Paulo tenta se reaproximar da família, mas logo percebe que não será tão simples deixar o

Debate sobre séries de TV Kubitschek Plaza Hotel – Salão Caxambu 23 de setembro, às 14h Desde a virada do milênio as séries de TV chamam a atenção para uma nova forma de interação entre o público e a linguagem audiovisual. Trazem algumas das principais inovações narrativas na dramaturgia. Assim, acabaram por suscitar migrações de roteiristas, diretores e atores do cinema para a TV, ou de novos talentos que surgem nas séries para depois irem para o cinema. Na mesa, o escritor Marçal Aquino, o roteirista Newton Cannito, o assessor da Ancine Rodrigo Camargo e o curador e crítico Pablo Gonçalo, organizador do evento.

passado para trás. A caroneira, curta ficção de Otavio Chamorro e Tiago Vaz, 19min Uma mulher misteriosa em busca de vingança. Para enfrentar sua arquirrival, Eleolaine vai enveredar pelo crime e a paixão para fazer justiça. Véi, curta ficção de Érico Cazarré e Juliano Cazarré, 25min Retrata a juventude brasiliense por meio da história de Thiago, Derrota e Paulo. São três amigos que passam o dia fazendo o que fazem de melhor: nada! Zé do Pedal, acima da terra e abaixo do céu, curta documentário de Márcio Garapa e Viça Saraiva, 24min50 Um menino sofreu um acidente de carro e entrou em coma. Nesses três dias, Deus falou com ele. O menino despertou e disse à mãe que tinha uma missão. José de Oliveira Souza Junior conheceu o mundo em cima de uma bicicleta e tornou-se o Zé do Pedal.


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do cinema brasileiro

Hereditário,curta ficção de Sérgio Lacerda e Johil Carvalho, 20min Um pai, três irmãos, um destino.

Mostra Brasília 5.2 – Cinema e Memória Sala Alberto Nepomuceno

18 de setembro, às 17h A saga das candangas invisíveis, curta documentário de Denise Caputo, 15min, DF, 2008 Um segmento à margem da história oficial: as prostitutas que chegaram a Brasília no fim dos anos 50, guiadas pelo sonho de um Brasil novo. Expectativas, dificuldades, frustrações e a vida cotidiana das primeiras meretrizes da capital. Brasília segundo Feldman, curta documentário de Eugene Feldman e Vladimir Carvalho, 20min, DF, 1979 Em 1957, em visita turística, o designer norteamericano Eugene Feldman filmou a construção e o cotidiano dos candangos. Décadas mais tarde, o material foi entregue a Vladimir Carvalho, que o utilizou em uma denúncia dos maus-tratos sofridos pelos operários, da repressão e das mortes nos canteiros de obras e acampamentos. JK: o menino que sonhou um país, documentário de Silvio Tendler, 52min, RJ, 2002 JK realizou projetos até então nunca sonhados e deixou a marca da alegria e da confiança em todos nós. Uma carta em nome do povo brasileiro, endereçada ao presidente, conta o que ficou de seu sonho, 26 anos depois de sua partida.

19 de setembro, às 16h Poeira & batom, documentário de Tânia

Fontenele, 58min, DF, 2010 A saga da construção contada por 50 mulheres, de diferentes profissões e classes sociais, que chegaram entre 1956 e 1960. Para elas, construir Brasília simbolizava a inovação na educação, nas relações sociais, na arquitetura, nas artes. Relatos de demarcações das terras, acampamentos de madeira, desafios e agruras na antiga Cidade Livre. JK – um cometa no céu do Brasil, documentário de Maria Maia, 80min, DF, 2001 História de JK, da infância até a morte, aos 73 anos, em acidente de carro. Milton Nascimento, Celso Furtado, Oscar Niemeyer, Maristela Kubitschek, Carlos Heitor Cony, Ronaldo Costa Couto, Vera Brant, Ernesto Silva, Affonso Heliodoro, Serafim Mello Jardim e os senadores Pedro Simon e José Sarney, entre outros, falam da convivência com JK, revelando o perfil do homem e do político.

21 de setembro, às 16h Cinejornal Brasília número 4 (Libertas Filmes/Novacap) Documentário, 35mm, 9min17, 1957 Filmado por José Silva, retrata a visita do prefeito de Nova York, Robert Wagner. Recebido por Israel Pinheiro, Bernardo Sayão e outras autoridades, visita a Cidade Livre, o Catetinho e obras. O vídeo se encerra com solenidade do Dia da Bandeira. Cinejornal Brasília número 10 (Libertas Filmes/ Novacap) Documentário, 35mm, 8min45, 1958 A inauguração de diversas obras, entre elas a Igrejinha, a Estrada Brasília-Anápolis, o Palácio da Alvorada e o Brasília Palace Hotel. Destaca-se a entrega de credenciais do embaixador de Portugal, Manoel Rocheta, a Juscelino Kubitschek, ato que assinala o início das atividades presidenciais no novo palácio.

21 de setembro, às 17h Debate: Brasília 52 anos de memória audiovisual, com Tânia Fontenelle, Walter Mello e Gustavo Chauvet. ------------------------------21 de setembro, às 18h Lançamento do catálogo Brasília 5.2 – Cinema e Memória, de Berê Bahia.

Cinejornal Brasília número 16 (Libertas Filmes/ Novacap) Documentário, 35mm, 9min45, 1959 As comemorações do primeiro 1º de Maio em Brasília. Caminhões e operários passam pelo Eixo Monumental em direção à Praça dos Três Poderes a fim de acompanhar a cerimônia. O discurso de Juscelino no evento é apresentado integralmente, acompanhado por imagens aéreas da construção. Cinejornal profecia Dom Bosco (Agência Nacional) Documentário, 8min58, 1957/1958 Filmado por Romeu Paschoaline, com texto de Maurício Vaitsman e narração de Alberto Curi, um panorama da construção, evidenciando as primeiras obras ao mesmo tempo em que se associa o imaginário mítico de Dom Bosco às maquetes das futuras edificações. O destaque ao estado das obras e ao cotidiano dos primeiros moradores demonstra a facticidade do empreendimento de construção da nova capital.

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As primeiras imagens de Brasília (JeanManzon Films/Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A.) Documentário, 35mm, 10min26, 1957 Encomendado por JK como resposta aos críticos da construção da nova capital, é narrado por Luiz Jatobá, então locutor do Canal 100 e da Voz do Brasil. “Este documentário tem a única finalidade de historiar em imagens os primeiros meses de vida de Brasília.” A frase de abertura e o título indicam o teor dos cinejornais e filmes institucionais do período, evidenciando sua relevância como aparato governamental.

Mostra Panorama Brasil Sala Villa-Lobos

20 de setembro, às 16h Entorno da beleza, documentário de Dácia Ibiapina, 71min, DF, 2012 Temporada de concursos de miss em Brasília e cidades-satélites do Distrito Federal. Contradições afloram em ensaios, camarins e passarelas.

21 de setembro, às 16h Carta para o futuro, documentário de Renato Martins, 88min, RJ, 2011 Quatro gerações de uma família cubana, ao longo de sete anos. Arquivos em super-8, dos anos 60, misturados a imagens atuais. Os personagens falam sobre o país, suas rotinas, conquistas e questionam o futuro. Um filme sobre família, amor e revolução.

22 de setembro, às 16h O som ao redor, ficção de Kleber Mendonça Filho, 126min, PE, 2011 A vida em uma rua de classe média do Recife

Quer fazer filmes também? As oficinas que ocorrerão durante o festival (inscrições até 10 de setembro) Desenho de som, com Eduardo Santos Mendes 18 a 22 de setembro, das 14h às 18h Faculdade de Comunicação da UnB, ICC Norte, Campus Darcy Ribeiro O desenvolvimento histórico da relação audiovisual, em especial no cinema narrativo clássico, enfocando o uso do som no cinema silencioso. As primeiras experiências sonoras de diretores consagrados no cinema silencioso, como Alfred Hitchcock, Fritz Lang e René Clair, a padronização do modelo monofônico, o surgimento da estereofonia, além da padronização do modelo monofônico analógico e a padronização do modelo estereofônico digital, serão abordados. Com um exemplo de edição de som de um longa-metragem em 5.1. Edição de som, com Guile Martins 18 a 22 de setembro, das 14h às 18h Faculdade de Comunicação da UnB, ICC Norte, Campus Darcy Ribeiro A primeira intenção é sensibilizar os alunos para a audição e a compreensão da paisagem sonora. A descrição de um lugar, rodoviária ou montanha, a partir do que ali se escuta; as manifestações sonoras de um lugar e como estas marcam as horas do dia e a passagem do tempo; a importância do registro dos sons ameaçados de desaparecer, como o sussurro de uma cachoeira ou o assobio do amolador de facas pela rua. A ideia é apresentar o som no cinema como desdobramento da nossa maneira de ouvir o mundo e de se situar nele, para, a partir daí, usálo como ferramenta narrativa e criativa.

Atuando para a câmera, com Mounir Maasri 19 a 21 de setembro, às 14h Kubitschek Plaza Hotel – Salão Tiradentes Destinada a atores com experiência. Aborda o estudo do entendimento e da composição de personagens, técnicas de atuação e atuação para câmera. O ator e o aluno terão oportunidade de enfrentar a câmera. Todas as cenas serão filmadas, discutidas, avaliadas. Interpretação para cinema – o ator e a arte, com Mallú Moraes 19 a 22 de setembro, das 9h às 16h Teatro Sesc Paulo Autran (Taguatinga Norte) Propõe-se a transmitir conhecimentos de interpretação para cinema e TV por meio de aulas teóricas, práticas e exercícios de habilidade para interpretar para TV e cinema. A oficina é acompanhada de ensaios, preparação de cenas e textos e gravações em vídeo. Crítica de cinema e análise fílmica, com Ciro Marcondes 22 de setembro, das 14h às 18h30 Teatro Sesc Paulo Autran (Taguatinga Norte) A ideia é munir professores com noções básicas de análise de filmes e de crítica de cinema para utilização em sala de aula com o objetivo é formar plateias e aguçar o olhar crítico de alunos e professores.


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do cinema brasileiro

assume rumo inesperado após a chegada de uma milícia e a pretensa paz de espírito oferecida pela segurança particular. Em uma comunidade cheia de temores e tensões, a presença desses homens traz tranquilidade apenas para alguns. Enquanto isso, Bia, casada e mãe de duas crianças, precisa encontrar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão do vizinho. É uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e ruído.

A vida e a obra do fotógrafo e cineasta, brasileiro por opção, realizador de vasta documentação etnográfica no Serviço de Proteção aos Índios e no Museu do Índio. Professor de cinema e fotografia da UnB de 1965 a 1978. O filme é constituído por documentários de arquivo, fotografias, filmes do autor e depoimentos de contemporâneos como João Domingos Lamônica, Darcy Ribeiro, Orlando Villas Bôas, Takumã Kamayurá, Luis Humberto, Vladimir Carvalho e Rosa de Arruda Förthmann.

23 de setembro, às 16h

Universidade de Brasília: primeira experiência em pré-moldado, curta documentário em 16mm de Heinz Forthmann, 19min, 1962-1970 Apectos da construção do Instituto Central de Ciências e dos prédios em pré-moldado da UnB, concebidos pelo arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, Lelé.

Cine Holliúdy, ficção de Halder Gomes, 91min, CE, 2012 A chegada da TV ao interior do Ceará, na década de 1970, colocou em xeque as salas de cinema das pequenas cidades. Mas um herói chamado Francisgleydisson resolveu lutar para manter viva sua paixão pela sétima arte, com criatividade e o bom humor cearense.

A UnB e o Cinema Sala Alberto Nepomuceno

20 de setembro, das 15h às 19h Os índios urubus – um dia na vida de uma tribo da floresta tropical, média documentário em 35mm de Heinz Forthmann, 36min, 1949-1950 As atividades de subsistência de uma família Kaapor, da Aldeia do capitão Piarrú, à margem esquerda do Rio Gurupi, Maranhão. A colheita e o preparo da mandioca, a fabricação detalhada de flechas e o cotidiano de Xiyra, Kosó e do filho Beren constituem a estrutura desse raro filme etnográfico. Heinz Forthmann, documentário em 16mm de Marcos de Souza Mendes, 55min, 1985-1990

Rito Krahô, documentário em 16mm de Heinz Forthmann, 29min, 1971-1993 O premiado documentário é sobre o Rito da Tora da Batata-Doce, Yótyõpi, dos índios Krahô, da Aldeia de Pedra Branca, município de Piacá, Tocantins. Esse ritual de colheita apresenta o corte dos troncos destinados à corrida de toras, o preparo de grandes bolos de mandioca e de carne, a corrida de toras disputada pelas duas partes da aldeia – Khoikatayê e Harakateyê – e a grande procissão final. O vidreiro, documentário em 16mm de Marcos de Souza Mendes, 30min, 19921997 Documentário sobre o mestre vidreiro Joaquim Ferreira Lima, antigo funcionário da UnB e responsável técnico, por quase 30 anos, pela Oficina de Vidraria Científica do Instituto de Química. Sua arte e técnica foram registradas durante a construção de três vidros destinados a pesquisa e a experimentos científicos – os dois primeiros, um balão e um vidro de encaixe, feitos a mão com

fogo de maçarico e sopro; o terceiro, composto em torno industrial, também com sopro e maçarico.

Premiação Sala Villa-Lobos

24 de setembro, às 20h Noite de entrega dos troféus e dos prêmios, apenas para convidados

Seminário Paulo Emilio e a Crítica Cinematográfica Kubitschek Plaza Hotel – Salão Caxambu O objetivo é reavaliar o alcance e a atualidade da obra de um dos fundadores do festival, Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977), considerado por seus pares o mais influente pensador do cinema no Brasil.

20 de setembro, às 14h30 Temas: Cinema Brasileiro – Atividade ainda Cíclica? e Ensaio Cinema Brasileiro – Uma Trajetória no Subdesenvolvimento Mesa: Ismail Xavier, Alfredo Manevy e Ivonete Pinto (moderadora)

21 de setembro, às 14h30 TEma: Presença de Paulo Emilio no pensamento cinematográfico brasileiro: ela ainda existe? Palestrantes: Fernão Ramos, Carlos Augusto Calil, Luiz Zanin e José Geraldo Couto (moderador)

22 de setembro, às 14h30 Tema: O estágio atual da crítica na imprensa escrita e nas plataformas da internet Mesa: Inácio Araújo, Sérgio Rizzo, Fabio Andrade e João Sampaio (moderador)

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Arte, Cultura e Lazer

cultura@meiaum.com.br

O outro lado de Burle Marx Ele ficou conhecido pelas suas obras de paisagismo, em mais de 2 mil jardins espalhados pelo mundo. Mas a exposição revela outro lado de Roberto Burle Marx, surpreendente para quem está acostumado a ver o trabalho do paulista em monumentos de Brasília. A mostra que está na cidade traz um conjunto de 120 obras feitas pelo artista desde seus 10 anos até a década de 1940. São desenhos de figuras humanas, especialmente figuras do povo, utilizando diferentes materiais. Os trabalhos estavam guardados no sítio que leva o nome dele, em Barra de Guaratiba (RJ), e estarão até 4 de novembro no Museu dos Correios.

Cinema – lançamentos

Abraham Lincoln –

caçador de vampiros Direção: Timur Bekmambetov. Inspirado no livro homônimo de Seth Grahame-Smith. Nancy Lincoln (Robin McLeavy), mãe de Abraham Lincoln (Benjamin Walker), foi assassinada por uma criatura sobrenatural quando ele era criança. Já na presidência dos EUA, ele começa a destruir os vampiros e os escravos que os ajudam. Terror. Classificação 16 anos. Cinemark e Kinoplex em 7 de setembro. 105 minutos.

A estranha vida

de Timothy Green Direção: Peter Hedges. Cindy (Jennifer Garner) e Jim Green (Joel Edgerton) desejam um filho, mas não conseguem. No quintal de casa, enterram uma caixa com papéis com as qualidades que o filho teria se existisse. No dia seguinte o menino Timothy (CJ Adams) aparece na soleira da casa deles. Comédia. Classificação 10 anos. Cinemark em 21 de setembro e Kinoplex em 28 de setembro. 90 minutos.

A lady e o lobo – o bicho tá solto

Direção: Anthony Bell e Ben Gluck. Dois jovens lobos com personalidades totalmente diferentes são capturados e levados para um parque. Têm de vencer as diferenças para percorrer o longo caminho até em casa, uma floresta bem distante dos humanos. Na versão original, vozes de Justin Long e Hayden Panettiere. Animação. Classificação livre. Kinoplex em 21 de setembro. 88 minutos.

Dredd Direção: Pete Travis. Na violenta e futurista Mega City One, a polícia tem autoridade para agir como juiz, júri e carrasco. O juiz Dredd (Karl Urban), o mais temível, une-se a uma recruta (Olivia Thirlby) para derrubar a quadrilha que vende uma droga capaz de alterar a realidade. Em 3-D. Ação. Classificação 16 anos. Cinemark e Kinoplex em 21 de setembro. 106 minutos.

Looper: assassinos do futuro Direção: Rian Johnson. Mafiosos do futuro se aproveitam da descoberta da viagem no tempo

para matar e desovar corpos. Contratam um jovem assassino para receber as vítimas recém-chegadas do futuro. Mas Joe descobre que sua vítima é ele mesmo 30 anos depois. Bruce Willis interpreta Joe mais velho e Joseph Gordon-Levitt, a versão jovem. Ficção científica. Classificação 12 anos. Cinemark e Kinoplex em 28 de setembro. 118 minutos.

Os candidatos Direção: Jay Roach. Quando o experiente congressista Cam Brady (Will Ferrell) comete uma gafe antes das eleições, dois homens ricos decidem lançar um rival. O escolhido é o inocente Marty Huggins (Zach Galifianakis), diretor do centro de turismo local. Com o apoio dos benfeitores, Marty se torna ameaça ao carismático Cam. Comédia. Classificação 12 anos. Kinoplex em 28 de setembro. 90 minutos.

Os infratores Direção: John Hillcoat. Baseada no livro The wettest county in the world, de Matt Bondurant, a história real de três irmãos mafiosos. Jack (Shia LaBeouf) é o caçula e sonha com mulheres, carros e poder. Howard (Jason


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Clarke), o irmão do meio, usa os músculos para falar o que pensa. O mais velho é Forrest (Tom Hardy), que conduz os negócios. Drama. Classificação 12 anos. Kinoplex e Cinemark em 21 de setembro. 115 minutos.

ParaNorman Direção: Chris Butler e Sam Fell. Norman (voz de Kodi Smit-McPhee) é um menino que fala com os mortos. Para salvar sua cidade de uma maldição, tem de lidar com zumbis, bruxas, fantasmas e adultos idiotas. Nessa missão, pode ter suas habilidades levadas além dos limites. Animação. Classificação livre. Cinemark e Kinoplex em 7 de setembro. 93 minutos.

Perigo por encomenda Direção: David Koepp. Um jovem que faz entregas de bicicleta (Joseph Gordon-Levitt) recebe um estranho envelope e atrai a atenção de um policial corrupto (Michael Shannon), que passa a persegui-lo. Ação. Classificação 14 anos. Kinoplex em 28 de setembro. 91 minutos.

Relação explosiva Direção: David Brooks Palmer e Dax Shepard. Charlie Bronson (Dax Shepard) é um expiloto de fuga em programa de proteção à testemunha que põe sua liberdade em risco para ajudar a namorada (Kristen Bell) a chegar a Los Angeles. Agora, ambos são perseguidos pela polícia e por antigos conhecidos. Ação. Cinemark em 28 de setembro. Classificação 12 anos. 100 minutos.

Resident Evil 5 – retribuição Direção: Paul W. S. Anderson. O mortal vírus T continua a devastar o planeta, transformando a população em mortosvivos. A última esperança é Alice (Milla Jovovich), que continua sua busca pelos responsáveis pelo surto na Terra. No elenco, Sienna Guillory, Colin Salmon, Li BingBing, Michelle Rodriguez, Shawn Roberts, Boris Kodjoe, Johann Urb. Ação.

Cinema Quem viu o grande sucesso 2 filhos de Francisco já percebeu que Breno Silveira é um cineasta que manipula bem a emoção do seu público. Mas não de forma piegas ou cheia de clichês, e sim apostando na sinceridade, daí a empatia quase que imediata de quem viaja em suas histórias. Ao pegar carona em seu novo projeto, À beira do caminho, em cartaz na cidade, tais ingredientes vêm à tona, mesmo que o resultado final não seja tão empolgante quanto seu trabalho de estreia. Na trama, conduzida pelas músicas do rei Roberto Carlos, Silveira conta a história do solitário caminhoneiro João (João Miguel), um homem rude e de mal com o seu passado. Ele um dia encontra na beira da estrada o pequeno Duda (Vinicius Nasci-

Classificação 12 anos. Kinoplex em 14 de setembro.

mento), um menino que acaba de perder

117 minutos.

a mãe e agora busca o paradeiro do pai que nunca conheceu, em São Paulo.

Poder paranormal Direção: Rodrigo Cortés. Margaret (Sigourney Weaver) é uma psicóloga que, com seu ajudante Tom (Cillian Muprhy), tenta provar a origem fraudulenta de supostos fenômenos sobrenaturais. Até que Simon Silver (Robert De Niro), lendário vidente cego, reaparece depois de uma ausência enigmática de 30 anos, tornando-se o maior desafio para a ciência e os céticos profissionais. Ação. Classificação 12 anos. Cinemark em 7 de setembro e Kinoplex em 21 de setembro. 118 minutos.

Projeto dinossauro Direção: Sid Bennett. Uma equipe de filmagem sai em expedição na África e descobre dinossauros. Luta para sobreviver e documenta tudo em vídeo. No elenco, Natasha Loring, Matt Kane, Richard Dillane, Peter Brooke e Stephen Jennings. Ação. Classificação 12 anos. Kinoplex em 7 de setembro. 83 minutos.

Ruby Sparks – a

namorada perfeita

Aos poucos, na dureza e solidão da estrada, eles vão estreitando suas diferenças e descobrindo a importância de um ter o

Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris. Um escritor com bloqueio criativo (Paul Dano) encontra o amor na forma menos usual possível, criando uma personagem (Zoe Kazan) que ele acredita o ame. No elenco, Antonio Banderas, Annette Bening, Alia Shawkat, e Steve Coogan. Comédia. Classificação 14 anos.

outro diante das agruras da vida, porque,

Kinoplex em 28 de setembro. 104 minutos.

não sei explicar. Acho que todo brasileiro

como diz o pequeno Duda, o jeito é fazer que nem os caminhoneiros, sempre seguir em frente porque se olhar para trás a gente se perde. “As músicas do Roberto Carlos mexeram comigo desde a adolescência, é algo que tem um pouco disso, difícil alguém não se

Ted Direção: Seth MacFarlane. Em um Natal, o ursinho de pelúcia de John Bennett (Mark Wahlberg) ganha vida. Os dois crescem juntos e, já adulto, ele deve escolher entre sua namorada, Lori Collins (Mila Kunis), e a amizade com o urso Ted (animação com voz de Seth MacFarlane). Comédia. Classificação 16 anos. Kinoplex em 21 de setembro. 106 minutos.

emocionar com as músicas do rei”, disse o diretor Breno Silveira, em entrevista à meiaum.

Lúcio Flávio É jornalista especializado em cultura


Tinker Bell e o

segredo das fadas Direção: Ryan Rowe. Tinker Bell (voz de Mae Whitman), Periwinkle (voz de Lucy Hale) e seus amigos se aventuram no mágico e proibido Misterioso Bosque do Inverno, no qual a curiosidade os leva a uma descoberta que unirá o Refúgio das Fadas. A voz da rainha Clarion é de Anjelica Huston. Animação. Classificação livre. Cinemark e Kinoplex em 21 de setembro. 92 minutos.

Totalmente inocentes Direção: Rodrigo Bittencourt. A comunidade do DDC está em guerra. O branquelo Do Morro (Fábio Porchat) e o travesti Diaba Loira (Kiko Mascarenhas) disputam o poder. Alheio a isso, Da Fé (Lucas D’ Jesus) acredita que precisa se tornar o chefe do morro para conquistar o amor de Gildinha (Mariana Rios). Tudo piora quando o atrapalhado repórter Vanderlei (Fábio Assunção), pressionado pela chefe (Ingrid Guimarães), forja uma capa que vai dar o que falar. Comédia. Classificação 14 anos. Cinemark e Kinoplex em 7 de setembro. 90 minutos.

Tropicália Direção: Marcelo Machado. O diretor conduz o espectador por uma viagem de sons e imagens por meio da história de um dos mais

emblemáticos movimentos culturais do Brasil. Documentário. Classificação 12 anos. Cinemark e Kinoplex em 14 de setembro. 72 minutos.

às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (inteira): Superior R$ 100; Plateia R$ 160; VIP Lateral R$ 210; VIP R$ 250. Classificação 16 anos. Telefone: 3551-6069.

Vizinhos imediatos de 3º grau Direção: Akiva Schaffer. Quatro sujeitos comuns (Ben Stiller, Vince Vaughn, Rosemarie Dewitt e Jonah Hill) unem-se para formar um grupo de vigilância comunitária. Na verdade, é desculpa para escaparem da vida sem graça. Tudo muda quando acidentalmente descobrem que a cidade foi invadida por extraterrestres. Ação. Classificação 12 anos. Cinemark e Kinoplex em 14 de setembro. 102 minutos. www.cinemark.com.br www.kinoplex.com.br Não informaram a programação a tempo: www.itaucinemas.com.br www.cinecultura.com.br

Música

Ana Carolina Ela volta a Brasília com o show Ensaio de cores, que já foi apresentado em abril na capital. O show é uma mistura de música com a mostra das telas pintadas por Ana Carolina. Parte do valor da venda das telas será revertida para a Associação de Diabetes Infantil. 13 de setembro,

Boa do Samba Arlindo Cruz, Martinália e Marcelo D2 tocarão juntos clássicos do samba. Abrirão o show as bandas Casuarina (RJ) e Canarvália (DF). 21 de setembro, às 21h, no Estacionamento do Mané Garrincha. Ingressos (inteira): Fem. R$ 60; Masc. R$ 70. Classificação 18 anos. Telefone: 3364-6024.

Bonde do Rolê O grupo, conhecido pelo jeito despojado e pelas letras politicamente incorretas, traz a Brasília a turnê do disco Tropical banana. 21 de setembro, às 23h, na Victoria Haus (SAAN Quadra 1). Ingressos (inteira): Até as 23h com flyer a entrada é franca; até as 0h com flyer, R$ 20; após a 0h, R$ 25. Classificação 18 anos. Telefone: 9552-2891.

Brasília Elétrica Com as bandas Chiclete com Banana e Timbalada. 29 de setembro, às 22h, no estacionamento do Mané Garrincha. Ingressos (inteira): Atrás do trio R$ 100; Camarote Fem. R$ 240; Camarote Masc. R$ 270; Camarote Sky Lounge Fem. R$ 380; Camarote Sky Lounge Masc. R$ 420. Classificação 16 anos (18 anos nas áreas open bar). Telefone: 4141-8007.


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Diego Bresani

do rock dos anos 80 e 90. 21 de setembro, às 22h, no Arena Futebol Clube. Ingresso (inteira): R$ 40. Classificação 16 anos. Telefone: 3224-9401.

Concerto de Ophélie Gaillard & Pulcinella

Eclética tanto nas escolhas musicais como na prática instrumental, a violoncelista franco-suíça Ophélie Gaillard vai da música barroca até a clássica, a romântica e a contemporânea. Será acompanhada do coletivo Pulcinella, formado por solistas e especializado no repertório para violoncelo dos séculos 17 e 18. 21 de setembro, às 21h, no Teatro Nacional. Entrada franca. Classificação 12 anos. Telefone: 3325-6239.

Fernando e Sorocaba A dupla sertaneja se apresenta no Moon Festival. Therme e Thiago fazem a abertura.

Contra Plano – take #6

15 de setembro, às 22h, no estacionamento do

Em sua sexta edição, a festa com cenário cinematográfico já é consolidada para os que participam do Festival de Brasília. Todos os anos, o evento conta com a presença dos realizadores da cidade, diretores dos filmes exibidos nas mostras, suas equipes e atores. Neste ano as atrações são: DJs Pezão, Oops e Barata (Criolina, na foto) e os DJs Wash e Chicco Aquino (Funk the System).

bar). Classificação 16 anos (18 anos na área open

22 de setembro, às 23h, na chácara Santa Cruz (Park Way). Classificação 18 anos. Informações do valor do ingresso em www.coletivocasa30.com.br/contra-plano.

Celebrar Brasília

Percussion Brothers, Flowgados e Barata, do projeto Criolina. 6 de setembro, às 22h, no Minas Tênis Clube. Ingressos (inteira): Pista R$ 35; Camarote

de setembro, a partir das 18h, na praça do Museu

R$ 70. Classificação 18 anos. Telefone: 3342-2232.

Programação em www.celebrarbrasilia.com.br.

Cena Black Brasília A banda Groundation mistura o reggae com o jazz e volta ao Brasil para o lançamento do álbum Building an ark. The Abyssinians são os donos de um dos maiores hinos do reggae, Satta massagana. Também fazem a festa os DJs

80; Frente do palco R$ 140; Camarote R$ 300 (open bar). Telefone: 3264-4669.

Porão do Rock O tradicional festival completa 15 anos. Serão 30 bandas, 18 de Brasília. Entre os destaques, Sepultura, Kyuss Lives! (EUA) e Motosierra (Uruguai). 7 e 8 de setembro, no Ginásio Nilson Nelson. Ingresso (inteira): R$ 20. Classificação e a

A quarta edição traz os DJs Gui Boratto, Patife e Marky, além do cantor Criolo. 27 e 28 Nacional da República. Entrada franca e livre.

Mané Garrincha. Ingressos (inteira): Área VIP R$

CJ Ramone O ex-integrante da banda de punk rock está em turnê do disco Reconquista, com o guitarrista Steve Solo e o baterista Michael Stamberg. Christopher Joseph Ward substituiu Dee Dee, o lendário baixista dos Ramones, em 1989, e ficou até o fim da banda, em 1996. No repertório, clássicos dos Ramones e músicas

programação em www.poraodorock.com.br.

exposições

A figura humana

Roberto Burle Marx São 120 desenhos do artista (1909-1994). O material, pela primeira vez em Brasília, é do acervo do Sítio Roberto Burle Marx. São obras com carvão, grafite, nanquim, lápis de cor, giz de cera, hidrocor e guache. Até 4 de novembro, de terça a sexta, das 10h às 19h, no Museu Nacional dos Correios. Entrada franca e livre. Telefone: 3426-1000.


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André Liohn

traduzem informações como “frágil”, “este lado para cima”, “perigo” e “inflamável”, impressos em produtos variados pelo mundo. São sete telas grandes. Até 1º de outubro, de segunda a domingo, das 9h às 21h, no Complexo Cultural da Funarte. Entrada franca e livre. Telefone: 3322-2076.

Jenner, cores de uma vida São 25 obras do pintor, cartazista, ilustrador, desenhista e gravador. O sergipano Jenner Augusto é conhecido por retratar trabalhadores, a vida cotidiana e os contrastes sociais. 18 de setembro a 7 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 21h, no CCBB. Entrada franca e livre. Telefone: 3108-7600.

Peso e leveza

Imagem sem fronteira O fotojornalista André Liohn, ganhador do Robert Capa Gold Medal 2012, é o sexto convidado do projeto. O paulista apresenta cinco fotos ampliadas, feitas na cidade sitiada de Misrata (Líbia). Até 25 de setembro, de terça a sábado, das 10h às 18h, na Galeria Olho de Águia (CNF 1, Edifício Praiamar, Loja 12 – Taguatinga Norte). Entrada franca. Classificação 14 anos. Telefone: 9996-2575.

Construtores do Brasil A mostra, em comemoração aos 190 anos da Independência do Brasil, é composta por 25 retratos de personagens que contribuíram para a formação e consolidação do País, como Anita Garibaldi, Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Até 30 de setembro, de segunda a domingo, das 9h às 18h, na Câmara dos Deputados. Entrada franca e livre. Telefone: 3215-8083.

Enguias – prosa do observatório II Cirilo Quartim transformou o Espaço Marquise da Funarte. São três escadas em caracol com 3 metros de altura cada uma e mirantes com lunetas. A obra ganhou o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012. Até 1º de outubro, de segunda a domingo,

das 9h às 21h, no Complexo Cultural da Funarte. Entrada franca e livre. Telefone: 3322-2032.

Guayasamin – Continente mestiço São 350 obras do equatoriano, que retratou opressões ao povo latino e a luta pelo continente livre. Oswaldo Guayasamím (1919-1999) esteve em Brasília na época da inauguração e o retrato que fez de Juscelino Kubitschek faz parte da exposição. Até 14 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional. Entrada franca e livre. Telefone: 3325-5220.

Ícones – outras palavras Pinturas de Jair Correia para comemorar os seus 40 anos de atividades. Por quatro anos, o artista colecionou signos que

Trabalhos de 15 artistas de seis países da América Latina. As imagens refletem as desigualdades, as situações problemáticas e violentas comuns às nações latinoamericanas. São 73 fotografias, dois vídeos e uma instalação. 12 de setembro a 20 de outubro, de segunda a sexta, das 11h às 21h, no Espaço Cultural Instituto Cervantes. Entrada franca e livre. Telefone: 3242-0603.

Primeira mostra coletiva da Galeria FotoPonto

São 12 imagens de Celso Júnior, Elyeser Szturm, João Campello e Luiz Clementino. A mostra passeia por temas variados. Até 30 de novembro, de segunda a sexta, das 14h às 18h, no Espaço Brasil 21. Entrada franca e livre. Telefone: 3039-8670.

Revisitando Ansel Adams O fotógrafo Eduardo Moreira faz uma homenagem aos 110 anos de nascimento de um dos grandes mestres da fotografia do século 20, Ansel Adams (1902-1984). Percorreu 15 parques e monumentos do oeste estadunidense, seguindo os passos de Adams, e selecionou 33 fotos para a mostra.


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13 de setembro a 6 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 21h, na Casa Thomas Jefferson (SHIS QI 9). Entrada franca e livre. Telefone: 3326-1014.

Teatro

A rosa que gira a roda O espetáculo infantil é baseado no livro A Rosa que gira a roda, de Flávia Savary. Narra a ascensão de Rosa Acácia Margarida Miosótis Lilás Alfazema, menina pobre e órfã que se transforma em salvadora do povo de Vila Aurora. Com tanto mau humor na cidade, um dia tudo congelou, menos Rosa, que busca a solução. No elenco, Flavia Neiva, Lilian França, Pecê Sanváz, Thiago de Moraes e Vanessa Di Farias. Até 23 de setembro, domingos, às 11h e às 16h, no Teatro Caleidoscópio. Ingresso (inteira): R$ 20. Classificação livre. Telefone: 3344-0444.

Concerto para Crianças Na quinta edição, o projeto local apresenta a obra do compositor francês Claude Debussy, em referência aos 150 anos de seu nascimento. A música clássica se funde ao universo mágico do teatro e do circo. Obras do compositor serão executadas ao vivo por um grupo de Brasília: Francisca Aquino (piano), Beth Ernest Dias (flauta) e Janaína Salles (violoncelo). Com os atores Cirila Targhetta, Luciano Porto e Micheli Santini. 15 e 16 de setembro, às 17h, no Teatro Nacional. Ingresso (inteira): R$ 30. Classificação livre. Telefone: 3325-6239.

CPI no motel Um deputado foi denunciado pela própria esposa na CPI da Corrupção. Desesperado, resolve relaxar no motel com a secretária Cleonice, mas não dá conta do recado. Samanta Raio Laser é acionada para ajudar. Para piorar, a esposa o flagra. Com a Cia. Teatral Néia e Nando. 8 e 9 de setembro, sábado, às 21h; domingo, às 20h, na Escola Parque 307/308 Sul. Ingresso (inteira): R$ 30. Classificação 14 anos. Telefone: 8199-2120.

Era uma vez... Grimm Celebrando os 200 anos do primeiro volume de contos dos irmãos Grimm, o ator José Mauro Brant e o músico Tim Rescala se reúnem. Há duas versões: adulta e infantil. O espetáculo apresenta os irmãos Grimm e seus personagens cantando e interpretando clássicos como Chapeuzinho Vermelho, O Juníparo e Cinderela. Versão adulta: 13 a 15 de

e Láidison Peixoto. 28, 29 e 30 de setembro, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h, no Espaço Mosaico. Ingresso (inteira): R$ 5. Classificação 16 anos. Telefone: 3032-1330.

O Pequeno Príncipe

19h. Ingresso (inteira): R$ 6. Classificação 10 anos.

Adaptação da Cia. Néia e Nando. A peça conta as aventuras de um príncipe que vivia no Asteroide B 612, planeta do tamanho de uma casa com dois vulcões ativos, um extinto e uma linda flor. 8 a 29 de setembro, sábados e domingos, às

Versão infantil: 15 de setembro, às 15h. No CCBB.

17h, na Escola Parque 307/308 Sul. Ingresso (inteira):

Entrada franca e livre. Telefone: 3108-7600.

R$ 30. Classificação livre. Telefone: 8199-2120.

setembro, de quinta a sábado, às 21h; domingo, às

Fale com ela doce como quê? Baseada no clássico Fale comigo doce como a chuva, do norte-americano Tennessee Williams, a montagem é do Laboratório de Performance e Teatro do Vazio em parceria com o Teatro Pândego. Será em locais abertos, em contato direto com o espectador. A peça mistura histórias de pessoas reais e fictícias. No elenco, Deborah Soares, Felipe Fernandes, Mariana Neiva, Rogério Luiz, Carol Voigt, Pedro Mesquita. Até 29 de setembro. Classificação 14 anos. Entrada franca. Locais e os horários em www.lptv.com.br.

Festival Internacional de Mulheres no Teatro – Solos Férteis

Brasília será sede da segunda edição no Brasil, com espetáculos nacionais e internacionais, mesas-redondas, palestras, lançamentos de livros e exposições. O evento é da rede intercultural The Magdalena Project, criada em 1986 pela atriz Jill Greenhalgh para mostrar o papel da mulher no teatro. 10 a 16 de setembro. Entrada franca. Classificação em a programação em www.solosferteis.com.br.

Nós...! História de amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Lipe e Rafa se descobrem perante o maior conflito da sua vida. Medo, angústia e dúvidas predominam. No elenco, Elmo Ferrér

Tim Maia – vale tudo O musical, dirigido por João Fonseca, vem pela segunda vez a Brasília. Agora com o novo protagonista, Danilo de Moura, que substituiu Tiago Abravanel. 21 e 22 de setembro, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (inteira): Na sexta, Superior R$ 50; VIP B R$ 70; VIP A R$ 80; VIP Gold R$ 110. No sábado, Superior R$ 60; VIP B R$ 80; VIP A R$ 90; VIP Gold R$ 120. Classificação 14 anos. Telefone: 3364-9102.

Vênus A peça é essencialmente corporal e faz referência ao Butoh (Japão). A dança mostra o extremo da mobilidade corporal. Uma apresentação cênico-ritualística criada e conduzida por Tiago Ianuck, sob orientação de Willian Lopes. 14, 15 e 16 de setembro, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h, no Espaço Mosaico. Entrada franca. Classificação 14 anos. Telefone: 3032-1330.

Dança

Cabaret latino O espetáculo de dança é apresentado pela professora e dançarina Rebeca Mesquita, ao lado do artista cubano Felix Valoy. Com o ritmo, música e jogo cênico, a peça mostra o universo latino. 7, 8 e 9 setembro, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h, no Espaço Mosaico. Ingresso (inteira): R$ 10. Classificação 16 anos. Telefone: 3032-1330.


Banquetes e botecos } ilustração Rômulo Geraldino

Por Marcela Benet marcela.benet@gmail.com

romulog2000@yahoo.com.br

Quer comer uma pizza saborosa depois do cineminha? Vá à Fratello

123 45 Domingo à noite, depois de uma sessão de cinema, nada melhor que ir a uma pizzaria. Combina bem comer uma pizza quentinha, acompanhada de um chopinho geladinho ou uma taça de vinho. Cinema pede pizza e, sendo pizza, a Fratello é ótima pedida. Primeiro foi inaugurada a Fratello Uno da 103 Sul, em setembro de 2000. Em abril de 2003 foi aberta a pizzaria na 109 Norte. Aos sábados e domingos – dias de cinema – há filas nas duas unidades. É, pois, uma bem-sucedida sociedade do empresário Vaninho Couto com o conhecido chef Dudu Camargo. O que caracteriza a casa são os recheios diferentes em massa fina. Hoje, temos excelentes pizzarias na nossa cidade, mas com certeza a Fratello revolucionou o mercado de pizza brasiliense e se consagrou. A Fratello Uno serve entradas saborosas: pão da casa, cornicióne, saladas e burrata. O cornicióne de pesto de tomate seco é uma delícia, mas não resisto à simplicidade do sal grosso com alecrim, crocante e delicioso. A burrata é um ótimo acompanhante de um dos vinhos da carta da casa, que tem mais de 60 rótulos. A maioria não ultrapassa cem reais. Entre as pizzas temos várias opções, desde a Duda – a tradicional pizza de presunto desfiado com tomate pelado, muçarela especial e azeitonas verdes sem caroço – a pizzas especiais de alcachofra, abobrinha, cogumelos, pimenta-de-cheiro e outras, de acordo com gosto do freguês. O que me chama a atenção é a qualidade dos produtos, como a farinha de trigo italiana, o tomate pelado também italiano, a calabresa apimentada. Todos os produtos, de modo geral, são escolhidos a dedo e garantem a excelência da pizza. A massa é preparada diariamente e colocada para descansar por 24 horas. De sobremesa há pizzas doces, como a Coelho Sensual, coberta de morangos ao kirsch (licor de cereja), sorvete de creme e amêndoas douradas. Uma coisa! Além da tradicional Chita, de banana, canela e açúcar borrifado com rum. O petit gateau é delicioso. Reformada recentemente, a unidade da Asa Sul ganhou dois novos ambientes. Ficou mais ampla e confortável, com clima bem aconchegante e descontraído. E a pizzaria oferece serviço de entrega para os que preferem assistir a seus filmes em casa mesmo. Então... toda vez que penso em cinema, meu programa acaba em pizza. (61) 3349-4117 103 Sul, Bloco A 109 Norte, Bloco D Domingo a quinta: 18h30–0h Sexta e sábado: 18h30–0h30


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60

6

HÁ 6 ANOS TUDO AUMENTA,

ANOS

MENOS NOSSOS SALÁRIOS

Educação

24,55 %

Transporte

Habitação

Saúde

37,84 %

JUSTO

59,98 %

Salário dos Servidores

52,86 %

ISSO NÃO É

Alimentação

36,66 %

SEM REAJUSTE

Período apurado: 01/2006 a 06/2012 - Fonte: ICV - Índice do Custo de Vida, Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos

O custo de vida aumentou, tudo ficou mais caro, mas os salários dos servidores da Justiça não tiveram nenhum reajuste desde 2006.

www.sindjusdf.org.br

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